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<p>O pericárdio é um saco fibroso avascular que</p><p>envolve o coração, composto por dois folhetos</p><p>(visceral e parietal) que contém o líquido</p><p>pericárdico, responsável pelo deslizamento dos</p><p>folhetos, a fim de viabilizar a mobilidade</p><p>cardíaca.</p><p>A pericardite é um processo inflamatório do</p><p>pericárdio e pode ser classificado em pericardite</p><p>aguda, subaguda ou crônica, de acordo com o</p><p>tempo de duração.</p><p>Ela pode desaparecer sem deixar sequelas</p><p>importantes, causar complicações</p><p>hemodinâmicas imediatas, se produzir um</p><p>derrame grande (que provoca tamponamento</p><p>cardíaco) ou progredir para um processo</p><p>fibrosante crônico (pericardite constritiva).</p><p>Sua etiologia pode ser idiopática, infecciosa</p><p>(decorrente de bactérias, fungos e parasitas) ou</p><p>não infecciosa, (decorrente de alguma doença</p><p>autoimune, doenças de órgãos adjacentes,</p><p>doenças metabólicas, neoplasias). Sendo mais</p><p>comum a idiopática e a viral.</p><p></p><p>A pericardite está associada a infecções virais</p><p>(principalmente por vírus Coxsackie e ecovírus),</p><p>bacterianas, doenças no tecido conjuntivo,</p><p>uremia, procedimentos cirúrgicos cardíacos,</p><p>toxicidade de fármacos, radioterapia, fungos</p><p>dentre outros.</p><p></p><p>As lesões pericárdicas, devido bactérias ou outros</p><p>agentes, resultam da liberação de mediadores</p><p>químicos de inflamação nos tecidos adjacentes,</p><p>iniciando o processo inflamatório.</p><p>Consequentemente, os macrófagos presentes no</p><p>tecido iniciam a fagocitose dos patógenos</p><p>invasores sendo acompanhados por neutrófilos e</p><p>monócitos. O aumento da permeabilidade da</p><p>capilar acarretando o preenchimento da área</p><p>por exsudato, o qual é composto de tecido</p><p>necrótico e bactérias mortas, neutrófilos e</p><p>PERICARDITE</p><p>. Pericardite aguda: dura menos que 6</p><p>semanas.</p><p>. Pericardite subaguda: dura entre 6</p><p>semanas e 6 meses.</p><p>. Pericardite crônica: dura mais de 6 meses.</p><p>macrófagos. Essa solução se cicatriza e pode</p><p>evoluir para a formação de um tecido fibrótico e</p><p>eventual aderência das duas camadas</p><p>pericárdicas.</p><p>Se houver acúmulo de líquido na cavidade, ocorre</p><p>o derrame pericárdico, que pode evoluir para</p><p>tamponamento cardíaco. Tal acúmulo promove a</p><p>compressão do coração impedindo seu</p><p>enchimento durante a diástole, resultando na</p><p>diminuição do débito cardíaco. Esse acúmulo de</p><p>líquido ocorre devido a ação das histaminas e os</p><p>demais mediadores químicos que dilatam os vasos</p><p>e aumentam a permeabilidade vascular, de modo</p><p>que as paredes dos vasos deixam líquidos e</p><p>proteínas para os tecidos causando edema</p><p>extracelular.</p><p></p><p>O diagnóstico se baseia na tríade de:</p><p>. Clínica: dor torácica;</p><p>. atrito pericárdico;</p><p>. alterações do eletrocardiograma.</p><p>A dor torácica é retroesternal, construtiva,</p><p>irradiada para pescoço, ombros ou costas; possui</p><p>variação de intensidade com mudança de</p><p>posição.</p><p>O atrito pericárdico é um ruído mais intenso</p><p>audível na borda esternal esquerda quando o</p><p>paciente senta com tronco inclinado para frente,</p><p>de tom áspero, presente tanto na sístole quanto</p><p>na diástole.</p><p>As alterações eletrocardiográficas são o</p><p>supradesnivelamento do segmento ST difuso e a</p><p>infra do segmento PR.</p><p>Além do ECG, tem como exames complementares</p><p>a radiografia de tórax, ecocardiograma,</p><p>marcadores laboratoriais de inflamação</p><p>sistêmica e exames laboratoriais de leucometria,</p><p>elevação da velocidade de hemossedimentação</p><p>(VHS) e aumento da proteína C reativa (PCR).</p><p></p><p>Em geral, os sintomas são controlados</p><p>eficientemente com anti-inflamatórios não</p><p>esteroides como ibuprofeno. A colchicina pode ser</p><p>acrescentada ao esquema terapêutico, pois</p><p>produz efeitos anti-inflamatórios, impedindo a</p><p>polimerização dos microtúbulos, inibindo a</p><p>migração e a fagocitose dos leucócitos.</p><p>Quando há infecção, frequentemente são</p><p>prescritos antibióticos específicos para o agente</p><p>etiológico.</p><p>Os corticoides podem ser usados para tratar</p><p>pacientes com doenças do tecido conjuntivo ou</p><p>pericardite sintomática grave, que não melhore</p><p>com AINE e colchicina. Quando for possível, os</p><p>corticoides deverão ser evitados, já que</p><p>aumentam o número de recidivas.</p><p>A posição de “Prece maometana”, na atitude</p><p>genupeitoral, facilita o enchimento do coração</p><p>nos casos de derrame pericárdico e alivia a dor.</p><p></p><p>Suas causas incluem:</p><p>• Seroso: insuficiência cardíaca congestiva,</p><p>hipoalbuminemia de qualquer causa.</p><p>DERRAME PERICÁRDICO</p><p>É uma complicação da pericardite aguda, onde</p><p>há acúmulo de líquido no espaço pericárdico</p><p>acima do valor normal.</p><p>• Sorossanguíneo: trauma torácico brusco,</p><p>tumores malignos, ruptura do IM ou dissecção</p><p>aórtica.</p><p>• Quiloso: obstrução linfática mediastinal.</p><p></p><p>À medida que há aumento cardíaco ou acúmulo</p><p>de fluido, o pericárdio tem tempo para dilatar.</p><p>Isso permite que os derrames pericárdicos</p><p>crônicos se tornem bastante grandes sem</p><p>interferir na função cardíaca. Assim, nos</p><p>derrames crônicos com menos de 500 mL de</p><p>volume, o único significado clínico é um</p><p>alargamento globular característico da sombra</p><p>do coração na radiografia torácica.</p><p>Em contraste, o desenvolvimento rápido de</p><p>coleções de fluidos de até 200 a 300 mL pode</p><p>produzir uma compressão clinicamente</p><p>devastadora nas paredes finas dos átrios e veia</p><p>cava ou nos próprios ventrículos. O enchimento</p><p>cardíaco, portanto, fica restringido, produzindo</p><p>um tamponamento cardíaco potencialmente</p><p>fatal.</p><p></p><p>. Clínica;</p><p>. ECG</p><p>. Raio x: aumento da área cardíaca</p><p>. ECO</p><p>. Pericardiocentese</p><p>A clínica compreende dor torácica, dispneia,</p><p>náuseas, plenitude abdominal, disfagia e ausência</p><p>de atrito.</p><p></p><p>Tratar a causa base, diuréticos e</p><p>pericardiocentese.</p><p></p><p>Pacientes com tamponamento cardíaco</p><p>apresentam comprometimento hemodinâmico</p><p>devido à compressão externa no miocárdio e</p><p>consequente comprometimento do enchimento</p><p>cardíaco.</p><p></p><p>. Clínica;</p><p>. ECG;</p><p>. ECO.</p><p>Os sinais e sintomas são dispneia, ortopneia,</p><p>desconforto torácico, fraqueza, agitação,</p><p>oligúria, taquicardia, taquipneia, hepatomegalia.</p><p>Tríade de Beck: hipotensão + estase de jugular</p><p>(sintoma de congestão ventricular) + bulhas</p><p>abafadas (líquido entre o estetoscópio e o</p><p>coração).</p><p>Ao exame físico, nota-se pulso paradoxal:</p><p>redução anormalmente grande na pressão</p><p>arterial sistólica (> 10 mmHg) na inspiração.</p><p></p><p>. Pericardiocentese</p><p>. Janela pericárdica</p><p>É uma complicação mais grave do derrame e</p><p>ocorre quando o acúmulo de líquido no espaço</p><p>pericárdico causa um aumento na pressão</p><p>intrapericárdica com subsequente compressão</p><p>cardíaca e comprometimento hemodinâmico.</p><p>TAMPONAMENTO CARDÍACO</p><p>Janela pericárdica é um procedimento cardíaco</p><p>cirúrgico cuja finalidade é permitir a drenagem</p><p>de um derrame pericárdico para dentro da</p><p>cavidade pleural, para evitar grandes derrames</p><p>pericárdicos e o tamponamento cardíaco.</p><p></p><p>Na pericardite constritiva, o limite superior do</p><p>volume cardíaco é restringido pelo pericárdio</p><p>inelástico. O pericárdio espessado e rígido impede</p><p>que a diminuição inspiratória normal da pressão</p><p>intratorácica seja transmitida às câmaras</p><p>cardíacas.</p><p>O pericárdio anormal também não se expande</p><p>para acomodar o aumento do retorno venoso ao</p><p>coração direito durante a inspiração. Assim, a</p><p>pressão venosa pulmonar, mas não a pressão do</p><p>VE, diminui durante a inspiração, levando a uma</p><p>redução do volume do VE devido à diminuição do</p><p>gradiente transpulmonar. Devido à interação</p><p>ventricular, o volume do coração direito se</p><p>expande por meio do deslocamento do septo</p><p>interventricular. Esta interação entre o VE e o VD</p><p>é denominada interdependência ventricular.</p><p></p><p>. Clinica</p><p>Início insidioso, fadiga, mal-estar, tolerância</p><p>reduzida ao exercício.</p><p>Sinal de Kussmaul: ausência de redução da</p><p>pressão venosa jugular com a inspiração</p><p>profunda.</p><p>Knock pericárdico: auscultado</p><p>junto com as</p><p>bulhas cardíacas.</p><p></p><p>. Medicamentoso</p><p>. Pericardiectomia</p><p>Pericardiectomia: tratamento para pericardite</p><p>constritiva, onde se remove a quantidade máxima</p><p>possível do pericárdio com todos os folhetos</p><p>parietais ou epicárdicas constritivos.</p><p>ADLER, Yehuda et al. Guidelines for the diagnosis and</p><p>management of pericardial diseases: The Task Force for</p><p>the Diagnosis and Management of Pericardial Diseases of</p><p>the European Society of Cardiology. Endorsed by: The</p><p>European Association for Cardio-Thoracic Surgery</p><p>(EACTS), European Heart Journal, Volume 36, Issue 42,</p><p>2015, Pages 2921–2964.</p><p>ADLER, Yehuda; IMAZIO, Massimo. Recurrent pericarditis.</p><p>UpToDate, 2021.</p><p>CHIABRANDO, Juan Guido et al. Management of acute and</p><p>recurrent pericarditis: JACC state-of-the-art</p><p>review. Journal of the American College of Cardiology, v.</p><p>75, n. 1, p. 76-92, 2020.</p><p>HOIT, Brian. Cardiac tamponade. UpToDate, 2021.</p><p>HOIT, Brian. Etiology of pericardial disease. UpToDate,</p><p>2021.</p><p>PERICARDITE CONSTRITIVA</p><p>É uma inflamação crônica que causa</p><p>espessamento fibroso e consequente</p><p>calcificação do pericárdio, o que acarreta em</p><p>restrição do enchimento capilar e em redução</p><p>do débito cardíaco.</p><p>IMAZIO, Massimo. Acute pericarditis: Clinical</p><p>presentation, diagnostic evaluation, and diagnosis.</p><p>UpToDate, 2021.</p><p>IMAZIO, Massimo. Pericardial involvement in systemic</p><p>autoimmune diseases. UpToDate, 2021.</p><p>IMAZIO, Massimo. Purulent pericarditis. UpToDate, 2021.</p><p>Robbins patologia básica/Vinay Kumar, Abul K. Abbas, Jon</p><p>C. Aster. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.</p><p>STOUT, Jason. Tuberculous pericarditis. UpToDate, 2021.</p>