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<p>Raul Pedro</p><p>DESENVOLVIMENTO HUMANO</p><p>1ª Edição</p><p>FCMEditora</p><p>A Cristo, meu Redentor.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Ensinar é um privilégio para quem deseja fazer a diferença no mundo. É ter a</p><p>habilidade de enxergar o potencial em pessoas até então alheias à sua própria capacidade.</p><p>Vidas são transformadas pelo poder da informação. São cadeias de conhecimento que se</p><p>formam e produzem resultados surpreendentes.</p><p>Nunca sabemos ao certo quem iremos tocar com nossas vidas, mas podemos ter a</p><p>certeza de que, quando tomamos a iniciativa de transmitir algo, esse pequeno gesto pode</p><p>proporcionar uma mudança de perspectiva até mesmo em pessoas que se encontram nos</p><p>mais longínquos lugares. Esse potencial só pode ser explorado por quem se permite</p><p>romper obstáculos.</p><p>É com essa visão que o Centro de Mediadores tem se firmado durante anos. Muitos</p><p>têm obtido êxito profissional em suas carreiras a partir do conhecimento obtido nesta</p><p>instituição. Fazer o melhor para o próximo é o que move cada colaborador que aqui se</p><p>encontra e este livro representa isso. Por isso, deixo registrada minha gratidão a todos os</p><p>profissionais que, ainda que indiretamente, dedicaram seu tempo ao Centro de</p><p>Mediadores ou que aqui encontraram um lugar de aconchego e satisfação pessoal.</p><p>Raul Pedro</p><p>CEO do Centro de Mediadores</p><p>Sumário</p><p>INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 6</p><p>1. CONCEITO ........................................................................................................................ 7</p><p>2. PERSPECTIVA HISTÓRICA E SUAS ÁREAS ....................................................... 8</p><p>3. INTER E MULTIDISCIPLINARIEDADE ................................................................. 9</p><p>4. PRINCIPAIS TEORIAS .................................................................................................. 9</p><p>4.1. Psicologia da Gestalt ................................................................................................. 9</p><p>4.2. Psicanálise ................................................................................................................ 10</p><p>4.3. Behaviorismo ........................................................................................................... 11</p><p>4.4. Lev Vygotsky ........................................................................................................... 12</p><p>4.5. Jean Piaget ................................................................................................................ 13</p><p>5. NEUROCIÊNCIA ........................................................................................................... 13</p><p>5.1. A neurociência e o cérebro ...................................................................................... 14</p><p>5.2. Sistemas neurais ....................................................................................................... 16</p><p>5.2.1. Neurogênese ...................................................................................... 16</p><p>5.2.2. Neuroplasticidade .............................................................................. 16</p><p>5.2.3. Neurônios espelhos ........................................................................... 17</p><p>6. APRENDIZAGEM ACELERATIVA ........................................................................ 19</p><p>6.1. Conceito .................................................................................................................... 19</p><p>6.2. O analfabetismo ....................................................................................................... 20</p><p>6.3. Formas de aprendizagem ........................................................................................ 21</p><p>6.4. Quatro estágios de aprendizagem .......................................................................... 23</p><p>6.4.1. Incompetência inconsciente ....................................................................................... 24</p><p>6.4.2. Incompetência consciente .......................................................................................... 24</p><p>6.4.3. Competência consciente ............................................................................................. 24</p><p>6.4.4. Competência inconsciente ......................................................................................... 25</p><p>6.5. Sete leis da aprendizagem .................................................................................... 25</p><p>6.5.1. Primeira lei: todos nascemos para aprender ............................................................ 26</p><p>6.5.2. Segunda lei: nunca se sabe quando se dará o aprendizado .................................... 26</p><p>6.5.3. Terceira lei: aprendemos através das relações ......................................................... 27</p><p>6.5.4. Quarta lei: todos aprendemos de forma diferente ................................................... 27</p><p>6.5.5. Quinta lei: conte histórias .......................................................................................... 28</p><p>6.5.6. Sexta lei: o aprendizado é ao mesmo tempo emocional e intelectual ................... 28</p><p>6.5.7. Sétima lei: o aprendizado pode mudar vidas ........................................................... 29</p><p>6.6. Aprendizagem social ............................................................................................. 29</p><p>6.7. Como aprendemos ................................................................................................. 31</p><p>6.8. Barreiras do aprendizado .................................................................................... 32</p><p>6.8.1. Barreiras lógicas .......................................................................................................... 32</p><p>6.8.2. Barreiras afetivas ......................................................................................................... 33</p><p>6.8.3. Barreiras éticas ............................................................................................................ 33</p><p>7. INTELIGÊNCIA COMPORTAMENTAL ............................................................... 33</p><p>7.1. Sistemas representacionais ..................................................................................... 34</p><p>7.1.1. Digital ................................................................................................. 35</p><p>7.1.2. Cinestésico ......................................................................................... 35</p><p>7.1.3. Auditivo .............................................................................................. 35</p><p>7.1.4. Visual .................................................................................................. 35</p><p>7.2. Tríade do tempo ....................................................................................................... 36</p><p>7.2.1. Categoria da importância ................................................................. 36</p><p>7.2.2. Categoria da urgência ....................................................................... 36</p><p>7.2.3. Categoria circunstancial ................................................................... 37</p><p>7.3. As cinco linguagens do amor ................................................................................. 38</p><p>7.4. Rapport ..................................................................................................................... 41</p><p>8. PSICOLOGIA POSITIVA ........................................................................................... 42</p><p>8.1. Os pilares da psicologia positiva .......................................................................... 42</p><p>8.1.1. Emoção Positiva ................................................................................ 43</p><p>8.1.2. Engajamento ...................................................................................... 43</p><p>8.1.3. Relacionamentos ................................................................................ 44</p><p>8.1.4. Significados .........................................................................................</p><p>Por isso, um indivíduo</p><p>que detém inteligência emocional saberá lidar com as questões do cotidiano e direcionar seus</p><p>passos a partir de atitudes positivas, aplicando todo o seu potencial, desenvolvendo e</p><p>aprimorando suas competências para se chegar aos objetivos propostos.</p><p>Por meio da inteligência comportamental, por exemplo, um colaborador de uma</p><p>organização pode ser considerado a peça-chave para o avanço dos negócios, e não apenas</p><p>isto, pois a organização também pode ser o canal necessário para que aquele colaborador</p><p>atinja o ápice de seus objetivos pessoais.</p><p>7.1. Sistemas representacionais</p><p>A comunicação interna e externa é realizada por meio dos sentidos. São os canais</p><p>auditivo, digital, visual e cinestésico que auxiliam nesse processo e cada pessoa assimila</p><p>melhor as informações em torno dela por meio de um desses sistemas que nela prepondera.</p><p>Ele funciona como um sensor da realidade e ganha força pela forma como a pessoa enxerga</p><p>o mundo e vivencia as coisas.</p><p>Há pesquisas que revelam a existência de</p><p>mais de 18 sensores no corpo humano, mas neste</p><p>estudo vamos nos ater aos mais conhecidos, que</p><p>são o olfato, tato, paladar, visão e audição. Os</p><p>três primeiros estão dentro do sistema</p><p>cinestésico, que diz respeito ao ato de sentir, o</p><p>qual pode ocorrer inclusive à distância, como se</p><p>dá com os neurônios-espelho. A visão faz parte</p><p>do sistema visual e a audição se subdivide em</p><p>sistema auditivo e digital.</p><p>Antigamente, os sistemas representacionais eram divididos em apenas três</p><p>modalidades, pois não se falava no aspecto digital. Com o tempo, o estudo sobre a audição</p><p>foi se aprofundando e exigindo uma abordagem mais ampla sobre a mente humana, dando</p><p>lugar a uma nova classificação.</p><p>Um indivíduo visual conseguirá ter a sua atenção voltada com mais afinco a um</p><p>estudo escrito ou a uma apresentação que prioriza gráficos e desenhos. Aquele que é auditivo</p><p>terá mais facilidade com explicações orais, pois absorve melhor ouvindo histórias. O</p><p>35</p><p>cinestésico é aquele que considera o ambiente a sua volta. Para ele, é muito importante o</p><p>tom de voz, a respiração, o peso das palavras, a velocidade com que se comunicam fatos, os</p><p>sentimentos ao esboçar reações etc.</p><p>Como dito acima, são quatro os sistemas representacionais, a saber: digital,</p><p>cinestésico, visual e auditivo. Vejamos cada um deles:</p><p>7.1.1. Digital: pessoas digitais têm o hábito de dialogar internamente e possuem</p><p>mais dificuldade com a leitura em razão da enorme falta de concentração. É</p><p>o indivíduo que se preocupa em ouvir e entender, por isso costuma fazer</p><p>inúmeras perguntas, pois considera que a quantidade de informações obtidas</p><p>é fundamental para formar sua opinião;</p><p>7.1.2. Cinestésico: a pessoa cinestésica é bastante intuitiva e dá enorme valor ao</p><p>lugar em que se encontra. Sua percepção ocorre por meio do contato e das</p><p>experiências. Portanto, tem preferência por abraçar, sentir, dançar, tocar etc.;</p><p>7.1.3. Auditivo: o aprendizado de uma pessoa auditiva ocorre por meio da escuta.</p><p>Normalmente essas pessoas preferem lugares silenciosos e buscam se</p><p>comunicar por meio de gestos, muito embora possuam um enorme</p><p>vocabulário. Também priorizam atividades em que os sons e as falas são</p><p>importantes;</p><p>7.1.4. Visual: pessoas visuais possuem memória fotográfica e se utilizam da visão</p><p>para obter informações e adquirir conhecimento. Costumam ler ao invés de</p><p>questionar, pois se sentem mais seguras identificando coisas por meio de</p><p>imagens, gráficos, textos etc. Ainda, são organizados e valorizam a aparência.</p><p>Conhecer os sistemas representacionais é fundamental para tornar a comunicação</p><p>mais assertiva entre as pessoas. Quando eu conheço a forma que alguém melhor se identifica</p><p>para se relacionar, a interação ocorre de maneira fluida e com mais eficiência. Dentro de</p><p>uma organização isso é relevante, principalmente quando se pretende extrair o melhor de</p><p>seus colaboradores. Em nenhuma hipótese o perfil comunicativo de cada pessoa deve ser</p><p>desprezado, pelo contrário, o conhecimento dessa característica peculiar deve estimular a</p><p>sua valorização e aprimoramento.</p><p>36</p><p>7.2. Tríade do tempo</p><p>Resultado de pesquisa feita com mais de 42 mil pessoas em diversos países, o estudo</p><p>acerca da tríade do tempo ganhou contornos sob o olhar de seu idealizador, Christian</p><p>Barbosa, considerado o maior especialista de produtividade no Brasil, fazendo com que</p><p>lançasse no ano de 2004 um livro sobre o tema. Mas do que se trata exatamente a tríade do</p><p>tempo?</p><p>É notável que muitas pessoas enfrentam dificuldades para administrar seu tempo e</p><p>sua produtividade pessoal. Por essa razão, a tríade do tempo surgiu, como uma metodologia</p><p>que auxilia na organização de tarefas, no gerenciamento do tempo e na maximização da</p><p>produtividade.</p><p>Algumas sensações como o desânimo e o desgaste mental tem dominado a vida das</p><p>pessoas nos últimos tempos, principalmente em razão dos avanços tecnológicos, que</p><p>promovem uma intensificação da participação das pessoas nos meios digitais. Isso faz com</p><p>que muitas das atividades que deveriam ser concluídas de imediato se protraiam no tempo,</p><p>provocando uma desordem que culmina na falta de produtividade.</p><p>Ainda sob o aspecto das sensações, muitas pessoas vivem como se estivessem</p><p>carregando o mundo nas costas. Ao final do dia percebem que muitas das coisas que</p><p>planejaram não foi sequer iniciado e a impressão que fica é a de que nunca haverá tempo</p><p>suficiente para atender a demanda. Ou seja, o acúmulo de tarefas acaba sendo inevitável e</p><p>isso gera uma frustração enorme, razão pela qual conhecer a tríade do tempo é fundamental</p><p>tanto para a vida pessoal como para a profissional.</p><p>Segundo a metodologia da tríade do tempo, este pode ser compreendido sob três</p><p>aspectos: importância, urgência e circunstância. Vejamos cada uma dessas categorias:</p><p>7.2.1. Categoria da importância: se refere às atividades relevantes do cotidiano.</p><p>Muitas coisas importantes da vida levam um tempo para se concretizarem,</p><p>por isso não são urgentes, mas geram prazer ao serem executadas. São tarefas</p><p>que possuem prazos e resultados;</p><p>7.2.2. Categoria da urgência: está ligada às questões que chegam de surpresa e</p><p>precisam ser resolvidas de imediato. Envolve todas as atividades que se</p><p>encontrem numa situação cujo tempo de resolução está escasso ou reduzido.</p><p>Promovem estresse, pressão e desequilíbrio emocional;</p><p>37</p><p>7.2.3. Categoria circunstancial: aqui se encontram as atividades desnecessárias e</p><p>que não promovem resultados. Elas geram perda de tempo, como quando se</p><p>passa horas a mais na cama ou navegando nas redes sociais. Essas situações</p><p>tendem a trazer mais frustrações, pois as metas que precisavam ser atingidas</p><p>se perdem em meio ao comodismo que se instalou.</p><p>As pessoas possuem tríades do tempo diferenciadas, isso porque algumas irão</p><p>apresentar mais evidências em uma determinada categoria, a qual consequentemente</p><p>assumirá o controle da sua vida. Portanto, se na circunstancial está sendo dedicado um tempo</p><p>maior, possivelmente poucos resultados têm sido apresentados.</p><p>São vários os fatores que influenciam na maneira como as pessoas gerenciam seu</p><p>tempo: idade, profissão, relacionamentos, status social e financeiro, entre outros. Conhecer</p><p>a si próprio ajuda a compreender como está sua tríade e o que é possível fazer para melhorá-</p><p>la.</p><p>A tríade do tempo funciona como um indicador de desempenho pessoal. Nessa</p><p>perspectiva, o ideal seria uma configuração que resultasse em uma dedicação de 70% na</p><p>esfera de importância, 20% na de urgência e apenas 10% na esfera circunstancial. Contudo,</p><p>é mais comum as pessoas investirem seu tempo na esfera da urgência, e isso ocorre devido</p><p>à mania de sempre deixar para realizar as atividades em um último momento. Por essa razão,</p><p>muitas pessoas se veem constantemente estressadas e sobrecarregadas.</p><p>O objetivo da tríade do tempo é permitir que as pessoas identifiquem as atividades</p><p>que estão sendo relegadas</p><p>e possam se reorganizar para se tornarem mais produtivas. Pode</p><p>se dizer que ter uma vida mais tranquila só é possível quando se consegue alcançar os</p><p>resultados propostos. Por meio da tríade, o indivíduo descobre o que é realmente importante</p><p>e precisa ser priorizado, assim como o que deve ser dispensado.</p><p>É comum as pessoas falarem que não possuem tempo suficiente para voltar a estudar</p><p>para uma nova faculdade ou para algum concurso público. A metodologia da tríade do</p><p>tempo, nesse caso, vai ajudar o indivíduo a perceber que existe tempo de sobra em seu</p><p>cotidiano, mas ele está sendo utilizado de forma inadequada.</p><p>38</p><p>7.3. As cinco linguagens do amor</p><p>A linguagem representa o meio sistemático e organizado que os seres humanos se</p><p>utilizam para se comunicar. Ela pode ser verbal e não-verbal, e é composta de símbolos que</p><p>funcionam como mecanismos de transmissão de reflexões, ideias, informações, sentimentos,</p><p>desejos, objetivos etc. A língua, por sua vez, é uma identidade cultural composta de</p><p>elementos que permitem uma comunicação eficaz.</p><p>Existem muitas formas de se comunicar que não apenas por meio da língua. O amor,</p><p>por exemplo, é um tipo de linguagem que ao ser transmitida revela valores especiais de cada</p><p>pessoa. Por ser uma expressão subjetiva e que demonstra intensidade de afeição pelo outro,</p><p>é um sentimento que deve ser estimulado em toda comunicação.</p><p>É possível classificar o amor em cinco linguagens diferentes, compreendidas em</p><p>âmbito universal a partir de estudos do escritor estadunidense Gary Chapman, segundo o</p><p>qual cada indivíduo nasce com uma capacidade específica de identificar, receber e entregar</p><p>amor.</p><p>Quando se busca demonstrar o amor por meio de uma determinada linguagem, é</p><p>possível que aquele que o receba não compreenda exatamente o que se quer dizer, pois a</p><p>forma como o amor está sendo entregue e recebido ao mesmo tempo podem não ser iguais.</p><p>É como se um índio descrevesse uma história em seu idioma habitual para um norte-</p><p>americano que nunca teve contato com povos indígenas ou que sequer tenha estudado sua</p><p>língua e tradições.</p><p>A unicidade do ser humano é inegável e cada um detém particularidades que</p><p>precisam ser olhadas com cuidado, pois muitas vezes nos perdemos na maneira como</p><p>enxergamos o mundo, deixando que o nosso olhar determine como a vida deve ser</p><p>direcionada ao mesmo tempo em que desconsideramos a forma como as pessoas ao nosso</p><p>redor são impactadas por meio de nossas ações.</p><p>A maneira ideal de expressar o amor para outra pessoa é identificar como cada um</p><p>recebe e demonstra esse amor. Quando se tem uma conexão de linguagem entre os</p><p>interlocutores, a comunicação se torna mais sólida e profunda, e isso vale para todos os tipos</p><p>de relacionamento, não apenas o amoroso.</p><p>39</p><p>Quando falamos em estabelecer relações interpessoais, Gary Chapman, em seu livro</p><p>“As cinco linguagens do amor”, descreve quais as principais maneiras de se expressar, dentre</p><p>elas estão as palavras de afirmação, o tempo de qualidade, o ato de presentear, o toque físico</p><p>e os atos ou gestos de serviço.</p><p>7.3.1. Palavras de afirmação</p><p>É de conhecimento geral que as palavras detêm poder sobre nossas vidas. São elas</p><p>que ditam nossas ações, seja para nos colocar numa posição melhor ou para nos rebaixar.</p><p>Por isso a importância de usar as palavras corretas quando se pretende expressar ideias,</p><p>principalmente se estas forem complexas.</p><p>Quando alguém busca estabelecer relações com outras pessoas, é importante manter</p><p>uma precaução quanto ao uso correto das palavras, pois a depender da forma como cada</p><p>pessoa se expressa, há um risco de alguém sair prejudicado. Sempre que possível, devem ser</p><p>utilizadas palavras que agreguem valores positivos, que são as chamadas “palavras de</p><p>afirmação”.</p><p>As palavras de afirmação representam sentenças que elogiam, apoiam, engajam,</p><p>facilitam e incentivam. São frases como: “sua comida é muito saborosa”; “você desempenha</p><p>muito bem sua função”; “tudo o que você se propõe a fazer dá certo” etc. Algumas pessoas</p><p>expressam seu amor por meio dessas palavras, assim como se sentem valorizadas quando</p><p>também as escutam ou as leem.</p><p>7.3.2. Tempo de qualidade</p><p>Na atual era da informação, dificilmente as pessoas conseguem ter um espaço livre</p><p>em seu tempo para descansar o corpo e a mente. A todo tempo somos bombardeados de</p><p>notícias e estamos sempre tentando encontrar soluções para os mais diversos problemas que</p><p>surgem. Essa correria do cotidiano demonstra o quanto nosso tempo é precioso,</p><p>principalmente quando sentimos a necessidade de dedicar parte dele a alguém.</p><p>Quando falamos em linguagem do tempo de qualidade, estamos nos referindo à</p><p>capacidade de uma pessoa reservar um momento do seu tempo para alguém que considera</p><p>importante. Infelizmente, as pessoas têm encontrado dificuldade para exercer essa</p><p>linguagem até mesmo dentro do seu próprio ambiente familiar.</p><p>40</p><p>Um passeio com o filho, uma caminhada no parque com o cônjuge, um café da tarde</p><p>com amigos, uma festa de aniversário de um familiar são exemplos de como se expressar</p><p>por meio da linguagem do tempo de qualidade. O importante é estar e se fazer presente de</p><p>corpo e alma, pois muitas vezes os encontros acontecem, mas as preocupações tiram o foco</p><p>do momento, e o que era para ser prazeroso se torna cansativo e enfadonho.</p><p>7.3.3. Presentes</p><p>Nesse tipo de linguagem o que é menos relevante é o fator financeiro. O amor aqui é</p><p>externado, por exemplo, por meio de uma joia, uma roupa ou calçado, uma passagem para</p><p>viajar, um jantar em um restaurante ou até mesmo coisas simples como entregar um buquê</p><p>de rosas, um chocolate ou um desenho. O mais importante é o valor simbólico do que é</p><p>presenteado, pois a pessoa que recebe se sente acolhida e amada.</p><p>Antes de tudo, a pessoa que se sente amada por meio dessa linguagem deve entender</p><p>que o que está sendo entregue a ela é de coração e que há uma intenção de deixar uma marca</p><p>por meio desse gesto, fazendo com que nunca se esqueça dela mesmo quando estiver ausente.</p><p>Portanto, o presente em si não tem tanta relevância quando se entende o valor que está por</p><p>trás dele.</p><p>7.3.4. Toque físico</p><p>Muitas pessoas têm conhecimento de que o amor existe, mas para senti-lo de verdade</p><p>precisam que ele seja externado fisicamente. Por isso, algumas atitudes como abraços,</p><p>beijos, cutucões, carinho, aperto de mãos são muito importantes para que se sintam seguras</p><p>e valorizadas.</p><p>O simples fato de uma pessoa gostar de outra, ainda que não seja numa relação</p><p>amorosa, faz com que ela busque meios de se conectar. É a intensidade do sentimento que</p><p>vai fazer com que haja uma demonstração concreta de afeto, seja por um abraço, uma</p><p>massagem, um cafuné etc.</p><p>O que pode acontecer, e isso deve ser levado sempre em consideração, é o fato do</p><p>outro não se sentir acolhido com esse tipo de demonstração de amor. Se alguém se sente</p><p>desconfortável diante de expressões físicas de afeto, o melhor a se fazer é respeitar seu</p><p>espaço, pois um requisito dessa linguagem do amor é a reciprocidade.</p><p>41</p><p>7.3.5. Atos ou gestos de serviço</p><p>Nesse tipo de linguagem o que mais se valoriza são as atitudes. Limpar a casa, fazer</p><p>as compras no mercado, trocar uma lâmpada ou preparar o jantar são exemplos de gestos</p><p>que podem fazer toda a diferença numa relação, principalmente quando essa é a linguagem</p><p>que predomina entre as partes.</p><p>Como em toda relação, é importante que haja equilíbrio até mesmo no que diz</p><p>respeito aos gestos de serviço, não sendo prudente que apenas uma das pessoas se disponha</p><p>a fazer tudo, pois em um dado momento isso se tornará um fardo extremamente pesado.</p><p>Deve-se, portanto, identificar quais as tarefas que podem ser desempenhadas para que as</p><p>pessoas se sintam valorizadas e executá-las de modo que todos se sintam confortáveis e</p><p>respeitados dentro dos seus limites.</p><p>7.4. Rapport</p><p>A palavra rapport é de origem francesa e decorre do termo “rapporter”, que significa</p><p>“trazer</p><p>de volta” ou “estabelecer uma relação”. Sua definição científica vem da psicologia e</p><p>é usada para referenciar a técnica da empatia, estimulando relações cada vez menos</p><p>burocráticas.</p><p>São três os componentes comportamentais que fazem parte do rapport: a mútua</p><p>atenção, a mútua positividade e a coordenação. Quando há uma sincronização entre duas ou</p><p>mais pessoas em uma relação com base nesses elementos, podemos dizer que o rapport se</p><p>faz presente. Os laços de compreensão entre as pessoas é que fazem essa técnica ser tão</p><p>importante.</p><p>Quando falamos na aplicação da técnica do rapport, o objetivo não é aceitar todas as</p><p>opiniões do outro, mas fazer com que ele se sinta ouvido e compreendido. Por essa razão,</p><p>ele é muito utilizado nas organizações empresariais como estratégia de negociação e vendas.</p><p>Neste caso temos um rapport que é forçado para facilitar a atividade comercial, mas em</p><p>muitos casos ele acontece de maneira natural, ou seja, as pessoas conseguem criar vínculos</p><p>de respeito e confiança sem precisarem fazer um esforço consciente para isso.</p><p>Uma das técnicas do rapport é o espelhamento, por meio do qual o indivíduo busca</p><p>reproduzir expressões corporais do outro como forma de se aproximar dele, mas isso deve</p><p>ser feito com cuidado para evitar que a pessoa se sinta vítima de deboche.</p><p>42</p><p>Uma outra técnica é a reciprocidade, que consiste em dar presentes ou realizar</p><p>favores sem esperar nada em troca, ou ainda, quando se busca encontrar interesses em</p><p>comum para criar um ambiente de confiança. Todas essas formas de criar conexões fazem</p><p>parte do rapport e devem ser estimuladas quando se pretende estabelecer uma relação de</p><p>respeito.</p><p>8. PSICOLOGIA POSITIVA</p><p>Durante anos a psicologia e a neurociência estiveram com o olhar atento às questões</p><p>ligadas à depressão, ansiedade e neuroses, tendo se avolumado o número de pesquisas</p><p>relacionadas a esses assuntos. Pouco se discutia acerca das emoções positivas, que são</p><p>aquelas que promovem um estado de felicidade e conforto.</p><p>Na década de 1970, Martin Seligman deu os primeiros passos no estudo da psicologia</p><p>positiva. Ele considera a psicologia como uma ciência que se dedica aos processos e</p><p>comportamentos humanos, enquanto a sua vertente positiva se volta para o estudo das</p><p>emoções e reações que promovem nos indivíduos sensações de leveza e paz.</p><p>Algumas atitudes como a resiliência, a gratidão, o otimismo e a determinação</p><p>refletem o que representa essa teoria, que afasta de seu objeto de estudo qualquer aspecto</p><p>que se volte para angústias, enfermidades e abalos psíquicos, muito embora sua base de</p><p>estudos envolva todas as questões emocionais, sejam elas boas ou não.</p><p>8.1. Os pilares da psicologia positiva</p><p>A psicologia positiva busca dar um foco maior ao que é realmente importante: a</p><p>felicidade. Essa vertente científica acredita que os melhores resultados somente serão</p><p>possíveis de serem alcançados a partir do momento em que a felicidade passa a ser priorizada</p><p>na relação com as demais pessoas. Promover bons relacionamentos e atribuir propósitos a</p><p>cada ação são exemplos de atitudes que facilitam esse processo.</p><p>O psicólogo americano Martin Seligman foi quem desenvolveu a teoria da felicidade,</p><p>que permitiu chegar ao modelo chamado PERMA: Positive Emotion (emoção positiva),</p><p>Engagement (engajamento), Relationship (relacionamento), Meaning (significado) e</p><p>Accomplishment (Realizações). Esses pilares podem ser sintetizados em três: Emoções</p><p>Positivas, Relacionamentos e Propósitos. Cada um deles cumpre um papel relevante no que</p><p>43</p><p>tange à concretização da felicidade ou mesmo ao bem-estar subjetivo. Mas o que eles</p><p>significam? Vejamos a seguir.</p><p>8.1.1. Emoção positiva</p><p>A emoção positiva está relacionada à ideia de satisfação, prazer, inspiração, amor e</p><p>gratidão, que acontece quando passamos a olhar o futuro com uma visão mais otimista e</p><p>construtiva da realidade. As possibilidades surgem quando ampliamos a forma de</p><p>enxergarmos o mundo, ao contrário do que ocorre com pessoas pessimistas, que possuem</p><p>um olhar de afunilamento e sem propósitos.</p><p>Não se trata aqui de estar imune aos percalços da vida ou de fazer vista grossa para</p><p>os problemas do cotidiano, mas uma pessoa otimista consegue vislumbrar uma série de</p><p>aprendizados em meio aos conflitos que surgem em sua vida. É importante compreender que</p><p>todo e qualquer evento, ainda que imprevisível, pode ser a maneira que a vida propõe de nos</p><p>ensinar a corrigir falhas e aprimorar o conhecimento sobre si e sobre o outro.</p><p>Pessoas que encontraram a felicidade conseguem olhar para o passado com gratidão,</p><p>possuem esperança quanto ao futuro e apreciam os bons momentos do presente. O foco da</p><p>psicologia positiva está nos pontos positivos, que podem ser considerados as forças e as</p><p>virtudes do caráter.</p><p>8.1.2. Engajamento</p><p>O engajamento está relacionado às atividades que as pessoas desempenham com</p><p>maior grau de dedicação. Significa que há uma entrega total para aquilo que a pessoa se</p><p>propõe fazer, de modo que se perde até mesmo a noção de tempo, pois o nível de</p><p>concentração no presente é elevado. O importante aqui é não exercer uma tarefa de maneira</p><p>relapsa, mas dar o melhor em tudo o que se decide fazer.</p><p>Quando há um engajamento completo com o momento atual, uma conexão se</p><p>estabelece com um estado de bem-estar, conhecido como flow, que pode ser definido como</p><p>uma condição de total imersão numa atividade. Embora possa trazer uma série de estresses</p><p>ou sobrecargas, o resultado no flow é carregado de um forte senso de realização pessoal.</p><p>44</p><p>8.1.3. Relacionamentos</p><p>O ser humano não nasceu para estar ou viver de forma isolada. Construir relações faz</p><p>parte do desenvolvimento pessoal e social, razão pela qual todos devem estar inseridos em</p><p>um contexto social que permita o compartilhamento de ideias, opiniões, críticas, desejos e</p><p>conhecimentos gerais.</p><p>O isolamento individual pode ser uma catástrofe na vida de quem apresenta sintomas</p><p>de tristeza, depressão, medo, angústia etc. Por essa razão a importância de quem vive</p><p>inserido numa comunidade, pois consegue dividir perdas, recuperar energia e transmitir</p><p>coisas boas para o outro. O simples ato de dar atenção ao que o outro fala é um grande passo</p><p>para estabelecer um relacionamento bom e duradouro.</p><p>8.1.4. Significados</p><p>Para que a vida tenha real significado, é necessário estar atento ao que acontece ao</p><p>nosso redor. Seja exercendo o papel de pai, mãe, professor, educador físico, terapeuta, irmão</p><p>ou amigo, tudo o que nos faz sair da zona de conforto em prol do outro traz um significado</p><p>importante e é algo que deve ser promovido e valorizado, afinal, somos melhores quando</p><p>dedicamos nosso tempo para algo maior.</p><p>8.1.5. Realização</p><p>A felicidade só é possível de ser alcançada quando o indivíduo consegue olhar para</p><p>a sua trajetória e sentir-se realizado por tudo aquilo que conquistou. Ser vitorioso em algo é</p><p>muito importante na vida de qualquer pessoa e celebrar os pequenos feitos faz parte do</p><p>cotidiano de uma pessoa bem-sucedida.</p><p>Uma das perguntas que todos devem fazer é: qual o sentido da minha existência? Se</p><p>a pessoa entende que veio ao mundo para ser um psicólogo, por exemplo, ela deve buscar</p><p>isso para a sua vida. A realização do propósito é fundamental para encontrar a felicidade,</p><p>assim como manter bons relacionamentos e valorizar emoções positivas.</p><p>8.2. A ciência da felicidade</p><p>Nas palavras de Aristóteles, a felicidade seria o grande objetivo, fim e propósito do</p><p>ser humano. Contudo, durante muito tempo buscou-se solucionar questões negativas da vida,</p><p>45</p><p>como a depressão, a ansiedade, o burnout, pouco se falando sobre o caminho para se alcançar</p><p>essa felicidade.</p><p>Como já mencionado, foi Martin Seligman quem deu os primeiros passos no estudo</p><p>da gratidão, positividade e otimismo. Suas pesquisas permitiram compreender a felicidade</p><p>não como uma alegria momentânea ou algo superficial, mas como um bem-estar positivo</p><p>aliado a uma sensação de que a vida possui um valor inestimável. Isso é possível a partir do</p><p>instante em que o indivíduo externaliza a gratidão.</p><p>Muitas vezes vivenciamos situações importantes com pessoas e temos dificuldade de</p><p>expressar nossa gratidão a elas. Silenciar passa a ser uma regra quando não se cria o hábito</p><p>de expor as emoções. A verdade é que as pessoas menosprezam o valor das palavras, pois</p><p>acreditam que o “sentimento” conta muito mais. Contudo, sentir é algo interno e, quando</p><p>colocado para fora, é capaz de tocar em outras vidas. Permitir que as pessoas saibam o quão</p><p>importantes são umas para as outras faz com que se sintam felizes.</p><p>Um outro ponto que merece destaque acerca da felicidade é a compreensão do que</p><p>ela significa dentro de uma organização, pois não é raro encontrar empresas que investem</p><p>nos seus funcionários oferecendo benefícios ou condições de trabalho num ambiente mais</p><p>acolhedor, acreditando que isso é o que irá atender as expectativas de seus funcionários. Não</p><p>se pode dizer que isso não seja importante, pelo contrário, contribui para o ambiente que se</p><p>espera dentro de uma organização, contudo, muito mais do que se sentir bem por algo que</p><p>recebeu da empresa, é se sentir pertencente a ela. Reconhecer o trabalho de alguém, por</p><p>exemplo, é peça chave para torná-lo mais feliz e, consequentemente, promover mais</p><p>resultados para a empresa.</p><p>8.3. As 24 forças de caráter</p><p>As forças do caráter são características psicológicas encontradas em todos os seres</p><p>humanos e que se manifestam em várias situações, produzindo emoções positivas nas</p><p>pessoas que as praticam e servindo de inspiração para aquelas de seu convívio.</p><p>Dentre as várias forças de caráter presentes nos seres humanos, pesquisadores</p><p>identificaram as 24 mais comuns, presentes na maioria das culturas, e são estas: humildade,</p><p>perdão, criatividade, honestidade, curiosidade, prudência, julgamento, esperança, gratidão,</p><p>amor pela aprendizagem, perspectiva, liderança, bravura, perseverança, entusiasmo, amor,</p><p>46</p><p>bondade, inteligência social, trabalho em equipe, autorregulação, apreciação da beleza e</p><p>excelência, humor, justiça e espiritualidade.</p><p>O uso das forças de caráter é essencial no combate à depressão, pois estimula a</p><p>felicidade. Uma das formas de utilizá-las é tomando atitudes simples como mudar móveis</p><p>de posição no escritório ou atribuir qualidades significativas a um objeto inanimado. Esse</p><p>tipo de comportamento ajuda a desenvolver a criatividade.</p><p>Quando o indivíduo se permite conhecer outras culturas, experimentar novos aromas</p><p>e expandir seu conhecimento, ele está fazendo uso da sua curiosidade, que é uma das forças</p><p>de caráter mais presentes no ser humano. Assistir a debates políticos com a cabeça aberta ao</p><p>diálogo e analisar as melhores decisões a serem tomadas diante de conflitos demonstram</p><p>desenvolvimento da natureza julgadora que há em nós.</p><p>Há variações nas forças de caráter e, com o passar do tempo, é possível que algumas</p><p>forças mais acentuadas deem lugar a outras, conforme as relações vão se estabelecendo e o</p><p>amadurecimento do indivíduo determine quais deverão permanecer.</p><p>8.4. Flow</p><p>A teoria do flow (fluxo) foi desenvolvida pelo psicólogo húngaro Mihaly</p><p>Csikszentmihalyi que, dentre outros fatores, procurou identificar o método ideal para definir</p><p>a melhor maneira de viver a vida.</p><p>Em sua definição primária, o flow pode ser considerado um estado subjetivo no qual</p><p>o indivíduo vivencia uma total entrega na atividade que está desempenhando, sentindo-se</p><p>completo e satisfeito no que faz.</p><p>Mihaly acreditava que a psicologia traria as respostas necessárias para atribuir</p><p>significado à vida e a maneira de torná-la feliz. Reconhecido como uma grande autoridade</p><p>no campo da psicologia positiva, ele compreendia que a felicidade não seria encontrada</p><p>quando buscada de forma direta, mas quando nos encontrássemos envolvidos com cada</p><p>detalhe de nossas vidas, ainda que passando por uma experiência ruim.</p><p>Existem relatos surpreendentes de pessoas que rotineiramente ultrapassam os limites</p><p>da padronização. Por vezes é um cantor que conduziu um show por horas sem demonstrar</p><p>cansaço ou mesmo um desenhista que se dedica vários dias para apresentar sua obra-prima,</p><p>ou ainda, quando um estudante alcança a nota máxima em diversos concursos após meses</p><p>47</p><p>de dedicação. Todos esses exemplos demonstram que essas pessoas conseguiram atingir o</p><p>estado de flow. É como se a mente humana pudesse se sobrepor aos obstáculos físicos em</p><p>momentos de foco total. Mas como saber se estamos em plena concentração de forma</p><p>espontânea nas tarefas do cotidiano?</p><p>É importante que cada indivíduo faça alguns questionamentos pessoais, como: qual</p><p>o meu nível de satisfação no meu ambiente de trabalho? Como eu me sinto no meu</p><p>relacionamento amoroso? Existe completa satisfação dentro da minha comunidade</p><p>religiosa? Será que estou feliz no meu seio familiar? No gráfico abaixo é possível ter uma</p><p>ideia de como obter tais respostas.</p><p>O gráfico traz uma perspectiva das sensações que vivenciamos a partir do resultado</p><p>obtido entre os desafios e as habilidades que permeiam a situação. Se um médico</p><p>especializado em ortopedia é contratado para ser clínico geral em um hospital, com o tempo</p><p>ele vai se sentir entediado, pois seu conhecimento é mais avançado quando comparado ao</p><p>nível da atividade a ele proposta. Esse médico ortopedista poderia desencadear ainda crises</p><p>de ansiedade ao ter que liderar uma rede de profissionais voltados para uma área que não é</p><p>de sua especialidade.</p><p>O estado de flow remete à felicidade, que é onde encontramos o equilíbrio, o qual</p><p>permite que haja prazer naquilo que está sendo executado. Mas é comum as pessoas</p><p>passarem por todas as fases do gráfico acima, oscilando entre diversos sentimentos e</p><p>emoções até encontrarem o equilíbrio completo e se desvincularem do mundo real enquanto</p><p>48</p><p>realizam aquilo que lhes apraz. Contudo, para se chegar a esse fluxo mental é necessário</p><p>esforço e treinamentos ininterruptos.</p><p>9. PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA: TÉCNICAS DE PNL</p><p>A Programação Neurolinguística surgiu por volta dos anos 70 nos Estados Unidos a</p><p>partir do encontro entre o estudante de matemática Richard Bandler e o especialista em</p><p>linguagem transformacional John Grinder. Eles desenvolveram os estudos sobre o tema e</p><p>hoje podemos chamá-los de pais da PNL.</p><p>Richard Wayne Bandler nasceu em 1950 em Nova</p><p>Jersey. Ele dominava disciplinas diversas como física,</p><p>filosofia, psicologia, matemática, entre outras, as quais foram</p><p>essenciais para o desenvolvimento da programação</p><p>neurolinguística, considerada atualmente como um dos</p><p>métodos mais eficazes para a transformação de</p><p>comportamentos, pois permite que o indivíduo consiga</p><p>perceber por meio de seu ponto de vista como suas ações</p><p>afetam a si e aos demais a sua volta. Com esse novo olhar, é</p><p>possível enxergar os pontos comportamentais de melhoria e</p><p>alcançar o pleno desenvolvimento.</p><p>Richard Bandler tomou a iniciativa de formar um grupo de estudos pautado na</p><p>programação neurolinguística. Contudo, para que seu projeto tivesse o apoio da</p><p>Universidade de Santa Cruz, ele precisaria de um supervisor. Foi então que o psicólogo John</p><p>Thomas Grinder surgiu, sendo o responsável por</p><p>decifrar e catalogar os padrões linguísticos que</p><p>proporcionavam mudanças comportamentais a partir</p><p>das pesquisas de Bandler. John mantinha um bom</p><p>relacionamento com estudiosos da época como</p><p>Virginia Satir e Gregory Bateson. Essa conexão</p><p>permitiu que Bandler conhecesse pessoas cada vez</p><p>mais inseridas no seu panorama de estudos,</p><p>facilitando a compreensão do ser humano em</p><p>diferentes e novas formas.</p><p>49</p><p>Foi a junção do trabalho de Richard Bandler e John Grinder que deu aso à</p><p>Programação Neurolinguística, hoje considerada uma ciência bastante difundida no mundo</p><p>e que se abre para a evolução humana, com a descoberta de novas formações de</p><p>comportamento.</p><p>A Programação</p><p>Neurolinguística tem uma abordagem extensa, mas podemos citar</p><p>alguns recursos que podem ser aplicados no cotidiano de quem trabalha com o atendimento</p><p>de pessoas, que vão melhorar a sua comunicação e trazer mais resultados.</p><p>A intenção positiva é uma das ferramentas da PNL, muito utilizada para trazer um</p><p>olhar inovador para situações controversas, como é o caso de quem faz uso de drogas ilícitas.</p><p>Sob uma perspectiva positiva, essa pessoa não está consumindo entorpecentes com o</p><p>objetivo de lhe causar algum mal, mas porque necessita ativar sua autoconfiança. E ainda, a</p><p>prática da violência nem sempre remete a algo negativo, pois ela pode ser empregada para a</p><p>autodefesa.</p><p>O suicídio, por sua vez, é a forma que o ser humano encontrou de aniquilar a dor que</p><p>lhe traz descontentamento. Do mesmo modo, aquele que se apressa para algo apenas está</p><p>fazendo o possível para ser pontual. Ou seja, a intenção positiva está atrelada à ideia de</p><p>resultados relevantes em todo e qualquer tipo de comportamento, seja ele socialmente aceito</p><p>ou não.</p><p>Após essa compreensão das intenções positivas por trás de cada comportamento, é</p><p>possível, dentro da PNL, trabalhar com algumas técnicas de comunicação em atendimento,</p><p>com vistas a buscar compreender a dor e o motivo que leva uma pessoa a assumir</p><p>determinada postura na sociedade. Vejamos:</p><p>a) Permissão: gesto de trocar as palavras para que o indivíduo absorva</p><p>apenas o que é positivo ou o que faça sentido a ele. Ele absorve a intenção</p><p>positiva;</p><p>b) Intencionalidade: é a clareza, entrega, criatividade etc. Faz com que o</p><p>sujeito se conecte ao processo. Quando não somos intencionais nos</p><p>nossos processos, fechamos a conexão da empatia com relação ao outro,</p><p>o qual também se sentirá bloqueado para expor suas vivências;</p><p>c) Chronos e Kairós: estão ligados à ideia de tempo: Chronos é finito,</p><p>limitado, medido, cronológico, e Kairós é o momento certo ou tempo</p><p>50</p><p>eterno, vivido, não lógico. Às vezes a pessoa está presa ao tempo Chronos</p><p>e precisa ser desprendida dele. É nesse momento que se pode falar sobre</p><p>o tempo Kairós, dando a entender que existe um lapso temporal</p><p>necessário para que as coisas aconteçam da melhor forma. O tempo certo</p><p>não necessariamente está alinhado ao tempo Chronos;</p><p>d) Marcador: procura entender quais as principais dores da pessoa e faz uso</p><p>de dois ou mais momentos que sejam muito marcantes, seja da semana,</p><p>do ano, do relacionamento etc. O objetivo é trazer a mente para um foco;</p><p>e) Quebra de padrão: Bandler narra a história de um homem que dizia ser</p><p>Jesus. Com sua equipe, Bandler montou um cenário de crucificação para</p><p>confrontar o indivíduo até que ele reconhecesse não ser o Cristo. Muitas</p><p>pessoas o haviam questionado, mas ele não mudava o pensamento, até</p><p>que Bandler quebrou esse padrão. Tensões podem ser quebradas e a forma</p><p>de fazer isso vai de cada um. A rotina do indivíduo, por exemplo, é uma</p><p>das coisas que muitas vezes precisa ser quebrada, pois caiu no padrão;</p><p>f) Recapitulação: é utilizada para gerar receptividade e feedback. Ela ajuda</p><p>a assimilar as próprias respostas. Não significa repetir frases, mas fazer</p><p>com que a pessoa que se comunica entenda de outro modo o que diz;</p><p>g) Expansão: pedir para que a pessoa confirme o que está dizendo a partir</p><p>de uma roupagem ampliativa à sua mensagem. Por exemplo, se a pessoa</p><p>diz que gosta de uva, vale perguntar se frutas, de um modo geral, são</p><p>importantes para ela. Outro exemplo: “eu me dou bem com minha irmã e</p><p>minha mãe”, logo, “você está dizendo que se dá bem com as mulheres da</p><p>sua família”. É claro que a expansão precisa acontecer de forma</p><p>contextualizada e dentro do atendimento, sempre que for possível</p><p>vislumbrar o seu cabimento;</p><p>h) Escala: trabalhar com escala ajuda a identificar o quanto a pessoa está</p><p>comprometida, otimista ou pessimista com algo. Por exemplo: “de zero a</p><p>dez, o quanto você está empenhado nessa disciplina?”. Isso serve para</p><p>medir todo e qualquer tipo de conhecimento. Algumas respostas não são</p><p>sinceras de verdade.</p><p>i) Ponte ao futuro: essa técnica faz a pessoa imaginar como seria no futuro</p><p>aquilo que ela sonhou. Pode ser o encontro com alguém que ela deseja</p><p>muito, como um pai que se ausentou quando ela era criança. Nesse caso,</p><p>51</p><p>pede-se para que a pessoa feche os olhos e se projete para esse lugar de</p><p>realização. É importante que o profissional analise bem a situação, pois é</p><p>possível que a pessoa não esteja pronta para isso.</p><p>j) Apadrinhamento: aqui há uma troca de energia por meio do toque. É</p><p>muito comum abraçarmos uma pessoa ou tocar em seu ombro como</p><p>forma de confortá-la. Isso por si só traz um equilíbrio, permitindo que a</p><p>pessoa se sinta mais tranquila.</p><p>10. HIPNOSE ERICKSONIANA</p><p>10.1. Conceitos básicos</p><p>Não tem como fazer uma abordagem sobre hipnose sem citar o psiquiatra norte-</p><p>americano Milton Hyland Erickson, especialista em hipnose médica e terapia familiar. O seu</p><p>método de pesquisa partia da premissa de que entrar em estado de transe, ainda que uma vez</p><p>por dia, seria algo natural do ser humano.</p><p>Quando possuía 17 anos de idade, Erickson foi acometido de poliomielite. Os</p><p>médicos que o acompanharam acreditavam que ele não sobreviveria devido ao grave quadro</p><p>de paralisia que se encontrava. Sua situação era tão complicada que apenas conseguia mover</p><p>os olhos.</p><p>Embora estivesse em um quadro alarmante da doença, esse foi um momento</p><p>importante na vida de Erickson, pois ele passou a observar as pessoas com mais afinco. A</p><p>sua compreensão sobre linguagem corporal e comunicação não-violenta foi sendo</p><p>aprimorada de modo que ele notou haver uma contradição entre as expressões corporais das</p><p>pessoas e a linguagem que era falada.</p><p>O tempo foi passando e Erickson notou que tudo aquilo que ele projetava em sua</p><p>mente poderia ser reproduzido em seu corpo. Logo que tomou consciência disso, ele passou</p><p>a andar por conta própria e realizar atividades que demandavam o controle do seu corpo. Ele</p><p>denominou esse efeito de “memórias do corpo”.</p><p>Aos 20 anos de idade, Erickson começou os estudos de Medicina, se especializando</p><p>em psicologia, mas foi o encontro com Clark L. Hull que fez da hipnose a essência de sua</p><p>prática clínica.</p><p>52</p><p>Antes considerada ineficiente em razão de desconsiderar o funcionamento do</p><p>inconsciente, com Erickson a hipnose ganhou novos contornos que fizeram dela uma</p><p>ferramenta de extrema importância para o campo da psicologia, principalmente no que diz</p><p>respeito à geração de resoluções curativas.</p><p>Em síntese, a hipnose Ericksoniana é um tratamento individualizado que considera</p><p>cada paciente responsável direto pela reversão de seus próprios conflitos internos. Por meio</p><p>dessa definição é possível desmistificar a ideia de que o paciente perde o controle do seu</p><p>corpo durante o transe hipnótico.</p><p>É de responsabilidade do hipnoterapeuta utilizar estratégias para conhecer a</p><p>linguagem de seu paciente e, consequentemente, chegar até o seu inconsciente e obter</p><p>soluções positivas. Essa técnica facilita a percepção e o fortalecimento do paciente por meio</p><p>de suas próprias experiências de vida.</p><p>10.2. Hipnose Ericksoniana dos 7 bloqueadores</p><p>É muito comum vermos pessoas que não conseguem evoluir em sua caminhada, pois</p><p>sempre estão travadas em algo. Ocorre que nem sempre elas conseguem perceber onde se</p><p>encontra o obstáculo que prejudica a concretização de seus projetos. Para isso, é importante</p><p>conhecer os níveis neurológicos e os consequentes bloqueios que interferem na mente a</p><p>ponto de impedi-las de viver uma vida próspera e abundante.</p><p>É fundamental também identificar em qual nível o sintoma negativo se encontra para</p><p>que assim uma eventual solução seja ventilada. Assim, quando olhamos para as emoções</p><p>que nos envolvem, podemos ter conhecimento da quantidade de elementos capazes de gerar</p><p>bloqueios, e ao olharmos para os níveis neurológicos sabemos o quanto ainda precisamos</p><p>evoluir.</p><p>Podemos dizer que há sete pontos de energia: medo, culpa, vergonha,</p><p>tristeza,</p><p>mentira, ilusão e energia. Por consequência, existem sete bloqueadores que impedem as</p><p>realizações pessoais, que são eles: terra, água, fogo, ar, som, luz e apegos terrenos.</p><p>Associados a estes, existem os níveis neurológicos, que podem ser classificados em:</p><p>sobrevivência e superficialidade; prazeres da vida e relacionamentos; força de vontade e</p><p>conhecimento; amor e significados; verdade e papeis; iluminação e posicionamento; e,</p><p>espiritualidade e legado.</p><p>53</p><p>A ideia a partir dessa classificação supramencionada, é trabalhar com os</p><p>bloqueadores, fazendo uso de metáforas dentro da hipnose Ericksoniana.</p><p>11. ABORDAGENS SISTÊMICAS</p><p>Todo olhar sistêmico requer o vislumbre do contexto geral sem deixar de lado as</p><p>especificidades. É como olhar para um grupo familiar e pontuar seus membros como peças</p><p>fundamentais em todo o organograma parental.</p><p>Vale ressaltar que nem todos possuem um olhar sistêmico. Não é porque o indivíduo</p><p>possui uma formação superior que sua visão sobre determinadas situações levará em conta</p><p>todos os seus aspectos mais relevantes. É por essa razão que muito tem se falado sobre a</p><p>necessidade de implementação de um olhar sistêmico dentro da advocacia, da administração,</p><p>da contabilidade etc. Isso permite mais compreensão e multidisciplinariedade dentro de cada</p><p>ambiente acadêmico e profissional.</p><p>A constelação sistêmica familiar já surgiu com o elemento sistêmico em seu</p><p>arcabouço, mas muitas outras ciências nasceram sem essa conexão, e por isso hoje há um</p><p>movimento de implementação desse tipo de abordagem em várias áreas educacionais. O</p><p>objetivo é se desprender de realidades específicas e ampliar a visão para o contexto geral</p><p>que envolve o caso em análise. É dar mais humanidade às questões até então tratadas sob</p><p>um regramento rígido.</p><p>Uma abordagem sistêmica não se trata necessariamente de uma intervenção. Em</p><p>muitos casos nem é preciso que ela ocorra, pois a comunicação sistêmica por si só cumpre</p><p>seu papel. É possível olhar para determinados problemas e saber quais elementos estão</p><p>inseridos neles. É entender quais sentimentos envolvem o indivíduo antes de partir para o</p><p>emaranhamento familiar que o cerca.</p><p>O que se pretende com a abordagem sistêmica é ratificar a importância da</p><p>contextualização que envolve cada caso. Por exemplo, em um atendimento de constelação é</p><p>possível aplicar técnicas de comunicação não-violenta, sem que isso prejudique o resultado</p><p>que se busca, afinal, a amplitude de conhecimento e sua aplicação com a devida precaução</p><p>permite chegar a conclusões antes não previstas e com uma satisfação ainda maior, tanto</p><p>para o paciente como para o profissional.</p><p>54</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ACADEMY, Arata. Mihaly Csikszentmihalyi: Estado de flow (fluxo) como elemento de</p><p>realização e alta performance. Arata Academy, [s.d.]. Disponível em:</p><p>https://www.arataacademy.com/port/coaching/mihaly-csikszentmihalyi-estado-de-flow-</p><p>fluxo-como-elemento-de-realizacao-e-alta-performance/. Acesso em: 28 dez. 2023.</p><p>ACT INSTITUTE. Quem foi Milton Hyland Erickson? Act Institute, 2020. Disponível em:</p><p><https://actinstitute.org/erickson/>. Acesso em: 10 dez. 2023.</p><p>ANDRADE, Sabrina. Saiba o que é aprendizagem social e como ela melhora o rendimento</p><p>dos alunos. Imaginie Educação, 2021. Disponível em:</p><p><https://educacao.imaginie.com.br/aprendizagem-social/>. Acesso em: 30 maio 2023.</p><p>BEZERRA, Sabrina. O que é a Ciência da Felicidade? E por que é importante (também) para</p><p>as empresas? StarteSe, 14 mai. 2021. Disponível em: <https://www.startse.com/artigos/o-</p><p>que-e-ciencia-da-felicidade/>. Acesso em: 14 nov. 2023.</p><p>BRASIL ESCOLA. O Processo Emocional no Desenvolvimento da Aprendizagem. Brasil</p><p>Escola, c2022. Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-</p><p>processo-emocional-no-desenvolvimento-aprendizagem.htm. Acesso em: 24 mar. 2023.</p><p>BRITO, Kátia Cristina. Gestalt Terapia: o que é e como funciona. Psicólogo e Terapia,</p><p>2020. Disponível em: https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/gestalt-terapia/. Acesso</p><p>em: 26 dez. 2022.</p><p>CARNIER, Alex. Desenvolvimento Psicossexual: as 5 fases de Freud. Saúde Interior,</p><p>2020. Disponível em: https://saudeinterior.org/desenvolvimento-psicossexual-fases-de-</p><p>freud/. Acesso em: 29 dez. 2022.</p><p>COGNIFIT. Memória de Curto Prazo – Habilidade Cognitiva-neuropsicologia. Cognifit,</p><p>[s.d.]. Disponível em: <https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/memoria-a-curto-</p><p>prazo>. Acesso em: 23 mar. 2023.</p><p>COGNITIVO BLOG. O que é neuroplasticidade e qual a sua relação com a psicoterapia? In:</p><p>Cognitivo Blog, Santa Maria, 2020. Disponível em:</p><p>https://blog.cognitivo.com/neuroplasticidade/. Acesso em: 02 fev. 2023.</p><p>COLOMBO, Rafael; BOFF, Gabriela Thaís. Empatia: como funcionam seus neurônios</p><p>espelho. Vitallogy, 2020. Disponível em:</p><p>https://vitallogy.com/feed/EMPATIA%3A+como+funcionam-</p><p>+seus+NEURONIOS+espelho/897. Acesso em: 08 fev. 2023.</p><p>CONCEIÇÃO, Josivan Mesquita da. Pirâmide de aprendizagem: você sabe o que é e qual a</p><p>sua proposta? Plantar Educação, [s.d.]. Disponível em:</p><p><https://www.plantareducacao.com.br/piramide-de-aprendizagem/>. Acesso em: 31 maio</p><p>2023.</p><p>DIA A DIA EDUCAÇÃO. Organização do Trabalho Pedagógico – Pensadores da Educação</p><p>– Vygotsky. Dia a Dia Educação, Curitiba, [s.d.]. Disponível em:</p><p>https://www.arataacademy.com/port/coaching/mihaly-csikszentmihalyi-estado-de-flow-fluxo-como-elemento-de-realizacao-e-alta-performance/</p><p>https://www.arataacademy.com/port/coaching/mihaly-csikszentmihalyi-estado-de-flow-fluxo-como-elemento-de-realizacao-e-alta-performance/</p><p>https://actinstitute.org/erickson/</p><p>https://educacao.imaginie.com.br/aprendizagem-social/</p><p>https://www.startse.com/artigos/o-que-e-ciencia-da-felicidade/</p><p>https://www.startse.com/artigos/o-que-e-ciencia-da-felicidade/</p><p>https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-processo-emocional-no-desenvolvimento-aprendizagem.htm</p><p>https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-processo-emocional-no-desenvolvimento-aprendizagem.htm</p><p>https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/gestalt-terapia/</p><p>https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/memoria-a-curto-prazo</p><p>https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/memoria-a-curto-prazo</p><p>https://blog.cognitivo.com/neuroplasticidade/</p><p>https://vitallogy.com/feed/EMPATIA%3A+como+funcionam-+seus+NEURONIOS+espelho/897</p><p>https://vitallogy.com/feed/EMPATIA%3A+como+funcionam-+seus+NEURONIOS+espelho/897</p><p>https://www.plantareducacao.com.br/piramide-de-aprendizagem/</p><p>55</p><p><http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3</p><p>26>. Acesso em: 05 jan. 2023.</p><p>FIA BUSINESS SCHOOL. Neurociência: o que é, campos de estudo e tendências. Fia</p><p>Business School, 2020. Disponível em: <https://fia.com.br/blog/neurociencia-o-que-e-</p><p>campos-de-estudo-e-tendencias/>. Acesso em: 18 jan. 2023.</p><p>FIA BUSINESS SCHOOL. Psicologia Positiva: o que é, importância e como aplicar? Fia</p><p>Business School, 2020. Disponível em: < https://fia.com.br/blog/psicologia-positiva/>.</p><p>Acesso em: 18 set. 2023.</p><p>GALANTE, Benhur. As 7 leis da aprendizagem. Linkedin, 2019. Disponível em:</p><p>https://pt.linkedin.com/pulse/7-leis-da-aprendizagem-benhur-galante. Acesso em: 19 abr.</p><p>2023.</p><p>GIROLDO, Bruna. O que é psicologia positiva e como ela pode alavancar sua carreira? Pós</p><p>PUCPR Digital, 30, nov. 2020. Disponível em: https://posdigital.pucpr.br/blog/psicologia-</p><p>positiva. Acesso em: 16 out. 2023.</p><p>GUIMARÃES, Ricardo. Saiba mais sobre o seu cérebro e neurociência. 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Acesso em: 16 fev. 2023.</p><p>https://fia.com.br/blog/neurociencia-o-que-e-campos-de-estudo-e-tendencias/</p><p>https://fia.com.br/blog/neurociencia-o-que-e-campos-de-estudo-e-tendencias/</p><p>https://pt.linkedin.com/pulse/7-leis-da-aprendizagem-benhur-galante</p><p>https://posdigital.pucpr.br/blog/psicologia-positiva</p><p>https://posdigital.pucpr.br/blog/psicologia-positiva</p><p>https://visaoparaofuturo.com.br/entenda-mais-sobre-o-seu-cerebro-e-neurociencia/</p><p>https://visaoparaofuturo.com.br/entenda-mais-sobre-o-seu-cerebro-e-neurociencia/</p><p>https://www.ibccoaching.com.br/portal/as-esferas-da-triade-do-tempo/</p><p>https://jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-aprendizagem-acelerada/</p><p>https://www.todamateria.com.br/behaviorismo/</p><p>http://www.educacaografica.inf.br/artigos/aprendizagem-acelerativa-ensino-compativel-com-o-cerebro</p><p>http://www.educacaografica.inf.br/artigos/aprendizagem-acelerativa-ensino-compativel-com-o-cerebro</p><p>56</p><p>MOREIRA, Diego Marques. Neurociência. Info Escola – Navegando e Aprendendo,</p><p>[s.d.]. Disponível em: <https://www.infoescola.com/medicina/neurociencia/>. Acesso em:</p><p>19 jan. 2023.</p><p>NUNES, Tamara. Neuroplasticidade: Como o cérebro se adapta à situações adversas? Brain</p><p>Support, 2023. Disponível em: <https://www.brainlatam.com/blog/neuroplasticidade-</p><p>como-o-cerebro-se-adapta-a-situacoes-adversas-855>. Acesso em: 02 fev. 2023.</p><p>PAIXÃO, Neto. O papel dos sistemas representacionais na comunicação assertiva.</p><p>Linkedin, 2020. Disponível em: <https://pt.linkedin.com/pulse/o-papel-dos-sistemas-</p><p>representacionais-na-comunica%C3%A7%C3%A3o-neto-paix%C3%A3o>. Acesso em: 19</p><p>jun. 2023.</p><p>PEREIRA, Mateus. Estado de Flow: conheça essa técnica para aumentar sua produtividade.</p><p>In: Mateus Pereira. Runrun.it. São Paulo: 26, mar. 2021. Disponível em:</p><p><https://blog.runrun.it/estado-de-flow/>. Acesso em: 02 out. 2023.</p><p>REZENDE, Rafaela Couto de. Neurogênese. Info Escola – Navegando e Aprendendo,</p><p>[s.d.]. Disponível em: <https://www.infoescola.com/neurologia/neurogenese/>. Acesso em:</p><p>01 fev. 2023.</p><p>RH PORTAL. Inteligência comportamental: o RH dos sonhos virou realidade. Rh Portal,</p><p>2017. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/inteligencia-</p><p>comportamental-o-rh-dos-sonhos-virou-realidade/>. Acesso em: 13 jun. 2023.</p><p>SBCOACHING. Behaviorismo: o que é, tipos e como ele pode te ajudar. SB Coaching,</p><p>[s.d.]. Disponível em: <https://www.sbcoaching.com.br/behaviorismo/>. Acesso em: 04 jan.</p><p>2023.</p><p>SIGNIFICADOS. Significado de Rapport. Significados, [s.d.]. Disponível em:</p><p><https://www.significados.com.br/rapport/>. Acesso em: 08 ago. 2023.</p><p>TERRA. Limitadores de aprendizado: barreiras, crenças limitantes e entraves do processo.</p><p>Como vencê-los? TERRA, 2018. Disponível em:</p><p>https://www.terra.com.br/noticias/limitadores-de-aprendizado-barreiras-crencas-limitantes-</p><p>e-entraves-do-processo-como-vence-</p><p>los,c05e5159ff97903a8e170dd1fd4e738405k0ow3g.html. Acesso em: 02 jun. 2023.</p><p>TERUYA, Alexandre Key; NERI, José Eudes; MARINHO, Kim Soares; FARIAS, Thaís</p><p>Gregol de. Neurônios espelho. Ciências e Cognição, 2014. Disponível em:</p><p>http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/1590. Acesso em: 08 fev. 2023.</p><p>TODA MATÉRIA. Sistema Límbico. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:</p><p>https://www.todamateria.com.br/sistema-limbico/. Acesso em: 26 jan. 2023.</p><p>UFOB. Usando suas forças de caráter para ser mais feliz. UFOB, [s.d.]. Disponível em:</p><p><https://ufob.edu.br/especial-de-quarentena/dicas/usando-suas-forcas-de-carater-para-ser-</p><p>mais-feliz>. Acesso em: 10 out. 2023.</p><p>YEVES, Patrícia Grande. O Desenvolvimento Humano. A Mente é Maravilhosa, 2022.</p><p>Disponível em: <https://amenteemaravilhosa.com.br/desenvolvimento-humano/>. Acesso</p><p>em: 28 dez. 2022.</p><p>https://www.infoescola.com/medicina/neurociencia/</p><p>https://www.brainlatam.com/blog/neuroplasticidade-como-o-cerebro-se-adapta-a-situacoes-adversas-855</p><p>https://www.brainlatam.com/blog/neuroplasticidade-como-o-cerebro-se-adapta-a-situacoes-adversas-855</p><p>https://pt.linkedin.com/pulse/o-papel-dos-sistemas-representacionais-na-comunica%C3%A7%C3%A3o-neto-paix%C3%A3o</p><p>https://pt.linkedin.com/pulse/o-papel-dos-sistemas-representacionais-na-comunica%C3%A7%C3%A3o-neto-paix%C3%A3o</p><p>https://blog.runrun.it/estado-de-flow/</p><p>https://www.infoescola.com/neurologia/neurogenese/</p><p>https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/inteligencia-comportamental-o-rh-dos-sonhos-virou-realidade/</p><p>https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/inteligencia-comportamental-o-rh-dos-sonhos-virou-realidade/</p><p>https://www.significados.com.br/rapport/</p><p>https://www.terra.com.br/noticias/limitadores-de-aprendizado-barreiras-crencas-limitantes-e-entraves-do-processo-como-vence-los,c05e5159ff97903a8e170dd1fd4e738405k0ow3g.html</p><p>https://www.terra.com.br/noticias/limitadores-de-aprendizado-barreiras-crencas-limitantes-e-entraves-do-processo-como-vence-los,c05e5159ff97903a8e170dd1fd4e738405k0ow3g.html</p><p>https://www.terra.com.br/noticias/limitadores-de-aprendizado-barreiras-crencas-limitantes-e-entraves-do-processo-como-vence-los,c05e5159ff97903a8e170dd1fd4e738405k0ow3g.html</p><p>http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/arquivos/1590</p><p>https://www.todamateria.com.br/sistema-limbico/</p><p>https://ufob.edu.br/especial-de-quarentena/dicas/usando-suas-forcas-de-carater-para-ser-mais-feliz</p><p>https://ufob.edu.br/especial-de-quarentena/dicas/usando-suas-forcas-de-carater-para-ser-mais-feliz</p><p>57</p><p>O Desenvolvimento Humano é um processo de construção que se protrai ao longo da vida</p><p>do ser humano. A magnitude de sua compreensão estar em saber que a todo tempo estamos</p><p>inseridos em um contínuo campo de crescimento pessoal e que avançamos enquanto</p><p>sociedade quando entendemos a razão de ser do contexto coletivo.</p><p>É importante saber que a obtenção de uma qualidade de vida vai além do mero aspecto</p><p>econômico eventualmente atingido. O sentir-se realizado está muito mais ligado ao potencial</p><p>que cada indivíduo pode alcançar quando encontra oportunidades que lhe assegurem romper</p><p>com seus obstáculos, sejam eles conscientes ou inconscientes.</p><p>Neste livro será possível aprender sobre o conceito de Desenvolvimento Humano e as</p><p>nuances que envolvem sua aplicação em sociedade. Muito mais do que uma abordagem</p><p>elementar de ensino, compreendê-lo fará observar o mundo e a si próprio com um olhar mais</p><p>positivo e sistemático em todos os seus aspectos.</p><p>44</p><p>8.1.5. Realização ........................................................................................... 44</p><p>8.2. A ciência da felicidade ............................................................................................ 44</p><p>8.3. As 24 forças de caráter ........................................................................................... 45</p><p>8.4. Flow .......................................................................................................................... 46</p><p>9. PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA: TÉCNICAS DE PNL .................. 48</p><p>10. HIPNOSE ERICKSONIANA ....................................................................................... 51</p><p>10.1. Conceitos básicos ................................................................................................... 51</p><p>10.2. Hipnose Ericksoniana dos 7 bloqueadores .......................................................... 52</p><p>11. ABORDAGENS SISTÊMICAS ................................................................................... 53</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 54</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Implementado como um meio de ampliar as escolhas das pessoas para que elas</p><p>possam explorar as suas diferentes capacidades e habilidades em seu potencial máximo, o</p><p>Desenvolvimento Humano reflete exatamente a necessidade que o mundo tem de atingir um</p><p>crescimento em seus mais variados aspectos, uma vez que o estímulo que a sociedade anseia</p><p>não está exclusivamente no valor econômico alcançado, mas na geração de oportunidades e</p><p>no despertamento de talentos até então enrijecidos pela falta de clareza e investimento.</p><p>As características sociais, políticas e culturais que são inerentes a toda sociedade são</p><p>fundamentais de serem observadas quando falamos em Desenvolvimento Humano. Fechar</p><p>os olhos para todos esses e outros componentes sociais é impedir a plenitude do</p><p>florescimento das capacidades humanas, que é o cerne e o fim de todo desenvolvimento.</p><p>O objetivo deste livro é permitir que o leitor conheça aspectos essenciais do</p><p>Desenvolvimento Humano e busque enxergar características em seu meio que possam lhe</p><p>direcionar para maiores estímulos em sua capacidade de ser e viver.</p><p>A qualidade de vida, o bem-estar social e a felicidade são inegociáveis e devem ser</p><p>buscados em seu potencial máximo, afinal, todos têm o direito de ser e fazer o que almejam</p><p>dentro do cenário social que se encontram, sempre respaldados pela dignidade da pessoa</p><p>humana, princípio basilar de nossa Constituição Federal.</p><p>7</p><p>1. CONCEITO</p><p>Carregado de concepções ideológicas e de adjetivações culturais, o desenvolvimento</p><p>humano foi socialmente construído, consolidando-se na busca pelo progresso das condições</p><p>de vida das pessoas. Todos os núcleos civilizatórios no mundo estão sempre em busca de</p><p>avanços, segundo sua própria orientação de bem-estar social.</p><p>Quando se fala em desenvolvimento humano, pode-se dizer que toda a sociedade está</p><p>inserida em seu conceito. As pessoas nascem, crescem, se desenvolvem e se adaptam,</p><p>adquirem experiências e são submetidas a mudanças constantemente. A unicidade de cada</p><p>ser humano é revelada através do compartilhamento de vivências e de suas peculiaridades</p><p>culturais. Logo, é possível concluir que não há no sistema universal sociedades</p><p>desenvolvidas ou não desenvolvidas, pois todos se encontram em avanço, regressão ou</p><p>estagnação, e o desenvolvimento é tido como um processo inesgotável.</p><p>São muitas as experiências vividas por cada pessoa e algumas se tornam</p><p>extremamente traumatizantes, o que afeta o bom desenvolvimento do indivíduo. Mas o que</p><p>é importante considerar é que esse desenvolvimento independe do crescimento econômico</p><p>ou da rentabilidade auferida. Esta é considerada importante como meio e não como fim para</p><p>o crescimento pessoal, haja vista que o que se busca é uma maior gama de possibilidades de</p><p>liberdade de escolhas e de tomada de decisões.</p><p>É comum que as pessoas almejem conquistar uma casa, um carro, uma profissão,</p><p>uma família, pois enxergam nisso um mecanismo de equilíbrio para o seu bem-estar.</p><p>Contudo, quando isso não acontece, a sensação que fica é a de que a sua qualidade de vida</p><p>está prejudicada. Por essa razão, muitos estudiosos se inclinam para os variados processos</p><p>de melhoria da qualidade de vida do ser humano no intuito de buscar identificar os aspectos</p><p>que mais se alinham ao bem-estar de cada pessoa.</p><p>Quando alguém decide cursar a faculdade de medicina por acreditar que essa</p><p>profissão lhe trará melhores resultados financeiros, ela está associando inevitavelmente a sua</p><p>qualidade de vida a um único elemento, que é a sua futura renda. Ao se deparar com o</p><p>trabalho exaustivo em hospitais, ela poderá se frustrar e viver com suas emoções em conflito,</p><p>pois não conseguiu ampliar sua visão antecipadamente para analisar todas as circunstâncias</p><p>que envolviam a sua tomada de decisão. É por esse motivo que se faz necessário o</p><p>conhecimento acerca do desenvolvimento humano, não como um complexo reduzido de</p><p>8</p><p>ideias contidas em uma disciplina, mas como um arcabouço dentro do qual todas as áreas do</p><p>conhecimento se encontram.</p><p>Alcançar um desenvolvimento humano satisfatório é uma meta que visa proporcionar</p><p>à população viver de maneira feliz e realizada. Isto somente é possível quando se tem um</p><p>ambiente de vida propício à conquista de saúde física e mental de qualidade e com o acesso</p><p>a informações básicas. É o desenvolvimento humano que projeta as pessoas a buscarem</p><p>melhores condições para seu futuro.</p><p>2. PERSPECTIVA HISTÓRICA E SUAS ÁREAS</p><p>A concepção de desenvolvimento humano surgiu por volta do século XX e desde</p><p>então veio sofrendo algumas alterações, isso porque inicialmente era vinculada à ideia de</p><p>uma percepção unidimensional, alinhada exclusivamente às questões econômicas, e</p><p>atualmente ela assume um caráter multidimensional, que envolve aspectos físicos,</p><p>cognitivos e psicossociais.</p><p>Foi após a Segunda Guerra Mundial que a ideia em torno de desenvolvimento</p><p>humano como um processo de mudança estrutural surgiu. Antes era considerado um</p><p>fenômeno de passagem da economia tradicional agrícola para uma economia moderna,</p><p>fincada no modelo urbano e industrial. Sua abordagem levava em conta as taxas de</p><p>crescimento da renda.</p><p>Com o passar dos anos, essa noção primária de desenvolvimento ligada ao</p><p>crescimento econômico foi perdendo sua força, dando lugar à necessidade de promoção de</p><p>mudanças sociais e políticas para a melhoria do bem-estar. Ou seja, não é a industrialização,</p><p>nem mesmo o crescimento econômico os elementos definidores essenciais e exclusivos do</p><p>bem-estar.</p><p>Diante disso, logo se passou a trabalhar com um conceito multidimensional do</p><p>desenvolvimento, permitindo que outros fatores, além da renda, influenciassem na definição</p><p>correta de bem-estar. Assim surgiu o índice de desenvolvimento humano (IDH), pelo qual é</p><p>possível dimensionar o progresso em três grandes frentes: a saúde, que diz respeito à</p><p>expectativa de vida ao nascer; a educação, que é a média de instrução; e o padrão de vida,</p><p>que abrange a renda nacional per capita.</p><p>9</p><p>3. INTER E MULTIDISCIPLINARIEDADE</p><p>Compreendido como um processo de expansão das liberdades dos indivíduos para</p><p>uma vida mais saudável e duradoura, o desenvolvimento humano deve ser encarado como</p><p>um processo traçado pelas pessoas e que se destina a beneficiá-las. Assim, ao falar sobre</p><p>desenvolvimento humano, deve-se ter o entendimento de que as políticas em torno dele</p><p>deverão possuir caráter participativo e de redistribuição de benefícios.</p><p>Essa fisionomia ampliativa do desenvolvimento humano permite enquadrá-lo tanto</p><p>na seara interdisciplinar quanto na multidisciplinar, uma vez que o cerne da sua compreensão</p><p>está na qualidade de vida do ser humano. Logo, é muito difícil dissociar o estudo do</p><p>desenvolvimento humano de algum ramo acadêmico, pois todas as pautas científicas</p><p>se</p><p>alinham em torno dele.</p><p>Tanto nas ciências humanas, como nas exatas ou biológicas, a questão que mais</p><p>influencia suas concepções ideológicas é de que modo este tipo de conhecimento poderá</p><p>proporcionar às pessoas de maneira geral um avanço na melhoria de suas condições de vida.</p><p>Ingressar num ambiente acadêmico exige uma preocupação com o bem-estar não apenas</p><p>individual, mas de todo o grupo.</p><p>4. PRINCIPAIS TEORIAS</p><p>O ser humano passa por diversas etapas ao longo de sua vida e com isso muitas</p><p>mudanças comportamentais acontecem. Estudar esse processo de evolução e o modo como</p><p>cada ser humano se transforma é uma tarefa que cabe à psicologia do desenvolvimento.</p><p>São inúmeras as teorias que discorrem sobre o desenvolvimento humano e, por isso,</p><p>vamos elencar algumas delas, quais sejam: a psicologia da Gestalt, a psicanálise, o</p><p>behaviorismo, e as de Lev Vygotsky e Jean Piaget.</p><p>4.1. Psicologia da Gestalt</p><p>O Gestaltismo ou Psicologia da Forma é um preceito da psicologia que tem por base</p><p>a compreensão do todo para que se percebam suas particularidades. A palavra “Gestalt” tem</p><p>origem germânica e, muito embora não tenha uma definição precisa do termo, é trazida para</p><p>a língua portuguesa com o significado de “forma” ou “figura”.</p><p>10</p><p>O estudo acerca da percepção humana, que levou à elaboração das leis da Gestalt,</p><p>surgiu por volta do final do século XIX e ganhou forma a partir do trabalho desenvolvido</p><p>pelos psicólogos Kurt Koffka, Wolfgang Kohler e Max Werteimer. A Gestalt veio como</p><p>forma de se contrapor à ideia de que somente era possível compreender a totalidade de algo</p><p>a partir da análise de suas particulares diferenças.</p><p>Para o psicólogo e filósofo austríaco Christian von Ehrenfels, responsável pelo</p><p>desenvolvimento da psicologia da Gestalt, a percepção humana é a junção de duas</p><p>características das formas: as sensíveis e as formais. A primeira se refere ao objeto em si e a</p><p>segunda às visões de mundo que cada indivíduo carrega consigo.</p><p>O estudo da Gestalt é importante para que se compreenda como o cérebro enxerga as</p><p>formas. Não se trata de se esforçar para entender um sistema a partir de pontos isolados dele,</p><p>mas de focar em sua totalidade. Logo, não há partes isoladas, mas relações que existem entre</p><p>elas e se somatizam.</p><p>Em síntese, a teoria da Gestalt vem dizer que a mera união das partes não permite</p><p>explicar o todo. Isto se dá porque a percepção humana é formada a partir de uma estruturação</p><p>organizada, por isso não fica limitada a aspectos menores.</p><p>A psicologia da Gestalt entende que aos poucos o indivíduo vai identificando suas</p><p>capacidades e desenvolvendo-as, por isso, é comum vermos crianças em estágio de avançada</p><p>evolução mental se comparadas as outras. Todos os sentidos humanos como paladar,</p><p>audição, olfato, tato, aliados à memória, são elementos que juntos contribuem para a</p><p>percepção das formas. Ou seja, são as diversas informações que nos cercam que permitem</p><p>criar representações mentais.</p><p>4.2. Psicanálise</p><p>A partir de estudos da psique humana, datados de 1881, surgiu a psicanálise. Foi</p><p>Sigmund Freud quem deu início a essa área de investigação da mente humana enquanto</p><p>atuava no Hospital Geral de Viena. Segundo ele, ela representaria a cura da alma, que aqui</p><p>simboliza a “mente” ou “inteligência humana”.</p><p>O objetivo da psicanálise é desvendar os mistérios do inconsciente humano, que se</p><p>manifestam através dos sonhos, desejos, pensamentos e lembranças. Com essa abordagem,</p><p>11</p><p>é possível adentrar na mente do indivíduo e permitir que ele encontre a cura que precisa.</p><p>Logo, a missão do psicanalista é de facilitar esse encontro.</p><p>Diferentemente do que se vê na psicologia da Gestalt, a psicanálise trabalha com o</p><p>desenvolvimento humano em cada fase de evolução do indivíduo. Ela acredita que a criança</p><p>possui necessidades diversas durante seu crescimento e, por isso, o desenvolvimento humano</p><p>é classificado segundo esses anseios que precisam ser atendidos.</p><p>Em toda a fase evolutiva do ser humano, a psicanálise dá um destaque especial à</p><p>sexualidade. Para Freud, o inconsciente é dotado de impulsos e desejos que, se reprimidos,</p><p>são capazes de provocar danos nocivos à saúde psíquica do indivíduo. São as chamadas</p><p>neuroses.</p><p>Para tratar das questões relacionadas à sexualidade, Freud propôs a teoria do</p><p>desenvolvimento psicossexual na infância, que se fundamenta na sintetização da libido no</p><p>corpo. Ela reverbera em cinco fases, a saber: oral (0-1), anal (1-3), fálica (3-5), latência (5-</p><p>6) e genital (11-12). Segundo ele, são nos cinco primeiros anos de vida que a personalidade</p><p>adulta se forma e ela é construída a partir de sintomas de tensão e prazer.</p><p>Cada uma das cinco fases de desenvolvimento psicossexual está cercada de conflitos,</p><p>os quais precisam ser solucionados antes que a criança avance de estágio. Essa solução se</p><p>dá com a quantidade de gasto de energia em cada fase. Quanto mais se gasta num estágio,</p><p>mais características específicas dele permanecem com o indivíduo durante o seu</p><p>amadurecimento.</p><p>4.3. Behaviorismo</p><p>Inserido na psicologia, o Behaviorismo, também conhecido como</p><p>comportamentalismo, pode ser definido como uma teoria que faz uma avaliação</p><p>comportamental do homem a partir de análises fundamentadas e da observação de fatos</p><p>práticos, como estímulos e reações.</p><p>Ele surgiu por volta do início do século XX, por meio de John B. Watson, norte-</p><p>americano considerado o pai do behaviorismo. Para Watson, quando se entende o meio em</p><p>que está inserido o indivíduo, mais fácil é de prever e administrar o seu comportamento. Ou</p><p>seja, havia pouca efetividade nos estudos sobre a mente humana, pois os seus resultados</p><p>12</p><p>eram difíceis de serem comprovados, mas quando se buscava analisar condutas era possível</p><p>alcançar respostas palpáveis.</p><p>A conduta para Watson era compreendida como qualquer alteração percebida a partir</p><p>de um estímulo anterior, podendo ser decorrente até mesmo de espasmos musculares, como</p><p>quando se bate no joelho em repouso e a perna se levanta.</p><p>Trazendo para a seara do desenvolvimento humano, é possível compreender o</p><p>behaviorismo na infância através da aplicação de estímulos certos para promover na criança</p><p>um comportamento moldado que possibilite no futuro ela exercer um cargo ou profissão que</p><p>melhor se adeque aos seus interesses pessoais.</p><p>Ainda no âmbito acadêmico, as medidas de correção devem ser aplicadas de forma</p><p>equilibrada. Não deve o professor, por exemplo, abusar de sua autoridade para impor</p><p>castigos imoderados, pois as consequências de uma punição severa podem ir além da sala de</p><p>aula e interferir no comportamento futuro daquele estudante, promovendo, inclusive,</p><p>traumas.</p><p>São as diversas experiências vividas pelo indivíduo que faz com que os estímulos</p><p>presentes nele se associem em processos ocasionando múltiplas condutas dotadas de alta</p><p>complexidade.</p><p>4.4. Lev Vygotsky</p><p>No âmbito do desenvolvimento humano, Lev Semenovitch Vygotsky sustenta a</p><p>aquisição do conhecimento por meio do convívio em sociedade. Para ele, havia uma</p><p>importante participação do processo histórico social e da linguagem como fatores</p><p>determinantes da evolução pessoal, pois o sujeito não é um ser isolado, mas alguém que</p><p>interage e, por isso, adquire conhecimento em suas relações intra e interpessoais. A</p><p>assimilação das funções sociais acontece por meio da troca dentro dessas relações.</p><p>Vygotsky retrata o desenvolvimento humano em pelo menos dois níveis, que seriam:</p><p>o real, segundo o qual cada criança já nasce com ele e é o que a determina agir por conta</p><p>própria; e o potencial, pelo qual o indivíduo expressa sua capacidade de aprender com outra</p><p>pessoa. Assim, o desenvolvimento está intrinsecamente relacionado com a aprendizagem e</p><p>o aprendiz é aquele que em convívio com outros absorve o conhecimento que o seu grupo</p><p>social produz.</p><p>13</p><p>4.5. Jean Piaget</p><p>Com uma contribuição significativa na aprendizagem infantil, os estudos do biólogo</p><p>suíço Jean</p><p>Piaget fazem parte até hoje da grade de ensino das áreas de educação e psicologia.</p><p>Foi ele quem trouxe a ideia que forma a base da teoria do construtivismo, segundo a qual a</p><p>aprendizagem se constrói a partir da relação da criança com objetos e pessoas. É de maneira</p><p>gradual que as relações vão se formando e passando a fazer sentindo na mente da criança.</p><p>A sua teoria, chamada de “piagetiana”, é conhecida como “a teoria do</p><p>desenvolvimento” por dar um maior foco no processo de aprendizagem ainda na fase</p><p>infantil, pois entende que é na infância que se encontra o período de maior criatividade. Cada</p><p>faixa etária passa por um nível de absorção do conhecimento de forma diversa e essas</p><p>alterações são classificadas por Piaget como estágios do desenvolvimento humano. Elas se</p><p>dividem em: sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operacional ou simbólico (2 a 7 anos),</p><p>operações concretas (7 a 12 anos) e operações formais (a partir de 12 anos).</p><p>5. NEUROCIÊNCIA</p><p>Muitos são os mistérios que envolvem o cérebro, razão pela qual existe um interesse</p><p>enorme das pessoas pelo estudo desse órgão tão importante para o regular desenvolvimento</p><p>do corpo. A forma como aprendemos, o consciente e os traumas neuronais são exemplos de</p><p>aspectos inerentes ao campo científico que aborda o cérebro e suas interações.</p><p>A neurociência surge como a área do conhecimento que se dedica ao estudo do</p><p>sistema nervoso central, que é formado pelo cérebro, a medula espinhal e os nervos</p><p>periféricos. É ela quem descreve a estrutura, funções, mecanismos moleculares, aspectos</p><p>fisiológicos e ajuda a compreender as doenças do sistema nervoso.</p><p>Importante destacar que a neurociência não se confunde com a neurologia, pois esta</p><p>se trata de uma especialidade da medicina voltada ao diagnóstico e tratamento de patologias</p><p>do sistema nervoso central, periférico e autonômico. A neurociência, por sua vez, pode ser</p><p>desempenhada por profissionais de diversas áreas e não apenas por médicos. O foco dela</p><p>está na compreensão do sistema nervoso como um todo.</p><p>14</p><p>5.1. A neurociência e o cérebro</p><p>Antigamente, a neurociência era mais voltada ao aspecto biológico, que se resumia</p><p>nos comandos enviados pelo cérebro e executados por outras partes do corpo. Isto ocorria</p><p>porque não era comum relacionar o cérebro à consciência humana, aspecto este que foi se</p><p>revertendo ao longo dos anos, principalmente quando se percebeu que havia condições</p><p>suficientes para se explicar não apenas as reações do corpo, mas os fenômenos da mente</p><p>também.</p><p>O cérebro pode ser considerado como a parte mais importante do encéfalo, pois é ele</p><p>o responsável por elaborar as impressões sensitivas e traçar as reações motoras do corpo,</p><p>além de assumir o centro das operações psíquicas de mais elevada complexidade. A maior</p><p>parte de sua estrutura é bilateral, o que significa dizer que possui correspondentes idênticos</p><p>nos hemisférios esquerdo e direito.</p><p>Considerando sua complexidade anatômica, composta de vias nervosas e centros de</p><p>processamento de difícil compreensão em razão de seus aspectos sutis, o cérebro talvez seja</p><p>o sistema mais intrincado que existe. É ele que toma decisões, promove reflexos, interpreta</p><p>odores, sons etc. Nem mesmo um computador de versão mais recente é capaz de realizar</p><p>processamentos tão rápidos e eficazes como o cérebro.</p><p>Um dos grandes nomes da neurociência é Paul MacLean, neurocientista que criou</p><p>em 1970 a teoria do cérebro trino, segundo a qual humanos e primatas possuem o cérebro</p><p>dividido em três partes funcionais, interdependentes e distintas, que se desenvolvem em</p><p>momentos diferentes do nosso ciclo evolutivo, quais sejam: o cérebro reptiliano, o sistema</p><p>límbico e o neocórtex.</p><p>Localizado no tronco cerebral, acima da medula espinhal que dá acesso ao crânio, a</p><p>unidade reptiliana é considerada a parte mais antiga do cérebro e o seu desenvolvimento</p><p>começa ainda no útero. Sua função é proporcionar as condições básicas que o ser humano</p><p>precisa para sobreviver, como respirar, comer, dormir, acordar, chorar etc. Ou seja, essa</p><p>região do cérebro pode ser considerada a parte instintiva, pois visa garantir a sobrevivência</p><p>do indivíduo. Essa denominação de cérebro reptiliano foi perdendo sua força com o passar</p><p>dos anos e hoje a neurociência já não faz mais uso dela.</p><p>O cérebro límbico ou emocional está localizado no centro do sistema nervoso central</p><p>e seu desenvolvimento se inicia assim que o bebê nasce. Sua formação só se torna completa</p><p>15</p><p>a partir da experiência de vida, da composição genética e do temperamento da criança. É ele</p><p>que gerencia todas as emoções e, por isso, em alguns casos quando alguém sofre um trauma,</p><p>esse registro fica guardado na memória interna, causando um bloqueio que impede a mente</p><p>consciente de acessar o local. Ou seja, a pessoa vive como se não tivesse passado por aquilo.</p><p>Em contrapartida, o corpo vai demonstrando sinais dessa violência sofrida, seja por meio da</p><p>elevação dos batimentos cardíacos ou até mesmo com sudorese excessiva.</p><p>O termo límbico foi estipulado pelo médico francês Paul Broca e faz alusão à ideia</p><p>de limbo, como um lugar limite entre dois sistemas, localizado entre o córtex e o cérebro</p><p>reptiliano. Suas principais estruturas são: o giro do cíngulo, responsável pela associação de</p><p>odores e imagens de experiências agradáveis; as amígdalas, que exercem papel importante</p><p>principalmente no controle das sensações de perigo, medo, ansiedade e agressividade; o</p><p>tálamo, cujas funções são motoras e sensitivas; o hipotálamo que, dentre outras atividades,</p><p>regula a produção hormonal; o septo, que coordena as sensações de prazer e funções sexuais;</p><p>e o corpo mamilar, que regula os reflexos alimentares e trabalha mantendo a memória recente</p><p>e a espacial, vinculada ao alocamento de objetos.</p><p>Posicionado no córtex pré-frontal, ao neocórtex ou isocórtex fica o encargo da</p><p>racionalidade, por isso, é também conhecido como cérebro racional. É ele quem nos permite</p><p>diferenciar os seres humanos dos demais animais. Sua função é de planejamento, percepção</p><p>do tempo e de contextos, bloqueio de ações inadequadas, estudo empático etc.</p><p>Em termos de espessura, o neocórtex humano mede em torno de 2 a 4 milímetros e</p><p>tem cerca de 30 bilhões de neurônios, representando 76% de toda a matéria cinzenta. Ele</p><p>consegue inibir a ação do cérebro emocional, permitindo que pessoas que sofreram algum</p><p>tipo de trauma consigam relatar o que aconteceu, ao invés de internalizar o problema.</p><p>Também ajuda no equilíbrio entre os impulsos emocionais e o ideal de comportamento</p><p>socialmente aceitável, inibindo reações negativas e controlando sensações como fome, sede,</p><p>alegria etc.</p><p>Estudos mais recentes atestam que as ramificações do cérebro humano não se limitam</p><p>a essas três supracitadas. Por esse motivo, a teoria do cérebro trino, de Paul MacLean, é</p><p>considerada ultrapassada, mas não se pode negar que ela representou o fundamento teórico-</p><p>científico basilar para o que hoje se conhece como neurociência.</p><p>16</p><p>5.2. Sistemas neurais</p><p>5.2.1. Neurogênese</p><p>Por volta de meados do século XX, acreditava-se que os neurônios se formavam a</p><p>partir do regular desenvolvimento do cérebro, ou seja, quando este chegasse no seu estágio</p><p>de evolução final, não mais haveria a produção de neurônios. Entretanto, estudos atuais</p><p>demonstram que em determinadas partes do cérebro, como no hipocampo, os neurônios</p><p>continuam se multiplicando. Isto se dá porque o cérebro está sempre em busca de se adaptar</p><p>a novas experiências, sendo fundamental na manutenção da vida.</p><p>Em um artigo datado de 1928, o fundador da neurociência moderna, o médico</p><p>Santiago Ramon, sustentou que o sistema nervoso central era uma estrutura fixa e estável, o</p><p>que significava dizer que na fase adulta já não seria possível falar em produção de neurônios.</p><p>Essa tese permaneceu em vigor por muitos anos até que em 1965 um neurocientista e um</p><p>bioquímico apresentaram uma contestação a esse fato, pois identificaram</p><p>produção de</p><p>neurônios em ratos e canários adultos. Porém, esse argumento foi rechaçado pelos cientistas</p><p>da época e, somente no período de 1970 a 1990, novos testes foram realizados e foi possível</p><p>constatar essa evolução. Desde essa época, muito tem se estudado sobre a temática e vários</p><p>cientistas apresentaram métodos que permitiram compreender e aceitar a neurogênese como</p><p>uma realidade a ser encarada.</p><p>Importante destacar que circunstâncias como o estresse, o sedentarismo, a falta de</p><p>sono e o desânimo influenciam de forma negativa no surgimento de novos neurônios. Em</p><p>contrapartida, o hábito de fazer atividade física, aliado a uma boa dieta ajudam na produção</p><p>de neurônios, assim como a prática de sexo. A exposição a um ambiente que desenvolva o</p><p>lado cognitivo é fundamental nesse aspecto.</p><p>5.2.2. Neuroplasticidade</p><p>Como dito no tópico anterior, acreditava-se que com a formação completa do sistema</p><p>nervoso central, não haveria mais nenhuma produção neuronal e o cérebro estaria limitado</p><p>aquilo que foi construído até a fase adulta do indivíduo. Assim, qualquer dano que ocorresse</p><p>na estrutura do sistema teria um caráter irreversível, pois não era possível sua reconstituição.</p><p>Entretanto, com o descobrimento da neuroplasticidade foi possível constatar que um</p><p>cérebro adulto poderia se regenerar. Esse estudo vem sendo desenvolvido há algum tempo</p><p>por neurocientistas e sua aplicação tem sido da mais variada, uma vez que a</p><p>17</p><p>neuroplasticidade pode ser usada no tratamento de doenças neurodegenerativas, em</p><p>procedimentos fisioterapêuticos e até mesmo na psicoterapia.</p><p>A neuroplasticidade pode ser definida como a capacidade que o cérebro tem de</p><p>aprender e se reprogramar. Ela permite que o sistema nervoso se molde às adversidades do</p><p>meio em que se apresenta e faz com que o cérebro se recupere, inclusive, de traumas e lesões.</p><p>Para isso, ela realiza processos bioquímicos, fisiológicos e morfológicos nas células</p><p>nervosas, principalmente nos neurônios, com objetivo de se adaptar aos novos estímulos.</p><p>Portanto, diferentemente do que os cientistas do passado acreditavam ser o sistema</p><p>nervoso, um órgão fixo e imutável, com o passar dos anos ficou evidente sua capacidade de</p><p>regeneração, possuindo algumas regiões com mais facilidade de se recuperarem, a depender</p><p>da presença ou não de fatores estimulantes.</p><p>A neuroplasticidade é importante porque ela permite que o cérebro se adapte às</p><p>variadas situações da vida. Por exemplo, se uma pessoa perdeu sua visão em algum acidente,</p><p>ela precisará buscar meios de realizar as tarefas do cotidiano ainda que tenha sido lesionada</p><p>uma parte do seu sistema nervoso.</p><p>É possível que determinados traumas ocasionem sequelas psicológicas, como a</p><p>síndrome do pânico e a ansiedade. É o estímulo da neuroplasticidade que pode auxiliar as</p><p>pessoas a enfrentarem esses problemas e a reduzir os seus efeitos no decorrer de suas vidas.</p><p>Assim acontece também com aquelas pessoas que sofrem de alguma dependência química,</p><p>pois por meio da assistência psicológica é possível reprogramar os seus costumes e</p><p>proporcionar a elas uma melhor qualidade de vida.</p><p>Hábitos como o de ler livros, andar de bicicleta, possuir uma alimentação saudável,</p><p>estudar idiomas, tocar instrumentos musicais ajudam a sinaptogênese e neurogênese, o que</p><p>facilita na aprendizagem. De outro lado, quem não opta por essas atividades e se limita ao</p><p>sedentarismo e a procrastinação, tende a ter suas conexões nervosas atrofiadas, provocando</p><p>maior dificuldade na absorção do conhecimento.</p><p>5.2.3. Neurônios espelhos</p><p>Foi no ano de 1990, na Itália, que os neurônios espelhos foram descobertos por um</p><p>acaso durante estudos realizados em macacos Rhesus. Os neurocientistas Giacomo</p><p>Rizzolatti, Leonardo Fogassi e Vittorio Gallese faziam pesquisas na Universidade de Parma</p><p>18</p><p>com o objetivo de identificar a área cerebral que seria ativada ao se realizar uma atividade</p><p>motora.</p><p>Certo dia, ao entrar no laboratório para apanhar uma uva passa, Fogassi percebeu que</p><p>os neurônios pré-motores do macaco alcançaram níveis iguais aos dos testes realizados de</p><p>forma intencional. Foi então que perceberam que o simples ato de visualizar seria suficiente</p><p>para ativar as regiões motoras do cérebro. Era como se o macaco estivesse observando suas</p><p>próprias ações através de um espelho. Anos após isso, outros cientistas constataram que não</p><p>era apenas a visão que permitia esse resultado, mas também um som anteriormente escutado.</p><p>Diversas questões passaram a surgir, como: por que temos a tendência de reproduzir</p><p>comportamentos? A reação se dá necessariamente por instinto? De onde vem a capacidade</p><p>de repetir ações? A verdade é que os neurônios espelhos são os responsáveis por tudo isso,</p><p>pois são eles que detêm o controle da linguagem, empatia e dor.</p><p>Quando uma pessoa passa pela rua carregando uma quantidade enorme de objetos a</p><p>ponto de quase tropeçar, a sensação imediata de quem assiste aquilo é ficar atemorizado com</p><p>o que pode acontecer. As pessoas tendem a se colocar no lugar do outro quando observam</p><p>algo. É como se elas estivessem vivendo na pele aquilo que veem.</p><p>Diante disso, podemos entender muitas coisas que estão atreladas ao</p><p>desenvolvimento humano, como o fato de uma criança conseguir reproduzir exatamente o</p><p>que o adulto de seu convívio faz, pois ele é o seu canal imediato de comunicação e é nele</p><p>que ela vai se espelhar. Aproveitando-se disso, os meios de propaganda se utilizam desse</p><p>recurso para conquistar pessoas para a compra de seus produtos, por isso vemos a</p><p>contratação de famosos para divulgação de marcas e/ou produtos, pois muitas pessoas se</p><p>identificam com eles e, consequentemente, desejam reproduzir o que eles fazem.</p><p>Pouco se fala sobre, mas esses reflexos podem desencadear vícios também, como</p><p>acontece com a pornografia, em que as pessoas internalizam tais comportamentos e passam</p><p>a agir como se estivessem vivendo aquilo. Isso provoca uma prisão, além do que, o prazer</p><p>de “vivenciar” cenas eróticas objetificam pessoas, prejudicando as suas relações</p><p>interpessoais.</p><p>Em síntese, as células dos neurônios espelho são capazes de relacionar a mente com</p><p>nossa existência e, também, buscam uma analogia entre os estados mentais e corporais de</p><p>uma pessoa com os de outras. Essa capacidade de imitar os outros faz com que o ser humano</p><p>19</p><p>se coloque sempre numa posição cada vez mais empática, o que é louvável, já que é possível</p><p>para ele compreender os sentimentos, intenções, ideações e eventuais ações dos outros,</p><p>evitando julgamentos precipitados que influenciam negativamente no desenvolvimento</p><p>saudável de qualquer pessoa.</p><p>6. APRENDIZAGEM ACELERATIVA</p><p>6.1. Conceito</p><p>O aprendizado é constante na vida de todos os seres humanos. Nós evoluímos a partir</p><p>da aquisição e aprimoramento do conhecimento. Essa capacidade de racionalizar é que nos</p><p>distingue de todos os demais seres vivos e, por isso, nos coloca numa posição superior de</p><p>dominação.</p><p>A partir do nascimento o ser humano se encontra suscetível à aprendizagem e até o</p><p>término de sua vida ele se torna mais conhecedor de si e do mundo. Quando o bebê está com</p><p>fome, ele chora, e este é um sinal de comunicação que ele usa para que sua necessidade seja</p><p>atendida. Assim acontece durante toda a vida. Somos levados a buscar formas de</p><p>aprendizagem que atendam necessidades particulares e das pessoas a nossa volta.</p><p>Entretanto, aprender não é uma tarefa tão simples. A forma como cada pessoa adquire</p><p>o conhecimento demonstra que existem certas peculiaridades que precisam ser trabalhadas</p><p>para fazer com que o aprendizado seja alcançado por todos e de maneira célere. É nesse</p><p>sentido que a aprendizagem acelerativa se mostra necessária, pois visa o aprimoramento das</p><p>conexões neurais com a captação de referências em um espaço de tempo reduzido, com</p><p>pouco esforço e retenção de conteúdo cada vez maior.</p><p>São variados os modos operacionais do cérebro e cada particularidade se mostra</p><p>a</p><p>serviço do aprendizado. A percepção, por exemplo, é um dos elementos primordiais quando</p><p>se fala em aprendizagem rápida, pois ela fornece uma capacidade gigantesca de busca por</p><p>novos conhecimentos.</p><p>Outrossim, o simples fato do cérebro se colocar numa posição de “assimilação”</p><p>denota um estado de disposição total para que a pessoa receba múltiplas informações, o que</p><p>facilita o aprendizado. Desenvolver essa técnica de absorção de conteúdo de maneira</p><p>automática requer um estudo mais aprofundado.</p><p>20</p><p>No ano de 1984, o PhD da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Luiz Machado,</p><p>deu os primeiros passos no estudo do que se denominaria de “aprendizagem acelerativa”,</p><p>que seria uma metodologia baseada em pesquisas científicas acerca do cérebro e da mente.</p><p>Em síntese, a aprendizagem seria de rápida absorção, simples, respeitando os limites do</p><p>cérebro e voltada para a pessoa, com vistas a desenvolver suas capacidades, inteligência e</p><p>criatividade.</p><p>Por meio da aprendizagem acelerativa é possível obter mais eficiência no ato de</p><p>transmitir uma quantidade maior de informações sem o necessário aumento de tempo gasto</p><p>nesse processo. Seu objetivo está em desenvolver o homem, aprimorando suas capacidades</p><p>mentais dentro de uma linha ética. Por isso que transmitir informações é um meio eficaz para</p><p>aprender e usar a inteligência.</p><p>6.2. O analfabetismo</p><p>O alcance da informação atingiu patamares inimagináveis com o surgimento da</p><p>tecnologia. Por meio dela é possível conectar pessoas do mundo todo de forma instantânea,</p><p>o que coloca os antigos meios de comunicação em uma condição de defasagem. Logo, é</p><p>racional dizer que houve um aumento considerável no número de pessoas que detém mais</p><p>conhecimento sobre os mais variados aspectos científicos, sociais e culturais.</p><p>Inobstante isso, é importante pontuar que milhões de seres humanos não possuem</p><p>acesso a essa rede de informações, o que dificulta, inclusive, a aprendizagem. Além disso, a</p><p>falta de políticas públicas voltadas ao ensino e a precarização do serviço público, dentre</p><p>outras coisas, tem deixado muitas pessoas desvinculadas de uma regular atividade estudantil,</p><p>permitindo que o analfabetismo ainda se mantenha presente de forma intensa em nosso meio.</p><p>O analfabetismo é uma palavra de origem latina e que faz referência às pessoas que</p><p>não sabem ler e escrever. Também é costumeiramente utilizado para se referir aos indivíduos</p><p>ignorantes ou que não possuem instrução em determinada matéria. Ele advém da ausência</p><p>de aprendizagem, por isso é menos evidente em países cujo ensino é obrigatório.</p><p>A consequência lógica de um alto índice de abstenção nas escolas é o aumento do</p><p>analfabetismo, o que leva muitos a não adentrarem no mercado de trabalho, pois não</p><p>estudaram o suficiente para se profissionalizar. Por isso, muitos países que possuem</p><p>percentual considerável de analfabetos também não conseguem se desenvolver.</p><p>21</p><p>O termo analfabetismo sofre classificações a depender do tipo de deficiência que o</p><p>indivíduo possui. Por exemplo, se o sujeito não consegue ligar um computador ou usar essa</p><p>tecnologia, pode ser considerado um “analfabeto digital”, pois se encontra alheio a um dos</p><p>principais canais de comunicação e de trabalho. Assim também acontece com o “analfabeto</p><p>político”, que é aquela pessoa que não consegue opinar sobre nada que acontece no universo</p><p>da governabilidade de seu país.</p><p>Os “analfabetos funcionais”, por sua vez, são aquelas pessoas que até conseguem ler</p><p>algumas palavras e escrever seu próprio nome, mas não dominam a técnica da interpretação</p><p>e não conseguem sequer efetuar um cálculo matemático. São milhões de pessoas que se</p><p>enquadram nesse perfil e a maioria delas nunca leu um livro. Alguns até conseguem ler, mas</p><p>não interiorizam os argumentos. Ou seja, não há uma formação de opinião, pois a</p><p>compreensão daquilo que se lê é inexistente.</p><p>É importante ressaltar também a existência do chamado “analfabetismo</p><p>comportamental”. Nele há uma incapacidade para lidar com as emoções pessoais e dos</p><p>outros. A consequência desse tipo de analfabetismo é uma vida reativa e impulsiva, pois é</p><p>impossível diferenciar o que o indivíduo está sentindo, logo, quem se encontra nessa situação</p><p>dificilmente vai conseguir se colocar em um lugar de empatia.</p><p>A natureza humana possui uma carga de emoções e por meio delas é que se dão</p><p>respostas à vida, seja por meio de raiva, alegria, medo, tristeza etc. São nas expressões</p><p>corporais que identificamos as emoções envolvidas, e conhecer cada uma delas é</p><p>fundamental para entender como os pensamentos e ações individuais fluem. Afinal, são as</p><p>emoções que ditam nossas escolhas.</p><p>Muitos dos problemas da humanidade hoje existem em razão da incapacidade de</p><p>compreensão e expressão adequada das emoções. Por isso existem métodos eficazes capazes</p><p>de ajudar no combate a esse tipo de analfabetismo, como os cursos de inteligência emocional.</p><p>Lidar de maneira positiva com as emoções auxilia no pleno desenvolvimento humano,</p><p>contribuindo nos relacionamentos, na saúde e na qualidade de vida de todos.</p><p>6.3. Formas de aprendizagem</p><p>As pessoas são naturalmente diferentes em termos biológicos, psicológicos e em suas</p><p>estratégias de convivência social. Por mais que existam aspectos comuns entre elas, cada</p><p>uma reage de um modo diverso às situações da vida e conduz sua trajetória de forma</p><p>22</p><p>exclusiva. Por isso, quando se fala em métodos de aprendizagem, é importante considerar</p><p>também que cada ser humano tem um jeito peculiar de absorver novos estímulos.</p><p>São os tipos de aprendizagem que determinam o modo como uma pessoa aprende.</p><p>Logo, a relação com os estudos tende a melhorar a partir do momento em que se descobre</p><p>qual o método que mais se adequa ao aprendizado. Dentre essas formas de apreender o</p><p>conhecimento, temos a aprendizagem cognitiva, a psicossomática ou emocional e a</p><p>acelerativa.</p><p>A cognição faz referência a um conjunto de habilidades cerebrais necessárias para a</p><p>aquisição de conhecimento sobre o mundo, como o pensamento, o raciocínio, a criatividade,</p><p>a capacidade de resolução de conflitos etc. Há uma estrutura organizada que armazena todo</p><p>o conteúdo informacional do indivíduo e que representa um grande influenciador do seu</p><p>processo de aprendizagem. Isso significa dizer que todo processo novo de conhecimento será</p><p>agregado a uma construção prévia constante na base de aprendizagem do indivíduo.</p><p>O conhecimento anterior na aprendizagem cognitiva funciona como um ponto de</p><p>apoio para as novas informações que chegam, fazendo com que a absorção desse conteúdo</p><p>seja influenciada pelo arcabouço prévio que o indivíduo detém. E não apenas isso, pois essa</p><p>estrutura prévia também é afetada, resultando numa modificação evolutiva entre o velho e o</p><p>novo. Aqui há um uso mais eficiente do cérebro voltado a inserir o indivíduo de maneira</p><p>ativa e completa no processo de aprendizagem.</p><p>Nesse tipo de aprendizagem cognitiva, a memória é de curta duração, o que significa</p><p>dizer que o cérebro retém temporariamente as informações processadas, funcionando como</p><p>um depósito, cujas informações são armazenadas apenas para uso momentâneo. Em resumo,</p><p>ela tem como características principais uma capacidade limitada e uma duração definida.</p><p>Kolb (1990, apud Brasil Escola, c2022) afirma que quando uma pessoa passa por</p><p>uma experiência concreta, ela reflete sobre o que viveu e abstrai um significado. Esse</p><p>conteúdo que chegou passa a fazer parte do conhecimento, valores e crenças dessa pessoa e</p><p>serão aplicados em outras situações, inclusive, diferentes da primeira.</p><p>Como dito anteriormente, a capacidade de aprender é inerente a todos, mas algumas</p><p>pessoas sentem mais dificuldade nesse processo. A verdade é que existem fatores muito mais</p><p>relevantes na aquisição e manutenção do conhecimento do que a simples obrigação de ter</p><p>23</p><p>que assimilar algo. A motivação, por exemplo, é um dos fatores que influencia no processo</p><p>de aprendizagem</p><p>e está diretamente ligada às emoções do indivíduo.</p><p>Os desejos, necessidades e interesses determinam a capacidade de aprendizado.</p><p>Podemos dizer que por trás de cada pensamento existe uma ligação afetiva pessoal, por meio</p><p>da qual é possível compreender o outro. Logo, a assimilação do conhecimento no processo</p><p>de aprendizagem está intrinsecamente ligada ao aspecto emocional, como diz Elena</p><p>Antonacopoulou (2001, apud Brasil Escola, c2022): “aprendizagem então é um processo</p><p>profundamente emocional – dirigido, inibido e guiado por diferentes emoções, incluindo</p><p>medo e esperança, excitamento e desespero, curiosidade e ansiedade”.</p><p>É possível concluir que a aprendizagem emocional ou psicossomática, quando</p><p>comparada à aprendizagem cognitiva, é de média duração, pois o fator emocional torna a</p><p>experiência mais profunda, de modo que ela não ficará apenas como uma lembrança</p><p>passageira, pois atingiu o âmago dos sentimentos do indivíduo.</p><p>O conhecimento vai sendo moldado a partir de um processo não interruptivo. De</p><p>início, as situações concretas experimentadas pela pessoa vão formar a base de um processo</p><p>reflexivo e de observação. Os conceitos abstratos surgem a partir desse primeiro momento e</p><p>serão confrontados com novas experiências, construindo pontes do saber diversas.</p><p>A aprendizagem acelerativa, por sua vez, é considerada de longa duração, uma vez</p><p>que resulta da soma da aprendizagem cognitiva e da psicossomática, ou seja, envolve tanto</p><p>aspectos racionais como emocionais, que fazem com que a experiência vista e sentida se</p><p>torne ainda mais duradoura.</p><p>O ato de aprender não deve ser considerado isolado em si mesmo e nem despido de</p><p>afetividade, pelo contrário, ele deve estar inserido em um contexto de transmissão</p><p>intencional do conhecimento e de compartilhamento de emoções. Portanto, aplicar</p><p>metodologias para se fazer inserir o processo de aprendizagem dentro da seara emocional</p><p>das pessoas é fator preponderante para a fixação do conhecimento enquanto particularidade</p><p>inerente à vida de cada um.</p><p>6.4. Quatro estágios de aprendizagem</p><p>Lev Vygotsky é o principal nome no que se refere à classificação da aprendizagem</p><p>em níveis ou estágios de desenvolvimento. Seu intuito foi o de facilitar a abordagem do tema</p><p>24</p><p>com o conhecimento peculiar de cada fase do desenvolvimento humano para que fosse</p><p>possível compreender qual parte necessita de maior aprimoramento.</p><p>Vygotsky enuncia três níveis de desenvolvimento: o real, o potencial e o proximal.</p><p>O primeiro está voltado a aspectos do passado, como os conhecimentos já adquiridos e</p><p>armazenados pela criança. O segundo tem a ver com a possibilidade de desempenhar</p><p>atividades com o auxílio de terceiros mais capacitados. O terceiro e último ressalta a jornada</p><p>que o indivíduo fará para desenvolver habilidades que se encontram em fase de</p><p>amadurecimento para se tornarem funções consolidadas.</p><p>O processo de aprendizagem atualmente se encontra dividido em quatro estágios, que</p><p>podem ser facilmente identificados como: incompetência inconsciente, incompetência</p><p>consciente, competência consciente e competência inconsciente. Esses estágios podem ser</p><p>analisados tanto sob a perspectiva de uma criança como de um adulto.</p><p>6.4.1. Incompetência inconsciente</p><p>Nesse estágio há uma sensação momentânea de segurança por desconhecer suas</p><p>necessidades futuras. É o caso do recém-nascido que desfruta da felicidade de suas</p><p>percepções de mundo, pois, na verdade, ele desconhece o fato de que futuramente precisará</p><p>desenvolver algumas habilidades, como andar, correr, segurar objetos, vestir-se etc.</p><p>Conforme ele for crescendo, vai perceber que as pessoas ao seu redor fazem isso e é nesse</p><p>momento que ele avança de estágio.</p><p>6.4.2. Incompetência consciente</p><p>O que era desconhecido passa a ser perceptível pelo indivíduo nessa fase. O desejo</p><p>de se parecer com os demais surge, fazendo com que ele busque compensar suas falhas e</p><p>corrigir seus erros com base naquilo que ele enxerga do mundo. São as suas curiosidades</p><p>sendo aguçadas e tornando-o propenso a encontrar respostas para todos os seus</p><p>questionamentos.</p><p>6.4.3. Competência consciente</p><p>Esta é uma fase em que a criança se compreende dona de si e com habilidades que</p><p>estão prestes a serem aperfeiçoadas. O seu consciente está voltado para a execução de</p><p>atividades que exigem dela total concentração.</p><p>25</p><p>Ao dar o primeiro passo em sua caminhada, ela entende que precisa encontrar o</p><p>equilíbrio do corpo, se desviando de obstáculos e sem perder o foco do seu percurso. O</p><p>menor dos deslizes pode ser fatal. Toda atenção aqui é fundamental para conquistar sucesso</p><p>em sua empreitada.</p><p>6.4.4. Competência inconsciente</p><p>Nessa fase as habilidades da criança se tornaram imperceptíveis devido a</p><p>naturalidade com que elas passam a existir. Ou seja, o exercício de suas atividades se tornou</p><p>inconsciente.</p><p>Até o estágio anterior exigia-se da criança um alto nível de concentração para</p><p>executar suas funções, como dar os primeiros passos, fato este que não ocorre mais. Sua vida</p><p>agora está no automático e ela dispensa suas energias na realização de eventos naturais que</p><p>lhe trazem muito mais prazer.</p><p>6.5. Sete leis da aprendizagem</p><p>Alguns questionamentos acerca da maneira correta de se aprender ou do método mais</p><p>adequado para se oferecer uma aprendizagem eficiente levaram muitos estudiosos a</p><p>procurarem respostas que pudessem sistematizar a prática do ensino e da aprendizagem. O</p><p>que eles perceberam foi que não havia uma única solução para suas perguntas, pelo contrário,</p><p>obtiveram vários resultados diferenciados.</p><p>Um grupo de pesquisadores, vinculados ao Instituto Franklin Covey, dentre eles</p><p>Hyrum W. Smith, Richard L. Godfrey e Gerreld L. Pulsipher, concluíram haver um equívoco</p><p>em diversos programas de treinamento das empresas e, a partir de então, propuseram uma</p><p>nova forma de capacitar pessoas, que deu aso à chamada “aprendizagem relacional”.</p><p>As pessoas que desejam ensinar ou aprender algo podem se utilizar das sete leis da</p><p>aprendizagem. Elas ajudam a entender os segredos de grandes empreendedores e líderes que</p><p>se utilizam de técnicas avançadas para transmitir informações capazes de gerar mudança de</p><p>vidas.</p><p>A aprendizagem acontece em todos os lugares e a qualquer tempo, razão pela qual</p><p>todos podem se utilizar das sete leis para comunicar melhor seu ensino. Todos podem ser</p><p>melhores professores, ainda que não sejam profissionais da área.</p><p>26</p><p>As duas primeiras leis são conhecidas como “leis da crença” e elas levam a rever</p><p>posições sobre o que se acredita ser verdade dentro do processo de aprendizagem. As demais</p><p>leis estão ligadas ao comportamento humano, tendo um enfoque maior nas relações. A</p><p>vinculação entre essas leis se dá pelo fato de que a conduta pessoal se conecta às crenças de</p><p>cada um.</p><p>6.5.1. Primeira lei: todos nascemos para aprender</p><p>A nossa formação neurológica e os nossos sentidos estão desde que nascemos atentos</p><p>a tudo o que está ao redor. Há um anseio de absorver novos conteúdos e gravá-los na</p><p>memória. Isto se dá porque estamos desde a concepção inclinados ao aprendizado e à</p><p>acumulação de conhecimento.</p><p>Em todo caso, muito embora haja uma predisposição ao aprendizado, ele somente</p><p>será possível se o indivíduo estiver inserido em um ambiente cujas informações estejam</p><p>disponíveis de forma acessível e atraentes. Logo, se o local é repulsivo e desestimulante, o</p><p>desenvolvimento do cérebro não se aperfeiçoará.</p><p>O fato de todos nascerem aptos a aprender não significa que todo o conhecimento</p><p>obtido virá do contexto acadêmico. Não é a escola ou a universidade que fará do indivíduo</p><p>mais ou menos inteligente, pelo contrário, esses ambientes podem ser responsáveis por</p><p>incutir na mente do sujeito crenças limitantes, como a ideia de que não é bom o suficiente</p><p>em uma disciplina ou quando se considera o pior aluno da turma.</p><p>É importante ressaltar que mesmo as pessoas que possuem algum tipo de deficiência</p><p>ou limitação neurológica, motora ou psíquica, sempre será possível obter algum tipo de</p><p>aprendizado. Muitas das coisas que aprendemos decorre da mera observação e na maioria</p><p>das vezes nem percebemos que absorvemos algo, pois é o nosso inconsciente que age</p><p>internalizando certas informações ou comportamentos.</p><p>6.5.2. Segunda lei: nunca se sabe quando se dará o aprendizado</p><p>A ideia de se ter um tempo ideal para aprender é equivocada quando percebemos que</p><p>a todo instante podemos estar absorvendo conhecimento, inclusive, quando não fazemos</p><p>absolutamente nada. O período em que nos encontramos em um estado de calmaria total,</p><p>sem pensar em nada, é também um excelente tempo de aprendizado.</p><p>27</p><p>Nunca se sabe qual o melhor momento para aprender e, em razão disso, o que se deve</p><p>fazer é estar sempre aberto para receber os conhecimentos que chegam em suas variadas</p><p>formas. Por isso, não se deve fazer pouco caso de um fato ou notícia, pois tudo o que chega</p><p>é um canal de aprendizado.</p><p>6.5.3. Terceira lei: aprendemos através das relações</p><p>O ato de aprender e ensinar está intimamente ligado à ideia de estabelecer relações.</p><p>Quando um professor ensina, ele não apenas transmite o conhecimento, mas deve auxiliar</p><p>para que o seu aprendiz tenha sucesso no recebimento daquela informação. Assim também</p><p>o aluno deve admirar o seu instrutor e vê-lo como alguém que o inspira para a vida.</p><p>Durante a fase acadêmica, é comum lidar com professores que são mais carismáticos</p><p>que outros. Consequentemente, as matérias que lecionam são influenciadas por esse</p><p>comportamento. Por isso, o sucesso no aprendizado de determinadas matérias decorre</p><p>naturalmente do comportamento de quem as ministra. Logo, o vínculo que se estabelece</p><p>entre professor e aluno diz muito sobre a eficiência do aprendizado.</p><p>Portanto, deve-se buscar métodos de aproximação do professor com o aluno para o</p><p>fortalecimento do vínculo e a melhoria da aprendizagem. Ensinar e aprender se trata de</p><p>estabelecer conexões, por isso que determinadas barreiras criadas ainda que</p><p>inconscientemente sobre determinado assunto se tornam sempre um motivo de crítica ou</p><p>negligência, impedindo que o conhecimento seja produzido.</p><p>O importante é se permitir criar uma relação afetuosa entre quem ensina e aprende,</p><p>bem como com o conteúdo que é compartilhado, afinal, todos são capazes de se relacionar</p><p>com qualquer coisa e associá-la a sua própria vida.</p><p>6.5.4. Quarta lei: todos aprendemos de forma diferente</p><p>Em que pese todos nascermos com predisposição ao aprendizado, cada indivíduo tem</p><p>suas particularidades e absorve o conhecimento com mais facilidade a sua maneira. As</p><p>formas de aprendizagem podem ser classificadas em: auditiva, visual, escrita e cinestésica.</p><p>Algumas pessoas conseguem compreender melhor um conteúdo ouvindo alguém</p><p>falar sobre ele. São aquelas pessoas que preferem escutar uma música ao invés de assistir a</p><p>um clipe musical. É exatamente o contrário das pessoas visuais, as quais retém melhor uma</p><p>explicação ao assistir alguém falando. Neste caso, as imagens contam muito mais na</p><p>28</p><p>absorção do conhecimento, por isso, normalmente essas pessoas optam por estudos que</p><p>envolvem diagramas, mapas mentais, gráficos etc.</p><p>Também há aquelas pessoas que se apegam à escrita, de modo que o aprendizado só</p><p>se torna efetivo quando consegue transcrever para um papel o que ouviu ou observou. É</p><p>comum essas pessoas se utilizarem de agendas ou blocos de notas.</p><p>Por último, temos os cinestésicos, que se denominam assim por dependerem da</p><p>prática para absorver melhor o conteúdo. São aqueles que consideram a teoria insuficiente,</p><p>sendo necessário vivenciar experiências para gerar aprendizado. Portanto, dão muito valor</p><p>às habilidades de quem ensina.</p><p>6.5.5. Quinta lei: conte histórias</p><p>Contar histórias é uma das técnicas mais antigas do ensino-aprendizagem. Por meio</p><p>dela é possível chamar a atenção para si e permitir que o ouvinte aprenda por meio do</p><p>exemplo e daquilo que ele constrói em sua mente.</p><p>Por vezes, transmitir um conteúdo pode ser enfadonho e desestimulante, razão pela</p><p>qual muitos se utilizam de uma história para deixar sua comunicação mais apreciativa. Pode</p><p>ser um caso pessoal ou algo que aconteceu na família, no trabalho ou até mesmo durante sua</p><p>caminhada pela cidade.</p><p>Tudo é válido quando se fala em melhorar a comunicação no ensino, mas algo que</p><p>não pode ser deixado de lado é que cada um é responsável por desenvolver seu próprio</p><p>raciocínio acerca da história que ouviu. Portanto, não cabe ao contador explicar o passo a</p><p>passo de cada etapa em sua narrativa, mas deve articular bem as palavras e transmitir emoção</p><p>por meio delas.</p><p>6.5.6. Sexta lei: o aprendizado é ao mesmo tempo emocional e intelectual</p><p>Segundo esta lei o mais importante é sentir aquilo que se aprende. É no âmbito</p><p>emocional que o aprendizado se aperfeiçoa e passa a fazer parte da vida de cada pessoa.</p><p>São muitas as informações que recebemos diariamente, desde aspectos físicos a</p><p>geográficos, climáticos, de saneamento básico, infraestrutura, geopolítica, entre outros. São</p><p>assuntos que atestam a quantidade de delinquentes num determinado lugar, o índice de</p><p>mortalidade infantil em uma tribo indígena, os dados da fome no país, a alta taxa de violência</p><p>29</p><p>doméstica contra a mulher em um bairro etc. Contudo, ter a ciência dessas informações por</p><p>si só não geram um aprendizado eficaz. É bem diferente quando se observa de perto a</p><p>realidade. Basta ter contato com algumas mulheres que sofreram agressão física em seus</p><p>lares para se ter ideia do quão difícil é absorver as estatísticas.</p><p>O conhecimento intelectual é importante, mas nada que se compare ao aprendizado</p><p>emocional obtido através da experiência. Por isso, muito se fala que despertar uma emoção</p><p>positiva em alguém é a porta de entrada para a aquisição do conhecimento. O sentimento</p><p>vivido envolve muito mais que o simples saber.</p><p>6.5.7. Sétima lei: o aprendizado pode mudar vidas</p><p>Comportamentos e crenças são fatores que contribuem para a construção de conexões</p><p>neurais e que dão sentido a um conjunto de informações antes não compreendidas.</p><p>Muitos aprendizados, como vimos, decorrem do contato direto com a situação. É o</p><p>caso do indivíduo diabético, que a partir do diagnóstico passa a evitar determinados</p><p>alimentos que prejudicam sua saúde. Com isso, percebemos que nem toda experiência</p><p>emocional que gera aprendizado advém de uma vertente positiva.</p><p>Qualquer pessoa que queira aprender ou ensinar algo deve ter em sua essência o</p><p>desejo de buscar isso. Desejar nesse caso é se permitir caminhar em uma direção. Todo</p><p>aprendizado parte antes de um desejo de obtê-lo e assim se perpetua na vida. Compreender</p><p>como o aprendizado se inicia e como ele pode impactar vidas é um desafio complexo, mas</p><p>atingível, e que traz uma gama de oportunidades na esfera do ensino-aprendizado.</p><p>6.6. Aprendizagem social</p><p>O meio social interfere diretamente no desenvolvimento da aprendizagem. Seja no</p><p>ambiente familiar, na escola ou na igreja, a todo tempo estamos recebendo uma série de</p><p>influências. A aprendizagem social nada mais é do que aprender com outras pessoas.</p><p>Também conhecida como aprendizagem colaborativa ou teoria social cognitiva, ela</p><p>foi desenvolvida pelo psicólogo canadense Albert Bandura e retrata o aprendizado por meio</p><p>da observação e interação que existe entre a mente do indivíduo e o ambiente ao seu redor.</p><p>Em síntese, ela está ligada às ações de outras pessoas.</p><p>30</p><p>No ano de 1950, Bandura procurou identificar quais fatores influenciavam no</p><p>comportamento social. Logo ele percebeu que o aprendizado poderia acontecer de forma</p><p>direta, por meio das experiências e modelos de observação do comportamento das pessoas e</p><p>das recompensas que recebem. Para ele, a teoria da aprendizagem social se pauta no</p><p>autodesenvolvimento, na adaptação e na mudança, que pode acontecer com a troca de</p><p>conhecimento, na disposição para dar e receber e no interesse</p><p>pela conexão.</p><p>Quando uma pessoa observa outra queimando sua mão na chama do fogão, ela</p><p>aprende a não reproduzir essa atitude, pois entende o grau de lesão que isso pode causar. De</p><p>igual modo, se um aluno é bem-sucedido e tira as melhores notas, logo será um exemplo a</p><p>ser seguido pelos seus colegas de turma. A observação é capaz de alterar comportamentos</p><p>que irão refletir no entorno do indivíduo.</p><p>Ainda que de modo inconsciente, é possível uma pessoa influenciar outra, pois cada</p><p>uma é vista por outra como um modelo a ser seguido. Isso é importante principalmente no</p><p>ambiente escolar, pois os professores podem se valer dessa técnica para influenciar e atribuir</p><p>qualificações melhores aos seus alunos a partir de bons exemplos.</p><p>Com as técnicas advindas da aprendizagem social também é possível praticar a</p><p>empatia, a confiança, a prudência e ter um senso mais aguçado quanto aos propósitos de</p><p>vida, incentivando pessoas a adotarem atitudes positivas consigo e com os demais a sua</p><p>volta. Agindo assim, haverá uma redução de comportamentos negativos e problemas de</p><p>conduta, assim como uma melhora nos aspectos emocionais, principalmente no que diz</p><p>respeito à ansiedade.</p><p>O bullying, rotineiramente praticado nas escolas, é um exemplo de problema que</p><p>pode ser enfrentado por meio da aprendizagem social. Ela permite visualizar casos concretos</p><p>desse tipo de comportamento e as suas consequências, levando os alunos a se</p><p>conscientizarem e tomarem decisões positivas e adequadas quando se encontrarem diante de</p><p>situações semelhantes.</p><p>Segundo Bandura, o processo de aprendizagem social pode acontecer por meio de</p><p>alguns elementos como a atenção, a memória, a reprodução e a motivação. Esta última é</p><p>uma peça fundamental para começar a aprendizagem daquilo que se almeja imitar. A pessoa</p><p>precisa ter razões suficientes para desejar aprender algo, pois se assim não for, de nada</p><p>adiantará a presença dos demais elementos.</p><p>31</p><p>Importante ressaltar que o indivíduo se utiliza de suas próprias experiências e</p><p>percepções do mundo sobre aquilo que observa. Portanto, não basta ter um modelo e</p><p>observá-lo para que o comportamento seja absorvido, é necessário que o aprendiz tenha</p><p>interesse e que esse referencial seja atrativo.</p><p>6.7. Como aprendemos</p><p>A aprendizagem envolve aspectos internos e externos do indivíduo para ser efetiva.</p><p>Em meio a esse raciocínio, temos a proposta da pirâmide da aprendizagem, que é um</p><p>conceito criado pelo psiquiatra estadunidense William Glasser, segundo o qual a motivação</p><p>é um fator preponderante no aprendizado, pois as melhores formas de se aprender acontecem</p><p>de dentro para fora. Logo, conclui-se que o aprendizado parte do individual para o coletivo.</p><p>Na construção de sua teoria, Glasser analisou ferramentas e métodos de estudo, como</p><p>leituras, palestras, reuniões e interações entre alunos. Em cada uma delas ele apontou suas</p><p>respectivas eficácias e níveis de assimilação de conteúdo. O seu objetivo era otimizar o</p><p>aprendizado a partir das diferentes plataformas que se encontram inseridos os alunos.</p><p>Glasser classificou os níveis de aprendizagem em percentuais de acordo com o tipo</p><p>de atividade exercida. Segundo ele, nós aprendemos 10% daquilo que apenas lemos, 20%</p><p>do que apenas ouvimos, 30% quando observamos e 50% se observamos e escutamos.</p><p>Quando discutimos um assunto com outra pessoa, o valor passa a ser de 70%. Será de 80%</p><p>quando colocamos em prática e de 95% quando, por fim, ensinamos outras pessoas sobre</p><p>aquele assunto. É como se pode observar no gráfico abaixo.</p><p>32</p><p>Como podemos ver, Glasser divide ainda a pirâmide em dois blocos que ele</p><p>denomina de aprendizagem ativa e passiva. Na visão dele, os métodos de aprendizagem ativa</p><p>são mais eficientes, uma vez que possuem maior capacidade de assimilação. O seu objetivo</p><p>é fazer com que o aluno se torne o centro de sua própria aprendizagem, pois isso é que o fará</p><p>gerar mais conhecimento.</p><p>Quando você ensina aos outros sobre um conteúdo a que foi exposto, o grau de</p><p>aprendizagem alcança seu nível máximo. Por exemplo, quando um mestre de obras ensina</p><p>sobre um projeto que pretende desempenhar, seu conhecimento sobre aquilo que será</p><p>construído se torna ainda maior.</p><p>O estudo de William Glasser vem sendo divulgado e aplicado de modo amplo por</p><p>professores e pedagogos em todo o mundo. A sua teoria ganha maior destaque por</p><p>demonstrar que a arte de ensinar conduz a um maior aprendizado. É como ele mesmo diz:</p><p>“a boa educação é aquela em que o professor pede para que seus alunos pensem e se</p><p>dediquem a promover um diálogo para promover a compreensão e o crescimento</p><p>dos estudantes”.</p><p>6.8. Barreiras do aprendizado</p><p>Na década de 60, o educador e psicólogo búlgaro Giorgi Lozanov descobriu que</p><p>havia um estado mental que permitia ao aluno aprender melhor e em um curto espaço de</p><p>tempo, o que ficou conhecido como “aprendizagem acelerada”.</p><p>Em seus estudos, Lozanov também identificou alguns entraves que atrapalhavam o</p><p>regular desenvolvimento do ensino-aprendizagem, como o medo, a angústia, a</p><p>procrastinação, a insegurança etc. Todos esses fatores decorrem muitas vezes da falta de</p><p>confiança do aluno na sua capacidade de compreender, memorizar e colocar em prática o</p><p>conteúdo novo que lhe foi ministrado.</p><p>Segundo Lozanov, existem três obstáculos que impedem o aprendizado, os quais</p><p>devem ser trabalhados pelos educadores para facilitar a fixação do conhecimento. São as</p><p>chamadas barreiras lógicas, afetivas e éticas. Vejamos cada uma delas:</p><p>6.8.1. Barreiras lógicas</p><p>Essas barreiras decorrem de pensamentos negativos, falta de confiança e de reflexões</p><p>que seguem um raciocínio lógico. Por exemplo, quando alguém diz que é impossível realizar</p><p>33</p><p>determinado projeto ou quando o indivíduo se vê diante de um conjunto de informações</p><p>incompreensíveis. A lógica nesse caso diz que absorver uma quantidade inexpressiva de</p><p>informações é uma tarefa impossível de se cumprir. Isto se deve à maneira como fomos</p><p>educados a receber o conhecimento, notadamente em razão de um método tradicional de</p><p>ensino.</p><p>6.8.2. Barreiras afetivas</p><p>As barreiras afetivas estão ligadas a aspectos da personalidade do indivíduo e de sua</p><p>baixa autoestima, como o medo de errar, de ser julgado, de uma eventual repreensão etc.</p><p>Essas barreiras decorrem de uma inibição provocada pela necessidade de se sentir aceito,</p><p>levando ainda à compreensão de que qualquer erro cometido é condenável. Por essa lógica,</p><p>os erros não são capazes de trazer ensinamentos, mas apenas ridicularizam a falta de</p><p>conhecimento.</p><p>6.8.3. Barreiras éticas</p><p>A ética é fundamental para o convívio em sociedade, porém, muitas das coisas que</p><p>consideramos parte dos nossos valores promovem barreiras que impedem ou dificultam o</p><p>aprendizado, isso porque estamos carregados de conceitos que fazem parte da nossa cultura</p><p>e moral, os quais conduzem a um julgamento precipitado acerca do que é novo.</p><p>Segundo Lozanov, o melhor estado de aprendizagem se dá quando ocorre um</p><p>relaxamento, permitindo um alinhamento do corpo com a mente, que leva a uma abertura da</p><p>aprendizagem inconsciente. Para ele, algumas atitudes precisam ser implementadas por</p><p>quem detém a responsabilidade de transmitir o conhecimento, como atuar de forma</p><p>colaborativa, afetuosa e descontraída. Esse tipo de comportamento gera mudança nas crenças</p><p>acerca da aprendizagem, principalmente naquelas que a consideram como uma atividade</p><p>exaustiva e enfadonha.</p><p>7. INTELIGÊNCIA COMPORTAMENTAL</p><p>Ser inteligente é fazer as escolhas certas para se chegar ao resultado que se deseja. A</p><p>inteligência comportamental, por sua vez, está ligada à ideia de buscar alcançar resultados</p><p>positivos a partir da sua maneira de agir. Os comportamentos aqui devem estar alinhados ao</p><p>propósito de vida de cada indivíduo, ou seja, é a forma como cada um conduz seus atos que</p><p>determinará o fim que se almeja chegar.</p><p>34</p><p>A inteligência comportamental é influenciada pelas emoções.</p>