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<p>TSE-UNIFICADO</p><p>Tribunal Superior Eleitoral</p><p>Técnico Judiciário – Área Administrativa</p><p>Noções de Direito</p><p>Constitucional</p><p>SUMÁRIO</p><p>NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL ..................................................................6</p><p>CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, DE 1988 ............................................. 6</p><p>PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS............................................................................................................................7</p><p>APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .................................................................. 12</p><p>NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA ................................................................................14</p><p>NORMAS PROGRAMÁTICAS ..........................................................................................................................15</p><p>DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ..................................................................................... 16</p><p>DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ........................................................................................19</p><p>DIREITOS SOCIAIS ...........................................................................................................................................59</p><p>DIREITOS DE NACIONALIDADE .......................................................................................................................74</p><p>DIREITOS POLÍTICOS ......................................................................................................................................79</p><p>PARTIDOS POLÍTICOS .....................................................................................................................................84</p><p>ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO ......................................................... 92</p><p>ESTADO FEDERAL BRASILEIRO ......................................................................................................................92</p><p>UNIÃO ...............................................................................................................................................................93</p><p>ESTADOS ..........................................................................................................................................................99</p><p>MUNICÍPIOS ...................................................................................................................................................101</p><p>DISTRITO FEDERAL .......................................................................................................................................103</p><p>TERRITÓRIOS .................................................................................................................................................104</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...........................................................................................................105</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS ...................................................................................................................................105</p><p>SERVIDORES PÚBLICOS ...............................................................................................................................122</p><p>PODER EXECUTIVO .........................................................................................................................133</p><p>ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ...............................................138</p><p>PODER LEGISLATIVO: ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E ATRIBUIÇÕES ................................140</p><p>COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO ..........................................................................................157</p><p>PROCESSO LEGISLATIVO .............................................................................................................................158</p><p>FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA ...................................................................173</p><p>PODER JUDICIÁRIO .........................................................................................................................177</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS ...................................................................................................................................177</p><p>ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO .................................................................................................................178</p><p>ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS ..............................................................................................................187</p><p>CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA: COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIAS ..................................................200</p><p>FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ...............................................................................................202</p><p>MINISTÉRIO PÚBLICO ...................................................................................................................................202</p><p>ADVOCACIA PÚBLICA ...................................................................................................................................209</p><p>DEFENSORIA PÚBLICA ...................................................................................................................................210</p><p>6</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, DE 1988</p><p>Constituição vem do ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo</p><p>qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação. Juri-</p><p>dicamente, no entanto, constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de</p><p>um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes</p><p>públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competên-</p><p>cias, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a constituição que individualiza</p><p>os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas</p><p>(MORAES, 2018).</p><p>A constituição é, em síntese, a lei máxima e fundamental de um país, que geralmente</p><p>determina a sua organização social, política, jurídica e econômica. Conjunto de normas jurí-</p><p>dicas, normalmente escritas em um texto unitário, que regulam a organização e atuação do</p><p>Estado nas relações sociais.</p><p>A Constituição é, assim, uma norma jurídica e, para a maior parte dos sistemas, norma jurí-</p><p>dica dotada de superioridade hierárquica em relação às demais. Para Hans Kelsen, a Consti-</p><p>tuição define quem elabora as normas e como elas vão ser elaboradas, constituindo, assim, o</p><p>ponto de partida e de validade de todo o sistema jurídico. (BARCELLOS, 2018, p. 28)</p><p>CONCEITO E NATUREZA</p><p>Antes de adentrarmos propriamente no tema, é importante esclarecer um ponto que já foi</p><p>objeto de prova: princípios, regras e normas se distinguem. Tem-se o gênero normas, do qual</p><p>decorre as espécies regras e princípios. As normas são amplas, abarcando assim a natureza</p><p>abstrata dos princípios e a concretude das regras.</p><p>Regras</p><p>Princípios</p><p>NORMAS</p><p>Os princípios são um alicerce de um sistema, uma estrutura básica do ordenamento jurí-</p><p>dico, trazendo também uma melhor orientação à interpretação de um texto constitucional</p><p>que não pode ser feita de forma isolada, mas sim levando em consideração todo o contexto.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>7</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Os princípios constitucionais podem ser explícitos ou implícitos. Os princípios explícitos</p><p>são aqueles que estão de forma expressa no texto constitucional (escritos), já os implícitos são</p><p>obtidos por meio de uma construção lógica, ora, estão subentendidos no texto mesmo não</p><p>aparecendo expressamente.</p><p>Como exemplo de princípios explícitos, podemos citar os princípios do art. 37, da CF, os</p><p>quais dizem respeito à Administração Pública. Já quanto aos princípios implícitos,</p><p>exigido prévio aviso à autoridade competente;</p><p>O direito de reunião pacífica em locais públicos é assegurado constitucionalmente, inde-</p><p>pendentemente de autorização. Assim, os cidadãos podem se reunir livremente em praças e</p><p>locais de uso comum do povo, desde que não interfiram ou atrapalhem outra reunião desig-</p><p>nada anteriormente para o mesmo local.</p><p>Portanto, é preciso que o evento seja organizado e preencha os seguintes requisitos:</p><p>z reunião pacífica e sem armas;</p><p>z fins lícitos;</p><p>z aviso prévio à autoridade competente;</p><p>z local aberto ao público.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>31</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI, do art. 5º, da CF, deve ser pacífica e sem</p><p>armas, bem como não deve frustrar outra reunião anteriormente convocada para aquele</p><p>local, tendo preferência quem avisar primeiro; isso é chamado de aviso prévio à autoridade</p><p>competente, sendo diferente de autorização, pois a reunião não depende de autorização.</p><p>O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu que a passeata é constitucional,</p><p>assim, compatível com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a incitação ao uso de</p><p>entorpecentes.</p><p>Atenção! Aviso prévio não se confunde com autorização. Para se reunir, é preciso, apenas,</p><p>comunicar à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que, no mesmo local, dia e hora,</p><p>coincidam agrupamentos de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo: manifesta-</p><p>ções pró-aborto e contrária ao aborto).</p><p>Liberdade de Associação</p><p>XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;</p><p>XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autoriza-</p><p>ção, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;</p><p>XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus-</p><p>pensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;</p><p>XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;</p><p>XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para</p><p>representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;</p><p>No Brasil, são plenas a liberdade de associação e a criação de associações e cooperativas</p><p>para fins lícitos. Por isso, estas não podem sofrer intervenção do Estado.</p><p>A expressão “plena”, utilizada no dispositivo, é no sentido de ser considerada livre a liber-</p><p>dade de associação, desde que para fins lícitos.</p><p>Neste sentido, também é vedada a associação de caráter paramilitar, ou seja, a associação</p><p>civil e desvinculada do Estado, que se encontra armada e com estrutura similar às institui-</p><p>ções militares, de modo a se utilizar de táticas e técnicas policiais ou militares para alcançar</p><p>os seus objetivos.</p><p>Por conseguinte, o Texto Constitucional prevê a possibilidade de criação de associações e</p><p>cooperativas, independentemente de autorização. Ainda, só poderão ser dissolvidas ou ter</p><p>suspensas as atividades por decisão judicial.</p><p>Salienta-se, por necessário, que, no caso de dissolução da associação, esta somente poderá</p><p>ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja, quando não couberem mais recursos.</p><p>Importante!</p><p>z Dissolução das associações: decisão judicial + trânsito em julgado;</p><p>z Suspensão das associações: decisão judicial.</p><p>Além disso, ninguém pode ser obrigado a associar-se ou permanecer associado. Por fim,</p><p>o Texto Constitucional autoriza, desde que expressamente autorizada, a representação dos</p><p>associados pelas entidades associativas.</p><p>32</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Forças paramilitares, também conhecidas como milícias, são grupos ou associações civis</p><p>armadas, normalmente com fins político-partidários, religiosos ou ideológicos, e com estru-</p><p>tura semelhante à militar, mas que não fazem parte das Forças Armadas oficiais. No Brasil, a</p><p>Segurança Nacional e Defesa Social é atribuição exclusiva do Estado, por isso as associações</p><p>paramilitares são vedadas.</p><p>Ato contínuo, o inciso XXI é o último dispositivo que trata do direito de associação. Ele se</p><p>refere à representação do filiado pela associação, quer em âmbito judicial, quer em âmbi-</p><p>to extrajudicial, isto é, ele se refere à legitimação da associação para atuar em nome dos</p><p>associados.</p><p>Cabe esclarecer que representante é aquele que age em nome alheio, defendendo direito</p><p>alheio. No caso das associações, para que estas atuem na condição de representantes, é preci-</p><p>so autorização expressa dos filiados, não bastando que exista autorização em estatuto. Assim</p><p>sendo, só poderão atuar se devidamente autorizadas pelos associados.</p><p>Além disso, ao contrário da representação, a substituição judicial ou extrajudicial da asso-</p><p>ciação independe de autorização, uma vez que, na substituição, a associação atua em nome</p><p>próprio, defendendo direito alheio (dos associados).</p><p>Direito de Propriedade e sua Função Social</p><p>XXII - é garantido o direito de propriedade;</p><p>XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;</p><p>Uma importante garantia constitucional é o direito de propriedade. Entretanto, este direi-</p><p>to não é absoluto, pois está limitado ao atendimento de sua função social, ou seja, além da</p><p>ideia de pertença, toda propriedade deve atender a interesses de ordem pública e privada,</p><p>não sendo nociva à coletividade em seu uso e fruição.</p><p>De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direito de propriedade consiste na faculdade</p><p>de usar, gozar e dispor da coisa, assim como o direito de reavê-la do poder de quem quer que,</p><p>injustamente, a possua ou a detenha.</p><p>Observa-se, no entanto, que, em termos constitucionais, o direito de propriedade é mais</p><p>amplo que no direito civil, por abranger qualquer direito de conteúdo patrimonial ou eco-</p><p>nômico, ou seja, tudo aquilo que possa ser convertido em dinheiro, alcançando créditos e</p><p>direitos pessoais.</p><p>Assim, o direito de propriedade assegurado na Constituição como direito constitucional</p><p>abrange tanto os bens corpóreos quanto os incorpóreos. Vejamos o art. 170, da Constituição</p><p>Federal:</p><p>Art. 170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre inicia-</p><p>tiva, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,</p><p>observados os seguintes princípios:</p><p>II - propriedade privada;</p><p>Dica: bens corpóreos são os bens possuidores de existência física, são concretos e visíveis,</p><p>como, por exemplo, uma casa, um automóvel etc.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>33</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Já os bens incorpóreos são bens abstratos que não possuem existência física, ou seja, não</p><p>são concretos, mas possuem um valor econômico, como, por exemplo, propriedade intelec-</p><p>tual, direitos do autor etc.</p><p>Em relação à propriedade de bens incorpóreos, refere-se à específica proteção constitucio-</p><p>nal à denominada propriedade intelectual, a qual abrange os direitos de autor e os direitos</p><p>relativos à propriedade industrial, como a proteção de marcas e patentes.</p><p>z Desapropriação</p><p>Como característica dos direitos fundamentais, o direito de propriedade também não é um</p><p>direito absoluto. Apesar da exigência de que a propriedade atenda a uma função social, há</p><p>outras hipóteses em que o interesse público pode justificar a imposição de limitações.</p><p>Ao elaborar a Constituição, o legislador preocupou-se em atribuir tratamento especial à</p><p>política de desenvolvimento urbano. Referente à desapropriação de imóvel rural, somente</p><p>é lícita a desapropriação para fins de interesse social, ou seja, imóvel rural que não estiver</p><p>cumprindo sua função social é desapropriado.</p><p>Nesse sentido, é importante verificar a importância do inciso XXIV, do art. 5°, que determi-</p><p>na o poder geral de desapropriação por interesse social. Ora, desde que seja paga a indeniza-</p><p>ção mencionada neste artigo, qualquer imóvel poderá ser desapropriado por interesse social</p><p>para fins de reforma agrária.</p><p>Intervenção do Estado na Propriedade</p><p>XXIV - a lei estabelecerá</p><p>o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade</p><p>pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados</p><p>os casos previstos nesta Constituição;</p><p>XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de proprieda-</p><p>de particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;</p><p>O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do interesse público sobre o</p><p>particular, nas hipóteses legais, é permitida a intervenção do Estado na propriedade.</p><p>O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do poder de intervenção do Estado na eco-</p><p>nomia: a desapropriação. A desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma para si ou para</p><p>outrem (terceira pessoa) bens de particulares, por meio do pagamento de justa e prévia inde-</p><p>nização. Portanto, trata-se de uma das hipóteses de aquisição originária da propriedade.</p><p>É cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:</p><p>z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem a ser desapropriado é imprescindível</p><p>para a realização de uma atividade essencial do Estado;</p><p>z Por utilidade pública: o bem não é imprescindível, mas é conveniente para a realização</p><p>de uma atividade estatal;</p><p>z Por interesse social: a desapropriação é conveniente para o desenvolvimento da</p><p>sociedade.</p><p>34</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Atenção! Não confundir com desapropriação sancionatória, hipótese em que o bem não</p><p>respeita a função social da propriedade. Nela, a indenização não é prévia, sendo o prazo</p><p>de resgate (Títulos da Dívida Pública) de 10 anos para bens urbanos e de 20 anos para bens</p><p>rurais.</p><p>Ainda, não confunda desapropriação com expropriação, que consiste na perda da pro-</p><p>priedade no caso de cultivo de substâncias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não</p><p>há pagamento de indenização.</p><p>A requisição temporária da propriedade está disciplinada no inciso XXV. Trata-se da</p><p>possibilidade de o poder público, em momentos de calamidade (já ocorrida ou prestes a ocor-</p><p>rer), ingressar na posse de bem particular, para assegurar a preservação de direitos mais</p><p>importantes que a propriedade, tais como a vida e a integridade das pessoas.</p><p>Por exemplo, no caso de uma enchente em um determinado local, o poder público fazer de</p><p>um imóvel privado, próximo ao local, um hospital de atendimento às vítimas.</p><p>A requisição temporária é uma exceção ao princípio da indenização prévia, uma vez que</p><p>o pagamento está condicionado à existência de danos.</p><p>Pequena Propriedade Rural</p><p>XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,</p><p>não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produti-</p><p>va, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;</p><p>A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde por dívidas decorrentes de</p><p>sua atividade produtiva. Assim, o inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade da peque-</p><p>na propriedade rural, por ser esta considerada bem de família e, portanto, insuscetível de</p><p>penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por dívidas decorrentes da atividade produtiva.</p><p>Além disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá receber os recursos previstos em lei</p><p>que financiem o seu desenvolvimento.</p><p>Direito Autoral e Propriedade Industrial</p><p>Com a edição da Constituição, de 1988, os direitos autorais encontraram ampla guarida.</p><p>Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê, assim, uma ampla proteção às obras</p><p>intelectuais.</p><p>XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de</p><p>suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;</p><p>XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:</p><p>a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz</p><p>humanas, inclusive nas atividades desportivas;</p><p>b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que</p><p>participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e</p><p>associativas;</p><p>XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua uti-</p><p>lização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>35</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento</p><p>tecnológico e econômico do País;</p><p>A Constituição Federal protege, ainda, a propriedade industrial. Nesse sentido, é impor-</p><p>tante mencionarmos que esta se difere da propriedade intelectual e, por isso, não é objeto de</p><p>proteção da Lei de Direitos Autorais, mas, sim, da Lei da Propriedade Industrial.</p><p>Assim, existem três tipos de propriedade intelectual, quais sejam:</p><p>z Propriedade industrial: criações que movimentam o mercado e são empregadas para</p><p>manter a competitividade. Seu foco é voltado para a área empresarial. São exemplos: as</p><p>patentes, marcas, desenhos, indicações geográficas, entre outros;</p><p>z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e científicas, como, por exemplo, as obras</p><p>intelectuais, literárias e artísticas;</p><p>z Proteção sui generis: são as criações híbridas, isto é, aquelas que se encontram em um</p><p>estado intermediário entre a propriedade industrial e os direitos autorais. Exemplos: a</p><p>topografia dos circuitos integrados (mask works), a proteção de cultivares (obtenções</p><p>vegetais ou variedades vegetais) e conhecimentos tradicionais associados aos recursos</p><p>genéticos.</p><p>Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o direito exclusivo de utilização, publi-</p><p>cação ou reprodução de suas obras, sendo esse direito transmitido aos herdeiros do autor</p><p>(direitos sucessórios) pelo tempo que a lei fixar.</p><p>O direito autoral, portanto, volta-se às criações artísticas, científicas, musicais, literárias,</p><p>entre outras. Desse modo, bem como o direito das empresas de radiofusão e cinematográfi-</p><p>cas, protege obras literárias (escritas ou orais), musicais, artísticas, científicas, obras de escul-</p><p>tura, pintura e fotografia.</p><p>Pelo direito de exclusividade, o autor é o único que pode explorar sua obra, gozar dos</p><p>benefícios morais e econômicos resultantes dela ou ceder os direitos de exploração a terceiros.</p><p>Por sua vez, a propriedade industrial é o ramo da propriedade intelectual que resguar-</p><p>da os trabalhos intelectuais, também chamados de obras utilitárias, voltados às atividades</p><p>industriais, abrangendo, por exemplo, o autor de determinado processo, invenção, modelo,</p><p>desenho ou produto. Estas criações são protegidas por meio de patentes e registros (CNJ,</p><p>2016).</p><p>Atenção! Enquanto a proteção ao direito autoral busca reprimir o plágio, a proteção à</p><p>propriedade industrial busca conter a concorrência desleal.</p><p>Direito de Sucessão e Herança</p><p>XXX - é garantido o direito de herança;</p><p>XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em</p><p>benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei</p><p>pessoal do “de cujus”;</p><p>O direito de herança ou direito sucessório é o ramo específico do direito civil que visa</p><p>regular as relações jurídicas decorrentes do falecimento do indivíduo, o de cujus e a transfe-</p><p>rência de bens e direitos aos seus sucessores.</p><p>36</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Trata-se da modificação da titularidade do bem em decorrência do falecimento (sucessão</p><p>hereditária). Assim, o patrimônio do de cujus transmite-se aos seus herdeiros, os quais se</p><p>sub-rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no ativo como no passivo, até os limites</p><p>da herança.</p><p>Importante!</p><p>O direito de sucessão está regulado no Código Civil.</p><p>Direito do Consumidor</p><p>XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;</p><p>O direito do consumidor é o ramo do direito que disciplina as relações entre fornecedores/</p><p>prestadores de bens e serviços e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da</p><p>rela-</p><p>ção jurídica. As relações de consumo, além do amparo constitucional, encontram proteção no</p><p>Código de Defesa do Consumidor e na legislação civil.</p><p>Além de toda legislação consumerista, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Con-</p><p>sumidor — Procon, órgão do Ministério Público de cada estado, é responsável por coordenar</p><p>a política dos órgãos e entidades que atuam na proteção do consumidor, de forma a equili-</p><p>brar as relações de consumo.</p><p>Direito de Informação, Petição e Obtenção de Certidão Junto aos Órgãos Públicos</p><p>XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particu-</p><p>lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon-</p><p>sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do</p><p>Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).</p><p>XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:</p><p>a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou</p><p>abuso de poder;</p><p>b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de</p><p>situações de interesse pessoal;</p><p>Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem direito à obtenção de infor-</p><p>mações, a protocolo de petição e à obtenção de certidões junto aos órgãos públicos de acordo</p><p>com suas necessidades, salvo a imprescindibilidade do sigilo de determinadas informações</p><p>para segurança jurídica das partes.</p><p>Assim, quanto ao direito de certidão, o Estado é obrigado a fornecer as informações solici-</p><p>tadas, com exceção nas hipóteses de proteção por sigilo. Caso haja uma violação desse direito,</p><p>que é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o mandado de segurança, tema tam-</p><p>bém abordado no título “Garantias Constitucionais”.</p><p>Direito adquirido é aquele que cumpriu todos os requisitos previstos em lei; por exem-</p><p>plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exigidos para concessão da aposentadoria por</p><p>idade, conforme determina o inciso I, § 7º, do art. 201, da CF, tem o direito adquirido para</p><p>requerer seu benefício.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>37</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obe-</p><p>decidas as seguintes condições:</p><p>I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se</p><p>mulher, observado tempo mínimo de contribuição;</p><p>z Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, conforme a lei vigente ao tempo que se realizou,</p><p>pois, neste caso, já cumpriu todos os requisitos conforme a lei vigente na época, tornando-</p><p>-se completo;</p><p>z Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judicial, decisão judicial à qual não cabe mais</p><p>recurso, tornando-a imutável e indiscutível.</p><p>O inciso XXXIV assegura, ainda, o direito de pleitear, do Estado, documento expedido por</p><p>este, que, por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a existência de um fato. Deste</p><p>modo, garante ao indivíduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos ou esclarecimen-</p><p>to de situações de interesse pessoal.</p><p>O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, eles independem de qualquer pagamento.</p><p>Importante mencionar que, embora o dispositivo empregue o termo “taxas”, este foi utiliza-</p><p>do em sentido amplo, visto que proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, tarifa ou</p><p>preço público).</p><p>A função da gratuidade é não obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez que pes-</p><p>soas sem recursos financeiros teriam dificuldades de exercer seu direito se este fosse condi-</p><p>cionado ao pagamento.</p><p>Importante! Fique atento ao remédio constitucional aplicado para sanar ilegalidade</p><p>quanto ao direito de certidão — mandado de segurança —, pois as bancas costumam tentar</p><p>confundir o candidato, dizendo que o remédio constitucional cabível é o habeas data.</p><p>Princípio da Proteção Judiciária ou da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional</p><p>XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;</p><p>O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional possibilita que o cidadão ingresse</p><p>em juízo para assegurar seus direitos ameaçados. Este consubstancia-se no direito de ação e</p><p>no dever do magistrado do Judiciário de apreciar a demanda, solucionando o caso concreto</p><p>com a aplicação da lei na busca da pacificação social.</p><p>Segurança Jurídica</p><p>XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;</p><p>Para que entendamos o inciso acima, é importante conhecermos alguns conceitos:</p><p>z Direito adquirido: incorporado ao patrimônio jurídico de seu titular, cujo começo do exer-</p><p>cício tenha termo prefixado ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem,</p><p>nos termos do § 2º, art. 6º, da lei de introdução às normas do direito brasileiro;</p><p>38</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Ato jurídico perfeito: situação ou direito consumado e definitivamente exercido, sem</p><p>quaisquer vícios ou nulidades, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;</p><p>z Coisa julgada: matéria submetida a julgamento cuja sentença proferida transitou em jul-</p><p>gado e à qual não cabe mais recurso, não podendo, portanto, ser modificada.</p><p>Cumpre ressaltar que direito adquirido não se confunde com expectativa de direito. Se</p><p>a pessoa não completou todos os requisitos para a concessão do direito, ela não tem direito</p><p>adquirido e, sim, expectativa de direito.</p><p>Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que se complete o tempo de contribuição</p><p>previsto pela lei para se aposentar. Antes de preencher tal requisito, a lei é alterada e o tem-</p><p>po, majorado. Esta pessoa não poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa de direito,</p><p>uma vez que todos os requisitos não foram preenchidos para a sua concessão.</p><p>Importante!</p><p>A coisa julgada divide-se em coisa julgada material — quando impede a discussão em</p><p>qualquer processo — e coisa julgada formal — quando impede a discussão no mesmo</p><p>processo.</p><p>Tribunal de Exceção</p><p>XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;</p><p>O juízo ou tribunal de exceção determina-se como aquele criado exclusivamente para</p><p>o julgamento de um fato específico já acontecido, no qual os julgadores são escolhidos</p><p>arbitrariamente.</p><p>A Constituição veda tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento dos</p><p>juízos e tribunais já existentes conforme suas competências prefixadas.</p><p>Atenção! Tribunal de exceção não se confunde com justiças especializadas e foro</p><p>privilegiado.</p><p>Tribunal do Júri</p><p>XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:</p><p>a) a plenitude de defesa;</p><p>b) o sigilo das votações;</p><p>c) a soberania dos veredictos;</p><p>d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;</p><p>O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusivamente para o julgamento</p><p>da prática de crimes dolosos contra a vida. Mais do que ampla, a defesa no âmbito do Tribu-</p><p>nal do Júri é plena e a decisão dos jurados, cidadãos comuns do povo previamente alistados</p><p>e selecionados por sorteio, é soberana.</p><p>Trata-se, portanto, de direito do indivíduo de ser julgado por seus pares e, não, por um</p><p>juízo de critério eminentemente técnico.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>39</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Súmula Vinculante nº 45 A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre</p><p>o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.</p><p>Princípio da Legalidade, da Anterioridade e da Retroatividade da Lei Penal</p><p>XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;</p><p>XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;</p><p>De acordo com o inciso acima, para que determinada ação se configure como crime, esta</p><p>deve encontrar-se expressamente prevista na lei penal. Portanto, se a conduta não está pres-</p><p>crita no Código Penal, não</p><p>é crime e, consequentemente, não há pena.</p><p>Nesse sentido, crime será a conduta delituosa prevista exclusivamente em lei, da mesma</p><p>forma que a cominação da pena, a qual não é admissível à configuração de crime baseado</p><p>nos costumes.</p><p>Ademais, uma nova lei penal não retroage, isto é, não pode ser aplicada a condutas prati-</p><p>cadas antes de sua entrada em vigor; entretanto, se a nova lei for mais benéfica, esta poderá</p><p>retroagir para beneficiar o réu.</p><p>Trata-se do princípio da retroatividade da lei; tem previsão no inciso XL, do art. 5º, da CF,</p><p>e consiste em analisar um fato passado à luz de um direito presente, estabelece que os fatos</p><p>sejam apreciados com base na lei em vigor no tempo do crime.</p><p>Assim, a lei aplicável é a lei do tempo do crime, ou seja, na regra geral, as normas penais</p><p>não retroagem, salvo se trouxerem algum tipo de benefício para o réu.</p><p>Cuidado, aqui há um exemplo de exceção da exceção: crimes praticados durante a vigên-</p><p>cia de lei temporária ou excepcional não podem ser beneficiados pela retroatividade da lei</p><p>mais benéfica.</p><p>Entenda:</p><p>z lei excepcional é a lei criada para regular fatos ocorridos dentro de uma situação irregular,</p><p>a qual perde seus efeitos após findar situação irregular que a motivou;</p><p>z a lei temporária vigorou até se extinguir o prazo de duração fixado pelo legislador, por</p><p>exemplo, uma lei que fixa a tabela de preços de artigos de consumo.</p><p>Princípio da Não Discriminação</p><p>XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;</p><p>O princípio da não discriminação garante tratamento igualitário a todas as pessoas em</p><p>situações iguais e envolve a existência de normas que estabeleçam tal igualdade, com punição</p><p>aos atos que resultem em discriminação atentatória dos direitos e garantias fundamentais.</p><p>Crimes Inafiançáveis, Imprescritíveis e Insuscetíveis de Graça e Anistia</p><p>XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de</p><p>reclusão, nos termos da lei;</p><p>XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática</p><p>da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como</p><p>40</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-</p><p>-los, se omitirem; (Regulamento).</p><p>XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou milita-</p><p>res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.</p><p>A tabela a seguir sintetiza o conteúdo dos incisos. Por isso, a título de compreensão destes,</p><p>vamos estudá-la.</p><p>CRIMES INAFIANÇÁVEIS E</p><p>IMPRESCRITÍVEIS</p><p>CRIMES INAFIANÇÁVEIS E INSUSCETÍVEIS</p><p>DE GRAÇA E ANISTIA</p><p>Racismo Prática de tortura</p><p>Ação de grupos armados contra a ordem</p><p>constitucional e o Estado Democrático</p><p>Tráfico de drogas e entorpecentes</p><p>Terrorismo</p><p>Crimes hediondos</p><p>Dica</p><p>Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H ou 3TH:</p><p>z Tortura;</p><p>z Tráfico;</p><p>z Terrorismo;</p><p>z Hediondos.</p><p>Atenção:</p><p>z Crimes inafiançáveis: são aqueles que não admitem fiança, ou seja, que não dão, ao</p><p>acusado, o direito de responder seu processo em liberdade até a sentença condenatória</p><p>mediante pagamento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento de determina-</p><p>das obrigações;</p><p>z Crimes imprescritíveis: não prescrevem e podem ser julgados e punidos em qualquer</p><p>tempo, independentemente da data em que foram cometidos;</p><p>z crimes insuscetíveis de graça e anistia: não permitem a exclusão do crime com a res-</p><p>cisão da condenação e extinção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da puni-</p><p>bilidade, ainda que parcial (graça). A graça e a anistia são, em linhas gerais, formas de</p><p>extinção da punibilidade.</p><p>A graça e o indulto, por sua vez, são modalidades de perdão concedidas pelo presidente</p><p>da República, de modo a extinguir a punibilidade do agente.</p><p>Enquanto, na graça, o perdão é concedido de maneira individual por meio de decreto e</p><p>mediante provocação do interessado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por decreto,</p><p>o qual não possui destinatário certo e independe de provocação. O indulto pode ser total ou</p><p>parcial (comutação).</p><p>Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso Nacional, por meio de lei, aos crimes e</p><p>atos administrativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a condenação e extingue-se</p><p>totalmente a punibilidade.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>41</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas Assembleias Legislativas, porém res-</p><p>tringe-se aos atos administrativos, como, por exemplo, às transgressões disciplinares de ser-</p><p>vidores estaduais.</p><p>É importante mencionar que esses crimes são prescritíveis, além de ser cabível a liber-</p><p>dade provisória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes de tortura; a Lei nº 11.343,</p><p>de 2006, dos crimes de drogas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº 8.072, de 1990,</p><p>cuida dos crimes hediondos.</p><p>ANISTIA GRAÇA</p><p>Crimes Crimes políticos Crimes comuns</p><p>Efeitos Exclui o crime, rescinde a condenação</p><p>e extingue totalmente a punibilidade Extingue somente a punibilidade</p><p>Competência Poder Legislativo Exclusiva do presidente da República</p><p>Concessão Antes da sentença final ou depois da</p><p>condenação irrecorrível</p><p>Apenas após o trânsito em julgado da</p><p>sentença condenatória</p><p>O inciso XLIV também traz hipóteses de não concessão de fiança, cuja ação ou omissão</p><p>pode ser julgada a qualquer tempo, independentemente da data em que foi cometida.</p><p>Trata-se dos crimes desenvolvidos pelas organizações criminosas contra a ordem consti-</p><p>tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº</p><p>12.850, de 2013, é que trata das organizações criminosas.</p><p>Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo dos últimos três incisos, leve em considera-</p><p>ção o seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH.</p><p>z RA — racismo;</p><p>z AÇÃO — ação de grupos armados;</p><p>z 3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos.</p><p>Esquematizando todo o conteúdo relacionado ao mnemônico, temos:</p><p>z inafiançáveis RAAÇÃO 3TH;</p><p>z imprescritíveis RAAÇÃO;</p><p>z insuscetíveis de graça ou anistia 3TH.</p><p>Princípio da Intranscendência da Pena</p><p>XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano</p><p>e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra</p><p>eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;</p><p>Pelo princípio da intranscendência da pena, a aplicação desta será sempre pessoal e não</p><p>poderá ser cumprida ou imputada a outro indivíduo. Em caso de reparação de dano, pode a</p><p>obrigação ser estendida aos sucessores do responsável até o limite do valor do patrimônio</p><p>sucedido.</p><p>42</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O princípio da intranscendência ou personalização da pena está disciplinado no inciso</p><p>XLV. Trata-se da impossibilidade de a pena ser aplicada a outra pessoa que não o delinquente,</p><p>uma vez que somente o autor da infração penal pode ser responsabilizado.</p><p>Com a morte do condenado, declara-se extinta a punibilidade do crime. Assim, a pena não</p><p>poderá ser cumprida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros do autor do crime se este</p><p>houver falecido. No entanto, refere-se apenas à esfera penal, ou seja, a obrigação civil de</p><p>reparar os danos pode ser estendida aos seus sucessores até o limite do valor do patrimônio</p><p>transferido (herança).</p><p>Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, CP) e, portanto, não pode ser imposta aos</p><p>herdeiros.</p><p>Individualização da Pena</p><p>XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:</p><p>a) privação ou restrição da liberdade;</p><p>b) perda de bens;</p><p>c) multa;</p><p>d) prestação social alternativa;</p><p>e) suspensão ou interdição de direitos;</p><p>Pelo princípio da individualização da pena, fica garantido que, na fixação das penas dos</p><p>condenados, sejam levados em consideração o histórico pessoal de cada indivíduo e a sua</p><p>atuação</p><p>individual, de forma que aquelas não sejam igualadas, mesmo que estes tenham</p><p>praticado crimes idênticos.</p><p>Assim, independentemente da prática de mesma conduta, cada indivíduo pode receber</p><p>apenas a punição que lhe é devida.</p><p>Atenção! Guarde o mnemônico 3PMS (RI):</p><p>z 3P — Privação ou restrição da liberdade (não se esqueça de que no primeiro “p” há, implí-</p><p>cito, um “r” da pena de restrição); perda de bens; prestação social alternativa;</p><p>z M — Multa;</p><p>z S — Suspensão ou interdição de direitos (lembre-se de que aqui também há, implícito, um</p><p>“i” de interdição).</p><p>O inciso XLVI disciplina o princípio da individualização da pena, uma vez que as penas</p><p>devem ser previstas, impostas e executadas, em conformidade com as condições pessoais de</p><p>cada réu. Para tanto, a individualização deve operar-se em três fases distintas:</p><p>z legislativa, no momento em que elabora a norma;</p><p>z judicial, no momento da dosimetria da pena;</p><p>z executiva, na execução penal.</p><p>Proibição de Penas</p><p>XLVII - não haverá penas:</p><p>a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>43</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>b) de caráter perpétuo;</p><p>c) de trabalhos forçados;</p><p>d) de banimento;</p><p>e) cruéis.</p><p>Como afirmativa dos direitos e da dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal, de</p><p>1988, veda:</p><p>z pena de morte;</p><p>z pena perpétua;</p><p>z banimento;</p><p>z trabalhos forçados e cruéis.</p><p>Estabelecimentos para Cumprimento de Pena</p><p>XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do</p><p>delito, a idade e o sexo do apenado;</p><p>Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal, de 1988,</p><p>determina que as penas sejam cumpridas em diferentes tipos de estabelecimento, de acordo</p><p>com a gravidade e natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.</p><p>Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos</p><p>XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;</p><p>O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à execução da pena privativa de liber-</p><p>dade: a proteção à integridade física e moral do preso. Busca-se, portanto, proteger os indi-</p><p>víduos da força do Estado.</p><p>Trata-se, também, de um dos desdobramentos do direito à segurança, por envolver garan-</p><p>tias processuais; e do direito à vida, por envolver a integridade do indivíduo.</p><p>Direito de Permanência e Amamentação dos Filhos pela Presidiária Mulher</p><p>L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos</p><p>durante o período de amamentação;</p><p>O inciso L traz um princípio relativo à execução da pena privativa de liberdade. Trata-se</p><p>do direito dos filhos de permanecerem com suas mães e serem amamentados por elas duran-</p><p>te a execução da pena.</p><p>Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984 (Lei de Execução Penal), estabelece que</p><p>a penitenciária de mulheres terá uma seção para gestantes e parturientes e uma creche para</p><p>abrigar crianças entre seis meses e sete anos.</p><p>44</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Extradição</p><p>LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, pra-</p><p>ticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-</p><p>centes e drogas afins, na forma da lei;</p><p>LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;</p><p>Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública (2020), a extradição é um ato oficial</p><p>de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, o extraditando, acusado</p><p>ou condenado, pela prática de um ou mais crimes em território estrangeiro, ao país que o</p><p>reclama.</p><p>A extradição pode ser:</p><p>z Ativa: quando o Brasil solicita, a outro país, a entrega de um indivíduo para julgá-lo e con-</p><p>dená-lo pela prática de um crime praticado em território brasileiro;</p><p>z Passiva: quando qualquer Estado estrangeiro solicita, ao Brasil, a entrega de um indiví-</p><p>duo que tenha cometido crime no exterior e se encontra em território brasileiro.</p><p>Assim, considera-se um crime como político se ele envolver ações ou omissões que preju-</p><p>dicam os interesses do país, do governo ou do sistema político. O crime político pode ser de</p><p>dois tipos: próprio e impróprio.</p><p>Crime político próprio é aquele capaz de ameaçar a ordem institucional ou o sistema</p><p>vigente.</p><p>Já o crime político impróprio é aquele crime comum quando conexo ao crime político, de</p><p>modo a ter natureza comum, mas conotação político-ideológica — por exemplo, a extorsão</p><p>mediante sequestro para obter fundos para determinado grupo político.</p><p>Ainda há o crime de opinião, que é aquele que se configura com o abuso da liberdade de</p><p>expressão ou de pensamento, como nos casos dos crimes contra a honra.</p><p>Vale mencionar que a Constituição Federal trata apenas dos casos de extradição passiva.</p><p>Nesse sentido, o dispositivo determina que não haverá extradição de brasileiro nato em</p><p>nenhuma hipótese. Quanto aos brasileiros naturalizados, a regra é que também não sejam</p><p>extraditados, salvo em caso de crime comum, praticado antes do processo de naturalização</p><p>e comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins em qualquer</p><p>tempo. Também não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.</p><p>Para o direito internacional, nenhum Estado é obrigado a extraditar uma pessoa presente</p><p>em seu território, dada a sua soberania.</p><p>Direito ao Julgamento pela Autoridade Competente</p><p>LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;</p><p>O princípio do juiz natural ou do juiz competente encontra-se disciplinado no inciso LIII.</p><p>Trata-se da garantia de que nenhuma pessoa será processada ou julgada por uma autoridade</p><p>especialmente designada para o caso.</p><p>Deste modo, as regras de competência devem estar estabelecidas no ordenamento jurídico,</p><p>de modo a assegurar que o julgamento seja realizado por um juiz independente e imparcial.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>45</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Devido Processo Legal</p><p>LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;</p><p>O princípio do devido processo legal está disciplinado no inciso LIV. Trata-se do desdobra-</p><p>mento do direito à segurança, de modo a garantir que os indivíduos não sejam presos nem</p><p>percam seus bens por atuação arbitrária do poder do Estado.</p><p>Assim sendo, deverá existir um processo com todas as etapas previstas em lei e com todas</p><p>as garantias constitucionais. Se tais regras não forem observadas, o processo é passível de</p><p>nulidade.</p><p>Contraditório e a Ampla Defesa</p><p>LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são asse-</p><p>gurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;</p><p>O inciso LV traz o princípio do contraditório e da ampla defesa. Tal princípio objetiva</p><p>garantir a igualdade das partes de uma relação processual, bem como a segurança processual.</p><p>Assim sendo, a parte contrária necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois não</p><p>podem ser atribuídas a uma parte vantagens de que a outra não disponha.</p><p>Em consequência, as partes têm acesso a tudo que consta dos autos, como, por exemplo,</p><p>todas as provas produzidas pela outra parte, podendo manifestar-se ou não.</p><p>Além disso, a defesa pode ser exercida de maneira ampla — é possível ao indivíduo, por</p><p>exemplo, optar pela autodefesa (quando permitido) ou pela defesa técnica. Assim, a ampla</p><p>defesa garante ao agente a possibilidade de se defender sem qualquer impedimento aos seus</p><p>direitos constitucionais.</p><p>Ademais, destaca-se o conteúdo da Súmula Vinculante nº 14, a qual dispõe sobre o acesso</p><p>a procedimento investigatório por defensor do investigado.</p><p>Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo</p><p>aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por</p><p>órgão com competência de polícia judiciária, digam</p><p>respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>Observe que os documentos referentes às diligências em curso não são de apresentação</p><p>obrigatória, tendo em vista a possibilidade de frustrá-las.</p><p>Imagine, por exemplo, que em determinada investigação tenha sido deferida, pelo Poder</p><p>Judiciário, a interceptação telefônica de determinado investigado. Ora, é óbvio que o acesso,</p><p>pelo advogado do investigado, comprometeria a diligência, já que este poderia avisar seu</p><p>cliente da medida.</p><p>Portanto, ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido processo legal, em que</p><p>deverá ser assegurado, sob pena de nulidade absoluta, o direito de resposta e ampla defesa,</p><p>com sentença transitada em julgado (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou</p><p>autoridade judiciária competente.</p><p>46</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Provas Ilícitas</p><p>LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;</p><p>Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal, fraudulento ou que infrinja as normas</p><p>e princípios básicos de direito, motivo pelo qual não são aceitas no processo judicial.</p><p>São, em regra, vedadas pela Constituição e inadmissíveis dentro de um processo, ainda</p><p>que comprovem fato de direito ou cooperem para o julgamento do feito processual.</p><p>Neste sentido, cumpre fazermos uma breve distinção entre prova ilícita e prova ilegítima:</p><p>z prova ilícita é aquela que viola direito material. Exemplos: confissão mediante tortura e</p><p>interceptação telefônica sem autorização judicial;</p><p>z prova ilegítima é aquela que viola direito processual. Exemplo: confissão do acusado em</p><p>juízo sem a presença do advogado.</p><p>O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, adotou, por maioria de votos, a denomina-</p><p>da teoria fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada).</p><p>Portanto, são nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita como também as derivadas</p><p>(surgidas em decorrência da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular.</p><p>Presunção de Inocência</p><p>LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal</p><p>condenatória;</p><p>Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o contrário com o trânsito em jul-</p><p>gado da sentença condenatória. Neste sentido, o inciso LVII traz o princípio da presunção de</p><p>inocência ou da presunção de culpabilidade.</p><p>Assim, antes da condenação definitiva em um processo criminal, as pessoas ainda não são</p><p>consideradas culpadas. Isso acontece porque o ônus de provar a culpa recai sobre o Minis-</p><p>tério Público, como titular da ação penal pública, ou sobre a vítima, no caso da ação penal</p><p>privada.</p><p>Deste modo, não compete ao acusado provar sua inocência, mas ao Ministério Público ou</p><p>à vítima comprovar a responsabilidade do réu até a última instância.</p><p>Identificação Criminal</p><p>LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóte-</p><p>ses previstas em lei; (Regulamento).</p><p>A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita da validade e veracidade</p><p>dos documentos cíveis apresentados ou quando já se tem notícias reputadas a pessoa civil-</p><p>mente identificada sobre uso de diversos nomes e fraude em registros policiais.</p><p>Assim, entende-se por identificação o processo utilizado para estabelecer a identidade de</p><p>pessoas ou coisas. Deste modo, se o indivíduo apresenta documento de identidade civil válido</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>47</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>e sem qualquer suspeita fundada de falsidade, ele não poderá ser identificado criminalmen-</p><p>te, ou seja, por meio do processo datiloscópico. O objetivo do dispositivo é evitar o constran-</p><p>gimento pessoal de pessoas já identificadas civilmente.</p><p>Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, disciplina o inciso e estabelece quais docu-</p><p>mentos servem para a identificação civil. Ainda, a regra da não identificação criminal não é</p><p>absoluta e abarca exceções. No entanto, tais exceções devem estar disciplinadas em lei11.</p><p>Ação Privada Subsidiária da Pública</p><p>LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no</p><p>prazo legal;</p><p>A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos casos em que a lei não prevê a</p><p>ação como privada, mas, sim, como pública (condicionada ou incondicionada).</p><p>Entretanto, o Ministério Público, titular da ação penal, permanece inerte e não apresenta</p><p>a denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade para que o ofendido, seu representante</p><p>legal ou seus sucessores ingressem com a ação penal privada subsidiária da pública.</p><p>Assim, nos casos em que o representante do Ministério Público não ofereceu a denúncia,</p><p>não requereu diligências ou não ordenou o arquivamento do inquérito policial, no prazo</p><p>legal, admite-se o oferecimento da queixa crime.</p><p>A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restrição quanto à aplicação da ação penal pri-</p><p>vada subsidiária da pública nos processos relativos aos delitos previstos na legislação espe-</p><p>cial, como, por exemplo, nas ações em que se apuram crimes eleitorais.</p><p>A Publicidade dos Atos Processuais e o Segredo de Justiça</p><p>LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimida-</p><p>de ou o interesse social o exigirem;</p><p>Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o segredo de justiça, que pode ser</p><p>determinado de ofício pelo juiz da causa:</p><p>z para segurança jurídica das partes;</p><p>z para proteção dos interesses de indivíduos menores de idade;</p><p>z por interesse social ou demanda de grande repercussão;</p><p>z a requerimento justificado das partes do processo.</p><p>11 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer</p><p>identificação criminal quando: I - o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento</p><p>apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III - o indiciado portar documentos de</p><p>identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às</p><p>investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou</p><p>mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros</p><p>policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o estado de conservação ou a distância</p><p>temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação</p><p>dos caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas</p><p>aos autos do inquérito, ou outra forma de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o</p><p>indiciado.</p><p>48</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Importante!</p><p>A restrição da publicidade é popularmente conhecida como segredo de justiça.</p><p>Legalidade da Prisão</p><p>LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de</p><p>autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria-</p><p>mente militar, definidos em lei;</p><p>Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a regra e a prisão é a exceção. Por essa</p><p>razão, o dispositivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso.</p><p>Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do Estado, uma vez que veda a prisão</p><p>arbitrária ou abusiva e estabelece que a restrição da liberdade só será legítima quando res-</p><p>peitados os parâmetros legais. Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segurança,</p><p>por envolver garantias processuais.</p><p>Em termos de processo penal, existem dois tipos de prisão.</p><p>A prisão pena é aquela decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado,</p><p>ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa, condenada e não cabe mais recurso, ingressando</p><p>na fase de execução penal.</p><p>Além disso, há a prisão processual, que tem função acautelatória e ocorre durante a fase</p><p>de investigação, instrução e antes do julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a</p><p>prisão temporária</p><p>e a prisão preventiva.</p><p>Portanto, durante o curso do processo, o indivíduo somente será preso se estiver em fla-</p><p>grante delito — isto é, cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi perseguido logo após ou</p><p>foi encontrado logo depois, com algo que faça presumir ser o autor da infração12 — ou se for</p><p>determinado pelo juiz nos demais casos das prisões acautelatórias.</p><p>Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais sejam: transgressão militar ou cri-</p><p>me propriamente militar, definido em lei.</p><p>Quanto às transgressões, estas estão previstas nos regulamentos disciplinares, tanto das</p><p>Forças Armadas como das Forças Auxiliares. A elas é aplicado procedimento de apuração</p><p>específico, também garantindo o contraditório e a ampla defesa. Já os crimes militares encon-</p><p>tram-se previstos no Código Penal Militar, porém esse diploma não define quais são os crimes</p><p>propriamente militares.</p><p>Comunicabilidade da Prisão</p><p>LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamen-</p><p>te ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;</p><p>Como a prisão em flagrante é a única modalidade de prisão acautelatória que não con-</p><p>ta com ordem judicial prévia, visto que é imposta no momento em que a infração penal é</p><p>12 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de</p><p>cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que</p><p>faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis</p><p>que façam presumir ser ele autor da infração.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>49</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>praticada ou em momentos após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao juiz, para</p><p>que este possa efetuar o controle de legalidade da prisão.</p><p>A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação, porém, o art. 306, do Código de Processo</p><p>Penal, estabelece que a comunicação será imediata e os autos serão remetidos em até 24</p><p>horas após a prisão.</p><p>Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a comunicação à família do preso ou à</p><p>pessoa por ele indicada, com o escopo não só de dar notícia de seu paradeiro, como também</p><p>de prestar-lhe a assistência devida.</p><p>Informação ao Preso</p><p>LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-</p><p>-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;</p><p>Considerando que a liberdade é a regra e a sua restrição só é legítima quando efetuada nos</p><p>estritos limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso em flagrante deve ser comunica-</p><p>do dos seus direitos. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em silêncio.</p><p>O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá ser utilizado de maneira contrária. O</p><p>acusado não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar, esse silêncio não</p><p>pode ser considerado como prova.</p><p>Além disso, o dispositivo também estabelece a assistência da família e do advogado, garan-</p><p>tindo tanto o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe é devida.</p><p>Identificação dos Responsáveis pela Prisão</p><p>LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interro-</p><p>gatório policial;</p><p>Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação (à sua família e ao juízo compe-</p><p>tente) de sua prisão e do local onde se encontra, bem como o conhecimento das autoridades</p><p>policiais responsáveis por sua prisão e interrogatório.</p><p>Portanto, é assegurado ao indivíduo garantido questionar a competência ou atribuição</p><p>dessas autoridades em conformidade com a norma vigente e os princípios constitucionais e</p><p>de direitos humanos.</p><p>Relaxamento da Prisão Ilegal</p><p>LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;</p><p>O relaxamento da prisão ocorre quando o acusado é posto em liberdade pela incidência de</p><p>alguma ilegalidade no ato de sua prisão. Neste sentido, o inciso LXV traz mais um dos desdo-</p><p>bramentos do direito à segurança ao prever o relaxamento da prisão ilegal.</p><p>Assim, se o magistrado constatar que a prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em</p><p>liberdade de modo imediato e sem condições. Exemplo: o indivíduo foi preso em flagrante,</p><p>todavia, não se enquadrava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.</p><p>50</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Relaxa-se a prisão ilegal e revoga-se as demais prisões cautelares, uma vez que estas neces-</p><p>sitam de requisitos para serem decretadas e não estão estes presentes. O magistrado deve</p><p>revogar a prisão ou substituí-la por medidas cautelares diversas.</p><p>Garantia da Liberdade Provisória</p><p>LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-</p><p>sória, com ou sem fiança;</p><p>A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguar-</p><p>dar em liberdade o transcorrer do processo criminal até o trânsito em julgado de sua senten-</p><p>ça penal condenatória, mediante o estabelecimento ou não de determinadas condições.</p><p>Pode ser revogado a qualquer tempo, diante do descumprimento das condições impostas,</p><p>da não colaboração com as investigações ou se a autoridade entender que a liberdade pode</p><p>colocar em risco o julgamento do processo.</p><p>Prisão Civil</p><p>LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento volun-</p><p>tário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;</p><p>A Constituição Federal, de 1988, extinguiu, em regra, a prisão civil por dívidas. Logo, após</p><p>a promulgação da CF, a prisão não se caracteriza mais como medida punitiva ao devedor,</p><p>salvo nos casos de não pagamento de pensão alimentícia e do depositário infiel.</p><p>Lembre-se: o depositário infiel, de acordo com a Constituição, é o indivíduo que ficou</p><p>responsável pela guarda de um bem que não lhe pertence e deixou que este bem perecesse,</p><p>desaparecesse ou fosse roubado.</p><p>É importante ressaltar que os direitos e garantias previstos em nossa Constituição não</p><p>excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, bem como de trata-</p><p>dos internacionais em que o Brasil seja signatário.</p><p>Importante!</p><p>Súmula Vinculante nº 25 É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a</p><p>modalidade do depósito.</p><p>O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP) aduz, em seu art. 11, que “nin-</p><p>guém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual”. A Con-</p><p>venção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), por sua vez, em</p><p>seu § 7º, art. 7º, assevera:</p><p>Ninguém deve ser detido por dívida. Este princípio não limita os mandados de autoridade judi-</p><p>ciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>51</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Ainda assim, vale mencionar que restou mantida a jurisprudência pela constitucionalidade da</p><p>prisão do depositário infiel, uma vez que o pacto ingressou no ordenamento jurídico na qualidade</p><p>de norma infraconstitucional.</p><p>Após a Emenda Constitucional nº 45, de 2004, que acrescentou o inciso LXXVIII, § 3º, do art.</p><p>5º, os tratados e convenções internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil for signatário</p><p>e que forem aprovados pelo Congresso Nacional, em votação de dois turnos, por três quintos de</p><p>seus membros, passam a ter status equivalente às emendas constitucionais.</p><p>Contudo, o Pacto de São José da Costa Rica foi aprovado por maioria simples. Tal questão acerca</p><p>do status dos tratados de direitos humanos gerou profundas discussões nos tribunais e no STF.</p><p>Deste modo, foi decidido que os tratados internacionais sobre direitos humanos ratificados</p><p>pelo Brasil antes das alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, ou seja, sem</p><p>passar pelo processo de aprovação previsto no § 3º, do art. 5º, deveriam ter status supralegal, hie-</p><p>rarquicamente inferior</p><p>às normas constitucionais, mas superior às normas infraconstitucionais.</p><p>Assim, a prisão do depositário infiel não foi considerada inconstitucional, pois sua previsão</p><p>segue na constituição, mas, na prática, passou a ser ilegal, uma vez que as leis que regulam tal</p><p>medida coercitiva estão abaixo dos tratados internacionais de direitos humanos.</p><p>Esse entendimento do caráter supralegal dos tratados devidamente ratificados e internalizados</p><p>na ordem jurídica brasileira, sem submeter-se ao processo legislativo estipulado pelo § 3º, art. 5º,</p><p>da CF, de 1988, foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculante nº 25, STF, em 2009.</p><p>É importante não confundir direitos fundamentais com garantias fundamentais. Os direitos</p><p>fundamentais são vantagens, proteção em favor das pessoas, como, por exemplo, o direito de</p><p>informação.</p><p>Já as garantias fundamentais são instrumentos processuais para defesa daqueles direitos,</p><p>conhecidos como ações ou remédios constitucionais, como, por exemplo: habeas data, habeas cor-</p><p>pus, mandado de segurança, mandado de injunção e a ação popular, conforme veremos a seguir.</p><p>Habeas Corpus</p><p>LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de</p><p>sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;</p><p>O habeas corpus é um remédio constitucional que consiste na ação judicial cabível, com</p><p>o objetivo de proteger o direito de liberdade de locomoção ao lesado ou ameaçado por ato</p><p>ilegal ou abusivo.</p><p>Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir, ou seja, sempre que alguém sofrer ou se</p><p>achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalida-</p><p>de ou abuso de poder, está fundamentado no inciso LXVIII, art. 5º, da CF, e art. 647 ao art. 667,</p><p>do CPP (Código de Processo Penal).</p><p>Pode ser habeas corpus preventivo, para evitar uma futura violação à liberdade, ou habeas</p><p>corpus repressivo, o qual busca o fim de uma coação já cometida. Importante frisar também</p><p>que não existe a necessidade de um advogado para entrar com a ação.</p><p>z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa;</p><p>z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou estrangeiro;</p><p>z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agente público que cometeu ilegalidade ou abuso</p><p>de poder contra particular.</p><p>52</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Habeas corpus também pode ser impetrado por estrangeiro (desde que na língua portu-</p><p>guesa) contra particular.</p><p>Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar militar, salvo se imposta pela autorida-</p><p>de competente.</p><p>Destacamos a seguir algumas súmulas importantes do STF sobre o tema:</p><p>Súmula nº 395 Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o</p><p>ônus das custas, por não estar mais em causa à liberdade de locomoção.</p><p>Súmula nº 431 É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia</p><p>intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.</p><p>Súmula nº 692 Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se</p><p>fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provo-</p><p>cado a respeito.</p><p>Súmula nº 693 Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou rela-</p><p>tivo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.</p><p>Súmula nº 694 Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou</p><p>de perda de patente ou de função pública.</p><p>Súmula nº 695 Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.</p><p>Mandado de Segurança</p><p>Agora, passaremos à análise do mandado de segurança, que pode ser individual ou coleti-</p><p>vo. Vejamos:</p><p>LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não ampa-</p><p>rado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de</p><p>poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder</p><p>Público;</p><p>LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:</p><p>a) partido político com representação no Congresso Nacional;</p><p>b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcio-</p><p>namento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;</p><p>O mandado de segurança é uma ação constitucional que visa tutelar direito líquido e certo</p><p>ameaçado ou violado por autoridade pública ou por aquele que estiver no exercício de fun-</p><p>ções desta natureza. Esta ação tem caráter residual e só é aplicável quando não for cabível</p><p>outro remédio constitucional, tal como o habeas corpus ou habeas data.</p><p>Atenção! Por direito líquido e certo entende-se aquele claro e inequívoco, com prova pré-</p><p>-constituída, que não dependa de instrução probatória ou de declaração por juízo competen-</p><p>te em processo de conhecimento.</p><p>O MS pode ser de duas espécies:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>53</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z mandado de segurança repressivo, cuja ordem de segurança objetive cessar constrangi-</p><p>mento ilegal já existente;</p><p>z mandado de segurança preventivo, cuja ordem de segurança busca pôr fim à iminência</p><p>de constrangimento ilegal a direito líquido e certo.</p><p>Por fim, cumpre destacar que não cabe MS contra:</p><p>z ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo, independentemente de caução;</p><p>z decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;</p><p>z decisão judicial transitada em julgado.</p><p>Mandado de Segurança Individual</p><p>Previsto no inciso LXIX, art. 5º, da CF, e Lei nº 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger</p><p>direito líquido e certo (requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da lesão), devida-</p><p>mente comprovado com provas documentais, não há prova testemunhal nem pericial. Tem</p><p>caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de habeas corpus nem habeas data.</p><p>Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de autoridade pública. A Súmula nº 625, do</p><p>STF, dispõe que “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de</p><p>segurança”, ou seja, caso haja dúvida a respeito de interpretação da lei, isso não impede o</p><p>deferimento do mandado de segurança.</p><p>Atenção! Não cabe mandado de segurança nos seguintes casos:</p><p>z atos meramente informativos;</p><p>z atos que transitaram em julgado;</p><p>z ato administrativo que comporte recurso com efeito suspensivo;</p><p>z ato judicial em fase recursal.</p><p>Cuidado! Referente aos atos que transitaram em julgado hoje, a jurisprudência entende</p><p>por uma possível mitigação da Súmula nº 268, do STF. Vejamos:</p><p>No entanto, sendo a impetração do mandado de segurança anterior ao trânsito em jul-</p><p>gado da decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, posteriormente, não poderá</p><p>ser invocado o seu não cabimento ou a sua perda de objeto, mas preenchidas as demais</p><p>exigências jurídico-processuais, deverá ter seu mérito apreciado. (EDcl no MS 22.157/DF,</p><p>Rel. Ministro Herman Benjamin, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em</p><p>14.03.2019, DJe 11.06.2019)</p><p>z Agente ativo: pessoa física ou jurídica. Agentes políticos podem ser sujeitos ativo ou</p><p>passivo;</p><p>z Agente passivo: autoridade, pessoa física revestida de poder público. União, estados e DF</p><p>ingressarão como litisconsortes necessários, por meio de seus procuradores — no caso do</p><p>município, através de seu prefeito;</p><p>z Liminar: cabimento conforme inciso III, art. 7°, da Lei n º 12.016, de 2009, o juiz poderá</p><p>determinar a suspensão do ato (que causou a violação do direito), desde que exista motivo</p><p>relevante. Vejamos:</p><p>54</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:</p><p>[...]</p><p>III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e</p><p>do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo</p><p>facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o res-</p><p>sarcimento à pessoa jurídica.</p><p>Mandado de Segurança Coletivo</p><p>O mandado de segurança</p><p>coletivo, previsto no inciso LXX, art. 5º, da CF, e no art. 21, da Lei</p><p>nº 12.016, de 2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de pessoas (corporativo). Os requi-</p><p>sitos e o prazo decadencial são os mesmos do mandado de segurança individual.</p><p>z Agente ativo: partido político com representação no Congresso Nacional; ou organização</p><p>sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há</p><p>pelo menos um ano, em defesa de seus membros ou associados, deve demonstrar perti-</p><p>nência temática;</p><p>z Agente passivo: autoridade coatora;</p><p>z Liminar: cabimento conforme inciso III, § 2º, art. 7º, e art. 22, da Lei nº 12.016, de 2009.</p><p>Basta representar os requisitos “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.</p><p>Súmulas importantes do STF sobre o tema:</p><p>Súmula nº 629 (STF) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe</p><p>em favor dos associados independe da autorização destes.</p><p>Súmula nº 630 (STF) A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança</p><p>ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.</p><p>Mandado de Injunção</p><p>LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora tor-</p><p>ne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes</p><p>à nacionalidade, à soberania e à cidadania;</p><p>O mandado de injunção é ação constitucional própria a reivindicar a regularização de um</p><p>direito constitucional que necessite de norma regulamentadora.</p><p>Tem previsão no inciso LXXI, art. 5º, da CF, e Lei nº 13.300, de 2016 (Lei do MS); não tem</p><p>lei específica própria, devem ser observadas as normas da Lei do Mandado de Segurança,</p><p>conforme prevê o parágrafo único, art. 24, da Lei nº 8.038, de 1990.</p><p>Art. 24 [...]</p><p>No mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no que couber, as normas do</p><p>mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>55</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamentadora de direito, liberdade constitucional</p><p>e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. Buscar o exercício</p><p>do direito para uma pessoa ou certo grupo de pessoas. Exemplo: conseguir se aposentar</p><p>ou exercer o direito de greve;</p><p>z Agente ativo: qualquer pessoa;</p><p>z Liminar: mandado de injunção não tem liminar.</p><p>Habeas Data</p><p>LXXII - conceder-se-á habeas data:</p><p>a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constan-</p><p>tes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;</p><p>b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou</p><p>administrativo;</p><p>O habeas data é um remédio constitucional que consiste na ação judicial cabível, com o</p><p>objetivo de conhecer ou retificar informações constantes nos registros e bancos de dados de</p><p>entidades governamentais ou de caráter público.</p><p>Importante!</p><p>A doutrina e jurisprudência admitem que cônjuge, ascendente, descendente ou irmão</p><p>podem impetrar habeas data em favor de terceiro, caso este esteja incapacitado ou</p><p>ausente.</p><p>Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD</p><p>também é cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja:</p><p>Art. 7º (Lei nº 9.507, de 1997) [...]</p><p>III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre</p><p>dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.</p><p>Ademais, a informação, a retificação ou a anotação foram negadas pela Administração</p><p>Pública (entidades governamentais da Administração direta ou indireta) ou particular (pes-</p><p>soas jurídicas de direito privado) que mantenham banco de dados aberto ao público.</p><p>O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira,</p><p>desde que as informações solicitadas digam respeito ao próprio indivíduo. Além disso, o HD</p><p>não é instrumento jurídico adequado para se ter acesso aos autos do processo administrativo</p><p>disciplinar (PAD).</p><p>Ação Popular</p><p>LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesi-</p><p>vo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrati-</p><p>va, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada</p><p>má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;</p><p>56</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>A ação popular é o instrumento constitucional adequado por meio do qual qualquer cida-</p><p>dão pode questionar a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à mora-</p><p>lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.</p><p>A ação popular pode ter duas formas: a preventiva, que é ajuizada antes da consumação</p><p>dos efeitos do ato, e a repressiva, que visa corrigir os atos danosos consumados.</p><p>z Agente ativo: qualquer cidadão brasileiro. Se este abandonar a ação, outro cidadão pode-</p><p>rá assumir.</p><p>Atenção! O Ministério Público não pode propor, mas pode assumir andamento e dar exe-</p><p>cução a decisão da ação popular (legitimidade extraordinária ou superveniente).</p><p>z Agente passivo: administrador da entidade que lesionou;</p><p>z Liminar: basta representar os requisitos “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.</p><p>Súmula nº 101 (STF) O mandado de segurança não substitui a ação popular.</p><p>Súmula nº 365 (STF) Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.</p><p>Atenção! A ação popular é isenta de custas judiciais e do ônus de sucumbência.</p><p>Sobre o tema, vejamos também o § 4º, art. 5º, da Lei nº 4.717, de 1965:</p><p>Lei nº 4.717, de 1965</p><p>Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-</p><p>-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as</p><p>causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.</p><p>[...]</p><p>§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá à suspensão liminar do ato lesivo impugnado.</p><p>Ainda, é possível requerer a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão, sendo</p><p>que cabe a todos os cidadãos a fiscalização da vida pública, auxiliando o Estado na boa gestão desta.</p><p>Portanto, em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da gratuidade é permitir o acesso</p><p>ao Poder Judiciário de todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do poder público.</p><p>No entanto, o inciso LXXIII estabelece uma exceção: haverá custas e sucumbência caso o</p><p>autor ingresse com a ação com má-fé e esta seja comprovada.</p><p>Importante! A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a boa-fé é sempre presumida.</p><p>Assistência Judiciária</p><p>LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insu-</p><p>ficiência de recursos;</p><p>Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias sem prejuízo de seu sustento</p><p>pessoal e de sua família, para se ter o acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.</p><p>Esse direito se instrumentaliza por meio da Defensoria Pública ou do convênio com a</p><p>Defensoria Pública/Ordem dos Advogados do Brasil perante a nomeação de advogado dativo.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>57</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Indenização por Erro Judiciário</p><p>LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso</p><p>além do tempo fixado na sentença;</p><p>Os erros do Poder Judiciário são passíveis de indenização. Desta forma, o inciso LXXV visa</p><p>evitar abusos por parte do poder público ao prever a responsabilidade civil do Estado nos</p><p>casos de erro do Poder Judiciário e prisão por tempo além do fixado em sentença.</p><p>Gratuidade de Serviços Públicos</p><p>LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844,</p><p>de 1989)</p><p>a) o registro civil de nascimento;</p><p>b) a certidão de óbito;</p><p>LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos</p><p>necessários ao exercício da cidadania (Regulamento).</p><p>A Constituição Federal traz, como direito fundamental, a gratuidade dos seguintes serviços</p><p>públicos aos economicamente hipossuficientes:</p><p>z registro civil;</p><p>z obtenção de certidão de óbito;</p><p>z ações de habeas corpus e habeas data.</p><p>Ao garantir a gratuidade das certidões de nascimento e óbito, a CF, de 1988, assegura que</p><p>as pessoas possam ser registradas e usufruir dos direitos personalíssimos decorrentes, como,</p><p>por exemplo, os direitos de possuir um nome e ser matriculado em uma escola, entre outros.</p><p>O inciso LXXVII, por sua vez, trata da gratuidade dos remédios constitucionais de habeas</p><p>corpus e habeas data. A finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas as pessoas a</p><p>esses remédios constitucionais.</p><p>Princípio da Celeridade Processual</p><p>LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração</p><p>do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 45, de 2004).</p><p>Ruy Barbosa (1921), jurisconsulto brasileiro, já dizia que a “justiça tardia não é justiça,</p><p>senão injustiça qualificada e manifesta”. Assim, é fundamental a garantia da razoável duração</p><p>do processo, de forma a evitar que direitos se percam no transcorrer processual pela demora</p><p>do Judiciário.</p><p>Esse inciso trata do princípio da celeridade processual. Desta forma, a CF, de 1988, asse-</p><p>gura a todos, quer no âmbito judicial, quer no âmbito administrativo, a duração razoável do</p><p>processo, bem como dos meios que garantam a celeridade de sua tramitação.</p><p>58</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Proteção de Dados Pessoais</p><p>LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos</p><p>meios digitais.</p><p>Por fim, em recentíssima alteração constitucional, a Emenda Constitucional nº 115, de 10</p><p>de fevereiro de 2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º, da CF.</p><p>A partir deste, a proteção de dados pessoais passou a incluir os direitos e garantias funda-</p><p>mentais. Quanto a esse tema, cabe ressaltar que a competência para legislar sobre a proteção</p><p>e o tratamento de dados pessoais é privativa da União.</p><p>Aplicabilidade das Normas de Direitos e Garantias Fundamentais</p><p>§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.</p><p>Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fundamentais são autoaplicáveis.</p><p>Atenção! Não confundir aplicação imediata com a aplicabilidade da norma constitucional</p><p>(norma constitucional de eficácia plena, contida e limitada).</p><p>z Rol Exemplificativo</p><p>§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do</p><p>regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República</p><p>Federativa do Brasil seja parte.</p><p>O rol dos direitos elencados no art. 5º, da CF, de 1988, não é taxativo, mas, sim, exempli-</p><p>ficativo. Os direitos e garantias ali expressos não excluem outros de caráter constitucional</p><p>ou infraconstitucional decorrentes de princípios constitucionais, do regime democrático, da</p><p>legislação esparsa ou de tratados internacionais.</p><p>Importante!</p><p>z Rol taxativo ou numerus clausus: somente o que está escrito na lei. É determinado e não</p><p>permite interpretações extensivas;</p><p>z Rol exemplificativo: trata-se de uma lista de exemplos, como uma amostra, podendo se</p><p>estender e permitir novas interpretações.</p><p>Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos</p><p>§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,</p><p>em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respecti-</p><p>vos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.</p><p>Sanando discussões sobre a hierarquia desses dispositivos, com a Emenda Constitucional</p><p>nº 45, de 2004, as normas de tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>59</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>reconhecidas como normas de hierarquia constitucional — porém, somente se aprovadas</p><p>pelas duas casas do Congresso, por 3/5 de seus membros em dois turnos de votação.</p><p>Portanto, o § 3º estabelece as regras para a incorporação do tratado internacional que</p><p>verse sobre direitos humanos. Via de regra, o tratado internacional, após a sua celebra-</p><p>ção e assinatura pelo presidente da República, passa por referendo parlamentar para sua</p><p>incorporação.</p><p>Assim, o Poder Legislativo aprova-o, por meio de um decreto legislativo, e remete-o ao</p><p>presidente da República para sua ratificação, por meio de decreto. O decreto do Executivo</p><p>é, por sua vez, promulgado e publicado em Diário Oficial da União e passa a ter força de lei.</p><p>No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF, de 1988, disciplinou a possibilidade de</p><p>sua incorporação, seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para as emendas constitucio-</p><p>nais, ou seja, dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por 3/5 dos votos.</p><p>Deste modo, o tratado passa a ser incorporado, no ordenamento jurídico, com força de nor-</p><p>ma constitucional.</p><p>O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004.</p><p>Portanto, apenas os tratados incorporados após essa emenda e seguindo os parâmetros do</p><p>dispositivo possuem força de norma constitucional. Para os incorporados anteriormente,</p><p>caso se refiram aos direitos humanos, são considerados supralegais. Para todos os demais</p><p>tratados, força legal.</p><p>Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional</p><p>§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha</p><p>manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).</p><p>O Brasil submeteu-se expressamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI),</p><p>também conhecido por Corte ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratifi-</p><p>cado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, deu a esta</p><p>adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores de crimes con-</p><p>tra a humanidade.</p><p>Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Internacional de Justiça, também conhecida</p><p>como Tribunal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das Nações Unidas.</p><p>DIREITOS SOCIAIS</p><p>Os direitos sociais têm previsão do art. 6º ao art. 11, da Constituição, e também podem ser</p><p>encontrados no Título VIII, da Constituição Federal, que trata da ordem social.</p><p>São direitos que pertencem à segunda geração dos direitos fundamentais, ou seja, da</p><p>dimensão que trata dos direitos da democracia e informação; alguns doutrinadores também</p><p>os chamam de liberdades positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omisso com o obje-</p><p>tivo de assegurar uma compensação resultante da desigualdade entre as pessoas.</p><p>Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado em face da desigualdade social e têm</p><p>aplicabilidade imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a igualdade formal (ou</p><p>também chamada de igualdade jurídica, conforme prevê a CF, de 1988, significa que todos</p><p>devem ser tratados da mesma forma).</p><p>Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em três espécies:</p><p>60</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z direitos sociais destinados a toda sociedade (art. 6º, da CF);</p><p>z direitos sociais para os trabalhadores (art. 7º, da CF);</p><p>z direitos sociais coletivos dos trabalhadores (art. 8º ao art. 11, da CF).</p><p>Direitos Sociais Destinados a Toda Sociedade</p><p>Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,</p><p>o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à</p><p>infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.</p><p>Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma ren-</p><p>da básica familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de</p><p>renda, cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação</p><p>podemos</p><p>citar o princípio da supremacia do interesse público, o qual, apesar de não ser encontrado</p><p>expressamente na CF, é estritamente observado pelo poder público.</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>Explícitos</p><p>Implícitos</p><p>PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS</p><p>Os princípios fundamentais são mandamentos que vão influenciar em toda ordem jurídi-</p><p>ca. Por exemplo, é nesse momento que o texto constitucional formaliza a relação entre povo,</p><p>governo e território, elementos estes que são requisitos para constituição de um Estado.</p><p>Além disso, servem como norte para outras normas e estão localizados no Título I da CF, de</p><p>1988, o qual é composto por quatro artigos.</p><p>Note que é nesses artigos que se proclama o regime político democrático com fundamento</p><p>na soberania popular e garantia da separação de função entre os governos. Bem como, tam-</p><p>bém se determina os valores e diretrizes para o ordenamento constitucional.</p><p>Fundamentos</p><p>Salienta-se, antes de adentrar especificamente nos referidos artigos, que muitas questões</p><p>de prova cobram do examinando um conhecimento prévio correlacionando a distinção do</p><p>que são fundamentos (art. 1º), objetivos (art. 3º) e princípios (art. 4º).</p><p>Repare que no parágrafo anterior não foi exposto o art. 2º, mas isso se deu de forma pro-</p><p>posital, tendo em vista que o examinador, muitas vezes, tenta confundir o candidato com o</p><p>rol dos artigos anteriormente mencionados.</p><p>Para tanto, utilizaremos alguns mnemônicos ao longo das explicações, começando logo</p><p>pelo FOP (fundamentos, objetivos, princípios). Observe que este mnemônico obedece a</p><p>ordem alfabética, estando também em conformidade com a ordem dos artigos da constitui-</p><p>ção (F-1º; O-3º; P-4º).</p><p>Assim, quando a questão mencionar algo relacionado a fundamentos, lembre-se de que</p><p>estará se referindo ao exposto no art. 1º; quando mencionar objetivos, art. 3º; e, quando</p><p>mencionar princípios, art. 4º. Não se esqueça também que o art. 2º não entra como referência</p><p>nesse mnemônico!</p><p>Os fundamentos contidos no art. 1º, da CF, de 1988, servem como base para todo o ordena-</p><p>mento jurídico, pois se referem aos valores de formação da República Federativa do Brasil.</p><p>Veja a importância do artigo, não somente em relação à Constituição, mas como para toda a</p><p>ordem jurídica do Estado. Assim, vejamos o referido dispositivo:</p><p>8</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e</p><p>Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como</p><p>fundamentos:</p><p>I - a soberania;</p><p>II - a cidadania;</p><p>III - a dignidade da pessoa humana;</p><p>IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>V - o pluralismo político.</p><p>Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos</p><p>ou diretamente, nos termos desta Constituição.</p><p>Atenção! Para auxiliá-lo na memorização dos mencionados fundamentos, guarde o mne-</p><p>mônico SO-CI-DI-VA-PLU:</p><p>z Soberania;</p><p>z Cidadania;</p><p>z Dignidade;</p><p>z Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>z Pluralismo político.</p><p>A Soberania</p><p>Como preleciona José Afonso da Silva (2017), a soberania é um poder supremo e indepen-</p><p>dente, ainda, é fundamento do próprio conceito de Estado, diante disso, não precisaria ser</p><p>mencionada no texto constitucional1.</p><p>A demonstração do poder soberano pode ser vista de forma interna (poder do Estado,</p><p>sendo, neste caso, exteriorizada pela prevalência de suas normas e decisões sobre todas as</p><p>demais proferidas) ou externa (quando nos relacionamos com entidades internacionais, sen-</p><p>do, neste caso, exteriorizado pela não subordinação a nenhum outro Estado, decidindo pela</p><p>subordinação a determinada regra somente quando livremente manifestado).</p><p>A Cidadania</p><p>Podemos considerar cidadania como um objeto de direito fundamental, pois é a partici-</p><p>pação do indivíduo no Estado Democrático de Direito. No texto constitucional, em sentido</p><p>amplo, a existência da cidadania está atrelada à vivência social, na construção de relações,</p><p>na mudança de mentalidade, na reivindicação de direitos e no cumprimento de deveres.</p><p>Assim, podemos concluir que a cidadania pode ser exercida não somente com o direito de</p><p>voto, mas também com a participação do cidadão em conselhos de temas importantes, como</p><p>saúde, educação, comparecimento em audiências públicas e participação nas reuniões refe-</p><p>rentes ao orçamento participativo.</p><p>Atenção, nem toda pessoa é considerada cidadã. Em provas de concurso é importante</p><p>observar que cidadão é todo ser humano que está em condição de votar e ser votado. Assim,</p><p>podemos concluir que uma criança e os estrangeiros não naturalizados não podem ser con-</p><p>siderados cidadãos.</p><p>1 SILVA, op. cit, p. 106</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>9</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Importante!</p><p>Cuidado para não confundir cidadania com nacionalidade: nacionalidade é o vínculo jurí-</p><p>dico político que une uma pessoa a um Estado e a cidadania é a participação do indivíduo</p><p>no Estado. Inclusive, a nacionalidade é requisito para ser cidadão, ou seja, para ser cidadão</p><p>o indivíduo deve ser brasileiro nato ou naturalizado.</p><p>A Dignidade da Pessoa Humana</p><p>A dignidade da pessoa humana é um valor que influencia o conteúdo de todos os direitos</p><p>fundamentais do homem consagrados no texto constitucional, é uma proteção não somente</p><p>do indivíduo em face do Estado, mas também perante a toda sociedade. Nesse sentido, consi-</p><p>dera Alexandre de Moraes (2011), a dignidade da pessoa humana é valor espiritual e moral,</p><p>que se manifesta na autodeterminação da própria vida e traz consigo a busca pelo respeito</p><p>por parte das demais pessoas2.</p><p>Note que, a dignidade da pessoa humana é o direito de titularidade universal, isto é, todos</p><p>têm acesso a esse direito pelo simples fato de ser pessoa, assim, a nacionalidade e/ou capaci-</p><p>dade não são fatores que possibilitam maior proteção, mas sim o fato de ser cidadão, seja ele</p><p>nacional ou estrangeiro.</p><p>Os Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa</p><p>Dispositivo que objetiva a proteção ao trabalho, pois é por meio deste que o homem garan-</p><p>te sua subsistência e o crescimento do Brasil. Aqui não se faz menção somente ao “trabalha-</p><p>dor CLT3”, mas também aos autônomos, empresários, empreendedores e empregadores.</p><p>O Pluralismo Político</p><p>O legislador originário se preocupou em afirmar a ampla participação popular nos desti-</p><p>nos políticos do Brasil, com a inclusão da sociedade na participação dos processos de forma-</p><p>ção da vontade geral da nação, garantindo a liberdade e a participação dos partidos políticos.</p><p>Ainda, podemos conceituar o pluralismo como a garantia de que todo aquele que vive em</p><p>sociedade terá direito a sua própria convicção política e partidária.</p><p>Separação dos Poderes</p><p>O art. 2º da Constituição, ao definir a independência e a harmonia entre os poderes, con-</p><p>sagra o chamado princípio da separação dos poderes, ou princípio da divisão funcional do</p><p>poder do Estado.</p><p>Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo</p><p>e o Judiciário.</p><p>2 MORAES, op. cit, p. 24.</p><p>3 Trabalhador CLT – Termo vulgar utilizado para definir trabalhador/funcionário regido pela CLT (carteira</p><p>assinada).</p><p>10</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Assim, cada poder tem suas funções e organização definidas, vejamos:</p><p>z Poder Executivo: exerce as funções de governo e administração. Como exemplo de admi-</p><p>nistração, podemos mencionar o inciso I, art. 84, da CF, que define como competência do</p><p>Presidente da República nomear e exonerar Ministros;</p><p>z Poder Legislativo: é exercido pelo Congresso Nacional. Tem a função de legislar (fun-</p><p>ção primária) e fiscalizar (função secundária, entretanto, típica). Ao que diz respeito à</p><p>principal função, tem o condão de elaborar as normas jurídicas gerais e abstratas. Por</p><p>exemplo, é de competência do Congresso Nacional a votação para aprovação de lei com-</p><p>plementar (art. 69, da CF). Já como exemplo da função secundária (fiscalizar),</p><p>fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)</p><p>É importante destacar que o parágrafo único, do art. 6º, foi incluído recentemente pela EC</p><p>nº 114, de 2021, estabelecendo que todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá</p><p>direito a uma renda básica familiar.</p><p>O trecho “cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei” estabelece que</p><p>esta é uma norma de eficácia limitada, pois depende de regulamentação posterior.</p><p>Trata-se, portanto, de direitos garantidos para toda a sociedade brasileira, com exceção,</p><p>por exemplo, da previdência social — neste caso, só terá benefício quem for contribuinte e</p><p>preencher todos os requisitos legais exigidos.</p><p>z Direito à Propriedade x Direito à Moradia</p><p>Durante a prova, cuidado! Direito de propriedade é um direito individual, conforme já</p><p>estudado neste material; já o direito à moradia é um direito social, localizado no caput, do</p><p>art. 6º, da CF, de 1988.</p><p>z Direito à Segurança, Localizado no art. 5º (Direito Individual) e art. 6º (Direito Social)</p><p>— Entenda a Diferença</p><p>A segurança mencionada no art. 5º, da CF, refere-se à segurança jurídica; já a segurança</p><p>mencionada no art. 6º, da CF, refere-se ao direito à segurança pública.</p><p>Direitos Sociais para os Trabalhadores</p><p>Os direitos individuais dos trabalhadores destinam-se a proteger a relação de trabalho</p><p>contra uma profunda desigualdade, resultante da não observância de preceitos mínimos des-</p><p>tinados a compatibilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar do trabalhador —</p><p>este, parte hipossuficiente da relação trabalhista.</p><p>Após longo período de exploração do trabalho escravo e a posterior propagação do tra-</p><p>balho livre, passou-se, cada vez mais, de acordo com as circunstâncias dos novos modelos</p><p>econômicos, a surgir uma certa preocupação com a proteção do trabalho.</p><p>Nesse ínterim, desenvolveram-se movimentos classistas que culminaram, por exemplo, na</p><p>luta pela liberdade de associação e criação de algumas normas trabalhistas.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>61</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>À vista disso, em 1930, Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comér-</p><p>cio, promovendo, nos anos seguintes, a edição de vários decretos de caráter trabalhista que,</p><p>dentre outros, deram início ao chamado “constitucionalismo social”.</p><p>Atualmente, em nossa Constituição, são contemplados todos os principais direitos e garan-</p><p>tias trabalhistas que, dada a sua importância, não podem ser abolidos nem por meio de</p><p>emendas constitucionais.</p><p>É através do trabalho que o homem pode contribuir para com a sociedade. O direito ao</p><p>trabalho é, portanto, o maior mecanismo de inclusão social da pessoa humana, inserindo o</p><p>homem na vida social de maneira participativa.</p><p>O trabalho faz com que a pessoa seja vista pelo que produz e tem sido a forma mais eficaz</p><p>de assegurar à pessoa humana não apenas a sua subsistência, mas, também, a manutenção</p><p>de sua dignidade. Daí a importância da proteção dos direitos trabalhistas.</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria</p><p>de sua condição social:</p><p>[...]</p><p>Proteção Contra Despedida Arbitrária ou Sem Justa Causa</p><p>I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos</p><p>de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;</p><p>Pelos princípios da proteção e da continuidade das relações laborais, os contratos de tra-</p><p>balho, em regra, são feitos por prazo indeterminado e protegidos contra despedida arbitrá-</p><p>ria ou sem justa causa. Assim, esse inciso estabelece a indenização para dispensa arbitrária.</p><p>Destarte, na hipótese de dispensa arbitrária, haverá uma indenização compensatória que,</p><p>de acordo com o entendimento majoritário, diz respeito à multa complementar de 40% sobre</p><p>o saldo do fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS).</p><p>Seguro-Desemprego</p><p>II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;</p><p>O seguro-desemprego é o direito à assistência financeira temporária a todo trabalhador</p><p>que, tendo prestado serviços laborais ao empregador, foi demitido sem justa causa.</p><p>É importante destacar que, para que este direito seja efetivado, é necessário que sejam</p><p>atendidos os demais requisitos previstos no art. 3º, da Lei nº 7.998, de 1990.</p><p>Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa</p><p>causa que comprove:</p><p>I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada, relativos a:(Re-</p><p>dação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)</p><p>a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à data</p><p>de dispensa, quando da primeira solicitação; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)</p><p>b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à data de</p><p>dispensa, quando da segunda solicitação; e (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)</p><p>62</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando das demais</p><p>solicitações;(Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)</p><p>II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)</p><p>III - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto</p><p>no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio</p><p>suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de perma-</p><p>nência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;</p><p>IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego;</p><p>V - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua</p><p>família;</p><p>VI - matrícula e frequência, quando aplicável, nos termos do regulamento, em curso de for-</p><p>mação inicial e continuada ou de qualificação profissional habilitado pelo Ministério da Edu-</p><p>cação, nos termos do art. 18 da Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011, ofertado por meio da</p><p>Bolsa-Formação Trabalhador concedida no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensi-</p><p>no Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pela Lei nº 12.513, de 26 de outubro de 2011, ou</p><p>de vagas gratuitas na rede de educação profissional e tecnológica (Incluído pela Lei nº 13.134,</p><p>de 2015).</p><p>O seguro-desemprego é regido pela Lei nº 7.998, de 1990, alterada pela Lei nº 13.134, de</p><p>2015. Também há regulamentação sobre o assunto na Lei nº 10.779, de 2003, e na Lei Com-</p><p>plementar nº 150, de 2015.</p><p>Nos termos do art. 4º da lei do seguro-desemprego, o benefício será “concedido ao tra-</p><p>balhador desempregado, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses”, de</p><p>forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que</p><p>deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho Deliberativo do</p><p>Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).</p><p>A determinação do período máximo mencionado no caput observará a relação entre o</p><p>número de parcelas mensais do benefício do seguro-desemprego e o tempo de serviço do</p><p>trabalhador nos 36 meses que antecederem a data de dispensa que originou o requerimento</p><p>do seguro-desemprego, vedado o cômputo de vínculos empregatícios utilizados em períodos</p><p>aquisitivos anteriores.</p><p>Assim, o número de parcelas a receber será determinado de acordo com o tempo de ser-</p><p>viço efetivo do trabalhador, não só do último vínculo empregatício, mas de todos os vínculos</p><p>dos últimos 36 meses que antecederem o requerimento e que não tenham sido utilizados ou</p><p>computados para solicitações anteriores, conforme a tabela a seguir:</p><p>SEGURO-DESEMPREGO</p><p>1ª Solicitação</p><p>Parcelas Tempo de trabalho</p><p>Quatro 12 a 23 meses</p><p>Cinco 24 meses ou mais</p><p>2ª Solicitação</p><p>Parcelas Tempo de trabalho</p><p>Três Nove a 11 meses</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>63</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>SEGURO-DESEMPREGO</p><p>Quatro 12 a 23 meses</p><p>Cinco 24 meses ou mais</p><p>3ª Solicitação</p><p>Parcelas Tempo de trabalho</p><p>Três Seis a 11 meses</p><p>Quatro 12 a 23 meses</p><p>Cinco 24 meses ou mais</p><p>Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)</p><p>Art. 7º […]</p><p>III - fundo de garantia do tempo de serviço;</p><p>O fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) foi criado com o objetivo de proteger</p><p>o trabalhador demitido sem justa causa, mediante a abertura de uma conta vinculada ao</p><p>contrato de trabalho.</p><p>No início de cada mês, os empregadores depositam, nas contas vinculadas de seus funcio-</p><p>nários, o valor correspondente a 8% do salário de cada trabalhador.</p><p>O FGTS é gerido pela Caixa Econômica Federal e constituído pelo total desses depósitos</p><p>mensais. Os valores pertencem aos empregados, que podem sacá-los mediante o cumprimen-</p><p>to de alguns requisitos legais.</p><p>É importante ressaltar que:</p><p>Todo trabalhador brasileiro com contrato de trabalho formal, regido pela Consolidação das</p><p>Leis do Trabalho (CLT), e, também, trabalhadores domésticos, rurais, temporários, intermi-</p><p>tentes, avulsos, safreiros (operários rurais que trabalham apenas no período de colheita) e</p><p>atletas profissionais têm direito ao FGTS. O diretor não empregado pode ser incluído no regi-</p><p>me do FGTS, a critério do empregador. (Caixa, 2024)</p><p>À vista disso, podemos dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança compulsória do</p><p>trabalhador, regida pela Lei nº 8.036, de 1990.</p><p>Salário Mínimo</p><p>IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessi-</p><p>dades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, ves-</p><p>tuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o</p><p>poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;</p><p>O salário mínimo é uma importante garantia constitucional. Importante mencionar que</p><p>esse valor mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 horas semanais, podendo ser</p><p>proporcional, em caso de jornada inferior.</p><p>64</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Piso Salarial</p><p>V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;</p><p>O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada categoria profissional pode</p><p>receber pela sua jornada de trabalho, considerando a extensão e complexidade do trabalho</p><p>desenvolvido e devendo ser sempre superior ao salário mínimo nacional.</p><p>Irredutibilidade do Salário</p><p>VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;</p><p>A irredutibilidade salarial garante que o empregado não tenha o seu salário reduzido arbi-</p><p>trariamente pelo empregador durante todo o período do contrato de trabalho. É, portanto,</p><p>uma garantia à estabilidade econômica do trabalhador.</p><p>Proteção aos que Percebem Remuneração Variável</p><p>VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração</p><p>variável;</p><p>Os empregados que recebem salários com valores variáveis, tais como comissões sobre</p><p>vendas etc., nunca devem receber salário inferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal</p><p>estipulado em lei corresponde a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia míni-</p><p>ma aqui estipulada terá como parâmetro o salário mínimo-hora.</p><p>Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina</p><p>VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;</p><p>O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário integral (ou proporcional ao perío-</p><p>do trabalhado, se for o caso) por ocasião das comemorações de final de ano a todos os traba-</p><p>lhadores, aposentados e pensionistas do INSS.</p><p>Remuneração Superior por Trabalho Noturno</p><p>IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;</p><p>Por questões biológicas, sabe-se que o desempenho do corpo humano para atividades</p><p>laborais pode ser reduzido no período noturno, bem como que a redução do sono regular</p><p>pode comprometer a saúde. Assim, é garantida, ao trabalhador, a remuneração do trabalho</p><p>noturno superior à do diurno.</p><p>Para tais fins, considera-se trabalho noturno:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>65</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z o desempenhado entre as 22h de um dia até as 5h do dia seguinte para trabalhadores</p><p>urbanos;</p><p>z o desempenhado entre as 21h de um dia até as 5h do dia seguinte, para os trabalhadores</p><p>rurais, das atividades de plantio e colheita;</p><p>z o desempenhado entre as 20h de um dia até as 4h do dia seguinte, para os trabalhadores</p><p>rurais da atividade pecuária.</p><p>Nos termos da CLT, o adicional noturno corresponde a 20% a mais sobre a hora diurna</p><p>trabalhada para os trabalhadores urbanos e 25% para os trabalhadores rurais.</p><p>Proteção do Salário Contra Retenção Dolosa</p><p>X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;</p><p>É vedada a retenção salarial dolosa. Assim, só são permitidos descontos salariais autoriza-</p><p>dos em lei.</p><p>Participação nos Lucros</p><p>XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmen-</p><p>te, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;</p><p>A participação nos lucros e resultados da empresa corresponde a uma recompensa pelo</p><p>reconhecimento do bom desempenho e produtividade paga a todos os funcionários de deter-</p><p>minada empresa sobre o lucro excedente de determinado período de suas atividades.</p><p>Salário-Família</p><p>XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos</p><p>da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).</p><p>O salário-família é um benefício da previdência social correspondente ao valor pago</p><p>ao empregado de baixa renda que receba salário no valor de até R$ 1.425,56, inclusive ao</p><p>doméstico e ao trabalhador avulso, e que possua filhos menores de 14 anos de idade ou com</p><p>deficiência, sem limite de idade.</p><p>Jornada de Trabalho</p><p>XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro sema-</p><p>nais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou con-</p><p>venção coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).</p><p>A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de trabalho não superior a oito</p><p>horas diárias ou 44 horas semanais, facultada a compensação e a redução.</p><p>66</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Jornada Especial para Turnos Ininterruptos de Revezamento</p><p>XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,</p><p>salvo negociação coletiva;</p><p>Caracteriza-se trabalho em turno ininterrupto de revezamento aquele prestado por traba-</p><p>lhadores que se revezam nos postos de trabalho nos horários diurno e noturno.</p><p>Esse tipo de jornada trabalhista é bastante comum em empresas que funcionam em tempo</p><p>integral, sem pausas. A jornada do trabalhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas</p><p>diárias.</p><p>Repouso (ou Descanso) Semanal Remunerado (DSR)</p><p>XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;</p><p>O descanso ou repouso semanal remunerado corresponde a um dia de folga semanal remu-</p><p>nerado ao trabalhador. Deve ser concedido preferencialmente aos domingos, dado seu objetivo</p><p>social e de lazer e recreação, mas nada impede que seja gozado nos outros dias da semana.</p><p>No caso de empresas que funcionem aos domingos e feriados, devem ser adotadas regras de</p><p>escala para seus funcionários, de forma que o trabalhador tenha ao menos um domingo livre</p><p>no mês como descanso semanal remunerado e usufrua os demais em outro dia da semana.</p><p>Pagamentos de Horas Extras</p><p>XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à</p><p>do normal; (Vide Del 5.452, § 1º, art. 59).</p><p>O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remuneração superior em, no mínimo,</p><p>50% das horas trabalhadas, além da jornada diária — lembrando que a legislação trabalhista</p><p>permite o excedente em apenas duas horas extraordinárias diárias, totalizando 10 horas diá-</p><p>rias trabalhadas, salvo condições excepcionais.</p><p>É lícita também a compensação de jornada (banco de horas), quando, ao invés de receber</p><p>o acréscimo salarial que lhe é devido, o trabalhador passa a ter direito</p><p>a usufruir a compen-</p><p>sação das horas excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o cumpri-</p><p>mento de alguns requisitos legais pela empregadora.</p><p>Férias Remuneradas</p><p>XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário</p><p>normal;</p><p>Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo trabalhador passa a ter direi-</p><p>to a um período de até 30 dias para descanso e lazer, com percebimento de salário integral,</p><p>acrescido de 1/3 constitucional. As férias são concedidas a critério do empregador que, após</p><p>o término do período aquisitivo, tem até um ano para concedê-las (período concessivo).</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>67</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Licença à Gestante</p><p>XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e</p><p>vinte dias;</p><p>Também chamada de licença-maternidade, corresponde ao período em que a mulher está</p><p>prestes a ter um filho, acabou de ganhar um bebê ou adotou uma criança.</p><p>Nesse contexto, a mulher tem direito a permanecer afastada do seu trabalho e receber o</p><p>salário-maternidade, benefício previdenciário pago à pessoa nessas condições.</p><p>Em regra, a licença-maternidade é de 120 dias, podendo ser ampliado para 180 dias, nos</p><p>casos em que a empregadora for aderente ao Programa Empresa Cidadã, instituído pela Lei</p><p>nº 11.770, de 2008, e regulamentado pelo Decreto nº 7.052, de 2009.</p><p>Licença-Paternidade</p><p>XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;</p><p>A licença-paternidade tem o período de cinco dias; inicia-se no primeiro dia útil após o</p><p>nascimento da criança, em que o pai tem direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem</p><p>prejuízo de seu salário. Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no programa Empresa</p><p>Cidadã, o prazo poderá ser estendido por mais 15 dias, totalizando 20 dias.</p><p>Proteção da Mulher no Mercado de Trabalho</p><p>XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos</p><p>da lei;</p><p>Com vias a garantir a isonomia de condições laborais, a proteção ao trabalho da mulher</p><p>é questão de ordem pública. Assim, são vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a</p><p>natureza da atividade, pública ou notoriamente, assim exigir.</p><p>Ademais, são vedadas as diferenciações em razão do gênero para fins de remuneração,</p><p>formação profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez e a proibição de</p><p>revistas íntimas ou de práticas que venham a ferir a dignidade feminina são alguns dos</p><p>exemplos de medidas de proteção do mercado de trabalho da mulher.</p><p>Aviso Prévio</p><p>XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter-</p><p>mos da lei;</p><p>Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunicação da rescisão do contrato</p><p>de trabalho por uma das partes, empregador ou empregado, com a antecedência mínima de</p><p>30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indenizado quando concedido por qualquer</p><p>uma das partes.</p><p>68</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Redução dos Riscos do Trabalho</p><p>XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e</p><p>segurança;</p><p>É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às atividades desempenhadas por</p><p>seus colaboradores, através do cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saú-</p><p>de, higiene e segurança, bem como do fornecimento de equipamentos de proteção individual</p><p>e da exigência da execução de todas as normas da empresa por seus funcionários, sob pena</p><p>de justa causa.</p><p>Adicional por Atividades Penosas, Insalubres ou Perigosas</p><p>XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na</p><p>forma da lei;</p><p>O trabalho penoso é aquele considerado extremamente desgastante para a pessoa huma-</p><p>na, pois o trabalhador despende um esforço além do normal para o desempenho de suas</p><p>atividades, as quais, por sua própria natureza ou em razão de fatores ambientais, provocam</p><p>acentuado desgaste, com sobrecarga física e psíquica para o trabalhador. São exemplos de</p><p>atividades penosas:</p><p>z cortar cana;</p><p>z colher café;</p><p>z carregar e descarregar objetos;</p><p>z esforços repetitivos etc.</p><p>Apesar de sua previsão na Constituição Federal, a percepção de um adicional pelo traba-</p><p>lho penoso não está regulamentada e quase não ocorre na prática laboral, podendo ser reco-</p><p>nhecida em caso de demanda judicial.</p><p>O trabalho insalubre, por sua vez, define-se como aquele no qual o empregado, no exer-</p><p>cício de suas atividades, expõe-se a qualquer agente físico, químico ou biológico nocivo à</p><p>saúde, e que, com o passar do tempo, pode ocasionar uma doença ocupacional.</p><p>O adicional de insalubridade pode variar entre:</p><p>z 10% em grau mínimo;</p><p>z 20% em grau médio;</p><p>z 40% em grau máximo de exposição, calculado sobre o salário mínimo, nos termos da lei.</p><p>São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profissionais da saúde, radiologis-</p><p>tas, mineradores, entre outros.</p><p>Por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante risco à integridade física do</p><p>trabalhador. São exemplos as atividades profissionais com:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>69</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z inflamáveis;</p><p>z explosivos;</p><p>z energia elétrica;</p><p>z segurança pessoal ou patrimonial com o uso de motocicleta, entre outros.</p><p>O adicional de periculosidade é correspondente a 30% do salário-base.</p><p>Atenção! A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais não são cumulativos.</p><p>Em síntese, na insalubridade, a saúde do trabalhador é constantemente afetada por agen-</p><p>tes físicos, químicos ou biológicos.</p><p>Na periculosidade, por sua vez, o risco à vida é acentuado em virtude da exposição per-</p><p>manente do trabalhador a situações de perigo.</p><p>Em alguns casos, a insalubridade e a periculosidade podem ser eliminadas ou parcialmen-</p><p>te afastadas pelo uso de equipamentos de proteção adequados.</p><p>Aposentadoria</p><p>XXIV - aposentadoria;</p><p>Mais do que o sonho da maioria dos brasileiros, a aposentadoria é um benefício garantido</p><p>constitucionalmente e concedido pela previdência social ao trabalhador segurado da previ-</p><p>dência que preencher os requisitos legais para sua concessão.</p><p>De forma breve, a aposentadoria consiste na prestação pecuniária recebida mensalmente</p><p>pelo aposentado, calculada conforme suas contribuições à previdência ao longo de toda a sua</p><p>vida laboral.</p><p>Assistência aos Filhos Pequenos</p><p>XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de</p><p>idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).</p><p>A Constituição Federal, com vistas à proteção do trabalho dos genitores de filhos e depen-</p><p>dentes pequenos, garante assistência gratuita para o cuidado com os últimos. Entretanto, tal</p><p>dispositivo ainda depende de regulamentação para o seu pleno exercício.</p><p>Reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho</p><p>XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;</p><p>Por esse inciso, a Constituição Federal reconheceu as convenções e acordos coletivos feitos</p><p>conforme o texto constitucional como instrumentos com força de lei entre as partes.</p><p>A reforma trabalhista reforçou a regra do “negociado sobre o legislado”, isto é, a concep-</p><p>ção de que a negociação pode estar acima da lei em determinadas situações.</p><p>70</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Proteção em Face da Automação</p><p>XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;</p><p>A proteção em face da automação consiste na salvaguarda da classe trabalhadora do</p><p>desemprego pela automação abusiva, bem como da garantia efetiva à saúde e à segurança</p><p>no meio ambiente de trabalho automatizado.</p><p>Seguro Contra Acidentes de Trabalho</p><p>XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indeniza-</p><p>ção a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;</p><p>O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao empregado, às expensas</p><p>do empre-</p><p>gador, que assume os riscos da atividade laboral mediante pagamento de um adicional sobre</p><p>folha de salários de seus empregados, com administração atribuída à previdência social.</p><p>Tal seguro tem função de seguridade por ser destinado a beneficiários atingidos por doen-</p><p>ça ou acidente que estejam associados ao sistema previdenciário. O seguro contra acidentes</p><p>de trabalho está regulamentado pela Lei nº 8.212, de 1991.</p><p>Ação Trabalhista nos Prazos Prescricionais</p><p>XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional</p><p>de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção</p><p>do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000).</p><p>A todo trabalhador é garantido o direito de propor reclamatória (ou reclamação) trabalhis-</p><p>ta dentro dos prazos processuais legais para reaver os créditos resultantes da relação laboral.</p><p>Atenção! O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de dois anos, a partir da</p><p>rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo para que o trabalhador possa ingressar com</p><p>a ação trabalhista.</p><p>O prazo prescricional de cinco anos, previsto no mesmo inciso da constituição, refere-se</p><p>ao período cujos direitos podem ser questionados, ou seja, o funcionário pode reclamar ape-</p><p>nas dos direitos correspondentes aos últimos cinco anos trabalhados.</p><p>Não Discriminação</p><p>XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por</p><p>motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;</p><p>XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do</p><p>trabalhador portador de deficiência;</p><p>Proibição de Distinção do Trabalho</p><p>XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profis-</p><p>sionais respectivos;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>71</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Trabalho do Menor</p><p>XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-</p><p>quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quator-</p><p>ze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).</p><p>Com vias a combater a exploração infantil e promover o acesso à educação, é vedado o</p><p>exercício de atividade laboral ao menor de 14 anos.</p><p>DE 14 A 16 ANOS Só pode trabalhar na condição de aprendiz</p><p>DE 16 A 18 ANOS É vedado o exercício de trabalho noturno, perigoso ou insalubre</p><p>A PARTIR DE 18 ANOS Trabalho normal</p><p>Igualdade ao Trabalhador Avulso</p><p>XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o</p><p>trabalhador avulso.</p><p>Pela não discriminação, proibição de distinção do trabalho e igualdade ao trabalhador</p><p>avulso, são vedadas quaisquer discriminações arbitrárias entre trabalhadores por motivo</p><p>de sexo, idade, cor ou estado civil, bem como entre o exercício de trabalho manual, técnico e</p><p>intelectual, avulso ou permanente, consubstanciado na isonomia de todos os trabalhadores</p><p>urbanos e rurais.</p><p>Empregados Domésticos</p><p>Art. 7º (CF) [...]</p><p>XXXIV - [...]</p><p>Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos pre-</p><p>vistos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,</p><p>XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do</p><p>cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de</p><p>trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem</p><p>como a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72,</p><p>de 2013).</p><p>O trabalho doméstico, predominantemente realizado por mulheres, é uma das ocupações</p><p>mais antigas do mundo. Além disso, a diferenciação entre o trabalhador doméstico e os</p><p>demais tem raízes na cultura escravocrata.</p><p>No caso do Brasil, considerando uma série de problemáticas históricas profundamente</p><p>enraizadas em nossa sociedade, mesmo com a promulgação da Constituição Cidadã, em 1988,</p><p>e com a consequente criação de uma série de direitos para a classe trabalhista, havia, ainda,</p><p>uma imensa lacuna entre os direitos dos domésticos e dos demais trabalhadores.</p><p>72</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>À vista disso, foi a Emenda Constitucional nº 72, de 2013, que, mesmo fruto de calorosas</p><p>discussões no Congresso Nacional, buscou igualar os direitos dos trabalhadores domésticos</p><p>aos dos demais trabalhadores, diminuindo, então, a lacuna entre ambos.</p><p>Além desta, a Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015, apresentou uma proposta</p><p>de igualação jurídica, positivando direitos e garantias dos domésticos que, até então, depen-</p><p>diam de regulamentação.</p><p>Tais mudanças apresentaram grandes reflexos sociais à classe trabalhadora. O reconheci-</p><p>mento e equiparação desses direitos foi uma grande conquista legislativa, pautada na igual-</p><p>dade e dignidade da pessoa humana.</p><p>Assim, após a EC nº 72, de 2013, e a LC nº 150, de 2015, restaram assegurados e devidamen-</p><p>te regulamentados aos domésticos os seguintes direitos:</p><p>z salário mínimo;</p><p>z irredutibilidade do salário;</p><p>z garantia de salário nunca inferior ao mínimo;</p><p>z décimo terceiro salário com base na remuneração integral;</p><p>z proteção do salário na forma da lei;</p><p>z duração normal do trabalho, não superior a oito horas diárias e 44 horas semanais;</p><p>z repouso semanal remunerado;</p><p>z horas extras;</p><p>z férias anuais remuneradas acrescidas de 1/3;</p><p>z licenças maternidade e paternidade;</p><p>z aviso prévio proporcional ao tempo de serviço;</p><p>z redução dos riscos inerentes ao trabalho;</p><p>z aposentadoria;</p><p>z reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;</p><p>z proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por</p><p>motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;</p><p>z proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do traba-</p><p>lhador com deficiência;</p><p>z proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos e de qual-</p><p>quer trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos.</p><p>Direitos Sociais Coletivos dos Trabalhadores</p><p>Os direitos coletivos dos trabalhadores “são aqueles exercidos por estes, coletivamente</p><p>ou no interesse de uma coletividade” (Lenza, 2019, p. 2.038) e compreendem:</p><p>z Liberdade de associação profissional sindical: prerrogativa dos trabalhadores para</p><p>defesa de seus interesses profissionais e econômicos;</p><p>z Direito de greve: direito de abstenção coletiva e simultânea do trabalho, de modo organi-</p><p>zado para defesa de interesses dos trabalhadores;</p><p>Atenção! Serviços considerados essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser</p><p>totalmente paralisados para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) entende</p><p>que servidores que atuam diretamente na área de segurança pública não podem entrar</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>73</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>em greve em nenhuma hipótese, pois desempenham atividade essencial à manutenção da</p><p>ordem e a conservação da segurança e da paz social deve estar acima dos interesses de deter-</p><p>minadas categorias de servidores públicos.</p><p>z Direito de participação laboral: assegura a participação dos trabalhadores e empregado-</p><p>res nos colegiados dos órgãos públicos em que interesses profissionais ou previdenciários</p><p>sejam objeto de discussão;</p><p>z Direito de representação na empresa: nos termos do art. 11, da CF, de 1988, vejamos:</p><p>Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:</p><p>I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-</p><p>tro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização</p><p>sindical;</p><p>II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de</p><p>categoria profissional ou econômica, na</p><p>mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-</p><p>dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;</p><p>III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclu-</p><p>sive em questões judiciais ou administrativas;</p><p>IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será</p><p>descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,</p><p>independentemente da contribuição prevista em lei;</p><p>V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;</p><p>VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;</p><p>VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;</p><p>VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo</p><p>de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do</p><p>mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.</p><p>Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de</p><p>colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.</p><p>Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunida-</p><p>de de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.</p><p>§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessi-</p><p>dades inadiáveis da comunidade.</p><p>§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.</p><p>Art. 10 É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos</p><p>públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e</p><p>deliberação.</p><p>Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante</p><p>destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.</p><p>As garantias deste último grupo de direitos sociais estão divididas em: direito de associa-</p><p>ção sindical, direito de greve e direito de representação.</p><p>O direito de associação sindical tem relação com o princípio da liberdade de associação. O</p><p>direito de greve, citado no art. 9º, não é o mesmo direito de greve assegurado ao servidor públi-</p><p>co no art. 37, da CF, ou seja, a greve mencionada no art. 9º é autoaplicável (norma de eficácia</p><p>contida) — não precisa de lei para regulamentar o direito de greve. Já sobre o direito de repre-</p><p>sentação, fique atento com os números também, como, por exemplo, no art. 11, da CF.</p><p>74</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>DIREITOS DE NACIONALIDADE</p><p>A nacionalidade é a condição de sujeito que, por ser natural do Estado, pode participar dos</p><p>atos pertinentes à nação.</p><p>A atribuição da nacionalidade dá-se por dois critérios:</p><p>z Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território nacional;</p><p>z Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo nascido no exterior.</p><p>O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, entretanto, mitigado por critérios do jus</p><p>sanguinis. O art. 12, da Constituição Federal, elenca os direitos da nacionalidade dividindo os</p><p>brasileiros em dois grandes grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. Vejamos.</p><p>Art. 12 São brasileiros:</p><p>I - natos:</p><p>a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que</p><p>estes não estejam a serviço de seu país;</p><p>b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles</p><p>esteja a serviço da República Federativa do Brasil;</p><p>c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam regis-</p><p>trados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do</p><p>Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra-</p><p>sileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007).</p><p>II - naturalizados:</p><p>a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de</p><p>países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;</p><p>b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há</p><p>mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionali-</p><p>dade brasileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).</p><p>Dica: filho de brasileiro (ainda que naturalizado) nascido no exterior e que venha a optar</p><p>pela nacionalidade brasileira será brasileiro nato, pois a legislação não diferencia brasileiros</p><p>natos de naturalizados, e, assim, não os especifica, nos termos da alínea “c”, inciso I, art. 12,</p><p>da CF.</p><p>Conforme prevê o inciso I, art. 12, da CF, é considerado brasileiro nato o nascido no Brasil,</p><p>ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.</p><p>Atenção! No que diz respeito à necessidade de ambos os genitores estrangeiros estarem</p><p>a serviço do país, entende-se que deve haver a verificação do fato de o deslocamento desse</p><p>Estado (país) ao Brasil ter ocorrido em virtude de interesse do seu país, ainda que um deles</p><p>não exerça função governamental, por exemplo:</p><p>z pais argentinos, a serviço da Argentina — neste caso, o filho nascido no Brasil não será</p><p>brasileiro nato13;</p><p>z pais argentinos, a serviço do Uruguai — neste caso, o filho nascido no Brasil será brasileiro</p><p>nato, pois os pais não estão a serviço de seu país (no exemplo, Argentina).</p><p>13 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>75</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer um deles esteja a</p><p>serviço do Brasil; neste caso, o termo a “serviço da República Federativa do Brasil” engloba “a</p><p>serviço da Administração direta e indireta da União, estados, Distrito Federal e municípios”.</p><p>Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados</p><p>em repartição brasileira competente (embaixada ou consulado) ou venham a residir no</p><p>Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.</p><p>Atenção! O filho poderá optar pela nacionalidade brasileira observando três requisitos</p><p>cumulativos:</p><p>z idade mínima: 18 anos;</p><p>z residência no Brasil;</p><p>z obedecendo aos dois requisitos acima, deve-se optar a qualquer tempo pela nacionalidade</p><p>brasileira.</p><p>Cargos Privativos do Brasileiro Nato</p><p>Nos termos do § 3º, art. 12, da Constituição Federal, de 1988, são privativos de brasileiro</p><p>nato os cargos:</p><p>§ 3º [...]</p><p>I - de Presidente e Vice-Presidente da República;</p><p>II - de Presidente da Câmara dos Deputados;</p><p>III - de Presidente do Senado Federal;</p><p>IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;</p><p>V - da carreira diplomática;</p><p>VI - de oficial das Forças Armadas;</p><p>VII - de Ministro de Estado da Defesa.</p><p>Naturalização</p><p>A naturalização é um meio de aquisição da nacionalidade derivado. Com outras palavras,</p><p>trata-se de uma forma de aquisição secundária da nacionalidade brasileira permitida ao</p><p>estrangeiro ou apátrida14 que preencher os requisitos necessários.</p><p>A Lei nº 13.445, de 2017, que institui a Lei de Migração, trata de diversas questões acerca</p><p>da nacionalidade e do processo de naturalização.</p><p>Por fim, é vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros natos e naturalizados.</p><p>Nos termos da lei:</p><p>§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos</p><p>casos previstos nesta Constituição.</p><p>14 Também chamado de heimatlos, o apátrida configura-se como o indivíduo que, por múltiplos motivos, não</p><p>possui nenhuma nacionalidade. O polipátrida, por sua vez, define-se como o sujeito que possui mais de uma</p><p>nacionalidade.</p><p>76</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Portugueses</p><p>Aos portugueses com residência permanente no país serão atribuídos os mesmos direitos</p><p>dos brasileiros, desde que haja reciprocidade. Vejamos.</p><p>Art. 12 […]</p><p>§</p><p>1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de</p><p>brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta</p><p>Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).</p><p>Importante!</p><p>O Supremo Tribunal Federal entende que a naturalização extraordinária é ato declaratório</p><p>do Brasil. Estrangeiro que provar os requisitos necessários, ou seja, possuir 15 anos de</p><p>residência ininterrupta e ausência de condenação penal, tem o direito subjetivo15 à natura-</p><p>lização. Negado este pedido, caberá mandado de segurança.</p><p>Importante mencionar também a leitura do Estatuto do Estrangeiro, a Lei nº 6.815, de</p><p>1980.</p><p>Perda da Nacionalidade</p><p>Art. 12 […]</p><p>§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:</p><p>I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de fraude relacionada</p><p>ao processo de naturalização ou de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Demo-</p><p>crático; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)</p><p>II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade brasileira perante autoridade brasilei-</p><p>ra competente, ressalvadas situações que acarretem apatridia. (Redação dada pela Emenda</p><p>Constitucional nº 131, de 2023)</p><p>a) revogada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)</p><p>b) revogada. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)</p><p>§ 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do inciso II do § 4º deste artigo, não impede o</p><p>interessado de readquirir sua nacionalidade brasileira originária, nos termos da lei. (Incluído</p><p>pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)</p><p>Temos, no § 4º, uma alteração recente trazida pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023,</p><p>que extinguiu a perda da nacionalidade brasileira para aqueles que adquirem outra cidada-</p><p>nia, o que até então era possível acontecer.</p><p>Com o escopo de garantir uma maior isonomia, de acordo com a Emenda Constitucional</p><p>nº 131, de 2023, o cidadão só perderá a sua nacionalidade brasileira caso seja pedido expres-</p><p>samente por escrito, ou seja, tenha o cidadão manifestado sua vontade de forma expressa em</p><p>não mais possuir a nacionalidade brasileira.</p><p>15 O direito subjetivo refere-se aos direitos que são efetivamente garantidos ao indivíduo pela lei.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>77</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Além disso, o outro caso de possível extinção da nacionalidade brasileira será nos casos de</p><p>pedido judicial, julgando que tal processo de naturalização é uma fraude ou poderá ser capaz</p><p>de atentar contra a ordem constitucional e ao Estado Democrático de Direito.</p><p>Por fim, o § 5º prevê a possibilidade do cidadão que perdeu sua nacionalidade requerê-la,</p><p>desde que sejam observados os requisitos legais a serem impostos diante da situação.</p><p>Extradição, Repatriação, Deportação e Expulsão</p><p>Extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas, instrumentos do Estado sobe-</p><p>rano, para enviar uma pessoa que se encontra refugiada em seu território a outro Estado</p><p>estrangeiro.</p><p>Importante frisar que o brasileiro nato não pode ser extraditado. Se for o caso, deve ser</p><p>entregue ao TPI; podem ser entregues a este tribunal os brasileiros natos, naturalizados e</p><p>estrangeiros.</p><p>Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, em seu art. 102, Decreto-Lei nº</p><p>4.388, de 2002, define a diferença entre a entrega e a extradição. Vejamos:</p><p>z por “entrega” entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado ao tribunal nos termos</p><p>do estatuto;</p><p>z por “extradição” entende-se a entrega de uma pessoa por um Estado a outro Estado, con-</p><p>forme previsto em um tratado, em uma convenção ou no direito interno.</p><p>Extradição</p><p>Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país) de pessoa acusada de delito ou já con-</p><p>denada. Note que, conforme a Súmula nº 421, do STF, não há impedimento à extradição no</p><p>fato de o extraditado ser casado com brasileiro ou ter filho brasileiro.</p><p>Conforme prevê o inciso XV, art. 22, da CF, compete à União legislar sobre extradição.</p><p>A Constituição brasileira também dispõe, no inciso LI, do art. 5º, que</p><p>Art. 5º […]</p><p>LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, pra-</p><p>ticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-</p><p>centes e drogas afins, na forma da lei;</p><p>Além disso, no inciso LII: “não será concedida extradição de estrangeiro por crime político</p><p>ou de opinião”.</p><p>Ainda, o inciso I-g, art. 102, da CF, dispõe que o Supremo Tribunal Federal será o responsá-</p><p>vel por processar e julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.</p><p>De forma específica, pode-se dizer que a extradição é:</p><p>[...] um ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou</p><p>condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. (Governo Federal, 2023)</p><p>78</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Atenção! Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não será concedida extradi-</p><p>ção de estrangeiro por crime político ou de opinião.</p><p>A deportação, por sua vez:</p><p>[...] será aplicada nas hipóteses de entrada ou estada irregular de estrangeiros no territó-</p><p>rio nacional. É de competência do Departamento de Polícia Federal e consiste na retirada do</p><p>estrangeiro que desatender à notificação prévia de deixar o País.</p><p>O art. 50, da Lei nº 13.455, de 2017 (Lei de Migração), aduz que a deportação é medida</p><p>decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa</p><p>que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.</p><p>A repatriação, por último:</p><p>Ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território nacional pela fiscalização</p><p>fronteiriça e aeroportuária brasileira. A repatriação ocorre a expensas da transportadora ou</p><p>da pessoa responsável pelo transporte do estrangeiro para o Brasil. É repatriado o estrangeiro</p><p>indocumentado ou que não possui visto para ingressar no País ou aquele que apresenta visto</p><p>divergente da finalidade para a qual veio ao Brasil.</p><p>O art. 49, da Lei nº 13.455, de 2017 (Lei de Migração), diz que a repatriação consiste em</p><p>medida administrativa de devolução de pessoa em situação de impedimento ao país de pro-</p><p>cedência ou de nacionalidade.</p><p>Atenção! A diferença essencial entre as duas medidas de retirada compulsória do estran-</p><p>geiro, deportação e repatriação, dá-se com relação ao momento em que ocorrem.</p><p>A repatriação ocorre no momento da chegada do estrangeiro que, impedido de ingressar</p><p>em território nacional, deve retornar ao país de origem ou nacionalidade. Na deportação,</p><p>por sua vez, o estrangeiro já se encontra em território nacional.</p><p>Expulsão</p><p>Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo coativo, por infração ou ato que o torne</p><p>inconveniente à defesa e à conservação da ordem interna do Estado.</p><p>Neste caso, a União é responsável por legislar sobre expulsão, inciso XV, art. 22, da CF.</p><p>Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: diferentemente da extradição, a expulsão não</p><p>será admitida quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde que não esteja divorciado</p><p>ou separado de fato) e o casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos, ou que tenha</p><p>filho brasileiro, desde que este esteja sob sua guarda e dependência econômica.</p><p>A expulsão define-se enquanto medida administrativa de retirada compulsória de migran-</p><p>te ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo</p><p>determinado, este configurado pela prática de crimes em território brasileiro.</p><p>O banimento, entrega de um brasileiro para julgamento no exterior, prática comum na</p><p>época da ditadura militar, é vedado pela Constituição.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>79</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Deportação</p><p>Neste caso, refere-se ao estrangeiro que ingressou ou permaneceu de forma irregular no</p><p>território nacional, ou seja, é a devolução do estrangeiro por entrar no Brasil de</p><p>forma irre-</p><p>gular. Assim, não há deportação de brasileiros no Brasil (inciso XV, art. 5º, da CF).</p><p>Note que a deportação não tem relação com a prática do estrangeiro em território brasilei-</p><p>ro, mas, sim, do não cumprimento dos requisitos legais para sua entrada.</p><p>Além disso, não existe mais o instituto do banimento, que era o envio compulsório de bra-</p><p>sileiros para o exterior. Observe, também, que há vedação constitucional de seu restabeleci-</p><p>mento no inciso XLVII-d, art. 5º, da CF.</p><p>Idioma e Símbolos Nacionais</p><p>Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.</p><p>§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo</p><p>nacionais.</p><p>§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.</p><p>DIREITOS POLÍTICOS</p><p>Os direitos políticos são medidas assecuratórias da participação do indivíduo na vida polí-</p><p>tica e estrutural de seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade de acesso à condução</p><p>da coisa pública e à participação na vida política.</p><p>Assim, estes abrangem o poder que qualquer cidadão tem na condução dos destinos de</p><p>sua coletividade de uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleitos ou elegendo repre-</p><p>sentantes junto aos poderes públicos.</p><p>Cidadania e Nacionalidade</p><p>Atenção! O termo “nacional” difere-se do termo “cidadão”. Logo, “cidadania” é diferente</p><p>de “nacionalidade”.</p><p>A condição de nacional é um pressuposto para a de cidadão. A cidadania, em sentido estri-</p><p>to, é o status de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, poder participar do processo</p><p>governamental, sobretudo pelo voto. Assim, a nacionalidade é condição necessária, mas não</p><p>suficiente, da cidadania.</p><p>Vejamos o que dispõe o art. 14 acerca do exercício da cidadania:</p><p>Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,</p><p>com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:</p><p>I - plebiscito;</p><p>II - referendo;</p><p>III - iniciativa popular</p><p>A seguir, apresentam-se as definições de alguns conceitos muito importantes para as pro-</p><p>vas. Vejamos.</p><p>80</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Sufrágio universal: direito subjetivo, instrumentalizado e exteriorizado por intermédio</p><p>do voto ou pela capacidade de ser votado. Desta maneira, tem-se que o sufrágio é a capaci-</p><p>dade eleitoral ativa somada à capacidade eleitoral passiva;</p><p>z Plebiscito: forma de consulta ao povo acerca de determinado tema de grande relevância.</p><p>Difere-se do referendo quanto ao momento da consulta. Aqui, a consulta dá-se previamen-</p><p>te à expedição de determinado ato legislativo ou administrativo;</p><p>z Referendo: assim como o plebiscito, o referendo é uma consulta, porém é realizado pos-</p><p>teriormente à edição do ato legislativo ou administrativo. Assim, o povo tem o condão de</p><p>aprovar ou desaprovar o ato;</p><p>z Iniciativa popular: direito de uma parcela da população (1% do eleitorado) apresentar, ao</p><p>Poder Legislativo, um projeto de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores tam-</p><p>bém podem usar deste instrumento em nível estadual e municipal. Para que um projeto de</p><p>lei de iniciativa popular possa tramitar no Legislativo, este precisa atender aos seguintes</p><p>requisitos:</p><p>� assinatura de 1% do eleitorado brasileiro;</p><p>� possuir o apoio de pelo menos cinco estados brasileiros, manifestando cada um deles no</p><p>mínimo por 0,3% dos eleitores;</p><p>� ser referente a apenas um assunto, nos termos do art. 13, da Lei nº 9.709, de 1998, que</p><p>regulamenta os instrumentos de democracia semidireta previstos no art. 14, CF.</p><p>Dica</p><p>Muitas pessoas confundem o plebiscito com o referendo. Se este for o seu caso, tenha a</p><p>ordem alfabética como referência — sabendo qual vem antes, você saberá o momento da</p><p>consulta em relação à expedição do ato:</p><p>z Plebiscito: antes;</p><p>z Referendo: depois.</p><p>Direitos Políticos Ativos: Alistamento Eleitoral</p><p>Os direitos políticos ativos consistem na capacidade de votar, participar de plebiscito e</p><p>referendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e propor ação popular. Dá-se atra-</p><p>vés do alistamento eleitoral. Vejamos o que os §§ 1º e 2º, do art. 14, informam acerca da</p><p>temática:</p><p>§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:</p><p>I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;</p><p>II - facultativos para:</p><p>a) os analfabetos;</p><p>b) os maiores de setenta anos;</p><p>c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.</p><p>§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço mili-</p><p>tar obrigatório, os conscritos.</p><p>A tabela a seguir apresenta, de forma clara e concisa, o conteúdo do dispositivo. Observemos:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>81</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>ALISTAMENTO ELEITORAL</p><p>Obrigatório Facultativo Proibido</p><p>z Maiores de</p><p>18 anos</p><p>z Analfabeto</p><p>z Maiores de 70 anos</p><p>z Maiores de 16 e menores de 18 anos</p><p>z Estrangeiros</p><p>z Conscritos durante o serviço</p><p>militar obrigatório</p><p>Direitos Políticos Passivos: Elegibilidade Eleitoral</p><p>Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser votado, ou seja, na elegi-</p><p>bilidade. Além de cumprir os requisitos para ser elegível, o indivíduo deverá observar as</p><p>proibições, ou seja, as hipóteses de inelegibilidade.</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:</p><p>I - a nacionalidade brasileira;</p><p>II - o pleno exercício dos direitos políticos;</p><p>III - o alistamento eleitoral;</p><p>IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;</p><p>V - a filiação partidária;</p><p>VI - a idade mínima de:</p><p>a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;</p><p>b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;</p><p>c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Pre-</p><p>feito e juiz de paz;</p><p>d) dezoito anos para Vereador.</p><p>Para facilitar sua memorização, lembre-se do Disk Constituição — telefone 3530-2118:</p><p>z 35: presidente, vice-presidente e senador;</p><p>z 30: governador, vice-governador;</p><p>z 21: deputado: federal, estadual ou distrital; prefeito, vice-prefeito e juiz de paz;</p><p>z 18: vereador.</p><p>Inelegibilidades</p><p>A Constituição não menciona, exaustivamente, todas as hipóteses de inelegibilidade, ape-</p><p>nas fixa algumas, deixando à lei complementar o desdobramento dos casos.</p><p>Em regra:</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.</p><p>Há, também, a inelegibilidade derivada do casamento ou do parentesco com o presidente</p><p>da República, com os governadores de estado e do Distrito Federal e com os prefeitos, ou com</p><p>quem os substituir dentro dos seis meses anteriores ao pleito.</p><p>82</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguí-</p><p>neos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador</p><p>de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído den-</p><p>tro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à</p><p>reeleição.</p><p>Portanto, tenha em mente que a cônjuge de um prefeito não poderá se candidatar ao car-</p><p>go de vereadora, mas poderá se candidatar ao cargo de deputada estadual, por exemplo. Em</p><p>relação ao tema, observemos o que dispõe Súmula Vinculante nº 18:</p><p>Súmula Vinculante nº 18 A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do</p><p>mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.</p><p>Atenção! Todo inalistável é inelegível, mas nem todo inelegível é inalistável.</p><p>Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Constitucional nº 16 trouxe a</p><p>possibilidade de reeleição para o chefe dos poderes executivos federal, estadual, distrital e</p><p>municipal.</p><p>Ao contrário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a recondução por um</p><p>período, somente, no Brasil, após o período de um mandato, o governante pode voltar a se</p><p>candidatar para o posto.</p><p>Atente-se ao prazo disposto no § 6º, pois ele é extremamente cobrado</p><p>em provas.</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos</p><p>e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para</p><p>um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997).</p><p>§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado</p><p>e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses</p><p>antes do pleito.</p><p>Por sua vez, o militar é elegível se cumpridos alguns requisitos:</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:</p><p>I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;</p><p>II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,</p><p>passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.</p><p>§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessa-</p><p>ção, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato</p><p>considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a</p><p>influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na admi-</p><p>nistração direta ou indireta.</p><p>O mandato eletivo pode ser impugnado:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>83</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias</p><p>contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrup-</p><p>ção ou fraude;</p><p>A fim de uma melhor compreensão do conteúdo, observe o fluxograma a seguir.</p><p>abuso de poder</p><p>econômico</p><p>corrupção</p><p>fraude</p><p>RE</p><p>Q</p><p>UI</p><p>SI</p><p>TO</p><p>S</p><p>PA</p><p>RA</p><p>A</p><p>IM</p><p>PU</p><p>G</p><p>N</p><p>AÇ</p><p>ÃO Prazo de 15 dias da</p><p>diplomação</p><p>Ação instruída com pro-</p><p>vas de:</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o</p><p>autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.</p><p>Tenha em mente que, aqui, temos uma exceção quanto ao princípio da publicidade. Veja</p><p>que as ações de impugnação de mandato correrão em segredo de justiça e, em caso de má-fé</p><p>ou com o intuito temerário, o autor da ação responderá conforme a lei.</p><p>Recentemente, a Emenda Constitucional nº 111, de 2021, incluiu os §§ 12 e 13. Vejamos:</p><p>Art. 14 […]</p><p>§ 12 Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas populares sobre</p><p>questões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até</p><p>90 (noventa) dias antes da data das eleições, observados os limites operacionais relativos ao</p><p>número de quesitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)</p><p>§ 13 As manifestações favoráveis e contrárias às questões submetidas às consultas populares</p><p>nos termos do § 12 ocorrerão durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propa-</p><p>ganda gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)</p><p>Perda e Suspensão dos Direitos Políticos</p><p>A perda e a suspensão dos direitos políticos dão-se, respectivamente, de forma definitiva</p><p>e temporária.</p><p>Ocorrerá a perda quando:</p><p>z houver cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;</p><p>z no caso de recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (é o caso</p><p>do serviço militar obrigatório).</p><p>Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos dá-se enquanto persistirem os motivos des-</p><p>ta, ou seja, enquanto não for retomada sua capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos</p><p>políticos suspensos. Readquirindo-a, alcançará novamente o status de cidadão.</p><p>84</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente (com sentença transi-</p><p>tada em julgado). Cumprida a pena, readquirem-se os direitos políticos. No caso de improbi-</p><p>dade administrativa, a suspensão será da mesma forma (temporária).</p><p>Importante!</p><p>z Perda dos direitos políticos: definitiva;</p><p>z Suspensão dos direitos políticos: temporária;</p><p>z Cassação de direitos políticos: vedada.</p><p>Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos</p><p>casos de:</p><p>I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;</p><p>II - incapacidade civil absoluta;</p><p>III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;</p><p>IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art.</p><p>5º, VIII;</p><p>V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º</p><p>Cancelamento da naturalização por</p><p>sentença transitada em julgado</p><p>Recusa de cumprir obrigação a</p><p>todos imposta ou prestação</p><p>Incapacidade civil absoluta</p><p>Condenação criminal transitada em</p><p>julgado</p><p>Improbidade administrativa</p><p>DIREITOS</p><p>POLÍTICOS</p><p>Perda</p><p>Suspensão</p><p>Ademais, vejamos o que dispõe o art. 16, bastante discutido quando da propositura do pro-</p><p>jeto de lei que dispunha sobre o voto impresso. A discussão girava em torno da aplicação ou</p><p>não das disposições em caso de aprovação. Caso fosse aprovado antes de um ano das eleições,</p><p>seriam aplicadas às eleições de 2022; do contrário, não poderiam ser utilizadas, mesmo que</p><p>aprovado.</p><p>Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não</p><p>se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.</p><p>PARTIDOS POLÍTICOS</p><p>Os partidos políticos encontram-se disciplinados no Título II, da Constituição Federal, de</p><p>1988, que trata sobre os direitos e garantias fundamentais.</p><p>Entende-se por “partido político” a pessoa jurídica de direito privado que objetiva asse-</p><p>gurar e defender os direitos de uma determinada parcela da população. Em síntese, portan-</p><p>to, o partido político é formado por um grupo de pessoas unidas em prol de idealizações</p><p>políticas e sociais comuns.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>85</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Vejamos o que estabelece a CF, de 1988:</p><p>Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguar-</p><p>dados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos</p><p>fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:</p><p>I - caráter nacional;</p><p>II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangei-</p><p>ros ou de subordinação a estes;</p><p>III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;</p><p>IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.</p><p>O art. 17 correlaciona a importância dos partidos políticos à soberania nacional, ou seja,</p><p>ao poder do Estado, visto como uma unidade de decisão em um território, de estabelecer o</p><p>que é de sua competência e o que não lhe cabe decidir.</p><p>Atenção! A soberania pode ser concebida sob duas óticas: a soberania interna repre-</p><p>senta o poder do Estado em relação às pessoas e coisas em seu interior (isto é, ao direito de</p><p>impor suas regras dentro do seu território). A soberania externa, por sua vez, representa</p><p>a igualdade jurídica conferida aos Estados (todos os países são juridicamente iguais e pos-</p><p>suem direitos e obrigações).</p><p>O art. 17 também discute a respeito do regime democrático. Brevemente, a título de com-</p><p>preensão do conteúdo, é importante sabermos que a democracia se define enquanto uma</p><p>ideologia política que enxerga, no povo, a única fonte de legitimidade do poder. Isso signi-</p><p>fica que, de acordo com o pensamento democrático, o poder emana da população.</p><p>O regime democrático pode ser exercido de três formas, observemos:</p><p>z De forma direta: pelo próprio povo;</p><p>z De forma indireta: pelos representantes do povo;</p><p>z De forma semidireta ou participativa: pela combinação dos dois critérios.</p><p>O regime democrático brasileiro possui traços da democracia indireta e da direta. O voto</p><p>(universal, direto e secreto, com igual valor e realizado na localidade do domicílio eleitoral),</p><p>por exemplo, é uma característica do regime democrático indireto, pois o povo, a partir de</p><p>seu poder de sufrágio, escolhe</p><p>chefes legislativos e executivos em âmbito municipal, estadual</p><p>e federal.</p><p>A democracia direta, por sua vez, encontra-se, no território brasileiro, nos plebiscitos,</p><p>referendos e iniciativas populares (I, II e III, art. 14, da CF, de 1988), bem como em iniciati-</p><p>vas compartilhadas (XXXVIII e LXXIII, art. 5º; XII e XIII, art. 29; § 3º, art. 37; § 2º, art. 74; art.</p><p>187; VII, parágrafo único, art. 194; II, art. 204; VI, art. 206 e art. 224, da CF, de 1988).</p><p>Importante! A diferença entre o plebiscito e o referendo encontra-se no fato de que,</p><p>no plebiscito, a população é chamada para se manifestar antes de o Estado elaborar a lei.</p><p>Exemplo: no plebiscito de 1993, a população escolheu entre monarquia e república e entre</p><p>parlamentarismo e presidencialismo.</p><p>Por outro lado, no referendo, o Estado faz a legislação e depois a submete à população.</p><p>Exemplo: Estatuto do Desarmamento.</p><p>No fluxograma abaixo, encontram-se as principais características do regime democrático.</p><p>Vamos observá-las?</p><p>86</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>DE</p><p>M</p><p>O</p><p>CR</p><p>AC</p><p>IA</p><p>Indireta</p><p>Voto</p><p>Iniciativa popular</p><p>Referendo</p><p>Plebiscito</p><p>Periódico</p><p>Universal</p><p>Secreto</p><p>Direto</p><p>Direta</p><p>Outra característica importante da democracia da República Federativa do Brasil (V, art. 1º,</p><p>da Constituição Federal, de 1988) é o pluripartidarismo: para assegurar o regime democrá-</p><p>tico e a representatividade na defesa dos direitos fundamentais, devem coexistir diferentes</p><p>entidades formadas pela livre associação de pessoas com ideologias comuns. A coexistência</p><p>pacífica de diferentes pensamentos e posicionamentos ideológicos garante, dentre outros, a</p><p>defesa e efetivação dos direitos fundamentais.</p><p>Nesse ponto, é importante mencionar que o caput, do art. 17, trata da liberdade na cria-</p><p>ção, fusão, incorporação e extinção dos partidos, ou seja, o partido é livre para definir</p><p>sua criação, fusão, incorporação e extinção. No entanto, para tal, alguns preceitos devem ser</p><p>observados, vejamos:</p><p>z o caráter nacional do partido político (não é possível a existência de partidos regionais ou</p><p>locais);</p><p>z a proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros</p><p>ou de subordinação a estes (o partido político trata de interesse nacional, de modo que não</p><p>pode possuir qualquer vínculo com outro Estado);</p><p>z a prestação de contas à Justiça Eleitoral (que traça suas regras);</p><p>z o funcionamento parlamentar de acordo com a lei.</p><p>Dica</p><p>A lei que disciplina os partidos políticos é a Lei nº 9.096, de 1995.</p><p>Observa-se, entretanto, que, embora a CF, de 1988, tenha assegurado a livre criação, fusão</p><p>e incorporação de partidos políticos, esta não é absoluta, visto que se encontra condicionada</p><p>aos princípios do sistema democrático-representativo e do pluripartidarismo. Como conse-</p><p>quência, são consideradas constitucionais as normas que fortalecem o controle quantitativo</p><p>e qualitativo dos partidos, desde que não haja afronta ao princípio da igualdade ou que não</p><p>causem qualquer ingerência em seu funcionamento interno.</p><p>Nos termos da lei:</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e</p><p>estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e</p><p>provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-</p><p>lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração</p><p>nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>87</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabele-</p><p>cer normas de disciplina e fidelidade partidária.</p><p>Se o caput, do art. 17, assegura a liberdade para criação dos partidos políticos, o parágrafo</p><p>1º traz a cláusula de barreira, também chamada de cláusula de desempenho, que se refere</p><p>à necessidade de desempenho mínimo do partido para que ele continue existindo.</p><p>Neste ponto, faz-se necessário realizarmos algumas observações. A princípio, o art. 13, da</p><p>Lei nº 9.096, de 1995, disciplinava a cláusula de barreira nos seguintes termos:</p><p>Lei nº 9.096, de 1995</p><p>Art. 13 Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as</p><p>quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputa-</p><p>dos obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os</p><p>brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de dois</p><p>por cento do total de cada um deles.</p><p>No entanto, em dezembro de 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Direta de</p><p>Inconstitucionalidade (ADI) nº 1.351, considerou que o art. 13, da Lei nº 9.096, de 1995, era</p><p>inconstitucional por violar o fundamento do pluralismo político, uma vez que o art. 17 asse-</p><p>gurava a liberdade para criação dos partidos políticos de forma igualitária (todos os partidos</p><p>deveriam ser iguais, independentemente do tamanho e ideologia, de modo a não existir par-</p><p>tidos de 1ª e 2ª categoria).</p><p>Ainda no ano de 2006, o parágrafo 1º foi acrescentado no art. 17 pela Emenda Constitucio-</p><p>nal (EC) nº 52, disciplinando o fim da verticalização, isto é, da obrigação de que os partidos</p><p>políticos, em suas candidaturas federais, estaduais ou municipais, se unissem ou se enfren-</p><p>tassem. Portanto, se dois partidos decidem se enfrentar no plano federal, nada impede que,</p><p>no âmbito estadual, eles se unam. Trata-se da necessidade de liberdade das agremiações</p><p>políticas.</p><p>Pouco mais de 10 anos após a inclusão do parágrafo 1º, a EC nº 97, de 2017, alterou o dis-</p><p>positivo com a cláusula de barreira, que era apenas uma previsão legal (declarada como</p><p>inconstitucional), para a Constituição Federal, trazendo, assim, a possibilidade de sua imple-</p><p>mentação. Trata-se do denominado ativismo congressual ou efeito backlash.</p><p>A cláusula de barreira estabeleceu, por exemplo, novas normas de acesso dos partidos</p><p>políticos aos recursos do fundo partidário, bem como ao tempo de propaganda eleitoral gra-</p><p>tuita no rádio e televisão. Tal desempenho eleitoral exigido às legendas partidárias será apli-</p><p>cado de forma gradual até ser concretizado nas eleições de 2030, nos termos da EC nº 97, de</p><p>2017.</p><p>Há de se mencionar, ainda, a vedação à celebração de coligações nas eleições proporcio-</p><p>nais, prevista no parágrafo 1º, do art. 17, que, nos termos da EC nº 97, de 2017, começou a ser</p><p>aplicada a partir das eleições de 2020.</p><p>Vejamos o que dispõem os arts. 2º e 3º, da EC nº 97, de 2017:</p><p>EC nº 94, de 2017</p><p>Art. 2º A vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais, prevista no § 1º do</p><p>art. 17 da Constituição Federal, aplicar-se-á a partir das eleições de 2020.</p><p>88</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 3º O disposto no § 3º do art. 17 da Constituição Federal quanto ao acesso dos partidos</p><p>políticos aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão</p><p>aplicar-se-á a partir das eleições de 2030.</p><p>Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no</p><p>rádio e na televisão os partidos políticos que:</p><p>I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:</p><p>a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e meio por cen-</p><p>to) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com</p><p>um mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou</p><p>b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço</p><p>das unidades da Federação;</p><p>II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:</p><p>a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por cento) dos</p><p>votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um míni-</p><p>mo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou</p><p>b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço</p><p>das unidades</p><p>da Federação;</p><p>III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:</p><p>a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e meio por</p><p>cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação,</p><p>com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou</p><p>b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço</p><p>das unidades da Federação.</p><p>A EC nº 97, de 2017, gerou, ainda, o fim das coligações nas eleições proporcionais, imple-</p><p>mentado a partir das eleições de 2020. Consequentemente, só é possível haver coligações nas</p><p>eleições majoritárias, ou seja, para os cargos de Presidente, Governador, Prefeito e Senador.</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,</p><p>registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.</p><p>Por serem considerados pessoas jurídicas de direito privado, os partidos políticos adqui-</p><p>rem sua personalidade jurídica a partir do registro em cartório de registros civis, nos</p><p>termos do parágrafo 2º, art. 17. A natureza de pessoa jurídica de direito privado também</p><p>consta do art. 1º, da Lei nº 9.096, de 1995. Assim, o partido político será criado de acordo com</p><p>a lei civil, ou seja, com o Código Civil e com a Lei nº 6.015, de 1973 (Lei de Registros Públicos).</p><p>Verifica-se, ainda, a necessidade de registro do estatuto no Tribunal Superior Eleitoral</p><p>(TSE), mas, atenção: o registro no TSE não constitui o partido, pois sua natureza é apenas</p><p>administrativa.</p><p>Os requisitos para fundação de partidos políticos encontram-se disciplinados na Lei nº</p><p>9.096, de 1995 e na Resolução do TSE nº 23.571, de 2018.</p><p>Importante! O art. 7º, da Lei nº 9.096, de 1995, basicamente repetiu o § 2º, art. 17, da CF,</p><p>de 1988, no que se refere à aquisição da personalidade jurídica. No entanto, o § 1º, do art.</p><p>7º, foi alterado pela Lei nº 13.107, de 2015, de modo a trazer regras de limitações quanto às</p><p>assinaturas e tempo mínimo para fusão partidária. Como consequência, foi ajuizada, no STF,</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>89</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>a ADI nº 5.311. O STF considerou que a norma era constitucional e que fortalecia o controle</p><p>quantitativo e qualitativo dos partidos. Posteriormente, a Lei nº 13.165, de 2015, alterou o</p><p>parágrafo, incluindo a necessidade de criação de partidos políticos de assinaturas diferentes</p><p>a fim de evitar que se conseguisse a quantidade necessária para criação de um partido polí-</p><p>tico e, posteriormente, que as mesmas pessoas criassem outros partidos decorrentes deste</p><p>primeiro.</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e</p><p>à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:</p><p>I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento)</p><p>dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com</p><p>um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou</p><p>II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos</p><p>um terço das unidades da Federação.</p><p>O parágrafo 3º, do art. 17, disciplina a forma de distribuição dos recursos do fundo par-</p><p>tidário e direito de antena. De acordo com o dispositivo, a distribuição do dinheiro pro-</p><p>veniente do fundo partidário e a divisão de tempo de rádio e TV leva em consideração a</p><p>representação do partido na Câmara dos Deputados.</p><p>O fundo partidário é um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos</p><p>que, além do seu estatuto registrado no TSE, têm prestação de contas regular perante a Justiça</p><p>Eleitoral. Além disso, esta, principal fonte de verbas dos partidos, é constituída por dotações</p><p>orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros estabe-</p><p>lecidos no art. 38, da Lei nº 9.096, de 1995. Esses valores são repassados aos partidos políticos</p><p>por meio do art. 41-A, da Lei nº 9.096, de 1995, que assim estabelece:</p><p>Lei nº 9.096, de 1995</p><p>Art. 41-A Do total do Fundo Partidário:</p><p>I - 5% (cinco por cento) serão destacados para entrega, em partes iguais, a todos os partidos</p><p>que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos recursos do Fundo Partidário; e</p><p>II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos na proporção dos votos</p><p>obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados.</p><p>Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II, serão desconsideradas as mudanças de</p><p>filiação partidária em quaisquer hipóteses.</p><p>Outro ponto importante é a vedação de doação a campanhas por pessoas jurídicas.</p><p>Assim, passou a ser proibido que empresas doassem quantidades de dinheiro ou bens para</p><p>patrocinar a campanha política dos pretensos candidatos.</p><p>Se a doação de pessoas jurídicas à campanha é proibida, o STF entendeu que essa vedação</p><p>não se estende às pessoas físicas, desde que identificadas. Ressalta-se, todavia, que o Congres-</p><p>so Nacional criou, então, a figura do doador oculto, que, por sua vez, também foi proibida</p><p>pelo STF.</p><p>É importante estudarmos, ainda, as regras nos debates eleitorais e a possibilidade de</p><p>convite por emissoras. Segundo a regra anterior, os candidatos de partidos políticos que</p><p>não possuíam o número mínimo de representantes na Câmara dos Deputados poderiam</p><p>90</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>participar dos debates apenas se estivessem bem colocados na disputa eleitoral e se todos</p><p>os outros candidatos concordassem. O STF, entretanto, relativizou a regra e permitiu que o</p><p>convite de participação nos debates partisse das próprias emissoras.</p><p>No que se refere à representação, o STF entende que o tempo a ser considerado é o da</p><p>representação do partido na Câmara dos Deputados às vésperas da eleição e não o resultado</p><p>da última eleição. Observemos o seguinte exemplo.</p><p>z O DEM elegeu vários deputados federais em 2014, mas muitos deles migraram para o PSD,</p><p>que não existia nessa eleição. Se prevalecesse a tese da eleição anterior, o DEM teria muito</p><p>tempo de rádio, enquanto o PSD não teria nenhum.</p><p>Ademais, é importante lembrar que, de acordo com o STF, são válidas e possíveis as sátiras</p><p>e crônicas envolvendo os políticos, uma vez que partem do direito à liberdade de expressão.</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.</p><p>O parágrafo 4º, do art. 17, veda a utilização de organização paramilitar pelos partidos polí-</p><p>ticos. O objetivo do dispositivo é fazer com que as regras da democracia sejam respeitadas, isto é,</p><p>impedir que o poder político seja adquirido pela força e não pelas ideologias e posicionamentos</p><p>defendidos. Complementando esse parágrafo, o art. 6º, da Lei nº 9.096, de 1995, assim estabelece:</p><p>Art. 6º É vedado ao partido político ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de</p><p>organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros.</p><p>Portanto, ao regulamentar esse dispositivo constitucional, a Lei nº 9.096, de 1995, também</p><p>proibiu que partido político:</p><p>z ministrasse instrução militar ou paramilitar;</p><p>z utilizasse de organização da mesma natureza;</p><p>z adotasse uniforme para seus membros.</p><p>Continuemos a análise da lei.</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é</p><p>assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro parti-</p><p>do que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos</p><p>recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.</p><p>Neste ponto, é importante tratarmos da fidelidade partidária. A parte final do § 1º, art.</p><p>17, da CF, de 1988, dá autonomia para que os partidos políticos estabeleçam normas a respei-</p><p>to da fidelidade e disciplina partidárias. Em síntese, considera-se infidelidade partidária a</p><p>mudança de partido sem que haja motivo justificado. Tal transferência de legenda</p><p>podemos</p><p>citar a de julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Presidente da República;</p><p>z Poder Judiciário: cabe o exercício da jurisdição, por exemplo, a aplicação do Direito a um</p><p>caso concreto através de um processo judicial.</p><p>A Teoria da tripartição de poderes foi idealizada por Montesquieu e determina a composição</p><p>e divisão do Estado, a teoria objetiva que cada poder deve ser independente e harmônico entre</p><p>si, como forma de dividir as funções do Estado, entre poder executivo, poder legislativo e poder</p><p>judiciário, entendimento esse também chamado de teoria dos freios e contrapesos (checks and</p><p>balances), já que cada um dos poderes exerce as funções dos outros poderes de forma atípica.</p><p>Objetivos da República Federativa do Brasil</p><p>O art. 3°, da Constituição Federal, apresenta os objetivos fundamentais do Estado brasilei-</p><p>ro, ou seja, dita os compromissos que o Estado tem em relação aos cidadãos, em especial na</p><p>garantia plena de igualdade entre todos os brasileiros.</p><p>José Afonso da Silva (2017) observa que é a primeira vez que uma Constituição relaciona</p><p>especificamente os objetivos do Estado brasileiro, que valem como base para as prestações</p><p>positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social e cultural4.</p><p>Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:</p><p>I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;</p><p>II - garantir o desenvolvimento nacional;</p><p>III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;</p><p>IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer</p><p>outras formas de discriminação.</p><p>Dica</p><p>Para auxiliar na memorização disponibiliza-se a seguir duas dicas:</p><p>z Regra do verbo: observe que todas as primeiras palavras do rol são verbos no infinitivo;</p><p>z Mnemônico: CON-GA ER PRO.</p><p>O rol dos objetivos fundamentais relacionados no art. 3º da CF é um rol meramente exem-</p><p>plificativo, pois se refere a metas, ou seja, objetivos que o Estado busca alcançar.</p><p>4 SILVA, op. cit, p. 107.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>11</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Princípios das Relações Internacionais</p><p>O art. 4º, da Constituição, enumera os princípios fundamentais orientadores das relações</p><p>internacionais; consagra, ainda, a não subordinação no plano internacional e a igualdade</p><p>estre os Estados. Vejamos:</p><p>Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguin-</p><p>tes princípios:</p><p>I - independência nacional;</p><p>II - prevalência dos direitos humanos;</p><p>III - autodeterminação dos povos;</p><p>IV - não-intervenção;</p><p>V - igualdade entre os Estados;</p><p>VI - defesa da paz;</p><p>VII - solução pacífica dos conflitos;</p><p>VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;</p><p>IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;</p><p>X - concessão de asilo político.</p><p>Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,</p><p>social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade lati-</p><p>no-americana de nações.</p><p>Atenção! É possível a elaboração de um mnemônico para o referido rol, contudo, nota-se</p><p>que, por ser extenso o rol, o mnemônico fica consequentemente também extenso. Assim, fica</p><p>a seu critério adotar o que for passado aqui.</p><p>z Mnemônico: A-IN-Da NÃO COm-PRE-I RE-CO-S;</p><p>� A – autodeterminação dos povos;</p><p>� In – independência nacional;</p><p>� D – defesa da paz;</p><p>� Não – não intervenção;</p><p>� Co – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;</p><p>� Pre – prevalência dos direitos humanos;</p><p>� I – igualdade entre os Estados;</p><p>� Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo;</p><p>� Co – concessão de asilo político;</p><p>� S – solução pacífica dos conflitos.</p><p>Os princípios enumerados no mencionado dispositivo reconhecem a soberania do Estado</p><p>no plano internacional, ou seja, não deve haver subordinação entre os Estados. Sob esse mes-</p><p>mo entendimento temos o princípio da não intervenção e o princípio da autodeterminação</p><p>dos povos, assegurando que internamente o Estado não deve sofrer nenhum tipo de interfe-</p><p>rência sobre assuntos de interesse interno.</p><p>O repúdio ao terrorismo e a concessão de asilo político têm relação com o princípio da pre-</p><p>valência dos direitos humanos relacionado no inciso II; este último deve ser rigorosamente</p><p>12</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>respeitado. Nesse sentido, em caso de extrema violação da prevalência dos direitos humanos,</p><p>pode até levar a interferência de outros Estados naquele, com o apoio do Brasil.</p><p>Ainda a Constituição determina que o Brasil buscará integração econômica, política, social</p><p>e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-ame-</p><p>ricana de nações.</p><p>Vejamos no infográfico um resumo do Título I da Constituição Federal:</p><p>TÍTULO I — DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS</p><p>Art. 1º</p><p>Fundamentos</p><p>Art. 2º</p><p>Separação dos</p><p>Poderes</p><p>Art. 3º</p><p>Objetivos</p><p>Fundamentais</p><p>Art. 4º</p><p>Princípios das</p><p>Relações</p><p>Internacionais</p><p>“SO.CI.DI.VA.PLU”</p><p>SOberania</p><p>CIdadania</p><p>DIgnidade da pessoa</p><p>humana</p><p>VAlores sociais do</p><p>trabalho e da livre</p><p>iniciativa</p><p>PLUralismo Político</p><p>JUDICIÁRIO:</p><p>Aplica as leis</p><p>LEGISLATIVO:</p><p>Elabora as leis</p><p>EXECUTIVO:</p><p>Administra o Estado</p><p>“CON.GA.ER.PRO”</p><p>CONstruir uma</p><p>sociedade livre, justa e</p><p>solidária</p><p>GArantir o</p><p>desenvolvimento</p><p>nacional</p><p>ERradicar a pobreza</p><p>e a marginalização</p><p>e reduzir as</p><p>desigualdades sociais</p><p>e regionais</p><p>PROmover o bem</p><p>de todos, sem</p><p>preconceitos de</p><p>origem, raça, sexo,</p><p>cor, idade e quaisquer</p><p>outras formas de</p><p>discriminação</p><p>Independência</p><p>nacional</p><p>Prevalência dos direitos</p><p>humanos</p><p>Autodeterminação</p><p>dos povos</p><p>Não intervenção</p><p>Igualdade entre os</p><p>Estados</p><p>Defesa da paz</p><p>Solução pacífica dos</p><p>conflitos</p><p>Repúdio ao terrorismo</p><p>e ao racismo</p><p>Cooperação entre</p><p>os povos para</p><p>o progresso da</p><p>humanidade</p><p>Concessão de asilo</p><p>político</p><p>APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS</p><p>Depois da Segunda Guerra Mundial e com os reflexos da ditadura e desastres humanitá-</p><p>rios proporcionados pelos regimes totalitários, os juristas buscaram uma forma de superação</p><p>do positivismo jurídico, ou seja, uma forma de equilibrar a dureza das regras. Esse movimen-</p><p>to pode também ser chamado de neoconstitucionalismo.</p><p>O movimento passou a defender que no âmbito constitucional devem existir princípios</p><p>e métodos de interpretação próprios com uma lógica distinta dos métodos de interpretação</p><p>aplicáveis as demais normas.</p><p>Sendo que, a hermenêutica é a ciência da interpretação, a palavra hermenêutica tem ori-</p><p>gem grega, que significa “tradução” e “explicação”, ou seja, explicação da norma jurídica.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>13</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Assim, a hermenêutica constitucional é uma subespécie da própria hermenêutica, pois</p><p>compreende-se que é diferente interpretar a constituição do que interpretar as demais leis.</p><p>Ora a constituição é um dispositivo repleto de princípios e de caráter político, diferente das</p><p>demais leis que consistem na sua grande maioria um grande repositório de regras e normas</p><p>mais estritas.</p><p>Sobre esse tema, os concursos gostam de cobrar duas posições referentes à hermenêutica</p><p>constitucional, vejamos:</p><p>z Interpretativismo: nesse caso o intérprete está limitado a aplicar o texto constitucional e</p><p>os princípios que estão claramente implícitos na constituição;</p><p>z Não interpretativismo: intérprete não se limita ao texto da constituição, deve buscar os</p><p>valores constitucionais, como igualdade, justiça, fraternidade etc.</p><p>Métodos de Interpretação</p><p>Os métodos de interpretação constitucional foram desenvolvidos pela doutrina e jurispru-</p><p>dência. O objetivo dos métodos desenvolvidos é trabalhar qual o real sentido que o legislador</p><p>originário pretendeu ao desenvolver a norma e qual o alcance, por exemplo, o seu alcance</p><p>pode ser aumentado ou deve ser limitado. Conforme preleciona Vicente Paulo e Marcelo Ale-</p><p>xandrino (2012) esses métodos foram desenvolvidos com base em critérios</p><p>pode ou</p><p>não ensejar na perda do cargo eletivo.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>91</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Dica</p><p>Segundo o STF, é possível existir o fenômeno dos “puxadores de votos” (candidatos que,</p><p>em razão do quociente eleitoral para as eleições proporcionais, recebem um número de</p><p>votos suficiente para eleger outros candidatos), porém, os candidatos a serem “puxados”</p><p>devem demonstrar um mínimo de desempenho, ou seja, devem possuir, no mínimo, 1/10</p><p>do quociente eleitoral.</p><p>Art. 17 [...]</p><p>§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os Vereado-</p><p>res que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo</p><p>nos casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabelecidas em lei,</p><p>não computada, em qualquer caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do</p><p>fundo partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.</p><p>Por fim, o parágrafo 6º trata das hipóteses de perda de mandato. A princípio, o STF ado-</p><p>tava o posicionamento de que o mandato pertencia ao partido político, ou seja, se o político</p><p>saísse do partido pelo qual foi eleito, o seu mandato seria perdido. Posteriormente, conside-</p><p>rando que os eleitores votam no político, não no partido, o STF mudou de entendimento no</p><p>que se refere às eleições majoritárias (Presidente, Governador, Prefeito e Senador). Como</p><p>consequência, a fidelidade partidária passou a ser aplicada somente nas eleições proporcio-</p><p>nais (Deputados Federais, Estaduais, Distritais e Vereadores).</p><p>Complementando o dispositivo, o art. 26, da Lei nº 9.096, de 1995, estabelece:</p><p>Art. 26 Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legis-</p><p>lativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja</p><p>legenda tenha sido eleito.</p><p>Ainda no que diz respeito à fidelidade partidária, é importante conhecermos algumas exce-</p><p>ções à perda do mandato. O ex-deputado Clodovil Hernandes, por exemplo, foi eleito por um</p><p>partido. No entanto, durante seu mandato, sofreu situação de grave perseguição pessoal devido à</p><p>sua orientação sexual. Por essa razão, Clodovil migrou de partido. Analisando o caso, o STF enten-</p><p>deu que, quando Clodovil trocou de partido, ele não perdeu o mandato, uma vez que foi reco-</p><p>nhecida a grave perseguição. No entanto, após o seu falecimento, o STF fixou o posicionamento</p><p>de que a vaga não seria do partido que o recebeu, mas, sim, do partido que o elegeu. O deputado</p><p>Alexandre Frota, por sua vez, foi expulso do partido pelo qual foi eleito, porém, a expulsão não</p><p>acarretou a perda do mandato e o deputado manteve-se no cargo em outro partido.</p><p>Recentemente, a Emenda Constitucional nº 117, de 2022, incluiu os parágrafos 7º e 8º no art. 17.</p><p>Este tema é importante, pois, por ser novidade, pode ser alvo de questões em concursos públicos.</p><p>O parágrafo 7º estabelece que os partidos políticos devem aplicar, no mínimo, 5% dos recursos</p><p>do fundo partidário na criação e manutenção de programas voltados à participação política das</p><p>mulheres. Vejamos:</p><p>§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do</p><p>fundo partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difu-</p><p>são da participação política das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários.</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)</p><p>92</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O parágrafo 8º, por sua vez, dispõe que no mínimo 30% do montante do Fundo Especial de</p><p>Financiamento de Campanha, da parcela do fundo partidário destinada às campanhas eleito-</p><p>rais e do tempo de propaganda gratuita nas mídias, deverá ser distribuído de forma proporcio-</p><p>nal ao número de candidatas de cada partido. O parágrafo ainda informa que essa distribuição</p><p>deverá ser realizada seguindo critérios definidos pelos órgãos de direção e, também, pelas nor-</p><p>mas estatutárias de forma que sejam mantidos a autonomia e o interesse partidário.</p><p>§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do fundo</p><p>partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no</p><p>rádio e na televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, deverão ser de</p><p>no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número de candidatas, e a distri-</p><p>buição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e</p><p>pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário. (Incluído pela</p><p>Emenda Constitucional nº 117, de 2022)</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARBOSA, R. Oração aos Moços. Senado Federal, 2022. Disponível em: https://www2.sena-</p><p>do.leg.br/ bdsf/handle/id/564016. Acesso em: 25 out. 2022.</p><p>BRASIL. Extradição. Gov.br, 2016. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/</p><p>sua-prote cao/cooperacao-internacional/extradicao. Acesso em: 26 out. 2022.</p><p>CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Quem tem direito ao FGTS? FGTS, 2024. Disponível em:</p><p>https://www. fgts.gov.br/Pages/sobre-fgts/regras.aspx. Acesso em: 25 out. 2022.</p><p>CARVALHO, P. Estrangeiros expulsos podem ser impedidos de retornar ao Brasil. Folha BV,</p><p>2018. Disponível em: https://folhabv.com.br/noticia/ CIDADES/Capital/Estrangeiros-expul-</p><p>sos-podem -ser-impedidos-de-retornar-ao-Brasil/42563. Acesso em: 26 out. 2022.</p><p>RAMOS, L. O impedimento e a repatriação de estrangeiros no Brasil. Jus.br, 2016. Disponí-</p><p>vel em: https://jus.com.br/artigos/50095/o-impedimen to-e-a-repatriacao-de-estrangeiros-</p><p>-no-brasil. Acesso em: 26 out. 2022.</p><p>SIQUEIRA, C. Aprovado o decreto que coloca o País em estado de calamidade pública.</p><p>Câmara dos deputados, 2020. Disponível em: https://www.gov. br/planalto/pt-br/acompa-</p><p>nhe-o-planalto/notas-ofi ciais/2020/copy_of_nota-a-imprensa. Acesso em: 10 out. 2020.</p><p>ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO</p><p>ESTADO FEDERAL BRASILEIRO</p><p>Federação é a organização política, administrativa e jurídica formada por uma população</p><p>em um território determinado. O Estado Federado é constituído por um conjunto de esta-</p><p>dos-membros autônomos unidos por uma Constituição, mas somente a Federação como um</p><p>todo é considerada soberana, bem como cada estado-membro é considerado uma unidade</p><p>federativa que possui poder político descentralizado.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>93</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Sendo assim, são componentes da República Federativa: a União, os estados, o Distrito</p><p>Federal e os municípios, conforme descrito no art. 18, da Constituição Federal. Vejamos o</p><p>dispositivo:</p><p>Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende</p><p>a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta</p><p>Constituição.</p><p>§ 1º Brasília é a Capital Federal.</p><p>§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou</p><p>reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.</p><p>§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se ane-</p><p>xarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da</p><p>população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei</p><p>complementar.</p><p>§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei</p><p>estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de con-</p><p>sulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação</p><p>dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.</p><p>A descentralização é basicamente quando as funções atribuídas a um só poder passam a</p><p>ser repartidas, por exemplo, com a delegação das competências.</p><p>Conforme o § 1º, art. 18, da CF, atualmente Brasília é a capital federal. Trata-se de uma</p><p>inovação do legislador constituinte de 1988. Conforme preleciona José Afonso da Silva (2017),</p><p>Brasília tem uma posição jurídica específica no conceito de cidade, até porque não se enqua-</p><p>dra nesse conceito geral pelo fato de não ser sede de um município.</p><p>Além disso, o art. 19, da Constituição Federal, elenca uma série de vedações para a União,</p><p>estados, Distrito Federal e municípios, vejamos o dispositivo:</p><p>Art. 19 É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento</p><p>ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na</p><p>forma da lei, a colaboração de interesse público;</p><p>II - recusar fé aos documentos públicos;</p><p>III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.</p><p>UNIÃO</p><p>A União é a entidade federativa autônoma e exerce as atribuições de soberania do Estado</p><p>brasileiro. Conforme preleciona Pedro Lenza (2020), a União possui “dupla personalidade”,</p><p>assumindo um papel internamente, como pessoa de direito público interno, componente da</p><p>Federação e detentor de autonomia financeira, administrativa e política, e um papel interna-</p><p>cionalmente, representando a República Federativa do Brasil.</p><p>A União representa o Estado brasileiro nas relações internacionais, perante os Estados</p><p>estrangeiros. Rege-se pelo princípio da independência nacional, prevalência dos direitos</p><p>humanos, autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa</p><p>94</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre</p><p>os povos para o progresso da humanidade e concessão de asilo político (art. 4º, CF, de 1988).</p><p>As competências da União estão elencadas no texto constitucional, organizadas pelo legis-</p><p>lador originário com base no chamado princípio da predominância do interesse público pelo</p><p>particular. Neste sentido, as atribuições de interesse nacional são de competência da União,</p><p>por exemplo: declarar guerra e celebrar paz.</p><p>As competências da União são classificadas como competência administrativa e legis-</p><p>lativa; a primeira se relaciona com as funções de organização do Estado, e a segunda é a</p><p>competência de legislar. Veja os exemplos:</p><p>z Competência administrativa: é competência de a União elaborar e executar planos</p><p>nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social;</p><p>z Competência legislativa: é competência da União legislar sobre nacionalidade, cidadania</p><p>e naturalização.</p><p>O estudo das competências será abordado de forma mais aprofundada em tópico específi-</p><p>co na sequência deste material.</p><p>Cuidado para não confundir União com República Federativa do Brasil:</p><p>z A República Federativa do Brasil é um Estado Federado, ou seja, é constituído por um</p><p>conjunto de estados-membros. Vale ressaltar que os estados-membros são autônomos,</p><p>pois são dotados de autonomia e autogoverno. Por outro lado, não são soberanos, uma vez</p><p>que a soberana é somente a Federação como um todo. Em nosso pacto federativo o poder</p><p>é descentralizado, pois a Constituição prevê núcleos de poder e concede autonomia para</p><p>os seus entes (União, estados, municípios e Distrito Federal);</p><p>z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica de direito público interno que integra</p><p>a República Federativa do Brasil. É através da União que o país é representado nas rela-</p><p>ções internacionais.</p><p>Os bens da União estão enumerados no art. 20, da Constituição Federal, que compreende:</p><p>z Terrenos de marinha: são os terrenos situados nas margens dos rios e lagoas, até onde</p><p>haja influência das marés (vão de 1.831 até 33 metros para a parte da terra). Além destes,</p><p>são também os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência</p><p>das marés;</p><p>z Terreno acrescido de marinha: são terrenos acrescidos de marinha os que se tiverem</p><p>formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimen-</p><p>to nos terrenos de marinha (art. 2º, da Lei nº 3.438, de 1941);</p><p>z Mar territorial: é a faixa de 12 milhas náuticas de largura, medidas a partir da linha</p><p>de baixa-mar do litoral continental e insular. No Brasil, a costa é banhada pelo oceano</p><p>Atlântico;</p><p>z Zona contígua: é a faixa do mar que se estende das 12 às 24 milhas marítimas, contadas a</p><p>partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial;</p><p>z Zona econômica exclusiva: compreende uma faixa que se estende das 12 às 200 milhas</p><p>marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar</p><p>territorial; é a faixa territorial do Atlântico. O Brasil tem soberania para fins de exploração</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>95</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das</p><p>águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo;</p><p>z Plataforma continental: é a faixa de terra do fundo do mar, que vai até 200 m de profun-</p><p>didade, ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem</p><p>além do seu mar territorial. É uma importante área de exploração e pesquisa de petróleo</p><p>(art. 11, da Lei nº 8.617, de 1993).</p><p>Entenda melhor na ilustração a seguir:</p><p>Veja o art. 20, do texto constitucional, que enumera os bens da União:</p><p>I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;</p><p>Exemplo: ilhas, rios, mar territorial, entre outros, com exceção das terras de aldeamentos</p><p>extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto, conforme dispõe a Súmula</p><p>nº 650, do STF.</p><p>II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções</p><p>militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;</p><p>As terras devolutas são terras que não têm destinação pública e, também, não integram o</p><p>patrimônio de um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas na Amazônia.</p><p>III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem</p><p>mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estran-</p><p>geiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;</p><p>Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de Santa Catarina e o estado do Rio Grande</p><p>do Sul.</p><p>96</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas;</p><p>as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios,</p><p>exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas</p><p>no art. 26, II;</p><p>Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de Tocantins, considerada a maior ilha flu-</p><p>vial do Brasil, com 25.000 km2.</p><p>V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;</p><p>Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraído da plataforma continental.</p><p>VI - o mar territorial;</p><p>Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estão sujeitos aos regula-</p><p>mentos estabelecidos pelo Brasil.</p><p>VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;</p><p>Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33 metros para a parte da terra).</p><p>VIII - os potenciais de energia hidráulica;</p><p>Para efeito de exploração, os potenciais hidráulicos dos rios pertencem à União, por exem-</p><p>plo, a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de Porto Velho, estado de</p><p>Rondônia.</p><p>IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;</p><p>Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.</p><p>X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;</p><p>Exemplo: Sítio Arqueológico, Parque Nacional do Catimbau, localizado no estado de</p><p>Pernambuco.</p><p>XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.</p><p>Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos indígenas no oeste de Santa Catarina,</p><p>localizado entre os rios Chapecó e Chapecózinho, a 70 km de Chapecó, denominada como</p><p>terra indígena Xapecó.</p><p>Ainda,</p><p>a redação do § 1º, do mencionado dispositivo, foi modificada pela Emenda Consti-</p><p>tucional nº 102, de 2019, vejamos:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>97</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 20 […]</p><p>§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios</p><p>a participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos</p><p>para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território,</p><p>plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação finan-</p><p>ceira por essa exploração.</p><p>Conforme a atual redação, a Constituição prevê possibilidade da participação da União,</p><p>dos estados, do Distrito Federal e dos municípios no resultado da exploração de petróleo ou</p><p>gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos</p><p>minerais.</p><p>Por conseguinte, a Constituição consagra a terra designada como faixa de fronteira, sendo</p><p>esta a faixa de até 150 km de largura, ao longo das fronteiras terrestres, considerada funda-</p><p>mental para defesa do território nacional. Ainda, determina que a sua ocupação e utilização</p><p>devem ser reguladas em lei. Vejamos o disposto no § 2º, do art. 20:</p><p>Art. 20 […]</p><p>§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,</p><p>designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacio-</p><p>nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.</p><p>Competência exclusiva da União é indelegável, ou seja, não pode ser delegada a outro ente</p><p>federativo, prevista no art. 21, da CF. Perceba que os incisos fazem menção à atuação e ação,</p><p>veja:</p><p>Atenção! Colocou-se o art. 21, da CF, na íntegra, pois é muito cobrado em provas. Reco-</p><p>menda-se a leitura do dispositivo reiteradas vezes!</p><p>Art. 21 Compete à União:</p><p>I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;</p><p>II - declarar a guerra e celebrar a paz;</p><p>III - assegurar a defesa nacional;</p><p>IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo</p><p>território nacional ou nele permaneçam temporariamente;</p><p>V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;</p><p>Exemplo: em 2018 foi decretada a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro (Decre-</p><p>to nº 9.288, de 2018), uma medida excepcional de natureza militar com o objetivo de resta-</p><p>belecer a ordem pública e resolver algumas questões de segurança pública, principalmente</p><p>nas comunidades.</p><p>Continuando com o art. 21, da CF:</p><p>VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;</p><p>VII - emitir moeda;</p><p>VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financei-</p><p>ra, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previ-</p><p>dência privada;</p><p>98</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Exemplo: compete à União administrar os ativos financeiros em moeda estrangeira, ou</p><p>seja, são as reservas internacionais, denominadas como reservas cambiais — é como um</p><p>ativo do Banco Central do Brasil. Assim, cabe à União optar por vender esses ativos ou não.</p><p>IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvol-</p><p>vimento econômico e social;</p><p>X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;</p><p>XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de</p><p>telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação</p><p>de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;</p><p>XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:</p><p>a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;</p><p>b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de</p><p>água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;</p><p>c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;</p><p>d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras</p><p>nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;</p><p>e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;</p><p>f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;</p><p>XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos</p><p>Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;</p><p>XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombei-</p><p>ros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal</p><p>para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;</p><p>XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de</p><p>âmbito nacional;</p><p>XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de</p><p>rádio e televisão;</p><p>XVII - conceder anistia;</p><p>XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especial-</p><p>mente as secas e as inundações;</p><p>XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de</p><p>outorga de direitos de seu uso;</p><p>XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento bási-</p><p>co e transportes urbanos;</p><p>XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;</p><p>XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;</p><p>XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopó-</p><p>lio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrializa-</p><p>ção e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e</p><p>condições:</p><p>a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e</p><p>mediante aprovação do Congresso Nacional;</p><p>b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos</p><p>para pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118,</p><p>de 2022)</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>99</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de</p><p>radioisótopos para pesquisa e uso médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº</p><p>118, de 2022)</p><p>d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;</p><p>XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;</p><p>XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em</p><p>forma associativa.</p><p>XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei.</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)</p><p>ESTADOS</p><p>Os estados possuem autonomia para se organizarem (auto-organização), caracterizada</p><p>por um autogoverno, autoadministração e autolegislação, em que o povo escolhe diretamen-</p><p>te os seus representantes no Poder Legislativo e Executivo local, sem que haja subordinação</p><p>por parte da União (arts. 27, 28 e 125, da CF). Acompanhe esses conceitos a seguir:</p><p>z Autogoverno: autonomia política para eleger seus representantes, por exemplo, eleição</p><p>de Governador (arts. 27 e 28, da CF, de 1988);</p><p>z Autoadministração: decorre das competências administrativas conferidas aos estados,</p><p>por exemplo, estes poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,</p><p>aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios</p><p>limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas</p><p>de interesse comum (§ 3º, art. 25);</p><p>z Autolegislação: tem competência de elaborar sua própria Constituição, ou seja, cada esta-</p><p>do tem autonomia de criar a sua própria constituição estadual, entretanto, esta deve sem-</p><p>pre obedecer à lei maior (CF, de 1988).</p><p>Os estados organizam-se e regem-se pelas Constituições</p><p>e leis que adotarem. Ainda, o art.</p><p>25, da CF, consagra aos estados federados autonomia política e administrativa, com capacida-</p><p>de de elaborar suas próprias Constituições estaduais, obedecendo às diretrizes da Constitui-</p><p>ção Federal, de 1988.</p><p>AUTOGOVERNO</p><p>Executivo</p><p>Governador do</p><p>Estado</p><p>Legislativo</p><p>Assembleia</p><p>Legislativa</p><p>Judiciário</p><p>Tribunais e Juízes</p><p>100</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Formação de Novos Estados</p><p>Na forma prevista do inciso VI, do art. 48, da CF, de 1988, a estrutura territorial do Brasil</p><p>poderá ser modificada por meio de alteração dos limites territoriais dos diferentes entes</p><p>federados existentes. Por exemplo, em 1988, o norte do estado de Goiás foi desmembrado,</p><p>formando o estado de Tocantins.</p><p>Desse modo, tem-se a seguinte tabela para associação:</p><p>INCORPORAÇÃO SUBDIVISÃO DESMEMBRAMENTO</p><p>Fusão Cisão Separar uma ou mais partes de um estado</p><p>Além do mais,</p><p>Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida</p><p>esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência</p><p>da União, especialmente sobre:</p><p>[...]</p><p>VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvi-</p><p>das as respectivas Assembleias Legislativas;</p><p>Ainda, conforme o art. 235, da Constituição, nos 10 primeiros anos de sua criação, a Assem-</p><p>bleia Legislativa será composta de 17 deputados, se a população do estado for inferior a</p><p>600 mil habitantes, e de 24, se igual ou superior a este número, até 1,5 milhão. O governo</p><p>terá, no máximo, 110 secretarias. O Tribunal de Contas terá três membros nomeados pelo</p><p>governador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber. O Tribunal</p><p>de Justiça terá sete desembargadores; os primeiros desembargadores serão nomeados pelo</p><p>governador eleito, escolhidos conforme dispõe o inciso V, do mencionado dispositivo:</p><p>a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área</p><p>do novo Estado ou do Estado originário;</p><p>b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e</p><p>saber jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento</p><p>fixado na Constituição;</p><p>Caso o novo estado seja proveniente de Território Federal, os cinco primeiros desembar-</p><p>gadores poderão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do país. Em cada</p><p>comarca, o primeiro juiz de direito, promotor de justiça e defensor público serão nomeados,</p><p>pelo governador eleito, após concurso público de provas e títulos.</p><p>É possível a incorporação, a subdivisão e o desmembramento de estado, veja:</p><p>z Incorporação: quando dois ou mais estados se unem com outro nome, perdendo sua per-</p><p>sonalidade por integrarem um novo estado. Por exemplo, se houvesse a incorporação do</p><p>estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, passando a ser um só estado;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>101</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Subdivisão: quando um estado se divide em novos vários estados, todos estes com perso-</p><p>nalidades diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do Sul deixa de existir, ou seja,</p><p>o estado foi dividido em dois ou mais estados, cada um com personalidades distintas;</p><p>z Desmembramento: hipótese de separar uma ou mais partes de um estado sem que este</p><p>perca sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o estado de Goiás, formando o esta-</p><p>do de Tocantins.</p><p>Veja os requisitos e procedimentos para a incorporação, a subdivisão e o desmembramen-</p><p>to do estado, conforme mencionado acima, no § 3º, art. 18, da CF.</p><p>1º: PLEBISCITO</p><p>Consulta prévia às populações diretamente interessadas (expressão da</p><p>vontade e da opinião do povo, demonstrada através de votação)</p><p>Atenção! O plebiscito é condição prévia; caso não haja aprovação, não</p><p>passará para a próxima fase</p><p>2º: PROPOSITURA</p><p>DE PROJETO DE LEI</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>Caso a população seja favorável no plebiscito, será proposto projeto</p><p>de lei complementar perante qualquer uma das casas do Congresso</p><p>Nacional</p><p>3º: OITIVA DA</p><p>ASSEMBLEIA</p><p>Oitiva das assembleias legislativas dos estados interessados</p><p>Atenção! Mesmo que a assembleia seja desfavorável, pode continuar o</p><p>processo de formação do novo estado, não é vinculativo</p><p>4º: LEI</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>Aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional</p><p>O Congresso Nacional não é obrigado a aprovar, mas caso assim deci-</p><p>da, deverá ser conforme determina o art. 69, da CF, de 1988, pelo quó-</p><p>rum de maioria absoluta</p><p>Observação: abordamos o tema sanção e veto presidencial em título específico no tópico</p><p>em que estudamos o processo legislativo, mais adiante neste material.</p><p>MUNICÍPIOS</p><p>No Brasil, não só os estados-membros, mas também os municípios têm autonomia política,</p><p>ou seja, o nosso pacto federativo é formado pela União, estados, Distrito Federal e municípios.</p><p>Tal autonomia está prevista no caput, do art. 18, da CF, de 1988; vamos rever o dispositivo</p><p>acima elencado.</p><p>Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende</p><p>a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta</p><p>Constituição.</p><p>Como exemplo da autonomia municipal, podemos citar a capacidade de normatização,</p><p>que consiste na capacidade do município de elaborar a sua própria lei orgânica e demais</p><p>legislações municipais.</p><p>Conforme o art. 30, do texto constitucional, os municípios têm competência legislativa</p><p>local, ou seja, podem legislar sobre assuntos de interesse local, suplementando a legislação</p><p>federal e estadual no que couber. Por exemplo, é de competência do município a fixação do</p><p>horário de funcionamento do comércio local (Súmula nº 645, do STF).</p><p>102</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Ainda, os municípios também têm autonomia política, por exemplo, têm a capacidade de</p><p>eleger prefeito, vice-prefeito e vereadores sem a intervenção do Estado ou da União. Além</p><p>de autonomia administrativa, ou seja, têm capacidade de atuar sobre assuntos de interesse</p><p>local, por exemplo, cabe ao município promover a proteção do patrimônio histórico-cultural</p><p>local.</p><p>Formação de Novos Municípios</p><p>Existe, ainda, a autorização constitucional para a criação, incorporação, fusão e desmem-</p><p>bramento de municípios. Veja os requisitos e procedimentos para a incorporação, a subdivi-</p><p>são e o desmembramento de município (§ 4º, art. 18, da CF):</p><p>1°</p><p>Lei Complementar</p><p>Aprovação de lei complementar, fixando o</p><p>período dentro do qual poderá ocorrer a criação,</p><p>incorporação, fusão e o desmembramento</p><p>2°</p><p>Plebiscito + Estudo de viabilidade</p><p>Consulta prévia, mediante plebiscito, às</p><p>populações dos municípios envolvidos,</p><p>após divulgação dos estudos de viabilidade</p><p>municipal, apresentados e publicados na forma</p><p>da lei</p><p>3°</p><p>Lei Estadual</p><p>Aprovação de lei ordinária estadual</p><p>formalizando a criação, incorporação, fusão ou</p><p>desmembramento do município</p><p>Passaremos agora ao estudo das competências do município, vejamos:</p><p>Art. 30 Compete aos Municípios:</p><p>I - legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;</p><p>III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem</p><p>prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;</p><p>IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;</p><p>V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços</p><p>públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;</p><p>VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educa-</p><p>ção infantil e de ensino fundamental;</p><p>VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendi-</p><p>mento à saúde da população;</p><p>VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e</p><p>controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;</p><p>IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a</p><p>ação fiscalizadora federal e estadual.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>103</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>A fiscalização do município será exercida pelo Poder Legislativo municipal, mediante con-</p><p>trole externo, na forma do art. 31, vejamos:</p><p>Art. 31 A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante</p><p>controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma</p><p>da lei.</p><p>§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de</p><p>Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,</p><p>onde houver.</p><p>§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve</p><p>anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da</p><p>Câmara Municipal.</p><p>§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de</p><p>qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade,</p><p>nos termos da lei.</p><p>§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.</p><p>Nesta esteira, temos que o município terá dois tipos de controle:</p><p>z Controle interno: controle realizado pelo próprio Poder Executivo municipal, o qual é</p><p>exercido pelo prefeito, que é a autoridade executiva do município.</p><p>z Controle externo: controle feito pela câmara municipal, através dos vereadores, que são</p><p>os representantes do povo.</p><p>DISTRITO FEDERAL</p><p>Vale a pena lembrar que no art. 32, da CF, o legislador dispõe sobre o Distrito Federal, o</p><p>qual tem competência cumulativa, ou seja, a lei distrital pode ter conteúdo estadual e muni-</p><p>cipal (§ 1º, art. 32; arts. 147 e 155, da CF).</p><p>Art. 32 O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, vota-</p><p>da em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara</p><p>Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.</p><p>§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e</p><p>Municípios.</p><p>§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos</p><p>Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para manda-</p><p>to de igual duração.</p><p>§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.</p><p>§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da</p><p>polícia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar.</p><p>z A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no</p><p>que lhe for contrária;</p><p>104</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser feito através de lei federal, mas quem fiscaliza</p><p>é o município, ora compete à lei federal regulamentar transporte de pessoas que utilizam</p><p>o aplicativo16;</p><p>z STF considerou que lei estadual não pode isentar cobrança de estacionamento de esta-</p><p>belecimentos comerciais17. Da mesma forma, considerou que lei estadual não pode alterar</p><p>data de vencimento das mensalidades escolares18;</p><p>z STF também já considerou que compete aos municípios legislar sobre tempo de fila em</p><p>banco. Tema de Repercussão Geral nº 27219.</p><p>Por fim, vejamos algumas súmulas vinculantes20 importantes sobre o tema abordado:</p><p>Súmula Vinculante nº 2 É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que</p><p>disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.</p><p>Súmula Vinculante nº 38 É competente o Município para fixar o horário de funcionamento</p><p>de estabelecimento comercial.</p><p>Súmula Vinculante nº 39 Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos</p><p>membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.</p><p>Súmula Vinculante nº 46 A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento</p><p>das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da</p><p>União.</p><p>A Constituição Federal, de 1988, conferiu ao Distrito Federal natureza de ente federativo</p><p>autônomo, com capacidade de auto-organização, autogoverno e autoadministração, sendo</p><p>proibida a possibilidade de subdivisão em municípios (caput, art. 32). Como exemplo de auto-</p><p>nomia do Distrito Federal, podemos citar sua capacidade para criar a sua lei orgânica, bem</p><p>como a capacidade de eleger seu governador e vice-governador, sem interferência da União</p><p>nas eleições.</p><p>A sede do governo do Distrito Federal é Brasília, conforme consagra a Lei Orgânica, do DF,</p><p>no seu art. 6º.</p><p>Conforme § 1º, art. 32, da CF, ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas</p><p>reservadas aos estados e municípios, cumulativamente. Entretanto, conforme o § 4º, do dis-</p><p>positivo em comento, a lei federal disporá sobre a utilização, pelo governo do DF, da polícia</p><p>civil, da polícia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são</p><p>mantidos diretamente pela União.</p><p>TERRITÓRIOS</p><p>Os territórios federais são divisões administrativas da União, sem pertencer a qual-</p><p>quer estado; podem surgir da divisão de um estado-membro ou desmembramento, exis-</p><p>tindo autonomia administrativa, mas não política, ou seja, os estados podem subdividir-se</p><p>ou desmembrar-se para formarem territórios federais, mediante aprovação da população</p><p>16 Lei nº 13.640, de 26 de março de 2018.</p><p>17 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.</p><p>18 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.</p><p>19 RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.</p><p>20 Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>105</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>diretamente interessada, por meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por intermédio de</p><p>lei complementar.</p><p>Entretanto, no caso de criação de um território, o texto constitucional não exige a realiza-</p><p>ção de plebiscito, porém nada impede que possa ocorrer.</p><p>Sendo que os territórios, a partir da CF, de 1988, não são considerados entes federativos,</p><p>servem para que a União administre áreas que não possuem um governo estadual, ou seja,</p><p>trata-se apenas de uma mera autarquia em regime especial que é designada para adminis-</p><p>trar parcela de território do país.</p><p>Atualmente não existem mais territórios federais no Brasil, inclusive a própria Consti-</p><p>tuição Federal, de 1988, no Ato das Disposições Gerais Transitórias, art. 14, transformou os</p><p>territórios federais de Roraima e do Amapá em estados federados.</p><p>Como vimos, atualmente, no Brasil não existem mais territórios federais. Entretanto, con-</p><p>forme o § 2º, art. 18, da CF, acima disposto, há uma autorização constitucional para sua cria-</p><p>ção, a qual deve ser regulada em lei complementar, veja:</p><p>Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende</p><p>a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta</p><p>Constituição.</p><p>§ 1º Brasília é a Capital Federal.</p><p>§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou</p><p>reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 497.</p><p>SILVA, F. A. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2017, p. 476.</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS</p><p>A administração pública tem suas regras disciplinadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988.</p><p>Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,</p><p>dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,</p><p>impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência</p><p>e, também, ao seguinte:</p><p>Conforme se observa do caput, do art. 37, a administração pública divide-se em adminis-</p><p>tração pública direta, que é composta pelos quatro entes federativos (União, estados, muni-</p><p>cípios e Distrito Federal), e administração pública indireta, composta pelas autarquias,</p><p>fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas.</p><p>Via de regra, a administração pública submete-se a um regime jurídico de direito público,</p><p>ou seja, a sua atuação independe da concordância dos administrados, pois se funda na pró-</p><p>pria soberania estatal.</p><p>106</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O regime jurídico de direito público faz com que a administração se sujeite a limites, que,</p><p>por vezes, são mais estritos do que aqueles a que estão submetidos os particulares. Como</p><p>exemplo, se pode citar o dever de observância da finalidade pública.</p><p>Esse regime de prerrogativas e sujeições para a administração pública encontra-se expres-</p><p>so em forma de princípios.</p><p>De acordo com o dispositivo, são princípios que regem a administração pública direta e</p><p>indireta: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.</p><p>O princípio da legalidade estabelece a sujeição da administração pública aos mandamen-</p><p>tos da lei. A legalidade traduz o sentido de que a administração pública somente pode fazer o</p><p>que a lei manda ou permite, bem como somente pode proibir o que a lei expressamente proíbe.</p><p>O princípio da impessoalidade traz a neutralidade necessária para o exercício da ativi-</p><p>dade administrativa. Destinado tanto ao administrador como ao administrado, esse princípio</p><p>impõe a objetividade e a isonomia da conduta administrativa.</p><p>O princípio da moralidade diz respeito à moral administrativa. Segundo ele, os atos da</p><p>administração pública devem ser balizados nas matrizes éticas dominantes. A finalidade do</p><p>princípio é fixar limites à atuação da administração, evitando, por exemplo, o excesso de</p><p>poder ou desvio de finalidade.</p><p>O princípio da publicidade exige a divulgação dos atos da administração pública com o</p><p>objetivo de permitir o conhecimento e o controle por toda a sociedade, pois ao administrador</p><p>compete agir com transparência.</p><p>Por fim, o princípio da eficiência impõe à administração a obrigação de realizar suas atri-</p><p>buições com rapidez, perfeição e rendimento, pois quem administra gere algo que pertence à</p><p>sociedade. Assim, cabe ao administrador zelar pelos interesses públicos com plena satisfação</p><p>do administrado e com o menor custo para a sociedade.</p><p>Dica</p><p>Para memorizar os princípios, utilize o mnemônico LIMPE:</p><p>z Legalidade;</p><p>z Impessoalidade;</p><p>z Moralidade;</p><p>z Publicidade;</p><p>z Eficiência.</p><p>Art. 37 […]</p><p>I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham</p><p>os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;</p><p>No que se refere à forma de acesso por brasileiro naturalizado, há de se esclarecer, inicial-</p><p>mente, que se trata dos cargos não privativos de brasileiros natos, uma vez que os cargos</p><p>privativos de brasileiro nato constam expressamente no § 3º, art. 12, da CF, de 1988.</p><p>Observa-se que os cargos não privativos de brasileiros natos podem ser preenchidos por</p><p>brasileiros (natos ou naturalizados) de forma ampla. Vale frisar que pode a lei estabelecer</p><p>requisitos limitadores, tais como formação escolar, idade, entre outros. Em contrapartida,</p><p>para que o estrangeiro possa ter acesso a tais cargos, a lei deve especificar as hipóteses de</p><p>admissibilidade.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>107</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à aplicabilidade da norma. Com relação</p><p>aos brasileiros, a norma constitucional é de eficácia contida, ou seja, todos os brasileiros têm</p><p>acesso aos cargos, empregos e funções públicas.</p><p>A norma infraconstitucional pode conter tais efeitos, estabelecendo critérios diferencia-</p><p>dos. Portanto, todos os brasileiros têm acesso a todos os cargos, empregos e funções desde</p><p>que a norma não se restrinja.</p><p>Já para os estrangeiros, a norma constitucional é de eficácia limitada, ou seja, para que o</p><p>estrangeiro tenha acesso, faz-se necessária norma infraconstitucional regulando a hipótese.</p><p>Deste modo, os estrangeiros têm acesso somente aos cargos, empregos e funções públicos que</p><p>a lei autorizar.</p><p>Art. 37 […]</p><p>II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em con-</p><p>curso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexida-</p><p>de do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em</p><p>comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;</p><p>O inciso II estabelece a necessidade de procedimento administrativo destinado à seleção</p><p>das pessoas que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos de provimento efetivo ou</p><p>vitalício. Trata-se, portanto, de uma forma de escolha para atender aos princípios da igualda-</p><p>de e da moralidade administrativa, evitando-se, com isso, que o ingresso no serviço público</p><p>se dê por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.</p><p>Os concursos públicos devem ser abertos a todos os interessados. Portanto, não se admite</p><p>que a seleção ocorra de forma interna (concursos internos).</p><p>Cabe consignar que os concursos públicos podem ser de provas ou de provas e títulos.</p><p>Deste modo, não se admite concurso apenas de títulos nem admissão sem concurso públi-</p><p>co. Observa-se, no entanto, que existem exceções à regra relativa aos concursos públicos</p><p>para os seguintes casos:</p><p>z cargos de mandato eletivo;</p><p>z cargo comissionado;</p><p>z contratação temporária por excepcional interesse público;</p><p>z ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a Segun-</p><p>da Guerra Mundial (inciso I, art. 53, ADCT);</p><p>z outras hipóteses:</p><p>� ministros ou conselheiros dos Tribunais de Contas;</p><p>� ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justiça),</p><p>do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e do STM</p><p>(Superior Tribunal Militar);</p><p>� integrantes do quinto constitucional dos Tribunais Judiciários.</p><p>Art. 37 […]</p><p>III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,</p><p>por igual período;</p><p>108</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O inciso III traz o prazo de validade do concurso público, que é de até dois anos. Assim</p><p>sendo, cabe ao edital definir qual o prazo do concurso, não podendo, no entanto, ser superior</p><p>a dois anos.</p><p>Além disso, é possível a prorrogação do prazo de validade por uma única vez e por igual</p><p>período, ou seja, se o prazo de validade do edital é de um ano, ele somente poderá ser pror-</p><p>rogado por um ano. Aqui, cabe uma observação importante: a prorrogação só é possível ser</p><p>feita enquanto não expirado o prazo inicial.</p><p>O candidato que for aprovado em concurso público dentro do número de vagas previstas</p><p>no edital, estando tal concurso dentro do prazo de validade, possui o direito subjetivo de ser</p><p>nomeado, assim como a prioridade na nomeação. Em contrapartida, o candidato aprovado</p><p>fora do número de vagas possui mera expectativa de direito à nomeação, devendo submeter-</p><p>-se ao juízo de conveniência e oportunidade da administração.</p><p>Art. 37 […]</p><p>IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em</p><p>concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre</p><p>novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;</p><p>O inciso IV regula a hipótese de novo concurso para o mesmo cargo enquanto os candidatos</p><p>aprovados em certame anterior e com prazo de validade não expirado ainda não foram con-</p><p>vocados. Assim, estabelece a prioridade de convocação destes em face dos novos aprovados.</p><p>Importante!</p><p>Segundo entendimento do STF, para gozar da prioridade na nomeação, não basta ao candi-</p><p>dato a mera aprovação, sendo necessário que ele tenha sido classificado dentro do núme-</p><p>ro de vagas disponibilizadas no</p><p>concurso, ou seja, se o edital previu uma vaga e foram</p><p>aprovados dois candidatos, somente o primeiro tem prioridade de nomeação.</p><p>Art. 37 […]</p><p>V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de car-</p><p>go efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos</p><p>casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições</p><p>de direção, chefia e assessoramento;</p><p>O inciso V trata de duas situações distintas: a função de confiança e o cargo de confian-</p><p>ça (em comissão). O cargo público é a unidade estrutural e funcional em que o servidor</p><p>exerce suas atribuições e responsabilidades, ou seja, é o local dentro da estrutura organi-</p><p>zacional que deve ser atribuída a um servidor. Já função pública é a própria atribuição e</p><p>responsabilidade.</p><p>Em regra, os cargos públicos somente podem ser criados, transformados ou extintos por</p><p>lei. Assim, cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do Poder Executivo, dispor sobre</p><p>a criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas.</p><p>A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma cargos, varia conforme o caso. Por</p><p>exemplo, no caso dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de Contas e do Ministério</p><p>Público, a lei será de iniciativa dos respectivos Tribunais ou procuradores-gerais.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>109</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Excepciona a regra quando os cargos ou funções se encontrarem vagos, uma vez que a</p><p>Emenda Constitucional nº 32, de 2001, possibilitou a extinção por meio de decreto do pre-</p><p>sidente da República. Com relação aos governadores e prefeitos, a extinção do cargo vago é</p><p>possível se houver semelhante previsão nas respectivas constituições estaduais ou leis orgâ-</p><p>nicas (princípio da simetria).</p><p>No que se refere às garantias e características especiais, os cargos podem ser classificados</p><p>em vitalícios, efetivos e comissionados:</p><p>z cargo vitalício é aquele com a maior garantia em relação à permanência. Trata-se daque-</p><p>le destinado a receber o ocupante em caráter permanente, como no caso dos magistrados</p><p>(inciso I, art. 95, CF, de 1988), os de membros do Ministério Público (alínea “a”, inciso I, § 5º,</p><p>art. 128, da CF, de 1988) e os de ministros do Tribunal de Contas (§ 3º, art. 73, CF, de 1988).</p><p>A vitaliciedade é adquirida após dois anos de efetivo exercício no cargo, e tais servidores</p><p>só poderão ser demitidos por sentença judicial transitada em julgado;</p><p>z cargo efetivo é aquele provido por concurso público, cujos integrantes possuem a estabi-</p><p>lidade, ou seja, após três anos de efetivo exercício, só poderão ser demitidos por decisão</p><p>judicial transitada em julgado, processo administrativo disciplinar ou processo de avalia-</p><p>ção periódica de desempenho;</p><p>z cargo em comissão é aquele preenchido de acordo com a confiança. Como regra, ele deve</p><p>ser preenchido preferencialmente por servidores de carreira. Portanto, para os demais</p><p>casos (pessoal de fora da administração), a nomeação deve ser exceção.</p><p>Além disso, é importante frisar que a nomeação aos cargos em comissão somente é pos-</p><p>sível para os cargos de chefia, direção ou assessoramento. Portanto, para as atribuições de</p><p>execução e, não, para as atribuições técnicas e operacionais.</p><p>Exemplo: cabe a nomeação para cargo em comissão de secretário de Transportes, por</p><p>demandar conhecimento específico e confiança. Já para o motorista, isso não é cabível, pois,</p><p>diferentemente do secretário, sua atribuição é meramente operacional e não demanda a</p><p>relação de confiança.</p><p>Como regra, os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração (ad nutum). A</p><p>exceção a essa regra é o que se intitula nepotismo (favorecimento de parentes em detrimento</p><p>de pessoas mais qualificadas). É importante salientar que essa prática também pode ocorrer</p><p>de forma cruzada.</p><p>Por exemplo: quando autoridades, a fim de omitir o nepotismo, nomeiam para determina-</p><p>do cargo parentes um do outro de maneira recíproca.</p><p>Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante nº 13, do STF, relativa ao tema:</p><p>Súmula Vinculante nº 13 (STF) A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha</p><p>reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servi-</p><p>dor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para</p><p>o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na admi-</p><p>nistração pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF.</p><p>A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas aos cargos de natureza administrativa, estan-</p><p>do de fora do seu âmbito as nomeações para cargos políticos. Exemplo: o STF considerou válida</p><p>110</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>a nomeação para o cargo de secretário estadual de Transportes de irmão de governador de</p><p>estado sob a alegação de que o cargo em questão possuía natureza política (Rcl 6.650-MC-AgR).</p><p>Por fim, para o exercício da função de confiança, o pressuposto é que o nomeado já exerça</p><p>cargo na administração. Exemplo: um escrevente técnico é nomeado para a função de assessor</p><p>do juiz.</p><p>Atenção!</p><p>z Função de confiança: deve ser agente público;</p><p>z Cargo em confiança: pode ou não ser agente público.</p><p>Art. 37 […]</p><p>VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;</p><p>O inciso VI decorre do direito à liberdade do art. 5º, da CF, de 1988. Lembre-se: ninguém é</p><p>obrigado a se associar ou a se manter associado.</p><p>Art. 37 […]</p><p>VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;</p><p>O direito de greve dos servidores públicos é diferente do direito dos demais trabalhado-</p><p>res da iniciativa privada. Enquanto estes podem interromper completamente suas ativida-</p><p>des, o servidor público precisa garantir que os serviços sejam mantidos e em percentual que</p><p>possa atender à população.</p><p>Trata-se da aplicação do princípio da continuidade, uma vez que não é possível a interrup-</p><p>ção total das atividades prestadas pela administração à população por serem estas essenciais</p><p>e necessárias à coletividade. Para tanto, a norma constitucional prevê que os termos e limites</p><p>devem ser estabelecidos em lei.</p><p>Ainda não foi elaborada lei para dar aplicabilidade ao inciso VII. Por essa razão, o STF</p><p>proferiu a seguinte decisão nos autos do Mandado de Injunção 670-ES:</p><p>STF, MI 670-ES Mandado de injunção. Garantia fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito</p><p>de greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37, inciso VII). Evolução do tema na jurispru-</p><p>dência do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos parâmetros de competência cons-</p><p>titucional para apreciação no âmbito da justiça federal e da justiça estadual até a edição da</p><p>legislação específica pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em observância aos ditames</p><p>da segurança jurídica e à evolução jurisprudencial na interpretação da omissão legislativa</p><p>sobre o direito de greve dos servidores públicos civis, fixação do prazo de 60 (sessenta) dias</p><p>para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. Mandado de injunção deferido para</p><p>determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989.</p><p>Seguimos com os incisos do art. 37, da CF, de 1988:</p><p>Art. 37 […]</p><p>VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas porta-</p><p>doras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>111</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O inciso VIII estabelece a reserva de vagas para pessoas com deficiência. Trata-se de</p><p>uma norma constitucional de eficácia limitada, ou seja, que depende da edição de lei infra-</p><p>constitucional para poder gerar os efeitos.</p><p>Com relação à reserva, cumpre salientar que as atribuições do cargo devem ser compatí-</p><p>veis com a deficiência. Ainda, a reserva</p><p>é de até 20% das vagas oferecidas no concurso, isto é,</p><p>a CF, de 1988, fixou apenas o limite máximo (teto) do número a ser reservado.</p><p>O § 1º, art. 37, do Decreto nº 3.298, de 1999, estabelece o percentual mínimo de 5% das</p><p>vagas e, no caso de o número obtido ser fracionado, o número de vagas será elevado até o</p><p>primeiro número inteiro subsequente, ou seja, arredondado para cima.</p><p>Art. 37 […]</p><p>IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a</p><p>necessidade temporária de excepcional interesse público;</p><p>O servidor temporário se encontra disciplinado no inciso IX. Trata-se de uma categoria à</p><p>parte, uma vez que não titulariza cargo público nem possui qualquer vínculo trabalhis-</p><p>ta regido pela CLT, sendo regida por regime especial veiculado por meio de lei específica de</p><p>cada ente da federação.</p><p>O servidor público exerce funções públicas sem ocupar cargos ou empregos públicos e</p><p>sua contratação é por tempo determinado e para atender a necessidade temporária de</p><p>excepcional interesse público. Por exemplo: agente sanitário em caso de surto de dengue.</p><p>Art. 37 […]</p><p>X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39</p><p>somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa priva-</p><p>tiva em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de</p><p>índices;</p><p>O inciso X trata da remuneração dos servidores públicos. Cumpre esclarecer, no entanto,</p><p>que remuneração é o gênero, do qual salário, vencimentos e subsídios são espécies. Salário é</p><p>a contraprestação pecuniária paga aos empregados públicos, regidos pela CLT. Vencimento é</p><p>a modalidade remuneratória da maioria dos servidores submetidos a regime jurídico estatu-</p><p>tário, englobando o vencimento-base e as vantagens pecuniárias. Já subsídio é uma parcela</p><p>única, sem qualquer acréscimo, obrigatória para as seguintes categorias:</p><p>z membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos, senadores, deputados, vereadores,</p><p>magistrados), detentores de mandato eletivo, ministros de Estado e secretários estaduais</p><p>e municipais;</p><p>z ministros ou conselheiros dos Tribunais de Contas;</p><p>z membros do Ministério Público;</p><p>z integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia-Geral da União, à Procuradoria-Geral</p><p>da Fazenda Nacional, às Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal e às Defensorias</p><p>Públicas da União, DF e Territórios e Defensorias Públicas Estaduais (art. 135, CF);</p><p>z servidores policiais integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-</p><p>roviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.</p><p>112</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679, do STF:</p><p>Súmula nº 679 (STF) A fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto</p><p>de convenção coletiva.</p><p>No que se refere à revisão, o dispositivo trata apenas da revisão geral, ou seja, do reajuste</p><p>anual genérico, que tem por objetivo repor as perdas inflacionárias do período, sendo apli-</p><p>cável a todos os servidores.</p><p>Portanto, não a confunda com reajuste específico, que é aquele aplicado apenas a alguns</p><p>cargos ou carreiras funcionais, com a finalidade de evitar a defasagem remuneratória.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da</p><p>administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e</p><p>dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, perce-</p><p>bidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natu-</p><p>reza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo</p><p>Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos</p><p>Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder</p><p>Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legis-</p><p>lativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa</p><p>inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do</p><p>Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros</p><p>do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;</p><p>Com relação ao teto do funcionalismo público, a CF, de 1988, estabeleceu duas regras. A</p><p>primeira é a do teto geral, ou seja, o limite máximo de remuneração, que é o valor dos</p><p>subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Já a segunda regra trata do deno-</p><p>minado subteto, ou seja, o teto para os estados, municípios e Distrito Federal.</p><p>Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóteses de subtetos: o teto único e o teto</p><p>por Poder. O teto único tem, como base, a fixação de um valor máximo estabelecido para</p><p>fins remuneratórios. Já o teto por Poderes faz com que cada ente político adote um subteto</p><p>próprio para a fixação dos subsídios.</p><p>O Executivo tem, como subteto, os subsídios do governador. O Legislativo tem, como sub-</p><p>teto, os subsídios dos deputados estaduais, que, por sua vez, não poderão exceder 75% dos</p><p>subsídios dos deputados federais. Por fim, o Judiciário adota, como subteto, o valor de 90,25%</p><p>dos subsídios do Supremo Tribunal Federal, ressaltando que esse subteto se aplica tão somen-</p><p>te aos seus servidores, e não aos membros da Magistratura, pois a estes é aplicado o teto do</p><p>Supremo Tribunal Federal.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão</p><p>ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>113</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>A isonomia dos vencimentos dos servidores dos três poderes está disciplinada no inciso</p><p>XII. Sua finalidade é manter a paridade.</p><p>É importante o texto da Súmula Vinculante nº 37, do STF:</p><p>Súmula Vinculante nº 37 (STF) Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislati-</p><p>va, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para</p><p>o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;</p><p>A vedação à vinculação e à equiparação de remunerações encontra-se prevista no inci-</p><p>so XIII. Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681:</p><p>Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores</p><p>estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.</p><p>Vale-se de atenção que há duas exceções à regra de não vinculação, quais sejam:</p><p>z a equiparação de vencimentos e vantagens entre os ministros do TCU (Tribunal de Contas</p><p>da União) e do STJ (§ 3º, art. 73, CF, de 1988);</p><p>z a vinculação entre o subsídio dos ministros dos Tribunais Superiores e o subsídio mensal</p><p>fixado para os ministros do STF (inciso V, art. 93, da CF).</p><p>Art. 37 […]</p><p>XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados</p><p>nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;</p><p>O inciso XIV trata da vedação ao efeito repicão ou efeito cascata, ou seja, veda-se que</p><p>a mesma vantagem seja repetidamente computada para o cálculo das demais vantagens. A</p><p>finalidade do dispositivo é evitar que, na base de cálculo de uma vantagem remuneratória,</p><p>seja acrescida outra vantagem.</p><p>Por exemplo: se o servidor faz jus e recebe um adicional por tempo de serviço, não é pos-</p><p>sível inseri-lo na base de cálculo para a concessão de outra gratificação, como, por exemplo,</p><p>uma gratificação de produtividade.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredu-</p><p>tíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153,</p><p>III, e 153, § 2º, I;</p><p>A irredutibilidade dos subsídios e dos vencimentos dos ocupantes de cargos, funções</p><p>e empregos públicos encontra-se</p><p>estabelecida no inciso XV. Trata-se da impossibilidade de</p><p>redução do valor nominal, ou seja, se a remuneração é de R$ 5.000, não poderá reduzi-lo para</p><p>valor inferior. No entanto, é possível que ocorra a redução real, ou seja, que o poder aquisiti-</p><p>vo desse valor seja atingido pela inflação.</p><p>114</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver</p><p>compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:</p><p>a) a de dois cargos de professor;</p><p>b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;</p><p>c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões</p><p>regulamentadas;</p><p>O inciso XVI trata da vedação de acumulação de cargos. Como regra, é vedada a acu-</p><p>mulação remunerada de cargos públicos. No entanto, é possível a acumulação se houver</p><p>compatibilidade de horários entre os cargos e somente em três hipóteses.</p><p>A primeira se refere ao magistério e traz a possibilidade de acumular dois cargos de pro-</p><p>fessor (ex.: cargo de professor da rede municipal no período matutino e cargo de professor</p><p>da rede estadual no período noturno).</p><p>A segunda hipótese é a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou</p><p>científico (ex.: cargo técnico em enfermagem em hospital estadual com carga horária com-</p><p>patível com cargo de professor de ensino médio estadual).</p><p>Por fim, é possível a acumulação de dois cargos privativos de profissionais da saúde,</p><p>com profissões regulamentadas (ex.: cargo de dentista, em um município, durante o período</p><p>matutino, com outro cargo de dentista, em outro município, no período vespertino).</p><p>Atenção! Cargos burocráticos não são considerados como técnicos. Para ser enquadrado</p><p>como cargo técnico passível de acumulação, é necessária formação específica na área de</p><p>atuação. Portanto, cargo técnico é aquele que requer conhecimento específico na área de</p><p>atuação do profissional, com habilitação específica de grau universitário ou profissionalizan-</p><p>te (ensino médio).</p><p>Em síntese:</p><p>z Regra: não acumulação de cargos públicos remunerados;</p><p>z Exceção: acumulação de cargos públicos remunerados, quando há compatibilidade de</p><p>horários e nas seguintes hipóteses:</p><p>� dois cargos de professor;</p><p>� um cargo de professor com outro técnico ou científico;</p><p>� dois cargos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.</p><p>XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,</p><p>fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e</p><p>sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;</p><p>O inciso XVII estende a regra da não acumulação para a administração indireta. Portanto,</p><p>a proibição aplica-se às autarquias, fundações e empresas públicas, sociedades de economia</p><p>mista, bem como às suas subsidiárias, além das sociedades controladas direta ou indireta-</p><p>mente pelo poder público.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>115</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas</p><p>de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma</p><p>da lei;</p><p>O inciso XVIII trata da precedência da administração fazendária e seus servidores fiscais</p><p>aos demais setores administrativos. Isso significa dizer que, dentro da estrutura da admi-</p><p>nistração pública, esta deverá dar prioridade para os serviços atinentes à arrecadação dos</p><p>tributos, por se tratar dos recursos essenciais ao seu funcionamento.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de</p><p>empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei comple-</p><p>mentar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;</p><p>Para que uma autarquia seja criada, faz-se necessária a autorização legislativa (lei espe-</p><p>cífica), de modo a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei. Em contrapartida, é</p><p>preciso lei que autorize a criação das empresas públicas, sociedades de economia mista e</p><p>fundações, devendo, posteriormente, ser registradas, a fim de adquirirem a personalidade</p><p>jurídica. Ressalta-se, por fim, que, para as fundações, uma lei complementar deve definir as</p><p>áreas de sua atuação.</p><p>LEI ESPECÍFICA LEI</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>z Cria as autarquias e às fundações públicas de direito público (já que</p><p>estas últimas são equiparadas a autarquias);</p><p>z Autoriza a criação das demais entidades (empresa pública, sociedade</p><p>de economia mista e fundações públicas de direito privado)</p><p>Especifica a área</p><p>de atuação das</p><p>fundações</p><p>Art. 37 […]</p><p>XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das</p><p>entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas</p><p>em empresa privada;</p><p>Veja-se que em relação às subsidiárias e à participação em empresa privada há a necessidade</p><p>de autorização legislativa, independentemente da vinculação, ou seja, não importa se é vincula-</p><p>da à entidade que é criada por lei. Para exemplificar, imaginemos uma subsidiária XY da autar-</p><p>quia X. A autarquia foi criada por lei, e sua subsidiária foi criada por autorização legislativa.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alie-</p><p>nações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualda-</p><p>de de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de</p><p>pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente</p><p>permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cum-</p><p>primento das obrigações.</p><p>116</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Outra regra contida na Constituição é a exigência de licitação pública para contratação</p><p>de obras, serviços, compras e alienações, ressalvados os casos de dispensa e inexigibili-</p><p>dade previstos em lei.</p><p>Vale frisar, aqui, que é assegurada a todos a igualdade de condições, com cláusulas que</p><p>estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-</p><p>mos da lei, a qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indis-</p><p>pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.</p><p>Art. 37 […]</p><p>XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-</p><p>cípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carrei-</p><p>ras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão</p><p>de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais,</p><p>na forma da lei ou convênio.</p><p>O inciso XXII traz mais uma regra de prioridade da parte fiscal e de arrecadação. Assim, a</p><p>administração tributária de qualquer dos entes da federação possui recurso prioritário para</p><p>a realização de suas atividades.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públi-</p><p>cos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo</p><p>constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou</p><p>servidores públicos.</p><p>O § 1º trata das regras de publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas</p><p>dos órgãos públicos. Esse dispositivo é consequência direta do princípio da impessoalidade,</p><p>pois tal publicidade deve ser de caráter informativo, educativo ou de orientação social, ou</p><p>seja, a propaganda pública não pode ser um meio para promoção pessoal.</p><p>É por esse motivo que não é permitido ao governador ou ao prefeito, por exemplo, conti-</p><p>nuar a utilizar o slogan de campanha após ser eleito, uma vez que vincularia aquela ativida-</p><p>de pública à sua pessoa.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a puni-</p><p>ção da autoridade responsável, nos termos da lei.</p><p>O § 2º traz a responsabilidade</p><p>do agente público pela não observância da regra de que,</p><p>para contratação de pessoal, o concurso público é indispensável. Consequentemente, se hou-</p><p>ver ingresso de pessoal sem o devido processo de seleção, haverá nulidade da nomeação,</p><p>devendo a autoridade sofrer as punições em conformidade com a norma infraconstitucional.</p><p>Além disso, o prazo de validade do concurso também implica em nulidade da nomeação e</p><p>responsabilidade do agente.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>117</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública</p><p>direta e indireta, regulando especialmente:</p><p>I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manu-</p><p>tenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da</p><p>qualidade dos serviços;</p><p>II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,</p><p>observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;</p><p>III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego</p><p>ou função na administração pública.</p><p>O § 3º remete à preocupação do legislador para que haja um controle social, de modo a</p><p>estabelecer meios para que qualquer pessoa comunique as irregularidades ou ilegalidades</p><p>praticadas pelos agentes públicos. Trata-se, portanto, da possibilidade de controle para evitar</p><p>os atos de improbidade administrativa, ou seja, de condutas ilegais, desonestas, abusivas e</p><p>incorretas.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos polí-</p><p>ticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao</p><p>erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.</p><p>De acordo com o § 4º, as penalidades para os atos de improbidade são as seguintes: sus-</p><p>pensão dos direitos políticos; perda de função pública; indisponibilidade dos bens e res-</p><p>sarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível, ou seja, se aplica a penalidade</p><p>administrativa cumulativamente com a sanção penal (se o fato constituir crime).</p><p>Dica</p><p>Para decorar os atos de improbidade administrativa, será necessário a memorização do</p><p>mnemônico PARIS:</p><p>z Perda de função pública;</p><p>z Ação penal cabível (se for o caso);</p><p>z Ressarcimento ao erário;</p><p>z Indisponibilidade de bens;</p><p>z Suspensão dos direitos políticos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agen-</p><p>te, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de</p><p>ressarcimento.</p><p>Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as ações de ressarcimento serão disciplina-</p><p>das em lei. Vale lembrar que a lei que disciplina as regras aplicáveis aos agentes públicos nos</p><p>casos de improbidade administrativa é a Lei nº 8.429, de 1992.</p><p>118</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-</p><p>viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a</p><p>terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.</p><p>O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva do Estado, o que significa que o Estado é</p><p>responsável civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou pelos prestadores de ser-</p><p>viço público de forma objetiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da chamada</p><p>teoria do risco administrativo.</p><p>Portanto, o Estado é responsável quando um de seus agentes, no desempenho da função,</p><p>gera dano a um terceiro, independentemente da comprovação de dolo ou culpa, sendo</p><p>necessário, apenas, demonstrar o nexo causal da atividade do agente e o dano de terceiro.</p><p>Cumpre mencionar, por necessário, que é possível ao Estado ingressar com ação regressi-</p><p>va para cobrar do agente o valor que pagou a esse terceiro. No entanto, ao contrário do que</p><p>ocorre com o Estado, a responsabilidade do agente é subjetiva, ou seja, para que ele seja res-</p><p>ponsabilizado civilmente, é preciso demonstrar que houve dolo ou culpa. Em relação a isso,</p><p>vejamos, de forma simples o exposto no fluxograma a seguir:</p><p>Agente causa dano a</p><p>um terceiro por dolo ou</p><p>culpa</p><p>Terceiro entra com ação</p><p>contra o Estado</p><p>Estado pleiteia o</p><p>ressarcimento em</p><p>decorrência do fato</p><p>praticado pelo terceiro</p><p>Estado indeniza o</p><p>terceiro lesado</p><p>Entende-se por pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos as</p><p>empresas públicas, sociedades de economia mista e as concessionárias e permissionárias,</p><p>isto é, aquelas empresas selecionadas por procedimento licitatório para desempenhar servi-</p><p>ço público. Por exemplo: serviço de transporte público urbano.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da</p><p>administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.</p><p>O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de conduta das autoridades da administra-</p><p>ção pública, de modo a tentar minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado</p><p>e o dever funcional. Ainda, se objetiva a criação de mecanismos, a fim de regulamentar o</p><p>acesso às informações.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>119</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da</p><p>administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firma-</p><p>do entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de</p><p>desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:</p><p>I - o prazo de duração do contrato;</p><p>II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilida-</p><p>de dos dirigentes;</p><p>III - a remuneração do pessoal.</p><p>O § 8º busca alcançar melhores resultados na administração pública por meio da criação</p><p>de novos instrumentos no âmbito do direito público, de modo a conferir maior autonomia ou</p><p>estabelecer parcerias com entidades privadas sem fins lucrativos. Dessas medidas, atente-se</p><p>para o contrato de gestão.</p><p>Entende-se por contrato de gestão o contrato administrativo firmado pelo poder público</p><p>na condição de contratante e entidade privada ou da administração indireta, no qual é ins-</p><p>trumentalizada parceria.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia</p><p>mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Fede-</p><p>ral ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.</p><p>As regras com relação ao teto e subteto de remuneração são estendidas aos empregados</p><p>das empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como às suas subsidiárias. No</p><p>entanto, conforme o disposto no § 9º, incidirá sobre as remunerações de diretores de empre-</p><p>sas estatais que receberem recursos dos entes da federação para pagamento de despesas de</p><p>pessoal ou de custeio em geral, como, por exemplo, nos casos da Embrapa (Empresa Brasilei-</p><p>ra de Pesquisa Agropecuária) e da Radiobras.</p><p>O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal),</p><p>denomina as empresas públicas e sociedades de economia mista se encaixa como “empresa</p><p>estatal dependente”, expressão disposta no § 9º.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do</p><p>art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,</p><p>ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os</p><p>cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.</p><p>O § 10 veda a percepção simultânea de proventos de aposentadoria com remuneração de</p><p>cargo, emprego ou função pública, ressalvada a hipótese de cargos acumuláveis, na forma da</p><p>Constituição, cargos eletivos e cargos em comissão.</p><p>Esse dispositivo foi acrescentado pela</p><p>diferentes, mas</p><p>que se complementam, o que confirma a natureza unitária da atividade interpretativa5.</p><p>O constitucionalista português Gomes Canotilho descreve alguns métodos de interpreta-</p><p>ção das normas constitucionais, vejamos:</p><p>z Método hermenêutico clássico ou método jurídico: são basicamente os métodos tradi-</p><p>cionais de interpretação das leis:</p><p>� Método gramatical: o interprete se preocupa com a letra da lei;</p><p>� Método histórico: interpretação histórica: verifica a genealogia da lei, onde se busca</p><p>verificar a vontade do legislador ao criar a lei;</p><p>� Interpretação lógica: utiliza-se de raciocínio lógico;</p><p>� Método teleológico: segundo buscamos a vontade da lei;</p><p>z Método tópico-problemático: é aquele no qual o intérprete parte do problema para se</p><p>chegar até a norma, ou seja, a interpretação deve ter o objetivo de resolução de casos</p><p>concretos. Sobre o tema Pedro Lenza preleciona que, “a Constituição é assim, um sistema</p><p>aberto de regras e princípios”6;</p><p>z Método hermenêutico-concretizador: aqui faz análise partindo da Constituição para o</p><p>problema, ou seja, deve ser feito primeiro a leitura da norma e depois a comparação com</p><p>a realidade existente;</p><p>z Método cientifico-espiritual: é aquele que busca a vontade da constituição, tem cunho</p><p>sociológico pois interpreta as normas sob análise dos valores ali inseridos;</p><p>5 ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito Constitucional Descomplicado. 9ª Ed. São Paulo: Método: 2012, p. 69.</p><p>6 LENZA, op. cit, p. 133.</p><p>14</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Método normativo-estruturante: o interprete deve buscar o real motivo da norma cons-</p><p>titucional. Ex.: Direito de o réu permanecer em silêncio;</p><p>z Método comparativo: o intérprete vai comparar o direito constitucional com a Constitui-</p><p>ção de vários países.</p><p>Na sua prova, cuidado para não confundir métodos de interpretação com princípios cons-</p><p>titucionais de interpretação. Este assunto será estudado na seção de princípios constitucio-</p><p>nais deste material de estudo.</p><p>NORMAS DE EFICÁCIA PLENA, CONTIDA E LIMITADA</p><p>Todas as normas constitucionais têm eficácia jurídica independente de regulamentação,</p><p>segundo a doutrina, são classificadas em normas de eficácia plena, contida e limitada, con-</p><p>forme veremos a seguir.</p><p>Normas de Eficácia Plena</p><p>São as normas que não dependem de regulamentação, ou seja, não depende de lei.</p><p>Para identificar facilmente se a norma é de eficácia plena, note que na frase aparecerão</p><p>termos como “é ou são”. Neste caso, jamais aparecerá expressões como: “nos termos da lei”.</p><p>Exemplo: vejamos o art. 13, da CF e § 1º, art. 18, da CF.</p><p>Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.</p><p>Art. 18 A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende</p><p>a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta</p><p>Constituição.</p><p>§ 1º Brasília é a Capital Federal.</p><p>Normas de Eficácia Contida</p><p>São normas que têm aplicabilidade imediata, não dependem de regulamentação, mas</p><p>admitem redução do direito pelo legislador originário.</p><p>Para identificar facilmente se a norma é de eficácia contida, note que na frase aparecerão</p><p>expressões com a palavra “lei”, visando reduzir um direito.</p><p>Exemplo: vejamos o XIII, art. 5°, da CF.</p><p>XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações</p><p>profissionais que a lei estabelecer;</p><p>Normas de Eficácia Limitada</p><p>São normas que dependem de regulamentação. Normas cuja aplicabilidade é indireta e</p><p>reduzida.</p><p>Para identificar facilmente se a norma é de eficácia limitada, note que na frase aparecerão</p><p>expressões com a palavra “lei ou nos termos da lei”, mas neste caso, visando detalhar um direito.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>15</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Exemplo: observe o art. 29, da CF, e VII, art.153, da CF:</p><p>Art. 153 Compete à União instituir impostos sobre:</p><p>VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.</p><p>Art. 29 Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público e</p><p>à Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazen-</p><p>da Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos</p><p>Jurídicos de autarquias federais com representação própria e os membros das Procuradorias</p><p>das Universidades fundacionais públicas continuarão a exercer suas atividades na área das</p><p>respectivas atribuições.</p><p>[...]</p><p>§ 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facultada</p><p>a opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da Advoca-</p><p>cia-Geral da União.</p><p>Atualmente não existe o imposto sobre grandes fortunas no Brasil, mas há uma autori-</p><p>zação constitucional para criação do mesmo, conforme art. 153, da CF, deve existir uma lei</p><p>complementar para regular o mesmo.</p><p>“Análise Covid-19”</p><p>Visto como uma potencial fonte de arrecadação para o país, o imposto sobre grandes fortunas</p><p>(IGF) é tema de alguns projetos em tramitação no Senado. Dois deles foram apresentados após</p><p>o início da pandemia do covid-19 — e citam essa calamidade sanitária como motivo de suas</p><p>medidas.</p><p>Segundo regras constitucionais, um novo imposto só pode valer a partir do ano seguinte à sua</p><p>criação. Desse modo, mesmo que um desses projetos seja aprovado durante a crise do covid-19,</p><p>ele não poderá ser cobrado a tempo de trazer recursos imediatos. Mesmo assim, os senadores</p><p>citam a justiça social e os custos futuros da pandemia como fatores que justificam suas iniciativas.</p><p>LIMITADA</p><p>Aplicabilidade indire-</p><p>ta/reduzida</p><p>Exemplo:</p><p>Inciso XXVIII, art. 5°,</p><p>da CF</p><p>CONTIDA</p><p>Aplicabilidade ime-</p><p>diata</p><p>Exemplo:</p><p>Inciso VIII, art. 5°,</p><p>da CF</p><p>PLENA</p><p>Não depende de</p><p>regulamentação</p><p>Exemplo:</p><p>Art. 1º, da CF</p><p>EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS</p><p>NORMAS PROGRAMÁTICAS</p><p>De modo geral, pode-se dizer que a Constituição, de 1988, é programática. Isso porque</p><p>grande parte de suas normas traçam, na verdade, princípios para serem cumpridos pelos</p><p>seus órgãos em longo prazo. São verdadeiras metas a serem atingidas pelo Estado e seus</p><p>programas de governo na realização de seus fins sociais.</p><p>16</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS</p><p>Com forte expressão no pós-guerra, os direitos e garantias fundamentais, apesar de seu</p><p>teor sensivelmente constitucional, são interdisciplinares e relacionam-se a todos os ramos</p><p>do direito.</p><p>Diz-se isso pois, pautados na busca de justiça e paz social, aqueles refletem um compromis-</p><p>so geral do direito e da justiça de proteção e garantia de uma vida digna a todos os cidadãos.</p><p>Além disso, toda a legislação infraconstitucional também reflete, de maneira geral, a preo-</p><p>cupação com políticas adequadas que possam conciliar o desenvolvimento econômico, social</p><p>e cultural.</p><p>De todas as circunstâncias acima citadas, parte a interdisciplinaridade entre os direitos e</p><p>garantias fundamentais e outros ramos do direito, tais como o direito penal, civil, trabalhista</p><p>e processual.</p><p>A amplitude temática dos direitos e garantias fundamentais é uma questão de toda a sea-</p><p>ra jurídica, visto que a consolidação e a efetivação dos direitos fundamentais encontram-se</p><p>diretamente relacionadas à própria condição da vida humana.</p><p>Os direitos fundamentais, portanto, estão localizados no Título II, da CF, de 1988, do art.</p><p>5º ao art. 17, e estão classificados em cinco grupos: direitos individuais e coletivos, direitos</p><p>sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos e direitos relacionados à existência, orga-</p><p>nização e participação em partidos políticos.</p><p>Também são classificados em três dimensões de direito, pois surgiram em épocas diferen-</p><p>tes. Vejamos:</p><p>z Direitos de primeira geração: traduzem-se na liberdade quanto à atuação do Estado nas</p><p>ações do indivíduo. Aqui estão compreendidos os direitos civis e políticos;</p><p>z Direitos de segunda geração: aqui compreendidos os direitos decorrentes das obrigações</p><p>Emenda Constitucional nº 20, de 1998, que também</p><p>resguardou o direito daqueles servidores aposentados que, até a data da promulgação da</p><p>emenda, retornaram à atividade antes da proibição.</p><p>120</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Importante!</p><p>A proibição aplica-se aos servidores públicos efetivos e aos militares, tanto das Forças</p><p>Armadas como das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.</p><p>Vejamos a repercussão geral reconhecida com mérito julgado pelo STF:</p><p>Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sentido, afirmando a impossibilidade da acu-</p><p>mulação tríplice de cargos públicos, ainda que os provimentos nestes tenham ocorrido antes</p><p>da vigência da EC 20/1998. [...] o art. 11 da EC 20/1998 possibilita a acumulação, apenas, de</p><p>um provento de aposentadoria com a remuneração de um cargo na ativa, no qual se tenha</p><p>ingressado por concurso público antes da edição da referida emenda, ainda que inacumulá-</p><p>veis os cargos. Em qualquer hipótese, é vedada a acumulação tríplice de remunerações, sejam</p><p>proventos, sejam vencimentos. (ARE 848.993 RG)</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 11 Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso</p><p>XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.</p><p>O § 11 traz uma regra com relação ao teto e subteto do funcionalismo público. Trata-se do</p><p>não cômputo das verbas indenizatórias, tais como diárias, ajuda de custo, entre outras, no</p><p>limite remuneratório.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e</p><p>ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei</p><p>Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal</p><p>de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal</p><p>dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos</p><p>subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.</p><p>O dispositivo regulamenta a possibilidade de fixação do subteto de forma única. Nesse</p><p>caso, o valor máximo da remuneração para todo e qualquer servidor corresponderá ao sub-</p><p>sídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça, ficando de fora desse subteto apenas o</p><p>subsídio dos deputados e dos vereadores.</p><p>Vejamos a decisão do STF no julgamento da ADI 6.221 MC:</p><p>A faculdade conferida aos Estados para a regulação do teto aplicável a seus servidores (art.</p><p>37, § 12, da CF) não permite que a regulamentação editada com fundamento nesse permissivo</p><p>inove no tratamento do teto dos servidores municipais, para quem o art. 37, XI, da CF, já esta-</p><p>belece um teto único.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 13 O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício</p><p>de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>121</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que</p><p>possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida</p><p>a remuneração do cargo de origem.</p><p>O § 13 trata da possibilidade de readaptação do servidor público. A readaptação é o pro-</p><p>vimento derivado que consiste na investidura do servidor em cargo de atribuições e respon-</p><p>sabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou</p><p>mental verificada em inspeção médica. Deste modo, o servidor será efetivado em cargo com</p><p>atribuições semelhantes, respeitando-se a habilitação exigida, assim como o nível de escola-</p><p>ridade e a equivalência de vencimentos.</p><p>No caso de inexistir cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, per-</p><p>manecendo nessa situação até a ocorrência de vaga no cargo compatível.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 14 A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente</p><p>de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social,</p><p>acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.</p><p>O § 14 disciplina o rompimento do vínculo quando o agente público solicita aposentadoria</p><p>e se utiliza do tempo de contribuição decorrente daquele cargo, emprego ou função pública.</p><p>Assim, o servidor será desligado da administração pública.</p><p>Neste sentido, o agente público que pretende se aposentar não poderá mais continuar a</p><p>trabalhar no local em que utilizou o tempo para comprovação de contribuição.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 15 É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pen-</p><p>sões por morte a seus dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art.</p><p>40 ou que não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social.</p><p>O § 15 proíbe toda espécie de complementação que não seja aquela decorrente de Regime</p><p>de Previdência Complementar, como, por exemplo, as complementações com base na Lei</p><p>Estadual (São Paulo) nº 200, de 1974, pagas a ex-empregados e a seus dependentes da Nossa</p><p>Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.</p><p>Art. 37 […]</p><p>§ 16 Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente, devem rea-</p><p>lizar avaliação das políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e</p><p>dos resultados alcançados, na forma da lei.</p><p>O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021, e tem como objetivo apri-</p><p>morar o mecanismo de participação da sociedade na administração pública.</p><p>Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício</p><p>de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:</p><p>I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,</p><p>emprego ou função;</p><p>122</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe</p><p>facultado optar pela sua remuneração;</p><p>III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as</p><p>vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,</p><p>não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;</p><p>IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo</p><p>de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;</p><p>V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a</p><p>esse regime, no ente federativo de origem.</p><p>O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da administração direta, autár-</p><p>quica e fundacional que passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder</p><p>Executivo ou Legislativo.</p><p>Ao servidor público estadual, quando eleito para cargo eletivo federal, estadual e dis-</p><p>trital, aplica-se a seguinte regra: afastamento do cargo público estadual para se dedicar</p><p>exclusivamente ao mandato, recebendo obrigatoriamente a remuneração do cargo para</p><p>o qual foi eleito.</p><p>Em contrapartida, quando o servidor público estadual é eleito para cargo eletivo munici-</p><p>pal, podem ocorrer duas situações distintas. Se o cargo é de prefeito, ele será afastado para</p><p>dedicação exclusiva do cargo e pode escolher entre a remuneração do cargo público ou do</p><p>cargo eletivo.</p><p>Já se o cargo é de vereador, é necessário saber se há ou não compatibilidade de horário.</p><p>Se houver compatibilidade de horários, ele não precisa se afastar, podendo exercer as</p><p>duas atividades ao mesmo tempo, recebendo pelos dois. Se não houver compatibilidade,</p><p>aplica-se a mesma regra do prefeito, ou seja, será afastado para dedicação exclusiva do</p><p>cargo, podendo escolher entre a remuneração do cargo público ou do cargo eletivo.</p><p>SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL</p><p>Eleito para cargo federal, es-</p><p>tadual ou distrital Eleito para cargo municipal</p><p>Afastamento do cargo públi-</p><p>co e remuneração do cargo</p><p>eletivo</p><p>Prefeito Vereador</p><p>Afastamento do cargo e</p><p>opção entre a remunera-</p><p>ção</p><p>eletiva ou do cargo</p><p>z Com compatibilidade de horá-</p><p>rio: não se afasta do cargo</p><p>z Sem compatibilidade de horá-</p><p>rio: aplica-se a mesma regra do</p><p>prefeito</p><p>Para que a administração pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de</p><p>pessoas que exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A</p><p>expressão agente público é utilizada como gênero, designando toda e qualquer pessoa que</p><p>exerça uma função pública, quer de forma remunerada ou gratuita, quer de natureza políti-</p><p>ca ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.</p><p>SERVIDORES PÚBLICOS</p><p>Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias, quais sejam:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>123</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>AGENTES</p><p>PÚBLICOS Particulares em</p><p>público</p><p>Servidores públicos</p><p>Agentes políticos</p><p>Militares</p><p>Os agentes políticos são aqueles que exercem as típicas atividades de governo, ou seja,</p><p>são responsáveis por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, tais como os chefes do</p><p>Poder Executivo (presidente, governador e prefeito e seus vices) e seus auxiliares diretos</p><p>(ministros e secretários) e os membros do Poder Legislativo (senadores, deputados federais,</p><p>deputados estaduais e vereadores).</p><p>Os particulares em colaboração com o poder público são aqueles que prestam serviços</p><p>ao Estado, porém sem vínculo estatutário ou celetista de trabalho, podendo ou não ter remu-</p><p>neração. Exemplo: jurados, mesários, notários e registradores (serviços notariais).</p><p>Os servidores públicos civis dividem-se em:</p><p>z Servidores públicos estatutários: exercem cargo público (vitalício, efetivo ou comissio-</p><p>nado) e estão vinculados a um estatuto;</p><p>z Empregados públicos: possuem emprego público e vinculam-se às regras da Consolida-</p><p>ção das Leis do Trabalho;</p><p>z Servidores temporários: categoria à parte, porque não titularizam cargo público nem</p><p>possuem qualquer vínculo trabalhista regido pela CLT, como os empregados públicos. São</p><p>contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcio-</p><p>nal interesse público por meio de um processo de seleção simplificado. Exercem funções</p><p>públicas sem ocupar cargos ou empregos públicos e são regidos por regime especial, vei-</p><p>culado por meio de lei específica.</p><p>Os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas</p><p>estão sujeitos ao regime jurídico de direito público administrativo, instituído em lei, a</p><p>qual também instituirá planos de carreira.</p><p>O regime adotado é o estatutário. Não obstante, a lei assegurará aos servidores isonomia</p><p>de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo poder ou entre</p><p>servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, excetuadas as vantagens de cará-</p><p>ter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.</p><p>A partir do art. 39, da CF, de 1988, inicia-se o tema quanto às regras aplicadas aos servido-</p><p>res públicos. Vejamos o que dispõem esses artigos:</p><p>Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política</p><p>de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos res-</p><p>pectivos Poderes.</p><p>§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remune-</p><p>ratório observará:</p><p>124</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada</p><p>carreira;</p><p>II - os requisitos para a investidura;</p><p>III - as peculiaridades dos cargos.</p><p>§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a forma-</p><p>ção e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos</p><p>cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração</p><p>de convênios ou contratos entre os entes federados.</p><p>§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII,</p><p>IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos dife-</p><p>renciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.</p><p>§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secre-</p><p>tários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em</p><p>parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba</p><p>de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no</p><p>art. 37, X e XI.</p><p>§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a</p><p>relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em</p><p>qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.</p><p>§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do</p><p>subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos.</p><p>§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplica-</p><p>ção de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada</p><p>órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade</p><p>e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionali-</p><p>zação do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.</p><p>§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos</p><p>termos do § 4º.</p><p>§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao</p><p>exercício de função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo</p><p>efetivo.</p><p>No que tange ao art. 39, a primeira observação a ser feita é que o caput foi alterado pela</p><p>Emenda Constitucional nº 19, de 1998. No entanto, como sua eficácia se encontra suspensa</p><p>devido à decisão do STF na ADI nº 2.135-4, é a redação original que se encontra em vigor.</p><p>Vejamos:</p><p>Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua</p><p>competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração</p><p>pública direta, das autarquias e das fundações públicas.</p><p>A CF, de 1988, estabelece regras para a fixação dos padrões de vencimento e dos demais</p><p>componentes do sistema remuneratório, que deverá observar: a natureza, o grau de respon-</p><p>sabilidade e a complexidade dos cargos que compõem cada carreira; os requisitos para a</p><p>investidura nos cargos e as demais peculiaridades dos cargos.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>125</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Tais requisitos poderão influenciar na fixação dos vencimentos e dependem de aprovação</p><p>de lei específica, assim como para o seu aumento, alteração ou criação de nova vantagem</p><p>pecuniária.</p><p>Por lei, também serão estabelecidos os reajustes diferenciados para corrigir equívocos,</p><p>como no caso de servidores que desempenham atividades semelhantes, mas percebem valo-</p><p>res muito diferentes. Salienta-se que a revisão geral da remuneração dos servidores públicos,</p><p>sem distinção de índices entre civis e militares, será feita.</p><p>Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento do profissional, o dispositivo estabelece a</p><p>realização de cursos oficiais como requisito obrigatório para promoção na carreira, sendo</p><p>facultada, para tanto, a celebração de convênios com os demais entes da federação.</p><p>Outra regra de extrema importância é a que assegura ao servidor público civil da admi-</p><p>nistração pública direta, autárquica e fundacional os direitos previstos nos incisos IV, VII,</p><p>VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º, da CF, de 1988, e aos</p><p>direitos que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e da produtividade</p><p>e da eficiência no serviço público, em especial o prêmio por produtividade e o adicional de</p><p>desempenho.</p><p>Atente-se aos limites de remuneração de servidores:</p><p>z Mínimo: salário mínimo;</p><p>z Máximo: vide inciso XI, art. 37, da CF (EC nº 41, de 2003).</p><p>É importante conhecer</p><p>o texto da Súmula Vinculante nº 6, do STF:</p><p>Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior</p><p>ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.</p><p>Art. 40 O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos</p><p>terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de</p><p>servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o</p><p>equilíbrio financeiro e atuarial.</p><p>§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado:</p><p>I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido,</p><p>quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avalia-</p><p>ções periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da</p><p>aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;</p><p>II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (seten-</p><p>ta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;</p><p>III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (ses-</p><p>senta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e</p><p>Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos</p><p>em lei complementar do respectivo ente federativo.</p><p>O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime Previdenciário Próprio de Previdência</p><p>Social (RPPS). Em síntese, o sistema previdenciário do servidor público foi alterado com a</p><p>EC nº 103, de 2019, da seguinte forma:</p><p>126</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Desconstitucionalização das regras de previdência, de modo que vários regramentos sobre</p><p>aposentadoria e pensão passaram a ser de competência de lei infraconstitucional;</p><p>z Nova mudança no cálculo da pensão;</p><p>z Maior aproximação do RGPS (Regime Geral de Previdência Social) e RPPS;</p><p>z Modificações no abono de permanência;</p><p>z Previsão de readaptação antes de aposentadoria por incapacidade permanente;</p><p>z Inclusão dos agentes políticos ocupantes de mandato eletivo nas regras do RGPS;</p><p>z Exclusão da aposentadoria apenas por tempo de contribuição;</p><p>z Regras especiais para carreiras policiais previstas na CF.</p><p>Art. 40 […]</p><p>§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que</p><p>se refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral</p><p>de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16.</p><p>§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do</p><p>respectivo ente federativo.</p><p>§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefí-</p><p>cios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.</p><p>§ 4º-A Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e</p><p>tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, pre-</p><p>viamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e</p><p>interdisciplinar.</p><p>§ 4º-B Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e</p><p>tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente</p><p>penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do</p><p>caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144.</p><p>§ 4º-C Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade</p><p>e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades</p><p>sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à</p><p>saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou</p><p>ocupação.</p><p>§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos</p><p>em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que</p><p>comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no</p><p>ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo.</p><p>§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta</p><p>Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio</p><p>de previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de</p><p>benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social.</p><p>§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal</p><p>auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do</p><p>respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte dos servi-</p><p>dores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função.</p><p>No que tange à aposentadoria, suas modalidades são:</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>127</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Voluntária: quando se dá por livre e espontânea vontade, desde que cumpridos os requi-</p><p>sitos dispostos a seguir:</p><p>HOMEM MULHER</p><p>IDADE 65 anos 62 anos</p><p>TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos</p><p>TEMPO NO SERVIÇO PÚBLICO 10 anos 10 anos</p><p>TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos</p><p>No caso dos professores dos ensinos infantil, fundamental e médio, conta-se com a redu-</p><p>ção de cinco anos do requisito etário, ou seja, 60 anos para os homens e 57 anos para as</p><p>mulheres. Vale salientar que essa regra não se aplica aos professores do ensino superior.</p><p>Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF:</p><p>Súmula nº 726 (STF) Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o</p><p>tempo de serviço prestado fora da sala de aula.</p><p>z Involuntária: quando se dá independentemente da vontade do servidor, em virtude de:</p><p>� Incapacidade permanente, sendo necessário que se proceda à readaptação do servidor</p><p>antes do procedimento para a aposentadoria;</p><p>� Adimplemento de idade limite (aposentadoria compulsória aos 70 ou aos 75 anos de</p><p>idade, na forma da Lei Complementar nº 152, de 2015).</p><p>Art. 40 […]</p><p>§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter perma-</p><p>nente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.</p><p>§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado</p><p>para fins de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de</p><p>serviço correspondente será contado para fins de disponibilidade.</p><p>§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição</p><p>fictício.</p><p>§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusi-</p><p>ve quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras</p><p>atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante</p><p>resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na</p><p>forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-</p><p>ção, e de cargo eletivo.</p><p>§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social,</p><p>no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.</p><p>§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado</p><p>em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo,</p><p>ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social.</p><p>§ 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa</p><p>do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos</p><p>128</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova</p><p>Concursos.</p><p>ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de</p><p>Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previ-</p><p>dência social, ressalvado o disposto no § 16.</p><p>§ 15 O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios</p><p>somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetiva-</p><p>do por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de</p><p>previdência complementar.</p><p>A CF, de 1988, estabelece, ainda, o direito de utilizar, para fins de aposentadoria, o tempo</p><p>de serviço desempenhado em outro ente da Federação ou na iniciativa privada. Por exemplo:</p><p>uma pessoa que trabalhou oito anos em uma empresa antes de ser aprovada em concurso</p><p>público estadual pode considerar esse tempo no cálculo final do tempo de serviço.</p><p>z Regra: veda-se a aposentadoria especial;</p><p>z Exceção: consulte os seguintes parágrafos: 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em síntese:</p><p>� Servidores com deficiência;</p><p>� Agente penitenciário;</p><p>� Agente socioeducativo;</p><p>� Policial das carreiras do art. 144 (Segurança Pública) e policiais da Câmara e do Senado</p><p>Federal;</p><p>� Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas exercidas com efetiva exposição a agen-</p><p>tes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes).</p><p>Art. 40 [...]</p><p>§ 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser apli-</p><p>cado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de</p><p>instituição do correspondente regime de previdência complementar.</p><p>§ 17 Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no §</p><p>3º serão devidamente atualizados, na forma da lei.</p><p>§ 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo</p><p>regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios</p><p>do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabe-</p><p>lecido para os servidores titulares de cargos efetivos.</p><p>§ 19 Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servi-</p><p>dor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria volun-</p><p>tária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência</p><p>equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade</p><p>para aposentadoria compulsória.</p><p>Além disso, a constituição federal estabelece que será vedado mais de um regime próprio</p><p>de previdência, vejamos as disposições pertinentes:</p><p>Art. 40 [...]</p><p>§ 20 É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais</p><p>de um órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>129</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>os poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu</p><p>financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei</p><p>complementar de que trata o § 22.</p><p>§ 21 (Revogado).</p><p>§ 22 Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar</p><p>federal estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento</p><p>e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre:</p><p>I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral de Previdência</p><p>Social;</p><p>II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos recursos;</p><p>III - fiscalização pela União e controle externo e social;</p><p>IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;</p><p>V - condições para instituição do fundo com finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e</p><p>para vinculação a ele dos recursos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos</p><p>de qualquer natureza;</p><p>VI - mecanismos de equacionamento do deficit atuarial;</p><p>VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, observados os princípios relacio-</p><p>nados com governança, controle interno e transparência;</p><p>VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem atribuições</p><p>relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão do regime;</p><p>IX - condições para adesão a consórcio público;</p><p>X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de alíquota de contribuições ordi-</p><p>nárias e extraordinárias.</p><p>Assim, nota-se a preocupação do constituinte em definir parâmetros e diretrizes para asse-</p><p>gurar o regime de previdência aos servidores públicos. Ademais, é também garantido pela</p><p>constituição federal a estabilidade aos concursados, após três anos do exercício efetivo do</p><p>cargo, conforme elenca o artigo 41, vejamos:</p><p>Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo</p><p>de provimento efetivo em virtude de concurso público.</p><p>§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:</p><p>I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;</p><p>II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;</p><p>III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei com-</p><p>plementar, assegurada ampla defesa.</p><p>§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegra-</p><p>do, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito</p><p>a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração</p><p>proporcional ao tempo de serviço.</p><p>§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em dis-</p><p>ponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado</p><p>aproveitamento em outro cargo.</p><p>§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação espe-</p><p>cial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.</p><p>130</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da estabilidade, que prevê a regra de que a esta-</p><p>bilidade é adquirida após três anos de efetivo exercício. Trata-se de uma garantia cons-</p><p>titucional de permanência no serviço público outorgada ao servidor aprovado em concurso</p><p>público e nomeado a cargo de provimento efetivo que tenha transposto o período de estágio</p><p>probatório e sido aprovado na avaliação especial de desempenho. Uma vez efetivo, o servi-</p><p>dor só perderá o cargo em três hipóteses: sentença judicial transitada em julgado; proces-</p><p>so administrativo e procedimento de avaliação periódica de desempenho.</p><p>Assim, para a contratação de pessoal na administração pública, é realizado concurso</p><p>público para preenchimento de cargos públicos. Com isso, a pessoa que foi aprovada dentro</p><p>do número de vagas previstas no certame tem o direito de ser nomeada para o cargo públi-</p><p>co. Com a nomeação, essa pessoa assina o termo de posse e pode, a partir de então, exercer</p><p>efetivamente o cargo público.</p><p>Nos primeiros três anos de exercício, esse servidor passa por um período de avaliação.</p><p>Trata-se do estágio probatório, ou seja, um período durante o qual será analisado seu desem-</p><p>penho funcional. Completados três anos de serviço público e tendo sido aprovado no estágio</p><p>probatório, o servidor adquire a denominada estabilidade.</p><p>O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de reintegração, ou seja, o retorno, por</p><p>meio de decisão judicial, do servidor público ilegalmente desligado ao cargo de origem</p><p>ou ao cargo resultante de sua transformação. Salienta-se que ele fará jus ao recebimento</p><p>de todas as vantagens que teria auferido no período em que ficou desligado, inclusive das</p><p>promoções por antiguidade que teria conquistado.</p><p>Importante!</p><p>É possível, também, que decisão administrativa invalide a demissão.</p><p>No caso de o cargo anteriormente ocupado pelo servidor ter sido extinto, ele será reinte-</p><p>grado ao serviço público, porém ficará em disponibilidade remunerada até seu adequado</p><p>aproveitamento em outro cargo. Já no caso de o cargo provido ter sido ocupado por outro</p><p>servidor, o ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, ou</p><p>aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade enquanto o servidor reinte-</p><p>grado voltará a exercer o seu cargo.</p><p>Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições orga-</p><p>nizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e</p><p>dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)</p><p>O artigo supramencionado trata do regime jurídico dos militares dos estados, Distrito</p><p>Federal e dos territórios, de forma que são os membros das Polícias Militares e Corpos de</p><p>Bombeiros Militares. Nesse sentido, essas instituições são organizadas com base na hierar-</p><p>quia e disciplina, seguindo os princípios das Forças Armadas, conforme está disposto nos</p><p>parágrafos subsequentes deste mesmo dispositivo.</p><p>Art. 42 [...]</p><p>§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que</p><p>vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º,</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>131</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as</p><p>patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (Redação dada pela Emen-</p><p>da Constitucional nº 20, de 15/12/98)</p><p>Serão aplicadas aos militares estaduais e distritais, para tanto, as mesmas normas cons-</p><p>titucionais que regem os militares federais, no que tange à inelegibilidade, ao regime previ-</p><p>denciário e à organização das instituições.</p><p>Nesse sentido, a lei estadual específica deve dispor sobre as matérias relativas à definição</p><p>das Forças Auxiliares e reserva da Polícia Militar, aos direitos, deveres, remuneração, prerro-</p><p>gativas e outras situações especiais dos militares estaduais e distritais. Outrossim, as patentes</p><p>dos oficiais são conferidas pelos governadores, tanto dos estados quanto do Distrito Federal.</p><p>Art. 42 [...]</p><p>§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se</p><p>o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal. (Redação dada pela Emenda Cons-</p><p>titucional nº 41, 19.12.2003)</p><p>Em se tratando de pensionistas dos militares estaduais e distritais, será aplicado o que for</p><p>fixado em lei específica do ente estatal respectivo, uma vez que deverão ser observado os</p><p>critérios estabelecidos para o regime próprio de previdência social dos servidores públicos.</p><p>Art. 42 [...]</p><p>§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto no art.</p><p>37, inciso XVI, com prevalência da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº</p><p>101, de 2019)</p><p>Os militares estaduais, distritais e territoriais estão sujeitos à mesma regra que os demais</p><p>servidores públicos civis quanto à proibição de acumular cargos, empregos ou funções públi-</p><p>cas remuneradas, salvo as exceções previstas no texto constitucional.</p><p>A regra, por sua vez, está disposta no inciso XVI, do art. 37, da CF, de 1988, que estabelece</p><p>que a acumulação remunerada de cargos públicos só é permitida quando houver compatibi-</p><p>lidade de horários e nos casos de dois cargos de professor; um cargo de professor com outro</p><p>técnico ou científico; e de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com</p><p>profissões regulamentadas, tais como estabelece as alíneas do inciso referido, do art. 37.</p><p>Diante disso, o parágrafo supramencionado determina que a atividade militar tem preva-</p><p>lência sobre as demais atividades, independentemente da sua competência, de forma que o</p><p>servidor, que é militar, deve priorizar o cumprimento de suas obrigações militares em relação</p><p>aos outros cargos, empregos ou funções que eventualmente venha a acumular. Isto é, quando</p><p>incorporado às Forças Armadas ou quando convocado para o serviço ativo, deverá afastar-se</p><p>do exercício das demais atividades e cumprir a obrigação militar de forma integral.</p><p>Art. 43 Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo com-</p><p>plexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades</p><p>regionais.</p><p>132</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Por sua vez, o art. 43, da CF, de 1988, estabelece que, para fins de administração pública, a União</p><p>tem a possibilidade de coordenar suas ações em uma mesma área geográfica que é tanto econômi-</p><p>ca quanto socialmente complexa. Para tanto, o objetivo dessa coordenação é a promoção do desen-</p><p>volvimento dessa região, visando à redução das desigualdades entre diferentes partes do país.</p><p>Art. 43 [...]</p><p>§ 1º Lei complementar disporá sobre:</p><p>I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento;</p><p>II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regio-</p><p>nais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados jun-</p><p>tamente com estes.</p><p>A abordagem do dispositivo esclarece que uma lei complementar, que se trata de um tipo</p><p>específico de lei que requer um procedimento legislativo mais rigoroso, deverá estabelecer</p><p>condições para a integração de regiões em desenvolvimento.</p><p>Isso significa que dada forma legislativa deve determinar como que as diferentes áreas</p><p>geográficas podem ser classificadas como “regiões em desenvolvimento”.</p><p>Ademais, também, deverá definir como serão compostos os organismos regionais que serão</p><p>responsáveis por implementar os planos regionais dentro do contexto dos planos nacionais</p><p>de desenvolvimento econômico e social.</p><p>Art. 43 [...]</p><p>§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei:</p><p>I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade</p><p>do Poder Público;</p><p>II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias;</p><p>III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas</p><p>físicas ou jurídicas;</p><p>IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água repre-</p><p>sadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.</p><p>O § 2º, destarte, detalha os incentivos que poderão ser oferecidos para as regiões em</p><p>desenvolvimento, tais como a igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros custos, bem como</p><p>taxas de juros favoráveis, isenções, reduções ou adiamento temporário de impostos federais.</p><p>Também menciona sobre a prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e</p><p>corpos de água nas regiões de baixa renda, que são propensas a secas periódicas.</p><p>Art. 43 [...]</p><p>§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas</p><p>e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas</p><p>glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.</p><p>Finalmente, o último parágrafo, do art. 43, da CF, de 1988, trata de medidas que o gover-</p><p>no federal poderá adotar para promover o desenvolvimento econômico e social de regiões</p><p>menos desenvolvidas do país, incluindo a concessão de incentivos econômicos e a implemen-</p><p>tação de políticas específicas para essas áreas.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>133</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>PODER EXECUTIVO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função principal, ou típica, é a prática dos</p><p>atos de chefia de Estado, de governo e de administração. Entretanto, de forma atípica, tam-</p><p>bém legisla e julga contenciosos administrativos por meio da edição de medidas provisórias.</p><p>Do Presidente e do Vice-Presidente da República (Poder Executivo Federal)</p><p>Conforme já abordado anteriormente, o nosso país é regido pelo sistema presidencialista,</p><p>em que as funções de chefe de Estado estão na figura do presidente da República, conforme o</p><p>art. 76, da CF. No âmbito</p><p>federal, o Poder Executivo é representado pelo presidente da Repú-</p><p>blica com o auxílio dos ministros de Estado.</p><p>Desta forma, o art. 76, da CF, de 1988, estabelece que:</p><p>Art. 76 O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros</p><p>de Estado.</p><p>O presidente da República e seu vice têm um mandato de quatro anos e são eleitos pelo</p><p>sistema majoritário absoluto.</p><p>No sistema majoritário absoluto, ganha a eleição o candidato que conseguir a maioria de</p><p>votos (o primeiro número inteiro depois da metade do total) avaliados em primeiro ou em</p><p>segundo turno, sendo:</p><p>z Primeiro turno: realizado no primeiro domingo de outubro;</p><p>z Segundo turno: realizado no último domingo de outubro.</p><p>Conforme a alínea “a”, inciso VI, § 3º, art. 14, da CF, de 1988, o presidente da República deve</p><p>ter a idade mínima de 35 anos e ser brasileiro nato (conforme expõe o inciso I, § 3º, art. 12,</p><p>da CF, de 1988).</p><p>Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,</p><p>com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:</p><p>§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:</p><p>I - a nacionalidade brasileira;</p><p>II - o pleno exercício dos direitos políticos;</p><p>III - o alistamento eleitoral;</p><p>IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;</p><p>V - a filiação partidária;</p><p>VI - a idade mínima de:</p><p>a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;</p><p>A Constituição consolidou o direito do povo de eleger seus representantes, pelo sufrágio</p><p>universal e voto secreto.</p><p>134</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Por conseguinte, ainda se tratando do art. 14, este consagra que é possível uma reelei-</p><p>ção para um período subsequente. Entretanto, atualmente, não é mais possível um terceiro</p><p>mandato seguido. Sobre este aspecto, é importante frisar que a reeleição não é uma cláusula</p><p>pétrea, podendo ser retirada da Constituição.</p><p>Art. 14 [...]</p><p>§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e</p><p>quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para</p><p>um único período subsequente.</p><p>Atenção! O § 3º, art. 12, da CF, relaciona os cargos privativos de brasileiro nato:</p><p>§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:</p><p>I - de Presidente e Vice-Presidente da República;</p><p>II - de Presidente da Câmara dos Deputados;</p><p>III - de Presidente do Senado Federal;</p><p>IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;</p><p>V - da carreira diplomática;</p><p>VI - de oficial das Forças Armadas.</p><p>VII - de Ministro de Estado da Defesa.</p><p>Poder Executivo Estadual e Distrital</p><p>No âmbito estadual, o chefe do Executivo é o governador do respectivo estado-membro,</p><p>com mandato de quatro anos, também eleito pelo sistema majoritário absoluto. Ele tem como</p><p>auxiliares diretos os secretários estaduais — no Distrito Federal, os secretários distritais.</p><p>O governador de estado deve ser cidadão brasileiro, com idade mínima de 30 anos, confor-</p><p>me determina a alínea “b”, inciso VI, § 3º, art. 14, da CF, de 1988.</p><p>Art. 14 [...]</p><p>VI - a idade mínima de:</p><p>[...]</p><p>b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;</p><p>[...]</p><p>Poder Executivo Municipal</p><p>No âmbito municipal, o Poder Executivo é comandado pelo prefeito, que deve ser cidadão</p><p>brasileiro e, conforme o inciso VI, § 3º, art. 14, da CF, ter idade mínima de 21 anos. O mandato</p><p>é de quatro anos, contando com o auxílio dos secretários municipais.</p><p>O chefe do Poder Executivo municipal é eleito pelo sistema majoritário absoluto para</p><p>municípios com mais de 200 mil eleitores, e pelo sistema majoritário simples ou relativo</p><p>para municípios com até 200 mil eleitores.</p><p>No sistema majoritário simples ou relativo, ganha a eleição o candidato que conseguir</p><p>a maioria dos votos válidos, ou seja, ganha o mais votado em um só turno. Exemplo: 100 mil</p><p>votos válidos. O processo eleitoral é realizado no primeiro domingo de outubro, sendo o sis-</p><p>tema utilizado, também, para a eleição de senadores. Se houver empate, ganha o mais idoso.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>135</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Dica</p><p>z Município com mais de 200 mil eleitores: sistema de eleição majoritário absoluto;</p><p>z Município com até 200 mil eleitores: sistema de eleição majoritário simples ou relativo.</p><p>Em resumo:</p><p>PODER EXECUTIVO</p><p>FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL</p><p>z Presidente da República</p><p>+ vice = mandato de quatro</p><p>anos</p><p>z Auxiliares diretos: ministros</p><p>do Estado</p><p>z Sistema de eleição majori-</p><p>tário absoluto</p><p>z Governador do estado +</p><p>vice = mandato de quatro</p><p>anos</p><p>z Auxiliares diretos:</p><p>� Estado: secretários</p><p>estaduais</p><p>� Distrito Federal: secretários</p><p>distritais</p><p>z Sistema de eleição majori-</p><p>tário absoluto</p><p>z Prefeito + vice = mandato</p><p>de quatro anos</p><p>z Auxiliares diretos: secretá-</p><p>rios municipais</p><p>z Sistemas de eleição:</p><p>� Majoritário absoluto: muni-</p><p>cípios com mais de 200 mil</p><p>eleitores</p><p>� Majoritário simples ou rela-</p><p>tivo: municípios com menos</p><p>de 200 mil eleitores</p><p>Chefe de Estado e Chefe de Governo</p><p>Em se tratando dos cargos da administração governamental e estatal, em termos gerais,</p><p>os chefes de Estado e chefes de governo se diferenciam pelos poderes, funções e responsabi-</p><p>lidades que são atribuídos a eles pela Constituição do Estado-Nação e pela tradição nacional.</p><p>Sendo assim, explana-se a respeito do cargo do chefe de Estado, uma vez que consiste no</p><p>representante público mais elevado de uma nação. Seu papel excede a própria população</p><p>e personifica os ideais e a longevidade do Estado, de forma que serve como um símbolo da</p><p>legitimidade e da força de um país.</p><p>Assim, normalmente sua imagem é imbuída de legitimidade e demonstração de força de</p><p>um país. Para melhor visualização, tomemos por base a Inglaterra, onde o chefe de Estado é</p><p>o então rei Charles III, desde o falecimento de sua mãe, a rainha Elizabeth II.</p><p>No modelo inglês, o cargo de chefe de Estado é passado de maneira hereditária. Esse é um</p><p>modo de organização diferente do aplicado no Brasil, mas é um exemplo bem ilustrativo das</p><p>funções do cargo.</p><p>Ao cargo de chefe de governo cabe a liderança e a formulação de políticas públicas, eco-</p><p>nômicas e sociais. Além disso, ele também deve fazer a manutenção do funcionamento dos</p><p>Poderes Executivo e Legislativo e instituir o diálogo entre os partidos, os atores institucio-</p><p>nais, o chefe de Estado e a população.</p><p>De maneira geral, o chefe de governo é a figura principal da política do país e o principal</p><p>articulador das vontades da população.</p><p>Diante disso, em regimes parlamentaristas, tal cargo ocupa, também, a posição de chefe do</p><p>Legislativo, enquanto em regimes presidencialistas, como o brasileiro, as Casas do Congresso</p><p>(Senado Federal e Câmara dos Deputados) são responsáveis por eleger seus líderes.</p><p>No Brasil, o sistema político comporta o chefe de Estado e o chefe de governo, sendo os</p><p>cargos exercidos pela mesma pessoa, que é a figura do presidente da República.</p><p>136</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O presidente do Brasil, para tanto, é eleito pelo voto popular para um mandato de quatro</p><p>anos, podendo ser reeleito para outro mandato por igual período.</p><p>Portanto, o Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na figura do presidente</p><p>da República as funções do chefe de Estado e chefe de governo. Sendo assim, o Poder Execu-</p><p>tivo brasileiro é monocrático.</p><p>Como chefe de Estado, o presidente representa o país nas suas relações internacio-</p><p>nais, e, como chefe de governo, exerce a liderança nacional, gerindo o país política e</p><p>administrativamente.</p><p>Eleição do Presidente e Vice-Presidente da República</p><p>O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os</p><p>nulos. Entende-se por maioria absoluta: mais que a metade, o número subsequente à meta-</p><p>de, ou a metade mais um do número total de votantes. Quando o candidato mais votado não</p><p>alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo turno entre os dois mais votados.</p><p>Atenção! A maioria absoluta é diferente</p><p>da maioria simples. Esta consiste no maior</p><p>resultado da votação, independentemente da exigência de quórum percentual relacionado</p><p>à quantidade total de votantes. Por sua vez, a maioria absoluta consiste no primeiro número</p><p>inteiro superior à metade do quórum mínimo exigido (50% + 1).</p><p>Requisitos de Elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente</p><p>Os requisitos para um presidente ser eleito são:</p><p>z ser brasileiro nato;</p><p>z estar no gozo dos direitos políticos;</p><p>z ter mais de 35 anos;</p><p>z não ser inelegível;</p><p>z possuir filiação partidária.</p><p>Art. 77 A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultanea-</p><p>mente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de</p><p>outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presiden-</p><p>cial vigente.</p><p>§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.</p><p>§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obti-</p><p>ver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.</p><p>§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova elei-</p><p>ção em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais</p><p>votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.</p><p>§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal</p><p>de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.</p><p>§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um can-</p><p>didato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.</p><p>Art. 78 O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso</p><p>Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>137</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a indepen-</p><p>dência do Brasil.</p><p>Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-</p><p>-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.</p><p>Ordem de Sucessão Presidencial no Caso de Impedimento ou Vacância</p><p>O presidente será eleito com um vice-presidente, companheiro de chapa. A eleição do pre-</p><p>sidente implica na eleição do vice com ele registrado.</p><p>O vice-presidente tem a função de auxiliar o presidente sempre que convocado para mis-</p><p>sões especiais, bem como será o substituto no caso de impedimento do presidente (art. 79, da</p><p>CF).</p><p>Ainda, conforme determina o art. 80, da CF, em caso de impedimento concomitante do pre-</p><p>sidente e do vice, ou em caso de vacância dos respectivos cargos, serão chamados ao exercí-</p><p>cio da presidência os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo</p><p>Tribunal Federal (STF), sucessivamente, nessa ordem.</p><p>Presidente da Câmara dos Deputados</p><p>Presidente do Senado Federal</p><p>Presidente do STF</p><p>Temporário</p><p>Vice-presidente</p><p>Definitivamente ou</p><p>temporário-interinamente</p><p>Definitivo</p><p>ORDEM DE SUBSTITUIÇÃO OU SUCESSÃO PRESIDENCIAL</p><p>Assim, em caso de impedimento ou vacância do cargo de presidente, este será substituído,</p><p>nesta ordem, pelo:</p><p>z vice-presidente;</p><p>z presidente da Câmara dos Deputados;</p><p>z presidente do Senado Federal;</p><p>z presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).</p><p>Art. 79 Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o</p><p>Vice-Presidente.</p><p>Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem</p><p>conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para</p><p>missões especiais.</p><p>Art. 80 Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos res-</p><p>pectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da</p><p>Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.</p><p>Art. 81 Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição</p><p>noventa dias depois de aberta a última vaga.</p><p>§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos</p><p>os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da</p><p>lei.</p><p>§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.</p><p>138</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Conforme consagra o art. 81, da CF, vagando os cargos de presidente e vice, far-se-á eleição em 90</p><p>dias para se complementar o mandato, depois de aberta a última vaga. Ainda, caso ocorra a vacân-</p><p>cia nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será</p><p>feita, pelo Congresso Nacional, em 30 dias depois da última vaga.</p><p>Nesse viés, torna-se importante perceber que o dispositivo em comento só é aplicado se</p><p>não houver definitivamente presidente nem vice-presidente.</p><p>Nos dois casos, de vacância antes (direta) e depois (indireta) de dois anos de mandato,</p><p>serão eleitos novos presidentes e novos vice-presidentes para completar o mandato, o que</p><p>chamamos de mandato-tampão.</p><p>É possível haver eleição indireta nas demais esferas federativas também, como para gover-</p><p>nador e prefeito.</p><p>Além disso, é necessário ressaltar que a Emenda Constitucional nº 111, de 2021, alterou a</p><p>redação do art. 82, estabelecendo que o mandato do presidente da República terá início em 5</p><p>de janeiro do ano seguinte ao de sua eleição. Veja:</p><p>Art. 82 O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) anos e terá início em 5 de janeiro</p><p>do ano seguinte ao de sua eleição.</p><p>Art. 83 O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso</p><p>Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.</p><p>ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA</p><p>Atribuições do Presidente da República</p><p>Como chefe de governo e Estado, compete ao presidente da República as atribuições e res-</p><p>ponsabilidades trazidas no art. 84, da CF:</p><p>Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República:</p><p>I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;</p><p>II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;</p><p>III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;</p><p>IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos</p><p>para sua fiel execução;</p><p>V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;</p><p>VI - dispor, mediante decreto, sobre:</p><p>a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de</p><p>despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;</p><p>b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;</p><p>VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;</p><p>VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso</p><p>Nacional;</p><p>IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;</p><p>X - decretar e executar a intervenção federal;</p><p>XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura</p><p>da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar</p><p>necessárias;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>139</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos</p><p>em lei;</p><p>XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha,</p><p>do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que</p><p>lhes são privativos;</p><p>XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal</p><p>e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República,</p><p>o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;</p><p>XV - nomear, observado</p><p>o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;</p><p>XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da</p><p>União;</p><p>XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;</p><p>XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;</p><p>XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional</p><p>ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas</p><p>condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;</p><p>XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;</p><p>XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;</p><p>XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem</p><p>pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;</p><p>XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orça-</p><p>mentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;</p><p>XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura</p><p>da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;</p><p>XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;</p><p>XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;</p><p>XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.</p><p>XXVIII - propor ao Congresso Nacional a decretação do estado de calamidade pública de âmbi-</p><p>to nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.</p><p>Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos</p><p>incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repú-</p><p>blica ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas</p><p>delegações.</p><p>Responsabilidade do Presidente da República</p><p>Os crimes de responsabilidade têm previsão tanto na Constituição Federal como na Lei nº</p><p>1.079, de 1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de</p><p>julgamento. Um exemplo de crime de responsabilidade seria o caso de o presidente da Repú-</p><p>blica cometer improbidade administrativa ou não obedecer a uma decisão do STF.</p><p>A Lei nº 1.079, de 1950, foi recepcionada pela Arguição de Descumprimento de Preceito</p><p>Fundamental (ADPF) nº 378, que teve por objeto central a análise da compatibilidade do rito</p><p>de impeachment de presidente da República, previsto na Lei nº 1.079, de 1950, com a Consti-</p><p>tuição, de 1988.</p><p>O crime de responsabilidade se trata de um ilícito político administrativo, definido em lei</p><p>especial federal, que pode ser cometido no desempenho de funções e, como consequência,</p><p>140</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>resultar no impedimento para o exercício das funções públicas. Trata-se de um resultado</p><p>obtido por meio do processo de impeachment.</p><p>O art. 85, da CF, dispõe sobre crimes de responsabilidade, ou seja, sobre atos do presidente</p><p>da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra a existência</p><p>da União, do livre exercício do ministério público e dos poderes constitucionais dos estados e</p><p>DF, dos direitos políticos, individuais e sociais, da segurança interna do país, da probidade na</p><p>administração, da lei orçamentária e do cumprimento das leis e decisões judiciais.</p><p>Qualquer cidadão é legitimado ativo para propor a acusação contra o presidente da Repú-</p><p>blica na Câmara dos Deputados pela prática de crime de responsabilidade, vejamos o dispo-</p><p>sitivo que segue:</p><p>Art. 85 São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra</p><p>a Constituição Federal e, especialmente, contra:</p><p>I - a existência da União;</p><p>II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos</p><p>Poderes constitucionais das unidades da Federação;</p><p>III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;</p><p>IV - a segurança interna do País;</p><p>V - a probidade na administração;</p><p>VI - a lei orçamentária;</p><p>VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.</p><p>Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de</p><p>processo e julgamento.</p><p>PODER LEGISLATIVO: ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E</p><p>ATRIBUIÇÕES</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, é composto por duas Casas: a Câmara</p><p>dos Deputados e o Senado Federal, sendo a primeira constituída por representantes do</p><p>povo, e a segunda, por representantes dos estados-membros e do Distrito Federal (Lenza,</p><p>2019).</p><p>Assim, a função típica do Poder Legislativo é legislar, ou seja, elaborar as normas jurídicas</p><p>gerais e abstratas, bem como administrar e julgar, em sua função atípica.</p><p>Atenção! Vejamos exemplos de função atípica: controle de contas públicas, autorização</p><p>para instauração de processos contra certas autoridades, julgamento de crimes de respon-</p><p>sabilidade etc. A fiscalização contábil conta com o auxílio do Tribunal de Contas da União —</p><p>TCU (arts. 70 a 74, CF) e com o dos tribunais de contas dos estados e do Distrito Federal (art.</p><p>75, CF, de 1988).</p><p>Do Congresso Nacional</p><p>A Câmara dos Deputados e o Senado Federal formam, por sua vez, o Congresso Nacional.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>141</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Já o Poder Legislativo, em âmbito estadual, municipal, distrital e dos territórios federais, é</p><p>do tipo unicameral, composto por uma única Casa legislativa.</p><p>Nesse caso, em âmbito estadual, a assembleia legislativa é composta pelos deputados esta-</p><p>duais; no âmbito do Distrito Federal, há a Câmara Legislativa; por fim, há a câmara munici-</p><p>pal, constituída pelos vereadores, em âmbito municipal.</p><p>Art. 44 O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos</p><p>Deputados e do Senado Federal.</p><p>Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.</p><p>A legislatura é o período de quatro anos correspondente ao mandato de cada assembleia</p><p>eleita, durante o qual as assembleias legislativas exercem suas funções.</p><p>O mandato dos senadores tem duração de duas legislaturas (oito anos), enquanto o dos</p><p>deputados dura apenas quatro anos (uma legislatura).</p><p>As Casas legislativas são, geralmente, formadas por três instâncias: mesa diretora, comis-</p><p>sões e Plenário.</p><p>A mesa diretora tem funções administrativas sobre o funcionamento da Casa, e o presi-</p><p>dente da mesa é o responsável pelo processo legislativo. É ele quem organiza a pauta das</p><p>reuniões e, portanto, decide quais assuntos serão examinados pelo Plenário. Tem o poder de</p><p>obstruir as decisões do Executivo ou os projetos de lei dos parlamentares se não os colocar</p><p>em votação.</p><p>A mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presidente do Senado, e os demais cargos</p><p>(primeira-vice-presidência, segunda-vice-presidência, primeira-secretaria, segunda-secreta-</p><p>ria, terceira-secretaria, quarta-secretaria e suplentes) são exercidos, alternadamente, pelos</p><p>ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, nos termos</p><p>do § 5º, art. 57, CF.</p><p>As comissões podem ser permanentes — definidas pelos respectivos regimentos internos,</p><p>com o poder para discutir e votar alguns projetos de lei sem passar pelo Plenário — e tempo-</p><p>rárias, criadas para tratar de assuntos específicos.</p><p>As comissões também podem realizar audiências públicas com entidades da sociedade</p><p>civil e convocar autoridades e cidadãos para prestar informações. O Plenário é a instância</p><p>máxima e soberana no Legislativo para qualquer decisão.</p><p>Nas votações, a decisão de cada um dos parlamentares é influenciada por vários fatores,</p><p>dentre eles o programa do partido político ao qual cada parlamentar é filiado e os compro-</p><p>missos assumidos com as chamadas bases eleitorais.</p><p>No âmbito nacional, temos o Congresso Nacional, que é denominado bicameral, pois é</p><p>composto pelas duas Casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal — esse aspecto tam-</p><p>bém é chamado de bicameralismo federativo,</p><p>uma vez que a composição é formada por</p><p>representantes dos estados e do Distrito Federal.</p><p>Nesse sentido, a composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional</p><p>para mandatos de quatro anos, sendo permitidas sucessivas reeleições.</p><p>No sistema proporcional, o eleitor escolhe ser representado por determinado partido e,</p><p>preferencialmente, pelo candidato escolhido. Entretanto, caso o candidato escolhido não seja</p><p>eleito, o voto será somado aos demais votos da legenda, compondo a votação do partido ou</p><p>coligação.</p><p>142</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Cada estado será representado de acordo com a sua população, ou seja, quanto mais popu-</p><p>loso, maior será o número de representantes do ente federado nessa Casa. Ainda, conforme o</p><p>§ 1º, art. 45, da CF, nenhuma unidade da Federação terá menos de oito ou mais de 70 depu-</p><p>tados, com exceção dos territórios (que, atualmente, não existem mais), que poderiam eleger</p><p>quatro deputados federais.</p><p>Sistema proporcional é o modo eleitoral utilizado para a eleição de candidatos a deputa-</p><p>dos estaduais e federais e a vereadores por meio do sistema de lista aberta.</p><p>Os votos computados são os de cada partido ou coligação e, em uma segunda etapa, os de</p><p>cada candidato. Para conhecer os vencedores, deve-se, antes, saber quais foram os partidos</p><p>políticos vitoriosos para, depois, dentro de cada agremiação partidária que conseguiu um</p><p>número mínimo de votos, observar quais são os mais votados. Encontra-se, assim, os eleitos.</p><p>Para chegar ao resultado, aplicam-se os chamados quocientes eleitoral e partidário. O quo-</p><p>ciente eleitoral é definido pela soma do número de votos válidos dividida pelo número de</p><p>cadeiras em disputa (CNJ, 2019).</p><p>Art. 45 A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema</p><p>proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.</p><p>§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Fede-</p><p>ral, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se</p><p>aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da</p><p>Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.</p><p>§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.</p><p>Já o Senado Federal é composto por representantes dos estados e do Distrito Federal, elei-</p><p>tos pelo sistema majoritário simples. Cada estado e o Distrito Federal elegem o número fixo</p><p>de três senadores, com mandatos de oito anos. Ainda, cada senador será eleito com dois</p><p>suplentes (art. 46, da CF).</p><p>Art. 46 O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, elei-</p><p>tos segundo o princípio majoritário.</p><p>§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.</p><p>§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro</p><p>anos, alternadamente, por um e dois terços.</p><p>§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.</p><p>Os senadores são representantes dos estados e do Distrito Federal, eleitos pelo sistema</p><p>majoritário.</p><p>O sistema majoritário é o modo eleitoral utilizado para a eleição do presidente da Repú-</p><p>blica, governadores de estado e do Distrito Federal, senadores e prefeitos de municípios com</p><p>mais de 200 mil eleitores. Será eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos.</p><p>A exigência de maioria absoluta visa dar maior representatividade ao eleito. Nessas hipó-</p><p>teses, caso o candidato com maior número de votos não obtenha a maioria absoluta, deverá</p><p>ser realizado segundo turno entre os dois candidatos mais votados, em razão do disposto no</p><p>inciso II, art. 29, e no art. 77, da Constituição Federal (CNJ, 2019).</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>143</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 47 Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de</p><p>suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus</p><p>membros.</p><p>Atribuições e Competência do Congresso Nacional</p><p>A maioria das pessoas se preocupa muito com as eleições para os cargos do Executivo, dan-</p><p>do menos importância aos deputados federais, estaduais, senadores e vereadores municipais.</p><p>Entretanto, a esses representantes compete uma função típica tão importante quanto a de</p><p>governar e administrar: a legislatura. São eles os responsáveis por pensar e fazer as leis que</p><p>regem todo o país e que são aplicadas pelo Poder Judiciário.</p><p>Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, nos termos do</p><p>art. 48, CF, de 1988, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente</p><p>sobre:</p><p>Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida</p><p>esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência</p><p>da União, especialmente sobre:</p><p>I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;</p><p>II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida</p><p>pública e emissões de curso forçado;</p><p>III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;</p><p>IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;</p><p>V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;</p><p>VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvi-</p><p>das as respectivas Assembléias Legislativas;</p><p>VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;</p><p>VIII - concessão de anistia;</p><p>IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da</p><p>União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;</p><p>X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que</p><p>estabelece o art. 84, VI, b;</p><p>XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;</p><p>XII - telecomunicações e radiodifusão;</p><p>XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;</p><p>XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.</p><p>XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem</p><p>os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.</p><p>Também compete exclusivamente ao Congresso Nacional, nos termos do art. 49, da CF:</p><p>Art. 49 É da competência exclusiva do Congresso Nacional:</p><p>I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem</p><p>encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;</p><p>144</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que</p><p>forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente,</p><p>ressalvados os casos previstos em lei complementar;</p><p>III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando</p><p>a ausência exceder a quinze dias;</p><p>IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspen-</p><p>der qualquer uma dessas medidas;</p><p>V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou</p><p>dos limites de delegação legislativa;</p><p>VI - mudar temporariamente sua sede;</p><p>VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dis-</p><p>põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;</p><p>VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de</p><p>Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;</p><p>IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relató-</p><p>rios sobre a execução dos planos de governo;</p><p>X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Execu-</p><p>tivo, incluídos os da administração indireta;</p><p>XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa</p><p>dos outros Poderes;</p><p>XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;</p><p>XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;</p><p>XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;</p><p>XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;</p><p>XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a</p><p>pesquisa e lavra de riquezas minerais;</p><p>XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a</p><p>dois mil e quinhentos hectares.</p><p>XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B,</p><p>167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.</p><p>Mesas do Congresso Nacional</p><p>As mesas são os órgãos diretivos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Con-</p><p>gresso Nacional. As mesas têm responsabilidade de administrar suas Casas; seus membros</p><p>são eleitos pelos próprios parlamentares.</p><p>A composição da mesa do Congresso Nacional pode ser alterada por regimentos; ela conta</p><p>com mandatos de dois anos, devendo ser presidida pelo presidente do Senado; os demais car-</p><p>gos devem ser exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara</p><p>dos Deputados e no Senado Federal, conforme determina o § 5º, art. 57, da CF.</p><p>Ainda, a presidência é exercida pelo presidente do Senado. Veja as atribuições para as</p><p>mesas nos seguintes artigos da CF: §§ 1º e 2º, art. 50; §§ 2º e 3º, art. 55; incisos II e III, art. 103.</p><p>Nesta esteira, vejamos o disposto no art. 50, da Constituição Federal:</p><p>Art. 50 A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, pode-</p><p>rão convocar Ministro de Estado, quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>145</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Presidência da República ou o Presidente do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços</p><p>para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, impor-</p><p>tando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (Redação dada pela</p><p>Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,</p><p>ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa</p><p>respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.</p><p>§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos</p><p>escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput</p><p>deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no</p><p>prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.</p><p>Assim, a convocação das autoridades para prestar informações é obrigatória, ou seja, a</p><p>ausência sem justificativa adequada configura crime de responsabilidade. Desta forma, as</p><p>autoridades convocadas devem comparecer pessoalmente e fornecer as informações solici-</p><p>tadas pelo órgão legislativo.</p><p>Da Câmara dos Deputados</p><p>Conforme já estudado anteriormente, a Câmara dos Deputados é composta por deputados</p><p>federais, representantes do povo, que, uma vez eleitos, devem manifestar a vontade popular</p><p>em um mandato de quatro anos.</p><p>O número de deputados federais será proporcional à população de cada estado e do Distri-</p><p>to Federal, não podendo cada estado e o DF ter menos que oito nem mais que 70 deputados</p><p>federais.</p><p>Além disso, os deputados federais devem ser brasileiros natos ou naturalizados, ser maio-</p><p>res de 21 anos, ter feito o alistamento eleitoral e estar em pleno exercício dos direitos polí-</p><p>ticos, bem como ter domicílio eleitoral na circunscrição e filiação partidária (Lenza, 2019).</p><p>As matérias de competência privativa dos deputados federais não dependerão de sanção</p><p>presidencial, nos termos do caput, art. 48, da CF, e estão previstas no art. 51, da CF. Tais atri-</p><p>buições geram espécies normativas materializadas por meio de resoluções.</p><p>Art. 51 Compete privativamente à Câmara dos Deputados:</p><p>I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente</p><p>e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;</p><p>II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao</p><p>Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;</p><p>III - elaborar seu regimento interno;</p><p>IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção</p><p>dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva</p><p>remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;</p><p>V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.</p><p>O Senado Federal é composto de representantes dos estados e do Distrito Federal, eleitos</p><p>segundo o sistema majoritário puro ou simples em um único turno, sendo que cada estado e</p><p>o Distrito Federal terão três senadores com mandato de oito anos.</p><p>146</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Será considerado vencedor o candidato que obtiver maior número de votos, por maioria</p><p>simples. O Senado tem a mesma relevância e força dada à Câmara dos Deputados (Moraes,</p><p>2018).</p><p>Segundo Lenza (2019), cada estado e o Distrito Federal elegerão três senadores, sendo</p><p>que cada um será eleito com dois suplentes para o mandato de oito anos — portanto, duas</p><p>legislaturas.</p><p>São requisitos para a candidatura dos senadores:</p><p>z ser brasileiro nato ou naturalizado;</p><p>z ser maior de 35 anos;</p><p>z estar em pleno exercício dos direitos políticos;</p><p>z ter domicílio eleitoral na circunscrição;</p><p>z ter alistamento eleitoral;</p><p>z ter filiação partidária.</p><p>Do Senado Federal</p><p>Art. 52 Compete privativamente ao Senado Federal:</p><p>I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsa-</p><p>bilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da</p><p>Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles</p><p>II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho</p><p>Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da</p><p>República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade</p><p>III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:</p><p>a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;</p><p>b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;</p><p>c) Governador de Território;</p><p>d) Presidente e diretores do banco central;</p><p>e) Procurador-Geral da República;</p><p>f) titulares de outros cargos que a lei determinar;</p><p>IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos</p><p>chefes de missão diplomática de caráter permanente;</p><p>V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados,</p><p>do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;</p><p>VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida</p><p>consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;</p><p>VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entida-</p><p>des controladas pelo Poder Público federal;</p><p>VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de</p><p>crédito externo e interno;</p><p>IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados,</p><p>do Distrito Federal e dos Municípios;</p><p>X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão</p><p>definitiva do Supremo Tribunal Federal;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>147</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-</p><p>-Geral da República antes</p><p>do Estado em prol dos indivíduos (direito à saúde, educação e o direito ao trabalho), tendo</p><p>como primazia o valor “igualdade”;</p><p>z Direitos de terceira geração: direitos relacionados ao valor “fraternidade”. São direitos</p><p>que vão além do individual; busca-se o bem coletivo (ex.: direito a um meio ambiente eco-</p><p>logicamente equilibrado, direito do consumidor e direito ao desenvolvimento).</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>DE</p><p>1ª DIMENSÃO</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>DE</p><p>2ª DIMENSÃO</p><p>DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>DE</p><p>3ª DIMENSÃO</p><p>Direitos civis e políticos</p><p>— liberdade</p><p>Direitos sociais,</p><p>econômicos e culturais</p><p>— igualdade</p><p>Fraternidade</p><p>Dito isso, é importante reafirmarmos que estes direitos e garantias não estão taxativamen-</p><p>te expressos na Constituição Federal. Trata-se de uma matéria esparsa, consubstanciada em</p><p>toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.</p><p>Entretanto, apesar de não se tratar de uma matéria exaustiva e taxativa, numerus clausus,</p><p>o rol dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, de 1988, é exemplificativo.</p><p>Por isso, é importante estudarmos alguns dispositivos da Carta Magna.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>17</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Portanto, antes de adentrarmos aos dispositivos constitucionais pertinentes, faz-se neces-</p><p>sário abordar conceitos fundamentais no estudo da disciplina.</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>É um ramo do direito público que tem por finalidade a organização e princípios orienta-</p><p>dores de sua aplicação. Refere-se à estruturação do poder político e seus limites de atuação.</p><p>Desse modo, é um ramo fundamental à organização do povo sobre um território.</p><p>Constituição</p><p>É a forma de organização do Estado (aqui, entenda: país). Todo Estado tem sua própria</p><p>forma de organização. A Constituição é a lei fundamental e dispõe sobre o limite de poder do</p><p>Estado, independentemente de ser formalizada em um texto escrito.</p><p>Objeto</p><p>Objeto é a própria Constituição do Estado, ou seja, as normas que tratam da organização,</p><p>estrutura e organização dos poderes. Divide-se em direito constitucional particular ou espe-</p><p>cial, direito constitucional geral e direito constitucional comparado. Acompanhe:</p><p>z Direito constitucional particular/especial/positivo ou interno: objetiva o estudo de</p><p>uma Constituição específica de um determinado Estado. Ex.: estudo específico da Consti-</p><p>tuição da República Federativa do Brasil de 1988;</p><p>z Direito constitucional geral: objetiva o estudo da Constituição de diversos Estados (cam-</p><p>po de ideias). Ex.: é aqui que se definem conceitos, classificação, ou seja, a formação da</p><p>base de ideias para o estudo da teoria geral;</p><p>z Direito constitucional comparado: como o próprio nome já diz, objetiva o estudo compa-</p><p>rado das Constituições de diversos Estados ou de um mesmo Estado, podendo ser temporal</p><p>ou vertical. Entenda:</p><p>� Critério temporal/vertical: análise das constituições de um mesmo Estado;</p><p>� Critério espacial/horizontal: análise e comparação das constituições de diversos</p><p>Estados.</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>PARTICULAR/ESPECIAL</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>GERAL</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>COMPARADO</p><p>Estudo da Constituição de um</p><p>determinado Estado</p><p>Estudo da Constituição de</p><p>diversos Estados</p><p>Estudo comparado das</p><p>Constituições</p><p>Critério temporal Critério</p><p>espacial</p><p>18</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Natureza</p><p>A natureza jurídica do direito constitucional é de direito público fundamental, pelo fato</p><p>de estar relacionada diretamente à organização e ao funcionamento do Estado.</p><p>Ainda, é na Constituição que podemos obter as regras mínimas de organização e adminis-</p><p>tração do Estado. Assim, a Constituição torna-se norma de parâmetro de todo ordenamento,</p><p>sendo superior às demais.</p><p>Fontes</p><p>A doutrina classifica as fontes como mediatas e imediatas. Entenda melhor a seguir:</p><p>z Fontes imediatas: são as mais próximas e primitivas, isto é, a Constituição e os costumes.</p><p>A Constituição é a lei suprema e fonte principal do direito constitucional, todo ordenamen-</p><p>to jurídico deve obediência a ela;</p><p>z Fontes mediatas: também conhecidas como fontes indiretas, são a doutrina e a</p><p>jurisprudência.</p><p>Importante frisar que também há outra classificação das fontes pela doutrina, a qual nos</p><p>traz a classificação das fontes como primárias e complementares. Vejamos:</p><p>z Fontes primárias ou formais: Constituição Federal, também as emendas constitucionais,</p><p>emendas de revisão e os tratados de direitos humanos;</p><p>z Fontes complementares: costumes e jurisprudência.</p><p>Deste modo, os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados no Título II, da CF,</p><p>de 1988. Em síntese, a norma constitucional divide tais elementos em cinco grupos, a saber:</p><p>z direitos individuais e coletivos;</p><p>z direitos sociais;</p><p>z direitos de nacionalidade;</p><p>z direitos políticos;</p><p>z partidos políticos.</p><p>Neste sentido, conclui-se que os direitos fundamentais constituem o gênero, do qual os</p><p>direitos individuais, coletivos, sociais, nacionais e políticos são espécies.</p><p>Atenção! Direitos e garantias não podem ser confundidos.</p><p>Direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, como, por exemplo, o</p><p>direito de ir e vir (liberdade de locomoção).</p><p>Garantias são os instrumentos por meio dos quais se assegura o exercício do referido</p><p>direito, tanto preventivamente — como, por exemplo, o habeas corpus —, quanto repressi-</p><p>vamente — quando, por exemplo, busca-se assegurar a sua reparação no caso de violação.</p><p>Antes de adentrar no estudo dos direitos e garantias fundamentais, é importante conhe-</p><p>cermos suas características.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>19</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>A primeira delas é a universalidade, isto é, os direitos e garantias fundamentais aplicam-</p><p>-se a todos os indivíduos.</p><p>A historicidade é outra característica a ser mencionada, uma vez que os direitos e</p><p>garantias são frutos de um desenvolvimento histórico, ou seja, são traçados e estruturados</p><p>de acordo com o desenvolvimento da própria sociedade. Considerar o contexto histórico é</p><p>extremamente importante para se entender o porquê da proteção dada pelos direitos funda-</p><p>mentais. Como exemplo, pode-se citar as políticas afirmativas, como a política de quotas em</p><p>concursos públicos.</p><p>Além dessas, os direitos e garantias fundamentais têm, como característica, a inalienabili-</p><p>dade. Por terem a liberdade, a justiça e a paz como fundamento, não podem ser transferidos</p><p>ou negociados. Assim, são conferidos a todos os indivíduos, que deles não podem se desfazer,</p><p>porque são indisponíveis, tendo em vista a proteção da pessoa humana.</p><p>A imprescritibilidade também é uma de suas características, visto que não deixam de ser</p><p>exigíveis em razão da falta de uso, ou seja, não prescrevem. Por exemplo, o fato de determi-</p><p>nada pessoa passar grande parte de sua vida sem ter uma religião específica não a impede de</p><p>optar por uma ou outra ou, até mesmo, por nenhuma, pois seu direito à liberdade de crença</p><p>e exercício de culto não se perde em razão do tempo.</p><p>Verifica-se, ainda, a irrenunciabilidade como uma característica importante, na medida</p><p>que nenhum ser humano pode abrir mão de ter direitos fundamentais. O indivíduo pode não</p><p>usufruir deles adequadamente, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-los.</p><p>Outra característica dos direitos fundamentais é a indivisibilidade. Não existe hierarquia</p><p>entre tais direitos, pois todos dispõem do mesmo valor. Consequentemente, eles são indivi-</p><p>síveis na medida em que, para a garantia de um, pressupõe-se a observância dos demais.</p><p>Sendo assim, quando um deles é violado, os outros também o são.</p><p>Por fim, outra característica importante é a limitabilidade, isto é, os direitos fundamen-</p><p>tais não são absolutos, de modo que podem ser limitados sempre que houver uma hipótese</p><p>de colisão de direitos fundamentais.</p><p>É da limitabilidade que advém a regra de que nenhum direito é absoluto. Por exemplo,</p><p>mesmo detendo o direito de locomoção, não</p><p>do término de seu mandato;</p><p>XII - elaborar seu regimento interno;</p><p>XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extin-</p><p>ção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respec-</p><p>tiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias</p><p>XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.</p><p>XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutu-</p><p>ra e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados</p><p>e do Distrito Federal e dos Municípios</p><p>Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supre-</p><p>mo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços</p><p>dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercí-</p><p>cio de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.</p><p>Dos Deputados e Senadores</p><p>No que se refere aos direitos, prerrogativas e imunidades dos deputados federais e sena-</p><p>dores, o art. 53 estabelece garantias fundamentais para o exercício do mandato parlamentar.</p><p>Inicialmente, há de se ter em mente que as imunidades são prerrogativas inerentes à</p><p>função desempenhada com o objetivo de garantir a independência e o exercício da função</p><p>atribuídos constitucionalmente. Portanto, não se trata de privilégios, mas de garantias desti-</p><p>nadas ao livre desempenho da função e da não ingerência dos demais órgãos (independência</p><p>dos poderes). É por esse motivo que as imunidades não podem ser renunciadas, pois não</p><p>pertencem às pessoas, mas ao cargo desempenhado.</p><p>A imunidade parlamentar, também conhecida como imunidade legislativa, consiste nas</p><p>prerrogativas outorgadas pela CF, de 1988, aos membros do Congresso Nacional para que eles</p><p>possam exercer suas funções com independência e liberdade. A imunidade parlamentar se</p><p>divide em material e formal. Veja a seguir.</p><p>z Imunidade Material</p><p>A imunidade material, também denominada de real ou substantiva, diz respeito a opi-</p><p>niões, palavras e votos. Trata-se da absoluta inviolabilidade, uma vez que os parlamentares</p><p>são imunes civil e penalmente quanto às suas opiniões, palavras e votos, desde que no exer-</p><p>cício da atividade parlamentar. Todos os parlamentares possuem esse direito.</p><p>Para tanto, ela está consagrada no art. 53, do Texto Constitucional, que prevê que depu-</p><p>tados e senadores são invioláveis civil e penalmente. Vejamos na íntegra o dispositivo em</p><p>comento:</p><p>Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas</p><p>opiniões, palavras e votos.</p><p>Essa inviolabilidade é fundamental para garantir a independência do Poder Legislativo e</p><p>a liberdade de atuação dos parlamentares, permitindo que exerçam suas funções de repre-</p><p>sentação popular sem temor por eventuais represálias ou intimidações.</p><p>148</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>No entanto, é importante ressaltar que essa inviolabilidade não é absoluta, pois existem</p><p>situações em que os deputados e senadores podem ser responsabilizados, como nos casos</p><p>de quebra do decoro parlamentar ou de crimes cometidos fora do exercício do mandato</p><p>parlamentar.</p><p>Deste modo, a imunidade é uma espécie de proteção aos parlamentares no exercício de</p><p>suas funções, para que eles tenham ampla liberdade de expressão e debate de ideias nas</p><p>questões de interesse de seus representados. Ainda, a imunidade material é absoluta, o que</p><p>significa que as palavras e opiniões do parlamentar ficam excluídas de ação condenatória.</p><p>Por exemplo, determinado senador, ao discutir temas políticos com outro parlamentar,</p><p>profere palavras de injúria e acusa o parlamentar de praticar fatos definidos como crime.</p><p>Nesse caso, o parlamentar ofendido não pode mover processo contra o senador, pois as ofen-</p><p>sas proferidas estão relacionadas ao exercício da atividade parlamentar.</p><p>Portanto, o congressista é protegido da incriminação civil ou penal pelos chamados crimes</p><p>de opinião ou palavra. Como consequência, a imunidade material exclui a própria natureza</p><p>delituosa do fato, visto que não haverá responsabilização penal e civil do parlamentar por</p><p>suas opiniões, palavras e votos, sendo afastado, inclusive, o pedido de interpelação judicial</p><p>(pedido de explicações).</p><p>Salienta-se, por necessário, que a imunidade material é absoluta (todas as palavras e opi-</p><p>niões são excluídas de ação repressiva ou condenatória), permanente (aplica-se, mesmo</p><p>após extinto o mandato, para os fatos que ocorreram na vigência do encargo) e de ordem</p><p>pública (guarda relação com a função exercida, e não com a pessoa do parlamentar).</p><p>Cumpre esclarecer, no entanto, que o parlamentar só será protegido quando as manifes-</p><p>tações se derem no exercício do mandato, uma vez que a imunidade material está ligada à</p><p>ideia de desempenho do mandato (prática in officio) e em razão do mandato (prática prop-</p><p>ter officium). Consequentemente, as palavras, votos e opiniões sem nenhuma relação com o</p><p>desempenho da função não são alcançados pela inviolabilidade.</p><p>Vejamos algumas dicas sobre a imunidade material:</p><p>� Dentro da Casa legislativa: absoluta, salvo no caso de quebra de decoro parlamentar;</p><p>� Fora da Casa legislativa: relativa (limitada aos atos relacionados ao exercício do</p><p>mandato).</p><p>Ademais, o parlamentar não pode renunciar à imunidade ou ao foro privilegiado.</p><p>Conforme o inciso VIII, art. 29, da CF, de 1988, os vereadores têm essa proteção, mas somen-</p><p>te na circunscrição do município.</p><p>Art. 29 O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício míni-</p><p>mo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promul-</p><p>gará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo</p><p>Estado e os seguintes preceitos:</p><p>[...]</p><p>VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do man-</p><p>dato e na circunscrição do Município;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>149</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Imunidade Formal</p><p>Também denominada de processual, formal ou adjetiva, é uma imunidade relativa. Na imu-</p><p>nidade formal, há a possibilidade de suspensão da prisão e do processo para a maioria absoluta</p><p>dos membros da respectiva Casa. Consiste no julgamento pelo STF, desde a expedição do diploma.</p><p>Note que os vereadores não podem ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.</p><p>Importante!</p><p>A diplomação ocorre antes da posse, pois é um ato que comprova que o candidato foi</p><p>eleito e está apto para tomar posse da carreira. É neste ato que ocorre a entrega do docu-</p><p>mento (diploma) pela justiça eleitoral.</p><p>Assim, caso seja determinada a prisão de algum deputado ou senador após a diplomação,</p><p>os autos serão enviados para a respectiva Casa, para que, pelo voto da maioria de seus mem-</p><p>bros, seja resolvido sobre a prisão; assim, poderá ser determinada a sustação do andamento</p><p>da ação até o final do mandato.</p><p>Cumpre mencionar, ainda, que a imunidade formal impede a condução coercitiva do par-</p><p>lamentar que se nega a comparecer em interrogatório.</p><p>Prerrogativa de Foro</p><p>Outra garantia prevista no Estatuto do Congressista é a prerrogativa de foro. Ela se encon-</p><p>tra estabelecida no § 1º, art. 53, que assim dispõe:</p><p>Art. 53 […]</p><p>§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento</p><p>perante o Supremo Tribunal Federal.</p><p>§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser pre-</p><p>sos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro</p><p>de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,</p><p>resolva sobre a prisão.</p><p>§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diploma-</p><p>ção, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido</p><p>é possível ingressar em uma propriedade alheia</p><p>fora das hipóteses previstas na CF, de 1988 (quais sejam: convite, desastre, flagrante delito,</p><p>prestar socorro ou ordem judicial durante o dia), podendo, inclusive, caracterizar o crime de</p><p>invasão de domicílio.</p><p>DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS</p><p>Os direitos e deveres individuais e coletivos encontram-se elencados no art. 5º, da</p><p>Constituição:</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos</p><p>brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberda-</p><p>de, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>Conforme prevê o art. 5º, da CF, de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de</p><p>qualquer natureza, garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-</p><p>rança e à propriedade.</p><p>20</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Desta forma, o caput, do art. 5º, traz os cinco pilares dos direitos individuais e coletivos,</p><p>quais sejam: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.</p><p>Eles compreendem todos os demais direitos estruturados nos seus incisos. Por exemplo:</p><p>do direito à vida decorrem o direito à integridade física e moral, a proibição da pena de mor-</p><p>te e a proibição de venda de órgãos.</p><p>Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangeiros residentes no país”, não significa</p><p>que o estrangeiro não residente não possua direitos, pois os direitos fundamentais são desti-</p><p>nados a qualquer pessoa que se encontre em território nacional.</p><p>A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para definir os titulares dos direitos fundamen-</p><p>tais, ou seja, a população brasileira — todos aqueles que residem em território brasileiro.</p><p>Além disso, o caput traz o princípio da isonomia ou da igualdade (“todos são iguais peran-</p><p>te a lei, sem distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem, como fundamento, o fato de</p><p>que todos nascem e vivem com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado brasileiro.</p><p>São destinatários do princípio da igualdade tanto o legislador como os aplicadores da lei.</p><p>Princípio da Igualdade entre Homens e Mulheres</p><p>I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;</p><p>Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de direitos e deveres entre homens</p><p>e mulheres.</p><p>O princípio da igualdade, previsto também no caput, do art. 5º, da CF, é muito importante,</p><p>e, deste princípio, inúmeros outros decorrem diretamente, conforme veremos a seguir.</p><p>z Igualdade na Lei x Igualdade Perante a Lei</p><p>A igualdade na lei vincula o legislador a tratar todos da mesma forma ao criar as normas,</p><p>já a igualdade perante a lei significa que quem administra o Estado deve observar o princí-</p><p>pio da igualdade — por exemplo, o Poder Executivo ao administrar e o Poder Judiciário ao</p><p>julgar. Importante frisar que o princípio da igualdade também tem efeitos aos particulares.</p><p>z Igualdade Formal x Igualdade Material</p><p>A igualdade formal, também chamada de igualdade jurídica, significa que todos devem</p><p>ser tratados da mesma forma.</p><p>Já a igualdade material significa tratar igual os iguais e os desiguais com desigualdade,</p><p>na medida de suas desigualdades, ou seja, é uma forma de proteção a certos grupos sociais,</p><p>certos grupos de pessoas que foram discriminadas ao longo da história do Brasil.</p><p>Isso ocorre por meio das chamadas ações afirmativas, que visam, por meio da política</p><p>pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o sistema de cotas para os afrodescenden-</p><p>tes nas universidades públicas.</p><p>Sobre o tema, o STF (Supremo Tribunal Federal) já se posicionou pela constitucionalidade,</p><p>e a decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), com repercus-</p><p>são geral, em que um estudante questionava os critérios adotados pela UFRGS (Universidade</p><p>Federal do Rio Grande do Sul) para reserva de vagas7.</p><p>7 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>21</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Igualdade nos Concursos Públicos</p><p>Tem como base o também chamado princípio da isonomia, o qual deve ser rigorosamente</p><p>observado sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo respectivo concurso público.</p><p>Entretanto, alguns concursos exigem, por exemplo, idade, altura etc. Note que todas as</p><p>exigências contidas no edital que façam distinção entre as pessoas somente serão lícitas e</p><p>constitucionais desde que preencham dois requisitos:</p><p>� deve estar previsto em lei — igualdade formal;</p><p>� deve ser necessário ao cargo.</p><p>Por exemplo: concurso para contratação de agente penitenciário para presídio feminino</p><p>com o edital constando que é permitido somente mulheres para investidura do cargo.</p><p>Exemplo muito comentado também é sobre a proibição de tatuagem contida nos editais de con-</p><p>curso público; sobre o tema, o STF assim entendeu (a seguir, a tese de repercussão geral fixada):</p><p>Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo</p><p>situações excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores constitucionais8.</p><p>Entenda: tatuagem que viole os princípios constitucionais e os princípios do Estado brasi-</p><p>leiros. Ex.: tatuagem de suástica nazista.</p><p>z União Estável Homoafetiva</p><p>Tema muito comentado, e, em 2011, o STF se posicionou sobre o reconhecimento da união</p><p>estável para casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argumento que o inciso IV, art. 3º,</p><p>da CF, veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, nin-</p><p>guém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua orientação sexual.</p><p>“O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica”.</p><p>Conclui-se, portanto, que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide com o</p><p>inciso IV, art. 3º, da CF9.</p><p>Princípio da Legalidade e Liberdade de Ação</p><p>II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;</p><p>Todo ser humano é livre e só está obrigado a fazer ou não algo que esteja previsto em lei.</p><p>Deste princípio, decorre a ideia de que “não há crime sem lei anterior que o defina”, ou seja, a</p><p>concepção de que “crime” é aquilo que está expressamente previsto na lei penal.</p><p>O princípio da legalidade está previsto no inciso II, art. 5º, da CF, e preceitua que “ninguém</p><p>será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Note que quan-</p><p>do se fala em princípio da legalidade, se está falando no âmbito particular, e não da Adminis-</p><p>tração Pública.</p><p>8 Recurso Extraordinário 898450. Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Luiz Fux, julgado em 17.08.2016.</p><p>9 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011.</p><p>22</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>No que tange aos particulares, o princípio da legalidade quer dizer que apenas a lei possui</p><p>a legitimidade de criar obrigações de fazer, comumente chamadas de obrigações positivas, e,</p><p>também, as chamadas obrigações de não fazer, conhecidas como obrigações negativas.</p><p>Sendo assim, nos casos em que a lei não dispuser obrigação alguma, é dado ao particular</p><p>fazer o que bem entender; ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em lei, o parti-</p><p>cular está livre para agir, vigorando nesse ponto o princípio da autonomia da vontade.</p><p>Referente ao poder público, o conteúdo do princípio da legalidade é outro: esse tem a</p><p>ideia de que o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que governar é atividade a qual</p><p>a realização exige a edição de leis, sendo que o poder público não pode atuar nem contrário</p><p>às leis, nem na ausência da lei.</p><p>Vedação de Práticas de Tortura Física e Moral, Tratamento Desumano e Degradante</p><p>III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;</p><p>Torturar10 é causar ao indivíduo sofrimento físico ou mental como forma de intimidação</p><p>ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como</p><p>maneira de anular a personalidade ou</p><p>diminuir a capacidade física ou mental, mesmo que sem dor.</p><p>Desta forma, é vedada a prática de tortura física e moral e de qualquer tipo de tratamento</p><p>desumano, degradante ou contrário à dignidade humana realizada por qualquer autoridade</p><p>ou até mesmo entre os próprios cidadãos.</p><p>A proibição à tortura, cláusula pétrea de nossa Constituição, visa resguardar o direito de</p><p>uma vida digna. A prática da tortura é, ainda, crime inafiançável na legislação penal brasileira.</p><p>Assim, a CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo de tratamento desumano</p><p>ou degradante. Temos como exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº 11, a qual</p><p>dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de forma arbitrária, pode acarretar tratamento</p><p>desumano ou degradante.</p><p>Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado</p><p>receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de</p><p>terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,</p><p>civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se</p><p>refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.</p><p>Liberdade de Manifestação do Pensamento e Vedação do Anonimato, Visando Coibir Abusos e</p><p>Não Responsabilização pela Veiculação de Ideias e Práticas Prejudiciais</p><p>IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;</p><p>Aqui, temos consubstanciada a liberdade de expressão. A Constituição Federal pôs fim</p><p>à censura, tornando livre a manifestação do pensamento. Entretanto, esta liberdade não é</p><p>absoluta, uma vez que deve se pautar nos princípios da justiça e do direito.</p><p>10 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>23</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Assim, de acordo com o texto constitucional, todas as pessoas detêm direito atinentes à</p><p>liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções religiosas, filosóficas, políticas, entre</p><p>outras, possuindo, portanto, o direito de pensar.</p><p>O pensamento em si é absolutamente livre, por ser uma questão de foro íntimo. O indiví-</p><p>duo pode pensar em que quiser, sem que o Estado possa interferir. No entanto, quando este</p><p>pensamento é exteriorizado, passam a ser possíveis a tutela e a proteção do Estado.</p><p>Nesse sentido, é vedada a liberdade abusiva, prejudicial aos direitos de outrem, e, tam-</p><p>bém, o anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem identificação de autoria.</p><p>A vedação constitucional ao anonimato, contudo, não impede que uma autoridade públi-</p><p>ca, ao receber uma denúncia anônima, proceda com as investigações preliminares, de forma</p><p>a apurar os indícios de materialidade narrados na denúncia.</p><p>Cumpre ainda ressaltar que, no Brasil, a denúncia anônima é permitida. Contudo, o poder</p><p>público não pode iniciar o procedimento formal tendo como base única uma denúncia</p><p>anônima.</p><p>Importante!</p><p>O STF considerou desnecessária a utilização de diploma de jornalismo e registro profissio-</p><p>nal no Ministério do Trabalho como condição para o exercício da profissão de jornalista,</p><p>pois tem na sua essência a manifestação do pensamento.</p><p>Direito de Resposta e Indenização</p><p>V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano</p><p>material, moral ou à imagem;</p><p>A expressão do pensamento é livre, porém não é absoluta. Assim, a pessoa é livre para</p><p>expor sua opinião, todavia, atingindo-se a honra de alguém, por exemplo, ela poderá ser res-</p><p>ponsabilizada civil e penalmente.</p><p>De acordo com o inciso acima, o direito de resposta, associado à indenização por dano</p><p>material, moral ou à imagem, é assegurado às pessoas físicas e jurídicas quando estas, por</p><p>meio dos canais midiáticos de comunicação, recebem ofensas a:</p><p>z sua honra;</p><p>z sua reputação;</p><p>z seu conceito;</p><p>z seu nome;</p><p>z sua marca;</p><p>z sua imagem etc.</p><p>Portanto, o direito de resposta refere-se ao exercício do direito de defesa da pessoa que</p><p>foi ofendida em razão da manifestação do pensamento de outra, como, por exemplo, no caso</p><p>de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se, por fim, que o direito de resposta é aplicado</p><p>tanto à pessoa física quanto à jurídica.</p><p>Importante! O inciso V prevê a indenização por dano material, moral ou à imagem. De</p><p>acordo com a Súmula nº 37, do Superior Tribunal de Justiça, esses danos são acumuláveis.</p><p>24</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Liberdade Religiosa e de Consciência</p><p>VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos</p><p>cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;</p><p>VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e</p><p>militares de internação coletiva;</p><p>VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosó-</p><p>fica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recu-</p><p>sar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;</p><p>O Estado brasileiro é laico, ou seja, não se apoia nem se opõe a nenhuma religião. Por isso,</p><p>a liberdade de crença e de consciência são direitos fundamentais previstos na Constituição</p><p>Federal.</p><p>A Constituição assegura, ainda, a liberdade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a</p><p>não privação de direitos em razão da crença pessoal.</p><p>A escusa de consciência consiste no direito individual de se recusar a cumprir determi-</p><p>nada obrigação ou a praticar determinado ato comum por este ser contrário às suas crenças</p><p>religiosas ou à sua convicção filosófica ou política.</p><p>Nesses casos, de acordo com a lei, a pessoa deve cumprir uma prestação alternativa, fixa-</p><p>da em lei. Serve como exemplo desse direito o cidadão que deixa de prestar serviço militar</p><p>obrigatório por motivo de crença.</p><p>Se o cidadão que invocar a escusa de consciência em seu benefício deixar de cumprir a</p><p>prestação alternativa imposta, poderá incorrer na perda dos direitos políticos, segundo a</p><p>doutrina majoritária, ou na suspensão destes, a teor do que se estabelece no § 2º, art. 4º, da</p><p>Lei nº 8.239, de 1991:</p><p>Lei nº 8.239, de 1991</p><p>Art. 3º O Serviço Militar inicial é obrigatório a todos os brasileiros, nos termos da lei.</p><p>§ 1º Ao Estado-Maior das Forças Armadas compete, na forma da lei e em coordenação com os</p><p>Ministérios Militares, atribuir Serviço Alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados,</p><p>alegarem imperativo de consciência decorrente de crença religiosa ou de convicção filosófica</p><p>ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.</p><p>§ 2º Entende-se por Serviço Alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo,</p><p>assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, em substituição às atividades de caráter essen-</p><p>cialmente militar.</p><p>§ 3º O Serviço Alternativo será prestado em organizações militares da ativa e em órgãos de</p><p>formação de reservas das Forças Armadas ou em órgãos subordinados aos Ministérios Civis,</p><p>mediante convênios entre estes e os Ministérios Militares, desde que haja interesse recíproco</p><p>e, também, sejam atendidas as aptidões do convocado.</p><p>§ 4º O Serviço Alternativo incluirá o treinamento para atuação em áreas atingidas por desas-</p><p>tre, em situação de emergência e estado de calamidade, executado de forma integrada com o</p><p>órgão federal responsável pela implantação das ações de proteção e defesa civil. (Incluído pela</p><p>Lei nº 12.608, de 2012)</p><p>§ 5º A União articular-se-á com os Estados e o Distrito Federal para a execução do treinamen-</p><p>to a que se refere o § 4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>25</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Art. 4º Ao final do período de atividade previsto no § 2º do art. 3º desta lei, será conferido</p><p>Certificado de Prestação Alternativa ao Serviço Militar Obrigatório,</p><p>com os mesmos efeitos</p><p>jurídicos do Certificado de Reservista.</p><p>§ 1º A recusa ou cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, sob qualquer pretexto, por</p><p>motivo de responsabilidade pessoal do convocado, implicará o não-fornecimento do certifica-</p><p>do correspondente, pelo prazo de dois anos após o vencimento do período estabelecido.</p><p>§ 2º Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o certificado só será emitido após a decre-</p><p>tação, pela autoridade competente, da suspensão dos direitos políticos do inadimplente,</p><p>que poderá, a qualquer tempo, regularizar sua situação mediante cumprimento das</p><p>obrigações devidas.</p><p>Liberdade de Expressão e Proibição de Censura</p><p>IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, indepen-</p><p>dentemente de censura ou licença;</p><p>O inciso IX trata da liberdade de expressão das atividades intelectual, artística, científica</p><p>e de comunicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente, qualquer atividade de censura</p><p>ou licença, inclusive a proveniente de atuação jurisdicional.</p><p>Cumpre esclarecer os conceitos de censura e licença:</p><p>z censura é a verificação da compatibilidade ou não entre um pensamento que se pretende</p><p>expressar com as normas legais vigentes;</p><p>z licença é a exigência de autorização para que o pensamento possa ser exteriorizado.</p><p>Proteção à Imagem, Honra e Intimidade da Pessoa Humana</p><p>X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado</p><p>o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;</p><p>Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolável a imagem, a honra e a</p><p>intimidade da pessoa humana, assegurando o direito à reparação material ou moral em caso</p><p>de violação.</p><p>Neste sentido, o inciso X decorre do direito à vida e traz a proteção dos direitos de perso-</p><p>nalidade, ou seja, o direito à privacidade. Trata-se dos atributos morais que devem ser pre-</p><p>servados e respeitados por todos, tendo em vista que a vida não deve ser protegida apenas</p><p>em seus aspectos materiais.</p><p>Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos:</p><p>z intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser perturbado em sua vida particular;</p><p>z vida privada refere-se ao relacionamento de um indivíduo com seus familiares e amigos,</p><p>quer em seu lar quer em locais fechados;</p><p>z honra é o atributo pessoal que compreende tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a</p><p>reputação de que goza a pessoa no meio social (honra objetiva);</p><p>z imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja, seus aspectos físicos (imagem-retrato),</p><p>bem como a exteriorização de sua personalidade no meio social (imagem-atributo).</p><p>26</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Proteção do Domicílio do Indivíduo</p><p>XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento</p><p>do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, duran-</p><p>te o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).</p><p>A proteção do domicílio é direito fundamental. A casa do indivíduo, portanto, é inviolá-</p><p>vel. De outro modo, não se tratando de casos excepcionais de flagrante delito, prestação de</p><p>socorro ou ordem judicial, só podem adentrar, nesta, aqueles que possuem consentimento do</p><p>morador.</p><p>Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurídicas, abrangendo, inclusive, a proteção</p><p>necessária à própria imagem frente aos meios de comunicação em massa (televisão, jornais</p><p>etc.).</p><p>Note que existem exceções à inviolabilidade: flagrante delito, desastre, prestação de socor-</p><p>ro e determinação judicial.</p><p>Convém lembrar também que, de acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o con-</p><p>ceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer compartimento habitado (casa, apartamento,</p><p>trailer ou barraca); qualquer aposento ocupado de habitação coletiva (hotel, apart-hotel ou</p><p>pensão), bem como qualquer compartimento privado onde alguém exerça profissão ou ativi-</p><p>dade, incluindo as pessoas jurídicas.</p><p>O STF, em relevante julgamento com repercussão geral (§ 3º, art. 102, da CF), firmou</p><p>compreensão no sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mesmo no período noturno</p><p>— fundamentada e devidamente justificada, se indicado que no interior da casa se está</p><p>praticando algum crime, ou seja, em estado de flagrante delito.</p><p>É importante frisar que, se o agente policial entrar na residência e não constatar a ocor-</p><p>rência de crime em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos agentes policiais se forem</p><p>apresentadas fundadas razões que os levaram a invadir aquela casa, o que, sem dúvida, deve</p><p>ser objeto de controle — mesmo que posterior — por parte da própria polícia e, claro, pelo</p><p>Ministério Público (a quem compete exercer o controle externo da atividade policial, nos ter-</p><p>mos do inciso VII, art. 129, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar-se a legitimidade de</p><p>eventual prova colhida durante essa entrada à residência.</p><p>Proteção do Sigilo das Comunicações</p><p>XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das</p><p>comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma</p><p>que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide</p><p>Lei nº 9.296, de 1996).</p><p>A inviolabilidade das comunicações pessoais está disciplinada no inciso XII e também</p><p>decorre do direito à segurança. O dispositivo considera comunicações pessoais:</p><p>z As correspondências: comunicações recebidas em casa, como, por exemplo, as cartas, as</p><p>contas, os comunicados e avisos comerciais;</p><p>z A comunicação telegráfica: comunicados mais rápidos, que podem ser enviados tanto na</p><p>forma escrita como pela internet, tais como o telegrama;</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>27</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z A comunicação de dados: comunicação feita por meio de rede de computadores, como,</p><p>por exemplo, a compra de produtos on-line ou homebank;</p><p>z As comunicações telefônicas: ligações feitas e recebidas por meio de telefone fixo ou</p><p>móvel.</p><p>De acordo com a lei básica, o sigilo das comunicações é direito fundamental e, portanto,</p><p>inviolável, salvo em casos de ordem judicial.</p><p>As correspondências são invioláveis, com exceção nos casos de decretação de estado de</p><p>defesa e de sítio (art. 136 e seguintes, da CF).</p><p>É importante mencionar que o STF já reconheceu a possibilidade de interceptar carta de</p><p>presidiário, pois a inviolabilidade de correspondência não pode ser usada como defesa para</p><p>atividades ilícitas.</p><p>Possibilidade de interceptação telefônica: interceptação telefônica é a captação e gra-</p><p>vação de conversa telefônica, no momento em que ela se realiza, por terceira pessoa, sem o</p><p>conhecimento de qualquer um dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso XII, do</p><p>art. 5º, da CF, acima mencionado, que, para ser lícita, deve obedecer a três requisitos:</p><p>INTERCEP-</p><p>TAÇÃO</p><p>TELEFÔNICA</p><p>Ordem judicial</p><p>Para fins de investigação criminal</p><p>Hipóteses e formas que a lei estabelecer</p><p>Ainda, a interceptação telefônica dependerá de ordem judicial, conforme art. 1º, da Lei nº</p><p>9.926, de 1996:</p><p>Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em</p><p>investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e depen-</p><p>derá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.</p><p>Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em</p><p>sistemas de informática e telemática.</p><p>O segundo requisito necessário exige que a produção desse meio de prova seja dirigida</p><p>para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, assim, não é possível a</p><p>autorização da interceptação telefônica em processos civis, administrativos, disciplinares etc.</p><p>Já o último requisito refere-se a uma lei que deve prever as hipóteses e a forma em que</p><p>pode ocorrer a interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbito de investigação crimi-</p><p>nal</p><p>ou instrução processual penal.</p><p>A regulamentação desse dispositivo veio com a Lei nº 9.296, de 1996, que legitimou a inter-</p><p>ceptação das comunicações como meio de prova, estendendo também a sua regulamentação</p><p>à interceptação de fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática (combina-</p><p>ção de meios eletrônicos de comunicação com informática, e-mail e outros).</p><p>Liberdade de Profissão</p><p>XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações</p><p>profissionais que a lei estabelecer;</p><p>28</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>O direito de exercício de qualquer atividade profissional decorre do direito à liberdade.</p><p>Trata-se da faculdade de escolher o trabalho que se pretende exercer.</p><p>No entanto, é necessário atender às qualificações profissionais exigidas pela lei; por exem-</p><p>plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito faculdade de medicina em território nacio-</p><p>nal ou ter sido aprovado em exame de revalidação no caso de faculdade estrangeira.</p><p>Essa é uma norma constitucional de eficácia contida, ou seja, uma norma que produz</p><p>todos os efeitos. No entanto, cabe destacar que uma norma infraconstitucional (lei) pode con-</p><p>ter o seu alcance ao fixar condições ou requisitos para o pleno exercício da profissão, como,</p><p>por exemplo, a regra de que, para advogar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil.</p><p>Acesso à Informação</p><p>XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando</p><p>necessário ao exercício profissional;</p><p>O inciso XIV disciplina o direito de informação, que é um dos desdobramentos do direito à</p><p>liberdade. O direito à informação possui tríplice alcance, por englobar o direito de informar,</p><p>de se informar e de ser informado.</p><p>Atenção! A liberdade de informação jornalística está prevista no § 1º, art. 220, da CF, de</p><p>1988, e é mais abrangente que a liberdade de imprensa, que assegura o direito de veiculação</p><p>de impressos sem qualquer tipo de restrição por parte do Estado.</p><p>Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o sigilo da fonte quando necessário ao</p><p>exercício profissional.</p><p>Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista poderá ser obrigado a revelar o nome de</p><p>seu informante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu silêncio não poderá sofrer</p><p>qualquer sanção.</p><p>Liberdade de Locomoção, Direito de Ir e Vir</p><p>XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,</p><p>nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;</p><p>Esse inciso consagra o direito de ir e vir e a liberdade de locomoção. Nesse sentido, todos</p><p>são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do território nacional em tempos de paz.</p><p>Assim, a liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no inciso XV, art. 5º, da CF, de 1988.</p><p>Trata-se, portanto, do direito de locomoção, que é um dos desdobramentos do direito à</p><p>liberdade.</p><p>Observa-se, no entanto, que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de paz, ou seja,</p><p>no caso de decretação de guerra, passa a viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indi-</p><p>víduos pode sofrer limitações.</p><p>Portanto, cumpre ressaltar que a garantia constitucional que objetiva assegurar o direito</p><p>de locomoção é o habeas corpus, que será tratado adiante.</p><p>N</p><p>O</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>ES</p><p>D</p><p>E</p><p>D</p><p>IR</p><p>EI</p><p>TO</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>ST</p><p>IT</p><p>U</p><p>C</p><p>IO</p><p>N</p><p>A</p><p>L</p><p>29</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>z Direito de Ir e Vir x Coronavírus (Covid-19)</p><p>Aqui temos um tema muito comentado — o isolamento, ou seja, a proibição das pessoas de</p><p>abrirem suas próprias empresas, de permanecerem em praças e em outros lugares públicos,</p><p>isto é, seu direito de ir e vir é limitado. Entenda:</p><p>ISOLAMENTO</p><p>Vertical</p><p>Somente grupo de risco deve ficar</p><p>isolado em casa (idosos e pes-</p><p>soas com problemas de saúde)</p><p>Toda população deve ficar isola-</p><p>da em casa e empresas fechadasHorizontal</p><p>Se o direito à liberdade de locomoção é um direito fundamental de ir e vir, pode-se proibir</p><p>que as pessoas se locomovam? Mas e a Constituição?</p><p>No caso da covid-19, em 18 de março de 2020, foi aprovado pelo Congresso Nacional o</p><p>decreto que colocava o país em estado de calamidade pública, tendo em vista a situação</p><p>excepcional de emergência de saúde. Para entendermos melhor, vamos estudar por etapas.</p><p>O que é calamidade pública? O dicionário Aurélio assim define calamidade: “desgraça</p><p>pública; grande infortúnio; catástrofe”, ou seja, é um estado anormal resultante de um desas-</p><p>tre de natureza, pandemia ou até financeiro, situações em que o Governo Federal deve inter-</p><p>vir nos outros entes federativos (entenda entes: estados, DF e municípios) para auxiliar no</p><p>combate à situação.</p><p>Ainda, conforme o Governo Federal, o reconhecimento do estado de calamidade pública</p><p>foi previsto para durar até 31 de dezembro de 2020. Ele foi necessário:</p><p>[…] em virtude do monitoramento permanente da pandemia covid-19, da necessidade de ele-</p><p>vação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspec-</p><p>tiva de queda de arrecadação.</p><p>Entenda a explicação sobre calamidade pública:</p><p>z decretado estado de calamidade pública, através de aprovação das duas casas: Senado</p><p>Federal e Câmara dos Deputados. Permite que o Executivo gaste mais do que o previsto e</p><p>desobedeça às metas fiscais para custear ações de combate à pandemia.</p><p>z o Governo Federal já pode determinar quais medidas de apoio serão tomadas. Com base</p><p>na Lei Complementar nº 101, de 2020;</p><p>z o Governo Federal poderá:</p><p>� liberar recursos; enviar defesa civil militar; enviar kits emergenciais;</p><p>� Estados podem: parcelar dívidas; atrasar execução de gastos; não precisam fazer</p><p>licitações.</p><p>Agora que entendemos como funciona o estado de calamidade pública, vamos à análise do</p><p>direito de locomoção que foi restringido.</p><p>30</p><p>Todos os direitos são reservados à Nova Concursos.</p><p>Primeiramente, é importante mencionar que nenhum direito fundamental pode ser con-</p><p>siderado absoluto (quando dizemos isso, significa que esse direito pode ser violado, desde</p><p>que cumpra alguns requisitos), e a proporcionalidade de cada situação deve ser observada.</p><p>O interesse da coletividade deve ser sempre observado e ter preferência em relação ao</p><p>direito do particular, com o objetivo de aplicar o denominado princípio da supremacia do</p><p>interesse público sobre o particular, que, inclusive, é um dos principais princípios do direi-</p><p>to administrativo.</p><p>Aqui, cabe mencionar também o art. 196, da CF, que prevê o direito à saúde como sendo</p><p>um dever do Estado (no sentido de nação politicamente organizada, ou seja, é um dever do</p><p>país/Governo Federal):</p><p>Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e</p><p>econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal</p><p>e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.</p><p>Ainda, cabe mencionar o princípio da proporcionalidade, o qual tem como finalidade</p><p>equilibrar os direitos individuais com os da sociedade, exatamente como no caso que aqui</p><p>estamos analisando.</p><p>Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, conforme os requisitos demonstrados na situação</p><p>atual, para provas, que o direito de ir e vir é um direito fundamental, mas fique atento: o</p><p>direito fundamental de ir e vir não é um direito absoluto.</p><p>No caso da violação desse direito em face da covid-19, foram observados o princípio da</p><p>proporcionalidade e o princípio da supremacia do interesse público sobre o particular.</p><p>Lembrando que o desrespeito a qualquer medida imposta configura como crime contra a</p><p>saúde pública, previsto no art. 268, do Código Penal, que pune criminalmente a conduta de</p><p>“infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de</p><p>doença contagiosa”.</p><p>Direito de Reunião</p><p>XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen-</p><p>dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada</p><p>para o mesmo local, sendo apenas</p>