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<p>Indaial – 2021</p><p>Portuguesa</p><p>Profª. Rosangela Marçolla</p><p>3a Edição</p><p>Morfologia da</p><p>língua</p><p>Elaboração:</p><p>Profª. Rosangela Marçolla</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2021</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI</p><p>Impresso por:</p><p>M321m</p><p>Marçolla, Rosangela</p><p>Morfologia da língua portuguesa. / Rosangela Marçolla –</p><p>Indaial: UNIASSELVI, 2021.</p><p>214 p.; il.</p><p>ISBN 978-65-5663-685-6</p><p>ISBN Digital 978-65-5663-684-9</p><p>1. Língua portuguesa. - Brasil. II. Centro Universitário</p><p>Leonardo da Vinci.</p><p>CDD 469</p><p>Caro acadêmico! Estamos iniciando os estudos de Morfologia da Língua</p><p>Portuguesa, na modalidade de ensino a distância, em nível de graduação. É uma ótima</p><p>oportunidade para você ter uma formação acadêmica de alta qualidade, dominando os</p><p>conteúdos necessários para o seu campo de aprendizagem.</p><p>O estudo traz os conceitos fundamentais para a compreensão dos aspectos</p><p>morfológicos da Língua Portuguesa, com leituras e atividades que auxiliarão na fixação</p><p>do conteúdo.</p><p>O material será apresentado em três unidades, contendo três tópicos em</p><p>cada uma delas e ainda as divisões por assunto. Todos os pontos serão explicados,</p><p>exemplificados para que você entenda de modo fácil, principalmente, na hora de resolver</p><p>as questões relativas ao conteúdo.</p><p>A Unidade 1 apresenta os conceitos de Morfologia, o significado dos termos</p><p>palavra e vocábulo, os estudos de morfologia gerativa, que alterou a forma que se</p><p>conhecia tradicionalmente e encerramos essa parte com os neologismos, a dinâmica</p><p>da nossa língua sempre se atualizando.</p><p>A Unidade 2 aborda as classes gramaticais: substantivo, adjetivo, verbo e</p><p>advérbio, seus conceitos, flexões, gênero, número e grau. É de suma importância, nessa</p><p>parte, o conhecimento detalhado dessas classes de palavras e o acompanhamento de</p><p>leituras e práticas para o melhor entendimento.</p><p>A Unidade 3 traz mais classes gramaticais: numeral, artigo, pronome, preposi-</p><p>ção, conjunção e interjeição e, da mesma forma, o estudo minucioso de cada elemento,</p><p>seus conceitos, tipos, formas, flexões e classificações. Mais uma vez, lembramos que</p><p>fazem parte do aprendizado as práticas e as leituras para a fixação do conteúdo.</p><p>Temos a certeza de que vamos caminhar muito bem, lado a lado. Aproveite a leitura!</p><p>Bons estudos!</p><p>Profª. Rosangela Marçolla</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e</p><p>dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes</p><p>completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você</p><p>acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar</p><p>essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só</p><p>aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.</p><p>GIO</p><p>Olá, eu sou a Gio!</p><p>No livro didático, você encontrará blocos com informações</p><p>adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento</p><p>acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender</p><p>melhor o que são essas informações adicionais e por que você</p><p>poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações</p><p>durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais</p><p>e outras fontes de conhecimento que complementam o</p><p>assunto estudado em questão.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos</p><p>os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.</p><p>A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um</p><p>novo visual – com um formato mais prático, que cabe na</p><p>bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada</p><p>também digital, em que você pode acompanhar os recursos</p><p>adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo</p><p>deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura</p><p>interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no</p><p>texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que</p><p>também contribui para diminuir a extração de árvores para</p><p>produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,</p><p>apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,</p><p>acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com</p><p>versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Preparamos também um novo layout. Diante disso, você</p><p>verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses</p><p>ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos</p><p>nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,</p><p>para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os</p><p>seus estudos com um material atualizado e de qualidade.</p><p>QR CODE</p><p>Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um</p><p>dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de</p><p>educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar</p><p>do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem</p><p>avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo</p><p>para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,</p><p>acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!</p><p>ENADE</p><p>LEMBRETE</p><p>Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma</p><p>disciplina e com ela um novo conhecimento.</p><p>Com o objetivo de enriquecer seu conheci-</p><p>mento, construímos, além do livro que está em</p><p>suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,</p><p>por meio dela você terá contato com o vídeo</p><p>da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-</p><p>res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de</p><p>auxiliar seu crescimento.</p><p>Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que</p><p>preparamos para seu estudo.</p><p>Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 1 - ESTRUTURA DAS PALAVRAS: PROCESSOS DE FORMAÇÃO</p><p>DE PALAVRAS ........................................................................................................................ 1</p><p>TÓPICO 1 - ESTUDOS DE MORFOLOGIA ...............................................................................3</p><p>1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3</p><p>2 CONCEITOS DE MORFOLOGIA ............................................................................................3</p><p>2.1 PALAVRA E VOCÁBULO .......................................................................................................................8</p><p>3 MORFOLOGIA GERATIVA E TEORIA GERATIVA TRANSFORMACIONAL ..........................11</p><p>4 NEOLOGISMO .................................................................................................................... 15</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 17</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 19</p><p>TÓPICO 2 - APORTES TEÓRICOS DE MORFOLOGIA .......................................................... 23</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 23</p><p>2 FORMAÇÃO DE PALAVRAS ............................................................................................. 23</p><p>3 MORFEMA ......................................................................................................................... 24</p><p>3.1 TIPOS DE MORFEMAS ....................................................................................................................... 27</p><p>3.2 MORFEMA, MORFE E ALOMORFE ...................................................................................................28</p><p>4 FORMAS LIVRES, FORMAS PRESAS E FORMAS DEPENDENTES ................................. 29</p><p>5 ELEMENTOS MORFOLÓGICOS ........................................................................................</p><p>distintas que compõem o centro de interesse dos estudos da</p><p>Morfologia: o morfema ou a palavra. A noção de morfema relaciona-se com o estudo das</p><p>técnicas de apresentação de palavras em unidades constitutivas mínimas, enquanto os</p><p>estudos que destacam a conceituação da palavra preocupam-se com o modo pelo qual</p><p>a forma das palavras reflete suas interações com outras palavras dentro de contextos</p><p>mais complexos. Os morfemas são as unidades de significação que formam as palavras.</p><p>Podemos entender os morfemas sob dois modos: os gramaticais que só apresentam</p><p>significação no universo da língua ao passo que os lexicais apresentam significação no</p><p>contexto objetivo e subjetivo, que envolve ações, estados, qualidades etc. São eles:</p><p>• Morfemas gramaticais: são aqueles que possuem um significado interno à sua</p><p>estrutura gramatical. Exemplo: s é o morfema gramatical que dá a ideia de plural. Os</p><p>morfemas gramaticais também podem ter a função de reunir, nas frases, os vocábulos</p><p>constituintes. Exemplo: cadeira de rodas. Os morfemas gramaticais relacionam-se às</p><p>funções gramaticais dos vocábulos e podem ser divididos em três grupos:</p><p>◦ morfemas derivacionais: são os afixos (prefixos e sufixos) que permitem a forma-</p><p>ção de novas palavras. Exemplos: (gato) gatinho, (casa) casarão, (responsável)</p><p>irresponsável.</p><p>◦ morfemas flexionais: são os que carregam as flexões (gênero e número nos nomes;</p><p>modo/tempo e número/pessoa nos verbos). Exemplos: menino (masculino), meni-</p><p>na (feminino), comprei (verbo no pretérito perfeito do indicativo, 1ª pessoa do sin-</p><p>gular), andariam (verbo no pretérito imperfeito do indicativo, 3ª pessoa do plural).</p><p>◦ morfemas classificatórios: são as vogais temáticas dos verbos e dos nomes.</p><p>Exemplos: cadeira (substantivo), sair (verbo).</p><p>• Morfemas lexicais: apresentam o sentido básico da palavra e gramaticais: quando</p><p>indicam noções gramaticais. Expressam uma significação diferente, com um contexto</p><p>de mundo fora do eixo linguístico. Exemplo: amor, flor. Podemos, ainda, exemplificar</p><p>com o vocábulo livro, livr é o morfema lexical que traz a significação do vocábulo livro.</p><p>As formas se relacionam ao sentido transmitido em uma mensagem, tanto externo</p><p>à língua (morfemas lexicais), quanto interno (morfemas gramaticais). Por léxico,</p><p>entendemos o sentido básico que se repete em todas as palavras a partir de um</p><p>mesmo radical. Temos, por exemplo: belo, bela, belos, belas, embelezar, embelezo,</p><p>embelezas, embeleza, embelezamento, beleza, beldade, belamente etc., dependendo</p><p>do sentido modificado pelos prefixos e sufixos. Por forma gramatical, compreendemos</p><p>o sentido que distingue os diversos termos, como o número: singular e plural, gênero:</p><p>masculino e feminino, além das pessoas e os tempos, no caso dos verbos.</p><p>28</p><p>3.2 MORFEMA, MORFE E ALOMORFE</p><p>Vamos ver agora os três conceitos básicos e fundamentais em Morfologia:</p><p>morfema, morfe e alomorfe.</p><p>Morfema, como já dissemos, é a unidade básica da Morfologia, sendo uma forma</p><p>significativa recorrente mínima abstrata, melhor dizendo, apresenta um traço semântico</p><p>que se repete em outras estruturas e não pode ser dividida em formas menores. É abstrato</p><p>porque é representado por um morfe, o segmento mínimo significativo recorrente.</p><p>Morfe constitui a concretização do morfema. Muitos morfemas são resultados</p><p>de um único  morfe; por exemplo, na palavra  comer, temos o  morfe  {com-} que se</p><p>mantém ao longo da conjugação: como, comi, comia; na palavra cantar, temos o morfe</p><p>{cant-}, que se desenvolve assim: canto, cantei, cantava.</p><p>Alomorfe seria, então, a ocorrência de dois morfes que indicam um único mor-</p><p>fema – duas formas para um único significado. Define-se alomorfia como a alteração na</p><p>forma de um morfema, conservando-se o seu significado. Alomorfes seriam, então, as di-</p><p>ferentes formas que um morfema pode apresentar quando sofre o processo de alomorfia.</p><p>Veja o exemplo citando o caso dos prefixos IN-infeliz e I-irresponsável. São</p><p>palavras que começam com “in” e “i” indicando negação. Uma observação a ser feita nos</p><p>casos de “i” no início da palavra que só ocorrem diante de determinadas consoantes (l-,</p><p>m- ,r-, como nas palavras ilegítimo, imoral e irresponsável), portanto, “in” é considerada</p><p>a forma básica. Assim sendo, “i” é alomorfe da forma básica (morfema) “in”. Outro</p><p>exemplo: as variadas formas de plural, como mesa/mesas e “raiz/raízes”, em que há</p><p>alomorfes do plural, sendo um -s e o outro -es.</p><p>Vamos conhecer outros casos de alomorfia:</p><p>Alomorfia na raiz. Os morfemas lexicais. Exemplos: ordem, orden- , ordin- têm</p><p>a mesma significação em ordem, ordenar e ordinário; ouro / áureo: our ~ aur são duas</p><p>formas para um significado da palavra ouro; cabra / caprino: [cabr] ~ [capr].</p><p>Alomorfia no prefixo. O prefixo / in / passa a / i / em inapto / ilegal ou injusto /</p><p>ilegal: [in] ~ [i] → duas formas para um significado (algo negativo).</p><p>Alomorfia no sufixo. Aqui temos casinha / xícara: [inha] ~ [zinha] duas formas</p><p>para um significado que indica algo que é menor. Casarão / vidraça: [arão] ~ [aça] são</p><p>duas formas para representar objetos de tamanho grande.</p><p>Alomorfia na vogal temática. Em pão / pães, a vogal temática /o /transforma-se</p><p>em/ e /; em mar / mares:  as duas formas são distintas, mas não modificam a definição</p><p>da palavra  mar. Oferecimento / oferecer:  temos as duas formas distintas, mas não</p><p>modificam a definição da palavra oferecer.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>obs. todos os radicais são morfes, mas nem todos os morfes são radicais.</p><p>Highlight</p><p>29</p><p>Alomorfia na desinência de gênero. Em avô ≠ avó, os traços distintivos / ô / e / ó</p><p>/ podem ser considerados alomorfes das desinências: masculino e feminino.</p><p>Alomorfia na desinência modo-temporal. Em faláramos / faláreis, a desinência</p><p>modo-temporal / ra / passa a/ re /. Alomorfia na desinência verbal. Temos canto /</p><p>sou: [o] ~ [ou]: duas formas para indicar a primeira pessoa do singular.</p><p>Vamos passar para os conceitos das formas livres, presas e dependentes que</p><p>possibilitam acrescentar informações para os estudos da análise morfológica.</p><p>4 FORMAS LIVRES, FORMAS PRESAS E FORMAS</p><p>DEPENDENTES</p><p>Para dar início a essas definições de formas devemos saber que unidades</p><p>formais de uma língua são livres e presas. Definem-se livres as unidades formais que</p><p>podem funcionar isoladamente como meio de comunicação eficiente. São formas</p><p>independentes que podem constituir frase sem precisar de outros elementos.</p><p>A ideia de forma diretamente nos leva à ideia de estrutura das palavras, isto é,</p><p>um leque de interações que fornece a cada elemento sua função e sentido. Nos estudos</p><p>de Morfologia, temos as formas livres, presas e dependentes.</p><p>FIGURA 4 – FORMAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3kV4ozK>. Acesso em: 2 fev. 2021.</p><p>30</p><p>• Formas livres são vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente</p><p>e mesmo assim expressam ideias são considerados palavras. Elas têm autonomia</p><p>semântica. Podem ser utilizadas de forma isolada, pois mesmo assim estabelecem</p><p>comunicação entre as pessoas. Podemos dizer, ainda, que se encaixam nessa</p><p>classificação os substantivos, adjetivos, verbos, advérbios e numerais. Exemplos: Se</p><p>alguém disser em voz alta a palavra bala, as pessoas entenderão a palavra por si só,</p><p>apesar de seus significados. Ou ainda, a palavra fogo, que sabemos o que significa:</p><p>incêndio, tiroteio, e assim por diante.</p><p>• Formas presas  só têm valor quando combinadas com outras formas livres ou</p><p>presas. Não têm sentido sozinhas. Formas que se apresentam fixas a um vocábulo,</p><p>pois não existem isoladamente em enunciados. São também chamadas de não-</p><p>vocábulo. São os afixos, os radicais, as desinências, as vogais temáticas. Exemplo: O</p><p>prefixo “re”, que precisa de palavras como: fazer, criar, agir para adquirir sentido e criar</p><p>outras palavras como: refazer, recriar, reagir, que traz um sentido de repetição.</p><p>Então, nos lembramos da música Refazenda, de Gilberto Gil.</p><p>Refazenda (Gilberto Gil)</p><p>Abacateiro acataremos teu ato</p><p>Nós também somos do mato como o pato e o leão</p><p>Aguardaremos brincaremos</p><p>no regato</p><p>Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração</p><p>Abacateiro teu recolhimento é justamente</p><p>O significado da palavra temporão</p><p>Enquanto o tempo não trouxer teu abacate</p><p>Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão</p><p>Abacateiro sabes ao que estou me referindo</p><p>Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo</p><p>Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também</p><p>Abacateiro serás meu parceiro solitário</p><p>Nesse itinerário da leveza pelo ar</p><p>Abacateiro saiba que na refazenda</p><p>Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar</p><p>Refazendo tudo</p><p>Refazenda</p><p>Refazenda toda</p><p>Guariroba</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/gilberto-gil/16131/>. Acesso em: 28 jun. 2021.</p><p>31</p><p>Podemos constatar na música Refazenda o recorrente prefixo [re] classificado</p><p>como formas presas. Vamos ver esses exemplos: [re]colhimento – "colher novamente",</p><p>pois se refere ao pé de abacate; [re]fazenda "fazenda nova" covas propostas, novo tipo</p><p>de vida; [re]fazendo – fazer novamente.</p><p>Temos, então, o prefixo [re] + /colhimento/ do verbo "colher"; o prefixo [re] + /</p><p>fazenda/ e o prefixo [re] + /fazendo/ do verbo "fazer".</p><p>• Formas dependentes são definidas por aquelas que não são livres, porque não podem</p><p>funcionar isoladamente como comunicação autônoma, mas não são presas, uma vez</p><p>que entre ela e a forma livre com a qual ela constitui o vocábulo fonológico podem-se</p><p>intercalar novas formas. E, ainda, são relativas ao vocábulo com os quais se relacio-</p><p>nam dentro do contexto sintático. Exemplos: Artigos, preposições, algumas conjun-</p><p>ções e pronomes oblíquos átonos que, por si só, não podem constituir um enunciado.</p><p>Para reforçar os conceitos: exemplos de formas livres, dependentes e presas,</p><p>veja o quadro a seguir.</p><p>QUADRO 3 – EXEMPLO DE FORMAS</p><p>E as vinte palavras recolhidas</p><p>nas águas salgadas do poeta</p><p>e de que se servirá o poeta</p><p>em sua máquina útil”</p><p>(João Cabral de Melo Neto, Auto do Frade)</p><p>LIVRES: palavras, recolhidas, águas, salgadas, poetas, servirá, máquina e útil.</p><p>PRESAS: que marca o plural de nomes, substantivos e adjetivos (morfema de plural</p><p>nos nomes), e - a, vogal temática nominal nos nomes poeta e máquina.</p><p>DEPENDENTES: e, as, de, que, se, o.</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3n2kB8T>. Acesso em: 1 fev. 2021.</p><p>Destacamos que não se deve confundir morfema com palavra, uma vez</p><p>que pode haver coincidência entre essas duas noções. Vamos deixar</p><p>mais claro:</p><p>As palavras: sol, lei, pé, lua, rei são formadas por um único morfema,</p><p>mas quando utilizamos os seus plurais verificamos a existência de dois</p><p>morfemas, sendo um deles o “s”. Nota-se, então, que nem sempre o “s”</p><p>é um morfema, pois há casos em que já se encontra junto ao morfema,</p><p>sem alguma significação. Na palavra lápis, outro exemplo, o “s” não</p><p>representa plural, uma vez que não existe a palavra “lápi”.</p><p>IMPORTANTE</p><p>32</p><p>5 ELEMENTOS MORFOLÓGICOS</p><p>Dando sequência aos nossos estudos, passamos agora para os radicais gregos</p><p>e latinos, com as listas de apoio para que você possa conhecer a origem das palavras. E</p><p>daremos início a essa parte lembrando as definições de raiz e de radical e suas diferenças</p><p>para que as possíveis dúvidas sejam dissipadas. Sendo assim, vamos aprender mais</p><p>sobre os radicais.</p><p>5.1 RADICAL E RAIZ</p><p>Radical é o elemento comum às palavras da mesma família, as palavras</p><p>cognatas. É o radical a parte que dá o significado básico da palavra. É a parte fixa, para</p><p>fins de conjugação de um verbo, ou seja, não há radical em formas nominais: substantivo,</p><p>adjetivos etc. É o elemento básico e significativo das palavras, de acordo com o aspecto</p><p>gramatical e prático. Exemplo: am- (verbo amar): amarás, amei, amaria, amava etc.</p><p>Raiz é a parte básica, a origem de uma palavra. Essa palavra tanto pode ser um</p><p>verbo, como um substantivo, adjetivo etc. É um elemento irredutível comum a todos</p><p>os vocábulos da mesma família. É o morfema que contém a significação lexical básica.</p><p>Também é conhecido por radical primário, ou forma primitiva. Em cas-a-s, por exemplo,</p><p>observamos três morfemas: raiz, vogal temática, desinência de número. Um exemplo</p><p>de um conjunto de palavras que partem de uma mesma raiz: terra, terreno, terrestre,</p><p>aterrar, aterrissagem, aterramento, terrário, enterrar.</p><p>É importante observar que um radical pode ser primário e ser confundido com</p><p>a raiz da palavra, por não conter nenhum elemento mórfico unido a ele. Exemplos: sol,</p><p>lua, paz.</p><p>Nem sempre palavras de mesmo radical, pertencem à mesma família de</p><p>significação. Temos que buscar a raiz etimológica da palavra para perceber a diferença.</p><p>Exemplo: casa e caso.</p><p>5.1.1 Radicais gregos e latinos</p><p>Vamos conhecer alguns radicais gregos e latinos para entendermos o signifi-</p><p>cado de cada palavra.</p><p>Radicais gregos:</p><p>aero (aér = ar): aeroporto;</p><p>astro (áster = estrela): astronomia;</p><p>biblio (bibl-íon = livro): biblioteca;</p><p>bio (bi-os = vida): biografia;</p><p>cardio (kard-ia = coração): cardíaco;</p><p>Highlight</p><p>33</p><p>crono (chron-os = tempo): cronômetro;</p><p>deca (deka = dez): década;</p><p>derme (derm-a = pele): dermatologista;</p><p>di (dis = dois): dissílabo;</p><p>etno (ethn-os = raça): etnia;</p><p>gastro (gáster = estômago): gástrico;</p><p>hetero (héter-os = diferente): heterogêneo;</p><p>hidro (hyd-ro = água): hidrografia;</p><p>macro (makr-ós = grande): macróbio;</p><p>micro (mikrós = pequeno): micróbio;</p><p>mono (mónos = um): monólogo;</p><p>neo (né-os = novo): neologismo;</p><p>oftalmo (ophthálmos = olho): oftalmologia;</p><p>poli (polys = muito): poligamia;</p><p>pseudo (pseudos = falsidade): pseudônimo;</p><p>psico (psiqué = alma): psicologia;</p><p>tele (têle = longe): telefone;</p><p>termo (termós = calor): termômetro;</p><p>tri (triás = três): tríade;</p><p>zoo (zô-on = animal): zoológico.</p><p>Radicais latinos:</p><p>agri (agri = campo): agricultura;</p><p>alter (alter = outro): alternativa;</p><p>ambi (ambi = ambos): ambidestro;</p><p>audio (audire = ouvir): auditório;</p><p>beli (bellum = guerra): bélico;</p><p>bi (bis = duas vezes): bisavó;</p><p>cídio (cidio = matar): suicídio;</p><p>clar (clarus = claro): claridade;</p><p>cruci (crux = cruz): crucificar;</p><p>curv (curvus = curvo): curvilíneo:</p><p>duo (duo = dois): dueto;</p><p>equi (aequus = igual): equilátero;</p><p>escri (scríbere = escrever): escrita;</p><p>lac (lactis = leite): lácteo;</p><p>loco (locus = lugar): locomover;</p><p>loquo (lóquor = fala): ventríloquo;</p><p>ludo (ludis = jogo): lúdico;</p><p>mort (mortis = morte): mortandade;</p><p>oni (omni = todo): onipresente;</p><p>ped (pedis = pé): pedal;</p><p>pisci (piscis = peixe): piscicultura;</p><p>quadru (quattuor = quatro): quádruplo;</p><p>34</p><p>tri (tres = três): tripé;</p><p>uni (unus = um): uniforme;</p><p>verm (vermis = merme): vermicida.</p><p>O conhecimento da raiz e do radical das palavras faz com que possamos</p><p>enriquecer o nosso vocabulário e compreender seus significados de uma maneira mais</p><p>ampla. Cabe ressaltar a importância de se conseguir reconhecer cada elemento que</p><p>compõe os estudos de Morfologia. Passamos, agora, para as vogais temáticas.</p><p>5.2 VOGAIS TEMÁTICAS</p><p>São vogais que se juntam ao radical com a função de receber outros elementos</p><p>localizando-se, então, entre dois morfemas.</p><p>Há vogais temáticas tanto em verbos quanto em nomes. Quando está no verbo,</p><p>a vogal temática indica a sua conjugação: 1ª, 2ª ou 3ª. Exemplo: amar – indica o verbo</p><p>da 1ª conjugação, beber– indica o verbo da 2ª conjugação e sumir – indica o verbo da</p><p>3ª conjugação. O tema é o radical acrescido da vogal temática de modo a receber as</p><p>desinências.</p><p>Os vocábulos com vogal temática são temáticos; os que não contêm vogal</p><p>temática são atemáticos. Em geral, são atemáticos os nomes que têm na posição final</p><p>uma vogal tônica ou uma consoante.</p><p>Os temas são classificados em nominais e verbais. Os temas nominais sempre</p><p>terminam em vogal átona; os verbais podem apresentar vogais temáticas tônicas,</p><p>portanto, as palavras terminadas em vogais tônicas não apresentam vogal temática,</p><p>por exemplo: café, sofá etc. Elas representam as formas atemáticas. Assim, as vogais</p><p>temáticas nominais estão presentes somente nos nomes átonos. Os temas nominais</p><p>predominantes na língua portuguesa são:</p><p>a) temas em /a/: mesa, casa, toada</p><p>b) temas em /o/: livro, cachorro, cavalo</p><p>c) temas em /e/: alface, pote, mestre,</p><p>Os temas verbais dividem-se em três grupos, a saber:</p><p>a) temas em /a/: cantar, falar, passear</p><p>b) temas em /e/: beber, saber, correr</p><p>c) temas em /i/: dirigir, sair, pedir</p><p>35</p><p>QUADRO 4 – VOGAL TEMÁTICA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3yhA0UT>. Acesso em: 8 fev. 2021.</p><p>Vimos, por meio desses conceitos, que nos vocábulos primitivos, raiz e radical</p><p>podem se confundir. É bom lembrar que muitas vezes o radical (primário ou derivado)</p><p>vem acompanhado de uma vogal átona, que se denomina vogal temática. E o tema é</p><p>constituído por esse conjunto formado por radical e vogal temática.</p><p>Aprendemos, também, que os vocábulos com vogal temática são temáticos; os</p><p>que não contêm vogal temática são atemáticos. Em geral, são atemáticos os nomes que</p><p>têm na posição final uma vogal tônica ou uma consoante.</p><p>5.3 DESINÊNCIAS</p><p>São os morfemas colocados no final das palavras com a função de indicar as fle-</p><p>xões nominais ou verbais. Observe que é diferente da vogal temática por marcar flexões.</p><p>As desinências podem ser:</p><p>• Nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular</p><p>e plural) dos nomes.</p><p>◦ Exemplos: gênero – menino – menina</p><p>número – meninos – meninas.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>36</p><p>• Verbais quando indicam o número, pessoa, tempo e modo dos verbos.</p><p>◦ Exemplos: número pessoal – indica o número e a pessoa a qual se refere a ação</p><p>verbal:</p><p>-o: desinência número pessoal indicativa da 1ª pessoa do singular: eu canto, eu</p><p>bebo, eu saio;</p><p>-s: desinência número pessoal indicativa da 2ª pessoa do singular: tu cantas, tu</p><p>bebes, tu sais;</p><p>-mos: desinência número pessoal indicativa da 1ª pessoa do plural: nós cantamos,</p><p>nós</p><p>bebemos, nós saímos;</p><p>-m: desinência número pessoal indicativa da 3ª pessoa do plural: eles cantam, eles</p><p>bebem, eles saem.</p><p>• Modo temporal: indica em que modo e em que tempo ocorre a ação verbal.</p><p>◦ Exemplos:</p><p>-va: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (1ª</p><p>conjugação): eu cantava, tu cantavas, ele cantava;</p><p>-ia: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do indicativo (2ª e</p><p>3ª conjugações): eu bebia, tu bebias, ele bebia;</p><p>-ra: desinência modo temporal indicativa do pretérito mais-que-perfeito do</p><p>indicativo: eu dançara, tu dançaras, ele dançara;</p><p>-ria: desinência modo temporal indicativa do futuro do pretérito do indicativo: eu</p><p>sairia, tu sairias, ele sairia;</p><p>-sse: desinência modo temporal indicativa do pretérito imperfeito do subjuntivo:</p><p>se eu falasse, se tu falasses, se ele falasse.</p><p>• verbo-nominais, quando indicam as formas nominais do verbo, ou seja, infinitivo (ar,</p><p>er, ir), gerúndio (ando, endo, indo), ou particípio (ado, edo, ido).</p><p>◦ Exemplos:</p><p>-r: desinência verbo nominal indicativa do infinitivo: cantar.</p><p>-ndo: desinência verbo nominal indicativa do gerúndio: cantando.</p><p>-do: desinência verbo nominal indicativa do particípio: cantado.</p><p>5.4 VOGAIS E CONSOANTES DE LIGAÇÃO (INFIXOS)</p><p>São elementos que facilitam a pronúncia das palavras ao serem inseridas na</p><p>função de ligação. A sua presença nesses vocábulos se dá por necessidade fonética.</p><p>Como não são significativos, não podem ser considerados como morfemas. Exemplos:</p><p>café - cafeteira, leite - leiteira. E, ainda, avo-z-inha, flor-z-inha, cafe-t-eira, desenvolv-</p><p>i-mento, árvor-e-s, gas-ô-metro, cana-i-s, alv-i-negro, paris-i-ense, inset-i-cida,</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>37</p><p>pe-z-inho. O Tópico 2 abordou os conteúdos referentes à conceituação de palavra e</p><p>suas classificações. Em seguida, aprendemos o significado de morfema, de morfe, de</p><p>alomorfe, apresentando suas características.</p><p>As formas livres, presas e dependentes também foram apresentadas como parte</p><p>dos estudos seguidas dos conceitos de radicais, os gregos e os latinos, principalmente,</p><p>as vogais temáticas, as desinências e, por fim, as vogais e consoantes de ligação.</p><p>Para fins de ampliar os conhecimentos sobre os tipos de morfemas,</p><p>vamos apresentar um texto que mostra essas várias modalidades,</p><p>com base nos conceitos de Mattoso Câmara Jr., em seu Dicionário</p><p>de Linguística e Gramática (verbete morfema). Segundo o autor, os</p><p>morfemas, do ponto de vista do significante, podem ser: aditivos,</p><p>subtrativos, alternativos, reduplicativos, de posição e zero. O texto Tipos</p><p>de morfemas, de Priscila Brügger de Mattos, pode ser encontrado no</p><p>seguinte endereço: https://bit.ly/3bS9QTL.</p><p>DICA</p><p>A proposta desse tópico é a assimilação de conceitos dos elementos que</p><p>formam as palavras, para que você reconheça a importância de cada um deles no</p><p>contexto da língua portuguesa e, sobretudo entender os conceitos ensinados para, no</p><p>caso de atividade de docência, conseguir passar esses conhecimentos.</p><p>Então vamos mostrar uns caminhos para isso: no ensino fundamental,</p><p>podemos apresentar os elementos: morfema, radical, prefixo, sufixo etc. A partir disso,</p><p>elaborar pesquisas sobre as palavras conhecidas pelos próprios alunos para entender</p><p>a sua formação. Além disso, eles poderão constatar a criação de palavras novas, os</p><p>neologismos, algumas gírias e os tipos de palavras utilizadas em meios diferentes</p><p>(popular e social) mostrando a eles a função das palavras como forma de comunicação</p><p>efetiva e a importância do estudo da Morfologia.</p><p>38</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• As palavras podem ser simples, compostas, primitivas e derivadas, são constituídas</p><p>de morfemas e possuem classificações distintas.</p><p>• Morfema é a menor unidade de sentido que constitui a estrutura de uma palavra. Os</p><p>morfemas são a unidade mínima de significação, ou seja, o elemento significativo que</p><p>não pode ser decomposto.</p><p>• Os morfemas gramaticais são aqueles que possuem um significado interno à sua</p><p>estrutura gramatical. Morfemas lexicais apresentam o sentido básico da palavra e</p><p>gramaticais quando indicam noções gramaticais.</p><p>• Morfema é a unidade básica da Morfologia, sendo uma forma significativa recorrente</p><p>mínima.</p><p>• Morfe constitui a concretização do morfema. Muitos morfemas são resultados de um</p><p>único morfe.</p><p>• Alomorfe é a ocorrência de dois morfes que indicam um único morfema – duas</p><p>formas para um único significado.</p><p>• Formas livres são vocábulos formais que podem ser pronunciados isoladamente e</p><p>mesmo assim expressam ideias.</p><p>• Formas presas só têm valor quando combinadas com outras formas livres ou presas.</p><p>Não têm sentido sozinhas e se apresentam fixas a um vocábulo.</p><p>• Formas dependentes são definidas por aquelas que não são livres, porque não podem</p><p>funcionar isoladamente como comunicação autônoma, mas não são presas.</p><p>• Os elementos morfológicos se constituem de radical e raiz. Radical é a parte fixa,</p><p>para fins de conjugação, de um verbo, ou seja, não há radical em formas nominais:</p><p>substantivo, adjetivos etc. Raiz é a parte básica, a origem de uma palavra. Essa palavra</p><p>tanto pode ser um verbo, como um substantivo, adjetivo etc.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>39</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 • Vogais temáticas são vogais que se juntam ao radical com a função de receber outros</p><p>elementos localizando-se, então, entre dois morfemas. Há vogais temáticas tanto em</p><p>verbos quanto em nomes.</p><p>• Desinências são os morfemas colocados no final das palavras com a função de indicar</p><p>as flexões nominais ou verbais.</p><p>• Vogais e consoantes de ligação (infixos) são elementos que facilitam a pronúncia</p><p>das palavras ao serem inseridas na função de ligação; a sua presença nesses</p><p>vocábulos se dá por necessidade fonética.</p><p>40</p><p>1 A morfologia, antes de se debruçar sobre o estudo das dez classes gramaticais,</p><p>dedica-se sobretudo ao estudo das menores unidades de sentido, que vão gerar as</p><p>palavras e as classes gramaticais. A partir dessa reflexão, é correto afirmar que:</p><p>a) ( ) Para a morfologia, a menor unidade de sentido é a palavra, visto que as frases</p><p>são compostas pelo agrupamento de diversas palavras.</p><p>b) ( ) Para a morfologia, a menor unidade de sentido é o morfema, que constitui a</p><p>estrutura de todas as palavras.</p><p>c) ( ) Para a morfologia, as menores unidades de sentido são o substantivo e o verbo,</p><p>em torno dos quais gravitam</p><p>as outras classes gramaticais.</p><p>d) ( ) Para a morfologia, a menor unidade de sentido é o poema, que constitui a</p><p>estrutura de todas as palavras literárias.</p><p>2 Quanto à estrutura mórfica, indicando as afirmações que se relacionam ao verbo</p><p>desdobrar, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>I- Desdobravam decompõe em:</p><p>des + dobr + a + va + m.</p><p>II- Esses elementos mórficos são:</p><p>prefixo + radical + vogal temática + desinência modo-temporal + desinência número-</p><p>pessoal.</p><p>III- É, pois, um verbo da primeira conjugação, flexionado no pretérito imperfeito do</p><p>indicativo, terceira pessoa do plural.</p><p>a) ( ) Estão corretas I e II.</p><p>b) ( ) Estão corretas II e III.</p><p>c) ( ) Estão corretas I e III.</p><p>d) ( ) Todas estão corretas.</p><p>3 A alternativa que apresenta os elementos mórficos, destacados na palavra, com</p><p>correção gramatical, é:</p><p>a) ( ) pareciam: parec-: radical; -ia: vogal temática; parecia-: tema; -m: desinência</p><p>modo-temporal.</p><p>b) ( ) sopravam: sopr-: radical; -a: vogal temática; sopra-: tema; -va-: desinência</p><p>modo-temporal; -m: desinência número-pessoal.</p><p>c) ( ) mergulhando: mergulha-: radical; -n-: consoante de ligação; -do: desinência</p><p>modo-temporal.</p><p>d) ( ) caía: caí-: radical; -a: vogal temática; caía: tema.</p><p>e) ( ) estava: est-: radical; -a: vogal de ligação; -va: desinência modo-temporal.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>41</p><p>4 Há elementos da Morfologia da língua portuguesa que estudamos para o conheci-</p><p>mento e a compreensão das palavras. Defina esses termos:</p><p>a) Radical:</p><p>b) Afixos:</p><p>c) Vogal temática:</p><p>d) Vogais e consoantes de ligação (infixos):</p><p>5 Observe os versos de Cecília Meireles (1986) e indique as formas livres, formas presas</p><p>e dependentes, lembrando que entendemos por forma livre: morfema que, por si só,</p><p>pode constituir uma palavra; forma presa: morfema que, por si só, não pode constituir</p><p>uma palavra, sendo apenas um constituinte de palavra e forma dependente: forma</p><p>não autônoma cujo significante se associa a outras formas dependentes ou livres.</p><p>“Eu vi a rosa do deserto</p><p>Ainda de estrelas orvalhada</p><p>Era a alvorada”</p><p>É a unidade comum a todas as palavras, são elementos cognatos.</p><p>é um elemento morfológico que se adiciona a uma raiz ou radical para formar novas palavras ou</p><p>modificar o significado de uma palavra existente.</p><p>é o morfema que liga o radical as desinências.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>42</p><p>43</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Você aprendeu, nos tópicos anteriores, os conceitos iniciais de Morfologia,</p><p>incluindo o estudo das palavras. Agora, você vai ver como se dá essa formação de</p><p>vocábulos, por composição e por derivação.</p><p>Lembrando mais uma vez que se faz necessária para a fixação do conteúdo,</p><p>a leitura de todo o material apresentado, o que facilitará a sua vivência com os termos</p><p>utilizados e a análise de cada um em um contexto gramatical.</p><p>Neste Tópico apresentaremos o processo de formação de palavras, o qual se</p><p>dá por derivação ou por composição, que por sua vez apresentam subdivisões. Veja a</p><p>figura a seguir:</p><p>UNIDADE 1</p><p>FIGURA 5 – FORMAÇÃO DE PALAVRAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3BIdmr8>. Acesso em: 2 fev. 2021.</p><p>44</p><p>2 COMPOSIÇÃO</p><p>A composição ocorre quando duas ou mais palavras formam uma nova. No</p><p>entanto, as palavras originais já são dotadas de significados e funções próprias na</p><p>língua. A formação de palavras por composição pode se dar por:</p><p>• Aglutinação – quando as palavras se integram passando a ter um acento tônico só.</p><p>Ademais, tem a sua forma alterada. Exemplos:</p><p>◦ água + ardente= aguardente</p><p>◦ Rosa + Ângela= Rosângela</p><p>◦ plano + alto = planalto</p><p>◦ perna + alta = pernalta</p><p>◦ vinho + acre = vinagre</p><p>• Justaposição – quando as palavras são colocadas lado a lado, podendo ou não</p><p>receber hífen. Nesse caso, não levam alteração fonética. Exemplos:</p><p>◦ passa + tempo = passatempo</p><p>◦ guarda + chuva = guarda-chuva</p><p>◦ beija + flor = beija-flor</p><p>◦ guarda + roupa = guarda-roupa</p><p>◦ gira + sol = girassol</p><p>Observação: note que em girassol houve duplicação do s ao juntar-se à palavra,</p><p>sem que houvesse junção e perda de vogal. Em passatempo, apenas junção sem hífen.</p><p>2.1 OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS</p><p>Há outros processos de formação de palavras que serão estudados agora,</p><p>como o hibridismo, onomatopeia e sigla. Estão presentes nas conversas, na redação de</p><p>textos, quer seja de informação ou de entretenimento.</p><p>2.1.1 Hibridismo</p><p>A língua portuguesa é formada por palavras deixadas por outras línguas mais</p><p>antigas. Às vezes, pensamos que somente o latim nos deixou um legado, mas o grego e</p><p>algumas outras línguas também o fizeram.</p><p>O resultado da combinação ou reunião de palavras ou morfemas que vieram de</p><p>idiomas diferentes chama-se hibridismo. As pessoas pronunciam diariamente palavras</p><p>que não temos a menor noção de sua procedência, como reportagem (inglês + latim),</p><p>surfista (inglês + grego), sambódromo (africano + grego).</p><p>45</p><p>Exemplos de hibridismos mais comuns:</p><p>Alcoômetro – Álcool (árabe) + metro (grego)</p><p>Autoclave – Auto (grego) + clave (latim)</p><p>Burocracia – Buro (francês) + cracia (grego)</p><p>Endovenoso – Endo (grego) + venoso (latim)</p><p>Hiperacidez – Hiper (grego) + acidez (português)</p><p>Monocultura – Mono (grego) + Cultura (latim)</p><p>Psicomotor – Psico (grego) + motor (latim)</p><p>Romanista – Romano (latim) + -ista (grego)</p><p>Sociologia – Socio (latim) + -logia (grego)</p><p>Zincografia – Zinco (alemão) + grafia (grego)</p><p>Outros casos notáveis são os seguintes:</p><p>Grego e latim</p><p>Astronauta (estrela + navegante)</p><p>Automóvel (por si mesmo + móvel)</p><p>Monóculo (um + olho)</p><p>Televisão (longe + visão)</p><p>Latim e grego</p><p>Altímetro (alto + medida)</p><p>Decímetro (dez + medida)</p><p>Árabe e grego</p><p>Alcaloide (soda + forma)</p><p>2.1.2 Onomatopeias</p><p>São  palavras que reproduzem os sons existentes, como os barulhos das</p><p>máquinas e objetos, os ruídos dos animais, os sons produzidos pelo ser humano e os</p><p>ruídos da natureza. São muito utilizadas nas histórias em quadrinhos. E, ainda, em</p><p>poesias e peças publicitárias.</p><p>Onomatopeias de sons de instrumentos, máquinas e objetos:</p><p>tic-tac ou tique-taque (relógio);</p><p>blem blem (badaladas de sinos);</p><p>ding dong (campainha);</p><p>plim (magia);</p><p>boom (bomba);</p><p>crash (batida);</p><p>tum-tum (bater do coração);</p><p>46</p><p>triiimm (telefone);</p><p>biii biii (buzina);</p><p>vroooom (motor de veículos);</p><p>ploft (objeto caindo);</p><p>toc toc (batida na porta);</p><p>bum (explosão);</p><p>bang bang (tiros).</p><p>Onomatopeias de sons de animais:</p><p>miau miau (gato);</p><p>cócórócócó (galo);</p><p>cri cri (grilo);</p><p>au au (cachorro);</p><p>bzzz (abelha);</p><p>ssssss (cobra);</p><p>piu-piu (passarinho).</p><p>Onomatopeias de sons humanos:</p><p>buááá (choro);</p><p>hahaha (gargalhadas);</p><p>chuac (beijo);</p><p>fiu fiu (assobio);</p><p>nhac (mordida);</p><p>atchim (espirro);</p><p>sniff sniff (choro);</p><p>aaai (dor);</p><p>psst (chamada);</p><p>burp (arroto);</p><p>ic (soluço).</p><p>Onomatopeias de sons de fenômenos da natureza:</p><p>vuuuuu (vento);</p><p>ping ping (chuvisco);</p><p>cabrum (trovão);</p><p>chuá-chuá (cachoeira).</p><p>2.1.3 Sigla</p><p>Representa, na escrita, parte da palavra como equivalente de um todo, reduzindo</p><p>determinados vocábulos. Denomina-se sigla o conjunto de letras iniciais dos vocábulos</p><p>que compõem o nome de uma organização, uma instituição, um programa, um tratado.</p><p>Exemplos: USP, Unesp, CPF etc.</p><p>47</p><p>Inserimos as regras de utilização das siglas com o objetivo de facilitar o entendi-</p><p>mento e a consequente prática na hora de usar algumas delas. Essas formas de apresenta-</p><p>ção de siglas devem ser respeitadas, principalmente em redação de documentos, por isso</p><p>são amplamente divulgadas por órgãos responsáveis pelas normas técnicas brasileiras.</p><p>Na utilização de siglas, observam-se os seguintes critérios:</p><p>a) Devem-se citar apenas siglas já existentes, de acordo com a convenção ou desig-</p><p>nação oficial. Exemplo: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT (e não EBCT).</p><p>b) Quando mencionadas pela primeira vez no texto, deve-se escrever a forma por</p><p>extenso, seguida da sigla entre parênteses, ou separada por hífen. Depois da sigla se</p><p>tornar conhecida, dispensa-se o nome. Exemplo: A Universidade de São Paulo (USP)</p><p>é uma conceituada</p><p>universidade brasileira. A Universidade de São Paulo – USP é</p><p>uma conceituada universidade brasileira. Pode ser apenas a USP é uma conceituada</p><p>universidade brasileira.</p><p>c) Não são colocados pontos intermediários e ponto final nas siglas. Exemplo: Associação</p><p>de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae (e não A.P.A.E ou A.p.a.e.).</p><p>d) Siglas com até três letras são escritas com todas as letras maiúsculas. Exemplo: ONU</p><p>– Organização das Nações Unidas; IML – Instituto Médico Legal.</p><p>e) Siglas com quatro letras ou mais devem ser escritas com todas as letras maiúsculas</p><p>quando cada uma de suas letras ou parte delas é pronunciada separadamente, ou</p><p>somente com a inicial maiúscula, quando formam uma palavra pronunciável. Exemplos:</p><p>Masp – Museu de Arte de São Paulo, Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa</p><p>Agropecuária, Mercosul – Mercado Comum do Sul.</p><p>f) Deve-se manter com maiúsculas e minúsculas as siglas que originalmente foram cria-</p><p>das dessa forma para se diferenciarem de outras similares. Exemplo: CNPq – Conselho</p><p>Nacional de Pesquisa (para diferenciá-lo de CNP – Conselho Nacional do Petróleo).</p><p>g) No caso de se utilizar sigla de origem estrangeira, deve-se adotar a sigla e seu nome</p><p>em português quando houver forma traduzida, ou adotar a forma original da sigla</p><p>estrangeira quando esta não tiver correspondente em português, mesmo que o seu</p><p>nome por extenso em português não corresponda perfeitamente à sigla. Exemplos:</p><p>ONU – Organização das Nações Unidas. ISBN- (internacional standard book number ou</p><p>padrão internacional para livro).</p><p>h) Deve-se adicionar a letra s (sempre minúscula) para indicar o plural das siglas</p><p>somente quando a concordância gramatical exigir. Exemplos: O trabalho das ONGs vem</p><p>repercutindo cada vez mais na sociedade. Serão sugeridas novas PECs pelo governo.</p><p>(PEC = Proposta de Emenda Constitucional).</p><p>FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3ti1wAL>. Acesso em: 25 ago. 2021.</p><p>3 DERIVAÇÃO</p><p>A derivação é um processo de formação de novas palavras pelo acréscimo de</p><p>afixos (prefixos e sufixos) ao radical da palavra primitiva para originar outras palavras na</p><p>língua portuguesa.</p><p>48</p><p>Chuva, Chuvisco, Chuvarada</p><p>Cocoricó – Composição: Hélio Ziskind</p><p>Chove, mas como chove</p><p>Chuva, chuvisco, chuvarada</p><p>Por que é que chove tanto assim?</p><p>A terra gosta da chuva</p><p>E eu gosto da chuva também</p><p>Ela lá e eu aqui</p><p>Cocoricó</p><p>Quiquiriqui</p><p>Chove, mas como chove</p><p>Chuva, chuvisco, chuvarada</p><p>Por que é que chove tanto assim?</p><p>Lararáaa</p><p>Quando chove</p><p>A terra fica molinha</p><p>A planta fica verdinha</p><p>E eu fico todo molhado</p><p>Com o pé na lama e nariz tapado</p><p>Minha vó me chama:</p><p>"Menino vem cá, vem tomar chá</p><p>Vem comer bolo de cenoura</p><p>Com cobertura de chocolate quente"</p><p>Bom muito bom, muito mais do que bom</p><p>É excelente</p><p>Oh que tarde tão bela</p><p>Banana quente no forno com açúcar e canela</p><p>Chove, chove, chove deixa chover</p><p>Enquanto tiver bolo de cenoura a gente nem vai perceber</p><p>Chove, chove, chove, deixa chover</p><p>Comendo banana quente a gente nem vai perceber</p><p>Bom muito bom, muito mais do que bom</p><p>É excelente</p><p>Enquanto tiver bolo de cenoura</p><p>A gente nem vai perceber</p><p>Chove, chove, chove deixa chover</p><p>Comendo banana quente</p><p>A gente nem vai perceber.</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/cocorico/969907/>. Acesso em: 7 fev. 2021.</p><p>49</p><p>Na música Chuva, Chuvisco, Chuvarada há várias palavras com o mesmo radical</p><p>chuv-, mas com sufixos diferentes. Isso acarreta em mudança de ideia, de sentido, entre</p><p>outras observações. Denominamos, então, derivação o processo de formação de uma</p><p>palavra pelo acréscimo de afixos (que pode ser prefixo ou sufixo).</p><p>O som de ch, como você pôde observar na letra de música acima, aparece em</p><p>vários momentos, principalmente no refrão, o que permite uma interpretação rítmica,</p><p>com a repetição de palavras derivadas de chuva.</p><p>3.1 TIPOS DE DERIVAÇÃO</p><p>Vamos estudar agora os tipos de derivação que as palavras sofrem. Começamos</p><p>pelos afixos: prefixos e sufixos, depois parassíntese, a derivação regressiva e a imprópria.</p><p>3.1.1 Afixos: prefixos e sufixos</p><p>São elementos adicionados ao radical para a constituição das palavras. Os afixos</p><p>são classificados em dois tipos, sendo eles: PREFIXOS: quando vêm antes do radical e</p><p>SUFIXOS: quando vêm depois do radical.</p><p>• Prefixos</p><p>◦ Prefixos de origem grega:</p><p>a-, an-: afastamento, privação, negação, insuficiência, carência</p><p>ana-: inversão, mudança, repetição</p><p>anfi-: em redor, em torno, de um e outro lado</p><p>anti-: oposição, ação contrária</p><p>apo-: afastamento, separação</p><p>arqui-, arce-: superioridade hierárquica, excesso</p><p>cata-: movimento de cima para baixo</p><p>di-: duplicidade</p><p>dia- : movimento através de, afastamento</p><p>dis-: dificuldade, privação</p><p>ec-, ex-, exo-, ecto-: movimento para fora</p><p>en-, em-, e-: posição interior, movimento para dentro</p><p>endo-: movimento para dentro</p><p>epi-: posição superior</p><p>eu-: excelência, perfeição, bondade</p><p>hemi-: metade, meio</p><p>hiper-: posição superior, excesso</p><p>hipo-: posição inferior, escassez</p><p>meta-: mudança, sucessão</p><p>Highlight</p><p>50</p><p>para-: proximidade, semelhança, intensidade</p><p>peri-: movimento ou posição em torno de</p><p>pro-: posição em frente, anterioridade</p><p>pros-: adjunção, em adição a</p><p>proto-: início, começo, anterioridade</p><p>poli-: multiplicidade</p><p>sin-, sim-: simultaneidade, companhia</p><p>tele-: distância, afastamento</p><p>◦ Prefixos de origem latina:</p><p>a-, ab-, abs-: afastamento, separação</p><p>a-, ad-: aproximação, movimento para junto</p><p>ante-: anterioridade, procedência</p><p>ambi-: duplicidade</p><p>ben(e)-, bem-: bem, excelência de fato ou ação</p><p>bis-, bi-: repetição, duas vezes</p><p>circu(m)-: movimento em torno</p><p>cis-: posição aquém</p><p>co-, con-, com-: companhia, concomitância</p><p>contra-: oposição</p><p>de-: movimento de cima para baixo, separação, negação</p><p>de(s)-, di(s)-: negação, ação contrária, separação</p><p>e-, es-, ex-: movimento para fora</p><p>en-, em-, in-: movimento para dentro, passagem para um estado ou forma</p><p>extra-: posição exterior, excesso</p><p>i-, in-, im-: sentido contrário, privação, negação</p><p>inter-, entre-: posição intermediária</p><p>intra-: posição interior</p><p>intro-: movimento para dentro</p><p>justa-: posição ao lado</p><p>ob-, o-: posição em frente, oposição</p><p>per-: movimento através</p><p>pos-: posterioridade</p><p>pre-: anterioridade</p><p>pro-: movimento para frente</p><p>re-: repetição, reciprocidade</p><p>retro-: movimento para trás</p><p>so-, sob-, sub-, su-: movimento de baixo para cima, inferioridade</p><p>super-, supra-, sobre-: posição superior, excesso</p><p>soto-, sota-: posição inferior</p><p>trans-, tras-, tres-, tra-: movimento para além, movimento através</p><p>ultra-: posição além do limite, excesso</p><p>vice-, vis-: em lugar de</p><p>51</p><p>◦ Correspondência entre Prefixos Gregos e Latinos</p><p>a, na/des, in: privação, negação</p><p>anti/contra: oposição, ação contrária</p><p>anfi/ambi: duplicidade</p><p>apo/ab: afastamento, separação</p><p>di/bi(s): duplicidade</p><p>dia, meta/trans: movimento através</p><p>e(n)(m)/i(n)(m)(r): movimento para dentro</p><p>endo/intra: movimento para dentro</p><p>e(c)(x)/e(s)(x): movimento para fora, mudança de estado</p><p>epi, super, hiper/supra: posição superior, excesso</p><p>eu/bene: excelência, perfeição, bondade</p><p>hemi/semi: divisão em duas partes</p><p>hipo/sub: posição inferior</p><p>para/ad: proximidade, adjunção</p><p>peri/circum: em torno de</p><p>si(n)(m)/cum simultaneidade, companhia</p><p>• Sufixos</p><p>◦ Sufixos que formam nomes de ação, estado, movimento:</p><p>-ada -dão -mento</p><p>-ança -ença -são</p><p>-ância -ez(a) -tude</p><p>-ção -ismo -ura</p><p>-ário(a) -ista -nte</p><p>-eiro(a) -or</p><p>◦ Sufixos que formam nomes de agente, profissão:</p><p>◦ Sufixos que dão nomes a locais:</p><p>-aria -eiro -tério</p><p>-ário -or -tório</p><p>52</p><p>◦ Sufixos que formam nomes com significado de abundância, aglomeração, coleção:</p><p>-aço -ario(a) -io</p><p>-ada -edo</p><p>-agem -eria</p><p>-ite -ina -ito</p><p>-oma -ol -ema</p><p>-ato, eto, ito -ite -io</p><p>◦ Sufixos que formam termos científicos:</p><p>◦ Sufixo que forma nomes de religião, doutrinas filosóficas, sistemas políticos:</p><p>-ismo</p><p>Apresentamos os afixos como processo de derivação e, também, percebemos</p><p>a necessidade de colocarmos as formas prefixais e sufixais assim como os exemplos</p><p>respectivos de cada um para facilitar a consulta e a utilização dessas palavras derivadas.</p><p>3.1.2 Parassíntese</p><p>Trata-se uma forma de derivação, que ocorre pela</p><p>junção de afixos a uma</p><p>palavra simples ou radical, formando uma nova palavra com significação própria. Na</p><p>derivação parassintética ocorre a junção simultânea de um prefixo e de um sufixo a</p><p>um adjetivo ou substantivo para a formação de um verbo. Agora veremos exemplos de</p><p>palavras formadas por parassíntese:</p><p>abençoar (a- + bênção + -ar); engordar (en- + gordo + -ar)</p><p>ajoelhar (a- + joelho + -ar); enlouquecer (en- + louco + -ecer)</p><p>amanhecer (a- + manhã + -ecer); entristecer (en- + triste + -ecer)</p><p>anoitecer (a- + noite + -ecer); envelhecer (en - + velho + -ecer)</p><p>emagrecer (em- + magro + -ecer) envergonhar (en- + vergonha + -ar)</p><p>53</p><p>ataque (do verbo atacar) compra (do verbo comprar)</p><p>atraso (do verbo atrasar) consumo (do verbo consumir)</p><p>caça (do verbo caçar) denúncia (do verbo denunciar)</p><p>embarque (do verbo embarcar) pesca (do verbo pescar)</p><p>erro (do verbo errar) renúncia (do verbo renunciar)</p><p>mergulho (do verbo mergulhar) venda (do verbo vender)</p><p>É importante saber que a derivação parassintética ocorre com prefixo e sufixo</p><p>ao mesmo tempo para ter sentido próprio, ao contrário da prefixação ou da sufixação</p><p>que se pode tirar um dos afixos e continua a palavra tendo significado. Exemplo: in – feliz</p><p>– mente; des-leal-mente.</p><p>3.1.3 Derivação regressiva</p><p>Na derivação regressiva, também chamada de formação deverbal, ocorre</p><p>redução da palavra primitiva e não acréscimo. Diferente de outras formas de derivação,</p><p>que ocorrem por acréscimo, sendo a palavra derivada uma ampliação da palavra</p><p>primitiva, na derivação regressiva, ocorre a redução da palavra primitiva para a formação</p><p>da palavra derivada.</p><p>A forma mais habitual de derivação regressiva é a formação de substantivos a</p><p>partir de verbos, pela supressão do -r final dos verbos. Esses substantivos são chama-</p><p>dos de substantivos deverbais.</p><p>Vamos mostrar alguns exemplos de substantivos formados por derivação</p><p>regressiva:</p><p>Podemos ter a formação de substantivos a partir de outros substantivos: boteco</p><p>(de botequim), comuna (de comunista).</p><p>3.1.4 Derivação imprópria</p><p>Na derivação imprópria ou de conversão não há alteração da palavra primitiva,</p><p>que permanece igual. Há mudança de classe gramatical com mudança de significado:</p><p>verbos passam a substantivos, adjetivos passam a advérbios, substantivos passam a</p><p>adjetivos etc. Cabe dizer aqui que esse tipo de derivação tem conotação semântica, pois</p><p>mostra alteração de sentido. Exemplos: jantar (verbo para substantivo), andar (verbo</p><p>para substantivo), prodígio (substantivo para adjetivo), baixo (adjetivo para advérbio).</p><p>54</p><p>Observam-se vários casos de derivação imprópria. Vamos aqui mostrar alguns:</p><p>• Os adjetivos passam a substantivos. Exemplo: Os maus serão punidos.</p><p>• Os verbos podem passar a substantivos ou adjetivos. Exemplo: Os democratas con-</p><p>seguiram um feito histórico.</p><p>• Os  verbos no infinitivo  passam a  substantivos. Exemplo: O andar da bailarina era</p><p>delicado.</p><p>• Os adjetivos passam a advérbios. Exemplo: Chorei baixo para que ninguém percebesse.</p><p>• Substantivos próprios tornam-se comuns. Exemplo: João nunca falta. É um caxias</p><p>mesmo!</p><p>• Palavras invariáveis passam a substantivos. Exemplo: Expliquei o porquê da situação.</p><p>Para entender o processo de formação de palavras é importante observar</p><p>como os vocábulos se apresentam nos textos de uma maneira geral. Torna-se uma</p><p>atividade interessante buscar exemplos nas letras de músicas, nas obras literárias. Aqui,</p><p>mostramos uma música com vários exemplos do que estudamos e que servirá como</p><p>base em práticas em sala de aula.</p><p>Vamos ver a letra da música Mama África, de Chico César:</p><p>Mama África</p><p>Chico César</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>É mãe solteira</p><p>E tem que</p><p>Fazer mamadeira</p><p>Todo dia</p><p>Além de trabalhar</p><p>Como empacotadeira</p><p>Nas Casas Bahia...(2x)</p><p>Mama África, tem</p><p>Tanto o que fazer</p><p>Além de cuidar neném</p><p>Além de fazer denguim</p><p>Filhinho tem que entender</p><p>Mama África vai e vem</p><p>Mas não se afasta de você...</p><p>Filhinho dá um tempo</p><p>É tanto contratempo</p><p>No ritmo de vida de mama...</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>É mãe solteira</p><p>E tem que</p><p>Fazer mamadeira</p><p>Todo dia</p><p>Além de trabalhar</p><p>Como empacotadeira</p><p>Nas Casas Bahia...(2x)</p><p>É do Senegal</p><p>Ser negão, Senegal...</p><p>55</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>É mãe solteira</p><p>E tem que</p><p>Fazer mamadeira</p><p>Todo dia</p><p>Além de trabalhar</p><p>Como empacotadeira</p><p>Nas Casas Bahia...</p><p>Quando Mama sai de casa</p><p>Seus filhos de olodunzam</p><p>Rola o maior jazz</p><p>Mama tem calo nos pés</p><p>Mama precisa de paz...</p><p>Mama não quer brincar mais</p><p>Deve ser legal</p><p>Ser negão, Senegal...(3x)</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>É mãe solteira</p><p>E tem que</p><p>Fazer mamadeira</p><p>Todo o dia</p><p>Além de trabalhar</p><p>Como empacotadeira</p><p>Nas Casas Bahia...(2x)</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>Mama África</p><p>A minha mãe</p><p>Mama África...</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/chico-cesar/45197/>. Acesso em: 20 jul. 2021.</p><p>Podemos observar várias palavras como mama (abreviação de mamãe);</p><p>derivadas como mamadeira (sufixo), empacotadeira (prefixo e sufixo), filhinho (sufixo);</p><p>contratempo (justaposição); negão, denguim, neném, olodunzam, rola (verbo) como</p><p>palavras recriadas com o objetivo de aproximar quem fala de quem ouve. Esse é o</p><p>dinamismo da nossa língua e a importância de conhecê-la de uma forma ampla.</p><p>Os professores devem ficar atentos a essas atividades com textos, pois ajudam</p><p>na compreensão da língua e incentivam a buscar o sentido das palavras e a intenção</p><p>do comunicador. Para quem o autor/compositor dirige a mensagem? Há palavras que</p><p>poderiam ser substituídas por outras? Por que ele escolheu determinadas palavras?</p><p>Lembre-se da música Cálice, de Chico Buarque, que dá duplo sentido à palavra (cálice/</p><p>cale-se).</p><p>Há muitas outras letras de músicas que podem exemplificar as variações</p><p>linguísticas, as palavras e sua formação, a função dos vocábulos em inúmeros contextos.</p><p>Mais uma dica: a música Drão, do Gilberto Gil e em várias canções de Caetano Veloso e</p><p>de Chico Buarque que se valem de várias maneiras de compor dando sentidos diferentes</p><p>às palavras.</p><p>56</p><p>Como sugestão de leitura e de ideias para atividades em sala de aula, indicamos o trabalho</p><p>de Helena Pacheco de Amorim, com o título Morfologimusicalizar: uma análise da criação</p><p>de novas palavras na música brasileira, apresentado à Universidade de Brasília, em 2018.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3l5ddHp.</p><p>Há, também, o trabalho Formação de palavras neológicas em músicas de Gilberto Gil e</p><p>Caetano Veloso, de autoria de Thalita Angelucci, apresentado à Universidade Nacional de</p><p>Rosario (Argentina), em 2018. Você pode ler o texto em: <https://bit.ly/3jRbTbN>.</p><p>Sugerimos, também, como contribuição à reflexão sobre o tema, a leitura do Trabalho</p><p>de Conclusão de Curso de Ingrid Bruna Pasquali, intitulado: Gramática</p><p>normativa e gramática funcional: uma proposta para o ensino de língua</p><p>na educação básica, apresentado na Universidade Caxias do Sul, em 2019.</p><p>Trata-se de uma discussão acerca da gramática normativa associada</p><p>à funcional, tendo como recorte a educação básica e, em especial, o</p><p>ensino dos verbos transitivos diretos. A pesquisa foi feita utilizando-se os</p><p>Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular,</p><p>como base para os estudos indicadores do ensino da língua portuguesa</p><p>no nível da educação básica.</p><p>Você poderá ler o texto na íntegra, que se encontra disponível em:</p><p><https://bit.ly/3zXDYnj>.</p><p>DICA</p><p>O Tópico 3 apresentou os processos de formação de palavras, incluindo a</p><p>composição por aglutinação e justaposição, principalmente. Em seguida, as palavras</p><p>alteradas por derivação, por meio de afixos e, ainda, as derivações regressivas e</p><p>impróprias.</p><p>Nesse momento encerramos a Unidade 1, que tratou exclusivamente dos</p><p>primeiros contatos com os estudos de Morfologia, trazendo conceitos básicos para</p><p>a compreensão da disciplina e avançou para os conteúdos que englobam todos os</p><p>elementos necessários para entender os processos pelos quais as palavras passam e</p><p>se apresentam na nossa língua.</p><p>57</p><p>Sugerimos como leitura complementar o texto, cujo resumo está a seguir. Ele</p><p>reflete os princípios da gramática normativa, explicitando o caso dos sujeitos</p><p>e suas</p><p>questões de adequação aos estudos atuais. Essa pesquisa foi publicada em 20 de ja-</p><p>neiro de 2020, na Revista Gestão Universitária.</p><p>SOBRE OS CONCEITOS DE SUJEITO DA GRAMÁTICA NORMATIVA: UMA QUESTÃO</p><p>MUITO MAIS AMPLA DO QUE PARECE</p><p>Marinho Celestino de Souza Filho</p><p>Resumo: Pressupondo que a Gramática Normativa não ensina a alguém de modo algum</p><p>a “ler e escrever corretamente”, o autor do presente trabalho procura analisar algumas</p><p>das definições de sujeito dadas por esta Gramática e tenta mostrar suas relações/</p><p>implicações com o ensino-aprendizagem da nossa língua materna, sugerindo que há</p><p>uma necessidade urgente de reformulação, redefinição, renovação nos objetivos do</p><p>ensino aprendizagem da Gramática citada anteriormente,</p><p>Palavras-chave: Gramática Normativa, ensino-aprendizagem, conceitos de sujeito.</p><p>Deixamos aqui apenas uma parte do artigo, mas é importante que você leia o</p><p>texto na íntegra, que está disponível em: <http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/</p><p>sobre-os-conceitos-de-sujeito-da-gramatica-normativa-uma-questao-muito-mais-</p><p>ampla-do-que-parece>. Acesso em: 14 jun. 2021.</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>58</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• A composição ocorre quando duas ou mais palavras formam uma nova.</p><p>• As palavras originais já são dotadas de significados e funções próprias na língua.</p><p>• Aglutinação é quando as palavras se integram passando a ter um acento tônico só e</p><p>têm a sua forma alterada.</p><p>• Justaposição é quando as palavras são colocadas lado a lado, podendo ou não</p><p>receber hífen.</p><p>• Hibridismo é resultado da combinação ou reunião de palavras ou morfemas que</p><p>vieram de idiomas diferentes.</p><p>• Onomatopeias são palavras que reproduzem os sons existentes, como os barulhos</p><p>das máquinas e objetos, os ruídos dos animais, os sons produzidos pelo ser humano</p><p>e os ruídos da natureza.</p><p>• Sigla é o conjunto de letras iniciais dos vocábulos que compõem o nome de uma</p><p>organização, uma instituição, um programa, um tratado etc.</p><p>• Derivação se refere a elementos adicionados ao radical para a constituição das</p><p>palavras.</p><p>• Os afixos são divididos em prefixos e sufixos. Prefixos: quando vêm antes do radical.</p><p>Sufixos: quando vêm depois do radical.</p><p>• A parassíntese ocorre pela junção de afixos a uma palavra simples ou radical,</p><p>formando uma nova palavra com significação própria.</p><p>• Na derivação regressiva ocorre redução da palavra primitiva e não acréscimo.</p><p>• Na derivação imprópria não há alteração da palavra primitiva, que permanece igual.</p><p>Há mudança de classe gramatical com mudança de significado: verbos passam a</p><p>substantivos, adjetivos passam a advérbios, substantivos passam a adjetivos etc.</p><p>59</p><p>1 (ENADE, 2011) Quero pedir permissão à língua portuguesa para usar duas palavras</p><p>que, na verdade, são inexistentes oficialmente, quais sejam: crackudo e vacilão.</p><p>Crackudo é originário do termo crack.</p><p>A palavra foi recentemente criada para identificar o indivíduo que é usuário dessa</p><p>droga, ou seja, crackudo nada mais é do que o consumidor do crack. Quanto a vacilão,</p><p>tal palavra é originada do verbo vacilar, que significa não estar firme, cambalear,</p><p>enfraquecer, oscilar. Vacilão, na linguagem popular, nada mais é do que o indivíduo</p><p>que não mede as consequências dos seus atos e sempre ingressa em algo que não</p><p>é bom para si e que só lhe traz malefícios ou aborrecimentos. E, em assim sendo, o</p><p>crackudo é um vacilão!</p><p>FONTE: <www2.forumseguranca.org.br/node/22783>. Acesso</p><p>em: 12 ago. 2011.</p><p>O sufixo [-ão] opera como uma desinência formadora de aumentativos, superlativos</p><p>e agentivos em português, como indicado no exemplo apresentado no texto acima.</p><p>Tem-se, também, o sufixo [-udo], que indica grande quantidade de X; em seu uso</p><p>mais típico, X é igual à parte aumentada (orelhudo, narigudo, beiçudo, barrigudo etc).</p><p>Considerando essas informações e o texto acima, conclui-se que o vocábulo “vacilão”</p><p>possui um sufixo:</p><p>a) ( ) Agentivo, como o que se observa em “caminhão”, e que, no caso do sufixo [-udo]</p><p>em “crackudo”, ocorre a mesma motivação semântica existente em “beiçudo”.</p><p>b) ( ) Agentivo, como o que se observa em “mijão”, e que o sufixo [-udo] em “crackudo”</p><p>apresenta a mesma motivação semântica existente em “orelhudo” e “narigudo”.</p><p>c) ( ) Agentivo, assim como o vocábulo “resmungão”, e que o uso do sufixo [-udo] em</p><p>“crackudo” resulta em uma formação vocabular incomum na língua portuguesa.</p><p>d) ( ) Aumentativo, como o que se observa em “macarrão”, e que, no caso do sufixo</p><p>[-udo] em “crackudo”, se observa a mesma motivação semântica existente nos</p><p>vocábulos “orelhudo” e “sisudo”.</p><p>e) ( ) Aumentativo, como o observado em “panelão”, e que, no caso do sufixo [-udo]</p><p>em “crackudo”, se observa uma construção incomum na língua portuguesa,</p><p>dada a produtividade baixa do referido sufixo.</p><p>2 Indique as mudanças ocorridas nas classes gramaticais das palavras destacadas</p><p>formadas por derivação imprópria.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>60</p><p>I. O conceito de belo é objeto de estudo da história da arte.</p><p>II. O Museu de Paris é muito belo.</p><p>III. O jantar de ontem estava ótimo.</p><p>IV. Quero jantar em um restaurante italiano.</p><p>V. Mário é o mais alto dos alunos.</p><p>VI. Minha vizinha falava muito alto.</p><p>a) ( ) I e II: adjetivo e substantivo; III e IV: substantivo e verbo; V e VI: adjetivo e</p><p>advérbio.</p><p>b) ( ) I e II: substantivo e adjetivo; III e IV: verbo e substantivo; V e VI: adjetivo e</p><p>advérbio.</p><p>c) ( ) I e II: substantivo e adjetivo; III e IV: verbo e substantivo; V e VI: advérbio e</p><p>adjetivo.</p><p>d) ( ) I e II: adjetivo e substantivo; III e IV: verbo e substantivo; V e VI: advérbio e</p><p>adjetivo.</p><p>e) ( ) I e II: substantivo e adjetivo; III e IV: substantivo e verbo; V e VI: adjetivo e</p><p>advérbio.</p><p>3 Indique os processos de formação das palavras destacadas:</p><p>“Vou-me embora para Pasárgada”</p><p>“Ela tem um quê misterioso”</p><p>Como você conseguiu emagrecer assim tanto?</p><p>Gosto de pular de paraquedas aos sábados.</p><p>Estou muito orgulhoso do meu desempenho acadêmico.</p><p>a) ( ) derivação sufixal, aglutinação, justaposição, derivação imprópria, parassíntese.</p><p>b) ( ) Aglutinação, parassíntese, justaposição, derivação sufixal, derivação imprópria.</p><p>c) ( ) Aglutinação, derivação imprópria, parassíntese, justaposição, derivação sufixal.</p><p>d) ( ) Derivação imprópria, derivação sufixal, aglutinação, justaposição, parassíntese.</p><p>e) ( ) Parassíntese, justaposição, derivação sufixal, derivação imprópria, aglutinação.</p><p>4 Defina os tipos de derivação:</p><p>Prefixal:</p><p>Sufixal:</p><p>Parassintética:</p><p>Highlight</p><p>61</p><p>Prefixal e sufixal:</p><p>Regressiva:</p><p>Imprópria:</p><p>5 Qual é o processo de formação das palavras: engordar, espairecer, desalmado e</p><p>descamisado.</p><p>62</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ADRIANO, P. Â. A; CORÔA W. Noam Chomsky e o funcionamento da linguagem: menos é</p><p>mais! Blog #Linguística. [S.l.], 10 jan. 2020. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.</p><p>br/linguistica/2020/01/10/noam-chomsky-e-o-funcionamento-da-linguagem-</p><p>menos-e-mais/. Acesso em: 2 fev. 2021.</p><p>AMORIM, H. P. de. Morfologimusicalizar: uma análise da criação de novas palavras</p><p>na música brasileira. 2018. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em</p><p>Letras Português) – Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em: <https://bit.</p><p>ly/3l5ddHp>. Acesso em: 20 jul. 2021.</p><p>ANGELUCCI. T. C. Formação de palavras neológicas em músicas de Gilberto Gil e</p><p>Caetano Veloso. JORNADAS INTERNACIONALES “DESCOBRINDO CULTURAS EM LÍNGUA</p><p>PORTUGUESA”. 3., 2018, Córdoba. Anais [...] Universidad Nacional de Córdoba, 2018.</p><p>Disponível em: <https://bit.ly/3Pzvv0y>. Acesso em: 20 jul. 2021.</p><p>BAGNO, M. Gramática de bolso do português brasileiro. 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Monografia (Bacharelado em Curso de</p><p>Filosofia) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO, 2020. Disponível em: https://</p><p>bit.ly/3c1UJHj. Acesso em: 14 jun. 2021.</p><p>SOUZA FILHO, M. C. Sobre os conceitos de sujeito da gramática normativa: uma questão</p><p>muito mais ampla do que parece. Revista Gestão Universitária, [s.l.], dez. 2020.</p><p>Disponível em: http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/sobre-os-conceitos-de-</p><p>sujeito-da-gramatica-normativa-uma-questao-muito-mais-ampla-do-que-parece.</p><p>Acesso em: 14 jun. 2021.</p><p>SURDI, M. Gramática normativa: movimentos e funcionamentos do “diferente” e “do</p><p>mesmo”. 2010, 132f. Dissertação (Pós-graduação em Letras) – Universidade Federal de</p><p>Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3BdccU5. Acesso em:</p><p>25 ago. 2021.</p><p>VOCÁBULO. In: DICIO, Dicionário on-line de Português. Porto: 7 Graus, 2021.</p><p>Disponível em: https://www.dicio.com.br/vocabulo/. Acesso em: 24 ago. 2021.</p><p>ZANOTTO, Normelio. Estrutura mórfica da língua portuguesa. 5. ed. Ver. Rio de Janeiro:</p><p>Lucerna; Caxias do Sul: Educs, 2006.</p><p>65</p><p>ANOTAÇÕES</p><p>66</p><p>67</p><p>CLASSES DE PALAVRAS:</p><p>SUBSTANTIVO, ADJETIVO,</p><p>VERBO E ADVÉRBIO</p><p>UNIDADE 2 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• conhecer o estudo dos vocábulos a partir das classes de palavras;</p><p>• aprender os conceitos e características dos substantivos e adjetivos;</p><p>• assimilar a estrutura, as flexões e as conjugações dos verbos;</p><p>• entender as características dos advérbios.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de</p><p>reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – SUBSTANTIVO E ADJETIVO</p><p>TÓPICO 2 – VERBO: ESTRUTURA, FLEXÃO E CONJUGAÇÃO</p><p>TÓPICO 3 – ADVÉRBIO: VALORES MORFOLÓGICOS E SEMÂNTICOS</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>68</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 2!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>69</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>SUBSTANTIVO E ADJETIVO</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Estudaremos, a partir de agora, os substantivos e os adjetivos como parte dos</p><p>estudos da morfologia da língua portuguesa. Pretendemos levar aos acadêmicos o</p><p>conhecimento de regras e, por conseguinte, as classificações para fins didáticos, pois é</p><p>uma forma de compreendermos a dinâmica das palavras e suas posições gramaticais.</p><p>As classes de palavras, estudadas com base na gramática normativa, são</p><p>mostradas aqui como base para que se compreendam as funções exercidas no contexto</p><p>e, também, a produção de sentidos. Primeiramente, deve-se aprender a classificação</p><p>das palavras, as formas e posteriormente entender os outros níveis.</p><p>Uma maneira de entender melhor os conceitos é por meio de textos literários</p><p>cotidianos, que encontramos nos meios de comunicação, assim como em letras de</p><p>música, receitas, quadrinhos entre outros.</p><p>O Tópico 1 traz os substantivos e adjetivos, as formas nominais, dentro do</p><p>espectro dos estudos morfológicos. A proposta é apresentar o conteúdo de maneira</p><p>simples, propor a leitura complementar e exercícios como autoatividades de fixação</p><p>desses conhecimentos. Vamos ao trabalho!</p><p>2 FLEXÃO NOMINAL</p><p>Segundo Basílio (2009, p. 21), as classes de palavras são muito importantes</p><p>na descrição de uma língua porque expressam propriedades gerais das palavras: “é</p><p>impossível descrever os mecanismos gramaticais mais óbvios, como a concordância</p><p>de gênero e número do artigo com o substantivo, se não determinarmos o que é</p><p>substantivo e artigo”.</p><p>As palavras podem ser classificadas de muitas formas. Denominamos classes</p><p>de palavras uma classificação específica, a partir de critérios lexicais ou gramaticais.</p><p>Vamos esclarecer a diferença entre classe e função, visto que, nas palavras de</p><p>Perini (2010, p. 290), “o problema se manifesta com frequência em afirmações de que</p><p>elementos de determinada classe ‘funcionam’ como se pertencessem a outra classe em</p><p>determinado contexto”.</p><p>70</p><p>Na gramática tradicional ou normativa, compreende-se que as classes se</p><p>definem fora de qualquer contexto, entendidas como imutáveis na maioria das vezes.</p><p>Mais recentemente, porém, vários estudos abrem-se para o entendimento de uma</p><p>gramática funcional, ou seja, aquela que objetiva analisar a língua em uso. Dessa</p><p>forma, é possível perceber que uma mesma palavra pode exercer diferentes funções</p><p>gramaticais, conforme o contexto.</p><p>Uma classe se caracteriza pelo potencial funcional das palavras que</p><p>a formam, ou seja, pelo que as palavras podem ser – as funções que</p><p>elas podem ocupar nas estruturas da língua. Uma palavra que esteja,</p><p>em determinado contexto, ocupando uma dessas funções continua</p><p>podendo ocupar outras (o que pode acontecer em outros contextos)</p><p>(PERINI, 2010, p. 290).</p><p>Além de entendermos as classes de palavras, devemos saber que as palavras</p><p>também carregam suas funções sintáticas. Muitas vezes ouvimos a palavra para, que</p><p>pode ser verbo ou preposição, dê (verbo) e de (preposição) e seu entendimento será pela</p><p>análise de função, descartando-se a questão fonológica (sons iguais) ou simplesmente</p><p>a classe a que a palavra pertence.</p><p>Vamos a outro caso: temos a palavra eles, que pode ser pronome ou substantivo</p><p>de acordo com a relação que tem com outras formas na mesma frase. Quando se trata</p><p>de pronome, devemos observar ainda o tipo em que se enquadra, pois pode ser prono-</p><p>me pessoal do caso reto ou pronome pessoal do caso oblíquo. Sendo assim, a classifica-</p><p>ção da palavra eles se altera por causa da função que ocupa na frase. Exemplos:</p><p>• Eles ganharam muito dinheiro (pronome pessoal do caso reto);</p><p>• O som de “eles” se confunde com a letra l no plural (substantivo);</p><p>• Eu li vários livros para eles (pronome oblíquo).</p><p>As classes de palavras, então, indicam a forma inicial de uma palavra, mas</p><p>dependendo do contexto, a análise deverá ser feita respeitando-se as funções sintáticas,</p><p>pois a língua portuguesa oferece possibilidades múltiplas de compreensão. A forma</p><p>sintática auxilia na compreensão do sentido das palavras. É possível estabelecer se uma</p><p>palavra recebe a denominação de substantivo, de verbo, de pronome, do adjetivo, de</p><p>advérbio etc.</p><p>As construções formais da língua portuguesa englobam muitas variáveis.</p><p>Reúnem uma variedade considerável se pensarmos nas flexões e nos casos de</p><p>derivações. Temos, por exemplo: a palavra amor e as variantes a partir de seu radical:</p><p>amado, amores, amável, amar; a palavra pedra: pedrada, pedrinha, pedregulho,</p><p>empedrar, pedras, pedreira.</p><p>Além do fator morfológico e do fator sintático, a classificação dos vocábulos</p><p>pode, ainda, utilizar-se do fator semântico, isto é, da produção de sentido em um</p><p>contexto. Exemplo: manga, uma fruta (substantivo) e manga, parte de uma camisa</p><p>71</p><p>(substantivo), canto (de parede, de mesa) e canto (verbo cantar), jantar (substantivo) e</p><p>jantar (verbo), saia (substantivo) e saia (verbo), colar (substantivo) e colar (verbo), bom</p><p>(adjetivo) e bom (substantivo) e assim por diante.</p><p>Apesar de entendermos a importância do estudo das classes gramaticais, tam-</p><p>bém devemos saber que essas categorias não são herméticas. As palavras ocupam vá-</p><p>rias posições dentro de uma frase e têm sentidos diferentes em cada texto ou conversa.</p><p>Para exemplificar: a palavra meio/meia pode ser classificada como substantivo (o</p><p>meio é a mensagem), como advérbio de modo ou de intensidade (estou meio cansada),</p><p>como numeral (comprei uma dúzia e meia de laranjas) ou como adjetivo (não gosto de</p><p>dizer meias palavras), e não necessariamente em uma classe de palavras apenas.</p><p>Perceba que há mobilidade das palavras, desde a classificação morfológica até</p><p>a ideia de produção de sentidos daquilo que queremos expressar, tanto na linguagem</p><p>falada como na escrita, porém para que fiquem claras essas variações devemos recorrer</p><p>às características de cada elemento que pertence às classes de palavras de modo como</p><p>foram determinadas.</p><p>De acordo com Monteiro (2002, p. 235), temos uma noção geral dos estudos de</p><p>Morfologia, onde as palavras não se limitam apenas às suas classificações determinadas:</p><p>- Sob o enfoque estritamente morfológico, é impossível explicar as</p><p>classes de palavras.</p><p>- Há duas classes fundamentais, a dos nomes e a dos verbos,</p><p>que se opõem pelos paradigmas flexionais. Semanticamente, os</p><p>nomes correspondem a uma visão estática da realidade, enquanto</p><p>os verbos traduzem representações dinâmicas.</p><p>- Os pronomes distinguem-se dos nomes porque aqueles expres-</p><p>sam um significado dêitico ou anafórico. (Nota da autora: o dêitico</p><p>representa algo previamente mencionado no discurso. Anáfora é</p><p>o termo usado para relembrar ou retomar algo que já foi dito).</p><p>- Substantivos, adjetivos e advérbios não são classes gramaticais.</p><p>São, na verdade, funções que os nomes e pronomes exercem em</p><p>contextos frasais.</p><p>- Os numerais fazem parte da classe dos nomes e, sendo assim,</p><p>podem ser substantivos ou adjetivos.</p><p>- Os artigos são pronomes, sempre em função adjetiva.</p><p>- Os conectivos subordinam palavras (preposições) ou orações</p><p>(conjunções subordinativas). Também</p><p>podem relacionar elementos</p><p>da mesma função (conjunções coordenativas).</p><p>São inúmeras as possibilidades de análise dos vocábulos. Serão mostradas as</p><p>classes de palavras, como ponto de partida para a compreensão de tudo o que significa</p><p>a Morfologia. De uma maneira didática, as classificações ordenam a forma de pensar e</p><p>por isso ainda são utilizadas em várias áreas do conhecimento.</p><p>72</p><p>FIGURA 1 – CLASSES DE PALAVRAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3BZKsT8>. Acesso em: 8 mar. 2021.</p><p>A ilustração da Figura 1 mostra a classificação das palavras de acordo com</p><p>suas características. São dez classes de palavras: substantivo, adjetivo, verbo, artigo,</p><p>pronome, numeral, advérbio, conjunção, preposição e interjeição. Essa é uma maneira</p><p>didática de aprender e de ensinar a morfologia. Devemos lembrar que os estudos têm</p><p>evoluído significativamente nessa área do conhecimento e os pesquisadores sugerem</p><p>uma amplitude nos estudos, interseccionando os termos gramaticais às suas funções</p><p>dentro dos textos.</p><p>2.1 MORFEMAS FLEXIONAIS (DESINÊNCIAS)</p><p>Os morfemas flexionais são os elementos que se unem às palavras para apon-</p><p>tar as flexões gramaticais, que podem ser nominais e verbais. As desinências nominais</p><p>indicam gênero e número, enquanto as verbais, as conjugações dos verbos (desinên-</p><p>cias modo-temporais e desinências número-pessoais).</p><p>As classes de palavras englobam os nomes: substantivos, adjetivos, numerais,</p><p>pronomes que são termos que apresentam declinação, enquanto os verbos têm</p><p>conjugação. Ainda, os nomes e os verbos têm flexão. Os advérbios, as preposições, as</p><p>conjugações e as interjeições não têm flexão.</p><p>Os substantivos nomeiam as coisas, objetos, pessoas, sentimentos entre ou-</p><p>tros e sempre concordam com o verbo em uma frase. Assim como os adjetivos acom-</p><p>panham os substantivos e concordam em gênero e número. Em nível sintático, deve</p><p>ocorrer dessa forma.</p><p>73</p><p>Morfologicamente, as pessoas podem modificar as palavras, inserindo prefixos e</p><p>sufixos, criando novos vocábulos. A liberdade de se lidar com a língua é maior enquanto</p><p>que o esquema sintático é mais previsível. Exemplo: Os alunos terminaram a prova de</p><p>matemática. Os termos devem concordar em todos os tipos: gênero, número etc.</p><p>Podemos afirmar, de maneira simples, que os nomes se caracterizam com</p><p>base na morfologia por apresentar desinências de gênero e de número, o que acontece</p><p>com substantivos e adjetivos, uma vez que pronomes, artigos e numerais podem ser</p><p>substantivos, podem ser adjetivos, de acordo com o sentido e a função que exercem na</p><p>frase. É importante ressaltar que qualquer palavra pode substantivar-se e, a partir desse</p><p>processo, submeter-se aos critérios flexionais e derivacionais específicos dos nomes.</p><p>Exemplos: o falar, o não, o andar, um alô, a jovem etc.</p><p>E, ainda, devemos observar que nem todo nome possui as subcategorias de</p><p>gênero e número. Explicando melhor, só poderá haver uma palavra no gênero feminino</p><p>(desinência a) se houver o oposto no masculino, assim também no singular e no plural</p><p>(s). Exemplos; o planalto (só no masculino, não tem feminino), ônibus (singular e plural).</p><p>Vamos ver como os nomes, substantivos e adjetivos, se apresentam de uma</p><p>forma solta no texto escrito por Eliane Brum:</p><p>História de um olhar</p><p>O mundo é salvo todos os dias por pequenos gestos. Diminutos, invisíveis. O</p><p>mundo é salvo pelo avesso da importância. Pelo antônimo da evidência. O mundo é</p><p>salvo por um olhar. Que envolve e afaga. Abarca. Resgata. Reconhece. Salva.</p><p>Inclui.</p><p>Esta é a história de um olhar. Um olhar que enxerga. E por enxergar,</p><p>reconhece. E por reconhecer, salva.</p><p>Esta é a história do olhar de uma professora chamada Eliane Vanti e de um</p><p>andarilho chamado Israel Pires.</p><p>Um olhar que nasceu na Vila Kephas. Dizem que, em grego, kephas significa</p><p>pedra. Por isso um nome tão singular para uma vila de Novo Hamburgo. Kephas foi</p><p>inventada mais de uma década atrás pedra sobre pedra. Em regime de mutirão. Eram</p><p>operários da indústria naqueles tempos nada longínquos. Hoje, desempregados da</p><p>indústria. Biscateiros, papeleiros. Excluídos.</p><p>Nesta Kephas cheia de presságios e de misérias vagava um rapaz de</p><p>29 anos com o nome de Israel. Porque em todo lugar, por mais cinzento, trágico</p><p>e desesperançado que seja, há sempre alguém ainda mais cinzento, trágico e</p><p>desesperançado. Há sempre alguém para ser chutado por expressar a imagem-</p><p>síntese, renegada e assustadora, do grupo. Israel, para a Vila Kephas, era esse ícone.</p><p>O enjeitado da vila enjeitada. A imagem indesejada no espelho.</p><p>74</p><p>Imundo, meio abilolado, malcheiroso, Israel vivia atirado num canto ou</p><p>noutro da vila. Filho de pai pedreiro e de mãe morta, vivendo em uma casa cheia de</p><p>fome com a madrasta e uma irmã doente. Desregulado das ideias, segundo o senso</p><p>comum. Nascido prematuro, mas sem dinheiro para diagnóstico. Escorraçado como</p><p>um cão, torturado pelos garotos maus. Amarrado, quase violado. Israel era cuspido.</p><p>Era apedrejado. Israel era a escória da escória.</p><p>Um dia Israel se aproximou de um menino. De nove anos, chamado Lucas.</p><p>Olhos de amêndoa, rosto de esconderijo. Bom de bola. Bom de rua. De tanto gostar</p><p>do menino que lhe sorriu, Israel o seguiu até a escola. Até a porta onde Lucas</p><p>desaparecia todas as tardes, tragado sabe-se lá por qual magia. Até a porta onde as</p><p>crianças recebiam cucas e leite. Israel chegou até lá por fome. De comida, de afago,</p><p>de lápis de cor. Fome de olhar.</p><p>[...]</p><p>FONTE: BRUM, E. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2012, p. 10.</p><p>Observe no título a palavra olhar. A princípio já nos remete a um verbo, o que</p><p>não ocorre aqui, pois se trata de um substantivo: um olhar. Os nomes, denominados</p><p>adjetivos, estão em todo o texto o que faz fluir a linguagem, transmite os sentidos e</p><p>oferece a nítida expressão dos sentimentos.</p><p>Esse texto pode servir para vários exemplos e exercícios. Uma sugestão para</p><p>quem leciona a língua portuguesa seria retirar todos os adjetivos do texto para perceber</p><p>a importância de cada um deles no contexto. Outra ideia; reescrever o texto de forma</p><p>que a construção das frases não ficasse solta. O estilo da autora, a jornalista Eliane</p><p>Brum, é muito claro. Ela trabalha com nomes e expressões livres, sem seguir por várias</p><p>vezes o esquema sintático e mesmo assim há sentido e compreensão do texto.</p><p>Como já dissemos, a liberdade da morfologia proporciona a criação de palavras,</p><p>a disposição em uma frase sem seguir, necessariamente, um esquema rígido de posição</p><p>dos termos em um texto. Percebemos isso nas músicas em que os compositores ousam</p><p>em suas letras, soltam palavras com sentido sem ligação com outras, sem perder o</p><p>sentido e o entendimento da mensagem.</p><p>Agora é o momento de estudarmos o substantivo e entender o seu papel dentro</p><p>do contexto morfológico. O substantivo e o adjetivo são partes definidas das classes</p><p>de palavras. O substantivo assume a posição dentro de uma frase de denominador,</p><p>enquanto o adjetivo tem o papel de determinante do substantivo.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>75</p><p>3 SUBSTANTIVO</p><p>O substantivo faz parte do grupo das dez classes de palavras que vamos estudar</p><p>a partir desse Tópico. Por meio dele aprendemos a nomear as coisas e as pessoas, de</p><p>um modo geral. É a primeira classe de palavras que aprendemos a falar, por isso tem</p><p>uma importância fundamental na nossa língua.</p><p>As classes de palavras que estudaremos em morfologia seguem os princípios</p><p>da gramática tradicional. Segundo estudos mais recentes, substantivos e adjetivos</p><p>poderiam ser estudados como formas nominais, pois têm uma qualificação bastante</p><p>próxima, uma vez que a questão de gênero aparece apenas nas formas nominais:</p><p>menina, menino, meninas, meninos, alto, alta, altos, altas, diferente de verbos, advérbios</p><p>e assim por diante.</p><p>3.1 CONCEITO DE SUBSTANTIVO</p><p>Segundo Bagno (2012), os substantivos não poderiam ser estudados separada-</p><p>mente dos sujeitos para entender o seu sentido e conseguir entender o seu papel em</p><p>um contexto.</p><p>Podemos dizer que o critério sintático, ao contrário do semântico,</p><p>32</p><p>5.1 RADICAL E RAIZ ...................................................................................................................................32</p><p>5.1.1 Radicais gregos e latinos ..........................................................................................................32</p><p>5.2 VOGAIS TEMÁTICAS ...........................................................................................................................34</p><p>5.3 DESINÊNCIAS ......................................................................................................................................35</p><p>5.4 VOGAIS E CONSOANTES DE LIGAÇÃO (INFIXOS) ......................................................................36</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 38</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 40</p><p>TÓPICO 3 - PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS ................................................. 43</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 43</p><p>2 COMPOSIÇÃO ................................................................................................................... 44</p><p>2.1 OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS ...............................................................44</p><p>2.1.1 Hibridismo ....................................................................................................................................44</p><p>2.1.2 Onomatopeias ............................................................................................................................45</p><p>2.1.3 Sigla ..............................................................................................................................................46</p><p>3 DERIVAÇÃO .......................................................................................................................47</p><p>3.1 TIPOS DE DERIVAÇÃO ........................................................................................................................49</p><p>3.1.1 Afixos: prefixos e sufixos ...........................................................................................................49</p><p>3.1.2 Parassíntese ...............................................................................................................................52</p><p>3.1.3 Derivação regressiva ................................................................................................................53</p><p>3.1.4 Derivação imprópria .................................................................................................................53</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................57</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 58</p><p>AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................59</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 62</p><p>UNIDADE 2 — CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO,</p><p>VERBO E ADVÉRBIO .............................................................................................................67</p><p>TÓPICO 1 — SUBSTANTIVO E ADJETIVO ........................................................................... 69</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 69</p><p>2 FLEXÃO NOMINAL ............................................................................................................ 69</p><p>2.1 MORFEMAS FLEXIONAIS (DESINÊNCIAS) ...................................................................................... 72</p><p>3 SUBSTANTIVO...................................................................................................................75</p><p>3.1 CONCEITO DE SUBSTANTIVO ........................................................................................................... 75</p><p>3. 2 FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS ....................................................................................................... 76</p><p>3.3 GRAU DOS SUBSTANTIVOS .............................................................................................................78</p><p>4 ADJETIVO ..........................................................................................................................79</p><p>4.1 CONCEITO DE ADJETIVO .................................................................................................................. 80</p><p>4.2 FLEXÃO DOS ADJETIVOS .................................................................................................................82</p><p>4.3 GRAU DOS ADJETIVOS .....................................................................................................................83</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................87</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 88</p><p>TÓPICO 2 - VERBO: ESTRUTURA, FLEXÃO E CONJUGAÇÃO ............................................ 91</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91</p><p>2 ASPECTO VERBAL ............................................................................................................ 91</p><p>3 ESTRUTURA VERBAL ...................................................................................................... 94</p><p>4 FLEXÃO VERBAL ...............................................................................................................96</p><p>5 PADRÃO GERAL DE FLEXÃO VERBAL ........................................................................... 101</p><p>6 FORMAS NOMINAIS DOS VERBOS .................................................................................103</p><p>7 CONJUGAÇÃO VERBAL ..................................................................................................105</p><p>7.1 VERBOS REGULARES ...................................................................................................................... 107</p><p>8 MODO INDICATIVO ..........................................................................................................109</p><p>9 MODO SUBJUNTIVO ....................................................................................................... 110</p><p>10 VERBOS IRREGULARES ................................................................................................ 113</p><p>11 VERBOS REGULARES E IRREGULARES: TEMPOS COMPOSTOS ................................ 114</p><p>12 MODO IMPERATIVO ....................................................................................................... 116</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................120</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................122</p><p>TÓPICO 3 - ADVÉRBIO: VALORES MORFOLÓGICOS E SEMÂNTICOS .............................125</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................125</p><p>2 CONCEITO DE ADVÉRBIO ...............................................................................................125</p><p>3 CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS ................................................................................129</p><p>4 O GRAU DO ADVÉRBIO ................................................................................................... 131</p><p>5 LOCUÇÃO ADVERBIAL ...................................................................................................132</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................134</p><p>analisa a palavra a partir de sua relação com outra(s) palavra(s),</p><p>constituindo uma unidade linguística superior chamada de sintagma.</p><p>No caso do substantivo, estaremos diante de um sintagma nominal,</p><p>construção sintática que tem por núcleo um nome (substantivo</p><p>ou palavra funcionando como tal) e que poderá vir acompanhado</p><p>de especificadores (determinantes) e complementadores (ROCHA;</p><p>MESCKA, 2012, p. 94).</p><p>Assim, devemos conhecer o substantivo e suas definições, lembrando sem-</p><p>pre que ele faz parte da produção de sentido daquilo que se quer expressar, tanto</p><p>em comunicação falada ou escrita. E, assim, vamos dar início a essas conceituações,</p><p>que vêm dos pesquisadores da gramática tradicional e seguem para as atualizações</p><p>desses estudos.</p><p>Substantivo é uma classe de palavras que nomeia seres, objetos, fenômenos,</p><p>lugares, qualidades, ações, sentimentos. E serve para nomear pessoas, também.</p><p>Os substantivos podem ser classificados em simples, composto, primitivo,</p><p>derivado, próprio, comum, concreto, abstrato e coletivo. Vamos conhecer seus tipos e</p><p>suas características:</p><p>• Primitivos: são compostos por palavras que não se originaram de outras palavras</p><p>que existem presentes na língua. Na verdade, a partir deles é que se podem formar</p><p>novas palavras. Exemplos: laranja, casa, rua, sol.</p><p>76</p><p>• Derivados: são palavras que provêm de outras, sendo que o termo original pode ser um:</p><p>◦ substantivo: bruxa, que origina bruxaria;</p><p>◦ adjetivo  (classe gramatical cuja função é caracterizar, evidenciar qualidades ou</p><p>estados dos seres): célebre, que cria celebridade;</p><p>◦ verbo (exprime uma ação, um estado ou um fenômeno situado no tempo): casar,</p><p>que gera casamento.</p><p>• Simples: são constituídos por apenas um radical (parte da palavra que carrega o</p><p>sentido principal dela). Exemplos: flor, chuva, mar.</p><p>• Compostos: apresentam mais de um radical em sua estrutura. Formam-se por</p><p>justaposição ou por aglutinação. Em vista disso, formalmente, eles podem aparecer</p><p>como uma palavra. Exemplos: cachorro-quente, passatempo, guarda-chuva.</p><p>• Próprios: dão nomes específicos às pessoas, seres, sobrenomes, países, rios,</p><p>oceanos, cidades etc. Exemplos: Maria, Eduardo, Silva, Brasil, Amazonas.</p><p>• Comuns:  nomeiam um ser, porém de forma generalizada. Representam o maior</p><p>número de substantivos. Exemplos: mesa, sol, árvore, menino, professora, estudante,</p><p>cachorro, flor.</p><p>• Concretos: denominam as pessoas, lugares, objetos, reais ou imaginários. Definiam-</p><p>se como um nome de objetos palpáveis, que podemos ver ou tocar, mas com o</p><p>tempo, a definição passou a denominar tudo o que podemos ver, tocar ou imaginar.</p><p>Exemplos: casa, janela, duende, saci.</p><p>• Abstratos: nomeiam qualidades, defeitos, ações, sentimentos. Dependem de outros</p><p>seres para existirem, pois não têm sentido independente. Exemplos: felicidade,</p><p>tristeza, pensamento, frio, calor, sede, solidão.</p><p>• Coletivos: nomeiam um conjunto de seres, objetos, coisas de uma mesma espécie.</p><p>Exemplos: arquipélago = coletivo de ilhas, atlas= conjunto de mapas, fauna = animais</p><p>de determinada região, orquestra = coletivo de instrumentistas, buquê ou ramalhete</p><p>= coletivo de flores, ninhada = coletivo de filhotes.</p><p>Vamos conhecer como esses substantivos se flexionam e como são utilizados em</p><p>um contexto, concordando em gênero, número e grau com os elementos de uma frase.</p><p>3. 2 FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS</p><p>Os substantivos são palavras variáveis. Sofrem flexão em gênero, número e</p><p>grau. Denominamos, então: flexão em gênero: masculino e feminino; flexão em número:</p><p>singular e plural e flexão em grau: normal, diminutivo e aumentativo.</p><p>• Flexão em gênero</p><p>Os substantivos são classificados pelo seu gênero: masculinos ou femininos. A</p><p>regra é que todo substantivo masculino é caracterizado pela desinência “o” e o feminino</p><p>pela desinência “a”.</p><p>Highlight</p><p>77</p><p>Cabe uma ressalva: nem todos os substantivos masculinos terminam em “o”</p><p>(líder, telefonema, amor, sol, trator). Podemos definir, então, o substantivo como do</p><p>gênero masculino se vier precedido pelo artigo “o”: o sol, o homem, o trator, o amor, o</p><p>líder, o telefonema.</p><p>Assim também ocorre com os substantivos femininos caracterizados pela</p><p>desinência “a”: a mulher, a menina, a gata, a vaca, a escada, a mesa. Contudo, há</p><p>exceções, pois nem sempre a palavra termina com a desinência “a” e mesmo assim é</p><p>feminina: a dor, a flor, a morte, a árvore.</p><p>Quanto às formas podem ser: biformes, heterônimos e uniformes. Vamos</p><p>conhecer as suas características:</p><p>a) Biformes: possuem duas formas de um mesmo radical, bastando acrescentar “o” ou</p><p>“a”, como menino-menina, moço-moça, tio-tia, gato-gata.</p><p>b) Heterônimos:  possuem radicais diferentes, um para o feminino e outro para o</p><p>masculino e não necessitam do artigo para flexioná-los. Ex.: vaca-boi, rei-rainha,</p><p>juiz-juíza, bispo-episcopisa, carneiro-ovelha.</p><p>c) Uniformes: são os substantivos que possuem a mesma forma, tanto para o feminino,</p><p>como para o masculino. Os substantivos uniformes podem ser:</p><p>◦ Epicenos:  são os que designam animais ou plantas e são invariáveis no artigo</p><p>precedente. Quando se faz necessário dizer qual o sexo do animal, usa-se a palavra</p><p>macho ou fêmea. Assim: águia fêmea – águia macho, papagaio fêmea – papagaio</p><p>macho, cobra macho – cobra fêmea.</p><p>◦ Comum de dois gêneros: usa-se o artigo “o” ou “a”, ou “um”, “uma”, antecedendo o</p><p>substantivo para designar o gênero. Exemplos: o médico, a médica, o jornalista, a</p><p>jornalista, o repórter, a repórter, um comentarista, uma comentarista.</p><p>◦ Sobrecomuns:  são os substantivos invariáveis, independente do artigo que o</p><p>antecede. Exemplos: a criança, o parque, o chinelo, a caneta, a diversão, uma</p><p>dança, a bicicleta.</p><p>Cabe ressaltar que os substantivos de origem grega terminados em "ema" e</p><p>"oma" são masculinos, por exemplo: lema, teorema, poema. Há, também, os que causam</p><p>dúvida quanto ao gênero, isto é, aqueles utilizados para os dois gêneros sem alteração do</p><p>significado. Exemplo: o personagem e a personagem. E, há, ainda, alguns substantivos,</p><p>como exemplo: "o cabeça" (líder), "a cabeça" (parte do corpo humano), que variando de</p><p>gênero, mudam seu significado.</p><p>• Flexão em número</p><p>De acordo com o número dos substantivos, eles são classificados em:</p><p>◦ singular: palavra que designa uma única coisa, pessoa ou um grupo. Por exemplo:</p><p>mesa, homem, bola.</p><p>78</p><p>◦ plural: palavra que designa várias coisas, pessoas ou grupos. Por exemplo: mesas,</p><p>homens, bolas.</p><p>Quanto ao número, os substantivos podem ser flexionados em: singular ou</p><p>plural. O indicativo de um substantivo no plural é a terminação “s”. Exemplos: o colega ></p><p>os colegas; a menina > as meninas.</p><p>Há algumas particularidades no que diz respeito ao plural dos substantivos. Vamos</p><p>conhecer alguns casos:</p><p>a) Nos substantivos terminados em al, el, ol, ul, altera-se o “l” por “is”. Exemplos: jornal -</p><p>jornais; papel - papéis.</p><p>b) Os substantivos terminados em “r” e “z” são acrescidos de “es” para o plural. Exemplos:</p><p>amor - amores; luz - luzes.</p><p>c) Caso o substantivo terminado em “s” for paroxítono, o plural será</p><p>invariável e se for oxítono, acrescenta-se “es”. Exemplos: país - países.</p><p>d) Os substantivos terminados em “n” formam o plural em “es” ou “s”.</p><p>Exemplos: abdômen - abdomens; pólen - polens.</p><p>e) Os substantivos terminados em “m” formam o plural em “ens”.</p><p>Exemplos: homem - homens; viagem - viagens.</p><p>f) Os substantivos terminados em “x” são invariáveis no plural. Exemplos:</p><p>tórax - tórax; xérox - xérox.</p><p>g) Para os substantivos terminados em “ão” há três variações para o</p><p>plural: “ões”, “ães” e “ãos”. Exemplos: mansão – mansões; pão – pães;</p><p>cidadão –cidadãos.</p><p>NOTA</p><p>3.3 GRAU DOS SUBSTANTIVOS</p><p>De acordo com o grau dos substantivos, eles são classificados em aumentati-</p><p>vo e diminutivo:</p><p>• Aumentativo: indica o aumento do tamanho de algum ser ou alguma coisa. Divide-</p><p>se em:</p><p>◦ Analítico: substantivo acompanhado de um adjetivo que indica grandeza, por</p><p>exemplo: casa grande.</p><p>◦ Sintético: substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de aumento, por</p><p>exemplo: casarão.</p><p>• Diminutivo: indica a diminuição do tamanho de algum ser ou alguma coisa. Divide-</p><p>se em:</p><p>79</p><p>◦ Analítico: substantivo acompanhado de um adjetivo que indica pequenez, por</p><p>exemplo: casa pequena.</p><p>◦ Sintético: substantivo com acréscimo de um sufixo indicador de diminuição, por</p><p>exemplo: casinha.</p><p>Uma observação quanto ao grau: as terminações inha, inho são comumente</p><p>atribuídas aos substantivos diminutivos, mas veja as palavras farinha e linha. Elas não</p><p>estão no diminutivo, apesar de sua terminação. Assim como pão, limão, caminhão,</p><p>irmão não têm o sentido de aumentativo como em palavras como cadernão, cachorrão.</p><p>Há que perceber que as denominações que as palavras recebem não estão rigidamente</p><p>definidas, portanto cabem reflexões sempre.</p><p>Quanto ao grau, Bagno concorda com Castilho (2012), os substanti-</p><p>vos, sendo referenciais, não admitem gradação, eles admitem sufixos</p><p>de aumentativo e diminutivo, mas informam o tamanho, a dimensão</p><p>do objeto referido. O sufixo -vel traz a ideia de particípio passado,</p><p>como em dirigível = que pode ser dirigido. O sufixo -oso é aplicado a</p><p>substantivo para a formação de adjetivos que expressam abundân-</p><p>cia e intensidade, como em formoso, formosa, formosos, formosas.</p><p>O sufixo -ês e -ense é usado para a formação de gentílicos: língua</p><p>portuguesa (adj.), o português (subst.); o povo amapaense (adj.),</p><p>as amapaenses (subst.). A modalização dos adjetivos, por meio do</p><p>advérbio, se dá quando o adjetivo modifica o substantivo, como em</p><p>'muito feliz, menos alegre etc., as palavras mais, muito e menos ocor-</p><p>re diante de um substantivo, pois não é advérbio, é um quantificador</p><p>indefinido, conforme a tradição, um pronome indefinido (SILVA NETO;</p><p>OLIVEIRA, 2014, p. 5-6).</p><p>Essa forma de pensamento traduz a maneira como vamos entender a língua</p><p>portuguesa, inclusive como vamos ensiná-la, partindo dos princípios da norma padrão</p><p>e respeitando as novas formas de expressão. Agora, passaremos para outro elemento</p><p>que compõe as classes de palavras: o adjetivo.</p><p>4 ADJETIVO</p><p>Vamos conhecer as peculiaridades de mais um elemento que compõe a lista de</p><p>classes de palavras: o adjetivo, e entender a diferença dessa classe e o substantivo, pois</p><p>pertencem ao mesmo grupo, formas nominais.</p><p>Entende-se por adjetivo o termo que acompanha um substantivo e, conse-</p><p>quentemente, segue-o em gênero, número e grau. Vimos, portanto, que o adjetivo tem</p><p>outras funções e, também, pode se apresentar como substantivo ou ser descrito de</p><p>forma separada, sem estar reduzido a um esquema sintático.</p><p>Highlight</p><p>80</p><p>4.1 CONCEITO DE ADJETIVO</p><p>Sabemos que a característica do adjetivo é dar qualidade, defeito, condição,</p><p>estado ou modo de ser ao substantivo. Os adjetivos acompanham os nomes, com o</p><p>objetivo de modificar o seu sentido. São utilizados para dar uma ideia precisa do que</p><p>quer falar, especificando ou realçando características.</p><p>Nas palavras de Castilho (2012, p. 511):</p><p>1. O adjetivo aceita flexão de grau, expressa por sufixos produtivos,</p><p>como em branquíssimo, ou por terminações que são vestígios do</p><p>latim, como em maior, menor, melhor, pior, ou por Especificadores</p><p>e Complementadores: [mais Adj. do que X], [tão Adj como X], [o</p><p>mais Adj dos X], como em "mais branco do que neve", "tão branco</p><p>como a neve", "a mais branca das neves".</p><p>2. Adjetivos podem ser criados por derivação de modo, expressa</p><p>por {-vel}, como em amável (o que pode ser amado), provável</p><p>(o que pode ser provado). Já os substantivos não aceitam esse</p><p>sufixo, como 'mesável', salvo quando se quer transformá-lo</p><p>em adjetivo, como em 'reitorável, papável, exemplos vindos de</p><p>Rodolfo Ilari, segundo Castilho.</p><p>3. O adjetivo aceita a derivação por {-mente}, transformando-</p><p>se em advérbios como em 'facilmente', que não ocorre com os</p><p>substantivos, como em 'mesamente', salvo quando se pretende</p><p>adverbializá-lo, em que o autor se utiliza de exemplo de Basílio,</p><p>"Morfologia e Castilhamente, um estudo das construções X-mente</p><p>no português do Brasil".</p><p>4. O adjetivo aceita a derivação de quantificação, expressa por {-oso,</p><p>-al}, como em estudioso (o que estuda muito), sensacional (o que</p><p>causa muita sensação), e que não ocorre com os substantivos,</p><p>como 'mesosa, mesal'.</p><p>Exemplo:</p><p>Menino bom</p><p>substantivo + adjetivo</p><p>Bom menino</p><p>adjetivo + substantivo</p><p>Devemos observar que o conceito de qualidade que se atribui ao substantivo</p><p>é discutível quando se trata de certos adjetivos. E, também, precisamos mostrar que</p><p>algumas palavras podem ser substantivos ou adjetivos como referência à qualidade ou</p><p>estado. Não podemos simplesmente entender os adjetivos como termos que acompa-</p><p>nham os substantivos, como se eles tivessem uma identidade definitiva.</p><p>Exemplos: A arte mostra o belo e não o feio. Belo e feio são substantivos,</p><p>precedidos de artigo definido o. “Gosto de comprar frutas maduras e não frutas verdes.</p><p>Maduras e verdes são adjetivos”.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>81</p><p>Vamos ver mais esse exemplo: “Conheço um jovem argentino que gosta do</p><p>Brasil”. E, ainda: “Conheço um argentino jovem que gosta do Brasil”. No primeiro caso,</p><p>temos jovem como substantivo e argentino como adjetivo e no segundo caso, argentino</p><p>como substantivo e jovem como adjetivo.</p><p>Assim, devemos nos atentar para essas situações de mobilidade de posições</p><p>dos termos de uma frase como forma de entender seu significado dentro do contexto.</p><p>No caso dos adjetivos são considerados como modalizadores e qualificadores.</p><p>Os adjetivos modalizadores recobrem três subclasses: epistêmicos</p><p>(envolvendo graus de certeza do falante), deônticos (envolvendo</p><p>necessidade) e discursivos (envolvendo um juízo do falante sobre o</p><p>sentido do substantivo e sobre um participante). Exemplificando: “A</p><p>causa real da crise política são as elites” – adjetivo modalizador epis-</p><p>têmico; “Temos uma decisão obrigatória a tomar no caso da crise po-</p><p>lítica” – adjetivo modalizador deôntico; “Esse aí é um caso espantoso”</p><p>– adjetivo modalizador discursivo (CASTILHO, 2014, p. 524-525).</p><p>Os adjetivos qualificadores agregam ao substantivo traços de</p><p>dimensão e de graduação, entre outros. Por exemplo: em “porque</p><p>às vezes eu vejo assim pontes enormes [...]” (CASTILHO, 2014, p.</p><p>527), o adjetivo é dimensionador. Em “ele tinha um poder de previsão</p><p>incrível” (p. 527), o adjetivo é graduador. Os graduadores, de acordo</p><p>com o autor “predicam substantivos /+graduáveis/, /-concretos/,</p><p>/-contáveis/, de processo, estado, relação, cujas propriedades eles</p><p>graduam para mais (graduadores intensificadores) ou para menos</p><p>(graduadores atenuadores)” (p. 527). Outros exemplos de graduadores</p><p>intensificadores estão nas frases “os musicais fazem um sucesso</p><p>tremendo” e “outras peças ao contrário fazem um sucesso enorme”</p><p>(CASTILHO, 2014, p. 527 apud CARVALHO, 2020, p. 29).</p><p>Agora veremos as características dos adjetivos no nível morfológico. Os adjeti-</p><p>vos podem ser simples, sendo formados por apenas um radical, ou compostos, sendo</p><p>formados por dois ou mais radicais.</p><p>Exemplos de adjetivos simples:</p><p>A menina é inteligente. Pedro está triste.</p><p>Exemplos de adjetivos compostos:</p><p>Meu sapato azul-escuro é o meu preferido.</p><p>A torcida rubro-negra está triste.</p><p>• Adjetivos primitivos e derivados: os adjetivos primitivos possuem o seu próprio</p><p>radical, não sendo formados a partir de outras palavras. Exemplos de adjetivos</p><p>primitivos: feliz, bom, azul, triste, grande, forte.</p><p>Os adjetivos derivados são formados a partir de outras palavras, que podem ser</p><p>adjetivos primitivos, substantivos ou verbos. Exemplos de adjetivos derivados:</p><p>bondoso, apaixonado, angustiado, raivoso, dengoso.</p><p>Highlight</p><p>82</p><p>• Adjetivos biformes e uniformes: os adjetivos biformes apresentam duas formas,</p><p>uma para o gênero masculino e outra para o gênero feminino. Exemplos de adjetivos</p><p>biformes:</p><p>Joana é uma mulher bonita. O mar está calmo.</p><p>Os adjetivos uniformes, também chamados de adjetivos comuns de dois gêneros, apre-</p><p>sentam sempre a mesma forma, quer no gênero feminino, quer no gênero masculino.</p><p>Exemplos de adjetivos uniformes:</p><p>A minha calça é verde. O casaco dele é verde. Lúcia</p><p>está triste. Paulo está triste.</p><p>4.2 FLEXÃO DOS ADJETIVOS</p><p>Vamos estudar agora a flexão dos adjetivos, ou seja, a forma como se apresen-</p><p>tam nos textos, mostrando suas variações em gênero, que podem ser masculinos ou</p><p>femininos e em número, singulares ou plurais.</p><p>a) Flexão dos adjetivos em gênero: masculino e feminino</p><p>Os adjetivos apresentam flexão em gênero. Os adjetivos biformes podem estar</p><p>no masculino ou no feminino e os adjetivos uniformes são comuns desses dois gêneros.</p><p>Exemplos de adjetivos no masculino: simpático, bonito, velho, curioso.</p><p>Exemplos de adjetivos no feminino: simpática, bonita, velha, curiosa.</p><p>Exemplos de adjetivos comuns de dois gêneros: útil, capaz, inteligente, verde,</p><p>feliz, azul, forte, ruim, especial, leal, difícil, fácil, marrom, triste.</p><p>Observação: geralmente, os adjetivos terminados em -e, -z, -m e -l são adjetivos</p><p>uniformes.</p><p>b) Flexão dos adjetivos em número: singular e plural</p><p>Os adjetivos apresentam flexão em número: singular ou plural. Há regras</p><p>específicas para a formação do plural dos adjetivos simples e para a formação do plural</p><p>dos adjetivos compostos. Vamos ver:</p><p>Plural dos adjetivos simples: são utilizadas as mesmas regras de formação do</p><p>plural dos substantivos. Exemplo: A roupa velha. As roupas velhas.</p><p>Plural dos adjetivos compostos: a regra indica que apenas o último elemento</p><p>varia em número, indo para o plural. Contudo, o adjetivo composto se mantém invariável</p><p>se for formado por um substantivo no último elemento.</p><p>Exemplos com flexão do último elemento:</p><p>Minha amiga é afro-brasileira.</p><p>Minhas amigas são afro-brasileiras.</p><p>83</p><p>Exemplos com adjetivos compostos invariáveis:</p><p>O tapete é amarelo-canário.</p><p>Os tapetes são amarelo-canário.</p><p>O vestido é azul-piscina.</p><p>Os tecidos são azul-piscina.</p><p>4.3 GRAU DOS ADJETIVOS</p><p>Os adjetivos flexionam-se também em grau. Eles se apresentam no grau nor-</p><p>mal, no grau comparativo ou no grau superlativo. Os graus dos adjetivos indicam a</p><p>intensidade com que um adjetivo pode caracterizar um substantivo. A mudança de</p><p>grau pode ser realizada por meio de dois processos: sintético ou analítico.</p><p>• Sintético:  feita pelo acréscimo de sufixos aos adjetivos. Exemplo: Paula é belíssima.</p><p>• Analítico:  feita pelo acréscimo de alguma palavra que modifique o adjetivo. Exemplo:</p><p>Paula é muito bela.</p><p>Para melhor compreensão, vamos detalhar melhor a flexão de grau. Começare-</p><p>mos pelo grau comparativo que pode ser de igualdade, superioridade ou inferioridade.</p><p>• Grau comparativo</p><p>◦ Comparativo de igualdade: utiliza-se a combinação de palavras como: “tão…</p><p>quanto”, para comparar em nível de igualdade duas pessoas, situações ou coisas.</p><p>Veja um exemplo: João é tão rico quanto José.</p><p>◦ Comparativo de superioridade: usa-se a combinação “mais … que” ou “mais … do</p><p>que” será possível comparar dois termos em um nível de superioridade. Exemplo:</p><p>Maria é mais organizada que Luíza.</p><p>◦ Comparativo de inferioridade: utiliza-se a combinação “menos…que” ou “menos…</p><p>do que” é possível comparar termos em um patamar de inferioridade, como no</p><p>exemplo: Mário é menos organizado que Luiz.</p><p>• Grau superlativo</p><p>◦ Absoluto: quando o adjetivo atribui uma característica sem fazer relação com</p><p>outros elementos. Geralmente, o grau superlativo absoluto analítico é feito pelo</p><p>acréscimo dos sufixos -íssimo, -ílimo ou -érrimo. Exemplo: Cláudia ficou muito triste</p><p>com sua nota (superlativo absoluto analítico). Cláudia ficou tristíssima com sua</p><p>nota. (superlativo absoluto sintético).</p><p>◦ Relativo: o adjetivo atribui características em relação a outros elementos. O</p><p>superlativo relativo pode ser feito com os graus comparativos de igualdade,</p><p>superioridade e inferioridade. Exemplo: Esta prova é a mais difícil do ano (superlativo</p><p>relativo de superioridade).</p><p>84</p><p>FIGURA 2 – FLEXÃO DOS ADJETIVOS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3AmVul4>. Acesso em: 10 mar. 2021.</p><p>A ilustração da Figura 2 mostra a flexão de grau do adjetivo de forma didática</p><p>para a fixação do conteúdo. Como podemos ver, o grau comparativo pode ser de</p><p>igualdade, superioridade e de inferioridade e o grau superlativo, em modo absoluto</p><p>(analítico e sintético) e relativo, por sua vez de inferioridade e de superioridade. Dessa</p><p>forma, podemos visualizar melhor as possíveis flexões dos adjetivos, inclusive por ter</p><p>várias especificidades.</p><p>Na Nova gramática do português contemporâneo, de Cunha e Cintra</p><p>(2013), o grau é apresentado nos capítulos referentes a substantivo,</p><p>adjetivo e advérbio. No substantivo, o grau é exposto de três formas:</p><p>i) normal, como chapéu e boca; ii) com sua significação exagerada, ou</p><p>intensificada para o grau aumentativo, como em chapelão e bocarra</p><p>(processo sintético – com acréscimo de sufixos) ou chapéu grande e</p><p>boca enorme (processo analítico – com acréscimo de um adjetivo);</p><p>iii) com sua significação atenuada, ou valorizada afetivamente para o</p><p>grau diminutivo, como em chapeuzinho e boquinha (processo sinté-</p><p>tico); chapéu pequeno, boca minúscula (processo analítico). O grau é</p><p>usado para indicar aumento ou diminuição de tamanho, ou “aspectos</p><p>relacionados com essas noções” (CUNHA; CINTRA, 2013, p. 212).</p><p>Segundo os autores, o processo usado para assinalar o grau está</p><p>associado a diferentes valores: o grau analítico expressa a noção</p><p>de tamanho (pela junção dos adjetivos pequeno e grande, ou</p><p>sinônimos, a substantivos); e o grau sintético pode expressar outros</p><p>significados, como valorização ou depreciação (pelo acréscimo</p><p>de sufixos aumentativos), ou como afetividade (pelo acréscimo de</p><p>sufixos diminutivos). O grau do adjetivo, segundo Cunha e Cintra</p><p>(2013), pode ser expresso de forma comparativa ou superlativa. O</p><p>grau comparativo pode indicar a qualidade de um ser em relação</p><p>a outro ser ou, num mesmo ser, uma qualidade em relação a outra</p><p>qualidade – superior, igual ou inferior (CARVALHO, 2020, p. 19).</p><p>85</p><p>Sugerimos a leitura da dissertação de mestrado de Heliene Arantes</p><p>Carvalho com o título Expressão da gradação aumentativa na fala</p><p>manauara, apresentada à Universidade federal de Santa Catarina,</p><p>em 2020. A autora discute a questão do grau nas formas nominais,</p><p>contrapondo a visão de renomados pesquisadores. O texto está</p><p>disponível em: https://bit.ly/3PvM3Xi.</p><p>DICA</p><p>Quando utilizamos mais de uma palavra para dar um significado, denominamos</p><p>de locuções. Nesse momento, vamos conhecer a junção da preposição “de” com um</p><p>substantivo com a equivalência de um adjetivo.</p><p>• Locução adjetiva</p><p>Locução adjetiva é um conjunto de duas ou mais palavras que atuam como</p><p>um adjetivo, caracterizando um substantivo. As locuções adjetivas são formadas</p><p>maioritariamente pela preposição “de” mais um substantivo: Exemplos: amor de mãe</p><p>(relativa ao adjetivo materno); doença de criança (relativa ao adjetivo infantil), dor de</p><p>estômago (estomacal), tratamento de cabelo (capilar).</p><p>Segundo Bechara (2009, p. 123), locução adverbial é “a expressão formada de</p><p>preposição + substantivo ou equivalente com função de adjetivo: homem de coragem =</p><p>homem corajoso, livro sem capa = livro desencapado [...].” E continua a discorrer sobre</p><p>as locuções adjetivas, chamando a atenção para o seu emprego nas frases:</p><p>Apresentamos a seguir algumas locuções adjetivas para que você reconheça</p><p>esses termos ao se apresentarem em uma frase.</p><p>de abelha - apícola;</p><p>de água - hídrico;</p><p>de alma - anímico;</p><p>de dinheiro - pecuniário;</p><p>de erva - herbáceo;</p><p>de paixão - passional;</p><p>de quadril - ciático:</p><p>de serpente - ofídico;</p><p>de fogo - ígneo;</p><p>de ilha - insular;</p><p>de olhos - ocular, ótico ou oftálmico;</p><p>de orelha - auricular;</p><p>de sonho - onírico;</p><p>de velho – senil.</p><p>86</p><p>Há, também, outros tipos de adjetivos que merecem ser mencionados:</p><p>• Adjetivos explicativos: expressam uma qualidade própria do ser: céu  azul,</p><p>fogo quente, mar salgado.</p><p>• Adjetivos restritivos: expressam uma qualidade que não é própria do ser, tornando-o</p><p>único no grupo de referência: casa bonita, homem elegante, menina triste.</p><p>• Adjetivos pátrios: nomeiam as pessoas ou objetos conforme</p><p>o local de origem: inglês,</p><p>paulista, carioca, alemão, francês. Uma observação: são sempre palavras derivadas.</p><p>• Adjetivos adverbializados: assumem a função de advérbio na oração, permane-</p><p>cendo invariáveis. Substituem advérbios de modo terminados em -mente, produzin-</p><p>do um discurso mais rápido, acessível e enfático: Coma rápido esse lanche! (rápido</p><p>= rapidamente).</p><p>• Pronomes adjetivos: são os pronomes que alteram os substantivos. São pronomes,</p><p>mas atuam como se fossem adjetivos porque atribuem particularidades e caracterís-</p><p>ticas ao substantivo: Eu adoro visitar a minha prima.</p><p>O Tópico 1 abordou as duas classes de palavras: o substantivo e o adjetivo.</p><p>Vimos que tanto o substantivo como o adjetivo possuem flexões de gênero e de número</p><p>e carregam algumas exceções, que precisam ser entendidas. Conhecer as locuções</p><p>adjetivas também faz parte desse conteúdo. Depois desses conceitos apresentados,</p><p>você encontra o resumo do tópico e algumas questões de autoatividade.</p><p>87</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Flexão nominal: o substantivo e o adjetivo são partes definidas das classes de</p><p>palavras.</p><p>• Substantivo: uma classe de palavras que nomeia seres, objetos, fenômenos, lugares,</p><p>qualidades, ações, sentimentos. E serve para nomear pessoas também.</p><p>• Os substantivos podem ser classificados em primitivo, derivado, simples, composto,</p><p>próprio, comum, concreto, abstrato e coletivo.</p><p>• Os substantivos são palavras variáveis. Sofrem flexão em gênero, número e grau:</p><p>flexão em gênero: masculinos ou femininos; flexão em número: singular e plural;</p><p>flexão em grau: aumentativo (analítico e sintético) e diminutivo (analítico e sintético).</p><p>• Quanto às formas podem ser: biformes, heterônimos e uniformes (epicenos, comum</p><p>de dois gêneros e sobrecomuns).</p><p>• Adjetivo: acompanha os nomes com o objetivo de modificar o seu sentido. Os adjetivos</p><p>podem ser simples, sendo formados por apenas um radical, ou compostos, sendo</p><p>formados por dois ou mais radicais. Temos: adjetivos primitivos e derivados, adjetivos</p><p>biformes e uniformes.</p><p>• Flexão dos adjetivos: gênero, número e grau: em gênero: masculino e feminino;</p><p>em número: singular e plural. Temos o plural dos adjetivos simples e dos adjetivos</p><p>compostos.</p><p>• Grau dos adjetivos: grau comparativo: igualdade, superioridade e igualdade.</p><p>Grau superlativo: absoluto (sintético e analítico) e relativo (de superioridade e de</p><p>inferioridade).</p><p>• Locução adjetiva: um conjunto de duas ou mais palavras que atuam como um adjetivo,</p><p>caracterizando um substantivo. As locuções adjetivas são formadas maioritariamente</p><p>pela preposição “de” mais um substantivo.</p><p>88</p><p>1 Observe as frases e assinale a alternativa correta em relação à análise morfológica e</p><p>sintática da palavra doce, quanto à classificação e função que exercem:</p><p>I. O doce de goiaba está muito bom. (substantivo e sujeito).</p><p>II. Este café está muito doce. (adjetivo e predicativo do sujeito).</p><p>III. Essa moça é um doce. (substantivo e predicativo do sujeito).</p><p>IV. A fruta doce é ótima para digestão. (adjetivo e adjunto adnominal).</p><p>a) ( ) I e II erradas.</p><p>b) ( ) II e IV erradas.</p><p>c) ( ) III correta e IV errada.</p><p>d) ( ) I correta e II errada.</p><p>e) ( ) Todas estão corretas.</p><p>2 Leia as frases e assinale a alternativa que aponta o que ocorre com os termos subli-</p><p>nhados, no que diz respeito ao sentido que expressam e suas respectivas funções.</p><p>Maria chegou rápido, foi direto à reunião e falou macio com todos. Foram comemorar</p><p>em um bar e pediram Skol, “a cerveja que desce redondo”.</p><p>a) ( ) Adjetivo substantivado.</p><p>b) ( ) Adjetivo adverbializado.</p><p>c) ( ) Substantivo adjetivado.</p><p>d) ( ) Advérbio substantivado.</p><p>e) ( ) Substantivo adverbializado.</p><p>3 (ENADE – 2011) Nos excertos I e II a seguir, encontram-se algumas atividades</p><p>propostas em livros didáticos de língua portuguesa.</p><p>Excerto I</p><p>Atividade com trecho do poema O operário em construção, de Vinícius de Moraes.</p><p>Proposta:</p><p>[...]</p><p>2. Aponte todos os substantivos presentes no texto.</p><p>3. Aponte um substantivo abstrato presente no texto.</p><p>4. Aponte um substantivo concreto presente no texto.</p><p>5. Qual é o único substantivo presente no texto que admite uma forma para o masculino</p><p>e outra para o feminino?</p><p>6. Há, no texto, algum substantivo próprio? Em caso afirmativo, aponte-o.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>89</p><p>Excerto II</p><p>Atividade com o poema Os dias felizes, de Cecília Meireles.</p><p>Proposta:</p><p>1. Reescreva os versos substituindo as palavras destacadas por suas formas plurais.</p><p>a) “A doçura maior da vida/flui na luz do sol” b) “formigas ávidas devoram/ a albumina</p><p>do pássaro frustrado”.</p><p>FONTE: AZEVEDO, D. G. Palavra e criação: língua portuguesa.</p><p>São Paulo: FTD, 1996. v. 8, p. 102 (com adaptações).</p><p>As atividades em I e II:</p><p>a) ( ) Enfatizam a relação lúdica do leitor com o poema, o que permite o aprofundamento</p><p>da leitura.</p><p>b) ( ) Usam os poemas como recurso e pretexto para trabalhar com os alunos tópicos</p><p>de gramática, ignorando aspectos mais relevantes.</p><p>c) ( ) São coerentes com os Parâmetros Curriculares Nacionais, principalmente</p><p>por obedecerem ao princípio de que não se formam bons leitores oferecendo</p><p>materiais de leitura empobrecidos.</p><p>d) ( ) Exploram o sentido dos poemas, a partir de tópicos de gramática, o que está em</p><p>consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais, que propõem, para o</p><p>ensino fundamental, o desenvolvimento das habilidades linguísticas básicas.</p><p>e) ( ) Permitem a aproximação do aluno com a linguagem de poema, atendendo,</p><p>assim, a um dos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino</p><p>Fundamental, o de conhecer e analisar criticamente os usos da língua como</p><p>veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.</p><p>4 A palavra “velho” aparece três vezes no texto. Identifique-os morfológica (classificação)</p><p>e sintaticamente (funções), de acordo como se expressam no texto a seguir:</p><p>Era um velho que estava na família há noventa e nove anos, há mais tempo que os</p><p>velhos móveis, há mais tempo que o velho relógio de pêndulo (Mário Quintana).</p><p>5 Explique o que ocorre, morfológica (classificações) e sintaticamente (funções), nas</p><p>frases a seguir em relação aos termos fator – inflação – índice – desemprego. Perceba</p><p>que se trata de substantivos completos e incompletos.</p><p>O fator inflação preocupa os brasileiros.</p><p>O índice de desemprego aumentou assustadoramente.</p><p>90</p><p>91</p><p>VERBO: ESTRUTURA, FLEXÃO E</p><p>CONJUGAÇÃO</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Iniciamos o Tópico 2 com os estudos sobre os verbos: aspecto, flexão e estrutura</p><p>e, por fim, a conjugação verbal. Os verbos são uma classe de palavras de muito destaque,</p><p>pois dão vida à frase, por meio da indicação de ação, estado ou fenômeno da natureza.</p><p>Usamos os verbos em todos os momentos, justamente por serem importantes</p><p>para a compreensão de uma fala ou de um texto escrito, mas não percebemos a sua</p><p>estrutura e suas peculiaridades.</p><p>É por meio do verbo que podemos analisar a relação com os termos de uma</p><p>frase, pois ele concentra a informação de todo o texto. Importante sempre reconhecer o</p><p>verbo para que se consiga compreender o sentido da mensagem que se quer transmitir.</p><p>UNIDADE 2 TÓPICO 2 -</p><p>2 ASPECTO VERBAL</p><p>O estudo dos verbos é primordial para a compreensão do processo sintático,</p><p>porque eles centralizam as funções dos termos nas orações. Todos os termos,</p><p>numa perspectiva sintática, giram em torno do verbo, identificando o sujeito e os</p><p>complementos. Segundo Bagno (2012, p. 508), o verbo é “o núcleo de todo e qualquer</p><p>enunciado significativo”.</p><p>Voltando ao assunto das classes de palavras, vamos reforçar que os</p><p>substantivos denominam as pessoas, os objetos, os sentimentos, entre outros, e são</p><p>muito importantes para a compreensão do que se quer comunicar. Em termos mais</p><p>amplos, exercem várias funções nos estudos de análise sintática. Cabe aqui fazer</p><p>uma colocação sobre o avanço das pesquisas dos linguistas em relação às classes de</p><p>palavras com sentido restrito de entendimento.</p><p>Vamos ver uma situação relacionada ao verbo. A sintaxe</p><p>também mostra</p><p>flexibilidade para as suas análises. Podemos exemplificar com a frase: O leite ferveu.</p><p>Antes, aprendíamos que leite é o sujeito, ferveu é o verbo e estão na voz ativa. Entende-</p><p>se sujeito aquele que pratica a ação. No entanto, se pensarmos um pouco o leite não</p><p>praticou qualquer ação, e sim sofreu ação. Então temos um caso de um sujeito agente</p><p>92</p><p>(voz ativa), mas que tem o sentido de sujeito paciente (voz passiva). Então, temos: leite</p><p>como sujeito paciente, ferveu (verbo em 3 ª pessoa do singular, pretérito perfeito do</p><p>indicativo, na voz ativa).</p><p>O verbo traz a força de uma ação ou a reação sofrida por essa. Importante notar,</p><p>por meio de exemplos diferentes, a presença do verbo:</p><p>O cio da terra</p><p>Chico Buarque</p><p>Debulhar o trigo</p><p>Recolher cada bago do trigo</p><p>Forjar no trigo o milagre do pão</p><p>E se fartar de pão</p><p>Decepar a cana</p><p>Recolher a garapa da cana</p><p>Roubar da cana a doçura do mel</p><p>Se lambuzar de mel</p><p>Afagar a terra</p><p>Conhecer os desejos da terra</p><p>Cio da terra, propícia estação</p><p>E fecundar o chão...</p><p>Composição: Chico Buarque / Milton Nascimento</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/milton-nascimento/47414/>. Acesso em: 20 jun. 2021.</p><p>Uma sequência de ações que retrata uma situação específica. Um exemplo</p><p>de como se pode trabalhar os verbos em um texto e o sentido que eles oferecem à</p><p>mensagem. Uma opção para os professores que precisam reforçar esse conteúdo. E,</p><p>mais uma ideia: se você pedisse para substantivar o verbo? Ou sugerisse para mudar o</p><p>tempo dos verbos, ou ainda transformar a letra da música em texto corrido, em prosa,</p><p>ou até uma série de desenhos para retratar as cenas?</p><p>Mais um exemplo: uma receita culinária. Você já percebeu quantas palavras</p><p>temos em uma simples receita? Substantivo, adjetivo, pronome, preposição, conjunção,</p><p>advérbio, artigo e verbo. Sim, os verbos estão aí para orientar as ações do confeiteiro.</p><p>Highlight</p><p>DICA PARA PROFESSORES</p><p>93</p><p>Brigadeiro</p><p>Ingredientes</p><p>1 lata de leite condensado</p><p>½ medida de lata de leite</p><p>1 colher (sopa) de manteiga</p><p>3 colheres (sopa) de chocolate em pó</p><p>2 xícaras (chá) de chocolate granulado</p><p>Modo de preparo</p><p>Você vai precisar de 30 forminhas de brigadeiro</p><p>Com um pincel, unte um prato com um pouco de manteiga. Reserve.</p><p>Separe as forminhas umas das outras com cuidado e disponha numa travessa pequena.</p><p>Reserve.</p><p>Numa panela, misture o leite e o chocolate em pó. Leve ao fogo baixo e mexa bem, até</p><p>dissolver o chocolate.</p><p>Junte o leite condensado, a manteiga e, quando ferver, calcule 15 minutos cozinhando,</p><p>sem parar de mexer, ou até aparecer o fundo da panela. Retire a panela do fogo e</p><p>transfira o brigadeiro para o prato untado. Deixe esfriar.</p><p>Numa tigela, coloque o chocolate granulado e deixe ao lado do prato com a massa de</p><p>brigadeiro.</p><p>Espalhe um pouco de manteiga na palma das mãos e, com a ajuda de 1 colher de chá,</p><p>faça bolinhas E passe-as pela tigela com o chocolate granulado.</p><p>Em seguida, coloque as bolinhas nas forminhas. Sirva a seguir.</p><p>FONTE: A autora</p><p>Exemplos não faltam para podermos analisar os termos das frases. Textos</p><p>literários são fartos. Até bula de remédio traz muitas palavras. É importante saber que</p><p>as palavras são flexíveis quanto às suas funções. Sabemos que o verbo pode ter o valor</p><p>de um adjetivo também, como por exemplo: O documento foi anexo ao requerimento.</p><p>Anexo = verbo no particípio passado com o valor de adjetivo, pois se refere a documento.</p><p>Ou, ainda: Ela foi a mulher escolhida para representar a cidade. Nesse caso, escolhida</p><p>(verbo no particípio passado) está relacionada ao substantivo mulher.</p><p>Os verbos apresentam uma grande complexidade de classificações. Vamos</p><p>começar pela estrutura, mostrando o seu significado e sua importância no contexto de</p><p>fala e de escrita.</p><p>Vamos falar da composição do verbo, em que os radicais, as vogais temáticas e</p><p>as desinências são itens imprescindíveis para entendermos a forma como os verbos se</p><p>flexionam e se conjugam.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>94</p><p>3 ESTRUTURA VERBAL</p><p>Define-se verbo como um indicador de uma ação, um estado, um processo ou</p><p>um fenômeno. O verbo é uma palavra variável e flexiona-se em número, pessoa, modo,</p><p>tempo, aspecto e voz. É um termo muito importante dentro das classes de palavras,</p><p>fazendo com que as orações e os períodos se desenvolvam em torno dele. Aqui podemos</p><p>elencar alguns itens que indicam o verbo em uma frase:</p><p>• ação (andar, correr, pular);</p><p>• estado ou mudança de estado (ser, ficar);</p><p>• fenômeno natural (chover, nevar);</p><p>• ocorrência (acontecer, suceder);</p><p>• desejo (querer, desejar), entre outros processos.</p><p>FIGURA 3 – VERBOS</p><p>FONTE: <https://www.xmind.net/m/88nb/>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>95</p><p>Os verbos apresentam muitas possibilidades de flexão, e estudamos os tempos</p><p>verbais, nos modos indicativo e subjuntivo e formas nominais, e, entre categorias de</p><p>número e pessoa, referem-se a três pessoas no singular e três pessoas no plural.</p><p>Ele se flexiona em número (singular ou plural), pessoal (primeira, segunda ou</p><p>terceira), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo), tempo (presente, pretérito ou fu-</p><p>turo) e voz (ativa, passiva ou reflexiva).</p><p>Do ponto de vista morfológico tempos do imperativo afirmativo e do imperativo</p><p>negativo não se incluem nessa categoria porque não são considerados tempos verbais,</p><p>mas verbos de situação.</p><p>As suas formas são emprestadas pelo presente do subjuntivo e presente do</p><p>indicativo. A estrutura básica dos verbos é simples: R + VT + DMT + DNP (radical, mais</p><p>vogal temática, mais desinência modo-temporal, mais desinência número-pessoal),</p><p>sempre nessa ordem:</p><p>TEMA DESINÊNCIAS</p><p>verbo R VT DMT DNP</p><p>cantávamos cant- -a- -va- -mos</p><p>escrever escrev- -e- -r -</p><p>brotam brot- -a- - -m</p><p>Observe que nos verbos, a vogal temática é geralmente tônica, ao contrário dos</p><p>nomes, nos quais é átona e tem a função de distribuir os verbos em conjugações:</p><p>a) primeira conjugação: fal-a-r, brinc-a-r, jog-a-r.</p><p>b) segunda conjugação: beb-e-r, faz-e-r, mord-e-r.</p><p>c) terceira conjugação: fug-i-r, ouv-i-r, sorr-i-r.</p><p>96</p><p>FIGURA 4 – ESTRUTURA VERBAL</p><p>FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/810859107900273458/>. Acesso em: 13 mar. 2021.</p><p>Como podemos ver, os verbos possuem sua estrutura composta e, quando</p><p>conjugados, são compostos por um radical, uma vogal temática, uma desinência</p><p>modo-temporal e uma desinência número-pessoal. Para que os verbos possam exercer</p><p>sua função, devem ser flexionados de várias maneiras, de acordo com o que se quer</p><p>expressar nas frases, orações ou períodos.</p><p>Mais uma vez, as desinências verbais são morfemas que indicam nas conju-</p><p>gações verbais, o modo, que pode ser: indicativo ou subjuntivo, o tempo – presente,</p><p>passado, futuro –, o número (singular ou plural) e a pessoa (o sujeito da ação acompa-</p><p>nhado dos pronomes pessoais do caso reto: eu, tu, ele, nós, vós, eles).</p><p>Explicando melhor, as desinências são as terminações dos verbos por meio de</p><p>suas flexões. As desinências são assim classificadas:</p><p>• Desinência modo temporal: indica o modo e o tempo em que a ação ocorre, por</p><p>exemplo: "estuda-vas" (pretérito imperfeito do modo indicativo).</p><p>• Desinência número pessoal: indica o número e a pessoa do verbo, por exemplo:</p><p>“estud-o" (primeira pessoa do singular “eu”).</p><p>Vamos passar para as flexões verbais, momento em que aprenderemos a ver que</p><p>o verbo é a classe que mais oferece flexões: de pessoa, de número, voz, tempo e modo.</p><p>4 FLEXÃO VERBAL</p><p>Agora vamos estudar as formas flexionadas dos verbos, que se apresentam em</p><p>pessoa, número, tempo, modo e voz. É muito importante conhecer a maneira como</p><p>ocorrem as flexões para entendermos o sentido da frase e estabelecer as relações do</p><p>verbo com os termos com os outros termos.</p><p>97</p><p>FIGURA 5 – FLEXÃO VERBAL</p><p>FONTE: <https://www.xmind.net/m/88nb/>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>A flexão verbal pode ser em número, pessoa, modo, tempo e voz.</p><p>a. Flexão em número:  singular (um sujeito) e plural (vários sujeitos). O verbo</p><p>pode se</p><p>referir a uma pessoa ou mais e deve concordar, formando o singular ou o plural.</p><p>b. Flexão em pessoa:  refere-se às três pessoas relacionadas ao discurso, represen-</p><p>tadas tanto no modo singular, quanto no plural. São elas:</p><p>1ª (quem fala: eu e nós);</p><p>2ª (com quem se fala: tu e vós);</p><p>3ª (de quem se fala: ele e eles).</p><p>A indicação de número (singular ou plural) acompanha a pessoa gramatical a</p><p>que o verbo se refere.</p><p>Vamos fazer uma observação importante: usamos você e vocês na nossa fala e</p><p>escrita cotidiana no lugar de tu e de vós na maior parte do país. E, ainda, usamos a gente</p><p>para dizer nós. Assim, devemos considerar essas pessoas na hora de conjugar os verbos</p><p>da seguinte forma: Eu falo, tu falas/você fala, ele/ela fala/ a gente fala, nós falamos,</p><p>vós falais (aqui, como já dissemos, é uma maneira utilizada em textos sacros, arcaicos,</p><p>literários)/vocês falam e eles/elas/falam.</p><p>Não tem cabimento, por exemplo, apresentar o paradigma da</p><p>conjugação verbal com as seis pessoas do português clássico – eu,</p><p>tu, ele(a), nós vós, eles(as) –, já que essa conjugação não corresponde</p><p>a absolutamente nenhum uso real de nenhuma das variedades do</p><p>português brasileiro falado ou escrito, nem do português europeu,</p><p>angolano, moçambicano etc. É imperioso que se apresente os</p><p>diferentes paradigmas verbais em vigor no PB contemporâneo, com</p><p>você, com a gente, com tu foste e com tu foi etc., porque são esses</p><p>paradigmas variáveis que de fato estão vivos na nossa sociedade</p><p>(BAGNO, 2012, p. 32).</p><p>98</p><p>A questão é que se trata dos ensinamentos de gramática baseados nas normas</p><p>e que não é uma realidade em todas as escolas e cursos, pois sabemos que a exigência</p><p>da chamada norma culta existe em muitos segmentos da sociedade e, como toda</p><p>mudança, tem que ser gradual. Ainda utilizamos princípios da gramática normativa e, a</p><p>partir de noções já adquiridas podemos avançar para outras discussões.</p><p>Sugerimos a leitura do texto de Marlison Soares Gomes, publicado em</p><p>2019, com o título A gramática pedagógica do português brasileiro</p><p>(BAGNO, 2012) e o Ensino de Gramática, que faz uma análise da</p><p>gramática a que se refere o título, de autoria do linguista Marcos Bagno.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3QDeuEc.</p><p>DICA</p><p>c. Flexão em modo:  indicativo (indica realidade); subjuntivo (indica possibilidade);</p><p>imperativo (indica ordem); formas nominais (infinitivo, particípio e gerúndio).</p><p>O modo infinitivo expressa ação direta. A pessoa que fala (o emissor) mostra</p><p>uma ideia de certeza e segurança, exprimindo a ação com precisão. Utiliza os tempos</p><p>verbais: presente, passado ou pretérito e futuro.</p><p>Exemplos:</p><p>Eu estudo todos dias.</p><p>Comprarei um celular amanhã.</p><p>Ontem fiz um bolo de cenoura.</p><p>O modo subjuntivo expressa uma ação possível, mas incerta, que ainda não foi</p><p>realizada e que depende de outra ação. A pessoa que fala (o emissor) apresenta uma</p><p>ideia de dúvida, expondo a ação com imprecisão ou uma possibilidade. Exemplos: Se</p><p>você chegasse na hora certa, começaríamos a aula. Quando você sair, feche a porta. Os</p><p>tempos verbais do modo subjuntivo são constantes nas orações subordinadas, pois são</p><p>ações não concluídas e necessitam de ações complementares.</p><p>O pesquisador Marcos Bagno chama atenção para o ensino do subjuntivo:</p><p>[...], o subjuntivo ainda apresenta grande vitalidade nos gêneros</p><p>textuais mais monitorados, servindo mesmo como marca de</p><p>avaliação do uso eficiente da língua, sobretudo da escrita mais</p><p>monitorada. Por isso, é importante ensinar as formas e os empregos</p><p>do subjuntivo para um aluno que, em sua ampla maioria, não domina</p><p>com segurança esse modo verbal. Esse ensino, evidentemente,</p><p>não se faz pela memorização de paradigmas de conjugação mas,</p><p>sempre, pela reflexão sobre o uso que se faz desse modo em textos</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>99</p><p>autênticos. Cabe dar ênfase sobretudo aos verbos irregulares – ser,</p><p>ter, fazer, dizer, saber, haver, ver, ir, vir, dar, querer, poder, estar –, que</p><p>são irregulares justamente por serem os mais empregados da língua</p><p>(BAGNO, 2012, p. 566).</p><p>O modo imperativo mostra uma ordem, um pedido, um apelo ou um conselho.</p><p>O emissor exige algo, exprimindo o que quer que outra pessoa faça. Temos o imperativo</p><p>afirmativo: Volte cedo para casa e imperativo negativo: Não grite!</p><p>d. Flexão em tempo:  passado (acontecimento anterior ao momento em que se fala);</p><p>presente (acontecimento simultâneo ao momento em que se fala); futuro (acontecimento</p><p>posterior ao momento em que se fala). Quando se utiliza verbo em uma frase, temos que</p><p>observar o tempo do acontecimento – presente, passado ou futuro – e o modo que se</p><p>utiliza para expressar a ideia – indicativo, subjuntivo ou imperativo.</p><p>O modo indicativo possui os seguintes tempos verbais:</p><p>→ Presente.</p><p>→ Pretérito perfeito.</p><p>→ Pretérito imperfeito.</p><p>→ Pretérito mais-que-perfeito.</p><p>→ Futuro do presente.</p><p>→ Futuro do pretérito.</p><p>O modo subjuntivo possui os seguintes tempos verbais:</p><p>→ Presente.</p><p>→ Pretérito imperfeito.</p><p>→ Futuro.</p><p>O modo imperativo possui duas formas distintas:</p><p>→ Imperativo afirmativo.</p><p>→ Imperativo negativo.</p><p>e. Flexão em voz:  ativa (sujeito gramatical é o agente da ação); passiva (sujeito gra-</p><p>matical é o paciente da ação); reflexiva (sujeito gramatical é agente e paciente da ação).</p><p>A voz verbal está relacionada com o ser a que o verbo se refere e o processo que</p><p>esse verbo exprime. Temos três tipos de vozes verbais:</p><p>• voz ativa: o ser a que o verbo se refere é o agente verbal, ou agente da ação. Exemplo:</p><p>Maria comprou um vestido de festa. Nesse caso, o verbo comprou refere-se à ação</p><p>de Maria, pois é o agente da ação.</p><p>Highlight</p><p>100</p><p>• voz passiva: o ser a que o verbo se refere é o paciente da ação, aquele que recebe a</p><p>ação. Exemplo: A menina foi sequestrada. Observamos, aqui, que a menina sofreu a</p><p>ação, sendo, portanto, paciente da ação verbal.</p><p>Conforme o seu processo de formação, a voz passiva pode ser classificada em voz</p><p>passiva analítica e voz passiva sintética. Voz passiva analítica: as frases apresentam</p><p>a seguinte estrutura: sujeito paciente + verbo auxiliar + particípio + preposição +</p><p>agente da passiva. Exemplos: O doce foi comido pela minha neta. Os móveis foram</p><p>consertados pelo marceneiro.</p><p>Na voz passiva sintética as frases apresentam a seguinte estrutura:</p><p>verbo transitivo + pronome se + sujeito paciente. Exemplos: Comeu-se o doce.</p><p>Consertaram-se os móveis.</p><p>• voz reflexiva: o ser a que o verbo se refere é o agente e o paciente ao mesmo tempo,</p><p>pois age sobre si mesmo. Exemplo: João se cortou durante o almoço. Nesse caso,</p><p>o verbo cortar indica que João praticou e sofreu a ação ao mesmo tempo, sendo</p><p>agente e paciente da ação verbal, processo que leva o nome de ação reflexiva.</p><p>Conversão da voz ativa na voz passiva</p><p>Podemos observar que na passagem da voz ativa para a voz passiva ocorrem algumas</p><p>mudanças:</p><p>Conversão da voz ativa na voz passiva analítica</p><p>O sujeito se transforma em agente da passiva.</p><p>O objeto direto se transforma no sujeito da passiva.</p><p>O verbo transitivo se transforma em locução verbal.</p><p>Exemplo de conversão da voz ativa na voz passiva analítica:</p><p>Na voz ativa temos: O aluno leu o livro de poesias.</p><p>O sujeito (o aluno) passa para agente da passiva (pelo aluno).</p><p>O objeto direto passa para sujeito da passiva (o livro de poesias).</p><p>O verbo transitivo (leu) passa para locução verbal (foi lido).</p><p>Na voz passiva analítica fica assim: O livro de poesias foi lido pelo aluno.</p><p>Conversão da voz ativa na voz passiva sintética</p><p>O objeto direto se transforma no sujeito da passiva.</p><p>O sujeito se transforma na partícula apassivadora se.</p><p>Não há agente da passiva e o verbo transitivo mantém-se.</p><p>Exemplo de conversão da voz ativa na voz passiva sintética:</p><p>NOTA</p><p>101</p><p>Na voz ativa temos: O aluno leu o livro de poesias.</p><p>O objeto direto passa para sujeito da passiva (o livro de poesias).</p><p>O sujeito (o aluno) passa para partícula apassivadora (se).</p><p>Não há agente da passiva e o verbo transitivo mantém-se da</p><p>mesma</p><p>forma.</p><p>Na voz passiva sintética fica assim: Leu-se o livro de poesias.</p><p>Conhecendo a estrutura que os verbos e a maneira como eles se apresentam</p><p>e se relacionam com os termos de uma frase, faz-se necessário entender como se</p><p>conjugam. Esse é o próximo ponto que abordaremos.</p><p>5 PADRÃO GERAL DE FLEXÃO VERBAL</p><p>Vamos conhecer como se classificam os verbos, de acordo com um padrão</p><p>estabelecido. A partir desse ponto, poderemos nos aprofundar nos verbos regulares e</p><p>irregulares que apresentam variedade de conjugações. Temos que saber reconhecer os</p><p>tipos de verbos e como eles se comportam nas falas e em textos escritos para evitar</p><p>erros crassos.</p><p>FIGURA 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS</p><p>FONTE: <https://www.xmind.net/m/88nb/>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>102</p><p>Os verbos classificam-se em:</p><p>a) Regulares: quando segue o modelo da conjugação, ou seja, radical igual em todas</p><p>as pessoas. Uma dica: experimente conjugá-lo no presente do indicativo e no</p><p>pretérito perfeito do indicativo, se ele for regular nesses dois tempos, será regular</p><p>nas demais formas.</p><p>b) Irregulares: quando se afasta do modelo da conjugação, ou seja, há terminações</p><p>diferentes em todas as conjugações. Uma dica: experimente conjugá-lo no presente</p><p>do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e se houver qualquer irregularidade,</p><p>nesses dois tempos, será considerado irregular.</p><p>c) Verbos anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no radical.</p><p>Exemplos: ser: sou, é, fui, era, serei, seria.</p><p>d) Verbos Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa.</p><p>Exemplos: falir, reaver, precaver não possuem as 1ª, 2ª e 3ª pessoas do presente do</p><p>indicativo e do presente do subjuntivo inteiro.</p><p>e) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor.</p><p>Exemplos de verbos abundantes:</p><p>aceitar: aceitado e aceito</p><p>acender: acendido e aceso</p><p>eleger: elegido e eleito</p><p>entregar: entregado e entregue</p><p>enxugar: enxugado e enxuto</p><p>expulsar: expulsado e expulso</p><p>imprimir: imprimido e impresso</p><p>limpar: limpado e limpo</p><p>murchar: murchado e murcho</p><p>suspender: suspendido e suspenso</p><p>tingir: tingido e tinto</p><p>Observações:</p><p>Ocorrem geralmente no particípio: particípio regular, terminado em  -ado ou -ido,</p><p>usado na voz ativa, com o auxiliar  ter  ou  haver; particípio irregular, com  outra</p><p>terminação diferente, usado na voz passiva, com o auxiliar ser ou estar.</p><p>Os verbos abrir, cobrir, dizer, escrever, fazer, pôr, ver e vir só possuem o particí-</p><p>pio irregular: aberto, coberto, dito, escrito, feito, posto, visto e vindo.</p><p>f) Auxiliar: quando se junta a outro verbo, denominado principal, com o sentido de am-</p><p>pliar ou legitimar uma ideia. O verbo auxiliar + verbo principal recebe o nome de locu-</p><p>ção verbal. Exemplos: Daqui a pouco poderá chover. Tínhamos estudado bastante.</p><p>103</p><p>6 FORMAS NOMINAIS DOS VERBOS</p><p>As formas nominais do verbo são representadas pelo infinitivo, pelo particípio</p><p>e pelo gerúndio. Não fazem parte de nenhum tempo ou modo verbal. São chamadas de</p><p>formas nominais porque desempenham tanto função de verbo, como função de nome.</p><p>É isso que veremos agora.</p><p>FIGURA 7 – FORMAS NOMINAIS DOS VERBOS</p><p>FONTE: <https://www.xmind.net/m/88nb/>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>Para entender as formas nominais, é importante ressaltar que os verbos se</p><p>apresentam de várias maneiras, ou melhor, na conjugação de um verbo, encontramos</p><p>algumas formas (ou tempos) que dão origem a outras, e assim distinguimos formas</p><p>primitivas e derivadas.</p><p>Formas primitivas referem-se aos verbos cujos radicais ou temas são usados</p><p>na formação de outros tempos. Os tempos (ou formas) primitivos são: presente do</p><p>indicativo, pretérito perfeito do indicativo e infinitivo impessoal. Formas derivadas são</p><p>aquelas cujos radicais ou temas verbais são obtidos de um dos tempos primitivos ou do</p><p>infinitivo impessoal. São eles:</p><p>• tempos derivados do presente do indicativo: presente do subjuntivo, imperativo</p><p>afirmativo e imperativo negativo.</p><p>• tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo: pretérito mais-que-perfeito do</p><p>indicativo, pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do subjuntivo.</p><p>• tempos derivados do infinitivo impessoal: futuro do presente, futuro do pretérito e</p><p>pretérito imperfeito do indicativo.</p><p>O infinitivo impessoal dá origem às três formas nominais que são: infinitivo</p><p>pessoal, gerúndio e particípio. Não fazem parte de nenhum tempo ou modo verbal. São</p><p>chamadas de formas nominais porque desempenham tanto função de verbo, como</p><p>função de nome.</p><p>104</p><p>Explicando melhor, os verbos podem ainda se apresentar em suas formas no-</p><p>minais. Isso se deve ao fato de assumirem a função de substantivos, adjetivos ou ainda</p><p>advérbios. As formas nominais são classificadas em infinitivo (pessoal ou impessoal) –</p><p>terminação -r, gerúndio – terminação –ndo, ou particípio – terminação –do.</p><p>a) Infinitivo</p><p>O infinitivo pode atuar como um substantivo, o particípio pode atuar como um</p><p>adjetivo, e o gerúndio, como um advérbio.</p><p>Exemplos:</p><p>Infinitivo como substantivo: Lutar é sofrer!</p><p>Particípio como adjetivo: O aluno é dedicado aos estudos.</p><p>Particípio como adjetivo: Saindo, bata a porta.</p><p>O infinitivo representa o DNA do verbo, ou melhor dizendo, a sua identidade.</p><p>Ele se apresenta em sua forma natural. O infinitivo transmite a ideia de uma ação ou</p><p>estado, sem ideia de tempo e pode assumir uma função semelhante a um substantivo.</p><p>O infinitivo pode ser classificado em infinitivo pessoal (flexionado) e infinitivo impessoal</p><p>(não flexionado):</p><p>• Infinitivo pessoal: apresenta as terminações iguais às do futuro do subjuntivo nos ver-</p><p>bos regulares e é usado em situações em que há um sujeito definido ou em que se pre-</p><p>tende definir esse sujeito. Exemplos: verbo dar: dar, dares, dar, darmos, dardes, darem;</p><p>verbo saber: saber, saberes, saber, sabermos, saberdes, saberem;</p><p>verbo medir: medir, medires, medir, medirmos, medirdes, medirem.</p><p>• Infinitivo impessoal: apresenta as terminações do infinitivo impessoal, que são -ar</p><p>para os verbos da 1ª conjugação, -er para os verbos da 2ª conjugação e -ir para</p><p>os verbos da 3ª conjugação e usado geralmente em locuções verbais, em verbos</p><p>preposicionados ou quando não há um sujeito definido. Exemplos: verbo dar: dar;</p><p>verbo saber: saber; verbo medir: medir.</p><p>b) Particípio</p><p>Indica o estado da ação depois de finalizada, transmitindo assim uma noção</p><p>de conclusão de ação verbal. O particípio é usado na formação de tempos verbais</p><p>compostos. A maioria dos verbos mostra um particípio regular, terminado em -ado</p><p>na 1ª conjugação e em -ido na 2ª e na 3ª conjugação. Exemplos:  falar: falado, amar:</p><p>amado, estar: estado, ter: tido, partir: partido.</p><p>É importante observar que há verbos que se apresentam tanto no particípio</p><p>regular como no particípio irregular, geralmente, terminados em -to ou -so. Exemplos:</p><p>pagar: pagado e pago; extinguir: extinguido e extinto; eleger: elegido e eleito; ganhar:</p><p>ganhado e ganho; exprimido e expresso.</p><p>105</p><p>O particípio regular é usado preferencialmente na voz ativa, com os verbos</p><p>auxiliares ter e haver. O particípio irregular é usado preferencialmente na voz passiva,</p><p>com os verbos auxiliares ser e estar. Exemplo: Ele pensou que tivesse imprimido o</p><p>documento (voz passiva) e você prefere o documento impresso? (voz ativa).</p><p>c) Gerúndio</p><p>Mostra o estado de uma ação prolongada, que ainda está acontecendo, com</p><p>uma noção de continuidade de ação verbal. Os verbos da 1ª conjugação terminam</p><p>em -ando, os da 2ª conjugação terminam em -endo e os da 3ª conjugação terminam</p><p>em -indo. Exemplos de gerúndios: estudar: estudando; comprar: comprando, sentir:</p><p>sentindo; fazer: fazendo. Os alunos estão saindo da aula mais cedo.</p><p>Além dos tempos compostos do indicativo e do subjuntivo, existem também</p><p>três formas nominais compostas. São eles:</p><p>Forma nominal composta Formação Exemplo</p><p>Infinitivo pessoal composto:</p><p>indica um fato passado já</p><p>concluído.</p><p>Acompanha o modelo de uso do</p><p>infinitivo pessoal simples.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>infinitivo pessoal</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Eu) ter falado</p><p>(Tu) teres</p><p>falado</p><p>(Ele) ter falado</p><p>(Nós) termos falado</p><p>(Vós) terdes falado</p><p>(Eles) terem falado.</p><p>Infinitivo impessoal composto:</p><p>indica um fato passado já</p><p>concluído. Igual ao uso do</p><p>infinitivo impessoal simples.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>infinitivo impessoal</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>ter falado.</p><p>Gerúndio composto: indica uma</p><p>ação prolongada que terminou</p><p>antes da ação da oração principal.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>gerúndio</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>tendo falado.</p><p>Vimos até agora as formas como os verbos se flexionam, como se classificam</p><p>e suas formas nominais. A partir desses conhecimentos é possível compreender a</p><p>maneira como conjugamos os verbos regulares e irregulares.</p><p>7 CONJUGAÇÃO VERBAL</p><p>As conjugações são agrupadas com base nas suas três terminações, de acordo</p><p>com as vogais temáticas: -a, -e/o e -i. Para cada uma dessas conjugações há um</p><p>modelo que indica as formas verbais.</p><p>106</p><p>Quanto à classificação, os verbos podem ser regulares e irregulares. Os verbos</p><p>regulares são aqueles verbos que seguem o modelo de sua conjugação de acordo com</p><p>os modelos de 1ª, 2ª e 3ª. Então, vamos saber as peculiaridades desses verbos.</p><p>FIGURA 8 – TEMPOS VERBAIS</p><p>FONTE: <https://www.xmind.net/m/88nb/>. Acesso em: 20 maio 2021.</p><p>Os verbos podem ser:  regulares, pois obedecem a um modelo próprio da</p><p>respectiva conjugação e irregulares, pois não seguem nenhum modelo de conjugação e</p><p>podem apresentar irregularidades no radical ou nas terminações.</p><p>Apresentamos aqui um esquema com os modos e tempos dos verbos, que</p><p>utilizaremos para entender as conjugações de verbos regulares e irregulares. Note que</p><p>são as formas simples desses verbos. Depois mostraremos as formas compostas e seus</p><p>modelos de conjugação.</p><p>QUADRO 1 – MODOS E TEMPOS DOS VERBOS</p><p>MODO INDICATIVO</p><p>Exprime uma ação, um fato, a</p><p>certeza de um acontecimento,</p><p>quer no presente, no passado</p><p>ou no futuro.</p><p>Presente</p><p>Passado ou pretérito</p><p>Futuro</p><p>perfeito</p><p>imperfeito</p><p>mais-que-perfeito</p><p>do presente</p><p>do pretérito</p><p>futuro</p><p>do presente</p><p>do pretérito</p><p>107</p><p>MODO SUBJUNTIVO</p><p>Exprime uma ação incerta, duvidosa, um</p><p>fato que pode não acontecer.</p><p>Presente</p><p>Pretérito imperfeito</p><p>Futuro</p><p>MODO IMPERATIVO</p><p>Exprime uma ordem, um convite,</p><p>um conselho ou um pedido.</p><p>Presente</p><p>afirmativo</p><p>negativo</p><p>FONTE: A autora</p><p>Os verbos regulares, aqueles que obedecem à risca o seu modelo de conjuga-</p><p>ção. São três terminações e para conjugar um verbo regular, é só substituir o radical do</p><p>verbo usado pelo radical do verbo pretendido, uma vez que a vogal temática e as desi-</p><p>nências não se alteram.</p><p>Os verbos irregulares são aqueles que não seguem um modelo de conjugação.</p><p>Apresenta variações de forma nos radicais ou nas desinências. Para que se consiga</p><p>entender esse tipo de conjugação, é importante seguir o esquema de formação dos</p><p>tempos simples, uma vez que as irregularidades dos tempos primitivos geralmente</p><p>correspondem aos tempos derivados. Vamos estudar os dois tipos: os regulares e os</p><p>irregulares e alguns exemplos de conjugações.</p><p>7.1 VERBOS REGULARES</p><p>Definem-se como os verbos com modelos fixos de conjugação verbal, não</p><p>apresentando alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados. Exemplos</p><p>de verbos regulares da 1ª conjugação: estudar, falar, amar, cantar. Exemplos de verbos</p><p>regulares da 2ª conjugação: viver, beber, comer. Exemplos de verbos regulares da 3ª</p><p>conjugação: partir, dividir, assistir.</p><p>Veremos a seguir alguns exemplos de verbos em seus modos indicativo e</p><p>subjuntivo. Vale mostrar, também, o modo imperativo, ele se apresenta na forma</p><p>afirmativa e na forma negativa. Como se dá a conjugação dos verbos? Vamos ver esse</p><p>modelo de verbo regular.</p><p>108</p><p>QUADRO 2 – CONJUGAÇÃO VERBAL</p><p>FONTE: A autora</p><p>Lembrando que radical é a parte da palavra que se mantém igual nas diferentes</p><p>conjugações do verbo, porque é a raiz da palavra (ou seja, a base dela). Desinência é</p><p>a parte da palavra que se altera de acordo com a conjugação. E, ainda, os verbos têm</p><p>uma vogal temática, que define a conjugação da qual o verbo pertence.</p><p>Os verbos regulares, de forma simples, configuram-se seguindo o mesmo</p><p>modelo. Vamos conjugar os verbos regulares, em suas três terminações (-ar, -er, -ir),</p><p>nos modos indicativo e subjuntivo, nos tempos presente, passado ou pretérito e futuro</p><p>e as pessoas do singular e do plural.</p><p>Exemplos de emprego de verbos no modo indicativo:</p><p>FONTE: MEIRELES, C. Retrato. Disponível em: <https://www.escritas.org/pt/t/1505/retrato>. Acesso</p><p>em: 10 set. 2021.</p><p>Retrato</p><p>Cecília Meireles</p><p>Eu não tinha este rosto de hoje,</p><p>Assim calmo, assim triste, assim magro,</p><p>Nem estes olhos tão vazios,</p><p>Nem o lábio amargo.</p><p>Eu não tinha estas mãos sem força,</p><p>Tão paradas e frias e mortas; modo indicativo</p><p>Eu não tinha este coração</p><p>Que nem se mostra.</p><p>Eu não dei por esta mudança,</p><p>Tão simples, tão certa, tão fácil:</p><p>— Em que espelho ficou perdida</p><p>a minha face?</p><p>109</p><p>Exemplos de emprego de verbos no modo subjuntivo:</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/alcione/44027/>. Acesso em: 30 jun. 2021.</p><p>8 MODO INDICATIVO</p><p>Não deixe o samba morrer</p><p>Aloísio Silva / Edson Conceição</p><p>Não deixe o samba morrer</p><p>Não deixe o samba acabar</p><p>O morro foi feito de samba</p><p>De samba pra gente sambar</p><p>Quando eu não puder</p><p>Pisar mais na avenida</p><p>Quando as minhas pernas modo subjuntivo</p><p>Não puderem aguentar</p><p>Levar meu corpo</p><p>Junto com meu samba</p><p>O meu anel de bamba</p><p>Entrego a quem mereça usar [...]</p><p>O modo indicativo dos verbos indica certezas, fatos, algo que acontece</p><p>realmente.</p><p>Presente: indica um fato que está acontecendo no momento.</p><p>Pretérito perfeito: indica um fato encerrado no passado, algo que aconteceu.</p><p>Pretérito imperfeito: indica fatos que já ocorreram, mas que se repetiam no passado.</p><p>Pretérito mais-que-perfeito: indica um fato que terminado antes que outro no passado.</p><p>Futuro do presente: indica um fato futuro em relação ao tempo que se fala.</p><p>Futuro do pretérito: indica um fato futuro em relação a outro fato ocorrido no passado.</p><p>Vamos ver a matéria jornalística a seguir:</p><p>Pesquisador fez experimento em que passou um mês</p><p>comendo alimentos ultraprocessados.</p><p>110</p><p>Desde que a humanidade descobriu o fogo e as especiarias, não olhamos</p><p>mais para trás: continuamos inventando novas maneiras de desconstruir os alimentos</p><p>para depois reformulá-los.</p><p>O que fazemos com a comida para criar novos sabores e experiências é</p><p>incrivelmente criativo. Mas o que os alimentos que consumimos fazem com a</p><p>gente talvez seja ainda mais fascinante, sobretudo quando se trata de alimentos</p><p>ultraprocessados.</p><p>[...]</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3QXINoU>. Acesso em: 29 jul. 2021.</p><p>Temos exemplos de verbos nesse texto, mas observe que o que predomina são</p><p>os verbos no pretérito perfeito para mostrar algo que aconteceu. O jornalismo trabalha</p><p>essencialmente com fatos, o que já houve (com exceção de agendas culturais que</p><p>trazem eventos que se realizarão ainda), portanto sempre usa verbos no passado.</p><p>Para se trabalhar em sala de aula é interessante apresentar</p><p>textos aos alunos que estejam próximos de sua realidade para</p><p>que eles percebam a presença dos termos de uma frase, os</p><p>verbos em especial nesse momento, e entendam os tempos em</p><p>que inserem.</p><p>Matérias jornalísticas, anúncios publicitários, histórias em</p><p>quadrinhos trazem muitos elementos para serem trabalhados</p><p>e que permitem análise e reflexão, sem ter a necessidade de</p><p>apenas decorar conjugação de verbos sem entender o sentido</p><p>da mensagem que o texto quer passar para seus receptores.</p><p>IMPORTANTE</p><p>9 MODO SUBJUNTIVO</p><p>O modo subjuntivo indica incertezas, hipóteses, dúvidas e possibilidades.</p><p>Presente: indica uma possibilidade ou uma vontade que algo aconteça no presente ou</p><p>no futuro.</p><p>Pretérito imperfeito: indica uma ação condicionante a outra ideia ou oração.</p><p>Futuro: indica expectativa de ação que pode acontecer.</p><p>Veja o exemplo da figura a seguir:</p><p>111</p><p>FIGURA 9 – PAINEL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3njRxdw>. Acesso em: 22 jul. 2021.</p><p>O verbo no futuro</p><p>do subjetivo (quando) dá a ideia de expectativa, de algo que</p><p>pode acontecer e se torce para isso. Não se trata de fato ocorrido, que está acontecendo</p><p>e nem que vai acontecer com certeza, mas uma possibilidade apenas.</p><p>Vamos mostrar como os verbos são conjugados a partir de uma estrutura:</p><p>a) Conjugação de verbos regulares da 1ª conjugação: andar</p><p>Aqui está um modelo da conjugação do verbo andar. Observe o que ocorre.</p><p>Conjugamos, nesse exemplo, o verbo andar unindo o radical and- às desinências</p><p>modo-temporal e número-pessoal. O radical permaneceu igual, mas as desinências</p><p>se alteram conforme o modo (indicativo), tempo (presente). Apresentamos, ainda, as</p><p>terminações referentes às desinências de número (singular e plural) e as de pessoas</p><p>(eu, tu/você/a gente, ele, nós, vós/vocês, eles).</p><p>112</p><p>Radical Vogal temática Desinência da 1ª conjugação</p><p>Eu and- ------- -o</p><p>Tu and- -a- -s</p><p>Ele/Ela and- -a ------</p><p>Nós and- -a- -mos</p><p>Vós and- -a- -is</p><p>Eles/Elas and- -a- -m</p><p>b) Conjugação de verbos regulares da 2ª conjugação: escrever</p><p>Radical Vogal temática Desinência da 2ª conjugação</p><p>Eu escrev- -e- -rei</p><p>Tu escrev- -e- -rás</p><p>Ele/Ela escrev- -e -rá</p><p>Nós escrev- -e- -remos</p><p>Vós escrev- -e- -reis</p><p>Eles/Elas escrev- -e- -rão</p><p>c) Conjugação de verbos regulares da 3ª conjugação: dividir</p><p>Radical</p><p>Vogal</p><p>temática</p><p>Desinência da 3ª conjugação</p><p>eu divid- -i- -ria</p><p>tu divid- -i- -rias</p><p>ele/ela divid- -i- -ria</p><p>nós divid- -i- -ríamos</p><p>vós divid- -i- -ríeis</p><p>eles/elas divid- -i- -riam</p><p>113</p><p>A Conjugação dos verbos regulares, no modo indicativo e no modo subjuntivo,</p><p>segue a mesma estrutura nas três terminações: -ar, -er, e –ir.</p><p>Lembrando mais uma vez que há variações de pessoas: você, a gente e vocês.</p><p>No caso de você e a gente, conjugamos o verbo em terceira pessoa do singular, mas</p><p>vocês acompanham a conjugação de terceira pessoa do plural.</p><p>Verbos foneticamente regulares</p><p>Há alguns verbos que são foneticamente regulares, mas que apresentam pequenas</p><p>irregularidades na sua estrutura formal, para preservar a pronúncia.</p><p>Nos verbos terminados em -gir e -ger, como agir, dirigir, fingir, eleger e ranger, acontece a</p><p>alteração da consoante g para a consoante j antes da vogal a e da vogal o: eu ajo, eu dirijo,</p><p>que eu finja, que nós elejamos, que ele ranja, ...</p><p>Nos verbos terminados em -guir e -guer, como distinguir, prosseguir e erguer, há a alteração</p><p>do dígrafo gu para a consoante g antes da vogal a e da vogal o: eu</p><p>distingo, que eu prossiga, que ele erga, ...</p><p>Nos  verbos terminados em -gar, como desligar, apagar e carregar,</p><p>ocorre a alteração da consoante g para o dígrafo gu antes da vogal e:</p><p>eu desliguei, que eles apaguem, que eu carregue, ...</p><p>Nos verbos terminados em -cer e -cir, como nascer, descer e ressarcir,</p><p>ocorre a alteração da consoante c para a consoante ç antes da vogal a</p><p>e da vogal o: eu desço, que ele nasça, que eles ressarçam, ...</p><p>Nos verbos terminados em -çar, como dançar, caçar e atiçar, ocorre</p><p>a alteração da consoante ç para a consoante c antes da vogal e: eu</p><p>dancei, que eles cacem, que eu atice, ...</p><p>Nos verbos terminados em -car, como brincar, ficar e pescar, ocorre</p><p>a alteração da consoante c para o dígrafo qu antes da vogal e: eu</p><p>brinquei, que eu fique, que eles pesquem...</p><p>NOTA</p><p>Depois dos verbos regulares, veremos agora como se conjugam os verbos</p><p>irregulares. Sabemos que eles não seguem o mesmo modelo dos regulares, alternando</p><p>os radicais em situações diferentes.</p><p>10 VERBOS IRREGULARES</p><p>Os verbos são formados por um radical mais uma terminação, porém as</p><p>terminações são diferentes, de acordo com as flexões em número, pessoa, modo e</p><p>tempo verbal que apresentam. Há três estruturas definidas de conjugação verbal:</p><p>• a 1ª conjugação para verbos terminados em –ar;</p><p>• a 2ª conjugação para verbos terminados em –er;</p><p>• a 3ª conjugação para verbos terminados em –ir;</p><p>114</p><p>Entretanto, há verbos que não se enquadram nesses modelos fixos de conjuga-</p><p>ção verbal. Apresentam alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados.</p><p>São chamados de verbos irregulares. Exemplos de alguns verbos irregulares: ser, estar,</p><p>haver, por, saber, poder, medir, fazer, vir, trazer, dizer, ouvir, caber, pedir.</p><p>Não há regra definida para a conjugação de um verbo irregular. Em alguns verbos</p><p>irregulares, as alterações ocorrem nos radicais e em outros, as alterações ocorrem</p><p>apenas nas terminações. Em alguns casos, as alterações ocorrem tanto nos radicais</p><p>como nas terminações. É importante lembrar que não significa que o verbo irregular</p><p>tenha todas as suas formas conjugadas irregulares, sendo possível que haja formas</p><p>conjugadas de verbos irregulares que se encaixam nos modelos de conjugação regular.</p><p>Exemplos de verbos irregulares com alterações nos radicais: medir: eu meço (o</p><p>radical é med-); pedir: eu peço (o radical é ped-); trazer: eu trago (o radical é traz-); ouvir:</p><p>eu ouço (o radical é ouv-).</p><p>Exemplos de verbos irregulares com alterações nas terminações:</p><p>• dar: eu dou (a terminação regular é –o);</p><p>• estar: eu estou (a terminação regular é –o);</p><p>• querer: ele quer (a terminação regular é –e);</p><p>• dizer: ele diz (a terminação regular é –e);</p><p>• fazer: ele faz (a terminação regular é –e).</p><p>11 VERBOS REGULARES E IRREGULARES: TEMPOS</p><p>COMPOSTOS</p><p>Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo</p><p>principal. O verbo auxiliar sofre flexão em tempo e pessoa, enquanto o verbo principal</p><p>permanece sempre no particípio. O verbo ter é o verbo auxiliar mais usado, embora</p><p>possa ser usado também o verbo haver como verbo auxiliar.</p><p>Há quatro tempos compostos no modo indicativo. São eles: o pretérito perfeito</p><p>composto do indicativo; o pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo; o futuro</p><p>do presente composto do indicativo; o futuro do pretérito composto do indicativo. Como</p><p>se dá a conjugação dos tempos compostos do modo indicativo.</p><p>a) Modo indicativo</p><p>Vamos conhecer o modo indicativo dos verbos, tempo composto. Observe suas</p><p>formações e os exemplos decorrentes do verbo falar.</p><p>115</p><p>Tempo composto</p><p>Pretérito perfeito</p><p>composto do indicativo: indica</p><p>uma ação que ocorreu no</p><p>passado que se repete e dura</p><p>até o presente.</p><p>Formação</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>presente do indicativo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>Exemplo</p><p>(Eu) tenho falado</p><p>(Tu) tens falado</p><p>(Ele) tem falado</p><p>(Nós) temos falado</p><p>(Vós) tendes falado</p><p>(Eles) têm falado</p><p>Pretérito mais-que-perfeito</p><p>composto do indicativo: indica</p><p>uma ação que ocorreu no</p><p>passado, antes de outra ação</p><p>que já ocorreu.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>pretérito imperfeito</p><p>do indicativo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Eu) tinha falado</p><p>(Tu) tinhas falado</p><p>(Ele) tinha falado</p><p>(Nós) tínhamos</p><p>falado</p><p>(Vós) tínheis falado</p><p>(Eles) tinham falado</p><p>Futuro do presente</p><p>composto do indicativo: indica</p><p>uma ação que ocorrerá no futuro,</p><p>mas que estará terminada antes</p><p>de outra ação futura.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>futuro do presente</p><p>simples do indicativo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Eu) terei falado</p><p>(Tu) terás falado</p><p>(Ele) terá falado</p><p>(Nós) teremos falado</p><p>(Vós) tereis falado</p><p>(Eles) terão falado</p><p>Futuro do pretérito</p><p>composto do indicativo:</p><p>indica uma ação que poderia ter</p><p>acontecido, mas condiciona-se</p><p>a outra ação passada.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>futuro do pretérito</p><p>simples</p><p>do indicativo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Eu) teria falado</p><p>(Tu) terias falado</p><p>(Ele) teria falado</p><p>(Nós) teríamos falado</p><p>(Vós) teríeis falado</p><p>(Eles) teriam falado</p><p>Tempo composto</p><p>Pretérito perfeito</p><p>composto do subjuntivo:</p><p>indica uma ação que já</p><p>está concluída e que se</p><p>posiciona anterior a outra.</p><p>Formação</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>presente do</p><p>subjuntivo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>Exemplo</p><p>(Que eu) tenha falado</p><p>(Que tu) tenhas falado</p><p>(Que ele) tenha falado</p><p>(Que nós) tenhamos falado</p><p>(Que vós) tenhais falado</p><p>(Que eles) tenham falado</p><p>Pretérito mais-que-perfeito</p><p>composto do subjuntivo:</p><p>indica uma ação que ocorreu</p><p>no passado, antes de outra</p><p>ação também ocorrida no</p><p>passado.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>pretérito imperfeito</p><p>do subjuntivo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Se eu) tivesse falado</p><p>(Se tu) tivesses falado</p><p>(Se ele) tivesse falado</p><p>(Se nós) tivéssemos falado</p><p>(Se vós) tivésseis falado</p><p>(Se eles) tivessem falado</p><p>116</p><p>Futuro composto</p><p>do subjuntivo:</p><p>indica uma ação que</p><p>estará terminada no futuro,</p><p>antes de outra ação que</p><p>ocorrerá também no futuro.</p><p>Verbo auxiliar ter:</p><p>futuro simples do</p><p>subjuntivo</p><p>Verbo principal:</p><p>particípio.</p><p>(Quando eu) tiver falado</p><p>(Quando tu) tiveres falado</p><p>(Quando ele) tiver falado</p><p>(Quando nós) tivermos falado</p><p>(Quando vós) tiverdes falado</p><p>(Quando eles) tiverem falado</p><p>FONTE: <https://www.conjugacao.com.br/tempos-verbais-compostos/>. Adaptada. Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>12 MODO IMPERATIVO</p><p>E, por fim, veremos o modo imperativo. A ideia é de ordem, conselho, pedido e</p><p>centraliza-se no interlocutor ou emissor da mensagem para que seu receptor execute</p><p>a ação. O imperativo se divide em imperativo afirmativo e imperativo negativo, sendo</p><p>conjugados de forma diferente.</p><p>Esse modo é utilizado em campanhas publicitárias, quando se deseja que o públi-</p><p>co-receptor assimile o conteúdo e aceite a mensagem. Hoje, os comerciais fazem uso do</p><p>imperativo de forma bastante discreta, diferente do que já se viu em um passado remoto.</p><p>A conjugação do imperativo se dá da mesma forma que a conjunção do presente</p><p>do subjuntivo, com algumas alterações no imperativo afirmativo. Não se usa a primeira</p><p>pessoa, porque o emissor do comando não envia ordem para ele mesmo.</p><p>Vamos ver o caso do imperativo negativo: na 2ª pessoa do singular e do plural</p><p>(tu e vós) a conjugação é praticamente a mesma do presente do indicativo, mas retira-</p><p>se o -S do final. Nas outras pessoas, a conjugação é idêntica à conjugação do presente</p><p>do subjuntivo.</p><p>• Imperativo afirmativo</p><p>No imperativo afirmativo, a ordem (pedido, convite, conselho) é feita através de</p><p>uma afirmação.</p><p>A formação do imperativo afirmativo se dá da seguinte forma: a 2.ª pessoa do</p><p>singular (tu) e a 2.ª pessoa do plural (vós) derivam do presente do indicativo, sendo</p><p>retirado o -s final das formas conjugadas no presente.</p><p>Vamos ver esses exemplos com verbos bem conhecidos e utilizados no modo</p><p>imperativo. Os verbos são parar (1ª conjugação), trazer (2ª conjugação) e sair (3ª</p><p>conjugação):</p><p>117</p><p>verbo parar</p><p>--- (eu)</p><p>para (tu)</p><p>pare (você)</p><p>paremos (nós)</p><p>parai (vós)</p><p>parem (vocês)</p><p>verbo trazer</p><p>--- (eu)</p><p>traz (tu)</p><p>traga (você)</p><p>tragamos (nós)</p><p>trazei (vós)</p><p>tragam (vocês)</p><p>verbo sair</p><p>-- (eu)</p><p>sai (tu)</p><p>saia (você)</p><p>saiamos (nós)</p><p>saí (vós)</p><p>saiam (vocês)</p><p>Detalhamos as formas de construções do modo imperativo. Como já dissemos,</p><p>a 2ª pessoa do singular e a segunda do plural no presente do indicativo:</p><p>Presente do indicativo: Imperativo afirmativo:</p><p>Tu falas Fala tu</p><p>Vós falais Falai vós</p><p>Presente do subjuntivo: Imperativo afirmativo:</p><p>Que ele estude Estude ele</p><p>Que nós estudemos Estudemos nós</p><p>Que eles estudem Estudem eles</p><p>Agora, veremos que a 3.ª pessoa do singular (ele), a 1.ª pessoa do plural (nós) e</p><p>a 3.ª pessoa do plural (eles) derivam do presente do subjuntivo, sendo conjugadas da</p><p>mesma forma.</p><p>• Imperativo negativo</p><p>No imperativo negativo, temos ordem, pedido, convite, conselho feitos através</p><p>de uma negação. A formação do imperativo negativo se dá a partir da conjugação do</p><p>presente do subjuntivo.</p><p>verbo parar</p><p>--- (eu)</p><p>não pares (tu)</p><p>não pare (você)</p><p>não paremos (nós)</p><p>não pareis (vós)</p><p>não parem (vocês)</p><p>verbo trazer</p><p>--- (eu)</p><p>não tragas (tu)</p><p>não traga (você)</p><p>não tragamos (nós)</p><p>não tragais (vós)</p><p>não tragam (vocês)</p><p>verbo sair</p><p>--- (eu)</p><p>não saias (tu)</p><p>não saia (você)</p><p>não saiamos (nós)</p><p>não saiais (vós)</p><p>não saiam (vocês)</p><p>118</p><p>Presente do subjuntivo:</p><p>Que tu estudes</p><p>Que ele estude</p><p>Que nós estudemos</p><p>Que vós estudeis</p><p>Que eles estudem</p><p>Imperativo negativo:</p><p>Não estudes tu</p><p>Não estude ele</p><p>Não estudemos nós</p><p>Não estudeis vós</p><p>Não estudem eles</p><p>Vamos ver a letra da música, a seguir, para perceber a presença dos verbos no</p><p>modo imperativo:</p><p>Tente outra vez</p><p>Marcelo Ramos Motta / Paulo Coelho De Souza / Raul Santos Seixas</p><p>Veja</p><p>Não diga que a canção está perdida</p><p>Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida</p><p>Tente outra vez</p><p>Beba (beba)</p><p>Pois a água viva ainda 'tá na fonte (tente outra vez)</p><p>Você tem dois pés para cruzar a ponte</p><p>Nada acabou, não não não</p><p>Oh oh oh oh tente</p><p>Levante sua mão sedenta e recomece a andar</p><p>Não pense que a cabeça aguenta se você parar</p><p>Não não não não não não</p><p>Há uma voz que canta, uma voz que dança</p><p>Uma voz que gira (gira)</p><p>Bailando no ar</p><p>Oh queira</p><p>Basta ser sincero e desejar profundo</p><p>Você será capaz de sacudir o mundo, vai</p><p>Tente outra vez</p><p>Tente (tente)</p><p>E não diga que a vitória está perdida</p><p>Se é de batalhas que se vive a vida</p><p>Tente outra vez</p><p>FONTE: <https://www.letras.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez>. Acesso em: 30 jun. 2021.</p><p>Quando se lida com alunos é mais fácil explicar por meio de textos. Nesse caso,</p><p>usamos a letra de uma música que traz diretamente a ideia de mandar, de ordenar, de</p><p>clamar para que se realize uma ação. O importante é entender para que serve o verbo no</p><p>imperativo e sugerir uma pesquisa com o objetivo de elencar outros exemplos.</p><p>119</p><p>Alguns verbos possuem um imperativo abundante, ou seja, há mais de</p><p>uma forma correta de conjugar o verbo no imperativo:</p><p>Terminados em –zer/-zir.    Exemplo: Faze tu ou Faz  tu;  Conduze ou</p><p>Conduz tu.</p><p>Com o verbo ser temos: Sê tu/Sede vós.</p><p>Obs.: Para todas as pessoas: Exemplo: Faz o que você quiser! Essa</p><p>forma está gramaticalmente errada, pois, faz está conjugado na 2ª</p><p>pessoa do singular, então a pessoa usada deveria ser o “tu”, e não</p><p>o “você” (3ª pessoa do singular).</p><p>Sugerimos a leitura do texto: Verbo: uma abordagem morfossintática,</p><p>Anderson Alves Pereira, Joyce Sthephany Fonseca Moreira e outros, que</p><p>aborda os estudos dos verbos, sob uma visão funcional da gramática.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3T5G4M3.</p><p>IMPORTANTE</p><p>DICA</p><p>Nesse tópico, nós estudamos os verbos e sua complexidade de classificações</p><p>e variedade de flexões. Como o verbo é um termo em destaque dentro das classes</p><p>de palavras, justamente por concentrar o poder da mensagem, exige mais cuidado e</p><p>atenção. Para tanto, faz-se necessário rever os conceitos por meio do resumo e resolver</p><p>as autoatividades como fixação dos conteúdos apresentados.</p><p>120</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Define-se verbo como um indicador de uma ação, um estado, um processo ou um</p><p>fenômeno. O verbo é uma palavra variável e flexiona-se em número, pessoa, modo,</p><p>tempo, aspecto e voz.</p><p>• Flexão em número: singular (um sujeito) e plural (vários sujeitos).</p><p>• Flexão em pessoa: 1ª (quem fala: eu e nós); 2ª (com quem se fala: tu e vós); 3ª (de</p><p>quem se fala: ele e eles).</p><p>• Flexão em modo: indicativo (indica realidade); subjuntivo (indica possibilidade); impe-</p><p>rativo (indica ordem); formas nominais (infinitivo, particípio e gerúndio).</p><p>• Flexão em tempo: passado (acontecimento anterior ao momento em que se fala);</p><p>presente (acontecimento simultâneo ao momento em que se fala); futuro (aconteci-</p><p>mento posterior ao momento em que se fala).</p><p>• Flexão em aspecto: sentido incoativo (começo da ação); sentido cursivo (desenvolvi-</p><p>mento da ação); sentido conclusivo (conclusão da ação).</p><p>• Flexão em voz: ativa (sujeito gramatical é o agente da ação); passiva (sujeito grama-</p><p>tical é o paciente da ação); reflexiva (sujeito gramatical é agente e paciente da ação).</p><p>• Padrão geral de flexão dos verbos – a) Regular:  quando segue o modelo da con-</p><p>jugação, ou seja, radical igual em todas as pessoas. b)  Irregular:  quando se afas-</p><p>ta do modelo da conjugação, ou seja, radical, terminações diferentes em todas as</p><p>conjugações. c) Verbos anômalos: são aqueles que sofrem grandes alterações no</p><p>radical. d) Verbos Defectivos: são aqueles que não possuem conjugação completa.</p><p>e) Verbos Abundantes: são aqueles que apresentam duas formas de mesmo valor.</p><p>Auxiliar: quando se junta a um outro verbo, denominado principal, com o sentido de</p><p>ampliar ou legitimar uma ideia.</p><p>• Formas nominais dos verbos –</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................135</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................136</p><p>REFERÊNCIAS ....................................................................................................................138</p><p>UNIDADE 3 — CLASSES DE PALAVRAS: NUMERAL, ARTIGO, PRONOME,</p><p>PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO .................................................................. 141</p><p>TÓPICO 1 — NUMERAL E ARTIGO ......................................................................................143</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143</p><p>2 NUMERAL ........................................................................................................................143</p><p>2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS NUMERAIS ..................................................................................................146</p><p>2.2 FLEXÃO DOS NUMERAIS ................................................................................................................ 147</p><p>2.3 UTILIZAÇÃO DOS NUMERAIS .........................................................................................................148</p><p>3 ARTIGOS ..........................................................................................................................150</p><p>3.1 ARTIGOS DEFINIDOS ..........................................................................................................................151</p><p>3.2 ARTIGOS INDEFINIDOS .................................................................................................................... 152</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 157</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................158</p><p>TÓPICO 2 - PRONOMES ..................................................................................................... 161</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161</p><p>2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES ................................................................................ 161</p><p>2.1 PRONOMES INDEFINIDOS ...............................................................................................................167</p><p>2.2 PRONOMES PESSOAIS ....................................................................................................................168</p><p>2.3 PRONOMES POSSESSIVOS ............................................................................................................ 171</p><p>2.4 PRONOMES DEMONSTRATIVOS .................................................................................................... 172</p><p>2.5 PRONOMES DE TRATAMENTO ....................................................................................................... 175</p><p>2.6 PRONOMES INTERROGATIVOS .......................................................................................................177</p><p>2.7 PRONOMES RELATIVOS ................................................................................................................... 178</p><p>3 PRONOMES ADJETIVOS E PRONOMES SUBSTANTIVOS ............................................. 179</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................182</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................183</p><p>TÓPICO 3 - PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO ...............................................187</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................187</p><p>2 VALORES SEMÂNTICOS DAS PREPOSIÇÕES ...............................................................187</p><p>2.1 TIPOS DE PREPOSIÇÕES ................................................................................................................188</p><p>2.2 LOCUÇÕES PREPOSITIVAS .............................................................................................................191</p><p>2.3 USO DAS PREPOSIÇÕES ................................................................................................................. 192</p><p>3 CONJUNÇÕES .................................................................................................................195</p><p>3.1 CONCEITO DE CONJUNÇÕES ......................................................................................................... 195</p><p>3.2 TIPOS DE CONJUNÇÕES ................................................................................................................ 197</p><p>3.2.1 Conjunções coordenativas e subordinativas ................................................................... 197</p><p>4 INTERJEIÇÕES ...............................................................................................................201</p><p>4.1 CONCEITO ............................................................................................................................................201</p><p>4.2 TIPOS DE INTERJEIÇÕES............................................................................................................... 202</p><p>4.3 UTILIZAÇÃO DE INTERJEIÇÕES NO TEXTO ............................................................................... 203</p><p>4.4 INTERJEIÇÕES COMO MARCADORES ORAIS ........................................................................... 204</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 206</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 207</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 208</p><p>REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 211</p><p>1</p><p>UNIDADE 1 -</p><p>ESTRUTURA DAS PALAVRAS:</p><p>PROCESSOS DE FORMAÇÃO</p><p>DE PALAVRAS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• conhecer o significado da Morfologia e sua evolução dentro do campo científico;</p><p>• aprender a estrutura de palavras da Língua Portuguesa, diferenciando os processos</p><p>de flexão, composição e derivação;</p><p>• entender os fundamentos da classificação de palavras, formação de palavras e dos</p><p>morfemas e conseguir analisar morfologicamente as palavras;</p><p>• dominar o conteúdo para utilizá-los em atividades práticas.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de</p><p>reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ESTUDOS DE MORFOLOGIA</p><p>TÓPICO 2 – APORTES TEÓRICOS DE MORFOLOGIA</p><p>TÓPICO 3 – PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>2</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 1!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>3</p><p>ESTUDOS DE MORFOLOGIA</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Iniciaremos nossos estudos de morfologia para que você</p><p>entenda a dinâmica de nossa língua, perceba a evolução das pesquisas nessa área do</p><p>conhecimento, partindo de apontamentos tradicionais até chegar à morfologia gerativa.</p><p>Para cumprir a proposta deste tópico, vamos conhecer as características dos</p><p>termos “palavra” e “vocábulo”, mostrando suas diferenças e suas especificidades e, em</p><p>seguida, mostrar a atualização do modo de expressão da língua portuguesa por meio de</p><p>neologismos.</p><p>Esperamos que você perceba a importância desses estudos de Morfologia da</p><p>Língua Portuguesa e aproveite ao máximo as indicações de leituras para complementar</p><p>os conceitos, além de refletir sobre eles por meio dos exercícios</p><p>a) Infinitivo: forma original do verbo. Pode ser</p><p>classificado como infinitivo pessoal e infinitivo impessoal. Terminação em –r. b)</p><p>Particípio: indica o estado da ação depois de finalizada, transmitindo assim uma</p><p>noção de conclusão de ação verbal. O particípio é usado na formação de tempos</p><p>verbais compostos. Terminação em -ado, -edo, -ido. Gerúndio: mostra o estado de</p><p>uma ação prolongada, que ainda está acontecendo, com uma noção de continuidade</p><p>de ação verbal. Os verbos da 1ª conjugação terminam em -ando, os da 2ª conjugação</p><p>terminam em -endo e os da 3.ª conjugação terminam em -indo.</p><p>121</p><p>• Conjugação dos verbos – os verbos são formados por um radical mais uma termi-</p><p>nação. As terminações são variáveis, de acordo com as flexões em número, pessoa,</p><p>modo e tempo verbal.</p><p>• Verbos regulares do modo indicativo e do modo subjuntivo: definem-se como os</p><p>verbos com modelos fixos de conjugação verbal, não apresentando alterações nos</p><p>radicais e nas terminações quando conjugados.</p><p>• Verbos irregulares do modo indicativo e do modo subjuntivo: os verbos são formados</p><p>por um radical mais uma terminação, porém as terminações são diferentes, de acordo</p><p>com as flexões em número, pessoa, modo e tempo verbal que apresentam.</p><p>• Modo imperativo: traz a ideia de ordem, conselho, pedido e centraliza-se no interlo-</p><p>cutor ou emissor da mensagem para que seu receptor execute a ação. O imperativo</p><p>se divide em imperativo afirmativo e imperativo negativo, sendo conjugados de forma</p><p>diferente.</p><p>• Imperativo afirmativo: a ordem (pedido, convite, conselho) é feita através de uma</p><p>afirmação. A formação do imperativo afirmativo se dá da seguinte forma: a 2ª pessoa</p><p>do singular (tu) e a 2ª pessoa do plural (vós) derivam do presente do indicativo, sendo</p><p>retirado o -s final das formas conjugadas no presente.</p><p>• Imperativo negativo: temos ordem, pedido, convite, conselho feitos através de uma</p><p>negação. A formação do imperativo negativo se dá a partir da conjugação do presente</p><p>do subjuntivo.</p><p>122</p><p>1 (ENADE 2011) No meio do meu descanso, toca o telefone: “Boa tarde, senhor. Aqui</p><p>é da Mega Plus International, que, por sua boa relação como cliente, vai estar</p><p>disponibilizando, totalmente grátis, sem nenhum custo adicional, o Ultra Mega Plus</p><p>Card, com todas as vantagens do programa especial Mega Plus Services. Vai estar</p><p>também oferecendo...” Pronto, já me perdi no gerúndio desnecessário dela. Respondo:</p><p>“Obrigado pela oferta, mas não vou estar querendo, já tenho outro” “Mas, senhor...”,</p><p>insiste a atendente, “que vantagens o seu cartão já oferece?” Respondo: “Não oferece</p><p>vantagem nenhuma, mas o que rola entre a gente é uma relação sem interesse, é só</p><p>amor mesmo...sabe aquele não querer mais que bem querer de Camões. A atendente</p><p>de telemarketing se despede, mas não sem antes rir do outro lado da linha.</p><p>FONTE: Adaptado de <www.sacodefilo.com>. Acesso em: 3</p><p>ago. 2011.</p><p>Em casos como o do texto citado, o uso do gerúndio constitui mais o que a descrição</p><p>tradicional chamaria de vício de linguagem do que propriamente uso incorreto do</p><p>ponto de vista da norma padrão. Dessa forma, esse uso fere mais aspectos estilísticos</p><p>que estruturais da norma. Nessa perspectiva, assinale a opção em que o enunciado</p><p>apresenta o mesmo tipo de inadequação linguística.</p><p>a) ( ) O Mário, ele vive dizendo que não gosta de ir ao cinema.</p><p>b) ( ) Você sabe que tenho ainda todas as tuas anotações do caso.</p><p>c) ( ) Eu, naquele momento de susto, se senti confuso e atordoado.</p><p>d) ( ) Pediu para que seje visto o caso com maior atenção possível.</p><p>e) ( ) A vítima do estrupo deu queixas na delegacia de sua cidade.</p><p>2 (ENADE 2011) Atendente: Vou passar seu pedido ao gerente. Assim que ele dispuser</p><p>de tempo e poder tratar do seu caso, faremos contato com o senhor. Nessa fala:</p><p>a) ( ) verifica-se uma regra de variação sintática.</p><p>b) ( ) o atendente demonstra familiaridade com seu interlocutor.</p><p>c) ( ) a alternância no uso da primeira pessoa do singular e da primeira do plural deve-</p><p>se a questão de referência.</p><p>d) ( ) ocorre paralelismo sintático, pois a segunda forma verbal subjuntiva sofre</p><p>influência da anterior no que diz respeito à prescrição gramatical.</p><p>e) ( ) constata-se adequação às exigências do estilo monitorado que o atendente</p><p>adquiriu por força de suas tarefas comunicativas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>123</p><p>3 Leia a letra da música com atenção:</p><p>Super Homem</p><p>Um dia</p><p>Vivi a ilusão de que ser homem bastaria</p><p>Que o mundo masculino tudo me daria</p><p>Do que eu quisesse ter</p><p>Que nada</p><p>Minha porção mulher, que até então se resguardara</p><p>É a porção melhor que trago em mim agora</p><p>É que me faz viver</p><p>Quem dera</p><p>Pudesse todo homem compreender, oh mãe, quem dera</p><p>Ser o verão o apogeu da primavera</p><p>E só por ela ser</p><p>Quem sabe</p><p>O super-homem venha nos restituir a glória</p><p>Mudando como um deus o curso da história</p><p>Por causa da mulher</p><p>Na música de Gilberto Gil, o emprego da forma verbal grifada denota, considerando-se</p><p>o contexto:</p><p>a) ( ) Ação real, a ser obtida no futuro, em relação a outra, no presente.</p><p>b) ( ) Condição passível de ser realizada, até mesmo no presente.</p><p>c) ( ) Incerteza da realização de uma ação num futuro próximo.</p><p>d) ( ) Possibilidade futura, que depende de uma condição anterior.</p><p>e) ( ) Fato passado em relação a outro, também passado.</p><p>4 Às vezes, a forma de particípio funciona como nome (substantivo ou adjetivo). Ob-</p><p>serve como se apresentam as palavras em destaque e explique, morfologicamente,</p><p>cada uma delas.</p><p>A criança tem amado sua mãe cada dia mais.</p><p>A pessoa mais amada do mundo é a mãe.</p><p>A amada foi embora de uma vez.</p><p>5 Note a conjugação do verbo no subjuntivo da seguinte frase: Você quer que eu te</p><p>ajude nessa resposta? Esse modo verbal é comum nas orações coordenadas ou</p><p>subordinadas. Por quê?</p><p>124</p><p>125</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>ADVÉRBIO: VALORES MORFOLÓGICOS E</p><p>SEMÂNTICOS</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Depois de conhecermos substantivos, adjetivos e verbos, passaremos, neste</p><p>tópico, a estudar mais um elemento que compõe as classes de palavras: o advérbio. É</p><p>importante conhecer suas características e onde os advérbios se encaixam dentro dos</p><p>textos, dando mais sentido ao que quer dizer.</p><p>Começaremos com os conceitos dos advérbios, modificadores de verbos,</p><p>adjetivos ou outros advérbios e seus tipos que os diferenciam, além da maneira como</p><p>os utilizamos e as suas devidas flexões. As locuções adverbiais também fazem parte</p><p>desse estudo.</p><p>Com esses conhecimentos, será possível identificar os advérbios em uma frase,</p><p>pois são muito presentes e, como se apresentam com sentidos diversos, saber utilizá-</p><p>los de forma correta, diferenciando seus tipos para cada situação.</p><p>UNIDADE 2</p><p>2 CONCEITO DE ADVÉRBIO</p><p>Advérbios são palavras invariáveis que se unem aos verbos, indicando as</p><p>circunstâncias da ação verbal e, também, são considerados modificadores dos verbos.</p><p>Segundo Castilho e Elias (2012), a etimologia da palavra advérbio (lat. ad + verbium,</p><p>sendo que verbium deriva de verbum = palavra) não teve a compreensão adequada em</p><p>relação a sua definição.</p><p>Muitos elementos pertencentes ao grande grupo denominado “Ad-</p><p>vérbios” apresentam, em relação a aspectos sintáticos e semân-</p><p>ticos, comportamentos tão diferenciados que podem configurar,</p><p>na verdade, grupos de palavras diferentes, devido a suas diversas</p><p>naturezas e origens. Por outro lado, uma minuciosa distinção de</p><p>subtipos ou mesmo de tipos diferenciados na classe dos advérbios</p><p>provoca consequentemente um significativo aumento no grupo das</p><p>“palavras denotativas”, gerando impasses e contradições difíceis de</p><p>serem solucionados (NASCIMENTO, 2008, p. 321-322).</p><p>Os advérbios também são classificados conforme a sua função na frase, ofe-</p><p>recendo sentido mais amplo ao verbo. Os estudiosos tiveram dificuldade de definir o</p><p>termo por si só, anteriormente nomeado apenas como a palavra que fica “junto do ver-</p><p>bo”, depois a palavra que termina com –mente. O único ponto em comum com que os</p><p>gramáticos sempre concordaram era que o advérbio sempre foi uma palavra invariável.</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>126</p><p>Há, também, a referência à palavra circunstância, que explicaria a atuação do</p><p>advérbio em uma frase, mas poderia causar mais problemas, pois definir circunstância</p><p>traria embates em relação ao seu real significado.</p><p>A noção de advérbio estudada pela gramática normativa recebe modificações</p><p>quanto ao seu sentido. Não basta defini-lo como termo correspondente ao verbo, mas</p><p>entender qual o sentido ele oferece à frase. Vamos ver o que dizem os pesquisadores</p><p>Santana e Damasceno (2020, p. 12):</p><p>Outra noção importante e que deve ser considerada para o estudo</p><p>semântico-discursivo desses circunstanciadores é a noção de rela-</p><p>ção (CASTILHO et al., 2014). Para os autores, os advérbios e adverbiais</p><p>operam sobre o tempo através das relações que tecem. Essas relações</p><p>são tecidas a partir dos usos que os indivíduos fazem dos elementos</p><p>adverbiais temporais e aspectuais. Esses usos refletem a diversidade</p><p>de modos pelos quais os indivíduos constroem linguisticamente suas</p><p>experiências acerca do domínio temporal, revelando heterogeneidade</p><p>conceptual onde o PTG (Paradigma Tradicional de Gramatização) com-</p><p>preende homogeneidade conceptual. Observando os exemplos a se-</p><p>guir (apresentados pelos autores), pode-se compreender essa noção:</p><p>(1) saiu depois das oito (CASTILHO et al., 2014, p. 268).</p><p>(2) uns vinte anos atrás, no Belas Artes, então tinha concertos todos</p><p>os meses (CASTILHO et al., 2014, p. 268).</p><p>No primeiro exemplo, a relação tecida é cronológica, especificamente,</p><p>expressa anterioridade. Já no segundo, a relação tecida, segundo os</p><p>autores, é de precedência temporal.</p><p>Os advérbios têm como função caracterizar com mais precisão o processo ou</p><p>o estado indicado pelo verbo, sendo que podemos dizer que os advérbios funcionam</p><p>como modificadores dos verbos. Exemplos:</p><p>Ana viajou ontem para Paris.</p><p>João cozinha bem.</p><p>Adriana estuda muito.</p><p>O advérbio é um elemento importante para se entender a extensão do significado</p><p>que se quer impor às ações, estados e tudo o mais que pode ser indicado pelo verbo.</p><p>Vamos ver o advérbio na música Sutilmente, cantada pelo grupo Skank. Uma</p><p>letra que traz advérbios diferentes, mas que terminam em –mente.</p><p>Sutilmente</p><p>Skank</p><p>E quando eu estiver triste</p><p>Simplesmente me abrace</p><p>E quando eu estiver louco</p><p>127</p><p>Subitamente se afaste</p><p>E quando eu estiver fogo</p><p>Suavemente se encaixe</p><p>Ah, ahn</p><p>E quando eu estiver triste</p><p>Simplesmente me abrace</p><p>E quando eu estiver louco</p><p>Subitamente se afaste</p><p>E quando eu estiver bobo</p><p>Sutilmente disfarce, é</p><p>Mas quando eu estiver morto</p><p>Suplico que não me mate (não)</p><p>Dentro de ti</p><p>Dentro de ti</p><p>Mesmo que o mundo acabe enfim</p><p>Dentro de tudo que cabe em ti</p><p>Mesmo que o mundo acabe enfim</p><p>Dentro de tudo que cabe em ti</p><p>E quando eu estiver triste</p><p>Simplesmente me abrace</p><p>E quando eu estiver louco</p><p>Subitamente se afaste</p><p>[...]</p><p>Composição: Nando Reis / Samuel Rosa.</p><p>FONTE: <https://www.letras.mus.br/skank/1342038/>. Acesso em: 10. jun. 2021.</p><p>Note que é o advérbio que dá o tom dessa letra. Ele indica um movimento,</p><p>ideia de modo, mas também poderia ser de tempo (subitamente), de intensidade</p><p>(sutilmente)? Estamos falando em sentido, em nível semântico. E se substituirmos por</p><p>outros advérbios? Uma sugestão para uma discussão em sala de aula.</p><p>Contudo, no meio do caminho tinha uma pedra... Nem sempre é tão fácil assim</p><p>classificar os advérbios. Podemos dizer que são termos invariáveis, não flexionam em</p><p>gênero, número ou grau, porém há algumas pedrinhas no caminho que temos que</p><p>esclarecer nesse momento. Estudar a classe dos advérbios é, segundo Bagno (2012),</p><p>um território visado por processos de gramaticalização pela amplitude de seu campo</p><p>semântico, que seria o mais amplo que existe.</p><p>128</p><p>Gramatização é um processo linguístico, que ocorre com a mu-</p><p>dança de termos dentro de uma frase, podendo ser mudança de</p><p>posição gramatical ou de categoria sintática. Ás vezes, apresentam</p><p>mudanças fonológicas, semânticas entre outras.</p><p>Segundo Sousa e Alvares (2015, p. 1), “a gramatização diz respeito</p><p>à abrangência da relação entre a escrita e a oralidade. Isso se dá</p><p>na elaboração de uma gramática a partir de um corpus específico,</p><p>definindo a própria regularização de uso da língua”.</p><p>Esse processo ocorre mais explicitamente na língua falada. Por</p><p>exemplo: troca-se o verbo por um substantivo durante uma fala,</p><p>sem que essa seja a nova regra. Pode ser situação momentânea</p><p>apenas, uma vez que a nossa língua é dinâmica.</p><p>Sugerimos a leitura do texto: A gramatização do português no Brasil:</p><p>a posição sujeito-gramático e a questão da língua nacional, de</p><p>Joelma Aparecida Bressanin e Amilton Flávio Coleta Leal, publicado em</p><p>2017. Acesse em: http://www.revistalinguas.com/edicao39/artigo1.pdf.</p><p>E, também, a leitura do texto A modalização no processo de</p><p>gramatização no Brasil, de Sergio Casimiro, publicado em 2018.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3AlrZ4C.</p><p>NOTA</p><p>DICA</p><p>Na língua portuguesa, usamos quatro critérios para classificar as palavras:</p><p>morfológico, semântico, sintático e discursivo. Classificamos as palavras de variáveis e</p><p>invariáveis. O advérbio é classificado como termo invariável, pois não se modifica para</p><p>concordar com outros elementos do texto.</p><p>Podemos, ainda, reconhecer um advérbio pela terminação (sufixo) –mente,</p><p>como simplesmente, calmamente, rapidamente, entre outros. Contudo, as palavras não,</p><p>sim, ainda, aqui, aí não terminam em –mente e ainda assim são advérbios.</p><p>Os advérbios, apesar de classificados como tal, muitas vezes extrapolam seu</p><p>conceito, principalmente se levarmos para outras maneiras de pensar como a sintaxe,</p><p>a semântica. Vamos ver esse exemplo: o professor é alto e o professor fala alto. A</p><p>palavra alto traz dois significados diferentes: no primeiro caso trata-se de um adjetivo</p><p>e, sintaticamente, age como predicativo do sujeito. No segundo caso, a palavra alto</p><p>refere-se ao modo como o professor fala, portanto um advérbio.</p><p>129</p><p>Isso prova que é difícil classificar a palavra por si só sem saber em que contexto</p><p>se insere.</p><p>Com relação aos advérbios, sua invariabilidade (critério morfológico)</p><p>e mobilidade considerável dentro das estruturas frasais (critério</p><p>sintático) permitem que um dos critérios mais adotados para</p><p>sua classificação seja o semântico ("de modo", "de negação", "de</p><p>intensidade"), embora não se excluam os outros critérios, como o</p><p>morfológico, exemplificado anteriormente pelo sufixo  -mente, e o</p><p>sintático, quando se evidenciam a proximidade espacial do advérbio</p><p>ao seu escopo ou sua conexidade ao verbo da oração (SALGADO,</p><p>2012, p. 5).</p><p>Os advérbios, sintaticamente falando, podem se relacionar ao verbo, ao adjeti-</p><p>vo ou a outro advérbio, quanto a um substantivo e, discursivamente, eles podem ligar</p><p>ideias dando relevância ou reforçando os elementos do contexto. Exemplo: João correu</p><p>muito e está cansado demais. Ele é muito atleta!</p><p>Vamos às classificações dos advérbios para conhecer o sentido que tentam</p><p>expressar em um texto. A partir das classificações devemos analisar a sua função e</p><p>utilidade junto aos outros elementos da frase.</p><p>3 CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS</p><p>Classificam-se os advérbios da seguinte forma:</p><p>Advérbios de lugar são usados para demarcar lugares no espaço. São eles:</p><p>aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além,  lá, detrás, aquém, cá, acima,</p><p>onde,  perto,  aí, abaixo, aonde,  longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,</p><p>afora, alhures, embaixo, externamente, a distância, à distância de, de longe, de perto,</p><p>em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.</p><p>Advérbios de tempo são usados para marcar o tempo dentro do contexto.</p><p>São eles: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, depois,  ainda,</p><p>antigamente, antes, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde,</p><p>breve, constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, provisoriamente,</p><p>sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de</p><p>quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia</p><p>Advérbios de modo  definem</p><p>o modo da ação, a forma como ocorre o fato.</p><p>São eles: bem, mal, assim, melhor, pior, depressa, acinte, devagar, às pressas, às claras,</p><p>às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa</p><p>maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão.</p><p>130</p><p>Observe que a maior parte dos que terminam em "-mente": calmamente, triste-</p><p>mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosa-</p><p>mente, bondosamente, generosamente são advérbios de modo. Quando ocorrem dois</p><p>ou mais advérbios em -mente, em geral sufixamos apenas o último: Exemplo: O aluno</p><p>respondeu calma e respeitosamente.</p><p>Advérbios de afirmação têm unicamente a função de afirmar, de reforçar</p><p>uma ideia. São eles: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decidi-</p><p>damente, deveras, indubitavelmente.</p><p>Advérbios de negação dão ideia de negação ou reforçam essa ideia. São</p><p>eles: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito</p><p>nenhum.</p><p>Advérbios de dúvida trazem a ideia de incerteza. São eles: acaso, porventura,</p><p>por certo, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, quem sabe.</p><p>Advérbios de intensidade são utilizados para expressar a ideia de intensidade</p><p>a uma situação. São eles: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos,</p><p>demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, por completo, nada,</p><p>todo, quase, de todo, de muito, extremamente,  intensamente,  grandemente, bem</p><p>(propriedades graduáveis).</p><p>Advérbios de exclusão trazem a ideia de exclusão de um fato, ligada a um</p><p>verbo, adjetivo ou advérbio. São eles: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,</p><p>simplesmente, só, unicamente.</p><p>Advérbios de inclusão são aqueles que dão a ideia de inclusão, ou melhor,</p><p>de inserir um fato ou mais de um dentro de uma frase. São eles: ainda, até, mesmo,</p><p>inclusivamente, também.</p><p>Advérbios de ordem são os que exprimem a ideia de ordem de fatos dentro de</p><p>um contexto. São eles: depois, primeiramente, ultimamente.</p><p>Há, também, os advérbios interrogativos que são aqueles que propõem a ideia</p><p>de questionamento, de pergunta, de um modo geral. São eles: onde?  aonde?  don-</p><p>de? quando? como? por quê?</p><p>Nas interrogações diretas ou indiretas, referentes às circunstâncias de lugar,</p><p>tempo, modo e causa. Exemplos: Aonde vai? (interrogação direta) ou Perguntei aonde</p><p>ia. (interrogação indireta).</p><p>131</p><p>Para quem pretende se aprofundar em advérbios, sua utilização em</p><p>frases ou buscar subsídios para trabalhar em sala de aula sugerimos</p><p>o texto O ensino do advérbio no livro didático de língua</p><p>portuguesa “diálogo”: algumas reflexões, de autoria dos</p><p>pesquisadores Andréa Cavalcante Monteiro Alves e Juarez</p><p>Nogueira Lins, apresentado no Conedu e publicado em 2017.</p><p>Acesse em:</p><p>https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/37700.</p><p>Distinção entre advérbio e pronome indefinido</p><p>Há palavras como muito, bastante etc. que podem aparecer como</p><p>advérbio e como pronome indefinido.</p><p>Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro advérbio e não sofre</p><p>flexões. Por exemplo: Ele come muito.</p><p>Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e sofre flexões. Por</p><p>exemplo: Ele come muitos doces.</p><p>DICA</p><p>IMPORTANTE</p><p>Conhecendo-se os tipos de advérbios, torna-se imprescindível aprender as</p><p>flexões possíveis dentro de um texto. O objetivo é saber como utilizar as palavras de</p><p>maneira correta, reforçando o sentido que se pretende expressar.</p><p>4 O GRAU DO ADVÉRBIO</p><p>Advérbios  são as palavras que exprimem circunstância de um fato ou</p><p>intensificam, exprimem a qualidade de um adjetivo e, até mesmo, de um advérbio. Os</p><p>advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresentam variação em gênero e número,</p><p>apenas de grau. Os advérbios flexionam em dois graus: o comparativo e o superlativo.</p><p>• Grau Comparativo</p><p>O grau comparativo dos advérbios é dividido em: igualdade, superioridade e</p><p>inferioridade.</p><p>132</p><p>O comparativo de igualdade é formado com o uso da palavra "tão" antes do ad-</p><p>vérbio e "como" ou quanto "depois". Então, lembre-se: tão + advérbio + quanto (como).</p><p>Exemplo: João fala tão bem quanto Antônio.</p><p>O comparativo de superioridade é formado com a anteposição de mais ao</p><p>advérbio e acrescentando-se “que” ou “do que”. Há duas maneiras: o modo analítico e</p><p>o modo sintético.</p><p>- Analítico:  mais + advérbio + que (do que). Exemplo: João fala mais que (do que)</p><p>Antônio.</p><p>- Sintético:  melhor ou pior que (do que). Exemplo: João fala melhor que (do que)</p><p>Antônio.</p><p>Cabe aqui uma observação sobre o bem e mal. Esses advérbios recebem o</p><p>grau comparativo de superioridade irregular quando é expresso respectivamente pelas</p><p>formas melhor e pior. Exemplo: Os resultados dos seus exames são melhores que os</p><p>meus. Quando antecedem um verbo no particípio, o uso dos advérbios bem e mal, no</p><p>grau comparativo, altera-se para “mais bem” e “mais mal”. Exemplo: Minha casa está</p><p>mais bem construída que a dele.</p><p>O grau comparativo de inferioridade é formado com o acréscimo antes do</p><p>advérbio da palavra "menos" e "que" ou "do que" depois do advérbio. Lembre-se: menos</p><p>+ advérbio + que (do que). Exemplo: João fala menos que (do que) Antônio.</p><p>• Grau Superlativo</p><p>O superlativo pode ser analítico ou sintético:</p><p>- Analítico:  acompanhado de outro advérbio. Exemplo: João fala muito alto. Temos</p><p>nesse exemplo: muito = advérbio de intensidade e alto = advérbio de modo.</p><p>- Sintético: formado com sufixos. Exemplo: João fala altíssimo.</p><p>5 LOCUÇÃO ADVERBIAL</p><p>Denominamos locução adverbial o encontro de duas ou mais palavras que</p><p>exercem função de advérbio, que pode expressar as mesmas noções dos advérbios.</p><p>Iniciam ordinariamente por uma preposição. São locuções adverbias de:</p><p>- lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, por aqui etc.</p><p>- afirmação: por certo, sem dúvida etc.</p><p>- modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente etc.</p><p>- tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais etc.</p><p>133</p><p>É importante ressaltar que tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-</p><p>cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio. Exemplos: Ana chegou muito cedo para a aula.</p><p>Luiz é muito inteligente.</p><p>Locuções adverbiais mais usadas na língua portuguesa: às vezes, às claras, às</p><p>cegas, à esquerda, à direita, à distância, ao lado, ao fundo, ao longo, a cavalo, a pé, às</p><p>pressas, ao vivo, a esmo, à toa, de repente, de súbito, de vez em quando, por fora, por</p><p>dentro, por perto, por trás, por ali, por ora, com certeza, sem dúvida, de propósito, lado a</p><p>lado, passo a passo, o mais das vezes.</p><p>O advérbio foi o elemento estudado neste tópico. Pertence às classes de</p><p>palavras, que denominam os termos separadamente para se compreender o papel de</p><p>cada um deles dentro de um contexto.</p><p>Com o objetivo de ampliar os conhecimentos acerca do assunto, sugerimos</p><p>a leitura de um artigo científico e, logo após, o resumo e os exercícios para fixação e</p><p>reflexão do conteúdo apresentado.</p><p>134</p><p>OS VERDADEIROS ADVÉRBIOS: MODO, TEMPO E LUGAR</p><p>Solange Nascimento</p><p>Resumo: Este trabalho apresenta conceitos, delimitações e classificações a respeito</p><p>da descrição da classe dos advérbios, por meio de análise e comparação dos vários</p><p>enfoques dados ao tema pelas gramáticas normativas, anteriores e posteriores à N.G.B.,</p><p>e pelas pesquisas mais recentes. Defende como elementos fundamentais a serem</p><p>considerados na descrição a modificação verbal e/ou a noção de circunstância. Por</p><p>fim, trata das especificidades de cada grupo, buscando um posicionamento reflexivo e</p><p>crítico sobre os pontos mais problemáticos na teoria da classe.</p><p>Palavras-chave: Língua portuguesa. Gramática. Advérbio.</p><p>Deixamos aqui apenas uma parte do artigo, mas é importante que você leia</p><p>o texto na íntegra, que está disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.</p><p>php/cadernoseminal/article/view/12695>. Acesso em 12 mar. 2021.</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>135</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Advérbios são palavras invariáveis</p><p>que se unem aos verbos, indicando as circuns-</p><p>tâncias da ação verbal. Em alguns casos, os advérbios associam-se aos adjetivos,</p><p>especificando as suas qualidades e a outros advérbios intensificando seu sentido.</p><p>• Os advérbios se classificam em:</p><p>lugar</p><p>tempo</p><p>modo</p><p>afirmação</p><p>negação</p><p>dúvida</p><p>intensidade</p><p>exclusão</p><p>inclusão</p><p>ordem</p><p>• São advérbios Interrogativos: onde?  aonde?  donde? quando? como? por quê?</p><p>• Quanto à flexão, os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresentam variação</p><p>em gênero e número, apenas de grau.</p><p>• Quanto ao grau, os advérbios se flexionam em dois graus: o comparativo e o superlativo.</p><p>O Grau Comparativo é dividido em: igualdade, superioridade e inferioridade. O Grau</p><p>Superlativo pode ser analítico ou sintético.</p><p>• Locução adverbial é o encontro de duas ou mais palavras que exercem função de</p><p>advérbio, que podem expressar as mesmas noções dos advérbios.</p><p>136</p><p>1 A palavra meio pode ter vários sentidos e isso depende do contexto em que se</p><p>apresenta. Assinale a alternativa em que o termo destacado tem valor de advérbio.</p><p>a) ( ) Achei-o meio triste, com o ar abatido.</p><p>b) ( ) Não há meio mais fácil de estudar.</p><p>c) ( ) Só preciso de meio metro dessa renda.</p><p>d) ( ) Encarou-nos, esboçando um meio sorriso.</p><p>e) ( ) Ela caiu bem no meio do jardim.</p><p>2 Leia a frase: “Mais de cem anos depois, graças aos avanços nas pesquisas</p><p>arqueológicas, foram encontradas múmias no Egito”.</p><p>A vírgula que vem depois de “Mais de cem anos depois...” justifica-se por que é:</p><p>a) ( ) Um adjunto adverbial intercalado.</p><p>b) ( ) Um adjunto adverbial deslocado.</p><p>c) ( ) Uma oração adverbial temporal deslocada.</p><p>d) ( ) Um adjunto adnominal com valor de advérbio e está deslocado.</p><p>e) ( ) Um advérbio em forma de oração e está deslocado.</p><p>3 Indique o sentido das palavras ou expressões destacadas em cada frase, apesar</p><p>de sua classificação. A resposta deve apontar para a ideia que as palavras grifadas</p><p>expressam nas frases a seguir:</p><p>I. Certamente Maria passará na prova.</p><p>II. Dançar conforme a música.</p><p>III. Possivelmente, ele nos encontrará amanhã.</p><p>IV. Só andamos a pé.</p><p>a) ( ) afirmação, conformidade, dúvida, meio.</p><p>b) ( ) certeza, modo, dúvida, exclusão.</p><p>c) ( ) modo, afirmação, modo, instrumento.</p><p>d) ( ) afirmação, tempo, lugar, modo.</p><p>e) ( ) modo, modo, tempo, conformidade.</p><p>4 Na frase: “O músico toca seu instrumento incessantemente”, qual seria a classifica-</p><p>ção correta do advérbio incessantemente? Justifique sua resposta.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>137</p><p>5 Explique: “Estudar a classe dos advérbios é, segundo Bagno (2012), um território</p><p>visado por processos de gramaticalização pela amplitude de seu campo semântico,</p><p>que seria o mais amplo que existe”.</p><p>138</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo:</p><p>Publifolha, 2014.</p><p>BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola</p><p>Editorial, 2012.</p><p>BASÍLIO, M. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 2. ed. São</p><p>Paulo: Contexto, 2009.</p><p>BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira</p><p>& Lucerna, 2009.</p><p>BRESSANIN, J. A.; LEAL, A. F.C. A gramatização do português no Brasil: a posição</p><p>sujeito-gramático e a questão da língua nacional. Revista Línguas e Instrumentos</p><p>linguísticos, [s.l.], n. 39, jan./jun. 2017. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/</p><p>edicao39/artigo1.pdf. Acesso em: 27 jul. 2021.</p><p>CARVALHO, H. Expressão da gradação aumentativa na fala manauara. 2020,134f.</p><p>Dissertação (Pós-graduação em Linguística) – Universidade Federal de Santa</p><p>Catarina, Florianópolis, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/</p><p>handle/123456789/215827/PLLG0805-D.pdf?sequence=1. Acesso em: 28 jun. 2021.</p><p>CASIMIRO, S. A modalização no processo de gramatização no Brasil, Revista Inter-</p><p>texto, [s.l.], v. 10, n. 2, 2017. Disponível em: http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/</p><p>index.php/intertexto/article/view/2040. Acesso em: 27 jul. 2021.</p><p>CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. 1. ed., 2. reimp. São</p><p>Paulo: Contexto, 2012.</p><p>CASTILHO, A. T. de. ELIAS, V. M. Pequena gramática do português brasileiro. São</p><p>Paulo: Contexto, 2012.</p><p>CUNHA, C.; CINTRA, L.  Nova gramática do português contemporâneo. Rio de</p><p>Janeiro: Nova Fronteira, 1985.</p><p>GOMES, M. S. A gramática pedagógica do português brasileiro (Bagno, 2012)</p><p>e o ensino de gramática. 2019, 86f. Dissertação (Pós-Graduação em Educação) –</p><p>Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Ciências da Educação</p><p>(ICED), Santarém, PA, 2019. Disponível em: http://www.ufopa.edu.br/ppge/images/</p><p>dissertacoes/turma_2017/MARLISON_SOARES_GOMES.pdf. Acesso em: 19 jul. 2021.</p><p>139</p><p>REFERÊNCIAS MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes, 2002.</p><p>NASCIMENTO, S. Os verdadeiros advérbios: modo, tempo e lugar. Caderno Seminal</p><p>Digital, Rio de Janeiro, ano 14, n. 10, v. 10, jul./dez. 2008. Disponível em: https://</p><p>www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/cadernoseminal/article/view/12695. Acesso</p><p>em: 12 mar. 2021.</p><p>PERINI, M. A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.</p><p>ROCHA, T. MESCKA, P. M. Análise comparativa das definições de substantivos e verbos</p><p>nos compêndios de gramática normativa. Perspectiva, Erechim, v. 36, n. 136, p.89-99,</p><p>dez./2012. Disponível em: https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/136_310.</p><p>pdf. Acesso em: 30 jun. 2021.</p><p>SALGADO, J. L. Advérbios modalizadores discursivos, advérbios de comentário</p><p>avaliativos ou palavras modais? Revista Pandaemonium, São Paulo, v.</p><p>15, n. 19, jul. 2012, p. 154-184. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pg/a/</p><p>FNSmnZS8RHS6dmk85dXTkty/?lang=pt. Acesso em: 21 jul. 2021.</p><p>SANTANA, J. L. R. F.; DAMASCENO, G. L. N. Uma abordagem funcional dos advérbios</p><p>e adverbiais de tempo e aspecto em relatos. Revista (Con)Textos Linguísticos,</p><p>Vitória, v. 14, n. 28, p. 18-37, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/</p><p>contextoslinguisticos/article/view/31227. Acesso em: 22 jul. 2021.</p><p>SILVA NETO, A. C., OLIVEIRA, L. R. P. F. Uso e sistematização das classes de pala-</p><p>vras – substantivo e adjetivo: a teoria e análise linguístico-gramatical aplicada aos</p><p>estudos morfológicos – proposta de criação de material didático, 2014. Disponível em:</p><p>http://www.ileel.ufu.br/anaisdosielp/wp-content/uploads/2014/11/1495.pdf. Acesso</p><p>em: 30 jun. 2021.</p><p>SOUSA, C. C.; ALVARES, L. A. S. P. A gramática e a gramatização: o ensino da gramática e</p><p>o processo de gramatização brasileiro. Revista Ecos, [s.l.], v. 19, n. 2, 2015. Disponível em:</p><p>https://periodicos.unemat.br/index.php/ecos/article/view/1163. Acesso em 27 jul. 2021.</p><p>SOUZA, A. B. P. Flexão verbal: um novo olhar para o estudo dos verbos irregulares.</p><p>2016, 22f. TCC (Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Revisão de Texto) – Centro</p><p>Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD), Brasília, 2016.</p><p>140</p><p>141</p><p>CLASSES DE PALAVRAS:</p><p>NUMERAL, ARTIGO,</p><p>PRONOME, PREPOSIÇÃO,</p><p>CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO</p><p>UNIDADE 3 —</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• conhecer o estudo dos vocábulos a partir das classes e funções das palavras;</p><p>• aprender os conceitos e características dos numerais, artigos, pronomes,</p><p>preposições, conjunções e interjeições;</p><p>• aprender, por meio de exemplos, a utilização desses termos;</p><p>• entender a forma de diferenciá-los em contextos diferentes.</p><p>A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de</p><p>reforçar o conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – NUMERAL E ARTIGO</p><p>TÓPICO 2 – PRONOMES</p><p>TÓPICO 3 – PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure</p><p>um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>142</p><p>CONFIRA</p><p>A TRILHA DA</p><p>UNIDADE 3!</p><p>Acesse o</p><p>QR Code abaixo:</p><p>143</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>NUMERAL E ARTIGO</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>O Tópico 1 aborda os numerais e os artigos, seus conceitos e classificações.</p><p>Apresentaremos as formas corretas dos numerais</p><p>por extenso, com a intenção de</p><p>facilitar no momento de escrevê-los. E quanto aos artigos, a proposta é entender o seu</p><p>sentido nas frases, sabendo diferenciá-los dos numerais.</p><p>A gramática normativa traz os princípios dos termos, mas não podemos nos ater</p><p>só a essa visão. Sabemos, hoje, que o trabalho de ensinar a gramática aos alunos deve</p><p>despertar neles o interesse pela língua e não conhecimento hermético encerrado nas</p><p>classes de palavras.</p><p>A orientação é que você, como docente, trabalhe os textos, de todas as</p><p>maneiras, estilos e gêneros, como o literário, o jornalístico, por exemplo, como forma de</p><p>compreensão da língua portuguesa e, ainda, utilizando recursos como charges, tirinhas,</p><p>anúncios publicitários etc.</p><p>Bons estudos!</p><p>2 NUMERAL</p><p>Estudos recentes apresentados pela NGB (Nomenclatura da Gramática Bra-</p><p>sileira) têm questionado a presença dos numerais como elementos pertencentes às</p><p>classes de palavras, uma vez que têm concepção semântica e servem como quanti-</p><p>ficadores. Seriam os numerais elementos que permeiam as classes dos nomes, dos</p><p>pronomes, com funções atribuídas ao substantivo, ao adjetivo e ao advérbio?</p><p>Vamos definir os numerais para os nossos estudos. São palavras de ”função</p><p>quantificadora que denotam valor definido” (BECHARA, 2009, p. 167). Pode-se dizer,</p><p>também, que indicam quantidades de pessoas ou coisas. E, ainda, o numeral “é a classe</p><p>de palavras que denota um número exato de coisas, seres ou conceitos ou indica a</p><p>posição que ocupam numa determinada ordem” (CIPRO NETO; INFANTE, 2008, p. 304).</p><p>Temos aqui alguns exemplos:</p><p>Amanhã completarei vinte anos.</p><p>O bimestre letivo está começando.</p><p>144</p><p>Comi só a metade da maçã.</p><p>Tivemos o dobro de prejuízo com essa compra.</p><p>Essa é a segunda vez que venho a Paris.</p><p>Os numerais podem ser classificados quanto ao seu critério:</p><p>• funcional: palavra que atua como elemento específico de um núcleo ou de uma</p><p>expressão ou como substituto desse mesmo núcleo (substantivo, adjetivo);</p><p>• mórfico: palavra formada unicamente por um morfema gramatical;</p><p>• semântico: palavra que indica a quantidade dos seres, sua ordenação ou proporção</p><p>(cardinal, ordinal, múltiplo, fracionário, coletivo).</p><p>Podemos conceituar os numerais de uma forma mais ampla. Estariam no grupo</p><p>dos quantificadores. Veja o que diz Gomes, amparado nos estudos de Bagno:</p><p>Para Bagno (2012), a classe dos quantificadores corresponde aquilo</p><p>que a tradição gramatical chama de numerais e pronomes indefinidos.</p><p>A partir de Azeredo (2008, p. 173), Bagno diz que “os chamados</p><p>numerais ordinais são, de fato, quantificadores definidos”. Já os</p><p>pronomes indefinidos, são de fato “quantificadores indefinidos”</p><p>(BAGNO, 2012, p. 826 apud GOMES, 2019, p. 71).</p><p>Os numerais dão sentido aos números, quantificam. São muito utilizados e</p><p>permitem dimensão dos fatos. Hoje, inclusive, muitos pesquisadores se dedicam aos</p><p>estudos de dados, quantificadores que revelam uma situação comparativa e mostram a</p><p>interpretação dos fatos. Bagno (2012, p. 829) diz que:</p><p>[...] a quantificação não é simplesmente uma ‘classe gramatical’, mas</p><p>sim uma função que pode ser exercida não só pelos quantificadores</p><p>indefinidos [...], como também por uma série de locuções nominais e</p><p>preposicionais muito usuais, dentre as quais, cite-se: a maior parte</p><p>de e qualquer coisa.</p><p>Para fins pedagógicos, utilizamos os numerais como um dos termos das classes</p><p>de palavras e é importante conhecê-los dessa forma para poder entender sua função</p><p>dentro de um contexto e sua importância como indicadores de quantidades.</p><p>O que significa saber que 15% da população brasileira foi vacinada? Qual é a</p><p>população brasileira? O que esse valor corresponde em relação aos outros países? Os</p><p>números sugerem uma infinidade de interpretações possíveis em todas as áreas. Isso</p><p>apenas para exemplificar. Aqui uma mensagem enviada por Twitter: Secretaria da Saúde</p><p>SP #VacinaParaTodos.</p><p>Mais de 500 mil doses da vacina contra a COVID-19 foram aplicadas em SP.</p><p>Batemos mais um recorde, nas últimas 24 horas, desde o início da imunização no</p><p>estado. Isso significa que foi o dia que protegemos mais vidas com mais de cinco vacinas</p><p>aplicadas por segundo.</p><p>145</p><p>FIGURA 1 – ANÚNCIO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3k2xwpM>. Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>Observe quantos números aparecem nesse texto e sua importância na</p><p>compreensão da mensagem. Podemos ir mais longe dizendo que nos dias atuais os</p><p>números são informações a serem interpretadas. Exemplo: o que esses números citados</p><p>na mensagem mostram dentro de um contexto nacional?</p><p>Um exercício interessante seria equacionar os números apresentados à</p><p>população do Estado de São Paulo para termos a noção real da situação. Os números</p><p>servem como dados para interpretação da realidade.</p><p>Veja outro exemplo de utilização dos numerais. Aqui cabe uma sugestão para</p><p>se trabalhar com os alunos: um estudo dos quantificadores resultando em análise dos</p><p>fatos. A partir desses dados é possível redigir um texto mostrando a situação retratada.</p><p>146</p><p>QUADRO 1 – UTILIZAÇÃO DE NUMERAIS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/39mJJ2n>. Acesso em: 11 set. 2021.</p><p>Vamos ver como os numerais se classificam e qual é a utilização de cada um em</p><p>diferentes contextos.</p><p>2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS NUMERAIS</p><p>Os numerais são classificados em:</p><p>• Cardinais: são os numerais que  indicam quantidade, contagem, medida. É o</p><p>número básico. Exemplo: um, dois, cem, mil etc.</p><p>• Ordinais: são os numerais que indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada.</p><p>Exemplo: primeiro, segundo, centésimo, milésimo etc.</p><p>• Fracionários: são os numerais que indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão</p><p>dos seres. Exemplo: meio, terço, quinto, vinte e cinco avos etc.</p><p>• Multiplicativos: são os numerais que  têm a ideia de multiplicação dos seres e</p><p>indicam aumento proporcional dessa mesma quantidade. Exemplo: dobro, triplo,</p><p>quíntuplo etc.</p><p>• Coletivos: se referem ao conjunto de algo, indicando o número exato de seres que</p><p>compõem esse conjunto. Exemplo: dezena, dúzia, milheiro, novena, biênio, dueto,</p><p>quinzena etc.</p><p>147</p><p>A classificação dos numerais em cardinais, ordinais, multiplicativos e fracioná-</p><p>rios está relacionada ao significado e não às características mórficas apenas, pois os</p><p>números ordinais são essencialmente adjetivos, enquanto os fracionários são substan-</p><p>tivos. E ainda resta a dúvida para se definir se milhão, dezena, dúzia, entre outros, estão</p><p>mais para substantivos ou para numerais.</p><p>Exemplos de numerais substantivos:</p><p>- Os alunos fizeram o dobro da lição e conseguiram o triplo da nota.</p><p>- Um quinto da sala faltou hoje.</p><p>Exemplos de numerais adjetivos:</p><p>- Ela vai viajar de primeira classe (local privilegiado e mais caro).</p><p>- O cozinheiro usou carne de segunda (tipo de carne mais barata).</p><p>2.2 FLEXÃO DOS NUMERAIS</p><p>Os numerais podem ser variáveis, pois são flexionados em gênero (masculino e</p><p>feminino) e número (singular e plural) e invariáveis, não apresentando flexão.</p><p>Na expressão alusiva a um número não conhecido ou que não se</p><p>queira explicitar (o número tanto), pode-se também usar o plural: o</p><p>número tantos, a folhas tantas, a páginas tantas. Cabe ainda lembrar</p><p>que o numeral cardinal pode às vezes ser empregado para indicar</p><p>número indeterminado:</p><p>Peço-lhe um minuto de sua atenção (= alguns poucos minutos).</p><p>Contou-lhe o fato em duas palavras (= poucas palavras).</p><p>F. tem mil e um defeitos (por: muitos defeitos).</p><p>Ela anda com mil perguntas (por: muitas perguntas) (BECHARA,</p><p>2009, p. 170).</p><p>a) Flexão dos numerais cardinais</p><p>Alguns numerais cardinais variam em gênero: um e uma, dois e duas apenas. E</p><p>as centenas: duzentos e duzentas, trezentos e trezentas, quatrocentos e quatrocentas</p><p>etc. Alguns numerais cardinais variam em número: milhão e milhões, bilhão e bilhões,</p><p>trilhão e trilhões. Numerais invariáveis: três, quatro, cinco etc.</p><p>b) Flexão dos numerais ordinais</p><p>Os numerais ordinais variam em gênero e número. Exemplos: João foi o pri-</p><p>meiro a sair. Maria foi a primeira a sair. Eles foram os primeiros a sair. Elas foram as</p><p>primeiras a sair.</p><p>148</p><p>c)</p><p>Flexão dos numerais multiplicativos</p><p>Os numerais multiplicativos são invariáveis quando estão na posição de</p><p>substantivos, mas variam em gênero e número quando se apresentam como adjetivos.</p><p>Exemplos: Aquele ator apresenta o triplo da experiência em relação aos outros.</p><p>(substantivo).</p><p>As mulheres reclamam por exercer dupla jornada de trabalho. (adjetivo)</p><p>d) Flexão dos numerais fracionários</p><p>Os numerais fracionários variam em gênero e número conforme o numeral</p><p>cardinal que os antecedem.</p><p>Exemplos: Fiz uma terça parte da lição. Tomamos meio litro de vinho.</p><p>e) Flexão dos numerais coletivos</p><p>Os numerais coletivos variam apenas em número.</p><p>Exemplos: Comprei uma dúzia de bananas. Comprei três dúzias de bananas.</p><p>2.3 UTILIZAÇÃO DOS NUMERAIS</p><p>Vamos às formas de utilização dos numerais em que eles se encontram:</p><p>• Pospostos ao substantivo, referindo-se a reis, papas, séculos e capítulos de obras:</p><p>na escrita, os números romanos; e na leitura, os numerais ordinais. Isso somente vale</p><p>se a ordenação indicar até o décimo elemento. Exemplos: Capítulo IV (quarto); Papa</p><p>João Paulo II (segundo); Século III (terceiro). Quando a ordenação se referir ao décimo</p><p>primeiro em diante, a leitura se dará por meio dos números cardinais. Exemplos: João</p><p>XXIII (vinte e três); Capítulo XXX (trinta;) Canto XV (quinze).</p><p>• Anteposto ao substantivo, usamos os números ordinais. Exemplos: 15º andar (décimo</p><p>quinto); 5ª estrofe (quinta); 20ª nota (vigésima).</p><p>• Para indicar o primeiro dia de cada mês, utilizamos sempre numeral ordinal. Exemplo:</p><p>primeiro de abril, primeiro de maio etc.</p><p>• Na numeração de casas, apartamentos, páginas, blocos etc. utilizam-se os cardinais.</p><p>Exemplos: casa 4 (quatro); página 80 (oitenta); apartamento 51 (cinquenta e um).</p><p>Caso o numeral venha antes do substantivo, usamos os ordinais. Exemplos: 21º andar</p><p>(vigésimo primeiro); 3ª casa (terceira).</p><p>• Em decretos, portarias, leis, artigos e outros textos considerados oficiais empregam-</p><p>se os ordinais até o nono, e os cardinais a partir do número dez.</p><p>• Exemplos: artigo 5º (quinto); parágrafo 3º (terceiro); parágrafo 11 (onze).</p><p>149</p><p>• Não devemos empregar o cardinal “um” antes de “mil”. Exemplo: As contas do mês</p><p>somaram mil reais.</p><p>• Ao nos referirmos aos termos “milhão” e “milhar”, empregamos o artigo masculino, de</p><p>modo a adequá-lo ao gênero de ambos (masculino). Exemplo:</p><p>• Os nove milhões foram pagos ao ganhador.</p><p>• O numeral cardinal representado por “um” e o artigo indefinido “um” geram dúvidas.</p><p>Então utilizamos o “um” quando ele representar quantidade exata, obtendo como</p><p>plural o numeral dois. O uso do artigo refere-se à indicação de um ser indeterminado,</p><p>cujo plural é uns.</p><p>• Exemplos:</p><p>- Só um aluno fez a lição (numeral).</p><p>- Encontraram um menino perdido na rua (artigo indefinido).</p><p>Ambos/ambas  são considerados numerais e significam "um</p><p>e outro", "os dois" (ou "uma e outra", "as duas") e são sempre</p><p>empregados para referenciar pares de seres aos quais já foram</p><p>citados. Por exemplo: Maria e João parecem ter se entendido</p><p>melhor. Ambos agora estão convivendo bem.</p><p>NOTA</p><p>Como você pode observar, o estudo de classes de palavras é questionado por</p><p>alguns autores como inadequado, tendo em vista que tendem rotular as palavras como</p><p>pertencentes à determinada classe como se fosse uma situação fixa. Daí o perigo de</p><p>se estudar listas de palavras pertencentes à determinada classe, pois uma mesma</p><p>palavra pode exercer diferentes funções gramaticais conforme o contexto. Por isso,</p><p>observamos que palavras tidas como numerais, ora funcionam como substantivos, ora</p><p>como adjetivos, por exemplo. Nesse sentido, é vital que o ensino da gramática esteja</p><p>sempre atrelado à análise dos contextos de enunciação.</p><p>Sobre os numerais, pode-se afirmar que:</p><p>Numeral é uma propriedade semântica de uma subclasse dos nomes.</p><p>Do ponto de vista gramatical, não há nenhuma razão para conferir</p><p>uma classe à parte a essas palavras que expressam quantidade</p><p>exata. Na definição proposta, os numerais são substantivos ou</p><p>adjetivos, segundo a posição que ocupam no sintagma (AZEVEDO,</p><p>2008 apud BAGNO, 2011, p. 825-826).</p><p>Para Bagno (2011), a criação de uma classe gramatical para palavras que têm</p><p>simplesmente função de substantivo ou adjetivo é uma incoerência. Por isso, o ensino</p><p>de língua...</p><p>150</p><p>antes centrado no domínio das regras em atividades de reconheci-</p><p>mento e de classificação, agora se direciona para o uso social que</p><p>dela fazemos e nos faz atentar também para o caráter reflexivo do</p><p>qual a linguagem se reveste. [...] Sendo assim, não há mais espaço</p><p>para o ensino de língua que priorize o estudo dos aspectos norma-</p><p>tivos, mas para o estudo da língua que passa a ser tomada como</p><p>um fenômeno social de interação (BASTOS; LIMA; SANTOS, 2012,</p><p>p. 113-114).</p><p>Por isso, esperamos que, ao longo desta unidade você possa compreender que</p><p>precisamos tecer um estudo a partir de nomenclaturas de classes ou funções gramaticais,</p><p>mas que esses conceitos não são estáveis/imutáveis, tampouco inquestionáveis. Há a</p><p>necessidade de analisarmos os contextos comunicativos, observando que ao falarmos</p><p>de funções em detrimento do termo “classes de palavras” é justamente por entender</p><p>que uma mesma palavra pode assumir diferentes funções na interação social.</p><p>Dito isso, vamos agora passar para o estudo da função dos artigos, que são</p><p>tradicionalmente identificados como definidos e indefinidos, buscando compreender</p><p>sua finalidade dentro dos textos.</p><p>3 ARTIGOS</p><p>Artigos são palavras que acompanham os substantivos, indicando o seu</p><p>número (singular ou plural) e o seu gênero (masculino ou feminino). São classificados em</p><p>artigos definidos, que determinam os substantivos, como exemplo: o menino e artigos</p><p>indefinidos que indeterminam os substantivos, exemplo: um menino.</p><p>Canção Mínima</p><p>No mistério do Sem-Fim,</p><p>equilibra-se um planeta.</p><p>E, no planeta, um jardim,</p><p>e, no jardim, um canteiro;</p><p>no canteiro, uma violeta,</p><p>e, sobre ela, o dia inteiro,</p><p>entre o planeta e o Sem-Fim,</p><p>a asa de uma borboleta.</p><p>FONTE: MEIRELES, Cecília. Obra poética. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, p. 163.</p><p>O poema de Cecília Meireles é um bom exemplo para se tratar artigo definido e</p><p>indefinido com os alunos. A ideia é fazer com que entendam a diferença entre um termo</p><p>que mostra definição e indefinição (o planeta/um planeta), o que importa para o emissor</p><p>da mensagem e o que está distante dele.</p><p>151</p><p>Observe que, anteriormente, ao falarmos de numerais, comentamos que as</p><p>mesmas palavras podem assumir diferentes funções gramaticais, conforme o contexto.</p><p>Nesse sentido as palavras: um, uma, uns, umas, identificadas aqui como artigos</p><p>indefinidos, foram antes analisadas como numerais. Por isso, no ensino da língua</p><p>portuguesa deve-se atentar à semântica das palavras dentro dos textos. O estudo da</p><p>gramática, mais que reconhecer regras é um exercício de observação, análise e reflexão</p><p>sobre o funcionamento da língua.</p><p>Segundo Bechara (2009, p.130), “chama-se artigo definido ou simplesmente</p><p>artigo: o, a, os, as, antepostos a substantivos, com reduzido valor semântico</p><p>demonstrativo e com função precípua de adjunto desses substantivos”.</p><p>Devemos, também, estudar o artigo segundo os critérios:</p><p>• funcional – funciona como termo determinante do núcleo de uma expressão;</p><p>• mórfico – formada unicamente por um morfema gramatical (palavra variável em</p><p>gênero e número);</p><p>• semântico – define ou indefine o substantivo a que se refere (definido ou indefinido).</p><p>A tradição gramatical tem aproximado este verdadeiro artigo de um,</p><p>uns, uma, umas, chamados artigos indefinidos, que se assemelham</p><p>a o, a, os, as pela mera circunstância de também funcionarem como</p><p>adjunto de substantivo, mas que do autêntico artigo diferem pela</p><p>origem, tonicidade, comportamento no discurso, valor semântico e</p><p>papéis gramaticais.</p><p>Pela origem, porque o, a, os, as se prendem a antigo demonstrativo</p><p>latino (illum, illa) – o que lhes garante o valor de demonstrativo</p><p>atenuado –, enquanto um, uma, uns, umas representam emprego</p><p>especial de</p><p>generalização do numeral um. Pela tonicidade, porque,</p><p>sendo um vocábulo eminentemente átono, não pode funcionar</p><p>sozinho na oração, como o faz o chamado artigo indefinido que, neste</p><p>papel, só não se confunde com o pronome indefinido pelo auxílio que</p><p>lhe emprestam os entornos linguísticos (BECHARA, 2009, p. 130-131).</p><p>O artigo definido e indefinido precisa ser estudado considerando-se a sua</p><p>significação na frase, pois é muito comum confundir, por exemplo, um artigo indefinido</p><p>com numeral ou um artigo definido com pronome, A partir da explicação de Bechara</p><p>(2009), fica mais fácil entender o papel de cada um dentro do contexto que se quer dizer.</p><p>3.1 ARTIGOS DEFINIDOS</p><p>Os artigos definidos são o, a, os, as. Determinam os substantivos de forma par-</p><p>ticular, objetiva e precisa, individualizando seres e objetos. Conhecemos a pessoa ou</p><p>objetivo a que queremos nos referir. Exemplo: A menina morreu.</p><p>Agora vamos ver como se utilizam os artigos definidos:</p><p>152</p><p>• Em alguns nomes de cidades, estados, países: a Inglaterra, o Brasil.</p><p>• Em nomes de estações do ano: o inverno, o verão, a primavera e o outono.</p><p>• Em nomes de pontos cardeais: o norte, o sul, o leste, o oeste, o sudeste.</p><p>• Em nomes de feriados e datas comemorativas: o carnaval, o Natal, a Páscoa.</p><p>• Em cognomes e títulos: o senhor, a doutora.</p><p>• Em nomes próprios, transmitindo conhecimento e familiaridade: a Luísa, o Gabriel.</p><p>Seguem, aqui, alguns casos em que o uso do artigo, neste caso, é opcional:</p><p>• Com pronomes possessivos: a minha mãe, o meu carro.</p><p>• Com a palavra todos, indicando totalidade: todos os dias, todas as alunas.</p><p>• Após o numeral ambos: ambos os carros, ambas as provas.</p><p>Importante saber que não se usa artigo:</p><p>• Depois de pronome relativo: Este autor cuja obra eu conheço.</p><p>• Antes do pronome de tratamento: Vossa Excelência é muito inteligente.</p><p>• Antes de nomes de lugares em que não se admite esse elemento: São Paulo é uma</p><p>cidade grande. Exceção: Vou visitar a bela São Paulo. Nesse caso, a exceção se dá por</p><p>conta do adjetivo antes do nome do lugar.</p><p>As mesmas palavras (o, a, os, as) que são identificadas como artigos</p><p>definidos, conforme a situação de uso, podem funcionar como pronome.</p><p>Enquanto os artigos têm a função de determinar os substantivos,</p><p>individualizando seres ou coisas; como pronomes, essas palavras fazem</p><p>retomada anafórica, ou seja, retomam palavras já ditas, evitando sua</p><p>repetição. Veja o exemplo:</p><p>Prendi o teu cachorro, mas não o maltratei.</p><p>Na primeira vez que aparece na frase, o é um artigo, mas da segunda</p><p>vez funciona como pronome, retomando a palavra cachorro.</p><p>NOTA</p><p>3.2 ARTIGOS INDEFINIDOS</p><p>Os artigos indefinidos são um, uma, uns, umas. Indeterminam os substantivos,</p><p>caracterizando-os de forma imprecisa e generalizada, sem particularizar e individualizar</p><p>seres e objetos.</p><p>Nesse caso, desconhecemos a pessoa ou objeto a que queremos nos referir.</p><p>Exemplo: Mais uma menina morreu.</p><p>153</p><p>Listamos aqui as formas de utilização dos pronomes indefinidos:</p><p>• Com números quando indicam aproximação numérica: uns duzentos.</p><p>• Para dar ênfase a uma palavra, um sentimento: uma raiva, um amor.</p><p>• Para comparar alguém com uma figura conhecida: ela é uma dama.</p><p>• Para referir-se a obras de um artista: comprei um Picasso, vendi um Miró.</p><p>• Para indicar uma pessoa de uma família, inclusive ressaltando importância ou</p><p>hereditariedade: ele é um Monteiro, ela é uma Albuquerque de Almeida.</p><p>Veja o que tem a dizer a pesquisadora Maria Helena de Moura Neves (2017, p. 19)</p><p>sobre os artigos:</p><p>O artigo definido, o demonstrativo e o possessivo, aparentemente,</p><p>são apenas internos ao sintagma nominal (são ‘determinantes’, são</p><p>‘adjuntos adnominais’), entretanto só podem ser interpretados, e,</p><p>portanto, também eles, só podem ter sua classe estabelecida, a sua</p><p>gramática resolvida, se considerado o seu papel de referenciação</p><p>textual, e, portanto, a organização semântica textual.</p><p>O mesmo não ocorre com outros elementos estruturalmente internos</p><p>ao sintagma, como os indefinidos e os numerais, já que esses não</p><p>têm papel referenciador na organização discursivo-textual.</p><p>Na verdade, o artigo não tem valor significativo nas determinações por classes</p><p>gramaticais. Nem sempre o que pensamos ser um artigo realmente é. Por exemplo,</p><p>quando falamos: “A casa de Maria é boa, mas a de Alice é melhor”. O primeiro a é um</p><p>artigo definido, pois aponta que a casa é determinada, não se trata de qualquer casa,</p><p>mas o segundo a é um pronome demonstrativo, uma vez que substitui a palavra casa.</p><p>Agora, se disséssemos: “A casa de Maria é boa, mas a casa de Alice é melhor”, seriam os</p><p>dois “as” artigos definidos. Portanto, é importante que se dê atenção ao contexto.</p><p>Para saber se  um  é artigo, coloque após o substantivo que ele</p><p>acompanha a palavra qualquer. Exemplo: Eu quero comprar um celular</p><p>(qualquer).</p><p>Para saber se um é numeral, coloque antes dele somente ou apenas.</p><p>Exemplo: Eu quero comprar (apenas) um celular, porque está muito</p><p>caro. Outra dica é substituir um por dois, para verificar se “um” expressa</p><p>ideia de quantidade. Exemplo: Eu quero comprar um (dois) celular (es).</p><p>NOTA</p><p>Outro ponto importante ao que se refere ao emprego dos artigos são as formas</p><p>como se contraem as preposições a, em, de e por.</p><p>154</p><p>Artigos definidos contraídos com preposições:</p><p>Preposição a</p><p>ao (a + o)</p><p>à (a + a)</p><p>aos (a + os)</p><p>às (a + as)</p><p>Preposição de</p><p>do (de + o)</p><p>da (de + a)</p><p>dos (de + os)</p><p>das (de + a</p><p>Preposição em</p><p>no (em + o)</p><p>na (em + a)</p><p>nos (em + os)</p><p>nas (em + as)</p><p>Preposição por</p><p>pelo (por + o)</p><p>pela (por + a)</p><p>pelos (por + os)</p><p>pelas (por + as)</p><p>Artigos indefinidos contraídos com preposições:</p><p>Preposição em</p><p>num (em + um)</p><p>numa (em + uma)</p><p>nuns (em + uns)</p><p>numas (em + umas)</p><p>Preposição de</p><p>dum (de + um)</p><p>duma (de + uma)</p><p>duns (de + uns)</p><p>dumas (de + umas)</p><p>Os artigos apresentam as seguintes funções em uma frase. Vamos conhecê-las:</p><p>• Função de substantivação: os artigos criam substantivos a partir de outras classes</p><p>gramaticais, transformando, por exemplo, adjetivos e verbos em substantivos.</p><p>Exemplos. A gata tem um andar silencioso (substantivação de um verbo).</p><p>O azul da blusa da menina é lindíssimo! (substantivação de um adjetivo).</p><p>• Função de distinção entre homônimos: é por meio do artigo que se faz a distinção</p><p>entre o feminino e o masculino da palavra e a distinção entre seus significados, como:</p><p>o cabeça, a cabeça, o praça, a praça etc.</p><p>Exemplos: Lima é a capital do Peru (a capital).</p><p>A nossa empresa está com problemas de capital financeiro (o capital).</p><p>No poema de Carlos Drummond de Andrade há artigos definidos e indefinidos:</p><p>No meio do caminho</p><p>No meio do caminho tinha uma pedra</p><p>tinha uma pedra no meio do caminho</p><p>tinha uma pedra</p><p>155</p><p>no meio do caminho tinha uma pedra.</p><p>Nunca me esquecerei desse acontecimento</p><p>na vida de minhas retinas tão fatigadas.</p><p>Nunca me esquecerei que no meio do caminho</p><p>tinha uma pedra</p><p>tinha uma pedra no meio do caminho</p><p>no meio do caminho tinha uma pedra.</p><p>FONTE: <http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond04.htm>. Acesso em: 24 jul. 2021.</p><p>No meio do meu caminho tinha uma pedra qualquer. Fica bem claro no texto o</p><p>sentido do que está definido (o caminho) e o que é indiferente (uma pedra).</p><p>Apresentamos um poema de Manoel de Barros para que possamos encontrar os</p><p>artigos. Separamos apenas o(s) e a(s), desconsiderando as contrações.</p><p>O livro sobre nada</p><p>É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.</p><p>Tudo que não invento é falso.</p><p>Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.</p><p>Tem mais presença em mim o que me falta.</p><p>Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.</p><p>Sou muito preparado de conflitos.</p><p>Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser</p><p>que a revelou.</p><p>[...]</p><p>FONTE: <https://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-de-manoel-de-barros/>. Acesso em:</p><p>24 jul. 2021.</p><p>Reconhecemos de imediato que são todos artigos pela aparência, mas não é</p><p>isso que ocorre. Observe os seguintes versos: “Há muitas maneiras sérias de</p><p>não dizer</p><p>nada, mas só a poesia é verdadeira”. Temos, nesse verso, artigo definido, pois o a se</p><p>relaciona à palavra poesia, identificando-a.</p><p>“Tem mais presença em mim o que me falta”, temos pronome (=equivale a</p><p>aquilo), podemos entender sintaticamente por meio do verbo faltar (falta o quê? =</p><p>aquilo, que por sua vez substitui um substantivo = sentimento, verdade ou outra coisa).</p><p>“Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário”, aí é artigo.</p><p>156</p><p>“Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada</p><p>do ser que a revelou”, temos pronome. Veja que aqui podemos entender sintaticamente</p><p>a função do a (revelou quem? = ela).</p><p>Uma ideia para quem leciona língua portuguesa é pedir para os alunos</p><p>reescreverem o poema substituindo esses termos comentados anteriormente, para</p><p>que eles percebam a diferença que há entre os elementos e só é possível reconhecer</p><p>analisando-os sintaticamente.</p><p>Sugerimos a leitura da dissertação de mestrado de Heitor da Silva</p><p>Campos Júnior, intitulada A variação morfossintática do artigo</p><p>definido na capital capixaba, com várias discussões acerca do papel</p><p>do artigo na fala e na escrita.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3AGNsGA.</p><p>DICA</p><p>Esperamos que você tenha conseguido compreender as funções que podem</p><p>assumir os numerais e os pronomes. Não se esqueça de sempre analisar os contextos</p><p>de uso, pois as nomenclaturas e a memorização de regras costumam nos colocar em</p><p>armadilhas, pois acabam nos levando a generalizações que nem sempre condizem com</p><p>as funções das palavras na prática textual. Dessa forma, a identificação de funções</p><p>gramaticais está atrelada à semântica, ao uso social da língua. Vamos agora ao resumo</p><p>deste tópico!</p><p>157</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Numerais denotam um número exato a coisas, seres ou conceitos, ou ainda indicam</p><p>a posição que ocupam numa determinada ordem. São os elementos que permeiam</p><p>as classes dos nomes, dos pronomes, com funções atribuídas ao substantivo, ao</p><p>adjetivo e ao advérbio.</p><p>• Os numerais podem ser classificados quanto ao seu critério: funcional – palavra que</p><p>atua como elemento específico de um núcleo ou de uma expressão ou como substituto</p><p>desse mesmo núcleo (substantivo, adjetivo); mórfico – palavra formada unicamente</p><p>por um morfema gramatical e semântico – palavra que indica a quantidade dos seres,</p><p>sua ordenação ou proporção (cardinal, ordinal, múltiplo, fracionário, coletivo).</p><p>• Cardinais são os numerais que indicam quantidade, contagem, medida. É o número</p><p>básico.</p><p>• Ordinais são os numerais que indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada.</p><p>• Fracionários são os numerais que indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão</p><p>dos seres.</p><p>• Multiplicativos são os numerais que têm a ideia de multiplicação dos seres e indicam</p><p>aumento proporcional dessa mesma quantidade.</p><p>• Coletivos se referem ao conjunto de algo, indicando o número exato de seres que</p><p>compõem esse conjunto.</p><p>• Artigos são palavras que acompanham os substantivos, indicando o seu número</p><p>(singular ou plural) e o seu gênero (masculino ou feminino).</p><p>• Artigos definidos determinam os substantivos de forma particular, objetiva e precisa,</p><p>individualizando seres e objetos.</p><p>• Artigos indefinidos indeterminam os substantivos, caracterizando-os de forma</p><p>imprecisa e generalizada, sem particularizar e individualizar seres e objetos.</p><p>158</p><p>1 Em qual das frases a seguir o artigo está substantivando uma palavra, em função do</p><p>sentido dessas palavras consideradas nominais?</p><p>a) ( ) Joana não se sentou à mesa.</p><p>b) ( ) A saída do cinema está fechada.</p><p>c) ( ) A viagem foi adiada por causa da pandemia.</p><p>d) ( ) Eu quero entender o porquê da queda dos juros bancários.</p><p>e) ( ) Luiz chorou com a morte da amiga porque a queria muito.</p><p>2 Leia o poema de Clarice Lispector:</p><p>Abro o jogo!</p><p>Só não conto os fatos de minha vida:</p><p>sou secreta por natureza.</p><p>Há verdades que nem a Deus eu</p><p>contei. E nem a mim mesma. Sou</p><p>um segredo fechado a sete chaves.</p><p>Por favor me poupem.</p><p>No poema há palavras com o sentido de artigo definido, em qual das frases abaixo é</p><p>possível reconhecê-lo?</p><p>I- No verso “Há verdades que nem a Deus eu contei...”</p><p>II- No verso “Sou um segredo fechado a sete chaves...”</p><p>III- No verso “Só conto os fatos de minha vida...”</p><p>IV- No verso “E nem a mim mesma”</p><p>Assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.</p><p>b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.</p><p>c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.</p><p>d) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>e) ( ) Todas as sentenças estão corretas.</p><p>3 De acordo com o sentido, o numeral que se apresenta no lugar de um substantivo,</p><p>pode exercer a função sintática de:</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>159</p><p>a) ( ) Os dois estavam estudando na sala (sujeito).</p><p>b) ( ) Encontramos os três na rua (objeto direto).</p><p>c) ( ) Éramos seis (predicativo do sujeito).</p><p>d) ( ) O carro foi empurrado pelos quatro (agente da passiva).</p><p>e) ( ) Os dois alunos estavam jogando bola na quadra (adjunto adnominal).</p><p>4 Responda como diferenciar o artigo um e o numeral um em uma frase, sendo que</p><p>graficamente são iguais, mas podem ter sentidos e funções diferentes?</p><p>5 Leia os exemplos a seguir e justifique a diferença que entre as frases: uma frase com</p><p>a presença do artigo definido e a outra com a ausência do artigo.</p><p>Toda a escola estava arrumada para receber os alunos.</p><p>Toda escola deveria estar arrumada e preparada para receber os alunos.</p><p>160</p><p>161</p><p>PRONOMES</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Este tópico está inteiramente voltado ao estudo dos pronomes. Cabe aqui</p><p>mostrar importância do uso dos pronomes na língua portuguesa. Vamos ver os tipos de</p><p>pronomes e qual a sua função para a compreensão das frases e facilitação no processo</p><p>comunicativo.</p><p>Definimos pronomes como palavras que substituem ou determinam os subs-</p><p>tantivos. Indicam as pessoas do discurso, expressam formas sociais de tratamento e</p><p>substituem, acompanham ou retomam palavras e orações já expressas. Há vários tipos</p><p>de pronomes: pronomes pessoais, pronomes possessivos, pronomes demonstrativos,</p><p>pronomes interrogativos, pronomes relativos e pronomes indefinidos. Além dessa clas-</p><p>sificação principal, os pronomes também podem ser adjetivos e substantivos.</p><p>Além disso, sempre é bom lembrar que apresentamos os elementos que</p><p>compõem as classes gramaticais e que devem ser reconhecidos nos textos a partir de</p><p>análises sintáticas e do sentido que expressam.</p><p>UNIDADE 3 TÓPICO 2 -</p><p>2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES</p><p>Pronomes são palavras que substituem ou determinam os substantivos. São</p><p>eles que indicam as pessoas do discurso, expressam formas sociais de tratamento e</p><p>substituem, acompanham ou retomam palavras e orações já expressas. Contribuem,</p><p>assim, para garantir a síntese, a clareza, a coerência e a coesão do texto.</p><p>Pronome é a classe de palavras categoremáticas que reúne unida-</p><p>des em número limitado e que se refere a um significado léxico pela</p><p>situação ou por outras palavras do contexto. De modo geral, essa</p><p>referência é feita a um objeto substantivo considerando-o apenas</p><p>como pessoa localizada do discurso.</p><p>Pessoas do discurso</p><p>Pessoas do discurso – São duas as pessoas determinadas do discur-</p><p>so: 1ª eu (a pessoa correspondente ao falante) e 2ª tu (corresponden-</p><p>te ao ouvinte). A 3ª pessoa, indeterminada, aponta para outra pessoa</p><p>em relação aos participantes da relação comunicativa (BECHARA,</p><p>2009, p. 130).</p><p>162</p><p>Para Ulisses Infante (2012, p. 241), o pronome:</p><p>permite identificar o ser como sendo aquele que utiliza a língua no</p><p>momento da comunicação (eu, nós), aquele a que a comunicação é</p><p>dirigida (tu, você, vós, Senhora) ou também como aquele ou aquilo</p><p>que não participa do ato comunicativo, mas é nele mencionado (ele,</p><p>ela, aquilo, outro, qualquer, alguém e etc.).</p><p>E continua o pesquisador a definir o pronome, dizendo que:</p><p>também pode se referir a um determinado ser, relacionando-se com</p><p>as pessoas do discurso; pode, por exemplo, estabelecer relações de</p><p>posse ou proximidade com a primeira pessoa (meu livro, este</p><p>livro,</p><p>isto), com a segunda pessoa (teu livro, esse livro, isso) e com isso a</p><p>terceira pessoa (aquele livro, aquilo) (INFANTE, 2012, p. 241).</p><p>Para Bagno (2012, p. 737), os pronomes não são considerados como uma classe</p><p>de palavras, “mas sim como uma função que palavras de diferentes classes podem</p><p>exercer: a função anafórica, isto é, de retomada/substituição de algum elemento</p><p>anteriormente mencionado”. Lembrando que função anafórica é aquela que se refere</p><p>a um pronome demonstrativo usado para lembrar um termo já mencionado no texto.</p><p>Trata-se de um recurso para não deixar um texto muito repetitivo. Ainda, para Bagno</p><p>(2012, p. 462), “Outra razão para tratar os pronomes como uma função é o fato de que</p><p>muitas palavras tradicionalmente chamadas de ‘pronomes’ não só empreendem a</p><p>retomada anafórica, mas também funcionam como determinantes”.</p><p>Nesse sentido, podemos dizer que os pronomes substituem os substantivos ou</p><p>os determinam.</p><p>FIGURA 2 – FUNÇÃO DO PRONOMES</p><p>FONTE: <https://prezi.com/wzxyseaeqtvb/pronomes/?present=1>. Acesso em: 22 ago. 2021.</p><p>Nessa frase o pronome possessivo teu determina o substantivo cachorro e</p><p>atribui a ele uma característica, por isso pode ser definido como um pronome adjetivo.</p><p>O pronome oblíquo o retoma o substantivo cachorro, por isso pode ser denominado</p><p>pronome substantivo.</p><p>Observe o poema a seguir e procure verificar essas funções exercidas pelos</p><p>pronomes, a retomada anafórica e a determinação.</p><p>163</p><p>GRAMÁTICA DO AMOR</p><p>Ricardo Pires Fernandes</p><p>Conjuga-me num beijo</p><p>interjeita-me nos teus braços</p><p>Adjectiva o meu desejo</p><p>Personifica os nossos laços.</p><p>Imperativa o teu sentimento</p><p>Metaforiza-o com a natureza</p><p>Exclama-o num momento</p><p>Eterno com certeza.</p><p>Acentua-o com um sorriso</p><p>Transcreve-o num poema</p><p>Compõe-no num feitiço</p><p>descobrirás que amor é o tema.</p><p>Coordena agora tudo,</p><p>Para sempre vais lembrar</p><p>Que o poeta não fica mudo</p><p>e com esta gramática se vai expressar.</p><p>FONTE: <https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=64161>. Acesso em: 30 jul. 2021.</p><p>Podemos perceber que nos quatro primeiros versos, os pronomes possessivos</p><p>funcionam como determinantes, ou seja, são pronomes adjetivos, atribuem caracterís-</p><p>ticas a substantivos.</p><p>Depois, por cinco vezes, a palavra sentimento é retomada a partir do pronome</p><p>oblíquo o, ou seja, trata-se de um pronome substantivo.</p><p>Ainda observamos o uso dos pronomes demonstrativos a partir de “esta”, no</p><p>último verso, sendo que nesse caso, o pronome demonstrativo “esta” refere-se ao</p><p>próprio texto, ou seja, à “Gramática do Amor” e não à gramática normativa.</p><p>Quando um texto se refere a ele mesmo, usaremos este, esta (Ex.: Esta</p><p>pesquisa objetiva.../ Este texto tem o objetivo de...). Quando um texto se refere a outro</p><p>texto, usa-se esse, essa (Ex.: Marcos Bagno, em Gramática Pedagógica do Português</p><p>Brasileiro, contrasta os termos classe e função. Nesse texto, o autor...)</p><p>164</p><p>Compreender a função dos pronomes é um recurso poderoso para o ensino</p><p>não apenas da gramática, mas principalmente para o ensino da escrita e da compreen-</p><p>são de textos. Compreendendo a função dos pronomes, somos capazes produzir textos</p><p>mais coesos e fluentes, evitando a repetição desnecessária de elementos no texto.</p><p>Além disso, precisamos nos atentar o quanto é complexo o funcionamento da</p><p>língua e como os diferentes conhecimentos gramaticais se complementam para colo-</p><p>car em prática o exercício da escrita.</p><p>Você certamente estudou a transitividade verbal ao longo de sua trajetória</p><p>escolar e acadêmica, mas você sabia que esse conhecimento é de suma importância</p><p>para o uso adequado dos pronomes? Vamos retomar sucintamente para entender o</p><p>uso dos pronomes:</p><p>Quando o verbo não exige preposição para transitar para o complemento, temos</p><p>um objeto direto.</p><p>Ex.: Comprei o pão.</p><p>Quem compra, compra algo, não compra A algo. Logo temos um objeto direto.</p><p>Quando o verbo exige uma preposição para transitar para o complemento, te-</p><p>mos um objeto indireto.</p><p>Ex.: Dei a ele um pão.</p><p>Nesse caso, “dei” algo A alguém ou PARA alguém. Logo temos um objeto indireto.</p><p>Assim, na frase: “Comprei um pão e dei a ele”, temos objeto direto e indireto.</p><p>“Comprei” algo (pão = objeto direto) para alguém (ele = objeto indireto).</p><p>Veja a imagem a seguir:</p><p>FIGURA 3 – TRANSITIVIDADE VERBAL</p><p>FONTE: <https://prezi.com/wzxyseaeqtvb/pronomes/?present=1>. Acesso em: 22 ago. 2021.</p><p>165</p><p>No exemplo dessa imagem, o verbo pagar é transitivo direto e indireto (VTDI),</p><p>pois entre o verbo paguei e o objeto pão não se exige preposição, logo pão é um objeto</p><p>direto (OD), mas entre o verbo paguei e o objeto padeiro exige-se preposição (ao padeiro/</p><p>para o padeiro), logo padeiro é um objeto indireto. Mas qual é a relação disso com o uso</p><p>dos pronomes? Pois bem, observe a próxima imagem:</p><p>FIGURA 4 – OBJETO DIRETO E INDIRETO</p><p>FONTE: <https://prezi.com/wzxyseaeqtvb/pronomes/?present=1>. Acesso em: 22 ago. 2021.</p><p>Quando quisermos retomar no texto uma palavra que funciona como objeto</p><p>direto, usaremos os pronomes oblíquos: o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos nas.</p><p>Contudo, quando quisermos retomar uma palavra que funciona como objeto indireto,</p><p>usaremos os pronomes oblíquos lhe ou lhes.</p><p>• Paguei o pão ao padeiro.</p><p>• Paguei-o ao padeiro. (“o” substitui “pão” – OD)</p><p>• Paguei-lhe o pão. (“lhe” substitui “padeiro” – OI)</p><p>Como você pode ver, o conhecimento gramatical é crucial para uma boa escri-</p><p>ta. Com essa perspectiva, podemos buscar um ensino da gramática aplicada a textos,</p><p>ou seja, deixa-se de ensinar a gramática pela gramática e passa-se a esclarecer aos</p><p>estudantes que aprender a gramática é descascar a língua, visualizar suas engrena-</p><p>gens e aprender a colocá-las em funcionamento. Dessa forma, dá-se sentido àquilo</p><p>que se estuda.</p><p>O uso de textos é recurso muito importante para o estudo dos pronomes e da</p><p>gramática em geral. Além disso, permite-nos discutir sobre o uso real da língua. Observe</p><p>o poema de Oswald de Andrade.</p><p>166</p><p>Pronominais</p><p>Dê-me um cigarro</p><p>Diz a gramática</p><p>Do professor e do aluno</p><p>E do mulato sabido</p><p>Mas o bom negro e o bom branco</p><p>Da Nação Brasileira</p><p>Dizem todos os dias</p><p>Deixa disso camarada</p><p>Me dá um cigarro</p><p>FONTE: <https://www.escritas.org/pt/t/7793/pronominais>. Acesso em: 23 jul. 2021.</p><p>Quando se fala em pronome, impossível não se lembrar desse poema, pois</p><p>retrata exatamente tudo o que temos falado em relação à mudança de visão do ensino</p><p>da gramática. Oswald de Andrade trouxe para o público, em 1925, a questão da utilização</p><p>do pronome e sua colocação na frase. É notório perceber que as pessoas se distanciam</p><p>cada vez mais do uso da mesóclise (pronome no meio do verbo), como, por exemplo:</p><p>Dar-te-ei um cigarro.</p><p>O poema traz uma crítica à gramática normativa que considera erro, na língua</p><p>portuguesa, iniciar frases com pronomes oblíquos. Entretanto, na oralidade e, conforme</p><p>o contexto, claro, seguir essa regra da gramática normativa torna a comunicação</p><p>artificial. O brasileiro claramente tem preferência pelo uso da próclise.</p><p>No entanto, é importante que tenhamos claro que, em textos com maior grau</p><p>de formalidade, exige-se o cumprimento da norma padrão da língua portuguesa, que</p><p>considera inadequado iniciar frases com pronomes oblíquos. Para uma boa escrita,</p><p>convém fazer um bom estudo acerca de colocação pronominal.</p><p>FIGURA 5 – ACERTAR O PRONOME</p><p>FONTE: <https://www.soportugues.com.br/secoes/humor/8.jpg>. Acesso em: 22 ago. 2021.</p><p>167</p><p>A tirinha brinca justamente com a problemática levantada por Oswald de</p><p>Andrade no poema Pronominais, destacando o distanciamento entre as regras da</p><p>gramática normativa e o uso coloquial da língua.</p><p>Depois dessa reflexão acerca da complexidade e importância de conhecer as</p><p>funções dos pronomes, veremos que há vários tipos de pronomes: pronomes pessoais,</p><p>pronomes possessivos, pronomes demonstrativos, pronomes interrogativos, pronomes</p><p>relativos e pronomes indefinidos. Vamos conhecer um a um, com suas especificidades</p><p>e emprego nas frases.</p><p>2.1 PRONOMES INDEFINIDOS</p><p>Referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical,</p><p>indicando que algo ou alguém é</p><p>considerado de forma indeterminada e imprecisa. Temos os pronomes indefinidos</p><p>variáveis e invariáveis. São eles:</p><p>Pronomes indefinidos variáveis</p><p>algum, alguns, alguma, algumas;</p><p>nenhum, nenhuns, nenhuma (s);</p><p>todo, todos, toda, todas;</p><p>outro, outros, outra, outras;</p><p>muito, muitos, muita, muitas;</p><p>pouco, poucos, pouca, poucas;</p><p>alguém</p><p>tudo</p><p>outrem</p><p>algo</p><p>cada</p><p>mais</p><p>ninguém</p><p>nada</p><p>menos</p><p>demais</p><p>certo, certos, certa, certas;</p><p>tanto, tantos, tanta, tantas;</p><p>quanto, quantos, quanta, quantas;</p><p>um, uns, uma, umas;</p><p>bastante, bastantes;</p><p>qualquer, quaisquer</p><p>Pronomes indefinidos invariáveis</p><p>Os pronomes indefinidos invariáveis funcionam como pronomes indefinidos</p><p>substantivos, todos invariáveis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem. Exemplos:</p><p>Ninguém sabe a resposta. Quero alguma coisa para comer.</p><p>Vamos ver algumas formas de utilização dos pronomes indefinidos nas frases:</p><p>• o pronome certo, posposto ao substantivo, representa um adjetivo. Exemplo: Você</p><p>está no momento certo para aproveitar a vida.</p><p>• o pronome algum (alguma, alguns, algumas), posposto ao substantivo traz um</p><p>sentido negativo. Exemplo: Isso não tem gosto algum, mas quando colocado antes</p><p>representa valor positivo. Exemplo: Ao falar sobre você, algumas emoções voltam.</p><p>168</p><p>• o pronome qualquer, posposto ao substantivo mostra sentido pejorativo. Exemplo:</p><p>Tenho uma vida qualquer.</p><p>• o pronome nada se equivale a alguma coisa, quando empregado em frases</p><p>interrogativas. Exemplo: Não tenho nada para receber?</p><p>• o pronome cada, quando não vem antes de um substantivo deve ser precedido de um</p><p>ou qual. Exemplo: Foram muitos candidatos, cada qual mais preparado que o outro.</p><p>2.2 PRONOMES PESSOAIS</p><p>Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso e subdividem-se em</p><p>pronomes pessoais do caso reto e pronomes pessoais oblíquos.</p><p>Pessoas</p><p>do discurso</p><p>Pronomes</p><p>pessoais do</p><p>caso reto</p><p>Pronomes</p><p>pessoais do caso</p><p>oblíquo (átonos)</p><p>Pronomes</p><p>pessoais do caso</p><p>oblíquo (tônicos)</p><p>1ª pessoa (singular) eu me mim, comigo</p><p>2ª pessoa (singular) tu te ti, contigo</p><p>3ª pessoa (singular) ele/ela se, o, a, lhe si, consigo, ele, ela</p><p>1ª pessoa (plural) nós nos nós, conosco</p><p>2ª pessoa (plural) vós vos vós, convosco</p><p>3ª pessoa (plural) eles/elas se, os, as, lhes si, consigo, eles, elas</p><p>Os pronomes pessoais do caso reto são aqueles que substituem os substanti-</p><p>vos e indicam as pessoas do discurso, assumindo a função de sujeito da oração. São</p><p>eles: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Exemplo: Eu gosto de estudar. Ela comprou um</p><p>celular novo.</p><p>Cabe mais uma vez ressaltar que as pessoas do discurso sofrem alteração nos</p><p>dias de hoje. Na maior parte do país não se fala ou se escreve tu, pois você é o mais</p><p>utilizado. Conjugamos o verbo na 3ª pessoa do singular. Exemplos: Você será o campeão.</p><p>Você comprou um carro novo?</p><p>Assim como o pronome vós que apenas são utilizados em textos sacros,</p><p>literários, arcaicos. Usamos, sim, vocês, mas conjugamos o verbo igual à 3ª pessoa do</p><p>plural, ficando assim: Vocês contaram uma bonita história. Vocês são inteligentes.</p><p>Sem contar o uso de a gente no lugar de nós. Aqui se deve conjugar na 3ª pessoa</p><p>do singular, apesar de dar a ideia de plural. Exemplo: A gente aprova a sua decisão.</p><p>169</p><p>A respeito dos pronomes pessoais, o linguista Marcos Bagno (2011) traz uma dis-</p><p>cussão interessante, propondo uma nova lista de pronomes que deveria ser estudada na</p><p>escola no lugar daquela que conhecemos, composta por: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Veja:</p><p>FIGURA 6 – PRONOMES PESSOAIS NA ESCOLA</p><p>FONTE: Bagno (2011, p. 986)</p><p>Essa imagem é um print retirado do livro Gramática Pedagógica do Português</p><p>Brasileiro, no qual Bagno (2011) argumenta que o vós já caiu em desuso e o seu ensino</p><p>não faz muito sentido. Defende a inserção da expressão a gente, pois a utilizamos com</p><p>frequência, a inserção do você e a exclusão do tu. O autor considera que o tu tem uso</p><p>restrito e que, em algumas situações, pode ser tomado como uma forma grosseira e</p><p>agressiva, por indicar excesso de intimidade.</p><p>Convém, no entanto, ressaltarmos que essa proposta de exclusão do pronome</p><p>tu é um tanto quanto delicada, pois no Sul do Brasil, por exemplo, principalmente no</p><p>estado do Rio do Grande do Sul, seu uso é constante, predominando sobre o você.</p><p>O que cabe, todavia, ao ensinarmos os pronomes pessoais, é um estudo linguístico,</p><p>identificando os usos dos pronomes em contextos reais de comunicação.</p><p>Para ilustrar o uso do pronome tu no Rio Grande do Sul, sugerimos que</p><p>você ouça música do Guri de Uruguaiana, intitulada Eu quero falar tu.</p><p>Acesse em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=e_ozwPd6EUA.</p><p>DICA</p><p>170</p><p>Podemos utilizar, sintaticamente, os pronomes pessoais do caso reto (eu, tu/</p><p>você, ele/ela, nós, vós/vocês/a gente, eles/elas) em algumas situações:</p><p>• Quando exercer a função de predicativo do sujeito. Exemplo: Minha vida é ela.</p><p>• Quando exercem a função de sujeito simples ou composto. Exemplos: Eu sou uma</p><p>pessoa estudiosa. Ela e ele formam um casal.</p><p>• Os pronomes tu e vós quando exercem a função de vocativo. Exemplo: Vós, que sois</p><p>generoso, ajudai a todos.</p><p>• Os pronomes eu e tu não precisam de preposição, pode-se substituí-los pelos</p><p>pronomes mim e ti. Exemplos: Há uma bonita amizade entre mim e ela. Esse vestido</p><p>cabe em ti.</p><p>• O pronome vós é encontrado em contextos formais, principalmente em obras literárias</p><p>e textos religiosos. Exemplo: Só Vós sois Santo.</p><p>Os pronomes pessoais oblíquos podem ser tônicos ou átonos. Quando tônicos,</p><p>são sempre precedidos de uma preposição e substituem um substantivo que tem fun-</p><p>ção de objeto indireto. São eles: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, nós, conosco, vós,</p><p>convosco, eles, elas. Exemplo: Ele comprou flores para mim.</p><p>Os pronomes pessoais quando átonos não são precedidos de uma preposição e</p><p>podem substituir um substantivo que tem função de objeto direto ou de objeto indireto.</p><p>São eles: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes. Exemplos: Ele me comprou flores. Deve-</p><p>mos valorizar as coisas que nos pertencem.</p><p>Os pronomes oblíquos átonos podem desempenhar a função sintática de</p><p>complemento. São eles:</p><p>• Objeto direto: me, te, o, a, nos, vos, os, as. Exemplo: Aceite-me como sou.</p><p>• Objeto indireto: me, te, lhe, nos, vos, lhes. Exemplo: Entregou-me bombons.</p><p>• Adjunto adnominal: me, te, lhe, nos, vos, lhes, quando indicarem posse (algo de</p><p>alguém). Exemplo: Roubaram-me os anéis.</p><p>• Complemento nominal: me, te, lhe, nos, vos, lhes, como complemento de adjetivos,</p><p>advérbios ou substantivos abstratos. Exemplo: Tenho-vos respeito.</p><p>• Sujeito acusativo: me, te, o, a, nos, vos, os, as, quando estiverem em um período</p><p>composto formado pelos verbos fazer, mandar, ver, deixar, sentir ou ouvir e um verbo</p><p>no infinitivo ou no gerúndio. Exemplo: Deixem-nos sair!</p><p>Os pronomes oblíquos tônicos são sempre seguidos de preposições e podem</p><p>ter as seguintes funções:</p><p>• Complemento nominal – Exemplo: As conversas fazem bem a mim.</p><p>• Objeto direto – Exemplo: Eu não a encontrei na escola.</p><p>• Objeto indireto – Exemplo: Sua mãe lhe entregou o casaco.</p><p>• Adjunto adverbial – Exemplo: Eles farão os passeios conosco.</p><p>• Agente da passiva – Exemplo: O trabalho da escola foi feito por ele.</p><p>171</p><p>- Se o verbo terminar em: m, ão ou õe, os pronomes oblíquos átonos</p><p>o, a, os, as assumirão as formas no, na, nos, nas.</p><p>- Se o verbo terminar em r, s ou z, as terminações são retiradas e os</p><p>pronomes o, a, os, as assumirão as formas lo, la, los, las. Mas, quando</p><p>seguidos de verbos que terminam em som nasal, os pronomes</p><p>assumem as formas no, na, nos, nas.</p><p>- Se o verbo terminar em mos e for seguido de nos ou de vos,</p><p>independente da predicação verbal, a terminação -s será retirada.</p><p>- Se o verbo for transitivo indireto terminado em s e seguido de lhe,</p><p>lhes, a terminação -s não é retirada.</p><p>NOTA</p><p>2.3 PRONOMES POSSESSIVOS</p><p>Os pronomes possessivos, como o próprio nome diz, indicam uma relação de</p><p>posse, ou seja, mostram que alguma coisa pertence a uma das pessoas do discurso.</p><p>Os pronomes possessivos exercem</p><p>propostos.</p><p>TÓPICO 1 - UNIDADE 1</p><p>2 CONCEITOS DE MORFOLOGIA</p><p>FIGURA 1 – ESCRITA ANTIGA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/38Eqi4A>. Acesso em: 2 fev. 2021.</p><p>4</p><p>A língua portuguesa é dinâmica e se modifica de tempos em tempos. A lín-</p><p>gua falada tem uma evolução mais rápida, atualiza-se por meio de expressões novas</p><p>com o intuito de comunicar-se com seu público determinado, ao passo que a língua</p><p>escrita permanece mais arraigada às suas origens, apesar de também sofrer algumas</p><p>mudanças.</p><p>É importante lembrar, caro acadêmico, que conhecer o passado das estruturas</p><p>formais da língua faz parte da compreensão da forma como nos expressamos hoje. Com</p><p>isso, vamos dar início aos nossos estudos.</p><p>A morfologia é um campo diferente na área da Linguística porque seu estudo</p><p>deriva não só dos fatos da morfologia em si mesma, mas da maneira como ocorre a</p><p>interação com os outros ramos da Linguística como o Léxico, a Fonologia e a Sintaxe.</p><p>O estudo da morfologia e sua relação com outras áreas da Gramática, como</p><p>a Fonologia, a Sintaxe e a Semântica tem sido o principal motivador pelos estudos</p><p>morfológicos nos últimos anos. Isso se deve ao fato de não entender o morfema como</p><p>elemento isolado sem relacioná-lo a outros termos de diversas naturezas.</p><p>Pesquisadores se debruçam sobre os estudos para facilitar a compreensão</p><p>dessa interação de áreas, o que faz que surjam controvérsias. Como consequência,</p><p>ressalta-se a questão da existência da morfologia como componente autônomo ou</p><p>dependente de outros componentes gramaticais. Vamos entender a morfologia como</p><p>uma área de estudos da Linguística, com suas ideias tradicionais e, posteriormente,</p><p>suas mudanças de concepções.</p><p>Morfologia significa morphe, ‘forma’ (do grego) e logos, ‘estudo’, ‘tratado’.</p><p>Morfologia é o estudo da forma e, no campo linguístico, a forma das palavras. O termo</p><p>morfologia tem registro no século XIX, apesar de a palavra sempre se posicionar no</p><p>centro da gramática, principalmente nos estudos tradicionais.</p><p>A Morfologia tem uma história recente no Brasil. A sua relevância se dá pela</p><p>influência do Estruturalismo, que coloca a morfologia como objeto de estudo de</p><p>forma sistêmica, valorizando sua importância na compreensão da língua portuguesa.</p><p>5</p><p>Para entender o estruturalismo: O Estruturalismo surge nas primeiras décadas do século</p><p>XX como uma teoria que interpreta os elementos da cultura humana como unidades que</p><p>se relacionam entre si em uma estrutura sistêmica. Uma característica que distingue o</p><p>estruturalismo de outras propostas teóricas está em ter sido utilizado em vários campos</p><p>das ciências humanas, tais como a antropologia e a sociologia, além, naturalmente, da</p><p>linguística. Ademais, a concepção estruturalista do mundo e dos fenômenos atinentes à</p><p>vida humana deu oportunidade para que suas teses também fossem agasalhadas</p><p>nas artes visuais, de tal sorte que hoje se pode entender o estruturalismo como</p><p>um efetivo movimento filosófico que integra a episteme do século XX. Embora</p><p>as bases do estruturalismo linguístico tenham-se fundado nas primeiras</p><p>décadas do século, sobretudo com as teses de Ferdinand de Saussure (1857-</p><p>1913) e os trabalhos subsequentes da Escola de Praga – notadamente</p><p>Roman Jakobson (1896- 1982) e Nikolai Trubetzkoy (1890-1938) –, o</p><p>estruturalismo somente chegou ao Brasil nos últimos anos da década</p><p>de 1930, mais especificamente em 1938, quando Joaquim Mattoso</p><p>Câmara Júnior (1904-1970) ministra o primeiro curso de linguística</p><p>geral na universidade brasileira – Universidade do Distrito Federal.</p><p>Com a publicação do volume Princípios de linguística geral (1941),</p><p>Mattoso Câmara consolida em órbita bibliográfica a inserção das teses</p><p>estruturalistas no cenário acadêmico brasileiro, inspirado, sobretudo,</p><p>em Roman Jakobson e em Leonard Blomfield (1887-1949). A partir desse</p><p>momento, os estudos linguísticos brasileiros cingem-se em uma bifurcação que</p><p>põe em caminhos distintos, de um lado, os estudos histórico-comparativos, de</p><p>base diacrônica e caráter empírico, que vinham predominando na descrição</p><p>do português desde as últimas décadas do século XIX, e, de outro, os estudos</p><p>estruturalistas, de base sincrônica e caráter formal, pautados na concepção</p><p>sistêmica da língua. Ao longo de pelo menos três décadas, vários textos</p><p>sobre linguística geral e descrição do português, inspirados nas teses</p><p>estruturalistas, multiplicaram-se de maneira tão avassaladora que muitos</p><p>linguistas contemporâneos chegam a afirmar equivocadamente que se</p><p>deve a Joaquim Mattoso Câmara Jr. a introdução da ciência linguística no</p><p>Brasil (CAVALIERE, 2018, p. 1-2).</p><p>NOTA</p><p>A morfologia ganhou espaços nos estudos formais, em termos linguísticos, e</p><p>passou a ser estudada com mais afinco. Para se entender melhor, é o momento de se</p><p>conceituar as denominações que serão utilizadas ao longo deste material didático.</p><p>Os estudos da língua portuguesa evoluíram ao longo das décadas, mostrando</p><p>caminhos diferentes de entendimento em todos os níveis. Aprendemos que a língua</p><p>escrita é diferente da falada, pois segue preceitos rígidos aprendidos principalmente</p><p>nas escolas.</p><p>Apesar da mudança de pensamento dos linguistas e de suas pesquisas mais</p><p>atuais, ainda se preserva certo engessamento no ensino da língua. A norma culta aos</p><p>poucos vai dividindo seu espaço com outras formas de expressão.</p><p>6</p><p>No campo da morfologia, as classes de palavras são estudadas e utilizadas</p><p>para fins didáticos para facilitar a classificação dos vocábulos. Hoje, sabe-se que essa</p><p>classificação não é mais tão hermética assim, verificando-se termos em deslocamento:</p><p>verbos, adjetivos que ocupam o lugar de substantivos, por exemplo.</p><p>O pesquisador Marcos Bagno (2013) partilha seus conhecimentos dizendo que</p><p>o professor deve ser um profundo conhecedor da gramática normativa para poder</p><p>mediar a análise linguística de maneira apropriada. Verifica que:</p><p>É essa necessidade semântico-pragmática o motor de tudo quanto</p><p>fazemos com a linguagem. Por esse caráter, é que as classificações</p><p>gramaticais da língua não devem ser tomadas como fixas e defini-</p><p>tivas. ‘Teorias linguísticas contemporâneas tentam mostrar que as</p><p>palavras navegam pela nebulosa da língua sem respeitar frontei-</p><p>ras rígidas, sem se encaixar nessa ou naquela classe gramatical’.</p><p>[...] As classes gramaticais não são mesmo campos fechados, ‘mas,</p><p>sim, domínios conceituais com um centro definido e bordas fluidas,</p><p>por onde as palavras podem entrar e sair sem dificuldade’ (BAGNO,</p><p>2013, p. 108-109).</p><p>Essa ideia mostra que há abertura para entendermos as palavras não apenas</p><p>a partir de classificações como se dá em outras áreas de estudos. As ciências naturais</p><p>definem as classificações de animais, vegetais e minerais, por exemplo.</p><p>Nos estudos de língua portuguesa, percebemos mobilidade nos termos já</p><p>classificados morfologicamente, que podem ser utilizados pelos seus sentidos, pela sua</p><p>função em uma frase etc.</p><p>Quando se trata do ensino da gramática nas escolas, principalmente para os</p><p>alunos de educação básica, que estão recebendo as primeiras noções, é importante</p><p>prestar atenção nas palavras do pesquisador Fábio Araújo Oliveira (2021, p. 3).</p><p>Para um ensino de morfologia bem-sucedido, é necessário considerar</p><p>vários fatores, e um deles diz respeito à formação do professor</p><p>e ao seu letramento profissional, ou seja, as práticas de leitura e</p><p>escrita que o auxiliam no exercício profissional. Ensinar morfologia</p><p>é ensinar gramática, e para ensinar gramática é necessário tanto um</p><p>conhecimento de mundo e interdisciplinar, quanto ter acesso a teorias</p><p>e documentos que orientam ou regulam o ensino de língua. Além</p><p>disso, é preciso ter acesso a conhecimentos específicos, a saber: a</p><p>gramática normativa; teorias linguísticas que descrevem a língua e o</p><p>seu uso, e que normalmente contribuem para aprimorar o conteúdo</p><p>da gramática normativa; teorias linguísticas sobre a construção do</p><p>sentido etc. Tais conhecimentos devem ser mobilizados para orientar</p><p>o aluno no uso da língua oral ou escrita, em suas práticas de escuta,</p><p>leitura</p><p>a função de determinantes, como já</p><p>mencionamos anteriormente, por isso, podemos chamá-los de pronomes adjetivos.</p><p>Exemplo: Minha namorada tem consciência do quanto a amo. O pronome “minha”</p><p>determina um nome/substantivo (namorada), atribuindo-lhe uma característica (função</p><p>de adjetivo).</p><p>São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam</p><p>a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). Exemplos: Onde está o meu carro? Maria</p><p>é minha amiga.</p><p>Os pronomes possessivos variam em gênero e número, de acordo com as</p><p>pessoas que detêm algo e o número de coisas que elas possuem.</p><p>São pronomes possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu,</p><p>sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas, seu, sua,</p><p>seus, suas.</p><p>Pessoas do discurso Pronomes possessivos</p><p>1ª pessoa (singular) meu, minha, meus, minhas</p><p>2ª pessoa (singular) teu, tua, teus, tuas</p><p>3ª pessoa (singular) seu, sua, seus, suas</p><p>172</p><p>1ª pessoa (plural) nosso, nossa, nossos, nossas</p><p>2ª pessoa (plural) vosso, vossa, vossos, vossas</p><p>3ª pessoa (plural) seu, sua, seus, suas</p><p>Agora vamos entender como se dá o emprego dos pronomes possessivos:</p><p>• Os pronomes seu/sua (s) podem causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se</p><p>preferir o uso do dele/dela(s). Exemplo: Maria falou com a professora sobre a sua</p><p>blusa / Maria falou com a professora sobre a blusa dela.</p><p>• Podem indicar aproximação numérica assim como também valor de indefinição.</p><p>Exemplos. A minha prima tem lá seus trinta anos. Ele tem lá as suas dúvidas!</p><p>• Nem sempre indicam posse. Podem ter outros empregos, como: indicar afetividade.</p><p>Exemplo: Não abandone o trabalho, minha filha!</p><p>• Fica na 3ª pessoa em frases onde se usam pronomes de tratamento. Exemplo: Vossa</p><p>Excelência comprou sua passagem?</p><p>• Quando há mais de um substantivo, o possessivo concorda com o mais próximo.</p><p>Exemplo: Recebi seu presente e a mensagem.</p><p>• Em algumas situações, os pronomes pessoais oblíquos átonos assumem valor de pos-</p><p>sessivo. Exemplo: José cumpriu-lhe o acordo (no lugar de José cumpriu seu acordo).</p><p>• No caso de seu quando resultar da alteração fonética da palavra  senhor não é</p><p>pronome possessivo. Exemplo: Gosto de conversar com o seu Pedro.</p><p>2.4 PRONOMES DEMONSTRATIVOS</p><p>Os pronomes demonstrativos indicam a posição (espacial, temporal e no próprio</p><p>discurso) em relação às pessoas do discurso. Eles podem ser variáveis ou invariáveis.</p><p>Pessoas do discurso Pronomes demonstrativos variáveis</p><p>1ª pessoa (singular) Este, esta,</p><p>2ª pessoa (singular) Esse, essa,</p><p>3ª pessoa (singular) Aquele, aquela,</p><p>1ª pessoa (plural) estes, estas</p><p>2ª pessoa (plural) esses, essas</p><p>173</p><p>3ª pessoa (plural) aqueles, aquelas</p><p>1ª pessoa (singular) isto</p><p>2ª pessoa (singular) isso</p><p>3ª pessoa (singular) Aquilo</p><p>Espaço Tempo Variáveis Invariáveis</p><p>próximo presente este(s), esta(s) isto</p><p>pouco distante passado e futuro próximos esse(s), essa(s) isso</p><p>distante passado remoto aquele(s), aquela(s) aquilo</p><p>Observe que podem, também, esclarecer o uso dos pronomes demonstrativos</p><p>em relação às pessoas do discurso:</p><p>• Os pronomes este, esta, isto se referem à pessoa próxima de quem fala (eu). Exemplo:</p><p>Este caderno é meu.</p><p>Quando um texto se refere a ele mesmo também usamos este/esta. Exemplo:</p><p>Esta pesquisa tem a finalidade de resgatar obras de autoria feminina do século XVIII.</p><p>/ Este artigo objetiva analisar a formação de leitores nas escolas públicas brasileiras.</p><p>Usamos este/esta/isto para nos referirmos ao presente ou ao futuro. Exemplo:</p><p>Este dia (hoje) está lindo! / A formatura de minha filha será dia 13 de dezembro e este</p><p>será um dia especial!</p><p>E também vamos utilizar este(s)/esta(s) para indicar, enumerar itens. Exemplo: A</p><p>lista de compras contém estes itens: banana, maçã, leite, margarina e iogurte.</p><p>• Os pronomes esse, essa, isso se referem à pessoa próxima da pessoa a quem se fala</p><p>(você). Exemplo: Esse livro foi escrito por Jorge Amado.</p><p>Se, como mencionamos antes, este/esta serve quando um texto se refere a</p><p>ele mesmo, quando um texto menciona outro, o uso adequado é esse/essa. Exemplo:</p><p>Bauman, no livro Modernidade Líquida, trata sobre a fluidez dos sentimentos e das</p><p>relações. Essa obra...</p><p>174</p><p>Esse/essa/nesse/nessa é utilizado para se referir a tempo passado. Exemplo:</p><p>No dia 13 de outubro, José saíra mais cedo do trabalho, pois nesse dia iria comemorar</p><p>o aniversário da filha.</p><p>• Os pronomes aquele, aquela, aquilo se referem à pessoa afastada de seus</p><p>interlocutores. Exemplo: Quem é aquele rapaz que acaba de chegar?</p><p>Por vezes, a palavra aquilo pode ter um sentido pejorativo. Exemplo: Àquilo chamam</p><p>de homem?!</p><p>As palavras aquele/aquele/aquilo, quando craseadas adquirem novo sentido.</p><p>Exemplo: Aquela mulher de vestido azul está olhando para você. / Àquela (para aquela)</p><p>mulher dei meu coração. / Àquele (para aquele) homem dedico meu desprezo.</p><p>Uma informação interessante: pouco se distingue quando se fala esse ou</p><p>este, essa ou esta, isso ou isto. Na língua escrita ainda alguns seguem as regras para a</p><p>utilização desses pronomes, mas, atualmente alguns autores tratam esse tipo de regra</p><p>como inadequada, pois o usual prevalece e o tradicional, aos poucos, sucumbe.</p><p>É perda de tempo tentar inculcar nos aprendizes uma diferença entre</p><p>esse e este que não existe mais na língua e que não é rigorosamente</p><p>seguida sequer pelos que produzem gêneros escritos mais monitora-</p><p>dos. Mesmo nas gramáticas normativas, o quadro clássico é relativi-</p><p>zado. Mais uma vez repetimos: se a função da escola é ensinar o que</p><p>a pessoa não sabe, cabe, sim, apresentar os demonstrativos – mas</p><p>explicando que, muito tempo atrás na língua, eles só eram aplicados</p><p>aos objetos próximos da pessoa que fala e que a repartição clássica</p><p>em três séries de demonstrativos se reduziu – como na maioria das</p><p>línguas – a duas: um para o que está mais próximo, outro para o que</p><p>está distante. Para realçar o que está mais próximo da 1ª pessoa e</p><p>mais próximo da 2ª, usamos os advérbios de lugar aqui e aí. Uma boa</p><p>sugestão é coletar textos escritos, por exemplo, em jornais e revistas</p><p>e ver como se dá ali o uso dos demonstrativos (BAGNO, 2012, p. 795).</p><p>A maneira como o pesquisador Marcos Bagno coloca a questão do esse/</p><p>este leva-nos a refletir sobre o assunto. Seria interessante excluir todas as formas de</p><p>escrever, igualar as palavras dando-lhe sentido único? Na língua falada não distinguimos</p><p>mesmo muitos termos, mas na escrita pensamos mais para expressar nossas ideias e</p><p>procuramos evitar equívocos facilitando a leitura e o entendimento do receptor.</p><p>Entretanto, se por um lado, por vezes, não se identifica a diferença entre este/</p><p>esta e esse/essa, por outro devemos considerar que há sim uma distinção semântica</p><p>e desconsiderá-la pode nos induzir a entendimento equivocado da mensagem.</p><p>Na oralidade e na linguagem coloquial, esses pronomes podem ser tomados como</p><p>sinônimos, mas é preciso estarmos atentos, pois em textos acadêmicos ou com maior</p><p>grau de formalidade, a distinção semântica é importante. Aí está uma boa discussão</p><p>para a sala de aula.</p><p>175</p><p>Para provocar algumas discussões e levantar questões sobre o assunto,</p><p>sugerimos a leitura de Professor de português x preconceito</p><p>linguístico, publicado em 2019.</p><p>Acesse em: https://bit.ly/3z19UpE.</p><p>DICA</p><p>Vamos aos pronomes de tratamento, dando sequência às classificações dos</p><p>pronomes.</p><p>2.5 PRONOMES DE TRATAMENTO</p><p>Pronomes de tratamento são palavras e expressões empregadas para tratar</p><p>familiar ou cerimoniosamente o interlocutor. Apesar de designarem o interlocutor, ou</p><p>seja, a pessoa com quem se fala (2ª pessoa), os pronomes de tratamento exigem verbo</p><p>e pronome na 3ª pessoa.</p><p>Exemplos:</p><p>Você dirigiu seu carro novo?</p><p>Vossa Excelência comprou um carro novo?</p><p>Conforme Cereja e Magalhães (2005), empregamos alguns pronomes de</p><p>tratamento precedidos de Sua, quando nos referimos à pessoa, e precedidos de Vossa,</p><p>quando nos dirigimos diretamente a nosso interlocutor.</p><p>Em numa situação formal, se uma pessoa se dirigir ao presidente da República,</p><p>dirá, por exemplo: “Vossa excelência assinou os documentos?”, porque está se dirigindo</p><p>diretamente a seu interlocutor, mas em conversa com outra pessoa, diria, por exemplo,</p><p>referindo-se ao presidente: “Sua excelência assinou os documentos”.</p><p>Vamos conhecer os pronomes de tratamento:</p><p>Pronomes de</p><p>tratamento</p><p>Abreviatura</p><p>singular</p><p>Abreviatura</p><p>plural</p><p>Como utilizar</p><p>Você v vv tratamento íntimo, familiar</p><p>Senhor, senhora Sr., srª Srs. Srªs distanciamento mais respeitoso</p><p>176</p><p>Vossa Senhoria V. Sª V. Sªs</p><p>pessoas com prestígio, usamos</p><p>em textos escritos como cor-</p><p>respondências oficiais.</p><p>Vossa Excelência V. Exª V. Exªs</p><p>pessoas com alta autoridade,</p><p>como presidente da República,</p><p>senadores, deputados, etc</p><p>Vossa Eminência V. Emª V. Emª cardeais</p><p>Vossa Alteza V. A. V A príncipes e duques</p><p>Vossa Santidade V S - papa</p><p>Vossa</p><p>Reverendíssima</p><p>V Revmª V Revmªs</p><p>sacerdotes e religiosos em</p><p>geral</p><p>Vossa Paternidade V P V P superiores de ordens religiosas</p><p>Vossa</p><p>Magnificência</p><p>V Mag ª V Mag ªs reitores de universidades</p><p>Vossa Majestade V M V M M reis e rainhas</p><p>Os pronomes senhor e senhora são empregados no tratamento mais formal,</p><p>enquanto que  você  e  vocês, no âmbito familiar e  são muito empregados na nossa</p><p>língua. Importante lembrar que em algumas regiões, a forma  tu é bastante usada ao</p><p>passo que vós  tem uso restrito à linguagem litúrgica ou literária e não a utilizamos</p><p>corriqueiramente.</p><p>Como já dissemos ao falarmos sobre os pronomes pessoais, o pronome tu,</p><p>pode ter um sentido pejorativo ou indicar excesso de intimidade em muitas regiões do</p><p>país. Por isso, BAGNO (2011), inclusive, sugere uma exclusão desse pronome no ensino</p><p>escolar. Contudo, no Sul do Brasil, o uso é constante, cotidiano. Nesse caso, talvez</p><p>coubesse mais uma inserção do você, derivado de vossa mercê, na lista de pronomes</p><p>pessoais e garantir a permanência do tu, estudando o caso a partir do viés das variantes</p><p>linguísticas. Não se pode crer que nos estados do sul brasileiro o pronome caia em</p><p>desuso tão cedo.</p><p>A respeito do uso do tu, leia o seguinte texto: Formalidade e pronomes</p><p>de segunda pessoa do singular no português gaúcho: dados de</p><p>interpretação, de Ronan Pereira, publicado na Revista de Estudos da</p><p>Linguagem. Lisboa, v. 29, n. 3, 2021. Acesse em:</p><p>http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/17957.</p><p>DICA</p><p>177</p><p>Passaremos agora para outro tipo de pronomes, os interrogativos.</p><p>2.6 PRONOMES INTERROGATIVOS</p><p>Pronomes interrogativos referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical e são uti-</p><p>lizados para interrogar, ou seja, para formular perguntas de modo direto ou indireto.</p><p>Exemplos: Quem pagou a conta? (modo direto). Diga, por favor, quem pagou a conta</p><p>(modo indireto).</p><p>Diz-se interrogação direta a pergunta que termina por ponto de</p><p>interrogação e se caracteriza pela entoação ascendente:</p><p>Quem veio aqui?</p><p>Interrogação indireta é a pergunta que: a) se faz indiretamente e para</p><p>a qual não se pede resposta imediata; b) é proferida com entoação</p><p>normal descendente; c) não termina por ponto de interrogação;</p><p>d) vem depois de verbo que exprime interrogação ou incerteza</p><p>(perguntar, indagar, não saber, ignorar, etc.):</p><p>Quero saber quem veio aqui.</p><p>Eis outros exemplos de interrogação indireta começados pelos</p><p>pronomes interrogativos já citados:</p><p>Ignoro que cabeça, senhora.</p><p>Indagaram-me que compraste.</p><p>Perguntei-te por que vieste aqui.</p><p>Não sei qual autor desconhece.</p><p>Desconheço qual consideras melhor.</p><p>Indagaram quantos vieram (BECHARA, 2009, p. 144).</p><p>Os pronomes interrogativos podem ser variáveis ou invariáveis. São eles:</p><p>Pronomes interrogativos variáveis</p><p>singular</p><p>quanto, quanta</p><p>qual</p><p>quem</p><p>o quê</p><p>onde</p><p>plural</p><p>quantos, quantas</p><p>quais</p><p>Pronomes interrogativos invariáveis</p><p>Agora vamos ver como podemos utilizar o pronome interrogativo:</p><p>• Que: pode ser um pronome substantivo quando tem o sentido de: que coisa.</p><p>Exemplos: Que aconteceu? Não entendi que falou Luiz com seu pai. E, ainda, pode</p><p>ser um pronome adjetivo, quando tem o sentido de: que espécie de. Exemplos: Que</p><p>dor é essa? Não sei que animal pode ter fugido.</p><p>178</p><p>• Quem: pode ser um pronome substantivo. Exemplos: Quem será aquele mascarado?</p><p>Não queira saber quem eu encontrei. Pode, também, ser empregado como predicativo</p><p>do sujeito (de um sujeito que esteja no plural) em orações que contenham o verbo</p><p>ser. Exemplos: Quem eram as médicas desse hospital? Você sabe quem são os</p><p>astronautas?</p><p>• Qual: geralmente é usado como pronome adjetivo. Exemplos: Qual é o objetivo desse</p><p>trabalho? Diga-me qual desses meninos pegou a caneta.</p><p>• Quanto: pode ser tanto um pronome substantivo como um pronome adjetivo.</p><p>Exemplos: Quantos anos você tem? Veja quantas cadeiras estão faltando.</p><p>Podemos usar, ainda, os pronomes interrogativos com valor exclamativo.</p><p>Exemplos: Quem diria! Quanta felicidade!</p><p>Vamos ver agora os pronomes relativos e sua função nas frases.</p><p>2.7 PRONOMES RELATIVOS</p><p>Os pronomes relativos relacionam-se sempre com o termo da oração que está</p><p>antecedente, servindo de elo de subordinação das orações que iniciam.</p><p>São pronomes relativos: que, quem, onde, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo,</p><p>cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.</p><p>Com a função de ligar duas frases, geralmente é utilizado no início daquela que</p><p>liga à outra. Exemplos: Essa é a casa onde vivi durante a infância. Esse é o professor</p><p>de quem você falou?</p><p>Que quem Onde</p><p>pronome muito</p><p>utilizado e refere-se</p><p>a coisas ou pessoas.</p><p>refere-se só a pessoas e</p><p>quase sempre é precedido</p><p>de preposição.</p><p>refere-se a lugar; pode ser</p><p>usado com preposição.</p><p>Qual quanto Cujo</p><p>sempre precedido</p><p>de artigo.</p><p>usado depois de pronomes</p><p>indefinidos tudo, tanto e todos.</p><p>une dois substantivos e dá</p><p>ideia de posse e concorda</p><p>em gênero e número, com o</p><p>que possui.</p><p>Vamos saber quando usamos os pronomes relativos nas frases.</p><p>179</p><p>• Que, o qual e suas formas variáveis: quando possuem função de pronome relativo,</p><p>podem referir-se a pessoas ou a coisas, exercendo o papel de referente do antecedente.</p><p>Quando a regência verbal exigir, os pronomes relativos podem vir antecedidos por</p><p>uma preposição. Exemplo: Não encontrei o documento que você perdeu.</p><p>• Quem: quando possui função de pronome relativo, refere-se apenas  a pessoas</p><p>ou a coisas personificadas. Esse pronome normalmente será antecedido por uma</p><p>preposição. Exemplos: Os amigos de quem você se perdeu no passeio voltaram para</p><p>casa. / Gostei do filme a que assisti hoje.</p><p>• Cujo  e  suas formas variáveis: exigem antecedente e consequente na frase, pois</p><p>indicam  relação de posse  (o antecedente possui o consequente). A variação  de</p><p>gênero e de número precisa ocorrer quando houver necessidade de concordância</p><p>com o consequente, pois não se usa artigo após esse pronome: Exemplos: Esse é o</p><p>documento cujo proprietário assinou. / Aquele é o dono do carro cujo pneu estourou.</p><p>É importante observar que cujo e suas formas variáveis: cuja, cujos e cujas, não</p><p>são utilizados no cotidiano ou quando são, muitas vezes, de maneira estranha. Vamos</p><p>ver o que diz Bagno sobre esse assunto.</p><p>A baixíssima estatística de emprego do cujo e sua ocorrência</p><p>limitada quase exclusivamente a gêneros textuais mais monitorados</p><p>torna obrigatório o ensino das construções com esse pronome,</p><p>uma vez que sua utilização não pode ser aprendida naturalmente,</p><p>no convívio com a família e com outros membros da comunidade,</p><p>como a grande maioria das regras gramaticais que cada indivíduo</p><p>aprende na infância, ouvindo as outras pessoas falarem. Aprender a</p><p>usar o pronome cujo é aprender, na prática, uma regra “estrangeira”,</p><p>que não pertence ao vernáculo, e quem vai ensinar precisa ter</p><p>sempre isso na consciência (BAGNO, 2012, p. 905).</p><p>• Quanto: trata-se de pronome relativo que virá  antecedido por um  pronome</p><p>indefinido (tudo, todo, toda, todos, todas, tanto). Exemplos: O médico fez tudo quanto</p><p>podia. / Todos quantos puderam contribuíram com a nossa causa social.</p><p>• Onde: equivale a em  que  e sempre fará referência a um lugar: Exemplos: Essa é</p><p>cidade onde vivi. / Ali é a floresta</p><p>onde os meninos se perderam.</p><p>• Quem e onde: geralmente aparecem sem fazer referência a antecedentes. Exemplos:</p><p>Quem nunca come melado, quando come se lambuza. / Fico onde eu quiser.</p><p>3 PRONOMES ADJETIVOS E PRONOMES SUBSTANTIVOS</p><p>Os pronomes são classificados em pronomes adjetivos e pronomes substanti-</p><p>vos, de acordo como seguem ou substituem os substantivos.</p><p>Pronomes adjetivos acompanham os substantivos, como se fossem adjetivos,</p><p>determinando e modificando o substantivo. Exemplos: Sua prima é inteligente. Aquelas</p><p>professoras foram vacinadas.</p><p>180</p><p>Os pronomes substantivos, por sua vez, substituem o substantivo numa frase.</p><p>São utilizados de forma a tornar o discurso menos repetitivo, com um vocabulário</p><p>mais variado. Eles variam em gênero (masculino e feminino), número (plural e singular)</p><p>e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso), assim como os substantivos que estão</p><p>substituindo na frase. Podem assumir a função de sujeito da oração. Exemplos: Aquilo é</p><p>seu. / Marina gostou do livro e o comprou.</p><p>De acordo com a classificação, os pronomes substantivos podem ser do grupo</p><p>de outros tipos de pronomes, como pessoal, possessivo, demonstrativo etc.</p><p>Exemplos:</p><p>Eles gostaram da aula. (pronome pessoal substantivo)</p><p>Aquela casa é a minha. (pronome possessivo substantivo)</p><p>O meu carro é aquele. (pronome demonstrativo substantivo)</p><p>Qual é a diferença dos pronomes adjetivos dos pronomes substantivos? Depen-</p><p>de de saber qual o fator determinante que os classificam.</p><p>Os pronomes substantivos substituem o substantivo numa frase e os pronomes</p><p>adjetivos acompanham e atribuem características ao substantivo.</p><p>Exemplos:</p><p>Minha casa é amarela.</p><p>(O pronome adjetivo minha qualifica o substantivo comum casa).</p><p>Reformei a casa, mas não a pintei.</p><p>(O a é um pronome substantivo, pois substitui o substantivo casa: Reformei a</p><p>casa, mas não pintei a casa).</p><p>Pronomes</p><p>substantivos</p><p>Pronomes</p><p>adjetivos</p><p>Pronomes que podem ser</p><p>substantivos ou adjetivos</p><p>Algo, alguém,</p><p>nada, ninguém,</p><p>outrem, quem,</p><p>tudo.</p><p>Cada, certo,</p><p>certos, certa,</p><p>certas, meu,</p><p>meus, minha,</p><p>minhas, teu, tua,</p><p>teus, tuas; seu,</p><p>sua, seus, suas,</p><p>vosso, vossa,</p><p>vossos, vossas;</p><p>nosso, nossa,</p><p>nossos, nossas.</p><p>algum, alguns, alguma, algumas</p><p>bastante, bastantes</p><p>muito, muitos, muita, muitas</p><p>demais, mais, menos</p><p>nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas</p><p>outro, outros, outras, outras</p><p>pouco, poucos, pouca, poucas</p><p>qualquer, quaisquer</p><p>qual, que</p><p>quanto, quantos, quanta, quantas</p><p>tal, tais</p><p>tanto, tantos, tanta, tantas</p><p>todo, todos, toda, todas</p><p>um, uns, uma, umas</p><p>vários, várias.</p><p>181</p><p>Segundo Bechara (2009), o pronome substantivo e pronome adjetivo podem</p><p>aparecer em referência a substantivo claro ou oculto:</p><p>Meu livro é melhor que o teu.</p><p>Meu e teu são pronomes porque dão ideia de posse em relação à pessoa do</p><p>discurso: meu (1ª pessoa, a que fala), teu (2ª pessoa, a com que se fala). Ambos</p><p>os pronomes estão em referência ao substantivo livro que vem expresso no</p><p>início, mas se cala no fim por estar perfeitamente claro ao falante e ouvinte.</p><p>Essa referência a substantivo caracteriza a função adjetiva ou de adjunto de</p><p>certos pronomes. Muitas vezes, sem que tenha vindo expresso anteriormente,</p><p>dispensa-se o substantivo, como em: Quero o meu e não o seu livro (onde</p><p>ambos os pronomes possessivos são adjetivos).</p><p>Já em: Isto é melhor que aquilo, os pronomes isto e aquilo não</p><p>se referem a nenhum substantivo determinado, mas fazem as</p><p>vezes dele. São, por isso, pronomes absolutos ou substantivos.</p><p>Há pronomes que são apenas absolutos ou adjuntos, enquanto</p><p>outros podem aparecer nas duas funções.</p><p>Sugerimos a leitura do texto de Paulo Roberto Gonçalves-Segundo,</p><p>publicado em 2017, que trata do estudo de pronomes na língua portuguesa</p><p>com o título Caminhos para um ensino funcional de gramática</p><p>orientado ao texto: pronomes pessoais e adjetivos em perspectiva</p><p>intersubjetiva. Acesse em: https://bit.ly/3EOCgaX.</p><p>NOTA</p><p>DICA</p><p>Fechamos aqui o Tópico 2. Esperamos que você tenha conseguido tecer uma</p><p>boa reflexão sobre o uso dos pronomes e sua aplicabilidade na construção textual.</p><p>Vamos agora ao resumo do tópico!</p><p>182</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Pronomes  são palavras que substituem ou determinam os substantivos. Indicam</p><p>as pessoas do discurso, expressam formas sociais de tratamento e substituem,</p><p>acompanham ou retomam palavras e orações já expressas.</p><p>• Há vários tipos de pronomes: pronomes pessoais, pronomes possessivos, pronomes</p><p>demonstrativos, pronomes interrogativos, pronomes relativos e pronomes indefinidos.</p><p>Além dessa classificação principal, os pronomes também podem ser adjetivos e</p><p>substantivos.</p><p>• Pronomes indefinidos referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical, indicando que</p><p>algo ou alguém é considerado de forma indeterminada e imprecisa.</p><p>• Pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Os pronomes pessoais</p><p>subdividem-se em pronomes pessoais do caso reto, pronomes pessoais oblíquos.</p><p>• Pronomes possessivos indicam uma relação de posse, ou seja, mostram que alguma</p><p>coisa pertence a uma das pessoas do discurso.</p><p>• Pronomes demonstrativos indicam a posição (espacial, temporal e no próprio discur-</p><p>so) em relação às pessoas do discurso. Eles podem ser variáveis ou invariáveis.</p><p>• Pronomes de tratamento são palavras e expressões empregadas para tratar familiar</p><p>ou cerimoniosamente o interlocutor.</p><p>• Pronomes interrogativos referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical e são utilizados</p><p>para interrogar, ou seja, para formular perguntas de modo direto ou indireto.</p><p>• Pronomes relativos: relacionam-se sempre com o termo da oração que está</p><p>antecedente, servindo de elo de subordinação das orações que iniciam.</p><p>• Os pronomes adjetivos  acompanham os substantivos, como se fossem adjetivos,</p><p>determinando e modificando o substantivo. Os pronomes substantivos substituem o</p><p>substantivo numa frase.</p><p>183</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>1 (ENADE – 2011) Comecei a fazer um tratamento com um medicamento muito forte à</p><p>base de corticoide. Para quem nunca tomou medicamento mais forte que uma Aspiri-</p><p>na ou um Tilenol, vocês podem imaginar como foi difícil para mim tomar esta medida.</p><p>Considerando o texto apresentado e as restrições naturais ao emprego do pronome</p><p>oblíquo “mim” em português, avalie as asserções que se seguem.</p><p>Neste texto, o pronome oblíquo está colocado antes do verbo e empregado de acordo</p><p>com a norma culta.</p><p>PORQUE</p><p>O fato de o pronome “mim” estar em posição imediatamente anterior ao verbo não</p><p>indica, necessariamente, que ele seja o seu sujeito da oração, como ocorre no texto</p><p>apresentado.</p><p>A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:</p><p>a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa</p><p>correta da primeira.</p><p>b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma</p><p>justificativa correta da primeira.</p><p>c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma</p><p>proposição falsa.</p><p>d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição</p><p>verdadeira.</p><p>e) ( ) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas.</p><p>FONTE: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/</p><p>Ebooks//Pdf/978-85-397-0301-2.pdf>.</p><p>Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>2 (ENADE – 2011) Alguns estudos sobre fenômenos de mudança no Português brasi-</p><p>leiro mostram que a forma “a gente” se originou de um substantivo, “gente”, que, ao</p><p>assumir, em certos contextos discursivos, determinados valores, passou a fazer parte</p><p>de outra classe, a dos pronomes. Trata-se, pois, de um caso de gramaticalização, que,</p><p>grosso modo, ocorre quando um item lexical se torna um item gramatical, ou quando</p><p>itens gramaticais se tornam ainda mais gramaticais. Um desses estudos indica que,</p><p>ao longo do tempo, o substantivo “gente” foi perdendo a especificação de número e</p><p>de certas propriedades sintáticas e ganhando traços de pronome.</p><p>Considere dois grupos de exemplos relativos aos traços de número e ao arranjo</p><p>sintático.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>184</p><p>Grupo A</p><p>1a. Quem viu o mundo como</p><p>eu vi viu as gentes como eram.</p><p>2a. E sua gente foi com ele.</p><p>3a. Esta gente anda não se sabe para onde.</p><p>4a. Todas as gentes da aldeia ficaram arrasadas.</p><p>Grupo B</p><p>1b. E hoje a gente mora junto, por assim dizer.</p><p>2b. A gente pegou a estrada.</p><p>3b. A gente vai mudar as nossas coisas para outro lugar.</p><p>4b. O que a gente comia muito lá é sanduíche e sopa.</p><p>Considerando o texto e os grupos de exemplos apresentados, assinale a opção CORRETA:</p><p>a) ( ) Quanto à flexão de número, os exemplos do grupo A não apresentam, com</p><p>nitidez, a distinção pertinente a esse traço.</p><p>b) ( ) Quanto à flexão de número, os dados do grupo B não trazem casos de “gente”</p><p>flexionados.</p><p>c) ( ) Quanto ao arranjo sintático, nos exemplos do grupo A, a expressão “gente”</p><p>ocorre sem modificadores, característica dos pronomes.</p><p>d) ( ) Quanto ao arranjo sintático, nos exemplos do grupo B, “a gente” ocorre com</p><p>diferentes modificadores, o que indica seu caráter de substantivo comum.</p><p>e) ( ) De acordo com as informações do texto, a ordem diacrônica do português deve</p><p>ser evolução da gramática do grupo B para a do grupo A.</p><p>FONTE: <https://editora.pucrs.br/edipucrs/acessolivre/</p><p>Ebooks//Pdf/978-85-397-0301-2.pdf>.</p><p>Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>3 Observe a frase “Vi-o, assim chorando e gritando de dor”. O termo (o) destacado nessa</p><p>frase pode ser classificado, morfológica e sintaticamente, como:</p><p>a) ( ) Artigo e adjunto adnominal.</p><p>b) ( ) Artigo e objeto direto.</p><p>c) ( ) Pronome oblíquo e objeto direto.</p><p>d) ( ) Pronome oblíquo e adjunto adnominal.</p><p>e) ( ) Pronome oblíquo e objeto indireto.</p><p>4 Na frase “Ninguém gosta de frio intenso, nem mesmo os que têm bons agasalhos</p><p>consideram tal situação confortável”, como se classificam, morfologicamente, os</p><p>termos em destaque? Observe o sentido que expressam na frase.</p><p>185</p><p>5 Observe as frases abaixo e explique a presença dos pronomes substantivos e dos</p><p>pronomes adjetivos em destaque.</p><p>a) Minha amiga estuda matemática todos os dias.</p><p>b) Comprei o sítio, mas ainda não o visitei.</p><p>186</p><p>187</p><p>TÓPICO 3 -</p><p>PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>O Tópico 3 traz os conceitos e as especificidades dos três últimos elementos</p><p>das classes de palavras: as preposições, as conjunções e as interjeições. Cada um deles</p><p>tem a sua função dentro do contexto linguístico e há a necessidade de se conhecer a</p><p>utilização com o objetivo de promover a comunicação.</p><p>Vamos estudar as preposições, palavras invariáveis que unem palavras e</p><p>orações, estabelecendo ideia de dependência dos termos. O mesmo ocorre com as</p><p>conjunções subordinativas, que unem orações subordinadas. No caso das conjunções</p><p>coordenativas, a função é de ligar as ideias expressas nas orações, mas de forma</p><p>independente.</p><p>No caso das interjeições será importante perceber a sua presença nas conver-</p><p>sas, nas expressões orais e a medida correta para a sua utilização em textos, que ocorre</p><p>especialmente em textos literários, sobretudo nas crônicas.</p><p>UNIDADE 3</p><p>2 VALORES SEMÂNTICOS DAS PREPOSIÇÕES</p><p>As preposições são palavras utilizadas para promover as  relações gramati-</p><p>cais que substantivos, adjetivos, verbos e advérbios estabelecem no discurso e, ainda,</p><p>não aparecem sozinhas no discurso e são necessárias para a ligação entre dois termos.</p><p>O valor semântico é o significado atribuído às palavras dentro de um contexto, melhor</p><p>dizendo, essas palavras ganham sentido de acordo com a frase. Exemplos: Gosto de</p><p>livros infantis. / Viajarei para Lisboa.</p><p>Nos exemplos citados podemos perceber que as preposições ligam os elemen-</p><p>tos da frase. Apesar de parecerem simples e supérfluas, as preposições são fundamen-</p><p>tais para a compreensão do sentido e facilitam o que se quer expressar.</p><p>As preposições podem ser consideradas palavras gramaticais, ou seja, que</p><p>não têm sentido sozinhas, mas que são fundamentais para estabelecer a relação</p><p>entre outras palavras. Sintaticamente, as preposições não exercem uma função</p><p>determinada e são denominadas de conectivos, pois têm apenas a função de ligar,</p><p>conectar termos ou frases.</p><p>188</p><p>As preposições relacionam um termo anterior (antecedente) e um termo</p><p>posterior (consequente). Para Bagno (2012) o termo “preposição” ocorre, principalmente,</p><p>nas línguas da família indo-europeia. “Em outras línguas o que ocorre é “posposição”.</p><p>Por conta disso, os pesquisadores contemporâneos preferem o termo “aposição”, pois</p><p>podem ser “pré-” ou “pós-”: cheguei no Rio ontem; a proposta do Alfredo eu votei</p><p>contra” (BAGNO, 2012, p. 854).</p><p>Vamos ver os exemplos:</p><p>Maria comeu pão com manteiga. Nesse caso, o termo antecedente seria pão,</p><p>a preposição com e o termo consequente seria manteiga. Justamente por se usar a</p><p>preposição, o segundo termo (termo consequente) explica o sentido do primeiro termo</p><p>(termo antecedente), o que faz fluir o entendimento da mensagem. Na frase: Ela é uma</p><p>mulher de coragem. O uso da preposição de liga os termos antecedente e consequente,</p><p>explicando o termo anterior e dando sentido à frase.</p><p>2.1 TIPOS DE PREPOSIÇÕES</p><p>As preposições classificam-se em preposições essenciais e preposições aci-</p><p>dentais. As preposições essenciais são aquelas que só aparecem na língua propria-</p><p>mente como preposições, sem outra função qualquer.</p><p>Preposições essenciais:</p><p>a de perante</p><p>ante desde sem</p><p>após em sob</p><p>até entre sobre</p><p>com para trás</p><p>contra por</p><p>Exemplos:</p><p>Comprei um bolo de cenoura com chocolate.</p><p>Trouxe um convite de aniversário a todos.</p><p>As preposições acidentais são as que não possuem, à princípio, a função de</p><p>preposição, mas que podem exercê-la em determinadas situações.</p><p>Preposições acidentais:</p><p>189</p><p>afora</p><p>como</p><p>conforme</p><p>consoante</p><p>durante</p><p>exceto</p><p>feito</p><p>fora</p><p>mediante</p><p>menos</p><p>salvo</p><p>segundo</p><p>senão</p><p>tirante</p><p>visto</p><p>Exemplos:</p><p>Durante a reunião, todos choraram.</p><p>Só entrego a mercadoria mediante pagamento.</p><p>As preposições são termos invariáveis, não apresentam alterações em gênero,</p><p>número ou grau. Mesmo assim, elas podem sofrer mudanças quando combinadas ou</p><p>contraídas com termos variáveis, como artigos e pronomes, concordando com a frase</p><p>no contexto geral.</p><p>A contração é o que acontece quando há mudanças no sentido da preposição.</p><p>As preposições de e em, por exemplo, formam contrações com os artigos e com diversos</p><p>pronomes. Exemplos:</p><p>Do Dos da Das</p><p>Num Nuns numa Numas</p><p>Disto Disso daquilo</p><p>naquele Naqueles naquela Naquelas</p><p>Outros casos:</p><p>em + a = na</p><p>em + aquilo = naquilo</p><p>de + aquela = daquela</p><p>de + onde = donde</p><p>As formas  pelo,  pela,  pelos,  pelas  resultam da contração da erudita</p><p>preposição per com os artigos definidos. Por exemplo: per + o = pelo.</p><p>A combinação é o que acontece quando a preposição permanece alterada, sem</p><p>perda de características fonéticas. Exemplo: preposição a + artigo masculino o = ao;</p><p>preposição a + artigo masculino os = aos.</p><p>Vamos ver a lista de contração e combinação de preposições:</p><p>190</p><p>Preposição de</p><p>do = de + o</p><p>da = de + a</p><p>dum = de + um</p><p>duma = de + uma</p><p>dele = de + ele</p><p>dela = de + ela</p><p>deste = de + este</p><p>dessa = de + essa</p><p>daquilo = de + aquilo</p><p>dali = de + ali</p><p>Preposição em</p><p>no = em + o</p><p>na = em + a</p><p>num = em + um</p><p>numa = em + uma</p><p>nele = em + ele</p><p>nela = em + ela</p><p>neste = em + este</p><p>nessa = em + essa</p><p>naquilo = em + aquilo</p><p>Preposição a</p><p>à = a + a</p><p>às = a + as</p><p>ao = a + o</p><p>aos = a + os</p><p>àquele = a + aquele</p><p>àquilo = a + aquilo</p><p>Preste atenção quando se usa a preposição de juntamente com o artigo o ao</p><p>iniciar o sujeito de um verbo. Nesse caso, não existe a contração do, e o correto, pela</p><p>norma culta, é usar de o.</p><p>Exemplo: É a vez do menino jogar bola. Segundo as regras da gramática</p><p>normativa, o correto seria colocar assim: É a vez de o menino jogar bola. A explicação</p><p>seria a questão sintática, pois com o sujeito – menino – seguido pelo verbo jogar, teria</p><p>que se desdobrar o do, ficando de o (preposição e artigo separados).</p><p>Outra questão a ser considerada é a utilização da crase, como resultado da</p><p>junção de vogais idênticas. Vamos ver os casos:</p><p>à = preposição a com o artigo definido a</p><p>às = a + as</p><p>ao = a + o</p><p>aos = a + os</p><p>àquele = a + aquele</p><p>àquilo</p><p>= a +aquilo</p><p>àquela = a + aquela</p><p>191</p><p>As preposições são utilizadas, geralmente, na introdução de complementos nominais</p><p>e verbais, de locuções adjetivas, de locuções adverbiais e de orações reduzidas. Elas são</p><p>importantes para a compreensão dos textos. Algumas preposições transmitem a noção de</p><p>movimento, sendo dinâmicas, outras de situação, sendo estáticas.</p><p>Preposições de movimento: Eu vou a Portugal.</p><p>Preposições de situação: Tenho medo de cobras e de sapos. Estou sem emprego.</p><p>As preposições podem estabelecer várias relações e são importantes para o entendimento</p><p>delas. Veja:</p><p>Assunto: A prova será sobre a pandemia no Brasil.</p><p>Autoria: Este livro de Machado de Assis é ótimo.</p><p>Causa: Minha barriga dói de fome.</p><p>Companhia: Gosto de viajar com meus filhos.</p><p>Conteúdo: Gosto de usar a caneta com tinta azul brilhante.</p><p>Destino: Os alunos estão voltando para a escola.</p><p>Distância: São Paulo fica a 450 km daqui.</p><p>Especialidade: Ele é bom em matemática.</p><p>Finalidade: Comprei cadernos e lápis para ensinar as crianças.</p><p>Instrumento: João cortou-se com uma faca.</p><p>Lugar: A conferência mundial foi em Londres.</p><p>Matéria: Meu estojo é de plástico.</p><p>Meio: Iremos para o Peru de avião.</p><p>Modo: A eleição será decidida por votos dos brasileiros.</p><p>Oposição: Os pais são contra a volta das aulas presenciais.</p><p>Origem: Lúcia veio de Lisboa.</p><p>Posse: Este carro é do meu avô.</p><p>Preço: As blusas ficam por R$ 300,00.</p><p>Tempo: O avião chegará em uma hora.</p><p>NOTA</p><p>O próximo item que vamos estudar refere-se às locuções prepositivas, para</p><p>entender melhor como ocorre a junção de termos que as compõem e sua utilização</p><p>nos textos.</p><p>2.2 LOCUÇÕES PREPOSITIVAS</p><p>Referem-se a um grupo de palavras com valor e emprego de uma preposição.</p><p>As principais locuções prepositivas são constituídas de um advérbio ou de uma locução</p><p>adverbial seguido da preposição de, a e com.</p><p>a fim de ao lado de debaixo de</p><p>a respeito de apesar de dentro de</p><p>abaixo de atrás de diante de</p><p>192</p><p>acerca de através de em frente de</p><p>acima de de acordo com em lugar de</p><p>antes de de cima de em vez de</p><p>2.3 USO DAS PREPOSIÇÕES</p><p>A importância da preposição se dá pela colocação correta no texto. Lembrando</p><p>que preposição é toda palavra invariável que liga duas outras palavras, estabelecendo</p><p>entre elas uma relação de sentido e de dependência entre os elementos. Observe que o</p><p>termo que antecede a preposição é denominado regente e o termo que sucede chama-</p><p>se termo regido.</p><p>Vamos ler a seguinte crônica, escrita pelo jornalista João Trindade, que discute</p><p>o uso de para e a, mostrando a colocação correta de cada um como forma equivalente</p><p>do sentido que quer expressar no texto.</p><p>O ‘jornalista’ que ‘entendia’ de preposições e amizade</p><p>João Trindade</p><p>Certa vez, um “jornalista”, de cujo nome confesso que esqueci, pediu, por meio de um</p><p>irmão meu, um poema para publicação na página dele.</p><p>Fiquei feliz, porque sempre fico satisfeito quando alguém lembra que sou poeta e de</p><p>minha poesia.</p><p>Naquela época, página em internet era uma novidade; eram raras e ainda não</p><p>tinham esse nome de “Portal”.</p><p>Selecionei, com todo o cuidado, um poema meu que considero muito bom e é dedica-</p><p>do a Sérgio de Castro Pinto, por ser claramente inspirado no estilo dos poemas dele.</p><p>Fiquei, no entanto, triste, quando vi o texto publicado. O cara mudou,  sem me</p><p>consultar, a dedicatória.</p><p>Minha dedicatória era:</p><p>Para Sérgio de Castro Pinto.</p><p>O sujeito mudou para:</p><p>“A Sérgio de Castro Pinto”.</p><p>Realmente, não fiquei satisfeito e mandei um “e-mail”, questionando.</p><p>A justificativa dele:</p><p>– Mudei sim; você conhece Sérgio de Castro Pinto? Porque você só poderia usar</p><p>“para Sérgio de Castro Pinto” se você conhecesse ele (sic). Sérgio de Castro Pinto é</p><p>um poeta muito famoso… Então, tem que ser a Sérgio de Castro Pinto.'</p><p>193</p><p>Quer dizer:</p><p>De uma “lapada” só, o cara quis me dar uma lição sobre o emprego das preposições</p><p>e, ainda por cima, duvidou de uma das mais caras amizades (da qual tenho muito</p><p>orgulho) que tenho, há décadas.</p><p>FONTE: <https://portalcorreio.com.br/o-jornalista-que-entendia-de-preposicoes-e-amizade/>. Acesso</p><p>em: 23 jul. 2021.</p><p>Como já foi dito, a preposição liga os termos de uma oração, dando sentido</p><p>ao texto falado ou escrito, inclusive estreitando o significado decorrente do conectivo</p><p>utilizado.</p><p>Podemos perceber, nos dias de hoje, o desaparecimento da preposição a e</p><p>isso se deve ao fato de as pessoas em geral não saberem utilizar o a com crase. O</p><p>pesquisador Bagno (2012, p. 874) fala sobre esse assunto:</p><p>[...], ainda é preciso, no trabalho da educação linguística, ensinar</p><p>os empregos da preposição a em textos mais monitorados, sem</p><p>contudo reprimir os usos já consagrados de outras preposições com</p><p>verbos do tipo ir, vir, chegar, dirigir-se, dar etc. E, também, ensinar a</p><p>regra meramente ortográfica do uso do acento indicador de crase.</p><p>Com relação a pouca ou nenhuma utilização do a craseado, ao autor da citação</p><p>anterior sugere uma atividade de pesquisa para os alunos, que se encontra no trabalho</p><p>de Gomes (2019, p. 74), que tem os pressupostos de Bagno como seu objeto de estudo:</p><p>A pesquisa pode ser empreendida nos textos autênticos disponíveis</p><p>no ambiente escolar. Depois de realizadas atividades ‘para a fruição</p><p>da leitura e para o aprendizado sistemático da leitura’, solicita-se ao</p><p>aluno que assinale ao longo do texto todas as ocorrências de à e às.</p><p>As ocorrências podem ser recolhidas em uma folha de caderno ou no</p><p>computador, se houver a possibilidade. Elas devem ser dispostas no</p><p>papel na ordem em que aparecem no texto. ‘É muito importante que</p><p>recolham não só o a craseado, mas também o contexto em que ele</p><p>aparece’. Por isso, é solicitado aos alunos que copiem tudo o que esti-</p><p>ver entre os pontos antes e depois da ocorrência.</p><p>Vamos ao exemplo de Bagno (2012, p. 85): “Isabel apareceu à janela do palácio</p><p>e dirigiu um belo sorriso à multidão”. Somente assim podemos levar os alunos a deduzir</p><p>as regras de uso do acento indicador de crase: investigando o contexto sintático maior</p><p>em que o acento vai aparecer.</p><p>Observando as respostas dos alunos, o professor pode elencar as respostas</p><p>dadas por eles, fazendo com que percebam que a crase foi utilizada antes de palavras</p><p>femininas apenas, que se juntavam à preposição a. Chega-se, então, à regra básica: “só</p><p>194</p><p>se usa à/às diante de palavras femininas”. Segundo Bagno (2012, p. 875), “essa regra</p><p>simples resolve a maior parte dos problemas e das dúvidas quanto ao uso do acento</p><p>indicador de crase”.</p><p>Esse trabalho de pesquisa é a forma mais adequada de promover</p><p>a educação linguística não só dos alunos, mas também a nossa,</p><p>de orientá-los (e orientar-nos) para a construção de seu próprio</p><p>conhecimento e funcionamento da língua e de mostrar a eles que a</p><p>gramática é um objeto de pesquisa científica, tanto quanto qualquer</p><p>outro objeto de qualquer outra ciência (BAGNO, 2012, p. 875).</p><p>Colocamos aqui um exemplo de utilização da preposição a quando se une ao</p><p>artigo a e resulta em um a craseado. Isso serve para mostrar como podemos trabalhar</p><p>em sala de aula levando os alunos a entender o uso de conectivos e como se relacionam</p><p>com os elementos de uma frase.</p><p>Por falar em crase, vamos elencar casos de sua utilização:</p><p>– Antes de palavras femininas com substantivos e adjetivos que pedem a preposição a e</p><p>com verbos cuja regência é feita com a preposição a, indicando a quem algo se refere, como:</p><p>agradecer a, pedir a, dedicar a, assistir a etc. Exemplo: Assisti ao filme no cinema.</p><p>– Em diversas expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções conjuntivas: à noite,</p><p>à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à maneira de,</p><p>à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de, à medida que, à proporção que…</p><p>Exemplo: Quero que faça a pesquisa à luz do cientificismo.</p><p>– Observação: pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino desde que haja uma</p><p>palavra feminina que se encontre subentendida, como no caso das locuções à moda de e à</p><p>maneira de. Exemplo: Uso sapato à Luiz XV.</p><p>– Antes da indicação exata e determinada</p><p>de horas:</p><p>Exemplo: Sairemos às seis horas.</p><p>* Nota: Com as preposições para, desde, após e entre, não ocorre</p><p>crase. Exemplos: Estou esperando vocês desde as três horas.</p><p>–Em diversas expressões de modo ou circunstância, atuando como</p><p>fator de transmissão de clareza na leitura: Eu faço a lição à mão.</p><p>Para indicar locais, deve-se observar a localidade.</p><p>Exemplo: Eu irei a Paris. Sem crase, pois não exige artigo. Confira:</p><p>Eu volto de Paris (preposição de). Outro exemplo: Eu vou à França.</p><p>Com crase, pois exige artigo. Veja: Eu volto da França (preposição</p><p>de + artigo a).</p><p>FONTE: Adaptado de <file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/</p><p>leia-algumas-paginas-da-obra-gramatica-moderna.pdf>. Acesso em:</p><p>11 set. 2021.</p><p>NOTA</p><p>A proposta é que se façam atividades para explorar o sentido das preposições e</p><p>não apenas decorar os tipos que foram apresentados, pois servem apenas de norte para</p><p>a compreensão e reconhecimento nos textos.</p><p>195</p><p>Agora passaremos para outro conectivo, as conjunções. Elas, por sua vez, unem</p><p>orações coordenadas ou subordinadas, que dependem de seu sentido para estabelecer</p><p>a mensagem.</p><p>3 CONJUNÇÕES</p><p>Estudar as conjunções permite que se tenha conhecimento da forma como os</p><p>termos de uma oração se relacionam. Para Cegalla (2008, p. 289), conjunção “é uma</p><p>palavra invariável que liga orações ou palavras da mesma oração”.</p><p>Ampliando esse conceito, é importante entender a função que esses conectivos</p><p>exercem no comando de uma mensagem, pois sua utilização equivocada leva a outros</p><p>entendimentos.</p><p>3.1 CONCEITO DE CONJUNÇÕES</p><p>As conjunções são conectivos invariáveis que servem para unir os termos</p><p>de uma frase, oração ou período dando-lhes sentido. Para Bechara (2009, p. 268), “a</p><p>língua possui unidades que têm por missão reunir orações num mesmo enunciado.</p><p>Essas unidades são tradicionalmente chamadas conjunções, que se repartem em dois</p><p>tipos: coordenadas e subordinadas”. Ele nomeia, ainda, as conjunções de conectores e</p><p>transpositores.</p><p>Veja essa matéria publicada no site da Globo, em Memórias, espaço dedicado a</p><p>grandes profissionais, nesse caso, o jornalista José Hamilton Ribeiro.</p><p>[...]</p><p>“As grandes mudanças que a Realidade fez foram a forma de tratar a pauta,</p><p>o assunto e as condições de trabalho do repórter”, diz José Hamilton. “As pautas</p><p>eram voltadas para a vivência pessoal. Como se tratava de uma revista mensal, eram</p><p>feitas grandes reportagens, com profundidade ambiciosa. Só escrevíamos depois de</p><p>ter vivenciado uma situação pessoal. Às vezes, o repórter trabalhava três ou quatro</p><p>meses numa pauta, algo que nunca tinha sido feito no Brasil. A empresa oferecia</p><p>as condições para o repórter trabalhar todo aquele tempo”. Para fazer uma matéria</p><p>sobre preconceito racial no Brasil, José Hamilton foi orientado a ficar preto. Bem que</p><p>tentou. Tomou remédio para estimular a produção de melanina, sob a supervisão de</p><p>um professor de dermatologia e banhos de imersão com permanganato de potássio,</p><p>mas continuou branco. Quando sugeriram maquiagem, desistiu: não queria passar</p><p>pelo vexame de ser descoberto na rua como falso negro, nem ir contra a orientação</p><p>da revista.</p><p>196</p><p>Se a matéria do preconceito quase vira farsa, a tentativa de cobrir a guerra</p><p>do Vietnã se transformou em tragédia: com 20 dias de Vietnã, José Hamilton pisou</p><p>numa mina e teve a perna esquerda estraçalhada. Mas não perdeu a matéria. Uma</p><p>foto dele ferido no campo de batalha foi para a capa da Realidade e entrou para a</p><p>história. Em 1969, escreveu um livro sobre a cobertura, O Gosto da Guerra, e ganhou</p><p>outro Prêmio Esso. Ficou na Realidade por sete anos, chegou a ser editor-chefe e</p><p>por três vezes ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1967, 1968 e 1973. De 1973 a</p><p>1975, foi repórter da revista Veja.</p><p>Em função do governo militar, diz José Hamilton, muitos jornalistas ficaram</p><p>sem espaço em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul e Recife.</p><p>A grande imprensa brasileira, ou por bem ou por mal, se acomodou com a censura.</p><p>Quem tentou reagir por mal levou pancada e se enquadrou. Dessa forma, de 1975 a</p><p>1980, deixei a grande imprensa escrita e fui trabalhar em jornais do interior.</p><p>FONTE: RIBEIRO, J. A. José Hamilton Ribeiro. [entrevista concedida ao] Memória Globo – Perfil</p><p>completo, 14 nov. 2006. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/perfil/jose-hamilton-ribeiro/</p><p>perfil-completo/. Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>Observe que na matéria jornalística há a presença de vários conectivos que</p><p>ligam as ideias. Lendo devagar e atentamente, você vai perceber que o ritmo do texto</p><p>se altera. Quando surge um mas, muda o rumo da história, por exemplo.</p><p>É importante conhecer o sentido que cada conjunção pode expressar para tirar</p><p>proveito de seu uso nos textos. Bagno (2012, p. 881) ressalta que as conjunções “são</p><p>palavras que, tal como os advérbios e as preposições, constituem o que os linguistas</p><p>vêm chamando de classe heterogênea, isto é, uma classe formada por indivíduos muito</p><p>diferentes entre si na forma e na função”.</p><p>É inadmissível, portanto, a prática que ainda se perpetua entre</p><p>muitos docentes de aconselhar seus alunos a “evitar a repetição</p><p>do mas” e substituir mecanicamente a conjunção adversativa por</p><p>seus supostos “equivalentes” porém, contudo, todavia, no entanto,</p><p>entretanto... Não existe equivalência alguma, até porque são</p><p>palavras de classes gramaticais diferentes. A conjunção mas é um</p><p>instrumento textual-discursivo indispensável. A produção de textos</p><p>bem construídos não se limita a evitar repetições nem muito menos a</p><p>substituir mecanicamente determinadas palavras por outras (BAGNO,</p><p>2012, p. 892).</p><p>A matéria jornalística foi escolhida para exemplificar a situação proposta por</p><p>Bagno quando fala das substituições que aprendemos e ensinamos os alunos a fazer</p><p>em seus textos. O sentido da conjunção em “Mas não perdeu a matéria” dá a perfeita</p><p>ideia da adversidade: apesar de tudo o que passou, virou o jogo a seu favor. Esse é o tipo</p><p>de análise a ser feita quando nos deparamos com as conjunções.</p><p>197</p><p>Segundo Cunha e Cintra (2008, p. 593), “conjunções são os vocábulos</p><p>gramaticais que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da</p><p>mesma oração. E classificam-se em coordenativas e subordinativas”.</p><p>Devemos notar que os termos que se relacionam na mesma oração possuem a</p><p>mesma função gramatical, que é denominada como conjunção coordenativa e quando</p><p>as conjunções ligam uma oração à outra completando o sentido delas é chamada de</p><p>subordinativa.</p><p>Exemplos:</p><p>Gosto de acordar cedo e tomar café com leite todos os dias.</p><p>A conjunção e liga as orações de forma independente. As ações podem ser</p><p>entendidas separadamente, portanto trata-se de conjunção coordenativa (e).</p><p>Só irei à festa se não chover.</p><p>Nesse caso, uma ideia ou ação está ligada à outra, por meio de uma condição.</p><p>Não se pode pensar em uma oração sem a outra, pois são dependentes e a conjunção</p><p>se é classificada como subordinativa.</p><p>3.2 TIPOS DE CONJUNÇÕES</p><p>Vamos conhecer as orações coordenadas que são ligadas pelas conjunções</p><p>coordenativas e as orações subordinadas, ligadas pelas conjunções subordinativas,</p><p>mostrando, nesse caso, uma forma de dependência entre elas.</p><p>3.2.1 Conjunções coordenativas e subordinativas</p><p>As conjunções podem ser subordinativas ou coordenativas, de acordo como se</p><p>apresentam nas frases, orações ou períodos. Considera-se que as coordenativas ligam</p><p>termos independentes, ao contrário das subordinativas.</p><p>a) Conjunções coordenativas</p><p>As conjunções coordenativas servem, então, para unir elementos dentro de uma</p><p>frase, oração ou período e recebem o mesmo nome dos tipos de orações coordenadas</p><p>sindéticas. Azeredo (2014, p. 198) denomina “conjunções coordenativas à espécie de</p><p>palavras gramaticais que unem duas ou mais unidades (palavras, sintagmas ou orações)</p><p>da mesma classe formal e mesmo valor sintático”. Elas exprimem sentido aos termos</p><p>dentro do texto, como se pode ver:</p><p>• Conjunções adversativas expressam oposição: contudo, entretanto, mas, não</p><p>obstante, no entanto, porém, todavia.</p><p>Exemplo:</p><p>Gosto de escrever, porém não tenho tempo.</p><p>198</p><p>• Conjunções aditivas expressam soma: e, mas ainda, mas também, nem.</p><p>Exemplo: Os meninos não só estudam, mas também se divertem.</p><p>Observe que a conjunção mas, que mais comumente é tida como adversativa, aqui</p><p>tem sentido aditivo. Por isso, ressaltamos a necessidade de um estudo não mecânico,</p><p>pautado na análise de textos reais.</p><p>• Conjunções alternativas exprimem alternância: já…, já…, ou, ou… ou…, ora… ora…, quer…</p><p>quer. Exemplo: Ou você estuda ou trabalha.</p><p>• Conjunções conclusivas exprimem conclusão: assim, então, logo, pois (depois do</p><p>verbo), por conseguinte, por isso, portanto. Exemplo: Penso, logo existo.</p><p>• Conjunções explicativas exprimem explicação: pois (antes do verbo), porquanto,</p><p>porque, que. Exemplo: Choveu muito à noite, porque as ruas estão alagadas.</p><p>Note que a conjunção  e  pode apresentar ideia de adversidade também, de</p><p>acordo com o que se quer dizer. Veja esses casos:</p><p>Elas foram reprovadas na escola e (com ideia de mas) não reclamaram.</p><p>João quis sair da festa e (com ideia de mas) não pôde.</p><p>Há ainda a locução conjuntiva, quando duas ou mais palavras exercem a</p><p>função de conjunção. Para Cereja e Magalhães (2005, p.191-192) “duas ou mais palavras</p><p>empregadas com valor de conjunção constituem uma locução conjuntiva: já que,</p><p>visto que, se bem que, a fim de que”. Podemos acrescentar também: ainda que, desde</p><p>que, assim que, uma vez que, antes que, logo que. Exemplo:</p><p>Ele pagará a dívida, assim que começar a trabalhar.</p><p>b) Conjunções subordinativas</p><p>As conjunções subordinativas  são os termos que ligam duas orações</p><p>sintaticamente dependentes. É o contexto da frase o que determina o tipo de relação</p><p>estabelecida pela conjunção, portanto o contexto é fundamental. Azeredo (2014, p.</p><p>198) define “conjunções subordinativas como a palavra invariável que, anteposta a uma</p><p>oração com verbo flexionado em tempo, forma, estabelecendo com ela uma espécie</p><p>sintagma derivado”.</p><p>As conjunções subordinativas dividem-se em: causais, concessivas,</p><p>condicionais, comparativas, finais, proporcionais, temporais, comparativas, consecutivas</p><p>e integrantes. Vamos ver cada uma dessas conjunções:</p><p>• Conjunções causais ligam as orações subordinadas e expressam a ideia de causa, de</p><p>motivo. São elas: porque, pois, porquanto, como (no sentido de porque), pois que, por</p><p>isso que, a que, uma vez que, visto que, visto como, que. Exemplos:</p><p>199</p><p>Não fui à escola porque choveu muito.</p><p>Não comprei carro ainda porque não tenho dinheiro.</p><p>• Conjunções concessivas iniciam uma oração em que ocorre um fato contrário à ação</p><p>principal, mas sem conseguir impedir que esse fato aconteça. São elas: embora,</p><p>conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que,</p><p>nem que, que. Exemplos:</p><p>Ainda que não possamos sair de casa, temos que ir à escola.</p><p>Embora estivesse muito nervosa, teve que apresentar a pesquisa.</p><p>• Conjunções condicionais (ou hipotéticas) iniciam uma oração subordinada em que</p><p>é indicada uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou</p><p>não o fato principal. Segundo Bechara (2009, p. 274), “iniciam oração que em geral</p><p>exprime: a) uma condição necessária para que se realize ou se deixe de realizar o que</p><p>se declara na oração principal; b) um fato – real ou suposto – em contradição com o</p><p>que se exprime na oração principal”. São elas: se, caso, quando, conquanto que, salvo</p><p>se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que. Exemplos:</p><p>Se não chover, irei à praia.</p><p>Eu continuarei com minhas ideias a menos que não sejam aceitas.</p><p>• Conjunções conformativas iniciam uma oração subordinada em que se exprime a</p><p>conformidade de um pensamento com o da oração principal. São elas: conforme,</p><p>como (no sentido de conforme), segundo, consoante. Exemplos:</p><p>Iremos ao baile conforme combinamos.</p><p>Fizemos as lições segundo as orientações do professor.</p><p>• Conjunções finais iniciam uma oração subordinada que exprime a finalidade ou o</p><p>objetivo expresso da oração principal. São elas: para que, a fim de que, porque (no</p><p>sentido de que), que. Exemplos:</p><p>Eu estudei muito a fim de passar de ano.</p><p>Haverá isolamento social para que possamos evitar contágio.</p><p>• Conjunções proporcionais introduzem uma oração que expressa um fato relacionado</p><p>proporcionalmente à ocorrência da principal, ou detalhando, quando iniciam oração</p><p>que exprime um fato que acontece, aumenta ou diminui na mesma proporção daquilo</p><p>que ocorre na oração principal. São elas: à medida que, ao passo que, à proporção</p><p>que, enquanto, quanto mais... (no sentido de mais), quanto mais... (no sentido de tanto</p><p>mais), quanto mais... (no sentido de menos), quanto menos... (no sentido de menos),</p><p>quanto menos... (no sentido de tanto menos), quanto menos (no sentido de mais),</p><p>quanto menos (tanto mais). Exemplos:</p><p>Não gosto de viajar de avião, quanto mais de navio.</p><p>À medida que o tempo passa, mais nos conhecemos.</p><p>200</p><p>• Conjunções comparativas iniciam uma oração que expressa ideia de comparação</p><p>com referência à oração principal. Essas comparações podem ser feitas da seguinte</p><p>forma: como parâmetro de igualdade, que se apresenta com os termos como ou</p><p>quanto em correlação com o advérbio tanto ou tão da oração principal; superioridade,</p><p>utilizando os termos que ou do que em correlação com o advérbio mais da oração</p><p>principal e inferioridade, termos que ou do que em correlação com o advérbio menos</p><p>da oração principal.</p><p>São conjunções comparativas: que, do que (usado depois de mais, menos, maior,</p><p>menor, melhor, pior), qual (usado depois de tal). Exemplos:</p><p>A vida é tão boa hoje como era nos tempos de infância.</p><p>A prova de hoje será mais difícil que a de ontem.</p><p>• Conjunções consecutivas iniciam uma oração na qual é indicada a consequência do</p><p>que foi declarado na oração anterior. São elas: que (precedido de tão, tal, tanto), de</p><p>modo que, de maneira que. Exemplos:</p><p>Os fogos foram tão barulhentos que os cachorros se esconderam.</p><p>A alegria era tanta que a menina até chorou.</p><p>• Conjunções integrantes são utilizadas para introduzir a oração substantiva, que atua</p><p>como sujeito,  objeto direto,  objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou</p><p>aposto de outra oração. São elas: que e se. Exemplos:</p><p>É mentira que ele não comprou o presente.</p><p>Não sei se você viu o meu celular novo.</p><p>• Conjunções temporais indicam uma oração subordinada que mostra uma circuns-</p><p>tância de tempo. São elas: quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre</p><p>que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que (des-</p><p>de que). Exemplos:</p><p>Saiu correndo, assim que soube do resultado do exame.</p><p>Todos ficaram muito tristes quando ele partiu.</p><p>As conjunções devem ser vistas como conectivos que ligam termos ou orações,</p><p>de forma que as deixem dependentes ou independentes, de acordo com o sentido que</p><p>elas expressam.</p><p>No caso das conjunções e preposições, bem como os pronomes que estudamos</p><p>no tópico anterior, podemos dizer que funcionam como elementos de coesão textual</p><p>e estabelecem relação entre palavras, expressões, orações, frases ou parágrafos em</p><p>determinado discurso. Ou seja, além de estudarmos esses recursos gramaticais e suas</p><p>regras de uso, é preciso analisar sua funcionalidade dentro de textos que circulam</p><p>socialmente. Assim, de fato, conseguiremos transformar esse conhecimento em</p><p>benefício da produção de uma escrita de qualidade. Esses são, como classifica Bagno</p><p>(2012), os “nós e os nexos” do discurso.</p><p>201</p><p>Veremos agora as interjeições e a forma como se apresentam no texto. São</p><p>fáceis de serem reconhecidas pelo seu sinal gráfico, mas importante entender o seu</p><p>significado em contextos diversos.</p><p>4 INTERJEIÇÕES</p><p>As interjeições são estudadas como um dos elementos que compõem as</p><p>classes de palavras, mas antes de tudo expressam uma forma viva da linguagem,</p><p>principalmente falada. Usamos cada vez mais nas conversas, inclusive gesticulando</p><p>ao mesmo tempo, e nos “bate-papos” nas redes sociais, às vezes acompanhadas de</p><p>figuras ou memes</p><p>(ilustrações de referência).</p><p>Analisamos as interjeições em sua manifestação oral e,</p><p>consequentemente, percebemos que uma mesma interjeição</p><p>pode apresentar sentidos diferentes, e o que vai determinar este</p><p>sentido é a sua aplicação em um determinado contexto, ou seja, a</p><p>interjeição só pode ser classificada a partir da função que exercer</p><p>na situação comunicativa em que ocorre, o que torna a situação de</p><p>uso e a aplicabilidade na interação humana, fatores imprescindíveis</p><p>para a obtenção de sentido e de função exercida pelas interjeições.</p><p>Isso nos leva a entender que a situação discursiva deve ser tomada</p><p>como base para a compreensão das interjeições (ESTEVÃO; AMORIM;</p><p>BEZERRA, 2018, p. 8-9).</p><p>As interjeições ganham notoriedade na liberdade de expressão, pois mostram o</p><p>dinamismo da língua com contornos de criatividade e de expressão de sentimentos. Va-</p><p>mos ver um pouco dos seus conceitos para reconhecê-los nas diferentes formas de textos.</p><p>4.1 CONCEITO</p><p>A interjeição é uma palavra invariável (não sofre variação em gênero, número</p><p>e grau) que representa um recurso da linguagem afetiva. E por ser considerada uma</p><p>linguagem afetiva consideramos a interjeição uma forma de expressão, como um</p><p>grito, um suspiro, uma expressão de espanto, um jeito de demonstrar um estado de</p><p>espírito etc. Ela expressa sentimentos, sensações, estados de espírito, sendo sempre</p><p>acompanhadas de um ponto de exclamação (!).</p><p>As interjeições são consideradas “palavras-frases” uma vez que representam</p><p>frases-resumidas, formadas por sons vocálicos (Ah! Oh! Ai!), por palavras (Droga! Psiu!</p><p>Puxa!) ou por um grupo de palavras denominadas de locuções interjetivas (Meu Deus!</p><p>Ora bolas!). Vale lembrar que  as interjeições não possuem função sintática, sendo</p><p>apenas um elemento estilístico.</p><p>202</p><p>O fenômeno interjetivo, por sua natureza espontânea, emotiva,</p><p>discursiva e léxico-gramatical, deixa, muitas vezes, entender que</p><p>se trata de um recurso comunicativo simples seja do ponto de</p><p>vista da forma, seja de seu aspecto funcional/discursivo. Estudos</p><p>linguísticos mais atuais têm demonstrado que a interjeição apresenta</p><p>propriedades complexas tanto na forma quanto no conteúdo/função</p><p>discursiva. Dentre as propriedades formais, destacam-se: natureza</p><p>lexical primária ou secundária (neste caso, quando derivadas de outras</p><p>formas da língua: nossa!), podem ser simples ou compostas (como</p><p>ocorre com as locuções: meu deus!), de modo geral, são invariáveis</p><p>e, quanto ao aspecto sintático, as interjeições têm autonomia</p><p>semântica e podem ocorrer em diferentes posições na sentença:</p><p>início, meio ou fim. No plano funcional, são comunicativamente</p><p>autônomas, desempenhando várias funções discursivas (conativa,</p><p>fática, cognitiva, interacional), além de explicitarem afetividade e</p><p>conteúdo semântico equivalente a orações [...] (BATISTA; RAMOS,</p><p>2015, p. 16-17).</p><p>Algumas interjeições sofrem variação em grau. Como ocorre isso? Não se trata</p><p>de um processo natural da interjeição, apenas uma variação justamente por ser uma</p><p>linguagem afetiva. Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho, tchauzinho etc.</p><p>4.2 TIPOS DE INTERJEIÇÕES</p><p>As interjeições não estão inseridas na classificação normal das palavras, no</p><p>sentido morfológico e sintático, apresentam classificações que se referem à expressão</p><p>de sentimentos ou sensações. Vamos saber quais os tipos de interjeições que usamos</p><p>na nossa língua:</p><p>• Advertência: Cuidado!, Olhe!, Atenção!, Fogo!, Olha lá!, Alto lá!, Calma!, Devagar!,</p><p>Sentido!, Alerta!, Vê bem!, Volta aqui!</p><p>• Afugentamento: Fora!, Toca!, Xô!, Xô pra lá!, Passa!, Sai!, Roda!, Arreda!, Rua!, Cai fora!,</p><p>Vaza!</p><p>• Agradecimento: Graças a Deus!, Obrigado!, Agradecido!, Muito obrigada!, Valeu!, Valeu</p><p>a pena!</p><p>• Alegria: Ah!, Eh!, Oh!, Oba!, Eba!, Viva!, Olá!, Olé! Eta!, Eita!, Eia!, Uhu!, Que bom!</p><p>• Alívio: Ufa!, Uf!, Arre!, Ah!, Eh!, Puxa!, Ainda bem!, Nossa senhora!</p><p>• Ânimo: Coragem!, Força!, Ânimo!, Avante!, Eia!, Vamos!, Firme!, Inteirinho!, Bora!</p><p>• Apelo: Socorro!, Ei!, Ô!, Oh!, Alô!, Psiu!, Olá!, Eh!, Psit!, Misericórdia!</p><p>• Aplauso: Muito bem!, Bem!, Bravo!, Bis!, É isso aí!, Isso!, Parabéns!, Boa!, Apoiado!,</p><p>Ótimo!, Viva!, Fiufiu!, Hup!, Hurra!</p><p>• Chamamento: Alô!, Olá!, Hei!, Psiu!, ô!, oi!, psiu!, psit!, ó!</p><p>• Concordância: Claro!, Certo!, Sem dúvida!, Ótimo!, Então!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!</p><p>• Contrariedade: Droga!, Porcaria!, Credo!</p><p>• Desculpa: Perdão!, Opa!, Desculpa!, Desculpe!, Foi mal!</p><p>• Desejo: Oxalá!, Tomara!, Quisera!, Queira Deus!, Quem me dera!</p><p>• Despedida: Adeus!, Até logo!, Tchau!, Até amanhã!</p><p>203</p><p>• Dor: Ai!, Ui!, Ah!, Oh!, Meu Deus!, Ai de mim!</p><p>• Dúvida: Hum?, hem?, hã?, Ué!, Epa!</p><p>• Espanto: Oh!, Puxa!, Quê!, Nossa!, Nossa mãe!, Virgem!, Caramba!, Xi!, Meu Deus!,</p><p>Senhor Jesus!, Ui!, Crê em Deus pai!</p><p>• Estímulo: Ânimo!, Coragem!, Adiante!, Avante!, Vamos!, Eia!, Firme!, Força!, Toca!, Upa!,</p><p>Vai nessa!</p><p>• Medo: Oh!, Credo!, Cruzes!, Ui!, Ai!, Uh!, Barbaridade!, Socorro!, Francamente!, Que</p><p>medo!, Jesus!, Jesus Maria e José!</p><p>• Satisfação: Viva!, Oba!, Boa!, Bem!, Bom!, Upa!, Ah!</p><p>• Saudação: Alô!, Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau!, Salve!, Ave!, Viva!</p><p>• Silêncio: Psiu!, Shh!, Silêncio!, Basta!, Chega!, Calado!, Quieto!, Bico fechado!</p><p>É importante falar, também, das locuções interjetivas. São formadas por uma</p><p>ou mais palavras que desempenham o papel da interjeição. Tanto a interjeição como a</p><p>locução interjetiva expressa uma ideia, um sentimento, emoção, etc. Exemplos: Valha-</p><p>me Deus! Ai de mim! Puxa vida! Virgem Santa! Cruz Credo! Quem me dera!</p><p>4.3 UTILIZAÇÃO DE INTERJEIÇÕES NO TEXTO</p><p>O poema escolhido para mostrar a utilização das interjeições foi Via-Láctea,</p><p>de Olavo Bilac. Vamos observar a sua força de expressão na leitura e compreensão da</p><p>mensagem.</p><p>Via-Láctea</p><p>Ora (direis) ouvir estrelas! Certo</p><p>Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,</p><p>Que, para ouvi-las, muita vez desperto</p><p>E abro as janelas, pálido de espanto...</p><p>E conversamos toda a noite, enquanto</p><p>A Via-Láctea, como um pálio aberto,</p><p>Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,</p><p>Inda as procuro pelo céu deserto.</p><p>Direis agora: "Tresloucado amigo!</p><p>Que conversas com elas? Que sentido</p><p>Tem o que dizem, quando estão contigo?"</p><p>E eu vos direi: "Amai para entendê-las!</p><p>Pois só quem ama pode ter ouvido</p><p>Capaz de ouvir e de entender estrelas.</p><p>FONTE: BILAC, Olavo. Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1964.</p><p>204</p><p>O objetivo do poeta é justamente mostrar seu estado de paixão por uma pessoa</p><p>e a consequente conversa com as estrelas, como forma de expressão de seu sentimen-</p><p>to. A ideia do oh! está em todo o poema, com o objetivo de reforçar a exaltação do amor</p><p>e a magia e o encantamento de quem passou a noite em conversa com as estrelas.</p><p>A presença das interjeições nas histórias em quadrinhos é quase certa. Como</p><p>os diálogos são simples e se dirigem para as crianças, são utilizadas como forma de</p><p>expressão de sentimentos: alegria, raiva, entusiasmo, surpresa, entre outros.</p><p>FIGURA 7 – USO DE INTERJEIÇÕES</p><p>FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/620582023640118681/>. Acesso em: 24 jun. 2021.</p><p>Vimos aqui o que são interjeições e qual a sua função nos textos. Vamos agora</p><p>entendê-las como marcadores orais, como reforço na fala e retrato da contemporanei-</p><p>dade da nossa língua.</p><p>4.4 INTERJEIÇÕES COMO MARCADORES ORAIS</p><p>A língua falada difere muito da escrita, pois através da oralidade expressamos</p><p>ideias, sentimentos e sensações que, na maioria das vezes, não podemos expor em um</p><p>texto. E isso faz com que a originalidade e a espontaneidade do falar sejam únicas e não</p><p>devem ser vistas de forma negativa.</p><p>Por meio da fala expressamos a nacionalidade, as gírias e os vícios de linguagem.</p><p>Utilizamos palavras e expressões de modo bem subjetivo e que, muitas vezes, não podem</p><p>ser compreendidos por quem não mora em determinada região. A esse modo de falar</p><p>damos o nome de marcadores orais ou marcadores discursivos. As interjeições são</p><p>consideradas marcadores orais, também, justamente pelo fato de se definir como o termo</p><p>que exprime as tais ideias, sentimentos</p><p>e sensações.</p><p>As interjeições são um fenômeno linguístico universal do ponto de</p><p>vista de sua materialidade e do ponto de vista de sua funcionalidade</p><p>comunicativa. Além disso, a interjeição é um signo arbitrário que se</p><p>torna convencional mediante seu uso intencional. Não é apenas uma</p><p>205</p><p>simples imitação de sons onomatopeicos, ela se situa no contexto da</p><p>língua de tal modo que os fonemas que constituem as interjeições</p><p>são os mais comuns da língua portuguesa. Interjeições como “ah!”,</p><p>“ih!”, “pô!”, não obedecem ao princípio de dupla articulação e se arti-</p><p>culam fonologicamente, permanecendo dessa maneira isoladas do</p><p>ponto de vista morfossintático (TOMAZETTO; BORSTEL, 2012, p. 5).</p><p>Com isso, podemos perceber a importância de estudar a interjeição não apenas</p><p>como ruídos, sons ou gírias desconexas, uma vez que representam um conteúdo muito</p><p>interessante para se pesquisar.</p><p>Trabalhar com interjeições em sala de aula é muito interessante, porque os</p><p>alunos de certa forma têm o hábito de ler histórias em quadrinhos e/ou usar as mídias</p><p>sociais e podem reconhecer esse elemento com facilidade. É importante realçar o uso</p><p>pontual das interjeições como expressão de sentimentos e pedir atividades que reúnam</p><p>frases para exemplificar as situações apresentadas pelo emissor da mensagem.</p><p>Sugerimos a leitura do trabalho O fenômeno interjeição e suas implicações</p><p>para o ensino de língua portuguesa, de Luana J. Estevão (autora); Ana Carolina</p><p>Amorim (coautora); Mizilene Kelly Bezerra (coautora). Segue o resumo para mostrar a</p><p>pertinência da indicação com o assunto tratado há pouco.</p><p>206</p><p>O FENÔMENO INTERJEIÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA</p><p>PORTUGUESA</p><p>Luana Járdila dos Santos Estevão</p><p>Ana Carolina Celino Amorim</p><p>Mizilene Kelly de Souza Bezerra</p><p>Resumo: Considerando que o fenômeno interjeição é reconhecidamente vivo,</p><p>efetivo e ativo na linguagem de todos os falantes, e tendo em vista que a linguagem</p><p>é a expressão pela qual o homem consegue se constituir, objetivamos, no presente</p><p>artigo, adotar e entender as interjeições como um fenômeno linguístico, considerando</p><p>que ele possibilita ao homem externalizar suas emoções em diversas situações</p><p>comunicativas. O trabalho em questão assume como orientação teórico metodológica</p><p>principal a Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU). De natureza descritiva,</p><p>com abordagem qualitativa, procedimentos bibliográficos e método dedutivo, este</p><p>trabalho teve como suporte alguns pesquisadores, tais como Keske (2006), Perini</p><p>(1997) e Tomazetto (2012). O corpus de análise se constitui de trechos de conversas</p><p>retirados do Banco Conversacional de Natal (2011), que é constituído de amostras</p><p>de língua em uso. Os dados preliminares apontam para a importância da abordagem</p><p>da interjeição no ensino de língua portuguesa, possibilitando aos alunos entenderem</p><p>sua relevância não apenas como mais uma classe gramatical a ser estudada. Dessa</p><p>forma, constatamos que o fenômeno interjeição se realiza na enunciação, validando</p><p>a capacidade de expressar atitudes afetivas e emocionais dos falantes, ficando</p><p>evidente a importância da situação comunicativa como fator determinante para sua</p><p>interpretação.</p><p>Palavras-chave: Interjeição. Ensino. Língua Portuguesa.</p><p>Deixamos aqui apenas uma parte do artigo, mas é importante que você leia</p><p>o texto na íntegra, que está disponível em: <https://www.editorarealize.com.br/index.</p><p>php/artigo/visualizar/39642>. Acesso em: 24 jul. 2021.</p><p>LEITURA</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>207</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>• Preposições são palavras utilizadas para promover as  relações gramaticais  que</p><p>substantivos, adjetivos, verbos e advérbios estabelecem no discurso e, ainda, não</p><p>aparecem sozinhas no discurso e são necessárias para a ligação entre dois termos.</p><p>• Preposições essenciais são aquelas que só aparecem na língua propriamente como</p><p>preposições, sem outra função qualquer.</p><p>• Preposições acidentais são as que não possuem, a princípio, a função de preposição,</p><p>mas que podem exercê-la em determinadas situações.</p><p>• Locuções prepositivas são grupos de palavras com valor e emprego de uma</p><p>preposição. As principais locuções prepositivas são constituídas de um advérbio ou</p><p>de uma locução adverbial seguidas da preposição de, a e com.</p><p>• Conjunções são como conectivos invariáveis que servem para unir os termos de uma</p><p>frase, oração ou período dando-lhe sentido.</p><p>• Conjunções coordenativas servem para unir elementos dentro de uma frase, oração</p><p>ou período. São elas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.</p><p>• Conjunções subordinativas são os termos que ligam duas orações sintaticamente</p><p>dependentes. São elas: causais, concessivas, condicionais, conformativas, finais,</p><p>proporcionais, comparativas, consecutivas, integrantes, temporais.</p><p>• Interjeição é uma palavra invariável (não sofre variação em gênero, número e grau) que</p><p>representa um recurso da linguagem afetiva. Ela expressa sentimentos, sensações,</p><p>estados de espírito, sendo sempre acompanhadas de um ponto de exclamação (!).</p><p>• Locuções interjetivas são formadas por uma ou mais palavras que desempenham o</p><p>papel da interjeição.</p><p>• Interjeições como marcadores orais: utilização de palavras e expressões de modo</p><p>bem subjetivo e que, muitas vezes, não podem ser compreendidos por quem não</p><p>mora em determinada região, com as gírias, os regionalismos etc. A esse modo de</p><p>falar damos o nome de marcadores orais ou marcadores discursivos.</p><p>• As interjeições são consideradas marcadores orais, também, justamente pelo fato de</p><p>se definir como o termo que exprime as tais ideias, sentimentos e sensações.</p><p>208</p><p>1 (ENADE – 2011)</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>FONTE: <http://www.laerte.com.br/>. Acesso em: 19 ago. 2011.</p><p>A conjunção é um fator indicativo da natureza das relações entre orações. Quando se</p><p>trata de conjunções coordenadas, pode-se, então, falar não só de uma classificação</p><p>sintática, mas de um valor semântico subjacente que estabelece o vínculo das orações.</p><p>Dessa forma, é CORRETO afirmar que a conjunção coordenativa presente no quadrinho:</p><p>a) ( ) funciona com valor de explicação e justifica o sentido tanto da primeira quanto</p><p>da segunda oração.</p><p>b) ( ) tem valor semântico de soma, pois agrega duas orações sem estabelecer</p><p>relações semânticas entre elas.</p><p>c) ( ) funciona com valor adversativo nas ideias expressas na sentença e poderia ser</p><p>substituída por uma conjunção dessa natureza.</p><p>d) ( ) funciona com valor expletivo e pode ser extraída das sentenças sem alteração</p><p>no modo de conexão sintática e semântica do período.</p><p>e) ( ) funciona como elo conclusivo entre as ideias contidas nas orações e expressa a</p><p>conclusão a que chegou um dos personagens do quadrinho.</p><p>2 Consideram-se as conjunções coordenativas e subordinativas como conectivos que</p><p>dão sentido à mensagem. Analise as conjunções das orações a seguir e assinale a</p><p>alternativa CORRETA:</p><p>I- A chuva foi forte, mas não alagou a rua.</p><p>II- Ele estudou muito e foi mal na prova.</p><p>a) ( ) I e II têm sentido de adição.</p><p>b) ( ) I tem sentido de adversidade e II de adição.</p><p>c) ( ) I tem sentido de adição e II de adversidade.</p><p>d) ( ) I e II têm sentido de adversidade.</p><p>e) ( ) Nenhuma das anteriores.</p><p>209</p><p>3 As interjeições dão o sentido da frase por meio de palavras ou expressões. Na música</p><p>de Paulino da Viola, encontram-se alguns desses sentimentos:</p><p>Sinal fechado</p><p>- Olá! Como vai?</p><p>- Eu vou indo. E você, tudo bem?</p><p>- Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E você?</p><p>- Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?</p><p>- Quanto tempo!</p><p>- Pois é, quanto tempo!</p><p>- Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios!</p><p>- Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!</p><p>- Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!</p><p>- Pra semana, prometo, talvez nos vejamos… Quem sabe?</p><p>- Quanto tempo!</p><p>- Pois é… Quanto tempo!</p><p>- Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...</p><p>- Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!</p><p>- Por favor, telefone! Eu preciso</p><p>beber alguma coisa, rapidamente…</p><p>- Pra semana…</p><p>- O sinal…</p><p>- Eu procuro você…</p><p>- Vai abrir, vai abrir…</p><p>- Eu prometo, não esqueço, não esqueço…</p><p>- Por favor, não esqueça, não esqueça…</p><p>- Adeus!</p><p>- Adeus!</p><p>- Adeus!</p><p>Quais sentimentos podemos encontrar na música acima, considerando-se as interjei-</p><p>ções presentes?</p><p>a) ( ) Agradecimento, espanto, saudação, tristeza.</p><p>b) ( ) Chamamento, espanto, pedido, despedida.</p><p>c) ( ) Espanto, tristeza, desculpa, despedida.</p><p>d) ( ) Contrariedade, alívio, advertência.</p><p>e) ( ) Nenhuma das anteriores.</p><p>4 O termo “de” é classificado como preposição e serve para estabelecer relações entre</p><p>os elementos de um texto. Determine essas relações que os pronomes indicam nas</p><p>frases a seguir:</p><p>210</p><p>a) João viajou de navio.</p><p>b) Clara morreu de tuberculose.</p><p>c) A casa de Maria é confortável.</p><p>5 Analise as duas orações subordinadas a seguir e indique a ideia que as conjunções</p><p>subordinativas expressam em cada uma delas, de acordo com o sentido em cada</p><p>uma delas.</p><p>Desde que se casou não mandou mais notícias.</p><p>Desde que se arrependa do que fez, pode sair de novo.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>211</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo:</p><p>Publifolha, 2014.</p><p>BASTOS, D. M.; LIMA, H. K. C.; SANTOS, S. B. C. Ensino de classes de palavras: entre</p><p>a estrutura, o discurso e o texto. In: SILVA, A.; PESSOA, A. C.; LIMA, A. (Org.). Ensino</p><p>de gramática: reflexões sobre a língua portuguesa na escola. Belo Horizonte:</p><p>Autêntica, 2012.</p><p>BATISTA, H.; RAMOS, J. Ensino de interjeições na educação básica: um fenômeno</p><p>linguístico no limbo, 2015. Disponível em: http://www.dialogarts.uerj.br/admin/arquivos_</p><p>ecos/ecos5_artigo2.pdf. Acesso em: 14. abr. 2021.</p><p>BAGNO, M. Gramática de bolso do português brasileiro. São Paulo: Parábola</p><p>Editorial, 2011.</p><p>BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola</p><p>Editorial, 2012.</p><p>BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira</p><p>& Lucerna, 2009.</p><p>BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. 8. ed. Revisada e atualizada. São</p><p>Paulo: Ed. Nacional, 1984.</p><p>CASTRO, J.; SILVA, J. S. Pronome: os critérios nas gramáticas, livros didáticos e uma</p><p>visão da corrente funcionalista. Revista de Pesquisa Interdisciplinar. Cajazeiras, n.</p><p>2, p. 444-458, 2017. Disponível em: https://cfp.revistas.ufcg.edu.br  › download › pdf.</p><p>Acesso em: 30 jul. 2021.</p><p>CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo:</p><p>Companhia Editora Nacional, 2008.</p><p>CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação.</p><p>São Paulo: Atual, 2005.</p><p>CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da língua portuguesa. São Paulo:</p><p>Scipione, 2008.</p><p>212</p><p>CONEGLIAN, A. V. L. O tratamento conferido à classe das conjunções em gramáticas</p><p>antigas de língua portuguesa. Revista Domínios de Linguagem, [s.l.], v. 14, n. 1, 2020.</p><p>Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/ article/ view/</p><p>47667/27949. Acesso em: 23 jul. 2021.</p><p>CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio</p><p>de Janeiro: Lezikon, 2008.</p><p>ESTEVÃO L. J. S; AMORIM, A. C. C.; BEZERRA, M. K. S. O fenômeno interjeição e suas</p><p>implicações para o ensino de língua portuguesa. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE</p><p>ENSINO E CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS E LUSITANAS, Pau dos Ferros, RN, 2018. Anais</p><p>[...] Pau dos Ferros, RN, SINAFRO, 2018. Disponível em: https://www.editorarealize.com.</p><p>br/index.php/artigo/visualizar/39642. Acesso em: 24 jul. 2021.</p><p>GOMES, M. S. A gramática pedagógica do português brasileiro (Bagno, 2012)</p><p>e o ensino de gramática. 2019, 86f. Dissertação (Pós-Graduação em Educação) –</p><p>Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto de Ciências da Educação</p><p>(ICED), Santarém, PA, 2019. Disponível em: http://www.ufopa.edu.br/ppge/images/</p><p>dissertacoes/turma_2017/MARLISON_SOARES_GOMES.pdf. Acesso em: 19 jul. 2021.</p><p>GONÇALVES-SEGUNDO, P. R. Caminhos para um ensino funcional de gramática</p><p>orientado ao texto: pronomes pessoais e adjetivos em perspectiva intersubjetiva.</p><p>Disponível em: https://www.scielo.br/j/tla/a/BxFyhFz3NKYdsj7M7zygHjv/?lang=pt.</p><p>Acesso em: 24 jul. 2021.</p><p>INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. 7. ed. São Paulo: Scipione, 2012.</p><p>LIMA, M. C. Numeral: uma classe à parte? Revista de Letras, v. 18, n. 2, jul./dez. 1996.</p><p>Disponível em: http://www.revistadeletras.ufc.br/rl18Art04.pdf. Acesso em: 5 abr. 2021.</p><p>MACAMBIRA, J. R. A estrutura morfossintática do português. 7. ed. São Paulo: 1982.</p><p>MATTOS e SILVA, R. V. Tradição gramatical e gramática tradicional. 5. ed. São Paulo:</p><p>Contexto, 2002.</p><p>MELO, G. C. Gramática fundamental da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Ao</p><p>Livro Técnico, 1978.</p><p>NEVES, M. H. M. Como as palavras se organizam em classes. Palestra proferida no</p><p>Museu da Língua Portuguesa. Disponível em: https://www.museudalinguaportuguesa.</p><p>org.br/wp-content/uploads/2017/09/Como-as-palavras-se-organizam-em-classes.</p><p>pdf. Acesso em: 21 jul. 2021.</p><p>213</p><p>RIBEIRO, J. A. José Hamilton Ribeiro. [entrevista concedida ao] Memória Globo – Perfil</p><p>completo, 14 nov. 2006. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/perfil/jose-</p><p>hamilton-ribeiro/perfil-completo/. Acesso em: 10 set. 2021.</p><p>ROCHA LIMA, C. H.  Gramática normativa da língua portuguesa. 28. ed. Rio de</p><p>Janeiro: José Olympio, 1987.</p><p>SAID ALI, M.  Gramática secundária da língua portuguesa. São Paulo:</p><p>Melhoramentos, 1964.</p><p>TOMAZETTO, S.; BORSTEL, C. As interjeições nas “tiras em quadrinhos”: uma</p><p>reflexão semântico-pragmática. Revista Vozes dos Vales da UFVJM: Publicações</p><p>Acadêmicas, MG, n. 2, ano 1, out./2012. Disponível em: https://bit.ly/3AgAb4V. Acesso</p><p>em: 15 abr. 2021.</p><p>214</p><p>ANOTAÇÕES</p><p>e produção, bem como de reflexão gramatical propriamente</p><p>dita, considerando o nível de aprendizagem do aluno.</p><p>E, ainda, nas palavras de Oliveira (2021, p. 8), os alunos devem ter mais</p><p>informações sobre todos os fatos que o cercam, ler, buscar saber, pesquisar, pois:</p><p>Highlight</p><p>Highlight</p><p>7</p><p>saber gramática normativa não garante que se saiba trabalhar a</p><p>gramática funcionando no texto em sala de aula. É preciso mais. É</p><p>preciso conhecimento de mundo, de análise de textos, de análise de</p><p>discursos etc. É preciso conhecimento de Literatura, Artes em geral,</p><p>História, Antropologia, Sociologia etc. É preciso ter um letramento</p><p>profissional realmente amplo, elástico, com circuito em várias áreas.</p><p>A perspectiva da gramática funcionando no texto também se aplica</p><p>para a produção de textos, pelos mesmos motivos que abordamos</p><p>quanto à interpretação textual.</p><p>A morfologia antes ensinada de maneira desvinculada das outras áreas ganhou</p><p>enfoques mais amplos. Partiremos da base, das conceituações necessárias para o</p><p>entendimento da estrutura da língua portuguesa. Vamos conferir o que diz o pesquisador</p><p>Coneglian (2020, p. 6) sobre os estudos de gramática numa abordagem mais atual.</p><p>As definições das classes, como observam Croft (2001) e Neves</p><p>(2016), são, em sua maioria, nocionais, fundamentadas em critérios</p><p>de ordem semântica e não em seu comportamento morfossintático,</p><p>fato do qual decorrem a impropriedade e a inadequação desse tipo</p><p>de definição na caracterização das classes.</p><p>Um exemplo de definição nocional das classes de palavras é oferecido</p><p>em:</p><p>(01)</p><p>Substantivos denotam pessoas, coisas ou lugares.</p><p>Adjetivos denotam propriedades.</p><p>Verbos denotam ações.</p><p>Guiando-se pelos critérios em (01), uma palavra como sonegação</p><p>não denota nenhuma das propriedades que lá vêm postas, no</p><p>entanto seria errôneo afirmar que essa palavra não pertence à classe</p><p>dos substantivos. De semelhante modo, um verbo como considerar,</p><p>que não expressa nem uma ação nem um evento, não pertenceria à</p><p>classe dos verbos. No caso de palavras como cadeira e correr, que,</p><p>respectivamente, denotam uma coisa e uma ação, elas pertencem às</p><p>classes dos substantivos e dos verbos. Ora, as definições nocionais</p><p>geralmente captam as propriedades dos membros prototípicos</p><p>de uma determinada classe, isto é, aqueles membros que melhor</p><p>representam uma determinada classe de palavras, e, a todos os</p><p>membros da classe são atribuídas as propriedades dos protótipos.</p><p>[ ...]</p><p>Ainda que dominantes na caracterização das classes de palavras,</p><p>as definições nocionais podem ser acompanhadas por definições</p><p>funcionais, que privilegiam justamente o papel que as palavras</p><p>desempenham na construção da oração.</p><p>Os estudos de gramática têm sido direcionados para uma nova visão dos</p><p>termos que compõem uma frase. Trata-se de análise e de reflexão das palavras para a</p><p>compreensão das mensagens. Assim, autores se debruçam em pesquisas que tentam</p><p>explanar conceitos, principalmente para os profissionais que se encaminham para a</p><p>docência da língua portuguesa.</p><p>Uma ideia para quem ensina língua portuguesa é trabalhar todos os conceitos</p><p>utilizando textos próprios para cada faixa etária, principalmente estabelecendo</p><p>comunicação com os alunos a partir do grau de interesse que se pode oferecer a eles.</p><p>8</p><p>Os textos eleitos para o trabalho em sala de aula devem ser textos</p><p>autênticos, falados ou escritos. Textos produzidos para uma dada</p><p>finalidade. Textos funcionais. Textos facilmente encontrados em</p><p>diversificados suportes porque “toda manifestação real da língua se</p><p>dá na forma de textos” (BAGNO, 2012, p. 78), que se apresentam de</p><p>diferentes formas e estilos e que passamos a tomar consciência deles</p><p>na educação básica como gêneros textuais, uns mais monitorados</p><p>que outros porque assim exige o gênero. São esses textos que devem</p><p>servir de base para as reflexões, levantadas pelo professor nas aulas</p><p>de português (GOMES, 2019, p. 48).</p><p>Oferecemos aqui as classificações das palavras, que partem dos estudos da</p><p>gramática normativa, para o encontro de outras linhas de pensamento, pois facilitam</p><p>o trabalho se partirmos de um ponto já determinado outrora para entendermos os</p><p>novos caminhos.</p><p>A ideia é fazer com que não nos apeguemos exclusivamente ao ensino das</p><p>classes de palavras, percebendo a sua fruição livre dentro do texto. E que você possa</p><p>conhecer a língua portuguesa e transformar os seus ensinamentos em atividades</p><p>dinâmicas e interessantes para seus alunos.</p><p>Como sugestão, indicamos o texto Como as palavras se organizam</p><p>em classes, de Maria Helena de Moura Neves, resultado de palestra</p><p>proferida no Museu da Língua Portuguesa. Acesse em: <https://bit.</p><p>ly/3zIbi1r>.</p><p>Sugerimos, também, assistir à entrevista com a pesquisadora Maria</p><p>Helena de Moura Neves sobre sua atuação nos estudos linguísticos do</p><p>Brasil, incluindo seu papel como funcionalista e suas contribuições para</p><p>o ensino e a pesquisa. Acesse em: <https://www.youtube.com/watch?v=_</p><p>O9CW7fSmDk>.</p><p>DICAS</p><p>Para avançar nos conhecimentos linguísticos é importante resgatar os estudos</p><p>que deram sustentação a novos conceitos. Vamos ver como se definem palavra e</p><p>vocábulo, essenciais para a compreensão da análise morfológica.</p><p>2.1 PALAVRA E VOCÁBULO</p><p>Segundo o dicionário Michaelis (PALAVRA..., 2021, s.p.), a definição de palavra:</p><p>9</p><p>1 LING. Unidade mínima com som e significado que, sozinha, pode</p><p>constituir um enunciado; vocábulo.</p><p>2 Unidade da língua composta de um ou mais fonemas que, em</p><p>língua escrita, se transcreve entre dois espaços em branco, ou entre</p><p>um espaço em branco e o sinal de pontuação.</p><p>3 GRAM. Unidade que pertence a uma das grandes classes</p><p>gramaticais, como substantivo (quando expressa um objeto), verbo</p><p>(quando expressa uma ação), adjetivo (quando expressa uma</p><p>qualidade), preposição (quando expressa relação) etc. Considerando</p><p>apenas seu significado, sem levar em conta as modificações que nela</p><p>ocorrem com as marcações flexionais; vocábulo.</p><p>A palavra serve para expressar uma ideia. Pensamos em uma mesa. Aí vem a</p><p>imagem desse objeto imediatamente.</p><p>FIGURA 2 – MESA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3kUHjx0>. Acesso em: 2 fev. 2021.</p><p>Então, podemos entender que a palavra nomeia os objetos e as pessoas. É uma</p><p>forma de facilitar o entendimento das conversas e a comunicação entre as pessoas. E,</p><p>mais importante que isso, permite o reconhecimento dos objetos, das pessoas e assim</p><p>por diante.</p><p>A palavra é o primeiro sentido da evolução humana. Não apenas emitimos sons,</p><p>mas pronunciamos palavras e nos comunicamos por meio delas, o que nos difere dos</p><p>outros animais. Está muito fácil de entender até agora. E quando definimos vocábulo?</p><p>Vocábulo é a palavra considerada apenas quanto à sua forma,</p><p>independentemente da significação que nela se encerra.</p><p>[Gramática] Cada uma das partes átonas que fazem referência ao</p><p>léxico, nomeadamente as conjunções, as preposições, os pronomes</p><p>oblíquos e os artigos que, não possuindo a capacidade de formar um</p><p>enunciado, se juntam a outros dando origem a um termo fonético.</p><p>Gramática] Unidade linguística com significado; palavra.</p><p>[Linguística] Entrada de dicionário; termo, verbete (VOCÁBULO...,</p><p>2021, s.p.).</p><p>10</p><p>O vocábulo é a palavra usada para demonstrar objetos, pessoas, sentimentos.</p><p>O ato de atribuir um nome é o que significa etimologicamente um vocábulo. Vem do</p><p>latim vocare e quer dizer chamar ou dar um nome. Melhor dizendo, o vocábulo equivale</p><p>a uma palavra.</p><p>Os dois termos têm semelhanças e causam dúvidas sempre. Podemos dizer</p><p>que toda palavra é um vocábulo, mas nem todo vocábulo é uma palavra, isto é, só são</p><p>palavras os vocábulos que apresentam significação lexical. O vocábulo é neutro e a</p><p>palavra pode ser flexionada.</p><p>O vocábulo é uma palavra que pode ser nome ou verbo. Quando acrescentamos</p><p>uma desinência, nem que seja apenas “s” formador de plural, criamos uma nova palavra,</p><p>mas não um novo vocábulo.</p><p>Quando consultamos o dicionário não o fazemos por palavras, e sim por</p><p>vocábulos. Não procuramos a palavra “cantassem” e sim o vocábulo</p><p>"cantar”.</p><p>Vocabulário seria, então, o conjunto de vocábulos. E dizemos que conhecer</p><p>uma quantidade razoável de vocábulos facilita a dinâmica da comunicação</p><p>entre as pessoas, enriquecendo o diálogo.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Há dois tipos de vocábulos, o lexical e o gramatical. Vocábulos lexicais são</p><p>aqueles que representam ideias e vocábulos gramaticais os que não traduzem ideias,</p><p>mas, servem para estabelecer relações entre as palavras, o que chamamos também</p><p>de funções dentro de um contexto. Temos o seguinte exemplo: O copo é de cristal.</p><p>Entendemos o que significa copo, cristais separadamente, mas o, de não carregam</p><p>significados por si só. Eles ligam os termos para a compreensão da mensagem. No</p><p>caso, o artigo o é definido e significa que estou falando de um determinado copo e a</p><p>preposição de leva a pensar no material de que o copo é feito.</p><p>Vamos ainda esclarecer mais alguns pontos. A  palavra  é constituída de</p><p>elementos materiais (vogais, consoantes, semivogais, sílabas, acento tônico) a que se</p><p>dá um sentido e que se permite uma classificação.</p><p>Representamos graficamente cada palavra separada por um espaço. Exemplo:</p><p>“o menino ganhou uma bola”, temos cinco palavras, ou seja, o, menino, ganhou, uma,</p><p>bola, mas, podemos ver outro exemplo: meu guarda-chuva é preto. Nesse caso, temos</p><p>cinco palavras, porém com o sentido de quatro. Assim: meu, guarda-chuva, é, preto.</p><p>Portanto, se estudarmos as palavras apenas no seu sentido morfológico não teremos a</p><p>clara noção do contexto. O direcionamento para que se entenda essa questão é agregar</p><p>a função da palavra à morfologia.</p><p>11</p><p>Outro ponto importante diz respeito à fonologia. Ao dizer detergente (produto) e</p><p>deter gente (prender gente), molho (de tomate), molho (de molhar), os sons ou as grafias</p><p>podem ser iguais ou parecidos restando entender o contexto em que se inserem para</p><p>que percebam a diferenças entre elas.</p><p>Vamos avançar mais, entendendo os meandros da nossa língua portuguesa,</p><p>passando para o estudo da morfologia gerativa e teoria gerativa transformacional, que</p><p>vai nos mostrar como se reformulam as ideias dentro do campo científico.</p><p>3 MORFOLOGIA GERATIVA E TEORIA GERATIVA</p><p>TRANSFORMACIONAL</p><p>Dando início aos estudos de gramática, que por definição tratam de um</p><p>sistema de regras, unidades e estruturas de que o falante de uma língua (emissor) tem</p><p>conhecimento e a utiliza para expressar suas ideias. A partir da leitura do artigo de Lima</p><p>e Neves (2019), podemos conceituar os tipos de gramática:</p><p>• Normativa: tem como regra algo que deve ser seguido como norma geral. Não se</p><p>admite variações linguísticas, pois serão consideradas como erros gramaticais.</p><p>São regras ensinadas nas escolas de uma forma geral e encontradas nos textos</p><p>acadêmicos, científicos e etc.</p><p>• Descritiva: a sua utilização deve corresponder à fala dentro de um grupo específico.</p><p>A forma como as pessoas se expressam são variáveis, específicas que devem</p><p>ser respeitadas dentro desses limites, pois o que não faz parte do vocabulário da</p><p>comunidade transforma-se em erro. Aqui podemos realçar os regionalismos, a</p><p>forma de expressão e as palavras utilizadas em locais diferentes, como mandioca,</p><p>macaxeira, aipim, que são conhecidas por seus nomes em cada região determinada.</p><p>• Internalizada: considerada a forma nata de linguagem, a forma inicial de expressão</p><p>que se aprende e se consolida com o passar do tempo. É a forma como o indivíduo,</p><p>principalmente a criança, se comunica com as pessoas em seu entorno apenas</p><p>pelo conhecimento básico de sua língua materna. Exemplo: eu cabo no carrinho, eu</p><p>sabo... Esse tipo de conhecimento deve ser ampliado por meio da aprendizagem de</p><p>outros vocábulos, sua construção dentro de um pensamento lógico e o domínio da</p><p>expressão de seu próprio idioma.</p><p>QUADRO 1 – TIPOS DE GRAMÁTICA</p><p>12</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3td8abo>. Acesso em: 14 jun. 2021.</p><p>Vamos, em primeiro lugar, falar de gramática normativa: aquela que prescreve as</p><p>regras, normas gramaticais de uma língua. Serve-se das regras gramaticais tradicionais</p><p>e o uso da língua utilizando termos considerados clássicos e formais, encontrados em</p><p>obras literárias mais antigas, textos científicos, discursos de autoridades etc.</p><p>A gramática normativa é um conjunto de conhecimentos, para</p><p>construir e interpretar unidades como, frases, orações e períodos.</p><p>Entretanto, essas instruções, isto é, as regras são distinguidas em</p><p>quatro tipos tais como: regras fonológicas, é que descrevem a pro-</p><p>núncia das formas da língua; regras morfológicas, que descrevem a</p><p>estrutura das palavras; regras sintáticas, que descrevem a organiza-</p><p>ção das sentenças; regras semânticas (ou regras de interpretação),</p><p>que relacionam as formas descritas pelas regras morfológicas e sin-</p><p>táticas com seus respectivos significados (BEZERRA, 2013, p. 5-6).</p><p>Dentro dessa linha de raciocínio, tudo o que foge das regras da gramática</p><p>normativa se considera forma errada. Sabemos hoje que evoluímos nossa maneira</p><p>de ver a comunicação entre pessoas e passamos a aceitar formas diferentes de fala,</p><p>expressões regionais, neologismos. A escrita é mais inflexível, pois exige de quem</p><p>escreve certos conhecimentos da norma tradicional, mesmo que informal. Essas</p><p>concepções relacionam-se aos estudos do que denominamos de gramática funcional,</p><p>a que tem por finalidade facilitar o intercâmbio de ideias entre os interlocutores.</p><p>Com o avanço dos estudos nessa linha, podemos observar que a simples</p><p>classificação das palavras de maneira definida perde o sentido para as novas descobertas</p><p>nessa área de conhecimento. Temos, então, as  gramáticas descritivas que surgiram,</p><p>principalmente, pela limitação da  gramática normativa  em descrever a realidade de</p><p>um idioma, uma vez que as pessoas se comunicam de forma diferente da tradicional,</p><p>da normativa e, ainda, a internalizada, que nasce com o indivíduo como forma de</p><p>comunicação natural de sua língua materna.</p><p>13</p><p>E, assim, as pesquisas evoluem e se direcionam para outros caminhos. Os es-</p><p>tudos linguísticos ditos tradicionais realizados até o século XVIII mantêm o foco na gra-</p><p>mática tradicional. Já no século XIX, a novidade passa a ser com a fonologia, por conta</p><p>da similaridade entre as línguas e isso terá continuidade com os estudos estruturalistas</p><p>(da primeira metade deste século).</p><p>As pesquisas relacionadas à linguística moderna foram muito importantes e</p><p>decisivas para o estudo dos conceitos de gramática e apresentaram novos métodos</p><p>de análise dentro da ciência da linguística, discutindo ideias, buscando a interpretação</p><p>em pontos ainda incompreensíveis. É o caso dos estudos da linguagem que passam a</p><p>contribuir para o entendimento da gramática gerativa.</p><p>A aquisição da linguagem, bastante estudada por pesquisadores de vários</p><p>campos do conhecimento, é o fator importante nessa linha de entendimento. Um dos</p><p>estudiosos dessa área e defensor da linguagem como instinto humano foi o linguista</p><p>Noam Chomsky. Na década de 1950 criou a Teoria Gerativa, afirmando que a aquisição</p><p>da língua vem de um órgão mental, tal qual uma faculdade psicológica já existente</p><p>nas pessoas. A ideia da gramática gerativa era mesmo a de gerar frases com inúmeras</p><p>possibilidades de sentidos e entendimentos de acordo com a criatividade de cada um.</p><p>A proposta de Chomsky era entender uma gramática universal como o fun-</p><p>cionamento das estruturas linguísticas da aquisição e a capacidade de uso da língua</p><p>através do estudo das faculdades mentais. A partir desse pensamento, nasce a ideia</p><p>do gerativismo, que se define como um modelo teórico capaz de descrever e explicar a</p><p>natureza e o funcionamento da construção de sentidos por meio das palavras.</p><p>A gramática gerativa pressupõe dois pilares: a competência e o desempenho</p><p>dos indivíduos. Por competência, entende-se a habilidade inata do ser humano, o saber</p><p>interiorizado e o desempenho, o desenvolvimento de uma habilidade e armazenamento</p><p>desses conhecimentos em sua memória ao longo do tempo.</p><p>A pesquisa de Chomsky ainda pressupõe a existência de uma Gramática</p><p>Universal (GU), inata no ser humano, possibilitando a aquisição de uma ou mais línguas.</p><p>Para ele, seria possível investigar esse estado inicial, geneticamente determinado, com</p><p>o objetivo de descobrir a base sobre a qual a língua se desenvolve, para entender como</p><p>se dá o processo de aquisição de língua.</p><p>Para Chomsky e sua gramática universal, a atividade do linguista</p><p>é descrever a competência do falante. Com esse foco, o mesmo</p><p>considera que a língua é um conjunto infinito de frases e que se</p><p>define não só por essas já existentes, mas também pelas possíveis,</p><p>ou aquelas que se podem criar a partir da interiorização das regras da</p><p>língua, tornando os falantes aptos a produzir frases que até mesmo</p><p>nunca foram ouvidas por ele.</p><p>14</p><p>Isso significa que, para ele, o termo gramática é usado de forma dupla:</p><p>é o sistema de regras possuído pelo falante e, ao mesmo tempo, é o</p><p>artefato que o linguista constrói para caracterizar esse sistema. As-</p><p>sim, a gramática é ao mesmo tempo, um modelo psicológico da ativi-</p><p>dade do falante e uma máquina de produzir frases (SILVA, 2020, p. 37).</p><p>A gramática transformacional  é uma teoria da gramática  que explica as</p><p>construções de uma  língua  por meio de  transformações  linguísticas  e estruturas de</p><p>frases. Também conhecida como gramática geradora transformacional.</p><p>Para Chomsky, todas as línguas apresentam uma estrutura superficial ou</p><p>aparente, representando a forma em que aparece a oração, e outra estrutura profunda</p><p>ou latente, que vai de encontro ao conteúdo semântico da oração e, a partir daí, forma</p><p>o corpo gramatical básico pertencente ao falante de uma língua.</p><p>Nada mais interessante que saber do próprio pesquisador o que realmente ele</p><p>pensa em relação à morfologia gerativa e à teoria gerativa transformacional. Com você,</p><p>Noam Chomsky, em texto compilado de entrevista e publicado por Adriano e Corôa</p><p>(2010, s.p.) no blog #Linguística:</p><p>Como aprendemos uma língua? A grande pergunta de Noam</p><p>Chomsky. Você provavelmente já passou anos lendo livros ou tendo</p><p>aulas sobre como aprender uma língua estrangeira. Morar num país</p><p>estrangeiro ajuda, mas ainda assim o processo de organização</p><p>mental das palavras e estruturas da língua é bem demorado. Mas e</p><p>as crianças? Você já parou para se perguntar como elas conseguem</p><p>organizar mentalmente o funcionamento de sua língua de maneira</p><p>tão rápida e inconsciente? Reparem que elas não têm ainda uma</p><p>primeira língua pra se basear e que, por não estarem em um curso de</p><p>línguas com evidências e instruções concretas, elas têm evidências</p><p>bem limitadas de como funciona a estrutura das línguas que as</p><p>pessoas falam a sua volta. Assim, surge o argumento da pobreza</p><p>de estímulo, que, basicamente, afirma que os dados disponíveis à</p><p>criança na língua que a rodeia não são suficientes o bastante para</p><p>definir uma gramática.</p><p>Por muitos anos, Noam Chomsky, linguista americano nascido em 7</p><p>de dezembro de 1928, na Filadélfia, tentou responder a tal pergunta,</p><p>conhecida como Problema lógico da aquisição da linguagem</p><p>(também chamado de problema de Platão). Esse problema é baseado</p><p>no  diálogo Ménon, de Platão, na qual o personagem Sócrates</p><p>demonstra para Ménon que, se desafiado de maneira correta, mesmo</p><p>um escravo sem instrução possui noções inatas de matemática.</p><p>Esses conhecimentos permitiriam que o escravo fizesse, de maneira</p><p>intuitiva, alguns cálculos geométricos. Essa pergunta continua sendo</p><p>o elemento norteador das investigações científicas assumidas por</p><p>Chomsky desde a sua graduação na Universidade de Pennsylvania.</p><p>A contribuição de Noam Chomsky foi fundamental para a mudança de</p><p>pensamento dos estudiosos, pois ao iniciar as pesquisas sobre a Teoria Gerativa,</p><p>mostra a pertinência dos símbolos e regras para a análise das estruturas de frases. Para</p><p>Chomsky, segundo Adriano e Corôa (2020), as regras dividem as sentenças em partes</p><p>menores e, quando se combinam essas partes por meio de transformações (nome dado</p><p>15</p><p>às regras), é possível gerar todas e apenas as sentenças gramaticais (válidas) de uma</p><p>dada língua, que são ilimitadas em número. Esse estudo denominou-se Gramática</p><p>Gerativo-Transformacional.</p><p>Os estudos de gramática evoluem em cada pesquisa em que a inserem como</p><p>objeto, mostrando a sua versatilidade nas formas de comunicação contemporâneas. A</p><p>evolução das pesquisas desde a utilização das normas cultas às novas possibilidades de</p><p>expressão se tornou presente neste momento dos nossos estudos.</p><p>Vimos, também, por meio desta abordagem, o processo dinâmico da língua</p><p>falada e escrita. É claro que a falada permite maior agilidade e formação de palavras</p><p>novas de acordo com o cotidiano e isso explica a importância e a funcionalidade dos</p><p>estudos que permitem a compreensão dessas atualizações linguísticas sem ficar</p><p>aprisionado aos modelos tradicionais.</p><p>Indicamos a leitura de textos para ampliar o conhecimento a respeito</p><p>do assunto: Gramática normativa: movimentos e funcionamentos do</p><p>“diferente” e “do mesmo”, de autoria de Márcia Ione Surdi. Acesse em:</p><p><https://bit.ly/38G9Px0 e Gramática normativa: ensino, consciência</p><p>e liberdade, artigo das pesquisadoras Neusa Maria Oliveira Barbosa</p><p>Bastos e Regina Pires de Brito, publicado em 2018. Acesse em:</p><p><file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/274-931-1-PB%20(1).</p><p>pdf>. Além desses, temos A gramática gerativa na escola: o pensar</p><p>linguisticamente, de Ronald Taveira da Cruz, publicado em 2017. Acesse</p><p>em: file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/51981-Texto%20do%20</p><p>Artigo-184235-1-10-20180109%20(1).pdf.</p><p>DICA</p><p>Vamos aos neologismos; criação de palavras novas ou nova roupagem para pala-</p><p>vras antigas, com alteração de sentido. O dinamismo da língua traz novidades a todo ins-</p><p>tante, principalmente, nos dias de hoje, com o vocabulário próprio das tecnologias digitais.</p><p>4 NEOLOGISMO</p><p>Neologismo</p><p>Beijo pouco, falo menos ainda.</p><p>Mas invento palavras</p><p>Que traduzem a ternura mais funda</p><p>E mais cotidiana.</p><p>Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.</p><p>Intransitivo:</p><p>Teadoro, Teodora (BANDEIRA, 2002)</p><p>16</p><p>Você se lembra de termos falado sobre a língua ser dinâmica? Principalmente</p><p>a língua falada? Agora, nós veremos isso mais a fundo conhecendo os estudos sobre o</p><p>neologismo.</p><p>Para começar, neologismo pode ser uma palavra nova, criada ou uma palavra</p><p>que já existe com significado diferente, adaptado. E aí vem a pergunta: por que usamos</p><p>neologismos durante as nossas conversas? Principalmente para melhorar o nível de</p><p>diálogo, para simplificar ideias etc. Um primeiro exemplo: vossa mercê – vosmeçê – você</p><p>– cê – vc...</p><p>Na figura a seguir, você pode ver um exemplo de neologismo, quer por meio de</p><p>palavras ou por interpretação de símbolos, que percebemos como a nossa língua vai se</p><p>alterando a todo instante.</p><p>FIGURA 3 – NEOLOGISMO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3sL9Rgj>. Acesso em: 5 fev. 2021.</p><p>O neologismo pode ser comparado à informalidade da língua, em que as palavras</p><p>não são as mesmas que encontramos nos dicionários, ou se as encontramos podem ter</p><p>significados diferentes.</p><p>Exemplos de neologismos: dar um google, deletar, escanear, clicar, linkar, site</p><p>(esses termos são conhecidos por pessoas que utilizam computadores, notebooks,</p><p>celulares) petista, mensalão, panelaço, showmício, mimimi, lacração, cancelamento da</p><p>pessoa, bioterrorismo, skate, shopping, arara (ficar uma arara).</p><p>Neste tópico, nós apresentamos os conceitos básicos da morfologia e sua</p><p>evolução considerando-se novos aspectos na redefinição das ideias iniciais, a partir</p><p>dos estudos de morfologia gerativa, que nos explica as mudanças de abordagens e</p><p>classificações das palavras.</p><p>É importante também entender as definições de palavra e vocábulo, além</p><p>de saber como a nossa língua se altera com o tempo, principalmente em grupos</p><p>específicos da sociedade. O neologismo tem seu espaço aqui por ser uma das formas</p><p>de transformação da nossa língua.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>17</p><p>Neste tópico, você aprendeu:</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>• Morfologia define-se como: o estudo da forma e, no caso da linguística, a forma das</p><p>palavras;</p><p>o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A palavra</p><p>fica em evidência por si mesma, sem que se analise as suas funções em períodos.</p><p>• A palavra serve para expressar uma ideia; nomeia os objetos e as pessoas. É uma</p><p>forma de facilitar o entendimento das conversas e a comunicação entre as pessoas.</p><p>E, mais importante que isso, permite o reconhecimento dos objetos, das pessoas e</p><p>assim por diante.</p><p>• O vocábulo é neutro e a palavra pode ser flexionada; é a palavra usada para demons-</p><p>trar objetos, pessoas, sentimentos.  O ato de atribuir um nome é o que significa eti-</p><p>mologicamente um vocábulo.</p><p>• Há dois tipos de vocábulos: o lexical e o gramatical. Vocábulos lexicais representam</p><p>ideias e vocábulos gramaticais os que não traduzem ideias.</p><p>• A gramática normativa tem como regra algo que deve ser seguido como norma geral.</p><p>Não se admite variações linguísticas, pois serão consideradas como erros gramaticais.</p><p>• A utilização da gramática descritiva deve corresponder à fala dentro de um grupo</p><p>específico. A forma como as pessoas se expressam são variáveis específicas e devem</p><p>ser respeitadas dentro desses limites.</p><p>• A gramática internalizada: considerada a forma nata de linguagem, a forma inicial de</p><p>expressão que se aprende e se consolida com o passar do tempo.</p><p>• A Teoria Gerativa compreende que a aquisição da língua vem de um órgão mental,</p><p>tal qual uma faculdade psicológica já existente nas pessoas. A ideia da gramática</p><p>gerativa era mesmo a de gerar frases com inúmeras possibilidades de sentidos e</p><p>entendimentos de acordo com a criatividade de cada um.</p><p>• A gramática gerativa apresenta dois pilares: competência: a habilidade inata do ser</p><p>humano e desempenho: o desenvolvimento de uma habilidade.</p><p>18</p><p>• A gramática universal compreende o funcionamento das estruturas linguísticas da</p><p>aquisição e a capacidade de uso da língua através do estudo das faculdades mentais.</p><p>• A Gramática transformacional é uma teoria da gramática que explica as construções</p><p>de uma língua por meio de transformações linguísticas e estruturas de frases.</p><p>• Neologismo é criação de palavras ou expressões novas ou a atribuição de um novo</p><p>sentido a uma palavra já existente. É um exemplo do dinamismo de nossa língua,</p><p>sobretudo a falada.</p><p>Highlight</p><p>19</p><p>1 (ENADE, 2010) Para preservar a língua, é preciso o cuidado de falar de acordo com</p><p>a norma padrão. Uma dica para o bom desempenho linguístico é seguir o modelo</p><p>de escrita dos clássicos. Isso não significa negar o papel da gramática normativa;</p><p>trata-se apenas de ilustrar o modelo dado por ela. A escola é um lugar privilegiado</p><p>de limpeza dos vícios de fala, pois oferece inúmeros recursos para o domínio da</p><p>norma padrão e consequente distância da não-padrão. Esse domínio é o que levará</p><p>o sujeito a desempenhar competentemente as práticas sociais; trata-se do legado</p><p>mais importante da humanidade.</p><p>PORQUE</p><p>A linguagem dá ao homem uma possibilidade de criar mundos, de criar realidades, de</p><p>evocar realidades não presentes. E a língua é uma forma particular dessa faculdade</p><p>[a linguagem] de criar mundos. A língua, nesse sentido, é a concretização de uma</p><p>experiência histórica. Ela está radicalmente presa à sociedade.</p><p>XAVIER, A. C.; CORTEZ, S. (Orgs.). Conversas com Linguistas:</p><p>virtudes e controvérsias da Linguística. Rio de Janeiro:</p><p>Parábola Editorial, 2005, p. 72-73 (com adaptações).</p><p>Analisando a relação proposta entre as duas asserções acima, assinale a opção</p><p>CORRETA:</p><p>a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa</p><p>correta da primeira.</p><p>b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma</p><p>justificativa correta da primeira.</p><p>c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposi-</p><p>ção falsa.</p><p>d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição</p><p>verdadeira.</p><p>e) ( ) As duas asserções são proposições falsas.</p><p>2 Leia o trecho a seguir:</p><p>[...] Mas D. Pequitibota bancava milionários trens de vida ante a crise começada para</p><p>fazendeiros comprometidos [...] Enquanto nos casarões ramazevedos das avenidas,</p><p>despeitadas solitárias metiam ronca nas de morfino viver que parisiavam aventuras com</p><p>velhos meninos domésticos e outros. [...]</p><p>ANDRADE, O. Memórias Sentimentais de João Miramar, 2001.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>20</p><p>O autor utilizou a palavra “parisiavam” no texto. Essa palavra corresponde a um(a):</p><p>a) ( ) Estrangeirismo: uso de termos emprestados de outra língua para designar</p><p>termos que não existem na nossa própria língua, como exemplo: parisiar.</p><p>b) ( ) Neologismo: criação de termos novos na língua, usando o verbo “parisiar”, que</p><p>deriva do nome próprio “Paris”, para dar a ideia desse cenário rico e luxuoso.</p><p>c) ( ) Gíria: uma forma de colocar termos falados em uma comunidade para o enten-</p><p>dimento da mensagem, como no caso de “parisiar”.</p><p>d) ( ) Regionalismo: uso de termos próprios de uma região geográfica, como por</p><p>exemplo “parisiar”, utilizados apenas por essa população determinada.</p><p>e) ( ) Termo técnico: uso de palavras definidas por determinada área específica de</p><p>conhecimento, como exemplo: “parisiar”.</p><p>3 Nos estudos da linguagem, a morfologia destaca-se como uma das áreas da</p><p>linguística que se detém mais especificamente sobre o estudo da forma das palavras.</p><p>A partir dessa reflexão, é correto afirmar que:</p><p>a) ( ) Embora seja um campo de estudos da linguística, a morfologia prescinde de</p><p>qualquer relação com outras áreas da linguagem.</p><p>b) ( ) Tendo sua origem etimológica no verbete grego "morphe", tal fato confere</p><p>à morfologia um viés filosófico que a torna autônoma em relação aos outros</p><p>estudos gramaticais.</p><p>c) ( ) Por ser uma área da linguística, a morfologia deve se relacionar com a dinâmica</p><p>da própria língua que se modifica continuamente, embora jamais se modifiquem</p><p>as estruturas das palavras.</p><p>d) ( ) Ao refletir sobre as estruturas das palavras, os estudos de morfologia devem</p><p>observar as modificações da linguagem relacionando a dinâmica das estruturas</p><p>das palavras com outras áreas da linguística, como a sintaxe, a semântica e a</p><p>fonologia.</p><p>4 (ENADE, 2017) Esteticar (Estética do Plágio)</p><p>Tom Zé</p><p>Pense que eu sou um caboclo tolo boboca</p><p>Um tipo de mico cabeça-oca</p><p>Raquítico típico jeca-tatu</p><p>Um mero número zero um zé à esquerda</p><p>Pateta patético lesma lerda</p><p>Autômato pato panaca jacu</p><p>Penso dispenso a mula da sua ótica</p><p>Ora vá me lamber tradução interssemiótica</p><p>21</p><p>Se segura milord aí que o mulato baião</p><p>(tá se blacktaiando)</p><p>Smoka-se todo na estética do arrastão</p><p>[...]</p><p>Com base no trecho da letra da música, faça o que se pede nos itens a seguir.</p><p>a) Explique a formação dos neologismos “esteticar¨, ¨blacktaiando¨ e ¨smoka-se¨.</p><p>b) Explique o modo como a formação dos neologismos contribui para a construção de</p><p>sentidos na letra da música.</p><p>5 Leia o texto a seguir, explique a evolução dos estudos de morfologia, a partir dos</p><p>estudos do estruturalismo em face das novas abordagens sobre a morfologia gerativa.</p><p>“No início do século XX, surge uma nova corrente linguística – o estruturalismo. As</p><p>bases sistemáticas e objetivas dessa nova corrente foram fornecidas por Saussure</p><p>(1916), que rejeita a precedência da língua escrita sobre a língua falada e a relação</p><p>língua/pensamento, distingue a gramática normativa da gramática descritiva e</p><p>assume a primazia da Linguística sincrônica sobre a diacrônica. Apesar da ampla</p><p>aceitação desses princípios defendidos no âmbito da obra saussuriana, surgem</p><p>várias escolas estruturalistas (ou, como tem sido referido na literatura mais recente,</p><p>vários estruturalismos), entre as quais se destaca o descritivismo americano – a</p><p>escola contra a qual surge, então, na década de 50, a Gramática Gerativa” (NICOLAU;</p><p>LEE, 2004, p. 122-123).</p><p>Esteticar é derivado de estético - blacktaiando é derivado de uma palavra estrángeira assim como smoka-se de smoque.</p><p>22</p><p>23</p><p>APORTES TEÓRICOS DE MORFOLOGIA</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Vimos, no Tópico 1, os conceitos básicos</p><p>de morfologia, sua evolução de pen-</p><p>samentos críticos, até chegar aos estudos de morfologia gerativa e, por fim, o uso de</p><p>neologismo na nossa língua.</p><p>Agora, você vai conhecer um pouco mais sobre a palavra, sua formação, os</p><p>conceitos de morfema, como unidade mínima da palavra, seus tipos e classificações,</p><p>além das definições de morfe, alomorfe e as formas livres, presas e dependentes.</p><p>Vamos, por fim, conhecer os elementos morfológicos, raiz e radical, para a</p><p>compreensão do processo de formação das palavras e sua utilização no sentido prático.</p><p>UNIDADE 1 TÓPICO 2 -</p><p>2 FORMAÇÃO DE PALAVRAS</p><p>Para Evanildo Bechara (2000, p. 333), “toda palavra deve ser classificada:</p><p>a) pelo seu aspecto material, fônico; b) pela sua significação gramatical; c) pela sua</p><p>significação lexical”.</p><p>Há palavras primitivas, palavras derivadas, palavras simples e palavras compostas.</p><p>Entendemos palavras primitivas como aquelas que não vêm de outra palavra.</p><p>Ex.: flor, dor, pedra.</p><p>Palavras derivadas são as que vêm de outra palavra. Ex.: floricultura, dolorido,</p><p>pedreiro.</p><p>Palavras simples são as que possuem um só radical. Ex.: cavalo.</p><p>Palavras compostas são as que possuem mais de um radical. Ex.: beija-flor,</p><p>aguardente.</p><p>24</p><p>A palavra não pode ser observada apenas pela sua constituição formal, melhor</p><p>dizendo, somente as letras ou os fonemas que a formam. Faz-se necessário entender</p><p>as unidades mínimas significativas para o estudo do vocábulo. Essas unidades são</p><p>denominadas de morfemas.  Isso significa que ele é a menor unidade de sentido que</p><p>constitui a estrutura de uma palavra.</p><p>As palavras são formadas e estruturadas por elementos mórficos: radical, raiz,</p><p>tema, afixos (prefixos e sufixos), desinências (nominais e verbais), vogal e/ou consoante</p><p>de ligação e vogal temática.</p><p>Cada elemento ou partícula é importante para a compreensão das palavras,</p><p>uma vez que representa uma unidade mínima de significação chamada de morfema.</p><p>3 MORFEMA</p><p>Radical é o elemento comum às palavras da mesma família, as palavras</p><p>cognatas. É o radical o morfema que dá o significado básico da palavra, sendo sua</p><p>parte fixa. O radical primário, segundo a discussão sincrônica proposta por Zanotto</p><p>(2006), coincide com a raiz, como, por exemplo em: (I) TERR-a, TERR-inha, en-TERR-</p><p>ar; (II) LETR-a, LETR-eiro, LETR-ado. Para chegarmos ao radical primário (ou raiz) da</p><p>palavra, precisamos eliminar os afixos, as desinências e a vogal temática. Por outro</p><p>lado, também existe o que podemos chamar de radical final, “que é obtido eliminando-</p><p>se as desinências e a vogal temática. Em, por exemplo, desestabilizar, o RF [radical</p><p>final] é desestabiliz-, subtraindo-se, portanto, a VT [vogal temática] -a e a desinência -</p><p>r” (ZANOTTO, 2006, p. 38).</p><p>A vogal temática é uma das partes que formam as palavras e tem a função</p><p>de ligar o radical às desinências, constituindo o tema. A vogal temática é</p><p>um morfema que liga o radical às desinências que formam as palavras. Essa união</p><p>constitui o tema (radical + vogal temática), ao qual são acrescentadas as desinências.</p><p>Tanto os verbos quanto os nomes apresentam vogais temáticas. Por isso, elas</p><p>podem ser classificadas em nominais e verbais.</p><p>Vogais temáticas nominais: quando são átonas e se encontram no final das</p><p>palavras, as vogais /A/, /E/ e /O/ são consideradas nominais. As  vogais temáticas</p><p>nominais juntam-se à desinência indicadora de plural.</p><p>Vogais temáticas verbais: há três grupos de  conjugações verbais, sendo</p><p>a primeira marcada pela Vogal Temática –A, a segunda é marcada pela Vogal Temática –E,</p><p>e a terceira, pela Vogal Temática –I.</p><p>No campo da morfologia, os vocábulos são decomponíveis em morfemas.</p><p>Vamos ver esse exemplo: criança pula.</p><p>Exemplos:</p><p>25</p><p>Os morfemas se organizam e cumprem papel importante no processo de</p><p>formação de um vocábulo. Assim, a palavra, aqui com a ideia de vocábulo:</p><p>a) deve ser observada como significante ou expressão material da língua (falada ou</p><p>escrita);</p><p>b) apresenta-se sob o seu aspecto formal, isto é, deve ser observada segundo uma</p><p>classificação morfológica;</p><p>c) deve ser observada em relação a outra.</p><p>Vamos conhecer outras formas de definição de morfema:</p><p>LING Unidade linguística mínima que tem significado.</p><p>EXPRESSÕES</p><p>Morfema derivacional, LING: elemento que modifica, de modo preciso,</p><p>o sentido do radical ao qual se une, criando uma nova palavra. São</p><p>morfemas derivacionais os prefixos, como, por exemplo,  re-  na</p><p>palavra renovar, e os sufixos -eria, em leiteria, e -oso, em leitoso.</p><p>Morfema flexional,  LING: morfema empregado na flexão dos</p><p>substantivos, adjetivos e verbos, não alterando a classe da palavra,</p><p>como, por exemplo, o sufixo -mos, nos verbos estudamos e visitamos,</p><p>que indicam apenas a primeira pessoa do plural.</p><p>Morfema gramatical,  LING: morfema que tem significação interna,</p><p>porque se origina nas relações e categorias gramaticais que fazem</p><p>parte da língua. São morfemas gramaticais o -a, como marca de</p><p>feminino, em palavras como bela, e o -s, como marca de plural, em</p><p>palavras como pás e dias.</p><p>Morfema lexical,  LING: elemento invariável, que é responsável pela</p><p>base do significado. A significação do morfema lexical diz respeito</p><p>aos fatos do mundo extralinguístico; radical.</p><p>Morfema livre, LING: aquele que tem existência autônoma, figurando</p><p>sozinho como um vocábulo, como, por exemplo, as palavras pá e dia.</p><p>Morfema preso, LING: aquele que não tem existência independente,</p><p>como o -s nas palavras pás e dias (MORFEMA..., 2021, s.p.).</p><p>Morfema é a menor partícula com significado existente de uma palavra e, que se</p><p>acoplada a um radical lhe confere outro sentido. Os morfemas podem ser classificados</p><p>em dois grupos: morfemas gramaticais e morfemas lexicais.</p><p>Morfemas lexicais: os substantivos, os adjetivos, os verbos e os advérbios de</p><p>modo. São aqueles cuja significação nos remete a noções do mundo objetivo e subjetivo</p><p>(ações, estados, qualidades, seres). Representam a própria significação externa dos</p><p>vocábulos e é encontrado no seu núcleo de significação, denominado radical. Exemplos:</p><p>26</p><p>o verbo beber apresenta o morfema lexical (beb-): beb-er, beb-ida, beb-errão. Todas as</p><p>derivações do vocábulo recorrem a um mesmo morfema lexical, e diz-se então que o</p><p>radical da palavra beber é sua parte invariável (beb-).</p><p>Morfemas gramaticais: os artigos, os pronomes, os numerais, as preposições,</p><p>as conjunções e os advérbios, bem como os elementos mórficos que indicam número,</p><p>gênero, modo, tempo e aspecto verbal. São aqueles que só possuem significação no</p><p>universo da língua. Representam um contexto semântico específico interno à enunciação.</p><p>Exemplo: o morfema lexical do vocábulo “casa”, independentemente de suas variações,</p><p>é cas-: cas-a, cas-arão, cas-ebre, cas-inha. Enquanto o morfema lexical permanece o</p><p>mesmo, os morfemas gramaticais variam de acordo com a significação específica que</p><p>atribuem ao vocábulo.</p><p>Morfemas, por definição, são as unidades mínimas de significação, sendo</p><p>elementos constituintes dos vocábulos. São os elementos que compõem a estrutura</p><p>lexical e gramatical dos vocábulos.</p><p>As palavras são constituídas de morfemas que, por sua vez, possuem</p><p>classificações distintas. Os morfemas são a unidade mínima de significação, ou seja, o</p><p>elemento significativo que não pode ser decomposto. Vamos apresentar os conceitos</p><p>de morfema, morfe e alomorfe, que, apesar da estreita relação de sentido, representam</p><p>noções distintas.</p><p>Sabemos que a morfologia estuda a forma ou a estrutura dos vocábulos. A</p><p>estrutura é constituída de unidades formais menores reunidas e com significados que</p><p>se denominam morfemas.</p><p>Os morfemas são formados por um ou mais fonemas, mas se diferenciam</p><p>deles por apresentarem significado. Os fonemas, quando pronunciados isoladamente,</p><p>não possuem significado. Por fonema entende-se o menor elemento sonoro capaz de</p><p>estabelecer uma distinção de significado entre as palavras.</p><p>QUADRO 2 – FONEMA, LETRAS E MORFEMAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3zObVGU>. Acesso em: 3 fev. 2021.</p><p>27</p><p>3.1 TIPOS DE MORFEMAS</p><p>Há duas unidades</p>

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