Logo Passei Direto
Buscar

DIREITO PROCESSUAL PENAL PROCEDIMENTOS E RECURSOS

Ferramentas de estudo

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>DIREITO</p><p>PROCESSUAL</p><p>PENAL:</p><p>PROCEDIMENTOS</p><p>E RECURSOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Conceituar nulidade absoluta e nulidade relativa.</p><p>> Explicar os princípios que regem as nulidades no processo penal.</p><p>> Identificar as nulidades em espécie previstas no CPP e o momento processual</p><p>adequado para a arguição de nulidade.</p><p>Introdução</p><p>Os atos que formam o processo penal devem ser realizados conforme as</p><p>disposições legais, considerando-se o procedimento aplicado a cada caso.</p><p>É preciso que sejam típicos, ou seja, que produzam seus efeitos jurídicos com</p><p>a finalidade de garantir a tutela jurisdicional adequada. Contudo, em algumas</p><p>situações, é possível verificar a atipicidade dos atos, hipóteses nas quais se torna</p><p>necessário avaliar se tal atipicidade acarreta uma nulidade absoluta ou relativa,</p><p>tendo em vista as previsões do Código de Processo Penal (CPP).</p><p>Para a decretação das nulidades, deve-se atentar para os princípios que as</p><p>regem. De acordo com a doutrina e a jurisprudência majoritárias, esses princí-</p><p>pios são: princípio do prejuízo, princípio do interesse, princípio da causalidade e</p><p>princípio da convalidação.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar os principais conceitos relacionados às nulida-</p><p>des absoluta e relativa. Você também vai verificar as suas hipóteses de ocorrência</p><p>e vai estudar os princípios aplicáveis a cada uma delas.</p><p>Das nulidades</p><p>Cinthia Louzada Ferreira Giacomelli</p><p>Nulidade absoluta e nulidade relativa</p><p>Para que o processo penal se desenvolva corretamente, de acordo com as</p><p>diretrizes legais e principiológicas, é preciso que os procedimentos sejam</p><p>observados estritamente. Esses procedimentos consistem no conjunto de atos,</p><p>regulados pela legislação, que formam o processo. Como comenta Oliveira</p><p>(2013), o processo é o gênero do qual os procedimentos são as espécies.</p><p>O autor complementa (OLIVEIRA, 2013, p. 15):</p><p>Os ritos processuais ou procedimentais seguem um itinerário definido previamente,</p><p>com o objetivo de organizar a participação dos sujeitos do processo na construção</p><p>do provimento jurisdicional final, de modo a permitir uma contribuição efetiva</p><p>e em igualdade de condições na tutela dos respectivos interesses. As formas</p><p>processuais existem e atuam, portanto, na medida de sua finalidade específica.</p><p>Atualmente, o CPP prevê dois tipos de procedimentos, cada um com</p><p>suas especificidades. O procedimento comum se divide em três ritos:</p><p>� ordinário, que é o mais abrangente;</p><p>� sumário, que dispensa algumas formalidades em comparação ao ordinário; e</p><p>� sumaríssimo, que se refere aos processos que tramitam no Juizado Especial</p><p>Criminal.</p><p>Já o procedimento especial é previsto no CPP para alguns casos específicos</p><p>e em legislação extravagante para outros casos, como os crimes que envolvem</p><p>o tráfico de drogas.</p><p>Desse conceito é que decorre a compreensão de nulidades. As nulidades</p><p>são as consequências jurídicas da prática irregular de determinado ato pro-</p><p>cedimental, praticadas de maneira diversa da prescrita em lei ou praticadas</p><p>com desvio de finalidade. Contudo, Oliveira (2013, p. 848) alerta:</p><p>[...] a desconformidade do ato com a forma prevista em lei implica, por primeiro,</p><p>sua irregularidade. O ato irregular, porém, não é nulo em si mesmo! A nulidade,</p><p>como consequência do vício, constitui verdadeira sanção jurídica, a fim de retirar</p><p>os efeitos do ato nulo ou de limitar-lhe a eficácia.</p><p>Das nulidades2</p><p>Assim, sob a perspectiva da consequência jurídica das nulidades, estas</p><p>são classificadas em nulidades relativas e nulidades absolutas. O principal</p><p>critério de diferenciação entre as duas espécies de nulidades se refere aos</p><p>interesses feridos com a irregularidade processual. Se a nulidade afeta in-</p><p>teresse da parte, trata-se de uma nulidade relativa. Se, porém, a nulidade</p><p>prejudica todo o processo enquanto função jurisdicional, trata-se de uma</p><p>nulidade absoluta.</p><p>As nulidades relativas, ainda, se não alegadas em momento adequado,</p><p>tornam-se sanáveis. Em síntese, são consideradas nulidades relativas aquelas</p><p>que:</p><p>� delegam à parte alegar o prejuízo suportado em decorrência da</p><p>nulidade;</p><p>� são convalidadas com a preclusão;</p><p>� não podem ser conhecidas de ofício;</p><p>� violam alguma norma que tutela um interesse privado da parte.</p><p>Por outro lado, as nulidades absolutas são consideradas graves e conduzem</p><p>à anulação do ato independentemente da alegação de qualquer das partes,</p><p>podendo, portanto, ser reconhecidas de ofício. É importante destacar que</p><p>não há impedimento para que a parte alegue a nulidade absoluta, porém,</p><p>não é necessária a demonstração de prejuízo. Dessa forma, são nulidades</p><p>absolutas aquelas que:</p><p>� são insanáveis, não se convalidam sob nenhuma hipótese;</p><p>� tornam presumido o prejuízo decorrente;</p><p>� podem ser reconhecidas de ofício ou alegadas pelas partes;</p><p>� decorrem da violação de norma cogente ou de princípio constitucional.</p><p>Uma vez expostos os conceitos de nulidade relativa e nulidade absoluta,</p><p>é importante considerar as consequências dessas nulidades para o processo</p><p>penal. Nesse sentido, assim prevê o art. 573 do CPP, que se aplica a ambos</p><p>os casos:</p><p>Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos ante-</p><p>riores, serão renovados ou retificados.</p><p>§ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele dire-</p><p>tamente dependam ou sejam consequência.</p><p>§ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende (BRASIL,</p><p>1941, documento on-line).</p><p>Das nulidades 3</p><p>Observe que o caput do artigo trata da hipótese de nulidade absoluta. Ou</p><p>seja, se o ato considerado nulo não for sanado — caracterizando-se a nulidade</p><p>absoluta —, este deverá ser realizado novamente.</p><p>Já os parágrafos 1º e 2º indicam que, uma vez declarada a nulidade absoluta</p><p>ou relativa, caberá ao juiz indicar quais atos subsequentes ao ato anulado</p><p>foram contaminados pela nulidade. Nesse aspecto, cumpre citar a reflexão</p><p>de Lopes Júnior (2015, p. 955):</p><p>A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente</p><p>dependam ou sejam consequência. O problema está na aplicação excessivamente</p><p>restritiva deste princípio. Sustentamos, com Fazzalari, que todos os atos do proce-</p><p>dimento miram o provimento final (sentença) e estão geneticamente vinculados, de</p><p>modo que existe uma relação de dependência quanto à regularidade ou irregula-</p><p>ridade do ato que o precede e ainda influi sobre a eficácia dos atos que o seguem.</p><p>Assim, embora divergente das previsões legais, o posicionamento do autor</p><p>é relevante e deve ser considerado especialmente para que os profissionais</p><p>da defesa estejam atentos aos atos que sucederem ao ato anulado. Ocorre</p><p>que os atos subsequentes se tornam mais sensíveis, tendo em vista o forte</p><p>vínculo entre todos os atos que formam o processo penal.</p><p>Os princípios que regem as nulidades</p><p>As nulidades absolutas e relativas devem ser declaradas com base em cri-</p><p>térios legais que norteiam a decisão do juiz — é o que se denomina sistema</p><p>de instrumentalidade das formas. Nesse sistema, para Grinover, Fernandes e</p><p>Gomes Filho (1999, p. 25), “[...] se dá mais valor à finalidade pela qual a forma</p><p>foi instituída e ao prejuízo causado pelo ato atípico, cabendo ao magistrado</p><p>verificar, diante de cada situação, a conveniência de retirar-se a eficácia do</p><p>ato praticado em desacordo com o modelo legal”. Assim, do sistema de ins-</p><p>trumentalidade das formas, pode-se extrair quatro importantes princípios</p><p>que regem as nulidades do processo penal: o do prejuízo, o do interesse, o</p><p>da causalidade e o da convalidação. Analisemos cada um deles.</p><p>O princípio do prejuízo, também citado na jurisprudência e na dou-</p><p>trina brasileira pela expressão pas de nullité sains grief, caracteriza-se</p><p>como sendo o eixo central das nulidades. De acordo com o art. 563 do CPP:</p><p>“Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo</p><p>para a acusação ou para a defesa” (BRASIL, 1941, documento on-line). Dessa</p><p>forma, o ato somente será declarado nulo se houver prejuízo.</p><p>Das nulidades4</p><p>Conforme</p><p>já comentado, para os casos de nulidade relativa, é necessário</p><p>que a parte demonstre o prejuízo, enquanto, para os casos de nulidade abso-</p><p>luta, o prejuízo é presumido. Observe o seguinte julgado do Superior Tribunal</p><p>de Justiça (STJ, 5ª Turma, AgRg no HC 466249 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO</p><p>HABEAS CORPUS 2018/0219096-6, julgado em 23.04.19):</p><p>[...] Prevalece no moderno sistema processual penal que eventual alegação de</p><p>nulidade deve vir acompanhada da demonstração do efetivo prejuízo. Como é</p><p>cediço, não se proclama uma nulidade sem que se tenha verificado prejuízo con-</p><p>creto à parte, sob pena de a forma superar a essência. Vigora, portanto, o princípio</p><p>pas de nulitté sans grief, a teor do que dispõe o art. 563 do Código de Processo</p><p>Penal. 4. Não há se falar em nulidade da audiência em que foram indeferidas as</p><p>perguntas formuladas a uma das testemunhas, uma vez que foram consideradas</p><p>pelo Magistrado de origem como impertinentes, porquanto ‘em nada auxiliaria</p><p>a Defesa ou prejudicaria a Acusação’. Como é de conhecimento, o art. 400, § 1º,</p><p>do Código de Processo Penal, autoriza ao Magistrado indeferir as provas que consi-</p><p>derar irrelevantes, impertinentes ou protelatórias, uma vez que é ele o destinatário</p><p>da prova. Dessa forma, estando devidamente motivado o indeferimento das pergun-</p><p>tas, não há se falar em cerceamento de defesa (BRASIL, 2019, documento on-line).</p><p>Já o princípio do interesse se refere ao fato de que a decretação da nuli-</p><p>dade deve considerar as vantagens que essa decisão pode trazer para quem</p><p>alega a irregularidade. É o princípio que se aplica às nulidades relativas, pois</p><p>apenas esses casos dependem de alegação da parte. Isso porque, como afirma</p><p>Oliveira (2013, p. 863), “[...] ora, se é ao interessado que se reserva o juízo de</p><p>oportunidade e conveniência da declaração de nulidade, tem-se que somente</p><p>ele, e não aquele ao qual a nulidade não aproveitará, poderá legitimamente</p><p>alegar a sua existência e demonstrar o prejuízo”.</p><p>O princípio da causalidade, por sua vez, diz respeito aos efeitos da decre-</p><p>tação da nulidade. Como os atos processuais são encadeados, não existem de</p><p>maneira isolada. Quando um desses atos é decretado nulo, como consequência,</p><p>tem-se a extensão dessa nulidade para outros atos dele decorrentes, con-</p><p>forme prevê o já citado art. 573 do CPP. Oliveira (2013, p. 865) comenta que,</p><p>“[...] para que haja derivação, impõe-se, então, que o ato subsequente seja</p><p>dependente do anterior, no sentido de ter a sua existência subordinada à</p><p>existência e à validade do primeiro, ou que seja dele consequência, enquanto</p><p>seu efeito ou resultado”. Nesse sentido, observe o seguinte julgado do STJ</p><p>(5ª Turma, HC 365697/RS - HABEAS CORPUS 2016/0205621-7, julgado em</p><p>08/08/17):</p><p>Das nulidades 5</p><p>[...] II - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele</p><p>diretamente dependam ou sejam consequência, a teor do art. 573, § 1º, do Código</p><p>de Processo Penal.</p><p>III - Declarada a nulidade da r. decisão proferida em 3/6/2015 (fl. 121), que deter-</p><p>minou a reconversão das penas restritivas de direito e a expedição de mandado</p><p>de prisão em desfavor do paciente, nulas também são as prisões ocorridas em</p><p>4/7/2015 e 11/8/2015, pois dela diretamente decorrem e dependem. Por tal razão,</p><p>as prisões não podem ser consideradas como marco interruptivo do prazo pres-</p><p>cricional previsto no art. 117, V, do Código Penal. Habeas Corpus não conhecido.</p><p>Ordem concedida de ofício para cassar o v. acórdão impugnado e restabelecer a r.</p><p>decisão do d. Juízo da Execução que extinguiu a punibilidade do paciente (BRASIL,</p><p>2017, documento on-line).</p><p>Por fim, o princípio da convalidação consiste em tornar válidos atos ques-</p><p>tionados como passíveis de nulidade relativa. A convalidação se justifica pelo</p><p>princípio da economia processual: objetiva-se buscar o máximo de resultados</p><p>com o mínimo de esforço. Dessa forma, uma vez sanada a irregularidade</p><p>ou reparado o prejuízo, será possível que o ato viciado produza efeitos e o</p><p>processo penal prossiga normalmente.</p><p>A forma mais comum de convalidação ocorre com a preclusão da facul-</p><p>dade de alegar a nulidade — aqui, referem-se às nulidade relativas. Observe</p><p>o seguinte julgado do STJ (REsp n. 1075127/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Felix</p><p>Fischer, DJe de 27/4/2009): “[...] a irregularidade na nomeação do assistente de</p><p>acusação configura nulidade relativa que, diante do princípio pas de nullité</p><p>sans grief, deve ser arguida em momento oportuno, com a efetiva demons-</p><p>tração do prejuízo sofrido, sob pena de convalidação”. Assim, a preclusão é</p><p>a regra do princípio da convalidação.</p><p>Podemos sintetizar os princípios aplicados às nulidades do processo penal</p><p>conforme apresentado a seguir.</p><p>� Princípio do prejuízo: é o eixo central das nulidades. Nas nulidades</p><p>relativas, o prejuízo deve ser demonstrado, nas nulidades absolutas,</p><p>o prejuízo é presumido.</p><p>� Princípio do interesse: quem alega a nulidade relativa deve ter interesse</p><p>na sua decretação. Já nos casos de nulidade absoluta, o interesse é</p><p>público.</p><p>� Princípio da causalidade: os atos subsequentes ao ato decretado nulo</p><p>também devem ser assim decretados. Aplica-se às nulidades absolutas</p><p>e relativas.</p><p>� Princípio da convalidação: se não for alegada no momento oportuno,</p><p>ou a formalidade suprida de outra maneira, a nulidade — relativa —</p><p>é convalidada.</p><p>Das nulidades6</p><p>A previsão do Código de Processo Penal</p><p>O CPP indica os casos de nulidade absoluta e relativa no art. 564. Os incisos</p><p>I, II e V indicam o que é caso de nulidade absoluta:</p><p>Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:</p><p>I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;</p><p>II - por ilegitimidade de parte;</p><p>[...]</p><p>V - em decorrência de decisão carente de fundamentação.</p><p>Já o inciso III indica casos de nulidade absoluta e relativa, pois, como</p><p>comenta Tourinho Filho (2012), a própria lei processual indica as hipóteses de</p><p>um e de outro caso no art. 572. Assim, tem-se que são absolutas as seguintes</p><p>nulidades, contidas no inciso III do art. 564:</p><p>III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:</p><p>[...]</p><p>a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções</p><p>penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;</p><p>b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o</p><p>disposto no Art. 167;</p><p>c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de</p><p>curador ao menor de 21 anos;</p><p>[...]</p><p>i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;</p><p>j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomu-</p><p>nicabilidade;</p><p>k) os quesitos e as respectivas respostas;</p><p>l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;</p><p>m) a sentença;</p><p>n) o recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;</p><p>o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e</p><p>despachos de que caiba recurso;</p><p>p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quórum legal para</p><p>o julgamento. (BRASIL, XXXX, documento on-line).</p><p>Quanto à alínea “n” do inciso III do art. 564, Tourinho Filho (2012)</p><p>comenta que, ainda que não haja previsão legal, trata-se de uma</p><p>hipótese de nulidade relativa, portanto, sanável, desde que o ato do magistrado</p><p>seja voluntário.</p><p>Das nulidades 7</p><p>Sendo assim, do art. 572 do CPP, depreende-se quais são as hipóteses de</p><p>nulidade relativa, a saber:</p><p>Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e, segunda parte, g e h, e IV,</p><p>considerar-se-ão sanadas:</p><p>I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no</p><p>artigo anterior;</p><p>II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;</p><p>III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. (BRASIL, 1941,</p><p>documento on-line).</p><p>E o que prevê os citados dispositivos no caput que se referem à nulidade</p><p>relativa? Veja as observações a seguir.</p><p>� O inciso IV do art. 564 prevê que a nulidade ocorrerá: “IV - por omissão</p><p>de formalidade que constitua elemento essencial do ato”.</p><p>� As alíneas “d” e “e” do inciso III, considerando-se</p><p>a segunda parte de</p><p>cada uma, preveem o seguinte:</p><p>d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada</p><p>e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;</p><p>e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente,</p><p>e os prazos concedidos à acusação e à defesa (BRASIL, 1941, documento on-line).</p><p>� As alíneas “g” e “h” preveem o seguinte:</p><p>g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando</p><p>a lei não permitir o julgamento à revelia;</p><p>h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos</p><p>estabelecidos pela lei (BRASIL, 1941, documento on-line).</p><p>Cumpre destacar que, quanto à alínea “e”, se não houver a citação do</p><p>réu, ou esta for realizada de maneira irregular, tal nulidade será sanada se o</p><p>réu comparecer antes de o ato se consumar. É o que prevê o art. 570 do CPP:</p><p>Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada,</p><p>desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare</p><p>que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou</p><p>o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar</p><p>direito da parte (BRASIL, 1941, documento on-line).</p><p>Das nulidades8</p><p>Analisadas as hipóteses de nulidade absoluta e relativa previstas no CPP,</p><p>cumpre comentar sobre o momento em que tais nulidades devem ser arguidas,</p><p>conforme prevê o art. 571. Esse artigo deve ser analisado considerando-se os</p><p>diplomas legais posteriores que modificaram os procedimentos ordinário e</p><p>sumário e aqueles referentes ao Tribunal do Júri. Assim, as nulidades devem</p><p>ser arguidas da seguinte forma:</p><p>� as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos</p><p>prazos a que se refere o art. 411, § 4º;</p><p>� as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular</p><p>e dos processos especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do Título II do</p><p>Livro II, nos prazos a que se refere o art. 403;</p><p>� as do processo sumário, no prazo a que se referem os arts. 396-A ou</p><p>534, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a</p><p>audiência e apregoadas as partes;</p><p>� as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo</p><p>depois de aberta a audiência;</p><p>� as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o</p><p>julgamento e apregoadas as partes, de acordo com o art. 464;</p><p>� as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo</p><p>Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se</p><p>refere o art. 500;</p><p>� se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de</p><p>recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apre-</p><p>goadas as partes;</p><p>� as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal,</p><p>logo depois de ocorrerem.</p><p>No que se refere às nulidades absolutas, Tourinho Filho (2012, p. 547)</p><p>comenta que “[...] mesmo que a sentença tenha transitado em julgado, poderá</p><p>ser arguida em sede de habeas corpus ou revisão criminal, mas, se absolutória,</p><p>ficará ela sanada, porquanto não temos um meio para impugnar sentença</p><p>absolutória que transita em julgado”. Assim, as nulidades absolutas podem</p><p>ser alegadas em qualquer tempo. Por fim, cumpre ressaltar que qualquer</p><p>das partes envolvidas no processo penal — defesa, acusação, Ministério</p><p>Público — pode arguir a nulidade, incluindo também o magistrado, que poderá</p><p>determinar diligências necessárias para assegurar o seu dever de zelar pela</p><p>regularidade do processo.</p><p>Das nulidades 9</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/</p><p>decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 24 out. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5ª Turma). AgRg no HC 466249 / SP AGRAVO RE-</p><p>GIMENTAL NO HABEAS CORPUS 2018/0219096-6. Relator: Ministro Reynaldo Soares</p><p>da Fonseca. Julgado em: 23 abr. 2019. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/</p><p>GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201802190966&dt_publicacao=10/05/2019.</p><p>Acesso em: 24 out. 2020.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5ª Turma). Habeas corpus nº 365.697 - RS</p><p>(2016/0205621-7). Relator: Ministro Félix Fischer. Julgado em: 08 ago. 2017. Disponível em: ht-</p><p>tps://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201602056217&dt_</p><p>publicacao=18/08/2017. Acesso em: 24 out. 2020.</p><p>GRINOVER, A. P.; FERNANDES, A. S.; GOMES FILHO, A. M. As nulidades no processo penal.</p><p>São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.</p><p>LOPES JÚNIOR, A. Direito processual penal. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.</p><p>OLIVEIRA, E. P. de. Curso de processo penal. 17. ed. Paulo: Atlas, 2013.</p><p>TOURINHO FILHO, F. da C. Manual de processo penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>Leitura recomendada</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5ª Turma). AgRg no REsp 1753686 / CE AGRAVO</p><p>REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2018/0173711-6. Relator: Ministro Leopoldo de</p><p>Arruda Raposo. Julgado em: 01 out. 2019. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/</p><p>GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201801737116&dt_publicacao=09/10/2019.</p><p>Acesso em: 24 out. 2020.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-</p><p>res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Das nulidades10</p>

Mais conteúdos dessa disciplina