Prévia do material em texto
<p>UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA</p><p>(LETRAS E INGLÊS)</p><p>KAROLINE BERNARDO PEREIRA</p><p>O Desenvolvimento Emocional do Adolescente:</p><p>Crises de identidade</p><p>2024</p><p>Os conflitos e os processos da Adolescência</p><p>Inerente ao desenvolvimento humano, a adolescência não só foi naturalizada,</p><p>mas também percebida como uma fase difícil, uma fase do desenvolvimento,</p><p>semi-patológica, que se apresenta carregada de conflitos "naturais" (BOCK,</p><p>2007).</p><p>O desenvolvimento emocional do adolescente é permeado por obstáculos internos e</p><p>externos, eles enfrentam adversidades quanto ao crescimento fisiológico, maturidade</p><p>mental e responsabilidade social, por exemplo.</p><p>Para Wallon (apud FERREIRA et al., 2010), os estágios de desenvolvimento estão</p><p>conectados aos campos funcionais da afetividade, motricidade, cognição e</p><p>personalidade, com esse último sendo enfatizado na etapa da adolescência.</p><p>A passagem de um estágio de desenvolvimento para o seguinte é</p><p>marcada por uma crise ou um conflito que irá propiciar a mudança e/ou a</p><p>transformação de um campo de atividade funcional para o outro (TEIXEIRA et al.,</p><p>unidade 4, tema 2, 2020).</p><p>Pré-requisitos de Crescimento Fisiológico, Maturidade Mental e</p><p>Responsabilidade Social</p><p>O crescimento fisiológico durante a difícil mocidade traz mudanças</p><p>significativas no corpo, que podem influenciar a forma como os jovens percebem a si</p><p>mesmos e os outros ao seu redor. A maturidade mental estimula o desenvolvimento</p><p>da capacidade de pensar de forma abstrata, de refletir sobre si mesmo e lidar com</p><p>questões complexas, as quais eram inexistentes até uns anos atrás. Tudo é novo,</p><p>tudo é confuso. E, como combo, vem a responsabilidade social de um ser em</p><p>formação, o jovem começa a compreender as normas e expectativas da sociedade,</p><p>mas ainda busca conciliar essas expectativas com seus próprios desejos e interesses.</p><p>Esse processo é muitas vezes acompanhado por um aumento na autorreflexão e pela</p><p>ânsia de afirmação pessoal, o que pode levar a crises de identidade. A canção de Luiz</p><p>Gonzaga e Zé Dantas, a partir de seu enraizamento cultural e foco em questões</p><p>pessoais, ecoa essas experiências universais de busca e conflito.</p><p>No trecho “Que o mal é da idade”, o médico compreende que as atitudes da</p><p>menina de não pensar em nada além de namorar é algo típico e esperado da idade.</p><p>O emocional dela está passando pelo conflito de não conseguir lidar com tudo ao seu</p><p>redor, porque ela simplesmente quer dar atenção a como se sente naquele momento.</p><p>Construção da Identidade</p><p>Para formar sua identidade, os adolescentes precisam afirmar e organizar suas</p><p>habilidades, suas necessidades, seus interesses e seus desejos de modo a</p><p>definir os papéis que irão desempenhar na sociedade (ERIKSON, 1968).</p><p>A canção em análise pode ser vista como uma reflexão sobre como os jovens</p><p>moldam sua identidade através das relações com os outros e das expectativas sociais.</p><p>A busca pelo “eu” nem sempre está de acordo com o comportamento esperado pela</p><p>sociedade. Por isso, na música, a atitude da menina em “não querer nada” além do</p><p>que a interessa pode ser interpretado como uma forma de questionar e desafiar essas</p><p>normas sociais, um movimento comum entre adolescentes em busca de definir suas</p><p>próprias identidades.</p><p>Considerações finais</p><p>“Xote das Meninas” oferece uma visão simplificada, mas significativa, sobre os</p><p>conflitos já esperados na adolescência, sobretudo no que diz respeito ao</p><p>desenvolvimento emocional e à construção da identidade. Ao tratar dos desejos de</p><p>uma jovem em relação ao amor e ao seu lugar na sociedade, a canção evidencia as</p><p>crises de identidade que surgem dessa fase de transição. As mudanças fisiológicas,</p><p>combinadas com a busca por maturidade mental e responsabilidade social, são</p><p>elementos centrais na trajetória do adolescente, que, assim como a personagem da</p><p>música, tenta conciliar os seus desejos com as expectativas impostas pela sociedade.</p><p>Referências</p><p>BOCK, A. M. B. A adolescência como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e</p><p>educadores. Psicologia Escolar e Educacional, v. 11, n. 1, p. 63–76, jan. 2007.</p><p>ERIKSON, E. H. Identity: Youth and Crisis. New York: Norton, 1968.</p><p>FERREIRA, A. L.; ACIOLY-RÉGNIER, N. M. Contribuições de Henri Wallon à relação cognição e afetividade</p><p>na educação. Educar em Revista, n. 36, p. 21–38, 2010.</p><p>TEIXEIRA, Simone; MENDES, Leila; CARISSIMI, Barbara; SANTOS, Penélope; NASSAR, Sergio.</p><p>Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Unidade 4. Rio de Janeiro: UVA, 2020. [texto</p><p>digital]</p><p>(LETRAS E INGLÊS)</p><p>KAROLINE BERNARDO PEREIRA</p>