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Apostila 1 - SEMESTRE I

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Questões resolvidas

Prévia do material em texto

<p>1</p><p>UECE</p><p>LABORATÓRIOS MISTOS DE LINGUAGEM,</p><p>CULTURA E COGNIÇÃO – LINC/COGNITION</p><p>PORTUGUÊS</p><p>2</p><p>EXPEDIENTE</p><p>EQUIPE DE ELABORAÇÃO E REVISÃO</p><p>Ana Natália de Queiroz Rodrigues</p><p>Deislania Lima Braga</p><p>Davi Brito</p><p>Luiz Eleildo Alves</p><p>Jéssica Taynnar Barbosa Lira</p><p>Kandice da Silva Ferreira</p><p>Thaysa Cavalcante</p><p>SUPERVISÃO PEDAGÓGICA</p><p>Profa. Doutora Suelene Silva Oliveira Nascimento</p><p>3</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Olá, car@ amig@!</p><p>O material que estamos levando às suas mãos é fruto de um extenso trabalho de pesquisa, elaboração</p><p>e reelaboração de conteúdos e atividades tendo como base norteadora o texto. É uma experiência nova</p><p>e decidimos compartilhá-la com você. Nosso objetivo é tentar fazer com que nossos alunos percebam</p><p>que a Língua Portuguesa não é complicada, afinal de contas é através dela que nos comunicamos</p><p>oralmente em interações face a face, através da escrita em bilhetes, cartas e, agora, pelas redes</p><p>sociais. Não é mesmo? Então, por que pensamos ser tão difícil “aprender Português”?</p><p>Na verdade, precisamos dar um salto nos estudos e um grande drible nas inúmeras regras abstratas</p><p>das gramáticas. É necessário superar o instrucionismo dos materiais didáticos e do ensino da Língua</p><p>descontextualizado. Assim, trazemos para você o volume 1 deste material que nada mais é que uma</p><p>tentativa de refletir a língua “em sua totalidade concreta e viva” através de textos e de situações</p><p>cotidianas. Para o sucesso deste trabalho, contamos com você. Sua participação nas discussões em</p><p>cada aula é importantíssima.</p><p>E aí, topa o desafio? Então vamos lá!</p><p>Os autores</p><p>4</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 1 8</p><p>Linguagem e texto</p><p>Narração e narratividade</p><p>Gêneros textuais</p><p>Relato pessoal</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>20</p><p>Elementos da comunicação</p><p>Funções da Linguagem</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>32</p><p>Intertextualidade</p><p>CAPÍTULO 4</p><p>Variações linguísticas</p><p>41</p><p>CAPÍTULO 5</p><p>Coerência e coesão</p><p>50</p><p>CAPÍTULO 6</p><p>Relações semânticas homonímia, paronímia e sinonímia</p><p>63</p><p>CAPÍTULO 7</p><p>Figuras de linguagem</p><p>72</p><p>CAPÍTULO 8 88</p><p>Pressupostos e subentendidos</p><p>5</p><p>Para começo de conversa</p><p>Olá, amigo(a)s!</p><p>Você já percebeu a linguagem está presente em nosso dia a dia? Em casa, no trabalho, na</p><p>escola, no restaurante etc. Onde quer que estejamos, a linguagem nos acompanha. Isso porque ela é</p><p>parte de nós; ela constrói nossas crenças, nossos costumes, nossos valores, até nossas preferências.</p><p>Através da linguagem podemos falar sobre o que existiu e até criar coisas novas, universos diferentes</p><p>com personagens diversos.</p><p>A linguagem nos envolve, provocando sobre nós um impacto que sequer imaginávamos ser</p><p>causado. Por essa razão, a linguagem exerce um enorme fascínio sobre o homem, que buscou diversos</p><p>modos de defini-la e estudá-la.</p><p>Preste atenção nas imagens abaixo. Com certeza você já viu algo parecido por aí.</p><p>Vamos dialogar um pouco:</p><p>• O que você observa de diferente entre essas imagens?</p><p>• Em que situações do cotidiano podemos encontrá-las?</p><p>• O que elas possuem em comum?</p><p>Disponível em: http://publicinove.com.br/</p><p>6</p><p>Podemos considerar a linguagem como</p><p>Um processo comunicativo pelo qual as pessoas interagem umas com as outras,</p><p>construindo significados sobre si mesmas, sobre o mundo e sobre os seres que o</p><p>habitam</p><p>Há inúmeras formas de manifestação da linguagem, como a música, a dança, a fotografia – o que nos</p><p>leva à afirmação de que a linguagem não precisa ser – e não é – apenas verbal, mas pode manifestar-</p><p>se de forma não-verbal.</p><p>O texto é um dos grandes responsáveis pela ocorrência desse processo de interação, e conceituá-lo</p><p>não é uma tarefa muito fácil.</p><p>As imagens que apresentamos anteriormente são exemplos de textos que são produzidos nas mais</p><p>diversas situações interativas e só podemos interpretá-los quando conseguimos relacionar elementos</p><p>de diversas ordens: as palavras, as imagens, as informações prévias que temos sobre determinado</p><p>assunto, o próprio momento em que enunciamos, etc.</p><p>Observe a tirinha abaixo.</p><p>• Observando atentamente os três quadrinhos, qual parece ter sido o objetivo das placas com as quais</p><p>Garfield se depara? Por quem podemos inferir que ela foi produzida?</p><p>• A que corresponde a “tradução” feita por Garfield? Em que ele se baseou para chegar a ela?</p><p>Como você deve ter percebido, a atitude do personagem da tirinha é a mesma que nós tomamos diante</p><p>de um texto. A prática da leitura não consiste em mera decodificação, mas nas inferências que</p><p>realizamos a partir dos elementos acima mencionados.</p><p>Segundo os PCN, “A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de</p><p>compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre</p><p>o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair</p><p>informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que</p><p>implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é</p><p>possível proficiência.</p><p>In: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua</p><p>portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998, pp.69-70.</p><p>7</p><p>Vejamos, agora, a seguinte imagem:</p><p> Quem são os personagens envolvidos? Você já os conhecia? De onde?</p><p> Em que consiste o humor da Charge?</p><p> O texto acima circulou em 2009, ano em que a gripe suína, também conhecida por gripe H1N1,</p><p>afetou grande parte da população mundial. Você acha que alguém que não conhece ou não</p><p>sabe o que é gripe suína poderia entender o texto acima? Quais elementos poderiam servir de</p><p>pistas para que esse possível desinformado entendesse o texto?</p><p>É desse modo que um texto se manifesta Não há como separá-lo nem do autor, nem do leitor,</p><p>nem do contexto em que foi produzido e consumido. Também não podemos considera-lo um</p><p>amontoado de frases desconexas; o texto é, ao mesmo tempo, um lugar de interação com uma</p><p>unidade de sentido. É justamente o texto, em suas múltiplas manifestações, que estudaremos</p><p>ao longo desta apostila.</p><p>8</p><p>CAPÍTULO I</p><p>Conteúdo:</p><p> Linguagem e texto;</p><p> Narração e narratividade;</p><p> Gêneros textuais;</p><p> Relato pessoal.</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Identificar a sequência narrativa em diversos tipos de gêneros;</p><p> Analisar os recursos linguísticos empregados para a construção de narrativas;</p><p> Conhecer e saber produzir um relato pessoal.</p><p>9</p><p>Olá, amigo(a)!</p><p>Iniciamos nossos estudos falando sobre a linguagem e sua importância em nossas vidas. Se você bem</p><p>lembra, dissemos também que o texto é uma unidade de sentido através da qual (inter)agimos no</p><p>mundo. Nesta primeira unidade, discutiremos um pouco mais sobre textos e seu caráter narrativo, além</p><p>de conhecermos alguns aspectos linguísticos implicados na produção de sentido.</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>Uma prática recorrente em nosso cotidiano é a de construir textos para contar histórias às pessoas.</p><p>Pode ser um simples acontecimento do dia, ou um fato que ocorreu com algum amigo, algo que</p><p>planejamos fazer, que já fizemos, até mesmo o que nem fizemos, etc. O fato é que estamos sempre</p><p>contando.</p><p>Veja esta história contada por Anton Tchekhov, um conhecido e importante escritor russo, que viveu</p><p>entre o fim do século XIX e comecinho do século XX:</p><p>Pamonha</p><p>Convidei há dias para o meu escritório a governanta de meus filhos, Iúlia Vassílievna. Era preciso acertar</p><p>que é mais comum na fala da</p><p>mulher do que na do homem.</p><p>Outra variação interessante é de determinados grupos profissionais, também denominado</p><p>jargão, pois alguns grupos têm terminologia própria, como médicos, professores, vendedores,</p><p>policiais e etc.</p><p>É interessante também tomarmos conhecimento da variação geográfica. Se você perceber,</p><p>além da mudança de língua de uma região para outra do planeta, temos variações em um mesmo</p><p>44</p><p>país que fala a mesma língua. A língua portuguesa, por exemplo, mostra diferenças de fala e</p><p>escrita em Portugal e no Brasil. Já dentro de Portugal e Brasil temos regiões que apresentam</p><p>marcas específicas, especialmente na fala. Tais variações são denominadas regionalismos,</p><p>dialetos ou falares locais.</p><p>A variação geográfica representa fatos sociais de uma determinada região e é interiorizada por</p><p>todos os falantes, já que sua aprendizagem ocorre, na maioria das vezes, no ambiente familiar</p><p>e permanece como marca de identidade de um grupo social.</p><p>Há ainda a variação histórica, em que a língua não se diversifica apenas no espaço social,</p><p>pessoal ou interpessoal, mas também no tempo. Uma variante divulgada por um grupo social,</p><p>em determinada época, pode ser deixada no transcorrer do tempo, em que sua marca fica</p><p>apenas no registro escrito. Vamos observar, por exemplo, os textos abaixo de épocas diferentes:</p><p>TEXTO I</p><p>“As armas, & os barões assinalados,</p><p>Que da Occidental praya Çusitana,</p><p>Por mares nunca de antes navegados,</p><p>Passaram ainda além da Taprobana</p><p>Em perigos, & guerras esforçados,</p><p>Mais do que prometia a força humana.</p><p>E entre gente remota edificarão</p><p>Nouo Reino, que tanto sublimarão.”</p><p>(DE OS LUSÍADAS, DE CAMÕES,</p><p>1572.)</p><p>TEXTO 2</p><p>“Ladroens há, dos quaes podemos</p><p>dizer, que tem mais mãos, que o gigante</p><p>Briareu, porque não lhes escapa</p><p>conjunção, lugar, nem tempo; e como se</p><p>tiveraõ mil maõs, á dextris, e a sinistris,</p><p>naõ erraõ lanço: e isto vem a ser furtar</p><p>com maõs proprias que naõ he muito; mas</p><p>furtar até com as alheas, há destreza</p><p>propria desta arte, que vence na malicia e</p><p>subtileza de todas as artes. ”</p><p>(Da Arte de furtar, atribuído ao Pe.</p><p>Antonio Vieira, 1744.)</p><p>Observe as mudanças linguísticas inclusive na escrita e discuta com seus colegas sobre o</p><p>processo de variação histórica presente nesses textos. Se quiser, anote abaixo as suas</p><p>observações.</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>__________________________________________________________________</p><p>Continuando nosso assunto sobre variação linguística, um dos processos mais discutidos é o da</p><p>variação entre as modalidades da linguagem verbal: a fala e a escrita. Fala e escrita devem</p><p>conviver e ajustar-se às intenções de seu uso informal e formal.</p><p>É comum presenciarmos a discriminação decorrente do uso de variantes, já que cada variante</p><p>representa um grupo social. Diante disso, muitas variantes menos destacadas socialmente ou</p><p>economicamente, são desprestigiadas. É a partir daí que surge o preconceito linguístico, em</p><p>que se julgam as pessoas pela sua maneira de falar ou escrever. Por exemplo, você já observou</p><p>que em algumas regiões, como o Nordeste, a pronúncia em uso é muitas vezes menosprezada</p><p>ou ironizada em novelas? Assim como em piadas também, não é mesmo?</p><p>É importante saber que não há uma língua portuguesa certa ou errada. O que têm-se é uma</p><p>variação ou variações de prestígio. Cabe a cada falante saber adequar seus atos verbais em</p><p>determinadas situações de uso. Dentro da língua falada, podemos encontrar algumas variações,</p><p>tais como a linguagem culta, compreendendo a obediência à gramática de língua-padrão; a</p><p>linguagem coloquial, que é aquela em que a língua é espontânea e usada para satisfazer as</p><p>necessidades vitais do falante, sem muita preocupação com as formas linguísticas. Há ainda a</p><p>denominada vulgar ou inculta, que é própria das pessoas sem instrução e a regional, que como</p><p>45</p><p>o próprio nome sugere, é típica de cada região.</p><p>Muito bem. Até aqui nós estudamos os vários níveis de variação linguística, mas será que você</p><p>compreendeu realmente que ela é consequência da propriedade da linguagem em nunca ser</p><p>idêntica em suas formas de discurso?</p><p>Esperamos que você reflita sobre a possibilidade da língua variar de falante para falante; que a</p><p>norma padrão tem e deve ser vista como uma variante de prestígio e que é preciso que haja um</p><p>respeito às diferenças, já que todos devem ter os mesmos direitos linguísticos.</p><p>PENSANDO NA LÍNGUA</p><p>Chegou a hora de praticarmos os nossos conhecimentos sobre a variação da língua.</p><p>Façamos agora a leitura de outra tirinha, que trata do assunto que estudamos neste</p><p>capítulo. Vamos lá!</p><p>Qual sua impressão sobre o texto que acabou de ler? Gostou? Então, vamos agora</p><p>responder alguns questionamentos sobre ele:</p><p>01. É possível afirmar que o texto trata da variação da língua? Que ocorrências presentes no</p><p>texto justificam sua resposta?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>__________________________________________________________________</p><p>02. Primeiramente, analisando a “evolução da língua” e tomando o texto numa visão geral, que</p><p>nível de variação linguística você observa? Por quê?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________</p><p>03. No primeiro quadrinho, o rapaz tenta conquistar a moça e, para tanto, ele faz escolhas</p><p>46</p><p>linguísticas para o seu discurso. Em sua opinião, que fatores o levam à suas escolhas?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________</p><p>04. No segundo quadrinho, a resposta da jovem não possui o mesmo sentido que no primeiro.</p><p>O que pode ter influenciado essa mudança de sentido?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________</p><p>05. No terceiro quadrinho, além da resposta da jovem possuir um sentido diferente às anteriores,</p><p>a pergunta feita à ela também é diferente. É possível afirmar que há não só um processo de</p><p>variação histórica presente nos diálogos dos personagens? Por quê? Que outros processos de</p><p>variação você observou? Como você justificaria suas conclusões a partir do texto?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>07. Além da mudança na língua ao decorrer do tempo, que outras mudanças você encontra no</p><p>texto? Será que elas são fatores que se relacionam com a língua? Justifique.</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>______</p><p>08. Elabore um pequeno resumo mediante nossas discussões feitas neste capítulo sobre a</p><p>Língua e suas variações, atendendo aos seguintes questionamentos: Você considera que a</p><p>língua é única para todos os falantes? Há variações? Quais? Por que e como elas ocorrem?</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________</p><p>Socialize suas respostas com seu professor e colegas!</p><p>47</p><p>PENSANDO NOS EXAMES</p><p>Questão 1. Enem 2014</p><p>Óia eu aqui de novo xaxando</p><p>Óia eu aqui de novo pra xaxar</p><p>Vou mostrar pr’esses cabras</p><p>Que eu ainda dou no couro</p><p>Isso é um desaforo</p><p>Que eu não posso levar</p><p>Que eu aqui de novo cantando</p><p>Que eu aqui de novo xaxando</p><p>Óia eu aqui de novo mostrando</p><p>Como se deve xaxar.</p><p>Vem cá morena linda</p><p>Vestida de chita</p><p>Você é a mais bonita</p><p>Desse meu lugar</p><p>Vai, chama Maria, chama Luzia</p><p>Vai, chama Zabé, chama Raque</p><p>Diz que tou aqui com alegria.</p><p>(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em <www.luizluagonzaga.mus.br > Acesso em 5 mai 2013)</p><p>A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do</p><p>Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é</p><p>a) “Isso é um desaforo”</p><p>b) “Diz que eu tou aqui com alegria”</p><p>c) “Vou mostrar pr’esses cabras”</p><p>d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”</p><p>e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”</p><p>Questão 2. Enem 2014</p><p>Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança</p><p>da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua</p><p>em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!</p><p>Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não</p><p>existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos</p><p>não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos</p><p>cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos dos cadernos de cultura</p><p>dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.</p><p>(POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).</p><p>48</p><p>Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo,</p><p>o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber</p><p>a) descartar as marcas de informalidade do texto.</p><p>b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.</p><p>c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.</p><p>d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.</p><p>e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela</p><p>escola.</p><p>Questão 3. Enem 2014</p><p>Em bom português</p><p>No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que</p><p>a gente é apanhada (aliás, não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do</p><p>plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte</p><p>do léxico cai em desuso.</p><p>Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam</p><p>assim:</p><p>– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem.</p><p>Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um filme que</p><p>trabalha muito bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho</p><p>em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um</p><p>automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão</p><p>andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão</p><p>sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher.</p><p>(SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984)</p><p>A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto</p><p>exemplifica essa característica da língua, evidenciando que</p><p>a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.</p><p>b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.</p><p>c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.</p><p>d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o</p><p>falante.</p><p>e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as</p><p>regiões</p><p>RESPOSTAS</p><p>49</p><p>Q.1 Q.2 Q.3</p><p>c d b</p><p>Você já conheceu ou conhece alguém que já sofreu preconceito linguístico? Escreva um</p><p>relato sobre essa lamentável experiência. Em seguida, compartilhe-o com seus colegas e</p><p>com o professor.</p><p>50</p><p>CAPÍTULO 5</p><p>Conteúdo:</p><p> Coerência e coesão</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Identificar os elementos que contribuem para a</p><p>construção da coesão e da coerência textuais.</p><p> Reconhecer os mecanismos que garantem a</p><p>manutenção/evolução de referentes e a progressão</p><p>das ideias no texto.</p><p> Identificar e solucionar os problemas de falta de</p><p>coesão e de incoerência em textos de diversos</p><p>gêneros.</p><p>51</p><p>Olá, amigos(as)!</p><p>Vimos, em capítulos anteriores, que o texto é um evento comunicativo que constitui uma unidade</p><p>de sentido. Mas, o que garante essa unidade ao texto? É sobre isso que conversaremos nesta</p><p>aula.</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>A COERÊNCIA</p><p>Você já foi chamado ou já chamou alguém de incoerente? O que nos leva a dizer que algo não</p><p>tem coerência?</p><p>Em geral, afirmamos que algo é incoerente quando não conseguimos encontrar um sentido, ou</p><p>quando as informações fornecidas parecem contraditórias.</p><p>Vejamos a letra de uma canção interpretada pela cantora Adriana Calcanhoto.</p><p>OITO ANOS</p><p>Por que você é flamengo</p><p>E meu pai botafogo?</p><p>O que significa</p><p>"impávido colosso"?</p><p>Por que os ossos doem</p><p>Enquanto a gente dorme?</p><p>Por que os dentes caem?</p><p>Por onde os filhos saem?</p><p>Por que os dedos murcham</p><p>Quando estou no banho?</p><p>Por que as ruas enchem</p><p>Quando está chovendo?</p><p>Quanto é mil trilhões</p><p>Vezes infinito?</p><p>Quem é Jesus Cristo?</p><p>Onde estão meus primos?</p><p>Well, well, well</p><p>Gabriel...</p><p>Well, Well, Well, Well...</p><p>Por que o fogo queima?</p><p>Por que a lua é branca?</p><p>Por que a terra roda?</p><p>Por que deitar agora?</p><p>Por que as cobras matam?</p><p>Por que o vidro embaça?</p><p>Por que você se pinta?</p><p>Por que</p><p>o tempo passa?</p><p>Por que que a gente espirra?</p><p>Por que as unhas crescem?</p><p>Por que o sangue corre?</p><p>Por que que a gente morre?</p><p>Do que é feita a nuvem?</p><p>Do que é feita a neve?</p><p>Como é que se escreve</p><p>Re...vèi...llon</p><p>Fonte: Paula Toller/Dunga. CD Partimpim, de Adriana</p><p>Calcanhoto, São Paulo, 2004.</p><p>52</p><p>• Você deve ter percebido que o texto se constrói principalmente sob a forma de perguntas. Elas</p><p>seguem uma sequência lógica?</p><p>• Analisando o conteúdo dessas perguntas, como elas podem se relacionar com o título do texto?</p><p>As perguntas parecem desconexas entre si, o que levaria o texto a parecer incoerente, ou sem sentido.</p><p>Mas, ao atentarmos para o título, percebemos que se trata de um apanhado de perguntas geralmente</p><p>feitas por crianças. E, ainda, acrescentaremos novas informações para a construção do sentido desse</p><p>texto se soubermos que Gabriel se refere ao filho de Paula Toller, que possui oito anos de idade. Pronto!</p><p>De posse dessas informações fornecidas pelo texto e de um certo conhecimento de mundo, chegamos</p><p>à conclusão de que a letra da música é construída a partir das indagações de Gabriel.</p><p>A unidade de um texto é um efeito garantido, entre outros fatores, pelo encadeamento de suas partes</p><p>como um conjunto de relações lógicas, ou em que possamos encontrar algum sentido, ou seja, um</p><p>texto compõe uma unidade de sentido se tiver coerência. Mas o que é coerência? Como a</p><p>identificamos?</p><p>Com o exemplo do texto acima, podemos afirmar que a coerência de um texto não se dá somente no</p><p>plano estritamente linguístico. O texto nos fornece elementos para que possamos dar os primeiros (e</p><p>importantes) passos na construção de seu sentido, mas sem a interação de outros tipos de</p><p>conhecimento – como o conhecimento de mundo – não será possível chegar a uma construção</p><p>satisfatória, o que ratifica o posicionamento que viemos defendendo desde o início desta apostila: o de</p><p>que o sentido se constrói na interação autor-texto-leitor.</p><p>Sendo assim, a coerência não está estritamente no texto, de modo que possamos delimitá-la, mas se</p><p>constrói a partir dele, em conjunto com a ativação de conhecimentos adquiridos ao longo de nossas</p><p>vidas.</p><p>Tipos de incoerência</p><p>A coerência se dá em vários níveis, assim como a incoerência. Dizemos que um texto é incoerente</p><p>em/para determinada situação quando não se consegue inferir um sentido ou uma ideia através da</p><p>articulação de suas frases e parágrafos</p><p>• Incoerência semântica:</p><p>• Incoerência sintática:</p><p>Contrata-se homem com experiência em administrar máquinas de moer carne e pessoas.</p><p>(Anúncio de emprego, O Povo, 13.06.1998)</p><p>• Incoerência estilística:</p><p>53</p><p>• Incoerência pragmática:</p><p>Em diversas situações, a incoerência é propositalmente estabelecida para provocar determinados</p><p>efeitos de sentido, como na tirinha abaixo.</p><p>Disponível em: http://exercicios.brasilescola.com/exercicios-redacao/exercicios-sobre-tipos-coerencia-textual.htm</p><p>• O que caracteriza a incoerência no texto?</p><p>• Que feito de sentido a falta de coerência provoca?</p><p>COESÃO</p><p>No tópico anterior, dissemos que uma das coisas que garantem a unidade de sentido de um texto é a</p><p>conexão entre as partes que o compõem, fazendo com que este não seja apenas um amontoado de</p><p>frases. Quando um texto é bem encadeado, dizemos que a coesão textual foi adequadamente</p><p>estabelecida.</p><p>Observe.</p><p>54</p><p>A incapacidade de ser verdadeiro</p><p>Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia, chegou em casa dizendo que vira no campo dois</p><p>Dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.</p><p>A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte, ele veio contando que caíra no pátio da</p><p>escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto</p><p>de queijo. Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol</p><p>durante quinze dias.</p><p>Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de</p><p>Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu</p><p>levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:</p><p>- Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.</p><p>ANDRADE, Carlos Drummond de. A cor de cada um. Rio de Janeiro, Ed. Record,1998</p><p>• A mãe de Paulo aplicava castigos para fazê-lo parar de contar mentiras. O que, no entanto, fez com</p><p>que ela chegasse ao extremo de levá-lo ao médico?</p><p>• Como eram vistas pelo médico as mentiras que Paulo contava? De que modo seu diagnóstico se</p><p>relaciona com o título do texto?</p><p>• Em “A mãe botou-o de castigo”, “[...] e ele provou e tinha gosto de queijo” e “a mãe decidiu levá-lo ao</p><p>médico”, a quem podemos afirmar que esses pronomes se referem? Que função eles estão exercendo</p><p>no texto?</p><p>• Em relação à coerência pode se dizer que o texto:</p><p>a. apresenta harmonia de sentido em decorrência da conexão estabelecida entre as partes.</p><p>b. expõe uma informação nova.</p><p>c. não apresenta contradições entre as ideias.</p><p>d. apresentar um ponto de vista, uma nova visão de mundo.</p><p>Argumente em defesa da sua resposta, justificando-a.</p><p>• Observe expressões destacadas nos seguintes trechos:</p><p>“Quando o menino voltou [...] a mãe decidiu levá-lo ao médico”</p><p>“Desta vez, Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias”</p><p>“A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola</p><p>um pedaço de lua...”</p><p>Que relações de sentido elas estabelecem no texto?</p><p>Refletindo a partir dos questionamentos levantados, percebemos que a coesão implica uma série de</p><p>mecanismos linguísticos que conferem ao texto progressão e unidade semântica e temática, ou</p><p>seja, o texto não se torna repetitivo, nem suas partes se apresentam desconectadas umas das outras,</p><p>mas seguem em sequência, convergindo para o mesmo assunto, de modo a contribuir para a</p><p>manutenção/evolução dos referentes1 instaurados no texto.</p><p>A coesão pode ser de dois tipos.</p><p>1 Os referentes são entidades instauradas e construídas no decorrer de nossas práticas discursivas. Não</p><p>correspondem a objetos do mundo real de modo especular, como se fossem rótulos para categorizar o mundo. São,</p><p>ao contrário, construídos no próprio discurso (daí serem chamados por Mondada e Dubois (2003) de objetos de</p><p>discurso), de acordo com nossas crenças, valores, desejos, conhecimentos, etc. (Ex.: a lua pode ser construída em</p><p>um texto como um objeto de contemplação, um satélite, uma estrela, etc., dependendo do discurso a que estiver</p><p>vinculada).</p><p>55</p><p>Chamamos coesão referencial quando um termo ou expressão substitui, refere-se a um outro</p><p>pertencente ao universo textual. Esse tipo de coesão também pode ocorrer sem uma expressão</p><p>referencial explícita, sob a forma de inferência.</p><p>REITERAÇÃO</p><p>REPETIÇÃO</p><p>PARÁFRASE</p><p>LEXICAL</p><p>GRAMATICAL</p><p>PARALELISMO</p><p>REPETIÇÃO</p><p>SUBSTITUIÇÃO</p><p>GRAMATICAL</p><p>PRONOMES</p><p>NUMERAIS</p><p>ADVÉRBIOS</p><p>LEXICAL</p><p>SINONÍMIA</p><p>HIPERONÍMIA</p><p>CARACTERIZAÇÃO</p><p>ELIPSE ELIPSE</p><p>Já a coesão sequencial ocorre por meio dos componentes do texto que estabelecem relações</p><p>semânticas entre orações, períodos ou parágrafos à medida que o texto progride</p><p>SEQUÊNCIA</p><p>TEMPORAL</p><p>ENCADEAMENTO</p><p>LÓGICO</p><p>ORDENAÇÃO DE</p><p>TEMPO</p><p>TEMPO VERBAL</p><p>CONECTIVA</p><p>PREPOSIÇÃO</p><p>CONJUNÇÕES</p><p>ATENÇÃO!</p><p>1. A coesão de um texto nem sempre ocorre através de elementos estritamente linguísticos. Observe</p><p>o texto abaixo.</p><p>56</p><p>• É possível estabelecer alguma relação entre os enunciados contidos no texto?</p><p>• A expressão “Tirar a roupa” aparece várias vezes no texto. Qual o efeito dessa repetição no texto?</p><p>Que sentido essa expressão assume?</p><p>• Segundo o texto, qual seria o “jeito muito mais fácil” de se tornar uma celebridade?</p><p>Você deve ter percebido que, nesse</p><p>caso, a coesão é resultado de operações inferenciais, e é</p><p>de extrema importância para garantir que a coerência do texto seja construída.</p><p>* A coesão não é nem condição necessária, nem suficiente para o estabelecimento da coerência,</p><p>tampouco são opostas. As duas estabelecem relação de complementaridade (como vimos no caso do</p><p>texto acima).</p><p>(INTER)AGINDO COM O TEXTO</p><p>Dom Casmurro</p><p>Costumo ler de tudo. Pesquiso sobre a vida dos escritores e tenho fases de obsessão,</p><p>dependendo do momento da minha vida. Quando eu era pré-adolescente, por exemplo, tinha fixação</p><p>por Pedro Bandeira. Lia todos os livros infanto-juvenis do escritor, até que eu entrei para o Ensino</p><p>Médio. Eu gostava de Clarice Lispector antes dela assinar frases fictícias filosofando sobre a vida</p><p>em timelines aleatórias no Facebook. Tive a fase Luís Fernando Veríssimo, porque sempre achei</p><p>este senhor muito culto e irônico, além de carregar o estigma de ser filho do grande Érico Veríssimo.</p><p>Ponto pra ele.</p><p>Quando ia acampar com minha irmã, lia Martha Medeiros. Lembro que a gente ia para a beira</p><p>da Lagoa, ela com a cara ensopada de protetor solar, camiseta, chapéu, o medo de pegar sol e o livro</p><p>“Montanha Russa”, da Martha. Teve uma época em que eu estava mais pro suspense, então devorava</p><p>Agatha Christie e todos os assassinatos desvendados brilhantemente por Hercule Poirot.</p><p>57</p><p>Ultimamente, estou meio obcecada por escritores novos, como o Gregório Duvivier. O cara</p><p>tem vinte e oito anos, é escritor, roteirista, ator, comediante, inteligente, esquerdista e lindo. Espero</p><p>ansiosa pela segunda-feira, dia de publicação na sua coluna semanal na Folha de São Paulo, um dos</p><p>meus poucos prazeres nesse dia cruel. Além disso, teve seu novo livro, "Put some Farofa" elogiado e</p><p>recomendado por nada mais nada menos que meu velho Veríssimo. Porém, talvez nenhum escritor</p><p>tenha me intrigado tanto durante minha formação como leitora e observadora-reflexiva como Machado</p><p>de Assis. Todo mundo na época de colégio torcia o nariz para as obras do escritor, talvez pela</p><p>linguagem rebuscada do final do século XIX e por buscarem leituras que estivessem ligadas ao universo</p><p>adolescente. Não sei. Só sei que ele me ganhou com Dom Casmurro. Lembro que li para o vestibular,</p><p>depois reli por prazer e li pela terceira vez com um olho clínico, uma percepção de detetive, inspirada</p><p>no Poirot na tentativa de desvendar o assassinato do amor de Bentinho por Capitu, que morreu aos</p><p>poucos, sufocado pelo orgulho e pela dúvida da traição. Fiquei dias, semanas, meses, tentando</p><p>encontrar uma resposta. Sem sucesso. Nem eu nem grandes estudiosos da obra de Machado de Assis</p><p>encontraram respostas para tal enigma literário.</p><p>A mesma sensação que algumas pessoas têm ao ler sobre o amor de Edward e Bella ou sobre</p><p>a descrição detalhada do mundo mágico de Harry Potter eu tive diversas vezes lendo Dom Casmurro.</p><p>Eu fechava o livro e os olhos e imaginava cada cena. Bentinho penteando os cabelos de Capitu, o beijo,</p><p>a esperteza de Capitu ao fingir para a mãe que nada aconteceu. A descrição do autor para os olhos</p><p>da moça: "olhos de ressaca". Quer algo mais profundo e poético do que isso? Olhos que, assim como</p><p>o mar em dias de ressaca, arrasta tudo para dentro de si. "Olhos de cigana obliqua e dissimulada".</p><p>Fiquei sem ar e sem chão lendo esse livro. Machado descrevia cada cena com uma riqueza poética e</p><p>metafórica que me deixou apaixonada pela história de Bento e Capitolina. Até que o livro acabou, pela</p><p>terceira vez. E virou minissérie. E conseguiu manter a genialidade e a poesia do livro, para minha</p><p>satisfação.</p><p>Ah, se esses leitores de meia tigela que gastam tempo publicando frases e pensamentos de</p><p>escritores que nunca leram soubessem o valor de um bom Machado de Assis. E de Clarice Lispector,</p><p>quando não for uma frase aleatória atribuída à ela filosofando sobre a vida, da forma mais clichê</p><p>possível.</p><p>Jenifer Severo. Inquietação Crônica. Disponível em:</p><p>http://inquietacaocronica1.blogspot.com.br/2014/11/dom-casmurro.html Acesso: 09/06/16.</p><p>01. Refletimos, a partir das nossas aulas, que a coesão implica uma série de mecanismos linguísticos</p><p>que conferem ao texto progressão e unidade semântica e temática, ou seja, o texto não se torna</p><p>repetitivo, nem suas partes se apresentam desconectadas umas das outras, mas seguem em</p><p>sequência, convergindo para o mesmo assunto, de modo a contribuir para a manutenção/evolução dos</p><p>referentes instaurados no texto.</p><p>Chamamos coesão referencial quando um termo ou expressão substitui, refere-se a um outro</p><p>pertencente ao universo textual. Esse tipo de coesão também pode ocorrer sem uma expressão</p><p>referencial explícita, sob a forma de inferência.</p><p>Vimos algumas formas referenciais utilizadas nos textos para estabelecer essa coesão referencial. Uma</p><p>delas é a substituição que, a grosso modo, é referir-se à mesma coisa utilizando outras palavras.</p><p>Sabendo disso, marque a opção que apresenta formas utilizadas para o mesmo referente de acordo</p><p>com a sequência do texto lido:</p><p>a) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO – ESTE SENHOR – DETETIVE</p><p>b) SEGUNDA-FEIRA – DIA CRUEL – UM DOS MEUS POUCOS PRAZERES</p><p>c) MACHADO DE ASSIS – BENTINHO – DETETIVE</p><p>d) GREGÓRIO DUVIVIER – O CARA – ESCRITOR</p><p>02. Observe a parte destacada no trecho a seguir:</p><p>http://inquietacaocronica1.blogspot.com.br/2014/11/dom-casmurro.html</p><p>58</p><p>Qual figura de linguagem está presente no trecho em negrito?</p><p>a) Metonímia</p><p>b) Antítese</p><p>c) Ironia</p><p>d) Hipérbole</p><p>03. Releia:</p><p>O trecho sublinhado - “da moça” – refere à Capitu, personagem do romance Dom Casmurro.</p><p>Retornando ao texto, responda:</p><p>“da moça” é, na posição em que aparece no texto, uma anáfora ou uma catáfora em relação à “Capitu”?</p><p>_______________________________________________</p><p>PENSANDO NOS EXAMES</p><p>Questão 1. (ASEP)</p><p>"Como a natureza, é capaz de preservar os ganhos e erradicar os erros para continuar a existir.";</p><p>a forma EQUIVOCADA de reescrever-se esse mesmo segmento é:</p><p>a) É capaz, como a natureza, de preservar os ganhos e erradicar os erros para continuar a</p><p>existir;</p><p>b) Como a natureza, para continuar a existir, é capaz de preservar os ganhos e erradicar os</p><p>erros;</p><p>c) Para continuar a existir, é capaz de preservar os ganhos e erradicar os erros, como a</p><p>natureza;</p><p>d) É capaz de preservar os ganhos, como a natureza, e erradicar os erros para continuar a</p><p>existir;</p><p>e) É capaz de preservar os ganhos e erradicar os erros, como a natureza, para continuar a</p><p>existir.</p><p>Questão 2. (CGJ)</p><p>“a diminuição dos processos normais de metabolismo e crescimento economiza energia...”</p><p>equivale a “a energia é economizada ao se reduzirem os processos normais de metabolismo e</p><p>crescimento”; o item abaixo em que as duas frases NÃO se equivalem é:</p><p>a) O governo criou a cesta básica para ajudar os pobres.</p><p>O governo pretende ajudar os pobres, criando a cesta básica.</p><p>b) Os alunos estão mais contentes hoje do que ontem.</p><p>Os alunos estavam menos contentes ontem do que estão hoje.</p><p>“Eu gostava de Clarice Lispector antes dela assinar frases fictícias</p><p>filosofando sobre a vida em timelines aleatórias no Facebook.”</p><p>A descrição do autor para os olhos da moça: "olhos de ressaca".</p><p>59</p><p>c) Melões estão na promoção: compre dois a R$l,00 cada e leve outro de graça.</p><p>Melões estão na promoção, três por R$2,00.</p><p>d) O aluguel é de R$10,00 por volta na pista, a qualquer hora.</p><p>Não há momento em que a taxa por volta na pista seja diferente de R$l0,00.</p><p>e) O quadrado é azul com manchas vermelhas dentro.</p><p>O objeto azul é um quadrado com manchas vermelhas dentro.</p><p>Questão 3. (TRF)</p><p>O sentido de "...o autor de um bom manual de aritmética para o ensino médio não é</p><p>necessariamente um intelectual, mas, se ele escrever esse livro adotando critérios pedagógicos</p><p>inovadores</p><p>e eficazes, pode ser" fica profundamente alterado com a substituição de "se ele</p><p>escrever esse livro" por:</p><p>a) caso ele escreva esse livro;</p><p>b) conquanto ele escreva esse livro;</p><p>c) desde que ele escreva esse livro;</p><p>d) uma vez que ele escreva esse livro;</p><p>e) escrevendo ele esse livro.</p><p>Questão 4. (TRF)</p><p>O sentido de “associará a felicidade ao exercício das virtudes, que, embora árduo, compele os</p><p>homens a se defrontar com a realidade” sofre profunda alteração se o enunciado for reescrito do</p><p>seguinte modo:</p><p>a) associará a felicidade ao exercício das virtudes, que, conquanto árduo, compele os homens a</p><p>se defrontar com a realidade;</p><p>b) associará a felicidade ao exercício das virtudes, que, sendo árduo, compele todavia os</p><p>homens a se defrontar com a realidade;</p><p>c) associará a felicidade ao exercício das virtudes, que é árduo, sim, contudo compele os</p><p>homens a se defrontar com a realidade;</p><p>d) associará a felicidade ao exercício das virtudes, que, árduo, compele por isso mesmo os</p><p>homens a se defrontar com a realidade;</p><p>e) associará a felicidade ao exercício das virtudes, o qual, árduo que seja, compele ainda assim</p><p>os homens a se defrontar com a realidade.</p><p>Questão 5. (TRF)</p><p>O pronome sublinhado em "Não surpreende que assim seja, porque desta definição depende em</p><p>parte o estabelecimento das credenciais dos atores que hoje estão envolvidos na luta dos negros</p><p>pelo lugar na sociedade brasileira que nem a abolição, nem os cem anos que a seguiram lhes</p><p>propiciaram." está em clara referência ao termo:</p><p>a) negros;</p><p>b) atores;</p><p>c) credenciais;</p><p>d) cem anos;</p><p>e) envolvidos.</p><p>60</p><p>Questão 6. (TRE)</p><p>"Apesar da urgência da organização..."; nesse segmento do texto, a locução "apesar de" pode</p><p>ser perfeitamente substituída por:</p><p>a) não obstante;</p><p>b) entretanto;</p><p>c) visto que;</p><p>d) já que;</p><p>e) após.</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4 Q.5 Q.6</p><p>d c b d a a</p><p>61</p><p>(INTER)AGINDO COM TEXTOS</p><p>A Notícia</p><p>Car@ alun@, diariamente vemos surgindo em jornais ou revistas, nas redes sociais, etc., diversos</p><p>textos que visam informar sobre um tema atual ou algum acontecimento real. Vejamos, poe exemplo,</p><p>o texto a seguir:</p><p>Número de mortos em terremotos no Japão sobe para 47</p><p>Mulher morreu de trombose e autoridades temem novos casos.</p><p>País já registrou mais 620 tremores desde quinta-feira.</p><p>Da EFE</p><p>FACEB</p><p>Foto: Yohei Fukai/Kyodo News via AP</p><p>As autoridades japonesas elevaram nesta terça-feira (19) para 47 o número de vítimas</p><p>mortais por causa dos dois potentes terremotos que atingiram na quinta (14) e no sábado (16) as</p><p>Prefeituras de Kumamoto e Oita, na ilha de Kyushu, no sudoeste do arquipélago japonês, segundo</p><p>a agência EFE.</p><p>A emissora pública "NHK" informou que as equipes de resgate seguem em busca de</p><p>sobreviventes. Mais de 100 mil pessoas seguem abrigadas em edifícios municipais e colégios.</p><p>Desde quinta, a Agência Meteorológica do Japão (JAMA) já registrou mais 620 tremores.</p><p>Autoridades disseram que uma mulher de 51 anos morreu de trombose na cidade de</p><p>Kumamoto. Ela é uma das pessoas que ficaram presas em um veículo por muito tempo por causa</p><p>dos tremores.</p><p>http://www.facebook.com/</p><p>http://www.facebook.com/</p><p>62</p><p>Funcionários da saúde estão atentos para o aparecimento de novos casos de trombose</p><p>venosa profunda, que provoca a formação de coágulos nas veias das pernas após longo período</p><p>de movimentação limitada. Ela também conhecida como “síndrome da classe econômica”.</p><p>A mulher adoeceu na segunda-feira e foi transferida a um hospital hoje, onde foi tratada sem</p><p>sucesso e acabou morrendo uma hora depois, segundo a EFE.</p><p>Pelo menos outras 18 pessoas que tinham ficado em seus automóveis após foram</p><p>hospitalizadas com o mesmo diagnóstico. Os serviços de saúde estão atentos para a possibilidade</p><p>de que ocorram novas mortes por este fenômeno, informou a NHK.</p><p>O primeiro dos dois terremotos mais potentes, de 6,5 graus de magnitude na escala aberta</p><p>de Richter, atingiu a zona na noite da quinta-feira, enquanto outro de 7,3 graus aconteceu na</p><p>madrugada do sábado, provocando o desabamento de construções e deslizamentos de terra,</p><p>especialmente em Mashiki e Minamiaso. Muitas pessoas permanecem sem água, luz e gás.</p><p>Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/numero-de-vitimas-de-terremotos-no-japao-sobe-para-47.html</p><p>Notícias possuem teor informativo e podem ser textos descritivos e narrativos ao mesmo tempo,</p><p>apresentando, portanto, tempo, espaço e as personagens envolvidas.</p><p>O texto que você acabou de ler, por exemplo, apresenta teor informativo, uma vez que visa apresentar</p><p>informações sobre as vítimas do terremoto no Japão, mas também apresenta características</p><p>descritivas.</p><p>A partir do que discutimos neste capítulo, tente identificar no texto recursos coesivos (de substituição</p><p>ou repetição empregados no texto. Atente, por exemplo, para a importância do uso desses e outros</p><p>recursos coesivos para tornar o texto mais fluente, mais informativo e menos repetitivo.</p><p>http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/04/numero-de-vitimas-de-terremotos-no-japao-sobe-para-47.html</p><p>63</p><p>CAPÍTULO 6</p><p>Conteúdo:</p><p> Relações semânticas homonímia, paronímia e sinonímia</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Conhecer a escrita de algumas palavras;</p><p> Diferenciá-las semanticamente;</p><p>64</p><p>Saudações amig@s,</p><p>Nesse módulo, já lemos vários assuntos sobre a nossa querida língua portuguesa. Quanta coisa já</p><p>vimos, hein!? Hoje, vamos desbravar o mar das nossas ignorâncias acerca das palavras que, às vezes</p><p>têm a mesma pronúncia e escritas diferentes. Vamos entender esse fenômeno tão confuso?</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>Existem textos cuja finalidade é vender um produto. Para a atenção de seu leitor é usado artifícios tanto</p><p>de imagens como de jogos de palavras, tudo pela venda! O meio mais comum de se encontrar esse</p><p>gênero é entre os intervalos de algum programa de televisão ou pela própria internet quando</p><p>acessamos algum site. Vamos ler e compreender um texto desse gênero:</p><p>Figura 1-http://nutsideias.com.br/blog/wp-content/uploads/2008/11/laranja.jpg</p><p>01. De que gênero se trata o texto acima? Que produto está sendo vendido?</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________</p><p>02. Já lemos sobre intertextualidade, texto que retomam outros textos lidos anteriormente, utilizando</p><p>seus conhecimentos prévios, qual intertextualidade encontramos no texto lido? Justifique.</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________</p><p>03. Sobre o jogo de palavras citado anteriormente, a palavra bagaço assume duplo sentido. Qual</p><p>seriam eles?</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________</p><p>04. Além de vender seu produto, a Hortifruti (promotora desse anúncio) incentiva algo muito importante</p><p>na sociedade. O que seria?</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________</p><p>65</p><p>PENSANDO NA LÍNGUA</p><p>No exercício anterior, você observou que a palavra “bagaço” no anúncio possibilitava</p><p>mais de um</p><p>significado, a esse fenômeno nós chamamos de Polissemia (do grego poli:</p><p>"muitos"; sema:"significados"). Porém não existe só essa relação semântica (de sentido), vamos</p><p>conhecer as demais...</p><p>Polissemia</p><p>Se alguém perguntar a você o que significa gato em português, qual resposta você daria?</p><p>Observe os seguintes contextos:</p><p>A palavra “gato” com certeza não tem o mesmo sentido nas frases acima. Enquanto na primeira</p><p>frase equivale a bonito, na segunda significa animal, felino. O nome desse fenômeno, como já exposto,</p><p>é polissemia (do grego poli: "muitos"; sema: "significados"). Existem muitas palavras que se</p><p>enquadrariam nesse conceito, você conhece alguma? Vejamos alguns exemplos:</p><p>1- A mãe vela pelo sono do filho doente.</p><p>2- O barco à vela foi movido pelo vento.</p><p>3- Quando acabou a luz, a menina acendeu</p><p>uma vela.</p><p>1- O compositor escreveu a letra da canção</p><p>para seu filho.</p><p>2- A letra “H” é a oitava em nosso alfabeto.</p><p>3- Sua letra é muito bonita!</p><p>Identifique o sentido de cada palavra destacada em seus contextos.</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>Homófonos</p><p>Como você pronuncia as palavras abaixo?</p><p>1. O meu vizinho é um gato!</p><p>2. Meu vizinho tem um gato preto.</p><p>cela– sela</p><p>coser–cozer</p><p>concerto– conserto</p><p>censo– senso</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega</p><p>66</p><p>Observou que todas são pronunciadas iguais? Agora procure o significado de cada uma delas no</p><p>dicionário? Verificou que o significado é diferente? Esse fenômeno ocorre na língua portuguesa e recebe</p><p>o nome de homofonia (palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente). Veja os exemplos abaixo:</p><p>Acento/assento</p><p>A palavra estômago tem acento circunflexo. (Sinal gráfico)</p><p>No ônibus cedi meu assento ao senhor idoso. (Cadeira, lugar)</p><p>Aço/asso</p><p>Esta barra de aço é muito resistente. (Liga de ferro)</p><p>Quase asso com tanto calor! (Verbo assar)</p><p>Cento/sento</p><p>Minha vizinha está muito gorda, pesa cento e trinta quilos. (Cem)</p><p>Eu sento aqui e fico esperando você voltar. (Verbo sentar)</p><p>Cerrar/serrar</p><p>O carpinteiro vai serrar a madeira para fazer uma escrivaninha. (Cortar com serra)</p><p>A direção chamou o funcionário para cerrar o contrato de trabalho. (Fechar, terminar)</p><p>Sena/cena</p><p>Você sabe os números sorteados na sena? (Lotaria)</p><p>A cena do crime foi investigada pelos especialistas. (Cenário)</p><p>Sessão/seção/cessão</p><p>Você quer ir comigo ao cinema ver o filme da sessão das dez horas? (Reunião, apresentação)</p><p>Não sei qual a minha seção eleitoral. (Divisão, repartição)</p><p>O paciente permitiu a cessão de seus órgãos internos para transplantes e estudo. (Cedência)</p><p>Trás/traz</p><p>Quando ele a chamou, ela olhou para trás. (Local posterior)</p><p>Não se preocupem, ele traz o material. (Verbo trazer)</p><p>Vaso/vazo</p><p>Coloque este material naquele vaso e continue a trabalhar. (Recipiente)</p><p>Eu vazo a água no fim do dia e amanhã damos uma limpeza na piscina. (Deixar sair)</p><p>Homógrafos</p><p>Identifique nas frases abaixo as palavras grifadas que possuem o som aberto.</p><p>Eu gosto de você. (verbo) - Meu gosto é diferente do seu. (substantivo).</p><p>O presidente discursou com muito acerto. (substantivo) - Eu nunca acerto nas respostas deste jogo.</p><p>(verbo).</p><p>O almoço de domingo estava delicioso! (substantivo) - Hoje eu almoço com você. (verbo).</p><p>Você deve ter observado que mudando os sons de algumas palavras mudamos o seu significado.</p><p>Se observar mais atentamente aos parênteses observará também que as classes gramaticais (assuntos</p><p>do próximos módulos) mudará também. Esse fenômeno é conhecido como homografia, ou seja, palavras</p><p>que possuem grafias iguais, porém sons diferentes.</p><p>Paronímia</p><p>Muitas vezes nos deparamos com a seguinte situação:</p><p>67</p><p>Disponível < http://www.adirferreira.com.br/wp-content/uploads/2012/01/mao-lapis.jpg>, acesso em 27/08/15. Adaptado para fins</p><p>didáticos.</p><p>As duas palavras existem em língua portuguesa, porém elas possuem significados diferentes. A esse</p><p>fenômeno de palavras com grafia e som parecidos chamamos de paronímia.</p><p>Extra:</p><p>Procure no dicionário os significados das palavras da figura. Após esse procedimento formule duas frases</p><p>para cada uma delas.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________</p><p>PENSANDO NOS EXAMES</p><p>Questão 1. (TRE/PE 2011)</p><p>O par grifado que constitui exemplo de parônimos está em:</p><p>a) (No espaço de uma noite), o rio havia transbordado e inundado o quintal da casa.</p><p>(Pela manhã), foi possível constatar a força destrutiva das águas.</p><p>b) O rio se convertera em (um caudaloso fluxo de águas sujas).</p><p>O menino se assustou com (a violência barrenta das águas).</p><p>c) Famílias (eminentes) podiam ir para o campo, fugindo do bulício da cidade.</p><p>Eram (iminentes) os riscos causados pela inundação das águas barrentas do rio.</p><p>d) Era urgente a necessidade de obras para a (contenção) do rio.</p><p>Havia heroísmo na (concentração) dos homens que lutavam contra a corrente.</p><p>68</p><p>e) No pomar atrás da casa havia frutas, entre elas, (mangas) e cajus.</p><p>Em (mangas) de camisa, homens tentavam salvar o que as águas levavam.</p><p>Questão 2. (TRE/TO 2011)</p><p>Considerando-se o par de palavras eminentes / iminentes, é correto afirmar que se trata de exemplo de</p><p>a) antonímia.</p><p>b) sinonímia.</p><p>c) paronímia.</p><p>d) homonímia.</p><p>e) homofonia.</p><p>Questão 3. (TRE/TO 2011)</p><p>03 A palavra “tráfico” não deve ser confundida com “tráfego”, seu parônimo. Em que item a seguir o par</p><p>de vocábulos é exemplo de homonímia e não de paronímia?</p><p>a) estrato/extrato</p><p>b) flagrante/fragrante</p><p>c) eminente/iminente</p><p>d) inflação/infração</p><p>e) cavaleiro/cavalheiro</p><p>Questão 4. (TRE/TO 2011)</p><p>Indique a letra na qual as palavras completam, corretamente, os espaços das frases abaixo.</p><p>Quem possui deficiência auditiva não consegue ____________ os sons com nitidez.</p><p>Hoje são muitos os governos que passaram a combater o ____________ de entorpecentes com rigor.</p><p>O diretor do presídio ______________ pesado castigo aos prisioneiros revoltosos.</p><p>a) discriminar – tráfico – infligiu</p><p>b) discriminar – tráfico – infringiu</p><p>c) descriminar – tráfego – infringiu</p><p>d) descriminar – tráfego – infligiu</p><p>e) descriminar – tráfico – infringiu</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4</p><p>c c a a</p><p>69</p><p>(INTER)AGINDO COM TEXTOS</p><p>A Notícia</p><p>Nesta segunda parte do semestre estamos estudando o gênero Notícia. Às vezes podemos pensar que</p><p>as notícias trazem apenas informações negativas a respeito de algum fato cotidiano. Isso porque</p><p>geralmente vemos nas primeiras páginas dos jornais questões sobre a violência, a insegurança, desastres</p><p>ecológicos, acidentes, enfim. No entanto, podemos noticiar qualquer fato. O texto que leremos a seguir,</p><p>por exemplo, narra uma linda e emocionante história de amor.</p><p>Carta de amor de veterano da II Guerra para</p><p>esposa é encontrada após 70 anos</p><p>“O amor deles é um exemplo lindo do que a vida pode ser”, declarou Melina, uma das filhas do</p><p>casal.</p><p>( Reprodução / Youtube )</p><p>Uma mulher de Colorado, nos Estados Unidos, estava buscando em um brechó local comprar</p><p>discos de vinil antigos de artistas</p><p>que sua mãe costumava ouvir, mas acabou encontrando algo ainda</p><p>mais precioso por entre os objetos empoeirados. Ilene Ortiz encontrou uma linda carta de amor</p><p>escrita há 70 anos por Bill Moore, um homem que, na época em que a carta foi escrita, tinha 20 anos</p><p>de idade, era um soldado na II Guerra Mundial e dirigiu as palavras para a mulher que viria a se casar,</p><p>sua amada Bernadean, em janeiro de 1945.</p><p>Interessada em devolver o bonito documento para os responsáveis, Ilene entrou em contato</p><p>com Melina Gale, uma das herdeiras do casal apaixonado.</p><p>Eu não consigo acreditar que Ilene achou isso”, disse Gale à CBS. “A maior parte do namoro</p><p>dos meus pais era através de cartas na guerra. E isso é uma coisa que eu me lembro dela falando.</p><p>javascript:fbShare('http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/onlinecarta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608',%20'Carta%20de%20amor%20de%20veterano%20da%20II%20Guerra%20para%20esposa%20%C3%A9%20encontrada%20ap%C3%B3s%2070%20anos',%20'%20%E2%80%9CO%20amor%20deles%20%C3%A9%20um%20exemplo%20lindo%20do%20que%20a%20vida%20pode%20ser%E2%80%9D,%20declarou%20Melina,%20uma%20das%20filhas%20do%20casal',%20'http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/img/diario/logo_dn_facebook.jpg',%20520,%20350)</p><p>javascript:fbShare('http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/onlinecarta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608',%20'Carta%20de%20amor%20de%20veterano%20da%20II%20Guerra%20para%20esposa%20%C3%A9%20encontrada%20ap%C3%B3s%2070%20anos',%20'%20%E2%80%9CO%20amor%20deles%20%C3%A9%20um%20exemplo%20lindo%20do%20que%20a%20vida%20pode%20ser%E2%80%9D,%20declarou%20Melina,%20uma%20das%20filhas%20do%20casal',%20'http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/img/diario/logo_dn_facebook.jpg',%20520,%20350)</p><p>https://plus.google.com/share?url=http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/onlinecarta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608</p><p>http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/polopoly_fs/1.1241627!/image/image.jpg</p><p>70</p><p>Significava tudo para nós conseguir essas cartas. E nós não conseguíamos encontrá-las. Elas foram</p><p>se perdendo com o tempo, de algum jeito. Então, esta é a única original que temos”, contou. Para</p><p>Gale, os textos são a prova do quão sincero era o sentimento que seus pais nutriam um pelo outro:</p><p>“O amor deles é um exemplo lindo do que a vida pode ser”.“Você é tão adorável, querida, que eu</p><p>muitas vezes me pergunto como é possível que você seja minha. Sou realmente o cara mais sortudo</p><p>do mundo, você sabe. E você é a razão. Até o seu nome soa adorável para mim”, dizia a carta escrita</p><p>por Bill Moore.</p><p>Bernadean morreu em 2010. Ela e Bill foram casados por 63 anos e tiveram três filhos</p><p>juntos. “Eu a amava e ela me amava”, disse o veterano à emissora. “Isso é tudo o que posso te dizer.</p><p>É uma dor não estar com ela o tempo todo.”</p><p>Segundo O Globo, Bill, agora 90 anos, recentemente releu o texto apaixonado em um momento</p><p>capturado pela emissora local The Denver Channel e mal conseguiu manter suas emoções sob</p><p>controle. “Minha querida, amável, sedutora Bernadean”, Moore leu, com lágrimas escapando de seus</p><p>olhos.</p><p>Fonte; http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/online/carta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-</p><p>esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608 acessado em: 10/08/2016.</p><p>Confira o vídeo do momento em que Bill lê a carta que escreveu para a</p><p>amada através do link do YouTube: https://youtu.be/j7irnEs3lSM</p><p>A notícia preza pelo ineditismo das informações, o que torna o período de circulação desses textos muito</p><p>curto, uma vez que constantemente surgem novas notícias que sobrepõe-se a outras e assim, vão</p><p>ganhando destaque até serem substituídas por outras etc.</p><p>As notícias que encontramos espalhadas por aí geralmente seguem uma estrutura que é composta por:</p><p>Os elementos constituintes do texto notícia são os seguintes:</p><p> Manchete ou título principal – Geralmente é grafado de forma bastante evidente, com o objetivo</p><p>de chamar a atenção do leitor.</p><p> Título auxiliar – Serve como um complemento do principal, com o acréscimo de algumas</p><p>informações, a fim de torná-lo ainda mais chamativo ao leitor.</p><p> Lide (lead) – Corresponde ao primeiro parágrafo e nele são expostas as informações que mais</p><p>despertar a atenção do leitor para continuar com a leitura do texto. Busca responder às questões:</p><p>Quem? Onde? O que? Como? Quando? Por quê?. Esta estratégia é bastante utilizada em jornais</p><p>devido ao seu caráter informativo e por poder levar informações rápidas e claras ao leitor.</p><p> Corpo da notícia – Trata-se da informação propriamente dita, com a exposição mais detalhada dos</p><p>acontecimentos mencionados. Após trazer as informações mais importantes no primeiro parágrafo,</p><p>os parágrafos seguintes apresentam os outros acontecimentos sempre em ordem decrescente de</p><p>relevância. As informações realmente necessárias para o entendimento dos fatos – tais como as</p><p>personagens, o espaço e o tempo – são priorizadas.</p><p>Identifique esses elementos na notícia que você acabou de ler.</p><p>http://oglobo.globo.com/sociedade/carta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-encontrada-apos-70-anos-15562238?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo</p><p>http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/online/carta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608</p><p>http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/online/carta-de-amor-de-veterano-da-ii-guerra-para-esposa-e-encontrada-apos-70-anos-1.1241608</p><p>https://youtu.be/j7irnEs3lSM</p><p>71</p><p>Outras informações com detalhes mais importantes vêm logo em seguida, como a causa do</p><p>acontecimento, o desenrolar dos fatos e as consequências do mesmo. Tais informações já são</p><p>mencionadas no lead, no entanto, elas são apresentadas novamente com mais detalhes. Em uma notícia,</p><p>os eventos são apresentados pelo interesse, na perspectiva de quem conta e pelo o que o leitor pode</p><p>considerar mais importante.</p><p>Veracidade dos fatos e impessoalidade</p><p>A notícia é um relato de uma série de fatos verídicos e não deve, de maneira alguma, apresentar</p><p>informações incertas ou mentirosas. O texto deve ser o mais impessoal possível, contando com</p><p>informações concretas que podem ser comprovadas através de entrevistas com as testemunhas, fotos ou</p><p>filmagens. Tais detalhes asseguram ao leitor a veracidade dos fatos.</p><p>A linguagem jornalística deve prezar pela imparcialidade, neutralidade sobre aquilo que relata. Para</p><p>alcançar o objetivo, há o privilégio do uso de terceira pessoa e dos verbos no modo indicativo, ausência</p><p>de enunciados de opinião e não uso de adjetivos que possam dar impressão de subjetividade.</p><p>A linguagem do jornal é, de preferência, coloquial, isto é, mais próxima à maneira como falamos. Isto</p><p>ocorre intencionalmente, pois o objetivo é se aproximar e se adequar ao leitor, buscando uma comunicação</p><p>mais eficiente.</p><p>Fonte: Por Débora Silva. Disponível em: http://www.estudopratico.com.br/o-texto-noticia/ Acesso em: 10/08/2016</p><p>Agora é a sua vez!</p><p>O (a) professor(a) vai entregar uma folha onde você escreverá uma notícia baseada em algum fato</p><p>Extraordinário ocorrido com você ou com alguém que você conhece. Lembre-se dos elementos</p><p>constituintes que devem aparecer no seu texto. Na próxima aula seus textos serão comentados</p><p>pelo(a) professor(a)</p><p>http://www.estudopratico.com.br/o-texto-noticia/</p><p>72</p><p>CAPÍTULO 7</p><p>Conteúdo:</p><p> Figuras de linguagem</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Compreender os usos das figuras de linguagem em função</p><p>da produção de determinados efeitos de sentido;</p><p> Entender que as figuras de linguagem são recursos</p><p>expressivos que se revelam pelo modo não convencional</p><p>com que as palavras são trabalhadas e ainda se</p><p>subdividem</p><p>conforme o sentido que expressam;</p><p>73</p><p>Estimado(a) aluno(a),</p><p>Neste capítulo convidamos você a conhecer um novo tipo de texto, sabe qual? A poesia! Você,</p><p>com certeza, já deve ter lido muitas poesias e até mesmo ter se identificado com alguma, não é verdade?</p><p>Nesse exato momento você recorda de algumas delas? Pense no que elas têm em comum, e discuta com</p><p>seu professor e colegas.</p><p>Diante dessas discussões, qual seria a sua definição de poesia? Em sua opinião, que situações</p><p>poderiam ser denominadas de poéticas? O que você acha que é preciso para escrever esse tipo de texto?</p><p>Para início de conversa, seria complicado falar de poesia sem citar as inspirações e criatividades</p><p>que qualquer pessoa carrega dentro de si. Essas inspirações resultam muitas vezes de experiências que</p><p>mexem com nossos sentimentos e emoções, e acabamos sentindo vontade de expressá-las. É assim que</p><p>acontece com quem faz poesia: o poeta inspira-se em algo e se expressa em forma de um poema, e para</p><p>tanto, ele se utiliza das palavras.</p><p>Para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre o assunto, façamos a leitura da poesia que</p><p>segue, de Manuel Bandeira:</p><p>DESENCANTO</p><p>Eu faço versos como quem chora</p><p>De desalento... de desencanto...</p><p>Fecha o meu livro, se por agora</p><p>Não tens motivo nenhum de pranto.</p><p>Meu verso é sangue. Volúpia ardente...</p><p>Tristeza esparsa... remorso vão...</p><p>Dói-me nas veias. Amargo e quente,</p><p>Cai, gota a gota, do coração.</p><p>E nestes versos de angústia rouca</p><p>Assim dos lábios a vida corre,</p><p>Deixando um acre sabor na boca.</p><p>- Eu faço versos como quem morre.</p><p>(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: JOSÉ OLYMPIO, 1988. P. 4)</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>Gostou do texto? Vamos discuti-lo com nossos colegas, respondendo aos seguintes questionamentos e,</p><p>se quiser, fique à vontade para fazer suas anotações:</p><p>01. Repare na maneira como o eu lírico utiliza as palavras nesse texto. Em sua opinião, que jogo ele faz</p><p>com as palavras “verso” e “sangue”?</p><p>02. Segundo o texto, qual é a relação que o eu lírico faz com o ato de escrever poesia e a morte?</p><p>03. Por que será que ele expressa que os versos doem em suas veias?</p><p>04. Qual seria a intenção do eu lírico ao falar que faz versos como quem morre?</p><p>05. Como você relaciona o título do texto “Desencanto” com a poesia no todo?</p><p>74</p><p>Ao pararmos para refletir sobre o texto de Bandeira, discutindo os questionamentos acima, percebemos</p><p>que ele faz um certo jogo com as palavras, concorda? Principalmente quando ele aproxima a ideia da</p><p>morte com o ato de fazer poesia. Quando ele faz esse jogo com as palavras, acaba criando as metáforas.</p><p>A metáfora consiste em uma figura de linguagem, que são recursos que tornam mais expressivas as</p><p>mensagens, as ideias escritas. Ao lidar com a linguagem o escritor, muitas vezes, tenta fazer seu texto</p><p>bem mais original e criativo, querendo tornar mais expressivas as suas construções, embora que, para</p><p>isso, ele tenha de se desviar de alguns padrões das normas gramaticais. Esses desvios propõem uma</p><p>função estilística, que podem não ser considerados como erros propriamente ditos. E em que resultaria</p><p>esse processo estilístico? Isso mesmo, nas figuras de linguagem. Elas ainda subdividem-se em quatro</p><p>grupos: figuras de som, figuras de construção (sintaxe), figuras de pensamento e figuras de</p><p>palavras.</p><p>Iremos conhecer agora as principais figuras de cada subdivisão, iniciando pelas figuras de</p><p>palavras. Vamos lá!</p><p>PENSANDO NA LÍNGUA</p><p>FIGURAS DE PALAVRAS</p><p>O primeiro grupo são as figuras de palavras, que consistem no emprego de um termo com sentido</p><p>diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na</p><p>comunicação. Vejamos quais são as mais conhecidas:</p><p>Iniciaremos pela comparação, que ocorre quando se estabelece uma aproximação entre dois</p><p>elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos, tais como:- feito, assim</p><p>como, como, tal como, qual, que nem. Vejamos um exemplo:</p><p>“Amou daquela vez como se fosse máquina.</p><p>Beijou sua mulher como se fosse lógico.”</p><p>(Chico Buarque)</p><p>Perceba que a comparação encontra-se no jogo com as palavras “amar’”/”máquina” e “beijar”/”lógico”.</p><p>Lembra da metáfora? Pois então, vamos entendê-la agora. Essa figura ocorre quando um termo substitui</p><p>outro, através de uma relação de semelhança resultante de uma subjetividade, ou pode ser entendida</p><p>como uma comparação abreviada e/ou implícita, sem a presença do conectivo, ficando apenas subtendido.</p><p>Repare:</p><p>“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.”</p><p>(Carlos Drummond de Andrade)</p><p>No exemplo acima, podemos perceber que o elemento “tempo” é comparado a “uma cadeira ao sol”, porém</p><p>não há a presença de nenhum conectivo para estabelecer esta comparação. Quando isso ocorre, tem-se</p><p>a metáfora.</p><p>Outra figura é a chamada metonímia. Consiste em empregar uma palavra no lugar de outra,</p><p>mantendo uma relação de contiguidade, como por exemplo, o autor pela obra, o todo pela parte, o efeito</p><p>pela causa, e etc. Veja:</p><p>“De que importa, se aguarda sem defesa</p><p>Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?”</p><p>(Gregório de Matos)</p><p>Que substituição você observa no exemplo citado? Perceba que a troca existe quando a palavra</p><p>“ferro” substitui o objeto “machado”; tem-se, pois, uma metonímia com a substituição da matéria pelo</p><p>objeto.</p><p>Você já deve ter utilizado as expressões “braço da cadeira”, “pé da mesa”, “céu da boca”, não</p><p>é? Expressões como essas foram metaforizadas, isto é, são metáforas que já se cristalizaram e acabaram</p><p>75</p><p>perdendo sua relação com o sentido original. O uso contínuo dessas expressões resulta num sentido</p><p>figurado, dando vez a uma nova figura chamada catacrese. Leia mais um exemplo:</p><p>“Vozes cantigas e risos</p><p>Ao pé das fogueiras acesas.”</p><p>(Manuel Bandeira)</p><p>Para finalizarmos as principais figuras de palavras, veremos agora a sinédoque. Ela é parecida</p><p>com a metonímia, porém trata-se de uma ampliação ou redução do sentido usual da palavra. Vamos ver</p><p>um exemplo:</p><p>“O paulista é tímido; o carioca, atrevido.”</p><p>Repare que as palavras “paulista” e “carioca” são usadas para se referir a todos os paulistas e</p><p>todos os cariocas. Há uma substituição de maneira ampliada, resultando, portanto, em uma sinédoque.</p><p>Chegou a hora de praticarmos o que aprendemos até aqui sobre as figuras de palavras. Tomemos</p><p>a poesia a seguir para a discutirmos coletivamente.</p><p>Quando nasci, um anjo torto</p><p>desses que vivem na sombra</p><p>disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.</p><p>As casas espiam os homens</p><p>que correm atrás de mulheres.</p><p>A tarde talvez fosse azul,</p><p>não houvesse tantos desejos.</p><p>O bonde passa cheio de pernas:</p><p>pernas brancas pretas amarelas.</p><p>Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.</p><p>Porém meus olhos</p><p>não perguntam nada.</p><p>O homem atrás do bigode</p><p>é sério, simples e forte.</p><p>Quase não conversa.</p><p>Tem poucos, raros amigos</p><p>o homem atrás dos óculos e do -bigode,</p><p>Meu Deus, por que me abandonaste</p><p>se sabias que eu não era Deus</p><p>se sabias que eu era fraco.</p><p>Mundo mundo vasto mundo,</p><p>se eu me chamasse Raimundo</p><p>seria uma rima, não seria uma solução.</p><p>Mundo mundo vasto mundo,</p><p>mais vasto é meu coração.</p><p>Eu não devia te dizer</p><p>mas essa lua</p><p>mas esse conhaque</p><p>botam a gente comovido como o diabo.</p><p>(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do Mundo, Rio de janeiro: Record, 1999. p.11-12)</p><p>76</p><p>Você já conhecia este texto? Qual sua impressão inicial sobre ele? Vejamos, nesse momento, os seguintes</p><p>questionamentos sobre a poesia acima:</p><p>01. Inicialmente, como podemos caracterizar a pessoa do eu lírico do poema? Procure justificar sua</p><p>resposta recorrendo ao texto.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________</p><p>02. De acordo com o texto, quem seria o eu lírico do poema? Como você chegou a esta conclusão ou que</p><p>conhecimentos linguísticos lhe ajudaram na sua resposta?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________</p><p>03. Que sentido pode ser dado à expressão “Vai, Carlos! Ser gauche na vida.”? Que relação essa</p><p>expressão pode estabelecer com o fato de ter sido pronunciada por “um anjo torto”?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________</p><p>04. Ao lermos o poema, podemos inferir que Carlos por um instante apresenta-se como um observador. É</p><p>possível comprovarmos pelos versos da terceira estrofe. Volte à leitura destes versos e também perceba</p><p>que neles foi empregada uma figura de palavra. Qual seria? Que efeito de sentido ela traz ao texto?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>________________</p><p>05. Como você compreende quando o eu lírico fala que “se eu me chamasse Raimundo/seria uma rima,</p><p>não seria uma solução.”? Por que a mudança do seu nome para Raimundo seria apenas uma rima para a</p><p>poesia?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_______________</p><p>06. Atente para os versos da sexta estrofe e pense que relação de sentido está implícito nessas</p><p>expressões? Por que será que o eu lírico menciona estas palavras, ou o que elas têm em comum com a</p><p>sua vida?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_______________</p><p>77</p><p>07. Na última estrofe, também foi empregado outra figura de palavra. Qual é essa figura? E como ela está</p><p>expressa nestes versos?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________</p><p>FIGURAS DE PENSAMENTO</p><p>Após conhecermos as figuras de palavras, iremos agora estudar outro grupo, que são as figuras de</p><p>pensamento. As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das</p><p>palavras, ao seu aspecto semântico. Iniciaremos pela antítese, que ocorre quando há aproximação de</p><p>palavras ou expressões de sentidos opostos. Por exemplo:</p><p>“Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem.</p><p>(Rui Barbosa)</p><p>Repare que as palavras “amigos”/“inimigos” e “mal”/bem são opostas entre si, quanto ao sentido</p><p>que ela expressam.</p><p>Há também o paradoxo ou oximoro, que consiste numa frase de sentido aparentemente absurdo, porque</p><p>é resultado da união de ideias contrárias. Veja:</p><p>“Amor é fogo que arde sem se ver;</p><p>É ferida que dói e não se sente;</p><p>É um contentamento descontente;</p><p>É dor que desatina sem doer.”</p><p>(Camões)</p><p>Se analisarmos os versos acima, poderíamos questionar, por exemplo, o fato de existir uma dor sem senti-</p><p>la doer, ou ter uma ferida que dói, mas que ao mesmo tempo não é sentida.</p><p>Outra figura é eufemismo, que ocorre quando substituímos uma expressão por outra menos brusca,</p><p>procurando suavizar alguma afirmação desagradável. Observe o exemplo:</p><p>“Querida, ao pé do leito derradeiro</p><p>Em eu descansas dessa longa vida,</p><p>Aqui venho e virei, pobre querida,</p><p>Trazer-te o coração do companheiro.”</p><p>(Machado de Assis)</p><p>Podemos perceber que as expressões “leito derradeiro” e “descansa” estão cumprindo um papel de</p><p>substituição referente ao sentido da morte, principalmente para atenuar o impacto dessa palavra.</p><p>Conheça também a gradação ou clímax, que vem a ser a apresentação de ideias em progressão</p><p>ascendente (clímax) ou progressão descendente (anticlímax). Acompanhe o pequeno texto que segue:</p><p>“Dissecou-a, a tal ponto, e como tal arte, que ela,</p><p>Rota, baça, nojenta, vil</p><p>Sucumbiu...”</p><p>(Raimundo Correia)</p><p>Você notou que houve uma progressão descendente por meio do emprego das expressões “Rota, baça,</p><p>nojenta, vil/sucumbiu”? Desse modo, podemos afirmar que houve então uma gradação.</p><p>78</p><p>Tente agora encontrar algum recurso no seguinte texto:</p><p>“A lua,</p><p>Tal qual a dona de um bordel,</p><p>Pedia a cada estrela fria</p><p>Um brilho de aluguel.</p><p>E nuvens,</p><p>Lá no mata-borrão do céu</p><p>Chupavam manhas torturadas</p><p>- que sufoco!”</p><p>(João Bosco e Aldir Blanc)</p><p>Reparou os usos de ações para o elemento “lua”? Pois é, neste caso há uma figura de pensamento</p><p>chamada prosopopeia ou personificação, que consiste em atribuir a seres inanimados predicados que</p><p>são próprios de seres animados, como é o caso da “lua”, por exemplo, que é “dona de um bordel”, “pedia”,</p><p>e ainda as “nuvens”, as quais praticavam também uma ação (“chupavam manchas torturadas”).</p><p>Com certeza você já ouviu ou deve ter utilizado expressões que carregam um certo exagero, concorda?</p><p>Para esse emprego na linguagem, existe uma figura denominada hipérbole, que ocorre quando há uma</p><p>exageração de uma ideia com finalidade expressiva. Vamos acompanhar um exemplo:</p><p>“Rios te correrão dos olhos, se chorares!”</p><p>(Olavo Bilac)</p><p>Podemos considerar que há um exagero no fato de correr rios dos olhos, se houver choro.</p><p>Temos, portanto, uma hipérbole. Outra é a figura de pensamento é a ironia, que apresenta um termo em</p><p>sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, um efeito crítico ou humorístico. Exemplo:</p><p>“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”</p><p>(Monteiro Lobato)</p><p>Quando o autor utiliza a palavra “excelente” para descrever “Dona Inácia”, espera-se que as</p><p>próximas informações sobre ela sejam coerentes ao que foi dito anteriormente, porém há uma quebra</p><p>dessa expectativa, pois o fato de ela “ser uma mestra em judiar as crianças”, foi expresso propositalmente</p><p>a fim de causar uma ironia.</p><p>Para finalizarmos esta etapa das figuras de pensamento, veremos agora a antonomásia. Ela</p><p>ocorre quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente</p><p>geográfico, indivíduo</p><p>ou situação que não se quer nomear. Por exemplo:</p><p>“Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil,</p><p>Cidade maravilhosa, coração do meu Brasil”</p><p>(André Filho)</p><p>Através dos nossos conhecimentos, de mundo por exemplo, sabemos que esses versos referem-</p><p>se ao Rio de Janeiro, pelo uso das expressões “Cidade maravilhosa”, “cheia de encantos mil” e “coração</p><p>do meu Brasil”.</p><p>Chegou a hora de colocar em prática seus conhecimentos!</p><p>Façamos a leitura de um dos sonetos de Vinícius de Moraes:</p><p>SONETO DE SEPARAÇÃO</p><p>79</p><p>De repente do riso fez-se o pranto</p><p>Silencioso e branco como a bruma</p><p>E das bocas unidas fez-se a espuma</p><p>E das mãos espalmadas fez-se o espanto.</p><p>De repente da calma fez-se o vento</p><p>Que dos olhos desfez a última chama</p><p>E da paixão fez-se o pressentimento</p><p>E do momento imóvel fez-se o drama.</p><p>De repente, não mais que de repente</p><p>Fez-se de triste o que se fez amante</p><p>E de sozinho o que se fez contente.</p><p>Fez-se do amigo próximo o distante</p><p>Fez-se da vida uma aventura errante</p><p>De repente, não mais que de repente</p><p>Então, qual sua impressão sobre este poema? Você já o conhecia? Já leu outros sonetos deste</p><p>autor? Vamos refletir um pouco sobre o texto:</p><p>01. O título do poema é “Soneto de separação”. Qual seria a separação retratada no texto? Procure</p><p>justificar sua resposta, recorrendo ao poema.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>__________________</p><p>02. Todo o soneto foi construído a partir de um a oposição de ideias: por um lado, há a descrição de como</p><p>era o relacionamento amoroso e a vida do eu lírico; por outro, há a descrição de como ficou a sua vida.</p><p>a) Vimos que a antítese é a figura de linguagem que é construída por meio de oposição de ideias. Tente</p><p>encontrar no texto como essa figura de linguagem ocorre, explicando o sentido que ela expressa neste</p><p>soneto.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>__________________</p><p>b) Como você relata a vida do eu lírico antes e depois da separação?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>80</p><p>03. Muitas vezes, para descrever alguns sentimentos, a linguagem denotativa não é o suficiente. Nesse</p><p>caso, alguns autores utilizam a linguagem figurada, poética, e para tanto, as figuras contribuem para</p><p>expressar o que é quase inexprimível. Vejamos mais uma vez os versos:</p><p>“De repente da calma fez-se o vento</p><p>Que dos olhos desfez a última chama”</p><p>“Fez-se da vida uma aventura errante”</p><p>a) Qual é a figura de linguagem existente nos versos acima?</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________</p><p>b) Sem o sentido figurado, como seria o sentido destes versos?</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>__________________________________________________</p><p>04. Nas colunas a seguir, há os elementos que existiam anteriormente e os que passaram a existir após a</p><p>separação:</p><p>ANTES DEPOIS</p><p>Riso</p><p>Bocas unidas</p><p>Mãos espalmadas</p><p>Pranto</p><p>Espuma</p><p>Espanto</p><p>a) As palavras e expressões da primeira coluna correspondem que faziam parte do estado de espírito em</p><p>que o eu lírico se encontrava antes da separação. Qual é esse estado de espírito?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>b) Já as palavras da segunda coluna correspondem a elementos que passaram a fazer parte do eu lírico</p><p>após a separação. Que estado de espírito é esse?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>05. Se quiséssemos resumir as principais ideias do texto, poderíamos obter a seguinte expressão:</p><p>“Antes, com a pessoa amada, havia alegria e harmonia.</p><p>Depois, sem ninguém, tudo virou tristeza e solidão.”</p><p>As seguintes afirmações abaixo devem ser comparadas com o enunciado acima, atentando para o papel</p><p>das figuras de linguagem quanto a construção de um texto poético. Julgue as afirmações abaixo,</p><p>assinalando V ou F:</p><p>( ) O texto com figuras de linguagem, geralmente, tem uma carga maior de emoções que um texto sem</p><p>esses recursos.</p><p>81</p><p>( ) As figuras podem criar imagens que aguçam a imaginação do leitor.</p><p>( ) As figuras de linguagem, muitas vezes, fazem o leitor se aproximar do texto, por conta da</p><p>expressividade que elas exprimem.</p><p>( ) O texto figurado é resultado de uma trabalho artístico, a fim de não só informar, mas também envolver</p><p>e emocionar o leitor.</p><p>FIGURAS DE SINTAXE</p><p>Muito bem, até aqui já estudamos as figuras de palavras e as de pensamento. Veremos agora as figuras</p><p>de sintaxe. Estas dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua</p><p>ordem, possíveis repetições ou omissões.</p><p>As figuras de sintaxe podem ser construídas por: omissão, repetição, inversão, ruptura e</p><p>concordância ideológica.</p><p>A primeira figura que você irá conhecer é o assíndeto, que ocorre quando orações ou palavras que</p><p>deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.</p><p>Vejamos o exemplo abaixo:</p><p>“Fere, mata, derriba denodado...”</p><p>(Camões)</p><p>No exemplo acima, os verbos “fere”, “mata”, “derriba”, deveriam vir ligados por uma conjunção, no</p><p>caso, coordenativa do tipo aditiva, por exemplo: “Fere, mata e derriba denodado...”, mas o conectivo foi</p><p>substituído por vírgulas, resultando assim em um assíndeto (sem síndeto, isto é, sem conjunção).</p><p>Quando nos deparamos com casos em que exista uma omissão de um termo facilmente identificável pelo</p><p>contexto, e que não foi mencionado anteriormente, temos a figura de sintaxe chamada elipse, por</p><p>exemplo:</p><p>“Na rua deserta nenhum sinal de bonde.”</p><p>(Clarice Lispector)</p><p>Neste exemplo, se atentarmos para o contexto podemos perceber que houve uma omissão de</p><p>uma expressão que está subtendida, seria por exemplo: “não havia/não existia”.</p><p>Já a zeugma, é uma outra figura, bastante parecida com a elipse, pois trata-se também de uma</p><p>omissão de termo, porém, ele já deve ter sido mencionado anteriormente. Observe:</p><p>“Acorda, Maria, é dia</p><p>De matar a formiga</p><p>De matar cascavel</p><p>De matar tempo</p><p>De matar estrangeiro</p><p>De matar irmão</p><p>De matar impulso</p><p>De se matar.”</p><p>(Carlos Drummond de Andrade)</p><p>No primeiro verso acima, aparece a expressão “Acorda, Maria, é dia” aparece apenas uma vez,</p><p>mas ao longo do poema, ela fica subtendida. Essa expressão, portanto, sofreu</p><p>as contas.</p><p>- Sente-se, Iúlia Vassílievna! - disse - Vamos fazer as contas. Com certeza, está precisando de dinheiro</p><p>e a senhora‚ tão cerimoniosa que não pede sozinha... Bem... ficou ajustado entre nós que seriam trinta</p><p>rublos por mês...</p><p>- Quarenta...</p><p>- Não, Trinta... Eu tenho anotado... Sempre paguei trinta rublos às governantas... Bem, a senhora residiu</p><p>aqui durante dois meses...</p><p>- Dois meses e cinco dias...</p><p>- Dois meses exatos... Anotei assim. Quer dizer que tem a receber sessenta rublos... Descontando nove</p><p>domingos... a senhora, realmente, não deu aula ao Kólia nos domingos, mas apenas passeou com ele...</p><p>E mais três feriados...</p><p>Iúlia Vassílievna ficou vermelha e pôs-se a puxar uma franja do vestido, mas... não disse palavra!...</p><p>- Três feriados... quer dizer que temos a descontar doze rublos... Kólia esteve doente quatro dias e, por</p><p>isso, não estudou... A senhora, então, deu aula apenas a Vária... Durante três dias, a senhora teve dor</p><p>de dente e minha mulher dispensou-a das aulas da tarde... Doze e sete são dezenove. Descontando...</p><p>ficam... hum... quarenta e um rublos... Certo?</p><p>O olho esquerdo de Iúlia Vassílievna ficou congestionado e nublou-se. Começou a tremer-lhe o queixo.</p><p>Tossiu nervosa, assoou-se, mas... sem dizer palavra!</p><p>- Na noite de Ano Bom, a senhora quebrou uma xícara de chá e um pires. São menos dois rublos... A</p><p>xícara é uma relíquia, custa mais caro, mas... vá lá, Deus que a perdoe! Nossas coisas já se têm</p><p>estragado em tantas ocasiões! Depois, devido a uma falta de atenção por parte da senhora, Kólia trepou</p><p>numa árvore e rasgou o paletozinho... São menos dez... A arrumadeira, em consequência igualmente</p><p>de uma distração sua, roubou os sapatos de Vária. A senhora deve cuidar de tudo. Está contratada e</p><p>recebe ordenado. Quer dizer que devemos tirar mais cinco... No dia dez de janeiro, a senhora levou</p><p>emprestados de mim dez rublos...</p><p>- Eu não levei! - murmurou Iúlia Vassílievna.</p><p>- Mas está anotado aqui!</p><p>10</p><p>- Está bem...seja.</p><p>- De quarenta e um, tira-se vinte e sete, sobram quatorze...</p><p>Os olhos da governanta encheram-se de lágrimas... O suor apareceu sobre seu narizinho comprido e</p><p>gracioso. Pobre menina!</p><p>- Eu só levei uma vez - disse ela, a voz trêmula. - Levei três rublos de sua senhora... Não levei mais</p><p>nada...</p><p>- E agora? Imagine, eu nem anotei isso! Tirando três de quatorze, fica onze... Aqui está o seu dinheiro,</p><p>minha cara! Três... três, três... um e um... Queira receber!</p><p>Dei-lhe os onze rublos... ela os tomou e enfiou-os no bolso, com dedos trêmulos.</p><p>- Merci - murmurou.</p><p>Levantei-me de um salto e pus-me a andar pelo quarto. O furor apossou-se de mim.</p><p>- Mas, por que este merci? - perguntei.</p><p>- Pelo dinheiro...</p><p>- Mas eu a assaltei, diabos, eu lhe roubei dinheiro! Por que merci?</p><p>- Noutras casas, cheguei a não receber nada...</p><p>- Não recebeu nada! Compreende-se! Eu caçoei da senhora, dei-lhe uma lição cruel... Vou lhe pagar</p><p>todos os seus oitenta rublos! Estão preparados para a senhora, neste envelope! Mas como é que se</p><p>pode ser moleirona assim? Porque não protesta? Por que fica quieta? Pensa que, neste mundo, pode-</p><p>se não ser audacioso? Pensa que se pode ser tão pamonha?</p><p>Ela esboçou um sorriso azedo e eu li em seu rosto: "Pode-se sim!".</p><p>Pedi-lhe perdão por aquela lição cruel e dei-lhe, para seu grande espanto, os oitenta rublos. Pôs-se a</p><p>balbuciar merci com timidez e saiu do escritório. Acompanhei-a com o olhar e pensei:</p><p>- É fácil ser forte neste mundo!</p><p>"A Dama do Cachorrinho e outros contos"</p><p>(1883) Trad. Boris Schnaiderman. ED. Max Limonad, 1986.</p><p>Agora que você já leu o texto acima, que tal discutirmos um pouco sobre ele?</p><p>• O texto conta a história de um episódio entre uma governanta e seu patrão. Que episódio vemos ser</p><p>contado?</p><p>• Em que ambiente físico se passa a história contada por Tchekhov? Quantos personagens ela</p><p>envolve?</p><p>• Você já ouviu falar na profissão de governanta? Baseando-se no texto, que tipos de responsabilidades</p><p>podemos atribuir a ela?</p><p>• Baseados(as) em informações fornecidas pelo texto em alguns trechos, Iúlia parece ser</p><p>( ) uma governanta já senhora, de idade avançada.</p><p>( ) uma governanta que, apesar de ser tratada por senhora, era moça jovem.</p><p>• Que tipo de lição o patrão queria dar à Iúlia? Ela percebeu logo qual era sua intenção? Que</p><p>informações do texto nos levam a essa resposta?</p><p>11</p><p>• Utilizamos a expressão “ficar vermelha” principalmente em duas situações: quando alguém se sente</p><p>enfurecido, ou quando se sente envergonhado.</p><p>Observando o seguinte trecho: “- Dois meses exatos... Anotei assim. Quer dizer que tem a receber</p><p>sessenta rublos... Descontando nove domingos... a senhora, realmente, não deu aula ao Kólia nos</p><p>domingos, mas apenas passeou com ele... E mais três feriados... Iúlia Vassílievna ficou vermelha e</p><p>pôs-se a puxar uma franja do vestido, mas... não disse palavra!...”.</p><p>A qual das situações podemos atribuir o estado de Iúlia? Que razão(ões) pode(m) ter levado a</p><p>governanta a ficar nesse estado? Justifique sua resposta valendo-se de pistas fornecidas pelo texto.</p><p>• Pensando nas relações em sociedade e nas posições sociais que ocupamos no dia a dia, que</p><p>hipóteses podemos levantar para justificar o silêncio de Iúlia?</p><p>• “Merci” é uma palavra francesa que exprime agradecimento, tendo sido proferida por Iúlia ao finalizar</p><p>o certo de contas com seu patrão. Por que razão este ficou enfurecido ao ouvir essa palavra de sua</p><p>governanta? O que o gesto da moça representava naquele momento?</p><p>Cada grupo social possui e busca cultivar determinados valores que julga positivos para a melhor</p><p>convivência em sociedade. Esses valores podem ser a solidariedade, a justiça, o pudor, etc. A</p><p>transgressão dos valores que caracterizam a conduta ética de uma sociedade são passíveis de</p><p>punição. Além disso, determinados atributos podem ser exaltados a depender do grupo social em que</p><p>se está inserido da situação em que são exigidos: por exemplo, em uma empresa, a perspicácia e a</p><p>ambição podem ser consideradas atributos positivos, o que poderia mudar em outras situações.</p><p>• Baseados nessas informações e na leitura atenta do texto, que valor social é transgredido na história</p><p>que lemos acima? Quem está na função de agente dessa transgressão?</p><p>• O título do texto é “Pamonha”. Essa palavra, segundo o dicionário Michaelis online, possui as</p><p>seguintes acepções:</p><p>1. Papa de milho verde ralado, cozida envolta na palha do próprio milho ou em folhas verdes de</p><p>bananeira; pode levar açúcar, leite ou manteiga.</p><p>2. Pessoa desajeitada, indolente, mole, preguiçosa.</p><p>3. Bobo, toleirão.</p><p>4. Malfeito de corpo.</p><p>5. Pessoa apalermada, inerte.</p><p>Com que significado ela foi utilizada no texto de Tchekhov? A quem ela se refere?</p><p>• O texto termina com uma reflexão do patrão expressa no enunciado abaixo:</p><p>“- É fácil ser forte neste mundo!”</p><p>Em que sentido a palavra forte foi usada pelo patrão nesse enunciado? Confrontando a sua atitude e</p><p>a da governanta, a quem podemos atribuir a “força” mencionada nesse trecho?</p><p>12</p><p>Interagindo (con)textos</p><p>No texto que acabamos de ler, vimos que a história se passa em um único ambiente, com poucas</p><p>personagens em uma narrativa curtinha. Esses são alguns elementos que o caracterizam como um</p><p>gênero textual de sequência predominantemente narrativa. Mas afinal, o que é um gênero textual</p><p>e uma sequência narrativa? Vamos tentar compreender melhor cada um.</p><p>Como você vem observando, um texto não é um amontoado de palavras, mas possui uma estrutura,</p><p>um estilo e regras de composição, elementos que, somado a outros, contribuem para produzir sentido</p><p>e dar expressividade ao texto. Por exemplo: sempre que pensamos em dizer algo, planejamos uma</p><p>forma de dizer, selecionamos palavras, escolhemos o momento certo, etc. Quando não existe esse</p><p>planejamento prévio, acabamos causando alguns problemas de compreensão, ou não atingimos o</p><p>uma omissão, e como já</p><p>havia sido mencionada, dizemos que há uma zeugma.</p><p>Lembra do assíndeto? Iremos conhecer agora o polissíndeto, em que ocorre o contrário. Essa</p><p>figura consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período. Vamos</p><p>entender como ela ocorre:</p><p>82</p><p>“E sob as ondas ritmadas</p><p>E sob as nuvens e os ventos</p><p>E sob as pontes e sob o sarcasmo</p><p>E sob a gosma e sob o vômito</p><p>E sob o soluço, o cárcere, o esquecido</p><p>E sob os espetáculos e sob a morte de escarlate</p><p>E sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes</p><p>E sob os gonzos da família e da classe,</p><p>Fica sempre um pouco de tudo.</p><p>Às vezes um botão. Às vezes um rato.”</p><p>(Carlos Drummond de Andrade)</p><p>Você percebeu a repetição do conectivo “e” nos versos acima? Então, ocorreu, pois, um</p><p>polissíndeto.</p><p>Vejamos nesse momento a inversão, consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.</p><p>Os dois primeiros versos de nosso hino nacional são um bom exemplo dessa figura:</p><p>“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas</p><p>De um povo heroico o brado retumbante”</p><p>Se não houvesse inversão, esses versos na ordem correta ficariam desta forma: “As margens</p><p>plácidas do Ipiranga ouviram o brado/retumbante de um povo heroico.”</p><p>Há ainda a silepse, que consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que</p><p>se subentende, com o que está implícito, subdividindo-se em silepse de gênero, número e pessoa. Para</p><p>compreendermos melhor, vamos acompanhar os seguintes exemplos:</p><p>Silepse de gênero:</p><p>“Vossa Excelência está preocupado.”</p><p>No exemplo acima, se você notar, a concordância foi feita com o sexo da pessoa (sujeito</p><p>masculino), e não com o pronome de tratamento (Vossa Excelência), que é feminino. A concordância é</p><p>feita com o gênero.</p><p>Silepse de número:</p><p>“Os Lusíadas glorificou nossa literatura.”</p><p>Neste exemplo, a concordância foi feita com “Os Lusíadas” obra literária, e não na natureza da</p><p>palavra no plural. A obra literária está no singular, por isso o verbo que acompanha (glorificou) está também</p><p>no singular. A concordância é feita em número.</p><p>Silepse de pessoa:</p><p>“Os brasileiros somos muitos hospitaleiros”</p><p>Tratando-se da pessoa, pelo contexto, na expressão “Os brasileiros” está incluído também a 1ª</p><p>pessoa do singular (eu), neste caso: “somos”= brasileiros + eu, em vez de são.</p><p>Há também o pleonasmo, um recurso muito utilizado, que consiste na repetição de um termo para</p><p>reforçar o seu significado. Exemplo:</p><p>“E rir meu riso e derramar meu pranto”</p><p>(Vinícius de Moraes)</p><p>Se você atentar para as expressões em destaque, verá que houve uma repetição de sentido, pois</p><p>as duas palavras “rir” e “riso” estão dentro do mesmo campo semântico</p><p>Para finalizarmos as principais figuras de sintaxe, estudaremos a anáfora, que consiste na</p><p>repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases. Vejamos:</p><p>“Eu quase não saio</p><p>Eu quase não tenho amigo</p><p>Eu quase não consigo</p><p>83</p><p>Ficar na cidade sem viver contrariado.”</p><p>(Gilberto Gil)</p><p>A anáfora é presente na repetição da expressão “Eu quase”, no início e maioria dos versos.</p><p>Vamos praticar? Que tal fazermos a leitura de um poema de Cecília Meireles para aprofundarmos</p><p>nossos conhecimentos? Vamos lá!</p><p>MOTIVO</p><p>Eu canto porque o instante existe</p><p>e a minha vida está completa.</p><p>Não sou alegre nem sou triste:</p><p>sou poeta.</p><p>Irmão das coisas fugidias,</p><p>não sinto gozo nem tormento.</p><p>Atravesso noites e dias</p><p>no vento.</p><p>Se desmorono ou se edifico,</p><p>se permaneço ou me desfaço,</p><p>- não sei, não sei. Não sei se fico</p><p>ou passo.</p><p>Sei que canto. E a canção é tudo.</p><p>Tem sangue eterno a asa ritmada.</p><p>E um dia sei que estarei mudo:</p><p>- mais nada.</p><p>Já conhecia este poema? Pertence a Cecília Meireles, uma autora de poesias repletas de</p><p>musicalidades, pertencente à segunda geração modernista de nossa literatura. Vamos ver como as figuras</p><p>linguagem estão presentes no texto, após o discutirmos.</p><p>01. Após ler a poesia, que relação você faria do título “Motivo” com o texto em si?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________</p><p>02. Em sua opinião, o que seria o “instante” que existe para o eu lírico?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________</p><p>03. Em todo o poema, há algo que é exaltado. Procure identificar o que o eu lírico exalta, relacionando</p><p>com o que o motiva.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>84</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>04. Na primeira estrofe do poema, há uma figura de sintaxe. Qual seria? Procure explicar que sentido ela</p><p>traz aos versos.</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>05. Ao longo da poesia, o eu lírico define-se como um poeta. Segundo o texto, por que ele faz essa</p><p>definição de si mesmo?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>__________________</p><p>06. Vamos reler os seguintes versos:</p><p>“Se desmorono ou se edifico,</p><p>Se permaneço ou me desfaço,</p><p>[...]</p><p>Não sei fico ou passo.”</p><p>Que figura de sintaxe está presente nos versos acima? Como é sua ocorrência no texto?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>07. Ainda na terceira estrofe, há uma figura de sintaxe presente nos seguintes versos: “- não sei, não sei.</p><p>Não sei se fico</p><p>ou passo”. Que figura é essa? Que efeito de sentido ela causa nesses versos?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>FIGURAS DE SOM</p><p>Estamos na reta final em nossos estudos sobre as figuras de linguagem, e para encerrarmos</p><p>veremos o último grupo, denominado figuras de som, também chamadas de figuras de harmonia. Elas</p><p>ocorrem quando os efeitos produzidos na linguagem imitam sons produzidos por coisas ou seres. Vamos</p><p>conhecê-las?</p><p>A primeira é a aliteração, em que ocorre a repetição ordenada de mesmos sons consonantais.</p><p>Exemplo:</p><p>“Vozes veladas, veludosas vozes,</p><p>Volúpias de violões, vozes veladas,</p><p>Vagam nos velhos vórtices velozes</p><p>Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”</p><p>(Cruz e Sousa)</p><p>85</p><p>Percebemos nesses versos a repetição da consoante “v”, na maioria das palavras.</p><p>Agora, se a repetição consistir nos sons vocálicos idênticos, teremos a assonância, como no</p><p>exemplo que se segue, percebemos esta ocorrência na vogal “a”:</p><p>“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”</p><p>(Caetano Veloso)</p><p>Outra figura de som é a paronomásia, a qual consiste na aproximação de palavras de sons</p><p>parecidos, mas que apresentam significados distintos. Por exemplo:</p><p>“Eu que passo, penso e peço.”</p><p>Vejamos que as palavras “passo”, “penso” e “peço”, possuem sons parecidos, porém seus</p><p>significados são diferentes.</p><p>Finalizando as figuras de som, veremos agora a onomatopeia, que ocorre quando uma palavra</p><p>ou conjunto delas imita um som ou ruído. Exemplo:</p><p>“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno.”</p><p>(Fernando Pessoa)</p><p>Convidamos você agora a fazer a leitura do seguinte poema de Paulo Leminski, que já foi</p><p>musicado por Itamar Assumpção e Moraes Moreira:</p><p>para que leda me leia</p><p>precisa papel de seda</p><p>precisa pedra e areia</p><p>para que leia me leda</p><p>precisa lenda e certeza</p><p>precisa ser e sereia</p><p>para que apenas me veja</p><p>pena que seja leda</p><p>quem quer você me leia.</p><p>(Distraídos venceremos. 5. ed.</p><p>São Paulo: brasiliense, 2002. p. 62)</p><p>O que você achou do texto? Vamos responder aos questionamentos para melhor</p><p>compreendê-lo:</p><p>01. Há no texto um jogo semântico a partir de inversões e de aproximações de palavras com escrita e</p><p>sonoridade parecidas. Em sua opinião, que efeito semântico provoca a inversão das palavras no verso:</p><p>“para que leia me leda”?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________</p><p>02. Por que será que o autor empregou a palavra “leda” com inicial minúscula?</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>86</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>03. Ao longo de todo o texto forma empregadas as figuras de som. Procure identificar onde as seguintes</p><p>figuras abaixo estão presentes e como ocorre o efeito de sentido que elas expressam no poema de</p><p>Leminski.</p><p>a) Aliteração:</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>b) Assonância:</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>_____________________________</p><p>c) Paronomásia:</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>PENSANDO NOS EXAMES</p><p>Questão 1. (CEFET-MG – 2014)</p><p>A figura de linguagem está corretamente indicada, entre parênteses, em:</p><p>a) Necessita-se de mais escolas para jovens esforçados. (eufemismo)</p><p>b) Sabe-se que os impostos é necessário pagá-los. (pleonasmo)</p><p>c) Encontra-se hoje, nas grandes cidades, decorrente da poluição, um céu escuro, antes muito claro.</p><p>(paradoxo)</p><p>d) Fala-se que o pavão é um arco-íris de plumas. (hipérbole)</p><p>e) Pensou-se em redução de salário. Que belo presente de Natal! (metáfora)</p><p>Questão 2. (CETRO - 2014 – FCP)</p><p>Em relação às figuras de linguagem, assinale a alternativa que apresenta uma metonímia.</p><p>(A) Ouço Mozart desde criança.</p><p>(B) Ele esperou muito tempo por seu doce abraço.</p><p>(C) Sua boca é um túmulo.</p><p>(D) A perna da mesa estava quebrada.</p><p>(E) O ator famoso bateu as botas hoje.</p><p>Questão 3. (FUNRIO - 2014 – INSS)</p><p>Assinale a única alternativa que contém um exemplo (retirado de letras da MPB) de antítese.</p><p>87</p><p>A) Você é minha droga, paixão e carnaval. / Meu zen, meu bem, meu mal. (Caetano Veloso) B) Oh, Deus,</p><p>perdoe este pobre coitado, / Que de joelhos chorou um bocado (Gordurinha e Nelinho)</p><p>C) Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar (Cazuza)</p><p>D) Eu sou a mosca que perturba o seu sono / Eu sou a mosca no seu quarto a zumbizar (Raul Seixas e</p><p>Paulo Coelho)</p><p>E) Eu não posso mais ficar aqui a esperar / Que um dia de repente você volte para mim (Roberto e Erasmo</p><p>Carlos)</p><p>Questão 4. (IPAD - 2014 - IPEM-PE)</p><p>As figuras de linguagem são recursos estilísticos da língua portuguesa. Diante desta afirmação, em que</p><p>consiste a catacrese?</p><p>A) Exagero nas ideias.</p><p>B) Combinação de diversas impressões sensoriais.</p><p>C) Contraste entre duas palavras gerando uma relação de oposição.</p><p>D) Se caracteriza pela ausência de um termo adequado a um ser.</p><p>E) Omissão de um termo ou expressão.</p><p>Questão 5. (COPESE - UFT - 2013 - Prefeitura de Palmas – TO)</p><p>Leia o poema a seguir e responda a QUESTÃO:</p><p>S.O.S.</p><p>não houve sim</p><p>que eu dissesse que não fosse o começo</p><p>de um esse o esse</p><p>LEMINSK, Paulo. Toda poesia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 345.</p><p>O ritmo melódico dos versos, nesse poema, é realçado pela presença da</p><p>(A) paronomásia</p><p>(B) assonância</p><p>(C) aliteração</p><p>(D) pleonasmo</p><p>Questão 6. (EsPCEx – 2013)</p><p>A alternativa que apresenta vocábulo onomatopeico é:</p><p>a) Os ramos das árvores brandiam com o vento.</p><p>b) Hum! Este prato está saboroso.</p><p>c) A fera bramia diante dos caçadores.</p><p>d) Raios te partam! Voltando a si não achou que dizer.</p><p>e) Mas o tempo urgia, deslacei-lhe as mãos...</p><p>Questão 7. (IBFC – 2013)</p><p>Assinale a alternativa que indica a figura de linguagem que predomina nos versos abaixo.</p><p>Entre o bem e o mal a linha é tênue, meu bem</p><p>Entre o amor e o ódio a linha é tênue também</p><p>a) Ironia</p><p>b) Eufemismo</p><p>c) Antítese</p><p>d) Metonímia</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4 Q. 5 Q.6 Q.7</p><p>b a a d b b C</p><p>88</p><p>CAPÍTULO 8</p><p>Conteúdo:</p><p> Pressupostos e subentendidos</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Reconhecer e diferenciar pressupostos e subentendidos;</p><p> Interpretar textos a partir dos pressupostos e subentendidos.</p><p>89</p><p>Olá, amigos(as)! A partir do que discutimos nesta apostila, você deve ter percebido que nem</p><p>sempre nos fazemos entender tão bem, não é? Você mesmo, ao ler esta apostila, em algum</p><p>momento deve ter tido algumas dificuldades em compreender um texto, um enunciado de alguma</p><p>questão, etc. Isso ocorre porque toda vez que estabelecemos um diálogo com alguém, seja através</p><p>de textos orais ou escritos, apostamos em uma série de conhecimentos que o nosso coenunciador</p><p>deve ter, ou não. Além disso, como já vimos também, a nossa relação com a linguagem e seus</p><p>diversos mecanismos é sempre algo muito complexo e que depende de diversos fatores. Você</p><p>lembra de algum desses fatores que contribuem para a compreensão dos textos? Comente a</p><p>respeito com seu professor e os colegas.</p><p>Agora, vamos ler a tirinha abaixo e discutir as questões a seguir.</p><p>1. Em que consiste o humor na tirinha?</p><p>2. No segundo quadrinho, de que tipo de sabedoria é possível imaginar que Calvin está falando?</p><p>3. Ao ler o segundo quadrinho subentende-se que Calvin está falando de certo tipo de sabedoria.</p><p>Isso impede que a sabedoria de que Calvin fala tenha outro sentido? Explique.</p><p>Dessa</p><p>forma, podemos dizer que os subentendidos da língua sempre envolvem um julgamento, um</p><p>juízo de valor, e quase sempre levam à distorção da verdade, que é o caso do que subentendemos</p><p>da expressão “sabedoria das ruas”.</p><p>Agora vamos ler a outra tirinha.</p><p>1. Em que consiste o humor na tirinha?</p><p>2. Como podemos interpretar a expressão “virar nugets”?</p><p>3. É possível fazer outra interpretação sobre o ultimo quadrinho?</p><p>Dessa forma, podemos dizer que a interpretação que fizemos da expressão “Virar nugets” é um</p><p>pressuposto, pois, se o “marido” da galinha virou nugets, pressupõe-se que ele tenha morrido, e</p><p>não há outra justificativa possível.</p><p>Os pressupostos não estão inscritos na frase, mas podem ser entendidos por uma palavra ou</p><p>expressão.</p><p>90</p><p>PENSANDO NOS EXAMES E CONCURSOS</p><p>1. (Enem 2010)</p><p>Texto I</p><p>Época. 12 out. 2009 (adaptado). (Foto: Reprodução/Enem)</p><p>Texto II</p><p>CONEXÃO SEM FIO NO BRASIL</p><p>Onde haverá cobertura de telefonia celular para baixar publicações para o Kindle</p><p>Época. 12 out. 2009. (Foto: Reprodução/Enem)</p><p>91</p><p>A capa da revista Época de 12 de outubro de 2009 traz um anúncio sobre o lançamento do livro digital</p><p>no Brasil. Já o texto II traz informações referentes à abrangência de acessibilidade das tecnologias de</p><p>comunicação e informação nas diferentes regiões do país. A partir da leitura dos dois textos, infere-se</p><p>que o advento do livro digital no Brasil</p><p>a) possibilitará o acesso das diferentes regiões do país às informações antes restritas, uma vez que</p><p>eliminará as distâncias, por meio da distribuição virtual.</p><p>b) criará a expectativa de viabilizar a democratização da leitura, porém esbarra na insuficiência do</p><p>acesso à internet por telefonia celular, ainda deficiente no país.</p><p>c) fará com que os livros impressos tornem-se obsoletos, em razão da diminuição dos gastos com os</p><p>produtos digitais gratuitamente distribuídos pela internet.</p><p>d) garantirá a democratização dos usos da tecnologia no país, levando em consideração as</p><p>características de cada região no que se refere aos hábitos de leitura e acesso à informação.</p><p>e) impulsionará o crescimento da qualidade da leitura dos brasileiros, uma vez que as características do</p><p>produto permitem que a leitura aconteça a despeito das adversidades geopolíticas.</p><p>2. (ENEM 2009)</p><p>Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no</p><p>bem e no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um</p><p>lado e do outro do Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou</p><p>a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as telenovelas, os</p><p>romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento dos brasileiros. O mesmo, embora em nível</p><p>superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos anos</p><p>70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da problemática ecológica</p><p>centrada na Amazônia, ou da problemática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do</p><p>álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo</p><p>Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de um</p><p>país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de um país polifônico: em que já não é</p><p>determinante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária e</p><p>particular tradição cultural. É esse, para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro.</p><p>STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004</p><p>(adaptado).</p><p>No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos poucos, construindo uma</p><p>identidade cultural e literária relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à</p><p>portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e</p><p>linguístico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante desse</p><p>pressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de consolidação da cultura</p><p>brasileira, constata-se que:</p><p>a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar novos gêneros artísticos</p><p>e culturais, assim como usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do escritor Machado de Assis.</p><p>b) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no mundo, a partir da projeção que poetas</p><p>brasileiros ganharam naqueles países, a partir do século XX.</p><p>c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação da cultura nacional, maior</p><p>reconhecimento do Brasil por ele mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos.</p><p>92</p><p>d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação culturalmente mestiça, embora a expressão</p><p>dominante seja aquela produzida no eixo Rio - São Paulo, em especial aquela ligada às telenovelas.</p><p>e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união bastante significativa entre as diversas</p><p>matrizes culturais advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar na obra de Paulo</p><p>Coelho.</p><p>3. ENEM 2010</p><p>Negrinha</p><p>Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos</p><p>ruços e olhos assustados.</p><p>Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da</p><p>cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de</p><p>crianças.</p><p>Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo</p><p>na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de</p><p>balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências,</p><p>discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas,</p><p>esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.</p><p>Ótima, a dona Inácia.</p><p>Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.</p><p>[…]</p><p>A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora</p><p>senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau.</p><p>Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual.</p><p>LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio</p><p>de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).</p><p>A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa</p><p>contradição infere-se, no contexto, pela</p><p>a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.</p><p>b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.</p><p>c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.</p><p>d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.</p><p>e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.</p><p>3.</p><p>93</p><p>Para melhor compreensão da tira, o leitor precisa reconhecer alguns elementos implícitos.</p><p>O fragmento que torna mais evidente essa necessidade é:</p><p>a) "Minha inimiga mais terrível... a LOUVA DEUSA!"</p><p>b) "Uma assassina fria e cruel!"</p><p>c) "... os que sobrevivem ao seu ataque... têm inveja dos que morrem!"</p><p>d) "... seus poderes são sobre-humanos!!"</p><p>4. (FGV / ICMS-RJ / 2008-2) No Brasil, o debate sobre ética tributária só recentemente ganhou vulto em</p><p>decorrência do aumento da carga tributária, da expansão da “indústria de liminares”, do visível</p><p>aperfeiçoamento da administração fiscal, da estabilidade econômica e da crescente inserção do país</p><p>na economia globalizada. Na maioria dos países desenvolvidos, com cultura tributária mais</p><p>amadurecida, esse debate é mais limitado, porque praticamente restrito a discussões</p><p>sobre a pressão</p><p>fiscal nociva (harmfull tax competition). Com base na análise do trecho acima, não é correto afirmar:</p><p>a) fica subentendido que o debate sobre ética tributária no Brasil anteriormente era de pouca</p><p>expressividade.</p><p>b) a noção de "países desenvolvidos" é pressuposto para a leitura do texto.</p><p>c) está implícito que o Brasil cada vez mais se insere na economia globalizada.</p><p>d) se pode inferir que, nos países ainda não desenvolvidos, a cultura tributária ainda não</p><p>amadureceu.</p><p>e) se pode inferir, também por paralelismo no parágrafo, que o Brasil não está entre os países</p><p>desenvolvidos.</p><p>E então, o que você achou da nossa conversa durante este semestre? Como você deve</p><p>ter percebido, discutimos aqui questões muito relevantes para seu primeiro passo neste curso de</p><p>Língua Portuguesa, não é?</p><p>Bom, converse com seus colegas e o professor sobre o quanto você evoluiu, os</p><p>conteúdos que mais gostou, quais foram mais complicados de aprender... Até o próximo semestre!</p><p>94</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BAKHTIN, M. (V. N. Volochínov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 2002.</p><p>BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.</p><p>BAZERMAN, C. Atos de fala, gêneros textuais e sistemas de atividades: como os textos organizam</p><p>atividades e pessoas. (Trad. Judith Chambliss Hoffnagel e Ana Regina Vieira). In: DIONISIO, P. D.;</p><p>HOFFNAGEL, J. C. (Orgs.). Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez, 2005.</p><p>BEAUGRANDE, R. D. New foundations for a science of text and discourse. Freedom of access</p><p>toknowledge and society through Discourse. Norwood: Ablex, 1997.</p><p>BRASIL ESCOLA. Disponível em < http://exercicios.brasilescola.com/exercicios-gramatica/exercicios-</p><p>sobre-polissemia.htm>, acessado em 27/08/15.</p><p>_________. Disponível em < http://www.brasilescola.com/redacao/cronica.htm>, acessado em 10/08/15.</p><p>CEARÁ, Secretaria de Educação. Siaralendo. In: PreparAção: rumo ao Ensino Médio. Caderno de</p><p>Língua Portuguesa. v. 1. 2008. p. 69-73.</p><p>DE ANDRADE, Oswald. Canto de regresso à pátria. Disponível em <</p><p>http://www.horizonte.unam.mx/brasil/gdias.html>, acessado em 10/08/15.</p><p>DIAS, Gonçalves. Canção do exilio. Disponível em < http://www.horizonte.unam.mx/brasil/gdias.html>,</p><p>acessado em 10/08/15.</p><p>Globo, o. Disponível em < http://oglobo.globo.com/opiniao/o-correto-uso-do-papel-higienico-13297732>,</p><p>acessado em 10/08/15.</p><p>KOCH, Ingedore G. Villaça. O texto e a (inevitável) presença do outro. LETRAS- Revista do Mestrado</p><p>em Letras da UFSM (RS), Rio Grande do Sul, jan. /jun. 19997.</p><p>LETRAS. Disponível em < http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/>, acessado em 10/08/15.</p><p>MENDES, Murilo. Canção do exílio. Disponível em < http://www.horizonte.unam.mx/brasil/murilo1.html>,</p><p>acessado em 10/08/15.</p><p>PARA REFLETIR. Disponível em < http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-</p><p>verissimo>, acessado em 10/08/15.</p><p>PORTUGUÊS E CONCURSOS. Disponível em <</p><p>http://www.portuguesconcurso.com/2009/08/homonimos-e-paronimos-exercicios-com.html>, acessado</p><p>em 27/08/25.</p><p>PROFESSORA LOU. Disponível em <http://blogdaprofessoralou.blogspot.com.br/2013/08/exercicios-</p><p>sobre-intertextualidade.html>, acessado em 10/08/15.</p><p>WIKIPEDIA. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Ubaldo_Ribeiro>, acessado em</p><p>10/05/15.</p><p>WIKIPEDIA. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo>, acessado em</p><p>10/08/15.</p><p>http://exercicios.brasilescola.com/exercicios-gramatica/exercicios-sobre-polissemia.htm</p><p>http://exercicios.brasilescola.com/exercicios-gramatica/exercicios-sobre-polissemia.htm</p><p>http://www.brasilescola.com/redacao/cronica.htm</p><p>http://www.horizonte.unam.mx/brasil/gdias.html</p><p>http://www.horizonte.unam.mx/brasil/gdias.html</p><p>http://oglobo.globo.com/opiniao/o-correto-uso-do-papel-higienico-13297732</p><p>http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/</p><p>http://www.horizonte.unam.mx/brasil/murilo1.html</p><p>http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo</p><p>http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-luis-fernando-verissimo</p><p>http://www.portuguesconcurso.com/2009/08/homonimos-e-paronimos-exercicios-com.html</p><p>http://blogdaprofessoralou.blogspot.com.br/2013/08/exercicios-sobre-intertextualidade.html</p><p>http://blogdaprofessoralou.blogspot.com.br/2013/08/exercicios-sobre-intertextualidade.html</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Ubaldo_Ribeiro</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo</p><p>objetivo esperado.</p><p>Sempre que falamos, escrevemos, ligamos para alguém, etc., estamos usando textos. Os textos</p><p>pertencem a diversos gêneros, os quais podemos definir como sendo tipos relativamente estáveis de</p><p>enunciados, elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana (BAKHTIN, 1997), ou seja,</p><p>são modos de (inter)agir na sociedade, cumprindo funções comunicativas determinadas. É impossível</p><p>a ocorrência da comunicação se não for através desses gêneros aos quais pertencem os textos.</p><p>Como vimos discutindo desde o início deste material, em diversas situações do dia a dia encontramos</p><p>diferentes formas de uso da linguagem, conteúdos, funções, propósitos, etc. O modo de se comportar</p><p>e de falar em uma padaria, por exemplo, não é o mesmo que em uma palestra; o propósito e a forma</p><p>de composição de uma tatuagem pode não ser o mesmo do de uma frase de caminhão.</p><p>Quando precisamos realizar uma matrícula em uma instituição de ensino sabemos que devemos fazer</p><p>uma ficha de matrícula, com dados pessoais, informações sobre a turma, etc.; Quando vamos ao</p><p>médico, preenchemos uma ficha com alguns dados pessoais também, mas encontraremos algumas</p><p>informações diferentes porque a finalidade é outra: neste segundo exemplo, deve interessar mais</p><p>informações como doenças anteriores, tipo sanguíneo, sintomas, etc. Isso porque estamos lidando com</p><p>gêneros textuais distintos.</p><p>Cada gênero textual tem regras e estilo próprios, podendo então, ser identificado e diferenciado dos</p><p>demais através de suas características, dependendo da situação em que são usados.</p><p>Os gêneros textuais são inúmeros e alguns costumam ser bastante flexíveis, variando no decorrer das</p><p>práticas. Pense, por exemplo, no gênero carta pessoal, que pode ser mais ou menos informativo a</p><p>depender da finalidade e do grau de proximidade entre os interlocutores. Pense, também, em um</p><p>bilhete, uma conversa face a face e em outros gêneros que são mais comuns às nossas práticas</p><p>interacionais e são também flexíves. Agora, outros gêneros, como aqueles utilizados em ambientes</p><p>acadêmicos ou jurídicos, costumam ser mais rígidos, apresentando poucas variações. Pense, por</p><p>exemplo, em uma certidão de nascimento, um boletim de ocorrência, etc. que são gêneros que circulam</p><p>na sociedade e possuem uma rigidez maior, pouco mudam.</p><p>Bazerman, um estudioso americano, afirma que os gêneros organizam a sociedade. Eles são muito</p><p>relevantes, você não acha? Conhecer os diversos gêneros que circulam na sociedade ajuda-nos a</p><p>interagir melhor em distintas situações. Bronckart (1999, p. 154) nos alerta para sua importância ao</p><p>afirmar que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção</p><p>prática nas atividades comunicativas humanas”; em outras palavras, fazemos parte da vida social por</p><p>meio dos gêneros textuais.</p><p>Os gêneros podem ser orais ou escritos. Os orais desenvolvem-se através da fala e os escritos são</p><p>mediados pela linguagem escrita. Agora, pense um pouco e cite:</p><p> 3 exemplos de gêneros orais</p><p> 3 exemplos de gêneros escritos</p><p>13</p><p>O conto que nós lemos neste capítulo é um tipo de gênero que pode se manifestar das duas formas,</p><p>assim como muitos outros. Ambas as manifestações são fixadas em suportes, que podem ser</p><p>convencionais, isto é, elaborados para exercerem a função de fixarem textos, ou incidentais, que</p><p>podem fazê-lo ocasionalmente, mas não foram criados para tal. Você consegue pensar em exemplos</p><p>de onde podemos encontrar cada um deles? Discuta com seus/suas colegas e professor(a).</p><p>É importante lembrarmos que os gêneros textuais não são formas isoladas, nem puras, mas geralmente</p><p>encontramos gêneros que se “mesclam” a outros. Podemos chamar esses gêneros de gêneros</p><p>híbridos, como na imagem abaixo:</p><p> Você consegue identificar os gêneros presentes na imagem acima? Quais são?</p><p> Qual o propósito do texto acima?</p><p>Observe que esses gêneros possuem por natureza, finalidades diferentes, mas aqui eles unem-se</p><p>com vistas a um propósito comunicativo em comum: o efeito de humor. O propósito comunicativo é</p><p>muito importante, pois é em função dele que escolhemos um ou outro gênero, esta ou aquela</p><p>expressão, etc. Tudo o que dizemos/escrevemos/produzimos, tem em vista um objetivo que</p><p>desejamos alcançar. É em função disso que organizamos nosso projeto de dizer.</p><p>Pense, por exemplo:</p><p> Quando você está insatisfeito com um serviço de uma empresa e deseja fazer reclamação, a</p><p>quais gêneros você vai recorrer? Quais expressões, possivelmente, você vai usar?</p><p>Cuidado!</p><p>Não confunda suporte com canal: este último funciona como</p><p>um condutor, um meio físico de transmissão de sinais (um</p><p>aparelho de telefone, por exemplo).</p><p>14</p><p> Agora, quando você pretende conseguir um emprego em uma determinada empresa, a quais</p><p>gêneros você vai recorrer? Quais expressões você vai usar?</p><p>Observe, portanto, o quanto o propósito comunicativo têm influência sobre a forma como dizemos</p><p>algo. Além disso, outros elementos são importantes: para quem escrevemos, quando escrevemos,</p><p>o que escrevemos, o contexto de produção desse enunciado, o contexto de recepção de quem</p><p>vê, escuta ou lê o que enunciamos, etc.</p><p>Os gênero podem apresentar unidades mínimas de composição denominadas sequências textuais.</p><p>A sequência que vamos estudar predominantemente nesta apostila é a narrativa, a partir de seus</p><p>gêneros correspondentes, mas também poderemos, eventualmente, encontrar nos textos as</p><p>sequências descritiva, injuntiva, argumentativa, dialogal e expositiva.</p><p>Cada texto, a depender do gênero a que pertence, apresenta uma sequência textual predominante,</p><p>embora não esteja isento de apresentar outras sequências. Em outras palavras, dependendo do gênero</p><p>textual, uma ou outra sequência se destaca, razão pela qual podemos construir um quadro como o que</p><p>segue, indicando os gêneros que geralmente apresentam determinadas sequências como</p><p>predominantes.</p><p>NARRAR RELATAR ARGUMENTAR EXPOR DESCREVER</p><p>- Conto maravilhoso</p><p>- Conto de fadas</p><p>- Fábula</p><p>- Lenda</p><p>- Narrativa de aventura</p><p>- Romance</p><p>- Novela</p><p>- Piada</p><p>- Paródia</p><p>- Conto</p><p>- Narrativa de ficção</p><p>científica</p><p>- Narrativa mítica</p><p>Etc.</p><p>- Relato de</p><p>experiência</p><p>vivida</p><p>- Relato de</p><p>viagem</p><p>- Diário pessoal</p><p>- Testemunho</p><p>- Autobiografia</p><p>- Notícia</p><p>Etc.</p><p>- Textos de opinião</p><p>- Argumentações</p><p>- Carta de reclamação</p><p>- Carta de solicitação</p><p>- Discurso de defesa</p><p>- Debate político</p><p>Etc.</p><p>- Exposição de</p><p>motivos</p><p>- Texto explicativo</p><p>- Relatório de</p><p>pesquisa</p><p>Etc.</p><p>- Instruções de uso</p><p>- Bula</p><p>- Contrato</p><p>- Receitas</p><p>- Regulamento</p><p>- Regras de jogo</p><p>Etc.</p><p>Quadro baseado no conteúdo disponível em: <http://patipinhoo.blogspot.com.br/>. Acesso em: 12/01/2015.</p><p>Agora, pense um pouco no conto que lemos no início deste capítulo. Que sequência textual</p><p>aparece como predominante? Quais sequências também podem ser observadas no conto?</p><p>Discuta com seus/suas colegas e professor(a) sobre os elementos que o levaram identificar a</p><p>sequência predominante e faça abaixo suas anotações.</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>Segundo Adam (2008, p. 225), uma narrativa pode ser considerada como a “exposição de ‘fatos’ reais</p><p>ou imaginários, mas essa designação geral de ‘fatos’ abrange duas realidades distintas: eventos e</p><p>ações”. Assim, os personagens presentes na narrativa realizam as ações, enquanto que os eventos</p><p>ocorrem sob o efeito de causas, sem necessariamente haver um agente. Foram exatamente essas</p><p>ações, seus personagens e os eventos que você identificou no conto Pamonha.</p><p>Em geral, a narrativa apresenta uma situação inicial que se desenvolve em uma complicação,</p><p>chegando ao clímax da história e, posteriormente, à solução do conflito.</p><p>http://patipinhoo.blogspot.com.br/</p><p>15</p><p>Precisamos ressaltar, no entanto, que essas características não são fôrmas rígidas. É por essa razão</p><p>que Bakhtin afirma que os gêneros são RELATIVAMENTE ESTÁVEIS. Os gêneros, por serem formas</p><p>prototípicas possuem uma estrutura padrão, mas essa não é, de todo INVIOLÁVEL.</p><p>(INTER)AGINDO COM TEXTOS</p><p>O RELATO</p><p>Se voltarmos ao nosso primeiro texto “Pamonha” de Anton Tchekhov, atentos ao quadro anteriormente</p><p>apresentado, perceberemos que o referido conto trata de uma história possivelmente ocorrida com o</p><p>próprio narrador. Assim são os relatos: histórias ocorridas conosco. Vejamos o exemplo a seguir:</p><p>“No dia do terremoto, os funcionários do hotel onde eu me refugiava colocaram uma TV no saguão para a</p><p>gente assistir. Pessoas que estavam dormindo no chão reuniram-se em torno do aparelho e eu também fui atrás,</p><p>rastejando para fora do cobertor embaixo do qual estava bem agasalhada. Sete horas após o abalo às 14h46 -</p><p>esta era a primeira vez que entrava em contato com notícias reais sobre o terremoto.</p><p>Imagens inacreditáveis apareciam na tela. Cidades foram arrastadas pelo tsunami, literalmente, dentro de</p><p>um instante. As pessoas assistiam à televisão sem dizer uma palavra sequer. Todas permaneciam em silêncio</p><p>enquanto olhavam para a tela. Alguns que não puderam aguentar mais começaram a desviar o olhar.</p><p>Enquanto eu via cidades inteiras sendo engolidas pelo tsunami na televisão, lembrei-me do terremoto de</p><p>Kobe, em 1995. Eu também estava assistindo à televisão na época. Quando o terremoto atingiu Kobe, pela manhã,</p><p>eu estava em Tóquio. Durante todo o dia, enquanto estava no trabalho, tentei contato com minha família na região</p><p>de Kansai, onde o terremoto aconteceu, mas não consegui falar com ninguém.</p><p>Temendo que tivesse ficado sozinha no mundo, fiquei olhando as imagens dos incêndios na televisão à</p><p>noite toda. “Por que os caminhões dos bombeiros não estão aqui quando os carros da televisão estão?”, indagou</p><p>uma senhora que só podia ver a cidade se transformar em cinzas, sem poder fazer nada para parar os incêndios.</p><p>Foi doloroso de assistir.</p><p>Foi o mesmo com o tsunami desta vez: não foi o terremoto, mas os incêndios e o tsunami, tudo o que vem</p><p>depois que o terremoto destrói de fato as cidades. As câmeras capturam imagens quando aconteceram, mas</p><p>ninguém pode fazer nada sobre isso. Em questão de momentos, inúmeras pessoas perderam a vida enquanto</p><p>tudo era documentado em vídeos.”</p><p>Fonte: GLOBAL VOICES. Disponível em<http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/>, acessado</p><p>em 15/01/16.</p><p>Os relatos estão presentes constantemente em nossas vidas, principalmente se formos usuário das</p><p>redes sociais, pois nesse ambiente se não expressamos nossos relatos, lemos muito deles - por muitas</p><p>vezes desinteressantes. Mas, quais são as características dos relatos?</p><p>Bom, como vimos, sempre que produzimos textos possuímos um intuito comunicativo. Qual o intuito</p><p>do escritor ao escrever esse texto que acabamos de ler?</p><p>Reflita um pouco com seu professor e os colegas de sala sobre os seguintes aspectos demarcadores</p><p>do nosso relato sobre o terremoto:</p><p> Em que pessoa o texto está sendo narrado?</p><p>http://pt.globalvoicesonline.org/2011/03/15/japao-terremoto-testemunho/</p><p>16</p><p> Quem são as personagens do relato?</p><p> Em que tempo teria acontecido a história narrada?</p><p> Em que espaço a história acontece?</p><p>Agora é sua vez !!!!</p><p>Em uma folha de caderno escreva como foi seu primeiro dia de aula neste curso</p><p>de Língua Portuguesa. Escreva suas impressões sobre seus colegas, sobre o (a)</p><p>professor(a); narre seu trajeto até o local da aula... Enfim, este será o seu</p><p>primeiro relato pessoal deste semestre! Em seguida, o (a) professor(a) vai</p><p>recolher seu texto e na próxima aula dará o feedback sobre sua produção.</p><p></p><p>E então, você gostou do conteúdo que discutimos nesta unidade? Agora, vamos exercitar o</p><p>que aprendemos e também vamos nos preparar para os concursos e vestibulares. Está na</p><p>hora de pensar nos Exames!</p><p>PENSANDO NOS EXAMES E CONCURSOS</p><p>Questão 1. (UERJ)</p><p>Mineiro de Araguari, o cartunista Caulos já publicou seus trabalhos em diversos jornais, entre eles o</p><p>Jornal do Brasil e o The New York Times</p><p>No cartum apresentado, o significado da palavra escrita é reforçado pelos elementos visuais, próprios</p><p>da linguagem não verbal. A separação das letras da palavra em balões distintos contribui para</p><p>expressar principalmente a seguinte ideia:</p><p>a) dificuldade de conexão entre as pessoas</p><p>b) aceleração da vida na contemporaneidade</p><p>c) desconhecimento das possibilidades de diálogo</p><p>d) desencontro de pensamentos sobre um assunto</p><p>17</p><p>Questão 2. UERJ (2012)</p><p>Nos quadrinhos, o uso simultâneo das linguagens verbal e não verbal contribui para a construção de</p><p>sentidos do texto</p><p>Na tira do cartunista argentino Quino, utilizam-se recursos gráficos que lembram o cinema.</p><p>A associação com a linguagem artística do cinema, que lida com o movimento e com o instrumento da</p><p>câmera, é garantida pelo procedimento do cartunista demonstrado a seguir:</p><p>a) ressaltar o trabalho com a vassoura para sugerir ação.</p><p>b) ampliar a imagem da mulher para indicar aproximação.</p><p>c) destacar a figura da cadeira para indiciar sua importância.</p><p>d) apresentar a sombra dos personagens para sugerir veracidade.</p><p>Questão 3. (ENEM 2013)</p><p>18</p><p>A linguagem não verbal pode produzir efeitos interessantes, dispensando assim o uso da palavra. Cartum de Caulos,</p><p>disponível em www.caulos.com</p><p>O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa</p><p>a</p><p>a) opressão das minorias sociais.</p><p>b) carência de recursos tecnológicos.</p><p>c) falta de liberdade de expressão.</p><p>d) defesa da qualificação profissional.</p><p>e) reação ao controle do pensamento coletivo.</p><p>Questão 4. (ENEM 2013)</p><p>Através da linguagem não verbal, o artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego aborda a triste</p><p>realidade do trabalho infantil</p><p>O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas</p><p>ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para</p><p>19</p><p>a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.</p><p>b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.</p><p>c) provocar a reflexão sobre essa realidade.</p><p>d) propor alternativas para solucionar esse problema.</p><p>e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4</p><p>20</p><p>UNIDADE 2</p><p>Conteúdo:</p><p> Elementos da comunicação;</p><p> Funções da Linguagem.</p><p>Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p> Compreender os elementos da comunicação;</p><p> Identificar as funções da linguagem.</p><p>21</p><p>Saudações, amig@s!</p><p>Nesta nova unidade vamos conhecer algumas características da comunicação. Você já se perguntou</p><p>para que os seres humanos se comunicam? Na sociedade humana existe, para além da necessidade</p><p>de se expressar, a necessidade de saber os fatos e os acontecimentos que nos cercam, seja para</p><p>analisá-los, discuti-los ou entendê-los. Assim, entramos em contato com a história diária. Como</p><p>discutimos no capítulo 1, os gêneros textuais são os grandes responsáveis por organizar nossas</p><p>interações sociais. Assim, você é capaz de dizer quais são os gêneros textuais do nosso dia a dia que</p><p>cumprem a função de nos informar sobre uma determinada ocorrência?</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>O texto que vamos ler a seguir possui esse caráter informativo. Vamos lê-lo e em seguida</p><p>discutir sobre ele.</p><p>27/06/2014 09h01 - Atualizado em 27/06/2014 09h15</p><p>Entra em vigor lei que proíbe castigo físico contra crianças e adolescentes</p><p>Lei da Palmada prevê tratamento psiquiátrico para pais que agredirem filhos.</p><p>Presidente vetou multa</p><p>a profissional que deixe de comunicar maus-tratos.</p><p>Do G1, em Brasília</p><p>Entrou em vigor nesta sexta-feira (27), com a publicação no "Diário Oficial da União", a lei que</p><p>proíbe pais de aplicar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante para educar os filhos. Chamada</p><p>informalmente de Lei da Palmada, a lei determina que os pais que agredirem os filhos recebam</p><p>orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de advertência.</p><p>Na sanção da lei, a presidente Dilma Rousseff vetou um único trecho do projeto aprovado pela</p><p>Câmara e pelo Senado. O dispositivo punia com multa de 3 a 20 salários-mínimos servidores públicos,</p><p>profissionais de saúde, educação ou assistência social que deixassem de comunicar às autoridades</p><p>casos em que houvesse suspeita ou confirmação de maus-tratos a crianças e adolescentes.</p><p>Na justificativa do veto enviada ao Congresso, Dilma afirma que a manutenção desse trecho</p><p>obrigaria a comunicar os abusos "profissionais sem habilitações específicas e cujas atribuições não</p><p>guardariam qualquer relação com a temática". Ela também expressou desacordo em relação à forma de</p><p>cobrança da multa, levando em conta "salários-mínimos", em vez de apenas "salários de referência".</p><p>O veto, feito em consulta à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a</p><p>Advocacia-Geral da União, pode ser derrubado pelo Congresso, com o voto de ao menos 257 deputados</p><p>federais e 41 senadores.</p><p>FONTE: Portal de Notícias G1. Disponível em < http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/06/entra-em-vigor-</p><p>lei-que-proibe-castigo-fisico-contra-criancas-e-adolescentes.html>, acessado em 09/08/15.</p><p>http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/06/entra-em-vigor-lei-que-proibe-castigo-fisico-contra-criancas-e-adolescentes.html</p><p>http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/06/entra-em-vigor-lei-que-proibe-castigo-fisico-contra-criancas-e-adolescentes.html</p><p>22</p><p>01. Para uma leitura plena, existem dois níveis de intepretação: a do plano explícito (como está escrito</p><p>no texto) e o implícito (os famosos subentendidos que exigem mais de uma leitura do texto). Utilizando</p><p>o nível explícito da leitura, responda:</p><p>A) Qual acontecimento está sendo retratado nesse texto?</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>B) Quais as punições para quem transgredir a Lei da Palmada?</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>C) Houve algum impasse na aprovação dessa lei?</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________________________________________________</p><p>02. Quase todo projeto de lei visa remediar algum problema social ou criar medidas que regulem</p><p>algo solto nas leis que nos regem. De acordo com o texto lido e suas concepções de mundo, quais as</p><p>implicações e/ou benefícios a lei explicitada na notícia acima trará?</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>03. Se você estivesse lendo um jornal, essa seria uma notícia que ganharia sua atenção? Justifique.</p><p>PENSANDO NA LÍNGUA</p><p>Acabamos de ler uma comunicação de forma escrita através de uma notícia. Toda</p><p>comunicação atua por meio de sistemas organizados de elementos. Contudo, para que a comunicação</p><p>se processe de forma satisfatória, é válido lembrar que:</p><p> Comunicar é tornar algo comum por meio de algum contato, ou seja, transmitir e trocar</p><p>alguma informação;</p><p>Como você deve ter percebido, o texto deste capítulo trata-se de uma notícia.</p><p>As notícias são veiculas em jornais, impressos ou de mídias digitais. Estão a serviço da sociedade para apresentar</p><p>fatos acontecidos no nosso dia a dia.</p><p>23</p><p> O emissor (E) é o falante que formula a mensagem; o destinatário, o receptor (R). E para que</p><p>a comunicação se estabeleça é indispensável que R perceba o propósito de E;</p><p> Emissor e receptor se valem de vários meios (sonoros e visuais, técnicos ou não) para</p><p>interagirem socialmente. Esses meios são denominados canais;</p><p> Quanto mais o emissor e o receptor dominarem o código e o contexto mais a comunicação é</p><p>bem sucedida;</p><p> Alguns problemas são comuns: a) comunicação unilateral – quando não há a troca de papéis</p><p>entre emissor e receptor; b) ruído – quando algo em maior ou menor intensidade prejudica a</p><p>transmissão da mensagem. Exemplo: voz muito baixa ou encoberta por outro som; a falta de</p><p>atenção do receptor; a falta de domínio da língua, do vocabulário específico para determinado</p><p>assunto; a incompletude da mensagem; c) redundância – quando não há informações novas</p><p>na transmissão de uma mensagem.</p><p>Os elementos da comunicação podem ser esquematizados da seguinte maneira:</p><p>http://www.robertoavila.com.br/arquivos/images/elementos.gif acesso em: 21/01/2016 às 13:50hs</p><p>Apesar de representada dessa maneira, A COMUNICAÇÃO NÃO ACONTECE de forma linear e em</p><p>uma relação direta entre um emissor e um receptor onde um só produz o texto e o outro</p><p>compreende a mensagem da forma como ela foi produzida. No momento em que comunicamos,</p><p>estamos imersos num processo. Somos parte dele e não podemos vê-lo por fora. Assim, como vimos</p><p>em nossa aula anterior, quem produz um texto cria estratégias, escolhe expressões, mas mesmo assim</p><p>isso não garante o sucesso da comunicação, pois sempre apostamos no outro, no que ele</p><p>compreenderá, no que ele conhece sobre o enunciado que produzi. É isso, por exemplo, que faz com</p><p>que alguém possa rir ou não de uma piada, ou compreender uma propaganda... etc.</p><p>Retorne ao texto acima e perceba algumas expressões utilizadas por quem o escreveu:</p><p>“Entrou em vigor nesta sexta-feira (27), com a publicação no "Diário Oficial da União"...”</p><p>http://www.robertoavila.com.br/arquivos/images/elementos.gif</p><p>24</p><p>“Na sanção da lei, a presidente Dilma Rousseff vetou um único trecho do projeto aprovado pela Câmara e</p><p>pelo Senado.”</p><p>“O dispositivo punia com multa de 3 a 20 salários-mínimos servidores públicos, profissionais de saúde,</p><p>educação ou assistência social que deixassem de comunicar às autoridades casos em que houvesse</p><p>suspeita ou confirmação de maus-tratos a crianças e adolescentes.”</p><p>Você sabe o que é o “Diário Oficial da União’? E o que é “sanção”? Perceba que, ao utilizar essas expressões,</p><p>o autor do texto aposta que você as compreenderá. Se isso não acontecer, a compreensão do texto ficará</p><p>prejudicada. Coisa semelhante acontece também no trecho “O dispositivo punia com multa de 3 a 20 salários-</p><p>mínimos servidores públicos, profissionais de saúde, educação ou assistência social que deixassem de</p><p>comunicar às autoridades casos em que houvesse suspeita ou confirmação de maus-tratos a crianças e</p><p>adolescentes.”. Quem são essas autoridades às quais o texto se refere?</p><p>Percebeu o quanto de negociação de sentido é empregada na compreensão de um enunciado? Esses e</p><p>outros elementos são muito importantes no processo de comunicação: o contexto, o público alvo, etc. Por</p><p>exemplo, existem histórias que crianças não compreendem porque ainda não possuem um nível de</p><p>compreensão para tal. Veja no seu dia a dia: existem revistas infantis, revistas políticas, revistas para</p><p>adolescentes. É óbvio que nada impede que uma criança leia uma revista de política, mas certamente se ela</p><p>compreender os textos que aparecem nesse material, ela deve ter lido, pesquisado, ou absorvido de outra</p><p>forma os conhecimentos necessários para tal.</p><p>É muito difícil representar o processo de comunicação em um mero desenho. No entanto, não podemos</p><p>esquecer que ele depende de um enunciador, que precisa informar algo a alguém ou a ele mesmo; um</p><p>co-enunciador, que muito mais do que “receber a mensagem” produzida</p><p>pelo enunciador, ele também</p><p>constrói o texto no momento em que dialoga com ele; uma mensagem, que é produzida a partir dos</p><p>recursos movidos pela intencionalidade de atingir determinado objetivo por parte do enunciador. Tudo</p><p>isso se relaciona a partir de um meio, um canal e dentro de um contexto, de uma situacionalidade.</p><p>As relações de enunciador e co-enunciador ficam sempre trocando de lugar, pois quando um transmite</p><p>uma mensagem, o outro produz uma resposta, seja verbal ou não-verbal.</p><p>Assim, a linguagem possui inúmeras funções. A seguir, listamos seis delas, elaboradas pelo linguista</p><p>russo Jakobson:</p><p>1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função</p><p>referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações</p><p>objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos</p><p>textos jornalísticos. Você acha que nosso texto inicial se enquadra nessa função? Qual parte</p><p>evidencia mais essa função?</p><p>Observem que na reportagem inicial há uma linguagem voltada a explicar a Lei da palmada (contexto)</p><p>- quais as suas implicações; em que casos ela atua; quando foi sancionada etc. É posto em primeiro</p><p>plano a situação que nos elementos da linguagem se chama referencial (contexto).</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função referencial.</p><p>2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude</p><p>pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor. Ex.:</p><p>25</p><p>Disponível em < http://www3.opa.org.br/jogolimpo/tira_calvin.jpg>, acessado em 09/05/15.</p><p>Notem a tentativa de soberania e a relação de poder na qual Calvin acha deter em relação as flores,</p><p>além da avaliação dele em pensar controlar as flores e a opinião de ter total dependência na vida das</p><p>rosas.</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função emotiva.</p><p>3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma que se imponha sobre o co-</p><p>enunciador da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predominam essa</p><p>função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele</p><p>comportamento. Ex:</p><p>Apesar de ser repetitivo e não propor algo realmente concreto, o menino maluquinho pretende,</p><p>através da comoção, persuadir, seduzir os membros do clubinho a terem calma em uma situação de</p><p>reivindicação de seus amigos.</p><p>Disponível em < www.conrio.com.br>, acessado em 09/05/15.</p><p>26</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função conativa.</p><p>4. Função fática: a palavra fático</p><p>significa “ruído, rumor”. Foi utilizada</p><p>inicialmente para designar certas formas</p><p>usadas para chamar a atenção (ruídos</p><p>como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre</p><p>quando a mensagem se orienta sobre o</p><p>canal de comunicação ou contato,</p><p>buscando verificar e fortalecer sua</p><p>eficiência. Ex.: .</p><p>A única palavra da imagem ao lado, aparentemente sem sentido, tem um propósito muito importante:</p><p>verificar se a comunicação está chegando sem obstrução ao colega do outro lado da linha</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função fática.</p><p>5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu</p><p>próprio referente, ocorre a função metalinguística.</p><p>A intenção do quadro acima é explicar para todos os falantes de língua portuguesa, palavras, às vezes</p><p>desconhecidas. Percebam que foi usada a língua portuguesa para explicar uma variação dela, ou seja,</p><p>o código para explicar o código.</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função</p><p>metalinguística.</p><p>27</p><p>6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando</p><p>combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função</p><p>poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É</p><p>explorado na poesia e em textos publicitários. Essas funções não são exploradas isoladamente; de</p><p>modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai. Assim</p><p>podemos identificar a finalidade principal do texto.</p><p>Autopsicografia</p><p>O poeta é um fingidor.</p><p>Finge tão completamente</p><p>Que chega a fingir que é dor</p><p>A dor que deveras sente.</p><p>E os que leem o que escreve,</p><p>Na dor lida sentem bem,</p><p>Não as duas que ele teve,</p><p>Mas só a que eles não têm.</p><p>E assim nas calhas de roda</p><p>Gira, a entreter a razão,</p><p>Esse comboio de corda</p><p>Que se chama coração.</p><p>Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro</p><p>A função poética está ligada a elaboração da mensagem- uso de rimas, metáforas, palavras</p><p>polissêmicas. Fernando Pessoa poderia ter simplesmente dito que o poeta não necessariamente viveu</p><p>o que escreveu, em vez disso, disse que “todo poeta é fingidor[...] fingi que é dor/ a dor que deveras</p><p>sente”, observem também o trocadilho da palavra “fingidor” com as duas palavras “finge” “dor”. Ou seja,</p><p>houve uma elaboração da mensagem.</p><p> Cite exemplos de outros textos que possuem predominância da função poética.</p><p>Então, o que você achou desta unidade?</p><p>Discuta com seu professor e os colegas as possíveis dúvidas a respeito do processo de</p><p>comunicação e das funções da linguagem. A seguir, você poderá testar seus conhecimentos</p><p>resolvendo questões de concursos e vestibulares. Vamos lá?</p><p>PENSANDO NOS EXAMES E CONCURSOS</p><p>Questão 1 (ENEM-2006)</p><p>A linguagem</p><p>na ponta da língua</p><p>tão fácil de falar</p><p>e de entender.</p><p>A linguagem</p><p>28</p><p>na superfície estrelada de letras,</p><p>sabe lá o que quer dizer?</p><p>Professor Carlos Góis, ele e quem sabe,</p><p>e vai desmatando</p><p>10 o amazonas de minha ignorância.</p><p>Figuras de gramática, esquemáticas,</p><p>atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.</p><p>1Ja esqueci a língua em que comia,</p><p>em que pedia para ir lá fora,</p><p>em que levava e dava pontapé,</p><p>a língua, breve língua entrecortada</p><p>do namoro com a priminha.</p><p>O português são dois; o outro, mistério.</p><p>Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.</p><p>Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação</p><p>de usos da linguagem em</p><p>a) situações formais e informais.</p><p>b) diferentes regiões dos pais.</p><p>c) escolas literárias distintas.</p><p>d) textos técnicos e poéticos.</p><p>e) diferentes épocas.</p><p>Questão 2 (ENEM-2007)</p><p>O canto do guerreiro</p><p>Aqui na floresta</p><p>Dos ventos batida,</p><p>Façanhas de bravos</p><p>Não geram escravos,</p><p>Que estimem a vida</p><p>Sem guerra e lidar.</p><p>— Ouvi-me, Guerreiros,</p><p>— Ouvi meu cantar.</p><p>Valente na guerra,</p><p>Quem há, como eu sou?</p><p>Quem vibra o tacape</p><p>Com mais valentia?</p><p>Quem golpes daria</p><p>Fatais, como eu dou?</p><p>— Guerreiros, ouvi-me;</p><p>— Quem há, como eu sou?</p><p>Gonçalves Dias.</p><p>Macunaíma</p><p>(Epílogo)</p><p>Acabou-se a história e morreu a vitória.</p><p>Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo</p><p>Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um.</p><p>Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles</p><p>campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos,</p><p>aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto...</p><p>29</p><p>Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera.</p><p>Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da</p><p>tribo nem contar aqueles casos</p><p>tão pançudos. Quem podia saber do Herói?</p><p>Mário de Andrade.</p><p>Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que:</p><p>a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo</p><p>texto.</p><p>b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem</p><p>formal.</p><p>c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.</p><p>d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no</p><p>segundo, no relato de informações reais.</p><p>e) a função</p><p>da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente</p><p>no primeiro.</p><p>Questão 3. (Enem Cancelado-2009)</p><p>O texto a seguir é um trecho de uma conversa por meio de um programa de computador que permite</p><p>comunicação direta pela Internet em tempo real, como o MSN Messenger. Esse tipo de conversa,</p><p>embora escrita, apresenta muitas características da linguagem falada, segundo alguns linguistas.</p><p>Uma delas e a interação ao vivo e imediata, que permite ao interlocutor conhecer, quase</p><p>instantaneamente, a reação do outro, por meio de suas respostas e dos famosos emoticons (que</p><p>podem ser definidos como “ícones que demonstram emoção").</p><p>Joao diz: oi</p><p>Pedro diz: blz?</p><p>Joao diz: na paz e vc?</p><p>Pedro diz: tudo trank ☺</p><p>Joao diz: oq vc ta fazendo?</p><p>[...]</p><p>Pedro diz: tenho q sair agora...</p><p>Joao diz: flw</p><p>Pedro diz: vlw, abc</p><p>Para que a comunicação, como no MSN Messenger se dê em tempo real, e necessário que a escrita</p><p>das informações seja rápida, o que e feito por meio de:</p><p>a) frases completas, escritas cuidadosamente com acentos e letras maiúsculas (como “oq vc ta</p><p>fazendo?”).</p><p>b) frases curtas e simples (como “tudo trank”') com abreviaturas padronizadas pelo uso (como “vc” –</p><p>você – “vlw” - valeu!).</p><p>c) uso de reticências no final da frase, para que não se tenha que escrever o resto da nformação.</p><p>d) estruturas coordenadas, como “na paz e vc”.</p><p>e) flexão verbal rica e substituição de dígrafos consonantais por consoantes simples (“qu" por “k”).</p><p>30</p><p>Questão 4. (Enem Cancelado-2009)</p><p>Sentimental</p><p>1 Ponho-me a escreverteu nome</p><p>com letras de macarrão.</p><p>No prato, a sopa esfria, cheia de escamas 4 e debruçados na</p><p>mesa todos contemplam</p><p>esse romântico trabalho.</p><p>Desgraçadamente falta uma letra, 7 uma letra somente para</p><p>acabar teu nome!</p><p>— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!</p><p>10Eu estava sonhando...</p><p>E há em todas as consciências este cartaz amarelo: "Neste</p><p>país é proibido sonhar."</p><p>ANDRADE, C. D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995.</p><p>Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no</p><p>texto de Drummond, pode-se afirmar que:</p><p>a) por meio dos versos "Ponho-me a escrever teu nome" (v.1) e "esse romântico trabalho" (v.5), o</p><p>poeta faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos.</p><p>b) a linguagem essencialmente poética que constitui os versos "No prato, a sopa esfria, cheia de</p><p>escamas e debruçados na mesa todos contemplam" (v.3 e 4) conferem ao poema uma atmosfera</p><p>irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista.</p><p>c) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem,</p><p>mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente.</p><p>d) em "Eu estava sonhando..." (v. 10), o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à</p><p>pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em</p><p>expressar algo sobre si mesmo.</p><p>e) no verso "Neste país é proibido sonhar." (v. 12), o poeta abandona a linguagem poética para fazer</p><p>uso da função referencial, informando sobre o conteúdo do "cartaz amarelo" (v.11) presente no local.</p><p>Questão 5. (UEMG-2006)</p><p>Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO contém (êm) traço(s)</p><p>da função emotiva da linguagem.</p><p>a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos frascos de</p><p>remédio.</p><p>b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no</p><p>ambiente artificial e na situação inventada.</p><p>c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de</p><p>consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus (...)</p><p>d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para</p><p>ser desmontados e montados, picadinhos (...)</p><p>31</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4 Q.5</p><p>a c b A c</p><p>E então, você gostou desta aula? Retorne ao texto que você escreveu no capítulo anterior, que</p><p>seu professor já deve ter corrigido, e observe quais funções da linguagem estão mais presentes</p><p>em seu texto. Depois disso, observe as observações feitas pelo professor e reescreva seu texto</p><p>com cuidado a atender às observações propostas.</p><p>32</p><p>UNIDADE 3</p><p>Conteúdo:</p><p> Intertextualidade</p><p>Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p> Entender os processos de intertextualidade;</p><p> Identificar a intertextualidade em todos os níveis.</p><p>33</p><p>Olá, amig@s!</p><p>Neste capítulo teremos o prazer de ler poesias e entender algo novo, para alguns, que ocorre dentro</p><p>dos textos. Você já ouviu falar de intertextualidade? Caso não, pelo nome você arriscaria dizer do que</p><p>se trata?</p><p>Muitas vezes, nos deparamos com leituras que nos remetem a outras ou nos indagamos: “Já vi isso</p><p>em algum lugar!?”, parece até um deja vú. Também acontece quando assistimos a algum filme, alguma</p><p>novela e pensamos: “Já li isso em um livro!”.</p><p>Se você ainda não experimentou essa sensação, leia os textos abaixo para conhecê-la:</p><p>VIVENDO EM (COM)TEXTOS</p><p>Canção do exílio</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá;</p><p>As aves, que aqui gorjeiam,</p><p>Não gorjeiam como lá.</p><p>Nosso céu tem mais estrelas,</p><p>Nossas várzeas têm mais flores,</p><p>Nossos bosques têm mais vida,</p><p>Nossa vida mais amores.</p><p>Em cismar, sozinho, à noite,</p><p>Mais prazer eu encontro lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Minha terra tem primores,</p><p>Que tais não encontro eu cá;</p><p>Em cismar sozinho, à noite</p><p>Mais prazer eu encontro lá;</p><p>Minha terra tem palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>Não permita Deus que eu morra,</p><p>Sem que eu volte para lá;</p><p>Sem que disfrute os primores</p><p>Que não encontro por cá;</p><p>Sem qu'inda aviste as palmeiras,</p><p>Onde canta o Sabiá.</p><p>De Primeiros cantos (1847)</p><p>Gonçalves Dias</p><p>Canto de regresso à pátria</p><p>Minha terra tem palmares</p><p>Onde gorjeia o mar</p><p>Os passarinhos daqui</p><p>Não cantam como os de lá</p><p>Minha terra tem mais rosas</p><p>http://www.horizonte.unam.mx/brasil/gdias0.html</p><p>34</p><p>E quase que mais amores</p><p>Minha terra tem mais ouro</p><p>Minha terra tem mais terra</p><p>Ouro terra amor e rosas</p><p>Eu quero tudo de lá</p><p>Não permita Deus que eu morra</p><p>Sem que volte para lá</p><p>Não permita Deus que eu morra</p><p>Sem que volte pra São Paulo</p><p>Sem que veja a Rua 15</p><p>E o progresso de São Paulo</p><p>Oswald de Andrade</p><p>Canção do exílio</p><p>Minha terra tem macieiras da</p><p>Califórnia</p><p>onde cantam gaturamos de Veneza.</p><p>Os poetas da minha terra</p><p>são pretos que vivem em torres de</p><p>ametista,</p><p>os sargentos do exército são</p><p>monistas, cubistas,</p><p>os filósofos são polacos vendendo a</p><p>prestações.</p><p>A gente não pode dormir</p><p>com os oradores e os pernilongos.</p><p>Os sururus em família têm por</p><p>testemunha a Gioconda.</p><p>Eu morro sufocado</p><p>em terra estrangeira.</p><p>Nossas flores são mais bonitas</p><p>nossas frutas mais gostosas</p><p>mas custam cem mil réis a dúzia.</p><p>Ai quem me dera chupar uma</p><p>carambola de verdade</p><p>e ouvir um sabiá com certidão de</p><p>idade!</p><p>De Poemas (1925-1931)- Murilo Mendes</p><p>35</p><p>Observe que os três textos os quais seguem o poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias retomam-</p><p>no, seja com o mesmo propósito- falar das saudades da terra natal, como faz Oswald de Andrade- ou</p><p>expor uma crítica ao texto-fonte como feito por Murilo Mendes e pela Tirinha. O nome desse fenômeno,</p><p>retomada de textos publicados anteriormente, é intertextualidade.</p><p>A intertextualidade ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto (intertexto)</p><p>anteriormente produzido. A intertextualidade pode se dar de duas formas: explicitamente</p><p>quando, no próprio texto, é feita menção à fonte do intertexto ou implicitamente quando não há</p><p>essa menção.</p><p>Na Intertextualidade</p><p>implícita, o autor do texto, de maneira geral, espera que o leitor seja capaz de</p><p>conhecer a presença do intertexto, pela ativação do texto-fonte em sua memória. Quanto mais próximo</p><p>o segundo texto for do texto-fonte, mais facilmente o leitor recuperará o primeiro. Por exemplo, quando</p><p>um texto se utiliza dos provérbios (frases feitas, ditos populares) a recuperação do texto-fonte é quase</p><p>imediata:</p><p>Figura 2- VIDA DE PASSARNHO. Disponível em < http://soumaisenem.com.br/sites/default/files/cancao_exilio.jpg>, acessado em 10/08/15.</p><p>36</p><p>Bom conselho</p><p>Chico Buarque de Holanda</p><p>Ouça um bom conselho</p><p>Que eu lhe dou de graça</p><p>Inútil dormir que a dor não passa</p><p>Espere sentado</p><p>Ou você se cansa</p><p>Está provado, quem espera nunca alcança[...]</p><p>FONTE: Letras. Disponível em < http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/>, acessado em 10/08/15.</p><p>Você pode nem conhecer essa música, mas ao ler com certeza deve ter se lembrado da máxima,</p><p>“quem acredita sempre alcança!”. Ou seja, o reconhecimento da intertextualidade depende do</p><p>conhecimento de outros textos adquiridos pela leitura.</p><p>PRATICANDO</p><p>Os intertextos aparecem com intuito de criticar o texto-fonte, de seguir a mesma ideia do texto-fonte ou</p><p>ainda ridicularizá-lo. Analise o intuito das intertextualidades abaixo sem esquecer de justificar sua</p><p>resposta.</p><p>a) Amor é fogo que arde sem se ver.</p><p>É ferida que dói e não se sente.</p><p>É um contentamento descontente.</p><p>É dor que desatina sem doer.</p><p>Luís Vaz de Camões</p><p>O amor é o fogo que arde sem se ver.</p><p>É ferida que dói e não se sente.</p><p>É um contentamento descontente.</p><p>É dor que desatina sem doer.</p><p>Ainda que eu falasse a língua dos homens.</p><p>E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.</p><p>Legião Urbana, "Monte Castelo"</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>___________________________________________________</p><p>Sobre o plágio</p><p>O plágio pode ser considerado uma intertextualidade ilegal. Se</p><p>apropriar do trabalho de outro sem dar os devidos créditos é</p><p>crime. É importante colocar as referências e pedir os direitos</p><p>autorais quando retirar palavras ditas por outras pessoas.</p><p>Fique ligado ;)</p><p>http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/</p><p>37</p><p>b) Quando nasci, um anjo torto</p><p>desses que vivem na sombra</p><p>Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.</p><p>Carlos Drummond de Andrade, "Poema das sete faces"</p><p>Quando nasci um anjo esbelto,</p><p>desses que tocam trombeta, anunciou:</p><p>vai carregar bandeira.</p><p>Cargo muito pesado pra mulher,</p><p>esta espécie ainda envergonhada.</p><p>Adélia Prado, "Com licença poética"</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>________________________________________</p><p>c) Nosso céu tem mais estrelas,</p><p>Nossas várzeas têm mais flores</p><p>Nossos bosques têm mais vida,</p><p>Nossa vida mais amores.</p><p>Gonçalves Dias</p><p>Nossas várzeas têm mais flores</p><p>nossas flores mais pesticidas.</p><p>Só se banham em nossos rios</p><p>Desinformados e suicidas.</p><p>Luiz FernandoVeríssimo</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>_________________________________________________________________________________</p><p>______________________________________________</p><p>E aí, gostou do que aprendemos hoje? Bacana, não é? Agora, está na hora de pensarmos nos</p><p>exames e nos concursos.</p><p>38</p><p>PENSANDO NOS EXAMES E CONCURSOS</p><p>Questão 1. (Uff 2011)</p><p>Modinha do exílio</p><p>Os moinhos têm palmeiras</p><p>Onde canta o sabiá.</p><p>Não são artes feiticeiras!</p><p>Por toda parte onde eu vá,</p><p>Mar e terras estrangeiras,</p><p>Posso ver mesmo as palmeiras</p><p>Em que ele cantando está.</p><p>Meu sabiá das palmeiras</p><p>Canta aqui melhor que lá.</p><p>Mas, em terras estrangeiras,</p><p>E por tristezas de cá,</p><p>Só à noite e às sextas-feiras.</p><p>Nada mais simples não há!</p><p>Canta modas brasileiras.</p><p>Canta – e que pena me dá!</p><p>(Ribeiro Couto)</p><p>Os versos dos poetas modernistas e românticos apresentam relação de intertextualidade com</p><p>o poema de Ribeiro Couto, EXCETO em uma alternativa. Assinale-a.</p><p>a) “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na</p><p>cama que escolherei” (Manuel Bandeira)</p><p>b) “Dá-me os sítios gentis onde eu brincava / Lá na quadra infantil; / Dá que eu veja uma vez o</p><p>céu da pátria, / O céu do meu Brasil!” (Casimiro de Abreu)</p><p>c) “Minha terra tem macieiras da Califórnia / onde cantam gaturamos de Veneza. / Os poetas da</p><p>minha terra / são pretos que vivem em torres de ametista,” (Murilo Mendes)</p><p>d) “Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que eu morra / Sem que</p><p>volte para lá” (Oswald de Andrade)</p><p>e) “Em cismar, sozinho, à noite, / Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras, / Onde</p><p>canta o Sabiá.” (Gonçalves Dias)</p><p>Questão 2. (Fuvest 2010)</p><p>Mais do que a mais garrida a minha pátria tem</p><p>Uma quentura, um querer bem, um bem</p><p>Um “libertas quae sera tamen”*</p><p>Que um dia traduzi num exame escrito:</p><p>“Liberta que serás também”</p><p>E repito!</p><p>(Vinícius de Moraes, “Pátria minha”, Antologia poética.)</p><p>*A frase em latim traduz-se, comumente, por “liberdade ainda que tardia”.</p><p>Considere as seguintes afirmações:</p><p>39</p><p>I. O diálogo com outros textos (intertextualidade) é procedimento central na composição da</p><p>estrofe.</p><p>II. O espírito de contradição manifesto nos versos indica que o amor da pátria que eles</p><p>expressam não é oficial nem conformista.</p><p>III. O apego do eu lírico à tradição da poesia clássica patenteia-se na escolha de um verso</p><p>latino como núcleo da estrofe.</p><p>Está correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) II, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:</p><p>Você sabia que com pouco esforço é possível ajudar o planeta e o seu bolso?</p><p>Ao usarmos a energia elétrica para aparelhos eletrônicos e lâmpadas também</p><p>emitimos gás carbônico, um dos principais gases do efeito estufa. Atitudes simples como trocar</p><p>lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes e puxar da tomada os aparelhos que não estão</p><p>em uso reduzirão a sua conta de luz e as nossas emissões de CO2 na atmosfera.</p><p>(Planeta sustentável: conhecimento por um mundo melhor)</p><p>Questão 3. (Mackenzie 2010)</p><p>Assinale a alternativa que indica recurso empregado no texto.</p><p>a) Intertextualidade, já que se pode notar apropriação explícita e marcada, por meio de citações,</p><p>de trechos de outros textos.</p><p>b) Conotação, uma vez que o texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota</p><p>tom pessoal e subjetivo.</p><p>c) Ironia, observada no emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de</p><p>interpretação, sempre crítica.</p><p>d) Denotação, pois há a utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da</p><p>função referencial.</p><p>e) Metalinguagem, uma vez que a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria</p><p>linguagem.</p><p>Questão 4. (Ueg 2008)</p><p>Pai, afasta de mim esse cálice</p><p>Pai, afasta de mim esse cálice</p><p>Pai, afasta de mim esse cálice</p><p>De vinho tinto de sangue</p><p>Como beber dessa bebida amarga</p><p>Tragar a dor, engolir a labuta</p><p>Mesmo calada a boca, resta o peito</p><p>Silêncio na cidade não se escuta.</p><p>(Disponível em: Acesso em: 19 set. 2007.)</p><p>Durante a Ditadura Militar, a censura política funcionou como uma mordaça à liberdade de</p><p>expressão no Brasil. Em função disso, artistas de diversas tendências usaram a sua</p><p>40</p><p>criatividade na produção de obras de forte apelo político, mas que, ao mesmo tempo,</p><p>preservavam a beleza estética. Um exemplo é a canção "Cálice", composta por Chico Buarque</p><p>e Gilberto Gil, em 1973. Sobre a expressividade poética e política dessa canção, é</p><p>INCORRETO afirmar:</p><p>a) Ela explora o duplo sentido que se pode verificar na leitura do vocábulo "cálice", em razão da</p><p>identidade fônica entre esta palavra e a forma verbal do verbo "calar", na terceira pessoa do</p><p>imperativo.</p><p>b) Percebe-se a manifestação de uma intertextualidade entre os três primeiros versos e o</p><p>contexto bíblico da crucificação de Cristo.</p><p>c) "Bebida amarga", no contexto da canção, metaforiza o contexto sócio-histórico em que ela foi</p><p>composta.</p><p>d) A canção é um exemplo da bossa nova, um gênero musical que tentou extirpar qualquer</p><p>influência norte-americana na música popular brasileira.</p><p>Questão 5. (Pucmg 2003)</p><p>Leia os versos abaixo, parte do "Poema de Sete Faces", de "Alguma Poesia":</p><p>"Mundo mundo vasto mundo,</p><p>mais vasto é meu coração."</p><p>Se considerarmos que Tomás Antônio Gonzaga é autor do verso "Eu tenho um coração maior</p><p>que o mundo", podemos afirmar que, nos dois versos de Drummond acima transcritos, existe:</p><p>a) mera cópia do verso de Tomás Antônio Gonzaga.</p><p>b) plágio visível do verso de Tomás Antônio Gonzaga.</p><p>c) intertextualidade flagrante com o verso de Tomás Antônio Gonzaga.</p><p>d) apropriação indevida do verso de Tomás Antônio Gonzaga.</p><p>RESPOSTAS</p><p>Q.1 Q.2 Q.3 Q.4 Q.9</p><p>a c d d C</p><p>41</p><p>CAPÍTULO 4</p><p>Conteúdo:</p><p> Variações linguísticas</p><p>Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:</p><p> Compreender que a Língua é</p><p>constituída por diferentes variedades</p><p>linguísticas;</p><p> Compreender quais os tipos de</p><p>variações linguísticas;</p><p> Entender que cada língua deve ser</p><p>respeitada e que cada falante faz uso dela por</p><p>meio de suas escolhas.</p><p>42</p><p>Prezado(a) aluno(a),</p><p>Neste capítulo iremos aprofundar nossos conhecimentos a respeito da linguagem. Você lembra</p><p>que já estudamos sobre ela, não é mesmo? Que informações você recorda deste assunto?</p><p>Vamos refletir um pouco novamente sobre o papel que ela exerce em nossas interações e</p><p>situações comunicativas?</p><p>Muito bem, após relembrarmos a importância que a linguagem representa para nós, refletiremos</p><p>agora no poder que a linguagem verbal exerce, buscando compreender como ela se manifesta</p><p>em diversas situações.</p><p>Para nós a linguagem não pode ser entendida apenas como um instrumento utilizado para</p><p>comunicar ou veicular informações, todavia, principalmente, resulta numa maneira de</p><p>mostrarmos socialmente aquilo que pensamos, o que compreendemos do mundo ou até mesmo</p><p>o que desejamos que os outros enxergassem em nós. Quando falamos ou escrevemos, estamos</p><p>exercendo uma influência sobre uma outra pessoa que nos escuta e lê. Porém, essa outra</p><p>pessoa também possui suas maneiras de pensar, ver, sentir, entender a realidade, e com</p><p>certeza, irá situar nossa fala e escrita em sua realidade de mundo.</p><p>Para compreender melhor essa discussão, vejamos a seguinte situação abaixo:</p><p>Gostou do texto que você acabou de ler? Trata-se, pois, de uma tirinha. Esse tipo de</p><p>texto, geralmente, proporciona diversão, principalmente pela junção das linguagens verbal e</p><p>icônica, bem como o uso do sentido metafórico de algumas expressões. Sobre essa tirinha,</p><p>vejamos alguns questionamentos:</p><p>VIVENDO EM (CON)TEXTOS</p><p>01. Você percebe que o personagem Chico Bento inferiu um sentido diferente ao</p><p>questionamento que recebeu? Em sua opinião, por que será que a resposta dada por ele</p><p>não foi a esperada pelo seu amigo?</p><p>02. Você acha que a resposta de Chico Bento foi influenciada por fatores linguísticos? Se</p><p>sim, quais por exemplo?</p><p>03. Repare na expressão "cabeças de gado" e reflita se as diferenças linguísticas dos</p><p>personagens impulsionaram Chico Bento a compreendê-la com um sentido diferente ao</p><p>43</p><p>contexto do diálogo.</p><p>04. Além de diferenças linguísticas, você observa alguma variação de valores e</p><p>comportamentos? Em sua opinião, tais variações podem marcar uma identidade dos</p><p>personagens? Por quê?</p><p>A partir do texto lido, propomos que você entenda a linguagem como um jogo. É isso mesmo! É</p><p>neste jogo que estão situadas as situações comunicativas, e para mediá-lo existe a língua.</p><p>Quando falamos, é esperado que saibamos sobre quando devemos falar, tenhamos</p><p>conhecimento dos assuntos tratados e qual variante linguística devemos usar em um</p><p>determinado contexto.</p><p>Nossos atos de fala são situados em um contexto sociocultural que, por sua vez, necessitam de</p><p>escolhas textuais e gramaticais. Para tanto, devemos adequar a nossa fala às expectativas de</p><p>nossos interlocutores naquele momento específico.</p><p>Quando se trata de linguagem verbal, é muito comum que várias formas linguísticas possam ser</p><p>usadas para se referir à mesma coisa e, segundo os gramáticos, isso trata de construções</p><p>variantes, resultando assim no fenômeno chamado de variação linguística. Esse fenômeno é</p><p>muito mais frequente do que possamos imaginar, pois ele ocorre em vários níveis. Numa visão</p><p>culturalista, a língua representa a experiência humana de modo específico, sendo atualizada</p><p>pela linguagem como um recorte comum da realidade interiorizada pelos falantes, que</p><p>necessitam da língua para construir seus referenciais mínimos de convivência. Numa visão</p><p>comunicativa, a língua representa a instituição de regras que determinam e demonstram as</p><p>possibilidades comunicativas. Em ambas visões, podemos afirmar que a variação mantém a</p><p>língua viva, e ela sempre nos surpreenderá com a sua diversidade.</p><p>A língua é inseparável da sociedade e, por isso, cada falante tem o seu próprio estilo de utilizá-</p><p>la.</p><p>Como já foi mencionado anteriormente, a variação linguística pode ser vista em diferentes níveis,</p><p>uma espécie de variações dentro deste fenômeno. Vamos entender um pouco mais sobre isso?</p><p>Primeiramente, é possível nos depararmos com a variação estilística, em que não há falante</p><p>ou escritor que fale ou escreva do mesmo jeito. A priori, temos um estilo próprio que expressa</p><p>nosso ponto de vista sobre o mundo e a sociedade; ele resume-se no acúmulo de nossas</p><p>experiências pessoais e únicas, que por sua vez resultam em escolhas. Tratando-se da língua,</p><p>as nossas escolhas são possíveis por causa da gramática, a qual é entendida como uma</p><p>determinada combinação de elementos que se articulam em um sistema comum a todos os</p><p>falantes. As nossas seleções pessoais estão interligadas, normalmente, com as situações de</p><p>uso da língua. Por exemplo, um médico numa conferência com certeza terá escolhas linguísticas</p><p>diferentes das que usa conversando com os parentes, ou um bilhete enviado a uma amiga tem</p><p>escolhas diferentes daquelas de um bilhete enviado a um chefe de trabalho, pois exige uma</p><p>relação mais formal. Enfim, o estilo pessoal, geralmente, está intimamente relacionado ao</p><p>contexto e com aquele com quem falamos ou escrevemos.</p><p>Há também a variação sociocultural, em que destacam-se os usos diferenciados por faixa</p><p>etária, principalmente os das crianças, dos jovens (como as gírias) e dos idosos (com expressões</p><p>e formas que vão caindo ao desuso). Já a variação por sexo se mostra nos termos utilizados por</p><p>homens e mulheres. Como por exemplo, o uso do diminutivo,</p>

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