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<p>ComérCio ExtErior</p><p>Prof. José Alfredo Pareja Gomes de La Torre</p><p>Prof. Anderson da Silva</p><p>2016</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2016</p><p>Elaboração:</p><p>José Alfredo Pareja Gomes de La Torre</p><p>Anderson da Silva</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>382</p><p>L111c La Torre; José Alfredo Pareja Gomes de</p><p>Comércio Exterior / José Alfredo Pareja Gomes de La Torre: UNIASSELVI,</p><p>2016.</p><p>194 p. : il</p><p>ISBN 978-85-515-0025-5</p><p>1. Comércio exterior.</p><p>I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.</p><p>Impresso por:</p><p>III</p><p>AprEsEntAção</p><p>Seja bem-vindo ao caderno de estudos de Comércio Exterior.</p><p>Desde as civilizações antigas, o comércio internacional ajuda no</p><p>desenvolvimento socioeconômico das sociedades. A grande diferença é que</p><p>hoje esse comércio é muito mais dinâmico e interdependente entre países.</p><p>É difícil encontrar uma mercadoria que seja 100% de um só país, a maioria</p><p>das mercadorias produzidas aqui, no Brasil, e nos demais países, dificilmente</p><p>terão 100% de insumos nacionais.</p><p>A dinâmica econômica mundial demanda que os países estejam</p><p>inter-relacionados tanto comercialmente como financeiramente, fenômeno</p><p>conhecido como globalização. Devemos observar que nesse mundo</p><p>globalizado há uma constante troca comercial e financeira, fato que determina</p><p>a quase inexistência de limites comerciais entre os diversos territórios entre</p><p>países.</p><p>Nesse contexto, o comércio exterior brasileiro possui um papel de</p><p>destaque para que as empresas possam executar seus interesses comerciais</p><p>internacionais. E quem executa essas atividades de comércio exterior, tanto</p><p>no âmbito público como no privado? As atividades de comércio exterior</p><p>são executadas pelos profissionais competentes das organizações, tanto</p><p>dos órgãos públicos como das empresas que fazem parte ativa do comércio</p><p>exterior brasileiro, ou seja, você, futuro gestor. Assim, neste caderno de</p><p>estudos vamos lhe ajudar a gerar essas competências necessárias.</p><p>Para poder lhe ajudar nos seus estudos desta disciplina, este caderno</p><p>está dividido em três unidades.</p><p>Na Unidade 1, vamos estudar sobre o contexto histórico e atual</p><p>da importância do comércio internacional para o desenvolvimento</p><p>socioeconômico das nações. Vamos também abordar o tema da necessidade</p><p>de os países gerarem parceiros comerciais, financeiros e econômicos,</p><p>parcerias que são feitas por meio de blocos econômicos. E para finalizar a</p><p>unidade estaremos lendo sobre a importância dos organismos internacionais</p><p>no contexto do comércio mundial.</p><p>Na Unidade 2, vamos estudar sobre o contexto financeiro do comércio</p><p>internacional, pois para executar uma comercialização internacional é</p><p>necessário de um mercado cambial e fontes de financiamento. Também</p><p>estaremos estudando sobre quais são os principais órgãos do governo que</p><p>compõem a parte administrativa do comércio exterior brasileiro.</p><p>IV</p><p>Na Unidade 3, vamos estudar sobre as condições técnicas do comércio</p><p>exterior brasileiro, apreendendo sobre como são classificadas as mercadorias</p><p>no padrão de comercialização internacional e como elas são codificadas por</p><p>meio da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Logo depois estaremos</p><p>lendo sobre as condições logísticas do comércio internacional, apreendendo</p><p>sobre os Incoterms. E por último, estaremos analisando como é feita a</p><p>precificação no comércio exterior.</p><p>Agora deixo você se concentrar nos seus estudos. Lembrando-o que</p><p>ao longo de sua caminhada você tem acesso ao material de apoio por meio da</p><p>trilha de aprendizagem, disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem</p><p>(AVA).</p><p>Bons Estudos!</p><p>Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para</p><p>você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há</p><p>novidades em nosso material.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é</p><p>o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um</p><p>formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.</p><p>O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova</p><p>diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também</p><p>contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,</p><p>apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade</p><p>de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para</p><p>apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto</p><p>em questão.</p><p>Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas</p><p>institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa</p><p>continuar seus estudos com um material de qualidade.</p><p>Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de</p><p>Desempenho de Estudantes – ENADE.</p><p>Bons estudos!</p><p>UNI</p><p>V</p><p>Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos</p><p>materiais ofertados a você e dinamizar ainda</p><p>mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza</p><p>materiais que possuem o código QR Code, que</p><p>é um código que permite que você acesse um</p><p>conteúdo interativo relacionado ao tema que</p><p>você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,</p><p>acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor</p><p>de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa</p><p>facilidade para aprimorar seus estudos!</p><p>UNI</p><p>VI</p><p>VII</p><p>sumário</p><p>UNIDADE 1 – DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL .................................................... 1</p><p>TÓPICO 1 – O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR</p><p>DOS PAÍSES ...................................................................................................................... 3</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3</p><p>2 EVOLUÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL ........................................................................... 3</p><p>2.1 LIBERALISMO DO SÉCULO XIX ................................................................................................. 5</p><p>2.2 GRANDE DEPRESSÃO DE 1929 ................................................................................................... 6</p><p>2.3 CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL APÓS A SEGUNDA</p><p>GUERRA MUNDIAL ...................................................................................................................... 7</p><p>2.4 NOVO CENÁRIO MUNDIAL DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XXI .................. 8</p><p>3 DIFERENÇA ENTRE COMÉRCIO INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR ............. 14</p><p>3.1 EXPORTAÇÕES ............................................................................................................................... 15</p><p>3.2 DETERMINANTES PARA EXPORTAR ....................................................................................... 17</p><p>3.3 AS IMPORTAÇÕES ......................................................................................................................... 18</p><p>3.4 DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES .................................................................................. 19</p><p>3.4.1 Recursos necessários à economia de um país ..................................................................... 19</p><p>3.4.2 Interesse de uma empresa para importar ........................................................................... 20</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 23</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 24</p><p>TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL ..............................................................</p><p>que ajudou no desenvolvimento</p><p>comercial e econômico das grandes civilizações antigas do mundo do</p><p>Mediterrâneo.</p><p>2 Nos momentos prévios à Grande Depressão de 1929 o mundo estava</p><p>em um processo de globalização de décadas de crescimento econômico</p><p>e comercial global, o mundo capitalista estava no ápice de seu próprio</p><p>sucesso. A seguir, analise as sentenças e determine qual é correta sobre a</p><p>Grande Depressão de 1929.</p><p>a) ( ) Previamente à Grande Depressão os países vinham praticando anos de</p><p>políticas protecionistas, isto sob a liderança de países como os Estados Unidos,</p><p>o Reino Unido e a União Soviética. Esta condição, mais o fato do aquecimento</p><p>econômico dos países, induz ao desenvolvimento de uma grande bolha nas</p><p>grandes bolsas de valores, estourando assim a Grande Depressão.</p><p>b) ( ) Antes da Grande Depressão os países vinham experimentando</p><p>uma fartura econômica sem precedentes, porém, as economias dos países</p><p>desenvolvidos estavam aquecidas além de suas capacidades, principalmente</p><p>os Estados Unidos. Nessa situação, tanto o setor financeiro como as bolsas de</p><p>valores estavam à beira de um colapso, estourando a bolha em 1929 e começando</p><p>a Grande Depressão.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>4 Até finais do século passado, os mercados mundiais estavam concentrados</p><p>majoritariamente entre os países desenvolvidos, liderados pelos EUA, a</p><p>Europa e o Japão, já os países com menor grau de desenvolvimento tinham</p><p>pouca liderança no comércio internacional. Na virada do século essa situação</p><p>estava prestes a mudar. A partir do século XXI o comércio mundial não só</p><p>seria liderado pelos países mais desenvolvidos, mas também pelas novas</p><p>grandes economias, como a China. A seguir, determine a sentença correta.</p><p>a) ( ) Esse novo cenário do comércio mundial possui dois grandes momentos</p><p>referenciais: o crescimento acelerado das economias em desenvolvimento e a</p><p>grande crise internacional do ano 2008.</p><p>b) ( ) Esse novo cenário veio a se materializar graças ao sucesso de anos</p><p>de políticas protecionistas dos países menos desenvolvidos. Finalmente, o</p><p>resultado dessas políticas foi um drástico crescimento das economias da China,</p><p>da Rússia, do Brasil, do México, entre outras.</p><p>3 Com as grandes experiências negativas, tanto da Grande</p><p>Depressão como da Segunda Guerra Mundial, explique qual</p><p>era o ambiente após a Segunda Guerra Mundial, e quais órgãos</p><p>internacionais com repercussão no comércio internacional</p><p>nasceram nessa época.</p><p>25</p><p>5 Muitas vezes falamos sobre comércio internacional e comércio exterior, mas</p><p>qual a diferença entre esses termos? Escolha as sentenças corretas.</p><p>I- O comércio internacional aborda todas as operações comerciais executadas</p><p>por um determinado país e o resto do mundo.</p><p>II- O comércio internacional aborda todas as operações comerciais executadas</p><p>no mundo entre os diversos países que atuam no comércio mundial.</p><p>III- O comércio exterior aborda todas as operações comerciais executadas por</p><p>um determinado país e o resto do mundo.</p><p>IV- O comércio exterior aborda todas as operações comerciais executadas no</p><p>mundo entre os diversos países que atuam no comércio mundial.</p><p>Agora, determine as sentenças corretas:</p><p>a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.</p><p>b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.</p><p>6 Determine o porquê da necessidade de exportar para a economia de um país</p><p>e quem é o responsável por fazer acontecer a exportação.</p><p>7 Determine o porquê da necessidade de importar para a economia de um país</p><p>e quem é o responsável por fazer acontecer a importação.</p><p>26</p><p>27</p><p>TÓPICO 2</p><p>BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>UNIDADE 1</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Desde a antiguidade, os países vêm tendo a necessidade de criar parcerias</p><p>comerciais em função de suas necessidades econômicas e comerciais. Na era</p><p>mercantilista, entre 1500 até finais do século XVIII, e a Revolução Industrial; no</p><p>século XIX esses interesses comerciais ficaram bem mais evidentes, inclusive, entre</p><p>outras coisas, foram grandes motivadores de guerras longas e contínuas dessa</p><p>época.</p><p>Perante as diversas necessidades socioeconômicas, os países precisam</p><p>negociar posições e assim levar a cabo seus interesses comerciais. Vários líderes</p><p>mundiais têm expressado a famosa frase: “As nações não têm amigos, as nações</p><p>têm interesses”. Entre estes grandes líderes podemos citar:</p><p>• Winston Churchill, primeiro-ministro britânico duas vezes. A primeira vez entre</p><p>1940 até 1945, basicamente durante quase toda a Segunda Guerra Mundial; e a</p><p>segunda vez durante 1951 até 1955.</p><p>• Franklin Roosevelt, presidente dos Estados Unidos por quatro vezes, sendo seu</p><p>último período até 1945 ao final da Segunda Guerra Mundial.</p><p>• Charles-Maurice de Talleyrand, famoso pensador e político ativo francês da</p><p>época da Revolução Francesa, como também foi parte importante da época</p><p>imperialista de Napoleão Bonaparte.</p><p>• Gilberto Amado, famoso escritor e político brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro</p><p>no ano de 1887 e faleceu em 1969, foi membro da Academia Brasileira de Letras.</p><p>• John Foster, político e diplomata dos Estados Unidos, como secretário de Estado</p><p>participou nas negociações para a elaboração de vários tratados internacionais,</p><p>entre os mais importantes, o acordo multilateral para formalizar o organismo</p><p>internacional de todas as nações, a Organização das Nações Unidas (ONU).</p><p>Como acabamos de observar, existem vários líderes mundiais de diferentes</p><p>épocas e nações que têm expressado a ideia de que os países, afinal de contas,</p><p>possuem interesses a serem negociados no cenário global, que, aliás, muitas vezes</p><p>têm levado a guerras desnecessárias. Depois da Segunda Guerra Mundial e em</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>28</p><p>decorrência da grande catástrofe que causou, os países, por meio da formalização</p><p>de acordos, começaram a institucionalizar esses “interesses” por meio de parcerias</p><p>comerciais e econômicas, objetivando, entre outras coisas, evitar guerras de grande</p><p>escala.</p><p>2 CONCEITO DE BLOCO ECONÔMICO</p><p>Hoje esses “interesses” são negociados por meio de acordos internacionais</p><p>e executados através de blocos ou grupos de países que compartilham interesses</p><p>comerciais e econômicos semelhantes. Esse compartilhamento de interesses, em</p><p>comum, é representado no cenário internacional como blocos econômicos, os</p><p>quais representam interesses de um grupo de países perante o resto do mundo.</p><p>Por exemplo, o bloco econômico do Mercosul negocia interesses comerciais de</p><p>seus países-membros perante a acirrada concorrência internacional dos produtos</p><p>que o bloco deseja vender nos mercados internacionais.</p><p>Os países, por meio de blocos econômicos, conseguem se posicionar melhor</p><p>no cenário mundial, atingindo melhores acordos comerciais e financeiros para o</p><p>desenvolvimento socioeconômico dos países-membros. Segundo Maia (2011, p.</p><p>347):</p><p>Os blocos econômicos foram criados com a finalidade de desenvolver</p><p>o comércio de determinada região. Com isso, criam maior poder de</p><p>compra nos países componentes, elevando o nível de vida de seu povo.</p><p>Como o mercado passa a ser disputado também por empresas de outros</p><p>países-membros do bloco econômico, cresce a concorrência, o que gera a</p><p>melhoria de qualidade e a redução de custos.</p><p>Como expressado pelo autor Maia (2011), os blocos econômicos ajudam,</p><p>como um todo, à dinâmica econômica de um país. Em termos conceituais, um</p><p>bloco econômico é estruturado por meio da “junção” de países que compartilham</p><p>interesses semelhantes, geralmente seus membros são países de uma mesma</p><p>região. Qual o objetivo principal de formalizar um bloco econômico? Como foco</p><p>principal, ao estruturar um bloco econômico, os países-membros podem fortalecer</p><p>o comércio entre eles, e atingir posicionamentos e interesses como um só grupo</p><p>perante a comunidade comercial e financeira internacional.</p><p>O princípio é que, se o comércio entre os países-membros se intensifica,</p><p>logo, isso gera uma maior produtividade, renda e desenvolvimento aos países-</p><p>membros. E com uma maior competitividade, integração comercial, financeira e</p><p>socioeconômica, os países-membros estarão</p><p>em uma melhor posição de negociar</p><p>seus interesses perante os países não membros, ou seja, junto à comunidade</p><p>internacional de nações.</p><p>TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>29</p><p>3 FASES NO DESENVOLVIMENTO DE BLOCOS</p><p>ECONÔMICOS</p><p>Como é que os países conseguem possuir todo um acordo institucional</p><p>e se apresentar à comunidade internacional como “blocos econômicos”? Para</p><p>poder responder a essa questão temos que analisar as fases da formação de um</p><p>bloco econômico. A primeira etapa é a formação de uma Zona de Livre-comércio,</p><p>a segunda etapa é a União Aduaneira, a terceira etapa é o Mercado Comum, a</p><p>quarta etapa é a União Econômica, a quinta etapa é a União de Integração Total.</p><p>No entanto, nem todos os acordos possuem como finalidade atingir as últimas</p><p>etapas, União Econômica ou Integração Total, aliás, muitos acordos ficam nas</p><p>primeiras etapas, pois essa seria sua finalidade de existência.</p><p>3.1 PRIMEIRA ETAPA – ZONA DE LIVRE-COMÉRCIO</p><p>A primeira etapa é a formação de uma zona de livre-comércio entre os</p><p>países-membros. Em um acordo de livre-comércio, os países iniciam a redução de</p><p>impostos de importação das mercadorias comercializadas entre eles. Porém, no</p><p>contexto extrabloco, cada país pode estabelecer suas próprias alíquotas de imposto</p><p>de importação, ou seja, o comércio entre os países-membros é estabelecido por</p><p>alíquotas de importação reduzidas, mas no contexto da importação extrabloco</p><p>cada país pode decidir sua própria alíquota de importação.</p><p>Vamos supor que os países A, B e C fazem parte de uma zona de livre-</p><p>comércio. Agora, suponhamos que na zona de livre-comércio entre esses países a</p><p>comercialização de veículos terá zero por cento de alíquota de importação, como</p><p>podemos observar a seguir:</p><p>• O país A importará veículos de B e C com zero por cento de imposto de</p><p>importação, mas poderia importar veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota</p><p>de importação de 15%.</p><p>• O país B importará veículos de B e C com zero por cento de imposto de</p><p>importação, mas poderia importar veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota</p><p>de importação de 10%.</p><p>• O país C importará veículos de B e C com zero por cento de imposto de</p><p>importação, mas poderia importar veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota</p><p>de importação de 25%.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>30</p><p>Existem vários tratados de zonas de livre-comércio atuando ao redor do</p><p>mundo. Nesta situação, podemos citar a Zona de Livre-comércio do Pacífico, a</p><p>Zona de Livre-comércio de Norte América (NAFTA), a Zona de Livre-comércio</p><p>da África Austral, entre outros. Destes acordos de livre-comércio, vamos dar uma</p><p>olhada aos dois primeiros.</p><p>• Zona de Livre-comércio do Pacífico. Acordo multilateral de livre-</p><p>comércio que abrange os países da maior região do mundo ao redor do Oceano</p><p>Pacífico. Este acordo vem sendo liderado pelos Estados Unidos e o Japão, hoje</p><p>conta com 12 países, e segundo o artigo do jornal Globo News, publicado em 5 de</p><p>outubro de 2015: “O bloco de países reúne 40% do PIB mundial e tem 793 milhões</p><p>de consumidores”.</p><p>Os países que fazem parte deste grande acordo são: Estados Unidos,</p><p>Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru,</p><p>Cingapura, Vietnã.</p><p>• Zona de Livre-comércio da Norte América (NAFTA). Acordo de livre-</p><p>comércio iniciado em 1988 entre os três países que fazem parte da Norte América,</p><p>isto é: Canadá, Estados Unidos e México.</p><p>O NAFTA consolidou o intenso comércio regional no hemisfério norte</p><p>do Continente Americano, beneficiando grandemente à economia</p><p>mexicana, e aparece como resposta à formação da Comunidade</p><p>Europeia, ajudando a enfrentar a concorrência representada pela</p><p>economia japonesa e por este bloco econômico europeu.</p><p>O bloco econômico do NAFTA abriga uma população de 417,6 milhões</p><p>de habitantes, produzindo um PIB de US$ 11.405,2 trilhões, que gera</p><p>US$ 1.510,1 trilhão de exportações e US$ 1.837,1 trilhão de importações</p><p>(CAMEX, 2016).</p><p>3.2 FASE DE UNIÃO ADUANEIRA</p><p>A União Aduaneira vem a ser a segunda etapa do processo de integração</p><p>comercial e econômica entre países. Como já vimos antes, cada acordo comercial</p><p>possui seus objetivos, logo, não existem tempos definidos de quando os membros</p><p>de uma Zona de Livre-comércio passam para esta fase, aliás, em função da</p><p>finalidade do acordo comercial, muitos países ficam só na primeira fase.</p><p>Neste nível de integração comercial os países-membros buscam eliminar</p><p>totalmente as alíquotas de importação de todas as mercadorias a serem importadas</p><p>entre os países que fazem parte da União Aduaneira. Na questão do comércio</p><p>com países fora do bloco, os países-membros acordam estabelecer alíquotas</p><p>iguais para as importações vindas de fora dos países-membros do tratado. Nesse</p><p>sentido, busca-se estabelecer uma política tarifária em comum, única no bloco.</p><p>TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>31</p><p>Para colocar isto em contexto, vamos continuar com nosso caso hipotético exposto</p><p>anteriormente, mas agora considerando a União Aduaneira.</p><p>• O país A importará veículos de B e C com zero por cento de imposto</p><p>de importação, mas importa veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota de</p><p>importação de 15%, aliás, tarifa em comum com os outros países-membros.</p><p>• O país B importará veículos de B e C com zero por cento de imposto</p><p>de importação, mas importa veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota de</p><p>importação de 15%, aliás, tarifa em comum com os outros países-membros.</p><p>• O país C importará veículos de B e C com zero por cento de imposto</p><p>de importação, mas importa veículos dos países X, Y e Z com uma alíquota de</p><p>importação de 15%, aliás, tarifa em comum com os outros países-membros.</p><p>Resumindo, tanto os países A, B e C importam carros com uma alíquota</p><p>de 15% dos países X, Y e Z; e entre eles a alíquota será 0%. Aliás, é nesta fase que</p><p>precisamente os países-membros do Mercosul encontram-se, isto é: Argentina,</p><p>Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. No vocabulário do Mercosul, a tarifa em</p><p>comum estabelecida pelos países-membros é conhecida como Tarifa Externa</p><p>Comum (TEC), conforme iremos estudar mais adiante.</p><p>3.3 FASE MERCADO COMUM</p><p>Após ter consolidado entre os países-membros o livre-comércio, eliminado</p><p>as alíquotas de importação e combinado uma tarifa externa comum, a próxima fase</p><p>de unificação de um bloco é desenvolver o mercado comum. Devemos lembrar que</p><p>cada etapa para uma consolidação do bloco deve ser de comum acordo, levando em</p><p>consideração as finalidades de existir do acordo, caso contrário, o bloco comercial</p><p>entre países não irá superar a primeira ou a segunda fase, como é o caso da Zona</p><p>de Livre-comércio da Norte América (NAFTA), cujo objetivo é precisamente ficar</p><p>nesse nível.</p><p>Após a integração comercial das duas primeiras etapas, os países-membros</p><p>estão preparados para alinhar suas economias para um mercado comum, isto é, os</p><p>países-membros permitem o livre fluxo tanto de pessoas como de investimentos</p><p>entre suas fronteiras, ou seja, as pessoas podem trabalhar sem restrições em</p><p>qualquer dos países-membros, permitindo a integração da mão de obra e a livre</p><p>emigração ao longo das fronteiras. De igual maneira não existem mais restrições</p><p>ao fluxo de capitais, bens, serviços e fatores produtivos. “[...] o objetivo final a</p><p>ser alcançado é a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os</p><p>países-membros, através da eliminação de direitos alfandegários e de restrições</p><p>não tarifárias vigentes atualmente no comércio recíproco” (VASQUEZ, 2009, p.</p><p>319).</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>32</p><p>Assim, o mercado comum é de fato um grande passo após a União</p><p>Aduaneira, pois permite sem restrições a livre circulação comercial, financeira e de</p><p>pessoas entre os países. Um dos principais objetivos do Mercosul é, precisamente,</p><p>atingir o nível de Mercado Comum, mas ainda continua no processo de ser</p><p>realmente um “Mercado Comum”, aliás, o Mercosul é:</p><p>[...] na atualidade, mais um processo do que um resultado: o próprio</p><p>título do documento diplomático que o lançou, o</p><p>Tratado de Assunção,</p><p>assinado em 26 de março de 1991, indica que é um tratado “para a</p><p>constituição de um mercado comum” e não de um tratado do “Mercado</p><p>Comum do Sul” (VASQUEZ, 2009, p. 319).</p><p>Como expressa o autor Vásquez (2009), o Mercosul possui como grande</p><p>objetivo ser um “Mercado Comum”, mas ainda não é 100%. Processo que pode</p><p>demorar anos, talvez décadas, como foi o caso da União Europeia, que levou várias</p><p>décadas para os países europeus realmente se constituírem em um “Mercado</p><p>Comum” e então serem reconhecidos como “União Econômica”, mais um passo</p><p>na consolidação de um bloco de países.</p><p>3.3.1 Mercosul</p><p>O Mercosul está no processo de ser um “Mercado Comum”, sua constituição</p><p>formal foi feita no Tratado de Assunção do ano de 1991. Os sócios fundadores do</p><p>Mercosul são, por ordem alfabética: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Hoje,</p><p>o bloco conta com cinco países-membros e como países associados todos os países</p><p>que fazem parte de América do Sul, conforme podemos observar a seguir:</p><p>QUADRO 1 – PAÍSES-MEMBROS E ASSOCIADOS DO MERCOSUL</p><p>Países-membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela.</p><p>• Países fundadores: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.</p><p>• Países incorporados: A Venezuela foi incorporada ao bloco em 31 de julho de</p><p>2012.</p><p>Países associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.</p><p>• Bolívia e Chile desde o ano de 1996.</p><p>• Colômbia, Equador e Peru desde o ano de 2004.</p><p>• Guiana e Suriname desde o ano 2013.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul>. Acesso em:</p><p>3 jun. 2016.</p><p>TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>33</p><p>Hoje, os países-membros têm consolidado a fase de União Aduaneira,</p><p>estando em processo para se unificar como bloco de “Mercado Comum”. Como</p><p>União Aduaneira devemos ressaltar que o Mercosul possui a Tarifa Externa</p><p>Comum (TEC).</p><p>Por meio da TEC, os países-membros padronizaram as alíquotas de</p><p>importação de todas as mercadorias. Nesse sentido, os países do bloco mantêm</p><p>a mesma alíquota de importação para todas as mercadorias que estão sendo</p><p>comercializadas internacionalmente. Caso a importação aconteça entre países-</p><p>membros, haverá desconto de 100% da alíquota de importação, sempre e quando</p><p>o importador possuir o respectivo certificado de origem da mercadoria.</p><p>Vamos exemplificar o exposto: a TEC para importação de veículo sedan</p><p>é de 35%. Assim, se qualquer dos países-membros desejar importar este tipo de</p><p>veículo de países fora do extrabloco, o importador terá que pagar 35% de alíquota</p><p>de importação, vamos supor que seja importação vinda do Japão. Mas se um país-</p><p>membro desejar importar veículo sedan de um país do bloco, terá direito de 100%</p><p>de desconto, ou seja, 0% de alíquota, vamos supor que um importador argentino</p><p>está importando carros do Brasil, este importador possui direito a 0% de alíquota</p><p>de importação.</p><p>O importador de uma mercadoria vinda de outro país-membro do Mercosul</p><p>terá direito ao desconto de 100% sempre e quando tiver o Certificado de Origem,</p><p>conferindo que:</p><p>• A mercadoria possua no seu processo produtivo, pelo menos, 60% de</p><p>matéria-prima ou insumos dos países-membros.</p><p>• E/ou que os insumos vindos de terceiros países (extrabloco) tenham</p><p>um processo de transformação, conferindo uma nova mercadoria vinda desses</p><p>insumos.</p><p>Os requisitos para obter o Certificado de Origem, e assim gerar uma</p><p>alíquota de 0% entre países-membros, possuem como objetivo gerar valor nas</p><p>indústrias dos países do Mercosul.</p><p>O que irá acontecer se você é um importador brasileiro e está querendo</p><p>importar blusas de lã da Argentina e porventura não tiver o Certificado de Origem?</p><p>Nessa situação, terá que pagar a alíquota de importação para esse produto, ou seja,</p><p>a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35% para blusas de lã. Você talvez esteja se</p><p>perguntando: mas quem emite o certificado de origem? No Brasil, podem emitir</p><p>certificados de origem as associações de indústrias e comerciais em todo o país.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>34</p><p>3.4 UNIÃO ECONÔMICA E POLÍTICA</p><p>Para que um bloco comercial seja reconhecido como “Bloco Econômico</p><p>e Político” deve acontecer a união econômica entre os países-membros. Isto é,</p><p>os países unificam suas legislações e suas políticas econômicas e monetárias. O</p><p>que quer dizer, entre outras coisas, que as grandes execuções de gestão política</p><p>são feitas em comum, tais como: legislações trabalhistas, defesa de consumidor,</p><p>execução da política monetária, e, inclusive, a emissão de uma única moeda.</p><p>Neste nível de integração, os países-membros estabelecem uma capital</p><p>onde são definidas todas as gestões dos poderes Legislativo e Executivo do bloco.</p><p>Assim como é estabelecido um banco central único com uma única moeda. Nesta</p><p>situação, temos a União Econômica e Política Europeia, com características únicas,</p><p>conforme vamos estudar na continuação.</p><p>3.4.1 A União Europeia (EU)</p><p>A União Europeia possui como base a criação da Comunidade Europeia</p><p>do Carvão e do Aço em 1952. Este foi o primeiro passo para um longo processo de</p><p>integração comercial e de unificação econômica entre os países da Europa. Hoje, o</p><p>nome oficial do bloco é União Europeia (EU).</p><p>Quer saber mais sobre o Mercosul? Acesse o site oficial, você poderá saber</p><p>com maior profundidade as diversas áreas de interesse comercial e socioeconômico do</p><p>MERCOSUL: <http://www.mercosul.gov.br/>.</p><p>Segue endereço eletrônico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio</p><p>Exterior (MDIC): <http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1407525866.pdf>.</p><p>Em termos operativos, para o comércio exterior brasileiro as normas e regras</p><p>do Mercosul, tanto para exportar como para importar, são muito importantes.</p><p>Assim, vamos reservar grande parte da Unidade 3 para estudar sobre as questões</p><p>operativas do Mercosul e do comércio exterior brasileiro.</p><p>DICAS</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>35</p><p>Nas suas primeiras décadas o bloco foi criado por seis países-membros,</p><p>isto é: Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. Hoje,</p><p>a EU possui 28 membros ativos, sendo estes, por ordem alfabética: Alemanha,</p><p>Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia,</p><p>Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia,</p><p>Lituana, Luxemburgo, Malta, Países Baixos (Holanda), Polônia, Portugal, Reino</p><p>Unido, República Checa, Romênia e Suécia.</p><p>Como podemos observar, são muitos países que fazem parte da EU. Destes,</p><p>os de maior importância, em função de seu peso econômico, são: Alemanha, França,</p><p>Reino Unido, Itália e Espanha. Entre eles, o Reino Unido merece uma atenção</p><p>especial, este membro está em processo de desligamento da União Europeia,</p><p>pois a partir de junho de 2016 entrou numa fase de separação, e em função da</p><p>complexidade do tema, possivelmente, para efetuar seu desligamento levará mais</p><p>de dois anos. No entanto, não é porque esses países retêm a maior economia da UE</p><p>que necessariamente tenham a melhor renda per capita e nível de desenvolvimento</p><p>de suas economias, ou seja, há países menores dentro da UE cuja população possui</p><p>um nível de riqueza individual igual ou maior que da Alemanha, como Holanda,</p><p>Dinamarca, Luxemburgo, entre outros.</p><p>Devemos observar que, desses países, nem todos têm adotado o euro como</p><p>moeda comum, aliás, 19 dos 28 países têm adotado o euro. Hoje, o euro é a segunda</p><p>moeda mais importante, logo após o dólar americano, sendo aceito para fins de</p><p>transações financeiras e comerciais ao redor do mundo. Em função dessa divisão,</p><p>entre países que utilizam o euro e países que não o utilizam, a UE divide-se em três</p><p>grandes sub-blocos:</p><p>• Países da zona do euro. Dezenove países que utilizam o euro como moeda</p><p>comum, sendo estes: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Eslováquia,</p><p>Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituana,</p><p>Luxemburgo, Malta, Países Baixos (Holanda), Portugal.</p><p>• Países que ainda estão por definir entrada na zona do euro. Sete países</p><p>que</p><p>não têm adotado o euro, sendo estes: Croácia, Dinamarca, Estônia, Hungria,</p><p>Polônia, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia. A maioria destes países</p><p>está, ainda, analisando ou alinhando suas economias para poder ser parte da zona</p><p>do euro.</p><p>• Países que não adotaram o euro. Dois países não optaram por participar</p><p>da zona do euro, sendo estes: Dinamarca e Reino Unido. E como já falamos, a</p><p>partir de junho de 2016 o Reino Unido entrou numa fase de separação e saída do</p><p>bloco da UE.</p><p>A União Europeia (UE) como um todo tem mais de 500 milhões de pessoas,</p><p>23 línguas oficiais, sendo assim, aliás, o maior mercado do mundo em termos de</p><p>capacidade econômica para se exportar. A extensão territorial da UE é de 4.324.782</p><p>km², aliás, 50% menor que o Brasil, pensem o tamanho continental do Brasil, que</p><p>possui 8.515.767 km²!</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>36</p><p>Quer saber mais sobre a UE? Acesse o site oficial, você poderá saber com maior</p><p>profundidade as diversas áreas de interesse comercial e socioeconômico da União Europeia,</p><p>segue o endereço: <http://europa.eu/index_pt.htm>.</p><p>DICAS</p><p>37</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você estudou sobre:</p><p>• O desenvolvimento de blocos econômicos, cujo objetivo principal é que</p><p>países-membros possam fortalecer o comércio entre eles, e assim atingir</p><p>posicionamentos e interesses como um só grupo perante a comunidade</p><p>comercial e financeira internacional.</p><p>• A evolução dos blocos econômicos por etapas, sendo a primeira a formação</p><p>de uma Zona de Livre-comércio, a segunda a União Aduaneira, a terceira o</p><p>Mercado Comum, a quarta a União Econômica, e a quinta a União de Integração</p><p>Total. No entanto, nem todo bloco econômico possui o interesse de atingir a</p><p>etapa final.</p><p>• A Zona de Livre-comércio, que é um acordo de livre-comércio. Os países iniciam</p><p>a redução de impostos de importação das mercadorias comercializadas entre</p><p>eles. Porém, no contexto extrabloco, cada país pode estabelecer suas próprias</p><p>alíquotas de imposto de importação.</p><p>• Na União Aduaneira, os países-membros buscam eliminar totalmente as</p><p>alíquotas de importação de todas as mercadorias a serem importadas entre os</p><p>países que fazem parte da União Aduaneira. Porém, no contexto extrabloco,</p><p>os países-membros acordam estabelecer alíquotas iguais para as importações</p><p>vindas de fora dos países-membros do tratado.</p><p>• No Mercado Comum, os países-membros permitem o livre fluxo, tanto de</p><p>pessoas como de investimentos, entre suas fronteiras. As pessoas podem</p><p>trabalhar sem restrições em qualquer dos países-membros, de igual maneira não</p><p>existem mais restrições ao fluxo de capitais, bens, serviços e fatores produtivos.</p><p>• Na União Econômica e Política deve acontecer a união econômica entre os</p><p>países-membros, unificando suas legislações e suas políticas econômicas e</p><p>monetárias. Neste nível de integração, os países-membros estabelecem uma</p><p>capital onde são definidas todas as gestões dos poderes Legislativo e Executivo</p><p>do bloco.</p><p>38</p><p>1 No mundo atual, os países tendem a desenvolver parcerias e blocos</p><p>econômicos, visando melhorar as condições de vida de suas populações.</p><p>Explique, conceitualmente, como é estruturado um bloco econômico.</p><p>3 Das diferentes etapas de um bloco econômico, em que etapa é que se encontra</p><p>o Mercosul? Determine quais os membros do Mercosul e como é estabelecida</p><p>a tarifa dos países-membros.</p><p>4 Após a integração comercial das duas primeiras etapas, Zona de Livre-</p><p>comércio e União Aduaneira, os países-membros estão preparados para</p><p>alinhar suas economias para um Mercado Comum. Isto quer dizer que:</p><p>Conforme o exposto, determine qual a sentença correta.</p><p>I - Além de gerar um mercado comum dinâmico, os países-membros permitem</p><p>o livre fluxo, tanto de pessoas como de investimentos, entre suas fronteiras.</p><p>II - Os países-membros terão um mercado comum para todos os bens e serviços,</p><p>livre de fronteiras e controles de alfândega, mas haverá ainda controle ao fluxo</p><p>livre de pessoas e capitais.</p><p>5 Em uma UNIÃO ECONÔMICA E POLÍTICA os países unificam suas</p><p>legislações e suas políticas econômicas e monetárias, isto quer dizer que:</p><p>( ) As grandes execuções de gestão política são feitas em comum, tais como:</p><p>legislações trabalhistas, defesa do consumidor, execução da política monetária,</p><p>e, inclusive, a emissão de uma única moeda. Isto acontece sem que haja a</p><p>necessidade de ter um capital para tratar questões legislativas e executivas do</p><p>bloco.</p><p>( ) As grandes execuções de gestão política são feitas em comum, tais como:</p><p>legislações trabalhistas, defesa do consumidor, execução da política monetária,</p><p>e, inclusive, a emissão de uma única moeda. Devendo estabelecer uma capital,</p><p>na qual pode haver poder de decisão sobre questões legislativas e executivas de</p><p>interesses socioeconômicos do bloco.</p><p>6 Dos países da União Europeia (UE), será que todos adotaram o euro como</p><p>moeda única ou há países da UE que não fazem parte da zona do euro? Se há</p><p>países que não fazem parte, ou que ainda não fazem parte, da zona do euro,</p><p>determine quais são.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>2 Determine quais as etapas evolutivas de um bloco econômico,</p><p>será que todo bloco econômico possui a meta de atingir a</p><p>integração total de seus países-membros? Explique o porquê</p><p>de sua resposta.</p><p>39</p><p>TÓPICO 3</p><p>ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS</p><p>AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>UNIDADE 1</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Nos dois primeiros tópicos estudamos sobre o significado entre comércio</p><p>internacional e comércio exterior, assim como aprendemos sobre quais os grandes</p><p>blocos atuantes no comércio internacional. Nesse cenário, cabe perguntar: como</p><p>é regulamentado e normatizado o comércio internacional? Hoje, temos diversos</p><p>organismos internacionais que ajudam a dinamizar e normatizar o comércio entre</p><p>os países atuantes no cenário global.</p><p>Por meio destes organismos internacionais é que se procura nivelar o poder</p><p>de um país sobre outro, especialmente no que se refere aos interesses econômicos</p><p>de cada país, fato que é refletido nas diversas barreiras comerciais existentes entre</p><p>os países. Exemplo, os Estados Unidos possuem um poder comercial e econômico</p><p>maior que do Brasil, assim como o Brasil possui um poder comercial superior ao</p><p>da Colômbia. Desta maneira, objetivando nivelar esses poderes é que existe um</p><p>compromisso internacional de todos os países para que o comércio internacional</p><p>seja o mais justo possível entre as partes, apesar dos interesses individuais que</p><p>possam possuir os países.</p><p>2 FINALIDADE DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS</p><p>Conforme acabamos de observar, os países possuem interesses próprios</p><p>que procuram proteger, mas no contexto internacional existe a vontade de buscar</p><p>um meio de controle desses interesses para assim ter um comércio internacional</p><p>mais justo e um intercâmbio econômico/financeiro que ajude ao desenvolvimento</p><p>dos países. Esse é um dos objetivos dos organismos internacionais.</p><p>Os organismos internacionais nascem de acordos multilaterais entre</p><p>os países ativos no cenário global. Sendo que os organismos internacionais são</p><p>órgãos permanentes com constituição jurídica própria, isto faz suas decisões serem</p><p>respeitadas pelos países-membros desses organismos.</p><p>As organizações internacionais são “associações voluntárias de Estados</p><p>que podem ser definidas da seguinte forma: sociedade entre Estados, constituída</p><p>através de um tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns, através de</p><p>uma permanente cooperação entre seus membros” (STEINFUS, 2002, p. 27).</p><p>40</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>No contexto das organizações internacionais da economia moderna existe</p><p>um momento histórico da era contemporânea, um antes e um depois da Segunda</p><p>Guerra Mundial. Ao finalizar esta guerra mundial, no ano de 1945, o mundo iniciou</p><p>uma grande reorganização mundial com a ajuda do nascimento de uma série de</p><p>organismos internacionais que vamos estudar na continuação.</p><p>2.1 PRINCIPAIS ORGANISMOS INTERNACIONAIS</p><p>No referente ao comércio internacional, algumas mudanças importantes</p><p>aconteceram logo depois</p><p>da Segunda Guerra Mundial. Com a maioria das</p><p>economias destruídas depois da guerra, e para evitar novos conflitos e impasses</p><p>de interesses entre os países, em julho de 1944 um grande acordo internacional</p><p>estava nascendo, em Bretton Woods - EUA.</p><p>Nas negociações de Bretton Woods foi assinado o acordo internacional</p><p>para a formação de três grandes instituições que possuem como objetivo, até</p><p>hoje, um comércio justo entre as nações, ajuda financeira internacional quando</p><p>um país precisar e ajuda financeira para o desenvolvimento socioeconômico das</p><p>nações. Os três órgãos internacionais criados na ocasião são: O Fundo Monetário</p><p>Internacional; o Banco Mundial; e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio</p><p>(GATT).</p><p>• Fundo Monetário Internacional (FMI). Este órgão internacional visa</p><p>manter a estabilidade das posições cambiais das moedas dos países e assistir</p><p>aos países com crises de liquidez externa. Os fundos disponíveis aos países em</p><p>problemas são executados por meio de condicionais rigorosos, objetivando</p><p>reorganizar suas economias. Até finais do ano 2000, o Brasil usou várias vezes</p><p>os recursos do FMI. Todos os países fazem parte do patrimônio do FMI. Quanto</p><p>maior a economia de um país, maior será sua participação e maior será também</p><p>seu poder de voto no diretório do FMI.</p><p>• Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)/</p><p>Banco Mundial. Hoje em dia o BIRD cumpre suas funções com o nome de Banco</p><p>Mundial. Este órgão, no seu início, tinha como principal objetivo a reconstrução</p><p>e o desenvolvimento econômico das nações impactadas pela Segunda Guerra</p><p>Mundial. Hoje, o Banco Mundial tem como objetivo ajudar o desenvolvimento</p><p>socioeconômico por meio de projetos específicos. Igualmente ao FMI, os acionistas</p><p>do Banco são os países, em função do tamanho de suas economias.</p><p>• Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). O GATT, mais que um</p><p>órgão internacional, é considerado uma série de acordos comerciais internacionais</p><p>que duraram por várias décadas. Hoje, o GATT não existe mais, pois no seu último</p><p>acordo foi transformado em órgão internacional. Na sua época, sua principal</p><p>missão era a redução gradativa das tarifas de importação entre os países. Cabe</p><p>destacar que no último acordo do GATT, aliás, a 8ª ronda do Uruguai que durou</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>41</p><p>desde o ano de 1986 até 1993, foi estabelecido o marco jurídico da Organização</p><p>Mundial do Comércio (OMC).</p><p>Sabe qual a diferença entre multilateralismo e bilateralismo? Multilateralismo é</p><p>o termo aplicado nas negociações e acordos internacionais entre vários países. Enquanto</p><p>bilateralismo é o mesmo processo de negociação e de acordos, mas neste caso somente</p><p>entre dois países.</p><p>2.2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)</p><p>No ano de 1994, um ano depois da última ronda do GATT, a OMC foi</p><p>oficializada pelo acordo constitutivo de Marrakesh, de 125 países. Com a</p><p>formalização da OMC, pela primeira vez o comércio internacional tinha um órgão</p><p>regulamentador que não só teria de se preocupar com as tarifas, mas teria que</p><p>regular outras atividades do comércio internacional atual, tais como comércio de</p><p>serviços, regulamentações e proteção de propriedade intelectual, tais como direitos</p><p>de marcas, patentes e de autor.</p><p>Após mais de duas décadas de existência, no ano 2016 a OMC tem 162</p><p>países-membros. Por meio da OMC os países de menor peso econômico possuem</p><p>tratamento igual às economias de países desenvolvidos, assim, possíveis abusos</p><p>e disputas comerciais podem ser monitorados entre os países. Para qualquer</p><p>processo de índole comercial os países possuem os mesmos direitos de comércio</p><p>internacional. Isto pode ajudar muito em situações de conflito de interesses entre</p><p>um país de porte menor com um de economia maior.</p><p>Assim, por meio da gestão da OMC, qualquer conflito comercial e de</p><p>direitos de propriedade intelectual entre países pode ser finalizado com arbitragem</p><p>da OMC. Esta arbitragem deverá ser aceita pelos países em disputa e deverá estar</p><p>alinhada aos princípios de livre-comércio e medidas compensatórias assinadas</p><p>entre os países-membros da OMC. Segundo Thorstensen (2002, p. 371):</p><p>O que se afirma é que, agora, a OMC ‘tem dentes’. Tal afirmação significa</p><p>que, agora, a OMC tem poder para impor as decisões dos painéis e</p><p>permitir que os membros que ganhem a controvérsia possam aplicar</p><p>retaliações aos membros que mantenham medidas incompatíveis com</p><p>as regras da OMC. Tal retaliação, por exemplo, pode ser efetuada</p><p>através do aumento de tarifas para os bens exportados pelo membro</p><p>infrator, em um valor equivalente ao das perdas incorridas.</p><p>Em grandes termos, a OMC possui como principal função supervisar</p><p>as corretas práticas de comércio entre países e blocos comerciais. Isto deve ser</p><p>feito respeitando os acordos, com os quais, aliás, os mesmos países-membros têm</p><p>NOTA</p><p>42</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>se comprometido. Acordos delegados à gestão da OMC que possui, desde sua</p><p>criação, as seguintes atividades principais:</p><p>• A negociação da redução ou eliminação dos obstáculos ao comércio e acordos</p><p>sobre as normas pelas quais se rege o comércio internacional.</p><p>• A administração e a vigilância da aplicação das normas acordadas na OMC</p><p>que regulam:</p><p>o o comércio de mercadorias e serviços;</p><p>o os aspectos de direito de propriedade intelectual relacionados ao comércio.</p><p>• A vigilância e o exame das políticas comerciais dos seus membros, bem como</p><p>a consecução da transparência nos acordos regionais e bilaterais.</p><p>• A solução de controvérsias entre os membros sobre a interpretação e aplicação</p><p>dos acordos.</p><p>• O fortalecimento da capacidade dos funcionários públicos dos países em</p><p>desenvolvimento em assuntos relacionados com o comércio internacional.</p><p>• A prestação de assistência no processo de adesão dos países que ainda não são</p><p>membros da organização.</p><p>• A realização de estudos econômicos e a coleta e difusão de dados comerciais</p><p>em apoio às demais atividades principais da OMC.</p><p>A explicação e difusão ao público de informação sobre a OMC, sua</p><p>missão e suas atividades.</p><p>FONTE: Adaptado de <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/whatis_s/what_we_do_s.htm>.</p><p>Acesso em: 17 jun. 2016.</p><p>2.3 CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL (CCI)</p><p>Os países que atuam ativamente no comércio internacional têm a OMC</p><p>como organismo que controla os direitos de um comércio justo entre países, ou</p><p>seja, a OMC atua no nível de acordos entre governos dos países.</p><p>Para questões comerciais, financeiras e logísticas mais específicas e pontuais</p><p>entre as empresas que atuam no mercado internacional, qual seria o organismo</p><p>que pode normatizar suas relações? Em questões operacionais e financeiras do</p><p>comércio e logística internacional, a Câmara de Comércio Internacional (CCI)</p><p>regula e normatiza este tipo de gestão. No que se refere às responsabilidades, ao</p><p>longo da cadeia logística, a CCI é responsável pela normatização dos Incoterms.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>43</p><p>Os Incoterms, no comércio internacional, definem e estabelecem tanto os</p><p>direitos como as responsabilidades entre o exportador e importador ao longo</p><p>da cadeia logística. Isto é, desde que a mercadoria está saindo do endereço do</p><p>exportador, no país de origem, até que seja entregue no endereço do importador,</p><p>no país de destino.</p><p>Conforme abordaremos na Unidade 3, existem vários Incoterms, sendo</p><p>que a modalidade de Incoterm a se estabelecer em um processo de exportação</p><p>será definida pelas partes da negociação comercial, isto é, entre o exportador e</p><p>importador. Para podermos entender um pouco sobre os Incoterms, vamos</p><p>observar um exemplo:</p><p>• Se for negociado entre as partes o Incoterm FOB (Free on Board – em</p><p>português quer dizer: mercadoria à disposição no navio), de quem será a</p><p>responsabilidade:</p><p>o Da internacionalização e entrega da mercadoria no porto no país de</p><p>origem? Segundo o Incoterm FOB, isto seria responsabilidade do exportador.</p><p>o Do transporte e seguro internacional</p><p>da mercadoria? Segundo o Incoterm</p><p>FOB, isto seria de responsabilidade do importador.</p><p>o Do desembarque da mercadoria no porto de destino e a respectiva</p><p>nacionalização? Segundo o Incoterm FOB, isto seria de responsabilidade do</p><p>importador.</p><p>Ficou curioso sobre os Incoterms? Mais adiante, na Unidade 3, iremos abordar</p><p>com mais profundidade sobre isso, contudo, a seguir disponibilizamos dois sites de interesse</p><p>sobre os Incoterms:</p><p>Portal da CCI em inglês: <http://www.iccwbo.org/>.</p><p>Portal Brasileiro de Comércio Exterior: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/</p><p>incoterms/menu/192>.</p><p>Além de normatizar as questões operativas/logísticas do comércio</p><p>internacional, a CCI defende abertamente a globalização da economia através de</p><p>seu apoio às empresas que atuam, e desejam atuar no comércio internacional. Esse</p><p>apoio é dado em questões comerciais, logísticas e financeiras.</p><p>A CCI também regula as operações de comércio exterior, sendo a</p><p>responsável pela edição da Brochura 500 ou UCP 500 e URC 522, que</p><p>trata de regras bancárias para regulamentação das operações relativas</p><p>a créditos documentários, como, por exemplo, operações de compra</p><p>e venda amparadas por Carta de Crédito e Cobranças Documentárias</p><p>(TREDESINI, 2011, p. 32).</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>44</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Como podemos observar, a CCI é uma peça-chave quando falamos sobre</p><p>condições financeiras, operativas e de logística na comercialização de mercadorias</p><p>ao redor do mundo. Através da CCI se pode normatizar as modalidades padrões,</p><p>tanto de logística e de pagamentos entre exportadores, trading companies, e</p><p>importadores de diferentes países. Assim como os Incoterms, as modalidades de</p><p>pagamento iremos estudar na Unidade 3 deste caderno.</p><p>Ficou curioso sobre as modalidades de pagamento? Para se adiantar à Unidade</p><p>3 você pode ler sobre este tema no seguinte portal do Sistema Integrado de Comércio</p><p>Exterior (SISCOMEX): <http://www.siscomex.com.br/topic/2159-formas-pagamentos-na-</p><p>exportacao/>.</p><p>3 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>Como estudamos anteriormente, o comércio internacional entre países é</p><p>fundamental para as necessidades, tanto de insumos, de consumo e de investimento</p><p>para qualquer país do mundo. Lembre-se: nenhum país do mundo pode ser</p><p>autossuficiente. Seguindo esta lógica, os países deveriam negociar abertamente o</p><p>que precisam importar e exportar, comercializando e exportando bens e serviços</p><p>que realmente são competitivos.</p><p>Se um país analisar bem as regras do jogo do comércio internacional, e</p><p>puder definir estrategicamente seu potencial exportador e suas necessidades de</p><p>importação, logo, esse país deve fazer os seguintes questionamentos:</p><p>• Quais os setores em que ele é realmente competitivo (produtivo) para</p><p>exportar? Para assim aproveitar das grandes oportunidades desse mercado</p><p>internacional.</p><p>• Quais são suas necessidades de insumos, bens de consumo, investimentos</p><p>e tecnologia de ponta? Para assim aproveitar desse grande mercado internacional</p><p>para importar esses requerimentos de sua economia.</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>45</p><p>Depois de um tempo, sua economia terá um desenvolvimento dinâmico,</p><p>com crescimentos acima da média mundial. Este foi o caminho feito por países</p><p>com histórias de sucesso econômico atual, tais como Chile, Coreia do Sul, Taiwan,</p><p>Singapura, Japão, entre outros; e principalmente dos Estados Unidos, que há</p><p>décadas lidera a economia e o comércio internacional. Será que todos os países</p><p>conseguem se abrir totalmente ao comércio internacional?</p><p>Muitos tentam segurar seus interesses socioeconômicos e de seguridade</p><p>nacional, e outros ponderam seus interesses versus os benefícios de se abrir. Aliás,</p><p>não existe uma economia totalmente aberta ao comércio internacional, como</p><p>também não existe uma economia totalmente fechada. O que existe é um leque de</p><p>possibilidades:</p><p>• Há países considerados abertos ao comércio internacional, permitindo e</p><p>incentivando suas empresas a negociarem abertamente no mercado internacional,</p><p>mas sempre de olho nos grandes interesses nacionais.</p><p>• Existem outros que são relativamente abertos ao comércio, deixando suas</p><p>empresas negociarem no mercado internacional, podendo, em certas situações,</p><p>impor barreiras para diminuir fluxos indesejados de mercadorias comercializadas</p><p>internacionalmente.</p><p>• Existem outros que são relativamente fechados ao comércio, deixando</p><p>suas empresas atuarem no mercado internacional, sempre e quando estejam</p><p>alinhadas aos grandes interesses nacionais. Poderíamos dizer que o Brasil está</p><p>nesta posição e quase na anterior (relativamente aberta). Nas últimas décadas, o</p><p>país vem se abrindo bastante ao comércio internacional.</p><p>• Há outros que são considerados economias fechadas, negociando no</p><p>comércio internacional o mínimo indispensável, este é o caso das economias</p><p>consideradas de um socialismo extremo que protegem ao máximo os interesses do</p><p>Estado e, através dele, a sua população. Podemos citar vários países: a ex-União</p><p>Soviética, hoje desintegrada em vários países, entre esses a Rússia e a Ucrânia, a</p><p>China há duas décadas, a Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, entre outros.</p><p>Como podemos observar, não há país 100% aberto ao comércio internacional</p><p>nem 100% fechado. Aliás, o sonho de um mundo totalmente globalizado seria que</p><p>todos os países fossem 100% abertos ao comércio internacional.</p><p>Ao longo dos anos, os países vêm utilizando as conhecidas barreiras</p><p>ao comércio internacional, visando proteger interesses nacionais, que, aliás,</p><p>muitas vezes tendem a se misturar com interesses particulares. Nas negociações</p><p>internacionais, os países procuram proteger as mercadorias produzidas nos seus</p><p>territórios, pois estes ajudam a gerar emprego e a proteger tanto seus agricultores</p><p>como setores industriais.</p><p>46</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Histórico das diferenças entre países e pareceres da OMC. Acessando o portal</p><p>da OMC podemos ler e nos aprofundar sobre os diferentes pareceres da OMC em diversos</p><p>tempos relacionados ao comércio internacional. Portal: <https://www.wto.org/spanish/</p><p>tratop_s/dispu_s/dispu_s.htm>.</p><p>IMPORTANTE</p><p>Você pode estar se perguntando: quais são estas barreiras ao comércio?</p><p>Existem dois grandes grupos de barreiras: as barreiras tarifárias e as não tarifárias.</p><p>É nesta questão que a OMC desempenha um de seus papéis principais, isto é,</p><p>destravar impasses entre países. Quando um país, ou grupo de países, sente-se</p><p>prejudicado pelas barreiras impostas por outro país, logo, os países prejudicados</p><p>recorrem à intermediação da OMC.</p><p>Assim, a partir da análise da questão, que está travando o livre-comércio</p><p>entre as partes, a OMC emite seu parecer, e se houver necessidade, estabelece</p><p>penalidades que devem ser respeitadas pelo país que está se beneficiando pela</p><p>imposição de barreiras. Aqui poderemos citar vários exemplos, um deles foi o</p><p>parecer a favor da exportação de suco de laranja do Brasil para os Estados Unidos.</p><p>Neste caso, os Estados Unidos tinham colocado uma sobretarifa de imposto de</p><p>importação (antidumping) às importações de suco de laranja vindas do Brasil.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>47</p><p>3.1 BARREIRAS TARIFÁRIAS</p><p>Como o nome diz, as barreiras tarifárias mexem diretamente com a alíquota</p><p>de importação imposta às diferentes mercadorias a serem importadas por um</p><p>país. Para se proteger, os países têm a ferramenta de poder aumentar a taxa de</p><p>alíquota de importação. Exemplo, se o Brasil se sentir ameaçado com excesso de</p><p>importações de roupa barata vinda de diferentes países, o país poderia aumentar</p><p>a alíquota de importação desse tipo de mercadoria. Vamos analisar isso em termos</p><p>simples e didáticos:</p><p>• A alíquota de importação para camisetas é de 10%. Logo, se a camiseta</p><p>está sendo importada por R$ 10,00, o imposto de importação será de R$ 1,00 </p><p>R$ 10,00 x 10% (alíquota). Logo, a camiseta terá um valor de R$ 11,00 mais outras</p><p>taxas e gastos de</p><p>importação.</p><p>• Se o Brasil perceber que há excesso de importações de camisetas e que</p><p>isto está prejudicando o emprego e a indústria nacional, o país poderá aumentar</p><p>a alíquota para 25%. Logo, se a camiseta está sendo importada por R$ 10,00, o</p><p>imposto de importação será de R$ 2,50 R$ 10,00 x 25% (alíquota). Assim, a</p><p>camiseta terá um valor de R$ 12,50 mais outras taxas e gastos de importação.</p><p>A quem irá beneficiar esse aumento da alíquota? No curto prazo, poderá</p><p>beneficiar a geração de emprego, a indústria e a agricultura nacional, pois ao</p><p>aumentar a tarifa de importação haverá aumento no custo de importação da</p><p>mercadoria em questão e os produtos nacionais tornam-se relativamente mais</p><p>baratos. Eis um dos motivos de as tarifas de importação serem consideradas como</p><p>uma barreira tarifária.</p><p>Deste modo, ao ser mais custoso importar, o preço deste produto fica</p><p>mais caro, inviabilizando, ou diminuindo, a venda no mercado nacional, e, claro,</p><p>beneficiando os produtores nacionais. É por meio das tarifas de imposto de</p><p>importação que em muitas situações os países tendem a proteger sua agricultura</p><p>e indústria nacional.</p><p>Devemos nos perguntar: há limites para uma barreira tarifária? Antigamente</p><p>os países podiam impor qualquer nível de taxa nas tarifas, desde 0% até mais de</p><p>100%! Daí o controle, a partir da Segunda Guerra Mundial, em que os organismos</p><p>internacionais procuram impor limites às barreiras ao comércio internacional.</p><p>Hoje, a Organização Mundial de Comércio (OMC) limita a alíquota do imposto de</p><p>importação às mercadorias em até 35%, além disso, um país que esteja exportando</p><p>pode reclamar excesso de barreira tarifária.</p><p>48</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Uma alíquota de 35% é considerada bastante alta, muitas mercadorias</p><p>com uma tarifa assim viram inviáveis de serem importadas e poderem competir</p><p>no mercado nacional. Ao observarmos a maioria de tarifas TEC do Brasil, e dos</p><p>demais países do Mercosul, percebemos que oscilam entre 02% e 20%, são poucas</p><p>as mercadorias que possuem uma tarifa de 35%. E as que têm uma TEC de 35%</p><p>são visivelmente para proteger a indústria nacional, tal como a TEC para importar</p><p>malhas de algodão, que possui uma TEC de 35%.</p><p>3.1.1 Sobretaxa de alíquota de importação e</p><p>antidumping</p><p>Quando um país observa que é necessário se proteger do mercado</p><p>internacional, determinadas indústrias procuram aumentar as tarifas de</p><p>importação, conforme estudamos anteriormente. Para fazer isso, busca-se uma</p><p>proteção específica, e não generalizada, ou seja, a barreira poderá ser focada nas</p><p>importações vindas de um país ou bloco econômico em específico. Assim, dos</p><p>outros países não precisa aumentar a tarifa de importação. Como é feito isso?</p><p>Colocando uma sobretaxa ao imposto de importação de um tipo de mercadoria</p><p>vinda do país que está afetando a indústria nacional. Para exemplificar isto, vamos</p><p>supor a seguinte situação:</p><p>• A alíquota de importação para cadeados é de 16%, ou seja, essa seria a</p><p>tarifa geral para qualquer cadeado que for importado de qualquer país. Porém, o</p><p>país deseja impor uma sobretaxa aos cadeados vindos, especificamente, da China,</p><p>por se julgar ser um comércio desleal, pois as empresas desse país estão baixando</p><p>o preço da exportação do produto para assim ganhar mercado internacional.</p><p>Com esse argumento o Brasil poderia impor uma sobretaxa, de 5%</p><p>(supostamente) aos cadeados vindos da China, logo:</p><p>o Todo cadeado a ser importado da China terá uma alíquota de importação</p><p>final específica de 21% 16% + 5%.</p><p>o A tarifa geral do imposto de importação (II) se mantém em 16%, mas</p><p>haverá uma sobretaxa específica de 5% aos cadeados vindos da China, observe que</p><p>para os demais países mantêm-se em 16%.</p><p>Para justificar essa sobretaxa, o Brasil, ou qualquer país-membro da</p><p>OMC, levanta um argumento de justificativa diante do país que será prejudicado</p><p>(imposta essa sobretaxa) e, claro, perante a OMC. Esse mecanismo de sobretaxar a</p><p>tarifa de importação é feito, majoritariamente, por meio do conhecido antidumping,</p><p>ou sistema de justificativa de sobretaxa, aliás, ferramenta bastante utilizada pelos</p><p>países. Para que possamos entender o contexto do que é um antidumping, devemos</p><p>conhecer previamente o que é um dumping.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>49</p><p>3.1.2 O dumping e antidumping</p><p>Muitas vezes, para poder ganhar participação de mercado internacional,</p><p>as empresas ficam tentadas em comercializar internacionalmente seus produtos</p><p>a um preço menor do que elas vendem no mercado nacional. Isso no vocabulário</p><p>de comércio exterior é conhecido como dumping, segundo o Ministério do</p><p>Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).</p><p>Definição: Considera-se que há prática de dumping quando uma</p><p>empresa exporta para o Brasil um produto a preço (preço de exportação)</p><p>inferior àquele que pratica para o produto similar nas vendas para o</p><p>seu mercado interno (valor normal). Desta forma, a diferenciação de</p><p>preços já é por si só considerada como prática desleal de comércio.</p><p>DUMPING => PREÇO DE EXPORTAÇÃO < VALOR NORMAL</p><p>Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/</p><p>interna.php?area=5&menu=4351&refr=4323>. Acesso em: 16 jun. 2016</p><p>(grifos nosso).</p><p>Voltando ao exemplo do cadeado, exposto anteriormente, vamos supor</p><p>que no mercado nacional da China este produto seja comercializado por US$ 2,50,</p><p>mas as empresas exportadoras estão exportando-o para o Brasil por US$ 2,20. Esta</p><p>suposta prática desleal das empresas chinesas, se comprovada e mantida no tempo,</p><p>serve de argumento para um processo de dumping. O que ganha uma empresa</p><p>exportadora ao exportar seus produtos com um preço menor do que ela vende no</p><p>mercado nacional? Segundo a autora Tredesini (2011, p. 46):</p><p>As empresas lançam mão desta prática para conquistar o mercado</p><p>escolhido. Praticando preços muito competitivos, elas tiram os</p><p>concorrentes, os fabricantes nacionais, deste mercado. Quando o</p><p>mercado está dominado, não existe mais concorrência ou a concorrência</p><p>perdeu a maioria de sua participação do mercado, as empresas passam,</p><p>aos poucos, a praticar o preço real do produto.</p><p>Por meio da prática do dumping as empresas nacionais de um país podem se</p><p>sentir ameaçadas, e quando o impacto desta prática é forte, os produtores nacionais</p><p>expõem seu problema aos órgãos governamentais responsáveis pelo comércio</p><p>exterior. Logo, o governo analisa e se conseguir argumentar a prática de dumping</p><p>toma ações, por meio da medida protecionista conhecida como antidumping. E em</p><p>função desses possíveis dumpings, e sempre e quando possa se justificar, os países</p><p>estão permitidos pela OMC para executar medidas antidumping.</p><p>A medida antidumping consiste em aplicar, na maioria das vezes, uma</p><p>sobretaxa à tarifa de importação do produto que está apresentando dumping.</p><p>Assim, por meio do antidumping um país pode compensar o dumping para que a</p><p>indústria nacional possa concorrer contra as importações “baratas” vindas de um</p><p>país que está praticando dumping.</p><p>Devemos observar que, muitas vezes, são aplicadas medidas antidumping</p><p>para justificar proteção excessiva aos interesses de produtores nacionais. Muitos</p><p>50</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>países fazem isto, e o Brasil não é a exceção. Aqui no Brasil existem vários</p><p>antidumpings vigentes, entre eles para a importação de cadeados.</p><p>Para saber mais sobre as medidas de antidumping aplicadas, no Brasil, para a</p><p>importação de cadeados, acesse o portal do MDIC: <http://www.desenvolvimento.gov.br/</p><p>sitio/interna/interna.php?area=5&menu=4027>.</p><p>Os exportadores brasileiros sofrem medidas antidumping? A resposta é sim, e</p><p>muitas vezes é uma medida injusta, para tentar proteger a indústria nacional de outros países.</p><p>Exemplo disso foi a medida antidumping imposta pelos Estados Unidos aos exportadores</p><p>brasileiros de suco de laranja, isto foi feito, em grande parte, para proteger os produtores</p><p>de laranja da Flórida e da Califórnia. Este caso foi apresentado à OMC e o Brasil ganhou</p><p>o</p><p>processo contra os Estados Unidos, conseguindo que os EUA levantassem a medida de</p><p>antidumping, assim os exportadores de suco de laranja do Brasil puderam vender nesse</p><p>mercado sem sofrer sobretaxas. Ficou curioso?</p><p>Para saber mais sobre o caso de arbitragem do suco de laranja entre os EUA e o Brasil, acesse</p><p>o seguinte artigo de opinião: <http://oglobo.globo.com/economia/brasil-eua-encerram-</p><p>disputa-na-omc-por-suco-de-laranja-7618140>.</p><p>3.2 BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS</p><p>Acabamos de ver como um país pode impor barreiras diretas ao comércio</p><p>internacional por meio de tarifas de importação. Além das tarifas, existem outros</p><p>meios para tentar barrar ou diminuir o fluxo de importação de determinadas</p><p>importações. No comércio exterior elas são conhecidas como barreiras não</p><p>tarifárias, ou seja, são barreiras que não impactam o custo direto da importação.</p><p>Estas barreiras são impostas por meio de condicionais de certificações de quotas,</p><p>de qualidade, de segurança ambiental, de segurança alimentar, de segurança à</p><p>saúde, entre outras.</p><p>Quando existem barreiras tarifárias, a empresa pode de alguma</p><p>forma tentar ser competitiva, baixando os seus custos ou sacrificando</p><p>a margem de ganho. Porém, as barreiras não tarifárias são realmente</p><p>impeditivas. Se a empresa não está com o produto de acordo com o</p><p>exigido pelo país, está fora desse mercado, mesmo tendo um preço</p><p>competitivo (TREDESINI, 2011, p. 46).</p><p>DICAS</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>51</p><p>3.2.1 Barreiras técnicas</p><p>Por meio das barreiras técnicas os países buscam definir características</p><p>técnicas que as mercadorias importadas devem possuir para poder serem</p><p>importadas, para isso deve-se apresentar um certificado técnico a ser conferido</p><p>pelos órgãos anuentes do governo. Caso não existir o respectivo certificado, a</p><p>mercadoria não poderá entrar no país.</p><p>BARREIRAS TÉCNICAS AO COMÉRCIO</p><p>Após a criação do GATT, em 1947 e, posteriormente, da OMC, em 1995,</p><p>as tarifas e outras restrições quantitativas diminuíram de forma significativa.</p><p>No entanto, outras formas de protecionismo tornaram-se evidentes, como</p><p>regulamentações técnicas. Nesse sentido, diversos países têm muitos</p><p>regulamentos em vigor que estabelecem requisitos de qualidade, segurança,</p><p>composição, processo produtivo, embalagem, rotulagem etc. para os produtos</p><p>comercializados em seus territórios. Essas regulamentações nacionais podem</p><p>se consistir, muitas vezes, nas denominadas ‘barreiras técnicas ao comércio'. A</p><p>adoção e a implementação dessas medidas governamentais podem, contudo,</p><p>visar à proteção de objetivos legítimos, como saúde, segurança e meio ambiente.</p><p>Essas justificativas legítimas podem, muitas vezes, servir de explicação para a</p><p>imposição de exigências técnicas protecionistas.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.</p><p>php?area=5&menu=733&refr=750>. Acesso em: 17 jun. 2016.</p><p>Conforme o conceito exposto acima, pelo MIDC, sob a condicional da</p><p>barreira técnica os governos buscam manter o controle técnico sobre produtos</p><p>importados. No entanto, muitas vezes isso é feito para proteger a indústria</p><p>nacional de produtos importados mais competitivos. Assim, por meio das barreiras</p><p>técnicas, os países exigem “certificações”, exemplo: certificações à importação de</p><p>carne bovina, certificado ecológico (ameaça ao meio ambiente), entre outros.</p><p>Uma situação de barreira não tarifária poderia ser, por exemplo, o Brasil</p><p>considerar que os brinquedos para crianças de até três anos vindos da China</p><p>podem ser prejudiciais à saúde das crianças. Logo, sob essa ameaça o Brasil</p><p>bloqueia as importações desse tipo de brinquedo vindo da China até que possa ser</p><p>demonstrado, por meio de um certificado, que eles não são prejudiciais à saúde</p><p>pública. Esta seria uma barreira não tarifária “sanitária”.</p><p>• Barreira Sanitária. Por meio desta barreira, os países buscam manter</p><p>sob controle ameaças de cunho sanitário. Além do exemplo dos brinquedos, todo</p><p>produto alimentar, remédios, entre outros, devem possuir certificado, conferindo</p><p>que o produto não é potencialmente prejudicial à saúde.</p><p>Se um país achar que existe ameaça, por parte de algum produto, contra</p><p>a saúde de sua população, esse país simplesmente pode proibir a importação</p><p>52</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>até conferir que não seja prejudicial. Exemplo disso, a União Europeia (UE) tem</p><p>proibido a importação de soja transgênica, assim, para que as empresas brasileiras</p><p>possam exportar para a UE elas precisam do certificado conferindo que a soja não</p><p>é transgênica.</p><p>• Barreira Qualidade. Para alguns produtos, especialmente alimentares,</p><p>os países podem exigir certificados que avaliem processos produtivos, visando</p><p>cumprir padrões de qualidade. Exemplo disso temos: Certificado Kosher,</p><p>demandado por Israel e pela comunidade judaica ao redor do mundo; Certificado</p><p>Halal, demandado pelos países muçulmanos que devem cumprir requisitos</p><p>estabelecidos no Corão; a maioria dos produtos alimentares a serem exportados</p><p>para o Japão demanda certificados de qualidade.</p><p>Nem sempre os certificados de qualidade visam só proteger a qualidade do</p><p>produto, mas sim procuram proteger determinadas indústrias nacionais. Assim,</p><p>em algumas situações, os padrões exigidos pelos certificados são quase impossíveis</p><p>de serem cumpridos, podendo inviabilizar a exportação e se convertendo mais</p><p>em uma barreira ao comércio internacional. Quando um certificado de qualidade</p><p>vira uma barreira, os governos buscam manter o controle técnico sobre os</p><p>produtos importados, com o objetivo de proteger a indústria nacional de produtos</p><p>importados mais competitivos.</p><p>• Barreira Ecológica. Hoje, muitos produtos comercializados</p><p>internacionalmente estão apresentando a necessidade de possuir certificados</p><p>ecológicos, para garantir que seus processos produtivos tenham o menor impacto</p><p>ambiental possível. Existem vários certificados desse tipo, conforme as exigências</p><p>de um país ou mercado. Um exemplo de exigências do mercado são os certificados</p><p>orgânicos.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>53</p><p>FIGURA 2 - CERTIFICADOS ORGÂNICOS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.agronacc.com/2013/08/certificado-de-organico.html>.</p><p>Acesso em: 19 jun. 2016.</p><p>Em algumas situações, sob o pretexto de proteção ambiental, os países</p><p>buscam proteger indústrias nacionais que possuem processos produtivos com</p><p>menor competitividade.</p><p>Acabamos de ler sobre algumas situações de certificados técnicos, sanitários,</p><p>ambientais, entre outros. Em resumo, todos estes certificados visam garantir que</p><p>os processos produtivos estejam conforme os padrões exigidos pelos mercados</p><p>dos países de destino da mercadoria a ser exportada. Porém, em muitas situações</p><p>os países poderiam utilizar, como pretexto, exigências além do necessário para</p><p>tentar barrar, ou pelo menos diminuir, o volume de importações de produtos</p><p>mais competitivos dos que os produzidos nacionalmente. É nestas situações que</p><p>os certificados técnicos podem virar meios para a geração de uma barreira não</p><p>tarifária.</p><p>54</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Qual o significado de Certificado Kosher?</p><p>Certificado Kosher. Este certificado serve para verificar normas de qualidade e de processos</p><p>na produção de alimentos conforme as leis alimentares judaicas. O certificado não só serve</p><p>para as exportações para Israel, mas para todo país que possui comunidades judaicas, aliás,</p><p>espalhadas em países ao redor do mundo, entre estes o Brasil. A comunidade judaica é</p><p>grande e de poder aquisitivo alto, assim, muitas empresas brasileiras estão interessadas em</p><p>executar processos de exportação ou de importação, precisando deste certificado. Todavia,</p><p>consumidores que não pertencem ao judaísmo gostam de consumir produtos alimentares</p><p>com este certificado, em função da altíssima qualidade de tais produtos.</p><p>3.2.2 Subsídios</p><p>Quando o governo de um país oferece benefícios econômicos diretos, sem</p><p>exigir retorno dos processos</p><p>produtivos da agricultura, da agroindústria ou da</p><p>indústria, logo estes podem ser considerados subsídios. Segundo o site do MIDC</p><p>(2016).</p><p>Significado de Subsídio</p><p>Definição: Entende-se como subsídio a concessão de um benefício, em</p><p>função das seguintes hipóteses:</p><p>o existência, no país exportador, de qualquer forma de sustentação</p><p>de renda ou de preços que, direta ou indiretamente, contribua para</p><p>aumentar exportações ou reduzir importações de qualquer produto; ou</p><p>o existência de contribuição financeira por um governo ou órgão</p><p>público, no interior do território do país exportador.</p><p>A seguir podemos observar alguns exemplos de subsídios:</p><p>• Quando o exportador receber algum tipo de renda direta do governo</p><p>para continuar produzindo. Por exemplo, um agricultor poderia receber uma</p><p>renda adicional por parte do governo se produzir um número mínimo de hectares</p><p>de milho, soja, entre outros.</p><p>• Quando o exportador puder comprar insumos-chave com preços baixos.</p><p>Exemplo, agricultores que produzirem produtos de exportação determinados</p><p>podem comprar insumos com preços especiais subsidiados pelo governo.</p><p>• Quando o exportador conseguir receber empréstimos das entidades</p><p>financeiras governamentais com juros baixos, inclusive com taxa 0%.</p><p>Existem países que, sob o pretexto de seguran��a alimentar de suas</p><p>populações, fornecem subsídios para grandes produtores agrícolas, como são</p><p>os casos conhecidos internacionalmente da soja e milho dos Estados Unidos e</p><p>da produção de leite da União Europeia, entre outros produtos agrícolas desses</p><p>países. “Os subsídios se tornam uma barreira na medida em que o agricultor</p><p>IMPORTANTE</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>55</p><p>recebe este dinheiro do governo, aplica em seu negócio e acaba reduzindo os seus</p><p>custos” (TREDESINI, 2011, p. 49).</p><p>Em resumo, quando um produtor ou setor industrial receber dinheiro</p><p>“barato” por parte do governo para manter seus processos produtivos ativos,</p><p>pode gerar diversos tipos de subsídios. O Mercosul, com a liderança do Brasil e</p><p>da Argentina, tem mantido diversas ações para defender seus direitos perante</p><p>a OMC, pois é prática forte de muitos países desenvolvidos manter a produção</p><p>de soja, milho, trigo, leite, entre outros, com subsídios diretos aos agricultores,</p><p>deixando os preços desses produtos abaixo do preço real de mercado.</p><p>Ao ter excesso de oferta de commodities (ex.: soja ou milho) com subsídio</p><p>nos países desenvolvidos, logo, o preço de mercado internacional fica abaixo do</p><p>real, prejudicando aos agricultores do Brasil ou da Argentina, que possuem maior</p><p>competitividade na produção desses grãos.</p><p>3.2.3 Quotas de importação</p><p>Para controlar o volume de importação de certos produtos, os países podem</p><p>impor quotas ou volumes de importação. Exemplo, o Brasil permite um volume</p><p>limite de carros importados do México com taxa zero de importação; assim que</p><p>atingir esse limite, as importações desses carros deverão ter taxa de importação.</p><p>Isto permite graus de protecionismo às montadoras de veículos instaladas no</p><p>Brasil.</p><p>Nos exemplos citados, analisamos algumas das ferramentas disponíveis</p><p>que os países possuem com o objetivo de se proteger de ameaças de produtos</p><p>importados. Ameaças que nem sempre são prejudiciais às economias, mas sim</p><p>aos interesses particulares que bloqueiam o livre-comércio internacional. Observe</p><p>que, dependendo do grau de proteção da barreira, elas aumentam a necessidade</p><p>de atividades administrativas dos processos de exportação e importação, e em</p><p>algumas situações até podem bloquear uma importação realmente necessária.</p><p>Quando um país estiver ameaçado de excesso de volume de um produto</p><p>importado, poderia impor limite aos volumes de importação da mercadoria em</p><p>questão. Assim, estabelecem-se limites quantitativos ao que poderá ser importado,</p><p>podendo ser limites em função do número de peças, quilos, litros, toneladas etc.</p><p>Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ):</p><p>As quotas são simplesmente uma forma de restrição à quantidade de</p><p>produto importado, limitada a um número preestabelecido alocado</p><p>sob a base global ou específica. As quotas possuem um sistema de</p><p>administração e licenciamento próprio, que pode variar do leilão à</p><p>concessão discricionária.</p><p>As quotas de importação podem também ser combinadas às barreiras</p><p>tarifárias tradicionais, com tarifas que variam entre um valor mais baixo,</p><p>quando a quantidade importada ainda está abaixo da quota (tarifa</p><p>56</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>OS INTERESSES DAS NAÇÕES E SEUS CONFLITOS</p><p>Roberto Fendt*, O Estado de S. Paulo, 4 maio 2014</p><p>Roberto Fendt é diretor executivo do Centro Brasileiro de Relações</p><p>Internacionais (CEBRI).</p><p>No Iluminismo Escocês do século 18 acreditava-se que a busca dos interesses</p><p>individuais geraria necessária e inevitavelmente a cooperação social. Os ganhos</p><p>mútuos do comércio levariam à progressiva divisão do trabalho e ao aumento da</p><p>produtividade do trabalho humano. Os ganhos das trocas voluntárias superariam</p><p>a violência na vida privada e nas relações entre os países.</p><p>Um século depois, lord Palmerston, duas vezes primeiro-ministro britânico,</p><p>afirmava que “a Inglaterra não tem amigos eternos, a Inglaterra não tem inimigos</p><p>perpétuos. A Inglaterra tem somente eternos e perpétuos interesses”.</p><p>intraquota), para um mais alto, uma vez que a quota seja extrapolada</p><p>(tarifa extraquota) (ABIMAQ, 2016).</p><p>Os limites aos volumes a serem importados tornam-se uma barreira</p><p>quando o país exportador possui maior capacidade de exportação dos volumes</p><p>previamente estabelecidos pelo país importador. Isto podemos exemplificar por</p><p>meio do seguinte exemplo: A União Europeia (UE) impõe limites à quantidade de</p><p>banana a ser importada dos países latino-americanos. Isto é feito porque alguns</p><p>países da Europa mantêm interesses econômicos na produção de banana de seus</p><p>investimentos na produção dessa fruta no Caribe e na África, ajudando assim a</p><p>manter uma produção menos competitiva e reduzindo o acesso de países altamente</p><p>competitivos na oferta de banana no mercado mundial, tal como Equador e Costa</p><p>Rica ao mercado da UE. Quem sai prejudicado nesse caso? No caso da importação</p><p>da banana para a UE:</p><p>• O consumidor dos países-membros da UE, pois tem que consumir uma</p><p>banana com um preço maior ou qualidade inferior.</p><p>• O produtor de banana dos países latino-americanos, pois são obrigados</p><p>a vender uma menor quantidade à UE.</p><p>E quem sai beneficiado nesse caso? As empresas europeias que possuem</p><p>interesses e investimentos nessas lavouras de banana, produtores agrícolas</p><p>relativamente menos competitivos que suas ex-colônias e/ou territórios atuais, tal</p><p>como as Ilhas Canárias da Espanha, ou Açores de Portugal.</p><p>Antes de iniciarmos a Unidade 2, convido você a ler o artigo de opinião</p><p>publicado no jornal O Estado de São Paulo. Este artigo traz os interesses das nações</p><p>e os conflitos gerados no contexto internacional. Boa leitura!</p><p>TÓPICO 3 | ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>57</p><p>Esses interesses eternos e perpétuos de cada nação constituiriam um motor</p><p>de conflitos entre elas? Até que ponto os ganhos mútuos do comércio atenuariam</p><p>essa tendência aos conflitos?</p><p>Nas “décadas de ouro”, entre os anos de 1870 e 1913, prevaleceu a mais</p><p>ampla liberdade comercial e de fluxos de capital registrada na era moderna. Essa</p><p>liberdade coexistiu com a maior interdependência conhecida entre as nações.</p><p>Isso, no entanto, não impediu que ocorressem conflitos de grande escala,</p><p>como a Guerra Franco-Prussiana ou a Guerra Russo-Japonesa de 1904-1905.</p><p>A partir da 2ª Guerra Mundial construímos um sofisticado arcabouço</p><p>institucional que serviu de base para o espetacular crescimento do comércio e</p><p>do investimento transfronteiras e que serviu de motor para o crescimento das</p><p>economias que deles participaram.</p><p>Esse arcabouço se centra nas grandes instituições multilaterais que regem</p><p>o comércio, financiam ajustes nos balanços de pagamentos</p><p>e tornam mais seguros</p><p>os investimentos entre os países.</p><p>Naturalmente, o arcabouço não está completo nem perfeito. Mas, sob os</p><p>auspícios da Organização Mundial do Comércio, diversos acordos bilaterais e</p><p>regionais dão substância às relações econômicas entre as nações que os subscrevem.</p><p>Esse é o caso do Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao</p><p>Comércio. O mesmo se dá com o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços e</p><p>o Acordo sobre Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados ao</p><p>Comércio, para ficar com somente alguns deles.</p><p>Os acordos regionais que incorporam essas disciplinas conferem segurança</p><p>à nova fase da divisão internacional do trabalho. Nela, a produção se distribui em</p><p>cadeias internacionais de valor em que as diversas partes de um produto final</p><p>ocorrem em diferentes países, em razão da competitividade de cada um deles.</p><p>A participação nas cadeias mundiais de valor será cada vez mais importante</p><p>para determinar se um país poderá ou não se beneficiar desse novo mundo, mais</p><p>interligado hoje que na segunda metade do século 19. Aqueles países que não</p><p>souberem ou puderem fazê-lo estarão limitados a exportar somente produtos de</p><p>menor valor agregado.</p><p>Há em muitas partes um sentimento de que a maior integração econômica</p><p>sofrerá com o aumento dos conflitos. Para muitos, a divergência entre maior</p><p>cooperação no campo econômico e o dissenso político aumentará. Como exemplo</p><p>citam o fato de que as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos contra a</p><p>Rússia lançarão o país em severa recessão, com claras implicações para a Europa e</p><p>a economia mundial como um todo.</p><p>58</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Na década de 1930 o colapso do comércio mundial e a exacerbação do</p><p>nacionalismo levaram à prática generalizada do protecionismo comercial de cada</p><p>nação contra todas as demais. Esse retorno à autarquia econômica foi um dos</p><p>principais responsáveis pela depressão e miséria que levou à 2ª Guerra Mundial.</p><p>Devemos o marco institucional, que hoje temos, a esses eventos e ao</p><p>compromisso de que não repetiríamos os erros do passado. O crescimento</p><p>econômico que resultou da expansão do comércio e dos investimentos evitou que</p><p>um novo conflito de grandes proporções voltasse a ocorrer. Não há razões para</p><p>crer que os eternos e perpétuos interesses das nações não venham a prevalecer</p><p>sobre suas atuais divergências e conflitos, passageiros e transitórios.]</p><p>FONTE: Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,os-interesses-das-</p><p>nacoes-e-seus-conflitos-imp-,1161962>. Acesso em: 22 jul. 2016.</p><p>59</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você estudou que:</p><p>• No contexto internacional existe a vontade de buscar meios de controle e</p><p>negociação dos interesses gerados pelos países, objetivando um comércio</p><p>internacional mais justo e um intercâmbio econômico/financeiro que ajude no</p><p>desenvolvimento dos países.</p><p>• Após a Segunda Guerra Mundial houve algumas mudanças fundamentais no</p><p>desenvolvimento das organizações internacionais. No que se refere ao comércio</p><p>internacional foram criados os seguintes organismos internacionais: o Fundo</p><p>Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Acordo Geral sobre Tarifas e</p><p>Comércio (GATT).</p><p>• A Organização Mundial de Comércio (OMC) foi oficializada em 1994, um ano</p><p>depois da última ronda do GATT. Com a formalização da OMC, pela primeira</p><p>vez o comércio tem um órgão internacional regulamentador.</p><p>• Existem dois grandes grupos de barreiras: as barreiras tarifárias e as não</p><p>tarifárias. É nesta questão das barreiras que a OMC desempenha seu papel para</p><p>destravar impasses entre países.</p><p>• As barreiras tarifárias mexem diretamente com a alíquota de importação</p><p>imposta às diferentes mercadorias a serem importadas por um país. Para se</p><p>proteger, os países têm a ferramenta de poder aumentar a taxa da alíquota de</p><p>importação.</p><p>• Além das barreiras tarifárias, existem outros meios para tentar barrar ou</p><p>diminuir o fluxo de importação de determinadas importações, estas são</p><p>conhecidas como barreiras não tarifárias, as quais são impostas por meio de</p><p>condicionais de certificações de quotas, de qualidade, de segurança ambiental,</p><p>de segurança alimentar, de segurança à saúde, entre outras.</p><p>60</p><p>1 Os países possuem interesses econômicos e sociais que procuram proteger,</p><p>para isso os organismos internacionais procuram gerar acordos entre os</p><p>países. Sobre os organismos internacionais, determine quais das seguintes</p><p>sentenças são verdadeiras e quais são falsas.</p><p>( ) Um dos principais objetivos dos organismos internacionais é negociar</p><p>interesses dos países e procurar gerar um comércio internacional mais justo</p><p>e um intercâmbio econômico/financeiro que ajude no desenvolvimento dos</p><p>países.</p><p>( ) Um dos principais objetivos dos organismos internacionais é criar grupos</p><p>de países afins, que possam impor seus interesses no contexto internacional e</p><p>assim fazer acordos comerciais no contexto internacional.</p><p>( ) Os organismos internacionais nascem de acordos entre grupos de países,</p><p>observando a necessidade de constituir rondas de negociação definidas</p><p>por estes organismos, negociações que deverão ser respeitadas pelos países</p><p>negociadores.</p><p>( ) Os organismos internacionais nascem de acordos multilaterais, observando</p><p>que eles são órgãos permanentes com constituição jurídica própria. Isto faz</p><p>suas decisões serem respeitadas pelos países-membros desses organismos.</p><p>Agora, escolha a alternativa correta:</p><p>a) ( ) V – F – F – V</p><p>b) ( ) F – V – V – F</p><p>c) ( ) V – F – V -F</p><p>d) ( ) F – V – F - V</p><p>2 Após a Segunda Guerra Mundial houve algumas mudanças fundamentais</p><p>no desenvolvimento das organizações internacionais, no que tange ao</p><p>comércio internacional foram criados três organismos importantes. Descreva</p><p>quais são estes organismos e qual a finalidade deles.</p><p>3 No que tange às responsabilidades ao longo da cadeia logística, a Câmara</p><p>de Comércio Internacional (CCI) é responsável pela normatização dos</p><p>Incoterms. A seguir, determine qual a sentença correta.</p><p>( ) Os Incoterms, no comércio internacional, definem e estabelecem tanto os</p><p>direitos como as responsabilidades entre o exportador e importador ao longo</p><p>da cadeia logística.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>61</p><p>( ) Os Incoterms, no comércio internacional, estabelecem finalidades</p><p>operativas e logísticas tanto para o exportador como para o importador, cabe</p><p>às partes definir as responsabilidades e assim desenvolver o Incoterm ideal à</p><p>operação internacional.</p><p>4 Para defender seus interesses comerciais, os países ficam tentados em utilizar</p><p>as barreiras comerciais. Explique quais são essas barreiras e qual a finalidade</p><p>de utilizá-las.</p><p>( ) Para ganhar participação no mercado internacional, as empresas ficam</p><p>tentadas a exportar seus produtos a um preço menor do que elas vendem no</p><p>mercado nacional, essa prática é conhecida como dumping.</p><p>( ) Para ganhar participação no mercado internacional, as empresas ficam</p><p>tentadas a exportar além de suas capacidades comerciais, assim, procuram</p><p>baixar custos de produção, visando ganhar espaço nos mercados internacionais.</p><p>6 O subsídio é considerado uma prática desleal ao comércio internacional, por</p><p>meio dele o governo de um país oferece benefícios econômicos diretos, sem</p><p>exigir retorno dos processos produtivos da agricultura, da agroindústria ou da</p><p>indústria. Exponha exemplos de subsídios além dos indicados neste tópico.</p><p>5 Dentro das práticas desleais ao comércio internacional existe</p><p>o dumping. Esta prática possui como objetivo ganhar espaço</p><p>nos mercados internacionais. A seguir, determine a sentença</p><p>correta.</p><p>62</p><p>63</p><p>UNIDADE 2</p><p>ESTRUTURA FINANCEIRA E</p><p>COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>Nessa unidade vamos:</p><p>• compreender a estrutura financeira responsável pela movimentação dos</p><p>capitais gerados na área de comércio exterior;</p><p>• analisar os principais recursos monetários disponíveis para transações</p><p>comerciais para as organizações brasileiras que atuam na área de comércio</p><p>exterior;</p><p>• compreender a estrutura governamental</p><p>27</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27</p><p>2 CONCEITO DE BLOCO ECONÔMICO .......................................................................................... 28</p><p>3 FASES NO DESENVOLVIMENTO DE BLOCOS ECONÔMICOS ........................................... 29</p><p>3.1 PRIMEIRA ETAPA – ZONA DE LIVRE-COMÉRCIO................................................................ 29</p><p>3.2 FASE DE UNIÃO ADUANEIRA ................................................................................................... 30</p><p>3.3 FASE MERCADO COMUM ........................................................................................................... 31</p><p>3.3.1 Mercosul ................................................................................................................................... 32</p><p>3.4 UNIÃO ECONÔMICA E POLÍTICA ............................................................................................ 34</p><p>3.4.1 A União Europeia (EU) .......................................................................................................... 34</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 37</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 38</p><p>TÓPICO 3 – ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO COMÉRCIO</p><p>INTERNACIONAL ........................................................................................................... 39</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39</p><p>2 FINALIDADE DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS ......................................................... 39</p><p>2.1 PRINCIPAIS ORGANISMOS INTERNACIONAIS .................................................................... 40</p><p>2.2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO (OMC)............................................................. 41</p><p>2.3 CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL (CCI) ............................................................. 42</p><p>3 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...................................................................... 44</p><p>3.1 BARREIRAS TARIFÁRIAS ............................................................................................................. 47</p><p>3.1.1 Sobretaxa de alíquota de importação e antidumping ....................................................... 48</p><p>VIII</p><p>3.1.2 O dumping e antidumping ................................................................................................... 49</p><p>3.2 BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS .................................................................................................. 50</p><p>3.2.1 Barreiras técnicas .................................................................................................................... 51</p><p>3.2.2 Subsídios .................................................................................................................................. 54</p><p>3.2.3 Quotas de importação ............................................................................................................ 55</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 56</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 59</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 60</p><p>UNIDADE 2 – ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL ................... 63</p><p>TÓPICO 1 – CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE</p><p>CAPITAIS INTERNACIONAIS..................................................................................... 65</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65</p><p>2 OS PRINCIPAIS CENTROS FINANCEIROS INTERNACIONAIS E REGIONAIS .............. 65</p><p>3 CAPITAIS ESTRANGEIROS ............................................................................................................. 67</p><p>4 MERCADO DE CÂMBIO ................................................................................................................... 70</p><p>4.1 PARTICIPANTES DO MERCADO ................................................................................................ 72</p><p>4.2 MERCADO LIVRE E MERCADO CONTROLADO ................................................................... 73</p><p>5 INFLUÊNCIA ECONÔMICA NO COMÉRCIO EXTERIOR ....................................................... 74</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 76</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77</p><p>TÓPICO 2 – RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO .......... 79</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79</p><p>2 FONTES DE FINANCIAMENTO ÀS PRÁTICAS DO COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR BRASILEIRO .................................................................................................................... 79</p><p>2.1 ACC .................................................................................................................................................... 80</p><p>2.2 ACE .................................................................................................................................................... 80</p><p>2.3 PROEX ............................................................................................................................................... 81</p><p>2.4 FINAMEX.......................................................................................................................................... 81</p><p>2.5 EXPORT NOTE ................................................................................................................................ 81</p><p>2.6 COMMERCIAL PAPERS ................................................................................................................ 82</p><p>2.7 SUPPLIER’S CREDIT ...................................................................................................................... 82</p><p>2.8 BUYERS CREDIT ............................................................................................................................. 82</p><p>2.9 CÂMBIO FUTURO .......................................................................................................................... 83</p><p>2.10 FINAMIM........................................................................................................................................ 83</p><p>3 RELAÇÕES COMERCIAIS BRASILEIRAS .................................................................................... 83</p><p>4 POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ............................................................. 85</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 88</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 92</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 93</p><p>TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR NO BRASIL .................................................................................................. 95</p><p>1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................</p><p>brasileira responsável pelo</p><p>gerenciamento das atividades e políticas comerciais aplicadas ao mercado</p><p>internacional;</p><p>• compreender os impactos gerados pela cultura e costumes de cada</p><p>mercado que influenciam diretamente nas negociações comerciais entre</p><p>países.</p><p>A Unidade 2 está dividida em quatro tópicos. Para um melhor aprofunda-</p><p>mento do conteúdo e fixação dos conhecimentos, ao final de cada tópico você</p><p>terá oportunidade de realizar as atividades propostas.</p><p>TÓPICO 1 – CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE</p><p>CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>TÓPICO 2 – RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR</p><p>BRASILEIRO</p><p>TÓPICO 3 – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR NO BRASIL</p><p>TÓPICO 4 – QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO</p><p>INTERNACIONAL</p><p>64</p><p>65</p><p>TÓPICO 1</p><p>CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO</p><p>DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Na Unidade 1 foram apresentados os conceitos de economia internacional</p><p>e comércio exterior. Dentro deste tema foram tratados assuntos como: cenário</p><p>econômico internacional, blocos econômicos, organismos internacionais e barreiras</p><p>ao comércio internacional.</p><p>Nesta unidade vamos tratar sobre a estrutura financeira e o comércio</p><p>internacional. Inicialmente vamos estudar sobre os centros financeiros e a</p><p>movimentação de capitais internacionais.</p><p>Vamos começar?!</p><p>2 OS PRINCIPAIS CENTROS FINANCEIROS INTERNACIONAIS</p><p>E REGIONAIS</p><p>O que é um centro financeiro? Centro financeiro é um distrito urbano</p><p>situado nas principais cidades comerciais de um país. Os centros financeiros</p><p>são sinônimos de países que buscam investimentos, tanto de acionistas como de</p><p>estrangeiros, para alavancar suas economias, sejam esses investimentos de curto</p><p>ou longo prazo.</p><p>Conforme Maia (2010, p. 463), para que um centro financeiro se torne</p><p>importante é necessário que:</p><p>• Inspire confiança aos investidores.</p><p>• Tenha uma legislação conveniente, que permita liberdade cambial.</p><p>• O sistema bancário seja eficiente.</p><p>• Possua excelente sistema de telecomunicações.</p><p>• Tenha estabilidade política e econômica.</p><p>• Ofereça rentabilidade conveniente.</p><p>• Mantenha sigilo bancário.</p><p>• Tenha o mínimo de burocracia, o que reduz custos operacionais e</p><p>permite decisões rápidas.</p><p>• Disponha de facilidades administrativas (local conveniente para</p><p>instalações e mão de obra qualificada).</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>66</p><p>A decisão de investimento por parte dos investidores fica atrelada à</p><p>atratividade das taxas de juros e pelo risco-país em que estiverem os investimentos.</p><p>Neste caso, além dos requisitos apresentados anteriormente, um país disputa com</p><p>o outro os investimentos estrangeiros, regulando suas taxas de juros em função de</p><p>sua capacidade econômica para se tornar mais atrativo e, por consequência, captar</p><p>recursos para suas necessidades.</p><p>Os centros financeiros estão distribuídos por todos os continentes, e devido</p><p>à sua disposição geográfica atuam 24 horas por dia.</p><p>Os principais centros financeiros responsáveis por movimentar o grande</p><p>fluxo monetário de investimentos regionais e mundiais são:</p><p>• Ásia: Tóquio, Cingapura, Hong Kong, Shanghai.</p><p>• Europa: Frankfurt, Milão, Paris, Londres.</p><p>• América do Norte: Nova York, Chicago, San Francisco.</p><p>• América Latina: Cidade do México e São Paulo.</p><p>Destes centros financeiros, os que atuam com grande peso mundial são</p><p>Nova York, Londres, Frankfurt e Tóquio. Devido às suas localizações geográficas,</p><p>quando um está encerrando suas atividades, o outro está iniciando.</p><p>O Brasil possui dois centros financeiros respeitados pelos investidores do</p><p>país e da região, e que nos últimos anos vêm ganhando posições respeitadas no</p><p>ranking dos principais centros, estas cidades são: São Paulo e Rio de Janeiro.</p><p>Mesmo ganhando posições respeitadas perante os investidores, nosso país</p><p>ainda não possui todas as condições necessárias para ganhar o status de centro</p><p>financeiro mundial. Porém, para a América Latina, São Paulo é considerado um</p><p>grande centro financeiro regional.</p><p>Ainda falta para o Brasil um fortalecimento em suas áreas políticas,</p><p>econômicas, infraestrutura logística e de telecomunicações. Apesar disso, o</p><p>país é extremamente burocrático, e toda operação financeira internacional é</p><p>regulamentada pelo Banco Central do Brasil.</p><p>A regulamentação brasileira exige que todo investimento estrangeiro seja</p><p>convertido em reais, e não permite investimento na bolsa de valores em outra</p><p>moeda que não seja a local. Esta situação não ocorre nos grandes centros financeiros</p><p>mundiais, e nos considerados como paraísos fiscais.</p><p>Você sabe o que são paraísos fiscais?</p><p>UNI</p><p>TÓPICO 1 | CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>67</p><p>Paraísos fiscais são países que apresentam, além das características de um</p><p>centro financeiro, também as seguintes situações:</p><p>• Possuem isenção fiscal para todo tipo de operação financeira.</p><p>• Liberdade cambial, neste caso o investidor não precisa converter seu</p><p>valor depositado para a moeda vigente do país.</p><p>• Pouca interferência governamental, este ponto leva em consideração a</p><p>burocracia do país.</p><p>Em países classificados como paraísos fiscais, para abrir uma empresa</p><p>o empresário leva em torno de 24 horas, além disso, existem as condições que</p><p>podem ser importadas de outros países, por exemplo, mão de obra. O que não</p><p>ocorre da mesma forma com os demais países quando classificados apenas como</p><p>centros financeiros.</p><p>Atualmente, existem 53 países classificados como paraíso fiscal, sendo os</p><p>mais conhecidos: Bahamas, Ilhas Cayman, Suíça, Mônaco, Luxemburgo, Panamá,</p><p>entre outros.</p><p>3 CAPITAIS ESTRANGEIROS</p><p>Os capitais estrangeiros, atualmente, têm se tornado um dos principais</p><p>fatores propulsores financeiros para o desenvolvimento da economia ao redor</p><p>do mundo. Em função das condições conjunturais, seus efeitos na economia</p><p>das nações podem ser positivos ou negativos, a partir de uma série de fatores e</p><p>condições que vamos apresentar.</p><p>Para iniciarmos nosso estudo sobre capitais estrangeiros, vamos</p><p>compreender o entendimento perante a lei brasileira.</p><p>A Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962, define capital estrangeiro como</p><p>sendo bens, máquinas e equipamentos destinados à produção de bens ou serviços,</p><p>assim como os recursos financeiros ou monetários, provindos do exterior e</p><p>aplicados em atividades econômicas que pertençam a pessoas físicas ou jurídicas</p><p>domiciliadas ou com sede no exterior.</p><p>O investidor estrangeiro aplica seu capital no país buscando o máximo</p><p>possível de rentabilidade para seu investimento. Ponderando os níveis de riscos,</p><p>os recursos aplicados podem ser classificados em dois critérios:</p><p>• Compensatório: refere-se ao empréstimo adquirido pelo governo com</p><p>estrangeiros para ser aplicado conforme sua necessidade, em alguns casos este</p><p>valor é utilizado para cobrir o déficit na balança de pagamentos.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>68</p><p>• Autônomo: este modelo funciona de maneira contrária ao compensatório,</p><p>pois neste caso o destino final é diretamente no mercado. O autônomo pode ser</p><p>aplicado na forma de empréstimos, direcionando o recurso diretamente nas</p><p>empresas, ou como capital de risco.</p><p>O capital de risco é aplicado diretamente em papéis financeiros e ativos das</p><p>empresas, este tipo de investimento é classificado como de curto ou longo prazo.</p><p>Capital de risco de curto prazo são investimentos direcionados a:</p><p>• Títulos de curto prazo: neste caso é considerado o tempo máximo de 12</p><p>meses, e geralmente servem para financiar as necessidades de liquidez e são de</p><p>grande risco para o país que capta, pois podem ser retirados a qualquer momento.</p><p>• Ações ou derivativos negociados na bolsa de valores: este tipo de</p><p>investimento possibilita ao investidor recuperar o capital investido a qualquer</p><p>momento que desejar, independentemente do prazo.</p><p>O capital de risco de longo prazo para os investidores estrangeiros é o tipo</p><p>de investimento que apresenta o maior</p><p>risco de retorno, pois se caracteriza por</p><p>abertura de empresas ou aquisição de ações diretas. Neste modelo, o prazo para</p><p>retorno é de, no mínimo, 12 meses, e na grande maioria das vezes ele fica retido</p><p>no país de forma definitiva, pois é capitalizado no patrimônio das organizações.</p><p>Este é o tipo de investimento estrangeiro que apresenta o menor risco para</p><p>o país que está recebendo os recursos, pois estes investimentos não podem ser</p><p>retirados a qualquer momento pelos investidores. Suas principais características</p><p>são:</p><p>• Retorno de longo prazo.</p><p>• Necessidade de reinvestimento.</p><p>• Risco de lucro ou prejuízo.</p><p>No Brasil, os principais canais responsáveis pela entrada de capitais</p><p>estrangeiros estão citados no quadro a seguir:</p><p>TÓPICO 1 | CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>69</p><p>QUADRO 2 – PRINCIPAIS FORMAS DE ENTRADA DE CAPITAL ESTRANGEIRO NO BRASIL</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.apexbrasil.com.br/uploads/Ficha%20Legal%20-%20</p><p>Capital%20Estrangeiro%20-%20PORTUGU%C3%8AS%20(1).pdf>. Acesso em: 3 jun. 2016.</p><p>Existe alguma organização que auxilia os investidores externos na escolha de</p><p>onde investir?</p><p>Apesar de se tratar de um capital de risco, conforme tratamos anteriormente,</p><p>os investidores procuram aplicar seus capitais em mercados que forneçam</p><p>segurança e boa rentabilidade; em função do risco-país, é exigida uma maior</p><p>rentabilidade de retorno em função do tempo do investimento.</p><p>Para auxiliar nessas decisões existem organizações especializadas em</p><p>avaliar empresas, mercados e economias. Dentre as várias agências de Rating,</p><p>temos as mais conhecidas: Standard & Poor´s, Moody's Investor Services e a Fitch</p><p>Ratings.</p><p>Estas organizações são responsáveis por realizar estudos direcionados</p><p>às necessidades de seus clientes. A partir de suas pesquisas, elas atribuem notas</p><p>classificatórias para os países, ou empresas, considerando sua situação financeira</p><p>para minimizar o risco de não pagamento de suas dívidas dentro do prazo</p><p>acordado. No quadro a seguir apresentamos as notas de classificação de risco.</p><p>UNI</p><p>Investimento em</p><p>Moeda</p><p>Conversão de</p><p>Créditos Externos</p><p>Importação de Bens sem</p><p>Cobertura Cambial</p><p>Mercado de Capitais</p><p>Na subscrição</p><p>de capital ou</p><p>aquisição de</p><p>participação em</p><p>empresa brasileira</p><p>existente, os</p><p>recursos deverão</p><p>ser enviados ao</p><p>País por meio de</p><p>estabelecimento</p><p>bancário</p><p>autorizado a</p><p>operar com</p><p>câmbio</p><p>Operação pela</p><p>qual os créditos</p><p>passíveis de gerarem</p><p>transferências para</p><p>o exterior, com base</p><p>nas normas vigentes,</p><p>são utilizados pelo</p><p>credor não residente</p><p>para a aquisição</p><p>ou integralização</p><p>de participação no</p><p>capital social da</p><p>empresa no País.</p><p>• Bens tangíveis,</p><p>máquinas ou</p><p>equipamentos, de</p><p>qualquer natureza,</p><p>efetivamente ingressados</p><p>no Brasil sem dispêndio</p><p>inicial de divisas,</p><p>destinados à produção</p><p>ou à comercialização de</p><p>bens ou à prestação de</p><p>serviços.</p><p>• Não deve haver</p><p>similar nacional para</p><p>os bens usados, que</p><p>devem ser aplicados em</p><p>projetos que estimulem</p><p>o desenvolvimento</p><p>econômico do País.</p><p>Investimento nos</p><p>mercados financeiros</p><p>e de capitais</p><p>brasileiros, de renda</p><p>fixa e variável,</p><p>com a necessária</p><p>constituição de</p><p>representante</p><p>no Brasil para a</p><p>operacionalização do</p><p>investimento.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>70</p><p>QUADRO 3 – NOTAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://economiasemsegredos.com/risco-agencias-e-suas-</p><p>classificacoes/>. Acesso em: 8 jun. 2016.</p><p>Esta classificação permite uma análise por parte dos investidores para</p><p>auxiliar na decisão de investir ou não no país ou empresa.</p><p>Acadêmico, você pode aprofundar seu conhecimento acessando o artigo</p><p>postado: Riscos, agências e suas classificações, do autor Denis Ferreira. Disponível no</p><p>endereço: <http://economiasemsegredos.com/risco-agencias-e-suas-classificacoes/>.</p><p>4 MERCADO DE CÂMBIO</p><p>Devido ao fato de não serem aceitas moedas estrangeiras em pagamento</p><p>das exportações, assim como a moeda nacional como pagamento das importações,</p><p>aqui no Brasil, e em qualquer país do mundo, constitui-se a base de um mercado</p><p>internacional muito dinâmico em que são compradas e vendidas as moedas dos</p><p>diversos países. Este mercado é denominado mercado de câmbio ou mercado de</p><p>divisas, que atua de maneira constante ao redor do mundo.</p><p>Para Vazquez (2009, p. 260), “o mercado de câmbio é o conjunto de operações</p><p>de câmbio, ajustadas entre operador e cliente ou entre operadores, podendo estar</p><p>situada dentro da mesma cidade ou país, ou entre cidades e países diferentes”.</p><p>O câmbio é uma operação financeira de compra e venda de valores em</p><p>moedas ou papéis que representam valores e posições em moedas de outros países,</p><p>estas operações são desempenhadas no mercado de câmbio.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 | CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>71</p><p>Existem cinco diferentes categorias de transações financeiras que são</p><p>realizadas pelo mercado de câmbio:</p><p>• Entre bancos e clientes dentro do país.</p><p>• Entre bancos no mesmo país.</p><p>• Entre bancos de diferentes países.</p><p>• Entre bancos e bancos centrais do mesmo país.</p><p>• Entre bancos centrais de países diferentes.</p><p>O mercado de câmbio é formado pelo banco central e pelos bancos</p><p>comerciais, exportadores e importadores, instituições financeiras não bancárias,</p><p>como administradoras de ativos e companhias seguradoras, e os bancos centrais.</p><p>O mercado possui subdivisões, sendo elas:</p><p>• Câmbio manual: trata-se da compra e venda de moeda estrangeira em</p><p>espécie, ou seja, é a troca física de moeda estrangeira pela nacional e vice-versa.</p><p>Esta modalidade é utilizada por turistas que visitam o país ou que vão visitar</p><p>outros países.</p><p>• Câmbio sacado: trata-se do grosso das operações cambiais realizadas pelos</p><p>estabelecimentos bancários. Estas operações são fechadas nos bancos autorizados</p><p>pelo banco central a operar com câmbio e que autorizam o débito de suas contas</p><p>junto a banqueiros no exterior.</p><p>• Câmbio paralelo: assim como o manual, atuam com a compra e venda da</p><p>moeda estrangeira, porém, neste modelo os operadores não são autorizados pelos</p><p>órgãos competentes. Este mercado é conhecido como mercado “negro”.</p><p>• Câmbio primário: são operações cambiais realizadas entre os bancos</p><p>e seus clientes não bancários. Neste modelo, o banco adquire as dívidas de um</p><p>exportador e as vende a um importador ou vice-versa.</p><p>• Câmbio interbancário: como o nome já define, são operações de troca de</p><p>câmbio realizadas entre bancos.</p><p>• Câmbio à vista: neste modelo, a partir do contrato firmado entre vendedor</p><p>e comprador, a entrega das divisas é imediata, tendo prazo máximo de dois dias</p><p>úteis para estarem disponíveis para saque.</p><p>• Câmbio futuro: neste modelo, a operação fechada no dia determina a</p><p>taxa cambial que será paga pelo comprador e vendedor a longo prazo, sem que</p><p>tenha impactos com a oscilação que a moeda nacional possa sofrer no futuro.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>72</p><p>As negociações de compra e venda de moeda estrangeira são ofertadas</p><p>com base na taxa de câmbio. Taxa de câmbio é o preço pago, em moeda nacional,</p><p>de uma unidade expressa em moeda estrangeira. A taxa de câmbio define qual o</p><p>valor a ser pago por uma determinada quantia expressa em moeda estrangeira.</p><p>A taxa de câmbio mede o valor externo da moeda nacional, ela fornece uma</p><p>relação direta entre os preços domésticos das mercadorias e os fatores produtivos</p><p>e dos preços nos demais países, a formação do preço está ligada à lei de oferta e</p><p>procura. Para auxiliar no entendimento, vamos a um exemplo:</p><p>No Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar americano.</p><p>Quando dizemos que a taxa de câmbio é 3,20 significa que U$ 1,00 custa R$ 3,20. A</p><p>taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra.</p><p>Neste contexto, vamos supor que você precisa comprar US$ 20,00 e que a</p><p>taxa de câmbio está em R$ 3,20 por US$, logo, quantos reais você precisará para</p><p>compra desses dólares? Você precisará de R$ 64,00 em função da taxa de câmbio</p><p>do dia, neste caso, R$ 3,20,</p><p>ou seja: US$ 20,00 x 3,20.</p><p>As cotações apresentam taxas diferentes para a compra e para a venda da</p><p>moeda, as quais são referenciadas do ponto de vista do agente autorizado a operar</p><p>no mercado de câmbio pelo Banco Central. Existem sete tipos de taxas cambiais:</p><p>• Taxa de Repasse e Taxa de Cobertura.</p><p>• Taxas Livres e Taxas Oficiais.</p><p>• Taxas Cruzadas “Cross-Rates”.</p><p>• Taxas Fixas e Taxas Flutuantes.</p><p>4.1 PARTICIPANTES DO MERCADO</p><p>O mercado pode ser dividido em dois grupos: compradores e vendedores,</p><p>que são os responsáveis por gerar a demanda pela troca das moedas.</p><p>Compradores são todos aqueles que necessitam adquirir a moeda</p><p>estrangeira para honrar com seu compromisso, neste caso, ele possui apenas a</p><p>moeda local para troca. São caracterizados compradores: importadores, agências de</p><p>turismo, turistas nacionais, investidores estrangeiros e devedores de empréstimos</p><p>no exterior.</p><p>Vendedores são aqueles que possuem moeda estrangeira em função</p><p>de suas atividades e precisam trocá-las para aplicar no mercado nacional. São</p><p>caracterizados como vendedores: exportadores, tomadores de empréstimo no</p><p>exterior, turistas procedentes do exterior, comerciantes de serviços, investidores</p><p>estrangeiros, bancos, casas de câmbio, companhias seguradoras, e os bancos</p><p>centrais.</p><p>TÓPICO 1 | CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>73</p><p>Para realizar a troca de câmbio é necessário ter uma autorização do Banco</p><p>Central, e neste caso são autorizados apenas bancos e casas de câmbio.</p><p>4.2 MERCADO LIVRE E MERCADO CONTROLADO</p><p>Após a Primeira Grande Guerra Mundial foram constituídos os fundamentos</p><p>para controle do mercado cambial. Um dos principais motivos para a criação, por</p><p>parte do poder público, foi o déficit crônico da balança de pagamentos.</p><p>O controle do mercado proporciona o equilíbrio da balança de pagamentos,</p><p>pois compreende várias medidas que influenciam no custo das importações, gastos</p><p>em viagens internacionais e redução de serviços estrangeiros.</p><p>Nesse sentido, se tivermos uma posição cambial relativamente desvalorizada,</p><p>poderia, em compensação, aumentar a lucratividade nas exportações! O mercado</p><p>de câmbio é classificado de duas formas: mercado livre e mercado controlado.</p><p>O mercado livre é caracterizado por praticamente não existir o controle por</p><p>parte do governo local, por meio do banco central, desta forma possibilitando o</p><p>livre-comércio de compra e venda de moedas estrangeiras. Neste modelo as taxas</p><p>de câmbio são fixadas livremente pelo mercado, além disso é possível manter</p><p>moedas estrangeiras depositadas no próprio país, assim como possuir contas em</p><p>outros países, e o turista pode pagar suas compras dentro do país que visita sem</p><p>precisar trocar sua moeda nacional.</p><p>No mercado controlado a situação é inversa, existe uma grande presença</p><p>do governo no mercado de câmbio, regulando, por meio do banco central, a</p><p>compra e venda das moedas estrangeiras no país, as taxas de câmbio neste modelo</p><p>são reguladas pelo governo, não é permitida a existência de contas em moedas</p><p>estrangeiras, assim como possuir contas no exterior sem a autorização do governo,</p><p>e o turista que viaja para o exterior pode levar apenas um limite estipulado de</p><p>moeda estrangeira.</p><p>Os dois extremos são prejudiciais às empresas e à economia dos países.</p><p>Nos dias atuais, a maior parte dos países gerencia seu mercado entre estes dois</p><p>modelos, regulando oscilações extremas quando necessário, assim como deixando</p><p>fluir as negociações na maioria das vezes.</p><p>Essa regulação é feita por meio da compra e venda de divisas, principalmente</p><p>em dólar, por parte do Banco Central.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>74</p><p>O Brasil possui um mercado de câmbio relativamente controlado (ou</p><p>relativamente livre), pois sob o mercado de câmbio brasileiro a moeda nacional</p><p>vai flutuando conforme as pressões do mercado, mas o Banco Central (Bacen) vai</p><p>controlando as oscilações extremas.</p><p>5 INFLUÊNCIA ECONÔMICA NO COMÉRCIO EXTERIOR</p><p>A situação econômica interna do país influencia diretamente na área de</p><p>comércio exterior. A exemplo da taxa de câmbio que influencia nas negociações</p><p>de exportação e importação, conforme ocorre a valorização ou desvalorização</p><p>da moeda interna perante as estrangeiras, o mercado interno pode ser inundado</p><p>por produtos importados ou sofrer uma redução da oferta de produtos nacionais,</p><p>motivados pela percepção das empresas brasileiras perante a lucratividade ao</p><p>exportar sua produção com a valorização da moeda estrangeira.</p><p>Além deste fator, também podem ocorrer impactos diretamente relacionados</p><p>à balança comercial, Produto Interno Bruto e o cenário político. Independentemente</p><p>do fator motivador, o comércio exterior contribui para o mercado interno e para</p><p>a economia do país, com o desenvolvimento econômico e redução da pobreza,</p><p>através de oportunidades comerciais e de investimentos direcionados ao aumento</p><p>da produtividade e do desenvolvimento do setor privado.</p><p>A partir da importação e exportação, conforme o foco econômico estipulado</p><p>pelas políticas econômicas traçadas pelo governo, existe um estímulo ao setor</p><p>oferecido por meio de incentivos fiscais e financiamentos para alguns setores</p><p>privados. Esses incentivos proporcionam um aumento na competitividade das</p><p>empresas privadas que, por consequência, aumenta a oferta de empregos para a</p><p>população.</p><p>Podemos analisar que com a população empregada existe uma demanda</p><p>pela aquisição de produtos e serviços internos, o que faz com que a economia fique</p><p>aquecida devido à movimentação financeira de compra e venda.</p><p>Para a economia do país a exportação é mais atrativa que a importação,</p><p>pois com as exportações existe uma entrada de recursos financeiros provindos do</p><p>Na sua opinião, analisando as características apresentadas de cada modelo, o</p><p>Brasil tem um mercado cambial controlado ou livre?</p><p>UNI</p><p>TÓPICO 1 | CENTROS FINANCEIROS E A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS INTERNACIONAIS</p><p>75</p><p>exterior devido à venda das mercadorias pelas empresas; assim, quando existe</p><p>uma desvalorização da moeda nacional perante a estrangeira, a lucratividade em</p><p>um certo prazo pode até dobrar, conforme a taxa cambial. Com as importações a</p><p>situação é contrária, pois ao importar são enviados recursos financeiros ao exterior</p><p>para pagar pela mercadoria.</p><p>Esta é uma pequena percepção sobre a influência econômica que o comércio</p><p>exterior exerce sobre o país.</p><p>76</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, vimos que:</p><p>• Os centros financeiros são os responsáveis pela movimentação de capitais</p><p>estrangeiros em todo o mundo.</p><p>• Os investidores podem realizar investimentos 24 horas por dia, devido à</p><p>localização geográfica destes centros, que estão distribuídos em diversos</p><p>continentes, com fusos horários diferentes.</p><p>• Para captar recursos para suas economias, os países ofertam taxas atrativas no</p><p>mercado financeiro.</p><p>• A entrada de capital estrangeiro no país permite o desenvolvimento da</p><p>economia devido a muitos dos investimentos serem aplicados diretamente no</p><p>mercado interno.</p><p>• O capital estrangeiro é dividido em compensatório e autônomo.</p><p>• O capital estrangeiro autônomo é classificado ainda em capital de risco de curto</p><p>e longo prazo, sendo o mais interessante para o país o de longo prazo, devido</p><p>ao capital ser investido diretamente em empresas instaladas no país.</p><p>• Para auxiliar os investidores existem organizações especializadas em analisar</p><p>os mercados e classificar o grau de investimento conforme sua confiabilidade</p><p>econômica.</p><p>• O mercado de câmbio é o responsável por converter as moedas estrangeiras</p><p>para a nacional, ele é dividido em mercado livre e mercado controlado.</p><p>• Em suas atividades de câmbio temos os sistemas: manual, sacado, paralelo,</p><p>primário, interbancário, à vista e o futuro, todos utilizam as taxas de câmbio</p><p>para estipular o custo da moeda de troca.</p><p>• O Brasil possui o mercado controlado com taxas flutuantes reguladas pelo</p><p>Banco Central do Brasil.</p><p>77</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 O Brasil possui o real como moeda oficial do país, ela é utilizada</p><p>para</p><p>pagamento de produtos e serviços comercializados internamente. Quando</p><p>uma empresa compra um produto de outro país, ela necessita trocar a</p><p>moeda nacional, pois o real não é aceito no mercado externo como moeda</p><p>de pagamento. Muitas empresas, quando atuam com importação, procuram</p><p>garantir taxas de câmbio mais baixas, em alguns casos elas negociam as</p><p>taxas antecipadamente com os bancos para que no momento de adquirir</p><p>a moeda estrangeira elas não tenham seu custo elevado pela oscilação da</p><p>moeda. Nesta visão, qual o tipo de câmbio que proporciona estabilidade no</p><p>futuro para as empresas? Justifique sua resposta.</p><p>2 O Brasil possui um mercado de câmbio controlado, pois todos os montantes</p><p>financeiros provindos do exterior precisam ser convertidos para a moeda</p><p>nacional. Diante desse cenário, explique a diferença entre Mercado de</p><p>Câmbio Controlado e Mercado de Câmbio Livre.</p><p>78</p><p>79</p><p>TÓPICO 2</p><p>RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>As empresas que necessitam de recursos financeiros para financiar suas</p><p>exportações ou importações podem contar, atualmente, com organizações privadas</p><p>e governamentais que oferecem linhas de crédito com taxas diferenciadas para</p><p>cada tipo de transação.</p><p>Normalmente estes recursos são ofertados por bancos privados ou</p><p>governamentais que atuam diretamente por meio do mercado de câmbio no país</p><p>e no exterior.</p><p>As linhas de crédito podem ser utilizadas para subsidiar tanto as</p><p>exportações como as importações de produtos acabados, commodities, aquisições</p><p>de equipamentos, entre outros.</p><p>Neste tópico vamos apresentar as principais linhas de crédito</p><p>disponibilizadas para as empresas brasileiras, seja pelas instituições privadas ou</p><p>pelas governamentais.</p><p>2 FONTES DE FINANCIAMENTO ÀS PRÁTICAS DO</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>As organizações bancárias privadas que atuam na área de câmbio oferecem</p><p>uma linha de financiamento para cada tipo de atividade que o importador ou</p><p>exportador necessitar, as taxas são atreladas a cada operação conforme a linha de</p><p>crédito adquirida pela empresa.</p><p>O governo também tem sua parte nesse mercado, porém, o foco maior é</p><p>para as exportações, pois a visão de crescimento dessa linha de comércio exterior</p><p>traz ganhos para a economia do país como um todo, gerando emprego e renda</p><p>para a população, assim como proporciona uma melhoria na produtividade das</p><p>organizações. Estas linhas de crédito são ofertadas por bancos governamentais</p><p>como BNDES e Banco do Brasil.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>80</p><p>As empresas necessitam de mecanismos que facilitem sua realização e</p><p>permitam que o pagamento em moeda estrangeira seja feito a médio e longo prazo,</p><p>podendo ser realizados pagamentos de forma parcelada ou não.</p><p>Veremos a seguir as principais modalidades de financiamento ofertadas para as</p><p>empresas brasileiras.</p><p>2.1 ACC</p><p>A sigla ACC significa Adiantamento sobre Contrato de Câmbio e é referente</p><p>ao adiantamento parcial ou integral do valor da venda em moeda nacional para</p><p>o exportador. Para esta linha de financiamento é necessário que o exportador já</p><p>tenha fechado o contrato de compra e venda e possua a previsão de embarque das</p><p>mercadorias e recebimento dos valores.</p><p>Muitos exportadores utilizam o ACC para produzir suas mercadorias, desta</p><p>forma eles não precisam retirar de seus caixas os recursos financeiros necessários</p><p>para produção dos materiais.</p><p>O Banco Central Brasileiro alterou o prazo de adiantamento, que antes era</p><p>de 180 dias, para 360 dias. Na prática, este tempo total é bem difícil de acontecer,</p><p>porém, quando ocorre ele é liberado, pois existe uma legislação que permite esta</p><p>operação.</p><p>2.2 ACE</p><p>ACE significa Adiantamento sobre Cambiais Entregues, nesta modalidade</p><p>o exportador solicita o financiamento após o embarque da mercadoria, para receber</p><p>o financiamento ele deve entregar todas as documentações exigidas pelo banco.</p><p>Em alguns casos, o exportador já pode ter requerido o financiamento via</p><p>ACC, neste caso apenas para acerto contábil o banco financiador transforma o</p><p>ACC em ACE.</p><p>O prazo máximo estipulado para esta modalidade é de 390 dias após o</p><p>embarque da mercadoria, e a liquidação da operação é feita após o pagamento</p><p>efetuado por parte do importador.</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>81</p><p>2.3 PROEX</p><p>PROEX é o Programa de Financiamento às Exportações de bens e serviços.</p><p>Sua finalidade é proporcionar aos exportadores brasileiros maior competitividade</p><p>na venda de seus produtos no mercado externo.</p><p>Os recursos desta modalidade de financiamento podem ser provindos do</p><p>Tesouro Nacional, ou de bancos brasileiros. O prazo máximo para pagamento é de</p><p>10 anos.</p><p>2.4 FINAMEX</p><p>O Finamex é uma modalidade de financiamento destinada à exportação</p><p>de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil e registradas no Finame.</p><p>Esta modalidade de financiamento só pode ser oferecida por agentes financeiros</p><p>autorizados pelo BNDES.</p><p>O Finamex é dividido em duas categorias:</p><p>• Pré-embarque: destinado à produção de máquinas e equipamentos a</p><p>serem exportados, o prazo máximo é de 30 meses.</p><p>• Pós-embarque: que financia a comercialização das máquinas e</p><p>equipamentos no exterior, mediante descontos de títulos ou cessão de direitos de</p><p>carta de crédito.</p><p>O prazo máximo é de 96 meses, considerando cada tipo de equipamento e</p><p>valor exportado.</p><p>2.5 EXPORT NOTE</p><p>Export note é a venda dos direitos sobre a moeda estrangeira referente às</p><p>exportações futuras de produtos e serviços em troca de receber a moeda local.</p><p>Esta é mais uma opção de financiamento para exportadores que precisam</p><p>captar recursos para capital de giro ou financiar sua produção. Esta modalidade</p><p>de financiamento é direcionada exclusivamente para exportadores, que repassam</p><p>os direitos sobre a moeda estrangeira para um investidor. O investidor pode ser</p><p>pessoa jurídica, importador ou não.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>82</p><p>Suas principais características e vantagens, baseadas em um contrato de</p><p>exportação de mercadorias ou serviços firmados entre o exportador e o importador,</p><p>são:</p><p>• O exportador não necessita mais de linhas de crédito bancário de curto</p><p>prazo para financiar suas vendas externas.</p><p>• No caso do investidor, ele faz um hedge (proteção) de moeda estrangeira</p><p>de forma a proteger o patrimônio das oscilações cambiais.</p><p>A grande desvantagem desta modalidade é que para o export notes é</p><p>necessário que o exportador tenha um contrato de compra e venda, o que não</p><p>ocorre com outras modalidades, como ACC.</p><p>2.6 COMMERCIAL PAPERS</p><p>São operações de curto prazo ofertadas aos exportadores para captação de</p><p>recursos com o intuito de estancar problemas de caixa. Estes títulos são emitidos</p><p>com prazos de vencimento de até três anos que permite às empresas e aos bancos</p><p>obter os recursos desejados em curto espaço de tempo.</p><p>No caso do Brasil, o Banco Central leva até três semanas para aprovar a</p><p>emissão do título.</p><p>2.7 SUPPLIER’S CREDIT</p><p>É um financiamento concedido por um banco para o exportador como</p><p>crédito para venda a prazo de seus produtos ou serviços ao importador. Nesta</p><p>modalidade, o exportador fica responsável junto ao banco pelo pagamento cambial</p><p>de exportação, seja na qualidade de sacador como na de endossante.</p><p>2.8 BUYERS CREDIT</p><p>Este financiamento é direcionado ao importador, concedido por uma</p><p>instituição financeira mediante a firmação de contrato com o importador.</p><p>Nesta modalidade, apenas o importador e, quando necessário, seus</p><p>avalistas, ficam responsáveis pelo pagamento dos câmbios de exportação.</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>83</p><p>2.9 CÂMBIO FUTURO</p><p>Trata-se de uma contratação de operações de câmbio com a finalidade</p><p>de pagamento das importações/exportações com liquidações futuras da moeda</p><p>estrangeira com prazo superior a dois dias, a contar da data de contratação.</p><p>Esta modalidade é muito utilizada pelas empresas quando existe uma</p><p>oscilação da moeda estrangeira em relação à local</p><p>que impacta diretamente nos</p><p>custos dos processos de importação ou exportação.</p><p>2.10 FINAMIM</p><p>Trata-se de uma modalidade de financiamento direcionada à importação</p><p>de máquinas e equipamentos. Para ter acesso a esta modalidade o importador</p><p>deve procurar uma das instituições financeiras credenciadas ao BNDES e solicitar</p><p>o enquadramento e o financiamento da operação.</p><p>Este tipo de financiamento para o importador é extremamente atraente,</p><p>pois oferece prazos e taxas competitivas mesmo em nível internacional.</p><p>3 RELAÇÕES COMERCIAIS BRASILEIRAS</p><p>O comércio exterior se caracteriza pela troca de bens e serviços</p><p>movimentados pelas fronteiras internacionais. Para alguns países ele representa</p><p>uma grande parcela do PIB, e o Brasil está incluso nestes casos.</p><p>O Brasil está entre as dez maiores economias mundiais no ranking do FMI,</p><p>sendo a maior economia da América Latina, e em extensão de terras ele ocupa a</p><p>quinta posição, ficando atrás apenas de países como Rússia, Canadá, China e EUA.</p><p>Com estas posições, ele é visto pelo mundo como um país de grandes</p><p>potenciais para negociações na área do comércio exterior. Com a globalização</p><p>dos mercados é estritamente indispensável que o país participe do mercado</p><p>internacional, formando acordos comerciais entre blocos econômicos e países.</p><p>Ao firmar um tratado ou acordo comercial, o país busca ampliar seu acesso</p><p>ao mercado externo, por meio de preferências para seus produtos considerando</p><p>sua capacidade real e potencial para a exportação.</p><p>Na Unidade 1 do caderno foi apresentado o conceito de blocos econômicos,</p><p>entretanto, além dos blocos econômicos temos os tratados e os acordos comerciais.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>84</p><p>Um tratado comercial é geralmente muito amplo, complexo e engessado, e</p><p>normalmente apresenta uma longa duração de tempo. O acordo comercial é mais</p><p>simples e flexível, podendo ser alterado dependendo da necessidade das partes</p><p>envolvidas. Os acordos podem ser bilaterais ou multilaterais, a diferença entre</p><p>os dois modelos está na quantidade de países envolvidos nos acertos. O acordo</p><p>bilateral envolve apenas dois países, já no multilateral a quantidade é maior.</p><p>Os principais parceiros comerciais brasileiros são: União Europeia,</p><p>Mercosul, Estados Unidos da América e China. Ao longo dos anos o país tem</p><p>estreitado parcerias ao compor o Bloco do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e</p><p>África do Sul).</p><p>Os acordos comerciais variam conforme a estratégia econômica e</p><p>necessidade do país, viabilizando a abertura de mercado interno e externo com</p><p>seus parceiros.</p><p>No caso do BRICS, cada país representa para o bloco, e mundo, um polo</p><p>regional relevante de seu continente, seja pela economia, política ou mercado. Estes</p><p>países projetam seus interesses exercendo sua liderança no seu entorno estratégico.</p><p>O Brasil considera os seguintes países da América do Sul como parceiros:</p><p>Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname,</p><p>Uruguai e Venezuela.</p><p>Conforme pudemos aprender na primeira unidade, o Mercosul é o acordo</p><p>comercial mais relevante para o Brasil, pois todos os acordos comerciais “bilaterais”</p><p>firmados pelo país são, na verdade, assinados pelo bloco e o outro país.</p><p>Entre os principais acordos de livre-comércio firmados entre o bloco</p><p>e outros países podemos destacar: Israel; Egito; Chile; Bolívia; México; Peru;</p><p>Colômbia, Equador e Venezuela; South African Customs Union (SACU) – que se</p><p>refere à “União Aduaneira da África Austral”; Índia.</p><p>Em 13 de abril de 1988, o Brasil, junto com outros países em desenvolvimento,</p><p>assinou um acordo constituindo o Sistema Global de Preferências Comerciais</p><p>entre países em desenvolvimento (SGPC), no âmbito da Conferência das Nações</p><p>Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O acordo foi firmado na</p><p>cidade de Belgrado, na Iugoslávia, entrando em vigor em 19 de abril de 1989, com</p><p>a assinatura em definitivo contendo 40 países.</p><p>O objetivo do acordo é promover intercâmbio e concessões comerciais entre</p><p>os membros do grupo, fortalecendo as relações comerciais entre a África, Ásia e</p><p>América Latina. Através do comércio exterior os membros do SGPC incrementam</p><p>suas participações na economia global. No Brasil o acordo entrou em vigor apenas</p><p>em maio de 1991.</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>85</p><p>Durante a segunda rodada da UNCTAD, em 21 de novembro de 1991, foi</p><p>aprovada a adesão do Mercosul como um bloco para negociação perante o SGPC.</p><p>Desta forma, o Brasil passou a operar via bloco Mercosul e não mais separado,</p><p>como ocorria antes.</p><p>A XI rodada da UNCTAD ocorreu na cidade de São Paulo, no Brasil, em</p><p>junho de 2004. Nesta data iniciou a terceira rodada das negociações do SGPC,</p><p>sendo concluída em dezembro de 2010, em reunião ministerial em Foz do Iguaçu.</p><p>Atualmente, os países-membros do SGPC estão em fase de ratificação e</p><p>implementação dos acordos firmados na rodada de São Paulo.</p><p>O Brasil é um país sul-americano que possui vantagens competitivas</p><p>significativas quando comparado a outros países do mesmo continente que</p><p>exportam os mesmos tipos de produtos.</p><p>O país figura para o mundo como exportador de produtos primários e</p><p>alimentícios, e importador de manufaturados de média e alta tecnologia, porém,</p><p>quando analisado o mercado regional, o país é fornecedor de manufatura de média</p><p>tecnologia para seus vizinhos e comprador de produtos primários e intensivos em</p><p>recursos naturais.</p><p>4 POLÍTICAS DE COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>As políticas comerciais são constituídas por um conjunto de medidas e</p><p>ações formuladas para nortear as transações comerciais do país com o mundo. Estas</p><p>medidas são sancionadas pelo Governo Federal e gerenciadas pelos ministérios e</p><p>órgãos competentes.</p><p>A partir de suas políticas comerciais, o país define sua abertura de mercado,</p><p>podendo em períodos ser maior ou menor em sua integração econômica.</p><p>Conforme os acordos comerciais firmados, são desenvolvidos instrumentos</p><p>e ações aplicados na área do comércio exterior. Alguns destes instrumentos podem</p><p>ser:</p><p>• Tarifas.</p><p>• Cotas tarifárias.</p><p>• Medidas de defesa comercial.</p><p>• Subsídios à exportação.</p><p>• Barreiras não tarifárias.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>86</p><p>Um acordo comercial entre países representa um compromisso firmado</p><p>para negociações, podendo ser iniciadas no presente ou no futuro. Dependendo do</p><p>acordo, ele tem prazo definido para entrar em vigor e para ser finalizado.</p><p>A economia do país está diretamente ligada à área de comércio exterior,</p><p>pois, conforme a política comercial aplicada para os parceiros, os resultados das</p><p>exportações e importações impactam diretamente na balança comercial.</p><p>Conforme Maia (2010, p. 68), “a balança comercial registra as exportações e</p><p>as importações. As exportações são contabilizadas como receitas e as importações</p><p>como despesas. Sua fórmula é simples: Saldo da Balança Comercial = Valor Total</p><p>Exportado – Valor Total Importado”.</p><p>Dentro deste cenário econômico, o resultado é definido por dois termos:</p><p>• Superávit: que significa que o país teve um resultado maior nas exportações</p><p>que nas importações. Neste termo, o país recebeu mais dinheiro com as vendas de</p><p>seus produtos no exterior que com as compras de produtos importados, ou seja,</p><p>ao final do período o saldo da balança comercial foi positivo. O superávit ainda é</p><p>dividido em dois tipos: nominal e primário.</p><p>• Déficit: para a balança comercial significa que o país importou mais que</p><p>exportou. Quando isto ocorre, existe uma evasão de valores devido à compra de</p><p>produtos importados. Para a balança comercial significa o saldo negativo.</p><p>Os termos superávit e déficit são mais abrangentes quando estudados na</p><p>economia, porém, para entendermos como as políticas econômicas influenciam nos</p><p>resultados do país, apresentamos um pequeno resumo a seguir.</p><p>Nas últimas décadas o Brasil vem abrindo sua economia e implantando</p><p>reformas estruturais para estimular a área de comércio exterior em geral, assim</p><p>como os acessos</p><p>a mercados preferenciais, como o Mercosul.</p><p>Diante destes esforços, podemos avaliar as políticas econômicas brasileiras</p><p>em dois momentos:</p><p>• O primeiro tem início na década de 80, com estímulos às importações visando a</p><p>industrialização e modernização de seu mercado.</p><p>• O segundo inicia na década de 90, com a desvalorização do real perante o dólar.</p><p>ATENCAO</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>87</p><p>A partir desta situação econômica, o governo passou a incentivar as</p><p>exportações brasileiras através de medidas e incentivos fiscais direcionados à área.</p><p>As políticas comerciais brasileiras são resultantes de fatores internos e externos.</p><p>Os fatores externos são resultados de acordos multilaterais, regionais ou</p><p>sub-regionais em que o país está envolvido diretamente, assim como de países</p><p>parceiros que tenham implicações importantes sobre interesses econômicos em</p><p>acordos de que o Brasil não participa.</p><p>Quando se trata de fatores internos, eles podem estar condicionados à</p><p>proteção do mercado interno, da economia e de suas estruturas. Estes fatores estão</p><p>relacionados à deficiência competitiva das empresas, assim como a ineficiência</p><p>perante fatores externos, como falta de infraestrutura.</p><p>Nos últimos anos, o governo brasileiro tem se esforçado para tornar o país</p><p>uma liderança política representativa da América do Sul perante o mundo. Seus</p><p>esforços para ocupar cargos em organizações mundiais, como ONU e OMC, têm</p><p>atraído a atenção de investidores estrangeiros para investimentos no mercado,</p><p>assim como parcerias em áreas como tecnologia, pesquisas, entre outras.</p><p>Atualmente, o país conta com uma série de mecanismos de incentivos</p><p>à atividade de exportação. Estes mecanismos podem ser classificados em três</p><p>categorias: Programas de financiamento às exportações, incentivos tributários e</p><p>ações de promoção de exportação.</p><p>O maior desafio destes mecanismos é neutralizar a carga tributária incidente</p><p>sobre os produtos nacionais, que prejudica a competitividade dos mesmos quando</p><p>comparados aos seus concorrentes no mercado global. Assim, os incentivos à área</p><p>de exportação vão desde benefícios tributários até regimes aduaneiros especiais.</p><p>Em nível tributário temos a não incidência de impostos sobre os produtos</p><p>indiretos, como o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação</p><p>de Serviços), PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para</p><p>Financiamento da Seguridade Social). Estes tributos são destinados apenas para a</p><p>etapa final da cadeia de produção, o que muitas vezes não impacta muito no valor</p><p>final do produto quando existe importação de matéria-prima, pois toda a cadeia</p><p>anterior à finalização já sofreu com a carga tributária.</p><p>Para combater estes custos e impostos, o Brasil possui mecanismos como</p><p>DRAWBACK, e regimes aduaneiros especiais que permitem a aquisição de insumos</p><p>importados e nacionais destinados ao manufaturamento de produtos direcionados</p><p>à exportação, sem o peso dos impostos.</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>88</p><p>O DRAWBACK é um mecanismo completo e abrangente que descreve</p><p>um benefício tributário em que a empresa pode recuperar o imposto devido pela</p><p>importação de alguns insumos destinados à exportação do produto acabado.</p><p>Além dele, temos os regimes aduaneiros especiais que possuem a função</p><p>de incentivar as exportações, como: RECOF – Regime Aduaneiro de Entreposto</p><p>Industrial sob Controle Informatizado, e ZPEs – Zonas de Processamento e</p><p>Exportação.</p><p>Além destes regimes, existem os programas de financiamento às exportações</p><p>que estudamos anteriormente neste tópico.</p><p>Apesar de ser um mal necessário, o país não possui políticas de incentivo</p><p>à importação para consumo no mercado interno. Este fator ocorre pelo fato de as</p><p>importações impactarem diretamente no resultado da balança comercial, assim</p><p>como demanda pela procura dos produtos produzidos pelas empresas nacionais</p><p>no mercado interno.</p><p>Para gerenciar todas estas situações o país possui órgãos como a Secex,</p><p>MDIC e outros, que estaremos estudando no próximo tópico.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>DESAFIOS DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA EM RELAÇÃO À</p><p>COOPERAÇÃO SUL-SUL</p><p>Haroldo Ramanzini Júnior</p><p>Marcelo Passini Mariano</p><p>A crise política e econômica brasileira dificultou um papel de liderança</p><p>entre os países Sul-Sul. Por isso, o Brasil assumiu um perfil de menor intensidade,</p><p>mas não menos importante.</p><p>O significado das relações Sul-Sul é controverso e envolve a caracterização,</p><p>a cooperação ou a relação entre países que têm desafios sociais, políticos e</p><p>econômicos mais ou menos similares, relacionados ao desenvolvimento, além</p><p>de trajetórias históricas de passados coloniais e de exploração. Nos últimos anos,</p><p>alguns analistas observam a ampliação dos atores que seriam constitutivos do Sul,</p><p>surgindo noções como a de “Sul Global”.</p><p>Há debate a respeito da funcionalidade e alcance do Sul para a ação</p><p>internacional do Brasil. A expectativa representada pela superação da condição</p><p>de país não desenvolvido está na raiz dos argumentos que buscam sustentar uma</p><p>conduta externa orientada pela articulação política prioritária com os países do</p><p>Sul.</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>89</p><p>O diagnóstico geral é que o sistema internacional está organizado de</p><p>forma a privilegiar as potências já constituídas, diminuindo as chances de uma</p><p>inserção internacional mais autônoma e com melhores oportunidades para o</p><p>desenvolvimento econômico nacional. Além disso, o papel que a cooperação Sul-</p><p>Sul assume na política exterior do Brasil depende do jogo político doméstico e</p><p>da interpretação governamental em relação às possibilidades presentes na arena</p><p>internacional.</p><p>As políticas voltadas para o incremento das relações com os países do</p><p>Sul fundamentam-se em argumentos que buscam sustentar uma perspectiva</p><p>de mudança de longo prazo, pois envolvem objetivos voltados a alcançar o</p><p>desenvolvimento e tornar as regras de funcionamento do sistema internacional</p><p>mais justas. No entanto, para que essas políticas se viabilizem é necessário atuar</p><p>no curto prazo, de modo a propiciar recompensas voltadas para atores domésticos</p><p>e, também, para os parceiros externos.</p><p>Assim, enquanto horizonte de possibilidades, as relações Sul-Sul</p><p>envolvem um discurso de mudança futura, ao mesmo tempo em que alimentam</p><p>expectativa de que estas mudanças já possam ser sentidas no curto prazo, criando</p><p>oportunidades de políticas de desenvolvimento econômico e social para os países</p><p>menos desenvolvidos beneficiários de recursos governamentais brasileiros,</p><p>assim como para os setores domésticos nacionais interessados em expandir seus</p><p>interesses além das fronteiras.</p><p>Durante o governo Lula da Silva o eixo Sul-Sul é privilegiado, sem</p><p>desconsiderar as relações com o Norte. Além dos elementos discursivos há,</p><p>também, uma dimensão relevante de pragmatismo na forma como a relação Sul-</p><p>Sul é visualizada, fruto de fragilidades estruturais do país. Como há interesse</p><p>em ampliar a capacidade de influência e diminuir a vulnerabilidade no âmbito</p><p>externo, é importante ter o apoio de outros países.</p><p>A construção de mecanismos de diálogo, cooperação e representação</p><p>diplomática busca edificar, fortalecer ou descentralizar formas de cooperação. Esses</p><p>espaços de interação mais intensa podem criar incentivos sociais que alimentem</p><p>a cooperação, influenciem os padrões de comportamento dos parceiros, além de</p><p>possibilitarem maior conhecimento recíproco sobre a realidade dos países.</p><p>A interpretação dos principais formuladores de política externa do governo</p><p>Lula é que trata-se de uma perspectiva de fortalecimento nacional, das empresas,</p><p>setores produtivos e estruturas estatais, de ampliação do papel do país no mundo,</p><p>que busca benefícios gerais para os países em desenvolvimento, mas também</p><p>fortalece a sua própria posição, a fim de melhorar sua capacidade de negociação</p><p>com os países desenvolvidos, qualificar-se como um exportador de capital,</p><p>tecnologia, serviços, práticas de políticas</p><p>públicas, além de importante exportador</p><p>de commodities.</p><p>No governo Rousseff a linha de atuação anterior foi mantida no primeiro</p><p>mandato e, no segundo, continua sendo referência. Entretanto, enfrenta dificuldades</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>90</p><p>de operacionalização em função de dificuldade política e econômica interna e do</p><p>fortalecimento de atores domésticos e governamentais que (re)visualizam nos</p><p>mercados e nas relações com os países desenvolvidos o lócus central da ação</p><p>externa.</p><p>Nesse contexto, tanto com os países da África, quanto com o Oriente Médio,</p><p>o Brasil teve sua atuação modificada em direção a um perfil de menor intensidade.</p><p>As instituições multilaterais, do comércio internacional, de segurança coletiva,</p><p>mudanças climáticas, eixos relevantes da ação externa brasileira enfrentam</p><p>dificuldades para encaminhar os desafios e demandas presentes nas agendas, ao</p><p>passo que alguns espaços de articulação, como o G-20 financeiro, diminuíram sua</p><p>relevância, ao menos nos termos que tinham assumido no período imediatamente</p><p>posterior à crise financeira de 2008.</p><p>Na América do Sul, situações de eleições ou de turbulência política</p><p>doméstica em um quadro de retração das lideranças políticas regionais, dificuldades</p><p>econômicas e diminuição dos preços internacionais do petróleo, matérias-primas</p><p>e commodities em geral não fortalecem desenvolvimentos relativos ao que analistas</p><p>consideravam como “regionalismo pós-liberal”.</p><p>Por outro lado, fortalece-se a visualização do BRICS, como instância</p><p>relevante de inserção externa, embora arranjos como o IBAS, as Cúpulas América</p><p>do Sul–África (ASA) e as reuniões de Cúpula América do Sul-Países Árabes</p><p>(ASPA) percam espaço relativo, visível na perda de periodicidade e dinamismo</p><p>das reuniões. Há continuidade de políticas fundamentadas na ideia de autonomia</p><p>presentes, por exemplo, na reação às denúncias de espionagem da NSA, nas</p><p>posições em relação à intervenção internacional na Líbia e na Síria e o voto contrário</p><p>às sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU em 2011. De todo modo, o</p><p>tom geral parece de perspectiva mais reativa do que propriamente propositiva,</p><p>com exceções relevantes, como a ideia de “responsabilidade ao proteger”, lançada</p><p>em setembro de 2011.</p><p>Dois fatores ajudam a entender a tendência atual para configuração de</p><p>uma política externa mais reativa, com repercussão relevante para os assuntos</p><p>envolvendo a cooperação Sul-Sul: as características da condução presidencial e a</p><p>dificuldade das condições políticas e econômicas domésticas. Do ponto de vista</p><p>da Presidência parece haver menor disposição para envolver-se diretamente com</p><p>os assuntos internacionais, apesar da agenda intensa de viagens internacionais</p><p>das últimas semanas. Isso tem consequências para a atuação política esperada</p><p>de um país que busca maior influência internacional e diminui também a</p><p>atividade discursiva relacionada à manutenção e reconstrução contínua de uma</p><p>argumentação voltada para as relações Sul-Sul.</p><p>A menor prioridade para assuntos externos, se comparada principalmente</p><p>com o governo Lula da Silva, mas também com o governo Cardoso, tem</p><p>consequências políticas, institucionais e orçamentárias para o Ministério das</p><p>TÓPICO 2 | RECURSOS MONETÁRIOS AO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>91</p><p>Relações Exteriores, que parece não ter a delegação presidencial para avançar na</p><p>cooperação Sul-Sul. Com relação à conjuntura doméstica, os desdobramentos da</p><p>“Operação Lava Jato”, a implementação de uma política econômica mais ortodoxa</p><p>e uma composição ministerial que desagradou parte da base de apoio do governo</p><p>na sociedade encerram um quadro que não contribui para o fortalecimento das</p><p>relações Sul-Sul.</p><p>A situação tem reflexo direto para as ações brasileiras no âmbito Sul-Sul,</p><p>pois:</p><p>a) representam maior contração na disponibilidade de recursos públicos</p><p>para a manutenção dos acordos já estabelecidos;</p><p>b) dificulta a criação de novas frentes de atuação internacional;</p><p>c) aumenta a percepção externa de que o Brasil tem seu peso diminuído;</p><p>d) aumenta a pressão de setores domésticos contrários à cooperação Sul-</p><p>Sul.</p><p>O cenário fica mais complexo no sentido de coincidir com um momento</p><p>de arrefecimento da ação política e econômica dos países em desenvolvimento</p><p>na governança internacional, se comparado com determinadas expectativas e</p><p>acontecimentos da primeira década do século XXI, como foi o caso da atuação do</p><p>G-20 agrícola na Rodada Doha.</p><p>Parece se fortalecer no segundo mandato do governo Rousseff a ideia</p><p>de implementação de uma política externa de resultados focados no âmbito</p><p>comercial que tende a direcionar a política externa para ações em direção a países</p><p>comercialmente mais dinâmicos. Provavelmente nesse quadro a centralidade da</p><p>cooperação e das relações Sul-Sul tende a diminuir. Isso pode ter consequências</p><p>para o próprio peso relativo das exportações do país no conjunto das importações</p><p>dos países parceiros em desenvolvimento, para a capacidade de atuação brasileira</p><p>na discussão das grandes questões internacionais e para a ação no sentido de</p><p>contribuir para a construção de um sistema internacional multipolar.</p><p>Haroldo Ramanzini Júnior é professor da Universidade Federal de</p><p>Uberlândia (UFU) e integrante do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/</p><p>GR-RI.</p><p>Marcelo Passini Mariano é professor da Universidade Estadual Paulista</p><p>(UNESP).</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/internacional/desafios-da-politica-</p><p>externa-brasileira-em-relacao-a-cooperacao-sul-sul-5416.html>. Acesso em: 10 maio 2016.</p><p>92</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, vimos que:</p><p>• As organizações que necessitam de recursos financeiros para o comércio exterior</p><p>podem contar com modalidades de financiamento e câmbio, disponibilizados</p><p>por bancos privados e governamentais que proporcionam taxas e prazos para</p><p>cada necessidade.</p><p>• As linhas de crédito são diferenciadas para o exportador e importador, sendo que</p><p>as empresas que atuam com exportações possuem uma linha de financiamento</p><p>maior que as importadoras.</p><p>• Entre as linhas para exportadores temos: ACC, ACE, PROEX, FINAMEX,</p><p>EXPORT NOTE e COMMERCIAL PAPER.</p><p>• Para as empresas importadoras temos: BUYERS CREDIT, FINAMIM e</p><p>SUPPLIER’S CREDIT.</p><p>• O Brasil é um país de grande relevância política e econômica para o mundo,</p><p>devido a isso ele é visto como um líder representativo de seu continente, o que</p><p>fortalece seu posicionamento perante acordos comerciais.</p><p>• Atualmente, os acordos de que o Brasil participa proporcionam vantagens</p><p>significativas para sua economia.</p><p>• As políticas econômicas brasileiras são direcionadas para fomentar as</p><p>exportações, pois esta área do comércio proporciona um saldo positivo para a</p><p>balança comercial.</p><p>• Com as exportações o país tem impacto positivo sob vários pontos na economia,</p><p>como a entrada de capital estrangeiro provindo de pagamentos dos produtos</p><p>comercializados para o mercado externo, e o aumento da oferta de empregos</p><p>devido à demanda de produtos para exportação; até mesmo as organizações</p><p>que não atuam no comércio exterior se beneficiam ao fornecer matéria-prima às</p><p>empresas exportadoras, gerando assim um fortalecimento econômico.</p><p>• Apesar de necessárias, as importações não são vistas com bons olhos para a</p><p>economia, pois a importação de produtos significa para os cofres a evasão de</p><p>divisas. Além disso, quando o país importa mais do que exporta, isto representa</p><p>um impacto direto no mercado interno, pois muitas organizações não possuem</p><p>recursos para competir com seus concorrentes no exterior.</p><p>93</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>2 Associe as modalidades de financiamento às suas devidas definições:</p><p>I - Export Note</p><p>II - Commercial Papers</p><p>III - Supplier’s Credit</p><p>IV - Buyers Credit</p><p>( ) Trata-se da venda pelos exportadores dos direitos sobre a moeda estrangeira</p><p>decorrente de exportação futura de produtos e serviços.</p><p>( ) São operações de curto prazo, cuja finalidade é a obtenção de recursos para</p><p>resolver os problemas de caixa da empresa.</p><p>(</p><p>) Nesta modalidade, o financiamento é concedido por um banco ao</p><p>exportador, mediante desconto das cambiais representativas de vendas a prazo.</p><p>( ) Este financiamento é concedido diretamente para o importador estrangeiro.</p><p>Há um banco no exterior financiando a operação ao importador.</p><p>Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:</p><p>a) ( ) I – II – III – IV.</p><p>b) ( ) IV – III – I – II.</p><p>c) ( ) III – I – IV – I.</p><p>d) ( ) II – IV – II – III.</p><p>3 Sobre o cenário econômico vivenciado atualmente, e com base nos estudos</p><p>realizados neste tópico sobre as relações comerciais brasileiras e as políticas de</p><p>comércio exterior do país, explique como a área de comércio exterior do Brasil</p><p>está contribuindo para o cenário econômico.</p><p>1 Uma organização brasileira acaba de fechar um contrato de</p><p>venda de 50 mil camisas para serem exportadas para a Inglaterra.</p><p>Para confecção destas camisas ela precisa de um adiantamento</p><p>financeiro para aquisição de matéria-prima. Entre as modalidades</p><p>de financiamentos apresentadas, qual modelo disponibiliza até</p><p>360 dias para pagamento, e qual sua característica?</p><p>94</p><p>95</p><p>TÓPICO 3</p><p>ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Neste tópico, vamos abordar a estrutura do comércio exterior brasileiro,</p><p>como está dividido e quais os principais organismos responsáveis por gerenciar e</p><p>desenvolver a área no país.</p><p>O Brasil, assim como os demais países do mundo, possui órgãos responsáveis</p><p>pelo gerenciamento de suas atividades em todas as áreas que contemplam a</p><p>administração pública de um país.</p><p>A estrutura governamental do comércio exterior brasileiro é constituída por</p><p>órgãos específicos para cada atividade. O gerenciamento destas atividades ocorre</p><p>por áreas de competências, como: políticas de comércio exterior, formalização da</p><p>nacionalização das importações e da exportação das mercadorias, fiscal, financeira,</p><p>logística e outras.</p><p>A estrutura hierárquica governamental permite que os setores responsáveis</p><p>por cada atividade possam gerenciar de forma eficaz os processos, assim,</p><p>protegendo e fomentando o crescimento e o desenvolvimento do mercado e da</p><p>economia.</p><p>Neste tópico, apresentaremos cada órgão governamental com suas</p><p>atividades e responsabilidades, os ministérios responsáveis pelo comércio</p><p>internacional e a Câmara de Comércio Exterior, e, por fim, os órgãos fiscalizadores</p><p>e anuentes.</p><p>2 ESTRUTURA GOVERNAMENTAL DO COMÉRCIO EXTERIOR</p><p>BRASILEIRO</p><p>2.1 CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR - CAMEX</p><p>A CAMEX foi criada em 1995, é um órgão interministerial ligado diretamente</p><p>ao conselho do governo da Presidência da República, em sua responsabilidade</p><p>96</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>está a formulação, decisão, orientação e implementação de políticas e atividades</p><p>relacionadas à área de comércio exterior de bens e serviços, e do turismo.</p><p>Ela é composta pelo Ministro de Estado e Desenvolvimento, Indústria</p><p>e Comércio Exterior, que atua como presidente da CAMEX, e pelos Ministros</p><p>de Estado Chefe da Casa Civil; Ministro das Relações Exteriores; Ministro da</p><p>Fazenda; Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Planejamento,</p><p>Orçamento e Gestão; e do Desenvolvimento Agrário.</p><p>O órgão de deliberação superior e final da CAMEX é o Conselho de</p><p>Ministros. Os outros órgãos que compõem a CAMEX são a Secretaria-Executiva</p><p>(SE), o Comitê Executivo de Gestão (GECEX), o Comitê de Financiamento e Garantia</p><p>às Exportações (COFIG) e o Conselho Consultivo do Setor Privado (CONEX).</p><p>A SE/CAMEX é o órgão permanente da CAMEX com competências próprias</p><p>previstas no Decreto nº 4.732/2003 e no Decreto nº 7.096/2010, com destaque para:</p><p>• a assistência direta ao presidente do Conselho de Ministros da CAMEX;</p><p>• a preparação das reuniões do Conselho de Ministros, do GECEX e do CONEX;</p><p>• o acompanhamento da implementação das deliberações e diretrizes fixadas pelo</p><p>Conselho de Ministros e pelo GECEX;</p><p>• o acompanhamento do trabalho do COFIG;</p><p>• a coordenação de grupos técnicos interministeriais;</p><p>• promover estudos, pareceres, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes</p><p>ao comércio exterior.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/77/CAMEX%20</p><p>-%20%C3%81reas%20de%20Atua%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 12 maio 2016.</p><p>Como um órgão interministerial, ela atua na articulação dos diferentes</p><p>órgãos e agências governamentais, focando em resultados para o país no âmbito do</p><p>comércio internacional, assim como nas defesas dos interesses do setor produtivo</p><p>nacional.</p><p>Dentre suas atividades, para fomentar o comércio exterior no país,</p><p>apresentamos as principais:</p><p>• definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de</p><p>comércio exterior;</p><p>• coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências na área</p><p>de comércio exterior;</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>97</p><p>• definir, no âmbito das atividades de exportação e importação, diretrizes e</p><p>orientações sobre normas e procedimentos, para os seguintes temas, observada</p><p>a reserva legal: a) racionalização e simplificação do sistema administrativo; b)</p><p>habilitação e credenciamento de empresas para a prática de comércio exterior;</p><p>c) nomenclatura de mercadoria; d) conceituação de exportação e importação;</p><p>e) classificação e padronização de produtos; f) marcação e rotulagem de</p><p>mercadorias; e g) regras de origem e procedência de mercadorias;</p><p>• estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos</p><p>ao comércio exterior, de natureza bilateral, regional ou multilateral;</p><p>• orientar a política aduaneira, observada a competência específica do</p><p>Ministério da Fazenda;</p><p>• formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação;</p><p>• estabelecer diretrizes e medidas dirigidas à simplificação e racionalização do</p><p>comércio exterior;</p><p>• estabelecer diretrizes e procedimentos para investigações relativas a práticas</p><p>desleais de comércio exterior;</p><p>• fixar diretrizes para a política de financiamento das exportações de bens e de</p><p>serviços, bem como para a cobertura dos riscos de operações a prazo, inclusive</p><p>as relativas ao seguro de crédito às exportações;</p><p>• fixar diretrizes e coordenar as políticas de promoção de mercadorias e de</p><p>serviços no exterior e de informação comercial;</p><p>• opinar sobre política de frete e transportes internacionais, portuários,</p><p>aeroportuários e de fronteiras, visando a sua adaptação aos objetivos da</p><p>política de comércio exterior e ao aprimoramento da concorrência;</p><p>• orientar políticas de incentivo à melhoria dos serviços portuários,</p><p>aeroportuários, de transporte e de turismo, com vistas ao incremento das</p><p>exportações e da prestação desses serviços a usuários oriundos do exterior;</p><p>• fixar as alíquotas do imposto de exportação, respeitadas as condições</p><p>estabelecidas em lei;</p><p>• fixar as alíquotas do imposto de importação, atendidas as condições e os</p><p>limites estabelecidos em lei;</p><p>• fixar e suspender salvaguardas, direitos antidumping e compensatórios,</p><p>provisórios ou definitivos;</p><p>98</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>• estender as medidas antidumping e compensatórias a terceiros países, bem</p><p>como a partes, peças e componentes dos produtos objeto de medidas vigentes;</p><p>• homologar compromissos de preços no âmbito dos processos de defesa</p><p>comercial;</p><p>• definir a utilização das receitas oriundas da cobrança dos direitos antidumping</p><p>e compensatórios, bem como sua extensão, e das receitas oriundas da cobrança</p><p>das salvaguardas;</p><p>• alterar, na forma estabelecida nos atos decisórios do Mercado Comum do</p><p>Sul - Mercosul, a Nomenclatura Comum do Mercosul;</p><p>• adotar medidas para proteger os interesses comerciais brasileiros nas</p><p>relações comerciais com países que descumprirem acordos firmados bilateral,</p><p>regional ou multilateralmente, inclusive de retaliação;</p><p>• deliberar sobre as matérias submetidas pelos membros e órgãos integrantes.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/67/A%20</p><p>CAMEX>. Acesso em: 12 maio 2016.</p><p>A CAMEX possibilita ao governo brasileiro administrar de maneira</p><p>centralizada as informações geradas pelas diversas secretarias ligadas ao órgão.</p><p>Possibilitando, desta forma, analisar as diversas situações e definir diretrizes</p><p>políticas que atendam às necessidades dos setores para competir no mercado</p><p>globalizado.</p><p>Desde sua criação o órgão tem tratado de assuntos como o aumento da</p><p>competitividade das empresas brasileiras no âmbito de modernização de suas</p><p>estruturas e na atuação no mercado externo, na redução de custos de produção</p><p>para produtos fabricados internamente direcionados às exportações, com também</p><p>em temas relacionados a subsídios para as exportações.</p><p>Conforme apresentamos anteriormente, a CAMEX é composta, além dos</p><p>ministérios, por secretarias, comitês e colegiados, que estaremos resumindo suas</p><p>atividades a seguir:</p><p>• GECEX – Comitê Executivo de Gestão, sua função é supervisionar e</p><p>gerenciar todas as barreiras e burocracias criadas para a área do comércio exterior</p><p>de bens e serviços.</p><p>• COFIG – Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações, sua</p><p>responsabilidade é gerenciar os programas voltados a impulsionar as exportações,</p><p>como: Programa de Financiamento às Exportações “PROEX”, o Fundo de Garantia</p><p>à Exportação “FGE”, e o Fundo de Financiamento à Exportação “FFEX”.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>99</p><p>• CONEX – Conselho Consultivo do Setor Privado, que atua no</p><p>suporte privado à CAMEX, de forma a apresentar estudos e propostas para o</p><p>aperfeiçoamento das políticas na área do comércio exterior.</p><p>Acadêmico, você pode aprofundar seu conhecimento sobre a CAMEX acessando</p><p>o site do órgão no link: <http://www.camex.gov.br/>.</p><p>2.2 MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES – MRE OU</p><p>“ITAMARATY”</p><p>O Ministério das Relações Exteriores “MRE” está instalado no Palácio do</p><p>Itamaraty, por este motivo também é conhecido pelo nome de Itamaraty.</p><p>O MRE é um órgão do Poder Executivo responsável pela política externa e</p><p>pelas relações internacionais brasileiras nos acordos e planos bilateral, multilateral</p><p>e regional. Por ser um órgão de grande importância para o país, ele está ligado</p><p>diretamente à Presidência da República (MDIC, 2016).</p><p>Dentro de suas atividades constam: defender os interesses do Brasil no</p><p>exterior; e fazer o marketing externo do país, buscando promover e divulgar as</p><p>oportunidades comerciais no estrangeiro por meio de consulados, embaixadas e</p><p>chancelarias.</p><p>Nos últimos anos o órgão tem fixado representantes em mais de 220 locais</p><p>espalhados pelo mundo, promovendo os interesses do país e prestando suporte aos</p><p>cidadãos brasileiros e empresas brasileiras no exterior. O Itamaraty é responsável</p><p>por manter e administrar as relações do Estado Brasileiro em cada um dos países</p><p>onde há representação diplomática, organizando feiras e eventos promocionais</p><p>com âmbito internacional, assim como as visitas de chefes de Estado e de governo</p><p>de outras nações no país, como também as visitas do Presidente e Vice-Presidente</p><p>da República a outras nações.</p><p>As promoções do órgão são realizadas por meio da Secretaria de</p><p>Comunicação Social – “SECOM”. A secretaria é responsável por receber e divulgar</p><p>as informações de oportunidades comerciais e de investimento para as empresas</p><p>brasileiras interessadas em atuar no mercado mundial, além disso ela também</p><p>realiza pesquisas de mercado para produtos brasileiros no exterior.</p><p>DICAS</p><p>100</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Acadêmico, para aprofundar seus conhecimentos sobre o Itamaraty, sugerimos</p><p>acessar o site oficial do Ministério, disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/>.</p><p>2.3 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC</p><p>O MDIC é o ministério responsável pela execução das diretrizes políticas</p><p>de comércio, exercendo suas atividades através da Secretaria de Comércio Exterior</p><p>“SECEX”.</p><p>O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior foi</p><p>criado pela Medida Provisória nº 1.911-8, de 29/07/1999 - DOU 30/07/1999,</p><p>tendo como área de competência os seguintes assuntos:</p><p>• política de desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços;</p><p>• propriedade intelectual e transferência de tecnologia;</p><p>• metrologia, normalização e qualidade industrial;</p><p>• políticas de comércio exterior;</p><p>• regulamentação e execução dos programas e atividades relativas ao comércio</p><p>exterior;</p><p>• aplicação dos mecanismos de defesa comercial;</p><p>• participação em negociações internacionais relativas ao comércio exterior.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.</p><p>php?area=1&menu=1680>. Acesso em: 13 maio 2016.</p><p>Em sua missão estão a formulação e execução de políticas públicas</p><p>direcionadas à promoção da competitividade do comércio exterior brasileiro, para</p><p>tornar mais justa e rica em oportunidades para as empresas brasileiras e para a</p><p>vida da população.</p><p>Ligadas ao ministério, temos as seguintes entidades:</p><p>• Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.</p><p>• Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI.</p><p>• Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO.</p><p>• Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.</p><p>Além destas entidades citadas, também possuem vínculos com o ministério</p><p>as instituições em âmbito privado sem fins lucrativos, que recebem recursos do</p><p>MDIC por meio de contrato firmado para realizar ações de interesse público, são</p><p>elas:</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>101</p><p>• Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI.</p><p>• Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento – APEX-</p><p>Brasil.</p><p>Para maiores informações sobre o ministério, você pode acessar o site oficial,</p><p>disponível em: <http://www.mdic.gov.br/>.</p><p>2.4 SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX</p><p>A SECEX é subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e</p><p>Comércio, sua criação foi normatizada a partir da Medida Provisória nº 1.795, de</p><p>1º/jan./1999, substituindo o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.</p><p>Órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior</p><p>que tem entre suas funções a condução das políticas de comércio exterior e</p><p>gestão do controle comercial. A SECEX normatiza, supervisiona, orienta,</p><p>planeja, controla e avalia as atividades de comércio exterior. Entre suas</p><p>atividades estão: participar das negociações dos acordos comerciais</p><p>internacionais do governo brasileiro, promover a cultura exportadora,</p><p>deferir atos concessórios de drawback, anuir operações de exportação</p><p>e importação, promover o exame de similaridade para averiguação</p><p>de produção nacional, compilar a balança comercial, promover a</p><p>defesa comercial do país, entre outras (SECRETARIA DE COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR – SECEX, 2016).</p><p>Por ser um órgão constituído de poderes quase plenipotenciários, e sendo</p><p>subordinada ao MDIC, a secretaria se subdivide em quatro departamentos para</p><p>atender de forma eficiente as áreas de sua competência no comércio exterior. Na</p><p>sequência veremos quais são os departamentos.</p><p>2.4.1 Departamento de Operações de Comércio Exterior</p><p>– DECEX</p><p>Trata-se de um órgão responsável pela operacionalização das políticas</p><p>estipuladas pela SECEX. Suas funções são:</p><p>• Elaboração, acompanhamento e avaliação de estudos sobre a</p><p>comercialização de produtos e mercados estratégicos para o comércio exterior</p><p>brasileiro.</p><p>• Execução de programas governamentais para a área.</p><p>• Administração do sistema Integrado de Comércio Exterior.</p><p>DICAS</p><p>102</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>• Licenciamento de mercadorias para importação e exportação.</p><p>• Regulamentação dos procedimentos operacionais ligados à atividade.</p><p>2.4.2 Departamento de Negociações Internacionais –</p><p>DEINT</p><p>Este departamento é responsável por administrar as negociações</p><p>internacionais em que o país participa. Suas principais atividades são:</p><p>• Fomentar e articular estudos e iniciativas visando fornecer informações</p><p>para servir como base para</p><p>as negociações brasileiras com o exterior.</p><p>• Participar das rodadas de negociações de acordos do país com o mundo</p><p>considerando as extensões ou concessões e seus impactos para o país.</p><p>2.4.3 Departamento de Defesa Comercial – DECOM</p><p>O Departamento de Defesa Comercial atua no combate às atividades de</p><p>comércio desleal ligado a produtos e empresas brasileiras no comércio exterior. O</p><p>órgão é responsável por supervisionar todos os processos instaurados no exterior</p><p>contra as empresas brasileiras, fornecendo assistência e assessorias necessárias.</p><p>Suas atividades contemplam duas frentes:</p><p>• junto ao exportador brasileiro, na preparação das respostas aos</p><p>questionários e outras informações para sua defesa, bem como no</p><p>acompanhamento das visitas de verificação; e</p><p>• junto às autoridades investigadoras do país importador, em</p><p>colaboração com o Ministério das Relações Exteriores.</p><p>Em relação às empresas brasileiras afetadas, a SECEX/DECOM, além</p><p>de propiciar assistência técnica para a defesa de seus interesses,</p><p>procura conscientizar os empresários da importância de participarem</p><p>ativamente nas respostas aos questionários e enviando as informações</p><p>solicitadas pelo governo do país importador (MINISTÉRIO DO</p><p>DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR –</p><p>MDIC, 2016).</p><p>2.4.4 Departamento de Planejamento e Desenvolvimento</p><p>do Comércio Exterior – DEPLA</p><p>O DEPLA é responsável pelo acompanhamento das políticas e programas</p><p>de comércio exterior, e por formular propostas de planejamento para o</p><p>desenvolvimento da atividade na área, como: desenvolver estudos de mercado e</p><p>produtos estratégicos para promover as exportações.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>103</p><p>A competência do DEPLA está delineada no art. 19 do Decreto 7.096/10,</p><p>a saber:</p><p>Art. 19 Ao Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do</p><p>Comércio Exterior (DEPLA) compete:</p><p>I – propor, assessorar e acompanhar o planejamento, a formulação e a</p><p>execução das políticas e programas de comércio exterior;</p><p>II – formular propostas de aperfeiçoamento da legislação em matéria</p><p>relacionada ao comércio exterior;</p><p>III – planejar, coordenar e implementar ações e programas visando ao</p><p>desenvolvimento do comércio exterior brasileiro e da cultura exportadora, em</p><p>articulação com órgãos e entidades de direito público ou privado, nacionais e</p><p>internacionais, bem como propor a celebração de convênios, acordos ou ajustes</p><p>semelhantes para a implementação dessas ações e programas;</p><p>IV – planejar e executar programas de capacitação em comércio exterior</p><p>com ênfase nas micro, pequenas e médias empresas;</p><p>V – elaborar e editar o material técnico para orientação da atividade de</p><p>comércio exterior;</p><p>VI – manter e coordenar a Rede Nacional de Agentes de Comércio</p><p>Exterior;</p><p>VII – participar e acompanhar, em fóruns e comitês nacionais e</p><p>internacionais, os assuntos relacionados com as estatísticas e o desenvolvimento</p><p>do comércio exterior;</p><p>VIII – coletar, analisar, sistematizar e disseminar dados e informações</p><p>estatísticas de comércio exterior, bem como elaborar e divulgar a balança</p><p>comercial brasileira;</p><p>IX – elaborar estudos, publicações e informações sobre produtos, setores</p><p>e mercados estratégicos para o comércio exterior brasileiro;</p><p>X – gerenciar sistemas de consultas, análise e divulgação de informações</p><p>de comércio exterior;</p><p>XI – manter, desenvolver e gerenciar o Sistema de Análise de Informações</p><p>de Comércio Exterior;</p><p>XII – coordenar e implementar a Rede de Centros de Informações de</p><p>Comércio Exterior; e</p><p>XIII – propor a articulação com entidades e organismos nacionais e</p><p>internacionais para a realização de treinamentos, estudos, eventos e outras</p><p>atividades voltadas para o desenvolvimento do comércio exterior.</p><p>FONTE: Enciclopédia Aduaneira. Disponível em: <http://enciclopediaaduaneira.com.br/secex-</p><p>haroldo-gueiros/>. Acesso em: 16 maio 2016.</p><p>2.5 SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - SRF</p><p>A Secretaria da Receita Federal é um órgão específico, distinto, subordinado</p><p>ao Ministério da Fazenda, desenvolve funções necessárias para que o Estado possa</p><p>cumprir com seus objetivos. Sob sua responsabilidade está a administração de</p><p>104</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>tributos de competência da União, incluindo os previdenciários e os incidentes</p><p>sobre o comércio exterior. É também de sua responsabilidade auxiliar na formulação</p><p>de políticas tributárias, combate à pirataria, sonegação fiscal, contrabando,</p><p>descaminho, fraude comercial, além do tráfico de drogas, de animais e outros atos</p><p>considerados ilícitos no comércio.</p><p>Na área de comércio exterior ela está presente nas exportações e importações,</p><p>sendo responsável pela fiscalização aduaneira nos pontos alfandegados, como:</p><p>portos, aeroportos e pontos fronteiriços com países vizinhos.</p><p>Por meio de seus fiscais, ela exerce o controle da entrada e saída dos</p><p>produtos no país. Toda arrecadação coletada nos pontos alfandegados por meio</p><p>de tributações dos produtos importados é de sua responsabilidade. Junto com a</p><p>Secretaria de Comércio Exterior e o Banco Central do Brasil, ela exerce o maior</p><p>poder sobre o comércio exterior brasileiro.</p><p>2.6 BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN</p><p>O Banco Central do Brasil é o órgão executivo central do sistema financeiro</p><p>nacional ligado ao Ministério da Fazenda. Sob sua responsabilidade está a</p><p>condução das políticas: monetária, cambial, de crédito e das relações financeiros</p><p>com o exterior. Também da supervisão do Sistema Financeiro Nacional “SFN”, e</p><p>da administração do sistema de pagamentos e do meio circulante.</p><p>Devemos observar que toda entrada e saída de divisas (moeda estrangeira)</p><p>é feita por meio do mercado de câmbio e vai terminar alimentando, ou quitando, o</p><p>saldo das “Reservas Internacionais” no Bacen.</p><p>Quando analisamos, especificamente, as funções inerentes ao comércio</p><p>exterior, o Bacen é responsável por:</p><p>• Controlar as movimentações de capitais estrangeiros no país.</p><p>• Controlar os pagamentos das importações em moeda estrangeira.</p><p>• Acompanhar as empresas que atuam na área de exportação com</p><p>recebimento de recursos em moeda estrangeira.</p><p>• Autorizar instituições financeiras para operarem com câmbio, assim</p><p>como fiscalizar as mesmas.</p><p>2.7 MINISTÉRIO DA SAÚDE</p><p>O Ministério da Saúde é um órgão do Poder Executivo federal responsável</p><p>por organizar e elaborar planos e políticas públicas voltadas à saúde.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>105</p><p>É função do ministério proporcionar condições para proteção e recuperação</p><p>da saúde populacional, buscando reduzir as enfermidades, controlar doenças e</p><p>epidemias, assim como atuar na vigilância à saúde.</p><p>No comércio exterior, o ministério atua como órgão regulador para as</p><p>empresas que atuam na importação ou exportação de remédios e produtos ligados</p><p>à saúde.</p><p>O processo de liberação das importações ou exportações é realizado</p><p>via sistema Siscomex. A partir do recebimento da solicitação via sistema, o</p><p>responsável pela aprovação no ministério analisa todas as documentações,</p><p>especificamente informações sobre as características da mercadoria enviada pela</p><p>empresa.</p><p>Dependendo do item a ser importado ou exportado, pode haver diferentes</p><p>órgãos envolvidos no processo que, ao final, influenciam na aprovação.</p><p>2.8 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E</p><p>ABASTECIMENTO</p><p>O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é responsável</p><p>pela gestão de política pública de estímulo à agropecuária, agronegócio e pela</p><p>normatização dos serviços vinculados ao setor.</p><p>O Ministério da Agricultura busca integrar, sob sua gestão, os aspectos</p><p>mercadológico, tecnológico, científico, ambiental e organizacional do</p><p>setor produtivo e também dos setores de abastecimento, armazenagem</p><p>e transporte de safras, além da gestão da política econômica e financeira</p><p>para o agronegócio. Com a integração do desenvolvimento sustentável</p><p>e da competitividade, o Mapa visa à garantia da segurança alimentar</p><p>da população brasileira e à produção de excedentes para exportação,</p><p>95</p><p>2 ESTRUTURA GOVERNAMENTAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ................. 95</p><p>2.1 CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR - CAMEX ..................................................................... 95</p><p>2.2 MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES – MRE OU “ITAMARATY” .......................... 99</p><p>2.3 MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC .................................................................................................. 100</p><p>2.4 SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX ................................................................ 101</p><p>IX</p><p>2.4.1 Departamento de Operações de Comércio Exterior – DECEX ........................................ 101</p><p>2.4.2 Departamento de Negociações Internacionais – DEINT .................................................. 102</p><p>2.4.3 Departamento de Defesa Comercial – DECOM ................................................................. 102</p><p>2.4.4 Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio</p><p>Exterior – DEPLA ................................................................................................................... 102</p><p>2.5 SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - SRF ............................................................................ 103</p><p>2.6 BANCO CENTRAL DO BRASIL – BACEN ................................................................................. 104</p><p>2.7 MINISTÉRIO DA SAÚDE .............................................................................................................. 104</p><p>2.8 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO ................................ 105</p><p>3 REGIME ADUANEIRO BRASILEIRO ............................................................................................. 106</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 110</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 111</p><p>TÓPICO 4 – QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO</p><p>INTERNACIONAL .......................................................................................................... 113</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 113</p><p>2 A GENERALIDADE DO COMÉRCIO EXTERIOR NAS CULTURAS ...................................... 113</p><p>3 IMPACTOS CULTURAIS NAS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE PAÍSES ......................... 116</p><p>3.1 O TEMPO .......................................................................................................................................... 116</p><p>3.2 PROTOCOLO DE CUMPRIMENTO E CORDIALIDADE ........................................................ 117</p><p>3.3 AS CORES E IMAGEM ................................................................................................................... 118</p><p>3.4 O IDIOMA ........................................................................................................................................ 118</p><p>3.5 A RELIGIÃO ..................................................................................................................................... 119</p><p>4 PAÍSES COM DISPOSIÇÕES PECULIARES ................................................................................. 119</p><p>4.1 CHINA .............................................................................................................................................. 120</p><p>4.2 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA .............................................................................................. 120</p><p>4.3 ARÁBIA ............................................................................................................................................. 121</p><p>4.4 JAPÃO ............................................................................................................................................... 122</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 122</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 127</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 128</p><p>UNIDADE 3 – A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)</p><p>E OS INCOTERMS ....................................................................................................... 131</p><p>TÓPICO 1 – CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS ................................ 133</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 133</p><p>2 A MERCEOLOGIA E O SISTEMA HARMONIZADO (SH) ....................................................... 133</p><p>2.1 CODIFICAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO (SH) ........................................................... 135</p><p>3 A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) .......................................................... 136</p><p>3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS CONFORME A NCM .................................................... 139</p><p>4 A TARIFA EXTERNA COMUM (TEC) E TRATAMENTOS ADMINISTRATIVOS ............... 140</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 145</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 146</p><p>TÓPICO 2 – A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO</p><p>INTERNACIONAL ........................................................................................................... 147</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147</p><p>2 OBRIGAÇÕES NA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL ............................................... 147</p><p>3 CLASSIFICAÇÃO E RESPONSABILIDADES DOS INCOTERMS .......................................... 149</p><p>4 INTERNACIONALIZAÇÃO E NACIONALIZAÇÃO DAS MERCADORIAS ....................... 156</p><p>4.1 DESPACHO ADUANEIRO ............................................................................................................ 156</p><p>X</p><p>4.1.1 O despacho aduaneiro de importação ................................................................................. 157</p><p>4.1.2 Despacho aduaneiro de exportação ..................................................................................... 159</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 161</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 162</p><p>TÓPICO 3 – MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO</p><p>INTERNACIONAL ........................................................................................................... 163</p><p>1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 163</p><p>2 MODALIDADES DE PAGAMENTO ............................................................................................... 163</p><p>2.1 MODALIDADE PAGAMENTO E RECEBIMENTO ANTECIPADO....................................... 165</p><p>2.2 REMESSA SEM SAQUE .................................................................................................................. 166</p><p>2.3 COBRANÇA COM SAQUE ........................................................................................................... 167</p><p>2.4 CRÉDITO DOCUMENTÁRIO ....................................................................................................... 168</p><p>2.4.1 Opções de pagamento</p><p>fortalecendo o setor produtivo nacional e favorecendo a inserção do</p><p>Brasil no mercado internacional (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,</p><p>PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2016).</p><p>No comércio exterior, o ministério é o órgão responsável por certificar os</p><p>produtos agrícolas destinados à exportação ou importação.</p><p>A certificação é solicitada via sistema Siscomex, onde a empresa registra</p><p>o pedido, e ele é encaminhado automaticamente para o ministério. Ao receber o</p><p>requerimento é realizada uma análise das documentações e em caso de aprovação</p><p>é emitida uma certificação chamada de Certificado Fitossanitário.</p><p>106</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>3 REGIME ADUANEIRO BRASILEIRO</p><p>Para tratarmos sobre o regime aduaneiro brasileiro, inicialmente vamos</p><p>compreender o que é um regime aduaneiro.</p><p>Regime Aduaneiro é o tratamento tributário e administrativo aplicado a</p><p>mercadorias submetidas a controle aduaneiro, considerando as leis e regulamentos</p><p>estipulados pelos órgãos competentes conforme a natureza e objetivo de cada</p><p>operação.</p><p>O Regime Aduaneiro é dividido em dois tipos:</p><p>• Regime Aduaneiro Geral ou Comum: refere-se à importação de bens a título</p><p>definitivo, com o desembaraço das mercadorias uma vez pagos os devidos</p><p>impostos, estas ficam liberadas para consumo no país, após sua nacionalização.</p><p>Na exportação ele é caracterizado pela desnacionalização da mercadoria após o</p><p>desembaraço aduaneiro.</p><p>• Regimes Aduaneiros Especiais: são operações de importação ou exportação com</p><p>benefícios fiscais, como isenção de impostos, suspensão parcial ou integral dos</p><p>tributos incidentes. Estes tipos de regimes normalmente são concedidos para</p><p>atender determinadas finalidades ou setores.</p><p>O regime aduaneiro brasileiro foi estabelecido pela Lei nº 3.244, de 14/08/57,</p><p>tendo sua última alteração sob o Decreto nº 6.759, de 05/02/2009.</p><p>O comércio exterior brasileiro é dinâmico e apresenta algumas situações</p><p>que acabam necessitando de mecanismos especiais que permitam a entrada ou</p><p>saída das mercadorias do território aduaneiro. Diante disto, o governo criou dois</p><p>tipos de regimes para atender a essas necessidades, são eles: RAE e RAA.</p><p>O Regime Aduaneiro Especial “RAE” caracteriza os regimes criados para</p><p>atender aos processos de importação ou exportação que fogem à regra comum.</p><p>Neste regime são classificados os seguintes tipos:</p><p>• Trânsito Aduaneiro: neste regime, a mercadoria pode ser transportada de</p><p>um ponto ao outro sem ser tributados os impostos. Este regime é aplicado</p><p>apenas quando existe a necessidade de transferir a mercadoria de um ponto</p><p>alfandegado para outro. Para realizar este procedimento a empresa precisa</p><p>seguir as orientações descritas no Decreto-lei nº 37/1996, art. 71, alterado (Decreto</p><p>nº 1.223/1972).</p><p>• Admissão Temporária: permite a importação de bens que devem</p><p>permanecer no país durante determinado período, com suspensão</p><p>total ou parcial dos tributos, disposta no Livro IV, Título I, Capítulo III</p><p>e Seção I do Decreto nº 4.543/202 e Decreto-lei nº 37, de 1966, art. 75.</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>107</p><p>Drawback é a desoneração dos impostos de importação para materiais que</p><p>serão manufaturados e destinados à exportação, para ter acesso a este regime</p><p>o importador/exportador deve seguir as notas estipuladas pela Secex sob a</p><p>Portaria nº 23, de 14/07/2011.</p><p>• Entreposto Aduaneiro: permite que a mercadoria, na importação ou exportação,</p><p>fique armazenada em determinados armazéns sob controle fiscal, tendo a</p><p>suspensão dos tributos. Para ter acesso a este regime as mercadorias devem</p><p>seguir as condições estabelecidas na Instrução Normativa nº 241, de 06/11/2002.</p><p>• Entreposto Industrial sob informatizado “RECOF”: neste regime, a empresa</p><p>pode importar produtos manufaturados com ou sem cobertura cambial, e com</p><p>suspensão do pagamento de tributos, sob controle aduaneiro informatizado,</p><p>sendo que estes produtos deverão ser submetidos à operação de industrialização</p><p>e depois destinados à exportação. Para ter acesso a este regime a empresa deve</p><p>seguir as orientações estabelecidas pelo Decreto-lei nº 37, de 1996, art. 89, e</p><p>Decreto nº 4.543/2002, art. 372.</p><p>• Exportação Temporária: é o regime que permite a exportação de um produto</p><p>por tempo determinado e sua importação com a suspensão do pagamento de</p><p>impostos durante os dois processos. Este regime é muito utilizado por empresas</p><p>que participam de feiras internacionais e enquadradas no Decreto-lei nº 37, de</p><p>1966, art. 92, com a redação dada pelo Decreto nº 2.472, de 1988, art. 1º, e Decreto</p><p>nº 4.543, art. 385.</p><p>• Depósito Aduaneiro de Distribuição “DAD”: permite, por meio de termo de</p><p>responsabilidade, o entrepostamento de mercadorias estrangeiras importadas</p><p>sem cobertura cambial, a exportação para países terceiros e despacho para</p><p>consumo.</p><p>• Regime Aduaneiro Especial de importação de insumos destinados à</p><p>industrialização por encomenda “RECOM”: este regime permite a importação de</p><p>insumos industrializados por encomenda classificados nas posições 8701 a 8705</p><p>da NCM, sem cobertura cambial, como chassis, carrocerias, peças, componentes</p><p>e acessórios, com a suspensão do imposto sobre produtos industrializados.</p><p>• Regime Aduaneiro Especial exportação e importação de bens destinados às</p><p>atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás “REPETRO”:</p><p>este regime trata da importação e exportação de bens destinados às atividades</p><p>de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural, conforme definidas</p><p>na Lei nº 9.478, de 06/08/1997.</p><p>• Regime Aduaneiro Especial para importação de petróleo bruto e seus derivados,</p><p>para fins de exportação no mesmo estado em que foram importados “REPEX”:</p><p>é o regime utilizado para importação de petróleo bruto e seus derivados com</p><p>suspensão de pagamento dos impostos incidentes e posterior exportação no</p><p>mesmo estado em que foram importados.</p><p>108</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>• Regime de Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul): trata-se de um regime</p><p>que permite a redução do tempo referente às liberações das mercadorias</p><p>de empresas que operam no comércio exterior mediante a racionalização da</p><p>movimentação das cargas, nas operações de importação, exportação e de trânsito</p><p>aduaneiro.</p><p>Os Regimes Aduaneiros Atípicos foram criados pelo governo visando</p><p>atender determinadas necessidades econômicas de polos regionais e setores</p><p>ligados ao comércio exterior. Este regime se caracteriza pela não incidência de</p><p>tributos aplicados ao comércio exterior, neste modelo podemos classificar:</p><p>• Loja Franca é o regime que permite que estabelecimentos comercializem</p><p>produtos nacionais e importados dentro das zonas primárias de portos,</p><p>aeroportos alfandegados a passageiros em viagem internacional sem tributar,</p><p>podendo receber em moeda nacional ou estrangeira.</p><p>• Depósito Especial Alfandegado “DEA” é um regime que permite a importação</p><p>de produtos sem cobertura cambial e com suspensão de tributos destinados a</p><p>atender às necessidades da área de transporte aéreo.</p><p>• Depósito Afiançado “DAF” é o que permite a estocagem, com suspensão de</p><p>pagamento de impostos, de materiais importados, sem cobertura cambial,</p><p>destinada à manutenção e reparo de embarcação ou aeronave pertencentes a</p><p>empresas autorizadas a operar no transporte comercial internacional e utilizadas</p><p>nestas atividades.</p><p>• Depósito Franco é o regime que permite a armazenagem de mercadorias em</p><p>recinto alfandegado para atender ao fluxo comercial de países no limite com</p><p>terceiros países.</p><p>• Depósito Alfandegado Certificado “DAC” permite considerar como exportadas</p><p>as mercadorias para efeitos fiscais, creditícios e cambiais, as mercadorias</p><p>nacionais depositadas em recinto alfandegado vendidas ao exterior e com</p><p>contrato de entrega no território nacional e a ordem do adquirente.</p><p>• Zona Franca de Manaus “ZFM” se trata de uma área de livre-comércio de</p><p>importação e exportação com incentivos fiscais especiais, estabelecidos com a</p><p>finalidade de criar na Amazônia um centro</p><p>industrial, comercial e agropecuário</p><p>dotado de condições econômicas que permitam o desenvolvimento da região.</p><p>• Zonas de Processamento de Exportação “ZPE” foram criadas para reduzir</p><p>os desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e</p><p>promover a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social do</p><p>país.</p><p>• Áreas de Livre-comércio são áreas destinadas à importação e exportação sob</p><p>regime fiscal especial com a finalidade de promover o desenvolvimento de áreas</p><p>TÓPICO 3 | ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL</p><p>109</p><p>fronteiriças específicas da região Norte do país e de incrementar as relações</p><p>bilaterais do país com seus vizinhos.</p><p>Diante dos regimes apresentados, podemos concluir que, apesar das</p><p>mercadorias estarem em território brasileiro, quando aplicadas aos regimes, elas</p><p>podem circular livremente dentro do perímetro das zonas alfandegadas.</p><p>Para a Receita Federal, as zonas alfandegadas são espaços neutros de</p><p>controle aduaneiro, classificadas como zonas primária e secundária, onde são</p><p>realizados os desembaraços das mercadorias para liberação dos bens importados</p><p>ou exportados.</p><p>O Decreto nº 6.759, artigos 2º e 3º, diz que o território aduaneiro brasileiro</p><p>compreende todo o território nacional, sendo classificado em:</p><p>• Zona Primária que corresponde à:</p><p>o área terrestre ou aquática, contínua ou descontínua, nos portos alfandegados;</p><p>o área terrestre nos aeroportos alfandegados;</p><p>o área que compreende os pontos de fronteira alfandegados.</p><p>• Zona secundária que corresponde à parte restante do território aduaneiro, nela</p><p>incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo.</p><p>Podemos concluir que a área alfandegada é todo espaço no qual há</p><p>movimentação das mercadorias provindas ou enviadas ao exterior que estejam sob</p><p>a fiscalização policial, tributária e sanitária. Embora todas as leis que regulamentam</p><p>a constituição de um país sejam aplicadas a toda a sua extensão territorial, nas</p><p>zonas aduaneiras esta situação tem suas particularidades diferenciadas.</p><p>Acadêmico, você pode aprofundar seus conhecimentos sobre o regime aduaneiro</p><p>brasileiro no site da Receita Federal, no link: <http://portal.siscomex.gov.br/legislacao/orgaos/</p><p>secretaria-da-receita-federal-do-brasil-rfb>.</p><p>DICAS</p><p>110</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, vimos que:</p><p>• A estrutura governamental do comércio exterior brasileiro não possui um órgão</p><p>específico destinado apenas a esta atividade.</p><p>• A gestão da atividade é dividida por áreas de competência, como política de</p><p>comércio exterior, fiscal, financeira, bilaterais de relações internacionais, entre</p><p>outros.</p><p>• Os órgãos gestores estão divididos conforme quadro a seguir:</p><p>QUADRO 4 – ORGANOGRAMA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.berflow.com.br/pages_bra/berflow_comex_org.htm>.</p><p>Acesso em: 18 jun. 2016.</p><p>• O órgão mais importante da área de comércio exterior é a CAMEX, que está</p><p>ligada diretamente à Presidência da República.</p><p>• O regime aduaneiro brasileiro é dividido em comum e especial, cada um tem a</p><p>finalidade de regulamentar as movimentações das mercadorias nos processos</p><p>de importação e exportação.</p><p>111</p><p>( ) Definir diretrizes e procedimentos relativos à implementação de políticas</p><p>relacionadas à área de comércio exterior.</p><p>( ) Gerenciar as atividades internas relacionadas à comercialização de</p><p>mercadorias nacionais e sua produção.</p><p>( ) Coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências na</p><p>área de comércio exterior.</p><p>( ) Fixar diretrizes para a política de financiamento das exportações de bens</p><p>e de serviços, bem como para a cobertura dos riscos de operações a prazo,</p><p>inclusive as relativas ao seguro de crédito às exportações.</p><p>A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:</p><p>a) ( ) V – F – V – V</p><p>b) ( ) F – V – F – V</p><p>c) ( ) V – F – V – F</p><p>d) ( ) F – V – F – F</p><p>2 Sobre a função dos principais órgãos atuantes no comércio exterior, classifique</p><p>as sentenças em V para verdadeiras e F para as falsas.</p><p>( ) O MDIC é o ministério responsável pela execução das diretrizes políticas de</p><p>comércio, exercendo suas atividades através da Secretaria de Comércio Exterior</p><p>“SECEX”.</p><p>( ) O Itamaraty é um órgão do Poder Executivo responsável pela política</p><p>externa e pelas relações internacionais brasileiras nos acordos e planos bilateral,</p><p>multilateral e regional.</p><p>( ) A SRF é um órgão específico, distinto, subordinado ao Ministério da</p><p>Fazenda, desenvolve funções necessárias para que o Estado possa cumprir com</p><p>seus objetivos.</p><p>( ) O Ministério da Saúde é um órgão do Poder Executivo federal responsável</p><p>por organizar e elaborar planos e políticas públicas voltadas à saúde.</p><p>A seguir, assinale a alternativa correta:</p><p>a) ( ) V – V – V – V</p><p>b) ( ) F – V – F – V</p><p>c) ( ) V – F – V – F</p><p>d) ( ) F – F – F – F</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 A CAMEX é um órgão integrante do conselho de governo</p><p>da Presidência da República, sob sua responsabilidade está</p><p>a gestão das atividades relacionadas ao comércio exterior.</p><p>Conforme o conteúdo apresentado referente à responsabilidade</p><p>da CAMEX, classifique em V para as sentenças verdadeiras e F</p><p>para as falsas.</p><p>112</p><p>3 O Regime Aduaneiro é o tratamento tributário e administrativo aplicado</p><p>a mercadorias submetidas ao controle aduaneiro, considerando as leis e</p><p>regulamentos estipulados pelos órgãos competentes conforme a natureza e</p><p>objetivo de cada operação. Existem dois tipos de regimes: geral ou comum</p><p>e especiais, explique qual a diferença entre os dois modelos.</p><p>113</p><p>TÓPICO 4</p><p>QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO</p><p>COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Ao longo da história da humanidade, o comércio entre povos sempre</p><p>movimentou grande parte das economias das civilizações antigas e dos países do</p><p>mundo atual.</p><p>Atuar na área de comércio exterior pode ser um bom negócio para as</p><p>empresas que buscam uma alavancagem em seu faturamento e a independência</p><p>de mercado.</p><p>Em momentos de crise econômica interna, as organizações que atuam</p><p>com exportação não sofrem tanto impacto em seus faturamentos quanto aquelas</p><p>que atuam apenas no mercado interno. Porém, para atuar no mercado externo</p><p>é necessário considerar impactos como educação, cultura, política, religião,</p><p>entre outros. No comércio exterior podemos identificar diversas realidades que</p><p>influenciam direta ou indiretamente para o sucesso das negociações.</p><p>2 A GENERALIDADE DO COMÉRCIO EXTERIOR NAS CULTURAS</p><p>O comércio exterior exige das empresas planejamento, pois é necessário</p><p>entender a cultura do mercado em que se pretende atuar.</p><p>Existem inúmeros fatores que influenciam direta ou indiretamente na</p><p>comercialização de bens e serviços no comércio internacional. O mercado externo</p><p>possui características diferentes do mercado interno, a exemplo do mercado</p><p>brasileiro, que não possui restrição quanto a cores nas embalagens dos produtos.</p><p>Em alguns países estrangeiros o simples fato de uma embalagem estar com uma</p><p>cor que não é bem vista em suas crenças culturais pode influenciar na aceitação do</p><p>produto pelo mercado.</p><p>Neste contexto, podemos analisar que o mercado externo não permite</p><p>amadorismo por parte das empresas, e para isso as organizações podem contar com</p><p>órgãos governamentais e empresas privadas especializadas em gerar informações</p><p>que permitam analisar e conhecer as peculiaridades que o mercado externo possui.</p><p>No marketing doméstico, a estratégia é desenvolvida conforme as</p><p>informações sobre as necessidades e desejos dos consumidores</p><p>114</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>domésticos, as tendências setoriais, ambiente econômico, tecnológico</p><p>e político desse mercado. Nos negócios internacionais, as incertezas</p><p>são ainda maiores, pois além das já existentes no mercado doméstico,</p><p>se agregam as inerentes ao mercado externo em que se está operando.</p><p>Além das forças políticas, ambiente econômico e estrutura legal, deve-</p><p>se conhecer as diferenças culturais significativas. Diferenças inerentes</p><p>ao meio ambiente e à cultura da população, exemplificadas por</p><p>idioma,</p><p>vestuário, moradia, comunicação, hábitos de consumo, estarão</p><p>presentes (LOPEZ; GAMA, 2007, p. 25).</p><p>Para Porter (2009, p. 37):</p><p>As empresas devem ser flexíveis para reagir com rapidez às mudanças</p><p>competitivas e de mercado. É importante que pratiquem de modo</p><p>constante o benchmark para atingir as melhores práticas. [...]. É</p><p>fundamental que fomentem umas poucas competências essenciais, na</p><p>corrida para permanecer à frente dos rivais.</p><p>Para atuar no mercado internacional a empresa não pode ter uma postura</p><p>radical, pois, desta forma, ao invés de colher resultados, ela poderia trazer prejuízos.</p><p>Na maioria das vezes, os produtos exportados necessitam de uma</p><p>adaptação para o mercado de destino, seja em sua embalagem, composição, forma</p><p>de promoção, distribuição, preço ou outros itens que estão ligados direta ou</p><p>indiretamente à cultura do mercado-alvo.</p><p>Empresas como IBM, Benetton, Nike, Nestlé, McDonald’s, Toyota e Coca-</p><p>Cola, antes de iniciarem a comercialização dos produtos no mercado-alvo, realizam</p><p>um estudo para conhecer a cultura e os costumes do local e estabelecer estratégias</p><p>que garantam o sucesso da comercialização. Outro exemplo é a empresa Knorr,</p><p>que possui todo um centro de pesquisa na sua casa matriz, na Alemanha, para</p><p>identificar costumes alimentares dos países onde a empresa possui mercados.</p><p>Você sabe quando nasceu o empreendimento da empesa Knorr? No ano 1857!</p><p>Ficou curioso? Acesse o site da Deutsche Welle (DW) e confira: <http://www.dw.com/pt/um-</p><p>caldo-que-deu-volta-ao-mundo/a-1013113>.</p><p>Ao analisarmos o mercado interno, mesmo em um país como o Brasil, que</p><p>possui uma vasta extensão territorial, quando uma empresa comercializa seus</p><p>produtos apenas no país, dependendo da região onde atua, ela precisa adaptar</p><p>seu produto seguindo as necessidades daquele determinado mercado, pois dentro</p><p>de um mesmo país podem existir restrições quanto à cor, etiqueta, composição do</p><p>produto, leis regionais etc. Da mesma forma é com o mercado externo.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>115</p><p>Apesar de todo o impacto causado pela cultura na comercialização dos</p><p>produtos no mercado externo, podemos identificar três tipos de perfil de empresas:</p><p>• As que adaptam os produtos às necessidades do mercado.</p><p>• As que oferecem apenas um produto padronizado, forçando o mercado a se</p><p>adaptar ao seu produto.</p><p>• E as que fazem o meio-termo entre adaptar o produto e produzir e ofertar um</p><p>produto padronizado.</p><p>O sucesso de cada perfil está ligado à disposição do mercado em aceitar o</p><p>produto ofertado. Todo marketing internacional tem que estar focado nos aspectos</p><p>culturais dos diferentes povos que irão adquirir os produtos ou serviços que são</p><p>ofertados, assim como todo o seu design e as campanhas de propaganda. A cultura</p><p>também interfere nas negociações com os profissionais do comércio exterior que</p><p>levam consigo a influência cultural de seu país (KOTABE; HELSEN, 2000).</p><p>Costa e Santos (2011, p. 113) apresentam uma classificação dos mercados</p><p>de acordo com suas características específicas, sobretudo levando em consideração</p><p>os aspectos econômicos específicos e a capacidade de consumo da população.</p><p>Esta classificação define o mercado da seguinte forma:</p><p>• Mercado Primitivo: são os mercados onde a economia é movida basicamente</p><p>pela produção agrícola, com níveis básicos de industrialização. Nestes mercados</p><p>a renda per capita é baixa, sendo que a população ocupa grande parte de seu</p><p>tempo para o trabalho, devido ao fato de a grande maioria viver da agricultura.</p><p>• Mercado Subdesenvolvido: são países que possuem grandes riquezas naturais e</p><p>que exportam parte de seus recursos em volumes consideráveis, como in natura</p><p>ou commodities. Neste tipo de mercado existe a possibilidade de uma demanda</p><p>direcionada à importação de equipamentos, materiais de transportes e serviços</p><p>especializados para atender às necessidades de exportação destes recursos</p><p>naturais.</p><p>• Mercado Semi-industrializado: refere-se a países que possuem uma economia</p><p>pouco avançada, pois possuem indústrias de beneficiamento de algumas</p><p>matérias-primas destinadas à exportação.</p><p>• Mercado Industrializado: são mercados que têm uma economia do ponto de</p><p>vista industrial mais avançado que o semi-industrializado. Nesta classificação</p><p>são identificadas as primeiras indústrias direcionadas a suprir a necessidade de</p><p>componentes e insumos para a industrialização e beneficiamento de matérias-</p><p>primas, além de desenvolverem produtos e serviços que são ofertados ao</p><p>mercado interno. Neste modelo a população já possui uma capacidade de renda</p><p>para consumo.</p><p>116</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>• Mercados em Desenvolvimento: nesta classificação a evolução econômica do</p><p>mercado permite uma diversificação de ramos de atuação e, por consequência,</p><p>produtos, garantindo um retorno e uma renda mais elevada. Também é</p><p>identificado um aumento na oferta de empregos devido à expansão de mercado,</p><p>como também por ter empresas que já iniciam ou iniciaram sua comercialização</p><p>no mercado externo.</p><p>Não existe uma cartilha que as organizações ou profissionais da área de</p><p>comércio exterior possam seguir para facilitar suas negociações com o mercado</p><p>externo. Sendo assim, para atuar no mercado externo e ter sucesso é preciso analisar</p><p>todos os fatores que podem impactar direta ou indiretamente na negociação e na</p><p>comercialização do produto.</p><p>3 IMPACTOS CULTURAIS NAS RELAÇÕES COMERCIAIS</p><p>ENTRE PAÍSES</p><p>Com a globalização dos mercados, a relação comercial entre países tem</p><p>exigido dos governos e organizações privadas conhecimento sobre a cultura e</p><p>costumes de seus parceiros.</p><p>Quando isto não ocorre, o erro cometido pode representar uma falta</p><p>de respeito com a parte envolvida, ocasionando uma predisposição da parte e</p><p>prejudicando as relações comerciais.</p><p>Para os brasileiros, conhecer a cultura, os hábitos e o jeito de negociar dos</p><p>outros povos é de extrema importância, pois a característica brasileira é de um povo</p><p>comunicativo e muitas vezes despojado na maneira de ser e agir, e, dependendo</p><p>do país com quem se está negociando, isto não é visto com bons olhos.</p><p>Em contrapartida, a nosso favor temos a sensibilidade para as diferenças</p><p>culturais e uma maior capacidade de assimilar estas diferenças devido ao Brasil ser</p><p>formado por diversas etnias em suas raízes. Independentemente do país e cultura,</p><p>algumas questões devem ser consideradas, como veremos a seguir.</p><p>3.1 O TEMPO</p><p>O cumprimento de horários e prazos preestabelecidos é de extrema</p><p>importância, pois para algumas culturas os atrasos são considerados falta de</p><p>educação. E em uma negociação isto pode influenciar negativamente na imagem</p><p>que se busca demonstrar ao mercado. Em relação ao tempo que influencia nas</p><p>negociações, podemos citar:</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>117</p><p>• Fuso horário: muitos países têm diferença de horário e dia quando comparados</p><p>ao Brasil.</p><p>• Costumes: a maioria dos países hispano-americanos e a Espanha têm em sua</p><p>cultura o hábito de logo após o almoço os profissionais fazerem a famosa</p><p>“siesta”, que é o descanso entre uma hora e meia a duas horas. Nos países árabes</p><p>não se trabalha nas sextas-feiras, por questões religiosas. Em Israel o domingo</p><p>é o primeiro dia útil da semana, o sábado é o dia de descanso obrigatório para</p><p>eles, o famoso “Shabat”.</p><p>Como exemplo podemos citar o caso a seguir:</p><p>Berlusconi deixa Merkel esperando</p><p>Em 2009, o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, atrasou o</p><p>início de uma reunião da OTAN por estar muito ocupado falando pelo telefone</p><p>celular. A chanceler alemã, Angela Merkel, uma das anfitriãs do evento, ficou</p><p>esperando pelo italiano por vários minutos no tapete vermelho em frente</p><p>ao prédio onde ocorreu a reunião. Câmeras de TV capturaram a expressão</p><p>perplexa da chanceler enquanto Berlusconi andava por perto, sempre falando</p><p>ao telefone. Depois de alguns minutos, Merkel desistiu de esperar e entrou no</p><p>prédio, dando início</p><p>à reunião sem a presença do italiano.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/lista-dez-gafes-diplomaticas>.</p><p>Acesso em: 1º jun. 2016.</p><p>3.2 PROTOCOLO DE CUMPRIMENTO E CORDIALIDADE</p><p>Cada cultura possui seus protocolos e formalidades que devem ser</p><p>observados por quem pretende atuar no mercado externo.</p><p>Estar atento à forma correta de cumprimentar o cliente demonstra respeito</p><p>por sua cultura e prevenir situações de desrespeito, por ambas as partes.</p><p>Países orientais não possuem em sua cultura contato físico no cumprimento,</p><p>esta situação muda quando analisamos países árabes. Observe o exemplo:</p><p>Bush faz gesto ofensivo para australianos</p><p>Em 1992, durante uma visita a Canberra, na Austrália, o então presidente</p><p>George Bush insultou sem querer um grupo de habitantes ao fazer um gesto</p><p>de "V da Vitória" com os dedos. O presidente claramente não sabia, mas na</p><p>Austrália o gesto tem uma conotação similar ao de levantar o dedo médio em</p><p>países como os EUA e o Brasil. No mesmo dia, Bush concedeu um discurso onde</p><p>saudou esforços para melhorar o entendimento entre as culturas americana e</p><p>australiana.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/lista-dez-gafes-diplomaticas>.</p><p>Acesso em: 1º jun. 2016.</p><p>118</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>3.3 AS CORES E IMAGEM</p><p>Para atuar no mercado internacional é necessário ter cuidado com as cores</p><p>e imagem. Por sermos um país de cultura latina, todas as cores são aceitas com</p><p>naturalidade, assim como a imagem do produto.</p><p>No mercado internacional estes detalhes podem impactar diretamente na</p><p>aceitação dos produtos, uma cor ou imagem errada pode gerar grandes estragos na</p><p>negociação. Devido a isso, muitas empresas desenvolvem seus produtos seguindo</p><p>as especificações solicitadas por seus clientes.</p><p>A imagem de um sorriso de um bebê de bochechas fartas ajudou a</p><p>vender inúmeros frascos de comida para bebê da marca Gerber. Porém, quando</p><p>a Gerber comercializou seu produto para a África, manteve a imagem no frasco.</p><p>O que não sabia é que em muitos países africanos a imagem no frasco mostra</p><p>exatamente o que tem dentro dele. Sem ler o que estava escrito, a imagem não</p><p>foi bem aceita.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/negocios/grandes-empresas/</p><p>noticia/3560254/erros-desastrosos-que-marcaram-campanhas-marketing-grandes-empresas>.</p><p>Acesso em: 2 jun. 2016.</p><p>3.4 O IDIOMA</p><p>A questão do idioma já deixou muitos chefes de Estado em situações</p><p>embaraçosas. No mercado internacional ficou estabelecida a utilização de dois</p><p>idiomas:</p><p>• Espanhol para ser utilizado entre os povos de colonização espanhola.</p><p>• Inglês para os demais países do mundo.</p><p>Isto não impede que os profissionais que atuam no comércio internacional</p><p>possam falar o idioma local da região com que pretendem negociar. Porém, a</p><p>questão do idioma deve ser considerada com muito cuidado, pois mesmo quando</p><p>existem países que utilizam o mesmo idioma, existem diferenças nos significados</p><p>das palavras.</p><p>Jimmy Carter sente "desejo carnal" pelos poloneses</p><p>Em 1977, o presidente americano Jimmy Carter visitou a Polônia, ainda</p><p>sob domínio comunista, e em um discurso público tentou exprimir como estava</p><p>contente de conhecer o país. Só que seu tradutor cometeu alguns equívocos e a</p><p>mensagem acabou sendo entendida de uma maneira bem diferente. Em inglês,</p><p>Carter havia dito para os poloneses "Eu vim para conhecer as suas opiniões e</p><p>entender suas expectativas em relação ao futuro". Mas o tradutor da comitiva</p><p>americana acabou afirmando para os poloneses que o presidente "desejava os</p><p>poloneses de maneira carnal", provocando espanto entre os presentes. Por fim,</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>119</p><p>quando o presidente disse que havia deixado os EUA para viajar, o tradutor</p><p>interpretou a frase como se Carter houvesse "abandonado" os EUA para sempre.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/lista-dez-gafes-diplomaticas>.</p><p>Acesso em: 2 jun. 2016.</p><p>3.5 A RELIGIÃO</p><p>A religião é um ponto que provoca grandes discussões a nível interno em</p><p>nosso país. Quando elevado ao mercado internacional, este tema eleva a tensão. Para</p><p>muitas culturas este tema influencia diretamente nas negociações internacionais,</p><p>assim, as empresas, junto com seus profissionais, devem respeitar e se adequar às</p><p>exigências de seus clientes.</p><p>O comércio internacional não exige mudanças dos envolvidos em suas</p><p>crenças, porém, o respeito e o conhecimento evitam impasses e potencializam o</p><p>sucesso das negociações.</p><p>As culturas diferem entre si, mesmo em países que utilizam a mesma língua,</p><p>como EUA, Austrália e Inglaterra, ou como México, Espanha e a Argentina. Existem</p><p>maiores semelhanças alimentares entre um brasileiro do Sul e um argentino, que</p><p>entre um peruano e um argentino.</p><p>Conhecer suas similaridades e suas diferenças proporciona uma vantagem</p><p>competitiva durante as rodadas de negócio. Empresas como McDonald’s usam a</p><p>similaridade cultural como um importante indicador para auxiliar na decisão de</p><p>qual país investir.</p><p>O mercado global exige das empresas profissionalismo no processo de</p><p>comercialização, seja nas rotinas de compra e venda, na prospecção de parcerias,</p><p>clientes, entre outros.</p><p>Com a globalização dos mercados e a abertura das economias internacionais,</p><p>existe uma vasta linha de oportunidades que as empresas e profissionais ligados</p><p>ao comércio exterior podem explorar. O sucesso na expansão de seus horizontes</p><p>vai depender do quanto eles estiverem preparados para atuar nesses mercados.</p><p>4 PAÍSES COM DISPOSIÇÕES PECULIARES</p><p>Conforme Kuazaqui (2007), de maneira geral, as sociedades podem ser</p><p>orientadas e analisadas sob diferentes aspectos, sendo os mais básicos ligados</p><p>à iniciativa do indivíduo. Preliminarmente, a análise pode ser efetuada a partir</p><p>de como as diferentes culturas encaram o relacionamento interpessoal em sua</p><p>sociedade.</p><p>120</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>A seguir, apresentaremos alguns países que possuem peculiaridades</p><p>diferentes que a do Brasil.</p><p>4.1 CHINA</p><p>Sua cultura é milenar, assim, os chineses possuem costumes diferentes dos</p><p>nossos no processo de negociação.</p><p>Os chineses são formais, não existe contato físico além de um aperto de</p><p>mão, que deve partir sempre do anfitrião. Em seus primeiros encontros comerciais</p><p>é de costume trocarem cartões de visitas, e neste caso é desrespeito pegar ou</p><p>entregar o cartão de visita com apenas uma das mãos.</p><p>As visitas comerciais devem ser previamente agendadas com certa</p><p>antecedência, além disto, também deve ser encaminhada uma programação sobre</p><p>as intenções das visitas.</p><p>O chinês priva pela construção de um relacionamento, desta maneira é</p><p>comum que entre as rodadas de negociações existam os convites para jantar e</p><p>almoço. Porém, nestes eventos não é tratado de negócios.</p><p>Outro ponto marcante de sua cultura é a paciência, as negociações podem</p><p>levar um certo tempo até que estejam concluídas. Eles privam pelos detalhes</p><p>durante as negociações e só concretizam os negócios quando todos os pontos</p><p>julgados importantes estão bem alinhados.</p><p>4.2 ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA</p><p>Para os norte-americanos tempo é dinheiro, assim, é necessário seguir as</p><p>regras durante as negociações, atrasos de horários nas reuniões demonstram falta</p><p>de profissionalismo.</p><p>Os prazos devem ser seguidos e cumpridos, seja nas entregas de propostas</p><p>comerciais, de mercadorias ou respostas aos e-mails. O contato físico deve ser</p><p>evitado, sendo as apresentações feitas de acordo com a posição hierárquica.</p><p>Ao contrário dos chineses, os norte-americanos utilizam o horário de</p><p>breakfast para fechar negócios, também podem ocorrer várias reuniões no mesmo</p><p>dia, porém, todas as comunicações entre as partes devem ser claras e diretas, e as</p><p>respostas devem ser corretas.</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>121</p><p>Para negociar com empresas norte-americanas é preciso um inglês, no</p><p>mínimo, intermediário, caso contrário,</p><p>podem surgir conflitos de informações</p><p>devido a interpretações incorretas de palavras.</p><p>4.3 ARÁBIA</p><p>Na cultura árabe existe um provérbio que diz; “Se não se negocia de forma</p><p>rentável, não se negociará durante muito tempo”. Este provérbio é seguido por</p><p>muitos dos empresários dessa cultura.</p><p>Todas as negociações realizadas com empresas de países árabes devem</p><p>possuir contrapontos de ganhos para ambos os lados, caso contrário, dificilmente</p><p>elas chegam ao final.</p><p>A língua árabe é a força unificadora de todos os países da região, assim,</p><p>quando um profissional da área de comércio exterior sabe falar a língua deles,</p><p>isto gera pontos positivos nas negociações. Muitos empresários árabes possuem</p><p>fluência em dois ou mais idiomas utilizados pelos países ocidentais, como inglês,</p><p>francês e espanhol, o que pode facilitar nas negociações.</p><p>A cultura islâmica está enraizada nestes países e qualquer tipo de negociação</p><p>pode sofrer influências devido às suas crenças e costumes.</p><p>Esta situação pode ser vista em empresas brasileiras que exportam</p><p>frango para estes países. Conforme a crença islâmica, a carne de frango, para ser</p><p>consumida, deve seguir suas normas quanto ao abatimento do animal, posição do</p><p>frigorífico, crença do profissional envolvido com este processo.</p><p>As negociações sempre estão ligadas ao seu entorno, seja ele pelo deserto,</p><p>clima, meio social ou político. O tempo para os árabes é diferente do relógio, pois</p><p>mesmo tendo o entendimento de que “tempo é dinheiro”, eles desenvolvem as</p><p>negociações considerando cada ponto acordado, o que pode arrastar as negociações</p><p>por certo tempo.</p><p>Nas negociações ou acordos comerciais é preciso ter paciência, pois não</p><p>existe uma decisão rápida, mas quando ocorre isto pode render bons frutos no</p><p>futuro.</p><p>122</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>4.4 JAPÃO</p><p>O Japão possui em sua característica a cortesia, tecnologia e paciência. As</p><p>negociações com empresas e empresários do país podem ser um desafio, pois sua</p><p>cultura, costumes, estrutura e hábitos são diferentes de todos os países ocidentais.</p><p>Em geral, as relações comerciais japonesas são marcadas pelo tempo, seja</p><p>pelo período que envolve as negociações, até a tomada de decisão.</p><p>Mesmo quando a empresa possui um bom produto ou serviço a ofertar,</p><p>o processo de negociação até sua finalização não ocorre de forma rápida. As</p><p>negociações são realizadas por uma comitiva formada por vários profissionais</p><p>que são responsáveis pelas áreas que envolvem as negociações. Neste formato, a</p><p>decisão de “fechar ou não” a negociação nunca é tomada por apenas um indivíduo.</p><p>As negociações são feitas seguindo a hierarquia de responsabilidades</p><p>dentro da organização, onde cada responsável negocia a outra ponta do mesmo</p><p>nível hierárquico. Quando não existe uma hierarquia definida na outra parte,</p><p>os japoneses se sentem incomodados, e isto pode acabar influenciando nas</p><p>negociações.</p><p>Antes de iniciar uma negociação com este mercado é preciso conhecer seus</p><p>costumes, hábitos e sua cultura. Com base nestas informações, o profissional ou</p><p>empresa poderá preparar todas as informações necessárias para ter êxito em suas</p><p>negociações.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL:</p><p>ASPECTOS COMPORTAMENTAIS E CULTURAIS</p><p>Leila Rockert</p><p>A globalização criou novas exigências ao mercado de trabalho e está</p><p>impondo a todos a necessidade de buscar aperfeiçoamento pessoal e profissional.</p><p>Desta forma, cada vez mais os profissionais, e especialmente aqueles que</p><p>por força da posição têm que estar em contato ou negociar com outras culturas,</p><p>terão que construir um conhecimento sobre essas culturas e ampliar a forma de</p><p>comportamento quando inseridos nelas.</p><p>Importância da cultura como elemento da negociação</p><p>Gostaria, desde já, de convidar todos a ampliarmos o leque deste tema.</p><p>Até porque os aspectos culturais e comportamentais são aspectos que por vezes</p><p>parecem não tão importantes, parecem subjetivos, mas que interferem diretamente</p><p>no resultado da negociação.</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>123</p><p>Em primeiro lugar:</p><p>Precisamos ter em mente o fato de que mesmo o indivíduo pertencendo a</p><p>uma mesma cultura, as representações e significações são diferentes. E quando se</p><p>trata de negociação, estamos falando de vários indivíduos sentados ao redor de</p><p>uma mesa e, consequentemente, uma pluralidade de representações e significações.</p><p>Isso já denota, por si só, a complexidade de um processo de negociação e</p><p>a necessidade de compreensão da importância do conhecimento da cultura neste</p><p>processo.</p><p>Em segundo lugar:</p><p>Também é importante ter em mente o fato de que, mesmo pertencendo a</p><p>uma mesma cultura, as empresas têm representações e significações diferentes.</p><p>Que elas também recebem uma carga cultural diferente, apesar de estarem dentro</p><p>da mesma nação ou, às vezes, dentro da mesma cidade. Cada empresa constrói</p><p>uma cultura que é própria, que é pessoal.</p><p>Se pegarmos no Brasil, por exemplo, uma cultura com raízes americanas</p><p>muito forte, verificamos que se criou uma forma de relação entre os empregados</p><p>e deles com o mercado que é diferente de outras empresas que nasceram</p><p>completamente nacionalizadas.</p><p>Podemos pensar, por exemplo, que existem culturas corporativas onde a</p><p>imagem do fundador é muito forte e determina o comportamento dos empregados</p><p>de tal maneira que essa cultura acaba se diferenciando do restante. Então, percebe-</p><p>se que a figura do fundador, a cultura do fundador é determinante na cultura</p><p>empresarial. Quem fundou, que diretrizes iniciais deu para o negócio, o que é</p><p>muitas vezes determinante de como essa empresa inclusive se relaciona com o</p><p>próprio mercado.</p><p>Quando isso fica claro na percepção do negociador, ele começa a ter</p><p>entendimento da complexidade na diversidade cultural.</p><p>Num processo de negociação, os negociadores levam todos esses elementos</p><p>para fora de seu país, isso se torna sua estrutura de apoio. As culturas envolvidas</p><p>estarão contribuindo com representações e significações de ambos os lados,</p><p>porque, independentemente do que esteja sendo negociado, há interação entre</p><p>pessoas, entre comportamentos empresariais.</p><p>Portanto, as representações e significações podem ser fatores que interferem</p><p>na interpretação de sucesso ou fracasso na negociação.</p><p>124</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Isto pode ser exemplificado claramente no filme "Fábrica de Loucura",</p><p>quando um americano entra na sala de negociação e apresenta o produto: uma</p><p>fábrica que quer negociar e ao final da exposição tem a expectativa de ser crivado</p><p>por uma série de perguntas enquanto os japoneses permanecem calados. Sai da</p><p>sala de negociação e retorna ao seu país com a sensação de fracasso, para só mais</p><p>tarde descobrir que não foi este o resultado. Situações como esta ocorrem no</p><p>cotidiano das pessoas e com muita clareza nas situações de negócio.</p><p>Com o volume de negócios que vem crescendo de forma vertiginosa, entre</p><p>países que compõem os mercados globalizados, não é possível não se preocupar</p><p>com a importância de ter negociadores preparados para esta realidade.</p><p>O desenvolvimento da competência negocial</p><p>Desenvolver o perfil do negociador é algo que se faz premente em qualquer</p><p>empresa que pretenda permanecer atuante no mercado.</p><p>O mercado já não aceita mais profissionais que lancem mão de soluções</p><p>caseiras, posturas espertalhonas, conhecimentos restritos em relação ao seu papel.</p><p>O mercado exige que os profissionais que se sentam à mesa para negociar</p><p>com outras culturas, não importa se mesmo no Brasil ou em Cingapura, saibam que</p><p>as pessoas carregam consigo algumas estruturas de apoio, elementos nucleares da</p><p>cultura e da história pessoal, que vão juntos para a mesa de negociação.</p><p>Essa estrutura de apoio, na verdade, são os valores que o negociador</p><p>apreendeu ao longo da sua experiência pessoal e profissional e que ficam mais</p><p>fortes, mais acirrados no momento de negociação.</p><p>Se pensarmos, por exemplo, um negociador saindo do Brasil para negociar</p><p>na</p><p>China ou no Japão, o grande apoio que ele tem, a grande retaguarda dele e a</p><p>conservação dos seus valores. Ele não pode chegar numa negociação e simplesmente</p><p>abrir mão de todos os valores e agir com novos valores. Ele possui alguns valores</p><p>dos quais não poderá abrir mão. São aqueles símbolos chamados nucleares, que</p><p>não sofrem transformações, não importa o grau de aculturação.</p><p>É nesse processo que também o outro negociador chega à mesa de</p><p>negociação carregando as mesmas estruturas de apoio, provenientes da sua cultura</p><p>e história pessoal para interagir durante as negociações. Porque esse é o esteio que</p><p>todo negociador tem, é o que consegue trazer junto.</p><p>Quando ele traz isso para a mesa de negociação num país completamente</p><p>diferente, numa cultura diferente, o que ele está fazendo? Ele está se apoiando</p><p>nesses elementos de cultura.</p><p>TÓPICO 4 | QUESTÕES CULTURAIS E SEU IMPACTO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>125</p><p>A construção desse conhecimento fará uma enorme diferença no perfil do</p><p>negociador. Se ele for uma pessoa que tem uma percepção cultural ampla, dos</p><p>traços e valores de determinada cultura, seja porque interagiu com essas culturas</p><p>e introjetou a experiência, seja porque busca um entendimento da diversidade</p><p>cultural.</p><p>Essa amplitude, em relação à diversidade de culturas, permitirá ao</p><p>negociador interagir com maior flexibilidade em relação a outras culturas, entender</p><p>que respeitar a cultura do outro não significa submissão. Significa integração,</p><p>interação e interpelação das culturas de tal maneira que seja importante que os</p><p>dois lados sintam que tiveram sucesso na negociação, uma vez que estão em cena</p><p>não só os valores das pessoas, mas também das organizações. Então, podemos</p><p>dizer que esse profissional tem um perfil de negociador diferenciado.</p><p>A construção desse conhecimento fará uma enorme diferença no perfil do</p><p>negociador. Poderemos dizer que ele formou uma personalidade de negociador</p><p>quando desenvolveu uma amplitude de contato com a diversidade cultural e tiver</p><p>entendimento de que para se ter sucesso numa negociação é preciso respeitar a</p><p>cultura do outro e que isso não se traduz em submissão. Significa integração e</p><p>interação das culturas de tal maneira que os dois sintam que tiveram sucesso na</p><p>negociação, uma vez que está em jogo não só os valores das pessoas, mas também</p><p>os das organizações.</p><p>O que fazer para ampliar a competência negocial?</p><p>Um dos grandes desafios nesse processo de desenvolvimento do perfil do</p><p>negociador é minimizar a insistência por parte de alguns profissionais em querer</p><p>focar o processo de negociação no aprendizado somente das técnicas de negociação</p><p>e no engessamento ou ‘manualização’ de alguns comportamentos culturais, por</p><p>exemplo: no Japão entregue o cartão assim..., nos EUA não se atrase etc.</p><p>E com isso muito se perde na construção do conhecimento dos aspectos</p><p>culturais e comportamentais.</p><p>A produção desse conhecimento em sintonia com as técnicas, os estilos de</p><p>negociação e as etapas de preparação de uma negociação resultam na performance</p><p>do negociador e, consequentemente, na sua competência negocial.</p><p>Esperamos que os profissionais que estejam atentos aos cenários e à chamada</p><p>"Era da Competência" ampliem seu foco em relação à questão do desenvolvimento</p><p>da competência negocial. E que apesar de ser do cotidiano dentro da empresa, o</p><p>processo de negociação tem nuances e sutilezas muito importantes que devem</p><p>passar por um processo de planejamento antecipado, de tal maneira que a empresa</p><p>conte com verdadeiros negociadores que sejam capazes de levar os seus princípios,</p><p>valores e cultura empresarial para qualquer processo de negociação, tendo a</p><p>flexibilidade e a capacidade de estabelecer processo interativo onde obtenham o</p><p>sucesso.</p><p>126</p><p>UNIDADE 2 | ESTRUTURA FINANCEIRA E COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Uma atitude interativa e de respeito, onde a cultura seja um aliado do</p><p>processo de negociação.</p><p>ROCKERT, Leila. Negociação internacional: Aspectos comportamentais e culturais. Disponível</p><p>em: <http://www.guiarh.com.br/p10.htm>. Acesso em: 8 jul. 2016.</p><p>127</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4</p><p>Neste tópico, vimos que:</p><p>• O mercado externo possui características diferentes que o interno, devido a esta</p><p>situação as organizações precisam compreender as características do mercado-</p><p>alvo para obterem sucesso em suas negociações.</p><p>• Existem disponíveis, para as organizações em comércio exterior, empresas</p><p>privadas e órgãos governamentais especializados em gerar informações</p><p>pertinentes ao mercado externo.</p><p>• O mercado é classificado em cinco mercados: primitivo, subdesenvolvido, semi-</p><p>industrializado, industrializado e desenvolvido. Cada classificação está ligada</p><p>ao grau de desenvolvimento do país.</p><p>• Apesar de cada mercado possuir uma característica diferente, independentemente</p><p>de sua variação, algumas questões devem ser consideradas, como tempo,</p><p>protocolos de cumprimento e cordialidade, cores e imagens, idioma e religião.</p><p>128</p><p>2 O comércio exterior apresenta particularidades complexas que afetam</p><p>diretamente as negociações. Existe uma grande diferença na forma de</p><p>comercialização do mercado interno para o externo, porém esta atividade</p><p>passou a ser indispensável para muitas empresas, chegando a ser considerado</p><p>um fator de sobrevivência. Dos fatores a seguir, quais podem gerar impactos</p><p>no processo de comercialização internacional?</p><p>I - Distância geográfica.</p><p>II - Crenças e costumes.</p><p>III - Idioma.</p><p>IV - Demanda do mercado interno.</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>a) ( ) Apenas os fatores I, II e III estão corretos.</p><p>b) ( ) Apenas os fatores II e IV estão corretos.</p><p>c) ( ) Apenas os fatores I e III estão corretos.</p><p>d) ( ) Todos os fatores estão corretos.</p><p>3 Em uma análise sobre as empresas que atuam na comercialização de</p><p>produtos é possível identificar os perfis das empresas. Esta análise se baseia</p><p>na disposição das organizações em adequar seus produtos para atender as</p><p>necessidades dos diversos mercados em que ela atua. Com base nos estudos</p><p>apresentados deste tópico, cite os três modelos:</p><p>4 O mercado global é classificado em cinco modelos, segundo Costa e Santos</p><p>(2011). Associe as sentenças, classificando suas definições conforme o</p><p>mercado.</p><p>I - Mercados Primitivos.</p><p>II - Mercados Subdesenvolvidos.</p><p>III - Mercados Semi-industrializados.</p><p>IV - Mercados Industrializados.</p><p>V - Mercados em Desenvolvimento.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 O comércio exterior é uma área que proporciona grandes</p><p>oportunidades de negócios para as organizações que se dispõem</p><p>a atuar na área. O sucesso das negociações está ligado diretamente</p><p>ao quanto as organizações estão preparadas para atuar no</p><p>mercado externo, pois atuar na área exige das organizações</p><p>conhecimento sobre o mercado-alvo. Atualmente, como as</p><p>organizações podem obter informações sobre os mercados?</p><p>129</p><p>( ) Neste modelo existe uma evolução econômica que permite uma</p><p>diversificação de ramos de atuação e, por consequência, produtos e serviços,</p><p>gerando renda e lucros mais elevados.</p><p>( ) Estes mercados possuem uma economia do ponto de vista industrial mais</p><p>avançada que o modelo anterior. Nesta classificação, podemos identificar as</p><p>primeiras indústrias direcionadas a suprir as necessidades de componentes e</p><p>insumos e beneficiamento de matéria-prima.</p><p>( ) Este mercado possui grandes riquezas naturais e exporta partes desses</p><p>recursos em volumes consideráveis, como in natura ou commodities.</p><p>( ) Nesta classificação os países possuem uma economia pouco avançada,</p><p>pois possuem indústria de beneficiamento de matérias-primas destinadas à</p><p>exportação.</p><p>( ) São mercados onde a economia é movida basicamente pela produção</p><p>agrícola, com níveis básicos de industrialização.</p><p>A seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:</p><p>a) ( ) V – IV – II – III – I.</p><p>b) ( ) I – II – III – IV – V.</p><p>c) ( ) II – I – IV – V – III.</p><p>d) ( ) IV – III – I – II – V.</p><p>130</p><p>131</p><p>UNIDADE 3</p><p>A NOMENCLATURA</p><p>COMUM DO MERCOSUL</p><p>(NCM) E OS INCOTERMS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir desta unidade você será capaz de:</p><p>• identificar</p><p>como é feita a codificação internacional das mercadorias;</p><p>• saber identificar uma mercadoria por meio de seu código NCM;</p><p>• saber quais são os termos de responsabilidade na comercialização</p><p>internacional;</p><p>• entender como são feitos os processos tanto de internacionalização como</p><p>de nacionalização das mercadorias;</p><p>• conhecer quais os meios de pagamento da comercialização internacional;</p><p>• saber interpretar entre comercialização direta e indireta e os conceitos de</p><p>precificação internacional.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles você</p><p>deverá fazer as autoatividades respectivas, pois irão lhe ajudar a fixar melhor</p><p>o conhecimento estudado.</p><p>TÓPICO 1 – CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>TÓPICO 2 – A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA</p><p>COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONALTÓPICO</p><p>TÓPICO 3 – MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO</p><p>INTERNACIONAL</p><p>132</p><p>133</p><p>TÓPICO 1</p><p>CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS</p><p>MERCADORIAS</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Após estudarmos como é a dinâmica econômica, comercial e financeira</p><p>internacional e sua influência no comércio exterior brasileiro, estamos no</p><p>momento de adentrar na parte operacional da comercialização internacional de</p><p>bens e serviços. Iniciaremos os estudos da parte comercial analisando “como” é</p><p>determinada a codificação de todos os bens comercializados ao redor do mundo.</p><p>Os processos de exportação e importação ficariam muito complexos sem</p><p>uma codificação padrão internacional das mercadorias a serem comercializadas.</p><p>Imagine se cada país fizesse sua própria codificação, qual seria o resultado disso?</p><p>Seria difícil identificar as mercadorias, pois para cada mercadoria teríamos diversos</p><p>códigos a serem traduzidos e codificados aos sistemas nacionais de cada país.</p><p>Inclusive, ficaria complexo para países que possuem o mesmo idioma.</p><p>Como acontece com o espanhol, falado em quase todos os países da América</p><p>Latina, com exceção do Brasil, e mais outros poucos países do mundo.</p><p>“[...] Mesmo os países que usarem nomenclaturas terão listas totalmente</p><p>diferentes umas das outras, já que cada uma foi definida nacionalmente. Haveria</p><p>tantas nomenclaturas quantos fossem os países” (LUZ, 2012, p. 299).</p><p>Como podemos observar, seria bem mais complexa a comercialização</p><p>entre países se não houvesse um padrão internacional de nomenclaturas. Essa</p><p>padronização internacional é feita por meio do Sistema Harmonizado (SH),</p><p>conforme iremos estudar a seguir.</p><p>2 A MERCEOLOGIA E O SISTEMA HARMONIZADO (SH)</p><p>O Sistema Harmonizado (SH) possui como objetivo principal a classificação</p><p>e padronização da identificação de todas as mercadorias a serem comercializadas</p><p>internacionalmente, desde as mais simples, como o grão de soja, até as mais</p><p>complexas e de altíssimo valor agregado, como um medicamento de última</p><p>geração que possui diversos insumos na sua composição.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>134</p><p>O que está por trás desta padronização? A resposta é simples: ao existir</p><p>muitos nomes e códigos diferentes para o mesmo produto nos diferentes países,</p><p>os produtos devem ser classificados de uma forma bem objetiva, facilitando</p><p>assim a organização e classificação das operações de comércio internacional. Essa</p><p>padronização é realizada pelo Sistema Harmonizado (SH) e definida por meio da</p><p>ciência da Merceologia como:</p><p>[...] uma lista de produtos do mercado interno e/ou externo, ordenados</p><p>segundo convenções internacionais, levando-se em consideração a</p><p>matéria constitutiva, emprego, aplicação e outros aspectos relacionados</p><p>ao produto. Possui como objetivo evitar problemas de desentendimento</p><p>de ordem técnica entre os países, tais como questões de impostos,</p><p>nomenclaturas e denominação aduaneira dos produtos (MALUF, 2000,</p><p>p. 101).</p><p>De acordo com o exposto, podemos dizer que a Merceologia analisa e</p><p>determina a codificação e nomenclatura tanto das características técnicas como</p><p>comerciais de uma mercadoria determinada. Em outras palavras, a Merceologia</p><p>realiza o estudo, determinação e classificação das mercadorias, levando em</p><p>consideração: a composição, características físicas e químicas, componentes, usos,</p><p>entre outros.</p><p>O objetivo é a plena identificação e classificação internacional das diversas</p><p>mercadorias produzidas e comercializadas ao redor do mundo. Assim, seguindo</p><p>a lógica da Merceologia, as mercadorias devem ser caracterizadas e codificadas,</p><p>e isso no contexto internacional é feito por meio da designação e codificação de</p><p>mercadorias, conhecido como o Sistema Harmonizado (SH).</p><p>Com a implementação do sistema, todos (exportadores, importadores e</p><p>outros intervenientes e interessados) puderam, a partir de uma mesma</p><p>lente, enxergar o enquadramento legal-aduaneiro ao qual estarão</p><p>sujeitos cada um dos produtos objeto de trocas no mercado internacional</p><p>(BARBOSA, 2004, p. 499).</p><p>Deste modo, todas as análises da Merceologia feitas em cada país do mundo</p><p>devem convergir com os padrões de classificação do Sistema Harmonizado (SH).</p><p>Em termos de processos de comercialização, o SH possui os seguintes elementos</p><p>relevantes:</p><p>• Estrutura a normatização, padronização e organização das nomenclaturas.</p><p>• Define os termos, as descrições e os códigos dos produtos comercializados no</p><p>mundo inteiro.</p><p>• Permite que as práticas realizadas entre os vários acordos aduaneiros vigentes</p><p>entre os países possam ser aplicadas com o auxílio das nomenclaturas.</p><p>Levando em consideração os elementos expostos acima, o SH facilita a</p><p>execução dos processos comerciais entre as nações e blocos econômicos, tal como</p><p>uma negociação comercial entre o Mercosul e a União Europeia (EU).</p><p>TÓPICO 1 | CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>135</p><p>2.1 CODIFICAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO (SH)</p><p>Até agora estudamos o conceito do SH, mas ainda não vimos como é</p><p>o sistema de codificação do SH. No site do Ministério do Desenvolvimento,</p><p>Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apresenta-se, objetivamente, a composição</p><p>e a codificação do SH, conforme podemos observar a seguir.</p><p>A designação de mercadorias e o Sistema Harmonizado (SH)</p><p>O Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias,</p><p>ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH), é um método internacional de</p><p>classificação de mercadorias baseado em uma estrutura de códigos e respectivas</p><p>descrições.</p><p>Este sistema foi criado para promover o desenvolvimento do comércio</p><p>internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das</p><p>estatísticas, particularmente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita</p><p>as negociações comerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e</p><p>das estatísticas relativas aos diferentes meios de transporte de mercadorias e</p><p>de outras informações utilizadas pelos diversos intervenientes no comércio</p><p>internacional.</p><p>A composição dos códigos do SH, formada por seis dígitos, permite que</p><p>sejam atendidas as especificidades dos produtos, tais como origem, matéria</p><p>constitutiva e aplicação, em um ordenamento numérico lógico, crescente e de</p><p>acordo com o nível de sofisticação das mercadorias.</p><p>O Sistema Harmonizado (SH) abrange:</p><p>• Nomenclatura: compreende 21 seções, compostas por 96 capítulos,</p><p>além das Notas de Seção, de Capítulo e de Subposição. Os capítulos, por sua</p><p>vez, são divididos em posições e subposições, atribuindo-se códigos numéricos</p><p>a cada um dos desdobramentos citados. Enquanto o Capítulo 77 foi reservado</p><p>para uma eventual utilização futura no SH, os Capítulos 98 e 99 foram reservados</p><p>para usos especiais pelas partes contratantes. O Brasil, por exemplo, utiliza o</p><p>Capítulo 99 para registrar operações especiais na exportação.</p><p>• Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado:</p><p>estabelecem as regras gerais de classificação das mercadorias na Nomenclatura.</p><p>• Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH): fornecem</p><p>esclarecimentos e interpretam o Sistema Harmonizado, estabelecendo,</p><p>detalhadamente, o alcance e conteúdo da Nomenclatura.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.</p><p>php?area=5&menu=1090>. Acesso em: 3 ago. 2016.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>136</p><p>Assim, fica exposto, pela lógica e a dinâmica do SH, que o Brasil, por</p><p>meio do Mercosul, aplica nas suas atividades comerciais a codificação do Sistema</p><p>Harmonizado (SH). Esta codificação leva em consideração seis dígitos para</p><p>a identificação respectiva das mercadorias, codificação que possui a seguinte</p><p>sequência numérica: “0000.00”, números que representam:</p><p>• O Capítulo, os dois primeiros números -00- Isto é, a descrição geral do</p><p>produto, exemplo: Capítulo 20 “Preparações de produtos hortícolas, de frutas</p><p>etc”.</p><p>• A Posição, o capítulo mais dois -0000- Isto é, as características de</p><p>produtos dentro do Capítulo geral. No caso do “Capítulo 20” podemos citar a</p><p>mercadoria com a posição “2007”, a qual aborda o seguinte grupo de mercadorias:</p><p>doces, geleias, marmeladas, purês e pastas de frutas, que foram produzidos com</p><p>ou sem açúcar ou outros edulcorantes.</p><p>• A Subposição, o terceiro grupo -0000.00-. Se observar, já na Subposição</p><p>o produto possui os seis dígitos do SH. Assim, a Subposição é um derivado da</p><p>posição, exemplo disto: a posição 2007.99 representa uma mercadoria específica</p><p>desse grupo, neste caso: “Geleias e marmeladas”.</p><p>Essa é a sequência lógica utilizada no SH e que toda mercadoria</p><p>comercializada internacionalmente deverá possuir. Deste modo, cada país ou</p><p>bloco econômico utiliza como base referencial o SH para determinar sua própria</p><p>nomenclatura. No caso do Brasil e demais países do Mercosul, será a Nomenclatura</p><p>Comum do Mercosul (NCM).</p><p>3 A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)</p><p>Como acabamos de ver, a NCM possui sua base de codificação no SH.</p><p>Isto origina um vínculo direto de codificação numérica a ser gerado para cada</p><p>produto comercializado. No caso da NCM é utilizado o código SH mais dois</p><p>dígitos próprios da nomenclatura dos países do Mercosul, ou seja, a NCM utiliza</p><p>oito dígitos, possuindo a seguinte sequência numérica: “0000.00.00”. Destes oito</p><p>dígitos que compõem a NCM devemos observar que:</p><p>• Os seis primeiros são do Sistema Harmonizado.</p><p>• Os dois últimos – o sétimo e o oitavo dígito – correspondem aos</p><p>desdobramentos específicos atribuídos no âmbito do Mercosul.</p><p>Observe a seguinte sequência lógica de codificação NCM.</p><p>TÓPICO 1 | CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>137</p><p>FIGURA 3 – CODIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS SOB A NCM</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.significados.com.br/ncm/>. Acesso em: 31 ago. 2016</p><p>Observe que na codificação exposta acima fica bem clara a estrutura da</p><p>numeração para qualquer produto a ser comercializado nos países-membros</p><p>do Mercosul. Na continuação iremos observar somente uma parte da tabela de</p><p>produtos codificados sob a NCM, tabela que sistematicamente mostra os capítulos</p><p>das mercadorias classificadas na NCM, aliás, capítulos com vínculo direto ao</p><p>sistema de codificação SH.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>138</p><p>QUADRO 5 – CAPÍTULOS DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL – NCM</p><p>FONTE: Adaptado de <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.</p><p>php?area=5&menu=411>. Acesso em: 31 ago. 2016.</p><p>Os primeiros capítulos da tabela correspondem às mercadorias com</p><p>menor valor agregado, e à medida que vai aumentando o valor agregado de uma</p><p>mercadoria, maior será o capítulo. Os capítulos vão desde o 01 até o 99. Observe</p><p>que a mercadoria possui sua própria NCM, exemplo: qual será a NCM da cebola</p><p>em seu estado natural? A cebola possui a NCM nº 0712.20.00, ou seja:</p><p>TÓPICO 1 | CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>139</p><p>• Capítulo: dois primeiros dígitos do SH 07, produtos do reino vegetal,</p><p>hortícolas, plantas, raízes e tubérculos.</p><p>• Posição: quatro primeiros dígitos 0712, produtos hortícolas, plantas,</p><p>raízes e tubérculos secos, mesmo cortados em pedaços ou fatias, ou ainda triturados</p><p>ou em pó, mas sem qualquer outro preparo.</p><p>• Subposição: seis primeiros dígitos 0712.20, cebolas.</p><p>• Item e Subitem (NCM): sete e oito dígitos 0712.20.00.</p><p>3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS CONFORME A NCM</p><p>Acabamos de ver que a cebola possui NCM nº 0712.20.00, mas como</p><p>procurar a NCM de um produto que ainda não sabemos sua respectiva codificação?</p><p>Vamos supor que desejamos importar chocolate belga em barra.</p><p>FIGURA 4 – CHOCOLATE EM BARRA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.olhardireto.com.br/conceito/noticias/</p><p>exibir.asp?noticia=chef-paulo-vitor-fala-sobre-o-universo-do-chocolate-e-suas-</p><p>variacoes&id=10492>. Acesso em: 1º set. 2016.</p><p>Para fazer isso devemos vincular o produto com sua função e sua natureza</p><p>técnica ou natureza de uso comercial. Hoje podemos fazer isso de várias maneiras,</p><p>e entre as ferramentas disponíveis temos à disposição o site de busca da Receita</p><p>Federal: <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp>. No</p><p>site da Receita Federal há a facilidade de analisar diversos tipos de mercadorias</p><p>e condições administrativas da comercialização internacional. No exemplo do</p><p>chocolate em barra teremos:</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>140</p><p>QUADRO 6 – BUSCA NCM DE CHOCOLATE EM BARRA</p><p>FONTE: Adaptado de <http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNCM.jsp>. Acesso</p><p>em: 1º set. 2016.</p><p>Como podemos observar, a busca é simples e efetiva, e quando precisar</p><p>você poderá pesquisar a NCM de diversos produtos, dos mais simples aos mais</p><p>complexos, todos possuem uma codificação referencial de NCM. Contudo, antes</p><p>de escolher a NCM é recomendável conferir sua codificação, especialmente</p><p>com profissionais da área de comércio exterior. Algumas vezes, dependendo da</p><p>natureza e opções de valor agregado da mercadoria, pode existir mais de uma</p><p>opção, nestes casos é conveniente analisar os seguintes pontos antes de fazer a</p><p>escolha:</p><p>• Observar as taxas de importação das possíveis NCMs.</p><p>• Verificar possíveis medidas antidumping.</p><p>• Pesquisar se há possíveis acordos comerciais entre países ou blocos</p><p>econômicos, que possam permitir descontos sobre a taxa de importação.</p><p>• Verificar se há barreiras não tarifárias à NCM escolhida, as quais poderiam</p><p>atrapalhar o processo de comercialização internacional.</p><p>4 A TARIFA EXTERNA COMUM (TEC) E TRATAMENTOS</p><p>ADMINISTRATIVOS</p><p>Como podemos conferir o valor da taxa de importação de um produto</p><p>quando somente sabemos a NCM deste? Toda NCM possui atrelada uma tarifa</p><p>referencial da taxa de importação. Essa tarifa, no Brasil e demais países do Mercosul,</p><p>é conhecida como Tarifa Externa Comum (TEC). Deste modo, os códigos das</p><p>NCMs constituem a base da Tarifa Externa Comum (TEC), ou seja, para cada NCM</p><p>existe uma TEC. Assim, há um vínculo direto entre a Nomenclatura Comum do</p><p>Mercosul (NCM) com a TEC que define as taxas de importação incidentes sobre</p><p>cada um dos códigos NCM dos países do Mercosul.</p><p>TÓPICO 1 | CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>141</p><p>Devemos observar que a TEC é igual para todos os países do Mercosul,</p><p>e que a ela se aplicam as importações provenientes dos países-membros e não</p><p>membros do Mercosul. Isto quer dizer que toda importação que o Brasil executa</p><p>proveniente de um país-membro do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) ou</p><p>de países fora do bloco terá sua respectiva Tarifa Externa Comum (TEC). Porém,</p><p>os países-membros do Mercosul possuem direito de desconto de 100% sobre a TEC</p><p>de um produto importado de outro país do Mercosul.</p><p>Vamos supor que uma empresa brasileira está importando da Argentina.</p><p>Apesar de o produto estar vindo da Argentina, a importação terá tarifa de</p><p>importação em função de sua TEC, porém, como a mercadoria está vindo de um</p><p>país-membro do Mercosul (neste caso, da Argentina), terá direito de desconto de</p><p>100% da TEC. No entanto, para ter direito a esse desconto, o importador deverá</p><p>apresentar o certificado de origem, atestando que a mercadoria é fabricada em</p><p>um dos países-membros, ou seja, a tarifa de importação, aqui no Brasil, será</p><p>exatamente a mesma para um produto vindo da Argentina, dos Estados Unidos ou</p><p>da França, ou de</p><p>qualquer outro país, mas se a mercadoria é de um país-membro</p><p>do Mercosul, a mercadoria terá direito ao desconto de 100% da TEC, caso confirme</p><p>a fabricação Mercosul por meio do Certificado de Origem. Exemplificando:</p><p>• Se uma empresa da Argentina deseja importar queijo vindo da França, a</p><p>sua TEC será de 16%.</p><p>• Se uma empresa do Brasil deseja importar o mesmo produto vindo da</p><p>França, a sua TEC será de 16%.</p><p>• Se a empresa brasileira deseja importar queijo vindo do Uruguai, a TEC</p><p>será igual de 16%? A resposta é SIM! Mas ela terá direito de desconto de 100%</p><p>sobre essa TEC. Assim, a taxa efetiva de importação será de 0%, sempre e quando</p><p>apresentar Certificado de Origem.</p><p>Eis o porquê: a TEC é comum para todos os países-membros, pois é a “Tarifa</p><p>Externa Comum”, isto é, uma tarifa igual, e comum, para todos os países-membros</p><p>do Mercosul. Os valores da TEC para cada Nomenclatura Comum do Mercosul</p><p>podem ser verificados por meio da tabela TEC providenciada e atualizada pelo</p><p>MDIC.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>142</p><p>Nessa tabela podemos analisar a NCM das mercadorias com sua respectiva</p><p>taxa TEC. No exemplo do queijo, exposto anteriormente, falamos que sua TEC era</p><p>de 16%. Essa taxa podemos conferir observando a Tabela TEC do grupo de produto</p><p>que pertencem ao Capítulo nº 4, correspondente aos seguintes produtos: Leite e</p><p>laticínios; ovos de aves; mel natural; produtos comestíveis de origem animal, não</p><p>especificados nem compreendidos em outros capítulos, conforme a parte de tabela</p><p>exposta a seguir:</p><p>Se desejar saber detalhes sobre as taxas TEC ou se desejar saber o valor específico</p><p>de uma TEC, você pode acessar o site do MDIC, através do link: <www.mdic.gov.br/arquivos/</p><p>dwnl_1339698278.xlsx>.</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 1 | CODIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS MERCADORIAS</p><p>143</p><p>TABELA 1 – PARTE DA TABELA TEC DO CAPÍTULO Nº 04</p><p>FONTE: Disponível em: <www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1339698278.xlsx>. Acesso em: 5 set.</p><p>2016.</p><p>Observamos somente o Capítulo nº 04 com a posição 06, isto é, 0406, grupo</p><p>de mercadorias que pertencem aos queijos e requeijões, os quais possuem uma</p><p>série de subposições adicionais, conforme podemos ver acima. Agora, imagine</p><p>quanta informação há para todas as NCMs registradas. É exatamente por isso que</p><p>sempre é necessário focar a busca em função das características e aplicações do</p><p>produto. Resumindo, podermos afirmar que a TEC:</p><p>• Baseia-se no Sistema Harmonizado e é organizada sua taxa de acordo com a</p><p>NCM.</p><p>• Aplica-se ao comércio de produtos entre países-membros do Mercosul e para o</p><p>comércio destes países com o resto do mundo.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>144</p><p>• Estabelece tributos aduaneiros uniformes para o comércio dos países do</p><p>Mercosul.</p><p>• Padroniza o tratamento administrativo das mercadorias para todos os países,</p><p>isto em função das qualidades e características das mercadorias.</p><p>Assim, podemos dizer que a Tarifa Externa Comum (TEC) é a base</p><p>referencial para a cobrança do Imposto de Importação (II) aqui no Brasil e nos</p><p>demais países-membros do Mercosul. Isto quer dizer que no momento de</p><p>importar, a base referencial da taxa do Imposto de Importação será baseada na</p><p>TEC, e logo depois, considerando convênios entre países, irá se definir o Imposto</p><p>de Importação definitivo de uma determinada importação.</p><p>145</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A merceologia é a ciência que estuda as características tanto técnicas como de</p><p>composição das mercadoras, sendo que esta ciência é a base para definir os</p><p>códigos dos produtos sob o Sistema Harmonizado (SH).</p><p>• O Sistema Harmonizado (SH) é a base da codificação e classificação padronizada</p><p>das mercadorias a serem comercializadas internacionalmente.</p><p>• O vínculo entre a SH e a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) implica</p><p>que as mercadorias sob a NCM estão baseadas na SH.</p><p>• A busca da NCM de uma determinada mercadoria, utilizando ferramentas de</p><p>busca disponibilizadas pela Receita Federal.</p><p>• Para cada mercadoria codificada na NCM existe uma TEC.</p><p>• A análise da TEC é a aplicação de tarifas de importação a serem pagas no</p><p>momento de executar um processo de importação.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>146</p><p>a) Por que existe a padronização.</p><p>b) Qual o sistema de codificação internacional.</p><p>c) Qual sistema define a padronização das mercadorias.</p><p>2 Cada ano o mundo moderno inventa novos produtos, faz mercadorias com</p><p>insumos diferentes, entre outras inovações, isto é, constantemente estamos</p><p>refazendo as mercadorias necessárias para a sociedade moderna, estas</p><p>mercadorias são comercializadas no mundo todo. Para a padronização de</p><p>seus códigos existe a SH e o sistema da Merceologia. Defina qual o objetivo</p><p>da Merceologia.</p><p>3 A análise da Merceologia, feita em todos os países, converge com os</p><p>padrões das convenções internacionais por meio da classificação do Sistema</p><p>Harmonizado (SH). Diante do exposto, determine quais os elementos mais</p><p>relevantes do SH.</p><p>neste código mais dois dígitos teremos o código NCM 19.053100.Faça</p><p>uma pesquisa no site: <http://www4.rec eita.fazenda.gov.br/simulador/</p><p>PesquisarNCM.jsp?codigo=19053&codigoCapitulo=19&codigoPosicao=1905</p><p>&codigoSubPosicao1=19053> e classifique esse código NCM, especificando o</p><p>Capítulo, a Posição, e a Subposição, ou seja, especifique o tipo de mercadoria</p><p>que estamos tratando.</p><p>5 Seguindo a sequência da questão anterior, classifique o código NCM 19.021100,</p><p>especificando o Capítulo, a Posição, e a Subposição, ou seja, especifique que</p><p>tipo de mercadoria é. A mercadoria desse código é diferente? Por quê?</p><p>6 Uma vez identificado o código NCM de qualquer produto, podemos definir</p><p>qual será a tarifa de imposto a ser paga quando há a necessidade de importar</p><p>determinado produto. Como podemos identificar a tarifa de importação?</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Sabemos que no comércio internacional comercializa-se</p><p>diversas mercadorias desde as mais simples até as mais</p><p>complexas. Para evitar confusões entre os países as mercadorias</p><p>possuem códigos padronizados. Defina para que serve cada</p><p>etapa:</p><p>4 A codificação internacional das mercadorias SH considera</p><p>seis dígitos para a identificação respectiva das mercadorias,</p><p>sendo: “0000.00”. Assim, cada mercadoria terá seu código</p><p>específico, exemplo: o código SH 19.0531 representa um</p><p>grupo de mercadorias sobre o capítulo “19”. E se acrescentar</p><p>147</p><p>TÓPICO 2</p><p>A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA</p><p>COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>No mercado nacional, para cada acordo de compra existem obrigações</p><p>tanto por parte do vendedor como por parte do comprador. Entre essas obrigações,</p><p>e dependendo dos termos do contrato de compra, haverá toda uma logística de</p><p>entrega da mercadoria até o local desejado pelo comprador. Exatamente igual</p><p>acontece no mercado internacional, mas a grande diferença é que os termos de</p><p>compra acordados entre o vendedor e o comprador estarão sujeitos a estritos</p><p>padrões internacionais de acordos comerciais e de condições de logística.</p><p>Neste tópico iremos estudar sobre as obrigações do vendedor (exportador),</p><p>as obrigações do comprador (importador). Após entender as obrigações dos</p><p>acordos comerciais, iremos estudar a logística negociada nesses acordos comerciais</p><p>entre as partes, isto é, entre o exportador e o importador. E, para finalizar,</p><p>estaremos abordando a questão de como é formalizada a internacionalização de</p><p>uma exportação, isto é, quando uma mercadoria está saindo do país; e como é</p><p>nacionalizada uma importação, isto é, quando uma mercadoria está entrando no</p><p>país.</p><p>2 OBRIGAÇÕES NA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>Segundo as convenções internacionais, especificamente a Convenção de</p><p>Viena, existe todo um procedimento formal a ser seguido pelas partes interessadas</p><p>no momento de fazer uma comercialização internacional.</p><p>[...] A convenção dispõe que uma proposta, tendente à conclusão de</p><p>um contrato, dirigida a uma ou várias pessoas determinadas, constitui</p><p>uma proposta contratual se for suficientemente precisa e se indicar a</p><p>vontade</p><p>de o seu autor se vincular em caso de aceitação. Uma proposta</p><p>é considerada suficientemente precisa quando designa as mercadorias e,</p><p>expressa ou implicitamente, fixa a quantidade e preço ou dá indicações</p><p>que permitam determiná-los (LUZ, 2012, p. 381).</p><p>Nesta citação, o autor fala sobre pessoas, neste caso, entende-se que pessoas</p><p>abrangem todo o universo de pessoas físicas e jurídicas, isto é, em termos básicos:</p><p>os contratos internacionais podem ser feitos entre uma empresa exportadora,</p><p>ou pessoa física exportadora; um intermediário, se houver; e uma empresa</p><p>importadora, ou pessoa física importadora.</p><p>148</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>Você já ouviu sobre a Convenção de Viena sobre tratados internacionais? Nesta</p><p>convenção, realizada em Viena, Áustria, no ano de 1969, foram estabelecidos os direitos que</p><p>possuem os Estados e seus cidadãos nos acordos comerciais internacionais de mercadorias,</p><p>acordo internacional de que o Brasil faz parte. Caso queira saber mais sobre a Convenção de</p><p>Viena, sugerimos acessar aos seguintes sites:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm>;</p><p><http://www.cedin.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Conven%C3%A7%C3%A3o-</p><p>de-Viena-sobre-o-Direito-dos-Tratados-entre-Estados-e-Organiza%C3%A7%C3%B5es-</p><p>Internacionais-ou-entre-Organiza%C3%A7%C3%B5es-Internacionais.pdf></p><p>Uma vez aceito o acordo comercial entre as partes, haverá todo um</p><p>procedimento formal de obrigações, tanto para o vendedor (exportador) como</p><p>para o comprador (importador). Segundo a Parte III da Convenção de Viena, o</p><p>vendedor e o comprador possuem as seguintes obrigações:</p><p>O vendedor obriga-se, nas condições previstas no contrato e na</p><p>Convenção de Viena, a entregar as mercadorias, a transferir a</p><p>propriedade sobre elas e, se for o caso, a remeter os documentos que se</p><p>lhes referem. A Convenção dispõe, por exemplo, onde deve ocorrer a</p><p>entrega da mercadoria, caso o local não tenha sido definido no contrato.</p><p>Caso não tenha sido indicado no contrato o prazo para a entrega do bem,</p><p>esta deve ocorrer em período razoável, após a conclusão do contrato.</p><p>O comprador obriga-se a pagar o preço e aceitar a entrega das</p><p>mercadorias conforme as condições previstas no contrato. No</p><p>entanto, se o momento ou o local de entrega não estiverem definidos,</p><p>a Convenção supre as lacunas, apontando momentos e locais para o</p><p>cumprimento das obrigações. O vendedor pode conceder ao comprador</p><p>prazo complementar ao previsto originalmente no contrato (LUZ, 2012,</p><p>p. 382-383, grifos do original).</p><p>Como podemos observar, existem acordos internacionais que incorporam</p><p>a formalização de negociações comerciais entre pessoas e/ou empresas ao redor</p><p>do mundo, permitindo que a comercialização internacional de mercadorias possa</p><p>ter bases legais para determinar direitos tanto do vendedor como do comprador</p><p>entre países. Também observamos que entre as obrigações das partes deve existir</p><p>definição de onde será entregue a mercadoria ao comprador.</p><p>Essa entrega pode acontecer tanto no país de origem (do exportador) como</p><p>no país de destino (do importador), dependerá do que for definido no acordo</p><p>comercial entre as partes. No entanto, para poder padronizar a formalização da</p><p>entrega e delinear obrigações de logística internacional entre as partes, existem as</p><p>condições de logística dos Incoterms, conforme estudaremos a seguir.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>149</p><p>3 CLASSIFICAÇÃO E RESPONSABILIDADES DOS INCOTERMS</p><p>Os Incoterms são usados em toda transação de comércio internacional,</p><p>termo de uso que é a junção de três palavras do inglês: International Commercial</p><p>Terms, que no português quer dizer: Termos Internacionais de Comércio. Os</p><p>Incoterms foram normatizados no ano de 1936, pela Câmara de Comércio</p><p>Internacional (CCI), e desde esse ano vêm surgindo novas versões a cada 10 anos</p><p>em função das mudanças das práticas comerciais e de logística, sendo a última</p><p>modificação do ano 2010.</p><p>Existem 11 termos “Incoterms”. O que implica um termo “Incoterm”?</p><p>Podemos dizer que cada um dos 11 Incoterms vigentes indica os direitos e</p><p>responsabilidades tanto do vendedor como do comprador durante o processo</p><p>de comercialização internacional, definindo os direitos e deveres das partes até a</p><p>entrega da mercadoria, seja no país de origem ou no país de destino. Neste sentido:</p><p>[...] o termo FOB (Free on Board – Livre a Bordo) impõe que o vendedor</p><p>tem a responsabilidade de entregar a mercadoria a bordo do navio, mas</p><p>sem precisar pagar o frete internacional ou seguro do transporte, que</p><p>ficam sob a responsabilidade do comprador. Já pelas regras do termo</p><p>CIF (Cost, Insurance and Freight), o vendedor é responsável não só pela</p><p>entrega do bem a bordo do navio, mas também pelo pagamento do frete</p><p>e do seguro até o país de destino (LUZ, 2012, p. 384, grifos nosso).</p><p>Além dos Incoterms FOB e CIF existem mais nove! A escolha do Incoterm</p><p>dependerá dos termos negociados na transação internacional entre as partes, e da</p><p>modalidade de transporte internacional a se utilizar. Como um todo, os Incoterms</p><p>são facilitadores para os processos de exportação/importação, pois em vez de</p><p>detalhar inúmeras condições relativas às reponsabilidades e logística, as partes</p><p>atuantes no comércio internacional utilizam regras preestabelecidas conforme o</p><p>Incoterm escolhido na negociação. Dessa maneira, as regras e condições de um</p><p>Incoterm na transação comercial internacional passam automaticamente a ser</p><p>parte do contrato comercial acordado entre as partes. Agora observe que:</p><p>Os Incoterms definem regras somente em relação à contratação do frete</p><p>e do seguro, ao momento de entrega do bem ao comprador e aos custos</p><p>que devem ser suportados pelo comprador e pelo vendedor, inclusive</p><p>quanto aos direitos aduaneiros. As regras dos Incoterms não dizem</p><p>respeito aos preços pagáveis pelo comprador ao vendedor nem à forma</p><p>de pagamento. Também não se referem à transferência de propriedade</p><p>dos bens ou das consequências de eventuais descumprimentos do</p><p>contrato (LUZ, 2012, p. 384).</p><p>Como acabamos de estudar, o Incoterm escolhido entre as partes dependerá</p><p>do acordo final entre as partes. Desse modo, é em função desse acordo que</p><p>será escolhido o Incoterm. Uma vez que foi definido o Incoterm, haverá como</p><p>identificar e reconhecer as responsabilidades respectivas e quem vai arcar com os</p><p>gastos específicos ao longo da cadeia logística internacional. Responsabilidades</p><p>como:</p><p>150</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>• Quem executa o envio internacional no país de origem, o exportador ou</p><p>importador?</p><p>• Quem é responsável pelo frete internacional, o exportador ou importador?</p><p>• Quem paga os valores do frete internacional e seu respectivo seguro?</p><p>• Quem executa o desembaraço no país de destino?</p><p>Estas são algumas das responsabilidades a serem cumpridas por uma das</p><p>partes, e assim como estas, existem mais outras. Todas essas responsabilidades</p><p>ficam explícitas no Incoterm negociado. Com o Incoterm escolhido entre as partes,</p><p>tanto o exportador como o importador saberão quais serão suas obrigações e seus</p><p>direitos, bem como quais os custos a serem calculados para a formação do preço</p><p>das mercadorias.</p><p>A seguir, vamos observar cada um dos Incoterms, com o intuito de identificar</p><p>as responsabilidades respectivas ao longo do processo de comercialização, assim</p><p>como as opções de modalidades de transporte em função das necessidades</p><p>logísticas da comercialização internacional. Na questão da logística, a partir da</p><p>última versão dos Incoterms, do ano 2010, eles foram classificados como “Termos</p><p>para Qualquer Modal de Transporte” e “Termos para Transporte Marítimo ou</p><p>Hidroviário Interior”, conforme apresenta o quadro a seguir.</p><p>QUADRO 7 – MODALIDADES DE TRANSPORTE DOS INCOTERMS</p><p>Termos para Qualquer Modal de Transporte</p><p>SIGLAS Terminologia - Inglês Na Origem</p><p>EXW Ex Works Terminologia - Português</p><p>FCA Free Carrier Livre no Transportador</p><p>CPT Carriage</p><p>da carta de crédito (L/C) ................................................................ 172</p><p>3 COMERCIALIZAÇÃO DIRETA E INDIRETA ............................................................................... 174</p><p>3.1 COMERCIALIZAÇÃO INDIRETA ............................................................................................... 174</p><p>3.2 COMERCIALIZAÇÃO DIRETA .................................................................................................... 177</p><p>4 PRECIFICAÇÃO ................................................................................................................................... 178</p><p>4.1 FORMAÇÃO DO PREÇO NA IMPORTAÇÃO .......................................................................... 178</p><p>4.2 FORMAÇÃO DE PREÇO NA EXPORTAÇÃO ........................................................................... 180</p><p>4.2.1 Valoração das exportações ..................................................................................................... 182</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 186</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 190</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 191</p><p>REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 192</p><p>1</p><p>UNIDADE 1</p><p>DINÂMICA COMERCIAL</p><p>INTERNACIONAL</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>Esta unidade tem por objetivos:</p><p>• compreender a necessidade do comércio internacional entre países;</p><p>• diferenciar entre o que é o comércio internacional e o que é comércio</p><p>exterior;</p><p>• saber qual o cenário global de hoje e o motivo da formação de blocos</p><p>econômicos;</p><p>• identificar quais são os parceiros do Brasil no MERCOSUL;</p><p>• compreender o papel dos organismos internacionais na dinâmica do</p><p>comércio internacional;</p><p>• saber identificar o porquê dos países estabelecerem limites ao comércio</p><p>internacional por meio das barreiras comerciais.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontrará</p><p>atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos abordados.</p><p>TÓPICO 1 – O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO</p><p>EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS E O MERCOSUL</p><p>TÓPICO 3 – ORGANISMOS INTERNACIONAIS E BARREIRAS AO</p><p>COMÉRCIO INTERNACIONAL</p><p>2</p><p>3</p><p>TÓPICO 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Para entender como funciona a dinâmica do comércio internacional</p><p>devemos saber que o comércio faz parte da economia de qualquer civilização atual</p><p>ou antiga. O ser humano comercializa bens e serviços entre irmãos, entre famílias,</p><p>entre vizinhos, entre cidades de um mesmo estado, entre estados do Brasil, entre</p><p>países vizinhos e entre países distantes.</p><p>Antigamente, civilizações distantes da Ásia e do mundo mediterrâneo</p><p>também realizavam comércio, e graças a esse comércio é que muitas inovações</p><p>foram aproveitadas para a evolução das civilizações, a tal ponto que, hoje,</p><p>praticamente somos uma só civilização moderna ao redor do mundo. Nesta</p><p>unidade, e especificamente neste tópico, iremos estudar sobre como o comércio</p><p>internacional faz parte de qualquer país do mundo, observando a importância das</p><p>exportações e importações na dinâmica econômica das nações.</p><p>2 EVOLUÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>Antes de adentrar na história comercial da civilização devemos nos</p><p>perguntar: desde quando existe comércio internacional? É difícil colocar uma data</p><p>exata, mas há relatos históricos da necessidade de troca comercial entre civilizações</p><p>antigas há mais de 5.000 anos antes de Cristo (a.C.). Desde essa época praticava-se</p><p>o comércio entre povos diferentes, por exemplo, entre a China e o mundo antigo</p><p>existia o comércio por meio da famosa “rota da seda”.</p><p>Inclusive existem relatos arqueológicos de que essa rota já era utilizada desde</p><p>antes de 7.000 a.C. A seguir podemos observar a rota da seda e suas ramificações</p><p>para as diversas civilizações do mundo antigo por onde comercializavam</p><p>ativamente desde aquela época, ajudando assim, aos poucos, no desenvolvimento</p><p>socioeconômico daquela área.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>4</p><p>FIGURA 1 – ROTA DA SEDA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://es.paperblog.com/la-ruta-de-la-seda-2328256/>. Acesso em: 6</p><p>maio 2016.</p><p>No mundo antigo, um dos povos que era bem ativo no comércio exterior</p><p>eram os fenícios, o povo fenício foi um dos principais povos a contribuir para</p><p>o desenvolvimento do comércio exterior de 2.300 a 50 a.C. A civilização fenícia,</p><p>por meio do comércio internacional, contribuiu significativamente para o</p><p>desenvolvimento da economia e da ciência das civilizações da antiguidade que se</p><p>localizavam no entorno do Mar Mediterrâneo.</p><p>No progresso de suas atividades comerciais, os fenícios tiveram</p><p>expressivo destaque no desenvolvimento de embarcações que</p><p>pudessem lhes colocar em contato com as diversas civilizações do Mar</p><p>Mediterrâneo. O deslocamento pelo mar acabou firmando uma ampla</p><p>rede de rotas comerciais que garantia a circulação dos vários produtos</p><p>que despertavam o interesse da poderosa classe mercante mantenedora</p><p>desse tipo de atividade econômica (BRASIL ESCOLA, 2016).</p><p>Por meio de sua participação ativa, os fenícios viraram eixo fundamental</p><p>às necessidades de comércio entre os povos ao redor do mundo antigo ocidental,</p><p>ou seja, ao redor do Mar Mediterrâneo. Qual seria o futuro da civilização grega e</p><p>do Império Romano, base estrutural da civilização moderna atual, sem os fenícios?</p><p>Difícil de responder em poucas palavras, mas por meio da análise histórica do</p><p>comércio internacional do mundo antigo podemos observar que a troca comercial</p><p>entre nações é fundamental para suprir necessidades e ajudar ao desenvolvimento</p><p>econômico e cultural como um todo.</p><p>Assim como na antiguidade, hoje os países dependem do comércio</p><p>internacional, só que no mundo atual essa atividade é muito mais acirrada e</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>5</p><p>essencial para a dinâmica econômica dos países. Aliás, hoje, sem o comércio</p><p>exterior, a economia de qualquer país do mundo simplesmente ficaria parada. De</p><p>fato, por meio do fenômeno conhecido como “globalização” é que os países geram</p><p>intercâmbios de bens e serviços de maneira contínua todos os dias do ano, por</p><p>meio de uma logística internacional que cada dia é mais dinâmica e interativa.</p><p>Tanto as empresas como os governos devem estar preparados para</p><p>as demandas de um mundo globalizado. As empresas precisam se manter</p><p>competitivas no que elas produzem e oferecem aos mercados internacionais, e os</p><p>governos precisam oferecer serviços e logística adequados para que as empresas</p><p>possam atuar da maneira mais produtiva nesse mercado internacional altamente</p><p>acirrado.</p><p>Como foi que o comércio internacional chegou aos patamares de</p><p>interdependência global atual? Para responder isso teríamos que adentrar num processo de</p><p>estudo histórico desde a época dos fenícios, romanos, época mercantilista (século XVI até</p><p>século XVIII), Revolução Industrial e o liberalismo do século XIX, Grande Depressão de 1929, e</p><p>a época logo após a Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Esse estudo poderia levar,</p><p>facilmente, todo o tempo de nossa disciplina, assim, vamos focar nossa análise a partir do</p><p>liberalismo do século XIX até o fenômeno da globalização atual.</p><p>2.1 LIBERALISMO DO SÉCULO XIX</p><p>Podemos dizer que o mundo já teve uma globalização econômica prévia</p><p>à atual. Em finais do século XVIII e durante todo o século XIX aconteceu uma</p><p>série de descobrimentos tecnológicos e inovações que mudaram totalmente o</p><p>comportamento produtivo das empresas e do consumidor. A seguir veremos</p><p>alguns desses grandes descobrimentos tecnológicos,</p><p>Paid to Frete Pago até</p><p>CIP Carriage and Insurance Paid to Frete e Seguro pagos até</p><p>DAT Delivered at Terminal Entregue no Terminal</p><p>DAP Delivered at Place Entregue no Local</p><p>DDP Delivered Duty Paid Entregue com os Direitos Pagos</p><p>Termos para Transporte Marítimo ou Hidroviário Interior</p><p>FAS Free Alongside Ship Livre ao Lado do Navio</p><p>FOB Free on Board Livre a Bordo</p><p>CFR Cost and Freight Custo e Frete</p><p>CIF Cost, Insurance and Freight Custo, Seguro e Frete</p><p>FONTE: Adaptado de Luz (2012, p. 386)</p><p>No quadro exposto acima podemos ver as siglas e a terminologia de</p><p>cada um dos Incoterms conforme a última versão destes por parte da Câmara</p><p>de Comércio Internacional (CCI), além de podermos observar a modalidade de</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>151</p><p>QUADRO 8 - INCOTERMS E RESPONSABILIDADES AO LONGO DA CADEIA LOGÍSTICA</p><p>INCOTERM EXW – EX WORKS (ESTABELECIDA A LOCALIZAÇÃO)</p><p>• O produto e a fatura devem estar à disposição do importador no estabelecimento</p><p>do exportador.</p><p>• Todas as despesas e quaisquer perdas e danos a partir da entrega da mercadoria,</p><p>inclusive o despacho da mercadoria para o exterior, são de responsabilidade do</p><p>importador.</p><p>• Quando solicitado, o exportador deverá prestar ao importador assistência na</p><p>obtenção de documentos para o despacho do produto.</p><p>• Esta modalidade pode ser utilizada para qualquer via de transporte, ou seja, é</p><p>um transporte multimodal.</p><p>EXW - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador • Não há, pois a mercadoria é entregue no estabelecimento do</p><p>exportador.</p><p>Importador</p><p>• Frete nacional no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos de embarque.</p><p>• Gastos de internacionalização.</p><p>• Frete e Seguro Internacional.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos de nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM FCA – Free Carrier (Livre o Transporte)</p><p>• O exportador entrega as mercadorias, desembaraçadas para exportação, à</p><p>custódia do transportador, no local indicado pelo importador, cessando aí todas</p><p>as responsabilidades do exportador.</p><p>• Essa condição pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o</p><p>multimodal.</p><p>FCA - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador • Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Gastos e desembaraço para exportação.</p><p>Importador</p><p>• Gastos de logística de embarque.</p><p>• Frete e Seguro Internacional.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>transporte. A escolha de um Incoterm ou de outro dependerá precisamente da</p><p>modalidade de transporte a ser usada entre as partes, como dependerá também do</p><p>grau de responsabilidade das partes em função das negociações da comercialização</p><p>internacional a serem feitas.</p><p>Observaremos, no quadro a seguir, o detalhe de cada um dos Incoterms,</p><p>classificados conforme o grau de responsabilidade passada do vendedor (exportador)</p><p>para o comprador (importador), ou seja, a transmissão de responsabilidade do</p><p>vendedor ao exportador durante a cadeia logística internacional é que classifica o</p><p>tipo de Incoterm.</p><p>152</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>INCOTERM FAS – Free Along Ship (Livre ao longo do navio)</p><p>• As obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria, já</p><p>desembaraçada para exportação, no cais, livre, junto ao costado do navio.</p><p>• A partir desse momento, o importador assume todos os riscos, devendo pagar</p><p>inclusive as despesas de colocação da mercadoria dentro do navio.</p><p>• O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior.</p><p>FAS - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de logística até o cais.</p><p>Importador</p><p>• Gastos de logística de embarque do cais ao navio.</p><p>• Frete e Seguro Internacional.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM FOB – Free on Board (livre no navio)</p><p>• O exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do navio</p><p>indicado pelo importador, no porto de embarque.</p><p>• Todas as despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do</p><p>veículo transportador, são de responsabilidade do exportador.</p><p>• Ao importador cabem as despesas e os riscos de perda ou dano do produto, a</p><p>partir do momento em que este transpuser a amurada do navio.</p><p>• Esta modalidade é válida só para o transporte marítimo ou hidroviário interior.</p><p>FOB - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>Importador</p><p>• Frete e Seguro Internacional por conta e risco do importador.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM CFR – Cost and Freight (Custo e Frete)</p><p>• O exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino escolhido pelo</p><p>importador.</p><p>• As despesas de transporte ficam, portanto, a cargo do exportador.</p><p>• O risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de</p><p>custos, é transferido do exportador para o importador: quando as mercadorias</p><p>forem entregues à custódia do transportador no porto de origem.</p><p>• Portanto, o importador deve arcar com as despesas de seguro e de desembarque</p><p>da mercadoria.</p><p>• O importador deve arcar com as despesas de seguro e de desembarque da</p><p>mercadoria.</p><p>• A utilização desse termo obriga o exportador a desembaraçar a mercadoria</p><p>para exportação.</p><p>• Aplica-se apenas no transporte marítimo ou hidroviário interior.</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>153</p><p>CFR - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>• Frete Internacional.</p><p>Importador</p><p>• Seguro Internacional.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM CIF - Cost, Insurance and Freight</p><p>• Modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de que as despesas de seguro</p><p>ficam a cargo do exportador.</p><p>• O exportador deve entregar a mercadoria a bordo do navio, no porto de</p><p>embarque, com frete e seguro pagos.</p><p>• A responsabilidade do exportador cessa no momento em que o produto cruza</p><p>a amurada do navio no porto de destino.</p><p>• Esta modalidade só pode ser utilizada para transporte marítimo ou hidroviário</p><p>interior.</p><p>CIF - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>• Frete Internacional e Seguro Internacional, por conta e risco do</p><p>exportador.</p><p>Importador • Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM CPT – Carriage Paid to (Transporte pago para…)</p><p>• Assim como o CFR, esta condição estipula que o exportador deverá pagar as</p><p>despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de</p><p>destino designado.</p><p>• Dessa forma, o risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer</p><p>aumentos de custos, é transferido do exportador para o importador, quando as</p><p>mercadorias forem entregues à custódia do transportador.</p><p>• A diferença do CFR é que este Incoterm pode ser utilizado em qualquer meio</p><p>de transporte Multimodal.</p><p>CPT - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>• Frete Internacional.</p><p>Importador</p><p>• Seguro Internacional</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>154</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>INCOTERM CIP – Carriage and Insurance Paid (Frete e Seguro Pago)</p><p>• Adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além de pagar as despesas</p><p>de embarque da mercadoria</p><p>e do frete até o local de destino, também arca com as</p><p>despesas do seguro de transporte da mercadoria até o local de destino indicado.</p><p>• A diferença do CIF é que o CIP pode ser utilizado com qualquer modalidade de</p><p>transporte, inclusive multimodal.</p><p>CIP - Responsabilidade e Gastos na Logística Internacional</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>• Frete Internacional e Seguro Internacional.</p><p>Importador • Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>INCOTERM DDP – Delivered Duty Paid (Entrega e gastos de nacionalização</p><p>pagos)</p><p>• O exportador assume o compromisso de entregar a mercadoria, desembaraçada</p><p>para importação, no local designado pelo importador, pagando todas as despesas,</p><p>inclusive impostos e outros encargos de importação.</p><p>• O exportador é responsável também pelo frete interno do local de desembarque</p><p>até o local designado pelo importador.</p><p>• Este termo pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte.</p><p>• Trata-se do Incoterm que estabelece o maior grau de compromissos para o</p><p>exportador. Aplica-se muito nas compras internacionais pela internet, exemplo:</p><p>o Um tablet foi comprado através da internet. Logo, o exportador (intermediário)</p><p>deve fazer a entrega da mercadoria até o endereço do consumidor (importador),</p><p>e todos os custos e despesas (frete, seguro, impostos) estão inclusos no preço</p><p>pago pelo produto.</p><p>Gastos na Logística Internacional - DDP</p><p>Exportador</p><p>• Frete até o local acordado no país de origem.</p><p>• Desembaraço e gastos para exportação.</p><p>• Gastos de embarque no país de origem.</p><p>• Frete Internacional e Seguro Internacional.</p><p>• Desembaraço, gastos e impostos na nacionalização.</p><p>• Frete nacional no país de importador.</p><p>Importador • Não há, pois a mercadoria é entregue no endereço do importador.</p><p>FONTE: Adaptado de <http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Glossario/GLOIncotermsP.</p><p>pdf>. Acesso em: 15 mar. 2016.</p><p>Como acabamos de ver, cada Incoterm define claramente as</p><p>responsabilidades e quem deve arcar com os gastos, ao longo da cadeia logística</p><p>internacional. Com a definição do Incoterm pode-se planejar e determinar todos os</p><p>condicionamentos logísticos, desde o endereço do exportador, no país de origem,</p><p>até o endereço do importador, no país de destino. Esses condicionamentos serão</p><p>resumidos no Incoterm, o qual deverá estar, obrigatoriamente, descrito: na fatura</p><p>proforma, fatura comercial, no conhecimento de embarque e demais documentação</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>155</p><p>FIGURA 5 – NÍVEIS DE RESPONSABILIDADE DOS INCOTERMS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/incoterms-os-termos-de-troca-no-</p><p>comercio-exterior/>. Acesso em: 24 set. 2016.</p><p>O Incoterm FOB é o mais utilizado como referencial de preços internacionais das</p><p>mercadorias. É comum nas negociações internacionais tratar de preços, seja previamente</p><p>entendido que é um preço FOB, e uma vez que são definidos os termos de responsabilidade</p><p>e logística é que o Incoterm pode mudar de FOB para CIF. Portanto, o FOB é um termo</p><p>referencial de negociação internacional, segundo Vazquez (2009, p. 59): “É a condição de</p><p>venda mais utilizada nas práticas de comércio internacional. FOB significa tão somente o</p><p>preço da mercadoria, sem o frete e seguro, com a indicação do porto de embarque”.</p><p>necessária no processo de exportação/importação. A figura a seguir demonstra o</p><p>grau de responsabilidade tanto do exportador como do importador.</p><p>NOTA</p><p>156</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>4 INTERNACIONALIZAÇÃO E NACIONALIZAÇÃO DAS</p><p>MERCADORIAS</p><p>Talvez você esteja se perguntando: o que quer dizer internacionalização</p><p>ou nacionalização das mercadorias? Vamos começar pela internacionalização.</p><p>No momento em que o exportador manda para fora do país as mercadorias, elas</p><p>devem passar por um processo de “internacionalização”. Isto é, a mercadoria a ser</p><p>exportada deverá ser desembaraçada para a saída do país, ou seja, essa mercadoria</p><p>fica oficialmente em uma localização, ou espaço, internacional, tais como: portos e/</p><p>ou aeroportos internacionais no território nacional. Nesses “espaços” geográficos</p><p>a mercadoria não está nem no território brasileiro nem de país algum, ela fica em</p><p>“trânsito internacional” aguardando ser transportada para o país de destino, ou</p><p>país do importador.</p><p>Para que uma mercadoria possa ser internacionalizada, o exportador</p><p>precisa formalizar a exportação por meio do Despacho Aduaneiro. No contexto da</p><p>importação, a nacionalização é o processo de chegada da mercadoria ao país de</p><p>destino. Nesse caso, essa mercadoria deverá passar por um processo de desembaraço</p><p>aduaneiro de importação. Isto é, a mercadoria deverá ser desembaraçada para que</p><p>possa transitar livremente no território nacional, ou seja, deverá ser nacionalizada.</p><p>Segundo Luz (2012, p. 127): “[...] toda mercadoria importada sofre o procedimento</p><p>de despacho aduaneiro, que consiste na verificação da regularidade fiscal da</p><p>importação. Há autores que consideram que a nacionalização de uma mercadoria</p><p>somente se efetiva após tal procedimento”.</p><p>Quando a mercadoria chegar ao porto de destino, deverá ficar em “trânsito</p><p>internacional”, aguardando ser nacionalizada. Se porventura houver problemas na</p><p>documentação, a mercadoria não poderá ingressar ao país e será devolvida ao país</p><p>de origem, ou simplesmente ficará “em abandono”, passando a ser propriedade da</p><p>Receita Federal, no caso do Brasil.</p><p>Acima falamos sobre espaços geográficos internacionais dentro do território</p><p>nacional, tais como aeroportos alfandegados, portos alfandegados e pontos de</p><p>fronteira alfandegados. Todos estes espaços geográficos são localizados nas zonas</p><p>primárias, conforme estudamos na Unidade 2 deste caderno.</p><p>4.1 DESPACHO ADUANEIRO</p><p>Em termos administrativos da formalização de uma exportação ou</p><p>importação, existe toda uma gestão perante os órgãos governamentais responsáveis</p><p>do comércio exterior. Essa gestão de formalização para fazer acontecer a</p><p>exportação, ou importação, fica em mãos do despachante aduaneiro, agente ativo</p><p>no comércio exterior que serve como “ponte de gestão” entre as empresas atuantes</p><p>no mercado internacional (exportadores, trading companies, importadores, agentes</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>157</p><p>de transporte internacional, entre outros) e os governos, tanto no país de origem</p><p>(país exportador) como no país de destino (país importador).</p><p>O Despachante Aduaneiro é uma peça administrativa chave nos processos</p><p>de comercialização internacional. Ele é o responsável pela execução administrativa</p><p>do despacho aduaneiro, termo usado para a execução tanto da internacionalização</p><p>(exportação) como para a nacionalização (importação) da mercadoria. O despacho</p><p>aduaneiro formaliza todo o processo de comercialização internacional perante as</p><p>exigências administrativas governamentais responsáveis.</p><p>Como podemos observar, o Despacho Aduaneiro é uma peça-chave tanto</p><p>na exportação como na importação. É fundamental compreender o processo</p><p>das atividades executadas do Despacho Aduaneiro, analisando as exigências</p><p>administrativas/governamentais e os requisitos de execução destes despachos.</p><p>A execução do Despacho Aduaneiro fica sob a responsabilidade direta do</p><p>despachante aduaneiro.</p><p>Em grandes termos, o despacho aduaneiro tem como objetivo analisar</p><p>e verificar a exatidão da documentação declarada no processo da exportação</p><p>ou de importação. Isso será feito conforme as particularidades do processo de</p><p>comercialização internacional. Todo despacho aduaneiro deverá ter os seguintes</p><p>elementos de análise:</p><p>• Mercadoria a ser exportada ou importada - por meio do Despacho</p><p>Aduaneiro verifica-se o código NCM da mercadoria e suas necessidades</p><p>administrativas perante os órgãos responsáveis pelo comércio exterior.</p><p>• Documentos apresentados - verifica-se se estes estão em concordância</p><p>com a legislação</p><p>vigente, e se estão em concordância com o produto a se exportar</p><p>ou importar.</p><p>4.1.1 O despacho aduaneiro de importação</p><p>Estudamos que toda mercadoria a ser importada precisa passar por um</p><p>processo de nacionalização, ou seja, a importação deve passar por um processo</p><p>de desembaraço aduaneiro e conferência/cobrança de valores, documentação e</p><p>impostos por parte da Receita Federal. Para que isso aconteça é necessário que</p><p>o importador realize o Despacho Aduaneiro de Importação, por meio da gestão</p><p>do “despachante aduaneiro”. O artígo nº 542, do Regulamento Aduaneiro,</p><p>define o despacho aduaneiro da seguinte maneira: “Despacho de importação é o</p><p>procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo</p><p>importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à</p><p>legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro”.</p><p>O primeiro passo para a formalização da importação será a abertura, no</p><p>SISCOMEX, da Declaração de Importação (DI) conforme ao código NCM da</p><p>158</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>mercadoria e demais particularidades da importação, tais como quantidades,</p><p>preços unitários e totais, porto de embarque e desembarque, Incoterm, modalidade</p><p>de transporte, entre outros. Logo, a documentação será repassada ao Despachante</p><p>Aduaneiro para que possa executar o Despacho Aduaneiro de Importação.</p><p>Segundo Luz (2012, p. 63):</p><p>Cada importação terá de prestar informações à Receita Federal acerca</p><p>de sua mercadoria. Várias informações são inseridas na DI: a descrição</p><p>da mercadoria, o produtor, o exportador, a classificação fiscal, o valor</p><p>da mercadoria, o valor do frete, o valor do seguro, a quantidade, o peso</p><p>líquido, o número do conhecimento de carga, número da(s) fatura(s),</p><p>entre outras.</p><p>Ao longo das unidades 2 e 3 você vem lendo sobre o SISCOMEX, mas o que</p><p>quer dizer? É o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), ou seja, é o sistema de</p><p>gestão da informação dos órgãos do governo atuantes no comércio exterior do Brasil. Por</p><p>meio do SISCOMEX consolida-se a interface de dados dos seguintes órgãos do Governo</p><p>Federal:</p><p>• a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX);</p><p>• o Banco Central do Brasil;</p><p>• a Secretaria da Receita Federal.</p><p>O portal do SISCOMEX é bem dinâmico e informativo, acesse para saber mais: <http://www.</p><p>portalsiscomex.gov.br/>.</p><p>Ao realizar uma importação, a nacionalização da mercadoria deverá passar</p><p>pelas seguintes etapas de formalização feitas por meio do Despacho Aduaneiro de</p><p>Importação:</p><p>1. Registro da Declaração de Importação no Siscomex.</p><p>2. Parametrização da DI.</p><p>3. Instrução da Declaração/Recepção dos Documentos.</p><p>4. Distribuição para Conferência Aduaneira.</p><p>5. Conferência Aduaneira.</p><p>6. Desembaraço Aduaneiro (LUZ, 2012, p. 67).</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 2 | A LOGÍSTICA E FORMALIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>159</p><p>Você sabe o que significa a parametrização da DI? A parametrização da</p><p>importação estabelece o nível, ou canal, de conferência da carga e sua documentação</p><p>respectiva, existindo para isso quatro canais possíveis de conferência: verde, amarelo,</p><p>vermelho e cinza. As diretrizes destes canais vêm especificadas na Instrução Normativa IN</p><p>SRF nº 680/2006 art. 21:</p><p>Após o registro, a DI será submetida à análise fiscal e selecionada para um dos seguintes</p><p>canais de conferência aduaneira:</p><p>I - verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria,</p><p>dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria;</p><p>II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada</p><p>irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria;</p><p>III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do</p><p>exame documental e da verificação da mercadoria; e</p><p>IV - cinza, pelo qual serão realizados o exame documental, a verificação da mercadoria</p><p>e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos</p><p>indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme</p><p>estabelecido em norma específica.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.</p><p>action?visao=anotado&idAto=15618>. Acesso em: 14 set. 2016.</p><p>4.1.2 Despacho aduaneiro de exportação</p><p>Assim como a importação, toda mercadoria a ser exportada precisa passar</p><p>por um processo, mas agora de internacionalização, ou seja, a mercadoria deverá</p><p>passar por um processo de desembaraço aduaneiro de exportação e conferência</p><p>da exatidão da documentação, começando pela Declaração de Exportação (DE)</p><p>cadastrada no SISCOMEX.</p><p>Para que isso aconteça é necessário que o exportador realize o Despacho</p><p>Aduaneiro de Exportação, por meio da gestão do “despachante aduaneiro” que</p><p>deverá fazer gestão das seguintes etapas da exportação:</p><p>1. Registro da Declaração de Exportação (DE).</p><p>2. Confirmação da Presença de Carga.</p><p>3. Recepção dos Documentos.</p><p>4. Parametrização.</p><p>5. Distribuição para Conferência Aduaneira</p><p>6. Conferência Aduaneira.</p><p>7. Desembaraço.</p><p>8. Trânsito Aduaneiro, se for o caso.</p><p>9. Registro dos Dados de Embarque ou da Transposição de Fronteira.</p><p>10. Averbação dos Dados de Embarque ou da Transposição de Fronteira</p><p>(LUZ, 2012, p. 67).</p><p>IMPORTANTE</p><p>160</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>Você sabe o que significa a parametrização da exportação? A parametrização</p><p>de exportação estabelece o nível, ou canal, de conferência da carga e sua documentação</p><p>respectiva, existindo, para isso, três canais possíveis de conferência: verde, laranja e vermelho.</p><p>Segundo Luz (2012, p. 79): “O canal verde implica o desembaraço automático. O canal laranja</p><p>impõe somente o exame documental, enquanto o vermelho obriga o exame documental e</p><p>a verificação física da carga”.</p><p>Em termos de execução do despacho da exportação e para fins tanto</p><p>fiscais como cambiais, a exportação somente será considerada “realizada” quando</p><p>o embarque for averbado. Nesse sentido, o processo final da formalização do</p><p>Despacho Aduaneiro de Exportação será a averbação, isto é, a conferência e</p><p>fiscalização aduaneira do embarque por parte da Receita Federal.</p><p>IMPORTANTE</p><p>161</p><p>Neste tópico, você aprendeu sobre:</p><p>• Os acordos internacionais incorporam a formalização de negociações comerciais</p><p>entre pessoas e/ou empresas ao redor do mundo. Isto incorpora uma base legal</p><p>à comercialização internacional.</p><p>• O significado dos Incoterms, ou seja, os Termos Internacionais de Comércio</p><p>e sua implicação contratual baseada na CCI nas negociações de mercadorias</p><p>entre países.</p><p>• A classificação dos Incoterms no contexto da comercialização e logística</p><p>internacional, assim como o nível de responsabilidade das partes durante a</p><p>comercialização internacional. O Incoterm define responsabilidades específicas</p><p>tanto do exportador como do importador ao longo do processo de exportação/</p><p>importação.</p><p>• A formalização da exportação ou importação por meio do Despacho Aduaneiro,</p><p>e a necessidade de cumprir as exigências administrativas governamentais</p><p>responsáveis pelo comércio exterior brasileiro.</p><p>• O registro do Despacho Aduaneiro para cada importação, ou importação no</p><p>Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>162</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Feito um acordo comercial entre um exportador e importador haverá todo</p><p>um procedimento formal de obrigações das partes. Segundo a Parte III</p><p>da convenção de Viena, quais as obrigações que possuem o vendedor e o</p><p>comprador?</p><p>3 Quando as mercadorias são comercializadas internacionalmente elas passam</p><p>por um processo de identificação e de existência “formal” tanto no país de</p><p>origem (exportador) como no país de destino (importador). Defina como</p><p>podemos identificar o processo formal de saída de uma mercadoria no país</p><p>de origem.</p><p>4 Quando as mercadorias são comercializadas internacionalmente elas passam</p><p>por um processo de identificação e de existência “formal”. No caso de</p><p>importação, defina como podemos identificar o processo formal de entrada</p><p>de</p><p>uma mercadoria no país de destino.</p><p>5 No momento do processo de exportação ou importação existe a necessidade</p><p>de formalizar a comercialização internacional, ou seja, existe toda uma gestão</p><p>perante os órgãos governamentais responsáveis do comércio exterior. Defina</p><p>qual o termo para esse processo formal.</p><p>6 No caso da exportação, qual o termo da formalização do processo</p><p>administrativo de internacionalização da mercadoria perante os órgãos</p><p>governamentais responsáveis do comércio exterior?</p><p>7 No caso da importação, qual o termo da formalização do processo</p><p>administrativo de nacionalização da mercadoria perante os órgãos</p><p>governamentais responsáveis do comércio exterior?</p><p>2 No momento de iniciar uma comercialização internacional,</p><p>existem responsabilidade bem definidas tanto para exportador</p><p>como para o importador, essas reponsabilidades são negociadas</p><p>entre as partes e ficam bem estabelecidas por meio do Incoterm</p><p>escolhido. A seguir, determine as responsabilidades tanto do</p><p>exportado como do importador, levando em consideração os</p><p>seguintes Incoterms: Incoterm FAS; Incoterm FOB; Incoterm</p><p>CFR; Incoterm CIF; Incoterm CPT.</p><p>163</p><p>TÓPICO 3</p><p>MODALIDADE DE PAGAMENTOS E</p><p>COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Assim como no comércio nacional, nos mercados internacionais existe</p><p>compra e venda de mercadoria antecipada, à vista e a prazo, e entre elas existe um</p><p>leque de possibilidades. Porém, existe uma grande diferença que devemos observar</p><p>ao apresentar transações internacionais: não existe uma mesma lei e uma mesma</p><p>moeda que possa normatizar essas transações, logo, o comércio internacional</p><p>apresenta condições com padrões internacionais de modalidades de pagamento</p><p>normatizadas pela International Chamber of Commerce (ICC).</p><p>Lembra que na Unidade 1 estudamos sobre a ICC? Aqui no Brasil existe um</p><p>escritório da Câmara Internacional de Comércio para as necessidades de comércio exterior</p><p>do Brasil. No site da International Chamber of Commerce (ICC) você poderá encontrar</p><p>informações interessantes sobre a importância desta câmara para o comércio exterior do</p><p>Brasil. Segue o portal: <http://www.iccbrasil.org/>.</p><p>As modalidades de pagamento possuem a função de normatizar e</p><p>operacionalizar a cobrança do exterior para a execução de uma exportação. Isso do</p><p>lado do exportador, e no contexto do importador as modalidades de pagamento</p><p>servem para normatizar e operacionalizar o pagamento ao exterior para a respectiva</p><p>materialização da importação. Igualmente às transações comerciais nacionais, nas</p><p>operações internacionais o risco de comercialização sempre está presente, assim,</p><p>é fundamental, tanto para exportar como importar, conhecer quais são essas</p><p>modalidades de pagamentos atuantes no comércio internacional.</p><p>2 MODALIDADES DE PAGAMENTO</p><p>Para conseguir entender melhor as modalidades de pagamento, veremos</p><p>antes em que momento do processo de comercialização internacional a determinação</p><p>de uma modalidade, ou outra, é peça-chave. Quando o exportador conseguir enviar</p><p>a mercadoria ao país de destino, o importador poderá liberar a mercadoria da</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>164</p><p>alfândega, correto? No entanto, o importador, por meio do despachante aduaneiro,</p><p>somente poderá liberar a mercadoria no porto do destino se a documentação</p><p>da importação estiver completa e pronta para ser entregue na alfândega. E essa</p><p>documentação deverá expor claramente as condições de pagamento para que a</p><p>mercadoria possa ser liberada, ou nacionalizada. Resumindo, essas condições</p><p>poderão ter três grandes classificações:</p><p>• Tipos de modalidades de pagamento antecipada - nesta situação,</p><p>como a venda já foi cobrada, o exportador enviará diretamente ao importador a</p><p>documentação e assim ele poderá liberar da alfândega a mercadoria respectiva.</p><p>• Tipos de modalidades de pagamento à vista - quando o pagamento</p><p>estiver condicionado à chegada da mercadoria ao país de destino, o importador</p><p>deverá realizar o pagamento ao exportador uma vez confirmada essa chegada.</p><p>Logo, uma vez confirmado o pagamento respectivo, o banco comercial responsável</p><p>pela cobrança poderá entregar a documentação ao importador e assim poder</p><p>nacionalizar a mercadoria.</p><p>• Tipos de modalidades de pagamento a prazo - nesta situação haverá</p><p>uma série de possibilidades. Resumindo, o banco responsável pela entrega da</p><p>documentação só poderá entregá-la ao importador uma vez feita a análise das</p><p>garantias de cobrança e assim realizar a entrega da documentação ao importador.</p><p>QUADRO 9 – FASES DAS MODALIDADES DE PAGAMENTOS</p><p>MODALIDADES DE PAGAMENTOS</p><p>Antecipado À Vista A Prazo</p><p>EMBARQUE DESEMBARAÇO</p><p>FONTE: O autor</p><p>Caso a mercadoria já tenha sido enviada, o respaldo, ou segurança, de</p><p>pagamento do exportador estará na posse da documentação, pois, simplesmente,</p><p>sem essa documentação o importador não poderá liberar da alfândega a mercadoria.</p><p>Nesse sentido, quando a venda a prazo for a modalidade de pagamento, o serviço</p><p>do banco comercial responsável pela entrega da documentação é parceiro-chave</p><p>na cobrança da exportação.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>165</p><p>Envio da documentação. Será que os documentos da importação são enviados</p><p>por correio normal? Seria muito risco, logo, ele não é utilizado. Para o transporte entre países</p><p>existe o serviço dos couriers, por meio destes o transporte da documentação será seguro e</p><p>rápido, dando rapidez e confiabilidade às remessas. Devemos reparar que a documentação</p><p>deverá chegar antes da mercadoria, pois sem essa documentação original o importador</p><p>simplesmente não poderá nacionalizar a mercadoria.</p><p>Agora que já temos mais claro o conceito da importância das modalidades de</p><p>pagamento nas transações internacionais, iremos começar estudando as diferentes</p><p>opções de modalidades disponíveis para as empresas comercializarem no mercado</p><p>internacional. Devemos observar que para cada modalidade de pagamento haverá</p><p>uma diferente modalidade de contrato de câmbio, pois essas transações envolvem</p><p>moedas de diferentes países, conforme iremos estudar a seguir.</p><p>Essas três grandes fases das modalidades de pagamentos – antecipadas, à</p><p>vista e a prazo – aqui no Brasil são ordenadas em quatro grupos:</p><p>a) Pagamento Antecipado ou Remessa Antecipada (na importação) e</p><p>Recebimento Antecipado (na exportação).</p><p>b) Remessa sem saque.</p><p>c) Cobrança.</p><p>d) Crédito documentário, também conhecido como Carta de Crédito (LUZ, 2012,</p><p>p. 130).</p><p>2.1 MODALIDADE PAGAMENTO E RECEBIMENTO</p><p>ANTECIPADO</p><p>Nesta modalidade, para que a compra seja efetuada, faz-se necessário</p><p>emitir o pagamento antecipadamente; após a confirmação de recebimento do</p><p>pagamento é que o exportador começa o processo produtivo da ordem de compra.</p><p>Este processo também é conhecido como Remessa Antecipada.</p><p>Entende-se como pagamento ou recebimento antecipado de exportação</p><p>a aplicação de recursos em moeda estrangeira na liquidação do contrato</p><p>de câmbio cuja contratação tenha ocorrido antes do embarque da</p><p>mercadoria. Esta antecipação pode ser efetuada pelo importador ou</p><p>por qualquer pessoa jurídica no exterior, inclusive por instituições</p><p>financeiras (VIEIRA, 2010, p. 101).</p><p>Esta modalidade de pagamento representa um alto risco ao importador,</p><p>por este motivo é pouco usada. Ela é aplicada na maioria das vezes quando há</p><p>confiança no exportador, ou quando a ordem de compra envolve grandes volumes</p><p>e/ou valores de produção. Imagine a produção de equipamento industrial sob</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>166</p><p>pedido de alta tecnologia sem ter a garantia de pagamento? Para se garantir a</p><p>cobrança o exportador poderia escolher esta modalidade.</p><p>Quando falamos de Recebimento Antecipado das exportações brasileiras,</p><p>existem duas situações que devemos levar em consideração em relação aos recursos</p><p>monetários recebidos do exterior:</p><p>1) No caso de os bens não embarcarem para o exterior, o valor recebido</p><p>antecipadamente pode ser devolvido ao exterior ou,</p><p>mediante anuência</p><p>prévia do pagador no exterior, transformado em investimento</p><p>estrangeiro direto ou empréstimo externo.</p><p>2) Caso a antecipação ocorra em mais do que 360 (trezentos e sessenta)</p><p>dias em relação à data prevista para o embarque, exige-se a obtenção de</p><p>um ROF (Registro de Operação Financeira) para controle deste crédito</p><p>externo pelo Banco Central (LUZ, 2012, p. 130).</p><p>Muitas vezes a Remessa Antecipada é executada em duas fases, o primeiro</p><p>pagamento será antecipado e o segundo prévio ao embarque, inclusive, o segundo</p><p>pagamento poderia ser negociado após o embarque. Podemos exemplificar na</p><p>seguinte suposição:</p><p>• Ordem de compra com antecipação de 30% do valor da compra e o saldo</p><p>de 70% prévio ao embarque. As porcentagens podem mudar, lembre-se: cada</p><p>transação comercial possui suas particularidades.</p><p>• Ordem de compra com antecipação de 30% do valor da compra, e o</p><p>saldo de 70% a ser pago em 60 dias após o embarque. Neste caso, a modalidade de</p><p>pagamento envolve cobrança documentária.</p><p>2.2 REMESSA SEM SAQUE</p><p>Quando for negociada uma remessa sem saque, o exportador envia a</p><p>documentação diretamente ao importador, sem a intermediação de um banco para</p><p>o envio desta. Logo, o pagamento será feito após o embarque da mercadoria. Nessa</p><p>condição de pagamento, o importador possui em mãos a documentação necessária</p><p>para a nacionalização da mercadoria sem necessariamente ter pago, portanto, a</p><p>remessa sem saque representa um altíssimo risco para o exportador.</p><p>Entende-se que esta modalidade de pagamento somente deve ser</p><p>utilizada quando o exportador tiver total e irrestrita confiança no</p><p>importador e no país deste, pois os documentos originais são remetidos</p><p>diretamente ao importador, possibilitando assim o desembaraço da</p><p>mercadoria na alfândega (VIEIRA, 2010, p. 103).</p><p>Sendo que não há respaldo de pagamento, quais os motivos para os</p><p>exportadores optarem por uma remessa sem saque? Basicamente pelos seguintes</p><p>motivos:</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>167</p><p>• Modalidade prática no momento de nacionalizar. A documentação</p><p>chega ao importador diretamente, sem ter que negociar por ela na intermediação</p><p>bancária, que envolve despesas adicionais.</p><p>• Por ser uma modalidade prática, costuma-se usá-la entre filiais e casas</p><p>matrizes, e entre importadores e exportadores que possuem confiança mútua.</p><p>Deste modo, as despesas bancárias são bem menores, se comparar com a carta de</p><p>crédito ou com saque.</p><p>• Por ser prática e direta, costuma-se usar no comércio internacional de</p><p>perecíveis. Nestas situações a mercadoria poderia estragar até a documentação</p><p>chegar pela via bancária. Logo, a aplicação dessa modalidade é quase imprescindível.</p><p>2.3 COBRANÇA COM SAQUE</p><p>Entre a remessa antecipada e remessa sem saque existe a cobrança com saque.</p><p>A cobrança com saque existe por meio de uma letra de câmbio. Este condicional de</p><p>letra de câmbio implica que o exportador deve encaminhar a documentação, por</p><p>meio do banco remitente (do país do exportador), o saque (uma letra de câmbio)</p><p>para o banco cobrador no país do importador (Collecting Bank). Logo, o Collecting</p><p>Bank disponibiliza a documentação para o desembaraço ao importador. Porém, a</p><p>documentação será entregue sempre e quando:</p><p>• Apresente-se pagamento total da mercadoria.</p><p>• Apresente-se compromisso de pagamento futuro formalizado em</p><p>documento bancário, conforme a negociação entre o exportador e o importador.</p><p>“Na cobrança a prazo, o importador somente poderá retirar junto ao Collecting Bank</p><p>os documentos originais para desembaraço da mercadoria na alfândega mediante</p><p>aceite do saque que lhe será apresentado para pagamento no vencimento” (VIEIRA,</p><p>2008, p. 105).</p><p>Esta modalidade de pagamento, embora exista formalidade na cobrança</p><p>quando houver venda a prazo, ainda representa risco para o exportador. Observe-</p><p>se que na cobrança documentária há uma obrigação legal de pagamento por</p><p>parte do importador. Porém, não há nenhuma obrigação de pagamento do Banco</p><p>Remitente (Banco do Importador), como existe quando se apresenta a situação de</p><p>uso de carta de crédito (l/c).</p><p>Caso o importador não efetue o pagamento ao exportador, ele terá que</p><p>arcar com os custos da ação judicial de cobrança no país do importador. Isso</p><p>implica dizer que o exportador terá que contratar empresas de cobrança lá no país</p><p>do importador, ou seja, na cobrança com saque, o banco no país do importador</p><p>atua meramente como intermediário de formalização de venda a prazo no país de</p><p>destino, isto é, como mandatário de cobrança, segundo ordens de cobrança por</p><p>parte do exportador.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>168</p><p>Apesar do risco de cobrança, a Remessa com Saque a Prazo aplica-se</p><p>bastante no comércio internacional, pois as despesas bancárias são menores</p><p>se comparadas a uma Carta de Crédito. Os prazos de crédito utilizados nesta</p><p>modalidade oscilam entre 30 dias até 360 dias a partir da data do embarque no</p><p>país de origem.</p><p>Na cobrança com saque com pagamento à vista o risco diminui</p><p>consideravelmente para o exportador, pois neste caso o importador,</p><p>necessariamente, terá que fazer o pagamento respectivo ao banco remitente,</p><p>caso contrário, simplesmente estará impossibilitado de fazer a nacionalização da</p><p>mercadoria.</p><p>2.4 CRÉDITO DOCUMENTÁRIO</p><p>Das modalidades de pagamento, a que representa o menor risco, tanto</p><p>para o exportador como para o importador, é a Carta de Crédito, isto é, o crédito</p><p>documentário. No comércio internacional ela é conhecida como L/C, das siglas do</p><p>inglês Letter of Credit. Antes de iniciar nosso aprendizado sobre a L/C, devemos</p><p>saber por que motivo ela surgiu.</p><p>Levando em consideração as diversas leis e suas respectivas interpretações</p><p>formais entre as nações, os países atuantes ativamente no comércio internacional,</p><p>por meio da Câmara de Comércio Internacional (CCI), estabeleceram desde o ano</p><p>de 1933 as normas e padrões legais internacionais para padronizar a L/C e suas</p><p>respectivas modalidades.</p><p>Os conceitos e formalidades para abertura e liquidação do crédito</p><p>documentário no comércio internacional estão em um texto intitulado</p><p>UCP 600 (Uniform Customs and Practise for documentary Credits – Regras</p><p>e Usos Uniformes sobre Créditos Documentários), elaborado pela</p><p>Câmara de Comércio Internacional (CCI) e em vigor desde 1º de julho</p><p>de 2007 (LUZ, 2012, p. 135, grifos do original).</p><p>Segundo o exposto pelo autor Luz, a última atualização importante das</p><p>regras e usos uniformes da L/C foi no ano de 2007, por meio do texto desta última</p><p>atualização, a UCP 600. Aliás, a primeira versão da UCP foi feita no ano de 1933.</p><p>Antes dessa data os países tinham normas próprias para o comércio exterior entre</p><p>cada um deles, mas cada país tinha suas próprias interpretações da L/C. Deste</p><p>modo, as partes (o exportador e o importador) estavam obrigadas a conhecer as</p><p>normas relativas às L/C dos países envolvidos na comercialização, gerando uma</p><p>necessidade maior de interpretação das obrigações das partes em função das</p><p>particularidades das leis e normas dos países envolvidos.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>169</p><p>Eis a necessidade, entre outros motivos importantes, de padronizar</p><p>internacionalmente as normas e usos da L/C por meio da CCI.</p><p>Essa padronização internacional da L/C vem ajudando a dinâmica comercial</p><p>entre empresas que comercializam no mercado internacional. Porém, apesar disso</p><p>e da L/C ser a modalidade de pagamento mais segura para os envolvidos no</p><p>comércio internacional, é também a que possui a despesa bancária mais alta de</p><p>todas as modalidades. Ainda assim, esse custo bancário maior muitas vezes pode</p><p>ser compensado pela seguridade financeira e documentária da Carta de Crédito.</p><p>Diante desse fato, a L/C é muito utilizada, conforme veremos a seguir:</p><p>A L/C fornece uma série de garantias tanto de execução operativa/logística</p><p>como financeira, isso resulta em grande ajuda para o exportador e o importador.</p><p>A segurança da L/C é estabelecida nos seus</p><p>termos de negociação, definidos pelas</p><p>partes envolvidas. Diante disso, a carta de crédito estabelece uma série de cláusulas</p><p>com as particularidades da negociação das partes que devem ser cumpridas,</p><p>particularidades tais como:</p><p>• Data de embarque - o exportador deverá cumprir com essa data, caso contrário</p><p>não poderá efetivar a L/C. E se não conseguir efetivá-lo, será impossível realizar</p><p>a cobrança dentro dos prazos estabelecidos na L/C.</p><p>• Quantidades, qualidade e detalhes da mercadoria. Se houver discrepâncias, o</p><p>exportador não poderá efetivar a L/C, logo, não poderá cobrá-la.</p><p>• Prazos de pagamento - o importador deverá cumprir com os prazos de pagamentos</p><p>negociados. Caso contrário, no momento de efetivar a L/C e executar os prazos de</p><p>cobrança, o banco do importador será obrigado a fazer o pagamento.</p><p>Conforme o exposto acima, podemos analisar que a cobrança da venda</p><p>do exportador está garantida, independentemente de o importador realizar o</p><p>pagamento ou não, pois o banco do importador possui a obrigação de efetivar</p><p>o pagamento, todavia, sempre e quando o exportador cumprir com todas as</p><p>condições da negociação exigidas pelo comprador (importador). Observe-se que:</p><p>“[...] a carta de crédito é um compromisso irrevogável que um banco assume de</p><p>pagar ao beneficiário se, e somente se, os termos e condições da carta de crédito</p><p>tiverem sido cumpridos” (LUZ, 2012, p. 137).</p><p>Um elemento importante a ser observado da L/C é saber identificar “quem”</p><p>são os envolvidos. Nas negociações de qualquer L/C devem existir os seguintes</p><p>agentes envolvidos:</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>170</p><p>• o importador, e/ou requerente;</p><p>• o banco do importador, e/ou banco emitente;</p><p>• o banco do exportador, e/ou banco avisador;</p><p>• o exportador, e/ou o beneficiário.</p><p>Note que estamos falando de exportador e/ou beneficiário, assim,</p><p>para cada um dos envolvidos na L/C. Isso acontece porque, por exemplo, não</p><p>necessariamente o banco emitente é o banco do importador, pois podem existir</p><p>vários agentes intermediários na negociação da L/C, desde uma trading company</p><p>e mais de um banco intermediário. Segundo Luz (2012, p. 141), as personagens</p><p>básicas envolvidas em uma L/C são as seguintes:</p><p>1) Requerente – Significa a parte sob cuja solicitação a carta de crédito</p><p>for emitida. Sob a UCP 500, era chamado Tomador.</p><p>2) Banco Emitente – É o banco que emite uma carta de crédito mediante</p><p>solicitação de um requerente ou em seu próprio nome. Pode pagar</p><p>diretamente ao Beneficiário ou pode escolher um banco (Banco</p><p>Designado) para fazê-lo.</p><p>3) Banco Avisador – É o banco que avisa o crédito mediante solicitação</p><p>do Banco Emitente. Nas suas funções não se inclui qualquer espécie de</p><p>pagamento ao beneficiário. Cabe a ele apenas repassar a carta de crédito</p><p>ao Beneficiário, informando-o se ficou satisfeito quanto à aparente</p><p>autenticidade do instrumento de crédito.</p><p>4) Beneficiário – Significa a parte em cujo favor o crédito for emitido.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>171</p><p>FIGURA 6 – FLUXO DA MODALIDADE CARTA DE CRÉDITO (L/C)</p><p>FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/einne2012/modalidades-de-pagamento-no-</p><p>comrcio-internacional-bb-2>. Acesso em: 21 set. 2016.</p><p>Por que o emitente poderia ser o importador? Porque é o interessado em</p><p>realizar a compra, ou seja, o importador ou seu intermediário comercial (trading</p><p>company), logo, será o interessado em emitir a L/C para satisfazer sua necessidade</p><p>de importar. Entretanto, o beneficiário da L/C é o interessado em efetivar e cobrar</p><p>a venda da exportação, o exportador ou seu intermediário (trading company). Um</p><p>dos motivos de que a L/C é a modalidade de pagamento mais cara, mas a mais</p><p>segura também, é em função do grande número de envolvidos e particularidades</p><p>operativas/financeiras, pelo menos quatro envolvidos.</p><p>A L/C gera uma série de obrigações específicas, tanto para o exportador</p><p>como para o importador. Mas, se houver discrepâncias no momento de executar o</p><p>processo de exportação? Aliás, às vezes há discrepâncias!</p><p>Quando houver discrepâncias, as partes podem fazer uma emenda na</p><p>Carta de Crédito (L/C), como também existe a possibilidade de a parte afetada</p><p>(seja o importador ou exportador) simplesmente aceitar formalmente a respectiva</p><p>discrepância, mas se houver a necessidade de realizar uma emenda, os envolvidos</p><p>– isto é, o exportador, o importador e os bancos – devem combinar para emendar</p><p>as condições negociadas na L/C.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>172</p><p>Uma emenda clássica é o prazo de embarque, em função dos processos</p><p>produtivos e condições de logística, em algumas ocasiões o exportador fica</p><p>obrigado a adiar por mais alguns dias a data de embarque. Vamos supor que a data</p><p>de embarque era para o dia 15 de outubro de 2017, mas o exportador só poderá</p><p>embarcar a mercadoria no dia 22 de outubro. Logo, haverá a necessidade de se</p><p>fazer uma emenda à L/C modificando a data de embarque.</p><p>Outra emenda clássica é a quantidade de unidades a serem embarcadas em</p><p>um container. Por questões do volume em si do container, às vezes, o exportador</p><p>gera uma venda um pouquinho maior do que realmente cabe em um container,</p><p>logo, no momento de embarcar a quantidade negociada entre as partes, não cabe.</p><p>Solução? Gerar uma emenda mudando as quantidades a serem embarcadas, e,</p><p>claro, mudando também o valor final da fatura de exportação.</p><p>2.4.1 Opções de pagamento da carta de crédito (L/C)</p><p>Agora que já temos uma noção mais clara do que é uma L/C, e</p><p>consequentemente conhecemos melhor as condições operativas/financeiras desta</p><p>modalidade de pagamento, estamos no momento de aprender sobre as opções de</p><p>financiamento oferecidas sob esse mecanismo de pagamento internacional. Para</p><p>podermos definir uma opção de pagamento dentro da modalidade L/C, devemos</p><p>observar quais as necessidades de financiamento do importador, capacidade de</p><p>financiar capital de giro por parte do exportador, linhas de financiamento de L/C</p><p>disponíveis entre os bancos dos países envolvidos.</p><p>Assim, levando em consideração esses três elementos (necessidade</p><p>financeira do importador, capacidade de capital de giro – liquidez – do exportador,</p><p>linhas de financiamento entre os bancos dos países envolvidos), tanto os bancos</p><p>internacionais (que possuem acordos internacionais de financiamento de L/C) e as</p><p>condições padronizadas da International Chamber of Commerce (ICC), há à disposição</p><p>as seguintes formas de financiamento:</p><p>• L/C à vista. Esta modalidade de financiamento quer dizer liquidação</p><p>do valor da Carta de Crédito no momento em que o exportador apresentar</p><p>a documentação em ordem. Isto é, quando se efetivar a L/C no momento da</p><p>apresentação da documentação e entrega da mercadoria no ponto negociado entre</p><p>as partes sempre e quando não houver discrepância perante o Banco Negociador.</p><p>Isto quer dizer L/C efetivada e que a mercadoria já foi entregue sob o Incoterm e</p><p>condições negociadas entre as partes.</p><p>• Opção a Prazo: Esta modalidade de financiamento quer dizer liquidação</p><p>do valor da Carta de Crédito nos prazos negociados entre as partes. Devemos</p><p>observar que esse prazo começa a acontecer a partir da efetivação da L/C, no</p><p>momento da apresentação da documentação e entrega da mercadoria no ponto</p><p>negociado entre as partes, sempre e quando não houver discrepância perante o</p><p>Banco Negociador.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>173</p><p>o A partir do momento em que a L/C se efetivar, os prazos estabelecidos</p><p>terão que ser cumpridos. Se o importador não realizar o pagamento, logo, o Banco</p><p>Emitente (do importador) terá a obrigação de realizar o pagamento respectivo.</p><p>Existem mais outros tipos de Cartas de Crédito? Destas duas grandes formas de</p><p>financiamento, à vista e a prazo, nascem várias submodalidades de L/C, tais como: L/C de</p><p>crédito restrito, L/C de crédito transferível, L/C de crédito rotativo, entre outras. Caso queira</p><p>se aprofundar sobre o mundo das</p><p>L/C, acesse o site oficial da ICC sobre as condições da</p><p>UCP 600 (última versão da L/C) aqui no Brasil: <http://www.iccbrasil.org/publicacoes/46/>.</p><p>O exportador, após entregar a mercadoria sob as condições estabelecidas</p><p>na L/C, terá que aguardar um prazo de aproximadamente cinco dias para que o</p><p>Banco Negociador e o Banco Emitente aceitem, respectivamente, a documentação,</p><p>portanto, “efetivar” a L/C. A partir desse momento de efetivação, a L/C vira papel</p><p>financeiro, ou “papel valor”, e se a L/C for “transferível” poderá ser negociada no</p><p>mercado financeiro. Segundo Vieira (2010, p. 122):</p><p>A publicação n° 600 da Câmara de Comércio Internacional no artigo 14,</p><p>Letra “b”, estabelece que os bancos intervenientes na operação terão,</p><p>cada um deles, um prazo de até cinco dias úteis bancários após a data</p><p>do recebimento dos documentos, para examiná-los e apontar, ou não,</p><p>possíveis discrepâncias.</p><p>Em termos práticos, no que implica esse prazo de cinco dias para o</p><p>exportador? Se o Banco Emitente não aceitar a documentação enviada pelo</p><p>exportador, logo, ele deverá informar isso antes desses cinco dias estabelecidos</p><p>ao Banco Negociador. Essa não aceitação da documentação deverá considerar a</p><p>notificação formal de todas as discrepâncias na documentação e deverá encaminhar</p><p>de volta a documentação para sua respectiva correção. A situação exposta até</p><p>pode parecer hipotética, porém, as discrepâncias acontecem sim, e a solução das</p><p>discrepâncias leva tempo. Fato que gera mais despesas, acrescentando o custo</p><p>logístico/financeiro, e gera mais pressa ainda para liquidar os valores do crédito</p><p>por parte do exportador.</p><p>É fundamental para os exportadores cumprir todas as particularidades</p><p>operativas/logísticas da L/C. No descuido dos detalhes é que os problemas</p><p>aparecem, e por mais que os processos de exportação sejam padronizados, sempre</p><p>haverá particularidades intrínsecas a cada exportação. Cada exportação possui</p><p>sua própria história com suas peculiaridades, e sempre na hora menos esperada</p><p>aparecem as dificuldades, as quais devem ser resolvidas o antes possível, visando</p><p>não atrapalhar as condições estabelecidas na L/C e, assim, o exportador finalmente</p><p>pode “efetivá-la” e “liquidá-la” nos prazos negociados entre as partes.</p><p>NOTA</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>174</p><p>3 COMERCIALIZAÇÃO DIRETA E INDIRETA</p><p>Acabamos de ver quais as modalidades de pagamentos disponíveis no</p><p>comércio internacional. Até agora não temos abordado uma questão importante</p><p>para iniciar todo o processo de comercialização. Isto é, como fazer acontecer a</p><p>comercialização internacional, será por meio de um canal de venda direta entre o</p><p>exportador e o importador, ou por meio de venda indireta?</p><p>No momento de exportar ou importar, as empresas se deparam com uma</p><p>questão importante de estratégia comercial: “como” comercializar a exportação ou</p><p>“como” executar comercialmente a importação? Este questionamento dependerá</p><p>bastante do tamanho da empresa e do custo/benefício do gasto administrativo</p><p>para a execução da comercialização internacional. Esta análise de custo/benefício</p><p>pode ser observada da seguinte maneira:</p><p>• Se uma empresa pequena está exportando, as despesas do departamento</p><p>de exportações seguramente serão mais caras que o gasto para realizar a</p><p>exportação por meio de uma trading company, ou seja, a empresa possui a opção</p><p>de terceirizar o serviço operativo, administrativo e de logística da exportação.</p><p>Assim, o benefício versus seu custo de contratar a trading company poderá superar</p><p>a despesa administrativa se exportar diretamente, eis a análise de custo/benefício.</p><p>• Se uma empresa de grande porte está ativa na exportação, provavelmente</p><p>as despesas para manter todo um departamento de exportações justificam seu</p><p>gasto, pois esse gasto irá se diluir em um grande volume de vendas ao exterior.</p><p>Comparativamente, o serviço de uma trading company, nestes casos, poderia ser</p><p>mais caro, eis a análise de custo/benefício.</p><p>Assim, podemos observar que a decisão de comercializar direta ou</p><p>indiretamente dependerá, em grande parte, do custo/benefício da decisão. A</p><p>decisão pode ser por uma questão econômica, como acabamos de observar acima,</p><p>como também poderia ser por uma questão de estratégia de comercialização em si,</p><p>diversificação do risco de cobrança, ou de logística.</p><p>3.1 COMERCIALIZAÇÃO INDIRETA</p><p>Na comercialização indireta existe um intermediário entre o exportador, ou</p><p>importador, e a empresa no exterior. O intermediário é conhecido como empresa</p><p>interveniente, que muitas das vezes será uma trading company.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>175</p><p>QUADRO 10 - FLUXOGRAMA DA COMERCIALIZAÇÃO INDIRETA</p><p>SE EXPORTAR MERCADORIA, A CADEIA COMERCIAL SERIA:</p><p>Exportador no Brasil Interveniente no Brasil Cliente no exterior (ou</p><p>importador).</p><p>SE IMPORTAR MERCADORIA, A CADEIA COMERCIAL SERIA:</p><p>Importador no Brasil Interveniente no Brasil Fornecedor no exterior</p><p>(exportador)</p><p>FONTE: O autor</p><p>Podemos observar que a empresa interveniente está localizada no</p><p>Brasil, pois será a empresa responsável pela gestão administrativa e logística da</p><p>formalização da internacionalização da mercadoria, no caso da exportação; e da</p><p>nacionalização, no caso da importação. Diante disso:</p><p>• Quando exportar, a empresa exportadora estará faturando à empresa interveniente</p><p>aqui no Brasil, logo, a empresa interveniente estará internacionalizando a</p><p>mercadoria e vendendo novamente para o importador no exterior.</p><p>• Quando importar, a empresa nacional estará comprando a mercadoria já</p><p>nacionalizada à empresa interveniente aqui no Brasil. Empresa interveniente</p><p>que já fez o processo de nacionalização da mercadoria e já efetuou a compra com</p><p>o fornecedor/exportador no exterior.</p><p>Se uma empresa considerar a comercialização indireta, logo, ela irá procurar</p><p>empresas intermediárias e especializadas no comércio exterior. Estas empresas</p><p>conhecem todos os trâmites da atividade, o que traz uma série de vantagens para</p><p>os exportadores e/ou importadores pequenos e de porte médio. Uma empresa</p><p>interveniente pode ter as seguintes modalidades:</p><p>• Intermediária comercial. O objetivo deste tipo de empresa é só comercializar,</p><p>elas não produzem. Nesse sentido, estas empresas podem:</p><p>o Comprar mercadoria no mercado nacional de empresas que desejam exportar,</p><p>mas não possuem a capacidade administrativa para fazê-lo sozinhas. Logo, a</p><p>empresa comercializadora faz acontecer a exportação.</p><p>o Vendem mercadorias já no mercado nacional a empresas que estão precisando</p><p>mercadoria importada. Logo, a empresa comercializadora faz acontecer a</p><p>importação.</p><p>• A intermediária comercial pode ser de dois tipos: 1) Empresa comercial</p><p>exportadora/importadora; e 2) Trading company.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>176</p><p>o Empresa comercial exportadora/importadora. Estas são empresas de</p><p>constituição limitada.</p><p>o Trading company. Estas são empresas de constituição acionária de sociedade</p><p>anônima. A trading company possui um leque de serviços adicionais aos</p><p>exportadores e importadores que utilizam seus serviços, serviços de benefícios</p><p>tributários inerentes ao comércio exterior e análise de linhas de créditos</p><p>internacionais, entre outros.</p><p>• Cooperativas ou consórcios de exportação. Esta figura de exportação é utilizada</p><p>especialmente quando pequenos exportadores se juntam para encaminhar a</p><p>exportação de uma determinada mercadoria. Neste sentido, a cooperativa, ou</p><p>consórcio, é uma pessoa jurídica (empresa) da qual todos os produtores são</p><p>sócios e juntam esforços para fazer acontecer a exportação. A seguir, vamos</p><p>exemplificar alguns casos deste tipo de exportadores:</p><p>o Consórcio de exportação de pequenos produtores de sapatos, os microempresários</p><p>podem juntar seus esforços e aproveitar as vantagens do mercado externo.</p><p>o Cooperativa de exportação de soja, os produtores de soja juntam-se para</p><p>aprimorar processos de comercialização e fazer acontecer a exportação. Um</p><p>exemplo disso</p><p>são as exportações para a China desse grão e uma melhor</p><p>negociação das condições da exportação.</p><p>• Grande exportador. Os grandes exportadores podem fechar e complementar</p><p>ordens de pedido com produção de terceiros, virando exportador e empresa</p><p>interveniente.</p><p>Para saber mais sobre as exportações de soja para a China, acesse: <http://www.</p><p>sescooprs.coop.br/comunicacao/noticias/1568-mercado-chines-pode-adquirir-soja-de-</p><p>cooperativas-brasileiras27>.</p><p>Existem vários canais para fazer acontecer uma comercialização</p><p>internacional, a decisão do canal de comercialização dependerá da decisão do</p><p>exportador, isto é, dependerá de sua estratégia comercial e do custo/benefício</p><p>da decisão. Contudo, vamos observar algumas das vantagens de realizar a</p><p>comercialização internacional de maneira indireta:</p><p>• O exportador ou importador está dispensado de se registrar na Receita</p><p>Federal, "Radar". Porém, a exportação: “[...] mesmo sendo feita para uma empresa</p><p>situada no Brasil, também é feita com todos os benefícios da exportação, ou seja, a</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>177</p><p>venda não é tributada. Ela não é tributada porque o destino final é a exportação”</p><p>(TREDESINI, 2011, p. 157).</p><p>• Muitas vezes os exportadores, ou importadores, comercializam volumes</p><p>menores, sobrando espaço nos containers. Nestes casos, a trading company oferece</p><p>diversas alternativas de consolidação de embarque, ou seja, o container será</p><p>compartilhado com outros exportadores.</p><p>• Ao terceirizar, a empresa não precisará de liquidez operativa (capital de</p><p>giro), necessária para questões administrativas e logísticas da exportação, focando</p><p>somente no produto. Além de economizar capital de giro, economiza também</p><p>tempo de gestão.</p><p>• Além de oferecer a administração da exportação, as tradings companies</p><p>possuem canais de linhas de créditos que visam incentivar as exportações.</p><p>• Por meio dos serviços de uma trading company, por mais pequena que seja</p><p>a empresa ou o volume de exportação, é viável fazer acontecer a exportação.</p><p>Existe uma série de benefícios para usar os serviços de uma empresa</p><p>interveniente, mas como em qualquer serviço comercial, estas empresas</p><p>intervenientes cobram pelos serviços prestados. A cobrança será feita por meio de</p><p>uma taxa sobre o valor FOB da exportação ou importação. Em função dessa taxa,</p><p>irá existir uma análise econômica do limite do custo/benefício para contratar os</p><p>serviços destas empresas especializadas em comércio exterior.</p><p>3.2 COMERCIALIZAÇÃO DIRETA</p><p>Na maioria das vezes, para uma empresa de grande porte não justifica</p><p>a contratação de uma trading company que lhe ajude na comercialização de seus</p><p>produtos. Para este tipo de exportador será mais econômico ter seu próprio</p><p>departamento de exportações. Eis uma análise simples e rápida da relação custo/</p><p>benefício, neste caso de um serviço prestado por uma trading company.</p><p>Na comercialização direta existem duas partes: o exportador ou importador;</p><p>e a empresa no exterior. Quando uma empresa optar pela comercialização direta:</p><p>[...] ela terá sob sua responsabilidade todas as etapas de um processo</p><p>de venda ao exterior, tais como: habilitar a empresa na Receita Federal</p><p>para poder operar com exportações, ter conhecimento do mercado,</p><p>conhecer as condições financeiras do cliente e correr os possíveis riscos,</p><p>executar o contato com o cliente, produzir e embarcar as mercadorias e</p><p>ser responsável por todos os trâmites administrativos para exportar o</p><p>produto (TREDESINI, 2011, p. 155).</p><p>É pelos motivos citados pela autora acima, e mais outros, que empresas</p><p>de pequeno e médio porte optam pela comercialização indireta. Contudo, para as</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>178</p><p>empresas que realizam a exportação direta existem também grandes benefícios,</p><p>tais como: A empresa está ativa de maneira direta nos mercados internacionais,</p><p>conseguindo se relacionar, conhecer os clientes lá fora e saber quem são seus</p><p>concorrentes; está mais ligada às oscilações dos preços nos mercados internacionais</p><p>em que atua, ou seja, possui um melhor palpite do mercado internacional e isso,</p><p>muitas vezes, vira uma questão de estratégia empresarial e vantagem competitiva.</p><p>4 PRECIFICAÇÃO</p><p>No momento de comercializar entre países, devemos prestar especial</p><p>atenção ao quesito do custo total, isto é, custo da mercadoria mais todas as despesas</p><p>de logística e de internacionalização/nacionalização. Uma vez que identificamos</p><p>esse custo total, a empresa que está comercializando nos mercados internacionais</p><p>pode determinar um preço ideal para seus produtos, preço ideal que leva em</p><p>consideração tanto o custo total como a margem de lucro desejada. Este processo</p><p>de identificar o custo total mais o lucro desejado é conhecido como “precificação”.</p><p>Em outras palavras, devemos identificar o preço ideal que gere rentabilidade ao</p><p>processo.</p><p>4.1 FORMAÇÃO DO PREÇO NA IMPORTAÇÃO</p><p>Em função da complexidade da precificação no momento de realizar uma</p><p>importação, vamos abordar o tema com a formação do preço ideal da importação</p><p>comercial. Devemos observar que uma análise efetiva da precificação é um</p><p>reflexo do estudo da estrutura analítica dos processos logísticos e administrativos</p><p>recorrentes da importação em si. Essa análise estrutural deve levar em consideração</p><p>os seguintes elementos:</p><p>1. Análise da NCM, identificando a Taxa Externa Comum (TEC), e as</p><p>necessidades administrativas.</p><p>2. Análise da Ordem de Compra. Identificando o Incoterm, a embalagem,</p><p>o valor unitário e total da ordem de compra, assim como questões da logística.</p><p>3. Fatura Proforma. A partir desta é que o importador começa a negociar</p><p>com o Banco e formaliza a importação perante o SISCOMEX.</p><p>4. Análise dos impostos e despesas de importação. Identificando valores</p><p>de impostos e as despesas em si da importação, assim, deve-se fazer levantamento</p><p>de datas estimadas de pagamentos ao longo da importação, isto é, o fluxo de caixa</p><p>do processo.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>179</p><p>5. Determinação do Valor de Importação. Identificando a projeção de valor</p><p>total, com impostos e despesas da importação, visando determinar o valor total e</p><p>unitário das mercadorias importadas.</p><p>É importante levar em consideração que da identificação do custo unitário</p><p>da mercadoria é que podemos determinar o preço ideal, ou seja, o custo unitário</p><p>total mais a rentabilidade desejada. Assim, por meio de uma boa análise da</p><p>estrutura dos elementos expostos acima é que acontece o processo de precificação.</p><p>E em termos da análise de custos da importação, temos que a importação possui a</p><p>seguinte estrutura de apuração de custos e despesas:</p><p>• Preço da mercadoria no país de origem. Valor base para o processo de</p><p>apuração do preço ideal.</p><p>• Incoterm. Com a definição do Incoterm o importador poderá identificar</p><p>por quais despesas e responsabilidade ele será responsável.</p><p>• Transporte. Na análise do frete devemos considerar:</p><p>a) Frete: desde o pré-embarque, transporte internacional, até o pós-</p><p>desembarque.</p><p>b) Modalidade de transporte, existe um único modal de transporte (ex.: só</p><p>marítimo), ou apresenta-se uma logística multimodal (ex.: terrestre e marítimo).</p><p>c) Condições do seguro do frete ao longo do deslocamento da mercadoria.</p><p>• Valor aduaneiro e taxas a serem pagas na alfândega. Este valor dependerá</p><p>da identificação do conhecimento de embarque e do valor da mercadoria no porto</p><p>de destino, se determinando:</p><p>a) Declaração de Importação (DI).</p><p>b) Valor do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante</p><p>(AFRMM). Sempre e quando o frete for marítimo.</p><p>c) Valor do Adicional de Tarifas Aeroportuárias (ATA). Sempre e quando</p><p>o frete for aéreo (tal como para mercadorias perecíveis).</p><p>d) Taxa de Capatazia. Taxa pela movimentação de cargas nas instalações</p><p>portuárias.</p><p>e) Taxa de Armazenagem.</p><p>f) Despesas bancárias.</p><p>• Honorário Despachante Aduaneiro. Toda nacionalização de importação</p><p>deve ser feita por meio de um despachante aduaneiro.</p><p>• ICMS. O Imposto sobre a circulação de mercadorias entre Estados deve</p><p>ser pago no momento da saída da mercadoria da alfândega.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>180</p><p>• Transporte no território nacional. Podemos observar que são bastantes</p><p>despesas a serem consideradas, assim, é importante a programação sistemática</p><p>dos valores a serem pagos ao longo do processo de importação. De todos esses</p><p>custos, impostos e despesas, os de maior impacto na análise de precifi cação são os</p><p>seguintes:</p><p>• Valor Aduaneiro > Valor FOB + frete internacional + seguro.</p><p>• Imposto de Importação Valor aduaneiro vezes a taxa de imposto de</p><p>importação.</p><p>• IPI > Valor aduaneiro vezes a porcentagem do IPI.</p><p>• PIS > Valor aduaneiro vezes a porcentagem do PIS.</p><p>• COFINS > Valor aduaneiro vezes a porcentagem da COFINS.</p><p>Todas as alíquotas desses impostos devem ser pagas no momento do</p><p>registro de Declaração de Importação (DI). A seguir, podemos visualizar os</p><p>processos envolvidos na importação e sua precifi cação respectiva.</p><p>FIGURA 7 – FLUXO DE PROCESSOS ENVOLVIDOS NA IMPORTAÇÃO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.lenivam.com.br/servicos/importacao>. Acesso em: 24 set.</p><p>2016.</p><p>4.2 FORMAÇÃO DE PREÇO NA EXPORTAÇÃO</p><p>Assim como na importação, a empresa que deseja exportar deve fazer uma</p><p>análise do processo de exportação e assim determinar preços de venda ao exterior.</p><p>Além do processo de exportação em si, o exportador deve fi car atento a uma</p><p>série de fontes de fi nanciamento ao exportador e incentivos fi scais que o governo</p><p>proporciona às empresas exportadoras.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>181</p><p>O exportador deve prestar especial atenção nesses incentivos fiscais, pois</p><p>os custos de produção possuem um excesso de tributos e gastos logísticos que</p><p>muitas vezes inviabiliza as chances de exportar. O objetivo destes incentivos, tanto</p><p>financeiros como fiscais, é reduzir os impactos negativos do excesso de tributos</p><p>da economia brasileira, especialmente quando considerarmos a micro e pequena</p><p>empresa que deseja exportar. “Embora o sistema fiscal na exportação permita</p><p>a isenção e a possibilidade de crédito da maioria dos impostos, as mercadorias</p><p>exportadas ainda têm embutida a carga tributária. Mesmo a obtenção de créditos</p><p>para alguns impostos é morosa” (SOUSA, 2010, p. 74).</p><p>O excesso de tributação nos custos de produção fica ainda mais pesado</p><p>quando considerar a micro e pequena empresa que deseja exportar, “[...] observa-</p><p>se, no dia a dia do mercado, que a determinação do preço de exportação da</p><p>mercadoria tem sido um dos problemas mais comuns enfrentados pelas empresas</p><p>exportadoras, principalmente as micro, pequenas e médias, pois nem sempre</p><p>conseguem atingir os resultados desejados” (VIEIRA, 2010, p. 187).</p><p>Assim como na importação, existe uma série de elementos a serem</p><p>considerados na exportação, mas a análise de precificação no momento de</p><p>exportação deve ficar sob a ótica dos mercados internacionais e dinâmica destes.</p><p>• Competidores potenciais, analisar quais os competidores potenciais no</p><p>mercado de destino e, principalmente, deve-se pesquisar quais os preços praticados</p><p>pelos concorrentes internacionais.</p><p>• Comportamento dos consumidores, qual o perfil do consumidor, e quais</p><p>os hábitos e capacidade econômica do consumidor no país de destino.</p><p>• Comissão de agente, quais as comissões dos agentes ao longo da cadeia</p><p>internacional de comercialização da mercadoria.</p><p>• Despesas de propaganda, quais as necessidades de marketing para</p><p>viabilizar a exportação.</p><p>• Custos de produção, quais os custos e embalagens na exportação.</p><p>• Esquemas de financiamento à exportação, quais as fontes de</p><p>financiamento que ajudam a viabilizar a exportação.</p><p>• Tratamento tributário aplicável à exportação, quais os incentivos para</p><p>diminuir o peso dos tributos na exportação.</p><p>• Despesas de exportação, quais as despesas necessárias para fazer</p><p>acontecer a exportação, aqui podemos citar a embalagem específica para o mercado</p><p>de destino, despesas portuárias e despachante, frete e seguro ao longo da cadeia</p><p>logística até a mercadoria ser entregue ao importador.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>182</p><p>• Investimento, qual a necessidade de investimento para fazer acontecer a</p><p>exportação, incluindo novas tecnologias.</p><p>• Margem de lucro estimada, qual a rentabilidade desejada, considerando</p><p>o preço aceito no mercado internacional.</p><p>Muitas vezes, quando um exportador está interessado em exportar é</p><p>porque já possui experiência prévia tanto de produção como de comercialização</p><p>no mercado nacional. Com essa bagagem de conhecimento o exportador pode</p><p>determinar o preço de exportação, levantando uma análise da estrutura dos itens</p><p>que compõem o preço das mercadorias comercializadas no mercado interno e</p><p>observar quais itens devem ser excluídos e quais itens deverão ser acrescentados</p><p>na exportação. De acordo com Vieira (2010), os elementos do preço comercializado</p><p>no mercado nacional são:</p><p>• Custo de produção, insumos, mão de obra, processos e custos indiretos.</p><p>• Embalagem.</p><p>• Despesas administrativas.</p><p>• Despesas de comercialização e publicidade.</p><p>• Comissão de vendedor.</p><p>• Despesas financeiras.</p><p>• Margem de lucro.</p><p>• Impostos: ICMS. IPI. Cofins. PIS.</p><p>• Total = Preço de venda no mercado interno.</p><p>4.2.1 Valoração das exportações</p><p>Considerando todos os itens expostos acima, quem deseja exportar pode</p><p>apurar o preço da exportação. Dos itens expostos deve-se:</p><p>• Excluir todos os itens que fazem parte do preço do mercado interno, e</p><p>que não acontecem na exportação.</p><p>• Adicionar todos os itens que são apurados no preço da comercialização</p><p>internacional.</p><p>Segundo Vieira (2010), os fatores que fazem parte do preço comercializado</p><p>internacionalmente são:</p><p>a) Preço de comercialização nacional.</p><p>b) Excluir do preço nacional fatores da comercialização nacional, mas que</p><p>não acontecem na exportação.</p><p>• (-) Despesas de comercialização no mercado interno.</p><p>• Impostos nacionais: (-) ICMS. (-) IPI. (-) Cofins. (-) PIS.</p><p>• (-) Embalagem no mercado interno.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>183</p><p>• (-) Publicidade no mercado interno.</p><p>• (-) Despesas fi nanceiras no mercado interno.</p><p>c) Adicionar fatores de precifi cação que acontecem só na exportação.</p><p>• (+) Embalagem no mercado externo.</p><p>• (+) Comissão de agente (se houver).</p><p>• (+) Corretagem de câmbio (se houver).</p><p>• (+) Transporte de seguro internacional.</p><p>• (+) Despesas de comercialização no mercado externo.</p><p>• (+) Despesas com despachantes.</p><p>• (+) Despesas fi nanceiras.</p><p>d) Total = preço do mercado externo. Preço de exportação = (a) – (b) + (c)</p><p>Acabamos de ver um marco geral dos itens a serem considerados, os itens</p><p>a serem excluídos e os itens a serem acrescentados, levando em consideração uma</p><p>estrutura de produção e comercialização para o mercado nacional que será acoplada</p><p>à exportação. Devemos observar que é somente um marco, cada exportação,</p><p>dependendo do produto e especifi cações técnicas, possui suas particularidades</p><p>únicas da empresa e, aliás, do momento da exportação. Como um todo, temos o</p><p>seguinte fl uxograma a ser considerado na precifi cação da exportação.</p><p>FIGURA 8 – FLUXO DE PROCESSOS ENVOLVIDOS NA EXPORTAÇÃO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.lenivam.com.br/servicos/exportacao>. Acesso em: 24 set.</p><p>2016.</p><p>Levando em consideração o que vimos, como podemos apurar o preço</p><p>de exportação? Para exemplifi car, veremos um caso prático, supondo que iremos</p><p>exportar equipamento industrial que já vem se comercializando no mercado</p><p>nacional, ou seja, existe todo um histórico de custos e de precifi cação, mas nacional.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>184</p><p>A exportação pode ser feita de maneira direta ou indireta. Se for direta, a</p><p>empresa exportadora realizará o processo de internacionalização. Se for indireta, o</p><p>exportador encaminha, por meio de uma fatura comercial, a mercadoria ainda no</p><p>território nacional para uma trading company,</p><p>vamos supor.</p><p>O preço do equipamento, de produção nacional e comercializado nos</p><p>estados brasileiros, é de R$ 2.910,00. Nesse contexto, a seguir iremos analisar duas</p><p>situações: preço de exportação sem agente no exterior, e preço de exportação com</p><p>agente.</p><p>DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE EXPORTAÇÃO COM AGENTE NO</p><p>EXTERIOR</p><p>Como estudamos anteriormente, a exportação por meio de uma trading</p><p>company é utilizada maioritariamente para empresas de porte médio e pequeno,</p><p>evitando tempo em gestão e gastos de departamentos de comércio exterior que</p><p>não justificam para empresas que não geram grandes volumes de exportação, ou</p><p>se estão iniciando no mercado internacional. Segundo o autor Barbosa (2004, p.</p><p>216):</p><p>O método da exportação indireta, considerado o mais amplamente</p><p>utilizado, principalmente pela grande maioria das empresas que apenas</p><p>estão dando início às suas atividades de exportação, se caracteriza,</p><p>primordialmente, pelo fato de o fabricante/exportador poder transferir</p><p>todos os encargos, responsabilidades e funções inerentes ao processo de</p><p>venda internacional para os chamados intervenientes ou intermediários</p><p>com base doméstica, ou seja, sediados legalmente no país de origem da</p><p>empresa exportadora/fabricante.</p><p>Quando se considera a exportação um agente intermediário, tal como uma</p><p>trading company, o exportador deverá acrescentar na sua análise de precificação duas</p><p>despesas, comissão de deslocamento de carga e comissão do agente intermediário,</p><p>acrescentando assim duas taxas ao preço final:</p><p>• Porcentagem de serviço deslocamento, isto é, despesa de movimentação</p><p>da mercadoria até seu efetivo embarque. É comum considerar um acréscimo de</p><p>gasto de transporte em 2,50% sobre o valor FOB.</p><p>• Porcentagem de serviço do agente intermediário, ou empresa Interveniente</p><p>no Brasil. Assim, deverá ser acrescentado o valor de venda à comissão base do</p><p>agente, é comum uma comissão de 5% sobre o valor FOB.</p><p>Contudo, o gasto de realizar uma exportação indireta será de</p><p>aproximadamente 7,50% do valor FOB. Se o exportador realizar a exportação</p><p>de maneira direta, e se não tiver volume suficiente de exportação que justifique</p><p>economia de escala, provavelmente terá um custo bem maior que esse 7,50%.</p><p>Eis um dos grandes motivos, além do tempo da gestão, porque os exportadores</p><p>pequenos preferem executar a exportação de maneira indireta.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>185</p><p>Devemos considerar que um grande exportador, provavelmente por</p><p>questões de altos volumes, terá um custo unitário de mercadoria vendida menor</p><p>que esse 7,50% gasto em deslocamento até o porto de embarque e gasto na gestão</p><p>da exportação. Inclusive, terá o controle e o contato direto com os mercados</p><p>internacionais. Nesse sentido, o exportador pequeno e médio deve considerar todos</p><p>estes elementos, isto é, o custo/benefício econômico e de estratégia no momento de</p><p>escolher por uma exportação direta ou indireta.</p><p>Nesta unidade focamos nossos estudos às questões operativas de fazer</p><p>acontecer o comércio exterior brasileiro, desde como são classificadas as mercadorias</p><p>por meio da NCM, níveis de responsabilidade das partes envolvidas, modalidades</p><p>de pagamento, até definições de precificação. E uma das partes mais interessantes</p><p>dos tópicos que você acabou de estudar são as modalidades de pagamento. Diante</p><p>disso, convidamos vocês a se aprofundarem nesse assunto lendo o artigo sobre as</p><p>alternativas atuais do Financiamento à Exportação e o Mercado Cambial.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>186</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO</p><p>Fernando Nogueira da Costa</p><p>Felipe Marques e Vinícius Pinheiro informam que, na “sopa de letrinhas”</p><p>das siglas de operações de financiamento à exportação, duas modalidades vêm</p><p>ganhando espaço às custas do Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). São</p><p>as Cédulas ou Notas de Crédito à Exportação (CCE e NCE), que têm base em reais.</p><p>Herança da ditadura militar e regulamentadas na década de 70, essas linhas foram</p><p>reabilitadas em 2012, quando o governo estabeleceu entraves para restringir a</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>187</p><p>entrada de dólares no Brasil e deixou mais caras as linhas de pré-pagamento. As</p><p>medidas foram suspensas no fim de 2012, mas esses dois instrumentos continuaram</p><p>a fazer parte do leque no exportador.</p><p>São operações que têm prazos um pouco maiores que os do ACC, mas que</p><p>também cumprem papel de capital de giro para os exportadores. Costumam ter</p><p>taxas um pouco maiores, mas como são linhas em que há mais flexibilidade que o</p><p>ACC na vinculação ao fluxo da exportação, têm atraído empresas.</p><p>A NCC e a NCE estão crescendo, justamente por ter maior flexibilidade</p><p>no fluxo. O prazo médio também é um pouco maior, ficando próximo de um ano.</p><p>Um termômetro do declínio do ACC e do Adiantamento de Cambiais</p><p>Entregues (ACE) é que o estoque dessas operações fechou 2013 com queda de</p><p>7,5%, em R$ 42,48 bilhões, segundo o BC. Já o saldo das operações que a autoridade</p><p>classifica como financiamento à exportação – que inclui as NCC, NCE e as “export</p><p>notes” – vem crescendo, mostrando a substituição do ACC. O estoque dessas</p><p>operações fechou 2013 em R$ 50,34 bilhões, com avanço de 36,5% no acumulado</p><p>de 12 meses. O prazo médio das concessões, de acordo com o BC, girou perto de</p><p>20 meses ao longo do ano passado.</p><p>“A perspectiva para as exportações é ruim para 2014, o que deve afetar as</p><p>operações de financiamento, em especial o ACC”, afirma José Augusto de Castro,</p><p>presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Na visão dele, o</p><p>volume de pré-pagamentos é mais resistente nesse cenário, uma vez que inclui</p><p>também operações entre matriz e filial externa, que ajudam a incrementar essa</p><p>linha.</p><p>As empresas brasileiras estão aumentando os prazos de suas operações</p><p>de financiamento à exportação. Com o temor da volatilidade típica do período</p><p>eleitoral no segundo semestre, os exportadores diminuíram a procura por crédito</p><p>de curto prazo (ACC e ACE), que foi por muito tempo a principal opção no</p><p>financiamento ao comércio exterior. Essas companhias têm preferido operações de</p><p>duração maior, como o pré-pagamento à exportação.</p><p>Dados do Banco Central (BC) mostram que o volume de câmbio contratado</p><p>para operações de pagamento antecipado (que incluem o pré-pagamento à</p><p>exportação) foi recorde em 2013, na série histórica que começa em 1995. Foram US$</p><p>62,6 bilhões contratados na linha, um avanço de 55,3% na comparação com o ano</p><p>anterior. 2014 começou forte para a modalidade, com US$ 6,3 bilhões contratados.</p><p>Na contramão, o volume de câmbio contratado para o adiantamento de contrato</p><p>de câmbio (ACC) recuou 19,6%, para US$ 38,3 bilhões.</p><p>“O ACC é uma operação de muito curto prazo. Em um momento de</p><p>volatilidade, os exportadores têm preferido tomar o pagamento antecipado”,</p><p>afirma Paulo Cesar Souza, executivo do global banking do HSBC. O nervosismo</p><p>com o período eleitoral contribuiu para acentuar esse movimento, afirma.</p><p>UNIDADE 3 | A NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OS INCOTERMS</p><p>188</p><p>O crescimento das linhas de pré-pagamento à exportação ocorreu após o</p><p>fim das restrições impostas em 2012. Em meio ao temor de uma “guerra cambial”,</p><p>o governo lançou mão de uma série de medidas que travaram as operações. A mais</p><p>importante foi a ampliação para cinco anos do prazo mínimo de linhas de pré-</p><p>pagamento que ficavam isentas de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras</p><p>(IOF). O ACC escapou dessa tributação, o que provocou uma corrida para</p><p>a modalidade. Antes de 2012 acabar, o governo voltou atrás e o prazo mínimo</p><p>para isenção do IOF caiu para um ano, liberando a demanda reprimida por</p><p>financiamentos de maior prazo.</p><p>A farta liquidez entre os bancos, na medida em que o apetite das empresas</p><p>por crédito diminuiu fortemente no último ano, também contribui para o aumento</p><p>de operações de prazo maior. “Os bancos estão com liquidez disponível para essas</p><p>operações, em especial em prazos mais longos”,</p><p>desdobrados em dois grandes</p><p>grupos:</p><p>• Descobrimentos nos processos produtivos. Invenções e inovações fundamentais</p><p>para a cadeia produtiva dessa época e de hoje:</p><p>o A locomotiva (1813), quase essencial para o transporte de mercadorias e</p><p>pessoas.</p><p>o Máquina de costura (1830), base da indústria têxtil de hoje.</p><p>o Máquina analítica (1835), a base inicial dos sistemas de informação.</p><p>o Código Morse e telégrafo (1835), início da transmissão de mensagens em</p><p>tempo real.</p><p>o Telefone (1876), essencial para a comunicação distante em tempo real.</p><p>o Motor de combustão interna (1858), o início de toda uma indústria que</p><p>transformou a maneira como mercadorias e pessoas são deslocadas.</p><p>o Turbina de vapor (1884), essencial para a geração de energia elétrica.</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>6</p><p>o Plástico (1862). Onde não há plástico? Aliás, hoje é um problema ambiental</p><p>de grande escala.</p><p>• Descobrimentos que ajudaram as necessidades dos consumidores. Além</p><p>do aumento expressivo da produtividade graças às invenções expostas</p><p>anteriormente, existem mais outras que transformaram o comportamento</p><p>do consumidor, tais como: Fotografia (1837-1839); Papel higiênico (1857);</p><p>Cinematógrafo (1895); Aspirador de pó; Pasteurização (1856); Caldo concentrado</p><p>(1873), marcas como Maggi e Knorr começaram a comercializar seus produtos</p><p>desde essa época.</p><p>Acabamos de observar somente algumas das grandes inovações e</p><p>descobrimentos do século XIX. Esses descobrimentos, e outros, transformaram o</p><p>mundo de maneira que a civilização nunca antes tinha experimentado. Fato que</p><p>trouxe um desenvolvimento econômico acelerado na maioria dos países atuais,</p><p>momento da história econômica conhecida como a época de industrialização.</p><p>O século XIX é a época do desenvolvimento industrial, comercial e</p><p>econômico galopante da economia mundial. Nunca antes se havia experimentado</p><p>tal fenômeno, o mundo como um todo não voltaria a ser o mesmo. Além de</p><p>impactos sociais, um dos efeitos desse grande desenvolvimento foi o excesso de</p><p>produtividade e o aumento constante de novos fornecedores vindos de dentro</p><p>e de fora dos territórios nacionais. Resultado disso? Uma explosão no comércio</p><p>internacional, mercadorias de consumo saindo para diversos países, assim como</p><p>insumos vindos de diversos países entravam na cadeia produtiva e de consumo,</p><p>gerando um período de comércio nunca antes visto na história da humanidade.</p><p>2.2 GRANDE DEPRESSÃO DE 1929</p><p>No início do século XX essa onda de aumento da produtividade e comércio</p><p>mundial continuou aumentando, aceleradamente, nos primeiros anos do século</p><p>passado. Cabe destacar que nos primeiros anos - e décadas - do século XX começou</p><p>a produção em massa da indústria automobilística. Com o lançamento do “Modelo</p><p>T” da Ford, Henry Ford iniciou a massificação na produção e comercialização de</p><p>automóveis. O “Modelo T” foi lançado no mercado no ano de 1908 e só acabou</p><p>sua comercialização em 1927, foram 19 anos de sucesso comercial! No que tange,</p><p>especificamente, ao comércio internacional, a inovação e o aprimoramento das</p><p>máquinas a vapor fizeram com que o transporte marítimo de mercadorias e pessoas</p><p>só viesse a aumentar, especialmente nas primeiras décadas do século XX.</p><p>Nesse cenário de explosão industrial e comercial, a economia mundial só</p><p>vinha crescendo ano após ano, em especial na nova grande economia da época, os</p><p>Estados Unidos. Resultado? A economia dos Estados Unidos e do mundo industrial</p><p>tinha se aquecido demais, os mercados comerciais e financeiros internacionais</p><p>só experimentavam resultados econômicos positivos, tudo era ótimo e feliz no</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>7</p><p>mundo das empresas capitalistas. No entanto, os mercados financeiros, como um</p><p>todo, estavam à beira de um colapso.</p><p>Colapso que veio à tona com o estouro da Bolsa de Valores de Nova</p><p>York. Logo depois a crise se espalhou na economia real, refletindo em falências e</p><p>desemprego em grande escala, tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo.</p><p>Assim foi o início da Grande Depressão, que ficou por vários anos causando</p><p>estragos estruturais na economia mundial.</p><p>Poderíamos analisar a Grande Depressão por diferentes aspectos, mas isso</p><p>quitaria espaço para os demais temas interessantes deste caderno. O que podemos</p><p>dizer da Grande Depressão é que nessa época o comércio internacional sofreu uma</p><p>grande contração, os países começaram a se fechar e os interesses próprios, aliás,</p><p>exacerbados, levaram para crises contínuas.</p><p>Aliás, foi nessa época que tiveram início os governos fascistas da Alemanha,</p><p>Itália e Espanha. E o resultado? Entre outros fatores históricos/socioeconômicos</p><p>– a Segunda Guerra Mundial. Época que todos nós conhecemos, que foi muito</p><p>negativa para o mundo, porém, época que também trouxe grandes aprendizados,</p><p>como veremos a seguir.</p><p>2.3 CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL APÓS A</p><p>SEGUNDA GUERRA MUNDIAL</p><p>Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, nada seria igual, uma</p><p>nova fase da história moderna estava começando. Duas grandes potências novas</p><p>ficaram como líderes do cenário mundial, os Estados Unidos e a União Soviética, a</p><p>primeira representava o capitalismo e o comércio livre entre as nações, a segunda</p><p>representava o socialismo extremo ou comunismo.</p><p>Esse conflito entre duas maneiras opostas de enxergar e fazer economia é</p><p>que gerou a conhecida “Guerra Fria”, briga ideológica e de armamento em grande</p><p>escala entre o mundo capitalista e o mundo socialista/comunista. Guerra Fria que</p><p>por grande sorte da humanidade nunca passou a se materializar em uma guerra</p><p>mundial, mas instalou-se como uma ameaça constante e perigosa, de grandes</p><p>repercussões mundiais, por várias décadas.</p><p>Por meio da liderança dos Estados Unidos é que a partir de 1945 se iniciou</p><p>um processo de reorganização internacional, e no que diz respeito ao comércio</p><p>internacional algumas mudanças importantes aconteceram. Nessa época, perante</p><p>a reconstrução das relações internacionais, os países precisavam reorganizar e</p><p>reestruturar o comércio internacional.</p><p>Assim, nesse ambiente de cooperação entre países foi que tiveram início</p><p>as negociações para a criação de órgãos internacionais de controle e ajuda ao</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>8</p><p>comércio internacional. Inclusive, estas negociações entre as nações iniciaram um</p><p>pouco antes de terminar a Segunda Guerra Mundial, em julho de 1944, em Bretton</p><p>Woods – EUA. Nessa data foi concluído e firmado o primeiro grande acordo, o</p><p>nascimento de três grandes organismos internacionais que visam ao controle</p><p>e incentivo comercial e financeiro entre as nações do mundo. Aliás, órgãos e</p><p>acordos internacionais ativos até os dias de hoje.</p><p>Os organismos internacionais definidos e normatizados por meio de acordos</p><p>internacionais em Bretton Woods foram: O Fundo Monetário Internacional</p><p>(FMI); o Banco Mundial; e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT).</p><p>A partir de 1993 as funções e acordos comerciais do GATT passaram ao comando</p><p>da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mais adiante iremos abordar com</p><p>maior detalhe as funções de cada um destes órgãos internacionais.</p><p>2.4 NOVO CENÁRIO MUNDIAL DAS PRIMEIRAS DÉCADAS</p><p>DO SÉCULO XXI</p><p>A partir da última década do século passado, quando as atividades do</p><p>GATT passaram a ser parte do recente órgão internacional para o comércio mundial</p><p>– Organização Mundial do Comércio (OMC) –, as inter-relações comerciais entre</p><p>os países só vêm aumentando. Até finais do século XX os mercados mundiais</p><p>estavam concentrados, principalmente, entre os países desenvolvidos, liderados</p><p>pelos EUA, Europa e o Japão, enquanto os países em desenvolvimento eram</p><p>maioritariamente fornecedores de commodities. Assim, as grandes tendências da</p><p>economia internacional ficavam em função da liderança dos países desenvolvidos.</p><p>Commodity é um termo que vem do inglês e significa mercadorias sem valor</p><p>agregado, em sua maioria, matéria-prima, com grau padrão, ou uniforme, sem diferenciação,</p><p>que podem ser comercializadas</p><p>diz o executivo do HSBC, que</p><p>conta que os prazos giram perto de três anos e podem chegar a cinco. Os tíquetes</p><p>também aumentaram, afirma.</p><p>O pré-pagamento é comumente usado por exportadores para trazer ao</p><p>país os dólares captados no exterior (via bônus ou contratação de empréstimo). Ao</p><p>fechar o pré-pagamento, o dinheiro entra no Brasil com isenção fiscal – sem IOF</p><p>em contratos de até cinco anos – e também sem incidência de Imposto de Renda</p><p>(IR) na saída do país para pagamento de juros. No começo deste ano, a Petrobras</p><p>fez uma captação de 3,8 bilhões. Em maio do ano passado captou US$ 11 bilhões,</p><p>que também engordaram a contratação de câmbio.</p><p>“É difícil separar no universo do pré-pagamento o que é simplesmente</p><p>internalização de recursos, ou operações dentro de um mesmo grupo, e o que é</p><p>um empréstimo propriamente”, afirma Adoniro Cestari, responsável pela área de</p><p>produtos corporativos do Citibank. Ainda assim, o executivo afirma que a procura</p><p>dos exportadores por linhas mais longas cresce. “O número de conversas com</p><p>empresas aumentou neste ano, mas os negócios ainda não estão fechados”, diz,</p><p>destacando a demanda do setor de agronegócio pelas linhas.</p><p>Com a piora dos mercados e a alta dos juros no país, o custo das linhas</p><p>externas hoje é considerado mais competitivo na comparação com os empréstimos</p><p>locais. Os recursos tomados via ACC também contam com a isenção de IOF.</p><p>A pedido do Valor, uma instituição financeira fez uma simulação de taxas</p><p>nas duas linhas. Para uma empresa com baixo risco de crédito – do grupo das</p><p>melhores do país – o custo do ACC fica na casa de 0,3% a 0,5% ao ano, sobre</p><p>a taxa de referência Libor. Como a demanda está baixa pela linha, as taxas têm</p><p>caído, afirma esse banqueiro. No caso do pré-pagamento de cinco anos, as taxas</p><p>para uma empresa semelhante ficam entre 1,5% a 1,8% ao ano, sobre a Libor, ou</p><p>seja, contratar o pré-pagamento é mais caro, mas o ACC precisa estar rigidamente</p><p>atrelado ao fluxo comercial da exportação, além de ter um prazo médio de sete</p><p>meses.</p><p>TÓPICO 3 | MODALIDADE DE PAGAMENTOS E COMERCIALIZAÇÃO INTERNACIONAL</p><p>189</p><p>As linhas de pré-pagamento também são consideradas mais adequadas em</p><p>tempos de maior volatilidade no câmbio, segundo Miguel Albero, superintendente</p><p>de “trade finance” do Santander. “Com prazos mais longos, o exportador consegue</p><p>planejar melhor o financiamento”, diz.</p><p>Diante da oscilação esperada para os próximos meses, a tendência é que a</p><p>procura por linhas mais longas continue, mas a demanda por crédito, de um modo</p><p>geral, dependerá do desempenho das vendas externas, que por enquanto não dão</p><p>sinais de reação, apesar do câmbio mais favorável. “O dólar valorizado ajuda a</p><p>aumentar a rentabilidade para o exportador, mas a procura por financiamentos</p><p>está mais ligada à demanda internacional por commodities”, diz o executivo do</p><p>Santander.</p><p>FONTE: Disponível em: <https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/03/14/</p><p>financiamento-a-exportacao/>. Acesso em: 25 set. 2016.</p><p>190</p><p>Neste tópico, você aprendeu sobre:</p><p>• As diferentes opções de modalidades de pagamentos disponíveis no momento</p><p>de realizar uma comercialização internacional.</p><p>• A classificação das modalidades de pagamentos em três grandes grupos:</p><p>Modalidade Antecipada, à vista e a prazo. Observando que entre estas três</p><p>classificações existe um leque de possibilidades de pagamentos.</p><p>• Os níveis de riscos, tanto para o exportador como para importador, no momento</p><p>de escolher uma determinada modalidade de pagamento.</p><p>• Os canais de comercialização internacional, resumindo estas em comercialização</p><p>direta e indireta.</p><p>• A escolha de uma comercialização direta ou indireta depende em grande parte</p><p>do tamanho e volume das exportações, ou importações, da análise do custo/</p><p>benefício e das estratégias comerciais inerentes às empresas.</p><p>• O preço de importação é um reflexo da estrutura de custos de todo os processos,</p><p>desde o embarque, nacionalização e destino final da mercadoria mais o valor do</p><p>lucro desejado na comercialização.</p><p>• A precificação da importação, que deve considerar os seguintes elementos do</p><p>processo de importação: preço FOB, Incoterm, transporte, valor aduaneiro,</p><p>NCM, impostos de importação, taxas na alfândega, Honorário Despachante</p><p>Aduaneiro, ICMS, Transporte Nacional e valor de lucro desejado.</p><p>• A precificação da exportação, que deve considerar os seguintes elementos:</p><p>Competidores potenciais, Comissão de agente, Despesas de propaganda, Custos</p><p>de produção, financiamento, Tratamento tributário, Despesas de exportação,</p><p>investimento, margem de lucro.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>191</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 No momento da comercialização internacional deve estar claramente</p><p>definida a modalidade de pagamento para fins de gestão da documentação.</p><p>Exponha quais os três grandes grupos de modalidades de pagamento e como</p><p>é feita a entrega da documentação para o importador nestas modalidades de</p><p>pagamento.</p><p>2 Entre as diferentes modalidades de pagamentos temos as remessas sem e</p><p>com saque. Defina tanto a remessa sem saque como a com saque e estabeleça</p><p>a diferença ente elas.</p><p>3 A L/C fornece uma série de garantias tanto de execução operativa/logística</p><p>como financeira. Desse modo, a segurança da L/C é estabelecida nos seus</p><p>termos de negociação definidos pelas partes envolvidas. Esses termos são</p><p>expostos por meio das cláusulas de L/C. Exponha e explique os elementos</p><p>essenciais que devem conter essas cláusulas.</p><p>4 No comércio internacional existe a comercialização direta e indireta.</p><p>Diferencie esses dois tipos de comercialização.</p><p>5 Para uma correta precificação é importante definir o custo unitário da</p><p>mercadoria para assim podermos definir o preço ideal. Em termos da</p><p>análise de custos da importação deve-se considerar a apuração dos custos e</p><p>despesas da estrutura dos processos da importação. Exponha quais as partes</p><p>da importação que fazem parte desta estrutura de custos e saída de caixa da</p><p>empresa.</p><p>192</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABIMAQ. Barreiras não Tarifárias. Disponível em: <http://www.abimaq.org.br/</p><p>site.aspx/Barreiras-Tarif%C3%A1rias-e-n%C3%A3o-tarif%C3%A1rias>. Acesso</p><p>em: 22 jul. 2016.</p><p>ADUANEIRAS. Enciclopédia Aduaneiras. Disponível em: <http://</p><p>enciclopediaaduaneira.com.br/secex-haroldo-gueiros/>. Acesso em: 16 maio 2016.</p><p>BANCO MUNDIAL. Disponível em: <http://datos.bancomundial.org/pais/china>.</p><p>Acesso em: 29 maio 2016.</p><p>BARBOSA, Paulo Sérgio. Competindo no Comércio Internacional. 1. ed. São</p><p>Paulo: Aduaneiras, 2004.</p><p>BRASIL ESCOLA. O Comércio e a Escrita Entre os Fenícios. Disponível em:</p><p><http://brasilescola.uol.com.br/historiag/o-comercio-escrita-entre-os-fenicios.</p><p>htm>. Acesso em: 20 set. 2016.</p><p>BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Disponível em: <http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm>. Acesso</p><p>em: 18 maio 2016.</p><p>BRASIL. Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962. Disponível em: <http:// http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4131.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.</p><p>CAMEX. Câmara de Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.camex.</p><p>gov.br/conteudo/exibe/area/1/menu/77/CAMEX%20-%20%C3%81reas%20de%20</p><p>Atua%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 12 maio 2016.</p><p>COSTA, Armando J. Dalla; SANTOS, Elson R. de Souza. Estratégias e negócios</p><p>das empresas diante da internacionalização. Curitiba: Xibpex, 2011.</p><p>JORNAL GLOBO. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/</p><p>noticia/2015/10/negociacoes-sobre-livre-comercio-no-pacifico-alcancam-acordo-</p><p>historico-20151005105508656188.html>. Acesso em: 29 maio 2016.</p><p>KOTABE, Masaaki; HELSEN, Kristiaan. Administração de marketing global.</p><p>São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional. 8. ed. São</p><p>Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.</p><p>KUAZAQUI, Edmir. Marketing internacional. Desenvolvendo Conhecimentos</p><p>e Competências em Cenários Globais. São Paulo: M. Books do Brasil Editora</p><p>Ltda., 2007.</p><p>193</p><p>LOPEZ, José M. Cortiñas; GAMA, Marliza. Comércio exterior competitivo. 3. ed.</p><p>São Paulo: Aduaneiras. 2007.</p><p>LUZ, Rodrigo. Comércio internacional</p><p>na bolsa de valores, tais como: petróleo, minério de ferro,</p><p>grão de soja, milho, café etc.</p><p>Esse cenário praticamente estabelecido durante décadas estava prestes a</p><p>mudar e se materializar a partir do ano 2000. A mudança do cenário mundial possui</p><p>dois grandes elementos de análise econômica e histórica: o crescimento acelerado</p><p>das economias em desenvolvimento, e a grande crise internacional do ano 2008;</p><p>e o crescimento econômico acelerado das economias menos desenvolvidas a</p><p>partir de 1990.</p><p>Entre os países de economia menos desenvolvida vale a pena analisar,</p><p>especialmente, a China, seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu na média de</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>9</p><p>9% ao ano desde a década de 1980, época na qual esse país começou a abrir sua</p><p>economia ao mundo.</p><p>GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO DO PIB E DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DA CHINA DESDE</p><p>1980</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.perpe.es/2013/07/17/oc10813/>. Acesso em: 14 maio 2016.</p><p>Qual o resultado desse crescimento econômico galopante? Ao observar o</p><p>gráfico, a China passou de um PIB de menos de US$ 500 bilhões no ano de 1980</p><p>para mais de US$ 5 trilhões no ano 2010! De acordo com dados do Banco Mundial,</p><p>o PIB da China, no ano 2014, foi de US$ 10,4 trilhões. Esse crescimento econômico</p><p>único no globo tornou a China a segunda potência econômica do mundo, fato que</p><p>há duas décadas era inimaginável.</p><p>As outras economias subdesenvolvidas também tiveram crescimentos</p><p>econômicos relevantes, porém, bem menores que o da China. O Brasil também</p><p>passou de uma economia de pouco impacto no cenário mundial há duas décadas,</p><p>para ser hoje uma das maiores economias do mundo. Vamos dar uma olhada</p><p>no gráfico das maiores economias (excluindo a China) com nível médio de</p><p>desenvolvimento:</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>10</p><p>GRÁFICO 2 – CRESCIMENTO DO PIB DO BRASIL, ÍNDIA E RÚSSIA DESDE 1980</p><p>FONTE: Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD>. Acesso em: 14</p><p>maio 2016.</p><p>Do gráfico exposto podemos observar que:</p><p>• O Brasil passou de um PIB de US$ 235 bilhões, em 1980, para US$ 2.2 trilhões em</p><p>2012.</p><p>• A Índia passou de US$ 190 bilhões para US$ 1,9 trilhões em 2012.</p><p>• A Rússia passou de US$ 506 bilhões, em 1989, para US$ 2,1 trilhões em 2012.</p><p>Cabe observar que a Rússia só possui dados a partir de 1989, antes disso fazia</p><p>parte, como o Estado principal, da ex-União Soviética.</p><p>De todos esses dados expostos acima sobre a China, o Brasil, a Rússia e a</p><p>Índia, o que podemos observar? Basicamente, esses Estados passaram de ostentar</p><p>um papel secundário para um papel de liderança no cenário mundial a partir do</p><p>ano 2000. Assim como estes países de tamanhos continentais, também poderíamos</p><p>adicionar mais outros, mas de tamanhos menores, países tais como: México, Chile,</p><p>Colômbia, Peru, alguns países asiáticos, entre outros. Todos eles com crescimentos</p><p>econômicos relevantes.</p><p>Destes países menores, ao comparar com o Brasil, devemos dar uma olhada</p><p>especial para o Chile. País que atingiu um grau de desenvolvimento econômico</p><p>quase de primeiro mundo. O Chile teve um PIB de US$ 280 bilhões em 2012, mas</p><p>com uma população de só 17 milhões de pessoas, ou seja, em termos de riqueza</p><p>média, o país possui o melhor nível de desenvolvimento da América Latina.</p><p>Como um todo e com a liderança das maiores economias de desenvolvimento</p><p>médio (tais como a China e o Brasil), os países em vias de desenvolvimento passaram</p><p>a ter maior peso na economia mundial, portanto, maior impacto nas transações</p><p>comerciais globais. Isto é de grande importância no momento de analisar como o</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>11</p><p>cenário comercial atual está sendo articulado, especialmente a partir do ano 2008,</p><p>quando aconteceu a grande crise econômica dos países desenvolvidos.</p><p>A crise econômica mundial de 2008</p><p>Durante o segundo semestre de 2008 a bolha imobiliária dos Estados</p><p>Unidos estourou. Com exceção de poucos economistas e profissionais financeiros,</p><p>ninguém esperava o grande impacto negativo que isso teria no mercado financeiro</p><p>e de valores. Em setembro de 2008, um dos maiores bancos de investimento do</p><p>mundo foi à falência, a famosa instituição financeira Lehman Brothers. Este banco</p><p>esteve no mercado financeiro desde o ano 1850 até setembro de 2008, portanto</p><p>foram 158 anos de atividade bancária.</p><p>Assista ao filme “A Grande Aposta”. Esse filme retrata como estourou a bolha</p><p>imobiliária e financeira e suas repercussões internacionais.</p><p>Imediatamente após a falência desta instituição, a Bolsa de Valores de Nova</p><p>York despencou e um efeito em cadeia se espalhou pela economia real dos Estados</p><p>Unidos e do mundo, situação bem semelhante à Grande Depressão de 1929.</p><p>Depois de setembro de 2008, uma série de bancos e multinacionais começaram a ir</p><p>à falência também, entre estas empresas, a General Motors.</p><p>A diferença é que na recente crise de 2008 o governo dos Estados Unidos</p><p>realizou uma operação de salvatagem financeira em grande escala para socorrer</p><p>diversas corporações financeiras e industriais. Hoje, ao contrário da Grande</p><p>Depressão, as economias modernas possuem ferramentas para amortizar esse tipo</p><p>de grandes crises econômicas.</p><p>Talvez você esteja se perguntando, qual o significado da palavra salvatagem? A</p><p>palavra salvatagem significa executar um conjunto de medidas objetivando o resgate logo</p><p>após um desastre.</p><p>Apesar da grande salvatagem feita pelo governo dos EUA, assim como</p><p>pelos governos europeus para salvar suas economias, a crise espalhou-se pelo</p><p>mundo com grande força. Ainda hoje, economias europeias estão lutando com as</p><p>sequelas do terremoto econômico.</p><p>DICAS</p><p>NOTA</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>12</p><p>Após ter ido à falência, a General Motors fez uma engenharia financeira e de</p><p>processos de produção, conseguindo pagar a bilionária salvatagem do governo dos EUA. Veja</p><p>na íntegra o artigo de opinião do jornal O Estado de São Paulo: <http://economia.estadao.</p><p>com.br/noticias/geral,gm-sera-terceira-maior-falencia-da-historia-dos-eua,380334>.</p><p>O interessante dessa grande crise – aliás, a pior desde 1929 – é que as</p><p>economias em desenvolvimento, como o Brasil, tiveram só um impacto menor,</p><p>ou seja, o grande motor da economia mundial já não estava somente nos EUA,</p><p>Europa e Japão. O desenvolvimento da crise de 2008 deixou claro esse recado.</p><p>No século passado, qualquer crise econômica do mundo desenvolvido deixava as</p><p>economias em desenvolvimento à beira de quebrar. O Brasil e os demais países</p><p>da América Latina são um exemplo disso, com várias salvatagens financeiras do</p><p>Fundo Monetário Internacional (FMI).</p><p>Um dos grandes motivos desse impacto menor da crise econômica de 2008</p><p>nos países como o Brasil foi o motor econômico da China, aliás, a maioria das</p><p>economias em desenvolvimento começou a crescer novamente a partir do ano</p><p>2010. A China, apesar da crise, continuou crescendo aceleradamente, entre 8% e</p><p>9% ao ano, e dado seu grande tamanho, a procura por commodities por parte deste</p><p>país só continuou aumentando. Resultado? Economias como o Brasil mantiveram</p><p>o aumento em suas exportações.</p><p>Eis um novo peso na economia mundial que no século XX não existia,</p><p>a liderança econômica de países em desenvolvimento. Hoje, já não é somente</p><p>o sucesso das economias desenvolvidas que mantém o motor econômico e</p><p>comercial do mundo, grande parte desse motor depende também dos países em</p><p>desenvolvimento, como a China, o Brasil, a Índia, o México, entre outros, fato que</p><p>o gráfico a seguir demonstra.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>13</p><p>GRÁFICO 3 – PIB DE PAÍSES DESENVOLVIDOS E EM DESENVOLVIMENTO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.imf.org/external/index.htm>. Acesso em: 14 maio 2016.</p><p>A partir do gráfi co acima, podemos observar que em 1980 os países</p><p>desenvolvidos possuíam 60% da economia mundial, entretanto, os países em</p><p>desenvolvimento possuem cerca de 40%. Hoje, e desde o ano 2012,</p><p>os países em</p><p>desenvolvimento possuem mais de 50% da economia global. Isto demanda uma</p><p>série de implicações de impacto internacional. O que acontece hoje no Brasil, e em</p><p>outros países, traz atenção imediata dos mercados internacionais. Antigamente o</p><p>que acontecia aqui tinha um impacto mínimo nos mercados globais.</p><p>Dos países em desenvolvimento, o que possui maior atenção mundial é</p><p>a China, o que acontece lá impacta imediatamente os quatro cantos do mundo,</p><p>literalmente. Eis uma das grandes preocupações a partir do ano 2015, pois a China</p><p>vem apresentando uma série de questionamentos muito sérios da real situação de</p><p>sua economia. A partir do ano 2014, a procura de commodities da China vem caindo,</p><p>consequentemente as economias exportadoras de commodities, como o Brasil, vêm</p><p>apontando uma série de problemas econômicos.</p><p>Acabamos de nos informar sobre como funciona a dinâmica do atual cenário</p><p>econômico. O divisor de águas é a crise de 2008, data na qual fi cou marcada a real</p><p>importância e peso comercial na economia global dos países em desenvolvimento.</p><p>O foco de todo este breve histórico econômico mundial é de entender a importância,</p><p>como um todo, tanto dos mercados dos países desenvolvidos como dos países</p><p>em desenvolvimento. Antigamente, todos os países desejavam exportar para os</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>14</p><p>Estados Unidos, Europa e Japão. Hoje, o foco é praticamente “o mundo”, com</p><p>especial atenção nas grandes potências econômicas, isto é, os EUA, a China, a</p><p>Europa e o Japão.</p><p>3 DIFERENÇA ENTRE COMÉRCIO INTERNACIONAL E</p><p>COMÉRCIO EXTERIOR</p><p>No cenário atual de comércio interdependente, os países procuram</p><p>satisfazer tanto suas necessidades de produção como de consumo não somente por</p><p>meio de mercados nacionais, mas sim no mercado mundial, onde a comunidade</p><p>internacional atua ativamente nos mercados mundiais. Seguramente você ouve,</p><p>no seu cotidiano, as notícias que falam sobre comércio exterior e sobre comércio</p><p>internacional, mas já pensou qual é a diferença entre “comércio exterior” e</p><p>“comércio internacional”? Será que estas duas expressões possuem o mesmo</p><p>significado?</p><p>Essas duas expressões possuem um contexto de uso diferenciado. O</p><p>comércio internacional aborda todas as operações comerciais realizadas entre os</p><p>diversos países que fazem parte da comunidade comercial internacional. Desta</p><p>maneira, existe a possibilidade de fazer intercâmbio contínuo de mercadorias,</p><p>serviços e capitais financeiros entre os países ao redor do mundo.</p><p>Já o comércio exterior aborda todas as transações comerciais de um país,</p><p>em específico, com o resto do mundo, assim, esse país executa exportações e</p><p>importações de mercadorias e serviços. O comércio exterior de um país acontece em</p><p>função das necessidades específicas da dinâmica econômica desse país. O comércio</p><p>exterior brasileiro aborda uma série de necessidades de processos econômicos, cujo</p><p>objetivo é satisfazer as necessidades das empresas e dos consumidores do país.</p><p>No contexto do comércio internacional, a cada segundo acontecem milhares</p><p>de transações internacionais. Neste momento, um país pode estar exportando</p><p>uma mercadoria, enquanto outro país estará executando o processo de importação</p><p>dessa mercadoria, ou seja, para cada exportação haverá uma importação.</p><p>No contexto brasileiro é igual, todos os dias se executam milhares de</p><p>exportações e importações. Essas exportações e importações brasileiras são</p><p>interpretadas como a corrente de comércio exterior do Brasil, ou seja, todas as</p><p>exportações e importações durante um período de tempo determinado, que pode</p><p>durar meses, trimestres, semestres ou anos.</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>15</p><p>3.1 EXPORTAÇÕES</p><p>Qual o significado de exportar? Exportar significa oferecer produtos</p><p>e serviços no mercado internacional, ou seja, é o ato comercial de vender uma</p><p>mercadoria ou serviços para outro país, fora das fronteiras nacionais. Segundo</p><p>Vazquez (2009, p. 181):</p><p>A exportação é a atividade que proporciona a abertura do país para o</p><p>mundo. É uma forma de se confrontar com os demais parceiros e, principalmente,</p><p>frequentar a melhor escola de administração, já que, lidando com diferentes</p><p>países, o país exportador assimila técnicas e conceitos a que não teria acesso em</p><p>seu mercado interno.</p><p>Para quem e para onde exportar dependerá muito da vantagem competitiva</p><p>que possa ter um país em função dos outros países, ou seja, a capacidade produtiva</p><p>relativa à produtividade dos outros países.</p><p>Assim, quanto maior for a competitividade relativa de um país, maior será</p><p>a capacidade de exportação desse país. Em termos gerais, as nações desenvolvidas</p><p>possuem alta competitividade em produzir mercadorias e serviços de alto valor</p><p>agregado, enquanto que as nações com menor grau de desenvolvimento focam</p><p>sua estratégica na exportação de mercadorias com menor valor agregado, pois</p><p>estes países possuem alta competitividade na oferta desses produtos.</p><p>Apesar de o Brasil ser considerado uma economia de grau médio de</p><p>desenvolvimento, o país exporta alguns produtos com alto valor agregado também,</p><p>tal como aviões da Embraer, peças industriais, entre outros. Porém, na sua grande</p><p>maioria, as exportações do Brasil são de fato produtos de pouco valor agregado:</p><p>semimanufaturados, como óleo de soja; e matérias-primas, tais como grão de café,</p><p>grão de soja, minério de ferro, entre outros.</p><p>Assim, tanto os países desenvolvidos como aqueles com menor grau de</p><p>desenvolvimento exportam diversos tipos de produtos e serviços. Exportações que</p><p>dependerão do grau de competitividade (produtividade) relativa dos produtos a</p><p>serem exportados. Nesse sentido, os países podem exportar:</p><p>• Recursos naturais e commodities: tal como petróleo, minério de ferro e grão de</p><p>soja.</p><p>• Produtos semimanufaturados: tais como óleo de soja, farinha de mandioca, leite</p><p>em pó, entre outros.</p><p>• Produtos manufaturados: tais como veículos, computadores, entre outros.</p><p>• Bens de capital: equipamento e maquinaria, tais como fornos industriais,</p><p>tratores, equipamento pesado utilizado nos processos produtivos, entre outros.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>16</p><p>• Direitos de propriedade intelectual: invenções e direitos de autor, ou seja,</p><p>regalias, tais como patentes de desenho industrial e de invenção. Também</p><p>podemos citar os direitos de autor, tais como da famosa escritora Joanne Ketlin</p><p>Rowling, autora dos livros de Harry Potter, direitos de autor que representam</p><p>milhões de dólares de exportação para o Reino Unido.</p><p>• Fatores tecnológicos e aplicativos: Office da Microsoft, ou aplicativo SAP,</p><p>sistema ERP para empresas. Geralmente, a exportação de fatores tecnológicos</p><p>está ligada às exportações de inovações.</p><p>No contexto do comércio internacional, os países exportam para suprir</p><p>as necessidades dos países importadores que atuam no comércio internacional.</p><p>Nesse sentido, o Brasil estabelece acordos comerciais internacionais para suprir as</p><p>necessidades de seus parceiros atuais e potenciais, por exemplo:</p><p>• A China precisa alimentar mais de 1 bilhão de pessoas, assim, procura soja, milho</p><p>e outros produtos do Brasil.</p><p>• A China e outros países precisam do minério de ferro produzido aqui no país.</p><p>• Vários países do mundo compram os aviões da Embraer.</p><p>Estes são alguns exemplos dos produtos que o Brasil exporta, mas quem</p><p>realmente faz a exportação acontecer são as empresas. O governo, por meio de</p><p>seus órgãos e infraestrutura pública, oferece serviços às necessidades de comércio</p><p>exterior das empresas, agindo como uma peça-chave nos processos administrativos</p><p>da exportação.</p><p>As exportações são parte essencial da estrutura econômica e comercial de</p><p>qualquer país, eis a importância de exportar. Através da execução das exportações</p><p>é que a economia nacional consegue acumular divisas (moeda estrangeira)</p><p>necessárias para poder bancar a compra de insumos, bens de capital (equipamento,</p><p>máquinas etc.), serviços e bens de consumo que não são produzidos no país.</p><p>A dinâmica da geração</p><p>de divisas começa nas empresas exportadoras</p><p>que cobram em moeda estrangeira (principalmente em dólar). Essa moeda</p><p>estrangeira, por meio do mercado de câmbio, irá se converter em moeda nacional</p><p>– reais. O Banco Central do Brasil compra essas divisas, em troca entrega reais</p><p>aos exportadores, assim, o Banco Central acumula divisas necessárias para que os</p><p>importadores possam realizar suas atividades comerciais. Eis o elo entre a atividade</p><p>exportadora e a acumulação de divisas necessárias para importar mercadorias e</p><p>serviços necessários à atividade econômica.</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>17</p><p>3.2 DETERMINANTES PARA EXPORTAR</p><p>Como foi exposto acima, as empresas são os agentes que fazem acontecer as</p><p>exportações. Quais os motivadores para que uma empresa fique incentivada para</p><p>realizar exportações? Os motivos e as particularidades das exportações podem ser</p><p>diversos, a seguir veremos alguns deles.</p><p>• Complementar a produção nacional. Uma empresa pode apresentar</p><p>capacidade produtiva ociosa, assim, a venda ao exterior vira uma possibilidade</p><p>para aproveitar ao máximo possível sua produtividade.</p><p>• Novos mercados. Uma empresa pode reparar que os mercados</p><p>internacionais estariam dispostos a pagar um melhor preço por seus produtos.</p><p>Logo, o incentivo de melhorar sua margem de lucro por meio de melhores preços</p><p>e volumes de venda é um grande motivador para exportar, além de ajudar a</p><p>diversificar mercados.</p><p>• Benefício financeiro. Levando em consideração qualquer das duas</p><p>situações expostas – complementar a produção nacional e novos mercados –,</p><p>a exportação em si traz grandes benefícios financeiros. As exportações estão</p><p>isentas de qualquer tipo de impostos, não faz sentido exportar impostos! Assim,</p><p>uma exportação não possui ICMS, IPI, entre outros tributos cobrados ao realizar</p><p>vendas no mercado nacional. Esta isenção de impostos faz que o exportador possa</p><p>melhorar a gestão de seu fluxo de caixa e aumentar sua capacidade de gerar lucro.</p><p>• Diferencial competitivo. Se uma empresa conseguir se inserir no</p><p>mercado internacional, a experiência comercial internacional irá trazer um</p><p>diferencial de competitividade (ou produtividade), pois a empresa exportadora</p><p>terá que se manter inovando e aprimorando processos para se manter nos mercados</p><p>internacionais. Além disso, a empresa exportadora ganha experiência em enxergar</p><p>e em compreender culturas, costumes, leis e regras comerciais diferentes das</p><p>nacionais. Isto automaticamente traz diferencial e inovação à gestão da empresa,</p><p>inclusive ajuda a melhorar as vendas do mercado nacional.</p><p>No entanto, nem toda empresa precisa ou está apta para exportar, muito</p><p>dependerá das particularidades do tipo de negócio, e de indústria, onde a empresa</p><p>está inserida. Assim, o motivo de exportar deve ser uma decisão de estratégia de</p><p>negócio em si. É uma questão de estratégia porque, para poder executar, com</p><p>sucesso, a exportação existe a necessidade de tempo de análise e consolidação</p><p>de mercados. Assim como demandará análise das particularidades dos hábitos,</p><p>costumes e leis dos consumidores desses mercados internacionais. Essa adequação</p><p>aos costumes e leis desses mercados internacionais exigirá adequações na produção,</p><p>na gestão e nas embalagens, entre outros assuntos.</p><p>Ao cumprir todo o exposto anteriormente, a empresa exportadora ficará</p><p>menos dependente do mercado interno, abrindo suas portas para diversos</p><p>mercados ao redor do mundo. Isto poderá diluir o risco de possíveis quedas de</p><p>vendas em vários mercados, diversificando o risco tanto nos mercados nacionais</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>18</p><p>como nos espalhados em diversos países. E do lado das importações, será que um</p><p>país consegue se virar só exportando, sem ter que importar? Seria muito difícil,</p><p>inclusive, muitos dos produtos que o Brasil exporta possuem insumos importados.</p><p>3.3 AS IMPORTAÇÕES</p><p>Para fazer acontecer uma exportação, muitas vezes é necessário importar</p><p>parte das matérias-primas e insumos dessa mercadoria a ser exportada. Por que</p><p>acontece isso? Em um mundo globalizado, os fornecedores de uma indústria são</p><p>de fato nacionais e internacionais. No contexto do comércio internacional, tudo</p><p>fica em função da competitividade relativa dos mercados, sejam estes nacionais ou</p><p>internacionais.</p><p>Qual a diferença entre matéria-prima e insumo? A matéria-prima é extraída</p><p>diretamente da natureza, por exemplo: grão de trigo (matéria-prima) que vira farinha de trigo</p><p>(insumo); petróleo (matéria-prima) que pode virar polipropileno/termoplástico (insumo).</p><p>O comércio nacional de bens e serviços não seria viável sem a participação</p><p>das importações. Sem a participação de insumos, peças e equipamentos importados,</p><p>a empresa brasileira não poderia dar conta da fabricação de grande parte das</p><p>mercadorias de produção nacional. Isso acontece não só no Brasil, acontece em</p><p>todo país ao redor de mundo que esteja inserido nos mercados internacionais.</p><p>Do exposto acima, podemos dizer que as importações são realmente</p><p>necessárias para a economia de um país. Os países podem ter diversas necessidades</p><p>de importação, desde produtos básicos, bens de consumo, insumos, até maquinaria</p><p>com tecnologia de ponta.</p><p>As importações desempenham um papel vital na vida econômica de</p><p>qualquer país desenvolvido, subdesenvolvido ou em desenvolvimento,</p><p>pois nenhum país é totalmente autossuficiente. Todos os países</p><p>dependem, de alguma forma, do resto do mundo para suprir suas</p><p>necessidades. Quanto mais desenvolvido e industrializado, maior será</p><p>sua necessidade de relacionamento com outros países (SCHULZ, 2000,</p><p>p. 104).</p><p>Um país pode importar diversas mercadorias em função de suas</p><p>necessidades econômicas e “desejos” de sua população, mas qual o significado</p><p>de importar? Importar é a execução de adquirir um produto em outro país e</p><p>poder nacionalizá-lo (introduzi-lo legalmente) para que possa circular e/ou ser</p><p>comercializado ao longo do território nacional.</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>19</p><p>Como foi exposto anteriormente, é por meio das exportações que um país</p><p>acumula divisas (moeda estrangeria) para poder importar. Assim, podemos dizer</p><p>que tanto as exportações como as importações estão interligadas. Essa inter-relação</p><p>é administrada pelo comércio exterior de um país, e todo país tenta manter um</p><p>saldo positivo da Balança Comercial, ou seja, exportações menos importações. O</p><p>objetivo disso é manter um mínimo de reservas internacionais, isto é, manter uma</p><p>cesta de divisas (moeda estrangeira) para que o país possa garantir suas obrigações</p><p>comerciais e financeiras com a comunidade internacional.</p><p>Podemos dizer que importar além do realmente necessário para um país</p><p>não é um bom negócio. Sendo assim, é necessária uma excelente gestão do comércio</p><p>exterior para que um país possa manter sob controle esse balanço positivo entre</p><p>as exportações e importações. Quais os motivos, tanto para um país como para as</p><p>empresas, de realizarem importações?</p><p>3.4 DETERMINANTES DAS IMPORTAÇÕES</p><p>Quais os determinantes que fazem um país gastar divisas (recurso</p><p>monetário em moeda estrangeira) em bens e serviços vindos de fora? Existem</p><p>muitos determinantes, mas, de fato, um país não pode ficar isolado do mercado</p><p>internacional. Muitos tentaram diminuir drasticamente suas importações, para</p><p>assim economizar recursos. Resultado? Em curto prazo esses países talvez tenham</p><p>conseguido algum resultado positivo, mas a longo prazo não existe na história</p><p>econômica casos de sucesso nesse sentido.</p><p>Assim como foi na antiguidade, as sociedades precisam comercializar entre</p><p>elas para complementar suas economias. O comércio é um meio para compartilhar</p><p>experiências culturais e tecnológicas entre as diversas sociedades que fazem</p><p>parte do mundo. Hoje, esse comércio internacional é muito mais intenso que na</p><p>antiguidade. O maior determinante para importar é complementar os recursos</p><p>escassos, ou inexistentes, em uma economia, mas fundamentais para suprir</p><p>necessidades produtivas e de consumo.</p><p>3.4.1 Recursos necessários à economia de um país</p><p>Não existe país no mundo que seja autossuficiente, existem diversas</p><p>variáveis geográficas, solos, recursos naturais disponíveis, climas secos e/ou</p><p>úmidos, climas mais frios, outros mais quentes, e assim por diante. Essas variáveis</p><p>fazem com que os países não consigam todos os recursos de seu próprio território</p><p>para suas economias. Assim, a importação é fundamental para complementar os</p><p>recursos e bens de consumo que uma sociedade possa precisar.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>20</p><p>Se você reparar, toda mercadoria está composta por minerais essenciais</p><p>que graças ao poder de transformação da natureza, dos processos agrícolas,</p><p>dos processos industriais do mundo moderno, viram produtos para usarmos e</p><p>consumir. Esses elementos essenciais estão presentes tanto em alimentos simples</p><p>e processados, como em vestimentas, ferramentas, moradia, bens de capital, entre</p><p>outros.</p><p>Segundo o economista Glycon de Paiva (1963 apud PIFFER, 2013, p. 12):</p><p>“Dos 300 minerais normalmente necessários ao progresso e à sobrevivência de um</p><p>país, até agora nos faltam 250”. Ou seja, na média, um país, para poder manter</p><p>suas atividades econômicas, precisa importar 250 minerais fundamentais, e no</p><p>caso do Brasil não é diferente.</p><p>Dos minerais expostos pelo economista Glycon de Paiva, muitos são</p><p>importados na sua forma primária, como matéria-prima, petróleo, minério de ferro</p><p>e outros; outros são importados por meio do poder de transformação da natureza,</p><p>tais como grãos, leite, ovos, frutas; e outros são importados com processos de</p><p>transformação industrial e com valor agregado, produtos industrializados.</p><p>Assim, todo país, de uma maneira ou outra, consome na sua economia</p><p>esses minerais essenciais, extraindo-os dos recursos naturais de seu próprio solo</p><p>ou devendo importá-los. Uma das maiores economias do mundo – o Japão – possui</p><p>pouco recurso natural, importando a maior parte das matérias-primas e insumos</p><p>para sua indústria, porém, graças à sua capacidade competitiva e transformadora,</p><p>esse país é um dos maiores exportadores do mundo! Aliás, grande parte dessas</p><p>importações viram exportações com valor agregado.</p><p>Você sabia que o Japão é um país pouco maior que o Estado de Rio Grande</p><p>do Sul, mas possui uma população de 130 milhões de pessoas e é a terceira economia</p><p>do mundo? Esse país, em função de seu território pequeno e grande população, importa</p><p>diversos produtos alimentares do Brasil. Entre esses, importa ovos frescos. Sabia que o</p><p>Brasil é o maior fornecedor de ovos frescos para esse país? Se ficou curioso, acompanhe</p><p>o seguinte artigo: <http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2016/04/crescem-</p><p>exportacoes-brasileiras-de-ovos-frescos-para-o-japao>.</p><p>3.4.2 Interesse de uma empresa para importar</p><p>Observamos que os países, como um todo, precisam importar para</p><p>complementar os recursos que não existem na economia nacional, mas que são</p><p>necessários à dinâmica econômica. Esta necessidade de importar acontece seja</p><p>para suprir recursos produtivos (matéria-prima, insumos, equipamento industrial</p><p>etc.) às indústrias, ou para suprir necessidades e “desejos” do consumidor. Ao</p><p>observarmos o contexto comercial, quem faz acontecer as importações em um país?</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 | O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O COMÉRCIO EXTERIOR DOS PAÍSES</p><p>21</p><p>Igualmente às exportações, as empresas estabelecidas em um país fazem</p><p>acontecer as importações, mas qual será o motivo que incentiva as empresas a</p><p>importar? Embora existam muitos fatores, a maioria das empresas é incentivada</p><p>a importar pelo interesse de buscar maiores margens operativas, portanto, gerar</p><p>maior potencial de lucro nas suas atividades industriais e comerciais.</p><p>Em função de suas particularidades comerciais e de processos produtivos</p><p>e de fato a busca de melhorar esse potencial lucro é que a importação pode se</p><p>materializar. Essa busca de potencializar o lucro por meio da importação pode ser</p><p>analisada através de quatro grandes motivadores, expostos a seguir:</p><p>• Matéria-prima e insumos que não estão disponíveis no mercado nacional.</p><p>Nesta situação a importação vira indispensável, pois estes são materiais</p><p>essenciais aos processos produtivos da indústria nacional.</p><p>• Bens de capital que não são produzidos no país. Nesta situação a importação de</p><p>equipamento industrial ou diversos tipos de máquinas se torna indispensável.</p><p>Uma empresa, para se manter competitiva, precisa de bens de capital de alta</p><p>produtividade, caso contrário, corre o risco de ficar fora do mercado. Geralmente</p><p>este tipo de bens de capital importados oferece um know-how (tecnologia</p><p>industrial de última geração) que ainda a indústria nacional não consegue</p><p>desenvolver.</p><p>• Matéria-prima, insumos ou bens de capital importados que sejam mais baratos</p><p>que os nacionais. Por algum motivo, a indústria nacional que oferece estes</p><p>recursos não é competitiva, logo, a empresa interessada em se abastecer destes</p><p>insumos irá procurar os recursos com um preço mais barato (matéria-prima,</p><p>insumos ou bens de capital) no mercado interacional, por meio da importação.</p><p>• Mercadoria diferenciada para o consumidor. Muitas empresas possuem</p><p>mercados diferenciados, oferecendo produtos de qualidade superior para seus</p><p>clientes, tornando-se, nestas situações, a importação a alternativa única. No</p><p>contexto brasileiro podemos citar alguns exemplos:</p><p>o Produtos diferenciados. Desde um queijo gourmet francês, uma lavadora de</p><p>roupa de última geração, até um carro de luxo (Mercedes Benz, Masseratti,</p><p>Ferrari etc.).</p><p>o Insumos e bens de capital. Muitas das matérias-primas, insumos e bens de</p><p>capital (equipamento industrial) não são produzidos no Brasil, tornando-se</p><p>assim a importação uma necessidade.</p><p>o Bens de capital e tecnologia de última geração. Em um mundo competitivo,</p><p>as indústrias procuram constantemente aprimorar seus processos e economias</p><p>de escala. Assim, a importação permite ter acesso à tecnologia, know-how</p><p>(saber como fazer), e equipamento de última geração que ainda não esteja</p><p>disponível no mercado nacional.</p><p>UNIDADE 1 | DINÂMICA COMERCIAL INTERNACIONAL</p><p>22</p><p>Assim como acabamos de estudar, podemos observar que um país importa</p><p>para suprir diversas necessidades essenciais para sua economia, inclusive,</p><p>podemos importar para suprir diversos desejos da população. Seja qual for o</p><p>motivo comercial, as empresas ficam motivadas em importar para aproveitar</p><p>oportunidades do mercado, e com isso visam melhorar suas chances de uma</p><p>melhor margem de lucro em suas atividades.</p><p>23</p><p>Neste tópico, vimos que:</p><p>• As civilizações antigas começaram a comercializar entre elas desde antes de</p><p>7.000 anos a.C., observando-se aí a importância que teve o comércio na evolução</p><p>dessas civilizações até chegar à civilização moderna atual.</p><p>• A importância do liberalismo do século XIX no contexto do comércio</p><p>internacional. Nessa época houve uma série de descobrimentos tecnológicos e</p><p>inovações que fazem parte das atividades econômicas e comerciais de hoje.</p><p>• O impacto da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial. O contexto de</p><p>como as crises mundiais destes dois eventos contribuíram para que os países</p><p>pudessem se organizar para desenvolver os organismos internacionais atuais</p><p>que supervisionam o comércio internacional.</p><p>• O impacto da grande recessão de 2008 e como isso mudou a estrutura comercial</p><p>atual, na qual hoje temos novos países importantes atuando na liderança do</p><p>comércio internacional.</p><p>• A diferença entre comércio internacional e comércio exterior, e como se deve</p><p>usar estes termos no contexto do comercial internacional.</p><p>• A necessidade que têm os países para atuar no comércio internacional,</p><p>analisando as necessidades de os países precisarem exportar, e o porquê de</p><p>também importar. Sem a exportação não há importação, é uma dinâmica</p><p>comercial de mão dupla.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>24</p><p>1 Explique desde quando há dados da existência e rotas de comércio entre</p><p>as civilizações antigas, e qual a civilização</p>