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<p>UEMG-UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS</p><p>GLEICIENE APARECIDA NASCIMENTO MELO FERREIRA</p><p>MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO:</p><p>Um estudo sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a evolução dos papeis da mulher na sociedade e as principais dificuldades enfrentadas desde a sociedade patriarcal até os dias atuais.</p><p>FRUTAL-MG</p><p>2018</p><p>GLEICIENE APARECIDA NASCIMENTO MELO FERREIRA</p><p>MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO:</p><p>Um estudo sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a evolução dos papeis da mulher na sociedade e as principais dificuldades enfrentadas desde a sociedade patriarcal até os dias atuais.</p><p>Trabalho de conclusão de curso apresentada a UEMG- Universidade do Estado de Minas Gerais – para a obtenção do grau de Bacharel em Administração sob a orientação do professor ?</p><p>FRUTAL-MG</p><p>2018</p><p>RESUMO</p><p>Este trabalho versa sobre a vida social das mulheres nas condições de trabalhadoras. É sabido que durante muitos anos as mulheres tiveram seus direitos esquecidos perante a sociedade e pela própria Lei.</p><p>Ao longo dos anos, a cultura machista foi dissipada pela sociedade fazendo com as mulheres sempre ocupassem os espaços menos valorizados pela sociedade de classes, situação essa que só começou a ser mudada com a Revolução Industrial através dos muitos movimentos de classe operária trabalhadora, e também movimentos feministas.</p><p>Após muitos anos de lutas, os direitos femininos começaram a ser verdadeiramente reconhecidos, surgindo uma nova realidade social e cultural, com muitas transformações. Nesse contexto, e possível notar que a mulher apesar das dificuldades enfrentadas, todas as mulheres, especialmente para aquelas que trabalham,vem conquistando seu espaço frente a sociedade.</p><p>Apesar dos avanços alcançados, a mulher ainda sofre com os impactos causados pela cultura machista. Elas são desvalorizadas, mal remuneradas alem de sofrer com os variados tipos de assedio e discriminação. Atualmente a classe feminina continua a lutar por seus objetivos e realizações pessoais, melhores condições econômicas, e assim conquistar o seu verdadeiro espaço na sociedade. Nos dias de hoje, já e notável as mulheres não possuem mais a mera função de cuidar do lar, pois cada dia que passa , elas vem se tornando parte de grandes empresas, desempenhando várias profissões, funções e cargos de destaque nas organizações empresariais. É notável também que, em muitas ocasiões as mulheres saem para trabalhar, enquanto os homens cuidam dos filhos menores e dos afazeres domésticos, minimizando assim, a cultura deixada pelo patriarcado. As dificuldades enfrentadas ainda são muitas, pois enquanto exercem suas atividades laborais,muitas delas são alvos de vários tipos de preconceito e discriminação de condutas negativas com intenção de assediá-las moral e sexualmente conforme será exposto no desenvolver do estudo.</p><p>Palavras-chave: Mulher. Trabalho. Discriminação.</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 4</p><p>1.1 Objetivos: 5</p><p>1.2 Metodologia: 5</p><p>CAPÍTULO 2 – A HISTORIA DAS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO. 6</p><p>2.1 - A evolução dos papeis da mulher na sociedade. 6</p><p>CAPÍTULO 3 – IDEOLOGIA DE GÊNERO E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO. 10</p><p>3.1- A divisão sexual do trabalho. 10</p><p>3.2 - Ideologia de gênero, conceitos e definições. 12</p><p>CAPÍTULO 4 – MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO NOS DIAS ATUAIS. 14</p><p>4.1 -Trabalho feminino 14</p><p>CAPÍTULO 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 17</p><p>48</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Atualmente, muito tem se falado sobre empoderamento feminino e outras questões relacionadas à igualdade de gênero entre homens e mulheres. Partindo Da Revolução industrial e realizando um estudo sobre o histórico e evolução da mulher na sociedade, é notável que as mulheres vêm conquistando um espaço cada vez mais significativo na sociedade.</p><p>Sobre a evolução dos papeis da mulher na sociedade, Teixeira(2005) nos diz que:</p><p>Nos últimos cinquenta anos um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi a inserção crescente das mulheres na força de trabalho. Este contínuo crescimento da participação feminina é explicado por uma combinação de fatores econômicos e culturais. Primeiro, o avanço da industrialização transformou a estrutura produtiva, a continuidade do processo de urbanização e a queda das taxas de fecundidade, proporcionando um aumento das possibilidades das mulheres encontrarem posto de trabalho na sociedade.</p><p>Vivemos em uma nova era onde obrigações financeiras da casa deixaram de responsabilidade exclusiva do homem que antes era considerado como o provedor do lar. O papel da mulher na família não está mais restrito à realização de tarefas domésticas. Cada vez mais mulheres estão se buscando se qualificar profissionalmente, participando da política e ocupando cargos importantes de liderança em pequenas, médias e grandes empresas e uma grande parcela delas estão buscando até mesmo empreendimentos próprios.</p><p>A luta por igualdade de gênero vem tomando proporções bastante significativas numa sociedade que antes era completamente machista. Apesar de alguns avanços alcançados ao longo dos anos, ainda existe a hierarquização, onde o trabalho masculino é colocado a cima do trabalho feminino.</p><p>O presente trabalho foi desenvolvido com objetivo traçar um panorama da participação das mulheres no mercado de trabalho, das dificuldades enfrentadas em razão da divisão sexual do trabalho, preconceitos relacionados ao gênero e sua luta constante por igualdade de direitos. O trabalho é um estudo referente às formas de inserção da figura feminina no mercado e traz também as dificuldades enfrentadas pela mulher no trabalho, decorrentes da própria condição feminina e também por força do preconceito somado á discriminação de gênero e a desigualdade de rendimentos entre homens e mulheres.</p><p>A metodologia utilizada é uma pesquisa bibliográfica embasada em autores que escrevem sobre o tema escolhido .Também foram feitas pesquisas em sites da internet, artigos especializados e trabalhos acadêmicos.</p><p>O primeiro capítulo retrata ------------------------</p><p>O segundo Capítulo ---------------------</p><p>Terceiro capítuloe considerações finais</p><p>1.1Objetivos:</p><p>Objetivo Geral:</p><p>Este trabalho tem como objetivo geral de realizar um estudo sobre os fatores e fenômenos determinantes para a inserção da mulher no mercado de trabalho.</p><p>Objetivos específicos:</p><p>Determinar qual a atual situação da figura feminina no mercado de trabalho e os diversos papéis da mulher na sociedade.</p><p>Identificar as principais barreiras culturais e sociais a serem rompidas para conquistar o equilíbrio nas relações trabalhistas independente de ideologias de gênero.</p><p>Discutir sobre a proporção de mulheres no mercado de trabalho segundo a perspectiva de gênero.</p><p>1.2Metodologia:</p><p>O trabalho foi desenvolvido através de um estudo bibliográfico feito a partir de pesquisas em obras de vários autores relacionadas ao tema. Também foram feitas pesquisas em sites da internet, artigos especializados e trabalhos acadêmicos.</p><p>2 A EVOLUÇÃO DOS PAPEIS DA MULHER NA SOCIEDADE.</p><p>Desde antiguidade a mulher sempre desempenhou um importante na sociedade. Apesar de ter contribuído em peso para o desenvolvimento social e econômico da nação, a mulher sempre foi vista como inferior ao homem e tinha seus direitos limitados. A mesma sempre foi tratada de forma preconceituosa e até então não tinha o reconhecimento da sua importância e seu trabalho era visto como algo inferior.</p><p>A classe feminina era entendida como seres limitados a afazeres domésticos e exclusivamente para satisfazer as necessidades do sexo masculino.</p><p>Sobre o papel da mulher na sociedade, Rousseau, (1995, p.20) pontuava que:</p><p>As mulheres são naturalmente mais fracas,apropriadas para reprodução, mas não para a vida pública. As mulheres devem ser educadas para agradar os homens e serem mães. Devem ser educadas na reclusão social e castidade que legitimam a paternidade.</p><p>Apesar de desempenharem aparte fundamental da educação dos filhos, cuidar</p><p>estigmatizados de mulheres vítimas de outras formas de opressão além do sexismo, continuaram no silêncio e na invisibilidade.</p><p>As denúncias sobre essa dimensão da problemática da mulher na sociedade brasileira, que é o silêncio sobre outras formas de opressão que não somente o sexismo, vêm exigindo a reelaboração do discurso e práticas políticas do feminismo. E o elemento determinante nessa alteração de perspectiva é o emergente movimento de mulheres negras sobre o ideário e a prática política feminista no Brasil.</p><p>O feminismo enquanto movimento revolucionário na contemporaneidade tem atuado com uma agenda política extensa que apoia uma multiplicidade de sujeitos nômades que foge às configurações cartográficas da sexualidade impostas como norma pela igreja e pelos grupos de direita radicais, e em sua luta contra as opressões ao visibilizar as agendas das mulheres negras, indígenas, lésbicas, os homossexuais, os travestis, os transexuais, os transgêneros, entre outros grupos que têm suas demandas rejeitadas por fugirem do padrão estético imposto ou dos pressupostos de uma sociedade androcêntrica, sexista e misógina. O que une os diferentes feminismos são as lutas contra as opressões.</p><p>A conseqüência do crescente protagonismo das mulheres negras no interior do Movimento Feminista Brasileiro pode ser percebido na significativa mudança de perspectiva que a nova Plataforma Política Feminista adota. Essa Plataforma, proveniente da Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras realizada em 6 e 7 de junho de 2002, em Brasília, reposiciona a luta feminista no Brasil nesse novo milênio, sendo gestada (como é da natureza feminina) coletivamente por mulheres negras, indígenas, brancas, lésbicas, nortistas, nordestinas, urbanas, rurais, sindicalizadas, quilombolas, jovens, de terceira idade, portadoras de necessidades especiais, de diferentes vinculações religiosas e partidárias... que se detiveram criticamente sobre as questões mais candentes da conjuntura nacional e internacional, nos obstáculos contemporâneos persistentes para a realização da igualdade de gênero e os desafios e mecanismos para a sua superação tendo os seguintes princípios como orientadores das análises e propostas:</p><p>• reconhecer a autonomia e a autodeterminação dos movimentos sociais de mulheres;</p><p>• comprometer-se com a crítica ao modelo neoliberal injusto, predatório e insustentável do ponto de vista econômico, social, ambiental e ético;</p><p>• reconhecer os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais das mulheres;</p><p>• comprometer-se com a defesa dos princípios de igualdade e justiça econômica e social;</p><p>• reconhecer o direito universal à educação, saúde e previdência;</p><p>• comprometer-se com a luta pelo direito à terra e à moradia;</p><p>• comprometer-se com a luta anti-racista e a defesa dos princípios de eqüidade racial-étnica;</p><p>• comprometer-se com a luta contra todas as formas de discriminação de gênero, e com o combate a violência, maus-tratos, assédio e exploração de mulheres e meninas;</p><p>• comprometer-se com a luta contra a discriminação a lésbicas e gays;</p><p>• comprometer-se com a luta pela assistência integral à saúde das mulheres e pela defesa dos direitos sexuais e reprodutivos;</p><p>• reconhecer o direito das mulheres de ter ou não ter filhos com acesso de qualidade à concepção e/ou contracepção;</p><p>DEFASAGEM SALARIAL</p><p>Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos .</p><p>O estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE em 2016 revelou que as mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim, e ainda contando com um nível educacional mais alto, elas ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens.</p><p>Segundo a pesquisa, em 2016, exposta anteriormente, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os homens (10,5 horas). Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra 10,5). Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro da de homens (28,2% das mulheres ocupadas, contra 14,1% dos homens). Não obstante, apesar das mulheres trabalharem mais horas, elas seguem ganhando menos. Apesar da diferença entre os rendimentos de homens e mulheres ter diminuído nos últimos anos, a desigualdade salarial continua evidente. Foi o que revelou a pesquisa do IBGE feita em 2016 .</p><p>Segundo a Pesquisa Nacional pó Amostra de Domicilio Contínua, em 2016 as mulheres ainda recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos dos homens, conforme informações expostas nos gráficos abaixo:</p><p>Alguns fatores relacionados a divisão do trabalho, acabam por influenciar e por aumentar ainda mais as desigualdades. Um desses fatores se explica devido ao trabalho desempenhado em tempo parcial. A coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Barbara Cobo explica que “Em função da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem compelidas a buscar ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível”. Ela ainda complementa que “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens”</p><p>Outros aspectos como a segregação ocupacional e a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de rendimentos. Na maioria das vezes, a mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo. Apesar de ser comprovado que as mulheres estudam mais, ainda assim, ganham menos. Para reforçar a idéia de desigualdade, tomemos como base o estudo feito pelo IBGE.</p><p>De acordo com a Pesquisa nacional de Amostra de Domicílios Contínua, feita em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens. Isso significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar. Na categoria de pesquisa feita por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, face a 19,9% das mulheres brancas. Comparando-se gênero e cor ou raça, o atraso escolar das mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou pardos (42,7%).</p><p>Essa trajetória escolar desigual, faz com que as mulheres tenham um maior nível de instrução. Na faixa dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% das mulheres tinham completado a graduação, contra 15,6% dos homens. Desagregando-se a população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo por cor ou raça, as mulheres brancas estão à frente, com 23,5%, seguidas pelos homens brancos, com 20,7%; bem abaixo estão as mulheres pretas ou pardas, com 10,4% e, por fim, os homens pretos ou pardos, com 7,0%.</p><p>De acordo com outra pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE), constatou-se que o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo na sociedade é de 31,0%, enquanto as mulheres negras fazem parte de um número muito superior, sendo elas 13,4% com diploma universitário.</p><p>Ainda de acordo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2016, somente 8,7% dos homens negros entrevistados haviam concluído o ensino superior, enquanto os homens brancos somaram o total de 24,2%, conforme o gráfico abaixo:</p><p>FENOMENO TETRO DE VIDRO (CLASS CEILING)</p><p>É notável que, apesar de ser progressivo o aumento da presença feminina no mercado de trabalho e em posições hierárquicas um pouco melhores ,nos últimos anos, ainda predomina a existência de um afunilamento hierárquico, ou seja, as mulheres são encontradas em menores proporções conforme aumentam as atribuições de liderança e comando nas organizações.Alguns</p><p>dos motivos que ocasionam esse baixo nível de presença feminina, são barreiras sutis e imperceptíveis que impedem as oportunidades de carreira ao gênero feminino, bem como de progresso profissional. Essas barreiras imperceptíveis, e o que chamamos de teto de vidro ou (glass ceiling).</p><p>O fenômeno Teto de Vidro sugere um modelo de discriminação, baseada na crença de que as mulheres produzem menos que os homens, uma vez que, estes estão em plena e pronta capacidade de criação e inovação das tarefas exigidas pelo mercado. Dessa forma, as mulheres são subestimadas, algumas vezes desprezadas e passam a travar uma batalha para a sua inclusão e permanência no mercado de trabalho.A ascenção da carreira feminina é dificultada por aspectos sociais e culturais que estão notadamente , relacionados ao gênero, e não à qualificação e competência da mulher.</p><p>O Teto de Vidro traz à tona às barreiras invisíveis enfrentadas por profissionais do gênero feminino que buscam estabilidade no setor corporativo. Tais barreiras invisíveis são advindas da cultura e da sociedade e que perpassam ao mundo dos negócios.</p><p>Miranda (2006, p.15) define o teto de vidro como :</p><p>o teto de vidro é uma barreira sutil e transparente, forte o suficiente para evitar a passagem das mulheres aos níveis hierárquicos mais elevados nas organizações onde trabalham.</p><p>Para Meyerson e Fletcher (2000, p. 136), as barreiras feitas de vidro vão além do teto, pois “não é o teto que está segurando o progresso das mulheres, é toda a estrutura das organizações em que trabalhamos: o alicerce, as vigas, as paredes, o próprio ar”. Isso significa que mesmo com o “teto de vidro”, há um “labirinto de cristal” que transmite uma idéia de caminho com voltas esperadas e inesperadas, dificultando a ascensão profissional da mulher. Essas barreiras não estão só no topo, mas em toda a trajetória da carreira feminina. As dificuldades e o preconceito são uma realidade no ambiente profissional.</p><p>Sobre essas barreiras profissionais enfrentadas pela s mulheres, Probst (2003, p. 2) afirma que:</p><p>A inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desigualdade salarial entre homens e mulheres.</p><p>Assim como a divisão sexual do trabalho, a imposição de um teto de vidro à carreira da mulher, acaba por limitar sua ascensão profissional na empresa ate certos limites, não podendo superar os limites impostos pelas barreiras fáticas criadas pela cultura machista, voltada para a predominância da dominação masculina no universo empresarial. Os espaços de liderança dominados pela classe masculina faz com que muitas mulheres sejam vitimas do fenômeno teto de vidro sem ao menos notar que são subestimados, ou algumas vezes, até notam, mas não sabem como reagir diante da situação. Tal fato, acaba por gerar certa comodidade, como se fosse normal.</p><p>Sobre essa predominância, SHERIL SANDBARG,2013 pg 186 diz:</p><p>Os homens nos cargos mais altos muitas vezes nem se dão conta dos benefícios que desfrutam pelo simples fatos de serem homens, o que pode impedi-los de enxergar as desvantagens associadas ao fato de ser mulher. As mulheres em posições mais abaixo, também acreditam que os homens acima tem o direito de estar la em cima, de forma que tentam jogar segundo as regras e dão ainda mais duro para avançar na carreira, em vez de levantar questões e expressar seus receios quanto a possibilidade de uma discriminação. Em decorrência disso, todos se tornam cúmplices e um sistema injusto.</p><p>SUBUTILIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO E DUPLA JORNADA</p><p>Segundo o IBGE, 28,1% das mulheres aptas a trabalhar estão atualmente fora do mercado ou trabalhando apenas parcialmente. Isso é visto pelo instituto como uma subutilização, ou seja, uma mão de obra que tem potencial, mas é desperdiçada.</p><p>A taxa composta de subutilização agrega os desempregados, aqueles que trabalham poucas horas remuneradas e os que fazem parte não estão procurando emprego por motivos diversos, mas estariam disponíveis para trabalhar.</p><p>No 2º trimestre de 2017, a taxa geral ficou em 23,8%, o que equivale a dizer que faltou trabalho para 26,3 milhões de pessoas no País. As mulheres, como mostra o gráfico, são as mais atingidas.</p><p>Não obstante, a pesquisa revelou ainda que as mulheres são maioria na população de pessoas desempregadas. No segundo bimestre de 2018, havia mais mulheres (50,8%) do que homens (49,2%) na população desocupada, conforme gráfico abaixo.</p><p>A EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO DA MULHER NO BRASIL.</p><p>A PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER</p><p>Ao fazermos uma breve retrospectiva sobre a evolução social da mulher, podemos observar que esta percorreu um árduo caminho até atingir a sua atual posição na sociedade.</p><p>A classe feminina da antiguidade era vista tão somente como procriadora, devia total obediência aos homens, tinha que se submeter unicamente à vida doméstica, criando e cuidando dos filhos. Já na Idade Média, a mulher passou a ser considerada como uma ―aprendiz, no entanto, mesmo sendo vista como um ser inferior começa a exercer com exclusividade determinados ofícios considerados tipicamente femininos, e ainda assim, as mulheres trabalhavam sem garantias e sem proteção dos seus direitos.</p><p>Com a evolução do mercado através da revolução industrial, por volta doa ano de 1912, foi criado o primeiro instrumento de proteção criado para proteger o trabalho feminino. O denominado Código de Trabalho de 1912, entre suas previsões, estabelecia algumas partes de legislação mais voltadas para a classe feminina trabalhadora, como por exemplo, a liberdade para se obter emprego, sem necessidade de outorga marital, a jornada de trabalho de 8 horas, licença maternidade de 15 a 25 dias anteriores ao parto e de 25 dias após.</p><p>Em 1932, o Decreto 21.417 proibiu o trabalho da mulher no período noturno, das 22 horas às 5 horas do dia seguinte. O Decreto ainda garantiu à mulher dois intervalos de descansos diários de meia hora para que pudessem realizar a amamentação dos filhos, nos 6 primeiros meses de vida da criança.</p><p>Sobre as leis que versavam sobre direito das mulheres, não se pode deixar de falar sobre as convenções da Organização Internacional do Trabalho. As convenções n.° 3 e 4 de 1919 objetivam promover a igualdade das relações de trabalho , conforme o princípio da dignidade humana alem de de tratar dos meios de proteção á mulher trabalhadora.</p><p>A convenção n.º 3 garantiu à mulher trabalhadora uma licença remunerada compulsória de seis semanas antes e depois do parto e dois intervalos de trinta minutos destinados a amamentação. essa convenção, garantiu também uma remuneração suficiente assegurar sua manutenção e de seu filho, mediante a comprovação do parto por atestado médico.</p><p>Importante ressaltar, que por força das convenções, a empregada não poderia ser dispensada durante o período da gravidez ou da licença compulsória. Caso ouvesse demissão, ou qualquer tipo de ato contra a direito adquirido, o ato era considerada ilegal, assegurando assim, o que chamamos de período de estabilidade durante a e pós gravidez.</p><p>De acordo com a letra da lei Convenção n.° 3, da organização internacional do trabalho, e seu artigo 3°:</p><p>‘‘... Em todos os estabelecimentos industriais ou commerciais, publicos ou privados, ou nas suas dependencias, com excepção dos estabelecimentos onde só são empregadas os membros de uma mesma família, uma mulher</p><p>a) não será autorizada a trabalhar durante um periodo de seis semanas, depois do parto;</p><p>b) terá o direito de deixar o seu trabalho, mediante a exibição de um attestado medico que declare esperar-se o parto, provavelmente dentro em seis semanas;</p><p>c) receberá, durante todo o periodo em que permanecer ausente, em virtude dos paragraphos (a)</p><p>e (b), uma indemnização sufficiente para a sua manutenção e a do filho, em bôas condições de hygiene; a referida indemnização, cujo total exacto será fixado pela autoridade competente em cada paiz, terá dotada pelos fundos publicos ou satisfeita por meio de um systema de seguros. Terá direito, ainda, aos cuidados gratuitos de um medico ou de uma parteira. Nenhum erro, da parte do medico ou da parteira, no calculo da data do parto, poderá impedir uma mulher de receber a indemnização, á qual tem direito a contar da data do attestado medico até áquella em que se produzir o parto;</p><p>d) terá direito em todos os casos, si amamenta o filho, duas folgas de meia hora que lhe permittam o aleitamento.’’</p><p>A Convenção nº 4 tornou ilegal o trabalho noturno da mulher em indústrias.</p><p>Em seu artigo 3°, a convenção versava que:</p><p>Sem distincção de idade, as mulheres não poderão ser empregadas durante a noite em nenhum estabelecimento industrial publico ou privado, como tão pouco em qualquer dependencia de um desses estabelecimentos, excepção feita dos estabelecimentos onde são só empregados os membros de uma mesma familia.</p><p>No Brasil, a primeira Constituição Federal que falava sobre direitos da mulheres, foi a constituição federal de 1937. A mesma proibia o trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 137, k), além de assegurar assistência médica e higiênica à gestante, prevendo um repouso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário (art. 137, l).</p><p>No ano de 1946, foi acrescentada a proibição da diferença salarial por motivo de sexo (art. 157, II), vedado o trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 157, IX); ao direito da gestante, foi acrescentado o descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego, além do já estabelecido em relação ao salário (art. 157, X). Previa ainda a previdência em favor da maternidade (art. 157, XVI).</p><p>A Constituição Federal de 1967, proibia a diferença de salários, bem como de critérios de admissão por motivo de sexo (art. 158, III), mantinha vedado o trabalho da mulher em indústrias insalubres (art. 158, X), assegurava o descanso remunerado à gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário (art. 158, XI). Continuava a assegurar a previdência social, visando a proteção à maternidade (art. 158, XVI). Esta nova Constituição, contudo, acrescentou a mulher o direito de aposentadoria aos 30 anos de trabalho, com salário integral (art. 158, XX).</p><p>A Constituição Federal de 1988 reforça ainda mais as constituições anteriores trazendo então diversos princípios, normas e Direitos Fundamentais de proteção à mulher, como o disposto no Art. 5º, mais especificamente inciso I:</p><p>Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.</p><p>Com relação à igualdade pregada na Constituição Federal de 1988, SOUSA E NASCIMENTO nos diz que:</p><p>A igualdade a que se refere a Constituição Federal não é a ausência absoluta da diferença. O que se pretende é o reconhecimento da diferença, pelo qual, algumas diferenças são minimizadas enquanto outras maximizadas. A igualdade, portanto, se refere a um conceito social, que é menos preciso do que o conceito matemático. Nesse sentido, diz-se em igualdades de direitos, de oportunidades, de responsabilidades. Igualdade que permite à lei determinar as distinções, mas proíbe a adoção de medidas de tratamento desigual, fruto do arbítrio. Assim, o princípio da igualdade previsto na Constituição determina não só, a necessidade de tratar de forma igual o que é idêntico, mas também diferentemente o que é diverso (2009).</p><p>Ainda sobre o principio da igualdade, Alexandre de Moraes dita:</p><p>“A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos têm direito de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo ordenamento jurídico. Dessa forma, o que se veda são as diferenças arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente se tendo por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito.”</p><p>Alexandre de Moraes continua dizendo:</p><p>A igualdade se configura como uma eficácia transcendente, de modo que toda situação de desigualdade persistente à entrada em vigor da norma constitucional deve ser considerada não recepcionada, se não demonstrar compatibilidade com os valores que a Constituição, como norma suprema proclama.</p><p>No decorrer dos anos, vem sendo criados novos dispositivos constitucionais e leis que reforçam ainda mais os idéias de igualdade pregado pela Constituição Federal. Mais tarde, mas não menos importante, torna se relevante que falemos também sobre a lei das cotas de gênero.</p><p>A Lei Eleitoral 9.100, promulgada em 1955, alterou Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. Em 1997, outra alteração , aumentou a cota de gênero para 30% de mulheres na composição das chapas. Essa iniciativa, teve como objetivo a reforçar ainda a idéia de igualdade além de consolidar ainda mais a democracia. A alteração da lei, defende o conceito de democracia paritária, ou seja, um modelo político com paridade e igualdade entre homens e mulheres.</p><p>A LEI MARIA DA PENHA</p><p>O movimento de mulheres, exerceu papel fundamental nas conquistas históricas como no âmbito nacional em que, ocorreu o reconhecimento de igualdade entre homens e mulheres que, se torna obrigatório a partir da constituição de 1988 e mais atualmente a Lei Maria da Penha.</p><p>O objetivo da Lei nº 11/340/06, é prevenir a ocorrência e punir com rigor os atos de violência praticados contra a mulher no ambiente doméstico ou familiar, foi batizada com o nome de “Maria da Penha” em homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de violência por parte do seu marido, Marco Antônio Herradia, o qual tentou matá-la duas vezes, a primeira vez Herradia disparou contra Maria da Penha em suas costas deixando-a paraplégica e na segunda vez tentou eletrecutá-la enquanto tomava banho. Foi criada em 7 de agosto de 2006, criando mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. (LIMA, 2009)</p><p>A lei (11.240/06),intitulada Lei Maria da penha possibilitou o esclarecimento perante a definição do que seria violência. Antes da lei entrar em vigor, entendia-se por violência, apenas agressões que deixassem marcas visíveis como hematomas ou feridas. Atualmente, o texto da lei discorre sobre as diversas formas da violência podendo se de caráter físico, psicológico, sexual, moral ou patrimonial.</p><p>A violência física e definida como aquela que ofende a integridade ou a saúde corporal sendo manifestada através de socos, tapas, pontapés, empurrões, queimaduras, espancamentos, ou qualquer situação que coloque em risco a integridade física da mulher. Tal violência é exercida contra a mulher, muitas vezes, lhe causando morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico.</p><p>A violência psicológica causa dano emocional, diminui a autoestima, prejudicando e perturbando o pleno desenvolvimento pessoal. O agressor degrada ou controla comportamentos, ações, crenças e decisões mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação e isolamento, tirando a liberdade de pensamento ou ação. Por ser mais subjetiva, a violência psicológica torna-se mais difícil de se perceber, descrever ou avaliar, já que, a vítima não compreende o seu próprio sofrimento. Ainda</p><p>assim, a violência psicológica, não tem visibilidade por não deixar marcas no corpo nem danos materiais, mas pode gerar desagradáveis consequências para a saúde.</p><p>A violência sexual por sua vez, e definida como qualquer ato sexual, investidas ou comentários sexuais indesejáveis, contra a sexualidade de uma pessoa usando a força. Tal violência é a mais cruel depois do homicídio, pois é a apropriação do corpo de uma mulher sem seu consentimento através de intimidações, chantagens, manipulações e ameaças de diversos tipos</p><p>A violência moral se caracteriza através de ofensas com calúnias, insultos, difamação e opiniões contra a reputação moral com críticas mentirosas e xingamentos. Esse tipo de violência tem menos visibilidade, pois as decorrências não são percebidas de imediato, quando é percebido, geralmente a vítima já encontra-se em um estado avançado com evidências de depressão, dependência química e até suicídios.</p><p>Por fim, a violência patrimonial resulta em danos, perdas, subtração ou retenção de objetos como documentos pessoais, bens e valores da mulher. Esta forma de violência apresenta-se em situações em que o companheiro quebra móveis ou eletrodomésticos, rasga ou queima roupas e documentos, fere ou mata animais de estimação, toma imóveis e dinheiro e recusa-se a não pagar pensão alimentícia dos filhos.</p><p>Assim sendo, a lei Maria da Penha, nos leva a compreensão da violência como a tudo aquilo que fere a integridade da pessoa.</p><p>A criação da Lei 11.340, conhecida como Lei “Maria da Penha” criou mecanismos para intimidar, prevenir e punir qualquer forma de violência doméstica e familiar contra a mulher. A promulgação da lei impulsiona a consolidação da Política Nacional de Enfretamento à Violência contra as Mulheres que consiste num acordo entre governos federais, estaduais e municipais para o planejamento de ações para prevenção, combate e atendimento a essa população alvo (BRASIL apud SOUZA, 2015, p. 61).</p><p>Alem dos tipos de violência falados anteriormente, e importante falar mos sobre outro tipo, denominado violência de gênero”.</p><p>De acordo com Teles e Melo (2002), determinada forma de violência ocorre mediante uma relação de poder que há entre o homem dominador em relação a submissa mulher. Esse modelo de relação demonstra papéis imposto as mulheres e aos homens instituídos e reforçados ao longo da história pelo patriarcado e sua ideologia, induzindo relações violentas entre os sexos. As autoras ainda afirmam que a violência de gênero pode ser entendida como violência contra a mulher. Ainda sobre violência de gênero, Souza (2007) salienta que;</p><p>A violência de gênero se apresenta como uma forma mais extensa e se generalizou como uma expressão utilizada para fazer referência aos diversos atos praticados contra mulheres como forma de submetê-las a sofrimento físico, sexual e psicológico, aí incluídas as diversas formas de ameaças, não só no âmbito intrafamiliar, mas também abrangendo a sua participação social em geral, com ênfase para as suas relações de trabalho, caracterizando-se principalmente pela imposição ou pretensão de imposição de uma subordinação e controle de gênero masculino sobre o feminino. A violência de gênero se apresenta, assim, como um ‘gênero’, do qual as demais, são espécies (SOUZA, 2007, p.35).</p><p>Independente da forma, qualquer tipo de violência deve ser eliminado. As leis de proteção á mulher, chegam para reforçar ainda mais a cultura anti violência que vem ganhando cada vez mais força.Tendo em vista a inferiorização da mulher, a discriminação, desvalorização e as diversas formas de injustiças sofridas, torna se necessário que haja cada vez mais instrumentos jurídicos que garantam a segurança e acima de tudo, assegurem os direitos a vida e a dignidade da mulher.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:</p><p>SAFFIOTI, Heleieth, A Mulher na Sociedade de Classes - Mito e Realidade - 3ª Ed. 1976.</p><p>SAFIOTTI, Heleith, O poder do macho. São Paulo, Moderna, 1987.</p><p>BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo II – a experiência vivida. 2. ed. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.</p><p>CARVALHO, M. E. P. de. Introdução à questão das relações de gênero na Educação. Consciência de gênero na escola. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2000.</p><p>CARLOTO, Cassia Maria. Gênero, reestruturação produtiva e trabalho feminino. Em: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n2_carlotto.htm. Acessado em: 15 de dez. 2017.</p><p>GROSSI Miriam Pillar. Mapeamento de Grupos e Instituições de Mulheres de Gênero Feministas no Brasil, 1995.</p><p>KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo.InTEIXEIRA, Marli, EMÍLIO, Marilane, NOBRE, Miriam e GODINHO Tatau. (org.). Desafios para as políticas públicas: trabalho e cidadania para as mulheres. São Paulo, 2003.</p><p>PRIORE, Mary del. História das mulheres no Brasil. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1997.</p><p>ROUSSEAU, J.J. Emílio Da Educação. São Paulo: Martin Fontes, 1995.</p><p>PROBST, E.R. A Evolução da mulher no mercado de trabalho. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2009.</p><p>https://ensaiosdegenero.wordpress.com/2012/01/28/sobre-as-marcas-inteligiveis-da-pessoa-a-identidade-e-a-identidade-de-genero/Acessado em: 13 de dez . 2017.</p><p>http://www.douradosagora.com.br/noticias/brasil/mulheres-ainda-enfrentam-resistencia-no-mercado-de-trabalhoAcessado em: 15 de dez . 2017.</p><p>https://marchamulheres.wordpress.com/2012/11/07/a-realidade-das-mulheres-no-mercado-de-trabalho-brasileiro/Acessado em: 14 de dez . 2017.</p><p>http://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2015/03/brasil-e-o-3-com-menos-mulheres-em-cargos-de-lideranca-diz-pesquisa.htmlAcessado em: 13 de dez . 2017</p><p>BETTO, Frei. A marca do batom: Como o movimento feminista evoluiu no Brasil e</p><p>no mundo. ALAI, América Latina en Movimento, 2001. Disponível em:</p><p><http://alainet.org/active/1375&lang=es>. Acesso em: 02 jun. 2018.</p><p>2MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 37.</p><p>SOUSA, Ana Maria Viola; NASCIMENTO, Grasiele Augusta Ferreira. Transformações do direito no século XXI: A tutela jurídica da mulher brasileira. In: Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, 2009, São Paulo. Disponível em: < http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2297.pdf> Acesso em 26.12.2012</p><p>23MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 36.</p><p>24MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 37.</p><p>25NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 32. ed. São Paulo: LTr,</p><p>MIRANDA, R. L. Inteligência total na empresa: uso integral das aptidões cerebrais no processo empreendedor. Rio de Janeiro: Campus, 1998.</p><p>MEYERSON, D.; FLETCHER, J. A modest manifesto for shattering the glass ceiling. Harvard Business Review. Boston: Harvard Business Press, 2000.</p><p>BRUSCHINI, C. 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São Paulo: Brasiliense, 2002</p><p>CALIL, Leá Elisa Silingowschi. Direito do trabalho da mulher: a questão da igualdadejurídica ante a desigualdade fática. São Paulo: LTR, 2007</p><p>https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/20234-mulher-estuda-mais-trabalha-mais-e-ganha-menos-do-que-o-homem.html</p><p>ACESSADO EM 17/08/2018</p><p>https://economia.estadao.com.br/blogs/nos-eixos/como-raca-e-genero-ainda-afetam-as-suas-chances-de-conseguir-emprego-e-bons-salarios/</p><p>CARDONE. Marly. in artigo "O "ASSÉDIO SEXUAL" COMO JUSTA CAUSA", publicado no "Repertório IOB de Jurisprudência", n.° 23/94, pág. 393.</p><p>NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Op. Cit., pág. 444</p><p>PASTORE, José. Assédio Sexual no Trabalho. 6ª Ed. São Paulo. Makron Books. 1998, pág. 101 16LIPPMANN, Ernesto. Assédio Sexual nas relações de trabalho: prevenindo indenizações caras após a Lei 10.224/2001. ADCOAS Trabalhista. Ed Esplanada. Ano III. Mar. 2002. 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Através dele é que se consolidava sua posição social e se garantia sua estabilidade ou prosperidade econômica. Isto equivale a dizer que, afora as que permaneciam solteiras e as que se dedicavam às atividades comerciais, as mulheres, dada sua incapacidade civil, levavam uma existência dependente de seus maridos. E a asserção é válida quer se tomem as camadas ociosas em que a mulher dependia economicamente do homem, quer se atente para as camadas laboriosas nas quais a obediência da mulher ao marido era uma norma ditada pela tradição. Sob a capa de uma proteção que o homem deveria oferecer à mulher em virtude da fragilidade desta, aquele obtinha dela, ao mesmo tempo, a colaboração no trabalho e o comportamento submisso que as sociedades de família patriarcal sempre entenderam ser dever da mulher desenvolver em relação ao chefe da família.(SAFFIOTI 1976, P.8)</p><p>Apesar de serem vistas apenas como o elo mais frágil da instituição familiar, as mulheres sempre desempenharam um papel significativo para a formação social e econômica da família.</p><p>Contrariando o pensamento machista, elas nunca estiveram alheias ao trabalho. Em toda e história da humanidade e em vários contextos, a classe feminina tem contribuído para a subsistência de sua família e para criar a estabilidade financeira social.</p><p>Nas economias pré-capitalistas, especificamente no estágio imediatamente anterior à revolução agrícola e industrial, a mulher das camadas trabalhadoras estava presente nos campos e nas manufaturas, nas minas e nas lojas, nos mercados e nas oficinas, tecia e fiava, fermentava a cerveja e realizava outras tarefas domésticas. Enquanto a família existiu como uma unidade de produção, as mulheres e as crianças desempenharam um papel econômico fundamental.</p><p>Após a Revolução Industrial, em meados do século XIX, com I e II Guerra Mundial, houve uma mudança significativa no papel da mulher na sociedade e consequentemente na divisão dos trabalhos.</p><p>Quando os homens iam para as frentes de batalha, as mulheres passaram a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. Com o fim da guerra, muitos dos homens que conseguiam sobreviver, estavam incapacitados de exercer seus trabalhos por estarem mutilados ou com perda de algumas funções essências do corpo.</p><p>Diante disso, as mulheres se viam obrigadas a tomarem a frente na luta pelo sustento da família. Algumas delas começaram a assumir postos que antes eram exclusivos dos maridos como, escritórios, nas fabricas nos negócios familiares entre outros setores.</p><p>A entrada de mulheres no mercado de trabalho, para realizar as tarefas deixadas pelos homens durante a guerra ou para suprir uma demanda que surgia, começa a causar grandes transformações sociais. Com a entrada da classe feminina, por força da necessidade em tempos guerra, alguns trabalhos deixam de serem atividades exclusivas dos homens.</p><p>Na turbulência desse período, mulheres já eram levadas para campos de batalha para combate e também exerciam a função de enfermagem cuidando dos combatentes feridos. Além disso, a falta de mão de obra masculina, fez com que as mulheres começassem a ocupar postos de trabalho nas indústrias de confecção, produzindo uniformes para soldados e outros artigos têxteis e para o vestuário. As mulheres foram solicitadas também nos meios rurais, setor de extrema importância para a sobrevivência da população e que não poderia paralisar suas atividades enquanto a guerra persistia.</p><p>Na ausência dos homens, que eram considerados os provedores do lar, os trabalhos desempenhados pelas mulheres, então reconhecidos pela sociedade, eram desempenhados em troca de uma refeição ou de uma quantia irrisória de dinheiro, que eram bem menores do que o valor pago para os homens. Apesar de trabalharem mais, e ganharem salários menores, a classe feminina não estava mais limitada, se antes, elas estavam apenas na produção de subsistência, agora estavam nas fabricas e em outros setores com visibilidade social.</p><p>Com os acontecimentos pós-guerra aliados ás transformações ocasionadas pela Revolução Industrial, a mulher assiste a uma pequena ampliação de seus horizontes. A mesma já se distancia do lar para desempenhar uma atividade ocupacional, mas continua impedida de participar da vida pública e ainda tem seus direitos limitados.</p><p>Com a consolidação do sistema capitalista, no século. XIX, inúmeras mudanças ocorreram na produção e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento tecnológico e o surgimento das máquinas, boa parte da mão de obra feminina começa a ser aceita das fábricas principalmente na operação das máquinas.</p><p>Tem se nessa época, uma aceitação maior em relação à mão de obra oferecida pelas mulheres. Um dos fatores determinantes para essa aceitação estava no fato do baixo custo dos serviços oferecidos, pois as mulheres aceitavam salários inferiores aos dos homens, apesar de desempenharem as mesmas funções e executarem os mesmos serviços.</p><p>Sobre a exploração da mão de obra feminina e as situações as e desigualdade entre sexos, Saffioti(2002, P.36), nos diz o seguinte:</p><p>As desvantagens sociais que gozavam os elementos do sexo feminino permitiam à sociedade capitalista em formação arrancar das mulheres o máximo de mais-valia absoluta através, simultaneamente, da intensificação do trabalho, da extensão da jornada de trabalho e de salários mais baixos que os masculinos (SAFFIOTI, 2002, P.36).</p><p>Não obstante mulheres sujeitavam-se a jornadas de trabalho de 14 a 16 horas por dia, salários significativamente mais baixos, trabalhando muitas vezes em condições prejudiciais à saúde e cumprindo obrigações além das que lhes eram possíveis. Além de tudo, a mulher deveria, ainda, cuidar dos afazeres domésticos e dos filhos. Não se observava uma proteção na fase de gestação da mulher, ou de amamentação. A classe feminina era tratada com diferença em todos os trabalhos que desempenhava. O sofrimento era constante, além de intimidação, desqualificação, ainda estavam sujeitas a vários tipos de assedio.</p><p>As barreiras enfrentadas pelas mulheres para participar do mundo dos negócios eram sempre muito grandes, independentemente da classe social a que pertencessem. Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido pelos homens como naturalmente masculino. (PRIORE, 1997, p. 581-582).</p><p>Ainda no século XIX, devido à dupla jornada de trabalho e outras dificuldades enfrentadas para cuidar dos filhos, da casa e ainda ajudarem com a aparte que antes era exclusiva do homem, acontecia o movimento de mulheres reivindicando direitos trabalhistas como igualdade de jornada de trabalho, equiparação salarial, creche para os filhos, educação e profissionalização e o direito de voto. A partir de então, o espaço feminino vem crescendo cada vez mais e a luta constante por igualdade entre gêneros faz com que os movimentos feministas ganhem força no Brasil e no mundo.</p><p>2.1- O movimento feminista .</p><p>O Feminismo é um conceito que surge no século XIX, o qual se desenvolveu como movimento filosófico, social e político.</p><p>Sua principal característica é a luta pela igualdade de gêneros, e consequentemente pela participação da figura feminina em todas as áreas da sociedade.</p><p>No entendimento de Soares (1994), o feminismo é a ação política das mulheres, englobando teoria, prática e ética. A autora reconhece as mulheres, historicamente, como sujeitos da transformação de sua própria condição social.</p><p>Nesse</p><p>contexto, o movimento feminista defende a idéia de que as mulheres sejam agentes de transformação sobre o mundo e sobre si mesmas através de ações coletivas individuais e existenciais, seja na arte na teoria e na política.</p><p>O movimento feminista organizado teve origem nos Estados Unidos na década de 60 , e logo depois, ganhou força e espalhando-se por outros países. Alem da emancipação, e da busca pela igualdade de direitos, o movimento buscava a libertação feminina das amarras de um senso moral construído pela cultura machista , transmitida desde os séculos passados. A luta pela libertação feminina visava a construção de uma sociedade livre de relações preconceituosas e discriminações.</p><p>Emancipar-se é equiparar-se ao homem em direitos jurídicos, políticos e econômicos. Corresponde à busca de igualdade. Libertar-se é querer ir mais adiante, marcar a diferença, realçar as condições que regem a alteridade nas relações de gênero, de modo a afirmar a mulher como indivíduo autônomo, independente, dotado de plenitude humana e tão sujeito frente ao homem quanto o homem frente à mulher. (BETTO, 2001, p. 20).</p><p>As dificuldades em superar as barreiras impostas às mulheres acabam por impedir que elas atuem livremente em todos os espaços sociais, políticos, econômicos e culturais . apesar das dificuldades enfrentadas, não devemos negligenciar a participação das feministas nos ultimos tempos empreendendo-se em uma luta constante pela consolidação de um espaço público igualitário.</p><p>Sobre as lutas do movimento feminista, Rago 1977 diz:</p><p>Muitas mulheres, trabalhadoras e, especialmente, as feministas, têm lutado nas últimas três décadas pela construção de uma esfera pública democrática. Elas querem afirmar a questão feminina e assegurar a conquista dos direitos que se referem à condição da mulher. Por isso mesmo, é importante que possamos estabelecer as pontes que ligam as experiências da história recente com as do passado, acreditando que nos acercamos de um porto seguro e nos fortalecemos para enfrentar os inúmeros problemas do presente. (RAGO, 1997, p. 605).</p><p>Algumas causas defendidas pelo movimento feminista, merecem uma atenção especial. Entre elas, citemos exemplares como , violência contra a mulher, a diferença salarial entre gêneros, pouca inserção feminina no meio político, casos de assédio e preconceito contra a mulher, necessidade de exames preventivos e maior informação, acesso a métodos contraceptivos gratuitos e amamentação em lugares públicos.</p><p>Tais causas defendidas pelo movimento, são de extrema importância na luta para maior inclusão das mulheres frente a sociedade. Outras causas abraçadas pelas vozes feministas, são voltadas a maior participação das mulheres na vida política alem de defender a criação de políticas destinadas à mulher onde haja a garantia de que os direitos da mulher sejam respeitados.</p><p>Ao defender a criação de Políticas públicas voltadas a classe feminina, as lutas tendem a atender às carências da população feminina, para impor a igualdade de gênero, assegurar a vida da mulher, garantir sua participação em espaços onde não estão presentes ou sofrem preconceito, combater o assédio velado ou explícito alem de colocar fim a toda e qualquer forma de violência contra as mulheres.</p><p>3- A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO</p><p>Desde a colonização do Brasil, o papel da mulher brasileira perpassa por funções diversas, degradantes e até desumanas. Elas foram admiradas, temidas e foram reduzidas a objetos de domínio e submissão por receberem um conceito de sexo frágil.A classe feminina carregou o fardo que foi construído pela sociedade que dizia que mulheres precisavam manter-se em casa, para que a ordem da família fosse mantida.</p><p>De maneira geral, as mulheres enfrentam grandes dificuldades no mercado de trabalho, representam mais da metade da população desempregada e, quando ocupadas, percebem rendimentos menores do que o dos homens. A discriminação de gênero é um fator determinante para as possibilidades de acesso, permanência e condições de trabalho. A necessidade de transformar as condições nas quais elas se inserem e estão inseridas, constitui-se em um desafio relevante para a construção de novas relações sociais. Historicamente, a abordagem por sexo revela que as mulheres enfrentam grandes dificuldades no mercado de trabalho, tanto para conseguir uma ocupação quanto para mantê-la e, principalmente, por auferir rendimentos menores que os homens. (DIEESE, 2013, p.1</p><p>A mulher sempre foi inferiorizada intelectualmente e fisicamente, seu trabalho era associado à reprodução e ao cuidado com o funcionamento do lar e da educação das crianças. Essas ideologias foram repassadas para seus descendentes. A mulher, enquanto dona de casa sempre foi desvalorizada, pois o trabalho desenvolvido por ela nesse oficio, não era considerado como algo quantificável monetariamente.</p><p>Desde a sociedade burguesa, o trabalho da mulher é desvalorizado, pois está associado a um trabalho dado a ela pela própria natureza, como algo determinado biologicamente. A cultura patriarcal limitou a mulher aos trabalhos domésticos e aos cuidados com os filhos, fazendo com que a função dela na sociedade seja vista apenas como a função reprodutora.</p><p>Sobre tal fato, Guimarães explica ;</p><p>“Tradicionalmente, as mulheres participam menos que os homens no mercado de trabalho, entre outros fatores devido a barreiras culturais que ainda persistem, e a uma divisão sexual do trabalho que lhes atribui as funções de cuidado e reprodução social na esfera doméstica, que não são consideradas trabalho, subtraindo assim tempo para a inserção no mercado de trabalho.” (GUIMARÃES, 2012, p. 61-62)</p><p>A força da dominação masculina, se evidencia em todas as áreas da sociedade. Seja na divisão do trabalho e ate mesmo nas simples rotinas diárias. Em diversos momentos da historia, como explica (BOURDIEU, 2012, p.18).</p><p>A ordem social funciona como uma imensa máquina</p><p>simbólica que tende a ratificar a dominação masculina sobre a</p><p>qual se alicerça: é a divisão social do trabalho, distribuição bastante</p><p>estrita das atividades atribuídas a cada um dos dois sexos, de</p><p>seu local, seu momento, seus instrumentos; é a estrutura do espaço,</p><p>opondo o lugar de assembléia ou de mercado, reservados aos</p><p>homens, e a casa, reservada às mulheres; ou, no interior desta,</p><p>entre a parte masculina, com o salão, e a parte feminina, com o</p><p>estábulo, a água e os vegetais; é a estrutura do tempo, a jornada, o</p><p>ano agrário, ou o ciclo de vida, com momentos de ruptura, masculinos, e longos períodos de gestação, femininos.</p><p>Devido a uma visão biologista da atividade feminina, o seu trabalho doméstico não era definido como trabalho. O conceito de trabalho na maioria das vezes tende a ser utilizado no sentido restrito ao chamado trabalho produtivo e nas relações capitalistas, e isso significava trabalho que produzia lucro. As donas de casa eram vistas como não trabalhadoras.</p><p>A identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através da atribuição de distintos papéis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que pode atuar o homem. (SAFFIOTI-1987, P.8).</p><p>Com o passar dos anos, a classe feminina vem lutando para conquistar seu espaço na sociedade e ate mesmo adquirir igualdade em direitos. Nos últimos anos, tem sido notável que a sociedade brasileira tem inserido cada vez a mais as mulheres no mercado de trabalho.</p><p>Essas mudanças podem ser explicadas pela combinação de fatores econômicos, culturais e sociais. O crescimento industrial no Brasil, vem transformando a estrutura produtiva e o processo cada vez maior de urbanização vem transformando cada vez mais as mulheres em pessoas multifuncionais. O papel da mulher, não se encontra mais restrito a tarefas domesticas, mas o processo de inclusão dessa categoria no mercado de trabalho sempre esteve voltado pela divisão</p><p>sexual do trabalho.</p><p>Essa divisão faz com que a classe feminina esteja em sua grande maioria em postos menos prestigiados. Esse fato pode ser explicado pela conciliação da vida familiar e vida profissional que faz com que, apesar de instruídas, as mulheres tendam a se concentrar em determinados postos, vistos pela sociedade machista como os mais adequados a elas.</p><p>Ao analisarmos algumas atividades exercidas por mulheres, é possível notar que existe uma certa divisão de mercado e algumas profissões que tendem a ser mais exercidas por pessoas do sexo feminino, entre elas pode- se citar as professoras, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas, serviços de saúde.</p><p>A presença feminina é notada também em um grau elevado nos setores tradicionais, como costureiras na indústria da confecção, e em ocupações dos serviços de cuidado pessoal, higiene e alimentação, esteticistas em geral, faxineiras, arrumadeiras em domicílios e hotéis, lavadeiras, tintureiras e cozinheiras além de secretárias, auxiliares de contabilidade e caixas. Apesar de existir uma quantidade significativa de atividades que exigem qualificações e formação profissional, a parte mais significativa em relação aos homens, está concentrada no serviço doméstico remunerado.</p><p>A divisão sexual do trabalho acaba por organizar até mesmo o acesso à educação: as mulheres estudam e trabalham com mais frequência em áreas definidas historicamente como femininas, e que justamente por isso têm menor remuneração.</p><p>A</p><p>4- IDEOLIGIA DE GÊNERO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES.</p><p>Para entender as questões relacionadas à ideologia de gêneros, e necessário que se tenha a definição entre, sexo, gênero e sexualidade.</p><p>Nas palavras de Mirian Grossi(1995), a definição dos termos:</p><p>Sexo é uma categoria que ilustra a diferença biológica entre homens e mulheres; gênero é um conceito que remete à construção cultural coletiva dos atributos de masculinidade e feminilidade; identidade de gênero é uma categoria pertinente para pensar o lugar do indivíduo no interior de uma cultura determinada; e sexualidade é um conceito contemporâneo para se refletir ao campo das práticas e sentimentos ligados à atividade sexual dos indivíduos. (GROSSI, 1995,P.12).</p><p>A ideologia de gênero pode ser definida como a como a ideia de que a sexualidade humana seja parte de construções sociais e culturais e não um fator biológico.</p><p>De acordo com essa ideologia as pessoas não nasceriam homens nem mulheres, e sim ao longo da vida e que escolheriam o gênero sexual elas escolheriam o gênero com o qual se identificam. Este conceito vem sofrendo alterações com o decorrer do tempo. De acordo com alguns estudiosos, ninguém nasce homem ou mulher, e sim a educação e a responsável por formar os seres socialmente femininos ou masculinos.</p><p>Sobre essa ideologia, e Simone de Beauvoir (1967, p. 9), dizia que:</p><p>Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. BEAUVOIR (1967, p. 9).</p><p>De acordo com Kergoat, (2000, p. 55), “as condições em que vivem homens e mulheres não são produtos de um destino biológico, mas, antes de tudo, construções sociais. Homens e mulheres não são uma coleção, ou duas coleções de indivíduos biologicamente distintos. Para ela, os grupos sociais são formados através de relações sociais de sexo”.</p><p>A construção da imagem do homem e da mulher vem sendo transmitidas a todas as gerações desde a antiguidade. As relações sociais entre sexos, sempre trouxeram uma separação entre coisas de homem e coisas de mulher. Nos tempos antigos as mulheres eram educadas apenas para o lar, como se as mesmas tivessem a função servidão e os homens para o domínio. Embora os tempos estejam mudando, essa linha de pensamento vem sendo transmitida de geração em geração. A sociedade estabelece padrões culturais a serem seguidos de forma que qualquer modo de vida que seja diferente do tradicional tende a ser rejeitado. A separação entre coisas de homem e coisas de mulher e muito notada em todos os aspectos. Na maioria das vezes essas concepções machistas do mundo acabam por definir as pessoas pela forma como se vestem como andam o trabalho que executam o ambiente que frequentam e outras coisas que ainda estão erroneamente associadas a gênero feminino ou masculino.</p><p>Sobre essa questão Carvalho (2000, p. 16) esclarece que:</p><p>As relações de gênero se baseiam em representações sociais e culturais, ou seja, nas ideias sobre o que deve ser - como deve se comportar, pensar, sentir um homem ou uma mulher. Assim, as ideias sobre a masculinidade e a feminilidade tendem a criar estereótipos que ditam como todos os homens e mulheres devem ser.(CARVALHO 2000, p. 16)</p><p>Nesse contexto a ideologia de gêneros, objetiva desconstruir imagens tradicionais, quebrar preconceitos, acabar com todas as formas de repressão sexual e colocar um fim a discriminação de pessoas. Em resumo, a ideologia de gênero, prega que cada pessoa poderá ser exatamente aquilo que desejar, e não obrigatoriamente será o que no dizer de muitos, a própria natureza definiu.</p><p>5- TRABALHO FEMININO</p><p>Conforme falado anteriormente, a divisão sexual do trabalho faz com que as mulheres tenham grandes dificuldades ao se ingressarem no mercado de trabalho. Algumas características herdadas da antiga família burguesa persistem ate os dias atuais e faz com que as mulheres apresentem menor diferencial competitivo no mercado.</p><p>Um dos fatores determinantes que dificultam a entrada das mulheres no mercado, e o fato delas continuarem sendo as principais responsáveis pelas tarefas domesticas. Apesar de já existirem homens que cuidam dos afazeres domésticos, a maior parte dessas tarefas esta diretamente sobre a responsabilidade feminina.</p><p>Uma pesquisa do IBGE que fez um diagnóstico comparativo entre homens e mulheres, revelou que em 2016, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos cerca de 73% a mais de horas do que os homens (18,1 horas contra 10,5 horas).</p><p>Ao falarmos do estudo feito por cor ou raça, é possível observar que mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e/ou aos afazeres domésticos, com o registro de 18,6 horas semanais em 2016.</p><p>Não obstante, a pesquisa revelou ainda que as mulheres trabalham mais, estudam mais e ganham menos. De acordo com os dados levantados, em 2016, 23,50% das mulheres com 25 anos de idade ou mais concluíram o ensino superior contra 20,70% dos homens na mesma faixa etária. No estudo feito porá raça ou cor, foi levantado que 7,0% dos homens negros ou pardos concluíram o ensino superior contra 10,50% das mulheres negras ou pardas. No quesito freqüência escolar, mais uma vez as mulheres superam os homens com um total de 73,50% delas, contra 63,20% deles.</p><p>A desigualdade ainda é altamente notada na vida publica, representação política e na tomada de decisão. Segundo o IBGE, ainda em 2016, apenas 37,80% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres enquanto 62,20% eram ocupados por homens. Na representação política, já em 2017apenas 10,50% dos assentos das camara dos deputados estavam ocupados por mulheres contra 80,50% de homens, sendo a diferença mais significativa levantada pelo estudo.</p><p>Nesse cenário, a vida das mulheres na sociedade capitalista, tende a ser cada dia mais complexa, visto que grande parte das mulheres ativas no mercado acaba por terem uma dupla jornada de trabalho, isso quando o tempo integral não é dedicado à vida doméstica.</p><p>Essa cultura machista e ultrapassada, acaba por influenciar gerações de forma que desde a infância, afazeres domésticos e cuidados de pessoas tornam se conhecidas como tarefas femininas.</p><p>Comprovando essas informações, vejamos a pesquisa do IBGE , que revelou que meninas de 14 a 17 anos estão mais envolvidas em cuidados de pessoas e afazeres domésticos do que os meninos. De acordo com os dados levantados</p><p>pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua, as meninas entre 05 a 17 anos de idade dedicavam, em média, 12,3 horas por semana, enquanto os meninos, na mesma faixa etária dispensavam 8,1 horas conforme gráfica abaixo:</p><p>A feminização das tarefas domésticas, vem sendo repassadA, de forma que desde a infância, os homens são educados de forma a participar mais do mercado de trabalho remunerado, reservando as tarefas domesticas em sua maioria para as mulheres.</p><p>De acordo com BRUSCHINI(2006) o tempo econômico masculino é sempre maior do que o feminino e, por sua vez, o tempo feminino na reprodução social é maior do que o masculino. Segundo a autora, não há uma contrapartida de redução do tempo dedicado por elas à reprodução social, acontece apenas uma adição do tempo econômico ao da reprodução social.</p><p>Dentro dessa perspectiva, concretiza-se a relação entre produção e reprodução, entre trabalho remunerado e não remunerado, e nas relações sociais entre os sexos. Como "destino natural dos sexos" se define a produção e a remuneração aos homens, e a reprodução e o trabalho não remunerado às mulheres. É a dicotomia entre o público e o privado se consubstanciando no binário trabalho remunerado e não remunerado.</p><p>Para Sorj (2004), o trabalho remunerado e o não remunerado são duas dimensões do trabalho social que estão intimamente relacionadas, prevalecendo a noção de que o trabalho para o mercado e a atividade doméstica são guiados por diferentes princípios, pois as regras do mercado se aplicam à produção, e o trabalho doméstico seria a contrapartida das mulheres no casamento pelo seu sustento.</p><p>Ao adentrarmos o mundo empresarial, é possível notar que parte das empresas brasileiras tem em seu quadro de funcionários, uma divisão que ocorre de forma sexuada, garantindo aos homens ocupações e postos de maior qualificação, prestígio e melhores salários em detrimento da inserção feminina em atividades flexíveis e subcontratadas, marcadas por baixos salários e menores exigências de qualificação.</p><p>Na maioria das vezes, a visão machista adquirida pela sociedade, acaba por limitar os acessos das mulheres, ao mesmo tempo em que faz com que todos aceitem a situação como se fosse normal. Por que a maioria das empresas possuem homens em seus comandos, as novas oportunidades surgem como seguimento a um modelo pré-estabelecido.</p><p>Um dos grandes obstáculos, e que muita gente acredita que o local de trabalho não e uma meritocracia. Isso faz que a atenção esteja voltada aos grupos , não aos indivíduos, cultivando assim, o pensamento de que as diferenças de resultados não estão baseados no mérito, e sim no gênero. Isso faz com que as grandes empresas, tenham preferência por investir na qualificação dos homens, e acabam deixando as mulheres esquecidas em cargos menos valorizados, embora as mesmas, na maioria das vezes sejam mais qualificadas,</p><p>A falta de investimento das empresas na qualificação das mulheres pode ser ocasionada por vários fatores. O tempo disponível para elas acaba por ser inferior ao tempo disponível pelos homens visto que a mulher passa grande parte do tempo nas tarefas domesticas. Não obstante, questões ligadas à maternidade são determinantes para que a classe feminina sempre tenha a tendência de priorizar a família e a educação dos filhos.</p><p>Sobre a posição secundaria das mulheres no mercado de trabalho (Saffiote 1978, p.32) afirma que:</p><p>Muitas vezes, a empresa se encarrega de melhorar a qualificação da força de trabalho de suas empregadas e estas abandonam o emprego ao contraírem matrimônio ou ao se tornarem mães. O investimento da empresa se torna, pois, antieconômico levando os empresários a concentrar seus esforços na qualificação da mão-de-obra masculina, quando se impõe a necessidade de preparar pessoal profissional. Ora, numa economia de iniciativa privada, é inegável a legitimidade do comportamento do empresário capitalista. O objetivo de lucro impõe um alto grau de racionalização das atividades da empresa, quer no que tange à busca de fatores de produção baratos a fim de tornar baixo o custo de produção, quer no que tange à continuidade da utilização de elementos imprescindíveis ao bom andamento do negócio.(SAFFIOTE 1978, p.32)</p><p>Para SAFFIOTE 1978, apesar de muitas mulheres estarem se profissionalizando e buscando ocupar alguns cargos que antes eram exclusivos dos homens, pode-se dizer que para elas, o elevador profissional não chega à cobertura. Elas estudam cada vez mais do que os homens, e apesar de algumas vagas no mercado de trabalho que requerem melhor qualificação, as mesmas são barradas antes de chegarem ao topo salarial e ao comando.</p><p>A desculpa dos empregadores é que as mulheres têm licença-maternidade e que custam mais caro, por isso as empresas compensam esse custo pagando menos.</p><p>Sobre as diferençasprofissionais das mulheres, Saffiote(1978, p.32) continua dizendo que:</p><p>A condição da mulher nas sociedades tem sido vista por numerosos estudiosos como o resultado da injunção de fatores de duas ordens diversas: de ordem natural e de ordem social. Dentre os primeiros, o mais sério diria respeito ao fato de a capacidade de trabalho da mulher sofrer grande redução nos últimos meses do período de gestação e nos primeiros tempos que se seguem ao parto. O aleitamento tornaria ainda insubstituível a mãe junto à criança pequena. Estes fatos biológicos são, muitas vezes, utilizados para justificar a inatividade profissional da mulher durante toda a sua existência, o que, por vezes, tem consequências extremamente desastrosas quer para o equilíbrio da personalidade feminina, quer para a socialização dos filhos, quer ainda para as relações conjugais. (SAFFIOTE 1978, p.32).</p><p>Os diversos papeis desempenhados pelas mulheres consomem muito do seutempo.Algumas delas deixam suas realizações pessoais de lado em nome da família. O determinismo biológico, de mãe, cuidadora, dona de casa, desperta nos empregadores uma insegurança com relação à frequência feminina ao trabalho. Alguns empregadores acreditam que a mulher tende a se ausentar mais ao trabalho do que os homens, pois além de cuidar dos filhos, em caso de doença a mesma deixa de estra presente por necessitar cuidar do marido.</p><p>Sobre o absenteísmo Saffiote(1978, p.34) nos afirma que:</p><p>Dentre os fatores propriamente sociais que circundam a condição da mulher, o problema do absenteísmo feminino ao trabalho pode ser encarado do mesmo modo. Fatores de ordem natural mesclam-se aqui com fatores de origem nitidamente social. Pesquisas realizadas evidenciam que a mulher tem mais necessidade que o homem de se ausentar do trabalho por motivo de doenças leves. Para agravar este problema, quando o homem adoece a mulher também não comparece ao local detrabalho, pois se espera que permaneça no lar cuidando do marido, o mesmo ocorrendo quando adoecem os filhos. Tudo isto eleva o absenteísmo feminino a taxas realmente muito superiores ao masculino (SAFFIOTI, 1978, p.34)</p><p>A atuação feminina em mercados tipicamente mal remunerados pode ser vista também pela lógica da falta especialização exigida pelos mesmos. Como o homem, desde sempre foi visto como o provedor do lar, o trabalho da mulher acaba por ser consequentemente, menos valorizado.</p><p>A sociedade capitalista sempre esteve pautada na imagem do homem como o braço forte que guerreia que usa a força física, e a mulher como o elo mais frágil. Diante disto, mesmo que em uma família a mulher também exerça atividade remunerada, sua renda e vista como algo complementar, logo não precisa ser igual a do homem.</p><p>Essa linha de pensamento discriminatória, muita das vezes dificulta ainda mais o ingresso das mulheres em uma competição igualitária, pois além de ser desfavorecida pelos vícios culturais da sociedade patriarcal, ainda tende a ser explorada pelo mercado capitalista. Diante dessas dificuldades, o grau de especialização feminino tende a ser inferiorao dos homens, não por incapacidade delas, mas porque o mercado vê nisso, uma forma de desvalorizar seu trabalho em funções auxiliares.</p><p>O mercado tende</p><p>a aproveitar a mão de obra feminina, sempre que necessitar de mão de obra mais barata. Sobre a contribuição feminina para baixar custos de produção e gerar crescimento econômico, Saffiote(1976, p.153) nos diz:</p><p>Sempre que haja necessidade premente de baixar os custos da produção, seja em virtude de atravessar a sociedade o período de acumulação originária, seja pela necessidade de elevar seu ritmo de crescimento econômico, o recurso ao emprego maciço da força de trabalho feminina tem-se revelado extremamente vantajoso para os empreendedores capitalistas. Não fora a reação societária à substituição da mão-de-obra masculina pela feminina, e os empresários poderiam utilizar, em larga escala e com nítidas vantagens, a força de trabalho da mulher, quer no período de constituição de uma economia capitalista, quer em sua fase de desenvolvimento. A pequena capacidade reivindicatória da mulher fá-la comportar-se mais ou menos passivamente nas relações de trabalho, impedindo-a de assumir posições estratégicas que poderiam melhorar sua posição de barganha no mercado de trabalho. (SAFFIOTE 1976, p.153)</p><p>Tendo em vista os diversos fatores comentados, é notável que o mercado de trabalho sempre esteve desfavorável para as mulheres. Esse fato pode ser justificado pelos fatores culturais que foram herdados e vem sendo mantidos com o passar dos anos. Seja por fatores sociais ou culturais, o fato e que em relação à força de trabalho masculina, as mulheres ainda continuam ocupando uma posição secundaria no mercado de trabalho.</p><p>3- A DISCRIMINAÇÃO PRATICADA CONTRA A MULHER</p><p>3.1 discriminação, conceitos e definições</p><p>Como vimos nos capítulos anteriores, a mulher,desde a sociedade antiga, sofre com grandes níveis de preconceito e discriminação simplesmente pelo fato de ser mulher. Antes de aprofundarmos no assunto, faz se necessário que saibamos um pouco mais sobre conceito e definições dos termos a serem abordados.</p><p>A discriminação é o ato de considerar que certas características que uma pessoa tem são motivos para que sejam vedados direitos que os outros têm. Em outras palavras, discriminar é considerar que a diferença implica diferentes direitos.</p><p>Nas palavras de Guimarães (2004a, p. 18) a discriminação consiste no tratamento diferencial de pessoas, baseado nas ideias de raça, classe social, sexo etc, podendo tais comportamentos gerar a separação e desigualdade.</p><p>De acordo com a Convenção nº 111, de 1958 da Organização Internacional do Trabalho:</p><p>Art.1º1 –o termo “discriminação “compreende:</p><p>a) Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir</p><p>Ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão;</p><p>b) Qualquer outra distinção; exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados.</p><p>A discriminação pode ocorrer de várias maneiras, como por exemplo a desigualdade de remuneração para função semelhante à desempenhada por homens; a desigualdade no acesso e permanência no emprego; a desigualdade nas oportunidades da ascensão e formação profissional; assédio moral. Dentre tantas outras vivenciadas pelas mulheres no dia a dia dentro do mercado de trabalho.</p><p>Sobre discriminação, Mauricio Godinho Delgado a conceitua da seguinte forma:</p><p>“Discriminação define-se como a conduta pela qual se nega a alguém, em função de fator injustamente desqualificante tratamento incompatível com o padrão jurídico assentado para a situação concreta vivenciada.” 2016, p. 885)</p><p>Para que se possa entender de modo aprofundado o significado de discriminação e não haja futuras divergências, faz-se necessária a definição de outros termos que permeiam esse significado, como a distinção entre desigualdade e exclusão, preconceito e estereótipo.</p><p>A desigualdade social é tratar o outro como desigual, centralizando o poder na mão de poucos. Ela se baseia nas relações entre as classes e ocorre quando o poder, que na nossa sociedade capitalista é o dinheiro, se concentra nas mãos de poucos. Já a exclusão é uma “forma de violência”, pois viola os direitos humanos e impedem o desempenho da cidadania.</p><p>O termo exclusão significa problemas sociais que levam ao isolamento e até à discriminação de um determinado grupo acarretando uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros. Nas palavras de Alfredo Bruto da Costa: “A noção de exclusão social pertence à perspectiva própria da tradição francesa na análise de pessoas e grupos desfavorecidos. Em termos simplificados, Robert Castel (…) define exclusão social como a fase extrema do processo de marginalização, entendido este como um percurso descendente, ao longo do qual se verificam sucessivas rupturas na relação do indivíduo com a sociedade.</p><p>Por sua vez, o preconceito pode ser entendido como um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. É uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento crítico ou lógico.</p><p>De acordo com (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 134) o preconceito é definido como “uma atitude hostil ou negativa com relação a um determinado grupo, não levando necessariamente, pois, a atos hostis ou comportamentos persecutórios”. Nesse contexto, preconceito é uma reação emocional ou inconsciente, que um indivíduo tem quando interage com alguém de um grupo diferente ou inferior.</p><p>Diferente do preconceito, estereótipo, na definição de (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009, p. 137) é explicado com á “imputação de certas características a pessoas pertencentes a determinados grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos típicos”.</p><p>Há também um julgamento prévio sobre os lugares que diferentes grupos sociais devem ocupar, como, por exemplo, mulheres devem ficar em casa. No meio social, são criadas generalizações falsas pelos grupos que se consideram dominantes a respeito dos grupos que se permitem dominar, objetivando legitimar a posição cultural de determinado grupo, indicando sua condição material privilegiada e mantendo outros grupos sob domínio social.</p><p>Partindo dessas premissas, verifica-se que a discriminação nada mais é que a esfera comportamental do preconceito: são os sentimentos hostis somados às crenças estereotipadas que trazem uma atitude que varia de um tratamento diferenciado a expressões verbais de desprezo e até mesmo manifestações de agressividade (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2009). Visto que a igualdade é um principio moral e jurídico segundo o qual não se devem estabelecer tratamentos que visem criar vantagens ou desvantagens indevidas entre os indivíduos, oposto a isso, a discriminação, ou o ato discriminatório, “envolve a comparação entre indivíduos, porque a consideração do mesmo como desvantajoso requer a análise dos parâmetros que deveriam colocar as pessoas em uma situação de tratamento simétrico. Isso significa que, em um primeiro momento, devemos entender a discriminação como algo que possui um caráter comparativo: deve se levar em consideração a forma como um agente trata um indivíduo em relação a outros” (MOREIRA, 2015, p. 9).</p><p>Os atos discriminatórios servem para afirmar a superioridade e manter os privilégios de um determinado grupo em relação a outro. Essa discriminação deve ser estudada, pois contraria dois direitos básicos do individuo garantido na Constituição Federal da República do Brasil, os quais sejam: igualdade e liberdade (Art. 5º, caput). Logo, a discriminação, em síntese, é a atitude de uma pessoa que vai contra a liberdade ou tratamento de igualdade de um indivíduo.</p><p>ASSEDIO</p><p>ASSEDIO SEXUAL</p><p>O Assédio sexual sempre esteve presente na sociedade, principalmente</p><p>no que tange ao assédio realizado pelo homem contra a mulher. Caracteriza-se como assédio sexual no ambiente de trabalho, pedido de favores sexuais feitos de forma direta ou indireta, verbal ou não verbal, sob oferta de vantagens no caso de aceitação, ou algum tipo de ameaça, em casos de recusa a configuração do crime de assedio, se concretiza nos casos em que há o uso do poder como forma de obter favores libidinosos, e há resistência por parte da vítima.</p><p>O assédio sexual, tipificado como crime no Código Penal Brasileiro, ocorre no ambiente do trabalho e, o mesmo e tratado através da competência de Justiça do Trabalho.</p><p>De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o assedio sexual e definido como insinuações, contatos físicos forçados, convites impertinentes, desde que apresentem uma das características a seguir:</p><p>a) ser uma condição clara para manter o emprego;</p><p>b) influir nas promoções da carreira do assediado;</p><p>c) prejudicar o rendimento profissional, humilhar, insultar ou intimidar a vítima.</p><p>Segundo o ABC dos direitos das mulheres trabalhadoras e igualdade de gênero da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2007);</p><p>Por assédio sexual no trabalho entende-se qualquer tipo de avanços sexuais inoportunos ou conduta verbal ou física de natureza sexual, cuja aceitação é explicita ou implicitamente considerada como uma condição para decisões favoráveis que afetam o emprego de uma pessoa, ou que tem o objetivo ou o efeito de interferir injustificadamente com o desempenho no trabalho da pessoa, ou de criar um ambiente de trabalho intimidativo, hostil, abusivo ou ofensivo. O assédio sexual pode consistir em</p><p>• insultos, comentários, piadas e insinuações de natureza sexual e observações desadequadas sobre a roupa, o aspecto físico, a idade ou a situação familiar de uma pessoa;</p><p>• contato físico indesejado ou desnecessário, como tocar, acariciar, beliscar ou atacar;</p><p>• comentários embaraçosos ou outro tipo de assédio verbal;</p><p>• olhares lascivos e gestos associados à sexualidade;</p><p>• convites comprometedores;</p><p>• pedidos ou exigências de favores sexuais;</p><p>• ameaças explícitas ou implícitas de despedimento, recusa de promoção, etc., caso os favores sexuais não sejam concedidos. (OIT, 2007, p. 33-34).</p><p>Nas palavras de Ernesto Lippmann:</p><p>É o pedido de favores sexuais pelo superior hierárquico, [...] com promessa de tratamento diferenciado em caso de aceitação e/ou ameaças, ou atitudes concretas de represálias, no caso de recusa, como a perda do emprego, ou de benefícios. É necessário que haja uma ameaça concreta de demissão do emprego, ou da perda de promoções, ou de outros prejuízos, como a transferência indevida, e/ou pela insistência e inoportunidade. É a “cantada” desfigurada pelo abuso de poder, que ofende a honra e a dignidade do assediado. [...] Enfim, o assédio caracteriza-se por ter conotação sexual, pela falta de receptividade, por uma ameaça concreta contra o empregado.</p><p>Para Marly Cardone o assédio sexual se traduz da seguinte forma:</p><p>A atitude de alguém que, desejado obter favores libidinosos de outra pessoa, causa a esta constrangimento, por não haver reciprocidade (...). Se assédio é insistência, para que exista o comportamento que estamos pretendendo definir, necessário se torna que haja freqüentes investidas do assediador junto à pessoa molestada, em artigo intitulado.</p><p>Nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento:</p><p>Assédio sexual pressupõe, ao contrário de agressão por ato único, uma conduta reiterada tipificadora, nem sempre muito clara, por palavras, gestos ou outros atos indicativos do propósito de constranger ou molestar alguém, contra a sua vontade, a corresponder ao desejo do assediador, de efetivar uma relação de índole sexual com o assediado; portanto, explicita-se como manifestação de intenção sexual sem receptividade do assediado, de modo a cercear a sua liberdade de escolha, a ponto de atingir a sua dignidade, o que difere de pessoa para pessoa, da mesma maneira que a moral, também, deve ser interpretada em consonância com as variações do tempo e do espaço.</p><p>Diante das definições expostas pelos autores citados, conclui-se que assedio sexual, e toda e qualquer conduta que exercida de maneira forçada por alguém do corpo hierárquico superior da empresa. Essas condutas podem ocasionar coação física, psicológica ou intimidatoria . em resumo, é uma conduta que expõe um caráter malicioso de ordem erótica que não e desejada pela pessoa agredida , e que no âmbito do trabalho repercute negativamente sobre a vida laboral da trabalhadora.</p><p>No Brasil, o assedio sexual e considerado crime, passível de sanção sob pena de detenção de 1 a 2 anos segundo consta no art.261 do Código Penal Brasileiro .</p><p>De acordo com a letra da lei n10.224, de maio de 2001:</p><p>Assedio sexual</p><p>Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.</p><p>Pena – detenção, de 1(um) a 2 (dois) anos.</p><p>Apesar de ser uma conduta considerada como criminosa, as estatísticas relacionadas ao assedio sexual a mulheres no ambiente de trabalho, são assustadoras.</p><p>A pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil de 2017, elaborada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto Datafolha, entrevistou cerca 833 (78% da amostra) de mulheres com 16 anos ou mais, sobre a percepção da violência contra a mulher na última década.</p><p>Em relação à vitimização por assédio, 40% das mulheres relataram ter sofrido algum tipo de assédio, proporção que se eleva para 70% entre as mais jovens, de 16-24 anos. Receber comentários desrespeitosos no ambiente de trabalho corresponde a 13% dos tipos de assédio mais frequentes, comentários desrespeitosos ao andar na rua (36%) e assédio físico no transporte público (10%).</p><p>Um levantamento feito pelo Datafolha que entrevistou 1427 mulheres com 16 anos ou mais revelou que 29% das mulheres entrevistadas sofreram assedio na rua, 22% no transporte publico, 10% na faculdade ou na escola, 6% em casa e 15% relataram ter sofrido assedio no ambiente de trabalho, como mostrado abaixo:</p><p>.</p><p>De acordo com os dados levantados, as mulheres mais escolarizadas , as mais novas e as que possuem maior renda familiar, são as que mais sofrem com esse problema.</p><p>A explicação para essa diferença pode estar nos ambientes corporativos, para as mulheres que possuem maior escolaridade e na falta de acesso a informação para as menos escolarizadas, pois na maioria das vezes, algumas vitimas se sentem intimidadas por medo de perder o emprego, acabam por não denunciar.</p><p>Apesar de muitas mulheres se sentirem intimidadas e terem vários outros fatores que limitam as denuncias, os debate sobre desigualdade de gênero e assédio estão cada vez mais fortalecendo as mulheres e encorajando para que as vitimas não se calem.</p><p>ASSEDIO MORAL</p><p>Podemos definir que o assédio moral é qualquer ato de humilhação e constrangimento, repetitivos ou prolongados; atentado ao pudor que impliquem em danos morais, emocionais ou econômicos às pessoas, exposições excessivas do trabalhador fazendo com que ultrapassem seus limites e direitos trabalhistas. Acontece normalmente no ambiente de trabalho e pode envolver qualquer indivíduo inserido neste meio, independente de sua hierarquia.</p><p>Segundo Maciel et al (2007, p. 118):</p><p>Assédio moral no trabalho compreende toda exposição prolongada e repetitiva a situações humilhantes e vexatórias no ambiente de trabalho. Essas humilhações se caracterizam por relações hierárquicas, desumanas e autoritárias, onde a vítima é hostilizada e ridicularizada diante dos colegas e isolada do grupo. Assim, podemos perceber que o assédio moral perturba o exercício do trabalhador, destrói sua integridade, o coloca em situações de desigualdade de forma proposital, fazendo com que a vítima se</p><p>sinta excluída do ambiente de trabalho. Com o fato de a agressão ser recorrente, o indivíduo pode desenvolver comprometimento emocional e psicológico, tendo várias consequências, inclusive pedir demissão por não ter condições de se manter no ambiente de trabalho.</p><p>Segundo Hirigoyen (2002, apud Trombetta 2005, p. 17)</p><p>O assédio moral pode surgir a partir de um conflito, porém nem todo conflito pode gerar o assédio moral. O conflito é caracterizado pela disputa ou pela reação subjetiva do individuo que vive o conflito. Importante definir a diferença do assédio moral e do conflito. A formação do conflito ocorre em função das diferenças existentes na sociedade e como são encaminhadas as decisões dele. Ele serve para que ocorram mudanças nas estruturas tanto formais como informais. O conflito é uma forma de reorganização, que força os indivíduos a se reconsiderarem e a funcionarem sob novas formas.</p><p>Mobiliza as energias e reúne os indivíduos, modifica as alianças altera a complexidade, gera animação e novidade para os contextos profissionais rotineiros. O conflito tende a ser ampliado e fortalecido, se não for solucionado, podendo chegar a procedimento de assédio moral.</p><p>Discriminação estética</p><p>Além de sofrer como os mais variados tipos de assedio no dia-a-dia e no trabalho, as mulheres ainda sofrem como a chamada discriminação estética. A discriminação estética e todo e qualquer tratamento prejudicial que se da a pessoas em razão de sua aparência. Essa discriminação e outro fator determinante que atrapala a ascensão feminina na carreira. Enquanto aquelas que são consideradas “bonitas” segundo os critérios sociais e estéticos são vitimas de assedio sexual em razão da beleza e da atratividade, aquelas que não são vistas como “belas” acabam por ser desprezadas.</p><p>A admiração pela beleza passa a ser um problema quando este critério subjetivo se torna uma das variantes consideradas para que um trabalhador consiga, mantenha ou progrida em seu emprego. À discriminação de uma pessoa por sua aparência dá-se o nome de discriminação estética. (CALIL, 2007, p. 69).</p><p>No Brasil e no mundo, ainda há o triste retrato onde a discriminação no trabalho é crescente em razão do fator denominado “boa aparência”. Na maioria das vezes, desde a contratação, ate uma possível promoção na carreira, há uma exigência de “boa aparência”,que acaba por excluir pessoas diferentes do padrão imposto pela sociedade.</p><p>Um exemplo disso, é quando algumas pessoas, tanto mulheres quanto homens enfrentam dificuldades para se colocarem no mercado de trabalho por estarem acima do peso, terem cabelo crespos ou cacheados, alguma limitação física ou qualquer outra característica que os tornem diferentes dos padrões impostos.</p><p>Essa busca dessa padronização como ferramenta para a aceitação social, as mulheres acabam sendo vitimas da ditadura da beleza.</p><p>Augusto Cury, faz referencia a essa ditadura como “Padrão Inatingível de Beleza” e faz o pontua:</p><p>Vivemos aparentemente na era do respeito pelos direitos humanos, mas, por desconhecermos o teatro de nossa mente, não percebemos que jamais esses direitos foram tão violados nas sociedades democráticas. Estou falando da terrível ditadura que oprime e destrói a auto-estima do ser humano: a ditadura da beleza. Apesar se serem mais gentis, altruístas, solidárias e tolerantes do que os homens, as mulheres têm sido o alvo preferencial dessa dramática ditadura. Cerca de 600 milhões de mulheres sentem-se escravas nessa masmorra psíquica. É a maior tirania de todos os tempos e uma das mais devastadoras da saúde psíquica.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>LOPES, Cristiane Maria Sbalqueiro. Direito do trabalho da mulher: da proteção à promoção.CadernosPagu, pp. 405-430, Jan/Jun. 2006.</p><p>MADALOZZO, Regina. CEOs e Composição do Conselho de Administração: a Falta de Identificação Pode Ser Motivo para Existência de Teto de Vidro para Mulheres no Brasil? RAC, Curitiba, v. 15, n. 1, art. 7, pp. 126-137, Jan/Fev. 2011.</p><p>MOREIRA, Adilson. Antidiscriminação– Teoria e Prática. Campinas, maio/2015.</p><p>RODRIGUES, Aroldo; ASSMAR, Eveline Maria Leal; JABLONSKI, Bernardo. Psicologia Social. 27. Ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: Vozes, 2009. COSTA, Alfredo Bruto da. Exclusões Sociais. Lisboa: Gradiva, 2007</p><p>Mulheres e o poder</p><p>A participação feminina no mundo do trabalho, vem aumentando. Apesar de alguns avanços alcançados, as mulheres continuam não alcançando cargos mais elevados nas empresas ou nas instituições privadas ou públicas. Uma das explicações mais comuns para esse fato, se deve pelo fato delas não se interessam pelo espaço público, outros acreditam que suas carreiras são interrompidas pela maternidade. Ao analisarmos a maioria das situações e possível notar que na realidade, suas opções profissionais, bem como suas possibilidades de progressão nas carreiras escolhidas, são condicionadas por vários fatores, frequentemente associados a valores culturais mantidos pelo patriarcado.</p><p>Esse sistema de organização social onde um homem comanda as mulheres que estão a sua volta e assim sucessivamente até que todas as mulheres da sociedade fossem dominadas. A figura masculina sempre reinou soberana, a dominação como aspecto nítido nessa formação . O problema é que esse sistema vigorou por muito tempo e ainda possui resquícios em algumas localidades, fazendo com que a parcela masculina da sociedade acreditasse que seria sempre assim, não aceitando quando alguma mulher se torna independente indo contra as regras do patriarcado.</p><p>Essa situação, é um problema cultural que é construído socialmente e gera discriminação e segregação, pois há mecanismos que permitem, ou não, a entrada das mulheres nos nichos profissionais ou ocupacionais tradicional e historicamente reservados aos homens.</p><p>Sobre tal fato, MARCELO RIBEIRO UCHOA,(2016, p.54) argumenta que:</p><p>Facilitar apenas a entrada da mulher no mercado de trabalho não e suficiente para romper a logica exista, uma vez que esse tratamento superficialmente igualitário ignora a vocação materna de muitas mulheres, provocando que elas tenham que optar entre a vida profissional e a vida familiar, sendo, portanto mais propositado lhes facilitar a conciliação da vida profissional com as vidas pessoal e familiar, envolvendo a participação dos homens, segundo uma logica de solidariedade( corresponsabilidade).</p><p>A interpretação machista do mundo do trabalho, tem como consequência a redução da expectativa de ascensão feminina na vida profissional. Tal fato, gera falta de reconhecimento de sua capacidade ou deperspectiva profissional, o que ocasiona baixa remuneração, limitando o acesso apenas a ocupações instáveis, precárias, informais. Por mais incrível que pareça, existe ainda, na maioria das empresas a noção de que as posições de comando são espaços masculinos. Se, de um lado, as mulheres têm dificuldade para se impor, ou se desinteressam por disputas de espaço, por outro, os homens estão longe de cedê-lo por vontade própria.</p><p>Sobre a cultura machista nas empresas ,Bourdieu 2013, nos diz que</p><p>A ordem social funciona como uma imensa máquina simbólica que tende a ratificar a dominação masculina sobre a qual se alicerça: é a divisão social do trabalho, distribuição bastante estrita das atividades atribuídas a cada um dos dois sexos, de seu local, seu momento, seus instrumentos; é a estrutura do espaço, opondo o lugar de assembleia ou de mercado, reservados aos homens, e a casa, reservada às mulheres; ou no interior desta, entre a parte masculina como o salão, e a parte feminina, com o estábulo, a água e os vegetais; é a estrutura do tempo, a jornada, o ano agrário, ou o ciclo da vida, com momentos de ruptura masculinos, e longos períodos de gestação, femininos.(BOURDIEU, 2013, p. 18).</p><p>Isso resulta na ausência da presença feminina nos espaços masculinizados nas empresas, que são geralmente os postos de comando, e, de outros espaços públicos direta ou indiretamente ligados ao poder, como na política ou no</p><p>sindicalismo.</p><p>Mulheres e vida politica</p><p>Uma das maiores conquistas alcançadas pelas mulheres na vida politica, foi o direito de voto, pois esse foi o marco inicial do reconhecimento da figura feminina como eleitora. A figura feminina conseguiu tambeé o direito de participar da vida politica como pessao elegível.</p><p>Se por um lado o direito ao voto representou o ingresso na vida política como eleitoras, no que tange às suas candidaturas a trajetória foi e ainda e considerada bastante árdua, pois apesar dos avanços, o espaço politico e onde se encontra a maior desigualdade entre gêneros.</p><p>Visando diminuir as desigualdades,em 1995 foi criada a a Lei 9.100/95, que estabelecia o mínimo de 20% de candidatas mulheres por coligação. Reforçando ainda mais essa ideia , Marta Suplicy, elaborou um Projeto de Lei neste mesmo ano, que objetivava o aumento do percentual para 30%, projeto este que foi aprovado e, posteriormente, já promulgada a lei 9.504/97 que viria substituir a referida lei.</p><p>A Lei 9.504/1997 estabeleceu, então, em seu §3º do artigo 10, que 30% das candidaturas por partido "deveria ser" ocupada pelas mulheres.</p><p>Muita polêmica ocorreu acerca do termo “deveria ser”. Houve diversas críticas quanto à possibilidade do entendimento majoritário; o percentual mínimo objetivado era de 30%, porém se não se alcançasse esse número, não haveria nenhuma consequência efetiva. Assim, em 2009, a Lei nº 12.034 alterou essa redação estabelecendo que do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. Diante desta discriminação positiva, visando maior participação feminina na política, é inegável que a mulher ao poucos foi alcançando um papel de relevância dentro do meio político, quando se comparado a décadas atrás.</p><p>A eleição de Dilma Roussef como Presidente do Brasil, foi uma marco importante para reforçar a ideia das mulheres no poder, além disso, varias outras figuras conhecidas como; Maria do Rosario, Marina Silva entre outros figuras femininas de notáveis influencias no meio politico vem ganhando cada vez mais espaço e aceitação</p><p>Apesar de alguns avanços na democracia brasileira no que se refere as mulheres e vida politica, e notável que na analise geral, o número de mulheres ocupantes de cargos de representatividade ainda é muito baixo se comparado ao dos homens.</p><p>De acordo com dados do IBGE, levantados em 2014, dos 513 deputados federais, apenas 54 (10,5%) e no Senado Federal, dos 81 senadores, apenas 16% eram mulheres. Esses números colocaram o Brasil em 152º lugar numa lista de 190 nações, formulada pelo organismo internacional União Interparlamentar.</p><p>https://www.blogdovt.com/baixa-presenca-feminina-no-congresso-poe-brasil-em-152o-lugar-entre-190-paises/</p><p>A explicação para os numerossignificativos , pode estar em alguns fatores , e um deles e a controvérsia gerada pela própria lei de cotas parlamentares. Ao estipular um número específico, tem-se a tendência de os partidos políticos objetivaram apenas o alcance daquele número, e não encará-lo como um mínimo a ser atingido e não como uma participação necessária para a concretização da democracia.</p><p>A cota em si não reside o problema de garantir a ampliação do poder para as mulheres. Ela tem que vir acompanhada, necessariamente, de políticas de formação, informação e capacitação para as novas funções. Exige-se também uma modificação nas estruturas formais de ensino que garantam uma nova imagem da mulher quanto ao seu papel social. Há também a necessidade de impulsionar o debate sobre a divisão de responsabilidades e a democracia doméstica no âmbito do núcleo familiar.</p><p>O MOVIMENTO FEMINISTA. O FEMINISMO COMO FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE.</p><p>O feminismo é um movimento plural, ideológico, político, cultural, com posições convergentes e divergentes que muito contribuiu para e emancipação das mulheres e sua inclusão social nos espaços públicos no século XX.</p><p>Para as feministas, as relações patriarcais representam o oposto das relações democráticas. O movimento feminista, ao discutir tais relações, quer mostrar que a democracia só existe se ela for para todos e incluir, de fato, todas as mulheres, tendo presente a sua diversidade, os seus papéis e as suas circunstâncias. As feministas enfatizam que a paz e o desenvolvimento sustentável devem incluir mulheres e homens numa base de igualdade dos direitos civis, de equidade na divisão do poder e das responsabilidades, e de respeito mútuo pelas diferenças. A educação de destaca como um meio que contribui para equalizar as diferenças, promovendo mobilidade social e melhor condição de vida para as mulheres e, consequentemente, para sua família e comunidade. Isso será possível se as propostas políticas tiverem como meta uma cidadania que reconheça a sincronia e não-sincronia das inúmeras relações que compõem o tecido social, dentre as quais destacam-se as relações de gênero, de raça e de classe social. A luta pela eliminação das discriminações de gênero e de raça é um projeto educativo a ser instituído por todos aqueles que se preocupam com a democracia e a cidadania. (CARVALHO, 2005, p. 225).</p><p>Parte da análise histórica e social do patriarcalismo que subjuga as mulheres fomentando a separação entre espaço público e privado. O direito ao voto, à liberdade, à autonomia, os direitos sexuais e reprodutivos foram, sem dúvida, conquistas dos movimentos feministas que incluem a luta de classes.</p><p>O MOVIMENTO de mulheres do Brasil é um dos mais respeitados do mundo e referência fundamental em certos temas do interesse das mulheres no plano internacional. É também um dos movimentos com melhor performance dentre os movimentos sociais do país. Fato que ilustra a potência deste movimento foram os encaminhamentos da Constituição de 1988, que contemplou cerca de 80% das suas propostas, o que mudou radicalmente o statusjurídico das mulheres no Brasil. A Constituição de 1988, entre outros feitos, destituiu o pátrio poder.</p><p>Esse movimento destaca-se, ainda, pelas decisivas contribuições no processo de democratização do Estado produzindo, inclusive, inovações importantes no campo das políticas públicas. Destaca-se, nesse cenário, a criação dos Conselhos da Condição Feminina – órgãos voltados para o desenho de políticas públicas de promoção da igualdade de gênero e combate à discriminação contra as mulheres.</p><p>A desigualdade sofrida pelas mulheres em relação ao acesso ao poder foi enfrentada por diversas campanhas das quais resultaram a aprovação de projeto de lei, de iniciativa da então deputada Marta Suplicy, de reserva de 20% das legendas dos partidos para as candidatas mulheres.</p><p>Embora as desigualdades salariais significativas entre homens e mulheres que ocupam as mesmas funções permaneçam, é inegável que a crítica feminista sobre as desigualdades no mercado de trabalho teve papel importante na intensa diversificação, em termos ocupacionais, experimentada pelas mulheres nas últimas três décadas. Um dos orgulhos do movimento feminista brasileiro é o fato de, desde o seu início, estar identificado com as lutas populares e com as lutas pela democratização do país.</p><p>São memoráveis, para as feministas, o protagonismo que tiveram nas lutas pela anistia, por creche (uma necessidade precípua das mulheres de classes populares), na luta pela descriminalização do aborto que penaliza, inegavelmente, as mulheres de baixa renda, que o fazem em condições de precariedade e determinam em grande parte os índices de mortalidade materna existentes no país; entre outras ações.</p><p>Porém, em conformidade com outros movimentos sociais progressistas da sociedade brasileira, o feminismo esteve, também, por longo tempo, prisioneiro da visão eurocêntrica e universalizante das mulheres. A conseqüência disso foi a incapacidade de reconhecer as diferenças e desigualdades presentes no universo feminino, a despeito da identidade biológica. Dessa forma, as vozes silenciadas e os corpos</p>