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Aulas de Direito Tributário I

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CURSO: DIREITO 
 
DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO I
Prof. Msc: Abílio Barroso 
E-mail: abliobarroso_ fan@yahoo.com.br 
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II – Figuras tributárias.
Rol de tributos na Constituição:
impostos arts. 147 153 e 154, 155 e 156.
taxas, (art. 145, II); 
contribuição de melhoria (art. 145, III);
d) pedágio, (art. 150, V);
e) empréstimos compulsórios, art. 148;
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II –na CF:
f) contribuições sociais, (art. 149);
g) contribuições e intervenção no domínio econômico, (art. 149);
h) contribuições de interesse das categorias profissionais (art. 149);
contribuição para custeio do regime previdenciário (art. 149, 1°). 
j) contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (art. 149-A)
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d) pedágio. 
O pedágio aparece na Constituição de uma forma insólita. O art. 150. V(leitura), ao proibir o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvou a “cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”.
A regra é a menção expressa ao tributo!!
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Por uma questão de lógica, é possível afirmar que o legislador constituinte originário imaginou o pedágio como um tributo. O raciocínio é bastante simples: só se exclui de uma regra algo que, não fora a disposição excludente, faria parte da regra. Assim não faz sentido afirmar que "todo ser humano possui direito à liberdade, excetuados os gatos e cachorros" A frase não faz sentido, pois gatos e cachorros não são seres humanos, portanto não fazem parte da regra, não precisando ser excetuados. Na mesma linha de raciocínio, se a Constituição Federal de 1988 afirmou que sobre determinada situação não se pode instituir tributos, ressalvada a cobrança de pedágio, é porque, para o legislador constituinte, o pedágio é tributo. Ricardo Alexandre 
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O pedágio é cobrável de quem trafegue pela via pública, e, por isso, frui a utilidade propiciada pela obra do Estado.
O fundamento da exigência do pedágio é análogo ao das taxas de serviço ou de polícia e da contribuição de melhoria, ou seja, a atuação estatal que possa ser referida a um indivíduo ou a um grupo de indivíduos deve ser financiada por tributos cobrados desses indivíduos e não de toda a coletividade.
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O pedágio não se confunde com o imposto, uma vez que o fato gerador daquele não supõe uma atuação do Estado, referida ao contribuinte. Não é também contribuição de melhoria, pois o pedágio não é cobrado em razão de melhoria que decorra de obra pública. Taxa de polícia também não é, visto que não se cuida de disciplinar o exercício do direito de dirigir veículo; o que se tributa é a utilização da via pública conservada pelo Poder Público. Será taxa de serviço? 
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O fato gerador do pedágio é a utilização da via pública e não a conservação desta. A utilização há de ser efetiva e não meramente potencial (simples colocação da via à disposição).
Diferentemente da taxa de serviço ex: esgoto.
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Assim, uma rodovia nova enseja a cobrança de pedágio, mesmo que o Poder Público ainda não esteja incorrendo em despesas com reparos. Em suma, o pedágio não se liga ao efetivo dispêndio com restauração, mas sim ao fato de o Estado manter (conservar) a via em condições de uso (o que supõe, mais do que despesas de reparos, o investimento efetuado na construção da via pública). 
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À vista disso. o pedágio diferencia-se da taxa de serviço. Esta se refere a um serviço prestado pelo Estado ao indivíduo ou posto à sua disposição. Com o pedágio, isso não ocorre; mesmo os reparos que a via pública demande não configuram “prestações” (de serviço) do Estado; a estrada que se restaura não é do contribuinte, é pública. Inexiste, assim, a figura do usuário (do “serviço” de restauração). como decorrência lógica da inexistência de prestação de serviço.
	
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E é assim porque o contribuinte do pedágio não recolhe o tributo para ter, como contrapartida, um conserto na rodovia, mas sim para utilizá-la já conservada. Veja-se, ad exemplus, que a taxa de coleta de lixo é recolhida pelos contribuintes a fim de que os lixos havidos de suas residências sejam de lá retirados. No que se refere ao pedágio, o contribuinte não quer que, com o pagamento que realiza, lhe seja prestado um serviço de reparo ou conserto da via utilizada; espera-se, ao contrário, que essa já esteja devidamente conservada (é um processo contínuo).
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Nesta toada, verifica-se que as taxas têm por fundamento duas situações: o exercício regular do poder de polícia e; a utilização de serviço específico e divisível, efetiva ou potencialmente.
Nem se cogita a afirmação de que o pedágio seria uma taxa de polícia, eis que o conceito de poder de polícia, que fundamenta aquela modalidade tributária, não possui qualquer nexo com a disciplina do pedágio.
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Eduardo Sabbag, ao elaborar um estudo minucioso sobre o tema, afirma que "caso a administração da via pública, objeto de cobrança do pedágio, seja feita por próprio órgão da administração direta (...), a exação deverá ser considerada uma taxa". Afirma posteriormente que "se a via for explorada por entidade particular (concessionárias, permissionárias, etc.), poderá haver uma escolha da exação pelo legislador – se pedágio-taxa ou pedágio-tarifa", (...)
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 (.....) até porque a CF permite a cobrança de tarifas em certos serviços públicos prestados por concessionárias ou permissionárias . Assim, o eminente jurista conclui afirmando que o pedágio pode ser taxa ou preço público, conforme as circunstâncias e a maneira de sua exigência.
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Nas lições de Ives Gandra da Silva Martins, Roque Antonio Carrazza e outros, entretanto, afirma que o pedágio será considerado como taxa quando cobrado diretamente pelo Estado; por sua vez, quando se tratar de concessão a particulares, a cobrança do pedágio dar-se-á por preço público contratual e, assim, não sujeito às regras que regem a cobrança de tributos. 
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De qualquer maneira, não é possível afirmar tratar-se o pedágio de taxa, embora, aparentemente, o seja. Essa aparência reside apenas no fato de que é possível aferir em tema de pedágio as características da especificidade e da divisibilidade.
Conforme o artigo 79 do Código Tributário Nacional, esta especificidade seria vislumbrada no fato de que o pedágio, por propiciar uma via pública conservada aos seus usuários, o faz não de maneira genérica – a todos, mas sim àqueles que dela fizerem uso(.....) Luciano Amaro
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(......) O que o contribuinte do pedágio faz não é utilizar um serviço do Estado; utiliza, sim, um bem público e paga por utilizar esse bem /Se de taxa se quiser chamar essa prestação pecuniária (e, teoricamente, nada impede que assim se designe a exação), trata-se de taxa de utilização de bem público, e não de taxa de serviço,essa ordem de idéias, também Alberto Xavier.
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Para concluir, embora com taxa se pareça (e até tem lá suas semelhanças), é certo que inexiste no ordenamento jurídico brasileiro uma taxa para a utilização de via pública conservada pelo Poder Público, eis que as taxas são apenas a de polícia e a de serviço, pelo que se pode afirmar, sem qualquer sombra de dúvidas, tratar-se o pedágio de modalidade autônoma de tributo, embora cobrado em contraprestação a um serviço específico e divisível, para utilização efetivo ou em potencial por parte de seus usuários 
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Essa disposição deu legitimação constitucional expressa ao pedágio. Além disso, reconheceu-lhe natureza tributária (por oposição à idéia de que ele traduziria um preço público), pois essa figura está referida num dispositivo que cuida de tributos, e como exceção a um princípio que limita a criação de tributos.
A Constituição, porém, só previu, com a designação de “taxas”, as de serviço e de polícia, sem especificar o “terceiro” grupo no qual se poderia enquadrar o pedágio.
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Assim, procuramos nos filiar ao posicionamento de Luciano Amaro, para o qual se taxa for, e teoricamente assim pode ser designada, seria o pedágio uma taxa de utilização de via pública
conservada e não uma taxa de serviços para a sua conservação.
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A maior parte dos doutrinadores entendem o pedágio como um tributo na modalidade taxa de serviço, sob a afirmação de que o contribuinte, em contraprestação, recebe do Poder Público um serviço de conservação de vias públicas. Outros, contudo, aduzem tratar-se o pedágio de um preço público, pois são cobrados por concessionárias ou permissionárias do serviço público, portanto, pessoas jurídicas de direito privado.
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Não obstante, o pedágio é modalidade de tributo próprio, isto é, não é taxa, tampouco preço público. Se taxa fosse, seria uma taxa pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público, o que não existe. Portanto, o pedágio, enquanto tributo, é apenas pedágio.
Correspoende ao conceito legal de Tributo?
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II DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR.
  Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
V – “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”; 
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O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Especial 194.862-RS, acolheu a tese de que o pedágio é um tributo na modalidade taxa de serviço. Para isto, observe-se o voto do Relator Ministro Carlos Velloso, que foi acompanhado pelos demais componentes da Segunda Turma:
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"Primeiro que tudo, deixo expresso o meu entendimento no sentido de que o pedágio, objeto da causa, é espécie tributária, constitui-se numa taxa. O fato de ter sido o pedágio tratado no Sistema Tributário Nacional exatamente nas limitações ao poder de tributar – CF, art. 150, V – é significativo. Ora, incluído numa ressalva a uma limitação à tributação, se fosse preço, a ressalva não teria sentido. É dizer, se está a Constituição tratando de limitações à tributação, não haveria sentido impor limitação a um preço (tarifa), que tem caráter contratual, assim incluído no regime de direito privado. O pedágio tem natureza de taxa. A lição é velha e de lavra ilustre. Ensina Aliomar Baleeiro 
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Voto do ministro do STF, Moreira Alves, em 29-06-1992, no RE n. 146.733-9/SP (Pleno):
“De fato, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições demelhoria), a que se refere o art. 145, para declarar que são competentes para instituí-los a União,os Estados,o Distrito Federal e os Municípios,os arts. 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas.
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Voto do ministro do STF, Carlos Veiloso, em 1°-07-1992, no RE n. 138.284/CE (Pleno), por nós visualmente organizado:
	“As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN,art.4°) são as seguintes:(1) a) os impostos (CF, arts. 145,1,153,154,155 e 156); (2) b) as taxas (CF, art. 145,II) (....) P. 431. SABBAG.
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(.....) 3) c) as contribuições, que podem ser assim classificadas:c.1 . de melhoria (CF, art. 145,III); c.2. parafiscais (CF, art. 149), que são:c.2.1 sociais,c.2.1 .1. de seguridade social (CF, art. 195,I,II,III), c.2.i .2. outras de seguridade social (CF, art. 195, § 4°),c .2.1 .3. sociais gerais (o FGTS, o salário-educação, SESI, SENAI, SENAC, (...));c.3, especiais;c.3.1 .de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2.corporativas (CF,art.149) (...) (4) d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).”P. 431. SABBAG.
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Embora as duas decisões do STF, posto que contemporâneas, apresentem certa divergência quanto ao número exato de tributos — cinco, no primeiro julgado, e, aparentemente, quatro, neste último —, fica assente que o Pretório Excelso ratifica o entendimento segundo o qual, além dos impostos, taxas e contribuições de melhoria, incrementam o sistema tributário nacional os empréstimos compulsórios (art. 148) e as contribuições (art. 149). “Assim sendo, para a classificação dos tributos terá que se levarem conta o disposto nos arts. 148 e 149”
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