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<p>Recursos em espécie no processo civil</p><p>Prof. Marco Aurélio Peixoto, Prof. Thiago Dias Del�no Cabral</p><p>Descrição</p><p>Algumas das principais espécies recursais, ações autônomas de</p><p>impugnação das decisões judiciais e sucedâneos recursais.</p><p>Propósito</p><p>Conhecer as espécies recursais, as ações autônomas de impugnação</p><p>das decisões judiciais e os sucedâneos recursais é indispensável a</p><p>você, profissional (atual ou futuro) do Direito, para que possa</p><p>desempenhar bem suas atividades em uma relação processual civil.</p><p>Preparação</p><p>Tenha em mãos um vade mecum comum para consultar diversas</p><p>normas, a exemplo da Constituição Federal e do Código de Processo</p><p>Civil, assim como leis específicas, como a Lei do Mandado de</p><p>Segurança (Lei nº 12.016/2009) e a Lei da Ação Civil Pública (Lei nº</p><p>7.347/1985).</p><p>Objetivos</p><p>Módulo 1</p><p>Apelação</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 1/74</p><p>Identificar os principais aspectos do recurso de apelação e da teoria</p><p>da causa madura.</p><p>Módulo 2</p><p>Subespécies de agravos</p><p>Analisar as subespécies de agravos, assim como seus requisitos e</p><p>procedimentos.</p><p>Módulo 3</p><p>Embargos de declaração</p><p>Reconhecer o cabimento dos embargos de declaração e sua</p><p>relevância à integração das decisões judiciais.</p><p>Módulo 4</p><p>Ações autônomas de impugnação</p><p>das decisões judiciais</p><p>Avaliar as principais ações autônomas de impugnação das decisões</p><p>judiciais, como também os mais relevantes sucedâneos recursais.</p><p>Introdução</p><p>Uma das mais significativas garantias do estado democrático de</p><p>direito é a possiblidade de interpor recursos contra as decisões</p><p>judiciais a partir do natural e esperado inconformismo com o</p><p>conteúdo de algumas delas. Não há como se falar em ampla</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 2/74</p><p>defesa ou em devido processo legal sem abordar o legítimo</p><p>direito de recorrer.</p><p>Nessa linha de raciocínio, o recurso é a ferramenta colocada à</p><p>disposição das partes, do Ministério Público (MP) ou do terceiro</p><p>eventualmente prejudicado para provocar o Poder Judiciário a</p><p>realizar uma reanálise da decisão judicial, representando um</p><p>verdadeiro prolongamento do direito de ação.</p><p>É preciso destacar que os recursos representam apenas um dos</p><p>mecanismos de impugnação das decisões judiciais. Há ações</p><p>autônomas e sucedâneos recursais que precisam ser destacados</p><p>e bem compreendidos, pois eles também acarretam a</p><p>possibilidade de desconstituição, anulação ou modificação do</p><p>conteúdo dos pronunciamentos do juiz.</p><p>Estudaremos, nos módulos constantes deste conteúdo, algumas</p><p>das mais relevantes espécies recursais – dentre as quais, a</p><p>apelação, os agravos (de instrumento, interno e em recurso</p><p>especial e em recuso extraordinário) e os embargos de</p><p>declaração. Além disso, analisaremos algumas ações autônomas</p><p>de impugnação das decisões judiciais, como é o caso da ação</p><p>rescisória e da reclamação, e alguns dos mais frequentes</p><p>sucedâneos recursais, a exemplo da suspensão de tutela, liminar</p><p>ou segurança, da correição parcial, do pedido de reconsideração</p><p>e da remessa necessária.</p><p>Material para download</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do</p><p>conteúdo completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 3/74</p><p>1 - Apelação</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os principais aspectos</p><p>do recurso de apelação e da teoria da causa madura.</p><p>Recursos de apelação</p><p>Cabimento da apelação</p><p>O professor Marco Aurélio Peixoto discorrerá sobre o cabimento da</p><p>apelação, seja para atacar decisões interlocutórias, seja para impugnar</p><p>sentenças.</p><p>Conceito</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 4/74</p><p>Nos termos do artigo 1.009 do Código de Processo Civil (CPC), de 2015,</p><p>cabe o recurso de apelação para atacar as sentenças. No entanto, tal</p><p>conceito, que se encaixava perfeitamente à luz do CPC anterior, já não é</p><p>mais suficiente para explicar adequadamente a dita espécie recursal.</p><p>Atualmente, pode-se dizer que a apelação é o recurso cabível contra:</p><p></p><p>Sentença</p><p></p><p>Decisões interlocutórias não</p><p>agraváveis</p><p>Isso ocorre porque, com a pretensa instituição, no artigo 1.015 do</p><p>CPC/2015, de um rol taxativo para o agravo de instrumento, o artigo</p><p>1.009, §1º, prevê que as decisões interlocutórias que não forem</p><p>suscetíveis de agravo de instrumento não estarão sujeitas à preclusão.</p><p>Por esse motivo, elas poderão ser um objeto de insurgência em</p><p>preliminar do recurso de apelação do vencido e até mesmo em</p><p>preliminar das contrarrazões de apelação apresentadas pelo vencedor.</p><p>Hipóteses de interposição</p><p>Já sabemos que não se pode limitar a apelação ao ataque às sentenças,</p><p>mas resta uma dúvida:</p><p>É possível dizer que toda sentença necessariamente comporta uma</p><p>apelação?</p><p>A resposta também é não, já que, na legislação esparsa, há previsões</p><p>quanto ao cabimento de outros recursos contra as sentenças, tal como</p><p>ocorre naquelas:</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 5/74</p><p>ORTNS</p><p>Obrigação reajustável do Tesouro Nacional.</p><p>Voltando à análise do CPC, quando o vencido na sentença teve contra si</p><p>proferida uma ou mais decisões interlocutórias ao longo do processo</p><p>(como, por exemplo, o indeferimento de produção de prova), seu recurso</p><p>de apelação poderá ter, caso assim deseje, uma dupla finalidade, ou</p><p> Proferidas em execução �scal de</p><p>valor igual ou inferior a 50 ORTNS</p><p>Cabem embargos infringentes de alçada em 10</p><p>dias, sem preparo, que serão julgados pelo próprio</p><p>juiz (artigo 34 da Lei nº 6.830/1990).</p><p> Que decretam a falência</p><p>Cabe agravo de instrumento (artigo 100 da Lei nº</p><p>11.101/2005).</p><p> Proferidas em juizados especiais</p><p>cíveis</p><p>Cabe recurso inominado, no prazo de 10 dias</p><p>(artigo 41 da Lei nº 9.099/1995).</p><p> Proferidas em ação que tramite na</p><p>Justiça Federal</p><p>Envolvem, de um lado, ente estrangeiro e, de outro,</p><p>município ou pessoa residente ou domiciliada no</p><p>Brasil. Cabe recurso ordinário (segundo artigo</p><p>1.027, II, b, do CPC e por previsão do artigo 105, II,</p><p>da Constituição Federal, para o STJ julgar).</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 6/74</p><p>seja, a impugnação da sentença e/ou das decisões interlocutórias</p><p>proferidas ao longo do processo.</p><p>É importante destacar que não haverá propriamente uma opção para o</p><p>recorrente de abrir mão de impugnar uma decisão interlocutória pela via</p><p>do agravo de instrumento caso a hipótese esteja caracterizada em um</p><p>dos incisos do artigo 1.015 do CPC.</p><p>Na eventualidade de a decisão comportar um agravo de instrumento e a</p><p>parte não se valer de tal espécie recursal tempestivamente, será dada a</p><p>preclusão, não sendo possível a ela arguir a aplicação do artigo 1.009,</p><p>§1º, para impugnar a decisão em preliminar de apelação.</p><p>Outro questionamento que pode ser feito é se o vencido pode interpor</p><p>apelação apenas para falar sobre a decisão interlocutória sem</p><p>mencionar a sentença. A rigor, a resposta seria sim, mas se trata de uma</p><p>hipótese arriscada processualmente.</p><p>Se a apelação for provida, haverá impacto na sentença com a anulação</p><p>e o retorno ao primeiro grau. De outro modo, se for improvida sem que a</p><p>sentença seja impugnada, o tribunal não terá obtido a devolutividade</p><p>sobre ela, não podendo, portanto, julgar nada sobre ato sentencial.</p><p>Saiba mais</p><p>Tendo sido proferidas duas ou mais decisões interlocutórias não</p><p>agraváveis ao longo da marcha processual, nada obsta que todas elas</p><p>sejam objeto de ataque em conjunto nas preliminares da apelação.</p><p>A única exigência, para tanto, é que haja uma sentença nos autos –</p><p>ainda que, como dissemos acima, não seja obrigatório</p><p>de êxito do recurso da Romana Airlines. Isso porque está</p><p>correta a decisão monocrática da Ministra do Superior Tribunal de</p><p>Justiça que concluiu pela intempestividade do agravo da Romana</p><p>Airlines, interposto após a decisão de rejeição dos embargos de</p><p>declaração.</p><p>Questão 2</p><p>Quais são as chances de êxito de eventual recurso da Romana</p><p>Airlines em relação à parcela da decisão monocrática que concluiu</p><p>pela intempestividade do agravo em recurso especial pela falta de</p><p>comprovação do feriado de Corpus Christi no momento da</p><p>interposição do recurso?</p><p>E Não há chances de êxito do recurso da Romana</p><p>Airlines, pois o único recurso cabível contra decisão</p><p>que inadmite recurso especial é o agravo.</p><p>A</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois o art. 1.003, § 6º do CPC permite a</p><p>comprovação da ocorrência de feriado após a</p><p>interposição do recurso.</p><p>B</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois o art. 1.003, § 6º do CPC não exige a</p><p>comprovação de feriados nacionais no momento de</p><p>interposição do recurso, como é o caso do dia de</p><p>Corpus Christi.</p><p>C</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois o calendário de feriados do TJRJ é</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 46/74</p><p>Parabéns! A alternativa C está correta.</p><p>O § 6º do art. 1.003 do CPC dispõe que “o recorrente comprovará a</p><p>ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso”. Por</p><p>força desse dispositivo legal, as alternativas A e E estão</p><p>equivocadas. A alternativa B é equivocada porque o Superior</p><p>Tribunal de Justiça possui o entendimento de que “o dia do servidor</p><p>público (28 de outubro), a segunda-feira de carnaval, a quarta-feira</p><p>de cinzas, os dias que precedem a sexta-feira da paixão e, também,</p><p>o dia de Corpus Christi não são feriados nacionais, em razão de não</p><p>haver previsão em lei federal, de modo que o dever da parte de</p><p>comprovar a suspensão do expediente forense quando da</p><p>interposição do recurso, por documento idôneo, não é elidido”</p><p>(AgInt nos EDcl no REsp 2.006.859/SP, relatora Ministra Nancy</p><p>Andrighi, Terceira Turma, j. 13/02/23).</p><p>Por fim, a alternativa D está errada e a alternativa C está correta</p><p>com base no entendimento do Superior Tribunal de Justiça de que</p><p>“à luz da Lei n° 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do</p><p>processo judicial, as informações processuais disponibilizadas por</p><p>meio da internet, na página eletrônica de Tribunal de Justiça ou de</p><p>Tribunal Regional Federal, ostentam natureza oficial, gerando para</p><p>as partes que as consultam a presunção de correção e</p><p>confiabilidade. Desse modo, uma vez lançada a informação no</p><p>calendário judicial, disponibilizado pelo site do Tribunal de origem,</p><p>da existência de suspensão local de prazo, deve ser considerada</p><p>idônea a juntada desse documento pela parte para fins de</p><p>comprovação do feriado local” (EAREsp 1.927.268/RJ, relator</p><p>Ministro Raul Araújo, Corte Especial, julgado em 19/04/23). Como a</p><p>Romana Airlines apresentou o calendário de feriados do TJRJ no</p><p>momento de interposição do agravo em recurso especial, conclui-se</p><p>que houve a demonstração do feriado de Corpus Christi.</p><p>documento idôneo para demonstrar a existência do</p><p>feriado local no dia de Corpus Christi.</p><p>D</p><p>Não há chances de êxito do recurso da Romana</p><p>Airlines, pois o calendário de feriados do TJRJ não é</p><p>documento idôneo suficiente para demonstrar a</p><p>existência do feriado local no dia de Corpus Christi.</p><p>E</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois o art. 1.003, § 6º do CPC não exige a</p><p>comprovação de feriados nacionais e locais no</p><p>momento de interposição do recurso.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 47/74</p><p>Questão 3</p><p>O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acertou em afastar a aplicação</p><p>do princípio da fungibilidade em relação à apelação interposta pela</p><p>Romana Airlines contra decisão que acolheu parcialmente sua</p><p>impugnação ao cumprimento de sentença? Justifique.</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Chave de resposta</p><p>Sim. O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento</p><p>de que (i) “a apelação é o recurso cabível contra decisão</p><p>que acolhe impugnação do cumprimento de sentença e</p><p>extingue a execução”; (ii) “o agravo de instrumento é o</p><p>recurso cabível contra as decisões que acolhem</p><p>parcialmente a impugnação ou lhe negam provimento, por</p><p>não acarretarem a extinção da fase executiva em</p><p>andamento” (EDcl no REsp 1.947.309/BA, Ministro</p><p>Francisco Falcão, 2ª Turma, j. 17/04/23). Tendo em vista</p><p>essa pacífica jurisprudência, o STJ entende que “a</p><p>inobservância desta sistemática caracteriza erro grosseiro,</p><p>vedada a aplicação do princípio da fungibilidade recursal,</p><p>cabível apenas na hipótese de dúvida objetiva” (EDcl no</p><p>REsp 1.947.309/BA, Ministro Francisco Falcão, 2ª Turma, j.</p><p>17/04/23). Assim, no case sub judice, o TJRJ acertou em</p><p>não conhecer a apelação interposta pela Romana Airlines.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 48/74</p><p>Na hipótese de, diante de determinado acórdão, uma das partes</p><p>interpuser o recurso especial e a outra parte opuser embargos de</p><p>declaração:</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A alternativa D se fundamenta no artigo 1.024, §4º, do CPC.</p><p>Questão 2</p><p>Marque a assertiva verdadeira acerca da multa nos embargos de</p><p>declaração.</p><p>A</p><p>Ainda que haja modificação no julgamento dos</p><p>embargos de declaração, o embargado que já havia</p><p>interposto o recurso especial não terá o direito de</p><p>complementar ou alterar suas razões.</p><p>B</p><p>Se não houver modificação no julgamento dos</p><p>embargos de declaração e o embargado não</p><p>ratificar as razões do recurso especial, tal recurso</p><p>não será admitido.</p><p>C</p><p>Se houver modificação no julgamento dos</p><p>embargos de declaração, o embargado que já havia</p><p>interposto o recurso especial poderá, em cinco dias,</p><p>complementar ou alterar as razões recursais.</p><p>D</p><p>Se houver modificação no julgamento dos</p><p>embargos de declaração, o embargado que já havia</p><p>interposto o recurso especial poderá, em 15 dias,</p><p>complementar ou alterar as razões recursais.</p><p>E</p><p>Se os embargos de declaração forem acolhidos,</p><p>mas não se alterar a conclusão do julgamento</p><p>anterior, o embargado necessariamente precisará,</p><p>sob pena de inadmissão, complementar ou alterar</p><p>as razões do recurso especial.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 49/74</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>A alternativa E tem fundamento no artigo 1.026, §3º, do CPC.</p><p>A A multa por embargos de declaração</p><p>manifestamente protelatórios só pode ser aplicada</p><p>em caso de reiteração do recurso.</p><p>B</p><p>Somente incidirá a multa, no caso da Fazenda</p><p>Pública, se os embargos forem opostos a sentenças</p><p>ou acórdãos.</p><p>C</p><p>Aplicando-se a multa por embargos de declaração</p><p>manifestamente protelatórios, a fixação do</p><p>percentual é decisão discricionária do magistrado.</p><p>D</p><p>Se os embargos forem manifestamente</p><p>protelatórios, o embargante será condenado a pagar</p><p>ao Estado ou à União multa não excedente a 2% do</p><p>valor atualizado da causa.</p><p>E</p><p>Havendo a reiteração de embargos protelatórios, a</p><p>multa será elevada até 10%, enquanto a interposição</p><p>de qualquer recurso fica condicionada ao depósito</p><p>prévio do valor dela.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 50/74</p><p>4 - Ações autônomas de impugnação das decisões</p><p>judiciais</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de avaliar as principais ações</p><p>autônomas de impugnação das decisões judiciais, como também os mais</p><p>relevantes sucedâneos recursais</p><p>Ações autônomas de</p><p>impugnação e sucedâneos</p><p>recursais</p><p>Fora o estudo</p><p>das espécies recursais, o conhecimento do procedimento</p><p>atinente aos meios autônomos de impugnação das decisões judiciais,</p><p>ficando aí abarcados as ações autônomas de impugnação e os</p><p>sucedâneos recursais, também se mostra muito relevante.</p><p>As ações autônomas de impugnação, como o próprio nome já indica,</p><p>não são espécies recursais, mas têm por condão impugnar decisões</p><p>judiciais a partir do fundamental exercício do direito de ação. Por outro</p><p>lado, todo meio de impugnação que não seja recurso nem ação de</p><p>impugnação será chamado de sucedâneo recursal.</p><p>No presente módulo, abordaremos algumas das mais relevantes ações</p><p>autônomas de impugnação constantes do Livro III do CPC, como a ação</p><p>rescisória e a reclamação. Também trataremos de alguns significativos</p><p>sucedâneos recursais, como a suspensão de liminar, tutela e segurança,</p><p>além da correição parcial, do pedido de reconsideração e da remessa</p><p>necessária.</p><p>Ação rescisória</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 51/74</p><p>A ação rescisória está disciplinada entre os artigos 966 a 975 do</p><p>CPC/2015. Já as hipóteses de cabimento estão elencadas no artigo</p><p>966, sendo possível o ajuizamento contra decisão de mérito transitada</p><p>em julgado quando acontecem as situações listadas no quadro a seguir:</p><p>Situações nas quais é possível o ajuizamento contra decisão de</p><p>mérito transitada em julgado</p><p>Ofender a coisa julgada</p><p>Violar manifestamente</p><p>norma jurídica</p><p>For proferida por juiz</p><p>impedido ou juízo</p><p>absolutamente</p><p>incompetente</p><p>For fundada em erro de fato</p><p>verificável do exame dos</p><p>autos</p><p>For proferida por força de</p><p>prevaricação, concussão ou</p><p>corrupção do juiz</p><p>For fundada em prova cuja</p><p>falsidade tenha sido apurada</p><p>em processo criminal ou</p><p>venha a ser demonstrada na</p><p>própria ação</p><p>Resultar de dolo ou coação</p><p>da parte vencedora em</p><p>detrimento da parte vencida,</p><p>ou de simulação ou colusão</p><p>entre as partes, a fim de</p><p>fraudar a lei</p><p>Obtiver o autor,</p><p>posteriormente ao trânsito</p><p>em julgado, prova nova cuja</p><p>existência ignorava ou de</p><p>que não pôde fazer uso,</p><p>capaz, por si só, de lhe</p><p>assegurar pronunciamento</p><p>favorável</p><p>Ainda cabe uma ação rescisória, segundo o §5º do artigo 966, por</p><p>manifesta violação de norma jurídica contra uma decisão baseada em</p><p>enunciado de súmula ou um acórdão proferido no julgamento de casos</p><p>repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a</p><p>questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu</p><p>fundamento.</p><p>Dica</p><p>O próprio código indica que haverá erro de fato quando a decisão</p><p>rescindenda admitir um fato inexistente ou quando considerar</p><p>inexistente um efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos</p><p>os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o</p><p>juiz deveria ter se pronunciado.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 52/74</p><p>Além disso, o CPC expressamente prevê situações de cabimento da</p><p>ação rescisória, ainda que diante de decisões que não são de mérito.</p><p>Isso é possível quando a decisão impede nova propositura da demanda</p><p>ou a admissibilidade do recurso correspondente.</p><p>A ação rescisória não precisa objetivar a desconstituição de toda a</p><p>decisão, mas apenas de um ou alguns capítulos dela, estabelece o §3º</p><p>do artigo 966.</p><p>São legitimados ao ajuizamento da ação rescisória:</p><p>A ação rescisória não é ajuizada em primeiro grau, sendo de</p><p>competência originária dos tribunais. Eles, por sua vez, têm por</p><p> Quem é parte no processo ou seu</p><p>sucessor a título universal ou</p><p>singular.</p><p> O terceiro juridicamente</p><p>interessado.</p><p> O MP não ouvido no processo em</p><p>que sua intervenção era obrigatória</p><p>quando a decisão rescindenda for o</p><p>efeito de simulação ou de colusão</p><p>das partes a �m de fraudar a lei, ou</p><p>em outros casos em que se</p><p>imponha sua atuação.</p><p> Aquele que não foi ouvido no</p><p>processo em que lhe era obrigatória</p><p>a intervenção.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 53/74</p><p>atribuição o julgamento das ações dos próprios julgados, assim como</p><p>dos juízes que a eles forem vinculados.</p><p>Não é o simples fato de existir um recurso especial ou um</p><p>extraordinário que faça com que a rescisória seja</p><p>proposta no STJ ou no STF.</p><p>Se um especial interposto não tiver sido conhecido e julgado, sendo,</p><p>pelo contrário, objeto de inadmissão, o que será mantido é o acórdão do</p><p>tribunal recorrido, de modo que é no tribunal inferior – e não no superior</p><p>– que a ação rescisória deverá ser proposta. Na petição inicial, além dos</p><p>requisitos gerais, seu autor deve:</p><p>Cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo</p><p>julgamento do processo;</p><p>Depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, que se</p><p>converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos,</p><p>declarada inadmissível ou improcedente.</p><p>Tal exigência de depósito prévio, que não pode ser superior a 1.000</p><p>salários-mínimos, não se aplica a:</p><p>A propositura da ação não impede o cumprimento da decisão</p><p>rescindenda, mas nada impede que seja requerida uma tutela provisória.</p><p>A resposta do réu tem prazo nunca inferior a 15 e nem superior a 30</p><p>dias, ao fim dos quais, com ou sem contestação, se observará, no que</p><p>couber, o procedimento comum.</p><p>No que é pertinente ao julgamento, sendo procedente o pedido, o</p><p>tribunal rescindirá a decisão (iudicium rescidens) e proferirá, se for o</p><p>caso, um novo julgamento (iudicium rescissorium), determinando a</p><p>restituição do depósito. Caso considere, por unanimidade, inadmissível</p><p>ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em favor</p><p>do réu, da importância do depósito. Por outro lado, se a decisão for não</p><p>unânime, ele será restituído ao autor.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 54/74</p><p>O prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de dois anos, contados</p><p>do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Apesar</p><p>de sua natureza decadencial, ele se prorrogará até o primeiro dia útil</p><p>imediatamente subsequente ao prazo quando expirar durante as férias</p><p>forenses, o recesso e os feriados ou se não houver expediente.</p><p>Se fundada a ação em prova nova, o termo inicial do prazo será a data</p><p>de descoberta dela, sendo observado o prazo máximo de cinco anos,</p><p>contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.</p><p>Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, ele começará a</p><p>contar, para o terceiro prejudicado e o MP, que não interveio no</p><p>processo, a partir do momento em que eles tiverem ciência da</p><p>simulação ou da colusão.</p><p>Reclamação</p><p>Prevista nos artigos 988 a 993 do CPC/2015, a reclamação também tem</p><p>respaldo constitucional (artigos 102, I, l; 103-A, §3º; 105, I, f; 111-A, §3º).</p><p>Ela possui, de acordo com o STF, uma natureza jurisdicional,</p><p>representando o exercício do direito de petição. Caberá reclamação da</p><p>parte interessada ou do MP para:</p><p> Garantir a autoridade das decisões</p><p>do tribunal</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 55/74</p><p>No caso do acórdão proferido em julgamento de REsp, o STJ, por sua</p><p>corte especial, esposou, na Reclamação 36.476, o entendimento de que</p><p>não cabe discutir a aplicação de repetitivos, ainda que estejam</p><p>esgotadas as vias ordinárias, contrariando, assim, uma expressa</p><p>disposição do CPC.</p><p>A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal. Já seu</p><p>julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca</p><p>preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.</p><p> Preservar a competência do</p><p>tribunal (exemplo: admissibilidade</p><p>da apelação)</p><p> Garantir a observância de acórdão</p><p>proferido em julgamento de IRDR</p><p>ou IAC</p><p> Garantir a observância de</p><p>enunciado de súmula vinculante e</p><p>de decisão do Supremo em controle</p><p>concentrado</p><p>de</p><p>constitucionalidade</p><p> Garantir a observância de acórdão</p><p>de RE com repercussão geral</p><p>reconhecida ou de acórdão</p><p>proferido em julgamento de RE ou</p><p>REsp repetitivos quando estiverem</p><p>esgotadas as instâncias ordinárias</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 56/74</p><p>Ela deve ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do</p><p>tribunal. Assim que for recebida, a reclamação será, sempre que</p><p>possível, autuada e distribuída ao relator do processo principal.</p><p>Atenção</p><p>É inadmissível haver a proposição dela após o trânsito em julgado da</p><p>decisão reclamada. Também o é a reclamação proposta para garantir a</p><p>observância do acórdão de recurso extraordinário com repercussão</p><p>geral reconhecida ou daquele proferido em julgamento de recursos</p><p>(extraordinários ou especiais) repetitivos quando não esgotadas as</p><p>instâncias ordinárias.</p><p>A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a</p><p>decisão proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação. Ao</p><p>despachar a reclamação, o relator:</p><p>Requisitará as informações da autoridade a quem for imputada a</p><p>prática do ato impugnado.</p><p>Se necessário, requisitará a suspensão para evitar dano</p><p>irreparável.</p><p>Determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que</p><p>terá o prazo de 15 dias para apresentar a sua contestação.</p><p>Qualquer interessado pode impugnar o pedido do</p><p>reclamante.</p><p>Na reclamação que não houver formulado, o MP terá vista do processo</p><p>por cinco dias, após o decurso do prazo, para as informações e o</p><p>oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.</p><p>Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão</p><p>exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução</p><p>da controvérsia.</p><p>Suspensão de liminar, tutela</p><p>e segurança</p><p>O pedido de suspensão é um instrumento de controle das</p><p>consequências da decisão judicial a ser realizado pelo presidente do</p><p>tribunal que seja competente para conhecer o recurso respectivo. Ele</p><p>serve para obstar o início ou a continuidade da eficácia de tutela</p><p>provisória, sentença, decisão monocrática ou acórdão, dependendo de</p><p>tal situação se enquadrar numa das hipóteses legais.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 57/74</p><p>Esse pedido (de liminar, de efeitos da sentença e da própria ordem</p><p>contida no mandado de segurança) é prerrogativa da Fazenda Pública e,</p><p>em alguns casos, do MP. Ele está ligado diretamente à continuidade das</p><p>atividades administrativas e da preponderância do interesse público. No</p><p>site do STF, observam-se quatro variações:</p><p></p><p>Suspensão de liminar (SL)</p><p></p><p>Suspensão de segurança (SS)</p><p></p><p>Suspensão de tutela antecipada (STA)</p><p></p><p>Suspensão de tutela provisória (STP)</p><p>São apresentadas como hipóteses a grave lesão à ordem, à economia, à</p><p>saúde ou à segurança pública. Sua previsão legal reside nas leis nº</p><p>8.437/1992, nº 12.016/09 e nº 7.347/1985.</p><p>A suspensão pode ser pleiteada independentemente e/ou na</p><p>concomitância do recurso eventual cabível contra a decisão</p><p>mandamental.</p><p>Não se trata de recurso, não tendo prazo, preparo e</p><p>distribuição. Sua finalidade tampouco é a reforma ou a</p><p>anulação da decisão. Além disso, a legitimidade dela não</p><p>é ampla (ativa para o ente público ou para o MP).</p><p>Sua apreciação se dá pelo presidente do tribunal competente em</p><p>decisão monocrática suscetível de agravo interno. Ela não tem por</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 58/74</p><p>objeto a reversão da decisão nem a decretação de error in procedendo</p><p>ou de error in judicando. A rigor, a decisão continua válida – mas com os</p><p>efeitos suspensos.</p><p>Tampouco parece acertada a conclusão de que se trata de uma medida</p><p>administrativa de competência do presidente do tribunal. Ela deve ser</p><p>compreendida, na verdade, como um incidente processual de natureza</p><p>jurisdicional.</p><p>Saiba mais</p><p>A suspensão pode ser apresentada de forma concomitante ao recurso,</p><p>não havendo nada na lei que determine a escolha por uma ou outra</p><p>modalidade.</p><p>Na Ação Rescisória 5.857/MA, sob a relatoria do ministro Mauro</p><p>Campbell Marques, a Corte Especial do STJ decidiu que a decisão do</p><p>ministro presidente do STJ, que determina a suspensão dos efeitos da</p><p>antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, mesmo quando</p><p>transitada em julgado, não se sujeita a uma ação rescisória por não</p><p>induzir coisa julgada material nem impedir a rediscussão do objeto</p><p>controvertido na ação principal. Já o STF, na Suspensão de Segurança</p><p>5.069, sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, proferiu a</p><p>admissibilidade do pedido de suspensão de segurança de decisão</p><p>proferida na fase de execução apenas em relação à matéria não</p><p>transitada em julgado na fase de conhecimento.</p><p>No que é pertinente ao chamado efeito multiplicador, que provoca lesão</p><p>à economia pública, o mesmo STF entendeu, sob a relatoria do ministro</p><p>Cezar Peluso, na Suspensão de Segurança 4.042, que isso é fundamento</p><p>suficiente para o deferimento de pedido de suspensão de segurança.</p><p>Por fim, nas situações em que a decisão proferida estiver fundamentada</p><p>em normas infraconstitucionais, o Supremo, na Reclamação 34.560,</p><p>atestou, sob a relatoria do ministro Edson Fachin na Segunda Turma,</p><p>que compete ao presidente do STJ apreciar um eventual pedido de</p><p>suspensão de segurança.</p><p>Cumpre ressaltar ainda que, em sede de suspensão, não se aufere a</p><p>eventual legalidade ou mesmo a razoabilidade da decisão atacada, mas</p><p>tão somente se verifica o risco de grave lesão à ordem ou à economia</p><p>públicas representado pela referida suspensão. Tal entendimento foi</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 59/74</p><p>consolidado na Suspensão de Liminar 1.102, no STF, em decisão do</p><p>ministro Dias Toffoli.</p><p>A autoridade competente para apreciar o incidente depende da</p><p>verificação daquela que proferiu a decisão que se pretende atacar, bem</p><p>como se houve recurso anterior com efeito substitutivo. Sendo a</p><p>decisão de juiz de primeiro grau, a competência será, via de regra, do</p><p>Presidente do Tribunal de Justiça (TJ) ou do Tribunal Regional Federal</p><p>(TRF).</p><p>Atenção</p><p>A eventual concessão de efeito suspensivo em agravo de instrumento</p><p>pode comprometer e prejudicar o mesmo requerimento feito no pedido</p><p>de suspensão – e vice-versa.</p><p>Há casos em que a competência para a suspensão é diretamente do</p><p>STJ ou do STF. Isso ocorre quando se julga o mérito do agravo de</p><p>instrumento, tendo ocorrido o efeito substitutivo recursal, ou em ordens</p><p>oriundas de ações originárias propostas em TJs e TRFs.</p><p>Ainda que seja possível, como já destacamos, a concomitância do</p><p>pedido de suspensão com o agravo de instrumento, a competência</p><p>desse pedido pode ser alterada pelo eventual efeito substitutivo. A</p><p>competência se deslocará ao grau superior se for apreciado o mérito</p><p>(provido ou não) do agravo de instrumento.</p><p>Quando a decisão é oriunda de TJ ou TRF em agravo de instrumento,</p><p>apelação ou ação originária, a competência fica a cargo do presidente</p><p>de STJ ou STF. Isso também ocorre quando o presidente do TJ ou do</p><p>TRF indefere o primeiro pedido de suspensão. Não se exige o agravo</p><p>interno como requisito para o exaurimento da instância ordinária.</p><p>Correição parcial</p><p>A correição parcial, enquanto sucedâneo recursal, nasceu nas leis</p><p>estaduais de organização judiciária. Em alguns estados, ela é até</p><p>mesmo chamada de reclamação. Ambas chegam a ser confundidas em</p><p>muitas ocasiões.</p><p>Contudo, não é possível haver confusão entre a reclamação com</p><p>previsão constitucional e a correição parcial, conforme atesta o julgado</p><p>do TJ/SP publicado na Revista dos tribunais 510/117:</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 60/74</p><p>Nem se pretenda</p><p>equiparar a</p><p>correição parcial à reclamação</p><p>perante o STF, porque a última é</p><p>providência emanada, hoje, dos</p><p>poderes normativos que a</p><p>Constituição Federal outorgou à</p><p>Excelsa Corte (artigo 121, parágrafo</p><p>único) e que se caracteriza também</p><p>como desdobramento das</p><p>atribuições jurisdicionais que lhe</p><p>cabem como instância especial e</p><p>última, na estrutura orgânica do</p><p>Poder Judiciário.</p><p>(REVISTA DOS TRIBUNAIS, 510/117)</p><p>Desde a entrada em vigor do CPC/1973, havia quem defendesse o</p><p>desaparecimento da correição parcial. Quem militava contra a</p><p>subsistência da correição parcial a partir de 1973 fazia isso com base</p><p>na suposta inconstitucionalidade da medida, já que a legislação</p><p>estadual – de onde se origina a correição parcial – não poderia criar um</p><p>recurso que não estivesse previsto na legislação federal.</p><p>Mas a correição parcial pode ser entendida como</p><p>recurso?</p><p>Pensamos que não em função da taxatividade dos recursos. A correição</p><p>parcial é expressamente referida na lei orgânica da Justiça Federal: Lei</p><p>nº 5.010/1966 (artigo 6º, incisos I e 9º).</p><p>Nos termos da lei, compete ao Conselho de Justiça Federal conhecer, no</p><p>prazo de cinco dias, a correição parcial requerida pela parte ou pela</p><p>Procuradoria da República contra ato ou despacho do juiz de que não</p><p>caiba recurso, ou comissão que importe erro de ofício ou abuso de</p><p>poder. O relator da correição poderá ordenar a suspensão, em até 30</p><p>dias, de ato ou despacho impugnado quando compreender que possa</p><p>decorrer dano irreparável de sua execução.</p><p>Exemplo</p><p>A correição parcial pode ser necessária se o juiz se omite no dever de</p><p>decidir uma questão controvertida durante o desenvolvimento do</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 61/74</p><p>processo ou inverte tumultuariamente a ordem processual, praticando,</p><p>por exemplo, um ato pelo outro sem decidir formalmente nem</p><p>exteriorizar decisão agravável.</p><p>O artigo 1.001 do CPC, ao dispor sobre a irrecorribilidade dos</p><p>despachos, não afastou a hipótese de utilização da correição parcial se</p><p>e quando tais despachos importarem na inversão tumultuária dos atos e</p><p>das fórmulas de ordem legal do processo, trazendo gravame às partes.</p><p>Sendo assim, desde a edição do novo Código, pode-se afirmar, com</p><p>mais certeza, que a correição parcial desmerece o caráter de recurso,</p><p>tendo, portanto, uma natureza de remédio ou sucedâneo processual.</p><p>Pedido de reconsideração</p><p>Outra espécie de meio impugnativo atípico das decisões judiciais é o</p><p>chamado pedido de reconsideração. Ele é entendido como um</p><p>expediente utilizado pelas partes para impugnar um ato jurisdicional</p><p>qualquer, não sendo exigida para a utilização dele qualquer regra</p><p>cogente de ordem pública relativa à interposição dos recursos. Para o</p><p>emprego desse pedido, são dispensados:</p><p></p><p>Prazo</p><p></p><p>Preparo</p><p></p><p>Fundamentação do inconformismo</p><p></p><p>Formação do instrumento</p><p>Classifica-se o pedido de reconsideração como meio de</p><p>impugnação atípico pela mesma razão indicada para a</p><p>correição parcial: o fato de não se encontrar seu</p><p>embasamento em lei federal.</p><p>Ele é um instrumental frequentemente usado na prática judiciária. Por</p><p>meio de seus regimentos internos, alguns tribunais chegam a prever</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 62/74</p><p>expressamente sua utilização.</p><p>Por ser um meio impugnativo atípico, o pedido de reconsideração não</p><p>possui aptidão para produzir os efeitos próprios da interposição dos</p><p>recursos, não gerando, por exemplo, a suspensão ou a interrupção do</p><p>prazo recursal, além de tampouco impedir a formação da coisa julgada.</p><p>Remessa necessária</p><p>A remessa necessária, que não se trata de uma espécie recursal, está</p><p>disciplinada no artigo 496 do CPC/2015. Apesar da nomenclatura</p><p>utilizada pelo CPC, ela possui algumas expressões sinônimas:</p><p>Reexame necessário;</p><p>Remessa obrigatória;</p><p>Duplo grau obrigatório de jurisdição.</p><p>Curiosidade</p><p>Ela tem origem no direito português, estando vinculada ao processo</p><p>penal. A remessa necessária era aplicada em situações de condenações</p><p>à pena de morte, sendo chamada de “recurso de ofício”.</p><p>Durante a tramitação do projeto de lei que gerou o CPC/2015, muito se</p><p>discutiu quanto à extinção da remessa necessária. A pressão dos</p><p>municípios foi decisiva para manutenção desse instituto no Código.</p><p>A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do instituto. Para uns, a</p><p>remessa necessária é condição de eficácia da sentença, já que:</p><p> Ela não tem prazo de interposição</p><p> Não está prevista como recurso</p><p>(taxatividade)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 63/74</p><p>Já para outros, como Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, a</p><p>remessa tem uma natureza recursal, pois, embora não haja impugnação</p><p>voluntária, ocorrem os seguintes processos:</p><p>A provocação é feita pelo próprio juiz;</p><p>O acórdão substitui a sentença;</p><p>Aplica-se a proibição da reformatio in pejus.</p><p>Finalmente, para Daniel Neves, ela é condição impeditiva do trânsito em</p><p>julgado, porque, na Lei do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009),</p><p>a sentença pode gerar efeitos, ainda que pendentes de reexame.</p><p>Nos termos do artigo 496 do CPC, haverá remessa necessária contra as</p><p>sentenças proferidas contra a Fazenda Pública ou quando os embargos</p><p>à execução fiscal forem julgados procedentes no todo ou em parte.</p><p>Parte da doutrina, ainda que minoritária, defende a remessa contra a</p><p>decisão parcial de mérito (artigo 356), já que tal decisão forma uma</p><p>definitiva e está sujeita à coisa julgada material. Caso estivesse na</p><p>sentença, seu conteúdo comportaria a remessa.</p><p>O conceito de Fazenda Pública, para fins processuais, abrange as</p><p>pessoas jurídicas de direito público (União, estados, Distrito Federal,</p><p>municípios, autarquias e fundações públicas), não abrangendo as</p><p>jurídicas de direito privado que fazem parte do conceito amplo de</p><p>Administração Pública (empresas públicas e sociedades de economia</p><p>mista).</p><p>O legislador estatuiu sensíveis restrições à remessa necessária.</p><p>Primeiramente, em relação ao valor, já que ele a restringiu às situações</p><p>em que o valor da condenação ou o proveito econômico obtido na causa</p><p>seja de valor certo e líquido inferior a:</p><p> Não se aplica à legitimação recursal</p><p>(artigo 996)</p><p> Não estão presentes as</p><p>características dos recursos</p><p>(voluntariedade, dialeticidade (não</p><p>há razões/contrarrazões e</p><p>contraditório)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 64/74</p><p>Ademais, o legislador também previu o não cabimento da remessa</p><p>quando a sentença estiver fundada em:</p><p>Súmula de tribunal superior;</p><p>Acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de</p><p>recursos repetitivos;</p><p>Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas</p><p>repetitivas ou de assunção de competência;</p><p>Entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no</p><p>âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em</p><p>manifestação, parecer ou súmula administrativa.</p><p>Havendo a remessa, não pode ocorrer, conforme a</p><p>Súmula 45 do STJ, a reformatio in pejus. Não se aplica</p><p>também, em caso de julgamento por maioria, a técnica de</p><p>ampliação do colegiado prevista no artigo 942 do CPC.</p><p>Cumpre realçar ainda que não é admitida a remessa</p><p>necessária nos Juizados Especiais em razão do previsto</p><p> Mil salários-mínimos para a União</p><p>e suas autarquias e fundações de</p><p>direito público</p><p> Cem salários-mínimos para os</p><p>demais municípios e suas</p><p>respectivas autarquias e fundações</p><p>de direito público</p><p> Quinhentos salários-mínimos para</p><p>os estados, o Distrito Federal, as</p><p>respectivas autarquias e fundações</p><p>de direito público e os municípios</p><p>que constituam capitais dos</p><p>estados</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 65/74</p><p>no artigo 13 da Lei nº 10.259/2001 e no artigo 11 da Lei</p><p>nº 12.153/2009.</p><p>Haverá remessa necessária na ação popular quando houver a extinção</p><p>do processo sem a resolução do mérito ou a improcedência dos</p><p>pedidos (artigo 19 da Lei nº 4.717/1965). Segundo a jurisprudência, a</p><p>regra se aplica às ações de improbidade administrativa e civil pública.</p><p>Já no mandado de segurança, a remessa ocorrerá se houver a</p><p>concessão da segurança (independentemente de quem seja autoridade</p><p>coatora), porém tal autoridade não impede a execução provisória.</p><p>Remessa necessária</p><p>O professor Marco Aurélio Peixoto fará um panorama sobre a remessa</p><p>necessária.</p><p>Ampliando o conhecimento</p><p>Ao lado dos recursos, vimos que existem as ações autônomas de</p><p>impugnação. Você sabe quando podem ser ajuizadas essas ações?</p><p>Embora possuam um escopo de abrangência mais limitado, o estudo</p><p>das ações autônomas de impugnação das decisões judiciais é</p><p>extremamente importante para os operadores do direito. Por um lado,</p><p>advogados/defensores/promotores precisam ter conhecimento de</p><p>todos os mecanismos à disposição para reformar uma decisão judicial.</p><p>Por outro lado, magistrados precisam ter conhecimento desses</p><p>mecanismos porque, invariavelmente, precisarão julgá-los.</p><p>Flabo Fomento Mercantil Ltda. era uma sociedade dedicada ao fomento</p><p>mercantil administrada por seus sócios Jonas e Allan. Para alcançar</p><p>seus objetivos comerciais, a Flabo possuía uma linha de crédito com o</p><p>Banco Gaúcho. Essa instituição bancária também fornecia um sistema</p><p>de gestão e cobrança que era utilizado pela Flabo.</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 66/74</p><p>Ocorre que, após 5 anos de reiterados empréstimos pagos</p><p>pontualmente, o Banco Gaúcho, sem qualquer justificava ou aviso</p><p>prévio, (i) cancelou a linha de crédito da Flabo e (ii) impediu a utilização</p><p>do sistema de gestão e cobrança.</p><p>Como a atitude do Banco Gaúcho impediu o exercício de sua atividade</p><p>comercial, a Flabo ajuizou ação visando indenização pelos prejuízos</p><p>suportados.</p><p>O Juízo da 2ª Vara Cível de São Paulo julgou a demanda procedente.</p><p>Essa sentença transitou em julgado uma vez que as partes não</p><p>interpuseram qualquer recurso.</p><p>Após 3 anos do trânsito em julgado, o Banco Gaúcho ajuizou ação</p><p>rescisória para questionar/reformar a sentença proferida pelo Juízo da</p><p>2ª Vara Cível de São Paulo.</p><p>Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!</p><p>Questão 1</p><p>Considerando o caso narrado e seus conhecimentos sobre ações</p><p>rescisórias, o Banco Gaúcho possuía algum prazo para ajuizamento</p><p>da ação rescisória?</p><p>A</p><p>Não há prazo para ajuizamento da ação rescisória,</p><p>de modo que o Banco Gaúcho poderia ajuizar sua</p><p>demanda contra a Flabo em qualquer momento</p><p>após o trânsito em julgado da sentença</p><p>rescindenda.</p><p>B</p><p>O Banco Gaúcho possuía um prazo de 2 anos para</p><p>ajuizamento da ação rescisória, contados da</p><p>prolação da sentença rescindenda na forma do art.</p><p>975 do CPC.</p><p>C</p><p>O Banco Gaúcho possuía um prazo de 90 dias para</p><p>ajuizamento da ação rescisória em virtude da</p><p>aplicação analógica do prazo para anulação de</p><p>sentença arbitral previsto no art. 33, § 1º da Lei de</p><p>Arbitragem.</p><p>D</p><p>O Banco Gaúcho possuía um prazo de 2 anos para</p><p>ajuizamento da ação rescisória contados do trânsito</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 67/74</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>O art. 975 do CPC estipula que “o direito à rescisão se extingue em</p><p>2 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida</p><p>no processo”. Como há dispositivo legal regrando o prazo para</p><p>ajuizamento da ação rescisória, a opção C está errada por ser</p><p>desnecessária a aplicação analógica da lei de arbitragem para o</p><p>caso estudado. Já as opções A e E estão equivocadas por</p><p>indicarem a inexistência de prazo para o ajuizamento da ação</p><p>rescisória. A Letra B está errada por indicar que o prazo para</p><p>ajuizamento da ação rescisória tem início da prolação da sentença</p><p>rescindenda, quando, na realidade, esse prazo tem início do trânsito</p><p>em julgado do referido decisum.</p><p>Questão 2</p><p>Ao invés de ter ajuizado ação rescisória, o Banco Gaúcho poderia</p><p>ter ajuizado reclamação contra a sentença transitada em julgado do</p><p>Juízo da 2ª Vara Cível de São Paulo?</p><p>em julgado da sentença rescindenda na forma do</p><p>art. 975 do CPC.</p><p>E</p><p>Não há prazo para ajuizamento da ação rescisória,</p><p>de modo que o Banco Gaúcho poderia ajuizar sua</p><p>demanda contra o Flabo em qualquer momento</p><p>após prolação da sentença rescindenda.</p><p>A</p><p>O Banco Gaúcho poderia ter ajuizado reclamação se</p><p>fosse possível demonstrar que a sentença</p><p>transitada em julgado do Juízo da 2ª Vara Cível de</p><p>São Paulo violou a competência e/ou autoridade do</p><p>Tribunal de Justiça de São Paulo.</p><p>B</p><p>O Banco Gaúcho poderia ter ajuizado reclamação se</p><p>fosse possível demonstrar que a sentença</p><p>transitada em julgado do Juízo da 2ª Vara Cível de</p><p>São Paulo violou enunciado de súmula vinculante e</p><p>de decisão do Supremo Tribunal Federal proferida</p><p>em controle concentrado de constitucionalidade.</p><p>O Banco Gaúcho poderia ter ajuizado reclamação se</p><p>fosse possível demonstrar que a sentença</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 68/74</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>O art. 988, § 5º, I do CPC é expresso ao dispor que “é inadmissível a</p><p>reclamação proposta após o trânsito em julgado da decisão</p><p>reclamada”. Em virtude desse dispositivo legal e do fato que houve</p><p>o trânsito em julgado da sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara</p><p>Cível de São Paulo, o Banco Gaúcho não poderia ajuizar reclamação</p><p>ao invés de ação rescisória.</p><p>Questão 3</p><p>O Banco Gaúcho poderia apresentar novos argumentos na sua ação</p><p>rescisória que não foram discutidos na ação indenizatória originária da</p><p>Flabo para defender que a sentença transitada em julgada proferida pelo</p><p>Juízo da 2ª Vara Cível de São Paulo violou manifestamente a norma</p><p>jurídica (art. 966, IV, do CPC)?</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Chave de resposta</p><p>C transitada em julgado do Juízo da 2ª Vara Cível de</p><p>São Paulo violou acórdão proferido em julgamento</p><p>de incidente de resolução de demandas repetitivas</p><p>ou de incidente de assunção de competência.</p><p>D</p><p>O Banco Gaúcho não poderia ter ajuizado</p><p>reclamação diante do trânsito em julgado da</p><p>sentença proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível de</p><p>São Paulo.</p><p>E</p><p>O Banco Gaúcho poderia ter ajuizado reclamação se</p><p>fosse possível demonstrar que a sentença</p><p>transitada em julgado do Juízo da 2ª Vara Cível de</p><p>São Paulo violou acórdão de recurso extraordinário</p><p>com repercussão geral reconhecida ou de acórdão</p><p>proferido em julgamento de recursos extraordinário</p><p>ou especial repetitivos.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 69/74</p><p>O Banco Gaúcho não poderia realizar uma inovação</p><p>argumentativa em sua ação rescisória uma vez que a</p><p>jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que “não se</p><p>admite a rescisória fundamentada no art. 966, V, do CPC</p><p>(correspondente ao art. 485, V, do CPC/1973), quando o</p><p>acórdão rescindendo não tiver se pronunciado sobre a</p><p>questão tida por violada” (AR 6.010/RS, Ministro Og</p><p>Fernandes, 1ª Seção, j. 27/11/2019).</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Marque a alternativa em que se dispensa, nos termos do CPC, a</p><p>remessa necessária:</p><p>A</p><p>Sentença proferida contra município (que não seja</p><p>capital) de valor igual a 250 salários-mínimos.</p><p>B</p><p>Sentença proferida contra estado de valor igual a</p><p>550 salários-mínimos.</p><p>C</p><p>Sentença proferida contra a União de valor igual a</p><p>2.000 salários-mínimos.</p><p>D</p><p>Sentença proferida contra município (capital de</p><p>estado) de valor igual a 450 salários-mínimos.</p><p>E</p><p>Sentença proferida contra autarquia federal de valor</p><p>igual a 1.500 salários-mínimos.</p><p>11/09/2024,</p><p>17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 70/74</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A letra a está correta, com fundamento no art. 496, §3º, II do CPC.</p><p>Questão 2</p><p>Caberá uma ação rescisória contra decisão de mérito transitada em</p><p>julgado quando:</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>A alternativa A se fundamenta no artigo 966, II, do CPC.</p><p>Considerações �nais</p><p>Analisamos neste conteúdo algumas das principais espécies recursais,</p><p>como a apelação, os agravos e os embargos de declaração,</p><p>demonstrando as hipóteses de cabimento, o prazo, os pressupostos, o</p><p>procedimento, os efeitos e as consequências possíveis delas.</p><p>A For proferida por juiz impedido.</p><p>B For proferida por juiz relativamente incompetente.</p><p>C For proferida por juiz suspeito.</p><p>D For fundada em erro de direito.</p><p>E</p><p>Obtiver o autor, anteriormente ao trânsito em</p><p>julgado, uma prova nova cuja existência ignorava.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 71/74</p><p>Mais adiante, abordamos duas das principais ações autônomas de</p><p>impugnação das decisões judiciais: a ação rescisória e a reclamação.</p><p>Pontuamos ainda seus requisitos, sua competência, seu procedimento e</p><p>seus resultados esperados.</p><p>Também estudamos as espécies de sucedâneos recursais, como a</p><p>suspensão de liminar, tutela ou segurança, a correição parcial, o pedido</p><p>de reconsideração e a remessa necessária. Para tal, frisamos a</p><p>diferença dessas figuras para as espécies recursais, bem como a</p><p>possibilidade de elas terem um impacto na forma e no conteúdo dos</p><p>pronunciamentos judiciais.</p><p>Podcast</p><p>Agora, o professor Marco Aurelio Peixoto encerra tratando do cabimento</p><p>de ambos os recursos e demonstrando as diferenças principais entre a</p><p>apelação e o agravo de instrumento.</p><p></p><p>Explore +</p><p>Pesquise os seguintes textos na internet para saber mais sobre os</p><p>assuntos que estudamos:</p><p>BORGES, F. G. e S.; PEIXOTO, R. C. V. O Superior Tribunal de Justiça e a</p><p>aplicação da técnica de ampliação do colegiado em embargos de</p><p>declaração. Empório do Direito. Publicado em: 11 set. 2020. Consultado</p><p>na internet em: 5 ago. 2021.</p><p>PEIXOTO, M. A.; BECKER, R. Extensão do efeito devolutivo na apelação.</p><p>Jota. Publicado em: 17 maio 2020. Consultado na internet em: 5 ago.</p><p>2021.</p><p>PEIXOTO, M. A.; BECKER, R. Os embargos de declaração podem adequar</p><p>o julgado a um precedente superveniente?. Jota. Publicado em: 24 jul.</p><p>2020. Consultado na internet em: 5 ago. 2021.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 72/74</p><p>PEIXOTO, M. A.; BECKER, R. Reclamação é inadequada para controle da</p><p>aplicação de tese de recursos repetitivos?. Jota. Publicado em: 28 fev.</p><p>2020. Consultado na internet em: 5 ago. 2021.</p><p>PEIXOTO, R. O prazo do agravo interno na suspensão de segurança.</p><p>Jota. Publicado em: 1. nov. 2019. Consultado na internet em: 5 ago.</p><p>2021.</p><p>Referências</p><p>ASSIS, A. de. Manual dos recursos. 9. ed. São Paulo: Revista dos</p><p>Tribunais, 2017.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo</p><p>Civil.</p><p>DIDIER JR., F.; CUNHA, L. C. da. Curso de Direito Processual Civil –</p><p>meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v.</p><p>3. 18. ed. Salvador: Jus Podivm, 2021.</p><p>FREIRE, R. da C. L.; CUNHA, M. F. Código de Processo Civil para</p><p>concursos. 11. ed. Salvador: Jus Podivm, 2021.</p><p>LEMOS, V. S. Recursos e processos nos tribunais. 4. ed. Salvador: Jus</p><p>Podivm, 2020.</p><p>NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil – volume único. 13.</p><p>ed. Salvador: Jus Podivm, 2021.</p><p>RODRIGUES, M. A. Manual dos recursos, ação rescisória e reclamação.</p><p>São Paulo: Atlas, 2017.</p><p>WAMBIER, L. R.; TALAMINI, E. Curso avançado de Processo Civil –</p><p>cognição jurisdicional (processo comum de conhecimento e tutela</p><p>provisória). v. 2. 19. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 73/74</p><p>Material para download</p><p>Clique no botão abaixo para fazer o download do</p><p>conteúdo completo em formato PDF.</p><p>Download material</p><p>O que você achou do conteúdo?</p><p>Relatar problema</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 74/74</p><p>que se impugne</p><p>a sentença. O recomendável é que o apelante abra um capítulo</p><p>preliminar específico para impugnar cada decisão interlocutória.</p><p>Como mencionamos acima, o CPC/2015 viabilizou a insurgência do</p><p>vencedor em relação às decisões interlocutórias proferidas em seu</p><p>desfavor. Tal se dará por meio de capítulos preliminares às</p><p>contrarrazões de apelação.</p><p>Mesmo não constando do artigo 994 do CPC, é de se dizer que, nesse</p><p>caso, as contrarrazões acabam cumprindo, em essência, o papel de uma</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 7/74</p><p>espécie recursal. Para isso, nas contrarrazões, o vencedor responderá</p><p>ao apelo, podendo, ao mesmo tempo, recorrer de tais decisões</p><p>interlocutórias proferidas ao longo do processo que não comportavam</p><p>agravo de instrumento. No entendimento da maior parte da doutrina,</p><p>esse “recurso” oferecido nas contrarrazões será:</p><p>Subordinado</p><p>Seguirá o destino da</p><p>apelação do vencido se</p><p>ela não for conhecida</p><p>ou, se houver</p><p>desistência, o recurso</p><p>do vencedor também</p><p>não será conhecido.</p><p>Condicionado</p><p>Somente será</p><p>examinado se a</p><p>apelação do vencido</p><p>estiver por ser acolhida</p><p>– decisão sob condição</p><p>legal resolutiva.</p><p>Há uma exceção a essa característica de ser condicionado. Ela se dá</p><p>quando se impugnar uma decisão interlocutória que não guarda</p><p>influência com a sentença, sendo de matéria autônoma ou diversa dela.</p><p>Exemplo</p><p>Um ótimo exemplo no qual cabe a situação de exceção é a decisão que</p><p>estipula a multa atentatória à dignidade da justiça.</p><p>Quanto ao momento, no julgamento pelo tribunal, de</p><p>julgar tais insurgências às decisões interlocutórias, há de</p><p>se destacar que ele é distinto, dependendo de uma</p><p>apelação do vencido ou do vencedor.</p><p>Características</p><p>O prazo para a interposição do recurso de apelação é, considerando o</p><p>disposto nos artigos 1.003, §5º, e 219 do CPC/2015, de 15 dias úteis.</p><p>Ela é feita ao juízo de primeiro grau em que se prolatou a sentença – e</p><p>para o qual também são oferecidas as contrarrazões.</p><p>Não há mais juízo inicial de admissibilidade, com a análise dos</p><p>pressupostos recursais, por parte do juízo de primeira instância. O</p><p>CPC/2015 retirou essa atribuição do juiz, ficando ela apenas sob o</p><p>encargo do desembargador relator no tribunal respectivo.</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 8/74</p><p>Tampouco compete ao juiz de primeiro grau atribuir os efeitos recursais</p><p>à apelação. Não obstante o artigo 995 do CPC, se manteve, no caso</p><p>dela, o efeito suspensivo ope legis, isto é, trata-se de uma regra geral,</p><p>nos termos do artigo 1.012.</p><p>Contidas no §1º do referido artigo, as exceções ocorrem conforme</p><p>quadro a seguir:</p><p>Sentenças onde ocorrem exceções</p><p>Decreta a interdição</p><p>Condena a pagar alimentos</p><p>Homologa divisão ou demarcação de terras</p><p>Julga procedente o pedido de instituição de arbitragem</p><p>Confirma, concede ou revoga tutela provisória (apenas em</p><p>relação a tal capítulo)</p><p>Extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes</p><p>os embargos do executado</p><p>Cumpre registrar que o rol de hipóteses em que não há efeito</p><p>suspensivo não é exaustivo, porque há situações em leis extravagantes,</p><p>conforme o quadro a seguir:</p><p>Situações em leis extravagantes</p><p>Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/1985)</p><p>Sentença em ações de despejo (Lei nº 8.245/1991)</p><p>Sentença que concede o habeas data (Lei nº 9.507/1997)</p><p>Sentença concessiva no mandado de segurança (Lei nº</p><p>12.016/2009)</p><p>Sentença que destituir ambos ou qualquer um dos</p><p>genitores (Lei nº 8069/1990)</p><p>Sentença que deferir a adoção, salvo a internacional ou se</p><p>houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação</p><p>ao adotando (Lei nº 8069/1990)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 9/74</p><p>Nas situações em que o efeito da apelação for meramente devolutivo, o</p><p>apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório após a</p><p>publicação da sentença. Porém, ainda assim, a eficácia da sentença</p><p>poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a</p><p>probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a</p><p>fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.</p><p>Para tanto, o apelante deve formular ao tribunal um pedido de</p><p>concessão de efeito suspensivo, como indicam os §§3º e 4º do artigo</p><p>1.012, entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o</p><p>relator prevento, ou diretamente ao relator se já estiver distribuída a</p><p>apelação.</p><p>Efeito devolutivo da apelação</p><p>É relevante falar na devolutividade do recurso de apelação. Trata-se de</p><p>um recurso com ampla devolutividade, isto é, permite a impugnação de</p><p>qualquer vício encontrado na sentença, seja ele:</p><p>De forma (error in procedendo)</p><p>Quando se alega o error in procedendo, a tendência é que se trate de</p><p>recurso total, o que levará à sua anulação integral.</p><p>De julgamento (error in iudicando)</p><p>Quando se alega o error in iudicando, o mérito recursal é o erro da</p><p>atividade do julgador quanto à aplicabilidade da lei ou da norma jurídica</p><p>para o caso.</p><p>Pleiteia-se, portanto, a reforma da decisão em caso de alegação error in</p><p>judicando.</p><p>Na confecção de sua peça recursal, a parte, por evidente, escolhe a</p><p>matéria que será transferida à análise do tribunal, de modo que pode</p><p>impugnar apenas uma ou algumas das parcelas da sentença. Não é</p><p>permitido ao tribunal, assim, manifestar-se sobre matéria que nenhuma</p><p>das partes apelou pelo fato de que aquela parte da sentença ou decisão,</p><p>pela ausência de impugnação, restou como transitada em julgado.</p><p>Quando o apelante alega error in procedendo, pode argumentar:</p><p> </p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 10/74</p><p>Vício de formação</p><p>da sentença</p><p>(intrínseco)</p><p>Vício processual ou</p><p>procedimental</p><p>(extrínseco)</p><p>Comprovado o vício, justifica-se a invalidação da sentença em grau de</p><p>apelação pelo colegiado. Sendo a apelação o recurso com a maior</p><p>devolutividade no processo civil, é possível a arguição de matéria fática,</p><p>inserindo-a na devolutividade do error in iudicando e pleiteando-se ao</p><p>tribunal que reveja a decisão que proferiu no tocante aos fatos.</p><p>Há também ampla possibilidade de reexame de provas, tendo o tribunal</p><p>competência para rever a discussão probatória, existindo inclusive a</p><p>possibilidade excepcional de produção de prova no próprio tribunal</p><p>(artigo 938, §3º). O §1º do artigo 1.013 prevê o seguinte:</p><p>No primeiro grau, questões discutidas ou suscitadas no</p><p>processo sem serem solucionadas serão</p><p>automaticamente devolvidas ao tribunal. Não operará a</p><p>preclusão desde que estejam relacionadas ao capítulo</p><p>impugnado no apelo.</p><p>Cumpre ainda destacar que o §2º do artigo 1.013 indica que, quando o</p><p>pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas</p><p>um, a apelação devolverá o conhecimento dos demais.</p><p>Atenção</p><p>Pedido não deve se confundir com fundamento, já que um pedido pode</p><p>ter diversos fundamentos.</p><p>Como se sabe, ao prolatar uma sentença, o juiz exaure sua função</p><p>jurisdicional, não lhe sendo dado o direito ao arrependimento como</p><p>regra. Excepcionalmente, contudo, pode-se falar da possibilidade de</p><p>efeito regressivo no recurso de apelação, o que viabiliza, desde que</p><p>superada a admissibilidade, o juízo de retratação. Observe as apelações</p><p>descritas a seguir:</p><p></p><p> Apelação contra sentença que</p><p>indefere a inicial (artigo 331)</p><p> Apelação contra sentença de</p><p>improcedência liminar do pedido</p><p>( °)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 11/74</p><p>ECA</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente.</p><p>O apelante pode suscitar questões que, de fato, são novas na apelação.</p><p>Conforme o artigo 1.014 do CPC, as questões de fato não propostas no</p><p>juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação</p><p>se a parte provar que</p><p>deixou de fazê-lo por motivo de força maior.</p><p>Teoria da causa madura</p><p>No tocante à teoria da causa madura, o artigo 1.013, §3º, do CPC prevê</p><p>que, se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o</p><p>tribunal deverá, desde logo, decidir o mérito quando:</p><p></p><p>Reformar sentença terminativa</p><p>Reformar sentença fundada no artigo 485 (sentenças terminativas, que</p><p>não adentram o mérito).</p><p></p><p>(artigo 332, §3°)</p><p> Apelação contra sentença que</p><p>extingue o processo sem resolução</p><p>do mérito (artigo 485, §7°)</p><p> Apelação contra sentença proferida</p><p>em causas que digam respeito a</p><p>direitos da criança ou do</p><p>adolescente (artigo 198, VI, ECA)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 12/74</p><p>Decretar nulidade (congruência)</p><p>Decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os</p><p>limites do pedido ou da causa de pedir.</p><p></p><p>Decretar nulidade (fundamentação)</p><p>Decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.</p><p></p><p>Constatar omissão</p><p>Constatar a omissão no exame de um pedido, hipótese em que poderá</p><p>julgá-lo.</p><p>Além disso, o §4º também garante que, quando reformar uma sentença</p><p>que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível,</p><p>julgará o mérito, examinando as demais questões sem determinar o</p><p>retorno do processo ao juízo de primeiro grau.</p><p>A aplicação da teoria da causa madura, que já guardava previsão</p><p>anterior, evita o desnecessário prolongamento da relação processual.</p><p>Desse modo, viabiliza que o julgamento do mérito da demanda, sem que</p><p>se dê a supressão de instância, ocorra diretamente no tribunal, não</p><p>demandando o retorno dos autos ao primeiro grau de jurisdição,</p><p>estando a matéria pronta para julgamento.</p><p>Aplicando-se o artigo 932, IV e V, do CPC, a apelação comporta</p><p>julgamentos monocráticos. Desse modo, será possível negar ou dar</p><p>provimento à apelação se ela for contrária a determinados parâmetros,</p><p>são eles:</p><p>Se o julgamento for colegiado, pode-se dizer que a decisão será tomada</p><p>por três desembargadores, como prevê o artigo 941, §2º, do CPC, ainda</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 13/74</p><p>que a Câmara ou Turma tenha mais de três magistrados. Não há mais a</p><p>figura do revisor, como se exigia no CPC/1973. Ademais, existe a</p><p>possibilidade de se requerer uma sustentação oral conforme prescreve</p><p>o artigo 937, I.</p><p>Se, no julgamento da apelação, não se atingir a unanimidade, o</p><p>presidente da Turma ou Câmara não deverá proclamar o resultado</p><p>independentemente de a maioria formada ser no sentido do provimento</p><p>ou do desprovimento do recurso. Nesse caso, deve incidir a técnica de</p><p>ampliação do colegiado prescrita no artigo 942:</p><p>A convocação de desembargadores em número apto a viabilizar a</p><p>inversão do resultado.</p><p>Ampliando o conhecimento</p><p>Você sabe quando é cabível a apelação? Sabe identificar seus requisitos</p><p>de admissibilidade? Vamos pensar nessas questões com base no caso</p><p>de Antero e Osório.</p><p>Antero comprou um apartamento de 100 m² de Osório por R$ 1 milhão,</p><p>localizado na Tijuca (Vitória/ES). O pagamento seria feito em 10</p><p>parcelas mensais e consecutivas de R$ 100 mil após a entrega das</p><p>chaves. No entanto, no terceiro mês, após receber as chaves do seu</p><p>novo imóvel, Antero foi demitido de seu emprego, o que o impediu de</p><p>pagar as demais parcelas devidas para Osório.</p><p>Por esse motivo, Osório ajuizou ação de cobrança contra Antero para</p><p>satisfazer seu crédito de R$ 700 mil reais. Na petição inicial, Osório</p><p>formulou pedido de arresto por entender que Antero estava ocultando</p><p>seu patrimônio com auxílio de terceiros. Entretanto, o pedido foi</p><p>indeferido pelo meritíssimo Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, no despacho</p><p>citatório, sob o fundamento de que não existiam provas naquele</p><p>momento.</p><p>Inconformado, Osório interpôs agravo de instrumento, o qual veio a ser</p><p>desprovido pelo egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo</p><p>(TJES). No entanto, após Antero apresentar contestação e Osório</p><p>responder com réplica, incluindo provas da ocultação patrimonial, o</p><p>Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES proferiu despacho determinando a</p><p>especificação de provas.</p><p>Osório pediu o julgamento antecipado do feito, oportunidade que</p><p>formulou novo pedido de arresto das contas e aplicações financeiras de</p><p>Antero com base nas novas provas apresentadas.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 14/74</p><p>Já Antero requereu a produção de prova testemunhal e documental</p><p>suplementar que demonstrariam a ausência de ocultação patrimonial.</p><p>Em seguida, o Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES proferiu sentença na qual</p><p>(i) indeferiu as provas requeridas por Antero; (ii) julgou antecipadamente</p><p>e de forma procedente o pedido de Antero; e (iii) deferiu o novo pedido</p><p>de arresto diante das provas apresentadas na fase postulatória da</p><p>demanda indenizatória. Contra essa sentença, Osório interpôs apelação.</p><p>Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!</p><p>Questão 1</p><p>Qual será o instrumento processual a ser utilizado por Antero para</p><p>impugnar parcela da sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara de</p><p>Vitória/ES, que indeferiu o pedido de produção de prova</p><p>testemunhal e documental suplementar formulado por Antero?</p><p>A</p><p>Com base no art. 1.015, II do CPC, Antero deverá</p><p>interpor agravo de instrumento sob o fundamento</p><p>de que o Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, ao indeferir</p><p>o pedido de produção de prova testemunhal e</p><p>documental, proferiu decisão que versa sobre o</p><p>“mérito do processo”.</p><p>B</p><p>Antero não poderá interpor qualquer recurso para</p><p>impugnar a decisão do Juízo da 1ª Vara de</p><p>Vitória/ES, que indeferiu seu pedido de produção de</p><p>prova testemunhal e documental.</p><p>C</p><p>Com base na Lei n° 12.016/09, Antero deverá</p><p>impetrar mandado de segurança sob o fundamento</p><p>de que, por inexistir recurso cabível contra decisão</p><p>do Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, que indeferiu seu</p><p>pedido de produção de prova testemunhal e</p><p>documental, precisa utilizar o referido writ para</p><p>proteger seu direito fundamental ao contraditório e</p><p>ampla defesa.</p><p>D</p><p>Antero deverá interpor apelação, oportunidade na</p><p>qual arguirá preliminar de cerceamento de defesa</p><p>do Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES por negar seu</p><p>direito fundamental ao contraditório e ampla defesa.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 15/74</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A decisão que indefere prova pleiteada por uma parte não é</p><p>impugnável por agravo de instrumento por não estar inserida no rol</p><p>taxativo do art. 1.015 do CPC. Consequentemente, essa espécie de</p><p>decisão não está coberta pelo manto da preclusão. A parte</p><p>inconformada pode suscitar essa questão em contrarrazões de</p><p>apelação conforme art. 1.009, § 1º do CPC. Além disso, o § 1º do</p><p>art. 1.009 do CPC dispõe que “as questões resolvidas na fase de</p><p>conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo</p><p>de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser</p><p>suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta</p><p>contra a decisão final, ou nas contrarrazões”. No presente caso,</p><p>Antero deverá impugnar a parcela da sentença proferida pelo Juízo</p><p>da 1ª Vara de Vitória/ES em preliminar de apelação.</p><p>Questão 2</p><p>Qual será o instrumento processual a ser utilizado por Antero para</p><p>impugnar parcela da sentença proferida pelo Juízo da 1ª Vara de</p><p>Vitória/ES, que deferiu o pedido de arresto formulado por Osório?</p><p>E</p><p>Com base no art. 988 do CPC, Antero deverá</p><p>apresentar reclamação sob o fundamento de que o</p><p>Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, ao indeferir o pedido</p><p>de produção de prova testemunhal e documental,</p><p>proferiu decisão que viola direito fundamental ao</p><p>contraditório e ampla defesa.</p><p>A</p><p>Com base no art. 1.015, I do CPC, Antero deverá</p><p>interpor agravo de instrumento contra a parcela</p><p>da</p><p>decisão do Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, que</p><p>deferiu o pedido de arresto de Osório.</p><p>B</p><p>Antero não poderá interpor qualquer recurso para</p><p>impugnar a decisão do Juízo da 1ª Vara de</p><p>Vitória/ES, que deferiu o pedido de arresto de</p><p>Osório.</p><p>C</p><p>Com base na Lei n° 12.016/09, Antero deverá</p><p>impetrar mandado de segurança sob o fundamento</p><p>de que inexiste recurso cabível contra parcela</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 16/74</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>Embora o inciso I do art. 1.015 do CPC estabeleça o cabimento de</p><p>agravo de instrumento contra decisão que versar sobre “tutelas</p><p>provisórias”, o art. 1.013, § 5º do CPC estabelece um regramento</p><p>específico para a impugnação de “o capítulo da sentença que</p><p>confirma, concede ou revoga a tutela provisória”. No caso, o referido</p><p>dispositivo legal estabelece que essa parcela do decisum é</p><p>“impugnável na apelação”.</p><p>Questão 3</p><p>Antero precisará adotar alguma medida específica para concessão de</p><p>efeito suspensivo ao seu recurso de apelação? Justifique sua resposta.</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Chave de resposta</p><p>Sim. O art. 1.012, § 1º, V, do CPC prevê que “começa a</p><p>produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a</p><p>sentença que confirma, concede ou revoga tutela</p><p>provisória”. Trata-se exatamente da hipótese do case, visto</p><p>que o Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES deferiu o novo pedido</p><p>decisão do Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES, que</p><p>deferiu o pedido de arresto de Osório.</p><p>D</p><p>Com base no art. 988, II, do CPC, Antero deverá</p><p>apresentar reclamação sob o fundamento de que o</p><p>Juízo da 1ª Vara de Vitória/ES violou a autoridade</p><p>de decisão do TJES, que indeferiu anteriormente o</p><p>pedido de Osório.</p><p>E</p><p>Com base no art. 1.013, § 5º do CPC, Antero deverá</p><p>interpor apelação, oportunidade na qual buscará a</p><p>reforma da parcela da sentença do Juízo da 1ª Vara</p><p>de Vitória/ES, que deferiu o novo pedido de arresto</p><p>de Osório.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 17/74</p><p>de arresto de Osório em sentença. Consequentemente, a</p><p>apelação interposta por Antero não possuíra, per se, efeito</p><p>suspensivo. No caso, caberá a Antero apresentar pedido</p><p>próprio de concessão de efeito suspensivo à apelação, na</p><p>forma do art. 1.012, § 3º do CPC.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>Marque a alternativa correta acerca da teoria da causa madura no</p><p>recurso de apelação.</p><p>A</p><p>O tribunal pode decidir desde logo o mérito</p><p>favoravelmente ao autor, ainda que não tenha</p><p>ocorrido a citação do réu no primeiro grau para o</p><p>oferecimento de contestação.</p><p>B</p><p>É possível aplicar a teoria da causa madura,</p><p>decidindo-se logo o mérito, quando o tribunal</p><p>decretar a nulidade da sentença por não ser ela</p><p>congruente com os limites do pedido ou da causa</p><p>de pedir.</p><p>C</p><p>Ainda que o processo envolva a necessidade de</p><p>prova dos fatos e não tenha havido tal produção no</p><p>primeiro grau, o tribunal pode dar provimento à</p><p>apelação e julgar o mérito favoravelmente ao autor.</p><p>D</p><p>A teoria da causa madura somente envolverá a</p><p>possibilidade de julgamento do mérito pelo tribunal</p><p>se a extinção do processo em primeiro grau houver</p><p>se dado também com resolução do mérito.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 18/74</p><p>Parabéns! A alternativa B está correta.</p><p>A alternativa B tem fundamento no artigo 1.003, §3º, II, do</p><p>CPC/2015.</p><p>Questão 2</p><p>Indique a hipótese em que a decisão interlocutória pode ser objeto</p><p>de insurgência em preliminar da apelação.</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>Só caberia agravo de instrumento se houvesse rejeitado o pedido</p><p>ou acolhido o pedido de sua revogação com fundamento no artigo</p><p>1.015, V, do CPC.</p><p>E</p><p>A teoria da causa madura é apenas uma construção</p><p>doutrinária e jurisprudencial, carecendo de</p><p>fundamentação na legislação processual em vigor.</p><p>A Decisão parcial de mérito.</p><p>B</p><p>Decisão que determinou a inversão do ônus da</p><p>prova.</p><p>C</p><p>Decisão que determinou a desconsideração da</p><p>personalidade jurídica.</p><p>D</p><p>Decisão que concedeu a tutela provisória de</p><p>urgência antecipada incidente.</p><p>E</p><p>Decisão que concedeu a gratuidade de justiça ao</p><p>autor.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 19/74</p><p>2 - Subespécies de agravos</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as subespécies de</p><p>agravos, assim como seus requisitos e procedimentos.</p><p>Agravos, seus requisitos e</p><p>procedimentos</p><p>O CPC apresenta os agravos como aptos a atacar as decisões</p><p>interlocutórias de magistrados de primeira instância e as</p><p>unipessoais/monocráticas adotadas no âmbito dos tribunais. Há, nos</p><p>termos do atual CPC, três subespécies de agravo que vamos estudar</p><p>neste módulo:</p><p> Agravo de instrumento (artigos</p><p>1.015/1.020)</p><p> Agravo interno (artigo 1.021)</p><p> Agravo em recurso especial e em</p><p>recurso extraordinário (artigo</p><p>1.042)</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 20/74</p><p>Agravo de instrumento</p><p>O agravo de instrumento é o recurso cabível para atacar decisões</p><p>interlocutórias dos juízes de primeiro grau desde que elas estejam</p><p>inseridas no rol estabelecido no artigo 1.015 do CPC.</p><p>A utilização exagerada dos agravos de instrumento sempre foi objeto de</p><p>intensos debates na doutrina e na jurisprudência, notadamente porque</p><p>eles abarrotavam as prateleiras dos gabinetes dos desembargadores</p><p>nos tribunais regionais e federais, consumindo um tempo que, por</p><p>exemplo, poderia ser dispensado à análise de apelações e ações</p><p>rescisórias.</p><p>Tanto foi assim que, na terceira onda de reformas processuais por que</p><p>passou o CPC/1973, a Lei nº 11.187/2005 buscou tratá-lo como</p><p>excepcional, cabendo apenas nos casos de:</p><p></p><p>Ataque às decisões de inadmissão da</p><p>apelação</p><p></p><p>Equivocada atribuição de efeito</p><p>suspensivo à apelação</p><p></p><p>Lesão grave e de difícil reparação</p><p>Nas demais situações, a recomendação era utilizar o agravo retido.</p><p>Ocorre que, exatamente em função da terceira hipótese (lesão grave),</p><p>justamente por ela ser considerada demasiadamente genérica, não se</p><p>pôs um fim, como se buscava, ao uso indiscriminado do agravo de</p><p>instrumento.</p><p>Com o CPC atual e a ausência de previsão do agravo retido, preocupou-</p><p>se o legislador em estabelecer um rol pretensamente taxativo para a</p><p>utilização do agravo de instrumento. Esse rol consta nos incisos e do</p><p>parágrafo único do artigo 1.015.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 21/74</p><p>Nessa linha, passamos a ter duas categorias de decisões interlocutórias</p><p>de juízes de primeiro grau: as agraváveis e as não agraváveis. Para as</p><p>não agraváveis, o §1º do artigo 1.009 estabeleceu a ausência de</p><p>preclusão, sendo permitido àquele que teve contra si uma decisão</p><p>recorrer quando da apelação ou das contrarrazões por meio de capítulo</p><p>preliminar. Cabe, portanto, um agravo de instrumento contra as</p><p>seguintes decisões:</p><p>Decisões contra as quais cabe agravo de instrumento</p><p>Tutelas provisórias Mérito do processo</p><p>Exibição ou posse de</p><p>documento ou coisa</p><p>Exclusão de litisconsorte</p><p>Rejeição da alegação de</p><p>convenção de arbitragem</p><p>Admissão ou inadmissão de</p><p>intervenção de terceiros</p><p>Rejeição do pedido de</p><p>limitação do litisconsórcio</p><p>Incidente de</p><p>desconsideração da</p><p>personalidade jurídica</p><p>Rejeição do pedido de</p><p>gratuidade da justiça ou</p><p>acolhimento do pedido de</p><p>sua revogação</p><p>Concessão, modificação ou</p><p>revogação do efeito</p><p>suspensivo aos embargos à</p><p>execução</p><p>Redistribuição do ônus da</p><p>prova nos termos do artigo</p><p>373, §1º</p><p>Outros casos referidos de</p><p>forma expressa em lei</p><p>O parágrafo único do artigo 1.015 estatui que também caberá agravo de</p><p>instrumento contra decisões</p><p>interlocutórias proferidas na fase de</p><p>liquidação de sentença ou de cumprimento dela, assim como no</p><p>processo de execução e no de inventário. Isso significa que, nessas</p><p>situações, não importam os incisos desse artigo.</p><p>Exemplo</p><p>Se houver o indeferimento de um pedido de produção de prova no</p><p>procedimento comum, não caberá agravo de instrumento, embora ele</p><p>possa ocorrer caso o indeferimento se dê em um inventário.</p><p>Tão logo o CPC entrou em vigor, iniciaram-se as discussões sobre o</p><p>cabimento de uma interpretação extensiva do rol do artigo 1.015. O</p><p>legislador, afinal, não foi capaz de inserir todas as potenciais situações</p><p>que demandariam o agravo de instrumento, por exemplo, na hipótese de</p><p>o juízo de primeiro grau inadmitir a apelação por intempestividade, bem</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 22/74</p><p>como quando existe uma decisão sobre a arguição de incompetência do</p><p>juízo.</p><p>A matéria chegou ao STJ, que decidiu o tema em sede de repetitivos,</p><p>formando um precedente vinculante. No âmbito dos recursos especiais</p><p>1.696.396 e 1.704.520, deliberou-se acerca da possibilidade ou não da</p><p>interpretação extensiva ao rol do artigo 1.015.</p><p>Sob a relatoria da ministra Nancy Andrighi, a Corte Especial decidiu, por</p><p>apertada maioria, que o rol é taxativo, porém mitigado às situações</p><p>urgentes nas quais não seja adequado o aguardo da apelação. Isso</p><p>significa que, não obstante o fato de o STJ não ter acolhido a tese de</p><p>que o rol seria meramente exemplificativo, ele passou a admitir que:</p><p>Ainda que fora das situações dos incisos e do parágrafo</p><p>único do artigo 1.015, é possível, sob pena de inutilidade</p><p>da medida, interpor um agravo de instrumento caso se</p><p>demonstre a impossibilidade de aguardar para recorrer de</p><p>uma decisão interlocutória tão somente na apelação.</p><p>Passando a analisar o procedimento, o agravo de instrumento deve ser</p><p>interposto no prazo de 15 dias úteis, respeitando-se o §5º do artigo</p><p>1.003 do CPC. A interposição, diferentemente do que ocorre com a</p><p>apelação, já se dá diretamente no tribunal competente para seu</p><p>julgamento, cabendo ao relator realizar o juízo de admissibilidade,</p><p>atribuir os efeitos e intimar o agravado para oferecimento de</p><p>contrarrazões, também em 15 dias úteis.</p><p>Mantendo a linha do código anterior, há peças obrigatórias – em</p><p>número, inclusive, mais extenso – para a interposição do agravo de</p><p>instrumento que estão previstas no artigo 1.017 do atual diploma. São</p><p>elas as cópias:</p><p> Da petição inicial</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 23/74</p><p>Facultativamente, o agravante poderá anexar outras documentações</p><p>que ele reputar úteis. Cumpre ao advogado declarar, sob pena de sua</p><p>responsabilidade pessoal, a inexistência de qualquer um dos</p><p>documentos referidos. Isso ocorreria, por exemplo, em um agravo de</p><p>instrumento interposto contra o indeferimento de uma tutela provisória</p><p>de urgência antecipada que tenha sido requerida liminarmente.</p><p>A exigência de peças obrigatórias somente se dá quando</p><p>o agravo é interposto em processo que tramita em autos</p><p>físicos. Como prevê o artigo 1.017, §5º, sendo eletrônicos</p><p>os autos do processo, dispensam-se as peças</p><p>obrigatórias/facultativas.</p><p>Ademais, uma relevantíssima garantia consta no §3º do mesmo artigo.</p><p>Era muito comum, na vigência do CPC anterior, a inadmissibilidade do</p><p> Da contestação</p><p> Da petição que ensejou a decisão</p><p>agravada</p><p> Da própria decisão agravada</p><p> Da certidão da respectiva</p><p>intimação ou outro documento</p><p>o�cial que comprove</p><p> Das procurações outorgadas aos</p><p>advogados do agravante e do</p><p>agravado</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 24/74</p><p>agravo pela falta de documento obrigatório ou até mesmo facultativo</p><p>que o tribunal entendesse como essencial à compreensão da</p><p>controvérsia. Na previsão atual, caso falte a cópia de qualquer peça ou</p><p>haja outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo, o relator</p><p>deverá aplicar o parágrafo único do artigo 932, isto é, conceder cinco</p><p>dias ao agravante para complementar a instrução do recurso ou para</p><p>sanar o vício.</p><p>O agravo de instrumento se trata de um recurso que exige preparo para</p><p>sua interposição, assim como um porte de retorno, conforme tabela que</p><p>deve ser publicada por cada tribunal. Sendo físicos os autos, o</p><p>agravante tem o ônus de fazer a juntada ao juízo de primeiro grau, em</p><p>até três dias da interposição do agravo, da seguinte documentação:</p><p>Caso ele assim não proceda, e o agravado faça a arguição e prove o</p><p>alegado para o relator, será caso de inadmissibilidade do agravo de</p><p>instrumento.</p><p>Tal exigência não é aplicável para o agravo em autos</p><p>eletrônicos.</p><p>Estando em curso o agravo de instrumento e tomando conhecimento o</p><p>relator de que houve a reforma integral da decisão agravada, o recurso</p><p>será considerado prejudicado. O agravo de instrumento, da mesma</p><p>forma que ocorre com a apelação, comporta o julgamento monocrático</p><p>pelo relator no tribunal, respeitando-se os incisos IV e V do artigo 932 do</p><p>CPC.</p><p>Desse modo, será possível negar ou dar provimento monocraticamente</p><p>ao agravo de instrumento se ele for contrário a determinados</p><p>parâmetros, são eles:</p><p> Cópia da petição do agravo de</p><p>instrumento</p><p> Comprovante de sua interposição</p><p> Relação dos documentos que</p><p>instruíram o recurso</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 25/74</p><p>Para que se dê provimento monocraticamente, é necessário,</p><p>respeitando o contraditório, que o relator tenha intimado o recorrido para</p><p>o oferecimento de contrarrazões. Não sendo o caso de decisão</p><p>monocrática, ele decidirá pela atribuição ou não do efeito suspensivo</p><p>eventualmente pleiteado ou por deferir, em antecipação de tutela, total</p><p>ou parcialmente a pretensão recursal, comunicando ao juiz de primeiro</p><p>grau a decisão.</p><p>Trata-se de um efeito suspensivo ope iudicis –</p><p>diferentemente do que ocorre com a apelação, cujo efeito</p><p>decorre da própria lei.</p><p>O MP será intimado a se manifestar quando for o caso de sua</p><p>intervenção como fiscal da ordem jurídica. Em seguida, como prevê o</p><p>artigo 1.020, o relator pedirá a inclusão em pauta, solicitando dia para</p><p>julgamento em prazo não superior a um mês da intimação do agravado.</p><p>Evita-se, assim, o desnecessário prolongamento do recurso.</p><p>Agravo interno</p><p>Previsto no artigo 1.021 do CPC, o agravo interno não estava – ao</p><p>menos, não com essa nomenclatura – na legislação anterior. No</p><p>CPC/1973, havia três previsões de um agravo sem nome, que era</p><p>conhecido como agravo inominado, agravinho, agravo legal, agravo</p><p>regimental e até agravo interno.</p><p>O prazo de interposição do agravo interno, levando em conta as</p><p>disposições dos artigos 1.003, §5º, e 219, ambos do CPC, é de 15 dias</p><p>úteis. Conforme prevê o diploma ora em vigor, ele cabe contra decisão</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 26/74</p><p>proferida pelo relator, sendo julgado pelo respectivo órgão colegiado.</p><p>Observam-se, quanto a seu processamento, as regras do regimento</p><p>interno do tribunal respectivo.</p><p>É comum o uso do agravo interno, entre outras possibilidades, contra:</p><p></p><p>A inadmissão de um recurso de</p><p>apelação ou de agravo de</p><p>instrumento</p><p></p><p>A atribuição ou não de efeito</p><p>suspensivo ope iudicis a um recurso</p><p></p><p>O deferimento ou o indeferimento da</p><p>tutela antecipada recursal</p><p></p><p>O provimento ou desprovimento</p><p>monocrático de um recurso</p><p>É preciso mencionar também outra incidência do agravo interno, fora as</p><p>hipóteses de insurgência contra decisões monocráticas do relator.</p><p>O artigo 1.030, §2º, prevê que cabe agravo interno da</p><p>decisão de presidente ou de vice-presidente de tribunal</p><p>local proferida com base no Inciso I ou Inciso III.</p><p>Inciso I</p><p>Negativa</p><p>de seguimento a recurso extraordinário que discuta questão</p><p>constitucional que o STF não tenha reconhecido a existência de</p><p>repercussão geral ou àquele interposto contra acórdão em</p><p>conformidade com o entendimento do STF exarado no regime de</p><p>repercussão geral; negativa de seguimento a recurso extraordinário ou a</p><p>recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade</p><p>com entendimento do STF ou do STJ exarado no regime de repetitivos.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 27/74</p><p>Inciso III</p><p>Sobrestamento de recurso que verse sobre controvérsia de caráter</p><p>repetitivo ainda não decidida pelo STF ou pelo STJ.</p><p>Atenção</p><p>No caso acima apontado, em especial na hipótese contida no inciso I do</p><p>artigo 1.030, é muito comum o equívoco na utilização da espécie de</p><p>agravo, confundindo-se o interno com o agravo em recurso especial e</p><p>em recurso extraordinário (contido no artigo 1.042 do CPC), que é</p><p>cabível para atacar, como veremos no próximo subitem, decisões do</p><p>presidente ou do vice-presidente do tribunal local que inadmitem o</p><p>recurso excepcional por ausência de pressupostos.</p><p>O agravo interno é espécie recursal que não sobe para o tribunal</p><p>hierarquicamente superior ao órgão prolator da decisão. Na verdade,</p><p>como sempre ataca decisões unipessoais nos tribunais, ele força uma</p><p>análise colegiada – só que dentro da própria corte à qual pertença quem</p><p>proferiu a decisão agravada.</p><p>Na interposição dele, é ônus do agravante impugnar especificamente os</p><p>fundamentos da decisão recorrida, isto é, não lhe é dado o direito de</p><p>simplesmente repetir os fundamentos utilizados no recurso ou na ação</p><p>em que se proferiu a decisão monocrática objeto do agravo. Se não se</p><p>desincumbir desse ônus, existe a hipótese de inadmissão do recurso.</p><p>Direciona-se sempre o agravo interno ao relator, que deve intimar o</p><p>agravado para oferecer contrarrazões em 15 dias. Admite-se o efeito</p><p>regressivo, isto é, após as contrarrazões, o relator pode se retratar da</p><p>decisão monocrática. Se assim não o fizer, deverá levar o recurso a</p><p>julgamento pelo órgão colegiado com pedido de inclusão em pauta.</p><p>Como o recurso ataca uma decisão unipessoal, não é</p><p>dada ao relator, exatamente para forçar uma decisão</p><p>colegiada, a possibilidade de proferir uma nova decisão</p><p>unipessoal, quer para inadmitir, quer para negar ou dar</p><p>provimento monocraticamente ao recurso.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 28/74</p><p>Já dissemos que o código prescreve que o relator do agravo interno não</p><p>pode se limitar a reproduzir os fundamentos da decisão agravada para</p><p>julgar improcedente o agravo interno. O objetivo dessa previsão,</p><p>consagrada no artigo 1.021, §3º, é o de evitar o que repetidamente</p><p>acontecia com o agravo “inominado” do código anterior.</p><p>O que acontecia anteriormente era que os relatores geralmente inseriam</p><p>em seus votos a reprodução idêntica da decisão objeto do agravo sem</p><p>que se manifestassem, para tanto, acerca das razões do recurso dele.</p><p>Com o objetivo de inibir o uso indiscriminado dessa espécie recursal, o</p><p>legislador estabeleceu que:</p><p>Se o recurso for declarado manifestamente inadmissível</p><p>ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado,</p><p>em decisão fundamentada, condenará (não se trata de</p><p>faculdade) o agravante a pagar ao agravado multa fixada</p><p>entre 1 e 5% do valor atualizado da causa.</p><p>Não basta, para tanto, a inadmissão ou a improcedência. É preciso que</p><p>ela se manifeste e que se dê à unanimidade. Nessas circunstâncias, a</p><p>interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito</p><p>prévio do valor da multa prevista no §4º - à exceção da Fazenda Pública</p><p>e do beneficiário da gratuidade de justiça, que pagarão apenas ao final.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 29/74</p><p>Agravo em recurso especial e</p><p>em recurso extraordinário</p><p>O artigo 1.042 do CPC/2015 estatui que caberá agravo contra decisão</p><p>do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir</p><p>recurso extraordinário ou especial, salvo quando ela estiver fundada na</p><p>aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou</p><p>em julgamento de recursos repetitivos. O prazo para a interposição</p><p>desse recurso, tomando por base os artigos 1.003, §5º, e 219, ambos do</p><p>CPC, é de 15 dias úteis.</p><p>Trata-se, portanto, de recurso apto a atacar as decisões de inadmissão</p><p>de presidente ou vice-presidente do tribunal local ao proceder ao</p><p>primeiro juízo de admissibilidade dos recursos excepcionais.</p><p>Curiosidade</p><p>Na redação original do CPC/2015, aprovada no Congresso Nacional e</p><p>sancionada pela então presidente da República, a admissibilidade dos</p><p>recursos excepcionais seria feita já nos tribunais superiores,</p><p>competindo ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido tão</p><p>somente intimar a parte adversa para o oferecimento de contrarrazões,</p><p>bem como encaminhar os autos ao respectivo tribunal superior. No</p><p>entanto, faltando cerca de um mês para o início da vigência do</p><p>CPC/2015, editou-se a Lei nº 13.256/2016, que restaurou a sistemática</p><p>que vigorava no CPC/1973, ou seja, o duplo juízo de admissibilidade,</p><p>sendo o primeiro ainda realizado perante o presidente ou vice-presidente</p><p>do tribunal recorrido.</p><p>Ao se proferir um juízo de admissibilidade, são verificados os</p><p>pressupostos recursais:</p><p> Genéricos</p><p>Tempestividade, motivação, forma, recorribilidade,</p><p>adequação, preparo, legitimidade e interesse.</p><p> Especí�cos</p><p>Esgotamento prévio da via recursal ordinária,</p><p>prequestionamento e vedação de discussão de</p><p>conteúdo fático-probatório.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 30/74</p><p>Estando ausentes um ou mais pressupostos recursais, é uma hipótese</p><p>proferir a decisão de inadmissão do recurso, o que dá ensejo à</p><p>interposição do agravo em recurso:</p><p></p><p>Especial</p><p>Inadmissão de recurso especial.</p><p></p><p>Extraordinário</p><p>Inadmissão de recurso extraordinário.</p><p></p><p>Especial e extraordinário</p><p>Ambos se farão presentes se a decisão houver sido pela inadmissão</p><p>dos dois recursos excepcionais.</p><p>Na terceira hipótese, de recurso especial e extraordinário,</p><p>vale ressaltar que não há a possibilidade de usar apenas</p><p>um agravo que abarque as duas inadmissões</p><p>O agravo é interposto em petição dirigida ao presidente ou ao vice-</p><p>presidente e independe de custas e despesas postais. Aplica-se ao</p><p>recurso o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos,</p><p>inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de</p><p>retratação.</p><p>De imediato, ainda no tribunal recorrido, faz-se a intimação do agravado,</p><p>para que possa ofertar contrarrazões, em 15 dias úteis. Passado esse</p><p>prazo, caso não haja, por parte do presidente ou vice-presidente, o juízo</p><p>de retratação, remete-se o agravo ao tribunal superior competente.</p><p>Saiba mais</p><p>Não existe a possibilidade de fazer, no tribunal local, qualquer juízo de</p><p>admissibilidade ou julgamento de mérito do recurso – atribuições que,</p><p>no caso, são privativas do respectivo tribunal superior.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 31/74</p><p>O §5º do artigo 1.042 prevê que o agravo pode ser julgado com o</p><p>recurso especial ou extraordinário, sendo assegurada, nesse caso,</p><p>sustentação oral e observado o disposto no regimento interno do</p><p>tribunal respectivo.</p><p>Caso haja uma interposição conjunta, isto é, tendo havido a inadmissão</p><p>dos dois recursos excepcionais, com a conseguinte interposição dos</p><p>dois agravos, eles primeiramente serão remetidos ao STJ para o</p><p>julgamento do agravo em recurso especial; em seguida, serão remetidos</p><p>ao STF para a apreciação dele em recurso extraordinário, salvo se</p><p>estiver prejudicado.</p><p>Não deve haver confusão quanto às</p><p>hipóteses de</p><p>utilização do agravo interno, agravo em recurso especial e</p><p>extraordinário contra a decisão do presidente ou do vice-</p><p>presidente do tribunal recorrido. A decisão pode ocorrer</p><p>por:</p><p>Verificação da ausência de pressupostos recursais. Será caso de</p><p>agravo em recurso especial e em recurso extraordinário (artigo</p><p>1.042 do CPC).</p><p>Verificação da ausência de repercussão geral no STF ou matéria</p><p>que já foi decidida sob a sistemática da repercussão geral ou</p><p>dos repetitivos – e recurso em sentido contrário. Haverá, então,</p><p>uma hipótese de interposição de agravo interno caso se discorde</p><p>da decisão, fazendo-se a distinção.</p><p>Não existe mais o agravo retido, que foi uma das</p><p>espécies recursais extirpadas pelo diploma ora em vigor.</p><p>Ampliando o conhecimento</p><p>Inadmissão </p><p>Negativa de seguimento </p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 32/74</p><p>Existem diferentes espécies de agravos no sistema recursal brasileiro.</p><p>Você consegue diferenciar o cabimento de cada uma delas? Verifique se</p><p>você sabe as regras dos agravos, analisando cada um deles à luz do</p><p>caso apresentado.</p><p>Fundada em 1950 no Rio de Janeiro, a empresa Teipué Ltda. era um dos</p><p>principais players do mercado de embalagens no Brasil, sendo, inclusive,</p><p>responsável por grandes revoluções tecnológicas nesse segmento.</p><p>No entanto, em 2023, a Teipué passou a enfrentar uma severa crise</p><p>econômica em virtude da concorrência com vendedores de produtos</p><p>falsificados. Por esse motivo, a Teipué apresentou pedido de</p><p>recuperação judicial, cujo processamento foi deferido pelo Juízo da 1ª</p><p>Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Nesse contexto, a Emplast Ltda.</p><p>constatou que o valor de seu crédito estava listado equivocadamente na</p><p>relação de credores da Teipué, o que levou a empresa a apresentar uma</p><p>divergência de crédito perante o Administrador Judicial, buscando</p><p>aumentar seu crédito de R$ 100 mil para R$ 500 mil.</p><p>Mas essa divergência foi rejeitada pelo Administrador Judicial sob o</p><p>fundamento de que não foram apresentados documentos suficientes.</p><p>Fato é que, após a publicação da relação de credores apresentada pelo</p><p>Administrador Judicial, a Emplast apresentou divergência de crédito</p><p>perante o Juízo da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.</p><p>Após manifestação da Teipué e do Administrador Judicial, o Juízo da 1ª</p><p>Vara Empresarial do Rio de Janeiro rejeitou a pretensão da Emplast,</p><p>pondo fim à divergência de crédito judicial. Diante desse cenário, a</p><p>Emplast questiona seu advogado sobre (i) o recurso cabível que (ii)</p><p>permitiria sua participar (e voto) na assembleia geral de credores da</p><p>Teipué com o valor do seu crédito de R$ 500 mil.</p><p>Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!</p><p>Questão 1</p><p>Qual o recurso cabível contra a decisão do Juízo da 1ª Vara</p><p>Empresarial do Rio de Janeiro que solucionou a controvérsia</p><p>existente na divergência de crédito da Emplast?</p><p>A</p><p>A Emplast deverá interpor apelação com pedido de</p><p>efeito suspensivo na forma dos arts. 1.009 e</p><p>seguintes do CPC, pois a decisão do Juízo da 1ª</p><p>Vara Empresarial do Rio de Janeiro encerrou a</p><p>divergência de crédito da Emplast.</p><p>B</p><p>A Emplast deverá apresentar agravo de instrumento</p><p>com pedido de efeito suspensivo na forma do art.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 33/74</p><p>Parabéns! A alternativa B está correta.</p><p>A Lei n° 11.101/05 que regulamenta o procedimento de</p><p>recuperação judicial e falência prevê, de forma expressa, que (i) “da</p><p>decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo” (art. 17) e que</p><p>(ii) “recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo</p><p>à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou</p><p>modificação do seu valor ou classificação no quadro-geral de</p><p>credores, para fins de exercício de direito de voto em assembleia</p><p>geral” (art. 17, parágrafo único). Logo, a Emplast precisará interpor</p><p>agravo de instrumento caso queira reformar a decisão do Juízo da</p><p>1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro que solucionou a</p><p>controvérsia existente em sua divergência de crédito.</p><p>Questão 2</p><p>Qual será o recurso cabível contra decisão do relator que indeferir o</p><p>pedido de efeito suspensivo formulado pela Emplast para garantir</p><p>sua participação na assembleia geral de credores da Teipué com o</p><p>valor do seu crédito de R$ 500 mil?</p><p>17 da Lei n° 11.101./05.</p><p>C</p><p>A Emplast deverá interpor recurso especial com</p><p>pedido de efeito suspensivo na forma dos arts.</p><p>1.029 e seguintes do CPC, pois a decisão do Juízo</p><p>da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro consiste</p><p>em instância revisora da decisão proferida pelo</p><p>Administrador Judicial.</p><p>D</p><p>A Emplast não poderá interpor qualquer recurso,</p><p>uma vez que a decisão proferida pelo Juízo da 1ª</p><p>Vara Empresarial do Rio de Janeiro possui caráter</p><p>definitivo.</p><p>E</p><p>A Emplast deverá apresentar mandado de</p><p>segurança com fundamento na Lei n° 12.016/09,</p><p>uma vez que a decisão proferida pelo Juízo da 1ª</p><p>Vara Empresarial do Rio de Janeiro possui caráter</p><p>definitivo.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 34/74</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>O art. 1.021 do CPC dispõe que “contra decisão proferida pelo</p><p>relator, caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado,</p><p>observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento</p><p>interno do tribunal”. Logo, a Emplast somente conseguirá reformar</p><p>a decisão do relator que indeferiu seu pedido de efeito suspensivo</p><p>caso interponha agravo interno para que a controvérsia seja</p><p>reapreciada por um órgão colegiado.</p><p>Questão 3</p><p>A</p><p>A Emplast deverá, com fundamento no art. 1.022 do</p><p>CPC, opor embargos de declaração uma vez que</p><p>somente o Relator possui competência para</p><p>reformar a decisão que indeferiu o pedido de efeito</p><p>suspensivo recursal.</p><p>B</p><p>A Emplast deverá apresentar mandado de</p><p>segurança com fundamento na Lei n. 12.016/09</p><p>para que um órgão colegiado possa eventualmente</p><p>reformar a decisão do relator que indeferiu o pedido</p><p>de efeito suspensivo recursal.</p><p>C</p><p>A Emplast deverá interpor recurso especial com</p><p>pedido de efeito suspensivo na forma dos arts.</p><p>1.029 e seguintes do CPC, pois somente o c.</p><p>Superior Tribunal de Justiça poderá eventualmente</p><p>reformar a decisão do relator que indeferiu o pedido</p><p>de efeito suspensivo recursal.</p><p>D</p><p>A Emplast não poderá interpor qualquer recurso</p><p>uma vez que a decisão proferida pelo Relator</p><p>apreciando o pedido de efeito suspensivo não pode</p><p>ser reformada.</p><p>E</p><p>A Emplast deverá, com fundamento no art. 1.021 do</p><p>CPC, apresentar agravo interno para que um órgão</p><p>colegiado possa eventualmente reformar a decisão</p><p>do relator que indeferiu o pedido de efeito</p><p>suspensivo recursal.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 35/74</p><p>Qual recurso deve ser veiculado pela Emplast, caso o Tribunal de Justiça</p><p>do Rio de Janeiro (i) mantenha a decisão do Juízo da 1ª Vara</p><p>Empresarial do Rio de Janeiro que rejeitou a pretensão da Emplast e (ii)</p><p>tenha inadmitido o recurso especial interposto visando a reforma do</p><p>acórdão pelo Superior Tribunal de Justiça?</p><p>Digite sua resposta aqui</p><p>Chave de resposta</p><p>O art. 1.042 do CPC dispõe que “cabe agravo contra decisão</p><p>do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido</p><p>que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial,</p><p>salvo quando fundada na aplicação de entendimento</p><p>firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento</p><p>de recursos repetitivos”. Logo, o recurso que deve ser</p><p>utilizado pela Emplast é o agravo em recurso especial.</p><p>Falta pouco para atingir seus objetivos.</p><p>Vamos praticar alguns conceitos?</p><p>Questão 1</p><p>O vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região negou</p><p>seguimento ao recurso especial por entender que ele contrariava</p><p>tese firmada em recurso especial repetitivo. Contra tal decisão,</p><p>cabe:</p><p>A</p><p>Agravo de instrumento para julgamento do Superior</p><p>Tribunal de Justiça.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 36/74</p><p>Parabéns! A alternativa D está correta.</p><p>A alternativa D tem fundamento nos artigos 1.021 e 1.030, §2º, do</p><p>CPC.</p><p>Questão 2</p><p>Considerando que o processo em primeiro grau tramita em autos</p><p>eletrônicos, ao também interpor o agravo de instrumento</p><p>eletronicamente no tribunal:</p><p>B</p><p>Agravo em recurso especial para julgamento do</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>C</p><p>Recurso extraordinário para julgamento do Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>D</p><p>Agravo interno para julgamento do Tribunal Regional</p><p>Federal da 1ª Região.</p><p>E</p><p>Recurso ordinário para julgamento do Superior</p><p>Tribunal de Justiça.</p><p>A</p><p>O agravante estará dispensado de anexar as peças</p><p>obrigatórias e facultativas ao agravo de</p><p>instrumento.</p><p>B</p><p>O agravante estará obrigado a fazer a juntada ao</p><p>juízo de primeiro grau, em até três dias da</p><p>interposição do agravo de instrumento, de cópia da</p><p>petição do recurso, do comprovante de sua</p><p>interposição e da relação dos documentos que</p><p>instruíram o recurso, sob pena de inadmissibilidade.</p><p>C</p><p>O agravante estará dispensado da juntada das</p><p>peças facultativas, mas não da juntada das peças</p><p>obrigatórias.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 37/74</p><p>Parabéns! A alternativa A está correta.</p><p>A alternativa A tem fundamento no artigo 1.017, §5º, do CPC, que</p><p>prevê essa dispensa de juntada das cópias.</p><p>3 - Embargos de declaração</p><p>Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o cabimento dos</p><p>embargos de declaração e sua relevância à integração das decisões</p><p>judiciais.</p><p>Conceito</p><p>O recurso de embargos de declaração está previsto nos artigos 1.022 a</p><p>1.026 do CPC/2015. Segundo o artigo 1.003, §5º, ele se trata da única</p><p>espécie recursal prevista em tal diploma cujo prazo para a interposição</p><p>não é de 15 dias: para fazer sua oposição, nos termos prescritos no</p><p>artigo 1.023, só há 5 dias à disposição.</p><p>D</p><p>Se o relator não admitir o recurso por falta de peças</p><p>obrigatórias, caberá mandado de segurança.</p><p>E</p><p>Independentemente de ser físico ou eletrônico o</p><p>agravo de instrumento, a comunicação ao juízo de</p><p>origem será indispensável para viabilizar a</p><p>retratação.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 38/74</p><p>De todo modo, é importante fazer a ressalva de que, nos</p><p>processos eleitorais, o prazo dos embargos de declaração</p><p>é de três dias, como indica o artigo 275, §1º, do Código</p><p>Eleitoral (Lei nº 4.737/1965).</p><p>Cabimento</p><p>O cabimento dos embargos de declaração se dá contra qualquer</p><p>decisão para:</p><p>Nesse aspecto, a redação do atual código pôs fim a uma discussão que</p><p>havia na legislação revogada, pois a redação do artigo 535 dava a</p><p>entender que o cabimento do recurso se aplicava tão somente a</p><p>sentenças ou acórdãos, como se não fosse possível imaginar a</p><p>existência de obscuridades, contradições ou omissões em decisões</p><p>interlocutórias ou unipessoais dos relatores nos tribunais.</p><p>Há situações em que é possível presumir a omissão em decisões</p><p>judiciais, o que comporta a oposição de embargos. Isso pode ocorrer</p><p>quando a decisão:</p><p>Deixar de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de</p><p>casos repetitivos em incidente de assunção de competência (IAC)</p><p> Corrigir erro material</p><p> Esclarecer obscuridade ou eliminar</p><p>contradição</p><p> Suprir omissão de ponto ou</p><p>questão sobre o qual devia se</p><p>pronunciar o juiz de ofício ou a</p><p>requerimento</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 39/74</p><p>aplicável ao caso a ser julgado;</p><p>Incorrer nas condutas descritas no artigo 489, §1º (decisões</p><p>desprovidas de fundamentação).</p><p>O cabimento dos embargos</p><p>de declaração</p><p>O professor Marco Aurélio Peixoto discorrerá sobre o cabimento dos</p><p>embargos, bem como os fundamentos que permitem que seja cabível</p><p>(omissão, obscuridade, contradição e erro material).</p><p>Características</p><p>Independentemente do sujeito processual embargante, como prevê o</p><p>artigo 1.023, trata-se de um recurso não sujeito a preparo, isto é, não se</p><p>aplica o pressuposto recursal que, presente em outras espécies, impõe</p><p>o recolhimento de custas para a admissibilidade da espécie.</p><p>O CPC anterior não previa a existência de contrarrazões ao recurso dos</p><p>embargos de declaração. Acabou por se estabelecer, assim, uma</p><p>construção jurisprudencial com o objetivo de se admitir as</p><p>contrarrazões, a critério do magistrado, sempre que houvesse interesse</p><p>modificativo/infringente.</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 40/74</p><p>No atual diploma, esse posicionamento se consolidou; assim, como</p><p>prevê o artigo 1.023, §2º, o juiz intima o embargado para, querendo,</p><p>manifestar-se no prazo de cinco dias, sobre os embargos opostos caso</p><p>seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão</p><p>embargada.</p><p>O julgamento dos embargos de declaração também deve, de acordo</p><p>com o artigo 1.024 do CPC/2015, se dar em cinco dias. Se ele ocorrer</p><p>nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão</p><p>subsequente, proferindo seu voto. Caso não haja o julgamento nessa</p><p>sessão, será incluído na pauta automaticamente.</p><p>A natureza da decisão que julgar os embargos de declaração será a</p><p>mesma da decisão embargada, pois sua decisão se integra à</p><p>embargada. Desse modo:</p><p></p><p>Decisão: sentença</p><p>Para os embargos opostos contra uma sentença.</p><p></p><p>Decisão: interlocutória</p><p>Para os embargos opostos contra uma decisão interlocutória.</p><p></p><p>Decisão: acórdão</p><p>Para os embargos opostos contra um acórdão.</p><p>Como prevê o §2º do artigo 1.024, se os embargos forem opostos</p><p>contra a decisão de relator ou outra decisão unipessoal em tribunal, o</p><p>órgão prolator da decisão embargada poderá decidir monocraticamente.</p><p>O legislador preocupou-se com a possibilidade de, diante de</p><p>determinada decisão, uma das partes interpor um recurso e a outra, os</p><p>embargos de declaração. Por isso:</p><p>Caso os embargos</p><p>sofram modi�cação</p><p>no julgamento</p><p>Caso os embargos</p><p>sejam rejeitados ou</p><p>não alterem a</p><p>conclusão anterior</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 41/74</p><p>O embargado que já</p><p>havia interposto outro</p><p>recurso tem o direito de</p><p>complementar ou</p><p>alterar suas razões nos</p><p>limites da decisão dos</p><p>embargos.</p><p>O recurso interposto</p><p>pela outra parte antes</p><p>da publicação do</p><p>julgamento dos</p><p>embargos será</p><p>processado e julgado</p><p>independentemente de</p><p>ratificação.</p><p>Tal previsão (artigo 1.024, §5º) corrigiu um entendimento</p><p>que se tinha à luz do CPC/1973: quando não houvesse a</p><p>ratificação, se teria uma causa de inadmissão do recurso.</p><p>Via de regra, os embargos de declaração, por si só, não geram o efeito</p><p>suspensivo. No entanto, esse efeito pode se dar ope iudicis, isto é, a</p><p>eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo</p><p>juiz ou relator caso seja demonstrada a probabilidade de provimento do</p><p>recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver um risco de</p><p>dano grave ou de difícil reparação.</p><p>Os embargos de declaração, uma vez opostos, acarretam a interrupção</p><p>do prazo para a interposição de outros recursos, como, por exemplo, a</p><p>apelação, o recurso especial ou o recurso extraordinário. Dessa forma,</p><p>uma vez julgados e intimadas as partes de seu julgamento, tem-se o</p><p>recomeço do prazo, não se aproveitando aquilo que já se havia</p><p>computado.</p><p>Atenção</p><p>A respeito da interrupção do prazo para outros recursos, o legislador de</p><p>2015 inclusive corrigiu uma contradição entre o CPC e a Lei nº</p><p>9.099/1995, que disciplina os juizados especiais. Enquanto o CPC</p><p>anterior já previa a interrupção, a lei que regula os juizados tinha a</p><p>previsão de</p><p>que os embargos de declaração acarretam a suspensão do</p><p>prazo (nesse caso, aproveitava-se aquele já computado). No artigo</p><p>1.065 do CPC/2015, contudo, alterou-se expressamente a redação do</p><p>artigo 50 da Lei nº 9.099/1995: sua previsão agora é de que os</p><p>embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição do</p><p>recurso.</p><p>Outra relevante previsão constante do disciplinamento dos embargos de</p><p>declaração se encontra no artigo 1.025. Muito comumente, o recurso</p><p>desses embargos é utilizado com a finalidade de prequestionar os</p><p>dispositivos constitucionais ou legais a fim de viabilizar a interposição</p><p>dos recursos excepcionais. No entanto, também é comum que os</p><p>tribunais locais rejeitem os embargos em decisões genéricas, segundo</p><p>os quais não há qualquer omissão, obscuridade ou contradição.</p><p></p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 42/74</p><p>Na vigência do CPC anterior, quando isso acontecia, tratando-se de</p><p>recurso especial, o recorrente necessitava alegar uma violação</p><p>preliminar ao artigo 535 a fim de que o STJ, caso acolhesse seu recurso,</p><p>anulasse o acórdão e determinasse a devolução dos autos ao tribunal</p><p>de origem para o rejulgamento dos embargos de declaração.</p><p>Nessa linha, o CPC atual previu que se consideram</p><p>incluídos no acórdão os elementos que o embargante</p><p>suscitou para fins de prequestionamento, ainda que os</p><p>embargos sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o</p><p>tribunal superior considere existentes erro, omissão,</p><p>contradição ou obscuridade.</p><p>Essa previsão deveria, em tese, evitar a exigência de alegação de</p><p>violação prévia ao dispositivo que tratava dos embargos de declaração.</p><p>No entanto, o STJ não tem pensado assim.</p><p>Em vários julgados, tomando como exemplo o AgInt no AREsp</p><p>1043549/RS, tem-se esposado o entendimento de que, para que o STJ</p><p>adentre o mérito do recurso, deve haver uma alegação preliminar de</p><p>violação ao artigo 1.022 do CPC. A diferença é que, nesses casos, não</p><p>se anula o julgado, devolvendo ao tribunal local.</p><p>Deve-se registrar, por fim, a possibilidade de imposição de multa ao</p><p>embargante que pretende se valer do recurso com intuito protelatório.</p><p>Prevê o artigo 1.026, §2º, que, se os embargos forem manifestamente</p><p>protelatórios, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará</p><p>o embargante a pagar ao embagado multa não excedente a 2% do valor</p><p>atualizado da causa.</p><p>Não será necessário esperar pelos segundos embargos</p><p>de declaração para aplicá-la se já for identificado esse</p><p>intuito na primeira oposição.</p><p>Uma vez aplicada e havendo a reiteração dos embargos protelatórios, a</p><p>multa é elevada a até 10%, enquanto a interposição de qualquer recurso</p><p>fica condicionada ao depósito prévio do valor dela, à exceção da</p><p>Fazenda Pública e do beneficiário da gratuidade de justiça, que a</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 43/74</p><p>recolherão ao final. Fora isso, não serão admitidos novos embargos de</p><p>declaração caso os dois anteriores tenham sido considerados</p><p>protelatórios.</p><p>Ampliando o conhecimento</p><p>Os embargos de declaração são um recurso com papel peculiar no</p><p>sistema recursal brasileiro. Você sabe identificar quando podem ser</p><p>opostos?</p><p>Max, um influenciador digital especializado em viagens, frequentemente</p><p>se desloca para destinos nacionais e internacionais utilizando diferentes</p><p>meios de transporte. Ao programar uma viagem de 30 dias pelo norte da</p><p>Itália para explorar as Dolomitas, Max comprou bilhetes da Romana</p><p>Airlines para viajar de Roma para Milão.</p><p>No entanto, ao chegar em Milão, Max foi surpreendido com a notícia de</p><p>que suas malas haviam sido extraviadas. Para complicar ainda mais a</p><p>situação, a Romana Airlines informou que levaria cerca de 10 dias para</p><p>localizar e devolver suas bagagens.</p><p>Ciente de que essa situação comprometeria sua viagem e prejudicaria</p><p>sua presença nas redes sociais, Max tomou a decisão de adquirir as</p><p>roupas necessárias para sua jornada. Ao retornar ao Brasil, ele tomou</p><p>medidas legais contra a Romana Airlines, buscando uma indenização de</p><p>R$ 12 mil por danos materiais relacionados às roupas adquiridas e R$ 8</p><p>mil por danos morais.</p><p>A Romana Airlines apresentou contestação, argumentando que não</p><p>deveria ser responsabilizada, pois o extravio das malas de Max ocorreu</p><p>por culpa de terceiros, no caso, o Aeroporto de Roma. Contudo, o Juízo</p><p>da 1ª Vara Cível não acolheu esse argumento e julgou integralmente</p><p>procedente a demanda de Max. Após a rejeição dos recursos</p><p>interpostos pela companhia aérea, a sentença condenatória transitou</p><p>em julgado.</p><p>Max, então, deu início ao cumprimento de sentença. A Romana Airlines,</p><p>por sua vez, apresentou impugnação alegando que já havia cumprido</p><p>integralmente as obrigações sub judice. O Juízo da 1ª Vara Cível acolheu</p><p>parcialmente o cumprimento de sentença, reconhecendo o pagamento</p><p>dos danos morais, e extinguiu parcialmente o cumprimento de sentença,</p><p>prosseguindo apenas em relação aos danos materiais.</p><p>Insatisfeita com essa decisão, a Romana Airlines interpôs apelação,</p><p>mas o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) não conheceu o</p><p>recurso, alegando que o correto seria interpor agravo de instrumento.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 44/74</p><p>Inconformada, a companhia aérea interpôs recurso especial,</p><p>argumentando violação ao princípio da fungibilidade recursal, mas esse</p><p>recurso foi inadmitido pelo TJRJ com base no enunciado n° 7 da Súmula</p><p>do C. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Imediatamente, a Romana</p><p>Airlines apresentou embargos de declaração, que foram rejeitados, e, em</p><p>seguida, interpôs agravo em recurso especial, cuja intempestividade foi</p><p>alegada em decisão monocrática da Ministra do STJ. Nesse cenário, a</p><p>Romana Airlines procura um novo advogado para avaliar as chances de</p><p>êxito de um eventual agravo interno.</p><p>Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos!</p><p>Questão 1</p><p>Quais são as chances de êxito de eventual recurso da Romana</p><p>Airlines em relação à parcela da decisão monocrática que concluiu</p><p>pela intempestividade do agravo em recurso especial pelo</p><p>descabimento de embargos de declaração contra decisão que</p><p>inadmitir recurso especial?</p><p>A</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois o art. 1.022 do CPC permite a</p><p>oposição de embargos de declaração contra</p><p>qualquer decisão judicial.</p><p>B</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas, pois a decisão proferida pelo TJRJ que</p><p>inadmitiu o recurso especial da Romana Airlines</p><p>partiu da equivocada premissa de que a matéria sub</p><p>judice exigia revolvimento de matéria fática.</p><p>C</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são altas desde que haja qualquer vício na decisão</p><p>do TJRJ que inadmitiu o recurso especial da</p><p>Romana Airlines.</p><p>D</p><p>As chances de êxito do recurso da Romana Airlines</p><p>são baixas, pois, embora sejam cabíveis por força</p><p>do art. 1.022 do CPC, inexiste vício na decisão</p><p>proferida pelo TJRJ que inadmitiu o recurso especial</p><p>da Romana Airlines.</p><p>11/09/2024, 17:27 Recursos em espécie no processo civil</p><p>https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/46682/index.html?brand=estacio# 45/74</p><p>Parabéns! A alternativa E está correta.</p><p>Embora o art. 1.022 do CPC estipule que “cabem embargos de</p><p>declaração contra qualquer decisão judicial”, o Superior Tribunal de</p><p>Justiça possui o entendimento pacífico de que “o agravo é o único</p><p>recurso cabível contra a decisão que não admite o recurso especial,</p><p>sendo que a oposição de declaratórios não interrompe o prazo para</p><p>a interposição de agravo em recurso especial” (AgInt no AREsp</p><p>1.216.265/SE, Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, j.</p><p>22/05/23). Nesse contexto e tendo em vista que o agravo em</p><p>recurso especial da Romana Airlines foi interposto após o</p><p>julgamento dos embargos de declaração, conclui-se que não há</p><p>chances</p>