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<p>www.esab.edu.br</p><p>Metodologia do</p><p>Trabalho Cientí�co</p><p>Metodologia do Trabalho</p><p>Científico</p><p>Vila Velha (ES)</p><p>2013</p><p>Diretoria Executiva</p><p>Charlie Anderson Olsen</p><p>Larissa Kleis Pereira</p><p>Margarete Lazzaris Kleis</p><p>Thiago Kleis Pereira</p><p>Conteudista</p><p>Simone Regina Dias</p><p>Coordenação de Projeto</p><p>Andreza Lopes</p><p>Patrícia Battisti</p><p>Supervisão de Design Educacional</p><p>Barbara da Silveira Vieira</p><p>Supervisão de Revisão Gramatical</p><p>Andréa Borges Minsky</p><p>Supervisão de Design Gráfico</p><p>Laura Martins Rodrigues</p><p>Design Educacional</p><p>Renata Oltramari</p><p>Revisão Gramatical</p><p>Elaine Monteiro Seidler</p><p>Érica da Silva Martins Valduga</p><p>Hellen Melo Pereira</p><p>Paulo de Tarso Vieira</p><p>Design Gráfico</p><p>Neri Gonçalves Ribeiro</p><p>Diagramação</p><p>Fernando Andrade</p><p>Equipe Acadêmica da ESAB</p><p>Coordenadores dos Cursos</p><p>Docentes dos Cursos</p><p>Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.</p><p>www.esab.edu.br</p><p>Av. Santa Leopoldina, nº 840</p><p>Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES</p><p>CEP 29102-040</p><p>Escola Superior Aberta do Brasil</p><p>Diretor Acadêmico</p><p>Beatriz Christo Gobbi</p><p>Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância</p><p>Beatriz Christo Gobbi</p><p>Coordenadora do Curso de Administração EAD</p><p>Rosemary Riguetti</p><p>Coordenador do Curso de Pedagogia EAD</p><p>Claudio David Cari</p><p>Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD</p><p>David Gomes Barboza</p><p>Produção do Material Didático-Pedagógico</p><p>Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil</p><p>Diretor Geral</p><p>Nildo Ferreira</p><p>Apresentação</p><p>Caro estudante,</p><p>Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio</p><p>básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente,</p><p>a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-</p><p>graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado</p><p>Campus Online.</p><p>Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da</p><p>portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi</p><p>autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial,</p><p>conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.</p><p>Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento,</p><p>sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.</p><p>Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado);</p><p>Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na</p><p>modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.</p><p>Você já deve estar se perguntando: o que vamos aprender nesta disciplina? Pois bem,</p><p>será uma prazerosa descoberta sobre assuntos muito discutidos entre pesquisadores e</p><p>acadêmicos: a metodologia do trabalho científico.</p><p>Esta disciplina possui um caráter instrumental, visando a atividade científica dos</p><p>estudantes. Mas o que significa ciência? E o conhecimento, como se constrói? Já</p><p>sabemos que para o ensino ter eficácia e qualidade precisa de uma pedagogia</p><p>fundada em uma postura investigativa. E um de nossos objetivos é despertar isso em</p><p>você! Ou seja, despertar a vontade de pesquisar e colocá-lo em contato com algumas</p><p>ferramentas que podem ajudá-lo nesse processo. Para tanto, trabalharemos com os</p><p>autores Magalhães (2005), Máttar Neto (2011), Severino (2007) e Vergara (2007).</p><p>As ideias abordadas ao longo deste caderno de estudo podem se constituir em</p><p>eficiente ferramenta para a realização das pesquisas e da estruturação do trabalho</p><p>acadêmico-científico na área de conhecimento do curso que você escolheu.</p><p>Por fim, destaca-se que este caderno de estudo pretende subsidiar uma competente</p><p>preparação técnico-científica, auxiliando no enfrentamento das diversas empreitadas</p><p>ao longo de seu processo de formação.</p><p>Bom estudo!</p><p>Equipe Acadêmica da ESAB</p><p>Objetivo</p><p>O nosso objetivo é formar profissionais qualificados que compreendam o processo</p><p>de formação do conhecimento científico, habilitando-os tecnicamente para o</p><p>exercício da pesquisa.</p><p>Competências e habilidades</p><p>• Reconhecer a dinâmica da pesquisa, verificando as diretrizes metodológicas e</p><p>técnicas para a elaboração do trabalho científico, ao contemplar suas etapas, seus</p><p>aspectos redacionais e suas diversas modalidades, no amplo contexto da vivência</p><p>acadêmica.</p><p>• Identificar o impacto das tecnologias da comunicação e da informação nos</p><p>processos de produção do conhecimento.</p><p>• Empregar os procedimentos da metodologia científica para elaboração de</p><p>trabalhos técnico-científicos.</p><p>• Elaborar os diversos tipos de trabalhos acadêmico-científicos, aplicando as normas</p><p>da ABNT.</p><p>Ementa</p><p>Tipos de conhecimento e ciência. A ciência moderna e o contexto sociocultural.</p><p>Tipos de Trabalhos Científicos. Metodologia de Pesquisa. Relatório de Pesquisa.</p><p>Normatização de Trabalhos Científicos.</p><p>Sumário</p><p>1. O que é e para que serve o conhecimento?......................................................................6</p><p>2. Tipos de conhecimento .................................................................................................12</p><p>3. O que é ciência? ............................................................................................................19</p><p>4. Pesquisa científica .........................................................................................................24</p><p>5. Sociedade da informação ..............................................................................................28</p><p>6. Classificação das ciências ..............................................................................................32</p><p>7. Continuidades e descontinuidades ................................................................................38</p><p>8. Ciência, técnica e tecnologia .........................................................................................46</p><p>9. Produção científica: fichamento ....................................................................................51</p><p>10. Produção científica: resenha crítica ...............................................................................58</p><p>11. Produção científica: artigo científico .............................................................................63</p><p>12. Produção científica: monografia, dissertação e tese ......................................................70</p><p>13. Para que serve a metodologia científica? ......................................................................77</p><p>14. Em torno do método: indução e dedução ......................................................................83</p><p>15. Pesquisa quantitativa ....................................................................................................90</p><p>16. Pesquisa qualitativa ......................................................................................................94</p><p>17. Projeto de pesquisa: finalidades e estrutura ..................................................................99</p><p>18. Projeto de pesquisa: elaboração ..................................................................................105</p><p>19. Projeto de pesquisa: finalização ..................................................................................111</p><p>20. Resultados da pesquisa: a divulgação .........................................................................116</p><p>21. Estrutura do trabalho científico: elementos pré-textuais e textuais ............................120</p><p>22. Estrutura do trabalho científico: elementos pós-textuais ............................................125</p><p>23. Citações.......................................................................................................................128</p><p>24. Elaboração das Referências .........................................................................................133</p><p>Glossário ............................................................................................................................142</p><p>Referências ........................................................................................................................151</p><p>www.esab.edu.br 6</p><p>1 O que é e para que serve</p><p>do conhecimento científico. Percebemos</p><p>que o conhecimento opera por seleção de dados significativos e rejeição</p><p>de dados não significativos. E o que é importante para determinada</p><p>corrente pode não o ser para outra, mudando, às vezes radicalmente, a</p><p>forma de abordagem da ciência. Os paradigmas, que são esses princípios</p><p>ocultos que governam nossa visão das coisas, diferem de um método</p><p>para outro, e geram evoluções, novas formas de abordagem, novas</p><p>perspectivas, novos questionamentos, impulsionando a própria evolução</p><p>humana, na medida em que permite ao ser humano refletir e questionar.</p><p>www.esab.edu.br 46</p><p>8 Ciência, técnica e tecnologia</p><p>Objetivo</p><p>Refletir sobre ciência, técnica e tecnologia.</p><p>Atualmente, o poder não se restringe ao domínio dos meios materiais</p><p>e dos aparatos políticos e institucionais, mas, cada vez mais, define-se a</p><p>partir do controle sobre o imaterial e o intangível – seja das informações</p><p>e dos conhecimentos, seja das ideias, dos gostos e dos desejos das pessoas.</p><p>Como vimos, na Unidade 5, nossa sociedade é conhecida como a</p><p>Sociedade da Informação e isso significa o seguinte: de forma geral,</p><p>temos a informação e a consequente produção de conhecimentos como</p><p>uma atividade que gera prestígio.</p><p>Para entendermos um pouco melhor o caminho que a sociedade</p><p>percorreu para chegar até esse ponto, é necessário perceber o que ocorreu</p><p>na origem dos termos que trabalharemos nesta unidade.</p><p>O primeiro deles é a ciência. O ser humano sempre sonhou em</p><p>dominar a natureza com o objetivo de transformar as coisas ao nosso</p><p>redor. O controle sobre a natureza está na base da ciência, ou seja, é</p><p>para isso que ela existe. Os cientistas buscam conhecer os mecanismos</p><p>que regem a organização social, política, econômica, química, biológica,</p><p>matemática, física, enfim, conhecer faz parte da busca científica,</p><p>conhecer todas as forças naturais e sociais que interferem de alguma</p><p>maneira em nossas vidas.</p><p>Com o passar do tempo, as ciências foram sendo organizadas em grupos.</p><p>Os dois primeiros grupos que surgiram foram relacionados à efetiva</p><p>comprovação dos experimentos científicos. Ou seja, é muito complicado</p><p>antecipar se um sistema de governo vai dar certo ou não em um país,</p><p>mas é possível calcular a distância entre a Lua e o Sol.</p><p>www.esab.edu.br 47</p><p>Dessa forma, surgiu o grupo das Ciências Exatas (matemática e física,</p><p>por exemplo), que eram capazes de provar, por meio de experimentos, a</p><p>veracidade de suas teorias. Por outro lado, surgia um grupo de ciências</p><p>que não podiam comprovar as suas teorias antes que a prática ensinasse</p><p>os benefícios e os malefícios de uma determinada teoria, como acontece</p><p>com as chamadas Ciências Sociais (história e sociologia, por exemplo).</p><p>Saiba que o fator que une todas as ciências é o uso de métodos. Os</p><p>métodos são sistemas que permitem comprovar a veracidade das</p><p>informações. Normalmente, um método é constituído pela entrada de</p><p>dados e informações, pela análise desses dados e informações e, finalmente,</p><p>pelas deduções ou conclusões que se pode tirar das fases anteriores.</p><p>A geração do conhecimento ocorre na última fase, quando é possível</p><p>enxergar o fluxo completo das informações (MÁTTAR NETO, 2011).</p><p>A técnica também surgiu por causa da necessidade e do desejo de</p><p>dominar a natureza. Contudo, nesse caso, estamos nos referindo à</p><p>representação gráfica das expressões humanas. Para entender melhor o</p><p>que ocorria, vamos lançar mão de um exemplo bem simples.</p><p>Para fazer uma estátua de bronze antiga, representando um ser humano,</p><p>era preciso ter as ferramentas de precisão para corte e moldagem do</p><p>material. Essas ferramentas foram desenvolvidas por intermédio da</p><p>técnica, que era a forma por meio da qual se dominava o saber fazer</p><p>das coisas. Para fazer uma estátua perfeita, era preciso ter também</p><p>conhecimentos científicos ou um método capaz de orientar com</p><p>precisão quais seriam as dimensões a serem aplicadas para que a estátua</p><p>correspondesse ao modelo humano. Caso o projeto de fazer uma estátua</p><p>humana precisa fosse bem realizado, o resultado final seria considerado</p><p>uma obra de arte.</p><p>Nesse exemplo, a estátua final seria um modelo de como os saberes</p><p>podiam ser usados de forma combinada, aliando ciência (que fornecia</p><p>informações verídicas sobre as dimensões humanas), técnica, que oferecia</p><p>as ferramentas adequadas para o saber fazer, e arte, que se trata de um</p><p>valor simbólico que pode ser expresso pela combinação perfeita entre</p><p>ciência e técnica.</p><p>www.esab.edu.br 48</p><p>Técnica, explica-nos Magalhães (2005), vem da palavra grega techné,</p><p>que significa “prática”, isto é, saber fazer algo conforme um conjunto</p><p>de instruções ou regras. Nesse sentido, a técnica é, sobretudo, prática</p><p>equivalente ao saber fazer, podendo ser uma ligação da razão com a</p><p>experiência, e às vezes se apoia na ciência, esta entendida a partir da</p><p>acepção do conhecimento generalizante e crítico.</p><p>O termo técnica permaneceu inalterado desde a Antiguidade até o século</p><p>XVII, quando os sinais da primeira Revolução Industrial começaram a</p><p>surgir na Inglaterra com a invenção do primeiro motor a vapor, a fim</p><p>de fazer a sucção da água que se acumulava no interior das escavações</p><p>das minas de carvão. A partir de então, o termo técnica passou a ser</p><p>substituído gradativamente pelo termo tecnologia, quando aplicado ao</p><p>contexto da industrialização. Dessa forma, o termo técnica continua a ser</p><p>empregado em contextos ligados à arte e o termo tecnologia se aplica aos</p><p>contextos que sugerem uma relação entre homens e máquinas.</p><p>Magalhães (2005) sinaliza que enquanto ciência é processo, algo que</p><p>se transforma e não está nunca acabado, a técnica é um conhecimento</p><p>prático, ao passo que a tecnologia é a ciência de alguma técnica</p><p>particular. E ainda destaca: a criatividade é ingrediente fundamental para</p><p>a produção de conhecimento científico ou tecnológico e se associa aos</p><p>conceitos de invenção, inovação e difusão.</p><p>É comum ouvirmos pessoas se referindo ao termo tecnologia para</p><p>inventos medievais ou sobre a construção das pirâmides, por exemplo.</p><p>Não é incorreto esse uso, mas seria mais preciso se o termo tecnologia</p><p>fosse empregado para as situações que envolvem os avanços das máquinas</p><p>em nossas vidas, sobretudo depois do século XIX, quando ocorreu a</p><p>chamada Segunda Revolução Industrial.</p><p>As tecnologias adquiriram relevância maior quando entrou em cena uma</p><p>relação de produção, levando a uma consideração mais evidente dos</p><p>valores econômicos em jogo, dando mais amplitude ao uso desse termo</p><p>(MAGALHÃES, 2005).</p><p>A tecnologia permite criar objetos que são extensões de nossos corpos</p><p>com a finalidade de aumentar a nossa capacidade produtiva. O carro é a</p><p>www.esab.edu.br 49</p><p>extensão de nossas pernas, o computador, de nossas mentes, e assim por</p><p>diante.</p><p>Note que as interações entre os termos são recorrentes, já que a</p><p>inovação tecnológica pode estar pautada nas descobertas científicas e,</p><p>do mesmo modo, as necessidades inovativas tecnológicas podem gerar</p><p>conhecimentos científicos.</p><p>Severino (2007, p. 105) destaca que “[...] a técnica, como poder de</p><p>manejo do mundo físico, atuou como mais um argumento a favor da</p><p>veracidade da ciência”, contribuindo para sua consolidação. E ele explica:</p><p>a ciência se legitimou por sua eficácia operatória, com a qual forneceu à</p><p>sociedade recursos reais elaborados para a sustentação de sua existência</p><p>material; a técnica serviu de base para a indústria, para a Revolução</p><p>Industrial, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.</p><p>Estudo complementar</p><p>Para aprofundar os seus conhecimentos sobre este</p><p>assunto, sugerimos a leitura do artigo “Técnica,</p><p>tecnologia e ciência”, de Milton Vargas, disponível</p><p>clicando aqui.</p><p>Desse modo, você pode notar que são muitas as implicações em nosso</p><p>cotidiano em função do desenvolvimento da ciência e tecnologia em</p><p>nossa sociedade, impactando nos campos do pensamento, do ensino, do</p><p>estudo, da produção do conhecimento e da pesquisa científica.</p><p>Em pleno século XXI, essa influência serve para romper</p><p>com valores</p><p>que assumiram novos significados nesses tempos pós-modernos, como</p><p>os conceitos de comunicação, interação, distância, espaço, tempo,</p><p>entre outros, contribuindo para mudar o ambiente natural, os padrões</p><p>de trabalho, entretenimento e consumo, afetando nossa consciência e</p><p>impondo sua presença nas diversas atividades cotidianas.</p><p>http://www.revistafundacoes.com.br/pdf/revista%2011/Artigo%20Milton.pdf</p><p>www.esab.edu.br 50</p><p>Atividade</p><p>Chegou a hora de você testar seus conhecimentos</p><p>em relação às unidade 1 a 8. Para isso, dirija-se</p><p>ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e</p><p>responda às questões. Além de revisar o conteúdo,</p><p>você estará se preparando para a prova. Bom</p><p>trabalho!</p><p>www.esab.edu.br 51</p><p>9 Produção científica: fichamento</p><p>Objetivo</p><p>Abordar as regras de estruturação e finalidade do fichamento.</p><p>“O estudo e a aprendizagem, em qualquer área do conhecimento, são plenamente</p><p>eficazes somente quando criam condições para uma contínua e progressiva</p><p>assimilação pessoal dos conteúdos estudados.” (Antônio Joaquim Severino)</p><p>Caro aluno, é chegada a hora de começarmos a pensar nas estruturas dos</p><p>trabalhos acadêmicos. E como você já sabe, são várias as modalidades</p><p>solicitadas ao longo de sua trajetória acadêmica, alguns mais extensos,</p><p>outros mais sucintos, alguns mais simples, outros mais complexos.</p><p>E a proposta é que iniciemos com um dos mais simples, mas que possui</p><p>grande importância. Trata-se do fichamento de uma obra. É um trabalho</p><p>de extração das ideias, de um exercício de leitura que possui enorme</p><p>utilidade didática e interesse científico. Vamos descobrir por quê?</p><p>Mas, antes, vamos abordar os tipos de análises e seus graus, que nos</p><p>ajudarão a fazer os diferentes tipos de fichamento.</p><p>9.1 Tipos de análises</p><p>O estudo de um texto implica a aplicação do querer aprender, obter</p><p>conhecimentos, preparar-se para anotar informações para a realização de</p><p>trabalhos acadêmicos. É a partir da leitura que você desenvolve o pensar</p><p>analítico, sistemático, crítico e reflexivo.</p><p>Rodrigues (2006) destaca, a propósito dessa importância, que podemos</p><p>realizar as leituras ou análises de texto por etapas e cada análise apresenta</p><p>suas características. Partimos da análise textual, ou seja, eleita a obra</p><p>www.esab.edu.br 52</p><p>a ser lida, procede-se a uma leitura seguida e completa de toda a obra.</p><p>Nesse primeiro contato, deve-se fazer o levantamento de todos os</p><p>elementos básicos para a devida compreensão, buscando-se tanto dados</p><p>a respeito do autor e da obra quanto a pesquisa de vocabulário de termos</p><p>desconhecidos do leitor.</p><p>A segunda etapa é a análise temática, ou seja, passa-se a uma segunda</p><p>abordagem, de compreensão da mensagem global. Como afirma Severino</p><p>(2007), nessa análise deve-se procurar ouvir o autor, apreender, sem</p><p>intervir nele, o conteúdo de sua mensagem. Identifica-se o tema ou os</p><p>assuntos da obra, capta-se a problematização do tema e, a partir daí,</p><p>devemos buscar as respostas para os questionamentos: que posição</p><p>assume o autor? Que ideias ele defende? O que quer demonstrar? Temos,</p><p>então, a tese, ideia mestra defendida pelo autor naquela obra. E ainda</p><p>poderíamos acrescentar: como o autor demonstra sua tese? Saiba que</p><p>a análise temática fornece subsídios para a elaboração do resumo ou</p><p>fichamento, já que podemos então compreender as ideias principais</p><p>defendidas no texto e seu teor.</p><p>A terceira etapa é a análise interpretativa, na qual se faz a interpretação</p><p>propriamente, situando o texto no contexto da vida e obra do autor.</p><p>Explicitam-se os pressupostos filosóficos do autor que justifiquem suas</p><p>posturas teóricas e exerce uma atitude crítica diante das posições do autor</p><p>em termos de coerência interna; validade dos argumentos; originalidade;</p><p>profundidade na abordagem do tema, entre outras abordagens.</p><p>E ainda há outros graus de maior complexidade, como a</p><p>problematização, em que se propõe a discussão do texto, debatendo</p><p>questões explícitas ou implícitas no texto; e a síntese pessoal, em que há</p><p>reelaboração pessoal da mensagem, ou seja, desenvolve-se a mensagem</p><p>mediante retomada pessoal do texto e raciocínio personalizado</p><p>(SEVERINO, 2007).</p><p>Em linhas gerais, o trabalho acadêmico tem como finalidade: apresentar,</p><p>demonstrar, difundir, recuperar e contestar o conhecimento produzido,</p><p>acumulado ou transmitido.</p><p>www.esab.edu.br 53</p><p>Você já sabe que a demonstração do conhecimento é necessidade na</p><p>comunidade acadêmica, em que esse conhecimento é o critério de mérito</p><p>e acesso. Difundir o conhecimento às esferas externas à comunidade</p><p>acadêmica é atividade cada vez mais presente nas instituições de ensino,</p><p>pesquisa e extensão. E aqui não é diferente, não é mesmo?</p><p>Mencionamos, logo no início desta unidade, que começaríamos por</p><p>um dos trabalhos mais simples, o fichamento. A elaboração desse tipo</p><p>de texto possibilita economia de tempo e eficiência no estudo, sendo</p><p>importante na produção de trabalhos acadêmicos e científicos. É</p><p>fundamental destacar que a elaboração do fichamento pode ser realizada</p><p>no estudo de diversos tipos de textos, por exemplo: livro, jornal, revista,</p><p>artigo.</p><p>Espero que, ao longo de sua trajetória neste curso, você se habitue a fazer</p><p>os fichamentos das leituras realizadas, assim chegará ao fim deste com</p><p>um extenso e rico material de consulta para alçar voos mais longos, que</p><p>poderão servir de subsídios para suas pesquisas científicas e elaboração da</p><p>monografia, se for o caso.</p><p>O estudo da literatura sobre os assuntos escolhidos, com fins de adquirir</p><p>conhecimento, exige do estudante um esforço cognitivo, ou seja, que</p><p>desenvolva habilidades para transformar um tanto de informação</p><p>recebida em conhecimento de fato, e que posteriormente tenha</p><p>capacidade de replicar e colocar em prática os ensinamentos absorvidos.</p><p>9.2 Fichamento</p><p>O fichamento refere-se a uma técnica de trabalho intelectual que consiste</p><p>no registro sintetizado, ou seja, resumido e documentado das ideias e</p><p>informações mais importantes de um texto.</p><p>No fichamento, identificamos a obra ou texto, registramos a ideia</p><p>principal (seja por meio de resumo ou síntese, resenha crítica ou sinopse),</p><p>registramos citações e bibliografia.</p><p>www.esab.edu.br 54</p><p>Podemos definir a técnica do fichamento, conforme Medeiros (2006),</p><p>como o ato através do qual se registra os estudos de uma obra ou texto,</p><p>em fichas ou em folhas de papel. Desse modo, fichar significa selecionar,</p><p>organizar e registrar informações que no futuro servirão como material</p><p>organizado para consulta e fonte para estudos posteriores.</p><p>O desafio consiste em qualificar a leitura realizada, destacando as</p><p>principais ideias e fazendo seu registro de modo coerente e objetivo.</p><p>Podemos destacar como objetivos do fichamento:</p><p>• a identificação das obras consultadas;</p><p>• o registro do conteúdo das obras;</p><p>• o registro das reflexões proporcionadas pelo material de leitura;</p><p>• a organização das informações colhidas.</p><p>Ressaltamos que conforme a maioria dos autores que tratam sobre</p><p>o assunto, incluindo Medeiros (2006), existem três tipos básicos de</p><p>fichamento: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou</p><p>conteúdo; e o fichamento de citações. Vamos entendê-los melhor?</p><p>9.2.1 Fichamento bibliográfico</p><p>O fichamento bibliográfico é a descrição, com comentários dos tópicos</p><p>abordados em uma obra inteira ou parte dela. Primeiramente, apresenta-</p><p>se a referência da obra.</p><p>Severino (2007) explica que o fichamento de documentação bibliográfica</p><p>constitui um acerto de informações sobre livros, artigos e demais</p><p>trabalhos que existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área</p><p>do conhecimento. Pode ser muito útil quando se faz um trabalho de</p><p>monografia, dissertação ou tese.</p><p>www.esab.edu.br 55</p><p>Vamos ver um exemplo.</p><p>TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:</p><p>Brasiliense, 1993.</p><p>A obra insere-se no campo da história e da antropologia social. A autora utiliza-se de</p><p>fontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas e depoimentos. A abordagem é</p><p>descritiva e analítica.</p><p>Aborda os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir</p><p>do ano de 1500. A autora descreve em linhas gerais todo o processo de lutas e conquistas</p><p>da mulher.</p><p>Quadro 1 – Fichamento de documentação bibliográfica.</p><p>Fonte: Brasil Escola (2012).</p><p>9.2.2 Fichamento de resumo ou conteúdo</p><p>Já o fichamento de resumo consiste em uma síntese das principais ideias</p><p>contidas na obra resenhada. O resenhista (autor da resenha, você, neste caso)</p><p>elabora com suas próprias palavras a interpretação do que foi dito.</p><p>Vamos a um exemplo?</p><p>Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30 – 132) segundo capítulo.</p><p>TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:</p><p>brasiliense, 1993.</p><p>O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na própria vivência nos movimentos</p><p>feministas, como relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas</p><p>compreendidas entre Brasil Colônia (1500 – 1822), até o ano de 1975, que foi considerado</p><p>o Ano Internacional da Mulher.</p><p>A autora trabalha ainda assuntos como mulheres da periferia de São Paulo, a luta por</p><p>creches, violência, participação em greves, saúde e sexualidade.</p><p>Quadro 2 – Fichamento de resumo.</p><p>Fonte: Brasil Escola (2012).</p><p>www.esab.edu.br 56</p><p>9.2.3 Fichamento de citações</p><p>O fichamento de citações consiste em um texto que destaca, por meio</p><p>de citações, as principais ideias da obra que está sendo resenhada. Nesse</p><p>caso, fazemos transcrições textuais que consideramos as mais relevantes.</p><p>Mas o que são transcrições textuais?</p><p>De acordo com a ABNT (2002), a transcrição textual é chamada de</p><p>citação direta, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar</p><p>como citação na redação do trabalho. Quando fazemos uma citação</p><p>direta no fichamento, colocamos o trecho entre aspas (reprodução fiel)</p><p>e indicamos, ao final de cada citação, a página em que se localiza aquele</p><p>trecho na obra citada.</p><p>Observe o exemplo a seguir.</p><p>Educação da mulher: a perpetuação da injustiça (p. 30 – 132). Segundo capítulo.</p><p>TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:</p><p>Brasiliense, 1993.</p><p>“uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a abolição</p><p>da escravatura, ao lado de propostas como educação e a emancipação da mulher e a</p><p>instauração da República” (p. 30)</p><p>“na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a defesa</p><p>de honra” (p. 132)</p><p>“a mulher buscou com todas forças sua conquista no mundo totalmente masculino” (p. 43)</p><p>Quadro 3 – Fichamento de citações.</p><p>Fonte: Brasil Escola (2012).</p><p>Máttar Neto (2011) ressalta que uma das grandes dificuldades</p><p>enfrentadas pelos estudantes hoje se refere a uma falta de consciência de</p><p>como utilizar as fontes escritas corretamente, sem cometer plágio. Ou</p><p>seja, é preciso que você sempre mencione as fontes (autores) que estão</p><p>sendo citados. Se utilizou as palavras do autor, é obrigatório que cite o</p><p>www.esab.edu.br 57</p><p>autor, o ano e também a página em que consta aquela citação. Veremos</p><p>isso adiante, em outra unidade.</p><p>Lembre-se que quando se faz um fichamento, a recomendação é que o</p><p>texto seja sucinto, seletivo e objetivo. Devemos empregar uma linguagem</p><p>clara, objetiva e econômica, e apresentar uma sequência corrente de frases</p><p>concisas, diretas e interligadas.</p><p>Agora que você já leu sobre a elaboração do fichamento, que tal</p><p>começarmos a exercitar?</p><p>Saiba mais</p><p>O objeto educacional disponível clicando</p><p>aqui auxilia a fixação sobre em que consiste o</p><p>fichamento.</p><p>http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/16228/index.html?sequence=10</p><p>http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/16228/index.html?sequence=10</p><p>www.esab.edu.br 58</p><p>10 Produção científica: resenha crítica</p><p>Objetivo</p><p>Apresentar as normas de estruturação e finalidade da resenha crítica.</p><p>Outro trabalho acadêmico-científico bastante solicitado pelos professores</p><p>na trajetória de um curso de graduação é a resenha crítica. Certamente,</p><p>você já se deparou com a leitura de várias resenhas de livros, filmes,</p><p>peças de teatro e até mesmo shows musicais. Isso porque a resenha tem a</p><p>peculiaridade de se debruçar sempre sobre uma obra, seja ela impressa ou</p><p>uma obra cultural.</p><p>Como afirma Severino (2007), trata-se da apresentação do conteúdo de</p><p>uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou indicativa. Ou seja,</p><p>a resenha pode ser descritiva, sem julgamento de valor ou crítica – a mais</p><p>comum – em que o resenhista (autor da resenha) pontua o texto com</p><p>apreciações com juízo crítico.</p><p>Vamos entender melhor essas diferenças a partir da leitura de dois</p><p>exemplos. Primeiramente, leia um trecho de uma resenha descritiva:</p><p>“Receitas para manter o coração em forma” (Zero Hora, 26 de agosto,</p><p>1996), sobre o livro “Cozinha do coração saudável”.</p><p>www.esab.edu.br 59</p><p>Receitas para manter o coração em forma</p><p>Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas</p><p>de atuação no organismo. Na introdução, os médicos explicam numa linguagem</p><p>perfeitamente compreensível o que é preciso fazer (e evitar) para manter o coração</p><p>saudável.</p><p>As receitas de Cozinha do coração saudável vêm distribuídas em desjejum e lanches,</p><p>entradas, saladas e sopas; pratos principais; acompanhamentos; molhos e sobremesas.</p><p>Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta de ricota, suflê de queijo,</p><p>salpicão de frango, sopa fria de cenoura e laranja, risoto com açafrão, bolo de batata,</p><p>alcatra ao molho frio, purê de mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja e</p><p>peras ao vinho tinto são algumas das iguarias.</p><p>Agora, vamos ler outro trecho, desta vez de uma resenha crítica, que</p><p>é o foco desta unidade. A resenha intitulada “Um gramático contra</p><p>a gramática”, escrita por Gilberto Scarton, refere-se à obra “Língua e</p><p>liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu ensino”, de</p><p>Celso Luft.</p><p>Um gramático contra a gramática</p><p>“Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino” (L&PM,</p><p>1995) do gramático Celso Pedro Luft traz um conjunto de ideias que subverte a ordem</p><p>estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da</p><p>gramática em sala de aula. [...]</p><p>Embora “Língua e Liberdade” do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto</p><p>pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos</p><p>teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente</p><p>fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do</p><p>ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas</p><p>- têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a</p><p>gramática na sala de aula.</p><p>Notamos que para realizar a resenha, colocaremos em prática os quatro</p><p>tipos de análises estudados na unidade 9: a análise textual (leitura e</p><p>www.esab.edu.br 60</p><p>levantamento dos elementos básicos), a análise temática (compreensão</p><p>da mensagem global, identificando a(s) tese(s) defendida(s) pelo autor),</p><p>a análise interpretativa (interpretação do texto, situando o contexto e os</p><p>pressupostos) e a síntese pessoal (na medida em que você se posiciona</p><p>sobre a obra resenhada). A qualidade da crítica, como se vê, dependerá</p><p>da experiência do resenhista.</p><p>Os propósitos mais significativos ao se elaborar uma resenha crítica</p><p>são: emitir juízo crítico do texto analisado e exercitar a capacidade de</p><p>compreensão e análise. A resenha crítica é, portanto, uma ferramenta para</p><p>atividades profissionais, de estudo, artística ou cultural em determinado</p><p>campo de interesse. Caracteriza-se também por uma maneira de conhecer</p><p>uma obra e decidir pela conveniência de adquiri-la ou lê-la.</p><p>A seguir, cita-se os seis principais procedimentos a serem seguidos para</p><p>realização de uma boa resenha crítica (SEVERINO, 2007).</p><p>• Referência: informar a procedência da obra e seus dados</p><p>bibliográficos de acordo com as normas da ABNT.</p><p>• Credenciais do autor: são informações gerais</p><p>sobre o autor e sua</p><p>obra, origem ou razão desse estudo ou ainda menção de outras</p><p>obras publicadas por ele. Deve conter sua qualificação e titulação</p><p>científicas, e, se possível, cargos exercidos.</p><p>• Resumo da obra: é o conhecimento ou resumo detalhado das ideias</p><p>principais do que trata a obra. Caso existam características especiais,</p><p>devem ser citadas.</p><p>• Conclusão do autor da obra: descrever brevemente as conclusões</p><p>do estudo. Pode ser informado se elas encontram-se ao final da</p><p>obra ou ao final de cada capítulo. Esse procedimento pode ser</p><p>incorporado ao resumo da obra, caso exista necessidade, pois em</p><p>textos muitos curtos essa subdivisão pode se tornar repetitiva.</p><p>• Quadro de referências do autor: comentar as referências utilizadas</p><p>para embasar o estudo, se houve uma corrente ou modelo teórico</p><p>específico ou ainda um método evidente. O número de obras</p><p>referenciadas também deve ser observado, pois referências em demasia</p><p>ou em minoria poderão comprometer a confiabilidade e a veracidade</p><p>www.esab.edu.br 61</p><p>do texto. Outro ponto de grande valia a ser observado é a quantidade</p><p>e procedência das referências em outras línguas e de fontes da</p><p>internet. O ano das publicações também poderá mostrar a qualidade</p><p>de um estudo, pois este deve guiar-se por referências mais recentes,</p><p>porém não deixando de consultar os clássicos quando necessário.</p><p>• Crítica do resenhista (apreciação): a crítica deve iniciar com o</p><p>julgamento da obra sobre o posicionamento do autor com relação</p><p>às fontes escolhidas; em seguida, o mérito da obra, ou seja, qual a</p><p>contribuição cultural, social, econômica e histórica. Profundidade</p><p>e amplitude dos conhecimentos proporcionados e possíveis</p><p>abordagens diferenciadas; logo após, deve ser observado o estilo da</p><p>linguagem utilizado pelo autor (concisão, objetividade, simplicidade,</p><p>clareza, coerência, originalidade e criatividade); e, por fim, deve ser</p><p>comentado sobre a forma de sua apresentação formal por meio da</p><p>lógica e da sistematização, bem como seu direcionamento (grande</p><p>público, especialistas ou estudantes).</p><p>Após seguir os procedimentos e as análises recomendadas pelos autores,</p><p>passa-se a cuidar do aspecto estético-formal e de apresentação da resenha</p><p>crítica. Como todo trabalho acadêmico, esse também segue algumas</p><p>regras quanto à sua elaboração e apresentação.</p><p>Então, novamente reiteramos que devem ser observadas as normas</p><p>da ABNT tanto no que se refere às citações quanto às regras de</p><p>apresentação.</p><p>Uma das dificuldades comumente encontrada pelos estudantes ao</p><p>elaborar uma resenha é a produção do comentário crítico. Nesse sentido,</p><p>as seguintes perguntas poderão auxiliá-lo nessa composição:</p><p>• Quais as características mais relevantes da obra?</p><p>• Quais as principais conclusões do autor?</p><p>• Qual a contribuição da obra? As ideias são originais, criativas? A</p><p>abordagem dos conhecimentos é inovadora?</p><p>• Com relação ao estilo do(a) autor(a): é conciso, objetivo, claro?</p><p>• Trata-se de um livro importante? Por quê? Traz alguma contribuição?</p><p>• As posições do autor são coerentes e sólidas?</p><p>www.esab.edu.br 62</p><p>Convém ainda destacar a você que o título da resenha também será de</p><p>sua autoria. O ideal é que você elabore o título após concluir o texto,</p><p>pois isso ajudará a fornecer subsídios para um título instigante.</p><p>Mas o título deve guardar estreita relação com alguma ideia mais</p><p>destacada da obra, conforme a percepção do resenhista.</p><p>Tarefa dissertativa</p><p>Caro estudante, convidamos você a acessar o</p><p>Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a</p><p>tarefa dissertativa.</p><p>www.esab.edu.br 63</p><p>11 Produção científica: artigo</p><p>científico</p><p>Objetivo</p><p>Descrever as características e finalidades do artigo científico.</p><p>Convidamos você a verificar a estrutura de mais uma modalidade de</p><p>trabalho: trata-se do artigo científico. Por enquanto, você ainda está nas</p><p>fases iniciais de seu curso de graduação, e o mais comum será a leitura</p><p>desse tipo de texto, mas nas fases mais avançadas, será capaz de produzi-</p><p>lo a partir de suas atividades de investigação científica.</p><p>Então, mãos à obra! Vamos aos estudos.</p><p>Devemos, primeiramente, ter em mente que a finalidade primordial de</p><p>um artigo consiste em trazer a público resultados de pesquisas realizadas</p><p>ou estudos efetuados.</p><p>Os artigos são pequenos estudos, mas completos, que abordam uma</p><p>questão verdadeiramente científica. Nesse sentido, apresentam os</p><p>resultados de estudos e pesquisas. Para entender melhor, saiba que essa</p><p>modalidade de trabalho tem por finalidade, na percepção de Severino</p><p>(2007, p. 208),</p><p>[...] registrar e divulgar, para público especializado, resultados de novos estudos e</p><p>pesquisas sobre aspectos ainda não devidamente explorados ou expressando novos</p><p>esclarecimentos sobre questões em discussão no meio científico.</p><p>Trata-se de um texto científico, cuja função é relatar uma gama de</p><p>resultados imbuídos de originalidade, encontrados a partir de uma</p><p>pesquisa.</p><p>www.esab.edu.br 64</p><p>Vejamos o complemento dessa explicação com Rodrigues (2006): o</p><p>artigo científico constitui-se em um trabalho escrito que trata sobre um</p><p>determinado assunto e que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas e</p><p>resultados de trabalhos nas diversas áreas do conhecimento científico. O</p><p>artigo científico tem como principal finalidade a difusão de informações</p><p>sobre pesquisas realizadas.</p><p>E sendo um trabalho com esse perfil, a linguagem a ser utilizada para</p><p>a realização de um artigo de investigação deve primar pela concisão e</p><p>objetividade, buscando fornecer maior relevância e credibilidade aos</p><p>dados apresentados.</p><p>Você pode estar se perguntando: onde encontramos os artigos científicos?</p><p>Ele é publicado em revistas acadêmicas, jornais e sites especializados. Por</p><p>exemplo, é comum encontrarmos publicações de instituições acadêmicas</p><p>que possibilitam aos estudantes e professores um espaço para publicação.</p><p>Em algumas instituições de ensino, solicita-se, no fim do curso, que o</p><p>aluno entregue um artigo científico em vez de uma monografia. Sendo</p><p>assim, cabe fazermos a diferenciação.</p><p>Uma das principais diferenças é a concisão de linguagem a ser utilizada</p><p>no artigo, já que este possui uma extensão bem menor que uma</p><p>monografia sobre o mesmo tema. Assim, precisa ser mais sintético</p><p>e objetivo. Na monografia, o autor tem mais espaço tanto para</p><p>fundamentar teoricamente o trabalho como apresentar toda a pesquisa,</p><p>enquanto no artigo as etapas são apresentadas de forma sintética, sem</p><p>esmiuçar os detalhes.</p><p>Então, vamos abordar a estrutura do artigo, com a introdução, o</p><p>desenvolvimento e a conclusão, ainda que no artigo a apresentação desses</p><p>tópicos seja mais “enxuta”.</p><p>www.esab.edu.br 65</p><p>Dica</p><p>Para acompanhar melhor a explicação referente à</p><p>estrutura do artigo científico, clique aqui.</p><p>Sugerimos, a partir de Rodrigues (2006), a seguinte estrutura:</p><p>• preliminares: identificação do título e autor(es);</p><p>• resumo: síntese do artigo que será apresentado (ou seja, apresentação</p><p>concisa dos pontos relevantes do texto);</p><p>• corpo do artigo: apresentação do tema e dos resultados;</p><p>• referências: fontes de pesquisa citadas ao longo do artigo.</p><p>O primeiro tópico (preliminares) refere-se ao título, ao subtítulo (se</p><p>houver), ao autor ou aos autores do artigo, descrição das credenciais do</p><p>autor (por exemplo: Acadêmico do Curso de Pedagogia – ESAB).</p><p>No que se refere ao resumo, o autor do artigo deve apresentar</p><p>sucintamente o foco do texto e instigá-lo à leitura. O resumo deve ser</p><p>escrito em parágrafo único, numa sequência corrente de frases lógicas</p><p>sem nenhuma enumeração de tópicos.</p><p>Vamos ver um exemplo?</p><p>http://www2.ouvidoria.pe.gov.br/c/document_library/get_file?p_l_id=199119&folderId=201492&name=DLFE-17772.pdf</p><p>www.esab.edu.br 66</p><p>COMO ELABORAR UM ARTIGO CIENTÍFICO</p><p>Título do artigo,</p><p>centralizado</p><p>Nome do(s)</p><p>autor(es)</p><p>Palavras que</p><p>representam o</p><p>conteúdo do texto</p><p>Breve currículo do(s) autor(es),</p><p>em notas de rodapé</p><p>Maria Bernadete Martins Alves *</p><p>Susana Margaret de Arruda **</p><p>RESUMO</p><p>Este trabalho apresenta os elementos que</p><p>constituem a estrutura de um artigo científico bem</p><p>como apresenta de forma geral as regras de</p><p>apresentação, o resumo, a citação no texto e as</p><p>referências. As orientações aqui apresentadas</p><p>baseiam-se na norma para apresentação de artigo</p><p>científico, a NBR 6022 de 2003.</p><p>Palavras-chave: Artigo científico. Normatização.</p><p>NBR 6022.</p><p>* Bibliotecária da Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre</p><p>em Engenharia de Produção (UFSC).</p><p>** Bibliotecária da Universidade Federal de Santa Catarina.</p><p>Especialista em Gestão da Informação (UFSC).</p><p>Modelo de artigo de periódico</p><p>baseado na NBR 6022 (2003)</p><p>Figura 4 – Exemplo de preliminares.</p><p>Fonte: Adaptado de <http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.</p><p>http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf</p><p>www.esab.edu.br 67</p><p>No corpo do artigo, inclui-se a introdução, a revisão da literatura</p><p>(embasamento teórico), a metodologia adotada para realizar o estudo, os</p><p>resultados e as conclusões. Todos os autores que forem citados ao longo</p><p>do artigo devem aparecer nas referências (com as fontes consultadas no</p><p>padrão das normas da ABNT).</p><p>Acompanhe o exemplo:</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Título</p><p>centralizado</p><p>As referências têm</p><p>espaçamento simples.</p><p>Entre as referências,</p><p>utiliza-se espaçamento duplo.</p><p>ABNT. NBR 10520: informação e documentação:</p><p>citação em documentos. Rio de Janeiro, 2002. 7 p.</p><p>IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed.</p><p>1993.</p><p>LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.</p><p>Fundamentos de metodologia científica. 3.</p><p>ed. rev e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. 270 p.</p><p>Modelo de página</p><p>de referências</p><p>Figura 5 – Exemplo de referências.</p><p>Fonte: Adaptado de <http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.</p><p>http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf</p><p>www.esab.edu.br 68</p><p>O artigo apresenta a estrutura comum ao trabalho científico, mas</p><p>deve destacar os objetivos, a fundamentação teórica e a metodologia,</p><p>seguindo-se a análise dos dados coletados e as conclusões a que se</p><p>chegou, contemplando ainda o registro das referências utilizadas para</p><p>elaboração do estudo (SEVERINO, 2007).</p><p>Saiba mais</p><p>Agora, sugerimos a você que faça a leitura do</p><p>artigo “Desconstruindo um artigo científico”,</p><p>que pode ser acessado aqui. Existem vários sites</p><p>em que você pode pesquisar artigos a partir de</p><p>palavra-chave. Segue uma indicação aqui. Confira!</p><p>Ao fazer a leitura de artigos científicos, você perceberá que algumas</p><p>questões estruturais são distintas, ainda que o propósito deva ser sempre</p><p>o de apresentar os resultados de algum estudo ou pesquisa realizada. É</p><p>importante, antes de submeter um artigo para uma revista ou evento</p><p>científico, saber qual o foco de abordagem do evento, e quais as normas</p><p>editoriais da publicação.</p><p>Conforme sugere Severino (2007), quanto à formatação técnica do texto,</p><p>deve-se seguir as diretrizes e normas específicas da publicação, cabendo</p><p>ao autor se inteirar delas antes de submeter seu trabalho à editoria.</p><p>Como todo trabalho científico, você deve lembrar que se deve primar</p><p>pela objetividade na apresentação das ideias, utilizando linguagem</p><p>adequada e demonstrando conhecimento suficiente acerca do tema</p><p>abordado. Portanto, clareza e coerência são características fundamentais.</p><p>Mas de que forma podemos nos motivar a escrever um artigo? A seguir,</p><p>citamos algumas situações que podemos aproveitar:</p><p>• quando buscamos encontrar soluções variadas para um tema já</p><p>estudado;</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-35982007001000034&lang=pt</p><p>http://www.scielo.org/php/index.php</p><p>www.esab.edu.br 69</p><p>• quando estudamos algo que já foi motivo de estudo há muito</p><p>tempo, sendo possível apresentá-lo sob nova perspectiva;</p><p>• quando temos a possibilidade de questionar determinada pesquisa</p><p>realizada.</p><p>Ao longo de sua trajetória acadêmica, você certamente terá condições</p><p>de elaborar um artigo científico. Para chegar lá, lembre-se: a leitura de</p><p>outros artigos irá auxiliá-lo nesse processo de aprendizagem. Os artigos</p><p>científicos têm tido a necessidade de serem gerados não apenas para</p><p>divulgar a pesquisa, mas também para que ideias possam ser conhecidas</p><p>e questionadas. E nesse sentido, constituem um material riquíssimo para</p><p>pesquisas.</p><p>www.esab.edu.br 70</p><p>12 Produção científica: monografia,</p><p>dissertação e tese</p><p>Objetivo</p><p>Abordar as peculiaridades da monografia, da dissertação e da tese.</p><p>Nesta unidade, vamos conhecer as principais características dos textos</p><p>que são exigidos em alguns cursos superiores e na pós-graduação.</p><p>Já sabemos que a redação da pesquisa pode se configurar na forma de um</p><p>artigo, monografia, dissertação de mestrado ou tese de doutorado. Você</p><p>sabe a diferença entre esses tipos de trabalhos? É isso que vamos descobrir</p><p>aqui.</p><p>A monografia acompanhará o estudante durante a sua vida acadêmica</p><p>e esse caminho pode ser longo para quem pretende se graduar, se</p><p>especializar, se tornar mestre ou mesmo doutor.</p><p>Saiba que todos os cursos que fazemos depois da graduação são</p><p>chamados de pós-graduação, porém existem diferentes tipos de cursos</p><p>com diferentes gradações. A hierarquia entre os cursos é a seguinte:</p><p>graduação, especialização, mestrado e doutorado.</p><p>Com o diploma da graduação, podemos nos tornar bacharéis, licenciados</p><p>ou tecnólogos. Bacharel é o nome que recebe a pessoa que se forma</p><p>em todos os cursos que não tem formação específica para dar aulas</p><p>(medicina, direito, engenharia etc.). Licenciada é a pessoa que recebe</p><p>formação específica para atuar como docente (história, geografia, letras</p><p>etc.). Contudo, existem cursos de história, letras e geografia, entre outros,</p><p>que permitem formar licenciados e bacharéis. Tecnólogo é a pessoa que</p><p>se forma em um Curso Superior de Tecnologia, os conhecidos CSTs.</p><p>www.esab.edu.br 71</p><p>Depois da graduação, o aluno poderá cursar uma especialização ou</p><p>mestrado. A formação da especialização é chamada de lato sensu, que</p><p>quer dizer “em sentido amplo”, enquanto o mestrado e o doutorado são</p><p>chamados de stricto sensu, que significa “em sentido estrito”.</p><p>A pesquisa ligada a trabalhos acadêmico-científicos depende sempre</p><p>de seu uso. Nos cursos de graduação e especialização, seu nome é</p><p>monografia ou trabalho de conclusão de curso. Já no mestrado, seu nome</p><p>é dissertação, e no doutorado, seu nome é tese. Esses nomes servem para</p><p>diferenciar os graus de complexidade de cada monografia.</p><p>12.1 Monografia</p><p>Mas qual o significado de monografia?</p><p>Geralmente, o trabalho final do curso de graduação recebe o nome de</p><p>monografia. Mas vale destacar: apenas em alguns cursos de graduação,</p><p>este trabalho é requisito obrigatório para conclusão do curso. Saiba que o</p><p>sentido etimológico da palavra monografia (mono = um e grafia = escrita)</p><p>indica que se trata de uma pesquisa escrita sobre um tema.</p><p>A monografia se trata de um trabalho acadêmico e, portanto, científico</p><p>que se caracteriza pela abordagem de um assunto específico, podendo</p><p>envolver aspectos qualitativos e quantitativos. Veremos estas abordagens</p><p>nas unidades 15 e 16, mas adiantamos que depois de definir o tema da</p><p>pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa qualitativa ou uma</p><p>quantitativa. Mas é preciso destacar: uma não substitui a outra, e elas</p><p>podem se complementar. Enquanto a pesquisa quantitativa remete ao</p><p>exame dos fenômenos sociais por intermédios de ferramentas estatísticas,</p><p>matemáticas e/ou computacionais, a pesquisa qualitativa possui relação</p><p>direta com a qualidade dos dados e das informações, sendo orientada no</p><p>sentido de classificar os dados em busca de padrões (SEVERINO, 2007).</p><p>Nos casos que envolvem a graduação e a especialização, a monografia</p><p>pode ser um estudo reflexivo ou pode se ater ao relato e à organização</p><p>da massa crítica que existe em torno de algum assunto. Isso significa</p><p>www.esab.edu.br 72</p><p>que o pesquisador irá investigar os estudos já existentes, na bibliografia</p><p>disponível, sobre o tema escolhido. Vamos a um exemplo?</p><p>A monografia pode ser um trabalho teórico que discute o uso do</p><p>conceito de cultura organizacional em diferentes autores. Neste tipo de</p><p>monografia, é comum encontrarmos longas</p><p>citações sem, no entanto,</p><p>uma discussão ou maiores desdobramentos de leitura. Nesse caso, as</p><p>habilidades e competências ligadas à capacidade de leitura, organização e</p><p>exposição é que estão sendo avaliadas.</p><p>12.2 Dissertação de mestrado</p><p>Por sua vez, a dissertação é um trabalho acadêmico relacionado com</p><p>a diplomação do mestrado. O aluno de mestrado deve demonstrar</p><p>habilidade em realizar estudos científicos, seguindo as linhas mestras de</p><p>sua área de conhecimento.</p><p>Saiba que se trata, assim, de um estudo teórico voltado à organização</p><p>das ideias em torno de um debate. Sem dúvida, é um trabalho de maior</p><p>fôlego do que a monografia de um curso de especialização, quando se</p><p>exige do aluno que ele vá além do relato. Nesse caso, estamos falando</p><p>do debate em torno das ideias e do posicionamento em torno da</p><p>exposição de pontos de vista e será exigido do acadêmico maior rigor de</p><p>cientificidade.</p><p>Severino (2007) explica que a dissertação é a comunicação dos resultados</p><p>de uma pesquisa e de uma reflexão, que versa sobre um tema único e</p><p>delimitado. A dissertação envolve ainda o controle moderado sobre o uso</p><p>das citações, da fundamentação de seu posicionamento por intermédio</p><p>de argumentos científicos consolidados por outros autores.</p><p>Fora do ambiente acadêmico, o termo dissertação possui outros</p><p>significados, sobretudo ligados à liberdade do autor para opinar e</p><p>lançar mão de argumentos pouco fundamentados. Nesse ponto, deve-se</p><p>tomar certos cuidados e ser muito bem orientado para não proceder em</p><p>desacordo com as normas científicas.</p><p>www.esab.edu.br 73</p><p>12.3 Tese de doutorado</p><p>A tese é o último dos textos monográficos exigidos nas instituições</p><p>de ensino e está relacionada com a diplomação de doutorado, título</p><p>superior ao de mestre. A tese exige o domínio de mais de um assunto, de</p><p>um conjunto de referências mais amplo e do uso da citação de forma a</p><p>esmiuçar o que os autores abordam sobre o tema. Pode ser um trabalho</p><p>de pesquisa quantitativa ou qualitativa e, obrigatoriamente, deve ter uma</p><p>análise aprofundada sobre o assunto em pauta.</p><p>Note que a tese normalmente é um texto mais reflexivo, com maior</p><p>fôlego de pesquisa, que se dedica a propor algum tipo de solução ou</p><p>realiza algum tipo de experiência. Esse tipo de documento deve ser</p><p>elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real</p><p>contribuição para a área de conhecimento. Importa aqui, como se</p><p>pode perceber, a contribuição inédita do autor da tese para sua área de</p><p>conhecimento.</p><p>12.4 Dicas para elaboração da monografia,</p><p>dissertação e tese</p><p>Magalhães (2005) recomenda alguns cuidados essenciais quando se está</p><p>escrevendo algum desses trabalhos acadêmico-científicos:</p><p>• esteja atento para que haja clareza na comunicação, pensando</p><p>sobretudo que não escrevemos para nós mesmos;</p><p>• observe a escolha do vocabulário adequado e a definição dos termos</p><p>usados;</p><p>• confira atentamente as notas e referências, em acordo com as normas</p><p>técnicas usuais;</p><p>• conte com uma revisão rigorosa de forma e de conteúdo, que irá</p><p>ajudar no resultado.</p><p>Ainda vale lembrar a você que várias instituições de ensino</p><p>disponibilizam os trabalhos de conclusão de curso (monografias), as</p><p>dissertações e teses em seus sites, sob a forma de arquivo digital. Dessa</p><p>www.esab.edu.br 74</p><p>maneira, possibilitam o acesso às pesquisas que possam interessar ao</p><p>leitor. Esse acesso permite a familiaridade com esses tipos de trabalhos e</p><p>com assuntos que podem despertar em você algum interesse.</p><p>Portanto, busque, consulte, leia!</p><p>www.esab.edu.br 75</p><p>Resumo</p><p>Ao longo dessas unidades, você aprendeu que não há ciência sem método</p><p>e, portanto, o método fundamenta a busca científica em qualquer área</p><p>do conhecimento. Sobre a abrangência de um método, pode-se dizer</p><p>que varia conforme sua aplicação, podendo ser geral ou específico.</p><p>Geral é o método usado com a finalidade de dar conta de situações</p><p>que expressam uma generalização, enquanto específicas são aplicações</p><p>associadas a situações particulares. Vimos as diferenças dos movimentos</p><p>metodológicos, que nos permitiram refletir sobre os métodos em</p><p>ciências, destacando-se o empirismo, positivismo e neopositivismo,</p><p>marxismo e dialética, Popper e a falseabilidade, bem como alguns</p><p>aspectos da discussão contemporânea. Aprendemos que a técnica, como</p><p>poder de manejo do mundo físico, atuou como mais um argumento a</p><p>favor da veracidade da ciência, contribuindo para sua consolidação.</p><p>Você pôde notar que são muitas as implicações em nosso cotidiano em</p><p>função do desenvolvimento da ciência e tecnologia em nossa sociedade,</p><p>impactando nos campos do pensamento, do ensino, do estudo, da</p><p>produção do conhecimento e da pesquisa científica.</p><p>Estudamos que o trabalho acadêmico tem como finalidade: apresentar,</p><p>demonstrar, difundir, recuperar e contestar o conhecimento produzido,</p><p>acumulado ou transmitido. Tratamos de algumas tipologias, entre elas,</p><p>o fichamento, que se refere a uma técnica de trabalho intelectual que</p><p>consiste no registro sintetizado, ou seja, resumido e documentado das</p><p>ideias e informações mais importantes de um texto. E conferimos os três</p><p>tipos básicos: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou</p><p>conteúdo; e o fichamento de citações.</p><p>Sobre a resenha crítica, destacamos que se trata da apresentação do</p><p>conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou</p><p>www.esab.edu.br 76</p><p>indicativa. A propósito do artigo, vimos que são pequenos estudos, mas</p><p>completos, que abordam uma questão verdadeiramente científica.</p><p>Abordamos que todos os cursos que fazemos depois da graduação</p><p>são chamados de pós-graduação, mas existem diferentes gradações.</p><p>A hierarquia entre os cursos é a seguinte: graduação, especialização,</p><p>mestrado e doutorado. A pesquisa ligada a trabalhos acadêmico-</p><p>científicos depende sempre de seu uso. Nos cursos de graduação e</p><p>especialização, seu nome é monografia ou trabalho de conclusão de</p><p>curso. Já no mestrado, seu nome é dissertação, e no doutorado, tese.</p><p>Esses nomes servem para diferenciar os graus de complexidade de cada</p><p>monografia.</p><p>www.esab.edu.br 77</p><p>13 Para que serve a metodologia</p><p>científica?</p><p>Objetivo</p><p>Refletir sobre o porquê da existência da metodologia científica e seus</p><p>princípios gerais.</p><p>A pergunta que dá título a esta unidade é uma provocação. São diversas</p><p>as abordagens sobre os usos da metodologia científica. Muitos cientistas,</p><p>inclusive, se debruçaram sobre essa questão para mostrar que os</p><p>métodos podem ser uma via para descobrir novos caminhos e resultados,</p><p>ampliando o conhecimento (MAGALHÃES, 2005).</p><p>Isso significa que o assunto metodologia pode ser abordado de formas</p><p>diversas tanto pelos cientistas quanto pelos historiadores e filósofos</p><p>da ciência. A metodologia da pesquisa permite uma análise crítica dos</p><p>processos de conhecimento, seus procedimentos, valores e ideologias</p><p>(MAGALHÃES, 2005). Afinal, a forma como se escolhe um problema,</p><p>como se definem as hipóteses, como se estrutura a explicação, como se</p><p>coletam os dados, são todas questões de método.</p><p>Já aprendemos que o método é o caminho do conhecimento científico.</p><p>Ou seja, a aplicação de determinado instrumental tecnológico, por</p><p>exemplo, se dá em decorrência de um processo metodológico, da prática</p><p>do método de pesquisa que está sendo empregado.</p><p>Mas não basta, enfatiza Severino (2007), seguir um método e aplicar</p><p>técnicas para se chegar ao saber científico. Esse procedimento precisa</p><p>referir-se a determinado fundamento epistemológico que sustenta e</p><p>justifica a própria metodologia praticada. Nesse sentido, o autor (2007,</p><p>p. 100) destaca que “[...] toda modalidade de conhecimento realizado</p><p>por nós implica uma condição prévia, um pressuposto relacionado à</p><p>nossa concepção da relação sujeito/objeto”.</p><p>www.esab.edu.br 78</p><p>E cabe ainda acrescentar: há alguns métodos dos quais se pode afirmar</p><p>que são mais adequados aos trabalhos de pesquisa. Ora, se consideramos</p><p>que o método é um caminho, podemos também dizer que há vários</p><p>caminhos para se chegar a um destino. Resta sempre</p><p>saber qual o mais</p><p>apropriado para aquele tipo de pesquisa. Como se vê, não há uma</p><p>receita infalível. Nesse sentido, as propostas de metodologia devem</p><p>servir de fio condutor e de embasamento para nortear a investigação</p><p>que se faz em diversas áreas do conhecimento, sem perder sua dimensão</p><p>epistemológica.</p><p>Então, vamos sistematizar a relação entre a ciência e o método: a ciência</p><p>se vale de um método que lhe é próprio – o método científico –, o</p><p>que a diferencia, como já vimos na unidade 2, dos demais tipos de</p><p>conhecimento, como o senso comum, a arte, a religião.</p><p>Ao observar os fatos, o cientista pode querer saber por que tais fatos</p><p>ocorrem de tal maneira. Nesse caso, o problema pode ser formulado</p><p>a partir da questão pela causa dos fenômenos observados. Entra em</p><p>cena novamente o poder lógico da razão: formula-se, em alguns</p><p>casos, uma hipótese, propondo uma determinada relação causal como</p><p>explicação. E após formulada a hipótese (no caso), chega o momento da</p><p>verificação experimental, do teste da hipótese. Mas é preciso esclarecer:</p><p>nem sempre seguiremos esse procedimento. Há casos em que não se</p><p>utilizam hipóteses. Há casos em que o pesquisador busca solucionar</p><p>um problema verificado em seu entorno ou busca refutar determinado</p><p>conhecimento. Como se nota, o caminho a ser seguido depende de uma</p><p>série de variáveis, e também das próprias particularidades de cada área do</p><p>conhecimento.</p><p>A metodologia científica é, portanto, o conjunto de abordagens, técnicas</p><p>e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas</p><p>de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira sistemática. E,</p><p>desse modo, pode-se chegar à lei científica e também a uma teoria. Ainda</p><p>a propósito do significado da metodologia científica, Magalhães (2005)</p><p>acrescenta que existem diversas metodologias que rivalizam entre si na</p><p>busca por explicar por que tal ou qual teoria tem mais sucesso ou falha.</p><p>www.esab.edu.br 79</p><p>Saiba que métodos são sistemas de interpretação cuja finalidade consiste</p><p>em auxiliar o pesquisador a justificar suas ideias e conclusões.</p><p>Dominar um método de pesquisa significa entender que a beleza e a</p><p>utilidade de uma pesquisa passam justamente por sua apresentação,</p><p>isto é, pelos rigores das normas científicas que orientam os trabalhos</p><p>acadêmicos.</p><p>Você já se deu conta de que a produção do conhecimento é o que</p><p>nos garante desenvolvimento científico e tecnológico? A humanidade</p><p>sempre buscou o conhecimento e não há possibilidade de produzir</p><p>conhecimento sem que exista um método apropriado a cada situação.</p><p>Desde os primórdios da filosofia, sempre houve a preocupação com</p><p>o método, já que este pode interferir no resultado de uma pesquisa.</p><p>Importa destacar aqui as várias possibilidades de caminhos a serem</p><p>traçados nas pesquisas, existindo uma multiplicidade de metodologias</p><p>possíveis de serem empregadas para uma mesma pesquisa, objeto ou</p><p>campo. Por isso, é fundamental conhecer tais possibilidades.</p><p>Creswell (2007) sugere que ao iniciar uma pesquisa, devemos nos deter a</p><p>responder quatro questões:</p><p>• que epistemologia (teoria de conhecimento embutida na perspectiva</p><p>teórica) instrui a pesquisa (por exemplo, objetividade, subjetividade</p><p>etc.)?</p><p>• que perspectiva teórica (postura filosófica) está por trás da</p><p>metodologia das questões?</p><p>• que metodologia (estratégia ou plano de ação que associa métodos a</p><p>resultados) governa nossa escolha e nosso uso de métodos?</p><p>• que métodos (técnicas e procedimentos) propomos usar (por</p><p>exemplo, questionários, entrevistas etc.)?</p><p>É importante salientar que o uso de um método não garante a qualidade</p><p>de uma pesquisa, o que garante a qualidade é a fundamentação que</p><p>podemos realizar a partir de um método. Dessa forma, é preciso que</p><p>fique claro a você que a capacidade do pesquisador é que definirá a</p><p>qualidade e a confiabilidade de sua pesquisa.</p><p>www.esab.edu.br 80</p><p>O método pode ser entendido, então, como o conjunto de atividades</p><p>sistemáticas e racionais que possibilitam alcançar determinado objetivo,</p><p>traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e contribuindo nas</p><p>decisões do cientista.</p><p>Mas sabemos que existem diferentes tipos de pesquisas, sobretudo</p><p>quando pensamos na variedade das áreas de conhecimento.</p><p>Tendo isso em mente, convém abordarmos aqui alguns tipos de pesquisa.</p><p>Mas note que a tipologia varia conforme o tipo de classificação. A</p><p>imagem a seguir ilustra as possíveis classificações:</p><p>Critérios</p><p>Finalidade</p><p>Básica</p><p>Aplicada</p><p>Objetivos</p><p>Exploratória</p><p>Descritiva</p><p>Explicativa</p><p>Procedimentos</p><p>Bibliográ�ca</p><p>Documental</p><p>Experimental</p><p>Outros</p><p>Natureza</p><p>Qualitativa</p><p>Quantitativa</p><p>Campo</p><p>Laboratório</p><p>Local de</p><p>realização</p><p>Figura 6 – Tipos de pesquisa.</p><p>Fonte: Adaptada de Vergara (2007) e Severino (2007).</p><p>Então, com relação à finalidade, a pesquisa pode ser:</p><p>www.esab.edu.br 81</p><p>• pura (básica): satisfação do desejo de adquirir conhecimentos, sem</p><p>que haja uma aplicação prática prevista;</p><p>• aplicada: os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação</p><p>prática voltados para a solução de problemas concretos da vida</p><p>moderna.</p><p>Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser caracterizada como</p><p>(SEVERINO, 2007):</p><p>• exploratória: quando se busca apenas levantar informações acerca</p><p>de determinado objeto, mapeando as condições de manifestação</p><p>desse objeto. Em geral, envolve pesquisa bibliográfica; entrevistas</p><p>com pessoas; análise de exemplos que estimulem a compreensão;</p><p>• descritiva: visa descrever as características de determinada população</p><p>ou fenômeno ou ainda o estabelecimento de relações entre variáveis.</p><p>Em geral, utiliza técnicas de coleta de dados como o questionário e a</p><p>observação sistemática;</p><p>• explicativa: além de registrar e analisar os fenômenos estudados,</p><p>busca-se identificar suas causas, quer por meio da aplicação de</p><p>método experimental/matemático quer por meio de interpretação</p><p>usando métodos qualitativos. Aprofunda o conhecimento da</p><p>realidade porque explica a razão dos fenômenos.</p><p>Já quanto aos procedimentos (meios de investigação), a pesquisa pode ser</p><p>(VERGARA, 2007):</p><p>• bibliográfica: estudo sistematizado desenvolvido com base em</p><p>material publicado em livros, revistas (impressas ou eletrônicas),</p><p>jornais;</p><p>• documental: realizada em documentos conservados no interior de</p><p>órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas;</p><p>• experimental: investigação empírica em que o pesquisador</p><p>manipula e controla variáveis independentes e observa as variações</p><p>produzidas;</p><p>www.esab.edu.br 82</p><p>• ex post facto: refere-se a um fato já ocorrido. Assim, o pesquisador</p><p>não pode controlar ou manipular variáveis;</p><p>• participante: não se esgota na figura do pesquisador; dela tomam</p><p>parte pessoas implicadas no problema investigado, fazendo com que</p><p>a fronteira pesquisador/pesquisado seja tênue;</p><p>• pesquisa-ação: tipo de pesquisa participante e de pesquisa aplicada</p><p>que supõe intervenção participativa na realidade social;</p><p>• estudo de caso: é circunscrito a uma ou poucas unidades,</p><p>entendidas como pessoa, família, produto, empresa etc.</p><p>As demais tipologias relacionadas à natureza da pesquisa serão</p><p>contempladas nas unidades a seguir.</p><p>Como vimos, métodos são sistemas que nos ajudam a interpretar melhor</p><p>a vida e a conviver com as pessoas, com a natureza e com as coisas em</p><p>geral. Neste caso, esta “ajuda” precisa ser entendida como um tipo de</p><p>educação da nossa percepção, que nem sempre é uma tarefa fácil de</p><p>colocar em prática. E no que se refere ao desenvolvimento da pesquisa,</p><p>vale enfatizar: não é o emprego de um método que garante o sucesso</p><p>de uma pesquisa. O que garante a qualidade é a fundamentação que</p><p>podemos realizar a partir de um método. Dessa forma, é preciso que</p><p>fique claro a você que a capacidade do pesquisador é que definirá a</p><p>qualidade e a confiabilidade de sua pesquisa</p><p>Ainda tratando de métodos de pesquisa, veremos que o desenvolvimento</p><p>da ciência moderna trabalha a partir de raciocínios indutivos e com</p><p>raciocínios dedutivos, tema de nossa próxima unidade.</p><p>www.esab.edu.br</p><p>83</p><p>14 Em torno do método: indução e</p><p>dedução</p><p>Objetivo</p><p>Abordar o universo dos métodos científicos, contemplando as lógicas</p><p>indutiva e dedutiva.</p><p>Ao longo do desenvolvimento da ciência moderna, podemos perceber</p><p>claramente dois caminhos tradicionais do raciocínio científico. Veremos</p><p>que, ao compreendê-los, temos condições de nos aprofundarmos,</p><p>descobrindo coisas adicionais. A fim de que o conhecimento produzido</p><p>pela ciência tenha consistência, é necessário admitir algumas verdades</p><p>universais, isto é, a ciência se apoia em determinados pressupostos e</p><p>privilegia, conforme o caso, determinada lógica de raciocínio. Isso</p><p>significa dizer que tanto podemos partir do geral para o específico,</p><p>quanto podemos partir de dados particulares para a generalização.</p><p>Você pode notar que esses métodos de raciocínio também fazem parte</p><p>de nossa vida cotidiana, pois são os tipos de raciocínio que dão forma</p><p>a nossos pensamentos e inferências. Mas no âmbito da ciência eles são</p><p>burilados através da lógica e ganham repercussão.</p><p>Tendo entendido isso, destacamos que existem dois métodos científicos</p><p>que merecem nossa atenção aqui: o dedutivo e o indutivo. Em outras</p><p>palavras, podemos dizer que tratamos aqui, basicamente, de duas formas</p><p>de raciocínio, ou seja, de procedimentos racionais de argumentação e</p><p>de justificação de uma hipótese. Veremos que tanto o método dedutivo</p><p>quanto o indutivo costumam ser suscetíveis de verificação empírica e</p><p>entenderemos a razão dessas subdivisões propostas.</p><p>www.esab.edu.br 84</p><p>14.1 Dedução</p><p>Partindo do estudo do método dedutivo, destaca-se que ele tem seu</p><p>histórico a partir da obra de Aristóteles, e por isso também é chamado</p><p>de lógica aristotélica. Mas o que vem a ser isso? Máttar Neto (2011)</p><p>explica que a parte mais importante da lógica aristotélica é sua teoria dos</p><p>silogismos. Ora, se o silogismo é uma representação de nosso processo</p><p>de raciocínio, em última instância, o método dedutivo apresenta um</p><p>encadeamento de duas (ou mais) premissas que possibilitam uma</p><p>conclusão. A conclusão, por sua vez, deve acrescentar algo de novo a elas.</p><p>Então, no silogismo teremos dois ou mais princípios que nos levarão a</p><p>determinada dedução, no caso, nossa conclusão. Os princípios precisam</p><p>ser verdadeiros para que nos levem a uma conclusão verdadeira. Vamos</p><p>entender melhor a partir de um exemplo?</p><p>O exemplo clássico citado quando se aborda o método dedutivo é o seguinte:</p><p>Sócrates é homem.</p><p>Todo homem é mortal.</p><p>Logo, Sócrates é mortal.</p><p>Notemos que para que o silogismo se concretize, a conclusão “Sócrates</p><p>é mortal” não repete nenhuma das premissas e, desse modo, leva a algo</p><p>novo, mas com validade a partir do raciocínio.</p><p>Máttar Neto (2011) destaca que a validade de um raciocínio não</p><p>se confunde com a verdade de uma proposição. Nesse sentido,</p><p>consideramos que a logicidade perfeita de um raciocínio assegure que um</p><p>determinado discurso seja verdadeiro.</p><p>Daí concluirmos que as premissas precisam ser verdadeiras para acarretar</p><p>veracidade na conclusão. E a conclusão segue-se necessariamente das</p><p>premissas por força puramente lógica. Mas atenção: quando dizemos</p><p>que a primeira premissa é verdadeira, devemos considerar a existência de</p><p>argumentos válidos e consistentes.</p><p>www.esab.edu.br 85</p><p>Como afirma Magalhães (2005), a dedução chega de forma lógica</p><p>a resultados que ainda não tinham sido explicitados, a partir de</p><p>argumentos verificados como corretos e gerais, aplicados a situações</p><p>particulares. E sustenta: “como os resultados deduzidos estavam de</p><p>certa forma contidos nos pontos de partida [...], é correto dizer que a</p><p>dedução desvela, isto é, tira o véu de uma verdade que estava encoberta”</p><p>(MAGALHÃES, 2005, p. 238).</p><p>Cabe ainda destacar, a partir dessa exposição, que o método dedutivo</p><p>não oferece conhecimento novo, tendo em vista que sempre conduz à</p><p>particularidade de uma lei geral previamente conhecida. A dedução apenas</p><p>organiza e especifica o conhecimento que já se possui. Isso se dá porque os</p><p>resultados já estavam nos pontos de partida (ainda que encobertos).</p><p>Vamos a mais um exemplo?</p><p>Todo vertebrado possui vértebras.</p><p>Todos os cavalos são vertebrados.</p><p>Dedução: Logo, todos os cavalos têm vértebras.</p><p>Perceba que, a partir das estruturas lógicas, você parte das premissas</p><p>(Todo vertebrado possui vértebras/ Todos os cavalos são vertebrados) e</p><p>chega a conclusões (neste caso, todos os cavalos têm vértebras).</p><p>O processo lógico-dedutivo está muito presente na ciência, sobretudo</p><p>com larga aplicação em áreas como a Matemática e a Física, cujos</p><p>princípios podem ser enunciados como leis. O método é aplicado em</p><p>ocasiões em que a racionalização ou combinação de ideias em sentido</p><p>interpretativo vale mais do que a experimentação caso por caso.</p><p>Cita-se como exemplo a lei da gravitação universal, que estabelece:</p><p>“matéria atrai matéria na razão proporcional às massas e ao quadrado da</p><p>distância”, podendo daí serem deduzidas infinitas conclusões, das quais</p><p>seria muito difícil duvidar.</p><p>www.esab.edu.br 86</p><p>No âmbito das Ciências Sociais, o uso desse método é bem mais</p><p>restrito, em função da dificuldade para se obter argumentos gerais, cuja</p><p>veracidade não possa ser colocada em dúvida.</p><p>Já mencionamos que a ciência teve um desenvolvimento pleno na era</p><p>moderna, e se legitimou, em boa parte, por conta da eficácia operatória da</p><p>técnica, decorrente, em grande medida, da operação desse tipo de raciocínio.</p><p>14.2 Indução</p><p>No século XVI, Galileu Galilei iniciou o questionamento a despeito do</p><p>procedimento mais apropriado para se atingir conhecimentos seguros</p><p>dos fenômenos naturais. Desse modo, teorizou o método denominado</p><p>experimental, o qual infere leis gerais a partir de observações de casos</p><p>particulares.</p><p>No método indutivo, passamos dos fatos às leis, mediante hipóteses,</p><p>destaca Severino (2007).</p><p>O método indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, propondo</p><p>a generalização do comportamento observado. Trata-se, sim, de uma</p><p>espécie de generalização, sem que através da lógica possa conseguir uma</p><p>demonstração das citadas leis ou conjunto de conclusões.</p><p>Enquanto na dedução, como vimos, se parte do geral e universal para o</p><p>particular, na indução se vai do particular para o geral. Então, vejamos</p><p>um exemplo de indução:</p><p>Joaquim morreu.</p><p>Joana morreu.</p><p>Paulo morreu.</p><p>Se todos os seres humanos de minha amostra morreram (ou seja, de</p><p>várias constatações individuais), deduz-se: “os seres humanos são</p><p>mortais” (afirmação geral).</p><p>www.esab.edu.br 87</p><p>Note que de alguns fatos particulares observados faz-se uma generalização</p><p>e, desse modo, o cientista passa do particular para o universal.</p><p>Como afirma Severino (2007), o que se constata em uma amostra é</p><p>estendido a toda a população de casos da mesma espécie. Estabelece-</p><p>se, desse modo, uma lei geral a partir da repetição constatada de</p><p>regularidades em vários casos particulares, de reiteradas incidências de</p><p>uma mesma regularidade.</p><p>Nesse caso, a indução não nos leva à certeza dos procedimentos</p><p>dedutivos, mas apenas probabilidades. Mas, apesar da inequívoca</p><p>contribuição da lógica dedutiva para o desenvolvimento da ciência, a</p><p>indução também possibilitou muitos avanços científicos, pois é a partir</p><p>dela que a ciência arrisca e salta.</p><p>Vamos a mais um exemplo da lógica indutiva?</p><p>Cobre conduz energia. (particular)</p><p>Zinco conduz energia. (particular)</p><p>Cobalto conduz energia. (particular)</p><p>Ora, cobre, zinco e cobalto são metais.</p><p>Afirmação geral: Logo, (todo) metal conduz</p><p>energia. (universal)</p><p>Podemos dizer que a diferença fundamental entre o método dedutivo</p><p>e o método indutivo é que o primeiro aspira a demonstrar, mediante</p><p>a lógica pura, a conclusão na sua totalidade a partir de suas premissas,</p><p>enquanto o indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, propondo</p><p>a generalização do comportamento observado.</p><p>Qual a justificativa que se apresenta para que seja possível a indução?</p><p>Magalhães (2005, p. 234) explica que é “[...] a crença de que há</p><p>fenômenos que exibem alguma característica de analogia, ou</p><p>seja,</p><p>acredita-se que é provável uma repetição de características – como</p><p>nas perguntas que servem de base para as pesquisas de opinião”.</p><p>www.esab.edu.br 88</p><p>Existe, porém, o perigo de que os dados não sejam suficientes para a</p><p>generalização, levando a falsas generalizações.</p><p>Magalhães (2005) ressalta que há muitas dificuldades em admitir que</p><p>o indutivismo seja suficiente como metodologia científica. Algumas</p><p>decorrem de que dificilmente conhecemos a totalidade das causas de um</p><p>fenômeno; além disso, de um determinado conjunto de fatos se podem</p><p>extrair inúmeras teorias. E o mais grave: são as teorias que adotamos</p><p>que determinam, mesmo que de maneira implícita, quais os fatos que</p><p>investigamos.</p><p>14.3 Considerações gerais</p><p>Um dos autores que problematizou o método indutivo foi Bertrand</p><p>Russell (1872-1970), quando afirmou: um peru que todas as manhãs</p><p>recebia ração estaria errado ao supor que no dia 24 de dezembro também</p><p>receberia ração − neste dia, ele foi para a panela.</p><p>Outros autores reforçaram o problema da insegurança de conclusões</p><p>indutivas, mas também se observam dificuldades com o método</p><p>dedutivo, quando em determinado experimento se nota a falta de</p><p>premissas universalmente verdadeiras, pondo em cheque a eficácia do</p><p>método de Aristóteles para descobrir a verdade.</p><p>Nesse sentido, ressalta-se que todos os métodos apresentam suas lacunas,</p><p>cabendo a nós, pesquisadores, distinguir entre o mais adequado para</p><p>nosso objeto de estudo.</p><p>Magalhães (2005) explica que a dedução e a indução se complementam,</p><p>sendo que alguns pesquisadores defendem um método combinado, o</p><p>indutivo-dedutivo, pelo qual, a partir dos fenômenos observados, se</p><p>generalizariam leis que explicariam os fatos, explicações que, por sua vez,</p><p>seriam testadas com novos fatos, e assim por diante. Notamos, assim,</p><p>que diante dessa complexidade, o processo de conhecimento não deve ser</p><p>reduzido ao problema de indução, dedução ou suas combinações.</p><p>www.esab.edu.br 89</p><p>Saiba mais</p><p>Sugerimos que você clique aqui e assista à</p><p>explicação sobre o filósofo Hume e o problema da</p><p>indução.</p><p>Finalizamos destacando que é tarefa do pesquisador, a partir de sua área</p><p>de conhecimento, determinar a validade ou grau de força de cada tipo</p><p>de raciocínio, e cabe-nos sempre distinguir o mais adequado para as</p><p>pesquisas e estudos realizados.</p><p>Agora que já estudamos os tipos de métodos, vamos verificar as</p><p>peculiaridades das abordagens quantitativa e qualitativa.</p><p>http://www.youtube.com/watch?v=7G4PrXaYaG4</p><p>www.esab.edu.br 90</p><p>15 Pesquisa quantitativa</p><p>Objetivo</p><p>Destacar as particularidades da pesquisa quantitativa, analisando os</p><p>casos em que ela pode ser útil.</p><p>A origem da abordagem quantitativa pode ser remetida ao positivismo.</p><p>O positivismo de Augusto Comte estava fundamentado sobre o uso do</p><p>método científico baseado na observação empírica, que gerava base para</p><p>testar hipóteses com a finalidade de explicar e/ou prever determinados</p><p>fenômenos.</p><p>Até a década de 1960, havia uma linha divisória que separava as</p><p>abordagens quantitativas das qualitativas, contudo, essas barreiras foram</p><p>aos poucos caindo, gerando uma dependência crescente entre as duas</p><p>abordagens.</p><p>As pesquisas quantitativas se referem ao exame dos fenômenos sociais</p><p>que são obtidos por intermédios de ferramentas estatísticas, matemáticas</p><p>e/ou computacionais (SEVERINO, 2007). O autor ainda chama atenção</p><p>ao fato de que ao se falar de pesquisa quantitativa ou qualitativa não</p><p>se está referindo a uma modalidade de metodologia em particular, mas</p><p>a um conjunto de metodologias, que envolvem diversas referências</p><p>epistemológicas.</p><p>Podemos definir a matéria básica da pesquisa quantitativa como dados.</p><p>Dados quantitativos são informações que podem ser convertidas em</p><p>números, pois assim são convertidos facilmente em fontes capazes de</p><p>gerar estatísticas e percentagens. A lógica por detrás disso pode ser</p><p>resumida da seguinte forma: o pesquisador faz uma pergunta específica</p><p>(que pode ser transformada em um número) e, em seguida, os dados são</p><p>analisados e transformados em estatísticas.</p><p>www.esab.edu.br 91</p><p>Saiba ainda que esse tipo de pesquisa pressupõe que os números obtidos</p><p>produzam uma base imparcial que sirva de base para conclusões</p><p>específicas. A pesquisa de abordagem quantitativa trabalha a partir de</p><p>estatísticas capazes de gerar conclusões que sirvam para analisar um</p><p>conjunto de participantes.</p><p>Esse tipo de pesquisa é amplamente usado nas chamadas ciências sociais</p><p>aplicadas (comunicação, direito, psicologia, economia, antropologia,</p><p>administração, ciências contábeis) e com menos frequência também são</p><p>usadas nas ciências humanas (história e geografia). Também é comum seu</p><p>uso nas chamadas ciências exatas (física, química, biologia e matemática).</p><p>Porém, existem pequenas diferenças entre os seus diversos usos nas</p><p>diferentes áreas do conhecimento.</p><p>Por enquanto, nosso interesse reside na abordagem quantitativa, mas na</p><p>unidade seguinte vamos abordar as características da pesquisa qualitativa.</p><p>Enquanto algumas pesquisas com abordagem qualitativa se ocupam de</p><p>gerar informações sobre casos particulares, gerando hipóteses gerais, a</p><p>pesquisa quantitativa oferece um método de verificação sobre a validade e</p><p>a extensão dessas hipóteses.</p><p>A cultura acadêmica faz muita diferença na escolha do tipo de método</p><p>a ser usado em diferentes países. Nos Estados Unidos, por exemplo,</p><p>existe uma preferência histórica por pesquisas quantitativas, enquanto</p><p>no Brasil, em determinadas áreas, existe uma clara preferência por</p><p>abordagens qualitativas.</p><p>Hoje, existe no mercado uma grande diversidade de softwares que</p><p>podem auxiliar como ferramentas da pesquisa quantitativa. Em virtude</p><p>dessa popularização dos softwares e de suas aplicações, a abordagem</p><p>quantitativa ganha mais espaço a cada dia. Esses softwares auxiliam</p><p>também na confecção de estatísticas, o que favorece ainda mais o seu uso.</p><p>Podemos resumir, então, que a pesquisa quantitativa consiste em uma</p><p>abordagem de pesquisa que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente,</p><p>implica o uso do questionário como técnica de coleta de dados. É muito</p><p>www.esab.edu.br 92</p><p>utilizada quando o pesquisador se depara com uma amostra grande a ser</p><p>pesquisada.</p><p>Um exemplo de pesquisa quantitativa é o seguinte: o pesquisador deseja</p><p>verificar o nível de satisfação dos clientes de determinada organização,</p><p>com relação aos produtos e serviços prestados. Nesse caso, o pesquisador</p><p>pode se valer de uma pesquisa de abordagem quantitativa, utilizando o</p><p>questionário, pesquisando a percepção de uma amostra considerável da</p><p>população de respondentes. Ao apresentar os resultados, o pesquisador</p><p>poderá elaborar tabelas com os percentuais de respostas e construir</p><p>gráficos a fim de organizar melhor os resultados da pesquisa. Os</p><p>profissionais de marketing normalmente usam tais informações para, a</p><p>partir dos resultados, desenhar estratégias e planos de marketing.</p><p>Você pode estar se perguntando: o que significa amostra? E população?</p><p>Bem, no caso de uma pesquisa, universo ou população refere-se a um</p><p>conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que</p><p>possuem as características que serão objeto de estudo. Já a amostra se</p><p>restringe a uma parte do universo (população) escolhida conforme algum</p><p>critério de representatividade (VERGARA, 2007).</p><p>Na maioria das pesquisas científicas, é praticamente impossível se avaliar</p><p>todos os elementos que compõem uma população de interesse de estudo.</p><p>E isso se deve principalmente ao custo e tempo necessário para coletar</p><p>dados de toda a população.</p><p>Vergara (2007) explica que existem dois tipos de amostra: a probabilística</p><p>(baseada em procedimentos estatísticos) e a não probabilística (destacam-</p><p>se as selecionadas por acessibilidade e por tipicidade). Eis a explicação de</p><p>algumas mais comumente empregadas:</p><p>• aleatória simples: cada elemento da população possui uma chance</p><p>de ser selecionado. Geralmente, atribui-se a cada elemento da</p><p>população um número e depois se faz a seleção aleatoriamente;</p><p>• estratificada: seleciona uma amostra de cada grupo da população.</p><p>Por exemplo: em termos de sexo, idade ou outras variáveis;</p><p>www.esab.edu.br 93</p><p>• por conglomerados: seleciona conglomerados, entendidos esses</p><p>como empresas, famílias, universidades e outros elementos. É</p><p>indicada quando a lista dos elementos é muito difícil;</p><p>• por acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, a</p><p>seleção é feita por elementos em função da facilidade de acesso a</p><p>eles;</p><p>• por tipicidade: constituída pela seleção de elementos que se</p><p>considera representativo da população-alvo, representando profundo</p><p>conhecimento dessa população.</p><p>Lembremos que para representar bem uma população é fundamental que</p><p>a amostra tenha quantidade e qualidade. A qualidade se refere a como</p><p>e onde selecionar os elementos da amostra; e a quantidade adequada</p><p>pode ser calculada. Esse cálculo depende de alguns fatores, tais como:</p><p>características da população; características da pesquisa; grau de precisão</p><p>desejado pelo pesquisador; tamanho da população; como a amostra</p><p>é selecionada (tipo de amostragem); possíveis perdas de elementos da</p><p>amostra.</p><p>Cabe acrescentar que existem ainda outros tipos de amostra menos</p><p>recorrentes nas pesquisas.</p><p>Saiba mais</p><p>Sugerimos que você consulte o site clicando</p><p>aqui a fim de se aprofundar um pouco mais</p><p>na abordagem do cálculo da amostra de uma</p><p>pesquisa.</p><p>Após essa pesquisa, é hora de descobrirmos as características da pesquisa</p><p>qualitativa.</p><p>http://www.inf.ufsc.br/~freitas/cursos/Metodos/2005-2/Aulas/A11-12/6%20-%20Amostragem%20pf.pdf</p><p>http://www.inf.ufsc.br/~freitas/cursos/Metodos/2005-2/Aulas/A11-12/6%20-%20Amostragem%20pf.pdf</p><p>www.esab.edu.br 94</p><p>16 Pesquisa qualitativa</p><p>Objetivo</p><p>Destacar as particularidades da pesquisa qualitativa.</p><p>Vimos que a pesquisa quantitativa considera tudo que pode ser</p><p>quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e</p><p>informações para classificá-los e analisá-los. Mas existe outra abordagem:</p><p>a qualitativa. Como o próprio nome destaca, as pesquisas qualitativas</p><p>possuem relação direta com a qualidade dos dados e das informações.</p><p>Os primórdios desse tipo de investigação podem ser encontrados no final</p><p>do século XIX, quando alguns pesquisadores rejeitaram as técnicas de</p><p>pesquisa utilizadas pelos cientistas positivistas. O método positivista estava</p><p>fundamentado sobre a ideia teórica da existência de um mundo objetivo</p><p>que podia ser verificado e validado por meio da interpretação empirista.</p><p>Severino (2007) explica que os cientistas foram se dando conta de</p><p>que o conhecimento desse mundo humano não podia reduzir-se,</p><p>impunemente, a esses parâmetros e critérios, que deixavam escapar</p><p>importantes aspectos relacionados com a condição específica de sujeito.</p><p>O abandono das técnicas positivistas foi gradativo e pressupunha a criação</p><p>de um novo paradigma para alimentar a pesquisa qualitativa. Esse novo</p><p>método precisava ser rigoroso no trato com as informações, exigindo ainda</p><p>a criação de um novo método de organização e controle das informações.</p><p>Nas décadas posteriores, o novo método de investigação ganhou um</p><p>aliado importante: os primeiros computadores. Não podemos esquecer</p><p>o fato de os computadores serem, inicialmente, potentes máquinas</p><p>de calcular. Isso multiplicava infinitamente a quantidade de cálculos</p><p>resultantes das pesquisas quantitativas, que serviam de base para</p><p>sustentação de conclusões qualitativas.</p><p>www.esab.edu.br 95</p><p>Assim, aos poucos, os métodos conhecidos como pós-positivistas</p><p>ganhavam reconhecimento na academia. As questões sociais que</p><p>surgiram nos anos 1960 e 1970 tiveram uma importante participação</p><p>no desenvolvimento das pesquisas qualitativas, sobretudo questões</p><p>ligadas aos novos movimentos sociais contemporâneos, como, por</p><p>exemplo, o advento do feminismo e as questões relativas à raça ao</p><p>gênero à sexualidade. Esses desdobramentos sociais influenciaram no</p><p>desenvolvimento desse tipo de pesquisa a partir da década de 1980,</p><p>criando novas abordagens com características cada vez mais reflexivas.</p><p>Desde então, a ideia de que o pesquisador era um sujeito passivo ou um</p><p>observador passivo passou a ser rejeitada com veemência. Neste sentido,</p><p>a pesquisa qualitativa tornou-se uma abordagem mais participativa, em</p><p>que a função do observador passou a ter um papel mais decisivo para os</p><p>rumos das pesquisas.</p><p>A centenária divisão entre abordagens qualitativas e quantitativas passou</p><p>a sofrer ataques, pois cada vez mais ficava claro que havia a necessidade</p><p>de combiná-las, fazendo surgir uma mistura de abordagens. São as</p><p>chamadas pesquisas quali-quantitativas.</p><p>A pesquisa qualitativa é uma abordagem de investigação que pode ser</p><p>utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento, mas tradicionalmente</p><p>está ligada às ciências sociais aplicadas e também às ciências humanas,</p><p>sobretudo quando envolve pesquisa de mercado aliada à compreensão de</p><p>contextos sociais mais complexos.</p><p>Geralmente, os pesquisadores qualitativos reúnem diferentes informações</p><p>sobre um contexto específico, gerando uma compreensão com maior</p><p>riqueza de detalhes sobre os padrões do comportamento das pessoas e</p><p>sobre as motivações que levam a esses comportamentos. Busca-se sempre</p><p>o “porquê”, o “como” e os “sentidos e significados” que pessoas de uma</p><p>determinada amostra significativa tomam determinadas decisões. Sendo</p><p>assim, percebe-se que os detalhes é que farão a diferença nos resultados</p><p>desse tipo de pesquisa.</p><p>A visão comum enfatiza que, por meio da qualificação, se pode produzir</p><p>um tipo específico de informação sobre casos particulares, trabalhando a</p><p>www.esab.edu.br 96</p><p>partir das respostas informadas pelos entrevistados. Porém, as abordagens</p><p>quantitativas também estruturam hipóteses fundamentais de investigação.</p><p>A pesquisa qualitativa normalmente é orientada no sentido de classificar</p><p>os dados em busca de padrões, além de fornecer meios que estruturam as</p><p>formas de divulgação dos resultados.</p><p>Algumas formas frequentes de uso desse tipo de pesquisa incluem</p><p>algumas abordagens, conforme podemos ver a seguir (SEVERINO,</p><p>2007; VERGARA, 2007).</p><p>• Histórica: a abordagem histórica permite reconhecer padrões</p><p>consolidados no presente a partir de usos e costumes do passado.</p><p>Essa abordagem ajuda a responder a perguntas básicas sobre o</p><p>contexto social no qual estamos inseridos.</p><p>• Etnográfica: a abordagem etnográfica visa compreender os</p><p>processos do dia a dia em suas diversas modalidades; trata-se de um</p><p>mergulho no microssocial; é descritivo. Por intermédio desse tipo de</p><p>abordagem, podemos conhecer melhor os mecanismos culturais que</p><p>geram ou que bloqueiam determinadas demandas.</p><p>• Ética: a abordagem ética permite reconhecer os padrões de</p><p>comportamento ligados às obrigações, tais como os nossos direitos</p><p>e deveres, possibilitando conhecermos padrões sobre o que se pensa</p><p>sobre o certo e o errado.</p><p>• Fenomenologia: a fenomenologia é uma filosofia baseada no</p><p>reconhecimento da realidade subjetiva de um fenômeno ou</p><p>acontecimento. Deste método permite se extrair conclusões</p><p>abrangentes com capacidade de gerar conhecimentos específicos</p><p>sobre os padrões de comportamentos.</p><p>A propósito da análise dos dados em uma pesquisa qualitativa, destaca-se</p><p>a predominância da análise de conteúdo. Severino (2007) expõe se tratar</p><p>de um conjunto de técnicas de análise das comunicações, sejam discursos</p><p>escritos, orais, imagens, gestos. Pretende-se, com tal metodologia de</p><p>análise, compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das</p><p>comunicações. Daí se constituir como uma análise do conteúdo das</p><p>www.esab.edu.br 97</p><p>mensagens, os enunciados dos discursos, a busca do significado das</p><p>mensagens. Em geral, os pesquisadores organizam as informações</p><p>coletadas por categorias que lhes interessam, de modo a facilitar o</p><p>processo de análise. Tais discursos, em boa parte das pesquisas, são</p><p>coletados por meio de entrevistas e depoimentos.</p><p>Note, então, que a pesquisa qualitativa se caracteriza como</p><p>fundamentalmente interpretativa, demandando,</p><p>o</p><p>conhecimento?</p><p>Objetivo</p><p>Explicitar o conceito de conhecimento e identificar suas</p><p>aplicabilidades.</p><p>Caro aluno, antes de começarmos a trabalhar o conteúdo desta</p><p>disciplina, vamos refletir sobre o motivo de sua existência logo no</p><p>início do curso. Você vai perceber a inter-relação entre as unidades,</p><p>que remetem umas às outras. Isso acontece porque os termos que</p><p>abordaremos a seguir possuem uma relação muito próxima, e é preciso</p><p>compreender como se estrutura esta equação entre conhecimento,</p><p>pesquisa e o processo de ensino/aprendizagem.</p><p>Severino (2007) nos auxilia nessa tarefa quando explica que a atividade</p><p>de ensinar e aprender está intimamente vinculada ao processo de</p><p>construção do conhecimento, pois ele é a implementação de uma</p><p>equação de acordo com a qual educar – ou seja, ensinar e aprender</p><p>– significa, entre outros, conhecer; e, por sua vez, conhecer significa</p><p>construir o objeto; enquanto construir o objeto significa pesquisar.</p><p>Então, não podemos adotar uma postura passiva no ato de assimilar o</p><p>conhecimento. Pelo contrário, o que esperamos de você, nesta etapa de</p><p>formação, ao ingressar no Ensino Superior, é que o conhecimento seja</p><p>construído pela experiência ativa.</p><p>O conhecimento humano é tema que instiga o pensamento e nos faz</p><p>sempre refletir de forma diferente diante da história e dos acontecimentos</p><p>contemporâneos. É impossível estudar a metodologia de pesquisa sem</p><p>antes entender as formas de investigar seu principal ator: o ser humano.</p><p>A forma como nos comportamos e vivemos em sociedade induz ao</p><p>aparecimento de tendências de comportamento modificadas devido</p><p>www.esab.edu.br 7</p><p>à sua própria evolução. Essa dinâmica move a ciência a estudar e</p><p>descobrir questionamentos que não podem ser explicados apenas pela</p><p>presença dos fatos.</p><p>Se considerarmos o conhecimento como a construção do objeto que</p><p>se conhece, concluiremos que a atividade de pesquisa é fundamental</p><p>e imprescindível no processo de ensino/aprendizagem. E é por isso</p><p>que Severino (2007) sustenta que ensino e aprendizagem só serão</p><p>motivadores se o seu processo se der como processo de pesquisa. Então,</p><p>em última instância, o que conta agora não é mais a capacidade de</p><p>decorar e memorizar centenas de dados, fatos, datas, noções, mas sim a</p><p>competência de entender, refletir, articular e analisar as informações, os</p><p>fatos e as noções, estabelecendo interligações entre as coisas aprendidas.</p><p>Trata-se, pois, de apreender processos.</p><p>Tendo isso em mente, perguntamos a você: como surgiu o</p><p>conhecimento? Qual a sua origem?</p><p>A produção do conhecimento é um tema polêmico, já que divergem</p><p>as perspectivas sobre sua origem. O ser humano atribui a origem do</p><p>conhecimento a fontes variadas, tais como:</p><p>• revelação, inspiração divina, graça;</p><p>• autoridade, tradição, opinião de especialistas;</p><p>• senso comum;</p><p>• lógica dedutiva e indutiva;</p><p>• observação sensorial;</p><p>• pesquisa científica.</p><p>A busca pelo conhecimento tem início com a preocupação em saber ao</p><p>certo qual seria o lugar do ser humano no universo. Inicialmente, pode-se</p><p>pensar que a busca pelo conhecimento ou a produção do conhecimento</p><p>ocorre no momento em que se buscam respostas sobre a origem do ser.</p><p>Mas o que significa conhecer? Trata-se de incorporar um conceito novo</p><p>sobre um fato ou fenômeno qualquer. Sabemos que o conhecimento não</p><p>nasce do vazio, mas sim das experiências que acumulamos em nossa vida</p><p>www.esab.edu.br 8</p><p>cotidiana, por meio dos relacionamentos interpessoais, das vivências, das</p><p>leituras etc.</p><p>O que nos distingue dos demais animais é justamente o fato de que</p><p>somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento. Sim,</p><p>somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos</p><p>meios, em uma situação de mudança do conhecimento. E por meio da</p><p>linguagem registramos e transmitimos nossas experiências aos outros</p><p>seres humanos. O conhecimento pode ser entendido ainda como a</p><p>relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o</p><p>objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.</p><p>Enquanto o conhecimento é percebido como o acúmulo de informações</p><p>de cunho intelectual, como o domínio acerca de determinado assunto, a</p><p>ciência pode ser compreendida como o conhecimento racional metódico,</p><p>relativamente verificável e sistemático, que visa estabelecer relações</p><p>necessárias entre as coisas.</p><p>Então, vale a pena fazermos a distinção entre conhecimento e</p><p>informação. Vejamos: uma enciclopédia em si não acarreta um processo</p><p>de conhecimento em aberto, tendo em vista que ela não costuma</p><p>passar de um repositório de informações já pesquisadas, previamente</p><p>processadas. Já o ato de conhecer é um processo que exige que nela</p><p>ocorra o ato que leva um sujeito a utilizá-la com o propósito de</p><p>conhecimento (MAGALHÃES, 2005).</p><p>Se a informação isolada é um dado, a informação em rede é o</p><p>pressuposto do conhecimento. Ou seja, é preciso estabelecer relações, dar</p><p>sentido, articular, apurar o senso crítico para promover as conexões.</p><p>Magalhães (2005) explica que mesmo um conhecimento já existente</p><p>no acervo da humanidade, ao ser reelaborado por uma pessoa que o</p><p>desconhecia, parece novo, de forma que podemos admitir que esse</p><p>processo também faz parte da criação. E o conhecimento como processo</p><p>é justamente o que se deseja para a atividade escolar. Em vez de decorar e</p><p>de aceitar noções sem crítica, é fundamental pensarmos em criatividade</p><p>no aprendizado, dando sentido à apreensão do conhecimento.</p><p>www.esab.edu.br 9</p><p>1.1 Voltando às origens</p><p>No Oriente, a invenção do conhecimento foi tarefa da filosofia e da</p><p>religião. A maioria das religiões orientais não apresenta uma distinção</p><p>clara entre filosofia e religião. Xintoísmo, budismo, bramanismo</p><p>são alguns exemplos das religiões orientais nas quais não se percebe</p><p>claramente a diferença entre ensinamentos religiosos e filosóficos, sendo</p><p>partes de uma unidade. No Ocidente, somente quando a Europa se</p><p>livrou do longo pesadelo das guerras religiosas e se estabeleceu numa</p><p>vida de exploração comercial e industrial foi que a ciência começou a ser</p><p>incorporada (MÁTTAR NETO, 2011).</p><p>Como afirma Máttar Neto (2011), o mundo medieval era passivo e</p><p>simbólico, enxergando na natureza a assinatura do Criador. Então,</p><p>o que se viu nessa trajetória da humanidade foram passos lentos de</p><p>invenções e inovações, até chegarmos ao pensamento racional, que surge</p><p>simultaneamente com a escrita, diminuindo a importância da memória e</p><p>audição das sociedades míticas.</p><p>Portanto, o berço da busca pelo conhecimento é a Grécia Antiga, onde</p><p>teve início a separação que conhecemos no Ocidente entre religião e</p><p>filosofia, apesar de civilizações anteriores a esta já terem apresentado</p><p>consideráveis realizações científicas. Surge, assim, a primeira dicotomia</p><p>que acompanha a humanidade ocidental até hoje.</p><p>A dicotomia consiste na classificação pautada na divisão e subdivisão</p><p>sucessiva em dois, geralmente opostos. E tratar as relações com a dicotomia</p><p>do isso ou aquilo, de oposição, é operar na dualidade, na divisão.</p><p>Para alguns estudiosos, a filosofia terá um peso classificatório maior</p><p>do que a religião porque a sua preocupação é com a busca do saber, e</p><p>isso seria a coisa mais importante a ser feita. Por outro lado, a religião</p><p>ficaria responsável pelas questões espirituais. E então surgiu uma nova</p><p>divisão entre mente, que representa a consciência, e espírito ou alma, que</p><p>representa a inconsciência.</p><p>O filósofo grego Platão, em um de seus escritos publicados em “A</p><p>República”, apresenta a “alegoria da caverna”. Ele menciona o mito de</p><p>www.esab.edu.br 10</p><p>uma caverna escura onde os habitantes, acorrentados de costas para o sol,</p><p>veem apenas suas próprias sombras – e as sombras do mundo – projetadas</p><p>na parede, iluminada por uma fogueira, que por sua vez ilumina ainda um</p><p>palco em que estátuas dos seres, como homens, plantas, animais etc., são</p><p>manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. De onde</p><p>estão, os habitantes da caverna não conseguem discernir entre o ilusório</p><p>e o real, e todo o</p><p>do pesquisador,</p><p>capacidade interpretativa dos dados.</p><p>Creswell (2007) explica que os estudos qualitativos comumente utilizam</p><p>algum (ou alguns) dos quatro tipos de instrumentos de coleta de dados</p><p>mostrados a seguir:</p><p>• observação: o pesquisador toma notas de campo sobre</p><p>comportamento e atividades das pessoas no local de pesquisa; desse</p><p>modo, registra as atividades no local;</p><p>• entrevista: o pesquisador conduz entrevistas face a face com os</p><p>participantes (ou por intermédio de outra mídia interativa), de modo</p><p>a extrair as opiniões dos participantes acerca do tema em pauta;</p><p>• pesquisa documental: o pesquisador pode ainda se valer dos</p><p>documentos, que podem ser públicos (como jornais, atas de reunião,</p><p>relatórios oficiais) ou privados (registros pessoais, e-mails);</p><p>• material de áudio e visual: esses dados podem ser fotografias,</p><p>objetos de arte, vídeos ou outro tipo de documento desse gênero.</p><p>Fórum</p><p>Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de</p><p>Aprendizagem da instituição e participe do nosso</p><p>Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com</p><p>seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,</p><p>por meio da interação, a construção do seu</p><p>conhecimento. Vamos lá?</p><p>www.esab.edu.br 98</p><p>Ao conhecer as especificidades e diretrizes da pesquisa qualitativa, e</p><p>também da quantitativa (abordada na unidade anterior), podemos</p><p>reconhecer as riquezas de cada uma das abordagens e também a</p><p>possibilidade de utilizar, conforme o teor da pesquisa realizada, métodos</p><p>mistos, que abrangem tanto a qualitativa quanto a quantitativa. E isso</p><p>deverá ser definido em seu projeto de pesquisa, tema de nossa próxima</p><p>unidade. Vamos adiante?</p><p>Atividade</p><p>Chegou a hora de você testar seus conhecimentos</p><p>em relação às unidades 9 a 16. Para isso, dirija-se</p><p>ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e</p><p>responda às questões. Além de revisar o conteúdo,</p><p>você estará se preparando para a prova. Bom</p><p>trabalho!</p><p>www.esab.edu.br 99</p><p>17 Projeto de pesquisa: finalidades e</p><p>estrutura</p><p>Objetivo</p><p>Apresentar as finalidades do projeto de pesquisa e sua estrutura.</p><p>Prezado aluno, perguntamos a você: para que serve um projeto de</p><p>pesquisa? Afinal, qual a sua finalidade? E como se estrutura? Por onde</p><p>começar quando queremos dar início a uma pesquisa?</p><p>A primeira tarefa é delimitar o assunto a ser investigado. E é preciso</p><p>estar atento às possibilidades de abordagem do assunto, considerando as</p><p>contribuições e o interesse do tema na área científica.</p><p>Dica</p><p>Sugerimos que você pesquise sobre normas</p><p>de trabalhos acadêmico-científicos. A</p><p>Associação Brasileira de Normas Técnicas</p><p>(ABNT) é responsável pela elaboração das</p><p>Normas Brasileiras e há diversos sites que</p><p>orientam sobre a formatação de trabalhos.</p><p>Você já aprendeu que os processos que envolvem a organização do</p><p>trabalho acadêmico devem refletir a aplicação do método. Por meio dos</p><p>métodos, você irá nortear sua pesquisa, a fim de alcançar os resultados</p><p>que precisam ser organizados e comprovados de forma a ter valor</p><p>científico. Pois bem, este é um dos principais desafios da elaboração do</p><p>trabalho acadêmico.</p><p>Mais do que uma preocupação com a forma (visual, estética) ou com</p><p>a formatação da ABNT, que normaliza a confecção dos trabalhos, a</p><p>organização do trabalho é uma etapa fundamental que contempla todo</p><p>www.esab.edu.br 100</p><p>o processo metodológico, validando as pesquisas e os resultados obtidos,</p><p>sendo o principal instrumento de apresentação à comunidade científica</p><p>de sua produção de conhecimento. Afinal, se a produção acadêmica e</p><p>científica não tivesse parâmetros claros em sua organização, certamente</p><p>seria caótica e contraditória, e hoje não teríamos tantos avanços</p><p>científicos e tecnológicos.</p><p>Sabendo disso, uma ferramenta muito útil no planejamento de sua</p><p>pesquisa é a elaboração do projeto de pesquisa. A aprovação de uma</p><p>pesquisa depende da qualidade e do alcance de seu projeto. Por isso,</p><p>trata-se de um documento extremamente importante antes de se</p><p>proceder a pesquisa propriamente.</p><p>O projeto é um documento de apresentação da proposta de pesquisa,</p><p>inclusive servindo, muitas vezes, para se aprovar verbas para a sua</p><p>execução.</p><p>Você bem sabe que o planejamento é fundamental. E não é diferente</p><p>no caso de uma pesquisa. Planejar, nesse caso, significa gerenciar um</p><p>projeto, antever as etapas a serem seguidas, detalhar ações importantes,</p><p>prever possíveis falhas a fim de evitá-las, esboçar um roteiro da proposta e</p><p>justificativa da pesquisa a ser realizada.</p><p>O planejamento da pesquisa pode ser entendido como o processo</p><p>sistematizado, mediante o qual se pode conferir maior eficiência à</p><p>investigação para, em determinado prazo, alcançar o conjunto das</p><p>metas estabelecidas. O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à</p><p>comunidade científica a qual pertence o tema.</p><p>Magalhães (2005) ressalta a importância de, quando formos escrever</p><p>o projeto (bem como o relatório dos resultados), atentarmos para a</p><p>redação, priorizando a clareza na comunicação, a correção gramatical, e</p><p>pensando que não escrevemos para nós mesmos, mas para os outros.</p><p>E sobre a importância do projeto de pesquisa, Severino (2007) sublinha</p><p>que possibilitará ao pesquisador impor-se uma disciplina de trabalho não</p><p>só no que se refere à ordem dos procedimentos lógicos e metodológicos,</p><p>www.esab.edu.br 101</p><p>mas também em termos de organização e distribuição de tempo,</p><p>funcionando como um eficaz roteiro de trabalho.</p><p>Veremos, nesta e nas duas unidades subsequentes, como fazer uma breve</p><p>descrição da estrutura de um projeto de pesquisa, podendo perceber,</p><p>assim, como estruturá-lo. A estrutura está pautada nas proposições de</p><p>Vergara (2007) e Severino (2007).</p><p>O primeiro passo, então, é elaborar o título (ainda que provisório), de</p><p>modo a expressar fielmente o conteúdo do trabalho. Pode-se acrescentar</p><p>um subtítulo. Lembre-se que o título parte do tema e é o “cartão de</p><p>apresentação” do projeto de pesquisa. Ele pode expressar a delimitação e</p><p>a abrangência temporal e espacial do seu estudo.</p><p>Vejamos um exemplo: Mapas conceituais auxiliando a aprendizagem</p><p>no Ensino Superior e a solução de problemas: um estudo de caso na</p><p>Instituição XYZ.</p><p>Depois de elaborar o título, é hora de esboçar a introdução.</p><p>17.1 Introdução</p><p>A introdução é a contextualização do assunto na sociedade atual e a</p><p>área que envolve o tema de pesquisa escolhido. Deve apresentar o tema</p><p>e os motivos de ordem teórica ou prática que justificam sua escolha. O</p><p>tema proposto deve ter relação com o contexto social. Como destaca</p><p>Magalhães (2005), deve ser objetiva, evitando divagações.</p><p>Deve primar por aspectos inovadores do assunto, porém levar em conta o</p><p>conhecimento já disponível sobre o tema, usando dados ou fundamentos</p><p>teóricos que abordem esta área, podendo utilizar-se de citações de outros</p><p>autores.</p><p>O “problema” é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa.</p><p>Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser</p><p>respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada</p><p>por meio do trabalho de pesquisa. O problema é criado pelo próprio</p><p>www.esab.edu.br 102</p><p>autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um</p><p>questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há</p><p>regras para se criar um problema, mas alguns autores sugerem que ele seja</p><p>expresso em forma de pergunta.</p><p>Exemplo: que medidas poderão ser adotadas pela empresa ZIZ no</p><p>atendimento a seu público externo, no sentido de proporcionar-lhe</p><p>satisfação?</p><p>Antes de seguirmos aos objetivos, cabe destacar que alguns projetos</p><p>apresentam, em sua Introdução, as hipóteses (que são a antecipação da</p><p>resposta ao problema) da pesquisa. Em geral, sustenta Vergara (2007),</p><p>as hipóteses são mais comuns nas investigações na linha positivista,</p><p>implicando testagem, quase sempre de relações, via procedimentos</p><p>estatísticos.</p><p>Vamos a um exemplo de hipótese? Exemplo: há relação significativa entre</p><p>marca e desejo de compra por parte do adolescente.</p><p>Ressalta-se que as hipóteses são apresentadas no capítulo introdutório,</p><p>enquanto a</p><p>informação de como ela será testada aparece no capítulo da</p><p>metodologia (que veremos na próxima unidade).</p><p>17.2 Objetivos</p><p>Os objetivos devem ser redigidos iniciando com verbos no infinitivo</p><p>como: identificar, levantar, buscar etc. É fundamental que esses objetivos</p><p>sejam possíveis de serem atingidos. O objetivo geral deve ser formulado</p><p>com dimensões mais amplas, articulando-o a outros objetivos mais</p><p>específicos.</p><p>O objetivo geral deve mostrar o que se deseja atingir ao final do trabalho.</p><p>Os objetivos definem o propósito do pesquisador; o que ele pretende</p><p>alcançar com a pesquisa. Devem ser coerentes com as questões da</p><p>pesquisa.</p><p>www.esab.edu.br 103</p><p>Os objetivos específicos são aqueles que se deve buscar atingir no</p><p>decorrer do trabalho para atingir o objetivo geral. São as etapas</p><p>intermediárias do trabalho.</p><p>17.3 Justificativa</p><p>Na justificativa (ou relevância do estudo), deve-se descrever o motivo</p><p>da escolha do tema, a importância do tema de pesquisa para a área, a</p><p>contribuição que esperam trazer com o desenvolvimento da pesquisa,</p><p>demonstrar a importância do problema, explicitar a contribuição para</p><p>a construção do conhecimento e ressaltar a utilidade para determinada</p><p>área profissional e relevância para a sociedade. De suma importância, é o</p><p>elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela</p><p>pessoa ou entidade que vai financiá-la, se for o caso. Cabe destacar aqui</p><p>que cada agência financiadora possui regras e procedimentos distintos a</p><p>serem seguidos na busca por recursos para a realização do projeto, ainda</p><p>que boa parte dos trabalhos acadêmicos não tenha financiamento.</p><p>A justificativa representa o motivo de se realizar o estudo proposto.</p><p>Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das razões de</p><p>ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a</p><p>realização da pesquisa. É o elemento que contribui mais diretamente na</p><p>aceitação da pesquisa pelos indivíduos e/ou entidades que autorizarão a</p><p>sua realização, expõe Vergara (2007).</p><p>É possível justificar um projeto através de sua importância, oportunidade</p><p>e viabilidade.</p><p>Então, o seu desafio consiste em responder a três perguntas:</p><p>• Por que este projeto é importante? (Você pode mencionar aqui a</p><p>importância para a sociedade, empresa e meio acadêmico.)</p><p>• Por que o momento atual é oportuno para a realização deste estudo?</p><p>• O estudo é viável (em termos de tempo, de custos, de acesso às</p><p>informações)?</p><p>www.esab.edu.br 104</p><p>Depois de apontar as contribuições de ordem prática ou ao estado da arte</p><p>na área, é hora de estruturar o referencial teórico do estudo.</p><p>17.4 Fundamentação teórica</p><p>A definição teórica e conceitual é a base de sustentação da investigação</p><p>científica. É imprescindível uma definição clara dos pressupostos</p><p>teóricos, das categorias e dos conceitos a serem utilizados.</p><p>Faz-se necessário desenvolver uma discussão conceitual sobre o tema</p><p>de pesquisa, com base nos autores (fontes bibliográficas, como artigos e</p><p>livros) e explicitar quais os conceitos que fundamentam essa pesquisa,</p><p>fazendo uma relação desses conceitos com a pesquisa desenvolvida.</p><p>É de extrema importância que o conteúdo da pesquisa seja apresentado</p><p>de forma concisa e inteligente, com intuito de proporcionar a seus</p><p>leitores informações inéditas, com alto grau de fidelidade e coerência</p><p>com o contexto social, mercadológico e cultural ao qual está inserido.</p><p>Vergara (2007) destaca que tão importante quanto ler os autores clássicos</p><p>no qual se insere o problema, é também contemplar a bibliografia recente</p><p>(dos últimos cinco anos), sobretudo artigos de periódicos e revistas</p><p>acadêmicas da área pesquisada, demonstrando a atualidade da proposta.</p><p>Por fim, destacamos que este capítulo pode ser dividido em seções, cada</p><p>uma com seu título. E lembre-se de empregar as normas de citação</p><p>propostas pela ABNT, conforme veremos mais adiante, para elaborar esta</p><p>importante seção de seu projeto.</p><p>Estudo complementar</p><p>Clicando aqui, você poderá acessar um texto</p><p>explicativo sobre a elaboração do projeto de</p><p>pesquisa. Confira!</p><p>http://www.infoescola.com/educacao/projeto-de-pesquisa/</p><p>www.esab.edu.br 105</p><p>18 Projeto de pesquisa: elaboração</p><p>Objetivo</p><p>Dar continuidade à abordagem de construção do projeto de pesquisa</p><p>tratando da metodologia, orçamento e cronograma.</p><p>Prezado aluno, já vimos as quatro primeiras seções de um projeto de</p><p>pesquisa. Agora, vamos ir adiante, com as três seções que completam o</p><p>projeto, possibilitando que o pesquisador dê início à sua investigação</p><p>científica.</p><p>Você já estudou até aqui algumas questões relativas à metodologia</p><p>de uma pesquisa. Neste caso, sabemos que se trata de uma seção</p><p>fundamental do estudo, pois mostrará os procedimentos metodológicos a</p><p>serem utilizados na pesquisa.</p><p>18.1 Metodologia</p><p>É aqui que o pesquisador indica o caminho traçado para atingir os</p><p>objetivos do projeto. Deve-se relacionar o que for necessário à execução</p><p>do trabalho, com detalhamento suficiente para que qualquer outro</p><p>pesquisador possa repetir todos os procedimentos, de forma independente.</p><p>Nesta seção intitulada Metodologia, devem ser descritos todos</p><p>os procedimentos metodológicos a serem empregados, incluindo</p><p>a caracterização da pesquisa (quanto à natureza, se quantitativa</p><p>ou descritiva; quanto aos objetivos, se descritiva, exploratória ou</p><p>explicativa...) e os procedimentos técnicos e instrumentos de coleta de</p><p>dados (questionário, entrevista, observação, pesquisa bibliográfica, entre</p><p>outros). Ou seja, aqui cabe indicar quais os instrumentos se pretende</p><p>utilizar ao longo do estudo. É fundamental, para essa indicação, uma</p><p>análise rigorosa das possibilidades, vantagens e desvantagens de cada</p><p>instrumento, para se fazer a opção mais adequada para a coleta de dados</p><p>confiáveis.</p><p>www.esab.edu.br 106</p><p>Também nesta seção se deve delimitar a pesquisa indicando onde</p><p>será o local de realização do estudo, em que período será realizado, e</p><p>qual o universo e a amostra (se for o caso). Ou seja, a população a ser</p><p>investigada e suas características (seleção da amostra). No caso em que</p><p>se trabalha com toda a população, sem definição de amostra, chama-se</p><p>pesquisa censitária.</p><p>Por exemplo, digamos que você queira pesquisar o clima organizacional</p><p>de uma empresa com 60 funcionários. Neste caso, não é necessário</p><p>calcular a amostra, pois a pesquisa será mais rica e significativa se você</p><p>verificar a percepção de todos os funcionários daquela organização.</p><p>Por fim, ainda na metodologia deve ser citada e explicada a estratégia</p><p>de análise dos dados, ou seja, o tratamento a ser direcionado aos dados,</p><p>quer seja de ordem analítica ou estatística. Tratamento dos dados remete</p><p>a como o pesquisador pretende tratar os dados, justificando por que</p><p>tal tratamento é adequado aos propósitos daquele estudo (VERGARA,</p><p>2007).</p><p>Se a pesquisa teve abordagem quantitativa, os dados serão analisados</p><p>a partir de procedimentos estatísticos, ao passo que se o pesquisador</p><p>optou pela abordagem qualitativa, os dados devem ser codificados,</p><p>apresentando-os de forma mais estruturada e analisando-os, por exemplo,</p><p>com o método da análise de conteúdo (já abordada anteriormente).</p><p>Mas é importante que você saiba: é possível tratar os dados quantitativa</p><p>e qualitativamente no mesmo estudo. Tudo depende do que se pretende</p><p>pesquisar, o que se espera descobrir e aprender com a pesquisa.</p><p>18.2 Plano de trabalho e cronograma</p><p>Outra seção importante do projeto é o Plano de trabalho e o</p><p>cronograma. Afinal, todo projeto deve traçar o tempo necessário para</p><p>a realização de cada uma das etapas propostas. Algumas tarefas podem</p><p>ser realizadas ao mesmo tempo ou paralelamente, de acordo e em</p><p>conformidade com as diretrizes propostas inicialmente.</p><p>www.esab.edu.br 107</p><p>A forma mais usual de apresentação dessas informações é a do gráfico,</p><p>no qual são cruzados o tempo (março, abril, maio etc.) e as tarefas da</p><p>pesquisa (coleta de dados, tabulação e análise dos dados, elaboração do</p><p>relatório, divulgação dos resultados).</p><p>Vamos ver um</p><p>exemplo?</p><p>Então, temos uma linha temporal, com os meses em que será realizada a</p><p>pesquisa e o cruzamento das atividades a serem desenvolvidas.</p><p>Atividade Período</p><p>Mar./13 Abr./13 Mai./13 Jun./13</p><p>1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4</p><p>Fundamentação teórica X X X X</p><p>Pesquisa documental X X X X</p><p>Elaboração do questionário X X</p><p>Coleta de dados X X X</p><p>Análise dos dados X X X</p><p>Relatório final X X</p><p>Figura 7 – Exemplo de plano de trabalho e cronograma.</p><p>Fonte: Elaborada pela autora (2012).</p><p>Note que os números se referem às semanas de cada mês. Este é apenas</p><p>um modelo, e há outros em que não se discrimina por semanas, apenas</p><p>por mês. O período pode variar, dependendo do prazo que se tem para</p><p>a conclusão da pesquisa e elaboração do relatório final. De toda forma,</p><p>devemos ter no plano de trabalho e cronograma a discriminação das</p><p>etapas de trabalho com seus respectivos prazos.</p><p>18.3 Referências</p><p>O objetivo das Referências no projeto de pesquisa consiste em identificar</p><p>as bases mais relevantes para o assunto a ser tratado, o qual já foi</p><p>brevemente conceituado e discutido na fundamentação teórica.</p><p>www.esab.edu.br 108</p><p>Você deve ter consciência da importância de se fazer o registro de todas</p><p>as obras pesquisadas durante a elaboração de trabalhos acadêmico-</p><p>científicos. Esse é um compromisso ético de todo pesquisador para</p><p>com o trato das informações compartilhadas. Ou seja, se você utilizou</p><p>determinada fonte de informação, é fundamental citá-la no texto e</p><p>incluir a referência completa ao final do trabalho.</p><p>Então, pode-se dizer que a seção intitulada Referências é uma lista em</p><p>ordem alfabética das obras utilizadas na elaboração de seu projeto. Para</p><p>referenciar corretamente tais publicações, sugerimos que você siga as</p><p>normas da ABNT (NBR 6023), à disposição nas bibliotecas e também</p><p>contemplada mais adiante em nosso material.</p><p>18.4 Recomendações gerais</p><p>Ao concluir o projeto de pesquisa, é importante fazer uma leitura</p><p>completa para verificar a coerência de toda a proposta. Conforme sugere</p><p>Vergara (2007), deve-se estar atento para que todas as partes do projeto</p><p>(e, posteriormente, do relatório final) estejam intimamente articuladas,</p><p>imbricadas, como uma teia. E a autora (2007, p. 69) ainda cita o alerta</p><p>do poeta D. Mallock:</p><p>Se você não puder ser uma árvore frondosa</p><p>No alto de uma montanha</p><p>Seja um pequeno arbusto na beira do rio</p><p>Mas seja o melhor arbusto que você puder ser.</p><p>E assim passaremos à finalização desse assunto com a leitura da próxima</p><p>unidade, acreditando que você terá ferramentas suficientes para ousar na</p><p>elaboração de seu próprio projeto de pesquisa. Ainda que ele não seja a</p><p>árvore frondosa, terá condições de ser o melhor arbusto possível. Pronto</p><p>para assumir este desafio?</p><p>www.esab.edu.br 109</p><p>Resumo</p><p>Ao longo destas seis unidades, refletimos sobre o porquê da existência da</p><p>metodologia científica e seus princípios gerais. O método é o caminho</p><p>do conhecimento científico, ou seja, a aplicação de determinado</p><p>instrumental tecnológico, por exemplo, se dá em decorrência de um</p><p>processo metodológico, da prática do método de pesquisa que está sendo</p><p>empregado. As propostas de metodologia devem servir de fio condutor e</p><p>de embasamento para nortear a investigação que se faz em diversas áreas</p><p>do conhecimento, sem perder sua dimensão epistemológica.</p><p>Vimos que existem diferentes tipos de pesquisas, sobretudo quando</p><p>pensamos na variedade das áreas de conhecimento. Quanto à</p><p>finalidade, a pesquisa pode ser básica ou aplicada; quanto à natureza,</p><p>pode ser qualitativa ou quantitativa (ou quali-quantitativa); quanto</p><p>aos objetivos, pode ser exploratória, descritiva ou explicativa; quanto</p><p>aos procedimentos (meios de investigação), pode ser bibliográfica,</p><p>documental, experimental, participante, pesquisa-ação, estudo de caso, ex</p><p>post facto.</p><p>A partir do desenvolvimento da ciência moderna, vimos claramente dois</p><p>caminhos tradicionais do raciocínio científico: o dedutivo e o indutivo.</p><p>Enquanto na dedução se parte do geral e universal para o particular, na</p><p>indução se vai do particular para o geral.</p><p>Destacamos as particularidades da pesquisa quantitativa e da</p><p>qualitativa e vimos que a pesquisa quantitativa considera tudo que</p><p>pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões</p><p>e informações para classificá-los e analisá-los. Em contrapartida, as</p><p>pesquisas de abordagem qualitativa possuem relação direta com a</p><p>qualidade dos dados e das informações.</p><p>www.esab.edu.br 110</p><p>Apresentamos ainda as finalidades de um projeto de pesquisa e sua</p><p>estrutura. Você aprendeu que o projeto é um documento de apresentação</p><p>da proposta de pesquisa, inclusive servindo, muitas vezes, para se aprovar</p><p>verbas para a sua execução, e que o planejamento da pesquisa pode ser</p><p>entendido como o processo sistematizado, mediante o qual se pode</p><p>conferir maior eficiência à investigação para, em determinado prazo,</p><p>alcançar o conjunto das metas estabelecidas.</p><p>A propósito da estrutura do projeto, vimos que se recomenda que</p><p>contemple: introdução; objetivos; justificativa; fundamentação teórica;</p><p>metodologia; plano de trabalho e cronograma; e referências.</p><p>Destacamos a importância de se definir, na metodologia, como se dá a</p><p>coleta e o tratamento dos dados, com seus instrumentos para a coleta</p><p>no campo e esclarecendo que os dados coletados podem ser tratados de</p><p>forma quantitativa ou qualitativa, ou de ambas as formas. Aprendemos</p><p>que qualquer método tem seus limites e que é fundamental defini-los em</p><p>função do que se busca na pesquisa.</p><p>www.esab.edu.br 111</p><p>19 Projeto de pesquisa: finalização</p><p>Objetivo</p><p>Contemplar a finalização do projeto de pesquisa, abordando a</p><p>redação do referencial teórico e as referências.</p><p>Prezado acadêmico, ainda que já tenhamos comentado todas as seções</p><p>que devem conter o projeto de pesquisa, convém tratarmos, nesta</p><p>unidade, de um dos tópicos já mencionados que merecem sua atenção.</p><p>Trata-se do referencial teórico, contemplado na seção intitulada</p><p>Fundamentação Teórica.</p><p>E você poderia questionar: mas para que serve a teoria? Ora, a teoria é</p><p>que fornece embasamento ao trabalho teórico e prático.</p><p>As leituras realizadas nos livros da área de atuação da pesquisa devem</p><p>ser bem aproveitadas, servindo de base quando se quer afirmar, concluir</p><p>ou constatar determinada ideia ou condição de determinado objeto de</p><p>estudo. Lembre-se de registrar as referências ao fim do trabalho, pois</p><p>mais tarde fica difícil recuperar.</p><p>A fundamentação teórica fornece subsídios teóricos à sua pesquisa,</p><p>demonstrando o domínio dos conceitos utilizados a partir das fontes</p><p>bibliográficas pesquisadas. Trata-se do “diálogo” entre a pesquisa realizada</p><p>e o referencial teórico já existente sobre o assunto. Não existe teoria sem</p><p>prática nem prática destituída de teoria. Nesse sentido, a prática de sua</p><p>investigação deve estar diretamente vinculada aos conceitos expostos em</p><p>sua fundamentação.</p><p>A teoria deve ser utilizada tanto quanto for necessária, mas é preciso</p><p>ficar atento para que seu uso seja criterioso. Pode-se dizer, então, que o</p><p>uso da teoria serve para se fundamentar, discordar, criticar, enfatizar ou</p><p>concordar com determinadas perspectivas.</p><p>www.esab.edu.br 112</p><p>Você deve ter claro para si e também deixar claro para seu leitor</p><p>quais são os métodos, sistemas ou ideias com as quais está se filiando,</p><p>concordando, discordando ou criticando. Atente sob o risco de se tornar</p><p>paradoxal ou contraditório, para se utilizar de autores que, no geral,</p><p>pensam os sistemas de forma semelhante. Ou, caso você vá mostrar</p><p>sistemas diferentes, separe adequadamente as exposições e procure ser o</p><p>mais claro possível.</p><p>Saiba que citações muito longas só são usadas em casos especiais.</p><p>Quando citar, deve-se refletir sobre a matéria referida, seja para</p><p>discordar, concordar, criticar. Não cite sem usar aspas porque, além de</p><p>ser antiético, é crime roubar ideias alheias. O uso da paráfrase (dizer em</p><p>outras palavras o que o texto afirma, mantendo o sentido equivalente</p><p>ao do texto lido) não dispensa as</p><p>referências, ou seja, é imprescindível</p><p>mencionar a fonte de pesquisa mesmo quando você utiliza a paráfrase.</p><p>Vamos ver um exemplo de paráfrase?</p><p>Magalhães (2005) explica que a metodologia científica não é uma receita pronta ou</p><p>fórmula a ser seguida que oferece um resultado certeiro e preciso; o autor a entende</p><p>como um modo de organizar o conhecimento.</p><p>O simples somatório de citações, sem encadeamento lógico (ou com</p><p>pseudoencadeamento, com chavões como: “citando Fulano”, “como</p><p>dizia Beltrano” ou “segundo Silva”), mostra apenas um extenso trabalho</p><p>de cópia, que não possui mérito acadêmico. É necessário, como já se</p><p>enfatizou, que se estabeleça um “diálogo” entre os autores, articulando</p><p>suas ideias, proposições, achados científicos e teorias.</p><p>www.esab.edu.br 113</p><p>Dica</p><p>A redação dos trabalhos acadêmicos deve ser</p><p>elaborada na terceira pessoa do singular, na forma</p><p>impessoal. Lembre-se de que a compreensão dos</p><p>resultados da pesquisa depende da clareza da sua</p><p>apresentação e um texto deficiente pode esconder</p><p>qualidades de um trabalho bem estruturado.</p><p>Neste site, você pode conferir exemplos de</p><p>trabalhos acadêmicos. Acesse clicando aqui.</p><p>A quantidade das citações também não é o determinante da qualidade</p><p>da fundamentação teórica. Valorize as citações, de modo que sirvam para</p><p>enfatizar e apoiar os pontos de vista do autor. Não faça de seu trabalho</p><p>uma colcha de retalhos, isto é, um amontoado de citações. Além disso,</p><p>a leitura de um texto composto de um conjunto de cópias é maçante,</p><p>demonstra má qualidade da produção da pesquisa e não esclarece a</p><p>proposta teórica da intervenção que será executada.</p><p>Cabe lembrar ainda que os textos dos autores utilizados na</p><p>fundamentação teórica devem ser os originais, aceitando-se as traduções</p><p>para o português quando existentes. Noutras palavras, procure utilizar</p><p>material de primeira mão, evitando os apud (citações de citações). Não se</p><p>deve, em hipótese alguma, utilizar resenhas, resumos ou obras didáticas</p><p>que resumem grandes conjuntos da teoria.</p><p>É oportuno ressaltar que, ao consultar as fontes bibliográficas, você</p><p>não deve se restringir às ideias veiculadas em livros técnico-científicos;</p><p>é aconselhável consultar e apresentar as publicações referentes ao tema</p><p>veiculadas em periódicos especializados, assim como verificar a atualidade</p><p>do material bibliográfico, ou seja, deve-se pesquisar sobre os trabalhos</p><p>pertinentes ao assunto abordado e publicados nos últimos anos.</p><p>Deve-se evitar o uso de informações coletadas em páginas pessoais ou de</p><p>empresas de consultoria na internet, sem comprovação científica.</p><p>http://ead.ufsc.br/administracao/biblioteca/artigos/</p><p>www.esab.edu.br 114</p><p>Sugerimos que você siga um plano racionalizado de estruturação do</p><p>trabalho, evitando as subdivisões demasiado longas ao lado de outras</p><p>muito curtas. Isso significa que a subdivisão dos capítulos deve ser bem</p><p>distribuída, evitando-se colocar, por exemplo, cinco páginas para tratar</p><p>de um assunto e apenas uma para abordar outro. Nesse sentido, deve</p><p>haver um equilíbrio.</p><p>Ressaltamos que, em anos recentes, as verdades são relativas e,</p><p>dependendo do olhar que se lança em direção aos objetos de estudo,</p><p>eles podem sofrer variações. Ou seja, o autor de um trabalho de</p><p>pesquisa não deve se preocupar em expressar a verdade sobre o corpus</p><p>analisado, por outro lado, isto sim, uma de suas preocupações deve ser a</p><p>de lançar hipóteses interpretativas que, de alguma forma, sejam passíveis</p><p>de serem corroboradas por intermédio dos exemplos que você utilizou.</p><p>Procure escrever de forma direta, evitando embromar seu leitor e, o que</p><p>é pior, a si próprio.</p><p>Sobre a bibliografia, há pouco a se acrescentar ao que apresentamos</p><p>a você até aqui. Contudo, é importante sublinhar que você deve</p><p>dar especial atenção à fase em que estiver realizando o trabalho de</p><p>levantamento bibliográfico.</p><p>Para muitos pesquisadores, o trabalho de confecção de um texto sempre</p><p>começa pela elaboração de uma bibliografia ampla sobre o tema, que, aos</p><p>poucos − à medida que se lê o material −, vai moldando um texto final.</p><p>Esse procedimento auxilia na organização das ideias e ajuda também a</p><p>definir, com maior parcimônia, sobre qual recorte se vai atuar com mais</p><p>intensidade.</p><p>Deve-se aprender a utilizar os meios informatizados para descobrir novos</p><p>trabalhos e novas áreas de interesse que se associam ao tema escolhido,</p><p>mas, sobretudo, você deve se preocupar em aprender a explorar o espaço</p><p>da biblioteca, pois manusear o material bibliográfico ajuda a formular</p><p>melhor as ideias com as quais você deverá conviver por alguns meses, ao</p><p>longo do desenvolvimento de sua pesquisa.</p><p>Certifique-se de que, ao utilizar textos que circulam na rede (Web),</p><p>as fontes sejam seguras e com credibilidade. Em outras palavras, nem</p><p>www.esab.edu.br 115</p><p>tudo o que está na rede é seguro; é importante, por isso, verificar</p><p>quem são os autores do texto, em quais institutos de pesquisa ou</p><p>universidades eles estão vinculados, enfim, checar os dados para analisar</p><p>sua credibilidade. Recomenda-se também que você visite a biblioteca</p><p>com tempo, manuseando os livros, consultando, de modo a ampliar seu</p><p>referencial teórico.</p><p>Dica</p><p>Para conferir a credibilidade dos autores e</p><p>informações a respeito das instituições, você pode</p><p>acessar o portal Lattes, clicando aqui. Ali se tem</p><p>a possibilidade, por exemplo, de buscar currículo</p><p>de determinado autor e conferir sua formação,</p><p>atuação profissional, publicações, dentre outras</p><p>informações.</p><p>Concluímos esta unidade destacando que a escolha e a seleção das</p><p>fontes das quais se parte para a elaboração do referencial teórico são</p><p>de responsabilidade do pesquisador e compõem um dos estágios mais</p><p>importantes da pesquisa.</p><p>http://lattes.cnpq.br/</p><p>http://lattes.cnpq.br/</p><p>www.esab.edu.br 116</p><p>20 Resultados da pesquisa: a</p><p>divulgação</p><p>Objetivo</p><p>Abordar as principais formas de divulgação dos trabalhos acadêmico-</p><p>científicos.</p><p>Tão importante quanto o planejamento e a realização de uma pesquisa, é</p><p>o momento de divulgação dos resultados obtidos.</p><p>Depois de o projeto ser aprovado, de suas diretrizes metodológicas serem</p><p>traçadas, inicia-se o processo de coleta e investigação de dados para</p><p>posterior análise, discussão e publicação de seus resultados. Ou seja,</p><p>depois de realizada a pesquisa, é hora de divulgá-la.</p><p>E a redação do texto pode ajudar, na medida em que um texto bem</p><p>estruturado e bem escrito tem mais chance de ser publicado e, sobretudo,</p><p>de ser lido e compreendido pelos leitores.</p><p>Para que o trabalho seja publicado e divulgado, necessita passar por um</p><p>olhar criterioso, a fim de garantir que ele possa representar uma fonte</p><p>segura e fidedigna de consulta de informação de dados.</p><p>Máttar Neto (2011) explica que os resultados das pesquisas podem ser</p><p>disseminados em diversos formatos: oralmente (em palestras, cursos,</p><p>encontros, seminários, congressos, jornadas, simpósios, workshops</p><p>etc.), pôsteres (cartazes com fotos, figuras, esquemas, textos concisos</p><p>apresentados em eventos científicos) e impressos (relatórios, artigos,</p><p>monografias, dissertações, livros publicados, anais de congressos etc.).</p><p>Note que há um amplo rol de possibilidades para a divulgação dos</p><p>estudos realizados, e é preciso que o pesquisador escolha a mídia mais</p><p>apropriada para cada caso. Então, o autor pode optar, por exemplo, pela</p><p>www.esab.edu.br 117</p><p>publicação em periódicos científicos, ou por uma exposição oral em</p><p>eventos de sua área de conhecimento ou áreas afins.</p><p>E a partir dessa escolha, devem-se fazer as adequações de texto para</p><p>torná-lo apropriado a transmitir a mensagem de forma adequada ao</p><p>formato escolhido.</p><p>Em alguns casos, por exemplo, faz-se necessário reduzir o texto, a fim de</p><p>ressaltar a abordagem metodológica e os resultados; em outros, torná-</p><p>lo mais adequado à linguagem oral, ou ainda formatá-lo conforme as</p><p>exigências de determinado periódico a que será submetido.</p><p>É fundamental destacar que essa divulgação do conhecimento produzido</p><p>confere ao meio acadêmico e científico uma</p><p>maneira de expandir os</p><p>saberes estudados individualmente, pois inclui pesquisa, discussão</p><p>e debate. E isso pode gerar enriquecimento para o estudo e novas</p><p>competências para o pesquisador, na medida em que propicia novos</p><p>desafios de defesa de um ponto de vista e articulação das ideias.</p><p>Máttar Neto (2011) ainda chama atenção para o fato de que é cada vez</p><p>mais comum que apresentações em conferências sejam acompanhadas</p><p>de recursos visuais. Alguns softwares possibilitam que o usuário crie</p><p>apresentações visuais de alta qualidade, produzindo slides que tornam a</p><p>apresentação mais completa e rica.</p><p>Convém aqui conceituar e apontar as principais finalidades e objetivos de</p><p>alguns dos meios de divulgação da pesquisa científica.</p><p>• Seminário: trata-se de uma técnica de aprendizagem muito eficiente</p><p>quando bem elaborada e apresentada. Reunião mais restrita, como</p><p>se fosse um grupo de estudos, em que se discute um tema a partir</p><p>da contribuição dos participantes. Consiste na apresentação de</p><p>pesquisas realizadas, seguidas de discussão e debate, cuja principal</p><p>finalidade é desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise dos</p><p>fatos, por meio do raciocínio e da reflexão do tema apresentado.</p><p>• Simpósio: a palavra simpósio significa diálogo e conversas</p><p>intelectuais. O simpósio pode seguir um formato abertamente</p><p>www.esab.edu.br 118</p><p>discursivo ou formato tradicional de uma palestra com perguntas</p><p>e respostas. O debate é presidido por um coordenador, e a reunião</p><p>destina-se apenas a especialistas, que se reúnem para discutir tema</p><p>previamente determinado.</p><p>• Congresso: caracteriza-se pela reunião formal e periódica de pessoas,</p><p>pertencentes a grupos de estudantes e profissionais com o mesmo</p><p>interesse. Normalmente, é promovido por entidades associativas ou</p><p>universidades, com o objetivo de disseminar e debater as teses que</p><p>expressam a evolução do conhecimento dessas áreas.</p><p>• Jornada: encontro que faz referência a um certo tempo, em termo</p><p>de dias. Trata-se de um evento de menor porte que um Congresso e</p><p>mais amplo que uma reunião.</p><p>• Mesa redonda: visa à apresentação de pontos de vista diferentes</p><p>sobre uma mesma questão, mas a partir da exposição de um dos</p><p>participantes; os demais participantes tomam conhecimento prévio</p><p>do texto do expositor, a fim de preparar seus comentários críticos.</p><p>• Painel: apresentação de trabalhos sobre um mesmo tema, abordando</p><p>pontos de vista diferentes, todos expostos livremente.</p><p>• Oficinas e Workshops: trata-se de reuniões mais restritas no que</p><p>se refere ao número de expositores e de participantes, destinados à</p><p>apresentação de trabalhos, de pesquisas, possibilitando oportunidade</p><p>de divulgação e debate; possuem um caráter de realização</p><p>participada, com o propósito de levar os participantes a vivenciarem</p><p>experiências, projetos etc.</p><p>• Revistas científicas: os periódicos têm caráter estritamente</p><p>acadêmico. São utilizadas como fonte de pesquisa para trabalhos</p><p>científicos e caracterizadas como jornalismo científico. Geralmente</p><p>se especializam em áreas específicas e se caracterizam pelas inovações</p><p>tecnológicas. Podem ser impressas ou digitais.</p><p>• Livros: de acordo com a NBR 6029 (ABNT, 2002), a publicação</p><p>não periódica que contiver um mínimo de cinco páginas e o máximo</p><p>de 49 páginas, excluídas as capas, caracteriza-se por folheto. E a</p><p>publicação não periódica que contém acima de 49 páginas, excluídas</p><p>www.esab.edu.br 119</p><p>as capas, caracteriza-se por livro. É comum que os pesquisadores</p><p>publiquem livros ou ainda capítulos de livro, reunindo trabalhos de</p><p>diversos autores.</p><p>Essas caracterizações servem para delimitar um pouco os seus</p><p>significados, levando-se em consideração as práticas mais comuns em</p><p>nosso meio acadêmico.</p><p>Como destaca Severino (2007), no âmbito de tais eventos, os trabalhos</p><p>científicos dos participantes são apresentados e debatidos sob diversas</p><p>condições: de forma, de tempo, de aprofundamento. Em geral, em todos</p><p>os eventos, abre-se um espaço de tempo para que os ouvintes possam</p><p>também se manifestar e participar do debate.</p><p>Por fim, lembramos que em encontros de grande porte são realizadas</p><p>as sessões de comunicações, destinadas à apresentação, por parte dos</p><p>participantes inscritos, de suas pesquisas, de forma abreviada e sintética.</p><p>A comunicação, nesse sentido, relata estudos, resultados de pesquisas e</p><p>experiências de iniciativa pessoal, explica Severino (2007).</p><p>Tarefa dissertativa</p><p>Caro estudante, convidamos você a acessar o</p><p>Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a</p><p>tarefa dissertativa.</p><p>www.esab.edu.br 120</p><p>21 Estrutura do trabalho científico:</p><p>elementos pré-textuais e textuais</p><p>Objetivo</p><p>Abordar as regras de normalização para os trabalhos científicos,</p><p>contemplando a estrutura.</p><p>Agora que você já conheceu as formas de divulgação dos trabalhos</p><p>acadêmico-científicos, chegou o momento de estudarmos a estrutura</p><p>desses trabalhos. Aqui, veremos especificamente os elementos pré-textuais</p><p>e textuais de uma monografia.</p><p>Severino (2007) destaca que são comuns as partes principais dos</p><p>trabalhos científicos em geral, sendo que nas monografias acadêmicas</p><p>são específicas as partes: página de dedicatória, página de aprovação e</p><p>resumo.</p><p>Já mencionamos que a ABNT é responsável por padronizar a</p><p>normatização dos trabalhos acadêmicos. No caso específico desta</p><p>unidade, temos a NBR 14724, de 2011, que trata da estrutura do</p><p>trabalho acadêmico. Essa Norma aborda especificamente os princípios</p><p>gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e</p><p>outros), visando sua apresentação à instituição.</p><p>A fim de entendermos essa estrutura, apresentamos, primeiramente, os</p><p>elementos constituintes, informando se são opcionais ou obrigatórios.</p><p>Observe o quadro a seguir.</p><p>www.esab.edu.br 121</p><p>Estrutura Elemento</p><p>Opção ou</p><p>obrigatoriedade</p><p>Parte</p><p>externa Pré-textuais</p><p>Capa Obrigatório</p><p>Lombada Opcional</p><p>Parte interna</p><p>Pré-textuais</p><p>Folha de rosto Obrigatório</p><p>Errata Opcional</p><p>Folha de aprovação Obrigatório</p><p>Dedicatória(s) Opcional</p><p>Agradecimentos Opcional</p><p>Epígrafe Opcional</p><p>Resumo na língua vernácula Obrigatório</p><p>Resumo em língua estrangeira Obrigatório</p><p>Lista de ilustrações Opcional</p><p>Lista de tabelas Opcional</p><p>Lista de abreviaturas e siglas Opcional</p><p>Lista de símbolos Opcional</p><p>Sumário Obrigatório</p><p>Textuais</p><p>Introdução Obrigatório</p><p>Desenvolvimento Obrigatório</p><p>Conclusão Obrigatório</p><p>Pós-textuais</p><p>Referências Obrigatório</p><p>Glossário Opcional</p><p>Apêndice(s) Opcional</p><p>Anexo(s) Opcional</p><p>Índice(s) Opcional</p><p>Quadro 4 – Estrutura do trabalho científico.</p><p>Fonte: Adaptado de ABNT (2011).</p><p>A capa deve incluir:</p><p>• nome da instituição por extenso (opcional);</p><p>• autor do trabalho;</p><p>• título;</p><p>• subtítulo (se houver, deve ser precedido de dois pontos,</p><p>demonstrando a subordinação ao título);</p><p>www.esab.edu.br 122</p><p>• local (cidade em que o curso está sediado);</p><p>• ano (quatro dígitos).</p><p>Vejamos algumas considerações a propósito dos elementos pré-textuais, a</p><p>partir de Severino (2007) e da ABNT (2011).</p><p>Folha de rosto – deve apresentar os seguintes elementos:</p><p>• nome do autor;</p><p>• título e subtítulo (se houver);</p><p>• nota de apresentação (natureza, objetivo, nome da instituição, área</p><p>de concentração);</p><p>• nome do orientador;</p><p>• local (cidade da instituição);</p><p>• ano (quatro dígitos).</p><p>Dica</p><p>Saiba que as páginas começam a ser contadas</p><p>a partir da folha de rosto (mas ainda não são</p><p>paginadas). Isso quer dizer que somente a capa</p><p>não é contada. Mas atenção: as páginas só</p><p>recebem numeração a partir da introdução.</p><p>Folha de aprovação – elemento obrigatório, colocado após a folha de</p><p>rosto e deve conter as seguintes informações centralizadas na página:</p><p>• autor;</p><p>• título do trabalho e subtítulo (se houver);</p><p>• termo de aprovação (natureza, objetivo, nome da instituição a que é</p><p>submetido, área de concentração e data de aprovação);</p><p>• nomes e titulação dos professores (componentes da banca);</p><p>A data de aprovação e assinaturas dos membros componentes da banca</p><p>examinadora são inseridas após a aprovação do trabalho.</p><p>www.esab.edu.br</p><p>123</p><p>Dedicatória (título não consta na página) – folha em que o autor dedica</p><p>o trabalho a alguém que colaborou, de alguma forma, para a produção da</p><p>pesquisa.</p><p>Agradecimentos (título consta na página centralizado) – essa página é</p><p>utilizada pelo autor, se este achar conveniente, para fazer agradecimentos</p><p>a pessoas (ou instituições) que, em sua opinião, contribuíram para a</p><p>confecção do trabalho.</p><p>Epígrafe (título não consta na página) – citação que pode ser incluída</p><p>desde que tenha relação direta com o conteúdo do trabalho. Apesar de ser</p><p>escrita por outra pessoa, não deve vir entre aspas. A autoria da mensagem</p><p>deve ser apresentada do lado direito, abaixo do texto, fora dos parênteses.</p><p>Resumo (título consta na página centralizado) – o resumo deve ser</p><p>escrito depois que o trabalho estiver pronto, o que possibilita que o</p><p>acadêmico tenha amplo domínio sobre o que foi escrito. Utiliza-se o</p><p>resumo indicativo, caracterizado como sumário narrativo que elimina</p><p>dados qualitativos e quantitativos. O resumo deve expor, de forma breve,</p><p>objetiva e direta, as finalidades, a metodologia e os resultados do trabalho.</p><p>Deve conter até 500 palavras, ser elaborado em apenas um parágrafo e</p><p>redigido apenas em português. Preferencialmente, deve-se empregar os</p><p>verbos na voz ativa e utilizar a terceira pessoa do singular, ressaltando-</p><p>se que esse texto deve ser composto com frases concisas, sendo vedada a</p><p>numeração de tópicos. Utilizar espaçamento simples e fonte 12.</p><p>Na mesma página do resumo, constam as palavras-chave (com título</p><p>na margem esquerda, seguido de dois-pontos e dos termos escolhidos):</p><p>devem-se elencar de três a seis palavras-chave sobre o trabalho, separadas</p><p>por ponto e vírgula, visando facilitar a pesquisa (conforme NBR 6028).</p><p>Resumo em língua estrangeira (título consta na página centralizado) –</p><p>resumo traduzido para a língua inglesa, em folha separada. Em algumas</p><p>instituições, é permitida a língua espanhola ou francesa.</p><p>Lista de ilustrações (se houver) (título consta na página centralizado) –</p><p>identifica as ilustrações (quadros, gráficos, fluxogramas, organogramas,</p><p>www.esab.edu.br 124</p><p>desenhos etc.) na ordem em que aparecem no texto, com respectivos</p><p>nomes e números de página. Um só item não justifica uma lista.</p><p>Lista de tabelas (se houver) (título consta na página centralizado) – a</p><p>lista relaciona o número de ordem das tabelas, apresentando o título e</p><p>o número da página em que aparecem. A lista de tabelas é apresentada</p><p>antes da lista de ilustrações.</p><p>Lista de abreviaturas e siglas (se houver necessidade) (título consta</p><p>na página centralizado) – relação alfabética das abreviaturas e siglas</p><p>usadas no texto, com o respectivo significado (palavras ou expressões</p><p>correspondentes), grafadas por extenso.</p><p>Sumário (título consta na página centralizado) – relação dos capítulos</p><p>(títulos), com sua numeração e suas subdivisões (ex: 1.1; 1.2 etc.),</p><p>mantendo-se a mesma ordem em que aparecem no decorrer do trabalho,</p><p>indicando, ainda, as respectivas páginas iniciais, a fim de facilitar a</p><p>localização. Os títulos, no sumário, devem ter o mesmo padrão que</p><p>aquele apresentado ao longo do trabalho, incluindo o grifo. Os títulos</p><p>são separados dos números das páginas por pontilhados. Convém</p><p>enfatizar que a lista de apêndices e anexos não consta no sumário, e</p><p>sim na primeira página dos apêndices e anexos (depois da conclusão/</p><p>considerações finais), porém os títulos Apêndices e Anexos são itens do</p><p>sumário. Observa-se que os títulos pré-textuais não constam do sumário.</p><p>O sumário é o último dos elementos pré-textuais; está localizado,</p><p>portanto, na(s) página(s) que antecede(m) imediatamente o texto. E</p><p>você deve ter cuidado, pois nessas páginas não são indicadas as páginas,</p><p>porém são contadas. A partir da introdução, as páginas têm a numeração</p><p>explícita, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a</p><p>dois 2 cm da borda direita e 2 cm da margem superior.</p><p>Finalizamos o elenco dos elementos pré-textuais. Sobre os textuais,</p><p>destacamos que são todos os elementos que compõem o corpo principal</p><p>do trabalho, desde a introdução, que apresenta os objetivos e as razões</p><p>de sua realização; o desenvolvimento, que detalha a pesquisa realizada</p><p>com seu referencial teórico, procedimento metodológico e resultados</p><p>alcançados; e uma parte conclusiva.</p><p>www.esab.edu.br 125</p><p>22 Estrutura do trabalho científico:</p><p>elementos pós-textuais</p><p>Objetivo</p><p>Contemplar os elementos pós-textuais de um trabalho científico.</p><p>Chegamos à etapa dos elementos pós-textuais, que finalizam o trabalho</p><p>científico. Para acompanhar a explicação, é interessante que você acesse</p><p>um trabalho de sua área de conhecimento e acompanhe a exposição</p><p>verificando a aplicação no próprio estudo consultado.</p><p>Dica</p><p>Você pode acessar clicando aqui, um Trabalho de</p><p>Conclusão de Curso, por exemplo, e identificar os</p><p>elementos mencionados nesta Unidade.</p><p>A NBR 14724 (ABNT, 2011), que trata da estrutura do trabalho</p><p>acadêmico, aborda a caracterização de alguns elementos.</p><p>• Referências: devem ser elaboradas conforme a ABNT NBR 6023,</p><p>tema de uma de nossas próximas unidades. Trata-se da listagem de</p><p>todas as obras citadas no corpo do trabalho. A listagem traz todas</p><p>as referências, por ordem alfabética, sejam livros, documentos</p><p>eletrônicos, artigos de periódicos ou outras fontes.</p><p>• Glossário: elemento opcional, elaborado em ordem alfabética,</p><p>apresentando as palavras, seguidas das respectivas conceituações. O</p><p>glossário, apesar de não ser muito comum nos trabalhos acadêmicos,</p><p>tem a função de trazer a explicação de termos mais complexos, a fim</p><p>de auxiliar na compreensão do texto.</p><p>http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/40514</p><p>www.esab.edu.br 126</p><p>• Apêndice: elemento opcional. Deve ser precedido da palavra</p><p>APÊNDICE, identificado por letras maiúsculas consecutivas,</p><p>travessão e pelo respectivo título. Trata-se de elemento</p><p>complementar ao texto, de autoria do pesquisador. Exemplo:</p><p>APÊNDICE A – Questionário de avaliação do clima organizacional.</p><p>• Anexo: elemento opcional. Deve ser precedido da palavra ANEXO,</p><p>identificado por letras maiúsculas consecutivas,travessão e pelo</p><p>respectivo título. Nesse caso, também é complementar ao texto,</p><p>mas não é de autoria do pesquisador. Exemplo: ANEXO A – Lei n.</p><p>59/2008.</p><p>• Índice: elemento opcional. Trata-se da lista de palavras ou frases,</p><p>ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para</p><p>as informações contidas no texto. Elaborado conforme a ABNT</p><p>NBR 6034.</p><p>Esses são os elementos pós-textuais, sendo mais usual encontrarmos</p><p>apenas as Referências, os Apêndices e os Anexos (se necessário).</p><p>Severino (2007) explica a diferença entre os dois termos, destacando</p><p>primeiramente que só se acrescentam ao trabalho quando necessário.</p><p>Os Apêndices são textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim</p><p>de complementar seu raciocínio, sem prejudicar a unidade nuclear do</p><p>trabalho, ao passo que os Anexos são documentos não elaborados pelo</p><p>autor, que servem de fundamentação, comprovação e ilustração de</p><p>alguma das ideias apresentadas no texto. Deve haver remissão a eles no</p><p>corpo do trabalho.</p><p>22.1 Formatação: recomendações gerais</p><p>A propósito da formatação que deve ser empregada no trabalho, a</p><p>referida norma fornece algumas recomendações. É importante que você</p><p>as conheça, afinal, em todos os trabalhos feitos no âmbito acadêmico</p><p>você já deve utilizá-las.</p><p>Os textos devem ser digitados em cor preta, podendo utilizar outras cores</p><p>somente para as ilustrações. Deve-se utilizar papel branco ou reciclado</p><p>www.esab.edu.br 127</p><p>no formato A4. As margens devem ser: esquerda e superior de 3 cm e</p><p>direita e inferior de 2 cm.</p><p>Recomenda-se, quando digitado, a fonte Arial tamanho 12 para todo o</p><p>trabalho, inclusive capa, excetuando-se citações diretas com mais de três</p><p>linhas, notas de rodapé, paginação, dados internacionais de catalogação</p><p>na publicação, legendas e fontes das ilustrações e das tabelas, que devem</p><p>ser em tamanho menor e uniforme.</p><p>O texto deve ser digitado com espaçamento</p><p>1,5 entre as linhas,</p><p>excetuando-se as citações de mais de três linhas, notas de rodapé,</p><p>referências, legendas das ilustrações e das tabelas, natureza (tipo do</p><p>trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido e área de</p><p>concentração), que devem ser digitados em espaço simples.</p><p>A norma recomenda ainda que as referências, ao final do trabalho, sejam</p><p>separadas entre si por um espaço simples em branco.</p><p>Severino (2007) ainda sugere a inclusão nas monografias, dissertações e</p><p>teses de uma pequena síntese de biografia do autor, contendo os dados</p><p>mais significativos de sua formação acadêmica, atividades profissionais</p><p>(se for o caso), registrando, desse modo, os créditos do autor, bem como</p><p>endereço para contato por parte de outros pesquisadores.</p><p>Essa inclusão pode ser feita no fim do trabalho, a fim de facilitar</p><p>eventuais contatos e intercâmbios com outros pesquisadores que</p><p>investigam temáticas afins. No atual cenário, em que boa parte das</p><p>instituições educacionais já está viabilizando a disponibilidade de</p><p>monografias, dissertações e teses na internet, tal prática poderá contribuir</p><p>para a troca de informações entre os pesquisadores.</p><p>Agora que já estudamos a estrutura do trabalho acadêmico, convém</p><p>nos debruçarmos sobre as formas de citação, tendo em vista que todo</p><p>trabalho de pesquisa não pode prescindir de seu uso.</p><p>www.esab.edu.br 128</p><p>23 Citações</p><p>Objetivo</p><p>Abordar as regras da ABNT para elaboração das citações nos trabalhos</p><p>acadêmico-científicos.</p><p>Prezado acadêmico, para estruturar seu projeto ou relatório de pesquisa,</p><p>você vai precisar se valer das citações, como já deve ter notado. Afinal,</p><p>como já enfatizamos, a fundamentação teórica, em que você mobiliza</p><p>alguns estudos dos autores acerca dos temas abordados em seu trabalho,</p><p>é o principal espaço em que essas citações aparecerão. Mas é preciso saber</p><p>como fazer as citações adequadamente. Por isso, existem algumas regras.</p><p>Vamos conhecê-las?</p><p>Novamente, é a ABNT, a partir da NBR 10520, que indica as regras para</p><p>a criação de citações em todo tipo documento acadêmico.</p><p>Citar as ideias de outro autor não é nenhum problema. Mas pode passar</p><p>a ser problemático caso você cite as ideias sem mencionar a autoria.</p><p>Então, o problema é copiar e não citar a fonte. Pois fazendo isso você</p><p>estará se apropriando da ideia de outro autor e não lhe dando crédito.</p><p>Isso é considerado plágio, é antiético e completamente deselegante.</p><p>Portanto, prime por usar as regrinhas de citação corretamente e</p><p>certamente seu trabalho será valorizado por esse uso.</p><p>23.1 Citações diretas</p><p>Conforme a NBR 10520 (ABNT, 2002), as citações diretas são aquelas</p><p>em que você transcreve parte do texto literalmente, e devem ser usadas</p><p>somente quando esta transcrição for absolutamente imprescindível. Até</p><p>três linhas, a citação aparece no seu texto entre aspas, sem grifo (itálico</p><p>ou negrito), com as devidas referências (autor, ano, página). No sistema</p><p>www.esab.edu.br 129</p><p>autor-data, as entradas pelo sobrenome do autor devem vir com a 1ª letra</p><p>em maiúscula e demais letras em minúsculas, e quando estiverem entre</p><p>parênteses no fim da citação, devem vir em letras maiúsculas. Veja os dois</p><p>exemplos a seguir, sendo que ambos estão corretos e cabe ao pesquisador</p><p>optar por um estilo ou outro:</p><p>Ex. 1: Severino (2007, p. 175) sustenta que “[...] a citação, quando</p><p>literal, deve ser copiada ao pé da letra e colocada entre aspas”.</p><p>Ex. 2: “As citações são os elementos retirados dos documentos</p><p>pesquisados durante a leitura de documentação e que se revelam úteis</p><p>para corroborar as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer do seu</p><p>raciocínio.” (SEVERINO, 2007, p. 174).</p><p>As citações diretas com mais de três linhas devem aparecer em</p><p>parágrafo distinto, com recuo em bloco de 4 cm da margem esquerda,</p><p>sem aspas e fonte menor que a do texto (no caso, empregamos fonte 10).</p><p>Utilize, nesses casos, espaçamento simples. Veja o exemplo:</p><p>Quando no corpo de uma passagem citada literalmente já se encontram trechos</p><p>entre aspas, estas se transformam em apóstrofos; para indicar a omissão de trechos</p><p>inclusos na passagem citada, mas que não interessam à transcrição, usam-se</p><p>reticências: entre espaços duplos, início e no fim das passagens citadas e entre</p><p>parênteses quando o trecho a omitir se encontrar no meio da passagem citada.</p><p>(SEVERINO, 2007, p. 175-176)</p><p>Observe ainda que devemos deixar um espaço separando a citação em</p><p>relação ao parágrafo precedente e subsequente. Desse modo, a citação</p><p>fica realmente em destaque e muito perceptível ao leitor.</p><p>Outro detalhe destacado pela NBR-10520: as supressões, comentários,</p><p>ênfase ou destaques devem ser indicados com colchetes: [...]. Isso</p><p>acontece, por exemplo, no momento em que você está fazendo uma</p><p>citação direta e decide excluir parte da frase que não interessa naquele</p><p>momento. Nesse caso, você deve fazer uso desse artifício.</p><p>Vamos a um exemplo?</p><p>www.esab.edu.br 130</p><p>Ex.: Máttar Neto (2011, p. 31) afirma que “Hoje as ciências utilizam</p><p>uma tal diversidade de métodos que fica impossível para um cientista</p><p>dominá-los [...]”.</p><p>Neste caso, os colchetes indicam que houve uma supressão de parte da</p><p>frase do autor. Pode ser utilizado no início, no meio ou no fim da frase.</p><p>Dica</p><p>Fique atento! Ao usar os colchetes para indicar</p><p>supressão, verifique se a sua oração faz sentido</p><p>para o leitor.</p><p>23.2 Citações indiretas</p><p>Além das citações diretas, temos também a possibilidade de fazer as</p><p>citações indiretas, em que parafraseamos (dizemos com nossas palavras)</p><p>o que o autor quis dizer. Ou seja, trata-se, nesse caso, de uma transcrição</p><p>de conceitos ou abordagens do autor consultado, porém escrito com as</p><p>nossas próprias palavras.</p><p>Note que no caso da citação indireta você possui liberdade para</p><p>escrever com suas palavras as ideias do autor consultado, ainda que seja</p><p>imprescindível mencionar de qual referência está sendo extraída aquela</p><p>ideia.</p><p>Nas citações indiretas, as referências que devem constar no texto são as</p><p>seguintes: sobrenome do autor, ano da publicação, número da página</p><p>(opcional). As fontes devem aparecer da mesma forma que nas citações</p><p>diretas (transcrições). Não é obrigatório mencionar o número da página,</p><p>mas se o fizer deve repetir em todas as outras citações para manter uma</p><p>padronização. Vamos ver um exemplo?</p><p>Ex.: Conforme atesta Máttar Neto (2011), no processo de redação de</p><p>um texto científico, podemos nos valer de uma série de comandos e</p><p>www.esab.edu.br 131</p><p>técnicas dos processadores de texto, que nos auxiliam com os recursos</p><p>disponibilizados, funcionando como suporte para o trabalho.</p><p>Note, nesse caso, que não há necessidade de colocar o número da página,</p><p>sendo que a citação é indireta, sem cópia fiel ao texto do autor.</p><p>23.3 Citação de citação</p><p>Convém ainda mencionarmos a citação de citação, transcrição direta</p><p>ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original. A NBR-</p><p>10520 prevê o uso da expressão latina apud (que significa “conforme”,</p><p>“citado por”). Deve-se evitar esse tipo de citação, consultando, sempre</p><p>que possível, a fonte original. Mas caso você necessite fazer uso desse tipo</p><p>de citação, deve seguir esta orientação:</p><p>Ex.: Carraher (1993 apud MÁTTAR NETO, 2011, p. 36) afirma que</p><p>“[...] a pessoa dotada de senso crítico é aquela que possui a capacidade</p><p>de analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar,</p><p>automaticamente, suas próprias opiniões”.</p><p>Perceba, nesse caso, que a obra consultada é a de Máttar Neto, que está</p><p>citando Carraher. Aqui, optou-se pela citação direta, mas o mesmo</p><p>procedimento pode ser feito para a citação indireta.</p><p>Caso não tenha sido informado no texto consultado o ano e nem a</p><p>página da obra citada, indique somente o autor citado. Veja o exemplo a</p><p>seguir.</p><p>Ex.: Senchuk (apud MÁTTAR NETO, 2011, p. 30) expõe que “[...] nós</p><p>somos conhecedores ativos, não recipientes passivos, vítimas cognitivas,</p><p>de tudo o que o mundo atira bem casualmente em nossa direção”.</p><p>www.esab.edu.br 132</p><p>23.4 Considerações</p><p>No caso de informação</p><p>oral, a mesma norma prevê a seguinte disposição:</p><p>quando se tratar de dados obtidos por informação oral (tais como</p><p>palestras, debates ou comunicações), deve-se indicar entre parênteses a</p><p>expressão “informação verbal”, mencionando-se os dados disponíveis</p><p>somente em nota de rodapé.</p><p>Vejamos um exemplo: Tricart constatou que na Bacia do Resende, no</p><p>Vale do Paraíba, há indícios de cones de dejeção (informação verbal).</p><p>Então, com essas recomendações, você já é capaz de estruturar seu</p><p>texto fazendo as citações, sejam elas diretas ou indiretas, conforme as</p><p>recomendações da ABNT.</p><p>É comum o uso de citações de autores ou trechos de livros para</p><p>corroborar determinado posicionamento ou simplesmente conceituar</p><p>algum termo. Em todos os trabalhos acadêmicos, e nos diversos graus</p><p>da vida acadêmica, seja na graduação ou na pós-graduação, as regras são</p><p>as mesmas no que se refere ao uso das citações. Portanto, na medida em</p><p>que você se habituar a utilizá-las, isso facilitará a elaboração dos próximos</p><p>trabalhos.</p><p>E tão importante quanto fazer as citações corretamente é mencionar, ao</p><p>fim do trabalho, as referências que foram utilizadas nessas citações. É</p><p>sobre isso que versa nossa próxima unidade.</p><p>Estudo complementar</p><p>Sugerimos que você acesse e leia o Tutorial para</p><p>usar as normas da ABNT, sobretudo no que se</p><p>refere às citações, clicando aqui.</p><p>http://www.tecmundo.com.br/tutorial/834-aprenda-a-usar-as-normas-da-abnt-citacao-2-de-4-.htm#ixzz220lluJIZ</p><p>www.esab.edu.br 133</p><p>24 Elaboração das Referências</p><p>Objetivo</p><p>Apresentar as regras da ABNT para elaboração das Referências dos</p><p>trabalhos acadêmico-científicos.</p><p>Como já salientamos, ao escrever um projeto de pesquisa, um relatório</p><p>ou um trabalho acadêmico, sempre deve constar a lista de Referências.</p><p>Trata-se do elenco de obras, sejam livros, artigos de periódicos,</p><p>documentos eletrônicos, jornais ou outro tipo de mídia utilizado na</p><p>confecção do texto.</p><p>Você já se deu conta da importância da citação, e agora deve notar a</p><p>mesma importância que tem a lista de referências, que possibilita a</p><p>outros pesquisadores terem acesso às obras consultadas para a realização</p><p>daquele trabalho.</p><p>As referências deverão ser relacionadas em ordem alfabética, e a NBR</p><p>6023 (ABNT, 2002b) traz as regras para se referenciar os diversos tipos</p><p>de obras. Veremos nesta unidade algumas das mais usuais.</p><p>Máttar Neto (2011) expõe que a principal justificativa da necessidade</p><p>de se elaborar a lista de referências de um trabalho reside na concepção</p><p>de que o conhecimento é coletivo. Assim, destaca cinco princípios da</p><p>referência: acesso (facilidade para localização), propriedade intelectual</p><p>(respeito aos direitos autorais), economia (a referência deve conter</p><p>apenas a informação necessária), estandardização (que possibilita que</p><p>todos conheçam o código que está sendo utilizado) e transparência (a</p><p>informação deve ter um caráter intuitivo).</p><p>Você perceberá que os elementos necessários da referência, que</p><p>possibilitam sua identificação, são vinculados ao suporte documental e</p><p>variam de acordo com o tipo de suporte do documento. Isso significa que</p><p>www.esab.edu.br 134</p><p>montar a referência de um vídeo, por exemplo, é distinto da referência de</p><p>um artigo de periódico.</p><p>A seguir, apresentamos a você uma sequência genérica dos elementos</p><p>essenciais de uma referência, conforme a NBR 6023, observando com</p><p>atenção a pontuação e os destaques.</p><p>Observe que o grifo (negrito ou itálico), utilizado para dar destaque</p><p>ao elemento-título, deve ser uniforme em todas as referências de um</p><p>documento. As referências serão relacionadas em ordem alfabética (pelo</p><p>sobrenome do autor, em letras maiúsculas).</p><p>A norma prevê também que as referências devem ser alinhadas somente</p><p>à margem esquerda e de forma a se identificar individualmente cada</p><p>documento referenciado. As referências devem aparecer em espaçamento</p><p>simples, e separadas entre si por espaçamento duplo. No caso de mais</p><p>obras de um mesmo autor, deve-se referenciar a primeira normalmente e,</p><p>a partir da segunda, fazer um traço (com 6 toques), seguido de ponto e</p><p>do restante dos dados da obra.</p><p>Exemplo:</p><p>OLIVEIRA, D. P. R. Teoria geral da administração: uma abordagem</p><p>prática. São Paulo: Atlas, 2008.</p><p>______. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e prática.</p><p>São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>Você notará que as fontes das informações, contidas em um texto,</p><p>são diversificadas conforme a natureza do trabalho. Podem ser livros,</p><p>artigos de publicações científicas ou especializadas (periódicos), jornais,</p><p>dicionários, teses, dissertações ou monografias, legislação, dentre outras</p><p>mídias. Os trabalhos também podem apresentar informações cujas fontes</p><p>são documentos eletrônicos (homepage, e-mail, publicações periódicas</p><p>on-line) ou anais de eventos técnico-científicos, como congressos,</p><p>seminários, jornadas.</p><p>www.esab.edu.br 135</p><p>De toda forma, se houver citação de um determinado documento no</p><p>texto, é obrigatória a sua identificação na lista das referências. Então,</p><p>vamos aos exemplos para auxiliar na elaboração das referências.</p><p>Livro</p><p>AUTOR(ES). Título do livro. nº edição (ex: 3. ed. Esse dado deve ser suprimido quando</p><p>for primeira edição). Cidade de publicação: Editora, ano de publicação. (Coleção ou</p><p>Série)</p><p>OLIVEIRA, M. M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes,</p><p>2007.</p><p>Não é obrigatório abreviar os prenomes do autor, mas se optar por fazê-</p><p>lo deve-se manter o mesmo procedimento em todas as referências.</p><p>Existindo até três autores em uma mesma obra todos devem ser</p><p>referenciados. Se forem mais de três, deve-se mencionar o primeiro autor</p><p>seguido da expressão latina et al. (que significa “e outros”).</p><p>Quando não há autor, e sim um responsável pelo conjunto da obra, em</p><p>coletâneas de vários autores, a entrada deve ser pelo nome do responsável,</p><p>seguida da abreviação que caracteriza o tipo de responsabilidade entre</p><p>parênteses: organizador (org.), compilador (comp.), coordenador</p><p>(coord.), editor (ed.).</p><p>ARRUDA JR., E. (org.). Globalização, neoliberalismo e o mundo do</p><p>trabalho. Curitiba: IBEJ, 1998.</p><p>Quando se tratar de um livro traduzido, o nome do tradutor deve vir</p><p>depois da edição, antes do local de publicação (caso se opte por inserir</p><p>essa informação não obrigatória).</p><p>www.esab.edu.br 136</p><p>Capítulo de livro</p><p>• Mesmo(s) autor(es) para todos os capítulos:</p><p>AUTOR(ES). Título do livro: subtítulo do livro. nº da edição. Local da publicação:</p><p>Editora, ano de publicação. Número (se houver) (ou título) do capítulo. Página inicial-</p><p>final.</p><p>Veja um exemplo:</p><p>BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Trad. Marcus</p><p>Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 13-33.</p><p>• Autor de capítulo diferente do responsável pelo livro no todo:</p><p>AUTOR(ES) DO CAPÍTULO. Título do capítulo. In: AUTOR(ES) DO LIVRO. Título do livro.</p><p>Nº da edição. Local de publicação: Editora, ano de publicação. Página inicial-final.</p><p>Exemplo: LIMEIRA, T. M. V. Fundamentos de marketing. In: DIAS, S.</p><p>R. Gestão de marketing. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 1-15.</p><p>Periódicos (revistas, jornais)</p><p>• Artigo de periódico:</p><p>AUTOR(ES). Título do artigo. Título do periódico, local de publicação, volume, número,</p><p>número da página inicial-final, período e ano.</p><p>BRANDÃO, A.; LUCENA, R. Ansiedade e depressão em estudantes</p><p>universitários. Revista Brasileira de Psicanálise, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1,</p><p>p. 36-39, abr. 1995.</p><p>www.esab.edu.br 137</p><p>• Artigo sem autoria:</p><p>TÍTULO. Título do periódico. Local, data. Seção, página inicial-final.</p><p>LIVRO conta a história dos velhos carnavais. O Nacional. Passo Fundo,</p><p>04/05 set. 1999. Caderno 2, Livro, p. 3.</p><p>Referência legislativa (leis, decretos, portarias etc.)</p><p>LOCAL (PAÍS, ESTADO OU MUNICÍPIO). Título (especificação da legislação, nº e data.</p><p>Ementa. Dados da publicação oficial.</p><p>BRASIL. Decreto-lei n. 2423, 7 abr. 1988. Estabelece critérios para</p><p>pagamento de gratificações e vantagens pecuniárias aos titulares de cargos</p><p>e empregos da Administração Federal direta e autárquica e dá outras</p><p>providências. Diário</p><p>Oficial da União, Brasília, v. 126, n. 66, p. 6009, 8</p><p>abr. 1988. Seção 1, pt. 1.</p><p>Dissertação ou Tese</p><p>AUTOR. Título. Local de publicação, ano. nº de páginas. Tese/Dissertação (Nível. Curso/</p><p>Área de Concentração) – Unidade de Ensino. Universidade. Cidade. Ano.</p><p>Exemplo: GODOI, C. K. Categorias da motivação na aprendizagem.</p><p>Florianópolis, 2001. 234 p. Tese (Doutorado em Engenharia de</p><p>Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. 2001.</p><p>www.esab.edu.br 138</p><p>Trabalho apresentado e publicado em eventos</p><p>Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas etc.</p><p>AUTOR(ES). Título do trabalho. In: TÍTULO DO EVENTO, nº do evento em arábico, ano,</p><p>local da realização. Tipo de publicação (Anais, Resumos, Proceedings)... Local de</p><p>publicação: editora, ano de publicação. Página inicial-final.</p><p>Exemplo: SCANFONE, L.; CARVALHO NETO, A.; TANURE, B.</p><p>Tempos de trabalho e ao trabalho: o difícil equilíbrio do alto executivo</p><p>entre carreira, as relações afetivas e o lazer. In: ANPAD, Rio de Janeiro.</p><p>Anais... Rio de Janeiro, 2007. p. 145-168.</p><p>Referências de documentos consultados em meio eletrônico</p><p>A Norma NBR 6023 prevê as referências para documentos eletrônicos,</p><p>informando que, “[...] quando se tratar de obras consultadas on-line,</p><p>são essenciais as informações sobre o endereço eletrônico, apresentado</p><p>entre os sinais <>, precedido da expressão ‘Disponível em:’ e a data de</p><p>acesso ao documento, precedida da expressão ‘Acesso em:’.” Faz também</p><p>a recomendação para que não se referencie material eletrônico de curta</p><p>duração na rede.</p><p>• Artigo, matéria, reportagem publicados em periódicos, jornais e</p><p>outros, em meio eletrônico:</p><p>AUTOR. Título. Data de acesso. Tipo de mídia. Cidade, data. Seção (se houver).</p><p>Disponível em: <site>. Acesso em: dia mês ano.</p><p>Exemplo: SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. Veja, Rio de Janeiro,</p><p>nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: <http://www.brazilnet.</p><p>com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em: 28 nov. 1998.</p><p>www.esab.edu.br 139</p><p>• Artigo, matéria, reportagem publicados em periódicos, jornais e</p><p>outros, em meio eletrônico, sem autoria (Somente a primeira palavra</p><p>do título em maiúscula):</p><p>TÍTULO. Data de acesso. Tipo de mídia. Cidade, data. Seção (se houver) Disponível em:</p><p><página>. Acesso em: dia mês ano.</p><p>Exemplo: WINDOWS 98: o melhor caminho para atualização. PC</p><p>World, São Paulo, n. 75, set. 1998. Disponível em: <http://www.idg.</p><p>com.br/abre.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.</p><p>Verbete de dicionário</p><p>VERBETE. In: Nome do dicionário. Edição (se for o caso). Cidade: Editora, ano. (caso seja</p><p>documento on-line, incluir o site e a data de acesso).</p><p>Exemplo: MARKETING. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa.</p><p>Lisboa: Priberam Informática, 1999. Disponível em: <http://www.</p><p>priberam.pt/dlDLPO>. Acesso em: 10 abr. 2010.</p><p>Tivemos contato aqui com os casos mais recorrentes de documentos</p><p>utilizados em trabalhos científicos, sendo que os demais casos e dúvidas</p><p>que porventura surgirem devem ser consultados e esclarecidos em</p><p>pesquisa à norma − NBR 6023. Vários dos exemplos citados foram</p><p>retirados da referida norma.</p><p>Agora, sugerimos que você exercite a utilização dessas regras em todos os</p><p>trabalhos acadêmicos que produzir daqui em diante.</p><p>www.esab.edu.br 140</p><p>Atividade</p><p>Chegou a hora de você testar seus conhecimentos</p><p>em relação às unidade 17 a 24. Para isso, dirija-se</p><p>ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e</p><p>responda às questões. Além de revisar o conteúdo,</p><p>você estará se preparando para a prova. Bom</p><p>trabalho!</p><p>www.esab.edu.br 141</p><p>Resumo</p><p>Nestas unidades, estudamos a importância do referencial teórico em</p><p>um trabalho científico, refletindo sobre os usos da teoria. Vimos que</p><p>a fundamentação teórica fornece subsídios teóricos à sua pesquisa,</p><p>demonstrando o domínio dos conceitos utilizados, a partir das fontes</p><p>bibliográficas pesquisadas.</p><p>Você se deu conta de que tão importante quanto o planejamento e a</p><p>realização de uma pesquisa é o momento de divulgação dos resultados</p><p>obtidos. Os resultados das pesquisas podem ser disseminados em diversos</p><p>formatos: oralmente, pôsteres e impressos. E conceituamos os meios de</p><p>divulgação da pesquisa científica mais comuns em nossa comunidade</p><p>acadêmica: Seminário; Simpósio; Congresso; Jornada; Mesa redonda;</p><p>Painel; Oficinas e Workshops; Revistas científicas; Livros.</p><p>Além disso, lançamos nosso olhar na estrutura dos trabalhos acadêmico-</p><p>científicos, identificando os elementos pré-textuais, textuais e pós-</p><p>textuais. Outra informação importante levantada foi a atuação da ABNT,</p><p>responsável por padronizar a normatização dos trabalhos acadêmicos.</p><p>Contemplamos a NBR 14724, de 2011, que trata da estrutura do</p><p>trabalho acadêmico; a NBR 10520, que indica as regras para a criação de</p><p>citações em todo tipo documento acadêmico; e a NBR 2063, que traz as</p><p>regras para a elaboração das referências.</p><p>www.esab.edu.br 142</p><p>Glossário</p><p>ABNT</p><p>Associação Brasileira de Normas Técnicas. R</p><p>Antiético</p><p>É quando se rompe as barreiras da ética. R</p><p>Amostra</p><p>Parte extraída de um conjunto, considerada uma porção representativa</p><p>do mesmo. A amostra estatística é o subconjunto dos indivíduos de uma</p><p>população-alvo. Essas amostras permitem inferir as propriedades do total</p><p>do conjunto. R</p><p>Auguste Comte (1798-1857)</p><p>Filósofo francês, fundador da Sociologia e do Positivismo. A filosofia</p><p>positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim</p><p>como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos fatos</p><p>abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou natureza)</p><p>e pesquisa suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre</p><p>fenômenos observáveis. Comte influenciou grandemente a formação da</p><p>república no Brasil, tanto que o lema da bandeira brasileira – “Ordem e</p><p>progresso” – foi inspirado na doutrina desse filósofo. R</p><p>Bertrand Russell (1872-1970)</p><p>Político liberal, ativista e um popularizador da filosofia, Russell foi</p><p>um influente matemático; elaborou algumas das mais influentes teses</p><p>filosóficas do século XX, e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas</p><p>tradições filosóficas, a chamada Filosofia Analítica. R</p><p>www.esab.edu.br 143</p><p>Bramanismo</p><p>Trata-se de uma filosofia religiosa indiana que formou a espinha dorsal da</p><p>cultura daquele país. Hoje existe uma versão modificada do Bramanismo</p><p>chamado de Hinduísmo. R</p><p>Budismo</p><p>Trata-se de uma mistura entre religião e filosofia oriental. Buda foi um</p><p>homem que viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do que</p><p>conhecemos hoje como a Índia, entre os séculos VI e IV antes de Cristo. R</p><p>Burilar</p><p>Apurar; trabalhar alguma coisa com extremo cuidado. R</p><p>Ciências empíricas</p><p>São todas as ciências cujas teorias podem ser confirmadas ou refutadas</p><p>por dados observacionais. De acordo com esta definição, apenas a</p><p>matemática e a lógica não são ciências empíricas. R</p><p>Cognoscente</p><p>Que possui a capacidade de conhecer. R</p><p>Conhecimento subjetivo</p><p>Significa um tipo de conhecimento que pertence ao âmbito do</p><p>indivíduo, ou seja, trata-se de um conhecimento pessoal, ao contrário do</p><p>conhecimento científico, que pretende ser objetivo. R</p><p>Comunidade acadêmica</p><p>São todos os participantes da vida acadêmica, no caso, a instituição de</p><p>ensino. R</p><p>www.esab.edu.br 144</p><p>Cultura digital</p><p>É um termo que serve para designar as formações culturais ocorridas</p><p>depois da década de 1980, quando começou a se consolidar a era da</p><p>informação de um lado e a globalização econômica por outro lado. R</p><p>Dante Alighieri (1265-1321)</p><p>É considerado o primeiro poeta da língua italiana. Além de poeta, foi</p><p>escritor e político. Seu livro mais conhecido é a “A Divina Comédia”, que</p><p>se tornou a base da língua italiana moderna. R</p><p>David Hume (1711-1776)</p><p>Foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês que se tornou célebre</p><p>por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Ao lado de John</p><p>Locke e George Berkeley, Hume compõe a famosa tríade do empirismo</p><p>britânico. R</p><p>Dedutiva</p><p>De dedução, procedimento lógico, raciocínio, pelo qual se pode tirar de</p><p>uma ou de várias proposições</p><p>uma conclusão que delas decorre por força</p><p>puramente lógica. R</p><p>Delimitação</p><p>Fixação dos limites; demarcação. R</p><p>Dogmas</p><p>Crenças estabelecidas ou doutrinas de uma religião, ideologia ou</p><p>qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e</p><p>indiscutível de uma crença. R</p><p>Editoria</p><p>Corpo editorial de um periódico. Geralmente, é composto por</p><p>profissionais com alta titularidade e experiência na área de conhecimento</p><p>do periódico. R</p><p>www.esab.edu.br 145</p><p>Empirista</p><p>Adepto do Empirismo, um movimento filosófico que acredita nas</p><p>experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias,</p><p>discordando, portanto, da noção de ideias inatas. R</p><p>Entrevista</p><p>Método de coleta de dados em que o pesquisador faz perguntas a alguém</p><p>que, oralmente, lhe responde. A entrevista pode ser informal, focalizada</p><p>ou por pautas. A informal é aberta, sem roteiro prévio; a focalizada é</p><p>pouco estruturada, mas com um foco; já a por pauta segue um roteiro</p><p>com vários pontos a serem explorados pelo entrevistador. Ao final, pode-</p><p>se transcrever a entrevista para se fazer a análise (VERGARA, 2007). R</p><p>Epistemologia</p><p>Teoria do conhecimento, palavra que deriva de episteme (saber) e logos</p><p>(discurso, que evoluiu para designar a própria razão). Trata-se então do</p><p>estudo de como se dá o conhecimento. R</p><p>Ergonomia</p><p>Disciplina científica relacionada ao entendimento das interações</p><p>entre seres humanos e outros elementos de um sistema ou do aparato</p><p>tecnológico. R</p><p>Estado da arte</p><p>Estado do conhecimento. R</p><p>Etimológico</p><p>Estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução</p><p>histórica. Sentido de origem da palavra. R</p><p>Fundamento epistemológico</p><p>Concepção que norteia o conhecimento; epistemologia está relacionada</p><p>à teoria do conhecimento, ramo da filosofia que trata da natureza, das</p><p>origens e da validade do conhecimento. R</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza</p><p>www.esab.edu.br 146</p><p>Galileu Galilei (1564-1642)</p><p>Foi um cientista italiano conhecido por suas descobertas relacionas com</p><p>a física, matemática, astronomia. Sua personalidade foi fundamental</p><p>durante a chamada revolução científica. Descobriu a lei dos corpos e</p><p>enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias</p><p>precursoras da mecânica newtoniana. R</p><p>Grifo</p><p>Destaque na digitação (negrito ou itálico). R</p><p>Historicizado</p><p>Relativo à historicidade, ou seja, o instante não se entende</p><p>separadamente da totalidade temporal do movimento, sendo cada</p><p>momento articulado a um processo histórico mais abrangente. R</p><p>Homepage</p><p>Página de entrada ou de abertura de um site, escrita em linguagem</p><p>HTML. R</p><p>Idealismo</p><p>Trata-se de uma corrente filosófica que surgiu em sintonia com o</p><p>advento da modernidade no século XVIII. Para alguns idealistas, existia</p><p>a possibilidade de criação de um mundo ideal, onde não haveria espaço</p><p>para as injustiças e diferenças. R</p><p>Ilustração</p><p>Designação genérica de imagem, que ilustra ou elucida um texto. R</p><p>Indutiva</p><p>De indução, procedimento lógico pelo qual se passa de alguns</p><p>fatos particulares a um princípio geral. Trata-se de um processo de</p><p>generalização, fundado no pressuposto filosófico do determinismo</p><p>universal. R</p><p>www.esab.edu.br 147</p><p>Inferências</p><p>Tirar por conclusão; deduzir pelo raciocínio. R</p><p>Intangível</p><p>Aquilo que não pode ser tocado, não palpável. R</p><p>Karl Popper</p><p>É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século</p><p>XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político,</p><p>grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do</p><p>totalitarismo. Austríaco naturalizado britânico, definiu os limites da</p><p>atividade científica. Nasceu em 1902, praticamente junto com o século</p><p>XX, e morreu em 1994. R</p><p>Lei científica</p><p>Enunciado de uma relação causal constante entre fenômenos ou</p><p>elementos de um fenômeno. Fórmula geral que sintetiza um conjunto</p><p>de fatos naturais, expressando uma relação funcional constante entre</p><p>variáveis (SEVERINO, 2007). R</p><p>Materialismo</p><p>Para os filósofos materialistas, o pensamento se relaciona a fatos</p><p>puramente materiais, ou seja, são de natureza essencialmente mecânica,</p><p>não havendo espaço para subjetividade. R</p><p>Observação sistemática</p><p>É todo procedimento sistemático que permite acesso aos fenômenos</p><p>estudados. É etapa imprescindível em qualquer tipo ou modalidade de</p><p>pesquisa (SEVERINO, 2007). R</p><p>Paradigma epistemológico</p><p>Refere-se à forma pela qual é concebida a relação sujeito-objeto no</p><p>processo de conhecimento. Cada modalidade de conhecimento</p><p>www.esab.edu.br 148</p><p>pressupõe um tipo de relação entre sujeito e objeto e, dependentemente</p><p>dessa relação, temos conclusões diferentes (SEVERINO, 2007). R</p><p>Paradoxal</p><p>Em sentido amplo, refere-se àquilo que é contrário à opinião comum,</p><p>algo que entra em contradição. Já na Filosofia, paradoxo designa o que é</p><p>aparentemente contraditório, mas que apesar de tudo tem sentido. R</p><p>Pesquisa censitária</p><p>Pesquisa que envolve toda a população definida (sem cálculo de amostra).</p><p>R</p><p>Plágio</p><p>Trata-se do ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer</p><p>natureza contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem</p><p>mencionar os créditos do autor original. Ou seja, o plagiador apropria-</p><p>se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a sua</p><p>autoria. R</p><p>Pós-positivistas</p><p>Adeptos do pós-positivismo, instância que critica e aperfeiçoa</p><p>o positivismo. Pós-positivistas acreditam que o conhecimento humano</p><p>não é baseado no incontestável, mas em hipóteses. Um dos pensadores</p><p>que fundaram o pós-positivismo foi Karl Popper. R</p><p>Provisório</p><p>Transitório, passageiro. R</p><p>Questionário</p><p>Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam</p><p>a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com</p><p>vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo.</p><p>As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar respostas objetivas</p><p>(SEVERINO, 2007). R</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_l%C3%B3gico</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Popper</p><p>www.esab.edu.br 149</p><p>Remissão</p><p>Ação de transferir a atenção do leitor para outro texto ou outra parte do</p><p>texto. R</p><p>Segunda Revolução Industrial</p><p>Com início na segunda metade do século XIX, envolveu uma série de</p><p>desenvolvimentos dentro da indústria química, elétrica, de petróleo</p><p>e de aço. Ainda se registram outros progressos fundamentais, como a</p><p>introdução de navios de aço movidos a vapor, o desenvolvimento do</p><p>avião, a produção em massa de bens de consumo, o enlatamento de</p><p>comidas, refrigeração mecânica e outras técnicas de preservação e a</p><p>invenção do telefone eletromagnético. R</p><p>Senso crítico</p><p>A pessoa dotada de senso crítico é aquela que possui a capacidade de</p><p>analisar e discutir problemas inteligente e racionalmente, sem aceitar</p><p>automaticamente suas próprias opiniões ou opiniões alheias. R</p><p>Silogismo</p><p>Argumento pelo qual, a partir de um antecedente cujas premissas ligam</p><p>dois termos a um terceiro, podemos concluir um consequente que liga</p><p>esses dois termos entre si. R</p><p>Subsídios</p><p>Meios, elementos subsidiários. R</p><p>Supressão</p><p>Ação ou efeito de suprimir; eliminação. R</p><p>Tabela</p><p>Forma não discursiva de apresentar informações das quais o dado</p><p>numérico se destaca como informação central. R</p><p>www.esab.edu.br 150</p><p>Teoria</p><p>Conjunto de concepções sistematicamente organizadas; síntese geral que</p><p>se propõe a explicar um conjunto de fatos cujos subconjuntos foram</p><p>explicados pelas leis (SEVERINO, 2007). R</p><p>Testagem</p><p>Submeter a teste. R</p><p>Valor simbólico</p><p>Valor figurado. R</p><p>Veracidade</p><p>Qualidade de veraz ou verdadeiro: a veracidade de um fato. R</p><p>Veemência</p><p>Intenso; enérgico; com intensidade. R</p><p>Web</p><p>Palavra inglesa que significa teia ou rede. O significado de web ganhou</p><p>outro sentido com o aparecimento da internet. A web passou a designar</p><p>a rede que conecta computadores por todo mundo, a World Wide Web</p><p>(WWW). R</p><p>Xintoísmo</p><p>Em japonês, significa a espiritualidade tradicional, sendo considerado</p><p>pelos ocidentais como a principal religião do</p><p>conhecimento do mundo exterior decorre apenas das</p><p>sombras. Somente quando um dos prisioneiros consegue se libertar e</p><p>olhar para a realidade iluminada pelo sol é que compreende, de fato, o</p><p>que eram as projeções na parede. Isso nos remete à seguinte reflexão: os</p><p>prisioneiros somos nós que, conforme nossas tradições diferentes, hábitos</p><p>diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem</p><p>que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e</p><p>usamos como nos foi transmitido.</p><p>Para sua reflexão</p><p>Então, perguntamos a você: pode existir um</p><p>conhecimento independente das opiniões, um</p><p>conhecimento verdadeiro e não dogmático?</p><p>As respostas a essas reflexões formam parte de sua</p><p>aprendizagem e são individuais, não precisando</p><p>ser comunicadas ou enviadas aos tutores.</p><p>Figura 1 – A alegoria da caverna.</p><p>Fonte: Alexandre Oliveira (2012).</p><p>www.esab.edu.br 11</p><p>Outro questionamento que pode ter surgido ao longo desta leitura é</p><p>o seguinte: mas, afinal, para que serve o conhecimento? Poderíamos</p><p>responder com algumas alternativas:</p><p>• autoconhecimento: ou seja, para se conhecer melhor;</p><p>• conhecimento da realidade: conhecer o mundo que nos cerca,</p><p>entendendo os fenômenos;</p><p>• visão utilitarista: uso do conhecimento para se beneficiar.</p><p>Mas podemos e devemos ir além dessas respostas. Já sabemos que o ser</p><p>humano costuma usar o conhecimento para reagir ao meio e, se possível,</p><p>transformá-lo.</p><p>E é importante que você perceba que o conhecimento só adquire sentido</p><p>para a humanidade na medida em que contribui para incrementar</p><p>sua capacidade de fruir a vida e para diminuir o sofrimento humano.</p><p>E isso fornece um sentido mais amplo às descobertas. A partir dessa</p><p>compreensão e da percepção das divisões iniciais em relação ao</p><p>conhecimento, começaram a acontecer outras, que transformaram a</p><p>nossa compreensão sobre o termo. Passamos a fazer distinções entre o</p><p>conhecimento filosófico, o conhecimento teológico, o conhecimento</p><p>empírico e o conhecimento científico, assunto de nossa próxima unidade.</p><p>www.esab.edu.br 12</p><p>2 Tipos de conhecimento</p><p>Objetivo</p><p>Apresentar os tipos de conhecimento, verificando suas inter-relações.</p><p>A metodologia científica praticada atualmente se pauta por articular</p><p>os rigores da produção científica às mudanças da sociedade do</p><p>conhecimento. Na apresentação da disciplina, já nos referimos às áreas de</p><p>conhecimento.</p><p>Ali, afirmamos que a metodologia científica aplicada a cada situação</p><p>varia de acordo com as premissas de cada área do conhecimento porque</p><p>cada área respeita suas regras internas e a sua própria história. Assim, as</p><p>pesquisas ligadas às áreas de humanidades sempre tenderão a ser mais</p><p>qualitativas e menos quantitativas, enquanto que nas áreas de exatas,</p><p>aplicadas e da saúde o uso das formulações quantitativas são mais</p><p>recorrentes.</p><p>2.1 O tácito e o explícito na sociedade do</p><p>conhecimento</p><p>Vamos começar nossa unidade distinguindo dois níveis de conhecimento:</p><p>o tácito e o explícito.</p><p>O conhecimento tácito emerge da experiência cotidiana aliada às leituras</p><p>e interpretações das mais diversas teorias. Essa confluência entre teoria e</p><p>prática e a experiência pessoal de cada indivíduo não ajuda no processo</p><p>de ensino e aprendizagem, pois se trata de um conhecimento que pode</p><p>ser observado e entendido na prática vivenciada pela pessoa. Trata-se</p><p>daquele que se obtém ao longo da vida e, desse modo, passa a fazer parte</p><p>da vida das pessoas. Usualmente é complicado explicar a mecânica desse</p><p>processo, isso porque se trata de um conhecimento subjetivo, sendo</p><p>www.esab.edu.br 13</p><p>inerente às habilidades de uma pessoa, como “saber fazer” (know-how)</p><p>alguma coisa. A palavra tácito vem do latim tacitus, que significa “não</p><p>expresso por palavras” (MAGALHÃES, 2005).</p><p>Assim, podemos entender o conhecimento tácito como um conjunto de</p><p>procedimentos práticos que podem ser observados, não sendo necessário</p><p>que exista uma pedagogia explicativa sobre como a pessoa faz aquilo. Quer</p><p>um exemplo? Pense no caso de sua mãe ou avó, se for o caso, que cozinha</p><p>de uma forma magistral, apesar de nunca ter feito um curso de culinária.</p><p>Perceba que se trata de conhecimento subjetivo, não mensurável, de difícil</p><p>captura e transmissão e, por isso mesmo, muito valioso.</p><p>O conhecimento explícito é de mais fácil compreensão, visto que ele é</p><p>composto de experiências que podem ser replicadas, transformando-se</p><p>rapidamente em um método (MAGALHÃES, 2005).</p><p>Esse método pode ser de longa duração, ou seja, servir por muito tempo,</p><p>ou pode ser de curta duração, perdendo seu sentido depois de alguns</p><p>meses ou anos. Sendo um sistema que permite o aprendizado de forma</p><p>escrita ou imagética, atribui-se a esse tipo de conhecimento a característica</p><p>de ser objetivo. As formas mais comuns do conhecimento explícito</p><p>são os manuais, documentos e procedimentos, onde se sistematizam as</p><p>informações, propondo, por exemplo, um método de trabalho.</p><p>Vejamos a famosa escultura de Auguste Rodin, intitulada “O pensador”,</p><p>na qual o artista representa a figura de Dante Alighieri. Essa escultura</p><p>simboliza o poder do pensamento e da criatividade humana.</p><p>www.esab.edu.br 14</p><p>Figura 2 – “O pensador”, de Auguste Rodin.</p><p>Fonte: <commons.wikimedia.org>.</p><p>O conhecimento humano nos dias de hoje está classificado em</p><p>quatro níveis principais, os quais são denominados: conhecimento</p><p>popular, conhecimento religioso, conhecimento filosófico e, por</p><p>fim, o conhecimento científico. Cada um desses níveis apresenta seus</p><p>argumentos para dar conta de explicar o surgimento do homem, do</p><p>mundo e de toda forma de conhecimento que nele habita.</p><p>Nesta unidade, esse assunto será tratado de maneira conceitual e</p><p>genérica, com exceção do conhecimento científico, que será contemplado</p><p>com maior profundidade em outras unidades, pois nele está a base desta</p><p>disciplina.</p><p>www.esab.edu.br 15</p><p>2.2 Conhecimento popular, vulgar ou empírico: o</p><p>senso comum</p><p>O conhecimento popular envolve as opiniões não comprovadas, ou</p><p>seja, as experiências do dia a dia. Sua aquisição, em geral, não se pauta</p><p>em estudos e pesquisas. E não existe uma preocupação em estabelecer</p><p>relações significativas entre os fatos nem em interpretá-los.</p><p>Possui como características o fato de ser reflexivo, assistemático, verificável,</p><p>falível e inexato. Podemos dizer que é reflexivo, mas está limitado</p><p>pela familiaridade com o objeto, então não pode ser reduzido a uma</p><p>formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na premissa</p><p>de que possui uma organização particular das experiências do sujeito</p><p>cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma</p><p>formulação geral que explique os fenômenos observados. É verificável na</p><p>medida em que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo</p><p>que se pode perceber no cotidiano. E, por fim, consideramos falível e</p><p>inexato haja vista que se conforma com a aparência e com o que se ouviu</p><p>dizer a respeito do objeto (MÁTTAR NETO, 2011).</p><p>O senso comum é um tipo de conhecimento que se passa de geração a</p><p>geração. Por exemplo, no passado os agricultores aprenderam a dominar</p><p>as técnicas de plantio, de colheita e de beneficiamento dos produtos</p><p>agrícolas se baseando exclusivamente na observação da natureza. Qual é o</p><p>melhor período para plantar? Qual é o melhor período para colher? Qual</p><p>é a época do ano que chove mais? Qual é a época mais seca? Enfim, ao</p><p>longo de algumas gerações, a observação da natureza acabou ensinando</p><p>os primeiros agricultores a dominarem todo o processo de cultivo das</p><p>plantas utilizadas em nossa dieta.</p><p>Pense na seguinte situação como exemplo: um pescador vigilante, do alto</p><p>da encosta, sabe identificar o momento exato em que um cardume entra na</p><p>baía para que possa sair com seu barco pesqueiro para o mar. Ele pode ser</p><p>analfabeto, morador de uma vila isolada dos grandes centros e não dispor</p><p>de recursos de informação e tecnologia. A sua sabedoria fundamenta-se</p><p>justamente na sua experiência cotidiana, herdada de seus antepassados ao</p><p>observar o movimento</p><p>Japão. R</p><p>www.esab.edu.br 151</p><p>Referências</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:</p><p>informação e documentação – citações em documentos –apresentação. Rio de</p><p>Janeiro, 2002a.</p><p>______. NBR 2063: informação e documentação – referências – elaboração. Rio</p><p>deJaneiro, 2002b.</p><p>______. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos. Rio</p><p>deJaneiro, 2011.</p><p>BRASIL ESCOLA. Tipos de trabalhos acadêmicos: o fichamento. Disponível em:</p><p><http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/tipos-trabalhos-academicos-</p><p>fichamento.htm> Acesso em: 29 ago. 2012.</p><p>CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e</p><p>misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.</p><p>KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva,</p><p>2003.</p><p>MAGALHÃES, G. Introdução à metodologia científica: caminhos da ciência e</p><p>tecnologia. São Paulo: Ática, 2005.</p><p>MÁTTAR NETO, J. Metodologia científica na era da informática. 2. ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2011.</p><p>RODRIGUES, A. J. Metodologia científica: completo e essencial para a vida</p><p>universitária. São Paulo: Avercamp, 2006.</p><p>SCARTON, G. Um gramático contra a gramática. Disponível em: <http://www.</p><p>pucrs.br/gpt/resenha.php>. Acesso em: 28 ago. 2012.</p><p>SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo:</p><p>Cortez, 2007.</p><p>http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/tipos-trabalhos-academicos-fichamento.htm</p><p>http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/tipos-trabalhos-academicos-fichamento.htm</p><p>http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php</p><p>http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php</p><p>www.esab.edu.br 152</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Como elaborar um</p><p>artigo científico. Disponível em: < http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>.</p><p>Acesso em: 6 set. 2012.</p><p>VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 9. ed.</p><p>São Paulo: Atlas, 2007.</p><p>ZERO HORA. Receitas para manter o coração em forma. Zero Hora, 26 ago.</p><p>1996. Disponível em: <http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php>. Acesso em: 28</p><p>ago. 2012.</p><p>http://www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf</p><p>http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php</p><p>_GoBack</p><p>_GoBack</p><p>_GoBack</p><p>das águas do mar e a direção do vento.</p><p>www.esab.edu.br 16</p><p>2.3 Conhecimento religioso, ou teológico</p><p>Saiba que o conhecimento religioso parte do princípio de que as verdades</p><p>nas quais se acredita são infalíveis ou indiscutíveis, posto que se trata de</p><p>revelações da divindade.</p><p>Sua adesão ocorre em função da fé das pessoas. Desse modo, não se</p><p>coloca em dúvida nem há necessidade de se verificar sua veracidade. As</p><p>verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis, como já se afirmou;</p><p>trata-se de um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado,</p><p>finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências</p><p>não são verificadas, já que está sempre implícita uma atitude de fé</p><p>perante um conhecimento revelado.</p><p>Note que, quando se acredita na representação mítica do mundo, pode</p><p>ser considerada religião. O ato de acreditar na representação mítica</p><p>significa ter fé em “verdades” registradas em livros sagrados ou reveladas</p><p>por seres considerados iluminados, profetas, santos. Já as formas de</p><p>institucionalização das religiões, como templos, símbolos e rituais, não</p><p>garantem que necessariamente os indivíduos tenham uma consciência</p><p>religiosa.</p><p>2.4 Conhecimento filosófico</p><p>E o conhecimento filosófico, a que se refere? Podemos caracterizá-lo</p><p>como um diálogo contínuo com os filósofos precedentes, pautando-</p><p>se em raciocínios lógicos e sem obrigação de vínculo com a realidade.</p><p>Cabe destacar que no início as diferenças entre filosofia e ciência não</p><p>eram muito evidentes, já que os primeiros filósofos foram também os</p><p>primeiros cientistas.</p><p>Como afirma Máttar Neto (2011), a Filosofia é a ciência-mãe, da qual</p><p>foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que</p><p>mais tarde se especializaram e se tornaram independentes.</p><p>É por intermédio da razão que se busca analisar ideias, estabelecer</p><p>relações conceituais. Veja que, nesse caso, o método empregado na</p><p>www.esab.edu.br 17</p><p>construção desse tipo de conhecimento é o racional, predominando o</p><p>processo dedutivo que precede a experiência, não exigindo confirmação</p><p>experimental, mas apenas coerência lógica (MÁTTAR NETO, 2011).</p><p>Desse modo, podemos dizer que o conhecimento filosófico é valorativo,</p><p>já que seu ponto de partida consiste em hipóteses que não poderão ser</p><p>submetidas à observação. Em função disso, não é verificável, já que</p><p>os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados</p><p>nem refutados. É também racional, em virtude de consistir em um</p><p>conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Possui ainda a</p><p>característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a</p><p>uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de</p><p>apreendê-la em sua totalidade.</p><p>Cabe ainda acrescentar que os dois sistemas mais importantes que</p><p>construíram o sustentáculo do saber filosófico são os seguintes: o</p><p>idealismo e o materialismo, que surgiram, respectivamente, nos</p><p>pensamentos de Platão (427-347 a.C.) e de Aristóteles (384-322 a.C.),</p><p>filósofos que continuam dialogando com os pensadores contemporâneos.</p><p>2.5 Conhecimento científico</p><p>Do mesmo modo que o filosófico, o conhecimento científico é racional,</p><p>mas este possui a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da</p><p>realidade.</p><p>Perceba que o conhecimento científico surge da necessidade de o ser</p><p>humano querer saber como os fenômenos ocorrem, em vez de apenas</p><p>aceitá-los passivamente. Com esse tipo de conhecimento, começamos a</p><p>perceber o porquê de vários fenômenos naturais e, desse modo, temos</p><p>condições de intervir nos acontecimentos ao nosso redor.</p><p>Sabemos que ele surge não apenas da necessidade de encontrar soluções</p><p>para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de</p><p>fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por</p><p>meio de provas empíricas.</p><p>www.esab.edu.br 18</p><p>Máttar Neto (2011) explica que o ciclo do conhecimento científico</p><p>inclui a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o</p><p>teste dessas teorias e seu aperfeiçoamento.</p><p>Mas é preciso ter em mente que a ciência, tal como a conhecemos hoje,</p><p>é uma criação dos últimos trezentos anos. E ela teve pleno êxito na</p><p>era moderna, propiciando avanços tecnológicos e progressos nas mais</p><p>diversas áreas. Sabemos que a técnica serviu de base para a indústria, por</p><p>exemplo, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.</p><p>Trata-se de um assunto instigante, não é mesmo? Então, vamos descobrir</p><p>o que é ciência, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento do</p><p>método científico. Veja melhor esta discussão na próxima unidade.</p><p>www.esab.edu.br 19</p><p>3 O que é ciência?</p><p>Objetivo</p><p>Contemplar a discussão sobre as ciências.</p><p>A civilização grega está na base do processo de consolidação da ciência</p><p>na cultura ocidental. Foi lá que Aristóteles (384-322 a.C.) inventou o</p><p>primeiro método científico que a humanidade conheceu. O método</p><p>indutivo-dedutivo foi uma criação dos gregos que ainda é utilizado hoje</p><p>em dia.</p><p>Aristóteles afirmava que a investigação científica se tratava de uma</p><p>progressão de observações que formulavam um princípio geral, que</p><p>servia, por sua vez, para que voltássemos às observações.</p><p>Segundo esse método, o cientista precisa induzir alguns princípios dos</p><p>fenômenos a serem explicados. Depois disso, era necessário deduzir</p><p>afirmações sobre os fenômenos, incluindo as premissas. Parece confuso,</p><p>mas de forma simples podemos dizer que tudo pode ser resumido assim:</p><p>o cientista parte da observação de um fenômeno; a seguir, ele formula</p><p>uma premissa chamada de indução; depois, o cientista elabora um ou</p><p>alguns princípios gerais; munido desses princípios gerais, o cientista</p><p>retorna às observações para validar ou não a sua teoria. Abordaremos esse</p><p>assunto mais adiante, em outra unidade.</p><p>Saiba que os gregos foram os primeiros a separar os saberes científicos</p><p>das outras formas de saber. Entre as formas de saber que ficaram de fora</p><p>do saber científico, estão os saberes mundanos (ou senso comum) e os</p><p>saberes ligados às religiões, conforme já estudamos.</p><p>A principal diferença entre os saberes se encontra na capacidade</p><p>de o fenômeno poder ser explicado e/ou comprovado por meio de</p><p>uma teoria. Os fenômenos religiosos, por exemplo, não precisam ser</p><p>www.esab.edu.br 20</p><p>explicados nem comprovados, pois a crença neles se baseia em nossa fé.</p><p>A fé não necessita de comprovação. Já vimos também que outro saber</p><p>que não se baseia na comprovação científica é o chamado senso comum.</p><p>O senso comum se baseava na observação desprovida de base científica</p><p>(MÁTTAR NETO, 2011).</p><p>O saber científico não se baseia na fé e também não se contenta com a</p><p>observação da natureza, embora a observação da natureza seja uma parte</p><p>do saber científico.</p><p>Todo saber científico se baseia na observação, mas para se tornar um</p><p>saber científico, é necessário se conhecer os mecanismos funcionais no</p><p>interior de um sistema. Por exemplo, a descoberta do Sistema Solar.</p><p>Inicialmente se acreditava que a Terra era o centro do Universo, e que os</p><p>outros planetas e estrelas, inclusive o Sol, giravam em torno dela.</p><p>Por mais de dois mil anos se acreditou nessa teoria. Mas, durante a Idade</p><p>Média, Galileu Galilei, com o auxílio de um telescópio mais poderoso,</p><p>descobriu que não era bem assim. Ou seja, ele descobriu que a Terra não</p><p>era o centro do Universo e, longe disso, era a Terra que girava em torno</p><p>do Sol, acompanhando o movimento dos outros planetas. Assim, a Terra</p><p>se tornou uma peça a mais no quebra-cabeça do Sistema Solar, deixando</p><p>de ser o seu centro.</p><p>Figura 3 – Galileu Galilei.</p><p>Fonte: <commons.wikimedia.org>.</p><p>www.esab.edu.br 21</p><p>Como se percebe nesse exemplo, a ciência precisa de comprovações (o</p><p>modelo aristotélico que comprovou o movimento dos corpos celestes),</p><p>porém o avanço tecnológico (o novo telescópio de Galileu) pôde alterar</p><p>a maneira como interpretamos os sistemas (o novo sistema demonstrou</p><p>que a Terra não era o centro do Universo).</p><p>Note então que o uso de novas tecnologias afeta a forma como</p><p>concebemos as coisas.</p><p>A forma como vivemos, plantamos, armazenamos,</p><p>consumimos, enfim, todas as áreas de nossas vidas são afetadas quando o</p><p>assunto é conhecimento.</p><p>Mas atenção: a ciência se faz quando o pesquisador aborda os fenômenos</p><p>aplicando determinados recursos técnicos, seguindo um método (palavra-</p><p>chave quando o assunto é ciência) e apoiando-se em fundamentos</p><p>epistemológicos. Este é, digamos, o funcionamento da ciência. Os</p><p>fundamentos epistemológicos, nesse caso, são os que fornecem</p><p>sustentação e justificativa para a metodologia praticada.</p><p>Nesse sentido, Severino (2007, p. 100) explica que a ciência “[...] é</p><p>sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre</p><p>uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do</p><p>ideal com o real”.</p><p>A etimologia da palavra ciência vem do latim scire, “saber”, “conhecer”.</p><p>Mas perceba que hoje a entendemos como um conhecimento específico,</p><p>ainda que não se encontre consenso para essa definição, e isso se deve à</p><p>abrangência de suas atividades nas mais diversas áreas.</p><p>Mas podemos dizer que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma</p><p>determinada concepção acerca da natureza do real e do seu modo</p><p>de conhecer. A sistematização dessas posições pode ser chamada</p><p>de paradigmas (ou paradigmas epistemológicos). E, para que o</p><p>conhecimento produzido pelo pesquisador tenha consistência, é</p><p>fundamental admitir algumas verdades universais, ou seja, a ciência</p><p>precisa apoiar-se em determinados pressupostos.</p><p>www.esab.edu.br 22</p><p>Pode-se dizer que o conhecimento científico é resultante da investigação</p><p>metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e fenômenos</p><p>em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir suas causas</p><p>e concluir sobre as leis gerais que a governam. Nesse sentido, note que</p><p>o objeto da ciência consiste no universo material físico, perceptível por</p><p>meio de órgãos dos sentidos ou da ajuda dos instrumentos investigativos.</p><p>E, desse modo, sua busca consiste em desvendar os segredos da realidade,</p><p>demonstrando suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação</p><p>com outros fatos ou fenômenos.</p><p>Você já deve ter percebido que a ciência ocorre a partir do emprego dos</p><p>métodos que permitem a comprovação de determinada teoria, conforme</p><p>o objeto de estudo escolhido, gerando então conhecimento científico.</p><p>Magalhães (2005) nos traz uma reflexão interessante quando destaca que,</p><p>por ser “conhecimento”, a ciência é processo, é algo que se transforma,</p><p>não estando acabada. Conhecer significa, portanto, o constante</p><p>recomeçar desse processo. Ao levar em conta o que já foi pesquisado e</p><p>conhecido, o pesquisador segue adiante de modo a aperfeiçoar os níveis</p><p>anteriores de conhecimento.</p><p>Se o saber não for crítico, generalizante e destinado a conhecer o mundo</p><p>em que habitamos, não será ciência. Possivelmente, será apenas senso</p><p>comum.</p><p>Estudo complementar</p><p>Sugerimos que você aprofunde seus</p><p>conhecimentos ao ler o artigo “O que é ciência?”,</p><p>em que o autor apresenta algumas das principais</p><p>concepções de ciência defendidas por filósofos da</p><p>ciência desde o surgimento da ciência moderna,</p><p>no século XVII. Clique aqui, vale conferir!</p><p>http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf</p><p>www.esab.edu.br 23</p><p>Não há espaço, no âmbito das ciências, para crenças, superstições ou</p><p>“achismos”: é preciso primar pela objetividade, focar no problema a</p><p>ser investigado, deixar as crenças de lado e, por meio de um método</p><p>adequado, buscar a resolução para o fato pesquisado.</p><p>Daí a importância de se desenvolver o “espírito científico”. E o que vem</p><p>a ser isso? Trata-se justamente de uma atitude em busca de soluções reais</p><p>para dificuldades encontradas, pautando-se em métodos adequados.</p><p>Assim, o ser humano dotado de espírito científico apresenta em seu</p><p>pensamento a crítica (o chamado senso crítico), a objetividade e a</p><p>racionalidade.</p><p>Eis que são palavrinhas que merecem nossa atenção. Por isso, são</p><p>assuntos de nossa próxima unidade.</p><p>Fórum</p><p>Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de</p><p>Aprendizagem da instituição e participe do nosso</p><p>Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com</p><p>seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,</p><p>por meio da interação, a construção do seu</p><p>conhecimento. Vamos lá?</p><p>www.esab.edu.br 24</p><p>4 Pesquisa científica</p><p>Objetivo</p><p>Discutir o ato de “fazer ciência” hoje.</p><p>“Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo. O único</p><p>caminho é o da intuição.” (Albert Einstein)</p><p>Até aqui você já deve ter percebido que a ciência é simultaneamente um</p><p>saber teórico (que explica o real) e um poder prático (maneja o real pela</p><p>técnica). E, para que se desenvolva o conhecimento científico, é preciso a</p><p>realização da pesquisa científica, tão importante nos mais diversos setores</p><p>e áreas.</p><p>4.1 Fazer ciência</p><p>Fazer pesquisa, então, requer capacidade, competência humana e técnica.</p><p>Mas, afinal, o que significa pesquisar? Basicamente, trata-se de buscar</p><p>informações a respeito de algo, investigar. Seria ótimo se pudéssemos,</p><p>numa pesquisa, apenas informar o termo/assunto que precisamos e</p><p>tudo aparecesse pronto, bastando apenas escolher, isso sim, isso não...</p><p>Mas não é bem assim que acontece. Por quê? Porque ao iniciar uma</p><p>pesquisa temos uma ideia ainda vaga ou pouco fundamentada daquilo</p><p>que queremos estudar. À medida que vamos estudando, o assunto</p><p>se desdobra, e aquilo que antes parecia simples e certo se amplia e se</p><p>complica.</p><p>Além disso, nós mesmos estamos implicados naquilo que estudamos,</p><p>pois a todo momento estamos acionando aquilo que sabemos naquilo</p><p>que ainda estamos tentando entender. E a informação nos transforma de</p><p>tal modo que, se não tomarmos alguns cuidados, podemos perder o foco,</p><p>perder o interesse e tornar a pesquisa um quebra-cabeça muito difícil.</p><p>www.esab.edu.br 25</p><p>Para lidar com tal situação, a metodologia de pesquisa existe. Ela nos</p><p>mantém atentos àquilo que estamos buscando, de forma a selecionar</p><p>e ordenar adequadamente as informações, os dados que surgem. E</p><p>é fundamental, também, a formação do pesquisador, que requer</p><p>instrumentos básicos para empreender trabalhos de natureza científica.</p><p>Em linhas gerais, podemos dizer que um trabalho desse tipo nasce de um</p><p>problema de pesquisa, da escolha do tema e da delimitação do assunto.</p><p>Obviamente, o problema deve ser claro, objetivo e passível de resolução a</p><p>partir do tratamento científico.</p><p>Existe um pressuposto primordial que você não pode esquecer: métodos</p><p>e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e potencializam a</p><p>geração de conhecimento.</p><p>Vergara (2007) nos lembra de que a atividade básica da ciência é a</p><p>pesquisa, e convém não esquecermos que as lentes do pesquisador</p><p>também estão impregnadas de crenças, paradigmas, valores. Negar isso</p><p>é negar a condição humana da existência. E a autora também ressalta</p><p>a compreensão da ciência como processo permanente de busca da</p><p>verdade, de sinalização sistemática de erros e correções, pautando-se na</p><p>racionalidade.</p><p>Caso a pesquisa tenha hipóteses, como veremos mais à frente, elas</p><p>devem ser, de certa forma, testadas para serem confirmadas ou não,</p><p>em um confronto com a realidade. Mesmo que a hipótese não se</p><p>mostre verdadeira, sua formulação ajudará a encaminhar a resolução do</p><p>problema.</p><p>Portanto, tenha em mente que você deverá trabalhar com o binômio</p><p>“problematização – hipótese”, ou seja, buscar evidências de que sua</p><p>hipótese para determinado problema pode ser testada, aplicada e</p><p>comprovada, sendo útil para a ciência e para a sociedade. Para isso, você</p><p>deve conhecer um pouco mais sobre a formulação da(s) hipótese(s).</p><p>Magalhães (2005) expõe que as hipóteses que resistem e se mostram</p><p>verdadeiras acabam sendo chamadas de “leis”, de validade considerada</p><p>universal, ainda que o correto seja restringir sua aplicabilidade às</p><p>www.esab.edu.br 26</p><p>condições e épocas em que foram enunciadas e testadas. As leis são</p><p>elaboradas em todas as áreas das ciências.</p><p>E é importante entender que as teorias científicas possuem como objeto a</p><p>reunião de várias</p><p>leis que se relacionam.</p><p>Saiba mais</p><p>A teoria geral da relatividade, formulada</p><p>por Einstein, teve mais algumas hipóteses</p><p>comprovadas quase 100 anos após sua</p><p>formulação. Para Einstein, tempo e espaço são</p><p>deformados pela gravidade.</p><p>Cientistas trabalharam por quatro décadas em</p><p>uma sonda gravitacional (GP-B) que, em 2011,</p><p>confirmou cientificamente a influência do</p><p>campo gravitacional da Terra sobre o espaço e</p><p>tempo. Antes disso, a hipótese foi comprovada</p><p>matematicamente, e agora pode ser testada e</p><p>validada devido ao avanço tecnológico. Então,</p><p>note como os avanços da pesquisa podem ser</p><p>lentos e graduais ou em saltos.</p><p>Outro conceito básico quando nos referimos à pesquisa científica é o de</p><p>causalidade. Magalhães (2005) explica que a causalidade é importante</p><p>porque remete a explicação ao nível da nossa racionalidade, de maneira</p><p>que possa ser entendida por qualquer um, até mesmo quando não</p><p>concorde com tal explicação.</p><p>Mas para uma série de fenômenos que são pesquisados – sobretudo os</p><p>sociais –, é preciso lembrar que podem ocorrer causas múltiplas.</p><p>Por meio de nossas percepções, conseguimos apreender os eventos</p><p>que chamamos de causa e efeito. Para David Hume, filósofo escocês</p><p>empirista, a causalidade seria questão de hábito: por sempre vermos</p><p>www.esab.edu.br 27</p><p>supostas causas e efeitos, sugerimos e acreditamos que exista um elo que</p><p>denominamos causalidade (MAGALHÃES, 2005).</p><p>A pesquisa científica busca, por meio de seus resultados, a capacidade de</p><p>formular leis que sejam as mais gerais possíveis e não apenas válidas para</p><p>casos particulares. Sabemos que é preciso certa duração de tempo para</p><p>ocorrer essa generalização.</p><p>Magalhães (2005) acrescenta que as próprias leis “gerais” resultantes das</p><p>generalizações são sempre históricas e, portanto, mutáveis. E acrescenta:</p><p>“[...] isso vale até para as leis da física, química etc. – embora seja bom</p><p>insistir que leis permanecem com validade geral enquanto duram, não se</p><p>particularizando devido à sua eventual transitoriedade” (MAGALHÃES,</p><p>2005, p. 91).</p><p>Ao tratarmos de ciência, é fundamental reconhecermos que há limitações</p><p>para o seu desenvolvimento. Há, por exemplo, as questões éticas</p><p>envolvidas, sugerindo que não se façam determinadas pesquisas. E,</p><p>nesse sentido, você já deve ter notado que as discussões sobre a ética</p><p>na realização das pesquisas é importantíssima. Afinal, assuntos como</p><p>clonagem dos seres humanos, aplicações da energia nuclear, produção</p><p>de alimentos transgênicos, controle das epidemias perpassam muitas</p><p>pesquisas, e é preciso uma clara compreensão científica desses assuntos</p><p>para que se definam critérios de abordagem e para que a sociedade esteja</p><p>a par dessa discussão. É preciso refletir sempre: a quem interessa? Isso será</p><p>bom para a sociedade?</p><p>A dificuldade de tomar posição frente a temas tão polêmicos pode</p><p>ser minimizada na medida em que se amplia o debate em sociedade,</p><p>trazendo as considerações sociais e históricas que envolvem cada tomada</p><p>de decisão. Vivemos na sociedade da informação, e esse novo cenário</p><p>é propício a essa divulgação, possibilitando que ciência e tecnologia</p><p>estejam sujeitas à avaliação e crítica permanentes. Talvez você esteja se</p><p>questionando: o que isso tem a ver com a sociedade da informação?</p><p>Vamos adiante e você vai descobrir!</p><p>www.esab.edu.br 28</p><p>5 Sociedade da informação</p><p>Objetivo</p><p>Refletir sobre o desenvolvimento da ciência no atual contexto</p><p>sociocultural.</p><p>A sociedade não é um organismo imutável, ao contrário disso, ela se</p><p>move cada vez mais rápido. As sociedades se assentam sobre aspectos</p><p>humanos, científicos e tecnológicos, e a base da chamada sociedade da</p><p>informação não é diferente. Mas o que isso significa?</p><p>5.1 Em constante mutação</p><p>A origem das mudanças aceleradas que estamos observando nas últimas</p><p>décadas se encontra no acentuado desenvolvimento tecnológico que</p><p>podemos constatar diariamente. Desse modo, a nossa época faz parte de</p><p>um processo de mudança em que as novas tecnologias são a sua base.</p><p>O termo Sociedade da Informação indica que vivemos em um período</p><p>que gera e consome muita informação. Nesse sentido, convém indicar</p><p>que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos, projeta novas</p><p>formas de entendimento de como as coisas funcionam (MÁTTAR</p><p>NETO, 2011).</p><p>A Sociedade da Informação surgiu no final da década de 1990, quando</p><p>a internet foi utilizada como forma de comunicação e de negócios,</p><p>permitindo avanços científicos em todas as áreas. Os cientistas das mais</p><p>diversas áreas puderam usar um novo poder que ficou ao alcance da</p><p>comunidade: o poder de processamento dos computadores.</p><p>Foi esse poder de processamento que permitiu a descoberta de detalhes</p><p>do nosso DNA (em português ADN, que é um acrônimo de ácido</p><p>desoxirribonucleico). A descoberta do DNA humano e de muitas</p><p>www.esab.edu.br 29</p><p>plantas têm permitido o avanço científico na produção de alimentos e de</p><p>remédios. Descobrir como o DNA funciona pode auxiliar na descoberta</p><p>da cura de diversas doenças.</p><p>Por outro lado, o uso acelerado de novas tecnologias acendeu a luz</p><p>vermelha das discussões sobre o nosso direito de fazer determinadas</p><p>pesquisas científicas. Ora, as chamadas discussões éticas estão em todos</p><p>os lugares hoje em dia porque se tornou necessário saber se temos ou não</p><p>o direito de mudar a composição genética das sementes de soja ou de</p><p>milho ou ainda se temos o direito de escolher qual será o embrião que</p><p>terá o direito de nascer.</p><p>As discussões éticas suscitam muitas divergências e despertam a paixão</p><p>dos seres humanos sobre o que está certo ou errado. Contudo, existe uma</p><p>infinidade de maneiras de se contornar os dilemas éticos e de continuar</p><p>as pesquisas por um ângulo que ainda não foi debatido pela comunidade</p><p>científica ou mesmo pela sociedade civil.</p><p>Para muitos estudiosos, a vida na Terra mudou mais nos últimos 20 anos</p><p>do que no século XX inteiro. Tornou-se necessário aprender a conviver</p><p>com uma série de novidades tecnológicas que mudaram a forma como</p><p>fazemos as coisas (trabalho, estudo, diversão etc.).</p><p>A sociedade mudou bastante também. A Sociedade da Informação</p><p>construiu um lugar bem diferente das referências que nós tínhamos</p><p>no passado recente. As Tecnologias da Informação e da Comunicação</p><p>(TICs) têm potencial para melhorar de forma significativa a sociedade.</p><p>Por exemplo, a internet permite que se organize rapidamente a ajuda</p><p>quando ocorrem catástrofes naturais ou grandes acidentes. As pessoas</p><p>podem ainda se organizar em torno de grupos de trabalho com o</p><p>objetivo de solucionar problemas coletivos.</p><p>Antes da internet, a separação geográfica era um grande empecilho a</p><p>muitas relações pessoais e de trabalho. Atualmente, isso não pode mais</p><p>ser usado como desculpa, pois se pode trabalhar pela rede e também</p><p>se divertir. Ou seja, todas as esferas da vida pública e privada foram</p><p>alteradas com o advento das redes e isso é chamado de cultura digital.</p><p>www.esab.edu.br 30</p><p>Para sua reflexão</p><p>Você já parou e refletiu sobre como a cultura</p><p>digital modificou os hábitos das pessoas de sua</p><p>geração? Pense no seu dia a dia e verifique a forma</p><p>pela qual você se comunica com seus amigos,</p><p>com sua família, em seu trabalho ou estágio,</p><p>como estuda e pesquisa, como você se diverte e se</p><p>entretém nas horas livres.</p><p>As respostas a essas reflexões formam parte de sua</p><p>aprendizagem e são individuais, não precisando</p><p>ser comunicadas ou enviadas aos tutores.</p><p>De fato, você já deve ter notado que a cultura digital trouxe uma nova</p><p>complexidade para nossas vidas. Isso porque temos agora uma infinidade</p><p>de posições e de propostas que precisam ser revistas ou revisitadas</p><p>constantemente. Pode-se pensar na cultura digital como um advento</p><p>meramente tecnológico, sem ter no horizonte a mudança nos padrões de</p><p>comportamento do consumidor, dos idosos ou da garotada, que vivem</p><p>amparados por uma série de ferramentas que auxiliam nas diferentes</p><p>formas de mediação.</p><p>Pode-se pensar, por outro lado, que a discussão sobre a cultura digital</p><p>é fruto exclusivo das redes sociais,</p><p>mas de fato a discussão em torno da</p><p>cultura digital ainda está em formação. É importante que você entenda</p><p>que a cultura digital é promovida pela tecnologia e por suas ferramentas,</p><p>mas são as pessoas que a promovem em seu dia a dia, usando bancos</p><p>via web, jogando em sua rede favorita, baixando filmes e músicas ou</p><p>discutindo seus assuntos favoritos.</p><p>No âmbito das pesquisas científicas, essas mudanças também trouxeram</p><p>impactos. E quais são eles?</p><p>Como afirma Máttar Neto (2011), a sociedade da informação liberou</p><p>o homem da especialização profissional e dos limites de uma cultura,</p><p>abrindo espaço para o homem universal, munido de uma instrução</p><p>www.esab.edu.br 31</p><p>abrangente e em condições de mudar de profissão e, portanto, mudar</p><p>também de posição no interior da organização social do trabalho.</p><p>Sabemos também que a informação hoje é armazenada, disponibilizada e</p><p>compartilhada com muita facilidade, gerando um intercâmbio intenso de</p><p>informações. Isso permite potencializar não apenas nossa memória, mas</p><p>diferentes formas de raciocínio, de relacionar os objetos, de perspectivas</p><p>sobre o mundo. As informações estão disponíveis e acessíveis, e essa</p><p>disponibilidade possibilita uma agilidade muito grande ao pesquisador.</p><p>Temos então novas formas de ler e escrever, com bancos de dados</p><p>disponíveis, fóruns públicos on-line, eventos científicos acontecendo na</p><p>rede, trabalhos sendo desenvolvidos em parceria virtual.</p><p>Máttar Neto (2011) ainda destaca que, nesse novo cenário tecnológico,</p><p>o conhecimento deixa de ser localizado, estático, objetivável,</p><p>territorializável, para se tornar também virtual. Na educação, por</p><p>exemplo, não podemos mais pensar os horizontes da arena do</p><p>aprendizado circunscritos à sala de aula; é preciso levar em conta os</p><p>ambientes de realidade virtual. A educação deixa de ter um momento</p><p>específico, como foi em outros tempos, para passar a ser pensada como</p><p>formação continuada ao longo da vida das pessoas.</p><p>E você sabe bem disso ao fazer um curso na modalidade a distância. Ou</p><p>seja, é possível perceber claramente como a tecnologia da informação</p><p>contribui para o processo de formação, trabalhando espaço e tempo em</p><p>favor da educação.</p><p>Obviamente, há desafios a enfrentar nesse novo cenário. O isolamento</p><p>social (físico e emocional), a sobrecarga cognitiva, problemas</p><p>relacionados à ergonomia, o estresse da comunicação são alguns sintomas</p><p>percebidos nessa nova configuração, em que muitas vezes se percebe o</p><p>empobrecimento das relações interpessoais. Mas isso não é regra. De toda</p><p>forma, é preciso que estejamos atentos para evitar tais percalços, de modo</p><p>a aproveitar as contribuições que a sociedade da informação pode trazer</p><p>ao nosso dia a dia e ao desenvolvimento dos trabalhos científicos.</p><p>www.esab.edu.br 32</p><p>6 Classificação das ciências</p><p>Objetivo</p><p>Apresentar dois modelos distintos de classificação das ciências, assim</p><p>como seus critérios.</p><p>Ao longo da trajetória histórica, em função dos diversos questionamentos</p><p>postos pelos filósofos e cientistas, notamos o surgimento de várias áreas</p><p>das ciências. Não há consenso, portanto, em relação a uma determinada</p><p>tipologia, mas o que notamos ao nos debruçarmos sobre o histórico do</p><p>desenvolvimento da ciência é uma diversificação extensa em busca de</p><p>uma classificação que desse conta da produção de conhecimento. Ou</p><p>seja, é fato que a classificação das ciências jamais parou de evoluir.</p><p>6.1 A classificação que jamais parou de evoluir</p><p>Pelo conceito geral de ciência, já vimos quão vasta e ampla ela é, de</p><p>modo a dificultar abrangê-la em sua totalidade. Daí a necessidade</p><p>de fragmentar esse conjunto de conhecimentos que se propõe dar a</p><p>explicação universal das coisas, para, por meio de suas partes, podermos</p><p>compreender o todo. Essa fragmentação, que é o princípio fundamental</p><p>da análise, estabelece as ciências particulares, entre as quais se distribuem</p><p>os conhecimentos, segundo seu objeto.</p><p>Todo método sistemático abrange a definição, que analisa a compreensão</p><p>da verdade encontrada, enumerando os elementos que a distinguem de</p><p>outras verdades, e a classificação, que a divide para analisar a sua extensão</p><p>e localização no quadro geral dos conhecimentos humanos. Fez-se</p><p>necessário, então, definir e classificar as ciências particulares. Mas muitas</p><p>foram as classificações elaboradas.</p><p>Comecemos, então, pela proposta do filósofo Aristóteles, que sugeriu</p><p>uma divisão pautada na finalidade de cada ciência:</p><p>www.esab.edu.br 33</p><p>• ciências teóricas: em que o objetivo seria o conhecimento puro,</p><p>como a matemática e a física;</p><p>• ciências práticas: em que o conhecimento do ser humano seria o</p><p>objeto de estudo, como a economia e a política;</p><p>• ciências poéticas: que abrangeriam as artes.</p><p>Vários outros filósofos e estudiosos propuseram outras ordens, com</p><p>hierarquias distintas. Destaca-se que a classificação tipológica das ciências</p><p>é utilizada também para classificação da pesquisa, conforme vemos a</p><p>seguir, baseando-nos em Magalhães (2005):</p><p>• ciências formais: ocupam-se da lógica ou matemática (estudo das</p><p>ideias);</p><p>• ciências fatuais (ou empíricas): cuidam dos objetos fatuais. Estas,</p><p>por sua vez, se subdividem em naturais e culturais. São as ciências da</p><p>natureza e do homem.</p><p>Perceba que as ciências formais são dedicadas às ideias, isto é, ao estudo</p><p>de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo</p><p>das ciências formais os sistemas formais, como a lógica, a matemática, a</p><p>teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional, teoria</p><p>da informação, estatística, entre outros.</p><p>Já as ciências fatuais estão divididas em outras duas classificações: as</p><p>ciências naturais, cujo alvo de estudo é a natureza como um todo; e as</p><p>ciências sociais, que se debruçam sobre o comportamento humano e suas</p><p>sociedades.</p><p>As ciências sociais abordam os aspectos sociais, isto é, a vida social</p><p>dos indivíduos e dos grupos humanos, incluindo a antropologia, a</p><p>comunicação, a administração, a economia, a geografia humana, a</p><p>história, as ciências políticas, a psicologia e a sociologia.</p><p>As ciências fatuais, também conhecidas como empíricas, se debruçam</p><p>sobre os fatos e fenômenos naturais. Nesse caso, os pesquisadores</p><p>precisam se valer da observação e de experimentações para que possam</p><p>ter uma comprovação (ou não) dos problemas propostos. Geralmente</p><p>www.esab.edu.br 34</p><p>não implicam considerações mais rigorosas quanto à unicidade e às</p><p>fronteiras da ciência.</p><p>Então, note o seguinte: as ciências naturais estudam o Universo,</p><p>detendo-se nos aspectos físicos, enquanto os aspectos humanos</p><p>geralmente são contemplados pelas ciências sociais.</p><p>As disciplinas que estudam os fenômenos ligados ao planeta Terra, casos</p><p>da geografia e geologia, por exemplo, são classificadas em um grupo</p><p>nomeado ciências da terra, e alguns autores agrupam em ciências naturais</p><p>e da Terra.</p><p>A propósito dessas diversas classificações, Máttar Neto (2011) explica</p><p>que isso se deve ao surgimento de novas ciências com o passar do</p><p>tempo, sendo que as já existentes fundem-se, cindem-se ou modificam-</p><p>se consideravelmente. E o autor ainda afirma que podemos pensar essas</p><p>classificações a partir de três eixos: as ciências biológicas, as exatas e as</p><p>humanas. Nessa proposta, as biológicas têm concentração no estudo do</p><p>ser humano e dos fenômenos da natureza; as exatas têm origem na física,</p><p>estatística, matemática, engenharia, entre outras; e, por fim, as humanas</p><p>têm foco no estudo do homem como ser social e comportamental</p><p>(psicologia, pedagogia, filosofia, história, geografia, sociologia,</p><p>administração, ciências contábeis, comunicação, direito, entre outras).</p><p>Saiba mais</p><p>A classificação das ciências ocorreu com o advento</p><p>do positivismo no século XIX. https://</p><p>mundoeducacao.uol.com.br/</p><p>sociologia/auguste-comte.htmvocê</p><p>encontrará algumas das referências históricas mais</p><p>conhecidas sobre o assunto.</p><p>Note, então, que são vários campos disponíveis dentro de cada área das</p><p>ciências e cabe ao indivíduo, com seu espírito de curiosidade, ir em busca</p><p>de novas descobertas. Para isso, é preciso exercitar o questionamento, a</p><p>indagação do porquê de as coisas serem como são, a busca constante por</p><p>www.esab.edu.br 35</p><p>respostas. E a partir daí treinar os sentidos e a inteligência para selecionar,</p><p>ordenar e associar ideias provenientes da observação dos fenômenos.</p><p>E, então, preparado para ir adiante? Vamos retomar os pontos principais</p><p>do que vimos até aqui.</p><p>www.esab.edu.br 36</p><p>Resumo</p><p>Ao longo destas seis unidades, você aprendeu que ao ingressar no Ensino</p><p>Superior espera-se que o conhecimento do acadêmico seja construído</p><p>pela experiência ativa. O conhecimento humano é tema que instiga o</p><p>pensamento e nos leva a refletir de forma diferente diante da história e</p><p>dos acontecimentos contemporâneos.</p><p>Vimos ainda que a dinâmica dos questionamentos que vão surgindo</p><p>move a ciência a estudar e descobrir respostas que não podem ser</p><p>explicadas apenas pela presença dos fatos. O conhecimento humano</p><p>pode ser classificado em quatro níveis principais: conhecimento popular,</p><p>conhecimento religioso, conhecimento filosófico e conhecimento</p><p>científico. Cada um desses níveis apresenta seus argumentos para dar</p><p>conta de explicar o surgimento do homem, do mundo e de toda forma</p><p>de conhecimento que nele habita.</p><p>Você aprendeu também que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma</p><p>determinada concepção acerca da natureza do real e acerca do seu modo</p><p>de conhecer. O conhecimento científico é resultante da investigação</p><p>metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e</p><p>fenômenos em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir</p><p>suas causas e concluir sobre as leis gerais que a governam. Ressaltamos</p><p>que métodos e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e</p><p>potencializam a geração de conhecimento; e as hipóteses de uma pesquisa</p><p>devem ser testadas para serem confirmadas, ou não, em um confronto</p><p>com a realidade.</p><p>Por fim, destacamos que o termo Sociedade da Informação indica que</p><p>vivemos em um período que gera e consome muita informação. E</p><p>aprendemos que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos,</p><p>projeta novas formas de entendimento de como as coisas funcionam.</p><p>www.esab.edu.br 37</p><p>Nesse sentido, a classificação das ciências jamais parou de evoluir, e são</p><p>várias as tipologias que encontramos. Por exemplo, vimos que podemos</p><p>pensar as ciências a partir de três eixos: as biológicas, as exatas e as</p><p>humanas.</p><p>www.esab.edu.br 38</p><p>7 Continuidades e descontinuidades</p><p>Objetivo</p><p>Contemplar algumas das continuidades e descontinuidades das</p><p>ciências.</p><p>Caro aluno, agora que você já sabe que a prática da pesquisa requer a</p><p>crítica, o questionamento e a exteriorização das dúvidas, vamos adiante</p><p>para refletir sobre as continuidades e descontinuidades das ciências.</p><p>Vejamos: as explicações existentes não costumam ser suficientemente</p><p>esclarecedoras, pois ainda há problemas a serem solucionados, mesmo</p><p>quando nos referimos a questões triviais, e isso significa que há um</p><p>processo permanente de renovação daquilo que se aprende. Ora, você já</p><p>sabe que é preciso aprender a contextualizar os problemas, já que, como</p><p>vimos, o conhecimento é historicizado.</p><p>Magalhães (2005) explica que algo desejado para qualquer conhecimento</p><p>é justamente a ausência de contradição interna e externa, ideal também</p><p>conhecido como coerência ou consistência. Apesar de ser almejado, nem</p><p>sempre se pode garantir que exista. Aliás, quando nos debruçamos sobre</p><p>as descobertas científicas, verificamos que é comum a pesquisa aparecer</p><p>com várias contradições (lembremos, por exemplo, do caso de Galileu</p><p>Galilei), sem que elas descaracterizem o objetivo de seu empreendimento</p><p>como sendo de conhecimento científico.</p><p>O espírito crítico, esse sim, é elemento fundamental nessa trajetória.</p><p>Como destaca Magalhães (2005), mesmo quando uma comunidade</p><p>de cientistas se fecha sobre dogmas, a crítica pode subsistir e, em</p><p>determinados momentos, força uma revisão do que foi cristalizado. É</p><p>justamente a crítica que possibilita os debates, os questionamentos, as</p><p>controvérsias.</p><p>www.esab.edu.br 39</p><p>Outro ponto importante que vale a pena mencionar: imparcialidade,</p><p>autonomia e neutralidade do conhecimento científico são facilmente</p><p>questionáveis quando se nota a filiação desse conhecimento a</p><p>determinadas estruturas de poder.</p><p>Um exemplo citado por Magalhães (2005) foi o tímido apoio dado no</p><p>mundo às pesquisas de fusão nuclear para fins energéticos, uma promessa</p><p>para resolver de maneira limpa, democrática e eficiente a demanda</p><p>por recursos energéticos, mas que bate de frente com os interesses de</p><p>poderosas corporações. Assim, é importante notar que é uma ilusão</p><p>acreditar que as decisões sobre as pesquisas partem da própria comunidade</p><p>de cientistas. Há muitos interesses em jogo também nas ciências.</p><p>Para sua reflexão</p><p>Há alguns anos, tivemos no Brasil uma grande</p><p>polêmica sobre a pesquisa das sementes</p><p>transgênicas de soja, em que se tornou conhecido</p><p>o interesse de grandes grupos multinacionais,</p><p>que poderiam patentear as sementes e passar a</p><p>controlar os plantadores que dependessem desses</p><p>produtos. Reflita: caso a pesquisa e a propriedade</p><p>pertencessem a uma empresa brasileira ou a</p><p>uma instituição pública, será que a perspectiva</p><p>de resistência a esse conhecimento científico</p><p>mudaria? Diminuiriam as restrições a esse plantio?</p><p>O que você acha?</p><p>As respostas a essas reflexões formam parte de sua</p><p>aprendizagem e são individuais, não precisando</p><p>ser comunicadas ou enviadas aos tutores.</p><p>Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da</p><p>ciência ao longo do século XX acabou abalando a crença do ser humano</p><p>em um universo regido por leis e passível de ser conhecido em seus</p><p>mínimos detalhes. Ao contrário, enfatiza Máttar Neto (2011), o progresso</p><p>científico do século anterior levou o ser humano a perceber que somente</p><p>www.esab.edu.br 40</p><p>pode compreender o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por</p><p>meio de aproximações que, em geral, são passíveis de erro.</p><p>Nessa configuração, note que a ciência passa a conviver com a ideia de</p><p>que o acaso desempenha papel primordial no universo, assim como no</p><p>próprio ser humano.</p><p>Não há ciência sem método e, portanto, o método fundamenta a busca</p><p>científica em qualquer área do conhecimento. Sobre a abrangência de</p><p>um método, pode-se dizer que isso varia de acordo com a sua aplicação,</p><p>podendo ser geral ou específico. Geral é o método usado com a</p><p>finalidade de dar conta de situações que expressam uma generalização,</p><p>enquanto específicas são aplicações associadas a situações particulares,</p><p>cujo foco é bem específico.</p><p>Para entender melhor a amplitude dos movimentos metodológicos, que</p><p>nos permitem refletir sobre os métodos em ciências, apresentamos a</p><p>você, a seguir, uma síntese de alguns dos principais movimentos e suas</p><p>contribuições.</p><p>7.1 Empirismo</p><p>Magalhães (2005) menciona a influência de uma “linhagem” empirista</p><p>na ciência, que se desenvolveu do século XVII ao XIX e engloba vários</p><p>pensadores ingleses.</p><p>Na ciência, empregamos o termo empirismo quando nos referimos</p><p>ao método científico tradicional, originário do empirismo filosófico,</p><p>que defende o seguinte: as teorias científicas devem ser baseadas na</p><p>observação do mundo, em vez da intuição ou fé. Nesse sentido, o</p><p>empirismo contribuiu para o desenvolvimento da ciência (MÁTTAR</p><p>NETO, 2011).</p><p>O empirismo foi definido pela primeira vez pelo filósofo inglês John</p><p>Locke no século XVII, que entendia que a única fonte de nossas ideias é</p><p>a experiência sensível, valorizando, desse modo, os sentidos (MÁTTAR</p><p>NETO, 2011).</p><p>www.esab.edu.br 41</p><p>John Locke considerava que o cérebro de um bebê recém-nascido é como</p><p>uma tábua rasa, lousa vazia em que as experiências deixam marcas. De</p><p>modo similar, o empirismo considera que os seres humanos não têm</p><p>ideias inatas.</p><p>De acordo com o empirismo, as teorias das ciências devem ser</p><p>formuladas e explicadas a partir da observação do mundo e da prática de</p><p>experiências científicas. Portanto, esse sistema</p><p>filosófico descarta outras</p><p>formas não científicas − fé, intuição, lendas, senso comum − como forma</p><p>de geração de conhecimentos.</p><p>Os principais pensadores foram: Francis Bacon (1561-1626), John Locke</p><p>(1632-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-</p><p>1776).</p><p>7.2 Positivismo e neopositivismo</p><p>A palavra-chave quando falamos de positivismo é a neutralidade nas</p><p>ciências. O principal nome? Sem dúvida, Auguste Comte (1789-1857),</p><p>para quem a ciência consiste no conhecimento por excelência. E ainda:</p><p>os conceitos só têm significado se puderem ser relacionados a eventos</p><p>reais, isto é, se forem operacionalizados, sustenta Máttar Neto (2011).</p><p>Perceba que é a verificabilidade em seu ponto alto.</p><p>Já o neopositivismo é a extensão do positivismo, mas agora caracterizado</p><p>pela combinação das ideias empiristas com a lógica moderna (de autores</p><p>como Hilbert, Russell, Wittgenstein). O neopositivismo surgiu na</p><p>Áustria, na Alemanha e na Polônia, sendo que vários dos principais</p><p>filósofos emigraram para os Estados Unidos ou Inglaterra, em fuga</p><p>do nazismo. Rudolf Carnap (1891-1970) e Friedrich Waismann</p><p>(1896-1959) são neopositivistas, partindo do pressuposto de que a</p><p>verificabilidade seria o critério de significação de um enunciado. Essa</p><p>abordagem também é marcada pelas investigações centradas em um</p><p>critério de demarcação, que separaria as proposições científicas do</p><p>restante das proposições, expõe Máttar Neto (2011).</p><p>www.esab.edu.br 42</p><p>7.3 Pragmatismo</p><p>O pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do</p><p>século XIX, e está associado ao filósofo, cientista e matemático norte-</p><p>americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), que se soma a vários</p><p>outros pragmatistas clássicos e contemporâneos.</p><p>Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde</p><p>ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. Mas o que isso significa?</p><p>Significa que a clareza de nossas ideias implica concebermos seus efeitos,</p><p>isto é, sensações e reações associadas com o objeto do pensamento.</p><p>Assim, o pragmatismo busca os resultados, mais do que as origens, em</p><p>nossa compreensão das ideias.</p><p>A estrutura do método científico, conforme o pragmatismo, é a seguinte:</p><p>identificar o problema, oferecer uma hipótese explanatória e testar a</p><p>hipótese contra o problema por meios dedutivos (MÁTTAR NETO,</p><p>2011). Ou seja: problema – hipótese – teste. Trata-se do método dos</p><p>métodos e dele deriva a explicação do raciocínio indutivo e dedutivo que</p><p>veremos mais adiante.</p><p>7.4 Marxismo e dialética</p><p>Primeiramente, convém destacar alguns pontos da metodologia do</p><p>marxismo, que se contrapõe ao positivismo. O primeiro ponto refere-</p><p>se ao fato de que o marxismo descreve o movimento da realidade e do</p><p>próprio pensamento por meio da dialética - tese/antítese/síntese. Na</p><p>análise de Karl Marx (1818-1883) sobre o sistema econômico do final</p><p>do século XIX, a tese seria o passado (feudalismo), a antítese, o presente</p><p>(capitalismo), e a síntese, o futuro (representado pelo comunismo ou</p><p>socialismo).</p><p>A confrontação entre as ideias gera uma síntese, que por sua vez é</p><p>submetida a uma nova tensão, e assim por diante, explica Máttar Neto</p><p>(2011).</p><p>www.esab.edu.br 43</p><p>Outra marca importante: as ideias são resultado das relações históricas</p><p>sociais.</p><p>Podemos dizer, por exemplo, que a dialética é o processo em que há um</p><p>adversário a ser combatido ou uma tese a ser questionada, e que supõe,</p><p>portanto, dois protagonistas ou duas teses em conflito; ou então que é</p><p>um processo resultante do conflito ou da oposição entre dois princípios,</p><p>dois momentos ou duas atividades quaisquer.</p><p>Desse modo, o marxismo introduz uma perspectiva de estudar a</p><p>verdade científica levando-se em conta as influências socioeconômicas</p><p>que determinam a transmissão do conhecimento científico (MÁTTAR</p><p>NETO, 2011). Ou seja, para os marxistas, é importante considerar os</p><p>aspectos históricos, as dimensões políticas, ideológicas e, sobretudo,</p><p>a dimensão econômica no processo de construção do conhecimento.</p><p>E nesse sentido, introduz a preocupação de estudar a ciência em sua</p><p>essência, isto é, não apenas se interessa pelo desenvolvimento interno</p><p>das ciências, de seus métodos e sua lógica, mas sobretudo das influências</p><p>socioeconômicas que determinam sua evolução.</p><p>A abordagem marxista se contrapõe aos movimentos anteriores que</p><p>separavam a teoria da prática, na medida em que considera que não</p><p>existe prática sem teoria, e não existe teoria sem prática. E daí surge o</p><p>conceito de práxis marxista.</p><p>7.5 Popper e a falseabilidade</p><p>De acordo com Máttar Neto (2011, p. 80), Karl Popper (1902-</p><p>1994) “[...] é bastante conhecido como o introdutor do critério de</p><p>falseabilidade para diferenciar as teorias científicas dos discursos não</p><p>científicos”. Para esse filósofo e cientista do século XX, todas as boas</p><p>teorias científicas são falsificáveis, mas não são todas falsas.</p><p>Para Popper, entre outros, a produção científica deveria ser</p><p>fundamentada no método que denominou hipotético-dedutivo. Por</p><p>meio desse método, propõe falsear, refutar ou testar uma teoria. Tal</p><p>atividade determinaria a cientificidade das teorias.</p><p>www.esab.edu.br 44</p><p>Como podemos observar em nossa apresentação sobre as contribuições</p><p>de Popper, o cientista propôs uma perspectiva de pensar e de se fazer a</p><p>ciência no século XX.</p><p>7.6 A discussão contemporânea</p><p>Nas décadas mais recentes, vários autores e movimentos metodológicos</p><p>destacaram-se na discussão acerca do assunto. Muitos e muitos</p><p>posicionamentos poderiam ser mencionados aqui, mas importa ressaltar a</p><p>você, neste momento, a dinâmica das concepções acerca dos pressupostos</p><p>conceituais e metodológicos compartilhados pela comunidade científica.</p><p>Você notará, ao longo de sua trajetória acadêmica, que alguns métodos</p><p>de pesquisa são mais recorrentes que outros em determinadas áreas de</p><p>conhecimento.</p><p>Vale a pena ainda chamar sua atenção para outro termo-chave quando se</p><p>discute os movimentos metodológicos contemporâneos.</p><p>Saiba que qualquer conhecimento opera por seleção de dados</p><p>significativos e rejeição de dados não significativos: separa e une;</p><p>hierarquiza e centraliza. Tais operações são comandadas por paradigmas,</p><p>princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem</p><p>que tenhamos consciência disso.</p><p>Mas o que significa paradigma? Em seu livro “A estrutura das revoluções</p><p>científicas”, Thomas Kuhn (2003) apresenta a concepção de que um</p><p>paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e,</p><p>inversamente, uma comunidade científica que consiste em homens que</p><p>partilham um paradigma.</p><p>Vejamos: na perspectiva de Kuhn (2003), um paradigma funcionaria</p><p>como um mapa ou um roteiro da ciência, fornecendo critérios para a</p><p>escolha de seus problemas e das soluções para os problemas. Quando o</p><p>desenvolvimento do conhecimento requer explicações que o paradigma</p><p>vigente não dá conta de responder, a ciência passa por uma crise, que</p><p>pode dar origem a uma revolução científica. Nesse sentido, o autor</p><p>www.esab.edu.br 45</p><p>defende que os enunciados têm caráter provisório e a ciência não opera</p><p>com verdades irrefutáveis.</p><p>Perceba, então, que as concepções históricas e as transformações internas</p><p>ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são</p><p>arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que</p><p>as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do</p><p>conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade</p><p>para que o saber possa se realizar.</p><p>Note, por fim, que as verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a</p><p>ideia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca</p><p>pelo verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso comum,</p><p>o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da</p><p>verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se</p><p>conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.</p><p>Vimos, portanto, alguns dos principais movimentos metodológicos e</p><p>suas implicações nas mudanças</p>