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<p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>1 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>CRIAÇÃO E</p><p>DESENVOLVIMEN</p><p>TODE NOVAS</p><p>EMPRESAS</p><p>ALEXANDRE SALGADO</p><p>NOME PROFESSOR</p><p>SEMESTRE 1</p><p>Dimensões</p><p>Históricas da</p><p>Educação Física</p><p>e do Esporte</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>2 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>CURSO: Licenciatura em Educação Física</p><p>COMPONENTE CURRICULAR: Dimensões Históricas da Educação Física e do Esporte</p><p>SEMESTRES: 1º</p><p>CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas</p><p>EMENTA:</p><p>Análise das práticas físicas do homem primitivo e seu posterior desenvolvimento até o</p><p>surgimento do esporte como forma de relação entre os homens. Análise do desenvolvimento</p><p>do esporte por meio de uma perspectiva histórica que dialoga com a representação esportiva</p><p>na Civilização Grega, no Império Romano, na Idade Média, na Inglaterra pós Revolução</p><p>Industrial e posteriormente no Brasil. Ênfase nos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga e nos</p><p>Jogos Olímpicos da Era Moderna.</p><p>OBJETIVO GERAL:</p><p>Fazer com que o aluno possa compreender o processo de desenvolvimento da prática</p><p>esportiva desde os primórdios da civilização até os dias atuais, considerando o contexto</p><p>histórico como catalizador de sentidos e significados do Esporte.</p><p>Enfatizar a importância do contexto histórico no processo de análise da prática esportiva e sua</p><p>relação com o homem e seu meio.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>3 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>OBJETIVOS ESPECÍFICOS:</p><p>Unidade I – A arte rupestre e a atividade física</p><p>Objetivo da unidade:</p><p>- Fazer com que o aluno possa acessar, assimilar e discutir os aspectos mais significativos da</p><p>produção de conhecimentos no que diz respeito às diversas manifestações do movimento</p><p>físico.</p><p>Unidade II – O esporte na civilização grega</p><p>Objetivo da Unidade:</p><p>- Estudar os conceitos e fundamentos da prática esportiva na civilização grega.</p><p>Unidade III – O Império Romano e a prática esportiva</p><p>Objetivo da Unidade:</p><p>- Análise dos combates entre os gladiadores e a denominada “Cultura do pão e circo” como</p><p>ferramenta de manipulação.</p><p>Unidade IV – A idade Média- A revolução Industrial e a Idade Contemporânea</p><p>Objetivo da Unidade:</p><p>- Estudar as diferentes manifestações esportivas nos diferentes momentos históricos</p><p>Unidade V- História da Educação Física no Brasil</p><p>Discutir o retrospecto da Educação Física Brasileira sob uma ótica critico histórica.</p><p>CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:</p><p>UNIDADE I - Conteúdos:</p><p>- A Pré História</p><p>As primeiras tribos</p><p>Correr, nadar, caçar, saltar, as atividades físicas do homem primitivo</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>4 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>UNIDADE II - Conteúdos:</p><p>- A Civilização grega e os Jogos Olímpicos</p><p>- A cultura pagã</p><p>- As práticas esportivas nos Jogos Olímpicos</p><p>- O esporte como fator de união entre os povos</p><p>UNIDADE III - Conteúdos:</p><p>- O Império Romano e o combate entre os Gladiadores</p><p>- A cultura do “Pão e Circo”</p><p>- Idade Média: As Justas e os Torneios Medievais</p><p>- A Revolução Industrial na Inglaterra</p><p>- O lazer e o esporte na Inglaterra</p><p>UNIDADE IV - Conteúdos:</p><p>Os Jogos Olímpicos da Era Moderna</p><p>A Copa do Mundo de Futebol</p><p>A Sociedade do espetáculo</p><p>UNIDADE V- Conteúdos:</p><p>História da Educação Física e dos Esportes no Brasil</p><p>Principais tendências e teorias</p><p>BIBLIOGRAFIA BÁSICA:</p><p>Betti, Mauro. Educação física e sociedade. De Mauro Betti. São Paulo: Movimento, 1991.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>5 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Soares, Thais. Gladiadores, Cinema e História: discussão inicial. In: Congresso Internacional</p><p>de História. 2011.http://www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/220.pdf. Acesso em</p><p>12/07/2018</p><p>Soares, A.J & Lovisolo, H. Futebol: A construção histórica do estilo nacional. Rev. Bras.</p><p>Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 1, p. 129-143, set. 2003.</p><p>BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR</p><p>Melchior, Roberto. Cinema, Esporte e Cultura: uma relação entre tapas, beijos e efeitos</p><p>especiais. In: www.portcom.intercom.org.br/pdfs/1b507f7pdf.</p><p>MELO, Victor Andrade de. Reflexão sobre a história da educação física no Brasil: uma</p><p>abordagem historiográfica. Revista Movimento, v.1, n.4, 1996.</p><p>______. Porque devemos estudar história da Educação Física/Esportes nos cursos de</p><p>graduação? Revista Motriz, v. 3, n.1, Junho/1997.</p><p>______. História da educação física e do esporte no Brasil: panoramas e perspectivas. São</p><p>Paulo:Ibrasa, 1999.</p><p>METODOLOGIA:</p><p>A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de</p><p>recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades</p><p>individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de</p><p>pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da</p><p>relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.</p><p>AVALIAÇÃO:</p><p>A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvidos e apoiado nos</p><p>trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e</p><p>aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades.</p><p>Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas,</p><p>avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>6 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Créditos e Copyright</p><p>MELCHIOR, Roberto. Curso de Educação Física: Dimensões Históricas da</p><p>Educação física e do Esporte. Prof Ms Roberto Melchior</p><p>Santana: Semestre 1. Santos: UNIMES VIRTUAL. UNIMES, 2018, 133p.</p><p>1. Educação Física 2. Dimensões Históricas</p><p>G_ECF_DHFE_1</p><p>Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui</p><p>publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. A Unimes Virtual terá</p><p>o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação</p><p>dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em</p><p>qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.</p><p>Copyright (c) Unimes Virtual</p><p>É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.</p><p>Última atualização: terça, 21 Ago 2018, 19:56</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>7 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Sumário</p><p>Aula 1 - O homem primitivo e a arte rupestre ......................................................................................... 9</p><p>Aula 2 – O surgimento das primeiras tribos ........................................................................................... 11</p><p>Aula 3 – Correr, pular, saltar, sobreviver ............................................................................................... 14</p><p>Aula 4 – Civilização Grega ...................................................................................................................... 17</p><p>Aula 5 – Os Jogos Olímpicos ................................................................................................................... 20</p><p>Aula 6 – A representação simbólica da Tocha Olímpica ........................................................................ 23</p><p>Aula 7 – O culto dos Deuses na Grécia ................................................................................................... 25</p><p>Aula 8 – Semideuses .............................................................................................................................. 32</p><p>Aula 9 – Os gregos como modelo inicial do que é o esporte nos dias atuais ........................................ 35</p><p>Aula 10 – O declínio da civilização grega ...............................................................................................</p><p>específicas, conforme seu bilhete de</p><p>entrada, por suas mais de 80 entradas em forma de arco. Obra nenhuma na</p><p>atualidade é capaz de igualar tal feito. Os corredores foram projetados para</p><p>que a multidão se locomovesse de forma rápida e disciplinada”.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>47 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 14 – O esporte na Grécia e no Império Romano</p><p>Há uma diferença significativa entre a prática esportiva na civilização grega e a</p><p>verificada no Império Romano. Nos Jogos Olímpicos, ainda que vez ou outra</p><p>pudesse acontecer uma fatalidade levando o competidor à morte, tais casos eram</p><p>raros e não constituíam o interesse maior da competição, por sua vez, o combate</p><p>entre gladiadores no Império Romano, trazia à morte como ingrediente</p><p>indispensável. A vitória de um gladiador sobre o outro, via de regra acarretava a</p><p>morte do oponente derrotado.</p><p>Yuri (2018) frisa:</p><p>“ Maior e mais suntuoso símbolo do Império Romano, o Coliseu era um enorme</p><p>anfiteatro reservado para combate entre gladiadores ou opondo esses guerreiros</p><p>contra animais selvagens. Suntuoso, era mais confortável do que muitos estádios</p><p>modernos. Sua construção foi iniciada no ano de 72 d.C., por ordem do imperador</p><p>Flávio Vespasiano, que decidiu erguê-lo no local de um antigo palácio de Nero,</p><p>seu antecessor no comando do Império. As obras levaram oito anos para serem</p><p>concluídas e, quando tudo ficou pronto, Roma já era governada por Tito, filho de</p><p>Vespasiano. (. . .) Alguns historiadores especulam que o nome Coliseu só</p><p>apareceria centenas de anos depois, talvez no século 11, e teria surgido inspirado</p><p>no Colosso de Nero, uma estátua de bronze de 35 metros de altura, que ficava ao</p><p>lado do anfiteatro”. In: Vasconcelos, Yuri. O que foi o Coliseu de Roma? Revista</p><p>Superinteressante. www.superabril.com.br. Acesso em 08/07/2018.</p><p>Guarinello (2007), por sua vez, especifica:</p><p>“O anfiteatro era, para os romanos, um espaço de sua normalidade</p><p>cotidiana, um lugar no qual reafirmavam seus valores e sua concepção do</p><p>“normal”. Por um lado, como ressaltam estudiosos contemporâneos, a arena</p><p>atuava como espaço identitário, que separava o romano do não romano, o</p><p>obediente do resistente, o normal daquele que rompia as normas. Isso</p><p>explica por que os anfiteatros se espalharam por todo o Império, mesmo</p><p>para as regiões de fala grega. Nos anfiteatros se expunham, para serem</p><p>supliciados, bárbaros vencidos, inimigos que se haviam oposto à ordem</p><p>romana. Nos anfiteatros se supliciavam, também, bandidos e marginais,</p><p>como por vezes os cristãos, que eram expostos às feras e dados como</p><p>espetáculo, expostos ao prazer de suas vítimas ou daqueles que defendiam</p><p>os valores normais da sociedade”. Guarinello N. L. Violência como</p><p>espetáculo: o pão, o sangue e o circo. HISTÓRIA, SÃO PAULO, v. 26, n. 1,</p><p>p. 125-132, 2007</p><p>http://www.superabril.com.br/</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>48 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>O cinema imortalizou uma cena que é recorrente em diversos filmes que abordam</p><p>o combate entre os gladiadores no Coliseu Romano e que contava com a</p><p>participação do público, legitimando ou tendo participação ativa, desautorizando o</p><p>golpe fatal que levaria o gladiador derrotado à morte.</p><p>Neste sentido, ainda que por breves instantes e em meio a realização de uma</p><p>competição esportiva, o povo via-se imbuído do poder de decisão entre a morte e</p><p>a vida erguendo o polegar ou declinando-o, poupando o derrotado ou não.</p><p>Não há um consenso entre os teóricos sobre o gestual simbólico que conduzia à</p><p>morte ou a absolvição, o cinema contudo (sem preocupar-se muito com a</p><p>fidedignidade histórica) valeu-se da construção imagética do “pollice verso”,</p><p>literalmente traduzido como “polegar virado”, em cenas antológicas.</p><p>A cena é recorrente em inúmeros filmes e na maioria das vezes, apresenta o</p><p>personagem principal que ao vencer e prostrar o gladiador vencido, depara-se</p><p>momentaneamente com a opção entre levá-lo à morte ou poupá-lo.</p><p>Na maioria das abordagens, o Imperador presente ao Coliseu opta pela morte do</p><p>oponente, sendo seguido algumas vezes pelo povo.</p><p>A ação recorrente que o cinema imortalizou, diz respeito ao ato de rebeldia do</p><p>protagonista, que ao se recusar a seguir à determinação do Imperador ou da</p><p>multidão, ambos pedindo pela morte do gladiador vencido, opta por poupá-lo.</p><p>Este confronto entre o desejo explícito do Imperador e a valorização da morte</p><p>como ingrediente indispensável do espetáculo esportivo, notadamente desejado</p><p>pela multidão como ápice do acontecimento, conduz o protagonista por uma outra</p><p>seara que constrói a sua identidade e o fortalece.</p><p>Assim, a construção imagética apresentada, não idealiza apenas um homem que</p><p>se destaca dos demais em razão de seu vigor físico, habilidades, técnica apurada,</p><p>força e espírito guerreiro, mas, sobretudo o dota de um poder de questionamento</p><p>do poder representado pelo desejo do Imperador, e que também questiona a</p><p>decisão da multidão e se recusa a ser manipulado por um ou por outro.</p><p>Se a multidão presente ao estádio tinha o poder de decidir pela morte ou pelo</p><p>perdão do gladiador vencido, o vencedor tinha o livre arbítrio de tomar a sua</p><p>decisão, pautado naquilo em que acreditava em respeito ao seu discernimento,</p><p>sua ética, valoração moral e princípios.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>49 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Se, no que diz respeito aos Jogos Olímpicos da civilização grega, sabemos que</p><p>eram realizados de 4 em 4 anos, as lutas entre gladiadores no Coliseu Romano,</p><p>bem como as competições envolvendo bigas ( conduzidas por dois cavalos) e</p><p>quadrigas (conduzidas por 4 cavalos ou mais) aconteciam para comemorar</p><p>alguma conquista militar, notadamente quando outros povos bárbaros eram</p><p>conquistados, aumentando o poder e a supremacia do Império Romano em</p><p>relação a outros povos.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>50 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 15 – A queda do Império Romano</p><p>Na conquista de novos povos, aumentava-se o número de escravos no Império</p><p>Romano. Dentre estes inúmeros novos escravos, alguns eram conduzidos às</p><p>Academias afim de serem treinados como gladiadores.</p><p>Muitos destes escravos eram apenas agricultores, pescadores e artesãos e a</p><p>maioria sem nenhum contato anterior com treinamento militar, ou qualquer tipo de</p><p>treinamento voltado ao manuseio de armas de combate, o que fazia com que se</p><p>tornassem presas fáceis de gladiadores mais acostumados com a rotina das lutas,</p><p>dos treinos e dos combates.</p><p>Le Roux ( 2013):</p><p>“A tentativa de escrever uma história moderna do Império Romano esbarra hoje</p><p>em dia em um estranho paradoxo: transformou-se em um esforço cuidadoso para</p><p>tornar acessível ao leitor um mundo que lhe é mais ou menos familiar, mas que se</p><p>acha profundamente submerso sob grande diversidade de camadas múltiplas de</p><p>informações e de conhecimentos. Somos forçados a escolher entre enfatizar as</p><p>principais evoluções cronológicas dos acontecimentos ou dar-lhes interpretações</p><p>renovadas. Todavia, esse fato não deve mascarar nem as incertezas, nem as</p><p>obscuridades, nem tampouco as lacunas que ainda subsistem. A aparente</p><p>limpidez do relato esconde parcialmente o longo esforço de montagens pacientes</p><p>e cuidadosas que a interpretação e a ordenação de dados heterogêneos e</p><p>descontínuos exigiram do historiador profissional”. Le Roux, Patrick. Império</p><p>Romano. Porto Alegre . L&PM. 2013</p><p>O Império Romano, foi segundo alguns historiadores, o maior Império que já</p><p>existiu na antiguidade, no auge do Império, sua extensão cobria áreas no mar</p><p>Mediterrâneo, na Europa, África e na Ásia. Durante cerca de 500 anos, o Império</p><p>Romano reinou hegemônico.</p><p>“O</p><p>Império Romano nasceu oficialmente em 27 a.C. e terminou –</p><p>dependendo do ponto de vista – com a conquista de Roma pelos godos,</p><p>chefiados por Alarico, em 410 d.C., ou em 476 d.C., data da queda do último</p><p>imperador do Ocidente, em consequência dos repetidos assaltos dos povos</p><p>germânicos. Considerados todos os fatos, é difícil circunscrever com</p><p>precisão uma faixa histórica cuja compreensão não dependa de uma série</p><p>de referências ao período da república romana que se seguiu à Segunda</p><p>Guerra Púnica; portanto, seu começo só pode ser entendido mediante o</p><p>estudo de uma história política que fluiu como uma unidade ininterrupta. No</p><p>extremo oposto, quando são considerados os séculos finais do Império,</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>51 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>somos forçados a recorrer a fontes que, em sua maioria, se contrariam cada</p><p>vez mais umas às outras, de modo tal que seu estudo mais exato teria de</p><p>ser limitado à fase clássica do Alto Império. Este teve a duração de quase</p><p>três séculos e se foi expandindo lentamente, acabando por se impor como</p><p>um sistema de governo mundial, do qual permanecemos – de uma forma ou</p><p>de outra – os herdeiros, ainda que sejamos obrigados a salientar as</p><p>numerosas alterações que, desde o início, ocorreram nas divisões do</p><p>território e nas fronteiras desse império”. Idem.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>52 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 16 – Idade Média – A Idade das Trevas</p><p>Idade Média</p><p>A Idade Média se estendeu do século V ao século XV. Teve início com a queda do</p><p>Império Romano do Ocidente em 476 e seu término com a tomada de</p><p>Constantinopla no ano de 1453, pelo turcos otomanos.</p><p>Também chamada de Idade das Trevas pelos humanistas em razão do enorme</p><p>retrocesso cultural alimentado por fatores tais como, invasões bárbaras,</p><p>fortalecimento da Igreja e a proibição da difusão do conhecimento, inúmeras</p><p>guerras entre os estados, guerras civis, revoltas populares e a incidência da Peste</p><p>Negra que, entre os anos de 1347 e 1350, dizimou cerca de 1/3 da população</p><p>europeia.</p><p>Capinussú, J. M ( 2005):</p><p>“Conhecida como um período de estagnação e obscurantismo, considerada</p><p>uma etapa da história capaz de impedir o desenvolvimento, a Idade Média</p><p>teve a virtude de despertar no ser humano a necessidade de modificar um</p><p>estado letárgico então existente, dando origem, posteriormente, ao</p><p>Renascimento. Por outro lado, as manifestações de caráter físico, como a</p><p>prática esportiva e o culto ao corpo, tão celebrados pelos gregos e, até</p><p>determinado período, pelos romanos, não encontraram o mesmo estímulo</p><p>na Idade Média. Entretanto, uma gama de respeitáveis historiadores</p><p>considera a época medieval uma verdadeira fonte de riquezas e benefícios</p><p>para a civilização ocidental, onde se enquadra a figura do cavaleiro, física e</p><p>espiritualmente muito bem preparado, galanteador e romântico, exímio no</p><p>ato de montar e, principalmente, no uso da espada, atividades que, mais</p><p>tarde, dariam origem a modalidades esportivas de caráter olímpico, como o</p><p>hipismo e a esgrima. Na Idade Média, não havia, portanto, uma educação</p><p>física que os gregos procuraram, por meio de certo primitivismo, estimular,</p><p>mas uma atividade física que, deixando de lado a violência, revela bravura e</p><p>lealdade da parte de seus praticantes”.</p><p>Capinussú. J. M. Educação Física Revista de Nº 131 agosto de 2005 53-56.</p><p>Atividade física na Idade Média: Bravura e lealdade acima de tudo. Universidade</p><p>Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil</p><p>Para podermos compreender esta mudança de paradigma em relação aos</p><p>significados e sentidos possíveis relacionados ao corpo, é preciso considerar o</p><p>fortalecimento da Igreja e a visão que esta alimentava, no que diz respeito à</p><p>atividade física e à prática esportiva.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>53 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>O fortalecimento da Igreja na Idade Média transformou as relações sociais entre a</p><p>nobreza e o clero, que, supostamente legitimado pela palavra de Deus, passou a</p><p>interferir nas decisões proferidas pelos reis e nobres em geral e a pautar o</p><p>comportamento da plebe inculta que obedecia ao rígido código de conduta da</p><p>Igreja, com medo das represálias que não se limitavam apenas à esfera terrena,</p><p>mas atingiam, em uma visão metafísica, o universo do imponderável e</p><p>representavam a salvação ou o mergulho eterno nas profundezas do mal.</p><p>Quando em 391, o Império Romano declara o Cristianismo como sua religião</p><p>oficial, o Catolicismo se reestrutura, passa a confrontar de forma mais incisiva as</p><p>religiões pagãs e aumenta seu poderio no continente europeu.</p><p>Nem mesmo a incidência das invasões bárbaras, representadas pelos</p><p>germânicos, impediu o crescimento e fortalecimento do Cristianismo.</p><p>Na Idade Média, notadamente entre os séculos V e XV, o Cristianismo revestiu-se</p><p>de grande poder, importância e influência, jamais vistos na história das religiões.</p><p>Com a venda de indulgências, ou seja, a remissão parcial ou total dos pecados</p><p>cometidos contra a fé cristã, a Igreja adquiriu forte poderio econômico, o que fez</p><p>com que igrejas, monastérios, templos e conventos, normalmente eregidos pela</p><p>realeza ou pelos nobres em geral, como forma de expiação dos seus pecados,</p><p>passassem a ser uma constante, redesenhando a geografia das cidades,</p><p>inserindo o Cristianismo em um outro patamar, no qual sua importância eclipsava</p><p>o poderio dos reis, até então tidos e havidos como representantes da vontade de</p><p>Deus na terra.</p><p>Os dogmas estabelecidos pela igreja não admitiam contestação ou opiniões</p><p>contrárias, ainda que dotadas de sentido e embasadas pelo racionalismo. Aos que</p><p>ousavam questionar e confrontar tais dogmas, a perseguição, punição e posterior</p><p>ostracismo, quando não à morte, eram o legado mais frequente.</p><p>Com a criação da Inquisição (Tribunal do Santo Ofício) no século XIII, a Igreja,</p><p>instaura aquele que foi conhecido como um período de trevas na Idade Média,</p><p>período no qual, aqueles que de uma forma ou de outra eram contrários aos</p><p>interesses da Igreja, eram perseguidos, torturados, julgados pela própria Igreja e</p><p>conduzidos à fogueira.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>54 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 17 – O declínio do Império Romano – O Cristianismo como religião oficial</p><p>do Império Romano</p><p>O fim do Império Romano não aconteceu da noite para o dia, mas, foi o acúmulo</p><p>de uma série de fatos e acontecimentos que estão ligados à revolta dos povos</p><p>bárbaros, às dimensões de seu poderio e à dificuldade de controlar ou solucionar</p><p>conflitos, notadamente ao longo de suas fronteiras, ou mesmo no interior dos</p><p>territórios dominados, nos quais grupos rebeldes lutavam contra o regime.</p><p>A pujança dos Jogos Olímpicos do Império Romano, notadamente, o combate</p><p>entre os gladiadores, foi paulatinamente perdendo a força, sentidos e significados,</p><p>na medida em que, com a adoção do Cristianismo como religião oficial do Império</p><p>Romano, ocorre uma divisão, uma fragmentação sócio, política, cultural e</p><p>religiosa.</p><p>Com o advento do Cristianismo, a “sociedade do espetáculo” representada pelas</p><p>competições esportivas e pela exaltação dos vencedores, perde o seu significado,</p><p>pois surge uma nova ordem natural das coisas e um novo sentido que norteia as</p><p>ações do homem sobre a terra.</p><p>O espetáculo esportivo representado pelas competições entre os gladiadores,</p><p>como forma de exaltação ao Império Romano, passa a fazer parte de um passado</p><p>que de forma alguma é incentivado pelos ideais do Cristianismo.</p><p>A atividade física, o culto ao corpo e as competições esportivas passam a ser</p><p>vistas como um distanciamento do ideal maior que prega a salvação da alma.</p><p>Capinussú (2005) salienta:</p><p>“Quando, em 395 a.C, o imperador Teodósio aboliu os</p><p>Jogos Olímpicos, a</p><p>civilização romana já se encontrava em estado de completa deterioração.</p><p>Um pouco antes, em 391 a.C, Teodósio declarou o Cristianismo como</p><p>religião oficial do Império Romano, marginalizando os outros credos</p><p>religiosos e provocando a divisão do Império Romano (395 a.C.) em</p><p>Império do Oriente e do Ocidente, que veio a cair em 476 a.C, com a</p><p>deposição de Rômulo Augusto, último imperador do Ocidente. Perante</p><p>esta situação, a Idade Média caracterizou-se por disputas entre três</p><p>poderes que objetivavam o controle da Europa: o poder militar,</p><p>representado pela força dos bárbaros; o poder civil, representado pelas</p><p>organizações municipais e provinciais estabelecidas pelo Direito Romano,</p><p>costumes e famílias; e o paganismo, substituído pelo Cristianismo, que,</p><p>cultuado de forma exacerbada, preconizava total importância à salvação</p><p>da alma e à conquista de uma vida celestial. Resulta deste abstracionismo,</p><p>o desprezo pelo culto ao corpo, tornando a atividade física inexpressiva,</p><p>passando a ser somente utilizada para a preparação militar. Os cavaleiros</p><p>deveriam ser treinados para as grandes Cruzadas e as Guerras Santas,</p><p>organizadas pela Igreja, em substituição às antigas festas populares, às</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>55 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>vezes atingindo até as raias do absurdo, como ocorreu com a instituição</p><p>da Santa Inquisição, que, em nome da Igreja, condenava inocentes à</p><p>morte, acusados de bruxaria”. Capinussú. J. M. Educação Física Revista de Nº</p><p>131 agosto de 2005 53-56. Atividade física na Idade Média: Bravura e lealdade</p><p>acima de tudo. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil</p><p>Ainda que não possamos falar sobre a incidência de uma prática esportiva</p><p>específica na Idade Média, o treinamento voltado aos cavaleiros era aquilo que</p><p>mais se assemelhava aos que anos depois ficou conhecido como esporte.</p><p>Huizinga, J ( 1994) frisa:</p><p>“ A concepção da cavalaria como forma sublime da vida secular podia ser</p><p>definida como um ideal estético revestindo o aspecto de ideal ético. Tem</p><p>por base a fantasia heróica e o sentimento romântico. Mas o pensamento</p><p>medieval não permitia formas ideais de nobreza independentes da religião.</p><p>Por essa razão a piedade e a virtude têm de ser a essência da vida do</p><p>cavaleiro. A cavalaria, porém, nunca virá a realizar perfeitamente esta</p><p>função ética. A sua origem terrena impede-o. Porque na origem da ideia</p><p>cavalheiresca está o orgulho que aspira à beleza, e o orgulho formalizado</p><p>dá lugar à concepção da honra, que é o cerne da vida nobre. «O</p><p>sentimento da honra», diz Burckhardt, «essa mistura estranha de</p><p>consciência e de egoismo» é compatível com muitos vícios e susceptível</p><p>de ilusões extravagantes; não obstante, tudo o que permaneceu puro e</p><p>nobre no homem pode encontrar apoio nele e dele extrair novas forças”.</p><p>Neste sentido e considerando que as competições e os Torneios Medievais eram</p><p>voltados apenas para os nobres, podemos dizer que, durante a Idade Média, havia</p><p>uma clara discriminação em relação à prática esportiva, se considerarmos que o</p><p>povo estava impedido por lei de participar destes eventos esportivos.</p><p>Há alguns aspectos a considerar; o primeiro dentre eles versa sobre a “luta de</p><p>classes”, termo que só seria criado muitos anos depois por Karl Marx, mas que</p><p>utilizo aqui para representar o ideal imaginário da época e que considerava</p><p>inadmissível aventar a possibilidade de que, em um combate entre um nobre e um</p><p>plebeu, representante do povo, o primeiro pudesse ser derrotado, o que implicaria</p><p>em um questionamento indevido sobre as relações de poder.</p><p>O segundo aspecto envolve a esfera econômica, considerando que a participação</p><p>nestes torneios medievais, requeria investimento, aquisição de material, cavalos,</p><p>ajudantes, alimentação e deslocamentos entre as cidades nas quais eras</p><p>realizadas as competições. Um cenário distante anos luz de distância da realidade</p><p>vivenciada pela plebe na Idade Média. Ainda que a proibição da participação de</p><p>representantes do povo nestes torneios, existisse, é quase inviável acreditar que</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>56 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>se esta proibição não existisse, haveria algum representante da plebe com</p><p>condições de participar de tais eventos.</p><p>RESUMO:</p><p>Em 391 a.C., o imperador Teodósio declara o Cristianismo como religião oficial do</p><p>Império Romano.</p><p>Em 395 a.C. os Jogos Olímpicos do Império Romano são abolidos.</p><p>O Cristianismo “preconizava total importância à salvação da alma e à conquista de uma vida</p><p>celestial. Resulta deste abstracionismo, o desprezo pelo culto ao corpo, tornando a atividade física</p><p>inexpressiva, passando a ser somente utilizada para a preparação militar”. Capinussú (2005).</p><p>Os plebeus (povo) eram impedidos de participar das competições esportivas.</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Plebeus: Aqueles que não nasceram na nobreza. Classe baixa da população.</p><p>Advento: Surgimento, aparição, começo.</p><p>Pujança: Grandeza, dimensão.</p><p>Abstracionismo: diz-se do que não é concreto, fantasioso, imaginário, que não</p><p>estabelece relação com a realidade.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>57 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 18 – O elitismo da prática esportiva</p><p>O conceito de esporte ou de prática esportiva como o concebemos hoje, era</p><p>inexistente na Idade Média. Se nos dias atuais, alguns dos motivos que conduzem</p><p>à prática esportiva englobam a valoração estética, preocupação com a saúde,</p><p>aumento de massa muscular, ganho ou perda de peso, tais motivos não faziam</p><p>parte da ordem natural das coisas no pensamento do homem medieval.</p><p>A prática esportiva era elitista, pois, permitida apenas aos nobres e aos cavaleiros.</p><p>Aos homens do povo, restava o envolvimento com a atividade física voltada quase</p><p>que exclusivamente para o trabalho, além de algumas atividades de caráter</p><p>recreacional.</p><p>Os camponeses, apesar da vida atribulada no campo, arrumavam tempo para a</p><p>diversão com as danças populares, a música e muita comida que promoviam a</p><p>interação.</p><p>Crianças e adolescentes costumavam brincar de lutas com armas de madeira,</p><p>imitando os cavaleiros que competiam nos Torneios Medievais e nas Justas,</p><p>enquanto adultos jogavam cartas, xadrez, dados, além de gamão e jogos de</p><p>estratégia.</p><p>“ Em sã consciência, não se pode afirmar a existência de uma Educação</p><p>Física na Idade Média, pois a predominância de jogos e brincadeiras,</p><p>envolvendo crianças e adultos, não representava maiores</p><p>comprometimentos com o corpo, mas apenas uma forma recreativa de</p><p>passar o tempo. Entretanto, havia uma atividade física voltada à</p><p>preparação militar do homem em defesa dos domínios do seu Senhor;</p><p>bem como a preparação militar do homem, objetivando integrar-se às</p><p>Cruzadas, movimento utilizado pela Igreja para libertar os lugares santos</p><p>(situados na Palestina) ocupados pelos turcos muçulmanos. A prática dos</p><p>Jogos Equestres, representados primordialmente pelos Torneios e as</p><p>Justas, onde a bravura, a lealdade e o espírito cavalheiresco dos</p><p>participantes eram uma constante, provocou, séculos mais tarde, uma</p><p>entusiástica manifestação do Barão de Coubertin: "A Idade Média</p><p>conheceu um espírito desportivo de intensidade e brilho, provavelmente</p><p>superior àquilo que conheceu a própria antiguidade grega". Capinussú. J. M.</p><p>Educação Física Revista de Nº 131 agosto de 2005 53-56. Atividade física na Idade</p><p>Média: Bravura e lealdade acima de tudo. Universidade Federal do Rio de Janeiro</p><p>- Rio de Janeiro - Brasil</p><p>Ainda que esta afirmativa não seja corroborada por muitos autores, cabe dizer que</p><p>inúmeras práticas esportivas ficaram registradas durante a Idade Média e se</p><p>caracterizaram como eventos que movimentavam multidões.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>58 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Ou, nas palavras de Tubino (2004):</p><p>“Na Idade Média e na Renascença, as práticas esportivas foram escassas</p><p>e, às vezes, muito violentas. Entre elas, podem-se citar algumas que</p><p>conseguiram destaque na História do Esporte:</p><p>a) O Torneio Medieval consistia numa verdadeira batalha corporal, com</p><p>duas equipes contrárias usando cavalos, espadas e até lanças. Os</p><p>vencedores recebiam prêmios e os perdedores, muitas vezes, morriam nas</p><p>disputas.</p><p>b) A Soule era um esporte medieval popular, de grande violência,</p><p>praticado na Europa Ocidental, variando em cada local, com número</p><p>ilimitado de jogadores, que tentavam conduzir uma pelota (bexiga animal</p><p>com ar) até um ponto pré-estabelecido de cada lado. Os jogos provocavam</p><p>muitos feridos. Essa modalidade foi iniciada no século XI e chegou até o</p><p>XIX.</p><p>c) O “Jeu de Palme” era um jogo de bola, de origem francesa, que</p><p>consistia em bater numa pelota com a palma das mãos. Era disputado em</p><p>salas fechadas e teve o seu auge no século XVI. Ainda é praticado. d) O</p><p>“Gioco del Calcio” ou Calcio Fiorentino era um jogo medieval, codificado no</p><p>Renascimento, com 27 jogadores por equipe, cujo objetivo era conduzir a</p><p>pelota com os pés ou mãos até o final da área adversária. Essa</p><p>modalidade, iniciada no século XVI em Florença, permanece sendo exibida</p><p>no “Carnaval Florentino”. Muitos afirmam que esse esporte é um dos</p><p>precursores do Futebol.</p><p>e) As Justas eram disputadas entre dois cavaleiros com armaduras e</p><p>lanças de ferro. O final das Justas ocorreu em 1559. Além dessas práticas</p><p>esportivas descritas acima, existiram muitas outras modalidades (Austball,</p><p>Carrossel, Mintonetti etc.).</p><p>Nos séculos XVIII e XIX, as práticas esportivas passaram a compreender</p><p>apostas, o que foi uma nova e poderosa motivação para as disputas. Eram</p><p>corridas curtas, lutas e provas de remo”. Tubino. M. Estudos brasileiros</p><p>sobre o esporte: Ênfase no esporte educação. Maringá. Eduem, 2010</p><p>RESUMO:</p><p>O conceito de esporte ou de prática esportiva como o concebemos hoje, era</p><p>inexistente na Idade Média.</p><p>A prática esportiva era elitista, pois, permitida apenas aos nobres e aos cavaleiros.</p><p>Aos homens do povo restava o envolvimento com a atividade física voltada quase</p><p>que exclusivamente para o trabalho, além de algumas atividades de caráter</p><p>recreacional.</p><p>Na Idade Média e na Renascença, as práticas esportivas foram escassas e, às</p><p>vezes, muito violentas.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>59 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Justas- Disputas a cavalo que eram disputadas entre dois cavaleiros com</p><p>armaduras e lanças de ferro.</p><p>Torneio Medieval- Consistia numa verdadeira batalha corporal, com duas equipes</p><p>contrárias usando cavalos, espadas e até lanças.</p><p>Jeu de Palme- Jogo de bola, de origem francesa, que consistia em bater numa</p><p>pelota com a palma das mãos.</p><p>Soule- Esporte medieval popular, de grande violência, praticado na Europa</p><p>Ocidental, variando em cada local, com número ilimitado de jogadores, que</p><p>tentavam conduzir uma pelota (bexiga animal com ar) até um ponto pré-</p><p>estabelecido de cada lado.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>60 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 19 – Os Torneios Medievais e as Justas</p><p>Dentre estas modalidades, os Torneios e as Justas foram as práticas esportivas</p><p>de maior destaque e as que tiveram o maior número de representações no</p><p>cinema.</p><p>Aguiar & Frota (2013) assim se referem às características da educação</p><p>cavalheiresca legada aos cavaleiros na Idade Média:</p><p>“ É interessante ressaltar a educação cavalheiresca que tomou corpo na</p><p>Idade Média e que preconizava a formação do homem valoroso e cortês,</p><p>honrado e fiel. Cultivava-se em grande medida as destrezas físicas e</p><p>corporais, como o manejo do arco e da lança, corrida, equitação, esgrima,</p><p>natação e caça. As habilidades mencionadas eram disputadas em</p><p>competições e torneios nos quais se julgava o valor e as destrezas dos</p><p>cavaleiros. A Educação Física desse período pode ser entendida como um</p><p>conjunto de práticas, que tinha como objetivo o desenvolvimento de</p><p>habilidades físicas específicas buscando a formação do indivíduo hábil,</p><p>valoroso e cortês”.</p><p>Considerando que grande parte de nossa cultura está atrelada ao contato com a</p><p>produção dos meios de comunicação de massa, notadamente a produção visual</p><p>inerente ao cinema, há de se considerar o enorme poder de influência de</p><p>inúmeras películas cinematográficas que abordaram alguns dos momentos mais</p><p>importantes da história.</p><p>Silva. V (2009) na análise das relações entre cinema, cultura e memória nos diz:</p><p>“ A presença da imagem em movimento no cotidiano de milhares de</p><p>pessoas é tão natural que frequentemente não refletimos sobre o fato de</p><p>que o invento técnico que possibilitou essa ‘mágica’, sintetizando os</p><p>esforços e desejos de muitas e muitas gerações, surgiu há pouco mais de</p><p>cem anos. Tal experiência é, nesse sentido, apenas um grão de areia na</p><p>imensidão histórica. Mas é impressionante o quanto este grão fez e faz</p><p>diferença nas vivências de homens e mulheres de diversas camadas e</p><p>sociedades ao interferir nas formas de ver e conhecer o mundo no instante</p><p>em que põe em circulação tantos e tão variados conteúdos e formas de</p><p>experimentá-los. Quantas vezes ‘fomos’ aos Estados Unidos, por exemplo,</p><p>e a outras regiões do mundo, sem sair da poltrona da sala de exibição ou</p><p>do conforto da casa graças ao cinema? É de perder a conta...</p><p>Conhecemos muito das paisagens e das fisionomias dos povos dessas</p><p>regiões por meio das telas. E, em cada uma dessas viagens, por terras</p><p>estrangeiras ou no nosso próprio país, encontramos personagens,</p><p>histórias e situações que nos afetam de muitas maneiras, proporcionando</p><p>sentimentos de tipos também variados”.</p><p>Ainda que não possamos perder de vista que qualquer produção cinematográfica</p><p>acarreta uma grande dose de criatividade, manipulação da informação,</p><p>abordagem tendenciosa, omissão de fatos e uma dose cavalar de fantasia, é</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>61 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>preciso, a partir de uma perspectiva histórica compreender a importância da</p><p>representação imagética no cinema como instrumento que possibilita a</p><p>compreensão dos temas abordados, se não em sua plenitude, ao menos em</p><p>tópicos que devem ser abordados pelo educador.</p><p>Ou, nas palavras de Barros. J. (2011)</p><p>“ Há algumas décadas os historiadores descobriram as amplas</p><p>possibilidades de utilização do cinema como fonte histórica . Considerado</p><p>por muitos a “arte do século XX”, o cinema tem constituído, a partir de si</p><p>mesmo, uma linguagem própria e uma indústria também específica, e à</p><p>par disto não cessou de interferir na história contemporânea ao mesmo</p><p>tempo em que seu discurso e suas práticas foram se transformando com</p><p>esta mesma história contemporânea. Neste sentido, o cinema – incluindo</p><p>todo o imenso conjunto das obras cinematográficas já produzidas e</p><p>também as práticas e discursos que sobre elas se estabelecem – pode ser</p><p>considerado hoje uma fonte primordial e inesgotável para o trabalho</p><p>historiográfico. A partir de uma fonte fílmica, e a partir da análise dos</p><p>discursos e práticas cinematográficas relacionados aos diversos contextos</p><p>contemporâneos, os historiadores podem apreender de uma nova</p><p>perspectiva a própria história do século XX e da contemporaneidade. De</p><p>igual maneira, como se verá oportunamente, os historiadores políticos e</p><p>culturais podem examinar os diversos usos, recepções e apropriações dos</p><p>discursos, práticas e obras cinematográficas”.</p><p>Ou, conforme frisa Tarkovski, citado por Terra & Pizzani (2009) no artigo intitulado “</p><p>Esporte moderno e educação burguesa: Imagens do caráter esportivo no filme Carruagens de Fogo”.</p><p>“Existe um outro tipo de linguagem, uma outra forma de comunicação: a</p><p>comunicação através de sentimentos</p><p>e imagens. Trata-se do contato que</p><p>impede as pessoas de se tornarem incomunicáveis e que põe por terra as</p><p>barreiras (...). A tela se amplia, e o mundo, que antes se encontrava</p><p>separado de nós, passa a fazer parte de nós, tornando-se uma coisa real”.</p><p>(TARKOVSKI, 1998, pp.8-9).”</p><p>No quadro abaixo estão inseridos alguns dos filmes mais representativos no que</p><p>diz respeito à abordagem relacionada aos cavaleiros, combates, formas de</p><p>treinamento, os Torneios medievais e as Justas.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>62 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Filme: A Cruzada (Kingdom of</p><p>Heaven, EUA, UK, 2005)</p><p>Diretor: Ridley Scott</p><p>Elenco: Orlando Bloom, Liam</p><p>Neeson, Eva Green.</p><p>Grande parte do treinamento</p><p>voltado aos cavaleiros na Idade</p><p>Média, tinha por objetivo prepara-</p><p>los para a Guerra, bem como,</p><p>prepara-los para defender os ideais</p><p>do Cristianismo contra os mouros.</p><p>No filme “ A Cruzada” , um ferreiro,</p><p>junta-se ao seu pai, do qual foi</p><p>separado ainda jovem e</p><p>empreende uma jornada em</p><p>direção à Jerusalém. As agruras</p><p>enfrentadas, a obstinação, a força</p><p>de vontade remetem ao ideal de</p><p>superação dos cavaleiros na Idade</p><p>Média.</p><p>Filme: Arn (Idem, UK,2009)</p><p>Diretor:Peter Flinth</p><p>Elenco: Joakim Natterqvist, Sofia</p><p>Helin.</p><p>Os Templários foram uma Ordem</p><p>de Cavaleiros criada pela igreja</p><p>com o intuito de proteger o</p><p>Cristianismo contra os invasores</p><p>mouros.</p><p>O personagem principal é enviado</p><p>para lutar na Terra Santa,</p><p>defendendo os interesses da</p><p>Igreja.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>63 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>O 13 guerreiro (The 13th warrior</p><p>EUA, 1999)</p><p>Diretor: John Mc Tiernan</p><p>Elenco: Antonio Banderas, Vladimir</p><p>Kulich, Diane Verona.</p><p>Antonio Banderas, interpreta um</p><p>poeta e cortesão árabe que</p><p>inadvertidamente apaixona-se por</p><p>uma mulher casada. Desterrado,</p><p>acaba sendo capturado pelos</p><p>Vikings. O paradoxo apresentado</p><p>no filme, repousa nos hábitos e</p><p>costumes nobres do árabe em</p><p>comparação com a brutalidade e</p><p>selvageria dos vikings.</p><p>Robin Hood (Idem, EUA, 2010)</p><p>Diretor: Ridley Scott</p><p>Elenco: Russel Crowe, Cate</p><p>Blanchett, William Hurt.</p><p>Uma das histórias mais versadas</p><p>para o cinema. Na trama, Russel</p><p>Crowe interpreta Robin Hood, o</p><p>célebre fora da lei que rouba dos</p><p>ricos para dar aos pobres e</p><p>reproduz o ideal dos cavaleiros em</p><p>seu compromisso com a ética, a</p><p>moral e os bons costumes.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>64 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Robin Hood (Idem, EUA, 1991)</p><p>Diretor: Kevin Reynolds</p><p>Elenco: Kevin Costner, Morgan</p><p>Frreeman, Mary Elizabeth</p><p>Mastrantonio, Alan Rickman.</p><p>Ao retornar das Cruzadas e após</p><p>vir a saber que seu pai fora</p><p>assassinado pelo xerife de</p><p>Notthingam, interpretado por Alan</p><p>Rickman, assecla do príncipe João,</p><p>que em detrimento dos interesses</p><p>do povo, busca evidar todos os</p><p>esforços para impedir que seu</p><p>irmão, o rei Ricardo Coração de</p><p>Leão, volte ao poder, Robin Hood</p><p>decide juntar-se aos camponeses</p><p>na floresta de Sherwood e roubar</p><p>dos ricos para doar aos pobres.</p><p>As estratégias de luta, o</p><p>treinamento, as batalhas e o ideal</p><p>de valoração da moral, da ética e</p><p>dos bons costumes, conduzem a</p><p>ação.</p><p>Ironclad (Idem, EUA,UK, 2011)</p><p>Diretor: Jonathan English</p><p>Elenco: James Purefoy, Brian Cox,</p><p>Derek Jacobi, Paul Giamatti.</p><p>O filme aborda aquela que foi</p><p>denominada a Primeira Guerra dos</p><p>Barões (1215-1217).</p><p>No ano de 1215, barões ingleses</p><p>unem-se aos cavaleiros templários</p><p>(ordem armada criada pela igreja</p><p>para proteger o Cristianismo e os</p><p>interesses da Igreja) para</p><p>pressionar o Rei João (Rei da</p><p>Inglaterra e senhor da Irlanda) a</p><p>diminuir os poderes dos monarcas.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>65 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Após assinar o documento, o rei</p><p>muda de ideia e contrata um</p><p>exército de mercenários</p><p>dinamarqueses. Os Cavaleiros</p><p>Templários refugiam-se no castelo</p><p>de Rochester e enfrentam o poder</p><p>opressor do rei.</p><p>Coração de cavaleiro ( A Knight’s</p><p>tale, EUA, 2001).</p><p>Diretor: Brian Helgeland</p><p>Elenco: Heath Ledger, Rufus</p><p>Sewell, Mark Addy, Shannyn</p><p>Sossamon, Paul Bettany.</p><p>Livre adaptação de um dos contos</p><p>da obra “Canterbury Tales” de</p><p>Geoffrey Chaucer.</p><p>Quando seu mestre, o cavaleiro e</p><p>competidor de Justas, William,</p><p>morre, seu escudeiro decide</p><p>substituí-lo em um Torneio</p><p>Medieval. Após a primeira vitória,</p><p>tenta convencer os amigos para</p><p>que estes o apoiem e ele possa</p><p>continuar a lutar. Ao conhecer um</p><p>escritor, solicita que este burle as</p><p>regras e crie uma falsa arvore</p><p>genealógica, na qual ele esteja</p><p>incluso como nobre e apto,</p><p>portanto, a participar dos Torneios</p><p>e das Justas.</p><p>Se Karl Marx muitos anos depois</p><p>disse que a história do homem</p><p>sobre a terra é a história da luta de</p><p>classes, é no filme “Coração de</p><p>Cavaleiro” que vemos a</p><p>representação da prática esportiva</p><p>como instrumento de mobilidade</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>66 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>social, na medida em que o</p><p>protagonista, um mero escudeiro,</p><p>um plebeu, proibido, portanto, de</p><p>participar dos Torneios e Justas,</p><p>permitido apenas aos nobres, vale-</p><p>se inicialmente de um ato ilícito (ao</p><p>simular ser um nobre) e nesta</p><p>condição e, em razão de suas</p><p>habilidades, destaca-se, consegue</p><p>projeção e ascende socialmente</p><p>como herói, como líder, até ser</p><p>desmascarado, torturado em praça</p><p>pública e por fim perdoado,</p><p>conduzido a condição de nobre,</p><p>por meio de uma manobra</p><p>idealizada pelo príncipe que o</p><p>admira, até finalmente, recuperar a</p><p>glória em um final apoteótico,</p><p>derrotando o vilão da história, a</p><p>personificação do mal em pessoa.</p><p>Filme: Coração Valente</p><p>(Braveheart, EUA, 1995)</p><p>Diretor: Mel Gibson</p><p>Elenco: Mel Gibson, Alan Ladd Jr,</p><p>Bruce Davey, Stephen McEveety.</p><p>A ação do filme situa-se ao final do</p><p>século XIII e apresenta Mel Gibson</p><p>como William Wallace, lutando ao</p><p>lado de rebeldes escoceses contra</p><p>a tirania de Eduardo I, o rei inglês.</p><p>Ainda que o filme não seja muito</p><p>fiel à história real, a busca pela</p><p>preservação dos direitos, a</p><p>valoração da ética e a luta pela</p><p>preservação dos princípios básicos</p><p>da cidadania, nos remetem aos</p><p>ideais cultivados pelos cavaleiros</p><p>em geral.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>67 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Rei Arthur ( King Arthur, EUA</p><p>,2004)</p><p>Diretor: Antoine Fuqua</p><p>Elenco: Clive Owen, Keira</p><p>Knightley, Ioan Gruffudd, Stephen</p><p>Dillane, Ray Winstone.</p><p>As histórias que enfatizam a lenda</p><p>do Rei Arthur e dos Cavaleiros da</p><p>Távola Redonda, abordam</p><p>sobremaneira a transição durante a</p><p>Idade Média de um período no qual</p><p>as religiões pagãs foram sendo</p><p>paulatinamente substituídas pelo</p><p>Cristianismo.</p><p>Neste sentido, a busca do Santo</p><p>Graal (cálice no qual Cristo teria</p><p>tomado vinho na última Ceia) pelo</p><p>Rei Arthur e os cavaleiros da</p><p>Távola Redonda, representa, não</p><p>apenas a união dos cavaleiros em</p><p>busca de um objetivo comum, mas,</p><p>também, segundo algumas</p><p>vertentes, uma tentativa de</p><p>alcançar a perfeição.</p><p>Esta perfeição, legitimada aqui pelo</p><p>encontro do Santo Graal é o fio</p><p>condutor das ações dos cavaleiros</p><p>em geral</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>68 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Lancelot ( Idem, EUA, 1995)</p><p>Diretor: Jerry Zucker</p><p>Elenco: Sean Connery, Richard</p><p>Gere, Julia Ormond.</p><p>As inúmeras versões da história do</p><p>Rei Arthur e os cavaleiros da</p><p>Távola Redonda, apresentam</p><p>facetas diferenciadas naquilo que</p><p>diz respeito ao teor da obra inicial.</p><p>Neste filme, especificamente, a</p><p>abordagem enfoca a paixão entre</p><p>Lancelot e Guinevere, prometida</p><p>ao Rei Arthur.</p><p>Após salva-la do ataque de um ex-</p><p>cavaleiro, Lancelot é nomeado</p><p>cavaleiro do Rei e precisa decidir</p><p>entre a</p><p>lealdade ao rei e o amor</p><p>que nutre por Guinevere.</p><p>Além do código de ética e moral</p><p>que rege o comportamento dos</p><p>cavaleiros, o que nos desperta a</p><p>atenção e interesse, notadamente</p><p>no que diz respeito à análise da</p><p>prática da atividade física e do</p><p>esporte, refere-se a uma cena na</p><p>qual o personagem de Lancelot</p><p>passa por uma série de obstáculos</p><p>que simulam uma arena de</p><p>combate.</p><p>Demonstrando domínio de técnicas</p><p>de luta, coragem, abnegação, força</p><p>e vontade de vencer, Lancelot</p><p>vence um a um os obstáculos e</p><p>consegue chegar ao final, feito,</p><p>jamais realizado por outro</p><p>competidor.</p><p>A cena ainda que fantasiosa</p><p>apresenta-nos instrumentos e</p><p>implementos físicos que simulam o</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>69 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>combate e que servem de</p><p>treinamento aos cavaleiros.</p><p>Em busca do cálice sagrado (</p><p>Monty Python and the holy grail,</p><p>UK, 1974)</p><p>Diretor:Terry Gilliam, Terry Jones.</p><p>Elenco: Graham Chapman, John</p><p>Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle,</p><p>Terry Jones, Michael Paln</p><p>Abordagem cômica sobre os</p><p>cavaleiros da Távola Redonda e</p><p>sua incessante busca pelo Santo</p><p>Graal.</p><p>A cena que nos desperta interesse</p><p>é o encontro entre o Rei Arthur e o</p><p>cavaleiro Negro. Este último está</p><p>em combate e ao vencer o</p><p>oponente é convidado pelo Rei</p><p>Arthur a seguir com ele em busca</p><p>do Santo Graal. O cavaleiro negro</p><p>fica em silêncio, apesar das</p><p>inúmeras tentativas de Arthur.</p><p>Após certificar-se de que este não</p><p>irá unir-se a ele, decide partir, ao</p><p>que o cavaleiro negro retruca:</p><p>- Ninguém passará! Ninguém</p><p>passará,- impedindo a passagem</p><p>do rei.</p><p>- Eu não quero discutir com o</p><p>senhor, cavaleiro, mas devo</p><p>atravessar a ponte. – diz o rei.</p><p>- Então deverá morrer.</p><p>Eu exijo de você como rei dos</p><p>bretões que se afaste já.</p><p>- Eu não sairei por ninguém!</p><p>-Que assim seja- diz o rei,</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>70 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>desembainhando a espada.</p><p>O que segue depois é o combate</p><p>medieval mais esdrúxulo da</p><p>história do cinema e que aborda de</p><p>forma cômica, o papel dos</p><p>cavaleiros medievais que atendiam</p><p>aos seus próprios anseios, agindo</p><p>por vontade própria e seguindo um</p><p>código de conduta particular.</p><p>RESUMO:</p><p>Os Torneios e as Justas foram as práticas esportivas de maior destaque e as que</p><p>tiveram o maior número de representações no cinema.</p><p>É preciso, a partir de uma perspectiva histórica, compreender a importância da</p><p>representação imagética no cinema como instrumento que possibilita a</p><p>compreensão dos temas abordados.</p><p>No filme “Coração de Cavaleiro” vemos a representação da prática esportiva como</p><p>instrumento de mobilidade social, na medida em que o protagonista, um mero</p><p>escudeiro, um plebeu, proibido, portanto, de participar dos Torneios e Justas,</p><p>permitido apenas aos nobres, vale-se inicialmente de um ato ilícito (ao simular ser</p><p>um nobre) e, nesta condição, e em razão de suas habilidades, destaca-se,</p><p>consegue projeção e ascende socialmente como herói,</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Tendenciosa- Que não é imparcial</p><p>Cruzadas- Movimentos militares de motivação cristã que partiram da Europa em</p><p>direção à Terra Santa</p><p>Religiões pagãs- Diz respeito às religiões politeístas e ligadas à natureza.</p><p>Mobilidade- capacidade de locomoção.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>71 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 20 – O Renascimento – O Início dos Tempos Modernos</p><p>O início dos Tempos Modernos é marcado pelo Renascimento, movimento cultural</p><p>que começou nos fins da Idade Média, atingindo sua maior expressão entre os</p><p>séculos XV e XVI. A denominação “Renascimento” estava relacionada ao fato de</p><p>que artistas e pensadores envolvidos com o movimento cultural, tinham um</p><p>crescente interesse em aproximar a época em que viviam dos anos de forte</p><p>expressão cultural da Antiguidade.</p><p>Desprezavam a cultura medieval e buscavam na cultura antiga, inspiração e</p><p>padrões por meio do qual se orientavam visando ao “renascimento” de uma</p><p>cultura embasada nos ideais gregos e romanos, anos luz de distância das</p><p>limitações impostas pelo ideal de cultura existente na Idade Média.</p><p>Arruda. J. (2002) frisa acerca do Renascimento:</p><p>“ O Renascimento começou na Itália e seu desenvolvimento e difusão</p><p>foram possíveis graças a uma série de circunstâncias da história italiana.</p><p>Com o progresso das cidades e do comércio, muita gente enriqueceu a</p><p>ponto de ficar em condições de proteger os artistas e gastar bastante com</p><p>a Arte; os protetores dos artistas eram chamados mecenas. Estes</p><p>acabavam conhecidos e respeitados por todos. A arte os ajudava a</p><p>conseguir créditos e a divulgar as atividades das suas empresas,</p><p>contribuindo para o seu progresso”.</p><p>A difusão do Renascimento por outros países da Europa, deu-se a partir das</p><p>inúmeras guerras entre os mesmos. Em nenhum outro país, contudo, o movimento</p><p>foi tão transformador quanto na Itália.</p><p>“Os homens que viveram durante o Renascimento tiveram consciência de</p><p>que sua época era bem diferente da Idade Média. Consideravam a cultura</p><p>medieval muito inferior à da Antiguidade e opunham uma à outra, como se</p><p>não houvesse continuidade entre elas. Julgavam viver um período de luzes</p><p>depois das “trevas” medievais.</p><p>Houve, por isso, um retorno à cultura greco-romana, tanto no plano</p><p>artístico como na maneira de pensar. Isso trouxe a redescoberta do valor e</p><p>das possibilidades do homem, que passou a ser considerado o centro de</p><p>tudo. Na Idade Média, o centro era Deus”. (Idem).</p><p>Esta mudança de paradigma deu um novo valor e significado ao homem. Sai de</p><p>cena a explicação do mundo a partir da metafísica religiosa, característica</p><p>marcante da Idade Média e entra, de forma impactante, o “Racionalismo” como</p><p>forma de entendimento, trazendo a convicção de que tudo podia ser explicado</p><p>pela razão.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>72 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A valorização constante dos pressupostos da ciência estava atrelada ao fato de</p><p>que o homem comum não se contentava mais com explicações que não</p><p>pudessem ser comprovadas.</p><p>“ A revolução científica e literária que se deu durante o Renascimento foi</p><p>chamada Humanismo. Os humanistas eram geralmente homens da Igreja</p><p>ou professores protegidos por mecenas. Eram individualistas, isto é,</p><p>davam maior importância ao valor e aos direitos de cada indivíduo do que</p><p>à sociedade. Muitos cultos e grandes admiradores da cultura antiga,</p><p>viajavam à procura de manuscritos que copiavam, corrigiam e</p><p>comentavam. Para entendê-los, aprenderam grego, hebraico e outras</p><p>línguas antigas; expressavam-se no mais puro latim. Seus trabalhos</p><p>trouxeram desenvolvimento extraordinário à literatura de muitos países da</p><p>Europa”. Idem.</p><p>Esta valoração dos direitos do homem, proporcionou uma liberdade e um</p><p>livre arbítrio que o homem da Idade Média não conhecera. Se durante a</p><p>Idade Média, o homem vivia confinado entre o Pecado Original e o Juízo</p><p>Final, entre a culpa e a expiação, temos que no Renascimento, o homem</p><p>abraça o racionalismo, passa a interessar-se pelas coisas da Terra e não</p><p>apenas pelas supostas explicações que justificavam a noção de céu e</p><p>inferno adotadas pela Igreja.</p><p>Aguiar & Frota (2013) frisam:</p><p>“ O ideal de homem preconizado na Renascença compreende</p><p>primeiramente os exercícios físicos e depois as letras e a erudição. As</p><p>atividades físicas configuram-se em momentos importantes que subsidiam</p><p>a educação intelectual e, nesse período, surgiram os jogos mentais, que</p><p>posteriormente “[...] serão popularizados pelos jesuítas como estratégias</p><p>educacionais, mudando um pouco as relações educacionais entre as</p><p>crianças e os adultos” (FROTA, 2000, p. 95).</p><p>Esteves, B. (2012)</p><p>“ Durante o Renascimento, os esportes foram reavivados, principalmente</p><p>entre os educadores da época, como o italiano Vittorino da Feltre (1378-</p><p>1446),</p><p>que reaproximou práticas como a ginástica, a natação, a corrida, a</p><p>luta, dentre outras, da educação, baseado nos princípios gregos de</p><p>harmonia entre corpo e mente (MARINHO, 1980).</p><p>Segundo Marinho (1980), outro pedagogo a defender o esporte como meio</p><p>formador, foi Maffeo Veggio (1407-1458), que publicou em sua obra “Educação da</p><p>criança” que os jovens deveriam se movimentar através de atividades sem violência,</p><p>acabando assim com a preguiça do corpo; sendo indicados os jogos que não fossem</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>73 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>nem além nem aquém das capacidades físicas dos indivíduos e jamais</p><p>degradantes.</p><p>Neste momento foram determinadas algumas bases que permanecem</p><p>até hoje, como a pedagogia do esporte, originaria da visão do desporto</p><p>numa face idealística e como pilar para os conhecimentos, inspirado na</p><p>perspectiva grega (PEREIRA, 1980)”.</p><p>A esgrima, o arco e flecha, os jogos equestres, bem como o tênis eram esportes</p><p>praticados pelos nobres. Os camponeses praticavam esportes tais como jogos com</p><p>bola e lutas, além do arco e flecha que surgiu inicialmente entre os cavaleiros, mas</p><p>logo, popularizou-se e passou a ser utilizado pelos camponeses como instrumento</p><p>de caça e de defesa.</p><p>RESUMO:</p><p>O início dos Tempos Modernos é marcado pelo Renascimento, movimento cultural</p><p>que começou nos fins da Idade Média, atingindo sua maior expressão entre os</p><p>séculos XV e XVI.</p><p>A valorização constante dos pressupostos da ciência estava atrelada ao fato de</p><p>que o homem comum não se contentava mais com explicações que não</p><p>pudessem ser comprovadas.</p><p>O ideal de homem preconizado na Renascença compreende, primeiramente, os</p><p>exercícios físicos e, depois, as letras e a erudição</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Embasada- Criar uma base sobre a qual vai erguer-se algo. Fundamentada.</p><p>Difusão- divulgação, propagação.</p><p>Racionalismo- doutrina que privilegia a razão.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>74 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 21 – A revolução Industrial na Inglaterra</p><p>A Revolução Industrial no século XVIII foi marcada por uma série de</p><p>transformações ocorridas na Inglaterra e que culminaram com uma evolução</p><p>tecnológica que ocasionou uma revolução social jamais vista.</p><p>A grosso modo, pode-se dizer que a Revolução Industrial marcou a transição de</p><p>uma sociedade tipicamente rural para uma sociedade industrial com o</p><p>desenvolvimento das grandes cidades e o êxodo rural de pessoas do campo para</p><p>as cidades.</p><p>Este êxodo rural se deve a fatores, tais como, a mecanização da agricultura, que</p><p>tornava desnecessária a utilização de mão de obra, bem como a utilização de</p><p>energia a vapor em lugar da energia humana.</p><p>Além disto, o desenvolvimento dos meios de produção, abria frentes de trabalho</p><p>nas indústrias em crescimento, o que fazia com que camponeses abandonassem</p><p>suas terras e seguissem para as cidades em busca de trabalho.</p><p>Arruda. J. (2004) frisa:</p><p>“ A Revolução Industrial provocou a concentração fabril dos trabalhadores,</p><p>mas o seu aspecto mais importante, que trouxe uma radical transformação</p><p>no caráter do trabalho, foi a separação entre o capital e meios de produção</p><p>(instalações, máquinas, matéria-prima) de um lado, e o trabalho de outro.</p><p>Com isso, os operários passaram a ser simples assalariados dos</p><p>capitalistas (donos do capital)”.</p><p>Com a Revolução Industrial, a Inglaterra veio a ser o maior produtor e exportador</p><p>de produtos manufaturados. Na análise do deslocamento e da concentração</p><p>populacional no período, verificou-se um aumento significativo da população nas</p><p>grandes cidades, notadamente aquelas que concentravam o maior número de</p><p>indústrias.</p><p>Tal fato criou condições para que a prática esportiva encontrasse um espaço de</p><p>anunciação ideal para seu desenvolvimento, notadamente em razão de inúmeros</p><p>fatores, o mais significativo deles, relacionado ao grande número de</p><p>trabalhadores, concentrados nas zonas periféricas das grandes cidades.</p><p>Todavia, este incremento da prática esportiva não foi imediato, pois, ainda que</p><p>houvesse um grande contingente de pessoas que haviam abandonado suas vidas</p><p>na zona rural e migrado para as grandes cidades em busca de trabalho, a rotina</p><p>de trabalho era desgastante com jornadas de até 16 horas por dia.</p><p>Se isto não bastasse, o sistema de transportes era deficitário e o deslocamento</p><p>entre as moradias nas zonas periféricas e os locais de trabalho, era dispendioso e</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>75 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>demorado, o que fazia com que muitos trabalhadores seguissem para suas casas</p><p>apenas nos finais de semana ou após receberem seus salários.</p><p>Ribeiro & Azevedo (2013), em artigo intitulado “A miséria da classe operária</p><p>inglesa”- (1830-1840), frisam:</p><p>“ Antes da Grã-Bretanha, nenhuma sociedade havia sido capaz de transpor</p><p>o teto que uma estrutura social pré-industrial impunha à produção. Na Grã-</p><p>Bretanha, este processo de uma primeira revolução industrial começou com</p><p>a "partida" na década de 1780, e terminou com as ferrovias e a indústria</p><p>pesada na década de 1840, abrindo espaço a uma nova fase dessa</p><p>revolução. Mas o progresso econômico que esta industrialização gerou,</p><p>demorou várias décadas até que fosse capaz de beneficiar, parcialmente, a</p><p>população como um todo, sobretudo as camadas mais pobres, constituídas</p><p>massivamente pelo operariado urbano, produto dessa revolução. Fato é,</p><p>que por volta de 1850, havia mais pessoas vivendo nas cidades do que no</p><p>campo, o que fez da Inglaterra a primeira sociedade predominantemente</p><p>urbana do mundo”.</p><p>In: https://ideiafix.wordpress.com/tag/imagens-da-revolucao-industrial/</p><p>O contínuo desenvolvimento do processo de industrialização acarretava uma</p><p>necessidade constante de mão de obra, o que ocasionou uma maciça migração</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>76 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>da zona rural para a zona urbana, contudo, o grande número de horas trabalhadas</p><p>e a ausência de leis que preservassem o direito dos trabalhadores, fazia com que,</p><p>de forma geral, não sobrasse muito tempo e disposição para que o homem</p><p>comum se dedicasse a atividades de lazer ou à prática de esportes.</p><p>Neste sentido, foi preciso que houvesse uma transformação entre as relações de</p><p>trabalho, para que o cenário se modificasse de forma expressiva, proporcionando,</p><p>ao homem comum, o típico trabalhador braçal, condições ideais para a prática</p><p>esportiva.</p><p>Proni M. (2005), no artigo intitulado “ História do Esporte: A Contribuição de</p><p>Richard Mandell”, evidencia de que forma se concretizou o conceito do esporte</p><p>moderno na Inglaterra:</p><p>“ O conceito moderno de esporte, para Mandell, formou-se no Reino Unido</p><p>em conformidade com os desejos de diversão ou de ostentação das novas</p><p>e ambiciosas classes sociais, e só depois disso espalhou-se pela América</p><p>e por outros países da Europa. A Inglaterra é considerada como a pátria</p><p>do esporte moderno não apenas porque os ingleses inventaram ou</p><p>regulamentaram boa parte das modalidades esportivas hoje praticadas. É</p><p>assim considerada também por ter introduzido uma série de inovações que</p><p>mudaram a feição dos jogos e competições atléticas. Segundo ele,</p><p>exemplos de novas idéias introduzidas são os obstáculos nas corridas, a</p><p>mensuração de disparidades nas chances de vitória (como nas apostas),</p><p>os conceitos de “esporte amador” e de “esporte limpo”, a noção de recorde</p><p>esportivo. Ainda mais profundas e difíceis de especificar são algumas</p><p>bases conceituais latentes que estruturam o esporte moderno, como as</p><p>concepções sobre a inteira submissão da vontade individual a um</p><p>propósito coletivo (trabalho de equipe) e sobre os ganhos obtidos com</p><p>planejamento de longo prazo (ênfase nos benefícios do treinamento</p><p>programado e sistemático)”.</p><p>Alguns autores consideram que as transformações</p><p>ocorridas no esporte, só foram</p><p>possíveis, pois refletiam a organização, a rigidez e a disciplina, requisitos</p><p>indispensáveis àqueles que se dedicavam ao trabalho industrial que refletia os</p><p>novos tempos na Inglaterra.</p><p>Neste sentido, cabe considerar que a Revolução Industrial não trouxe apenas o</p><p>desenvolvimento tecnológico, o crescimento das grandes cidades, mas, alterou</p><p>também o cenário urbanístico, as relações sociais que se estabeleciam e a</p><p>maneira como o homem comum se relacionava com o seu tempo livre e com a</p><p>prática esportiva.</p><p>Ou, nas palavras de Mandell ( 1987)</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>77 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“Os esportes ingleses, então, sustentaram, reforçaram e refletiram os</p><p>pressupostos fundamentais que eram necessários para manter um</p><p>consenso público quando o povo e a cultura local foram desenraizados.</p><p>Eles serviram de base à disciplina social requerida para a sujeição ao</p><p>trabalho industrial. [...] Embora seja verdadeiro que milhões de</p><p>trabalhadores industriais foram mantidos afastados de qualquer espécie de</p><p>recreação pela semana de 6 dias e pelo dia de 12 horas, grande número</p><p>de artesãos, negociantes, supervisores, empreendedores, estudantes e</p><p>diletantes abraçaram os novos esportes, não mais restritos a locais</p><p>específicos. Eles procuravam prêmios, fama e prazer como participantes;</p><p>divertimento como espectadores. O esporte não só facilitou, mas</p><p>realmente promoveu a adaptação mental do conjunto da população para</p><p>as demandas do mundo moderno”.</p><p>RESUMO:</p><p>A grosso modo, pode-se dizer que a Revolução Industrial marcou a transição de</p><p>uma sociedade tipicamente rural para uma sociedade industrial com o</p><p>desenvolvimento das grandes cidades e o êxodo rural de pessoas do campo para</p><p>as cidades.</p><p>Todavia, este incremento da prática esportiva não foi imediato, pois, ainda que</p><p>houvesse um grande contingente de pessoas que havia abandonado suas vidas</p><p>na zona rural e migrado para as grandes cidades em busca de trabalho, a rotina</p><p>de trabalho era desgastante com jornadas de até 16 horas por dia.</p><p>A Inglaterra é considerada como a pátria do esporte moderno não apenas porque</p><p>os ingleses inventaram ou regulamentaram boa parte das modalidades esportivas</p><p>hoje praticadas. É assim considerada também por ter introduzido uma série de</p><p>inovações que mudaram a feição dos jogos e competições atléticas.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Êxodo Rural- migração do campo para os centros urbanos</p><p>Latente- não aparente, não manifesto</p><p>Demandas-procura por bem ou serviço no mercado em determinado momento.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>78 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 22 – O Lazer e o esporte nas escolas</p><p>O início da produção industrial inglesa notabilizou-se pela ausência de direitos aos</p><p>trabalhadores, bem como um sistema de produção no qual trabalhava-se cerca de</p><p>12 a 16 horas diárias em condições insalubres, em locais com pouca iluminação.</p><p>Os trabalhadores ganhavam muito pouco, quantia que mal dava para cobrir os</p><p>gastos com alimentação, moradia e vestimenta. Os empregadores contratavam</p><p>homens, mulheres e crianças e não havia qualquer direito reservado aos</p><p>trabalhadores, apenas aquele que definia uma folga semanal.</p><p>Os casos de mutilação e mortes durante a jornada de trabalho eram frequentes.</p><p>Nestes casos, o trabalhador era demitido, sem direito à nada. A grande incidência</p><p>de mutilações e mortes, bem como a constância de afastamento por doença</p><p>afetava o sistema de produção, o que fez com que a classe médica se</p><p>manifestasse contrária às péssimas condições de trabalho, e ao excesso de horas</p><p>trabalhadas.</p><p>Necessário enfatizar que esta abordagem não esteve diretamente ligada a uma</p><p>preocupação com a esfera mais rasa das classes sociais, mas, era sobretudo,</p><p>uma abordagem que visava criar melhores condições de trabalho, evitar os</p><p>acidentes, diminuir o número de faltas ao trabalho e otimizar os meios de</p><p>produção.</p><p>In: www.google.com.br/search?q=fotos+da+revolução+industrial+antes+e+depois</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>79 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“Na sociedade inglesa, o desenvolvimento do esporte moderno foi</p><p>influenciado pelos preceitos oriundos das escolas. A sistematização dos</p><p>jogos populares e das atividades recreativas foi implantada pelos</p><p>legisladores e empresários formados pela linha educacional de Rugby.</p><p>Sob o pretexto de melhorar a saúde e combater vícios, foram</p><p>implementadas diversas campanhas e leis contra os jogos populares, que</p><p>também eram acusados de incitar a violência e ocasionar faltas ao</p><p>trabalho, causando prejuízos ao sistema de produção industrial capitalista.</p><p>Foram instituídas nas fábricas atividades físicas regulamentadas que</p><p>visavam manter a saúde dos trabalhadores, aumentando a produção e</p><p>diminuindo as faltas. A burguesia industrial inglesa usou habilmente os</p><p>princípios educativos do esporte para desenvolver junto à classe proletária</p><p>valores como disciplina, hierarquia, rendimento. Assim, a regulamentação</p><p>da prática esportiva dos trabalhadores atendeu aos interesses de</p><p>doutrinação da burguesia, sob o pretexto da higienização e</p><p>consequentemente da melhora da saúde”.</p><p>A crítica em relação aos jogos populares estava atrelada a quase ausência de</p><p>regras o que os tornava violentos em demasia, ocasionando faltas ao trabalho.</p><p>Neste sentido a regulamentação da prática esportiva, buscava sanar este hiato</p><p>entre o interesse do povo em momentos de diversão e seu compromisso com as</p><p>relações de trabalho.</p><p>As estratégias implantadas nas fábricas, orientando os trabalhadores à prática de</p><p>atividade física, não estava diretamente ligada ao interesse em proporcionar</p><p>melhores condições de trabalho, mas sim, fazer com que estes tivessem um</p><p>momento de lazer durante o expediente de trabalho e este descanso pudesse</p><p>representar um aumento na produção.</p><p>A ótica maniqueísta foi implementada nas fábricas, causando reflexos não apenas</p><p>nos meios de produção, mas, também, nas relações que os trabalhadores tinham</p><p>com o esporte e a prática de atividade física.</p><p>Bordieu citado por Pilati L (2006) frisa:</p><p>Parece indiscutível que a passagem do jogo ao esporte propriamente dito</p><p>tenha se realizado nas grandes escolas reservadas às "elites" da</p><p>sociedade burguesa, nas public schools inglesas, onde os filhos das</p><p>famílias da aristocracia ou da grande burguesia retomaram alguns jogos</p><p>populares, isto é, vulgares, impondo-lhes uma mudança de significado e</p><p>de função [...] Para caracterizar os princípios desta transformação, pode-se</p><p>dizer que os exercícios corporais da "elite" foram separados das ocasiões</p><p>sociais ordinárias às quais os jogos populares permaneciam associados</p><p>(festas agrárias, por exemplo) e desprovidos das funções sociais (e, a</p><p>fortiori, religiosas) ainda ligadas a vários jogos tradicionais (como os jogos</p><p>rituais praticados em muitas sociedades pré-capitalistas em certas</p><p>passagens do ano agrícola). A escola, lugar da skhole, do lazer, é o lugar</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>80 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>onde as práticas dotadas de funções sociais e integradas no calendário</p><p>coletivo, são convertidas em exercícios corporais, atividades que</p><p>constituem fins em si mesmas, espécie de arte pela arte corporal,</p><p>submetidas à regras específicas, cada vez mais irredutíveis a qualquer</p><p>necessidade funcional, e inseridas num calendário específico”.</p><p>Luzuriaga, 1979 e Mclntosh, 1973, especificam que, em decorrência das inúmeras</p><p>transformações ocorridas na Inglaterra durante a Revolução Industrial,</p><p>notadamente com o crescimento dos conglomerados urbanos e aumento da</p><p>população, o Estado decidiu intervir na educação.</p><p>No ano de 1833, as sociedades filantrópicas foram subvencionadas a fim de</p><p>construírem prédios escolares. Na análise do esporte como meio de educação, a</p><p>Educação Física inglesa passou por um modelo diferenciado em relação aos</p><p>demais modelos praticados nos países da Europa.</p><p>Tal diferença está fundamentada na constituição geográfica da Inglaterra e pelo</p><p>forte poderio de sua armada naval. Nos demais países europeus que não</p><p>possuíam esta característica, a Educação Física visava ao treinamento em prol da</p><p>defesa nacional, o que não ocorreu na Inglaterra.</p><p>Betti, M. ( 1991) frisa:</p><p>“O movimento esportivo inglês do século XIX formou o outro pilar da</p><p>sistematização da moderna Educação Física, e guarda relação com as</p><p>transformações sócio-econômicas produzidas pela Revolução Industrial</p><p>naquele país a partir de 1760 (Eyler, 1969; Mclntosh, 1975; Rouyer, 1977).</p><p>Até o final do século XVIII o esporte era uma prática tipicamente</p><p>aristocrática na Inglaterra, tendo este panorama se modificado</p><p>substancialmente no decorrer do século seguinte, com a proliferação do</p><p>esporte em outras camadas sociais e sua institucionalização em órgãos</p><p>diretivos. As tradicionais Escolas Públicas (PiMic-Schools), fundadas entre</p><p>os séculos XIV e XVII, as Universidades e a classe média emergente da</p><p>Revolução Industrial tiveram participação fundamental neste processo.</p><p>Os estudantes das Public-Schools promoviam seus próprios jogos -</p><p>futebol, caça e tiro - desafiando às vezes a proibição das autoridades</p><p>educacionais que os consideravam perigosos e violentos. A partir de 1832,</p><p>a classe média, que ascendera a uma posição de poder político e</p><p>influência social por conta do desenvolvimento industrial, passou a</p><p>reivindicar maiores privilégios educacionais, o que conseguiu efetivamente</p><p>por volta de 1860, e fez erguer muitas novas escolas públicas espelhadas</p><p>no modelo das antigas (Mclntosh, 1973, 1975). Esta conquista revelou-se</p><p>decisiva para a proliferação dos jogos esportivos. Mclntosh (1975) entende</p><p>que a obtenção de privilégios educacionais peia classe média, coincidiu e</p><p>foi responsável pelo desenvolvimento dos jogos organizados,</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>81 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>particularmente o críquete e o futebol" (p. 88). Em meados do século XIX o</p><p>modelo esportivo predominante era o da classe média, que deu aos vários</p><p>jogos esportivos, alguns descobertos em estado embrionário, organização,</p><p>regras, técnicas e padrões de conduta para os praticantes, em grande</p><p>parte vigentes até hoje”.</p><p>RESUMO:</p><p>O início da produção industrial inglesa notabilizou-se pela ausência de direitos aos</p><p>trabalhadores, bem como um sistema de produção no qual trabalhava-se cerca de</p><p>12 a 16 horas diárias em condições insalubres, em locais com pouca iluminação.</p><p>A crítica em relação aos jogos populares estava atrelada a quase ausência de</p><p>regras o que os tornava violentos em demasia, ocasionando faltas ao trabalho.</p><p>Os estudantes das Public-Schools promoviam seus próprios jogos - futebol, caça e</p><p>tiro – desafiando, às vezes, a proibição das autoridades educacionais que os</p><p>consideravam perigosos e violentos.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Insalubres- que não faz bem à saúde</p><p>Proliferação- reprodução, aumento, multiplicação</p><p>Maniqueísta- manipulador</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>82 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 23 – A Inglaterra e a política do esporte nas escolas públicas</p><p>A Inglaterra, conhecida como o país no qual nasceu o Futebol, ainda que haja</p><p>evidências de que uma prática esportiva bastante parecida com o futebol, fosse</p><p>praticada nos países asiáticos, bem como em alguns países europeus na Idade</p><p>Média, notabilizou-se, também, por tornar possível o nascimento do esporte como</p><p>o conhecemos hoje.</p><p>Conforme já frisado no presente texto, uma série de contingências, diretamente</p><p>ligadas aos aspectos relacionados à Revolução Industrial, à geografia do país, à</p><p>migração para as grandes cidades e à inserção do esporte nas escolas inglesas,</p><p>propiciou o desenvolvimento do esporte, notadamente ao final do século XIX.</p><p>Em artigo intitulado “Das “origens” do esporte na Inglaterra aos Jogos Olímpicos</p><p>idealizados por Coubertin: Um olhar da produção acadêmica em Língua Inglesa,</p><p>Almeida & Marchi Jr (2015) buscam analisar o contexto sobre o qual se deu a</p><p>transformação das práticas que vieram a ser denominadas como esporte nas</p><p>escolas públicas inglesas do século XIX.</p><p>“Para iniciar com a abordagem do que é o esporte, podemos partir do</p><p>conceito tradicional que geralmente considera que “esportes são</p><p>atividades competitivas institucionalizadas que envolvem esforço físico</p><p>rigoroso ou utilizam habilidades físicas relativamente complexas por</p><p>participantes motivados por recompensas internas e externas” (COAKLEY;</p><p>PIKE, 2009, p. 5, tradução nossa). Porém, a utilização de conceitos</p><p>tradicionais tende a limitar a interpretação e as possibilidades de uso, visto</p><p>que somente as práticas de grupos muito específicos estariam</p><p>contempladas, invariavelmente privilegiando aqueles que têm recursos,</p><p>vontades e mesmo habilidades e capacidades físicas para se engajar em</p><p>práticas competitivas e institucionalizadas (COAKLEY; PIKE, 2009). Se</p><p>isso é válido para o tempo presente, a complexidade de se estabelecer um</p><p>conceito único para diferentes grupos, sociedades e momentos históricos é</p><p>ainda maior, levando em consideração que o “esporte” não pode possuir</p><p>um significado único, fixo, no entendimento sociológico e histórico. Sendo</p><p>assim, tal significado só pode ser entendido a partir da análise sob uma</p><p>perspectiva sociocultural, enquanto uma construção social (HORNE;</p><p>TOMLINSON; WHANNEL, 1999)”.</p><p>Antes da Revolução Industrial, as atividades esportivas eram realizadas</p><p>normalmente em datas e comemorações festivas, de forma mais incisiva na zona</p><p>rural.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>83 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Quando surge a Revolução Industrial, acarretando uma migração significativa para</p><p>as grandes cidades, esta relação do indivíduo com as atividades físicas adquire</p><p>um outro sentido e significado.</p><p>Há um declínio das relações comunais anteriores e o surgimento de relações</p><p>sociais pautadas na distinção entre as classes sociais, na ocupação de espaços</p><p>geográficos específicos em razão do poderio econômico, ou conforme frisam</p><p>Almeida & Marchi (2015):</p><p>“A vida urbana passou a ser o espaço dominante de relações sociais, o</p><p>que gerou a transição demográfica e o declínio das relações comunais</p><p>anteriores para as relações sociais mais especializadas, racionalizadas,</p><p>burocratizadas e “civilizadas”. Nesse contexto, se o esporte não foi</p><p>influenciado de forma imediatamente direta, é afetado por esses processos</p><p>mais amplos e, por causa ou consequência, passa a ter mais importância</p><p>como forma de expressão cultural, porém com significados distintos entre</p><p>os diferentes grupos sociais (DUNNING, 1999; HORNE; TOMLINSON;</p><p>WHANNEL, 1999). Os praticantes e os eventos eram esporádicos e</p><p>dispersos, até que o esporte passou a ter espaço nas escolas públicas</p><p>inglesas”.</p><p>Ao conquistar espaço nas escolas públicas e em razão disto, passar por um</p><p>processo de difusão anteriormente inexistente, o esporte adquire legitimidade e</p><p>reconhecimento, mesmo dos reticentes que viam o esporte em suas várias</p><p>representações, apenas como uma bagunça organizada ou um entretenimento</p><p>que afastava homens e mulheres de seus afazeres ou da esfera da religiosidade.</p><p>Quando o esporte adquire o status de ser parte integrante da rotina diárias das</p><p>escolas públicas inglesas, a necessidade de tornar algumas modalidades menos</p><p>violentas, fez com que surgissem regras ou que algumas regras já existentes</p><p>fossem adaptadas.</p><p>Abandonando a esfera da violência, o esporte adquiriu um novo conceito e novos</p><p>adeptos e admiradores. A difusão da ideia de que por meio do esporte se poderia</p><p>adquirir uma boa forma física e que tal condição caracterizava-se como requisito</p><p>ou pré-requisito</p><p>para o exercício da moral e dos bons costumes, tornou possível</p><p>que o estado desenvolvesse políticas públicas e ações específicas para a</p><p>disseminação do esporte.</p><p>Almeida & Marchi (2015):</p><p>“ Essas ideias na Inglaterra sofriam a influência de pensadores franceses e</p><p>os pioneiros do movimento da ginástica em outros países europeus, mas</p><p>no contexto inglês passou a sofrer novos delineamentos pelas tradições de</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>84 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>jogos em equipe e das atividades de caça que eram considerados como</p><p>esporte (MCINTOSH, 1979). Sobre os esportes coletivos, por exemplo,</p><p>Mangan (1998) cita que nas primeiras décadas do século XX o diretor de</p><p>uma das escolas públicas afirmava que o críquete promovia uma nova</p><p>forma de cavalheirismo e bravura, e o rúgbi o altruísmo, destemor e</p><p>autocontrole, características necessárias para serem promovidas entre os</p><p>jovens que tinham como papel dar continuidade à lógica imperialista,</p><p>paradigmática e hegemônica naqueles ambientes. Sendo assim,</p><p>principalmente a manutenção dos esportes nas escolas públicas não se</p><p>deu de forma ocasional, já que eles eram um meio para transmissão de</p><p>valores propícios à manifestação da cultura dominante, elitista e</p><p>masculina, que reproduzia e era reproduzida na agenda pública (HORNE;</p><p>TOMLINSON; WHANNEL, 1999)”.</p><p>Um dos fatores preponderantes para a disseminação da prática esportiva está</p><p>atrelado à instituição do lazer com a criação daquilo que foi denominado como</p><p>“semana inglesa”, na qual os trabalhadores tinham direito ao descanso de meio</p><p>período no sábado, além do descanso aos domingos.</p><p>Esta conquista foi relevante, na medida em que na análise dos primórdios da</p><p>Revolução Industrial, as jornadas envolviam de 12 a 16 horas de trabalho. Quando</p><p>os trabalhadores passaram a reivindicar melhores condições de trabalho,</p><p>melhores salários e mais tempo livre, o modo de produção capitalista se</p><p>reestruturou, se reinventou e ao final, os trabalhadores conquistaram um tempo</p><p>livre maior.</p><p>Este tempo livre maior, dedicado ao lazer, foi fundamental para o aumento da</p><p>incidência de praticantes de modalidades esportivas na Inglaterra do século XVIII.</p><p>Ou, nas palavras de Prado & Da Silva (2011):</p><p>“O lazer como conceito passou a ser discutido após a Revolução Industrial, antes disso, o que</p><p>havia eram discussões sobre o tempo de ócio, o não trabalho. O lazer só conseguiu espaço a partir</p><p>do Século XIX, com a mudança de comportamento de toda uma sociedade com relação ao</p><p>trabalho, tendo início nos países europeus. O primeiro documento explícito que se tem a favor do</p><p>lazer é o clássico “Direito a Preguiça”, que trata sobre o direito ao lazer dos operários, colocando</p><p>questões e críticas sobre o capitalismo e o cristianismo ocidental, foi escrito em 1880, na Alemanha</p><p>por Paul Lafargue, militante socialista, que ganhou grande repercussão com seu manifesto. “A</p><p>paixão cega, perversa e homicida do trabalho transforma a máquina libertadora em um instrumento</p><p>de sujeição de homens livres: sua produtividade os empobrece”. (LAFARGUE, 1999, p. 88)”.</p><p>Resumo:</p><p>A inserção do esporte nas escolas inglesas, propiciou o desenvolvimento do</p><p>esporte, notadamente ao final do século XIX.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>85 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A vida urbana passou a ser o espaço dominante de relações sociais, o que gerou</p><p>a transição demográfica e o declínio das relações comunais anteriores para as</p><p>relações sociais mais especializadas, racionalizadas, burocratizadas.</p><p>A manutenção dos esportes nas escolas públicas não se deu de forma ocasional,</p><p>já que eles eram um meio para transmissão de valores propícios à manifestação</p><p>da cultura dominante, elitista e masculina, que reproduzia e era reproduzida na</p><p>agenda pública.</p><p>Glossário:</p><p>Lazer- Corresponde ao tempo de folga, de passatempo, de ócio, de distração, de</p><p>descanso.</p><p>Rugbi ou Rugby- Esporte coletivo com intenso contato físico. Originário da</p><p>Inglaterra. Disputado em um campo de grama em 80 minutos com dois tempos de</p><p>40 minutos. Pode ser jogado com 15, 13, 11 ou 7 jogadores. Jogado com as</p><p>mãos. Os pés são utilizados apenas na cobrança do Drop goal (chute no qual o</p><p>jogador tenta lançar a bola sobre a trave e entre os postes da equipe adversária)</p><p>Críquete- Jogo disputado na grama entre duas equipes de 11 jogadores,</p><p>envolvendo uma bola e jogadores com pás de madeira (tacos).</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>86 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 24 – Falando de Futebol</p><p>Há controvérsias naquilo que diz respeito ao nascimento do futebol, há relatos da</p><p>prática de jogos em culturas antigas e que guardam algumas semelhanças com o</p><p>esporte que é praticado hoje.</p><p>Ainda que não se possa afirmar de forma categórica que tais práticas tenham sido</p><p>a gênese do futebol, há indícios de que modalidades semelhantes eram praticadas</p><p>nos países asiáticos, bem como na Europa na Idade Média.</p><p>Origens do Futebol na China</p><p>Na China Antiga, militares chineses envolviam-se em um jogo que era como um</p><p>treino militar. Após os combates com os exércitos inimigos, decepavam a cabeça</p><p>do adversário e formavam equipes cujo objetivo era chutá-la. Com o passar dos</p><p>anos, as cabeças decepadas foram sendo substituídas por bolas de couro,</p><p>tornando todo o processo mais civilizado.</p><p>Drobnic et al. (2004) em artigo intitulado: Fútbol. Bases científicas para un óptimo</p><p>rendimento, descreve-nos práticas esportivas na China, Japão, bem como na</p><p>Idade Média e que guardam muitas semelhanças com o futebol.</p><p>A citação que segue abaixo está em espanhol, optei por efetuar uma livre tradução</p><p>com o intuito de facilitar o entendimento.</p><p>“ Documentos de eruditos, como Tsao Tse y Yang Tse, descrevem a</p><p>existência de um jogo de bola com os pés e que remonta à China do</p><p>século III e II antes de nossa era. Da época da dinastia de Han (265-420</p><p>d.C.), existe um livro de instrução militar no qual figuram exercícios físicos</p><p>de adestramento, um jogo chamado Ts’uh Kúh que tinha um grande nível</p><p>de habilidade. É a primeira descrição demonstrada cientificamente de um</p><p>jogo que guarda certas similaridades com o futebol atual. Uma bola de</p><p>couro com penas e pelos tinha que ser lançada com o pé a uma pequena</p><p>rede com uma abertura de 30 a 40 centimetros, fixada a varas de bambú.</p><p>Uma mostra de habilidade que requeria muita destreza e técnica. Existe</p><p>também outra versão, segundo a qual, os jogadores podiam jogar a bola</p><p>com os pés, peito, costas e ombros, mas, não com as mãos, tendo que</p><p>salvar os ataques do adversário. Desta cultura de adestramento militar</p><p>surgiu na Corea o Chukkuk há 1500 anos. Este jogo nascido sob o reinado</p><p>de Shila se praticava com duas equipes que se enfrentavam para</p><p>representar não apenas um exercício militar, mas, sim, toda uma história</p><p>de romantismo que se segue representando cada ano nos festivais</p><p>futebolísticos nesta região asiática ”. Drobnic et al (2004)</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>87 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Origens do Futebol no Japão</p><p>Drobnic et al. (2004) frisa:</p><p>Citação em espanhol, vertida pelo autor do presente texto em tradução livre.</p><p>“No Japão Antigo, havia um jogo chamado Kemari, praticado por</p><p>integrantes da corte do imperador japonês em um campo de cerca de 200</p><p>metros quadrados. O contato físico era proibido entre os 8 jogadores de</p><p>cada equipe que disputavam uma bola feita de fibras de bambu.</p><p>El Ts’uh Kúh passaria ao Japão, onde surgiria na época medieval um jogo</p><p>aristocrático. Os japoneses não adotaram os jogos de bola competitivos</p><p>chineses, porém no século X d. C., as classes distintas tomaram e</p><p>aperfeiçoaram este jogo de bola chinês que chamaram “ Kemari” e que foi</p><p>mencionado pela primeira vez há cerca de 1400 anos. O Kemari era mais</p><p>37</p><p>Aula 11 – Atenas e Esparta .................................................................................................................... 39</p><p>Aula 12 – O Império Romano e a ótica cinematográfica ....................................................................... 42</p><p>Aula 13 – O coliseu Romano .................................................................................................................. 44</p><p>Aula 14 – O esporte na Grécia e no Império Romano ........................................................................... 47</p><p>Aula 15 – A queda do Império Romano ................................................................................................. 50</p><p>Aula 16 – Idade Média – A Idade das Trevas ......................................................................................... 52</p><p>Aula 17 – O declínio do Império Romano – O Cristianismo como religião oficial do Império Romano 54</p><p>Aula 18 – O elitismo da prática esportiva .............................................................................................. 57</p><p>Aula 19 – Os Torneios Medievais e as Justas ......................................................................................... 60</p><p>Aula 20 – O Renascimento – O Início dos Tempos Modernos ............................................................... 71</p><p>Aula 21 – A revolução Industrial na Inglaterra ....................................................................................... 74</p><p>Aula 22 – O Lazer e o esporte nas escolas ............................................................................................. 78</p><p>Aula 23 – A Inglaterra e a política do esporte nas escolas públicas ...................................................... 82</p><p>Aula 24 – Falando de Futebol................................................................................................................. 86</p><p>Aula 25- O futebol na Inglaterra ............................................................................................................ 90</p><p>Aula 26- Os Jogos Olímpicos da era Moderna ....................................................................................... 94</p><p>Aula 27 – Jogos Olímpicos de Paris ........................................................................................................ 99</p><p>Aula 28- Jogos Olímpicos da Era Moderna........................................................................................... 104</p><p>Aula 29 – COPA DO MUNDO DE FUTEBOL ........................................................................................... 109</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>8 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 30 – Cartazes e resumo das Copas do Mundo de Futebol- 1930- 2018 ...................................... 113</p><p>Aula 31- História da Educação Física e do Esporte no Brasil ................................................................ 119</p><p>Aula 32 – O que é o esporte? .............................................................................................................. 126</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>9 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 1 - O homem primitivo e a arte rupestre</p><p>Antes de a história começar a ser contada era só silêncio e este silêncio ecoava</p><p>incólume preenchendo os vazios e todos os espaços possíveis e imagináveis.</p><p>Entre os registros que indicam a presença do gênero humano na terra e o</p><p>processo de construção de palavras com algum sentido e significado, tornando</p><p>possível a comunicação entre os homens, muito tempo se passou.</p><p>A oralidade era a ferramenta utilizada para registrar os fatos, produzir sentidos,</p><p>criar os mitos e estabelecer relações entre os acontecimentos e as possíveis</p><p>lembranças e suas ramificações.</p><p>Ao nos debruçarmos sobre aquilo que foi concebido como a História da Educação</p><p>Física, nos remetemos aos primórdios do homem sobre a terra, momento em que,</p><p>reunidos em tribos nômades, deslocavam-se continuamente em busca de</p><p>alimentos e locais, nos quais o exercício da sobrevivência fosse algo mais</p><p>palpável e próximo da realidade e não uma utopia.</p><p>A noção de esporte era inexistente, pois o instinto de sobrevivência pautava as</p><p>ações e conduzia os homens em suas aventuras, quaisquer que fossem.</p><p>Atividades como caminhar, correr, saltar, pular eram ingredientes cotidianos de um</p><p>processo entre o homem, o meio ambiente e a luta pela vida.</p><p>Neste sentido, cabe frisar que a relação do homem e a atividade física se</p><p>estabelece a partir dos primeiros registros encontrados em inscrições rupestres</p><p>datadas de 4.000 a 6.000 antes de Cristo, ou conforme frisa Sousa (2016):</p><p>“Tomando como referência a organização social do indivíduo, a arte rupestre pode ser</p><p>fracionada em quatro grupos distintos: os “caçadores-coletores arcaicos”, os “caçadores</p><p>evoluídos”, os “criadores de rebanhos” e as “sociedades complexas”. Do ponto de vista</p><p>temporal, se divide no período levantino (6.000 – 4.000 a.C.), onde predominam as</p><p>representações cotidianas com grande movimento, e o da arte esquemática ( 4.000 a.C. –</p><p>1.000 a.C.), tempo em que as formas mais abstratas ganharam espaço.”</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>10 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Algumas imagens representando homens e mulheres em um modus cotidiano que</p><p>envolvia a caça, a pesca, as lutas entre os homens ou contra os animais e típicos</p><p>momentos, que muitos anos depois seriam tipificados como “momentos de lazer”,</p><p>constituíram grande parte do acervo de impressões rupestres encontrados em vários</p><p>locais do mundo e que são a representação mais precisa daquilo que era a vida na</p><p>pré-história e a relação do homem com a atividade física.</p><p>“A arte rupestre é reconhecida como uma das mais antigas manifestações estéticas do</p><p>homem ao longo de toda sua história. O termo rupestre vem do francês e significa</p><p>“gravação” ou “traçado”, fazendo referência direta às técnicas empregadas nas pinturas</p><p>que representam esse tipo de expressão artística. Encontrada geralmente nas paredes</p><p>das cavernas e em pequenas esculturas, a arte rupestre tem grande importância na busca</p><p>de informações sobre o cotidiano do homem pré-histórico.” In: A arte rupestre.</p><p>(https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/a-arte-rupestre.htm). Acesso em</p><p>13/06/2018.</p><p>https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/a-arte-rupestre.htm</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>11 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 2 – O surgimento das primeiras tribos</p><p>Alguns teóricos dizem que a história da vida do homem sobre a Terra, começou a</p><p>ser contada no momento em que alguém descobriu que não havia a necessidade</p><p>de abater a caça para consumo imediato.</p><p>Tal descoberta, atrelada ao implemento da agricultura, fez com que surgissem as</p><p>primeiras aglomerações estabelecidas em um local específico.</p><p>O homem primitivo abandonava assim de forma gradual, o espírito nômade e</p><p>passava a se inserir em um contexto de identidade geográfica, fincando raízes,</p><p>alterando a geografia do local e desenvolvendo instrumentos e ferramentas que</p><p>viessem a facilitar o seu cotidiano.</p><p>Esta mudança conceitual, aparentemente não significativa, propiciou inúmeras</p><p>transformações na relação do homem com a natureza e com a atividade física.</p><p>Os grandes deslocamentos passaram a fazer parte do passado, na medida em</p><p>que os seres humanos se estabeleciam em regiões específicas, nas quais,</p><p>normalmente, havia água em abundância, caça e pesca fáceis, proteção contra as</p><p>intempéries, animais e tribos inimigas.</p><p>“Essa necessidade de modelar a natureza é encontrada nos primeiros hominídeos, como</p><p>o Homo erectus, o Homo habilis e o Homo antecessor, a quem são atribuídas as primeiras</p><p>manifestações culturais no passado. O Homo erectus teria usado pigmentos preparados</p><p>para pintar</p><p>um jogo de habilidade que o próprio e brutal jogo Ts”uh Kúh na China. Era</p><p>jogado em um terreno quadrado com seus quatro cantos marcados por</p><p>arvores diferentes, cortadas a 4 metros do solo.</p><p>Era um tipo de futebol em círculo, bem menos espetacular, porém muito</p><p>mais digno e solene. Em uma superfície relativamente pequena, os</p><p>jogadores passavam a bola, sem deixá-la cair . O jogador tinha que usar</p><p>os pés, os joelhos, a cabeça para poder controlar, dominar e conduzir a</p><p>bola. Era um exercício cerimonial, que exigia certa habilidade, porém sem</p><p>caráter competitivo como o jogo chinês e sem representar qualquer luta</p><p>pela bola. Hoje, contudo, ainda se pratica como exercício esotérico por</p><p>parte dos sacerdotes na clausura de alguns templos”.</p><p>Se reveste de fundamental importância buscar entender o processo de</p><p>desenvolvimento, aprimoramento e amadurecimento das práticas</p><p>esportivas, notadamente quando lançamos um olhar não apenas sobre a</p><p>produção que aborda a cultura ocidental da qual fazemos parte, mas,</p><p>sobretudo, sobre aquela que não se limita às imposições da</p><p>territorialidade, das ideologias dominantes, das opções políticas como</p><p>forma de explicação do real, mas, que, considerando tudo isto, possa</p><p>compreender que a busca pelo conhecimento não se restringe às</p><p>limitações, quaisquer que sejam.</p><p>Neste sentido, é importante buscar compreender a importância da cultura</p><p>da milenar civilização oriental em todo o processo de difusão do esporte</p><p>que se processou na Europa e que depois com a época das grandes</p><p>navegações, disseminou-me pelo continente americano.</p><p>Origens do Futebol na Europa durante a Idade Média</p><p>Citação em espanhol, vertida pelo autor do presente texto em tradução livre.</p><p>“Por mais que os eruditos discutam sobre a origem do futebol e sobre as</p><p>influências dos cultos religiosos, algo não pode ser refutado: o futebol</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>88 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>floresceu há mais de mil anos em diferentes formas primárias, justamente</p><p>nesta região, que consideramos como a origem propriamente dita deste</p><p>esporte, especialmente na Inglaterra e Escócia, mas, também na Irlanda e</p><p>país de Gales. Uma série de proibições e advertências demonstram a</p><p>grande popularidade que tinha o futebol, mesmo rechaçado pelas</p><p>autoridades, pouco puderam fazer contra este jogo, apesar das severas</p><p>ameaças de castigo”.</p><p>Barroso& Fensterseifer (2012) em artigo intitulado A violência no futebol: Revisão</p><p>sócio-psicológica, abordam uma prática que, segundo diversos autores, seria uma</p><p>modalidade antecessora do futebol, ou que na análise comparativa entre ambas,</p><p>guarda inúmeras semelhanças com o Futebol, como o conhecemos hoje, o</p><p>“Haspartum”:</p><p>“ O haspartum, consistia de duas equipes dispostas em um campo</p><p>retangular, demarcado por linhas laterais e uma linha divisória central, com</p><p>o objetivo de levar a bola do jogo para além das linhas adversárias. A bola</p><p>era passada de jogador em jogador e todo o tipo de truques e trapaças</p><p>eram aceitos, acompanhados por manifestações bem exaltadas das</p><p>torcidas. Na Itália, uma derivação do harpastum deu origem ao gioco del</p><p>calcio, onde 27 jogadores se esforçavam para fazer uma bola passar entre</p><p>dois bastões. A modalidade era praticada pela elite e pelo clero. Papas</p><p>como Clemente VII, Leão X e Urbano VII foram campeões no Futebol de</p><p>Florença. Portanto, Karol Wojtila, o papa João Paulo II, que jogou como</p><p>goleiro em um time na Cracóvia (Polônia), não foi o primeiro sumo</p><p>pontífice a travar contato com esse esporte. Esse predecessor do Futebol</p><p>foi introduzido na Inglaterra em 16 de outubro de 1066 “pelos seguidores</p><p>de William, o Conquistador, após a Batalha de Hastings, sendo que o jogo</p><p>era disputado com muita violência”. A partir do século XIV, já se encontram</p><p>referências seguras a um jogo de bola chamado futebol, mas o sociólogo</p><p>alemão Norbert Elias, acredita que a semelhança com o esporte que hoje</p><p>conhecemos não necessariamente torne o jogo daquela época um</p><p>antecessor do atual. De qualquer forma, a modalidade criou tantos</p><p>problemas que o rei Edward II chegou a sancionar um decreto proibindo</p><p>sua prática em 13 de abril de 1314”.</p><p>Antecessor ou não, o que importa é identificar que há inúmeras semelhanças</p><p>entre o futebol dos tempos modernos e as modalidades anteriormente aqui</p><p>descritas, tais como o “Haspartum”, o “ Kemari” e o “Ts’uh Kúh”.</p><p>Para compreendermos o real sentido da violência reinante no “Haspartum”, cabe</p><p>considerar que a criação de um decreto proibindo a sua prática no ano de 1314,</p><p>num tempo em que quase tudo era permitido, pode nos dar uma ideia do quão</p><p>violenta era esta prática.</p><p>RESUMO</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>89 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“ O Haspartum, consistia de duas equipes dispostas em um campo retangular,</p><p>demarcado por linhas laterais e uma linha divisória central, com o objetivo de levar</p><p>a bola do jogo para além das linhas adversárias. A bola era passada de jogador</p><p>em jogador e todo o tipo de truques e trapaças eram aceitos, acompanhados por</p><p>manifestações bem exaltadas das torcidas.</p><p>O Kemari era um jogo praticado por integrantes da corte do imperador japonês em</p><p>um campo de cerca de 200 metros quadrados. O contato físico era proibido entre</p><p>os 8 jogadores de cada equipe que disputavam uma bola feita de fibras de bambu.</p><p>O Ts’uh Kúh requeria um grande nível de habilidade. É a primeira descrição</p><p>demonstrada cientificamente de um jogo que guarda certas similaridades com o</p><p>futebol atual. Uma bola de couro com penas e pelos tinha que ser lançada com o</p><p>pé a uma pequena rede com uma abertura de 30 a 40 centímetros, fixada a varas</p><p>de bambu.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Difusão- divulgação, propagação, multiplicação.</p><p>Sancionar- concordar, aprovar, confirmar.</p><p>Referências- aludir, mencionar, alusão, menção</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>90 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 25- O futebol na Inglaterra</p><p>Entre os séculos XVI e meados do século XIX, o futebol não era considerado um esporte,</p><p>pois, praticar esportes era uma atividade voltada para a nobreza que preferia esportes tais</p><p>como equitação, tênis, remo e arco e flecha.</p><p>Praticado pela esfera mais baixa da sociedade, a nobreza e o clero, encaravam o futebol como</p><p>um passatempo vulgar que incitava os camponeses à violência, ocasionando mortes.</p><p>Se isto não bastasse, a Igreja responsabilizava o futebol pelo afastamento dos fiéis, pois, os</p><p>homens preferiam jogar futebol a frequentar as missas em busca da palavra de Deus.</p><p>Oliveira. A. (2012):</p><p>“Com o processo de consolidação da revolução industrial o hábito de praticar o futebol</p><p>migrou da classe camponesa para os proletariados dos grandes centros urbanos, e isso trouxe</p><p>um novo inimigo: A burguesia. Essa nova classe social combatia o “passatempo” dos</p><p>operários, pois esse reduzia a produtividade dos trabalhadores que se machucavam</p><p>frequentemente (Hobsbawn,1987). No ano de 1835 o parlamento Inglês instituiu uma lei para</p><p>coibir a pratica do futebol nas ruas da Inglaterra, porém houve muita resistência por parte do</p><p>povo em relação à proibição. A marginalização na Inglaterra seguiu até por volta de 1870,</p><p>quando em plena era Vitoriana os trabalhadores conquistaram o direito a folga nas tardes de</p><p>sábado, que seriam ocupadas pela prática do então novo esporte que havia sido recém</p><p>regulamentado (Helal,1997)”.</p><p>O Futebol foi proibido inicialmente em razão do seu aspecto violento, foi proibido também</p><p>por ser a representação das classes mais baixas da sociedade, foi proibido por estilhaçar as</p><p>vidraças das janelas, foi proibido por causar lesões, foi proibido de ser praticado aos</p><p>domingos, dia reservado à ida às Igrejas em uma Inglaterra que estava longe de ser “laica”.</p><p>Foi proibido em razão da ausência de regras claras, foi proibido em razão da</p><p>violência dos</p><p>torcedores e dos inúmeros conflitos que ocorriam em alguns jogos, notadamente quando havia</p><p>uma indisfarçável disputa de classes sociais na atmosfera dos jogos.</p><p>Foi proibido de inúmeras formas em diversos momentos da história da Inglaterra, mas, alheio</p><p>a tudo e a todos, sobreviveu às proibições e ajudou a construir um capítulo ímpar na história</p><p>da relação entre a Inglaterra e o esporte.</p><p>No quadro abaixo há uma síntese do perfil do esporte no período compreendido entre o século</p><p>XVIII e início do século XXI.</p><p>As mudanças significativas alteraram a forma como o esporte é entendido nos dias atuais. Se</p><p>podemos dizer que houve uma mudança no perfil do esporte a partir de sua inserção nas</p><p>escolas públicas inglesas, não há como negar que o marketing e o desenvolvimento dos meios</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>91 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>de comunicação, bem como o avanço tecnológico alteram a percepção do público em relação</p><p>ao esporte e a prática de atividade física.</p><p>Se conforme especifica o quadro, houve ao final do século XVIII e início do século XIX, uma</p><p>apropriação por parte do poder público de estratégias para promoção de corpos saudáveis,</p><p>enfatizando de forma específica a importância da higiene, temos, nos dias atuais, uma</p><p>massificação e uma exposição continuada acerca dos supostos benefícios da prática da</p><p>atividade física, reproduzidos de forma continuada pelos mecanismos do Marketing e pelos</p><p>meios de comunicação em suas variadas formas.</p><p>Os benefícios do esporte e da prática de atividade física já não são uma novidade. Mesmo a</p><p>mais desinformada e leiga das pessoas tem acesso constante às informações, enfatizando a</p><p>importância de ambos para a melhora da qualidade de vida.</p><p>Quadro 1 – Temas e períodos na história do esporte</p><p>Tema Período Papel e objetivo do esporte</p><p>Jogos tradicionais e</p><p>passatempos</p><p>Antes do séc. XIX Manifestações e habilidades</p><p>tradicionais, celebrações sazonais,</p><p>perseguições rurais em vilarejos,</p><p>cidades ou distritos, feiras rurais e</p><p>exibições. Os esportes são</p><p>frequentemente embates violentos,</p><p>com limitadas semelhanças às</p><p>atividades dos dias atuais.</p><p>Recreação racional Final do séc. XVIII</p><p>e séc. XIX</p><p>A promoção de corpos saudáveis</p><p>para higiene e para preparação para o</p><p>militarismo, o esporte ou a recreação</p><p>são providos por filantropia por</p><p>reformistas sociais, praticado para</p><p>uma proposta mais aceitável, a partir</p><p>daqui mais racional.</p><p>Atleticismo Séc. XIX, período</p><p>Vitoriano</p><p>Desenvolvimento físico e moral,</p><p>especialmente nas escolas públicas</p><p>(Eton, Rugby, etc.) e particularmente</p><p>através dos esportes coletivos;</p><p>masculino, com objetivos de</p><p>combate, enfatizam a lealdade, fazem</p><p>deferência a autoridade, o sacrifício</p><p>individual e o anti-intelectualismo</p><p>Amadorismo Séc. XIX a meados</p><p>do séc. XX (em</p><p>Esporte com causa em si mesmo,</p><p>praticado por amadores e</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>92 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>alguns esportes,</p><p>ainda existente)</p><p>“cavalheiros”, por exemplo, sem</p><p>recompensa financeira. Distinções</p><p>surgem quando o profissionalismo</p><p>inicia no séc. XIX. “Jogadores” são</p><p>profissionais e têm uma regulação</p><p>restrita; foram ainda proibidos de</p><p>competir em algumas modalidades.</p><p>Cristianidade muscular Meados ao final do</p><p>séc. XIX</p><p>Esporte foi visto para empregar uma</p><p>influência saudável, distante dos</p><p>bares ou outros usos não desejáveis</p><p>do tempo. A influência religiosa foi</p><p>vista em diversas modalidades e</p><p>clubes: o cultivo de “corpos sãos e</p><p>mentes sãs” era a função de todo</p><p>cristão. Muitos clubes e espaços</p><p>esportivos eram providos por igrejas.</p><p>Coisificação Fins do séc. XX O consumo passivo do esporte se</p><p>torna significante e crescente com o</p><p>papel comercial do esporte e de seus</p><p>produtos e serviços, com o esporte</p><p>profissional e internacional, com as</p><p>influências globais e de organizações,</p><p>e a migrações de jogadores é</p><p>resultado da difusão global das</p><p>práticas esportivas</p><p>Celebridade Fins do séc. XX e</p><p>início do séc. XXI.</p><p>A emergência da celebridade</p><p>esportiva, personalizado por David</p><p>Beckham; estrelas do esporte são</p><p>lançadas através de plataformas ou</p><p>recursos multimídia, frequentemente</p><p>não associados à performance</p><p>esportiva ou onde a personalidade</p><p>esportiva é veículo para promoção da</p><p>“marca”</p><p>Fonte: Bell (2009) tradução Almeida & Marchi Jr (2015)</p><p>A organização e regulamentação do futebol, ocorreu em 26 de outubro de 1863 na Inglaterra,</p><p>com a fundação na cidade de Londres, da Football Association. Entre os anos de 1810 e 1840,</p><p>o grande número de regras e variações que existiam e eram aplicadas nos diferentes colégios</p><p>nos quais praticava-se o futebol, ocasionaram uma real necessidade de mudanças e de</p><p>implementação de regras uniformes.</p><p>Antes da implantação destas regras, algumas escolas permitiam segurar a bola com as mãos,</p><p>chutar as canelas, agarrar o oponente. O futebol sem o uso das mãos passou a ser dirigido pela</p><p>Football Association no ano de 1863, organizando o primeiro campeonato em 1872.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>93 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Gambeta, W. (2013) em tese de Doutorado intitulada “ A bola rolou: O Velódromo paulista e</p><p>os espetáculos de futebol- 1895-1916, frisa a respeito da gênese do futebol na Inglaterra.</p><p>“ A partir da Inglaterra, o novo esporte foi divulgado no arquipélago e nas colônias do</p><p>Império Britânico, depois em países do continente europeu e nas Américas, enfim, em</p><p>qualquer lugar em que a pedagogia inglesa exercesse influência no ensino escolar e onde</p><p>atuassem empresas de capital inglês”.</p><p>A partir da regulamentação de regras uniformes, houve uma maior difusão do futebol,</p><p>notadamente em razão de mudanças significativas que tornaram a prática esportiva menos</p><p>violenta e mais atrelada aos interesses da classe dominante.</p><p>Soares & Lovisolo (2003) em artigo intitulado Futebol: A construção histórica do estilo</p><p>nacional, enfatizam acerca do futebol inglês.</p><p>“Na virada do século XIX para o XX, o futebol e as modas européias, unidos, faziam parte</p><p>dos ideais civilizatórios. O futebol devia trazer a tonificação de músculos junto ao “esprit de</p><p>corps”, a pedagogia da racionalização e o ideal do autocontrole (Elias; Dunning, 1992). Por</p><p>ser um esporte coletivo, a organização tática, a consciência da equipe e a disciplina tornavam-</p><p>se um ideal normativo preconizado pelo modelo inglês”.</p><p>RESUMO:Praticado pela esfera mais baixa da sociedade, a nobreza e o clero, encaravam o</p><p>futebol como um passatempo vulgar que incitava os camponeses à violência, ocasionando</p><p>mortes. A organização e regulamentação do futebol, ocorreu em 26 de outubro de 1863 na</p><p>Inglaterra, com a fundação na cidade de Londres, da Football Association.</p><p>Na virada do século XIX para o XX, o futebol e as modas europeias, unidos, faziam parte dos</p><p>ideais civilizatórios. O futebol devia trazer a tonificação de músculos junto ao “esprit de</p><p>corps”, a pedagogia da racionalização e o ideal do autocontrole.</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>Incitavam- Incentivar alguém a fazer algo, impelir, instigar, encorajar.</p><p>Percepção- Faculdade de apreender por meio dos sentidos ou da mente.</p><p>Tonificação- Fortalecer, passar a ter vigor, demonstrar força.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>94 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 26- Os Jogos Olímpicos da era Moderna</p><p>No dia 06 de abril de 1896, começava em Atenas, na Grécia, a primeira edição dos Jogos</p><p>Olímpicos da Era Moderna. Segundo alguns autores, os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga</p><p>foram interrompidos no ano 392 a.C e seu renascimento deveu-se ao francês Barão de</p><p>Coubertin, considerado o pai da Olímpiada Moderna.</p><p>Entre os dias 06 e 15 de abril, 241 atletas representando 14 países escreveram um novo</p><p>capítulo na história dos Jogos Olímpicos.</p><p>In: www.dw.com/pt-br/1896-jogos-olímpicos-da-era-moderna/a-490534</p><p>O Barão de Coubertin, era na verdade, Charles Freddye Pierre, pedagogo e historiador</p><p>francês, que preconizava a educação por meio do esporte. Apaixonado por esportes e pela</p><p>cultura grega, este jovem de família nobre francesa dedicou sua vida aos estudos, além de ser</p><p>praticante de inúmeras modalidades esportivas.</p><p>Na sua concepção, o esporte poderia ser utilizado como forma de aproximar as pessoas,</p><p>atenuar as diferenças e promover a união e a paz entre os povos.</p><p>Na história, a frase “O importante é competir” foi atribuída ao Barão de Coubertin, contudo,</p><p>há a informação de que, na verdade, tal frase teria sido dita, com algumas variações, por um</p><p>Bispo durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 1908, e teria sido adaptada por</p><p>Coubertin e imortalizada.</p><p>http://www.dw.com/pt-br/1896-jogos-olímpicos-da-era-moderna/a-490534</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>95 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Em junho de 1894, na presença de representantes de 15 países, na Universidade de Sorbonne,</p><p>na França, Coubertin fundou aquele que, futuramente, seria conhecido como o Comitê</p><p>Olímpico Internacional.</p><p>Detmer, H (2013), frisa:</p><p>“Coubertin planejava a primeira edição dos Jogos para 1900, em Paris, durante a Exposição</p><p>Mundial, mas o príncipe Constantino da Grécia ficou tão empolgado com a ideia de</p><p>recomeçar a competição no mesmo país onde ela havia terminado 16 séculos antes, que</p><p>conseguiu organizá-los em dois anos. Em 6 de abril de 1896, então, foram inaugurados os</p><p>primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna”.</p><p>A primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna tiveram um caráter um tanto o</p><p>quanto amadorístico, tanto no que diz respeito à organização propriamente dita, quanto no que</p><p>se refere à participação dos atletas e o envio de equipes para representar os países.</p><p>Não havia piscina para as provas de natação, de forma que as provas foram realizadas no mar.</p><p>Um atleta australiano, Edwin Flack, foi o vencedor na prova de 800 metros rasos, além dos</p><p>1500 metros, ambas no atletismo, além de ser o terceiro colocado nas duplas de tênis, um</p><p>feito surpreendente, mas impensável nos dias atuais em razão da especificidade e do nível de</p><p>profissionalismo dos competidores.</p><p>“Os I Jogos Olímpicos da Era Moderna foram realizados em Atenas, Grécia, berço dos</p><p>jogos da antiguidade, entre os dias 6 e 15 de abril de 1896, com a participação de 241</p><p>atletas, todos homens, representando catorze países.</p><p>Sem qualquer experiência na organização de semelhante evento, os organizadores dos</p><p>primeiros jogos quase arruinaram a própria competição, graças a uma diversidade de datas,</p><p>pois os gregos utilizavam então o antigo calendário juliano paralelo ao convencional usado</p><p>pela civilização ocidental, fazendo com que ocorresse uma diferença de doze dias entre</p><p>ambos, o que atrapalhou a inauguração dos Jogos e a chegada dos atletas dos diversos</p><p>pontos do planeta.</p><p>A cerimônia de inauguração acabou acontecendo num domingo de Páscoa, com o discurso</p><p>de abertura proferido diante de cem mil espectadores pelo próprio Jorge I, da Grécia, após a</p><p>inauguração de uma estátua – que existe até os dias de hoje – na entrada do Estádio</p><p>Panathinaiko, principal palco das competições e uma maravilha arquitetônica toda de</p><p>mármore, em homenagem ao rico financista ateniense Georgius Averoff, responsável pela</p><p>restauração e modernização do estádio e financiador da organização do evento, o que</p><p>impediu seu cancelamento antes mesmo de iniciado, devido às penosas condições do erário</p><p>real grego”. In: http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-olimpicos2/i-jogos-</p><p>olimpicos-da-era-moderna-atenas-1896/.</p><p>http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-olimpicos2/i-jogos-olimpicos-da-era-moderna-atenas-1896/</p><p>http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-olimpicos2/i-jogos-olimpicos-da-era-moderna-atenas-1896/</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>96 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>O quadro que segue abaixo é um demonstrativo do número de medalhas obtidas pelos países</p><p>participantes, contudo, trata-se de uma adaptação aos quadros de medalhas de posteriores</p><p>Jogos Olímpicos, na medida em que na primeira edição, os vencedores não recebiam</p><p>medalhas de ouro e àqueles que alcançavam a terceira colocação, sequer eram agraciados com</p><p>medalhas.</p><p>Se nos Jogos Olímpicos Gregos, as lutas eram as modalidades que mais atraiam a atenção do</p><p>público, nesta primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, houve uma mudança</p><p>significativa, legando ao atletismo, a maior afluência de público e a maior repercussão.</p><p>“Nessa primeira Olimpíada da era moderna o atletismo destacou-se como principal esporte,</p><p>sendo realizadas 12 provas, entre corridas, saltos e arremessos. Nessa época começam a</p><p>surgir os ídolos, como o grego Spyridon Louis. Considerado o primeiro ídolo de uma</p><p>Olimpíada, Louis venceu a maratona acompanhado de seu cachorro Zeus, e a ele dedicou</p><p>sua vitória após ser ovacionado e receber inclusive, uma inusitada proposta de casamento”.</p><p>Quadro de medalhas somente do atletismo</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>97 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Lima & Capraro (2009) em artigo intitulado Olimpíadas modernas: A história de uma</p><p>tradição inventada, frisam a respeito da reedição dos Jogos Olímpicos na era moderna.</p><p>“ Os Jogos Olímpicos antigos eram festivais sagrados, nos quais os atletas competiam para</p><p>servir aos deuses; por outro lado, as Olimpíadas Modernas, nasceram sem vínculo religioso,</p><p>idealizada por Pierre de Coubertin seguidor da teoria darwinista, e que teve início na</p><p>Inglaterra logo após a Revolução Industrial, surgindo como um evento laico e sem nenhuma</p><p>relação com a divindade (HELAL, 1990, p. 35). Apesar disso, a maioria das publicações que</p><p>tratam sobre o assunto repete a mesma história, normalmente preocupando-se em relatar o</p><p>surgimento dos Jogos Antigos e seu ressurgimento em 1896 com Pierre de Coubertin,</p><p>concebidos como Olimpíadas Modernas. Por sinal, ao referir-se aos Jogos Olímpicos</p><p>antigos, histórias diversas surgem para tentar explicar sua verdadeira origem. Na maioria</p><p>das vezes, tais narrativas se preocupam apenas em citar que as Olimpíadas Modernas</p><p>aparecem como uma continuação dos antigos Jogos Gregos”.</p><p>Resumo:</p><p>No dia 06 de abril de 1896 começava em Atenas, na Grécia, a primeira edição dos Jogos</p><p>Olímpicos da Era Moderna. Segundo alguns autores, os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga</p><p>foram interrompidos no ano 392 a.C e seu renascimento deveu-se ao francês Barão de</p><p>Coubertin, considerado o pai da Olímpiada Moderna.</p><p>Na história, a frase “O importante é competir” foi atribuída ao Barão de Coubertin, contudo,</p><p>há a informação de que na verdade, tal frase teria sido dita, com algumas variações por um</p><p>Bispo durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 1908, e teria sido adaptada por</p><p>Coubertin e imortalizada.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>98 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Na história, a frase “O importante é competir” foi atribuída ao Barão de Coubertin, contudo,</p><p>há a informação de que na verdade, tal frase teria sido dita, com algumas variações por um</p><p>Bispo durante a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 1908, e teria sido adaptada por</p><p>Coubertin e imortalizada.</p><p>Glossário:</p><p>Calendário Juliano- criado pelo imperador romano Júlio César no ano de 46 a.C. Apresenta</p><p>uma diferença de 12 dias em relação ao calendário ocidental.</p><p>Afluência- concorrência em grande quantidade de pessoas ou coisas.</p><p>Laico- aquele que não pertence ao clero, nem a uma ordem religiosa, leigo.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>99 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 27 – Jogos Olímpicos de Paris</p><p>Após a realização dos Jogos Olímpicos da Era Moderna em 1896 e a constatação de que</p><p>muita coisa precisava ser mudada, houve um longo período</p><p>de preparação para que não</p><p>fossem cometidos os mesmos erros da primeira edição.</p><p>Ainda assim, grande parte dos esforços dos idealizadores envolvia a tentativa de convencer os</p><p>céticos de que a reedição dos Jogos Olímpicos não era apenas um exercício excêntrico por</p><p>parte de nobres e aristocratas, mas sim, uma tentativa séria de reeditar a pujança dos Jogos</p><p>Olímpicos Gregos.</p><p>A exigência de que os atletas fossem amadores, dá uma aura romântica ao envolvimento dos</p><p>atletas com o esporte, mas, esconde um processo restritivo que impossibilitava a participação</p><p>daqueles que não tinham condições financeiras para bancar, o que a grosso modo, fazia com</p><p>que a participação ficasse restrita à nobres, aristocratas ou a classe dominante de forma geral.</p><p>A opção por atrelar a edição dos Jogos Olímpicos à celebração da Exposição Universal</p><p>Internacional em Paris, mostrou-se uma idéia equivocada, provocando total desorganização e</p><p>um retumbante fracasso.</p><p>“Como Atenas, Paris teve problemas econômicos para organizar o evento. Coubertin</p><p>enfrentou sérias dificuldades financeiras, pois todas as doações recebidas pelo Comitê</p><p>Olímpico haviam se esgotado. Não houve alternativa que não fosse associar o evento</p><p>esportivo à Feira Internacional de Paris. Mas o acordo não se cumpriu; a Feira deixou as</p><p>Olimpíadas em segundo plano.</p><p>O Comitê Olímpico Internacional teve pouca influência na condução destes Jogos, cabendo à</p><p>organização da Exposição Universal a organização dos eventos. Como a organização</p><p>considerava o desporto uma atividade secundária, as diferentes modalidades foram dispersas</p><p>pelos diversos locais da Exposição e muitas vezes com classificações no mínimo curiosas.</p><p>Nomeadamente, a organização classificou ginástica na secção de “desporto escolar para</p><p>crianças”, esgrima na seção de “cutelaria” e remo na secção de “socorrismo”. De tanto</p><p>desgosto e decepção com a falta de organização e desinteresse de seus próprios</p><p>compatriotas, mais preocupados com a Exposição em si, Coubertin chegou a abandonar a</p><p>chefia dos organizadores dos Jogos”. In: http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-</p><p>olimpicos2/ii-jogos-olimpicos-da-era-moderna-paris</p><p>A reedição dos Jogos em sua segunda edição estava longe de ter a dimensão proposta</p><p>inicialmente por Coubertin. Se isto não bastasse, a própria comparação entre os Jogos de Paris</p><p>e os jogos de Atenas indicavam não uma evolução, mas, um retrocesso em inúmeros sentidos,</p><p>notadamente, no que diz respeito à afluência do público e pelo fato dos Jogos serem</p><p>eclipsados pela Feira Internacional.</p><p>“ No dia-a-dia das competições a desorganização continuou. Nas provas de natação, por</p><p>exemplo, os atletas nadaram nas águas do Rio Sena, ao invés de competir em piscinas</p><p>olímpicas. E devido à nula promoção do evento, não se conseguiu atrair sequer a atenção</p><p>dos próprios franceses. Em Atenas, havia um público de 70 mil pessoas para presenciar os</p><p>http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-olimpicos2/ii-jogos-olimpicos-da-era-moderna-paris</p><p>http://www.educacaofisica.com.br/esportes/jogos-olimpicos2/ii-jogos-olimpicos-da-era-moderna-paris</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>100 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Jogos. Na capital francesa, não havia mais de 3 mil. Ainda assim, compareceram ao evento</p><p>1225 atletas de 24 nacionalidades; 19 eram mulheres e 1206 homens.</p><p>Conseqüentemente, Paris foi testemunha da primeira participação das mulheres na disputa</p><p>olímpica. A primeira campeã foi a britânica Charlotte Cooper, no tênis; é justo ressaltar que</p><p>nesta edição dos Jogos Olímpicos, e devido à referida desorganização, não se entregaram</p><p>medalhas de nenhum tipo. Graças à grande confusão que foi a organização dos Jogos da II</p><p>Olimpíada, o número de participantes (e mesmo de modalidades) varia largamente de acordo</p><p>com diferentes fontes”. Idem.</p><p>Não foram apenas os aspectos negativos que ficaram marcados na história dos Jogos</p><p>Olímpicos de Paris, o lema “ Citius, Altius, Fortis” (mais longe, mais alto, mais forte), que</p><p>fora aceito em uma reunião do COI na cidade de Le Havre em 1897, foi utilizado pela</p><p>primeira vez e se transformou em lema olímpico</p><p>“Já nas competições, estes Jogos foram superiores aos anteriores. Várias marcas foram</p><p>batidas, e pela primeira vez um atleta ganhava quatro provas: o norte-americano Alvin</p><p>Kraenzlein venceu os 100m e 200m com obstáculos, os 60m rasos e a prova de salto à</p><p>distância com um salto de 7,18m que representou um novo recorde olímpico. Nesta última</p><p>competição, o também norte-americano Myer Prinstein era o líder até as rodadas semifinais,</p><p>mas devido a suas crenças religiosas, se negou a disputar a final, programada para um</p><p>domingo. No final, Kraenzlein ganhou por um centímetro, e a raiva de Prinstein foi tanta, que</p><p>este atacou o campeão a socos”. Idem.</p><p>“ A proposta inicial era de que a primeira edição dos Jogos Olímpicos ocorresse na cidade</p><p>de Paris, em 1900, como parte das comemorações da virada do século, durante a realização</p><p>de uma grande feira internacional. Entretanto, diante da excitação provocada por aquele</p><p>acontecimento entre os gregos, os Jogos da I Olimpíada foram levados para o berço dos</p><p>Jogos Olímpicos da Antiguidade, em Atenas na Grécia. No entender de SALVADOR (2004) o</p><p>esporte olímpico deve ser entendido como parte das grandes manifestações políticas do</p><p>nacionalismo europeu do século XIX. Por isso sua realização como parte das “Exposições</p><p>Mundiais”, que se realizaram em vários países europeus e nos Estados Unidos da América,</p><p>como mostra dos tempos do industrialismo e do capitalismo, com a organização de grandes</p><p>parques didáticos do idealismo das nações dominantes e de temáticas sempre mais amplas.</p><p>Nesses eventos, como no de Paris em 1878 e depois em 1900, foram convocados congressos</p><p>de diversas especialidades como odontologia, história, matemática, estatística, fotografia.</p><p>Um congresso sobre educação física, que incluía exibições sobre jogos e esportes, foi</p><p>considerado nos Jogos Olímpicos de Paris, 1900”. Idem</p><p>Quadro de Medalhas</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>101 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>No livro intitulado “O guia dos curiosos”, o escritor Marcelo Duarte elenca algumas curiosidades</p><p>acerca das Olímpiadas de Paris em 1900.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>102 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Alguns dados importantes das Olimpíadas de Paris de 1900:</p><p>- Países participantes: 24 países (Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Boêmia,</p><p>Canadá, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria,</p><p>Índia, Itália, México, Noruega, Países Baixos, Romênia, Rússia, Suécia e Suíça).</p><p>- Eventos disputados: 85 em 19 modalidades esportivas.</p><p>- Países que mais ganharam medalhas: 1º) França (25 de ouro, 39 de prata e 30 de bronze);</p><p>2º) Estados Unidos (19 de ouro, 14 de prata e 14 de bronze); 3º) Reino Unido (15 de ouro, 6</p><p>de prata e 9 de bronze).</p><p>- Atletas participantes: 997 (975 homens e 22 mulheres).</p><p>- Medalhas distribuídas: 261</p><p>- Colocação do Brasil no ranking: o Brasil não participou desta Olimpíada.</p><p>- Atleta que mais se destacou: o atleta norte-americano Alvin Kraenzlein, que ganhou 4</p><p>medalhas de ouro no atletismo (60 metros, 110 metros com barreiras, 200 metros com</p><p>barreiras e salto em distância).</p><p>- Modalidades esportivas disputadas: Atletismo, Cabo de guerra, Ciclismo, Críquete,</p><p>Croquet, Esgrima, Futebol, Ginástica, Golfe, Hipismo, Natação, Pelota basca, Polo equestre,</p><p>Polo aquático, Remo, Rugby e Tênis.</p><p>O estádio olímpico</p><p>- O principal estádio utilizado para as competições foi o Vélodrome de Vincennes.</p><p>Curiosidades</p><p>- Nos Jogos Olímpicos de Paris de 1900 ainda não havia o uso de slogan olímpico, mascote e</p><p>juramento olímpico.</p><p>- Foram os primeiros Jogos Olímpicos com participação de mulheres. As francesas Madame</p><p>Ohnier e Madame Brohy foram as primeiras</p><p>mulheres a participarem, durante um jogo de</p><p>críquete. (Duarte, M. 2004)</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>103 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>In: wwwablog.org/2014/04/13/a-historia-dasolimpiadas-atraves-de-seus-cartazes.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>104 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 28- Jogos Olímpicos da Era Moderna.</p><p>Desde a primeira edição dos Jogos Modernos em 1896, na cidade de Atenas na Grécia, até os</p><p>dias atuais, os Jogos Olímpicos estiveram presentes em inúmeros países disseminando o</p><p>esporte, promovendo a união entre os povos e tornando o Comitê Olímpico Internacional,</p><p>uma instituição poderosa.</p><p>Alves, R. (2013) frisa:</p><p>“Com exceção dos anos referentes à Primeira e Segunda Grande Guerra Mundial, os Jogos</p><p>aconteceram sem interrupções. Nas últimas edições dos Jogos, principalmente após os de</p><p>Seul 1988, houve um incremento de participantes. Com o fim da "Guerra Fria" e a abertura</p><p>democrática dos países do bloco soviético, os Jogos recuperaram (estão recuperando) o</p><p>sentido de congraçamento e união entre os povos. Porém, apesar de mais países poderem</p><p>participar e bilhões de pessoas assistirem em suas televisões, o que se observa atualmente é</p><p>uma busca primária de lucros financeiros. Até os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012,</p><p>aconteceram 28 edições. As sedes estiveram, em ordem de quantidade, na Europa (17</p><p>edições), na América do Norte (seis edições), na Ásia (três edições) e na Oceania (duas</p><p>edições). A próxima edição dos Jogos Olímpicos, no ano de 2016, será pela primeira vez na</p><p>América do Sul. Caberá à cidade do Rio de Janeiro representar uma região que</p><p>historicamente sempre esteve à margem dos principais acontecimentos do mundo. Espera-se</p><p>que os Jogos no Brasil representem um marco histórico de desenvolvimento econômico e</p><p>social na nossa nação”.</p><p>Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, apenas em 4 edições não</p><p>foram realizados, em 1914 e 1918 em razão da Primeira Guerra Mundial, bem como em 1939</p><p>e 1945 quando o mundo sofria as consequências do envolvimento com mais uma guerra de</p><p>proporções jamais vista.</p><p>A publicação de Alves é de 2013, anos antes da edição dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio</p><p>de Janeiro, de forma que até a presente data, aconteceram 29 edições dos Jogos e sim, apesar</p><p>do receio da realização dos Jogos Olímpicos em uma cidade conhecida pela violência urbana,</p><p>a primeira edição dos Jogos Olímpicos na América do Sul, ao menos, naquilo que diz respeito</p><p>ao esporte, fluxo de pessoas, presença na mídia e retorno publicitário aos investidores e</p><p>patrocinadores, foi um sucesso.</p><p>A análise a respeito dos escândalos de corrupção, das obras inacabadas, malfeitas, de</p><p>promessas que ficaram apenas no papel, da prisão de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do</p><p>Comitê Olímpico Brasileiro, são ingredientes indesejáveis na nossa história esportiva, mas,</p><p>que representam de forma clara e concisa de que forma o esporte pode ser utilizado e</p><p>manipulado para atender a interesses escusos.</p><p>Neste sentido, cabe citar os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936, no qual, Adolf Hitler à</p><p>frente do partido nazista na Alemanha utilizou toda a máquina governamental para difundir a</p><p>ideologia nazista, valendo-se da construção de grandes estádios, cerimoniais envolvendo um</p><p>grande número de pessoas, atletas e integrantes do exército alemão, como forma de difundir</p><p>os ideais de supremacia da raça ariana.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>105 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Em artigo intitulado “Jogos Olímpicos de Berlim 1936: o uso do esporte para fins nada</p><p>esportivos”, Mostaro, F. (2012) resume de maneira clara e objetiva de que forma Hitler,</p><p>apropriando-se da máquina governista, criou aquele que seria definido anos depois, como a</p><p>primeira edição dos Jogos Olímpicos com uma clara e indisfarçável tendência ideológica.</p><p>Mostaro, F. (2012):</p><p>“O artigo mostra como a Alemanha nazista usou os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936 para</p><p>resgatar a autoestima do povo alemão, difundir seus dogmas e, principalmente, exaltar a</p><p>raça ariana como superior. A maneira como o corpo ganhou importância na sociedade</p><p>alemã da época, apontado no filme Olympia, demonstra que o esporte foi usado para</p><p>disciplinar e preparar a juventude para a guerra que estava por vir e é um dos exemplos mais</p><p>famosos de como os Jogos esporte podem ser usados para fins políticos e para exaltar um</p><p>regime e um povo”.</p><p>O filme “Olympia” ao qual Mostaro se refere, diz respeito à obra da diretora Leni Riefenstahl,</p><p>um típico filme de propaganda ideológica encomendado por Adolf Hitler e que retrata os</p><p>Jogos Olímpicos de Berlim em 1936.</p><p>Com enquadramentos que enfatizam a arquitetura alemã e os espaços idealizados para as</p><p>competições, o filme abusa dos enquadramentos da suástica nazista. Apesar da indisfarçável</p><p>apologia ao nazismo, Leni Riefenstahl, criou um documentário que tornou-se um clássico da</p><p>cinematografia esportiva.</p><p>Alegando desconhecer às atrocidades nazistas, Riefenstahl foi inocentada naquele que ficou</p><p>conhecido como o Julgamento de Nuremberg. Apesar disto, sua carreira como diretora de</p><p>cinema, jamais foi a mesma.</p><p>Cartaz do filme “Olympia” dirigido por Leni Riefenstahl.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>106 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A utilização dos Jogos Olímpicos como instrumento de exaltação ideológica não ficou restrita</p><p>apenas à edição dos Jogos Olímpicos de Berlim. Ao longo da história ocorreram diversas</p><p>manifestações que não tiveram apenas relação com o esporte, mas estabeleciam relação com</p><p>posturas ideológicas, religiosas, discricionárias, racistas, sexistas e doutrinárias.</p><p>A este respeito, Tubino, M ( 2005) na obra intitulada Estudos brasileiros sobre o esporte:</p><p>Ênfase no esporte educação, especifica:</p><p>Jogos da Cidade do México - 1968: os norte-americanos Tommie Smith e Don Carlos</p><p>ergueram um dos braços e mantiveram os punhos cerrados, tal expressão simbolizava</p><p>o movimento negro "Black Power” da periferia de Nova Iorque;</p><p>Jogos de Munique – 1972: atletas israelenses foram sequestrados em plena vila</p><p>olímpica por terroristas do "Setembro Negro" que defendiam a libertação do território</p><p>Palestino por Israel. 11 atletas foram mortos;</p><p>Jogos de Montreal - 1976: muitos países africanos boicotaram os jogos em protesto</p><p>contra a presença da Nova Zelândia (Este país havia disputado uma partida de rugby</p><p>contra a Rodésia, país africano de influência inglesa, que mantinha política sectária do</p><p>apartheid);</p><p>Jogos de Moscou - 1980: os Estados Unidos e vários países do bloco capitalista</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>107 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>boicotaram os jogos em repúdio à invasão do Afeganistão pela União Soviética;</p><p>Jogos de Los Angeles - 1984: a União Soviética e vários países do bloco socialista</p><p>boicotaram os jogos em repúdio à intervenção norte-americana em Granada”.</p><p>Tancredi, S. (2014) em artigo publicado pelo site mundo educação, elenca alguns fatos curiosos</p><p>acerca da história dos Jogos Olímpicos</p><p>Medalhas</p><p>Estados Unidos é o país com maior número de medalhas, 2.399 até a Olimpíada de</p><p>Londres, em 2012, sendo 976 de ouro. O Brasil ocupa a 37ª posição, com 108</p><p>medalhas, sendo 23 de ouro.</p><p>Recordistas</p><p>O maior recordista da história dos jogos olímpicos é o nadador norte-americano</p><p>Michael Phelps, com 21 medalhas (18 de ouro, 2 de prata e 2 de bronze). Já a mulher</p><p>com mais medalhas é a ginasta ucraniana Larissa Latynia. Ao todo são 18, sendo 9 de</p><p>ouro, 5 de prata e 4 de bronze.</p><p>Curiosidades das Olimpíadas</p><p>• 1908, em Londres: nesse ano, os atletas passaram a entrar de forma organizada</p><p>na cerimônia de abertura. Essa também foi a olimpíada mais longa da história,</p><p>de 27 de abril a 31 de outubro;</p><p>• 1913: a bandeira olímpica é criada pelo Barão de Coubertin;</p><p>• 1920, em Antuérpia, na Bélgica:</p><p>→ a bandeira é hasteada pela primeira vez;</p><p>→ com 72 anos, Oscar Swahn é o atleta que ganhou uma medalha com mais idade na</p><p>história das olimpíadas;</p><p>→ Guilherme Paranaense, atleta do tiro, conquista a primeira medalha de ouro do</p><p>Brasil.</p><p>• 1928, Amsterdã, na Holanda: o fogo olímpico é usado pela primeira vez;</p><p>• 1932, Los Angeles, Estados Unidos:</p><p>→ o hino dos países dos atletas vencedores começou a ser tocado no momento da</p><p>entrega das medalhas;</p><p>→ nessa edição também tivemos a primeira mulher brasileira a participar de uma</p><p>Olimpíada, a nadadora Maria Lenk.</p><p>• 1948, em Londres: as provas de natação passaram a ser realizadas em piscinas;</p><p>• 1964, em Tóquio: as olimpíadas passaram a ser transmitidas via satélite pela</p><p>televisão;</p><p>• 1976, em Montreal: o Canadá é o único país-sede que não ganhou medalhas de</p><p>ouro.</p><p>Jogos Olímpicos de Inverno</p><p>O evento esportivo começou a ser realizado em 1924 como “Semana Internacional dos</p><p>Desportos de Inverno”. Dois anos depois, ganhou o status de Jogos Olímpicos. Eles</p><p>também ocorrem a cada quatro anos, mas são contemplados apenas esportes que</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>108 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>envolvem gelo ou neve, tais como Biathlon, Curling, Hóquei no gelo, Esqui e</p><p>Patinação.</p><p>In: www://mundoeducacao.bol.uol.com.br/educacao-fisica/os-jogos-olimpicos.htm</p><p>Nos Jogos Olímpicos da cidade do Rio de Janeiro realizados entre os dias 5 e 21 de agosto de</p><p>2016, 206 países envolveram-se em disputas, nas quais 41 esportes foram contemplados e</p><p>distribuídos em 37 arenas, com 136 modalidades femininas e 161 masculinas.</p><p>RESUMO:</p><p>Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, apenas em 4 edições não</p><p>foram realizados, em 1914 e 1918 em razão da Primeira Guerra Mundial, bem como em 1939</p><p>e 1945 quando o mundo sofria as consequências do envolvimento com mais uma guerra de</p><p>proporções jamais vista.</p><p>O filme “Olympia” ao qual Mostaro se refere, diz respeito à obra da diretora Leni Riefenstahl,</p><p>um típico filme de propaganda ideológica encomendado por Adolf Hitler e que retrata os</p><p>Jogos Olímpicos de Berlim em 1936.</p><p>Nos Jogos de Munique – 1972: atletas israelenses foram sequestrados em plena vila olímpica</p><p>por terroristas do "Setembro Negro" que defendiam a libertação do território Palestino por</p><p>Israel. 11 atletas foram mortos.</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Julgamento de Nuremberg- Série de tribunais militares nos quais foram julgados os</p><p>processos contra os criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial.</p><p>Guerra Fria- Período histórico de disputas e conflitos entre os países dos blocos capitalista e</p><p>socialista, liderados pelos Estados Unidos da América do Norte e pela União Soviética.</p><p>Período compreendido entre o final da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a dissolução da</p><p>União Soviética em 1991.</p><p>Suástica Nazista- Símbolo místico encontrado em muitas culturas e que representava o ideal</p><p>de superação da raça ariana.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>109 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 29 – COPA DO MUNDO DE FUTEBOL</p><p>Considerado o maior evento esportivo do mundo A Copa do Mundo de Futebol é realizada</p><p>pela Federação Internacional de Futebol a cada quatro anos em países que se candidatam para</p><p>poder receber o evento.</p><p>Trata-se da mais importante competição de futebol organizada pela Fifa e atualmente envolve</p><p>a participação de 32 seleções.</p><p>A primeira edição da Copa do Mundo de Futebol aconteceu em 1930 no Uruguai, tendo o</p><p>Uruguai como campeão em final disputada contra a Argentina, repetindo a final Olímpica de</p><p>1928, na qual ambos se enfrentaram em busca da vitória.</p><p>A Segunda Guerra Mundial impediu a realização das edições de 1942 e 1946.</p><p>A devastação de inúmeras cidades européias, a crise econômica e o fato de nosso país estar</p><p>situado longe de todo este cenário, foi primordial para que o Brasil fosse escolhido como país</p><p>sede da 4 edição da Copa do Mundo de Futebol.</p><p>A competição aconteceu entre os dias 24 de julho e 16 de julho de 1950 envolvendo 13</p><p>países, 88 gols marcados em 22 partidas, disputadas nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba,</p><p>Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, sagrando o Uruguai como campeão em uma</p><p>final que deixou cerca de 200 mil brasileiros abismados, chorosos, chocados e sem entender o</p><p>que estava acontecendo, naquele fatídico dia em que o Brasil foi derrotado inapelavelmente</p><p>pelo Uruguai.</p><p>Há inúmeras obras que abordam este que é considerado o mais trágico momento da história</p><p>do futebol brasileiro. Havíamos construído o maior estádio de futebol do mundo, o</p><p>“Maracanã” com capacidade, na época para cerca de 200 mil pessoas, vínhamos de uma</p><p>campanha empolgante com goleadas de 7 X 1 contra a Suécia e 6 X 1 contra a Espanha.</p><p>Naquele época o formato da disputa era diferenciado, de forma que o empate daria o título ao</p><p>Brasil. Coincidentemente, a última partida da competição, reuniu as duas melhores equipes no</p><p>dia 16 de julho de 1950.</p><p>O Brasil abriu o placar, o Uruguai empatou e a partida prosseguiu enquanto a torcida já</p><p>comemorava o título brasileiro. Aos 79 minutos de jogo, sem dar atenção aos anseios de</p><p>milhões de brasileiros, 200 mil deles presentes ao estádio e outros milhões ouvindo a partida</p><p>em radinhos de pilha, rádios comunitários, alto-falantes, serviços de divulgação de</p><p>informações, o uruguaio Ghiggia calou o estádio do Maracanã, silenciando o povo, nosso</p><p>futebol, nossos sonhos, esperanças, até o apito final, quando inacreditavelmente, o Brasil foi</p><p>derrotado e o choro invadiu o espaço da alegria.</p><p>Ou, nas palavras de Gueiros, P. (2009):</p><p>“Quem testemunhou a derrota para o Uruguai, em 1950, tem uma definição diferente do</p><p>vazio que se abateu sobre o Maracanã lotado. Para Jô Soares, "o silêncio era tão absoluto</p><p>que não se ouvia nem uma mosca voar". Das lembranças de Bárbara Heliodora, "a mais</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>110 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>inacreditável foi o silêncio". A poucos metros da baliza em que o goleiro Barbosa foi</p><p>crucificado, Luiz Carlos Barreto fotogravou na memória o "silêncio mais barulhento que já</p><p>existiu". Do alto das arquibancadas, o soldado Zagallo, sentido, contemplou "o silêncio do</p><p>choro". Jovens, os quatro tiveram a fantasia do patriotismo rasgada pela maior tragédia sem</p><p>vítimas fatais já registrada”.</p><p>Muitos anos depois, o grito de um personagem atormentado em um curta-metragem, seria a</p><p>representação do desejo de milhões de brasileiros diante da possibilidade de com um único</p><p>grito reverter aquele final trágico, levar o goleiro Barbosa à redenção e conduzir o Brasil ao</p><p>título de campeão da Copa do Mundo de 1950.</p><p>- CUIDADO, BARBOSA! – gritou o personagem de Antônio Fagundes no curta metragem,</p><p>não por acaso, intitulado “ Barbosa”, nome do goleiro brasileiro titular da seleção brasileira e</p><p>que teria sua carreira marcada pelo gol sofrido contra a seleção uruguaia e pelo estigma de ser</p><p>considerado culpado por nossa derrota e a consequente perda do título.</p><p>Baseada no livro intitulado “ Anatomia de uma derrota” de Paulo Perdigão, apresenta a</p><p>história de um homem atormentado por nossa derrota e que consegue fazer uma viagem no</p><p>tempo e retornar ao Maracanã naquela fatídica tarde na qual o futebol brasileiro sofreu sua</p><p>mais amarga derrota ( ainda pior que os 7 X 1 contra a Alemanha, muitos anos depois).</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>111 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>In: www.google.com.br/search?q=Cartaz+do+curta+metragem+Barbosa</p><p>Documentário- Ficção- Brasil- 1988 - Direção: Ana Luiz Azevedo/Jorge Furtado</p><p>Elenco: Antônio Fagundes, Pedro Santos, Victor Castel.</p><p>Disponível em https://youtu.be/NAApOKrH318</p><p>Ninguém, sob qualquer ótica, consideração ou interpretação possível, sociológica,</p><p>antropológica, conceitual ou ideológica, sofreu</p><p>o estigma da desclassificação como o goleiro</p><p>Barbosa.</p><p>Gueiros, P. (2009):</p><p>” Na incapacidade de assimilar a derrota, o movimento imediato das massas foi de transferí-</p><p>la a Barbosa. Orgulho negro do esquadrão vascaíno campeão sul-americano em 1948, o</p><p>goleiro se transformou em vergonha nacional. Primeiro por ter supostamente falhado no</p><p>segundo gol e depois pela forma com que foi condenado ao esquecimento”.</p><p>Ou, nas palavras de Rosas, F (2014):</p><p>“No Brasil, a pena máxima (de prisão) é de 30 anos, mas pago há 40 por um crime que não</p><p>cometi”, costumava dizer décadas depois do incidente o ídolo do Vasco da Gama, do Rio de</p><p>Janeiro, e que, até a fatídica data de 16 de julho de 1950, havia sofrido quatro gols em cinco</p><p>jogos no Mundial. A seleção brasileira chegava à final com grande entusiasmo popular e um</p><p>favoritismo quase inabalável, após ter marcado 21 gols e acumulado goleadas como a de 6 a</p><p>1 ante a Espanha e a de 7 a 1 contra a Suécia.</p><p>https://youtu.be/NAApOKrH318</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>112 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Não foram poucas as vezes em que o ex-goleiro teve de enfrentar cobranças na rua após o</p><p>episódio que entrou para a história como “Maracanazo”. Sobre uma delas, contou que uma</p><p>mãe o apontou para o filho em um comércio e o identificou como “o homem que fez o Brasil</p><p>chorar”. Em outra, disse ter sido interpelado de forma ríspida em um bar. “Aqui no Brasil</p><p>ser vice-campeão do mundo não tem valor, não vale nada”, dizia, em meio a hábitos de vida</p><p>simples e muito distante das fortunas proporcionadas atualmente pelo futebol”.</p><p>Neste sentido, o curta-metragem que leva seu nome é uma tentativa de resgate de alguém que</p><p>teve uma história brilhante no futebol, mas, que infelizmente não conseguiu naquele tarde de</p><p>16 de julho de 1950, deter o arremate do Uruguaio Ghiggia.</p><p>No início do curta-metragem há o registro de um discurso do então prefeito da cidade do Rio</p><p>de Janeiro, Mendes de Morais, no qual podemos ouvir de forma clara, concisa, sem meias</p><p>palavras, ou discursos subliminares, uma mensagem que representa de que forma o esporte</p><p>pode ser manipulado como ferramenta ideológica do poder dominante.</p><p>“"Eu cumpri minha palavra construindo esse estádio, cumpram agora seu dever vencendo a</p><p>Copa do Mundo".</p><p>RESUMO:</p><p>A primeira edição da Copa do Mundo de Futebol aconteceu em 1930 no Uruguai, tendo o</p><p>Uruguai como campeão em final disputada contra a Argentina, repetindo a final Olímpica de</p><p>1928, na qual ambos se enfrentaram em busca da vitória.</p><p>A Segunda Guerra Mundial impediu a realização das edições de 1942 e 1946.</p><p>A devastação de inúmeras cidades européias, a crise econômica e o fato de nosso país estar</p><p>situado longe de todo este cenário, foi primordial para que o Brasil fosse escolhido como país</p><p>sede da 4 edição da Copa do Mundo de Futebol.</p><p>Baseado no livro intitulado “ Anatomia de uma derrota” de Paulo Perdigão, o curta-metragem</p><p>“ Barbosa” apresenta a história de um homem atormentado por nossa derrota e que consegue</p><p>fazer uma viagem no tempo e retornar ao Maracanã.</p><p>GLOSSÁRIO:</p><p>Fifa- Federação Internacional de Futebol (Federation Internationale de Football Association),</p><p>criada em 21/05/1904, rege as associações de futsal, futebol de areia, futebol de praia e</p><p>futebol. Filiada ao Comitê Olímpico Internacional.</p><p>Arremate- Término, desfecho, chute.</p><p>Redenção- Auxílio, proteção que livra de situação difícil, salvação.</p><p>https://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/15/deportes/1394892412_188335.html</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>113 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 30 – Cartazes e resumo das Copas do Mundo de Futebol- 1930- 2018</p><p>Da primeira edição da Copa do Mundo de Futebol no Uruguai em 1930 à última edição do</p><p>evento em 2018 na Rússia, muita coisa mudou. O evento, inicialmente envolvendo apenas 16</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>114 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>seleções, apresenta hoje um espetáculo com 32 seleções envolvidas, com previsão de um</p><p>aumento para 42 seleções na Copa do Mundo de 2022.</p><p>Com a interrupção durante a Segunda Guerra Mundial, a longa distância entre a Europa e o</p><p>Brasil e a crise econômica pela qual passavam os países europeus que haviam sofrido os</p><p>horrores da guerra, apenas 13 países participaram do evento, o menor número entre todas as</p><p>edições da competição.</p><p>O Brasil é o país com o maior número de títulos, foi campeão em 1958 na Suécia, 1962 no</p><p>Chile, 1970 no México, 1994 nos Estados Unidos e em 2002 na Coréia-Japão.</p><p>A edição de 2002 foi a primeira Copa do mundo na qual dos países compartilharam a</p><p>organização do evento.</p><p>O maior público pagante presente a um jogo da Copa do Mundo de Futebol ocorreu em 1950</p><p>durante a final entre Brasil e Uruguai, quando o Uruguai sagrou-se campeão diante de</p><p>199.854 (173.850 pagantes) espectadores que assistiram boquiabertos, a maior tragédia do</p><p>futebol brasileiro.</p><p>Na edição de 1978 na Argentina, a final envolveu a seleção da Argentina e a Holanda. Ao</p><p>final do jogo, a Argentina sagrou-se campeã mundial pela primeira vez. Alguns jogadores</p><p>holandeses não queriam comparecer à cerimônia de premiação, pois não queriam ser</p><p>premiados por um presidente ditador. Naquela época a Argentina vivia sob um regime</p><p>ditatorial com um histórico envolvendo inúmeras vítimas, desaparecimentos e torturas.</p><p>Ou, nas palavras de Strumillo G. ( 2018) :</p><p>“Na década de 70, a Argentina passou por um período revoltante, a ditadura militar do</p><p>general Jorge Videla. Isso não impediu o país de ser o anfitrião da Copa do Mundo de 1978,</p><p>porém fez com que ela se tornasse uma das mais contestadas e lembradas da história do</p><p>futebol, principalmente devido ao fato de ter sido supostamente comprada pelo presidente do</p><p>país-sede.</p><p>O elenco argentino era ótimo, tinha como principais jogadores o atacante Mario Kempes,</p><p>que viria a ser eleito o melhor jogador da Copa, o goleiro Fillol, eleito o melhor em sua</p><p>posição, e o zagueiro Passarella. Porém, mesmo com um bom time, não se previa que eles</p><p>ganhassem. Os favoritos eram o Brasil e a Holanda, ainda que com o desfalque de Johan</p><p>Cruijff, o melhor jogador holandês da época, que se negou a jogar devido ao regime vigente</p><p>na Argentina”.</p><p>“A organização da Copa do Mundo de 1978 na Argentina fez de tudo para beneficiar os</p><p>anfitriões. Dentre várias coisas, fez o Brasil se deslocar nada menos que 4.255 km dentro da</p><p>Argentina: de Mar del Plata para Mendoza, de lá para Rosário, de volta a Mendoza e depois</p><p>para Buenos Aires. Enquanto isso, o deslocamento da seleção Argentina foi de apenas 616</p><p>km: de Buenos Aires para Rosário e de volta a Buenos Aires”. In: In:</p><p>www.copacabanarunners.net</p><p>https://www.copacabanarunners.net/copa-1978.html</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>115 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Artilheiros de cada Copa do Mundo</p><p>Em cada uma edições das Copas do Mundo os artilheiros foram:</p><p>1930 - Stábile (Argentina) 8 gols</p><p>1934 - Oldřich Nejedlý (Tchecoslováquia) 5 gols</p><p>1938 - Leônidas da Silva (Brasil) 7 gols</p><p>1950 - Ademir (Brasil) 9 gols</p><p>1954 - Sándor Kocsis (Hungria) 11 gols</p><p>1958 - Just Fontaine (França) 13 gols</p><p>1962 Garrincha e Vavá (Brasil), Leonel Sánchez (Chile), Dražan Jerković (Iuguslávia), Valentin</p><p>Ivanov (URSS) e Flórián Albert (Hungria) 4 gols</p><p>1966 - Eusébio (Portugal) 9 gols</p><p>1970 - Gerd Müller (Alemanha) 10 gols</p><p>1974 - Grzegorz Lato (Polônia) 7 gols</p><p>1978 - Mario Kempes (Argentina) 6 gols</p><p>1982 - Paolo Rossi (Itália) 6 gols</p><p>1986 - Gary Lineker (Inglaterra) 6 gols</p><p>1990 - Salvatore Schillaci (Itália) 6 gols</p><p>1994 - Hristo Stoichkov (Bulgária) e Oleg Salenko (Rússia) 6 gols</p><p>1998 - Davor Šuker (Croácia) 6 gols</p><p>2002 - Ronaldo (Brasil) 8 gols</p><p>2006 - Miroslav Klose (Alemanha) 5 gols</p><p>2010 - Muller (Alemanha), Diego Furlan (Uruguai), Villa (Espanha) e Sneijder (Holanda) 5</p><p>gols</p><p>In: www.copacabanarunners.net/artilheiros-copas.html</p><p>De todos os países, o Brasil é o único que participou de todas as Copas do Mundo. São ao</p><p>todo 20 participações, de 1930 até a melancólica participação em 2014, quando fomos os</p><p>anfitriões e nunca, sequer em nossos piores pesadelos, poderíamos ter imaginado o que os</p><p>Deuses do futebol nos reservavam.</p><p>O quadro que segue abaixo enumera os 10 países com mais participações em Copas do</p><p>Mundo:</p><p>1) Brasil – 20</p><p>2) Alemanha - 18</p><p>3) Itália – 18</p><p>4) Argentina – 16</p><p>5) México – 15</p><p>6) Espanha – 14</p><p>7) França – 14</p><p>8) Inglaterra – 14</p><p>9) Bélgica – 12</p><p>10) Uruguai – 12</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>116 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>In: www.copacabanarunners.net/artilheiros-copas.html</p><p>Resumo de todas as Copas do Mundo</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>117 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>118 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>In: www.copacabanarunners.net/artilheiros-copas.html</p><p>http://www.copacabanarunners.net/artilheiros-copas.html</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>119 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 31- História da Educação Física e do Esporte no Brasil</p><p>Falar sobre a história da Educação Física no Brasil, acarreta analisar a influência de</p><p>tendências europeias e norte-americanas na formação do nosso fazer pedagógico como forma</p><p>de interação com a difusão do conhecimento por meio da prática esportiva.</p><p>No Brasil, não temos tradição naquilo que diz respeito à pesquisas históricas, notadamente</p><p>aquelas que estão relacionadas ao esporte, contudo, há estudos que buscam efetuar a</p><p>representação dos meandros que dizem respeito à Educação Física e o esporte no Brasil.</p><p>Somos uma civilização tardia, fruto do período das grandes navegações do século XVI, de</p><p>forma que grande parte do que se idealizou aqui historicamente, sofreu influências de atitudes</p><p>e modos comportamentais já representados em outros países, em outras culturas, em outras</p><p>épocas.</p><p>Neste sentido, cabe enfatizar o pensamento do pesquisador Victor Andrade de Melo,</p><p>professor doutor da UFRJ e que em artigo intitulado: História da Educação Física e do</p><p>esporte no Brasil: Panorama, perspectivas e propostas, levanta algumas questões que</p><p>enriquecem sobremaneira as discussões sobre o tema:</p><p>“Qual e como tem sido construída uma possível legitimidade acadêmica para a</p><p>História da Educação Física e do Esporte no Brasil? Como têm se desenvolvido os estudos</p><p>históricos em nossa área? Não se pode dizer que tais questionamentos sejam novidades. De</p><p>alguma forma, mesmo que não explicitamente, têm sido discutidos nos Encontros</p><p>Nacionais[1] e outros espaços dedicados a discutir a História da Educação Física e do</p><p>Esporte no Brasil[2].</p><p>Tais questionamentos se ligam diretamente a discussões em torno da qualidade de</p><p>nossa produção, de sua 'validade' para a compreensão da Educação Física e do Esporte</p><p>brasileiro, de sua 'utilidade' para a compreensão da sociedade brasileira e do espaço que</p><p>temos construído. Discussões fundamentais para que possamos 'correr o risco' de levantar</p><p>perspectivas; indicadores para sugerir direcionamentos para nossa atuação, na busca de</p><p>torná-la mais adequada”.</p><p>Considerando a temática abordada pelo pesquisador Victor Andrade de Melo, cabe buscar</p><p>compreender de que forma o conceito do que é “Educação Física” e do que é “Esporte”,</p><p>foram construídos em nossa cultura.</p><p>É no mínimo curioso, observar que naquilo que diz respeito à prática esportiva e à prática de</p><p>atividades físicas, as maiores contribuições no início de nossa formação como civilização,</p><p>estão atreladas às contribuições dos indígenas e dos escravos negros trazidos da África e não</p><p>dos europeus que para aqui vieram, inicialmente nas capitanias hereditárias, naquilo que foi</p><p>denominado como Período Colonial.</p><p>http://campus20182.unimesvirtual.com.br/#_ftn1</p><p>http://campus20182.unimesvirtual.com.br/#_ftn2</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>120 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A capitania hereditária foi um sistema criado por Portugal que tinha como objetivo colonizar</p><p>o Brasil e evitar as invasões estrangeiras. Grandes extensões de terra eram concedidas aos</p><p>donatários (no mais das vezes, nobres portugueses) que tinham como missão, administrar,</p><p>proteger e colonizar o território. A idéia foi um retumbante fracasso, com exceção das</p><p>capitanias hereditárias de São Vicente e de Pernambuco. As capitanias hereditárias vigoraram</p><p>até o ano de 1759.( Ver mais sobre isto em Arruda, A. (1978).</p><p>Arruda, A. (1978):</p><p>“A solução encontrada para suprir a mão de obra necessária à exploração açucareira no</p><p>Brasil foi a importação de escravos negros. Isso não foi difícil para os portugueses, pois eles</p><p>já dominavam a maioria dos centros negreiros da África. Antes de se recorrer aos escravos</p><p>negros, tentou-se escravizar os índios. Essa tentativa fracassou porque os índios davam</p><p>lucros para os colonos e não para a burguesia metropolitana, cujo lucro vinha do tráfico de</p><p>escravos”.</p><p>Soares, E. (2012)</p><p>“ A mais antiga notícia sobre a Educação Física em terras brasileiras data do ano de sua</p><p>descoberta, 1500. Tal fato se deve ao relato de Pero Vaz de Caminha, que em uma de suas</p><p>cartas, que relatam indígenas dançando, saltando, girando e se alegrando ao som de uma</p><p>gaita tocada por um português (Ramos, 1982). Segundo Ramos (1982), esta foi certamente a</p><p>primeira aula de ginástica e recreação relatada no Brasil.</p><p>De modo geral, sabe-se que as atividades físicas realizadas pelos indígenas no período do</p><p>Brasil colônia, estavam relacionadas a aspectos da cultura primitiva. Tendo como</p><p>características elementos de cunho natural (como brincadeiras, caça, pesca, nado e</p><p>locomoção), utilitário (como o aprimoramento das atividades de caça, agrícolas, etc.),</p><p>guerreiras (proteção de suas terras); recreativo e religioso (como as danças, agradecimentos</p><p>aos deuses, festas, encenações, etc.) (Gutierrez, 1972).</p><p>Posteriormente, ainda no período colonial, criada na senzala, sobretudo no Rio de Janeiro</p><p>e na Bahia, surge a capoeira, atividade ríspida, criativa e rítmica que era praticada pelos</p><p>escravos (Ramos, 1982). Desta forma, podemos destacar que no Brasil colônia, as atividades</p><p>físicas realizadas pelos indígenas e escravos, representaram os primeiros elementos da</p><p>Educação Física no Brasil”.</p><p>A capoeira, misto de dança, luta, gingado e música, manifestação do negro escravo tentando</p><p>preservar a sua identidade apesar dos inúmeros grilhões, da ausência de liberdade, da saudade</p><p>de seus familiares, das lembranças de um país que jamais veria e do medo da incerteza dos</p><p>dias e noites que viriam é a face mais eloquente e significativa de uma prática esportiva que</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>121 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>sofreu represálias, foi proibida, estigmatizada, mas, que atravessou os séculos e ajudou o</p><p>negro a construir e a preservar a sua identidade.</p><p>Em dissertação de Mestrado intitulada “A prática da Capoeira nos anos iniciais do ensino</p><p>fundamental: Uma proposta interdisciplinar”, o pesquisador Dos Santos, M. R. (2018) frisa:</p><p>“Sabemos que em dados estatísticos da Controladoria da Segurança Nacional (2014), há um</p><p>índice de assassinatos de jovens negros, que chegam aproximadamente à 60% das vítimas no</p><p>país, e o que reforça ainda mais este abismo social, 80% dos jovens negros entre treze à</p><p>dezoito anos se encontram em estado de vulnerabilidade social. A capoeira vem como um</p><p>fator desencadeador da busca de uma maior igualdade social e valor em resgate social</p><p>nacional, já que são disseminados valores de liberdade, igualdade, fraternidade, com</p><p>elementos estimulantes como a musicalidade, os movimentos e o</p><p>“jogo da capoeira” como</p><p>ressalta Oliveira & Heine (2008)”.</p><p>Foi apenas em 1930 que a capoeira perdeu o status da prática proibida, para enfim legitimar-</p><p>se como esporte nacional brasileiro e 58 anos depois ser reconhecida como Patrimônio</p><p>Cultural Brasileiro, legitimando as palavras do Ministro da Cultura, Juca Ferreira “ No DNA</p><p>físico e cultural do povo brasileiro está a contribuição africana e só por preconceito é</p><p>possível não reconhecê-la”.</p><p>“O dia 15 de julho de 2008 vai ficar marcado na memória dos Mestres de Capoeira, dos</p><p>capoeiristas e de todos os admiradores de uma das maiores expressões culturais afro-</p><p>brasileiras: a Capoeira. Essa é a data em que a manifestação foi reconhecida como Patrimônio</p><p>Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial.</p><p>[1]. Já foram realizados vários Encontros Nacionais específicos para discutir a História da</p><p>Educação Física e do Esporte. O primeiro em Campinas (Unicamp-1993), o segundo em</p><p>Ponta Grossa (UEPG-1994), o terceiro em Curitiba (UFPr-1995), o quarto em Belo Horizonte</p><p>(UFMG-1996) e o quinto em Maceió (UFAl-1997). No ano de 1998, o Encontro da UGF/RJ,</p><p>além de outros que se seguiram.</p><p>[2]. Por exemplo, no IX Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (Vitória-1995) foi</p><p>realizada a oficina 'A historiografia na Educação Física', conduzida pelo prof. PEDRO</p><p>PAGNI.</p><p>http://campus20182.unimesvirtual.com.br/#_ftnref1</p><p>http://campus20182.unimesvirtual.com.br/#_ftnref2</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>122 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A proposta de registro – a inscrição do Ofício dos Mestres de Capoeira no Livro dos</p><p>Saberes e da Roda de Capoeira no Livro das Formas de Expressão – foi aprovada pelo</p><p>Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico</p><p>Nacional (Iphan), durante reunião nesta terça-feira, em Salvador.</p><p>Capoeiristas da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro se distribuíram em diversas Rodas de</p><p>Capoeira em frente ao Palácio Rio Branco, no centro da capital baiana, enquanto aguardavam</p><p>o resultado da votação, que estava sendo realizada na Sala dos Espelhos, da antiga sede do</p><p>governo estadual”. In. www.palmares.gov.br</p><p>Soares, E. (2012) frisa:</p><p>O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não ter</p><p>ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil império. Pois foi nessa época</p><p>que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física.</p><p>Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e Moral dos</p><p>Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do</p><p>espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas categorias:</p><p>1) os que exercitavam o corpo; e 2) os que exercitavam a memória (Gutierrez, 1972). Além</p><p>disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da Educação Física e vice-</p><p>versa (Gutierrez, 1972).</p><p>O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica,</p><p>ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851(Ramos, 1982). No entanto, foi</p><p>somente em 1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino</p><p>Primário, Secundário e Superior”, denota importância à Ginástica na formação do brasileiro</p><p>(Ramos, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países</p><p>mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para</p><p>formação integral da juventude (Ramos, 1982).</p><p>Em resumo, o projeto relatado por Rui Barbosa, buscava instituir uma sessão essencial de</p><p>Ginástica em todas as escolas de ensino normal; estender a obrigatoriedade da Ginástica</p><p>para ambos os gêneros (masculino e feminino), uma vez que as meninas não tinham</p><p>obrigatoriedade em fazê-la; inserir a Ginástica nos programas escolares como matéria de</p><p>estudo e em horas distintas ao recreio e depois da aula; além de buscar a equiparação em</p><p>categoria e autoridade dos professores de Ginástica em relação aos professores de outras</p><p>disciplinas (Darido e Rangel, 2005).</p><p>No entanto, a implementação da Ginástica nas escolas, inicialmente ocorreu apenas em</p><p>parte do Rio de Janeiro, capital da República, e nas escolas militares (Darido e Rangel,</p><p>2005)”.</p><p>Quadro enfatizando a sínteses histórica da Educação Física no Brasil</p><p>Brasil Colônia – 1500 à 1822 Atividades praticadas pelos índios estavam</p><p>relacionadas à caça, à pesca, aspectos</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>123 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>lúdicos, natação e deslocamentos.</p><p>Algumas atividades físicas como a dança</p><p>estavam relacionadas aos aspectos</p><p>religiosos.</p><p>Atividades voltadas para a proteção contra</p><p>tribos inimigas.</p><p>Com o tráfico dos escravos, surge a</p><p>capoeira, praticada pelos escravos.</p><p>Brasil império, de 1822 a 1889</p><p>Surgem os primeiros tratados sobre</p><p>Educação Física.</p><p>O “Tratado de Educação Física e moral dos</p><p>meninos” postulava que a educação</p><p>englobava a saúde do corpo e a cultura do</p><p>espírito.</p><p>Em 1882 com o parecer Reforma do</p><p>Ensino Primário, Secundário e Superior”,</p><p>Rui Barbosa evidencia a importância da</p><p>ginástica como elemento indispensável à</p><p>formação.</p><p>Obrigatoriedade da ginástica para ambos os</p><p>gêneros.</p><p>A implementação das ginástica ocorreu</p><p>apenas em parte do Rio de Janeiro e nos</p><p>colégios militares</p><p>Brasil república, de 1890 a 1946</p><p>Criam-se diversas Escolas de Educação</p><p>Física com destaque para a criação da</p><p>Escola de Educação Física da Polícia</p><p>Militar do Estado de São Paulo em</p><p>27/12/1910.</p><p>A partir de 1920, outros estados, além do</p><p>Rio de Janeiro, passam a inserir a ginástica</p><p>na escola.</p><p>Surgem os métodos gímnicos oriundos das</p><p>escolas sueca, alemã e francesa .</p><p>É adotada uma perspectiva eugênica,</p><p>higienista e militarista</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>124 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Brasil contemporâneo, de 1846 a 1980</p><p>No Período que compreende o pós 2ª</p><p>Guerra Mundial, até meados da década de</p><p>1960 (mais precisamente em 1964, início</p><p>do período da Ditadura brasileira), a</p><p>Educação Física nas escolas mantinham o</p><p>caráter gímnico e calistênico do Brasil</p><p>república (Ramos, 1982).</p><p>O governo militar passa a investir no</p><p>esporte como forma de utilizá-lo como</p><p>ferramenta de manipulação ideológica,</p><p>buscando, por meio do sucesso em</p><p>competições esportivas, eliminar críticas</p><p>internas ao regime.</p><p>Neste sentido, adota-se na Educação Física,</p><p>uma abordagem tecnicista que priorizava o</p><p>resultado e não a formação.</p><p>Fato que ilustra tal afirmação refere-se às</p><p>comemorações do primeiro aniversário da</p><p>Revolução de 64 quando o governo</p><p>preocupado com as possíveis críticas ao</p><p>regime de exceção implantado, organizou</p><p>jogos de futebol nas principais capitais</p><p>brasileiras com portões abertos ao público</p><p>em uma manifesta estratégia de “pão e</p><p>circo”.</p><p>O Decreto Lei 705/69 torna obrigatória a</p><p>Educação Física no Ensino Médio.</p><p>Educação Física na atualidade, a partir</p><p>de 1980</p><p>Crítica à predominância dos conteúdos</p><p>esportivos.</p><p>Ênfase na psicomotricidade; abordagem</p><p>desenvolvimentista; saúde renovada;</p><p>críticas; e mais recentemente os Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais (PCNs)</p><p>Quadro adaptado de texto produzido por Soares, E. (2012)</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>125 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Resumo:</p><p>É no mínimo curioso, observar que naquilo que diz respeito à prática esportiva e à prática de</p><p>atividades físicas, as maiores contribuições no início de nossa formação como civilização,</p><p>estão atreladas às contribuições dos indígenas e dos escravos negros trazidos da África e não</p><p>dos europeus que para aqui vieram, inicialmente nas capitanias hereditárias, naquilo que foi</p><p>denominado como Período Colonial.</p><p>O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica,</p><p>ocorreu</p><p>oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851(Ramos, 1982). No entanto, foi somente</p><p>em 1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário,</p><p>Secundário e Superior”, denota importância à Ginástica na formação do brasileiro (Ramos,</p><p>1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em países mais</p><p>adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável para formação</p><p>integral da juventude (Ramos, 1982).</p><p>Entre 1890 e 1946 criam-se diversas Escolas de Educação Física com destaque para a criação</p><p>da Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo em 27/12/1910. A</p><p>partir de 1920, outros estados, além do Rio de Janeiro, passam a inserir a ginástica na escola.</p><p>Surgem os métodos gímnicos oriundos das escolas sueca, alemã e francesa . É adotada uma</p><p>perspectiva eugênica, higienista e militarista.</p><p>Glossário:</p><p>Psicomotricidade: Integração das funções motoras e psíquicas em consequência da</p><p>maturidade do sistema nervoso.</p><p>Abordagem desenvolvimentista: Está relacionada com o desenvolvimento motor do</p><p>indivíduo e tem como foco ensinar e aperfeiçoar as habilidades motoras por meio de</p><p>atividades de acordo com a faixa etária em que se encontram.</p><p>Abordagem Tecnicista: Na Educação Física, diz-se da abordagem que prioriza as ações</p><p>mediante estímulo e resposta (teoria de Skinner). De forma sucinta, aquela que prioriza os</p><p>resultados, sem questionamentos.</p><p>Eugenia: Termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando “bem</p><p>nascido”. Galton definiu Eugenia como “o estudo dos agentes sob o controle social que</p><p>podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou</p><p>mentalmente”.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>126 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 32 – O que é o esporte?</p><p>Iniciando este que é nosso encontro ao longo de 32 aulas, formulo uma questão clara e</p><p>objetiva, mas, que pode nos conduzir a inúmeras interpretações.</p><p>O que é o esporte?</p><p>Uma das respostas possíveis especifica que o esporte pode ser definido como uma prática</p><p>metódica, individual ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demande exercício físico</p><p>e destreza, com fins de recreação, manutenção do condicionamento corporal e da saúde e/ou</p><p>competição; desporte, desporto. Por outro lado, esporte também pode ser definido como uma</p><p>atividade física praticada com finalidade recreativa, educativa, sociocultural, profissional ou</p><p>como meio de melhorar a saúde.</p><p>“ O termo “Esporte” pode ser definido como um sistema ordenado de práticas corporais de</p><p>relativa complexidade que envolve atividades de competição institucionalmente</p><p>regulamentada, que se fundamenta na superação de competidores ou de marcas e/ou</p><p>resultados anteriores estabelecidos pelo próprio desportista (Generalitat de Catalunya,</p><p>1991)”.</p><p>A diferença básica entre “jogo” e “esporte” fundamenta-se no fato de que o “jogo” pode ser</p><p>definido como uma atividade lúdica com normas fundamentadas no livre arbítrio dos</p><p>participantes.</p><p>Por outro lado, o esporte apresenta regras específicas pelas diferentes instituições que regem</p><p>cada modalidade esportiva, quer sejam ligas, federações, confederações ou comitês olímpicos.</p><p>(Portal da Educação Física, 2018).</p><p>Se nos questionarmos acerca de qual é o papel do profissional de Educação Física em uma</p><p>sociedade que mais e mais está afeita às facilidades oferecidas pelos benefícios do mundo</p><p>tecnológico e encontrarmos dificuldade para encontrar possíveis respostas, basta acessar as</p><p>informações da Organização Mundial da Saúde que enumera algumas das justificativas</p><p>plausíveis para dar razão e sentidos possíveis ao trabalho desenvolvido pelo profissional de</p><p>Educação Física como interventor.</p><p>“ A inatividade física é o quarto principal fator de risco de morte no mundo.</p><p>Aproximadamente 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência da falta de</p><p>atividade física. A falta de atividade física é um fator de risco chave para doenças crônicas</p><p>não-transmissíveis (DCNTs) como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes. A atividade</p><p>física traz benefícios significativos para a saúde e contribui para a prevenção das</p><p>DCNTs. No mundo, um em cada três adultos não pratica atividade física suficiente. Políticas</p><p>para combater a inatividade física estão em prática em 56% dos Países Membros da</p><p>OMS. Os Países Membros da OMS acordaram com uma redução da inatividade física em</p><p>10% até 2025”.(OMS, 2018).</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>127 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Tais considerações elevam o grau de importância do profissional de Educação Física, na</p><p>medida em que durante a prática de uma atividade física, notadamente aquelas em que há um</p><p>maior desgaste físico, o acompanhamento de um profissional capacitado é o requisito</p><p>indispensável, notadamente a partir do surgimento do CREFI</p><p>“ Conjunto coordenado, formado pelo Conselho Federal de Educação Física e pelos</p><p>quatorze Conselhos Regionais de Educação Física, cujas jurisdições cobrem os 26 estados</p><p>brasileiros e o Distrito Federal”.</p><p>Criado pela Lei 9698/98 tem como missão garantir à sociedade o direito constitucional de ser</p><p>atendida em sua plenitude na área de atividades físicas e esportes por um profissional de</p><p>Educação Física.</p><p>A instituição do CREFI está longe de ser uma unanimidade entre os profissionais de</p><p>Educação Física, todavia é um mecanismo criado para disciplinar o mercado e criar</p><p>ferramentas para coibir a ação de profissionais não qualificados que se fazem passar por</p><p>educadores físicos.</p><p>Nos dias atuais em tempos de Redes Sociais como expressão e representação da verdade e</p><p>com a proliferação e desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação de massa, à</p><p>cada dia surge um novo guru com fórmulas mágicas e um discurso pré-moldado, preparado</p><p>para ser a resposta a todas as questões.</p><p>Se na análise da trajetória dos sentidos possíveis e da representação da Educação Física e do</p><p>Esporte em nossa sociedade optamos por inserir aqui, de forma adaptada e com contribuições</p><p>deste autor, o modelo adotado por Soares, E (2012) (Ver aula 31), cabe evidenciar aqui os</p><p>pressupostos de Alves, R. (2013):</p><p>“ Se fosse possível indicar uma cronologia para a história dos esportes no Brasil, seria</p><p>imprescindível analisarmos a escalada proposta por Del Priori e Melo (2009), obra que foi</p><p>esmiuçada pela resenha de Lima (2011). Segundo esses autores, a divisão histórica para os</p><p>esportes no Brasil seguiu as seguintes características: Configuração do campo esportivo no</p><p>país, entre o final do século XIX e o início do século XX; Incentivo, recorrente, à prática</p><p>esportiva como meio de promover a educação dos corpos dos brasileiros, com vistas ao</p><p>desenvolvimento da nação; Tensões sociais envolvendo a apropriação e ressignificação,</p><p>pelos segmentos populares, de práticas esportivas antes reservadas, em sua maioria, às elites</p><p>dirigentes urbanas, sobretudo no caso do futebol; Uso político do esporte em momentos</p><p>singulares de nossa história, como a era Vargas (1930-1945) e a ditadura militar (1964-</p><p>1985); Nova conformação do campo esportivo no Brasil nas últimas décadas, graças à</p><p>popularização dos chamados esportes na natureza/ esportes radicais e ao advento da</p><p>globalização; Disputas que permeiam a construção de identidades no mundo social,</p><p>considerando-se a prática esportiva, em escala ampla (nacional) ou restrita a algum</p><p>segmento (classe, étnico/ racial, gênero), etc”.In: História da Educação Física e dos Esportes.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>128 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A era midiática reescreveu as relações entre as pessoas, as “disputas que permeiam a</p><p>construção de identidades no mundo social” passam necessariamente pelo fenômeno das</p><p>Redes Sociais e seu poder de penetração, proliferação, divulgação imediata, convencimento</p><p>alguns objetos cerca de 300 mil anos atrás (PROUS, 2007B). As gravuras</p><p>rupestres mais antigas estão localizadas na Alemanha, remontando a um período entre</p><p>300 a 250 mil anos atrás, demonstrando a prática da arte rupestre por homens présapiens</p><p>(PESSIS, 2002). O homo sapiens e homo de neanderthal aprenderam a representar o</p><p>mundo a partir de pinturas e gravuras no interior das cavernas europeias, entre 40 a 10</p><p>mil anos atrás, coincidindo com um período de clima frio na região (LEROI-GOURHAN,</p><p>1984; BAHN, 2012). A arte pré-histórica é um importante indicativo para se compreender</p><p>o cotidiano desses grupos. Os registros gráficos são uma espécie de porta para se</p><p>adentrar nesse universo simbólico, sobretudo em decorrência da falta de registros escritos</p><p>inteligíveis (GAMBLE, 2002; JUSTAMAND, 2011)”.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>12 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Há uma indisfarçável transição entre o ser humano que se deslocava grandes</p><p>distâncias em busca de alimento e abrigo e aquele que posteriormente passa a se</p><p>estabelecer em um local e busca extrair ao máximo, aquilo que este espaço</p><p>geográfico tem a oferecer.</p><p>Esta transição, atrelada ao desenvolvimento e implemento da agricultura, fez com</p><p>que o ser humano passasse a compreender que a natureza podia ser sua aliada.</p><p>Neste processo, há uma queda na incidência de atividade física praticada pelo</p><p>homem e o ser humano passa a ter a noção de pertencimento e de posse</p><p>referente a um determinado espaço físico.</p><p>O homem guerreiro e caçador passa a conviver com o homem que pratica uma</p><p>agricultura rudimentar e que compreende, ainda que de forma primitiva, as</p><p>nuances da relação entre sementes, o tempo de maturação e a colheita de</p><p>produtos para seu consumo.</p><p>Estas considerações são relevantes, pois enfatizam os passos iniciais das</p><p>transformações inerentes ao ser humano naquilo que diz respeito às atividades</p><p>físicas praticadas pelo homem e que incluíam valências tais como; saltar, correr,</p><p>lançar, presentes de forma inequívoca na prática esportiva.</p><p>Varona(1992) frisa:</p><p>“ Las actividades físicas son manifestaciones que acompañan al hombre desde su</p><p>aparición sobre la tierra. Este, en su evolución y civilización, constantemente las</p><p>desarrolló, pero han estado orientadas hacia diversos objetivos.( . . .). En la historia de la</p><p>civilización (Zierer, 1971) se detectan vínculos claros entre el ejercicio físico y las</p><p>ocupaciones humanas, tales como la caza y la pesca, la lucha o la guerra (Rose, 1925),</p><p>que servían para asegurar la existencia y la continuidad de la espécie”. In: Historia de la</p><p>Educacion Fisica.Cuadernos de Secion. Educacion. Donostia, 1992.</p><p>Ainda que a noção do que é Esporte e do que é Educação Física tenham surgido</p><p>muito tempo depois, é importante identificar ao longo da história, os mecanismos</p><p>que conduziram aos processos de transformação e que tornaram possíveis a</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>13 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>compreensão e o entendimento das inúmeras variáveis referentes ao universo da</p><p>Educação Física.</p><p>Ou, nas palavras de Alves (2016):</p><p>“ Você já parou para pensar na importância da história em nossas vidas? Pois é a história</p><p>que permite o reconhecimento do sentido das coisas do mundo. Como? Mostrando-nos</p><p>que tudo o que nos cerca é fruto de um processo, em permanente construção. Não são</p><p>apenas datas importantes, ou feitos heróicos, com personagens incríveis, mas também o</p><p>dia a dia das pessoas, com as suas mais comuns singularidades. A história não é, assim,</p><p>um movimento linear, apreensível passivamente. É muito mais um jogo de forças</p><p>simbólicas, ligadas à subjetividade dos sujeitos de um outro tempo, bem como à do</p><p>historiador que busca respostas no passado.” In: Alves, Rogério. História da Educação</p><p>Física e dos esportes. Unimontes, 2016.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>14 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 3 – Correr, pular, saltar, sobreviver</p><p>Na busca do real sentido do significado da Educação Física, o historiador se</p><p>debruça sobre os processos constituintes da vida nas sociedades tribais e a</p><p>presença constante da prática de atividades físicas nas atividades rotineiras.</p><p>Ainda que não haja especificamente, neste momento, a incidência de mecanismos</p><p>que possam identificar aquilo que muito tempo depois poderia ser denominado</p><p>como “esporte”, é na prática destas atividades rotineiras que surgem os primeiros</p><p>indícios da formação de uma mentalidade que posteriormente tornaria possível o</p><p>surgimento do esporte como fenômeno aglutinador das multidões.</p><p>“Nos povos primitivos a educação era essencialmente natural e predominavam as</p><p>atividades vitais à sobrevivência, englobando tanto o aspecto imitativo e co-participativo</p><p>quanto o aspecto lúdico. O seu cotidiano caracterizava-se por uma exercitação intensa</p><p>que marcava de forma decisiva a vivência de movimentos corporais diversificados e</p><p>necessários à superação dos obstáculos presentes na vida diária. ” In: Aguiar & Frota.</p><p>Educação Física em questão: Resgate Histórico e evolução conceitual.</p><p>In:www.historia%20da%20Ed%20Fisica/Educação%20Fisica%20em%20questao.pdf</p><p>No espaço de tempo compreendido entre a análise do cotidiano das sociedades</p><p>tribais na Pré-História e o surgimento da Civilização Grega, cerca de 800 anos</p><p>antes de Cristo, houve um longo período de maturação das relações sociais, o que</p><p>possibilitou o surgimento de uma sociedade mais atrelada às regras e ao convívio</p><p>social.</p><p>“A civilização grega deu início a um novo tempo na história da humanidade, descobriu-</p><p>se o valor humano, a individualidade, começando, efetivamente, a história da Educação</p><p>Física. Nesse momento, o aspecto “atividade física” constituía uma característica</p><p>fundamental na vida cultural da Grécia em todos os seus momentos.</p><p>A Educação Física na Antiguidade grega, em sua fase heróico-cavalheiresca,</p><p>representada pelos poemas homéricos, foi concebida para formar o atleta herói,</p><p>conduzindo ao bom desempenho atlético da aristocracia guerreira, estando presente</p><p>nesse processo, conceitos como o aretê e agonístico. De um modo geral, pode-se</p><p>conceituar a Educação Física grega como um conjunto de atividades com a finalidade de</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>15 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>desenvolver a perfeição física e os valores morais, buscando a formação do indivíduo</p><p>forte, saudável, belo e virtuoso.” In:Aguiar & Frota. Educação Física em questão:</p><p>Resgate Histórico e evolução conceitual.</p><p>In:www.historia%20da%20Ed%20Fisica/Educação%20Fisica%20em%20questao.</p><p>pdf</p><p>É na Grécia Antiga que o treinamento e a atividade física se estabelecem como</p><p>práticas constantes visando ao aprimoramento e ao desenvolvimento de</p><p>qualidades técnicas voltadas para o combate físico entre guerreiros.</p><p>Não houve nenhuma época da história do homem sobre a terra, que pudesse ser</p><p>definida com a pujança e os aspectos positivos inerentes à cultura grega. Com a</p><p>civilização grega, a humanidade conheceu os princípios básicos da democracia</p><p>inicialmente na cidade de Atenas.</p><p>Partenon (templo da deusa Atena) construído na Acrópole de Atenas (século V a.C)</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>16 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“ Os exercícios físicos praticados pelos gregos tinham um caráter natural, refletido sobre</p><p>os usos do corpo, e esse modo de vida grego inaugurou a história da Educação Física,</p><p>bem como de práticas atléticas competitivas (o que equivaleria à concepção de esporte),</p><p>sendo o ápice da cultura atlética grega a realização dos jogos olímpicos de quatro em</p><p>quatro anos. As olimpíadas da antiguidade aconteciam em honra de Zeus e existiram do</p><p>século VII antes de Cristo até o ano de 393 da idade antiga, quando foram consideradas</p><p>um ritual pagão</p><p>e</p><p>suposta credibilidade.</p><p>O profissional de Educação Física depara-se em meio a produção midiática com um</p><p>infindável número de informações produzidas diariamente, algumas por personagens</p><p>anônimos, outras por conceituados nomes com um séquito de seguidores.</p><p>Neste universo de possibilidades e valendo-se de um termo recorrente nos dias atuais, resta</p><p>saber o que é FAKE e o que é FATO, ou, em outras palavras, o que realmente dialoga com a</p><p>difusão do conhecimento e o que não passa de “Achismo” ( considerações sem comprovação</p><p>científica).</p><p>HISTÓRIA DE ALGUMAS MODALIDADES ESPORTIVAS</p><p>Futebol “Esse esporte é fruto da evolução histórica de inúmeros jogos com</p><p>bola praticados por diferentes povos em diferentes épocas que em</p><p>determinado momento foi alvo de um processo de</p><p>institucionalização tornando-se um dos pilares do esporte</p><p>moderno” (RODRIGUES et al. 2011, p.20).</p><p>De quatro em quatro anos, seguindo o calendário imposto pela</p><p>Fifa, a seleção brasileira de futebol, até aqui, tem encarnado o</p><p>Estado-nação brasileiro. Nestes períodos, inúmeros discursos sobre</p><p>a nação brasileira são produzidos: verbalizados, cantados, gritados,</p><p>pintados nos corpos e nas casas, vestidos, interpretados. Neste</p><p>período, as imensas diferenças sociais e as distinções culturais que,</p><p>nos períodos "normais", estruturam a sociedade, são</p><p>secundarizadas e abstraídas, com o foco no sentimento de</p><p>pertencimento comum mais e mais presente (GUEDES, 2009,</p><p>p.462).</p><p>Voley O voleibol é um esporte criado pela divisão de Educação Física da</p><p>Associação Cristã de Moços (ACM), da cidade de Holyoke,</p><p>Massachussets, Estados Unidos, no ano de 1895. Diferentemente</p><p>do basquete (mais antigo três anos), o vôlei, apesar de</p><p>movimentado fisicamente, era acessível aos idosos e pessoas que</p><p>procuravam uma atividade mais tranquila. Em função disso,</p><p>difundiu-se com facilidade pelos Estados Unidos e Canadá. À</p><p>medida que a ACM se expandiu pelo mundo, o vôlei foi na sua</p><p>esteira. As primeiras regras foram criadas pelo seu inventor, o</p><p>professor Willian Jorge Morgan. A princípio a rede foi erguida a</p><p>1,90m e a bola utilizada foi a de basquete, mas como esta foi</p><p>considerada muito pesada, Morgan encomendou uma com</p><p>especificações mais apropriadas. Com o tempo, houve várias</p><p>modificações e adaptações das regras e o professor Morgan viveu o</p><p>suficiente para ver o seu esporte praticado em várias partes do</p><p>planeta</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>129 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Handebol O Handebol dos tempos modernos foi jogado pela primeira vez em</p><p>1897, em Nyborg, Dinamarca. Na década de 1910, o Handebol</p><p>conquista uma ascensão com os primeiros impulsos que haviam</p><p>sido dados paralelamente pela Dinamarca, Alemanha e Suécia, ao</p><p>surgir o chamado Handebol a 11 no final do século XIX.</p><p>Considera-se geralmente que os pais fundadores do Handebol a 11</p><p>são os professores de Educação Física alemães, que na virada do</p><p>século, criaram o novo esporte a partir do Raffball e do</p><p>Königsbergerball (Konrad Koch). Em 1919, o professor Karl</p><p>Schelenz (Berlim – Alemanha) lança o Handebol como o esporte</p><p>de grande terreno (campo) na Europa. Em seguida, ele apresenta</p><p>melhorias nas regras sendo reconhecido também como um dos pais</p><p>do Handebol a 11. Em 1928, durante os Jogos Olímpicos de</p><p>Amsterdam foi criada a Federação Internacional de Handebol</p><p>Amador-IAHF (HUBNER; REIS, 2005, p.74).</p><p>Atletismo Esse esporte é inerente a qualquer ser humano. Quem nunca</p><p>brincou de corrida na infância? Quem nunca desafiou o colega no</p><p>salto em distância ou disputou quem conseguia jogar uma pedra</p><p>mais distante? Claro que se tratava de brincadeira, mas já eram</p><p>movimentos alusivos ao atletismo. Faz parte da cultura humana</p><p>almejarmos ser o mais rápido – CITIUS –, conseguir atingir o mais</p><p>alto – ALTIUS – e ser o mais forte – FORTIUS –. O atletismo é o</p><p>esporte que contempla os movimentos naturais do ser humano, mas</p><p>isso não o torna necessariamente uma modalidade menos</p><p>complexa. A base das provas compreendidas no atletismo são as</p><p>corridas, os saltos, os lançamentos e os arremessos.</p><p>Provavelmente, devido a essa simplicidade é que o atletismo existe</p><p>desde os jogos da antiguidade grega. Segundo (MELO; TURCO,</p><p>2005, p.248) "o primeiro registro de resultados nos Jogos</p><p>Olímpicos da Antiguidade Clássica, em 776 a.C., foi uma corrida.</p><p>A simplicidade da disputa explica a sua universalidade".</p><p>Futsal A sua origem é controversa, pois não há consenso se o seu</p><p>surgimento ocorreu no Uruguai ou no Brasil. O que se sabe é que,</p><p>desde a década de 1930, ele é praticado em ambos os países, porém</p><p>foram os uruguaios os que primeiramente o organizaram em</p><p>regras, derivadas do handebol, basquete e pólo aquático (VOSER;</p><p>GIUSTI, 2002)</p><p>Basquetebol Em alguns estados dos Estados Unidos, o inverno pode ser muito</p><p>rigoroso. Esse é o caso do estado de Massachussets, localizado no</p><p>nordeste do país. Na segunda metade do século XIX, praticar</p><p>alguma atividade no período gelado do ano se restringia às</p><p>ginásticas nos ginásios; as atividades ao ar livre eram prejudicadas,</p><p>para não dizer impraticáveis. Pensando nisso, o diretor do</p><p>Springfield College da Associação Cristão de Moços (ACM) pediu</p><p>a um dos seus professores que desenvolvesse uma atividade que</p><p>fosse aprazível, que não fosse violenta e, principalmente, que</p><p>pudesse ser praticada no inverno e no verão da cidade. Coube ao</p><p>professor canadense James Naismith a incumbência da tarefa. No</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>130 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>ano de 1891, ele projetaria o Basquete, esporte que poderia ser</p><p>praticado em qualquer lugar (grama, terra, madeira, cimento) e em</p><p>qualquer tempo. O basquete se tornou um dos esportes mais</p><p>populares do planeta e hoje é praticado pelos quatro cantos do</p><p>mundo, inclusive no Brasil, tendo mais de 300 milhões de</p><p>praticantes e mais de 170 países afiliados à Federação</p><p>Internacional de Basquete (Fiba) (TEIXEIRA, 1997; CBB, 2013).</p><p>Texto extraído de Alves, R (2013). História da Educação Física e dos Esportes</p><p>No presente texto evidenciamos algumas definições acerca do que é o esporte. Ainda que as</p><p>definições aqui inseridas sejam a representação real do que é o esporte, é bem possível que</p><p>elas não tenham a possibilidade de dar a dimensão exata do que é o esporte, seu poder de</p><p>sedução, encantamento e a capacidade de desencadear paixões que atingem o limite do</p><p>improvável.</p><p>Neste sentido, cabe aqui enfatizar as palavras de Melchior R. (1998):</p><p>“ No que diz respeito ao aspecto lúdico da prática esportiva enquanto fenômeno de interação</p><p>social, vale lembrar o filme Meu pé esquerdo ( My left foot, Irlanda 1989) em que Daniel Day</p><p>Lewis interpreta um personagem, que segundo os médicos, supostamente sofria de paralisia</p><p>cerebral. Eles estavam errados e o personagem consegue provar ao mundo em geral, que</p><p>apesar da patologia era dotado de inteligência e talento. Num dado momento do filme, ainda</p><p>adolescente, Daniel está caído, aparentemente participando de um jogo de futebol com os</p><p>amigos. Um penaltiy é assinalado e seus amigos conduzem-no ao local da infração. O</p><p>silêncio domina a tela e os olhares de ansiedade acumulam-se diante do que está por vir. Ele</p><p>só tem mobilidade na perna esquerda e ainda assim de forma débil; em slow-motion, Daniel</p><p>movimenta a perna, chuta a bola e o goleiro tenta em vão retê-la entre os dedos. Este tipo de</p><p>abordagem acerca de portadores de necessidades especiais já nos havia sido mostrada em</p><p>Um estranho no ninho ( One flew over the cuckoo’s nest, EUA 1975) de Milos Forman, onde</p><p>se vê um jogo de basquete entre funcionários da segurança e os internos do hospital, visando</p><p>estreitar as relações entre os mesmos. Jack Nicholson orienta o time dos internos que têm em</p><p>seu plantel um gigantesco índio que, pouco a pouco, começa a entender as normas do</p><p>basquete e desequilibra a partida. A alegria</p><p>pela prática esportiva, o regozijo pelos pontos</p><p>conquistados e uma necessidade pulsante de comemorar cada uma destas conquistas são um</p><p>incondicional reflexo do significado de importância que tem o esporte como resgate de uma</p><p>consciência participativa”.</p><p>Que a paixão pelo esporte nos indique o caminho e nos conduza adiante, sempre.</p><p>Resumo:</p><p>O termo “Esporte” pode ser definido como um sistema ordenado de práticas corporais de</p><p>relativa complexidade que envolve atividades de competição institucionalmente</p><p>regulamentada, que se fundamenta na superação de competidores ou de marcas e/ou</p><p>resultados anteriores estabelecidos pelo próprio desportista.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>131 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>A inatividade física é o quarto principal fator de risco de morte no mundo. Aproximadamente</p><p>3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência da falta de atividade física. A falta</p><p>de atividade física é um fator de risco chave para doenças crônicas não-transmissíveis</p><p>(DCNTs) como doenças cardiovasculares, câncer e diabetes.</p><p>A instituição do CREFI está longe de ser uma unanimidade entre os profissionais de</p><p>Educação Física, todavia é um mecanismo criado para disciplinar o mercado e criar</p><p>ferramentas para coibir a ação de profissionais não qualificados que se fazem passar por</p><p>educadores físicos.</p><p>Glossário:</p><p>DCNTs- Doenças crônicas não transmissíveis.</p><p>Midiática- Característica daquilo que está relacionado à mídia.</p><p>Proliferação- Crescimento, multiplicação.</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>Aguiar & Frota. Educação Física em questão: Resgate Histórico e evolução conceitual.</p><p>2013. In: www.historia%20da%20Ed%20Fisica/Educação%20Fisica%20em%20questao.pdf.</p><p>Alves, Rogério. História da Educação Física e dos esportes. Unimontes, 2016.</p><p>Batista, Rafael. "Como funciona a tocha olímpica"; Brasil Escola. Disponível em</p><p><https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/como-funciona-tocha-olimpica.htm>. Acesso</p><p>em 10 de julho de 2018.</p><p>Betti, Mauro. Educação física e sociedade. De Mauro Betti. São Paulo: Movimento, 1991.</p><p>Capinussú. J. M. Educação Física Revista de Nº 131 agosto de 2005 53-56.</p><p>Atividade física na Idade Média: Bravura e lealdade acima de tudo. Universidade</p><p>Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro – Brasil</p><p>Costa. G. http://viagemearquitetura.com.br/destinos/10-incriveis-fatos-sobre-o-</p><p>coliseu-romano/. 2014.</p><p>De Rose Jr. A história do uso político do esporte. Revista Brasileira Ciência e</p><p>Movimento. Brasilia. 2004. In: Civilizações Clássicas II.Unijuí. Ijuí. 2009.</p><p>Esteves. B. B. A trajetória do esporte moderno: dos primórdios ao fenômeno social.</p><p>EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 19, n.199. Diciembre de 2014.</p><p>www.efdeportes.com</p><p>Fernandes. C. (2018). Modalidades esportivas das Olímpiadas da Grécia Antiga.</p><p>In: www.dehistoriadomundo.uol. Acesso em 10072018</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/como-funciona-tocha-olimpica.htm</p><p>http://viagemearquitetura.com.br/destinos/10-incriveis-fatos-sobre-o-coliseu-romano/</p><p>http://viagemearquitetura.com.br/destinos/10-incriveis-fatos-sobre-o-coliseu-romano/</p><p>http://www.efdeportes.com/</p><p>http://www.dehistoriadomundo.uol/</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>132 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Guarinello. N. Violência como espetáculo: o pão, o sangue e o circo. História, São</p><p>Paulo, v. 26, n. 1, p. 125-132, 2007</p><p>Hamilcar. Dantas Junior. Esporte e cinema: possibilidades pedagógicas para a</p><p>educação física escolar. Cadernos de formação RBCE. 2012.UFS. Sergipe.</p><p>Junior, C. H. (2008) A Educação Física na história do pensamento educacional:</p><p>apontamentos. Universidade Estadual do centro-Oeste- Unicentro.</p><p>Justamand M et al. A arte rupestre em perspectiva histórica: uma história escrita</p><p>nas rochas. © Rev. Arqueologia Pública Campinas, SP v.11 n.1 p.163 julho/2017.</p><p>Le Roux, Patrick. Império Romano. Porto Alegre . L&PM. 2013</p><p>Silvia. M.D. O declínio da civilização grega. UESB. 2010. Anais do X Encontro</p><p>Nacional de Educação</p><p>Matemática.In.www.lematec.net.br/CDS/ENEM10/artigos/CC/T6_CC2125.pdf.Aces</p><p>so em 06072018.</p><p>Soares, Thais. Gladiadores, Cinema e História: discussão inicial. In: Congresso</p><p>Internacional de História.</p><p>2011.http://www.cih.uem.br/anais/2011/trabalhos/220.pdf. Acesso em 12/07/2018</p><p>Sousa, R. A arte rupestre. In:</p><p>(https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/a-arte-rupestre.htm). Acesso</p><p>em 13/06/2018.</p><p>Tubino. M. Estudos brasileiros sobre o esporte: Ênfase no esporte/ educação.</p><p>Maringá. Eduem, 2010</p><p>Varona. R. M. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 19, n.199.</p><p>Diciembre de 2014. www.efdeportes.com.</p><p>Vasconcelos, Yuri. O que foi o Coliseu de Roma? Revista Superinteressante..</p><p>Acesso em 08/07/2018.</p><p>https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/a-arte-rupestre.htm</p><p>http://www.efdeportes.com/</p><p>e por isso proibido. Segundo Tubino (2010), é possível dizer que os jogos</p><p>gregos representaram os primeiros fatos esportivos; as práticas anteriores podem ser</p><p>caracterizadas como pré-esportivas”. In: Alves, Rogério. História da Educação Física e</p><p>dos esportes. Unimontes, 2016.</p><p>Vaso grego com pintura representando uma corrida durante os Jogos Olímpicos</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>17 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 4 – Civilização Grega</p><p>Foi na Grécia Antiga também que o homem passou a trilhar os primeiros passos</p><p>da filosofia na busca de uma racionalização para dar respostas às questões que</p><p>atormentavam o cidadão comum e que anteriormente eram explicadas de forma</p><p>metafísica, como única possibilidade de resposta possível.</p><p>“Ao analisarmos a história da Educação Física, podemos ver que de forma frequente os</p><p>gregos são tomados como ponto de partida. Isso é possível de ser observado tanto no</p><p>pensamento educacional moderno, nos debates sobre a criação da disciplina escolar de</p><p>educação física no final do século XIX e início do século XX, bem como na produção</p><p>acadêmica hodierna sobre o corpo e a educação.” In:Junior, C. H. (2008) A Educação</p><p>Física na história do pensamento educacional: apontamentos. Universidade Estadual do</p><p>centro-Oeste- Unicentro.</p><p>O método filosófico surge inicialmente nas cidades de Mileto e Samos,</p><p>espalhando-se posteriormente por toda a Grécia, criando conceitos que passo a</p><p>passo distanciaram a civilização grega de um período no qual a vontade dos</p><p>Deuses era a resposta para todas as questões.</p><p>Tal conjunto de fatores contribuiu para que a cultura grega escrevesse uma</p><p>história que valorizava as artes, a cultura e o culto ao corpo como ferramentas de</p><p>um processo de construção de uma identidade, jamais visto anteriormente.</p><p>Foi na Grécia antiga também que os pressupostos básicos daquilo que anos</p><p>depois seria conhecida como “Medicina”, foram estabelecidos, a partir das ideias</p><p>de Hipócrates e Galeno.</p><p>Varona (1992) frisa:</p><p>“ Fueron de gran valor las aportaciones de Hipócrates, Galeno y sus predecesores</p><p>en este campo. Muchos filósofos antiguos fueron atletas y atribuyeron gran</p><p>importancia a la educación física: Pitágoras debió ser (según fuentes no muy</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>18 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>seguras) campeón olímpico en pugilato y entrenador; Platón participó como</p><p>luchador en los Juegos Itsmicos; Aristóteles transmitió las listas de los campeones</p><p>olímpicos, y Milón, el glorioso atleta pesado de la antiguedad, escribió un libro</p><p>sobre la Naturaleza, probablemente de talante filosófico. Por otra parte, las</p><p>epopeyas de Homero son un canto a los juegos y al agón como el ideal «de ser</p><p>siempre el mejor y superior a los demás». Las Odas Olímpicas se recitaban en</p><p>toda la Hélide, y Sócrates las enseñaba en el gimnasio. In: Historia de la</p><p>Educacion Fisica.Cuadernos de Secion. Educacion. Donostia, 1992.</p><p>A civilização grega, que se desenvolveu a partir de 800 A.C, trouxe para o mundo</p><p>ocidental elementos indispensáveis a sua constituição. O processo de expansão</p><p>da cultura grega por outras regiões, ficou conhecido como Helenismo e durou de</p><p>338 a 146 A.C com o surgimento da civilização romana, o Império que surgiu a</p><p>partir da decadência da cultura grega.</p><p>As cidades-estados mais importantes na civilização grega eram Esparta e Atenas,</p><p>ambas apresentavam semelhanças e diferenças em seu cotidiano. Em Atenas era</p><p>priorizado o equilíbrio entre o corpo e a mente, valorizando a prática esportiva e o</p><p>debate filosófico. Em Esparta, por sua vez, o culto ao corpo era priorizado, a</p><p>relação com as artes e a cultura se restringia ao absolutamente necessário, pois a</p><p>motivação estava voltada para a preparação para as batalhas.</p><p>Uma das diferenças mais significativas repousa na ótica diferenciada que</p><p>atenienses e espartanos tinham em relação a participação da mulher na</p><p>sociedade.</p><p>Em Atenas, as mulheres não tinham representação política ou voz ativa, eram</p><p>tratadas como submissas e viviam confinadas em suas casas, entregues aos</p><p>afazeres domésticos, pois este era o papel que deveriam representar.</p><p>Em Esparta, por sua vez, as mulheres eram respeitadas, seu valor era mensurado</p><p>por meio de uma ótica que as via como responsáveis diretas pela geração de</p><p>espartanos que defenderiam Esparta.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>19 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Neste sentido e por meio desta ótica de valorização e reconhecimento recebiam</p><p>educação como os homens e possuíam o direito de participar da vida política.</p><p>Temos que relativizar um pouco esta informação, na medida em que na análise de</p><p>obras literárias, produções em diversas áreas do conhecimento, personagens e</p><p>pensadores contemporâneos da civilização grega antiga, há uma predominância</p><p>de ícones masculinos, sem que haja referências significativas de mulheres</p><p>oriundas de Esparta no que diz respeito à produção de conhecimento, bem como</p><p>à tomada de decisões em diversas esferas da sociedade.</p><p>Ainda que historicamente haja o registro desta abordagem de valorização em</p><p>relação a mulher, cidadã de Esparta, todas as referências relativas a participação</p><p>do sexo feminino na prática esportiva presente na cultura grega, legam à mulher</p><p>um status de não participação, de proibição e de distanciamento do esporte.</p><p>Não há relatos da participação de mulheres em competições esportivas, mas sim,</p><p>evidências de que as mulheres não tinham o direito de participar destas</p><p>competições, tampouco comparecer e assistir aos eventos.</p><p>Lucineia</p><p>Nota</p><p>parei aqui</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>20 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 5 – Os Jogos Olímpicos</p><p>Os Jogos Olímpicos</p><p>Ao analisarmos o rico legado da civilização grega no que diz respeito ao esporte, à</p><p>cultura, às artes, ao sistema de governo e à referência aos princípios básicos da</p><p>democracia, temos de levar em conta que a integração nacional não foi uma</p><p>constante no sistema político da Grécia Antiga.</p><p>Alguns teóricos argumentam que uma explicação possível para a incidência de</p><p>inúmeros conflitos entre as cidades-estados gregas, repouse no fato de que as</p><p>comunidades estabeleciam-se entre os espaços das limitações geográficas</p><p>impostas pelo relevo de inúmeras ilhas que compõem o território grego,</p><p>Este enclausuramento impedia uma maior interação e provocava um</p><p>distanciamento natural entre os povos, o que gerava inúmeros conflitos. A criação</p><p>dos Jogos Olímpicos está atrelada à necessidade do povo grego de exaltar os</p><p>Deuses e a honrar seus nomes em oferendas e cerimoniais como forma de</p><p>agradecimento.</p><p>Os Jogos Olímpicos foram responsáveis por criar um vínculo significativo entre as</p><p>cidades-estados, ajudaram a estabelecer o sentido de união entre os povos e a</p><p>criar uma identidade, fortalecendo a civilização grega.</p><p>Durante os Jogos Olímpicos realizados na cidade de Olímpia, reuniam-se os</p><p>extremos da sociedade grega, compartilhando o mesmo espaço físico e os</p><p>mesmos interesses, ricos, pobres, intelectuais, a massa inculta, artistas, soldados,</p><p>adultos, jovens, crianças, idosos.</p><p>Do mais rico ao mais pobre, passando pelas analogias e diferenças entre os</p><p>inúmeros integrantes da sociedade, todos rendiam homenagens e tributos aos</p><p>Deuses durante a realização dos Jogos Olímpicos.</p><p>Além de promoverem a união entre os povos e se caracterizarem como uma forma</p><p>de agradecimento aos Deuses, os Jogos Olímpicos foram a mais significativa</p><p>forma de exaltação da prática esportiva na antiguidade.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>21 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Nunca, antes do estabelecimento da civilização grega, tampouco depois, mesmo</p><p>considerando o surgimento do Império Romano, muitos anos depois, houve nada</p><p>que pudesse ser comparado</p><p>aos Jogos Olímpicos como instrumento de exaltação</p><p>da prática esportiva.</p><p>“ Enfim, o que nós, brasileiros, haveríamos de ter com essa história? Talvez, tudo</p><p>que somos hoje. Nós fomos colonizados numa ideologia de cultura “grega - romana</p><p>- cristã”, por isso, a história da nossa Educação Física advém da cultura europeia</p><p>ocidental, fruto das grandes navegações e conquistas territoriais do século XIV e</p><p>XV. É preciso que saibamos que os romanos (após conquistarem a Grécia)</p><p>deturparam os preceitos helênicos para os jogos. Em Roma, vigoraram os esportes</p><p>de extrema violência, destacando o Torneio Medieval, a Soule, o “Jeu de Palme”, o</p><p>“Gioco del Cálcio" e as Justas”. In: Alves, Rogério. História da Educação Física e</p><p>dos esportes. Unimontes, 2016.</p><p>Há inúmeras controvérsias naquilo que diz respeito ao surgimento dos Jogos</p><p>Olímpicos. Segundo alguns historiadores, entre os quais podemos citar</p><p>Pausanias, em 884 A.C. reuniram-se os reis Kleóstenes de Pisa e Ilfitos de Elis</p><p>com o intuito de promover a união nacional entre as cidades estados-gregas.</p><p>Com a colaboração do legislador grego Licurgo, após inúmeros encontros regados</p><p>a vinho, farta comida e discussões acaloradas, chegaram ao protótipo daquilo que</p><p>depois seria conhecido como Jogos Olímpicos.</p><p>Um ano antes que fossem celebrados os Jogos Olímpicos, as cidades-estados</p><p>gregas começavam o processo de seleção dos jovens melhor qualificados para</p><p>competir nas inúmeras modalidades que integravam o cronograma de</p><p>competições.</p><p>Tais jovens competiam contra os outros campeões e iniciavam os treinamentos,</p><p>normalmente sob as ordens de ex-atletas olímpicos. Os escolhidos passavam por</p><p>um período de treinamento de cerca de 10 meses, inicialmente os escolhidos</p><p>eram mantidos em clausura sem contato externo, mas, nos meses finais, os</p><p>treinamentos eram abertos ao público que podia presenciar a evolução de cada</p><p>atleta.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>22 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Os cidadãos ricos de cada cidade-estado contribuíam com verbas para levantar</p><p>subsídios para o envio de suas equipes, bem como para o custeio de oferendas</p><p>que eram oferecidas aos deuses do Olimpo, representados por Zeus.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>23 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 6 – A representação simbólica da Tocha Olímpica</p><p>Ao término dos 10 meses de treinamento, os atletas seguiam em direção à</p><p>Olimpia e havia um ritual simbólico, no qual a população se despedia de seus</p><p>heróis que partiam em busca da glória.</p><p>Os atletas partiam com a comitiva de suas cidades, na qual seguiam intelectuais,</p><p>atletas, ex-atletas, pessoas do povo, amigos e admiradores, passando por</p><p>inúmeras cidades e conclamando o povo à seguirem até Olimpia.</p><p>As cidades-estados gregas respeitavam um pacto de não agressão, no qual, a paz</p><p>era estabelecida e mantida enquanto a chama da pira, que indicava o início dos</p><p>jogos, estivesse acesa.</p><p>Com antecedência de 1 mês e durante todo o período em que durassem as</p><p>competições, mensageiros proclamavam aquilo que ficou denominado como “</p><p>trégua sagrada”.</p><p>Durante este período todas as guerras eram interrompidas para que fosse</p><p>possível que atletas e o povo em geral pudessem participar dos Jogos.</p><p>Esta tradição foi retomada a partir da primeira edição dos Jogos Olímpicos da era</p><p>moderna no ano de 1896 em Atenas.</p><p>O ritual simbólico, envolvendo o acendimento da pira olímpica, o desfile das</p><p>delegações, a cerimônia de abertura, de encerramento e o ritual de premiação</p><p>com oferecimento de medalhas e coroas de louros, representa uma retomada</p><p>daquilo que um dia foram os Jogos Olímpicos.</p><p>Este mergulho na história representa uma preocupação incisiva em se buscar</p><p>resgatar valores, lembranças, conceitos, pertencentes a um passado no qual a</p><p>prática esportiva, tenha, talvez, ao longo do processo civilizatório que representa a</p><p>vida do homem na terra, um espaço de anunciação com uma profusão de</p><p>significados e sentidos que ajudaram a construir a concepção que temos hoje do</p><p>que é o esporte.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>24 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“. . . não se pode ir ao passado apenas como um exercício de mera curiosidade.</p><p>Todo olhar lançado para um outro tempo deve possuir uma intencionalidade,</p><p>notadamente uma razão que justifique tal investimento. É o presente, portanto,</p><p>que lança as bases investigativas no campo da História. Problematizamos o tempo</p><p>atual e recorremos ao passado como uma fonte que possa esclarecer ou iluminar</p><p>determinadas questões. Neste sentido, vale afirmar que "é preciso conhecer o</p><p>presente e, em história, nós o fazemos, sobretudo através do passado, remoto ou</p><p>bem próximo" (BORGES, 2007, p. 57). Ou, ainda, como bem avisava Bloch (1995,</p><p>p. 61), um dos grandes historiadores do século XX: "é preciso que os estudos</p><p>históricos mantenham contato com o presente, fonte de toda a vida". Assim, é</p><p>possível pensarmos que toda ação humana é dotada de historicidade. Tudo o que</p><p>fazemos, todas as nossas experiências têm, portanto, sentido histórico. Para</p><p>melhor entendimento, nos apropriamos das palavras de Boschi (2007, p. 09), ao</p><p>afirmar que a historicidade significa "que todas as coisas e todas as atividades</p><p>humanas têm um sentido para a História ou sentido histórico". In: Alves, Rogério.</p><p>História da Educação Física e dos esportes. Unimontes, 2016.</p><p>Neste sentido, cabe dizer que, se no passado a chama acesa da pira olímpica,</p><p>representava a supressão de qualquer guerra ou conflito entre as nações estado</p><p>da Grécia; nos dias atuais, ainda que o acendimento da Tocha não tenha o poder</p><p>de fazer cessar as guerras, constrói no imaginário do público em geral, a ideia de</p><p>que o esporte é capaz de promover transformações e extrair o que há de melhor</p><p>no gênero humano.</p><p>“A Tocha Olímpica, um dos principais símbolos dos jogos olímpicos, é</p><p>desenvolvida a cada edição do evento com base nas características do país onde os</p><p>jogos devem acontecer. Além disso, a tocha é carregada de significados que</p><p>remetem à Grécia Antiga, onde as Olimpíadas tiveram sua origem.</p><p>O fogo, que é ateado na pira olímpica no palco de abertura dos jogos, é aceso 100</p><p>dias antes do começo da competição, em Olímpia, na Grécia, a partir da luz solar.</p><p>Antes de embarcar para a cidade-sede, a tocha acesa passa por algumas cidades</p><p>gregas e outras localidades no país que receberá os jogos.</p><p>O revezamento da tocha, que antecede a abertura dos Jogos Olímpicos, é a</p><p>representação de uma lenda grega. Nessa lenda, Prometheus (um titã defensor da</p><p>humanidade) teria roubado o fogo, que representa a divindade e a sabedoria dos</p><p>deuses, de Zeus e entregado aos seres humanos”. In: BATISTA, Rafael. "Como</p><p>funciona a tocha olímpica"; Brasil Escola. Disponível em</p><p><https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/como-funciona-tocha-olimpica.htm>.</p><p>Acesso em 10 de julho de 2018.</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/simbolos-olimpicos.htm</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/como-funciona-tocha-olimpica.htm</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>25 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 7 – O culto dos Deuses na Grécia</p><p>Não há um consenso sobre o período de duração dos Jogos Olímpicos na Grécia</p><p>antiga, alguns autores referem-se a um período de 5 dias e outros referem-se a um</p><p>período de 7 dias, pois, consideram os dias reservados às competições de crianças</p><p>e mulheres.</p><p>Na civilização grega, o culto aos deuses era compartilhado por todas as esferas da</p><p>sociedade e a vontade dos deuses era explicação para todas as coisas, boas ou</p><p>más.</p><p>Uma boa ou má colheita representava a vontade dos deuses, e qualquer que fosse</p><p>a situação, oferendas e sacrifícios de animais eram ofertados como forma de</p><p>agradecimento ou de expiação.</p><p>Pode-se dizer que a religião grega era politeísta, na medida em que os gregos</p><p>adoravam inúmeros deuses. Na cultura ocidental contemporânea, escrituras</p><p>sagradas tais como a Bíblia, são a representação legada aos cristãos.</p><p>No que diz respeito à mitologia grega, não existem registros específicos; as</p><p>principais fontes utilizadas foram escritas no século VIII A.C. Hesíodo (Teogonia), e</p><p>por Homero, o autor de Ilíada e Odisséia.</p><p>A origem e a história dos deuses gregos é abordada na obra Teogonia, por sua</p><p>vez, os acontecimentos épicos são descritos em Ilíada e Odisséia e envolvem</p><p>heróis, tais como, Ulisses e deuses, ciclopes, ninfas, medusas e a ira ou</p><p>complacência dos deuses.</p><p>Ulisses é talvez o personagem mais emblemático da civilização e da cultura grega,</p><p>personagem da Ilíada e da Odisséia ( razão pela qual é também denominado como</p><p>“Odisseu”) de Homero, e no qual estão representadas todas as qualidades de um</p><p>guerreiro ímpar, cidadão honrado, marido exemplar e um homem incansável. Havia</p><p>uma hierarquia reinante entre os deuses, tipificada abaixo:</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>26 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Zeus- Deus superior, criador de todo o universo e de quem surgiram os demais</p><p>deuses.</p><p>.</p><p>Hera- deusa que protegia os casamentos (irmã e esposa de Zeus).</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>27 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Apolo- deus da luz, da poesia e da música.</p><p>Hades- Deus dos mortos</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>28 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Atena- deusa da sabedoria.</p><p>Afrodite- deusa do amor e da beleza.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>29 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Ares- deus da guerra</p><p>Poseidon- deus do mar</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>30 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Hefesto- deus do fogo</p><p>Ártemis- deusa da caça</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>31 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Hermes- mensageiro dos deuses.</p><p>Ainda que houvesse inúmeros deuses, a representação máxima personificada por</p><p>Zeus era o fio condutor das ações dos cidadãos gregos e o que os movia em</p><p>direção ao presente, ao passado e ao futuro.</p><p>Neste sentido, cabe frisar que as oferendas eram direcionadas a Zeus, o Deus,</p><p>onipotente, onipresente e onisciente que habitava o Olimpo, morada dos deuses e</p><p>para quem, supostamente eram consagradas todas as vitórias na competição.</p><p>Além dos deuses, havia os heróis gregos, normalmente frutos de uma relação</p><p>sexual entre um Deus e uma mortal.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>32 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 8 – Semideuses</p><p>Eram semideuses, com algum tipo de aptidão que os destacava dos demais</p><p>mortais. Entre os mais citados na Mitologia encontram-se, Belerofonte, Perseu,</p><p>Teseu e o mais famoso entre eles, Herácles ou Hércules que, após matar sua</p><p>mulher, recebeu 12 trabalhos como forma de expiação.</p><p>1. matar um leão que assolava o vale da Neméia;</p><p>2. exterminar a quase invencível Hidra de Lerna, monstro de nove cabeças;</p><p>3. capturar a corça Crinéia, que tinha os pés de bronze;</p><p>4. capturar o javali de Erimanto;</p><p>5. limpar os estábulos do rei Áugias, onde três mil animais viviam acumulados;</p><p>6. matar as aves de rapina do lago Estinfália;</p><p>7. apoderar-se do touro de Creta;</p><p>8. pegar os cavalos selvagens de Diomedes;</p><p>9. encontrar o cinturão de Hipólita, rainha das amazonas;</p><p>10. Matar o gigante Gerião;</p><p>11. Ter as maçãs de ouro das Hespérides;</p><p>12. Vencer o cão Cérbero, guarda do inferno.</p><p>Hércules representa o ideal estético de força, equilíbrio e coragem que se buscava</p><p>de um guerreiro. Foi o mais célebre de todos os heróis gregos. Dotado de força</p><p>descomunal era um exemplo de sagacidade, virilidade, masculinidade</p><p>Esteves. B (2014) frisa:</p><p>“A Grécia foi à sociedade mais voltada à cultura esportiva na história antiga, onde os</p><p>espartanos eram belicistas e adoradores dos exercícios corporais, e os atenienses como</p><p>intelectuais, interpretavam os jogos esportivos como parte da cultura, da religião, e como</p><p>meio de educação (PEREIRA, 1980). Os gregos tinham no esporte e na atividade corporal,</p><p>meio de formação para os jovens, iniciando aos seis anos de idade com a ginástica</p><p>(MARINHO, 1980).</p><p>O esporte da antiguidade, observado desde a pré-história teve como principal</p><p>manifestação os Jogos Gregos que compreendiam as Olimpíadas, os Jogos</p><p>Fúnebres e os Jogos Píticos (TUBINO, 1987). Esses jogos foram os primeiros</p><p>registros de uma competição organizada e marcaram a história esportiva por</p><p>representarem a idéia inicial de esporte (TUBINO, 1993).</p><p>Os Jogos Olímpicos foram realizados 293 vezes em 12 séculos, de quatro em</p><p>quatro anos, em Olímpia, na Élida, em homenagem a Júpiter, e deveriam elevar a</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>33 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Zeus, o Deus supremo (TUBINO, 1993). Segundo o autor, havia um regulamento</p><p>rígido, os escravos poderiam somente assistir, enquanto as mulheres nem mesmo</p><p>observar.</p><p>Cada cidade do império era representada por atletas, poetas, filósofos e</p><p>dignitários (PEREIRA, 1980). Não podiam participar escravos, bárbaros, e</p><p>condenados pela justiça, onde todos os competidores deveriam se inscrever no</p><p>prazo determinado, fazer um estágio no ginásio de Élida e realizar o juramento</p><p>Olímpico (MARINHO, 1980).</p><p>Segundo Marinho (1980), os esportes em disputa eram, o atletismo, com as</p><p>corridas, o pentatlo, os lançamentos; as lutas de pugilato e pancrácio; o hipismo</p><p>juntamente com a corrida de carros, dentre outras modalidades. Não raramente as</p><p>lutas terminavam em espetáculos de crueldade, a ponto de Aristóteles, respeitado</p><p>filósofo grego, criticar a exagerada violência dos atletas e dizer que determinadas</p><p>atitudes dos esportistas são tão maléficas quanto o sedentarismo (LYRA FILHO,</p><p>1973).</p><p>Quanto à premiação, o vencedor ganhava uma coroa de ramos no templo de</p><p>Zeus, e também prêmios como escravos, isenção de impostos, pensão vitalícia, etc.</p><p>(TUBINO, 1993). Após a cerimônia era oferecido um banquete a todos os presentes</p><p>(MARINHO, 1980)”. In: A trajetória do esporte moderno: dos primórdios ao</p><p>fenômeno social. EFDeportes.com. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 19, n.199.</p><p>Diciembre de 2014. www.efdeportes.com.</p><p>As competições obedeciam ao cronograma definido abaixo:</p><p>Primeiro dia: Corridas:</p><p>Stade ou Stadion: uma corrida de uma volta no comprimento do estádio.</p><p>Diaulos: Uma corrida de duas voltas no comprimento do estádio.</p><p>Dolichos: Uma corrida de longa distância (de 7 a 24 voltas).</p><p>Lançamento de disco: Os discos eram feitos de pedra ou metal.</p><p>Lançamento de dardo: Os aparatos eram feitos em madeira.</p><p>Salto em distância: Pesos eram utilizados, com os pés unidos. O atleta, ao saltar,</p><p>arremessava seus braços para a frente. Momentos antes de atingir o chão,</p><p>lançava os braços para trás, enquanto jogava os pesos. Tal gesto impulsionava</p><p>seu corpo à frente e aumentava a distância do salto.</p><p>http://www.efdeportes.com/</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>34 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Segundo dia: Pentatlo: O Pentatlo era constituído de 5 competições: corrida,</p><p>salto, lançamento de disco, lançamento de dardo e luta. Dava-se o nome de</p><p>“Pentathlos” aos atletas que competiam nesta modalidade. Seus corpos eram</p><p>considerados os mais perfeitos dentre os atletas participantes dos Jogos</p><p>Olímpicos.</p><p>Terceiro dia: Lutas: Os competidores lutavam em pé com as mãos livres. O atleta</p><p>que tocasse o chão por 3 vezes era o perdedor.</p><p>Pankration: Todos os movimentos eram permitidos, com exceção de socos</p><p>direcionados aos olhos ou dos dedos atingindo o nariz do oponente.</p><p>Boxe: Correias</p><p>de couro protegiam as mãos dos lutadores e pedaços de ferros</p><p>eram fixados para que os golpes fossem mais violentos.</p><p>Quarto dia: Corrida de coches: Quadrigas e Bigas, corridas de cavalos.</p><p>Fernandes (2018) frisa:</p><p>“ As corridas de carros das antigas Olímpiadas devem ser entendidas como carros</p><p>puxados por tração animal, especificamente por cavalos, que eram animais bastante</p><p>utilizados na guerra. Havia duas formas de carros que disputavam as corridas: as bigas,</p><p>tracionadas por dois cavalos e as quadrigas, tracionadas por quatro. As corridas de carros</p><p>com tração animal eram feitas em longas distâncias, por vezes, íngremes, que exigiam</p><p>bons equipamentos e cavalos. Por esses motivos, geralmente eram praticadas por</p><p>cidadãos abastados das cidades-estado gregas”. Fernandes. C. (2018). Modalidades</p><p>esportivas das Olímpiadas da Grécia Antiga. In: www.dehistoriadomundo.uol. Acesso em</p><p>10072018</p><p>Quinto dia: Encerramento:</p><p>http://www.dehistoriadomundo.uol/</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>35 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 9 – Os gregos como modelo inicial do que é o esporte nos dias atuais</p><p>Das práticas esportivas vivenciadas nos Jogos Olímpicos daquela época, muita</p><p>coisa se perdeu, contudo, a idéia inicial de fazer com que o esporte pudesse unir</p><p>os povos, bem como a difusão da concepção de que a prática esportiva enriquece</p><p>o homem, o provê de valores morais, éticos e o conduz pelo caminho da busca e</p><p>preservação da saúde, atravessou os séculos e ainda hoje estabelece uma</p><p>relação de interação com os Jogos Olímpicos da era Pós-Moderna.</p><p>A relação de interação entre a prática esportiva conforme a conhecemos nos dias</p><p>atuais e a herança deixada pela civilização grega, não repousa apenas na</p><p>idealização dos Jogos Olímpicos, mas, sobretudo em uma valorização do corpo</p><p>como base de sustentação do processo educativo.</p><p>“ Ao analisarmos a história da Educação Física, podemos ver que de forma</p><p>freqüente os gregos são tomados como ponto de partida. Isso é possível de ser</p><p>observado tanto no pensamento educacional moderno, nos debates sobre a</p><p>criação da disciplina escolar de educação física no final do século XIX e início do</p><p>século XX, bem como na produção acadêmica hodierna sobre o corpo e a</p><p>educação”. Junior, Carlos Herold. A Educação Física na história do pensamento</p><p>Educacional: Apontamentos. Unicentro. Guarapuava. 2017.</p><p>Neste sentido, a civilização grega, cerca de 800 anos A.C., estabelece as</p><p>primeiras diretrizes que norteariam, muitos anos depois, os estudos acerca da</p><p>importância da educação corporal como instrumento capaz de promover uma</p><p>maior socialização, na medida em que buscava extrair do indivíduo uma relação</p><p>entre o equilíbrio do corpo e da mente como única forma possível de diálogo com</p><p>o mundo que se apresentava.</p><p>“Acompanhando o processo de desenvolvimento da sociedade capitalista,</p><p>percebemos que Rabelais, Montaigne, Locke, Rousseau, todos eles, de uma</p><p>maneira ou de outra, utilizam os exemplos advindos da Antiguidade, sobretudo a</p><p>grega, para endossar a necessidade de se defender a relevância de uma educação</p><p>do corpo que fosse considerada como a base de todo o processo educativo.</p><p>Resguardadas algumas diferenças entre esses autores, principalmente, quando</p><p>aceitam ou refutam a rigidez espartana para com o cultivo da força e das</p><p>habilidades guerreiras, é unâmine o reconhecimento do “equilíbrio” com que os</p><p>gregos (principalmente os atenienses) teriam educado os membros da sua</p><p>sociedade”. (Idem).</p><p>Esta busca do equilíbrio constante entre os pressupostos do corpo e da mente</p><p>está atrelada a uma valorização do “eu” como um todo e não fragmentado.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>36 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Se na análise das abordagens diferenciadas referentes às duas cidades-estados</p><p>mais representativas da cultura grega, encontramos em Atenas e Esparta,</p><p>modelos díspares e que buscam representar cada qual ao seu modo a fórmula</p><p>ideal para entendimento do homem e sua relação com o mundo que o cerca, é na</p><p>síntese das duas abordagens que compreendemos o homem grego e de que</p><p>forma este modelo foi difundido em nossa sociedade contemporânea.</p><p>Entre erros e acertos, o culto ao corpo preconizado pela civilização grega serviu</p><p>de modelo e de embasamento histórico para inúmeras outra culturas. Podemos</p><p>entender como uma premissa que levou em consideração uma abordagem</p><p>relacionada ao corpo, legitimada pela pujança da cultura grega, sem maiores</p><p>questionamentos.</p><p>“ Muitas correntes discutem a origem destes fenômenos (Educação Física e</p><p>Esporte). Em geral, destacam-se duas: uma que atribui o surgimento da Educação</p><p>Física e dos Esportes na sociedade grega, configurando-se, daí por diante, em</p><p>mudanças e transformações atreladas ao contexto histórico-social. Esta corrente</p><p>advoga que, desde sempre, as atividades humanas foram marcadas pelo</p><p>movimento, ou pelo ato físico. Para estes, a civilização grega marca o início de</p><p>uma sistematização. Vitor Marinho de Oliveira escreveu em 1983 a primeira obra</p><p>preocupada em historicizar a Educação Física que temos hoje. Em “O que é</p><p>Educação Física", este autor diz que a história da Educação Física na Grécia é</p><p>bastante significativa na antiguidade clássica. Na sociedade grega (polarizada nas</p><p>cidades de Atenas e Esparta) podemos constatar o lugar peculiar que a ginástica</p><p>e o atletismo ocupavam”. Rogério Alves. História da Educação Física e dos</p><p>Esportes. Unimontes. Montes Claros. 2013</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>37 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 10 – O declínio da civilização grega</p><p>O Declínio da civilização grega</p><p>Após séculos de dominação, a civilização grega presenciou o deterioramento de</p><p>seu poder a partir da expansão dos egípcios e do Império Romano.</p><p>“ Por volta do século II a.C chega ao fim quase seis séculos de domínio grego. “A</p><p>majestosa civilização grega foi destruída por várias forças” (KLINE, 1985, p.32).</p><p>Romanos e egípcios aos poucos foram estendendo seu poder político na Grécia</p><p>até que os romanos finalmente conquistam o mundo grego dando início ao Império</p><p>Romano no ocidente e posteriormente no oriente. Mais do que uma simples</p><p>conquista de domínio territorial foi um duro golpe na cultura grega clássica que</p><p>aos poucos se viu perdendo toda a gigantesca contribuição dada à ciência, à</p><p>matemática, às artes e à filosofia”. Silvia. M.D. O declínio da civilização grega.</p><p>UESB. 2010. Anais do X Encontro Nacional de Educação</p><p>Matemática.In.www.lematec.net.br/CDS/ENEM10/artigos/CC/T6_CC2125.pdf.Aces</p><p>so em 06072018.</p><p>É preciso relativizar um pouco esta informação, pois, ainda que realmente tenha</p><p>ocorrido o declínio da civilização grega, a contribuição no campo das artes, da</p><p>cultura, da política e do esporte, atravessou os séculos e não por caso é estudada</p><p>até os dias atuais.</p><p>Notoriamente, as duas cidades mais emblemáticas do período de dominação</p><p>grego, foram Atenas e Esparta. Para melhor compreender as analogias e</p><p>diferenças entre os cidadãos das duas mais representativas cidades-estados</p><p>gregas, faz-se necessário inserir o comentário de Belato (2009) em uma análise</p><p>comparativa que confronta:</p><p>“Aos espartanos é proibida qualquer atividade econômica ou cultural. Sua</p><p>ocupação única e permanente é a guerra. Todos os espartanos são, em</p><p>princípio, iguais nas posses. Essa igualdade se estende também à</p><p>educação, que consiste na formação do soldado. Sua formação militar inicia-</p><p>se aos 7 anos e mais se assemelha à doma de um animal. Depois de passar</p><p>por sucessivas provas e iniciações, torna-se soldado aos 18 anos. É</p><p>autorizado a casar-se aos 30. Sua educação intelectual reduziu-se à</p><p>aprendizagem de um “catecismo moral” expresso em sentenças curtas ou</p><p>“lacônicas””. In: Civilizações Clássicas II.Unijuí. Ijuí. 2009.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>38 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>É nítida a diferença de abordagem entre atenienses e espartanos, os primeiros</p><p>buscavam o contínuo equilíbrio entre a mente e o corpo, utilizando-se do esporte,</p><p>mas, valorizando a oratória e o debate filosófico, os espartanos, por sua vez,</p><p>priorizavam o culto ao corpo.</p><p>O caráter essencialmente militar dos espartanos os diferenciava dos demais</p><p>cidadãos gregos.</p><p>A rigorosa disciplina que pautava a educação dos espartanos tinha como objetivo</p><p>transformá-los em valorosos combatentes, munidos de conhecimentos militares</p><p>adquiridos em anos e anos de treinamento rígido</p><p>Em contrapartida, Atenas valorizava a educação, o que fez com que a cidade-</p><p>estado se transformasse em ícone cultural e intelectual. Berço da democracia e da</p><p>filosofia.</p><p>O paradoxo da análise destas duas culturas, repousa na forma como a mulher era</p><p>tratada na sociedade. Seria razoável acreditar que em Atenas, como o berço da</p><p>Filosofia e da Democracia, houvesse uma maior valorização da mulher, contudo, a</p><p>história nos ensina exatamente o oposto, o que é no mínimo curioso, notadamente</p><p>quando nos atemos ao fato de que Esparta priorizava uma cultura tipicamente</p><p>militar, voltada para a guerra.</p><p>Lucineia</p><p>Nota</p><p>Realizar Vap 2</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>39 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 11 – Atenas e Esparta</p><p>Havia uma diferença significativa no tratamento dispensado às mulheres. Em</p><p>Atenas, berço da Filosofia e da Democracia, surpreendentemente as mulheres</p><p>eram educadas a se manterem no mundo doméstico, submissas aos mandos,</p><p>desmandos e interesses de seus pais, irmãos e maridos. Havia uma clara</p><p>distinção entre um universo de assuntos tipicamente masculinos, nos quais as</p><p>mulheres não deveriam se intrometer e os espaços dos afazeres domésticos,</p><p>definido como espaço de atuação da mulher.</p><p>Em Esparta havia maior respeito às mulheres, pois, segundo a ótica dos</p><p>espartanos, as mulheres eram responsáveis por dar à luz às crianças que seriam</p><p>os futuros guerreiros que defenderiam a soberania de Esparta. Neste sentido,</p><p>tinham voz ativa na sociedade, com o direito de participar das assembleias que</p><p>decidiam o futuro da cidade-estado.</p><p>“A democracia ateniense atinge assim sua forma mais elaborada de</p><p>organização e participação política da totalidade dos cidadãos. Atenas se</p><p>converteu em centro de convergência não só de negócios e de febril</p><p>atividade econômica e mercantil, como também de artistas, filósofos,</p><p>urbanistas, arquitetos, médicos e escultores. A experiência política da</p><p>participação popular, direta e permanente, conferiu à democracia um sentido</p><p>humano, terreno, do poder: “A democracia é uma obra humana. Por ela, o</p><p>homem, sem o apoio dos deuses [...] afirma seu poder de decisão face aos</p><p>deuses, à natureza, aos outros homens [...]” (Humbert, 1984, p. 94)”.</p><p>IMPÉRIO ROMANO</p><p>Com o declínio da civilização grega, surge o Império Romano, segundo alguns</p><p>teóricos, o maior Império que já existiu e que se estendeu de 27 a.C. à 410 d.C.,</p><p>ou em 476 d.C, quando caiu o último imperador do Ocidente.</p><p>O Império Romano herdou e adotou inúmeras tradições , hábitos e costumes</p><p>advindos da cultura grega, os Jogos Olímpicos foram banidos sob a justificativa de</p><p>que eram jogos pagãos em homenagem aos Deuses, o que segundo a crença</p><p>romana, poderia eclipsar o culto aos Césares, como eram denominados os</p><p>imperadores romanos.</p><p>Ainda que os Jogos Olímpicos tenham sido extintos, o Império Romano se</p><p>notabilizou pelo uso político da prática esportiva, como forma de entreter o povo,</p><p>notadamente os povos bárbaros conquistados e o povo em geral.</p><p>De Rose Jr (2004) frisa:</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>40 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>“As atividades atléticas sempre estiveram relacionadas a instituições nas</p><p>sociedades passadas. Na Grécia Antiga elas faziam parte da religião e da</p><p>educação grega. Na época do Império Romano, os Jogos Públicos foram</p><p>utilizados para alienar o povo, evitando insurreições populares, na chamada</p><p>“Política do Pão e Circo.” De Rose Jr. A história do uso político do esporte. Revista</p><p>Brasileira Ciência e Movimento. Brasilia. 2004.</p><p>A diferença fundamental entre a análise da prática esportiva na civilização grega e</p><p>no Império Romano, repousa em alguns aspectos específicos, que nos conduzem</p><p>a afirmativa de que o esporte como o conhecemos hoje, está mais próximo do</p><p>modelo desenvolvido e aplicado na Grécia antiga, do que na suposta prática</p><p>esportiva desenvolvida no Império Romano.</p><p>Ao par das diferenças e analogias existentes entre um período e outro da história,</p><p>podemos afirmar que a utilização do esporte como instrumento de manipulação</p><p>política atingiu seu apogeu no Império Romano.</p><p>“O Esporte e a Educação Física tiveram em diversos momentos da história uma</p><p>função ligada aos interesses políticos e estratégicos das instituições sociais e dos</p><p>Estados. Na antiguidade, o Esporte, de forma geral, não tinha uma finalidade em</p><p>si mesmo. Era sempre um elemento interno de instituições militares, educacionais</p><p>ou ainda religiosas. As atividades atléticas tiveram seu desenvolvimento a partir de</p><p>ações utilitárias que visavam simular situações de combate, caça e rituais</p><p>religiosos”. Idem</p><p>A indústria cinematográfica brindou-nos com inúmeras produções que são como</p><p>um recorte epistemológico da época, ainda que envoltos em uma esfera mítica,</p><p>fantasiosa e que visa angariar milhões de dólares nas bilheterias de cinema</p><p>espalhadas pelo mundo.</p><p>Ainda que tenhamos consciência de que a fantasia conduz as narrativas, há muito</p><p>de pesquisa, seriedade e respeito pela história em algumas produções</p><p>cinematográficas, que buscam chegar o mais próximo possível de uma realidade</p><p>registrada em livros e documentos.</p><p>Neste sentido, a difusão de filmes tais como Gladiador (EUA, 2000), Cleópatra</p><p>(EUA 1963), Ben-Hur (EUA, 1959), A queda do Império Romano (1964), A</p><p>paixão de Cristo (EUA, 2004), Centurião (EUA, 2010), O manto sagrado (EUA,</p><p>1953), Pompéia (EUA, 2014), Santo Agostinho- A queda do Império Romano</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>41 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>(EUA, 2010), A última legião (UK, 2007), Spartacus (EUA, 2004), Nero (UK,</p><p>2004), Julio César (UK, 1970), Satyricon (Itália, 1969) e tantos outros que</p><p>construíram nosso ideal imaginário acerca do Império Romano, servem de</p><p>embasamento para inúmeras considerações possíveis naquilo que diz respeito ao</p><p>Império Romano.ou, nas palavras de Dantas Junior (2012):</p><p>“ . . . A modernidade nos legou uma civilização profundamente imagética que</p><p>exige ver e ser vista, sendo a expressão corporal, notadamente o esporte, a</p><p>materialização visual desse modelo civilizacional. Cinema, esporte e escola são</p><p>símbolos concretos da modernidade que dialogam constantemente, nem sempre</p><p>de modo explícito. O cinema é uma atividade educativa por excelência. Sua</p><p>capacidade narrativa se transforma em uma didática inebriante para formar</p><p>percepções do mundo. (. . .) O cinema somente é colocado na escola como uma</p><p>atividade complementar, ora para ilustração de conteúdos, ora para</p><p>preenchimento do tempo. Visto como uma manifestação cultural de lazer,</p><p>improdutiva, o cinema não tem importância no terreno “sério” e comprometido com</p><p>a formação intelectual dos jovens. Nada mais incoerente e contraproducente.</p><p>Milhares de pessoas aprendem história, relações sociais, tensões religiosas por</p><p>meio do que se passa na sala escura ou na sala de estar pelo DVD”. Hamilcar.</p><p>Dantas Junior. Esporte e cinema: possibilidades pedagógicas para a educação</p><p>física escolar. Cadernos de formação RBCE. 2012.UFS. Sergipe.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>42 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 12 – O Império</p><p>Romano e a ótica cinematográfica</p><p>Dentre os filmes citados, 3 se destacam por abordarem de formas e maneiras</p><p>diferenciadas, a prática esportiva reinante na época. Ben Hur (1959) , Gladiador</p><p>(2000). Spartacus (2004).</p><p>No análise destes 3 filmes, evidenciaremos algumas de suas características , bem</p><p>como suas abordagens em relação à prática esportiva.</p><p>O filme Ben Hur (Idem, EUA, 1958) dirigido por William Wyler e estrelado por</p><p>Charlton Heston interpretando um mercador judeu que em razão de um mal</p><p>entendido é condenado por Messala, centurião romano e seu amigo de infância, a</p><p>viver como escravo nas galés.</p><p>A relação entre ambos se estabelece em um misto de admiração e encanto em</p><p>meio a práticas esportivas, tais como em uma cena na qual ambos arremessam</p><p>lanças e buscam superar um ao outro.</p><p>Como judeu, Ben Hur, jamais poderia idolatrar o César romano e é neste embate</p><p>religioso, doutrinário e político que começam as desavenças entre ambos.</p><p>Quando uma comitiva governamental adentra a cidade, desfilando pelas ruas, a</p><p>irmã de Ben Hur, inadvertidamente esbarra em um vaso e este despenca da</p><p>cobertura de onde vislumbram o desfile, atingindo o representante de Roma.</p><p>A revolta de Messala não é justificada, mas, apenas um gesto dissimulado, uma</p><p>forma de demonstrar sua força e tentar convencer o amigo a abandonar o</p><p>judaísmo e abraçar o Império Romano.</p><p>Neste sentido, o infortúnio da família de Ben Hur é encarado como grave ofensa e</p><p>tentativa de assassinato, não importando as explicações e justificativas plausíveis.</p><p>Ben-Hur é condenado a trabalhar nas galés como escravo, sua mãe e irmã são</p><p>conduzidas à masmorra e os anos se encarregam de passar, como comumente</p><p>passam os anos, carregando os dias, semanas e meses em um mote contínuo em</p><p>direção ao futuro.</p><p>Ao salvar um nobre em um naufrágio, Ben Hur readquire a sua liberdade e retorna</p><p>para a Judéia, já não como escravo, mas, sim como um competidor de quadrigas,</p><p>disposto a enfrentar o campeão nacional Romano, o jovem Messala, seu algoz e</p><p>ex amigo, nos Jogos Romanos.</p><p>Na produção cinematográfica, nenhuma imagem é sem sentido, nenhuma alusão</p><p>é por acaso.</p><p>A apresentação inicial dos personagens, a forte relação de amizade entre ambos,</p><p>a interação com as práticas esportivas, o conflito entre ambos, a passagem do</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>43 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>tempo enquanto Ben Hur é um remador das galés, o ritual de passagem, ou ponto</p><p>de mutação, quando ao salvar um nobre da morte certa, consegue sua liberdade,</p><p>o retorno à Judeia e a possibilidade de vingança, não apenas um vingança</p><p>simples alimentada por ideais mundanos, mas, uma vingança legitimada pelo</p><p>esporte, legitimada pelo respeito às regras da prática esportiva e assistida por</p><p>milhares em um espetáculo criado inicialmente para demonstrar a pujança do</p><p>Império Romano e superioridade de seus guerreiros em comparação aos demais</p><p>competidores</p><p>No filme Ben Hur, acima representantes dos povos ditos bárbaros, referenciado,</p><p>assim como no filme Gladiador (2000), bem como em Spartacus (2004), há uma</p><p>forte ênfase no treinamento e nas estratégias desenvolvidas para alcançar a</p><p>vitória na competição.</p><p>A vitória era representada pela liberdade, pela manutenção da vida ou pela</p><p>conquista de um status social que diferenciava o competidor dos demais. Neste</p><p>sentido, o esporte tinha a capacidade de garantir em alguns casos a mobilidade</p><p>social ou de proporcionar benefícios e vantagens aos vencedores.</p><p>Soares Thais (2011) especifica:</p><p>“ Thomas Wiedemann publicou em 1995 a obra Emperors and</p><p>Gladiatiors, na qual levanta pontos relevantes para a discussão</p><p>acerca da figura do Gladiador. Para Wiendmann os espetáculos</p><p>romanos eram uma demonstração pública de poder, em príncipio de</p><p>caráter militar. Os combates eram homenagens aos mortos, passando</p><p>posteriormente a ser controlados pelo Imperador. A popularidade do</p><p>tema entre as elites comprova-se pelos mosaicos e pela literatura</p><p>escrita. (FUNARI,1996) Os gladiadores eram indivíduos que haviam</p><p>perdido a respeitabilidade e sofriam a infâmia, que podia, contudo, ser</p><p>superada na arena, pela virtus , ou seja, pela coragem demonstrada</p><p>na arena, pelo seu mérito na batalha. O vencedor renascia mostrando-</p><p>se superior ao oponente e mesmo o perdedor podia reganhar a vida,</p><p>pela graça do povo. Mesmo o executado, não morreria de forma</p><p>infame como os criminosos, mas teria a honra de cair pela espada,</p><p>honra concedida aos cidadãos em campo de batalha. A difusão dos</p><p>jogos gladiatórios no mundo romano constituiu parte do processo de</p><p>integração. Nas margens do Império os anfiteatros asseguravam aos</p><p>soldados que estes continuavam a fazer parte do mundo civilizado,</p><p>pois a arena dividia o romano do não romano em diversos aspectos.</p><p>(FUNARI, 1996)”.</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>44 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Aula 13 – O coliseu Romano</p><p>O Coliseu era o local de realização dos Jogos Romanos, um monumento criado</p><p>como forma de exaltação do Império Romano e que recebia as competições mais</p><p>importantes, notadamente aquelas que envolviam o combate entre gladiadores.</p><p>Os gladiadores eram escolhidos entre os melhores guerreiros dos povos ditos</p><p>bárbaros e recebiam treinamento específico voltado para o aprimoramento das</p><p>técnicas de luta.</p><p>Guarinello. N.(2007) frisa:</p><p>“Os jogos de gladiadores fornecem um bom exemplo dos intrincados</p><p>percursos sociais do espetáculo no mundo romano. Quando Alípio se deixou</p><p>seduzir pelas lutas no Coliseu, as disputas de gladiadores existiam há mais</p><p>de 700 anos. Eram um fato normal da vida cotidiana há muito tempo. Sua</p><p>origem ligava-se, provavelmente, a uma prática funerária de origem itálica,</p><p>talvez etrusca, talvez campana. As primeiras disputas entre gladiadores</p><p>ocorreram na cidade de Roma em 264 a.C., como parte de um ritual</p><p>funerário. Ao longo da república os combates foram raros, sempre</p><p>associados a um ritual em homenagem a um morto. Durante o Império,</p><p>embora sem perder sua vinculação com a esfera do sagrado, os combates</p><p>de gladiadores aumentaram de frequência e se difundiram por todo o mundo</p><p>romano. No ocidente, como no oriente, surgiu um tipo especial de edifício, o</p><p>anfiteatro, que funcionava como palco das lutas entre gladiadores e de</p><p>outras formas de espetáculo. Em Roma, assim como nas províncias, as lutas</p><p>de gladiadores estavam sempre ligadas à pessoa do imperador. Era ele</p><p>quem as oferecia em Roma e, nas províncias, eram os sacerdotes do culto</p><p>imperial os responsáveis por sua realização. Os anfiteatros funcionavam</p><p>como uma espécie de microcosmo da sociedade romana, como parte e</p><p>reflexo da vida cotidiana. Os assentos eram repartidos segundo as classes</p><p>da população e o próprio anfiteatro era um espaço onde a população, não</p><p>apenas via, mas se fazia ver e ouvir, no qual imperador e plebe, dirigentes e</p><p>dirigidos, se confrontavam face a face, onde o anonimato da massa conferia</p><p>força e consistência para o apoio ou as reivindicações da plebe. Nesse</p><p>espaço, sagrado e mundano, as lutas entre gladiadores ocupavam um lugar</p><p>especial, ao mesmo tempo de honra e degradação”. Guarinello. N. Violência</p><p>como espetáculo: o pão, o sangue e o circo. HISTÓRIA, SÃO PAULO, v. 26,</p><p>n. 1, p. 125-132, 2007</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>45 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Coliseu Hoje</p><p>Roma – Itália Crédito: R.A. Stacciolli – Inside Imperial Rome</p><p>UNIVERSIDADE</p><p>METROPOLITANA DE SANTOS</p><p>Núcleo de Educação a Distância</p><p>46 EDUCAÇÂO FÍSICA</p><p>Costa. G (2014)</p><p>“ Esta é a visão que se tinha do magnífico Coliseu à época de sua</p><p>construção e de seu apogeu. As duas imagens se sobrepõem, nos dando</p><p>uma ideia da grandiosidade da construção. Dados técnicos da época</p><p>mostram que o Coliseu permitia a entrada fácil de mais de 50 mil</p><p>espectadores, divididos por áreas</p>