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<p>Natureza Jurídica do Direito Financeiro</p><p>A natureza jurídica do Direito Financeiro está relacionada ao seu papel de regulamentar</p><p>as atividades financeiras do Estado. Ele é parte do Direito Público, uma vez que regula as</p><p>relações entre o Estado e os particulares, além das próprias instituições públicas, no que</p><p>diz respeito à obtenção, administração e aplicação dos recursos financeiros.</p><p>Características da natureza jurídica do Direito Financeiro:</p><p>1. Ramo do Direito Público: Regula a atuação do Estado no que tange à</p><p>arrecadação e gestão dos recursos públicos, em conformidade com os princípios</p><p>constitucionais. Sua natureza pública reflete o fato de que envolve o interesse</p><p>coletivo e a prevalência do bem comum.</p><p>2. Instrumentalidade: O Direito Financeiro é um meio para que o Estado possa</p><p>desempenhar suas funções constitucionais e administrativas, como a prestação</p><p>de serviços públicos, manutenção da ordem e execução de políticas públicas.</p><p>3. Normatividade: Ele estabelece normas que devem ser seguidas pelo Estado na</p><p>administração dos recursos públicos, garantindo a observância de princípios</p><p>como a legalidade, transparência e eficiência.</p><p>4. Princípios Constitucionais: O Direito Financeiro está profundamente ligado ao</p><p>Direito Constitucional, uma vez que grande parte das suas normas têm base na</p><p>Constituição Federal, como as disposições sobre orçamento público, tributos,</p><p>controle e fiscalização financeira.</p><p>Doutrinas do Direito Financeiro</p><p>O Direito Financeiro é analisado por diversas correntes doutrinárias que procuram</p><p>explicar sua função e sua relação com os demais ramos do direito. As principais doutrinas</p><p>são:</p><p>1. Doutrina Normativa: Considera que o Direito Financeiro é um conjunto de</p><p>normas que regulam a atividade financeira do Estado, ou seja, sua função é</p><p>essencialmente criar regras e princípios para a arrecadação, gestão e controle dos</p><p>recursos públicos.</p><p>2. Doutrina Funcionalista: Enfatiza a função do Direito Financeiro como um meio</p><p>para garantir o funcionamento eficiente do Estado, permitindo-lhe arrecadar e</p><p>utilizar recursos financeiros de maneira compatível com os interesses da</p><p>coletividade.</p><p>3. Doutrina Administrativa: Defende que o Direito Financeiro está intimamente</p><p>relacionado ao Direito Administrativo, dado que a administração dos recursos</p><p>públicos é uma das principais funções da administração pública. Nesta</p><p>perspectiva, o Direito Financeiro seria um ramo do Direito Administrativo.</p><p>4. Doutrina Constitucionalista: Enfatiza que o Direito Financeiro possui uma forte</p><p>vinculação com o Direito Constitucional, pois a Constituição estabelece</p><p>princípios fundamentais sobre orçamento, tributação e controle das finanças</p><p>públicas. Essa doutrina ressalta que o Direito Financeiro serve para garantir a</p><p>execução das diretrizes constitucionais sobre finanças públicas.</p><p>Divisão do Direito Financeiro</p><p>O Direito Financeiro pode ser dividido em diversas áreas, cada uma correspondendo a</p><p>uma etapa ou aspecto da atividade financeira do Estado. As divisões mais comuns são:</p><p>1. Direito Tributário: Regula a arrecadação de receitas públicas, em especial</p><p>aquelas provenientes de tributos, como impostos, taxas e contribuições. O Direito</p><p>Tributário é uma parte essencial do Direito Financeiro, uma vez que a principal</p><p>fonte de recursos do Estado provém da tributação.</p><p>2. Direito Orçamentário: Trata da organização e gestão do orçamento público,</p><p>que é o planejamento anual das receitas e despesas do Estado. O orçamento</p><p>público é um instrumento essencial para o planejamento das finanças do governo</p><p>e deve obedecer aos princípios constitucionais, como a legalidade, a eficiência e</p><p>o equilíbrio orçamentário.</p><p>3. Direito do Crédito Público: Regula as operações de crédito feitas pelo Estado,</p><p>como a contratação de dívidas públicas. A administração da dívida pública é uma</p><p>questão central para a sustentabilidade financeira do Estado, sendo importante</p><p>controlar os limites e as condições de endividamento.</p><p>4. Direito Patrimonial Público: Diz respeito à administração dos bens públicos,</p><p>como imóveis, veículos e outros ativos do Estado. Ele regula o uso, alienação,</p><p>aquisição e gestão desses bens, garantindo que eles sejam administrados de</p><p>forma eficiente e em benefício do interesse público.</p><p>5. Direito Financeiro Internacional: Envolve as normas que regulamentam as</p><p>relações financeiras do Estado no âmbito internacional, como empréstimos</p><p>contraídos de organismos internacionais, como o FMI (Fundo Monetário</p><p>Internacional) e o Banco Mundial, além de acordos financeiros entre nações.</p><p>6. Controle Financeiro: Refere-se aos mecanismos de fiscalização e controle das</p><p>contas públicas. Esses controles são exercidos por órgãos como o Tribunal de</p><p>Contas e as Comissões Parlamentares de Orçamento, que fiscalizam se os</p><p>recursos estão sendo usados de forma legal e eficiente, prevenindo a má gestão e</p><p>a corrupção.</p><p>Conclusão</p><p>O Direito Financeiro tem uma natureza jurídica ligada ao Direito Público e se</p><p>caracteriza por regular a atividade financeira do Estado. Suas doutrinas oferecem</p><p>diferentes abordagens sobre sua função, ora destacando seu caráter normativo, ora sua</p><p>relação com o Direito Administrativo ou Constitucional. Sua divisão engloba áreas</p><p>como Direito Tributário, Orçamentário, Crédito Público, Patrimônio Público e</p><p>Controle Financeiro, cada uma focando em uma etapa ou aspecto específico da gestão</p><p>dos recursos públicos.</p>