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Material Didático I N S T I T U T O N A C I O N A L S A B E R T O D O S O S D IR E IT O S R E S E R V A D O S Propósito e publicação de um trabalho científico INSTITUTO NACIONAL SABER O Instituto Nacional Saber tem por objetivo especializar profissionais em diversas áreas, capacitando alunos e os inserindo no mercado de trabalho, fazendo com que tenham destaque e ampliem suas carreiras. Nosso objetivo não é apenas oferecer conhecimento, mas formar profissionais capacitados e aptos para exercer as profissões que desejam, para participar do desenvolvimento de sua sociedade, e colaborar na sua formação contínua. Oferecemos conteúdos elaborados por conceituais profissionais, e tendo em vista os esforços de nossos colaboradores para a entrega do mais seleto conhecimento, assim aproximando-o ainda mais do mercado de trabalho. Pensando na necessidade dos nossos alunos em realizar o curso de forma flexível e mais acessível, o Instituto disponibiliza a especialização (Pós-Graduação Lato sensu), 100% EAD com reconhecimento do MEC, e com a mesma qualidade e peso de um estudo presencial. Desejamos sucesso e bons estudos! Equipe Instituto Nacional Saber Sumário .................................................................................................................. 3 1 Propósito e publicação de um trabalho científico -------------------------------------------- 4 1.1 Contextualização --------------------------------------------------------------------------------- 4 1.2 Etapas do processo de publicação ---------------------------------------------------------- 7 2 Referências ---------------------------------------------------------------------------------------------- 11 SUMÁRIO Propósito e publicação de um trabalho científico Além de gerar uma dissertação ou uma tese, a pesquisa científica realizada no âmbito acadêmico visa a uma ou mais produções científicas. É através destas que os pesquisadores divulgam para a sociedade os resultados de suas investigações e reflexões. A divulgação ocorre tipicamente através da redação de um artigo técnico- científico para ser publicado em revista especializada ou então para ser apresentado em congresso e publicado em seus anais. Introduz-se aqui um breve parêntese: a palavra anais vem do latim annales e diz respeito ao registro da história ou, no caso de um evento científico, do conhecimento gerado ao longo do ano. Seja em uma revista, seja nos anais de um congresso, a publicação de um artigo requer um padrão de qualidade elevado, sendo um processo mais demorado e rigoroso particularmente no caso de uma revista. Ao ver o seu trabalho publicado, o pesquisador se sente plenamente recompensado e com o dever de missão cumprida. Este capítulo foi elaborado pelo Prof. Dr. Leonardo Contri Campanelli. 1.1 Contextualização Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2018), um artigo técnico- científico é definido como “parte de uma publicação com autoria declarada, de natureza técnica e/ou científica”. A maior vantagem dos artigos em revistas periódicas em relação aos livros é que eles fornecem de maneira muita rápida e objetiva os conhecimentos mais atualizados existentes. A possibilidade de manter os pesquisadores atualizados é o grande combustível da produção científica: é a partir destas atualizações que nascem os avanços e as descobertas em todas as áreas do conhecimento e que impactam a sociedade. Por exemplo, para Santhiago (2017) aquele que publica um trabalho científico na área da Medicina compreende o valor não só de se manter atualizado, mas também de oferecer os tratamentos mais modernos e seguros. De fato, a produção científica é um indicador importante do quanto um país se preocupa com o seu futuro. No Brasil, o Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação (OCTI), cujas atividades são organizadas pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), faz o monitoramento da produção científica, tecnológica e de inovação do país em relação ao mundo. Segundo o estudo mais recente, a produção brasileira de artigos científicos cresceu 32,2% no ano de 2020 em relação ao ano de 2015 contra um crescimento de 27,1% da produção global no mesmo período (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2021), conforme ilustra a Figura 1. É interessante destacar os números de artigos indexados entre os anos de 2015 e 2020 na base Web of Science: mais de 11 milhões no mundo e aproximadamente 372 mil no Brasil (3,2% do total). O estudo menciona ainda que a produção científica brasileira manteve a 13ª posição na produção global de artigos na referida base de dados, que tem como líderes os Estados Unidos, a China e a Alemanha. Figura 1 – Dados da produção científica brasileira e global. Fonte: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2021). Existem basicamente dois tipos de artigos técnico-científicos, segundo a norma ABNT NBR 6022: original ou de revisão. Enquanto o artigo original retrata temáticas ou abordagens originais, o artigo de revisão resume, analisa e discute um conjunto de informações já publicadas na literatura (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2018). Marconi e Lakatos (2003) trazem outra forma de categorizar os artigos: teórico, de análise e classificatório. O artigo teórico traz argumentos favoráveis ou contrários a uma opinião, enfocando um argumento e depois os fatos que o provam ou o refutam (tem-se uma tomada de posição); o artigo de análise traz a análise de cada elemento que constitui o tema e sua relação com o todo; por fim, o artigo classificatório traz a classificação dos aspectos de um tema e a explicação de suas partes (faz-se assim a divisão do tema em classes). Independentemente do tipo de artigo, o conteúdo deve necessariamente envolver uma ideia ou perspectiva diferenciada, inédita ou inovadora. Assim como a dissertação de mestrado e a tese de doutorado, o artigo técnico- científico possui estrutura padrão, tipicamente constituída de elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. O Quadro 1 lista os itens que fazem parte de cada um destes elementos. Dependendo do local onde o artigo será publicado, pode haver alguma variação nos itens listados. A principal variação é no elemento textual desenvolvimento; em um artigo do tipo original, este item costuma contemplar a metodologia, os resultados e a discussão. Conforme apresenta Quadro 2, algumas perguntas-chave auxiliam na redação do conteúdo de cada seção. Alguns periódicos exigem ainda a presença de uma fundamentação teórica como parte do desenvolvimento. Quadro 1 – Descrição dos elementos que compõem a estrutura de um artigo Elementos Itens constituintes Pré-textuais Título Autores Instituições dos autores Resumo Palavras-chave Datas de submissão e aprovação pela revista Textuais Introdução (com o objetivo ao final) Desenvolvimento Considerações finais ou conclusões Pós-textuais Agradecimentos Referências Anexo Apêndice Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2018). Quadro 2 – Perguntas-chave que fundamentam a redação de seções de um artigo original. Seção Itens constituintes Introdução Do que trata o estudo? Por que a investigação foi feita? O que não se sabia sobre o assunto e motivou a investigação? Metodologia Como o estudo foi realizado? Resultados O que foi encontrado? Quais são os fatos revelados pela investigação? Discussão O que significam os achados apresentados? Os achados estão ou não de acordo com os resultados de outros autores? O que este estudo acrescenta ao que já se sabe sobre o assunto? Fonte: Adaptado de Pereira (2011). 1.2 Etapas do processo de publicação Pereira (2017) indica dez etapaspara se produzir um artigo de sucesso: 1) Decidir o objetivo do artigo; 2) Escolher o periódico para o qual será encaminhado; 3) Checar guias para facilitar a redação; 4) Redigir a estrutura do artigo; 5) Complementar o texto com as partes faltantes; 6) Revisar o texto diversas vezes; 7) Certificar-se de que a metodologia é correta; 8) Assegurar-se de que não existem falhas de redação; 9) Submeter o artigo para publicação; 10) Lidar adequadamente com editores e revisores. Como primeira etapa, decidir o objetivo torna mais fácil e precisa a elaboração do texto do artigo. Isso é ainda mais importante quando o artigo nasce de um projeto de pós- graduação, pois este costuma resultar em um texto amplo. A segunda etapa é escolher o local para onde o artigo será submetido. Cada área do conhecimento possui uma grande variedade de periódicos técnico-científicos com níveis de qualidade variáveis. Um indicador internacional sobre a qualidade da revista é o chamado fator de impacto: trata-se de um número obtido pela razão entre o número de citações recebidas por artigos da revista no ano do cálculo e a quantidade de artigos publicados pela revista nos últimos dois anos (RUIZ; GRECO; BRAILE, 2009). A Figura 2 traz o exemplo de um periódico internacional da área de Economia chamado Journal of International Economics (em português, Revista de Economia Internacional). Observe à direita da imagem o valor do fator de impacto atual: 3,712. Quanto maior este fator, maior a relevância e o prestígio naquele momento da revista. Figura 2 – Página inicial de periódico internacional de Economia. Fonte: ScienceDirect (2022). No Brasil, existe um sistema próprio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação esta vinculada ao Ministério da Educação, que avalia e classifica os periódicos científicos: o Qualis Periódicos. Existem oito classificações: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C; A1 é a melhor classificação que uma revista pode receber e C a pior. Um detalhe relevante nesta classificação é que cada área do conhecimento julga um periódico sob seus critérios e, por isso, o mesmo periódico pode receber diferentes classificações em cada área. Assim, durante a escolha do melhor local para se submeter um artigo técnico-científico, é recomendável consultar os índices de qualidade disponíveis da revista e confrontar com a qualidade e o nível de inovação do projeto de pesquisa. Os periódicos de grande prestígio são extremamente concorridos e, portanto, a quantidade de recusas de um artigo é bem significativa. Cada periódico possui regras próprias de formatação e até mesmo de estruturação. Tem-se então a terceira etapa: é necessário conhecer as instruções fornecidas aos autores, bem como consultar guias de redação científica disponíveis na literatura. Estas informações fundamentam a quarta etapa do processo de publicação, que consiste na redação da estrutura do artigo (já apresentada nos Quadros 1 e 2). As etapas cinco e seis consistem em complementar a estrutura com os elementos pré- textuais e pós-textuais exigidos pela revista e revisar todo o conteúdo para garantir a qualidade do texto. É fundamental que o artigo sofra uma revisão por todos os autores do trabalho. Certificar-se da precisão metodológica é a sétima etapa do processo, que nada mais é do que ter uma metodologia escrita com precisão e detalhes suficientes para evitar dúvidas nos revisores e, Para fugir de periódicos irrelevantes, verifique se o mesmo possui o ISSN, que é um número serial de oito dígitos internacionalmente aceito para identificação de publicações periódicas. Além disso, para consultar o nível de qualidade do periódico segundo a classificação Qualis Periódicos, basta acessar o seguinte site (Plataforma Sucupira da CAPES): https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacao Qua lis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf posteriormente, nos leitores. Nesse momento, é válido citar um pilar importante da pesquisa científica: a reprodutibilidade. O conhecimento científico só é de fato reconhecido como tal quando o resultado da pesquisa que o gerou é confiável, ou seja, pode ser confirmado (reproduzido com alto grau de concordância) por outros pesquisadores em qualquer parte do mundo. Para isso, a metodologia deve ser replicada, o que requer uma escrita extremamente precisa. Ainda sobre a redação do artigo, a oitava etapa envolve a garantia de uma redação sem falhas; em qualquer que seja o idioma, um texto bem escrito em termos ortográficos e gramaticais é um diferencial, o que muitas vezes requer uma consulta a um revisor especializado. A nona etapa consiste em submeter o artigo para a revista. Para contribuir com a celeridade da revisão do texto, é fundamental seguir rigorosamente as normas de submissão da revista. Thomaz, Nelson e Silverman (2012) resumem em oito passos o que ocorre com o artigo entre o momento da submissão e o retorno ao autor: I. O editor verifica se o artigo se encaixa na revista em termos de temática e estrutura; II. O editor analisa se todos os materiais e arquivos solicitados foram submetidos; III. O editor lê o resumo e as palavras-chave e busca potenciais revisores; IV. Pode ser que o editor envie o artigo a um editor assistente específico, alinhado ao tema; V. O editor envia um convite aos revisores (tipicamente dois ou três – revisão por pares); VI. Os revisores fazem a revisão eletrônica até uma data designada pelo editor; VII. Os revisores enviam os comentários eletronicamente e uma recomendação ao editor; VIII. O editor avalia o todo e comunica a sua decisão aos autores. Todo esse processo é demorado e costuma levar algumas semanas e até alguns meses. Resultados típicos incluem: aceito, revisão necessária ou recusado. No caso da necessidade de revisão ou até mesmo de uma recusa, sugere-se lidar adequadamente com os editores e revisores: é a décima e última etapa do processo de publicação. Lembre-se que, quanto mais relevante é o periódico, maior é a concorrência e a chance de receber uma resposta indesejável. No caso de uma recusa, Pereira (2017) sugere evitar pedir explicações, mas sim revisar o texto, incorporar sugestões pertinentes e tentar outra revista. Já no caso de uma revisão, o autor terá a oportunidade de elaborar uma réplica aos revisores sobre cada questão levantada. É sempre bom revestir-se de humildade, acatar ao máximo as sugestões e ser cauteloso na elaboração da réplica. 13 BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6022: Informação e documentação – Artigo em publicação periódica técnica e/ou científica – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS. Panorama da ciência brasileira: 2015-2020. Boletim Anual OCTI, Brasília, 2021. PEREIRA, M. G. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan, 2011. PEREIRA, M. G. Dez passos para produzir artigo científico de sucesso. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 26, n. 3, p. 661-664, 2017. RUIZ, M. A.; GRECO, O. T.; BRAILE, D. M. Fator de impacto: importância e influência no meio editorial, acadêmico e científico. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, v. 24, n. 3, p. 273-278, 2009. SANTHIAGO, M. R. Por que eu devo publicar? Revista Brasileira de Oftalmologia, v. 76, n. 1, p. 5-6, 2017. Editorial. SCIENCEDIRECT.Journal of International Economics, 2022. Disponível em: <www.sciencedirect.com/journal/journal-of-international-economics>. Acesso em: 03 ago. 2022. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. (org.). Métodos de Pesquisa em http://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-international-economics http://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-international-economics 14 Atividade Física. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. Propósito e publicação de um trabalho científico BIBLIOGRAFIA