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<p>A VIDA SEM</p><p>SANEAMENTO:</p><p>PARA QUEM FALTA E</p><p>ONDE MORA ESSA</p><p>POPULAÇÃO?</p><p>NOVEMBRO DE 2023</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL</p><p>EX ANTE CONSULTORIA ECONÔMICA</p><p>ANÁLISE PRODUZIDA POR:</p><p>FERNANDO GARCIA DE FREITAS</p><p>ANA LELIA MAGNABOSCO</p><p>Índice</p><p>1. Apresentação</p><p>2. Privação de serviços de saneamento</p><p>3. Privação de acesso à rede geral de água</p><p>4. Frequência de recebimento insuficiente</p><p>5. Disponibilidade de reservatório</p><p>6. Privação de banheiro</p><p>7. Privação de coleta de esgoto</p><p>8. Implicações para a saúde</p><p>9. Anexos</p><p>a</p><p>4</p><p>10</p><p>16</p><p>30</p><p>44</p><p>58</p><p>72</p><p>86</p><p>96</p><p>NOVEMBRO DE 2023</p><p>1</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Este estudo traça o perfil socioeconômico e a</p><p>distribuição regional da população em estado de</p><p>privação dos serviços de saneamento no Brasil. São</p><p>analisados um conjunto de cinco tipos de privações</p><p>de saneamento:</p><p>(i) o acesso à rede geral de distribuição de água</p><p>tratada;</p><p>(ii) a regularidade adequada no fornecimento de</p><p>água tratada;</p><p>(iii) a disponibilidade de reservatório para armaze-</p><p>namento de água potável;</p><p>(iv) a existência de banheiro de uso exclusivo do</p><p>domicílio; e</p><p>(v) o acesso à rede geral de coleta de esgoto.</p><p>A análise traz informações de 2013 a 2022 da</p><p>Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios</p><p>Continuada Anual (PNADCA) do IBGE. Também</p><p>analisa as informações de incidência de doenças</p><p>de veiculação hídrica e de doenças respiratórias no</p><p>grupo populacional que está em condição de</p><p>algum tipo de privação de saneamento. Nessa</p><p>segunda análise, são empregados dados da</p><p>Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, também do</p><p>IBGE, a qual permite correlacionar a incidência</p><p>dessas doenças com as condições de saneamento</p><p>às quais as pessoas estão sujeitas.</p><p>Roteiro de análise</p><p>O estudo está organizado em mais sete seções além</p><p>desta apresentação. A Seção 2 traz as definições</p><p>de privações de serviços de saneamento e as</p><p>premissas de trabalho do estudo. Também apresen-</p><p>ta as estatísticas agregadas do ano de 2022 de</p><p>ocorrência de privações de saneamento. A Seção 3</p><p>detalha a questão da privação de acesso à rede</p><p>geral de distribuição de água tratada, focando a</p><p>distribuição regional e a evolução temporal dessa</p><p>situação entre 2013 e 2022.</p><p>Na sequência, são analisadas as características</p><p>das moradias com privação de rede de água e o</p><p>perfil da população que vive nessas residências. As</p><p>Seções 4 a 7 repetem essa abordagem para as</p><p>outras quatro situações de privação: frequência de</p><p>recebimento insuficiente; disponibilidade de</p><p>reservatório, privação de banheiro; e privação de</p><p>coleta de esgoto.</p><p>A oitava seção analisa as implicações da privação</p><p>de saneamento para a saúde da população, com</p><p>ênfase nas questões de doenças de veiculação</p><p>hídrica, doenças respiratórias e saúde bucal.</p><p>Encerram o documento a Bibliografia, o Anexo</p><p>Estatístico e o Anexo Metodológico.</p><p>Principais achados</p><p>O estudo identificou que aproximadamente um a</p><p>cada dois brasileiros mora em residência com</p><p>algum tipo de privação de saneamento: ou a</p><p>moradia não está ligada na rede geral de abasteci-</p><p>mento de água, ou a água não chega de maneira</p><p>regular, ou não tem reservatório para armazenar a</p><p>água que chega, ou não está ligada à rede coletora</p><p>de esgoto ou sequer banheiro tem. Eram 102,7</p><p>milhões de brasileiros nessa situação e privação em</p><p>2022.</p><p>Em termos absolutos, o maior número de pessoas</p><p>com algum tipo de privação de saneamento estava</p><p>no Nordeste brasileiro: eram 40,3 milhões de</p><p>pessoas, ou ainda, 39,5% do total da população</p><p>em privação de saneamento. Isso significa dizer</p><p>que sete a cada dez nordestinos moravam em</p><p>habitações com algum tipo de problema.</p><p>A região Sudeste foi a segunda com maior número</p><p>de pessoas em estado de privação, com 21,6</p><p>milhões de pessoas. Em termos relativos, contudo, a</p><p>proporção verificada no Sudeste foi a menor entre</p><p>todas as regiões – apenas dois a cada dez pesso-</p><p>as. Em seguida, veio a região Norte com 15,9</p><p>milhões de pessoas em estado de privação. Em</p><p>termos relativos, a proporção foi ainda mais</p><p>elevada que a do Nordeste: oito a cada dez</p><p>pessoas.</p><p>A região Sul registrou uma situação também ruim.</p><p>Em 2022, eram quase 15,9 milhões de pessoas em</p><p>privação. A proporção de pessoas em privação foi</p><p>de um a cada dois habitantes, o mesmo índice</p><p>registrado na média nacional e no Centro-Oeste.</p><p>Considerando cada situação de privação individu-</p><p>almente, o estudo identificou:</p><p>Ÿ A privação de acesso à rede de coleta de esgoto</p><p>afetou 69,7 milhões de pessoas em 2022. A</p><p>incidência foi de 32,5% da população brasileira.</p><p>Quase 60% desses brasileiros moravam nas</p><p>regiões Nordeste e Norte. No Nordeste, 2 a</p><p>cada 10 pessoas estavam em situação de</p><p>privação desse tipo e no Norte, 4 a cada 10</p><p>pessoas. Entre 2013 e 2022, houve algum</p><p>avanço com a saída de 8,6 milhões de pessoas</p><p>desse estado de privação. Contudo, o ritmo de</p><p>redução dessa privação foi muito lento, de</p><p>apenas 1,3% ao ano.</p><p>Ÿ A irregularidade no fornecimento de água tratada</p><p>afetou 51,2 milhões de brasileiros em 2022. A</p><p>incidência foi de 23,9% da população do país.</p><p>46% desses brasileiros moravam na região</p><p>Nordeste. Lá, 4 a cada 10 pessoas estavam em</p><p>situação de privação desse tipo. O Sudeste</p><p>brasileiro tinha 12,5 milhões de pessoas com</p><p>privação de abastecimento regular, o que</p><p>representou 24,4% do total nacional. No Norte,</p><p>a incidência de pessoas com esse tipo de</p><p>privação foi de 44,4%, a maior entre todas as</p><p>regiões. A distribuição entre áreas é semelhante à</p><p>do problema de acesso à rede: metade das</p><p>pessoas com abastecimento irregular morava em</p><p>áreas rurais, onde a incidência dessa privação</p><p>foi de 23,3%. Nas áreas urbanas estava os</p><p>outros 50%, sendo que o problema também era</p><p>mais grave em termos relativos, pois a incidência</p><p>foi de 24,5%.</p><p>Ÿ A privação de reservatório de água afetou quase</p><p>32 milhões de pessoas em 2022. A incidência</p><p>foi de 14,9% da população de brasileiros.</p><p>Metade desses brasileiros morava nas regiões</p><p>Nordeste e Norte. No Nordeste, 2 a cada 10</p><p>pessoas estavam em situação de privação desse</p><p>tipo e no Norte, 3 a cada 10 pessoas. Neste</p><p>caso, chama a atenção o número e a incidência</p><p>de pessoas que moram em habitações sem</p><p>reservatório de água na região Sul: em 2022</p><p>foram 7,9 milhões de pessoas, ou ainda, 25,6%</p><p>do total de habitantes da região.</p><p>Ÿ A privação de acesso à rede geral de distribuição</p><p>de água tratada afetou 27,3 milhões de brasilei-</p><p>ros em 2022. A incidência foi de 12,7% da</p><p>população do país. Quase 60% desses brasilei-</p><p>ros moravam nas regiões Nordeste e Norte. No</p><p>Nordeste, 2 a cada 10 pessoas estavam em</p><p>situação de privação desse tipo e no Norte, 4 a</p><p>cada 10 pessoas. Quase a metade das pessoas</p><p>com privação à água tratada morava em áreas</p><p>6 | APRESENTAÇÃO</p><p>rurais, onde a incidência dessa privação foi de</p><p>12,1%. Nas áreas urbanas estava a outra</p><p>metade, sendo que o problema era mais grave</p><p>em termos relativos, pois a incidência foi de</p><p>13,4%.</p><p>Ÿ· A privação de banheiro de uso exclusivo afetou</p><p>4,4 milhões de brasileiros em 2022. A incidên-</p><p>cia foi de 2,1% da população do país. Mais de</p><p>95% desses brasileiros moravam nas regiões</p><p>Nordeste e Norte. No Norte, 8 a cada 100</p><p>pessoas estavam em situação de privação desse</p><p>tipo e no Nordeste, 5 a cada 100 pessoas. Esse</p><p>um problema concentrado na pobreza: do total</p><p>de pessoas com privação de banheiro, 76,2%</p><p>vivam em moradias com rendimento mensal</p><p>abaixo de R$ 2.400,00.</p><p>O estudo também identificou que a privação de</p><p>saneamento tem implicações sobre a saúde da</p><p>população. As principais relações analisadas</p><p>indicam que:</p><p>Ÿ A população que mora em residências com</p><p>privação de saneamento tem uma probabilida-</p><p>de significativamente maior de afastamento por</p><p>doença de veiculação hídrica. A falta de acesso</p><p>à rede de distribuição de água, a privação de</p><p>banheiro e a falta de acesso à rede coletora de</p><p>esgoto elevam a exposição a infecções gastroin-</p><p>testinais agudas e a doenças causadas por</p><p>inseto vetor.</p><p>Ÿ A população que mora em residências com</p><p>privação de acesso à água ou com privação de</p><p>banheiro tem uma probabilidade</p><p>0,9%</p><p>2,7%</p><p>7,3%</p><p>3,1%</p><p>16,1%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100%</p><p>3,6%</p><p>7,6%</p><p>1,0%</p><p>2,0%</p><p>2,6% 1,6%</p><p>3,3%</p><p>13,0%</p><p>1,3%</p><p>6,3%</p><p>0,1%</p><p>0,3%</p><p>27,7%</p><p>18,4%</p><p>6,7%</p><p>25,9%</p><p>13,4%</p><p>53,6%</p><p>19,2%</p><p>28,7%</p><p>36,2%</p><p>20,2%</p><p>9,3%</p><p>23,9%</p><p>9,9%</p><p>23,5%</p><p>26,2%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>6,9%</p><p>4,5%</p><p>19,0%</p><p>12,8%</p><p>40,2%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 14,7%</p><p>34,0%</p><p>31,6%</p><p>9,0%</p><p>22,1%</p><p>10,9% 16,6%</p><p>4,6%</p><p>8,5%</p><p>27,0%</p><p>13,4%</p><p>5,8%</p><p>5,8%</p><p>5.268</p><p>10.602</p><p>5.905</p><p>7.904</p><p>2.275</p><p>324</p><p>173</p><p>2.100</p><p>1.166</p><p>1.821</p><p>349</p><p>863</p><p>985</p><p>771</p><p>621-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>290</p><p>793</p><p>2.213</p><p>985</p><p>4.706</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 31.954</p><p>1.399</p><p>2.746</p><p>324</p><p>611</p><p>782 558</p><p>983</p><p>3.839</p><p>463</p><p>1.927</p><p>60</p><p>103</p><p>16,5%</p><p>33,2%</p><p>18,5%</p><p>24,7%</p><p>7,1%</p><p>1,0%</p><p>0,5%</p><p>6,6%</p><p>3,6%</p><p>5,7%</p><p>1,1%</p><p>2,7%</p><p>3,1%</p><p>2,4%</p><p>1,9%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>0,9%</p><p>2,5%</p><p>6,9%</p><p>3,1%</p><p>14,7%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>4,4%</p><p>8,6%</p><p>1,0%</p><p>1,9%</p><p>2,4% 1,7%</p><p>3,1%</p><p>12,0%</p><p>1,4%</p><p>6,0%</p><p>0,2%</p><p>0,3%</p><p>28,1%</p><p>18,8%</p><p>6,5%</p><p>25,9%</p><p>13,6%</p><p>54,2%</p><p>19,5%</p><p>29,4%</p><p>36,1%</p><p>19,9%</p><p>9,8%</p><p>23,2%</p><p>10,5%</p><p>23,6%</p><p>26,5%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>7,0%</p><p>4,5%</p><p>19,0%</p><p>13,3%</p><p>41,0%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 15,0%</p><p>34,1%</p><p>31,2%</p><p>9,1%</p><p>21,8%</p><p>10,7% 17,8%</p><p>4,6%</p><p>8,2%</p><p>28,7%</p><p>13,1%</p><p>6,7%</p><p>5,6%</p><p>milhões e 2,213 milhões de habitantes sem reserva-</p><p>tórios de água em suas residências. Em termos</p><p>relativos, a falta de caixa d'água atingiu 41% da</p><p>população do Rio Grande do Sul e 20% da popula-</p><p>ção do Paraná. No Norte, também havia uma</p><p>parcela considerável da população com essa</p><p>privação: 5,268 milhões de pessoas ainda viviam</p><p>em moradias sem caixa d'água. Em termos relati-</p><p>vos, 28,1% da população do Norte brasileiro não</p><p>dispunham desse bem em suas residências.</p><p>Do total das moradias brasileiras com privação de</p><p>reservatório de água em 2022, 87,3% estavam em</p><p>áreas urbanas e 12,7% em áreas rurais, indicando</p><p>uma privação desse bem maior nas moradias do</p><p>meio urbano. A frequência relativa, contudo, foi</p><p>muito parecida entre as duas regiões: 14,7% das</p><p>moradias urbanas não dispunham de caixa d'água</p><p>enquanto que 15,3% das moradias rurais não</p><p>dispunham de bem. Em termos populacionais, a</p><p>distribuição também foi distinta: 49,5% da popula-</p><p>ção sem reservatório d'água morava nas áreas</p><p>urbanas das cidades brasileiras, enquanto que</p><p>50,5% das pessoas em privação estavam nas áreas</p><p>rurais. Assim, o percentual da população total de</p><p>cada região que estava em privação de caixa</p><p>d'água acabou sendo bem parecido entre todos os</p><p>habitantes seja das áreas urbanas, seja das áreas</p><p>rurais.</p><p>5.2. Evolução temporal</p><p>Assim como no caso de acesso à água tratada, no</p><p>caso da privação de disponibilidade de reservató-</p><p>rio de água, só há informações históricas compatí-</p><p>veis desde o ano de 2016. Desse ano até 2022, o</p><p>número de moradias em privação cresceu de</p><p>10,157 milhões para 10,856 milhões, indicando</p><p>que o crescimento de acesso a essa infraestrutura</p><p>não acompanhou o crescimento do número de</p><p>moradias nesse período. A taxa de crescimento foi</p><p>de 1,1% ao ano, acumulando um aumento de 6,9%</p><p>entre 2016 e 2022 no número de habitações sem</p><p>reservatório de água. Em termos relativos, o percen-</p><p>tual de moradias em privação caiu de 15,1% do</p><p>total de habitações em 2016 para 14,6% do total</p><p>de moradias no país. Isso equivaleu a uma redução</p><p>de 0,5 pontos percentuais.</p><p>Em termos populacionais, os dados históricos</p><p>mostram uma tendência distinta de redução da</p><p>privação de disponibilidade de caixa d'água. Entre</p><p>2016 e 2022, o número de pessoas em privação</p><p>ficou praticamente estável, com variação de</p><p>apenas 0,1% no acumulado do período. Em termos</p><p>relativos, o percentual de pessoas em privação caiu</p><p>de 15,6% da população brasileira em 2016 para</p><p>14,9% dos brasileiros em 2022, indicando uma</p><p>redução de 0,7 pontos percentuais.</p><p>PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA | 47</p><p>Tabela 5.1</p><p>Distribuição das moradias e da população por áreas rural e</p><p>urbana e parcelas das moradias e das populações em privação</p><p>de disponibilidade de reservatório de água, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Urbano Rural Total</p><p>(%) do total das moradias em privação 87,3% 12,7% 100,0%</p><p>(%) das moradias em cada área 14,7% 15,3% 14,7%</p><p>(%) do total da população em privação 49,5% 50,5% 100,0%</p><p>(%) da população de cada área 15,2% 14,8% 15,0%</p><p>Moradias</p><p>População</p><p>Gráfico 5.1</p><p>Evolução das moradias com privação de disponibilidade de reservatório de água, Brasil</p><p>48 | PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>Gráfico 5.2</p><p>Evolução das população com privação de disponibilidade de reservatório de água, Brasil</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em milhões Em (%) do total de moradias</p><p>Em milhões Em (%) do total de pessoas</p><p>10,2</p><p>10,9 10,9</p><p>9,6</p><p>10,0</p><p>10,4</p><p>10,8</p><p>11,2</p><p>2016 2019 2022</p><p>15,1%</p><p>15,4%</p><p>14,6%</p><p>14,0%</p><p>14,4%</p><p>14,8%</p><p>15,2%</p><p>15,6%</p><p>2016 2019 2022</p><p>32,0</p><p>33,4</p><p>32,0</p><p>31</p><p>32</p><p>33</p><p>34</p><p>2016 2019 2022</p><p>15,6%</p><p>15,9%</p><p>14,9%</p><p>14%</p><p>15%</p><p>16%</p><p>17%</p><p>2016 2019 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA | 49</p><p>5.3. Perfil das moradias em privação</p><p>A imensa maioria das habitações em estado de</p><p>privação de disponibilidade de reservatório de</p><p>água era de casas. Os apartamentos com esse</p><p>perfil responderam por apenas 6,9% do total das</p><p>10,856 milhões de habitações com privação de</p><p>reservatório de água em 2022 e as moradias em</p><p>cômodos, por 7,6%. Contudo, o problema da</p><p>privação de caixa d'água é relativamente maior nas</p><p>habitações em cômodos: 23 a cada 100 moradias</p><p>desse tipo estavam em situação de privação. No</p><p>caso das moradias em casas, 16 a cada 100</p><p>estavam nessa condição em 2022.</p><p>Os dados do Gráfico 5.4 mostram que o problema</p><p>da privação de disponibilidade de caixa d'água é</p><p>mais intenso entre as moradias com materiais de</p><p>acabamento inadequados. Por exemplo, do total de</p><p>habitações feitas de taipa sem revestimento, 52,2%</p><p>estavam em situação de privação de reservatório de</p><p>água. Nas moradias feitas de madeira aproveitada</p><p>esse índice foi de 42,7%. Entre as habitações feitas</p><p>com alvenaria revestida, apenas 12,9% estava em</p><p>situação de privação de reservatório de água.</p><p>Quando se considera o material do telhado das</p><p>moradias, algo parecido ocorre. A parcela das</p><p>moradias em privação de disponibilidade de</p><p>reservatório de água foi relativamente mais elevada</p><p>nas habitações com cobertura de telhas metálicas</p><p>ou de outros tipos de coberturas, como madeira</p><p>aproveitada e palha. Nas moradias com telhado de</p><p>laje e laje com telhas, a privação de reservatório de</p><p>água foi menos frequente.</p><p>Nas moradias cujo piso é de terra, foi extremamente</p><p>elevada (55,7%) a parcela das habitações que não</p><p>tinham reservatório de água. Nas casas com piso</p><p>de madeira ou de cimento também eram relativa-</p><p>mente elevadas as parcelas de moradias em estado</p><p>de privação de caixa d'água: 19,7% e 26,9%,</p><p>respectivamente.</p><p>O problema da privação de disponibilidade de</p><p>reservatório de água também está relacionado a</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 5.3</p><p>Distribuição das moradias com privação de disponibilidade de reservatório</p><p>de água por tipo de habitação e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Casa</p><p>92,9%</p><p>Apartamento</p><p>6,9%</p><p>Habitação</p><p>em cômodo</p><p>0,2%</p><p>16,1%</p><p>6,8%</p><p>23,4%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Casa Apartamento Habitação em cômodo</p><p>50 | PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>Gráfico 5.4</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, por material das paredes, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 5.5</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, por material da cobertura, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante</p><p>Consultoria Econômica.</p><p>12,9%</p><p>25,5%</p><p>52,2%</p><p>33,1%</p><p>42,7%</p><p>21,6%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>Alvenaria ou taipa</p><p>com revestimento</p><p>Alvenaria sem</p><p>revestimento</p><p>Taipa sem</p><p>revestimento</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Madeira</p><p>aproveitada</p><p>Outro material</p><p>21,8%</p><p>6,0%</p><p>7,3%</p><p>26,5%</p><p>30,4%</p><p>28,0%</p><p>14,7%</p><p>0%</p><p>7%</p><p>14%</p><p>21%</p><p>28%</p><p>35%</p><p>Telha sem laje</p><p>de concreto</p><p>Telha com laje</p><p>de concreto</p><p>Somente laje de</p><p>concreto</p><p>Madeira</p><p>apropriada para</p><p>construção</p><p>Zinco,alumínio</p><p>ou chapa</p><p>metálica</p><p>Outro material Total</p><p>PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA | 51</p><p>Gráfico 5.6</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, por material do piso, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 5.7</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, por destino do lixo, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>12,3%</p><p>19,7%</p><p>26,9%</p><p>55,7%</p><p>17,8%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>Cerâmica, lajota ou</p><p>pedra</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Cimento Terra Outro material</p><p>14,2%</p><p>18,4%</p><p>17,2% 16,7%</p><p>27,9%</p><p>18,3%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>Coletado</p><p>diretamente por</p><p>serviço de limpeza</p><p>Coletado em</p><p>caçamba de</p><p>serviço de limpeza</p><p>Queimado (na</p><p>propriedade)</p><p>Enterrado (na</p><p>propriedade)</p><p>Jogado em terreno</p><p>baldio ou</p><p>logradouro</p><p>Outro destino</p><p>52 | PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>outro problema sanitário, que é a coleta de lixo. Isso</p><p>fez com que a parcela das habitações que não</p><p>tinham reservatório de água fosse relativamente</p><p>mais elevadas nas habitações cujo lixo é jogado em</p><p>terreno baldio (27,9%). Nas moradias em que o lixo</p><p>é coletado diretamente por serviço de limpeza</p><p>pública, o problema da falta de reservatório foi de</p><p>14,2% do total de moradias.</p><p>A grande maioria das moradias em privação de</p><p>disponibilidade de reservatório de água era de</p><p>habitações próprias (66,1%) e outra parcela</p><p>elevada de moradias era alugada (21,6%).</p><p>Contudo, foi identificada uma frequência relativa</p><p>grande de moradias com privação de reservatório</p><p>de água em moradias cedidas por empregador:</p><p>20,0% das habitações cedidas não tinham caixa</p><p>d'água e no caso das moradias próprias essa taxa</p><p>foi de 14,0% em 2022.</p><p>5.4. Perfil da população em privação</p><p>Dos 31,954 milhões de pessoas morando em</p><p>habitações com indisponibilidade de reservatório</p><p>de água em 2022, 49,5% eram homens e 50,5%</p><p>eram mulheres. Em termos relativos, a frequência de</p><p>homens nessa condição de moradia foi de 15,2% e</p><p>a frequência de mulheres foi de 14,8%, resultando</p><p>numa frequência media ponderada de 15,0% da</p><p>população total.</p><p>O Gráfico 5.10 traz a frequência relativa da</p><p>população com privação de reservatório de água</p><p>por faixa etária em 2022. Observa-se que essa</p><p>frequência é maior nos grupos etários mais jovens.</p><p>Na população com idade até 4 anos, 18,5%</p><p>moravam em habitações sem caixa d'água. Essa</p><p>taxa cai nas populações de maior idade, chegando</p><p>a 12,0% para o grupo de pessoas com 80 anos ou</p><p>mais de idades. Por essa razão, 53,4% dos</p><p>Gráfico 5.8</p><p>Distribuição das moradias com privação de disponibilidade de reservatório de</p><p>água por propriedade do imóvel e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Próprio</p><p>66,1%</p><p>Alugado</p><p>21,6% Cedido</p><p>12,0%</p><p>Outra condição</p><p>0,3%</p><p>14,0%</p><p>14,9%</p><p>20,0%</p><p>21,6%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Próprio Alugado Cedido Outra condição</p><p>31,954 milhões de pessoas morando em habita-</p><p>ções sem reservatório de água em 2022 tinham</p><p>menos de 20 anos de idade, o que mostra que esse</p><p>é um problema concentrado na população mais</p><p>jovem e nas famílias com um número maior de filhos.</p><p>Com relação à raça autodeclarada, observa-se que</p><p>a privação de disponibilidade de reservatório de</p><p>água foi maior nas pessoas pardas, respondendo</p><p>por mais da metade da população brasileira em</p><p>2022. A população autodeclarada branca</p><p>respondeu por 35,3% e a autodeclarada negra,</p><p>por outros 11,6%. Em termos relativos, contudo, a</p><p>maior frequência ocorreu na população indígena,</p><p>onde 23 a cada 100 pessoas estavam na condi-</p><p>ção de privação de caixa d'água. A frequência</p><p>também é mais elevada nos grupos de pessoas</p><p>autodeclaradas pardas (17,2%).</p><p>Do ponto de vista educacional, a grande maioria</p><p>da população em estado de privação disponibilida-</p><p>de de caixa d'água não tinha o ensino fundamental</p><p>completo (39,7%). O peso da população que</p><p>completou o ensino superior foi bem menor, de</p><p>apenas 6,4% do total da população brasileira em</p><p>2022.</p><p>A frequência relativa da população com privação</p><p>desse equipamento também foi bastante variável</p><p>conforme o nível de instrução. Observa-se que essa</p><p>frequência é maior nos grupos de menor instrução.</p><p>Na população sem instrução, 18,9% moravam em</p><p>habitações sem caixa d'água. Essa taxa cai</p><p>conforme aumenta o grau de instrução da popula-</p><p>ção, chegando a 6,7% para o grupo demográfico</p><p>com ensino superior completo.</p><p>O Gráfico 5.13 traz a distribuição da população</p><p>com privação de reservatório de água por faixa de</p><p>rendimento mensal domiciliar em 2022. Nota-se</p><p>uma forte concentração dessa privação nos domicí-</p><p>lios de baixa renda: 44,5% do total de 31,954</p><p>milhões de pessoas em privação de caixa d'água</p><p>moravam em domicílios em que a renda total foi de,</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 5.9</p><p>Distribuição da população com privação de disponibilidade de</p><p>reservatório de água por gênero e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA | 53</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada gênero</p><p>Homem</p><p>49,5%</p><p>Mulher</p><p>50,5%</p><p>15,2%</p><p>14,8%</p><p>15,0%</p><p>14,0%</p><p>14,4%</p><p>14,8%</p><p>15,2%</p><p>15,6%</p><p>Homem Mulher Total da população</p><p>54 | PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>Gráfico 5.10</p><p>Frequência relativa da população com privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, por faixa etária, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 5.11</p><p>Distribuição da população com privação de disponibilidade de reservatório</p><p>de água por raça autodeclarada e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada raça autodeclarada</p><p>18,5%</p><p>17,4% 17,4% 16,9%</p><p>14,3%</p><p>13,2%</p><p>12,0% 12,0%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>de 0 a 4 anos de 5 a 14 anos de 15 a 19</p><p>anos</p><p>de 20 a 29</p><p>anos</p><p>30 a 39 anos de 40 a 59</p><p>anos</p><p>de 60 a 79</p><p>anos</p><p>mais de 80</p><p>anos</p><p>Branca</p><p>35,3%</p><p>Preta</p><p>11,6%Amarela</p><p>0,6%</p><p>Parda</p><p>51,7%</p><p>Indígena</p><p>0,7%</p><p>12,4%</p><p>16,5%</p><p>11,5%</p><p>17,2%</p><p>22,7%</p><p>0%</p><p>7%</p><p>14%</p><p>21%</p><p>28%</p><p>Branca Preta Amarela Parda Indígena</p><p>PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA | 55</p><p>Gráfico 5.12</p><p>Distribuição da população com privação de disponibilidade de reservatório</p><p>de água por grau de instrução e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 5.13</p><p>Distribuição da população com privação de disponibilidade de reservatório de</p><p>água por faixa de rendimento mensal domiciliar e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Sem instrução e menos</p><p>de 1 ano de estudo</p><p>10,1%</p><p>Fundamental incompleto</p><p>ou equivalente</p><p>39,7%</p><p>Fundamental completo</p><p>ou equivalente</p><p>8,5%</p><p>Médio incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>8,7%</p><p>Médio completo ou</p><p>equivalente</p><p>23,6%</p><p>Superior incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>3,0%</p><p>Superior completo</p><p>6,4%</p><p>18,9%</p><p>18,2%</p><p>16,7%</p><p>17,7%</p><p>13,1%</p><p>10,0%</p><p>6,7%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>Sem</p><p>instrução e</p><p>menos de 1</p><p>ano de</p><p>estudo</p><p>Fundamental</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Fundamental</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Até R$ 2.400,00</p><p>44,5%</p><p>De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>31,9%</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>14,5%</p><p>Mais de R$ 8.000,00</p><p>6,7%</p><p>21,8%</p><p>15,8%</p><p>11,2%</p><p>6,1%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Até R$ 2.400,00 De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>Mais de R$</p><p>8.000,00</p><p>56 | PRIVAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>Gráfico 5.14</p><p>Distribuição da população com privação de disponibilidade de reservatório</p><p>de água por grau de pobreza e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>no máximo, R$ 2.400,00 por mês. Outros 31,9%</p><p>das pessoas em privação moravam em residências</p><p>cuja renda mensal domiciliar variava entre R$</p><p>2.400,01 e R$ 4.400,00. Essas duas classes de</p><p>renda totalizaram quase 77% da população em</p><p>estado de privação de caixa d'água.</p><p>Por fim, identificou que 26,0% da população</p><p>morando em habitações sem reservatório de água</p><p>estavam abaixo da linha de pobreza em 2022.</p><p>Contudo, quando se olha a frequência relativa essa</p><p>situação se inverte: 24,2% das pessoas vivendo</p><p>abaixo da linha de pobreza tinha privação de</p><p>caixa d'água, enquanto que apenas 13,2% da</p><p>população acima da linha de pobreza tinham essa</p><p>privação.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Acima da linha de pobreza</p><p>74,0%</p><p>Abaixo da linha de pobreza</p><p>26,0%</p><p>13,2%</p><p>24,2%</p><p>15,0%</p><p>0%</p><p>6%</p><p>12%</p><p>18%</p><p>24%</p><p>30%</p><p>Acima da linha de</p><p>pobreza</p><p>Abaixo da linha de</p><p>pobreza</p><p>Total da população</p><p>Onde estão as maiores</p><p>populações afetadas?</p><p>Onde esse problema</p><p>é mais comum?</p><p>em milhares</p><p>de pessoas</p><p>1 Rio Grande do Sul 4.706</p><p>2 São Paulo 3.839</p><p>3 Pará 2.746</p><p>4 Paraná 2.213</p><p>5 Maranhão 2.100</p><p>6 Bahia 1.927</p><p>7 Ceará 1.821</p><p>8 Amazonas 1.399</p><p>9 Piauí 1.166</p><p>10 Santa Catarina 985</p><p>11 Pernambuco 985</p><p>12 Minas Gerais 983</p><p>13 Paraíba 863</p><p>14 Rio de Janeiro 793</p><p>15 Goiás 782</p><p>16 Alagoas 771</p><p>17 Sergipe 621</p><p>18 Mato Grosso do Sul 611</p><p>19 Distrito Federal 558</p><p>20 Tocantins 463</p><p>21 Rio Grande do Norte 349</p><p>22 Roraima 324</p><p>23 Mato Grosso 324</p><p>24 Espírito Santo 290</p><p>25 Amapá 173</p><p>26 Rondônia 103</p><p>27 Acre 60</p><p>em (%) da</p><p>população</p><p>54,2% Roraima 1</p><p>41,0% Rio Grande do Sul 2</p><p>36,1% Piauí 3</p><p>34,1% Amazonas 4</p><p>31,2% Pará 5</p><p>29,4% Maranhão 6</p><p>28,7% Tocantins 7</p><p>26,5% Sergipe 8</p><p>23,6% Alagoas 9</p><p>23,2% Paraíba 10</p><p>21,8% Mato Grosso do Sul 11</p><p>19,9% Ceará 12</p><p>19,5% Amapá 13</p><p>19,0% Paraná 14</p><p>17,8% Distrito Federal 15</p><p>13,3% Santa Catarina 16</p><p>13,1% Bahia 17</p><p>10,7% Goiás 18</p><p>10,5% Pernambuco 19</p><p>9,8% Rio Grande do Norte 20</p><p>9,1% Mato Grosso 21</p><p>8,2% São Paulo 22</p><p>7,0% Espírito Santo 23</p><p>6,7% Acre 24</p><p>5,6% Rondônia 25</p><p>4,6% Minas Gerais 26</p><p>4,5% Rio de Janeiro 27</p><p>6</p><p>PRIVAÇÃO</p><p>DE BANHEIRO</p><p>3.1. Distribuição regional</p><p>As estatísticas da PNADC dão conta de que 1,332</p><p>milhão de moradias não tinham banheiro de uso</p><p>exclusivo do domicílio em 2022. Esse número</p><p>correspondeu a 1,8% do total de residências no</p><p>país.</p><p>A maior parte das moradias com privação de</p><p>banheiro (63,1%) estava localizada nos estados do</p><p>Nordeste brasileiro, totalizando 841 mil habitações</p><p>em 2022. Entre os estado do Nordeste, a maior</p><p>concentração de moradias com essa privação</p><p>estava no Maranhão, Bahia e Piauí. Na região</p><p>Nordeste, cerca de 4 a cada 100 moradias ainda</p><p>não tinham banheiro de uso exclusivo.</p><p>No Norte, o problema também foi grave, com 401</p><p>mil moradias sem banheiro de uso exclusivo, o que</p><p>correspondeu a 30,1% do total nacional. Neste</p><p>caso, contudo, a parcela que essas moradias</p><p>representam no total de habitações foi ainda maior</p><p>do que a nordestina: 7 a cada 100 domicílios do</p><p>Norte não dispunham de banheiro de uso exclusivo</p><p>em 2022. Os maiores problemas estavam nos</p><p>estados do Pará e Amazonas, onde se situavam</p><p>respectivamente 255 mil e 92 mil residências sem</p><p>banheiro de uso exclusivo. Em termos relativos, a</p><p>falta de banheiro atingiu 10 a cada 100 moradias</p><p>paraenses e 8 a cada 100 residências amazonen-</p><p>ses.</p><p>Nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com</p><p>exceção do estado de Minas Gerais, a falta de</p><p>banheiro foi um problema relativamente menor.</p><p>Nesses estados, menos de 0,3% das moradias</p><p>tinham privação de banheiro em 2022.</p><p>O número de brasileiros que moravam nas habita-</p><p>ções com privação de banheiro foi de 4,412</p><p>milhões pessoas em 2022. Isso correspondeu a</p><p>2,1% da população brasileira. Em termos populaci-</p><p>onais, a maior parte do problema (60,8%) também</p><p>estava localizada nos estados do Nordeste brasilei-</p><p>ro, totalizando 2,680 milhões de pessoas em</p><p>2022. A maior concentração de pessoas com essa</p><p>privação estava nos estados do Maranhão, Bahia e</p><p>Piauí. No Maranhão, aproximadamente 13 a cada</p><p>100 habitantes ainda não tinham banheiro de uso</p><p>exclusivo.</p><p>No Norte, o problema foi mais grave, pois havia</p><p>1,531 milhão de pessoas vivendo em moradias</p><p>sem banheiro de uso exclusivo. Esse contingente</p><p>demográfico correspondeu a 34,7% do total</p><p>nacional. Neste caso, a parcela que essas pessoas</p><p>representam do total de habitantes foi ainda maior</p><p>do que a nordestina: 8 a cada 100 pessoas não</p><p>401</p><p>841</p><p>64</p><p>20</p><p>6</p><p>4</p><p>2</p><p>253</p><p>101</p><p>85</p><p>17</p><p>45</p><p>97</p><p>39</p><p>15-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1</p><p>5</p><p>10</p><p>4</p><p>6</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 1.332</p><p>92</p><p>255</p><p>4</p><p>1</p><p>1 0</p><p>35</p><p>24</p><p>8</p><p>191</p><p>36</p><p>4</p><p>30,1%</p><p>63,1%</p><p>4,8%</p><p>1,5%</p><p>0,4%</p><p>0,3%</p><p>0,1%</p><p>19,0%</p><p>7,6%</p><p>6,3%</p><p>1,3%</p><p>3,3%</p><p>7,3%</p><p>2,9%</p><p>1,1%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>0,1%</p><p>0,3%</p><p>0,7%</p><p>0,3%</p><p>0,4%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100%</p><p>6,9%</p><p>19,1%</p><p>0,3%</p><p>0,0%</p><p>0,0% 0,0%</p><p>2,6%</p><p>1,8%</p><p>0,6%</p><p>14,3%</p><p>2,7%</p><p>0,3%</p><p>7,1%</p><p>4,4%</p><p>0,2%</p><p>0,2%</p><p>0,1%</p><p>2,5%</p><p>0,8%</p><p>11,8%</p><p>9,8%</p><p>2,7%</p><p>1,4%</p><p>3,3%</p><p>2,9%</p><p>3,5%</p><p>1,8%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>0,1%</p><p>0,1%</p><p>0,2%</p><p>0,2%</p><p>0,1%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 1,8%</p><p>7,9%</p><p>9,7%</p><p>0,3%</p><p>0,1%</p><p>0,0% 0,0%</p><p>0,5%</p><p>0,1%</p><p>1,6%</p><p>3,6%</p><p>12,6%</p><p>0,6%</p><p>Mapa 6.1</p><p>Moradias em privação de banheiro, 2022</p><p>Mapa 6.2</p><p>População em privação de banheiro, 2022</p><p>em milhares de</p><p>moradias</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias no país</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias em</p><p>cada região</p><p>1.531</p><p>2.680</p><p>144</p><p>39</p><p>17</p><p>15</p><p>7</p><p>916</p><p>335</p><p>251</p><p>50</p><p>136</p><p>282</p><p>131</p><p>39-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1</p><p>6</p><p>21</p><p>9</p><p>9</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 4.412</p><p>354</p><p>984</p><p>14</p><p>1</p><p>1 1</p><p>94</p><p>43</p><p>22</p><p>540</p><p>139</p><p>11</p><p>34,7%</p><p>60,8%</p><p>3,3%</p><p>0,9%</p><p>0,4%</p><p>0,3%</p><p>0,2%</p><p>20,8%</p><p>7,6%</p><p>5,7%</p><p>1,1%</p><p>3,1%</p><p>6,4%</p><p>3,0%</p><p>0,9%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>0,0%</p><p>0,1%</p><p>0,5%</p><p>0,2%</p><p>0,2%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>8,0%</p><p>22,3%</p><p>0,3%</p><p>0,0%</p><p>0,0% 0,0%</p><p>2,1%</p><p>1,0%</p><p>0,5%</p><p>12,2%</p><p>3,2%</p><p>0,3%</p><p>8,1%</p><p>4,6%</p><p>0,2%</p><p>0,1%</p><p>0,1%</p><p>2,5%</p><p>0,8%</p><p>12,8%</p><p>10,2%</p><p>2,7%</p><p>1,4%</p><p>3,3%</p><p>2,9%</p><p>3,9%</p><p>1,7%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>0,0%</p><p>0,0%</p><p>0,2%</p><p>0,1%</p><p>0,1%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 2,1%</p><p>8,5%</p><p>11,2%</p><p>0,4%</p><p>0,1%</p><p>0,0% 0,0%</p><p>0,4%</p><p>0,1%</p><p>1,3%</p><p>3,6%</p><p>15,4%</p><p>0,6%</p><p>em milhares de</p><p>pessoas</p><p>e</p><p>da população</p><p>m (%) do total</p><p>em (%) do total</p><p>de pessoas em</p><p>cada região</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>dispunham de banheiro de uso exclusivo em 2022.</p><p>Na região Norte, os maiores problemas estavam</p><p>novamente nos estados do Pará e Amazonas, onde</p><p>se situavam respectivamente 984 mil e 354 mil</p><p>habitantes sem banheiro de uso exclusivo. Em</p><p>termos relativos, a falta de banheiro atingiu 10 a</p><p>cada 100 paraenses e 8 a cada 100 amazonen-</p><p>ses. O pior índice relativo foi observado no Acre,</p><p>estado em que aproximadamente 13 a cada 100</p><p>pessoas moravam em residências sem banheiro de</p><p>uso exclusivo.</p><p>Do total das moradias brasileiras com privação de</p><p>banheiro em 2022, 27,4% estavam em áreas</p><p>urbanas e 72,6% em áreas rurais, indicando uma</p><p>inadequação maior das moradias no meio rural.</p><p>Essa ideia é corroborada pelo fato de que 10 a</p><p>cada 100 moradias rurais não dispunham de</p><p>banheiro de uso exclusivo. Em termos populaciona-</p><p>is, contudo, a distribuição foi bem distinta: 52,8%</p><p>da população sem banheiro de uso exclusivo</p><p>morava nas áreas urbanas das cidades brasileiras,</p><p>enquanto que apenas 47,2% das pessoas em</p><p>privação estavam nas áreas rurais.</p><p>Assim, o percen-</p><p>tual da população total de cada região que estava</p><p>em privação de banheiro acabou sendo um pouco</p><p>maior entre os habitantes de áreas urbanas.</p><p>6.2. Evolução temporal</p><p>No caso da privação de banheiro, há informações</p><p>históricas compatíveis desde o ano de 2013. Desse</p><p>ano até 2022, o número de moradias em privação</p><p>caiu de 1,918 milhão para 1,332 milhão, indican-</p><p>do a recuperação de 587 mil domicílios que</p><p>estavam em situação de déficit. A taxa de queda foi</p><p>de 4,0% ao ano, acumulando uma redução de</p><p>30,6% entre 2013 e 2022 no número de habita-</p><p>ções sem banheiro de uso exclusivo. Em termos</p><p>relativos, o percentual de moradias em privação</p><p>caiu de 2,9% do total de habitações em 2013 para</p><p>1,8% do total de moradias no país em 2022. Isso</p><p>equivaleu a uma redução de 1,1 ponto percentual.</p><p>Em termos populacionais, os dados históricos</p><p>apontam para uma tendência mais intensa de</p><p>redução da privação de banheiro. Entre 2013 e</p><p>2022, o número de pessoas em privação caiu de</p><p>6,532 milhões para 4,412 milhões, indicando a</p><p>retirada de mais de 2 milhões de pessoas da</p><p>situação de privação desse equipamento prioritário</p><p>de saneamento. A taxa de queda foi de 4,3% ao</p><p>ano, acumulando uma redução de 32,4% entre</p><p>2013 e 2022 no número de pessoas morando em</p><p>residências sem banheiro de uso exclusivo. Em</p><p>termos relativos, o percentual de pessoas em</p><p>PRIVAÇÃO DE BANHEIRO | 61</p><p>Tabela 6.1</p><p>Distribuição das moradias e da população por áreas</p><p>rural e urbana e parcelas das moradias e das</p><p>populações em privação de banheiro, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Urbano Rural Total</p><p>(%) do total das moradias em privação 27,4% 72,6% 100,0%</p><p>(%) das moradias em cada área 0,6% 10,3% 1,8%</p><p>(%) do total da população em privação 52,8% 47,2% 100,0%</p><p>(%) da população de cada área 2,2% 1,9% 2,1%</p><p>Moradias</p><p>População</p><p>Gráfico 6.1</p><p>Evolução das moradias com privação de banheiro, Brasil</p><p>62 | PRIVAÇÃO DE BANHEIRO</p><p>1,918</p><p>1,080</p><p>1,626</p><p>1,332</p><p>0</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>2,9%</p><p>1,6%</p><p>2,3%</p><p>1,8%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>Gráfico 6.2</p><p>Evolução das população com privação de banheiro, Brasil</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>6,523</p><p>3,530</p><p>5,582</p><p>4,412</p><p>0</p><p>2</p><p>4</p><p>6</p><p>8</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>3,2%</p><p>1,7%</p><p>2,7%</p><p>2,1%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>4%</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>Em milhões Em (%) do total de moradias</p><p>Em milhões Em (%) do total de pessoas</p><p>PRIVAÇÃO DE BANHEIRO | 63</p><p>privação caiu de 3,2% população brasileira em</p><p>2013 para 2,1% dos brasileiros em 2022.</p><p>6.3. Perfil das moradias em privação</p><p>A imensa maioria das habitações em estado de</p><p>privação de banheiro era de casas. Os apartamen-</p><p>tos com essa característica responderam por</p><p>apenas 0,3% do total das 1,3 milhão de habitações</p><p>com privação de banheiro em 2022 e as moradias</p><p>em cômodos, por 0,6%. Contudo, o problema da</p><p>privação de banheiro é relativamente maior nas</p><p>habitações de cômodos: 8 a cada 100 moradias</p><p>desse tipo estavam em situação de privação. No</p><p>caso das moradias em casas, 2 a cada 100</p><p>estavam nessa condição em 2022.</p><p>Os dados do Gráfico 6.4 revelam que o problema</p><p>da privação de banheiro é mais intenso entre as</p><p>moradias com materiais de acabamento inadequa-</p><p>dos. Por exemplo, do total de habitações feitas de</p><p>taipa sem revestimento, 52,9% estavam em situa-</p><p>ção de privação de banheiro de uso exclusivo. Os</p><p>índices relativos superavam mais de 10% nas</p><p>habitações feitas de madeira e nas feitas com outros</p><p>materiais. Entre as habitações feitas com alvenaria</p><p>revestida, apenas 0,9% estava em situação de</p><p>privação de banheiro.</p><p>Quando se considera o material do telhado das</p><p>moradias, algo semelhante ocorre. A parcela das</p><p>moradias em privação de banheiro foi relativamente</p><p>mais elevada nas habitações com cobertura de</p><p>telhas metálicas ou de outros tipos de coberturas,</p><p>como madeira aproveitada e palha. Nas moradias</p><p>com telhado de laje e laje com telhas, a privação de</p><p>banheiro foi pouco frequente.</p><p>Nas moradias cujo piso é de terra, foi extremamente</p><p>elevada a parcela das habitações que não tinham</p><p>banheiro de uso exclusivo (58,5%). Nas casas com</p><p>piso de madeira ou de cimento também eram</p><p>relativamente elevadas as parcelas de moradias em</p><p>estado de privação de banheiro: 5,0% e 7,7%,</p><p>respectivamente.</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 6.3</p><p>Distribuição das moradias com privação de banheiro por</p><p>tipo de habitação e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Casa</p><p>99,1%</p><p>Apartamento</p><p>0,3%</p><p>Habitação</p><p>em cômodo</p><p>0,6%</p><p>2,1%</p><p>0,0%</p><p>7,6%</p><p>0%</p><p>2%</p><p>4%</p><p>6%</p><p>8%</p><p>Casa Apartamento Habitação em cômodo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>64 | PRIVAÇÃO DE BANHEIRO</p><p>Gráfico 6.4</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de banheiro,</p><p>por material das paredes, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 6.5</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de banheiro,</p><p>por material da cobertura, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>0,9%</p><p>5,3%</p><p>52,9%</p><p>10,3%</p><p>14,4% 13,3%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>Alvenaria ou taipa</p><p>com revestimento</p><p>Alvenaria sem</p><p>revestimento</p><p>Taipa sem</p><p>revestimento</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Madeira</p><p>aproveitada</p><p>Outro material</p><p>3,0%</p><p>0,2% 0,1%</p><p>4,9%</p><p>8,0%</p><p>9,8%</p><p>0%</p><p>3%</p><p>6%</p><p>9%</p><p>12%</p><p>Telha sem laje de</p><p>concreto</p><p>Telha com laje de</p><p>concreto</p><p>Somente laje de</p><p>concreto</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Zinco,alumínio ou</p><p>chapa metálica</p><p>Outro material</p><p>PRIVAÇÃO DE BANHEIRO | 65</p><p>Gráfico 6.6</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de banheiro,</p><p>por material do piso, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 6.7</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de banheiro,</p><p>por destino do lixo, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>0,4%</p><p>5,0%</p><p>7,7%</p><p>58,5%</p><p>5,8%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>Cerâmica, lajota ou</p><p>pedra</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Cimento Terra Outro material</p><p>0,6% 1,3%</p><p>15,8%</p><p>7,7%</p><p>22,0%</p><p>2,1%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>Coletado</p><p>diretamente por</p><p>serviço de limpeza</p><p>Coletado em</p><p>caçamba de</p><p>serviço de limpeza</p><p>Queimado (na</p><p>propriedade)</p><p>Enterrado (na</p><p>propriedade)</p><p>Jogado em terreno</p><p>baldio ou</p><p>logradouro</p><p>Outro destino</p><p>66 | PRIVAÇÃO DE BANHEIRO</p><p>O problema da privação de banheiro está relacio-</p><p>nado a outro problema sanitário de primeira ordem,</p><p>que é a forma de coleta de lixo. Isso fez com que as</p><p>parcelas das habitações que não tinham banheiro</p><p>de uso exclusivo fossem relativamente mais eleva-</p><p>das nas habitações cujo lixo é jogado em terreno</p><p>baldio (22,0%), queimado na propriedade (15,8%)</p><p>ou enterrado na propriedade (7,7%). Nas moradias</p><p>em que o lixo é coletado diretamente ou é coletado</p><p>em caçambas por serviço de limpeza pública, o</p><p>problema da falta de banheiro de uso exclusivo é</p><p>menos frequente.</p><p>A grande maioria das moradias em privação de</p><p>banheiro era de habitações próprias (83,7%) e</p><p>outra parcela elevada, de moradias cedidas</p><p>(13,5%). Contudo, foi identificada uma frequência</p><p>relativa mais elevada de moradias com privação de</p><p>banheiro em residências cedidas por empregador:</p><p>2,7% das habitações cedidas não tinham banheiro</p><p>de uso exclusivo; no caso das moradias próprias</p><p>essa taxa foi de 2,2%.</p><p>6.4. Perfil da população em privação</p><p>Dos 4,412 milhões de pessoas morando em</p><p>habitações sem banheiro de uso exclusivo em</p><p>2022, 52,8% eram homens e 47,2% eram mulhe-</p><p>res. Em termos relativos, a frequência de homens</p><p>nessa condição de moradia foi de 2,2% e a</p><p>frequência de mulheres foi de 1,9%, resultando</p><p>numa frequência média ponderada de 2,1% da</p><p>população total.</p><p>A frequência relativa da população com privação</p><p>de banheiro foi bastante variável conforme a faixa</p><p>etária. Nota-se que essa frequência é maior nos</p><p>grupos etários mais jovens. Na população com</p><p>idade até 4 anos, 3,0% moravam em habitações</p><p>sem banheiro de uso exclusivo. Essa taxa caiu de</p><p>forma regular nas populações</p><p>de maior idade,</p><p>chegando a 1,1% para o grupo demográfico com</p><p>80 anos ou mais de idades. Por essa razão, quase</p><p>40% dos 4,412 milhões de pessoas morando em</p><p>habitações sem banheiro de uso exclusivo em 2022</p><p>Gráfico 6.8</p><p>Distribuição das moradias com privação de banheiro</p><p>por propriedade do imóvel e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Próprio</p><p>83,7%</p><p>Alugado</p><p>2,6%</p><p>Cedido</p><p>13,5%</p><p>Outra condição</p><p>0,2% 2,2%</p><p>0,2%</p><p>2,7%</p><p>1,7%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>Próprio Alugado Cedido Outra condição</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>tinham menos de 20 anos de idade, o que significa</p><p>dizer que é um problema fortemente concentrado na</p><p>população jovem do país e nas famílias com um</p><p>número maior de filhos.</p><p>As pessoas autodeclaradas pardas prevaleceram</p><p>no total da população em privação de banheiro,</p><p>respondendo por 73,7% dos casos em 2022. A</p><p>população autodeclarada branca respondeu por</p><p>13,8% e a autodeclarada negra, por outros 10,6%.</p><p>Em termos relativos, contudo, a maior frequência</p><p>ocorreu na população indígena, onde 5 a cada</p><p>100 pessoas estavam na condição de privação de</p><p>banheiro. A frequência também foi mais elevada</p><p>nos grupos demográficos dos pardos (3,4%).</p><p>Do ponto de vista educacional, a grande maioria</p><p>da população em estado de privação de banheiro</p><p>não tinha instrução formal (18,1%) ou não tinha</p><p>completado o ensino fundamental (54,5%). O peso</p><p>da população que chegou ao ensino superior,</p><p>tendo ou não completado esse ciclo, foi extrema-</p><p>mente pequeno, de apenas 1,2% do total de</p><p>pessoas em estado de privação de banheiro.</p><p>A frequência relativa da população com privação</p><p>de banheiro também foi bastante variável conforme</p><p>o nível de instrução. Nota-se que essa frequência foi</p><p>maior nos grupos de menor instrução. Na popula-</p><p>ção sem instrução, 4,5% moravam em habitações</p><p>sem banheiro de uso exclusivo. Essa taxa caiu</p><p>gradativamente nas populações de maior grau de</p><p>instrução, chegando a 0,1% para o grupo demo-</p><p>gráfico com ensino superior completo.</p><p>A distribuição da população com privação de</p><p>banheiro por faixa de rendimento mensal domiciliar</p><p>apresentou uma forte concentração nos domicílios</p><p>de baixa renda. Em 2022, 76,2% do total de</p><p>4,412 milhões de pessoas em privação de banhei-</p><p>ro moravam em domicílios em que a renda total foi</p><p>de, no máximo, R$ 2.400,00 por mês. Outros</p><p>19,5% das pessoas em privação moravam em</p><p>residências cuja renda mensal domiciliar variava</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 6.9</p><p>Distribuição da população com privação de banheiro</p><p>por gênero e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Homem</p><p>52,8%</p><p>Mulher</p><p>47,2% 2,2%</p><p>1,9%</p><p>2,1%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>Homem Mulher Total da população</p><p>PRIVAÇÃO DE BANHEIRO | 67</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada gênero</p><p>68 | PRIVAÇÃO DE BANHEIRO</p><p>Gráfico 6.10</p><p>Frequência relativa da população com privação de</p><p>banheiro, por faixa etária, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 6.11</p><p>Distribuição da população com privação de banheiro por</p><p>raça autodeclarada e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>3,0% 2,9%</p><p>2,8%</p><p>2,3%</p><p>1,8%</p><p>1,6%</p><p>1,3%</p><p>1,1%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>4%</p><p>de 0 a 4 anos de 5 a 14 anos de 15 a 19</p><p>anos</p><p>de 20 a 29</p><p>anos</p><p>30 a 39 anos de 40 a 59</p><p>anos</p><p>de 60 a 79</p><p>anos</p><p>mais de 80</p><p>anos</p><p>Branca</p><p>13,8%</p><p>Preta</p><p>10,6%</p><p>Amarela</p><p>0,8%</p><p>Parda</p><p>73,7%</p><p>Indígena</p><p>1,1%</p><p>0,7%</p><p>2,1%</p><p>1,9%</p><p>3,4%</p><p>5,1%</p><p>0%</p><p>2%</p><p>4%</p><p>6%</p><p>Branca Preta Amarela Parda Indígena</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada raça autodeclarada</p><p>PRIVAÇÃO DE BANHEIRO | 69</p><p>Gráfico 6.12</p><p>Distribuição da população com privação de banheiro por</p><p>grau de instrução e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 6.13</p><p>Distribuição da população com privação de banheiro por faixa de</p><p>rendimento mensal domiciliar e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Sem instrução e menos</p><p>de 1 ano de estudo</p><p>18,1%</p><p>Fundamental incompleto</p><p>ou equivalente</p><p>54,5%</p><p>Fundamental completo</p><p>ou equivalente</p><p>7,1%</p><p>Médio incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>8,3%</p><p>Médio completo ou</p><p>equivalente</p><p>10,8%</p><p>Superior incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>0,4%</p><p>Superior completo</p><p>0,8%</p><p>4,5%</p><p>3,4%</p><p>1,9%</p><p>2,3%</p><p>0,8%</p><p>0,2% 0,1%</p><p>0%</p><p>1%</p><p>2%</p><p>3%</p><p>4%</p><p>5%</p><p>Sem</p><p>instrução e</p><p>menos de 1</p><p>ano de</p><p>estudo</p><p>Fundamental</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Fundamental</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Até R$ 2.400,00</p><p>76,2%</p><p>De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>19,5%</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>4,1%</p><p>Mais de R$ 8.000,00</p><p>0,2%</p><p>5,1%</p><p>1,3%</p><p>0,4%</p><p>0,0%</p><p>0%</p><p>2%</p><p>4%</p><p>6%</p><p>Até R$ 2.400,00 De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>Mais de R$</p><p>8.000,00</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada faixa etária</p><p>70 | PRIVAÇÃO DE BANHEIRO</p><p>Gráfico 6.14</p><p>Distribuição da população com privação de banheiro por</p><p>grau de pobreza e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Acima da linha de pobreza</p><p>39,3%</p><p>Abaixo da linha de pobreza</p><p>60,7%</p><p>1,0%</p><p>7,6%</p><p>2,1%</p><p>0%</p><p>2%</p><p>4%</p><p>6%</p><p>8%</p><p>10%</p><p>Acima da linha de</p><p>pobreza</p><p>Abaixo da linha de</p><p>pobreza</p><p>Total da população</p><p>entre R$ 2.400,01 e R$ 4.400,00. Essas duas</p><p>classes de renda totalizaram quase 96% da popula-</p><p>ção em estado de privação de banheiro.</p><p>Por fim, a análise identificou que 60,7% da popula-</p><p>ção morando em habitações sem banheiro de uso</p><p>exclusivo estavam abaixo da linha de pobreza em</p><p>2022. Em termos de frequência relativa, 8 a cada</p><p>100 pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza</p><p>tinha privação de banheiro em 2022.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Onde estão as maiores</p><p>populações afetadas?</p><p>Onde esse problema</p><p>é mais comum?</p><p>em milhares</p><p>de pessoas</p><p>1 Pará 983,5</p><p>2 Maranhão 916,1</p><p>3 Bahia 540,0</p><p>4 Amazonas 353,9</p><p>5 Piauí 335,5</p><p>6 Pernambuco 281,8</p><p>7 Ceará 251,1</p><p>8 Acre 139,0</p><p>9 Paraíba 135,5</p><p>10 Alagoas 130,9</p><p>11 Minas Gerais 94,0</p><p>12 Rio Grande do Norte 49,6</p><p>13 São Paulo 42,8</p><p>14 Sergipe 39,5</p><p>15 Tocantins 21,7</p><p>16 Paraná 21,0</p><p>17 Roraima 15,1</p><p>18 Mato Grosso 14,2</p><p>19 Rondônia 11,0</p><p>20 Santa Catarina 9,2</p><p>21 Rio Grande do Sul 8,9</p><p>22 Amapá 6,9</p><p>23 Rio de Janeiro 6,3</p><p>24 Mato Grosso do Sul 1,4</p><p>25 Distrito Federal 0,8</p><p>26 Espírito Santo 0,8</p><p>27 Goiás 0,7</p><p>em (%) da</p><p>população</p><p>15,4% Acre 1</p><p>12,8% Maranhão 2</p><p>11,2% Pará 3</p><p>10,2% Piauí 4</p><p>8,5% Amazonas 5</p><p>3,9% Alagoas 6</p><p>3,6% Bahia 7</p><p>3,3% Paraíba 8</p><p>2,9% Pernambuco 9</p><p>2,7% Ceará 10</p><p>2,5% Roraima 11</p><p>1,7% Sergipe 12</p><p>1,4% Rio Grande do Norte 13</p><p>1,3% Tocantins 14</p><p>0,8% Amapá 15</p><p>0,6% Rondônia 16</p><p>0,4% Minas Gerais 17</p><p>0,4% Mato Grosso 18</p><p>0,2% Paraná 19</p><p>0,1% Santa Catarina 20</p><p>0,1% São Paulo 21</p><p>0,1% Rio Grande do Sul 22</p><p>0,1% Mato Grosso do Sul 23</p><p>0,0% Rio de Janeiro 24</p><p>0,0% Distrito Federal 25</p><p>0,0% Espírito Santo 26</p><p>0,0% Goiás 27</p><p>7</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO</p><p>À REDE GERAL DE</p><p>COLETA DE ESGOTO</p><p>7.1. Distribuição regional</p><p>Segundo as estatísticas da PNADC, 22,832</p><p>milhões de moradias não tinham acesso à</p><p>rede geral de coleta de esgoto em 2022. Esse</p><p>número correspondeu a 30,8% do total de residên-</p><p>cias no país.</p><p>Em 2022, 42,7% das residências com privação de</p><p>acesso à coleta de esgoto estava na região</p><p>Nordeste, totalizando 9,750 milhões de moradias.</p><p>Entre os estado do Nordeste, a maior concentração</p><p>de moradias com essa privação estava no</p><p>Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Na região</p><p>Nordeste, metade das moradias ainda não tinha</p><p>acesso à coleta de esgoto.</p><p>No Norte, o problema também</p><p>foi bastante grave,</p><p>com 3,915 milhões de moradias sem coleta de</p><p>esgoto, ou ainda 17,1% do total nacional. Neste</p><p>caso, contudo, a parcela que essas moradias</p><p>representam do total de habitações foi ainda maior</p><p>do que a nordestina: 69 a cada 100 domicílios não</p><p>tinham acesso à coleta de esgoto em 2022. Nessa</p><p>região, os maiores problemas estavam nos estados</p><p>do Pará e Amazonas, onde se situavam respectiva-</p><p>mente 2,062 milhões e 629 mil residências sem</p><p>coleta de esgoto. Em termos relativos, a falta de</p><p>coleta de esgoto atingiu quase 80% das moradias</p><p>paraenses e 54% das amazonenses.</p><p>Outras 3,546 milhões de moradias sem acesso a</p><p>coleta de esgoto estavam na região Sudeste, o que</p><p>correspondeu a 15,5% do total de moradias com</p><p>essa privação. Em termos relativos, o problema</p><p>ainda é grave no Espírito Santo e em Minas Gerais,</p><p>onde, respectivamente, 21,8% e 18,8% das</p><p>moradias não dispunham desse serviço em 2022.</p><p>Nas regiões Sul e Centro-Oeste estavam, respecti-</p><p>vamente, 14,7% e 9,9% das moradias sem acesso</p><p>à coleta de esgoto. Vale destacar que em termos</p><p>relativos a situação do Mato Grosso era bastante</p><p>grave com 62,6% das moradias sem acesso à</p><p>coleta de esgoto.</p><p>O número de brasileiros que moravam nas residên-</p><p>cias com privação de coleta de esgoto em 2022 foi</p><p>de 69,706 milhões de pessoas. Isso correspondeu</p><p>a 32,5% da população brasileira. Em termos</p><p>populacionais, a maior parte do problema (43,3%)</p><p>também estava localizada nos estados do Nordeste</p><p>brasileiro, totalizando 30,208 milhões de pessoas</p><p>em 2022. A maior concentração de pessoas com</p><p>essa privação estava nos estados do Maranhão,</p><p>Bahia e Ceará. No Maranhão, aproximadamente</p><p>76 a cada 100 habitantes ainda não tinham</p><p>acesso ao serviço de coleta de esgoto.</p><p>No Norte, o problema também foi grave, pois</p><p>havia 13,214 milhões de pessoas vivendo em</p><p>moradias sem coleta de esgoto. Esse contingente</p><p>Mapa 7.1</p><p>Moradias em privação de coleta de esgoto por</p><p>rede geral, 2022</p><p>Mapa 7.2</p><p>População em privação de coleta de esgoto</p><p>por rede geral, 2022</p><p>em milhares de</p><p>moradias</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias no país</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias em</p><p>cada região</p><p>em milhares de</p><p>pessoas</p><p>e</p><p>da população</p><p>m (%) do total</p><p>em (%) do total</p><p>de pessoas em</p><p>cada região</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>3.915</p><p>9.750</p><p>3.546</p><p>3.368</p><p>2.254</p><p>77</p><p>194</p><p>1.588</p><p>856</p><p>1.466</p><p>770</p><p>684</p><p>1.160</p><p>651</p><p>404-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>317</p><p>727</p><p>1.099</p><p>1.004</p><p>1.264</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 22.832</p><p>629</p><p>2.062</p><p>742</p><p>419</p><p>985 108</p><p>1.431</p><p>1.071</p><p>324</p><p>2.170</p><p>150</p><p>479</p><p>17,1%</p><p>42,7%</p><p>15,5%</p><p>14,7%</p><p>9,9%</p><p>0,3%</p><p>0,8%</p><p>7,0%</p><p>3,8%</p><p>6,4%</p><p>3,4%</p><p>3,0%</p><p>5,1%</p><p>2,9%</p><p>1,8%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1,4%</p><p>3,2%</p><p>4,8%</p><p>4,4%</p><p>5,5%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>2,8%</p><p>9,0%</p><p>3,2%</p><p>1,8%</p><p>4,3% 0,5%</p><p>6,3%</p><p>4,7%</p><p>1,4%</p><p>9,5%</p><p>0,7%</p><p>2,1%</p><p>69,1%</p><p>50,5%</p><p>11,0%</p><p>30,3%</p><p>38,8%</p><p>44,0%</p><p>79,3%</p><p>74,1%</p><p>83,2%</p><p>47,5%</p><p>64,3%</p><p>50,5%</p><p>35,2%</p><p>59,7%</p><p>49,3%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>21,8%</p><p>11,1%</p><p>26,4%</p><p>38,6%</p><p>29,0%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 30,8%</p><p>53,7%</p><p>78,5%</p><p>62,6%</p><p>42,8%</p><p>38,3% 10,1%</p><p>18,8%</p><p>6,5%</p><p>60,4%</p><p>41,1%</p><p>53,3%</p><p>76,5%</p><p>13.214</p><p>30.208</p><p>10.241</p><p>9.425</p><p>6.617</p><p>263</p><p>702</p><p>5.413</p><p>2.743</p><p>4.458</p><p>2.341</p><p>2.110</p><p>3.496</p><p>2.044</p><p>1.162-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>965</p><p>2.056</p><p>3.093</p><p>2.930</p><p>3.403</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 69.706</p><p>2.345</p><p>7.026</p><p>2.232</p><p>1.187</p><p>2.860 338</p><p>4.077</p><p>3.142</p><p>984</p><p>6.442</p><p>509</p><p>1.384</p><p>19,0%</p><p>43,3%</p><p>14,7%</p><p>13,5%</p><p>9,5%</p><p>0,4%</p><p>1,0%</p><p>7,8%</p><p>3,9%</p><p>6,4%</p><p>3,4%</p><p>3,0%</p><p>5,0%</p><p>2,9%</p><p>1,7%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1,4%</p><p>2,9%</p><p>4,4%</p><p>4,2%</p><p>4,9%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>3,4%</p><p>10,1%</p><p>3,2%</p><p>1,7%</p><p>4,1% 0,5%</p><p>5,8%</p><p>4,5%</p><p>1,4%</p><p>9,2%</p><p>0,7%</p><p>2,0%</p><p>70,3%</p><p>52,3%</p><p>11,4%</p><p>30,8%</p><p>39,4%</p><p>44,0%</p><p>79,4%</p><p>75,7%</p><p>83,2%</p><p>48,0%</p><p>65,3%</p><p>52,0%</p><p>36,1%</p><p>60,6%</p><p>49,3%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>23,3%</p><p>11,7%</p><p>26,5%</p><p>39,5%</p><p>29,6%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 32,5%</p><p>56,3%</p><p>79,7%</p><p>62,8%</p><p>42,5%</p><p>39,2% 10,8%</p><p>19,0%</p><p>6,7%</p><p>61,1%</p><p>42,9%</p><p>56,5%</p><p>75,9%</p><p>demográfico correspondeu a 19,0% do total</p><p>nacional. Neste caso, contudo, em termos relativos</p><p>o problema foi ainda mais grave que a do</p><p>Nordeste: 70 a cada 100 pessoas não dispunham</p><p>de coleta de esgoto em suas casas em 2022. Na</p><p>região Norte, os maiores índices estavam novamen-</p><p>te nos estados do Pará e Amazonas, onde se</p><p>situavam respectivamente 7,026 milhões e 2,345</p><p>milhões de habitantes sem coleta de esgoto. Em</p><p>termos relativos, essa privação atingiu quase 80%</p><p>da população paraense e 56,3% da população</p><p>amazonense.</p><p>Do total das moradias brasileiras com privação de</p><p>coleta de esgoto em 2022, 62,7% estavam em</p><p>áreas urbanas e 37,3% em áreas rurais. Em termos</p><p>relativos, 90,9% das moradias rurais não dispu-</p><p>nham de coleta de esgoto. Isso se deve às dificulda-</p><p>des e ao elevado custo em se coletar e transportar o</p><p>esgoto em regiões distantes. Vale destacar que nas</p><p>áreas rurais esse não é um problema tão grave</p><p>como é nas áreas urbanas, pois há um pequeno</p><p>número de casas muito distantes umas das outras.</p><p>Em termos populacionais, a distribuição foi pareci-</p><p>da: 50,4% da população sem coleta de esgoto</p><p>morava nas áreas urbanas das cidades brasileiras,</p><p>enquanto que 49,6% das pessoas em privação</p><p>estavam nas áreas rurais. Assim, o percentual da</p><p>população total de cada região que estava em</p><p>privação de coleta de esgoto acabou sendo um</p><p>pouco maior entre os habitantes de áreas urbanas.</p><p>6.2. Evolução temporal</p><p>Entre 2013 e 2022, o número de moradias em</p><p>privação de coleta de esgoto por rede geral caiu de</p><p>24,0 milhões para 22,831 milhões, indicando que</p><p>1,166 milhão de domicílios saíram da situação de</p><p>déficit. A taxa de queda foi de 0,6% ao ano,</p><p>acumulando uma redução de 4,9% entre 2013 e</p><p>2022 no número de habitações sem coleta de</p><p>esgoto. Em termos relativos, o percentual de</p><p>moradias em privação caiu de 36,7% do total de</p><p>habitações em 2013 para 30,8% do total de</p><p>moradias no país em 2022. Isso equivaleu a uma</p><p>redução de 6 pontos percentuais.</p><p>Em termos populacionais, os dados históricos</p><p>apontam para uma tendência mais intensa de</p><p>redução da privação de coleta de esgoto. Entre</p><p>2013 e 2022, o número de pessoas em privação</p><p>caiu de 78,286 milhões para 69,706 milhões,</p><p>indicando a retirada de 8,580 milhões de pessoas</p><p>da situação de privação desse serviço básico de</p><p>saneamento. A taxa de queda foi de 1,3% ao ano,</p><p>acumulando uma redução de 11,0% entre 2013 e</p><p>2022 no número de pessoas morando em residênci-</p><p>as sem coleta de esgoto. Em termos relativos, o</p><p>percentual de pessoas em privação caiu de 38,9%</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO | 75</p><p>Tabela 7.1</p><p>Distribuição das moradias e da população por áreas rural e</p><p>urbana e parcelas das moradias e das populações em privação</p><p>de coleta de esgoto por rede geral, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Urbano Rural Total</p><p>(%) do total das moradias em privação 62,7% 37,3% 100,0%</p><p>(%) das moradias em cada área 22,1% 90,9% 30,8%</p><p>(%) do total da população em privação 50,4% 49,6% 100,0%</p><p>(%) da população de cada área 33,6% 31,5% 32,5%</p><p>Moradias</p><p>População</p><p>Gráfico 7.1</p><p>Evolução das moradias com privação de coleta de esgoto por rede geral, Brasil</p><p>76 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>Gráfico 7.2</p><p>Evolução das população com privação de coleta de esgoto por rede geral, Brasil</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em milhões Em (%) do total de moradias</p><p>Em milhões Em (%) do total de pessoas</p><p>24,0</p><p>23,0</p><p>22,8 22,8</p><p>22</p><p>23</p><p>24</p><p>25</p><p>36,7%</p><p>34,2%</p><p>32,3%</p><p>30,8%</p><p>25%</p><p>30%</p><p>35%</p><p>40%</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>78,286</p><p>74,562</p><p>71,880</p><p>69,706</p><p>65</p><p>70</p><p>75</p><p>80</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>38,9%</p><p>36,5%</p><p>34,3%</p><p>32,5%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>| 77</p><p>da população brasileira em 2013 para 32,5% dos</p><p>brasileiros em 2022.</p><p>6.3. Perfil das moradias em privação</p><p>A maior parte das habitações sem acesso ao</p><p>serviço de coleta de esgoto era de casas. Os</p><p>apartamentos com esse perfil responderam por</p><p>apenas 2,2% do total das 22,831 milhões de</p><p>habitações com privação de coleta de esgoto em</p><p>2022 e as moradias em cômodos, por 0,2%. Em</p><p>termos relativos, o problema da privação de coleta</p><p>de esgoto também foi maior nas habitações do tipo</p><p>casa: 35 a cada 100 moradias desse tipo estavam</p><p>em situação de privação. No caso das residências</p><p>em cômodos, 31 a cada 100 estavam nessa</p><p>condição em 2022.</p><p>Os dados do Gráfico 7.4 revelam que o problema</p><p>da privação de coleta de esgoto por rede geral é</p><p>mais intenso entre as moradias com materiais de</p><p>acabamento inadequados. Por exemplo, do total de</p><p>habitações feitas de taipa sem revestimento, 89,4%</p><p>estavam em situação de privação de coleta de</p><p>esgoto. Nas moradias feitas de madeira aproveita-</p><p>da e de outro material esses índices relativos foram</p><p>de, respectivamente, 66,2% e 69,6%. Entre as</p><p>habitações feitas com alvenaria revestida, 27,6%</p><p>não tinham acesso à coleta de esgoto por rede</p><p>geral em 2022.</p><p>Algo semelhante ocorre, quando se considera o</p><p>material do telhado das moradias. A parcela das</p><p>moradias em privação de coleta de esgoto foi</p><p>relativamente mais elevada nas habitações com</p><p>cobertura de telhas metálicas ou de outros tipos de</p><p>coberturas, como madeira aproveitada e palha.</p><p>Nas moradias com telhado de laje e laje com</p><p>telhas, a privação de coleta de esgoto teve uma</p><p>frequência bem menor.</p><p>Nas moradias cujo piso é de terra, foi extremamente</p><p>elevada (90,2%) a parcela das habitações que não</p><p>tinham acesso ao serviço de coleta de esgoto. A</p><p>parcela de moradias em estado de privação de</p><p>coleta de esgoto, também foi relativamente elevada</p><p>nas residências com piso de cimento: 63,8%.</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 7.3</p><p>Distribuição das moradias com privação de coleta de esgoto por rede</p><p>geral por tipo de habitação e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Casa</p><p>97,6%</p><p>Apartamento</p><p>2,2%</p><p>Habitação em cômodo</p><p>0,2%</p><p>35,4%</p><p>4,7%</p><p>30,9%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Casa Apartamento Habitação em cômodo</p><p>78 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>Gráfico 7.4</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de coleta de esgoto</p><p>por rede geral, por material das paredes, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 7.5</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de coleta de esgoto</p><p>por rede geral, por material da cobertura, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>27,6%</p><p>45,4%</p><p>89,4%</p><p>67,7% 66,2%</p><p>69,6%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>100%</p><p>Alvenaria ou taipa</p><p>com revestimento</p><p>Alvenaria sem</p><p>revestimento</p><p>Taipa sem</p><p>revestimento</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Madeira</p><p>aproveitada</p><p>Outro material</p><p>49,1%</p><p>12,5%</p><p>6,3%</p><p>40,2%</p><p>51,2% 49,6%</p><p>30,8%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>Telha sem laje</p><p>de concreto</p><p>Telha com laje</p><p>de concreto</p><p>Somente laje de</p><p>concreto</p><p>Madeira</p><p>apropriada para</p><p>construção</p><p>Zinco,alumínio</p><p>ou chapa</p><p>metálica</p><p>Outro material Total</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO | 79</p><p>Gráfico 7.6</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de coleta de</p><p>esgoto por rede geral, por material do piso, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 7.7</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de coleta de esgoto</p><p>por rede geral, por destino do lixo, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>25,7%</p><p>28,9%</p><p>63,8%</p><p>90,2%</p><p>31,8%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>100%</p><p>Cerâmica, lajota ou</p><p>pedra</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Cimento Terra Outro material</p><p>23,9%</p><p>46,6%</p><p>95,2% 95,1%</p><p>89,3%</p><p>73,6%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>100%</p><p>Coletado</p><p>diretamente por</p><p>serviço de limpeza</p><p>Coletado em</p><p>caçamba de</p><p>serviço de limpeza</p><p>Queimado (na</p><p>propriedade)</p><p>Enterrado (na</p><p>propriedade)</p><p>Jogado em terreno</p><p>baldio ou</p><p>logradouro</p><p>Outro destino</p><p>80 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>O problema da falta de coleta de esgoto por rede</p><p>geral também está relacionado a falta de coleta de</p><p>lixo. Isso fez com que as parcelas das residências</p><p>que não tinham coleta de esgoto fossem relativa-</p><p>mente mais elevadas nas habitações cujo lixo é</p><p>queimado na propriedade (95,2%), enterrado na</p><p>propriedade (95,1%) ou jogado em terreno baldio</p><p>(89,3%). Nas moradias em que o lixo é coletado</p><p>diretamente ou é coletado em caçambas por serviço</p><p>de limpeza pública, o problema da falta de coleta</p><p>de esgoto foi menos frequente.</p><p>A grande maioria das moradias em privação de</p><p>coleta de esgoto era de habitações próprias</p><p>(76,0%) e outra parcela elevada de moradias era</p><p>alugada (12,2%). Contudo, foi identificada uma</p><p>frequência relativa mais elevada de moradias com</p><p>privação de coleta de esgoto em moradias cedidas</p><p>por empregador: 40,1% das habitações cedidas</p><p>não tinham coleta de esgoto e no caso das moradi-</p><p>as próprias essa taxa foi de 33,5%.</p><p>6.4. Perfil da população em privação</p><p>Dos 69,706 milhões de pessoas morando em</p><p>habitações sem acesso aos serviços de coleta de</p><p>esgoto por rede geral em 2022, 50,4% eram</p><p>homens e 49,6% eram mulheres. Em termos relati-</p><p>vos, a frequência de homens nessa condição de</p><p>moradia foi de 33,6% e a frequência de mulheres</p><p>foi de 31,5%, resultando numa frequência media</p><p>ponderada de 32,5% da população total.</p><p>Em termos relativos, a frequência da população sem</p><p>acesso aos serviços de coleta de esgoto por rede</p><p>geral foi bastante distinta conforme a faixa etária.</p><p>Observou-se que essa frequência foi maior nos</p><p>grupos etários mais jovens. Na população com</p><p>idade até 4 anos, 36,2% moravam em habitações</p><p>sem acesso à coleta de esgoto. Essa taxa foi ainda</p><p>maior na faixa etária de 15 a 19 anos: 37,7%. A</p><p>partir de então conforme aumenta a idade caiu a</p><p>frequência relativa da população em privação.</p><p>Gráfico 7.8</p><p>Distribuição das moradias com privação de coleta de esgoto por rede geral por</p><p>propriedade do imóvel e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Próprio</p><p>76,0%</p><p>Alugado</p><p>12,2%</p><p>Cedido</p><p>11,5%</p><p>Outra condição</p><p>0,3%</p><p>33,5%</p><p>17,8%</p><p>40,1%</p><p>36,9%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>Próprio Alugado Cedido Outra condição</p><p>Para o grupo demográfico com 80 anos ou mais de</p><p>idades esse índice foi de 27,6%. Esse fato indica</p><p>que o problema da falta de coleta de esgoto</p><p>também esteve fortemente concentrado na popula-</p><p>ção jovem do país e nas famílias com um número</p><p>maior de filhos.</p><p>Do total de pessoas com privação de acesso aos</p><p>serviços de coleta de esgoto, 56,9% se autodecla-</p><p>raram pardas em 2022. A população autodeclara-</p><p>da branca respondeu por 31,8% e a autodeclarada</p><p>negra, por outros 10,1%. Em termos relativos,</p><p>contudo, a maior frequência ocorreu na população</p><p>indígena, onde 44,6% das pessoas estavam nessa</p><p>condição de privação. A frequência também foi</p><p>mais elevada nos grupos demográficos dos pardos</p><p>(40,9%).</p><p>Do ponto de vista educacional, a grande maioria</p><p>da população em estado de privação de acesso</p><p>aos serviços de coleta de esgoto por rede geral</p><p>tinha o ensino fundamental incompleto (41,3%) ou</p><p>tinha o ensino médio completo (22,2%). O peso da</p><p>população que tinha o ensino superior incompleto</p><p>foi extremamente pequeno, de apenas 2,7% do</p><p>total de pessoas em estado de privação de coleta</p><p>de esgoto.</p><p>Em termos relativos, a frequência da população</p><p>com privação de coleta de esgoto por rede geral</p><p>também foi bastante variável conforme o nível de</p><p>instrução. Nota-se que essa frequência foi maior nos</p><p>grupos de menor instrução. Na população sem</p><p>instrução, 45,2% moravam em habitações sem</p><p>coleta de esgoto. Essa taxa caiu gradativamente</p><p>nas populações de maior grau de instrução,</p><p>chegando a 15,3% para o grupo demográfico com</p><p>ensino superior completo.</p><p>A distribuição da população com privação de</p><p>coleta de esgoto por rede geral por faixa de</p><p>rendimento mensal domiciliar apresentou uma forte</p><p>concentração</p><p>nos domicílios de baixa renda. Em</p><p>2022, 43,9% do total de 69,7 milhões de pessoas</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 7.9</p><p>Distribuição da população com privação de coleta de esgoto por</p><p>rede geral por gênero e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO | 81</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada gênero</p><p>Homem</p><p>50,4%</p><p>Mulher</p><p>49,6%</p><p>33,6%</p><p>31,5%</p><p>32,5%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Homem Mulher Total da população</p><p>82 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>Gráfico 7.10</p><p>Frequência relativa da população com privação de coleta de</p><p>esgoto por rede geral, por faixa etária, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 7.11</p><p>Distribuição da população com privação de coleta de esgoto por rede geral</p><p>por raça autodeclarada e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada raça autodeclarada</p><p>36,2% 36,7%</p><p>37,7%</p><p>32,2% 31,4% 31,0%</p><p>29,2%</p><p>27,6%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>de 0 a 4 anos de 5 a 14 anos de 15 a 19</p><p>anos</p><p>de 20 a 29</p><p>anos</p><p>30 a 39 anos de 40 a 59</p><p>anos</p><p>de 60 a 79</p><p>anos</p><p>mais de 80</p><p>anos</p><p>Branca</p><p>31,8%</p><p>Preta</p><p>10,1%</p><p>Amarela</p><p>0,6%</p><p>Parda</p><p>56,9% Indígena</p><p>0,6%</p><p>24,2%</p><p>31,0%</p><p>24,8%</p><p>40,9%</p><p>44,6%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>Branca Preta Amarela Parda Indígena</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO | 83</p><p>Gráfico 7.12</p><p>Distribuição da população com privação de coleta de esgoto por rede</p><p>geral por grau de instrução e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 7.13</p><p>Distribuição da população com privação dde coleta de esgoto por rede geral por</p><p>faixa de rendimento mensal domiciliar e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Sem instrução e menos</p><p>de 1 ano de estudo</p><p>11,1%</p><p>Fundamental incompleto</p><p>ou equivalente</p><p>41,3%</p><p>Fundamental completo</p><p>ou equivalente</p><p>8,0%</p><p>Médio incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>8,0%</p><p>Médio completo ou</p><p>equivalente</p><p>22,2%</p><p>Superior incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>2,7%</p><p>Superior completo</p><p>6,6%</p><p>45,2%</p><p>41,4%</p><p>34,3%</p><p>35,5%</p><p>27,0%</p><p>19,7%</p><p>15,3%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>Sem instrução</p><p>e menos de 1</p><p>ano de estudo</p><p>Fundamental</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Fundamental</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Até R$ 2.400,00</p><p>43,9%</p><p>De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>31,9%</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>14,5%</p><p>Mais de R$ 8.000,00</p><p>7,7%</p><p>46,1%</p><p>34,3%</p><p>23,9%</p><p>15,3%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>Até R$ 2.400,00 De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>Mais de R$</p><p>8.000,00</p><p>84 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE COLETA DE ESGOTO</p><p>Gráfico 7.14</p><p>Distribuição da população com privação de coleta de esgoto por rede geral</p><p>por grau de pobreza e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>em privação de coleta de esgoto moravam em</p><p>domicílios cuja renda total foi de, no máximo, R$</p><p>2.400,00 por mês. Outros 31,9% moravam em</p><p>residências com renda mensal domiciliar variando</p><p>entre R$ 2.400,01 e R$ 4.400,00. Essas duas</p><p>classes de renda totalizaram 76,3% da população</p><p>em estado de privação de coleta de esgoto. Em</p><p>termos relativos, observou-se que conforme aumen-</p><p>tou a renda caiu a frequência de pessoas em</p><p>privação de acesso ao serviço de coleta de esgoto</p><p>por rede geral.</p><p>Por fim, a análise identificou que 27,0% da popula-</p><p>ção morando em habitações sem coleta de esgoto</p><p>por rede geral estavam abaixo da linha de pobreza</p><p>em 2022. Em termos de frequência relativa, 53,7%</p><p>das pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza</p><p>tinha privação de coleta de esgoto.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Acima da linha de pobreza</p><p>73,0%</p><p>Abaixo da linha de pobreza</p><p>27,0%</p><p>28,4%</p><p>53,7%</p><p>32,6%</p><p>0%</p><p>15%</p><p>30%</p><p>45%</p><p>60%</p><p>Acima da linha de</p><p>pobreza</p><p>Abaixo da linha de</p><p>pobreza</p><p>Total da população</p><p>Onde estão as maiores</p><p>populações afetadas?</p><p>Onde esse problema</p><p>é mais comum?</p><p>em milhares</p><p>de pessoas</p><p>1 Pará 7.026</p><p>2 Bahia 6.442</p><p>3 Maranhão 5.413</p><p>4 Ceará 4.458</p><p>5 Minas Gerais 4.077</p><p>6 Pernambuco 3.496</p><p>7 Rio Grande do Sul 3.403</p><p>8 São Paulo 3.142</p><p>9 Paraná 3.093</p><p>10 Santa Catarina 2.930</p><p>11 Goiás 2.860</p><p>12 Piauí 2.743</p><p>13 Amazonas 2.345</p><p>14 Rio Grande do Norte 2.341</p><p>15 Mato Grosso 2.232</p><p>16 Paraíba 2.110</p><p>17 Rio de Janeiro 2.056</p><p>18 Alagoas 2.044</p><p>19 Rondônia 1.384</p><p>20 Mato Grosso do Sul 1.187</p><p>21 Sergipe 1.162</p><p>22 Tocantins 984</p><p>23 Espírito Santo 965</p><p>24 Amapá 702</p><p>25 Acre 509</p><p>26 Distrito Federal 338</p><p>27 Roraima 263</p><p>em (%) da</p><p>população</p><p>83,2% Piauí 1</p><p>79,7% Pará 2</p><p>79,4% Amapá 3</p><p>75,9% Rondônia 4</p><p>75,7% Maranhão 5</p><p>65,3% Rio Grande do Norte 6</p><p>62,8% Mato Grosso 7</p><p>61,1% Tocantins 8</p><p>60,6% Alagoas 9</p><p>56,5% Acre 10</p><p>56,3% Amazonas 11</p><p>52,0% Paraíba 12</p><p>49,3% Sergipe 13</p><p>48,0% Ceará 14</p><p>44,0% Roraima 15</p><p>42,9% Bahia 16</p><p>42,5% Mato Grosso do Sul 17</p><p>39,5% Santa Catarina 18</p><p>39,2% Goiás 19</p><p>36,1% Pernambuco 20</p><p>29,6% Rio Grande do Sul 21</p><p>26,5% Paraná 22</p><p>23,3% Espírito Santo 23</p><p>19,0% Minas Gerais 24</p><p>11,7% Rio de Janeiro 25</p><p>10,8% Distrito Federal 26</p><p>6,7% São Paulo 27</p><p>8</p><p>IMPLICAÇÕES</p><p>PARA A SAÚDE</p><p>A falta de água tratada ou a exposição ambiental</p><p>ao esgoto, problemas decorrentes da privação de</p><p>saneamento, interferem decisivamente na incidên-</p><p>cia de doenças com consequências para a saúde</p><p>das crianças, jovens e adultos. A falta de água</p><p>tratada, seja por não haver acesso à rede geral de</p><p>distribuição, seja pela irregularidade no forneci-</p><p>mento ou a simples incapacidade de armazena-</p><p>mento nas residências, tem impacto direto sobre a</p><p>saúde da população, principalmente nos jovens e</p><p>nos idosos, pois eleva a incidência de infecções</p><p>gastrointestinais. A falta de água também interfere</p><p>nas doenças respiratórias, pois a higiene de mão é</p><p>uma forma muito eficaz de reduzir a probabilidade</p><p>de transmissão dessas doenças. Vale destacar que</p><p>o acesso à água tratada traz benefícios para a</p><p>saúde bucal da população, principalmente dos</p><p>mais pobres que não têm acesso a tratamentos</p><p>odontológicos.</p><p>A carência de serviços de coleta e de tratamento de</p><p>esgoto, por sua vez, é responsável por outra parte</p><p>das infecções gastrointestinais. Os problemas mais</p><p>graves surgem nas beiras de rios e córregos conta-</p><p>minados ou em ruas onde passa esgoto a céu</p><p>aberto – em valas, sarjetas, córregos ou rios. Mas</p><p>está presente também na poluição dos grandes</p><p>reservatórios públicos de água e nos mananciais</p><p>cuja qualidade tem sido deteriorada ao longo dos</p><p>anos.</p><p>De forma geral, a recorrência dessas infecções</p><p>prejudica a sociedade porque causa custos irrecu-</p><p>peráveis. Há dois canais imediatos que ligam a</p><p>falta de saneamento a esses custos:</p><p>li. ao aumentar a incidência de infecções, a</p><p>falta de saneamento provoca o afastamento</p><p>das pessoas de suas funções laborais,</p><p>acarretando custos para a sociedade com</p><p>horas não trabalhadas; e</p><p>llll</p><p>lii. a sociedade incorre em despesas públicas</p><p>e privadas com o tratamento das pessoas</p><p>infectadas.</p><p>Em decorrência desses problemas com a saúde, os</p><p>empregados perdem dias de trabalho e os mais</p><p>jovens perdem aula, o que afeta seu desempenho</p><p>escolar. O afastamento do trabalho por cerca de 5</p><p>dias em razão de doenças respiratórias ou gastroin-</p><p>testinais infecciosas tem um impacto elevado na</p><p>renda mensal de um trabalhador por conta própria.</p><p>Uma diarista, um camelô ou um pedreiro, profissio-</p><p>nais que trabalham por empreitada e que não têm</p><p>cobertura previdenciária, podem perder</p><p>20% de</p><p>sua renda mensal em razão de um problema de</p><p>saúde como esse. No público jovem, a incidência</p><p>dessas doenças dificulta o progresso escolar e afeta</p><p>o desempenho, com comprometimento de longo</p><p>prazo no capital humano adquirido.</p><p>Este capítulo analisa os impactos da privação de</p><p>saneamento sobre a ocorrência de doenças de</p><p>veiculação hídrica, de doenças respiratórias e na</p><p>saúde bucal.</p><p>8.1. Doenças de veiculação hídrica</p><p>Em 2019, estima-se que houve um total 43,374</p><p>milhões de casos de afastamento por doenças de</p><p>veiculação hídrica no país. A estimativa foi feita</p><p>com base em informações da Pesquisa Nacional de</p><p>Saúde de 2019 (IBGE, 2020). Entre inúmeras</p><p>questões, essa pesquisa de saúde perguntou a uma</p><p>amostra representativa da população brasileira se</p><p>houve afastamentos das atividades rotineira nas</p><p>duas semanas anteriores à data da entrevista, qual</p><p>o motivo dos afastamentos e por quantos dias os</p><p>entrevistados estiveram afastados.</p><p>Esses relatos de afastamento indicam uma taxa de</p><p>incidência de 206,9 casos por mil habitantes ao</p><p>longo do ano de 2019 no Brasil. Essas taxas de</p><p>incidência foram mais altas nas regiões Norte,</p><p>Nordeste e Centro-Oeste como ilustra o Mapa 8.1.</p><p>No Nordeste, a taxa de incidência alcançou</p><p>238,1 casos a cada mil habitantes e no Norte,</p><p>204,4 casos por mil pessoas. Como discutido ao</p><p>longo das últimas 5 seções deste estudo, essas</p><p>foram, em geral, as regiões com maiores privações</p><p>de saneamento.</p><p>Com base nos microdados da Pesquisa Nacional</p><p>de Saúde de 2019 (IBGE, 2020), os quais deta-</p><p>lham um conjunto amplo de informações sobre as</p><p>pessoas, suas moradias e a ocorrência, ou não, de</p><p>afastamentos, constatou-se que a probabilidade de</p><p>ocorrência de um afastamento das atividades</p><p>cotidianas por motivos de doenças de veiculação</p><p>hídrica estava positivamente correlacionada aos</p><p>indicadores de privação de acesso à rede de</p><p>abastecimento de água tratada, de privação de</p><p>banheiro e de privação de acesso à rede coletora.</p><p>Como visto na Tabela 8.1, a população que mora</p><p>em residências com privação de saneamento tem</p><p>uma probabilidade significativamente maior de</p><p>afastamento por doença de veiculação hídrica. Os</p><p>coeficientes associados à falta de acesso à rede de</p><p>distribuição de água, à privação de banheiro e à</p><p>falta de acesso à rede coletora de esgoto são</p><p>positivos e estatisticamente significativos, indicando</p><p>que as pessoas privadas desses serviços estão mais</p><p>expostas a infecções gastrointestinais agudas e a</p><p>doenças causadas por inseto vetor. O modelo</p><p>estatístico indica que uma família em estado de</p><p>privação de acesso à rede de coleta de esgoto, por</p><p>exemplo, tem uma chance 24,0% maior de contrair</p><p>doenças de veiculação hídrica. Vale notar que essa</p><p>é a privação com maior impacto sobre esse tipo de</p><p>doença. A privação de acesso à rede de distribui-</p><p>ção de água traz uma probabilidade 5,2% maior</p><p>de contrair doenças de veiculação hídrica e a</p><p>privação de banheiro, uma chance 12,1% maior. A</p><p>metodologia da modelagem estatística está</p><p>detalhada no Anexo Metodológico.</p><p>Ao longo do ano de 2019, segundo a Pesquisa</p><p>Nacional de Saúde (IBGE,2020), 41,0% das</p><p>pessoas afastadas revelaram que ficaram acama-</p><p>das em razão das doenças de veiculação hídrica.</p><p>Isso equivaleu a cerca de 80 milhões de dias em</p><p>que a população brasileira passou acamada por</p><p>conta de doenças de veiculação hídrica.</p><p>Com base em informações do Sistema Único de</p><p>Saúde, houve 273,4 mil internações por conta de</p><p>doenças veiculação hídrica ao longo de 2019. Na</p><p>média do país ocorreram 13,0 internações a cada</p><p>10 mil habitantes. As regiões Norte e Nordeste</p><p>também tiveram índices maiores que a média</p><p>nacional.</p><p>As consequências adversas da falta de saneamento</p><p>na saúde da população são severas, como visto,</p><p>mas o avanço do tratamento e distribuição de água</p><p>tratada e a coleta e tratamento de esgoto trazem</p><p>resultados visíveis. Segundo dados do Sistema</p><p>Nacional de Informações do Saneamento (SNIS),</p><p>apenas 45,4% da população brasileira tinha</p><p>acesso à rede geral de coleta de esgoto em 2010.</p><p>Nesse ano, houve 603,6 mil internações por</p><p>doenças de veiculação hídrica na rede do SUS, o</p><p>que indicou uma taxa de incidência de 31,6 casos</p><p>a cada 10 mil habitantes. Em 2021, o percentual</p><p>de pessoas com acesso à rede de coleta de esgoto</p><p>havia subido para 55,8% da população. O número</p><p>88 | IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE</p><p>IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE | 89</p><p>Tabela 8.1</p><p>Efeitos da privação do saneamento sobre a incidência de</p><p>afastamentos por doenças de veiculação hídrica, Brasil, 2019</p><p>Fonte: PNS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Mapa 8.1</p><p>Taxa de incidência de doenças de veiculação hídrica, 2019</p><p>acamamentos</p><p>por mil habitantes</p><p>afastamentos por</p><p>mil habitantes</p><p>internações* por</p><p>10 mil habitantes</p><p>Fonte: IBGE e SNIS.</p><p>Elaboração: Ex Ante Consultoria</p><p>Econômica.</p><p>Dimensão b</p><p>desvio</p><p>padrão</p><p>z p -valor</p><p>razão de</p><p>problabilidade</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>abastecimento de água tratada</p><p>0,0510 0,0063 8,11 0,0% 5,2%</p><p>Privação de banheiro 0,1146 0,0077 14,88 0,0% 12,1%</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>coleta de esgoto</p><p>0,2153 0,0068 31,72 0,0% 24,0%</p><p>204</p><p>238</p><p>199</p><p>174</p><p>206</p><p>323</p><p>300</p><p>219</p><p>138</p><p>238</p><p>319</p><p>210</p><p>285</p><p>298</p><p>285-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>248</p><p>136</p><p>192</p><p>174</p><p>155</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 207</p><p>178</p><p>202</p><p>89</p><p>220</p><p>280 151</p><p>188</p><p>223</p><p>161</p><p>208</p><p>311</p><p>180</p><p>101</p><p>110</p><p>70</p><p>72</p><p>84</p><p>249</p><p>144</p><p>106</p><p>64</p><p>99</p><p>154</p><p>80</p><p>134</p><p>179</p><p>137-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>63</p><p>55</p><p>62</p><p>77</p><p>78</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 85</p><p>105</p><p>86</p><p>34</p><p>83</p><p>115 66</p><p>61</p><p>80</p><p>71</p><p>93</p><p>206</p><p>76</p><p>23</p><p>20</p><p>7</p><p>9</p><p>17</p><p>22</p><p>10</p><p>54</p><p>30</p><p>17</p><p>10</p><p>15</p><p>10</p><p>15</p><p>12-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>15</p><p>3</p><p>11</p><p>10</p><p>7</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 13</p><p>11</p><p>33</p><p>13</p><p>23</p><p>19 12</p><p>12</p><p>6</p><p>14</p><p>16</p><p>15</p><p>23</p><p>(*) Essas doenças são classificadas no</p><p>grupo CID 10, o qual inclui: cólera,</p><p>febres tifoide e paratifoide, shiguelose,</p><p>amebíase, diarreia e gastroenterite</p><p>origem infecciosa presumível, outras</p><p>doenças infecciosas intestinais,</p><p>leptospirose icterohemorrágica, outras</p><p>formas de leptospirose, leptospirose</p><p>não especificada, febre amarela,</p><p>dengue, febre hemorrágica devida ao</p><p>vírus da dengue, malária por plasmodi-</p><p>um falciparum, malária por plasmodi-</p><p>um vivax, malária por plasmodium</p><p>malariae, outras formas malária</p><p>confirmadas em exames parasitológi-</p><p>cos, malária não especificada e</p><p>esquistossomose.</p><p>90 | IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE</p><p>de internações caiu para 128,9 mil, indicando uma</p><p>redução da taxa de incidência para 6,0 casos a</p><p>cada 10 mil habitantes. Isso indica uma retração de</p><p>80,9% na taxa de incidência de internações por</p><p>doenças de veiculação hídrica no Brasil nesses 11</p><p>anos. O Gráfico 8.1 mostra a relação negativa</p><p>entre a incidência de internações por doenças de</p><p>veiculação hídrica e a redução da privação de</p><p>acesso à rede coletora entre 2010 e 2021.</p><p>8.2. Doenças respiratórias</p><p>Além das doenças de veiculação hídrica, a falta de</p><p>saneamento afeta a incidência de doenças respira-</p><p>tórias. A ligação mais direta entre a falta de sanea-</p><p>mento e as doenças respiratórias se dá pelo acesso</p><p>ao processo de higienização das mãos. Ryan et al</p><p>(2001) analisaram o efeito do treinamento no</p><p>hábito de lavar as mãos sobre a incidência de</p><p>doenças respiratórias na população militar norte-</p><p>americana em treinamento nos anos de 1996 a</p><p>1998. O grupo com treinamento e acesso irrestrito</p><p>a água e a produtos de higiene tiverem uma</p><p>incidência 45% menor que a do grupo de militares</p><p>sem treinamento ou sem acesso à água e ao</p><p>material de higienização. Rabie e Curtis (2006)</p><p>fazem uma resenha extensa de estudos publicados</p><p>até 2004. Nesses estudos, conclui-se que a</p><p>lavagem de mãos reduzia a incidência de doenças</p><p>respiratórias entre 6% e 44%.</p><p>Com base em informações da Pesquisa Nacional</p><p>de Saúde de</p><p>2019 (IBGE, 2020), também é</p><p>possível estimar o número de afastamentos das</p><p>pessoas de suas atividades rotineiras em razão de</p><p>doenças respiratórias. Em 2019, estima-se que</p><p>houve um total 92,130 milhões de casos de</p><p>afastamento por doenças respiratórias no país.</p><p>Esses relatos de afastamento indicam uma taxa de</p><p>incidência de 439,6 casos por mil habitantes ao</p><p>longo do ano de 2019 no Brasil.</p><p>Essas taxas de incidência foram também mais altas</p><p>nas regiões Norte e Nordeste, áreas com maior</p><p>privação de saneamento. No Nordeste, a incidên-</p><p>cia alcançou 520,0 casos a cada mil habitantes e</p><p>no Norte, 523,3 casos por mil pessoas.</p><p>Com base nos microdados da Pesquisa Nacional</p><p>de Saúde de 2019 (IBGE, 2020), os quais deta-</p><p>lham um conjunto amplo de informações sobre as</p><p>pessoas e suas moradias e a ocorrência, ou não, de</p><p>Gráfico 8.1</p><p>Evolução da parcela da população coma cesso à rede coletora de esgoto e da taxa</p><p>de incidência de internações por doenças de veiculação hídrica, Brasil</p><p>Fonte: IBGE, SNIS e DATASUS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>31,6</p><p>6,0</p><p>45,4%</p><p>55,8%</p><p>40,0%</p><p>42,0%</p><p>44,0%</p><p>46,0%</p><p>48,0%</p><p>50,0%</p><p>52,0%</p><p>54,0%</p><p>56,0%</p><p>58,0%</p><p>-</p><p>5,0</p><p>10,0</p><p>15,0</p><p>20,0</p><p>25,0</p><p>30,0</p><p>35,0</p><p>2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021</p><p>Taxa de incidência de doenças de veiculação hídrica Parcela da população com acesso à rede coletora de esgoto</p><p>IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE | 91</p><p>afastamentos, constatou-se que a probabilidade de</p><p>ocorrência de um afastamento das atividades</p><p>cotidianas por motivos de doenças respiratórias</p><p>estava associada aos indicadores de privação. Na</p><p>Tabela 8.2, vê-se que a população que mora em</p><p>residências com privação de acesso à água tem</p><p>uma probabilidade significativamente maior de</p><p>afastamento por doenças respiratórias. Os coefici-</p><p>entes associados à falta de acesso à rede de</p><p>distribuição de água e à privação de banheiro são</p><p>positivos e significativos, indicando que as pessoas</p><p>privadas desses serviços estão mais expostas a</p><p>gripes e pneumonias. O coeficiente associado à</p><p>falta de acesso à rede coletora de esgoto não foi</p><p>significativo, indicando que essa privação não</p><p>afeta a incidência de doenças respiratórias.</p><p>O modelo estatístico indica que uma família em</p><p>estado de privação de acesso à rede de água</p><p>tratada tem uma chance 9,5% maior de contrair</p><p>doenças respiratórias. Vale notar que essa não é a</p><p>privação com maior impacto sobre esse tipo de</p><p>doença. A privação de banheiro, outro equipamen-</p><p>to que viabiliza a lavagem de mãos, traz uma</p><p>probabilidade 11,6% maior de contrair doenças</p><p>respiratórias. A metodologia da modelagem</p><p>estatística está detalhada no Anexo Metodológico.</p><p>Ao longo do ano de 2019, segundo a Pesquisa</p><p>Nacional de Saúde (IBGE,2020), 37,2% das</p><p>pessoas afastadas revelaram que ficaram acama-</p><p>das em razão das doenças respiratórias. Isso</p><p>equivaleu a cerca de 140 milhões de dias em que a</p><p>população brasileira passou acamada por conta de</p><p>doenças respiratórias.</p><p>Com base em informações do Sistema Único de</p><p>Saúde, houve 657,6 mil internações por conta de</p><p>doenças respiratórias ao longo de 2019. Aqui</p><p>também se observa uma concentração de casos no</p><p>Norte, mas os piores índices aparecem no Sul do</p><p>país em razão de fatores climáticos.</p><p>Aos moldes do que discutiu sobre as doenças de</p><p>veiculação hídrica, o avanço do tratamento e</p><p>distribuição de água trouxe resultados visíveis na</p><p>diminuição de doenças respiratórias. Conforme se</p><p>reduziu a privação de acesso à água tratada,</p><p>caíram as taxas de incidência por doenças respira-</p><p>tórias. Houve uma redução 41,4 mil casos por 10</p><p>mil habitantes em 2010 para 16,2 mil internações</p><p>a cada 10 mil habitantes em 2021. Isso indica uma</p><p>retração de 60,7% na taxa de incidência de</p><p>internações por doenças respiratórias no Brasil</p><p>nesses 11 anos. O Gráfico 8.2 mostra a relação</p><p>92 | IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE</p><p>Tabela 8.2</p><p>Efeitos da privação do saneamento sobre a incidência de afastamentos por doenças</p><p>respiratórias, Brasil, 2019</p><p>Fonte: PNS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Mapa 8.2</p><p>Taxa de incidência de doenças respiratórias, 2019</p><p>acamamentos</p><p>por mil habitantes</p><p>afastamentos por</p><p>mil habitantes</p><p>internações por</p><p>10 mil habitantes</p><p>Fonte: IBGE e SNIS.</p><p>Elaboração: Ex Ante</p><p>Consultoria Econômica.</p><p>523</p><p>520</p><p>403</p><p>380</p><p>371</p><p>565</p><p>583</p><p>320</p><p>314</p><p>784</p><p>504</p><p>579</p><p>463</p><p>334</p><p>492-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>418</p><p>280</p><p>367</p><p>352</p><p>410</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 440</p><p>379</p><p>597</p><p>271</p><p>323</p><p>454 336</p><p>362</p><p>468</p><p>496</p><p>568</p><p>619</p><p>429</p><p>200</p><p>185</p><p>151</p><p>155</p><p>131</p><p>300</p><p>323</p><p>134</p><p>103</p><p>241</p><p>144</p><p>144</p><p>189</p><p>114</p><p>187-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>139</p><p>85</p><p>100</p><p>162</p><p>207</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 164</p><p>124</p><p>219</p><p>102</p><p>113</p><p>159 116</p><p>154</p><p>176</p><p>204</p><p>227</p><p>280</p><p>148</p><p>36</p><p>31</p><p>27</p><p>41</p><p>34</p><p>45</p><p>45</p><p>35</p><p>50</p><p>41</p><p>20</p><p>35</p><p>27</p><p>27</p><p>16-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>30</p><p>19</p><p>43</p><p>42</p><p>40</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 31</p><p>28</p><p>40</p><p>35</p><p>47</p><p>32 24</p><p>34</p><p>25</p><p>32</p><p>27</p><p>22</p><p>43</p><p>Dimensão b</p><p>desvio</p><p>padrão</p><p>z p -valor</p><p>razão de</p><p>problabilidade</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>abastecimento de água tratada</p><p>0,0911 0,0046 20,01 0,0% 9,5%</p><p>Privação de banheiro 0,1101 0,0054 20,32 0,0% 11,6%</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>coleta de esgoto</p><p>0,0005 0,0049 0,1 91,8% 0,1%</p><p>IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE | 93</p><p>Gráfico 8.2</p><p>Evolução da parcela da população coma cesso à rede de distribuição de água</p><p>tratada e da taxa de incidência de internações por doenças respiratórias, Brasil</p><p>Fonte: IBGE, SNIS e DATASUS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>negativa entre a taxa de incidência de internações</p><p>por doenças respiratórias e o acesso à água tratada</p><p>entre 2010 e 2021. Vale notar que os anos de</p><p>2020 e 2021 foram pontos fora da reta por conta</p><p>da pandemia da Covid-19. Nesses anos, as</p><p>internações por essas doenças diminuíram devido</p><p>ao uso de máscaras pela população em geral.</p><p>8.3. Doenças bucais</p><p>Da mesma forma que as doenças analisadas</p><p>anteriormente, a privação de saneamento afeta a</p><p>incidência de doenças bucais. Aos moldes do que</p><p>ocorre com as doenças respiratórias, a ligação mais</p><p>direta entre a falta de saneamento e as doenças</p><p>bucais se dá pelo acesso ao processo de higieniza-</p><p>ção, neste caso da boca. A privação de saneamen-</p><p>to restringe o potencial de higienização bucal com</p><p>efeitos sobre a incidência de caries, a deterioração</p><p>precoce dos dentes e a ocorrência de câncer bucal.</p><p>Boas referências sobre o tema e a discussão dos</p><p>fatores determinantes de doenças bucais, entre eles</p><p>a falta de saneamento, são Ismail e Sohn (2001),</p><p>Petersen (2008) e Northridge et al (2020).</p><p>Com base em informações da Pesquisa Nacional</p><p>de Saúde de 2019 (IBGE, 2020), foi estimado o</p><p>número de afastamentos das pessoas de suas</p><p>atividades rotineiras em razão de doenças bucais.</p><p>Em 2019, estima-se que houve um total 6,864</p><p>milhões de casos de afastamento por doenças</p><p>bucais no país. Esses relatos de afastamento</p><p>indicam uma taxa de incidência de 32,7 casos por</p><p>mil habitantes ao longo do ano de 2019 no Brasil.</p><p>Novamente, as taxas de incidência foram também</p><p>mais altas nas regiões Norte e Nordeste, áreas com</p><p>maior privação de saneamento. No Nordeste, a</p><p>taxa de incidência alcançou 56,9 casos a cada mil</p><p>habitantes e no Norte, 30,2 casos por mil pessoas.</p><p>Com base nos microdados da Pesquisa Nacional</p><p>de Saúde de 2019 (IBGE, 2020) constatou-se que</p><p>a probabilidade de ocorrência de um afastamento</p><p>das atividades cotidianas por motivos de doenças</p><p>bucais estava associada aos indicadores de</p><p>privação. Na Tabela 8.3, vê-se que a população</p><p>que mora em residências com privação de acesso à</p><p>água também tem uma probabilidade significativa-</p><p>mente maior de afastamento por doenças bucais.</p><p>41,4</p><p>16,2</p><p>81,0%</p><p>84,2%</p><p>80,0%</p><p>80,5%</p><p>81,0%</p><p>81,5%</p><p>82,0%</p><p>82,5%</p><p>83,0%</p><p>83,5%</p><p>84,0%</p><p>84,5%</p><p>-</p><p>5,0</p><p>10,0</p><p>15,0</p><p>20,0</p><p>25,0</p><p>30,0</p><p>35,0</p><p>40,0</p><p>45,0</p><p>2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021</p><p>Taxa de incidência de doenças respiratórias Parcela da população com acesso à rede de água</p><p>significativa-</p><p>mente maior de afastamento por doenças</p><p>respiratórias, indicando que as pessoas priva-</p><p>das desses serviços estão mais expostas a</p><p>gripes e pneumonias. A falta de acesso à rede</p><p>coletora de esgoto não interfere na incidência</p><p>dessas doenças.</p><p>Ÿ A população que mora em residências com</p><p>privação de acesso ao saneamento também tem</p><p>uma probabilidade significativamente maior de</p><p>afastamento por doenças bucais. Os coeficien-</p><p>tes associados à falta de acesso à rede de</p><p>distribuição de água, à privação de banheiro e</p><p>à privação de acesso à coleta de esgoto são</p><p>todos positivos e estatisticamente significativos,</p><p>indicando que as pessoas privadas desses</p><p>serviços estão mais expostas a problemas</p><p>bucais de maneira geral. O modelo estatístico</p><p>indica que uma família em estado de privação</p><p>de acesso à rede de água tratada tem quase</p><p>que o dobro da chance de contrair doenças</p><p>bucais do que uma família que tem acesso á</p><p>rede geral de distribuição de água tratada.</p><p>Em qualquer dos três tipos de doenças, verificou-se</p><p>que o avanço das redes de distribuição de água</p><p>tratada e de coleta de esgoto tem contribuído</p><p>positivamente para a redução das taxas de incidên-</p><p>cia dessas doenças de 2010 em diante.</p><p>Por fim, o estudo analisou as características das</p><p>moradias e o perfil das pessoas em privação de</p><p>saneamento. A pergunta que se buscava resposta é:</p><p>como são as casas com privação de saneamento e</p><p>as pessoas que nelas vivem?</p><p>APRESENTAÇÃO | 7</p><p>A moradia com privação de saneamento é tipicamente uma casa na</p><p>área rural em uma cidade de interior ou na periferia das grandes</p><p>cidades. Ela pode ser vista com maior frequência em alguns estados do</p><p>Norte e Nordeste brasileiros como, por exemplo, Pará, Maranhão e</p><p>Piauí. Ela também é vista com frequência nas áreas de assentamentos</p><p>precários das regiões metropolitanas. Em geral, essa casa é precária</p><p>do ponto de vista construtivo, pois é feita de materiais de parede,</p><p>telhado e piso inadequados. A parede é de madeira aproveitada e o</p><p>telhado de madeira ou palha. O piso é de terra batida ou cimento. A</p><p>casa tem apenas três a quatro cômodos: sala, cozinha e um ou dois</p><p>quartos. Nessa cozinha não chega água tratada. O lixo dessa casa é</p><p>queimado no quintal ou jogado em terrenos.</p><p>Nessa casa vive uma família com três ou quatro pessoas: em geral, uma</p><p>mãe e duas crianças ou um casal com dois filhos. Às vezes tem mais</p><p>gente; cinco ou seis. Às vezes tem até um netinho vivendo lá. Na</p><p>verdade, tem muita criança e os pais são pessoas jovens. Essa família</p><p>tem a cara mestiça do Brasil. É uma gente simples, sem muita instrução,</p><p>mas trabalhadora. São pobres e na maior parte das vezes o dinheiro</p><p>que têm não é suficiente para viver com dignidade. A falta de água na</p><p>casa sem banheiro e sem coleta de esgoto acaba afetando a saúde</p><p>dessa gente. Com mais frequência eles têm diarreia e vômito e acabam</p><p>ficando sem trabalho ou sem escola por alguns dias. Eles têm mais</p><p>gripes e pneumonias que os demais brasileiros. O sorriso é acanhado.</p><p>Isso torna a vida deles ainda mais difícil e o futuro mais incerto.</p><p>2</p><p>PRIVAÇÃO DE</p><p>SERVIÇOS DE</p><p>SANEAMENTO</p><p>2.1. Definições e premissas</p><p>O estudo das privações de saneamento partiu da</p><p>classificação dos equipamentos de saneamento</p><p>disponíveis nas moradias das famílias brasileiras e</p><p>que são pesquisados com regularidade. Esses</p><p>equipamentos são: (i) o acesso à rede geral de</p><p>distribuição de água tratada; para aqueles que têm</p><p>acesso, (ii) a regularidade adequada no forneci-</p><p>mento de água tratada; (iii) a disponibilidade de</p><p>reservatório para armazenamento de água potável;</p><p>(iv) a existência de banheiro de uso exclusivo do</p><p>domicílio; e (v) o acesso à rede geral de coleta de</p><p>esgoto. Note-se que esses tópicos tratam de</p><p>dimensões distintas do problema da falta de</p><p>saneamento, pois em algumas delas, como é o caso</p><p>da disponibilidade de banheiro, referem-se a</p><p>condições estritamente ligadas à qualidade da</p><p>habitação e em outras, como a do acesso à rede de</p><p>coleta de esgoto, também estão associados à</p><p>existência da rede, que é um serviço de utilidade</p><p>pública para além dos muros do domicílio.</p><p>Os dados do estudo são provenientes da Pesquisa</p><p>Nacional por Amostra de Domicílios Continuada</p><p>Anual (PNADCA) que é realizada de forma contí-</p><p>nua pelo IBGE desde 2012. Na presente análise,</p><p>foram levadas em consideração as informações</p><p>disponíveis nos bancos de microdados dessa</p><p>pesquisa para os anos de 2013, 2016, 2019 e</p><p>2022. Esses bancos reúnem as informações dos</p><p>moradores de todos os domicílios que foram</p><p>visitados pela equipe do IBGE a cada ano. Nas</p><p>bases de dados, também estão disponíveis os</p><p>pesos amostrais da pesquisa, o que torna possível</p><p>estimar com excelente precisão as estatísticas para</p><p>vários níveis de agregação regional, do nível</p><p>municipal para as capitais até os agregados</p><p>nacionais.</p><p>Por ser uma pesquisa muito ampla, que abrange</p><p>vários aspectos demográficos e socioeconômicos</p><p>da população, e ter uma metodologia sofisticada e</p><p>de padrão internacional, a PNADCA traz informa-</p><p>ções que permitem traçar o perfil construtivo das</p><p>moradias e o perfil socioeconômico da população</p><p>que está em estado de privação do saneamento,</p><p>que é justamente o objetivo central deste estudo.</p><p>Além disso, essa base de dados permite correlacio-</p><p>nar essas informações e indicar que características</p><p>socioeconômicas interferem na privação dos</p><p>serviços de saneamento.</p><p>Os nomes das variáveis da PNADCA que foram</p><p>empregadas para construir as medidas de privação</p><p>do saneamento e os conceitos por traz dessas</p><p>medidas são apresentados no Quadro 2.1, que</p><p>também traz algumas observações sobre as cinco</p><p>dimensões da privação.</p><p>ção do lixo; e a propriedade do imóvel. Por fim, é</p><p>traçado o perfil dos moradores, onde são analisa-</p><p>das as seguintes características: gênero, faixa</p><p>etária, raça autodeclarada, nível de instrução, faixa</p><p>de rendimento mensal domiciliar e situação com</p><p>relação à pobreza.</p><p>Por fim, vale destacar que em todas as análises são</p><p>apresentadas (i) as distribuições do total de casos</p><p>de privação entre as regiões, características de</p><p>moradias e perfil da população e (ii) as frequências</p><p>relativas de casos em cada grupo. Nos gráficos,</p><p>tabelas e mapas, são apresentadas informações</p><p>sobre quanto que o estado do Ceará representa no</p><p>total de moradias sem acesso à água tradada no</p><p>país (informação tipo i) e sobre a parcela de</p><p>Para cada uma dessas cinco situações de privação</p><p>do saneamento, o estudo traz uma análise tanto</p><p>para o número de moradias quanto da população</p><p>envolvida na questão. Primeiramente, é feita a</p><p>análise da distribuição regional das moradias e da</p><p>população em estado de privação, desagregando</p><p>as informações entre grandes regiões, unidades da</p><p>Federação e às áreas rurais e urbanas. Na sequên-</p><p>cia, são observadas as tendências de evolução no</p><p>tempo dos indicadores de privação (de 2013 a</p><p>2022). Em terceiro lugar, é feita a análise do perfil</p><p>das moradias para cada situação de privação.</p><p>Nessa avaliação, foram consideradas diversas</p><p>características das moradias: o tipo de habitação</p><p>(casa, apartamento ou cômodo); os materiais de</p><p>acabamento de paredes, telhado e piso; a destina-</p><p>Quadro 2.1.</p><p>Definições das dimensões da privação do saneamento</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>12 | PRIVAÇÃO DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO</p><p>Dimensões Variável Definição Observação</p><p>1. Privação de acesso</p><p>à rede geral de água</p><p>V0212 para 2013 e</p><p>S01008 para os</p><p>demais anos</p><p>As moradias ou pessoas com acesso ao serviço são</p><p>aquelas que estão ligadas às redes,</p><p>independentemente de a água proveniente de rede</p><p>geral ser a principal forma de abastecimento. As</p><p>demais estão privadas do acesso à água tratada.</p><p>Há uma diferença metodológica</p><p>de 2013 em relação aos demais</p><p>anos: em 2013 se considera</p><p>apenas o acesso das moradias</p><p>que têm água canalizada.</p><p>2. Frequência de</p><p>recebimento</p><p>insuficiente</p><p>S01008</p><p>As</p><p>94 | IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE</p><p>Tabela 8.3</p><p>Efeitos da privação do saneamento sobre a incidência de afastamentos por doenças bucais,</p><p>Brasil, 2019</p><p>Fonte: PNS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Mapa 8.3</p><p>Taxa de incidência de doenças bucais, 2019</p><p>acamamentos</p><p>por mil habitantes</p><p>afastamentos por</p><p>mil habitantes</p><p>atendimentos odontológicos</p><p>ambulatoriais no SUS por</p><p>mil habitantes</p><p>Fonte: IBGE e SNIS.</p><p>Elaboração: Ex Ante</p><p>Consultoria Econômica.</p><p>30</p><p>47</p><p>29</p><p>21</p><p>29</p><p>11</p><p>28</p><p>50</p><p>26</p><p>51</p><p>16</p><p>44</p><p>28</p><p>46</p><p>68-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>24</p><p>24</p><p>21</p><p>16</p><p>23</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 33</p><p>45</p><p>21</p><p>28</p><p>28</p><p>30 27</p><p>22</p><p>35</p><p>51</p><p>64</p><p>16</p><p>36</p><p>3</p><p>9</p><p>4</p><p>4</p><p>6</p><p>6</p><p>11</p><p>16</p><p>3</p><p>11</p><p>5</p><p>4</p><p>4</p><p>16</p><p>11-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>8</p><p>4</p><p>3</p><p>2</p><p>7</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 6</p><p>4</p><p>2</p><p>4</p><p>11</p><p>2 12</p><p>2</p><p>5</p><p>2</p><p>11</p><p>3</p><p>7</p><p>102</p><p>124</p><p>277</p><p>257</p><p>305</p><p>27</p><p>60</p><p>193</p><p>60</p><p>210</p><p>80</p><p>83</p><p>105</p><p>28</p><p>173-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>309</p><p>114</p><p>376</p><p>281</p><p>121</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 220</p><p>94</p><p>114</p><p>456</p><p>372</p><p>325 27</p><p>358</p><p>299</p><p>159</p><p>98</p><p>92</p><p>56</p><p>Dimensão b</p><p>desvio</p><p>padrão</p><p>z p -valor</p><p>razão de</p><p>probabilidade</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>abastecimento de água tratada</p><p>0,6762 0,0121 55,81 0,0% 96,6%</p><p>Privação de banheiro 0,1154 0,0170 6,79 0,0% 12,2%</p><p>Privação de acesso à rede de</p><p>coleta de esgoto</p><p>0,5938 0,0136 43,56 0,0% 81,1%</p><p>Os coeficientes associados à falta de acesso à rede</p><p>de distribuição de água, à privação de banheiro e</p><p>à privação de acesso à coleta de esgoto são todos</p><p>positivos e estatisticamente significativos, indicando</p><p>que as pessoas privadas desses serviços estão mais</p><p>expostas a problemas bucais de maneira geral.</p><p>O modelo estatístico indica que uma família em</p><p>estado de privação de acesso à rede de água</p><p>tratada tem quase que o dobro da chance de</p><p>contrair doenças bucais do que uma família que tem</p><p>acesso á rede geral de distribuição de água</p><p>tratada. Essa é a privação com maior impacto sobre</p><p>esse tipo de doença. A privação de banheiro, outro</p><p>equipamento que viabiliza a lavagem dos dentes,</p><p>traz uma probabilidade 12,2% maior de contrair</p><p>doenças respiratórias. A privação de acesso à rede</p><p>coletora também tem efeito elevado. A metodologia</p><p>da modelagem estatística das doenças bucais</p><p>também está detalhada no Anexo Metodológico.</p><p>Ao longo do ano de 2019, segundo a Pesquisa</p><p>Nacional de Saúde (IBGE,2020), apenas 0,8%</p><p>das pessoas afastadas por doenças bucais revela-</p><p>ram que ficaram acamadas. Mas com base em</p><p>informações do Sistema Único de Saúde, houve</p><p>46,018 milhões de atendimentos odontológicos</p><p>ambulatoriais por conta de problemas bucais ao</p><p>longo de 2019. Neste caso, ao contrário das</p><p>internações por veiculação hídrica ou por doenças</p><p>respiratórias, se observa uma concentração de</p><p>casos nas regiões onde há uma rede desses serviços</p><p>mais desenvolvida como o Sudeste e o Centro-</p><p>Oeste.</p><p>Aos moldes do que foi discutido sobre as demais</p><p>doenças, o avanço da distribuição de água trouxe</p><p>resultados visíveis na diminuição dos atendimentos</p><p>odontológicos. Conforme se reduziu a privação de</p><p>acesso à água tratada, caiu a taxa de atendimentos</p><p>odontológicos ambulatoriais por mil habitantes na</p><p>rede do SUS. Houve uma redução de 432,4 mil</p><p>atendimentos em 2010 para 80,5 mil atendimentos</p><p>em 2021. Isso indica uma retração de 80,9% no</p><p>volume de atendimentos odontológicos ambulatori-</p><p>ais no Brasil nesses 11 anos. O Gráfico 8.3 mostra</p><p>a relação negativa entre o número de atendimentos</p><p>por mil habitantes e o acesso à água tratada entre</p><p>2010 e 2021. Vale notar que os anos de 2020 e</p><p>2021 também foram pontos fora da reta por conta</p><p>da pandemia da Covid-19. Durante esse período, a</p><p>população em geral evitou visitas a dentistas.</p><p>Fonte: IBGE, SNIS e DATASUS. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 8,3</p><p>Evolução da parcela da população coma cesso à rede de distribuição de</p><p>água e da taxa de incidência de internações por doenças bucais, Brasil</p><p>IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE | 95</p><p>423,4</p><p>80,5</p><p>81,0%</p><p>84,2%</p><p>80,0%</p><p>80,5%</p><p>81,0%</p><p>81,5%</p><p>82,0%</p><p>82,5%</p><p>83,0%</p><p>83,5%</p><p>84,0%</p><p>84,5%</p><p>-</p><p>50,0</p><p>100,0</p><p>150,0</p><p>200,0</p><p>250,0</p><p>300,0</p><p>350,0</p><p>400,0</p><p>450,0</p><p>500,0</p><p>2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021</p><p>Taxa de incidência de doenças bucais Parcela da população com acesso à rede de água</p><p>9</p><p>DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Ministério da Saúde,</p><p>Brasília, 2021.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa</p><p>Nacional de Saúde de 2019. Rio de Janeiro, 2020.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa</p><p>Nacional por Amostra de Domicílios de 2013. Rio de Janeiro, 2014.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa</p><p>Nacional por Amostra de Domicílios de 2016. Rio de Janeiro, 2017.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa</p><p>Nacional por Amostra de Domicílios de 2019. Rio de Janeiro, 2020.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa</p><p>Nacional por Amostra de Domicílios de 2022. Rio de Janeiro, 2023.</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL. Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo.</p><p>Centro de Políticas Sociais CPS-FGV, São Paulo, 2008.</p><p>ANEXOS</p><p>1. BIBLIOGRAFIA</p><p>I</p><p>do saneamento no Brasil. São Paulo, novembro de 2022.</p><p>INSTITUTO TRATA BRASIL. Painel Saneamento Brasil. Acesso on line:</p><p>https://www.painelsaneamento.org.br/.</p><p>ISMAIL, A.I. e SOHN, W. The impact of universal access to dental care on</p><p>disparities in caries experience in children. The Journal of the American</p><p>Dental Association, Volume 132, Issue 3, p.295-303, março de</p><p>2001.</p><p>MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL. Sistema Nacional</p><p>de Informações sobre Saneamento. Brasília, 2021.</p><p>NORTHRIDGE M.E., KUMAR, A. E KAUR, R. Disparities in Access to Oral</p><p>Health Care. Annual Review of Public Health, p. 513–535, 2020.</p><p>PETERSEN, P. E., World Health Organization global policy for</p><p>improvement of oral health - World Health Assembly 2007.</p><p>International Dental Journal, Volume 58, Issue 3, p.115-121, junho de</p><p>2008.</p><p>RABIE, T. and CURTIS, V. Handwashing and risk of respiratory infections: a</p><p>quantitative systematic review. Tropical Medicine and International</p><p>Health. volume 11 no 3 pp 258–267, março de 2006.</p><p>RYAN, M.A.K., CHRISTIAN, R.S. and WOHLRABE, J. Handwashing and</p><p>Respiratory Illness Among Young Adults in Military Training. American</p><p>Journal of Preventive Medicine, 21(2), 2001.</p><p>WOOLDRIDGE, W. Introdução à econometria: uma abordagem</p><p>moderna. Editora Thompson, São Paulo, 2006.</p><p>NSTITUTO TRATA BRASIL. Benefícios econômicos e sociais da expansão</p><p>98 | ANEXOS</p><p>2. SANEAMENTO E SAÚDE</p><p>A avaliação dos efeitos da privação de saneamento sobre a saúde da população partiu da análise dos fatores</p><p>determinantes da incidência de doenças de veiculação hídrica (diarreia e vômito ou por doenças transmitidas</p><p>por inseto vetor), de doenças respiratórias (pneumonias e gripes) e doenças bucais que levaram ao</p><p>afastamento das pessoas de suas atividades rotineiras. As variáveis de privação empregadas na análise são:</p><p>a privação de acesso à rede geral de água tratada, a privação de acesso à rede coletora de esgoto e a</p><p>privação de banheiro. Além dessas variáveis foram empregados alguns indicadores socioeconômicos como</p><p>variáveis de controle. Os indicadores socioeconômicos utilizados nos modelos econométricos são: (i)</p><p>informações sobre os indivíduos: gênero, faixa etária e grau de instrução; e (ii) informações sobre o domicílio:</p><p>tipo da moradia (apartamento, casa ou cômodo), material da parede, da cobertura, material de piso,</p><p>localização geográfica (unidade da Federação e área rural ou urbana), forma de coleta de lixo e existência de</p><p>canalização na residência. Foram empregados os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 realizada</p><p>pelo IBGE.</p><p>Utilizou-se um modelo de regressão logística em que a probabilidade de afastamento das atividades por</p><p>alguma das três doenças é uma variável binária com valores 1 para afastamento e 0 para não afastamento. O</p><p>modelo de regressão logística é descrito pela equação (1):</p><p>(1)</p><p>em que, y representa a variável dependente (probabilidade de afastamento) xj são as informações fornecidas</p><p>pelo conjunto de variáveis explicativas, em que j = 1, 2,..., k, b são os coeficientes quantificando as relações</p><p>entre estas variáveis e a variável dependente. G é uma função que assume valores estritamente positivos entre</p><p>zero e um: 0</p><p>moradias ou pessoas com recebimento</p><p>insuficiente são aquelas que estão ligadas às redes,</p><p>mas a água recebida pela rede geral não é a principal</p><p>forma de abastecimento ou aquelas que não recebem</p><p>água diariamente.</p><p>Não há informação para 2013.</p><p>3. Disponibilidade de</p><p>reservatório</p><p>S01009</p><p>As moradias ou pessoas privadas de reservatórios</p><p>são aquelas que não dispõe de caixas d'água,</p><p>cisternas ou outro tipo de reservatórios de água</p><p>potável.</p><p>Não há informação para 2013.</p><p>4. Privação de</p><p>banheiro</p><p>V0215 a V0217 para</p><p>2013 e S01011 para</p><p>os demais anos</p><p>As moradias ou pessoas em estado de privação de</p><p>banheiro são aquelas que não dispõe de banheiro de</p><p>uso exclusivo na moradia.</p><p>Há uma pequena diferença</p><p>metodológica em 2013, mas</p><p>isso não compromete a</p><p>comparação temporal.</p><p>5. Privação de coleta</p><p>de esgoto</p><p>V0218 para 2013 e</p><p>S01012 para os</p><p>demais anos</p><p>As moradias ou pessoas em estado de privação de</p><p>coleta de esgoto são aquelas que não estão ligadas</p><p>á rede geral ou pluvial de coleta de esgoto.</p><p>A ligação de fossa séptica à</p><p>rede não é considerada uma</p><p>situação de privação.</p><p>PRIVAÇÃO DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO | 13</p><p>moradias do Ceará que está em estado de priva-</p><p>ção, nesse último caso, considerando o total de</p><p>moradias do estado (informação tipo ii), por</p><p>exemplo.</p><p>2.2. Estatísticas agregadas de 2022</p><p>Antes de apresentar os resultados detalhados das</p><p>análises, convém expor rapidamente o dado global</p><p>dos casos de privação de saneamento encontrados</p><p>no Brasil em 2022. A Tabela 2.1 traz essas estatísti-</p><p>cas destacando o número e a frequência relativa de</p><p>moradias e de habitantes sujeitos a cada um das</p><p>situações de privação.</p><p>Do total de 74,145 milhões de domicílios brasilei-</p><p>ros, 12,0% (ou 8,916 milhões) estavam privados de</p><p>acesso à rede geral de abastecimento de água</p><p>tratada em 2022. Nessas moradias vivam 27,270</p><p>milhões de pessoas, o que representava 12,7% da</p><p>população do país.</p><p>Além das moradias sem acesso à rede, foi identifi-</p><p>cada a existência de outras 7,980 milhões de</p><p>habitações que, apesar de estarem ligadas à rede</p><p>geral de abastecimento de água, não recebiam</p><p>água com a frequência diária, uma recomendação</p><p>da Organização Mundial da Saúde e do Plano</p><p>Nacional de Saneamento. Assim, um total de</p><p>16,896 milhões de domicílios, ou 22,8% das</p><p>moradias no país, estava com frequência de</p><p>recebimento insuficiente. Foram 51,197 milhões de</p><p>pessoas, ou ainda, 23,9% da população.</p><p>A irregularidade de abastecimento é particularmen-</p><p>te grave nas moradias que não dispõem de reserva-</p><p>tório de água tratada. Nessas residências, se não</p><p>houver pessoas acordadas no momento em que é</p><p>feito o abastecimento, não há aproveitamento</p><p>dessa água para a cozinha, a limpeza e a higiene</p><p>pessoal. Esse foi o caso de 10,856 milhões de</p><p>domicílios sem reservatório que abrigavam uma</p><p>população de 31,954 milhões de brasileiros em</p><p>2022.</p><p>O mais primário dos serviços de saneamento, e que</p><p>causa o maior impacto na qualidade de vida, é a</p><p>disponibilidade de banheiro de uso exclusivo na</p><p>residência. Esse problema afetou 1,332 milhão de</p><p>moradias no Brasil em 2022. Nessas residências</p><p>moravam 4,412 milhões de pessoas em estado</p><p>bastante limitado em sua qualidade de vida.</p><p>Em 2022, 22,832 milhões de moradias eram</p><p>privadas de serviço de coleta de esgoto. Isso indica</p><p>que 3 a cada 10 residências não dispunham de um</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Tabela 2.1.</p><p>Número de moradias e de habitantes</p><p>em privação de serviços de saneamento, Brasil, 2022</p><p>Dimensões</p><p>Número (%) do total Número (%) do total</p><p>1. Privação de acesso à rede geral de água 8.915.929 12,0% 27.270.486 12,7%</p><p>2. Frequência de recebimento insuficiente 16.896.340 22,8% 51.197.240 23,9%</p><p>3. Disponibilidade de reservatório 10.856.039 14,6% 31.954.297 14,9%</p><p>4. Privação de banheiro 1.331.733 0,7% 4.411.503 2,1%</p><p>5. Privação de coleta de esgoto 22.831.778 30,8% 69.705.560 32,5%</p><p>Moradias População</p><p>14 | PRIVAÇÃO DE SERVIÇOS DE SANEAMENTO</p><p>sistema eficaz de afastamento de dejetos de suas</p><p>moradias. A população envolvida nessa situação</p><p>foi de 69,706 milhões de brasileiros, ou ainda,</p><p>32,5% da população.</p><p>Por fim, vale observar que muitas pessoas sofrem</p><p>mais de um tipo de privação, o que compromete</p><p>ainda mais a qualidade de vida. O Gráfico 2.1</p><p>mostra que 25,2% das moradias do país tinham ao</p><p>menos uma privação dessa lista de cinco situações,</p><p>mas outros 21,0% tinham mais de uma privação,</p><p>com maior frequência de moradias com dois ou três</p><p>tipos de privação em 2022. Mas o mais grave de</p><p>tudo: 46,2% dos domicílios brasileiros apresenta-</p><p>ram algum dos cinco problemas. Nessas residênci-</p><p>as viviam 48,0% da população do país, o que</p><p>revela uma triste marca: um a cada dois brasileiros</p><p>convive com privação de saneamento!</p><p>2.3 Outras definições</p><p>Na análise da estratificação social da população</p><p>em estado de privação de saneamento, foram</p><p>empregados os conceitos de classes de rendimento</p><p>mensal domiciliar e de linha de pobreza.</p><p>Foram definidos 4 grupos de rendimento mensal</p><p>domiciliar: até R$ 2.400,00, de R$ 2.400,01 até</p><p>R$ 4.400,00, de R$ 4.400,01 até R$ 8.000,00</p><p>e acima de R$ 8.000,00. A escolha dessas faixas</p><p>se deve ao fato de essa classificação é a considera-</p><p>da nas políticas habitacionais do país, um tema</p><p>estreitamente relacionado à questão do saneamen-</p><p>to.</p><p>A linha é definida pela renda domiciliar per capita:</p><p>em 2022, quem morava em um domicílio cuja</p><p>renda per capita foi inferior a R$ 417,45 por mês</p><p>estava abaixo da linha de pobreza conforme a</p><p>definição do Programa das Nações Unidas para o</p><p>Desenvolvimento (PNUD). Essa renda mensal</p><p>equivalia a um rendimento diário per capita de R$</p><p>13,92.</p><p>Gráfico 2.1.</p><p>Porcentagem das moradias e da população privados</p><p>de serviços de saneamento, por número de privações, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>(%) da moradia (%) da população</p><p>53,8%</p><p>25,2%</p><p>9,9% 9,3%</p><p>1,4% 0,4%</p><p>0%</p><p>15%</p><p>30%</p><p>45%</p><p>60%</p><p>Sem</p><p>privações</p><p>1 privação 2 privações 3 privações 4 privações 5 privações</p><p>52,0%</p><p>25,6%</p><p>10,6% 9,8%</p><p>1,6% 0,5%</p><p>0%</p><p>15%</p><p>30%</p><p>45%</p><p>60%</p><p>Sem</p><p>privações</p><p>1 privação 2 privações 3 privações 4 privações 5 privações</p><p>3</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO</p><p>À REDE GERAL DE</p><p>ÁGUA TRATADA</p><p>3.1. Distribuição regional</p><p>As estatísticas da PNADC dão conta de que 8,916</p><p>milhões de moradias não estavam ligadas à rede</p><p>geral de abastecimento de água tratada em 2022.</p><p>Esse número correspondeu a 12,0% do total de</p><p>residências no país.</p><p>A maior parte das moradias com privação de</p><p>acesso à rede de água (35,0%) estava localizada</p><p>nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando</p><p>3,117 milhões de residências em 2022. Entre os</p><p>estado do Nordeste, a maior concentração de</p><p>moradias com essa privação estava na Bahia, em</p><p>Pernambuco e no Maranhão. Na região Nordeste,</p><p>cerca de 17 a cada 100 moradias ainda não</p><p>estava ligada à rede geral de abastecimento de</p><p>água tratada. Em três estados, contudo, essa</p><p>proporção estava bem próxima ou passava a marca</p><p>de 20 a cada 100, como foi o caso da Paraíba, de</p><p>Alagoas e de Pernambuco.</p><p>No Norte, o problema também estava muito grave,</p><p>com 1,974 milhão de moradias sem acesso à rede</p><p>geral de água, o que correspondeu a 22,1% do</p><p>total nacional. Neste caso, contudo, a parcela que</p><p>essas moradias representam do total de habitações</p><p>foi ainda maior do que a nordestina: 35 a cada</p><p>100 domicílios não dispunham de acesso à rede</p><p>geral de água em 2022. Na região Norte, quase</p><p>todos os estados tinham problemas. O Pará e o</p><p>Amazonas tinham, respectivamente, 1,141 milhão</p><p>de moradias e 232 mil residências sem acesso à</p><p>rede geral de água. Em termos relativos, contudo,</p><p>as maiores proporções de moradias nessa condi-</p><p>ção de privação ocorreram em Rondônia (45,3%</p><p>da população total), Pará (43,4%) e Roraima</p><p>(46,1%).</p><p>A região Sudeste concentrou 2,186 milhões de</p><p>moradias sem acesso à rede geral de abastecimen-</p><p>to de água tratada em 2022, o que representou</p><p>24,5%</p><p>do total nacional. As taxas de incidência</p><p>foram maiores no estado do Espírito Santo, com</p><p>12,5% das moradias do estado, e em Minas</p><p>Gerais, com 10,9% das residências mineiras.</p><p>O número de brasileiros que moravam nas habita-</p><p>ções sem acesso à rede geral de abastecimento de</p><p>água em 2022 foi de 27,270 milhões de pessoas.</p><p>Isso correspondeu a 12,7% da população brasilei-</p><p>ra. Em termos populacionais, a maior parte do</p><p>problema (35,2%) também estava localizada nos</p><p>estados do Nordeste brasileiro, totalizando 9,593</p><p>milhões de pessoas em 2022. A maior concentra-</p><p>ção de pessoas com essa privação estava nos</p><p>estados do Bahia, Pernambuco, Maranhão e</p><p>Ceará. Na Paraíba, 26 a cada 100 habitantes</p><p>Mapa 3.1</p><p>Moradias em privação de acesso à rede</p><p>geral de água, 2022</p><p>Mapa 3.2</p><p>População em privação de acesso à rede</p><p>geral de água, 2022</p><p>em milhares de</p><p>moradias</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias no país</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias em</p><p>cada região</p><p>em milhares de</p><p>pessoas</p><p>e</p><p>da população</p><p>m (%) do total</p><p>em (%) do total</p><p>de pessoas em</p><p>cada região</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>1.974</p><p>3.117</p><p>2.186</p><p>1.089</p><p>550</p><p>22</p><p>113</p><p>407</p><p>160</p><p>422</p><p>109</p><p>341</p><p>621</p><p>223</p><p>91-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>181</p><p>612</p><p>364</p><p>345</p><p>379</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 8.916</p><p>238</p><p>1.141</p><p>181</p><p>80</p><p>246 43</p><p>830</p><p>563</p><p>77</p><p>743</p><p>99</p><p>283</p><p>22,1%</p><p>35,0%</p><p>24,5%</p><p>12,2%</p><p>6,2%</p><p>0,2%</p><p>1,3%</p><p>4,6%</p><p>1,8%</p><p>4,7%</p><p>1,2%</p><p>3,8%</p><p>7,0%</p><p>2,5%</p><p>1,0%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>2,0%</p><p>6,9%</p><p>4,1%</p><p>3,9%</p><p>4,3%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100%</p><p>2,7%</p><p>12,8%</p><p>2,0%</p><p>0,9%</p><p>2,8% 0,5%</p><p>9,3%</p><p>6,3%</p><p>0,9%</p><p>8,3%</p><p>1,1%</p><p>3,2%</p><p>34,9%</p><p>16,2%</p><p>6,8%</p><p>9,8%</p><p>9,5%</p><p>12,8%</p><p>46,1%</p><p>19,0%</p><p>15,6%</p><p>13,7%</p><p>9,1%</p><p>25,1%</p><p>18,8%</p><p>20,4%</p><p>11,1%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>12,5%</p><p>9,3%</p><p>8,7%</p><p>13,3%</p><p>8,7%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 12,0%</p><p>20,4%</p><p>43,4%</p><p>15,2%</p><p>8,2%</p><p>9,6% 4,0%</p><p>10,9%</p><p>3,4%</p><p>14,4%</p><p>14,1%</p><p>35,2%</p><p>45,3%</p><p>6.688</p><p>9.593</p><p>6.261</p><p>3.125</p><p>1.603</p><p>70</p><p>413</p><p>1.352</p><p>526</p><p>1.296</p><p>331</p><p>1.064</p><p>1.882</p><p>703</p><p>253-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>554</p><p>1.722</p><p>1.046</p><p>1.030</p><p>1.050</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 27.270</p><p>834</p><p>3.966</p><p>524</p><p>232</p><p>725 122</p><p>2.387</p><p>1.598</p><p>224</p><p>2.186</p><p>335</p><p>847</p><p>24,5%</p><p>35,2%</p><p>23,0%</p><p>11,5%</p><p>5,9%</p><p>0,3%</p><p>1,5%</p><p>5,0%</p><p>1,9%</p><p>4,8%</p><p>1,2%</p><p>3,9%</p><p>6,9%</p><p>2,6%</p><p>0,9%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>2,0%</p><p>6,3%</p><p>3,8%</p><p>3,8%</p><p>3,8%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>3,1%</p><p>14,5%</p><p>1,9%</p><p>0,9%</p><p>2,7% 0,4%</p><p>8,8%</p><p>5,9%</p><p>0,8%</p><p>8,0%</p><p>1,2%</p><p>3,1%</p><p>35,6%</p><p>16,6%</p><p>6,9%</p><p>10,2%</p><p>9,6%</p><p>11,7%</p><p>46,7%</p><p>18,9%</p><p>16,0%</p><p>14,0%</p><p>9,2%</p><p>26,2%</p><p>19,5%</p><p>20,8%</p><p>10,7%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>13,3%</p><p>9,8%</p><p>9,0%</p><p>13,9%</p><p>9,1%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 12,7%</p><p>20,0%</p><p>45,0%</p><p>14,3%</p><p>8,3%</p><p>9,9% 3,9%</p><p>11,1%</p><p>3,4%</p><p>13,9%</p><p>14,6%</p><p>37,1%</p><p>46,5%</p><p>ainda não tinha acesso à rede geral de água</p><p>tratada.</p><p>No Norte, o problema também foi grave, pois</p><p>havia 6,688 milhões de pessoas vivendo em</p><p>moradias sem acesso à rede de abastecimento de</p><p>água tratada. Esse contingente demográfico</p><p>correspondeu a 24,5% do total nacional. Neste</p><p>caso, a parcela que essas pessoas representam do</p><p>total de habitantes foi ainda maior do que a nordes-</p><p>tina: 36 a cada 100 pessoas moravam em domicíli-</p><p>os sem acesso à rede de água em 2022. Na</p><p>região Norte, os maiores problemas estavam nos</p><p>estados de Rondônia, Pará e Roraima, onde mais de</p><p>45% da população ainda não tinha acesso à rede</p><p>geral de água.</p><p>Do total das moradias brasileiras com privação de</p><p>acesso à rede de distribuição de água tratada,</p><p>35,8% estavam em áreas urbanas e 64,2% em</p><p>áreas rurais, indicando uma inadequação maior</p><p>das moradias no meio rural. Essa ideia foi corrobo-</p><p>rada com o fato de que 6 a cada 10 moradias</p><p>rurais do país não dispunham de rede de acesso.</p><p>Em termos demográficos, contudo, a distribuição foi</p><p>bem distinta: 51,5% da população em privação de</p><p>acesso à rede de água morava nas áreas urbanas</p><p>das cidades brasileiras, enquanto que apenas</p><p>48,5% das pessoas nessa situação estavam nas</p><p>áreas rurais. Assim, o percentual da população total</p><p>de cada região que estava em privação de acesso</p><p>à rede geral de água tratada acabou sendo</p><p>ligeiramente maior entre os habitantes de áreas</p><p>urbanas.</p><p>3.2. Evolução temporal</p><p>No caso da privação de acesso à rede geral de</p><p>abastecimento de água tratada, as informações</p><p>históricas consistentes começam em 2016. Desse</p><p>ano até 2022, o número de moradias nesse tipo de</p><p>privação caiu de 9,567 milhões para 8,916</p><p>milhões, indicando a recuperação de 651 mil</p><p>domicílios que deixaram de estar em situação de</p><p>privação. A taxa de queda foi baixa, de apenas</p><p>1,2% ao ano, acumulando uma redução de 6,8%</p><p>entre 2016 e 2022 do número de habitações sem</p><p>acesso à rede geral de abastecimento de água</p><p>tratada. Em termos relativos, o percentual de</p><p>moradias em privação caiu de 14,2% do total de</p><p>habitações em 2016 para 12,0% do total de</p><p>moradias no país em 2022. Isso equivaleu a uma</p><p>redução de 2,2 pontos percentuais.</p><p>Em termos populacionais, os dados históricos</p><p>apontam para uma tendência pouco intensa de</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA | 19</p><p>Tabela 3.1</p><p>Distribuição das moradias e da população por áreas rural e</p><p>urbana e parcelas das moradias e das populações em</p><p>privação de acesso à rede geral de água, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Urbano Rural Total</p><p>(%) do total das moradias em privação 35,8% 64,2% 100,0%</p><p>(%) das moradias em cada área 4,9% 61,1% 12,0%</p><p>(%) do total da população em privação 51,5% 48,5% 100,0%</p><p>(%) da população de cada área 13,4% 12,1% 12,7%</p><p>População</p><p>Moradias</p><p>Gráfico 3.1</p><p>Evolução das moradias com privação de acesso à rede geral de água, Brasil</p><p>20 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA</p><p>Gráfico 3.2</p><p>Evolução das população com privação de acesso à rede geral de água, Brasil</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>7,115</p><p>9,567</p><p>8,353</p><p>8,916</p><p>0</p><p>3</p><p>6</p><p>9</p><p>12</p><p>10,9%</p><p>14,2%</p><p>11,8% 12,0%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>Em milhões Em (%) do total de moradias</p><p>Em milhões Em (%) do total de pessoas</p><p>22,796</p><p>31,024</p><p>26,366</p><p>27,270</p><p>0</p><p>10</p><p>20</p><p>30</p><p>40</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>11,3%</p><p>15,2%</p><p>12,6% 12,7%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>2013 2016 2019 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA | 21</p><p>redução das pessoas em privação de acesso à rede</p><p>de água. Entre 2016 e 2022, o número de pessoas</p><p>em privação caiu de 31,024 milhões para 27,270</p><p>milhões, indicando a retirada de mais de 3,754</p><p>milhões de pessoas da situação de privação desse</p><p>serviço básico de saneamento. A taxa de queda foi</p><p>de 2,1% ao ano, acumulando uma redução de</p><p>12,1% entre 2016 e 2022 no número de pessoas</p><p>morando em residências sem acesso à rede geral</p><p>de distribuição de água. Em termos relativos, o</p><p>percentual de pessoas em privação caiu de 15,2%</p><p>da população brasileira em 2016 para 12,7% dos</p><p>brasileiros em 2022.</p><p>3.3. Perfil das moradias em privação</p><p>A imensa maioria das habitações em estado de</p><p>privação de rede geral de abastecimento de água</p><p>tratada era de casas (97,5%). Os apartamentos</p><p>com esse perfil responderam por apenas 2,3% do</p><p>total das 8,916 milhões de habitações com esse</p><p>tipo de privação em 2022 e as moradias em</p><p>cômodos, por 0,2%. Contudo, essa privação foi</p><p>relativamente maior nas habitações de cômodos:</p><p>16 a cada 100 moradias desse tipo estavam em</p><p>situação de privação. No caso das moradias em</p><p>casas, 14 a cada 100 estavam nessa condição em</p><p>2022 e entre os apartamentos, apenas 2 a cada</p><p>100.</p><p>O Gráfico 3.4 revela que o problema da privação</p><p>de acesso à rede geral de abastecimento de água</p><p>tratada foi mais intenso entre as moradias com</p><p>materiais de acabamento inadequados. Por</p><p>exemplo, do total de habitações feitas de taipa sem</p><p>revestimento, 47,4% estavam em situação de</p><p>privação de acesso à rede geral de água. Os</p><p>índices relativos superavam mais</p><p>de 35% nas</p><p>habitações feitas de madeira e nas feitas com outros</p><p>materiais. Entre as habitações feitas com alvenaria</p><p>revestida, apenas 10,1% estava em situação de</p><p>privação de acesso à rede geral de água.</p><p>Quando se considera o material do telhado das</p><p>moradias, a questão qualitativa se repete. A parcela</p><p>das moradias em privação de acesso à rede geral</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 3.3</p><p>Distribuição das moradias com privação de acesso à rede geral de</p><p>água por tipo de habitação e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Casa</p><p>97,5%</p><p>Apartamento</p><p>2,3%</p><p>Habitação em cômodo</p><p>0,2%</p><p>13,8%</p><p>1,9%</p><p>16,0%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>Casa Apartamento Habitação em cômodo</p><p>22 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA</p><p>Gráfico 3.4</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de acesso à</p><p>rede geral de água, por material das paredes, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 3.5</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de acesso à</p><p>rede geral de água, por material da cobertura, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>10,1%</p><p>20,6%</p><p>47,4%</p><p>35,6% 36,5%</p><p>39,2%</p><p>0%</p><p>15%</p><p>30%</p><p>45%</p><p>60%</p><p>Alvenaria ou taipa</p><p>com revestimento</p><p>Alvenaria sem</p><p>revestimento</p><p>Taipa sem</p><p>revestimento</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Madeira</p><p>aproveitada</p><p>Outro material</p><p>19,2%</p><p>4,5%</p><p>2,6%</p><p>20,6% 21,0%</p><p>22,7%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>Telha sem laje de</p><p>concreto</p><p>Telha com laje de</p><p>concreto</p><p>Somente laje de</p><p>concreto</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Zinco,alumínio ou</p><p>chapa metálica</p><p>Outro material</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA | 23</p><p>Gráfico 3.6</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de acesso à</p><p>rede geral de água, por material do piso, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 3.7</p><p>Frequência relativa de moradias com privação de acesso à</p><p>rede geral de água, por destino do lixo, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>8,9%</p><p>14,2%</p><p>30,1%</p><p>54,9%</p><p>15,0%</p><p>0%</p><p>15%</p><p>30%</p><p>45%</p><p>60%</p><p>Cerâmica, lajota ou</p><p>pedra</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Cimento Terra Outro material</p><p>6,2%</p><p>20,9%</p><p>69,8%</p><p>74,2%</p><p>53,3%</p><p>61,1%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>Coletado</p><p>diretamente por</p><p>serviço de limpeza</p><p>Coletado em</p><p>caçamba de</p><p>serviço de limpeza</p><p>Queimado (na</p><p>propriedade)</p><p>Enterrado (na</p><p>propriedade)</p><p>Jogado em terreno</p><p>baldio ou</p><p>logradouro</p><p>Outro destino</p><p>24 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA</p><p>de água tratada foi relativamente mais elevada nas</p><p>habitações com cobertura de telhas metálicas ou de</p><p>outros tipos de coberturas, como madeira aproveita-</p><p>da e palha. Nas moradias com telhado de laje e</p><p>laje com telhas, essa privação foi bem menos</p><p>frequente.</p><p>Nas moradias cujo piso é de terra, foi extremamente</p><p>elevada (54,9%) a parcela das habitações que não</p><p>tinham acesso à rede geral. Nas casas com piso de</p><p>madeira ou de cimento também eram relativamente</p><p>elevadas as parcelas de moradias nesse tipo de</p><p>privação: 14,2% e 30,1%, respectivamente.</p><p>O problema da privação de acesso à rede água</p><p>tratada está relacionado a outro problema sanitário</p><p>de primeira ordem, que é a forma de coleta de lixo.</p><p>Isso fez com que as parcelas das habitações que</p><p>não tinham acesso à rede de distribuição de água</p><p>tratada fossem relativamente mais elevadas nas</p><p>habitações cujo lixo é jogado em terreno baldio</p><p>(53,3%), enterrado na propriedade (74,2%) ou</p><p>queimado na propriedade (69,8%). Nas moradias</p><p>em que o lixo é coletado diretamente ou é coletado</p><p>em caçambas por serviço de limpeza pública, o</p><p>problema da falta de acesso à rede de água foi</p><p>menos frequente.</p><p>A grande maioria das moradias em privação de</p><p>acesso à água tratada era de habitações próprias</p><p>(76,4%) e outra parcela elevada de moradias</p><p>cedidas (16,5%). Contudo, foi identificada uma</p><p>frequência relativa mais elevada de moradias com</p><p>privação de água em moradias cedidas por</p><p>empregador: 22,5% das habitações cedidas não</p><p>estavam ligadas à rede geral de abastecimento de</p><p>água tratada e no caso das moradias próprias, essa</p><p>taxa foi de 13,2%.</p><p>3.4. Perfil da população em privação</p><p>Dos 27,270 milhões de pessoas morando em</p><p>habitações com privação de acesso à rede geral de</p><p>água em 2022, 51,5% eram homens e 48,5%</p><p>eram mulheres. Em termos relativos, a frequência de</p><p>homens nessa condição de moradia foi de 13,4% e</p><p>Gráfico 3.8</p><p>Distribuição das moradias com privação de acesso à rede geral de água</p><p>por propriedade do imóvel e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Próprio</p><p>76,4%</p><p>Alugado</p><p>6,7%</p><p>Cedido</p><p>16,5%</p><p>Outra condição</p><p>0,4%</p><p>13,2%</p><p>3,8%</p><p>22,5%</p><p>18,3%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Próprio Alugado Cedido Outra condição</p><p>a frequência de mulheres foi de 12,1%, resultando</p><p>numa frequência média ponderada de 12,7% da</p><p>população total.</p><p>A frequência relativa da população com privação</p><p>de acesso à rede geral de água foi relativamente</p><p>constante nas diversas faixas etárias. Nota-se,</p><p>contudo, que essa frequência foi ligeiramente maior</p><p>nos grupos etários mais jovens. Na população com</p><p>idade até 4 anos, 14,2% moravam em habitações</p><p>com privação de acesso à rede geral de água. Essa</p><p>taxa muda de patamar a partir da faixa de residen-</p><p>tes com 20 a 29 anos de idade, chegando a</p><p>11,0% para o grupo demográfico com 80 anos ou</p><p>mais de idade. Por essa razão, mais de 30% dos</p><p>27,270 milhões de pessoas morando em habita-</p><p>ções sem acesso à rede geral de água tratada</p><p>tinham menos de 20 anos de idade, o que significa</p><p>dizer que esse foi um problema fortemente concen-</p><p>trado na população jovem do país e nas famílias</p><p>com um número maior de filhos.</p><p>As pessoas autodeclaradas pardas prevaleceram</p><p>no total da população em privação de acesso à</p><p>rede geral de abastecimento de água, responden-</p><p>do por 56,7% do total em 2022. A população</p><p>autodeclarada branca respondeu por 32,8% e a</p><p>autodeclarada preta, por outros 9,2%. Em termos</p><p>relativos, contudo, a maior frequência ocorreu na</p><p>população indígena, onde 19 a cada 100 pessoas</p><p>estavam na condição de privação de acesso à</p><p>água tratada. A frequência também é mais elevada</p><p>nos grupos demográficos dos pardos (15,9%).</p><p>Do ponto de vista educacional, a grande maioria</p><p>da população em estado de privação de acesso à</p><p>rede de água tratada não tinha instrução formal</p><p>(12,0%) ou não tinha completado o ensino funda-</p><p>mental (45,8%). O peso da população que chegou</p><p>ao ensino superior, tendo ou não completado esse</p><p>ciclo, foi relativamente pequeno, de 6,6% do total</p><p>de pessoas em estado de privação de acesso à</p><p>rede geral de distribuição de água.</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 3.9</p><p>Distribuição da população com privação de acesso à rede</p><p>geral de água por gênero e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA | 25</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada gênero</p><p>Homem</p><p>51,5%</p><p>Mulher</p><p>48,5%</p><p>13,4%</p><p>12,1%</p><p>12,7%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>Homem Mulher Total da população</p><p>26 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA</p><p>Gráfico 3.10</p><p>Frequência relativa da população com privação de acesso</p><p>à rede geral de água, por faixa etária, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 3.11</p><p>Distribuição da população com privação de acesso à rede geral de</p><p>água por raça autodeclarada e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>14,2% 14,4% 14,7%</p><p>11,8% 11,9% 12,4% 12,1%</p><p>11,0%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>de 0 a 4 anos de 5 a 14 anos de 15 a 19</p><p>anos</p><p>de 20 a 29</p><p>anos</p><p>30 a 39 anos de 40 a 59</p><p>anos</p><p>de 60 a 79</p><p>anos</p><p>mais de 80</p><p>anos</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada raça autodeclarada</p><p>Branca</p><p>32,8%</p><p>Preta</p><p>9,2%</p><p>Amarela</p><p>0,6%</p><p>Parda</p><p>56,7% Indígena</p><p>0,7%</p><p>9,8%</p><p>11,1%</p><p>9,6%</p><p>15,9%</p><p>18,9%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>Branca Preta Amarela Parda Indígena</p><p>PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA | 27</p><p>Gráfico 3.12</p><p>Distribuição da população com privação de acesso à rede geral de</p><p>água por grau de instrução e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 3.13</p><p>Distribuição da população com privação de acesso à rede geral</p><p>de água por</p><p>faixa de rendimento mensal domiciliar e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>19,2%</p><p>17,9%</p><p>13,7% 13,2%</p><p>9,4%</p><p>5,2%</p><p>4,3%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Sem</p><p>instrução e</p><p>menos de 1</p><p>ano de</p><p>estudo</p><p>Fundamental</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Fundamental</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>completoSem instrução e menos</p><p>de 1 ano de estudo</p><p>12,0%</p><p>Fundamental incompleto</p><p>ou equivalente</p><p>45,8%</p><p>Fundamental completo</p><p>ou equivalente</p><p>8,2%</p><p>Médio incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>7,6%</p><p>Médio completo ou</p><p>equivalente</p><p>19,8%</p><p>Superior incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>1,8%</p><p>Superior completo</p><p>4,8%</p><p>Até R$ 2.400,00</p><p>46,9%</p><p>De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>31,9%</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>14,5%</p><p>Mais de R$ 8.000,00</p><p>6,8%</p><p>19,3%</p><p>13,2%</p><p>8,5%</p><p>5,2%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Até R$ 2.400,00 De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>Mais de R$</p><p>8.000,00</p><p>28 | PRIVAÇÃO DE ACESSO À REDE GERAL DE ÁGUA</p><p>Gráfico 3.14</p><p>Distribuição da população com privação de acesso à rede geral de</p><p>água por grau de pobreza e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>A frequência relativa da população com privação</p><p>de acesso à rede geral de água foi bastante</p><p>variável conforme o nível de instrução. Nota-se que</p><p>essa frequência foi maior nos grupos de menor</p><p>instrução. Na população sem instrução, 19,2%</p><p>moravam em habitações sem acesso à rede geral.</p><p>Essa taxa caiu gradativamente nas populações de</p><p>maior grau de instrução, chegando a 4,3% para o</p><p>grupo demográfico com ensino superior completo.</p><p>A distribuição da população com privação de</p><p>acesso à rede geral de água por faixa de rendimen-</p><p>to mensal domiciliar apresenta uma forte concentra-</p><p>ção nos domicílios de baixa renda. Em 2022,</p><p>46,9% do total de 27,270 milhões de pessoas com</p><p>essa privação moravam em domicílios em que a</p><p>renda total foi de, no máximo, R$ 2.400,00 por</p><p>mês. Outros 31,9% das pessoas em privação</p><p>moravam em residências cuja renda mensal</p><p>domiciliar variava entre R$ 2.400,01 e R$</p><p>4.400,00. Essas duas classes de renda totalizaram</p><p>quase 80% da população em estado de privação</p><p>de acesso à rede geral de distribuição de água</p><p>tratada.</p><p>Por fim, a análise identificou que 70,2% da popula-</p><p>ção morando em habitações sem acesso à rede de</p><p>distribuição de água tratada estavam acima da</p><p>linha de pobreza em 2022. Em termos de frequên-</p><p>cia relativa, 23 a cada 100 pessoas vivendo</p><p>abaixo da linha de pobreza tinha privação de</p><p>acesso à rede geral de abastecimento de água em</p><p>2022.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Acima da linha de pobreza</p><p>70,2%</p><p>Abaixo da linha de pobreza</p><p>29,8%</p><p>10,7%</p><p>23,2%</p><p>12,7%</p><p>0%</p><p>5%</p><p>10%</p><p>15%</p><p>20%</p><p>25%</p><p>Acima da linha de</p><p>pobreza</p><p>Abaixo da linha de</p><p>pobreza</p><p>Total da população</p><p>Onde estão as maiores</p><p>populações afetadas?</p><p>Onde esse problema</p><p>é mais comum?</p><p>em milhares</p><p>de pessoas</p><p>1 Pará 3.966</p><p>2 Minas Gerais 2.387</p><p>3 Bahia 2.186</p><p>4 Pernambuco 1.882</p><p>5 Rio de Janeiro 1.722</p><p>6 São Paulo 1.598</p><p>7 Maranhão 1.352</p><p>8 Ceará 1.296</p><p>9 Paraíba 1.064</p><p>10 Rio Grande do Sul 1.050</p><p>11 Paraná 1.046</p><p>12 Santa Catarina 1.030</p><p>13 Rondônia 847</p><p>14 Amazonas 834</p><p>15 Goiás 725</p><p>16 Alagoas 703</p><p>17 Espírito Santo 554</p><p>18 Piauí 526</p><p>19 Mato Grosso 524</p><p>20 Amapá 413</p><p>21 Acre 335</p><p>22 Rio Grande do Norte 331</p><p>23 Sergipe 253</p><p>24 Mato Grosso do Sul 232</p><p>25 Tocantins 224</p><p>26 Distrito Federal 122</p><p>27 Roraima 70</p><p>em (%) da</p><p>população</p><p>46,7% Amapá 1</p><p>46,5% Rondônia 2</p><p>45,0% Pará 3</p><p>37,1% Acre 4</p><p>26,2% Paraíba 5</p><p>20,8% Alagoas 6</p><p>20,0% Amazonas 7</p><p>19,5% Pernambuco 8</p><p>18,9% Maranhão 9</p><p>16,0% Piauí 10</p><p>14,8% Mato Grosso 11</p><p>14,6% Bahia 12</p><p>14,0% Ceará 13</p><p>13,9% Santa Catarina 14</p><p>13,9% Tocantins 15</p><p>13,3% Espírito Santo 16</p><p>11,7% Roraima 17</p><p>11,1% Minas Gerais 18</p><p>10,7% Sergipe 19</p><p>9,9% Goiás 20</p><p>9,8% Rio de Janeiro 21</p><p>9,2% Rio Grande do Norte 22</p><p>9,1% Rio Grande do Sul 23</p><p>9,0% Paraná 24</p><p>8,3% Mato Grosso do Sul 25</p><p>3,9% Distrito Federal 26</p><p>3,4% São Paulo 27</p><p>4</p><p>ABASTECIMENTO</p><p>IRREGULAR DE</p><p>ÁGUA TRATADA</p><p>4.1. Distribuição regional</p><p>Em 2022, havia 16,896 milhões de moradias que,</p><p>a despeito de estarem ligadas à rede geral de</p><p>distribuição, não recebiam água diariamente, ou</p><p>seja, na regularidade de abastecimento recomen-</p><p>dada pela Organização Mundial da Saúde e pelo</p><p>Plano Nacional de Saneamento (Plansab). Esse</p><p>número correspondeu a 22,8% do total de residên-</p><p>cias no país.</p><p>Aos moldes do que se observa nas outras dimensões</p><p>da privação de saneamento, a maior parte das</p><p>moradias com este tipo de privação estava localiza-</p><p>da nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando</p><p>7,730 milhões de residências em 2022, ou ainda,</p><p>45,8% do total nacional. Entre os estado do</p><p>Nordeste, a maior concentração de moradias com</p><p>essa privação estava em Pernambuco, na Bahia e</p><p>no Maranhão, os mesmo estados com maio número</p><p>de residenciais sem acesso à rede de água tratada.</p><p>Na região Nordeste, 23 a cada 100 moradias não</p><p>recebiam água diariamente. Em três estados,</p><p>contudo, essa proporção estava bem próxima ou</p><p>passava a marca de 40 a cada 100, como foi o</p><p>caso de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio</p><p>Grande do Norte e Maranhão.</p><p>A região Sudeste foi a segunda em número de</p><p>residenciais com abastecimento irregular, concen-</p><p>trando 25,8% das moradias com esse tipo de</p><p>privação em 2022. Ao total foram 4,353 milhões</p><p>de habitações nessa situação. As taxas de incidên-</p><p>cia foram maiores no estado do Rio de Janeiro, onde</p><p>1 a cada 4 residenciais não recebeu água com</p><p>regularidade, e no Espírito Santo, onde 1 a cada 5</p><p>moradias passaram por problemas de abastecimen-</p><p>to.</p><p>No Norte, o problema também era muito grave,</p><p>pois havia 2,447 milhões de moradias sem abaste-</p><p>cimento regular, o que correspondeu a 14,5% do</p><p>total de moradias brasileiras nessa situação. Neste</p><p>caso, contudo, a parcela que essas moradias</p><p>representaram do total de habitações foi ainda</p><p>maior do que a nordestina, pois 43 a cada 100</p><p>domicílios não recebiam água com a regularidade</p><p>adequada em 2022. Em termos relativos, todos os</p><p>estados do Norte tinham problemas, mas os mais</p><p>severos estavam no Pará, onde 51,1% das moradi-</p><p>as não recebia água com regularidade, Rondônia</p><p>(52,1% da população do estado), Amapá (54,1%)</p><p>e Acre (69,5%).</p><p>O número de brasileiros que moravam nas habita-</p><p>ções sem abastecimento regular de água em 2022</p><p>foi de 51,197 milhões de pessoas, o que corres-</p><p>pondeu a 23,9% da população brasileira. Em</p><p>termos populacionais, a maior parte do problema</p><p>(46,0%) também estava localizada nos estados do</p><p>Mapa 4.1</p><p>Moradias com abastecimento irregular de</p><p>água tratada, 2022</p><p>Mapa 4.2</p><p>População com abastecimento irregular de</p><p>água tratada, 2022</p><p>em milhares de</p><p>moradias</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias no país</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias em</p><p>cada região</p><p>em milhares de</p><p>pessoas</p><p>e</p><p>da população</p><p>m (%) do total</p><p>em (%) do total</p><p>de pessoas em</p><p>cada região</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>2.447</p><p>7.730</p><p>4.353</p><p>1.502</p><p>864</p><p>27</p><p>132</p><p>854</p><p>237</p><p>769</p><p>482</p><p>592</p><p>2.147</p><p>453</p><p>297-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>270</p><p>1.636</p><p>546</p><p>405</p><p>551</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 16.896</p><p>331</p><p>1.344</p><p>359</p><p>106</p><p>331 67</p><p>1.294</p><p>1.154</p><p>91</p><p>1.899</p><p>196</p><p>326</p><p>14,5%</p><p>45,8%</p><p>25,8%</p><p>8,9%</p><p>5,1%</p><p>0,2%</p><p>0,8%</p><p>5,1%</p><p>1,4%</p><p>4,6%</p><p>2,9%</p><p>3,5%</p><p>12,7%</p><p>2,7%</p><p>1,8%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1,6%</p><p>9,7%</p><p>3,2%</p><p>2,4%</p><p>3,3%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100%</p><p>2,0%</p><p>8,0%</p><p>2,1%</p><p>0,6%</p><p>2,0% 0,4%</p><p>7,7%</p><p>6,8%</p><p>0,5%</p><p>11,2%</p><p>1,2%</p><p>1,9%</p><p>43,2%</p><p>40,1%</p><p>13,5%</p><p>13,5%</p><p>14,9%</p><p>15,3%</p><p>54,1%</p><p>39,8%</p><p>23,0%</p><p>24,9%</p><p>40,3%</p><p>43,7%</p><p>65,1%</p><p>41,5%</p><p>36,3%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>18,6%</p><p>24,9%</p><p>13,1%</p><p>15,6%</p><p>12,6%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 22,8%</p><p>28,3%</p><p>51,1%</p><p>30,3%</p><p>10,8%</p><p>12,9% 6,3%</p><p>17,0%</p><p>6,9%</p><p>17,0%</p><p>36,0%</p><p>69,5%</p><p>52,1%</p><p>8.275</p><p>23.548</p><p>12.504</p><p>4.331</p><p>2.539</p><p>88</p><p>489</p><p>2.868</p><p>778</p><p>2.369</p><p>1.478</p><p>1.820</p><p>6.351</p><p>1.429</p><p>845-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>836</p><p>4.527</p><p>1.588</p><p>1.210</p><p>1.533</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 51.197</p><p>1.177</p><p>4.645</p><p>1.064</p><p>313</p><p>967 194</p><p>3.833</p><p>3.308</p><p>266</p><p>5.610</p><p>631</p><p>979</p><p>16,2%</p><p>46,0%</p><p>24,4%</p><p>8,5%</p><p>5,0%</p><p>0,2%</p><p>1,0%</p><p>5,6%</p><p>1,5%</p><p>4,6%</p><p>2,9%</p><p>3,6%</p><p>12,4%</p><p>2,8%</p><p>1,6%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>1,6%</p><p>8,8%</p><p>3,1%</p><p>2,4%</p><p>3,0%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 100,0%</p><p>2,3%</p><p>9,1%</p><p>2,1%</p><p>0,6%</p><p>1,9% 0,4%</p><p>7,5%</p><p>6,5%</p><p>0,5%</p><p>11,0%</p><p>1,2%</p><p>1,9%</p><p>44,0%</p><p>40,7%</p><p>13,9%</p><p>14,2%</p><p>15,1%</p><p>14,7%</p><p>55,3%</p><p>40,1%</p><p>23,6%</p><p>25,5%</p><p>41,2%</p><p>44,8%</p><p>65,7%</p><p>42,4%</p><p>35,8%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>20,1%</p><p>25,8%</p><p>13,6%</p><p>16,3%</p><p>13,3%</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 23,9%</p><p>28,3%</p><p>52,7%</p><p>30,0%</p><p>11,2%</p><p>13,3% 6,2%</p><p>17,8%</p><p>7,0%</p><p>16,5%</p><p>37,4%</p><p>70,0%</p><p>53,7%</p><p>Nordeste brasileiro, totalizando 23,548 milhões de</p><p>pessoas em 2022. A maior concentração de pessoas</p><p>com essa privação estava nos estados de</p><p>Pernambuco (6,351 milhões), Bahia (5,610 milhões</p><p>de pessoas), Maranhão (2,861 milhões) e Ceará</p><p>(2,369 milhões). Em Pernambuco, a situação de</p><p>desabastecimento foi gravíssima, pois 65 a cada</p><p>100 habitantes ainda não recebiam água tratada de</p><p>forma regular em 2022.</p><p>O segundo maior contingente demográfico com</p><p>problemas de abastecimento foi o do Sudeste do</p><p>país, onde 12,505 milhões de pessoas não recebe-</p><p>ram água com a devida regularidade. Esse número</p><p>de pessoas correspondeu a 24,4% do total registrado</p><p>no país. Foram 4,527 milhões de pessoas nesta</p><p>condição que moravam no Rio de Janeiro, 3,833</p><p>milhões de mineiros e 3,308 milhões de paulistas. Em</p><p>termos relativos, o problema mais grave de abasteci-</p><p>mento de água foi no Rio de Janeiro, onde cerca de 1</p><p>a cada 4 habitantes foi privado de abastecimento</p><p>regular de água em 2022. Essa proporção também</p><p>foi elevada no Espírito Santo (1 a cada 5 habitantes).</p><p>No Norte, havia 8,275 milhões de pessoas vivendo</p><p>em moradias sem abastecimento regular de água</p><p>tratada. Esse contingente demográfico correspondeu</p><p>a 16,2% do total nacional. Neste caso, contudo, a</p><p>parcela que essas pessoas representaram do total de</p><p>habitantes foi ainda maior do que a nordestina: 44 a</p><p>cada 100 pessoas moravam em domicílios sem</p><p>recebimento regular de água em 2022. Na região</p><p>Norte, os maiores problemas estavam novamente nos</p><p>estados de Pará, Rondônia, Amapá e Roraima, onde</p><p>mais de 45% da população ainda não recebia água</p><p>com regularidade.</p><p>Do total das moradias brasileiras que não receberam</p><p>água tratada todos os dias, 60,4% estavam em áreas</p><p>urbanas e apenas 39,6% em áreas rurais, indicando</p><p>uma inadequação maior das moradias nas áreas</p><p>urbanas das cidades brasileira. Essa ideia foi corro-</p><p>borada com o fato de que 24,5% moradias em áreas</p><p>urbanas do país não receberam água com regularida-</p><p>de, uma proporção maior que a observada no meio</p><p>rural (23,3%). Em termos populacionais, contudo, a</p><p>distribuição foi distinta: metade da população sem</p><p>abastecimento regular morava nas áreas urbanas das</p><p>cidades brasileiras e a outra metade estava nas áreas</p><p>rurais.</p><p>4.2. Evolução temporal</p><p>No caso de abastecimento irregular de água tratada,</p><p>as informações históricas consistentes também</p><p>começam apenas em 2016. Durante esses anos, o</p><p>número de moradias nesse tipo de privação flutuou,</p><p>mas não apresentou evolução positiva, pois o número</p><p>de moradias nessa situação em 2016 é praticamente</p><p>o mesmo do verificado em 2022. Em termos relativos,</p><p>como cresceu o número total de moradias nesses seis</p><p>anos, houve uma redução do percentual de moradias</p><p>ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA | 33</p><p>Tabela 4.1</p><p>Distribuição das moradias e da população por áreas rural e</p><p>urbana e parcelas das moradias e das populações com</p><p>abastecimento irregular de água tratada, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Urbano Rural Total</p><p>(%) do total das moradias em privação 60,4% 39,6% 100,0%</p><p>(%) das moradias em cada área 15,8% 71,3% 22,8%</p><p>(%) do total da população em privação 50,2% 49,8% 100,0%</p><p>(%) da população de cada área 24,5% 23,3% 23,9%</p><p>Moradias</p><p>População</p><p>Gráfico 4.1</p><p>Evolução das moradias com abastecimento irregular de água tratada, Brasil</p><p>34 | ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA</p><p>Gráfico 4.2</p><p>Evolução das população com abastecimento irregular de água tratada, Brasil</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em milhões Em (%) do total de moradias</p><p>Em milhões Em (%) do total de pessoas</p><p>16,9</p><p>15,8</p><p>16,9</p><p>15</p><p>16</p><p>17</p><p>18</p><p>25,1%</p><p>22,4%</p><p>22,8%</p><p>20%</p><p>22%</p><p>24%</p><p>26%</p><p>2016 2019 2022</p><p>54,1</p><p>49,4</p><p>51,2</p><p>46</p><p>48</p><p>50</p><p>52</p><p>54</p><p>56</p><p>2016 2019 2022</p><p>26,5%</p><p>23,6%</p><p>23,9%</p><p>22%</p><p>23%</p><p>24%</p><p>25%</p><p>26%</p><p>27%</p><p>2016 2019 2022</p><p>ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA | 35</p><p>em situação de privação. A taxa caiu de 25,1% do</p><p>total de habitações em 2016 para 22,8% do total</p><p>de moradias no país em 2022. Isso equivaleu a</p><p>uma redução de 2,3 pontos percentuais.</p><p>Em termos populacionais, os dados históricos</p><p>apontam para uma ligeira tendência de redução</p><p>das pessoas sem abastecimento regular de água.</p><p>Entre 2016 e 2022, o número de pessoas nesse</p><p>estado de privação caiu de 54,099 milhões para</p><p>51,197 milhões, indicando a retirada de mais de</p><p>2,902 milhões de pessoas da situação de privação</p><p>desse serviço básico de saneamento. A taxa de</p><p>queda foi de 1,8% ao ano, acumulando uma</p><p>redução de 5,4% entre 2016 e 2022 no número de</p><p>pessoas morando em residências sem abastecimen-</p><p>to regular de água. Em termos relativos, o percentual</p><p>de pessoas em privação caiu de 26,5% população</p><p>brasileira em 2016 para 23,9% dos brasileiros em</p><p>2022 (redução de 2,5 pontos percentuais).</p><p>4.3. Perfil das moradias em privação</p><p>O abastecimento irregular de água é tipicamente</p><p>um problema que ocorre em casas (96,4%). Os</p><p>apartamentos com esse perfil responderam por</p><p>apenas 3,4% do total das 16,896 milhões de</p><p>habitações com esse tipo de privação em 2022 e</p><p>as moradias em cômodos, por 0,2%. A despeito</p><p>da baixa participação no total, a irregularidade no</p><p>abastecimento de água atinge 1 a cada 4 habita-</p><p>ções em cômodos, uma frequência relativa próxima</p><p>da verificada nas moradias do tipo casa.</p><p>A maior parte das moradias com o problema de</p><p>irregularidade de abastecimento de água tratada</p><p>foi observada entre as habitações com paredes de</p><p>alvenaria revestida (81,1%). Em termos relativos,</p><p>contudo, o problema foi mais intenso entre as</p><p>moradias com paredes de alvenaria não revestida,</p><p>de taipa ou de madeira. Por exemplo, do total de</p><p>habitações feitas de taipa sem revestimento, 58,8%</p><p>não recebiam água regularmente. Os índices</p><p>relativos superavam mais de 40% nas habitações</p><p>feitas de madeira e nas feitas com outros materiais</p><p>superava 50%. Vale lembrar que as moradias de</p><p>alvenaria não revestida são frequentes nas periferi-</p><p>as de grandes centros urbanos e em assentamentos</p><p>irregulares, ao passo que as de taipa e madeira são</p><p>mais frequentes nas áreas rurais. Assim, a questão</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 4.3</p><p>Distribuição das moradias com abastecimento irregular de água</p><p>tratada por tipo de habitação e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Casa</p><p>96,4%</p><p>Apartamento</p><p>3,4%</p><p>Habitação</p><p>em cômodo</p><p>7,6%</p><p>25,8%</p><p>5,3%</p><p>24,5%</p><p>0%</p><p>6%</p><p>12%</p><p>18%</p><p>24%</p><p>30%</p><p>Casa Apartamento Habitação em cômodo</p><p>36 | ABASTECIMENTO</p><p>IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA</p><p>Gráfico 4.4</p><p>Frequência relativa de moradias com abastecimento irregular</p><p>de água tratada, por material das paredes, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 4.5</p><p>Frequência relativa de moradias com abastecimento irregular</p><p>de água tratada, por material da cobertura, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>20,9%</p><p>34,2%</p><p>58,8%</p><p>41,1%</p><p>45,1%</p><p>50,7%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>Alvenaria ou taipa</p><p>com revestimento</p><p>Alvenaria sem</p><p>revestimento</p><p>Taipa sem</p><p>revestimento</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Madeira</p><p>aproveitada</p><p>Outro material</p><p>32,9%</p><p>12,4%</p><p>10,1%</p><p>25,3%</p><p>30,4% 30,8%</p><p>22,8%</p><p>0%</p><p>8%</p><p>16%</p><p>24%</p><p>32%</p><p>40%</p><p>Telha sem laje</p><p>de concreto</p><p>Telha com laje</p><p>de concreto</p><p>Somente laje de</p><p>concreto</p><p>Madeira</p><p>apropriada para</p><p>construção</p><p>Zinco,alumínio</p><p>ou chapa</p><p>metálica</p><p>Outro material Total</p><p>ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA | 37</p><p>Gráfico 4.6</p><p>Frequência relativa de moradias com abastecimento irregular</p><p>de água tratada, por material do piso, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 4.7</p><p>Frequência relativa de moradias com abastecimento irregular</p><p>de água tratada, por destino do lixo, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>19,4% 18,2%</p><p>46,4%</p><p>66,1%</p><p>22,8%</p><p>0%</p><p>20%</p><p>40%</p><p>60%</p><p>80%</p><p>Cerâmica, lajota ou</p><p>pedra</p><p>Madeira apropriada</p><p>para construção</p><p>Cimento Terra Outro material</p><p>17,0%</p><p>34,6%</p><p>78,6% 78,7%</p><p>71,2%</p><p>65,3%</p><p>0%</p><p>30%</p><p>60%</p><p>90%</p><p>Coletado</p><p>diretamente por</p><p>serviço de limpeza</p><p>Coletado em</p><p>caçamba de</p><p>serviço de limpeza</p><p>Queimado (na</p><p>propriedade)</p><p>Enterrado (na</p><p>propriedade)</p><p>Jogado em terreno</p><p>baldio ou</p><p>logradouro</p><p>Outro destino</p><p>38 | ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA</p><p>da irregularidade de abastecimento se distancia do</p><p>fenômeno da privação de acesso à rede geral por</p><p>se tratar de um fenômeno urbano e de cidades mais</p><p>adensadas.</p><p>Quando se considera o material do telhado das</p><p>moradias, a questão do abastecimento regular</p><p>apresentou um padrão distinto da questão da</p><p>privação de acesso à rede de água. A frequência</p><p>relativa de moradias sem regularidade no abasteci-</p><p>mento de água tratada foi de 32,9% entre as</p><p>habitações com cobertura de telhas sem laje de</p><p>concreto. No caso da privação de acesso à rede</p><p>geral de água, essa frequência era de apenas</p><p>19,2%. Nas moradias com telhado de laje e laje</p><p>com telhas, a privação de banheiro foi bem menos</p><p>frequente.</p><p>Como o ocorrido na privação de acesso à rede de</p><p>água, a parcela das habitações que não tinham</p><p>abastecimento regular foi extremamente elevada</p><p>nas moradias com piso de terra batida: 66,1%. Nas</p><p>casas com piso de madeira ou de cimento também</p><p>eram relativamente elevadas as parcelas de</p><p>moradias em estado de privação de recebimento</p><p>regular de água: 18,2% e 46,4%, respectivamente.</p><p>Comparativamente às moradias em situação de</p><p>privação de acesso à rede água, o problema de</p><p>abastecimento irregular de água tratada estava</p><p>ainda mais relacionado ao problema da forma de</p><p>coleta de lixo. Isso fez com que as parcelas das</p><p>habitações que não tinham abastecimento regular</p><p>de água tratada fossem relativamente mais eleva-</p><p>das nas habitações cujo lixo foi jogado em terreno</p><p>baldio (71,2%), enterrado na propriedade (78,7%)</p><p>ou queimado na propriedade (78,6%). Nas</p><p>moradias em que o lixo foi coletado em caçambas</p><p>por serviço de limpeza pública, o problema de</p><p>regularidade de abastecimento foi mais frequente</p><p>que o problema de acesso à rede geral de água:</p><p>34,6% contra 20,9%.</p><p>Também como foi observado no caso da privação</p><p>de acesso à rede geral de água, a grande maioria</p><p>das moradias sem abastecimento regular de água</p><p>tratada era de habitações próprias (75,3%) e a</p><p>segunda parcela mais elevada foi de moradias</p><p>Gráfico 4.8</p><p>Distribuição das moradias com abastecimento irregular de água tratada</p><p>por propriedade do imóvel e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada tipo de moradia</p><p>Próprio</p><p>75,3%</p><p>Alugado</p><p>11,8%</p><p>Cedido</p><p>12,5%</p><p>Outra condição</p><p>0,3%</p><p>24,6%</p><p>12,7%</p><p>32,3%</p><p>33,2%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Próprio Alugado Cedido Outra condição</p><p>cedidas (12,5%). Também foi identificada uma</p><p>frequência relativa mais elevada de moradias com</p><p>privação de água em moradias cedidas por</p><p>empregador: 32,3% das habitações cedidas não</p><p>tinham abastecimento regular de água tratada. No</p><p>caso das moradias próprias, essa taxa foi menor:</p><p>24,6%.</p><p>4.4. Perfil da população em privação</p><p>A distribuição por gênero da população morando</p><p>em habitações com abastecimento irregular de</p><p>água foi de aproximadamente 50% de mulheres e</p><p>50% de homens. Em termos relativos, a frequência</p><p>de homens nessa condição de moradia foi de</p><p>24,5% e a frequência de mulheres foi de 23,3%,</p><p>resultando numa diferença de 1,2 ponto percentual.</p><p>A média ponderada foi de 23,9% da população</p><p>total.</p><p>A frequência relativa da população com abasteci-</p><p>mento irregular de água também variou pouco entre</p><p>as diversas faixas etárias, mas foi ligeiramente</p><p>maior nos grupos etários mais jovens. Na popula-</p><p>ção com idade até 4 anos, 25,8% moravam em</p><p>habitações com privação de acesso à rede geral de</p><p>água. Essa taxa foi crescente até a população com</p><p>idade entre 15 e 19 anos. Na faixa seguinte, a taxa</p><p>muda para o patamar de 23%. No grupo demográ-</p><p>fico com 80 anos ou mais de idade, atinge seu</p><p>menor nível: 20,5% do total da população com</p><p>essa faixa etária. Assim, 30,4% dos 51,197</p><p>milhões de pessoas morando em habitações com</p><p>recebimento irregular de água tratada tinham</p><p>menos de 20 anos de idade, outro problema</p><p>também fortemente concentrado na população</p><p>jovem do país e nas famílias com um número maior</p><p>de filhos.</p><p>As pessoas autodeclaradas pardas também</p><p>prevaleceram no total da população em privação</p><p>de acesso regular à rede geral de água, responden-</p><p>do por 55,9% do total em 2022. A população</p><p>autodeclarada branca respondeu por 32,0% e a</p><p>autodeclarada preta, por outros 10,8%. Em termos</p><p>relativos, contudo, a maior frequência ocorreu na</p><p>população indígena, onde 33 a cada 100 pessoas</p><p>estavam na condição de abastecimento irregular de</p><p>água tratada. A frequência também foi mais</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Gráfico 4.9</p><p>Distribuição da população com abastecimento irregular de água</p><p>tratada por gênero e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA | 39</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada gênero</p><p>Homem</p><p>50,2%</p><p>Mulher</p><p>49,8%</p><p>24,5%</p><p>23,3%</p><p>23,9%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>Homem Mulher Total da população</p><p>40 | ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA</p><p>Gráfico 4.10</p><p>Frequência relativa da população com abastecimento</p><p>irregular de água tratada, por faixa etária, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 4.11</p><p>Distribuição da população com abastecimento irregular de água tratada</p><p>por raça autodeclarada e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada raça autodeclarada</p><p>25,8% 26,5% 26,8%</p><p>23,1% 23,0% 23,4%</p><p>22,4%</p><p>20,5%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>de 0 a 4 anos de 5 a 14 anos de 15 a 19</p><p>anos</p><p>de 20 a 29</p><p>anos</p><p>30 a 39 anos de 40 a 59</p><p>anos</p><p>de 60 a 79</p><p>anos</p><p>mais de 80</p><p>anos</p><p>Branca</p><p>32,0%</p><p>Preta</p><p>10,8%</p><p>Amarela</p><p>0,7%</p><p>Parda</p><p>55,9%</p><p>Indígena</p><p>0,6%</p><p>17,9%</p><p>24,3%</p><p>20,4%</p><p>29,5%</p><p>32,5%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Branca Preta Amarela Parda Indígena</p><p>ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA | 41</p><p>Gráfico 4.12</p><p>Distribuição da população com abastecimento irregular de água</p><p>tratada por grau de instrução e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Gráfico 4.13</p><p>Distribuição da população com abastecimento irregular de água tratada por faixa</p><p>de rendimento mensal domiciliar e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>33,7%</p><p>30,2%</p><p>24,9% 25,1%</p><p>20,6%</p><p>13,9%</p><p>11,3%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Sem</p><p>instrução e</p><p>menos de 1</p><p>ano de</p><p>estudo</p><p>Fundamental</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Fundamental</p><p>completo ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Médio</p><p>completo</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>incompleto</p><p>ou</p><p>equivalente</p><p>Superior</p><p>completo</p><p>Sem instrução</p><p>e menos de</p><p>1 ano</p><p>de estudo</p><p>11,2%</p><p>Fundamental incompleto</p><p>ou equivalente</p><p>41,0%</p><p>Fundamental completo</p><p>ou equivalente</p><p>7,9%</p><p>Médio incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>7,7%</p><p>Médio completo ou</p><p>equivalente</p><p>23,0%</p><p>Superior incompleto ou</p><p>equivalente</p><p>2,6%</p><p>Superior completo</p><p>6,7%</p><p>Até R$ 2.400,00</p><p>45,5%</p><p>De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>31,9%</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>14,5% Mais de R$ 8.000,00</p><p>7,5%</p><p>35,1%</p><p>24,8%</p><p>16,6%</p><p>10,9%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>Até R$ 2.400,00 De R$ 2.400,01 a</p><p>R$ 4.400,00</p><p>De R$ 4.400,01 a</p><p>R$ 8.000,00</p><p>Mais de R$</p><p>8.000,00</p><p>42 | ABASTECIMENTO IRREGULAR DE ÁGUA TRATADA</p><p>Gráfico 4.14</p><p>Distribuição da população com abastecimento irregular de água tratada</p><p>por grau de pobreza e frequência relativa, Brasil, 2022</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>elevada nos grupos demográficos dos pardos</p><p>(29,5%).</p><p>Aos moldes do que foi observado no caso da</p><p>privação de acesso à água tratada, a grande</p><p>maioria da população em estado de abastecimento</p><p>irregular de água tratada não tinha instrução formal</p><p>(11,2%) ou não tinha completado o ensino funda-</p><p>mental (41,0%). O peso da população que chegou</p><p>ao ensino superior, tendo ou não completado esse</p><p>ciclo, foi relativamente pequeno, de 9,2% do total</p><p>de pessoas que moram em habitação com abasteci-</p><p>mento irregular de água.</p><p>A frequência relativa da população com abasteci-</p><p>mento irregular de água foi bastante variável</p><p>conforme o nível de instrução. Nota-se que essa</p><p>frequência também foi maior nos grupos de menor</p><p>instrução. Na população sem instrução, 33,7%</p><p>moravam em habitações sem recebimento diário de</p><p>água tratada. Essa taxa caiu gradativamente nas</p><p>populações de maior grau de instrução, chegando</p><p>a 11,3% para o grupo demográfico com ensino</p><p>superior completo.</p><p>Novamente, essa segunda dimensão da privação</p><p>apresentou uma distribuição da população por</p><p>faixa de rendimento mensal domiciliar fortemente</p><p>concentrada nos domicílios de baixa renda. Em</p><p>2022, 45,5% do total de 51,197 milhões de</p><p>pessoas com essa privação moravam em domicílios</p><p>em que a renda total foi de, no máximo, R$</p><p>2.400,00 por mês. Outros 31,9% das pessoas em</p><p>privação moravam em residências cuja renda</p><p>mensal domiciliar variava entre R$ 2.400,01 e R$</p><p>4.400,00. Essas duas classes de renda totalizaram</p><p>77,4% da população em estado de privação de</p><p>acesso à rede geral de distribuição de água</p><p>tratada.</p><p>Aos moldes do que foi observado no caso da</p><p>privação de acesso à água tratada, a análise</p><p>identificou que 72,0% da população morando em</p><p>habitações com abastecimento irregular de água</p><p>tratada estavam acima da linha de pobreza em</p><p>2022. Em termos de frequência relativa, contudo,</p><p>41 a cada 100 pessoas vivendo abaixo da linha</p><p>de pobreza tinha abastecimento irregular de água</p><p>em 2022.</p><p>Em (%) do total Em (%) do total de cada grupo</p><p>Acima da linha de pobreza</p><p>72,0%</p><p>Abaixo da linha de pobreza</p><p>28,0%</p><p>20,6%</p><p>40,9%</p><p>23,9%</p><p>0%</p><p>10%</p><p>20%</p><p>30%</p><p>40%</p><p>50%</p><p>Acima da linha de</p><p>pobreza</p><p>Abaixo da linha de</p><p>pobreza</p><p>Total da população</p><p>em milhares</p><p>de pessoas</p><p>1 Pernambuco 6.351</p><p>2 Bahia 5.610</p><p>3 Pará 4.645</p><p>4 Rio de Janeiro 4.527</p><p>5 Minas Gerais 3.833</p><p>6 São Paulo 3.308</p><p>7 Maranhão 2.868</p><p>8 Ceará 2.369</p><p>9 Paraíba 1.820</p><p>10 Paraná 1.588</p><p>11 Rio Grande do Sul 1.533</p><p>12 Rio Grande do Norte 1.478</p><p>13 Alagoas 1.429</p><p>14 Santa Catarina 1.210</p><p>15 Amazonas 1.177</p><p>16 Mato Grosso 1.064</p><p>17 Rondônia 979</p><p>18 Goiás 967</p><p>19 Sergipe 845</p><p>20 Espírito Santo 836</p><p>21 Piauí 778</p><p>22 Acre 631</p><p>23 Amapá 489</p><p>24 Mato Grosso do Sul 313</p><p>25 Tocantins 266</p><p>26 Distrito Federal 194</p><p>27 Roraima 88</p><p>Onde estão as maiores</p><p>populações afetadas?</p><p>Onde esse problema</p><p>é mais comum?</p><p>em (%) da</p><p>população</p><p>70,0% Acre 1</p><p>65,7% Pernambuco 2</p><p>55,3% Amapá 3</p><p>53,7% Rondônia 4</p><p>52,7% Pará 5</p><p>44,8% Paraíba 6</p><p>42,4% Alagoas 7</p><p>41,2% Rio Grande do Norte 8</p><p>40,1% Maranhão 9</p><p>37,4% Bahia 10</p><p>35,8% Sergipe 11</p><p>30,0% Mato Grosso 12</p><p>28,3% Amazonas 13</p><p>25,8% Rio de Janeiro 14</p><p>25,5% Ceará 15</p><p>23,6% Piauí 16</p><p>20,1% Espírito Santo 17</p><p>17,8% Minas Gerais 18</p><p>16,5% Tocantins 19</p><p>16,3% Santa Catarina 20</p><p>14,7% Roraima 21</p><p>13,6% Paraná 22</p><p>13,3% Rio Grande do Sul 23</p><p>13,3% Goiás 24</p><p>11,2% Mato Grosso do Sul 25</p><p>7,0% São Paulo 26</p><p>6,2% Distrito Federal 27</p><p>5</p><p>PRIVAÇÃO DE</p><p>DISPONIBILIDADE DE</p><p>RESERVATÓRIO DE ÁGUA</p><p>5.1. Distribuição regional</p><p>Segundo as estatísticas da PNADC 10,856</p><p>milhões de moradias não tinham reservatórios de</p><p>água em 2022, ou ainda, 14,7% do total de</p><p>residências no país.</p><p>A maior parte das moradias com privação de</p><p>reservatórios de água (32,0%) estava localizada</p><p>nos estados do Nordeste brasileiro, totalizando</p><p>3,473 milhões de habitações em 2022. Entre os</p><p>estado do Nordeste, a maior concentração de</p><p>moradias com essa privação estava na Bahia,</p><p>Maranhão e Ceará. Na região Nordeste, 18,4%</p><p>das moradias ainda não tinham caixa d'água.</p><p>No Sul, o problema também foi grave, com 2,876</p><p>milhões de moradias sem reservatório de água, o</p><p>que correspondeu a 26,5% do total nacional. Neste</p><p>caso, contudo, a parcela que essas moradias</p><p>representam do total de habitações foi ainda maior</p><p>do que a nordestina: 26 a cada 100 domicílios não</p><p>dispunham de caixa d'água em 2022. Na região</p><p>Norte havia 1,562 milhão de moradias sem</p><p>reservatório de água, o que correspondeu a 14,4%</p><p>do total nacional. No entanto, em termos relativos,</p><p>essa foi a região com o pior índice: cerda de 28 a</p><p>cada 100 domicílios não dispunham de caixa</p><p>d'água.</p><p>Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, esse foi um</p><p>problema relativamente menor. Na região Sudeste</p><p>7 a cada 100 domicílios não dispunham de caixa</p><p>d'água em 2022 e na região Centro-Oeste esse</p><p>índice foi de 13 a cada 100 domicílios.</p><p>O número de brasileiros que moravam nas habita-</p><p>ções com privação de reservatório de água em</p><p>2022 foi de 31,954 milhões pessoas. Isso corres-</p><p>pondeu a 15,0% da população brasileira. Em</p><p>termos populacionais, a maior parte do problema</p><p>(33,2%) estava localizada nos estados do Nordeste</p><p>brasileiro, totalizando 10,602 milhões de pessoas</p><p>em 2022. A maior concentração de pessoas com</p><p>essa privação estava nos estados da Bahia,</p><p>Maranhão e Ceará. No Piauí, contudo, aproxima-</p><p>damente 36 a cada 100 habitantes ainda não</p><p>tinham reservatório de água em suas residências.</p><p>No Sul, o problema também foi grave, pois havia</p><p>7,904 milhões de pessoas vivendo em moradias</p><p>sem caixa d'água, ou ainda, 24,7% do total</p><p>nacional. Neste caso, contudo, a parcela que essas</p><p>pessoas representam do total de habitantes foi</p><p>maior do que a nordestina: 26 a cada 100 pessoas</p><p>não dispunham de caixa d'água em suas residênci-</p><p>as em 2022. Na região Sul, os maiores problemas</p><p>estavam nos estados do Rio Grande do Sul e</p><p>Paraná, onde se situavam respectivamente 4,706</p><p>Mapa 5.1</p><p>Moradias em privação de disponibilidade de</p><p>reservatório de água, 2022</p><p>Mapa 5.2</p><p>População em privação de disponibilidade</p><p>de reservatório de água, 2022</p><p>em milhares de</p><p>moradias</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias no país</p><p>em (%) do total de</p><p>moradias em</p><p>cada região</p><p>em milhares de</p><p>pessoas</p><p>e</p><p>da população</p><p>m (%) do total</p><p>em (%) do total</p><p>de pessoas em</p><p>cada região</p><p>Fonte: PNADC. Elaboração: Ex Ante Consultoria Econômica.</p><p>1.562</p><p>3.473</p><p>2.165</p><p>2.876</p><p>781</p><p>94</p><p>47</p><p>614</p><p>366</p><p>614</p><p>111</p><p>299</p><p>320</p><p>249</p><p>213-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p><p>100</p><p>298</p><p>793</p><p>332</p><p>1.751</p><p>6,8%</p><p>-5,5%</p><p>-7,1%</p><p>-4,9%</p><p>2,5%</p><p>8,1%</p><p>-2,2%</p><p>Brasil: 10.856</p><p>393</p><p>830</p><p>107</p><p>217</p><p>280 178</p><p>353</p><p>1.414</p><p>145</p><p>288</p><p>16</p><p>37</p><p>14,4%</p><p>32,0%</p><p>19,9%</p><p>26,5%</p><p>7,2%</p><p>0,9%</p><p>0,4%</p><p>5,7%</p><p>3,4%</p><p>5,7%</p><p>1,0%</p><p>2,8%</p><p>2,9%</p><p>2,3%</p><p>2,0%-4,2%</p><p>-0,3%</p><p>-2,1%</p>