Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

<p>DAS ESPÉCIES DE</p><p>CONTRATOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>Conhecer as principais espécies de contratos, suas características e</p><p>de�nições.</p><p>Estudaremos as aplicações do contrato de compra e venda, suas</p><p>características, obrigações legais, forma etc.</p><p>A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes</p><p>objetivos de aprendizagem:</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>Neste terceiro capítulo, o enfoque será nos principais contratos em espécie,</p><p>estudando os elementos necessários para a formação da relação contratual e para</p><p>a sua execução conforme suas características.</p><p>Assim, serão estudados os aspectos legais e práticos de sua formação e as</p><p>relevâncias teóricas trazidas pela doutrina, demonstrando os elementos essenciais</p><p>à prática forense, favorecendo o aprendizado em direito contratual, substanciado</p><p>aos ensinos dos capítulos anteriores, assim, teremos uma vasta noção e</p><p>aprendizado para a elaboração, a interpretação e a execução dos contratos em</p><p>espécies.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 1/36</p><p>2 DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA</p><p>Para a legislação civilista, o conceito de contrato de compra e venda é aquele</p><p>contrato “que o vendedor se obriga a transferir o domínio de algo e o comprador</p><p>deve lhe pagar em dinheiro, sendo a sua forma pura e perfeita (simpli�cada)</p><p>quando as partes acordarem no objeto e no preço” (arts. 481 e 482 do Código</p><p>Civil). Contudo, é necessário realizar uma ressalva que “sobre imóveis de valor</p><p>superior a 30 salários mínimos, classi�ca-se como contrato formal (aquele que tem</p><p>elementos obrigatórios), por ser, nesse caso, a escritura pública indispensável à</p><p>validade do negócio (art. 108 do Código Civil)” (COELHO, 2012, p. 311).</p><p>Traduzindo este conceito, signi�ca dizer que os contratos de compra e venda são</p><p>os mais comuns de se veri�car na prática jurídica. Sua abrangência é muito ampla,</p><p>basicamente sua conceituação é o instrumento para consolidar a venda e,</p><p>consequentemente, a compra de algo, através da troca de algum bem com algum</p><p>tipo de contraprestação �nanceira. Estes bens podem ser, por exemplo, um</p><p>imóvel, ações de empresas, produtos alimentícios etc.</p><p>É importante relembrarmos que a aquisição de propriedade em regra geral e legal</p><p>somente será efetiva para bens móveis (art. 1.276 do CC) quando houver a</p><p>tradição (troca). Enquanto para os bens imóveis é necessário o registro do</p><p>translado (contrato) no órgão competente (art. 1.245 do CC).</p><p>Em termos de classi�cação, os contratos de compra e venda são bilaterais</p><p>(geralmente), obrigatoriamente, sinalagmáticos e onerosos. Sendo as</p><p>contraprestações equivalentes à transferência do domínio do objeto, calculadas de</p><p>forma subjetiva entre as partes (COELHO, 2012).</p><p>A doutrina esclarece que há três possibilidades de status jurídicos (comercial,</p><p>consumerista ou civil) para os contratos de compra e venda, que dependerão de</p><p>acordo com a qualidade das partes:</p><p>Depende da qualidade das partes. Se o vendedor é legalmente fornecedor (CDC, art.</p><p>3º), como tal considerada a pessoa física ou jurídica que explora atividade econômica</p><p>de fornecimento de produtos ao mercado, e o comprador é consumidor (art. 2º), vale</p><p>dizer, o destinatário �nal destes, a compra e venda é contrato de consumo. Se, por</p><p>outro lado, as duas partes se enquadram no conceito legal de empresário (CC, art.</p><p>966), e é exercente de atividade econômica de produção ou circulação de bens ou</p><p>serviços, a compra e venda é empresarial quando tem a natureza de insumo da</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 2/36</p><p>empresa. Não se veri�cando, por �m, nenhuma dessas hipóteses, o contrato é civil</p><p>(COELHO, 2012, p. 311).</p><p>Desta forma, é muito importante, sobretudo em eventual lide contratual,</p><p>identi�car quais são as partes e suas qualidades, para então direcionar o direito</p><p>aplicável, de mesmo modo, na confecção do respectivo contrato.</p><p>O Código de Defesa do Consumidor tem normas próprias para os contratos</p><p>consumeristas, devendo ter em seu conteúdo, sobretudo, observância aos</p><p>parâmetros dos arts. 53 e 54 do Código Civil. Essa obrigatoriedade serve para a</p><p>proteção do comprador, que é a parte hipossu�ciente no contrato de compra e</p><p>venda consumerista.</p><p>Assim, os contratos empresariais (aqueles contratos atinentes ao negócio</p><p>comercial das partes, como a compra de grãos, a compra e venda de safra etc.)</p><p>tendem a ser mais complexos e detêm normas especí�cas de acordo com o objeto</p><p>do contrato, entretanto, as partes sempre serão consideradas em equivalentes</p><p>posições de negociação.</p><p>2.1 OS ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA</p><p>Os elementos do contrato de compra e venda são divididos entre elementos</p><p>objetivos (basicamente os elementos atinentes ao objeto do contrato) e elementos</p><p>subjetivos (os elementos atinentes às partes do contrato) a depender da reação</p><p>contratual entre as partes e do objeto do contrato.</p><p>2.1.1 O Vendedor do Domínio de Determinado Bem</p><p>Não há restrição quanto ao sujeito do contrato, podendo ser qualquer um, desde</p><p>que tenha capacidade processual e capacidade civil plena (ou parcial com</p><p>representação legítima) para assumir o negócio jurídico de vender o bem em seu</p><p>domínio.</p><p>Coelho (2012) destaca o lado patrimonialista do Código Civil, no qual se deve ter</p><p>atenção aos bens vendidos entre familiares, especialmente entre descendentes e</p><p>ascendentes. Lembrando que nessa situação os demais herdeiros (se houver) e o</p><p>cônjuge (em regime de casamento universal de bem e casamento parcial) deverão</p><p>anuir com a venda (arts. 496 ou 1.829, I, ambos do Código Civil), sendo possível a</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 3/36</p><p>venda e a compra feita entre os cônjuges nos casos em que o patrimônio à venda</p><p>estiver excluído do patrimônio comum (art. 499 do Código Civil).</p><p>Desse modo, se o marido, antes do casamento em regime de comunhão parcial, era</p><p>proprietário de um apartamento, esse bem não se comunica. É possível, então, sua</p><p>venda à esposa, desde que ela possua, para pagar pelo imóvel, dinheiro também</p><p>excluído da comunhão. Na venda entre cônjuges, o bem transita sempre da parte</p><p>não comunicada do patrimônio de um deles para a do outro (COELHO, 2012, p. 316).</p><p>Assim, desde que os patrimônios não se comuniquem, é possível que as partes</p><p>realizem o contrato de compra e venda.</p><p>2.1.2 O Comprador do Domínio de Determinado Bem</p><p>Como destacamos anteriormente, o Código Civil tem um viés patrimonialista,</p><p>visando garantir o patrimônio do vendedor, assim, impõe mais restrições a esta</p><p>parte do que ao comprador.</p><p>Isso signi�ca que qualquer sujeito de direito pode comprar algo, desde que tenha</p><p>capacidade civil plena (ou por representação legal, nas outras hipóteses) e</p><p>legitimidade à referida compra, sendo caso de nulidade ou anulabilidade do</p><p>negócio jurídico em eventual incapacidade ou ilegitimidade. Diversos são os</p><p>exemplos de nulidades, para �ns didáticos, extraímos da doutrina:</p><p>Os administradores de bens alheios e os responsáveis por sua administração</p><p>temporária ou destinação não os podem adquirir. Como se encontram relativamente</p><p>a tais bens em situação privilegiada e, em alguns casos, têm a incumbência legal de</p><p>representar o titular do domínio, poderiam locupletar-se indevidamente com o</p><p>contrato. Assim, o tutor, curador, testamenteiro e administrador não podem</p><p>comprar os bens que administram; também os funcionários públicos estão</p><p>impedidos de adquirir os da pessoa jurídica a que servem, assim como os juízes e</p><p>outros serventuários ou auxiliares da justiça não têm o direito de comprar certos</p><p>bens, nem os leiloeiros ou seus prepostos podem contratar a compra daqueles de</p><p>cuja venda se encarregam (CC, arts. 497 e 498) (COELHO, 2012,</p><p>do mandante</p><p>para exercer qualquer negócio jurídico da vida civil. São vedados alguns casos</p><p>especí�cos, como destaca Coelho (2012, p. 645), “é proibido a investidura de</p><p>mandato para o exercício de interesses transcendentes aos das partes, como o</p><p>voto nas eleições constitucionais”.</p><p>O mandato, além de bilateral, pode ser tácito (por exercício de direito em nome de</p><p>terceiro) ou expresso (autorização do mandante), escrito (público ou privado) ou</p><p>oral (art. 656 do CC), ele também poderá ser gratuito ou oneroso.</p><p>O mandato público deverá seguir a forma da lei, é utilizado especi�camente para</p><p>casos que envolvam patrimônio, como compra e venda de imóveis, doação etc. Já</p><p>os mandatos particulares são todos aqueles para atividades civis que não têm</p><p>obrigatoriedade da forma e escritura pública em cartório notarial. Os requisitos da</p><p>escritura particular estão previstos no art. 654 do Código Civil, que dispõe:</p><p>Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante</p><p>instrumento particular que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.</p><p>§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a</p><p>quali�cação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a</p><p>designação e a extensão dos poderes conferidos.</p><p>§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a</p><p>�rma reconhecida.</p><p>O substabelecimento, que é a transferência de poderes por parte do mandatário</p><p>para outro mandatário, mesmo que seja em mandato de instrumento público,</p><p>poderá ser feito por instrumento particular (art. 655 do CC).</p><p>Quando o contrato for gratuito, “o mandatário não terá direito a nenhuma</p><p>remuneração pelo cumprimento da obrigação de fazer contraída pelo mandante”</p><p>(COELHO, 2012, p. 647). Quando o contrato for oneroso, o mandatário terá direito</p><p>a essa remuneração.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 31/36</p><p>No caso de omissão da informação, se o contrato de mandato é gratuito ou</p><p>oneroso, o art. 658 do Código Civil presumirá onerosidade se o objetivo do</p><p>mandato for o ofício do mandatário ou a atividade pro�ssional lucrativa, exemplo</p><p>disto seriam os advogados ou contadores. A outra presunção é da gratuidade,</p><p>quando diante da omissão o objetivo do mandato não for seu ofício ou atividade</p><p>pro�ssional lucrativa, será considerado gratuito.</p><p>Como o objetivo do contrato de mandato é a transferência de poderes a outrem,</p><p>essa transferência pode ser classi�cada em duas, os chamados poderes especiais</p><p>para prática de ato especí�co ou poderes especiais, ou poderes gerais (art. 660 do</p><p>CC).</p><p>Os poderes especí�cos de um mandato, signi�ca dizer que as obrigações nunca</p><p>serão ilimitadas. Diferentemente dos poderes gerais, que serão para o exercício de</p><p>prática de ato jurídico previsto no contrato, que em termos gerais só conferirão</p><p>poderes de administração (arts. 660 e 661 do CC). Para alienar, hipotecar, transigir</p><p>ou praticar outros quaisquer que exorbitem da administração ordinária, depende</p><p>a procuração de poderes especiais e expressos (§1, art. 661 do CC).</p><p>O contrato de mandato poderá ser personalíssimo quando expressamente</p><p>estipulado em nome do mandante como o único responsável (art. 663 do Código</p><p>Civil) e será um negócio jurídico intervivo, sendo as causas de extinção do</p><p>mandato:</p><p>Art. 682. Cessa o mandato:</p><p>I - pela revogação ou pela renúncia;</p><p>II - pela morte ou interdição de uma das partes;</p><p>III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o</p><p>mandatário para os exercer;</p><p>IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.</p><p>Ressalvando os negócios jurídicos já iniciados (art. 674 do CC), mesmo que ocorra</p><p>qualquer uma das hipóteses, será continuado o negócio jurídico. A revogação do</p><p>mandato deverá ser feita mediante noti�cação ao mandatário, que não poderá se</p><p>opor ou ignorar (art. 686 do CC), bem como será ine�caz a revogação do mandato</p><p>quando houver cláusula de irrevogabilidade (art. 684 do CC).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 32/36</p><p>8.3.1 Da Obrigação das Partes no Mandato</p><p>Nesta parte do estudo, abordaremos as quatro obrigações no mandato</p><p>disciplinadas no Código Civil: a) Cumprir a obrigação de fazer com diligência; b)</p><p>Obedecer às instruções do mandante; c) Indenizar o mandante; d) Prestar contas.</p><p>a) Cumprir a obrigação de fazer com diligência</p><p>“O mandatário assume obrigação de fazer consistente em representar o mandante</p><p>num ou em vários atos e negócios jurídicos” (COELHO, 2012, p. 656), devendo essa</p><p>obrigação ser executada com toda diligência habitual, de mesmo modo que a</p><p>executaria a si próprio, indenizando qualquer prejuízo causado por culpa sua ou</p><p>daquele a quem substabelecer sem autorização (art. 667 do CC).</p><p>A diligência signi�ca atuar dentro dos poderes concedidos pelo mandante, não</p><p>vinculando qualquer obrigação estranha ao contrato conferido pelo mandante. O</p><p>mandatário não poderá comprar em nome próprio, coisa que deveria comprar</p><p>para o mandante, quando constante no instrumento designado a ordem expressa</p><p>para a compra, caso ocorra, o mandante terá direito à ação de entrega da coisa</p><p>comprada (art. 671 do CC).</p><p>b) Obedecer às instruções do mandante</p><p>O mandatário deverá seguir exatamente o que foi acordado no mandato, devendo</p><p>seguir as instruções do mandante transmitidas no instrumento utilizado (escrito</p><p>ou oral).</p><p>Assim, dispõe o art. 679 do Código Civil:</p><p>Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não</p><p>exceder os limites do mandato, �cará o mandante obrigado para com aqueles com</p><p>quem o seu procurador contratou; mas terá contra este, ação pelas perdas e danos</p><p>resultantes da inobservância das instruções.</p><p>Cumpre destacar para o caso de o mandatário contrariar as instruções do</p><p>mandante, mas o fazendo nos limites do mandato, o mandante se</p><p>responsabilizará por todas as obrigações contraídas decorrentes do negócio</p><p>jurídico, sem prejuízo a demanda por perdas e danos.</p><p>c) Indenizar o mandante</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 33/36</p><p>Caso o mandatário exercite o direito em nome do mandante, mas o �zer sem a</p><p>diligência necessária e fora dos poderes a ele conferidos, o mandatário será</p><p>obrigado a indenizar o mandante pelas perdas sofridas, devendo também</p><p>indenizar se exorbitar os poderes e o negócio for prejudicial (art. 667 do CC).</p><p>d) Prestar contas</p><p>“O mandatário dever prestar contas ao mandante de todos os atos praticados,</p><p>sendo a periodicidade acordada entre as partes, na sua ausência, será feito ao</p><p>�nal do contrato ou quando o mandante solicitar” (COELHO, 2012, p. 658), sendo</p><p>passível de pagamento de juros na mora da entrega da coisa ou da prestação de</p><p>contas (art. 670 do CC).</p><p>Prestadas as contas e veri�cada qualquer vantagem que em decorrência da ação</p><p>executada pelo mandatário tenha ocorrido, esta vantagem será do mandante (art.</p><p>668 do CC). Sendo vedado pelo art. 669 do Código Civil, a compensação de</p><p>prejuízos do mandatário que deu causa às vantagens que proporcionaram a</p><p>execução do mandato.</p><p>A prestação de contas não existirá quando o mandato for outorgado com cláusula</p><p>contratual em causa própria (art. 686 do CC), em que o mandante dispõe ao</p><p>mandatário seu direito e o deixa exercer em causa própria do mandatário.</p><p>8.4 DOS CONTRATOS DE COMISSÃO DE CORRETAGEM</p><p>Inicialmente, o contrato de comissão tem por objetivo a aquisição ou a venda de</p><p>bens pelo comissário, em seu próprio nome à conta do comitente (art. 693 do CC),</p><p>sendo que o comissário �cará diretamente obrigado com as pessoas a quem</p><p>contratar (art. 694 do CC), devendo cumprir as ordens e as instruções do</p><p>comitente (art. 695 do CC), com diligência necessária</p><p>para a execução do serviço</p><p>(art. 696 do CC).</p><p>A remuneração do comissário será arbitrada conforme as normas correntes do</p><p>local, quando não for estipulada em contrato (art. 701 do CC).</p><p>Em contrapartida, o contrato de corretagem, “não ligada a outra em virtude de</p><p>algum mandato, prestação e serviço, ou por qualquer meio de dependência” (art.</p><p>722 do CC), se obrigará a obter um ou mais negócios conforme a instrução.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 34/36</p><p>Responder</p><p>Para obter um ou mais negócios, o corretor (parte ativa do contrato de</p><p>corretagem), deverá utilizar-se de mediação com diligência e prudência, atinentes</p><p>ao negócio, se obrigando a ser transparente e informando espontaneamente e/ou</p><p>a pedido, todas as informações sobre o andamento, documento, negociação,</p><p>vantagens e riscos do negócio jurídico, sob pena de responder por perdas e danos</p><p>(art. 723 do CC).</p><p>A remuneração do corretor será ajustada entre as partes ou �xada em lei,</p><p>contudo, na sua ausência, serão utilizados os costumes locais (art. 724 do CC).</p><p>Tem-se que esta remuneração é atribuída à comissão por seu serviço, utilizando</p><p>subsidiariamente os dispostos no contrato de comissão, se será devida ao �nal da</p><p>mediação com o êxito no resultado pretendido, mesmo que ocorra em virtude de</p><p>arrependimento das partes (art. 725 do CC).</p><p>PARA MELHOR FIXAÇÃO DO CONTEÚDO, PREPARAMOS UMA ATIVIDADE</p><p>QUE CORRESPONDE A DUAS QUESTÕES DISSERTATIVAS, QUE DEVERÃO</p><p>SER RESPONDIDAS DE FORMA ASSERTIVA CONFORME O CONTEÚDO</p><p>ESTUDADO.</p><p>1 Disserte sobre a possibilidade ou necessidade do contrato de compra e</p><p>venda ser oneroso e, se caso ele fosse gratuito, se con�guraria outra espécie</p><p>de contrato.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 35/36</p><p>Responder</p><p>Capítulo 2 </p><p>Conteúdo escrito por:</p><p>2 Disserte sobre a possibilidade de prisão civil do depositário in�el que não</p><p>entregou ou alienou o bem proveniente de contrato de depósito que estava</p><p>em sua custódia.</p><p>ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>Neste capítulo estudou-se individualmente as espécies contratuais previstas no</p><p>Código Civil.</p><p>Percebemos que há uma gama de possibilidades a ser estudada e abordada em</p><p>matéria contratual, sendo cada vez mais frequente o uso dos contratos nas nossas</p><p>relações interpessoais, requisitando como cidadãos e operadores do direito a</p><p>melhor compreensão desses instrumentos.</p><p>Todos os direitos reservados © 2020 Gabriela Wol�</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 36/36</p><p>p. 316).</p><p>Assim, deve-se atentar aos requisitos subjetivos de capacidade e legitimidade do</p><p>comprador de modo a não levar o negócio jurídico à nulidade absoluta ou</p><p>anulabilidade.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 4/36</p><p>2.1.3 Da Coisa (Objeto do Contrato)</p><p>“A coisa é o objeto do contrato de compra e venda, podendo ser qualquer coisa</p><p>móvel ou imóvel, certo ou incerto, corpóreo ou incorpóreo, desde que o sujeito</p><p>que está vendendo tenha legitimidade e capacidade para a venda do objeto”</p><p>(COELHO, 2012, p. 317). O objeto só terá validade no contrato se for lícito e</p><p>determinado ou determinável (identi�cado pelo gênero e quantidade).</p><p>Pode-se exempli�car com um contrato de compra e venda de produção de safra</p><p>de arroz; é um objeto lícito, porque é permitido por lei, não é um objeto</p><p>determinado, porque não se sabe quanto a safra irá produzir, mas é determinável,</p><p>porque determinou-se o gênero e a quantidade (mesmo que abstrata) do negócio.</p><p>Conforme o Código Civil no art. 483, o objeto não precisa estar no patrimônio de</p><p>quem vendeu no momento da assinatura do contrato, assim, ele pode ser atual ou</p><p>futuro, porém este contrato será inexequível (sem efeito), se o objeto não vier a</p><p>existir no futuro.</p><p>Em caso de objeto futuro, o vendedor deverá ter meios de fabricar a coisa ou</p><p>adquirir para disponibilizar a venda na data aprazada (COELHO, 2012), sendo</p><p>vedada a herança de pessoa viva, por força do art. 426 do Código Civil. Portanto,</p><p>quando for objeto futuro, deve necessariamente o contrato ter execução diferida</p><p>(execução feita em apenas um ato, porém em momento futuro):</p><p>A compra e venda de coisa futura, porém, não pode ter execução imediata, sob pena</p><p>de con�gurar-se ilicitude, eventualmente até mesmo para �ns penais (crime de</p><p>estelionato, tipi�cado pela transferência de mais direitos do que os titulados). O</p><p>contrato, nesse caso, deve ser necessariamente de execução diferida (COELHO,</p><p>2012, p. 317).</p><p>Numa classi�cação bem abrangente, temos que a coisa pode ser corpórea e</p><p>incorpórea. Conforme destaca Pereira (2017, p. 77), a distinção entre eles é:</p><p>“corpórea, como os imóveis, os móveis materiais, os semoventes. Incorpórea,</p><p>como os valores cotados em Bolsa, os direitos de invenção, os direitos de autor e</p><p>os que lhes são conexos, os créditos etc.”.</p><p>Coisa móvel é toda aquela coisa que seja deslocável ou que a lei considera</p><p>deslocável, a exemplo dos carros, semoventes, aparelhos celulares etc.; e bens</p><p>imóveis são todas aquelas coisas que não se movem, como uma casa, um terreno,</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 5/36</p><p>uma estrada de ferro etc. Para o Código Civil, há bens deslocáveis, que são</p><p>considerados para efeitos legais como bens imóveis, que são os casos previstos no</p><p>art. 1.473, do Código Civil, destacando-se os incisos VI e VII, respectivamente, os</p><p>navios e as aeronaves.</p><p>Nas negociações das coisas incorpóreas não é incomum na prática forense utilizar</p><p>o nome do contrato como cessão de direitos, mas nem por isso se afastam as</p><p>características de um contrato de compra e venda, aplicando-se os princípios e as</p><p>regras do respectivo título (PEREIRA, 2017). Um exemplo prático e didático seria a</p><p>venda do direito de usufruto da propriedade, em que pese seja algo incorpóreo,</p><p>cede-se o direito a outra pessoa, através do contrato de compra e venda.</p><p>2.1.4 Do Preço (Valor do Contrato)</p><p>Para o contrato de compra e venda, necessariamente, deve-se haver a</p><p>contraprestação pecuniária, sendo que a entrega de qualquer coisa diversa de</p><p>forma exclusiva seria considerada um contrato de troca (mútuo).</p><p>A avaliação do preço/valor será subjetivada pelas partes individualmente ou em</p><p>comum acordo, conforme as características e as qualidades do objeto em</p><p>negociação, devendo ambas as partes realizarem suas ponderações pessoais a</p><p>respeito do preço e vantagem econômica que auferem ao negócio jurídico.</p><p>O valor do objeto deve ser estipulado em moeda nacional corrente, que</p><p>atualmente é o Real (excepcionalmente em moeda estrangeira quando a legislação</p><p>permitir). Podendo ainda ser �xado pela cotação diária em casos que envolvam</p><p>valores mobiliários ou variação indexa do mercado internacional, ou ainda índices</p><p>ou parâmetros escolhidos entre as partes (COELHO, 2012). Neste sentido:</p><p>Cumpre salientar que o preço pode ser cotado dessas formas, desde que conste o</p><p>valor correspondente em Real, nossa moeda nacional corrente. Isso porque o art.</p><p>487 da codi�cação material consagra a licitude dos contratos de compra e venda</p><p>cujo preço é �xado em função de índices ou parâmetros suscetíveis de objetiva</p><p>determinação, caso do dólar e de outro (preço por cotação).</p><p>O preço pode ser arbitrado pelas partes ou por terceiro de sua con�ança (preço por</p><p>avaliação), conforme faculta o art. 485 do CC. A título de exemplo, cita-se que é</p><p>comum, na venda de bens imóveis, a avaliação por uma imobiliária ou por um</p><p>especialista do ramo (TARTUCE, 2017, p. 361).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 6/36</p><p>É importante nos atentarmos ao art. 488 do Código Civil, por sua disposição com</p><p>relação ao preço, �ca convencionado que em caso de não haver �xação do valor</p><p>do contrato ou critérios (convencionais ou legais) para a sua determinação, as</p><p>partes estarão sujeitas ao preço corrente das vendas habituais do vendedor, e</p><p>complementa em seu único parágrafo que se houver uma variedade de preços</p><p>nessas vendas, será feito um termo médio para aferir o preço.</p><p>É nulo o contrato de compra e venda se a �xação do preço for estabelecida a</p><p>critério exclusivamente de uma das partes, conforme o art. 389 do Código Civil.</p><p>Contudo, não se deve aplicar essa interpretação, por exemplo, ao contrato de</p><p>adesão, que é um tipo de contrato unilateral em que a pessoa não negocia as</p><p>cláusulas e aceita os termos propostos. O art. 389 do Código Civil é expresso em</p><p>a�rmar que essa forma de �xação do preço “só está proibindo o preço cartelizado,</p><p>ou seja, manipulado por cartéis - grupo de empresas que se reúnem para</p><p>estabelecer acordos sobre �xação elevada de preços e cotas de produção para</p><p>cada membro [...]” (TARTUCE, 2017, p. 363).</p><p>2.2 AS OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA</p><p>O contrato de compra e venda gera obrigações recíprocas para todas as partes,</p><p>por serem obrigatoriamente bilaterais ou multilaterais. Essas obrigações poderão</p><p>ser divididas em obrigações principais e assessórias.</p><p>2.2.1 As Obrigações do Vendedor</p><p>A principal obrigação do vendedor é a transferência do domínio da coisa</p><p>(propriedade) para o comprador, porém, em decorrência do negócio jurídico, ele</p><p>também acaba por contrair outras obrigações, como “arcar com as despesas de</p><p>tradição e com os débitos que gravem a coisa, bem como responder por vícios</p><p>ocultos e evicção” (COELHO, 2012, p. 321).</p><p>Quando o bem for móvel, o cumprimento da obrigação principal de transferência</p><p>se dá com a simples tradição, enquanto dos bens imóveis com o respectivo</p><p>registro de transferência. Em caso de descumprimento contratual do vendedor à</p><p>obrigação de transferência do domínio, após a �rmação do contrato, dará direito</p><p>ao comprador de optar pela entrega da coisa ou a resolução do contrato, sem</p><p>excluir o direito a perdas e danos decorrentes do inadimplemento (COELHO, 2012).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 7/36</p><p>A obrigação da entrega da coisa vendida (obrigação de dar e fazer), deve ser</p><p>restrita à estipulada em contrato. A entrega de coisa diversa não extinguirá a</p><p>obrigação principal contraída no pacto inicial. Contudo, se o comprador</p><p>aceitar</p><p>essa coisa diversa ao contrato como forma de quitação da obrigação, por óbvio, o</p><p>negócio jurídico se dará por concluso.</p><p>Sobre a estipulação da coisa, quando se tratar de bens imóveis, a doutrina</p><p>costuma chamar a atenção para duas caraterísticas da estipulação da coisa, já que</p><p>ela pode ser ad corpus ou ad mensuram. Neste sentido:</p><p>No primeiro caso, o imóvel é descrito pela designação por que é conhecido (fazenda</p><p>“Veredas”, sítio “Antares” etc.) ou outro elemento diverso das medidas, como as</p><p>confrontações, por exemplo. Aqui, qualquer menção no contrato à área a que</p><p>corresponde é feita de forma meramente enunciativa, e não vinculativa. O vendedor</p><p>está liberado da obrigação se entregar o imóvel indicado no contrato, ainda que as</p><p>reais dimensões dele não correspondam às enunciadas.</p><p>Já na venda ad mensuram, o objeto do contrato é uma determinada extensão de</p><p>terra. Nesse caso, se entre as dimensões referidas no instrumento e as entregues</p><p>houver discrepância em prejuízo do comprador, ele pode exigir a complementação</p><p>da área, se for isso possível ao vendedor (COELHO, 2012, p. 323).</p><p>Não há necessidade de uma cláusula contratual especí�ca mencionando que a</p><p>venda do imóvel é ad corpus, conforme o art. 500, §3º do Código Civil, porque se</p><p>pressupõe na descrição do imóvel negociado.</p><p>Todas as despesas da tradição para bens móveis, como transporte, seguro, taxas</p><p>etc., conforme o art. 490 do Código Civil, serão do vendedor, caso não haja</p><p>estipulação em contrário no contrato de compra e venda, bem como não deve</p><p>apresentar quaisquer vícios, sob pena de resolução do negócio ou abatimento</p><p>proporcional do preço.</p><p>Além das obrigações citadas anteriormente, outra obrigação assessória do</p><p>vendedor é que ele responde por todos os débitos que o objeto do contrato</p><p>estiver responsável até que se faça a tradição/transferência do bem, desobrigando</p><p>apenas se convencionado pelas partes. É importante relembrar que em bens</p><p>imóveis e alguns móveis, existem obrigações propter rem, como as geradas por</p><p>tributos, em que estão vinculados a coisa e não a pessoa do domínio.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 8/36</p><p>Por �m, há a obrigação de receber o dinheiro equivalente ao ajustado em contrato</p><p>na data aprazada no contrato. Por mais contraditório que possa parecer essa</p><p>obrigação, ela realmente é importante. Por vezes, não raro, o vendedor se nega a</p><p>receber o pagamento ou se encontra em local incerto para o pagamento,</p><p>inviabilizando a consumação do contrato de compra e venda. A solução do</p><p>comprador para essa situação é a resolução do contrato ou a ação de consignação</p><p>em pagamento (a depender do objeto e contrato �rmado).</p><p>2.2.2 As Obrigações do Comprador</p><p>“Pode-se destacar as obrigações do comprador na mais pura e simples</p><p>concretização da tradição, ou seja, pagar em dinheiro o preço ajustado e quando</p><p>for o caso, arcar com as despesas de registro ou escritura” (COELHO, 2012, p. 323).</p><p>O pagamento do preço acordado, se não houver estipulação contratual da</p><p>modalidade, deverá ser à vista.</p><p>O descumprimento da obrigação de pagar o preço dá ao vendedor o direito de optar</p><p>pela resolução do contrato (com devolução da coisa entregue ou liberação da</p><p>obrigação de a entregar) ou pela cobrança judicial, em qualquer caso com a</p><p>indenização pelos prejuízos que o inadimplemento lhe tiver ocasionado (COELHO,</p><p>2012, p. 323).</p><p>Conforme citado anteriormente a respeito das obrigações do vendedor, as</p><p>obrigações referentes ao pagamento das custas da tradição serão dos vendedores,</p><p>com exceção a eventual determinação em contrário pela legislação ou ao �rmado</p><p>em contrato. No caso dos bens imóveis, a obrigação de escritura e registro é do</p><p>comprador, salvo disposição contratual em contrário.</p><p>2.3 CLÁUSULAS CONTRATUAIS PECULIARES DO CONTRATO DE COMPRA E</p><p>VENDA</p><p>O contrato de compra e venda tem uma vasta gama de peculiaridades de cláusulas</p><p>contratuais especiais, aplicáveis apenas a este tipo de contrato, de acordo com</p><p>diferentes tipos de negócios. Trabalharemos então com as cláusulas contratuais de</p><p>vendas condicionais; retrovenda; preempção; reserva de domínio e venda sobre</p><p>documentos.</p><p>2.3.1 As Cláusulas Contratuais Condicionais</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 9/36</p><p>A venda condicional é aquela em que a obrigação se submete às cláusulas</p><p>contratuais de suspensão ou resolução, a depender do objeto, tempo e negociação</p><p>do contrato. A cláusula contratual será resolutiva quando, em decorrência de</p><p>determinada ação, não lograr o êxito para concretizar a compra e venda,</p><p>resolvendo (extinguindo) o contrato.</p><p>Enquanto a cláusula contratual suspensiva será quando for necessário que</p><p>determinada condição ou situação ocorra para que o negócio seja concretizado a</p><p>contento (art. 506 do Código Civil), outra possibilidade pode ser a modalidade de</p><p>sujeito à prova (art. 510 do Código Civil), em que é necessário experimentar,</p><p>visualizar, utilizar etc., antes da compra.</p><p>Sendo a entrega como teste por tempo determinado ou razoável, será equiparado</p><p>ao comodato (art. 511 do Código Civil). Contudo, por previsão do art. 512 do</p><p>Código Civil, caso haja uma demora demasiada para cumprimento da obrigação ou</p><p>manifestação, o promitente vendedor deverá intimar num prazo razoável para que</p><p>o promitente comprador devolva o produto ou compre-o.</p><p>2.3.2 As Cláusulas Contratuais de Retrovenda</p><p>A cláusula contratual de retrovenda é uma cláusula que permite a recompra do</p><p>imóvel vendido, pelo vendedor, após determinável período estipulado em</p><p>contrato, por não mais de três anos (art. 505 do Código Civil). No valor da</p><p>recompra deverá incidir a indenização da correção monetária da época da compra,</p><p>indenização por benfeitorias necessárias e todas as aplicações mercadológicas ao</p><p>imóvel.</p><p>Caso o comprador se negue a receber a quantia paga, o vendedor poderá pagar</p><p>por via judicial, executando o direito contratual de resgate do imóvel (art. 506 do</p><p>Código Civil).</p><p>Esse direito estipulado em contrato é suscetível por ato entre vivos, mas é um</p><p>direito transmitido a herdeiros e legatários (art. 507 do Código Civil), podendo esse</p><p>direito ser do vendedor ou outra pessoa (pois é transmissível) a quem cedeu o</p><p>direito de forma onerosa ou gratuita (COELHO, 2012).</p><p>2.3.3 Cláusula Contratual de Preempção</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 10/36</p><p>Esse tipo de cláusula contratual, apesar do nome incomum, trata-se de um direito</p><p>de preferência, no qual o comprador se obriga com o vendedor a estipular um</p><p>direito de preferência, caso venha a revender o objeto no futuro. Os prazos para o</p><p>exercício desse direito, conforme Coelho (2012, p. 333) são os seguintes:</p><p>O prazo de vigência da cláusula de preempção é o �xado no contrato de compra e</p><p>venda, não podendo ultrapassar cento e oitenta dias, se a coisa é móvel, ou dois</p><p>anos, se imóvel (CC, art. 513 e parágrafo único). Já o prazo para o exercício do direito,</p><p>se não estipulado outro maior ou menor em contrato, será de três ou sessenta dias,</p><p>conforme se trate respectivamente da recompra de bem móvel ou imóvel, contados</p><p>da noti�cação feita ao vendedor (art. 516).</p><p>Este direito de preferência não é suscetível de cessão ou transmissão a herdeiros</p><p>ou legatários, conforme o art. 520 do Código Civil, muito menos, objeto de</p><p>ajuizamento da demanda especí�ca.</p><p>2.3.4 Cláusula Contratual de Reserva de Domínio</p><p>Esta cláusula é uma garantia ao vendedor, sobretudo quando o objeto é</p><p>determinado, mas a forma de pagamento não é à vista. Assim, as partes pactuam</p><p>que o domínio pleno do objeto será mediante a quitação completa das obrigações,</p><p>podendo o comprador �car com a posse precária do objeto comprado</p><p>durante</p><p>esse período.</p><p>Para que essa cláusula contratual tenha e�cácia contra terceiros, ela deverá</p><p>constar em documento escrito e de forma expressa seu conteúdo e condições. Em</p><p>se tratando de bens imóveis ou bens móveis que demandem registro público,</p><p>apenas será efetivado se houver o registro da existência dessas cláusulas nos</p><p>respectivos órgãos de registro do objeto (Cartório de Registro de Imóveis, DETRAN</p><p>etc.).</p><p>2.3.5 Cláusula Contratual de Venda por Documentos</p><p>Na prática do direito interno brasileiro, não é comum que essa hipótese de termo</p><p>ocorra. Esse tipo de venda é mais utilizado no comércio internacional, em</p><p>decorrência das diferenças legislativas e burocráticas para validação de uma</p><p>compra e venda. Assim, trata-se de instrumentos jurídicos que substituem a</p><p>tradição, como um título representativo.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 11/36</p><p>Um exemplo seria a venda de um maquinário agrícola. Neste contrato de compra e</p><p>venda há a previsão de que o próprio contrato serve de documento comprobatório</p><p>para a tradição do maquinário, sem precisar de fato entregar o objeto</p><p>imediatamente para fazer valer o negócio jurídico.</p><p>2.4 DA TRADIÇÃO DO OBJETO CONTRATUAL</p><p>Estudamos anteriormente que uma das obrigações do vendedor é arcar com os</p><p>custos da tradição, salvo disposição em contrário, conforme o art. 490 do Código</p><p>Civil. Assim, nesta parte do estudo, trabalharemos mais especi�camente essa</p><p>questão da tradição e as suas peculiaridades.</p><p>Inicialmente, cumpre destacar que para que haja a entrega do objeto, é necessário</p><p>que haja o pagamento da contraprestação pecuniária antes, sendo facultativo ao</p><p>vendedor entregar o objeto antes do pagamento nos termos do art. 491 do Código</p><p>Civil.</p><p>Contudo, é preciso ter em mente que os riscos da coisa (ou seja, manutenção,</p><p>depreciação, perda etc.) são de responsabilidade do vendedor, enquanto o risco</p><p>do preço (variação do preço) é de responsabilidade do comprador, assim é como</p><p>disciplina o caput do art. 492 do Código Civil.</p><p>Essa previsão legal dos riscos atinentes ao preço e objeto, trazem uma série de</p><p>hipóteses a serem reguladas nos parágrafos do respectivo art. 492 do Código Civil</p><p>(TARTUCE, 2017, p. 368):</p><p>Primeiramente, os casos fortuitos (eventos totalmente imprevisíveis) que ocorrerem</p><p>no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que normalmente se recebem dessa</p><p>forma (contando, pesando, mediando ou assinalando), e que tiverem já sido</p><p>colocadas à disposição do comprador, correrão por conta deste (§1º). Em outras</p><p>palavras, os riscos em situações tais serão por conta daquele que adquire a coisa.</p><p>Além disso, correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas,</p><p>se este estiver em mora de recebê-las, quando postas a sua disposição no tempo,</p><p>lugar e pelo modo ajustado (§2º). A exemplo do que consta do art. 400 do CC, acaba-</p><p>se punindo o credor pelo atraso no recebimento da obrigação.</p><p>Ainda com relação aos riscos da tradição, há uma terceira hipótese, que ocorre na</p><p>venda com reserva de domínio, em que segundo o art. 524 do Código Civil, os</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 12/36</p><p>riscos serão assumidos pelo comprador na transferência da posse, como ocorre</p><p>com a venda de imóveis e obrigações propter rem.</p><p>Quanto ao local da tradição, como regra geral, será no local em que se encontra a</p><p>coisa no momento da venda (art. 493 do Código Civil), contudo é possível</p><p>estabelecer em contrato o local e as condições de entrega do objeto, mas é preciso</p><p>ter cautela neste quesito, conforme a doutrina nos ensina:</p><p>Complementando, é possível que as partes negociem a expedição da coisa por parte</p><p>do vendedor, como é comum nas vendas realizadas fora do estabelecimento</p><p>comercial. Em casos tais, se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do</p><p>comprador, por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a coisa a quem deva</p><p>transportá-la, salvo se o vendedor não seguir as instruções dadas pelo comprador</p><p>(art. 494 do CC). Em resumo, se o comprador determinou a expedição de forma</p><p>errada e, em decorrência disso, ela veio a se perder, a responsabilidade será sua, ja</p><p>que agiu com culpa por ação (culpa in comittendo). Por sua via, se o erro foi do</p><p>vendedor, que desobedeceu às ordens do comprador, por sua conta ocorrerão os</p><p>riscos pelo fato de ter agido como um mandatário in�el (TARTUCE, 2017, p. 368-369).</p><p>O Código Civil, no art. 495, prevê como uma espécie de garantia a tradição, em que</p><p>o vendedor ou o comprador pode reter e sobrestar a entrega do objeto,</p><p>independentemente do prazo estipulado em contrato, se antes da tradição o</p><p>comprador ou o vendedor se tornar insolvente, podendo, ainda, exigir da parte</p><p>insolvente, uma garantia real ou �dejussória de pagamento (caução), garantindo a</p><p>tradição no prazo estipulado em contrato.</p><p>3 DO CONTRATO DE PERMUTA</p><p>O contrato de troca, ou também chamado de permuta, é o contrato destinado a</p><p>regulamentar a troca da propriedade de qualquer bem por qualquer outro bem</p><p>com equivalências entre valores econômicos, pertencente a outra pessoa. O</p><p>contrato pode ser classi�cado como bilateral ou multilateral, cumulativo, oneroso,</p><p>consensual, não solene, instantâneo e típico (todas as de�nições foram estudadas</p><p>no Capítulo 1).</p><p>É importante salientar as similitudes com o contrato de compra e venda, não é</p><p>incomum numa negociação de compra e venda a troca de bens como parte do</p><p>pagamento da compra. Nestes casos, a nomenclatura da prática forense, um</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 13/36</p><p>pouco menos contemporânea, refere-se a contrato “com torna” (torna seria o</p><p>equivalente a saldo), que é um objeto em dação em pagamento.</p><p>Assim, para se caracterizar um contrato de permuta, não deve envolver a troca de</p><p>dinheiro ou valores, mas, sim, de bens, sob pena de desnaturalização do contrato.</p><p>Farias e Rosenvald (2014, p. 675) destacam que podem ser trocados:</p><p>[...] Quaisquer bens alienáveis, de livre disposição pelo titular, sejam homogêneos ou</p><p>heterogêneos. Assim, os objetos da troca podem ser coisas móveis ou imóveis,</p><p>fungíveis ou infungíveis, corpóreas ou incorpóreas, umas pelas outras. É bastante</p><p>que a coisa esteja no comércio (vale dizer, com livre disposição pelo titular), porque</p><p>tudo o que pode ser objeto de uma venda pode ser trocado.</p><p>“Convém anotar que não é admitido para o contrato de permuta a troca de bens</p><p>por serviços humanos, neste caso seria uma hipótese de um contrato inominado a</p><p>ser regrado pelas normas gerais do direito civil brasileiro” (FARIAS; ROSENVALD,</p><p>2014, p. 676).</p><p>A permuta que ocorrer com saldos desiguais, ou seja, quando um bem em troca</p><p>tem maior valor pecuniário do que o bem permutado em contrapartida, tem-se</p><p>que essa diferença deva ser ressarcida em dinheiro. Observe que, neste caso, não</p><p>se converterá em contrato de compra e venda, porque a intenção não é a venda,</p><p>mas, sim, a troca dos bens (FARIAS; ROSENVALD, 2014).</p><p>O Código Civil, no art. 533, dispõe que todas as disposições aplicáveis aos</p><p>contratos de compra e venda também poderão ser utilizadas quando necessárias</p><p>ao contrato de permuta. Gonçalves (2012, p. 273) destaca que se deve ter cautela</p><p>pelas peculiaridades do contrato:</p><p>Pouco efeito prático produz a distinção suprarreferida, pois o legislador,</p><p>considerando a semelhança existente entre a permuta e a compra e venda,</p><p>determinou, no art. 533 do Código Civil, que se aplicassem àquela todas as</p><p>disposições referentes a esta (as que concernem a vícios redibitórios, evicção,</p><p>perigos e cômodos da coisa etc.), com apenas duas modi�cações: a) salvo disposição</p><p>em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o</p><p>instrumento da troca; b) é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e</p><p>descendentes, sem consentimento expresso dos outros descendentes e do cônjuge</p><p>do alienante.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 14/36</p><p>Assim, aconselha-se os bens permutados serem de valores iguais, dispensando a</p><p>outorga dos demais e não onerando nenhum dos interessados. É interessante</p><p>ressaltar que no caso da permuta, independente do regime de casamento</p><p>(inclusive separação total), deverá ter a autorização do cônjuge, pois a regra do art.</p><p>496, parágrafo único do Código Civil, só determina para casos de compra e venda.</p><p>4 CONTRATO DE DOAÇÃO</p><p>Essa espécie de contrato costuma ser polêmica entre os familiares, sobretudo,</p><p>quando envolve casamentos, patrimônio e herdeiros. Inclusive, há quem critique o</p><p>viés exacerbado do Código Civil na proteção patrimonial da herança do patrimônio</p><p>da pessoa viva.</p><p>A doação é uma espécie de contrato gratuito (art. 538 do Código Civil), ou seja,</p><p>aqueles que não podem ter contraprestação, tendo apenas o ganho para quem</p><p>recebe o objeto doado e este deve aceitar receber. Assim, ocorre a doação quando</p><p>“o sujeito de direito pratica ato volitivo que não lhe dá nenhuma vantagem</p><p>econômica e, eventualmente, acarreta mesmo uma perda patrimonial” (COELHO,</p><p>2012, p. 457).</p><p>O contrato de doação será sujeito às regras comuns do direito civil, apesar de ser</p><p>peculiar. Em que pese não tenha uma contraprestação onerosa, o doador pode</p><p>impor uma obrigação que limite a liberalidade da prestação. O donatário deverá</p><p>cumprir com os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro</p><p>ou de interesse geral, podendo este último ser exigido pelo Ministério Público,</p><p>depois da morte do doador se estiver em mora (art. 553, caput e parágrafo único</p><p>do Código Civil).</p><p>A obrigação limitadora pode ser por “modo” ou “encargo” (que não pode ser</p><p>superior ao valor do objeto doado), no qual a parte bene�ciada apenas poderá</p><p>acessar o benefício se cumprir uma obrigação de dar, fazer ou não fazer, a</p><p>depender da limitação imposta pelo doador.</p><p>Conforme o art. 539 do Código Civil, o doador pode �xar um prazo para que o</p><p>donatário declare se aceita ou não a doação da coisa, contudo, por incidir a regra</p><p>geral do direito civil, na ausência de manifestação, pressupõe-se a presunção de</p><p>aceitação.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 15/36</p><p>De qualquer forma, a doutrina tradicional sempre apontou que a aceitação não pode</p><p>ser presumida sem que haja a ciência do donatário. Tem razão essa corrente, pois</p><p>a�nal de contas ninguém está obrigado a aceitar determinado bem se não o quiser.</p><p>Conclui-se, portanto, que a aceitação pode ser expressa ou presumida. Mesmo não</p><p>sendo elemento essencial, não se presume de forma absoluta essa aceitação se o</p><p>donatário não foi cienti�cado (TARTUCE, 2017, p. 441).</p><p>Sendo dispensada a aceitação na hipótese do art. 543 do Código Civil, quando for</p><p>feita a doação em favor do absolutamente incapaz, utilizando a presunção do</p><p>melhor interesse do incapaz e presunção de aceitação, curiosamente, a doação</p><p>para o nascituro apenas valerá se o representante legal aceitar (art. 542 do Código</p><p>Civil).</p><p>A possibilidade de doação para ascendentes, descendentes, ou de um cônjuge a</p><p>outro, importará no adiantamento de herança (art. 544 do CC), devendo, portanto,</p><p>ter a anuência de todos para a legítima validade do ato.</p><p>É possível que as doações sejam feitas de forma periódica, conforme o art. 545 do</p><p>Código Civil, por exemplo, uma quantia monetária mensal. Contudo, se o doador</p><p>morrer, essa doação será extinta, salvo, se houver outro objeto a ser doado,</p><p>condicionando nessa hipótese, exclusivamente à pessoa do donatário, não</p><p>transferindo aos seus sucessores ou legatários.</p><p>Em caso de falecimento do donatário, anteriormente ao doador, o bem doado</p><p>poderá voltar ao patrimônio do doador se esta condição estiver estipulada no</p><p>contrato. Contudo, nessa hipótese, não é permitido estipular que esse bem vá</p><p>para um terceiro (art. 547, caput e parágrafo único).</p><p>A modalidade de doação por contemplação é aquela modalidade em que é feita</p><p>em contemplação de casamento futuro, com as pessoas de�nidas e a coisa certa a</p><p>ser doada, podendo ser entre os nubentes ou por terceiros, para os nubentes ou</p><p>futuros �lhos que tiverem entre si. Para esse tipo de doação, é necessário o</p><p>consentimento dos donatários e só não terá afeito se o casamento não se realizar</p><p>nos termos do art. 546 do Código Civil.</p><p>Ainda, o Código Civil, no art. 548, prevê que é nula a doação da totalidade de seus</p><p>bens, sem a reserva de renda ou bens para a sua subsistência.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 16/36</p><p>Subsequente ao artigo do Código Civil, vem a crítica ao patrimonialismo do Código</p><p>Civil, porque no art. 549, ele prevê a impossibilidade de doação de seus próprios</p><p>bens, para além da expectativa de herança patrimonial dos herdeiros, a chamada</p><p>“nulidade da doação ino�ciosa”. “Para a ocorrência da nulidade é necessário que</p><p>existam herdeiros necessários e ultrapasse o limite disponível” (FARIAS;</p><p>ROSENVALD, 2014, p. 727). Neste sentido, segue a crítica da doutrina sobre este</p><p>dispositivo legal:</p><p>Por derradeiro, cumpre aludir a uma questão nova e pujante. É que, apesar de</p><p>minoritário o nosso entendimento, confessamos não ter simpatia pela restrição sub</p><p>occulis. É que, ao nosso viso, a impossibilidade de doação da legítima somente se</p><p>justi�ca quando um dos herdeiros necessários é incapaz, em razão da necessidade</p><p>de proteção integral do incapaz. Todavia, em se tratando de herdeiros necessários</p><p>maiores e capazes, não vislumbramos motivo plausível para obstar o ato de</p><p>disposição gratuito pelo titular.</p><p>Até porque o ofício do pai se impõe em razão do exercício do poder familiar - o que</p><p>não haverá se todos os descendentes forem plenamente capazes. Cuida-se de uma</p><p>interdição parcial na livre disposição de uma pessoa absolutamente capacitada para</p><p>os atos da vida jurídica. Não nos parece, ademais, que um pai, por exemplo, seja</p><p>obrigado a deixar patrimônio para o seu �lho, em especial no momento em que a</p><p>proteção do sistema jurídico se centra na essência da pessoa humana e em sua</p><p>dignidade. Entendemos, pois, que o juiz, casuisticamente, poderá acobertar com o</p><p>manto da validade e da plena e�cácia a doação feita pelo titular com invasão da</p><p>legítima (ultrapassando o limite patrimonial disponível), quando os herdeiros</p><p>necessários são maiores e capazes. Assim, resguardará a dignidade do titular,</p><p>podendo dispor livremente de seu patrimônio (FARIAS; ROSENVALD, 2014, p. 729).</p><p>Um mito relacionado à matéria e que é muito comum de se ouvir no senso</p><p>comum, inclusive alguns operadores do direito também acabam incidindo no erro,</p><p>é que o idoso, geralmente falam em uma idade maior de 70 anos, não pode fazer</p><p>doação ou se casar. O que é incorreto, porque enquanto ele tiver plena capacidade</p><p>civil para exercer todos os atos da vida civil, ele é plenamente capaz de realizar</p><p>doações ou contrair matrimônios, independentemente da idade.</p><p>A lei dispõe de um prazo de 2 (dois) anos para a anulabilidade de doação de</p><p>patrimônio para cônjuge adúltero (amante), que pode ser exercido pelo(a) cônjuge</p><p>ou herdeiros necessários, após a dissolução da sociedade conjugal (art. 550 do</p><p>Código Civil).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 17/36</p><p>O contrato, se for omissivo quanto à proporção da divisão dos bens, quando se</p><p>tratar de doação para mais de uma pessoa, será pressuposto que a divisão seja</p><p>proporcional</p><p>(art. 551, caput, do CC). Contudo, se a doação for para o cônjuge,</p><p>subsistirá a totalidade do cônjuge (meação) sobrevivo (parágrafo único do art. 551</p><p>do CC).</p><p>Por �m, a doação à entidade futura, terá um prazo máximo de 2 (dois) anos para</p><p>que seja implementada essa entidade, caso contrário, caducará a doação, nos</p><p>termos do art. 554 do CC.</p><p>4.1 REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO</p><p>Esta parte do estudo é mais centrada na revogação da doação, ela é bastante</p><p>importante ao direito sucessório, bem como do direito contratual. A revogação</p><p>pode ocorrer essencialmente por dois motivos, a ingratidão do donatário ou por</p><p>inexecução do encargo (não pagamento das taxas de transferências ou condições</p><p>impostas para a doação).</p><p>As causas de ingratidão das doações são numerus clausus, ou seja, são as</p><p>condições taxativas na lei, não podendo ser criadas outras causas, bem como o</p><p>Código Civil é expresso ao determinar que não se pode renunciar</p><p>antecipadamente ao direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário</p><p>(art. 556 do CC).</p><p>Antes de adentramos nas causas de revogação por ingratidão, listemos as causas</p><p>que não revogam por este motivo (art. 564 do CC), que são: a) as doações</p><p>puramente remuneratórias; b) as oneradas com encargo já cumprido; c) as que se</p><p>�zeram em cumprimento de obrigação natural; d) as feitas para determinado</p><p>casamento.</p><p>As causas de ingratidão de doações são as mesmas causas de impedimento do</p><p>direito de herança; elas estão elencadas no art. 557 do CC, em que seus quatro</p><p>incisos dispõem o impedimento se: a) o donatário atentar contra a vida do doador</p><p>ou cometer crime de homicídio doloso contra ele; b) cometer contra ele ofensa</p><p>física (a ofensa deve ser grave); c) se o injuriou gravemente ou o caluniou; d) se,</p><p>podendo ministrá-los, recusou o doador os alimentos de que este necessitava (ou</p><p>seja, maltratou ou deixou de cuidar quando precisava).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 18/36</p><p>É importante salientar que essas causas se aplicam a qualquer pessoa que</p><p>incorrer, conforme descrito no art. 557 do Código Civil, contra o doador ou de</p><p>cujus, podendo ser um terceiro à família, ou ainda, o cônjuge, ascendente,</p><p>descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador (art. 558 do CC). Esta</p><p>previsão vem para combater os homicídios ou tramas para herdar o patrimônio,</p><p>conforme casos famosos que são notórios e foram veiculados na mídia.</p><p>O prazo para a revogação por quaisquer um desses motivos deverá ser pleiteado</p><p>dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato</p><p>que a autorizar, e de ter sido o donatário o autor da reclamação (art. 559 do CC).</p><p>O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, mas</p><p>aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os</p><p>herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide (art. 560 do CC).</p><p>Em caso de homicídio doloso, a ação caberá aos herdeiros, se não tiver havido o</p><p>perdão anterior do de cujus.</p><p>A hipótese de revogação por ingratidão não prejudicará os direitos adquiridos por</p><p>terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos anteriormente à citação</p><p>válida, contudo, estará obrigado a restituir o equivalente, e que for possível (nem</p><p>que seja pelo valor médio), no momento posterior à citação.</p><p>5 CONTRATO DE LOCAÇÃO</p><p>A locação é uma matéria bastante ampla, envolvendo temas complexos de direito</p><p>material e processual. Assim, os contratos dessa espécie são, talvez, os contratos</p><p>que contêm a forma e o conteúdo mais livres em termos de regulação, pois,</p><p>jurisprudencialmente é pací�co o entendimento da prevalência dos termos</p><p>acordados (pacta sunt servanda), mas é preciso ter noção de alguns regramentos</p><p>básicos de direito material que devem obrigatoriamente estar previstos</p><p>contratualmente, para não ter problemas com a prática cotidiana.</p><p>Basicamente, a locação tem duas principais leis em questão de direito material, o</p><p>Código Civil, no capítulo V, com a sua generalidade e regulamentação de</p><p>basicamente a locação de bens móveis. Enquanto a lei do inquilinato (Lei nº</p><p>8.245/1991) regulamentará as locações residenciais e não residenciais (comerciais),</p><p>contudo, às locações residenciais e não comerciais, o Código Civil também será</p><p>utilizado subsidiariamente por ser um regramento geral.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 19/36</p><p>A conceituação do contrato de locação é trazida no art. 565 do Código Civil, em que</p><p>basicamente a parte que é proprietária ou detentora do domínio se obriga a ceder</p><p>à outra, por tempo determinado ou indeterminado, o uso e gozo de coisa não</p><p>fungível, mediante contraprestação pecuniária.</p><p>Ao ceder mediante locação, o locador (quem põe o bem para locar) é obrigado a</p><p>entregar ao locatário (quem aluga) com seus atributos em estado de uso em que</p><p>se destina, bem como manter neste estado pelo tempo em que o contrato estiver</p><p>estipulado, podendo transferir essa obrigação ao locatário. Além dessas</p><p>obrigações, também deverá garantir o uso pací�co da coisa, sem embaraços,</p><p>turbações de terceiros que pretendam ter direitos à coisa alugada, e responderá</p><p>pelos vícios ou defeitos anteriores à locação.</p><p>Caso ocorra a deterioração da coisa alugada, sem culpa do locatário, este poderá</p><p>pedir a redução proporcional do aluguel. Há também, a hipótese de o locatário</p><p>resolver o contrato, mas restrito ao caso dessa coisa que deteriorou não servir</p><p>mais para o �m que prestava.</p><p>Quanto às obrigações do locatário, ele deverá cumprir o rol exempli�cativo,</p><p>conforme a previsão contratual e na sua falta, o seguinte: a) a servir-se da coisa</p><p>alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e</p><p>as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; b)</p><p>a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e, em falta de ajuste,</p><p>segundo o costume do lugar; c) a levar ao conhecimento do locador as turbações</p><p>de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; d) a restituir a coisa, �nda a</p><p>locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso</p><p>regular.</p><p>O locador tem o direito de rescindir o contrato e exigir perdas e danos, caso o</p><p>locatário empregue uso diverso ao ajustado em contrato, ou ao que a coisa se</p><p>destina ou ainda dani�cá-la em decorrência disto.</p><p>O locador não poderá reaver a coisa alugada quando o contrato for por tempo</p><p>determinado. Caso requeira a coisa antes do término do contrato, deverá ressarcir</p><p>ao locatário as perdas e danos resultantes, bem como nem o locatário poderá</p><p>devolver a coisa ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista</p><p>no contrato (art. 570 do CC), podendo o locatário gozar do direito de retenção,</p><p>enquanto não for ressarcido na hipótese anterior (art. 571 do CC).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 20/36</p><p>A locação por tempo determinado cessa de pleno direito �ndo o prazo estipulado,</p><p>independentemente de noti�cação ou aviso (art. 573 do CC). Após esse prazo, se o</p><p>locatário continuar na posse da coisa alugada, sem oposição do locador, se</p><p>presumirá prorrogada a locação pelo mesmo valor �xado em aluguel, mas sem</p><p>prazo determinado (art. 574 do CC).</p><p>6 DO CONTRATO DE MÚTUO/FINANCIAMENTO</p><p>O contrato de mútuo tem sua previsão legal no art. 586 do Código Civil. Trata-se de</p><p>um instituto de contratos gratuitos e unilaterais, que preveem o empréstimo de</p><p>coisas fungíveis com alguma contraprestação onerosa, a restituir o que recebeu</p><p>em mesmo gênero, qualidade e quantidade. Junto à transferência do domínio da</p><p>coisa emprestada, vem a obrigação de arcar com todos os riscos desde a tradição.</p><p>A este respeito:</p><p>Constitui empréstimo para consumo,</p><p>pois o mutuário não é obrigado a devolver o</p><p>mesmo bem, do qual se torna dono (pode consumi-lo, aliená-lo, abandoná-lo, p. ex.),</p><p>mas sim coisa da mesma espécie. É realmente o empréstimo de coisas que podem</p><p>ser consumidas por aquele que as recebe. Se o mutuário puder restituir coisa de</p><p>natureza diversa, ou soma em dinheiro, haverá respectivamente troca ou compra e</p><p>venda, e não mútuo, salvo, no último caso, se o empréstimo for de dinheiro, que é</p><p>bem fungível (GONÇALVES, 2012, p. 346).</p><p>Em se tratando de empréstimo de dinheiro ou observância de notória mudança da</p><p>situação econômica do mutuário, o mutuante poderá exigir garantia de restituição</p><p>(caução), presumindo também a aplicação de juros quando for pecuniário (arts.</p><p>589 e 591 do CC). Neste sentido da doutrina também destaca:</p><p>O mútuo oneroso, mediante o pagamento de juros, é responsável pelo</p><p>desenvolvimento do comércio bancário. Várias modalidades de empréstimo foram</p><p>incrementadas, como o empréstimo por desconto de títulos à ordem, o contrato de</p><p>�nanciamento, a abertura de crédito e a conta corrente. No contrato de</p><p>�nanciamento, a instituição �nanceira obriga-se a fornecer numerário na medida das</p><p>necessidades do empreendimento, como construção de edifícios, empreitadas,</p><p>investimentos industriais e agrícolas etc. Na abertura de crédito o banco</p><p>compromete-se a efetuar a cobertura de saques do devedor, até um determinado</p><p>limite preestabelecido (GONÇALVES, 2012, p. 353).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 21/36</p><p>Deve-se ter atenção ao se fazer o mútuo com menores de 18 anos, pois se for feito</p><p>com essa pessoa, ele é ine�caz, sem a autorização de seu responsável legal, e</p><p>ainda o objeto do empréstimo não poderá ser reavido, nem do mutuário, nem de</p><p>seus �adores (art. 588 do CC), existirá a dívida, “mas não há a correspondente</p><p>responsabilidade” (TARTUCE, 2017, p. 678).</p><p>Contudo, essa regra do art. 588 do CC tem exceções no artigo subsequente, que</p><p>são as seguintes: a) se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para</p><p>contrair o empréstimo, o rati�car posteriormente; b) se o menor, estando ausente</p><p>essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos</p><p>habituais; c) se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, mas, em tal caso, a</p><p>execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; d) se o empréstimo</p><p>reverteu em benefício do menor; e) se o menor obteve o empréstimo</p><p>maliciosamente.</p><p>Destaca-se a atenção ao item “a” citado anteriormente. Se houver posterior</p><p>rati�cação da pessoa cuja autorização era necessária ou o próprio mutuário após a</p><p>maioridade ou emancipação rati�cou o mútuo, entende-se que �cou por sanado</p><p>esta obrigação de haver um responsável legal, por conta de retroagir à data do ato</p><p>(GONÇALVES, 2012).</p><p>7 DO COMODATO/USUFRUTO</p><p>O comodato é basicamente a de�nição antagônica do mútuo, esta espécie de</p><p>contrato servirá para o empréstimo de coisas não fungíveis e se realiza com a</p><p>tradição do objeto. É um contrato em que a pessoa entrega algum bem infungível,</p><p>para que se use e posteriormente seja restituído, tendo que essa pessoa,</p><p>necessariamente, ser proprietária do bem. Assim, a doutrina disserta sobre o</p><p>conceito:</p><p>No comodato há uma transferência provisória da posse direta da coisa, mantida a</p><p>propriedade com o comodante (o seu titular). Por isso, advindo o termo estabelecido</p><p>para a avença, o bem tem de ser restituído, sob pena de caracterização de esbulho</p><p>pelo comodatário, com a consequente possibilidade de pedido de reintegração de</p><p>posse (ação possessória) pelo comodante.</p><p>Por não envolver a transferência de titularidade da propriedade, o comodante não</p><p>precisa ser o proprietário da coisa, bastando que tenha o seu uso e fruição. Com</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 22/36</p><p>isso, o usufrutuário, o en�teuta e o super�ciário podem celebrar contrato de</p><p>comodato, apesar de não terem a propriedade, mas apenas direitos reais sobre a</p><p>coisa alheia. Isto é possível na medida em que o comodatário tem o dever de</p><p>restituir a própria coisa, não exaurindo a sua substância (FARIAS; ROSENVALD, 2014,</p><p>p. 759).</p><p>Essa espécie de contrato é personalíssima, então, apenas poderá favorecer</p><p>pessoalmente o comodatário, podendo os bens incorpóreos, suscetíveis de uso e</p><p>posse, como o direito autoral, a patente de invenção, o nome ou marca comercial,</p><p>a linha telefônica, entre outros, também serem dados em comodato (GONÇALVES,</p><p>2012). Além disso, são características do comodato: a gratuidade, determinado ou</p><p>determinável, a infungibilidade e a necessidade de tradição.</p><p>8 CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS</p><p>A regulamentação dos contratos de prestação de serviços dependerá do tipo de</p><p>serviço e relação entre as partes em decorrência deste, quando não houver</p><p>previsão em lei especial (Código de Defesa do Consumidor, por exemplo) ou leis</p><p>trabalhistas, será regida pelo Código Civil (art. 593 do Código Civil). No Código Civil</p><p>são regulamentadas cinco espécies de contratos de prestação de serviços:</p><p>contratos de empreitada; contratos de corretagem; mandato; prestação de</p><p>serviços; transporte de pessoas.</p><p>Antes de abordar cada uma dessas cinco espécies de contratos de prestação de</p><p>serviços, é necessário trabalhar o conceito de um contrato de prestação de serviço</p><p>e as peculiaridades gerais desses tipos de contratos.</p><p>A doutrina classi�ca de forma sucinta e generalista o conceito de que os contratos</p><p>de serviços compreendem a todos os negócios jurídicos em que um dos</p><p>contratantes assume uma obrigação de fazer qualquer espécie de serviço ou</p><p>trabalho lícito, material ou imaterial, mediante retribuição (art. 594 do CC)</p><p>(COELHO, 2012). A retribuição é obrigatória e será paga ao �nal do serviço</p><p>prestado, quando não por costume ou pagamento em prestação a depender da</p><p>convenção do negócio (art. 597 do CC). Não se tendo estipulado as partes, ou</p><p>chegado num consenso do preço, o valor a ser �xado será pelo critério do costume</p><p>do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. O arbitramento, em caso de</p><p>divergência, será realizado por via judicial ou arbitral (art. 596 do CC).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 23/36</p><p>Um exemplo de contrato de prestação de serviço seria o contrato de empreitada,</p><p>em que o empreiteiro se obriga a fazer a obra contratada, ou um advogado que se</p><p>obriga a fazer um parecer contratado pelo consulente.</p><p>No instrumento de prestação de serviço, se uma das partes for não alfabetizada,</p><p>este contrato poderá ser assinado a rogo (alguém que substitua a assinatura)</p><p>somada a anuência de duas testemunhas (art. 595 do CC). Contudo, isso não</p><p>signi�ca a obrigatoriedade de uma solenidade ou forma, a lei apenas faz uma</p><p>recomendação para o caso em questão.</p><p>Os contratos de prestações de serviços têm um prazo máximo de vigência de</p><p>quatro anos, independente se o serviço prestado foi concluído ou não (art. 597 do</p><p>CC), contudo, é possível a confecção de um novo contrato para a continuação do</p><p>serviço. Não se conta neste prazo o tempo em que o prestador do serviço deixou</p><p>de servir por sua culpa (art. 600 do CC).</p><p>Será possível a resolução antecipada do contrato a qualquer uma das partes,</p><p>diante da ausência de prazo estipulado, quando não for possível inferir a natureza</p><p>do contrato, ou o costume do lugar, desde que mediante aviso prévio. O aviso</p><p>prévio deverá ser feito com antecedência, sendo que no mínimo oito dias, quando</p><p>se houver �xada a contraprestação por tempo de um mês ou mais; em quatro</p><p>dias, se a contraprestação tiver sido ajustada por semana ou quinzena; ou ainda</p><p>na véspera se o prazo contratado for por menos de sete dias (art. 599 do CC).</p><p>Ainda, o prestador do serviço</p><p>contratado por tempo certo, ou por obra</p><p>determinada, não poderá se despedir, ou se ausentar antes do término do</p><p>contrato ou conclusão da obra sem que haja uma justa causa a justi�car. Na</p><p>ausência de justa causa, o prestador terá direito à retribuição das parcelas</p><p>vencidas e ainda à indenização por perdas e danos (art. 602 do CC). Havendo</p><p>demissão do prestador sem justa causa, o contratante será obrigado a pagar por</p><p>inteiro a retribuição vencida e por metade o que seria vincenda até o término do</p><p>contrato (art. 603 do CC).</p><p>O contrato de prestação de serviço é personalíssimo, não podendo ser transmitido</p><p>a outra pessoa a prestação da atividade contratada (art. 605 do CC). Assim, com a</p><p>morte de uma das partes, o contrato é extinto, assim como as demais hipóteses,</p><p>que seriam: a conclusão da obra; o escoamento do prazo; a rescisão contratual; o</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 24/36</p><p>inadimplemento das partes ou a impossibilidade de continuação do contrato (art.</p><p>607 do CC).</p><p>8.1 O CONTRATO DE EMPREITADA</p><p>O contrato de empreitada é uma espécie de contrato de prestação de serviço em</p><p>sua forma especial, especi�camente para a construção de obras, podendo a</p><p>construção ser contribuída pelo empreiteiro só com o seu trabalho ou com o seu</p><p>trabalho e os materiais, o que dependerá do acordo �rmado entre os contratantes,</p><p>já que a obrigação de fornecimento dos materiais não se presume, deve ter</p><p>previsão expressa. De mesma sorte, quando for a elaboração de um projeto, na</p><p>qual não se presume a execução ou a �scalização da execução, sem previsão</p><p>expressa no contrato (art. 610 do CC).</p><p>Quanto aos riscos da atividade empreiteira, destacam-se duas situações, a</p><p>primeira é caso de o empreiteiro escolher a opção de fornecer os materiais, este</p><p>assumirá por sua conta e risco a qualidade, o estoque, a necessidade e qualquer</p><p>outro risco atinente à atividade empregada até a conclusão da obra (art. 611 do</p><p>CC). O preço global do material empregado poderá ser revisto a qualquer hora,</p><p>conforme a variação de mercado (art. 620 do CC).</p><p>A segunda é se o empreiteiro forneceu apenas a mão de obra, este responderá</p><p>pelos riscos apenas da sua atividade laboral, os demais serão por conta do</p><p>contratante (art. 612 do CC). É preciso ter atenção para a hipótese da contratação</p><p>da mão de obra, para o caso do material se deteriorar, sem mora do dono ou</p><p>culpa do empreiteiro; o empreiteiro provando que a perda ocorreu por defeito dos</p><p>materiais e que em outras oportunidades já havia reclamado da quantidade ou</p><p>qualidade destes, não terá culpa e receberá pelo serviço prestado de qualquer</p><p>forma (art. 613 do CC).</p><p>A contraprestação do serviço de empreitada poderá ser paga de forma integral,</p><p>parcelada ou ainda por partes, a depender da natureza da obra que se determina.</p><p>Nesta última, o empreiteiro terá o direito a cobrar o equivalente a cada fase de</p><p>construção na proporção da obra executada, presumindo-se que o que for pago</p><p>foi veri�cado (métrica cobrada da execução), tendo o prazo máximo de 30 dias a</p><p>contar da medição, sem nenhuma denúncia de vícios ou defeitos pelo contratante</p><p>ou seu representante (art. 614 do CC).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 25/36</p><p>Para a conclusão do contrato de empreitada, é necessário que seja entregue a</p><p>obra contratada de acordo com o ajuste, costume do lugar, sendo que o</p><p>contratante será obrigado a receber. Tendo como exceção a hipótese da</p><p>obrigatoriedade do recebimento de que a instrução e as normas técnicas</p><p>executadas pelo empreiteiro não foram seguidas conforme os planos iniciais e</p><p>requisitados à natureza da empreitada. (art. 615 do CC).</p><p>O dono da obra, nessa hipótese de exceção, pode receber a obra com o</p><p>abatimento proporcional do preço (art. 616 do CC), mas pode também requerer</p><p>que no prazo de cinco anos, o empreiteiro corrija os defeitos e os vícios de sua</p><p>mão de obra empregada, nos casos de construções edilícias ou consideráveis (art.</p><p>618 do CC), porque este se obriga a garantir a solidez, a segurança do trabalho, em</p><p>razão dos materiais, bem como do solo.</p><p>A correção não terá acréscimo de preço quando for destacado dentro do plano</p><p>inicial de execução, bem como, em caso de modi�cação, esta tenha sido pela</p><p>inobservância do empreiteiro (art. 619 do CC). Também o empreiteiro será</p><p>obrigado a pagar por materiais que foram comprados, mas inutilizados por</p><p>negligência e imperícia (art. 617 do CC).</p><p>O dono da obra poderá suspender a construção, mesmo depois de iniciada, desde</p><p>que pague aos empreiteiros as despesas e os lucros proporcionais aos já</p><p>realizados, bem como uma indenização calculada em função do que seria ganho</p><p>com a conclusão da obra (art. 623 do CC). O empreiteiro também pode suspender</p><p>a obra, desde que haja justa causa, sob pena de responsabilização por perdas e</p><p>danos (art. 624 do CC).</p><p>Entende-se por justa causa o disposto no art. 625 do Código Civil:</p><p>Art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra:</p><p>I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;</p><p>II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem di�culdades imprevisíveis de</p><p>execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de</p><p>modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser</p><p>ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços;</p><p>III - se as modi�cações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem</p><p>desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o</p><p>acréscimo de preço.</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 26/36</p><p>Dispõe a doutrina que o grande diferencial dos contratos de empreitada para os</p><p>contratos de prestação de serviços gerais, é que eles não são personalíssimos,</p><p>assim, em caso de morte de qualquer uma das partes, subsistirá o contrato,</p><p>independentemente das partes contratantes (TARTUCE, 2017).</p><p>8.2 DO CONTRATO DE DEPÓSITO</p><p>O contrato de depósito se caracteriza pelo fato jurídico de alguém (depositário)</p><p>receber um objeto móvel e corpóreo, para guardar, até que o depositante resgate.</p><p>Tartuce (2017) destaca que o depósito pode ser classi�cado como voluntário, que</p><p>se origina da manifestação da vontade das partes em livre consenso; ou em</p><p>depósito necessário/obrigatório, quando o depósito se origina da lei (depósito</p><p>legal) ou depósito miserável (decorrência de calamidade pública). Outra</p><p>classi�cação do depósito é referente à coisa depositada, pois se a coisa em</p><p>depósito for fungível, diz-se que o depósito é irregular e quando a coisa for</p><p>infungível, o depósito será regular.</p><p>8.2.1 Do Depósito Voluntário</p><p>Essa espécie de contrato de depósito é proveniente da manifestação de vontade</p><p>entre o depositante e o depositário, em que o “primeiro declara a vontade de</p><p>con�ar ao segundo a custódia de um bem, enquanto esse manifesta a</p><p>concordância em se responsabilizar por ele” (COELHO, 2012, p. 790).</p><p>Conforme o Código Civil, no art. 628, o contrato de depósito geralmente é</p><p>unilateral e gratuito, mas é possível que ele seja bilateral e oneroso, a depender do</p><p>negócio jurídico entre as partes e a relação comercial ou jurídica existente entre as</p><p>partes. Os contratos de depósito serão onerosos ou sinalagmáticos, em caso de</p><p>omissão quanto à preci�cação, será determinado com base no uso do lugar ou por</p><p>arbitramento na falta deste (TARTUCE, 2017).</p><p>Quem recebe a coisa para �car em depósito, tem a obrigação de garantir a</p><p>manutenção da coisa e a segurança como se o objeto lhe pertencesse, bem como</p><p>restituir todos os frutos e acrescidos, desde que exigido pelo depositante (art. 629</p><p>do CC). Sendo que a despesa de restituição será por conta do depositante</p><p>e o local</p><p>de entrega da coisa deverá ser o lugar em que tiver sido guardada, salvo</p><p>disposição contrária (art. 631 do CC).</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 27/36</p><p>O depositário, que por força maior houver perdido a coisa e recebido outra no</p><p>lugar, quando tiver que entregar a coisa ao depositante, deverá entregar essa</p><p>segunda coisa, inclusive o direito de ação contra terceiro responsável pela</p><p>restituição da perda (art. 636 do CC).</p><p>Cumpre destacar que mesmo que tenha previsão contratual de um tempo em</p><p>depósito, independentemente do período, caso o depositário exija a restituição,</p><p>esta deverá ser feita a qualquer tempo (art. 633 do CC). No caso de depósito da</p><p>coisa em favor do interesse de terceiro, a restituição da coisa deverá ser informada</p><p>e consentida por este terceiro, para que não haja lesão ao interesse (art. 632 do</p><p>CC), assim, este contrato visa única e exclusivamente à manutenção do bem e da</p><p>propriedade do depositante.</p><p>Pode haver a opção de depósito judicial da coisa, uma espécie de consignação em</p><p>pagamento, só que de bens, quando, por motivo plausível, o depositante e o</p><p>depositário não possam guardar a coisa e, neste último, caso o depositante não</p><p>queira receber (art. 635 do CC).</p><p>Há duas obrigações principais do contrato de depósito ao depositário, a primeira é</p><p>a guarda e a manutenção da coisa depositada e a segunda é a obrigação do</p><p>depositário restituir a coisa ao depositante. Se a coisa for divisível e houver dois ou</p><p>mais depositantes, a entrega da coisa poderá ser equivalente à respectiva parte de</p><p>cada um (art. 639). Assim, com exceção dos casos previstos nos arts. 633 e 634 do</p><p>Código Civil, o depositário é obrigado a restituir a coisa sempre, não podendo</p><p>alegar que esta não pertence ao depositante ou requerendo compensação (art.</p><p>638 do CC).</p><p>O depositário não poderá vender a coisa em sua posse por não lhe pertencer e a</p><p>posse ser precária, assim como não poderá utilizar da coisa sem a expressa</p><p>autorização do depositário (art. 640 do CC), sendo que a obrigação da restituição</p><p>da posse da coisa é transmitida com a herança aos herdeiros. Desta forma, em</p><p>eventual hipótese da ocorrência da venda da coisa por seu herdeiro, mesmo de</p><p>boa-fé, o art. 636 do Código Civil determina que este deverá desfazer o negócio e</p><p>restituir o comprador pelo preço recebido e eventuais perdas e danos.</p><p>8.2.2 O Contrato de Depósito Necessário</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 28/36</p><p>O contrato de depósito necessário ocorre quando há imposição legal nos termos</p><p>do art. 647 do Código Civil, em que prevê duas situações, a primeira delas indicada</p><p>no inciso I do mesmo artigo, que o depósito se faz em desempenho de obrigação</p><p>legal, como a companhia aérea se torna responsável legal pela bagagem do</p><p>viajante (inclusive é a equiparação expressa do art. 649 do Código Civil); e serão</p><p>aplicados subsidiariamente os dispostos no depósito voluntário, quando aplicável</p><p>(art. 648 do CC).</p><p>A segunda situação é descrita no inciso II do art. 647 do Código Civil, que ocorre o</p><p>depósito quando tiver situação por motivo de alguma calamidade, como incêndio,</p><p>inundação, naufrágio ou saque. Por exemplo, a guarda dos bens de um navio que</p><p>foi resgatado de um caso de naufrágio até que a situação se normalize e os bens</p><p>sejam devolvidos.</p><p>O depósito necessário não será presumidamente gratuito (art. 651 do CC), por</p><p>exemplo, na hipótese do art. 649 do CC, que dispõe como necessário o depósito de</p><p>bagagens de viajantes ou hóspedes de hotéis, há a possibilidade de incluir no</p><p>preço a remuneração pelo depósito. A responsabilização no caso de furto ou</p><p>deterioração de bagagens dependerá da comprovação da responsabilidade dos</p><p>depositários, pois, se �car comprovado que os próprios viajantes ou hóspedes</p><p>deram culpa ou poderiam ter evitado, não terão direito à responsabilização do</p><p>depositário (art. 650 do CC).</p><p>8.2.3 Da Prisão do Depositário Infiel</p><p>A prisão do depositário in�el está prevista expressamente na Constituição Federal</p><p>do Brasil no art. 9º, inciso LXVII, onde a�rma ser possível apenas dois casos de</p><p>prisão civis, a do devedor de pensão alimentícia e do depositário in�el.</p><p>O art. 652 do Código Civil disciplina que “seja o depósito voluntário ou necessário,</p><p>o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo</p><p>mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos”. Assim, é</p><p>obrigação do depositário ao �nal do prazo, ressarcir o bem que estava em sua</p><p>guarda para o depositante, sob pena de perdas e danos e ainda prisão civil.</p><p>Em que pese a previsão da prisão civil na Constituição Federal e no Código Civil,</p><p>trata-se de uma norma inconvencional, pois, o Brasil é signatário do Pacto de São</p><p>José da Costa Rica, que disciplina a Convenção Interamericana de Direitos</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 29/36</p><p>Humanos, que expressamente em seu artigo 7º determina que ninguém poderá</p><p>ser detido por dívidas, excetuando a prisão por verbas alimentícias.</p><p>Em decisão emblemática, o Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nos</p><p>julgamentos dos recursos extraordinários de nº 349703, nº 466343 e Habeas</p><p>Corpus nº 87585, e revogação da súmula 619 do STF, que a Convenção</p><p>Interamericana de Direitos Humanos tem o status de supraconstitucionalidade,</p><p>�cando de acordo com as hierarquias das normas no direito brasileiro, abaixo da</p><p>Constituição Federal, mas acima das normas infralegais.</p><p>Pode-se dizer que foi uma espécie de “aberração” jurídica �xada pelo STF, pois em</p><p>matéria de Direito Internacional dos Direitos Humanos, regido pelo princípio pro</p><p>homine, que é o princípio que determina a melhor interpretação dos direitos</p><p>humanos em favor da vítima, independentemente de hierarquia de normas. Desta</p><p>feita, a prisão civil por depositário in�el é constitucional e vigente no Brasil, mas</p><p>não tem efeitos práticos e é proibida sua prática por ser inconvencional ao Pacto</p><p>de São José da Costa Rica.</p><p>8.3 DO CONTRATO DE MANDATO</p><p>O contrato de mandato é conceituado conforme o art. 653 do Código Civil como</p><p>sendo aquele negócio jurídico que se trata pelo qual o mandante transfere</p><p>poderes ao mandatário para que este, em seu nome, pratique atos ou administre</p><p>interesses. Assim, a doutrina destaca:</p><p>É contrato consensual, derivado da convergência das vontades do mandante e</p><p>mandatário. A do primeiro, no sentido de se fazer representar, num ou mais atos,</p><p>pelo segundo; e a deste, no de aceitar a incumbência. A vinculação do mandatário ao</p><p>contrato pode decorrer de declaração dele, feita por escrito ou oralmente (aceitação</p><p>expressa), ou de qualquer ato de execução que pratique (tácita) (CC, art. 659)</p><p>(COELHO, 2012, p. 647).</p><p>“É comum que se confunda pelo senso comum o termo “procuração” com</p><p>mandato, mas a procuração não constitui um contrato, mas, sim, o meio pelo qual</p><p>o negócio se instrumentaliza” (TARTUCE, 2017, p. 709), tanto que a segunda parte</p><p>do art. 653 do CC é clara ao a�rmar que “a procuração é o instrumento do</p><p>mandato”. A procuração se distingue do mandato por ter em sua essência o</p><p>caráter unilateral, em que não há a necessidade de aceitação dos poderes</p><p>Capítulo 3 </p><p>01/10/2024, 22:09 Livro Digital - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS</p><p>https://livrodigital.uniasselvi.com.br/pos/teoria_geral_dos_contratos/conteudo.html?capitulo=3 30/36</p><p>concedidos à outra parte, enquanto o mandato é justamente o oposto, é um</p><p>contrato bilateral, desta forma, deve-se haver o regramento e as condições para</p><p>aceitação dos poderes ou do ato representativo.</p><p>O objetivo do mandato é viabilizar a representação convencional ou voluntária do</p><p>mandatário através da investidura da condição de representação</p>

Mais conteúdos dessa disciplina