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<p>TJ-RS (TÉCNICO)</p><p>JECRIM</p><p>APOSTILA COMPLETA</p><p>PRISCILLA FERNANDES</p><p>ATENÇÃO!</p><p>O Concursos GG adverte que reproduzir e compartilhar apostilas, imagens e</p><p>aulas é crime de violação de direito autoral, previsto na Lei 9.610 e no art.</p><p>184, §§ 1º e 2º, do Código Penal, podendo gerar punição, culminando em</p><p>uma pena de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.</p><p>É muito importante ressaltar que o direito brasileiro realiza uma ampla</p><p>proteção ao direito de imagem, prevendo o dever de indenizar em caso</p><p>de sua violação. A proteção é de tamanha importância, que possui previsão</p><p>constitucional, no art. 5º, inciso V, da Constituição Federal.</p><p>Além disso, o Código Civil, em seu artigo 20, também confere proteção ao</p><p>direito de imagem, proibindo a divulgação de escritos, a transmissão da</p><p>palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma</p><p>pessoa, sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a</p><p>boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.</p><p>A Súmula nº 203 do Superior Tribunal de Justiça relata ainda que independe</p><p>de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de</p><p>imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.</p><p>Portanto, o aluno que compartilha materiais, aulas e outros, possui o dever</p><p>de reparar pelo uso indevido da imagem, mesmo que não haja prova do</p><p>prejuízo e/ou dolo na conduta do agente. Além disso, ainda pode vir a sofrer</p><p>as sanções penais supracitadas.</p><p>Desta forma, é terminantemente proibido o rateio de materiais do curso</p><p>através de grupos de Whatsapp, Facebook, E-mail ou qualquer outro meio</p><p>de compartilhamento. Inclusive alertamos que a matrícula do aluno pode vir</p><p>a ser cancelada caso seja constatada a prática de rateio, conforme previsão</p><p>contratual.</p><p>3Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>Jecrim</p><p>Profª Priscilla Fernandes</p><p>JECRIM – LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LEI Nº 9.099/95)</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Atendendo ao preceito constitucional, a Lei nº 9.099/95 entrou em vigor no dia 26 de novembro</p><p>de 1995, instaurando uma nova espécie de jurisdição no processo penal: a jurisdição consensual.</p><p>Vale lembrar que até o advento da Lei dos Juizados Especiais Criminais, a única forma de aplicação</p><p>do direito penal objetivo era mediante uma jurisdição de conflito, compreendida com a instauração</p><p>de um processo contencioso, colocando de lado opostos: acusação e defesa, cuja finalidade primor-</p><p>dial, é a imposição de uma pena privativa de liberdade.</p><p>Com a chegada da Lei dos Juizados Especiais Criminais, essa tradicional jurisdição de conflito cede</p><p>espaço para uma jurisdição de consenso, na qual se busca um acordo entre as partes, a reparação</p><p>dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de uma pena não privativa de liberdade, evitando ao</p><p>máximo, a instauração de um processo.</p><p>Assim, a fim de dar cumprimento ao preceito constitucional que prevê para as infrações de menor</p><p>potencial ofensivo um procedimento oral e sumaríssimo (art. 98, I, da CF), a Lei dos Juizados Es-</p><p>peciais Criminais determina que o procedimento deve ser norteado pelos princípios da oralidade,</p><p>simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a</p><p>conciliação ou a transação penal, nos termos do art. 2º da lei.</p><p>O objeto de estudo da presente aula é tão somente a parte que trata dos juizados especiais crimi-</p><p>nais, que se inicia a partir do art. 60 da Lei nº 9.099/95.</p><p>Iniciando o estudo da lei propriamente dito, devemos nos atentar para a fundamentação Constitu-</p><p>cional dos Juizados Especiais. A sua previsão está prevista no artigo 98, I, da CF/1988, vejamos:</p><p>Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:</p><p>I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, compe-</p><p>tentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor</p><p>complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os proce-</p><p>dimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transa-</p><p>ção e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;</p><p>Assim, a Carta Magna atribui a competência aos juizados especiais criminais ao julgamento das</p><p>infrações penais de menor potencial ofensivo. Contudo, o legislador não trouxe na constituição</p><p>a definição do que seriam essas infrações de menor potencial ofensivo. Porém, a Lei nº 9.099/95</p><p>em seu art. 61 trouxe de forma expressa quais seriam essas infrações, as quais serão analisadas a</p><p>seguir.</p><p>4</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>2. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS</p><p>Inicialmente, cabe destacar a respeito da competência dos Juizados em relação às infrações penais,</p><p>a qual é estabelecida com base em dois critérios:</p><p>a) Natureza da infração: infração de menor potencial ofensivo, nos termos do art. 61 da Lei;</p><p>b) Inexistência de circunstância que desloque a competência para o juízo comum: é o que ocorre</p><p>nas hipóteses de conexão e continência com infração penal comum (art. 60, § único, da Lei);</p><p>impossibilidade de citação do autuado (art. 66, § único, da Lei) e quando evidenciada complexi-</p><p>dade de causa (art. 77, § 2º, da Lei).</p><p>Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e lei-</p><p>gos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infra-</p><p>ções penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e con-</p><p>tinência</p><p>Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal</p><p>do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-</p><p>-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído</p><p>pela Lei nº 11.313, de 2006)</p><p>Um ponto que merece destaque, é o parágrafo único, do art. 60, da lei, que trata da reunião de</p><p>processos, pois ainda que um processo seja deslocado para o juízo comum, em virtude de regras</p><p>de conexão e continência, o acusado não perde a possibilidade de concessão de institutos, como a</p><p>transação penal e a composição dos danos civis, os quais ainda poderão ser celebrados no referido</p><p>juízo.</p><p>3. CONCEITO DE INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO</p><p>Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os</p><p>efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena má-</p><p>xima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 11.313, de 2006)</p><p>O conceito de IMPO (infração de menor potencial ofensivo) é um dos temas de grande relevância</p><p>em provas de concurso púbico. Compreende-se por infrações de menor potencial ofensivo, para</p><p>efeitos de aplicação da Lei 9.099/95 e por força de seu art. 61, as contravenções penais e os crimes</p><p>cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada com multa.</p><p>4. CRITÉRIOS ORIENTADORES E FINALIDADE DA LEI N. 9.099/95</p><p>Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da ora-</p><p>lidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivan-</p><p>do, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação</p><p>de pena não privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018)</p><p>5Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>São objetivos da Lei nº 9.099/95, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e</p><p>a aplicação de pena não privativa de liberdade.</p><p>5. COMPETÊNCIA TERRITORIAL</p><p>Os Juizados Especiais Criminais possuem seu próprio regramento para definição de qual juizado</p><p>será competente para atuar em um determinado caso. Vale destacar, primeiramente, a regra geral:</p><p>Da Competência e dos Atos Processuais</p><p>Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi prati-</p><p>cada a infração penal.</p><p>Note-se que, a regra geral, como de praxe, é basicamente autoexplicativa. Logo, a competência</p><p>é a</p><p>do lugar em que foi praticada a infração penal.</p><p>Não obstante, o Código de Processo Penal, de forma diversa, aplica a teoria do resultado em rela-</p><p>ção à competência territorial:</p><p>CPP – Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se</p><p>consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o</p><p>último ato de execução.</p><p>6. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE</p><p>A garantia do acesso de todo e qualquer cidadão aos atos processuais praticados no curso do pro-</p><p>cesso demonstra uma clara postura democrática, e tem como finalidade primordial assegurar a</p><p>transparência da atividade jurisdicional.</p><p>Ademais, o art. 64 da respectiva lei deixa claro que, consoante o disposto nas normas de organiza-</p><p>ção judiciária de cada Estado, é perfeitamente possível que os atos processuais dos Juizados sejam</p><p>realizados em horário noturno e em qualquer dia da semana, desde que, seja respeitado o princípio</p><p>da publicidade.</p><p>Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário no-</p><p>turno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organi-</p><p>zação judiciária.</p><p>Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades</p><p>para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta</p><p>Lei.</p><p>§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.</p><p>§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por</p><p>qualquer meio hábil de comunicação.</p><p>§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essen-</p><p>ciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gra-</p><p>vados em fita magnética ou equivalente.</p><p>6</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>Conforme se depreende do art. 65, § 2º da Lei dos Juizados, em observância dos critérios da infor-</p><p>malidade, da economia processual e da celeridade, a prática dos atos processuais em outras comar-</p><p>cas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. A única ressalva à aplicação do</p><p>referido dispositivo diz respeito à citação.</p><p>7. CITAÇÃO E INTIMAÇÃO</p><p>A seguir veremos a respeito dos procedimentos, no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, para</p><p>citar e intimar o acusado.</p><p>Primeiramente se faz necessário lembrar o conceito de “citação” e de “intimação”.</p><p>Citação no processo penal, é o ato mais importante de comunicação processual, pois visa dar co-</p><p>nhecimento ao acusado da ação que é intentada contra ele, de modo que ele integre o processo e</p><p>possa defender-se.</p><p>Intimação no processo penal, é o ato de dar conhecimento à parte, da prática de um ato, despacho</p><p>ou sentença.</p><p>Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível,</p><p>ou por mandado.</p><p>Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará</p><p>as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.</p><p>Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pes-</p><p>soal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao</p><p>encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo ne-</p><p>cessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precató-</p><p>ria, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.</p><p>Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo</p><p>cientes as partes, os interessados e defensores.</p><p>Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusa-</p><p>do, constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado,</p><p>com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>A citação por edital não é admissível na Lei n. 9.099/95. No que diz respeito à citação por</p><p>hora certa – muito cuidado – pois embora o Enunciado n. 110 do FONAJE o admita, a jurispru-</p><p>dência do STJ diz que não é adequada a citação por hora certa no âmbito do juizado especial</p><p>criminal.</p><p>7Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>8. TERMO CIRCUNSTANCIADO</p><p>Da Fase Preliminar</p><p>Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará ter-</p><p>mo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do</p><p>fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.</p><p>Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediata-</p><p>mente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer,</p><p>não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência</p><p>doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento</p><p>do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.</p><p>O art. 69 prevê que a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo cir-</p><p>cunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providen-</p><p>ciando-se as requisições dos exames periciais necessários.</p><p>Embora não definido pela Lei nº 9.099/95 trata-se de um relatório sumário da infração de menor</p><p>potencial ofensivo, contendo a identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada,</p><p>bem como todos os dados básicos e fundamentais que permitem a perfeita individualização dos</p><p>fatos, a indicação das provas, com o rol de testemunhas, quando houver, e, se possível, um croqui,</p><p>na hipótese de acidente de trânsito, objetivando à formação da opinio delicti pelo titular da ação.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>No que diz respeito ao § único do respectivo dispositivo, embora a lei use a expressão “não</p><p>se imporá prisão em flagrante”, deve-se entender que é perfeitamente possível a captura e a</p><p>condução coercitiva do indivíduo, estando vedada, tão somente, a lavratura do auto de prisão</p><p>em flagrante e, o subsequente recolhimento ao cárcere.</p><p>No entanto, se o agente se recusar a comparecer imediatamente ao Juizado ou a assumir o</p><p>compromisso de a ele comparecer deve a autoridade policial proceder à lavratura do auto de</p><p>prisão.</p><p>9. INSTITUTOS DESPENALIZADORES</p><p>Diversas são as disposições compreendidas na Lei nº 9.099/95. Merecem destaque, no entanto, as</p><p>quatro medidas despenalizadoras utilizadas para impedir a instauração do processo ou para evitar</p><p>seu prosseguimento:</p><p>a) Composição dos danos civis: a qual resulta na renúncia ao direito de queixa ou de representa-</p><p>ção, bem como na extinção da punibilidade do agente;</p><p>b) Transação penal: a qual permite o cumprimento imediato da pena restritiva de direitos, ou de</p><p>pena de multa, evitando assim, a instauração do processo;</p><p>c) Suspensão condicional do processo: a qual submete o acusado a um período de prova, com</p><p>determinadas condições, ao fim das quais, decreta-se a extinção da punibilidade;</p><p>8</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>d) Representação nos crimes de lesões corporais culposas e leves: a modificação quanto à ne-</p><p>cessidade de representação nesses casos (em regra) possibilita a ocorrência de decadência e</p><p>posterior extinção de punibilidade do agente.</p><p>10. FASE PRELIMINAR DOS JUIZADOS</p><p>Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a reali-</p><p>zação imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual</p><p>ambos sairão cientes.</p><p>Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria</p><p>providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos</p><p>arts. 67 e 68 desta Lei.</p><p>Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público,</p><p>o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por</p><p>seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos da-</p><p>nos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de</p><p>liberdade.</p><p>A audiência preliminar prevista no art. 72 da Lei precede à instauração do processo criminal pro-</p><p>priamente</p><p>dito, cujo início está condicionado ao que nela for decidido.</p><p>Note-se que se refere a fase pré-processual, já que ainda não houve oferecimento da peça acusa-</p><p>tória. Tem como finalidade a conciliação, tanto cível como penal, presentes o órgão do Ministério</p><p>Público, o autor do fato, a vítima, o juiz e, se possível, o responsável civil, sempre acompanhados</p><p>por seus respectivos advogados.</p><p>A conciliação é o gênero do qual decorrem as espécies: transação penal e a composição.</p><p>Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orienta-</p><p>ção.</p><p>Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma</p><p>da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exer-</p><p>çam funções na administração da Justiça Criminal.</p><p>Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo</p><p>Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo</p><p>civil competente.</p><p>Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação pe-</p><p>nal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a re-</p><p>núncia ao direito de queixa ou representação.</p><p>Houve, sucesso na conciliação entre o autor e o ofendido, então a composição dos danos é redu-</p><p>zida a escrito, sendo homologada com força de sentença irrecorrível, gerando um título executivo</p><p>judicial que pode ser executado no juízo cível competente. Nessa situação, se a ação penal for de</p><p>iniciativa privada ou pública condicionada a representação a homologação do acordo acarreta re-</p><p>núncia do direito de queixa ou representação.</p><p>9Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao</p><p>ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será</p><p>reduzida a termo.</p><p>Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar</p><p>não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em</p><p>lei.</p><p>Não ocorreu a composição dos danos e o ofendido optou por oferecer a representação, que poderá</p><p>ser feita, verbalmente, na própria audiência ou ainda, dentro do prazo decadencial (art. 38 do CPP),</p><p>para que então, se dê prosseguimento na persecução penal.</p><p>11. TRANSAÇÃO PENAL</p><p>A transação penal compreende um acordo celebrado entre o Ministério Público ou o querelante,</p><p>nos crimes de ação penal privada, e o autor do fato delituoso, por meio do qual é proposta a apli-</p><p>cação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, evitando-se, dessa forma, a instauração do</p><p>processo.</p><p>• Pressupostos de admissibilidade da transação penal:</p><p>a) infração de menor potencial ofensivo;</p><p>b) não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado;</p><p>c) não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liber-</p><p>dade, por sentença definitiva;</p><p>d) não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 (cinco) anos, pela transa-</p><p>ção penal;</p><p>e) antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e circuns-</p><p>tâncias do delito favoráveis ao agente;</p><p>f) crimes de ação penal pública condicionada à representação, de ação penal pública incondi-</p><p>cionada e de ação penal privada;</p><p>Aqui, faz-se necessário um esclarecimento, pois conforme se depreende do dispositivo pode levar</p><p>à conclusão equivocada de que a proposta de transação penal só pode ser oferecida em relação</p><p>aos crimes de ação penal pública incondicionada e condicionada à representação. Doutrina e juris-</p><p>prudência entendem que não há fundamento plausível para não se admitir a transação penal em</p><p>crimes de ação penal privada. Contudo, a legitimidade para propor a transação penal, nos crimes</p><p>de ação penal privada, é do querelante, autor da demanda.</p><p>g) no caso de crimes ambientais, prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de</p><p>comprovada impossibilidade.</p><p>• Procedimento para o oferecimento da proposta de transação penal: presentes os pressupos-</p><p>tos que admitem a proposta, esta deve ser formulada pelo Ministério Público, nos casos de</p><p>ação penal pública incondicionada e condicionada à representação, e do ofendido, nas hipóte-</p><p>ses de ação penal privada.</p><p>10</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>• Momento para o oferecimento: o momento procedimental é antes do recebimento da peça</p><p>acusatória.</p><p>No entanto, durante o curso do processo, é possível que, em razão da alteração da classificação do</p><p>fato delituoso, a nova capitulação seja tida como infração de menor potencial ofensivo, passando,</p><p>então, a admitir a concessão da transação penal.</p><p>Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública</p><p>incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá</p><p>propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especi-</p><p>ficada na proposta.</p><p>§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-</p><p>-la até a metade.</p><p>§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:</p><p>I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa</p><p>de liberdade, por sentença definitiva;</p><p>II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela apli-</p><p>cação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;</p><p>III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agen-</p><p>te, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção</p><p>da medida.</p><p>§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à</p><p>apreciação do Juiz.</p><p>§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o</p><p>Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reinci-</p><p>dência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no</p><p>prazo de cinco anos.</p><p>§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no</p><p>art. 82 desta Lei.</p><p>§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certi-</p><p>dão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo,</p><p>e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo</p><p>cível.</p><p>Do Procedimento Sumariíssimo</p><p>Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de</p><p>pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista</p><p>no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia</p><p>oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.</p><p>§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de</p><p>ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, pres-</p><p>cindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver</p><p>aferida por boletim médico ou prova equivalente.</p><p>11Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação</p><p>da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das</p><p>peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.</p><p>§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, ca-</p><p>bendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam</p><p>a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.</p><p>Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se</p><p>cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da de-</p><p>signação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual tam-</p><p>bém tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus</p><p>advogados.</p><p>§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68</p><p>desta Lei e cientificado da data da audiência</p><p>de instrução e julgamento, devendo</p><p>a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no</p><p>mínimo cinco dias antes de sua realização.</p><p>§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos</p><p>termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julga-</p><p>mento.</p><p>§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta</p><p>Lei.</p><p>Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instrução e julgamento, se</p><p>na fase preliminar não tiver havido possibilidade de tentativa de conciliação e de</p><p>oferecimento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos</p><p>arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.</p><p>Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando imprescindível, a</p><p>condução coercitiva de quem deva comparecer.</p><p>Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à</p><p>acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo</p><p>recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, in-</p><p>terrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos</p><p>debates orais e à prolação da sentença.</p><p>§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,</p><p>podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou</p><p>protelatórias.</p><p>§ 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais pre-</p><p>sentes no ato deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabi-</p><p>lização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do</p><p>disposto neste artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)</p><p>I – a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de</p><p>apuração nos autos; (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)</p><p>II – a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dig-</p><p>nidade da vítima ou de testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)</p><p>12</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pe-</p><p>las partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e</p><p>a sentença.</p><p>§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção</p><p>do Juiz.</p><p>Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá ape-</p><p>lação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no</p><p>primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.</p><p>§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sen-</p><p>tença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual</p><p>constarão as razões e o pedido do recorrente.</p><p>§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.</p><p>§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a</p><p>que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.</p><p>§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.</p><p>§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julga-</p><p>mento servirá de acórdão.</p><p>Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, hou-</p><p>ver obscuridade, contradição ou omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de</p><p>2015) (Vigência)</p><p>§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo</p><p>de cinco dias, contados da ciência da decisão.</p><p>§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de re-</p><p>curso. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)</p><p>§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.</p><p>Da Execução</p><p>Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumprimento far-se-á me-</p><p>diante pagamento na Secretaria do Juizado.</p><p>Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade,</p><p>determinando que a condenação não fique constando dos registros criminais, ex-</p><p>ceto para fins de requisição judicial.</p><p>Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena pri-</p><p>vativa da liberdade, ou restritiva de direitos, nos termos previstos em lei.</p><p>Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou</p><p>de multa cumulada com estas, será processada perante o órgão competente, nos</p><p>termos da lei.</p><p>Das Despesas Processuais</p><p>Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de pena restritiva</p><p>de direitos ou multa (arts. 74 e 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas,</p><p>conforme dispuser lei estadual.</p><p>13Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá</p><p>de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e le-</p><p>sões culposas.</p><p>12. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO</p><p>Outro instituto que merece destaque é a suspensão condicional do processo, o qual será tratado a</p><p>seguir.</p><p>Trata-se de importante instituto despenalizador por meio do qual admite-se a suspensão do pro-</p><p>cesso por um período de prova que pode variar de 2 (dois a 4 (quatro) anos, desde que observado o</p><p>cumprimento de certas condições.</p><p>• Requisitos de admissibilidade:</p><p>a) crimes com pena mínima cominada igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidos ou não pela</p><p>Lei nº 9.099/95, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher;</p><p>b) não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime;</p><p>c) presença dos demais requisitos que autorizem a suspensão condicional da pena;</p><p>d) não descumprimento anterior do acordo de não persecução penal (Pacote Anticrime).</p><p>• Momento para a aceitação da proposta: oportunidade processual correta para o oferecimento</p><p>da proposta de suspensão condicional do processo é imediatamente antes da designação da</p><p>audiência uma de instrução e julgamento, caso afastada a possibilidade de absolvição sumária</p><p>do acusado.</p><p>• Aceitação da proposta: é ato bilateral, que pressupõe a anuência clara e inequívoca do acusa-</p><p>do.</p><p>• Condições da suspensão condicional do processo: conforme já dito, acolhida a proposta de</p><p>suspensão condicional do processo, e verificada sua legalidade, deve o magistrado receber a</p><p>peça acusatória e, na sequência, suspender o processo, submetendo o acusado a um período</p><p>de prova, de 2 a 4 anos, sob as seguintes condições:</p><p>a) reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;</p><p>b) proibição de frequentar determinados lugares;</p><p>c) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização judicial;</p><p>d) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas</p><p>atividades;</p><p>e) não instauração de outro processo em virtude da prática de crime ou contravenção penal;</p><p>f) outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.</p><p>14</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>• Revogação da suspensão condicional do processo:</p><p>a) revogação obrigatória: nesse caso, a suspensão deve ser revogada, nas seguintes hipóte-</p><p>ses:</p><p>• Se o acusado vier a ser processado por outro crime;</p><p>• Se o acusado não efetuar a reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.</p><p>b) revogação facultativa: a suspensão do processo pode ser revogada:</p><p>• Se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção penal;</p><p>• Se o acusado descumprir qualquer outra condição imposta.</p><p>Por fim, expirado o prazo da suspensão sem que o benefício tenha sido revogado, o juiz declarará</p><p>extinta a punibilidade (art. 89, § 5º, da Lei).</p><p>Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um</p><p>ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,</p><p>poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acu-</p><p>sado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime,</p><p>presentes</p><p>os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena</p><p>(art. 77 do Código Penal).</p><p>§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,</p><p>recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a</p><p>período de prova, sob as seguintes condições:</p><p>I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;</p><p>II – proibição de frequentar determinados lugares;</p><p>III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;</p><p>IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e</p><p>justificar suas atividades.</p><p>§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspen-</p><p>são, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.</p><p>§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser</p><p>processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação</p><p>do dano.</p><p>§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no cur-</p><p>so do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.</p><p>§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.</p><p>§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.</p><p>§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosse-</p><p>guirá em seus ulteriores termos.</p><p>Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instru-</p><p>ção já estiver iniciada. (Vide ADIN nº 1.719-9)</p><p>15Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.</p><p>(Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)</p><p>Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a proposi-</p><p>tura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal será intimado</p><p>para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.</p><p>Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Pro-</p><p>cesso Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei.</p><p>ATENÇÃO!</p><p>Cuidado para não confundir a Transação Penal com o “Acordo de Não Persecução Penal”. Por</p><p>essa razão, se faz necessária uma análise objetiva a respeito de tal instituto.</p><p>Importante inovação inserida pela Lei nº 13.964/2019 – mais conhecida como “Pacote Anticrime”</p><p>– é a medida despenalizadora do acordo de não persecução penal, com previsão expressa no art.</p><p>28-A do Código de Processo Penal.</p><p>O acordo de não persecução penal tem natureza jurídica semelhante a outros institutos previstos</p><p>no nosso ordenamento jurídico, tais como a transação penal, a suspensão condicional do processo</p><p>e a colaboração premiada (institutos previstos em leis extravagantes).</p><p>Não obstante, o acordo de não persecução penal poderá ser aplicado aos delitos cometidos sem</p><p>violência ou grave ameaça e com pena inferior a 4 anos, se atendidas certas condições.</p><p>De forma simples, o acordo em questão possui natureza pré-processual, tendo em vista que se</p><p>destina a evitar a instauração do processo, em outras palavras, é a realização de um acordo com o</p><p>Ministério Público antes mesmo de haver acusação formal quanto à prática delituosa.</p><p>ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (art. 28-A do CPP)</p><p>Pena mínima inferior a 4 anos.</p><p>Obs.: Para verificação da pena mínima, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis</p><p>ao caso concreto (§ 1º, art. 28-A, do CPP)</p><p>Confissão formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça.</p><p>Desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.</p><p>CONDIÇÕES:</p><p>I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;</p><p>II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados</p><p>pelo MP como instrumentos, produto ou proveito do crime;</p><p>III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à</p><p>pena mínima cominada ao delito diminuída de 1/3 a 2/3;</p><p>IV – pagar prestação pecuniária, em consonância com o art. 45 do CP, a entidade pública</p><p>ou interesse social (com o fim de proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos apa-</p><p>rentemente lesados pelo delito);</p><p>V – cumprir, por prazo indeterminado, outra condição estabelecida pelo MP, desde que</p><p>proporcional e compatível com a infração penal imputada.</p><p>16</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>NÃO CABE O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO NAS SEGUINTES HIPÓTESES:</p><p>I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; (Lei</p><p>9.099/95 – JECRIM)</p><p>II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal</p><p>habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;</p><p>III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo</p><p>de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e</p><p>IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher</p><p>por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.</p><p>17Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>EXERCÍCIOS</p><p>01. (CESPE / CEBRASPE – 2023 – MPE-PA – Promotor de Justiça Substituto)</p><p>No que se refere ao procedimento sumaríssimo, assinale a opção correta.</p><p>a) O acordo homologado entre as partes, no caso de ação penal condicionada, não acarreta re-</p><p>núncia ao direito de representação.</p><p>b) Adota-se o procedimento sumaríssimo nas infrações com pena privativa de liberdade máxima</p><p>não superior a 4 anos, cumulada ou não com multa.</p><p>c) De regra, poderá o juiz, de ofício, propor transação penal.</p><p>d) É cabível a citação do réu por edital.</p><p>e) Na ação penal pública incondicionada, a composição de danos entre as partes não extingue a</p><p>punibilidade.</p><p>02. (FCC – 2022 – TRT – 5ª Região (BA) – Técnico Judiciário – Agente da Polícia Judicial)</p><p>De acordo com o que dispõe a Lei nº 9.099/1995,</p><p>a) o Juiz arquivará de plano e definitivamente a ação, caso o acusado não seja encontrado para</p><p>ser citado.</p><p>b) a prática de atos processuais em outras comarcas deverá ser solicitada exclusivamente por do-</p><p>cumento oficial escrito.</p><p>c) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as con-</p><p>travenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 4 anos.</p><p>d) a competência do Juizado será determinada pelo domicílio do autor da infração penal.</p><p>e) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia</p><p>da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.</p><p>03. (FCC – 2022 – TJ-CE – Analista Judiciário – Área Judiciária)</p><p>A suspensão condicional do processo</p><p>a) é cabível em condenações de até dois anos de privação de liberdade ou multa.</p><p>b) será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime.</p><p>c) pode ser concedida após o cumprimento de um sexto da pena em substituição à pena privativa</p><p>de liberdade.</p><p>d) submete o acusado a período de prova equivalente à metade da pena mínima prevista para o</p><p>delito pelo qual está sendo processado.</p><p>e) poderá ser proposta pelo Ministério Público mediante aplicação imediata de pena restritiva de</p><p>direitos ou multas.</p><p>18</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>04. (CESPE / CEBRASPE – 2022 – TCE-SC – Auditor Fiscal de Controle Externo – Direito)</p><p>Ainda com relação ao processo penal brasileiro, julgue o item que se segue.</p><p>Se o agente praticar um crime de menor potencial ofensivo em conexão com um crime comum,</p><p>cada um dos delitos deverá ser julgado separadamente, sendo o primeiro encaminhado ao juizado</p><p>especial, e o segundo, à vara criminal.</p><p>( ) Certo   ( ) Errado</p><p>05.</p><p>(CESPE / CEBRASPE – 2022 – PC-PB – Delegado de Polícia Civil)</p><p>Considerando o sistema de juizados especiais criminais, previsto na Lei n.° 9.099/1995, e a jurispru-</p><p>dência do STJ e STF sobre a matéria, assinale a opção correta.</p><p>a) Tratando-se de crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação, a realiza-</p><p>ção de composição civil dos danos entre autor e vítima gera a extinção da punibilidade.</p><p>b) Admite-se transação penal para os crimes dolosos com pena máxima inferior ou igual a 2 anos</p><p>e para os delitos culposos, independentemente da sanção aplicada.</p><p>c) A sentença que homologa a transação penal faz coisa julgada material, e o descumprimento do</p><p>acordo deve ser resolvido por meio de execução na esfera cível.</p><p>d) O procedimento de apuração de infrações de menor potencial ofensivo não admite a realização</p><p>de exames periciais, haja vista a necessidade de brevidade na conclusão do processo.</p><p>e) A despeito da omissão legislativa, é permitida a realização de transação penal para os crimes de</p><p>ação penal privada, por se tratar de direito subjetivo do autor do fato.</p><p>06. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – PGE-CE – Procurador do Estado)</p><p>O sursis processual deverá ser oferecido</p><p>a) antes do oferecimento da ação penal.</p><p>b) no momento em que for oferecida a ação penal.</p><p>c) após a condenação transitada em julgado.</p><p>d) nas alegações finais.</p><p>07. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – PC-AL – Agente de Polícia)</p><p>A autoridade policial instaurou inquérito policial em virtude de crime de lesões corporais leves co-</p><p>metidos contra mulher no âmbito familiar. O inquérito foi relatado e enviado ao Poder Judiciário.</p><p>Considerando essa situação hipotética julgue o item seguinte.</p><p>Como se trata de crime de menor potencial ofensivo, o delegado de polícia deveria ter lavrado ter-</p><p>mo circunstanciado.</p><p>( ) Certo   ( ) Errado</p><p>19Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem prévia autorização do GG.</p><p>JECRIM | PRISCILLA FERNANDES</p><p>08. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – PC-AL – Escrivão de Polícia)</p><p>Em relação ao processo penal e ao disposto na Lei n.º 9.099/1995, julgue o item subsequente.</p><p>A aplicação de pena restritiva de direitos ou multa em proposta de transação penal importa reinci-</p><p>dência pelo prazo de cinco anos.</p><p>( ) Certo   ( ) Errado</p><p>09. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – MPE-SC – Promotor de Justiça Substituto)</p><p>Julgue o item a seguir, considerando os direitos das pessoas idosas.</p><p>A aplicação da Lei n.º 9.099/1995, prevista no Estatuto do Idoso, não se estende a benefícios como</p><p>transação penal.</p><p>( ) Certo   ( ) Errado</p><p>10. (CESPE / CEBRASPE – 2021 – PC-DF – Escrivão de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Fe-</p><p>deral)</p><p>Com base no disposto na Lei n.º 9.099/1995, julgue o item a seguir.</p><p>O indiciamento de beneficiário da suspensão condicional do processo por novo crime praticado</p><p>durante a vigência do benefício implica revogação do sursis processual, devendo o juiz, nesse caso,</p><p>determinar o prosseguimento do feito, sem prejuízo de outras medidas.</p><p>( ) Certo   ( ) Errado</p><p>GABARITO</p><p>01. E 02. E 03. B 04. E 05. A 06. B 07. E 08. E 09. C 10. E</p>

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