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<p>DIREITOS HUMANOS</p><p>CONCEITO E FUNDAMENTAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Introdução</p><p>Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa deve ter a sua dignidade</p><p>respeitada independentemente de sua origem, etnia, raça, convicção econômica,</p><p>orientação política, classe social, idade, identidade sexual, orientação ou credo religioso.</p><p>Dessa forma, podemos dizer que a proteção aos direitos do homem, quando</p><p>materializadas em ordenamentos jurídicos, garantem o desenvolvimento da</p><p>personalidade humana em total consonância com os conceitos de justiça, igualdade e</p><p>democracia. É o que se espera entre os membros de qualquer sociedade, bem como</p><p>entre os indivíduos e seu relacionamento com o Estado.</p><p>A partir dessas premissas, podemos dizer que cada Estado incorpora no seu</p><p>ordenamento jurídico os direitos humanos mais próximos aos seus próprios valores, aos</p><p>valores de sua sociedade, decidindo quais serão constitucionalizados (ou seja, quais</p><p>alçarão a categoria de “direitos fundamentais”), bem com quais pertencerão ao nível</p><p>infraconstitucional dentro do ordenamento.</p><p>Conceito</p><p>Quanto à sua conceituação, podemos dizer que os direitos humanos são todos</p><p>aqueles direitos considerados indispensáveis a uma vida em sociedade, pautada na</p><p>liberdade, na igualdade e na dignidade. Do ponto de vista formal, os direitos humanos</p><p>seriam aqueles positivados em instrumentos internacionais, a exemplo da Declaração</p><p>Universal dos Direitos Humanos (DUDH).</p><p>São os direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de</p><p>tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que um</p><p>Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São direitos indispensáveis a</p><p>uma vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que</p><p>todos os Estados devem respeitar, sob pena de responsabilidade internacional.</p><p>No tocante à terminologia, é importante destacar a diferença conceitual na</p><p>relação existente entre os direitos humanos, os “direitos do homem” e os “direitos</p><p>fundamentais”. Algumas literaturas abordam os direitos humanos como sinônimo de</p><p>direitos fundamentais, bem como tratam os direitos do homem como sinônimo de</p><p>direitos humanos.</p><p>Porém, para melhor compreensão, temos que a expressão “direitos do homem”</p><p>tem cunho jusnaturalista, relacionada aos direitos inerentes à condição humana, mas</p><p>vinculada à vontade divina. Trata-se, pois, nessa concepção, de um direito que não</p><p>necessita de positivação, uma vez que diz respeito ao “direito natural”.</p><p>Já a expressão “direitos fundamentais” diz respeito diretamente àqueles direitos</p><p>positivados na Constituição Federal ou na Carta Constitucional de determinado país.</p><p>Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, podemos verificar a</p><p>existência das duas expressões: direitos humanos e direitos fundamentais. Entretanto,</p><p>nas passagens em que consta a expressão “direitos humanos”, verifica-se que o</p><p>legislador constituinte se refere a direitos previstos na ordem internacional e, nas</p><p>passagens em que consta a expressão “direitos fundamentais”, percebe-se que o</p><p>legislador se refere a direitos positivados na ordem interna, ou seja, direitos</p><p>fundamentais na ordem jurídica brasileira.</p><p>Fundamentação dos Direitos Humanos</p><p>A fundamentação dos Direitos Humanos teve início com a aprovação da</p><p>Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 10 de dezembro de 1848 pela</p><p>Assembléia-Geral das Nações Unidas. São três: jusnaturalista, histórica e moralista.</p><p>Pela fundamentação jusnaturalista, tem-se que tais direitos, antes de serem</p><p>positivados nas Declarações de Direitos e nas Constituições, constituem verdadeiros</p><p>direitos morais, intrinsecamente relacionados com a própria existência da humanidade</p><p>e de seu desenvolvimento histórico, político, econômico e social. São direitos universais,</p><p>válidos universalmente, inalienáveis, imprescritíveis, e, que garantem a dignidade do</p><p>homem perante os demais e também sua autonomia, emancipação e liberdade frente</p><p>ao poder do Estado.</p><p>As três características mais relevantes da fundamentação jusnaturalista dos</p><p>direitos humanos seriam as seguintes:</p><p>(i) a origem dos direitos naturais não é de Direito Positivo, senão um tipo de ordem</p><p>jurídica distinta do Direito Positivo, ou seja, o Direito Natural;</p><p>(ii) tanto a ordem jurídica natural como os direitos naturais deduzidos são expressão</p><p>e participação de uma natureza humana comum e universal para todos os homens; e,</p><p>(iii) no que se refere a existência desses direitos, os direitos humanos existem e o</p><p>sujeito os possui independentemente do seu reconhecimento ou não por determinada</p><p>ordem jurídica.</p><p>Muitos teóricos tem defendido a tese de que os direitos humanos tiveram origem</p><p>não na ordem jurídica positiva, mas em um direito natural, ou seja, em um sistema</p><p>normativo que se caracteriza pelo fato de que o critério segundo a qual certas normas</p><p>pertencem ao sistema não está baseado em atos contingentes ou ditados ou no</p><p>reconhecimento por parte de certos indivíduos, senão em sua justificação intrínseca.</p><p>A fundamentação jusnaturalista, de forma conclusiva, afirma e tem como</p><p>consideração que os direitos humanos são direitos naturais, e, na defesa do</p><p>jusnaturalismo como teoria que explica e dá a fundamentação da existência do direito</p><p>natural.</p><p>Quanto à fundamentação histórica dos direitos humanos, tem por base a</p><p>assertiva que os direitos humanos manifestam-se e são variáveis e relativos a cada</p><p>contexto histórico e de desenvolvimento da sociedade.</p><p>As diferenças da fundamentação jusnaturalista para a fundamentação histórica</p><p>dos direitos humanos, consistem em que:</p><p>(i) no lugar de direitos naturais, universais e absolutos, fala-se de direitos históricos,</p><p>variáveis e relativos;</p><p>(ii) no lugar de direitos anteriores e superiores a sociedade, se fala em direitos de</p><p>origem social provenientes do resultado da evolução da sociedade”.</p><p>Os direitos humanos são direitos históricos, e, foram conquistados ao longo dos</p><p>tempos, a medida da evolução e necessidade da própria sociedade, daí o estudo e a</p><p>teorização dos direitos humanos em direitos de primeira, segunda e terceira geração.</p><p>Quanto à fundamentação ética tem-se como ponto de partida que a</p><p>fundamentação dos mesmos não pode ser apenas jurídica, mas baseada em valores,</p><p>em uma fundamentação ética ou axiológica. Nesta fundamentação, os direitos</p><p>humanos aparecem como direitos morais como exigências éticas e direitos que os</p><p>homens tem pelo fato de serem homens, e, portanto, com um direito igual a seu</p><p>reconhecimento, proteção e garantia por parte do poder político e jurídico. Direitos</p><p>esses iguais, obviamente embasados na propriedade comum de todos eles enquanto</p><p>seres humanos e iguais independentemente de qualquer contingência histórica ou</p><p>cultural, característica física ou intelectual, poder político ou classe social.</p><p>DIREITOS HUMANOS E RESPONSABILIDADE DO ESTADO</p><p>De uma forma geral, qualquer violação de direitos humanos que acarreta em</p><p>danos deve ser reparada. Contudo, quando se trata do Estado, essa responsabilidade é</p><p>em dobro, pois este é, ao mesmo tempo, garantidor desses direitos e seu potencial</p><p>violador. Entretanto, para nós, nesse momento, interessa compreender que os Estados</p><p>não podem ser responsabilizados por todos os atos, pois há parâmetros, ou seja,</p><p>limitações que definem em quais condições o Estado assume a responsabilidade no</p><p>âmbito de direitos humanos.</p><p>Em tese, o Estado responde por todos os atos que violam os direitos humanos,</p><p>cometidos por representantes dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e,</p><p>também, por agentes estatais, independentemente da função que ocupam, em todas</p><p>as esferas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).</p><p>Existem outros atores passíveis de responsabilização internacional por violação</p><p>de direitos humanos, mesmo sendo apenas o Estado o ente que figura como parte nos</p><p>tratados internacionais de direitos humanos. As pessoas privadas (corporações,</p><p>organizações internacionais, entre outros grupos não governamentais) podem ser</p><p>responsabilizados com base nos costumes internacionais, caso a conduta não seja</p><p>imputada ao Estado.</p><p>Quais são as consequências jurídicas desses atos de violação dos direitos</p><p>humanos? Bom, acarretam obrigações que o Estado deve cumprir, entre elas, a</p><p>cessação da violação do direito, a omissão de futuras violações de direitos, pagamento</p><p>de indenizações.</p><p>Destaca-se que essa responsabilização é objetiva, ou seja, não precisa comprovar a</p><p>intenção em ter praticado o ato ilícito que gerou a violação de direitos humanos. Nesse</p><p>sentido, figuram como elementos para a responsabilização do Estado:</p><p>• prática de um ato ilícito;</p><p>• imputabilidade da obrigação ao Estado;</p><p>• prejuízo causado;</p><p>• ação ou omissão contrária à norma internacional de direitos humanos;</p><p>• nexo de causalidade entre o ato ilícito e o agente causador responsável;</p><p>• dano ao direito humano da(s) vítima(s).</p><p>DIREITOS HUMANOS NA CRFB/88</p><p>A Constituição de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político</p><p>democrático no Brasil. Nesse contexto, introduz indiscutível avanço na consolidação</p><p>legislativa das garantias e direitos fundamentais, bem como na proteção de setores</p><p>vulneráveis da sociedade brasileira.</p><p>É com a Constituição de 1988 que os direitos humanos ganham relevo</p><p>extraordinário, situando-se a Carta de 1988 como o documento mais abrangente e</p><p>pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil.</p><p>No caso brasileiro, as relevantes transformações internas tiveram acentuada</p><p>repercussão no plano internacional dos direitos humanos. Isto porque, o</p><p>equacionamento dos direitos humanos no âmbito da ordem jurídica interna serviu</p><p>como medida de reforço para que a questão dos direitos humanos se impusesse como</p><p>tema fundamental na agenda internacional do País.</p><p>Desde o seu preâmbulo, a Constituição de 1988 projeta a construção de um Estado</p><p>Democrático de Direito, “destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e</p><p>individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a</p><p>justiça, como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem</p><p>preconceitos (...)”.</p><p>Nos artigos primeiro e terceiro, a Constituição consagra as três dimensões</p><p>fundamentais do princípio do Estado de Direito, a saber, a juridicidade, a</p><p>constitucionalidade e os direitos fundamentais. São nos artigos supracitados que se</p><p>encontram os fundamentos e os objetivos do Estado Democrático de Direito brasileiro.</p><p>Dentre os fundamentos que alicerçam o Estado Democrático de Direito brasileiro,</p><p>destacam-se a cidadania e dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, há o encontro</p><p>do princípio do Estado Democrático de Direito e dos direitos fundamentais. É possível</p><p>observar através da leitura do artigo terceiro da Constituição, a preocupação que teve o</p><p>legislador em assegurar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana</p><p>como imperativo de justiça social.</p><p>Assim, considerando que toda Constituição há de ser compreendida como</p><p>unidade e como sistema que privilegia determinados valores sociais, pode-se afirmar</p><p>que a Carta de 1988 elege o valor da dignidade humana como valor essencial que lhe dá</p><p>unidade de sentido. Sustenta, ainda, que é no princípio da dignidade da pessoa humana</p><p>que a ordem jurídica encontra o próprio sentido, consagrando-se, assim, a dignidade da</p><p>pessoa humana como verdadeiro superprincípio, a orientar tanto o Direito Internacional</p><p>como o Direito interno.</p><p>Logo, seja no âmbito internacional, seja no âmbito interno, a dignidade da pessoa</p><p>humana é princípio que unifica e centraliza todo o sistema normativo, assumindo</p><p>especial prioridade.</p><p>É importante ressaltar que as Constituições anteriores primeiramente tratavam</p><p>do Estado, para, somente então, disciplinarem os direitos.</p><p>A nova topografia Constitucional inaugurada com a Carta de 1988 reflete uma</p><p>mudança paradigmática, isto é, de um Direito inspirado pela ótica do Estado, radicado</p><p>nos deveres dos súditos, transita-se a um Direito inspirado pela ótica da cidadania,</p><p>radicado nos direitos dos Cidadãos.</p><p>Ademais, o Texto de 1988 inova ao alargar a dimensão dos direitos e garantias,</p><p>incluindo no catálogo de direitos fundamentais não apenas os direitos civis e políticos,</p><p>mas também os sociais, acolhendo-se assim, o princípio da indivisibilidade e</p><p>interdependência dos direitos humanos, pelo qual o valor da liberdade se conjuga com</p><p>o valor da igualdade, não havendo como divorciar os direitos de liberdade dos direitos</p><p>de igualdade.</p><p>Sem contar que a Constituição de 1988, acrescenta além dos direitos individuais,</p><p>os direitos coletivos e difusos – aqueles pertinentes a determinada classe ou categoria</p><p>social e estes pertinentes a todos e a cada um.</p><p>Nesse sentido, a Carta de 1988, ao mesmo tempo em que consolida a extensão de</p><p>titularidade de direito, acenando para a existência de novos sujeitos de direitos, também</p><p>consolida o aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, por meio da</p><p>ampliação de direitos sociais, econômicos e culturais (direitos de segunda dimensão).</p><p>Desta forma, os direitos e garantias fundamentais são dotados de especial força</p><p>expansiva, projetando-se por todo o universo constitucional e servindo como critério</p><p>interpretativo de todas as normas do ordenamento jurídico.</p><p>Ademais, no intuito de reforçar a imperatividade das normas que traduzem</p><p>direitos e garantias fundamentais, a Constituição de 1988 institui o princípio da</p><p>aplicabilidade imediata dessas normas, nos termos do artigo quinto parágrafo primeiro.</p><p>Lembrando-se aqui, que esse princípio realça a força normativa de todos os</p><p>preceitos constitucionais referentes a direitos, liberdades e garantias fundamentais,</p><p>prevendo um regime jurídico específico endereçado a tais direitos.</p><p>É neste contexto que há de ser feita a leitura dos dispositivos constitucionais</p><p>pertinentes à proteção internacional dos direitos humanos, concluindo-se que a</p><p>Constituição Federal de 1988 não só acolheu o ideal dos Direitos Humanos, como</p><p>também, mais do que isso, concedeu-lhes uma posição de destaque dentro do</p><p>ordenamento jurídico brasileiro, chegando ao ponto de ampliar os valores trazidos pela</p><p>própria Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.</p><p>Desse modo, Direitos Fundamentais são os direitos do ser humanos reconhecidos</p><p>e positivados na esfera do direito constitucional, portanto difere-se do termo direitos</p><p>humanos com o qual é bastante confundido na medida em que este se aplica aos</p><p>direitos reconhecidos e positivados na esfera do Direito Internacional, por meio de</p><p>tratados, convenções que aspiram a atividade universal a todos os tempos e povos.</p><p>Esses direitos, advém da própria natureza humana, daí seu caráter inviolável,</p><p>intemporal e universal. Essa presente pesquisa vai tratar sobre aspectos das diferentes</p><p>culturas com relação aos direitos fundamentais, como se relacionam e assim por diante.</p><p>A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu Título II, os Direitos e</p><p>Garantias Fundamentais subdivididos em cinco capítulos: Dos direitos e deveres</p><p>individuais e coletivos, Dos direitos sociais, Da nacionalidade, Dos direitos políticos, Dos</p><p>partidos políticos.</p><p>- Direitos Individuais e Coletivos: esses são os direitos ligados ao conceito da pessoa</p><p>humana e a sua personalidade, tais como a vida, a igualdade, a dignidade, a honra, a</p><p>segurança, a propriedade e a liberdade.</p><p>- Da nacionalidade compreende-se a situação do indivíduo em face do Estado, podendo</p><p>ser nacional ou estrangeiro, este direito é também garantido pela Declaração Universal</p><p>dos Direitos Humanos.</p><p>- Direitos Sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos as condições</p><p>materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por isso</p><p>tendem a exigir do Estado intervenções na ordem social.</p><p>- Dos direitos políticos é o direito atribuído ao cidadão que lhe permite, através do voto,</p><p>do</p><p>exercício dos cargos públicos ou da utilização de outros instrumentos constitucionais</p><p>e legais, ter participação e influência nas atividades do governo.</p><p>- Dos partidos políticos: garante a autonomia e a liberdade plena dos partidos políticos,</p><p>como instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado democrático</p><p>de Direito no qual dispõe o art.17 da CRFB/88.</p>