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<p>CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ADVOCACIA PÚBLICA DA ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA PÚBLICA</p><p>TRABALHO FINAL DE MÉTODOS EXTRAJUDICIAIS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS</p><p>VITOR OLIVEIRA FARIAS – Matrícula 2022.R02.217</p><p>TURMA K</p><p>RIO DE JANEIRO</p><p>2024</p><p>Questão 1: Uma moradora proprietária de um imóvel interditado pelas autoridades chega ao escritório de um renomado advogado local para se consultar sobre como proceder para receber sua indenização. Diz que muitos moradores procuraram a Defensoria, mas que ela tem dúvida sobre o melhor caminho, até porque soube que “parece que alguns moradores têm conversado com a empresa diretamente”. Um colega de escritório presente à reunião não pestaneja e diz que é preciso ajuizar uma ação pedindo “tudo o que tem direito”, único caminho apropriado para solucionar a questão. Pediu ao morador que trouxesse uma lista considerável de documentos para o ajuizamento e prova da indenização, e disse que a moradora teria de ter paciência, pois a ação iria demorar bastante, não havendo como prever quando ela receberia a indenização. Mas que eles tinham quase-certeza (99,9%) de que ela receberia algo, embora não pudessem garantir; mas também não teriam como predizer o quanto. Inadvertidamente a moradora começa a chorar. Ao se recompor, diz que possui 4 filhos, seu marido está desempregado, o imóvel é tudo que eles têm, que tinham investido muito de suas economias e sonhos no imóvel; que muitos documentos foram furtados quando o bairro virou uma cidade fantasma, que uma das filhas tem sofrido de asma o que tem dificultado a saída de ambos em busca de trabalho; que o marido não está bem e que na opinião dela parece precisar de apoio psicológico e que ela também está à beira de um ataque de nervos e também precisa de apoio psicológico. Ela diz ainda que o aluguel-social não lhe permite habitar uma moradia compatível com a que tinham, que um outro local para habitar nos moldes da moradia anterior seria algo muito importante para a sanidade mental de todos e que precisavam urgentemente de dinheiro, pois que seus rendimentos não estavam cobrindo as despesas da família.</p><p>O renomado advogado escuta atentamente a moradora e fica em dúvida sobre se a ação judicial é a melhor solução para sua cliente. Ele se lembra que seu estimado sobrinho(a) foi para o Rio de Janeiro cursar Pós-Graduação e que estava “cheio de ideias” e resolve lhe telefonar pedindo sua opinião sobre o caso.</p><p>O Tio, ao telefone, pede ao sobrinho:</p><p>- para explicar o que são essas novas formas de solução de conflito;</p><p>- se elas não ofendem a inafastabilidade de acesso ao Judiciário (que para ele seria a via principal de resolução de conflitos);</p><p>- indaga se haveria, enfim, outras formas de solucionar o problema além do Judiciário e qual (ou quais), na opinião do sobrinho, seria uma forma interessante de solucionar o problema para essa moradora;</p><p>- quem ele deveria procurar, caso decidisse não ajuizar inicialmente a ação judicial. Você é o tal estimado sobrinho. O que diria para seu Tio? (20 pontos)</p><p>Resposta:</p><p>A mediação, a conciliação e a arbitragem são formas de autocomposição, meios pelos quais os lados em algum conflito podem buscar soluções consentidas sem que precisem passar pelo crivo definitivo do poder judiciário.</p><p>A mediação é uma alternativa à via judicial, mas não a exclui. Coexiste com o princípio da inafastabilidade da jurisdição, oferecendo uma opção mais ágil e menos formal para resolver conflitos. Portanto, a mediação judicial é uma ferramenta que não viola o direito de acesso à Justiça, mas sim o amplia, proporcionando mais opções para solucionar disputas.</p><p>Na mediação judicial, as audiências são realizadas por um mediador indicado, com escolha limitada ao rol dos mediadores cadastrados no respectivo tribunal. A lei de mediação (13.140/15) reforçou a necessidade de Tribunais criarem centros judiciários de solução consensual de conflitos – os Cejuscs. Esses centros já estão em funcionamento e podem ser procurados pela sociedade.</p><p>Recorrer aos Cejuscs é valido, mas a mediação extrajudicial pode ser mais viável. As câmaras privadas contam com profissionais qualificados e já realizam mediações até de forma online, sem a necessidade de deslocamento ou mesmo um procedimento pré-processual nos Cejuscs. É uma solução para as partes e para o Judiciário, pois contribui para dirimir a sobrecarga de processos.</p><p>Sobre a validade do procedimento, não há prejuízo para as partes que optarem pela mediação extrajudicial. Se obtido o consenso, é emitido um termo de acordo extrajudicial, que é assinado pelas partes e pelo mediador. As partes podem optar em requerer homologação do termo no Judiciário, contudo, este termo possui validade e força de título executivo extrajudicial.</p><p>É viável entrar em contato diretamente com a Braskem para fazer parte do plano de indenização da empresa, no entanto essa negociação deverá ocorrer por intermédio de representante legal privado ou através da Defensoria Pública de forma, que poderá aconselhá-la a como prosseguir nas tratativas.</p><p>Questão 2: Seu tio “sentiu firmeza” na sua explicação e lhe confidencia ainda que o escritório tem passado por dificuldades e que o ingresso de verba honorária o quanto antes também não seria ruim para a banca, embora a prioridade seja a cliente sempre. A cliente não tem uma quantia guardada para emergência e diz que não pretende adiantar honorários, preferindo que o contrato envolva honorários pelo êxito, sem cobrança inicial. Daí seu Tio lhe pergunta se os honorários poderiam ser incluídos em eventual negociação. Pergunta ainda se não seria antiético obter da empresa um valor que acredita ser menor do que àquele que após alguns anos poderia receber para o cliente em uma demanda judicial. (Suponha que para responder à questão não tenha sido divulgado o Programa de Indenização da Braskem). (20 pontos).</p><p>Resposta:</p><p>O fato do advogado optar pela mediação não afeta o valor dos seus honorários que deverão ser cobrados de acordo com a tabela da OAB de cada Estado ou de acordo com a negociação advogado-cliente, respeitando, portanto, a especificidade de cada caso.</p><p>Há, inclusive uma orientação do CNJ, tanto expressa, quando nos treinamentos e nos cursos de aperfeiçoamento dos mediadores, no sentido de que o próprio mediador judicial crie um momento dentro da mediação para falar dos honorários do advogado, convidando-os a conversar sobre o assunto antes mesmo do início da mediação, em apreço ao art. 4º. do Código de Ética e Disciplina do Mediador, editado pela OAB:</p><p>"Art. 4º O conciliador/mediador deve exercer sua função com lisura, respeitar os princípios e regras deste Código, assinar, para tanto, no início do exercício, termo de compromisso e submeter-se às orientações do Juiz Coordenador da unidade a que esteja vinculado. Parágrafo único. O mediador/conciliador deve, preferencialmente no início da sessão inicial de mediação/conciliação, proporcionar ambiente adequado para que advogados atendam o disposto no art. 48, § 5º, do Novo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído pela Emenda nº 2, de 08.03.16)"</p><p>O advogado terá maior rapidez na resolução do conflito, podendo até cobrar mais, pois, a interatividade do advogado na resolução do conflito será ainda maior e, por vezes, até mais trabalhosa , pois a mediação não tem resultados tão bons quanto quando os advogados interagem com os mediadores , em uma atitude colaborativa.</p><p>O próprio parágrafo 5º. veda a diminuição dos honorários contratados em decorrência da solução de litígio por qualquer mecanismo adequado de solução extrajudicial.</p><p>"Par. 5º. - É vedada , em qualquer hipótese, a diminuição dos honorários contratados em decorrência da solução do litígio por qualquer mecanismo adequado de solução extrajudicial . Este parágrafo foi inserido no art. 48 do Novo Código de Ética da Advocacia, por conta da emenda 2 da Resolução 125/2010.</p><p>A eticidade da atuação do advogado através da mediação se dará pela comunicação com o cliente acerca das vantagens e desvantagens dessa</p><p>alternativa, explicitando que será o meio ideal tendo em vista a sua situação econômica atual e considerando o transcorrer mais rápido em comparação à via judicial.</p><p>Questão 3: Os envolvidos nessa tragédia devem possuir uma série de preocupações. Aponte possíveis interesses em jogo nessa tragédia por parte da população afetada, da empresa, do Município, Estado, Defensoria e MPs (MPF, MPE e MPT), do Prefeito e do Governador. Aponte um possível interesse em comum para todas as partes envolvidas. (20 pontos)</p><p>Resposta:</p><p>A tragédia causada pela Braskem em Maceió é um evento de proporções devastadoras, com consequências ambientais e sociais que afetaram profundamente a população local. Vamos analisar os possíveis interesses em jogo para cada uma das partes envolvidas:</p><p>A população busca segurança, reparação e justiça pelos danos causados às suas vidas, casas e comunidades. Há também o interesse em receber indenizações justas e garantir moradia segura após o desastre.</p><p>A empresa deseja minimizar sua responsabilidade legal e financeira pelo desastre, através de acordos extrajudiciais.</p><p>Ao se tratar a responsabilidade civil ambiental, a visão holística do dano é fundamental, avaliando-se desde o indivíduo até a coletividade. A Constituição determina e a sociedade poderá exigir a reparação integral. A Responsabilidade Civil em matéria ambiental, e nela incluso o instituto do dano moral coletivo, detém natureza objetiva, razão pela qual prescinde de prova de culpa do agente causador do impacto ambiental. Por outro lado, também busca manter operações e evitar impactos negativos em sua reputação e lucratividade, podendo esta ser revigorada parcialmente através do programa voluntário de indenizações e realocação de moradores.</p><p>O município de Maceió e o Estado de Alagoas almejam desassociar seu nome de qualquer possibilidade de responsabilidade concomitante ou residual pelo acontecimento da tragédia, tendo em vista a possível omissão desses entes em face da potencialidade danosa que o trabalho da Braskem apresentava há décadas antes do acontecimento. Há de se falar em omissão estatal na regulação ambiental das atividades de mineração, por faute du service ou falha do serviço, na modalidade subjetiva da responsabilidade civil. Neste sentido, deve buscar demonstrar ausência de nexo causal entre sua conduta omissiva e o dano causado pelo evento na cidade, assim como a culpa ou dolo.</p><p>A cidade de Maceió também tem o interesse de revigorar os cofres públicos através da percepção de royalties. Não obstante o dano causado pela Braskem, é inegável o dinamismo econômico que atuação da empresa propicia no município, gerando empregos e movimentando a indústria local. Igualmente, o estado de Alagoas se beneficia com os valores arrecadados a título de royalties.</p><p>A Defensoria Pública, investida da missão de garantir assistência jurídica às pessoas em situação de vulnerabilidade, empenha-se fervorosamente em assegurar os direitos humanos desses indivíduos fragilizados pelos trágicos desdobramentos, assim como garantir a assistência jurídica gratuita nas demandas. No que lhe toca, o Ministério Público orienta suas ações para a defesa dos direitos que afetam um grupo amplo de pessoas, desde a reparação de danos ao meio ambiente até a responsabilização legal, seja civil, criminal ou administrativa, dos responsáveis pela tragédia.</p><p>Todas as partes envolvidas compartilham o interesse em garantir a segurança, reparação financeira e justiça para as vítimas. Há também interesse mútuo na reparação dos danos ambientais e na recuperação da área atingida e atualmente inutilizada pelo afundamento do solo. Apesar das diferenças de perspectiva, esse objetivo comum deve ser priorizado para mitigar os danos causados pela tragédia.</p><p>QUESTÃO 4: A empresa sentou à mesa em tratativas com o MP e Defensoria e representantes da população.</p><p>a. Que tipo de ADR foi utilizado nessas conversas?</p><p>I. Supondo que a conversa ocorreu em audiência, diante de um juiz, no curso de um processo judicial</p><p>Resposta:</p><p>Na esfera judicial, é possível o emprego de métodos alternativos de solução de conflitos, denominados ADR, que englobam tanto a conciliação quanto a mediação. A conciliação surge como a alternativa mais apropriada em cenários nos quais não há uma conexão prévia evidente entre as partes litigantes, permitindo que o conciliador, conforme estipulado no Artigo 165, Parágrafo 2º, do Código de Processo Civil, sugira maneiras de resolver a disputa. Por outro ângulo, a mediação é preferencialmente utilizada em circunstâncias caracterizadas por relações prévias entre as partes, cabendo ao mediador a responsabilidade de facilitar a comunicação entre elas, possibilitando que identifiquem, de maneira independente, soluções consensuais.</p><p>II. Supondo que a conversa ocorreu extrajudicialmente, na sede da Defensoria, sem a presença de um juiz; (5 pontos)</p><p>Resposta:</p><p>A Braskem estabeleceu o Programa de Compensação Financeira (PCF) após um acordo celebrado entre a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública de Alagoas e o Ministério Público de Alagoas, o qual foi judicialmente homologado em 2020.</p><p>b. Esses métodos são autocompositivos ou heterocompositivos?</p><p>Resposta:</p><p>Esses métodos são considerados autocompositivos, uma vez que buscam uma resolução do conflito sem uma opinião final de um juiz, com concessões mútuas e condições aceitas pelas partes. Embora ocorra ao final a homologação do acordo perante um órgão jurisdicional, este não tem o condão de impor juízo de valor sobre as disposições acordadas, prezando somente pela obediência às formalidades impostas pela lei, ressalvando sempre a coisa julgada.</p><p>c. Qual abordagem você imagina deva ter sido utilizada nessas conversas? Por parte da empresa de um lado e do MP e Defensoria do outro. Por que?</p><p>Resposta:</p><p>É possível que a empresa tenha adotado abordagens cooperativas. Isso se deve ao fato de que, para o sucesso das negociações e mediação, é crucial reconhecer a seriedade dos danos causados e demonstrar disposição para negociar compensações às vítimas da tragédia e aos danos ambientais. Quanto ao Ministério Público e à Defensoria, espera-se que suas intervenções tenham sido conduzidas de forma criteriosa, com foco nos interesses econômicos dos cidadãos afetados pelo desastre, assim como na imposição de condições para a reparação da zona degradada, restituindo a habitabilidade do espaço urbano e promovendo a responsabilidade econômica por este plano de restauração à Braskem.</p><p>d. Aponte características do método (transcorrido extrajudicialmente), tendo em conta a localização do método na conhecida sequência (continuum) de resolução de conflitos? (5 pontos)</p><p>Resposta:</p><p>O método de resolução de conflitos extrajudicial em que as partes buscam chegar a um acordo consensual, independentemente da existência de processo judicial, ressalvado a existência da coisa julgada, utilizando instrumentos, técnicas e estratégias para maximizar os benefícios para ambas as partes. Esse processo autocompositivo salvaguarda o sigilo do assunto tratado, para propiciar a produção de um diálogo aberto e a conservação da intimidade e imagem das partes. Assim como deverá ser considerada a livre vontade dos envolvidos para participar do processo e aceitar as soluções. Também enseja a participação direta dos conflitantes, promovendo a inclusão e a responsabilização mútua. Nele afasta-se a noção antagônica, para harmonizar interesses em ganhos recíprocos. Por fim, deverá ser regrado pela oralidade e informalidade, prezando pela rapidez e simplicidade dos procedimentos adotados, com o fim de proporcionar uma resolução veloz e não burocrática.</p><p>QUESTÃO 5: Aponte possíveis vantagens ou desvantagens da escolha feita pela Brasken e Autoridades em, respectivamente, realizar um Programa de compensação financeira e de incentivar a participação da população no referido plano.</p><p>Resposta:</p><p>É possível analisar as vantagens e desvantagens de cada aspecto. Quanto ao Programa de Compensação Financeira, são propostas indenizações</p><p>por danos materiais e morais, proporcionando uma compensação financeira adequada aos moradores afetados. A Braskem também cobrirá as despesas com a mudança das famílias, facilitando a transição para novos imóveis. Outro ponto positivo é a agilidade, possibilidade a rápida resolução e pagamento das indenizações, em contraponto à tradicional via judicial.</p><p>Por outro lado, alguns moradores podem sentir pressão para aceitar as propostas rapidamente, mesmo que não estejam totalmente satisfeitos. Assim como o processo de documentação e avaliação pode ser burocrático e confuso para algumas famílias.</p><p>Em relação ao incentivo das autoridades na participação popular nas tratativas com a Braskem, pode ser útil para estimular um senso de comunidade e envolvimento, permitindo que as pessoas entendam melhor os riscos e as medidas tomadas. No mesmo sentido, a população pode fornecer feedback valioso sobre o programa.</p><p>No entanto, nem todos os moradores podem estar dispostos a participar ativamente das tratativas, minando a efetividade da medida, assim como alcançar todos os moradores pode ser um desafio logístico para estas autoridades.</p><p>QUESTÃO 6: Em março de 2020, como se sabe, eclodiu em solo pátrio a pandemia de covid. Em janeiro de 2020 a Brasken apresentou o Plano de indenização firmado em acordo com o MP e a Defensoria. Se a empresa não tivesse fechado o Plano em janeiro, você acredita que a empresa ganharia ou perderia poder de barganha em plena pandemia?</p><p>Resposta:</p><p>Provavelmente significaria maior poder de barganha para a Braskem, tendo em vista que o perfil econômico e social das pessoas atingidas pelo acontecimento é de grande vulnerabilidade, importando em uma pressão ainda maior em fechar acordos de valores baixos. Não é novidade que as transações feitas perante o Ministério Público e a Defensoria Pública foram objeto de grande escrutínio por parte das entidades jurídicas especializadas, inclusive pela PGE-AL, mesmo ocorrendo em momento anterior à pandemia.</p><p>É sabido que, especialmente em momentos de crise, o comando sobre as negociações envolvendo partes economicamente díspares tende a propender ao lado mais pujante, assim é possível vislumbrar hipotética situação envolvendo um acordo entre as referidas partes durante o período pandêmico que resultaria em uma situação que as condições apresentadas pelo MP ou Defensoria seriam minoradas diante da extrema debilidade das circunstâncias econômicas dos representados.</p><p>QUESTÃO 7 (vale mais 5 pontos): - esse Programa de Compensação Financeira através de indenizações oferecido pela Braskem assemelha-se a DSD (Dispute System Design), um método de solução de conflitos que pode ser utilizado também pelos tentes públicos. A título de curiosidade e aprendizado, recomenda-se assistir ao filme “Quanto vale?”, atualmente no Netflix.</p><p>image1.png</p>