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TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO Belo Horizonte 2010 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ......................................................................................................4 1ª PARTE 1.1 PROCESSO COGNITIVO....................................................................................5 1.2 TEORIA................................................................................................................7 1.3 ADMINISTRAÇÃO...............................................................................................7 2ª PARTE 2.1 O INÍCIO ..............................................................................................................8 2.2 O SURGIMENTO DAS GRANDES ORGANIZAÇÕES........................................9 3ª PARTE 3.1 ESCOLA CLÁSSICA.........................................................................................11 3.1.1 Administração Científica ..............................................................................11 3.1.2 Fordismo......................................................................................................12 3.1.3 Teoria do Processo Administrativo ..............................................................14 3.1.3.1 Departamentalização ...........................................................................15 3.1.3.1.1 Departamentalização funcional ......................................................16 3.1.3.1.2 Departamentalização territorial .......................................................17 3.1.3.1.3 Departamentalização por clientes...................................................18 3.1.3.1.4 Departamentalização por produtos ou serviços..............................19 3.1.3.1.5 Departamentalização por projetos..................................................20 3.2 ESCOLA BUROCRÁTICA.................................................................................21 SUMÁRIO 3.3 ESCOLA HUMANISTA.......................................................................................23 3.3.1 Teoria das Relações Humanas....................................................................23 3.3.2 Teoria Comportamentalista..........................................................................26 3.3.2.1 Liderança ..............................................................................................26 3.3.2.2 Motivação..............................................................................................26 3.3.2.4 Estudo das necessidades humanas e do nível de motivação ...............27 3.3.2.5 Abordagem dos dois fatores .................................................................28 3.3.2.6 Clima Organizacional ............................................................................28 3.3.3 Teoria Estruturalista.....................................................................................30 3.4 ESCOLA SISTÊMICA.............................................. ..........................................31 3.5 ESCOLA CONTIGENCIAL ................................................................................33 3.5.1 Teoria da administração por objetivos .........................................................33 3.5.2 Teoria da Contingência................................................................................35 3.5.2.1 Missão...................................................................................................35 3.5.2.2 Os valores .............................................................................................37 3.5.2.3 Os objetivos estratégicos ......................................................................38 3.5.2.4 O negócio da empresa...........................................................................41 3.6 ESCOLA MODERNA.........................................................................................46 3.6.1 Teoria da Administração por processos.......................................................46 3.6.1.1. Desenho de processos.........................................................................54 3.6.1.2 Logística................................................................................................54 3.6.1.2.1 Benchmarking.................................................................................56 3.6.1.2.2 Paradigma ......................................................................................58 3.6.1.3 Rede de integração entre organizações.................................................59 3.6.1.4 Qualidade total ......................................................................................62 3.6.1.4.1 Terceirização ..................................................................................65 3.6.1.4.2 Diagrama de Ishikawa ....................................................................68 3.6.1.4.4 Diagrama de Pareto........................................................................72 3.6.1.4.4 Técnica 5W2H .................................................................................76 3.6.1.4.5 O Ciclo PDCA.................................................................................77 REFERÊNCIAS..........................................................................................................82 APRESENTAÇÃO Esta apostila é fruto da pesquisa e estudo sobre os diversos aspectos históricos, políticos, sociais e econômicos que envolvem os Fundamentos da Administração, bem como, as suas causas e conseqüências. De forma sintetizada e abrangente, procurou-se citar os principais teóricos e seus estudos, a fim de proporcionar aos discentes o embasamento necessário ao bom desenvolvimento acadêmico e profissional. Há que se destacar o enfoque pragmático adotado nesta apostila, sempre voltado à questão instrumental, isto, em grande parte, uma influência direta da experiência acumulada pelo autor ao longo de 20 anos à frente da administração de uma empresa. Portanto, o objetivo deste trabalho é possibilitar aos discentes compreender e analisar termos e situações organizacionais, como também, saber utilizar ferramentas e técnicas administrativas, utilizadas no dia-a-dia das empresas, para lhes proporcionar visibilidade e vantagem competitiva. Prof. Jost Rodrigues 1a PARTE 1.1 PROCESSO COGNITIVO Antes de definir o processo cognitivo, devemos então conceituar cognição, mas, o que é cognição? Podemos definir cognição como sendo a faculdade, ato ou ação de conhecer, a aquisição de um conhecimento. Logo, processo cognitivo pode ser entendido como o conjunto de etapas e fatores que influenciam direta ou indiretamente o aprendizado. Uma apresentação matemática do processo cognitivo: O ato de aprender pode ocorrer naturalmente, geralmente de maneira empírica, ou seja, através das próprias experiências, ou então, através do ensino. É certo que o conjunto dos fatores, ou seja, o processo cognitivo, nos é apresentado como o modelo ideal de aprendizagem, devido ao seu alto grau de interação com o indivíduo. Mas, aprender não é algo fácil, principalmente em se tratando de uma atividade mais complexa, que demanda exercícios e esforço intelectual. Portanto, há que se considerar algumas fontes de restrição cognitiva: • influência de aspectos emocionais: ausência de motivação, insegurança, tristeza, frustração, raiva ou falta de perspectiva; • capacidade limitada: baixa atividade intelectual, pouco conhecimento adquirido, dificuldade de associação e concatenação de novas informações; Ver + ouvir + sentir + escrever + participar + pensar + praticar = aprender • influência de aspectos sociais: falta de incentivo dentro dos grupos sociais a que pertence o indivíduo, baixa valorizaçãoou até mesmo discriminação por parte dos seus pares, ausência de modelo a ser seguido; • aspectos fisiológicos: fome, cansaço, sono etc; • aspectos estruturais: calor ou frio, excesso de ruídos, desconforto, iluminação inadequada etc. Desta forma, podemos alterar a representação matemática do processo cognitivo acrescentando-lhe as fontes restritivas: No entanto, mesmo diante de tais fontes restritivas, muitos indivíduos não só aprendem, como também, desenvolvem grande capacidade técnica e intelectual, o que nos leva a concluir que há algo ainda mais poderoso, algo que influencia o processo cognitivo a despeito de todas as outras coisas. Realmente, deve haver algo, mas o quê? Bem, sem sombra de dúvidas, podemos afirmar que este algo chama-se ... vontade! Segundo Bruner (1975, p. 125) “a vontade de aprender é um motivo intrínseco, ou seja, que encontra na prática tanto a fonte como a recompensa”. Agora, nossa representação matemática está completa: Ver + ouvir + sentir + escrever + participar + pensar + praticar – (fontes restritivas)n = aprender [Ver + ouvir + sentir + escrever + participar + pensar + praticar – (fontes restritivas)n ].vontade = aprender 1.2 TEORIA Na prática a teoria é diferente. Quantas vezes já não ouvimos esta frase? E, o pior, às vezes não sabemos sequer definir o que é teoria. Bem, de forma genérica, “teoria é um conjunto organizado de regras, princípios e leis científicas que visam a descrever e explicar um certo conjunto de fatos.” (LAROUSSE, 2005, p. 769). No entanto, sob a ótica da administração, teoria é um termo elástico que compreende não apenas explicações sobre a realidade prática, mas também princípios e doutrinas que orientam a ação dos administradores, e técnicas, que são ferramentas para resolver problemas práticos. (MAXIMIANO, 2007, p. 32). Neste sentido, uma receita de bolo serve-nos como interessante analogia, afinal, é uma descrição de substâncias, processos, transformações e um resultado final a ser alcançado. 1.3 ADMINISTRAÇÃO O homem administrava seus recursos, que eram então escassos, pressionado pela necessidade básica de sobreviver. Podemos dizer, a grosso modo, que administrar não é algo natural, é, sim, um conjunto de ações que visa alcançar um ou mais objetivos. Maximiano (2007) diz que administração é o sistema estruturado e intuitivo que consolida um conjunto de princípios, processos e funções para alavancar, harmonicamente, o processo de planejamento de situações futuras desejadas e seu posterior controle e avaliação de eficiência, eficácia e efetividade, bem como a organização – estruturação – e a direção dos recursos das organizações para os resultados esperados, com a minimização dos conflitos interpessoais. 2ª PARTE 2.1 O INÍCIO Para os criacionistas tudo começou com um devaneio ou simples querer divino, ao passo que, para os evolucionistas, logo após a grande explosão, ou Big Bang, a mistura de moléculas e aminoácidos, em meio aquoso, gerou todas as formas de vida que já existiram ou que ainda existem no planeta, no entanto, a despeito de qualquer corrente de pensamento, uma coisa é certa: cá estamos nós. De acordo com Engels (2008), nos primórdios a população humana era escassa, não havendo portanto, a necessidade e nem mesmo vantagem alguma em determinar ou possuir territórios, pois, a produção estava totalmente voltada à subsistência da família, ou melhor, da tribo, um amontoado de gente exposto a todo tipo de adversidade. A divisão do trabalho era determinada pela aptidão física, ou seja, ao homem cabia a tarefa de caçar, pescar e produzir ferramentas, por outro lado, às mulheres eram deixados todos os trabalhos domésticos. A economia doméstica é comunista, isto é, tudo produzido pela tribo é de todos, a tribo e suas cercanias pertencem a todos os seus membros. Novas atividades são incorporadas à produção da tribo, tais como a produção de utensílios domésticos e artísticos, contudo, através da domesticação e criação de animais, e com o desenvolvimento da agricultura, as tribos crescem, se dividem e se reproduzem incessantemente, ao ponto de as grandes extensões de terra, antes inabitadas, agora terem dono, fronteira e valor. Se antes a produção estava voltada exclusivamente à subsistência, agora há um excedente, o que estimula a troca de mercadorias não só entre os membros da tribo, mas, também, entre outras tribos. Surge o estado, com o intuito de proteger as tribos irmãs e também arbitrar pendências entre elas e os seus membros, pois, com o advento da propriedade privada, os interesses individuais, por muitas vezes, se tornam conflituosos. Em natural decorrência, as cidades, centros do poder do estado, são fundadas e tornam- se a referência e, embora não produzam alimentos, armas etc, são agora o órgão mais importante do conjunto de tribos. Consolida-se a produção não só de alimentos, mas de uma complexa cadeia comercial, onde, devido à especialização manufatureira, às guerras e às navegações, agora há matérias-primas vindas de todas as partes do globo. Veio à luz definitivamente um novo elemento, ao qual Engels (1884, p. 180) classifica como “classe de verdadeiros parasitas sociais que, como recompensa para os seus serviços muito reduzidos, fica com a nata da produção nacional e estrangeira”, a classe comerciante. 2.2 O SURGIMENTO DAS GRANDES ORGANIZAÇÕES As populações crescem em níveis nunca antes vistos, num momento em que o comércio mundial está plenamente estabelecido, é natural, então, que a demanda apresente-se além da capacidade produtiva. Vale ressaltar que a esta época, a produção se dava quase que exclusivamente através dos profissionais de ofício (artesãos), que, via de regra, produziam em suas próprias casas. Vamos pensar: Quais são as duas organizações mais antigas no mundo? Com o advento da máquina a vapor, em 1750, temos então a revolução industrial, que a um só tempo possibilitou o aumento da produção e realocou os artesãos, antes em suas oficinas, agora nos pátios das indústrias, grandes organizações, no entanto, na maioria das vezes sob condições desumanas. Mas a revolução industrial, além da riqueza, gerou também condições de trabalho que estavam muito aquém daquelas impostas aos escravos das usinas de cana-de- açúcar do Brasil colônia. Para melhor ilustrar, por volta de 1820, na Inglaterra, não era raro crianças entre 7 e 10 anos, cumprirem jornadas de até 16 horas/dia, sob maus-tratos de capatazes impiedosos, enfrentando frio e fome. No entanto, os horrores das condições de trabalho daquela época não eram o que de pior poderia acontecer aos operários, pois, a máquina, num processo crescente de inovações, vinha substituindo-os, o que, conseqüentemente, gerou ondas de protestos e revolta, inclusive com várias fábricas incendiadas. E é neste contexto, com o surgimento das grandes organizações industriais e os seus respectivos problemas, que a Teoria da Administração nasce, ou melhor, vem ao mundo organizacional como antídoto para os seus males. 3ª PARTE 3.1 ESCOLA CLÁSSICA No período compreendido entre 1880 e 1920, tem origem a Escola Clássica, composta por dois teóricos contemporâneos, porém, que não se conheceram, pelo menos pessoalmente. Um, dos Estados Unidos, o outro da França. O primeiro, voltado à produção, o segundo à questão administrativa em si. 3.1.1 Administração Científica Quanto à produção, temos Frederick Winslow Taylor, ou simplesmente Taylor. Nascido na Pensilvânia, no ano de 1856, formou-se em engenharia anos após conseguir um emprego na siderúrgica Midvalle Steel. Ao observar a forma como o trabalho era executado pelos operários, propôs à direção da empresa a aplicação de métodos técnicos e matemáticos que poderiam não só aumentara produtividade mas também elevar os ganhos dos operários. Ao conjunto destes métodos, Taylor deu o nome de Administração Científica, cujos princípios mais importantes são: • proporcionar maior lucratividade à empresa e aumento no ganho dos operários através do aumento contínuo da produtividade. Premissa do Homo Economicus; • seleção científica dos operários, ou seja, cada homem no lugar certo; • estudo de tempos e movimentos das atividades exercidas dentro da empresa, com o intuito de eliminar todo e qualquer esforço desnecessário e introduzir novas práticas de trabalho que aumentassem a produtividade; • especialização intensiva dos operários, através da divisão do processo produtivo em micro-processos; • guerra ao desperdício, tanto de materiais quanto de tempo gasto inutilmente; • estabelecimento do trabalho por tarefa e não por quantidade produzida. Trabalhou em várias empresas até se dedicar exclusivamente à divulgação de sua ciência. O resultado do seu trabalho influenciou os processos de produção, elevando índices de produtividade e proporcionando ganhos cada vez maiores aos acionistas, empresários e, por que não dizer, aos próprios operários. 3.1.2 Fordismo Ainda, no campo da produção, não há como ignorar Henry Ford, fundador da Ford Motor Company que, além de se apoiar no taylorismo, a fim de aumentar a produtividade, em 1910 inovou através da consolidação da Assembly Line, ou linha de montagem móvel, cuja característica principal consiste no deslocamento do produto em processo de fabricação num percurso onde estão áreas ocupadas por operários. Em 1914, mecanizou o processo elevando a produtividade em níveis nunca antes imaginados. A produção da indústria de Ford era verticalizada, ou seja, todos os componentes dos carros eram produzidos pela própria organização, como exemplo podemos citar a Fordlândia. Com o objetivo de reduzir o preço de seus automóveis cada vez mais e aumentar a produção, Ford optou por se concentrar na pouca variação de modelos e cores. Ford tornou-se notório pelo tratamento diferenciado dado aos seus operários, afinal, implantou o dia de 8 horas de trabalho e duplicou os salários (para os operários também comprarem seus carros), e pelo excessivo controle sobre suas vidas, talvez pela sua visão extremamente centrada no trabalho, conforme dizia: A lei natural é a lei do trabalho e só por meio do trabalho honesto ha felicidade e prosperidade. Da tentativa de furtar-se a estes princípios é que os males humanos defluem. Não ha suggestões que me impeçam de acceita-los como principios naturaes. A lei do trabalho é dictada pela natureza, e é um dogma que devemos trabalhar... e ainda que, quanto melhor trabalharmos, mais bem nos sentiremos. Idéas, pois, do mais elementar senso commum. (FORD, 1933, p. 15). História da Fordlândia1 Em 1927, Henry Ford, involuntariamente, tornou-se o precursor dos malfadados projetos megalomaníacos de ocupação da Amazônia. A idéia do gênio da indústria automobilística soa hoje como uma verdadeira extravagância ou até mesmo uma completa sandice. Ela consistia na construção de uma fábrica de borracha natural no interior do Pará para fugir do monopólio do produto imposto pelos ingleses naqueles tempos. Para viabilizar o plano, o empresário despachou de Detroit dois navios que aportaram às margens do rio Tapajós carregando os materiais para erguer não só a indústria mas também uma cidade inteira, com vilas ao estilo americano, escolas e hospital. A força de trabalho misturava executivos americanos, caboclos e aventureiros vindos de todas as partes do país e do mundo. "Todos são admitidos nas fábricas, exceto os dementes e os loucos", registrou na época o jornal O País, do Rio de Janeiro. A Fordlândia, como o vilarejo foi batizado, acabou se revelando um fiasco completo. Um fungo praticamente dizimou a plantação de 1,5 milhão de seringueiras e o choque cultural entre os americanos e a população autóctone transformou num inferno a rotina de trabalho. Num dos episódios mais tensos, que ficou depois conhecido como "A revolta das panelas", os caboclos depredaram o refeitório, pois sua dieta de peixe e farinha havia sido substituída por espinafre e outros produtos estranhos à sua cultura culinária. Em razão de tantos problemas, a direção da fábrica resolveu deslocar as atividades para Belterra, cidade mais próxima do rio Tapajós. A iniciativa também fracassou. Em 1945, derrotado, Ford fechou as portas de sua filial amazônica, levando consigo um prejuízo de mais de 100 milhões de dólares, em valores atualizados. 1 Fonte: MINIFORD: a Ford em miniatura. Disponível em: <http://www.miniford.com.br/?load=mod1&idm=57>. Acesso em 21 ago. 2009. 3.1.3 Teoria do Processo Administrativo Temos então Henri Fayol, ou simplesmente Fayol, engenheiro francês que trabalhou 50 anos na mesma empresa, uma mineradora. Através da observação, estudos e experimentos, elaborou a teoria do processo administrativo, resultado de mais de 30 anos à frente da administração da empresa. Segundo Fayol ([19--] apud SILVA, 1960), a organização tem seis funções: • técnica: produção e operações; • financeira: captação e aplicação de recursos; • contábil: estoques, balanços, custos e estatísticas; • segurança: das pessoas e do patrimônio da organização; • comercial: compras, vendas e trocas; • administração: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. Fayol desmembrou a função Administração, apresentando a definição de suas funções: • planejamento (previsão): examinar o futuro da organização e elaborar um plano de ação a médio e longo prazo. O planejamento deve ter quatro princípios básicos: unidade, continuidade, flexibilidade e precisão. • organização: consolidar uma estrutura de trabalhadores e executivos, bem como de materiais, para realizar o empreendimento. Silva (1960, p. 203) ainda diz que “organizar é definir e estabelecer a estrutura geral da empresa, tendo em vista seu objetivo, seus meios de funcionamento e seu andamento futuro tal como planejado.” • comando: manter as pessoas em atividade em toda a organização. Para cada chefe a finalidade do comando é obter, no interesse da empresa, o maior aproveitamento possível dos agentes que trabalham sob suas ordens (SILVA, 1960). • coordenação: ligar, unir, harmonizar todos os esforços e todos os atos, ou seja, definir a seqüência lógica dos processos de trabalho e fazer com que os operários a entendam e cumpram a fim de alcançar o objetivo da organização. • controle: cuidar para que tudo se realize de acordo com os planos elaborados e as ordens dadas aos trabalhadores da organização. Para ser eficaz, ele deve ser realizado em tempo útil e oportuno e ser seguido de sanções, quando necessário (SILVA, 1960). Há formas de controle que são aplicadas antes, durante ou depois dos eventos, porém, há que se cuidar para que o custo com o controle não supere o valor do que é controlado. 3.1.3.1 Departamentalização Mas a especialização não ficou restrita somente aos operários, pois, a Teoria do Processo Administrativo ainda contribuiu com a definição de cinco formas de se estruturar – ou departamentalizar – as organizações, conforme os exemplos a seguir: 3.1.3.1.1 Departamentalização funcional: Pode ser entendida como a apresentação da organização sob a ótica das suas funções, ordenadas hierarquicamente. Exemplo: Figura 1 Departamentalização Funcional Presidência Diretoria Produção Diretoria Administrativa Diretoria Comercia l Gerência Contábil Gerência Materiais Gerência Qualidade Gerência Financeira Gerência RHGerência Marketing Gerência Vendas 3.1.3.1.2 Departamentalização territorial: É utilizada por organizações geograficamente dispersas, ou com muitas unidades ou filiais. Baseia-se no princípio de delegação de responsabilidade por todas as atividades de determinado território ou local. Exemplo: Figura 2 Departamentalização Territorial Divisão Sudeste Divisão Norte Divisão Sul Regional PA Regional SP Regional MG Regional AM Regional RR Regional PR Regional RS Presidência 3.1.3.1.3 Departamentalização por clientes: As atividades ou processos, ou ainda, produtos das organizações, são distribuídos (ofertados) por tipo de cliente, ou seja, de acordo com as características de determinados grupos de clientes. Figura 3 Departamentalização por Cliente Atleta Setor Vestuários Seção Feminina Seção Masculina Seção Infantil Moda Gestante Noivas Homem de Negócios De 0 a 5 anos De 6 a 12 anos Homem clássico 3.1.3.1.4 Departamentalização por produtos ou serviços Utilizada pelas organizações sob o foco do tipo de serviço ou produto, pela especificidade do bem ou serviço. Exemplo: Figura 4 Departamentalização por Produtos ou Serviços Vendas Setor Eletrodomésticos Depto Eletrônicos Setor Informática Seção vídeo Seção lavadoras Seção fogões Seção áudio Seção fotos Seção monitores Seção Impressoras Setor Eletrônicos 3.1.3.1.5 Departamentalização por projetos: Nesta categoria prevalece a divisão por projeto, podendo haver combinações com a departamentalização territorial, no entanto, é necessário entender que o projeto, qualquer que seja ele, tem como principal característica a determinação de início e fim, ou seja, é uma atividade temporária, como também tem objetivo traçado previamente. Figura 5 Departamentalização por projetos Diretoria de Obras Projetos Sudeste Projetos Norte Projetos Sul Barragem Belém Aeroporto Congonh as Viaduto Campina s Estrada Boa Vista Túnel Manaus Ferrovia Curitiba Porto Sepetiba 3.2 ESCOLA BUROCRÁTICA Teoria da Burocracia A Escola Burocrática, de 1909, gerou apenas uma teoria, aquela que leva o seu nome, ou seja, a Teoria da Burocracia, cujo principal teórico foi Max Weber. Interessante lembrar que a obra de Max Weber embora tenha sido finalizada em 1910, apenas em 1947 foi publicada. Bem, o que significa burocracia? É uma derivação da junção de dois termos: Bureau + cracia = burocracia. Etimologia: Bureau (francês) -> escritório, gabinete + Krátias (grego) -> poder Características do tipo ideal de burocracia • formalidade: estabelece que a burocracia é algo formal, baseado em normas e leis, as quais devem sustentar as decisões tomadas, principalmente por critérios impessoais; • impessoalidade: estabelece que a burocracia é algo impessoal, em que os cargos são mais importantes do que as pessoas que os ocupam e que as pessoas, uma vez nos cargos, simplesmente cumprem as leis; • profissionalismo: estabelece que a burocracia é algo com forte abordagem profissional e funciona, na prática, como fator de sobrevivência das pessoas nas organizações. Uma das principais contribuições da Teoria da Burocracia é o estudo da autoridade hierárquica, onde devem ser consideradas as questões de quantidade de poder e qualidade de persuasão. Poder não é autoridade, mas inclui o controle de uma situação, quer seja por ameaças, coações ou manipulações. Persuasão é a capacidade e habilidade de uma pessoa influenciar a atuação e, até, a decisão de outra pessoa. Temos então, sob a ótica da burocracia, identificadas duas formas de organização: • organizações autocráticas: caracterizadas principalmente pela centralização de poder e pela baixa ou nula participação dos indivíduos nos processos decisórios. Como vantagem, é inquestionável a rapidez na tomada de decisão, porém, nem sempre compensa o nível superficial de informações acerca das soluções possíveis. • organizações democráticas: se diferem principalmente pela ampla participação dos indivíduos nas questões decisórias. Como principal vantagem, podemos apresentar o comprometimento geral com a organização, isto em muito, pelo sentimento de responsabilidade nas escolhas e decisões. Uma grande desvantagem está relacionada ao conflito de interesses e ao tempo excessivo demandado. 3.3 ESCOLA HUMANISTA Principais razões que contribuíram diretamente para o surgimento da escola humanista: a) críticas à escola Clássica, acrescidas de estudos resultantes da sociologia e da psicologia; b) adequação da estrutura organizacional às necessidades dos negócios e das equipes de trabalho das organizações; c) consolidação das equipes multidisciplinares de trabalho; d) estudos da influência do nível motivacional na qualidade da administração. 3.3.1 Teoria das Relações Humanas Seu principal idealizador foi sem dúvida Elton Mayo, um psicólogo e cientista social, professor de Harvard. Realizou vários estudos, em diversas organizações, porém o mais importante foi realizado em Chicago, que se tornou mundialmente conhecido por “experiência de Hawthorne”. Este estudo foi dividido em quatro fases: Fase 1 – Estudo do sistema de iluminação (1924-1927): a) experiência: foram analisados dois grupos de operários para realizar as mesmas tarefas: Grupo l: trabalhou com variação do nível de iluminação Grupo ll: trabalhou sob iluminação com intensidade constante. b) conclusão: os operários reagiam à intensidade da iluminação de acordo com suas realidades pessoais e não diretamente pela variação da iluminação. Fase 2 – Estudo do grupo de montagem de relés (1927- 1930): c) experiência: foram introduzidas mudanças nas condições de trabalho de um grupo de seis operárias da montagem de relés, tais como redução do horário de trabalho, períodos de descanso, lanche. d) conclusão: além de aumentar a produtividade – que era o assunto analisado – ocorreram outros resultados, tais como a melhoria do relacionamento e do ambiente de trabalho, o aprimoramento do trabalho em equipe, bem como o desenvolvimento de lideranças. Fase 3 – Estudo do programa de entrevistas (1928 – 1930): a) experiência: foram entrevistados mais da metade de um universo de 40.000 empregados de organizações, para conhecer sua opiniões, sentimentos e atitudes perante os trabalhos que eles realizavam; b) conclusão: foi constatada a existência, com forte atuação, de grupos informais de empregados, entre os quais fluíam, com intensidade, questões de lealdade, afinidades pessoais, lideranças. Fase 4 – Estudo do grupo de montagem de terminais (1930 – 1932): a) experiência: foram observadas as pessoas do grupo de montagem de terminais, com a finalidade de analisar a organização informal dos funcionários da organização; b) conclusão: foi constatado que o grupo informal influenciava o grupo formal para que não fossem evidenciados desníveis de atuação entre os participantes de um mesmo grupo. Ou seja, ocorria elevado corporativismo Este estudo possibilitou que fossem estabelecidas algumas conclusões que contribuem até hoje para a melhor qualidade administrativa das organizações. Quadro 1 Estudo do grupo de montagem de terminais Relações humanasA integração e o relacionamento social incentivam condições de trabalho que favorecem o aumento dos níveis de competência e de produtividade – eficiência – dos funcionários das organizações Influência dos grupos O comportamento das pessoas é fortemente influenciado pelas regras e orientações estabelecidas pelos grupos. Fatores psicológicos O fator psicológico pesa mais do que a capacidade física ou fator fisiológico das pessoas para o nível de produtividade. Produtividade de cada pessoa O volume de produção depende da restrição ou do incentivo proporcionado pelo grupo ao qual pertence, e não da sua habilidade, força física ou inteligência. Tecnologia aplicada As inovações e melhorias técnicas são, normalmente, rejeitadas pelos funcionários das organizações, pois consideram que simplesmente estarão produzindo mais e ganhando o mesmo salário. Nível de satisfação O nível de satisfação ou de insatisfação dos funcionários das organizações tem elevada influência no nível de produtividade e de relacionamento social. Momentos de descanso Os períodos de pausa no trabalho contribuem diretamente para o maior nível de produtividade, mas o seu efeito é melhor identificado quando a sua aplicação ocorre conjuntamente com outros fatores motivacionais nas organizações. Cargo do funcionário A natureza e o conteúdo dos cargos dos funcionários das organizações têm influência direta na motivação e na produtividade destes funcionários. 3.3.2 Teoria Comportamentalista 3.3.2.1 Liderança: é o processo de influenciar pessoas no sentido de que atuem em prol dos objetivos da organização. No processo de liderança é importante observar que sempre vai existir o Influenciado e Influenciador. • estilo Autocrático – ênfase no líder. • estilo Democrático – ênfase no líder e nos subordinados. • estilo Liberal (laissez-faire) – ênfase nos subordinados. 3.3.2.2 Motivação: é o impulso e o esforço para satisfazer um desejo ou uma necessidade. • É de suma importância entender e diferenciar os termos incentivar, entusiasmar e motivar. 3.3.2.3 Envolvimento X Comprometimento Envolvimento pode ser caracterizado pela subordinação e cumprimento de tarefas de acordo com o que é pedido, nada mais. Tipos de comprometimento: • 1º afetivo: refere-se ao comprometimento que resulta de um vínculo afetivo em relação à organização, com o sujeito identificando-se e envolvendo-se com ela. Nessa situação, o empregado permanece na organização porque quer. • 2º custo psicológico: diz respeito ao comprometimento que decorre do reconhecimento dos custos em deixar a organização. Refere-se ao comprometimento instrumental, uma situação onde os sujeitos permanecem porque precisam. • 3º obrigação: onde o comprometimento reflete um sentimento de obrigação do sujeito em permanecer na organização, seja, por imposição familiar ou pela simples falta de um substituto. 3.3.2.4 Estudo das necessidades humanas e do nível de motivação Abraham H. Maslow (1954) identificou 5 necessidades básicas dos indivíduos, sendo estas alocadas em uma seqüência lógica, sustentada e acumulativa e, à medida que estas necessidades vão sendo satisfeitas, os indivíduos ficam mais motivados e mais produtivos: Figura 6 Necessidades humanas Fisiológicas (fome, frio, sede, sexo, sono etc) Segurança (desemprego, assalto, doença etc) Sociais (amizade, namoro, família, casamento, grupos de interesse etc) Status (reconhecimento, importância, destaque etc) grupos de interesse etc) Auto Realização Necessidades de motivação Necessidades básicas, garantem sobrevivência 3.3.2.5 Abordagem dos dois fatores A abordagem de Frederick Herzberg (1959) mostrou que a otimização dos níveis de produtividade das organizações depende de se atender aos fatores de higiene, como premissa e sustentação a todos os trabalhos, bem como satisfazer aos fatores de motivação, os quais efetivamente vão proporcionar o aumento da produtividade. • fatores higiênicos: não estimulam o crescimento nem o aumento da produtividade, apenas evitam deterioração e queda do desempenho. Ex: Salário, características da chefia, relações interpessoais; • fatores motivacionais: estão relacionados às percepções e constatações que as pessoas têm sobre os trabalhos realizados. Ex: realização e crescimento pessoal, bem como o reconhecimento pelo desempenho. 3.3.2.6 Clima Organizacional Idealizador: David Clarence McClelland – 1961 Resultado da análise de como as pessoas se sentem em relação à organização, com seu modelo de administração, bem como aos relacionamentos interpessoais existentes. Valores: são representados pelos princípios, crenças e questões éticas que as organizações devem respeitar e consolidar ao longo do tempo e que tenham influência no modelo de administração utilizado pela organização. Moral: é o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas e necessárias, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para uma pessoa ou grupo de pessoas nas organizações. Há uma interação entre os valores, os quais representam o todo da organização, e a moral, que corresponde ao contexto individual do indivíduo. Comportamento: é o conjunto de atitudes e reações de cada indivíduo, ao longo do tempo, perante as situações apresentadas nas organizações e em outros ambientes sociais. Atitude: é a explicitação do comportamento, correspondendo ao modo de cada indivíduo se posicionar e agir perante cada situação apresentada nas organizações. O comportamento estabelece o jeito de ser de cada indivíduo, e a atitude corresponde à reação do indivíduo em cada caso. A análise do clima organizacional deve ser efetuada com base em pesquisa estruturada, em que são identificadas as causas das ansiedades, das frustrações e tensões, bem como as alegrias e contentamentos existentes entre as pessoas que trabalham na organização. Representação gráfica: Figura 7 Clima Organizacional Clima Organizacional Moral Valores Comportamentos Atitudes 3.3.3 Teoria Estruturalista Idealizador: Amitai Werner Etzioni (1929) As principais contribuições da Teoria Estruturalista foram: a) tratamento interativo dos fatores internos(controláveis) e externos(não controláveis). c) abordagem das estruturas formal e informal: • vantagens da estrutura informal • desvantagens da estrutura informal c) Identificação das lideranças informais. 3.4 ESCOLA SISTÊMICA 3.4.1 Teoria de Sistemas (1951) Idealizador: Karl Ludwig Von Bertalanffy (1901 – 1972) Biólogo austríaco, baseou seus estudos preliminares no metabolismo, nos estados estáveis, e principalmente nos sistemas abertos. Embora os estudos de Bertalanffy focassem a biologia, em 1967 foram ajustados e complementados às organizações. A teoria de sistemas proporciona uma visão mais abrangente da organização e propicia sua análise mais estruturada, de cada uma das suas partes, de seu relacionamento interativo com o ambiente. Sistema: Conjunto de partes integrantes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário e efetuam determinada função a fim de alcançar um objetivo. Ex: Figura 8 Sistema Sinergia: ocorre quando a combinação das partes é maior que a sua soma. Subsistema: partes estruturadas que integram um sistema. Ecossistema: é o todo, sendo que o sistema é um subsistema dele. Entrada - Input Feedback Saída– Output Objetivos Processo de Transformação Entropia: lei universal da natureza, na qual todas as formas de organização se movem para a desorganização e para o seu fim. Entropia negativa: esforço, empenho dos sistemas para se organizarem para a sobrevivência, através da maior ordenação. Microalterações x Macroalterações: metáfora do sapo na água fervente. Feedback: retroalimentação ou processo de realimentação pela reintrodução de uma saída ( resultado ) sob a forma de informação. Dados: elemento identificado em sua forma bruta que, por si só, não conduz a uma compreensão ou fato. Tratamento: transformação de um dado em informação. Informação: é o dado trabalhado (tratado) que permite ao gestor tomar decisões. Alternativa: é a ação que pode levar, de forma diferente, ao mesmo resultado. Decisão: é a escolha entre vários caminhos alternativos que levam a determinado resultado. Recurso: é a identificação das várias alocações ao longo do processo decisório. Resultado: o produto final do processo decisório. Controle e avaliação: são as funções do processo administrativo que, de acordo com o que foi estabelecido previamente, procuram medir e avaliar os resultados. Tecnologia da informação: é a interação estruturada entre sistemas de software e de hardware para o registro, transformação, transmissão e arquivamento de todos os tipos de informações das organizações. 3.5 ESCOLA CONTIGENCIAL 3.5.1 Teoria da administração por objetivos Peter Ferdinand Drucker (1909 – 2005) Nasceu em Viena, e após realizar estudos na Áustria e Inglaterra foi morar nos EUA em 1937 onde construiu sua carreira e realizou toda a sua obra. Administração por objetivos (APO) é a técnica estruturada e interativa de negociação e de estabelecimento dos objetivos individuais, como decorrência e como sustentação aos objetivos das organizações. O processo de APO deve respeitar os seguintes aspectos básicos: • análise da situação atual da organização; • debate da situação idealizada; • estabelecimento dos objetivos da organização; • estabelecimento dos objetivos das áreas da organização; • interligação de todos os objetivos das áreas; • decomposição negociada dos objetivos da áreas principais pelas áreas subordinadas; • estabelecimento dos meios e das atividades que propiciem o alcance dos objetivos; • estabelecimento dos critérios de medição e de avaliação do alcance dos objetivos; Planejamento tático É a metodologia administrativa que tem por finalidade otimizar determinada área de resultado da organização. Planejamento operacional É a formalização das metodologias de desenvolvimento e de implementação de resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da organização. Para avaliar a situação atual da organizacional, é interessante utilizar a ferramenta Análise SWOT (Strenghts - forças, weaknesses - fraquezas, opportunities - oportunidades, threats - ameças), ou simplesmente análise dos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. A análise SWOT se faz através da avaliação da organização perante aos concorrentes diretos e potenciais, bem como por meio da avaliação do ambiente externo, seja pela indicação de tendências ou por fatores tais como economia, política, alterações demográficas etc. Representação gráfica da Análise SWOT: Quadro 2 Análise SWOT AMBIENTE INTERNO Strenghts PONTOS FORTES Weaknesses PONTOS FRACOS AMBIENTE EXTERNO Opportunities OPORTUNIDADES Threats AMEAÇAS 3.5.2 Teoria da Contingência Definição da base estratégica corporativa Esta etapa consiste em definir missão, visão, negócio e conseqüentemente slogan, valores e objetivos para a organização. Abordando os temas separadamente, temos: 3.5.2.1 Missão: representa o que a organização quer ser, ou seja, sua razão de existir. A definição da missão pode ser feita a partir de uma reunião com a cúpula da organização, com as pessoas-chave ou até mesmo com todos os colaboradores. Há várias maneiras de se desenvolver uma missão, por isso, se tivermos em mão algumas perguntas, esse processo ficará mais simples. Exemplos: a) o que a empresa deve fazer? b) para quem deve fazer? c) para quê deve fazer? d) como deve fazer? e) onde deve fazer? f) qual responsabilidade social deve ter? g) qual o perfil de nosso “cliente”? h) como devemos atender nossos “clientes”? Quais meios devem ser escolhidos? Nem sempre será necessário ou conveniente explicitar respostas para todas as perguntas, e nem apresentá-las na ordem sugerida. Como a Missão é a expressão da razão da existência da organização, em um ambiente em crescente mutação, é fundamental dotá-la de flexibilidade para que possa acompanhar as mudanças ambientais. Outro aspecto importante em relação ao tema é que a Missão deve ter "a cara da organização", uma espécie de carteira de identidade. A seguir, alguns exemplos de missão empregados por organizações famosas: “Produzir automóveis que as pessoas desejam comprar e tenham orgulho de possuir.” “Solucionar problemas não solucionados de maneira inovadora” “Nossa razão de ser é criar e comercializar produtos e serviços que promovam o Bem-Estar/Estar Bem.” "Nossa missão é atender às necessidades de transporte de nossos clientes, aprimorando nossos produtos e serviços, prosperando com a empresa e proporcionando retomo aos acionistas." "Fornecer produtos e serviços de tal qualidade que nossos clientes sintam que receberam mais pelo que pagaram, nossos empregados e parceiros de negócios se beneficiem de nosso êxito e os nossos acionistas tenham maior retorno do seu investimento.” 3.5.2.2 Visão: deve representar um sonho a ser perseguido. Há organizações que querem sobressair-se pelo tamanho (porte) e outras pela qualidade de seus produtos e serviços, e há, ainda, as que querem as duas coisas. Cabe a cada organização, e a seu gestor ou gestores, escolher o caminho e o seu sonho. A partir da definição de negócio, pode-se formular um slogan para a organização, que poderá e deverá ser usado como marketing institucional. Exemplos de visão de algumas das maiores empresas: AVON “Ser a empresa que melhor entende e satisfaz globalmente as necessidades de produto, serviço e auto-realização da mulher” “Criar uma empresa líder onde as pessoas tenham orgulho e prazer de trabalhar” “Experimentar o prazer de avançar e aplicar tecnologia para o benefício das pessoas” 3.5.2.3 Os valores: devem representar a forma de conduta de todas as pessoas da organização. Após a apresentação dos valores de uma organização, desenvolve-se uma justificativa, no sentido de explicar por que aquele valor é importante para a organização. Valores ou Princípios são balizamentos para o processo decisório e para o comportamento da empresa no cumprimento de sua Missão. Apesar de ser esse o termo mais utilizado, algumas empresas usam outros títulos tais como: Credo, Valores, Política, Filosofia, etc. Alguns, ao se defrontarem com os Princípios de uma organização, comentam: São só palavras bonitas! Isto é blá, blá, blá, pois, as empresas escrevem e não cumprem. Para responder a essas reações, vamos citar um trecho do livro "Virando a própria mesa", de Ricardo Semler, que além de empresário de sucesso, tem sido requisitado para pronunciar palestras até pelo Conselho de Administração da GM Americana: "Credos não deixam de ser os ideais de uma empresa, e por isso muitas vezes incluem frases e conceitos que nem sempre são possíveis de serem praticados com religiosidade. Isso invalida o credo e faz com que ele já nasça prostituído? Não, ainda é muito melhor ter uma lista de dez mandamentosda empresa para seguir do que não sinalizar para toda organização o que são seus ideais.”1 Exemplos de valores: “Integridade, respeito, trabalho em equipe e profissionalismo.” “Inovação, integridade absoluta, respeito à iniciativa individual e ao crescimento pessoal, tolerância, qualidade e confiabilidade, solucionar problemas.” “Integridade, segurança e saúde, qualidade e excelência, pessoas, responsabilidade.” 3.5.2.3 Os objetivos e as metas Os objetivos indicam intenções gerais da empresa, são amplos, podem se referir a posições ou situações desejadas. Quando todos os objetivos são alcançados a Missão e a Visão da empresa serão atendidas. A palavra objetivo refere-se a algo tangível, portanto, deve ser mensurável, e cada objetivo necessita de uma ou mais metas para ser alcançado. 1 Fonte: BOGARI Consultoria Gestão e Negócios Ltda. Princípios. Disponível em: http://www.strategia.com.br/Estrategia/estrategia_corpo_capitulos_principios.htm. Acesso em: 21 ago. 2009. Metas são declarações específicas que se relacionam diretamente a um determinado objetivo, fornecem detalhes do que deve ser feito e quando, por isso são expressas por números e datas. As metas derivam da necessidade de se alcançar os objetivos, portanto, vistas isoladamente, podem parecer sem sentido. Logo, podemos dizer que as Metas são: • Mensuráveis e específicas; • Voltadas à consecução da Missão e Visão da empresa; • Focadas nos resultados; • Desafiantes e factíveis, portanto, realistas; • Controláveis e limitadas temporalmente; • Estratégicas. Podemos definir o planejamento estratégico como uma técnica administrativa que proporciona sustentação metodológica para estabelecer a melhor direção a ser seguida pela organização, visando ao otimizado grau de interação com os fatores externos – não controláveis – e atuando de forma inovadora e eficaz. A elaboração de um planejamento estratégico não está restrita a um pequeno grupo de especialistas, pois, de posse dos princípios e principais ferramentas estratégicas, e com habilidade e percepção aguçada, os gestores também estarão aptos a tal atividade. A análise de cenários é outra ferramenta estratégica que compõe o Planejamento Estratégico. As principais funções dos cenários são: • proporcionar meios seguros para reflexões sobre a maior quantidade possível de alternativas de evolução do ambiente; • prever o significado que essas opções poderão ter sobre a empresa; • auxiliar a organização na tomada decisões que possam contribuir para conquistar uma vantagem competitiva. Além de ter como base tal roteiro, os cenários precisam seguir determinados princípios muito importantes: • credibilidade; • consistência com os elementos sociais, tecno- lógicos e políticos, que são interdependentes; • seletividade das preocu- pações-chave do grupo que o elabora; • devem ser elaborados pelo menos três cenários e não mais do que quatro para não complicar demais e nem se tomar redundante; • imaginar 10 a 20 anos à frente; • apresentar-se como metáforas, histórias, imagens ou citações que o evidenciem; • ter ligação clara com o presente; • ser qualitativos e sem indicação de probabilidade; • ser elaborados pelo grupo de interesse, o que pode ser feito em dois ou três dias de trabalho intenso. Figura 9 Cenários dos negócios 3.5.2.4 O negócio da empresa: Caracteriza-se pela abordagem do ponto de vista do cliente, não do produto, ou seja, deve-se buscar os benefícios proporcionados pelo produto ou serviço ou então as necessidades de um determinado segmento. • Texto para reflexão1: "Não me ofereça coisas. Não me ofereça sapatos. Ofereça-me a comodidade para meus pés e o prazer de caminhar. Não me ofereça casa. Ofereça-me segurança, conforto e um lugar que prime pela limpeza e felicidade. Não me ofereça livros. Ofereça-me horas de prazer e o benefício do conhecimento. Não me ofereça ferramentas. Ofereça-me o benefício e o prazer de fazer coisas bonitas. Não me ofereça móveis. Ofereça-me conforto e tranqüilidade de um ambiente aconchegante. Não me ofereça coisas. Ofereça-me idéias, emoções, ambiência, sentimentos e benefícios. Por favor, não me ofereça coisas." Autor desconhecido 1 Fonte: BOGARI Consultoria Gestão e Negócios Ltda. Negócio. Disponível em: < http://www.strategia.com.br/Estrategia/estrategia_corpo_capitulos_negocio.htm>. Acesso em: 21 ago. 2009. Sobre a importância de se definir o negócio da organização, Peter Drucker há mais de 30 anos, afirmou:"A questão é que tão raramente perguntamos de forma clara e direta e tão raramente dedicamos tempo a uma reflexão sobre o assunto, que esta talvez seja a mais importante causa do fracasso das empresas." • Questionar: qual é mesmo o nosso Negócio? qual é o maior benefício que o cliente procura ao se dirigir à nossa empresa? • Refletir: há quanto tempo não dedicamos tempo para refletir sobre a pergunta "Qual é mesmo o nosso Negócio?". • Causa de fracasso: do alto de mais de meio século de experiência como consultor de empresas, Drucker teve a coragem de afirmar que não questionar e refletir sobre o tema, pode ser a mais importante causa do fracasso das empresas. A tendência natural é que a resposta seja centrada no produto ou serviço da empresa, o que chamamos de visão míope, pois limita a capacidade de enxergar Oportunidades e Ameaças à empresa. A forma correta de analisar e responder à pergunta "Qual é o nosso Negócio ?" é centrar a análise no benefício, o que chamamos de visão estratégica. Uma resposta à questão "Qual é o nosso Negócio?", sem a necessária reflexão, pode levar a uma armadilha, a uma resposta óbvia. Exemplos: Qual é o negócio da Petrobrás? Petróleo. Qual é o negócio de uma padaria? Vender pães. Qual é o negócio de uma construtora? Construir apartamentos. Qual é o negócio de um bar? Vender bebidas e tira-gostos. Estudo de caso: Qual é o negócio da Kopenhagen ?1 Chocolate (resposta óbvia). Mas, ao contrário, sob uma visão estratégica, a resposta da Kopenhagem foi: Estamos no Negócio de Presentes ! A reflexão dos dirigentes da empresa levou-os a redirecionar sua estratégia, ao definir que seu Negócio não é chocolate (visão míope) e sim Presentes (visão estratégica). Como conseqüência, foram tomadas as seguintes decisões estratégicas. • Preço: se o Negócio fosse chocolate a empresa concorreria com a Lacta, Nestlé, Garoto, etc., numa mesma faixa de preço. Sendo o negócio definido como Presentes, a empresa pode praticar preços superiores, pois o cliente está comprando um presente feito de chocolate e não apenas chocolate, estando, portanto, disposto a pagar um diferencial de preço para receber os benefícios de marca, imagem, embalagem, localização das lojas, horário de atendimento, etc. • Embalagem: para competir no Negócio de Presentes a empresa não poderia utilizar embalagens convencionais para chocolate. Se você for a uma loja Kopenhagen verificará que qualquer produto já é embrulhado para presente. • Localização: para vender presentes é fundamental a localização estratégica das lojas. Por isso as lojas da Kopenhagen estão em Shopping Centers e outros pontos compatíveis com seu Negócio. • Horário de funcionamento: para atender à demanda por presentes, principalmente os de última hora, as lojas da Kopenhagen funcionam até as 22 horas, inclusive nos finais de semana. 1 Fonte: BOGARI Consultoria Gestão e Negócios Ltda. Negócio. Disponível em: < http://www.strategia.com.br/Estrategia/estrategia_corpo_capitulos_negocio.htm>. Acesso em: 21 ago. 2009 Além dessas decisões estratégicas, outra decisão importante é que a Kopenhagencomercializa seus "presentes" exclusivamente em suas lojas, onde "explora" a ambiência, o nome, o atendimento, o visual, a imagem, em suma a "atmosfera" Kopenhagen. No caso das empresas produtoras de batons, cremes, sombras e perfumes, você poderá pensar, à primeira vista, que elas atuam no Negócio de cosméticos. Veja os exemplos da Revlon e da Avon que definiram seu negócio como Beleza. O fundador da Revlon, Mr. Revson, é o autor da famosa frase: "Na fábrica produzimos cosméticos mas nas lojas vendemos esperança" Eficiência, Eficácia e Efetividade Os três termos são tratados como sinônimos, porém, há que se destacar uma pequena diferença entre eles, especialmente no campo da Administração. EFICÁCIA é atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado efeito. EFICAZ então é o que realiza perfeitamente determinada tarefa ou função, que produz o resultado pretendido. Dicionários em inglês destacam o uso do termo especialmente quando se trata de doença ou problema: remédio eficaz, método de tratamento eficaz; fez uma limpeza eficaz; constatou a eficácia das armas e da estratégia usada. EFICIÊNCIA é a qualidade de fazer com excelência, sem perdas ou desperdícios (de tempo, dinheiro ou energia). EFICIENTE é aquilo ou aquele que produz o seu efeito específico mas com qualidade, com competência, com nenhum ou com o mínimo de erros. O eficiente vai além do eficaz. A eficiência tem uma gradação: uma pessoa, máquina ou organização pode ser mais ou menos eficiente que outra. Uma secretária pode ser mais eficiente amanhã do que hoje. Um sistema de refrigeração pode ser mais eficiente que outro. Já a eficácia implica sim ou não: uma medicação, por exemplo, ou é eficaz ou não é. EFETIVIDADE, por sua vez, é também a qualidade do que atinge seu objetivo; é a capacidade de funcionar normalmente, satisfatoriamente, porém tem mais a ver com a realidade, com o que é real e verdadeiro. O EFETIVO está realmente disponível, é incontestável, verificável, executável. Exemplos: Tal propaganda é simples mas efetiva. A duração efetiva da prova será de uma hora. O diretor efetivo (de fato, de verdade) é o filho e não o pai. Efetivo tem igualmente o sentido de positivo, eficaz. Exemplo: Foi bastante efetivo o encontro realizado em São Paulo. Portanto, é possível que uma ação seja ao mesmo tempo efetiva, eficiente e eficaz. E também pode ser eficaz sem ser eficiente. 3.6 ESCOLA MODERNA Surgiu devido a várias razões, mas principalmente: a) pela nova forma de competição, tanto entre organizações quanto entre países, resultado da globalização e das inovações tecnológicas no campo da informação; b) pela mudança no comportamento e desejo das pessoas; c) pelo desenvolvimento de novos modelos de administração das organizações. 3.6.1 Teoria da Administração por processos – 1951 Podemos considerar como principal idealizador o estatístico William Edwards Deming (1900-1993), professor da New York University. Sua história profissional é no mínimo curiosa, pois, logo após o fim da 2ª Guerra Mundial, foi convidado pelo governo japonês a realizar serviços de consultoria junto às organizações japonesas, visando melhorar os níveis de produtividade e de qualidade. É importante ressaltar que o Japão nesta época, ainda juntava o que lhe restou da 2º Guerra Mundial. Ocorre que, devido ao sucesso obtido por meio do trabalho de Deming, o governo japonês criou em 1951 o Prêmio Deming, concedido anualmente, até hoje, às empresas que mais se destacam na questão da administração da qualidade. Interessante notar que somente em 1981 Deming começou a ser chamado pelas organizações norte-americanas, isto por que o sucesso dos produtos japoneses, especialmente da indústria automobilística, ameaçava empresas tidas até então como inabaláveis. Os principais ensinamentos de Deming eram simples e lógicos: • A elaboração do nível de qualidade significa, do outro lado, a redução dos níveis de custos; • Os trabalhadores das organizações gostam de fazer os seus trabalhos com qualidade, e serem reconhecidos por isto; • O poder nas organizações deve se diluir da diretoria e chegar, o mais próximo possível, ao chão de fábrica; • Todos os funcionários, independentemente dos cargos e níveis, devem ser treinados em conceitos de controle de qualidade e de estatística, bem como serem incentivados a melhorar os processos produtivos. Uma das principais contribuições de Deming foi o estabelecimento dos 14 princípios de Qualidade Total: 1 estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego; 2 recusar-se a permitir a ocorrência de níveis normalmente aceitos de atrasos devido a erros, material defeituoso e acabamento defeituoso; 3 cessar a dependência da inspeção para obter qualidade; 4 reduzir a quantidade de fornecedores, bem como comprar baseando-se nas evidências estatísticas e não no preço; 5 instalar programas para melhoria contínua dos custos, qualidade, serviços e produtividade; 6 instituir treinamento para utilização total de todos os profissionais da organização; 7 concentrar a supervisão em ajudar as pessoas a fazer um trabalho melhor, bem como fornecer as ferramentas e técnicas para que estas pessoas se orgulhem do seu trabalho; 8 elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa; 9 elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preverem problemas de produção e de utilização do produto ou serviço; 10 elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis de produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontram-se no sistema estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores; 11 utilizar métodos estatísticos para melhoria contínua de qualidade e de produtividade; 12 remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho pelo trabalho bem executado; 13 institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento; 14 engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo o mundo; Dentro dos 14 princípios de Deming, para a transformação das empresas, podemos destacar como mais importantes: Princípio 1: "estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego." Este princípio tem dois objetivos bem claros. O primeiro de ação presente que é o de melhorar a qualidade e a produtividade e pode ser alcançado através de estudos dos processos, inovação tecnológica, treinamento, etc. O segundo de ação futura que envolve a questão da sobrevivência da empresa e do compromisso social que ela deve ter. Este compromisso pode ser alcançado através da preocupação em oferecer produtos que satisfaçam os anseios e as necessidades dos clientes, internos e externos, e contribuam para a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. Princípio 8: "elimine o medo, de tal forma que todos trabalhem de modo eficaz para a empresa." Se a qualidade é uma ação conjunta de todos, a participação dos empregados é fundamental. Para que o empregado participe de forma efetiva é necessário que ele se sinta seguro, portanto, sem receio para exprimir as suas idéias, questionar os procedimentos técnicos e administrativos e propor as mudanças que julgar convenientes e necessárias. Princípio 9: "elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a preveremproblemas de produção e de utilização do produto ou serviço." O trabalho deve ser desenvolvido com um forte senso de equipe, onde cada um se preocupa com o trabalho do outro visando um objetivo único. É o conceito de atender as necessidades do cliente interno. "O trabalho em equipe é uma necessidade crucial na empresa como um todo. O trabalho em equipe exige que um compense com sua força a fraqueza de outro, (...) Infelizmente a avaliação anual de desempenho, nos seus moldes costumeiros, impede o trabalho em equipe. (...) Aquele que trabalha para ajudar os outros pode não ter tanta produção a mostrar na avaliação anual de desempenho quanto se tivesse trabalhado sozinho." Princípio 10: "elimine lemas, exortações e metas para a mão-de-obra que exijam nível zero de falhas e estabeleçam novos níveis de produtividade. Tais exortações apenas geram inimizades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encontram-se no sistema estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores." A grande maioria das empresas pensa que a deflagração de campanhas e a colocação de faixas, com frases de efeito, sem a contrapartida de uma infra- estrutura adequada, são suficientes para se promover as mudanças necessárias. "Os quadros e cartazes não levam em conta o fato de que a maior parte do problema provém do sistema." O que é mais grave, ainda, neste processo de slogans e cartazes, é que eles podem apresentar melhoras temporárias, dando uma falsa impressão da sua eficácia. Com o passar do tempo, no entanto, se nenhuma medida efetiva de mudança no sistema for tomada, os efeitos, que por ventura foram alcançados, cessam e são, via de regra, revertidos, com uma tendência da situação se estabilizar em patamares inferiores aos anteriormente praticados. A campanha passa a ser considerada como mais um engodo, o que traz insatisfação, leva a direção da empresa ao descrédito, reduz o comprometimento do quadro funcional e cria barreiras para futuras implementações. Princípio 12: "remova as barreiras que privam as pessoas do justo orgulho pelo trabalho bem executado." As pessoas devem ter as melhores condições possíveis para a realização do seu trabalho. Estas condições levam em conta a existência de todas as informações a respeito da sua tarefa e as condições ambientais e materiais para a sua execução. "O trabalhador que se sente valorizado fará todo o possível para estar lá. Ele se sentirá importante se puder orgulhar-se de seu trabalho e desempenhar a sua parte na melhora do sistema. Faltas ao serviço e mobilidade de emprego derivam em grande parte de chefia e administração inadequadas." Este é o calcanhar de Aquiles de todo o sistema de gerência. Todas as ferramentas e processos de análise funcionam muito bem até que se deparam com o fator humano. Por se sentir incompetente para enfrentar este desafio, muitas vezes a administração "busca refúgio na formação de Círculos de Controle de Qualidade e de Grupos de Participação de Pessoal e de Qualidade de Vida no Trabalho. Estes grupos, como é de se esperar, desintegram-se passados alguns poucos meses, como resultado da frustração ao perceberem que são parceiros involuntários de um embuste cruel, incapazes de realizar o que quer que seja, pelo simples motivo de que ninguém na administração deseja tomar iniciativas com base em sugestões de melhora. Estes são instrumentos extremamente cruéis para afastar os problemas das pessoas. Há, felizmente, honrosas exceções, quando a administração tem plena consciência de suas responsabilidades, quando a administração participa com aconselhamento e com iniciativas baseadas em sugestões para a remoção de barreiras à realização profissional." Se existe uma infinidade de erros para serem cometidos, por que insistir em cometer erros já cometidos, no passado? Os comentários de Deming a respeito da formação de círculos de qualidade e de outros grupos de estudo, são uma descrição fiel do que aconteceu e, continua acontecendo, na maioria das empresas brasileiras. Isto decorre, basicamente, como resultado da implantação de novas tecnologias, baseadas, simplesmente, em experiências de sucesso de outras empresas, sem que seja feito um estudo conceitual prévio e mais aprofundado da teoria que dá suporte a esta nova tecnologia, para verificar a sua aderência à cultura organizacional e, se for o caso, praticar as transformações necessárias, antes da sua implantação. Princípio 13: "institua um forte programa de educação e auto-aprimoramento." Por um lado as organizações, além de possuírem bons empregados, necessitam que eles se mantenham sempre atualizados. Os empregados, por sua vez, necessitam estarem preparados, pois anseiam por oportunidades de crescimento profissional e pessoal que lhes possibilitem dar a sua parcela de contribuição à sociedade. É importante ressaltar que um programa de educação vai muito além de um simples programa de treinamento, uma vez que ele inclui um sistema de sensibilização para os valores e crenças da organização, buscando o comprometimento de todos e uma, conseqüente, sinergia de esforços em torno de objetivos comuns. Para que isto seja viável é fundamental, no entanto, que os valores e as crenças da organização levem em conta, também, os anseios e as aspirações dos seus empregados. Princípio 14: "engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A transformação é da competência de todo o mundo." Um processo de transformação organizacional, implica em mudança de cultura e desta forma deve ser visto como um processo top down, ou seja, deve começar pela alta direção e a partir do engajamento desta, se disseminar em toda a organização. Não basta, no entanto, querer a mudança, é necessário praticá-la, em todos os níveis. Segundo Waterman (1987) apud Wood (1995), "as organizações devem buscar uma convivência ‘feliz’ com a mudança. A mudança deve fazer parte de seu quotidiano." Da mesma forma que o conhecimento e a compreensão dos princípios de Deming, são fundamentais para a implementação de um sistema de gerência pela qualidade total, é, também, fundamental o conhecimento e a compreensão dos seguintes conceitos e aspectos básicos: Cliente externo: o conceito de cliente externo, na filosofia da qualidade total, vai muito além daquela pessoa que, efetivamente, paga pelo produto ou serviço prestado. Cliente externo é todo aquele que, de alguma forma, é afetado pelo produto ou serviço colocado no mercado. Portanto, quando falamos em atender aos anseios e necessidades dos clientes, estamos assumindo uma postura num sentido mais amplo do que aquele normalmente considerado, da qualidade intrínseca do produto ou serviço, ou seja, num sentido amplo dos efeitos sociais e ecológicos que o produto ou o serviço possa causar. Cliente interno: da mesma forma que devemos nos preocupar com os clientes externos devemos nos preocupar, também, com os cliente internos. Clientes internos são todas as pessoas vinculadas à empresa e, portanto, envolvidas com a fabricação do produto ou a prestação do serviço. Entender e administrar os sistemas: dentro da filosofia da gerência da qualidade total é fundamental que se tenha um pleno conhecimento de todos os processos da empresa. Sem um perfeito conhecimento e domínio dos processos não temos condições de administrá-los e, também, de entendermos quais são os problemas existentes e, conseqüentemente, como resolvê-los. Para entender os sistemas necessitamos de dados e, fundamentalmente, da sua transformação em informações. Para isto necessitamos de sistemas de informação. Segundo Laudon (1994), a existência de sistemas de informação desempenham fator importante nos programas de qualidade das empresas. Eles podem significar a diferença entre um verdadeiro sistema de qualidade total e uma simples campanha de aumento de vendas e de motivação e sensibilização dos empregados para a qualidade. É importante,por sua vez, que estes sistemas, dentro do conceito de qualidade total, sejam sistemas integrados de gestão e não, simplesmente, ilhas de informações. Da mesma forma que não bastam os dados, também, não basta a existência de um sistema de informação e da informação. É preciso saber usá-los. Neste sentido surge a importância da estatística, das ferramentas da qualidade e dos métodos de resolução de problemas. É preciso aprender a pensar em termos estatísticos. Entender as pessoas: para administrar, além dos dados, e das ferramentas, para transformá-los em informações, é fundamental que se entenda as pessoas. A motivação e o comprometimento das pessoas com a qualidade é imprescindível para o seu sucesso. A qualidade total é feita pelas pessoas, para as pessoas e, fundamentalmente, por causa das pessoas. É preciso, portanto, entender o que as pessoas fazem, por que fazem e o que é motivação, envolvimento e trabalho em equipe. Segundo Scholtes (1998), "a maioria das empresas se dirige às pessoas com paternalismo, benevolente ou malevolente, tratando-as como produtos por manipular." Saber melhorar: é preciso ter em mente a melhoria contínua, Kaizen. Segundo Imai (1991) a filosofia do Kaizen afirma que nosso modo de vida, seja no trabalho, na sociedade ou em casa, merece ser constantemente melhorado. A crença de que deve haver um melhoramento interminável está profundamente entranhada na mentalidade japonesa. Existe uma grande diferença entre modificar e melhorar. Para melhorar é preciso, em primeiro lugar, conhecer o processo (como ele funciona, por que ele existe e para que ele foi criado) e o produto ou serviço e, também, possuir parâmetros de controle, para avaliar o resultado da melhoria. Outra característica do processo de melhoria é o foco naquilo que é realmente importante. De nada adianta analisarmos uma grande quantidade de variáveis e processos de forma superficial. É necessário que o foco dos estudos e dos esforços sejam concentrados naquilo que realmente é importante e que representa ganhos significativos para a empresa e para os seus clientes. Algumas empresas que tentam implantar a gerência pela qualidade total não conhecem esses princípios, conceitos e aspectos. A maioria delas conhecem, mas quantas, na realidade, os praticam? A questão da qualidade total só será completada quando estes princípios e conceitos forem totalmente dominados e aplicados. Até lá podemos dizer que vamos continuar lutando, desesperadamente, pela qualidade total e pela melhoria da qualidade de vida. Principais Instrumentos administrativos da teoria: a) Desenho de Processos; b) Qualidade Total; c) Logística; d) Rede de Integração entre organizações; e) Reengenharia. 3.6.1.1. Desenho de processos É a metodologia estruturada de identificar, ordenar em sequência lógica e otimizada, implementar e avaliar as atividades que contribuem, direta ou indiretamente, para o maior valor agregado para as organizações, bem como para os seus stakeholders. Apesar de o assunto “desenho de processos” ser antigo nas teorias da administração, somente em 1980 é que ocorreu uma preocupação maior, inclusive e principalmente quanto aos diversos instrumentos administrativos nas organizações. Processo é o conjunto estruturado de atividades seqüenciais que apresentam relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente, suplementar as necessidades e as expectativas dos clientes externos e internos das organizações. Podem ser considerados dois contextos de aplicação dos processos administrativos nas organizações: • como seqüência de atividades dentro de uma metodologia de desenvolvimento e de implementação de um instrumento administrativo; • como a seqüência de atividades a serem realizadas para a consolidação de um trabalho específico, de um produto ou serviço. 3.6.1.2 Logística O que é logistica? Podemos definir como sendo a técnica de planejamento, implementação e controle dos fluxos de suprimentos, produtos, documentos, informações ou pessoas, entre pontos de origem e destino, com objetivos de atender necessidades, posicionamentos/colocações, vantagens e ou lucros. Como exemplo de atividade logística, podemos citar Portugal que, segundo Freyre: Mesmo sendo um dos menores países da Europa, conseguiu ocupar e colonizar vastas áreas, em lugares longínquos, realizando o transporte de poucos técnicos e especialistas entre continentes e, ainda, transportando nações quase inteiras de negros para suas colônias. FREIRE (2006, p.70). Durante a 2ª Guerra Mundial a logística foi fundamental para o sucesso dos aliados, pois a movimentação de centenas de milhares de soldados, suprimentos e equipamentos, seja por via terrestre, aérea ou naval, demandou novas técnicas e estudos e resultou em vitórias decisivas em pontos estratégicos. Embora o senso comum entenda logística muitas vezes como transporte, é importante apresentar os quatro elementos que compõem a logística: • processamento de pedido: se refere ao ponto inicial de todo o processo logístico, portanto, pode ser entendido como o canal de acesso entre cliente- fornecedor, demandante-demandado, solicitante-solicitado etc. É imprescindível que seja padronizado e que tenha critérios claros de prazos, preços, quantidades, meios de atendimento etc; • armazenamento: se refere à forma de guarda, colocação, cuidado, manuseio, fluxo e segurança do objeto; • estocagem: se refere ao controle quantitativo (entrada, saída, perda) do objeto armazenado, bem como, o gerenciamento de ponto de pedido. • transporte: ser refere à forma como é deslocado e ou disponibilizado o produto/serviço do ponto de origem ao ponto de destino ou vice-versa. A atividade logística baseia-se nos objetivos logísticos e envolve trade-offs, haja vista que muitas decisões apresentam correlação negativa. 3.6.1.2.1 Benchmarking1 O benchmarking e todos os seus componentes constituem um processo empresarial, até certo ponto complexo, é composto por diversas etapas, mas pode ser facilmente descrito como um processo comparativo que visa aprimorar continuamente os produtos, serviços, estratégias e processos internos de uma corporação. Principalmente no mundo das grandes corporações, é uma prática necessária e que pode render para a empresa vantagens competitivas que vão determinar seu futuro. No mundo, o benchmarking é praticado principalmente em países de cultura empresarial e tecnologia avançadas. Analisando a dinâmica da evolução humana vemos que a prática do benchmarking, sob um outro enfoque e de forma natural, é o que vem guiando o Homem ao longo de sua trajetória. É um processo que está na raiz do conhecimento humano e veio aperfeiçoando-se na medida do desenvolvimento do conhecimento. Caso Xerox2 Durante os anos 80, o grupo industrial Xerox tinha um programa de melhoria contínua, alcançando um aumento de produtividade de 8% durante vários anos. Todavia, numa tarde de domingo, Charles Christ, presidente do grupo, leu um anúncio no New York Times que oferecia copiadoras essencialmente iguais as de sua empresa, em termos de função e desempenho, exatamente às que estava fabricando em Webster, Nova York. As copiadoras do anúncio estavam sendo vendidas no varejo por menos do que lhe custava fabricá-las! A fabricante das novas copiadoras era a Cannon. Mais ou menos na mesma época, um artigo na Fortune citou a pretensão do presidente da Cannon de mover uma guerra total contra a Xerox e vencê-la. 1 Fonte: SEMINÁRIO DE ADMNISTRAÇÃO. Benchmarking. Disponível em: <http://usuarios.uninet.com.br/~josehigi/benchconc.html.> Acesso em: 21 ago. 2009. 2 Fonte: SEMINÁRIO DE ADMNISTRAÇÃO. Benchmarking. Disponível em: <http://usuarios.uninet.com.br/~josehigi/benchcaso.html>. Acesso em: 21 ago. 2009.
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