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<p>TEORIA DA</p><p>EMPRESA</p><p>DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE</p><p>JURÍDICA</p><p>SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES</p><p>SOCIEDADE EM COMUM</p><p>SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO</p><p>1. SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES</p><p>Segundo o art. 977 do Código Civil,</p><p>Art. 977. Faculta-se aos cônjuges</p><p>contratar sociedade, entre si ou</p><p>com terceiros, desde que não</p><p>tenham casado no regime da</p><p>comunhão universal de bens, ou</p><p>no da separação obrigatória.</p><p>Sócios casados que decidem empreender juntos podem enfrentar desafios e questões</p><p>específicas decorrentes da relação matrimonial no contexto empresarial. Aqui estão alguns</p><p>pontos a considerar:</p><p>a) Regime de casamento: O regime de casamento escolhido pelo casal pode influenciar a</p><p>forma como os negócios são estruturados e administrados. A escolha do regime</p><p>matrimonial pode afetar a responsabilidade patrimonial dos cônjuges em relação às</p><p>dívidas e obrigações empresariais.</p><p>b) Participação na empresa: Se ambos os cônjuges são sócios da empresa, é importante</p><p>definir claramente suas participações, direitos e responsabilidades no contrato social da</p><p>empresa. Isso inclui questões como a distribuição de lucros, poder de voto,</p><p>responsabilidade pelas dívidas e obrigações da empresa e procedimentos em caso de</p><p>divórcio ou falecimento de um dos cônjuges.</p><p>c) Administração conjunta ou separada: Os sócios casados podem optar por</p><p>administrar a empresa juntos, compartilhando responsabilidades e decisões,</p><p>ou podem optar por áreas específicas de atuação dentro da empresa. Em</p><p>ambos os casos, é importante estabelecer uma comunicação eficaz e uma</p><p>divisão clara de tarefas para evitar conflitos e garantir a eficiência operacional.</p><p>d) Planejamento sucessório: É fundamental elaborar um planejamento</p><p>sucessório que leve em consideração tanto os interesses da empresa quanto</p><p>os interesses da família em caso de divórcio ou falecimento de um dos</p><p>cônjuges. Isso pode envolver a elaboração de testamentos, acordos de</p><p>acionistas, seguros de vida e políticas de continuidade do negócio.</p><p>A regra vale tanto para sociedades empresárias quanto para sociedades</p><p>simples, conforme já decidiu o STJ:</p><p>“as restrições previstas no art. 977 do CC/02 impossibilitam que os</p><p>cônjuges casados sob os regimes de bens ali previstos contratem</p><p>entre si tanto sociedades empresárias quanto sociedades simples”</p><p>(REsp 1.058.165/RS).</p><p>O objetivo do art. 977 do CC/02 é impedir que cônjuges casados sob os</p><p>regimes da comunhão universal ou da separação obrigatória façam parte de</p><p>uma mesma sociedade, nada impedindo, pois, que alguém casado sob esses</p><p>regimes contrate, sozinho, sociedade com terceiro, conforme Enunciado n.º</p><p>205 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “a vedação à participação dos</p><p>cônjuges casados nas condições previstas no artigo refere-se unicamente a</p><p>uma mesma sociedade”.</p><p>2. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA</p><p>O Art. 49-A do Código Civil, inserido pela Lei de Liberdade Econômica (Lei n.º</p><p>13.874/2019), positiva o princípio da autonomia patrimonial. Com efeito, a</p><p>pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores</p><p>e administradores. Dessa forma, se o sujeito é credor da sociedade, ele cobre</p><p>a ela e, pelo menos inicialmente, esquece que o sócio existe. De outro lado,</p><p>se o sujeito é credor do sócio, ele há de cobrar a ele e, pelo menos</p><p>inicialmente, esquecendo que a sociedade existe. Estabelece, ainda, o seu</p><p>parágrafo único:</p><p>Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é</p><p>um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos,</p><p>estabelecido pela lei com a finalidade de estimular</p><p>empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e</p><p>inovação em benefício de todos.</p><p>Vê-se, assim, a necessidade de se respeitar a autonomia</p><p>patrimonial estabelecida pelo legislador, entre a sociedade e</p><p>seus sócios e/ou administradores. Nesse sentido, a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica tem a sua razão</p><p>de ser, na medida em que é desrespeitada a autonomia</p><p>patrimonial.</p><p>De acordo com o art. 1.024 do Código Civil,</p><p>Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não</p><p>podem ser executados por dívidas da sociedade,</p><p>senão depois de executados os bens sociais.</p><p>Vê-se, assim, a necessidade de se respeitar a autonomia</p><p>patrimonial estabelecida pelo legislador, entre a sociedade e</p><p>seus sócios e/ou administradores. Nesse sentido, a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica tem a sua razão</p><p>de ser, na medida em que é desrespeitada a autonomia</p><p>patrimonial.</p><p>De acordo com o art. 1.024 do Código Civil,</p><p>Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não</p><p>podem ser executados por dívidas da sociedade,</p><p>senão depois de executados os bens sociais.</p><p>Portanto, enquanto a sociedade possuir bens, são esses bens que</p><p>devem responder pelas dívidas sociais, o que assegura aos sócios o</p><p>conhecido benefício de ordem. Caso, entretanto, a sociedade não</p><p>possua mais bens, deve-se verificar o tipo de responsabilidade dos</p><p>sócios:</p><p>• se for ilimitada (como ocorre na sociedade em nome coletivo, por</p><p>exemplo), seus bens particulares poderão ser executados;</p><p>• se for limitada (como ocorre na sociedade limitada e na sociedade</p><p>anônima, por exemplo), seus bens particulares não poderão, em</p><p>princípio, ser executados.</p><p>A teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine) já é</p><p>conhecida há bastante tempo, mas só foi positivada no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro em 1990, com a edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei n.º</p><p>8.078/1990), cujo art. 28 tem a seguinte redação:</p><p>Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da</p><p>sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de</p><p>direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação</p><p>dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será</p><p>efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento</p><p>ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.</p><p>(...)</p><p>§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que</p><p>sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de</p><p>prejuízos causados aos consumidores.</p><p>Posteriormente, outros diplomas legislativos específicos também trataram do</p><p>tema (Lei Antitruste e Lei de Crimes Ambientais), praticamente repetindo a</p><p>redação do caput e do § 5º do art. 28 do CDC. Faltava, porém, uma regra geral</p><p>sobre o assunto.</p><p>Essa regra geral acabou sendo prevista no art. 50 do Código Civil, que tem o</p><p>seguinte teor original:</p><p>Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado</p><p>pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz</p><p>decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando</p><p>lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e</p><p>determinadas obrigações sejam estendidos aos bens particulares</p><p>dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.</p><p>2.1 Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica</p><p>Costuma-se usar a expressão Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica</p><p>para os casos em que se admite a desconsideração quando há o mero prejuízo do credor,</p><p>ou seja, a simples insolvência da pessoa jurídica.</p><p>Exemplo: é o que ocorre nas relações de consumo, por aplicação da regra específica do</p><p>art. 28, § 5º do CDC.</p><p>Nesse sentido, o STJ já decidiu que:</p><p>é possível a desconsideração da personalidade jurídica com base no artigo 28, § 5º,</p><p>do CDC, na hipótese em que comprovada a insolvência da empresa, pois tal</p><p>providência dispensa a presença dos requisitos contidos no caput do artigo 28, isto</p><p>é, abuso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou</p><p>contrato social, ou inatividade da pessoa jurídica, sendo aplicável a teoria menor da</p><p>desconsideração, subordinada apenas à prova de que a mera existência da pessoa</p><p>jurídica pode causar, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos</p><p>causados aos consumidores (AgRg no Ag 1.342.443/PR)</p><p>Enfim, “tratando-se de relação consumerista, é possível a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária</p><p>ante sua insolvência para o pagamento de suas obrigações,</p><p>independentemente da existência de desvio de finalidade ou de</p><p>confusão patrimonial”</p><p>(AgRg no AREsp 511.744/SP; no mesmo</p><p>sentido: AgRg no REsp 1.106.072/MS e REsp 737.000/MG).</p><p>Norma semelhante se encontra no art. 4º da Lei n.º 9.605/98:</p><p>Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre</p><p>que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de</p><p>prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.</p><p>2.2 Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica</p><p>Costuma-se usar a expressão Teoria Maior da Desconsideração da</p><p>Personalidade Jurídica para os casos em que só se admite a desconsideração</p><p>quando há abuso no uso da pessoa jurídica, o qual pode ser caracterizado</p><p>pelo desvio de finalidade (abuso subjetivo) ou pela confusão patrimonial</p><p>(abuso objetivo).</p><p>Tem-se, aqui, aplicação da regra geral do art. 50 do Código Civil, que tem</p><p>incidência, predominantemente, no âmbito das relações civis e empresariais,</p><p>em que as regras de responsabilidade subsidiária e limitada dos sócios devem</p><p>ser respeitadas, sendo desconsideradas apenas em situações excepcionais.</p><p>Também é a adotada no art. 14 da Lei Anticorrupção (Lei n.º 12.846/2013).</p><p>2.3 Teoria Maior da Desconsideração da Personalidade Jurídica</p><p>Costuma-se usar a expressão Teoria Maior da Desconsideração da</p><p>Personalidade Jurídica para os casos em que só se admite a desconsideração</p><p>quando há abuso no uso da pessoa jurídica, o qual pode ser caracterizado</p><p>pelo desvio de finalidade (abuso subjetivo) ou pela confusão patrimonial</p><p>(abuso objetivo).</p><p>Tem-se, aqui, aplicação da regra geral do art. 50 do Código Civil, que tem</p><p>incidência, predominantemente, no âmbito das relações civis e empresariais,</p><p>em que as regras de responsabilidade subsidiária e limitada dos sócios devem</p><p>ser respeitadas, sendo desconsideradas apenas em situações excepcionais.</p><p>Também é a adotada no art. 14 da Lei Anticorrupção (Lei n.º 12.846/2013).</p><p>2.3.1 Abuso subjetivo da personalidade jurídica</p><p>É caracterizado pelo desvio de finalidade. É o que se chama, de</p><p>outra forma, de teoria maior subjetiva.</p><p>O novo § 1º do art. 50 deixou claro que “desvio de finalidade é a</p><p>utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e</p><p>para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza”.</p><p>O novo § 5º do mesmo artigo, por sua vez, estabelece que “não</p><p>constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da</p><p>finalidade original da atividade econômica específica da pessoa</p><p>jurídica”.</p><p>2.3.2 Abuso objetivo da personalidade jurídica</p><p>Teoria maior objetiva. Caracteriza-se pela confusão patrimonial.</p><p>Inicialmente, sem delineamento normativo, o novo § 2º do art. 50</p><p>passou a regulamentar a questão, estabelecendo o seguinte:</p><p>Art. 50 (...) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de</p><p>separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por:</p><p>I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do</p><p>administrador ou vice-versa;</p><p>II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas</p><p>contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante;</p><p>e</p><p>III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.</p><p>2.4 Efeitos da desconsideração da personalidade jurídica</p><p>Outro ponto importante a ser destacado no estudo da disregard doctrine é o</p><p>relativo a seus efeitos. A desconsideração da personalidade jurídica, ao</p><p>contrário do que se possa imaginar, não acarreta o fim da pessoa jurídica, ou</p><p>seja, esta não será dissolvida nem liquidada.</p><p>Assim, a desconsideração da personalidade jurídica tem os seus efeitos</p><p>adstritos ao caso concreto em que foi requerida, continuando a sociedade —</p><p>ainda que “desconsiderada” naquele caso — a existir normalmente e a ter os</p><p>efeitos da sua personalização respeitados em todas as demais relações</p><p>jurídicas em que figurar. Nesse sentido, já decidiu o STJ que</p><p>IV - a desconsideração não importa em dissolução da pessoa jurídica,</p><p>mas se constitui apenas em um ato de efeito provisório, decretado para</p><p>determinado caso concreto e objetivo, dispondo, ainda, os sócios</p><p>incluídos no polo passivo da demanda, de meios processuais para</p><p>impugná-la (REsp 1.169.175/DF).</p><p>ATIVIDADE EM GRUPO:</p><p>Modalidades de desconsideração da personalidade jurídica:</p><p>1) Desconsideração direta da personalidade jurídica</p><p>2) Desconsideração inversa da personalidade jurídica</p><p>3) Desconsideração indireta da personalidade jurídica</p><p>4) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica</p><p>“Nossa maior fraqueza é desistir.</p><p>O caminho mais certo para o</p><p>sucesso é sempre tentar apenas</p><p>uma vez mais.”</p><p>Thomas A. Edison</p>

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