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<p>APOSTILA DIREITO CIVIL</p><p>OBRIGAÇÕES</p><p>Prof. Andréa de Benedetto Silva</p><p>UNIDADE 1</p><p>SEÇÃO 1</p><p>Introdução ao Direito das</p><p>Obrigações</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>2</p><p>OBRIGAÇÕES - CONCEITOS</p><p>Direito das obrigações consiste num complexo de</p><p>normas que rege relações jurídicas de ordem</p><p>patrimonial, as quais têm por objeto prestações</p><p>de um sujeito em proveito de outro</p><p>(GONÇALVES, 2020).</p><p>São vínculos de conteúdo patrimonial, que se</p><p>estabelecem de pessoa a pessoa, colocando-as,</p><p>uma em face da outra, como credora e devedora,</p><p>de tal modo que uma esteja na situação de poder</p><p>exigir a prestação e a outra, na contingência de</p><p>cumpri-la.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>3</p><p>OBRIGAÇÕES - CONCEITOS</p><p>Relação jurídica transitória entre credor (sujeito</p><p>ativo) e devedor (sujeito passivo), cujo objeto</p><p>consiste em uma prestação situada no âmbito</p><p>dos direitos pessoais (TARTUCE, 2020).</p><p>As relações jurídicas obrigacionais são</p><p>complexas (sinalagmáticas). Cada parte tem, ao</p><p>mesmo tempo, direitos e deveres.</p><p>Sinalagmático: de origem da palavra grega</p><p>"synnalagmatikos", significa uma relação de</p><p>obrigação contraída entre duas partes de comum</p><p>acordo de vontades. Cada parte condiciona a sua</p><p>prestação a contraprestação da outra. Em direito, o</p><p>melhor exemplo para a existência deste instituto é o</p><p>contrato bilateral (venda e compra).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>4</p><p>FONTE: Gonçalves, Carlos R. Direito civil 1 - Esquematizado: parte geral - obrigações - contratos.</p><p>CARACTERÍSTICAS</p><p>6</p><p>Patrimonialidade</p><p>Bens ou</p><p>dinheiro.</p><p>Transitoriedade</p><p>Nasce para ser</p><p>extinta com o</p><p>cumprimento.</p><p>Pessoalidade</p><p>Relação entre</p><p>pessoas.</p><p>Prestacionalidade</p><p>Obrigação de</p><p>dar, fazer ou não</p><p>fazer.</p><p>ELEMENTOS CONSTITUTIVOS</p><p>SUBJETIVOS</p><p>São os sujeitos da</p><p>obrigação.</p><p>• Credor – sujeito</p><p>ativo;</p><p>• Devedor – sujeito</p><p>passivo.</p><p>Importante: Na maioria</p><p>das obrigações existe um</p><p>sinalagma obrigacional,</p><p>ambas as partes são</p><p>credoras e devedoras ao</p><p>mesmo tempo</p><p>OBJETIVOS</p><p>Está ligado ao objeto</p><p>da obrigação.</p><p>• Conduta humana;</p><p>• Bem.</p><p>IMATERIAL</p><p>• É o vínculo jurídico.</p><p>ELEMENTOS CONSTITUTIVOS</p><p>E</p><p>le</p><p>m</p><p>e</p><p>n</p><p>to</p><p>s</p><p>Objetivos</p><p>Ativo Credor</p><p>Passivo Devedor</p><p>Subjetivos</p><p>Imediato Prestação Positiva</p><p>Dar</p><p>Fazer</p><p>Mediato Prestação Negativa Não Fazer</p><p>Imaterial Vínculo Jurídico</p><p>Responsabilidade</p><p>patrimonial do devedor</p><p>FONTES DO DIREITO</p><p>9</p><p>Leis</p><p>A lei é considerada uma fonte</p><p>primária.</p><p>Contratos</p><p>O contrato é um acordo de</p><p>vontades.</p><p>Quando celebrado as partes de</p><p>obrigam a cumprir uma</p><p>determinada prestação.</p><p>Declaração da vontade</p><p>Pode ser:</p><p>Bilateral – quando parte de duas</p><p>pessoas que realizam um</p><p>acordo;</p><p>Unilateral – Quando parte</p><p>apenas de uma das partes, por</p><p>exemplo, uma a promessa.</p><p>FONTES DO DIREITO</p><p>10</p><p>Negócio Jurídico</p><p>Ações ou omissões decorrentes</p><p>da vontade humana que tem</p><p>seus efeitos determinados na lei</p><p>minimamente na lei, mas as</p><p>partes possuem maior</p><p>amplitude para dispor sobre o</p><p>objeto da relação. É um ato de</p><p>autonomia privada.</p><p>Atos Ilícitos</p><p>Quando ocorre um</p><p>enriquecimento sem causa ou</p><p>um abuso de direito.</p><p>Ver arts. 186 e 187 CC</p><p>Responsabilidade Civil</p><p>Obrigações decorrentes de</p><p>danos à pessoa ou ao</p><p>patrimônio alheio. A culpa</p><p>(lato sensu) subdivide-se em</p><p>dolo (intenção) e culpa</p><p>(stricto sensu): negligência,</p><p>imprudência e imperícia.</p><p>UNIDADE 1</p><p>SEÇÃO 2</p><p>Classificação das obrigaçõesD</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>11</p><p>OBRIGAÇÕES</p><p>Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2020),</p><p>obrigação é o vínculo jurídico que confere ao</p><p>credor (sujeito ativo) o direito de exigir do</p><p>devedor (sujeito passivo) o cumprimento de</p><p>determinada prestação.</p><p>É a relação de crédito e débito que se extingue</p><p>com o cumprimento da mesma e que tem por</p><p>objeto qualquer prestação economicamente</p><p>aferível.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>12</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>As obrigações são classificadas de acordo com os seguintes critérios:</p><p>➢ QUANTO AO OBJETO</p><p>O Código Civil brasileiro, inspirado na técnica romana, classifica as obrigações,</p><p>quanto a seu objeto, em três espécies:</p><p>Obrigação de dar (coisa certa ou incerta);</p><p>Obrigação de fazer;</p><p>Obrigação de não fazer.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>13</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS</p><p>Três são os elementos constitutivos da obrigação:</p><p>▪ Sujeitos (ativo e passivo);</p><p>▪ Vínculo jurídico;</p><p>▪ Objeto.</p><p>Em relação aos elementos, as obrigações podem ser:</p><p>✓ Simples;</p><p>✓ Compostas (ou complexas).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>14</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS</p><p>▪ Obrigações simples são as que se apresentam com um sujeito ativo, um</p><p>sujeito passivo e um único objeto, ou seja, com todos os elementos no</p><p>singular.</p><p>▪ Obrigações compostas ou complexas, basta que um dos elementos da</p><p>obrigação esteja no plural.</p><p>Essas obrigações podem ser:</p><p>✓ Cumulativas ou conjuntivas;</p><p>✓ Alternativas ou disjuntivas.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>15</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>▪ As obrigações compostas pela multiplicidade de sujeitos podem ser:</p><p>✓ Divisíveis - são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos (art.</p><p>257 C.C.);</p><p>✓ Indivisíveis - o objeto não pode ser dividido (art. 259 e 261 C.C.);</p><p>✓ Solidárias - independe da divisibilidade ou da indivisibilidade do objeto da</p><p>prestação, porque resulta da vontade das partes ou da lei (art. 283 C.C.).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>16</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO AO RESULTADO</p><p>▪ Obrigação meio ocorre quando o devedor promete empregar seus</p><p>conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado</p><p>resultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele. Ex. Advogado;</p><p>▪ Obrigação de resultado, o devedor dela se exonera somente quando o</p><p>fim prometido é alcançado. Exs. Transportador e Cirurgião plástico.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>17</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO À EXIGIBILIDADE</p><p>▪ Obrigação civil é a que encontra respaldo no direito, podendo seu</p><p>cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.</p><p>▪ Obrigação natural, o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o</p><p>devedor não está obrigado a pagar.</p><p>Se na obrigação natural, o devedor voluntariamente, efetuar o pagamento,</p><p>não cabe o pedido de restituição da importância paga, em razão da soluti</p><p>retentio (expressão usada no direito romano e que significa retenção do</p><p>pagamento) existente em favor do credor e seu pagamento parcial não</p><p>autoriza o credor a reclamar o cumprimento do restante (arts. 564,III; 814 e</p><p>822 C.C.).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>18</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO À EFICÁCIA</p><p>▪ Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou encargo.</p><p>▪ Obrigações condicionais são aquelas cujo efeito está subordinado a um evento</p><p>futuro e incerto (arts. 121 a 130 C.C.).</p><p>▪ Obrigações a termo, a eficácia está subordinada a um evento futuro e certo, a</p><p>determinada data. O termo pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem).</p><p>▪ Obrigações modais ou com encargo são as oneradas com algum gravame. O</p><p>encargo ou modo, ao contrário da condição, “não suspende a aquisição nem o</p><p>exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico,</p><p>pelo disponente, como condição suspensiva” (CC, art. 136 C.C.).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>19</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO À EXECUÇÃO</p><p>▪ Momentâneas ou de execução instantânea - se consumam num só ato,</p><p>sendo cumpridas imediatamente após sua constituição, como na</p><p>compra e venda à vista;</p><p>▪ Execução diferida - cumprimento deve ser realizado também em um só</p><p>ato, mas em momento futuro;</p><p>▪ Execução continuada ou de trato sucessivo, que se cumpre por meio de</p><p>atos reiterados, como ocorre na prestação de serviços, na compra e</p><p>venda a prazo ou em prestações periódicas.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>20</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ QUANTO À LIQUIDEZ</p><p>▪ Obrigação líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e</p><p>determinada quanto ao seu objeto. É expressa por uma cifra, por um</p><p>algarismo.</p><p>125</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Essa jurisprudência vem sendo mantida pelo Superior Tribunal de Justiça,</p><p>como se pode verificar: “O art. 1o da Lei 10.192/01 proíbe a estipulação de</p><p>pagamentos em moeda estrangeira para obrigações exequíveis no Brasil,</p><p>regra essa encampada pelo art. 318 do CC/02 e excepcionada nas</p><p>hipóteses previstas no art. 2o do DL 857/69. A despeito disso, pacificou-se</p><p>no STJ o entendimento de que são legítimos os contratos celebrados em</p><p>moeda estrangeira, desde que o pagamento se efetive pela conversão em</p><p>moeda nacional. (...)</p><p>Quando não enquadradas nas exceções legais, as dívidas fixadas em</p><p>moeda estrangeira deverão, no ato de quitação, ser convertidas para a</p><p>moeda nacional, com base na cotação da data da contratação, e, a partir</p><p>daí, atualizadas com base em índice oficial de correção monetária” (REsp</p><p>1.323.219RJ, 3a T., rel. Min. Nancy Andrighi, j. 2782013).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>126</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>DA PROVA DO PAGAMENTO</p><p>A regra dominante em matéria de pagamento é a de que ele não se presume.</p><p>Deve-se provar o pagamento pela regular quitação fornecida pelo credor. O</p><p>devedor tem o direito de exigi-la, podendo reter o pagamento e consigná-lo, se</p><p>não lhe for dada, arts. 319 e 335, I.</p><p>Os requisitos que a quitação deve conter estão:</p><p>Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,</p><p>designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por</p><p>este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do</p><p>seu representante.</p><p>Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a</p><p>quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a</p><p>dívida.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>127</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>O Código Civil estabelece três presunções, que facilitam a prova do</p><p>pagamento, dispensando a quitação:</p><p>a) Quando a dívida é representada por título de crédito, que se</p><p>encontra na posse do devedor;</p><p>b) Quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo</p><p>quitação da última;</p><p>c) Quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se</p><p>presumem pagos.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>128</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>DO LUGAR DO PAGAMENTO</p><p>Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes</p><p>convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da</p><p>obrigação ou das circunstâncias.</p><p>Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre</p><p>eles.</p><p>Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar</p><p>determinado (doença, acidente, greve, por exemplo), “poderá o devedor fazê-lo</p><p>em outro, sem prejuízo para o credor” (art. 329).</p><p>As partes podem, ao celebrar o contrato, escolher livremente o local em que a</p><p>obrigação deverá ser cumprida. Se não o fizerem, nem a lei, ou se o contrário não</p><p>dispuserem as circunstâncias, nem a natureza da obrigação, o pagamento será</p><p>feito no domicílio do devedor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>129</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>TEMPO DO PAGAMENTO</p><p>Interessa tanto ao credor como ao devedor saber a data exata do</p><p>pagamento, porque não pode este ser exigido antes, salvo nos casos</p><p>em que a lei determina o vencimento antecipado da dívida (CC, art.</p><p>333).</p><p>Não pode o credor reclamar pagamento no último dia do prazo, pois</p><p>o devedor dispõe desse dia por inteiro. O Código Civil regulamenta o</p><p>tempo de pagamento nas obrigações puras, distinguindo-as das</p><p>condicionais. Trata, também, separadamente, das dívidas cujo</p><p>vencimento foi fixado no contrato e das que não contêm tal ajuste.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>130</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para</p><p>o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.</p><p>Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da</p><p>condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor.</p><p>Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo</p><p>estipulado no contrato ou marcado neste Código:</p><p>I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;</p><p>II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por</p><p>outro credor;</p><p>III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito,</p><p>fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.</p><p>Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade</p><p>passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>131</p><p>UNIDADE 3</p><p>SEÇÃO 2</p><p>Da imputação em pagamento.</p><p>Da dação em pagamento.</p><p>Do pagamento com sub-rogação.</p><p>Pagamentos em consignação.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>132</p><p>DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>A imputação do pagamento consiste na indicação ou determinação da</p><p>dívida a ser quitada, quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois</p><p>ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, e efetua pagamento</p><p>não suficiente para saldar todos eles.</p><p>É o que ocorre quando alguém é devedor de várias importâncias em</p><p>dinheiro ao mesmo credor.</p><p>Art. 352 do Código Civil: “A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da</p><p>mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles</p><p>oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos”.</p><p>A imputação pressupõe a identidade de credor e de devedor e a existência</p><p>de dois ou mais débitos, exceto quando a dívida única vence juros.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>133</p><p>DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Há três espécies de imputação: do devedor, do credor e legal. Esse direito sofre,</p><p>no entanto, algumas limitações:</p><p>a) o devedor não pode imputar pagamento em dívida ainda não vencida se o</p><p>prazo se estabeleceu a benefício do credor (art. 133). Como, em geral, é</p><p>convencionado em favor do devedor, pode este renunciá-lo. Mas a imputação</p><p>em dívida não vencida não se fará sem consentimento do credor (art. 352);</p><p>b) o devedor não pode imputar o pagamento em dívida cujo montante seja</p><p>superior ao valor ofertado, salvo acordo entre as partes, pois pagamento</p><p>parcelado do débito só é permitido quando convencionado (art. 314);</p><p>c) c) o devedor não pode, ainda, pretender que o pagamento seja imputado no</p><p>capital, quando há juros vencidos, “salvo estipulação em contrário, ou se o</p><p>credor passar a quitação por conta do capital” (CC, art. 354).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>134</p><p>DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>A imputação por indicação do credor ocorre quando o devedor não</p><p>declara qual das dívidas quer pagar.</p><p>O direito é exercido na própria quitação, o art. 353 do Código Civil</p><p>que, “não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e</p><p>vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma</p><p>delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo</p><p>credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”.</p><p>Dá-se a imputação por determinação legal se o devedor não fizer a</p><p>indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação</p><p>(art. 355).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>135</p><p>DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>A imputação por determinação legal se o devedor não fizer a indicação do art. 352,</p><p>e a quitação for omissa quanto à imputação (art. 355).</p><p>Verifica-se, assim, que o credor que não fez a imputação no momento de fornecer</p><p>a quitação não poderá fazê-lo posteriormente, verificando-se, então, a imputação</p><p>legal. Os critérios desta são os seguintes:</p><p>a) havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros</p><p>vencidos (art. 354);</p><p>b) entre dívidas vencidas e não vencidas, a imputação far-se-á nas primeiras;</p><p>c) se algumas forem líquidas e outras ilíquidas, a preferência recairá sobre as</p><p>primeiras, segundo a ordem de seu vencimento (art. 355);</p><p>d) se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, considerar-se-á paga a</p><p>mais onerosa, conforme estatui o mesmo dispositivo legal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>136</p><p>DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>137</p><p>DA</p><p>DAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>A dação em pagamento é um acordo de vontades entre credor e devedor,</p><p>por meio do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para</p><p>exonera-lo da dívida, prestação diversa da que lhe é devida.</p><p>Em regra, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais</p><p>valiosa (art. 313). Porém, se aceitar a oferta de uma coisa por outra,</p><p>caracterizada estará a dação em pagamento.</p><p>O art. 356 do Código Civil que “o credor pode consentir em receber</p><p>prestação diversa da que lhe é devida”. Essa substituição conhece várias</p><p>modalidades. A dação em pagamento só não pode ter por objeto dinheiro,</p><p>pode haver, mediante acordo, substituição de dinheiro por bem móvel ou</p><p>imóvel, de coisa por outra, de coisa por fato, de dinheiro por título de</p><p>crédito, de coisa por obrigação de fazer etc.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>138</p><p>DA DAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>139</p><p>DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>Sub-rogação é a substituição de uma pessoa (pessoal), ou de uma</p><p>coisa (real), por outra pessoa, ou outra coisa, em uma relação</p><p>jurídica.</p><p>Na sub-rogação pessoal ocorre a transferência dos direitos do credor</p><p>para aquele que solveu a obrigação, ou emprestou o necessário para</p><p>solvê-la Assim, o avalista, que paga a dívida pela qual se obrigou</p><p>solidariamente, sub-rogasse nos direitos do credor, ou seja, toma o</p><p>lugar deste na relação jurídica.</p><p>A sub-rogação pode ser, ainda, legal ou convencional, ou seja, a</p><p>primeira decorre da lei; a segunda, da vontade das partes.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>140</p><p>DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>A sub-rogação “transfere ao novo credor todos os direitos, ações,</p><p>privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o</p><p>devedor principal e os fiadores” (art. 349 CC).</p><p>Na sub-rogação legal, o sub-rogado não pode reclamar do devedor a</p><p>totalidade da dívida, mas só aquilo que houver desembolsado (art.</p><p>350 CC). Assim, quem pagar soma menor que a do crédito fica sub-</p><p>rogado pelo valor efetivamente pago.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>141</p><p>DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>142</p><p>PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>O pagamento em consignação consiste no depósito, pelo devedor,</p><p>da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação.</p><p>É meio indireto de pagamento, ou pagamento especial.</p><p>Pagar não é apenas um dever, mas também um direito do devedor.</p><p>Se não for possível realizar o pagamento diretamente ao credor, em</p><p>razão de recusa injustificada deste em receber, ou de alguma outra</p><p>circunstância, poderá valer-se da consignação em pagamento, para</p><p>não sofrer as consequências da mora.</p><p>Segundo o art. 334 do Código Civil, “considera-se pagamento, e</p><p>extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento</p><p>bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>143</p><p>PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>Se o credor, sem justa causa, recusa-se a receber o pagamento em</p><p>dinheiro, poderá o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo</p><p>ajuizamento da ação de consignação em pagamento.</p><p>Esta não é mais considerada, como outrora, ação executiva inversa,</p><p>somente admissível quando a dívida fosse de valor líquido e certo, mas</p><p>sim ação de natureza declaratória, podendo ser ajuizada também quando</p><p>houver dúvida sobre o exato valor da obrigação.</p><p>É o que ocorre, com frequência, com mutuários do Sistema Financeiro da</p><p>Habitação, que consignam judicialmente o valor da prestação, que</p><p>consideram devido, diverso do pretendido pelo agente financeiro. A ação é</p><p>proposta para que se declare o valor correto das prestações.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>144</p><p>PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>O art. 335 do Código Civil apresenta um rol, não taxativo, dos casos que</p><p>autorizam a consignação.</p><p>Art. 335. A consignação tem lugar:</p><p>I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o</p><p>pagamento, ou dar quitação na devida forma;</p><p>II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e</p><p>condição devidos;</p><p>III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado</p><p>ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;</p><p>IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do</p><p>pagamento;</p><p>V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>145</p><p>PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>146</p><p>UNIDADE 4</p><p>SEÇÃO 1</p><p>Inadimplemento das Obrigações</p><p>Espécies de inadimplemento.</p><p>Mora</p><p>Perdas e danos.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>147</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>De acordo com o secular princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta</p><p>sunt servanda), os contratos devem ser cumpridos.</p><p>O não cumprimento acarreta, em consequência, a responsabilidade por</p><p>perdas e danos.</p><p>Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e</p><p>danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais</p><p>regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.</p><p>Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente</p><p>desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.</p><p>Nas hipóteses de não cumprimento da obrigação e de cumprimento</p><p>imperfeito, com inobservância do modo e do tempo convencionados, a</p><p>consequência é a mesma: o nascimento da obrigação de indenizar o</p><p>prejuízo causado ao credor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>148</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os</p><p>bens do devedor.</p><p>Pelo não cumprimento da obrigação cabe ao devedor a</p><p>responsabilidade civil.</p><p>Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o</p><p>contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem</p><p>não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das</p><p>partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.</p><p>Contratos benéficos ou gratuitos são aqueles em que apenas um dos</p><p>contratantes aufere benefício ou vantagem. Para o outro há só</p><p>obrigação. Exemplo: Doação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>149</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Em princípio, todo inadimplemento presume-se culposo, o</p><p>inadimplente deve demonstrar a ocorrência do fortuito e da força</p><p>maior.</p><p>O caso fortuito e força maior constituem excludentes da</p><p>responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, pois rompem o</p><p>nexo de causalidade.</p><p>É lícito, porém, às partes, por cláusula expressa, convencionar que a</p><p>indenização será devida em qualquer hipótese de inadimplemento</p><p>contratual, ainda que decorrente do fortuito ou força maior.</p><p>▪ O fato deve ser necessário, não determinado por culpa do</p><p>devedor.</p><p>▪ O fato deve ser superveniente e inevitável.</p><p>▪ O fato deve ser irresistível, fora do alcance do poder humano.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>150</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Mora é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da</p><p>obrigação (art. 394).</p><p>Há mora, não só quando há o atraso no cumprimento da</p><p>obrigação, mas também quando este se dá na data estipulada,</p><p>mas de modo imperfeito, ou seja, em lugar ou forma diversa da</p><p>convencionada.</p><p>Para sua existência, basta que um dos requisitos mencionados</p><p>no art. 394 esteja presente.</p><p>A mora também ocorre quando existe infração à lei, como na</p><p>prática de ato ilícito (art. 398).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>151</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Mesmo quando há mora, a obrigação pode ser cumprida se essa for</p><p>benéfica ao credor. A prestação será acrescida dos juros, atualização</p><p>dos valores monetários, cláusula penal etc.</p><p>Já se a prestação, por causa do retardamento, ou do imperfeito</p><p>cumprimento, tornar-se inútil ao credor, ocorrerá o inadimplemento</p><p>absoluto.</p><p>O credor poderá recusar e ainda exigir a satisfação das perdas e</p><p>danos.</p><p>Exemplos:</p><p>▪ Atraso em um dia no pagamento da parcela – Mora;</p><p>▪ Atraso em um dia na entrega do bolo de aniversário –</p><p>Inadimplemento absoluto.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>152</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Há duas espécies de mora:</p><p>▪ Do devedor denominada mora solvendi (mora</p><p>de pagar) ou</p><p>debitoris (mora do devedor).</p><p>▪ Do credor chamada mora accipiendi (mora de receber) ou</p><p>creditoris (mora do credor).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>153</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>▪ Do devedor denominada mora solvendi (mora de pagar) ou</p><p>debitoris (mora do devedor).</p><p>Configura-se a mora do devedor quando se dá o</p><p>descumprimento da obrigação por parte deste.</p><p>Os principais efeitos da mora do devedor são:</p><p>▪ Responsabilização por todos os prejuízos causados ao</p><p>credor, nos termos do art. 395 CC.</p><p>▪ Perpetuação da obrigação, art. 399 CC.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>154</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>▪ Do credor chamada mora accipiendi (mora de receber) ou</p><p>creditoris (mora do credor).</p><p>A mora do credor decorre do retardamento em receber a prestação.</p><p>Ocorre quando:</p><p>▪ Vencimento da obrigação, pois antes disso a prestação não é</p><p>exigível, e, em consequência, o devedor não pode ser liberado;</p><p>▪ Oferta da prestação, reveladora do efetivo propósito de satisfazer</p><p>a obrigação;</p><p>▪ Recusa injustificada em receber;</p><p>▪ Constituição em mora, mediante a consignação em pagamento.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>155</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>MORA DE AMBOS OS CONTRATANTES</p><p>Quando as moras são simultâneas, uma elimina a outra, pela</p><p>compensação.</p><p>As situações permanecem como se nenhuma das duas partes</p><p>houvesse incorrido em mora. Se ambas nela incidem, nenhuma</p><p>pode exigir da outra perdas e danos.</p><p>PURGAÇÃO E CESSAÇÃO DA MORA</p><p>Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que</p><p>nela incidiu corrige, sana sua falta, cumprindo a obrigação já</p><p>descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte.</p><p>Mas a purgação só poderá ser feita se a prestação ainda for</p><p>proveitosa ao credor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>156</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>157</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>158</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>159</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>160</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>O inadimplemento do contrato causa, em regra, dano ao</p><p>contraente pontual.</p><p>Pode ser material, por atingir e diminuir o patrimônio do</p><p>lesado, ou simplesmente moral, ou seja, sem repercussão na</p><p>órbita financeira deste.</p><p>O Código Civil ora usa a expressão dano, ora prejuízo, ora</p><p>perdas e danos.</p><p>Quem pleiteia perdas e danos pretende, pois, obter indenização</p><p>completa de todos os prejuízos sofridos e comprovados. Há</p><p>casos em que o valor desta já vem estimado no contrato, como</p><p>acontece quando se pactua a cláusula penal compensatória.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>161</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>Obrigações de pagamento em dinheiro</p><p>As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão</p><p>pagas com atualização monetária segundo índices oficiais</p><p>regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários</p><p>de advogado, sem prejuízo da pena convencional (art. 404).</p><p>Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo</p><p>pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização</p><p>suplementar (art. 404, parágrafo único).</p><p>O art. 405 “conta-se os juros de mora desde a citação inicial. Tal</p><p>regra se aplica somente aos casos de inadimplemento e</p><p>responsabilidade contratual, pois, nas obrigações provenientes de</p><p>ato ilícito (responsabilidade extracontratual), “considera-se o</p><p>devedor em mora, desde que o praticou” (CC, art. 398).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>162</p><p>INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>163</p><p>UNIDADE 4</p><p>SEÇÃO 2</p><p>Dos juros legais.</p><p>Cláusula penal.</p><p>Arras ou sinal.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>164</p><p>DOS JUROS LEGAIS</p><p>Juros são os rendimentos do capital. São considerados frutos civis da</p><p>coisa, assim como os aluguéis. Representam o pagamento pela uti-</p><p>lização de capital alheio. Integram a classe das coisas acessórias (CC,</p><p>art. 95).</p><p>ESPÉCIES</p><p>Juros compensatórios, também chamados de remuneratórios ou juros</p><p>frutos, são os devidos como compensação pela utilização de capital</p><p>pertencente a outrem. Resultam da utilização consentida de capital</p><p>alheio.</p><p>Devem ser previstos no contrato, estipulados pelos contratantes, não</p><p>podendo exceder a taxa que estiver em vigor para a mora do paga-</p><p>mento de impostos devidos à Fazenda Nacional (arts. 406 e 591 CC),</p><p>permitida somente a capitalização anual (art. 591, parte final).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>165</p><p>DOS JUROS LEGAIS</p><p>Os juros moratórios, diferentemente do que ocorre com os com-</p><p>pensatórios, são previstos como consequência do</p><p>inadimplemento ou inexecução do contrato, ou de simples</p><p>retardamento.</p><p>A sentença que julgar procedente a ação pode neles condenar o</p><p>vencido, mesmo que não tenha sido formulado pedido expresso</p><p>na inicial, tendo-se em vista o disposto no art. 322 do Código de</p><p>Processo Civil, que declara compreenderem-se no principal os</p><p>juros legais.</p><p>Súmula 254 do Supremo Tribunal Federal: “Incluem-se os juros</p><p>moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a</p><p>condenação”.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>166</p><p>DOS JUROS LEGAIS</p><p>Os juros podem ser, ainda, simples e compostos. Os juros simples são</p><p>sempre calculados sobre o capital inicial. Os compostos são capitalizados</p><p>anualmente, calculando-se juros sobre juros, ou seja, os que forem</p><p>computados passarão a integrar o capital.</p><p>Súmula 163 do Supremo Tribunal Federal, “salvo contra a Fazenda</p><p>Pública, sendo a obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios desde a</p><p>citação inicial para a ação”. Assim também dispõe o art. 405 CC.</p><p>Esse o critério seguido nos casos de responsabilidade contratual.</p><p>Nos de responsabilidade extracontratual, pela prática de ato ilícito</p><p>meramente civil, os juros são computados desde a data do fato (art. 398</p><p>CC).</p><p>Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça: “Os juros moratórios fluem a</p><p>partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>167</p><p>DOS JUROS LEGAIS</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>168</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou</p><p>multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o</p><p>retardamento de seu cumprimento.</p><p>É também denominada pena convencional ou multa contratual.</p><p>Adapta-se aos contratos em geral e pode ser inserida, também, em</p><p>negócios jurídicos unilaterais, como o testamento, para compelir,</p><p>por exemplo, o herdeiro a cumprir fielmente o legado.</p><p>Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou</p><p>multa destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o</p><p>retardamento de seu cumprimento.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>169</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>É também denominada pena convencional ou multa contratual.</p><p>Adapta-se aos contratos em geral e pode ser inserida, também,</p><p>em negócios jurídicos unilaterais, como o testamento, para</p><p>compelir, por exemplo, o herdeiro a cumprir fielmente o legado.</p><p>A cláusula penal é uma estipulação negocial aposta a uma</p><p>obrigação, em que qualquer das partes, ou uma delas apenas,</p><p>compromete-se a efetuar certa prestação em caso de ilícita</p><p>inexecução da obrigação principal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>170</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>Pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação principal, ou</p><p>em ato posterior (CC, art. 409), sob a forma de adendo.</p><p>Embora geralmente seja fixada em dinheiro, algumas vezes toma</p><p>outra forma, como a entrega de uma coisa, a abstenção de um</p><p>fato ou a perda de algum benefício, como, por exemplo, de um</p><p>desconto.</p><p>A pena convencional tem a natureza de um pacto secundário e</p><p>acessório, pois sua existência e eficácia dependem da obrigação</p><p>principal.</p><p>Os arts. 411 a 413 CC, distinguem a cláusula penal da obrigação</p><p>principal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>171</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>O art. 409 prevê a possibilidade de ser estipulada em ato posterior,</p><p>reconhecendo tratar-se de</p><p>duas obrigações diversas.</p><p>Desse modo, a invalidade da obrigação principal importa a da cláusula</p><p>penal, mas a desta não induz a daquela, como preceitua o art. 184.</p><p>Resolvida a obrigação principal, sem culpa do devedor, resolve-se a</p><p>cláusula penal.</p><p>A cláusula penal tem dupla função:</p><p>▪ Atua como meio de coerção (intimidação), para compelir o devedor a</p><p>cumprir a obrigação e, as sim, não ter de pagá-la;</p><p>▪ Como prefixação das perdas e danos (ressarcimento) devidos em</p><p>razão do inadimplemento do contrato.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>172</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza</p><p>o juiz a reduzir o valor.</p><p>Sua redução pode ocorrer em dois casos:</p><p>▪ Quando ultrapassar o limite legal;</p><p>▪ Nas hipóteses do art. 413 do estatuto civil.</p><p>O limite legal da cláusula penal, mesmo sendo compensatória, é</p><p>o valor da obrigação principal, que não pode ser excedido pelo</p><p>estipulado naquela (art. 412).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>173</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>O limite legal da cláusula penal, mesmo sendo compensatória, é</p><p>o valor da obrigação principal, que não pode ser excedido pelo</p><p>estipulado naquela (art. 412).</p><p>Quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores,</p><p>basta que um só a infrinja para que a cláusula penal se torne</p><p>exigível.</p><p>Do culpado, poderá ela ser reclamada por inteiro. Mas dos demais</p><p>codevedores só poderão ser cobradas as respectivas quotas (art.</p><p>414 CC).</p><p>Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor,</p><p>ou herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua</p><p>parte na obrigação (art. 415 CC).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>174</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>175</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>176</p><p>CLAÚSULA PENAL</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>177</p><p>ARRAS OU SINAL</p><p>Sinal ou arras é quantia ou coisa entregue por um dos</p><p>contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e</p><p>princípio de pagamento.</p><p>É instituto muito antigo, conhecido dos romanos, que</p><p>costumavam entregar simbolicamente um anel, para demonstrar</p><p>a conclusão do contrato.</p><p>Tem cabimento apenas nos contratos bilaterais translativos do</p><p>domínio, dos quais constitui pacto acessório.</p><p>Não existe por si: depende do contrato principal. As arras, além</p><p>da natureza acessória, têm também caráter real, pois se</p><p>aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível, por</p><p>um dos contraentes ao outro.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>178</p><p>ARRAS OU SINAL</p><p>As arras são confirmatórias ou penitenciais. Sua principal função</p><p>é confirmar o contrato, que se torna obrigatório após a sua</p><p>entrega. Prova o acordo de vontades, não sendo lícito a qualquer</p><p>dos contratantes rescindir unilateralmente as arras.</p><p>Quem o fizer responderá por perdas e danos, nos termos dos arts.</p><p>418 e 419 do Código Civil.</p><p>A parte inocente pode se conformar com o sinal dado pelo outro,</p><p>ou com o equivalente, ou pode, ainda, pedir indenização</p><p>suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como</p><p>taxa mínima.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>179</p><p>ARRAS OU SINAL</p><p>Pode exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,</p><p>valendo as arras como o mínimo da indenização.</p><p>Podem as partes convencionar o direito de arrependimento.</p><p>Nesse caso, as arras denominam-se penitenciais, porque atuam</p><p>como pena convencional, como sanção à parte (art. 420 CC).</p><p>Acordado o arrependimento, o contrato torna-se resolúvel, res-</p><p>pondendo, porém, o que se arrepender pelas perdas e danos</p><p>prefixa dos modicamente pela lei: perda do sinal dado ou sua</p><p>restituição em dobro. A duplicação é para que o inadimplente</p><p>devolva o que recebeu e perca outro tanto.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>180</p><p>ARRAS OU SINAL</p><p>O sinal constitui predeterminação das perdas e danos em favor do</p><p>contratante inocente.</p><p>A jurisprudência estabeleceu algumas hipóteses em que a</p><p>devolução do sinal deve ser pura e simples, e não em dobro:</p><p>▪ Havendo acordo nesse sentido;</p><p>▪ Havendo culpa de ambos os contratantes (inadimplência de</p><p>ambos ou arrependimento recíproco);</p><p>▪ Se o cumprimento do contrato não se efetiva em razão do</p><p>fortuito ou outro motivo estranho à vontade dos contratantes.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>181</p><p>ARRAS OU SINAL</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>182</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>GAGLIANO, Pablo S.; FILHO, Rodolfo P. Manual de direito civil:</p><p>volume único. São Paulo: Editora Saraiva, 2022.</p><p>GONÇALVES, Carlos R. Direito civil brasileiro - volume 2. São Paulo:</p><p>Editora Saraiva, 2022.</p><p>GONÇALVES, Carlos R.; LENZA, Pedro. Direito civil: parte geral,</p><p>obrigações, contratos (Parte Geral). Saraiva: Editora Saraiva, 2023.</p><p>LÔBO, Paulo Luiz N. Direito civil volume 2 - obrigações. São Paulo:</p><p>Editora Saraiva, 2022.</p><p>VALENTE, Rubem. Direito civil facilitado. Rio de Janeiro: Método,</p><p>2022.</p><p>VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: obrigações e</p><p>responsabilidade civil. 22. ed. Barueri: Atlas, 2022.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>183</p><p>184</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>L U T E C O M D E T E R M I N A Ç Ã O ,</p><p>A B R A C E A V I D A C O M P A I X Ã O ,</p><p>P E R C A C O M C L A S S E E V E N Ç A C O M</p><p>O U S A D I A , P O R Q U E O M U N D O</p><p>P E R T E N C E A Q U E M S E A T R E V E E A</p><p>V I D A É M U I T O P A R A S E R</p><p>I N S I G N I F I C A N T E .</p><p>A U G U S T O B R A N C O</p><p>OBRIGADA!</p><p>Prof. Andréa de Benedetto Silva</p><p>andrea.benedetto@anhanguera.com</p><p>@andreabenedetto.prof</p><p>Slide 1: APOSTILA Direito civil obrigações</p><p>Slide 2: Unidade 1 seção 1</p><p>Slide 3: OBRIGAÇÕES - CONCEITOS</p><p>Slide 4: OBRIGAÇÕES - CONCEITOS</p><p>Slide 5</p><p>Slide 6: CARACTERÍSTICAS</p><p>Slide 7: ELEMENTOS CONSTITUTIVOS</p><p>Slide 8: ELEMENTOS CONSTITUTIVOS</p><p>Slide 9: FONTES DO DIREITO</p><p>Slide 10: FONTES DO DIREITO</p><p>Slide 11: Unidade 1 seção 2</p><p>Slide 12: OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 13: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 14: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 15: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 16: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 17: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 18: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 19: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 20: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 21: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 22: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 23: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 24: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 25: CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 26</p><p>Slide 27</p><p>Slide 28</p><p>Slide 29: Unidade 1 seção 3</p><p>Slide 30: OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 31: OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>Slide 32: OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>Slide 33: OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>Slide 34: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>Slide 35: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>Slide 36: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>Slide 37: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>Slide 38: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>Slide 39: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>Slide 40: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ENTREGA</p><p>Slide 41: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - PERECIMENTO</p><p>Slide 42: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - PERECIMENTO</p><p>Slide 43: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - DETERIORAÇÃO</p><p>Slide 44: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - DETERIORAÇÃO</p><p>Slide 45: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Slide 46: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Slide 47: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Slide 48: OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Slide 49: OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR</p><p>Slide 50: OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA</p><p>Slide 51: OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA</p><p>Slide 52: Unidade 2 seção 1</p><p>Slide 53: OBRIGAÇÕES CIVIS</p><p>Slide 54: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 55: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 56: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 57: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 58: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 59: OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Slide 60: OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS - DISTINÇÃO</p><p>Slide 61: Unidade 2 seção 2</p><p>Slide 62: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Slide 63: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Slide 64: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Slide 65: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CARACTERÍSTICAS</p><p>Slide 66: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – NATUREZA JURÍDICA</p><p>Slide 67: SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Slide 68: SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Slide 69: SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Slide 70: SOLIDARIEDADE ATIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>Slide 71: SOLIDARIEDADE</p><p>ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>Slide 72: SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>Slide 73: SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>Slide 74: SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>Slide 75: SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Slide 76: SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Slide 77: SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Slide 78: SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Slide 79: SOLIDARIEDADE PASSIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>Slide 80: SOLIDARIEDADE PASSIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>Slide 81: SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>Slide 82: SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>Slide 83: SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>Slide 84</p><p>Slide 85: Unidade 2 seção 3</p><p>Slide 86: OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA</p><p>Slide 87: OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA</p><p>Slide 88: OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO CONTÍNUA</p><p>Slide 89: OBRIGAÇÕES DE RESULTADO</p><p>Slide 90: OBRIGAÇÕES DE MEIO</p><p>Slide 91: OBRIGAÇÕES DE MEIO E RESULTADO</p><p>Slide 92: OBRIGAÇÕES DE GARANTIA</p><p>Slide 93: OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES</p><p>Slide 94: Unidade 2 seção 4</p><p>Slide 95: OBRIGAÇÕES A TERMO, CONDICIONAIS, MODAIS OU COM ENCARGO</p><p>Slide 96: DAS OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES</p><p>Slide 97: DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>Slide 98: DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>Slide 99: DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>Slide 100: DAS OBRIGAÇÕES MODAIS OU COM ENCARGO</p><p>Slide 101: DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Slide 102: DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Slide 103: DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Slide 104: DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Slide 105: DAS OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS</p><p>Slide 106: DAS OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS</p><p>Slide 107: ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Slide 108: ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Slide 109: ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Slide 110: ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Slide 111: DAS OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS</p><p>Slide 112: DAS OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS</p><p>Slide 113</p><p>Slide 114: Unidade 3 seção 1</p><p>Slide 115: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 116: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 117: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 118: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 119: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 120: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 121: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 122: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 123: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 124: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 125: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 126: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 127: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 128: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 129: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 130: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 131: EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Slide 132: Unidade 3 seção 2</p><p>Slide 133: DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 134: DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 135: DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 136: DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 137: DA IMPUTAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 138: DA DAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 139: DA DAÇÃO EM PAGAMENTO</p><p>Slide 140: DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>Slide 141: DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>Slide 142: DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO</p><p>Slide 143: PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>Slide 144: PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>Slide 145: PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>Slide 146: PAGAMENTOS EM CONSIGNAÇÃO</p><p>Slide 147: Unidade 4 seção 1</p><p>Slide 148: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 149: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 150: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Slide 151: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 152: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 153: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 154: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 155: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 156: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 157: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 158: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 159: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 160: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES - MORA</p><p>Slide 161: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>Slide 162: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>Slide 163: INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS</p><p>Slide 164: Unidade 4 seção 2</p><p>Slide 165: DOS JUROS LEGAIS</p><p>Slide 166: DOS JUROS LEGAIS</p><p>Slide 167: DOS JUROS LEGAIS</p><p>Slide 168: DOS JUROS LEGAIS</p><p>Slide 169: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 170: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 171: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 172: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 173: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 174: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 175: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 176: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 177: CLAÚSULA PENAL</p><p>Slide 178: ARRAS OU SINAL</p><p>Slide 179: ARRAS OU SINAL</p><p>Slide 180: ARRAS OU SINAL</p><p>Slide 181: ARRAS OU SINAL</p><p>Slide 182: ARRAS OU SINAL</p><p>Slide 183: REFERÊNCIAS</p><p>Slide 184: Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Augusto Branco</p><p>▪ Obrigação ilíquida é a que depende de prévia apuração, pois o seu</p><p>valor, o montante da prestação, apresenta-se incerto.</p><p>Artigos: 352; 369; 397 e 407 C.C.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>21</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS</p><p>▪ Obrigações principais subsistem por si, sem depender de qualquer</p><p>outra, como a de entregar a coisa, no contrato de compra e venda.</p><p>▪ As obrigações acessórias têm sua existência subordinada a outra</p><p>relação jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal. É o caso da</p><p>fiança, da cláusula penal, dos juros etc.</p><p>IMPORTANTE: O princípio de que o acessório segue o destino, a condição</p><p>jurídica do principal (arts. 92, 184, 233, 364 C.C. etc.). Assim, a nulidade da</p><p>obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a recíproca</p><p>não é verdadeira, pois a destas não induz a da principal (art. 184, 2ª parte</p><p>C.C.).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>22</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ OBRIGAÇÕES COM CLÁUSULA PENAL</p><p>▪ São aquelas em que há previsão de uma multa ou pena para o caso de</p><p>inadimplemento ou de retardamento do cumprimento da obrigação.</p><p>▪ A cláusula penal tem caráter acessório, e como principal função a de</p><p>servir como meio de coerção. Pode ser:</p><p>✓ Compensatória, quando estipulada para o caso de total inadimplemento</p><p>da obrigação;</p><p>✓ Moratória, se destinada a garantir o cumprimento de alguma cláusula</p><p>especial ou simplesmente a evitar a mora.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>23</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>➢ OBRIGAÇÕES PROPTER REM</p><p>Obrigações propter rem pertencem à categoria das obrigações híbridas,</p><p>assim denominadas por constituírem um misto de direito pessoal e de</p><p>direito real, ou por se situarem entre o direito pessoal e o real.</p><p>É a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só</p><p>existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou</p><p>de detentor de determinada coisa.</p><p>Exemplo: é o que ocorre com a obrigação imposta aos proprietários e</p><p>inquilinos de um prédio de não prejudicarem a segurança, o sossego e a</p><p>saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277 C.C.).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>24</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES</p><p>Ônus reais são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade,</p><p>constituindo direitos reais sobre coisas alheias, oponíveis erga omnes,</p><p>como, por exemplo, a renda constituída sobre imóvel.</p><p>Obrigações com eficácia real são as que, sem perder seu caráter de direito</p><p>a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira</p><p>direito sobre determinado bem. Exemplo: a estabelecida no art. 576 do</p><p>Código Civil, pela qual a locação pode ser oposta ao adquirente da coisa</p><p>locada.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>25</p><p>FONTE: Gonçalves, Carlos R.</p><p>FONTE: Gonçalves, Carlos R.</p><p>FONTE: Gonçalves, Carlos R.</p><p>UNIDADE 1</p><p>SEÇÃO 3</p><p>Obrigação de entregar;</p><p>Obrigação de Restituir;</p><p>Obrigações pecuniárias.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>29</p><p>OBRIGAÇÕES</p><p>Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2020),</p><p>obrigação é o vínculo jurídico que confere ao</p><p>credor (sujeito ativo) o direito de exigir do</p><p>devedor (sujeito passivo) o cumprimento de</p><p>determinada prestação.</p><p>É a relação de crédito e débito que se extingue</p><p>com o cumprimento da mesma e que tem por</p><p>objeto qualquer prestação economicamente</p><p>aferível.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>30</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>As obrigações positivas de dar, chamadas pelos romanos de obligationes</p><p>dandi, assumem as formas de entrega ou restituição de determinada coisa</p><p>pelo devedor ao credor.</p><p>Os atos de entregar ou restituir podem ser resumidos numa única palavra:</p><p>tradição.</p><p>Obrigação de dar é aquela em virtude da qual o devedor fica jungido a</p><p>promover, em benefício do credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel),</p><p>já com o fim de outorgar um novo direito, já com o de restituir a mesma ao</p><p>seu dono (LENZA; GONÇALVES, 2022).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>31</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>A obrigação de dar abrange a transmissão do domínio ou da posse da coisa</p><p>(MIRAGEM, 2021). Envolve três comportamentos possíveis:</p><p>Primeiro deles, que é propriamente o dar, consiste na transmissão do domínio, que se</p><p>dá mediante entrega da coisa ou celebração do negócio e registro do título, conforme</p><p>se trate de coisas móveis ou imóveis.</p><p>Segunda espécie da prestação de dar caracteriza-se pela entrega do devedor ao</p><p>credor, de coisas para seu uso ou fruição, sem que o deixe, contudo, de ser o titular do</p><p>domínio da coisa. O devedor, neste caso, realiza a prestação transmitindo a posse da</p><p>coisa, ou seja, o poder de fato sobre ela, pelo tempo e segundo as condições</p><p>estabelecidas na obrigação.</p><p>Terceira espécie de prestação de dar envolve a conduta de restituir. Restituição é</p><p>devolução, de modo que assume a obrigação de restituir quem deva devolver a coisa</p><p>que tenha consigo, ao titular original da propriedade ou da posse do bem, conforme</p><p>haja estabelecido a obrigação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>32</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR</p><p>A obrigação de dar consiste, assim, quer em transmitir a propriedade ou</p><p>outro direito real, quer na simples entrega de uma coisa em posse, em uso</p><p>ou à guarda. Implica ela a obrigação de conservar a coisa até a entrega e a</p><p>responsabilidade do devedor por qualquer risco ou perigo desde que</p><p>esteja em mora quanto à entrega ou, mesmo antes dela, se a coisa estava</p><p>a risco ou responsabilidade do credor</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>33</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>O Código Civil disciplina a obrigação de dar em: “obrigações de dar coisa</p><p>certa” (arts. 233 a 242) e “obrigações de dar coisa incerta” (arts. 243 a 246).</p><p>Coisa certa é coisa individualizada, que se distingue das demais por características</p><p>próprias, móvel ou imóvel.</p><p>A coisa certa a que se refere o Código Civil é, pois, a determinada, perfeitamente</p><p>individualizada, a espécies ou corpo certo dos romanos, isto é, tudo aquilo que é</p><p>determinado de modo a poder ser distinguido de qualquer outra coisa.</p><p>Nessa obrigação, o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um</p><p>objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>34</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>Dar coisa certa pressupõe a definição do objeto da prestação. Os romanos</p><p>afirmavam “Debitor aliud pro alio, invito creditore solvere non potest” (“O</p><p>devedor não pode dar, contra a vontade do credor, uma coisa por outra”, Digesto</p><p>12, 1, 2, 1).</p><p>Nesse sentido, define o Art. 313 C.C. vigente: “O credor não é obrigado a receber</p><p>prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”.</p><p>Constituem prestações de coisa as obrigações do vendedor e do comprador, do</p><p>locador e do locatário, do doador, do comodatário, do depositário, do mutuário etc.</p><p>A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad rem), e</p><p>não real (jus in re).</p><p>O contrato de compra e venda, tem natureza obrigacional, o vendedor apenas se</p><p>obriga a transferir o domínio da coisa certa ao adquirente, e este, a pagar o preço. A</p><p>transferência do domínio depende de outro ato: a tradição, para os móveis (Arts. 1.226</p><p>e 1.267), e o registro, que é uma tradição solene, para os imóveis (Arts. 1.227 e 1.245).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>35</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA</p><p>A tradição, que pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a</p><p>título gratuito, como na doação, quer a título oneroso, como na compra e venda.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>36</p><p>Real, quando envolve a entrega efetiva e material da coisa.</p><p>Simbólica, quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves</p><p>do veículo vendido.</p><p>Ficta, no caso do constituto possessório (cláusula constituti). Ocorre, por exemplo, quando o</p><p>vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a, todavia, em seu poder,</p><p>mas agora na qualidade de locatário.</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>No direito brasileiro o contrato, por si só, não transfere o domínio, visto</p><p>que apenas gera a</p><p>obrigação de entregar a coisa alienada, enquanto não</p><p>ocorrer a tradição na obrigação de entregar, a coisa continuará</p><p>pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos</p><p>quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o</p><p>devedor resolver a obrigação” (Art. 237 C.C.).</p><p>Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes (Art. 237, §</p><p>único, C.C.). O devedor faz seus os frutos percebidos até a tradição porque ainda é</p><p>proprietário da coisa. A percepção dos frutos foi exercício de um poder do</p><p>domínio. Os frutos pendentes, ao contrário, passam com a coisa ao credor, porque</p><p>a integram até serem dela separados.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>37</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>▪ Melhoramento é tudo quanto opera mudança para melhor, em valor, em</p><p>utilidade, em comodidade, na condição e no estado físico da coisa;</p><p>▪ Acrescido é tudo que se ajunta, que se acrescenta à coisa, aumentando-a;</p><p>▪ Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e</p><p>renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como o</p><p>café, os cereais, as frutas das árvores, o leite e as crias dos animais.</p><p>Se para o melhoramento ou aumento “empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o</p><p>caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo</p><p>possuidor de boa-fé ou de má-fé” (CC, art. 242). Determina assim o Código, neste caso,</p><p>que se apliquem as regras concernentes aos efeitos da posse quanto às benfeitorias</p><p>realizadas, equiparando a estas o melhoramento ou acréscimo oriundo de trabalho ou</p><p>dispêndio do devedor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>38</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ACRÉSCIMOS</p><p>Art. 233 do Código Civil, a obrigação de dar coisa certa abrange os</p><p>acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do</p><p>título ou das circunstâncias do caso.</p><p>Em decorrência do princípio geral de direito, universalmente aplicado,</p><p>segundo o qual o acessório segue o destino do principal (accessorium</p><p>sequitur suum principale).</p><p>■ Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si só.</p><p>■ Acessório é aquele cuja existência depende do principal.</p><p>O contrário pode ser convencionado, no silêncio do contrato quanto a esse</p><p>aspecto, o acessório seguirá o principal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>39</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - ENTREGA</p><p>Cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega ou restituição</p><p>da coisa. Às vezes, no entanto, a obrigação de dar não é cumprida porque,</p><p>antes da entrega ou da restituição, a coisa pereceu ou se deteriorou, com</p><p>culpa ou sem culpa do devedor.</p><p>■ Perecimento significa perda total;</p><p>■ Deterioração, perda parcial da coisa.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>40</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - PERECIMENTO</p><p>Em caso de perecimento (perda total) de coisa certa antes da tradição, é preciso</p><p>verificar, primeiramente, se o fato decorreu de culpa ou não do devedor.</p><p>Caso de perda sem culpa do devedor: prescreve o art. 234, primeira parte, do</p><p>Código Civil que, se “a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição,</p><p>ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as</p><p>partes”.</p><p>O devedor, obrigado a entregar coisa certa, deve conservá-la com todo zelo e di-</p><p>ligência. Se, no entanto, apesar de sua diligência, ela se perde, sem culpa sua,</p><p>antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, a solução da lei é esta:</p><p>resolve-se, isto é, extingue-se a obrigação para ambas as partes, que voltam à</p><p>primitiva situação (statu quo ante). Se o vendedor já recebeu o preço da coisa,</p><p>deve devolvê-lo ao adquirente, em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por</p><p>conseguinte, o prejuízo decorrente do perecimento. Não está obrigado, porém, a</p><p>pagar perdas e danos.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>41</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - PERECIMENTO</p><p>Caso ocorra o perecimento da coisa com culpa do devedor há a</p><p>responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos. Neste caso, tem o</p><p>credor direito a receber o seu equivalente em dinheiro, mais as perdas e</p><p>danos comprovados.</p><p>Art. 234, segunda parte, do Código Civil: “se a perda resultar de culpa do</p><p>devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos”.</p><p>Quando a lei se refere ao termo “equivalente”, quer mencionar o</p><p>equivalente em dinheiro.</p><p>As perdas e danos compreendem o dano emergente e o lucro cessante, ou</p><p>seja, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente</p><p>deixou de lucrar (CC, art. 402). Devem cobrir, pois, todo o prejuízo</p><p>experimentado e comprovado pela vítima.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>42</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - DETERIORAÇÃO</p><p>Em caso de deterioração ou perda parcial da coisa, também importa saber,</p><p>preliminarmente, se houve culpa ou não do devedor.</p><p>Inexistência de culpa do devedor pela deterioração da coisa, poderá o</p><p>credor optar por resolver a obrigação, por não lhe interessar receber o</p><p>bem danificado, voltando as partes, neste caso, ao estado anterior, ou</p><p>aceitá-lo no estado em que se acha, com abatimento do preço,</p><p>proporcional à perda.</p><p>Art. 235 do Código Civil: “deteriorada a coisa, não sendo o devedor</p><p>culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido</p><p>de seu preço o valor que perdeu.”</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>43</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - DETERIORAÇÃO</p><p>Havendo culpa do devedor pela deterioração, as alternativas deixadas ao</p><p>credor são as mesmas do Art. 235 do Código Civil (resolver a obrigação,</p><p>exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento),</p><p>mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos</p><p>comprovados.</p><p>Prescreve, nesse sentido, o Art. 236 do Código Civil:</p><p>“Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou</p><p>aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um</p><p>ou em outro caso, indenização das perdas e danos.”</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>44</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Art. 243 do Código Civil: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo</p><p>gênero e pela quantidade.”</p><p>Coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas não</p><p>totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela</p><p>quantidade. É determinável, faltando apenas determinar a sua qualidade.</p><p>Se faltar também o gênero ou a quantidade (qualquer desses elementos), a</p><p>indeterminação será absoluta.</p><p>A principal característica dessa modalidade de obrigação reside no fato de</p><p>o objeto ou conteúdo da prestação, indicado genericamente no começo da</p><p>relação, vir a ser determinado por um ato de escolha, no instante do</p><p>pagamento.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>45</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela escolha. Feita esta, e cientificado o</p><p>credor, acaba a incerteza e a coisa torna-se certa, conforme Art. 245 do Código Civil:</p><p>“Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.”</p><p>O ato unilateral de escolha denomina-se concentração. Para que a obrigação se concentre em</p><p>determinada coisa, não basta a escolha. É necessário que ela se exteriorize pela entrega, pelo</p><p>depósito em pagamento, pela constituição em mora ou por outro ato jurídico que importe a</p><p>cientificação do credor.</p><p>Com a concentração, passa-se de um momento de instabilidade e indefinição para outro, mais</p><p>determinado, consubstanciado, por exemplo, em pesagem, medição, contagem e expedição,</p><p>conforme o caso.</p><p>Quem escolhe, Art. 244 do Código Civil:</p><p>“Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o</p><p>contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será</p><p>obrigado a prestar a melhor.”</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>46</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Art. 246 do Código Civil:</p><p>“Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da</p><p>coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.”</p><p>Os efeitos da obrigação de dar coisa incerta devem ser apreciados</p><p>em dois</p><p>momentos distintos: a situação jurídica anterior e a posterior à escolha.</p><p>Determinada a qualidade, torna-se a coisa individualizada, certa. Antes da</p><p>escolha e cientificação, permanece ela indeterminada.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>47</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA</p><p>Art. 246 do Código Civil:</p><p>“Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da</p><p>coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.”</p><p>Os efeitos da obrigação de dar coisa incerta devem ser apreciados em dois</p><p>momentos distintos: a situação jurídica anterior e a posterior à escolha.</p><p>Determinada a qualidade, torna-se a coisa individualizada, certa. Antes da</p><p>escolha e cientificação, permanece ela indeterminada.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>48</p><p>OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR</p><p>A obrigação de restituir é subespécie da obrigação de dar. Caracteriza-se</p><p>pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre</p><p>devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe àquele a necessidade de</p><p>devolver coisa que, em razão de estipulação contratual, encontra-se</p><p>legitimamente em seu poder.</p><p>A obrigação de restituir distingue-se da de dar.</p><p>Na obrigação de restituir a coisa se acha com o devedor para seu uso, mas</p><p>pertence ao credor, titular do direito real. Essa diferença vai repercutir na</p><p>questão dos riscos a que a coisa está sujeita, pois, caso se perca, sem</p><p>culpa do devedor, prejudicado será o credor, na condição de dono,</p><p>segundo a regra res perit domino.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>49</p><p>OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA</p><p>Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver</p><p>dívida em dinheiro.</p><p>É, portanto, espécie particular de obrigação de dar.</p><p>Art. 315 do Código Civil que “as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no</p><p>vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto</p><p>nos artigos subsequentes”, que preveem a possibilidade de corrigi-lo</p><p>monetariamente.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>50</p><p>OBRIGAÇÃO PECUNIÁRIA</p><p>Distingue-se a dívida em dinheiro da dívida de valor.</p><p>▪ Dívida em dinheiro, o objeto da prestação é o próprio dinheiro, como</p><p>ocorre no contrato de mútuo, em que o tomador do empréstimo obriga-</p><p>se a devolver, dentro de determinado prazo, a importância levantada.</p><p>▪ Dívida de valor, o dinheiro não constitui objeto da prestação, mas</p><p>apenas representa seu valor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>51</p><p>UNIDADE 2</p><p>SEÇÃO 1</p><p>Obrigações Civis e Naturais.</p><p>Obrigações Divisíveis e Indivisíveis.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>52</p><p>OBRIGAÇÕES CIVIS</p><p>A obrigação, não cumprida, dá origem à responsabilidade, que é</p><p>patrimonial: o patrimônio do devedor responde por suas obrigações.</p><p>Para exigir o seu cumprimento, pode o credor agir coercitivamente,</p><p>valendo-se do Poder Judiciário, se necessário. Diz-se que a obrigação,</p><p>nesse caso, é civil ou perfeita, porque se acham presentes todos os seus</p><p>elementos constitutivos: sujeito, objeto e vínculo jurídico.</p><p>Obrigação civil é a que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu</p><p>cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>53</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>É a obrigação que não confere o direito de exigir seu cumprimento, mas,</p><p>se cumprida espontaneamente, autoriza a retenção do que foi pago.</p><p>A principal característica das obrigações naturais consiste, no fato de que seu</p><p>inadimplemento não dá ensejo à pretensão de uma execução ou de um</p><p>ressarcimento e, pela circunstância de seu cumprimento espontâneo ser válido,</p><p>não comportado repetição.</p><p>A ideia que atravessou séculos, chegando à maioria das legislações modernas, é a</p><p>de que o principal efeito da obrigação natural é a retenção do pagamento (soluti</p><p>retentio), ou seja, a irrepetibilidade da prestação feita espontaneamente.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>54</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Inúmeras teorias surgiram a respeito da natureza jurídica da obrigação</p><p>natural: teoria clássica, teoria do dever moral, teoria do fundamento, teoria</p><p>da relação de fato, teoria mista, teoria da dívida sem responsabilidade,</p><p>teoria publicista de Carnelutti, teoria de Emilio Betti e teoria da causa de</p><p>atribuição patrimonial.</p><p>A mais aceita pela doutrina é a teoria clássica ou tradicional, que considera</p><p>a obrigação natural uma obrigação imperfeita.</p><p>Nessa teoria a obrigação natural é obrigação civil desprovida de ação</p><p>judicial.</p><p>A obrigação natural é um vínculo jurídico não somente desprovido de</p><p>ação, mas de toda e qualquer exigibilidade (LENZA, GONÇALVES, 2023).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>55</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>O Código Civil brasileiro refere-se à obrigação natural em dois</p><p>dispositivos:</p><p>Dívidas de jogo (art. 814) - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a</p><p>pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se</p><p>pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.</p><p>Por conseguinte, a dívida resultante da perda no jogo, quer seja lícito (ou</p><p>tolerável), quer ilícito (ou proibido), constitui obrigação natural: o</p><p>ganhador não dispõe, no ordenamento, de ação para exigir seu</p><p>pagamento.</p><p>Ressalve-se a existência de jogos regulamentados pela lei, como o turfe e</p><p>diversas loterias, autorizados, para a obtenção de recursos direcionados a</p><p>obras sociais, que geram obrigações civis.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>56</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Dívidas prescritas (art. 882) - as dívidas prescritas são obrigações naturais.</p><p>Em sua origem, são obrigações civis que, por força do fenômeno legal da</p><p>prescrição, transformam-se em naturais; por isso se denominam</p><p>obrigações civis degeneradas. Não tendo o Código estabelecido outra</p><p>condição que o decurso do prazo para que se configure a prescrição, tem-</p><p>se que a dívida se torna natural a partir da consumação do prazo</p><p>prescricional.</p><p>Importante: ambas são inexigíveis.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>57</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Efeitos:</p><p>O principal efeito da obrigação natural consiste na validade de seu</p><p>pagamento. Ao dizer que não se pode repetir o que se pagou para cumprir</p><p>obrigação judicialmente inexigível, o art. 882 do Código Civil admite a</p><p>validade de seu pagamento. E o faz porque a dívida existia, apenas não</p><p>podia ser judicialmente exigida.</p><p>Outro efeito inegável da obrigação natural é a irrepetibilidade do</p><p>pagamento. Se o devedor, que não está obrigado a pagá-la, vier a solvê-la</p><p>de maneira voluntária, o seu ato torna-se irretratável, não cabendo a</p><p>repetição (soluti retentio).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>58</p><p>OBRIGAÇÕES NATURAIS</p><p>Efeitos secundários:</p><p>Dação em pagamento, não há impedimento a que a obrigação natural seja</p><p>cumprida mediante dação, a entrega de bem diverso daquele que é objeto</p><p>da prestação, com a concordância do credor (art. 356 CC). Se, porém, o</p><p>devedor cumpri-la mediante a entrega de coisa alheia e esta vier a ser</p><p>reivindicada pelo dono, renascerá a obrigação natural, mas nunca uma</p><p>obrigação civil, como prevê o art. 359 do Código Civil.</p><p>Não comportam elas novação porque o seu pagamento não pode ser</p><p>exigido de forma compulsória. Não se pode revitalizar ou validar relação</p><p>obrigacional juridicamente inexigível.</p><p>A compensação de obrigação natural com obrigação civil ou com outra</p><p>obrigação natural não é admitida pela doutrina.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>59</p><p>OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS - DISTINÇÃO</p><p>As obrigações civis e as obrigações naturais distinguem-se, pois, quanto à exigi-</p><p>bilidade de cumprimento. As primeiras representam a grande generalidade,</p><p>enquanto as segundas constituem uma figura muito especial, com escasso</p><p>interesse prático no direito moderno.</p><p>Obrigação civil ou comum apresenta as seguintes características: se o devedor ou</p><p>um terceiro realiza voluntariamente a prestação, o credor tem a faculdade de retê-</p><p>lo a título de pagamento (soluti retentio). Se, no entanto, não ocorrer o</p><p>cumprimento voluntário, o credor poderá exigi-lo judicialmente e executar o</p><p>patrimônio do devedor.</p><p>Obrigação natural, se o devedor cumprir voluntariamente o avençado, o credor</p><p>goza da soluti retentio, podendo reter a prestação a título de pagamento da</p><p>prestação devida. Todavia, se o devedor não a cumprir voluntariamente, o credor</p><p>não dispõe de ação alguma para exigir judicialmente o seu cumprimento, não</p><p>podendo executar coercitivamente a obrigação. Trata-se de obrigação despida de</p><p>sanção, de tutela judicial.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>60</p><p>UNIDADE 2</p><p>SEÇÃO 2</p><p>Obrigações Solidárias</p><p>Conceitos, características e</p><p>natureza jurídica.</p><p>Solidariedade Ativa.</p><p>Solidariedade passiva.</p><p>Solidariedade e Indivisibilidade.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>61</p><p>OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Art. 264 do Código Civil:</p><p>Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um</p><p>credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à</p><p>dívida toda.</p><p>Nas obrigações solidárias, havendo vários devedores, cada um responde pela</p><p>dívida inteira, como se fosse o único devedor. O credor pode escolher qualquer</p><p>deles e força-lo a solver a dívida toda.</p><p>Se a pluralidade for de credores, pode qualquer deles exigir a prestação integral,</p><p>como se fosse único credor. Cumprida por este a exigência, liberados estarão</p><p>todos os demais devedores ante o credor comum (art. 275 CC).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>62</p><p>OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Se algum dos devedores for ou se tornar insolvente, quem sofre o prejuízo</p><p>de tal fato não é o credor, como sucede na obrigação conjunta, mas o</p><p>outro devedor, que pode ser chamado a solver a dívida por inteiro”.</p><p>Cada devedor passará a responder não só pela sua quota como também</p><p>pelas dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação, poderá</p><p>recobrar dos outros as respectivas partes.</p><p>Art. 265 do Código Civil:</p><p>A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.</p><p>O art. 942, parágrafo único, do Código Civil, considera solidariamente</p><p>responsáveis com os autores do dano: os pais, tutores, curadores,</p><p>empregadores etc.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>63</p><p>OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CONCEITO</p><p>Art. 266:</p><p>A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou</p><p>co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente,</p><p>para o outro.</p><p>O lugar e o tempo do pagamento podem ser iguais ou diferentes para</p><p>todos os interessados e também a causa pode ser diferente para os</p><p>diversos coobrigados.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>64</p><p>OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS - CARACTERÍSTICAS</p><p>As obrigações solidárias apresentam as seguintes características:</p><p>▪ Pluralidade de sujeitos ativos ou passivos;</p><p>▪ Multiplicidade de vínculos, sendo distinto ou independente o que une o credor</p><p>a cada um dos codevedores solidários e vice-versa;</p><p>▪ Unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e</p><p>cada credor pode exigi-lo por inteiro. A unidade de prestação não permite que</p><p>esta se realize por mais de uma vez; se isto ocorrer, ter-se-á repetição (art. 876</p><p>CC);</p><p>▪ Corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação</p><p>efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o</p><p>que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>65</p><p>OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS – NATUREZA JURÍDICA</p><p>Dentre as diversas teorias existentes a respeito da natureza jurídica da</p><p>solidariedade, destacam-se as seguintes: a da representação, a da mútua</p><p>fiança, a da fungibilidade dos sujeitos e a da tutela do crédito.</p><p>A solidariedade é importante garantia à tutela do crédito, não se podendo</p><p>negar sua analogia com a fiança, com a qual, entretanto, não se confunde.</p><p>A solidariedade constitui, assim, modo de assegurar o cumprimento da</p><p>obrigação, reforçando-a e estimulando o pagamento do débito.</p><p>Sendo vários os devedores, a lei ou as partes, pretendendo facilitar o</p><p>recebimento do crédito e, principalmente, prevenir o credor contra o risco</p><p>da insolvência de algum dos obrigados, estabelecerão o regime da</p><p>solidariedade ativa.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>66</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por</p><p>inteiro.</p><p>Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles</p><p>poderá este pagar.</p><p>Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.</p><p>Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e</p><p>receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.</p><p>Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.</p><p>Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que</p><p>lhes caiba.</p><p>Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.</p><p>Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento</p><p>favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a</p><p>qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>67</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Solidariedade ativa é a relação jurídica entre credores de uma só obrigação</p><p>e o devedor comum, em virtude da qual cada um tem o direito de exigir</p><p>deste o cumprimento da prestação por inteiro.</p><p>Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o devedor se exonera da</p><p>obrigação.</p><p>Diz-se que a obrigação é solidária ativa quando, existindo vários credores,</p><p>cada um deles tem o direito de exigir a totalidade da prestação (singulis</p><p>solidum debetur).</p><p>Na solidariedade ativa, concorrem, assim, dois ou mais credores, podendo</p><p>qualquer deles receber integralmente a prestação devida. O devedor</p><p>libera-se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, pagará aos</p><p>demais a quota de cada um.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>68</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA</p><p>Segundo Gonçalves (2020), a obrigação solidária ativa é dificilmente encontrada</p><p>no mundo dos negócios, por oferecer alguns inconvenientes: o credor que recebe</p><p>pode tornar-se insolvente; pode, ainda, não pagar aos consortes as quotas de cada</p><p>um.</p><p>A legislação não prevê casos de solidariedade ativa, salvo a hipótese cogitada na</p><p>Lei n. 209, de 2 de janeiro de 1948, art. 12, que dispõe sobre a forma de pagamento</p><p>dos débitos dos pecuaristas.</p><p>Art. 12. O débito ajustado constituir-se-á à base de garantias reais ou fideijussórias</p><p>existentes e se pagará anualmente pena de vencimento, em prestações iguais aos</p><p>credores em solidariedade ativa rateadas em proporção ao crédito de cada um.</p><p>Parágrafo único - Para os casos de execução judicial é usada a cláusula penal de</p><p>10% sôbre o principal e acessórios da dívida.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>69</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>A solidariedade ativa apresenta as seguintes características:</p><p>▪ Cada credor pode, individualmente, cobrar a dívida toda — dispõe, com efeito,</p><p>o art. 267 do Código Civil. O devedor não pode pretender pagar ao credor</p><p>demandante apenas quantia equivalente à sua quota-parte, mas terá, isto sim,</p><p>de pagar-lhe a dívida inteira. Em outras palavras, o devedor acionado por</p><p>qualquer um dos credores não pode opor a exceção de divisão e pretender</p><p>pagar por partes, visto ser-lhe estranha a relação interna entre os credores;</p><p>▪ O devedor comum pode pagar a qualquer credor (art. 268 CC), enquanto não</p><p>houver cobrança judicial, o devedor poderá pagar a qualquer dos credores à</p><p>sua escolha. Cessará, todavia, esse direito de escolha na hipótese de um ou</p><p>alguns deles ajuizarem ação de cobrança. O devedor só se libera pagando ao</p><p>próprio credor que tomou a iniciativa. Não se exonerará, porém, se vier a pagar</p><p>a qualquer outro cocredor, arriscando-se, se o fizer, a pagar duas vezes.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>70</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>▪ Falecimento de um dos credores</p><p>solidários, deixando herdeiros, art. 270</p><p>CC. O artigo trata da denominada refração do crédito, tradicional critério</p><p>que serve para distinguir a solidariedade da indivisibilidade.</p><p>Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, por conseguinte, a</p><p>totalidade do crédito, e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, isto</p><p>é, a própria quota no crédito solidário de que o de cujus era titular</p><p>juntamente com outros credores. Assim não acontecerá, todavia, nas</p><p>hipóteses seguintes:</p><p>a) se o credor falecido só deixou um herdeiro;</p><p>b) se todos os herdeiros agem conjuntamente;</p><p>c) se indivisível a prestação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>71</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>▪ Conversão da prestação em perdas e danos, art. 271 CC.</p><p>Mesmo com a conversão em perdas e danos, a unidade da prestação não é</p><p>comprometida. Liquidada a obrigação e fixado seu valor pecuniário,</p><p>continua cada credor com direito a exigir o quantum total, tendo em vista</p><p>que a solidariedade permanece, pois emana da vontade contratual ou da</p><p>lei, que não foram alteradas, e não da natureza do objeto. A relação</p><p>jurídica original que as partes ou o legislador afetaram com a</p><p>solidariedade só perde essa virtude se a vontade dos contratantes ou do</p><p>legislador se externar em sentido contrário.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>72</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>▪ Oposição de exceções pessoais, o art. 273 CC.</p><p>Trata-se de inovação do Código Civil de 2002, o devedor não pode opor a</p><p>um dos credores solidários exceções pessoais que poderia opor a outros</p><p>credores, isto é, exceções que prejudicariam outros credores. Assim, por</p><p>exemplo, se o devedor está sendo cobrado em juízo por um credor</p><p>plenamente capaz, não pode alegar, em seu benefício e em detrimento</p><p>daquele, defeito na representação ou assistência de outro credor solidário,</p><p>pois tal exceção, sendo pessoal, só a este pode ser oposta.</p><p>O dispositivo deixa expresso a regra de que as defesas que o devedor</p><p>possa alegar contra um só dos credores solidários não podem prejudicar</p><p>aos demais. Só contra aquele poderá o vício ser imputado, não atingindo o</p><p>vínculo do devedor com os demais credores”.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>73</p><p>SOLIDARIEDADE ATIVA – DISCIPLINA LEGAL</p><p>▪ Julgamento contrário a um dos credores solidários, art. 274 CC.</p><p>O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais;</p><p>o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção</p><p>pessoal ao credor que o obteve.</p><p>A segunda parte do dispositivo, que se referia ao julgamento favorável, era</p><p>objeto de controvérsia, uma vez que não há julgamento favorável fundado</p><p>em exceção pessoal, porque, quando se acolhe a defesa, julga-se</p><p>desfavoravelmente o pedido.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>74</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>A solidariedade passiva decorre da lei ou da vontade das partes (art. 265</p><p>CC).</p><p>O credor tem direito a exigir e receber “de um ou de alguns dos</p><p>devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver</p><p>sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados</p><p>solidariamente pelo resto.</p><p>O credor, propondo ação contra um dos devedores, não fica inibido de</p><p>acionar os outros.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>75</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou</p><p>totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam</p><p>obrigados solidariamente pelo resto.</p><p>Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um</p><p>ou alguns dos devedores.</p><p>Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a</p><p>pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível;</p><p>mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.</p><p>Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam</p><p>aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.</p><p>Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores</p><p>solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes.</p><p>Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para</p><p>todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>76</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta</p><p>somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.</p><p>Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns</p><p>a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.</p><p>Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.</p><p>Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos</p><p>demais.</p><p>Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a</p><p>sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no</p><p>débito, as partes de todos os co-devedores.</p><p>Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da</p><p>solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.</p><p>Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda</p><p>ela para com aquele que pagar.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>77</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA</p><p>Relações dos devedores entre si: se, todavia, encararmos a questão sob o</p><p>aspecto interno, encontraremos vários devedores, uns responsáveis para</p><p>com os outros. As obrigações de cada um são individuais e autônomas,</p><p>mas se encontram entrelaçadas numa relação unitária, em virtude da</p><p>solidariedade.</p><p>A solidariedade passiva atende ao interesse comum das partes. Oferece ao</p><p>credor a vantagem de desobrigá-lo de uma ação coletiva e o põe a salvo</p><p>de eventual insolvência de um dos devedores.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>78</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>A solidariedade passiva deve ser analisada pelas seguintes características:</p><p>▪ Relações dos devedores com o credor: encarada pelo lado externo, o</p><p>conjunto de devedores se apresenta como se fosse um devedor único,</p><p>pois dele pode o credor exigir a totalidade do crédito. Desse princípio,</p><p>decorre:</p><p>a) que o credor pode dirigir-se à sua vontade contra qualquer dos</p><p>devedores e pedir-lhes toda a prestação (CC, art. 275);</p><p>b) que o devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela</p><p>totalidade, não pode invocar o beneficium divisionis e, assim, pretender</p><p>pagar só a sua quota ou pedir que sejam convencidos os coobrigados;</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>79</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA - CARACTERÍSTICAS</p><p>• Relações dos devedores entre si: se, todavia, encararmos a questão sob</p><p>o aspecto interno, encontraremos vários devedores, uns responsáveis</p><p>para com os outros. As obrigações de cada um são individuais e</p><p>autônomas, mas se encontram entrelaçadas numa relação unitária, em</p><p>virtude da solidariedade.</p><p>A solidariedade passiva atende ao interesse comum das partes. Oferece ao</p><p>credor a vantagem de desobrigá-lo de uma ação coletiva e o põe a salvo</p><p>de eventual insolvência de um dos devedores.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>80</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>Como a solidariedade constitui benefício instituído em favor do credor,</p><p>pode este dele abrir mão, ainda que se trate de vínculo resultante da lei.</p><p>Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de</p><p>alguns ou de todos os devedores.</p><p>Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais</p><p>devedores, subsistirá a dos demais.</p><p>• Renúncia absoluta — quando a renúncia é efetivada em prol de todos os</p><p>coobrigados, denomina-se</p><p>absoluta;</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>81</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>• Renúncia relativa — a renúncia operada em proveito de um ou de</p><p>alguns devedores apenas intitula-se relativa;</p><p>a) os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade,</p><p>senão de sua quota-parte no débito;</p><p>b) suportam sua parte na insolvência de seus ex-codevedores (art. 283 CC).</p><p>• Renúncia expressa: resulta de declaração verbal ou escrita, posto não</p><p>solene, em que o credor abre mão do benefício;</p><p>• Renúncia tácita: decorre de circunstâncias explícitas que revelem de</p><p>modo inequívoco a intenção de arredar a solidariedade, como quando</p><p>permite o credor que o solvens pague apenas sua quota, dando-lhe</p><p>quitação, sem ressalva de exigir-lhe o restante.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>82</p><p>SOLIDARIEDADE PASSIVA – RENUNCIA</p><p>• Renúncia relativa — a renúncia operada em proveito de um ou de</p><p>alguns devedores apenas intitula-se relativa;</p><p>a) os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade,</p><p>senão de sua quota-parte no débito;</p><p>b) suportam sua parte na insolvência de seus ex-codevedores (art. 283 CC).</p><p>• Renúncia expressa: resulta de declaração verbal ou escrita, posto não</p><p>solene, em que o credor abre mão do benefício;</p><p>• Renúncia tácita: decorre de circunstâncias explícitas que revelem de</p><p>modo inequívoco a intenção de arredar a solidariedade, como quando</p><p>permite o credor que o solvens pague apenas sua quota, dando-lhe</p><p>quitação, sem ressalva de exigir-lhe o restante.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>83</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>84</p><p>UNIDADE 2</p><p>SEÇÃO 3</p><p>Obrigações de execução contínua,</p><p>instantânea, diferida e continuada.</p><p>Obrigações de meio, de resultado e</p><p>de garantia.</p><p>Obrigações Puras e Simples.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>85</p><p>OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E</p><p>CONTINUADA</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>86</p><p>OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E</p><p>CONTINUADA</p><p>Obrigação de execução instantânea ou momentânea: consuma num</p><p>só ato, sendo cumprida imediatamente após sua constituição, como</p><p>na compra e venda à vista.</p><p>Obrigação de execução diferida: o cumprimento deve ser realizado</p><p>também em um só ato, mas em momento futuro (entrega, em</p><p>determinada data posterior, do objeto alienado, p. ex.).</p><p>Obrigação de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo:</p><p>cumpre-se por meio de atos reiterados, como sucede na prestação</p><p>de serviços, na compra e venda a prazo ou em prestações</p><p>periódicas.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>87</p><p>OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO CONTÍNUA</p><p>Execução continuada da prestação é a que se prolonga no tempo, sem solução de</p><p>continuidade ou mediante prestações periódicas ou reiteradas. No último caso,</p><p>tem-se uma obrigação de trato sucessivo, que é aquela cuja prestação se renova</p><p>em prestações singulares sucessivas, em períodos consecutivos, como sucede na</p><p>compra e venda a prazo, no pagamento mensal do aluguel pelo locatário e do</p><p>consumidor de água ou de energia elétrica.</p><p>Prescreve o art. 323 do Código de Processo Civil que, quando a obrigação consistir</p><p>em prestações sucessivas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido,</p><p>independentemente de declaração expressa do autor.</p><p>Ainda dentro do tema, dispõe o art. 128, segunda parte, do Código Civil que, se a</p><p>condição resolutiva for aposta em “negócio de execução continuada ou periódica,</p><p>a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos</p><p>já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e</p><p>conforme aos ditames de boa-fé”.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>88</p><p>OBRIGAÇÕES DE RESULTADO</p><p>A obrigação é de resultado, o devedor dela se exonera somente</p><p>quando o fim prometido é alcançado.</p><p>Não o sendo, é considerado inadimplente e deve responder pelos</p><p>prejuízos decorrentes do insucesso.</p><p>“Os procedimentos cirúrgicos de fins inteiramente estéticos</p><p>caracterizam verdadeira obrigação de resultado, pois neles o</p><p>cirurgião assume verdadeiro compromisso pelo efeito embelezador</p><p>prometido.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>89</p><p>OBRIGAÇÕES DE MEIO</p><p>A obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus</p><p>conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado</p><p>resultado sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. É o caso, por</p><p>exemplo, dos advogados, que não se obrigam a vencer a causa, mas</p><p>a bem defender os interesses dos clientes, bem como o dos</p><p>médicos, que não se obrigam a curar, mas a tratar bem os enfermos,</p><p>fazendo uso de seus conhecimentos científicos.</p><p>Caso a obrigação assumida por esses profissionais fosse de</p><p>resultado, seriam eles responsabilizados civilmente se a causa não</p><p>fosse ganha ou se o paciente viesse a falecer.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>90</p><p>OBRIGAÇÕES DE MEIO E RESULTADO</p><p>O traço distintivo entre essas duas modalidades de obrigação encontra-se</p><p>nos efeitos do inadimplemento.</p><p>Na obrigação de meio, em que o devedor se propõe a desenvolver a sua</p><p>atividade e as suas habilidades para atingir o objetivo almejado pelo</p><p>credor, e não a obter o resultado, o inadimplemento apenas acarreta a</p><p>responsabilidade do profissional se restar cumpridamente demonstrada a</p><p>sua negligência ou imperícia no emprego desses meios.</p><p>Na de resultado, em que o objetivo final é da essência do ajuste, somente</p><p>mediante prova de algum fato inevitável capaz de romper o nexo de</p><p>causalidade, equiparado à força maior, ou de culpa exclusiva da vítima</p><p>pode o devedor exonerar-se caso não tenha atingido o fim a que se</p><p>propôs.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>91</p><p>OBRIGAÇÕES DE GARANTIA</p><p>Obrigação de garantia é a que visa a eliminar um risco que pesa sobre o</p><p>credor ou as suas consequências. Embora este não se verifique, o simples</p><p>fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.</p><p>Tal ocorre porque o afastamento do risco que recai sobre o credor</p><p>representa um bem suscetível de aferição econômica, como os prêmios de</p><p>seguro ou as garantias bancárias que se obtêm mediante desconto</p><p>antecipado de juros.</p><p>Constituem exemplos dessa obrigação: a do segurador e a do fiador; a do</p><p>contratante, no que diz respeito aos vícios redibitórios, nos contratos</p><p>comutativos (arts. 441 e s. CC); e a do alienante, em relação à evicção, nos</p><p>contratos onerosos que versam sobre transferência de propriedade ou</p><p>posse (arts. 447 e s. CC)</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>92</p><p>OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES</p><p>Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou</p><p>encargo e que produzem efeitos imediatos, logo que contraídas,</p><p>como sucede normalmente nos negócios inter vivos e pode ocorrer</p><p>também nos negócios causa mortis. Assim, por exemplo, pode o</p><p>doador ou o testador dizer que doa ou deixa determinado bem para</p><p>certa pessoa de forma pura e simples, isto é, sem subordinar os</p><p>efeitos da liberalidade a qualquer condição ou termo e sem impor</p><p>nenhum encargo ao beneficiário.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>93</p><p>UNIDADE 2</p><p>SEÇÃO 4</p><p>Das Obrigações a termo.</p><p>Das Obrigações modais ou com</p><p>encargo.</p><p>Das Obrigações condicionais.</p><p>Obrigações líquidas e ilíquidas.</p><p>Principais e acessórias.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>94</p><p>OBRIGAÇÕES A TERMO, CONDICIONAIS, MODAIS OU COM</p><p>ENCARGO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>95</p><p>DAS OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES</p><p>Obrigações puras e simples são as não sujeitas a condição, termo ou</p><p>encargo e que produzem efeitos imediatos, logo que contraídas,</p><p>como sucede normalmente nos negócios inter vivos e pode ocorrer</p><p>também nos negócios causa mortis.</p><p>Por exemplo, pode o doador ou o testador dizer que doa ou deixa</p><p>determinado bem para certa pessoa de forma pura e simples, isto é,</p><p>sem subordinar os efeitos da liberalidade a qualquer condição ou</p><p>termo e sem impor nenhum encargo ao beneficiário. Desse modo,</p><p>lavrado o instrumento da doação devidamente aceita ou aberto e</p><p>aprovado o testamento, opera-se de imediato o efeito do ato,</p><p>tornando-se o beneficiário proprietário perfeito do aludido bem.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>96</p><p>DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>Obrigação a termo (ou a prazo) é aquela em que as partes</p><p>subordinam os efeitos do negócio jurídico a um evento futuro e</p><p>certo.</p><p>Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negócio</p><p>jurídico.</p><p>O termo pode ser de várias espécies:</p><p>▪ Termo convencional é o aposto no contrato pela vontade das</p><p>partes;</p><p>▪ Termo de direito é o que decorre da lei;</p><p>▪ Termo de graça é a dilação de prazo concedida ao devedor;</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>97</p><p>DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>▪ Termo certo e incerto — pode ocorrer que o termo, embora certo e</p><p>inevitável no futuro, seja incerto quanto à data de sua verificação.</p><p>Exemplo: determinado bem passará a pertencer a tal pessoa a</p><p>partir da morte de seu proprietário. A morte é certa, mas não se</p><p>sabe quando ocorrerá. Neste caso, a data é incerta. Sob esse</p><p>aspecto, o termo pode ser dividido em incerto, como no referido</p><p>exemplo, e certo, quando se reporta a determinada data do</p><p>calendário ou a determinado lapso de tempo;</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>98</p><p>DAS OBRIGAÇÕES A TERMO</p><p>▪ Termo inicial ou suspensivo (dies a quo) e final ou resolutivo (dies ad</p><p>quem) — se for celebrado, por exemplo, um contrato de locação no</p><p>dia 20 de determinado mês para ter vigência no dia 1º do mês</p><p>seguinte, esta data será o termo inicial. Se também ficar estipulada a</p><p>data em que cessará a locação, esta constituirá o termo final. Como</p><p>já foi dito, o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição</p><p>do direito (CC, art. 131);</p><p>▪ Termo essencial e não essencial — diz-se que é essencial o termo</p><p>quando o efeito pretendido deva ocorrer em momento bem preciso,</p><p>sob pena de, verificado depois, não ter mais valor. Exemplo: em um</p><p>contrato que determine a entrega de um vestido para uma cerimônia,</p><p>se este for entregue depois, não tem mais a utilidade visada pelo</p><p>credor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>99</p><p>DAS OBRIGAÇÕES MODAIS OU COM ENCARGO</p><p>Obrigação modal, com encargo ou onerosa é a que se encontra</p><p>onerada por cláusula acessória, que impõe um ônus ao beneficiário</p><p>de determinada relação jurídica. Trata-se de pacto acessório às</p><p>liberalidades (doações, testamentos), pelo qual se impõe um ônus</p><p>ou obrigação ao beneficiário.</p><p>Encargo ou modo é uma determinação que, imposta pelo autor de</p><p>liberalidade, a esta adere, restringindo-a. Trata-se de cláusula</p><p>acessória às liberalidades (doações, testamentos), pela qual se</p><p>impõe uma obrigação ao beneficiário. É admissível também em</p><p>declarações unilaterais da vontade, como na promessa de re-</p><p>compensa.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>100</p><p>DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>São condicionais as obrigações cujo efeito está subordinado a um</p><p>evento futuro e incerto. Condição é o acontecimento futuro e incerto</p><p>de que depende a eficácia do negócio jurídico, sendo que da sua</p><p>ocorrência depende o nascimento ou a extinção de um direito.</p><p>Sob o aspecto formal, apresenta-se inserida nas disposições escritas</p><p>do negócio jurídico, razão por que, muitas vezes, se define como a</p><p>cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e</p><p>incerto.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>101</p><p>DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Condição é o evento futuro e incerto de que depende a eficácia do</p><p>negócio jurídico. Da sua ocorrência depende o nascimento ou a</p><p>extinção de um direito. Sob o aspecto formal, apresenta-se inserida</p><p>nas disposições escritas do negócio jurídico, razão por que, muitas</p><p>vezes, se define como a cláusula que subordina o efeito do ato</p><p>jurídico a evento futuro e incerto. Os requisitos são:</p><p>a) que a cláusula seja voluntária;</p><p>b) que o acontecimento a que se subordina a eficácia ou a resolução</p><p>do ato jurídico seja futuro;</p><p>c) que também seja incerto.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>102</p><p>DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Há várias espécies de condições, as quais podem ser classificadas:</p><p>▪ Quanto à licitude do evento, em lícitas e ilícitas;</p><p>▪ Quanto à possibilidade, em possíveis e impossíveis. Estas podem</p><p>ser física ou juridicamente impossíveis;</p><p>▪ Quanto à fonte de onde promanam, em casuais, potestativas e</p><p>mistas. As potestativas dividem-se em puramente e simplesmente</p><p>potestativas. Podem ser acrescentadas, também, as perplexas e as</p><p>promíscuas;</p><p>▪ Quanto ao modo de atuação, em suspensivas e resolutivas.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>103</p><p>DAS OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS</p><p>Negócios jurídicos que não admitem condição, atos puros:</p><p>▪ Os negócios jurídicos que, por sua função, inadmitem incerteza,</p><p>como a aceitação e a renúncia de herança;</p><p>▪ Os atos jurídicos em senso estrito, porque os efeitos são</p><p>determinados em lei;</p><p>▪ Os atos jurídicos de família, nos quais não atua o princípio da</p><p>autonomia privada, pelo fundamento ético social existente;</p><p>▪ Os atos referentes ao exercício dos direitos personalíssimos, como</p><p>o direito à vida, à integridade física, à honra e à dignidade pessoal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>104</p><p>DAS OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS</p><p>Líquida é a obrigação certa, quanto à sua existência, e determinada,</p><p>quanto ao seu objeto, como dispunha, de forma elegante e concisa.</p><p>Essa modalidade é expressa por uma cifra, por um algarismo,</p><p>quando se trata de dívida em dinheiro. Mas pode também ter por</p><p>objeto a entrega ou restituição de outro objeto certo, como um</p><p>veículo ou determinada quantidade de cereal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>105</p><p>DAS OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS</p><p>Ilíquida é a obrigação quando, ao contrário, o seu objeto depende de</p><p>prévia apuração, pois o valor ou montante apresenta-se incerto.</p><p>Deve ela converter-se em obrigação líquida para que possa ser</p><p>cumprida pelo devedor.</p><p>Essa conversão se obtém em juízo pelo processo de liquidação,</p><p>quando a sentença não fixar o valor da condenação ou não lhe</p><p>individualizar o objeto (art. 783 CPC). Quando na sentença há uma</p><p>parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover</p><p>simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>106</p><p>ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>107</p><p>ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Memória discriminada do cálculo: proceder-se-á à sua lidação, a</p><p>requerimento do credor ou do devedor, diz o art. 509 do Código de</p><p>Processo Civil, “quando a sentença condenar ao pagamento de</p><p>quantia ilíquida”. Sempre que o valor do débito depender de simples</p><p>cálculo aritmético, o credor “requererá o cumprimento da sentença,</p><p>na forma do art. 475-J (...), instruindo o pedido com a memória</p><p>discriminada e atualizada do cálculo”, não havendo mais o processo</p><p>autônomo e intermediário da liquidação, pois o credor poderá,</p><p>desde logo, dar início à execução.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>108</p><p>ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Por arbitramento: preceitua o art. 509, I, do Código de Processo Civil</p><p>que se fará a liquidação por arbitramento quando “determinado pela</p><p>sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do</p><p>objeto da liquidação”. Liquidação por arbitramento é aquela</p><p>realizada por meio de um perito nomeado pelo juiz. A apuração do</p><p>quantum depende exclusivamente da avaliação de uma coisa, um</p><p>serviço ou um prejuízo, a ser feita por quem tenha conhecimento</p><p>técnico.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>109</p><p>ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO</p><p>Pelo procedimento comum: a liquidação é feita pelo procedimento</p><p>comum quando houver necessidade de alegar e provar fato novo</p><p>para apurar o valor da condenação (art. 509, II CPC).</p><p>A petição inicial deve obedecer aos requisitos do art. 319 do estatuto</p><p>processual, articulando o credor os fatos novos a serem provados.</p><p>Todos os meios de prova são admitidos, inclusive a perícia.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>110</p><p>DAS OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS</p><p>As principais subsistem por si, sem depender de qualquer outra,</p><p>como a de entregar a coisa no contrato de compra e venda.</p><p>Já as acessórias têm sua existência subordinada a outra relação</p><p>jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal. É o caso, por</p><p>exemplo, da fiança, da cláusula penal e dos juros.</p><p>O princípio de que o acessório segue</p><p>o destino do principal foi</p><p>acolhido pela nossa legislação (arts. 92, 184, 233 e 364, primeira</p><p>parte, do Código Civil).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>111</p><p>DAS OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS</p><p>A invalidade da obrigação principal implica a das obrigações</p><p>acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal, como</p><p>dispõe o art. 184, segunda parte, do Código Civil, já mencionado.</p><p>Desse modo, nulo o contrato de empreitada, por exemplo, nula será</p><p>a cláusula penal nele estipulada, mas a recíproca não é verdadeira.</p><p>Prescrita a obrigação principal, ficam prescritas igualmente as</p><p>obrigações acessórias. Pode ocorrer, todavia, prescrição da</p><p>obrigação acessória sem que se verifique a da principal.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>112</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES 113</p><p>UNIDADE 3</p><p>SEÇÃO 1</p><p>Noções e espécies de pagamento.</p><p>Natureza jurídica. Requisitos de</p><p>validade.</p><p>Do pagamento de quem deve pagar.</p><p>Do pagamento a quem deve pagar.</p><p>Objeto do Pagamento. Prova do</p><p>Pagamento. Lugar do pagamento.</p><p>Tempo do pagamento.</p><p>D</p><p>IR</p><p>E</p><p>IT</p><p>O</p><p>C</p><p>IV</p><p>IL</p><p>-</p><p>O</p><p>B</p><p>R</p><p>IG</p><p>A</p><p>Ç</p><p>Õ</p><p>E</p><p>S</p><p>114</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>As obrigações têm, também, um ciclo vital:</p><p>Nascem de diversas fontes, como a lei, o contrato, as declarações</p><p>unilaterais e os atos ilícitos; vivem e desenvolvem-se por meio de</p><p>suas várias modalidades (dar, fazer, não fazer); e, finalmente,</p><p>extinguem-se.</p><p>A extinção dá-se, em regra, pelo seu cumprimento, que o Código</p><p>denomina pagamento. Embora essa palavra seja usada, comumente,</p><p>para indicar a solução em dinheiro de alguma dívida, o legislador a</p><p>empregou no sentido técnico jurídico de execução de qualquer espé-</p><p>cie de obrigação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>115</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Pagamento pode ser direto ou indireto.</p><p>Entre os diversos meios indiretos encontram-se o pagamento por</p><p>consignação, a novação, a compensação, a transação etc. Além do</p><p>meio normal, que é o pagamento, direto ou indireto, a obrigação</p><p>pode extinguir-se também por meios anormais, isto é, sem</p><p>pagamento, como no caso de impossibilidade de execução sem</p><p>culpa do devedor, do advento do termo, da prescrição, da nulidade</p><p>ou anulação etc.</p><p>O pagamento, por sua vez, pode ser efetuado voluntariamente ou</p><p>por meio de execução forçada, em razão de sentença judicial.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>116</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>NATUREZA JURÍDICA</p><p>Embora para alguns o adimplemento da obrigação seja um fato</p><p>jurídico, e para outros um ato não livre ou um ato devido, predomina</p><p>o entendimento na doutrina de que o pagamento tem natureza</p><p>contratual.</p><p>Corresponde a um contrato, por também resultar de um acordo de</p><p>vontades, estando sujeito a todas as suas normas.</p><p>Para que o pagamento produza seu principal efeito, extinguir a</p><p>obrigação, devem estar presentes seus requisitos essenciais de</p><p>validade.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>117</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>REQUISITOS DE VALIDADE</p><p>a) A existência de um vínculo obrigacional;</p><p>b) A intenção de solvê-lo (animus solvendi), tem que haver a</p><p>intenção de solver a obrigação;</p><p>c) O cumprimento da prestação deve ser feito pelo devedor</p><p>(solvens), por seu sucessor ou por terceiro, arts. 304 e 305;</p><p>d) A pessoa que efetua o pagamento (solvens);</p><p>e) A pessoa que o recebe (accipiens).</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>118</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>DE QUEM DEVE PAGAR</p><p>Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la,</p><p>usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração</p><p>do devedor.</p><p>Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o</p><p>fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.</p><p>Só se considera interessado quem tem interesse jurídico na extinção</p><p>da dívida, isto é, quem está vinculado ao contrato, como o fiador, o</p><p>avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, o adquirente do</p><p>imóvel hipotecado, o sublocatário etc, que podem ter seu patrimônio</p><p>afetado caso não ocorra o pagamento.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>119</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>O principal interessado na solução da dívida, a quem compete o</p><p>dever de pagá-la, é o devedor. Mas os que se encontram em alguma</p><p>na situação de fiador, sublocatário etc, a ele são equiparados, pois</p><p>têm legítimo interesse no cumprimento da obrigação.</p><p>Não é somente o devedor, ou terceiro interessado, quem pode</p><p>efetuar o pagamento. Podem fazê-lo, também, terceiros não</p><p>interessados, que não têm interesse jurídico na solução da dívida,</p><p>mas outra espécie de interesse, como o moral, o decorrente da</p><p>amizade ou do relacionamento amoroso etc.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>120</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>O credor não pode recusar o pagamento de terceiro, por implicar a</p><p>satisfação de seu crédito, salvo se houver, no contrato, expressa</p><p>declaração proibitiva, ou se a obrigação, por sua natureza, tiver de</p><p>ser cumprida pelo devedor (intuitu personae ou personalíssima).</p><p>Por outro lado, é inoperante a oposição do devedor ao pagamento</p><p>de sua dívida por terceiro não interessado, se o credor desejar</p><p>receber.</p><p>Mas, se credor e devedor acordaram em não admitir pagamento por</p><p>terceiro não interessado, não poderá este realizar pagamento. Não</p><p>havendo tal acordo, admite-se o pagamento por terceiro, apesar da</p><p>oposição ou desconhecimento do devedor.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>121</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR</p><p>O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente,</p><p>sob pena de não extinguir a obrigação (art. 308). Deve se acrescentar que</p><p>pode também ser efetuado aos sucessores daquele, que o substituíram na</p><p>titularidade do crédito, a título universal (como o herdeiro) ou a título</p><p>particular (como é o caso do legatário, do cessionário e do sub-rogado).</p><p>Nem sempre, contudo, quem paga mal paga duas vezes, pois o aludido</p><p>dispositivo legal, na segunda parte, considera válido o pagamento feito a</p><p>terceiro se for ratificado pelo credor (se este confirmar o recebimento por</p><p>via do referido terceiro ou fornecer recibo) ou se reverter em seu proveito.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>122</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Há três espécies de representantes do credor:</p><p>▪ Legal é o que decorre da lei, como os pais, tutores e cura dores,</p><p>respectivamente representantes legais dos filhos menores, dos</p><p>tutelados e dos curatelados.</p><p>▪ Judicial é o nomeado pelo juiz, como o inventariante, o síndico da</p><p>falência, o administrador da empresa penhorada etc.</p><p>▪ Convencional é o que recebe mandato outorgado pelo credor,</p><p>com poderes especiais para receber e dar quitação.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>123</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>Será válido o pagamento feito ao credor putativo, isto é, àquele que se</p><p>apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. Recebe tal</p><p>denominação, portanto, quem aparenta ser credor, como é o caso do</p><p>herdeiro aparente.</p><p>Prescreve, com efeito, o art. 309 do Código Civil que “o pagamento feito de</p><p>boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era</p><p>credor”.</p><p>Provada a boa-fé dos pagamentos realizados pelo devedor, ainda que para</p><p>aquele que seja credor putativo, o pagamento é válido.</p><p>Ao verdadeiro credor, que não recebeu o pagamento, resta somente</p><p>voltar-se contra o accipiens, isto é, contra o credor putativo, que recebeu</p><p>indevidamente, em bora também de boa-fé, pois o solvens nada mais</p><p>deve.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p><p>124</p><p>EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO</p><p>DO OBJETO DO PAGAMENTO</p><p>O objeto do pagamento é a prestação. O credor não é obrigado a</p><p>receber outra, “diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”</p><p>(art. 313).</p><p>Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, o</p><p>pagamento não pode ser efetuado por partes, se assim não se</p><p>ajustou, nem o devedor é obrigado a receber dessa forma (art. 314).</p><p>Preceitua o art. 315 que as dívidas em dinheiro “deverão ser pagas</p><p>no venci mento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o</p><p>disposto nos artigos subsequentes”, que preveem a possibilidade de</p><p>corrigi-lo monetariamente.</p><p>DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES</p>