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<p>PROF. LAWDO NATELL</p><p>22/03/2023</p><p>DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:</p><p>CONCEITO E ESPÉCIES, DOLO, COAÇÃO,</p><p>ESTADO DE PERIGO, LESÃO E FRAUDE</p><p>CONTRA CREDORES</p><p>DEFEITOS DO</p><p>NEGÓCIO JURÍDICO</p><p>2</p><p>3</p><p>RESUMINDO</p><p>ERRO OU IGNORÂNCIA (Arts. 138 – 144/CC)</p><p>O erro se define como a falsa percepção da realidade pelo próprio agente; é um</p><p>erro espontâneo (ao contrário do dolo, que é um erro provocado). Nos termos</p><p>do art. 138 do CC, para que seja hábil a anular o negócio jurídico, o erro deve ser</p><p>substancial e, para parcela da doutrina, escusável.</p><p>blog.mege.com.br 4</p><p>RESUMINDO</p><p>ERRO OU IGNORÂNCIA</p><p>Por substancial tem-se o erro que foi essencial na formação do negócio jurídico, vale dizer,</p><p>falsa percepção sem a qual o negócio não se firmaria (ex: sujeito compra carro para utilizar em</p><p>terreno acidentado e descobre que o veículo é indicado exclusivamente para estradas). O erro</p><p>substancial se diferencia do erro acidental, que é aquele que não alteraria a realização do</p><p>negócio.</p><p>Por escusável tem-se o erro “que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em</p><p>face das circunstâncias dos negócios.” Ao contrário, o erro inescusável não autorizaria a</p><p>anulação do negócio jurídico. Esse critério, porém, é polêmico. Para parte da doutrina o</p><p>dispositivo é claro em apontar a pessoa de “diligência normal” como parâmetro de análise</p><p>para a escusabilidade do erro; por outro lado, há quem sustente que tal análise não é</p><p>relevante, bastando a prova do prejuízo – nesse sentido o Enunciado 12 do CJF.</p><p>blog.mege.com.br 5</p><p>RESUMINDO</p><p>ERRO OU IGNORÂNCIA</p><p>O erro substancial, nos termos do art. 139 do CC, apresenta-se de três formas distintas: erro</p><p>sobre o objeto (error in substantia), erro sobre a pessoa (error in persona) e erro sobre a</p><p>natureza do negócio (error in negotium).</p><p>blog.mege.com.br 6</p><p>RESUMINDO</p><p>DOLO</p><p>O dolo é o erro provocado pela contraparte ou por um terceiro. Nas elucidativas palavras de</p><p>Pontes de Miranda, “Dolo é todo ato, positivo ou negativo, que intencionalmente suscita,</p><p>fortalece, ou mantém erro de outra pessoa, com a consciência de que esse erro lhe determina</p><p>ou concorre para lhe determinar a manifestação da vontade”.</p><p>Dolo substancial e dolo acidental: na linha do erro, será substancial quando tiver</p><p>potencialidade para influir na formação do próprio negócio, ao passo que o acidental terá</p><p>menor relevância. No caso do dolo acidental, nos termos do art. 146 do CC, só haverá</p><p>obrigação de reparação dos danos;</p><p>Dolo positivo e dolo negativo: o positivo se dá por ação ao passo que o negativo se dá por</p><p>omissão (exemplo: deixa de informar que o carro já sofreu colisão grave, passando por reforma</p><p>estrutural). Interessante a classificação porque o art. 147 trata do dever de informação e da</p><p>omissão dolosa.</p><p>blog.mege.com.br 7</p><p>RESUMINDO</p><p>COAÇÃO</p><p>A coação se coloca como a hipótese em que um sujeito (coator) constrange</p><p>alguém (coagido ou coacto) a praticar um negócio jurídico (CC, art. 151).</p><p>Deve haver “fundado temor de dano iminente e considerável” que não decorra</p><p>do exercício normal de um direito, portanto, deve ser injusto. Pode ser dirigido à</p><p>pessoa, à família, aos bens ou ainda a pessoa não pertencente à família, a critério</p><p>da análise judicial em relação à existência do vínculo afetivo.</p><p>blog.mege.com.br 8</p><p>RESUMINDO</p><p>COAÇÃO</p><p>ATENÇÃO! A coação pode ser de dois tipos – absoluta ou relativa.</p><p>Na coação absoluta há utilização de violência física, de modo que não se pode</p><p>considerar ter havido vontade do agente – a questão, nesse caso, se resolve no</p><p>âmbito da existência.</p><p>Na coação relativa há utilização de violência moral, o que incidiria na ausência</p><p>de “liberdade” da manifestação (lembrando: vontade é requisito de existência,</p><p>livre e de boa-fé são “adjetivos” que permitem a análise do plano da validade).</p><p>blog.mege.com.br 9</p><p>RESUMINDO</p><p>ESTADO DE PERIGO</p><p>Nos termos do art. 156 do CC/02, haverá estado de perigo toda vez que o próprio</p><p>negociante, pessoa de sua família ou pessoa próxima estiver em perigo, conhecido da outra</p><p>parte, sendo este a única causa para a celebração do negócio. Tratando-se de pessoa não</p><p>pertencente à família do contratante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias fáticas e</p><p>regras da razão (art. 156, parágrafo único).</p><p>Pontua a doutrina três requisitos para a configuração do estado de perigo, a saber:</p><p>a) obrigação excessivamente onerosa assumida em situação de extrema necessidade;</p><p>b) necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família; e</p><p>c) conhecimento da outra parte, o que é chamado de dolo de aproveitamento.</p><p>blog.mege.com.br 10</p><p>RESUMINDO</p><p>LESÃO</p><p>A lesão consiste na hipótese em que “uma pessoa, sob premente necessidade, ou por</p><p>inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação</p><p>oposta” (art.157 do CC).</p><p>Ocorre a lesão quando alguém se obriga a uma prestação manifestamente desproporcional (1º</p><p>requisito OBJETIVO), em razão de necessidade ou inexperiência (2º requisito SUBJETIVO).</p><p>Pontua a doutrina dois requisitos para a configuração do estado de perigo, a saber:</p><p>a) prestação manifestamente desproporcional; e</p><p>b) situação de necessidade ou inexperiência.</p><p>blog.mege.com.br 11</p><p>RESUMINDO</p><p>LESÃO x ESTADO DE PERIGO</p><p>São vícios de consentimento do negócio jurídico;</p><p>A consequência de ambos é a ANULABILIDADE;</p><p>Ambos são passíveis de revisão, em respeito ao Princípio da</p><p>conservação contratual.</p><p>(Na lesão a previsão é expressa –art. 157, § 2º, CC; no estado de</p><p>perigo aplica-se este artigo por analogia – Enunciado 148, III JDC).</p><p>O Elemento OBJETIVO de ambos é o mesmo: prestação/obrigação</p><p>excessivamente onerosa.</p><p>blog.mege.com.br 12</p><p>RESUMINDO</p><p>LESÃO x ESTADO DE PERIGO</p><p>Elemento SUBJETIVO da lesão: premente necessidade ou</p><p>inexperiência.</p><p>Enunciado 150, III JDC – Na lesão NÃO SE EXIGE DOLO DE</p><p>APROVEITAMENTO.</p><p>Elemento Subjetivo do Estado de Perigo: é a exigência de situação de perigo</p><p>conhecida pela outra parte. Aqui há, portanto, a NECESSIDADE DE DOLO DE</p><p>APROVEITAMENTO. Aqui também não há inexperiência, o contratante sabe que o</p><p>negócio é injusto, mas o celebra para se livrar de perigo, ou de perigo de pessoa</p><p>próxima ou de sua família.</p><p>blog.mege.com.br 13</p><p>RESUMINDO</p><p>FRAUDE CONTRA CREDORES</p><p>A fraude contra credores ou fraude pauliana consiste na hipótese em</p><p>que o devedor insolvente ou próximo a essa situação realiza negócios</p><p>gratuitos ou onerosos causando prejuízo aos seus credores.</p><p>Trata-se de atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência ou</p><p>na iminência de assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou</p><p>onerosa o seu patrimônio, para afastar a possibilidade de</p><p>responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento</p><p>anterior à transmissão. É a prática maliciosa para se chegar à</p><p>insolvência.</p><p>blog.mege.com.br 14</p><p>15</p><p>16</p><p>QUESTÃO</p><p>De acordo com o Código Civil Brasileiro, em relação à validade dos</p><p>negócios jurídicos, analise as seguintes assertivas:</p><p>I. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se</p><p>dissimulou, se válido for na substância e na forma. II. O negócio</p><p>anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. III.</p><p>A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se</p><p>pronuncia de ofício e só os interessados a podem alegar, e aproveita</p><p>exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou</p><p>indivisibilidade.</p><p>Quais estão corretas?</p><p>17</p><p>QUESTÃO</p><p>De acordo com o Código Civil Brasileiro, em relação à validade dos</p><p>negócios jurídicos, analise as seguintes assertivas:</p><p>I. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se</p><p>dissimulou, se válido for na substância e na forma. II. O negócio</p><p>anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. III.</p><p>A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se</p><p>pronuncia de ofício e só os interessados a podem alegar, e aproveita</p><p>exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou</p><p>indivisibilidade.</p><p>Quais estão corretas?</p><p>ITENS: I – II - III</p><p>18</p><p>19</p><p>QUESTÃO</p><p>Carlos, conhecido influencer digital de 15 anos, após ter tido conhecimento de que Felipe, seu</p><p>antigo desafeto, havia publicado</p><p>em suas redes sociais privadas uma opinião contrária à sua,</p><p>ainda que não mencionando seu nome, publicou graves ofensas diretas à Felipe, incluindo</p><p>imagens manipuladas com o objetivo de ofender. Felipe, por sua vez, ao invés de responder às</p><p>ofensas, ajuizou ação indenizatória em face de Carlos e de seus genitores, pleiteando a</p><p>reparação por todos os danos injustamente sofridos.</p><p>Os pais de Carlos arguiram sua ilegitimidade passiva, ao argumento principal de que, não</p><p>obstante a menoridade do filho, eles não concordavam com a postura do filho e que haviam</p><p>feito tudo que podiam para bem educá-lo, não possuindo, portanto, culpa ou responsabilidade</p><p>pelas ações de Carlos que, além de tudo, é titular de um vasto patrimônio, tendo total</p><p>condições de responder pelos danos causados. Diante da hipótese narrada, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>FGV - 2023 - SEFAZ-MG - Auditor Fiscal da Receita Estadual –</p><p>Auditoria e Fiscalização (Manhã)</p><p>20</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p><p>QUESTÃO</p><p>A) O fato de Carlos possuir patrimônio próprio, afasta a responsabilidade de seus pais por</p><p>eventuais danos que ele venha causar.</p><p>B) Independentemente de Carlos ter patrimônio próprio, seus pais, necessariamente,</p><p>respondem pelos danos que ele causar, durante a vigência do poder familiar.</p><p>C) Os pais de Carlos respondem objetivamente pelos danos causados, mas poderão reaver de</p><p>Carlos o que foi pago a título de indenização.</p><p>D) Carlos responderá pelos danos causados, se seus pais comprovarem não possuir meios</p><p>suficientes para fazê-lo.</p><p>E) Os pais de Carlos respondem subjetivamente pelos danos causados, mas poderão reaver de</p><p>Carlos o que foi pago a título de indenização.</p><p>FGV - 2023 - SEFAZ-MG - Auditor Fiscal da Receita Estadual –</p><p>Auditoria e Fiscalização (Manhã)</p><p>21</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p><p>QUESTÃO</p><p>A) O fato de Carlos possuir patrimônio próprio, afasta a responsabilidade de seus pais por</p><p>eventuais danos que ele venha causar.</p><p>B) Independentemente de Carlos ter patrimônio próprio, seus pais, necessariamente,</p><p>respondem pelos danos que ele causar, durante a vigência do poder familiar.</p><p>C) Os pais de Carlos respondem objetivamente pelos danos causados, mas poderão reaver de</p><p>Carlos o que foi pago a título de indenização.</p><p>D) Carlos responderá pelos danos causados, se seus pais comprovarem não possuir meios</p><p>suficientes para fazê-lo.</p><p>E) Os pais de Carlos respondem subjetivamente pelos danos causados, mas poderão reaver de</p><p>Carlos o que foi pago a título de indenização.</p><p>FGV - 2023 - SEFAZ-MG - Auditor Fiscal da Receita Estadual –</p><p>Auditoria e Fiscalização (Manhã)</p><p>22</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p><p>https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2023-sefaz-mg-auditor-fiscal-da-receita-estadual-auditoria-e-fiscalizacao-manha</p>