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<p>DIREITODIREITO</p><p>CIVILCIVIL</p><p>OBRIGAÇÕES</p><p>OBRIGAÇÃO DE FAZEROBRIGAÇÃO DE FAZER</p><p>E DE NÃO FAZERE DE NÃO FAZER</p><p>OBRIGAÇÃO DE FAZER</p><p>O conteúdo da obrigação de fazer constitui uma “atividade” ou</p><p>conduta do devedor, no sentido mais amplo:</p><p>tanto pode ser a prestação de uma atividade física ou</p><p>material (como, por exemplo, fazer um reparo em máquina,</p><p>pintar casa, levantar muro),</p><p>como uma atividade intelectual, artística ou científica (como,</p><p>por exemplo, escrever obra literária, partitura musical, ou</p><p>realizar experiência científica).</p><p>A obrigação de fazer, que, ao lado da obrigação de dar,</p><p>pertence à classe das obrigações positivas, pode ser</p><p>contraída, tendo em vista a figura do devedor. O</p><p>credor pode escolher determinado devedor para</p><p>prestar a obrigação, não admitindo substituição. Isto</p><p>em razão de o devedor ser um técnico especializado,</p><p>um artista ou porque simplesmente o credor veja no</p><p>obrigado qualidades essenciais para cumprir a</p><p>obrigação.</p><p>É o caso do exemplo clássico da contratação de</p><p>um pintor para executar um retrato, de um cantor</p><p>para uma apresentação etc.</p><p>O Código atual preferiu definir imediatamente, na</p><p>abertura do capítulo, a obrigação de indenizar nas</p><p>obrigações de fazer no art. 247:</p><p>“Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o</p><p>devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou</p><p>por ele exequível.”</p><p>Cuida-se, aqui, portanto, das chamadas obrigações de</p><p>fazer de natureza infungível, intuitu personae, quando</p><p>a pessoa do devedor não admite substituição.</p><p>É de notar, contudo, que a infungibilidade que ora</p><p>tratamos pode decorrer, quer da própria natureza da</p><p>obrigação (como é o caso da pintura de retrato, ou da</p><p>exibição de orquestra, ou de corpo de baile, por</p><p>exemplo), quer do contrato, isto é, embora existam</p><p>muitas pessoas tecnicamente capacitadas para cumprir a</p><p>obrigação, o credor não admite a substituição (como é o</p><p>caso, por exemplo, da contratação de advogado para</p><p>fazer defesa no Tribunal do Júri, ou de engenheiro para</p><p>acompanhar a realização de uma construção).</p><p>Aqui, surge um aspecto que deve ser analisado: por</p><p>vezes, as partes não estipulam expressamente a</p><p>infungibilidade da obrigação de fazer, mas esta decorre</p><p>das circunstâncias de cada caso. Isso é importante para</p><p>as consequências do inadimplemento.</p><p>OBRIGAÇÃO DE DAR E DE FAZER</p><p>Esclarece Washington de Barros Monteiro (1979) que o ponto</p><p>crucial da diferenciação está em verificar:</p><p>“se o dar ou entregar é ou não consequência do fazer.</p><p>Assim, se o devedor tem de dar ou de entregar alguma</p><p>coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, a</p><p>obrigação é de dar; todavia, se, primeiramente, tem ele de</p><p>confeccionar a coisa para depois entregá-la, tendo de</p><p>realizar algum ato, do qual será mero corolário o de dar,</p><p>tecnicamente a obrigação é de fazer”.</p><p>OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>FUNGÍVEIS</p><p>contrato pintor para</p><p>restaurar a pintura de uma</p><p>residência; contrato</p><p>pedreiro para levantar um</p><p>muro.</p><p>NÃO FUNGÍVEIS</p><p>contrato pintor para</p><p>recuperar um famoso</p><p>quadro do Renascimento;</p><p>contrato equipe esportiva</p><p>para realizar uma exibição.</p><p>VEMOS, DE PLANO, QUE, EMBORA TODAS ESSAS OBRIGAÇÕES SEJAM DE</p><p>FAZER, HÁ UMA DIFERENÇA NA NATUREZA DELAS: HÁ OBRIGAÇÕES DE</p><p>FAZER PARA AS QUAIS EXISTE UM NÚMERO INDETERMINADO DE</p><p>PESSOAS HÁBEIS A COMPLETÁ-LAS; HÁ OUTRAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>QUE SÃO CONTRAÍDAS EXCLUSIVAMENTE PELA FAMA OU HABILIDADES</p><p>PRÓPRIAS DA PESSOA DO OBRIGADO.</p><p>POIS BEM, QUANDO A PESSOA DO DEVEDOR É FACILMENTE</p><p>SUBSTITUÍVEL, COMO É O CASO DO PINTOR DE PAREDES OU DO</p><p>PEDREIRO, DIZEMOS QUE A OBRIGAÇÃO É FUNGÍVEL. QUANDO A</p><p>OBRIGAÇÃO É CONTRAÍDA TENDO EM MIRA EXCLUSIVAMENTE A PESSOA</p><p>DO DEVEDOR, COMO É O CASO DO ARTISTA CONTRATADO PARA</p><p>RESTAURAR UMA OBRA DE ARTE OU DA EQUIPE ESPORTIVA CONTRATADA</p><p>PARA UMA EXIBIÇÃO, A OBRIGAÇÃO É INTUITU PERSONAE, PORQUE</p><p>LEVAMOS EM CONTA AS QUALIDADES PESSOAIS DO OBRIGADO.</p><p>TENDO EM MIRA ESSA SITUAÇÃO, O ATUAL CÓDIGO</p><p>TRAZ A SOLUÇÃO DO ARTIGO 249</p><p>“Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao</p><p>credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo</p><p>recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.</p><p>Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,</p><p>independentemente de autorização judicial, executar ou</p><p>mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>Pacta sunt servanda: as obrigações devem ser cumpridas.</p><p>Contudo, por três classes de razões, as obrigações de fazer</p><p>podem ser descumpridas, sob o prisma da teoria</p><p>tradicional:</p><p>porque a prestação tornou-se impossível por culpa do</p><p>devedor</p><p>ou sem culpa do devedor;</p><p>ou então porque o devedor manifestamente se recusa</p><p>ao cumprimento delas.</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>O enfoque comparativamente com as obrigações de dar</p><p>é diverso, porque neste último tipo de obrigação (dar) o</p><p>devedor pode ser coagido a entregar a coisa, ou, sob</p><p>outro aspecto, a coisa poderá chegar coercitivamente</p><p>às mãos do credor, embora nem sempre isso seja</p><p>possível, resumindo-se, aí, a obrigação em perdas e</p><p>danos.</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>No entanto, o aspecto é outro nas obrigações</p><p>de fazer, porque não é possível, tendo em</p><p>vista a liberdade individual, exigir</p><p>coercitivamente a prestação de fazer do</p><p>devedor.</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>É na esfera das obrigações de fazer (e nas de não fazer) que se</p><p>encontra campo para as denominadas astreintes, multa</p><p>cominatória diária, de índole pecuniária, por dia de atraso no</p><p>cumprimento da obrigação.</p><p>A orientação do artigo 497 do CPC é permitir a imposição dessa</p><p>multa tanto na tutela liminar, como na sentença,</p><p>independentemente de requerimento da parte. No entanto, seu</p><p>valor reverterá sempre para o autor.</p><p>O princípio consta do art. 814 do CPC, quando se trata de execução</p><p>de obrigações de fazer e de não fazer.</p><p>A multa deve ser de montante tal que constranja o devedor a</p><p>cumprir a obrigação.</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>Nada impede que as partes, contratualmente, já estipulem a</p><p>multa e seu valor, mas caberá sempre ao juiz colocá-la em seus</p><p>devidos parâmetros.</p><p>Essa multa deverá ter um limite temporal, embora a lei não o</p><p>diga, sob pena de transformar-se em obrigação perpétua.</p><p>Decorrido o prazo mínimo de imposição diária, essa constrição</p><p>perderá seu sentido, devendo a situação resolver-se em perdas e</p><p>danos para se colocar um fim à demanda.</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>Lembremo-nos, também, de que o campo de maior</p><p>atuação da multa diária ou periódica é o das obrigações</p><p>infungíveis. Nas obrigações fungíveis, embora não seja</p><p>excluída a imposição diária, o credor pode obter seu</p><p>cumprimento por meio de terceiro (art. 817 do CPC).</p><p>DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER</p><p>Notemos, ainda, que no caso de o cumprimento da</p><p>obrigação ser impossibilitado, se não houver culpa do</p><p>devedor, resolve-se a obrigação; se houver culpa do</p><p>devedor, só restará o recurso a perdas e danos. Tal</p><p>situação será verdadeira sempre que o cumprimento da</p><p>obrigação de fazer não for mais útil para o credor.</p><p>Assim, por exemplo, contratada uma orquestra para um</p><p>evento e não se apresentando na data designada, de nada</p><p>adianta essa orquestra comprometer-se a comparecer em</p><p>outra data, pois o dano é irreversível.</p><p>OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER</p><p>As obrigações de dar e fazer são as obrigações positivas. As</p><p>obrigações de não fazer são as obrigações negativas.</p><p>Enquanto nas obrigações de dar e fazer o devedor compromete-</p><p>se a realizar algo, nas obrigações de não fazer o devedor</p><p>compromete-se a uma abstenção.</p><p>OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER</p><p>Assim, por exemplo, são obrigações de não fazer</p><p>a obrigação do locador de não perturbar o locatário na</p><p>utilização da coisa locada;</p><p>a obrigação contraída pelo locatário de não sublocar a coisa;</p><p>a obrigação do artista de não atuar senão para determinado</p><p>empresário, ou para determinada empresa</p><p>TODA OBRIGAÇÃO DEVE SE REVESTIR DE OBJETO LÍCITO, NEGÓCIO JURÍDICO</p><p>QUE É. NA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, TAL LICITUDE REVESTE-SE DE UM</p><p>ESPECIAL ASPECTO, POIS:</p><p>“será lícita sempre que não envolva restrição</p><p>sensível à</p><p>liberdade individual. Assim, é ilícita a obrigação de não casar,</p><p>ou a de não trabalhar, ou a de não cultuar determinada religião,</p><p>porque o Estado repugna prestigiar um vínculo obrigatório que</p><p>tem por escopo alcançar resultado que colide com os fins da</p><p>sociedade. Daí por serem imorais ou antissociais tais tipos de</p><p>obrigação, o Direito não lhes empresta a forma coercitiva”</p><p>(Rodrigues, 1981a, v. 2:44).</p><p>A obrigação negativa cumpre-se pela abstenção, isto é,</p><p>o devedor cumpre a obrigação todas as vezes em que</p><p>poderia praticar o ato e deixa de fazê-lo. Há uma</p><p>continuidade ou sucessividade em seu cumprimento. A</p><p>abstenção pode ser limitada ou ilimitada no tempo,</p><p>sempre se levando em conta a licitude, no campo da</p><p>moral e dos bons costumes.</p><p>MODO DE CUMPRIR E EXECUÇÃO FORÇADA DA OBRIGAÇÃO</p><p>DE NÃO FAZER</p><p>Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer,</p><p>desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne</p><p>impossível abster-se do ato, que se obrigou a</p><p>não praticar.</p><p>MODO DE CUMPRIR E EXECUÇÃO FORÇADA DA OBRIGAÇÃO</p><p>DE NÃO FAZER</p><p>Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção</p><p>se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob</p><p>pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado</p><p>perdas e danos.</p><p>Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor</p><p>desfazer ou mandar desfazer, independentemente de</p><p>autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento</p><p>devido.</p><p>MODO DE CUMPRIR E EXECUÇÃO FORÇADA DA OBRIGAÇÃO</p><p>DE NÃO FAZER</p>

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