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<p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 1</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 2</p><p>Postulatória Ordinatória Instrutória Decisória</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>1. ASPECTOS PROCESSUAIS DA USUCAPIÃO</p><p>1.1. PROCEDIMENTO COMUM</p><p>O Novo Código de Processo Civil não prevê um procedimento especial para a</p><p>ação de usucapião.</p><p>Nesse sentido, dispõe o art. 318 do CPC que, “aplica-se a todas as causas o</p><p>procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo</p><p>único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos</p><p>especiais e ao processo de execução”.</p><p>Compõe o procedimento comum, as seguintes fases:</p><p>1.2. LEGITIMIDADE</p><p>A legitimidade ativa será daquela pessoa que pretende adquirir a propriedade</p><p>na ação de usucapião, é aquela pessoa que está na posse do imóvel ou do bem móvel.</p><p>A legitimidade passiva será do proprietário registral, bem como dos confinantes</p><p>(art. 246, § 3º, do CPC) e demais terceiros interessados (citação por edital).</p><p>Quanto ao autor/réu casado, haverá a necessidade de consentimento do</p><p>cônjuge, não se trata de litisconsorte ativo. Nesse sentido, art. 73 do CPC:</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 3</p><p>“O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação</p><p>que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o</p><p>regime de separação absoluta de bens. § 1º Ambos os cônjuges serão</p><p>necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real</p><p>imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta</p><p>de bens”.</p><p>1.3. COMPETÊNCIA</p><p>A competência para processamento e julgamento da ação de usucapião, será</p><p>do foro situação da coisa. Nesse sentido, art. 47 do CPC: “para as ações fundadas em</p><p>direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa”.</p><p>1.4. PASSO A PASSO DO PROCEDIMENTO</p><p>1.4.1. PETIÇÃO INICIAL</p><p>A petição inicial obedecerá ao disposto nos arts. 319 e 320 do CPC: Narrativa</p><p>adequada dos fatos; Fundamentos (tipo de usucapião + preenchimento dos requisitos)</p><p>e Pedidos.</p><p>Exemplo quanto aos pedidos:</p><p>Diante do exposto, requer:</p><p>a) A concessão dos benefícios da gratuidade de justiça;</p><p>b) A dispensa da audiência de conciliação do art. 334 do CPC;</p><p>c) A citação dos réus para que apresentem contestação no prazo de 15 (quinze)</p><p>dias, sob pena de revelia;</p><p>d) A publicação de edital, nos termos do art. 259, I, do CPC;</p><p>e) A intimação do ilustre representante do Ministério Público (se for o caso);</p><p>f) A intimação da União, do Estado de_____ e do Município de _____, para que</p><p>manifestem eventual interesse na causa;</p><p>g) A procedência do pedido para que, ao final, seja declarada a aquisição da</p><p>propriedade imobiliária xxxxxxxxx pelo autor, por meio da usucapião,</p><p>determinando-se, por conseguinte, o registro da sentença no respectivo</p><p>Registro Imobiliário, nos termos do art. 167, I, da Lei nº 6.015/73;</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 4</p><p>h) A condenação dos réus ao pagamento das despesas processuais e honorários</p><p>advocatícios, na forma do art. 85 do CPC.</p><p>Atenção! Documentos que devem ser juntados:</p><p> Documentos de representação processual;</p><p> Certidão do Registro Imobiliário;</p><p> Planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente</p><p>habilitado;</p><p> Justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a</p><p>continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos</p><p>impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel;</p><p> Ata notarial (não obrigatório).</p><p>Atenção! A inexistência de matrícula do imóvel NÃO impede a propositura da</p><p>ação de usucapião. Cabe ao Estado provar que aquele bem se trata de bem público.</p><p>Nesse sentido, provimento nº 65/2017 do CNJ:</p><p>Art. 3º O requerimento de reconhecimento extrajudicial da usucapião</p><p>atenderá, no que couber, aos requisitos da petição inicial,</p><p>estabelecidos pelo art. 319 do Código de Processo Civil – CPC, bem</p><p>como indicará:</p><p>(...);</p><p>IV – o número da matrícula ou transcrição da área onde se encontra</p><p>inserido o imóvel usucapiendo ou a informação de que não se</p><p>encontra matriculado ou transcrito”;</p><p>1.4.2. CONTESTAÇÃO</p><p>Podem ser suscitadas tanto questões processuais quanto questões de mérito.</p><p>Na contestação, o réu deve buscar desconstruir os requisitos da usucapião,</p><p>impugnando todos os fatos narrados pelo autor. Para tanto, ele deve fazer três coisas</p><p>importantíssimas:</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 5</p><p>1ª) conhecer muito bem todos os requisitos da usucapião, a fim de examinar se</p><p>estão ou não presentes;</p><p>2ª) investigar a relação entre o autor e o imóvel, a fim de verificar a data em que</p><p>o prazo da usucapião teve início, bem como se houve alguma causa suspensiva</p><p>ou interruptiva do prazo da usucapião;</p><p>3ª) Analisar as provas produzidas, ou seja, se elas realmente confirmam todos os</p><p>fatos narrados. Note que um simples contrato de cessão de posse não prova</p><p>posse. o autor deve provar posse por outros meios (ex.: notas fiscais, fotos,</p><p>imagens via satélite, pagamento de tributos etc.).</p><p>Feito isso, o réu, na contestação, desconstruir cada fato narrado na inicial e</p><p>cada um dos requisitos da usucapião. O objetivo do réu é evitar a usucapião, logo, é</p><p>preciso desconstruir a narrativa do autor.</p><p>É importante registrar que a apresentação de contestação na ação de</p><p>usucapião não interrompe o seu prazo. Isso significa dizer que o prazo da usucapião</p><p>também pode ser contato no curso do processo, conforme entendimento do STJ:</p><p>“[...] 5. O julgador deve sentenciar o processo tomando por base o</p><p>estado em que o mesmo se encontra, recepcionando, se for o caso,</p><p>fato constitutivo que se implementou supervenientemente ao</p><p>ajuizamento da ação. É dizer: a prestação jurisdicional deve ser</p><p>concedida de acordo com a situação dos fatos no momento da</p><p>sentença. 6. É plenamente possível o reconhecimento da prescrição</p><p>aquisitiva quando o prazo exigido por lei se exauriu no curso do ação</p><p>de usucapião, por força do art. 462 do CPC, que privilegia o estado</p><p>atual em que se encontram as coisas, evitando-se provimento judicial</p><p>de procedência quando já pereceu o direito do autor ou de</p><p>improcedência quando o direito pleiteado na inicial, delineado pela</p><p>causa petendi narrada, é reforçado por fatos supervenientes.</p><p>Precedentes. 7. Recurso especial conhecido e provido”. (REsp n.</p><p>1.720.288/RS, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,</p><p>julgado em 26/5/2020, DJe de 29/5/2020.)</p><p>Nos termos do art. 493 do CPC:</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 6</p><p>Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo,</p><p>modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito,</p><p>caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento</p><p>da parte, no momento de proferir a decisão.</p><p>Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as</p><p>partes sobre ele antes de decidir.</p><p>1.4.3. RECONVENÇÃO</p><p>Cabe reconvenção na ação de usucapião, seguindo o procedimento comum.</p><p>1.4.4. RÉPLICA</p><p>Também cabe réplica na ação de usucapião, seguindo o procedimento comum,</p><p>conforme necessidade.</p><p>1.4.5. SANEAMENTO</p><p>A fase de saneamento segue o disposto no procedimento</p><p>comum.</p><p>1.4.6. INSTRUÇÃO</p><p>Esse é o momento do processo no qual as partes terão a oportunidade de</p><p>produzirem novas provas, além das provas documentais já juntadas aos autos.</p><p>Geralmente, após o autor apresentar a réplica, o juiz intima as partes para que</p><p>elas especifiquem as provas que pretendem produzir. Tal especificação deve ser feita</p><p>por simples petição, porém é muito importante que a parte demonstre a necessidade</p><p>da prova requerida e sua finalidade para o processo (ex.: prova oral, a fim de demonstrar</p><p>a continuidade da posse).</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 7</p><p>Também é possível juntar novos documentos. Contudo, vale lembrar que se os</p><p>documentos já estavam em poder da parte e ela deixou de juntá-los anteriormente,</p><p>corre-se o risco de o juiz indeferir a juntada, com fundamento nos arts. 320, 434 e 435</p><p>do CPC.</p><p>Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos</p><p>indispensáveis à propositura da ação</p><p>Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação</p><p>com os documentos destinados a provar suas alegações.</p><p>Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução</p><p>cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos</p><p>do caput , mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-</p><p>se previamente as partes.</p><p>Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos</p><p>documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos</p><p>ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram</p><p>produzidos nos autos.</p><p>Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de</p><p>documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem</p><p>como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após</p><p>esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que</p><p>a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em</p><p>qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º .</p><p>Na ação de usucapião, outros meios de prova que podem ser importantes para</p><p>a demonstração dos requisitos são: a) prova oral; b) prova pericial; c) inspeção judicial.</p><p>1.4.7. SENTENÇA</p><p>A sentença determinará a expedição de mandado para o C.R.I (art. 167, I, “28”,</p><p>da Lei nº 6.015/73):</p><p>Art. 225 - Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras</p><p>e nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os</p><p>característicos, as confrontações e as localizações dos imóveis,</p><p>mencionando os nomes dos confrontantes e, ainda, quando se tratar</p><p>só de terreno, se esse fica do lado par ou do lado ímpar do logradouro,</p><p>USUCAPIÃO NA PRÁTICA</p><p>Jaylton Lopes Jr.</p><p>_____________________________________________________________________________</p><p>@prof.jayltonlopes</p><p>P á g i n a | 8</p><p>em que quadra e a que distância métrica da edificação ou da esquina</p><p>mais próxima, exigindo dos interessados certidão do registro</p><p>imobiliário. (...)</p><p>Art. 226 - Tratando-se de usucapião, os requisitos da matrícula devem</p><p>constar do mandado judicial.</p>

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