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<p>W</p><p>BA</p><p>02</p><p>42</p><p>_V</p><p>2.</p><p>1</p><p>GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS</p><p>2</p><p>Eder Silva Frois</p><p>São Paulo</p><p>Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>2021</p><p>GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS</p><p>1ª edição</p><p>3</p><p>2021</p><p>Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César</p><p>CEP: 01418-002— São Paulo — SP</p><p>Homepage: https://www.platosedu.com.br/</p><p>Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>Silvia Rodrigues Cima Bizatto</p><p>Conselho Acadêmico</p><p>Carlos Roberto Pagani Junior</p><p>Camila Turchetti Bacan Gabiatti</p><p>Camila Braga de Oliveira Higa</p><p>Giani Vendramel de Oliveira</p><p>Gislaine Denisale Ferreira</p><p>Henrique Salustiano Silva</p><p>Mariana Gerardi Mello</p><p>Nirse Ruscheinsky Breternitz</p><p>Priscila Pereira Silva</p><p>Tayra Carolina Nascimento Aleixo</p><p>Coordenador</p><p>Tayra Carolina Nascimento Aleixo</p><p>Revisor</p><p>Danilo Augusto de Souza Machado</p><p>Editorial</p><p>Alessandra Cristina Fahl</p><p>Beatriz Meloni Montefusco</p><p>Carolina Yaly</p><p>Mariana de Campos Barroso</p><p>Paola Andressa Machado Leal</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)______________________________________________________________________________________</p><p>__Frois, Eder Silva</p><p>F929g Gestão de custos logísticos / Eder Silva Frois. – São</p><p>Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021.</p><p>46 p.</p><p>ISBN 978-65-5356-051-2</p><p>1.Gestão de custos logísticos. 2. Custo logístico total.</p><p>3. Custos de transporte. I. Título.</p><p>CDD 380</p><p>____________________________________________________________________________________________</p><p>Evelyn Moraes – CRB-8 010289</p><p>© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser</p><p>reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,</p><p>eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de</p><p>sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,</p><p>por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.</p><p>4</p><p>SUMÁRIO</p><p>Introdução aos Custos Aplicados à Logística _________________ 05</p><p>Elementos dos Custos Logísticos _____________________________ 22</p><p>Características dos Custos de Estoques e Armazenagem _____ 38</p><p>Características dos Custos de Transportes ___________________ 56</p><p>GESTÃO DE CUSTOS LOGÍSTICOS</p><p>5</p><p>Introdução aos Custos Aplicados à</p><p>Logística</p><p>Autoria: Éder Silva Frois</p><p>Leitura crítica: Danilo Augusto de Souza Machado</p><p>Objetivos</p><p>• Identificar conceitos básicos de custos.</p><p>• Revisar importantes conceitos do planejamento</p><p>logístico.</p><p>• Entender os trade-offs inerentes às decisões</p><p>logísticas.</p><p>• Compreender os fundamentos dos custos logísticos.</p><p>6</p><p>1. Introdução</p><p>Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos!</p><p>Nesta Leitura Digital, você terá a oportunidade de aprender e</p><p>desenvolver alguns conceitos fundamentais de custos aplicados à gestão</p><p>da logística. O aprendizado desses conceitos é fundamental para que</p><p>você possa, no exercício de suas atividades, tomar decisões mais bem</p><p>fundamentadas e entender os impactos dessas decisões em todo o</p><p>planejamento logístico de uma organização.</p><p>Discutiremos temas como o planejamento logístico, a compensação</p><p>entre os custos logísticos, onde encontrar os custos logísticos e</p><p>concluiremos nossa leitura com importantes tópicos para melhorar a</p><p>sua formação profissional.</p><p>2. Planejamento logístico</p><p>Entender os custos logísticos e seus impactos é fundamental para os</p><p>profissionais da área de logística. No entanto, antes de avançarmos</p><p>para discussões mais detalhadas sobre o tema, vamos revisar algumas</p><p>questões importantes sobre planejamento logístico para que você possa</p><p>relacionar posteriormente seus impactos nos custos logísticos.</p><p>O planejamento logístico busca sempre responder perguntas sobre o</p><p>que, quando e como disponibilizar bens e serviços aos consumidores, e</p><p>é desenvolvido tanto em níveis estratégicos, como táticos e operacionais.</p><p>Produtos e serviços não têm valor a menos que estejam em poder</p><p>dos clientes, quando (noção de tempo) e onde (noção de lugar) os</p><p>consumidores desejam consumi-los, ou seja, não basta para uma</p><p>organização disponibilizar produtos e serviços que os consumidores</p><p>desejam consumir, é necessário que esse produto esteja disponível</p><p>7</p><p>no lugar, no momento e onde os consumidores desejam adquiri-lo</p><p>(BALLOU, 2006).</p><p>Reflita, prezado leitor, imagine que você tenha visto uma excelente</p><p>campanha de marketing que tenha despertado seu interesse por um</p><p>produto, mas ao tentar adquiri-lo você não consegue encontrá-lo, como</p><p>você se sentiria?</p><p>Para entendermos um pouco melhor o conceito de planejamento</p><p>logístico, podemos fazer uma analogia ao nosso cotidiano refletindo</p><p>sobre uma atividade que muitos realizam rotineiramente, as compras no</p><p>supermercado.</p><p>Você já parou para pensar quantas decisões logísticas você toma na</p><p>atividade de realizar compras em um supermercado?</p><p>A maior parte das pessoas que usualmente realiza essas compras</p><p>fisicamente leva em consideração o que, quando e como comprar os</p><p>produtos que necessita. Reflita sobre algumas questões/decisões que</p><p>usualmente levamos em consideração nesse tipo de situação.</p><p>• O que preciso comprar?</p><p>• Qual a quantidade que preciso comprar de cada item?</p><p>• Devo ir ao supermercado todo dia, semanalmente ou</p><p>mensalmente?</p><p>• Devo ir com meu carro, ônibus, táxi, metrô ou motorista de</p><p>aplicativo?</p><p>• Devo aproveitar uma promoção e comprar uma quantidade maior</p><p>de determinado item que tinha planejado inicialmente? Mas, caso</p><p>aproveite a promoção qual seria o impacto no meu orçamento</p><p>financeiro?</p><p>8</p><p>• Qual a capacidade para armazenar que tenho disponível em minha</p><p>residência? Seria possível armazenar adequadamente sem riscos</p><p>de comprometer a qualidade dos produtos que estou comprando</p><p>e ainda os consumir dentro do prazo de validade?</p><p>Observe, com essa analogia didática de uma atividade cotidiana, como</p><p>podemos explorar a complexidade de um planejamento logístico e a</p><p>natureza e quantidade de questões/decisões logísticas que surgem.</p><p>Note, também, como essas decisões podem ser conflitantes durante</p><p>um planejamento, por exemplo, aproveitar uma promoção de preço</p><p>em determinado produto pode não ser possível, pois posso não ter</p><p>capacidade para armazenar essa quantidade em minha residência ou,</p><p>ainda, que por mais que o preço seja convidativo para aproveitar e</p><p>comprar uma quantidade maior, isso implicaria em comprometer o seu</p><p>planejamento financeiro.</p><p>Como balancear essas decisões de forma a otimizá-las para obter</p><p>o melhor aproveitamento das oportunidades e ao mesmo tempo</p><p>minimizar os custos? Reflexões como essas são a base para que</p><p>possamos discutir um pouco mais sobre o principal problema no</p><p>planejamento logístico, o projeto do conjunto desse sistema e seu trade-</p><p>off.</p><p>O conceito de projeto conjunto dentro do contexto logístico está</p><p>relacionado à maneira como são tomadas as decisões para projetar</p><p>esse sistema. Num desenho de um planejamento logístico, algumas</p><p>decisões são típicas como onde localizar os centros de distribuição,</p><p>a determinação das políticas de estoque, o desenho de sistemas de</p><p>atendimento de pedidos e a seleção dos modais de transporte. Essas</p><p>decisões são interrelacionadas e o conhecimento dos trade-offs entre</p><p>elas pode ajudar a prever o impacto que uma decisão terá em outras</p><p>áreas.</p><p>9</p><p>Os trade-offs são as trocas compensatórias entre os elementos de custo</p><p>logístico. Os trade-offs entre as decisões são as compensações entre</p><p>essas atividades, a compensação dos custos relacionados a cada decisão</p><p>é o reconhecimento de que os padrões de custos das várias atividades</p><p>da empresa frequentemente revelam características que as colocam</p><p>em conflito mútuo. Dessa maneira, o objetivo é gerenciar esse conflito</p><p>mediante um equilíbrio entre essas atividades (FARIA; COSTA, 2013;</p><p>BALLOU, 2006).</p><p>A Figura 1 demonstra essa situação, exemplificando um típico trade-off</p><p>através da escolha de um modal de transporte. Observe como estão em</p><p>conflito mútuo o custo direto do serviço de transporte a ser contratado</p><p>e o efeito sobre os custos de níveis</p><p>perdidos. A falta de estoque</p><p>pode ser reduzida com estoque de segurança para proteção contra</p><p>os momentos em que a demanda, durante o lead-time (tempo de</p><p>entrega), é maior do que o previsto.</p><p>• Custos de variação de capacidade: os custos de variação de</p><p>capacidade são os custos de mudança de capacidade produtiva</p><p>de uma fábrica além de uma faixa “normal”, incluindo os custos</p><p>de horas extras, turnos adicionais, dispensas, ou fechamentos</p><p>de fábricas. Os custos de variação de capacidade podem ser</p><p>minimizados por estratégias de nivelamento de produção</p><p>(produzindo uma quantidade consistente ao longo do ano), mas</p><p>essa estratégia aumenta os custos de manutenção de estoque</p><p>durante os períodos de baixa demanda. Esse custo está muito</p><p>relacionado principalmente a empresas de manufatura que</p><p>possuem restrições de capacidade.</p><p>52</p><p>5. Custos de armazenagem</p><p>É importante fazer uma breve distinção para que fique ainda mais claro</p><p>para você leitor sobre os custos de armazenagem, como vimos, esses</p><p>custos são um dos elementos associados aos custos de manutenção de</p><p>estoque, e essa diferenciação se faz necessária uma vez que, durante as</p><p>análises dos custos logísticos, é possível ocorrer a necessidade de avaliar</p><p>isoladamente esse custo, sem necessariamente discuti-lo atrelado aos</p><p>custos de manutenção de estoques.</p><p>Os custos de armazenagem são os custos da ocupação da área física</p><p>ocupada pelo armazém, despesas de manutenção, equipamentos,</p><p>administrativa e prejuízos diversos ocorridos na atividade de</p><p>armazenagem, incluem também os custos de movimentação que são</p><p>os gastos realizados com as movimentações de entrada e saída de</p><p>produtos/serviços.</p><p>Em resumo, os custos de armazenagem são aqueles diretamente</p><p>relacionados ao acondicionamento e manutenção das mercadorias, e</p><p>a maior parte dos custos de armazenagem é fixa e indireta, por vezes</p><p>dificultando o seu gerenciamento e sua correta alocação. Dessa maneira,</p><p>numa situação ilustrativa em que uma organização tenha uma grande</p><p>área de armazenagem e esteja mantendo pouco estoque, não utilizando</p><p>a área total que tenha disponível para armazenamento, a maioria dos</p><p>custos de armazenagem continuará acontecendo (por exemplo, os</p><p>custos de energia), uma vez que está diretamente relacionada ao espaço</p><p>físico, aos equipamentos de movimentação, à equipe e ao controle.</p><p>Por isso que os custos de armazenagem estão diretamente relacionados</p><p>aos custos de manutenção de estoques, uma vez que é a dimensão dos</p><p>níveis de estoque de uma organização que direcionará a necessidade à</p><p>área de armazenagem.</p><p>53</p><p>6. Conclusão</p><p>Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar as características dos</p><p>custos de estoques e armazenagem. Conceituamos o papel e função do</p><p>estoque e sua importância na gestão de uma organização, elencamos</p><p>os principais custos associados a esse gerenciamento para que você</p><p>possa, no exercício de suas atividades profissionais, compreender os</p><p>fundamentos e seu impactos nas análises dos custos logísticos.</p><p>O gerenciamento dos estoques é um dos desafios mais relevantes</p><p>para o profissional contemporâneo da área de logística, haja vista a</p><p>importância desse tema, tanto pelos seus impactos no nível de serviço</p><p>oferecido por uma organização como pelas suas implicações nos custos.</p><p>Dessa maneira, prezado leitor, existem benefícios e custos em ter um</p><p>estoque. O grande problema é equilibrar os custos de manutenção de</p><p>estoque, principalmente com os objetivos de:</p><p>• Atendimento ao cliente: uma vez que quanto menor o nível de</p><p>estoque, maior a probabilidade de uma falta de estoque e o</p><p>custo potencial de pedidos pendentes, vendas perdidas e clientes</p><p>perdidos, e quanto maior o nível de estoque, maior o nível de</p><p>serviço ao cliente.</p><p>• Eficiência operacional: com os estoques é possível manter uma</p><p>operação separada da outra, permitindo que uma fábrica opere</p><p>com mais eficiência. Eles permitem nivelar a produção e evitar</p><p>os custos de alteração dos níveis de produção. Manter estoque</p><p>permite que a operação seja executada com maior tempo e</p><p>reduz o número de setups. Excesso de horas extras, custos de</p><p>contratação, treinamento e dispensa serão todos maiores se a</p><p>produção flutuar com a demanda.</p><p>3. Custo de colocação de pedidos: os estoques mais baixos</p><p>podem ser alcançados pedindo quantidades menores com mais</p><p>54</p><p>frequência, mas essa prática resulta em custos anuais de pedido</p><p>mais elevados.</p><p>4. Custos de transporte: as mercadorias movimentadas em</p><p>pequenas quantidades custam mais por unidade do que</p><p>aquelas movimentadas em grandes quantidades. No entanto, a</p><p>movimentação de grandes lotes implica maior estoque.</p><p>Nesse sentido, se houver estoque, deve haver um benefício que exceda</p><p>os custos de manutenção desse estoque. Dessa maneira, a única boa</p><p>razão para manter estoque além das necessidades atuais de uma</p><p>organização é se ele custar menos para mantê-lo. Sendo assim, devemos</p><p>sempre voltar nossa atenção para os custos associados ao estoque.</p><p>Faria e Costa (2013, p. 54) salientam também que “o fato de reduzir os</p><p>níveis de estoque, sem uma análise preliminar sobre o grau de eficiência</p><p>do transporte, do armazém, e do processamento de pedidos, pode</p><p>gerar um aumento no custo logístico total”. Isso nos remete novamente</p><p>aos trade-offs inerentes às decisões logísticas e seus impactos no custo</p><p>logístico total.</p><p>Por fim, esperamos que esta Leitura Digital tenha possibilitado a você</p><p>um aprofundamento conceitual dessa temática e contribuído na sua</p><p>jornada de aprendizado sobre custos logísticos. E, como sempre,</p><p>reforçando sua formação profissional e agregando mais conhecimento</p><p>para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o</p><p>custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que</p><p>você estiver atuando.</p><p>Referências</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,</p><p>Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.</p><p>55</p><p>CORRÊA, H. L. et al. Planejamento, Programação e Controle da Produção. 5. ed.</p><p>São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana</p><p>University Southeast, 2019.</p><p>VIANA, J. J. Administração de Materiais: um Enfoque Prático. São Paulo: Atlas,</p><p>2000.</p><p>56</p><p>Características dos Custos de</p><p>Transportes</p><p>Autoria: Éder Silva Frois</p><p>Leitura crítica: Yane Lobo</p><p>Objetivos</p><p>• Entender os fundamentos do transporte.</p><p>• Compreender os diferentes tipos de modais e suas</p><p>estruturas de custos.</p><p>• Estabelecer relações sobre os custos no transporte.</p><p>• Identificar a formação de preço no transporte.</p><p>57</p><p>1. Introdução</p><p>Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.</p><p>Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante, as</p><p>características dos custos de transportes.</p><p>O transporte é uma área fundamental dentro do mix logístico e</p><p>é uma das atividades que mais absorve dos custos logísticos. A</p><p>representatividade desses custos atrelados ao transporte pode chegar a</p><p>dois terços dos custos logísticos totais de uma organização.</p><p>Dessa maneira, nesta Leitura Digital revisaremos os conceitos sobre</p><p>os fundamentos e custos do transporte e sua importância estratégica</p><p>para o planejamento dos custos logísticos em uma organização. É</p><p>fundamental que um profissional da área logística tenha um correto</p><p>entendimento sobre os custos associados a essa importante atividade,</p><p>para que, no exercício de suas funções, ele consiga avaliar esses custos e</p><p>tomar decisões mais bem fundamentadas.</p><p>2. Fundamentos do transporte</p><p>O transporte permite que as empresas cruzem as linhas geográficas</p><p>entre onde os produtos são produzidos e onde são consumidos. É difícil</p><p>imaginar empresas funcionando sem poder enviar produtos por toda</p><p>sua cadeia de abastecimento. Os avanços no transporte ampliaram</p><p>os mercados em que as empresas competem, tanto nacional quanto</p><p>internacionalmente. Quanto mais ampla a distribuição de um produto</p><p>maior a sua demanda, consequentemente</p><p>mais um fabricante poderá</p><p>alavancar as economias de custo do transporte.</p><p>58</p><p>Para Ballou (2006, p. 150) “o transporte representa o elemento mais</p><p>importante em termos de custos logísticos para inúmeras empresas”.</p><p>O dicionário APICS define transporte como a função de planejamento,</p><p>programação e controle de atividades relacionadas ao modal que será</p><p>utilizado pata transportar uma mercadoria, fornecedor e movimentação</p><p>de estoques para dentro e para fora de uma organização.</p><p>O transporte é parte integrante e fundamental de um sistema logístico,</p><p>e talvez, para muitos, o transporte seja a parte mais visível da logística,</p><p>isso quando, para a logística, seja sinônimo somente de transporte</p><p>de mercadorias. Os sistemas de transporte de uma organização</p><p>conectam os componentes de uma cadeia de suprimentos e devem</p><p>ser gerenciados e controlados adequadamente, isso significa total</p><p>visibilidade e forte comunicação entre todos os membros da rede.</p><p>Embora caminhões e trens que transportam os produtos ou que estejam</p><p>estacionados nas instalações de uma empresa sejam atrações comuns,</p><p>poucos consumidores entendem o quanto a economia, de uma maneira</p><p>geral, depende de um transporte econômico e confiável.</p><p>Reflita por um momento, prezado leitor, talvez você já tenha escutado</p><p>a famosa expressão popular no Brasil que diz do “Oiapoque ao Chuí”,</p><p>muito utilizada para referenciar algo que vai “de norte a sul” no nosso</p><p>país. Como fazer os produtos chegarem a um custo aceitável em</p><p>distâncias tão longas, permitindo acesso das pessoas a produtos e</p><p>serviços produzidos até nas mais partes mais remotas do país ou do</p><p>mundo? Isso seria possível sem um sistema de transporte eficiente e</p><p>econômico?</p><p>O transporte concentra-se em dois principais serviços logísticos: a</p><p>movimentação e o armazenamento.</p><p>Movimentação: independentemente de quais produtos precisam</p><p>ser transportados, o objetivo dos serviços de transporte é mover</p><p>59</p><p>mercadorias para destinos específicos. Uma vez que o movimento de</p><p>materiais ao longo de uma cadeia de suprimentos é necessário e caro,</p><p>é de suma importância manter baixos os custos ao mesmo tempo</p><p>mantendo um nível de serviço satisfatório.</p><p>Armazenamento: o armazenamento do produto é um elemento</p><p>de transporte menos visível, sempre que o produto está em um</p><p>veículo, ele está armazenado. Como os custos de descarregamento,</p><p>armazenamento e recarga podem ser altos, os veículos costumam ser</p><p>usados para armazenamento temporário de produtos, especialmente se</p><p>a data de envio do produto for dentro de alguns dias.</p><p>Uma boa relação custo-benefício no transporte permite que as</p><p>empresas possam ofertar produtos com maior qualidade e preços mais</p><p>baixos, permitindo economias de escala. Manter os custos de transporte</p><p>relativamente baixos diminui o custo do produto, o que permite que</p><p>uma empresa possa ser competitiva em vários mercados.</p><p>Os custos de transporte não devem ser apenas competitivos, eles</p><p>também devem estar de acordo com os níveis de serviços exigidos pelos</p><p>clientes. Não adianta muito os clientes terem transportes baratos se o</p><p>produto chegar atrasado ou danificado.</p><p>3. Modais e custos do transporte</p><p>Mesmo em sua forma mais eficiente, o transporte consome tempo,</p><p>recursos financeiros e ambientais. Os gestores da área de transporte</p><p>podem escolher entre uma variedade de modais de transportes para</p><p>obter eficiência, cada modo possui qualidades diferentes que o tornam</p><p>uma boa escolha para determinados fins. Cada um tem seus pontos</p><p>fortes e fracos e deve ser avaliado quanto à velocidade, integridade,</p><p>confiabilidade, capacidade, frequência e custo.</p><p>60</p><p>Basicamente existem 5 modais básicos de transporte: o rodoviário, o</p><p>marítimo, o ferroviário, o aeroviário e o dutoviário.</p><p>Você precisa saber as diferenças entre os modais porque o modal</p><p>selecionado afeta os custos de transporte e a flexibilidade que a</p><p>operação logística de uma organização poderá oferecer. Os custos de</p><p>transporte incluem como as mercadorias são transportadas, os locais</p><p>ou terminais onde as mercadorias são carregadas e descarregadas e</p><p>os veículos usados para transportar as mercadorias, sendo que esses</p><p>custos geralmente são fixos e variáveis. Os custos fixos são aqueles</p><p>que não se alteram com o volume de mercadorias transportadas,</p><p>por exemplo, instalações e equipamentos. Em contraste, os custos</p><p>variáveis variam com o volume movimentado e incluem, por exemplo, o</p><p>combustível, a manutenção, os salários e as taxas.</p><p>Vejamos quais são as estruturas básicas de custos dos vários modais de</p><p>transporte.</p><p>Rodoviário: mesmo quando uma empresa transporta mercadorias por</p><p>via aérea ou marítima, o transporte rodoviário é frequentemente usado</p><p>para entregar o produto de um porto ou aeroporto de chegada ao</p><p>destino. Dependendo de onde está localizado, o transporte rodoviário</p><p>pode ser um caminhão, uma van, uma motocicleta, um semirreboque,</p><p>ente outros. A estrutura de custos das transportadoras rodoviárias inclui</p><p>altos níveis de custos variáveis e custos fixos relativamente baixos. Os</p><p>custos variáveis podem incluir o combustível, a manutenção de veículos,</p><p>a mão de obra e os outros custos que aumentam com a distância.</p><p>Os custos fixos incluem o preço de compra dos veículos, seguros, a</p><p>manutenção de terminais ou instalações, entre outros.</p><p>Ferroviário: a ferrovia geralmente é muito utilizada para movimentar</p><p>uma grande quantidade de commodities (referência a um determinado</p><p>bem ou produto de origem primária) a granel usando reboques,</p><p>contêineres ou vagões puxados por uma locomotiva ou outra máquina.</p><p>61</p><p>A estrutura de custos da indústria de transporte ferroviário consiste em</p><p>baixos níveis de custos variáveis e altos custos fixos. Os custos variáveis</p><p>incluem combustível, manutenção das linhas ferroviárias, terminais</p><p>e trens, entre outros. Os custos fixos da indústria ferroviária incluem</p><p>trilhos, pátio ferroviário e outros custos de capital.</p><p>Aeroviário: o transporte aéreo proporciona entregas mais rápidas para</p><p>distâncias maiores. A estrutura de custos da indústria de transporte</p><p>aéreo consiste em altos custos variáveis e baixos custos fixos. Os custos</p><p>variáveis do transporte aéreo incluem mão de obra, combustível, taxas</p><p>de pouso em aeroportos e manutenção de aeronaves. A maioria dos</p><p>custos fixos é para as aeronaves e equipamentos especializados de</p><p>manuseio.</p><p>Marítimo: o transporte marítimo é frequentemente selecionado por</p><p>sua capacidade de mover cargas pesadas e de longas distâncias, seja</p><p>o transporte de mercadoria internacional ou também o transporte</p><p>hidroviário no interior de uma país. A estrutura de custos do transporte</p><p>marítimo inclui médios custos variáveis e custos fixos relativamente</p><p>baixos. Os custos variáveis do transporte marítimo incluem mão de obra</p><p>e combustível, além de taxas de doca e outros custos operacionais. Os</p><p>custos fixos incluem custos de capital para barcaças e navios.</p><p>Dutoviário: os dutos geralmente movem petróleo, derivados de petróleo,</p><p>gás natural, água e produtos químicos. Uma porcentagem substancial</p><p>dos produtos de petróleo e gás do mundo são transportados por dutos.</p><p>A estrutura de custos do transporte dutoviário incluem altos custos fixos</p><p>e baixos custos variáveis. Os custos fixos incluem construção, direitos</p><p>de passagem e instalações do terminal. Os custos variáveis incluem</p><p>combustível para estações de bombeamento, manutenção de dutos,</p><p>entre outros.</p><p>Uma modalidade comum também é o transporte intermodal. O</p><p>transporte intermodal permite que as transportadoras combinem</p><p>62</p><p>dois ou mais modais de transporte para obter a melhor opção que</p><p>atenda aos requisitos do destino. O objetivo do transporte intermodal</p><p>é utilizar diferentes tipos de equipamentos combinando as melhores</p><p>características de cada um. O transporte intermodal combina as</p><p>estruturas de custo de quaisquer dos modais selecionados.</p><p>O Quadro 1 sintetiza essa relação entre os custos fixos e variáveis nos</p><p>diferentes tipos de modais.</p><p>Quadro 1 – Estrutura de custos de cada modal</p><p>Modal Custo Fixo Custo</p><p>Variável Características</p><p>Rodoviário Baixo Médio</p><p>Baixo custo fixo (estradas</p><p>prontas e fornecidas</p><p>geralmente pelo investimento</p><p>público). Custo variável médio</p><p>(combustível, manutenção etc.).</p><p>Ferroviário Alto Baixo</p><p>Alto custo fixo de</p><p>equipamentos, terminais,</p><p>trilhos etc. Baixo custo variável.</p><p>Aéreo Baixo Alto</p><p>Baixo custo fixo (aeronaves</p><p>e sistemas de manuseio de</p><p>cargas). Alto custo variável</p><p>(combustível, mão de</p><p>obra, manutenção etc.).</p><p>Marítimo Médio Baixo</p><p>Custo fixo médio (navios</p><p>e equipamentos). Baixo</p><p>custo variável (capacidade</p><p>de transportar grande</p><p>quantidade).</p><p>Dutoviário Alto Baixo</p><p>Custo fixo mais alto de</p><p>todos (diretos preferenciais</p><p>de passagem, construção,</p><p>necessidade de estações</p><p>de controle, capacidade</p><p>de bombeamento). Custo</p><p>variável mais baixo de</p><p>todos (não há custo de mão</p><p>de obra significativo).</p><p>Fonte: adaptado de Bowersox, Closs e Cooper (2007).</p><p>63</p><p>Os custos de transporte são influenciados pelas fábricas, depósitos,</p><p>fornecedores, locais de varejo e clientes ou consumidores de uma</p><p>empresa, ou seja, como é formado seu sistema logístico. O modal</p><p>de transporte escolhido afeta os custos de estoque, uma vez que</p><p>sistemas de transporte mais rápidos (geralmente com custos mais altos)</p><p>podem exigir quantidades menores de estoque, enquanto sistemas de</p><p>transporte mais lentos (geralmente mais baratos) podem exigir maiores</p><p>quantidades de estoque.</p><p>Ballou (2006) coloca que quando o serviço de transporte não é utilizado</p><p>como forma de obter vantagem competitiva para uma organização no</p><p>mercado em que atua, a melhor opção será aquela obtida mediante</p><p>à compensação do custo da utilização do serviço de transporte com o</p><p>custo indireto do estoque aliado ao desempenho do modal selecionado.</p><p>Cada parte da cadeia de suprimentos tem necessidades e objetivos</p><p>diferentes. Os fornecedores normalmente idealizam prazos de entrega</p><p>flexíveis e demandas de volumes grandes e estáveis, a produção de</p><p>uma fábrica busca alto nível de produção a baixos custos, os varejistas</p><p>precisam de prazos de entrega curtos e entrega rápida, os clientes</p><p>exigem variedade de produtos e preços baixos. Via de regra, para que os</p><p>objetivos de um grupo sejam alcançados, os objetivos dos outros podem</p><p>ser perdidos.</p><p>Em suma, os conflitos de interesse estão no dia a dia do processo de</p><p>tomada de decisão nas organizações. Na gestão do transporte, por</p><p>exemplo, o lead-time (tempo de entrega) versus custos de transporte</p><p>é um clássico conflito. O lead-time consiste no tempo necessário para</p><p>o processamento de pedidos, a aquisição e fabricação, e o transporte</p><p>dos itens. Embora os custos de transporte sejam mais baixos quando</p><p>grandes quantidades são transportadas juntas, os prazos de entrega</p><p>são reduzidos quando as mercadorias são transportadas à medida</p><p>que são fabricadas ou disponibilizadas para vendas. Dessa maneira,</p><p>há uma compensação entre manter os produtos até que haja</p><p>64</p><p>quantidade suficiente para montar uma carga cheia ou transportá-la</p><p>antecipadamente para reduzir o lead-time.</p><p>Cada modal de transporte tem diferentes estruturas econômicas e</p><p>técnicas, e cada um pode fornecer diferentes qualidades de serviço.</p><p>Selecionar o modo de transporte que atenda aos requisitos de</p><p>programação, serviço e custo da organização é uma forma de gerenciar</p><p>os custos de transporte.</p><p>O Quadro 2 sintetiza os diferentes tipos de modais e algumas de suas</p><p>principais características.</p><p>Quadro 2 – Características dos diferentes tipos de modais</p><p>Características Rodoviário Ferroviário Marítimo Aéreo Dutoviário</p><p>Capabilidade Limitações</p><p>mínimas</p><p>Limitações</p><p>mínimas</p><p>Pouca</p><p>limitação</p><p>Limitado Muito</p><p>limitado</p><p>Custo Moderado Baixo Baixo Muito Alto Muito baixo</p><p>Capacidade Moderado Alto Alto Muito</p><p>baixo</p><p>Muito alto</p><p>Velocidade</p><p>de entrega</p><p>Rápido Moderada Baixa Muito</p><p>rápido</p><p>Baixa</p><p>Acessibilidade/</p><p>flexibilidade</p><p>Muito Alta Moderada</p><p>(depende</p><p>do país)</p><p>Baixa Moderada Muito baixa</p><p>Danos Moderado Muito alto Baixo Muito</p><p>baixo</p><p>Baixo</p><p>Fonte: elaborado pelo autor.</p><p>O modal mais adequado às necessidades de um cliente é normalmente</p><p>baseado em um ou mais dos seguintes atributos detalhados no Quadro</p><p>2. A capabilidade refere-se à quantidade/ao volume de diferentes tipos</p><p>de produto que podem ser transportados; o custo é o preço que a</p><p>transportadora cobra para transportar uma remessa; a capacidade é</p><p>o volume que pode ser transportado de uma só vez; a velocidade de</p><p>entrega refere-se ao tempo de trânsito decorrido desde a coleta até a</p><p>entrega; a acessibilidade/flexibilidade é a capacidade de acessar locais</p><p>65</p><p>de origem e destino; e os danos são as chances de danos durante o</p><p>trajeto.</p><p>Os profissionais de logística devem considerar todos os modais e</p><p>selecionar o melhor para a sua operação, avaliando as características</p><p>em relação às expectativas do cliente. Determinar qual modal selecionar</p><p>depende de uma série de fatores, como: qual é o tempo que se pode</p><p>esperar até a chegada da carga, se a remessa precisa de refrigeração,</p><p>se é necessário segurança reforçada? Qual produto está sendo enviado?</p><p>Onde é o destino? Entre outros.</p><p>Uma análise do custo de transporte é crítica para a logística, sendo</p><p>uma forma de ter visibilidade e uma previsão desse custo para o</p><p>planejamento logístico. Esse tipo de análise geralmente analisa</p><p>perspectivas econômicas, de mercado, de segurança, regulatórias e de</p><p>frete.</p><p>Quando se procura estimar os custos, as organizações devem entender</p><p>três maneiras diferentes de capturar economias de custos, sendo elas:</p><p>economias de escala, economias de densidade e economias de escopo.</p><p>• Economias de escala: ocorre quando o custo médio por unidade</p><p>diminui à medida que o volume transportado aumenta. Por</p><p>exemplo, à medida que você carrega mais peso em uma carga de</p><p>veículo, menor será seu custo por quilo.</p><p>Você pode imaginar o porquê, prezado leitor?</p><p>Porque você está rateando seus custos fixos sobre um número maior</p><p>de unidades. Assim, uma carga completa é mais econômica para o</p><p>transporte do que uma parcial. Então, consolide suas pequenas cargas</p><p>em maiores sempre que possível, esse efeito está presente em todos</p><p>os modais de transporte, mas é especialmente aplicável aos modos de</p><p>transporte com altos custos fixos, uma vez que esses custos podem ser</p><p>alocados em um número maior de unidades transportadas.</p><p>66</p><p>• Economias de densidade: no transporte, mercadorias de baixa</p><p>densidade custarão muito mais por valor monetário ou quilograma</p><p>para transportar do que bens mais densos, como o carvão. Um</p><p>caminhão cheio de isopor está carregando muito menos peso do</p><p>que um caminhão de carvão que é altamente denso.</p><p>Juntamente da distância e do peso, a densidade da mercadoria constitui</p><p>fator fundamental para a determinação do seu custo de transporte.</p><p>Geralmente, há mais limitação de espaço do que de peso nos veículos,</p><p>uma vez que o veículo está lotado não é mais possível aumentar a</p><p>quantidade a ser transportada, ainda que a carga seja leve. Em síntese,</p><p>como os custos operacionais não são substancialmente afetados pelo</p><p>peso, cargas de maior densidade permitem que custos relativamente</p><p>fixos do transporte sejam diluídos por pesos maiores. Com isso, essas</p><p>cargas incorrem em custos mais baixos por unidade de peso.</p><p>• Economias de escopo: são geradas quando o custo médio de uma</p><p>transportadora diminui à medida que a transportadora fornece um</p><p>número maior de produtos ou serviços. Quando um único veículo</p><p>carrega vários itens, os custos conjuntos que são criados podem</p><p>ser divididos entre os vários itens, isso pode ser aplicável em todos</p><p>os modos de transporte.</p><p>Note que conceitualmente economias de escopo diferem de economias</p><p>de escala, em que a primeira significa produzir uma variedade de</p><p>produtos diferentes juntos, para reduzir custos, enquanto a última</p><p>significa produzir mais do mesmo bem, a fim de reduzir custos por meio</p><p>do aumento da eficiência.</p><p>4. Formação de preço nos transportes</p><p>Bowersox, Closs e Cooper (2007) colocam que a economia e a formação</p><p>de preço no transporte preocupam-se com os fatores</p><p>e características</p><p>67</p><p>que orientam o custo. A economia nos transportes é orientada por</p><p>sete fatores, conforme Figura 1: distância, peso, densidade, capacidade</p><p>de acondicionamento, manuseio, riscos e mercado. Salientando que</p><p>esses fatores não são componentes diretos dos preços das tarifas, mas</p><p>sua capacidade de influenciar as estruturas tarifárias os torna muito</p><p>importantes. Sendo que os principais fatores são a distância, o peso e a</p><p>densidade.</p><p>Figura 1 – Fatores que influenciam a formação preço no transporte</p><p>Fonte: adaptada de Bowersox, Closs e Cooper (2007).</p><p>• Distância: exerce uma grande influência nos custos de transporte.</p><p>À medida que a distância aumenta, as despesas variáveis (por</p><p>exemplo, combustível e manutenção) aumentam.</p><p>• Peso: o custo de transporte por unidade diminui à medida que o</p><p>peso da carga aumenta. Isso é resultado de economias de escala,</p><p>ou rateio dos custos fixos.</p><p>• Densidade: é a combinação de peso e volume. Peso e volume são</p><p>importantes porque o custo de transporte normalmente é cotado</p><p>por unidade de peso. Os modais possuem limitante de capacidade</p><p>tanto de peso como de espaço cúbico. Uma vez que as despesas</p><p>reais com veículos e combustível não são significativamente</p><p>influenciadas pelo peso, produtos com maior densidade permitem</p><p>que o custo fixo do transporte seja dividido por uma quantidade</p><p>maior de peso.</p><p>A Figura 2 ilustra essas três principais relações.</p><p>68</p><p>Figura 2 – Relação geral entre distância, peso, densidade e custo do</p><p>transporte</p><p>Fonte: Bowersox, Closs e Cooper (2007, p. 211).</p><p>Capacidade de acondicionamento: refere-se a forma como as dimensões</p><p>do produto se encaixam no equipamento de transporte.</p><p>• Manuseio: esse fator examina o tipo de equipamento necessário</p><p>para lidar com o carregamento, incluindo qualquer manuseio</p><p>especial. Ele também considera como o carregamento é</p><p>fisicamente agrupado (com caixas, contêineres ou paletes).</p><p>• Riscos: os riscos incluem quaisquer características do produto</p><p>que possam resultar em danos. Por exemplo, os transportadores</p><p>podem reduzir esse risco melhorando a embalagem do produto.</p><p>• Mercado: os fatores relacionados ao mercado, como volume e</p><p>equilíbrio das rotas, influenciam os custos de transportes. Dessa</p><p>maneira, é necessário examinar a capacidade de uma organização</p><p>de equilibrar os transportes de ida até um destino com o seu</p><p>retorno. Por exemplo, quando um veículo realiza uma entrega</p><p>para um destino e retorna vazio, os custos de combustível e</p><p>manutenção terão que ser atribuídos somente à movimentação</p><p>da entrega de ida. Nesse sentido, o ideal é conseguir uma</p><p>movimentação de ida e retorno equilibrada.</p><p>Um aspecto fundamental diz respeito as tarifas, que são os preços</p><p>estabelecidos para o transporte de mercadorias, com base em qualquer</p><p>número de fatores (distância, peso, medida, tipo de equipamento,</p><p>69</p><p>pacote, mercadoria etc.). Tarifas são o custo para mover algo do ponto</p><p>X para o ponto Y. Ao entrar em negociações contratuais com uma</p><p>transportadora, os profissionais de logística precisam estar preparados</p><p>com o tipo de informações específicas de taxa necessárias para tomar</p><p>boas decisões.</p><p>Independentemente do modo de transporte ou da transportadora</p><p>selecionada, os gestores de transporte devem entender o custo total</p><p>envolvido para garantir que a receita média gerada seja maior do</p><p>que o custo médio de transporte. Quatro tipos de custos devem ser</p><p>considerados antes de precificar ao transporte de produtos: os custos</p><p>fixos, variáveis, conjuntos e comuns.</p><p>• Custos fixos: os custos que não se alteram independentemente do</p><p>volume transportado e devem ser pagos mesmo que a empresa</p><p>não esteja operando. Por exemplo, veículos e instalações que uma</p><p>transportadora possui.</p><p>• Custos variáveis: os custos incorridos quando ocorre um</p><p>embarque, podem incluir custos para serviços subcontratados</p><p>ou adquiridos, além dos custos variáveis usuais (por exemplo,</p><p>combustível e manutenção) e são afetados pelo volume</p><p>embarcado. Os custos variáveis representam também o valor</p><p>mínimo a cobrar por um transporte.</p><p>Faria e Costa (2013) salientam que a classificação entre custos fixos e</p><p>variáveis depende da operação e da ocorrência do fato. A mão de obra</p><p>de um motorista é um exemplo, se o motorista tiver um rendimento</p><p>mensal, esse custo pode ser fixo, mas se ele for remunerado por</p><p>quilometragem ele passará a ser variável.</p><p>• Custos conjuntos: esses custos são compartilhados entre o</p><p>transportador e a transportadora. Bowersox, Closs e Cooper (2007)</p><p>citam o exemplo de custos conjuntos quando uma transportadora</p><p>decide levar um caminhão completo do ponto A ao ponto Y. Nesse</p><p>70</p><p>tipo de situação há uma situação implícita de um custo conjunto</p><p>associado à viagem de retorno do ponto Y ao ponto X. Dessa</p><p>maneira, os custos conjuntos têm impactos significativos sobre</p><p>as tarifas de transportes porque as transportadoras considerarão</p><p>esse custo implícito na sua avaliação dos cálculos de tarifas.</p><p>• Custos comuns: são custos, por exemplo, para terminais, direitos</p><p>de passagem e despesas de gestão, incluem os custos da</p><p>transportadora incorridos em nome de todos os clientes e são</p><p>proporcionalmente alocados para todos os que utilizam o serviço.</p><p>Muitas vezes, podem ser alocados a um cliente de acordo com o</p><p>seu nível de atividade.</p><p>Essas informações informam aos gestores de transporte sobre as</p><p>restrições impostas às negociações de preços e ditam os limites de</p><p>preços para operar e determinar as tarifas, o que é essencial para</p><p>calcular um custo de transporte adequado.</p><p>5. Conclusão</p><p>Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar as características dos</p><p>custos dos transportes. Iniciamos com os fundamentos dos transportes</p><p>e o seu papel dentro do planejamento logístico, destacando os dois</p><p>principais serviços logísticos: a movimentação e o armazenamento.</p><p>Ressaltamos também sua importância para o desenvolvimento</p><p>econômico de um país. Abordamos os principais tipos de modais no</p><p>transporte, o hidroviário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e o dutoviário</p><p>e sintetizamos as características de custo de cada um e, por fim,</p><p>discutimos a formação de preço no transporte.</p><p>A gestão dos transportes é um dos desafios mais relevantes para o</p><p>profissional contemporâneo da área de logística, seja pelo aumento da</p><p>complexidade das operações logísticas globalmente e principalmente</p><p>71</p><p>por ser o principal elemento dentro da gestão dos custos logísticos. Para</p><p>que você tenha uma simples dimensão, segundo pesquisa da Fundação</p><p>Dom Cabral (FDC) (FDC, 2018), em 2017, o transporte, compreendendo</p><p>as movimentações de longa distância e a distribuição urbana de</p><p>mercadorias, responde por 63,5% do custo logístico total incorrido pelos</p><p>embarcadores de cargas no Brasil.</p><p>Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenha possibilitado</p><p>a você um aprofundamento conceitual nessa temática e contribuído</p><p>na sua jornada de aprendizado sobre custos logísticos. Como sempre,</p><p>reforçando sua formação profissional e agregando mais conhecimento</p><p>para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o</p><p>custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que</p><p>você estiver atuando.</p><p>Referências</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,</p><p>Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.</p><p>BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B.; Gestão da Cadeia de Suprimentos e</p><p>Logística. Rio de Janeiro: Camus, 2007.</p><p>FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>FUNDAÇÃO DOM CABRAL (FDC). Custos Logísticos no Brasil. 2018. Disponível em:</p><p>https://www.fdc.org.br/conhecimento/publicacoes/relatorio-de-pesquisa-33324.</p><p>Acesso em: 1 set. 2021.</p><p>PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana</p><p>University Southeast, 2019.</p><p>https://www.fdc.org.br/conhecimento/publicacoes/relatorio-de-pesquisa-33324</p><p>72</p><p>BONS ESTUDOS!</p><p>Sumário</p><p>Introdução aos Custos Aplicados à Logística</p><p>Objetivos</p><p>1. Introdução</p><p>2. Planejamento logístico</p><p>3. Compensação dos custos logísticos</p><p>4. Onde encontrar os custos logísticos</p><p>5. Conclusão</p><p>Referências</p><p>Elementos dos Custos Logísticos</p><p>Objetivos</p><p>1. Introdução</p><p>2. Escopo da logística</p><p>3. Elementos dos custos logísticos</p><p>4. Conclusão</p><p>Características dos Custos de Estoques e Armazenagem</p><p>Objetivos</p><p>1. Introdução</p><p>2. Papel dos estoques/inventários</p><p>3. Classificação e funções dos estoques</p><p>4. Custos dos estoques</p><p>5. Custos de armazenagem</p><p>6. Conclusão</p><p>Referências</p><p>Características dos Custos de Transportes</p><p>Objetivos</p><p>1. Introdução</p><p>2. Fundamentos do transporte</p><p>3. Modais e custos do transporte</p><p>4. Formação de preço nos transportes</p><p>5. Conclusão</p><p>Referências</p><p>de estoque, o transporte aéreo é</p><p>mais rápido e mais caro, logo isso permite que a empresa mantenha</p><p>menores níveis de estoque, reduzindo a curva dos custos de estoque e,</p><p>no entanto, aumentado os custos de transportes.</p><p>Figura 1 – Conflito entre custos de transporte e de estoque</p><p>Fonte: Ballou (2006, p. 57).</p><p>10</p><p>De acordo com Ballou (2006), o planejamento logístico procura resolver</p><p>quatro grandes áreas de problema.</p><p>• Nível de serviço aos clientes.</p><p>• Localização das instalações.</p><p>• Decisões sobre estoques.</p><p>• Decisões sobre transporte.</p><p>O planejamento segue um triângulo de decisão primário de estratégias</p><p>de estoque, transporte e localização, sendo os serviços aos clientes o</p><p>resultado dessas decisões, conforme Figura 2.</p><p>Figura 2 – Triângulo do planejamento logístico</p><p>Fonte: adaptada de Ballou (2006).</p><p>Essas áreas são caracterizadas como o triângulo de tomada de decisões</p><p>logísticas. Considere que essas áreas são inter-relacionadas e devem</p><p>ser planejadas como uma unidade, uma decisão numa determinada</p><p>estratégia impacta em outra estratégia. Exemplificando, uma</p><p>organização que opta no seu planejamento logístico por um modal de</p><p>transporte mais rápido conseguirá ter uma resposta mais rápida para as</p><p>11</p><p>demandas dos clientes, possibilitando, dessa maneira, que a empresa</p><p>mantenha menores níveis de estoque e consequentemente menores</p><p>custos para a sua manutenção, no entanto, transportes mais rápidos</p><p>são mais caros, o que impactará nos custos de transportes. Por isso</p><p>a importância de analisar e planejar como uma unidade e balancear</p><p>essas decisões de forma a buscar um equilíbrio. Mesmo que você</p><p>profissionalmente esteja atuando dentro de um aspecto mais específico</p><p>de uma estratégia, é fundamental que você considere os impactos</p><p>dessas decisões nas demais estratégias.</p><p>Considere sempre que devemos pensar na logística como um sistema</p><p>integrado e ao projetar e analisar esse sistema de forma integrada,</p><p>podemos obter efetivas reduções de custos e gerenciá-los de forma</p><p>a otimizar seus trade-offs, minimizando o custo total do projeto e</p><p>maximizando o nível de serviço ofertado aos clientes. Por exemplo,</p><p>selecionar o transporte com base somente nas tarifas mais baixas ou</p><p>maior rapidez nem sempre será o melhor método, a questão básica na</p><p>logística é a gestão do conflito de custos entre as atividades, sempre que</p><p>houver substanciais conflitos de custos será necessário gerenciá-los de</p><p>maneira coordenada.</p><p>3. Compensação dos custos logísticos</p><p>Em vez de abordar a logística como uma série de componentes isolados</p><p>cujos custos devem ser minimizados individualmente ao mesmo tempo</p><p>em que alcancem um aceitável nível de atendimento ao cliente, é</p><p>importante que os profissionais de logística otimizem a função como</p><p>um todo. Parte disso deve-se à necessidade de ter uma visão holística</p><p>do sistema, é que minimizar o custo de uma função ou maximizar algum</p><p>elemento de seu serviço muitas vezes faz com que uma função diferente</p><p>sofra de ineficiências ou problemas de serviço.</p><p>12</p><p>Primeiramente, vamos definir o conceito de sistema total. O dicionário</p><p>APICS (2019), define o conceito de sistema total como uma tentativa de</p><p>criar o sistema mais eficiente em oposição às partes individualmente</p><p>mais eficientes. Um sistema como um “todo” é impulsionado por causa e</p><p>efeito.</p><p>Quando o conceito de sistemas é aplicado à logística, a causa que</p><p>impulsiona todo o sistema é a demanda, e o efeito é fornecer/ofertar</p><p>produtos e serviços ao preço mais competitivo possível no momento</p><p>e local que é demandado. Esse objetivo geral não pode ser alcançado</p><p>de forma ideal se os elementos logísticos não estão trabalhando juntos</p><p>“como uma equipe”. É necessária uma visão para que os membros,</p><p>que, por vezes, estão trabalhando individualmente em suas atividades,</p><p>façam os sacrifícios necessários para garantir que o sistema como um</p><p>todo melhore sua performance. A busca por equilíbrio nos remete ao</p><p>conceito de custo total.</p><p>A definição do conceito de custo total logístico desenvolve-se a partir</p><p>da ideia de que todas as decisões logísticas que ofereçam níveis iguais</p><p>de serviço devem favorecer a opção que minimiza o total de todos os</p><p>custos logísticos e não deve ser utilizada apenas em reduções de custos</p><p>em uma área, como menores custos de frete. O custo total se constitui</p><p>como peça central no projeto do sistema logístico e na análise das</p><p>compensações entre os custos, essa compensação é o reconhecimento</p><p>de que os padrões de custos das várias atividades da empresa</p><p>frequentemente revelam características que as colocam em conflito</p><p>mútuo e esse conflito deve ser gerenciado mediante um equilíbrio entre</p><p>as atividades de forma que elas sejam otimizadas (APICS, 2019; BALLOU,</p><p>2006).</p><p>Bowersox, Closs e Cooper (2007) afirmam que o conceito de custo</p><p>total logístico surgiu em 1956, através de um estudo para explicar</p><p>as condições sob as quais o frete aéreo de alto custo poderia ser</p><p>justificado. Nesse estudo, os autores ilustraram uma estratégia de</p><p>13</p><p>distribuição de peças eletrônicas na qual o alto custo variável de</p><p>transporte aéreo para entrega era mais do que compensado por</p><p>reduções nos custos de estoques e armazenamentos. Concluiu-</p><p>se, então, que a estratégia logística de menor custo era centralizar</p><p>os estoques em um armazém específico e fazer entregas usando o</p><p>transporte aéreo, proporcionando uma nova perspectiva em relação ao</p><p>custo logístico. A prática predominante até então era concentrar para</p><p>atingir o menor custo possível em cada função individual da logística</p><p>com limitada ou nenhuma atenção às compensações do custo total.</p><p>O desenvolvimento do conceito de custo total abriu as portas para</p><p>a avaliação de como os custos funcionais (as diferentes funções da</p><p>empresa) se relacionam e causam impacto um no outro.</p><p>Faria e Costa (2013) adicionam que, ao buscar solução para um</p><p>problema, o profissional de logística lida com um conjunto de elementos</p><p>interdependentes, (como foi discutido previamente neste texto), e</p><p>que os custos associados a cada elemento se compensam entre si,</p><p>resultando que cada alternativa estudada produz um custo total</p><p>diferente.</p><p>Vamos analisar um exemplo para que você possa fundamentar bem</p><p>esse entendimento do custo total na logística?</p><p>Figura 3 – Determinação do nível de serviço ao cliente</p><p>Fonte: Ballou (2006, p. 58).</p><p>14</p><p>Ao analisar a Figura 3 podemos observar que à medida que</p><p>aperfeiçoamos o serviço ao cliente (eixo horizontal) diminuímos a linha</p><p>dos custos de vendas perdidas e aumentamos a linha dos custos de</p><p>transportes, processamento de pedidos e estocagem. Por exemplo,</p><p>a empresa pode ter uma estratégia de estoque para sempre manter</p><p>altos níveis de disponibilidade de produtos, gerando custos maiores de</p><p>estocagem para uma organização. Todavia, como a operação possui</p><p>melhores níveis de serviços, consequentemente, diminui os custos</p><p>das vendas perdidas, uma vez que menor será o número de clientes</p><p>perdidos devido à falta de estoque. O grande desafio é contrabalancear</p><p>o custo das vendas perdidas e o custo da manutenção de determinado</p><p>nível de serviço, buscando otimizar a linha da curva dos custos totais.</p><p>4. Onde encontrar os custos logísticos</p><p>Uma vez que você tenha compreendido a importância de entender e</p><p>gerenciar as compensações entre os custos logísticos, vamos descobrir</p><p>onde usualmente podemos visualizar esses custos. Conceitualmente,</p><p>podemos definir custos logísticos como:</p><p>[...] aqueles em que a empresa incorre ao longo do fluxo de materiais e</p><p>bens, dos fornecedores a fabricação (Logística de Abastecimento), nos</p><p>processos de produção (Logística de Planta) e na entrega ao cliente,</p><p>incluindo o serviço de pós-venda (Logística de Distribuição), buscando a</p><p>minimização dos custos envolvidos e garantindo a melhoria dos níveis de</p><p>serviços aos clientes. (FARIA; COSTA, 2013, p. 69)</p><p>Infelizmente, conforme exposto por Faria e Costa (2013), ainda há</p><p>poucos estudos e discussões sobre custos logísticos, e o grande dilema</p><p>para dar visibilidade aos custos logísticos totais</p><p>é que esses custos</p><p>se encontram muitas vezes dentro das demonstrações financeiras/</p><p>contábeis tradicionais.</p><p>15</p><p>As demonstrações financeiras são documentos essenciais nos negócios,</p><p>os gestores das empresas usam para avaliar o desempenho e identificar</p><p>as áreas em que é preciso tomar alguma ação gerencial. Além da</p><p>importância para a administração de uma organização, é através dessas</p><p>demonstrações que podemos identificar e extrair os custos logísticos,</p><p>ainda que exista a possibilidade de não conseguirmos identificar o custo</p><p>logístico total da empresa. Essas demonstrações usualmente seguem</p><p>um formato padrão, embora possa haver alguma variação a depender</p><p>da natureza de cada negócio (HAYES, 2009).</p><p>Dessa maneira, é essencial que você compreenda pelo menos as três</p><p>principais demonstrações financeiras o Balanço Patrimonial (BP), a</p><p>Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração dos</p><p>Fluxos de Caixa (DFC).</p><p>Balanço patrimonial (BP): é uma demonstração contábil que mostra o</p><p>patrimônio da empresa em um dado momento do tempo. É dividido em</p><p>três grandes tópicos: ativo, passivo e patrimônio líquido. As empresas</p><p>preparam o BP como uma forma de apresentar a situação contábil e</p><p>econômica de uma empresa em determinado período, usualmente</p><p>elaborado anualmente.</p><p>Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): é uma demonstração</p><p>contábil que tem como finalidade apurar o lucro ou prejuízo num</p><p>período determinado, muitas vezes ela é entendida como um “resumo”</p><p>financeiro dos resultados operacionais e não operacionais da empresa.</p><p>Usualmente a DRE é elaborada mensalmente ou trimestralmente e</p><p>anualmente como forma de averiguar o encerramento do ano fiscal.</p><p>Ela tem como objetivo detalhar a formação do resultado líquido de um</p><p>exercício por meio da descrição das receitas, dos custos e das despesas</p><p>de uma empresa. Hayes (2009) destaca que ao contrário do balanço</p><p>patrimonial, que é um retrato da posição da empresa em um momento</p><p>do tempo, a DRE indica os resultados acumulados da empresa num</p><p>16</p><p>contexto temporal definido, ela indica se a empresa está lucrando ou</p><p>tendo prejuízo.</p><p>Fique atento que é comum, também no Brasil, principalmente em</p><p>empresas multinacionais, utilizar a abreviação em inglês P&L (Profit and</p><p>Loss) para designar DRE.</p><p>Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): é a demonstração que mostra</p><p>os recebimentos e os pagamentos efetuados pela empresa em caixa,</p><p>indicando o que ocorreu no período em termos de entradas e saídas de</p><p>dinheiro. Hayes (2009) faz uma analogia da DFC com o extrato bancário</p><p>que você recebe para verificar sua conta, a DFC detalha quanto dinheiro</p><p>estava disponível no início de um período e quanto estava no fim.</p><p>Vamos, também, classificar alguns conceitos básicos de custos</p><p>associados à logística, os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis e</p><p>outros relacionados ao processo de gestão. Esses custos geralmente</p><p>são classificados quanto à sua natureza e finalidade de informação,</p><p>conforme Figura 4.</p><p>Figura 4 – Custos associados à logística</p><p>Fonte: adaptada de Faria e Costa (2013).</p><p>17</p><p>Conforme destacado por Faria e Costa (2013), nessa segregação</p><p>temos os custos no que diz respeito ao relacionamento com o objeto</p><p>(fornecedor, cliente, produto, regiões ou canais de distribuição). Os</p><p>custos relacionados ao comportamento diante do volume de atividade,</p><p>especificamente para a logística, são primordiais, com volumes</p><p>produzidos, movimentados, transportados, entre outros; e os custos</p><p>quanto ao relacionamento com o processo de gestão, para esses casos,</p><p>a preocupação é com o processo de tomada de decisão na logística.</p><p>Custos diretos: normalmente, trata-se dos materiais utilizados de forma</p><p>direta no processo logístico, é de fácil identificação e mensuração no</p><p>momento de sua ocorrência, por exemplo, o custo de transporte no</p><p>processo de distribuição dos produtos.</p><p>Custos indiretos: normalmente esses custos são alocados por algum</p><p>critério de rateio devido a não serem apropriados diretamente ao</p><p>objeto no momento da sua ocorrência, e geralmente são mais difíceis</p><p>de identificar. Por exemplo, a tecnologia de informação utilizada no</p><p>processo logístico que atenda a vários clientes.</p><p>Custos fixos: são custos ou despesas que não variam dentro de uma</p><p>capacidade instalada, ou seja, não possuem variação em consequência</p><p>do volume produzido ou de atividade. Por exemplo, o custo de</p><p>armazenagem própria para operacionalizar as operações logísticas.</p><p>Custos variáveis: são aqueles que variam de acordo com o volume</p><p>da produção ou serviço. Por exemplo, o frete que varia em função do</p><p>volume a ser entregue.</p><p>Custos de oportunidade: esse é um custo de difícil identificação ou</p><p>compreensão, principalmente por não ser encontrado tacitamente</p><p>nos demonstrativos financeiros e não implica em um desembolso de</p><p>caixa. O custo de oportunidade é valor “perdido” ou o que você deixou</p><p>de “ganhar”, por exemplo, imagine que você tem determinado valor</p><p>18</p><p>financeiro disponível para investir, e você tem duas oportunidades de</p><p>investimentos, investimento X e investimento Y, suponha que você</p><p>decidiu hoje, baseado na informação disponível, que a melhor alocação</p><p>seria investir tudo no investimento X. Após determinado período de</p><p>tempo, você verifica que obteve algum rendimento no investimento X,</p><p>todavia, o investimento Y foi muito mais rentável, dessa maneira, seu</p><p>custo de oportunidade foi a diferença de rentabilidade do investimento</p><p>Y para o investimento X. Observe que, teoricamente, você não “perdeu</p><p>dinheiro” e, sim, deixou de “ganhar mais”.</p><p>Faria e Costa (2013) destaca que o custo de oportunidade é um conceito</p><p>de custo imprescindível para a gestão logística e, principalmente, para</p><p>os investimentos em ativos logísticos, como os ativos imobilizados</p><p>(caminhões, instalações de armazenagem etc.) ou a manutenção de</p><p>estoque ao longo da cadeia, sendo extremamente relevante considerar</p><p>o custo de oportunidade sobre os ativos logísticos como um custo</p><p>logístico a ser contemplado no resultado econômico da empresa.</p><p>Custo incremental, marginal ou diferencial: normalmente considerado</p><p>como um custo extra, associado à produção adicional de um item. É a</p><p>mudança que ocorre para uma empresa em seus resultados à produção</p><p>e venda de uma unidade de produção adicional. É calculado por meio</p><p>da análise dos encargos adicionais incorridos com base na alteração de</p><p>uma determinada atividade. Basicamente, numa análise incremental</p><p>devemos apurar qual o resultado financeiro que será realizado pela</p><p>diferença entre a receita de unidade adicional e o custo incremental.</p><p>Por fim, para os custos relacionados com o processo de gestão, iremos</p><p>abordar somente os custos de oportunidade e o custo incremental,</p><p>marginal ou diferencial, você pode consultar a bibliografia da disciplina</p><p>caso queira se aprofundar mais no detalhamento dos demais custos.</p><p>19</p><p>5. Conclusão</p><p>Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar o entendimento dos</p><p>fundamentos dos custos logístico. Compreender e fundamentar</p><p>principalmente o entendimento dos trade-offs existentes no</p><p>planejamento de uma operação logística é fundamental para o bom</p><p>desempenho de seu exercício profissional, assim como pudemos</p><p>aprofundar e repassar alguns conceitos na gestão de custos logísticos e</p><p>onde encontrá-los.</p><p>Amaral e Guerreiro (2014) avaliaram a extensão do conhecimento</p><p>dos profissionais brasileiros sobre a avaliação dos trade-offs de custos</p><p>logísticos na gestão logística, concluindo que a maioria dos profissionais</p><p>logísticos sabem da existência dessas trocas compensatórias na</p><p>gestão dos custos logísticos e conseguem relacionar que o aumento</p><p>em um custo pode ser compensado pela redução em outros custos</p><p>ou pelo aumento nas receitas. No entanto, os autores destacam que</p><p>faltam a essa mesma maioria um entendimento mais profundo do</p><p>funcionamento desses trade-offs, especialmente da sua intrínseca</p><p>relação com o custo total. Isso faz com que, infelizmente, a pressão</p><p>por cortes individuais de custos não seja percebida como o equívoco</p><p>que é. Adicionalmente, eles destacam que os profissionais com mais</p><p>experiência apresentam uma extensão maior do conhecimento dos</p><p>impactos econômico-financeiros do que os profissionais com menos</p><p>experiência, ou seja, aparentemente a experiência profissional é</p><p>relevante para uma melhor compreensão, reforçando a importância</p><p>tanto para os profissionais mais experientes quanto para os menos</p><p>experientes por uma formação conceitual mais profunda para cobrir</p><p>essa lacuna. Ainda, a mesma pesquisa indica que metade das empresas</p><p>avalia pouco ou moderadamente os trade-offs, dificultando o sucesso da</p><p>sua integração logística. Dessa maneira, as empresas ainda não atuam</p><p>com o custo total otimizado e a falta da avaliação dos trade-offs é uma</p><p>das causas capitais dessa situação.</p><p>20</p><p>Esperamos que, com o aprofundamento realizado nesta Leitura Digital,</p><p>essa lacuna tenha sido resolvida e que isso tenha permitido a você estar</p><p>agora mais bem preparado para discussões sobre esse tema.</p><p>Aprofundamos, também, nesta Leitura Digital o conceito de custo</p><p>total, conceito extremamente relevante e atual para o profissional</p><p>contemporâneo que atua na moderna gestão da logística. Esperamos</p><p>que você tenha compreendido esse importante conceito e leve sempre</p><p>em consideração no exercício de sua atividade profissional de se pensar</p><p>a gestão logística como uma unidade.</p><p>Além disso, discutimos sobre a importância do conhecimento das</p><p>principais demonstrações financeiras pelos profissionais de logística</p><p>para a correta identificação de onde estão os custos logísticos, de forma</p><p>que seja um ponto de partida para você, por exemplo, ao se pensar</p><p>projetos de melhorias na logística, ao buscar reduções de custos.</p><p>Finalizamos abordando os conceitos de custos aplicados à logística,</p><p>refletindo sobre a sua associação com a logística.</p><p>Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenham ficado muito</p><p>claros e fundamentados todos esses conceitos, e que isso possa</p><p>permitir a você exercer sua atividade profissional com uma visão mais</p><p>holística da logística e dos impactos em custos, e que você possa tomar</p><p>decisões logísticas mais bem fundamentadas, contribuindo para uma</p><p>gestão mais eficiente, otimizando o custo logístico total e aumentando a</p><p>competitividade da organização que você estiver atuando.</p><p>Referências</p><p>AMARAL, J. V.; GUERREIRO, R. Conhecimento e Avaliação dos Trade-offs de Custos</p><p>Logísticos: um Estudo com Profissionais Brasileiros. Revista Contabilidade &</p><p>Finanças, [online], v. 25, n. 65, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rcf/a/</p><p>dYQJ3dh93JhYJKdBKH4HQkJ/?lang=pt. Acesso em: 2 dez. 2021.</p><p>https://www.scielo.br/j/rcf/a/dYQJ3dh93JhYJKdBKH4HQkJ/?lang=pt</p><p>https://www.scielo.br/j/rcf/a/dYQJ3dh93JhYJKdBKH4HQkJ/?lang=pt</p><p>21</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento,</p><p>Organização e Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.</p><p>BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B.; Gestão da Cadeia de Suprimentos e</p><p>Logística. Rio de Janeiro: Camus, 2007.</p><p>FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>HAYES, L. Finanças para Gerentes. Rio de Janeiro: Record, 2009.</p><p>PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana</p><p>University Southeast, 2019.</p><p>22</p><p>Elementos dos Custos Logísticos</p><p>Autoria: Éder Silva Frois</p><p>Leitura crítica: Danilo Augusto de Souza Machado</p><p>Objetivos</p><p>• Entender os elementos dos custos logísticos.</p><p>• Compreender as principais atividades logísticas.</p><p>• Identificar nos processos logísticos os elementos dos</p><p>custos logísticos.</p><p>• Estabelecer as relações entre os custos logísticos.</p><p>23</p><p>1. Introdução</p><p>Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.</p><p>Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante dentro</p><p>da gestão dos custos logísticos, os elementos dos custos logísticos.</p><p>Ao analisarmos o processo logístico de uma empresa, devemos</p><p>caracterizá-lo para que seja possível identificar onde possa incorrer os</p><p>custos logísticos. Dessa maneira, revisaremos o processo logístico de</p><p>forma a identificar os elementos dos custos logísticos inerentes a eles.</p><p>Esse aprendizado é fundamental para que você possa, no exercício</p><p>de suas atividades, avaliar os elementos dos custos logísticos e tomar</p><p>decisões mais bem fundamentadas.</p><p>Discutiremos temas como o processo logístico, os elementos dos</p><p>custos logísticos e seus impactos na gestão integrada da logística e</p><p>concluiremos nossa leitura com importantes tópicos para melhorar a</p><p>sua formação profissional.</p><p>2. Escopo da logística</p><p>A logística é um campo diverso e dinâmico que continua sendo</p><p>redefinido com o advento de novas restrições e as mudanças de</p><p>ambiente que afetam a área. Várias organizações e indústrias adaptam</p><p>o que incluem na logística para atender às suas necessidades, de modo</p><p>que qualquer definição única do termo pode parecer incompleta para</p><p>alguns e muito ampla para outros. Todavia, um elemento comum é o</p><p>reconhecimento de que a logística precisa coordenar as inter-relações</p><p>entre vários subsistemas e pessoas para que possam ser mais eficazes</p><p>como um todo.</p><p>24</p><p>Podemos definir a logística dentro de dois contextos, primeiro no</p><p>contexto da gestão da cadeia de suprimentos, sendo a logística um</p><p>subconjunto da gestão da cadeia de suprimentos que controla o</p><p>movimento, manuseio e armazenamento de mercadorias entre os</p><p>pontos de origem e distribuição. Segundo, podemos definir a logística</p><p>em um contexto industrial, como a arte e a ciência da obtenção,</p><p>produção e distribuição de material e produto no lugar adequado e em</p><p>quantidades adequadas (APICS, 2019).</p><p>Outras definições de logística podem incluir conceitos como coordenar a</p><p>oferta e demanda de produtos e serviços e posicionar geograficamente</p><p>o inventário em tempo hábil para o consumo, de forma a obter</p><p>produtos/serviços exatamente onde eles são demandados.</p><p>Ballou (2006) classifica as atividades logísticas entre atividades principais</p><p>ou chaves e atividades secundárias ou de suporte, conforme Quadro 1.</p><p>Quadro 1 – Atividades logísticas</p><p>Atividades</p><p>principais</p><p>Gestão dos padrões dos serviços aos clientes</p><p>Gestão de transporte</p><p>Gestão de estoque</p><p>Gestão dos fluxos de informação e processamento de pedidos</p><p>Atividades</p><p>secundárias</p><p>Armazenagem</p><p>Manuseio de materiais</p><p>Compras</p><p>Embalagem</p><p>Cooperação produção/operações</p><p>Manutenção de informações</p><p>Fonte: adaptado de Ballou (2006).</p><p>As atividades principais são as mais “críticas” para serem gerenciadas e</p><p>normalmente representam a parte majoritária dos custos logísticos. A</p><p>gestão dos níveis de serviços estabelecidos direciona a qualidade dos</p><p>serviços e qual agilidade o serviço logístico de uma empresa responderá,</p><p>os custos logísticos aumentam proporcionalmente ao nível de serviço</p><p>oferecido ao cliente. A gestão de transporte e estoque são as atividades</p><p>25</p><p>logísticas que mais absorvem os custos logísticos e a gestão do</p><p>processamento de pedidos, apesar de seus custos serem normalmente</p><p>menores em comparação ao de transporte e estoque, é uma atividade</p><p>importante, pois trata-se da atividade que desencadeia a movimentação</p><p>de produtos e os serviços de entregas.</p><p>As atividades secundárias, apesar de não serem tão críticas quantos as</p><p>principais, são consideradas contribuintes para que a logística possa ser</p><p>executada com excelência</p><p>Ainda, podemos sintetizar os componentes da logística em oito.</p><p>Armazenamento: são as atividades relacionadas ao recebimento,</p><p>armazenamento e transporte de materiais de e para locais de produção</p><p>ou distribuição.</p><p>Transporte: a função de planejar, agendar e controlar atividades</p><p>relacionadas ao modo, ao transportador e à movimentação de estoques</p><p>para dentro e fora de uma organização.</p><p>Importações: produtos que são comprados em um país e produzidos em</p><p>outro.</p><p>Exportações: produtos produzidos em um país e vendidos em outro.</p><p>Embalagem: materiais em torno de um item para protegê-lo de danos</p><p>durante o transporte. O tipo de embalagem influenciará o perigo de tais</p><p>danos nas mercadorias.</p><p>Manuseio de materiais:</p><p>movimentação e armazenamento de</p><p>mercadorias dentro de um centro de distribuição ou armazém. Pode</p><p>ser classificado como o recebimento, a transferência ou o manuseio no</p><p>armazenamento e envio. O manuseio de materiais pode ser manual,</p><p>assistido por equipamentos ou, ainda, automatizado.</p><p>26</p><p>Gestão de estoques: preocupa-se com o planejamento e controle de</p><p>estoques.</p><p>Gerenciamento de pedidos: o planejamento, o direcionamento, o</p><p>monitoramento e o controle dos processos relacionados a pedidos</p><p>de clientes, ordens de fabricação e ordens de compra. Em relação aos</p><p>pedidos dos clientes, a gestão inclui desde a promessa de data de</p><p>entrega dos pedidos, até a entrada de pedidos, a escolha de pedidos,</p><p>o tipo de pacote e envio, o faturamento e a reconciliação da conta</p><p>do cliente. Em relação às ordens de fabricação, a gestão de pedidos</p><p>pode incluir a liberação de pedidos, a fabricação, o monitoramento e o</p><p>recebimento em lojas ou estoques de produtos acabados. Em relação</p><p>aos pedidos de compra, a gestão de pedidos pode incluir a colocação de</p><p>pedidos, o monitoramento, o recebimento, a aceitação e o pagamento</p><p>de fornecedor.</p><p>Sistemas de gestão de armazéns e execução de transporte: sistemas</p><p>de informação logística que iniciam e controlam a movimentação de</p><p>materiais entre parceiros da cadeia de suprimentos.</p><p>Note que os componentes logísticos podem se aplicar tanto a uma</p><p>empresa industrial quanto a uma empresa de serviço, ou seja, qualquer</p><p>tipo de atividade que você esteja atuando seria possível caracterizar</p><p>esses componentes.</p><p>Nesse sentido, os princípios e componentes da logística precisam ser</p><p>integrados e executados corretamente. Uma boa maneira de discutir</p><p>vários dos princípios da logística é ilustrar os diversos fluxos que</p><p>compõem um macroprocesso logístico. Conceitualmente, quando</p><p>analisamos esse macroprocesso, teremos algo envolvendo fluxo de</p><p>informação, produtos/serviços e financeiros, são os processos que</p><p>comumente dividimos entre logística de abastecimento, logística de</p><p>planta e logística de distribuição, conforme Figura 1.</p><p>27</p><p>Figura 1 – Macroprocesso Logístico</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Observe na Figura 1 que o fluxo de informações ocorre em ambas as</p><p>direções, o fluxo de produtos e serviços vai no sentido downstream (em</p><p>direção ao cliente), o fluxo financeiro vai no sentido upstream (longe do</p><p>cliente), e os três processos logísticos que usualmente ocorrem em uma</p><p>empresa na cadeia de suprimentos, a logística de abastecimento, de</p><p>planta e distribuição.</p><p>Um princípio essencial da logística é que o fluxo de informações</p><p>deve ocorrer em ambas as direções entre os parceiros da cadeia de</p><p>suprimentos, sendo que a comunicação deliberada e planejada é um</p><p>componente absolutamente crítico da logística moderna. E à medida</p><p>que bens e serviços são enviados ao longo da rede, os beneficiários</p><p>pagam por eles e por seus custos relacionados, como o transporte,</p><p>caracterizando o fluxo financeiro.</p><p>Uma maneira também de olhar para a Figura 1 é por meio da</p><p>perspectiva que cada processo agrega valor durante o fluxo de produtos</p><p>e serviços, uma vez que essas atividades processam, classificam/</p><p>consolidam ou aproximam ainda mais as mercadorias do cliente. É</p><p>28</p><p>interessante que você note que estudar uma rede dessa forma pode</p><p>revelar áreas onde a logística está consumindo mais do custo total e</p><p>onde é mais eficiente. Geralmente os profissionais de logística podem</p><p>não controlar mais do que uma parte desse processo, mas poderiam</p><p>usar informações como essa para fins de benchmarking e, portanto,</p><p>procurar áreas onde melhorias fáceis possam ser feitas, propiciando</p><p>redução de custos, como o de transporte ou otimizando o tempo de</p><p>armazenamento.</p><p>Temos também os processos de logística de abastecimento, logística</p><p>de planta e logística de distribuição. Esses conceitos são essenciais,</p><p>principalmente porque iremos relacioná-los aos elementos dos custos</p><p>logísticos</p><p>Logística de abastecimento: a logística de abastecimento refere-se</p><p>ao transporte, armazenamento e recebimento de mercadorias em</p><p>uma empresa. Ela abrange tudo aquilo que uma empresa solicita aos</p><p>fornecedores, o que pode incluir desde serviços, matérias-primas,</p><p>material de escritório e qualquer outro tipo de inventário, ou seja,</p><p>refere-se à aquisição de bens para uso da unidade de produção ou</p><p>também de materiais indiretos usados na empresa. Engloba também as</p><p>atividades realizadas para colocar os materiais/componentes disponíveis</p><p>para produção ou distribuição. São, dessa maneira, os processos</p><p>que garantem que as atividades rotineiras da empresa possam ser</p><p>desenvolvidas dentro dos padrões estabelecidos.</p><p>Logística de planta: a logística de planta, ou também conhecida</p><p>como logística interna da fábrica, refere-se à movimentação de</p><p>matérias-primas, componentes e subconjuntos dentro da fábrica</p><p>de uma empresa. Nesse tipo de movimentação, as mercadorias</p><p>(geralmente produtos semiacabados) são movidos de uma unidade de</p><p>armazenamento para uma unidade onde serão submetidos à produção</p><p>final (produtos acabados). Além disso, a logística de planta significa</p><p>29</p><p>mover os produtos acabados para o local onde estão prontamente</p><p>disponíveis para venda ou consumo.</p><p>Logística de distribuição: a logística de distribuição concentra-se no lado</p><p>da demanda. Esse processo envolve o armazenamento e movimentação</p><p>de mercadorias para o cliente ou consumidor final. As etapas incluem</p><p>atendimento do pedido, embalagem, envio, entrega e atendimento ao</p><p>cliente relacionado à entrega.</p><p>Um princípio da logística é que essas atividades de logística de</p><p>abastecimento, planta e distribuição precisam ser integradas. Ver o</p><p>quadro geral é apenas um princípio a ser aprendido aqui, usar essa</p><p>perspectiva para aplicar melhorias é crucial. Por exemplo, ao analisar</p><p>de maneira integrada, você pode, numa simples análise, avaliar que</p><p>é possível utilizar a mesma transportadora que faz determinada rota</p><p>de distribuição dos produtos para aproveitar o frete de retorno e</p><p>coletar matéria-prima nos fornecedores que estejam localizados na</p><p>mesma rota. Usar um modelo de otimização sofisticado (por exemplo,</p><p>otimização com meta-heurística aplicada à logística) não é o único modo</p><p>de descobrir maneiras de melhorar a logística e diminuir os seus custos.</p><p>É importante ressaltar que os processos de logística de abastecimento,</p><p>logística de planta e logística de distribuição são também amplamente</p><p>conhecidos por Inbound Logistics, Plant Logistics e Outbound Logístics seja</p><p>na literatura acadêmica ou nas empresas.</p><p>3. Elementos dos custos logísticos</p><p>Faria e Costa (2013) salientam que ainda há poucos estudos e discussões</p><p>sobre custos logísticos, considerando o macroprocesso como um todo.</p><p>Os autores destacam que a maioria dos estudos existentes direcionam</p><p>suas análises para os elementos de custos individuais, como os custos</p><p>de transporte, de armazenagem e de manutenção de estoque, deixando</p><p>30</p><p>de associá-los aos processos logísticos e não os relacionando ao</p><p>conceito de custo total na logística. Desse modo, discute-se maneiras</p><p>de como abordar tais custos considerando a sua importância relativa</p><p>em diferentes tipos de negócios, de forma a possibilitar uma questão</p><p>chave na logística que é a abordagem de logística integrada, permitindo</p><p>alcançar níveis de serviços satisfatórios ao menor custo possível nas</p><p>mais diversas situações práticas em que se configuram as atividades de</p><p>logística de abastecimento, de planta e de distribuição.</p><p>Podemos classificar os principais elementos dos custos logísticos,</p><p>conforme Figura 2:</p><p>Figura 2 – Elementos dos custos logísticos</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>• Custos de transportes: refere-se aos custos de transporte para</p><p>movimentar as mercadorias de um lugar para outro, por exemplo,</p><p>o custo de frete. A movimentação pode ser feita por meio de</p><p>diferentes meios de transporte, como aéreo, rodoviário ou</p><p>marítimo. Ou seja, envolve todos os custos para o deslocamento</p><p>31</p><p>externo do fornecedor para a empresa, entre fábricas ou da</p><p>empresa para seus clientes. Faria e Costa (2013) destacam que</p><p>os custos de transportes devem ser observados sob a ótica do</p><p>usuário (quem contrata) e sobre a ótica da empresa que presta</p><p>o serviço de transporte (que possui frota própria). Uma vez que,</p><p>quando a empresa terceiriza os serviços de transporte, ou parte</p><p>dele, os custos de transportes são variáveis e quando a empresa</p><p>opera com frota própria os custos de transporte têm uma parcela</p><p>fixa e variável.</p><p>• Custo de armazenagem e movimentação: os custos</p><p>de armazenagem são os custos da ocupação da área</p><p>física ocupada pelo armazém, despesas de manutenção,</p><p>equipamentos, administrativa e prejuízos diversos ocorridos</p><p>na atividade de armazenagem, como avarias e roubos. Os</p><p>custos de movimentação incluem os gastos realizados com as</p><p>movimentações de entrada e saída de produtos/serviços, por</p><p>exemplo, as movimentações realizadas para receber e armazenar,</p><p>assim como as movimentações para a saída de produtos.</p><p>• Custos de manutenção de estoques/inventário: os custos</p><p>de estoque são um dos principais custos logísticos para uma</p><p>empresa e podem representar um elemento significativo do</p><p>custo total de logística. Sendo quatro os principais elementos</p><p>do custo de inventário, o custo do gerenciamento do estoque,</p><p>o custo de estocagem e o custo de risco do estoque, que ocorre</p><p>como consequência de furto, deterioração do estoque, danos e</p><p>obsolescência de estoque.</p><p>• Custo de embalagens: são os gastos incorridos com o intuito</p><p>de deixar o produto íntegro e de forma intacta. A embalagem na</p><p>perspectiva logística tem o objetivo de conter, proteger, identificar</p><p>e facilitar a venda e distribuição de produtos, além de facilitar as</p><p>etapas de manuseio, movimentação e armazenagem, tendo como</p><p>consequência melhorias das operações e a redução de custos.</p><p>32</p><p>• Custos de Tecnologia de Informação (TI): o uso da tecnologia</p><p>concebidas para agilizar os processos logísticos tem crescido</p><p>substancialmente nos últimos anos, principalmente com o</p><p>advento do que se tem chamado da logística 4.0. Os custos de</p><p>tecnologia de informação estão relacionados principalmente com</p><p>os custos de implementação e manutenção desses sistemas,</p><p>por exemplo, a implementação e manutenção de um sistema</p><p>Warehouse Management System (WMS) inclui, muitas vezes, o</p><p>custo de implementação do sistema na operação da empresa e</p><p>usualmente uma despesa mensal que a empresa terá que arcar</p><p>para continuidade da manutenção da operação do software.</p><p>• Custos tributários: são formados por tributos de vários tipos,</p><p>como os impostos sobre propriedade, sobre vendas, circulação de</p><p>mercadorias e outras taxas.</p><p>• Custos decorrentes de lotes: apenas a quantidade necessária</p><p>de itens nem sempre é solicitada para cada item necessário.</p><p>Na maioria dos casos, a quantidade do pedido (quantidade de</p><p>fabricação, por exemplo, para itens manufaturados) é determinada</p><p>pelo equilíbrio entre o custo do pedido (o custo de preparação</p><p>da produção, por exemplo) para os itens necessários e o custo</p><p>de manutenção do estoque. Essa quantidade do pedido é</p><p>geralmente chamada de lote ou tamanho do lote, o tamanho</p><p>do lote econômico refere-se à melhor quantidade de lote para</p><p>tornar o custo total mínimo, considerando o equilíbrio entre o</p><p>custo do pedido e o custo de manutenção do estoque, que são</p><p>contraditórios.</p><p>• Custos decorrentes de níveis de serviços: o nível de serviço</p><p>representa a probabilidade esperada de não ocorrer falta de</p><p>estoque. Essa porcentagem é necessária para calcular o estoque</p><p>de segurança. O nível de serviço representa um trade-off entre o</p><p>custo do estoque e o custo da falta de estoque (que gera perda</p><p>33</p><p>de vendas, perda de oportunidades e frustração do cliente, entre</p><p>outros).</p><p>Podemos relacionar esses elementos dos custos logísticos aos seus</p><p>respectivos processos logísticos. Por exemplo, o estoque, pense num</p><p>processo de uma empresa fabricante de medicamentos, primeiro</p><p>são recebidos na fábrica os estoques de matéria-prima e material</p><p>de embalagem, posteriormente esses materiais são enviados para a</p><p>produção e são convertidas em estoque de produto semiacabado e,</p><p>na sequência, são transformados em produtos acabados e enviados</p><p>para um centro de distribuição para envio às farmácias. Nesse processo</p><p>podemos ter os custos de falhas relacionados aos processos de logística</p><p>de abastecimento ou de planta, como as paradas de produção por</p><p>alguma ineficiência no processo. Adicionalmente, os níveis de serviços</p><p>exigidos pelos clientes podem demandar custos de transportes maiores</p><p>ou menores, dessa maneira impondo exigências sobre a logística de</p><p>distribuição.</p><p>No Quadro 2, temos um exemplo da relação dos elementos dos custos</p><p>logísticos ao processo de logística de abastecimento.</p><p>Quadro 2 – Elementos dos custos logísticos na logística de</p><p>abastecimento</p><p>Elementos</p><p>custos logísticos</p><p>Trânsito do</p><p>fornecedor</p><p>para a</p><p>empresa</p><p>Recebimento</p><p>de</p><p>mercadoria</p><p>Armazenar</p><p>a</p><p>mercadoria</p><p>Expedir/enviar</p><p>a mercadoria</p><p>para produção</p><p>Custo de</p><p>armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>X X X</p><p>Custos de</p><p>transportes X</p><p>Custos de</p><p>embalagem</p><p>Pallets, racks, contêineres, embalagem one way voltadas</p><p>para armazenagem/movimentação de transportes.</p><p>34</p><p>Custos de</p><p>manutenção</p><p>de inventário</p><p>Custo de oportunidade relativo ao nível de inventário</p><p>de materiais em posse e em trânsito (de propriedade</p><p>da empresa) nas cadeias de abastecimento.</p><p>Custos de</p><p>Tecnologia de</p><p>Informação</p><p>Follow-up de entregas, avaliação de desempenho logístico de</p><p>fornecedores, controle de entregas, uso de tecnologias como EDI</p><p>(comunicação com fornecedores), GIS/GPS, RFID, Internet etc.</p><p>Custos</p><p>tributários</p><p>IPVA de veículos (frota própria), impostos de importação, análise</p><p>de impostos recuperáveis (ICMS, IPI, PIS e COFINS) nas compras e</p><p>incentivos fiscais, tarifas e taxas alfandegárias na importação etc.</p><p>Custos de lotes Obtenção de materiais de forma extraordinária (urgências).</p><p>Custos</p><p>decorrentes do</p><p>nível de serviço</p><p>Equipamentos de transportes exigidos: frequência de</p><p>entregas; materiais danificados, avariados, contaminados,</p><p>atacados por corrosão; paradas de fábrica/perdas</p><p>de produção; horários/janelas de entrega; atrasos</p><p>de fornecedores; requisitos de proteção do material;</p><p>facilitação do uso posterior de embalagem na cadeira.</p><p>Fonte: adaptado de Faria e Costa (2013).</p><p>Observe nesse exemplo a relação dos elementos dos custos logísticos ao</p><p>processo da logística de abastecimento.</p><p>Temos um processo simplificado de recebimento de uma mercadoria,</p><p>composto pelas atividades de trânsito do fornecedor para a empresa,</p><p>posteriormente é realizado o recebimento da mercadoria na empresa,</p><p>seu armazenamento e sua expedição ou envio para um processo</p><p>produtivo.</p><p>Veja como os elementos dos custos logísticos são relacionados ao</p><p>processo da logística de abastecimento. Observe, por exemplo, que já há</p><p>a incidência dos custos relacionados à armazenagem e movimentação</p><p>para realizar as atividades de recebimento da mercadoria, seu</p><p>armazenamento e envio para a fábrica. O custo de transporte também</p><p>ocorre nesse processo (muitas empresas têm negociações junto aos</p><p>fornecedores sobre o custo do frete, por vezes o fornecedor já inclui</p><p>o custo do frete no preço da mercadoria, enquanto em outros casos a</p><p>empresa prefere negociar o preço da mercadoria e arcar com o custo</p><p>do frete do fornecedor para a empresa), há a incidência do custo de</p><p>35</p><p>embalagem como a necessidade de utilizar pallets ou outro tipo de</p><p>material para realizar a movimentação dessa mercadoria, continuando</p><p>com os demais elementos dos custos logísticos.</p><p>Esses processos logísticos citados (logística de abastecimento, de</p><p>planta e de distribuição) ocorrem em toda a cadeia logística e em</p><p>funcionamento envolvem diferentes elementos dos custos logísticos,</p><p>como os variados tipos de tributos, os custos de transporte ao longo da</p><p>cadeia, custos de manutenção de estoque/inventário e outros, buscando</p><p>sempre satisfazer os níveis de serviços desejados pelos clientes. Uma</p><p>cadeia logística, no sentido</p><p>amplo, é uma sequência de eventos como</p><p>as operações físicas que realizam uma tarefa logística, por exemplo,</p><p>importar insumos farmacêuticos da Índia para uma fábrica que produz</p><p>medicamentos na cidade de Campinas ou a exportação de soja no</p><p>interior de Goiás para algum país na Europa.</p><p>Faria e Costa (2013) observam que os elementos podem incorrer</p><p>tanto nos processos logísticos de abastecimento, planta e distribuição</p><p>e, posteriormente, serem acumulados a diversos objetos da</p><p>gestão logística de uma organização, como os números de itens</p><p>comercializados, fornecedores, plantas, clientes etc., conforme</p><p>sintetizado no Quadro 3.</p><p>Quadro 3 – Elementos dos custos logísticos e processos</p><p>Elementos custos</p><p>logísticos</p><p>Onde pode ocorrer os elementos dos custos logísticos?</p><p>ACUMULAÇÃO DOS PROCESSOS</p><p>LOGÍSTICA DE</p><p>ABASTECIMENTO</p><p>LOGÍSTICA</p><p>DE PLANTA</p><p>LOGÍSTICA DE</p><p>DISTRIBUIÇÃO</p><p>Armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>X X X</p><p>Transporte X X X</p><p>Embalagens X X X</p><p>Manutenção</p><p>estoque/inventário</p><p>X X X</p><p>36</p><p>Tecnologia da</p><p>Informação</p><p>X X X</p><p>Custos decorrentes</p><p>de lotes</p><p>X X X</p><p>Tributários X X X</p><p>Custos decorrentes</p><p>de níveis de serviço</p><p>X X X</p><p>Fonte: adaptado de Faria e Costa (2013).</p><p>4. Conclusão</p><p>Nesta Leitura Digital, procuramos aprofundar o entendimento dos</p><p>elementos dos custos logísticos. Incialmente, definimos o escopo</p><p>da logística e seu processo, esse entendimento se faz necessário</p><p>principalmente pela relação desses processos com os custos logísticos.</p><p>Conforme ressaltado, a logística é um campo diverso e dinâmico</p><p>que continua sendo redefinido com o advento de novas restrições</p><p>e as mudanças de ambiente que afetam a área. Todavia, seus</p><p>macroprocessos podem ser aplicados a uma variedade de diferentes</p><p>indústrias e segmentos.</p><p>Conceituamos as atividades primárias e secundarias da logística,</p><p>destacando que as atividades primárias são mais “críticas” para serem</p><p>gerenciadas e normalmente representam a parte majoritária dos custos</p><p>logísticos. Cabe aí uma reflexão para você profissional de logística, que</p><p>quanto maior seu conhecimento principalmente nessas áreas primárias</p><p>melhor será sua capacidade de aplicar estratégias de gestão variadas na</p><p>empresa em que atua e consequentemente obter resultados melhores</p><p>na gestão dos custos logísticos.</p><p>Tratamos do macroprocesso logístico, composto de três fluxos</p><p>principais, o fluxo de informações, o fluxo de produtos e serviços</p><p>e o fluxo financeiro, e os três processos logísticos denominados de</p><p>logística de abastecimento, de planta e distribuição. Esses três fluxos</p><p>37</p><p>são essenciais, uma vez que eles estão diretamente relacionados aos</p><p>elementos de custos logísticos.</p><p>Elencamos os principais elementos dos custos logísticos, compostos</p><p>pelos custos de transportes, custo de armazenagem e movimentação,</p><p>custos de inventário, custo de embalagens, custos de tecnologia de</p><p>informação, custos tributários, custos decorrentes de lotes e custos</p><p>decorrentes de níveis de serviços, sintetizando o que é cada elemento e</p><p>relacionando aos processos logísticos</p><p>Por fim, esperamos que com esta Leitura Digital tenha ficado muito</p><p>claro os principais elementos dos custos logísticos e sua relação com</p><p>os processos logísticos. E que a análise dos custos logísticos por meio</p><p>desses elementos possa permitir uma melhor compreensão na gestão</p><p>dos custos logísticos e possa ter contribuído como mais uma etapa</p><p>nessa jornada de aprendizado sobre os custos logísticos. De forma que</p><p>isso reforce a sua formação profissional e agregue mais conhecimento</p><p>para que você possa tomar melhores decisões logísticas, otimizando o</p><p>custo logístico total e aumentando a competitividade da organização que</p><p>você estiver atuando.</p><p>Referências</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento,</p><p>organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006.</p><p>FARIA, A. C.; COSTA, M. F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>PITTMAN, P. H.; ATWATER, J. B. APICS Dictionary – Sixteenth Edition. Indiana</p><p>University Southeast, 2019.</p><p>38</p><p>Características dos Custos de</p><p>Estoques e Armazenagem</p><p>Autoria: Éder Silva Frois</p><p>Leitura crítica: Yane Lobo</p><p>Objetivos</p><p>• Entender o papel e a função do estoque.</p><p>• Compreender as classificações do estoque.</p><p>• Identificar os custos de estoques e armazenagem.</p><p>• Estabelecer as relações com os custos logísticos</p><p>totais.</p><p>39</p><p>1. Introdução</p><p>Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Gestão de Custos Logísticos.</p><p>Nesta Leitura Digital, trataremos de uma temática muito relevante, as</p><p>características dos custos de estoques e armazenagem.</p><p>Ao analisarmos os custos logísticos de uma organização, a</p><p>representatividade dos custos atrelados à gestão de estoque é muito</p><p>relevante. Nesse sentido, é fundamental que um profissional da área</p><p>de logística tenha um correto entendimento sobre o gerenciamento de</p><p>estoques e armazenagem e consiga relacioná-lo aos custos associados a</p><p>esse gerenciamento.</p><p>Dessa maneira, revisaremos os conceitos sobre o papel e a função dos</p><p>estoques em uma organização, as diferentes classificações atribuídas</p><p>à gestão de estoque e os seus respectivos custos associados. Esse</p><p>aprendizado é fundamental para que você possa, no exercício de suas</p><p>atividades, avaliar esses custos e possa tomar decisões mais bem</p><p>fundamentadas, além de entender o papel do estoque e sua importância</p><p>para uma organização.</p><p>2. Papel dos estoques/inventários</p><p>Você já parou para pensar na quantidade de estoques existentes em</p><p>todos os tipos de negócios?</p><p>Qualquer local que você frequente para comprar algum produto, muito</p><p>provavelmente terá estoque dos produtos que são oferecidos. Por</p><p>exemplo, um bar em que você desfruta de uma bate-papo entre amigos</p><p>e são servidos as bebidas e os aperitivos que estão em estoques no</p><p>momento que você deseja pedir, ou uma loja de materiais de construção</p><p>40</p><p>que você busca para adquirir uma resistência, pois a do seu chuveiro</p><p>queimou num domingo à tarde. Já imaginou se os produtos não</p><p>estivessem disponíveis no momento em você deseja consumi-los?</p><p>Pense numa grande loja de materiais para construção, quantos produtos</p><p>você imagina que são mantidos no estoque dessa loja?</p><p>Muito provavelmente você deve ter pensado numa boa quantidade</p><p>de produtos. Os produtos, desde um pequeno parafuso até uma</p><p>banheira exposta nessa loja, precisam ser planejados e gerenciados</p><p>adequadamente para suportar as vendas da empresa. Podemos</p><p>imaginar que, nesse simples exercício, você tenha refletido sobre o papel</p><p>dos estoques e em como é importante para uma organização gerenciar</p><p>adequadamente a quantidade a ser mantida nesses locais.</p><p>O planejamento e gestão de estoques tem sido fonte de estudos para</p><p>diversos profissionais e acadêmicos. Com a evolução do conceito da</p><p>gestão da cadeia de suprimentos ou supply chain management, muito</p><p>tem se discutido sobre formas de se gerenciar os estoques e aplicar</p><p>políticas de planejamento.</p><p>As organizações mantêm estoque porque é um custo necessário para</p><p>fazer negócios. No entanto, uma vez que é um custo, as organizações</p><p>trabalham continuamente para encontrar os níveis ideais de estoque</p><p>que podem maximizar lucros, a eficiência de produção e o atendimento</p><p>ao cliente. O estoque também pode ser visto como um investimento</p><p>que, se gerenciado corretamente, pode ser um ativo estratégico para</p><p>a organização, por exemplo, o estoque pode desacoplar a demanda e</p><p>a oferta, de forma que a gestão adequada do estoque possa fornecer</p><p>proteção contra a variabilidade em qualquer um deles.</p><p>Os estoques são materiais e suprimentos que uma empresa ou</p><p>instituição mantém para venda ou para fornecer insumos ou</p><p>suprimentos para seu processo de produção. Praticamente todas as</p><p>41</p><p>empresas e instituições exigem estoques e usualmente eles são uma</p><p>parte substancial dos ativos de uma companhia.</p><p>O dicionário APICS define estoques como itens utilizados para suportar</p><p>a produção (matérias-primas e materiais em processo), atividades</p><p>de apoio à produção (itens de manutenção, reparo e operações) e</p><p>atendimento ao cliente (produtos acabados</p><p>ou peças de reposição).</p><p>Viana (2000, p.144) afirma que “os estoques são recursos ociosos que</p><p>possuem valor econômico, os quais representam um investimento</p><p>destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes”.</p><p>Para Ballou (2006, p. 271) “estoques são acumulações de matérias-</p><p>primas, suprimentos, componentes, materiais em processo e produtos</p><p>acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e</p><p>logística das empresas”.</p><p>A falta de estoque pode ocasionar diversas perdas para uma</p><p>organização, desde seu processo produtivo, como a parada de uma linha</p><p>de produção por falta de uma matéria-prima, até a falta de itens para</p><p>atender a demanda dos clientes no momento da solicitação. Por tais</p><p>razões, é fundamental que qualquer organização consiga gerenciar seus</p><p>estoques para que não haja falta de materiais quando necessário e não</p><p>mantenha um volume elevado, ocasionando altos custos.</p><p>Há várias razões e não razões para uma organização manter estoques, a</p><p>Quadro 1 aponta alguns desses motivos.</p><p>Quadro 1 – Razões e não razões para manutenção de estoque</p><p>Razões para manter estoque Razões para não manter estoque</p><p>Melhorar o nível de serviço</p><p>oferecido aos clientes.</p><p>O custo de capital investido em estoque</p><p>poderia ser investido em projetos</p><p>mais lucrativos para a empresa.</p><p>Proteção contra as incertezas.</p><p>A manutenção de estoque desvia</p><p>a atenção de problemas que</p><p>possam existir na empresa.</p><p>42</p><p>Ganhar em economias de volume</p><p>em compras ou transporte.</p><p>Alguns custos associados ao</p><p>estoque, como o de obsolescência</p><p>e armazenagem.</p><p>Reduzir riscos de problemas não</p><p>planejados ou antecipados.</p><p>Equilibrar oferta e demanda.</p><p>Fonte: elaborado pelo autor.</p><p>O surgimento de estoques numa empresa ocorre por uma série de</p><p>razões e motivos. Corrêa et al. (2009) aponta que o surgimento de</p><p>estoques ocorre principalmente pela falta de coordenação entre</p><p>processos de transformação, incertezas entre as taxas de consumo e</p><p>oferta, especulação com estoques com intuito de criar valor e realizar</p><p>lucro futuro, disponibilidade no canal de distribuição ao colocar</p><p>estoques próximos aos locais de consumo, conforme demonstrado na</p><p>Figura 1.</p><p>Figura 1 – Classificação dos Estoques e Fluxos de Materiais</p><p>Fonte: Corrêa et al. (2009, p. 32).</p><p>Financeiramente, os estoques são muito importantes principalmente</p><p>para as empresas de manufatura. No balanço patrimonial, eles</p><p>43</p><p>geralmente podem representar de 20% a 60% do seu ativo total. Existe</p><p>um custo para a manutenção de estoques, o que aumenta os custos</p><p>operacionais e diminui os lucros, dessa maneira, uma boa gestão de</p><p>estoque é essencial.</p><p>A gestão de estoque é responsável por planejar e controlar o estoque</p><p>desde o estágio da matéria-prima até o cliente. Como o estoque</p><p>resulta da produção ou a suporta, os dois não podem ser gerenciados</p><p>separadamente, portanto, devem ser coordenados.</p><p>Dentro de uma perspectiva da cadeia de suprimentos, os níveis</p><p>de estoque são resultado de uma decisão que equilibra o custo de</p><p>aquisição e armazenagem (na literatura, muitas vezes você pode</p><p>encontrar os termos armazenagem ou estocagem) e a capacidade de</p><p>atender ou exceder um nível de resposta esperado pelo cliente. De</p><p>uma maneira estratégica, os gestores de estoque são responsáveis pela</p><p>integração dos objetivos de estoque da cadeia de suprimentos com os</p><p>objetivos corporativos da organização.</p><p>Atualmente, na tentativa de tornar sua cadeia de suprimentos mais</p><p>competitiva e ágil, as empresas se deparam com o que é denominado</p><p>como a problemática dos estoques, uma vez que o acúmulo de estoque</p><p>ao longo da cadeia de suprimentos pode tornar-se um grande gerador</p><p>de custos logísticos. Principalmente, quanto ao fato de saber qual a</p><p>quantidade e onde deve-se manter os estoques, buscando o menor</p><p>custo possível e maximizando os níveis de serviços oferecido ao cliente.</p><p>Algumas questões são fundamentais na gestão de estoques e impactam</p><p>diretamente nos custos logísticos de uma organização, como:</p><p>Qual é o equilíbrio ideal entre o nível de estoque e o atendimento ao</p><p>cliente?</p><p>44</p><p>Essa pergunta talvez seja a mais fundamental de todas. Simplesmente</p><p>porque quanto maior o volume de estoque maior será o nível de</p><p>atendimento ao cliente, assim como é igualmente verdade que quanto</p><p>maior o estoque, maior serão os custos de manutenção. As empresas</p><p>devem determinar quais custos estão dispostas a suportar para alcançar</p><p>um nível de serviço desejado.</p><p>Qual é o equilíbrio ideal entre o investimento em estoque e os custos de</p><p>reposição?</p><p>O tamanho da quantidade do pedido de reposição terá um</p><p>impacto direto nos custos de manutenção e aquisição de estoque.</p><p>Geralmente, conforme o tamanho do lote de reabastecimento</p><p>diminui, o custo de manutenção do estoque diminui. À medida que</p><p>o tamanho do lote diminui, os planejadores fazem pedidos com mais</p><p>frequência, aumentando, assim, os custos de pedido, recebimento</p><p>e armazenamento de estoque. O inverso também é verdadeiro se</p><p>os tamanhos dos lotes de reabastecimento fossem aumentados. O</p><p>tamanho de lote ideal é aquele que minimiza o risco de falta de estoque,</p><p>mantendo o equilíbrio entre o custo de manutenção e o custo de pedido</p><p>de estoque.</p><p>Organizações com boas práticas de gestão de estoque usualmente</p><p>gerenciam o estoque de maneira agregada e individual, o gerenciamento</p><p>agregado lida com os estoques de acordo com sua classificação</p><p>(matéria-prima, material em processo e produtos acabados) e a função</p><p>que desempenham. Ele tem uma orientação mais financeira e preocupa-</p><p>se com os custos e benefícios da manutenção desses inventários.</p><p>O gerenciamento de estoque agregado envolve:</p><p>• A identificação dos padrões de oferta e demanda.</p><p>• As funções que os estoques executam.</p><p>45</p><p>• A identificação dos objetivos da gestão de estoque.</p><p>• A identificação dos custos associados à manutenção dos estoques.</p><p>Já no gerenciamento individual do item, a gestão deve estabelecer regras</p><p>de decisão sobre os itens de estoque para que os responsáveis pelo</p><p>controle possam fazer seu trabalho de maneira mais eficiente. Essas</p><p>regras incluem questões como:</p><p>• Quais itens do estoque individuais são mais importantes.</p><p>• Como os itens individuais devem ser controlados.</p><p>• Quanto pedir de uma vez.</p><p>• Quando fazer um pedido.</p><p>Note que o entendimento do conceito de estoques é fundamental para</p><p>um profissional de logística, haja vista a importância dos custos de</p><p>estoques dentro do contexto global de custos logísticos.</p><p>3. Classificação e funções dos estoques</p><p>Para uma eficiente gestão de estoques e seus respectivos custos, é</p><p>preciso distinguir quais as categorias de estoques são necessárias</p><p>gerenciar. Segundo Ballou (2006), existem cinco categorias distintas nas</p><p>quais podemos situar os tipos de estoques.</p><p>1. Estoque no canal: são os estoques em trânsito, entre os elos do</p><p>canal de distribuição.</p><p>2. Estoques de especulação: a formação de estoque não ocorre para</p><p>minimizar problemas, mas, sim, com a intenção de criar valor ou</p><p>lucros. Exemplos de estoque de especulação são as commodities,</p><p>46</p><p>em que a especulação com preços ocorre em períodos que</p><p>superam as necessidades previstas para a operação.</p><p>3. Estoque regular ou cíclico: são os estoques mantidos para suprir a</p><p>demanda durante o tempo necessário para o reabastecimento.</p><p>4. Estoque de segurança/pulmão: estoque mantido para suprir a</p><p>variação de demanda.</p><p>5. Estoque obsoleto: são os estoques deteriorados ou que não tem</p><p>mais utilização para a empresa.</p><p>O inventário geralmente é classificado de acordo com a sua localização</p><p>na cadeia de suprimentos. Observe que a classificação de tipos de</p><p>inventário depende do ponto de referência, o que significa que um</p><p>material é um produto acabado para o fornecedor e torna-se matéria-</p><p>prima para um fabricante. Por exemplo, chapas de aço ou pneus são</p><p>produtos acabados para o fornecedor, mas são matérias-primas e peças</p><p>componentes para o fabricante de automóveis. Uma compreensão</p><p>básica de inventário depende do conhecimento dos tipos de inventário</p><p>e das funções desempenhadas</p><p>por cada tipo. Essas classificações estão</p><p>relacionadas principalmente ao fluxo de materiais numa empresa</p><p>manufatureira. Dentro dessas classificações temos:</p><p>• Matéria-prima: são os materiais comprados para a produção que</p><p>ainda não entraram no processo produtivo.</p><p>• Materiais em processo, ou o termo comumente utilizado em</p><p>inglês Work-in-process (WIP): matérias-primas que já estão sendo</p><p>utilizadas ou esperando para serem utilizadas no processo</p><p>produtivo.</p><p>• Produto acabado: são os produtos produzidos por uma empresa</p><p>que estão prontos para serem vendidos.</p><p>• Estoque distribuição: produtos acabados localizados nos sistemas</p><p>de distribuição.</p><p>47</p><p>• Manutenção, reparos e operações, ou o termo comumente</p><p>utilizado em inglês Maintenance,repair and operational goods (MRO):</p><p>são os itens utilizados na produção, mas que não fazem parte do</p><p>produto final. Como os materiais utilizados para a manutenção de</p><p>máquinas e equipamentos.</p><p>A função básica dos estoques é desacoplar a oferta e a demanda. O</p><p>estoque também serve como um buffer (estoque pulmão) entre:</p><p>• Oferta e procura.</p><p>• Demanda do cliente e produtos acabados.</p><p>• Produtos acabados e disponibilidade de componentes.</p><p>• Requerimentos para uma operação e os resultados da operação</p><p>anterior.</p><p>• Peças e materiais para iniciar a produção e os fornecedores de</p><p>materiais.</p><p>4. Custos dos estoques</p><p>Geralmente, os seguintes custos são usados para decisões no</p><p>gerenciamento de estoque, conforme Figura 2:</p><p>Figura 2 – Elementos dos custos dos estoques</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>48</p><p>• Custo do item: o custo do item é o preço pago por um item</p><p>comprado, que consiste no custo do item e quaisquer outros</p><p>custos diretos associados para colocar o item na fábrica. Isso</p><p>pode incluir os custos como transporte, taxas alfandegárias</p><p>e seguro. Esse custo costuma ser conhecido também dentro</p><p>das organizações como landed cost. Para um item fabricado</p><p>internamente, o custo inclui material direto, mão de obra direta e</p><p>despesas gerais de fábrica.</p><p>• Custos de manutenção de estoque: os custos de manutenção</p><p>incluem todas as despesas incorridas pela empresa em</p><p>decorrência ao volume de estoque mantido. É um custo variável</p><p>que aumenta conforme o nível de estoque aumenta. Os custos de</p><p>manutenção podem chegar a 40% do valor do estoque. Esse custo</p><p>muitas vezes também é conhecido como custos de estocagem, ele</p><p>é uma porcentagem em valor monetário do estoque por unidade</p><p>de tempo (geralmente um ano). Eles podem ser divididos em três</p><p>categorias:</p><p>a. Custos de capital: O dinheiro investido em estoque não está</p><p>disponível para outros usos e, como tal, representa um custo de</p><p>oportunidade perdida. O custo mínimo seria a perda de juros por</p><p>não investir o dinheiro na taxa de juros vigente, e pode ser muito</p><p>mais alto dependendo das oportunidades de investimento para</p><p>a empresa. Talvez esse seja o custo mais expressivo referente</p><p>aos custos de manutenção e estoque, uma vez que a empresa</p><p>permanece com esse capital “empatado” nos estoques.</p><p>b. Custos de armazenagem e movimentação: armazenar estoque</p><p>requer espaço, trabalhadores, equipamentos, custos de energia,</p><p>custos operacionais, custos de manuseio de materiais, entre</p><p>outros. Os custos associados a essa ocupação são, na maioria</p><p>das vezes, representados pelo custo interno da empresa ou</p><p>pelos serviços externos de armazenagem, quando necessário.</p><p>Adicionalmente, alguns tipos de produtos podem requerer</p><p>49</p><p>condições especiais no armazém para que o seu armazenamento</p><p>seja feito adequadamente, por exemplo, produtos que requerem</p><p>temperatura controlada ou necessidade de refrigeração no</p><p>armazém ou cuidados especiais como os materiais inflamáveis.</p><p>c. Custos de riscos: os riscos em manter estoque são a obsolescência</p><p>que se refere à perda de valor do produto resultante de uma</p><p>mudança de modelo ou estilo ou desenvolvimento tecnológico. Os</p><p>danos que podem ocorrer durante a retenção ou movimentação.</p><p>O roubo devido aos itens perdidos, extraviados ou roubados</p><p>e a deterioração dos estoques que pode se dissipar no</p><p>armazenamento ou cuja vida útil é limitada, como materiais sujeito</p><p>à perda de suas propriedades físicas ou químicas.</p><p>Nesse sentido, prezado leitor, quanto custa manter o estoque?</p><p>Os números podem variam de setor para setor e de empresa para</p><p>empresa. Os custos de capital podem variar dependendo das taxas de</p><p>juros e das oportunidades que a empresa pode ter de investimento.</p><p>Os custos de armazenamento variam de acordo com o local e o tipo de</p><p>armazenamento necessário. Os custos de risco podem ser muito baixos</p><p>ou podem estar próximos de 100% do valor do item, por exemplo,</p><p>para bens perecíveis ou com prazo de validade curto. O custo de</p><p>manutenção é geralmente definido como uma porcentagem do valor do</p><p>estoque por unidade de tempo e tende a ser entre 15-40% na indústria</p><p>de manufatura. Isso é realista em muitos casos, mas não em todos</p><p>os produtos. Por exemplo, a possibilidade de obsolescência de itens</p><p>relacionados à indústria da moda ou tecnologia é alta, dessa maneira, o</p><p>custo de manter esses itens será muito maior do que uma indústria em</p><p>que a obsolescência é baixa.</p><p>• Custos de pedidos: os custos de pedido são os custos associados à</p><p>colocação de um pedido na fábrica ou no fornecedor. Note que o</p><p>custo de fazer um pedido não depende da quantidade solicitada,</p><p>50</p><p>se um lote de 1.000 ou 100.000 unidades é solicitado num pedido,</p><p>os custos associados à sua colocação são essencialmente os</p><p>mesmos. Cada vez que um pedido de compra é colocado, os</p><p>custos são incorridos para fazer o pedido. Esses custos incluem</p><p>preparação do pedido, follow-up (acompanhamento) junto ao</p><p>fornecedor, recebimento e o custos contábeis de recebimento e</p><p>pagamento da fatura.</p><p>O custo anual do pedido depende do número de pedidos feitos em</p><p>um ano, isso pode ser reduzido pedindo mais de uma vez, resultando</p><p>na colocação de menos pedidos. No entanto, isso aumenta o nível de</p><p>estoque e o custo anual de manutenção do estoque. Esse é um típico</p><p>trade-off que os profissionais de logística necessitam lidar na gestão de</p><p>estoques.</p><p>Para um item que uma organização compra diretamente de um</p><p>fornecedor, os custos de pedidos podem incluir o custo de transporte</p><p>(quando o frete de entrega não está incluso no preço do item) para</p><p>entregar a mercadoria e os custos administrativos envolvidos na geração</p><p>do pedido, que podem incluir os custos da mão de obra para se emitir</p><p>o pedido, os custos das pessoas envolvidas na conferência quando do</p><p>recebimento do material, os custos de carga e descarga, o custo da</p><p>inspeção da qualidade, quando aplicável, entre outros.</p><p>Quando se trata dos custos de pedido em uma fábrica, também</p><p>podemos incluir:</p><p>a. Custos de controle de produção: o custo anual e o esforço</p><p>despendido no controle da produção dependem do número</p><p>de pedidos feitos, não da quantidade solicitada. Quanto menos</p><p>pedidos por ano, menor será o custo. Os custos incorridos podem</p><p>incluir a emissão e fechamento de pedidos, planejamento e</p><p>programação da produção, despacho e expedição.</p><p>51</p><p>b. Custos de setup (troca): cada vez que um pedido é emitido,</p><p>os centros de trabalho numa fábrica devem se preparar</p><p>para executar o pedido e ao final da execução desmontar</p><p>a configuração, isso é chamado de setup. Esses custos não</p><p>dependem da quantidade pedida, mas sim do número de pedidos</p><p>de produção feitos por ano.</p><p>c. Custo de capacidade perdida: cada vez que um pedido é colocado</p><p>em um centro de trabalho, o tempo necessário para configurar</p><p>é perdido como tempo de produção. Isso representa uma perda</p><p>de capacidade e está diretamente relacionado ao número de</p><p>pedidos de produção feitos. É particularmente importante e caro</p><p>principalmente com centros de trabalho considerados gargalos.</p><p>• Custos de ruptura: se a demanda durante o prazo de entrega</p><p>exceder o previsto, é de se esperar uma ruptura de estoque.</p><p>Uma falta de estoque pode ser potencialmente cara para uma</p><p>organização devido às vendas perdidas, aos custos de pedidos</p><p>em espera, e possivelmente clientes</p>

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