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Aula - Desigualdade na teoria clássica - Max Weber (1)

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Abordagens sociológicas sobre a desigualdade social
Disciplina:
Sociologia da Desigualdade Social
Rubenilda Sodré 
A abordagem weberiana sobre a desigualdade social (diferenças sociais)
Max weber (1864-1920)
1864: nasce Weber em Erfurt (Alemanha);
1882: início de estudos superiores (direito, também estuda história, economia, filosofia, teologia);
1889: Doutorado em Direito
1891: começa a lecionar direito em Berlim
1897: grave crise nervosa (afasta-se por 4 anos)
1904: viagem aos EUA; publica primeira parte de “A Ética protestante e o espírito do capitalismo”;
1909: começa a redigir “Economia e Sociedade”;
1914: Estourada a I Guerra, reintegra o serviço militar;
1915; publica “A ética econômica das religiões universais”;
1919: Cátedra na Universidade de Munique
1920: morre Weber em Munique;
1922: publicação de “Economia e Sociedade”, por Marianne Weber 
A sociologia de Weber
É a ciência da ação social que ela quer compreender interpretando, e cujo desenvolvimento e efeitos pretende explicar socialmente. 
Interessa-se não por avaliar se as estruturas/instituições são boas ou más; pretende compreender o mais objetivamente possível como os homens avaliam e apreciam, utilizam, criam e destroem as diversas relações sociais.
Procura entender concretamente como o homem vive na sociedade e na comunidade, com se comporta, como forma e transforma as relações. 
Busca compreender e interpretar o sentido, as intenções, os interesses que o homem visa subjetivamente no desenvolvimento de suas ações
Alguns conceitos fundamentais da teoria weberiana
Ação: toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivamente dado por quem a executa e que orienta essa ação.
Ação social: quando tal orientação tem em vista a ação – passada, presente, futura – de outro ou outros agentes (individualizados ou conhecidos, ou indeterminados/desconhecidos como audiência, o público etc.)
Cabe ao sociólogo compreender a ação social, isto é, captar e interpretar suas conexões de sentido. Ação compreensível é ação com sentido. 
São ações sem sentido as reativas, sem sentido pensado etc. que não interessam à sociologia. 
Tipologia da ação social
Ação racional com relação a fins: quando o indivíduo pretende atingir um objetivo e lança mão dos meios necessários mais apropriados, ambos avaliados e combinados claramente, considerando as consequências previsíveis dessa ação (ex. um procedimento econômico ou científico).
Ação racional com relação a valores: se inspira, no curso do seu desenvolvimento, apenas nas convicções do agente, sem se preocupar com as consequências/efeitos (agir segundo um valor, um dever, uma causa religiosa, política, moral, seguindo valores como justiça, honra, honestidade, fidelidade, etc.)
Tipologia da ação social
Ação tradicional: quando o indivíduo age de acordo com hábitos e costumes arraigados –tradição (ex. batismo quando se é pouco comprometido com a religião, beijar a mão ao pedir a benção, cumprimento semi-automático entre pessoas que se cruzam no ambiente de trabalho etc.)
Ação afetiva: o indivíduo age movido por suas emoções imediatas (vingança, desespero, admiração, orgulho, medo, inveja, desejo, compaixão, etc.) sem consideração de meios ou fins a atingir.
Relação social
Uma conduta plural (de vários, dois ou mais), reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos. É a probabilidade de que uma forma determinada de conduta social tenha, em algum momento, seu sentido partilhado pelos diversos agentes numa sociedade qualquer (ex. professores e alunos, hostilidade, amizade, trocas comerciais, relações eróticas e políticas.). As relações sociais mais racionais podem originar normas. 
Poder: probabilidade de um ator impor sua vontade a outro, mesmo contra a resistência deste (situa-se dentro de uma relação social e indica situação de desigualdade entre os atores). O comando não é necessariamente legítimo, nem a obediência um dever.
Dominação: é a situação em que há um senhor (dominador, dominadores), e é a probabilidade de ele encontrar obediência dos que devem obedecê-lo. (dominação legal, tradicional ou carismática)
O problema das diferenças sociais
Como são definidas as posições sociais?
Dependem da forma de organização predominante ou do peso de certa esfera da vida coletiva nas sociedades (econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural).
São as consciências individuais que dão sentido à ação social e tal sentido pode ser partilhado por uma multiplicidade de indivíduos. 
Assim, no plano coletivo existem 3 fenômenos diferenciados de distribuição de poder dentro de uma comunidade: classe, estamento (status) e partido (riqueza, distinção e poder político, respectivamente)	
Classes
Fala-se de classe quando: “1) certo número de pessoas tem em comum um componente causal específico em suas oportunidades de vida e, na medida em que, 2) esse componente é representado exclusivamente pelos interesses econômicos da posse e oportunidades de renda, e 3) é representado sob as condições de mercado de produtos ou mercado de trabalho” (WEBER, p.212).
Classe é qualquer grupo de pessoas que se encontra na mesma situação de classe. 
Classes não são comunidades; não envolvem necessariamente uma ação comunitária (que envolve sentimentos de pertença mútua); são apenas bases possíveis de uma ação comunitária. 
classes
Se refere à forma como a propriedade material é distribuída entre várias pessoas, que competem no mercado com a finalidade de troca, e que cria oportunidades específicas de vida. 
Propriedade (moeda, terras, máquinas, conhecimentos etc.) e falta de propriedade são categorias básicas de todas as situações de classe. Ex: proprietários de terra, de escravos, industriais, profissionais liberais etc.
Classe (fenômeno puramente econômico) X consciência de classe (referente à vida social e contingente). Pertencer a uma classe não significa qualquer sentimento de comunidade ou consciência de interesses e direitos (como em Marx). (Quintaneiro, p.125)
Estamentos (grupos de status)
Se define por um sentimento de pertença compartilhado; pela distribuição das honras (honrarias, prestígio, reconhecimento social).
São normalmente comunidades, em oposição às classes.
A distinção entre os membros do grupo (fechamento, regras próprias, exclusividade, privilégios, monopólios) sempre está baseada em critérios de exclusão e afastamento de não-membros.
Adoção de um estilo de vida próprio (maneiras, tradições, modas, etiqueta, lugar de residência, regras matrimoniais etc.)
estamentos
 (...) o mercado e os processos econômicos não conhecem nenhuma acepção de pessoas. Os interesses materiais dominam então sobre a pessoa. Nada sabe de honra. Ao contrário dele, a ordem estamental significa justamente o inverso: uma organização social de acordo com a honra e um modo de viver segundo as normas estamentais...Por isso os membros de toda organização reagem com rigor contra as pretensões do mero lucro econômico e quase sempre com tanto maior aspereza quanto mais ameaçados se sentem. 
estamentos
A honra social pode resultar de uma situação de classe, mas não necessariamente (ex. aristocracia feudal europeia decadente). E a situação estamental pode influir na situação de classe já que para manter o estilo de vida exigido pelos estamentos a riqueza/renda é preferível. 
“As classes se organizam segundo as relações de produção e aquisição de bens, os estamentos, segundo princípios de seu consumo de bens nas diversas formas específicas de sua maneira de viver.” (Weber, Economia e Sociedade)
Castas: grupos de status fechado; privilégios/distinções garantidos por leis, convenções e rituais.
partidos
Estão inseridos na esfera do poder social.
Ação tipicamente racional (pretende influir sobre a direção que toma uma associação ou comunidade).
Agem orientados pela aquisição de poder social. Sua meta pode ser uma causa (programa de propósitos ideais ou materiais) ou uma meta pessoal (honras para o líder ou seguidores do partido)
Partidos 
É uma organização que luta especificamente pelo domínio, com
frequência se organizam de modo autoritário. Ou pretendem influenciar o domínio existente.
Somente existem dentro de comunidades de algum modo socializadas (ordem racional, aparato pessoal)

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