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História_e_Antropologia_-_Aula_1_-_Historiografia_e_Povos_sem_escrita

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AULA INTRODUTÓRIA
José Walter Lisboa Cavalcanti
HISTÓRIA E ANTROPOLOGIA JURÍDICA
Direito e Historiografia
O discurso histórico sobre o Direito determina-se comumente em função do próprio direito, ou seja, subordina-se às finalidades persuasivas dos discursos dogmáticos.
A tradição legitima opiniões, é conservadora.
A Evolução legitima o discurso através da história, valoriza o atual e o considera superior.
Existem muitos vícios no trato da História do Direito e muitos deles estiveram a serviço da dogmática jurídica, não da história.
Anacronismo - falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época
Evolucionismo - valor excessivo ao que atual, desprezando o passado
Reducionismo - expresso em unidades diferentes, a fim de explicá-los, a suas partes constituintes mais simples
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Direito e Historiografia
Outras concepções históricas prosperaram ao lado do evolucionismo, é o caso do CONTINUISMO.
Nele, o discurso da continuidade provoca a perda de independência da história do direito, transformando o discurso histórico num mero instrumento de legitimação do discurso dogmático.
Naquele momento, o estudo da história do direito traduzia-se em uma forma de legitimar o discurso dos estudos dogmáticos da dogmática jurídica.
O engano da continuidade:
Descontextualização do Direito
Crença infundada de que os institutos jurídicos com prescrições semelhantes em épocas distantes gozavam da mesma atribuição de sentido atual 
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Direito e Historiografia
Tanto no evolucionismo quanto na continuidade, ignora-se a autonomia do passado e suas diversas influências políticas, sociais, e econômicas..
Nesses casos, o historiador vê o passado a partir do presente sem se preocupar com as condicionantes históricas.
O evolucionismo e continuidade, todavia, são instrumentos úteis ao discurso de legitimação conservadora do direito
Pois as rupturas e os processos descontínuos são ignorados e retirados da história
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Os Annales e a nova história
A história tradicional tinha duas estratégias para garantir a continuidade e fortalecimento do poder instituído:
Vinculação da continuidade do exercício do poder por intermédio do direito.
Elevação do senhor, rei, à condição de superioridade, por meio de suas glórias narradas
A história era a história da soberania, mas isso ía mudar
Engrossam-se as fileiras dos críticos à história centrada no político e documental.
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Os Annales e a nova história
A primeira Geração dos Annales:
Surge a partir da década de 20, após a criação da Revista Annales, que apresenta novos métodos e conceitos sobre a história;
Incorporou elementos das várias ciências e conhecimentos;
Problematizou o objeto de estudo da história como social, antropológico, econômico;
Buscou dotar o estudo da complexidade escondida por trás das grandes sínteses narrativas da historiografia tradicional
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Os Annales e a nova história
A Segunda Geração dos Annales:
“não há nenhum individuo totalmente e por si mesmo inacessível; toda iniciativa individual está enraizada em uma realidade mais complexa, em uma realidade ‘entrelaçada’, como dia a sociologia”;
Dimensões temporais de Fernand Braudel:
Geográfica – analisa a relação do homem com o seu meio ambiente
Social – revela as estruturas sociais, através de mudanças conceituais
Individual – prioriza o indivíduo para que este manifeste a estrutura à qual está preso.
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Os Annales e a nova história
A Terceira Geração dos Annales:
Além de incorporar o estruturalismo, prefere a história das mentalidades à história econômica;
Além da história das mentalidades, merece atenção a história serial e os estudos sobre a alfabetização
O movimento dos Annales contribuiu para a reelaboração da história, transformando a historiografia de sua época.
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História para o Direito
A delimitação do objeto de estudo da história como o fortalecimento dos seus métodos, contribuem para se evitarem equívocos.
DIREITO, PODER E ESTADO
A relação entre poder e direito costuma ser traduzida pela relação entre o macro poder e o direito.
TEXTO E CONTEXTO
Não existe metodologia pra o estudo da história do direito, mas diversos métodos podem ser adotados.
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Funções da História do Direito
A função essencial da história do direito é demonstrar que o direito relaciona-se com o seu tempo e o contexto;
Que o direito contemporâneo não é uma nova versão do direito romano ou uma evolução do direito medieval;
Demonstrar que o direito é fruto de um complexo de relações presentes na sociedade.
Que o Direito progride por forças indutoras, que são capazes de modificá-lo, transformá-lo, revolucioná-lo
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História do Direito no Ensino
Não teve períodos estáveis. Houve negligência nos currículos dos cursos de direito, por causa da incompreensão quanto ao papel da disciplina.
Entre altos e baixos, derrotas e vitórias, ocorridas durante o Império e República, a disciplina de História do Direito culminou com a crescente inclusão nos currículos acadêmicos.
Assim, busca-se a construção de um saber imerso na desconstrução dos dogmas do passado
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História e História do Direito
A História do Direito volta a ter espaço nos cursos jurídicos, depois de muito abandono
Muitas mudanças sociais ocorreram nesse início de século, inclusive com algumas crises, o que nos fez “voltar o olhar para o nosso próprio passado e ali procurar por algum sinal” para buscarmos restauração, ou mesmo um futuro.
A pesquisa histórica foi revolucionada nos últimos tempos. 
Annales (1920): incorporou elementos metodológicos e conceituais de outras ciências sociais, abandonando, apenas a narrativa dos eventos 
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História do Direito: Métodos
A nova história começa por deslocar seu centro de atenções para a vida material
No Século XIX, o centro das atenções da história era o Estado.
Há que se considerar as diferenças entre os tempos e lugares. A história da vida cotidiana, da vida material
Nem a história das estruturas, nem a história dos episódios, dos grandes feitos, conta tudo.
É preciso estar atendo e levantar suspeitas ( poder; romantismo; continuidades; idéias de progresso e evolução)
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História do Direito: tarefas
A História do Direito pode cruzar todos os recursos da Nova História com três elementos do universo jurídico
FONTES: estudar as leis e princípios
CULTURA: estudar o espaço onde se produz o pensamento, um discurso e um saber.
INSTITUIÇÕES: estudar as práticas sociais reiteradas e as organizações que produzem e aplicam o próprio direito
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Povos sem escrita e seu Direito
A História do Direito normalmente é estudada a partir da época em que remontam os mais antigos escritos
Povos ágrafos (a=negação + grafos=escrita)
Homens da caverna de 30000 a.C;
Índios brasileiros antes da chegada de Cabral;
Tribos isoladas na Floresta Amazônica
Há civilizações que mesmo não tendo escrita, atingiram altos níveis de desenvolvimento, inclusive jurídico
Incas na América do Sul, Maias na América Central
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Povos sem escrita: Características
Regras abstratas bastante limitadas
Grande diversidade nos Direitos
A diversidade se influenciavam por vários motivos (clima, recursos naturais, número de indivíduos)
Direito e religião estão entrelaçados
Direito em formação
Não há definição do que é Justiça ou regras
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Povos sem escrita: fontes
Quase sempre era o COSTUME, ou seja, a forma tradicional de viver em comunidade, onde as normas eram estabelecidas consensualmente entre os membros do grupo
A obediência aos costumes se assegurava pelos medos do sobrenatural, da opinião pública ou do desprezo do grupo
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Povos sem escrita: outras fontes
Além dos costumes, possuíam outras fontes
Regas de comportamento imposta por quem tinha o poder
Primórdio das nossas leis atuais
Precedente Judiciário
involuntariamente, aplicavam-se medidas já aplicadas 
Provérbios e adágios
Poemas, lendas etc.
Algumas penas que podiam ser impostas
Morte
Penas corporais
Banimento
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Povos sem escrita: Direito familiar
O Casamento entre pessoas de sexos diferentes é uma das instituições mais arcaicas e permanentes, sendo proibido o incesto. 
Sistema Matrilinear
Sistema Patrilinear
Os clãs, formados por
grupos relativamente extensos, propiciado por laços consangüíneos, sendo considerada uma unidade
A etnia consistia na reunião de vários clãs de determinado grupo, com fins de decidir conflitos.
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MACIEL, José Fábio Rodrigues e AGUIAR, Renan. História do Direito. Coleção Roteiros Jurídicos. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2009
Faculdade Metropolitana da Grande Recife
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