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<p>Não respondidas</p><p>Classes do Nome</p><p>GR0064 - (Unesp)</p><p>Bom exemplo na saúde</p><p>Os bons resultados que estão sendo ob�dos por</p><p>programa de parceria entre hospitais privados de ponta e</p><p>hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) para reduzir a</p><p>infecção hospitalar nestes úl�mos, como mostra</p><p>reportagem do Estado, são um exemplo de que é possível</p><p>melhorar o atendimento na rede pública com medidas</p><p>simples e de custo rela�vamente baixo.</p><p>Em um ano, o treinamento que profissionais de 119</p><p>unidades da rede pública de 25 Estados recebem em</p><p>cinco hospitais privados de ponta já levou a uma redução</p><p>de 23% das ocorrências de infecção hospitalar em</p><p>Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de três �pos</p><p>principais: na corrente sanguínea, no trato urinário e na</p><p>pneumonia associada à ven�lação mecânica. Par�cipam</p><p>do treinamento não apenas médicos e enfermeiros, mas</p><p>também – e este é um ponto importante – integrantes</p><p>das diretorias dos hospitais para facilitar a adoção dos</p><p>procedimentos como ro�na.</p><p>Os bons resultados do programa, observados em todas as</p><p>regiões, levaram o Ministério da Saúde a fixar a meta</p><p>ambiciosa de redução de 50% da infecção hospitalar na</p><p>rede do SUS até 2020. Isso significará salvar 8500 vidas</p><p>de pacientes de UTI. O programa também permi�rá,</p><p>segundo es�ma�va do Ministério, reduzir R$ 1,2 bilhão</p><p>nos gastos com internação.</p><p>Tudo isso sem fazer reformas e obras na rede pública,</p><p>apenas redesenhando “o processo assistencial com os</p><p>recursos disponíveis”, como diz a coordenadora-geral da</p><p>inicia�va, Cláudia Garcia, do Hospital Albert Einstein.</p><p>Além de fazer muito com poucos recursos, o alvo do</p><p>programa foi bem escolhido, porque as infecções</p><p>hospitalares estão entre as principais causas de mortes</p><p>em serviços de saúde do mundo inteiro, segundo a</p><p>Organização Mundial da Saúde.</p><p>É preciso ter em mente, porém, que não se pode esperar</p><p>demais de inicia�vas desse �po. Elas são importantes em</p><p>qualquer circunstância – porque o bom emprego do</p><p>dinheiro público, para dele sempre �rar o máximo, deve</p><p>ser uma regra –, mas têm alcance limitado. Cons�tuem</p><p>um avanço, não mais do que isso.</p><p>(Editorial de 09.09.2018. h�ps://opiniao.estadao.com.br.</p><p>Adaptado)</p><p>Analisando-se os numerais empregados no texto, conclui-</p><p>se que eles</p><p>a) cons�tuem dados relevantes e fundamentam a</p><p>argumentação favorável à inicia�va de parceria entre</p><p>os sistemas de saúde.</p><p>b) são pouco expressivos na argumentação apresentada,</p><p>considerando-se que não sinalizam para resultados</p><p>auspiciosos.</p><p>c) orientam a argumentação para a ideia de se gastar</p><p>menos com a saúde, devendo-se usar o dinheiro de</p><p>forma menos criteriosa.</p><p>d) contrariam a ideia de que o país passa para uma crise</p><p>econômica, já que se gasta muito em uma parceria</p><p>entre os sistemas de saúde.</p><p>e) sinalizam informações da inicia�va sem, contudo,</p><p>agregar elementos que mostrem se haverá uma</p><p>redução de custo que a jus�fique.</p><p>GR0053 - (Efomm)</p><p>Como Dizia Meu Pai</p><p>Já se tomou hábito meu, em meio a uma conversa,</p><p>preceder algum comentário por uma introdução:</p><p>— Como dizia meu pai...</p><p>Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia,</p><p>sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a</p><p>alguma opinião.</p><p>De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a</p><p>opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato</p><p>corresponder a alguma coisa que Seu Domingos</p><p>costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira —</p><p>que insensivelmente vou me tomando com o correr dos</p><p>anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos,</p><p>me iden�ficando com a herança espiritual que dele</p><p>recebi.</p><p>Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando</p><p>descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias,</p><p>repe�ndo uma a�tude sua, até mesmo esboçando um</p><p>gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou</p><p>concebendo, para nortear meu pensamento, um</p><p>princípio que, se não foi enunciado por ele, só pode ter</p><p>sido inspirado por sua presença dentro de mim.</p><p>— No fim tudo dá certo...</p><p>1@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com esta</p><p>frase, sem reparar que repe�a literalmente o que ele</p><p>costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:</p><p>— Se não deu certo, é porque ainda não chegou</p><p>no fim.</p><p>Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a</p><p>quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a</p><p>escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair</p><p>da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou</p><p>depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de</p><p>palhinha da varanda, como namorados, trocando no�cias</p><p>do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela</p><p>ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada</p><p>um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los.</p><p>Finda a úl�ma audiência, passava a mão no chapéu e na</p><p>bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com</p><p>algum amigo. Regressava religiosamente uma hora</p><p>depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre</p><p>de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados,</p><p>podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho</p><p>nunca deixava de trazer.</p><p>Costumava se distrair realizando pequenos consertos</p><p>domés�cos: uma boia de descarga, a bucha de uma</p><p>torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da</p><p>necessária habilidade e de uma preciosa caixa de</p><p>ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi</p><p>com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa,</p><p>ter à mão pelo menos um alicate e</p><p>uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às</p><p>voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai,</p><p>hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava</p><p>atrasando. Depois de remexer durante vários dias em</p><p>suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao</p><p>remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que</p><p>alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar</p><p>sem atrasos, e as ba�das a soar em horas</p><p>desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.</p><p>Tinha por hábito emi�r um pequeno sopro de assovio,</p><p>que tanto podia ser indício de paz de espírito como do</p><p>esforço para controlar a perturbação diante de algum</p><p>aborrecimento.</p><p>— As coisas são como são e não como deviam ser.</p><p>Ou como gostaríamos que fossem.</p><p>Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando</p><p>diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir.</p><p>Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de</p><p>nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de</p><p>Deus – embora jamais fosse assim eloquente em suas</p><p>conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas</p><p>de certo ce�cismo preven�vo ante as esperanças vãs:</p><p>— O que não tem solução, solucionado está.</p><p>E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao</p><p>cúmulo do o�mismo de afirmar isso, como seu filho</p><p>Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda</p><p>mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava</p><p>dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer</p><p>nada para isso, espere, que mudará por si.</p><p>[...]</p><p>Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo,</p><p>às vezes inconscientemente, como legado de meu pai,</p><p>teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia</p><p>caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não</p><p>sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e</p><p>que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a</p><p>aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra,</p><p>enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme</p><p>que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos</p><p>perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que</p><p>elas podem dar. De repente fui fulminado por uma</p><p>verdade tão absoluta que �ve de parar, completamente</p><p>zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No</p><p>entanto era uma verdade evangélica, de clareza cin�lante</p><p>como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de</p><p>gra�dão a Seu Domingos por me havê-la enviado:</p><p>— Só há um meio de resolver qualquer problema</p><p>nosso: é resolver primeiro o do outro.</p><p>Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do</p><p>seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de</p><p>uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de</p><p>representante de umas firmas inglesas, era procurador de</p><p>partes — solene designação para uma a�vidade que hoje</p><p>talvez fosse referida como a de um despachante. A</p><p>princípio</p><p>os amigos, conhecidos, e depois até</p><p>desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um</p><p>conselho ou receber dele uma orientação.</p><p>Era de se ver a romaria no seu escritório todas as</p><p>manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher</p><p>abandonada pelo marido, um pai agoniado com</p><p>problemas do filho — era gente assim que vinha buscar</p><p>com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua</p><p>aflição. O próprio Governador, que não o conhecia</p><p>pessoalmente, certa vez o consultou através de um</p><p>secretário, sobre questão administra�va que o</p><p>atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois</p><p>de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou</p><p>avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta</p><p>me faz.</p><p>Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir</p><p>de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está</p><p>aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.</p><p>SABINO, Fernando. A volta por cima. In: Obra Reunida v.</p><p>III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto</p><p>adaptado)</p><p>Com base no texto, responda à questão que se segue.</p><p>Assinale a opção em que a flexão de grau do substan�vo</p><p>destacado é u�lizada exclusivamente para pôr em</p><p>primeiro plano uma linguagem que demonstra valor</p><p>afe�vo.</p><p>2@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá</p><p>de palhinha da varanda, como namorados, trocando</p><p>no�cias do dia.” (9°§)</p><p>b) “Depois de remexer durante vários dias em suas</p><p>entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao</p><p>remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que</p><p>alegou não fazerem falta.” (10°§)</p><p>c) “Costumava se distrair realizando pequenos</p><p>consertos domés�cos: uma boia de descarga, a bucha</p><p>de uma torneira, um fusível queimado.” (10°§)</p><p>d) ''Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a</p><p>quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a</p><p>escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair</p><p>da tarde [...].” (9°§)</p><p>e) “Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos</p><p>contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca</p><p>deixava de trazer.” (9°§)</p><p>GR0052 - (Fgv)</p><p>Leia o texto para responder à questão.</p><p>Nos dois primeiros episódios da série Chernobyl, da HBO,</p><p>cien�stas exasperados tentam convencer os superiores</p><p>na usina e no governo sovié�co de que um dos reatores</p><p>nucleares explodiu e está jorrando radioa�vidade sobre a</p><p>Europa.</p><p>A resposta dos superiores, exemplar da estupidez</p><p>surrealista de uma burocracia totalitária, é sempre a</p><p>mesma: impossível, um “reator RBMK não explode”. A</p><p>posição oficial é que havia somente um pequeno</p><p>incêndio no telhado.</p><p>“Eu fui lá, eu vi!”, repetem os cien�stas, um após o outro,</p><p>antes de vomitarem, verterem sangue pelos poros ou</p><p>caírem duros. Apenas quando a radioa�vidade é</p><p>detectada na Suécia, Mikhail Gorbatchov encara seus</p><p>ministros com uma expressão de “camarada, deu ruim...”</p><p>— naquela altura, a radioa�vidade liberada já era</p><p>superior à de vinte bombas de Hiroshima.</p><p>Só mesmo no totalitarismo sovié�co, pensei, assis�ndo à</p><p>série. Então fui ler na revista Piauí o trecho do livro A</p><p>Terra inabitável: uma história do futuro, do jornalista</p><p>David Wallace- -Wells, que sairá pela Companhia das</p><p>Letras no mês que vem. Impossível terminar as 11</p><p>páginas sobre o aquecimento global sem ficar apavorado</p><p>feito um cien�sta em Chernobyl.</p><p>(Antonio Prata. “Bem-vindos a Chernobyl”.</p><p>www.folha.uol.com.br, 16.06.2019. Adaptado.)</p><p>Nas expressões “cien�stas exasperados”, “exemplar da</p><p>estupidez surrealista” e “burocracia totalitária”, os</p><p>termos sublinhados podem ser subs�tuídos, sem</p><p>alteração de sen�do, respec�vamente, por:</p><p>a) exaltados; modelo; que não admite oposição.</p><p>b) irritados; cópia; que abarca diferentes opiniões.</p><p>c) desesperados; lição; que segue uma única ideia.</p><p>d) excitados; base; que apregoa a subserviência.</p><p>e) arrebatados; contraponto; que se presta à servidão.</p><p>GR0046 - (Unifesp)</p><p>Em - "E correr uns bons 20 km!" - o termo "uns" assume</p><p>valor de</p><p>a) posse.</p><p>b) exa�dão.</p><p>c) definição.</p><p>d) especificação.</p><p>e) aproximação.</p><p>GR0058 - (Unesp)</p><p>Tablets nas escolas</p><p>Ou seja, não é suficiente entregar equipamentos</p><p>tecnológicos cada vez mais modernos sem uma</p><p>perspec�va de formação de qualidade e significa�va, e</p><p>sem avaliar os programas anteriores. O risco é de</p><p>cometer os mesmos equívocos e não potencializar as</p><p>boas prá�cas, pois muda a tecnologia, mas as prá�cas</p><p>con�nuam quase as mesmas.</p><p>Com isso, podemos nos perguntar pelos desafios da</p><p>didá�ca diante da cultura digital: o tablet na sala de aula</p><p>3@professorferretto @prof_ferretto</p><p>modifica a prá�ca dos professores e o co�diano escolar?</p><p>Em que medida ele modifica as condições de</p><p>aprendizagem dos estudantes? Evidentemente isso pode</p><p>se desdobrar em inúmeras outras questões sobre a</p><p>convergência de tecnologias e linguagens, sobre o acesso</p><p>às redes na sala de aula e sobre a necessidade de</p><p>mediações na perspec�va dos novos letramentos e</p><p>alfabe�smos nas múl�plas linguagens.</p><p>Outra questão que é preciso pensar diz respeito aos</p><p>conteúdos digitais. Os conteúdos que estão sendo</p><p>produzidos para os tablets realmente oferecem a</p><p>potencialidade do meio e sua arquitetura mul�mídia ou</p><p>apenas estão servindo como leitores de textos com os</p><p>mesmos conteúdos dos livros didá�cos? Quem está</p><p>produzindo tais conteúdos digitais? De que forma são</p><p>escolhidos e compar�lhados?</p><p>Ou seja, pensar na potencialidade que o tablet oferece na</p><p>escola — acessar e produzir imagens, vídeos, textos na</p><p>diversidade de formas e conteúdos digitais — implica em</p><p>repensar a didá�ca e as possibilidades de experiências e</p><p>prá�cas educa�vas, midiá�cas e culturais na escola ao</p><p>lado de questões econômicas e sociais mais amplas. E</p><p>isso necessariamente envolve a reflexão crí�ca sobre os</p><p>saberes e fazeres que estamos produzindo e</p><p>compar�lhando na cultura digital.</p><p>(Tablets nas escolas.www.gazetadopovo.com.br.</p><p>Adaptado.)</p><p>No úl�mo período do texto, os termos saberes e fazeres</p><p>são</p><p>a) adje�vos.</p><p>b) pronomes.</p><p>c) substan�vos.</p><p>d) advérbios.</p><p>e) verbos.</p><p>GR0063 - (Enem)</p><p>MORUMBI PRÓXIMA AO COL. PIO XII Linda residência</p><p>rodeada por maravilhoso jardim com piscina e amplo</p><p>espaço gourmet. 1000 m² construídos em 2000 m² de</p><p>terreno, 6 suítes. R$ 3.200,000. Rua tranquila: David</p><p>Pimentel. Cód. 480067 Morumbi Palácio Tel.: 3740-</p><p>50000</p><p>Folha de S.Paulo. Classificados, 27 fev. 2012 (adaptado)</p><p>Os gêneros textuais nascem emparelhados a</p><p>necessidades a a�vidades da vida sociocultural. Por isso,</p><p>caracterizam-se por uma função social específica, um</p><p>contexto de uso, um obje�vo comunica�vo e por</p><p>peculiaridades linguís�cas e estruturais que lhes</p><p>conferem determinado formato. Esse classificado procura</p><p>convencer o leitor a comprar um imóvel e, para isso,</p><p>u�liza-se:</p><p>a) da predominância das formas impera�vas dos verbos e</p><p>de abundância de substan�vos.</p><p>b) de uma riqueza de adje�vos que modificam os</p><p>substan�vos, revelando as qualidades do produto.</p><p>c) de uma enumeração de vocábulos, que visam conferir</p><p>ao texto um efeito de certeza.</p><p>d) do emprego de numerais, quan�ficando as</p><p>caracterís�cas e aspectos posi�vos do produto.</p><p>e) da exposição de opiniões de corretores de imóveis no</p><p>que se refere à qualidade do produto.</p><p>GR0048 - (Fgv)</p><p>Em todas as frases a seguir, as locuções adje�vas</p><p>sublinhadas foram subs�tuídas por adje�vos. Assinale a</p><p>frase em que a subs�tuição foi inadequada.</p><p>a) “Nunca ninguém conseguirá ir ao fundo de um riso de</p><p>criança”. / infan�l.</p><p>b) “Um bebê é a opinião de Deus de que a vida deveria</p><p>con�nuar”. / divina.</p><p>c) “Os avarentos são como as bestas de carga: carregam</p><p>o ouro e se alimentam de aveia”. / carregadas</p><p>d) “Os paranoicos têm inimigos de verdade”. /</p><p>verdadeiros.</p><p>e) “Estar com raiva é se vingar das falhas dos outros em</p><p>nós mesmos”. / alheias.</p><p>GR0057 - (Enem)</p><p>As alegres meninas que passam na rua, com suas</p><p>pastas escolares, às vezes com seus namorados. As</p><p>alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o</p><p>besouro que entrou na classe e pousou no ves�do da</p><p>professora; essas meninas; essas coisas sem importância.</p><p>O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma</p><p>as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado,</p><p>riem sem mo�vo; riem.</p><p>Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca</p><p>mais</p><p>voltassem a rir e falar coisas sem importância.</p><p>Faltava uma delas. O jornal dera no�cia do crime. O</p><p>corpo da menina encontrado naquelas condições, em</p><p>lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa</p><p>mais rir.</p><p>As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas</p><p>de uma hora para outra; essas mulheres.</p><p>ANDRADE, C. D. Essas meninas. Contos plausíveis. Rio de</p><p>Janeiro: José Olympio, 1985.</p><p>No texto, há recorrência do emprego do ar�go “as” e do</p><p>pronome “essas”. No úl�mo parágrafo, esse recurso</p><p>linguís�co contribui para</p><p>4@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) intensificar a ideia do súbito amadurecimento.</p><p>b) indicar a falta de iden�dade �pica da adolescência.</p><p>c) organizar a sequência temporal dos fatos narrados.</p><p>d) complementar a descrição do acontecimento trágico.</p><p>e) expressar a banalidade dos assuntos tratados na</p><p>escola.</p><p>GR0059 - (Unesp)</p><p>O defunto dominava a casa com a sua presença enorme.</p><p>Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala</p><p>ainda não se haviam habituado ao seu silêncio espesso.</p><p>Fazia um calor opressivo. Do quarto con�guo vinham</p><p>soluços sem choro. Pareciam pedaços arrancados dum</p><p>grito de dor único e descomunal, davam uma impressão</p><p>de dilaceramento, de agonia sincopada.</p><p>As velas ardiam e o cheiro da cera derre�da se casava</p><p>com o perfume adocicado das flores que cobriam o</p><p>caixão. A mistura enjoa�va inundava o ar como uma</p><p>emanação mesma do defunto, entrava pelas narinas dos</p><p>vivos e lhes dava a sensação desconfortante duma</p><p>comunhão com a morte. O velho calvo que estava a um</p><p>canto da sala, voltou a cabeça para o militar a seu lado e</p><p>cochichou:</p><p>— Está fazendo falta aqui é o Tico, capitão.</p><p>O oficial ainda não conhecia o Tico. Era novo na cidade.</p><p>Então o velho explicou. O Tico era um sujeito que sabia</p><p>animar os velórios, contava histórias, �nha um jeito</p><p>especial de levar a conversa, deixando todo o mundo à</p><p>vontade. Sem o Tico era o diabo... Por onde andaria</p><p>aquela alma? Entrou um homem magro, alto, de preto.</p><p>Cumprimentou com um aceno discreto de cabeça,</p><p>caminhou devagarinho até o cadáver e ergueu o lenço</p><p>branco que lhe cobria o rosto. Por alguns segundos fitou</p><p>na cara morta os olhos tristes. Depois deixou cair o lenço,</p><p>afastou-se enxugando as lágrimas com as costas das</p><p>mãos e entrou no quarto vizinho. O velho calvo suspirou.</p><p>— Pouca gente... O militar passou o lenço pela testa</p><p>suada.</p><p>— Muito pouca. E o calor está brabo.</p><p>— E ainda é cedo. O capitão �rou o relógio: faltava um</p><p>quarto para as oito.</p><p>A força expressiva da locução “silêncio espesso” resulta</p><p>do fato de o substan�vo e o adje�vo</p><p>a) traduzirem conceitos religiosos.</p><p>b) produzirem uma reestruturação sintá�ca do período.</p><p>c) apresentarem sen�dos similares.</p><p>d) harmonizarem sensações agradáveis e desagradáveis.</p><p>e) associarem caracterís�cas sensoriais dis�ntas.</p><p>GR0537 - (Esa)</p><p>No trecho: “A rede pública foi a que mais cresceu em</p><p>número de matrículas”, a palavra que funciona como</p><p>adje�vo é:</p><p>a) rede</p><p>b) pública</p><p>c) cresceu</p><p>d) mais</p><p>e) matrículas</p><p>GR0538 - (Eear)</p><p>Leia o texto abaixo e avalie as afirmações.</p><p>“Aquele rio</p><p>era como um cão sem plumas.</p><p>Nada sabia da chuva azul,</p><p>da fonte cor-de-rosa,</p><p>da água do copo de água,</p><p>da água de cântaro,</p><p>dos peixes de água,</p><p>da brisa na água.”</p><p>(João Cabral de Melo Neto)</p><p>I. “de água”, “de cântaro” e “sem plumas” são locuções</p><p>adje�vas.</p><p>II. “azul” e “cor-de-rosa” são adje�vos.</p><p>III. “da água”, “de água” e “na água” são locuções</p><p>adje�vas.</p><p>IV. “da fonte” e “dos peixes” são locuções adje�vas.</p><p>Está correto o que se afirma em</p><p>a) III e IV.</p><p>b) II e III.</p><p>c) I e IV.</p><p>d) I e II.</p><p>GR0321 - (Fuvest)</p><p>Examine esta propaganda</p><p>5@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na</p><p>linguagem informal, o termo “legal” pode ser lido, no</p><p>contexto da propaganda, respec�vamente, nos seguintes</p><p>sen�dos:</p><p>a) lícito e bom.</p><p>b) aceito e regulado.</p><p>c) requintado e excepcional.</p><p>d) viável e interessante.</p><p>e) jurídico e autorizado.</p><p>GR0047 - (Unesp)</p><p>A alma das cousas somos nós...</p><p>Dentro do eterno giro universal</p><p>Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente,</p><p>Mas, se nesse vaivém tudo parece igual</p><p>Nada mais, na verdade,</p><p>Nunca mais se repete exatamente...</p><p>Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente</p><p>Que no-Ias Ieva e traz, num círculo fatal;</p><p>O que varia é o espírito que as sente</p><p>Que é impercep�velmente desigual,</p><p>Que sempre as vive diferentemente,</p><p>E, assim, a vida é sempre inédita, afinal...</p><p>Estado de alma em fuga pelas horas,</p><p>Tons esquivos e trêmulos, nuanças</p><p>Susce�veis, su�s, que fogem no Íris</p><p>Da sensibilidade furta-cor...</p><p>E a nossa alma é a expressão fugi�va das cousas</p><p>E a vida somos nós, que sempre somos outros!...</p><p>Homem inquieto e vão que não repousas!</p><p>Para e escuta:</p><p>Se as cousas têm espírito, nós somos</p><p>Esse espírito efêmero das cousas,</p><p>Volúvel e diverso,</p><p>Variando, instante a instante, in�mamente,</p><p>E eternamente,</p><p>Dentro da indiferença do Universo!...</p><p>(Luz</p><p>mediterrânea,</p><p>1965.)</p><p>O adje�vo é elemento marcante nesse poema,</p><p>contribuindo expressivamente para a mensagem do eu</p><p>lírico. Indique o verso em que ocorre um adje�vo antes e</p><p>outro depois de um substan�vo:</p><p>a) O que varia é o espírito que as sente.</p><p>b) Mas, se nesse vaivém tudo parece igual.</p><p>c) Tons esquivos e trêmulos, nuanças.</p><p>d) Homem inquieto e vão que não repousas!</p><p>e) Dentro do eterno giro universal.</p><p>GR0050 - (Cesgranrio)</p><p>Assinale a oração em que o termo cego(s) é um adje�vo:</p><p>a) Os cegos, habitantes de um mundo esquemá�co,</p><p>sabem onde ir…</p><p>b) O cego de Ipanema representava naquele momento</p><p>todas as alegorias da noite escura da alma…</p><p>c) Todos os cálculos do cego se desfaziam na turbulência</p><p>do álcool.</p><p>d) Naquele instante era só um pobre cego.</p><p>e) … da Terra que é um globo cego girando no caos.</p><p>GR0060 - (Fuvest)</p><p>Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo</p><p>ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa:</p><p>Entrevistador: — O protagonismo do STF dos úl�mos</p><p>tempos tem usurpado as funções do Congresso?</p><p>Entrevistado: — Temos uma Cons�tuição muito boa, mas</p><p>excessivamente detalhista, com um número imenso de</p><p>disposi�vos e, por isso, susce�vel a fomentar</p><p>interpretações e toda sorte de li�gios. Também temos</p><p>um sistema de jurisdição cons�tucional, talvez único no</p><p>mundo, com um rol enorme de agentes e ins�tuições</p><p>dotadas da prerroga�va ou de competência para trazer</p><p>6@professorferretto @prof_ferretto</p><p>questões ao Supremo. É um leque considerável de</p><p>interesses, de visões, que acaba causando</p><p>a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas</p><p>mais diferentes áreas, inclusive dando margem a esse</p><p>�po de acusação. Nossas decisões não deveriam passar</p><p>de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são analisados</p><p>cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade.</p><p>Veja, 15/06/2011.</p><p>No trecho “dotadas da prerroga�va ou de competência”,</p><p>a presença de ar�go antes do primeiro substan�vo e a</p><p>sua ausência antes do segundo fazem que o sen�do de</p><p>cada um desses substan�vos seja, respec�vamente,</p><p>a) figurado e próprio.</p><p>b) abstrato e concreto.</p><p>c) específico e genérico.</p><p>d) técnico e comum.</p><p>e) lato e estrito.</p><p>GR0536 - (Efomm)</p><p>Meu ideal seria escrever (Rubem Braga)</p><p>Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que</p><p>aquela moça que está doente naquela casa cinzenta</p><p>quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto</p><p>que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que</p><p>história mais engraçada!". E então a contasse para a</p><p>cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para</p><p>contar a história; e todos a quem ela contasse rissem</p><p>muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão</p><p>alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol,</p><p>irresis�velmente louro, quente, vivo, em sua vida de</p><p>moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse</p><p>admirada ouvindo o próprio riso, e depois repe�sse para</p><p>si própria – “mas essa história é mesmo muito</p><p>engraçada!".</p><p>Que um casal que es�vesse em casa mal-humorado, o</p><p>marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher</p><p>bastante irritada com o marido, que esse casal também</p><p>fosse a�ngido pela minha história. O marido a leria e</p><p>começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher.</p><p>Mas depois que</p><p>esta, apesar de sua má vontade, tomasse</p><p>conhecimento da história, ela também risse muito, e</p><p>aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de</p><p>namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de</p><p>estarem juntos.</p><p>Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de</p><p>espera a minha história chegasse – e tão fascinante de</p><p>graça, tão irresis�vel, tão colorida e tão pura que todos</p><p>limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o</p><p>comissário do distrito, depois de ler minha história,</p><p>mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas</p><p>pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse –</p><p>“por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de</p><p>prender ninguém!" E que assim todos tratassem melhor</p><p>seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes</p><p>em alegre e espontânea homenagem à minha história.</p><p>E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse</p><p>contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na</p><p>Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês em</p><p>Chicago – mas que ficassem os dois rindo sem poder</p><p>olhar um para cara do outro sem rir mais; e que um,</p><p>ouvindo em todas as línguas ela guardasse a sua frescura,</p><p>a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no</p><p>fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre,</p><p>muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma</p><p>história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha</p><p>vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa</p><p>história não pode ter sido inventada por nenhum</p><p>homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a</p><p>contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele</p><p>pensou que já es�vesse morto; sim, deve ser uma</p><p>história do céu que se filtrou por acaso até nosso</p><p>conhecimento; é divina."</p><p>E quando todos me perguntassem – "mas de onde é que</p><p>você �rou essa história?" – eu responderia que ela não é</p><p>minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um</p><p>desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que</p><p>por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um</p><p>sujeito contar uma história..."</p><p>E eu esconderia completamente a humilde verdade: que</p><p>eu inventei toda a minha história em um só segundo,</p><p>quando pensei na tristeza daquela moça que está doente,</p><p>que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha</p><p>naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.</p><p>Fonte: As cem melhores crônicas brasileiras/ Joaquim</p><p>Ferreira dos Santos, organização e introdução. - Rio de</p><p>Janeiro: Obje�va, 2007.</p><p>Assinale a opção em que a mudança da posição do</p><p>adje�vo ao lado do substan�vo vai implicar uma</p><p>alteração de sen�do daquele.</p><p>a) [...] que aquela moça que está doente naquela casa</p><p>cinzenta quando lesse minha história no jornal risse</p><p>[...].</p><p>b) [...] se lembrasse do alegre tempo de namoro [...].</p><p>c) [...] seus dependentes e seus semelhantes em alegre e</p><p>espontânea homenagem à minha história.</p><p>d) [...] foi com certeza algum anjo tagarela que a contou</p><p>[...].</p><p>e) [...] mandasse soltar aqueles bêbados e também</p><p>aquelas pobres mulheres [...].</p><p>GR0539 - (Albert Einstein)</p><p>Éramos três condenados à crônica diária: Rubem no</p><p>Diário de No�cias, Paulo no Diário Carioca e eu no O</p><p>Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa</p><p>7@professorferretto @prof_ferretto</p><p>do bar, servia de tema para mais de um de nós. Às vezes</p><p>para os três. Quando caiu um edi�cio no bairro Peixoto,</p><p>por exemplo, três crônicas foram por coincidência</p><p>publicadas no dia seguinte, in�tuladas respec�vamente:</p><p>“Mas não cai?”, “Vai cair” e “Caiu”.</p><p>Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem</p><p>perdeu a cerimônia:</p><p>— Será que você teria aí uma crônica pequenininha</p><p>para me emprestar?</p><p>Procurei nos meus guardados e encontrei uma que</p><p>talvez servisse: sobre um menino que me pediu um</p><p>cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até</p><p>uma miserável casa de pasto da Lapa: a sopa exis�a</p><p>mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O preço da</p><p>sopa”. Rubem deu uma melhorada na história, trocou</p><p>“casa de pasto” por “restaurante”, elevou o preço para</p><p>cinco cruzeiros, pôs o �tulo mais simples de “A sopa”.</p><p>Tempos mais tarde chegou a minha vez — nada</p><p>como se valer de um amigo nas horas di�ceis:</p><p>— Uma crônica usada, de que você não precisa</p><p>mais, qualquer uma serve.</p><p>— Vou ver o que posso fazer — prometeu ele.</p><p>Acabou me dando de volta a da sopa.</p><p>— Logo esta? — protestei.</p><p>— As outras estão muito gastas.</p><p>Sou pobre mas não sou soberbo. Ajeitei a crônica</p><p>como pude, toquei-lhe uns remendos, atualizei o preço</p><p>para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o �tulo:</p><p>“Esta sopa vai acabar”.</p><p>Eternamente deleitável ou imediatamente deletável</p><p>— depende menos do tema do que das artes do autor —,</p><p>a crônica pode não ser um “gênero de primeira</p><p>necessidade, a não ser talvez para os escritores que a</p><p>pra�cam”, como sustentava Luís Mar�ns — um dos</p><p>recordistas brasileiros nesse ramo de escreveção. Um</p><p>subgênero, há quem desdenhe. “Literatura em mangas</p><p>de camisa”, diz-se em Portugal. Mas, para o crí�co Wilson</p><p>Mar�ns, trata-se de uma “espécie literária” que de</p><p>jornalís�co “só tem o fato todo circunstancial de aparecer</p><p>em periódicos.”</p><p>(Humberto Werneck (org.). Boa companhia: crônicas,</p><p>2005. Adaptado.)</p><p>Para evitar sua repe�ção, omite-se um substan�vo que</p><p>pode ser facilmente iden�ficado pelo contexto linguís�co</p><p>em:</p><p>a) “Sou pobre mas não sou soberbo.” (12º parágrafo).</p><p>b) “Um subgênero, há quem desdenhe.” (13º parágrafo).</p><p>c) “‘Literatura em mangas de camisa’, diz-se em</p><p>Portugal.” (13º parágrafo).</p><p>d) “Acabou me dando de volta a da sopa.” (9º parágrafo).</p><p>e) “Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do</p><p>bar, servia de tema para mais de um de nós.” (2º</p><p>parágrafo).</p><p>GR0313 - (Unesp)</p><p>Leia um trecho do prefácio “O recado da mata”, do</p><p>antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, para o livro A</p><p>queda do céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi</p><p>Kopenawa e Bruce Albert.</p><p>A queda do céu é um acontecimento cien�fico</p><p>incontestável, que levará, suspeito, alguns anos para ser</p><p>devidamente assimilado pela comunidade antropológica.</p><p>Mas espero que todos os seus leitores saibam iden�ficar</p><p>de imediato o acontecimento polí�co e espiritual muito</p><p>mais amplo, e de muito grave significação, que ele</p><p>representa. Chegou a hora, em suma; temos a obrigação</p><p>de levar absolutamente a sério o que dizem os índios</p><p>pela voz de Davi Kopenawa — os índios e todos os</p><p>demais povos “menores” do planeta, as minorias</p><p>extranacionais que ainda resistem à total dissolução pelo</p><p>liquidificador modernizante do Ocidente. Para os</p><p>brasileiros, como para as outras nacionalidades do Novo</p><p>Mundo criadas às custas do genocídio americano e da</p><p>escravidão africana, tal obrigação se impõe com força</p><p>redobrada. Pois passamos tempo demais com o espírito</p><p>voltado para nós mesmos, embrutecidos pelos mesmos</p><p>velhos sonhos de cobiça e conquista e império vindos nas</p><p>caravelas, com a cabeça cada vez mais “cheia de</p><p>esquecimento”, imersa em um tenebroso vazio</p><p>existencial, só de raro em raro iluminado, ao longo de</p><p>nossa pouco gloriosa história, por lampejos de lucidez</p><p>polí�ca e poé�ca. Davi Kopenawa ajuda-nos a pôr no</p><p>devido lugar as famosas “ideias fora do lugar”, porque o</p><p>seu é um discurso sobre o lugar, e porque seu enunciador</p><p>sabe qual é, onde é, o que é o seu lugar. Hora, então, de</p><p>nos confrontarmos com as ideias desse lugar que</p><p>tomamos a ferro e a fogo dos indígenas, e declaramos</p><p>“nosso” sem o menor pudor [...].</p><p>(A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, 2015.)</p><p>O autor recorre à elipse de um substan�vo no trecho:</p><p>8@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Pois passamos tempo demais com o espírito voltado</p><p>para nós mesmos”.</p><p>b) “porque o seu é um discurso sobre o lugar”.</p><p>c) “temos a obrigação de levar absolutamente a sério o</p><p>que dizem os índios”.</p><p>d) “tal obrigação se impõe com força redobrada”.</p><p>e) “Hora, então, de nos confrontarmos com as ideias</p><p>desse lugar”.</p><p>GR0054 - (Efomm)</p><p>Com base no texto, responda à questão.</p><p>Passeio à Infância</p><p>Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois</p><p>pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os</p><p>lagos�ns saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer</p><p>ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol</p><p>dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas</p><p>redondas para a�radeira,</p><p>porque é urgente subir no</p><p>morro; os sanhaços estão bicando os cajus maduros. É</p><p>janeiro, grande mês de janeiro!</p><p>Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do</p><p>morro e descer escorregando no capim até a beira do</p><p>açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e,</p><p>como o carnaval é no mês que vem, vamos apanhar</p><p>taba�nga para fazer formas de máscaras. Ou então</p><p>vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um</p><p>pé de saboneteira.</p><p>Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,</p><p>numa simples menina de pernas magras e vamos passear</p><p>nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais</p><p>comeu angu de fundo de panela?</p><p>Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.</p><p>Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma</p><p>forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la</p><p>assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras...</p><p>Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de</p><p>pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de-</p><p>rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo</p><p>para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três</p><p>horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de</p><p>sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu</p><p>lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez você</p><p>fosse como aquela menina rica, de fora, que achou</p><p>horrível nosso pobre doce de abóbora e coco.</p><p>Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria</p><p>do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir</p><p>descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente</p><p>dar um galope na correnteza, passando rente às pedras,</p><p>como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar</p><p>afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as</p><p>nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros</p><p>meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-</p><p>peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os</p><p>soldados de canoa dando �ros, e havia uma mulher do</p><p>outro lado do rio gritando. Mas como eu poderia, mulher</p><p>estranha, convertê-la em menina para subir comigo pela</p><p>capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco</p><p>queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma</p><p>que era para mim uma adoração. Ah, paixão da infância,</p><p>paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você,</p><p>mulher estranha que ora venho conhecer, homem</p><p>maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a</p><p>olhei, você estava distraída, meus olhos eram outra vez</p><p>os encantados olhos daquele menino feio do segundo</p><p>ano primário que quase não �nha coragem de olhar a</p><p>menina um pouco mais alta da ponta direita do banco.</p><p>Adoração de infância. Ao menos você conhece um</p><p>passarinho chamado saíra? E um passarinho miúdo:</p><p>imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a um</p><p>menino que só �vesse visto coleiros e curiós, ou pobres</p><p>cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota</p><p>infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que</p><p>pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a</p><p>onda clara, junto da pedra.</p><p>Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da</p><p>infância. Na minha adolescência você seria uma tortura.</p><p>Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei;</p><p>uma vez na fazenda riram: ele não sabe nem passar um</p><p>barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são pequenas</p><p>coisas do mato e da água, são humildes coisas, e você é</p><p>tão bela e estranha! Inu�lmente tento convertê-la em</p><p>menina de pernas magras, o joelho ralado, um pouco de</p><p>lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés.</p><p>Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na</p><p>adolescência me torturaria; mas sou um homem maduro.</p><p>Ainda assim às vezes é como um bando de sanhaços</p><p>bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes</p><p>dourados avançando, saltando ao sol, na piracema; um</p><p>bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu</p><p>quisera tanto dormir. Tanto dormir! Preciso de um</p><p>sossego de beira de rio, com remanso, com cigarras. Mas</p><p>você é como se houvesse demasiadas cigarras cantando</p><p>numa pobre tarde de homem. Julho, 1945</p><p>Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de</p><p>Rubem Braga. Texto adaptado à nova ortografia.</p><p>Assinale a opção em que a expressão sublinhada NÃO</p><p>tem valor de um adje�vo.</p><p>9@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) Talvez você fosse como aquela menina rica, de fora,</p><p>que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e</p><p>coco.</p><p>b) Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os</p><p>soldados de canoa dando �ros (...).</p><p>c) O menino da roça que pela primeira vez vê as algas do</p><p>mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra.</p><p>d) Mas o que sei lhe ensino; são pequenas coisas do</p><p>mato (...).</p><p>e) Inu�lmente tento convertê-la em menina de pernas</p><p>magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do</p><p>brejo no meio dos dedos dos pés.</p><p>GR0540 - (Fmc)</p><p>O vocábulo sublinhado em “Qual foi o susto tamanho</p><p>dela” (ref. 1), do ponto de vista morfológico é:</p><p>a) advérbio de intensidade.</p><p>b) pronome indefinido.</p><p>c) advérbio de modo.</p><p>d) substan�vo.</p><p>e) adje�vo.</p><p>GR0049 - (Ita)</p><p>Durante a Copa do Mundo deste ano, foi veiculada, em</p><p>programa espor�vo de uma emissora de TV, a no�cia de</p><p>que um apostador inglês acertou o resultado de uma</p><p>par�da, porque seguiu os prognós�cos de seu burro de</p><p>es�mação. Um dos comentaristas fez, então, a seguinte</p><p>observação: “Já vi muito comentarista burro, mas burro</p><p>comentarista é a primeira vez.”</p><p>Percebe-se que a classe grama�cal das palavras se altera</p><p>em função da ordem que elas assumem na expressão.</p><p>Assinale a alterna�va em que isso NÃO ocorre:</p><p>a) obra grandiosa</p><p>b) jovem estudante</p><p>c) brasileiro trabalhador</p><p>d) velho chinês</p><p>e) faná�co religioso</p><p>GR0061 - (Ufrgs)</p><p>Considere as seguintes ocorrências de ar�go no texto.</p><p>(...) O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios,</p><p>pois havia sido ungido como 16 o agente de Deus na</p><p>terra. Durante todo 17 o século XVIII, os filósofos do</p><p>Iluminismo ques�onaram esses pressupostos, e os</p><p>panfle�stas profissionais conseguiram empanar a aura</p><p>sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro</p><p>mental do An�go Regime demandou violência</p><p>iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. Seria</p><p>ó�mo se pudéssemos associar 18 a Revolução</p><p>exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e</p><p>do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus</p><p>princípios em um mundo violento.</p><p>Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamoure�e.</p><p>In: ____. O beijo de Lamoure�e: mídia, cultura e</p><p>revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.</p><p>I. O ar�go definido na referência 16.</p><p>II. O ar�go definido singular na referência 17.</p><p>III. O ar�go definido na referência 18.</p><p>Quais poderiam ser omi�dos, preservando a correção de</p><p>seus contextos?</p><p>a) Apenas I.</p><p>b) Apenas II.</p><p>c) Apenas III.</p><p>d) Apenas I e II.</p><p>e) I, II e III.</p><p>GR0308 - (Unesp)</p><p>Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a</p><p>cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-</p><p>1696).</p><p>A cada canto um grande conselheiro,</p><p>Que nos quer governar cabana e vinha*;</p><p>Não sabem governar sua cozinha,</p><p>E podem governar o mundo inteiro.</p><p>Em cada porta um bem frequente olheiro,</p><p>Que a vida do vizinho e da vizinha</p><p>Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha**,</p><p>Para o levar à praça e ao terreiro.</p><p>Muitos mulatos desavergonhados,</p><p>Trazidos sob os pés os homens nobres***,</p><p>Posta nas palmas toda a picardia,</p><p>Estupendas usuras nos mercados,</p><p>Todos os que não furtam muito pobres:</p><p>E eis aqui a cidade da Bahia.</p><p>(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)</p><p>* Vinha: terreno com videiras.</p><p>** Esquadrinha: examina minuciosamente.</p><p>*** Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de</p><p>Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam</p><p>com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.</p><p>No soneto, verifica-se rima entre palavras de classes</p><p>grama�cais diferentes</p><p>10@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) em “vizinha”/“esquadrinha” (2ª estrofe) e em</p><p>“nobres”/ “pobres” (3ª/4ª estrofes).</p><p>b) em “vinha”/“cozinha” (1ª estrofe) e em</p><p>“olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).</p><p>c) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em “olheiro”/</p><p>“terreiro” (2ª estrofe).</p><p>d) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em “vizinha”/</p><p>“esquadrinha” (2ª estrofe).</p><p>e) em “desavergonhados”/“mercados” (3ª/4ª estrofes) e</p><p>em “nobres”/“pobres” (3ª/4ª estrofes).</p><p>GR0051 - (Upenet)</p><p>Assinale a alterna�va na qual o segmento destacado tem</p><p>natureza adje�va.</p><p>11@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Senhor futuro ministro da Saúde, queremos tratar de</p><p>um mo�vo de orgulho (...)”.</p><p>b) “Graças aos esforços de cidadãos e governos de</p><p>diversos par�dos (...).”</p><p>c) “(...) diante de uma epidemia que se aproxima de um</p><p>milhão de casos (....)”.</p><p>d) “A forma nega�va (...) com que muitos ainda reagem</p><p>àqueles que têm HIV (...)”.</p><p>e) “Enquanto vacina e cura ainda estão fora do horizonte,</p><p>o Brasil segue (...)”.</p><p>GR0327 - (Fuvest)</p><p>amora</p><p>a palavra amora</p><p>seria talvez menos doce</p><p>e um pouco menos vermelha</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como um velado esplendor)</p><p>a memória da palavra amor</p><p>a palavra amargo</p><p>seria talvez mais doce</p><p>e um pouco menos acerba</p><p>se não trouxesse em seu corpo</p><p>(como uma sombra a espreitar)</p><p>a memória da palavra amar</p><p>Marco Catalão, Sob a face neutra.</p><p>acerba = amarga</p><p>Tal como se lê no poema,</p><p>a) a palavra “amora” é substan�vo, e “amargo”, adje�vo.</p><p>b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra</p><p>“amargo”.</p><p>c) o substan�vo “corpo” apresenta sen�do denota�vo.</p><p>d) o substan�vo “amor” intensifica o dulçor da palavra</p><p>“amora”.</p><p>e) o verbo “amar” e o substan�vo “amor” são</p><p>intercambiáveis.</p><p>GR0062 - (Enem)</p><p>Não há crenças que Nelson Leirner não destrua. Do</p><p>dinheiro à religião, do esporte à fé na arte, nada resiste</p><p>ao deboche desse iconoclasta. O principal mérito da</p><p>retrospec�va aberta em setembro na Galeria do SESI–SP</p><p>é justamente demonstrar que as provocações</p><p>arquitetadas durante as úl�mas cinco décadas</p><p>pelo ar�sta quase octogenário con�nuam vigorosas.</p><p>Bravo, n. 170, out. 2011 (adaptado).</p><p>Um dos elementos importantes na cons�tuição do texto</p><p>é o desenvolvimento do tema por meio, por exemplo, do</p><p>encadeamento de palavras em seu interior. A clareza do</p><p>tema garante ao autor que seus obje�vos — narrar,</p><p>descrever, informar, argumentar, opinar — sejam</p><p>a�ngidos. No parágrafo do ar�go informa�vo, os termos</p><p>em negrito</p><p>a) evitam a repe�ção de termos por meio do emprego de</p><p>sinônimos.</p><p>b) fazem referências a outros ar�stas que trabalham com</p><p>Nelson Leirner.</p><p>c) estabelecem relação entre traços da personalidade do</p><p>ar�sta e suas obras.</p><p>d) garantem a progressão temá�ca do texto pelo uso de</p><p>formas nominais diferentes.</p><p>e) introduzem elementos novos, que marcam mudança</p><p>na direção argumenta�va do texto.</p><p>GR0517 - (Enem)</p><p>Os velhos papéis, quando não são consumidos pelo</p><p>fogo, às vezes acordam de seu sono para contar no�cias</p><p>do passado.</p><p>É assim que se descobre algo novo de um nome</p><p>an�go, sobre o qual já se julgava saber tudo, como</p><p>Machado de Assis.</p><p>Por exemplo, você provavelmente não sabe que o</p><p>autor carioca, morto em 1908, escreveu uma letra do</p><p>hino nacional em 1867 – e não poderia saber mesmo,</p><p>porque os versos seguiam inéditos. Até hoje.</p><p>Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal</p><p>an�go de Florianópolis, pelo pesquisador independente</p><p>Felipe Rissato.</p><p>“Das florestas em que habito/ Solto um canto</p><p>varonil:/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”,</p><p>diz o começo do hino, composto de sete estrofes em</p><p>redondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas</p><p>poé�cas. O trecho também é o refrão da música.</p><p>O Pedro mencionado é o imperador Dom Pedro II. O</p><p>bruxo do Cosme Velho compôs a letra para o aniversário</p><p>de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro daquele ano</p><p>– o hino seria apresentado naquele dia no teatro da</p><p>cidade de Desterro, an�go nome de Florianópolis.</p><p>Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso</p><p>em: 4 dez. 2018 (adaptado).</p><p>Considerando-se as operações de retomada de</p><p>informações na estruturação do texto, há</p><p>interdependência entre as expressões.</p><p>12@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Os velhos papéis” e “É assim”.</p><p>b) “algo novo” e “sobre o qual”.</p><p>c) “um nome an�go” e “Por exemplo”.</p><p>d) “O gigante do Brasil” e “O Pedro mencionado”.</p><p>e) “o imperador Dom Pedro II” e “O bruxo do Cosme</p><p>Velho”.</p><p>GR0065 - (Ime)</p><p>Becos de Goiás</p><p>(...) Amo e canto com ternura todo o errado da minha</p><p>terra. becos da minha terra, discriminados e humildes,</p><p>lembrando passadas eras... (...)</p><p>CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias</p><p>Mais. 21ª ed. – São Paulo: Global Editoral, 2006.</p><p>A substan�vação do adje�vo “errado”, antecedido pelo</p><p>determinante “o”, que aparece no trecho acima</p><p>destacado no poema de Cora Coralina</p><p>a) fala do desdém rela�vo à maneira como vivem os</p><p>habitantes dos becos.</p><p>b) mostra que a voz poé�ca é avessa a tudo o que</p><p>acontece nos becos.</p><p>c) salienta uma proximidade e cumplicidade entre quem</p><p>ama e quem recebe o amor.</p><p>d) revela apa�a em relação aos becos de Goiás e a seus</p><p>frequentadores.</p><p>e) trata unicamente da exclusão social dos moradores</p><p>dos becos.</p><p>GR0387 - (Enem)</p><p>Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada</p><p>portuguesa. Maldito D. Manuel I e sua corja de tenentes</p><p>Eusébios. Quadrados de pedregulho irregular socados à</p><p>mão. À mão! É claro que ia soltar, ninguém reparou que</p><p>ia soltar? Branco, preto, branco, preto, as ondas do mar</p><p>de Copacabana. De que me servem as ondas do mar de</p><p>Copacabana? Me deem chão liso, sem protuberâncias</p><p>calcárias. Mosaico estúpido. Mania de mosaico. Joga</p><p>concreto em cima e aplaina. Buraco, cratera, pedra solta,</p><p>bueiro-bomba. Depois dos setenta, a vida se transforma</p><p>numa interminável corrida de obstáculos. A queda é a</p><p>maior ameaça para o idoso. “Idoso”, palavra odienta.</p><p>Pior, só “terceira idade”. A queda separa a velhice da</p><p>senilidade extrema. O tombo destrói a cadeia que liga a</p><p>cabeça aos pés. Adeus, corpo. Em casa, vou de corrimão</p><p>em corri - mão, tateio móveis e paredes, e tomo banho</p><p>sentado. Da poltrona para a janela, da janela para a</p><p>cama, da cama para a poltrona, da poltrona para a janela.</p><p>Olha aí, outra vez, a pedrinha traiçoeira atrás de me</p><p>pegar. Um dia eu caio, hoje não.</p><p>TORRES, F. Fim. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.</p><p>O recurso que caracteriza a organização estrutural desse</p><p>texto é o(a)</p><p>a) justaposição de sequências verbais e nominais.</p><p>b) mudança de eventos resultante do jogo temporal.</p><p>c) uso de adje�vos qualifica�vos na descrição do cenário.</p><p>d) encadeamento semân�co pelo uso de substan�vos</p><p>sinônimos.</p><p>e) inter-relação entre orações por elementos linguís�cos</p><p>lógicos.</p><p>GR0592 - (Enem PPL)</p><p>Não adianta isolar o fumante</p><p>Se quiser mesmo combater o fumo, o governo precisa</p><p>ir além das restrições. É preciso apoiar quem quer largar</p><p>o cigarro.</p><p>Ao apoiar uma medida provisória para combater o</p><p>fumo em locais públicos nos 27 estados brasileiros, o</p><p>Senado reafirmou um valor fundamental: a defesa da</p><p>saúde e da vida.</p><p>Em pelo menos um aspecto a MP 540/2011 é ainda</p><p>mais rigorosa que as medidas em vigor em São Paulo, no</p><p>Rio de Janeiro e no Paraná, estados que até agora</p><p>adotaram as legislações mais duras contra o tabagismo.</p><p>Ela proíbe os fumódromos em 100% dos locais fechados,</p><p>incluindo até tabacarias, onde o fumo era autorizado sob</p><p>determinadas condições.</p><p>Uma das principais medidas a�nge o fumante no</p><p>bolso. O governo fica autorizado a fixar um novo preço</p><p>para o maço de cigarros. O Imposto sobre Produtos</p><p>Industrializados (IPI) será elevado em 300%. Somando</p><p>uma coisa e outra, o sabor de fumar se tornará muito</p><p>mais ácido. Deverá subir 20% em 2012 e 55% em 2013.</p><p>A visão fundamental da MP está correta. Sabe-se, há</p><p>muito, que o tabaco faz mal à saúde. É razoável, portanto,</p><p>que o Estado aja em nome da saúde pública.</p><p>Época, 28 nov. 2011 (adaptado).</p><p>O autor do texto analisa a aprovação da MP 540/2011</p><p>pelo Senado, deixando clara a sua opinião sobre o tema.</p><p>O trecho que apresenta uma avaliação pessoal do autor</p><p>como uma estratégia de persuasão do leitor é:</p><p>13@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) “Ela proíbe os fumódromos em 100% dos locais</p><p>fechados”.</p><p>b) “O governo fica autorizado a fixar um novo preço para</p><p>o maço de cigarros.’’</p><p>c) “O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) será</p><p>elevado em 300%.”</p><p>d) “Somando uma coisa e outra, o sabor de fumar se</p><p>tornará muito mais ácido.”</p><p>e) “Deverá subir 20% em 2012 e 55% em 2013.”</p><p>GR0609 - (Enem PPL)</p><p>Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa,</p><p>veio para a biblioteca, sentou-se</p><p>a uma cadeira de</p><p>balanço, descansando. Estava num aposento vasto, e</p><p>todo ele era forrado de estantes de ferro. Havia perto de</p><p>dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os</p><p>livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente</p><p>aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao</p><p>perceber o espírito que presidia a sua reunião. Na ficção,</p><p>havia unicamente autores nacionais ou �dos como tais: o</p><p>Bento Teixeira, da Prosopopeia; o Gregório de Matos, o</p><p>Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar</p><p>(todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de</p><p>muitos outros.</p><p>BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de</p><p>Janeiro: Mediafashion, 2008.</p><p>No texto, o uso do ar�go definido anteposto aos nomes</p><p>próprios dos escritores brasileiros</p><p>a) demonstra a familiaridade e o conhecimento que o</p><p>personagem tem dos autores nacionais e de suas</p><p>obras.</p><p>b) consiste em um regionalismo que tem a função de</p><p>caracterizar a fala pitoresca do personagem principal.</p><p>c) é uma marca da linguagem culta cuja função é</p><p>enfa�zar o gosto do personagem pela literatura</p><p>brasileira.</p><p>d) cons�tui um recurso es�lís�co do narrador para</p><p>mostrar que o personagem vem de uma classe social</p><p>inferior.</p><p>e) indica o tom deprecia�vo com o qual o narrador se</p><p>refere aos autores nacionais, reforçado pela expressão</p><p>“�dos como tais”.</p><p>GR0803 - (Fgvsp)</p><p>Leia o texto de Michel de Montaigne para responder à</p><p>questão.</p><p>Os que se dedicam à crí�ca das ações humanas jamais</p><p>se sentem tão embaraçados como quando procuram</p><p>agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos</p><p>dos homens, pois estes se contradizem comumente a tal</p><p>ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo.</p><p>[...] Somos todos cons�tuídos de peças e pedaços</p><p>juntados de maneira casual e diversa, e cada peça</p><p>funciona independentemente das demais. Daí ser tão</p><p>grande a diferença entre nós e nós mesmos quanto entre</p><p>nós e outrem: “Crede-me, não é coisa fácil conduzir-se</p><p>como um só homem”.</p><p>[Sêneca].</p><p>(Michel de Montaigne apud Eduardo Gianne�. O livro</p><p>das citações, 2008).</p><p>Para evitar a sua repe�ção, o autor omite um substan�vo</p><p>no seguinte trecho:</p><p>para a coesão textual referindo-se ao (à)</p><p>a) “Os que se dedicam à crí�ca das ações humanas</p><p>jamais se sentem tão embaraçados”.</p><p>b) “Somos todos cons�tuídos de peças e pedaços</p><p>juntados de maneira casual e diversa”.</p><p>c) “e cada peça funciona independentemente das</p><p>demais”.</p><p>d) “Daí ser tão grande a diferença entre nós e nós</p><p>mesmos”.</p><p>e) “Crede-me, não é coisa fácil conduzir-se como um só</p><p>homem”.</p><p>GR0804 - (Efomm)</p><p>Passeio à Infância</p><p>Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos</p><p>dois pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os</p><p>lagos�ns saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer</p><p>ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol</p><p>dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas</p><p>redondas para a�radeira, porque é urgente subir no</p><p>morro; os sanhaços estão bicando os cajus maduros. É</p><p>janeiro, grande mês de janeiro!</p><p>Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado</p><p>do morro e descer escorregando no capim até a beira do</p><p>açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e,</p><p>como o carnaval é no mês que vem, vamos apanhar</p><p>taba�nga para fazer formas de máscaras. Ou então</p><p>vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um</p><p>pé de saboneteira.</p><p>Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,</p><p>numa simples menina de pernas magras e vamos passear</p><p>nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais</p><p>comeu angu de fundo de panela?</p><p>Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.</p><p>Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma</p><p>forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la</p><p>assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras...</p><p>Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de</p><p>pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de-</p><p>rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo</p><p>14@professorferretto @prof_ferretto</p><p>para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três</p><p>horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de</p><p>sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu</p><p>lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez você</p><p>fosse como aquela menina rica, de fora, que achou</p><p>horrível nosso pobre doce de abóbora e coco.</p><p>Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra</p><p>fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então</p><p>ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente</p><p>dar um galope na correnteza, passando rente às pedras,</p><p>como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar</p><p>afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as</p><p>nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros</p><p>meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-</p><p>peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os</p><p>soldados de canoa dando �ros, e havia uma mulher do</p><p>outro lado do rio gritando.</p><p>Mas como eu podería, mulher estranha, convertê-la</p><p>em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi</p><p>uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro</p><p>de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma</p><p>adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga.</p><p>Assim eu queria gostar de você, mulher estranha que ora</p><p>venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e</p><p>vivido; mas quando a olhei, você estava distraída, meus</p><p>olhos eram outra vez os encantados olhos daquele</p><p>menino feio do segundo ano primário que quase não</p><p>�nha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da</p><p>ponta direita do banco.</p><p>Adoração de infância. Ao menos você conhece um</p><p>passarinho chamado saíra? E um passarinho miúdo:</p><p>imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a um</p><p>menino que só �vesse visto coleiros e curiós, ou pobres</p><p>cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota</p><p>infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que</p><p>pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a</p><p>onda clara, junto da pedra.</p><p>Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração</p><p>da infância. Na minha adolescência você seria uma</p><p>tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa</p><p>eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não sabe nem</p><p>passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são</p><p>pequenas coisas do mato e da água, são humildes coisas,</p><p>e você é tão bela e estranha! Inu�lmente tento convertê-</p><p>la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um</p><p>pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés.</p><p>Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra</p><p>grande! Na adolescência me torturaria; mas sou um</p><p>homem maduro. Ainda assim às vezes é como um bando</p><p>de sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um</p><p>cardume de peixes dourados avançando, saltando ao sol,</p><p>na piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi</p><p>silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir!</p><p>Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com</p><p>cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas</p><p>cigarras cantando numa pobre tarde de homem.</p><p>Julho, 1945</p><p>Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de</p><p>Rubem Braga.</p><p>Texto adaptado à nova ortografia.</p><p>O adje�vo é na essência um termo modificador do</p><p>substan�vo e pode se antepor ou pospor a este.</p><p>Assinale a opção em que se percebe mudança de sen�do</p><p>quanto à posição do adje�vo.</p><p>a) (...) os sanhaços estão bicando os cajus maduros.</p><p>b) Converta-se, bela mulher estranha, numa simples</p><p>menina de pernas magras (...).</p><p>c) Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia.</p><p>d) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra</p><p>fria do bambual (...).</p><p>e) (...) são humildes coisas, e você é tão bela e estranha!</p><p>GR0852 - (Efomm)</p><p>Passeio à Infância</p><p>Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos</p><p>dois pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os</p><p>lagos�ns saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer</p><p>ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol</p><p>dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas</p><p>redondas para a�radeira, porque é urgente subir no</p><p>morro; os sanhaços estão bicando os cajus maduros. É</p><p>janeiro, grande mês de janeiro!</p><p>Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do</p><p>morro e descer escorregando no capim até a beira do</p><p>açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e,</p><p>como o carnaval é no mês que vem, vamos apanhar</p><p>taba�nga</p><p>para fazer formas de máscaras. Ou então</p><p>vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um</p><p>pé de saboneteira.</p><p>Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha,</p><p>numa simples menina de pernas magras e vamos passear</p><p>nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais</p><p>comeu angu de fundo de panela?</p><p>Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino.</p><p>Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma</p><p>forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la</p><p>assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras...</p><p>Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de</p><p>pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de-</p><p>rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo</p><p>para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três</p><p>horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de</p><p>sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu</p><p>lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez você</p><p>fosse como aquela menina rica, de fora, que achou</p><p>horrível nosso pobre doce de abóbora e coco.</p><p>15@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra</p><p>fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então</p><p>ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente</p><p>dar um galope na correnteza, passando rente às pedras,</p><p>como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar</p><p>afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as</p><p>nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros</p><p>meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-</p><p>peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os</p><p>soldados de canoa dando �ros, e havia uma mulher do</p><p>outro lado do rio gritando.</p><p>Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la</p><p>em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi</p><p>uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro</p><p>de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma</p><p>adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga.</p><p>Assim eu queria gostar de você, mulher estranha que ora</p><p>venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e</p><p>vivido; mas quando a olhei, você estava distraída, meus</p><p>olhos eram outra vez os encantados olhos daquele</p><p>menino feio do segundo ano primário que quase não</p><p>�nha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da</p><p>ponta direita do banco.</p><p>Adoração de infância. Ao menos você conhece um</p><p>passarinho chamado saíra? E um passarinho miúdo:</p><p>imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a um</p><p>menino que só �vesse visto coleiros e curiós, ou pobres</p><p>cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota</p><p>infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que</p><p>pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a</p><p>onda clara, junto da pedra.</p><p>Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração</p><p>da infância. Na minha adolescência você seria uma</p><p>tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa</p><p>eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não sabe nem</p><p>passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são</p><p>pequenas coisas do mato e da água, são humildes coisas,</p><p>e você é tão bela e estranha! Inu�lmente tento convertê-</p><p>la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um</p><p>pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés.</p><p>Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande!</p><p>Na adolescência me torturaria; mas sou um homem</p><p>maduro. Ainda assim às vezes é como um bando de</p><p>sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume</p><p>de peixes dourados avançando, saltando ao sol, na</p><p>piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi silvo</p><p>de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir!</p><p>Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com</p><p>cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas</p><p>cigarras cantando numa pobre tarde de homem.</p><p>Julho, 1945</p><p>Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de</p><p>Rubem Braga.</p><p>O adje�vo é na essência um termo modificador do</p><p>substan�vo e pode se antepor ou pospor a este. Assinale</p><p>a opção em que se percebe mudança de sen�do quanto à</p><p>posição do adje�vo.</p><p>a) (...) os sanhaços estão bicando os cajus maduros.</p><p>b) Converta-se, bela mulher estranha, numa simples</p><p>menina de pernas magras (...).</p><p>c) Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia.</p><p>d) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra</p><p>fria do bambual (...).</p><p>e) (...) são humildes coisas, e você é tão bela e estranha!</p><p>16@professorferretto @prof_ferretto</p>