Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 1 Metabolismo de lipídeos Absorção e Síntese de Lipídeos Degradação de Lipídeos Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 2 MMEETTAABBOOLLIISSMMOO DDEE LLIIPPÍÍDDEEOOSS Triacilgliceróis Ácidos graxos Lipídeos de membrana NADH FADH2 Acetil-CoA NADPH ATP Colesterol Corpos cetônicos NADH FADH2 GTP CTE/FO Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 3 Degradação de Lipídeos • A maioria dos ácidos graxos naturalmente ocorrentes possui um número par de carbonos. • A via de catabolismo de ácidos graxos é conhecida como via da β-Oxidação, porque a oxidação ocorre no carbono beta (C3). • Triacilgliceróis (triglicerídeos) são os mais abundantes lipídeos da dieta. Também é a forma na qual estocamos lipídeos para produção de energia. • Os triacilgliceróis diferem entre si pelo comprimento da cadeia de seus ácidos graxos esterificados e quanto ao número de duplas ligações presentes nas cadeias graxas. • Lipases hidrolizam triacilgliceróis liberando um ácido graxo por vez, resultando em diacilgliceróis e eventualmente glicerol. • Glicerol é incorporado à via glicolítica. 1 Glicerol Cinase 2 Glicerol Fosfato Desidrogenase. Ácido Graxo de 16 C, com uma insaturação na posição 9 (cis-Δ9). Glicerol Ácido Graxo Triacilglicerol Glicerol Glicerol-3-Fosfato Dihidroxiacetona Fosfato Palmitoleato Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 4 • Os ácidos graxos livres são transportados pela corrente sangüínea com o auxílio de proteínas do soro, como a albumina, e levados ao fígado, músculos ou córtex renal onde são oxidados. Ativação dos Ácidos Graxos • Acil-CoA Sintetases (Tiocinases) do Retículo Endoplasmático e da membrana externa mitocondrial catalizam a ativação de ácidos graxos de cadeia longa, esterificando-os com a Coenzima A (CoA). • Este processo é dependente de ATP, e ocorre em duas etapas. • Existem diferentes Acil-CoA-Sintetases para ácidos graxos com diferentes comprimentos de cadeia. Ácido graxo + ATP Æ aciladenilato + PPi PPi Æ 2 Pi (Pirofosforilase) Aciladenilato + HS-CoA Æ acil-CoA + AMP + H+ Ácido graxo + ATP + HS-CoA Æ acil-CoA + AMP + 2 Pi + H+ Carnitina acil transferase I (1) Carnitina acil transferase II (3) Acil-CoA-Sintetase Acil-CoA-Sintetase AMP + H+ Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 5 Regulação da Oxidação de Ácidos Graxos • O controle da oxidação de ácidos graxos é exercido principalmente na etapa de entrada do ácido graxo na mitocôndria. • Malonil-CoA (que também é precursor para a síntese de ácidos graxos) inibe a Carnitina Acil Transferase I. • Malonil-CoA é produzido a partir de Acetil-CoA pela enzima Acetil-CoA Carboxilase. • Cinase ativada por AMP, um sensor do nível energético da célula, é ativada alostericamente por AMP, que está em grande concentração quando a [ATP] é baixa. • A Acetil-CoA Carboxilase é inibida quando fosforilada pela Cinase ativada por AMP, levando à redução da [malonil-CoA]. • A redução da [Malonil-CoA] aumenta a atividade da Carnitina Acil Transferase I. • O aumento da oxidação de ácidos graxos gera acetil-CoA para produção de ATP. Acetil-CoA Malonil-CoA Acetil-CoA Carboxilase (Inibida por uma Cinase ativada por AMP) Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 6 Beta Oxidação A via da b-oxidação é cíclica. O Produto, dois carbos mais curto, é o substrato do ciclo seguinte da via. Cada ciclo é constituído por quatro etapas catalíticas. 1ª Etapa • Existem diferentes Acil-CoA Desidrogenases que atuam sobre ácidos graxos com diferentes tamanhos de cadeia: cadeias curtas (4-6 C), média (6-10 C), longa e muito longa (12-18 C). • As Acil-CoA Desidrogenases que atuam sobre ácidos graxos com cadeias muito longas encontram-se ligadas à membrana interna da mitocôndria. As outras são enzimas solúveis localizadas na matriz mitocondrial. • A reação de enolização é estereoespecífica, resultando em uma dupla ligação tipo trans no enoil-CoA formado. 2ª Etapa • A Enoil-CoA Hidratase cataliza a hidratação estereoespecífica da dupla ligação trans produzida na primeira etapa, resultando no L-hidroxiacil-CoA. Acil-CoA-Desidrogenase Ácido Graxo-CoA Trans-Δ2-enoil-CoA Trans-Δ2-enoil-CoA Enoil-CoA-Hidratase 3-L-Hidroxialcil-CoA Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 7 3ª e 4ª Etapas • Para ácidos graxos de cadeia longa existe um complexo protéico trifuncinal ligado à membrane, que possui duas diferentes subunidades com atividades enzimáticas que abrangem as etapas 2 a 4 da β-oxidação. A β-oxidação pode ser representada pela eaquação: Ácido Graxo-CoA + FAD + NAD+ + HS-CoA Æ Ácido Graxo-CoA (- 2 C) + FADH2 + NADH + H+ + Acetil-CoA • Acetil-CoA produzido durante a β-oxidação pode entrar no Ciclo de Krebs, gerando mais NADH, FADH2, que serão usados para a síntese de ATP. A Oxidação de ácidos graxos é a maior fonte de ATP celular! 3-L-Hidroxialcil-CoA β-Hidroxiacil-CoA Desidrogenase β-Cetoacil-Tiolase β-Cetoacil-CoA Ácido graxo-CoA Acetil-CoA (-2C) Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 8 Energia a partir da β-oxidação O catabolismo completo de duas moléculas de glicose (6C) através da glicólise, Ciclo de Krebs e Fosforilação oxidativa rende cerca de 60 ATP (30/glicose). A oxidação completa de um ácido graxo de 12 C, Assumindo que: 1,5 ATP é produzido por mol de FADH2. 2,5 ATP são produzidos por mol de NADH. Produzirá quantos mols de ATP? Peroxissomas • β-Oxidação de ácidos graxos de cadeia longa também pode ocorrer nos peroxissomas. • FAD é o aceptor de e- para a Acyl-CoA Oxidase peroxissomal, que cataliza a primeira etapa oxidativa desta via. • No peroxissoma, FADH2 gerado pela oxidação dos ácidos graxos é reoxidado produzindo peróxido de hidrogênio: FADH2 + O2 Æ FAD + H2O2 A enzima Catalase peroxissomal degrada H2O2: 2 H2O2 Æ 2 H2O + O2 • Os Ácidos graxos de cadeia curta produzidos nos peroxissomas podem ser transferidos para as mitocôndrias e então oxidados completamente a CO2. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 9 β-Oxidação de Ácidos Graxos Insaturados A oxidação dos ácidos graxos com insaturações (duplas ligações) envolve a participação de mais duas enzimas: • cis-Δ3-enoil Isomerase – transforma a dupla ligação cis 3,4 para trans 2,3 • 2,4-dienoil CoA Redutase Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 10 - Acetil-CoA - Acetil-CoA 2 3 - Acetil-CoA Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 11 Metabolismo Ácidos Graxos de Cadeia Ímpar A etapa final da beta oxidação de ácidos graxos com cadeia com número ímpar de carbonos gera acetil-CoA e Propionil-CoA. Propionil-CoA é convertido em Succinil-CoA, um intermediário do ciclo de Krebs. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 12 Formação de Corpos Cetônicos (Cetogênese) Em condições de jejum prolongado, inanição ou diabetes melito, ocorre um aumento na velocidade da β- oxidação, provocando um aumento do Acetil-CoA. O acetil-CoA formado deve ser reciclado para liberar CoA para que a β-oxidação continue. Isso acontece no fígado.Os corpos cetônicos (acetoacetato, β-hidroxibutirato e acetona) são usados como combústíveis nos tecidos extra- hepáticos Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 13 Síntese de Ácidos Graxos (Citosol) O citrato acumulado no ciclo de Krebs difunde-se para o citosol e é convertido a acetil-CoA pela ATP-citrato-liase. A síntese de ácidos graxos inicia a partir de Acetil-CoA e Malonil-CoA envolvendo uma série de reaçãoes que: • Em bactérias são catalizadas por 6 diferentes enzimas mais uma Proteína Carreadora de Acila (ACP) • Em mamíferos são catalizadas por domínios distintos de uma única cadeia polipeptídica, a Ácido Graxo Sintase, que ainda inclui um domínio ACP. O NADPH atua como doador de elétrons em duas reações envolvendo redução de substrato. O NADPH é produzido principalmente na via das pentoses-fosfato. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 14 Ponto de Partida • Acetil-CoA Carboxilase cataliza as duas etapas reacionais para converção de acetil-CoA a malonil-CoA. • O grupo prostético da Acetil-CoA Carboxilase é a biotina. • No sítio catalítico 1 ocorre a descarboxilação da biotina, que é seguida pela transferência da carboxila da biotina para o grupo acetil no sítio catalítico 2. A reação pode ser resumida como: HCO3- + ATP + acetil-CoA Æ ADP + Pi + malonil-CoA Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 15 Reações da Ácido Graxo Sintase Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 16 Pant SH Cys SH Pant SH Cys S C CH3 O Pant S Cys S C CH3 OC CH2 COO− O Pant S Cys SH C CH2 C O CH3 O acetyl-S-CoA HS-CoA malonyl-S-CoA HS-CoA CO2 1 2 3 1 Malonyl/acetyl-CoA-ACP Transacylase 2 Malonyl/acetyl-CoA-ACP Transacylase 3 Condensing Enzyme (β-Ketoacyl Synthase) Pant S Cys SH C CH2 C O CH3 O Pant S Cys SH C CH2 HC O CH3 Pant S Cys SH Pant S Cys SH NADPH NADP+NADPH NADP+ C CH HC O CH3 C CH2 CH2 O CH3 OH H2O 4 5 6 4 β-Ketoacyl-ACP Reductase 5 β-Hydroxyacyl-ACP Dehydratase 6 Enoyl-ACP Reductase Pant S Cys SH C CH2 CH2 O CH3 Pant SH Cys S C CH2 O CH2 CH3 Pant S Cys S C CH2 O CH2 CH3 C CH2 COO− O Malonyl-S-CoA HS-CoA 7 2 7 Condensing Enzyme 2 Malonyl/acetyl-CoA-ACP Transacylase (repeat). Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 17 7Acetil-CoA + 7CO2 + 7ATP Æ 7Malonil-CoA + 7ADP + 7Pi 1Acetil-CoA + 7 Malonil-CoA + 14 NADPH + 14 H+ Æ palmitato + 7CO2 + 8CoA + 14 NADP+ + 6H2O 8Acetil-CoA + 7ATP + 14 NADPH + 14H+ Æ 1 Palmitato + 8CoA-SH + 14NADP+ + 6H2O Via da β Oxidação Síntese de Ácidos Graxos Localização Matriz mitocondrial citosol Carreadores de acila Coenzime-A Fosfopantoteíana (ACP) e cisteína aceptores/doadores de e− FAD & NAD + NADPH -OH Intermediário L D Produtos acetil-CoA Até C16 • A elongação da cadeia além de 16 Cs e a inserção de duplas ligações em ácido graxo é feita por outros sistemas de enzimas localizados na membrana do retículo endoplasmático. • Mamíferos não possuem enzimas para introduzir duplas ligações em ácidos graxos acima do C9. Por isso, linoleato, de 18 Cs e 2 insaturações (18:2), e linolenato, com 3 insaturações (18:3), são ácidos graxos essenciais e precisam ser adquiridos pela dieta. O linolenato é precursor do araquidonato (20:4), que por sua vez dá origem às prostaglandinas, importantes sinalizadores hormonais. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 18 Regulação da Síntese de ácidos Graxos A enzimas de mamíferos é regulada por: Fosforilação Controle alostérico (citrato) Mudanças conformacionais associadas com a regulação: Na conformação ativa, a Acetil-CoA carboxilase se associa para formar complexo multimérico filamentoso. A transição para a conformação inativa está associada com a dissociação em formas monoméricas da enzima. • A Acetil-CoA Carboxilase é inibida quando fosforilada pela Cinase ativada por AMP, levando à redução da [malonil-CoA]. Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 19 METABOLISMO DE COLESTEROL ¾ Colesterol ⇒ membranas biológicas e precursor de hormônios ¾ Hormônios sexuais (testosterona, estrógenos, progesterona) ¾ Hormônios adrenais (mineralo e glicocorticóides) ¾ Vitamina D ¾ Cardenolídeos (digitálicos) ¾ Bufotalídeos (veneno de sapo) ¾ Alcalóides esteróides Síntese do Colesterol Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 20 H3C C CH2 C O O SCoA H3C C O SCoA HSCoA CH2 C CH2 C OH O SCoA CH3 C O −O H2O + acetoacetyl-CoA hydroxymethylglutaryl-CoA acetyl-CoA HMG-CoA Synthase + HSCoA H2C C CH3 HO CH2 C−O O C SCoA O H2C C CH3 HO CH2 C−O O H2 C OH 2NADP+ 2NADPH HMG-CoA mevalonate HMG-CoA Reductase H2C C CH3 HO CH2 C−O O CH2 OH H2C C CH2 CH2 O P O P O − O O− O O− CH3 H2C C CH3 HO CH2 C−O O CH2 O P O P O − O O− O O− CO2 ATP ADP + Pi 2 ATP 2 ADP mevalonate 5-pyrophosphomevalonate (2 steps) isopentenyl pyrophosphate H2C C CH2 CH2 O P O P O − O O− O O− CH3 H3C C CH CH2 O P O P O − O O− O O− CH3 isopentenyl pyrophosphate dimethylallyl pyrophosphate Professor Alexandre Soares dos Santos DCB/UFVJM 2007 21 CH2 CH2 O P O P O − O O− O O− CH CH2 O P O P O − O O− O O− CH2C CH3 CH3C CH3 CH CH2CH3C CH3 CH CH2 O P O P O − O O− O O− CCH2 CH3 PPi CH2 CH2 O P O P O − O O− O O− CH2C CH3 CH CH2CH3C CH3 CH CH2CCH2 CH3 PPi CH CH2 O P O P O − O O− O O− CCH2 CH3 dimethylallyl pyrophosphate isopentenyl pyrophosphate isopentenyl pyrophosphate geranyl pyrophosphate farnesyl pyrophosphate Prenil Transferase CH CH2CH3C CH3 CH CH2CCH2 CH3 CH CH2 O P O P O − O O− O O− CCH2 CH3 2 O NADP+ O2 H2O HO H+ NADPH NADP+ + 2 PPi NADPH 2 farnesyl pyrophosphate squalene 2,3-oxidosqualene lanosterol Esqualeno Sintase e Esqualeno Epoxidade HO HO lanosterol cholesterol 19 steps Esqualeno Oxidociclase A conversão de lanosterol a colesterol envolve 19 etapas que ocorrem na membrana do Retículo Endoplasmático.
Compartilhar