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<p>ÉTICA GERAL</p><p>E JURÍDICA</p><p>Taísa Lúcia Salvi</p><p>Revisão técnica:</p><p>Gustavo da Silva Santanna</p><p>Bacharel em Direito</p><p>Especialista em Direito Ambiental Nacional</p><p>e Internacional e em Direito Público</p><p>Mestre em Direito</p><p>Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito</p><p>Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147</p><p>E83 Ética geral e jurídica [recurso eletrônico ] / Willian Gustavo</p><p>Rodrigues... et al.; [revisão técnica: Gustavo da Silva</p><p>Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>ISBN 978-85-9502-456-4</p><p>1. Direito. 2. Ética. I. Rodrigues, Willian Gustavo.</p><p>CDU 17:34</p><p>Honorários de advogados</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Reconhecer os honorários profissionais capitulados no Código de</p><p>Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil.</p><p> Explicar o que são honorários sucumbenciais e contratuais, bem como</p><p>as suas implicações civis e fiscais.</p><p> Demonstrar como se elabora um contrato de honorários e uma tabela</p><p>de honorários da Ordem dos Advogados do Brasil.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você vai ler sobre os honorários do advogado, também</p><p>conhecidos por honorários advocatícios, termo que vem do latim ho-</p><p>norarius, que consiste na remuneração do profissional pela prestação de</p><p>serviços advocatícios ao cliente. Em outras palavras, os honorários equi-</p><p>valem ao pagamento que aufere uma pessoa que exerce a sua profissão</p><p>de maneira independente.</p><p>Honorários profissionais capitulados no Código</p><p>de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados</p><p>do Brasil</p><p>Da mesma forma como qualquer outro profi ssional liberal, o advogado recebe</p><p>valores fi nanceiros por meio de honorários pagos por seus constituintes e</p><p>partes do processo judicial. Para tanto, os valores mínimos requeridos pelo</p><p>advogado são estabelecidos pelo Conselho Seccional da Ordem dos Advogados</p><p>do Brasil (OAB).</p><p>Os princípios de definição dos honorários e as suas formas de pagamento —</p><p>do mesmo modo que todas as cláusulas relacionadas aos referentes ajustes,</p><p>antes de tratarem demandas de ordem contratual, que obrigatoriamente pre-</p><p>cisam ser discutidas à luz do Código Civil— possuem natureza ética. A base</p><p>regulamentar da matéria é, devido a isso, essencialmente, o Código de Ética</p><p>e Disciplina da OAB.</p><p>Assim estabelece o referido diploma legal no que tange aos valores a serem</p><p>cobrados pelos serviços dos advogados:</p><p>Art. 49 Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, aten-</p><p>didos os elementos seguintes:</p><p>I — a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;</p><p>II — o trabalho e o tempo a ser empregados;</p><p>III — a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros</p><p>casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;</p><p>IV — o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para</p><p>este resultante do serviço profissional;</p><p>V — o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual,</p><p>frequente ou constante;</p><p>VI — o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do</p><p>advogado ou de outro;</p><p>VII — a competência do profissional;</p><p>VIII — a praxe do foro sobre trabalhos análogos (CONSELHO FEDERAL</p><p>DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 2015a, documento on-line).</p><p>Dessa forma, podemos assegurar que moderação é a palavra-chave</p><p>do referido tema. Assim, caso sejam cobrados valores excessivamente</p><p>fixados ou mesmo muito abaixo dos estabelecidos pelo Conselho Seccional,</p><p>teremos uma afronta ao Código de Ética e Disciplina, o que resulta em</p><p>punição disciplinar.</p><p>Portanto, a regulamentação dos honorários há de subsumir-se, pois, por</p><p>imperativo lógico ou para proteção de uma ligação lógica legislativa, no bojo</p><p>do Código de Ética e Disciplina.</p><p>Honorários de advogados132</p><p>Nesse sentido, trazemos ementa da decisão do Conselho Federal da OAB, publicada</p><p>no Diário Oficial da União nº. 235, Seção 1, p. 133, de 9 de dezembro de 2015, in verbis:</p><p>RECURSO N. 49.0000.2014.014549-5/SCA-TTU. Recte: M.C. (Adv:</p><p>Felipe de Oliveira Pereira OAB/SP 292750). Recdos: Conselho Seccio-</p><p>nal da OAB/São Paulo e A.S.S. (Adv: Valter Alves dos Santos OAB/</p><p>SP 167260). Relator: Conselheiro Federal Kaleb Campos Freire (RN).</p><p>EMENTA N. 149/2015/SCA-TTU. Recurso ao Conselho Federal. Contrato</p><p>de honorários condicionando a devolução dos honorários profissionais</p><p>contratados em caso de insucesso de concessão de ordem de habeas cor-</p><p>pus. Impossibilidade. Aviltamento de honorários. O advogado não deve</p><p>estabelecer cláusula contratual determinando a devolução de honorários</p><p>profissionais em caso de insucesso de demanda, sob pena de aviltamento</p><p>de honorários, uma vez que, restituídos os valores ao cliente, implicará,</p><p>necessariamente, a prestação de serviços profissionais de forma gratuita,</p><p>fora dos casos legalmente admitidos. Por outro lado, o descumprimento</p><p>da cláusula contratual, constatada a improcedência do habeas corpus, não</p><p>implica locupletamento, porque os serviços profissionais foram efetiva-</p><p>mente prestados. Descumprimento contratual que deverá ser discutido</p><p>no Poder Judiciário. Recurso parcialmente provido para desclassificar a</p><p>conduta do recorrente para violação ao preceito do artigo 41 do CED e,</p><p>nos termos do art. 36, II, parágrafo único, da Lei nº. 8.906/94, cominar-</p><p>-lhe a sanção disciplinar de censura, convertida em advertência, em</p><p>ofício reservado, sem registro em seus assentamentos. Acórdão: Vistos,</p><p>relatados e discutidos os autos do processo em referência, acordam os</p><p>membros da Terceira Turma da Segunda Câmara do Conselho Federal</p><p>da Ordem dos Advogados do Brasil, observado o quorum exigido no</p><p>art. 92 do Regulamento Geral, por unanimidade, em acolher o voto do</p><p>Relator, parte integrante deste, conhecendo e dando parcial provimento</p><p>ao recurso. Brasília, 30 de novembro de 2015. Renato da Costa Figueira,</p><p>Presidente. Valéria Lauande Carvalho Costa, Relatora ad hoc. (Destaque</p><p>acrescido.) (CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS</p><p>DO BRASIL, 2015b, documento on-line).</p><p>Obs: O art. 41 do Código de Ética e Disciplina, no novo Código de Ética e Disciplina,</p><p>é o art. 48, § 6º.</p><p>133Honorários de advogados</p><p>Esse tema conquistou relevância também no Código de Processo Civil (CPC)</p><p>de 2015, conforme disposto no art. 85, § 1º a § 19, disposições relevantes as</p><p>quais devem ser consideradas pelos juízes, advogados e partes no que tange</p><p>aos honorários:</p><p>Art. 85 A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do</p><p>vencedor.</p><p>§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento</p><p>de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos</p><p>recursos interpostos, cumulativamente.</p><p>§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte</p><p>por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou,</p><p>não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:</p><p>I — o grau de zelo do profissional;</p><p>II — o lugar de prestação do serviço;</p><p>III — a natureza e a importância da causa;</p><p>IV — o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.</p><p>§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários</p><p>observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes</p><p>percentuais:</p><p>I — mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação</p><p>ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;</p><p>II — mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação</p><p>ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos</p><p>até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;</p><p>III — mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação</p><p>ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos</p><p>até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;</p><p>IV — mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação</p><p>ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos</p><p>até 100.000 (cem mil) salários-mínimos;</p><p>V — mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação</p><p>ou</p><p>do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.</p><p>§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º:</p><p>I — os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo,</p><p>quando for líquida a sentença;</p><p>II — não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos</p><p>previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;</p><p>III — não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar</p><p>o proveito econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o</p><p>valor atualizado da causa;</p><p>IV — será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença</p><p>líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.</p><p>Honorários de advogados134</p><p>§ 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o</p><p>benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior</p><p>ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários</p><p>deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente,</p><p>e assim sucessivamente.</p><p>§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independente-</p><p>mente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência</p><p>ou de sentença sem resolução de mérito.</p><p>§ 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a</p><p>Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde que não tenha</p><p>sido impugnada.</p><p>§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou,</p><p>ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos ho-</p><p>norários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º.</p><p>§ 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de</p><p>honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12</p><p>(doze) prestações vincendas.</p><p>§ 10 Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem</p><p>deu causa ao processo.</p><p>§ 11 O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anterior-</p><p>mente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,</p><p>observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao</p><p>tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado</p><p>do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º</p><p>para a fase de conhecimento.</p><p>§ 12 Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras</p><p>sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77.</p><p>§ 13 As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeita-</p><p>dos ou julgados improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão</p><p>acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos legais.</p><p>§ 14 Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar,</p><p>com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho,</p><p>sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.</p><p>§ 15 O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam</p><p>seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade</p><p>de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14.</p><p>§ 16 Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios</p><p>incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão.</p><p>§ 17 Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.</p><p>§ 18 Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos</p><p>honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e</p><p>cobrança.</p><p>§ 19 Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos</p><p>termos da lei (BRASIL, 2015, documento on-line).</p><p>135Honorários de advogados</p><p>Hoje, é pacífico, tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto no Supremo Tribunal</p><p>Federal (STF), que os honorários advocatícios têm natureza jurídica alimentar.</p><p>Nesse sentido:</p><p>AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO.</p><p>HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA ALIMENTAR, MES-</p><p>MO QUANDO SE TRATAR DE VERBAS DE SUCUMBÊNCIA.</p><p>PENHORA SOBRE 10% DOS VENCIMENTOS LÍQUIDOS DO</p><p>EXECUTADO. POSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA DA GRADA-</p><p>ÇÃO DO ART. 655 DO CPC. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.</p><p>1. — O posicionamento desta Corte é no sentido de que os honorários</p><p>advocatícios têm natureza alimentar, sejam eles contratuais ou su-</p><p>cumbenciais. 2. — Partindo desta premissa, a Terceira Turma desta</p><p>Corte, em 1º.12.2011, no julgamento do REsp 948492/ES, desta Rela-</p><p>toria, posicionou-se no sentido de se admitir o desconto em folha de</p><p>pagamento do devedor, dada a natureza de prestação alimentícia dos</p><p>honorários advocatícios, solução que, ademais, observa a gradação</p><p>do art. 655 do Código de Processo Civil. 3. — O agravo não trouxe</p><p>nenhum argumento capaz de modificar a conclusão do julgado, a qual</p><p>se mantém por seus próprios fundamentos. 4. — Agravo Regimental</p><p>improvido (BRASIL, 2012, documento on-line).</p><p>EMENTA: CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE INOVA-</p><p>ÇÃO DE FUNDAMENTO EM AGRAVO REGIMENTAL. HONO-</p><p>RÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NATUREZA ALIMENTAR. AGRAVO</p><p>IMPROVIDO. I - É incabível a inovação de fundamento em agravo</p><p>regimental, porquanto a matéria arguida não foi objeto de recurso ex-</p><p>traordinário. II — O acórdão recorrido encontra-se em harmonia com</p><p>a jurisprudência da Corte no sentido de que os honorários advocatícios</p><p>têm natureza alimentar. III — Agravo regimental improvido (BRASIL,</p><p>2009, documento on-line).</p><p>Honorários sucumbenciais e contratuais, e as</p><p>suas implicações civis e fiscais</p><p>Como mencionado, existem três tipos de honorários advocatícios:</p><p> os contratuais;</p><p> os sucumbenciais;</p><p> os arbitrados.</p><p>Honorários de advogados136</p><p>Os honorários contratuais, ou convencionais ou pactuados, são os</p><p>honorários livremente acordados entre o advogado e o cliente, por meio</p><p>de um contrato, preferencialmente escrito, embora não seja um requisito</p><p>obrigatório, pois o contrato também pode ser verbal. Contudo, a preferência</p><p>é para o contrato escrito, até em razão da advertência contida no art. 48 do</p><p>Código de Ética e Disciplina, uma vez que estabelece maior segurança para</p><p>ambas as partes. Isso porque, em caso de inadimplência, o advogado tem a</p><p>seu favor um título executivo extrajudicial, conforme estabelece o art. 24</p><p>do Estatuto da Advocacia e da OAB. Não havendo regra que regule a forma</p><p>de pagamento dos honorários, a Lei nº. 8.906, de 4 de julho de 1994, sugere</p><p>no § 3º do art. 22 a seguinte forma:</p><p>Art. 22 A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o</p><p>direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial</p><p>e aos de sucumbência.</p><p>[...]</p><p>§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no</p><p>início do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante</p><p>no final (BRASIL, 1994, documento on-line).</p><p>Os honorários arbitrados judicialmente são os fixados por sentença</p><p>judicial (em ação própria), em razão de falta de acordo ou estipulação entre as</p><p>partes, ou ainda, pelo acordo ter sido verbal e ter restado controverso. Logo,</p><p>resta a fixação destes por arbitramento judicial, em pagamento compatível</p><p>com o trabalho e o valor econômico da questão, não podendo a fixação dos</p><p>valores ser a baixo do mínimo previsto na tabela de honorários, confeccionada</p><p>pelo Conselho Seccional da OAB, conforme estabelece o § 2º do art. 22 do</p><p>Estatuto da Advocacia e da OAB.</p><p>Art. 22 A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o</p><p>direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial</p><p>e aos de sucumbência.</p><p>[...]</p><p>§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por</p><p>arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor</p><p>econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela</p><p>organizada pelo Conselho Seccional da OAB (BRASIL, 1994, documento</p><p>on-line).</p><p>Os honorários de sucumbência são os fixados na sentença pelo juiz e</p><p>devidos pela parte vencida ao advogado da parte vencedora da ação. Mas</p><p>137Honorários de advogados</p><p>atenção: a importância sucumbencial pertence ao advogado da parte que</p><p>venceu</p><p>a demanda, não a parte vencedora.</p><p>Outrossim, não se pode confundir os honorários contratuais, os quais são pa-</p><p>gos pelo cliente, com os honorários sucumbenciais, os quais são pagos pela parte</p><p>vencida no processo. Logo, o advogado pode receber os honorários contratuais</p><p>e os sucumbenciais, sem o menor problema, sendo perfeitamente cumuláveis.</p><p>Os honorários de sucumbência observam, como regra, os pressupostos</p><p>contidos no art. 85 do CPC de 2015, alternando entre 10% a 20% sobre o</p><p>montante da sentença condenatória, do provento econômico atingido ou, não</p><p>sendo possível sua determinação sobre o valor atualizado da ação. Nas ações</p><p>trabalhistas, com base no art. 791-A da Consolidação das Leis do Trabalho</p><p>(CLT), ainda que o advogado atue em causa própria, serão devidos a ele ho-</p><p>norários de sucumbência, fixados entre 5% a 15% sobre o valor que resultar</p><p>da liquidação do veredito, do provento econômico atingido ou, não sendo</p><p>possível sua determinação, sobre o valor atualizado da ação:</p><p>Art. 791-A Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos ho-</p><p>norários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e</p><p>o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação</p><p>da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,</p><p>sobre o valor atualizado da causa (BRASIL, 1943, documento on-line).</p><p>Além disso, conforme observamos no art. 24, § 3º, do Estatuto da Advo-</p><p>cacia e da OAB, seria nula qualquer determinação, preceito, cláusula, regra,</p><p>norma ou convenção individual ou coletiva que subtraísse do profissional da</p><p>advocacia o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência. Contudo,</p><p>o STF, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 1.194,</p><p>reconheceu a inconstitucionalidade do referido parágrafo, abrindo margem</p><p>para haver acordo em sentido contrário quanto à destinação do valor sucum-</p><p>bencial. Assim, aqui temos um direito disponível do advogado, motivo pelo</p><p>qual admite disposição (acordo, renúncia, entre outros).</p><p>Art. 24 A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito</p><p>que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na</p><p>falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação</p><p>extrajudicial.</p><p>[...]</p><p>§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os hono-</p><p>rários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por</p><p>seus sucessores ou representantes legais (BRASIL, 1994, documento on-line).</p><p>Honorários de advogados138</p><p>O art. 51 do Código de Ética e Disciplina estabelece que os honorários</p><p>sucumbenciais poderão ser executados pelo profissional da advocacia, res-</p><p>tando a este o direito autônomo para produzir o cumprimento do capítulo da</p><p>sentença que os determine ou para requerer, quando for o caso, a expedição</p><p>de precatórios ou requisição de pequeno valor em seu favor (na qual a parte</p><p>vencida for a Fazenda Pública).</p><p>Nos casos em que o advogado substabelecer o processo de um cliente</p><p>para outro advogado, o valor correlato aos honorários sucumbenciais será</p><p>dividido entre ambos os advogados, proporcionalmente de acordo com a</p><p>atuação de cada profissional no processo ou conforme tenha sido acordado</p><p>entre eles.</p><p>Em caso de conflitos entre os advogados devido à divergência sobre a</p><p>divisão dos valores relativos aos honorários sucumbenciais, a OAB ou seus</p><p>tribunais de ética poderão ser convocados a apontar mediador, sendo tentada,</p><p>preliminarmente, nos processos disciplinares que compreenderem esse tema,</p><p>a conciliação entre os profissionais da advocacia.</p><p>Art. 51 Os honorários da sucumbência e os honorários contratuais, pertencendo</p><p>ao advogado que houver atuado na causa, poderão ser por ele executados,</p><p>assistindo-lhe direito autônomo para promover a execução do capítulo da</p><p>sentença que os estabelecer ou para postular, quando for o caso, a expedição</p><p>de precatório ou requisição de pequeno valor em seu favor.</p><p>§ 1º No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários</p><p>da sucumbência será repartida entre o substabelecente e o substabelecido,</p><p>proporcionalmente à atuação de cada um no processo ou conforme haja sido</p><p>entre eles ajustado.</p><p>§ 2º Quando for o caso, a Ordem dos Advogados do Brasil ou os seus Tri-</p><p>bunais de Ética e Disciplina poderão ser solicitados a indicar mediador que</p><p>contribua no sentido de que a distribuição dos honorários da sucumbência,</p><p>entre advogados, se faça segundo o critério estabelecido no § 1º.</p><p>§ 3º Nos processos disciplinares que envolverem divergência sobre a</p><p>percepção de honorários da sucumbência, entre advogados, deverá ser</p><p>tentada a conciliação destes, preliminarmente, pelo relator (CONSELHO</p><p>FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 2015a, do-</p><p>cumento on-line).</p><p>O CPC de 2015 definiu critérios objetivos para sua fixação contra a Fazenda</p><p>Pública. Assim, além dos critérios subjetivos, passam a ser considerados os</p><p>critérios objetivos, como o cuidado do advogado, relevância da causa e tempo</p><p>gasto, em conjunto com a importância percebida (Quadro 1).</p><p>139Honorários de advogados</p><p>Valor da condenação Honorários advocatícios</p><p>Até 200 salários-mínimos 10% a 20%</p><p>Acima de 200 e até 2 mil salários-mínimos 8% a 10%</p><p>Acima de 2 mil e até 20 mil salários-mínimos 5% a 8%</p><p>Acima de 20 mil e até 100</p><p>mil salários-mínimos</p><p>3% a 5%</p><p>Acima de 100 mil salários-mínimos 1% a 3%</p><p>Quadro 1. Valor da condenação e honorários advocatícios.</p><p>Cumpre refirir que, em fase recursal, no momento do julgamento do recurso,</p><p>o tribunal poderá aumentar o valor dos honorários fixados em sentença de</p><p>primeiro grau, em razão do serviço adicional do advogado.</p><p>Nos casos em que a sentença determine honorários de sucumbência em</p><p>favor de advogado empregado, nas ações em que trabalhe como procurador do</p><p>empregador, é preciso eleger o seguinte raciocínio: necessitam ser designados</p><p>ao advogado, como regra, como preceitua o art. 21 do Estatuto da Advocacia</p><p>e da OAB: “Art. 21 Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por</p><p>este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados</p><p>empregados” (BRASIL, 1994, documento on-line).</p><p>Além disso, existindo ajuste contratual em sentido oposto, deverá pre-</p><p>ponderar o acordo realizado entre o advogado empregado e empregador,</p><p>em obediência à decisão do STF no julgamento da ADI 1.194-4 (natureza</p><p>disponível dos honorários sucumbenciais).</p><p>Também é relevante enfatizar que, em atenção ao disposto no art. 14 do</p><p>Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, os honorários su-</p><p>cumbenciais, por derivarem essencialmente do exercício da advocacia e só</p><p>fortuitamente da relação de emprego, não englobam o salário ou a remuneração,</p><p>não sendo capaz, desse modo, de ser analisado para efeitos trabalhistas ou</p><p>previdenciários.</p><p>Nos casos de sociedade de advogados, quando o profissional a quem</p><p>os honorários seriam destinados integrar essa sociedade, o valor pode ser</p><p>destinado para a sociedade de advogados, conforme dispõe o § 15 do art.</p><p>85 do CPC de 2015. No entanto, quando os honorários de sucumbência são</p><p>devidos ao advogado empregado de sociedade, eles devem ser divididos</p><p>Honorários de advogados140</p><p>entre o advogado e a sociedade, conforme preceitua o parágrafo único do</p><p>art. 21 do Estatuto da Advocacia e da OAB.</p><p>Art. 21 […]</p><p>Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado</p><p>empregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a em-</p><p>pregadora, na forma estabelecida em acordo (BRASIL, 1994, documento</p><p>on-line).</p><p>Todavia, existindo ajuste contratual em sentido oposto, deverá preponderar</p><p>o acordo realizado entre o advogado empregado e a sociedade, em obediência</p><p>à decisão do STF no julgamento da ADI 1.194-4 (natureza disponível dos</p><p>honorários sucumbenciais).</p><p>Uma espécie de honorário não exclui a outra. Outrossim, cada espécie de honorário se</p><p>origina de fato distinto e não pode restar confundido, restando ao advogado esclarecer</p><p>as distinções ao cliente, para que este entenda as diferenças e não pense</p><p>que o seu</p><p>advogado está cobrando mais de uma vez pelo mesmo trabalho.</p><p>De acordo com o art. 24, § 4º, do Estatuto da Advocacia e da OAB:</p><p>Art. 24 [...]</p><p>§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo</p><p>aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os</p><p>convencionados, quer os concedidos por sentença (BRASIL, 1994, do-</p><p>cumento on-line).</p><p>Em outras palavras, se o cliente, sem a participação do seu advogado,</p><p>realizar acordo diretamente com a parte contrária, com o propósito de sanar</p><p>o litígio instaurado, esse fato não poderá estabelecer objeção ao recebimento</p><p>pelo profissional de seus honorários.</p><p>Na hipótese de o profissional não receber os seus honorários no tempo</p><p>convencionado em contrato ou no caso de convenção verbal, posteriormente</p><p>ao trânsito em julgado da sentença que os tenha arbitrado, precisará, em</p><p>141Honorários de advogados</p><p>atenção ao art. 54 do Código de Ética e Disciplina, renunciar previamente</p><p>ao mandato da causa, para impetrar a competente ação de execução ou de</p><p>arbitramento de honorários.</p><p>Art. 54 Havendo necessidade de promover arbitramento ou cobrança judicial de</p><p>honorários, deve o advogado renunciar previamente ao mandato que recebera</p><p>do cliente em débito (BRASIL, 1994, documento on-line).</p><p>A ação de cobrança de honorários deve ser ajuizada perante a Justiça</p><p>Estadual, conforme previsto na Súmula nº. 363 do STJ: “Compete à Justiça</p><p>estadual processar e julgar ação de cobrança ajuizada por profissional libe-</p><p>ral contra cliente” (BRASIL, 2008, documento on-line). Desse modo, resta</p><p>evidente que não é da Justiça Trabalhista a atribuição para conhecer e julgar</p><p>esse tipo de demanda, como ocasionalmente poderia se pensar. Conforme</p><p>Súmula nº. 453 do STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em</p><p>decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em</p><p>ação própria” (BRASIL, 2010, documento on-line).</p><p>No âmbito trabalhista, o prazo prescricional é de 2 anos, quando a parte for</p><p>beneficiária da justiça gratuita, conforme dispõe o art. 791-A, § 4º, da CLT:</p><p>Art. 791-A [...]</p><p>§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em</p><p>juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as</p><p>obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de</p><p>exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequen-</p><p>tes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar</p><p>que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a</p><p>concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações</p><p>do beneficiário (BRASIL, 1943, documento on-line).</p><p>O prazo para a cobrança dos honorários advocatícios judicialmente (estipu-</p><p>lados por arbitramento ou sucumbência) é de 5 anos, sob pena de prescrição,</p><p>conforme dispõe o art. 25 do Estatuto da Advocacia e da OAB.</p><p>Art. 25 Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advo-</p><p>gado, contado o prazo:</p><p>I — do vencimento do contrato, se houver;</p><p>II — do trânsito em julgado da decisão que os fixar;</p><p>III — da ultimação do serviço extrajudicial;</p><p>IV — da desistência ou transação;</p><p>V — da renúncia ou revogação do mandato.</p><p>Honorários de advogados142</p><p>Art. 25-A Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas pelas quantias</p><p>recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele (art.</p><p>34, XXI) (BRASIL, 1994, documento on-line).</p><p>Da mesma forma como o advogado tem o prazo de 5 anos para cobrar</p><p>judicialmente o pagamento dos seus honorários, o cliente, igualmente, pos-</p><p>sui o prazo de 5 anos para exigir do advogado que este lhe preste contas de</p><p>valores recebidos.</p><p>No caso de cobrança de honorários por advogado substabelecido, estabelece</p><p>o art. 26 do Estatuto da Advocacia e da OAB que: “Art. 26 [...] O advogado</p><p>substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a</p><p>intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento” (BRASIL, 1994,</p><p>documento on-line).</p><p>Cuida-se de norma de natureza ética, da qual a violação fica submetida</p><p>à punição disciplinar. Por conseguinte, o advogado que recebeu o substabe-</p><p>lecimento não pode executar à parte os honorários, devendo fazê-lo sempre</p><p>junto com o advogado que substabeleceu.</p><p>Nos casos em que a parte for beneficiária da assistência judiciária gratuita,</p><p>na prolação da decisão final, o magistrado condenará a parte ao pagamento</p><p>de honorários sucumbenciais. Contudo, suspenderá sua exigência em atenção</p><p>ao disposto no art. 98, §§ 2º e 3º, do CPC de 2015. Entretanto, se, no período</p><p>de 5 anos, a situação econômica do sucumbente se alterar e o advogado fizer</p><p>prova, poderá cobrar os honorários determinados em sentença.</p><p>Os arts. 98 a 102 do CPC de 2015 absorveram boa parte do conteúdo da Lei nº. 1.060, de 5</p><p>de feveriro de 1950, relativa às normas para a concessão de assistência judiciária gratuita.</p><p>Contrato de honorários e tabela de honorários</p><p>advocatícios</p><p>O contrato de honorários fi rmado entre o cliente e o advogado, para o patrocínio</p><p>de determinada ação, é um contrato complexo, uma vez que envolve elementos</p><p>da prestação de serviços (dispostos nos arts. 593 a 609 do Código Civil) e do</p><p>mandato (dispostos nos arts. 653 a 692 do Código Civil), além de sujeitar-se,</p><p>143Honorários de advogados</p><p>no que se refere aos valores dos serviços ou honorários, a normas especiais</p><p>do Código de Ética e Disciplina da OAB:</p><p>Art. 48 A prestação de serviços profissionais por advogado, individualmente</p><p>ou integrado em sociedades, será contratada, preferentemente, por escrito.</p><p>§ 1º O contrato de prestação de serviços de advocacia não exige forma es-</p><p>pecial, devendo estabelecer, porém, com clareza e precisão, o seu objeto,</p><p>os honorários ajustados, a forma de pagamento, a extensão do patrocínio,</p><p>esclarecendo se este abrangerá todos os atos do processo ou limitar-se-á a</p><p>determinado grau de jurisdição, além de dispor sobre a hipótese de a causa</p><p>encerrar-se mediante transação ou acordo.</p><p>§ 2º A compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao</p><p>cliente, somente será admissível quando o contrato de prestação de serviços</p><p>a autorizar ou quando houver autorização especial do cliente para esse fim,</p><p>por este firmada.</p><p>§ 3º O contrato de prestação de serviços poderá dispor sobre a forma de contra-</p><p>tação de profissionais para serviços auxiliares, bem como sobre o pagamento</p><p>de custas e emolumentos, os quais, na ausência de disposição em contrário,</p><p>presumem-se devam ser atendidos pelo cliente. Caso o contrato preveja que</p><p>o advogado antecipe tais despesas, ser-lhe-á lícito reter o respectivo valor</p><p>atualizado, no ato de prestação de contas, mediante comprovação documental.</p><p>§ 4º As disposições deste capítulo aplicam-se à mediação, à conciliação, à</p><p>arbitragem ou a qualquer outro método adequado de solução dos conflitos.</p><p>§ 5º É vedada, em qualquer hipótese, a diminuição dos honorários contratados</p><p>em decorrência da solução do litígio por qualquer mecanismo adequado de</p><p>solução extrajudicial.</p><p>§ 6º Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários</p><p>instituída pelo respectivo Conselho Seccional onde for realizado o serviço,</p><p>inclusive aquele referente às diligências, sob pena de caracterizar-se avilta-</p><p>mento de honorários.</p><p>§ 7º O advogado promoverá, preferentemente, de forma destacada a execução</p><p>dos honorários contratuais ou sucumbenciais.</p><p>Art. 49 Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, aten-</p><p>didos os elementos seguintes:</p><p>I — a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;</p><p>II — o trabalho e o tempo a ser empregados;</p><p>III — a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros</p><p>casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros;</p><p>IV — o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para</p><p>este resultante do serviço profissional;</p><p>V — o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual,</p><p>frequente ou constante;</p><p>VI — o lugar da prestação dos serviços, conforme</p><p>se trate do domicílio do</p><p>advogado ou de outro;</p><p>VII — a competência do profissional;</p><p>VIII — a praxe do foro sobre trabalhos análogos.</p><p>Honorários de advogados144</p><p>Art. 50 Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem</p><p>ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos</p><p>honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas</p><p>a favor do cliente.</p><p>§ 1º A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida</p><p>em caráter excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições</p><p>pecuniárias de satisfazer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono,</p><p>em instrumento contratual, tal forma de pagamento.</p><p>§ 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e</p><p>vincendas, os honorários advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas</p><p>e outras, atendidos os requisitos da moderação e da razoabilidade.</p><p>Art. 51 Os honorários da sucumbência e os honorários contratuais, pertencendo</p><p>ao advogado que houver atuado na causa, poderão ser por ele executados,</p><p>assistindo-lhe direito autônomo para promover a execução do capítulo da</p><p>sentença que os estabelecer ou para postular, quando for o caso, a expedição</p><p>de precatório ou requisição de pequeno valor em seu favor.</p><p>§ 1º No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários</p><p>da sucumbência será repartida entre o substabelecente e o substabelecido,</p><p>proporcionalmente à atuação de cada um no processo ou conforme haja sido</p><p>entre eles ajustado.</p><p>§ 2º Quando for o caso, a Ordem dos Advogados do Brasil ou os seus Tri-</p><p>bunais de Ética e Disciplina poderão ser solicitados a indicar mediador que</p><p>contribua no sentido de que a distribuição dos honorários da sucumbência,</p><p>entre advogados, se faça segundo o critério estabelecido no § 1º.</p><p>§ 3º Nos processos disciplinares que envolverem divergência sobre a per-</p><p>cepção de honorários da sucumbência, entre advogados, deverá ser tentada</p><p>a conciliação destes, preliminarmente, pelo relator.</p><p>Art. 52 O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo,</p><p>seja de sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou</p><p>qualquer outro título de crédito de natureza mercantil, podendo, apenas,</p><p>ser emitida fatura, quando o cliente assim pretender, com fundamento no</p><p>contrato de prestação de serviços, a qual, porém, não poderá ser levada</p><p>a protesto.</p><p>Parágrafo único. Pode, todavia, ser levado a protesto o cheque ou a nota</p><p>promissória emitida pelo cliente em favor do advogado, depois de frustrada</p><p>a tentativa de recebimento amigável.</p><p>Art. 53 É lícito ao advogado ou à sociedade de advogados empregar, para o</p><p>recebimento de honorários, sistema de cartão de crédito, mediante creden-</p><p>ciamento junto a empresa operadora do ramo.</p><p>Parágrafo único. Eventuais ajustes com a empresa operadora que impliquem</p><p>pagamento antecipado não afetarão a responsabilidade do advogado perante</p><p>o cliente, em caso de rescisão do contrato de prestação de serviços, devendo</p><p>ser observadas as disposições deste quanto à hipótese.</p><p>Art. 54 Havendo necessidade de promover arbitramento ou cobrança judi-</p><p>cial de honorários, deve o advogado renunciar previamente ao mandato que</p><p>recebera do cliente em débito (CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS</p><p>ADVOGADOS DO BRASIL, 2015a, documento on-line).</p><p>145Honorários de advogados</p><p>A função social do contrato de honorários por prestação de serviços ad-</p><p>vocatícios demonstra o seu objeto e a circunstância que o advogado irá atuar</p><p>entre o cliente e a justiça na postulação da prestação jurisdicional. Essa função</p><p>ganha relevo quando se considera que os honorários são definidos com base</p><p>em regras éticas, de eficácia jurídica, cuja observação pode e deve ser exigida</p><p>pelo cliente, derivando, assim, limites bem claros à autonomia de vontade</p><p>das partes.</p><p>Em atenção ao art. 48, § 1º, do Código de Ética e Disciplina, devem estar</p><p>claros no contrato de honorários por prestação de serviços advocatícios:</p><p> seu objetivo;</p><p> valor correspondente aos honorários ajustados;</p><p> forma como os honorários serão pagos pelo cliente;</p><p> extensão do patrocínio.</p><p>Assim, não deve restar dúvidas quanto à cobertura dos serviços presta-</p><p>dos pelo advogado ao cliente, isto é, se o serviço prestado abrangerá todos</p><p>os atos do processo ou se irá limitar-se a determinado grau de jurisdição,</p><p>além de esclarecer a hipótese de a causa encerrar-se mediante transação</p><p>ou acordo.</p><p>Conforme se observa da leitura do art. 50 transcrito, temos o contrato de</p><p>honorários com cláusula quota litis, a qual consiste em um contrato de risco,</p><p>no qual o advogado só receberá seus honorários se houver êxito na causa.</p><p>Nesse caso, os honorários recebidos serão os pactuados no contrato mais os</p><p>de sucumbência. Quanto aos honorários com a referida cláusula, temos as</p><p>seguintes regras:</p><p> o pagamento dos honorários deve ser feito em pecúnia (dinheiro);</p><p> a cláusula quota litis deve estar expressa no contrato;</p><p> o advogado assume o custeio total da demanda;</p><p> o advogado não pode se associar ao cliente;</p><p> a vantagem do advogado não pode ser maior do que a do cliente (os</p><p>honorários nunca podem ser superiores a 30% do valor da causa).</p><p>Caso o cliente demonstre não ter condições de pagar os honorários, pode</p><p>o causídico cobrar o pagamento de outra forma, desde que esta conste no</p><p>Honorários de advogados146</p><p>contrato de prestação de serviços. O Conselho da OAB, de cada Seccional,</p><p>com fundamento no disposto no inciso V do art. 58 do Estatuto da Advocacia</p><p>e da OAB, observando as recomendações do art. 111 do Regulamento Geral da</p><p>Advocacia e da OAB, é responsável pela elaboração da Tabela de Honorários</p><p>Advocatícios da sua região.</p><p>Acesse o link a seguir para conferir os honorários advocatícios da OAB de São Paulo.</p><p>https://goo.gl/gbppcG</p><p>Trazemos a lume, também, a Tabela de Honorários da Ordem dos Advogados da</p><p>Seccional do Rio Grande do Sul, disponível no link a seguir:</p><p>https://goo.gl/5UXzMP</p><p>Indicativo de valores percentuais</p><p> Salvo outra disposição presente, serão devidos honorários no percentual</p><p>de 20% sobre o valor econômico da questão, havendo ou não benefício</p><p>patrimonial.</p><p> As importâncias adiante anotadas, em reais, são sugeridas como valores</p><p>mínimos.</p><p> Na ausência de estipulação em sentido contrário, serão devidos honorá-</p><p>rios para o cumprimento de cartas precatórias específicas para citação,</p><p>intimação, notificação, interpelação ou outros fins: R$ 1.020,67.</p><p> Advocacia de partido, sem vínculo empregatício — valor mensal mí-</p><p>nimo: R$ 2.041,34.</p><p>Por fim, cumpre referir que, nos honorários arbitrados judicialmente,</p><p>compete ao magistrado observar a tabela de honorários, tornando-a parâmetro</p><p>para sua decisão.</p><p>147Honorários de advogados</p><p>https://goo.gl/gbppcG</p><p>https://goo.gl/5UXzMP</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº. 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Traba-</p><p>lho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível</p><p>em: . Acesso em:</p><p>31 maio 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial</p><p>[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 mar. 2015. Disponível em: . Acesso em: 31</p><p>maio 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº. 8.906, de 4 de julho de 1994. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil (OAB). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,</p><p>5 jul. 1994. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no REsp 1297419/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti,</p><p>Terceira Turma. Julgado em: 19 abr. 2012. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº. 363. In: Jurisprudência/STJ – Sú-</p><p>mulas. Julgado em: 15 out. 2008.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº. 453. In: Jurisprudência/STJ – Sú-</p><p>mulas. Julgado em: 18 ago. 2010. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal Federal. Agravo de Instrumento nº. 732358 AgR, Rel. Min.</p><p>Ricardo Lewandowski, Primeira Turma. Julgado em: 30 jun. 2009. Disponível em:</p><p>.</p><p>Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Recurso nº.</p><p>49.0000.2014.014549-5/SCA-TTU. 9 dez. 2015b. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Resolução 02/2015.</p><p>Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil — OAB. 19 out</p><p>2015a. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>SEÇÃO DE SÃO PAULO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Tabela de Honorários</p><p>Advocatícios — 2018. OAB SP, 16 mar. 2018. Disponível em: . Acesso em: 31 maio 2018.</p><p>Honorários de advogados148</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm</p><p>https://ww2.stj.jus.br/pro-</p><p>http://www.stj.jus.br/SCON/</p><p>http://www.stj.jus.br/SCON/</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=601539</p><p>http://oab.org.br/jurisprudencia/detementa/13260?title=49-0000-2014-014549-5&sea</p><p>http://www.oab.org.br/leisnormas/legislacao/resolucoes/02-</p><p>http://www.oabsp.org/</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>Conteúdo:</p>