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<p>TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO ITÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO I</p><p>EIXO DE DIREITO PRIVADO –EIXO DE DIREITO PRIVADO –</p><p>DIREITO CIVIL E DIREITODIREITO CIVIL E DIREITO</p><p>EMPRESARIALEMPRESARIAL</p><p>Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi</p><p>Revisora : Lar issa Gonçalves</p><p>IN IC IAR</p><p>Introdução</p><p>Nesta unidade, será tratado o conteúdo sobre as principais disciplinas do Direito Privado: Direito</p><p>Civil e Direito Empresarial. Abordaremos os temas conforme o recorte temático apontado pelos</p><p>exames da OAB, dando ênfase aos conteúdos cobrados de forma mais reincidente. Possibilita-se</p><p>uma macro revisão sobre todo o conteúdo de Direito Civil estudado na graduação, tais como a teoria</p><p>geral, a teoria das pessoas e bens, a teoria contratual, os negócios jurídicos, a responsabilidade civil,</p><p>o direito das famílias e o direito de sucessões. De semelhante modo, apresenta-se o conteúdo de</p><p>Direito Empresarial, tratando da teoria da empresa, do direito cambiário e da recuperação e falência</p><p>das empresas.</p><p>introdução</p><p>O Direito Civil é o ramo do Direito próprio para regulamentar, prever e tutelar os direitos inerentes</p><p>às atividades da vida privada, desde o momento do nascimento (estendendo as expectativas ao</p><p>nascituro), passando pelas aquisições de obrigações e deveres e encerrando com a morte. Neste</p><p>momento, com recorte para preparação e revisão dos assuntos que mais caem no exame da Ordem</p><p>dos Advogados, serão abordadas as disposições sobre as pessoas, suas obrigações e contratos e a</p><p>responsabilidade pelo descumprimento.</p><p>Teoria Geral do Direito Civil</p><p>Direito Civil – 1ª ParteDireito Civil – 1ª Parte</p><p>Tem-se o Código Civil, Lei nº 10.406/2002, como principal diploma normativo para tratamento dos</p><p>assuntos ligados à vida privada dos sujeitos. Ele estipula regras e princípios sobre os fatos jurídicos</p><p>ocorridos com pessoas naturais e jurídicas, bens e coisas, negócios jurídicos, contratos,</p><p>descumprimento dos contratos, realização de atos ilícitos (responsabilidade civil), fatos jurídicos das</p><p>famílias e direito de sucessões. Assim, tutela a vida humana privada desde o nascimento até as</p><p>consequências ocorridas após a morte.</p><p>Pessoas Naturais e Capacidade (Arts. 1º a 5º, CC)</p><p>As pessoas humanas, também chamadas, pelo Direito, de pessoas naturais , são o centro da</p><p>proteção jurídica e os principais atores de transformação da realidade, em razão de sua capacidade</p><p>de manifestação de vontade. Sendo assim, quando se adquire personalidade, torna-se uma pessoa</p><p>para o mundo jurídico, possuindo capacidade para ser sujeito de direitos. Em que pese a vida</p><p>intrauterina ter natureza humana, exclui-se da capacidade de ser sujeito de direito quando, no</p><p>momento do nascimento, não houver respiração (natimorto). Da mesma forma, enquanto em</p><p>estado de nascituro (vida intrauterina), �cam resguardados os direitos, aguardando o nascimento</p><p>com vida, quando receberá a personalidade.</p><p>Quadro 1.1 - Cronologia de capacidade de direito e capacidade plena</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>#PraCegoVer : o quadro tem quatro colunas, sendo nomeada a primeira como “antes do</p><p>nascimento”, a segunda como “momento do nascimento”, a terceira “efeito jurídico” e a quarta</p><p>Antes do parto</p><p>(nascimento)</p><p>Momento do parto</p><p>(nascimento)</p><p>Efeito jurídico</p><p>Exercício de</p><p>capacidade plena</p><p>Nascituro:</p><p>expectativa de</p><p>direitos. Direitos</p><p>resguardados.</p><p>Respirou – nasceu</p><p>com vida.</p><p>Adquire capacidade</p><p>de Direito – recebe</p><p>os direitos do</p><p>nascituro que</p><p>estavam</p><p>resguardados.</p><p>Quando completar a</p><p>maioridade ou for</p><p>emancipado.</p><p>Antes dos 16 anos ou</p><p>sobrevindo alguma</p><p>causa prevista em lei</p><p>será plenamente</p><p>incapaz.</p><p>Não houve</p><p>in�amento dos</p><p>pulmões – não</p><p>respirou –</p><p>natimorto.</p><p>Não adquire</p><p>capacidade de</p><p>Direito – os direitos</p><p>do nascituro não se</p><p>efetivam, eram</p><p>apenas expectativas.</p><p>-</p><p>“exercício de capacidade plena”. Dessa forma, demonstra, nas três primeiras colunas, que,</p><p>antes do nascimento, o nascituro possui expectativas de direitos e seus direitos devem ser</p><p>resguardados para quando nascer com vida. Na segunda coluna, demonstra que, se nasceu</p><p>com vida, ou seja, se respirou após o parto, vai adquirir a capacidade de direito, recebendo os</p><p>direitos que estavam resguardados. Se nasceu sem vida, não adquiriu capacidade de direito,</p><p>portanto, não recebeu direitos civis. Na quarta coluna, explica-se que o sujeito que nasceu com</p><p>vida somente terá capacidade plena, ou seja, a de direito e a de fato juntas, após maioridade ou</p><p>emancipação.</p><p>A capacidade de direito é o nome dado à potencialidade de exercício da personalidade jurídica (ser</p><p>reconhecido pelo Direito como uma pessoa), entretanto, o sujeito de capacidade de direito pode não</p><p>possuir capacidade de exercício, não possuir capacidade de fato para exercer os atos da vida civil.</p><p>Quem possui tanto capacidade de direito quanto capacidade de fato possui capacidade plena</p><p>(plenamente capaz). Quem não é plenamente capaz é considerado relativamente incapaz ou</p><p>absolutamente incapaz (TARTUCE, 2020).</p><p>Por sua vez, a incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Pode ser absoluta</p><p>ou relativa. A matéria sofreu profunda modi�cação com a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com</p><p>De�ciência), que excluiu dos casos de incapacidade as pessoas com privação parcial ou total de</p><p>discernimento ou sem desenvolvimento mental completo.</p><p>A incapacidade absoluta (Art. 3º, CC) implica a proibição total do exercício, por si só, de um direito,</p><p>que deverá ser praticado pelo representante legal, sob pena de nulidade (Art. 166, I, CC). Os casos</p><p>estão previstos no Artigo 3º do CC e foram, pela lei mencionada, reduzidos a uma única situação: os</p><p>menores de 16 anos – também chamados de menores impúberes. O fundamento é a falta de</p><p>maturidade.</p><p>A incapacidade relativa, abordada no Artigo 4º do CC, faz com que a pessoa possa praticar atos da</p><p>vida civil, desde que assistida por um representante legal, sob pena de anulabilidade (Art. 171, I, CC).</p><p>Há alguns atos que o relativamente incapaz pode praticar sozinho: ser testemunha, fazer</p><p>testamento, exercer empregos públicos, ser eleitor etc. Os casos previstos no Artigo 4º, do CC, são:</p><p>pessoas entre 16 e 18 anos – são os chamados menores púberes (porque ainda não atingiram a</p><p>maioridade, mas já completaram a puberdade); os ébrios habituais e os viciados em tóxicos – é o</p><p>caso de alcoólatras e toxicômanos, de maneira rotineira, habitual, constante; os que, mesmo por</p><p>causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; pródigos – são aqueles que dissipam seu</p><p>patrimônio desmesuradamente; índios – há legislação especial sobre o tema (tutela administrativa,</p><p>pela Funai).</p><p>CAUSAS DE CESSAMENTO DE INCAPACIDADE: a incapacidade cessa, em primeiro lugar,</p><p>quando cessa a sua causa, prevista por lei. Em segundo lugar, pode a incapacidade</p><p>cessar pela emancipação (Art. 5º), que pode ser:</p><p>Voluntária: emancipação</p><p>concedida pelos pais, se o</p><p>menor já tiver 16 anos, por</p><p>meio de escritura pública,</p><p>registrada no 1º Cartório de</p><p>Registro Civil da Comarca. A</p><p>emancipação é irrevogável,</p><p>não sendo passível de</p><p>arrependimento.</p><p>Judicial: no caso de ser</p><p>necessária a decisão judicial,</p><p>se há divergência entre os</p><p>pais ou, ainda, com relação</p><p>a menores que não têm</p><p>pais, mas tutores.</p><p>Legal: esse tipo de</p><p>emancipação independe de</p><p>registro, passando a</p><p>produzir efeitos a partir do</p><p>evento que a provoca.</p><p>1) Pelo casamento (a Lei n°</p><p>13811/2019 proíbe</p><p>casamento para menores de</p><p>16 anos de idade);</p><p>2) pelo exercício de emprego</p><p>público efetivo (o que está em</p><p>desuso, por não haver editais</p><p>que permitam menores);</p><p>3) pela colação de grau em</p><p>curso de Ensino Superior</p><p>(durante muitos anos �cou</p><p>em desuso, por não ser</p><p>possível encerrar o ciclo</p><p>estudantil ainda na</p><p>Quadro 1.2 - Causas de cessamento da incapacidade</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>#PraCegoVer : o quadro demonstra, em três colunas, as causas de incapacidade. Na primeira</p><p>coluna, traz a causa denominada “voluntária”, sendo esta a emancipação concedida pelos pais,</p><p>se o menor já tiver 16 anos, por meio de escritura pública registrada no 1º Cartório de</p><p>aplicável a qualquer pessoa hábil para casar. Tem fundamento nos Artigos</p><p>cada um recebeu por</p><p>doação ou herança e</p><p>dívidas desses bens.</p><p>1.687 e 1.688, do CC. Não comunica nenhum bem, anterior ou posterior ao casamento. Não</p><p>impede que as partes sejam condôminas do bem, conforme aferido no registro ou contrato</p><p>sobre a aquisição dele, podendo estipular a fração ideal de cada um. A quarta linha expõe a</p><p>Separação total obrigatória, destinada a maiores de 70 anos, menores de idade, incapazes e</p><p>demais causas que precisem de suprimento judicial para casamento. Tem fundamento nos</p><p>Artigos 1.641, 1.687 e 1.688, do CC. Não comunicam os bens. A quinta linha traz a Participação</p><p>�nal nos aquestos, que tem fundamento nos Artigos 1.672 a 1.686. Durante o casamento, cada</p><p>cônjuge tem sua massa patrimonial (como se fosse uma separação universal). Ao �m do</p><p>casamento, daquilo que o patrimônio foi aumentado, realiza-se partilha, excetuando-se os bens</p><p>anteriores ou aqueles que os sucederam, aqueles que cada um recebeu por doação ou herança</p><p>e as dívidas desses bens.</p><p>Neste tópico, foram abordados os principais tópicos do direito de família, conforme exigência do</p><p>Exame da Ordem. Tratou-se dos regimes de bens e dos requisitos do casamento, assim como de sua</p><p>aplicação para a união estável.</p><p>Sobre Direito de Sucessões</p><p>(Arts. 1.784 a 2.027, CC)</p><p>O direito sucessório brasileiro é dividido em sucessão legítima (em virtude de lei) e sucessão</p><p>testamentária (em virtude de disposição testamentária). Trata da transferência de direitos em razão</p><p>da morte de alguém, portanto, é o direito que regulamenta a passagem de titularidade do</p><p>patrimônio de alguém que faleceu para seus herdeiros ou sucessores.</p><p>A sucessão legítima é aquela decorrente da lei, e não da vontade do autor da herança. São herdeiros</p><p>legítimos aqueles que se encontram na ordem de vocação hereditária proposta por lei (Art. 1829,</p><p>CC). A ordem de vocação hereditária determina a sucessão na seguinte ordem: 1) descendentes, 2)</p><p>ascendentes, 3) cônjuge, 4) colaterais até o quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios, primos, sobrinhos-</p><p>netos, tios-avós) e o companheiro (Art. 1790, CC). É importante salientar que a ordem de vocação é</p><p>uma ordem de preferência, portanto, na falta do primeiro grau de preferência, passamos para o</p><p>segundo, e assim sucessivamente. Apesar de a lei estabelecer um rol de preferência, aplica-se o</p><p>direito de concorrência para os herdeiros necessários, ou seja, apesar de estarem em graus de</p><p>preferência diferenciados, ocorrerá a concorrência (recebimento conjunto) de descendentes com</p><p>cônjuge (dependendo do regime de bens) e, na falta de descendentes, a concorrência de ascendente</p><p>com cônjuge. Assim, se o casamento foi celebrado pelo regime da comunhão universal de bens ou</p><p>regime da separação obrigatória, ou mesmo pela comunhão parcial sem bens particulares, não</p><p>haverá direito de concorrência entre descendentes e cônjuge, nesse caso, os descendentes</p><p>receberão todo o direito sucessório. Mas, se o regime do casamento era o da comunhão parcial de</p><p>bens, deixando o falecido bens que são considerados particulares, regime da separação</p><p>convencional e regime da participação �nal nos aquestos, o cônjuge será chamado a receber, em</p><p>concorrência com o descendente, parte do patrimônio, de acordo com o descrito em lei (TARTUCE,</p><p>2020).</p><p>Caso a pessoa falecida não tenha descendente, o próximo grau na linha de vocação cabe aos</p><p>ascendentes. Mas se a pessoa falecida deixa, também, cônjuge, independentemente do regime de</p><p>bens, ele será chamado a concorrer com os ascendentes, dividindo o patrimônio do de cujus . Se,</p><p>entretanto, o falecido não deixou ascendente, a preferência será do cônjuge, independentemente</p><p>do regime de bens do casamento. Importante ressaltar que o cônjuge só tem direito se não era</p><p>separado, de fato, judicialmente e tem o direito a receber, no mínimo, 1/4 da herança, quando</p><p>concorrer com descendentes comuns ao falecido, e terá direito a receber 1/3 da herança, quando</p><p>concorrer com os dois ascendentes de 1º grau do falecido, ou 1/2 da herança, se um único</p><p>ascendente ou se concorrer com ascendentes a partir do 2º grau (avós, por exemplo) (Arts. 1832 e</p><p>1836, CC).</p><p>Outra situação muito importante se delineia quanto ao direito sucessório dos companheiros (Art.</p><p>1790, CC). No caso da não existência de cônjuge, mas sim de companheiro, haverá também o direito</p><p>de concorrência. O companheiro concorre com descendentes, ascendentes e colaterais do falecido,</p><p>mas o seu direito sucessório se restringe aos bens adquiridos a título oneroso, na constância da</p><p>união, e não em relação a todos os bens do falecido. Além disso, é importante ressaltar que,</p><p>diferentemente do casamento, o companheiro concorre com colaterais e não é considerado como</p><p>herdeiro necessário. Portanto, só receberá sucessão sozinho, quando não houver nenhum</p><p>descendente, ascendente ou colateral até 4º grau, antecipando-se, apenas, em relação ao Poder</p><p>Público, que só receberá se não houver nenhuma das pessoas já mencionadas. Na sucessão</p><p>legítima, pode acontecer o recebimento de herança por representação. Na representação, um</p><p>descendente de um herdeiro falecido receberá em seu lugar, mas somente nos casos em que a lei</p><p>assim determina. Portanto, são requisitos para que ocorra o direito de representação: a) falta (morte</p><p>do herdeiro em momento anterior à morte do autor da herança ou exclusão de capacidade:</p><p>indignidade e deserdação) de um herdeiro do grau mais próximo; b) existência de mais de um</p><p>herdeiro da mesma classe do grau mais próximo com direito à herança; c) existência de herdeiros</p><p>descendentes do herdeiro faltante. O direito de representação é permitido apenas na sucessão</p><p>legítima para a sucessão de descendentes e na linha colateral, para �lhos de irmãos já falecidos. O</p><p>representante recebe a mesma quantia que o representado receberia. Quem recebe por</p><p>representação recebe por estirpe. A renúncia não permite o direito de representação (Arts. 1851 a</p><p>1856, CC).</p><p>Conhecimento</p><p>Teste seus Conhecimentos</p><p>(Atividade não pontuada)</p><p>Arnaldo faleceu e deixou os �lhos Roberto e Álvaro. No inventário judicial de Arnaldo, Roberto, devedor</p><p>contumaz na praça, renunciou à herança, em 05/11/2019, conforme declaração nos autos. Considerando</p><p>que o falecido não deixou testamento nem dívidas a serem pagas, o valor líquido do monte a ser partilhado</p><p>era de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Bruno é primo de Roberto e também seu credor no valor de R$</p><p>30.000,00 (trinta mil reais). No dia 09/11/2019, Bruno tomou conhecimento da manifestação de renúncia</p><p>supracitada e, no dia 29/11/2019, procurou um advogado para tomar as medidas cabíveis. Sobre essa</p><p>situação, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Em nenhuma hipótese Bruno poderá contestar a renúncia da herança feita por Roberto.</p><p>b) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de quarenta</p><p>dias seguintes ao conhecimento do fato.</p><p>c) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, recebendo</p><p>integralmente o quinhão do renunciante.</p><p>d) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, no limite de</p><p>seu crédito.</p><p>O direito empresarial, enquanto ramo autônomo do Direito, tem a função de realizar a</p><p>regulamentação e a tutela da atividade empresarial, ou seja, daquela organizada nos termos</p><p>expostos pela legislação, realizada pelo empresário e exercida com função social.</p><p>Teoria Geral da Empresa</p><p>Serão abordados os elementos da empresa, constituindo o empresário, o estabelecimento e a</p><p>organização empresarial.</p><p>Direito EmpresarialDireito Empresarial</p><p>O Empresário e os Tipos de Empresários (Art. 966, CC)</p><p>O empresário tem o seu conceito no Artigo 966, do Código Civil, que dispõe: “considera-se</p><p>empresário quem exerce pro�ssionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a</p><p>circulação de bens ou de serviços”.</p><p>Temos que o empresário será a pessoa física ou jurídica que exercerá pro�ssionalmente uma</p><p>atividade econômica,</p><p>de forma organizada, para produção ou circulação de bens ou de serviços.</p><p>Nesse sentido, teremos os seguintes elementos caracterizadores da atividade empresarial (CHAGAS,</p><p>2020):</p><p>a) pro�ssionalismo – compreende o exercício da atividade por parte do empresário com</p><p>habitualidade, com a pessoalidade do empresário ou de parceiros e colaboradores;</p><p>b) atividade econômica – o empresário deve exercer atividade de circulação de riquezas (aquisição</p><p>de bens para elaboração de produtos ou distribuição destes) com o objetivo de lucratividade</p><p>(existência de receitas superiores às despesas);</p><p>c) organização de fatores – o empresário deverá organizar fatores como o capital, a mão de obra, os</p><p>insumos (matéria-prima necessária à atividade) e todo o conhecimento referente àquela atividade</p><p>empresarial (conhecido também como know-how ).</p><p>O parágrafo único, do Artigo 966, do Código Civil, traz as atividades que a lei não considera como</p><p>atividades empresariais, como aquelas de natureza intelectual , cientí�ca , literária e artística .</p><p>Os empresários, descritos no Artigo 966, do Código Civil, exercerão suas atividades de modo</p><p>organizado em duas categorias distintas, quais sejam, os empresários individuais e as sociedades</p><p>empresariais.</p><p>O empresário individual é a pessoa física que explora suas atividades em conformidade com o</p><p>Artigo 966, do Código Civil, todavia, o empresário individual não detém personalidade jurídica, visto</p><p>não ter previsão no Artigo 44, do Código Civil, além de não existirem limites de responsabilidade por</p><p>parte desse empresário, visto a impossibilidade de ele adotar tipo societário.</p><p>Por sua vez, a sociedade empresária compreende a pessoa jurídica que explora a empresa, ou seja,</p><p>a sociedade constituída para o exercício das atividades empresariais, tendo essa personalidade</p><p>jurídica, conforme previsão do Artigo 44, II, do Código Civil, devendo adotar tipo societário conforme</p><p>determina o Artigo 983, do Código Civil.</p><p>O Estabelecimento Empresarial (Art. 1.142, CC)</p><p>O estabelecimento empresarial compreende o complexo de bens, corpóreos e incorpóreos,</p><p>organizados pelo empresário para a prática das atividades empresariais, conforme conceito do</p><p>Artigo 1.142, do Código Civil. Difere-se do ponto empresarial, no sentido de que este compreende o</p><p>mero local, ou seja, espaço físico onde a atividade empresarial será exercida.</p><p>O contrato de trespasse é o contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial. Nesse</p><p>instrumento, o vendedor do estabelecimento será identi�cado como “alienante”, enquanto o</p><p>comprador será o “adquirente”. O Código Civil prevê regras quanto ao trespasse, desde a</p><p>saibamais</p><p>Saiba mais</p><p>A lei 14.195/2021 acabou com as EIRELI (empresas</p><p>individuais de responsabilidade limitada). Todos os</p><p>empresários que ali se enquadravam agora são</p><p>automaticamente migrados para comporem SLU -</p><p>Sociedades Limitadas Unipessoais</p><p>ACESSAR</p><p>https://www.migalhas.com.br/depeso/351326/o-fim-da-eireli-e-a-sociedade-limitada-unipessoal</p><p>necessidade de registro até as regras referentes à sucessão quanto a dívidas do estabelecimento</p><p>empresarial.</p><p>Assim, temos que o contrato de trespasse necessita de efetivo registro, elaborado na junta comercial</p><p>do estado e publicado na imprensa o�cial, o que acarretará a ciência de todos os interessados (Art.</p><p>1.144, CC).</p><p>O alienante do estabelecimento empresarial deverá permanecer em seu patrimônio com bens</p><p>su�cientes para solver o seu passivo, podendo, alternativamente, efetuar o pagamento antecipado</p><p>das dívidas ou obter anuência, expressa ou tácita, dos credores do estabelecimento empresarial</p><p>(Art. 1.145, CC).</p><p>No que se refere à sucessão, a legislação prevê que o adquirente (comprador) será o responsável</p><p>pelo pagamento de todas as dívidas contabilizadas do estabelecimento, permanecendo, o alienante</p><p>(vendedor), solidariamente responsável pelo pagamento pelo prazo de um ano, contados da</p><p>publicação do trespasse, para créditos vencidos, e do vencimento do crédito, para os vincendos.</p><p>Já quanto às obrigações tributárias, o adquirente (comprador) �cará responsável, de forma integral,</p><p>pelo pagamento de todas as dívidas, em caso de o alienante (vendedor) cessar a atividade exercida.</p><p>A responsabilidade do adquirente poderá ser subsidiária à do alienante, caso o último continue</p><p>exercendo atividade ou, caso, dentro do prazo de seis meses, inicie nova atividade no mesmo ramo</p><p>ou em ramo diverso (Art. 133, CTN).</p><p>No que se refere à concorrência, estabelece que, não havendo qualquer disposição determinada</p><p>pelas partes em contrário, o alienante não poderá, pelo prazo de cinco anos, concorrer com o</p><p>adquirente (Art. 1.147, CC).</p><p>Direito Societário</p><p>As sociedades empresariais, verdadeiras posicionadas na �gura do empresário, para o Direito</p><p>empresarial, são divididas em sociedades maiores e sociedades menores, regulamentando, como</p><p>principal fator, a responsabilidade patrimonial dos sócios perante as dívidas contraídas pelas</p><p>sociedades.</p><p>Sociedade Limitada (Arts. 1.039 a 1.092, CC)</p><p>Sociedade limitada trata-se da pessoa jurídica que explora sua atividade de acordo com o Artigo 966,</p><p>do Código Civil, exercendo uma atividade econômica, porém, com pro�ssionalismo e organização</p><p>dos fatores de produção, para produção ou circulação de bens e serviços. Tal sociedade mencionada</p><p>adquire personalidade jurídica com a inscrição de seus atos constitutivos na Junta Comercial do</p><p>Estado (Art. 1.150, CC).</p><p>A sociedade empresária, quando de seu registro, deverá, obrigatoriamente, adotar um dos tipos</p><p>societários previstos nos Artigos 1.039 a 1.092, do Código Civil (Art. 983, CC), que teve seus artigos</p><p>subtraídos do projeto de Código Comercial de Inglês de Souza, datado de 1912.</p><p>A sociedade limitada contém sua previsibilidade no Código Civil, que, por sua vez, não estabelece um</p><p>regulamento preciso de todo o regramento dessa sociedade tão importante, sendo assim, naquilo</p><p>que os artigos referentes à sociedade forem omissos, aplicar-se-á, na sociedade limitada, as regras</p><p>das sociedades simples (Art. 1.053, CC).</p><p>Todavia, o parágrafo único do mencionado artigo estabelece a possibilidade de serem aplicadas em</p><p>uma sociedade limitada, de forma supletiva, as regras de uma sociedade por ações, tal hipótese</p><p>ocorrerá desde que o contrato social faça previsão.</p><p>Nome empresarial – a sociedade limitada, no que se refere ao nome empresarial, poderá utilizar-se</p><p>da razão social ou da denominação, sempre inserindo a expressão “Limitada” ou sua abreviação</p><p>“LTDA.” ao �nal (Art. 1.158, CC). Caso não exista o acréscimo da expressão descrita, o ato praticado</p><p>será de responsabilidade ilimitada daquele administrador que empregou esse nome empresarial</p><p>dessa maneira (Art. 1.158, §3º, CC).</p><p>Aumento e redução do capital social – o capital social, uma vez totalmente integralizado, poderá</p><p>ser objeto de aumento, devendo, nesse caso, existir a necessária alteração do contrato social (Art.</p><p>1.081, CC). O aumento poderá ocorrer pelo ingresso de novos sócios, por investimentos daqueles</p><p>que já �guram nos quadros societários ou pela destinação de parte dos lucros da sociedade para</p><p>essa �nalidade. Baseado nas hipóteses de aumento suscitadas, contém o Código Civil previsão para</p><p>que seja assegurado, aos sócios, o direito de preferência na subscrição de novas cotas, na proporção</p><p>de sua respectiva participação societária (Art. 1.081, § 1º, CC).Tal preferência poderá, também, ser</p><p>objeto de cessão, que, igualmente à cessão de quotas, será livre entre os sócios, já quando a cessão</p><p>for destinada a um não sócio, poderá ocorrer, desde que haja oposição de sócios que detenham</p><p>pelo menos 1/4 do capital social (Art. 1.081, § 2º, CC). A redução ocorrerá mediante a ocorrência de</p><p>duas hipóteses, sendo a primeira quando, após a integralização do capital social, houver perdas</p><p>irreparáveis (Art. 1.082, I, CC). Nesse caso, a redução do capital social será efetivada com a redução</p><p>proporcional do valor nominal das cotas, o que ocorrerá com o registro dessa alteração no contrato</p><p>social (Art. 1.083, CC).</p><p>Também é causa para redução do capital social quando for veri�cado que o</p><p>capital social é excessivo em relação ao objeto da sociedade (Art. 1.082, II, CC). A redução descrita no</p><p>parágrafo antecedente será realizada por meio da restituição, aos sócios, do valor de suas cotas ou</p><p>da dispensa de prestações ainda devidas (Art. 1.084, CC). Os credores quirografários poderão</p><p>efetuar oposição quanto à redução do capital social, no prazo de 90 (noventa dias), contados da data</p><p>de realização da assembleia que deliberou sobre a redução desse capital social, caso tenham títulos</p><p>líquidos anteriores à data de realização da assembleia que deliberou sobre a redução desse capital</p><p>social (Art. 1.084, § 1º, CC). Caso haja impugnação, restará à sociedade quitar a dívida ou depositá-la</p><p>em juízo, pois a efetiva redução do capital social só ocorrerá quando decorrido o prazo sem a devida</p><p>impugnação ou, em ocorrendo, com o comprovante de quitação. Não podemos deixar de</p><p>mencionar, também, outras hipóteses que ensejam a redução do capital social, em que pese a</p><p>legislação não mencionar, de modo expresso, como a resolução da sociedade em relação ao sócio.</p><p>Dissolução parcial – a dissolução parcial da sociedade, seja por morte, exclusão ou exercício do</p><p>direito de retirada, enseja, também, a redução do capital social. O sócio poderá ceder ou transferir,</p><p>de forma parcial ou total, suas quotas aos demais sócios, desde que não haja qualquer previsão em</p><p>contrário no contrato social. Já a transferência ou a cessão destas para terceiros estranhos à</p><p>sociedade, caso não exista qualquer cláusula contratual regulando tal assunto, também será livre,</p><p>porém, só poderá ocorrer quando não houver a oposição de sócios que detenham, pelo menos, 1/4</p><p>(25%) do capital social (Art. 1.057, CC).</p><p>Recesso – o direito de recesso, ou retirada, con�gura-se em direito essencial do sócio, ou seja,</p><p>direito que o sócio tem de exigir a sua saída da sociedade, sendo restituído do valor de seu</p><p>investimento. O sócio que não concordar com a aprovação, em assembleia, sobre a mudança do</p><p>contrato social ou pela incidência de alguma operação societária de incorporação ou fusão poderá</p><p>manifestar-se contrariamente a esta e, nos 30 dias subsequentes à realização da assembleia ou</p><p>reunião que decidiu tal operação, efetuar o seu pedido de retirada da sociedade (Art. 1.077, CC).</p><p>Dissolução da sociedade – a dissolução constitui-se no meio pelo qual a sociedade inicia a sua fase</p><p>de extinção, são previstas, no Código Civil, duas espécies de dissolução, a judicial e a extrajudicial. A</p><p>dissolução, no que tange à sociedade limitada, está prevista no Artigo 1.087, do CC, que, por sua vez,</p><p>efetua a remissão ao Artigo 1.044, do CC, que remete ao Artigo 1.033, do CC, consistente na mesma</p><p>causa de dissolução da sociedade simples.</p><p>Da dissolução parcial – o Código Civil prevê a possibilidade de exclusão dos sócios que estejam</p><p>colocando em risco a continuidade da empresa, em virtude da prática de atos de inegável gravidade.</p><p>Essa exclusão será extrajudicial, sendo certo que só poderá ocorrer quando o contrato social</p><p>contiver, de modo expresso, essa possibilidade (Art. 1.085, CC). Existindo a citada previsão, os sócios</p><p>que detenham a maioria do capital social, em assembleia ou reunião convocada especialmente para</p><p>o propósito, poderão efetuar a exclusão de tais sócios, mediante alteração no contrato social.</p><p>Entretanto, nessa hipótese de exclusão, o sócio acusado deverá ser convocado em tempo hábil para</p><p>que possa comparecer e exercer o seu direito de defesa (A. 1.085, parágrafo único, CC). Além das</p><p>possibilidades de dissolução parcial pela exclusão de sócio ou exercício do direito de retirada, o</p><p>Código Civil prevê outra forma de dissolução parcial, ocorrida com a morte, já estudada, quando</p><p>abordamos a sociedade simples.</p><p>Sociedade Anônima e Sociedade por Ações</p><p>Constitui-se, a sociedade anônima, de uma sociedade de capital, que sempre será considerada</p><p>sociedade empresária, tendo, portanto, seus atos constitutivos registrados na Junta Comercial do</p><p>Estado. Sua regulamentação é disciplinada pela Lei nº 6.404/1976.</p><p>Essa sociedade terá seu capital dividido em ações, sendo a responsabilidade dos acionistas limitada</p><p>ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.</p><p>Tais sociedades classi�cam-se em (Art. 4º, Lei nº 6.404/1976): a) sociedade anônima de capital aberto</p><p>– é a companhia que detém autorização conferida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para</p><p>a negociação de seus títulos em mercados abertos primários (mercado de balcão) e secundários</p><p>(bolsa de valores); b) sociedade anônima de capital fechado – é aquela que não detém a citada</p><p>autorização, não negociando títulos nos mercados abertos.</p><p>Nome empresarial da sociedade anônima – nessas sociedades, o nome empresarial será sempre</p><p>da espécie denominação, com a expressão “sociedade anônima” ou “S/A” ao �nal do nome</p><p>empresarial. Também é permitida a utilização da expressão “companhia” ou “Cia.” Nesse caso,</p><p>porém, a inserção será no início ou, no máximo, até a metade do nome empresarial.</p><p>Capital social da sociedade anônima – será dividido em ações, cabendo uma ou diversas a cada</p><p>acionista. A sua formação poderá ser mediante contribuições em dinheiro, bens ou créditos. No caso</p><p>da contribuição por meio da transferência de bens, a valoração dos bens será feita mediante</p><p>avaliação efetuada por três peritos, ou por empresa especializada, nomeados em assembleia geral</p><p>(Art. 8º, Lei nº 6.404/1976).</p><p>Direito Cambiário – Títulos de Crédito</p><p>A relevância da matéria extrapola as atividades empresariais, pois faz referência, principalmente, ao</p><p>processo civil de execução de títulos extrajudiciais. Dessa forma, alocado didaticamente nas frentes</p><p>de direito empresarial, o estudo dos títulos de crédito justi�ca-se pela fomentação das atividades</p><p>empresariais no deslocamento de riquezas por meio de títulos cambiários.</p><p>Noções sobre os princípios e atos cambiários</p><p>(Arts. 887 a 903, CC)</p><p>O estudo dos princípios para diferenciação das normas que trazem obrigações pessoais e</p><p>cambiárias é fundamental. Conhecendo e dominando os princípios cambiários, é possível, inclusive,</p><p>melhorar o entendimento sobre a disciplina de execução de título extrajudicial.</p><p>Princípios cambiários (Art. 887, CC)</p><p>a) Cartularidade – pelo princípio da cartularidade, dois elementos importantes podem ser</p><p>extraídos: o documento escrito e a posse.</p><p>b) Literalidade – o segundo princípio que rege os títulos de créditos consiste na literalidade, por</p><p>este, o direito inerente àquele título deverá estar, de modo expresso, descrito na cártula, só</p><p>produzindo efeitos cambiários o que estiver descrito no próprio título.</p><p>c) Autonomia das obrigações cambiárias – determina que o título de créditos seja autônomo</p><p>quanto à relação jurídica que o gerou.</p><p>Atos cambiários</p><p>No que concerne aos atos cambiários existentes nos títulos de crédito, temos, como principais: o</p><p>saque, o aceite, o endosso, o aval e o protesto.</p><p>Saque – o saque consiste no ato de emissão do título, assim, aquele que emite o título de crédito é</p><p>denominado sacador. Tal ato cambiário existe em todos os títulos de crédito, assim, o emissor de</p><p>uma letra de câmbio, de uma nota promissória, de uma duplicata ou de um cheque é considerado</p><p>sacador do título (CHAGAS, 2020).</p><p>Aceite – o aceite consiste em um ato cambiário inerente às ordens de pagamento, em que o sacado</p><p>deverá lançar no anverso, ou seja, na face do título, sua assinatura, fazendo com que este sacado se</p><p>vincule ao pagamento da obrigação do título. O aceite também poderá ser lançado no verso do</p><p>documento, todavia, nesse caso, a assinatura, que é o ato de aceitação, deverá vir acrescida da</p><p>expressão “aceite” ou por outra equivalente (A. 25, Lei Uniforme de Genebra).</p><p>Endosso – endosso é o ato cambiário pelo qual o endossante (credor do título antes da</p><p>transferência) transfere, ao endossatário, créditos e direitos descritos em título de crédito</p><p>nominativo à ordem (como já visto, o título, em regra, será nominativo</p><p>à ordem), ao seu</p><p>endossatário, nessa transferência, o endossante acaba se vinculando ao pagamento da obrigação na</p><p>qualidade de devedor indireto (coobrigado) (Art. 11, Lei Uniforme de Genebra). Tal ato tem algumas</p><p>particularidades, primeiro, pelo fato de ser ato cambiário, assim, sua existência está condicionada a</p><p>um título de crédito, é ato formal e que não depende de nenhuma causalidade para sua existência</p><p>(CHAVES, 2020).</p><p>O ato cambiário do endosso produz dois efeitos:</p><p>1. gera a transferência do título de endossante para endossatário;</p><p>2. acarreta a vinculação do endossante ao pagamento da obrigação, na qualidade de</p><p>coobrigado.</p><p>O endosso deve ser lançado na própria letra de câmbio ou em folha anexa à letra (usada quando</p><p>não existir espaço na letra de câmbio), podendo ser lançado em qualquer parte (no direito brasileiro,</p><p>é costume o endosso ser lançado no verso do título de crédito).</p><p>Quanto às modalidades, os endossos podem ser: endosso em branco , que é o ato cambiário em</p><p>que o endossante transfere o título nominativo à ordem, sem identi�car o endossatário. A</p><p>consequência desse endosso, além das descritas, dá-se pelo fato de que o título se transformará em</p><p>“ao portador”. Já o endosso em preto é o ato no qual o endossante transfere o título ao</p><p>endossatário, que será identi�cado no próprio título de crédito.</p><p>Aval – constitui-se o aval em ato cambiário pelo qual uma pessoa, física ou jurídica, estranha ao</p><p>título, denominada avalista, assume a obrigação autônoma de garantir, total ou parcialmente, o</p><p>pagamento do título em lugar do avalizado (Arts. 30 a 32, da Lei Uniforme de Genebra). A garantia</p><p>expressa pelo aval poderá ser na modalidade total ou parcial, assim, o avalista poderá garantir o</p><p>valor total do título ou limitar o valor da obrigação assumida (Art. 30, da Lei Uniforme de Genebra).</p><p>Modalidade de aval sucessivo : con�gura-se como modalidade de aval em que um avalista acaba</p><p>recebendo aval de outra pessoa, é o chamado aval do aval.</p><p>Modalidade de aval simultâneo : ocorre quando existe uma pluralidade de avalistas para um</p><p>mesmo avalizado. Súmula 189, do STF: “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos</p><p>e não sucessivos”.</p><p>Cheque (Lei n° 7457/85)</p><p>saiba mais</p><p>Saiba mais</p><p>Os atos cambiários são espécies de ferramentas e</p><p>dispositivos que dão dinâmica às relações cambiárias. Dessa</p><p>forma, em razão da anuência do Brasil à Lei Uniforme de</p><p>Genebra, são dispostos no texto dela. Para saber mais sobre</p><p>o assunto, acesse o link a seguir.</p><p>ACESSAR</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d57663.htm</p><p>Trata-se de ordem de pagamento à vista, dada pelo emissor do título, mediante provisão de fundos</p><p>que possui com a instituição �nanceira, para o pagamento da quantia descrita na cártula em seu</p><p>favor ou de terceiros.</p><p>No que concerne a sua classi�cação, tem-se que o referido título terá natureza não causal, de</p><p>modelo vinculado, com estrutura de ordem de pagamento, consistindo título nominativo, quando</p><p>emitido em quantia superior a R$ 100,00, caso contrário, será título ao portador.</p><p>Partes : a) sacador (emissor do título, correntista de instituição �nanceira); b) banco</p><p>sacado; c) tomador (bene�ciário do título – credor).</p><p>Aceite : vedado no cheque (Art. 6º, Lei nº 7.357/1985).</p><p>Endosso : no cheque, a transferência deverá ser feita por meio do instituto do endosso,</p><p>quando superior a R$100,00 (cem reais) (Art. 17, Lei nº 7.357/1985). Quando inferior, a</p><p>transferência será feita por meio da tradição.</p><p>Aval : permitido o ato de garantia.</p><p>Prazo de apresentação : o cheque deverá ser levado a pagamento, ou seja, apresentado</p><p>ao banco para liquidação, no prazo de trinta dias, contados de sua emissão, quando este</p><p>for de mesma praça. Caso seja de praça diversa, o prazo de apresentação será de 60 dias,</p><p>contados de sua emissão (Art. 33, Lei nº 7.357/1985). A perda do prazo de apresentação</p><p>gera a perda do direito de executar os codevedores do título, caso este venha a ser</p><p>apresentado, se ocorrida a devolução por insu�ciência de fundos.</p><p>Protesto : o protesto do cheque só poderá ocorrer na modalidade falta de pagamento,</p><p>uma vez que não existe aceite nesse título, devendo, tal protesto, ser realizado durante o</p><p>prazo de apresentação. O principal objetivo do protesto é gerar o direito de cobrança em</p><p>face dos codevedores, o que, nesse caso, ocorrerá com a simples apresentação do título</p><p>no prazo.</p><p>Ação cambial : o prazo para exercício de cobrança do cheque por meio da execução será</p><p>de seis meses, contados do término da data de apresentação ao banco sacado (Art. 59, Lei</p><p>nº 7.357/1985). Caso o credor tenha por objetivo mover a ação em face dos codevedores,</p><p>deverá apresentar o cheque dentro do prazo legal. Em caso de prescrição, o instituto da</p><p>ação monitória (Arts. 700 a 702, NCPC) deverá ser utilizado para cobrança da dívida,</p><p>podendo a ação ser proposta no prazo de cinco anos, contados a partir da emissão do</p><p>título (Súmula 503, STJ).</p><p>Conhecimento</p><p>Teste seus Conhecimentos</p><p>(Atividade não pontuada)</p><p>Anadia e Deodoro são condôminos de uma quota de sociedade limitada no valor de R$ 13.000,00 (treze mil</p><p>reais). Nem a quota nem o capital da sociedade – �xado em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) – encontram-</p><p>se integralizados. Você é consultado(a), como advogado(a), sobre a possibilidade de a sociedade demandar</p><p>os condôminos para que integralizem a referida quota. Assinale a alternativa que apresenta a resposta</p><p>correta.</p><p>a) Eles são obrigados à integralização apenas a partir da decretação de falência da sociedade.</p><p>b) Eles não são obrigados à integralização, pelo fato de serem condôminos de quota indivisa.</p><p>c) Eles são obrigados à integralização, porque todos os sócios, mesmo os condôminos, devem</p><p>integralizar o capital.</p><p>d) Eles não são obrigados à integralização, porque o capital da sociedade é inferior a cem salários</p><p>mínimos.</p><p>Material</p><p>Complementar</p><p>indicações</p><p>LIVRO</p><p>Direito empresarial esquematizado</p><p>Edilson E. das Chagas</p><p>Editora: Saraiva Educação</p><p>ISBN: 978-85-536-1849-1</p><p>Comentário: Esta obra é importante para o aprofundamento desse</p><p>tema. Em razão da atualização da Lei de Falências, é importante a</p><p>averiguação do conteúdo, quando cobrado pelos avaliadores para os</p><p>próximos exames uni�cados.</p><p>Conclusão</p><p>Nesta unidade, foram tratados os conteúdos mais abordados, sobre direito civil e direito</p><p>empresarial, nos exames da Ordem dos Advogados. Assim, o estudante deve realizar a análise do</p><p>conteúdo pautado, também, nos preceitos constitucionais do direito privado, dispostos sobre o</p><p>princípio da autonomia privada, ou seja, valorizando a vontade e a livre iniciativa, mas limitando-a</p><p>pelo cumprimento da função socioambiental e dos direitos fundamentais. Espera-se que, somado à</p><p>leitura dos artigos de lei sobre a matéria, seja possível um bom desempenho, não só no exame, mas</p><p>nas pro�ssões jurídicas.</p><p>conclusão</p><p>Referências</p><p>Bibliográ�cas</p><p>referências</p><p>BARCELLOS, A. P. de. Curso de Direito Constitucional . Porto Alegre: Editora Forense, 2019.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 . Emendas Constitucionais de</p><p>Revisão. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em: 15 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Decreto n° 57.663, de 24 de janeiro de 1966 . Promulga as Convenções para adoção de</p><p>uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias. Brasília, DF. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d57663.htm . Acesso em: 15 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n° 6.015, de 31 de dezembro de 1973 . Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras</p><p>providências. Brasília, DF. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm . Acesso em: 15 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976 . Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília,</p><p>DF, Casa Civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm . Acesso em:</p><p>15 jan. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n° 7.357, de 02 de setembro de 1985 . Dispõe sobre</p><p>o cheque e dá outras providências.</p><p>Brasília, DF. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7357.htm . Acesso em: 15 jan.</p><p>2021.</p><p>BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 . Institui o Código Civil. Brasília, DF, Casa Civil.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm . Acesso em: 15</p><p>jan. 2021.</p><p>BRASIL. Lei n° 10.741, de 1 de outubro de 2003 . Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras</p><p>providências. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm .</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d57663.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7357.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm</p><p>Acesso em: 15 jan. 2021.</p><p>CHAGAS, E. E. das. Direito empresarial esquematizado . 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.</p><p>GONZAGA, A. de A. Essencial para o Exame da OAB . 8. ed. Rio de Janeiro: Método, 2017. (Biblioteca</p><p>Ânima).</p><p>LISBOA, R. S. Direito civil de A a Z . São Paulo: Manole, 2008.</p><p>MELO, A. D. de. Teoria geral dos bens: um ensaio jurídico. Revista da Faculdade de Direito ,</p><p>Universidade Federal de Minas Gerais, n. 23, v. 25, 1982. Disponível em:</p><p>https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/view/910 . Acesso em: 22 jan. 2021.</p><p>TARTUCE, F. Direito civil , v. 3: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Rio de Janeiro: GEN</p><p>Jurídico, 2020.</p><p>https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/view/910</p><p>Registro</p><p>Civil da Comarca. A emancipação é irrevogável, não sendo passível de arrependimento. Na</p><p>segunda coluna, traz a “causa judicial”, no caso de ser necessária a decisão judicial, se há</p><p>menoridade, retornaram</p><p>alguns casos em razão dos</p><p>cursos superiores de</p><p>tecnologia com duração de 2</p><p>anos e a possibilidade de</p><p>adiantamento em razão de</p><p>resultados extraordinários</p><p>previstos no Artigo 47 da</p><p>LDB);</p><p>4) pelo estabelecimento civil</p><p>ou comercial com economia</p><p>própria;</p><p>5) pela existência de relação</p><p>de emprego, em que o menor</p><p>tenha economia própria.</p><p>divergência entre os pais ou, ainda, com relação a menores que não têm pais, mas tutores. Na</p><p>terceira coluna, traz a “causa legal”: esse tipo de emancipação independe de registro, passando</p><p>a produzir efeitos a partir do evento que a provoca. São os eventos: 1) pelo casamento (a Lei n°</p><p>13811/2019 proíbe casamento para menores de 16 anos de idade); 2) pelo exercício de</p><p>emprego público efetivo (o que está em desuso, por não haver editais que permitam menores);</p><p>3) pela colação de grau em curso de Ensino Superior (durante muitos anos �cou em desuso, por</p><p>não ser possível encerrar o ciclo estudantil ainda na menoridade, retornaram alguns casos em</p><p>razão dos cursos superiores de tecnologia com duração de 2 anos e a possibilidade de</p><p>adiantamento, em razão de resultados extraordinários, previstos no Artigo 47 da LDB); 4) pelo</p><p>estabelecimento civil ou comercial com economia própria; 5) pela existência de relação de</p><p>emprego, em que o menor tenha economia própria.</p><p>Domicílio (Arts. 70 a 78, CC)</p><p>A vinculação territorial para exercício de direitos ocorre regimentada pelas normas de domicílio,</p><p>tendo por regra ser o local onde a pessoa natural exerce residência ou onde a pessoa jurídica tenha</p><p>estabelecido sua sede.</p><p>Havendo multiplicidades de domicílios, em razão de haver vários locais que a pessoa resida,</p><p>alternando periodicamente entre eles, são considerados todos.</p><p>Não havendo domicílio, será considerado o local onde a pessoa natural for encontrada.</p><p>O local de trabalho, nas relações referentes à atividade laboral, também é considerado domicílio</p><p>(LISBOA, 2008).</p><p>As pessoas jurídicas de direito público terão domicílio:</p><p>Quadro 1.3 - Domicílio das pessoas jurídicas</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>#PraCegoVer : o quadro tem duas colunas. A primeira traz o nome da pessoa jurídica e, a</p><p>segunda, a sede de seu domicílio. A descrição das linhas é: a União tem sede no Distrito Federal;</p><p>os estados têm sede em suas capitais, no centro cívico, onde está sua administração; os</p><p>municípios, no local onde funciona a prefeitura; e as demais pessoas jurídicas de direito</p><p>público, nos locais em que as respectivas administrações funcionam.</p><p>Pessoas Jurídicas (Arts. 40 a 52, CC)</p><p>As pessoas jurídicas são entidades, nacionais ou estrangeiras, a que a lei empresta personalidade,</p><p>capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações, sendo sua personalidade diversa da</p><p>União No Distrito Federal</p><p>Estados Capitais (centro cívico da capital)</p><p>Municípios Local onde funciona a administração</p><p>municipal (sede da prefeitura)</p><p>Demais pessoas jurídicas de direito público Onde funciona sua administração</p><p>personalidade das pessoas naturais que as constituem. Ente com personalidade diversa das pessoas</p><p>que o compõem.</p><p>Podem formar pessoas jurídicas as corporações (associações ou sociedades). As associações não</p><p>têm �ns lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos. Já as sociedades</p><p>têm �ns lucrativos e podem ser sociedades simples ou sociedades empresárias : atividades de</p><p>empresário (Art. 966 e ss, CC). Também podem formar pessoas jurídicas as fundações, sendo estas</p><p>um acervo de bens que, por sua vez, recebem personalidade para a realização de um �m</p><p>determinado. Esses são os dois elementos: patrimônio e �nalidade (�nalidade, que hoje é limitada</p><p>pelo Código Civil, pode ser religiosa, moral, educacional, de saúde, ambiental, cientí�ca, cidadania,</p><p>nutricional, cultural ou assistencial, evitando-se, assim, a criação de fundação para �ns menos</p><p>nobres).</p><p>Importante lembrar que as sociedades empresárias de economia mista que têm o ente público</p><p>como sócio são regidas pelas regras das pessoas jurídicas de direito privado, como Correios e Banco</p><p>do Brasil, por exemplo.</p><p>Desconsideração da pessoa jurídica</p><p>Para que a personalidade jurídica não seja mal utilizada por seus sócios ou administradores, o juiz</p><p>pode desconsiderar a pessoa jurídica e, em caso de fraude ou má-fé dos seus membros, atingir seu</p><p>patrimônio pessoal, pelos danos que causarem (Art. 50 do CC – os requisitos para desconsideração</p><p>são desvio de �nalidade e confusão patrimonial , o primeiro implica que o objeto e a �nalidade</p><p>social da pessoa jurídica estão sendo desvirtuados, o segundo, que, de fato, não tem havido respeito</p><p>na divisão patrimonial entre sócios e sociedade). A desconsideração da pessoa jurídica não leva à</p><p>extinção da sociedade , devendo ser utilizada somente em relação às obrigações afetadas pelo ato.</p><p>Isso porque, se não for excepcional, surge o risco de perder a utilidade do instituto da pessoa</p><p>jurídica. Sua �nalidade é, portanto, retirar a divisão patrimonial entre os sócios de uma sociedade</p><p>(patrimônio pessoal dos sócios vinculado às pessoas naturais ou jurídicas que estão na posição de</p><p>sócios) e o patrimônio da própria sociedade (patrimônio vinculado ao domínio da pessoa jurídica).</p><p>Atualmente, os Artigos 133 e 134 do CPC regulamentam o incidente de desconsideração de</p><p>personalidade jurídica, podendo, a qualquer momento, ser requerido.</p><p>Como conhecimento de tese que pode ser utilizada em demandas, principalmente nas áreas de</p><p>família, é reconhecida a desconsideração inversa de personalidade jurídica, com o mesmo objetivo</p><p>de desfazer processualmente a divisão patrimonial entre os sócios pessoas físicas e pessoa jurídica,</p><p>mas com a �nalidade de utilizar o patrimônio da pessoa jurídica para quitação de dívidas da pessoa</p><p>física.</p><p>Noções sobre Negócio Jurídico: Atos e Fatos Jurídicos</p><p>(Arts. 104 a 188, CC)</p><p>As pessoas físicas e as pessoas jurídicas, ao se relacionarem e atuarem em suas atividades, acabam</p><p>manifestando fatos e atos jurídicos, que, oportunamente, em razão da expressão da vontade e do</p><p>consenso de vontades, tornam-se negócio jurídico.</p><p>Fato é um acontecimento. Se, por esse acontecimento, cria-se, modi�ca-se ou se extingue uma</p><p>relação jurídica, então, diz-se que esse fato é jurídico . Desses acontecimentos com efeitos</p><p>jurídicos, genericamente falando ( lato sensu ), alguns são decorrentes de uma força da natureza,</p><p>ordinária ou extraordinária ( fatos jurídicos stricto sensu ) e outros são decorrentes da ação</p><p>humana ( atos jurídicos ).</p><p>Os atos jurídicos são ações humanas a que a lei empresta efeito jurídico, podendo ser lícitos ou</p><p>ilícitos . O lícito, se voluntário, ou seja, se deliberadamente praticado com elemento volitivo – a</p><p>vontade livre dentro de uma autonomia privada – para alcançar um determinado efeito jurídico,</p><p>então, será um negócio jurídico (a vontade das partes pode ser negociada, mitigada dentro da</p><p>autonomia privada, ou seja, entre os limites da liberdade da vontade e os limites da lei). Se a ação</p><p>humana provoca tal efeito, mas sem a intenção deliberada, é chamada de ato meramente lícito, já</p><p>que está dentro do direito, mas o efeito decorre da lei.</p><p>Já os atos ilícitos são aqueles em que o agente, por meio de ação ou omissão, com dolo ou culpa,</p><p>causa um resultado não desejado pelo Direito, previsto como ilícito, ferindo um dever de conduta.</p><p>ó í</p><p>saiba mais</p><p>Saiba mais</p><p>O artigo Teoria geral dos bens : um ensaio jurídico trata sobre</p><p>os bens. A doutrina estabelece várias classi�cações e formas</p><p>de se adquirir bens. Para saber mais sobre o assunto,</p><p>acesse o link a seguir.</p><p>ACESSAR</p><p>https://revista.direito.ufmg.br/index.php/revista/article/view/910</p><p>Elementos dos Negócios Jurídicos</p><p>Para que os negócios jurídicos surtam os efeitos esperados pelos declarantes, deverão ser e�cazes;</p><p>mas, antes disso, é preciso veri�car se</p><p>são válidos. E, para serem válidos, da mesma forma, é preciso</p><p>veri�car, antes, se existem. Assim, existência, validade e e�cácia são planos distintos que estão</p><p>dispostos como uma escada, em que cada degrau transposto dá acesso ao outro plano.</p><p>Genericamente, pode-se dizer que são elementos essenciais do negócio jurídico: a vontade</p><p>humana , que se revela por meio da declaração ou manifestação; a idoneidade do objeto , já que</p><p>um objeto pode até ser lícito, mas inidôneo para determinado negócio; a forma , pela qual o ato</p><p>realiza-se, e a causa, que justi�ca a sua existência.</p><p>Por outro lado, esses elementos essenciais, quando quali�cados, tornam-se os requisitos ou os</p><p>pressupostos de validade do negócio jurídico, previstos no Artigo 104, CC:</p><p>a) Capacidade do agente – somente pessoas plenamente capazes podem praticar atos por si. Já os</p><p>incapazes devem ser representados, no caso de absolutamente incapazes, e assistidos por seus</p><p>representantes legais, no caso dos relativamente incapazes. As regras da representação constam</p><p>nos Artigos 115 e seguintes, do CC, podendo ela ser: legal (no caso dos �lhos menores, pupilos e</p><p>curatelados); judicial, quando determinada em decisão judicial; ou convencional, no caso de contrato</p><p>(TARTUCE, 2020).</p><p>b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – o objeto não poderá atentar contra a</p><p>lei, a moral ou os bons costumes. O negócio deve ser possível, física e juridicamente. Além disso, o</p><p>objeto deve ser determinado (descrito, inclusive quanto à espécie), ou ao menos determinável (há</p><p>de�nição de quantidade e gênero, e do modo como ele será determinado, a seu tempo).</p><p>c) Forma prevista em lei ou não defesa em lei – pela regra geral, a forma é livre, não prevista na</p><p>lei, a não ser nos casos em que haja previsão especí�ca em sentido contrário, como no caso do</p><p>Artigo 108, do CC. A forma prevista é exceção (Art. 107, CC), o que ocorre por diversos fatores:</p><p>facilitar prova, garantir autenticidade, impedir vontade viciada, possibilitar publicidade. As</p><p>formalidades podem ser ad solemnitatem (necessárias ao perfazimento do ato) ou ad probationem</p><p>(para sua prova).</p><p>Elementos acidentais</p><p>Quando altera-se a expectativa de que o negócio jurídico tenha e�cácia tão logo seja</p><p>realizado, operam-se elementos acidentais, condicionando a e�cácia ao seu cumprimento.</p><p>Condição : Artigo 121, CC –</p><p>condiciona a e�cácia do</p><p>negócio jurídico a evento</p><p>FUTURO e INCERTO, por</p><p>cláusula criada pela vontade</p><p>das partes.</p><p>Termo : subordina a e�cácia</p><p>do negócio jurídico a evento</p><p>FUTURO e CERTO (ainda que</p><p>seja incerta a data exata, é</p><p>certo que o evento irá</p><p>acontecer).</p><p>Encargo ou modo : limita um</p><p>negócio de mera liberalidade</p><p>(como a doação) ao</p><p>cumprimento de um ônus</p><p>obrigacional pelo bene�ciário.</p><p>É causa de revogação da</p><p>liberalidade, ainda que ela já</p><p>tenha gerado efeitos, o não</p><p>cumprimento. O Código Civil,</p><p>Artigo 137, determina que se</p><p>considere não escrito. Mas se</p><p>for o motivo determinante da</p><p>liberalidade, então, invalida o</p><p>negócio.</p><p>a) Condição suspensiva : a</p><p>que impede o ato de produzir</p><p>seus efeitos até o implemento</p><p>do evento futuro e incerto.</p><p>Artigo 125, CC. Enquanto ela</p><p>a) inicial ( dies a quo ):</p><p>momento em que inicia a</p><p>e�cácia de um negócio</p><p>jurídico;</p><p>Quadro 1.4 - Elementos acidentais do negócio jurídico</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>não ocorre, a condição é</p><p>pendente. Com o seu</p><p>implemento, surge o direito</p><p>para o titular. Se não se</p><p>realizar, ocorre a frustração</p><p>da condição;</p><p>b) condição resolutiva – a</p><p>que gera a extinção, a</p><p>resolução do efeito jurídico</p><p>do negócio, assim que ocorrer</p><p>seu implemento. Se frustrar-</p><p>se a condição, então, o direito</p><p>passará a ser exercido em sua</p><p>plenitude. Caso da condição</p><p>maliciosamente obstada ou</p><p>provocada pelo interessado –</p><p>no primeiro caso, a lei a</p><p>considera implementada e,</p><p>no segundo, não ocorrida</p><p>(Art. 129).</p><p>b) �nal ( dies ad quem ):</p><p>momento em que termina a</p><p>e�cácia do negócio.</p><p>Importante veri�car que ao</p><p>termo inicial e �nal o Código</p><p>Civil estabelece que cabem,</p><p>no que for possível, as</p><p>mesmas disposições</p><p>referentes à condição</p><p>resolutiva e suspensiva (Art.</p><p>135, CC).</p><p>#PraCegoVer : o quadro traz os tipos de elementos acidentais do negócio jurídico, sendo eles a</p><p>condição, o termo e o encargo, também chamado de modo. Na primeira coluna, trata da</p><p>condição: Artigo 121, CC – condiciona a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e</p><p>INCERTO, por cláusula criada pela vontade das partes. Pode ser: a) condição suspensiva – a que</p><p>impede o ato de produzir seus efeitos até o implemento do evento futuro e incerto. Artigo 125,</p><p>CC. Enquanto ela não ocorre, a condição é pendente. Com o seu implemento, surge o direito</p><p>para o titular. Se não se realizar, ocorre a frustração da condição; b) condição resolutiva – a que</p><p>gera a extinção, a resolução do efeito jurídico do negócio, assim que ocorrer seu implemento.</p><p>Se frustrar-se a condição, então, o direito passará a ser exercido em sua plenitude. Caso da</p><p>condição maliciosamente obstada ou provocada pelo interessado – no primeiro caso, a lei a</p><p>considera implementada e, no segundo, não ocorrida (Art. 129). Na segunda coluna, trata do</p><p>termo, que subordina a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e CERTO (ainda que seja</p><p>incerta a data exata, é certo que o evento irá acontecer). Pode ser: a) inicial (dies a quo):</p><p>momento em que inicia a e�cácia de um negócio jurídico; b) �nal (dies ad quem): momento em</p><p>que termina a e�cácia do negócio. Importante veri�car que, ao termo inicial e �nal, o Código</p><p>Civil estabelece que cabem, no que for possível, as mesmas disposições referentes à condição</p><p>resolutiva e suspensiva (Art. 135 CC). A terceira coluna trata do encargo ou modo, que limita um</p><p>negócio de mera liberalidade (como a doação) ao cumprimento de um ônus obrigacional pelo</p><p>bene�ciário. É causa de revogação da liberalidade, ainda que ela já tenha gerado efeitos, o não</p><p>cumprimento. O Código Civil, Artigo 137, determina que se considere não escrito. Mas, se for o</p><p>motivo determinante da liberalidade, então, invalida o negócio.</p><p>Invalidade dos Negócios Jurídicos – Nulidade, Anulabilidade</p><p>Nulidade absolut a é o vício que atinge o ato jurídico por inteiro, plenamente, tratando como nulos</p><p>quaisquer de seus efeitos. Por serem vícios graves e contrários ao interesse público, podem ser</p><p>alegados por qualquer interessado, Ministério Público ou reconhecido de ofício pelo juiz. O ato nulo</p><p>não se convalida pelo tempo nem por rati�cação. A ação cabível é imprescritível, sendo o seu</p><p>provimento meramente declaratório, com efeitos retroativos ( ex tunc ). Ocorre nos casos elencados</p><p>nos Artigos 166 e 167, do CC: ato praticado por pessoa absolutamente incapaz; objeto ilícito,</p><p>impossível ou indeterminável; quando o motivo de ambas as partes for ilícito; quando não obedecer</p><p>a forma prevista em lei; quando preterida alguma solenidade essencial para sua validade; quando</p><p>tiver por objetivo fraudar lei imperativa (norma de ordem pública); quando a lei o declarar nulo</p><p>(nulidade expressa ou textual); ou proibir-lhe a prática, sem cominar uma sanção (nulidade implícita</p><p>ou virtual); também a simulação (que antes gerava somente anulabilidade, mas foi tratada dentro da</p><p>nulidade com o Código de 2002) (TARTUCE, 2020).</p><p>A parte viciada não invalida a parte do negócio, que pode continuar existindo (por exemplo,</p><p>comprou uma fazenda com os maquinários, mas descobriu que um trator não era propriedade do</p><p>vendedor, assim, isso não deve invalidar toda a compra, apenas a parcela do trator).</p><p>Quando houver negócios subordinados (principal e acessório), a nulidade do principal afeta o</p><p>acessório, mas a nulidade do acessório não deve afetar o principal. Por �m, o Artigo 170, do CC,</p><p>permite ao juiz que aproveite o negócio, em caso de ser nulo, mas contiver requisitos de outro. Esse</p><p>outro será mantido, se for possível supor que as partes o teriam querido se soubessem da nulidade.</p><p>A anulabilidade (nulidade relativa) , diferentemente da nulidade que atinge uma causa de</p><p>interesse público, atinge apenas o interesse particular, portanto, enquanto o interessado não buscar</p><p>sua anulação (dentro do prazo decadencial), o negócio surtirá efeitos ou, até mesmo, será</p><p>convalidado. Por esse motivo, a ação deve ser a anulatória, possuindo provimento constitutivo de</p><p>direito ao interessado, com efeito ex nunc .</p><p>A anulabilidade, via de regra, está ligada a um problema no consentimento do manifestante ou à sua</p><p>capacidade. Assim, o Artigo 171, do CC, determina que são anuláveis: atos praticados por</p><p>relativamente incapaz (salvo no caso do menor púbere, em que ele queira invocar anulação para se</p><p>bene�ciar dela, mas, no momento do ato, tenha ocultado sua idade propositadamente; o Artigo 181,</p><p>do CC, ainda informa que o incapaz só deverá restituir o que a outra parte provar que reverteu em</p><p>seu proveito); atos eivados de vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude</p><p>contra credores, analisados, a seguir; outros atos que a lei expressamente prever como anuláveis.</p><p>Sendo anulado o ato, as partes voltarão ao estado inicial, salvo nos casos em que isso não seja mais</p><p>possível, quando serão indenizadas. Essa é a hipótese de prejuízo a terceiro de boa-fé.</p><p>Defeitos dos Negócios Jurídicos</p><p>Quando a manifestação da vontade, no momento da realização do negócio jurídico, não for direta,</p><p>plena e livre, esse negócio jurídico estará revestido de defeito. O Código Civil, nos Artigos 138 e 165,</p><p>traz previsões de como o negócio pode ser defeituoso, prevendo os tipos de defeitos, que serão</p><p>apresentados a seguir.</p><p>Erro ou ignorância – o erro é o caso de uma falsa noção da realidade, em que o agente</p><p>acredita, sozinho, em um fato enganoso, não há interferência de terceiros para que ele</p><p>acredite no erro. A ele equivale a ignorância (total desconhecimento). Para que o ato seja</p><p>anulável, o erro deve ser: substancial (139); escusável; real. Também se considera erro a</p><p>transmissão equivocada da vontade por sistemas de tecnologia (clicar sem saber). O falso</p><p>motivo para o negócio também vicia a declaração, se for seu fator determinante. Erro</p><p>acidental não gera anulabilidade do negócio, assim como o erro de cálculo, que deverá ser</p><p>reti�cado. Também não invalida o negócio o erro, quando a outra parte se oferecer para</p><p>executar o negócio nos termos que �cou manifestada a vontade do negociante (TARTUCE,</p><p>2020).</p><p>Dolo – no dolo, a pessoa é enganada por outrem, que utiliza artifícios para ludibriá-la. Ela</p><p>também realiza a negociação com falsa percepção da realidade, mas em razão de outro ter</p><p>induzindo-a a isso. Esse outro pode ser a outra parte do contrato ou terceiro. Nesse</p><p>segundo caso, só anulará o negócio se a parte bene�ciada soubesse ou devesse saber que</p><p>a atitude era dolosa. Caso contrário, o negócio não se anula, mas o prejudicado pode exigir</p><p>perdas e danos do terceiro responsável. Se ambos os contratantes estão como dolo, não</p><p>se anula o negócio. Quando for o dolus bonus um mero exagero (exemplo, melhor hotel</p><p>da cidade, melhor hambúrguer da cidade), não se invalida o negócio. O dolo não deve ser</p><p>acidental, mas principal. No caso de dolo acidental, em que o negócio se realizaria de</p><p>qualquer forma, só se obriga a parte dolosa à satisfação das perdas e danos. O dolo pode</p><p>ser: positivo, quando se tratar de ação; ou negativo, quando se tratar de omissão que seja</p><p>relevante. Quando o dolo for praticado por representante legal, só obrigará o</p><p>representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém,</p><p>tratar-se de representante convencional, respondem solidariamente por perdas e danos.</p><p>Coação – macula a vontade de realizar o negócio jurídico por esta ser dirigida, por temor</p><p>de, não realizando o negócio, recair mal sobre a sua pessoa ou sua família (existe</p><p>reconhecimento de coação quando praticado temor de mal grave contra amigo íntimo, em</p><p>estado de namoro ou até mesmo pessoa desconhecida que lhe atribua responsabilidade)</p><p>ou aos seus bens. É caso de violência psicológica. Se for caso de força física, estaremos</p><p>diante de ato inexistente, porque não houve manifestação de vontade (quando alguém</p><p>força o braço da pessoa para assinar contrato bancário por reconhecimento da digital, por</p><p>exemplo). Para que exista a coação, é preciso que: a coação seja a causa do ato; deve ser</p><p>grave, pelo critério concreto, ou seja, pelo que representa gravidade para aquela pessoa</p><p>(Art. 152); não se inclui no fundado receio de causar desgosto a quem se deve obediência e</p><p>respeito (GONZAGA, 2017).</p><p>Estado de perigo (Art. 156, CC) – con�gura-se o estado de perigo quando alguém,</p><p>premido da necessidade de se salvar, ou a uma pessoa de sua família, de grave dano</p><p>conhecido pela outra parte (mas não provocado por ela, pois seria coação), assume</p><p>obrigação excessivamente onerosa. Dois critérios devem ser veri�cados: objetivo – a</p><p>obrigação deverá ser excessivamente onerosa; subjetivo – a realização devido à</p><p>necessidade salvar-se, o que gera um desvio psicológico conhecido pela parte bene�ciada.</p><p>Lesão (Art. 157, CC) – hipótese em que uma pessoa, sob premente necessidade, ou por</p><p>inexperiência, obriga-se à prestação manifestamente desproporcional ao valor da</p><p>prestação oposta, o que se veri�ca em função dos valores vigentes à época da celebração</p><p>do negócio. Difere-se do erro, na situação em que o vício de lesão, por inexperiência, não</p><p>traz a certeza da crença em algo equivocado (exemplo, vendeu um quadro acreditando</p><p>que ele era uma imitação, e não um original – erro – vendeu um quadro por um preço de</p><p>mercado, mas não sabia que ele era uma obra rara – lesão por inexperiência).</p><p>Fraude contra credores – aqueles negócios realizados com o objetivo de diminuição do</p><p>patrimônio do devedor e impedimento de que seu credor tenha fundos, para perseguir o</p><p>recebimento do crédito, devem ser anulados. Para se con�gurar a fraude contra credores,</p><p>é necessário que, pelo(s) ato(s), o devedor se torne insolvente; o credor deverá provar a</p><p>má-fé do terceiro, para poder anular o negócio, que se presume nos negócios gratuitos ou</p><p>nos onerosos, em que a insolvência seja notória (basta a ciência da fraude), ou em</p><p>remissão de dívida ou pagamento de dívida não vencida; o crédito deve ser anterior ao ato</p><p>fraudulento. Os atos de negociação normais das atividades e da subsistência não</p><p>constituem fraude. Também deixa de ser fraude se o adquirente �zer o pagamento em</p><p>juízo, chamando os interessados a se manifestarem. Ocorrendo a fraude contra credores,</p><p>caberá a eles a ação chamada pauliana ou revocatória.</p><p>Conhecimento</p><p>Teste seus Conhecimentos</p><p>(Atividade não pontuada)</p><p>Lúcio, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da sucessão deste último,</p><p>todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades. Necessitando de dinheiro para quitar suas</p><p>dívidas, uma das primeiras providências de Lúcio foi alienar uma pintura antiga que sempre esteve exposta</p><p>na sala da casa, por um valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. Lúcio, semanas depois, leu</p><p>nos jornais a notícia de que havia reaparecido no mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre</p><p>artista plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara por um</p><p>valor milhares de vezes maior do que o por ela era cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da</p><p>alienação. Assinale a alternativa correta sobre o caso descrito.</p><p>a) O negócio jurídico de alienação da pintura, celebrado por Lúcio, está viciado por lesão e chegou a</p><p>produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração.</p><p>b) O direito de Lúcio de obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da pintura,</p><p>não se sujeita a nenhum prazo prescricional.</p><p>c) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se, necessariamente, à prova de</p><p>que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro rapidamente.</p><p>d) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de</p><p>mercado da obra, Lúcio poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio.</p><p>Neste ponto, serão tratadas as divisões didáticas do Direito Civil: Direito das Obrigações, Direito dos</p><p>Contratos e Responsabilidade Civil. Todas as três vertentes estão interligadas, em razão de</p><p>operacionalizarem e determinarem os limites volitivos das obrigações, assim como suas</p><p>consequências pelo descumprimento.</p><p>Direito das Obrigações (Arts. 233 a 420, CC)</p><p>As pessoas capazes realizam negócios jurídicos e assumem obrigações. Eventualmente, pelo</p><p>descumprimento da obrigação ou pela realização de ato ilícito, assumem obrigação de</p><p>Direito Civil – 2ª ParteDireito Civil – 2ª Parte</p><p>ressarcimento, de indenizar ou de desfazer o anteriormente realizado, sendo essa obrigação do</p><p>descumprimento regulada pela Responsabilidade Civil.</p><p>Noções sobre Direito Obrigacional</p><p>O conceito de obrigação nada mais é do que o vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a</p><p>realizar, em favor do credor, uma prestação em caráter de dar, fazer ou não fazer (conceito de</p><p>Washington de Barros Monteiro). Trata-se de uma relação jurídica transitória existente entre o</p><p>sujeito ativo e o passivo, denominado credor e devedor. Con�gura um conjunto de atividades</p><p>necessárias à satisfação do credor, seja ela positiva ou negativa, a �m de se levar ao adimplemento</p><p>da obrigação. São suas espécies as obrigações de dar (coisa certa ou incerta), fazer (com o devedor</p><p>personalíssimo ou fungível) ou não fazer . Podem ser classi�cadas em obrigações solidárias (com</p><p>dever solidário entre os devedores), divisíveis (quando a prestação da obrigação pode ser dividida),</p><p>indivisível (quando a prestação deve ser aperfeiçoada de única vez), quesível (cumprimento no</p><p>domicílio do devedor) ou portável (cumprimento no domicílio do credor ou outro lugar informado).</p><p>Do pagamento e adimplemento das obrigações (Arts. 344 a 359, CC)</p><p>Conforme se veri�ca na doutrina, a principal forma de extinção da obrigação é o pagamento direto,</p><p>que também detém, como expressão sinônima de solução, cumprimento, adimplemento,</p><p>implemento, satisfação obrigacional e remição (do verbo remir). Tal situação exonera totalmente o</p><p>devedor do vínculo obrigacional.</p><p>O pagamento é condição sine qua non da estabilidade social, pois toda obrigação tem sua orientação</p><p>direcionada à conclusão, ou seja, ninguém é vinculado à necessidade de contratar, porém, uma vez</p><p>fazendo essa escolha, deve assumir sua posição obrigacional. Assim, ao buscar o efetivo</p><p>adimplemento, existem duas modalidades de pagamento: o direto, que se realiza com o pagamento</p><p>propriamente dito, bem como o pagamento indireto, que tem algumas regras especiais, que serão</p><p>analisadas (GONZAGA, 2017).</p><p>O inadimplemento causa consequências contratuais ou extracontratuais (aquiliana). Normalmente,</p><p>as consequências contratuais pelo inadimplemento são a mora (quando não há o pagamento no</p><p>tempo, lugar e forma devida), a cláusula penal (obrigação adicional prevista para responsabilizar</p><p>civilmente o descumprimento) e a própria possibilidade de perdas e danos (responsabilidade civil</p><p>não prevista, extracontratual ou aquiliana).</p><p>Responsabilidade Civil (Arts. 927 a 954, CC)</p><p>Neste tópico, será abordada a responsabilidade civil extracontratual, aquela que não tem previsão</p><p>contratual pelo seu descumprimento, mas surge da própria proteção da lei contra atos que</p><p>provoquem danos ou sejam ilícitos, uma cláusula geral de tutela. Para tanto, primeiramente, será</p><p>tratado do ato ilícito.</p><p>O ato ilícito é o ato humano que, praticado com infração a um dever legal, viola direito e causa dano</p><p>à outra pessoa. O dever de indenizar surge da existência do ato ilícito e de elementos da</p><p>responsabilidade civil (TARTUCE, 2020):</p><p>a) ação ou omissão – conduta do agente que gere a lesão ao direito ou ao interesse jurídico;</p><p>b) nexo de causalidade – relação lógica que determina que a ação foi a causadora do dano;</p><p>c) existência de dano – deve haver dano a ser ressarcido. Do contrário, não, já que a indenização</p><p>equivale ao retorno ao estado anterior. O dano pode ser material (dano emergente ou lucro</p><p>cessante) e/ou moral;</p><p>d) dolo ou culpa do agente – dolo: ação intencional que busca causar dano a outra pessoa. Culpa:</p><p>negligência, imprudência ou imperícia. É a quebra da norma de conduta genérica de agir diligente e</p><p>prudentemente na vida social. Para efeitos de Direito Civil, o dolo integra as causas de culpa lato</p><p>sensu . Na responsabilidade civil subjetiva, é necessário o dolo ou a culpa; na responsabilidade civil</p><p>objetiva, é irrelevante a análise de dolo e culpa. Para �ns de responsabilidade civil pelo dano</p><p>ambiental na responsabilidade do proprietário e pelo dano nuclear de responsabilidade da União,</p><p>irrelevantes são a conduta e a culpa, havendo dano, há dever de indenizar.</p><p>Elementos ou Pressupostos da Responsabilidade Civil</p><p>Os elementos ou pressupostos da responsabilidade civil estão descritos no Artigo 186, do CC, que</p><p>dispõe que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e</p><p>causar um dano, ainda que exclusivamente moral, pratica ato ilícito. Têm-se os seguintes elementos:</p><p>ação ou omissão; culpa; nexo causal e dano, que serão abordados a seguir.</p><p>Ação ou omissão – o causador do dano responde por ação (conduta comissiva) e por omissão</p><p>quando deixa de praticar um ato que a lei lhe impõe (lembrando que o dever de boa-fé é inerente</p><p>aos contratos). Assim, melhor dizer “conduta humana”, de�nível com o comportamento, positivo ou</p><p>negativo, do agente, que desemboca em uma lesão, dano ou prejuízo (TARTUCE, 2020).</p><p>Culpa – decorre da inobservância de um dever de cuidado ou da prática dolosa. Espécies: a culpa</p><p>em sentido amplo ou lato sensu inclui o dolo e a culpa em sentido estrito, ou stricto sensu . Essa</p><p>culpa, em sentido estrito, é a conduta não intencional que causa o dano; e o dolo, que é a culpa</p><p>intencional que causa o dano. São modalidades de culpa: a imprudência, decorrente da culpa</p><p>exteriorizada por uma ação que não respeite o dever de cuidado, por exemplo, dirigir acima da</p><p>velocidade permitida; a negligência, que é a culpa por omissão, por exemplo, fazer a conversão sem</p><p>sinalizar; e, por �m, a imperícia, que é a culpa em que o agente assume conduta sem ser</p><p>devidamente e formalmente preparado para a realização desta, comum no exercício de pro�ssão ou</p><p>ofício, como o motorista que não possui CNH, por exemplo.</p><p>Dolo – constitui uma violação intencional de prejudicar outrem. Referente à presente modalidade de</p><p>culpa, é possível a�rmar que, no momento da indenização, é aplicada a teoria da causalidade,</p><p>adequada por força do art. Artigo 944, do CC, ou seja, somente são consideradas como causadoras</p><p>do dano as condições que por si só são aptas a produzi-lo, veri�cando, assim, o grau de culpa.</p><p>Nexo de causalidade – é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente (responsabilidade</p><p>subjetiva) ou o risco da atividade (responsabilidade objetiva) e o dano sofrido pela vítima. O</p><p>rompimento do nexo causal é excludente de responsabilidade civil. O referido rompimento</p><p>encontra-se, de forma muito clara, na teoria dos danos diretos e imediatos: interrupção do nexo</p><p>causal, nesse caso, todo antecedente é uma causa, sendo que este só responde pelo dano se, entre</p><p>a sua conduta e o prejuízo, não houver três elementos: a) culpa exclusiva da vítima; b) um ato de</p><p>terceiro; c) um ato da natureza, que serão analisados conforme indicado a seguir.</p><p>Dispensa ou excludentes do dever de indenizar:</p><p>legítima defesa – decorre do ato do agente que atua defensivamente em face de uma</p><p>agressão injusta, atual ou iminente. Conforme se pode notar, o referido ato não constitui</p><p>ilícito e, assim, não há o dever de indenizar, pois se trata de uma justi�cativa jurídica para</p><p>uma conduta;</p><p>estado de necessidade ou remoção do perigo – é a deterioração ou destruição de coisa</p><p>alheia, a �m de remover perigo iminente contra bem jurídico proporcionalmente mais</p><p>importante;</p><p>exercício regular de um direito reconhecido – trata normalmente do estrito cumprimento</p><p>de dever legal que está relacionado à função pública</p><p>ou, ainda, delegados na função</p><p>�scalizadora, por exemplo: a) policial que arromba porta com mandado; b) envio de</p><p>correspondência condominial lacrada, informando o valor da dívida;</p><p>culpa concorrente bilateral – quando ambas as partes agiram com culpa, exclui-se a</p><p>indenização na proporção de cada um.</p><p>HIPÓTESES ESPECÍFICAS DE</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>#PraCegoVer : o infográ�co apresenta cinco tópicos verticais sobre as hipóteses especí�cas de</p><p>responsabilidade. Ao clicar no primeiro tópico “Responsabilidade civil do incapaz (Art. 928, CC)”, é</p><p>apresentado o texto “O incapaz só responde pelos danos que causar quando as pessoas por ele</p><p>responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de dinheiro para tanto. Não haverá</p><p>indenização se este privar o incapaz, ou as pessoas que dele dependam, do necessário para sobrevivência,</p><p>dessa forma, a responsabilidade civil do incapaz é mitigada pela equidade e é subsidiária. Os pais</p><p>respondem objetivamente pelos atos dos �lhos menores que estiverem sob sua guarda e sua companhia”.</p><p>Ao clicar no segundo tópico, “Responsabilidade civil objetiva pelo risco da atividade (Art. 932, III, IV, CC)”, é</p><p>apresentado o texto “Se a atividade normalmente desenvolvida pelo agente implicar risco, por sua própria</p><p>natureza (atividade naturalmente perigosa), ele responderá, de forma objetiva, pelos danos que causar.</p><p>Por exemplo: transporte terrestre”. Ao clicar no terceiro tópico, “Responsabilidade civil objetiva por atos de</p><p>terceiros (Art. 934, CC)”, é apresentado o texto “Os pais, tutores, curadores e empregadores respondem</p><p>objetivamente pelos atos praticados, respectivamente, pelos �lhos menores tutelados, curatelados e</p><p>empregados”. Ao clicar no quarto tópico, “Responsabilidade civil objetiva em razão de danos causados por</p><p>animais (Art. 936, CC)”, é apresentado o texto “O dono ou detentor do animal responde objetivamente</p><p>pelos danos causados por este, salvo se provar culpa exclusiva da vítima ou força maior”. Ao clicar no</p><p>quinto tópico, “Responsabilidade civil objetiva em danos causados por coisas caídas ou lançadas do prédio</p><p>(Art. 937, CC)”, é apresentado o texto “Aquele que habitar o prédio ou parte dele responde objetivamente</p><p>pelos danos causados por coisas dele caídas ou dele lançadas. Tem-se, por prédio, toda e qualquer</p><p>construção”.</p><p>Noções sobre Contratos (Arts. 421 a 886, CC)</p><p>Os contratos são instrumentos em que �cam de�nidas e paci�cadas as obrigações e os negócios</p><p>jurídicos realizados com �nalidade especí�ca pela vontade das partes. Podem dispor sobre direitos</p><p>sinalagmáticos (com aperfeiçoamento pela entrega simultânea de prestações entre ambas as</p><p>partes), sobre gratuidade (contratos gratuitos sem obrigação de prestação de uma das partes) e</p><p>sobre onerosidade (sacrifício patrimonial de ambas as partes). São regidos pelos seguintes princípios</p><p>contratuais:</p><p>a) Princípio da autonomia privada (Art. 421, CC) – a liberdade de contratar é relativa, pois sua</p><p>limitação está nas leis de ordem pública (Art. 170, CF);</p><p>b) Princípio da função social do contrato (Art. 421, CC) – atender à função social do contrato não</p><p>signi�ca atender ao interesse público do Estado, mas, sim, atender a valores sociais (respeito ao</p><p>meio ambiente, aos direitos do consumidor, aos direitos da personalidade etc.). Os institutos básicos</p><p>do direito civil estão sendo funcionalizados, como se deu com o direito à propriedade, da família, da</p><p>empresa e do contrato. A essência da função social é una, mas se desdobra nos diversos institutos</p><p>jurídicos (Art. 170, CF) (GONZAGA, 2017);</p><p>c) Princípio da boa-fé objetiva (Art. 422, CC) – é a boa-fé da conduta, devendo esta ser leal e clara,</p><p>independentemente dos ânimos subjetivos que possam existir, ou seja, aqueles que todos</p><p>percebem; junto com a boa-fé objetiva, surgem deveres, ainda que não escritos (deveres anexos).</p><p>Por exemplo, dever de segurança, dever de informação, dever de lealdade, dever de guarda</p><p>documental etc. (LISBOA, 2008).</p><p>Vícios Redibitórios (Arts. 461 a 446, CC)</p><p>Vícios redibitórios são os vícios ocultos que atingem a coisa, objeto de um contrato civil, que a</p><p>desvalorizam ou a tornam imprópria para uso. Havendo contrato de consumo o vício é chamado “do</p><p>produto”, com tratamento especí�co no Código de Defesa do Consumidor. Assim, caso uma pessoa</p><p>física compre de outra pessoa física uma casa e esta tenha problemas ocultos, aplica-se a</p><p>regulamentação cível supracitada. Os vícios redibitórios não se confundem com os vícios do</p><p>consentimento, principalmente com o erro e o dolo, pois estes atingem a vontade, já os outros,</p><p>atingem a coisa, bem como as citadas disposições estão em planos distintos, ou seja, as de</p><p>consentimento estão no plano da validade, já os vícios redibitórios estão na e�cácia, conforme</p><p>escada ponteana (TARTUCE, 2020).</p><p>As modalidades de vícios ocultos são: a) o vício redibitório, que pode ser conhecido desde logo; b)</p><p>o vício redibitório, que pode ser conhecido posteriormente (Art. 445, §1º, CC). A distinção de ambas</p><p>as modalidades é a contagem de prazo que é retardada em decorrência da situação fática do objeto</p><p>adquirido. O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode se valer das ações edilícias,</p><p>pleiteando: a) abatimento proporcional no preço (ação quanti minoris ); b) resolução do contrato com</p><p>a devolução das quantias pagas e, havendo má-fé do alienante, que sabia do vício, perdas e danos</p><p>(ação redibitória).</p><p>Extinção dos Contratos (Arts. 472 a 480, CC)</p><p>A extinção de um contrato pode ocorrer nas seguintes situações:</p><p>a) Extinção normal – ocorre com o cumprimento do contrato;</p><p>b) Extinção por fatos anteriores à celebração – I) invalidade contratual: é problema de formação</p><p>do contrato, sendo o contrato nulo, anulável ou ainda inexistente. II) cláusula de arrependimento: é</p><p>a previsão contratual que dá às partes um direito potestativo (direito potestativo é aquele que se</p><p>contrapõe ao estado de sujeição, pois encurrala a outra parte) à extinção do contrato, prevista no</p><p>contrato; III) previsão de cláusula resolutiva expressa: extinção do contrato devido a evento futuro e</p><p>incerto (condição também denominada de implemento);</p><p>c) Extinção por fatos posteriores à celebração – existem duas modalidades básicas: a resolução,</p><p>que é inadimplemento ou descumprimento contratual; e a resilição: que é o exercício de direito</p><p>potestativo (direito potestativo é aquele que se contrapõe ao estado de sujeição, pois encurrala a</p><p>outra parte ), ou seja: distrato ;</p><p>d) Extinção por morte – tal situação não ocorre em qualquer contrato, assim, essa hipótese</p><p>somente tem incidência nos contratos personalíssimos ou intuitu personae, sendo denominada</p><p>cessação contratual.</p><p>Assim, encerra-se o conteúdo dessa parte do Direito, que trata dos elementos formadores dos</p><p>negócios jurídicos e das relações pessoais e contratuais. Seu conteúdo é importante para o</p><p>entendimento de todo o direito privado, que é pautado na forma livre e desimpedida com que a</p><p>vontade obedecerá e guiará as determinações constitucionais e a teoria geral do Direito Civil.</p><p>saiba mais</p><p>Saiba mais</p><p>O Código Civil dispõe espécies de contratos típicos, tais</p><p>como compra e venda (Arts. 481 a 504, CC), doação, (Arts.</p><p>538 a 557), locação de coisas (Arts. 565 a 578), empréstimo</p><p>(Arts 579 a 592), prestação de serviço (Arts. 593 a 609),</p><p>empreitada ( Arts. 610 a 626), depósito (Arts. 627 a 652) e</p><p>mandato (Arts. 653 a 692). Faz-se importante a leitura de</p><p>todos, mas se recomenda especial atenção ao de compra e</p><p>venda e às cláusulas especiais, como a retrovenda. Saiba</p><p>mais sobre esse tema, acessando o link a seguir.</p><p>ACESSAR</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm</p><p>Conhecimento</p><p>Teste seus Conhecimentos</p><p>(Atividade não pontuada)</p><p>Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por �ança prestada por seu pai, José.</p><p>Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura, acerca de suas di�culdades �nanceiras, e declarou que</p><p>temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida pela</p><p>situação da irmã, Laura</p><p>procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido</p><p>por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>a) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face</p><p>de Jacira, inclusive, a garantia �dejussória.</p><p>b) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira.</p><p>c) ) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira,</p><p>mas não quanto à garantia �dejussória.</p><p>d) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira.</p><p>Enfrentando o estudo sobre os desdobramentos das atividades privadas previstos e tutelados pelo</p><p>Direito, tem-se as relações ocorridas entre as pessoas e as coisas, regidas pelo direito das coisas,</p><p>que garante o poder de oposição contra terceiros que tentem abalar essa relação; a relação entre as</p><p>pessoas e seus laços de parentescos tuteladas pelo direito de família; e os desdobramentos jurídicos</p><p>para a sucessão patrimonial, em razão da morte do antigo sujeito de direitos, tutelado pelo direito</p><p>de sucessões.</p><p>Direito das Coisas</p><p>Direito Civil – 3ª ParteDireito Civil – 3ª Parte</p><p>Enquanto os direitos obrigacionais são regidos pela negociação da vontade e nas relações pessoais,</p><p>o direito das coisas opera no liame entre o bem e sua possibilidade de ser tomado o domínio ou a</p><p>posse pela pessoa, vinculando seus atos, via de regra, a formalidades previstas em lei, para</p><p>possibilitar a oposição contra todos.</p><p>Posse (Arts. 1.196 a 1.224, CC)</p><p>O direito de posse é a exteriorização da propriedade. Trata-se de uma situação de fato juridicamente</p><p>relevante. Muito embora o Código Civil não de�na o que seja posse, estabelece a identi�cação do</p><p>possuidor conforme suas características, relacionando-as às prerrogativas do proprietário. O Artigo</p><p>1196, do Código Civil Brasileiro, estabelece que possuidor é aquele que exerce um ou mais poderes</p><p>do proprietário. Pois bem, o Artigo 1228, do Código Civil, elenca os seguintes direitos do</p><p>proprietário: usar, gozar e dispor da coisa, bem como reivindicá-la de quem quer que indevidamente</p><p>a possua ou detenha.</p><p>A detenção não induz posse, ou seja, não gera efeitos jurídicos próprios da posse em favor do</p><p>detentor; trata-se do fâmulo da posse (GONZAGA, 2017).</p><p>Por �m, a posse tem classi�cações, podendo ser: plena (quando o possuidor também é o dono da</p><p>coisa e exerce todos os direitos da propriedade), direta (quando o possuidor está com o corpus da</p><p>coisa), indireta (o proprietário que não está exercendo o corpus da coisa); pode ser justa (quando</p><p>tomada mediante ato jurídico regular, não sendo violenta, clandestina ou precária) ou injusta; pode</p><p>ser de boa-fé ou de má-fé; pode ser velha (acima de ano e dia), ou nova (abaixo de ano e dia).</p><p>Propriedade (Arts. 1.238 a 1.259, CC)</p><p>A propriedade é o principal direito real existente, do qual derivam todos os demais direitos reais.</p><p>Trata-se de um poder que alguém exerce sobre a coisa. Já o direito de propriedade exterioriza a</p><p>proteção conferida ao sujeito em função de seu poder sobre a coisa, correspondendo a um direito</p><p>fundamental protegido pelo Artigo 5º, XXII, CF. Embora o Código Civil não conceitue propriedade ou</p><p>direito de propriedade, estabelece quais são as faculdades, as prerrogativas e os poderes do</p><p>proprietário, em seu Artigo 1228, do CC, de modo a considerar que o proprietário tem o direito de</p><p>usar, gozar e dispor da coisa, bem como de reavê-la de quem quer que indevidamente a possua ou</p><p>detenha.</p><p>Diferentemente dos direitos pessoais, que decorrem de relações obrigacionais, os direitos reais</p><p>estão previstos em lei, não podendo ser criados por meio de contratos. Tratam-se de direitos</p><p>oponíveis erga omnes , ou seja, contra todos, possibilitando, assim, o chamado direito de sequela,</p><p>que corresponde à possibilidade de buscar a coisa de quem quer que a possua ou detenha de forma</p><p>indevida.</p><p>Usucapião (Arts. 1.260 a 1.262, CC)</p><p>Usucapião é forma originária de aquisição de propriedade que tem como principais requisitos a</p><p>posse mansa, pací�ca (incontestada) e contínua (ininterrupta) pelo prazo �xado em lei e o animus</p><p>domini , ou seja, a intenção de ser dono, por quem tenha capacidade aquisitiva. Além desses</p><p>requisitos, comuns a todas as modalidades de usucapião, para cada uma delas, o legislador</p><p>estabelece outras condições a serem preenchidas.</p><p>Para todas as modalidades são pressupostos o ânimo de dono (intenção e modo de agir do</p><p>possuidor sobre a coisa), a posse mansa e pací�ca e o lapso temporal (posse contínua) (TARTUCE,</p><p>2020). São modalidades de usucapião:</p><p>Modalidade Fundamento Prazo Requisitos especiais</p><p>Usucapião</p><p>extraordinária</p><p>Artigo 1238, caput,</p><p>do CC.</p><p>Prazo de posse é</p><p>de 15 anos.</p><p>Independentemente de</p><p>justo título ou boa-fé.</p><p>Usucapião</p><p>extraordinária</p><p>habitacional/pró-</p><p>labore</p><p>Artigo 1238,</p><p>parágrafo único, do</p><p>CC.</p><p>Prazo de posse é</p><p>de 10 anos.</p><p>Possuidor precisa ter</p><p>estabelecido moradia</p><p>habitual ou realizado</p><p>obras ou serviços de</p><p>caráter produtivo.</p><p>Usucapião</p><p>constitucional pró-</p><p>labore</p><p>Artigo 191, da CF, e</p><p>Artigo 1239, do CC.</p><p>Posse pelo prazo</p><p>de cinco anos.</p><p>Área rural não superior a</p><p>50 hectares, tornada</p><p>produtiva pelo trabalho</p><p>do possuidor ou de sua</p><p>família, nela estabelecida</p><p>a moradia, desde que</p><p>não seja proprietário de</p><p>nenhum outro imóvel</p><p>rural ou urbano.</p><p>Usucapião especial</p><p>urbana individual</p><p>Artigo 183, da CF,</p><p>Artigo 1240, do CC e</p><p>Posse pelo prazo</p><p>de cinco anos.</p><p>Caráter habitacional,</p><p>para �ns de moradia do</p><p>Artigo 9º, do</p><p>Estatuto da Cidade</p><p>(Lei nº 10.257/2001).</p><p>possuidor ou de sua</p><p>família, em área urbana</p><p>não superior a 250 m ,</p><p>desde que não seja</p><p>proprietário de nenhum</p><p>outro imóvel rural ou</p><p>urbano. Atenção, pois,</p><p>nessa modalidade, o</p><p>possuidor não será</p><p>contemplado mais de</p><p>uma vez (Art. 9º, § 2º, do</p><p>Estatuto da Cidade e Art.</p><p>1240, § 2º, do CC).</p><p>Usucapião especial</p><p>urbana coletiva</p><p>Artigo 10, do</p><p>Estatuto da Cidade</p><p>(Lei nº 10.257/2001).</p><p>Cinco anos. A propriedade é</p><p>atribuída à população de</p><p>baixa renda que possua</p><p>área urbana superior a</p><p>250 m , para �ns de</p><p>moradia, sem se</p><p>identi�carem os terrenos</p><p>ocupados por cada</p><p>possuidor, desde que</p><p>não sejam os</p><p>possuidores</p><p>2</p><p>2</p><p>proprietários de imóvel</p><p>urbano ou rural,</p><p>aplicando-se as regras</p><p>de condomínio.</p><p>Usucapião familiar:</p><p>cuja pretensão é a</p><p>aquisição da meação</p><p>do ex-cônjuge ou ex-</p><p>companheiro que</p><p>tenha abandonado o</p><p>imóvel.</p><p>Artigo 1240-A, do</p><p>CC.</p><p>O prazo aquisitivo</p><p>dessa modalidade</p><p>é de dois anos.</p><p>Imóvel urbano de até</p><p>250 m comum do casal,</p><p>desde que o utilize para</p><p>sua moradia ou de sua</p><p>família e que não seja</p><p>proprietário de outro</p><p>imóvel urbano ou rural.</p><p>Usucapião ordinária Artigo 1242, caput ,</p><p>do CC.</p><p>Prazo de posse é</p><p>de 10 anos.</p><p>Desde que haja justo</p><p>título e boa-fé. Entende-</p><p>se, aqui, por justo título,</p><p>todo documento hábil a</p><p>transferir direitos e</p><p>deveres.</p><p>Usucapião ordinária</p><p>habitacional/pró-</p><p>labore</p><p>Artigo 1242,</p><p>parágrafo único, do</p><p>CC.</p><p>Prazo é de cinco</p><p>anos.</p><p>Se o registro de</p><p>aquisição onerosa tiver</p><p>sido cancelado e o</p><p>possuidor houver</p><p>2</p><p>Quadro 1.5 - Usucapião e suas modalidades</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>#PraCegoVer : o quadro traz as modalidades, fundamentos, prazos e requisitos para concessão</p><p>da usucapião. Na primeira linha, traz a usucapião extraordinária, com fundamento no Artigo</p><p>estabelecido no imóvel a</p><p>sua moradia ou realizado</p><p>investimentos de</p><p>interesse social e</p><p>econômico.</p><p>Artigo 1071, do CPC,</p><p>inseriu o Artigo 216-</p><p>A à Lei de Registros</p><p>Públicos (Lei nº</p><p>6015/73),</p><p>permitindo o</p><p>reconhecimento</p><p>extrajudicial de</p><p>usucapião</p><p>diretamente em</p><p>cartório de registro</p><p>de imóveis.</p><p>Citação dos con�nantes,</p><p>conforme o Artigo 246,</p><p>NCPC, e ampla</p><p>publicação de editais,</p><p>conforme o Artigo 259,</p><p>NCPC, além de</p><p>participação do</p><p>Ministério Público, nos</p><p>termos do Artigo 178, III,</p><p>NCPC.</p><p>1238, caput, Código Civil, cujo</p><p>prazo de posse é de 15 anos, independentemente de justo título</p><p>ou boa-fé. Na segunda linha, traz a usucapião extraordinária habitacional ou pró-labore, que</p><p>possui fundamento no Artigo 1238, parágrafo único, do Código Civil, cujo prazo de posse é de</p><p>10 anos. O possuidor precisa ter estabelecido moradia habitual ou realizado obras ou serviços</p><p>de caráter produtivo. Na terceira linha, trata da usucapião constitucional pró-labore, que possui</p><p>fundamento no Artigo 191, da CF, e Artigo 1239, do Código Civil. Necessita de posse pelo prazo</p><p>de cinco anos e é cabível para área rural não superior a 50 hectares, tornada produtiva pelo</p><p>trabalho do possuidor ou de sua família, nela estabelecida a moradia, desde que não seja</p><p>proprietário de nenhum outro imóvel rural ou urbano. Na quarta linha, traz a usucapião</p><p>especial urbana individual, que possui fundamento no Artigo 183, da CF, Artigo 1240, da CC e</p><p>Artigo 9º, do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Precisa de prazo na posse pelo prazo de</p><p>cinco anos, com caráter habitacional, para �ns de moradia do possuidor ou de sua família em</p><p>área urbana não superior a 250 m2, desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel</p><p>rural ou urbano. Atenção, pois, nessa modalidade, o possuidor não será contemplado mais de</p><p>uma vez (Artigo 9º, § 2º, do Estatuto da Cidade e Artigo 1240, § 2º, do CC). Na quinta linha, trata</p><p>da usucapião especial urbana coletiva, que tem fundamento no Artigo 10 do Estatuto da Cidade</p><p>(Lei nº 10.257/2001), possui prazo de posse mansa de 5 anos e a propriedade é atribuída à</p><p>população de baixa renda que possua área urbana superior a 250 m2 para �ns de moradia,</p><p>sem se identi�carem os terrenos ocupados por cada possuidor, desde que não sejam, os</p><p>possuidores, proprietários de imóvel urbano ou rural, aplicando-se as regras de condomínio; Na</p><p>sexta linha, expõe a usucapião familiar, cuja pretensão é a aquisição da meação do ex-cônjuge</p><p>ou ex-companheiro que tenha abandonado o imóvel. Tem fundamento no Artigo 1240-A, do CC,</p><p>e o prazo aquisitivo dessa modalidade é de dois anos. É destinada para imóvel urbano de até</p><p>250 m2 comum do casal, desde que o utilize para sua moradia ou de sua família e que não seja</p><p>proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Na sétima linha, fala da usucapião ordinária, cujo</p><p>fundamento é o Artigo 1242, caput, do CC, cujo prazo de posse é de 10 anos, desde que haja</p><p>justo título e boa-fé. Entende-se, aqui, por justo título, todo documento hábil a transferir</p><p>direitos e deveres. Na oitava linha, a usucapião ordinária habitacional/pró-labore, com</p><p>fundamento legal no Artigo 1242, parágrafo, do CC, necessita de prazo de cinco anos; se o seu</p><p>registro de aquisição onerosa tiver sido cancelado e o possuidor houver estabelecido no imóvel</p><p>a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Na nona linha, a</p><p>usucapião administrativa, com fundamento no Artigo 1071, do CPC, que inseriu o Artigo 216-A à</p><p>Lei de Registros Públicos (Lei nº 6015/73), permitindo o reconhecimento extrajudicial de</p><p>usucapião diretamente em cartório de registro de imóveis. Necessita da citação dos</p><p>con�nantes, conforme o Artigo 246, do NCPC, e ampla publicação de editais, conforme o Artigo</p><p>259, do NCPC, além de participação do Ministério Público, nos termos do Artigo 178, III, do</p><p>NCPC.</p><p>Apontamentos sobre Direito de Família</p><p>(Arts. 1.511 a 1.783-A)</p><p>A Constituição Federal tratou expressamente do casamento civil, da união estável e da família</p><p>monoparental (entidade familiar formada por um dos genitores e seus ascendentes), mas,</p><p>recentemente, a jurisprudência brasileira vem reconhecendo situações familiares que não estão</p><p>expressamente previstas na lei, mas que ocorrem e são reconhecidas de fato pela nossa sociedade.</p><p>Como foi o caso do reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, por meio de</p><p>decisão do STF, na ADI 4277 e ADPF 132, julgadas em maio de 2011. Atualmente, podemos elencar,</p><p>entre muitos, alguns princípios que são elementares para o direito de família: a) igualdade entre</p><p>�lhos e entre homem e mulher; b) respeito à dignidade humana; c) afeição; d) liberdade na</p><p>constituição familiar; e) solidariedade familiar.</p><p>A relação de parentesco se estabelece por parentesco natural (consanguíneo) ou civil (a�nidade,</p><p>adoção e reprodução humana assistida). O parentesco natural pode ser estipulado por duas linhas,</p><p>a linha reta e a linha colateral. A linha reta determina os parentes que são ascendentes e</p><p>descendentes uns dos outros (exemplos: pais e �lhos; avós e netos). A linha reta é in�nita, ou seja,</p><p>não tem limites, já a linha colateral é limitada até o quarto grau e estabelece a relação de parentesco</p><p>de pessoas que possuem um ascendente em comum e que, portanto, não são nem ascendentes</p><p>nem descendentes umas das outras. São parentes na linha colateral: os irmãos (2º grau), tios (3º</p><p>grau), sobrinhos (3º grau), tios-avós (4º grau), sobrinhos-netos (4º grau) e primos (4º grau) (LISBOA,</p><p>2008).</p><p>O parentesco por a�nidade é aquele que se estabelece entre um cônjuge ou companheiro com os</p><p>parentes do outro cônjuge ou companheiro. A a�nidade também se divide em linha reta e linha</p><p>colateral e é determinada por lei, não se trata de um parentesco natural, e sim um parentesco civil</p><p>(legal). O parentesco por a�nidade ocorre apenas no casamento e na união estável e une, por</p><p>exemplo, um cônjuge com os parentes em linha reta (todos os ascendentes e descendentes) e</p><p>colateral (até o segundo grau, ou seja, irmão) do outro cônjuge.</p><p>Salienta-se que a linha reta de parentesco por a�nidade é indissolúvel e gera impedimento</p><p>matrimonial, por outro lado, a linha colateral de parentesco por a�nidade é dissolvida com o</p><p>término do casamento ou união estável e não produz impedimento matrimonial, ou seja, se eu</p><p>dissolver meu casamento, não posso me casar com meu ex-sogro, mas poderei me casar com meu</p><p>ex-cunhado. Portanto, se eu me divorciar do meu marido, os parentes naturais dele, em linha reta</p><p>(ascendentes e descendentes), continuarão como meus parentes por a�nidade e os parentes</p><p>naturais colaterais de segundo grau, ou seja, meus(minhas) cunhados(as) não serão mais</p><p>considerados como meus parentes após a dissolução da entidade familiar.</p><p>Os principais efeitos do parentesco são: a obrigação alimentar , os impedimentos matrimoniais e</p><p>o direito das sucessões .</p><p>saiba mais</p><p>Saiba mais</p><p>É importante conhecer as obrigações decorrentes dos laços</p><p>familiares, como os alimentos, por exemplo. Ainda que</p><p>cesse a menoridade, os familiares mantêm-se como</p><p>responsáveis para, caso venha a faltar, suplementar os</p><p>alimentos em razão do princípio da solidariedade familiar</p><p>(Art. 1.694 a 1711). Saiba mais sobre esse assunto</p><p>acessando o artigo disponível no link a seguir.</p><p>ACESSAR</p><p>Neste tópico, foram abordados os principais pontos dos direitos reais cobrados no exame da Ordem</p><p>dos Advogados. É importante o conhecimento e a diferenciação das relações reais para as relações</p><p>pessoais, conhecendo os conceitos de posse e propriedade.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm</p><p>Casamento (Art. 1.511, CC)</p><p>Aparentemente, restaria um impasse diante da singeleza da Lei 13.811/2019, que se restringiu a</p><p>alterar o artigo 1.520 do Código Civil e proibir o casamento de menores de 16 anos, nada referindo,</p><p>por exemplo, acerca dos re�exos jurídicos dos artigos 1.517, 1.518, 1.519, 1.525, II, 1.537, 1.550, I e II,</p><p>1.551, 1.552, 1.553, 1.555, 1.560, § 1º, e 1.641, III do Código Civil, que incontestavelmente se</p><p>encontram tacitamente derrogados diante do atual artigo 1.520 (Lei 13.811/2019), e do artigo 1.548,</p><p>II, este também do Código Civil, que a�rma ser nulo o casamento contraído por infringência de</p><p>impedimento e impõe a decretação de nulidade, que inclusive é imprescritível, e pode ser</p><p>promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público (CC, art.</p><p>1.549).</p><p>Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou a questão da incapacidade</p><p>das pessoas com de�ciência,</p><p>determinando que elas têm capacidade relativa, e reconhece o direito</p><p>da pessoa com de�ciência ao casamento ou à formação de qualquer outra forma de entidade</p><p>familiar (Art. 6º, Lei nº 13.146, de 2015).</p><p>Dissolução da Sociedade e do Vínculo Conjugal</p><p>(Arts. 1.571 a 1.582, CC)</p><p>A dissolução do vínculo conjugal poderá acontecer por morte ou sentença judicial. A sentença</p><p>judicial que possibilita a dissolução do casamento pode se dar por invalidade (nulidade e anulação</p><p>de casamento) ou por divórcio (judicial ou extrajudicial). Importante ressaltar que a Emenda</p><p>Constitucional 66, de 2010, retirou os prazos para o divórcio. Portanto, o único requisito para o</p><p>divórcio, atualmente, é a vontade de uma ou de ambas as partes.</p><p>A invalidade do casamento deve ser decretada por sentença judicial de nulidade ou anulação de</p><p>casamento. Os casos de nulidade são casos graves e que estão relacionados aos impedimentos</p><p>matrimoniais (Art. 1548, CC). A nulidade de casamento é imprescritível, portanto, não há prazo para</p><p>que seja declarada a nulidade de casamento por decisão judicial. Importante ressaltar que o</p><p>Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou o Artigo 1548, do CC, retirando, do rol de causas para a</p><p>nulidade, o casamento do enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil,</p><p>portanto, a incapacidade não é mais uma causa de nulidade de casamento. Já os casos de anulação</p><p>de casamento, diferentemente da nulidade, têm prazo de acordo com o Artigo 1560, do CC (prazo de</p><p>180 dias a quatro anos, dependendo da causa).</p><p>Assim, a lei determina os casos de anulação e o prazo a ser utilizado para que o casamento perca</p><p>sua e�cácia jurídica por meio de sentença. Portanto, mesmo acontecendo a causa prevista para</p><p>anulação, se o prazo já se �ndou, não poderá mais o juiz invalidar tal casamento. Nesses casos, o</p><p>casamento é convalidado pelo tempo. As causas de anulação de casamento são as seguintes: a)</p><p>quem não completou a idade mínima para o casamento (capacidade matrimonial); b) quem não</p><p>obteve a autorização para o casamento; c) erro essencial sobre a pessoa do cônjuge</p><p>(desconhecimento sobre uma circunstância anterior ao casamento, em relação ao seu marido ou</p><p>mulher); d) vício de consentimento (falha na declaração de vontade de casar); e) revogação de</p><p>procuração para celebração de casamento; f) incompetência da autoridade celebrante. Importante</p><p>ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou o Artigo 1557, do CC, retirando do rol de</p><p>causas para a anulação de casamento por erro essencial a pessoa cônjuge com doença mental</p><p>grave.</p><p>Regime de Bens</p><p>O direito brasileiro permite a escolha do regime de bens que será observado na constância do</p><p>casamento. Contudo, existem situações em que a lei impõe que o regime seja o da separação</p><p>obrigatória de bens. Esses casos estão previstos no Artigo 1641, do CC. Dentre as causas previstas,</p><p>está o casamento daquele com mais de 70 anos de idade, daquele que se casa com uma causa</p><p>suspensiva (Art. 1523, CC).</p><p>saiba mais</p><p>Saiba mais</p><p>Os bens de família estão dispostos entre os Artigos 1711 a</p><p>1722, do Código Civil. Mediante escritura pública, os</p><p>familiares podem marcar até um terço do patrimônio como</p><p>bens de família, impondo, assim, a impenhorabilidade deles.</p><p>Pode o doador marcar em testamento, como bem de</p><p>família, o seu legado. Para saber mais sobre o assunto,</p><p>acesse o artigo disponível no link a seguir.</p><p>ACESSAR</p><p>Outra questão relevante é quanto à possibilidade de alteração do regime de bens. Permite-se, no</p><p>Brasil, que as partes alterem o regime de bens do casamento, após sua celebração, mediante</p><p>autorização judicial, com pedido motivado formulado por ambos os cônjuges. Ou seja, não basta a</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm</p><p>vontade de alterar o regime, é necessário pedir em juízo e desde que seja a vontade de ambos os</p><p>cônjuges (Art. 1639, § 2º, CC).</p><p>Modalidade Fundamento</p><p>Necessidade de</p><p>pacto antenupcial</p><p>Comunicação de bens</p><p>entre os cônjuges</p><p>Comunhão parcial</p><p>de bens: é a</p><p>modalidade padrão</p><p>de regime de bens,</p><p>aplicada também às</p><p>uniões estáveis,</p><p>salvo disposição em</p><p>contrário (Art.</p><p>1.726, CC).</p><p>Artigos 1.658 a</p><p>1.666, do CC.</p><p>Não. Comunicam:</p><p>I - os bens adquiridos na</p><p>constância do casamento</p><p>por título oneroso, ainda</p><p>que só em nome de um</p><p>dos cônjuges;</p><p>II - os bens adquiridos por</p><p>fato eventual, com ou sem</p><p>o concurso de trabalho ou</p><p>despesa anterior;</p><p>III - os bens adquiridos por</p><p>doação, herança ou</p><p>legado, em favor de</p><p>ambos os cônjuges;</p><p>IV - as benfeitorias em</p><p>bens particulares de cada</p><p>cônjuge;</p><p>V - os frutos dos bens</p><p>comuns, ou dos</p><p>particulares de cada</p><p>cônjuge, percebidos na</p><p>constância do casamento,</p><p>ou pendentes ao tempo</p><p>de cessar a comunhão.</p><p>Não comunicam os</p><p>anteriores ao casamento.</p><p>Comunhão</p><p>universal de bens</p><p>Artigos 1.667 a</p><p>1.671, do CC.</p><p>Sim. Todos os bens, anteriores</p><p>ou posteriores ao</p><p>casamento, exceto:</p><p>I - os bens doados ou</p><p>herdados com a cláusula</p><p>de incomunicabilidade e</p><p>os sub-rogados em seu</p><p>lugar;</p><p>II - os bens gravados de</p><p>�deicomisso e o direito do</p><p>herdeiro �deicomissário,</p><p>antes de realizada a</p><p>condição suspensiva;</p><p>III - as dívidas anteriores</p><p>ao casamento, salvo se</p><p>provierem de despesas</p><p>com seus aprestos, ou</p><p>reverterem em proveito</p><p>comum;</p><p>IV - as doações</p><p>antenupciais feitas por um</p><p>dos cônjuges ao outro</p><p>com a cláusula de</p><p>incomunicabilidade</p><p>V - os bens referidos nos</p><p>incisos V a VII do Artigo</p><p>1.659.</p><p>Separação total</p><p>convencional:</p><p>qualquer pessoa</p><p>hábil para casar</p><p>pode escolher esse</p><p>regime.</p><p>Artigos 1.687 e</p><p>1.688, do CC.</p><p>Sim. Não comunica nenhum</p><p>bem, anterior ou posterior</p><p>ao casamento. Não</p><p>impede que as partes</p><p>sejam condôminas do</p><p>bem, conforme aferido no</p><p>registro ou contrato sobre</p><p>a aquisição do mesmo,</p><p>podendo estipular a</p><p>fração ideal de cada um.</p><p>Separação total</p><p>obrigatória:</p><p>maiores de 70 anos,</p><p>menores de idade,</p><p>incapazes e demais</p><p>causas que</p><p>precisem de</p><p>suprimento judicial</p><p>para casamento.</p><p>Artigos 1.641, 1.687</p><p>e 1.688, do CC.</p><p>Sim. Igual anterior.</p><p>Participação �nal</p><p>nos aquestos</p><p>Artigos 1.672 a</p><p>1.686, do CC</p><p>Sim. Durante o casamento,</p><p>cada cônjuge tem sua</p><p>massa patrimonial (como</p><p>se fosse uma separação</p><p>universal). Ao �m do</p><p>casamento, daquilo que o</p><p>patrimônio foi</p><p>aumentado, realiza-se</p><p>partilha, excetuando-se os</p><p>bens anteriores ou</p><p>aqueles que os</p><p>sucederam, aqueles que</p><p>Quadro 1.6 - Regime de bens do casamento</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>#PraCegoVer : na primeira linha, trata da Comunhão parcial de bens: é a modalidade padrão</p><p>de regime de bens, aplicada também às uniões estáveis, salvo disposição em contrário (Art.</p><p>1.726, CC), tem fundamento nos Artigos 1.658 a 1.666, do Código Civil. Não comunicam I - os</p><p>bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um</p><p>dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou</p><p>despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os</p><p>cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens</p><p>comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou</p><p>pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Não comunicam os anteriores ao casamento. Na</p><p>segunda linha, traz o regime Comunhão universal de bens, fundamentado nos Artigos 1.667 a</p><p>1.671, do Código Civil. Comunicam todos os bens, anteriores ou posteriores ao casamento,</p><p>exceto: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados</p><p>em seu lugar; II - os bens gravados de �deicomisso e o direito do herdeiro �deicomissário, antes</p><p>de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem</p><p>de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações</p><p>antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade V - os</p><p>bens referidos nos incisos V a VII do Artigo 1.659. A terceira linha traz a Separação total</p><p>convencional, sendo</p>