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UFRGS - ENG05102 - Geologia de Engenharia II Relatório de Saída de Campo 1/12/2012 Rodrigo Escolante Pereira, (195492) e Guilherme Flesch Cervantes (173946) Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 1 Introdução Neste trabalho apresentamos os principais tipos de contenções utilizados atualmente, bem como o uso da estaca raiz e os processos de criação de um túnel vistos na saída de campo na Rota do Sol. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 2 A Saída à Rota do Sol No dia 01/12/2012, foi realizado a saída de campo para a Rota do Sol. Neste dia o tempo se apresentava instável, com algumas pancadas de chuva dificultando algumas observações como primeira parada, assim com o registro de fotos. Abaixo separamos o que foi vista em etapas de acordo com as fotografias que tiramos. I. O Solo O Solo encontrado no início da Rota do Sol é do tipo residual do basalto mais ácido ou básico. Essa diferença causa uma variação de relevo acentuada em algumas partes e gera o solo. Como podemos ver a baixo, o basalto que se encontra mais ao topo dos morros tem uma resistência maior ao intemperismo comparada ao basalto básico. Percebe-se claramente que o basalto básico por ser menos resistente forma encostas muito mais suaves e com solos residuais mais profundos. Porém esse solo não tem muita resistência e pode ceder se a carga aplicada aumentar ou o contato entre a rocha sã e o solo for lubrificado. Os dois casos podem ocorrer quando chove, já que a água aumenta o peso do solo e diminui o atrito solo residual-rocha sã. Muitas vezes esse o solo está tão instável que pode sofrer uma movimentação parecida com um “engatinhamento”. Esse movimento é de alguns cm por ano e é conhecido como colúvio. Algumas vezes pode ser muito mais rápido e forma os deslizamentos. Basalto Ácido Basalto Básico Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 3 II. O Colúvio Após alguns minutos percorrendo a Rota do Sol, encontramos um típico colúvio que está abaixo. Olhando para a figura notamos que alguns matacões estão aflorando, isso mostra como os horizontes estão misturados devido ao “engatinhamento” do solo. Olhando ao lado do colúvio, notamos estrias na terra que demostram o seu movimento. Essas estrias não apareceriam se não houvesse esse tipo de solo nessa encosta. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 4 Para evitar que essa encosta permanecesse seu movimento natural e destruísse a rodovia necessitou-se uma intervenção. Qualquer intervenção feita em um terreno natural – seja algo superficial, como a retirada da vegetação, seja algo profundo, como um corte ou um aterro – precisa vir acompanhada da devida estabilização do solo e de uma drenagem. Independente do tipo de obra sempre precisamos considerar a resistência do solo, o desnível e a geologia do ambiente. Outros aspectos que envolvem custos também devem ser observados: o espaço disponível (tanto para o depósito de materiais quanto para a própria contenção), as condições de acesso e os materiais oferecidos na região. Embora essas intervenções tenham sido executadas, o colúvio continua a distorcer a rodovia e inclinar os postes, por isso que se colocou um sistema de drenos feito abaixo da estrada para retirar a água do solo. O colúvio sempre se movimenta na direção do plano de menor coeficiente de segurança do solo e quando esse plano se rompe ocorre um deslizamento. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 5 III. Contenções As contenções, nada mais são do que reforços estruturais aplicados em encostas ou aterros, visando aumentar o coeficiente de segurança do local e conter ou prevenir a ação geológica natural ou devido a ação do homem. Durante nossa saída de campo pela Rota do Sol, pudemos averiguar diferentes contenções, bem como soluções alternativas a esses. Os fatores decisivos na escolha, como mencionado, são o tipo, a forma, as solicitações do terreno e o custo. Gabião São estruturas armadas, flexíveis, drenantes de grande durabilidade e resistência, constituídos de telas de fio com galvanização dupla ou com revestimento adicional de PVC, em diversos formatos de acordo com o uso, com preenchimento de seixos rolados ou britas. Geralmente são classificados no tipo caixa, saco ou colchão. Pode apresentar um sistema de drenos (canos) junto, de modo a direcionar a água do colúvio para um rio ou lago. O gabião permite uma deformação própria. Atrás dele é posto uma manta chamada bidim que evita que a lama atravesse e danifique o gabião. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 6 Sistemas de dreno Durante nossa saída de campo esse foi o sistema de contenção mais encontrado. Consiste num sistema de contenção ativo, que funciona drenando a água do solo. Com a intenção de aumentar o atrito entre a rocha sã e o solo degradado, bem como evitar a erosão e o aumento da velocidade de rastejamento de colúvios. Na foto a baixo temos um exemplo de um sistema que contem canos profundos de até 25 metros para dentro do morro com a finalidade de drenar a água. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 7 Tirantes Tirante é um elemento que suporta, à tração, todas as cargas de empuxo do solo e das sobrecargas a serem contidas e descarregadas nele pela estrutura, transformando um sistema de contenção passivo, os muros de gravidade, em sistemas de contenção ativo. O tirante é colocado obliquamente, em perfurações, e seu comprimento e armação dependem das características gerais do maciço da terra a ser contido. Durante a sua perfuração são preenchidos por uma nata de cimento que após algum tempo após sua solidificação é aplicada uma força tensora no conjunto para verificar a eficiência do tirante. Em nossas paradas, pudemos verificar o uso de tirantes em telas, assim como o uso em conjunto com gabiões. Nesse último, foram colocados muros (contrafortes) engastados no solo com tirantes, uma vez que os gabiões não tinham como ser fixados. Se isso, não fosse feito o gabião cederia diante da primeira deformação. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 8 Tela galvanizada Apesar de oficialmente não ser uma contenção, executa muita bem o trabalho de um sistema de prevenção, com custo relativamente baixo. Representa uma tela com um sistema de aros arranjados, onde cada aro é capaz de resistir 100 toneladas. A tela é apoiada em uma rótula para permitir a deformação. A que vimos na saída, tinha a função de prevenir a deposição de materiais na estrada que poderiam ser provenientes do rastejo do colúvio. Os estudos mostraram um elevado custo para Anéis responsáveis por suportar a carga de futuros deslizamento. Cada anel é capaz de suportar até 100t. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 9 contê-lo e uma alta periculosidade para os operários. Apesar de todo o cuidado envolta deste colúvio, alguns matações se desprenderam e rolaram morro abaixo como em detalhe na foto abaixo. Recente deslisamento e colúvio Rocha que se desprendeu do colúvio e rolou até a estrada Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 10 IV. Fundação O único tipo de fundação observada em nossas paradas na Rota do Sol foi a estaca raiz. Estaca raiz é uma estaca injetada de até 20 metros, concretada "in-loco". É considerada de pequeno diâmetro, elevada capacidade de carga, baseada essencialmente na resistência por atrito lateral do terreno. Indicada para grande variedade de situações como locais de difícil acesso, reforço de fundações existentes, e atualmente para fundações de novas pontes e viadutos, perfuração de solos com matacões e rochas, etc. Uma característica interessante, foi o fato das estacas observadasserem protegidas por camisas de aço para proteger dos seixos rolados do local. O projeto original era construir um tubulão (fundação profunda com a base alargada), porém a necessidade de explosivos e marteletes tornaria a obra muito cara e perigosa. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 11 V. O túnel A entrada do túnel foi a última parada que fizemos. O túnel como qualquer obra de engenharia civil demanda estudo e planejamento. O estudo aqui envolvido, diz respeito à qualidade do maciço rochoso, que influi no tratamento a ser dado durante a escavação, à presença ou não de água. Antes da escavação foi preciso intervir no maciço para contê-lo e evitar o deslizamento de rochas. Para isso, a face da encosta foi granpeada com tirantes e com o uso de concreto projetado. Porém, como o cimento é relativamente impermeável, a água acumulada pode causar erosão do concreto. A degradação deste pela água pode causar desde manchas brancas na parede do túnel até danos em sua estrutura. A solução foi colocar drenos em toda a encosta contida . A escavação do túnel foi realizada em duas partes . A primeira foi um túnel menor com espessura de 3m, para ter certeza do tipo de maciço e sua distribuição cada metro. Após isso, de posse dessa informação foi projetado o tipo e escala da contenção para o túnel maior. A contenção tipica nesse caso, são 300 mm de concreto projetado e o uso de tirantes . No túnel acima há um recúo normal, mas o fato de ser acima de 5mm pode ser problemático . Essa medida é efetuada fazendo um triângulo entre as duas bases na pista e o topo do túnel. Departamento de Engenharia de Minas - UFRGS Página 12 Conclusão: Através da inspeção visual dos sistemas de contenção da rodovia da Rota do Sol e dos problemas enfrentados , percebemos a importância de um contenção bem projetada . Vimos também, os problemas que solos residuais podem acarretar, bem como o custo envolvido para sua contenção ou prevenção. O uso de fundações do tipo estaca raiz, e sua vantagem, bem como é feito o processo de execução de um túnel foram fatos bastante observados.
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