Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNINOVE - Universidade Nove de Julho Disciplina: Direito Administrativo II; Docente: Cleber V. T. Vianna; Discentes: 5º Semestre do Curso de Direito da Universidade Nove de Julho - UNINOVE. Carga Horária: 80 h/a. Bens Públicos I – Introdução à Disciplina: A presente disciplina se presta a enriquecer o referencial de cultura e formação geral do aluno de ciências jurídicas, sociais e políticas, estimulando a leitura diferenciada dos textos técnicos, permitindo uma produção consistente de conceitos teóricos que promovam a potencialização de habilidades, o que permite compreender as bases filosóficas e históricas do direito administrativo hoje existente. Dinamiza o aprendizado na experiência transdisciplinar, consolidando o valor agregado na formação do aluno e associando os conceitos específicos do curso aos fundamentos culturais e ideológicos da produção normativo-jurídico, visa adequá-lo aos direitos e deveres que permeiam a administração pública com ênfase na aplicabilidade das normas a sociedade e suas conseqüências. “Se decoro, esqueço; Se vejo, lembro-me; Se faço, aprendo.” Provérbio Chinês. II – Direito Administrativo “Lato Sensu”: Dentre as inúmeras classificações de Direito Administrativo percebidas na doutrina, adotamos como sendo uma das mais ajustadas e aceitas a da Dra. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a qual passo a declinar: “Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”. O modelo brasileiro de direito administrativo apóia-se no “europeu-continental”, que tem sua origem no direito francês e que é adotado pela Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, dentre 1 UNINOVE - Universidade Nove de Julho outros da Europa, também chamado de direito administrativo descritivo e que se opõe ao modelo “anglo-americano”, uma vez que tem por objetivo a descrição e delimitação dos órgãos e dos serviços públicos, sendo derrogatório do direito privado, tem como fonte principal o direito legislado (statute law), já o segundo baseia-se na atuação administrativa sem derrogação do direito privado, integrando a Ciência da Administração, tem como principal fonte o precedente judiciário, ou seja, o direito comum criado por decisões judiciárias (common law), adotado pelos Estados Unidos da América e Inglaterra. Neste sistema o juiz tem um papel muito importante, pois para decidir utiliza-se da equidade, costumes e não está adstrito à aplicação da norma preexistente ao caso concreto. Passando sua decisão a integrar o sistema da “common law”, tais critérios tem suas raízes assentadas na revolução dos séculos XVII e XVIII que declinou maior confiança no poder judiciário e legislativo, para coibir abusos do executivo. Nestes países, o poder judiciário exerce sobre a administração pública o mesmo controle que exerce sobre os particulares (entra no mérito do ato praticado). III – Formação Histórica: O Direito Administrativo adquire maior importância no cenário jurídico na mesma proporção em que a sociedade civil e as instituições que a representam optam por controle mais efetivo e eficaz da atividade administrativa. O Direito Administrativo como ciência, nasce no final do século XVIII pós Revolução Francesa (5 de maio de 1789), com a consolidação do Estado de Direito, pois até então, vigorou o antigo regime (Absolutista) e todas as funções de Estado concentrava-se nas mãos do monarca que não poderia ser submetido a nenhum tribunal, assim, configurando a teoria da irresponsabilidade do Estado. Na seqüência cito os filósofos contratualistas que tiveram profunda influência neste período: - Thomas Hobbes – 1588 a 1679, no século XVII, escreve sua obra mais famosa “Leviatã”, publicado em 1651, onde explana sua tese de que os homens em face de sua natureza (O homem lobo do homem), precisam de um governo forte para existirem enquanto sociedade. No estado de natureza (liberalismo) todos podem tudo e impera a violência e a incerteza, já que as coisas são escassas e existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). E para acabar com o conflito, interesse geral, formam o pacto social. O Estado absoluto é o único capaz de coibir a natureza humana. 2 UNINOVE - Universidade Nove de Julho - John Locke – 1632 a 1704, principal representante do empirismo – direito natural (ideólogo do liberalismo). Rejeitava a doutrina das idéias inatas e afirmava que estas tinham origem na percepção dos sentidos. Escreveu “O Ensaio acerca do entendimento humano”, publicado em 1690, onde desenvolve uma teoria sobre a origem e a natureza de nossos conhecimentos. Suas idéias influenciaram a queda do absolutismo na Inglaterra. Locke afirmava que “todos os homens, ao nascer, possuem direitos naturais: direito à vida, à liberdade e à propriedade.” E sendo assim, sustentava que para garantir esses direitos, criaram-se os governos. Sendo assim, se esses governos, não respeitassem os direitos naturais, o povo teria o direito de se rebelar contra eles. O Estado é apenas o guardião das funções administrativas. - Charles-Louis de Secondat - Barão de Montesquieu – 1689 a 1755, em seu livro – “O ESPIRITO DAS LEIS – (L'Esprit des lois)”, publicado em 1748, marca época e traz diretrizes ao direito administrativo e limites do poder do Estado. Cria a tese da tripartição dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), onde realça o mecanismo dos freios e contrapesos, onde poderes autônomos se policiam e neutralizam-se, buscando coibir abusos e desvios de conduta da administração. - Jean Jacques Rousseau – 1712 a 1778 e sua obra “O Contrato Social”, publicado em 1762, contribui para a estruturação do Estado de Direito e o princípio da legalidade presente na Revolução Francesa e Americana. O cidadão abre mão de certos direitos individuais para manter a ordem social. Conforme podemos observar na evolução histórica do Direito Administrativo, sua importância e aplicação vêm na esteira da democracia e do Estado de direito onde os atos são subordinados à lei, pois em Estados totalitários onde os atos administrativos são meras exteriorizações do poder do governante, suas vontades, não há que se falar nos princípios que norteiam este ramo do direito. Ressaltamos que o Direito Administrativo evoluiu como ramo autônomo do direito graças ao desenvolvimento da sociedade como já foi ressaltado e por possuir os critérios essências de uma ciência que são: método próprio, objeto de estudo próprio e linguagem específica. III – Bens Públicos: É o conjunto de bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público (União, Estados-Membros, Município, Distrito Federal, Autarquias e Fundações), assim como os que estejam destinados à prestação de serviços públicos, equiparando-se a este o conjunto de bens formadores do patrimônio das pessoas 3 UNINOVE - Universidade Nove de Julho jurídicas de direito privado (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) criadas pelas entidades estatais, quando prestadoras de serviços públicos. Obs: A presente definição não é pacífica na doutrina, porém é a corrente majoritária. Para os que assim discordam, excluem da categoria os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista), por somente reconhecer a aplicação do conceito aos bens sujeitos exclusivamente ao regime do direito público. Tal corrente não explica a situação jurídica do patrimônio das Empresas Públicas, das Sociedades de EconomiaMista e das Concessionárias de serviços públicos, pois são equiparados a bens públicos e sujeitos as mesmas regras especiais, subordinados aos gravames (inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade), por derradeiro, a administração destas pessoas jurídicas devem observar os parâmetros do art. 37 “caput” e seus incisos da Constituição Federal e se subordinar ao controle do legislativo (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa e Câmaras Municipais), bem como ao Tribunal de Contas. Inobstante o controle jurisdicional (Ação Popular e Ação Civil Pública). Corrente defendido pelo Prof. Hely Lopes Meirelles. III.1 - Princípios Informadores: Temos como princípios informadores dos bens jurídicos os constantes no art. 37 “caput” da CF, e em destaque o da legalidade, pois somente a lei pode dar definição pública a um bem, seja por sua essência ou utilidade. Ex: Um Rio, uma praça ou um automóvel. III.2 – Conceito de Bens do Domínio Público: Conjunto das coisas móveis e imóveis de que é detentora a Administração, afetados quer a seu próprio uso, quer ao uso direto ou indireto da coletividade, submetidos a regime jurídico de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum. III.3 – Classificação: Classificam-se em três categorias segundo o art. 99 do Código Civil de 2002: III.3.1 – Os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças, (são de todos indistintamente); 4 UNINOVE - Universidade Nove de Julho III.3.2 – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias, (prestam-se à execução de serviços públicos, destinados à fruição exclusiva do Poder Público, assim como repartições públicas ou à fruição geral como museus, universidades, parques, etc.); III.3.3 – os dominicais, que consistem no patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades, (constituem o patrimônio disponível, exercendo o Poder Público os poderes de proprietário como se particular fosse; não possuem destinação específica, seja porque o uso não é indistintamente permitido seja por que o Poder Público não necessita da sua fruição. Por lei é permitida a formação de patrimônio dessa natureza (excepcionalmente). Obs: O critério desta classificação é o da AFETAÇÃO ou DESTINAÇÃO dos bens. Chamo atenção para o parágrafo único do art. 99 do CC que define um outro critério para a classificação dos bens, sendo que se o referido pertencer a uma pessoa jurídica de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado, este será dominical, independente de sua destinação, a menos que a lei defina em sentido contrário. A lei instituidora pode definir a categoria dos bens, consoante a sua destinação. III.4 – Regime Jurídico: Os bens públicos como já dito, estão sujeitos a regime jurídico diferenciado dos privados e tal circunstância se faz mister frente há princípios do direito administrativos como os da indisponibilidade e da supremacia do interesse público. Em razão do já aludido e, considerando a destinação (afetação) a fins públicos, os bens de uso comum do povo e os de uso especial estão fora do comércio jurídico de direito privado, enquanto mantiver está qualidade. Ex: Compra e venda, doação, permuta, hipoteca, penhor, comodato, locação, posse “ad usucapionem” (art. 183, §3º, 191, parágrafo único da CF e Decreto-Lei nº 9.760/46, art. 200), etc. Tal entendimento decorre da própria afetação, mas se não o fosse, o Código Civil em seus arts. 100, 102 e 1.420, já por si vedaria tais condutas. Acrescentando a inteligência do art. 100 da CF. 5 UNINOVE - Universidade Nove de Julho Obs: Deve o jurista ao analisar este instituto ater-se ao caráter da inalienabilidade dos bens de domínio público do Estado (que é relativo) e mesmo sendo decorrentes deste: a imprescritibilidade (é critério absoluto, Súmula 340 do STF) bem como, a impenhorabilidade e a impossibilidade de oneração (arts. 183, §3º e 191, parágrafo único da CF). Observe que o caráter de inalienabilidade mesmo não sendo absoluto, a não ser com relação àqueles bens que, por sua natureza, são insusceptíveis de valoração patrimonial, ex. mares, praias, rios navegáveis, necessitam de lei autorizativa, avaliação prévia e licitação. Os que sejam inalienáveis por destinação legal e sejam susceptíveis de valoração patrimonial, podem perder esta qualidade, este caráter de inalienável, desde que percam a destinação pública, o que ocorre pela desafetação. Ressalto que a alienabilidade também não é absoluta, visto que bens com esse caráter, por não terem destinação pública (os dominicais ou os do domínio privado do Estado) podem perdê-lo pelo instituto da afetação. III.5 – Afetação: Constitui o fato ou pronunciamento do Estado que incorpora uma coisa à dominialidade da pessoa jurídica ou em outras palavras, o ato ou fato pelo qual um bem passa da categoria de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público. III.6 – Desafetação: Constitui-se como o fato ou manifestação de vontade do poder público mediante a qual o bem do domínio público é subtraído à dominialidade pública para ser incorporado ao domínio privado, do Estado ou da administração. (Ambos conceitos do Dr. José Cretella Júnior). Obs: Doutrina: Pelos conceitos retro declinados se vislumbra que tanto a afetação como a desafetação, podem ocorrer de forma expressa ou tácita. Na hipótese de ocorrer de forma expressa, decorre de ato administrativo ou de lei. Na hipótese tácita, resultam de atuação direta da Administração, sem manifestação expressa da sua vontade, ou de fato da natureza. Ex. A administração pode baixar um decreto estabelecendo que um determinado bem integrado a categoria dos dominicais será destinado à instalação de uma escola ou simplesmente sem baixar nada, instalar a escola neste bem. O que ocorreu, o bem 6 UNINOVE - Universidade Nove de Julho está afetado ao uso especial da Administração, passando a integrar esta categoria. A recíproca é verdadeira, podendo ocorrer por determinação expressa ou pela simples desocupação do imóvel que fica sem destinação. (Neste segundo caso, a doutrina diverge e esta é a posição da Dra. Maria Sylvia Zanella). Finalizando o tema, não confundir desafetação por não-uso, ainda que prolongado, Ex. uma rua que deixa de ser utilizada, nesta hipótese é necessário ato expresso de desafetação, pois, não se pode configurar o marco inicial de quando o não uso pudesse significar desafetação. Busca coibir abusos da Administração pública. III.7 – Formas de Utilização. Os bens públicos em regra são utilizados pela administração Pública ou pelas Entidades Públicas que os detêm. A doutrina costuma classificá-los em: Pelo critério da conformidade ou não da utilização com o destino principal que o bem está afetado, o uso pode ser normal ou anormal, bem como, pelo critério da exclusividade ou não do uso , combinado com o da necessidade ou não de consentimento expresso da Administração, o uso pode ser comum ou privado. Na seqüência, os bens públicos podem também ser utilizados por particulares desde que o uso não se revele prejudicial ao interesse público (ou ao próprio bem). Os bens de uso comum (ruas, praças) são de utilização ordinária pelos particulares, independentemente de qualquer concordância pela Administração, podendo ocorrer excepcionalmente o uso extraordinário ou sujeito a condições ou restrições especiais (fechamento de uma rua, utilização de umapraça para comícios, festas folclóricas, etc.). Os bens de uso especial (prédios públicos, e repartições públicas) também podem estar afetados ao uso comum. Nas duas hipóteses, porém conserva o Poder Público a possibilidade de regulamentar o uso, desde que as regulamentações sejam impessoais e genéricas. Por vezes, incidem formas de uso especial, devendo o particular observar regras próprias e obter o consentimento da Administração. Assim, a Administração pode consentir que outrem (pessoa física ou jurídica) use privativamente bens públicos, e tanto poderá ser compulsório como facultativa a utilização. Para o deferimento, a Administração poderá empregar não só institutos de direito público como também de direito privado (ex. locação e comodato). O emprego de um instituto ou de outro dependerá sempre da legislação local. Em regra, constituem modos de uso privativo de bens públicos: Autorizações de Uso, Permissão de Uso, Concessão de Uso, Concessão de Direito Real de Uso, Cessão de Uso, 7 UNINOVE - Universidade Nove de Julho Enfiteuse ou Aforamento, Locação e Comodato. A medida Provisória nº 2.220 de 2001, instituiu, ainda a Concessão de Uso Especial para fins de Moradia, que tanto pode ser Administrativa como Judicial; e a Autorização de Uso para fins comerciais, exclusivamente administrativa. III.7.1 – Autorização de Uso: Decorre de ato administrativo discricionário, precário (autorização simples), e por ele a Administração permite, faculta o uso do bem pelo particular, de modo a não prejudicar o interesse público e atenda o interesse do particular. Prescinde de autorização legislativa e licitação. A autorização por vezes é deferida com prazo de duração (autorização qualificada), conferindo direitos ao particular enquanto vigente. A revogação do ato antes do término de seu prazo pode ensejar o direito à indenização; III.7.2 – Permissão de Uso: Decorre de ato administrativo discricionário, precário, negocial, e por ele a Administração consente que o particular utilize o bem, satisfazendo interesse de ambos (o interesse público e o interesse privado são convergentes). Enquanto vigente, a permissão confere direitos ao particular, e, em regra, não deve ser deferida com exclusividade (ex. instalações, bancas de jornais, e revistas em logradouros públicos, etc.). O particular não detém mera faculdade de utilização, mas, sim dever de usar o bem, sob pena de caducidade, já que também incide interesse público. A permissão pode ser condicionada a prazo certo de duração (permissão qualificada ou condicionada). Sempre que reunir a natureza de contrato, e não de ato administrativo, deve ser precedida de licitação. III.7.3 – Concessão de Uso: Decorre de contrato administrativo sujeito a prévia licitação, podendo a utilização ser remunerada ou gratuita para o particular (ainda que remunerada não equivale a locação, porque regida por normas de direito público). Atribui direito pessoal de uso do bem público; é realizada “intuitu personae” e não admite, em regra, transferência a terceiros. Converge o interesse público e o do particular, e quando incidente sobre bens de uso comum há de respeitar a destinação do bem (ex. Mercados Municipais, parques de exposição). III.7.4 – Concessão de Direito Real de Uso: Igualmente decorrente de contrato sujeito a prévia licitação, conferindo direito real (transmissível) e necessitando inscrição no Registro de Imóveis onde o bem estiver matriculado. Pode ser gratuita ou onerosa, operando-se por escritura pública ou termo administrativo, dependentes de registro. É transmissível por ato “inter vivos” ou “causa mortis”, revertendo à posse para a Administração se não cumprido o fim a que se destina (fins específicos de urbanização, industrialização, 8 UNINOVE - Universidade Nove de Julho edificação, cultivo ou qualquer outra exploração de interesse social Dec.-Lei nº 271/67); III.7.5 – Cessão de Uso: Contrato que prevê a transferência da posse (não transfere a propriedade e não gera direito real) de um bem de uma entidade para outra entidade ou órgão público. Dispensa autorização legislativa quando operada dentro da mesma entidade. Se o destinatário não integrar a mesma entidade exige-se a autorização legal. As condições de uso e o prazo, que tanto poderá ser determinado, são fixados no termo lavrado, possuindo o contrato a natureza de “ato de colaboração entre repartições públicas” “Hely Lopes Meirelles”. III.7.6 – Concessão de Uso Especial: Medida Provisória nº 2.220/2001, que dispõe sobre a concessão de uso especial de imóveis, instituí a possibilidade de incidir a concessão de uso em bens públicos ocupados até 30 de junho de 2001, para fins de moradia. A concessão poderá ser administrativa ou judicial desde que ocorra recusa do Poder Público detentor do domínio. Sendo da União ou dos Estados, o Município deverá certificar a localização e a destinação dada por aqueles que ocupam o imóvel. A sentença que instituir a concessão será levada a registro no Cartório de Registro de Imóveis em que se achar matriculado o imóvel. O direito de concessão é transferível por ato “inter vivos ou cauda mortis”, mas se extingue se o concessionário adquirir propriedades ou concessão de outro imóvel ou alterar a destinação do imóvel objeto da concessão para fins de moradia. São requisitos: 1) possuir o imóvel área máxima de 250 metros quadrados; 2) ser destinado à moradia própria ou dos familiares do requerente (homem ou mulher, independentemente do estado civil); 3) será gratuita; 4) o requerente não deve ser proprietário ou concessionário de outro imóvel urbano ou rural; 5) o prazo de ocupação é de, no mínimo cinco anos, sem oposição ou interrupção. Os imóveis com mais de 250 metros quadrados, ocupados até 30 de junho de 2001, coletivamente e com a finalidade de moradia, também podem ser objeto de concessão (ar. 2º). O Poder Público poderá, no entanto, em qualquer das hipóteses (ocupação individual ou coletiva), assegurar o direito em área diversa da ocupada. Assim será se o imóvel ocupado for: a) de uso comum do povo; b) destinado a projeto de urbanização; c) de interesse especial (defesa nacional, preservação ambiental); d) reserva de obras futuras (represas e obras congêneres); e) localização em vias de circulação. III.7.7 – Autorização de Uso Para Fins Comerciais: Nos termos da Medida Provisória nº 2.220/2001, o Poder Público poderá conceder autorização de uso se a ocupação tiver destinação comercial. A autorização será gratuita e discricionária, desde 9 UNINOVE - Universidade Nove de Julho que o imóvel público, ocupado pelo prazo de cinco anos até 30 de junho de 2001, não possua mais que 250 metros quadrados. A autorização somente é concedida pela Administração Pública, e para a contagem do prazo de cinco anos poderá ser computado período ocupado por terceiro, desde que contínuo. IV - Perguntas da sala: V - Conclusão. Na presente aula abordou-se temas estruturais nacionais de conhecimento multidisciplinar com o intuito de informar, rever conteúdo já dominado e criar senso crítico no acadêmico de direito. Tal mister se faz em face da generalização dos assuntos que são postos ao crivo do profissional do direito, que precisa estar preparado para o mercado de trabalho globalizado e com informações em tempo real. VI – Bibliografia Básica: Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, Ed. Malheiros. Diógenes Gasparini, Direito Administrativo, Ed. Saraiva; Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, Ed. Atlas; VI.1 – Bibliografia Complementar: Hely Lopes Meirelles, Curso de Direito Administrativo,Ed. Malheiros; José Eduardo Cardoso, Direito Administrativo; Lúcia Valle Figueiredo, Curso de Direito Administrativo, Ed. Malheiros; Marçal Justem Filho, Curso de Direito Administrativo, Ed. Saraiva; 10 UNINOVE - Universidade Nove de Julho Márcio Pestana, Direito Administrativo Brasileiro, Ed. Campus Elsevier; Márcio Fernando Elias Rosa, Direito Administrativo, Ed. Saraiva; Reinaldo Moreira Bruno, Direito Administrativo Didático, Del Rey Editora. Regina Helena Costa, Direito Administrativo; São Paulo - SP, 07 de fevereiro de 2011. CLEBER V. T. VIANNA Professor 11
Compartilhar