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<p>CAPÍTULO II</p><p>PROCESSO CIVIL INTERNACIONAL</p><p>SEÇÃO I</p><p>DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL</p><p>PONTO 1</p><p>NOÇÕES INTRODUTÓRIAS</p><p>1. DIREITO PROCESSUAL CIVIL INTERNACIONAL</p><p>A. CONCEITO</p><p>O direito processual civil internacional é o ramo do direito que regula os limites da jurisdição nacional (aí incluídas as questões sobre conflito de jurisdições e imunidade de jurisdição) e a cooperação jurídica internacional.</p><p>B. REGULAMENTAÇÃO E DIVISÃO DA MATÉRIA</p><p>Título II, do Livro I (CPC/15) Dos limites da jurisdição nacional (Capítulo I)</p><p>Dos limites da jurisdição nacional e</p><p>da cooperação internacional Da cooperação internacional (Capítulo II)</p><p>a) Dos limites da jurisdição nacional –</p><p>b) Da cooperação internacional –</p><p>2. NORMAS QUE REGEM A ATIVIDADE JURISDICIONAL</p><p>CPC, Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras /, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.</p><p>A crítica se dá na segunda parte do art. Pois o legislador não estudou e trouxe como tratados, convenções não fossem em pé de igualdade, ou seja, houve pleonasmo</p><p>a) Regra geral –</p><p>(OAB-MG/2006) – Um processo, no Brasil, ajuizado por um paraguaio, tratava de controvérsia sobre um contrato celebrado no Uruguai, entre ele e um brasileiro, no qual existia cláusula expressa de aplicação da lei mexicana. O juiz, então, consultou o sistema jurídico mexicano e verificou que tal país ratificou a Convenção Interamericana sobre o Direito Aplicável aos Contratos Internacionais, que admite a autonomia da vontade das partes. Com relação ao processo, é correto afirmar que será aplicada a lei processual brasileira, local do processo.</p><p>b) Exceção –</p><p>1. Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo, de 1969 (promulgada pelo Decreto nº 79.437 de 28/03/1977): Vide Art. 9º, 1[footnoteRef:1]. [1: Art. 9º, 1 Quando um incidente tiver causado dano por poluição num território, incluindo o mar territorial de um ou mais Estados Contratantes, ou quando em tal território, incluindo o mar territorial, foram tomadas medidas preventivas para evitar ou minimizar o dano pela poluição, as ações para indenização somente poderão ser impetradas nos tribunais desse ou desses Estados Contratantes.]</p><p>1. Convenção de Viena sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares, de 1963 (promulgada pelo Decreto nº 911 de 03/09/1973): Vide Art. 11, 1[footnoteRef:2]. [2: Art. 11, 1 - Sem prejuízo do disposto neste artigo, os únicos tribunais competentes para conhecer das ações movidas de conformidade com o disposto no artigo II serão os da Parte Contratantes em cujo território tenha ocorrido o acidente nuclear.]</p><p>1. Protocolo de São Luiz sobre Matéria de Responsabilidade Civil Emergente de Acidentes de Trânsito entre os Estados Partes do Mercosul, de 1996 (promulgado pelo decreto nº 3.856, de 3 de julho de 2001): Vide Art. 7º[footnoteRef:3]; [3: Artigo 7, Para exercer as ações compreendidas neste Protocolo serão competentes, à eleição do autor, os tribunais do Estado Parte: a) onde ocorreu o acidente; b) do domicílio do demandado; e c) do domicílio do demandante.]</p><p>1. Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, de 1999 (promulgada pelo Decreto nº 5910 de 27/09/2006): Vide Art. 33, 1 e 2[footnoteRef:4]; [4: Artigo 33 – Jurisdição, 1. A ação de indenização de danos deverá ser iniciada, à escolha do autor, no território de um dos Estados Partes, seja ante o tribunal do domicílio do transportador, da sede da matriz da empresa, ou onde possua o estabelecimento por cujo intermédio se tenha realizado o contrato, seja perante o tribunal do lugar de destino. 2. Com relação ao dano resultante na morte ou lesões do passageiro, a ação poderá ser iniciada perante um dos tribunais mencionados no número 1 deste Artigo ou no território de um Estado Parte em que o passageiro tenha sua residência principal e permanente no momento do acidente e para e desde o qual o transportador explore serviços de transporte aéreo de passageiros em suas próprias aeronaves ou nas de outro transportador, sob um acordo comercial, e em que o transportador realiza suas atividades de transporte aéreo de passageiros, desde locais arrendados ou que são de sua propriedade ou de outro transportador com o qual tenha um acordo comercial.]</p><p>1. Convenção de Direito Internacional Privado (Código Bustamante[footnoteRef:5]), de 20 de fevereiro de 1928 (promulgado pelo Decreto nº 18.871/29): Vide Arts. 314 a 437. [5: Adotada na Sexta Conferência Internacional Americana, reunida em Havana, Cuba, e assinada a 20- 2-1928. Aprovada, no Brasil, pelo Dec. nº 5.647, de 8-1-1929 e promulgada pelo Dec. nº 18.871, de 13-8-1929.]</p><p>1. Convenções Interamericanas provenientes das Conferências Especializadas Interamericanas de Direito Internacional Privado (CIDIPs)[footnoteRef:6]. [6: As CIDIPs são conferências especializadas, patrocinadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA), nas quais se discutem temas específicos de direito internacional privado como, v. g, cartas rogatórias, eficácia das sentenças estrangeiras etc. Como resultado dessas conferências (CIDIPs), são elaboradas as Convenções Interamericanas de Direito Internacional Privado, nos termos acordados pelos países participantes. Depreende-se que a sigla CIDIP refere-se à Conferência e as Convenções elaboradas nesses encontros. Essas conferências já ocorreram em 1979, 1984, em La Paz, em 1989, 1994 e 2002.]</p><p>a. Convenção interamericana sobre cartas rogatórias, de 1975 (promulgada pelo decreto nº 1900/96);</p><p>b. Protocolo adicional à convenção interamericana sobre cartas rogatórias, de 1979 (promulgada pelo decreto nº 2022, de 1996);</p><p>c. Convenção interamericana sobre prova e informação acerca do direito estrangeiro, de 1979 (promulgada pelo decreto nº 1925/96);</p><p>d. Convenção interamericana sobre eficácia extraterritorial das sentenças e laudos arbitrais estrangeiros, de 1979 (promulgada pelo decreto nº 2411/97).</p><p>1. Convenções Mercosulinas</p><p>a. Acordo sobre arbitragem comercial internacional, de 1998 (promulgado pelo decreto nº 4.719, de 4 de junho de 2003).</p><p>b. Acordo de cooperação e assistência jurisdicional em matéria civil, comercial, trabalhista e administrativa entre os Estados-partes do Mercosul, a República da Bolívia e a República do Chile, de 2002 (promulgado pelo decreto nº 4719/2003).</p><p>4. JURISDIÇÃO CONCORRENTE E EXCLUSIVA</p><p>A. ASPECTOS GERAIS</p><p>Diante da realidade de ter 2 processos em países diferentes, o que o legislador brasileiro pode fazer é impedir que eventual decisão estrangeira venha produzir efeitos no Brasil.</p><p>A decisão estrangeira pode produzir efeitos no Brasil, desde que seja homologada pelo STJ</p><p>A distinção entre as duas está nos efeitos da decisão estrangeira, pois apenas os casos de jurisdição concorrente poderão produzir efeitos no Brasil.</p><p>B. CARACTERÍSTICA</p><p>C. CRITÉRIO ADOTADO PELO LEGISLADOR</p><p>O critério foi o da maior ou da menor relevância. Logo as de maior relevância para o Estado brasileiro foram reguladas como hipótese de jurisdição exclusiva</p><p>D. NATUREZA DO ROL ESTABELECIDO PELO CPC</p><p>a) Numerus clausus – exaustivo/taxativo.</p><p>EXTINÇÃO SEM EXAME DE MÉRITO. AUSENTE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILEIRA. ART. 88 DO CPC. ÔNUS SUCUMBENCIAIS READEQUADOS. Tendo sido a avença em questão firmada nos Estados Unidos, bem como sendo lá o local do cumprimento da obrigação, impende reconhecer não ter a justiça pátria competência internacional para apreciar a lide. Assim, com fulcro no art. 88 do CPC e no art. 9° da LICC, a extinção do feito sem exame de mérito é de rigor. Condenação sucumbencial em honorários adequados. SENTENÇA MANTIDA. APELO IMPROVIDO (TJ/RS, APELAÇÃO CÍVEL 70006888606, 5ª. CÂMARA CÍVEL).</p><p>b) Numerus apertus – exemplificativo</p><p>[...] A competência (jurisdição) internacional da autoridade brasileira não se esgota pela mera análise dos arts. 88 e 89 do CPC, cujo rol não é exaustivo. Assim, pode haver processos</p><p>que não se encontram na relação contida nessas normas, e que, não obstante, são passíveis de julgamento no Brasil. Deve-se analisar a existência de interesse da autoridade judiciária brasileira no julgamento da causa, na possibilidade de execução da respectiva sentença (princípio da efetividade) e na concordância, em algumas hipóteses, pelas partes envolvidas, em submeter o litígio à jurisdição nacional (princípio da submissão). (STJ - RO 64/SP; Recurso Ordinario 2008/0003366-4; Relator(a): Ministra Nancy Andrighi (1118); Órgão Julgador: 3 - Terceira Turma; Data do Julgamento: 13/05/2008; Data da Publicação/Fonte: DJe 23/06/2008).</p><p>5. REFERÊNCIAS</p><p>ALVIM, Arruda. Manual de direito processual civil: teoria do processo e processo de conhecimento. 17. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.</p><p>ANDRADE, Agenor Pereira de. Manual de direito internacional privado. 6. ed. Sugestões Literárias., 1987.</p><p>ARAÚJO, Nádia de. Direito Internacional Privado: Teoria e Prática Brasileira. 7. ed. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2018.</p><p>BASSO, Maristela. Curso de Direito Internacional Privado. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2016.</p><p>BERMUDES, Sergio. Introdução ao Processo Civil. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.</p><p>BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de processo civil anotado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016</p><p>DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 19. ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2017.</p><p>DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil: volume I. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2017.</p><p>DINAMARCO, Cândido Rangel; CARRILHO LOPES, Bruno Vasconcelos. Teoria Geral do Novo Processo Civil. Malheiros. São Paulo. 2016.</p><p>DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado / Jacob Dolinger e Carmen Tiburcio. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.</p><p>ESPINOLA, Eduardo. Direito internacional privado. Rio de Janeiro, 1925.</p><p>FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: parte geral e LINDB / Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald. 16. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2018.</p><p>FINKELSTEIN, Cláudio. Direito Internacional. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2013.</p><p>FRANCISCO, Caramuru Afonso. Lei de introdução ao código civil comentada: Decreto-lei n. 4.657, de 4.9.1942. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005.</p><p>FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. 3 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.</p><p>GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>JO, Hee Moon. Moderno direito internacional privado. São Paulo: LTr, 2001.</p><p>MALHEIRO, Emerson Penha. Manual de direito internacional privado. 3. ed. São Paulo: Atas, 2015.</p><p>MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado / Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. 2. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2016.</p><p>MARINONI, Luiz Guilherme. Novo Curso de Processo Civil: Teoria do processo civil, volume 2 / Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. 2. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2016.</p><p>MEDINA, José Miguel Garcia. Curso de direito processual civil moderno. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2018</p><p>NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único. 9. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.</p><p>RAMOS, André de Carvalho. Comentários à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro / André de Carvalho Ramos e Erik Frederico Gramstrup. São Paulo: Saraiva Educação, 2016.</p><p>RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direito Internacional Privado. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.</p><p>RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: Teoria e Prática. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2016.</p><p>TIBURCIO Carmen. Extensão e limites da jurisdição brasileira: competência internacional e imunidade de jurisdição. Salvador: JusPODIVM, 2016.</p><p>WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. Volume 1: Toeria geral do processo / Luiz Rodrigues Wambier e Eduardo Talamini. 18. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.</p><p>Parte superior do formulário</p>