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Perguntas e respostas sobre o livro: A Estrutura das Revoluções Científicas - Thomas Kuhn Por Marcus Malta Atenção: Esse material foi tem o intuito de servir como um auxílio no estudo, e estritamente isso. Na prova é importante destrinchar ao máximo a questão, usar todos os termos que você conhece, sempre usando como auxilio o modelo epistemológico de Kuhn. Nem todas as respostas dessa lista foram feitas dessa maneira para não ficarem muito extensas. O símbolo “ ! ” no início da questão mostra que aquela é uma questão mais completa ou com conteúdo essencial para entender Thomas Kuhn. Leia o resumo antes ler as respostas, pois elas exigem um conhecimento prévio. Os parênteses em algumas questões direcionam melhor o raciocínio para as respostas desejadas. 1- Por que as Revoluções Científicas não podem ser tratadas como um processo de desenvolvimento acumulativo e quais as consequências deste fato? Quando acontece uma revolução cientifica o paradigma antigo é completamente substituído pelo novo, não se acrescenta nada do antigo ao novo, pois eles são incomensuráveis e portanto incompatíveis. Como consequência toda vez que acontecer uma revolução cientifica o paradigma anterior vai ser jogado fora, o que significa que o processo de troca entre paradigmas não é racional ou logico, são motivos contingentes, é um processo de persuasão de pessoas, também como consequência temos cientistas novos no novo paradigma pois os do antigo vão morrer com ele. 2- Por que Kuhn diz que o trabalho da ciência normal é parecido com a resolução de quebra-cabeças? Vamos pensar o que é um quebra-cabeça, um quebra-cabeça é uma atividade que tem solução possível e prevista, aonde o montador sabe exatamente aonde quer chegar e tem todas as peças para chegar lá, cabe a ele saber ordenar as peças de maneira lógica seguindo as regras que essa atividade impõe. O trabalho do cientista na ciência normal segue o mesmo raciocínio, o paradigma prevê um resultado e oferece todas as ferramentas, sejam elas matemáticas, teóricas ou laboratoriais, para que o cientista chegue lá, cabe ao engenho do cientista descobrir como chegar, mas o método é certo, ele deve fazer o encaixe daquilo que é previsto pelo paradigma com aquilo que é observado no mundo. 3- Qual a relação entre operação de limpeza e resolução de quebra-cabeças? Explique. Os termos operação de limpeza e resolução de quebra-cabeças se referem ao trabalho do cientista dentro da ciência normal que é o lapidamento do paradigma, ou seja, fazer o encaixe do que o paradigma prevê com aquilo que é observado no mundo de fato, tudo isso para aumentar o alcance e a precisão do paradigma, isso se faz necessário porque o paradigma nasce muito por fazer, muito inacabado, tanto que é comparado a um diamante bruto, é mais uma promessa de sucesso do que uma realização. 4- Qual a relação entre regras da ciência normal e o paradigma? Explique. A ciência normal funciona perfeitamente sem que as regras sejam explicitadas, elas são aprendidas de maneira tácita, ou seja, elas são aprendidas na prática, e só são explicitadas se houver uma discordância entre conclusões de cientistas diferentes de um mesmo paradigma. 5- Qual a diferença entre anomalia e quebra-cabeça? Explique. Anomalia e quebra-cabeças são duas definições opostas, quebra-cabeça é uma questão respondível dentro do paradigma, é o tipo de questão que o cientista trabalha todos os dias, enquanto anomalia é uma questão não respondível dentro do paradigma e se o cientista focar nessa anomalia esta pode gerar uma crise que pode culminar em uma revolução científica. 6- O que é, para Kuhn, uma descoberta científica (A anômala)? Como ela se dá? Para Kuhn existem dois tipos de descobertas, as descobertas paradigmáticas e as anômalas, a paradigmática é uma descoberta esperada, é achar uma coisa que já existia e não se sabia da sua existência, enquanto a descoberta anômala não é esperada dentro daquele paradigma, ou seja, é uma anomalia. Uma descoberta paradigmática se dá quando um cientista vai buscas novas espécies de borboletas e encontra novas espécies, esse era um resultado esperado, mas se esse mesmo cientista acha fadas, esta é uma descoberta anômala, pois o paradigma da biologia atual não explica a existência de fadas, então se este cientista quiser estudar fadas ele terá que criar um novo paradigma que explica as fadas e criar novas instituições como órgãos de fomento e universidades com o propósito de estudar as fadas, lembrando que isso faz parte do processo de uma revolução cientifica onde este cientista achou uma anomalia, a ciência entrou em crise e houve a criação de um novo paradigma que vai competir por adeptos com o antigo e poderá então substituí-lo por completo caracterizando assim a revolução científica. 7- Como se dá a transição entre ciência normal e ciência extraordinária? Explique. A transição da ciência normal para a ciência extraordinária se dá com o surgimento de uma anomalia, de uma questão que não pode ser respondida dentro do paradigma, mas mesmo assim o cientista vai tratá-la como um quebra- cabeça e quando ele vê que ele não consegue resolver o problema os grandes cientistas vão ser atraídos, vão aplicar as regras da ciência normal com mais vigor e se mesmo assim não conseguirem resolver eles vão começar a flexibilizar as regras da ciência normal e então eles vão estar na ciência extraordinária onde a ciência é feita de um modo diferente, no entanto ele só foca nesse problema se a anomalia for central no paradigma, quando é socialmente relevante, ou quando se está resolvendo os últimos detalhes do paradigma. 8- Quais as semelhanças entre ciência pré-paradigmática e ciência extraordinária? Explique. Nos dois tipos de ciência os cientistas discutem conceitos básicos do assunto estudado e discutem as regras para que aquilo seja considerado ciência, também acontece a divisão do grande grupo inicial em vários pequenos grupos com teorias diferentes onde cada grupo tenta convencer outras pessoas de que seu modo de fazer ciência é o melhor e assim conseguir que aquele grupo seja o grupo da teoria dominante. 9- Por que as Revoluções Científicas são invisíveis para os cientistas? Um cientista entra em um Paradigma pelos manuais e as revoluções cientificas não aparecem nos manuais, eles são reescritos conforme cada paradigma muda de modo a rever a história da ciência de modo a parecer que foi um processo continuo e lento até chegar no paradigma senso descrito e também porque eles são sistematicamente enganadores por um motivo pedagógico, para convencer as pessoas de que aquele ali é o próprio mundo, e não uma simples teoria em relação ao mundo que mostra apenas uma das visões de mundo acerca daquele assunto. 10- Sendo a Ciência Normal um processo de limpeza do paradigma e de resolução de Quebra-Cabeças, como se explica a menor estabilidade do paradigma científico em comparação ao senso comum? O trabalho do cientista dentro da ciência normal é fazer a limpeza do paradigma e durante esse trabalho de encaixe do que o paradigma prevê com o que se observa no mundo o cientista aumenta o alcance e a precisão do paradigma e por isso aumenta a probabilidade de se achar uma anomalia e por consequência haver a completa troca desse paradigma por um outro durante uma revolução cientifica, o que caracteriza uma instabilidade, enquanto o senso comum não tem precisão, ou seja, mesmo que exista uma anomalia o senso comum não vai enxergá-la, e por isso ele é mais estável, perdura por mais tempo, pois mesmo após uma afirmação ser derrubada, como a que manga com leite faz mal as pessoas continuam a usá-la, se isso acontecesse dentro de um paradigma ele seria substituído. 11- ! Na mudança de paradigma os próprios dados mudam. Explique esta afirmação e comente sobre a sua importância paraa compreensão da evolução (mudança) da ciência. O paradigma é anterior aos próprios dados e ao próprio mundo então quando muda o paradigma muda o mundo, o que significa que um novo paradigma deve trazer novos dados e significa também que os dados do antigo paradigma não servem para o novo. Se quando muda o paradigma mudam os dados, isso significa que não se pode basear nos dados para a escolha de um paradigma, pois os paradigmas são incomensuráveis, de modo que a mudança da ciência deve ser revolucionaria para haver a substituição completa de um paradigma pelo outro. 12- Dado que a ciência normal não busca novidade, e quando bem sucedida não as encontra, explique como é possível que ela seja substituída por outro período de ciência normal? A ciência normal nunca vai procurar novidades que violam o paradigma, ou seja, descobertas anômalas, no entanto ela é capaz de encontrar estas novidades visto que durante o trabalho de limpeza do paradigma este fica cada vez mais preciso e cada vez se sabe com mais detalhes aonde se deseja chegar e por isso aumenta a possibilidade de encontrar algo que não seja esperado, uma anomalia. Se o cientista focar nessa anomalia, ela pode gerar um período de ciência extraordinária no qual um novo paradigma pode surgir na cabeça de um cientista e um novo paradigma significa um novo período de ciência normal. 13- Cientistas diferentes viam mundos diferentes usando os mesmos instrumentos. Explique esta afirmação e comente sobre a sua importância para a história da ciência. Cientistas diferentes veem mundos diferentes porque estão em paradigmas diferentes e paradigmas diferentes determinam mundos diferentes e determinam também o que o cientista deve ver no mundo, em mesmo que os cientistas utilizem os mesmos instrumentos eles tendem a ver coisas diferentes porque eles vão ver o que o paradigma prevê, como quando o paradigma dizia para ver flogisto e o cientista via flogisto mas em outro paradigma um outro cientista observou a mesma coisa mas viu oxigênio pois o paradigma determinou assim. A sua importância para a história da ciência é que se prova não podemos nos basear no mundo para escolher entre paradigmas, pois o paradigma é anterior ao mundo. 14- ! O que é a pesquisa pré-paradigmática? Cite algumas características deste estágio. A pesquisa da ciência pré-paradigmática é o primeiro estágio de desenvolvimento de uma ciência, nesse estágio pesquisa-se coisas ao acaso e obtém-se respostas ao acaso e alguma hora um resultado obtido anteriormente irá mudar e irão se formar pequenos grupos com opiniões diferentes de como isso aconteceu, eles vão escrever livros exotéricos explicando os conceitos mais fundamentais daquele assunto e também explicitam algumas regras para que aquilo seja considerado uma ciência esses livros são destinados a persuadir as pessoas fora do grupo de que aquele é o melhor modo de fazer ciência pois assim eles ganham adeptos e se forma uma comunidade científica com uma teoria dominante, para dar início à ciência normal. 15- O que é ciência normal? Quais são os 3 tipos ou focos de atividades que ela desenvolve? Nunca caiu essa pergunta, ele não gosta de fazê-la. Ciência normal é o trabalho do cotidiano de um cientista, esse termo foi criado por Kuhn para melhor entender a ciência extraordinária. A ciência normal é o trabalho do cientista de encaixe do que o paradigma prevê com o que se observa de fato no mundo, isso é o que Kuhn chama de operação de limpeza, feito com o objetivo de aumentar o alcance e a precisão do paradigma, é importante ressaltar que ao contrário da revolução científica a ciência normal e um processo de desenvolvimento acumulativo. Os três focos que ela desenvolve são a determinação do fato significativo, a harmonização dos fatos com a teoria, e a articulação da teoria. 16- O que é a Revolução Científica? Revolução cientifica é nome dado ao processo de substituição de paradigmas e tem esse nome porque a troca de um paradigma por outro deve ser completa, revolucionaria, pois dois paradigmas são incomensuráveis e o processo da revolução cientifica não é acumulativo como a ciência normal. 17- ! Como a Revolução Científica se dá? A revolução cientifica se dá com o surgimento de uma anomalia na ciência normal, se o cientista focar na anomalia porque ele é uma questão central no paradigma ou porque é uma questão socialmente relevante ou ainda porque o cientista está resolvendo as últimas questões no paradigma, esta anomalia pode gerar uma crise. Dentro da crise os grandes cientistas são atraídos pelo problema e quando as regras aplicadas com mais vigor não resolvem o problema eles entram na ciência extraordinária onde começam a flexibilizar e explicitar as regras, discutir os conceitos básicos do assunto, e mostrar seu descontentamento com o andamento da ciência e então uma ideia de um novo paradigma aparece em uma pessoa que seja nova no paradigma, esteja tratando diretamente com o assunto e esteja em uma hora de distração. Esse novo paradigma vai competir por adeptos e a escolha dos adeptos vão ser por motivos contingentes, ou seja, que podem ou não podem acontecer, quando um paradigma estiver um mais adeptos que o outro ele vai substituir completamente o antigo e assim ocorre a revolução cientifica. 18- Por que a ciência normal é tão bem sucedida e por que ela progride rapidamente? A ciência normal é tão bem sucedida porque o paradigma oferece ao cientista todas as ferramentas para que ele chegue em um resultado que ele também fornece e então cabe ao cientista apenas usar seu engenho para chegar até esse resultado esperado. E a sua progressão é rápida porque ela faz com que os cientistas foquem estritamente na solução de determinado paradigma, naquelas questões que são respondíveis dentro do paradigma. Os cientistas simplesmente seguem as regras impostas pelo paradigma sem questioná-lo, o único objetivo ali e resolver os quebra cabeças. 19- A ciência normal encoraja a descoberta de novidades? Justifique. A ciência normal não encoraja a descoberta de novidades anômalas, que violam o paradigma, e quando bem sucedida não as encontra, a ciência normal só encoraja a descoberta paradigmática, que já é prevista no paradigma, isso porque o cientista não critica o paradigma, então não faz sentido ele procurar uma coisa que viola o paradigma. 20- Qual é o papel do paradigma na ciência normal? Para que ele serve e como é utilizado? O paradigma dá um norte no funcionamento da ciência normal, ele determina o que o cientista deve ver para encaixar isso com o que é observado no mundo de fato, o que é chamado de resolução de quebra-cabeça. 21- ! Explique a relação entre paradigmas, regras da ciência normal e conhecimento tácito. As regras do paradigma são aprendidas sem que estas estejam explicitadas, ou seja, estas regras são aprendidas de maneira tácita, as regras só serão explicitadas se dentro de um mesmo paradigma cientistas diferentes chegarem a conclusões diferentes acerca de uma mesma questão. 22- O que é uma anomalia? Qual o seu papel no modelo epistemológico de Thomas Kuhn? Anomalia é uma questão que não pode ser respondida dentro do paradigma vigente, se o cientista focar nesta anomalia, (por ser um questão central, ou por pressão popular, ou por estar no final do lapidamento do paradigma), esta pode gerar uma crise, que pode gerar a ciência extraordinária, o que pode dar origem a outro paradigma e quando houver a troca do velho pelo novo paradigma temos a revolução cientifica, ou seja, se a anomalia não for ignorada, ela desencadeia uma série de acontecimentos que podem culminar na mudança da visão de mundo, este é o seu papel no sistema epistemológico de Thomas Kuhn. 23- Como a ciência normal produz naturalmente anomalias? O trabalho da ciência normal é um trabalho de limpeza, ou de lapidamento, queaumenta a precisão do paradigma, e por consequência ele se torna mais sensível à aquilo que se espera encontrar, ou seja, sabe-se com cada vez mais detalhes o que se busca, então se existir uma anomalia aumenta as chances de encontrá-la. No entanto isso acontece quando o paradigma é mais desenvolvido. É como montar um quebra-cabeça com uma peça errada, se você a pega no início da montagem você não suspeita que aquela é uma peça anômala, pois ela ainda pode se encaixar em vários espaços, vai se descobrir a incompatibilidade somente no final da montagem. 24- ! Por que a ciência normal naturalmente nos leva para a Revolução científica? O trabalho da ciência normal é fazer o encaixe do que é previsto pelo paradigma naquilo que é observado no mundo, e a isto damos o nome de processo de limpeza do paradigma, ou ainda lapidação do paradigma, e durante esse processo o cientista aumenta o alcance e a capacidade de previsão do paradigma, isso aumenta a possibilidade de achar alguma anomalia, e se esta anomalia for central no paradigma ou for socialmente relevante ou ainda se o cientista estiver aparando as últimas arestas do paradigma, então esta anomalia pode gerar uma crise e no meio dessa crise pode nascer um novo paradigma que se for aceito por uma maioria e for trocado pelo antigo acontecerá uma revolução científica. 25- Por que Revoluções Científicas precisam da prévia existência de um paradigma para ocorrer? Nunca caiu na prova antes. Uma revolução cientifica só vai ocorrer quando houver a completa substituição de um paradigma por outro, então só vai ocorrer a revolução se houver dois paradigmas competindo por adeptos para que o velho seja substituído pelo novo, deve portanto ter a existência de um paradigma para que esse entre em crise e surja dali um novo paradigma, do contrário seria só o surgimento de um novo paradigma. 26- O que é uma crise ou ciência extraordinária? Cite algumas características deste estágio. O Cientista pode encontrar uma anomalia ao resolver um quebra-cabeça, se ele resolver focar na anomalia por algum daqueles três motivos então a ciência pode entrar em crise e nessa fase o cientista vai conduzir as pesquisas de forma extraordinária, ou seja, diferente da usual, nesse estágio um grupo de cientistas vai começar a discutir, explicitar e flexibilizar as regras da ciência normal para tentar resolver o problema, e também começam a discutir conceitos fundamentais daquela ciência demostrando seu descontentamento com o modo com que a ciência está progredindo. 27- ! Como a descoberta de uma anomalia pode causar uma revolução científica? Durante o trabalho do cientista de encaixe do que o paradigma prevê com o que ele observa no mundo de fato, chamado de operação de limpeza, ele aumenta o alcance e a precisão do paradigma o que aumenta a chance de encontrar uma anomalia. Se essa anomalia for encontrada, o cientista pode engavetá-la, criar uma solução ad hoc, ou então focar nela, se a última opção ocorrer então uma das seguintes coisas motivou isso, ou era uma questão central no paradigma, ou era uma questão socialmente relevante, ou então era uma das últimas questões pendentes do paradigma. Nesta fase, chamada de ciência extraordinária, o cientista flexibiliza as regras, discutem, flexibilizam e explicitam as regras da ciência normal e discutem os conceitos básicos do tema, tudo isso para tentar resolver a crise, mas no meio disso uma ideia pode surgir na cabeça de uma pessoa que seja jovem no paradigma, esteja lidando diretamente com a crise, mas que esteja em um momento de distração, longe do laboratório, essa nova ideia pode vir a se tornar um novo paradigma e então o velho e o novo paradigma vão competir por adeptos, as pessoas do meio científico vão escolher entre um paradigma e outro por motivos contingentes, que podem ou não acontecer, se o novo paradigma se tornar dominante então haverá uma completa substituição do velho pelo novo paradigma e a isso se dá o nome de revolução cientifica. 28- Caso a anomalia não cause uma revolução científica, Como a ciência normalmente reage às anomalias? Justifique Diante de uma anomalia o cientista pode, além de causar uma revolução cientifica, responder a anomalia de maneira ad hoc, desta maneira ele oferece uma sobrevida para o paradigma, é realmente uma espécie de remendo feito para que não haja uma revolução cientifica e todo o tempo que foi investido naquele paradigma não seja jogado fora. Se isso não acontecer o cientista pode engavetar o problema, ou seja, deixá-lo de lado para que uma geração futura o resolva, esperando que esta geração tenha ferramentas mais sofisticadas ou que esta seja mais apta a responder aquela questão, ou então o cientista pode flexibilizar e estender as regras para que haja o perfeito encaixe do paradigma no mundo, assim como fez Newton para explicar as forças de atração. 29- ! O que significa dizer que dois paradigmas são incomensuráveis? Dizer que dois paradigmas são incomensuráveis significa dizer que eles não podem ser comparados de maneira alguma, porque paradigmas diferentes fazem perguntas diferentes, dão respostas diferentes e tratam de mundos diferentes que apresentam dados diferentes a partir de regras diferentes. 30- ! Por que a descoberta de novos fatos (novidades não esperadas) quase sempre implicam em mudança de paradigmas? Há dois sentidos do termo novidade, a novidade paradigmática, que é uma novidade esperada, e a novidade anômala, que é a novidade não esperada dentro do paradigma, aqui a questão trata da novidade não esperada, que pelo fato de o paradigma vigente não a prever ela é uma anomalia, e uma anomalia só pode passar a existir quando um novo paradigma conter aquele dado, e para esse dado existir um novo paradigma deve explicar esse dado e se tornar dominante e para isso deve haver uma revolução cientifica, na qual há uma completa mudança, substituição, de um paradigma por outro. 31- Como a mudança de paradigma implica na mudança da nossa maneira de ver o mundo? O paradigma determina o mundo, e ele diz ao cientista o que ele deve esperar ver no mundo, então se houver uma mudança de paradigma, ou seja, uma revolução, o mundo vai mudar completamente e o novo paradigma vai prever coisas diferentes no nosso mundo. 32- Qual a relação entre mundo e paradigma? Quem vem primeiro? Questão bem aberta dá para explorar mais que isso. O paradigma determina o mundo e os dados desse mundo, e ele vem primeiro que o próprio mundo e os próprios dados. E os cientistas vão ver no mundo somente aquilo que o paradigma determina e prevê. E as observações que cientistas diferentes fazem em paradigmas diferentes são observações de mundos diferentes, então mesmo que eles usem as mesmas ferramentas irão observar coisas diferentes até porque o que o paradigma de cada um prevê é diferente do que é observado em seus respectivos mundos. 33- Para Kuhn, qual é a importância da História e suas contingências para a ciência? Contingente é aquilo que não é necessário, é aquilo que pode ou não acontecer, e Kuhn vai contar que durante a construção da história da ciência as questões contingentes são determinantes na escolha de um paradigma, o fato de alguém ter escrito um artigo em uma língua e não em outra é um exemplo, então o porquê da escolha de um paradigma é contingente e acaba por definir qual será o paradigma com mais adeptos e portanto o paradigma dominante. 34- O que é ciência normal? A ciência normal é o trabalho cotidiano do cientista, onde este executa o processo de lapidação do paradigma, ou ainda a limpeza do paradigma, através da resolução de quebra-cabeças, que nada mais é que o encaixe do que o paradigma prevê com aquilo que se observa de fato no mundo, isto é feito com o objetivo de aumentar o alcance e a precisão dele. 35- O que o experimento das cartas nos mostra? Qual sua relevânciapara a teoria de Kuhn? O experimento das cartas nos mostra que só vemos aquilo que esperamos ver, e o que dita o que esperamos ver é o paradigma, por isso o cientista nunca o critica. Este experimento se mostra relevante pois podemos observar que mesmo que algo esteja errado o cientista não é capaz de perceber já que o paradigma diz para ele ver de outro modo. 36- Qual a relação entre revoluções científicas e revoluções políticas? As duas revoluções se dão de maneira bastante parecida por isso Kuhn utiliza essa comparação, as duas se dão primeiramente com um sentimento de descontentamento por parte de um pequeno grupo que cria um sistema para tentar substituir o sistema antigo, pois não é possível usar as instituições do sistema antigo, então ele cria novas instituições para convencer as pessoas de que o melhor sistema é o novo, se este sistema persuadir mais pessoas há uma revolução cientifica ou política. 37- Por que é tão difícil e raro abandonar um paradigma? É tão difícil abandonar um paradigma porque o cientista não o critica, seria como abandonar tudo o que se conhece sobre aquele assunto, pois abandonar um paradigma significa abandonar todo um mundo, toda uma visão de mundo, então por isso o cientista julga que se há um desencaixe entre paradigma e mundo o erro é dele 38- ! Como se dá o processo de abandono dos paradigmas? Por que este processo não pode ser lógico ou racional? Um novo paradigma vai convencer mais pessoas de que aquele modo de fazer ciência é o certo, e quem costuma entrar no novo paradigma são os jovens, simplesmente pelo seu ímpeto juvenil, enquanto isso o velho vai morrendo a medida que seus adeptos vão morrendo. Este é um processo contingente, por isso não pode ser lógico ou racional, um processo contingente é aquele que pode ou não acontecer devido a infinitas variáveis, isso se relaciona com o processo de abandono de paradigmas porque a escolha de um novo paradigma que vai substituir o anterior é feita de maneira contingente, as pessoas escolhem novos paradigmas por motivos políticos, econômicos, religiosos dentre outros. 39- Por que Kuhn diz que a disputa entre paradigmas é um diálogo de surdos? Qual a importância disso para a teoria de Kuhn? A disputa entre dois paradigmas é um diálogo de surdos porque dois paradigmas são incomensuráveis, ou seja, não há critério para decidir qual é o melhor, cada um vai escolher um critério dentro do seu paradigma para dizer que aquele é o melhor. Como eles são incomensuráveis não pode haver um processo acumulativo de paradigmas, deve haver uma substituição completa de um pelo outro. 40- Explique a relação entre livros, manuais e artigos especializados na passagem da era pré-paradigmática. Os livros surgem na pesquisa pré-paradigmática de um certo grupo para convencer outras pessoas que não conhecem o paradigma de que aquele modo de fazer ciência é o melhor modelo, esses livros são chamados exotéricos, quando esse paradigma conseguir um número grande de adeptos, o livro se torna um manual que agora é esotérico, destinado somente a pessoas que já tem um conhecimento prévio sobre o paradigma, e agora só será possível entrar nesse paradigma através desse manual que será lapidado através da ciência normal, que produzirá artigos esotéricos, também chamados de periódicos, para serem acrescentados ao manual inicial, desde esses artigos sigam as regras propostas nesse manual. 41- O que significa dizer que paradigmas são apenas promessas de sucesso? Qual a importância disso para a ciência normal? Os paradigmas são promessas de sucesso porque eles nascem muito por fazer, como diamantes brutos, sujos e por lapidar, ele só indica um caminho. A importância desse fato para a ciência normal é que o seu trabalho é justamente realizar essa lapidação de limpeza, ou seja, trabalhar no encaixe do paradigma com o mundo para fazer da promessa um sucesso. 42- ! Como se dá a articulação entre o paradigma e o mundo? A articulação entre paradigma e o mundo é o processo de encaixe entre o que o paradigma prevê e o que se observa no mundo de fato, como as previsões e as observações nunca se encaixam muito bem o trabalho do cientista é fazer essa articulação, isso se dá através da resolução de quebra cabeças, que são questões respondíveis dentro do paradigma vigente que dá as ferramentas e o ponto onde ele deve chegar, o único elemento que o cientista deve pensar é como chegar nesse resultado esperado, quando ele alcançar esse objetivo ele terá feito a articulação desejada 43- Por que o fracasso científico cai sobre o cientista e não sobre o paradigma? Qual a importância disso para a ciência normal? O cientista nunca culpa o paradigma se houver uma coisa que ele “não consiga responder”, ele assume que o erro é dele, porque o paradigma fornece as ferramentas e o resultado que o cientista deve achar cabendo a ele só descobrir um meio de chegar a essa resposta, para se ter uma ideia, mesmo que haja uma anomalia o cientista não a percebe e continua tratando aquilo como um quebra-cabeça porque uma anomalia é uma questão não respondível dentro do paradigma vigente, o que significa que o paradigma não cobre aquela questão, e para o cientista o paradigma é o próprio mundo então ele não acredita que há uma questão que o paradigma não consiga responder. Isso é importante porque o cientista acredita que aquilo que o paradigma diz é o próprio um do e não apenas uma teoria em relação ao mundo, e isso permite ele execute a ciência normal de maneira apropriada, sem ficar questionando toda vez que ele encontrar um desencaixe do paradigma. 44- O que significa dizer que as respostas e até mesmo as próprias questões dependem dos paradigmas? Qual a importância disso para o processo de Revolução Científica? Paradigmas diferentes vão fazer tipos de perguntas diferentes, e vão dar tipos de respostas diferentes, ou seja, uma resposta que é considerada válida dentro de um paradigma pode não ser considerada nem uma resposta cientifica em outro paradigma, vai ser considerada um jogo de palavras. Isso é importante no processo da revolução cientifica porque não se pode basear nas respostas para escolher entre paradigmas, pois paradigmas diferentes não fazem as mesmas perguntas nem dão mesmas respostas, o que significa que os paradigmas são incomensuráveis e que a troca de um pelo outro deve ser revolucionária. 45- ! Por que podemos dizer que, para Kuhn, a diferença entre descoberta e invenção é artificial? Para Kuhn, existem dois tipos de descoberta e invenção, elas podem ser anômalas ou paradigmáticas, para o caso delas serem paradigmáticas a descoberta é achar uma coisa que já existia mas não se sabia da sua existência e inventar é fazer existir uma coisa que não existia antes, quando elas são anômalas não há diferença entre descoberta e invenção, visto que uma descoberta anômala viola o paradigma pois descobre uma coisa que não está prevista dentro do paradigma, por isso é uma diferença artificial. 46- Se só experimentamos o que é previsto e habitual, como é possível descobrir uma anomalia? O trabalho que o cientista executa na ciência normal é o encaixe do que o paradigma prevê com aquilo que é observado de fato no mundo, a isso Kuhn dá o nome de operação de limpeza e durante esse processo o cientista aumenta o alcance e a precisão do paradigma e dessa forma se houver uma anomalia aumenta a chance de encontrá-la. 47- ! Quais as diferenças e semelhanças entre anomalia e quebra-cabeça? Anomalia e quebra-cabeça são dois termos que se referem a questões que estão tentando ser encaixadas no mundo, no entanto o quebra cabeça é uma questão que pode ser respondida dentro do paradigma e a anomalia é uma questão que não pode ser respondida dentro do paradigma, mas o cientista não acha que seu paradigma tem anomalias, ele trata todas as questões como sendo quebra-cabeças, pois ele não questiona o paradigma, se houver algum erro este erro é do cientista, ele nunca culpa o paradigma. 48- Qual a relevância das teorias ad hoc? Com que propósito elas são utilizadas na ciência? As teorias ad hoc tentam dar uma solução a uma anomalia justamente para evitar que aquela ciência entre em crise e aconteça uma revolução cientifica, pois se isso acontecer todo o trabalho dos cientistas vai ser jogado fora no processo de abandono do antigo paradigma, elas são importantes pois dão uma sobrevida ao paradigma e permitem que o paradigma se desenvolva mais. 49- Explique os 3 casos em que uma anomalia pode gerar uma crise. Uma anomalia pode gerar pode gerar uma crise quando este é um problema central dentro do paradigma e não pode ser engavetado pois uma incoerência em um ponto central do paradigma põe todo o resto em xeque, pode acontecer também de a anomalia ser socialmente relevante e não poder ser engavetado porque a população em geral está envolvida nessa questão de certo modo e pressionam os cientistas a dar respostas, e por último pode acontecer de o paradigma estar tão desenvolvido que só resta resolver os últimos detalhes do paradigma e então não faz sentido engavetar um problema quando o paradigma está prestes a se encaixar perfeitamente no mundo. 50- Uma vez em crise, como é o funcionamento da ciência? Quando a ciência está em crise isso significa que o cientista encontrou uma anomalia, ou seja, uma questão que não conseguiu ser explicada dentro do paradigma, dessa forma a ciência passa a funcionar de maneira diferente da usual, é o que Kuhn chama de ciência extraordinária, essa ciência funciona flexibilizando as regras da ciência normal, discutindo e explicitando essas regras e discutindo os conceitos fundamentais da ciência em questão, tudo isso para tentar resolver a crise sem que haja uma revolução. 51- Qual a relação entre ciência, paradigma e comunidade científica? Para um grupo ser considerado uma comunidade cientifica eles devem ter o próprio manual, isso significa dizer que eles devem ter um paradigma que seja dominante e que esteja sendo resolvido por um trabalho de ciência normal. E além disso cada termo precisa dos outros dois para serem explicados, de modo que ciência é aquilo que uma comunidade cientifica faz para explicar um paradigma, paradigma é como uma determinada comunidade cientifica faz ciência e comunidade cientifica é o grupo de cientistas que faz uma determinada ciência a partir de um determinado paradigma. 52- Como é possível que “durante as revoluções cientistas veem coisas novas quando utilizando instrumentos familiares”? Dê exemplos para ilustrar sua explicação. Porque o paradigma determina o mundo e determina também aquilo que o cientista deve observar, então mesmo usando o mesmo instrumento quando o novo paradigma prevê uma coisa diferente o cientista irá observar uma cosia diferente, é o caso da astronomia oriental que observou o surgimento e o desaparecimento de várias estrelas, inclusive a supernova, enquanto a astronomia do mundo ocidental não observou nada disso mesmo usando instrumentos parecidos porque seu paradigma dizia que o mundo supralunar era imutável. 53- Por que a mudança de paradigma não pode ser vista como uma mudança de interpretação de mundo? Porque paradigmas diferentes não são interpretações diferentes de um mesmo mundo, paradigmas diferentes são interpretações diferentes de mundos diferentes. 54- Por que Kuhn não explica como surgem os novos paradigmas? Como, então, ele é capaz de nos dizer onde eles normalmente surgem? Kuhn não consegue explicar como surge um novo paradigma porque ele não consegue explicar como uma nova ideia surge na cabeça de uma pessoa, no entanto ele é capaz de nos disser em quais circunstâncias normalmente surgem os novos paradigmas. Normalmente acontece com pessoas que são novas no paradigma, com pessoas que estão trabalhando diretamente com a anomalia e geralmente essa ideia surge em um momento de distração, quando a pessoa não está pensando em como resolver a crise. 55- Um novo paradigma pode nos dizer que dados antigos estão errados mesmo que não tenha novos dados para substituí-los. Como isso é possível e qual as consequências disso? Paradigmas diferentes determinam dados diferentes, então quando um novo paradigma surge ele vai contra os dados do paradigma anterior mesmo que não haja novos dados para substituí-los, e isso é possível justamente porque o paradigma é anterior aos próprios dados e então se ele disser para o cientista que tal dado está errado o cientista vai confiar plenamente no que o paradigma diz, porque ele não contraria o paradigma, se algo estiver errado a culpa é dele mesmo. Haja vista que o paradigma é anterior aos dados não se pode basear nos dados para a escolha entre paradigmas diferentes, o que significa que dois paradigmas são incomensuráveis o que significa que a mudança entre paradigmas deve ser revolucionária. (O paradigma antigo tem vários dados, o paradigma novo tem poucos dados e mesmo assim diz que os dados do velho estão errados sem ter como substituir todos.)
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