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Pró-Reitoria de Graduação 
Curso de Psicologia 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
AUSÊNCIA PATERNA E REPERCUSSÕES NO 
DESENVOLVIMENTO HUMANO: É POSSÍVEL SUPERAR? 
 
 
Autora: Dhéssica Araújo Gonçalves
Orientadora: Dra. Silvia Renata Magalhães Lordello
Brasília - DF 
2014 
 
 
DHÉSSICA ARAÚJO GONÇALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUSÊNCIA PATERNA E REPERCUSSÕES NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: 
É POSSÍVEL SUPERAR? 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao curso de Graduação em 
Psicologia da Universidade Católica de Brasília, 
com requisito parcial para obtenção do título de 
Psicóloga. 
Orientadora: Prof. Dra. Silvia Renata Magalhães Lordello 
 
 
 
Brasília 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico ao meu querido pai, que 
pereceu quando eu era apenas uma 
criança e, mesmo ausente, sempre 
viveu em minha memória. À minha 
família que me apoiou e protegeu, 
sendo responsável por tudo que sou. 
 
 
. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao longo da construção do trabalho foi possível receber o carinho e apoio de 
pessoas maravilhosas que percorreram minha vida e que me ajudaram nesse 
período. 
Primeiramente agradeço a Deus por me capacitar diante as dificuldades com 
dedicação e persistência. 
 Agradeço à minha mãe Zilma que sempre acreditou em meu potencial, me 
encorajando e me incentivando aos estudos apesar das dificuldades. 
À minha família: meus avós, primos, tios e tias, por todo amor recebido 
durante toda minha vida, sendo fundamentais em minhas conquistas. 
À minha amiga do coração, Anne Caroline que ofereceu sua companhia, me 
incentivando nessa jornada e ao longo do curso de Psicologia com sua amizade 
incomparável. 
Aos meus amigos Adriano e Naraiana que sempre me alegraram, me 
oferecendo apoio ao longo de nossa amizade. Tudo se tornou mais divertido com 
vocês em minha vida! 
À minha Tia Valmere que me inspirou a realizar este trabalho, ofereceu seu 
apoio, seu carinho e compartilhou conhecimento. 
Em especial à minha Orientadora querida, Silvia Lordello que permaneceu 
com muita dedicação, energia, entusiasmo e paciência. Agradeço sua companhia 
fiel e competente nas inúmeras revisões e reflexões no trabalho. 
 À minha amiga e professora Mariana Juras que mesmo distante sempre me 
apoiou com tanto carinho e dedicação, me motivando e ensinando. 
 À minha supervisora de estágio Cibelle Antunes, que mesmo não envolvida 
no trabalho me incentivou com palavras afáveis, de maneira singular demonstrou 
preocupação e cuidado, oferecendo seu carinho durante o semestre. 
Por fim, agradeço à querida Alexina Ribeiro por se disponibilizar a examinar 
meu trabalho. Obrigada pelo afeto e empenho em nos ensinar, compartilhando seus 
conhecimentos e experiências de uma forma tão graciosa. 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A proposta do estudo é levantar, por meio das buscas na literatura, o estado da arte 
em que o tema da ausência paterna se encontra. Foram selecionados artigos de 
periódicos nacionais, indexados na base de dados Scielo, além de livros publicados 
relativos ao tema, no período de 2009 a 2014. O estudo proposto, de natureza 
teórica, tem por objetivo descrever as consequências da ausência paterna sobre o 
desenvolvimento dos filhos, considerando-se as mudanças culturais e 
transformações familiares da pós-modernidade. Foram identificados temas que 
apontam para novas conceituações relativas aos papéis paternos pertinentes ao 
contexto vigente. Tais modificações exigem um olhar sistêmico sobre a família, 
contemplando a diversidade de suas configurações e contextualizando a função do 
pai neste cenário. Aspectos relativos à judicialização se mostram presentes nesta 
trajetória e a paternidade passa a ser objeto de legislações e de políticas. Percebeu-
se que a ausência paterna pode gerar efeitos desfavoráveis ao desenvolvimento 
humano, sobretudo quando afeta as relações de segurança e vínculos em crianças e 
adolescentes. Entretanto, não há determinismo neste impacto, que dependerá dos 
fatores de proteção, da rede de apoio social, da própria qualidade das relações 
familiares e dos diferentes sistemas nos quais a pessoa está envolvida. Discute-se 
ainda conceitos como resiliência individual e familiar, para os quais são indicados 
estudos futuros. 
Palavras-chave: Paternidade. Ausência paterna. Abandono afetivo. Parental. 
7 
 
INTRODUÇÃO 
 
Adotando a perspectiva de que a família é um sistema sociocultural aberto, 
em constante transformação (Minuchin, 1990) e que é inegável a interdependência 
afetiva existente no grupo de pessoas que a formam, surgiu o interesse em 
compreender o impacto que a ausência paterna é capaz de promover neste cenário 
complexo. 
A convivência entre as famílias modernas, que se apresentam de formas 
diversificadas, com composições peculiares, vem apresentando a ausência paterna 
como parte deste novo cenário (DINIZ NETO E FERES-CARNEIRO, 2005). Esse 
fenômeno promove diversas modificações no sistema familiar. 
Consideramos, neste trabalho, a ausência paterna, quando não há a 
participação efetiva do pai no desenvolvimento dos filhos, da infância à fase adulta, 
podendo se manifestar tanto pela ausência de afeto como pela ausência definitiva, 
no caso de morte ou pai desconhecido, conforme nos aponta Sganzerla e 
Levandowski (2010). Há também, na literatura jurídica, o termo abandono afetivo, 
que guarda proximidade semântica com a ausência paterna, entretanto optou-se por 
não fazer uso deste termo no presente trabalho, em função de seu caráter valorativo 
e determinista. 
A ausência paterna vem se tornando cada vez mais frequente nas famílias, o 
que acarreta consequências significativas para o desenvolvimento humano. 
Entretanto, há um paradoxo: ao mesmo tempo em que há um aumento no número 
de famílias monoparentais chefiadas por mulheres, vem se ampliando o papel da 
paternidade, que diante a ausência, o pai se torna requisitado pelos filhos, 
requerendo sua presença e interação. 
A paternidade sofreu diversas mudanças ao longo do tempo, no que se refere 
ao papel do pai, assim, a responsabilidade/ presença do pai vem se tornando mais 
demandada no cuidado e afeto durante o desenvolvimento dos filhos. De acordo 
com o estudo apresentado por Almeida (2009), uma grande parte dos pais 
contemporâneos tem buscado uma participação mais efetiva no cotidiano familiar e 
em especial no cuidado com os filhos, procurando manter um contato mais próximo 
com as crianças, com demonstração de afeto e interesse em participar mais 
ativamente em sua criação. 
A ausência do pai no ambiente familiar pode ser reconhecida tanto como 
ausência afetiva, que ocorre mesmo diante da presença física, ou como uma 
ausência definitiva que se trata dos casos de falecimento e/ou não há uma 
representação da paternidade. Conforme o estudo apresentado por Sganzerla e 
Levandowski (2010), percebe-se que a falta de envolvimento do pai na vida dos 
filhos adolescentes, decorrente de sua ausência prolongada ou definitiva, traz 
repercussões negativas para o desenvolvimento destes, tanto diretamente, por seus 
efeitos no âmbito pessoal, como indiretamente, pelos efeitos no funcionamento 
familiar. 
No presente trabalho não consideramos a família unicamente como um 
modelo tradicional composto por pais e filhos, mas levamos em conta as diversas 
estruturas familiares. De acordo com Martins (2014), mudanças profundas têm sido 
observadas na estrutura, nas funções e na dinâmica relacional das famílias. As 
composições variam desde grupos formados por laços consanguíneos, relações 
8 
 
formais ou não, família conjugal, família extensa, família monoparental e nuclear. Há 
uma tendência a casamentos tardios, escolha por não ter filhos, cresce o número de 
recasamentos, formando famílias compostas por filhos de diferentes uniões e 
constituídas de membros de diferentes gerações, de uniões homoafetivas, entre 
outros. 
Diante deste cenário multifacetado, a paternidade mencionada está referidatanto à figura paterna como a sua representação de paternidade, que pode ser 
exercida por outro membro da família. Considerando o que foi citado por Bastos e 
Almeida (2012), essa construção tem como base a vivência afetiva e 
reconhecimento, não o vínculo biológico, o que relativiza a ausência definitiva, pois o 
pai substituto estará presente, ainda que simbolicamente. 
Conforme os dados analisados por Moreira e Tonelli (2013), pode-se perceber 
que paternidade associa-se com prática, função, dado biológico, cuidado, exercício, 
Estado, leis e regras. Nesse sentido, cabe pensar como tem se constituído o lugar 
social da paternidade ou dos homens pais. Diante disso é possível questionar e 
refletir acerca de quando se pode considerar que há ausência paterna, levando em 
consideração que há fatores, incluindo a rede de apoio social presentes, que 
possam suprir a ausência do pai. 
O objetivo deste estudo é descrever as mudanças culturais que afetam a 
composição, estrutura e dinâmica das famílias, enfatizando a configuração na qual 
há ausência paterna e identificar quais as principais repercussões no 
desenvolvimento humano dos filhos podem ser observadas. 
Como objetivos específicos, o presente estudo se propõe a: 
� Discutir as diversas conceituações de paternidade e o seu 
desenvolvimento histórico envolvendo o papel do pai 
� Identificar as principais implicações afetivas diante a ausência paterna 
na relação pai e filho (a) 
� Investigar quais as principais repercussões da ausência paterna para o 
desenvolvimento humano 
� Identificar recursos sistêmicos que possam atuar na superação das 
consequências da ausência paterna. 
 
9 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
• PATERNIDADE: HISTÓRICO E CONCEITUAÇÕES 
Contextualizando a paternidade no âmbito familiar, percebe-se que nem 
sempre o pai se mostrou protagonista na educação dos filhos. A visão de gênero 
justifica a maternidade como um valor cultural, segundo o qual se depositou na 
mulher as expectativas quase exclusivas e qualificadas de cuidado aos filhos e ao 
lar. A crença de que a maternidade era instintiva e natural conservou, por muito 
tempo, o mito do amor materno, que Badinter (1985), tão revelou e problematizou 
em seus escritos. Ainda que essa visão sexista continue presente, a crescente 
inserção das mulheres no campo do trabalho promoveu grandes implicações no 
desempenho e na execução das funções familiares. 
A Psicologia, como demais áreas do saber, se dedicou a investigar a 
paternidade no final da década de 90. Podemos enfatizar o estudo realizado por 
Valente, Medrado, e Lyra (2011), no qual se empreendeu uma análise das 
produções científicas brasileiras de 1987 a 2009. Os resultados mostraram que os 
anos 80 trouxeram o exame de DNA, resolvendo o dilema da paternidade biológica, 
que coincide com a responsabilização dos homens sobre sua reprodução nas 
cláusulas constitucionais. Na década seguinte, a paternidade segue como área fértil 
de pesquisa, a literatura passa a fazer uso do termo “paternidade participativa”, 
definida no âmbito da afetividade e adquirindo novos contornos como direito, 
compromisso com filiação, desejo do homem, independente de sua orientação 
sexual. 
O papel do pai na sociedade reflete as transformações que vêm ocorrendo na 
cultura, na sociedade e nas relações familiares. Conforme Siqueira (2009), em sua 
revisão de estudos realizados em serviços de saúde brasileiros, os resultados 
categorizaram como vínculos frágeis dos pais com suas responsabilidades, 
reiterados por práticas nos serviços de saúde que também os excluem dos cuidados 
filiais e agem de forma a atribuir à mãe a exclusividade do cuidado com os filhos. 
Foram identificadas importantes transformações contemporâneas e suas relações 
com o papel e as funções da paternidade. Observou-se que a noção de “novo pai” 
diz respeito a outro posicionamento do homem contemporâneo, a outro tipo de 
discurso de gênero, vinculado aos processos sociais da atualidade. 
 O pai nas décadas passadas se tratava de um provedor que exercia a 
autoridade na família, promovendo também a segurança e mantendo certo 
distanciamento dos filhos. Segundo Moreira e Toneli (2013), esse “novo” pai seria 
mais participativo e afetivo em contraposição ao pai que se afirmava nessa posição 
apenas por prover o lar. 
Atualmente, o papel do pai caminha em direção à participação ativa na 
educação dos filhos, tanto com relação às tarefas quanto à dimensão afetiva. A fim 
de conhecer como os homens se avaliam no exercício da paternidade e como 
pensam que deveriam exercer essa função, foi investigado por Wagner (2011) 178 
sujeitos do sexo masculino, pais de crianças em idade escolar, que frequentavam 
desde o 1° até 5° ano do ensino fundamental, de duas escolas particulares da 
cidade de Porto Alegre. Foi questionado aos pais o quanto eles despendem de 
tempo para estar com os filhos durante a semana. As respostas apontaram que 
disponibilizam cerca de 21 horas por semana com os filhos, e foi percebido que o 
10 
 
tempo que os pais gostariam de estar com os filhos é maior do que aquele que de 
fato passam com eles. Concluíram que, ser pai atualmente, mesmo em contextos 
diferentes, é participar de inúmeros aspectos do desenvolvimento dos filhos, não 
mais se restringindo a promovê-los e discipliná-los. 
Dentre as diversas funções do pai, a psicanálise destaca a estruturação 
psíquica dos filhos, devido à função para o desenvolvimento do ego. A pesquisa 
apresentada por Saraiva, Reinhardt e Souza (2012), relaciona psicopatologias 
infantis com ausência da função paterna. Considera-se que a presença do pai é 
fundamental para o desenvolvimento do filho, mesmo sendo a mãe a figura mais 
importante no início da vida da criança. Argumentam que, o pai, como função 
simbólica, é estruturante, de forma que o exercício de sua função impacta na 
estruturação psíquica da criança e no seu processo de desenvolvimento. Há, neste 
campo, um rompimento da relação narcisista do filho com a mãe que se difundem a 
partir da convivência e a presença paterna, auxiliando numa socialização dos filhos. 
Concluíram que, dificultar ou impedir o relacionamento entre pai e filho desencadeia 
consequências negativas no desenvolvimento da criança e do adolescente, bem 
como para a evolução da sociedade. 
A teoria sistêmica, entretanto, ressalta que essa construção do subsistema 
parental é com base na vivência afetiva e o reconhecimento social, não o vínculo 
biológico. De acordo com Minuchin (1990), mudanças externas e internas fazem 
parte do desenvolvimento das famílias, que demandam constantes acomodações e 
o nascimento dos filhos é uma dessas mudanças do ciclo vital. A paternidade, para 
este autor, requer competências de guiar, nutrir e controlar, incluindo o uso da 
autoridade. Esse exercício de negociações com base na assimetria de poder é uma 
das oportunidades de treinamento social para os filhos providos por este 
subsistema. 
Bastos e Almeida (2012) exemplificam em seu estudo, com base nas 
construções socioculturais que os pais são avaliados, qualificados e aceitos na 
relação parental. A conceituação de paternidade é expressa através do convívio e 
aspectos singulares e referentes ao próprio reconhecimento dos filhos. Assim 
podemos perceber a paternidade um aspecto muito mais social do que biológico. A 
abordagem sistêmica alerta, inclusive, para os perigos de se adotar uma visão 
idealizada de família, baseada em padrões tradicionais. Segundo Martins (2014), 
persistir na crença de que o modelo nuclear burguês deve ser o padrão, passa a 
vigorar como comparativo para as demais famílias, o que gera estereótipos e 
julgamentos sociais perversos, conduzindo à baixa autoestima e à desesperança. 
A teoria bioecológica do desenvolvimento, também adota uma visão 
sistêmica, na qual a família é um microssistema de grande valor para ressaltar as 
potencialidades de seus membros e funciona como um campo educativo 
fundamental para a transmissão de valores. De acordocom Narvaz e Koller (2004) o 
autor desta teoria, Bronfenbrenner, preconiza que os elementos pessoa, processo, 
contexto e tempo são fundamentais para o entendimento das questões 
desenvolvimentais. No microssistema familiar, são ativados processos proximais que 
funcionam como motores do desenvolvimento. Nestes contextos, como casa, escola, 
trabalho, igreja e todos os quais a pessoa pertence, serão notados papéis, padrão 
de atividades e relações interpessoais. Esses elementos são responsáveis por 
envolver os indivíduos em atividades progressivas que, mediadas pelas interações 
sociais complexas e progressivas, promoverão transformações qualitativas em seu 
desenvolvimento. O papel paterno encontra aí grande destaque, pois o pai está 
incluso no microssistema familiar com suas especificidades de papéis e relações 
11 
 
interpessoais. Segundo Narvaz e Koller (2004), essas relações serão construídas 
por meio dos processos proximais que estarão estabelecidas entre pais, filhos e 
todos os que compõem este microssistema. 
Cia e Barham (2009) realizaram um estudo que relacionava indicadores do 
envolvimento paterno com indicadores de desenvolvimento social dos filhos. 
Participaram 97 pares de pais e mães e 20 professoras. Para avaliar o envolvimento 
paterno, pais e mães responderam à Avaliação do bem-estar pessoal e familiar e do 
relacionamento pai-filho e para avaliar o desenvolvimento social das crianças, os 
pais, as mães e as professoras preencheram o Social Skills Rating System– SSRS. 
Foram utilizadas escalas em três dimensões para analisar o relacionamento entre 
pais e filhos: escala de comunicação, escala de participação do pai nos cuidados 
com o filho e escala de participação do pai nas atividades escolares, culturais e de 
lazer do filho. Os resultados indicaram que quanto maior a frequência de 
comunicação entre pai e filho e de participação do pai nos cuidados e nas atividades 
escolares, culturais e de lazer do filho, menor o índice de hiperatividade e de 
problemas de comportamento e mais adequado o repertório de habilidades sociais 
das crianças. O estudo considera que, além da importância do estilo do pai para o 
desenvolvimento social dos filhos, estudos têm evidenciado a relevância da 
participação paterna na sua educação, pois no atual contexto cultural brasileiro as 
práticas educativas de ambos os genitores em relação a seus filhos estão num 
processo de transformação, passando de uma postura de rigidez para uma maior 
flexibilidade, o que também pode acarretar consequências negativas se não for 
acompanhado criticamente. 
 
• JUDICIALIZAÇÃO DA AUSÊNCIA PATERNA 
 
Dentro deste cenário de modificação da visão de paternidade ao longo do 
tempo, um aspecto que tem se sobressaído é a judicialização. Tem-se presenciado, 
atualmente, a noção de pertencimento idealizada pelos filhos a uma busca por 
direitos e reconhecimento paternos. Reflexo do contexto sociocultural vigente, essa 
reivindicação legalista encontra respaldo nas pesquisas atuais sobre paternidade. 
Desde a década de 80, vem sendo possível identificar estudos relacionados 
aos direitos dos filhos e o amparo às famílias. Conforme os dados levantados por 
Valente, Medrado, e Lyra (2011) no histórico do Brasil, é possível apontar dois 
marcos históricos importantes: a promulgação da Constituição Federal de 1988 e do 
Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990. Esses dois documentos têm a 
finalidade de garantir que os filhos gerados fora ou dentro do casamento e os filhos 
por adoção tivessem direitos e qualificações relativas à filiação. Assim, se 
reconheceu o estado de filiação como direito personalíssimo, podendo ser exercido 
pela força da lei contra pais ou seus herdeiros. Em 1991, no Direito se analisa a 
tensão entre o Código Civil então vigente e a jurisprudência acerca da paternidade 
presumida. 
Mais tarde, em 1995, por consequência direta do impacto da Carta Magna e 
do ECA na vida familiar brasileira, o interesse recaiu sobre a nova concepção de 
família, o estabelecimento da paternidade e a filiação afetiva. Posteriormente, se 
iniciaram investigações paternas a partir do exame de DNA e as questões jurídicas 
associadas à responsabilidade do homem pai e do direito do filho à filiação, 
chegando, então, ao princípio da dignidade humana e a investigação paterna, o 
direito da criança e adolescente a uma paternidade “verdadeira”, os dilemas da 
12 
 
filiação socioafetiva e o direito ao conhecimento da identidade genética, e o princípio 
da afetividade paterna. 
A ausência paterna, por sua vez, sendo ela advinda de diversos fatores que 
permeiam as mudanças culturais, a negligência ou fatalidades do ciclo de vida como 
em casos de falecimento, trouxe repercussões às famílias modernas a ponto de ser 
um aspecto que passou a buscar juridicamente soluções para as problemáticas 
enfrentadas. Conforme Valente, Medrado, e Lyra (2011), o número de demandas 
junto ao Judiciário tem crescido nos últimos anos, assim como a complexidade dos 
conflitos familiares levados ao seu julgamento, acarretando em superlotação e 
morosidade dos processos nas varas de família. 
A Comissão de Justiça do Senado Federal desenvolveu um projeto de lei que 
considera dano moral à dignidade humana o abandono ou ausência decorrente de 
negligência do pai/mãe ao longo do desenvolvimento dos filhos. O projeto de Lei nº 
700/2007, do Senador Marcelo Crivella, que se aprovado transformará o abandono 
afetivo em prática passível de punição tanto na esfera cível como na penal. 
 
Considera-se conduta ilícita, sujeita a reparação de danos, sem 
prejuízo de outras sanções cabíveis, a ação ou a omissão que 
ofenda direito fundamental da criança ou adolescente prescrito 
por lei, incluindo os casos de abandono moral. 
(MARCELO CRIVELLA, Lei 700/2007 Art. 5° Parágrafo único). 
 
Para esclarecimento, o termo abandono afetivo/moral, como está referido no 
projeto de lei acima, não foi utilizado como temática do estudo devido ao seu caráter 
determinista de impor ao responsável ao fenômeno da ausência paterna. A teoria 
sistêmica acredita que não há responsabilização de um sujeito, mas que o fenômeno 
é parte de um sistema no qual todos contribuem na intensificação dos eventos 
familiares. 
É possível questionar acerca das medidas adotadas perante a justiça com 
relação à ausência paterna/abandono afetivo. Podemos observar, conforme 
apresentado por Goulart e Penso (2012), que os pais da atualidade, em reflexo das 
transformações, carregam a crença de que o sustento material supre as 
necessidades do desenvolvimento das crianças e adolescentes e acabam ignorando 
a convivência afetiva e familiar. Outra questão problematizada pelas autoras se 
refere à interpretação da reparação do dano moral, quando mencionam que, caso se 
busque uma reparação justa, o dano moral é visto como irreparável, uma vez que 
não retrocede. Não há como fazer com que o indivíduo retorne ileso ao estado em 
que se encontra antes de sofrer o dano. Dessa forma, ressalta-se que a paternidade 
não é imposta a nenhum indivíduo e que a partir do momento em que isso acontece, 
os pais devem arcar com todas as consequências dessa concepção e perceber que 
os filhos dependem dos pais em todos os aspectos para um desenvolvimento digno 
e saudável, prescrito em lei, alçado a direito fundamental. Esse posicionamento é 
polêmico, pois suscita posições deterministas. 
Outro ponto importante a se questionar é com relação às medidas judiciais 
adotadas diante a síndrome descrita por alienação parental que é um conceito 
formulado nos Estados Unidos pelo psiquiatra infantil forense, Richard A. Gardner. A 
síndrome da alienação parental ocorre principalmente nos divórcios quando um 
genitor tenta persuadir os filhos contra o outro genitor, causando uma alienação, 
onde o filho pode se afastar de um de seus pais. Segundo Barbosa e Juras (2010) o 
13 
 
genitor alienador projetaria suas mágoas e raivas provenientes das dificuldades 
relacionais com o ex-cônjugee da não elaboração da separação em seus filhos, 
promovendo a exclusão emocional e até física do genitor não guardião da vida dos 
filhos. Conforme a Presidência da República (2010), que legalizou a lei 12.318 que 
pune o genitor alienador e prevê uma investigação e uma regulamentação de 
medidas adotadas, o objetivo é amenizar os efeitos causados na síndrome da 
alienação parental. A lei, em vigor, passa a punir o alienador com multa, declarar a 
ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; ampliar o regime de 
convivência familiar em favor do genitor alienado; determinar acompanhamento 
psicológico e/ou biopsicossocial; determinar a alteração da guarda para guarda 
compartilhada ou sua inversão; determinar a fixação cautelar do domicílio da criança 
ou adolescente; e até mesmo declarar a suspensão da autoridade parental. Há, 
entretanto, muitas reservas e criticas dos serviços psicossociais jurídicos à lei, que 
pode sugerir novas condutas no cenário familiar, com vistas a uma ação de 
persecutoriedade e ameaça entre os pais, acarretando novos impactos no 
desenvolvimento dos filhos. 
• AFETO E PATERNIDADE 
 As vinculações afetivas entre pais e filhos também tem sido beneficiadas pela 
maior participação e presença do pai no cenário familiar e em sua atuação sobre o 
desenvolvimento dos filhos nas últimas décadas. O estudo realizado por Valente, 
Medrado, e Lyra (2011), investigou em 1994, a produção em Psicologia sobre o 
tema e percebeu-se que a maior parte dos estudos tratava das tensões entre a 
identidade masculina e uma paternidade que envolveria atribuições antes ligadas à 
condição feminina como afetividade e cuidado. Além destes conteúdos, abordava-se 
ainda a busca de uma nova definição de ser homem e a vivência da paternidade na 
clínica. Em 2002 e 2003, na Psicologia, pela primeira vez, aparece o termo 
“paternidade participativa”, descrita como afetiva e cuidadora da prole, não restrita 
ao provimento material nem vivida na companhia de uma mulher, esposa ou alguém. 
A relação afetiva entre pai e filho é um fator muito relevante para o desenvolvimento, 
sendo que, é importante que seja construída através de todo o convívio familiar, 
segundo os autores. 
Considerando a ausência paterna, que significa, também e necessariamente, 
a ausência de afeto paterno, podemos observar consequências significativas no que 
se refere à expectativa de uma vinculação e pertencimento afetivo idealizado pelos 
filhos. Ressaltamos que diante da ausência paterna, os filhos são sujeitos a sofrer 
perdas afetivas. A ausência afetiva aqui destacada não está diretamente relacionada 
à ausência física, mas a ausência de afeto que pode ser identificada também na 
presença física. Conforme mencionado por Sganzerla e Levandowski (2010), a 
ausência paterna seria decorrente da distância emocional/falta de afeto, que pode 
acontecer mesmo naquelas situações em que o pai está fisicamente presente. 
Conforme os dados encontrados por Sganzerla e Levandowski (2010) pode-
se pensar que o fato de não contar com a presença física (contato) do pai, advindo 
de falecimento, gera, sobretudo na criança e no adolescente, sentimentos ligados à 
sensação de perda e tristeza, enquanto que, nesses casos, não se evidencia revolta 
ou indignação, como se observa nos casos em que a ausência decorre de 
separação conjugal e do desligamento dos pais em relação aos filhos. Levando em 
consideração a não generalização dos dados apresentados, percebemos que o 
14 
 
rompimento da relação afetiva entre pai e filho pode gerar desconforto nos filhos 
diante da falta de uma figura genitora que possa oferecer um apoio afetivo. 
Ao longo do desenvolvimento humano, há alternativas que suavizam dos 
efeitos da ausência paterna, considerando-se o grupo familiar, social e as redes de 
apoio. 
Entretanto, não se pode esquecer o fato de que diferenças nas 
repercussões da ausência paterna para o desenvolvimento do 
adolescente poderão ser identificadas conforme os seus 
recursos emocionais individuais, o manejo dos membros da 
família e a presença de uma rede de apoio social com a qual 
ele possa contar, a fim de minimizar os efeitos adversos dessa 
condição familiar. (SGANZERLA, LEVANDOWSKI, 2010) 
Considerando os aspectos apresentados, ressaltamos que a afetividade 
construída no ambiente familiar, é dependente de um processo conjunto dos 
membros da família, que por sua vez é a base da afetividade e das relações 
humanas. Segundo Saraiva, Reinhardt e Souza (2012), ser pai e ser mãe são 
condições construídas numa relação afetiva a três, não sendo desejável que uma 
das partes seja excluída ou tenha uma atuação secundária. O filho deve ser a 
prioridade nas relações entre o pai e a mãe, os quais devem dispensar de forma 
igualitária cuidados, educação, carinho e segurança física e afetiva à criança. É 
possível apontar, diante do que foi exposto, recursos para intervenções 
psicoterapêuticas, sendo através de investigação e potencialização do manejo 
familiar, servindo então como apoio aos filhos que sofrem diante a ausência paterna. 
Há aspectos que relacionam a ausência de afeto com consequências 
negativas no desenvolvimento cognitivo infantil, no qual a falta de afeto pode 
repercutir em uma perda de rendimentos escolares. Segundo os resultados, 
encontramos por Cia e Barham (2009) os pais e mães das crianças que 
apresentaram problemas de comportamento externalizantes, eram menos calorosos 
e se expressavam positivamente com baixa frequência. Além disso, seus filhos 
tinham menos controle emocional e menor persistência nas tarefas, segundo relatos 
de ambos os pais e dos professores. Os resultados do estudo apontaram que o bom 
relacionamento entre pai e filho é preditor de uma relação afetuosa e positiva entre 
ambos e maximizador de diferentes aspectos do desenvolvimento infantil, como o 
desenvolvimento social. 
Outro estudo foi realizado por Moreira e Carvalho (2014), com o objetivo de 
compreender e discutir a paternidade na sociedade contemporânea, a partir das 
concepções de pais de diferentes níveis socioeconômicos. Os resultados mostraram 
que a definição de pai também está associada à disponibilidade para o filho e ser 
afetuoso. Conforme resultados encontrados, o pai ideal é visto como aquele que 
ensina, compartilha atividades e está disponível para a sua criança, de acordo com 
os pais de menores salários, o pai ideal é afetuoso e se preocupa com o filho. A 
pesquisa ressaltou que o pai ideal, além de responsável, deve ser carinhoso, 
compreensivo e ter proximidade com o filho. Concluiu-se que, analisando o conceito 
de paternidade, foi verificado que tanto os pais de maiores salários e os de menores 
salários, definem pai como aquele que educa/ensina. Dessa forma, é possível 
perceber que a relação de afeto e cuidado entre pai e filhos é uma demanda vinda 
através dos homens pais, que são verificadas conforme as necessidades dos 
mesmos em suas relações com os filhos. 
 
15 
 
 
 
 
• REPERCUSSÕES NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: DO 
DETERMINISMO AO DINAMISMO 
 
Tendo em vista o contexto histórico, é possível notar uma percepção 
estereotipada da população com relação aos modelos familiares com configurações 
divergentes ao modelo tradicional, famílias monoparentais, recasadas ou 
homoafetivas. Faz-se necessário, rever estas estereotipias para que não se 
patologize desnecessariamente aspectos que são decorrentes destas novas formas 
de organização. 
Considerando as mudanças sociais que ocorrem nas famílias da 
contemporaneidade, percebemos definições menos específicas no que se refere ao 
papel do pai e da mãe no que diz respeito às contribuições para o desenvolvimento 
dos filhos. Atualmente, as funções de gênero são mais flexíveis, entretanto, é 
importante enfatizar que essas especificidades são atravessadas por questões 
culturais que dividem os papéis sexuais de homem e mulher nas questões parentais. 
De acordo com Costa e Penso (2014), é importante observar a interação para 
que se possacompreender a sua estrutura familiar, ou seja, como os membros 
reagem à mudanças, como se adaptam aos problemas que surgem, como 
conversam e como se conduzem de forma previsível. Entender esse sistema 
pressupõe compreender as regras habituais, as fronteiras invisíveis que definem os 
limites dos subsistemas, como se dão as relações de poder, a comunicação e como 
são transmitidos os valores. É preciso investigar ainda, como se dá o processo de 
individuação ou o encorajamento à autonomia dos membros, a intimidade e 
afetividade desenvolvidas neste sistema. A ausência paterna passa a ser então, 
vista dentro desta esfera mais abrangente e complexa e não, simplesmente julgada 
como uma falta. 
Essa compreensão do sistema familiar deve perpassar todos os cenários, 
evitando assim a ação iatrogênica de profissionais que, em vez de encontrar 
potencialidades, fixam-se na culpabilização dos membros pelo fracasso na 
educação dos filhos. Muitas vezes, o julgamento de que a ausência paterna é o 
problema dos filhos, vitimiza e retira todo o valor da intervenção dos demais 
contextos, uma vez que é determinista e inexorável. 
Um exemplo disso é o contexto jurídico. Souza, Beleza e Andrade (2012) 
desenvolvem um estudo acerca das novas configurações que se apresentam à 
sociedade brasileira e os desafios que se impõem aos profissionais que atuam no 
campo sócio jurídico, bem como a sua incidência nas legislações referentes ao 
Direito de Família. Foi realizada uma pesquisa quantiqualitativa, realizando 
entrevistas semiestruturadas, com aplicação de formulários junto aos usuários e aos 
profissionais que atuam no Núcleo de Conciliação das Varas de Família. Por 
intermédio desta pesquisa de campo, foi possível constatar que cada arranjo 
apresenta a sua especificidade, necessitando de um olhar sensível dos profissionais, 
que devem atuar com total imparcialidade e compromisso social, frente ao 
dinamismo familiar emergente. Nota-se que, atualmente, percepções que 
minimizavam a conduta, o empoderamento e questões relacionadas à socialização 
do sujeito estão propensos a adquirirem novas reformulações, no que se diz respeito 
à ausência paterna. Assim, a ausência paterna tem suscitado novos olhares e não é 
mais diretamente relacionada a aspectos negativos. 
16 
 
Há, entretanto, constatações importantes sobre como a presença paterna 
pode ser promotora de relações saudáveis e preventivas no que tange à prática de 
atos ilícitos. Mas que essas constatações estão presentes no discurso, desprovida 
do olhar crítico. No estudo realizado por Moreira e Toneli (2013), foi tomada uma 
análise das ações desenvolvidas no Rio Grande do Sul que objetivavam, através da 
promoção da “Paternidade Responsável”, um modo de prevenção da criminalidade. 
O objetivo foi compreender como se constroem as argumentações que legitimam o 
investimento na figura paterna, sobretudo, o direcionamento em relação ao que é ser 
um pai “responsável”. As ações tomadas como objeto de estudo neste artigo foram 
desenvolvidas por uma parceria entre uma organização não governamental - ONG - 
de combate à criminalidade de Porto Alegre, o Ministério Público do Estado do Rio 
Grande do Sul (MPRS) e as Secretarias Estaduais da Saúde (SESRS) e da 
Educação (SEERS). Em especial, foram analisados neste estudo materiais 
veiculados em campanhas televisivas e da internet (iniciadas em 2007). Foram 
utilizadas ferramentas foucaultianas para pensar a emergência desses investimentos 
na figura paterna, buscando entender as condições que os tornaram possíveis. 
Foram focados quatro pontos para a compreensão dessas ações. O primeiro ponto 
referiu-se à emergência do pai como objeto de investimentos, que se concluiu que 
estão articulados com as transformações sociais, econômicas, teóricas de nosso 
tempo e produzem formas distintas e complexas de exercício de paternidades, 
problematizando, inclusive, a ideia de um novo pai, enquanto modelo representativo. 
Segundo, a construção da relação causal entre ausência paterna e criminalidade, 
que se percebeu que as argumentações se produzem na articulação causal que liga 
uma dada paternidade, seria a paternidade ausente/irresponsável, à sua 
consequência, que seria a conduta ilícita dos filhos desses pais. Em terceiro, os 
significados associados à responsabilidade, que se concluiu que responsabilidade 
se produz enquanto uma cadeia associativa, onde um pai responsável produzirá 
filhos responsáveis, ou responsabilizáveis perante a lei. E por último, o foco foi 
quanto às imagens construídas nessas ações, concluindo-se que foram 
atravessadas por outros marcadores, em especial, a questão da raça, da pobreza e 
do crime organizado, possibilitando o questionamento da ausência de outros 
investimentos políticos, fazendo com que a responsabilização/culpabilização da 
família venha travestida de valorização dessa figura paterna. O artigo alerta sobre a 
produção de estereótipos fabricados pelos discursos e reproduzidos de forma 
indistinta. 
A pesquisa realizada por Sganzerla e Levandowski (2010) objetivou analisar 
estudos empíricos publicados entre 1998 a 2008 sobre a ausência paterna e suas 
repercussões para o adolescente,. Os autores realizaram uma busca em quatro 
bases de dados PsycInfo, LILACS, Scielo e Pubmed, utilizando como termos 
descritores: ausência paterna, paternidade, pais não residentes, relações familiares 
e adolescência. Foram identificados 16 estudos, cuja temática foi classificada como 
ausência paterna prolongada. A maioria deles apresentou caráter quantitativo e 
longitudinal. De modo geral, foi possível perceber que a ausência paterna pode 
trazer prejuízos ao desenvolvimento afetivo e social dos adolescentes. Importantes 
repercussões da ausência ocorrem também no funcionamento familiar. De modo 
geral, o estudo ressaltou que essa situação familiar de ausência paterna pode se 
tornar um fator de risco (e repercutir negativamente) em diversos aspectos do 
desenvolvimento do adolescente. Entretanto, não se pode garantir que todo 
indivíduo que tenha a experiência da ausência paterna tenha, necessariamente, 
17 
 
repercussões negativas, se precisa então, considerar o histórico de vida e os 
recursos de cada indivíduo. 
Outro aspecto importante, que de acordo com a contribuição da psicanálise, 
podemos mencionar possíveis repercussões no desenvolvimento durante a infância, 
dando ênfase a simbolização da criança que pode trazer consequências 
significativas para o desenvolvimento da personalidade. Um pai ausente (muito 
distante ou muito autoritário) não auxilia na simbolização, favorecendo o 
aparecimento de problemas de personalidade e de interação nas crianças 
(SARAIVA, REINHARDT E SOUZA, 2012). 
Nas famílias em que a ausência paterna se dá por meio da ausência do 
cuidado, mas há o pai envolvido, uma contribuição preventiva que tem tomado 
espaço é a coparentalidade. Prati e Koller (2001) relacionam o conceito de 
coparentalidade às definições de papéis parentais que se estabelecem por 
negociações e alterações no relacionamento conjugal. A coparentalidade engloba 
funções de cada membro do casal que se estendem além do âmbito biológico. Ela 
constitui-se em um rearranjo psíquico complexo que ocorre internamente e no 
espaço psicossocial. O acompanhamento terapêutico pode ser um auxílio para uma 
melhor vivência nesta fase de reorganização. 
Tendo em vista as possibilidades de a ausência paterna transcender 
repercussões significativas no desenvolvimento humano, ressaltamos que os 
impactos no desenvolvimento se dão através de uma contextualização social, não 
podendo ser especificada por aspectos individualizados. Não se pode generalizar 
que todos os filhos de pais separados serão necessariamente problemáticos, pois o 
desenvolvimento da personalidade da criança dependerá explicitamente do 
ambiente que a cerca. (GOULART E PENSO, 2012). 
É importante considerar o relativismo previsto para o entendimento dos 
fatores de risco e proteção. Ao abordar a ausência paternacomo um contexto 
adverso para o desenvolvimento, necessita-se de um adequado mapeamento, não 
só das constatações de adversidades, como um olhar voltado para as 
potencialidades presentes nos sistemas e também nas pessoas que podem 
minimizar os efeitos adversos. De acordo com a Abordagem Bioecológica do 
Desenvolvimento Humano, embora riscos estejam presentes em todas as situações 
e populações, eles não podem ser analisados de forma apriorística. De acordo com 
Yunes e Szymansky (2001), o risco não pode ser considerado uma variável estática. 
Há que se olhar sua construção social e seu processo de forma contextualizada. Na 
visão bioecológica, a ênfase recai sobre o ambiente percebido e, por isso, há 
necessidade de compreensão dos relatos daquele que sofreu o abandono paterno 
para extrair indicadores da vulnerabilidade e riscos, bem como os aspectos 
saudáveis que podem minimizar os danos. 
 O entendimento de fatores de risco e proteção passam a ser vistos de forma 
dinâmica e não considerados a priori. A ideia de vulnerabilidade é flexível e, 
portanto, não irá responsabilizar a ausência paterna como algo que traga impactos 
negativos por si só. As relações construídas, considerando o contexto no qual o pai 
está ausente, podem ser potencialmente saudáveis, se considerar os fatores e 
recursos que minimizam esta ausência. 
Um estudo realizado por Amparo (2008) investigou fatores sociais e pessoais 
que poderiam servir como proteção a adolescentes e jovens em situação de risco 
social e pessoal. O estudo considerou os fatores de proteção integrados e ativos, e 
incluíram a espiritualidade, a consolidação da auto-estima, a presença positiva da 
família e dos amigos, e apoio emocional e social recebidos. É importante destacar 
18 
 
que, mesmo diante as redes de apoio e até mesmo quando um integrante da família 
acaba assumindo a paternidade, há uma busca incessante de pertencimento por 
parte do filho, que deseja conhecer/saber a paternidade biológica. Eizirik e 
Bergmann (1999, apud Ferrari, 2004) apontaram momentos críticos da vida do filho 
que tornam mais forte o desejo de conhecer o genitor ausente, como “uma 
necessidade de fechar sua história”. O estudo mostrou que “por mais que as 
crianças não digam nada, o vazio está presente e trabalha”. Considerando isto, 
podemos concluir que a ausência paterna não se pode ser totalmente suprida, mas 
os recursos sistêmicos adotados auxiliam nesse processo de superação e 
adaptação no desenvolvimento dos filhos. 
É preciso revisar criticamente o conceito de família ideal. Conforme nos 
aponta Cerveny e Oliveira (2014), considera-se que a família sofreu uma mudança 
irreversível e necessita-se com urgência modificar o modo de enxergá-la. É preciso 
diferenciar a família pensada da família vivida e ressignificar a parentalidade a partir 
das necessidades dos filhos no ciclo desenvolvimental. Os bebês precisam ser 
cuidados, alimentados e protegidos; as crianças pequenas precisam ser ensinadas 
sobre regras, limites e valores e os adolescentes precisam ser orientados. 
Afetividade e diálogo são as ferramentas necessárias para lidar com os conflitos, 
que são parte integrante das relações familiares. Para desenvolver esses aspectos, 
os laços comunitários e as redes de apoio são fundamentais, pois podem fornecer 
elementos novos aos papéis familiares que se reproduzem numa dinâmica herdada, 
através da transmissão geracional. 
Há outra questão que tem impactado gravemente a família na educação dos 
filhos que são as novidades do mundo globalizado e tecnológico e que desafiam 
pais e mães na construção de valores. A visão tradicional e romantizada da família 
colocaria mais esse ônus sobre a ausência paterna, que seria a responsável pela 
permissividade e ausência da lei. Rompendo com este paradigma que rejeitamos, 
entende a importância dos equipamentos sociais que auxiliem as famílias, para que 
a culpa seja substituída pelo diálogo, troca de experiências e que ausência paterna 
não seja utilizada pelo Estado para sua intervenção, produzindo prejuízos que não 
devem ser vistos de forma universalizada. 
Ainda que algum prejuízo ocorra, outro conceito que precisa ser melhor 
compreendido é o de resiliência, também visto de maneira sistêmica. As 
compreensões sobre os processos de transformação das adversidades são um rico 
recurso nas superações. Há que se contemplar, neste cenário, não só a resiliência 
individual, que poderia ser estudada pelas formas que o próprio sujeito adota a partir 
de recursos biopsicológicos que desenvolve, mas a resiliência familiar. Embora 
ainda pouco estudada como fenômeno, a resiliência familiar, segundo Vasconcelos 
e Ribeiro (2010) será marcada por aspectos como flexibilidade dos sistemas, 
fronteiras e papéis bem definidos, processos comunicacionais eficientes, acesso à 
rede de apoio social, contextualização de estressores e capacidade de abstrair 
sentido positivo da adversidade. Há necessidade, entretanto, de maior 
aprofundamento nestas relações. 
 
19 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
De acordo com a literatura consultada, percebe-se que a ausência paterna 
pode gerar consequências desfavoráveis para o desenvolvimento humano, incluindo 
especificamente a criança e o adolescente, no que se refere às relações afetivas 
que são base para sua segurança e estima. Diante os recursos sistêmicos que 
contribuem para a superação dos efeitos adversos, percebemos, entretanto, que não 
se trata de um fator decisivo ou irreversível no que refere as suas consequências no 
desenvolvimento humano. 
A ausência paterna se manifesta de diferentes formas e por isso deve ser 
observada caso a caso. Há intervenções preventivas em situações em que a 
ausência paterna pode ser presumida. A coparentalidade é um fator que auxilia na 
prevenção da ausência paterna e seus efeitos adversos. Nos casos de separação 
conjugal e até mesmo no casamento, a relação entre pai e mãe e os filhos seria 
exercida de maneira que os filhos possam ter em seu desenvolvimento 
compartilhamento de tarefas exercidas pelos pais, sem o risco de sofrer perdas nas 
relações. Conforme foi mencionado por Prati e Koller (2011) há uma busca de 
equilíbrio na coparentalidade, que se refere especificamente à proporção que cada 
genitor engaja com a criança em situações de triangulação, sendo que, o mais 
importante nas relações de equilíbrio é a possibilidade de ambos os pais 
conseguirem interagir com os filhos individualmente, mesmo com o outro cônjuge 
presente. 
Diante das ausências paternas definitivas, ou seja, ausência proveniente de 
pais falecidos e desconhecidos é possível observar recursos que auxiliam no 
processo do desenvolvimento. A família e outras redes de proteção contribuem no 
aumento das vivências resilientes, favorecendo a construção de estratégias 
protetivas. 
Os fatores de proteção, a rede de apoio social, a própria qualidade das 
relações familiares e os diferentes sistemas nos quais a pessoa está envolvida são 
aspectos que intensificam a promoção da resiliência. Tendo em vista que, mesmo 
diante da ausência do pai, os filhos possuem elementos para favorecer os seus 
processos de resiliência, estes recursos contribuem como capacitação de manter a 
autoconfiança e o apoio na rede composta por família e amigos, mesmo que estejam 
em situações adversas. 
Tendo como ponto de vista o histórico do papel paterno e as transformações 
que ocorreram no que se refere ao papel do pai, podemos enfatizar que essas 
transformações se contrapõem à ausência paterna e ao abandono afetivo. É 
importante enfatizar que o novo pai participativo que busca ingressar nas atividades 
dos filhos como mais afetuoso e cuidador, foi requisitado diante os divórcios e ao 
abandono afetivo, ou seja, na medida em que o pai se distanciou fisicamente e 
emocionalmente dos filhos essa falta/ausência passou a se intensificar e tornar-se 
mais evidente nas famílias modernas, suscitando a presença/participação tanto por 
parte dos pais, como por parte dos filhos.Foi possível então, a partir desse 
fenômeno, instituir um pai que reconhece a ausência paterna e busca manter-se 
presente na vida dos filhos e que de certa forma passa a ser solicitado. 
Os fatores de risco enfrentados por crianças e adolescentes diante a ausência 
paterna podem ser contornados através do apoio e proteção da família, pelos quais 
a mesma auxilia a criança e o adolescente, através do afeto e valorização das 
20 
 
relações de apoio favorecendo um relacionamento familiar saudável. O estudo 
realizado por Teodoro, Cardoso, e Pereira (2011) aponta que o relacionamento 
familiar saudável é, portanto, um dos fatores associados com a saúde mental dos 
seus membros. O mesmo autor completa ressaltando que, as relações familiares 
pouco afetivas e conflituosas repercutem no âmbito emocional, interferindo na 
autoestima, na competência social e na resolução de problemas. 
O estudo presente objetivou discorrer sobre a ausência paterna e os 
principais efeitos no desenvolvimento humano, tendo em vista que, o fenômeno vem 
se tornando mais presente nas famílias atuais, e levando em consideração a 
carência de estudos realizados com essa temática. As propostas apresentadas no 
estudo tiveram por objetivo ampliar a visão e oferecer propostas que contornem os 
efeitos da ausência paterna que possam auxiliar no empoderamento do sujeito, 
buscando alternativas para o funcionamento sistêmico no que se refere ao papel da 
família e até mesmo propostas de intervenção psicoterapêutica através da 
potencialização de seus recursos saudáveis, servindo então como apoio e proteção 
a criança e ao adolescente. 
Foi possível investigar a literatura e os trabalhos afins realizados, nos 
permitindo concluir sobre a importância de se utilizar de recursos sistêmicos para 
oferecer propostas de intervenções familiares, como também apresentar os recursos 
familiares que auxiliam os filhos. 
Por se tratar de um estudo teórico, as limitações encontradas no estudo são 
referentes à dificuldade de encontrar na literatura material que diz respeito à 
ausência do pai numa perspectiva menos universalista e determinista. Faz-se 
necessária a realização de estudos de natureza empírica, na forma de pesquisa 
intervenção, os quais viabilizem uma proximidade com filhos que tiveram história 
familiar constituída pela ausência paterna e analisar as significações decorrentes 
deste fato, seus impactos e recursos utilizados neste contexto. Pode-se concluir que 
o trabalho cumpre os objetivos, na medida em que problematiza esta questão e abre 
novas questões para estudos futuros. 
 
21 
 
ABSTRACT 
 
 
The study proposal is to raise, through literature searches, state of the art in which 
the theme of father absence is. We selected national journal articles indexed in 
SciELO database, and published books on the subject, from 2009 to 2014. The 
proposed study, theoretical in nature, aims to describe the consequences of father 
absence on the development of children, considering the cultural changes and 
transformations family of postmodernity. Themes were identified that point to new 
concepts relating to parental roles relevant to the current context. Such modifications 
require a systemic look at the family, considering the diversity of your settings and 
contextualizing the role of the father in this scenario. Aspects related to legalization 
are shown to exist in this path and fatherhood becomes the object of laws and 
policies. Paternal absence It was perceived that can generate adverse effects to 
human development, especially when it affects the security relationships and ties in 
children and adolescents. However, there is no determinism in this impact, which will 
depend on the protective factors of social support, the very quality of family 
relationships and the different systems in which the person is involved. It also 
discusses concepts such as individual and family resilience, for which further studies 
are indicated. 
Keywords: Fatherhood. Father absence. Emotional abandonment. Parental. 
 
 
 
 
 
22 
 
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