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FACULDADE DE LETRAS/ NOVEMBRO-2011 59 1 – Introdução O objetivo desta apresentação é relacionar o chamado funcionalismo em lingüística com questões associadas à natureza do conhecimento humano, que vêm sendo levantadas recentemente pelas ciências cognitivas. Pretendo demonstrar que a tradição funcionalista reflete muitas dessas questões, ressaltando a importância de se aprofundar a análise dos aspectos cognitivos subjacentes aos processos de gramaticalização e, de um modo geral, aos fenômenos associados ao funcionamento da língua, estudados pelos pesquisadores na área do funcionalismo. Em virtude da complexidade do assunto, iniciarei explicitando o que estou entendendo aqui como funcionalismo, assim como o alcance que estou dando ao termo cognição. 2 – Funcionalismo Acompanhando outros autores, como Dirven e Fried (1987), Schiffrin (1994) e Kato (1998), vou tomar o termo funcionalismo em um sentido amplo. Ou seja, como uma tendência geral de análise Mário Eduardo Martelotta FUNCIONALISMO E COGNIÇÃO1 Resumo: Este trabalho discute o campo de atuação da Linguística Funcional e o conceito de cognição, procurando demonstrar que os conceitos associados ao conhecimento humano que vêm sendo levantados recentemente pelas ciências cognitivas estão implícitos em algumas análises funcionalistas. Ressalta também a importância de se aprofundar a análise dos aspectos cognitivos subjacentes aos processos que regem o funcionamento e a mudança das línguas humanas. Palavras-chave: Funcionalismo, cognição, cérebro. FACULDADE DE LETRAS/ NOVEMBRO-2011 71 SALOMÃO, Maria Margarida Martins. A questão da construção do sentido e a revisão da agenda dos estudos da linguagem. Veredas, v. 3, n.1, 1999, p. 63-74. ______. Gramática das construções: a questão da integração entre sintaxe e léxico. Veredas, v. 6, n. 1, 2002, p. 63-74. SCHIFFRIN, Deborah. Approaches to discourse. Oxford: Blackwell, 1994. SILVA E SILVA, Edna Inácio. As tendências de ordenação do advérbio mal: uma abordagem diacrônica. 2001. 80 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística). UFRJ. Rio de Janeiro. SKINNER, B. F. O comportamento verbal. São Paulo: Cultrix, 1978. TOMASELLO, Michael (Ed.). The new psychology of language: cognitive and functional approaches to language structure. v. I. New Jersey/ London: Lawrence Erlbaum Associates Publischers, 1998. TOMASELLO, Michael. The cultural origins of human cognition. Cambridge, Massachussets/ London, England: Harvard University Press, 1999. ______. The new psychology of language: cognitive and functional approaches to language structure. v. II New Jersey/ London: Lawrence Erlbaum Associates Publischers, 2003. ______. Understanding and sharing intentions: the origins of cultural cognition. To be published in Behavioral and Brain Sciences, Cambridge University Press, 2004. Disponível em http://www.eva.mpg.de/psycho/staff/carpenter/pdf/ Tomasello_et_al_inPressBBS.pdf. Acesso em 04 nov. 2005. VOTRE, Sebastião J. Cognitive verbs in Portuguese and Latin – unidirectionality revisited. Santa Barbara: Universidade da California. Mimeo, 1999. 1 Texto escrito pelo Professor Mário Martelotta para conferência do “X Seminário do Grupo Discurso e Gramática”, realizado na UFRN, em 2006. Publicado em FURTADO DA CUNHA (org.): Linguística funcional: a interface linguagem e ensino. “Anais do X Seminário do Grupo de Estudos Discurso e Gramática”. Natal: UFRN, 2006.
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