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1 CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – MÓDUL O I 201 CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – MÓDULO I CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – MÓDULO I 381 CURSO TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO MÓDULO I DISCIPLINA GESTÃO AMBIENTAL 2 PLANO DE CURSO Curso: Segurança do Trabalho Disciplina: Gestão Ambiental Professora: Ana Paula Amâncio Moreira Cunha Período de vigência: Primeiro Semestre de 2023 ______________________________________________________________________________________ 1 – EMENTA Interação homem e meio ambiente. Introdução à economia ambiental. Controle de qualidade ambiental. Instrumentos de gestão ambiental. Políticas ambientais. As empresas e o desenvolvimento sustentável. Sistema de gestão ambiental. Certificações ambientais. 2 – OBJETIVO Promover a conscientização sobre a importância da preservação ambiental para a sustentabilidade das empresas e do planeta; Reconhecer os efeitos danosos do mau uso dos recursos naturais e os custos associados ao meio ambiente; Conhecer os principais parâmetros para avaliação da qualidade ambiental e os instrumentos necessários à gestão ambiental; Definir o que são e quais os objetivos das políticas ambientais; Proporcionar o conhecimento do desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental empresarial; Conhecer a importância das Normas ambientais e da Certificação das empresas. 3 – DESENVOLVIMENTO (Conteúdo programático) CAPÍTULO I – Principais Problemas Ambientais Poluição atmosférica, hídrica e do solo; Inversão Térmica; Chuva Ácida; Eutrofização; Bioacumulação; Efeito Estufa. 3 CAPÍTULO 2 – Ambiente, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável Conceitos de meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável; O conceito de eco-eficiência; Responsabilidade social corporativa; CAPÍTULO 3 – Gestão Ambiental Conceito de Gestão Ambiental; Introdução, objetivos e finalidades; Fundamentos Básicos da Gestão Ambiental; Importância da Gestão Ambiental na Empresa; Finalidades Básicas da Gestão Ambiental e Empresarial; Discussões no século XX sobre Meio Ambiente, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. CAPÍTULO 4 – Bioeconomia Conceito de Bioeconomia; Responsabilidade social corporativa; Determinantes do investimento ambiental; Mercados verdes; O “selo verde”. CAPÍTULO 5 – Gestão de Resíduos; Resíduos sólidos e problemas relacionados; Gestão de Resíduos (reaproveitamento, reciclagem); Logística Reversa; Política Nacional de Resíduos Sólidos; Classificação dos Resíduos sólidos; Tratamento dos resíduos sólidos. CAPÍTULO 6 – Utilização de Fontes renováveis e Energia limpa Conceito de fontes renováveis; Importância da utilização das energias limpas; Tipos de energias limpas. 4 4 – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Compreender as relações entre o homem e ambiente e as conseqüências dessa interação; Conhecer as noções de mensuração econômica de recursos ambientais; Conhecer a finalidade e aplicação da legislação para o meio ambiente; Conhecer os instrumentos para a gestão racional dos recursos. Compreender os impactos sobre o meio ambiente, contextualizando a nova série de normas internacionais, focando o surgimento das normas ambientais e sua interferência no mundo dos negócios; Realizar atividades operacionais e de negócios nas organizações sem causar danos ao ambiente e de forma sustentável, adotando as normas brasileiras da série ISO, fazendo sua parte enquanto responsável organizacional, de maneira que sejam criadas tecnologias que se adequem às estratégias do ambiente. 5 – REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Makron, 2004. AQUINO, A. R. Análise de Sistema de Gestão Ambiental. Editora: THEX Editora. 1. Ed., 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001 - Sistema de Gestão MONTIBELLER, F. G. Empresas, Desenvolvimento e Ambiente - Diagnóstico e Diretrizes de Sustentabilidade. Editora Manole. São Paulo. 2005. PHILIPPI JR, A. Saneamento, Saúde e Ambiente. Ed. Manole. São Paulo. 2005. PHILIPPI JR, A. BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Ed. Manole. São Paulo. 2004. 6 – METODOLOGIA DE ENSINO A disciplina será desenvolvida com aulas expositivas e participativas com a utilização de quadro e slides, correlacionando a teoria à prática. 7 – AVALIAÇÃO O semestre é dividido em dois trimestres, a distribuição dos pontos será da seguinte forma: 5 Primeira Etapa- 50 pontos Avaliação escrita com questões dissertativas e objetivas- 30 pontos Trabalhos 20 pontos Segunda Etapa- 50 pontos Avaliação escrita com questões dissertativas e objetivas- 30 pontos Trabalhos 20 pontos Para ser aprovado, o aluno deverá obter a média de 60 pontos. 8 – VISITAS TÉCNICAS (aulas práticas ou/de campo). Não haverá visitas técnicas. __________________________________________________ Assinatura do professor 6 CAPÍTULO I – Principais Problemas Ambientais Poluição Atmosférica A poluição atmosférica acontece quando a emissão de substâncias na atmosfera muda a composição do ar, provocando desequilíbrios ambientais e causando prejuízos à saúde dos seres vivos. Também chamada de poluição do ar, esse tipo de poluição é um dos que mais causam prejuízos ao seres humanos e aos ecossistemas. Uma das principais causas da poluição atmosférica é a queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Esse tipo de poluição começou a se intensificar no século XIX, após a Revolução Industrial. Segundo a Organização Mundial da Saúde, atualmente, cerca de 7 milhões de mortes prematuras acontecem todos os anos em decorrência da poluição atmosférica. Causas da poluição do ar A poluição atmosférica pode ser causada por fenômenos naturais e pela ação do homem. Dentre as causas naturais da poluição do ar, podemos mencionar os gases emitidos nas erupções vulcânicas, na decomposição de matéria orgânica (causada por fungos e bactérias), na liberação do metano do sistema digestivo de animais e a poeira dos desertos. Em quantidade, no entanto, essas emissões representam uma parte muito pequena se comparado ao total da poluição atmosférica atual. As atividades humanas representam a maior parte da poluição e estão crescendo a níveis alarmantes, causando inúmeros prejuízos ao seres vivos e ao equilíbrio da natureza. Dentre as principais ações que provocam a poluição atmosférica, estão: a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia para indústrias e como combustíveis em automóveis. A combustão de outros materiais, como madeira e biomassa também libera gases poluentes. A queima de florestas para o pasto e a agricultura, por exemplo, é uma das maiores causas de liberação de gases poluentes no Brasil. Além disso, outras atividades industriais, como a siderurgia e a mineração também são responsáveis pela emissão de poluentes e contaminação do ar atmosférico. 7 Principais poluentes atmosféricos Dióxido de carbono (CO2): um dos principais gases poluentes, é emitido na atmosfera a partir da queima de combustíveis fósseis. Também chamado de gás carbônico, é o principal gás responsável pela intensificação do efeito estufa e do aquecimento global. Monóxido de carbono (CO): também emitido a partir da queima de combustíveis fósseis, esse gás é extremamente tóxico e dependendo da quantidade inalada pode levar à morte por asfixia. Dióxido de enxofre (SO2): liberado pelas indústrias, pela queima de combustíveis fósseis e pela erupção dos vulcões, esse gás é um dos responsáveisquestões que envolvem as mudanças climáticas. Esse cenário indica uma expansão na demanda global por bens e serviços nas próximas décadas, o que representa possibilidade de o país se firmar como uma potência competitiva no setor. Isso exige, porém, planejamento e políticas assertivas, que busquem melhores alternativas no uso de recursos naturais e de tecnologias, e na organização da atividade econômica, sem comprometer a sustentabilidade do ecossistema. Uma das iniciativas necessárias é a valoração da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. Ao quantificar o valor econômico da biodiversidade, pode-se propor políticas públicas que a conservem e estimulem seu uso sustentável, de modo a inserir esta atividade em um modelo de desenvolvimento que traga benefícios sociais e econômicos. Essa perspectiva econômica contribui para uma melhor gestão e restauração dos recursos naturais. Segundo o Panorama Ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), se não houver novos esforços para frear a perda de biodiversidade, mais de 10% desses recursos serão perdidos em quarenta anos, até 2050. O que é Protocolo de Nagoia? O Protocolo de Nagoia é o principal acordo internacional que rege o intercâmbio de material genético entre países. É um acordo multilateral acessório à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), resultante da 10ª Conferência das Partes (COP 10) da CDB. Tem por objetivo viabilizar a realização de um dos objetivos centrais da Convenção: a repartição justa e equitativa de benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais a eles associados. Dos 196 países integrantes da Convenção sobre Diversidade Biológica, 126 já ratificaram o Protocolo, entre os quais importantes parceiros comerciais do Brasil, como China e União Europeia. O nosso país, a despeito de possuir a maior biodiversidade do planeta, com cerca de 20% de todas as espécies vegetais, animais e microbianas existentes, ainda está de fora desse acordo. Acordos internacionais, como o Protocolo de Nagoia, representam importantes mecanismos na busca pela sustentabilidade. A CDB estimula o uso sustentável dos recursos biológicos, através de pesquisas e desenvolvimento tecnológico e o mecanismo de compartilhamento dos ganhos obtidos com esse uso é uma das políticas 37 públicas mais efetivas para a conservação da biodiversidade, pauta extremamente importante para setores industriais como cosméticos, higiene pessoal e fármacos. A 15ª edição do Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, de 2020, aponta que 50% dos remédios modernos foram desenvolvidos a partir de recursos da biodiversidade e o Brasil possui um patrimônio genético de 200 mil espécies registradas em seu território, com um total estimado de cerca de 1,8 milhão de espécies. Modernização do Marco Regulatório para a Bioeconomia O marco regulatório com impacto direto sobre os setores da bioeconomia necessita de aprimoramento. Adequar e modernizar este conjunto de leis, decretos, regulamentos e normas significa uma ação direta do Estado para articular com diferentes órgãos governamentais, com visões e enfoques próprios. Neste sentido, merecem especial atenção a legislação de acesso ao patrimônio genético e repartição de benefícios, a de biossegurança, de defesa sanitária, de inovação e de propriedade intelectual. A principal desvantagem da atual estrutura regulatória para as atividades em bioeconomia é a insegurança jurídica. CAPÍTULO 5 – Gestão de Resíduos Resíduos sólidos e problemas relacionados As empresas, sejam elas privadas ou públicas, buscam sempre a lucratividade! Entretanto, em alguns momentos, vêm seu dinheiro escorrerem direto para o ralo devido aos percalços que surgem. No texto de hoje, vamos conversar sobre gestão de resíduos, um tema importante para quem não quer perder dinheiro com gastos desnecessários. Para começar é muito válido conceituarmos o que são resíduos: Rejeitos de processos derivados das atividades humana e animal, e de processos produtivos como a matéria orgânica, o lixo doméstico, os efluentes industriais e os gases liberados em processos industriais ou por motores. Portanto, podemos classificá-los como domésticos e industriais. Conforme define a NR 25 – Resíduos Industriais (Norma Regulamentadora do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego), resíduos industriais são aqueles provenientes dos processos industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas. Por suas características físicas, químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos domésticos. Ou seja, quando abordamos gestão de resíduos, não estamos apenas falando de resíduos sólidos. 38 Gestão de Resíduos X Coleta Seletiva Ao falarmos de Gestão de Resíduos precisamos ter o cuidado de diferenciar este processo do da Coleta Seletiva. O processo de gestão de resíduos é muito mais amplo. No geral, engloba a coleta seletiva, que consiste na separação dos resíduos considerando-se a similaridade das suas características. Na coleta seletiva normalmente utiliza-se uma identificação por cores, definida mundialmente. A gestão de resíduos, no entanto, envolve o mapeamento dos processos de uma empresa, a análise dos rejeitos gerados por cada processo, como também a classificação e quantificação dos mesmos, o armazenamento e identificação, e então a destinação Gestão de resíduos e a pegada ambiental Focando a pegada ambiental das empresas, a grande preocupação está no que diz respeito à destinação dos resíduos. Dependendo da forma como são descartados no meio ambiente, podem ocasionar graves impactos ambientais, como a contaminação do solo, água e ar. Programas internos de gestão de resíduos A premissa básica de um programa de gestão de resíduos sólidos em uma indústria, inicia com a rastreabilidade do resíduo gerado. Para isso, é preciso utilizar um software ou sistema eficaz de gerenciamento, que englobe, de modo integrado, todas as fases do ciclo de vida de um resíduo. Identificar todas as informações, desde a geração do resíduo até a sua destinação, é fundamental. Monitorar o volume https://certificacaoiso.com.br/como-mapear-processos-e-atender-os-requisitos-da-iso-90012015-utilizando-tartaruga-turbinada-da-templum/ 39 e a classe, a data de geração, o acondicionamento e a armazenagem, qual equipe operacional é responsável pela coleta e em quais os horários serão realizadas. O acondicionamento e a armazenagem são critérios muito específicos, que precisam respeitar a legislação ambiental. O acondicionamento refere-se ao espaço no qual o resíduo ficará depositado até ser encaminhado para o local de armazenamento, coletado e levado ao destino final. Entender a logística e a rastrear as informações simplifica o processo de gestão, melhora a visibilidade operacional e administrativa e elimina o registro e controle manual. Para trabalhar a efetividade do gerenciamento dos resíduos são necessárias funcionalidades básicas: organização das rotas de coleta (equipe, local e horário), registro do resíduo coletado, validação das informações no ponto de coleta, captura de evidências fotográficas das coletas e a possibilidade de emissão de relatórios. Como funciona o princípio da Economia Circular em grandes empresas? A economia circular consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo-contínuo, que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Ela funciona de forma eficaz em qualquer escala. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo. A economia circular fundamenta-se em três princípios, cada um deles voltado para diversos desafios relacionadosa recursos e sistêmicos que a economia industrial enfrenta. -Princípio 1: Preservar e aumentar o capital natural controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis. -Princípio 2: Otimizar a produção de recursos fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico. -Princípio 3: Fomentar a eficácia do sistema revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos. É essencial que as empresas que geram resíduos considerem essas práticas essenciais para tornar eficientes a destinação dos insumos gerados e, assim proteger o meio ambiente. A produção mais limpa em um processo industrial, através da gestão dos resíduos gerados, demonstra a responsabilidade da empresa na preservação da integridade dos recursos naturais. 40 Logistica Reversa Logística reversa dos resíduos sólidos A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final, ambientalmente, adequada. Concentra-se nos fluxos em que existe valor a ser recuperado, possibilitando a reentrada dos resíduos em uma cadeia de abastecimento. Os resíduos sólidos demandam gestão adequada para minorar seu impacto ao ambiente e à saúde pública, numa inter-relação entre aspectos administrativos, financeiros e legais com soluções interdisciplinares. Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) Com a publicação da Lei 12.305/2010, o Brasil passou a ter um marco regulatório para a questão 41 dos resíduos sólidos. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a Política Federal do Saneamento Básico e com a Política Nacional da Educação Ambiental. Harmoniza-se, também, com a Lei de Consórcios e com as Políticas Nacionais de Recursos Hídricos, de Saúde, Urbana, Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e as que promovam a inclusão social. A ordem de prioridade apresentada na PNRS é a não geração, a redução, a reutilização e o tratamento de resíduos sólidos, assim como a disposição final, ambientalmente adequada, dos rejeitos. Nesse contexto, as metas apresentadas são: redução do uso de recursos naturais nos processos produtivos, intensificação de ações de educação ambiental, aumento da reciclagem e promoção da inclusão social. Enfim, o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania. Entre os principais instrumentos instituídos pela PNRS estão os planos de resíduos sólidos, o inventário e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos, a coleta seletiva, o incentivo a cooperativas de catadores. Também o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária, a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado, para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão. Inventário dos resíduos industriais O inventário de resíduos industriais é um instrumento de política de gestão de resíduos, no qual as indústrias devem fornecer informações aos órgãos ambientais estaduais sobre a geração, características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados. Classificação dos resíduos sólidos Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a origem, tipo de resíduo, composição química e periculosidade. Classificação do lixo quanto à origem: • Domiciliar. • Limpeza urbana. • Industrial. • Comercial. • Serviço de saúde. • Transporte (portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários). • Agro silvopastoril. 42 • Mineração. • Construção civil. Classificação quanto à periculosidade- Os resíduos sólidos são classificados pela ABNT NBR 10.004 em: • Classe I – Perigosos. – Riscos à saúde pública. – Riscos ao meio ambiente. • Classe II – Não perigosos. – Classe IIA – Não inertes – biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. – Classe IIB – Inertes – seus constituintes não se solubilizam a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, com exceção do aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Tratamento dos resíduos sólidos Os principais tratamentos destinados à resíduos sólidos são: aterros sanitários, aterros controlados, compostagem, incineração, pirólise, biodigestão, entre outros. Aterros sanitários-Trata-se de uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Esse método utiliza princípios de engenharia para confinar resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário. Em um aterro de resíduos sólidos, gases são gerados na saída do processo de decomposição, principalmente metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O metano e o dióxido de carbono são os principais gases provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos biodegradáveis dos resíduos orgânicos. A geração de biogás inicia-se após a disposição dos resíduos sólidos podendo continuar por um período de 20 a 30 anos. O gás proveniente dos aterros contribui consideravelmente para o aumento das emissões globais de metano. Mas esses gases, também, podem ser aproveitados para gerar energia. No Brasil, desde 2004, está em operação uma das maiores usinas termelétricas do mundo movida a gás bioquímico, a partir do lixo disposto em aterro sanitário. 43 Compostagem- É uma técnica de reciclagem dos resíduos orgânicos que permite a transformação de restos orgânicos em adubo, por meio de um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico. Incineração- Trata-se da combustão de resíduos, com aproveitamento do calor gerado no processo. Os gases remanescentes são: CO2, SO2, N2, O2, H2O, gases inertes, cinzas e escórias. O rendimento da combustão depende da mistura de ar mais combustível e da transferência de calor gerado na combustão para o material a ser incinerado. 44 Pirólise-Reação de decomposição por meio do calor. Na indústria, esse método é chamado de calcinação. É possível produzir produtos como o bio-óleo ou alcatrão pirolítico e o carvão vegetal, que servem como alternativas de combustíveis. Biodigestão anaeróbia- Resíduos tratados produzem o biogás, composto basicamente por 2 GEEs, o CH4 e o CO2 que podem ser utilizados na produção de energia elétrica, térmica ou mecânica, além de, ao final do processo, ainda resultar o adubo. Todo processo ocorre de forma anaeróbica e fechada, na ausência de oxigênio e sem liberação de gases produzidos pela ação das bactérias. É possível canalizar os gases da decomposição e queimá-los com a finalidade de substituir o gás natural em algum setor da economia 45 CAPÍTULO 6 – Utilização de Fontes renováveis e Energia limpa Conceito de fontes renováveis As fontes de energia limpa são essenciais para diversificar a matriz energética das nações, diminuindo o risco de desabastecimento. O raciocínio é simples: quanto mais dependente de um único recurso – como os combustíveis fósseis -, maiores as chances de um território sofrer com os temidos “apagões”, sendo obrigado a recorrer a opções caras para gerar eletricidade.Já quando há várias opções, a falta de um recurso acaba por paralisar somente parte da geração de energia, que pode ser suprimida com pouco esforço. Mas as razões para esse investimento vão além. Isso porque a energia limpa oferece vantagens para o planeta, pois reduz o impacto ambiental para fornecer a eletricidade necessária às atividades humanas. Energia limpa é aquela produzida a partir de fontes renováveis, disponíveis em maior ou menor abundância na natureza. Ao contrário daquela proveniente de fontes poluentes, essa modalidade energética não libera gases prejudiciais na atmosfera e sua produção tem pouco impacto nos ecossistemas. No Brasil, a força de águas faz as usinas hidrelétricas funcionarem, suprindo a maior parte da demanda por eletricidade através da energia sustentável. Para se ter uma ideia, em 2017, quase 60% da energia produzida no país foi gerada por fonte hídrica. Outros 6,8% vieram de fonte eólica, com 5,7% de bagaço de cana convertido em biomassa. Os dados são da Empresa de Pesquisa Energética – Matriz Energética e Elétrica (EPE). 46 Esse cenário coloca o país na terceira posição na lista entre as nações com a maior capacidade instalada de fontes renováveis atualmente. Ficamos atrás apenas da China e dos Estados Unidos, conforme classificação da International Renewable Energy Agency (IRENA). Importância da utilização das energias limpas A importância das fontes limpas está no seu potencial para substituir os combustíveis fósseis, que têm lançado toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera desde o século 20, provocando o aumento da temperatura terrestre. Necessários para gerar energia de forma convencional, os processos de queima desses combustíveis têm o CO2 como um de seus produtos, contribuindo para o aquecimento global. Esse fenômeno descreve a elevação progressiva da temperatura média da atmosfera e dos oceanos, causada pelo efeito estufa. Em resumo, o efeito estufa é o que retém o calor necessário para que diferentes espécies sobrevivam na Terra, impedindo que a superfície perca calor para o universo. Ou seja, trata-se de um fenômeno natural e necessário para a vida, mas que se intensificou muito devido à interferência humana. Em busca de recursos para aumentar o conforto e a eficiência de uma série de processos, temos explorado a natureza em ritmo desenfreado, com práticas destrutivas como o desmatamento e a liberação massiva de GEE (gases do efeito estufa, a exemplo do CO2). Para se ter uma ideia, especialistas estimam que a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera se elevou em 35% desde a Revolução Industrial. Se o cenário não mudar radicalmente, a temperatura média deverá subir entre 2ºC e 5,8°C ainda no século 21, segundo o 4° Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007. Como consequência, vamos presenciar cada vez mais o derretimento da calota polar, aumento do nível do mar, extinção de espécimes da flora e fauna, degradação dos recursos naturais e graves impactos sobre a saúde das pessoas. Por isso, é urgente a adoção de medidas sólidas, como a troca de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia. Vantagens Da Energia Limpa Redução na produção de dióxido de carbono (CO2) e do ritmo do aquecimento global; Menor impacto ambiental, pois a energia limpa – especialmente as fontes alternativas, como a solar e eólica – exige menos interferência nos ecossistemas para ser adquirida; Favorece a sustentabilidade, uma vez que as fontes são inesgotáveis ou repostas de modo simples. Por exemplo, com o reflorestamento; Alta disponibilidade em alguns locais; Representam economia de custos para indústrias e residências; Colaboram para a diversificação da matriz energética das nações. 47 Desvantagens Da Energia Limpa Custos para sua implementação, já que poucos imóveis e territórios possuem a infraestrutura necessária para aproveitar essas fontes energéticas. Alguns tipos de energia limpa também requerem espaços amplos e adaptados para coletar a energia, a exemplo da eólica e da elétrica. Aliás, as usinas hidrelétricas têm o potencial de afetar o ecossistema ao seu redor, provocando erosão, e são dependentes de um volume de chuvas mínimo para operar com eficiência. As alternativas para armazenar a energia limpa excedente são escassas. Tipos de energias limpas Energia Solar- É aquela produzida pela luz e calor provenientes do sol. A energia solar pode ser subdividida em duas classificações, inspiradas em seus sistemas de captação: energia solar fotovoltaica e energia solar heliotérmica. -Fotovoltaica- A primeira é a mais conhecida e empregada, pois serve para gerar energia elétrica e térmica. O sistema, denominado fotovoltaico, usa placas com células fotovoltaicas, equipadas com materiais semicondutores, a exemplo do silício. A luz do sol entra em contato com esses materiais, agitando elétrons e levando-os até um campo elétrico, permitindo a geração de eletricidade. Em 2020, o governo brasileiro isentou de impostos os equipamentos importados necessários para essa dinâmica, favorecendo o crescimento da instalação das placas fotovoltaicas, que podem ser colocadas em residências. -Heliotérmico- tem como objetivo fornecer calor para aquecer, em especial, a água usada no banho ou em torneiras de água quente. Para tanto, ele se vale de painéis ou espelhos que coletam e refletem a luz solar, enviando-a a um receptor, onde a luz aquece um líquido. Assim, o calor é armazenado e esquenta a água da usina, que se torna vapor. Em seguida, o vapor movimenta turbinas que alimentam os geradores de energia térmica. -Fazenda Solar As fazendas solares são empreendimentos baseados no conceito de Geração Distribuída (GD), no qual consumidores produzem sua própria energia e, quando não a usam, compartilham com a rede distribuidora. Esse mecanismo agrega um incentivo para a democratização da energia limpa, além de ser convertido em economia para o consumidor na conta de energia elétrica. Uma fazenda solar está incluída na ideia de autoconsumo remoto, autorizada pela Agência Nacional de Energia 48 Elétrica (Aneel). Nesse local, são instaladas diversas placas fotovoltaicas para a produção de energia, que será vendida a consumidores que não possuem estrutura para gerar sua própria eletricidade a partir da fonte solar. Para ter acesso ao recurso, o cliente compra créditos gerados por uma parte das placas instaladas na fazenda solar, pagando uma espécie de aluguel. Energia Eólica- Energia eólica é aquela produzida a partir da movimentação do ar, ou seja, do vento. A capacidade de empregar a força dos ventos para ajudar nas tarefas e no transporte é conhecida desde a Antiguidade, época da construção de moinhos de vento e barcos a vela. Contudo, foi somente a partir da constatação das limitações do petróleo, carvão mineral e outras fontes de combustível fóssil que as pesquisas sobre outros usos para a energia eólica ganharam pulso. Essa modalidade energética passou, então, a ser aproveitada por meio de aerogeradores, que são turbinas imensas instaladas em áreas onde o vento é abundante. -Moinhos e cata-ventos são exemplos de aerogeradores que, movidos pelo vento, oferecem matéria prima para a produção de energia elétrica. A energia eólica é a segunda fonte mais utilizada no Brasil, correspondendo a 9,3% da potência energética instalada no país. Tudo graças a 659 parques eólicos, dos quais 26,7% estão localizados na Bahia. 49 Energia Hidrelétrica- Também chamada de energia hidráulica, é aquela que aproveita o potencial das quedas de massas de água para gerar eletricidade. Para utilizar essa fonte energética, é preciso construir usinas que aproveitem as quedas e desníveis de rios, possibilitando que suas águas passem por dentro de tubulações e movimentem turbinas, culminandona produção de energia mecânica. Depois, essa energia é transmitida a um gerador, que a transforma em eletricidade. Geralmente, as usinas são compostas por barragem, sistemas de captação e adução de água, casa de força e sistema de restituição de água ao leito natural do rio, e possuem grande capacidade de gerar energia. A usina hidrelétrica de Itaipu, que está entre as maiores do mundo, já produziu mais de 2,68 bilhões de MWh desde o início de sua operação, em 1984, até o fim de 2019. Energia Geotérmica- Como o nome sugere, a energia geotérmica emprega o calor presente no interior da Terra para aquecer diretamente alguns ambientes e/ou ser transformado em energia elétrica. Por isso, essa modalidade é usada em países que contam com reservatórios subterrâneos de água superaquecida, devido ao contato com o magma. Lembrando que magma é o material rochoso encontrado no centro da Terra, tão aquecido que se encontra em estado de fusão. Quanto mais próximo ao magma um reservatório estiver, maior a temperatura da água e maiores as chances de que seja utilizado para gerar eletricidade, pois essa função exige temperaturas superiores a 150°C. Nas usinas geotérmicas, a água é capturada em forma de vapor, que é enviado para fazer as turbinas girarem em favor da geração de eletricidade. 50 Energia Maremotriz- Países com saída para o oceano, como o Brasil, podem se beneficiar da energia produzida pelo movimento das ondas ou energia maremotriz. Para isso, é necessário construir usinas em pontos específicos das margens, a fim de aproveitar a força das ondas para mover flutuadores e um circuito de água doce, gerando energia que será convertida em eletricidade. Energia Nuclear-Corresponde à energia gerada através de reações nucleares, ou seja, ações realizadas pelo núcleo de átomos. O elemento mais popular nesse tipo de operação é o urânio, cuja fissão (divisão) nuclear libera alta quantidade de energia. As usinas nucleares não requerem grande espaço para operar, são independentes quanto a fenômenos naturais e podem ser instaladas próximo a cidades. Entretanto, é uma energia cara e que implica em alto risco caso algum acidente aconteça com os reatores, como ocorreu em Chernobil (1986) e Fukushima (2011), quando houve explosões e liberação de material radioativo na atmosfera. 51 Biocombustíveis- De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável. Eles podem ser utilizados em substituição a combustíveis derivados de petróleo e gás natural, com aplicação em motores a combustão ou em outros tipos de geração de energia. -Etanol e biodiesel são os mais usados no Brasil, porém, há mais vegetais que podem ser empregados na geração de energia, como a mamona e o milho. 52 53 REFERÊNCIAS ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Makron, 2004. AQUINO, A. R. Análise de Sistema de Gestão Ambiental. Editora: THEX Editora. 1. Ed., 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001 - Sistema de Gestão MONTIBELLER, F. G. Empresas, Desenvolvimento e Ambiente - Diagnóstico e Diretrizes de Sustentabilidade. Editora Manole. São Paulo. 2005. PHILIPPI JR, A. Saneamento, Saúde e Ambiente. Ed. Manole. São Paulo. 2005. PHILIPPI JR, A. BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Ed. Manole. São Paulo. 2004.pelas chuvas ácidas. Nos seres humanos, esse gás pode causar irritação, tosses e náusea. Dióxido de nitrogênio (NO2): liberado a partir da queima de combustíveis de automóveis, é um gás bastante tóxico, pode provocar irritações, alergias e em casos mais graves insuficiência respiratória e hemorragias. Junto com o dióxido de enxofre, é responsável pelas chuvas ácidas. Material particulado: pequenas partículas sólidas e líquidas presentes no ar. Quando inaladas essas partículas podem causar problemas respiratórios e cardíacos. Ozônio (03): o ozônio é um gás extremamente importante para a vida na Terra, é a camada de ozônio que nos protege dos raios ultravioletas do sol. No entanto, quando mais próximo da superfície terrestre, é prejudicial à natureza e seres humanos. O ozônio pode afetar o metabolismo das plantas e provocar irritação nas mucosas. Consequências da poluição atmosférica As consequências da poluição do ar para a vida no planeta são extremamente perigosas. Além das doenças provocadas nos seres vivos, a poluição altera todo o equilíbrio do ecossistema da Terra. Como resultado das elevadas taxas de poluição nas últimas décadas, o mundo está passando por um processo de mudanças climáticas, que estão comprometendo a qualidade de vidas das pessoas. Efeito estufa e aquecimento global- Essa é uma das consequências mais preocupantes da poluição e tem sido um tema de grande preocupação da comunidade científica e dos países. O efeito estufa é um processo natural que mantém a temperatura no planeta Terra em níveis adequados para a nossa sobrevivência. No entanto, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis, o ser humano está emitindo na atmosfera uma quantidade muito grande de gases do efeito estufa. A alteração na 8 quantidade desses gases na atmosfera é a responsável pela intensificação do aquecimento global, que pode levar ao derretimento das geleiras, desaparecimento de cidades litorâneas e desequilíbrio nos ecossistemas. Chuva ácida- A chuva ácida acontece quando elementos como o dióxido de enxofre (SO2) e o dióxido de nitroso (NO2) interagem com o vapor d’água e formam ácidos. Ao se precipitar, a água da chuva tem níveis elevados de ácido, o que traz inúmeros prejuízos ambientais, como a contaminação dos solos, a destruição de plantações e a contaminação de animais. Além disso, a chuva ácida pode corroer construções e monumentos históricos. Inversão térmica- A inversão térmica costuma acontecer em grandes centros urbanos, onde há grande concentração de poluentes atmosféricos e costuma acontecer com mais frequência durante o inverno. Nesse fenômeno, uma camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar fria devido ao acúmulo de poluentes. A camada fria não consegue circular para cima e os gases poluentes ficam presos próximos à superfície atmosférica. Esses gases próximos à superfície podem causar intoxicações, doenças respiratórias e irritação nas mucosas. 9 Prejuízos à saúde- A respiração é a ação mais fundamental para a manutenção da vida, por isso, a poluição atmosférica pode ser tão perigosa e prejudicial aos seres vivos. Dentre os problemas de saúde causados pela poluição atmosférica destacam-se as doenças respiratórias, como asma e bronquite, pneumonias, tosses, irritações e alergias. Em casos mais graves, a poluição do ar pode causar danos aos sistemas imunológico, nervoso e reprodutivo, hipertensão, câncer e até mesmo, a morte. Poluição hídrica Poluição da água é um problema ambiental caracterizado pela alteração das propriedades físicas e químicas desse recurso. Ela se torna perceptível por meio da alteração da cor, do cheiro ou mesmo do gosto da água, que pode estar também contaminada e causar doenças aos seres humanos. A poluição hídrica afeta tanto as águas superficiais quanto de subsuperfície e é causada principalmente pela ação antrópica. A água é fundamental para a vida no planeta Terra, e medidas como a ampliação do acesso ao saneamento básico para a população, por parte do poder público, e a adoção de práticas sustentáveis no cotidiano podem auxiliar na preservação desse importante recurso. Causas da Poluição da água -Desmatamento de áreas, tornando o solo exposto e mais suscetível à erosão. No período chuvoso, os sedimentos são carregados para corpos d’água, o que pode resultar no que chamamos de assoreamento. -Resíduos da atividade agrícola, como fertilizantes e pesticidas, que se infiltram no solo e poluem o lençol 10 freático ou são carregados para rios e lagos por meio da água das chuvas. -Descarte irregular de lixo, que pode levar à poluição tanto das águas subterrâneas (por meio do chorume) quanto das águas superficiais, inclusive dos mares e oceanos. O principal exemplo da poluição causada pelo lixo é a Grande Ilha de Lixo do Pacífico, um grande amontoado de materiais descartados, principalmente plásticos, que flutua entre os estados do Havaí e da Califórnia (Estados Unidos). -Despejo de esgoto e outros resíduos urbanos e industriais diretamente nos corpos hídricos. -Aquecimento das águas por meio do descarte da água utilizada na geração de eletricidade em usinas, no processo industrial, em metalúrgicas ou siderúrgicas, entre outras razões. -Vazamento de combustíveis de embarcações, descarte da água de lastro dos navios, derrame de cargas e outras questões associadas ao transporte marítimo. -Derramamento de petróleo. Consequências Eutrofização- A eutrofização consiste no aumento dos nutrientes, como nitrogênio e fósforo, em um ecossistema aquático, o que leva ao aumento da produtividade e, consequentemente, a alterações em todo esse ecossistema. O aumento da produtividade é ocasionado, principalmente, pela proliferação excessiva de algas. Essas algas podem produzir toxinas, o que pode acabar contaminando a água, os organismos que vivem ali e os que deles se alimentam, inclusive o homem. No entanto, mesmo que não produza toxinas, essa proliferação excessiva de algas pode causar muitos problemas. Com esse processo, as algas formam uma densa camada sobre a superfície da água, impedindo a passagem da luminosidade para a realização de fotossíntese por parte de algas e plantas que estão abaixo delas, causando-lhes a morte. A morte desses organismos acarreta em um aumento de matéria orgânica e em um aumento de bactérias decompositoras, que utilizam o oxigênio no processo de decomposição. Isso provoca, então, a diminuição da concentração de oxigênio na água e ocasiona a morte de diversos outros organismos, como peixes. Com isso, o processo de decomposição da matéria orgânica passa a ser anaeróbica devido à falta de oxigênio e, por esse motivo, leva à produção de gases tóxicos nesses ambientes. 11 Poluição Terrestre A Poluição do Solo é toda e qualquer mudança em sua natureza (do solo), causada pelo contato com produtos químicos, resíduos sólidos e resíduos líquidos, os quais causam sua deterioração ao ponto de tornar a terra inútil ou até gerar um risco a saúde. O solo é repleto de vida, especialmente sua camada inicial (15 centímetros), onde encontramos os fungos, bactérias, protozoários e vermes decompositores, responsáveis pelo equilíbrio entre os diversos níveis tróficos. Vale citar que o solo se forma pela desagregação de rochas e a decomposição de restos vegetais e animais, por meio da ação dos referidos agentes decompositores e outras intempéries (chuva, ventos, etc.). Por sua vez, é justamente essa camada a mais afetada pelos resíduos sólidos 12 e líquidos, fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas, a maioria frutos da química inorgânica desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial. Principais Causas Depósito de lixo não autorizado- De modo mais geral, podemos afirmar que solventes, detergentes, lâmpadas fluorescentes, componenteseletrônicos, tintas, gasolina, diesel e óleos automotivos, bem como fluídos hidráulicos, hidrocarbonetos e o chumbo são os principais agentes poluidores do solo. Sabemos, ainda, que o condicionamento inadequado do lixo doméstico, esgoto e resíduos sólidos industriais degradam a superfície, além de produzirem gases tóxicos e chuva ácida (a qual também se infiltra no solo). Principais Tipos de Poluição do Solo Detritos da vida urbana - Em quantidade é a principal fonte causadora da poluição dos solos. É responsável pela produção exacerbada de lixo nas grandes cidades. Depósitos ilegais de despejos industriais - É fato conhecido que as indústrias fazem uso desse recurso e descartam indevidamente metais pesados, produtos químicos de alto risco, além de dejetos sólidos. Agrotóxicos e adubação incorreta - Nas áreas rurais, por sua vez, os principais vilões são a utilização indiscriminada de defensivos agrícolas, bem como a adubação incorreta ou excessiva. Consequências Bioacumulação- A bioacumulação é um processo que pode ser definido como a absorção e a retenção de substâncias químicas no organismo de determinado ser vivo. Esse fenômeno refere-se ao resultado da captação e nunca ao processo de captação. O acúmulo de substâncias pode ocorrer em virtude da absorção de substâncias encontradas no meio ou através da alimentação do ser vivo. Quando a bioacumulação é resultado do contato com a substância no meio, dizemos que ocorreu uma bioconcentração. Quando o processo envolve a alimentação, ou seja, a cadeia trófica, dizemos que ocorreu a bioamplificação. A bioacumulação é um fenômeno que tende a aumentar à medida que temos um nível trófico mais elevado na cadeia alimentar. Sendo assim, os organismos que estão no topo da cadeia alimentar apresentam mais acúmulo de substâncias, uma vez que acumulam também a substância presente nos organismos que serviram de alimento. Chamamos de Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) as substâncias químicas que persistem no ambiente e bioacumulam- se. Sendo assim, os POPs são considerados substâncias altamente tóxicas aos seres vivos, pois acumulam-se e não são eliminados com o passar do tempo. 13 Como exemplo de POP, podemos citar o DDT (diclorodifeniltricloroetano), um famoso pesticida usado principalmente na Segunda Guerra Mundial. Em virtude dos danos que pode ocasionar ao meio ambiente e à saúde humana, seu uso foi suspenso na maioria dos países ainda na década de 70. Como o DDT era um inseticida que frequentemente contaminava a água, os moluscos retinham e acumulavam essa substância em seu corpo ao realizarem a filtração para obtenção de alimento. Ao serem consumidos, passavam essa substância ao consumidor e assim sucessivamente através da cadeia trófica. Como dito anteriormente, os predadores do topo são os mais prejudicados, uma vez que se alimentam de uma grande quantidade de matéria pertencente ao nível anterior e, consequentemente, acumulam mais o DDT. Essa substância causa graves problemas ao homem, tais como cirrose e câncer de fígado. Outro exemplo de POP é o mercúrio, que frequentemente é encontrado em peixes. Essa substância teratogênica bioacumula-se e biomagnifica-se na cadeia alimentar, atingindo facilmente os seres humanos. Riscos e Impactos Ambientais A expressão “impacto ambiental” teve uma definição mais precisa, nos anos 70 e 80, quando diversos países perceberam a necessidade de estabelecer diretrizes e critérios para avaliar efeitos adversos das intervenções humanas na natureza. A definição jurídica de impacto ambiental no Brasil vem expressa no art. 1º da Res. 1, de 23.1.86 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, nos seguintes termos: “considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais”. O Impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. Assim, o artigo 225 da Constituição Federal de 1982, dispõe que:” Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever e defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O que caracteriza o impacto ambiental, não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a capacidade de absorção do ambiente considerado. 14 Assim, de acordo com Moreira (2002) o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades humanas, constituídas por fluxo de energia e de informação para a nutrição e biodiversidade; pela percepção visual e atribuição de significado às conformações e configurações da aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do espaço construído e dos recursos naturais. Porém o impacto ambiental é entendido como qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente. Em suma, os impactos ambientais afetam a estabilidade preexistente dos ciclos ecológicos, fragilizando-a ou fortalecendo-a. Antes de se colocar em prática um projeto, seja ele público ou privado, precisamos antes saber mais a respeito do local onde tal projeto será implementado, conhecer melhor o que cada área possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera) e ambiente social (infraestrutura material constituída pelo homem e sistemas sociais criados). A maioria dos impactos é devido ao rápido desenvolvimento econômico, sem o controle e manutenção dos recursos naturais. A conseqüência pode ser poluição, uso incontrolado de recursos como água e energia etc. Outras vezes as áreas são impactadas por causa do subdesenvolvimento que traz como conseqüência a ocupação urbana indevida em áreas protegidas e falta de saneamento básico. De maneira geral, os impactos ambientais mais significativos encontram-se nas regiões industrializadas, que oferecem mais oportunidades de emprego e infra-estrutura social, acarretando, por isso, as maiores concentrações demográficas. O objetivo de se estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as conseqüências de algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos. Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) envolve um conjunto de métodos e técnicas de gestão ambiental reconhecidas, que identifica, prognostica e avalia os efeitos e impactos gerados por atividades e empreendimentos sobre o meio ambiente. Ferramenta essencial na gestão pública ambiental, a AIA surge como elemento de execução dos princípios ambientais da prevenção e precaução, já que sua finalidade está centrada na elaboração de um quadro prospectivo de identificação das possibilidades de danos socioambientais provocados pelo inicio de determinada atividade ou instalação de determinado empreendimento, e com isso auxiliar na tomada de decisão quanto as melhores ações a ser executadas a fim de evitar, reduzir ou compensar esses mesmos danos. A AIA permanece na etapa pós aprovação da atividade ou empreendimento,quando o órgão 15 ambiental deve acompanhar o controle e o monitoramento dos impactos ambientais identificados na etapa prévia. Sendo um dos instrumentos da política ambiental brasileira, a Avaliação de Impacto Ambiental teve suas definições, responsabilidades, critérios e diretrizes estabelecidas pela Resolução n° 01/86 do CONAMA, que definiu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) como seus principais elementos característicos. O (EIA) - Estudo de Impacto Ambiental O Estudo de impacto Ambiental, conforme estabelecido na legislação ambiental brasileira, é um documento de natureza técnica, que tem como finalidade avaliar os impactos ambientais gerados por atividades e/ou empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. Deverá também apresentar medidas mitigadoras e de controle ambiental, garantindo assim o uso sustentável dos recursos naturais. Ele é introduzido de forma preventiva para danos ambientais e, ao se constatado o perigo ao meio ambiente, medidas são tomadas para minimizar ou evitar os prejuízos ambientais. Eles são obrigatórios? Durante a primeira fase do processo de licenciamento ambiental, o empreendimento ou atividade com significativo potencial de degradação ou poluição ambiental, é obrigado a elaborar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Estes instrumentos foram normalizados pela Resolução nº 001/86 do CONAMA e, complementarmente, pela Resolução nº 237/97. Como ele deverá ser feito? O estudo de impacto ambiental deverá conter as seguintes fases: Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, contendo descrição dos recursos ambientais e suas interações, caracterizando as condições ambientais antes da implantação do projeto. Este diagnóstico deverá contemplar os meios físico, biótico e socioeconômico. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes (diretos e indiretos; imediatos e a médio e longo prazos; temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; a distribuição dos ônus e benefícios sociais). Medidas mitigadoras – são aquelas destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados os impactos, deve-se pesquisar quais os mecanismos capazes de reduzi- los ou anulá-los. Programas de acompanhamento e monitoramento, estabelecidos ainda durante o EIA, de modo que se possam comparar, durante a implantação e operação da atividade, os impactos previstos com os que efetivamente ocorreram. 16 Relatório de Impacto Ambiental (Rima) O RIMA é o documento que reflete as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental. Ele tem como objetivo informar à sociedade sobre os impactos, medidas mitigadoras e programas de monitoramento do empreendimento ou atividade. Qual a importância do estudo de Impacto Ambiental? Um Estudo de impacto ambiental permite que as empresas, governos e outras pessoas envolvidas compreendam todo o espectro de consequências do projeto potencial antes que ele realmente comece. Ele é essencial para promover a sustentabilidade empresarial e para preservação do meio ambiente. Um estudo de impacto ambiental não significa necessariamente que um projeto levará à poluição ou prejudicará o ecossistema, ele simplesmente estabelece que maneiras a proposta pode interagir com o mundo ao seu redor. Através do Estudo de Impacto Ambiental é possível garantir a implantação de obras, construções e o desenvolvimento econômico, aliados a preservação ambiental. 17 CAPÍTULO 2 – Ambiente, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável Meio ambiente Meio ambiente faz referência a todos os recursos naturais necessário para a sobrevivência e o desenvolvimento da sociedade. Meio ambiente é o ambiente em que os seres estão inseridos, bem como suas condições ambientais, biológicas, físicas e químicas. Ou seja, quando falamos de recursos naturais, estamos basicamente fazendo referência ao meio ambiente, pois tudo que utilizamos no nosso dia-a-dia depende diretamente ou indiretamente dele. Preservar o meio ambiente, dessa forma, se torna um dos principais princípios da sustentabilidade. Conceito de Sustentabilidade Sustentabilidade é a capacidade de usufruir dos recursos naturais presentes no planeta sem comprometer o uso dos mesmos para as gerações futuras. Nesse sentido, por exemplo, temos cada vez mais a aplicabilidade do termo em ações cotidianas como o consumo de produtos naturais, reutilização de embalagens, reciclagem, utilização de transportes menos poluentes. Investir em medidas que visam a aplicação de práticas sustentáveis na cadeia produtiva são ações que diversas empresas estão adotando para aperfeiçoar processos, para reduzir o impacto ambiental e para atrair consumidores. Sustentabilidade tem origem no latim sustentare, que significa suportar, sustentar, manter. Dessa forma, o termo remete originalmente à possibilidade de manter algo em bom estado ao longo do tempo, mesmo que haja interferências externas agindo sobre ele. Sustentabilidade representa a busca pelo equilíbrio entre a disponibilidade de recursos naturais existentes e a sua exploração pela sociedade, com o objetivo de permitir que a geração atual se desenvolva e, ao mesmo tempo, garantir às próximas gerações a oportunidade de também dispor dos mesmos recursos para sua sobrevivência. Já com relação à sustentabilidade empresarial, podemos pensar nas ações tomadas por um negócio com o objetivo de respeitar o meio ambiente e, também, o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade. 18 Sustentabilidade ambiental: Tipos e exemplos 1- Utilização de fontes de energia limpas e renováveis. 2- Racionalização e controle sobre a exploração de recursos minerais. 3- Exploração consciente e manejo controlado de riquezas naturais. 4- Reflorestamento e valorização de áreas verdes. 5- Coleta seletiva e reciclagem de resíduos. 6- Racionalização de água. Benefícios de ações de sustentabilidade nas empresas Uma gestão com sustentabilidade tem ganhado mais espaço na agenda estratégica das instituições. Essa visão é essencial tanto para o crescimento e manutenção da empresa em um mercado cada vez mais consciente e exigente com a conservação dos recursos naturais quanto para o desenvolvimento do país. A redução na disponibilidade de recursos naturais e o consequente aumento dos custos colocam em primeiro plano a busca pela eficiência. Soma-se a isso a crescente preocupação com as repercussões das atividades econômicas sobre o meio ambiente e com as mudanças climáticas. Os consumidores demandam produtos e processos produtivos com menos impacto no meio ambiente e o tema ganha atenção crescente das organizações internacionais, dos governos, das organizações e da sociedade. Marcas e imagem corporativa estão mais atreladas à postura das instituições sobre as questões ambientais, o que aumenta a importância dos ganhos de eficiência no uso dos recursos naturais e da redução nas emissões de gases de efeito estufa. A economia de baixo carbono e a economia circular, bem como as novas tecnologias e modelos de gestão a elas relacionadas, estão em destaque na agenda da competitividade. As empresas que melhor aproveitarem essas oportunidades terão mais vantagens competitivas. Conceito de eco-eficiência; A ecoeficiência é uma das principais medidas que contribuem para um futuro sustentável. Este conceito se refere à disponibilização de serviços e bens capazes de satisfazer as necessidades humanas e proporcionar qualidade de vida sem causar impactos ambientais e gastando o mínimo dos recursos naturais nãorenováveis. O objetivo da ecoeficiência é trazer mais rentabilidade, utilizando menos matérias-primas. O resultado dessa prática é refletido diretamente na natureza, cujos recursos são utilizados de uma maneira mais inteligente, na competitividade de mercado, na satisfação das necessidades humanas de forma sustentável e na qualidade de vida. Apesar de ser implementada principalmente por empresas, a prática 19 também pode ser adotada por indivíduos que procuram ter hábitos mais sustentáveis no cotidiano. Isso porque a ecoeficiência é uma atividade intimamente relacionada ao desenvolvimento sustentável. A ecoeficiência pode ser aplicada em nossas atitudes diárias. Para isso, devemos levar em conta as questões socioambientais no momento da aquisição de bens, assim como ao contratar serviços, procurando sempre avaliar os impactos causados. No contexto de preservação do meio ambiente, o melhor sistema é aquele que consegue minimizar seu impacto na natureza, desde o desenvolvimento até o momento do descarte final do produto. Com isso, busca-se entregar ao mercado serviços e bens que satisfaçam as necessidades humanas de maneira qualificada. As marcas que conseguem ser eficientes tornam-se competitivas no mercado e não desperdiçam matéria-prima, contribuindo para um futuro sustentável. Existem oito aspectos fundamentais para se avaliar a ecoeficiência de algum item ou serviço. São eles: Diminuir o consumo de materiais com bens e serviços; Diminuir o consumo energético com bens e serviços; Minimizar a liberação de substâncias tóxicas; Ampliar a utilização sustentável de recursos renováveis; Promover a reciclagem dos materiais usados; Maximizar a utilização consciente dos recursos renováveis, fomentando a sustentabilidade; Estender a vida útil dos itens; Auxiliar na educação do público sobre a gestão de recursos naturais e energéticos. Se esses aspectos forem adotados, a empresa está no caminho certo para a ecoeficiência. Por consequência, o desempenho financeiro será positivo e a experiência do público será favorável. História da ecoeficiência O termo ecoeficiência se popularizou na década de 1980, quando as grandes corporações começaram a ser pressionadas por ativistas e entidades para reduzir seu impacto no meio ambiente. No entanto, o termo só foi utilizado após essa data, quando essas corporações passaram a sofrer pressões 20 ambientais para que além de aumentarem sua rentabilidade, reduzissem também os impactos ecológicos. Em 1992, o World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, em tradução livre) trouxe o conceito de capacidade de sustentação estimada do planeta e sugeriu a implantação da Agenda 21, principal documento elaborado na conferência Rio-92 e que propõe o desenvolvimento sustentável das sociedades no setor privado para lidar com os problemas socioambientais existentes. Importância da ecoeficiência Investir na ecoeficiência pode trazer inúmeras vantagens para corporações. Através de um sistema de gestão ambiental, a ecoeficiência é essencial para diminuir custos de produção (e consequentemente aumentar os lucros), evitar riscos ambientais e à saúde dos funcionários ou clientes, reduzir a poluição, chegar à conformidade legal ambiental, garantir a manutenção dos recursos naturais disponíveis e motivar as pessoas envolvidas com o seu produto/serviço a se engajarem em questões ambientais. Tendo em vista que os segmentos agrícola e industrial são considerados os maiores culpados pelo mau uso das fontes energéticas, a solução para os problemas ambientais passa necessariamente por esses setores. Nesse sentido, bons donos de negócios enxergam a ecoeficiência como parte de sua estratégia para o sucesso da empresa. O poder público, por sua vez, deve organizar campanhas que expliquem para a população a importância da ecoeficiência. Outra boa iniciativa é oferecer alguma forma de incentivo para os negócios que se engajarem na causa ambiental. Por fim, é extremamente importante que cada um faça a sua parte para uma pegada mais leve. 21 Agenda 21 A Agenda 21 foi um dos principais resultados obtidos da conferência Rio-92. É um documento que estabeleceu a importância de cada país com o com- promisso de refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. Buscou reunir e articular propostas para iniciar a transição de modelos de desenvolvimento convencionais para modelos de sociedades sustentáveis. Logo, é um programa de ação traduzido num documento consensual de mais de 500 páginas para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países. Os temas fundamentais da Agenda 21 estão tratados em 41 capítulos organizados em um preâmbulo e quatro seções: I– Dimensões sociais e econômicas – aborda os problemas ambientais sobre o ponto de vista social, isto é, relacionados ao modelo de produção e consumo, considerando o crescimento populacional, as formas de uso e ocupação do solo e as consequências na saúde humana do modelo predatório adotado. II– Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento – enfoca os recursos naturais (ar, florestas, água, solo e biodiversidade) apontado a neces- sidade de definição de critérios para a sua utilização, de forma a assegurar sua preservação para as gerações futuras. III– Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais – conceito de grupos em desvantagem e suas estratégias de sobrevivência, ressaltando o papel dos governos locais, universidades e institutos de pesquisa como parceiros indispensáveis para o processo de empoderamento desses grupos. IV– Meios de implementação – indicam recursos materiais, humanos e meca- nismos de financiamento existentes a serem criados, com ênfase à cooperação entre nações, instituições e diferentes segmentos sociais. 22 CAPÍTULO 3 – Gestão Ambiental Quando falamos em gestão ambiental, qual conceito vem à sua cabeça? Muita gente ainda se equivoca imensamente ao pensar em gestão ambiental, se apegando ao conceito limitado de que realizar a gestão ambiental é meramente “plantar e cuidar de árvores”. Inclusive, por este motivo, muitas empresas ainda não realizam uma gestão ambiental adequada, pois não enxergam seus plenos benefícios — e ignoram totalmente os prejuízos que trazem à própria empresa e à sociedade em geral. Origem da Gestão ambiental A preocupação com a gestão ambiental como hoje conhecemos se deu aproximadamente na década de 1960, quando finalmente as empresas começaram a vislumbrar os possíveis problemas relacionados à escassez de matérias-primas num futuro próximo. Uma das primeiras obras a tratar diretamente do assunto foi o livro “Silent Spring” (Primavera Silenciosa, em tradução livre), de Rachel Carson, lançado em 1962. O texto alerta para os efeitos negativos dos agrotóxicos sobre o ambiente, além de demonstrar os efeitos do DDT (diclorodifeniltricloroetano, o primeiro pesticida moderno) na natureza. A partir daí, o mundo começou a se voltar a questões da produção ambiental com diversos eventos marcantes, como a I Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, na Suécia, em 1972, onde foi assinado o Tratado de Estocolmo (que previa o banimento de 12 poluentes tóxicos mais nocivos ao meio ambiente e à saúde pública); a II Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada no Brasil e vindo a ser conhecida como Rio’92; e a assinatura do Tratado de Quioto, em 1997, cujo principal objetivo era fazer com que alguns países reduzissem seus níveis de emissões de dióxido de carbono, metano e mais alguns gases. No Brasil, os antecedentes do ambientalismo são ainda mais antigos, datando de 1958, períododa criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. Conceito de Gestão Ambiental Gestão ambiental é um sistema de administração empresarial que dá ênfase na sustentabilidade. Desta forma, a gestão ambiental visa o uso de práticas e métodos administrativos que reduzir ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. O gestor ambiental identifica os fatores de poluição da água, do solo e do ar que a empresa pode gerar e desenvolve ações para minimizar esses impactos no ambiente. A atuação do gestor ambiental pode ser com consultoria em ONGs, propriedades rurais, institutos de pesquisas, órgãos públicos ou privados onde ele elabora estudos de impactos ambientais, relatórios de impactos ambientais e projetos de preservação ambiental. 23 Objetivos principais da gestão ambiental - Uso de recursos naturais de forma racional; - Aplicação de métodos que visem a manutenção da biodiversidade; - Adoção de sistemas de reciclagem de resíduos sólidos; - Utilização sustentável de recursos naturais; - Tratamento e reutilização da água e outros recursos naturais dentro do processo produtivo; - Criação de produtos que provoquem o mínimo possível de impacto ambiental; - Uso de sistemas que garantam a não poluição ambiental. Exemplo: sistema carbono zero; -Treinamento de funcionários para que conheçam o sistema de sustentabilidade da empresa, sua importância e formas de colaboração; -Criação de programas de pós-consumo para retirar do meio ambiente os produtos, ou partes deles, que possam contaminar o solo, rios, etc. Exemplo: recolhimento e tratamento de pneus usados, pilhas, baterias de telefones celulares, peças de computador, etc. Gestão Ambiental Empresarial Sistema administrativo que se preocupa com os impactos das atividades econômicas da empresa no meio ambiente, a gestão ambiental empresarial tem como principal objetivo reduzir ao máximo os danos que a operação de um negócio pode causar à Natureza. Para alcançar esse objetivo, as empresas precisam colocar em prática ações que incluam desde ações cotidianas, como o uso consciente da água e o descarte e o tratamento adequado do lixo e dos insumos produzidos na operação, até estratégias que desenvolvam processos mais sustentáveis e reduzam as emissões de carbono. Para as empresas que querem fazer gestão ambiental de forma correta e eficiente, um passo fundamental é estar em dia com as licenças ambientais que garantem que o negócio atua atendendo às normas dos órgãos de controle ambiental. Vantagens de fazer gestão ambiental na empresa Para ser considerado um empreendimento verde, um negócio deve percorrer um caminho que certamente demanda esforços e investimentos, uma vez que depende de muito comprometimento em todos seus setores para a melhoria efetiva dos processos. Por outro lado, a proposta do SGA aplicada às empresas traz inúmeros benefícios, como a redução de riscos de acidentes ecológicos e a melhoria significativa na administração dos recursos energéticos, materiais e humanos, o que tem um impacto positivo direto nas contas de água e luz. O fortalecimento da imagem da empresa junto à comunidade, assim como aos fornecedores, clientes e autoridades também entra na lista das vantagens de se seguir um modelo verde de 24 gerenciamento. Cumpre ressaltar que a tendência da procura por produtos e serviços oriundos de empresas ecologicamente conscientes e socialmente responsáveis, que já é comum na Europa, está se fortalecendo de forma impressionante no Brasil. Outro ponto positivo é a possibilidade de conquistar financiamentos governamentais e bancários, assim como programas de investimento, que aumenta consideravelmente com o bom histórico ambiental das empresas. Além de ajudar na preservação do planeta, a gestão ambiental pode trazer muitos benefícios para os negócios de uma empresa: • Conseguir benefícios fiscais e outros benefícios governamentais- Uma empresa que se preocupa com o meio ambiente e com questões de sustentabilidade aumenta consideravelmente as chances de participar de programas de investimento ou de conseguir financiamentos bancários e governamentais. Assim, podemos dizer que investir em gestão ambiental empresarial traz muitas compensações fiscais e financeiras. • Conquistar clientes- As organizações que investem em sustentabilidade mostram aos consumidores que são éticas e responsáveis. E isso, por sua vez, acaba chamando a atenção de um grupo de consumidores que se preocupa com o meio ambiente e tem como prioridade adquirir produtos de empresas com esse mesmo perfil. Vale considerar que cada vez mais consumidores se preocupam com questões ambientais e isso impacta em suas decisões de compra. Assim, se a sua empresa tiver comprometimento com essa pauta, poderá ganhar a preferência desse público. • Melhorar a imagem do seu negócio- A gestão ambiental empresarial faz com que o mercado associe sua marca à preservação da natureza e à sustentabilidade, o que melhora consideravelmente sua imagem diante do público, dos fornecedores, dos parceiros comerciais e da concorrência. • Aumentar a competitividade da empresa- A redução dos custos de produção ocasionada pela adoção de processos mais sustentáveis e o alinhamento com os ideais dos clientes que se importam com as questões ambientais ajudam a aumentar a competitividade da empresa no mercado, o que pode impactar diretamente os resultados do negócio. • Redução de Riscos- Redução de riscos de acidentes e desastres ecológicos. Sabe aqueles acidentes envolvendo o rompimento de barragens em Minas Gerais nos anos de 2015 e 2019? Eles causaram verdadeira comoção nacional, certo? E poderiam ter sido evitados caso as respectivas empresas dessem atenção à gestão ambiental. Quando uma organização se preocupa com o ecossistema em torno de suas instalações, existe muito mais cuidado no desenvolvimento de sua infraestrutura, o que inclui também as instalações físicas. É o tipo de planejamento que teria evitado não apenas o desastre ambiental, como teria 25 poupado a vida de centenas de pessoas e evitado a perda de milhares de fontes de renda de todos os habitantes do entorno dos desastres. • Redução de gastos, principalmente com água e energia elétrica- A empresa que se preocupa com a gestão de seus recursos costuma gastar muito menos. Uma instalação de toaletes que realiza o reaproveitamento de água das pias para os vasos sanitários, por exemplo, pode representar uma economia de 30% de água. Se formos converter estes números em gastos monetários brutos, pode representar um valor significativo por ano. • Uso adequado de Recursos Naturais- Melhor utilização dos recursos naturais disponíveis. Utilizar bem um recurso natural significa evitar desperdícios e estimular o reuso. Não é apenas replantar as árvores cortadas de uma reserva. É reaproveitar a água, estimular a reciclagem (e a partir daí desenvolver novos negócios), é evitar que recursos se esgotem de forma definitiva. Por exemplo: de acordo com um relatório do WWF (Fundo Mundial para a Natureza), o Brasil é o 4º país do mundo a gerar mais lixo plástico. Ele produz cerca de 11 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, porém recicla apenas 1,3% disso (145 mil toneladas). Boa parte desse lixo é descartada de forma irregular (como rios e mares, matando diversas espécies) ou depositada em aterros sanitários. No médio e longo prazo, os aterros sanitários podem representar um grande problema, pois contaminam lençóis freáticos, liberam gás metano na atmosfera (gerando alterações climáticas irreversíveis) e abrigam transmissores de doenças (como ratos e moscas); isso sem contar a perda econômica devido à não-reutilização do lixo. Estima-se que a poluição por plástico gere mais de US$8 bilhões de prejuízo à economia global. Um Levantamento do PNUMA (Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente) aponta que os principais setores diretamente afetados são o pesqueiro, o comércio marítimo e o turismo. • Descarte Adequado de Resíduos- O descarte adequado de resíduos representa a saúde da população. Você se lembra do acidente com o Césio 137 ocorrido em Goiânia em 1987? Foi um dos maiores incidentes com radioatividade no mundo todo, e foi especialmente marcante por ter se dado fora do ambiente das usinas nucleares. Deixou 4 mortos e centenas de outros afetados direta ou indiretamente. O acidente ocorreu exatamente por causa do descarte inadequado de equipamento industrial. Outro caso: em 2018, a população da cidade de Barcarena, no interior do Pará, viu seus rios contaminados devido ao descarte inadequado de rejeitos realizado pela mineradora Hydro Alunorte. A contaminação afetou grande parte da população local, que provavelmente sentirá esses efeitos por muito tempo, principalmente na saúde. • Cumprimento de Leis Ambientais- O Brasil possui leis ambientais extremamente rigorosas — inclusive, é um dos países dotados de legislação ambiental mais completa —, e burlar qualquer uma delas pode render 26 multas altíssimas e até mesma a interrupção das atividades da empresa que apresentar negligência. A gestão ambiental bem implementada evita percalços nesse sentido. Fortalecimento da imagem da empresa junto a fornecedores, clientes, autoridades e sociedade. Toda empresa que se envolve num acidente ambiental fica inevitavelmente marcada para sempre, e vira até mesmo motivo de chacota. Gestão Ambiental subdivide em 4 níveis: Gestão de Processos – envolvendo a avaliação da qualidade ambiental de todas as atividades, máquinas e equipamentos relacionados a todos os tipos de manejo de insumos, matérias primas, recursos humanos, recursos logísticos, tecnologias e serviços de terceiros. Gestão de Resultados – envolvendo a avaliação da qualidade ambiental dos processos de produção, através de seus efeitos ou resultados ambientais, ou seja, emissões gasosas, efluentes líquidos, resíduos sólidos, particulados, odores, ruídos, vibrações e iluminação. Gestão de Sustentabilidade (Ambiental) – envolvendo a avaliação da capacidade de resposta do ambiente aos resultados dos processos produtivos que nele são realizados e que o afetam, através da monitoração sistemática da qualidade do ar, da água, do solo, da flora, da fauna e do ser humano. Gestão do Plano Ambiental – envolvendo a avaliação sistemática e permanente de todos os elementos constituintes do plano de gestão ambiental elaborado e implementado, aferindo-o e adequando-o em função do desempenho ambiental alcançado pela organização. Os instrumentos de gestão ambiental objetivam melhorar a qualidade ambiental e o processo decisório. São aplicados a todas as fases dos empreendimentos e poder ser: preventivos, corretivos, de remediação e pró-ativos, dependendo da fase em que são implementados. Sistemas de gestão ambiental O sistema de gestão ambiental é um conjunto de procedimentos que visa a ajudar a organização empresarial a entender, controlar e diminuir os impac- tos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Está baseado no cumprimento da legislação ambiental vigente e na melhoria contínua do desempenho ambiental da organização. Possibilita às organizações uma melhor condição de gerenciamento para seus aspectos e impactos ambientais, além de interagir na mudança de atitudes e de cultura da organização. Pode também, alavancar seus resultados financeiros, uma vez que atua na melhoria contínua de seus processos e serviços. A série de normas ISO 14000, lançada internacionalmente em 1996, tem como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as organizações a cumprir os compromissos assumidos com o ambiente natural. Como o processo de certificação é reconhecido internacionalmente, também possibilita 27 as organizações distinguir-se daquelas que somente atendem à legislação ambiental, mas que não possuem certificação. A série ISO 14000 auxilia a organização no que é necessário para desenvolver um novo sistema de gestão ambiental ou melhorar o já existente. A melhoria contínua é o processo de aperfeiçoar o sistema de gestão ambiental para alcançar melhorias no desempenho ambiental total em alinhamento com as políticas da organização. A norma ISO 14001 é a única norma do conjunto ISO 14000 que certifica ambientalmente uma organização, embora não exija que a mesma já tenha atingido o melhor desempenho ambiental possível, nem esteja utilizando as melhores tecnologias disponíveis. A norma ISO 14004 é destinada ao uso interno, servindo como um guia para o estabelecimento e implementação de seu Sistema de Gestão Ambiental – SGA e não enseja certificação. Aspectos e Impactos ambientais A busca da melhoria dos processos visa minimizar os impactos sobre o meio ambiente. A avaliação dos impactos também é um item fundamental para as empresas que buscam a certificação da série ISO 14001 para seu sistema de gestão ambiental. O levantamento dos aspectos e impactos ambientais das atividades da empresa é uma etapa necessária para a melhoria dos processos, assim como, para a certificação ambiental. Aspecto ambiental é definido, pela NBR ISO 14001, como elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização, que possam interagir com o meio ambiente. O aspecto pode estar relacionado a uma máquina ou equipamento, assim como, a uma atividade executada por ela ou por alguém que produza ou apresente a possibilidade de produzir algum efeito sobre o meio ambiente. A NBR ISO 14001, prioriza o levantamento dos aspectos ambientais significativos, já que os aspectos envolvidos em um processo são muitos. Aspecto ambiental significativo é aquele que tem um impacto ambiental significativo (ABNT NBR ISO 28 14001:2004). Dessa forma, impacto ambiental é qualquer mudança no meio ambiente, tanto positiva quanto negativa, total ou parcial, resultado das atividades, produto ou serviços da organização (ABNT NBR ISO 14001:2004). Avaliação do desempenho ambiental A consideração da questão ambiental nos negócios gerou a necessidade para a medição do desempenho do sistema de gestão ambiental nas organizações. Dessa forma, deve-se elencar uma série de fatores que interagem entre si permitindo uma rápida visualização do comportamento e impacto dos indi- cadores ambientais em um índice que representa o desempenho ambiental. De acordo com a ABNT NBR ISO 14001:2004, o desempenho ambiental traduz os resultados mensuráveis da gestão de uma organização sobre seus aspectos ambientais. No contexto de sistemas da gestão ambiental, os resultados podem ser medidos com base na política ambiental, objetivos ambientais e metas ambientais da organização e outros requisitos de desempenho ambiental. A necessidade de parâmetros relevantes e confiáveis para a medida do desem- penho ambiental pode ser atendida com a norma NBR ISO 14031:2004, que traz exemplos de indicadores de desempenho ambiental 29 que podem ser utilizados para avaliar as organizações, permitindo confrontá-las com os critérios previamente estabelecidos em seu SGA. Rotulagem Ambiental A rotulagem ambiental, ou ecolabeling, é uma metodologia voluntária de certificação e rotulagem de desempenho ambiental de produtos ou serviços, que vem sendo praticada ao redor do mundo. É um importante mecanismo de implementação de políticas ambientais dirigido aos consumidores, auxiliando-os na escolha de produtos menos agressivos ao meio ambiente (ABNT, 2013). Tem a função de comunicar os benefícios ambientais do produto/embalagem, objetivando aumentar o interesse do consumidor por produtos de menor impacto, levando a melhoria ambiental contínua orientada pelo mercado. Nesse sentido, agrega um diferencial e deve ser usadacom ética e transparência para não confundir, iludir e, nem tampouco, distorcer conceitos sobre preservação ambiental aliada à sustentabilidade socioeconômica. Com a finalidade de harmonizar os programas de rotulagem, previamente existentes, a série ISO 14000 incluiu normas com validade internacional, que são terminologias, símbolos, testes e verificações metodológicas. Os rótulos devem salientar as características ambientais dos produtos por meio de expressões corretas e comprováveis para o usuário. Os tipos de rotulagem pelas normas são: Rotulagem tipo I – NBR ISO 14024 – procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental, como avaliar e demonstrar sua conformidade, além dos procedimentos de certificação para a concessão do rótulo. Rotulagem tipo II – NBR ISO 14021 – requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos. Rotulagem tipo III – ISO 14025 – tem alto grau de complexidade devido à inclusão da ferramenta avaliação do ciclo de vida. Análise de Ciclo de Vida – ACV ACV (Life Cycle Assessment – LCA) é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e serviços. A ACV do produto é a história do produto, desde a fase de extração das matérias-primas, passando pela fase de produção, distribuição, consumo, uso e até a sua transformação em lixo ou resíduo. A ACV de um produto, processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida do produto. Uma contribuição importante da ACV é identificar onde estão os A rotulagem ambiental é uma ferramenta de gestão ambiental que pode ser utilizada para a elaboração de políticas públicas ambientais como as compras públicas sustentáveis. 30 impactos mais relevantes no ciclo de vida de um produto, para buscar alternativas. Muitas vezes o impacto está em etapas invisíveis aos olhos do consumidor e sociedade, como por exemplo, um grande consumo de água ou emissões no transporte. As normas sobre análise de ciclo de vida tratam dos princípios gerais, estrutura e metodologia requerida para analisar o ciclo de vida de um produto, deter- minando metas e escopo do estudo, impactos causados ao ambiente natural, identificando melhorias que devem ser introduzidas para reduzi-los. São elas: • ABNT NBR ISO 14040:2009 Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura. •ABNT NBR ISO 14044:2009 Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e orientações. Responsabilidade social empresarial A responsabilidade social empresarial é um tema de grande relevância nos principais centros da economia mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, os fundos de investimento formados por ações de empresas socialmente responsáveis tem apresentado considerável crescimento. No Brasil, foi na década de 90 que o movimento de valorização da respon- sabilidade social empresarial foi impulsionado, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão. O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IBASE, na promoção do balanço social, é uma de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão. Normas e certificações foram criadas com o objetivo de atestar que a organi- zação, além de ter procedimentos internos corretos, participa de ações não lucrativas em áreas como cultura, assistência social, educação, saúde, proteção do meio ambiente e defesa dos direitos comunitários. Estão relacionadas ao processo produtivo, as relações com a comunidade e as relações com os empregados. 31 No processo produtivo, são analisadas as relações trabalhistas, o respeito aos direitos humanos, a contratação de mão de obra, inclusive fornecedores, a gestão ambiental e a natureza do produto/serviço. Nas relações com a comunidade, são analisadas a natureza e o foco das ações desenvolvidas, os problemas sociais solucionados e os beneficiários e parceiros. Nas relações com os empregados, são analisados os benefícios concedidos, inclusive aos familiares, o clima organizacional, a qualidade de vida no trabalho e as ações para aumento da empregabilidade. Normas brasileiras A ABNT NBR ISO 26000:2010 é uma norma de uso voluntário e estabelece diretrizes sobre responsabilidade social. Não visa nem é apropriada para fins de certificação. Esta norma indica que a responsabilidade social está integrada em toda a organização, que ela seja praticada em suas relações e que leve em conta os interesses das partes interessadas. Reflete o desejo e o propósito das organizações em incorporarem considerações socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Implica um comportamento ético e transparente que contribua para o desen- volvimento sustentável, que esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Os princípios são: responsabilização, transparência, comportamento ético, respeito pelos interesses das partes interessadas, respeito pelo estado de direito, respeito pelas normas internacionais de comportamento e direito aos seres humanos. A ABNT NBR 16001:2012 trata dos requisitos de gestão de responsabilidade social. É uma iniciativa inédita no mundo, uma vez que o INMETRO foi o primeiro órgão governamental a assumir a coordenação de um programa de avaliação da conformidade, baseado em uma norma de gestão da respon- sabilidade social. Selos sociais no Brasil Na década de 1940, surgiu na Europa o movimento Comércio Justo e Soli- dário, que representa a busca por uma produção responsável com relação às condições de trabalho. Este movimento envolve também, a comercialização de produtos através de sistemas mais justos de remuneração, permitindo o desenvolvimento da comunidade local. A partir da década de 1990, os selos de responsabilidade socioambiental proliferaram por diversas áreas e organizações. Atualmente, é possível encontrar selos de certificação de boas práticas empresariais em qualquer área de atuação econômica. Isso porque os selos tornaram-se um determinante 32 competitivo que demonstra que os produtos e serviços daquela empresa são social e/ou ambientalmente corretos. CAPÍTULO 4 – BIOECONOMIA Bioeconomia é uma parte da economia que utiliza novos conhecimentos biológicos com propósitos comerciais e industriais e para a melhoria do bem-estar humano (ENRIQUEZ, 1998). Bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados a utilização de novas tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis A bioeconomia está presente na produção de vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis, cosméticos entre outros. A bioeconomia emprega novas tecnologias a fim de originar uma ampla diversidade de produtos. Engloba as indústrias de processamento e serviços e relaciona-se ao desenvolvimento e à produção de fármacos, vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais e animais, bioplásticos e materiais compósitos, biocombustíveis, produtos químicos de base biológica, cosméticos, alimentos e fibras. Ela surge como resultado de uma revolução de inovações aplicadas no campo das ciências biológicas. Está diretamente ligada ao desenvolvimento e ao uso de produtos e processos biológicos nas áreas da saúde humana, da produtividade agrícola e da pecuária, bem como da biotecnologia. Envolve, por isso, vários segmentos industriais. Aliar biodiversidade com tecnologia e inovação é a base principal da bioeconomia. O Brasil tem forte potencial para desenvolveresse segmento como uma das maiores chances de se desenvolver de maneira sustentada e, assim, estar à frente de outras economias mundiais. Segundo dados da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o setor de biotecnologia industrial – um dos segmentos da bioeconomia – pode agregar, nos próximos 20 anos, aproximadamente US$ 53 bilhões anuais à economia brasileira e cerca de 217 mil novos postos de trabalhos qualificados. Para isso, as empresas do setor precisariam investir aproximadamente US$ 132 bilhões ao longo desses 20 anos. Umas das prioridades para a bioeconomia 33 poder avançar no Brasil está no aprimoramento da legislação, tanto de normas relacionadas ao uso da biodiversidade quanto para inovação e propriedade intelectual. Outro tema que precisa ser regulamentado é a questão dos bioinsumos para fabricar fertilizantes e defensivos. Pesquisa da Annual Biocontrol Industry Meeting (Abim) estima que o mercado mundial de bioinsumos gira em torno de US$ 5,2 bilhões, com taxa de crescimento superior a 15% ao ano. A previsão é de que o setor dobre de tamanho até 2025 e chegue a US$ 11,2 bilhões. Como a bioeconomia pode contribuir com o desenvolvimento sustentável? O Brasil é detentor de cerca de 20% da biodiversidade do planeta, a maior do mundo, o que deve ser visto como um ativo econômico com muitas oportunidades de negócios. Transformar esta vantagem comparativa em competitiva exige investimento, conhecimento e estratégia para tornar o país uma potência em bioeconomia. Ao quantificar o valor econômico da biodiversidade, pode-se propor políticas públicas que a conservem e estimulem seu uso sustentável, de modo a inserir esta atividade em um modelo de desenvolvimento que traga benefícios sociais e econômicos. Essa perspectiva econômica contribui para uma melhor gestão e restauração dos recursos naturais. Segundo o Panorama Ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), se não houver novos esforços para frear a perda de biodiversidade, mais de 10% desses recursos serão perdidos em quarenta anos, até 2050. A perda da biodiversidade e o declínio dos serviços ecossistêmicos são fatores de riscos para o setor produtivo, que, cada vez mais, tem buscado meios para diminuir seus impactos na biodiversidade. Por que a bioeconomia tem tudo para ser o futuro do desenvolvimento do Brasil? O Brasil conta com vantagens comparativas capazes de proporcionar excelentes oportunidades nesse campo. Sua enorme biodiversidade é fonte importante para a obtenção de vários materiais para a produção, como biomassa, corantes, óleos vegetais, gorduras, fitoterápicos, antioxidantes e óleos essenciais. Esses itens são matérias-primas para diversos setores industriais, a exemplo de produtos de higiene e limpeza, alimentos, bebidas, fármacos e cosméticos. O país também apresenta vasta proporção do território cultivável. Com uma agricultura desenvolvida em larga escala, é grande produtor de alimentos, fibras e bioenergia, tem a maior floresta tropical do planeta e uma bem-sucedida experiência em biocombustíveis. Contamos, ainda, com conhecimento acumulado e com Institutos de Ciência e Tecnologia que, se bem coordenados, são capazes de consolidar o nosso diferencial em Bioeconomia. Destaca-se aí os institutos SENAI de Inovação e de Tecnologia, que atuam como ponte entre o 34 conhecimento acadêmico e as soluções buscadas pelas empresas. Para transformar nosso potencial comparativo em vantagens competitivas, fortalecendo experiências exitosas e aperfeiçoando os mecanismos existentes, precisamos remover as barreiras nos setores público e privado que reduzem a nossa capacidade de competir nos mercados interno e externo. É necessário construir um ambiente de negócios favorável, com regras claras e segurança jurídica. Quais os benefícios da bioeconomia? 1 - Mais recursos e estímulo à inovação para uma área em que o Brasil tem potencial; 2 - Estímulo ao avanço tecnológico; 3 - Melhoria da imagem do Brasil no exterior; 4 - Desenvolvimento sustentável; 5 - Consolidação de uma economia de baixo carbono; 6 - Mais investimentos no país; 7 - Geração de emprego; 8 - Maior segurança jurídica e novos modelos de negócios. Bioeconomia na indústria A indústria pode ser protagonista no uso eficiente e sustentável dos recursos naturais e no desenvolvimento da bioeconomia no país. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) trabalha na mobilização do setor para que a indústria seja parte da solução no desenvolvimento sustentável do Brasil, tendo como norte o Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Agenda CNI para a bioeconomia 1 - Empreendimentos que envolvam o uso sustentável da biodiversidade necessitam de instrumentos de financiamento e estímulo ao capital de risco. O novo regime legal de acesso aos recursos genéticos possibilita um cenário mais atrativo para investimento em pesquisa com a biodiversidade brasileira. É fundamental, no entanto, o desenvolvimento de instrumentos de financiamento e estímulo ao capital de risco para empreendimentos que envolvam o uso sustentável da biodiversidade. 2 - O uso sustentável da biodiversidade minimiza riscos ambientais e gera oportunidades para as empresas. O setor empresarial tem papel fundamental no enfrentamento dos problemas ambientais, incluindo a perda da biodiversidade. O uso sustentável da biodiversidade minimiza o risco de extinção das espécies exploradas comercialmente, proporcionando oportunidades de negócios com sustentabilidade. 3 - É fundamental que existam investimentos em P&D relacionados à biodiversidade. A ampliação de 35 investimentos da indústria em biodiversidade passa pela formação de ecossistemas de inovação Esses ecossistemas devem estruturados em P&D, para desenvolvimento de novos bens e serviços com base em recursos da biodiversidade. 4 - É essencial a participação da indústria nas discussões sobre o acesso a patrimônio genético no país. A Lei da Biodiversidade possibilitou o ingresso da indústria nas discussões sobre patrimônio genético. Essas discussões contribuem ativamente para a construção de políticas públicas que influenciam o ambiente de negócios. Quais as propostas da industrial para desenvolver a bioeconomia no Brasil? REGULAMENTAÇÃO - Estrutura de governança; - Simplificar e fomentar a relação de Institutos de Ciência e Tecnologia com o setor produtivo; - Apoiar as iniciativas para aumentar a eficiência do INPI; - Capacitar e alinhar os órgãos e usuários da biodiversidade, estabelecendo metodologias e critérios de reconhecimento tradicional associado. INOVAÇÃO - Aproximar a indústria de todos os níveis da educação; - Incorporar doutores às indústrias; - Disseminar as oportunidades de negócio da bioeconomia; - Fazer bioprospecção e o mapeamento de novas espécies da biodiversidade; - Encontrar novos usos para produtos de origem biológica; - Desenvolver estratégias de bioconversão consorciada. INVESTIMENTOS - Fomentar a articulação de hubs de inovação em bioeconomia; - Desenvolver mecanismos especializados de financiamento para a inovação; - Estimular a divisão de discos dos investimentos entre o governo e a indústria em projetos pré- competitivos; - Estimula o capital de risco corporativo; - Atrair fundos estrangeiros para o Brasil; - Fomentar P&D nos diversos estágios do desenvolvimento de novos bens e serviços baseados em recursos da biodiversidade. 36 Quais as oportunidades para o desenvolvimento sustentável e o crescimento mundial com a bioeconomia? As oportunidades para o crescimento mundial da bioeconomia estão relacionadas ao aumento da população e ao seu envelhecimento, à renda per capita; à necessidade de ampliação da oferta de alimentos, saúde, energia e água potável; bem como às