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Direito Constitucional - Apostila

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OAB 60 HORAS – IX EXAME 
Direito Constitucional 
Flávia Bahia 
1 
1. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
NATUREZA: Ramo do Direito Público 
CONCEITO: Direito Público fundamental que se diferencia dos demais ramos do direito pela natureza do 
seu objeto e pelos princípios peculiares que o informam. Destaca-se como ramo do direito público por ser 
fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos básicos do mesmo e 
ao estabelecimento das bases da estrutura política. Sendo assim, aponta, interpreta e sistematiza os 
princípios e normas fundamentais do Estado. 
 
2. CONSTITUIÇÃO 
 
CONCEITO: Constituição, juridicamente, significa a Lei Suprema e Fundamental do Estado, responsável 
por estabelecer o conteúdo das normas sobre a estruturação do Estado, a formação dos poderes políticos, 
a forma de governo e aquisição do poder de governar, a distribuição de competências, os direitos, deveres 
e garantias dos cidadãos. 
 
OBJETO: estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, modo de aquisição e 
exercício do poder, limites da sua atuação, assegurar direitos e garantias individuais, fixar o regime 
político, disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado. 
 
3. CONCEPÇÕES SOBRE AS CONSTITUIÇÕES 
 
a) SENTIDO SOCIOLÓGICO: A Constituição é concebida como fato social, com isso o texto constitucional 
seria resultado da realidade social do país. O representante mais importante desta visão sociológica da 
Constituição foi Ferdinand Lassalle, que em sua obra “Qué es una Constitución?” (―A Essência da 
Constituição‖), designa que a Constituição real e efetiva é ―a soma dos fatores reais de poder que regem o 
país‖, já a constituição escrita que não se apoiasse nesses fatores reais do poder não passaria de uma 
folha de papel. 
 
b) SENTIDO POLÍTICO: Concebida por Carl Schmitt, em sua obra “Teoria de la Constitución”, considera a 
Constituição como ―decisão política fundamental‖, que comporta matérias como a estrutura e órgãos do 
Estado, direitos individuais, entre outros. O referido autor distingue Constituição (decisão política 
fundamental) das leis constitucionais, que seriam os demais dispositivos do texto constitucional. 
 
c)SENTIDO JURÍDICO: Posição liderada por Hans Kelsen, defendida principalmente na sua obra ―Teoría 
Pura do Direito‖, na qual a Constituição é norma pura (dever-ser). Com isso, o autor parte de uma 
perspectiva estritamente formal em que desconsidera qualquer aspecto sociológico, político ou sociológico 
da elaboração do referido conceito. A Constituição, que não está mais em divergência, é a norma 
fundamental do Estado e o paradigma de validade de todo o ordenamento jurídico. 
 
 
4. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
a) QUANTO À FORMA: ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS 
Constituição escrita: conjunto de normas codificado e sistematizado em um único documento, num 
determinado momento, por um órgão competente, com o fim de fixar a organização fundamental. J. J. 
Gomes Canotilho à denomina Constituição instrumental. 
Constituições não escritas: conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene e que não foram 
elaboradas por um órgão especial em um determinado momento. Estas normas se baseiam em leis 
esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. Ex: Constituição da Inglaterra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB 60 HORAS – IX EXAME 
Direito Constitucional 
Flávia Bahia 
2 
b) QUANTO À ORIGEM: PROMULGADAS E OUTORGADAS 
Constituição promulgada (democrática ou popular): são emanadas de uma Assembléia Nacional 
Constituinte composta por representantes do povo, ou seja, os membros da Assembléia são eleitos com a 
finalidade de elaboração da Constituição. (Ex: CF de 1946). 
Constituições outorgadas: elaboradas sem a participação popular, por meio de imposição de poder. É 
fruto de um ato unilateral de vontade do detentor do poder político. (Ex: CF de 1937) 
 
c) QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: DOGMÁTICAS E HISTÓRICAS 
Constituição dogmática: são escritas, elaboradas por um órgão constituinte em um dado momento 
segundo idéias fundamentais da teoria política reinantes nesse momento. São momentâneas e, portanto, 
mais instáveis. 
Constituição histórica (costumeira ou consuetudinária) :surge da lenta e contínua produção histórica. 
Resulta do amadurecimento e consolidação de valores da sociedade e, portanto, são mais estáveis. 
 
d) QUANTO À ESTABILIDADE: IMUTÁVEIS, RÍGIDAS, FLEXÍVEIS E SEMI-RÍGIDAS. 
Constituição super-rígida: para alguns autores, em razão das cláusulas pétreas, essa seria a 
classificação da CF/88. 
Constituição rígida: exige para sua alteração um processo legislativo mais solene e dificultoso do que 
aquele utilizado para a edição das demais leis do ordenamento. Decorre do princípio da supremacia formal 
da Constituição. (Ex: Constituição de 1988 - art. 60, CF). 
Constituição flexível: em regra são não-escritas, poderão ser alteradas por processo ordinário. 
Constituição semi-rígida: algumas regras podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário e 
outras pelo processo legislativo especial e mais dificultoso. (Ex: Constituição de 1824) 
 
e) QUANTO AO CONTEÚDO: MATERIAL E FORMAL 
Constituição material (substancial): são constitucionais as normas essencialmente constitucionais, não 
importa se integram ou não o texto da Constituição escrita. 
Constituição formal: leva em conta o processo de elaboração da norma, ou seja, são constitucionais 
todas as normas que estejam na Constituição escrita e que tenham sido elaboradas por um processo 
legislativo especial, independente do assunto tratado. 
 
f) QUANTO À EXTENSÃO: ANALÍTICAS E SINTÉTICAS 
Constituição analítica: regulamentam todos os assuntos relevantes à formação, funcionamento e 
destinação do Estado. (Ex: Constituição de 1988). 
Constituição sintética: estabelecem apenas os princípios e normas gerais de regência do Estado. (Ex: 
Constituição americana) 
 
g) QUANTO À FINALIDADE: CONSTITUIÇÃO-DIRIGENTE E 
CONSTITUIÇÃO-GARANTIA 
Constituição-dirigente: é analítica, regulamenta em seu texto programas, planos e diretrizes para a 
atuação futura dos órgãos estatais. Sendo assim, o legislador dirige a atuação futura dos órgãos estatais 
através de normas programáticas. 
OBS: A norma programática, mesmo quando não complementada por legislação infraconstitucional para 
que tenha eficácia plena, possui eficácia negativa, pois: 
 
a) revoga as normas anteriores em sentido contrário. 
b) veda a edição de leis posteriores em sentido contrário. 
c) fonte de interpretação. 
 
Constituição-garantia (negativa): é sintética, construtora de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento imposta ao Estado. Preocupação com a limitação dos poderes estatais por meio da fixação 
de garantias individuais perante o Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB 60 HORAS – IX EXAME 
Direito Constitucional 
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3 
h) QUANTO À CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE: NORMATIVAS, NOMINATIVAS E 
SEMÂNTICAS (elaborada por Karl Loewenstein) 
Constituições normativas: estão em consonância com a vida do Estado. Conseguem efetivamente 
regular a vida política do Estado. 
Constituições nominativas: não conseguem efetivamente cumprir o papel de regular a vida política do 
Estado, apesar de elaboradas com este intuito. 
Constituições semânticas: desde a sua elaboração não têm o objetivo de regular a vida política do 
Estado. Limitam-se a dar legitimidade formal aos atuais detentores do poder. 
 
4.1 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
A Constituição Federal de 1988 é classificada como: escrita, promulgada, dogmática, rígida (ou super-
rígida), formal, analítica, dirigente e nominativa. 
 
5. PODER CONSTITUINTE 
 
5.1. CONCEITO 
Poder constituinte é o fundamento originário da ordem constitucional do Estado. É a expressão mais alta 
do poder político. Hodiernamente se conceitua como o poder de elaboração de uma nova Constituição e 
também o de possibilitar as suas futuras alterações. 
 
5.2. TITULARIDADE X EXERCÍCIO 
O povo é o titulardo poder, na forma do art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal de 1988. 
No entanto, titularidade e exercício não se confundem. O exercício do poder constituinte é pelo 
povo diretamente (Ação Popular, referendo, iniciativa popular projeto de lei), ou indiretamente, 
por meio de seus representantes. 
 
5.3. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (ou de 1º grau) 
 
O poder constituinte originário estabelece uma nova ordem jurídica do país, rompendo com a ordem 
jurídica anterior. 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
a) Inicial – se torna a base da ordem jurídica do país, pois rompe com o ordenamento jurídico anterior; 
b) Autônomo – não está de modo algum limitado no direito positivo anterior; 
c) Incondicionado – não tem que se submeter a nenhuma forma pré-fixada para manifestação. 
 
5.4. PODER CONSTITUINTE DERIVADO (ou do 2º grau) 
Tem como fundamento de legalidade a própria Constituição. Divide-se em: Reformador (hoje exercido 
através do poder de emenda) e Decorrente (poder que possibilita aos Estados-Membros organizarem 
suas próprias Constituições Estaduais e também o de futuramente alterá-las). 
 
CARACTERÍSTICAS 
a) Condicionado - é condicionado porque encontra limitações na própria Constituição Federal; 
b) Subordinado - está hierarquicamente abaixo do poder constituinte originário; 
c) Limitado - só pode agir nas condições e formas previstas pelo poder constituinte originário 
 
5.5. LIMITAÇÕES AO PODER DE EMENDA 
 
a) Temporais – Não há limitações dessa natureza no art. 60. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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b) Materiais: explícitas – art. 60 § 4º da CF (cláusulas pétreas); implícitas – forma republicana de 
Governo; sistema presidencialista de governo, titularidade do poder constituinte, impossibilidade de 
alteração do próprio artigo 60, CF visando facilitar o processo legislativo referente às emendas; 
 
 
c) Circunstanciais – art. 60 §1º da CF; 
 
d) Formais ou processuais – art. 60, I, II e III §§ 2º, 3º e 5º. 
 
 
Iniciativa (art.60, I, II e III da CF): 
 
Rol Taxativo! I – 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 
Senado Federal. 
 
 II – Presidente da República 
 
III – mais da metade das Assembléias Legislativas das 
unidades da Federação, que se manifestem pela maioria de 
seus membros. 
 
Elaboração (art.60, § 2º da CF): apresentada a proposta perante o Congresso Nacional ela será discutida 
e votada em dois turnos. Será considerada aprovada quando conseguir 3/5 dos votos dos membros de 
cada Casa nos dois turnos. 
 
OBS: Matéria objeto de projeto rejeitado ou prejudicado não pode ser apresentada na mesma sessão 
legislativa! 
 
Promulgação (art.60, § 3º da CF): pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado, com o 
respectivo número de ordem. 
 
 
6. FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL 
 
a) Revogação global – é o que acontece com a ordem normativa constitucional anterior quando a nova 
Constituição surge no país. 
 
b) Recepção – acontece quando a Constituição nova recebe a ordem normativa infraconstitucional anterior 
surgida sob a égide de cartas precedentes, se com ela, tais normas forem compatíveis. É um fenômeno 
automático e de natureza material. 
. 
c) Repristinação – é o fenômeno pelo qual certa legislação infraconstitucional que perdeu sua eficácia 
diante de um texto constitucional posterior, por não ter sido recepcionada pelo mesmo, se restaura pelo 
surgimento de uma nova Constituição. Não é um fenômeno automático e deve estar expresso no texto 
legal. Não confundir repristinação com o efeito repristinatório (analisado no capítulo referente ao controle 
de constitucionalidade); Ex: art. 2º § 3º da LICC – repristinação (o fenômeno deverá vir expresso na 
legislação). 
 
d) Desconstitucionalização – é a recepção pela nova ordem constitucional como leis ordinárias de 
disposições da Constituição anterior, perdendo, portanto a natureza de Constituição. Também deve estar 
prevista expressamente no texto, mas é um fenômeno que não se encontra acolhido pelo direito 
constitucional brasileiro. É adotado em Portugal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
- INTRODUÇÃO – 
 
Os direitos e garantias fundamentais foram marcos da luta política emancipatória de classes 
populares ao longo da história da nossa civilização. Saltando aos antecedentes históricos 
recentes, teremos como documentos importantes na consagração e registro desses direitos, as 
seguintes declarações inglesas: Magna Carta Libertatum (1215), Petiton of Right (1628 ) e 
Habeas Corpus Act (1679). 
Com a Revolução Inglesa (1688), Americana (1776) e Francesa (1789), introduziu-se no mundo 
uma preocupação em se construir elementos sólidos e efetivadores dos direitos humanos. Em 
1688, como resultado da Revolução Inglesa, surge a Declaração dos Direitos (Bill of Rights). As 
Declarações Americana e Francesa também contribuíram para universalizar os conceitos 
iluministas. A Revolução Francesa do séc. XVIII absorveu em três os princípios basilares: 
"liberté, égualité, fraternité" (liberdade, igualdade, fraternidade). 
De fato, a consagração normativa dos direitos humanos fundamentais culminou na França, 
quando, em 26/8/1789, a Assembléia Nacional promulgou a "Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão", com 17 artigos. Dentre as inúmeras e importantíssimas previsões, podem ser 
destacados os seguintes direitos humanos fundamentais: princípio da igualdade, liberdade, 
propriedade, segurança, resistência à opressão, associação política, princípio da legalidade, 
princípio da reserva legal e anterioridade em matéria penal, princípio da presunção da inocência, 
liberdade religiosa e livre manifestação de pensamento. 
Em termos de documentos, relata-se, também, a Constituição Mexicana de 1917, a Constituição 
de Weimar, de 1919, a Declaração Soviética dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, de 
1918, seguida pela primeira Constituição Soviética, também de 1918. 
 
Em 10 de dezembro de 1948, abre-se a discussão sobre os Direitos Humanos, que alcançou 
seu apogeu com a aprovação, em Paris, da "Declaração Universal dos Direitos do Homem", 
fomentando, em seu artigo 1º, que "todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros 
com espírito de fraternidade". Essa disposição culmina o ápice do direito de igualdade, 
consagrado formalmente hoje em todo o mundo civilizado. 
 
 
7.1. CONCEITO 
Segundo o Professor José Afonso da Silva1: ―são aquelas prerrogativas e instituições que o Direito Positivo 
concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas‖. São fundamentais 
porque sem eles a pessoa humana não se realiza, não convive, e, em alguns casos, nem sobrevive. 
Regra: Todo direito e garantia fundamental deve ser interpretado de forma sistemática em relação aos 
demais. 
 
7.2. NATUREZA JURÍDICA 
Formam uma categoria especial de direitos subjetivos e a doutrina mais moderna afirma também que eles 
têm natureza jurídica dúplice, direitos subjetivos e objetivos. 
 
 
 
 
 
1
 Curso de Direito Constitucional Positivo, 23ª edição, Malheiros, São Paulo, 2003) 
 
 
 
 
 
 
 
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7.3. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS 
 
a) Historicidade: possuem caráter histórico e passaram por diversas revoluções até 
chegarem aos dias atuais; 
b) Inalienabilidade - não há transferência de direitos fundamentais, nem a título oneroso e 
nem de forma gratuita; 
c) Irrenunciabilidade - não há possibilidade de renúncia a direito fundamental; 
d) Imprescritibilidade - eles não sofrem o decurso do tempo; estão sempre prontos para 
serem exigidos; 
e) Relatividade - não há nenhuma hipótese de direito humano absoluto. Posicionamento doSTF sobre o assunto: 
 
"Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Não há, no sistema 
constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo 
porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de 
convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos 
órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que 
respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das 
liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado 
o substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem 
jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a 
assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode 
ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de 
terceiros." (MS 23.452, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 12/05/00) 
 
 
f) Universalidade – eles ultrapassam barreiras, são reconhecidos em todo o mundo 
civilizado. 
 
7.4. TITULARIDADE (art. 5º, caput): 
Além dos destinatários expressos no art. 5º, caput, a doutrina e o STF vêm acrescentando, através da 
interpretação sistemática, os estrangeiros de passagem pelo território brasileiro (por exemplo, a turismo), 
as pessoas jurídicas e os apátridas. 
 
7.5. APLICAÇÃO 
Aplicam-se nas relações entre Estado e pessoas e nas relações entre particulares. 
 
7.6. POSITIVAÇÃO 
Nem todo direito fundamental está positivado na Constituição Federal. Em regra estão, no entanto há 
exceções: o direito ao nome não está na CF. 
 
 
7.7. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 SOB O PRISMA DA CF: 
 
a) Direitos individuais: delimitam a esfera de autonomia dos indivíduos (art. 5º); Segundo o 
STF, não são apenas os direitos constantes no art 5º da CF, mas também os direitos 
sociais, da nacionalidade, os direitos políticos e outros ao longo de todo o texto 
constitucional 
b) Direitos coletivos ou meta-individuais: representam os direitos do homem integrante de 
uma coletividade (art. 5º); 
 
 
 
 
 
 
 
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c) Direitos sociais: dividem-se em direitos sociais propriamente ditos (art. 6º) e direitos 
trabalhistas (art. 7º ao 11); 
d) Direitos à nacionalidade: vínculo jurídico-político entre a pessoa e o Estado (art. 12 e 13); 
e) Direitos políticos; direito de participação na vida política do Estado; direito de votar e de 
ser votado, ao cargo (art. 14 ao 17). 
 
SOB O PRISMA DE SUA EVOLUÇÃO NO TEMPO: 
 
Os direitos fundamentais são uma categoria aberta e potencialmente ilimitada, não são estanques, 
imutáveis, pois seu conteúdo é entendido de formas diferentes dependendo do período histórico 
em que houve sua evolução. Portanto, podem sofrer transformações quantitativas e qualitativas no 
decorrer da história. 
 
a) Direitos de primeira geração (ou dimensão): são aqueles que inauguraram o 
movimento constitucionalista, feito pela revolução burguesa. Surgidos no século XVII, 
eles cuidam da proteção das liberdades públicas e dos direitos políticos. Atualmente, 
quase todas as constituições existentes os consagram, mesmo aquelas de Estados onde 
impera a sua escancarada violação, como por exemplo, os ditatoriais. Os titulares são os 
indivíduos, que os exercem contra os poderes constituídos dos Estados. Nesta fase, o 
Estado tem um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser 
respeitar as liberdades do homem. São exemplos: direito à vida, à liberdade, à 
propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao devido processo legal. 
 
b) Direitos de segunda geração (ou dimensão): são os chamados direitos sociais, 
econômicos e culturais, onde do Estado não mais se exige uma abstenção, mas, ao 
contrário, impõe-se a sua intervenção, visto que a liberdade do homem sem a sua 
participação não é protegida integralmente. Por isso se afirma que do Estado se exige 
uma prestação positiva. São exemplos: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência 
social, à educação, o direito de greve. 
 
c) Direitos de terceira geração (ou dimensão): englobam os direitos chamados de 
solidariedade ou fraternidade, voltados para a proteção da coletividade e, portanto, 
possuem caráter difuso. São marcados pela alteração da sociedade, por profundas 
mudanças na comunidade internacional. As Constituições passam a incorporar em seus 
textos a preocupação com o meio ambiente equilibrado, a vida saudável e pacífica, à 
conservação do patrimônio histórico e cultural; 
 
d) Direitos de quarta geração (ou dimensão): o defensor maior desta geração de direitos 
é o Professor Paulo Bonavides, para quem tais direitos seriam resultado da globalização 
dos direitos fundamentais, de forma a universalizá-los institucionalmente. São exemplos: 
direito à democracia, à informação, ao comércio eletrônico entre os Estados. Para a 
Professora Eliana Calmon, são direitos da quarta geração os da manipulação do 
patrimônio genético. 
 
 
Obs: Embora apresentado em gerações ou dimensões, não existe relação de hierarquia entre estes 
direitos. Esta divisão é apenas indicativa de seu surgimento ao longo do tempo, consolidando a 
busca do homem por mais proteção, mais garantias, com o objetivo de alcançar uma sociedade 
mais justa, igualitária e fraterna. Tais normas consignam verdadeiros recursos colocados ao dispor 
do homem para tutelar suas aspirações legítimas e justas. 
 
8. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
(Professor José Afonso da Silva) 
 
a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA: Desde a sua entrada em vigor na CF produz 
ou tem possibilidade de produzir todos os seus efeitos essenciais. São auto-
aplicáveis e de incidência imediata e direta. Ex: Art. 1º e 2º, Remédios 
Constitucionais. 
 
b) NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA: A CF regulou suficientemente a matéria, mas deixou margem à 
atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos em que a lei 
estabelecer. Ex: Art. 5º, XIII, Art. 93, IX. 
 
c) NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA: Carecem de regulamentação para efetivamente tornarem-se 
aplicáveis. Somente incidem totalmente sobre os interesses regulados após a normatividade posterior que 
lhes dê aplicabilidade. Dividem-se em: 
 
 - Programáticas: traçam preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, como programa de 
atividades a serem por ele desenvolvidas. Ex: Art. 21, IX, 23, 205, 211, 215. 
 - Institutivas ou Organizatórias: normas que visam organizar determinadas funções, estabelecidas 
pelo Poder Público. Ex: Art. 134, § 1°. 
 
9. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
1. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ADMINISTRATIVOS (art. 5°, XXXIV) 
 
O Direito de petição e o Direito de obtenção de certidões são garantias constitucionais para o acesso à 
informação e também são considerados pela doutrina como remédios constitucionais de natureza 
administrativa. 
 
 
2. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS JUDICIAIS 
 
ESPÉCIES: 
 
a) HABEAS CORPUS 
Historicamente, foi a primeira garantia de direito fundamental concedida pelo Rei João Sem Terra 
(Inglaterra), na Magna Carta de 1215. No Brasil, Dom Pedro I emitiu, em 1821 um Alvará, consagrando a 
liberdade de locomoção. Em 1830, a garantia passou a ser chamada de Habeas Corpus (―tomes o corpo‖) 
e foi consagrada constitucionalmente no Brasil a partir de 1891. 
 
1-BASE LEGAL: art. 5º, LXVIII, CF, art. 142, § 2, CF; arts. 647/667, CPP 
 
2-CONCEITO 
Remédio constitucional dirigido à tutela da liberdade de locomoção, ameaçada ou lesada em decorrência 
de violência ou coação eivada de ilegalidade – ato comissivo ou omissivo contrário à lei - ou abuso de 
poder. Tambémé utilizado para trancar um Inquérito Policial ou uma Ação Penal em face de ato atípico ou 
ilegal. 
 
3-SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO 
Decorre de prova pré-constituída e não admite dilação probatória. 
 
 
 
 
 
 
 
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4-ESPÉCIES 
 
HC PREVENTIVO: para evitar a consumação da lesão, muito comum em sede de CPI. O pedido é o Salvo 
Conduto. 
 HC REPRESSIVO OU LIBERATÓRIO: para fazer cessar tal coação. O pedido é o Alvará de Soltura. 
 
5-LEGITIMIDADE ATIVA 
Qualquer pessoa natural (brasileiro, estrangeiro, analfabeto, menor de idade) ou pessoa jurídica pode ser 
IMPETRANTE. A pessoa beneficiada é chamada de PACIENTE. É o único remédio constitucional judicial 
que não precisa da assistência do advogado. 
 
6-PÓLO PASSIVO 
Autoridade coatora, em regra pública, no entanto a jurisprudência dominante já admite o HC contra ato de 
particular. Hipótese: clínicas médicas, abrigos, manicômios. 
 
7-GRATUIDADE: é uma ação gratuita, de acordo com o Art. 5º, LXXVII. 
 
8- SÚMULAS DO STF 
 
 
Súmula nº 692 Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se 
fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado 
a respeito. 
 
Súmula nº 693 Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou 
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
 
Súmula nº 695 Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. 
 
 
b) MANDADO DE SEGURANÇA 
Constitucionalmente, o Mandado de Segurança foi acolhido pelo direito brasileiro em 1934 e permaneceu 
ao longo das demais Constituições, exceto na de 1937. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXIX, LXX e Lei nº 12.016/09. 
 
2-PRAZO: 120 dias, contados desde o conhecimento da lesão. 
 
3-CONCEITO 
Remédio constitucional dirigido à tutela de direito individual e coletivo, líquido e certo, não amparável por 
HC ou HD, ameaçado ou lesado em decorrência de ato de autoridade pública ou agente delegado, eivado 
de ilegalidade ou abuso de poder. 
 
4-ESPÉCIES E LEGITIMIDADE ATIVA 
 
 MS Individual (art. 5º, LXIX) 
O Impetrante é o titular do direito líquido e certo, tais como: a pessoa natural, os órgãos públicos 
despersonalizados, as universalidades patrimoniais, a pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada 
no Brasil ou no exterior. 
 
 
 
 
 
 
 
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MS Coletivo (art. 5º, LXX, CF) O Mandado de Segurança Coletivo pode ser Impetrado por partido político 
com representação no Congresso Nacional (ainda que o partido esteja representado em apenas uma das 
Casas Legislativas), organização sindical, entidade de classe e associações (preenchidas as condições 
previstas no art. 5º, LXX). 
 
5-MODALIDADES 
 
MS PREVENTIVO - ameaça à lesão 
MS REPRESSIVO - quando a lesão já ocorreu 
 
6-PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE 
Não se aplica em sede de remédio constitucional. Não se pode utilizar um remédio no lugar do outro. 
 
7-CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 
Direito líquido e certo (provado de plano, provas pré-constituídas), caráter residual, ou seja, quando não se 
aplica nem o HC ou o HD. 
Segundo o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles2: "a atual expressão direito líquido e certo substituiu a 
precedente, da legislação criadora do mandado de segurança, direito certo e incontestável. Nenhuma 
satisfaz. Ambas são impróprias e de significação equívoca. (...) O direito, quando existente, é sempre 
líquido e certo; os fatos é que podem ser imprecisos e incertos, exigindo comprovação a esclarecimentos 
para propiciar a aplicação do direito invocado pelo postulante". Então, para este autor o direito líquido e 
certo "... é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser 
exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por 
mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições 
de sua aplicação ao impetrante: se a sua existência for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver 
delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à 
segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais‖. 
 
8-PÓLO PASSIVO 
Autoridade coatora ou quem lhe faça às vezes, como é o caso do agente delegado (art. 175, CF) no 
exercício da função pública. Há reiteradas decisões judiciais entendendo caber MS contra ato de Diretor 
de estabelecimento particular de ensino. 
 
9- SÚMULAS DO STF 
 
Súmula nº 623 - Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para 
conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o 
pedido contra deliberação administrativa do Tribunal de origem, da qual haja participado a maioria 
ou a totalidade de seus membros. 
 
Súmula nº 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de 
mandado de segurança contra atos de outros tribunais. 
 
Súmula nº 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de 
segurança. 
 
Súmula nº 626 - A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em 
contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de 
concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal 
 
2
 Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança., São Paulo, Revista dos Tribunais, 13ª ed., 1989, p. 13. 
 
 
 
 
 
 
 
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Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da 
impetração. 
 
Súmula nº 629 - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em 
favor dos associados independe da autorização destes. 
 
Súmula nº 630 - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda 
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. 
 
Súmula nº 632 - É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de 
mandado de segurança. 
 
Súmula nº 266 - Não cabe Mandado de Segurança contra lei em tese. 
 
Súmula nº 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. 
 
Súmula nº 268 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado 
 
Súmula nº 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular 
 
c) HABEAS DATA 
Apesar de constar da Constituição de Portugal de 1976 e da Constituição da Espanha de 1978, no Brasil, 
o habeas data só foi consagrado constitucionalmente em 1988. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXII; Lei n° 9.507/97. 
 
2-CONCEITO 
Remédio constitucional sobre procedimento especial, dirigido ao conhecimento ou retificação, como 
também, anotação, contestação ou explicação de dados pessoais constantes de bancos de dados ou, 
assentamentos de entidades governamentais ou de caráter público. 
 
3-DIFERENÇA ENTRE O ART. 5º, LXXII e o ART. 5º XXXIII. 
No HD o dado tem natureza de pessoal. O direito à informação amplo do inciso XIII traz a proteção a um dado administrativo, portanto, público. 
 
4-PARTES ATIVAS 
Titular do dado (legitimação ordinária), pessoa natural ou jurídica. O STF admite, no entanto, que no caso 
de sucessão causa mortis, os herdeiros legítimos e necessários do falecido podem requerer. 
 
5-PÓLO PASSIVO 
Entidade governamental ou de caráter público (pessoa jurídica de direito privado que forneça dados a 
terceiros c/ caráter oneroso ou não). Ex: SPC e SERASA. 
 
6-GRATUIDADE: A Ação de HD é gratuita, de acordo com o art. 5º, LXXVII. 
 
7- POSIÇÃO DO STF SOBRE O HD 
 
―O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a 
garantir, em favor da pessoainteressada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice 
aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de retificação dos registros e (c) direito de 
complementação dos registros. Trata-se de relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional 
 
 
 
 
 
 
 
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das liberdades, a qual representa, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às 
situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam 
as dimensões em que estes se projetem. O acesso ao habeas data pressupõe, dentre outras condições 
de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se 
inviável o exercício desse remédio constitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de 
informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se 
concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão 
resistida, há carência da ação constitucional do habeas data.‖ (RHD 22, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 
01/09/95) 
 
8- NECESSIDADE DE COMPROVAR A RECUSA DA INFORMAÇÃO 
 
Súmula nº 2 – STJ – Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, ―a‖) se não houve recusa de 
informações por parte da autoridade administrativa 
 
 
d) MANDADO DE INJUNÇÃO 
O Mandado de Injunção foi criado pelo legislador constituinte em 1988, com o objetivo de tornar as normas 
da Constituição plenamente exeqüíveis (art. 5º, §1º, CF). O instrumento ainda é pouco utilizado e não 
assegura efetivamente os direitos fundamentais. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXI, CF e aplica-se por analogia a Lei do MS. 
 
2-CONCEITO 
É remédio constitucional sobre procedimento especial dirigido à tutela de direitos subjetivos 
constitucionais, cujo exercício esteja impedido pela ausência de norma reguladora. 
 
3-OBJETO 
É a tutela de direito subjetivo constitucional cuja ausência de norma regulamentadora impede o seu 
exercício. Normalmente é direito subjetivo próprio, exceto no MI coletivo. 
 
4-LEGITIMIDADE ATIVA 
Qualquer titular de direito subjetivo constitucional. 
 
5-ESPÉCIES 
MI individual e MI coletivo (os mesmos legitimados para a propositura do MS coletivo, art. 5º, LXX, CF). 
 
6-AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTANDO 
 Pode ser norma infra legal, ou seja, qualquer norma, de qualquer hierarquia. 
 
7-NEXO CAUSAL 
Impossibilidade de exercício do direito subjetivo constitucional em razão da falta de norma 
regulamentadora. 
 
8- POSIÇÃO DO STF SOBRE O MI 
 
a) Posição não-concretista: de acordo com esse posicionamento (clássico), em nome da 
harmonia e separação entre os poderes (art. 2º) o Poder Judiciário não poderia suprir a 
omissão da norma faltante, tampouco determinar prazo para o legislador elaborar a lei, 
restando a sentença tendo efeito apenas de declarar a mora legislativa. Esta é a posição 
 
 
 
 
 
 
 
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clássica do STF3, que durante muitos anos produziu um verdadeiro sentimento de 
―frustração constitucional‖ para a população brasileira; 
b) Posição concretista geral: segundo essa corrente, o Poder Judiciário poderia solucionar a 
omissão legislativa, regulamentado-a com produção de efeitos erga omnes. Em nossa 
opinião, este posicionamento daria ao judiciário o papel de legislador positivo, hipótese não 
desejada pela constituição em nome da separação de poderes; 
c) Posição concretista individual: por meio dessa teoria, o judiciário poderá criar a lei para o 
caso específico, tendo a decisão efeito inter partes. Recentemente o plenário do STF 
aplicou essa teoria na questão relativa ao direito de greve do servidor público, do art. 37, 
VII4, cuja regulamentação ainda não foi feita pelo legislador e ainda sobre a ausência da lei 
complementar sobre a aposentadoria, anunciada pelo art. 40, § 4º. 
d) Posição concretista intermediária: de acordo com essa teoria, O poder Judiciário além de 
comunicar a omissão ao órgão competente deverá fixar-lhe prazo para a edição da norma 
faltante. Recentemente, essa posição foi adotada em sede de ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão5, que será analisada com detalhes em capítulo próprio. 
 
e) AÇÃO POPULAR 
A origem da ação popular está ligada à história do direito romano. Os jurisconsultos romanos diziam que 
se denomina ação popular aquela que ampara direito próprio do povo. O primeiro texto constitucional 
brasileiro que deu guarida à ação popular foi o de 1934. 
 
1-BASE LEGAL: Art. 5º, LXXIII; Lei 4.717/65. 
 
2-CONCEITO 
Remédio constitucional sob procedimento especial, colocado à disposição de qualquer cidadão para a 
invalidação de ato ou contrato administrativo, ilegal, ilegítimo ou ilícito e lesivo ao patrimônio público, 
cultural, histórico ou ambiental. 
 
3-LEGITIMAÇÃO ATIVA 
 
3 “O mandado de injunção nem autoriza o Judiciário a suprir a omissão legislativa ou regulamentar, editando o ato normativo 
omitido, nem, menos ainda, lhe permite ordenar, de imediato, ato concreto de satisfação do direito reclamado: mas, no pedido, 
posto que de atendimento impossível, para que o Tribunal o faça, se contém o pedido de atendimento possível para a 
declaração de inconstitucionalidade da omissão normativa, com ciência ao órgão competente para que a supra.” (STF, MI 168, 
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 21-3-90, DJ de 20-4-90) e no mesmo sentido: "Tratando-se de mera faculdade 
conferida ao legislador, que ainda não a exercitou, não há direito constitucional já criado, e cujo exercício esteja dependendo de 
norma regulamentadora." (STF, MI 444-QO, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 29-9-94, DJ de 4-11-94) 
4
 “O Tribunal concluiu julgamento de três mandados de injunção impetrados, respectivamente, pelo Sindicato dos Servidores 
Policiais Civis do Espírito Santo - SINDIPOL, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa - 
SINTEM, e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário do Estado do Pará - SINJEP, em que se pretendia fosse garantido 
aos seus associados o exercício do direito de greve previsto no art. 37, VII, da CF (...). O Tribunal, por maioria, conheceu dos 
mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação, no que couber, da Lei 7.783/89, que 
dispõe sobre o exercício do direito de greve na iniciativa privada. (...). (STF, MI 712, Rel. Min. Eros Grau, STF, MI 708, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, e STF, MI 670, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25-10-07, Informativo 485) 
5
 “O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
ajuizada pela Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, para reconhecer a mora do Congresso Nacional em elaborar a lei 
complementar federal a que se refere o § 4º do art. 18 da CF, na redação dada pela EC 15/96, e, por maioria, estabeleceu o prazo 
de 18 meses para que este adote todas as providências legislativas ao cumprimento da referida norma constitucional”. (STF, ADI 
3682/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, 9.5.2007, Informativo 466). 
 
 
 
 
 
 
 
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CIDADÃO: pessoa natural, inclusive os que estão na faixa etária entre 16 e 18 anos, sem qualquer 
assistência, bem como os portugueses equiparados, todos com pleno gozo dos direitos constitucionais 
políticos. Não podem propor a ação popular: os inalistáveis, os inalistados, as pessoas jurídicas e o 
Ministério Público. 
 
4-CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 
Ser cidadão, o ato impugnado deve ser ilegal, ilegítimo ou ilícito. Segundo o Prof. Diogo Figueiredo6: é 
―ilegal o ato contrário à lei ou à norma jurídica, ferindo o Estado de Direito. Ilegítimo é o ato contrário ao 
consensopopular, ferindo o Estado Democrático. A ilicitude é contrária à moral administrativa, ao Estado 
de Justiça efetiva‖. A distinção dos conceitos amplia a abrangência da AP. 
 
5- SÚMULA 
 
Súmula nº 365 – STF- Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. 
 
 
 
10. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DA FEDERAÇÃO 
 
 
1-CONCEITOS RELACIONADOS 
 
ESTADO: Nação politicamente organizada, com povo, território, governo soberano e finalidade. 
POVO: conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o seu elemento humano.O povo está 
unido ao Estado pelo vínculo da nacionalidade. 
POPULAÇÃO: conceito mais amplo que o de povo, pois inclui-se também os estrangeiros, desde 
que residentes no país. 
NAÇÃO: agrupamento humano, numeroso, cujos membros são ligados por laços históricos, 
culturais, econômicos e lingüísticos. 
CIDADÃO: É o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) no gozo de seus direitos políticos e 
participantes da vida do Estado. 
 
 
2- DIFERENÇAS ENTRE FEDERAÇÃO E CONFEDERAÇÃO 
 Na Confederação, os Estados preservam a sua soberania e se unem apenas para estabelecer 
determinadas tarefas comuns, tais como defender o território confederativo e assegurar a segurança 
interna. 
 Na Federação, as unidades ou entes federativos detêm apenas autonomia. O Estado Federal é 
soberano para o Direito Internacional, ao passo que os Estados-membros são autônomos para o Direito 
Interno. 
 
3-DIREITO DE SECESSÃO 
É o direito existente no sistema confederativo que possibilita o rompimento do pacto. Na 
Federação, em face do princípio da indissolubilidade do pacto federativo, não é possível o seu 
rompimento. 
 
4-SURGIMENTO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA: 
No Brasil, a Federação nasceu por meio de “segregação” porque na época, o Estado Unitário 
(Império) descentralizou-se em unidades federativas autônomas. 
 
 
6
 De Figueiredo Moreira Neto, Diogo. Curso de Direito Administrativo, Forense, 14ª Edição, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
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5-FEDERALISMO BRASILEIRO ATUAL: 
 
Tricotômico, arts. 1º e 18 da CF, pois engloba: 
-União - Poder Central; 
-Estados - Poder Regional; 
-Distrito Federal; 
-Municípios - Poder Local 
 
Obs: os Territórios não são entidades federativas. 
 
6- DA UNIÃO 
 
A União é pessoa jurídica de direito público com capacidade política, que ora se manifesta em 
nome próprio, ora se manifesta em nome da Federação. Possui uma visão interna (relativa aos 
demais entes federados) e uma visão externa (relativa aos demais Estados estrangeiros). 
Os demais países não reconhecem nos Estados-membros e nos Municípios personalidades de 
Direito Internacional, pois eles são apenas pessoas jurídicas de direito público do Brasil (internas). 
No âmbito interno, a União atua como uma das pessoas jurídicas de direito público que compõem a 
Federação, ou seja, exerce, em nome próprio, a parcela de competência que lhe é atribuída pela 
Constituição. 
 
6.1- BENS DA UNIÃO 
a)De uso comum do povo - Ex: rios, mar, praças, ruas; 
b)De uso especial - Ex: prédios destinados às repartições públicas; 
c)Dominicais: constituem o patrimônio da União, Estados, Municípios, Distrito Federal e entidades 
da Administração Direta e Indireta como objeto de direito real ou pessoal. Ex: terreno sem qualquer 
utilização. 
 
Obs: Os bens públicos são impenhoráveis, inalienáveis (exceto previsão legal) e imprescritíveis. 
 
7- DOS ESTADOS FEDERADOS 
 
Os Estados-membros são as organizações jurídicas das coletividades regionais para o exercício, 
em caráter autônomo, das competências que lhes são deferidas pela Constituição Federal. Não são 
soberanos e sim autônomos. Entre Estados e União não há hierarquia, convivendo todos em um 
mesmo nível jurídico, razão pela qual a União não pode interferir nos assuntos que a Constituição 
reserva aos Estados. 
 
7.1- CARACTERÍSTICAS DA AUTONOMIA ESTADUAL: 
 
a)Autogoverno - Os Estados possuem os poderes legislativo (art.27, CF), executivo (art.28,CF) e 
judiciário (art.125,CF); 
b)Auto-organização - Por meio de seu poder constituinte decorrente elaboram as suas constituições 
(art.25, CF); 
c)Auto-legislação - Capacidade de elaborar leis próprias (art.25, CF); 
d)Auto-administração - É a existência de órgãos e servidores próprios, formadores da administração 
pública estadual; 
e)Autonomia tributária, financeira e orçamentária - Há atividade financeira, tributos (art.155,CF) e 
orçamento próprios dos Estados-membros. 
 
Obs: Os bens que se incluem no patrimônio do Estado estão previstos no art.26, CF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8- DOS MUNICÍPIOS 
 
A Constituição Federal de 1988 inovou ao considerar os municípios como componentes da 
estrutura federativa, ratificando esta inovação em dois momentos: artigos 1º e 18, CF. Segundo o 
Professor Robério Nunes dos Anjos Filhos, diante desta inclusão, a federação brasileira adquiriu 
uma peculiaridade, fugindo do dualismo clássico, configurando realmente três esferas 
governamentais: a União (governo federal), os Estados-membros (e o Distrito Federal, governos 
estaduais e distritais) e os municípios (governos municipais). 
 
 
8.1- CAPACIDADES DOS MUNICÍPIOS: 
 
a)Capacidade de autogoverno - elegem os seus prefeitos e os seus vereadores, não havendo, no 
entanto, Poder Judiciário próprio; 
b)Capacidade de auto-organização - Lei orgânica própria (art.29, CF); 
c)Capacidade de auto-legislação - elaboração de leis municipais sobre áreas que são reservadas à 
sua competência exclusiva e suplementar; 
d)Capacidade de auto-administração - existência de uma Administração Pública municipal própria, 
para manter e prestar os serviços de interesse local; 
e)Capacidade de autonomia tributária e financeira - instituição de tributos próprios para aplicação de 
suas rendas. 
 
9- DO DISTRITO FEDERAL 
 
A Constituição de 1988 atribuiu ao Distrito Federal o status de pessoa política, integrante da 
Federação, possuindo competências próprias, que serão desempenhadas pela Câmara Legislativa, 
a quem caberá votar, inclusive, a própria Lei Orgânica do Distrito Federal (art. 32, CF). 
O Poder Judiciário do DF, bem como os órgãos essenciais à Administração da Justiça, deverão ser 
organizados através de lei de competência do Congresso Nacional (art.48, IX,CF). 
A sua autonomia sofre algumas restrições, tais como as que estão previstas no art. 21, XIII e XIV, 
CF. A competência legislativa do DF compreende as que são atribuídas aos Estados e aos 
Municípios. O Poder Executivo é exercido pelo Governador e o Poder Judiciário, na verdade não é 
dele, e sim da União (art.21, XIII, 98, CF). 
 
10- DOS TERRITÓRIOS 
 
Os territórios não são pessoas políticas e possuem mera capacidade administrativa. Isso significa 
que não legislam. Não são entes federativos e por isso não integram a Federação. A criação, a 
transformação em Estado ou a reintegração a este dependerão de lei complementar. O Governador 
é escolhido pelo Presidente da República. 
Alguns doutrinadores entendem que os territórios são descentralizações políticas da própria União 
Federal. 
 
 
11- REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
 
O Professor José Afonso da Silva define competência como “a faculdade juridicamente atribuída a 
uma entidade ou a um órgão ou agente do Poder Público para tomar decisões”. Segundo ele, o 
princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades federativas é o da 
predominância de interesses, pelo qual cabeà União as matérias e questões de predominante 
interesse geral, nacional; aos Estados cabem as matérias e assuntos de predominante interesse 
regional; e aos municípios concernem os assuntos de interesse local. 
 
 
 
 
 
 
 
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11.1- CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA (Segundo o Professor José Afonso da Silva) 
 
a)Quanto ao objeto: 
 
Competência material: 
- Exclusiva - art.21, CF; 
- Comum- Cumulativa ou paralela- art. 23, CF. 
Competência legislativa: 
- Exclusiva - art.25, § § 1º e 2º, CF; 
- Privativa- art. 22, CF. 
Competência concorrente: art. 24,CF 
- Normas gerais da União; 
- Normas suplementares dos Estados (art. 24, § 2º, CF). 
 
b)Quanto à forma - Processo de distribuição de competências: 
 
Enumerada- Expressa (arts.21 e 22, CF); 
Reservada- Remanescente (art. 25, § 1º,CF); 
Residual- art.154,I- após enumerar todas; 
Implícita (resultante)- Não escrita. Ex: no silêncio da carta de 1891, o STF decidiu que a expulsão de 
estrangeiro era da competência da União. 
 
c)Quanto à extensão – Diz respeito à participação de uma ou mais entidades: 
 
Exclusiva - atribuída a uma entidade com exclusão das demais- art. 21, CF; 
Privativa- admite delegação- art. 22 e parágrafo único, CF; 
Comum, cumulativa ou paralela - atribuída juntamente e em pé de igualdade a vários entes 
federativos (art.23,CF); 
Concorrente - art. 24 e § 1º, CF; 
Suplementar - art. 24, § § 2º, 3º e 4º, CF. 
 
d)Quanto à origem: 
 
Originária - desde o início é estabelecida em favor de uma entidade federativa; 
Delegada - a competência é repassada de uma entidade federativa para outra. 
 
 
11. DO PODER LEGISLATIVO 
 
1.CONCEITO 
A sua função típica é a de elaborar normas genéricas e abstratas dotadas de força proeminente dentro do 
ordenamento jurídico, as quais se denominam leis e também a de fiscalizar (ex: art. 70, CF). Mas também 
exerce subsidiariamente as funções executiva e judicial, por exemplo, quando faz concurso para seus 
cargos e quando julga o impeachment presidencial. 
 
2.EXERCÍCIO DA FUNÇÃO LEGISLATIVA 
A função legislativa federal é exercida pelo Congresso Nacional, que é um órgão bicameral, ou seja, 
formado de duas Casas, o Senado Federal (representação dos Estados e do Distrito Federal, art. 46, CF) 
e a Câmara dos Deputados (representação do povo, art. 45, CF). Entre as duas Casas não há qualquer 
relação de hierarquia ou predominância. No entanto, no processo legislativo, os projetos de iniciativa do 
Presidente da República, STF, STJ e dos cidadãos começam a sua tramitação na Câmara dos Deputados. 
 
 
 
 
 
 
 
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Diferentemente do Poder Legislativo Federal, no Poder legislativo estadual, distrital e municipal o sistema 
é unicameral (arts. 27, 29 e 32, CF). 
 
3.ÓRGÃOS INTERNOS DAS CASAS DO CONGRESSO NACIONAL 
 
a)Mesas: 
-Da Câmara - art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF; 
-Do Senado - art. 57, § 4º; 58, § 1º, CF; 
-Do Congresso - art. 57, § 5º; 58, § 1º, CF. 
b)Comissões Parlamentares (art. 58, CF) 
-Permanentes - Subsistem por todas as legislaturas 
-Temporárias - Constituídas apenas para opinar sobre determinada matéria - 
-De Inquérito (CPI) - art. 58, § 3º; 
-Representativa - Durante o recesso- art. 58, § 4º. 
c)Serviços administrativos - as atividades do Congresso Nacional são exercidas nos seguintes períodos: 
- Legislatura: É o período do mandato dos membros da Câmara dos Deputados, e é de 4 (quatro) anos. 
- Sessão Legislativa - é o período anual em que dever estar reunido o Congresso para os trabalhos 
legislativos. Art. 57, da CF. 
 
 
4.DA CÂMARA DOS DEPUTADOS 
É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, Território e no 
Distrito Federal, sendo que o número de deputados será estabelecido por lei complementar, 
proporcionalmente à população, nos termos do art. 45, § 1 º, CF. A duração do mandato dos Deputados 
será de 04 (quatro) anos. Segundo o art. 45, § 2º, CF, cada Território elegerá 4 (quatro) Deputados. 
 
 
5.DO SENADO FEDERAL 
Compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário, 
sendo que cada um terá o número fixo de 3 (três) senadores, com mandato de oito anos. A sua renovação 
acontecerá, parcialmente, de quatro em quatro anos, alternadamente, por um ou dois terços do Senado 
Federal (art. 46, § 2º, CF). A representação é uniforme em nome do chamado ―equilíbrio federativo‖. 
OBS: Território não elege Senador. 
 
6. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS 
É o regime jurídico dos membros do Congresso Nacional, disciplinando direitos, deveres, impedimentos, 
incompatibilidades, imunidades, prerrogativas (arts. 53 a 56, CF). As imunidades parlamentares não 
existem para proteger o parlamentar em suas relações de cunho particular, são prerrogativas decorrentes 
de sua função e são estabelecidas muito mais em favor do Poder Legislativo do que do Deputado ou 
Senador individualmente considerados. Dividem-se em: 
 
a) Imunidade material: art. 53, caput; 
b) Imunidade formal: (§2º a §5º do art. 53); 
c) Prerrogativa de foro: art. 53, § 1º - STF; 
d) Isenção do dever de testemunhar: art. 53, § 6º; 
e) Serviço militar: art. 53, § 7º, c/c 143; 
f) Imunidades durante o estado de sítio; 
g)Incompatibilidades (art. 54). 
 
OBS: os suplentes não gozam das imunidades materiais e formais porque não desempenham as funções 
do mandato. 
 
6.1. IMUNIDADE MATERIAL 
 
 
 
 
 
 
 
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A imunidade material implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do 
parlamentar, por suas opiniões, palavras e votos. Trata-se de cláusula de irresponsabilidade geral de 
Direito Constitucional material e garante que o congressista exerça a sua atividade com a mais ampla 
liberdade de manifestação. A isenção de responsabilidade é total, não podendo o parlamentar responder 
por qualquer dos chamados delitos de opinião (calúnia, injúria, difamação, desacato...). Refere-se somente 
a atos funcionais, ainda que não exercidos exclusivamente no âmbito do Congresso Nacional. Os 
pronunciamentos feitos à rede televisiva, aos jornais e revistas estão protegidos por esta imunidade, desde 
que relacionados à função parlamentar. 
 
6.2. IMUNIDADE FORMAL 
 
A imunidade formal se refere à impossibilidade de prisão do parlamentar e também sobre as regras 
especiais relativas ao processo. 
 
Com relação à prisão, o parlamentar só poderá ser preso no caso de flagrante de crime inafiançável e, 
ainda assim, a manutenção da sua prisão ainda será resolvida pela casa parlamentar respectiva. A palavra 
―prisão‖ deve ser entendida em sentido amplo: o parlamentar não pode sofrer qualquer tipo de prisão: 
temporária, prisão de natureza civil, prisão em flagrante por crime afiançável, prisão preventiva etc. 
Sobre as regras relativas ao processo, a Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de 2001, 
alterou substancialmente o instituto da imunidade formal. O novo texto constitucional passou a contemplar 
a imunidade formal nos parágrafos 3º, 4º e 5º do artigo 53, que estabelecem: 
 §3º Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o 
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o 
andamento da ação. 
§4ºO pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta 
e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
 §5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
Não há mais necessidade de licença da Casa do parlamentar para que tenha início um processo criminal 
contra o mesmo ou para que o processo tramite normalmente, na hipótese da denúncia ter sido oferecida 
após a diplomação ou antes desta, respectivamente.Com a alteração, a imunidade formal deixou de 
contemplar os crimes praticados antes da diplomação. Quanto a esses, o Poder Legislativo não exerce 
mais nenhum tipo de controle ou influência, seja autorizando a instauração do processo criminal, a sua 
tramitação ou, ainda, determinando a suspensão do feito e, por conseguinte, da prescrição. 
Com a Emenda Constitucional nº 35, oferecida a denúncia, o processo contra parlamentares tramita 
normalmente, podendo a casa a que pertence o denunciado deliberar sobre a sua sustação. De acordo 
com o texto constitucional, a deliberação pode ser feita até a decisão final do processo (trânsito em 
julgado) e deve, obrigatoriamente, ser apreciada no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a contar do 
recebimento do pedido pela Mesa Diretora. Os legitimados para formular pedido de sustação de ações 
criminais contra parlamentares são os partidos políticos com representação na Casa do denunciado 
7. DIVISÃO DE COMPETÊNCIAS 
a) Exclusiva do Congresso Nacional - art. 49, CF; 
b) Privativa da Câmara dos Deputados - art. 51 - a mais destacada é a de autorizar, por dois terços de 
seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado (51, I); 
c)Privativa do Senado Federal - art 52 - a mais destacada é processar e julgar o Presidente e o Vice - 
Presidente da República nos crimes de responsabilidade (52, II)- é a função de Tribunal Político. 
 
8. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) 
No exercício de uma de suas funções principais, a de fiscalizar, a CPI é uma comissão temporária, com 
atribuição de fiscalização político-administrativa. Seu escopo não é apurar crimes, nem, tampouco puni-
los, competência esta do Poder Judiciário. Se, no curso de uma investigação, vier a se deparar com fato 
criminoso, dele dará ciência ao Ministério Público, para os fins de direito. 
 
 
 
 
 
 
 
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8.1. PODERES DAS CPI 
Têm poderes imanentes ao natural exercício de suas competências, como colher depoimentos, 
ouvir indiciados, inquirir testemunhas (inclusive sob condução coercitiva), notificando-as a 
comparecer perante ela e a depor. Não tem o poder de ordenar a prisão de investigado, porque 
não possui competência para tanto. 
 
Além das competências acima citadas, a CPI pode, por ato próprio: 
 
a)autorizar quebra de sigilo de dados bancário, telefônico e fiscal dos indiciados, desde que haja 
fundamentação, comprovando a existência de causa provável que indique a necessidade da 
quebra do sigilo; 
b)requisitar aos órgãos públicos documentos e informações necessárias para a investigação. 
c)promover a pertinente investigação, ainda que os atos investigatórios possam incidir, 
eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentos sujeitos a inquéritos policiais ou a 
processos judiciais que guardem conexão com o evento principal objeto da apuração 
congressual. 
 
8.2- LIMITES DA CPI 
Por uma necessidade funcional, a comissão parlamentar de inquérito não detém poderes 
universais de investigação. Suas atribuições são limitadas, porque se restringem a fatos 
determinados. No entanto, podem existir tantas comissões quantas forem necessárias para se 
realizar investigações recomendáveis. Os eventuais excessos da CPI serão controlados pelo STF. 
 
A CPI não pode: 
 
a)proibir alguém de se ausentar de determinada localidade ou de sair do país; 
b)expedir decreto de indisponibilidade de bens de particular; 
c)determinar a interceptação telefônica; 
d)determinar busca e apreensão domiciliar de documentos e demais objetos de interesses da 
investigação. 
 
9.APURAÇÃO DE FATO DETERMINADO 
Conforme entendimento do STF, a expressão “apuração de fato determinado” não deve ser 
compreendido de forma reduzida. Tal competência engloba também os fatos surgidos no decorrer 
das investigações que tenham pertinência com o fato principal. 
 
10.PRAZO CERTO 
Segundo orientação do STF são admissíveis prorrogações sucessivas do prazo inicialmente fixado 
para uma CPI, desde que dentro do período correspondente à legislatura em que se iniciou. 
 
 
11.POSIÇÃO DO STF SOBRE O DIREITO AO SILÊNCIO 
 
"O privilégio contra a auto-incriminação — que é plenamente invocável perante as Comissões 
Parlamentares de Inquérito — traduz direito público subjetivo assegurado a qualquer pessoa, que, 
na condição de testemunha, de indiciado ou de réu, deva prestar depoimento perante órgãos do 
Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judiciário. O exercício do direito de 
permanecer em silêncio não autoriza os órgãos estatais a dispensarem qualquer tratamento que 
implique restrição à esfera jurídica daquele que regularmente invocou essa prerrogativa 
fundamental. Precedentes. O direito ao silêncio — enquanto poder jurídico reconhecido a 
 
 
 
 
 
 
 
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qualquer pessoa relativamente a perguntas cujas respostas possam incriminá-la (nemo tenetur se 
detegere) — impede, quando concretamente exercido, que aquele que o invocou venha, por tal 
específica razão, a ser preso, ou ameaçado de prisão, pelos agentes ou pelas autoridades do 
Estado. Ninguém pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do ilícito penal 
cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse respeito, decisão judicial 
condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional da não-culpabilidade, em nosso 
sistema jurídico, consagra uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se 
comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já 
houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário." (HC 79.812, Rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 16/02/01) 
 
12. DO PROCESSO LEGISLATIVO 
 
 
1. CONCEITO 
É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando a formação das espécies 
normativas, previstas no art. 59, CF. A rigor, segundo alguns autores, as medidas provisórias não 
deveriam incluir-se dentre as espécies normativas arroladas no artigo citado, porque o ritual para 
sua formação não ocorre por meio de processo legislativo, e sim por intermédio de um ato 
monocrático do Poder Executivo. 
OBS: Ressalte-se que o desrespeito às normas do processo legislativo previstas na CF terá por 
conseqüência a declaração de sua inconstitucionalidade formal, apreciada tanto no controle 
difuso quanto pelo método reservado. 
 
2- ATOS DO PROCESSO LEGISLATIVO 
 
a)Iniciativa legislativa - É a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão para apresentar 
projetos de lei ao legislativo. A iniciativa poderá ser: concorrente (art. 60, I, II, III; 61, caput), 
privativa (61, § 1º; 93), popular (61, § 2 º) e conjunta (48, XV); 
OBS: o projeto de lei que trate sobre o regime jurídico, a aposentadoria, provimento de cargos e 
estabilidade dos policiais federais é de iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, § 
1º, c) 
 
b)Discussão – Qualquer projeto de lei apresentado à Casa Legislativa será discutido nas 
comissões permanentes que irão examinar seus aspectos formais (a constitucionalidade) e 
materiais (conteúdo); 
 
c)Emendas - O direito de propor emendas é uma faculdade dos membros ou órgãos das Casas 
do Congresso de sugerirem modificações na matéria contida no projeto de lei. 
OBS: Os projetos de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República poderão ser 
emendados pelos congressistas, desde que tais emendas: tenham pertinência temática com a 
matéria prevista no projeto de lei e desde que não acarretem aumento da despesa prevista no 
projeto apresentado pelo Presidente (art. 63, I, CF) 
 
d)Votação – É ato coletivo das Casas do Congresso e é geralmente precedida de estudos e 
pareceres de comissões técnicas e de debates em plenário. É ato de decisão que se toma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- por maioria simples ou relativa, isto é maioria dos membros presentes na votação, 
respeitada a maioria absoluta, nos casos de projetos de lei ordinária (art. 47, CF); 
- por maioria absoluta dos membros das Casas Legislativas, no caso de aprovação 
de lei complementar (art. 69, CF); 
- por maioria qualificada de 3/5 dos membros das Casas do Congresso, no caso de 
aprovação de emendas constitucionais (art. 60, CF). 
 
OBS: A matéria constante de projeto de lei rejeitado poderá ser objeto de novo projeto na mesma 
legislatura, desde que em outra sessão legislativa; ou ainda na mesma sessão legislativa, por 
meio de proposta de maioria absoluta dos membros da Câmara ou do Senado (art. 67, CF) 
 
e)Sanção e Veto – são atos legislativos de competência exclusiva do Presidente da República. 
Recaem sobre projeto de lei, e não sobre lei. A sanção pode ser expressa (com a assinatura do 
projeto) e tácita (não assina e nem veta durante 15 dias úteis). O veto deve ser expresso e 
manifestado no prazo de 15 (quinze) dias úteis. Pode ser total, se recair sobre todo o projeto, ou 
parcial, se atingir apenas parte do projeto. O veto parcial somente pode abranger o texto total de 
artigo ou alínea (66, § 2º), não havendo mais veto de palavra. Se o veto acontecer em razão de 
inconstitucionalidade, é chamado de veto formal (veto jurídico), se o veto for motivado por ser 
contrário ao interesse público, é chamado de veto material (veto político). O veto é irretratável. 
OBS: Ainda que o Presidente da República vete o projeto de lei, o veto pode ser rejeitado pelo 
voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio secreto. 
 
f)Promulgação e publicação de lei – não configuram, na realidade, atos de natureza legislativa, 
já que se promulga e se publica a lei, que já existe desde a sanção ou a rejeição do veto. A 
promulgação é mera comunicação, aos destinatários da lei, de que esta foi criada com 
determinado conteúdo e pelo procedimento constitucionalmente previsto, sendo, portanto, válida. 
Não é ato exclusivo do Poder Executivo. A publicação da lei constitui instrumento pelo qual se 
transmite a promulgação aos destinatários. É condição para a lei entrar em vigor e tornar-se 
eficaz. Realiza-se pela inserção no D.O. 
 
3- ESPÉCIES NORMATIVAS 
a)Emenda Constitucional - É uma manifestação do Poder Constituinte derivado reformador e 
não se submete à sanção presidencial (art. 60, CF); 
b)Leis Complementares (art. 69, CF) – Só podem tratar das matérias expressamente 
determinadas pela CF e obedecem a um quorum mais elevado para a sua aprovação (maioria 
absoluta); 
c)Lei Ordinária – Podem tratar de todas as matérias, menos as reservadas à lei complementar; 
d)Medidas Provisórias (art. 62, CF); 
e)Leis Delegadas – São exceção ao princípio da indelegabilidade de atribuições. É delegação 
―externa corporis‖, para fora do Poder Legislativo; 
f)Decretos Legislativos – Seu conteúdo é basicamente a matéria do art. 49; não há sanção; 
g)Resoluções – Seu conteúdo abrange matérias como delegação (art. 68), suspensão de lei 
declarada inconstitucional (52, X), fixação de alíquota (155, § 2º, IV). Também não se submetem 
à sanção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13. DO PODER EXECUTIVO 
 
1. CONCEITO 
Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função típica é a prática de atos relacionados à 
função executiva, ou seja, a tarefa de realizar, dentro da lei, as atividades materiais atinentes à 
chefia de Estado, de Governo e da Administração Pública. No exercício das suas funções 
atípicas, também legisla (art. 62- Medidas Provisórias) e julga (contencioso administrativo). 
 
2. SISTEMAS DE GOVERNO 
 
a)Parlamentarismo: o Poder Executivo se divide em duas partes: um Chefe de Estado (monarca 
ou Presidente da República) e um Chefe de Governo (primeiro – ministro ou Presidente do 
Conselho). O Governo é exercido pelo Conselho de Ministros; 
 
b)Presidencialismo: é o sistema típico das repúblicas e o Presidente exerce o Poder Executivo 
em sua inteireza, acumulando as funções de Chefe de Estado, Chefe de Governo e Chefe da 
Administração Pública. Cumpre um mandato por tempo fixo, não dependendo da confiança do 
órgão do Poder Legislativo nem para sua investidura nem para o exercício de Governo. 
 
3. FORMAS DE GOVERNO 
 
a) República: a República é uma forma de governo em que os exercentes das funções Executiva 
e Legislativa representam o povo, decidindo em seu nome, à luz dos princípios da 
responsabilidade, eletividade e temporariedade. A periodicidade também garante a fidelidade do 
mandato, permitindo a alternância no poder num lapso temporal rigorosamente estabelecido; 
b) Monarquia: é caracterizada por ser o governo de um só, baseado no poder divino, sem a 
participação popular e vitalício. 
 
4. REQUISITOS PARA PRESIDENTE E VICE (art. 14, § 3º) 
 
- nacionalidade brasileira (brasileiro nato); 
- pleno exercício dos direitos políticos; 
- alistamento eleitoral; 
- domicílio eleitoral na circunscrição; 
- filiação partidária; 
- idade mínima de 35 anos. 
 
5. MANDATO PRESIDENCIAL (art. 77) 
O Presidente e o vice são eleitos conjuntamente, em chapa, através do sufrágio universal e pelo 
voto direto e secreto. A eleição, de acordo com o art. 77, obedece ao princípio da maioria 
absoluta dos votos, não se computando os votos em branco e os nulos, em razão do que há 
possibilidade de realização de dois turnos de votação, se nenhum candidato alcançar a maioria 
absoluta no primeiro turno. 
 
OBS: O sistema constitucional brasileiro não admite nem a candidatura autônoma (sem registro 
em partido político), nem a candidatura avulsa (é preciso que esteja na mesma chapa eleitoral o 
Presidente e o Vice) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (art. 84) 
 
O Presidente exerce, ao mesmo tempo, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Como chefe 
de Estado ele representa a República como um todo, tanto na órbita interna, como na órbita 
internacional. No último caso, age em nome da soberania nacional. Já como chefe de governo, o 
Presidente almeja realizar os fins do Estado, comandando a máquina administrativa e as Forças 
Armadas, com vistas à eliminação dos problemas permanentes e conjunturais. 
 
- Chefia de Estado: art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, primeira parte, XVIII, segunda parte, XIX, XX, 
XXI, XXII; 
- Chefia de Governo: art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XVIII, primeira parte, XXIII, XXIV e 
XXVII; 
- Chefia da Administração Federal: art. 84, II, VI, XVI, segunda parte, XXIV e XXV; 
- Exercício de outras atribuições constitucionais: art. 84, XVII; 
- Delegação de atribuições constitucionais: parágrafo único do art. 84. 
 
7. HIPÓTESES DE PERDA DO MANDATO 
 
- Cassação - Na hipótese dos arts. 52, § único e 86, da CF. Só se aplica ao vice quando em 
exercício da Presidência; 
- Extinção - Nos casos de morte, renúncia, perda ou suspensão dos direitos políticos e perda da 
nacionalidade brasileira; 
-Declaração de vacância do cargo pelo Congresso Nacional - Quando não comparecerem 
para tomar posse dentro do prazo de 10 dias a partir da designação (art. 78) 
- Ausência do país, por mais de 15 dias, sem licença do Congresso Nacional (83, CF) - 
Quem aplica a sanção é o próprio Congresso, pois é ele quem pode dar a licença. A ausência 
sem licença e sem motivo de força maior (ex: doença súbita no exterior) leva à perda do mandato. 
 
8. VACÂNCIA E SUBSTITUIÇÃO 
No caso de vacância do cargo de Presidente da República, caberá ao vice suceder-lhe, 
assumindo o mandato no restante do tempo para o seu término. Na falta do vice-presidente, 
serão sucessivamente chamados para ocupar, temporariamente, o exercício da Presidência da 
República: Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e o 
Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
 
Deacordo com o artigo 81, CF, vagando os cargos de Presidente e de Vice, deverá ser feita nova 
eleição, obedecidos os prazos e requisitos abaixo elencados: 
 
a) ELEIÇÃO DIRETA, no prazo de noventa dias de aberta a última vaga, quando a vacância se 
der nos dois primeiros anos do mandato presidencial; 
b) ELEIÇÃO INDIRETA, pelo Congresso Nacional, no prazo de trinta dias de aberta a última 
vaga, quando a vacância se der nos dois últimos anos do mandato presidencial. 
 
9. CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
São infrações político-administrativas definidas na Constituição e na legislação federal, cometidas 
no desempenho da função, que atentam contra a existência da União, o livre exercício dos 
Poderes do Estado, a segurança interna do país, a probidade da Administração, a lei 
orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e 
 
 
 
 
 
 
 
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das decisões judiciais. O rol do artigo 85, CF é meramente exemplificativo dos crimes de 
responsabilidade, pois o Presidente pode ser responsabilizado por todos os atos atentatórios à 
Constituição Federal, desde que haja previsão legal (Lei 1079/50). 
 
10- IMPEACHMENT 
Configura sanção de índole político - administrativa, destinada a operar, de modo legítimo, a 
destituição constitucional do Presidente da República, além de inabilitá-lo, temporariamente, pelo 
período de 08 anos, para o exercício de qualquer cargo, emprego ou função pública, seja de 
natureza eletiva ou de nomeação. 
 
 10.1- FASES 
 
a)Denúncia formalizada para apresentação dos fatos, permitida a qualquer cidadão brasileiro (no 
gozo de seus direitos políticos), oferecida na Câmara dos Deputados; 
b)Recebimento formal da denúncia pela Câmara; 
c)Exame pela Câmara, cujo critério é meramente político: a) aprecia a gravidade dos fatos 
alegados e o valor das provas oferecidas, b) declara a acusação procedente ou improcedente; 
d)Parecer da Câmara dos Deputados; 
e)Discussão e votação, art. 51, I, CF; 
f)Deslocamento da peça para o Senado Federal, que se transforma em um Tribunal Político, 
momento em que o Presidente da República é suspenso de suas funções, só retornando a elas 
se for absolvido, ou ocorrido o prazo de 180 dias e o julgamento não for concluído. 
 
 
14. DO PODER JUDICIÁRIO 
 
1. CONCEITO 
Ao lado das funções de administrar e legislar, ao Estado também compete a função judicial, ou 
jurisdicional, dirimindo as controvérsias que surgem quando da aplicação das leis. O Judiciário, 
porém, como as demais funções do Estado, possui outras atribuições, denominadas atípicas, de 
natureza administrativa e legislativa. Ex: concessão de férias de seus membros e elaboração de 
seus regimentos internos. 
A função típica do Poder Judiciário é exercer a atividade jurisdicional, pela qual o Judiciário 
substitui a vontade das partes solucionando os conflitos ao declarar o Direito e julgar. 
 
2. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO 
 
A estrutura do Estado é organizada com base na forma federativa, que admite duas ordens de 
organização: Federal e Estadual. Portanto, coexistem a Justiça Federal, que tem as 
competências previstas expressamente, e a Justiça Estadual, cabendo-lhe a competência 
residual. 
Quanto a competência, prevista na Constituição Federal, o Judiciário estrutura-se em 2 (dois) 
âmbitos: comum e especializado. A Justiça Federal pode ser: comum ou especializada (Justiça 
do Trabalho, Eleitoral e Militar). Já na Justiça Estadual há somente a Justiça Militar especializada. 
Não existe previsão de contencioso administrativo. Exceção: ―Justiça‖ desportiva, que na 
realidade foi instituída no âmbito administrativo. 
 
a)Supremo Tribunal Federal (art. 101 e ss) 
 
 
 
 
 
 
 
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Órgão de cúpula do Poder Judiciário, guardião da Constituição, decide em última instância os 
litígios intersubjetivos. 
O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 (onze) membros, divididos em duas Turmas, que 
se encontram no mesmo plano hierárquico. O Presidente da República escolhe livremente o 
candidato, que será sabatinado pelo Senado Federal, devendo ser aprovado pela maioria 
absoluta de seus membros (art. 52, III, ―a‖, e art. 101, parágrafo único, CF). 
 
São requisitos para a escolha dos 11 (onze) ministros do STF: 
- idade: 35 a 65 anos; 
- ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, IV); 
- ser cidadão (no gozo dos direitos políticos); 
- notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
Suas competências são definidas nos arts. 102 a 103 da Constituição Federal. 
 
b)Superior Tribunal de Justiça (art. 104 e ss) 
 
É a última instância do Judiciário em matéria de leis federais. 
O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, 33 (trinta e três) ministros escolhidos 
pelo Chefe do Poder Executivo, porém não livremente, pois obrigatoriamente, deverão ser: 
- 1/3 de Juízes dos TRF´s (Tribunais Regionais Federais); 
- 1/3 de desembargadores dos Tribunais de Justiça Estaduais; 
- 1/3 divididos da seguinte maneira: 1/6 de advogados; 1/6 de membros do Ministério Público 
Federal, Estaduais e Distrital. 
 
São requisitos para o cargo de Ministro do STJ: 
- idade: 35 a 65 anos: 
- ser brasileiro nato ou naturalizado; 
- notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
Competência: possui competências originárias, descritas no art.105, I da CF, e recursais que 
abrangem o recurso ordinário (art.105, I da CF) e o recurso especial (art.105, II da CF). 
OBS: Não existe hierarquia recursal entre o STJ e os Tribunais nacionais especializados (Tribunal 
Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar). 
 
c) Justiça Federal Comum (art. 106 e ss) 
 
Órgãos: Tribunais Regionais Federais e juízes federais. A Justiça Federal se divide em seções 
judiciárias, uma em cada Estado (art.110 da CF). 
Composição: art. 107 da CF 
 
Competência: 
1) Tribunais Regionais Federais (art. 108) 
2) Juízes federais (art. 109) 
 
d)Justiça Federal do Trabalho (art. 111 e ss) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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São órgãos da Justiça do Trabalho: 
a) Tribunal Superior do Trabalho 
b) Tribunais Regionais do Trabalho 
c) juízes do trabalho 
Composição: art. 111-A da CF 
 
Competência: foi ampliada pela E.C. 45/2004 para julgar todas as causas que envolvam relação 
de trabalho, independentemente de lei. A expressão ―relação de trabalho‖ deve ser entendida em 
sentido amplo, abrangendo todo trabalhador prestador de serviços, independentemente de 
subordinação. 
Anteriormente competia à Justiça do Trabalho, processar e julgar ações oriundas apenas da 
relação de emprego, que é espécie de relação de trabalho, e controvérsias da relação de trabalho 
dispostas em lei. 
A EC 45/2004 determinou uma mudança de competência, mas não alterou as leis de regência 
dos contratos. Com isso, a Justiça do Trabalho não se limita à aplicação da CLT, devendo aplicar 
as regras de Direito Civil quando for cabível. 
A Justiça do Trabalho continua não tendo competência para julgar: crimes do trabalho e 
funcionários públicos (estatutários). 
 
e)Justiça Federal Eleitoral (art. 118 e ss) 
 
A Justiça Eleitoral possui os seguintes órgãos (art. 118 da CF): 
 
a) Tribunal Superior Eleitoral 
b) Tribunais Regionais Eleitorais 
c) juízes eleitorais 
d) Juntas Eleitorais 
 
Composição: art.119 e 120 da CF. 
Competência: estabelecida no Código Eleitoral (Lei n°. 4737/65 c/c art 121 da CF) 
 
f) Justiça Federal Militar (art. 122 e ss) 
 
A Justiça Militar se compõe dos seguintes órgãos (art. 122 da CF): 
a) Superior Tribunal Militar 
b) Tribunais Militares, instituídos por lei 
c) juízes militares, instituídos por lei. 
 
Composição: art.123 CF 
Competência: processar e julgar os crimes militares definidos em lei (art. 124, caput da CF) e 
demais competências que deverão ser disciplinadas em lei (art. 124, parágrafo único da CF c/c

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