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Judson Ricardo Ribeiro da Silva Materiais de Construção Civil II © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Judson Ricardo Ribeiro da Silva Com grande satisfação que lhes apresento o livro de Materiais de Construção Civil II. Sou o professor Judson Ricardo Ribeiro da Silva, graduado em Química Tecnológica pela Universidade Esta- dual de Londrina (UEL), mestre em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também graduado em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Ampla experiência na área industrial no setor da construção civil e docência do ensino superior, principalmente para o curso de En- genharia Civil, sendo titular das disciplinas de Química Aplicada à Engenharia e Materiais de Construção. Sobre os autores Sumário Capítulo 1 Argamassas ....................................................................9 1.1 Definição .......................................................................................................... 11 1.1.1 Propriedades desejáveis das Argamassas ............................................ 12 1.1.2 Trabalhabilidade ..................................................................................... 14 1.1.3 Características reológicas das argamassas .......................................... 15 1.1.4 Capacidade de retenção de água .......................................................... 17 1.1.5 Aderência ............................................................................................... 18 1.1.6 Resistência ............................................................................................. 19 1.1.7 Argamassas de Revestimento ............................................................... 19 Capítulo 2 Aditivos ...........................................................................23 2.1 Definição .......................................................................................................... 24 2.1.1 Ampliando o Conhecimento ................................................................... 25 2.1.3 Classificação .......................................................................................... 26 Capítulo 3 Qualidade da Água.........................................................37 3.1 Definição .......................................................................................................... 38 3.1.1 Impurezas e suas Influências ................................................................ 39 3.1.3 Substância em solução .......................................................................... 40 3.1.4 INFLUÊNCIA DO pH ............................................................................ 41 3.1.7 Água Do Mar .......................................................................................... 43 3.1.8 Agressividade das águas, dos solos e dos gases ao concreto ............. 43 3.1.8 Exame dos solos .................................................................................... 47 3.1.10 Escolha dos cimentos .......................................................................... 48 Capítulo 4 Resistência do Concreto ................................................51 4.1 Definição .......................................................................................................... 52 Capítulo 5 Tipos de concreto ...........................................................63 5.1 Generalidades .................................................................................................. 64 5.1.2 Concreto virado na obra......................................................................... 66 5.1.3 Concreto dosado em central (CDC) ...................................................... 67 5.1.4 Concreto armado ................................................................................... 68 5.1.5 Concreto pré-moldado ........................................................................... 69 5.1.7 Concreto Protendido .............................................................................. 70 5.1.8 Concreto autoadensável (CAA) ............................................................. 71 5.1.9 Concreto resfriado .................................................................................. 72 5.1.10 Concreto de alto desempenho (CAD) ................................................. 72 5.1.14 Considerações Finais ........................................................................... 76 Capítulo 6 Concretagem ..................................................................77 6.1 Generalidades .................................................................................................. 78 Capítulo 7 Etapa final da concretagem ...........................................91 7.1 Continuação da Concretagem ......................................................................... 92 7.1.1 Transporte do concreto .......................................................................... 93 7.1.2 Transporte por Bombeamento ............................................................... 94 7.1.8 Considerações finais .............................................................................. 103 Capítulo 8 Vidros ..............................................................................105 8.1 Definição .......................................................................................................... 106 8.1.1 Propriedades .......................................................................................... 107 8.1.8 Vidros de silicato de alumínio ................................................................ 110 8.1.13 Vidros Quimicamente Reforçados ....................................................... 113 8.1.16 Vidro Estrutural ..................................................................................... 115 8.1.17 Considerações Finais ........................................................................... 116 Prezado(a) aluno(a), tudo bem? Como autor desta obra, digo que foi elaborada com a proposta de criar um entendimento mais claro no estudo dos materiais de construção. O texto tem uma linguagem mais direta, com alguns exemplos e ilustrações. Os termos técnicos foram mais suavizados para que você, aluno(a), tire suas dúvidas com a leitura. Este livro trará, no primeiro momento, a importância de se estudar os materiais de construção para os futuros engenheiros civis. Esta obra segue uma abordagem cronológica dos principais processos que englobam todos os materiais utilizados na construção civil. Começando pela argamassa com suas definições e aplicações dentro desta área, bem como sua importância. Em seguida, estudaremos os aditivos, a qualidade da água, resistência do concreto, concretagem, etapa final da concretagem e vidros. As argamassas, neste livro e nesta disciplina serão tratadas de forma mais superficial, com suas definições e aplicações. Na sequência dos capítulos, os aditivos serão estudados. Poderemos aprender sobre sua principal função no concreto e devidas aplicações. Nos capítulos finais, discutiremos um pouco sobre concretagem, etapas da concretagem e tipos de vidros usados na construção civil, suas propriedades e características. Apresentação Importante, querido(a) acadêmico(a)! Não é porque estamos falando de educação a distância,dos tipos de concretos. Tecnologias presentes nos concretos. Estudo do processo de fabricação de cada concreto. Equipamentos utilizados na dosagem dos concretos. Aplicabilidade dos tipos de concreto. Objetivos Esquema Generalidades5.1 A grande maioria das pessoas, leigas no assunto, obviamente que consideram que concreto é tudo a mesma coisa. Porém, os enge- nheiros civis sabem muito bem que não é assim. Temos estuda- do concreto e sua composição desde a disciplina de Materiais de Construção Civil I. Vimos que o concreto é composto de agregados e cimento e que temos vários tipos de cimento, cada um para um tipo de aplicação. Se pensarmos dessa maneira, rapidamente po- deremos associar a isso vários tipos de concreto e que podem ser aplicados para determinadas especificações. UNIUBE 65 AMPLIANDO O CONHECIMENTO As exigências do mercado e necessidades apresentadas pelas obras fizeram com que surgissem variados tipos de concreto. Segue um link para maiores informações sobre o assunto: . 5.1.1 Concreto convencional Neville e Brooks (2013) relatam que o concreto convencional é aquele que não possui característica especial e que é utilizado co- mumente na construção civil. Seu Slump Test, ou abatimento varia em torno de 4 cm a 7 cm, podendo ser aplicado na execução de praticamente todos os tipos de estruturas, com os cuidados ne- cessários quanto ao seu adensamento. Na obra, o caminhão pode descarregar diretamente nas formas, ou pode ser transportado por meio de carrinhos de mão, jericas, gruas ou elevadores, não po- dendo ser bombeado. RELEMBRANDO Conforme abordado no livro Materiais de Construção Civil I, capí- tulo IV, o Slump Test é o método de abatimento do concreto mais utilizado no Brasil devido a sua simplicidade de execução. Tal mé- todo tem como objetivo a verificação da consistência do concreto. Embora o concreto simples propõe como qualquer outro um levan- tamento prévio de seus elementos para a determinação da linha mais econômica, seguindo as normas da ABNT, requer sua prepa- ração, controle tecnológico da estrutura e execução. 66 UNIUBE 5.1.2 Concreto virado na obra Concreto “virado na obra” é uma maneira corriqueira de dizer que o concreto está sendo feito e misturado, no canteiro da própria obra onde será aplicado. Baldes, latas ou caixotes de madeira com dimensões calculadas, são utilizados para fazer a dosagem dos componentes do concreto volumetricamente. Para a “mistu- ra e homogeneização do concreto são utilizadas ferramentas tais como enxadas, ou ainda betoneiras elétricas menores” (NEVILLE; BROOKS, 2013, p.124). Atualmente, mediante toda tecnologia desenvolvida para o con- creto, contando com aditivos para diversas finalidades, controle tecnológico do concreto (amostras, ensaios etc.), os mais diver- sos equipamentos para bombeamento, centrais dosadoras móveis (equipamentos dotados de balanças e que podem ser instalados nos canteiros mais distantes), “virar o concreto na obra” passou a ser uma atividade que deve ser analisada com muito critério. Outros fatores que podem pesar na decisão é que “virar na obra” afeta na limpeza, na organização e no espaço disponível no can- teiro, ocupa mais mão de obra, gasta mais água e energia elétrica, além das perdas de material devido a intempéries, falta de precisão na dosagem etc. Outra medida que deve ser tomada para fazer o concreto na obra e não se perder nos custos é checar o volume recebido de todos os caminhões que chegam com areia e pedra, armazenar o cimento protegido de qualquer tipo de umidade (local coberto e afastado do piso), além de ensaiar estes materiais em laboratório para conseguir um traço mais econômico (NEVILLE; BROOKS, 2013). UNIUBE 67 5.1.3 Concreto dosado em central (CDC) Qualidade, economia e rapidez, são hoje, uma necessidade de- vido ao mercado extremamente competitivo e com o cliente cada vez mais exigente. Isso se torna um desafio para se obter grandes resistências ou para atender às determinações das normas bra- sileiras, a tecnologia do concreto não para de evoluir. As exigên- cias do mercado fizeram da simples tarefa de se misturar cimento, água e agregados, um trabalho para profissionais. Respondendo a estes desafios está o concreto dosado em central (CDC), que é o concreto fornecido pelas empresas prestadoras de serviços de concretagem (concreteiras), por meio dos caminhões betoneira. Este concreto também é muito conhecido como concreto usinado (BAUER, 2011). SAIBA MAIS O concreto usinado além de apresentar características como qua- lidade e rapidez, também elimina consideravelmente o desperdício de materiais na obra. Segue o link com alguns exemplos de obras executadas com concreto usinado: . Resultado de diversas pesquisas e desenvolvimento, o CDC con- templa todas as características das normas brasileiras (ABNT), atraindo para si, o compromisso sobre a dosagem; a mistura; con- trole dos materiais; o transporte e a resistência do concreto. 68 UNIUBE 5.1.4 Concreto armado O concreto armado é o concreto que em seu interior é constituído de armaduras metálicas, feitas com barras de aço. Tais armações são necessárias para atender à deficiência do con- creto em resistir a esforços de tração (seu forte é a resistência à compressão) e são indispensáveis na execução de peças como vi- gas e lajes, por exemplo. Outra característica deste conjunto é o de apresentar grande durabilidade. A pasta de cimento que envolve as barras de aço de uma maneira semelhante aos agregados, forman- do sobre elas uma camada de proteção que impede a oxidação. As armaduras além de garantirem as resistências à tração e flexão, podem também aumentar a capacidade de carga à compressão (NEVILLE; BROOKS, 2013). O projeto das estruturas de concreto armado é feito pelos conheci- dos calculistas, que são engenheiros especializados em estruturas. São eles que determinam a resistência do concreto, qual a bitola do aço, o espaçamento entre as barras e a dimensão das peças que farão parte do projeto (sapatas, blocos, pilares, lajes, vigas etc.). Um bom projeto deve considerar todas as variáveis possíveis e não só os preços unitários do aço e do concreto. Ao se utilizar uma re- sistência maior no concreto, por exemplo, pode-se reduzir o tama- nho das peças, diminuindo o volume final de concreto, o tamanho das formas, o tempo de desforma, a quantidade de mão de obra, a velocidade da obra, entre outros (BAUER, 2011). UNIUBE 69 DICA Existem vários programas computacionais, os quais auxiliam na elaboração do projeto estrutural. Segue o link para maiores informações: . 5.1.5 Concreto pré-moldado Uma estrutura feita em concreto pré-moldado é aquela em que os elementos estruturais, como pilares, vigas, lajes e outros, são mol- dados e adquirem certo grau de resistência, antes do seu posicio- namento definitivo na estrutura. Por este motivo, este conjunto de peças é também conhecido pelo nome de estrutura pré-fabricada. Estas estruturas podem ser adquiridas junto a empresas especiali- zadas, ou moldadas no próprio canteiro da obra, para serem monta- das no momento oportuno. A decisão de produzi-las na própria obra depende sempre de características específicas de cada projeto. É de fundamental importância, portanto, um estudo criterioso dos custos que envolvem transportes, dimensões das peças, aquisição de formas, tempo de execução, espaço no canteiro, equipamentos disponíveis, controle tecnológico, acabamento e qualidade. Em engenharia não existem soluções prontas para vencer a ba- talha entre custos e benefícios. Somente um bom planejamento, baseado nas necessidades específicas de cada obra, na sua loca- lização e nos recursos disponíveis para sua execução é que podem definir a melhor alternativa. 70 UNIUBE 5.1.6 Concreto projetado Concreto que é lançado porequipamentos especiais e em alta ve- locidade sobre uma superfície, proporcionando a compactação e a aderência do mesmo a esta superfície. São utilizados para reves- timentos de túneis, paredes, pilares, contenção de encostas etc. Este Concreto pode ser projetado por via seca ou via úmida, alte- rando desta forma a especificação do equipamento de aplicação e do traço que será utilizado. 5.1.7 Concreto Protendido A resistência à tração do concreto está situada na ordem de 10% de sua resistência à compressão, sendo geralmente desprezada nos cálculos estruturais. Encontrar meios de fazer o concreto ganhar força neste quesito é uma das eternas batalhas da engenharia, que tem como uma de suas grandes armas a protensão do concreto. Ela pode ser definida como sendo o artifício de introduzir na es- trutura, um estado prévio de tensões, mediante uma compressão prévia na peça concretada (protensão). A protensão do concreto é resultado da utilização de cabos de aço de alta resistência, chama- das cordoalhas, e que são tracionados e fixados no próprio concre- to. Os cabos de protensão têm resistência em média quatro vezes maior do que os aços utilizados no concreto armado. Dentro das vantagens que esta técnica pode oferecer, temos a redução na in- cidência de fissuras, diminuição na dimensão das peças devido à maior resistência dos materiais empregados, possibilidade de ven- cer vãos maiores do que o concreto armado convencional. UNIUBE 71 5.1.8 Concreto autoadensável (CAA) Concreto em que não se utiliza nenhum tipo de vibração interna ou externa é necessária para a sua compactação. É compactado por si só devido sua alta densidade. São concretos bombeáveis, elaborados com certas características de fluidez, necessárias para serem bombeados por meio de uma tubulação. Esta tubulação tem início em uma bomba de concreto (onde o Caminhão Betoneira descarrega) e vai até o local de aplica- ção. Esta característica é obtida com o uso de aditivos do tipo super- plastificantes (SP) que quebram a tensão superficial da molécula de água do concreto, fazendo com que ele tenha ótima fluidez. Estes aditivos também reduzem a quantidade de água, mantendo uma re- lação água/cimento menor para não comprometer sua resistência. Suas aplicações podem ser em peças com elevada taxa de ar- madura, peças esbeltas (baixas espessuras com a mesma resis- tência) ou em locais onde a vibração é difícil. Por ser fluido e com granulometria contínua tem a sua bombeabilidade facilitada, o que possibilita ser lançado a maior altura e/ou a grandes distâncias. Entre as vantagens deste tipo de concreto estão: • Reduz a necessidade de adensamento (vibração) e diminui o tempo de lançamento e acabamento; • Reduz o custo da mão de obra; • Facilita o bombeamento devido à sua fluidez; • Diminui os custos com reparos e retrabalhos decorrentes de mau adensamento; 72 UNIUBE • Elimina ninhos ou “bicheiras” de concretagem em peças den- samente armadas ou com fôrmas especiais de pequenas aberturas; • Otimização do uso de fôrmas. 5.1.9 Concreto resfriado Concreto gelado, ou melhor, resfriado é aquele que tem a tempera- tura de lançamento reduzida, mediante a adição de gelo à mistura, em substituição total ou parcial da água da dosagem. Para se fazer este tipo de concreto, o gelo deve ser moído e ficar à disposição da central dosadora em caminhões frigoríficos. Ele só deve ser colo- cado no caminhão betoneira, momentos antes da carga. Em obras de grande porte são necessárias logísticas especiais, que podem incluir até a montagem de uma estrutura para produzir seu próprio gelo. Sua adição tem como objetivo principal, a redução das ten- sões térmicas, por meio da diminuição do calor de hidratação nas primeiras horas. Este procedimento, além de evitar fissuras, mantém por mais tem- po a trabalhabilidade e gera uma melhor evolução da resistência à compressão. O concreto resfriado é mais utilizado em estruturas de grandes di- mensões, ou seja, barragens, alguns tipos de fundações, bases para máquinas e blocos com alto consumo de cimento. 5.1.10 Concreto de alto desempenho (CAD) O Concreto de Alto Desempenho (CAD) é calculado para se obter elevada resistência e durabilidade. Com a utilização de adições e aditivos especiais, sua porosidade e permeabilidade são reduzidas, UNIUBE 73 tornando as estruturas elaboradas com este tipo de concreto, mais resistentes ao ataque de agentes agressivos, tais como cloretos, sulfatos, dióxido de carbono e maresia. O CAD tem suas resistên- cias superiores a 40 MPa, o que é de extrema importância para estruturas que necessitem ser compostas por peças com menores dimensões. Além do aumento na vida útil das obras, este concreto pode proporcionar: desformas mais rápidas, diminuição na quanti- dade e metragem das formas, maior rapidez na execução da obra. Entre as vantagens deste concreto, consideramos: • Redução das seções de peças comprimidas, aumento da área útil de estacionamentos ou aumento de vãos; • Redução do peso próprio da estrutura; • Redução do volume de concreto; • Redução da área de fôrmas; • Redução das fundações e aumento da vida útil; • Redução do consumo de aço e do custo final da obra; • Melhores características mecânicas: compressão, desgaste e módulo de elasticidade; menor deformação; • Baixa permeabilidade e boa trabalhabilidade; • Ausência de exsudação (eflorescência de água durante o lan- çamento e adensamento do concreto); • Ótima aderência sobre concreto pré-existente; 74 UNIUBE • Alta resistência à abrasão; • Ausência de segregação; • Alta durabilidade devido à baixíssima porosidade, que reduz significativamente a carbonatação (perda de alcalinidade do concreto que protege o aço) evitando a corrosão das armadu- ras ao longo do tempo; • Alta resistência à ação de agentes químicos, como cloretos e sulfatos. 5.1.11 Concreto Extrusado Concreto extrusado é aquele que é aplicado para a construção de guias e sarjetas. Basicamente, elas são construídas por um destes métodos: • Com peças pré-moldadas, que são alinhadas e assentadas no local; • Apenas com as guias pré-moldadas e as sarjetas sendo con- cretadas na obra; • Por meio de uma máquina extrusora, que recebe o concreto diretamente do caminhão betoneira e segue ao lado deste, enquanto molda o conjunto. O concreto utilizado na máquina extrusora deve ser elaborado com brita zero (pedrisco) e ter uma consistência (Slump) de aproximadamente 20 mm para atender às necessidades do equipamento. UNIUBE 75 5.1.12 Concreto com adição de fibras Entre as adições utilizadas para melhorar certas características do concreto, as fibras têm tido papel de destaque nos últimos anos, sendo objeto de muito estudo e desenvolvimento. As fibras naturais ou sintéticas são empregadas principalmente para minimizar o aparecimento das fissuras originadas pela retra- ção plástica do concreto. Esta retração pode ter diversas causas, entre elas destacamos a temperatura ambiente, o vento e o calor de hidratação do cimento. Sua aplicação depende das necessida- des de cada obra, mas são utilizadas normalmente em pavimentos rígidos, pisos industriais, projetados, áreas de piscina, pré-molda- dos, argamassas, tanques e reservatórios, entre outros. As fibras de aço, além de propiciarem a diminuição das fissuras, tentam con- quistar espaço na substituição total ou parcial das telas e barras de aço em algumas aplicações do concreto. 5.1.13 GROUT Grout é uma argamassa composta por cimento, areia, quartzo, água e aditivos especiais, que tem como destaque sua elevada resistência mecânica. Ele se caracteriza por ser autoadensável, permitindo sua aplicação no preenchimento de vazios e juntas de alvenaria estrutural. Outros pontos fortes de sua utilização estão na recuperação de estruturas, na fixação de equipamentos, no reparo de pisos, entre outros. No mercado, podemos comprá-lo em grandes volumes ou em pequenas embalagens, para adicionar água, misturar e aplicar.Chegam a atingir resistências superiores a 25 MPa em 24 horas e a passar dos 50 MPa aos 28 dias. 76 UNIUBE 5.1.14 Considerações Finais Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final deste capítulo, que tratou sobre os tipos de concreto, com o intuito de entendermos as varie- dades e aplicações de mais um dos materiais utilizados dentro da construção civil. Neste capítulo pudemos diferenciar os tipos de concretos existen- tes, entendendo quais são as propriedades apresentadas por cada um deles, bem como suas classificações e aplicações na constru- ção civil. Pudemos também, entender o processo pelo qual o concreto passa para realização de sua dosagem, os equipamentos utilizados em cada caso e tecnologias aplicadas para aumentar a qualidade e desempenho apresentados por cada tipo de concreto. Quanto à aplicabilidade, ou seja, o uso de cada tipo de concreto, pudemos discutir sobre a aplicação de cada um deles em diferen- tes obras da construção civil. A classificação se dá a partir das ca- racterísticas apresentadas por cada um deles, como: resistência, trabalhabilidade e fluidez, dentre diversas outras características presentes no concreto. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução ConcretagemCapítulo 6 Neste capítulo estudaremos um dos mais importantes processos realizados na construção civil, a concretagem. O termo concretagem refere-se ao ato de aplicação do concreto. Estudamos no capítulo anterior os tipos de concreto e onde cada um deles se aplicava. Deixamos um capítulo específi co para falar sobre o procedimento de concretagem utilizado para cada tipo de concreto, por ser de fundamental importância para o seu aprendizado e para sua carreira como engenheiro(a). Começaremos estudando os procedimentos necessários para liberação da concretagem para a obra, visando garantir a perfeita execução da mesma. Na sequência, estudaremos a escolha do fornecedor do concreto, caso este seja dosado em central, deve-se verifi car se a empresa prestadora de serviços está atendendo às prescrições das normas técnicas que visam tal procedimento. Não podemos deixar de levar em consideração, o trajeto a ser percorrido pelo caminhão-betoneira, o qual deve ser previamente calculado, para evitar atrasos e perda do concreto. Veremos adiante, o motivo pelo qual se faz necessário executar uma avaliação da quantidade de água do concreto e também a • Definir concretagem. • Compreender a importância da concretagem. • Definir os procedimentos necessários para liberação da concretagem. • Saber classificar os tipos de concretagem. • Conhecer os tipos de concretagem utilizadas em cada obra. • Conhecer o processo de execução da concretagem. • Saber a aplicabilidade dos variados tipos de concretagem. • O que é concretagem. • Classificação das concretagens. • Procedimento de liberação da concretagem. • Características dos tipos de concretagens. • Tecnologias presentes na execução da concretagem. • Equipamentos utilizados durante a concretagem. • Aplicabilidade dos variados tipos de concretagem. Objetivos Esquema verificação da consistência do mesmo, antes da liberação para concretagem na obra. Generalidades6.1 A concretagem é a fase final de um processo de elaboração de elementos de infraestrutura e superestrutura e, em geral, a mais importante. A concretagem somente pode ser liberada para execu- ção depois de verificado se as fôrmas estão consolidadas e limpas, UNIUBE 79 se as armaduras estão corretamente dispostas e se as instalações embutidas estão devidamente posicionadas. Nessa etapa, de lançamento, adensamento e cura do concreto é extremamente importante a presença do engenheiro na obra. No mínimo, é necessária a presença de um técnico, ou ainda, de um mestre de obras de inteira confiança e com larga experiência em execução de concretagem. Os erros cometidos nessa etapa geral- mente acarretam grandes prejuízos futuros. A necessidade de cor- reção das patologias ocorridas nas estruturas provocadas por falta de cuidados na fase de concretagem implicará em perda da repu- tação e de dinheiro para o profissional e construtora responsáveis. 6.1.1 Liberação da concretagem: procedimentos Para a liberação de uma concretagem é necessário estar atento(a) para os pontos a seguir: • verificar se as estruturas concretadas anteriormente já se encontram consolidadas e escoradas o suficiente para esse novo carregamento; • dependendo do tipo de concreto (usinado ou feito no cantei- ro), verificar as condições de acesso dos equipamentos (ca- minhão betoneira, carrinhos e jericas, bombas etc.); • garantir a existência de fontes de água e de tomadas de ener- gia para ligação dos adensadores, réguas e iluminação, se for o caso; • estudar e promover condições para a movimentação ininterrup- ta das jericas, com caminhos diferentes para ir e vir, se possível; • garantir que os materiais para a elaboração de controle tecnológico (moldes) estejam em perfeitas condições (limpos e preparados); 80 UNIUBE • verificar se os eixos das fôrmas foram conferidos, se estão travadas e escoradas e se os pés dos pilares foram fechados após a limpeza; • conferir as armaduras, principalmente as negativas e se fo- ram colocados os espaçadores em quantidade suficiente; • requisitar a presença de equipes de carpinteiros, armadores e eletricistas para estarem de prontidão durante a concretagem para eventuais serviços de reparos e reforços nas fôrmas, ar- maduras e instalações; • prever a possibilidade de interrupção da concretagem e a ne- cessidade da criação de juntas frias; • conferir o nível das mestras e dos gabaritos de rebaixo, das prumadas e aberturas, cuidando para que não haja desloca- mento dos ferros negativos pela passagem dos carrinhos e pessoas; • estabelecer um plano prévio de concretagem, os intervalos entre os caminhões e/ou betonadas e reprogramar em função do ritmo; • acercar-se das condições de segurança interna e externa- mente à obra, verificando as proteções de taludes, valas, trânsito de veículos próximos, vizinhos e transeuntes (aplicar as recomendações da NR-18); • planejar e acompanhar a sequência de concretagem anotan- do o local onde foram lançados o material de cada caminhão e terminar a concretagem sempre na caixa da escada ou no ponto de saída da laje. UNIUBE 81 SAIBA MAIS As etapas de concretagem podem ser resumidas em: transporte, lançamento, adensamento, acabamento superficial e cura. Acesse o link para saber mais sobre cada etapa: . 6.1.2 Escolha e seleção do concreto usinado Para a escolha do fornecedor de concreto dosado em central, além dos critérios comerciais para a seleção (preço, prazo de pagamen- to, entrega, credibilidade etc.) deve-se verificar se o fornecedor está atendendo às prescrições das normas técnicas pertinentes e se recolhem junto ao CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – as devidas ART’s - anotações de responsabilidade técnica - pelo serviço executado (ART da concreteira). Definidos os lotes de concreto, em função do tipo de estrutura, solicitação (compressão ou flexão) e quantidade (NBR – 12655 Preparo, controle e recebimento de concreto – procedimento), o contratante deve exigir que na nota fiscal venham registradas as seguintes informações: • especificação do concreto (tipo de cimento, traço, teor de ar- gamassa etc.); • resistências características (no mínimo aos 28 dias); • módulo de elasticidade; 82 UNIUBE • consistência; • dimensão máxima do agregado graúdo; • consumo mínimo de cimento; • fator água-cimento; • aditivos; • volume; • preço unitário e total; • horário da saída do caminhão da central. 6.1.3 Concreto misturado manualmente: Preparação O concreto misturado manualmente exige um grande esforço da mão de obra e é indicado para pequenas obras e serviços. Deve-se estar ciente de que o concreto resultante éde qualidade apenas ra- zoável, sem garantia da resistência conseguida em concretos pre- parados mecanicamente. Escolher uma superfície resistente (livre de partes soltas), plana, limpa e impermeável para efetuar a mis- tura ou utilizar a caixa de argamassa devidamente livre de outros materiais. Os materiais secos devem ser misturados até se conse- guir a homogeneidade de cor. A mistura manual, preferencialmente para um saco de cimento, deve obedecer à sequência abaixo: • espalhar a areia sobre a superfície (caixa) formando uma ca- mada de 15 cm; • espalhar o cimento sobre a camada de areia; UNIUBE 83 • misturar a areia e o cimento até conseguir uma mistura homogênea; • formar uma camada de mais ou menos 15 cm; • espalhar a pedra sobre a camada e misture tudo; • depois de bem misturado, formar um monte com um buraco no meio (boca de um vulcão); • despejar a água aos poucos e misturar vigorosamente até ob- ter a consistência desejada (depois de colocada a água, con- tinuar misturando, pois o concreto ficará mais mole). 6.1.4 Concreto Misturado em Betoneira O trabalho com betoneira simplifica o processo de elaboração do concreto, obtendo-se um material de melhor qualidade do que o obtido na mistura manual. O tempo de carregamento dos materiais deve ser o mínimo possível (um minuto) e o tempo de mistura deve ser de 3 minutos, no mínimo. A mistura com betoneira deve obede- cer à sequência abaixo: a. para betoneiras com carregamento direto (mistura para um saco de cimento), com a betoneira girando: • adicionar a água; • agregado graúdo (brita); • cimento; • areia. 84 UNIUBE b. para betoneiras com carregamento por caçambas e água (aditivos) adicionada concomitantemente (meio a meio): • adicionar metade do agregado graúdo; • areia; • cimento; • restante da brita. 6.1.5 Concreto Dosado em Central O concreto usinado é obtido em centrais dosadoras, geralmente chamadas de concreteiras. São instalações preparadas para a pro- dução em escala, constituídas de silos armazenadores, balanças, correias transportadoras e equipamentos de controle. Na maioria dos casos, para as obras urbanas, a mistura é feita no próprio ca- minhão, durante o trajeto entre a central de concreto e a obra. Nas obras de grande porte, como barragens e estradas, as centrais po- dem fazer a mistura e o material é transportado por gruas e ca- çambas. Dentre as vantagens do uso de concreto pronto (usinado), pode-se destacar: a. economia de materiais, menor perda de areia, brita e cimento; b. maior controle tecnológico dos materiais, dosagem, resistên- cia e consistência, com melhoria da qualidade; c. racionalização do número de ajudantes na obra, com a con- sequente redução dos encargos trabalhistas; d. melhor produtividade da equipe; UNIUBE 85 e. redução no controle de suprimentos e eliminação de áreas de estoque no canteiro; f. redução do custo da obra. 6.1.6 Recebimento Do Concreto Usinado O trajeto a ser percorrido pelo caminhão betoneira deve ser pre- parado, seja dentro do canteiro ou fora dele, para evitar atrasos e perda do concreto. Nas obras urbanas, o acesso para o caminhão betoneira deve permitir manobras do caminhão seguinte, de forma que a continuidade não seja prejudicada. Prever local próximo do canteiro para estacionar o caminhão que estará esperando para descarregar. É necessário sinalizar as manobras dos caminhões com a colocação de cones refletivos, fitas e luzes de sinalização, quando for o caso. Quando utilizar concreto bombeado, prever os acessos e local de estacionamento para os caminhões e a bomba. O estacionamento para dois caminhões betoneira, próximo à bom- ba, a fim de manter o fluxo contínuo de bombeamento. Antes da descarga do caminhão é necessário fazer uma avaliação da quantidade de água do concreto, verificando se a consistência está de acordo com o que foi especificado na nota fiscal (pedido). A falta de água torna o concreto menos trabalhável, podendo criar ninhos de concretagem (bicheiras) e água em excesso reduz a re- sistência do concreto. A consistência é avaliada pelo ensaio de abatimento ou também chamado de Slump Test, que tem como objetivos determinar a trabalhabilidade e controlar a quantidade de água adicionada no concreto fresco. A simplicidade deste ensaio o consagrou como o principal contro- le de recebimento do concreto na obra. Embora limitado, expres- sa a trabalhabilidade do concreto mediante um único parâmetro: 86 UNIUBE abatimento. Para que cumpra este importante papel, deve-se exe- cutá-lo corretamente: • Colete a amostra de concreto depois de descarregar 0,5 m³ de concreto do caminhão e em volume aproximado de 30 litros; • Coloque o cone sobre a placa metálica bem nivelada e apoie seus pés sobre as abas inferiores do cone; • Preencha o cone em 3 camadas iguais e aplique 25 golpes uniformemente distribuídos em cada camada; • Adense a camada junto à base, de forma que a haste de so- camento penetre em toda a espessura. No adensamento das camadas restantes, a haste deve penetrar até ser atingida a camada inferior adjacente; • Após a compactação da última camada, retire o excesso de concreto e alise a superfície com uma régua metálica; • Retire o cone içando-o com cuidado na direção vertical; • Coloque a haste sobre o cone invertido e meça a distância entre a parte inferior da haste e o ponto médio do concreto, expressando o resultado em milímetros. O acerto da água no caminhão betoneira deve ser efetuado de maneira a corrigir o abatimento de todo o volume transportado, garantindo-se a homogeneidade da mistura logo após a adição de água com- plementar. O concreto deve ser agitado na velocidade de mis- tura, durante pelo menos 60 segundos. UNIUBE 87 A Figura, a seguir, demonstra o passo a passo do procedimento do ensaio de abatimento ou Slump Test. Fonte: . Acesso em: 21 abr. 2016 Embora a amostra ideal seja aquela retirada do terceiro terço do concreto ainda na betoneira, é conveniente fazer um ensaio logo na segunda descarga na calha para tomar as medidas de aceite ou rejeição da carga. O valor do abatimento desejado deve estar expresso na nota fiscal e deve ser verificado antes de seu lança- mento. Caso o ensaio aponte estar o concreto com trabalhabilidade acima do limite estabelecido, a carga deve ser rejeitada. No caso do abatimento ficar abaixo do limite, pode-se adicionar água ao concreto e, em seguida, verificar novamente o abatimento. 6.1.7 Ensaio de Resistência à Compressão A determinação da resistência à compressão do concreto é realiza- da em laboratórios especializados a partir de corpos de prova ob- tidos de amostra representativa do material, conforme estabelece a NBR 12655. Geralmente, os corpos de prova são moldados em 88 UNIUBE cilindros metálicos (moldes) de 150 mm de diâmetro e 300 mm de altura, considerando os seguintes pontos: • retirar a amostra do terço médio da mistura, evitando as pri- meiras e as últimas partes do material lançado; • retirar o material direto da calha do caminhão betoneira, em quantidade superior a 30 litros e o dobro do necessário para os moldes, misturando tudo em um carrinho para assegurar a homogeneidade; • preencher os moldes em quatro camadas iguais, apiloando cada uma delas com 30 golpes com a haste metálica, evitan- do penetrar a haste na camada inferior já adensada; • proceda ao acabamento da superfície com uma régua metáli- ca, retirando o excesso de material; • deixar o molde em repouso, em temperatura ambiente, por 24 horas; • envie ao laboratório os corpos de prova, devidamente identificados. A aceitação do concreto em obra é feita em duas etapas, segundo a NBR 12655, a primeira consiste em verificar as condições do con- creto fresco na obra e para isso, em geral, usa-se o Slump Test e demais propriedades para o concreto fresco; a segunda diz respei- to às condições de aceite para o concreto endurecidoe caracteriza a aceitação definitiva considerando todas as propriedades para o concreto endurecido. A norma determina a confecção de 2 corpos de prova de uma mesma amassada (caminhão betoneira ou beto- nada) para cada idade de rompimento e os lotes em função de con- trole e solicitação a que estiver submetido o elemento estrutural. O controle pode ser estatístico por amostragem parcial e controle UNIUBE 89 total (no qual são elaborados corpos de prova para cada amassada ou caminhão betoneira). A condição básica para aceitação definiti- va, considerando o ensaio de resistência à compressão é quando a tensão de ruptura for maior que a tensão projetada. 6.1.8 Considerações Finais Neste capítulo estudamos sobre a concretagem. O procedimento de concretagem é a fase final da elaboração de uma estrutura, no entanto existem alguns procedimentos a serem seguidos na hora da liberação da mesma. Tais procedimentos visam somente garan- tir a qualidade de execução do procedimento. O transporte do concreto é um destes procedimentos, se não o mais importante deles pois, pode interferir diretamente nas carac- terísticas apresentadas pelo concreto. Podemos citar também, o ensaio de avaliação de consistência do concreto, a consistência é avaliada pelo ensaio de abatimento, que tem como objetivo determinar a trabalhabilidade e controlar a quan- tidade de água adicionada ao concreto fresco. Outra informação importante que vale a pena relembrar é que, a quantidade de água presente no concreto influencia, não somente na trabalhabilidade do mesmo, como também na resistência. Quanto aos tipos de concretagem, estão diretamente relacionados à forma de preparação do concreto, podendo ser: usinado, mistura- do manualmente, misturando em betoneira ou dosado em central. O concreto dosado em central é misturado no próprio caminhão betoneira a caminho da obra, daí a importância de realizar os pro- cedimentos citados anteriormente. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução Etapa fi nal da concretagemCapítulo 7 Dando continuidade ao capítulo VI, estudaremos um dos mais importantes processos realizados na construção civil, a concretagem. Estudamos no capítulo anterior os tipos de concretagem e onde cada um deles se aplicava, estudamos também os procedimentos que devem ser seguidos na hora da realização da concretagem. No entanto, deixamos um capítulo específi co para falar sobre a etapa fi nal do procedimento de concretagem, por ser de fundamental importância para o seu aprendizado e para sua carreira como engenheiro. Começaremos, dando sequência às formas de transporte do concreto, estudando suas aplicações e formas de lançamento do concreto. Na sequência, estudaremos quais são as condições necessárias para realização do lançamento do concreto. Não podemos deixar de levar em consideração, a operação que tem por fi nalidade a eliminação do ar e dos vazios contidos na massa, o adensamento. Veremos adiante, o motivo pelo qual se faz necessário executar a cura do concreto, e quais os procedimentos para realização da desforma. • Saber classificar os tipos de concretagem. • Conhecer os tipos de concretagem utilizadas em cada obra. • Conhecer o processo de execução da concretagem. • Saber a aplicabilidade dos variados tipos de concretagem. • Definir o processo de adensamento. • Compreender a importância da cura do concreto. • Conhecer o processo de desforma. Classificação das concretagens. Características dos tipos de concretagens. Tecnologias presentes na execução da concretagem. Equipamentos utilizados durante a concretagem. Aplicabilidade dos variados tipos de concretagem. Definição de adensamento. Importância da cura do concreto. Procedimento de desforma do concreto. Objetivos Esquema Continuação da Concretagem7.1 Como vimos no capítulo anterior, a concretagem é uma das etapas mais importantes de todo o processo, é onde todos os nossos co- nhecimentos, esforços e cuidados com os agregados, aglomeran- tes, cimentos e concretos vão ser direcionados. Assim, este capítulo VII continua o processo de concretagem, para que não fique nenhuma dúvida quanto a esse tema. UNIUBE 93 7.1.1 Transporte do concreto O transporte do concreto do local de produção ou descarga na obra até o local de lançamento (fôrmas) pode ser feito, convencional- mente, com a utilização dos seguintes equipamentos: a. carrinhos e jericas – o uso dos carrinhos e jericas implica no pla- nejamento do caminho de percurso a fim de evitar contratempos provocados por esperas e por danos nas armaduras. Alguns cui- dados são essenciais para sua durabilidade, tais como: • devem ser mantidas sempre limpas, livres de argamassas endurecidas; • devem ser molhados antes do início da concretagem; • ter os eixos engraxados semanalmente; • não receber sobrecarga (peso acima do permitido). b. guinchos – além da rigorosa manutenção dos componentes do guincho (roldanas, eixos, cabos, torre, freio, trilhos etc.), os seguintes cuidados são necessários: • travar os carrinhos e jericas na cabine do guincho; • proibir o transporte de pessoas no guincho (NR-18); • a operação deve ser feita por pessoa habilitada; • prever corrente, cadeado e chave para impedir o uso por pes- soa sem habilitação e/ou em horários inadequados ou acio- namento acidental. 94 UNIUBE c. gruas e caçambas – a área de atuação da grua deve ser de- limitada e devidamente sinalizada, a fim de impedir a circula- ção de pessoas sob as cargas suspensas. Além da rigorosa manutenção por firma especializada (em geral, a própria for- necedora da grua), os seguintes cuidados operacionais de- vem ser levados em conta: • manter limpa a caçamba, livre de material endurecido (lavar sempre depois do uso); • carregar sempre dentro do limite de carga estabelecido; • operar usando radiocomunicador. d. calhas e correias transportadoras – são indicadas para obras de maior porte, com exigência de fluxo contínuo de concreto em grande quantidade. 7.1.2 Transporte por Bombeamento O transporte é feito por equipamento chamado bomba que empurra o concreto por meio de uma tubulação metálica, podendo vencer grandes alturas e/ou distâncias horizontais. A grande vantagem da bomba é a capacidade de transportar volumes maiores de concre- to em comparação com os sistemas usuais (carrinhos, jericas e caçambas), podendo atingir de 5 a 6 vezes mais metros cúbicos de concreto por hora, em relação a que outros meios atingem. As outras vantagens são obtidas com a maior produtividade, menor gasto com mão de obra e menor energia de vibração (concreto mais plástico). UNIUBE 95 SAIBA MAIS Existem vários tipos de bombas utilizadas no processo de bombea- mento do concreto, sendo cada equipamento aplicado conforme a necessidade apresentada pela obra. Saiba mais sobre o assunto, acessando o link: . Em conjunto com a bomba pode-se usar lanças (caminhão-lança) que facilitam atingir todos os pontos de concretagem. Os seguintes cuidados são importantes na operação com bomba e lança: a. o diâmetro interno da tubulação deve ser maior que o triplo do diâmetro máximo do agregado graúdo; b. lubrificar a tubulação com nata de cimento, antes da utilização; c. reforçar as curvas com escoras e travamento para suportar o golpe de aríete provocado pelo bombeamento; d. designar, no mínimo, dois operários para segurar a extremi- dade do mangote de lançamento; e. operar usando radiocomunicador e controle remoto da lança; f. verificar se a movimentação da lança não provoca danos nas instalações elétricas, telefônicas e vizinhas; g. manter a continuidade da concretagem, com um caminhão sempre na espera. 96 UNIUBE 7.1.3 Lançamento do Concreto Nas obras de construção civil é comum encarar a concretagem como sendo a etapa final de um ciclo constituído da execução das fôrmas, armaduras, lançamento, adensamento e cura do concreto. Nos edifícios de múltiplos pavimentos aconcretagem da laje en- cerra uma etapa da programação. Tendo em vista que a reparação de uma concretagem executada errada é onerosa e muitas vezes esconde defeitos que irão aparecer somente algum tempo depois, é extremamente importante a presença do engenheiro, mestre ou técnico com experiência na etapa de lançamento do concreto. A Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC, 2007) sugere considerar os seguintes cuidados na fase de concretagem, como o plano de lançamento (de concretagem): a. Dimensionar antecipadamente o volume do concreto (calcu- lando direto das fôrmas), o início e intervalos das cargas para manter o ritmo na entrega do concreto; b. Dimensionar a equipe envolvida nas operações de lançamen- to, adensamento e cura do concreto; c. Prever interrupções nos pontos de descontinuidade das fôr- mas, como: juntas de concretagem previstas e encontros de pilares, paredes com vigas ou lajes etc.; d. Especificar a forma de lançamento: convencional ou bombea- do, com lança, caçamba etc.; e. Providenciar os equipamentos e ferramentas, como: • Equipamento para transporte dentro da obra (carrinhos, jeri- cas, bombas, esteiras, guinchos, guindaste, caçamba etc.); UNIUBE 97 • Ferramentas diversas (enxadas, pás, desempenadeiras, pon- teiros etc.); • Tomadas de força para os equipamentos elétricos. 7.1.4 Condições gerais durante o lançamento a. Fazer com que o concreto seja lançado logo após o batimen- to, limitando em 2 horas e meia o tempo entre a saída do caminhão da concreteira e a aplicação na obra; b. Limitar em 1 hora o tempo de fim da mistura no caminhão e o lançamento, o mesmo valendo para concretagem sobre camada já adensada e se for o caso, utilizar retardadores de pega, nas obras com maior dificuldade no lançamento; c. Lançar o mais próximo da sua posição final; d. Evitar o acúmulo de concreto em determinados pontos da fôr- ma, distribuindo a massa sobre a fôrma; e. Lançar em camadas horizontais de 15 a 30 cm, a partir das extremidades para o centro das fôrmas; f. Lançar nova camada antes do início de pega da camada inferior; g. Tomar cuidados especiais quando da concretagem com tem- peratura ambiente inferior a 10ºC e superior a 35ºC; h. Na altura de lançamento não deve ultrapassar 2,5 metros e, se for o caso, utilizar trombas, calhas, funis etc., para alturas de lançamento superiores a 2,5 metros; 98 UNIUBE i. Limitar o transporte interno do concreto com carrinhos ou jeri- cas a 60 metros para evitar a segregação e perda de consis- tência (utilizar carrinhos ou jericas com pneus); j. Preparar rampas e caminhos de acesso às fôrmas (prever antiderrapantes); k. Iniciar a concretagem pela parte mais distante do local de re- cebimento do concreto; l. Molhar abundantemente as fôrmas antes de iniciar o lança- mento do concreto; m. Eliminar e/ou isolar pontos de contaminação por barro, entu- lho e outros materiais indesejados; n. Manter uma equipe de carpinteiros, armadores e eletricistas, sendo que um carpinteiro fique sob as fôrmas verificando o preenchimento com um martelo de borracha; o. Lançar nos pés dos pilares, antes do concreto, uma camada de argamassa com traço 1:3 (cimento e areia média); p. Interromper a concretagem no caso de chuva, protegendo o trecho já concretado com lonas plásticas; q. Dar especial atenção às armaduras negativas, verificando sua integridade; r. Providenciar pontos de iluminação no caso da concretagem se estender para a noite. UNIUBE 99 7.1.5 Adensamento do concreto É a operação que tem por finalidade a eliminação do ar e dos va- zios contidos na massa. Deve ser feito durante e imediatamente após o lançamento. O adensamento pode ser executado por processos manuais - so- camento ou apiloamento - ou por processos mecânicos - vibração ou centrifugação. Qualquer que seja o processo deve-se buscar que o concreto preencha todos os espaços da forma, evitando-se a formação de ninhos e a segregação dos componentes. Deve ser evitada, também, a vibração junto a ferragem, quando o concreto for armado, para não ocasionar vazios que prejudiquem a aderên- cia do concreto com a armadura. AMPLIANDO O CONHECIMENTO Veja como funciona o processo de adensamento por vibração e alguns tipos de equipamentos disponíveis no mercado: . Quando bem executado, o adensamento melhora a resistência me- cânica e aumenta a impermeabilidade, a resistência a intempéries e a aderência do concreto à armadura. À medida que aumentam os vazios do concreto, a sua resistência diminui. Para o adensamento manual podem ser usadas barras de aço ou pedaços de madeira que funcionarão como soquetes. A camada de concreto deve ser submetida a choques repetidos, sendo mais importante o número de golpes, do que a energia de cada golpe. O adensamento manual é feito por camadas de concreto, com 100 UNIUBE espessura máxima de 15 a 20 cm e para um concreto fresco com Slump de 5 a 12 cm. O processo de adensamento deve cessar assim que aparecer na superfície do concreto uma camada lisa de cimento e elementos finos. O adensamento mecânico é o único admissível para obras de mé- dio e grande porte. Existe uma diversidade muito grande de formas de adensamento mecânico do concreto, cuja escolha depende ba- sicamente do tipo de construção e da forma de execução da obra. Alguns desses processos são considerados especiais, tais como a concretagem à vácuo. Neste trabalho são descritos os processos mais simples e usuais, tais como: • vibrador de imersão: o vibrador de imersão mais usado é o denominado vibrador de agulha. A vibração é transmitida ao concreto pela imersão de um mangote em cuja extremidade está fixada uma agulha. A agulha deve ser cravada perpendi- cularmente à massa com espaçamentos de aproximadamen- te 40 cm, que é, geralmente, o raio de ação do vibrador. O tempo de vibração varia de acordo com o concreto, podendo ficar entre 5 e 30 segundos em cada ponto. A vibração deve ser feita por camadas, com espessura máxima de 40 a 50 cm, com os cuidados de não vibrar camadas já adensadas e acomodadas, bem como de não vibrar nos pontos próximos às fôrmas (menos de 10 cm). • vibrador externo ou de forma: é um vibrador que se fixas às for- mas. Seu efeito é equivalente ao vibrador de agulha, desde que corretamente aplicado. Seu uso maior é na indústria de pré-fabri- cação, devido a ser um equipamento de trabalhosa mobilidade. • mesa vibratória: são mesas sobre as quais são colocadas as peças de concreto a serem adensadas. Geralmente, são UNIUBE 101 usadas em indústria de pré-moldados de pequeno e médio porte, para a produção de blocos, placas, meios-fios, peque- nas vigas etc. • centrifugação: é um processo mais especial de adensamen- to, usado em peças pré-moldadas de seção transversal cir- cular, como tubos, postes e estacas. A ação da centrifugação consiste em provocar o adensamento pelo aumento do peso aparente do concreto contra as paredes da forma. Os ele- mentos mais pesados são lançados para a parte exterior da peça, ficando no interior uma alta concentração de cimento. 7.1.6 Cura do concreto Denomina-se cura o conjunto de medidas que têm por finalidade evitar a evaporação prematura da água necessária à hidratação do cimento. A Norma Brasileira exige que a cura seja feita nos 7 primeiros dias contados do lançamento do concreto. É desejável, entretanto, que se faça até o 14º dia, para se ter garantias contra o aparecimento de fissuras devidas à retração. As várias qualidades desejáveis ao concreto, como resistência mecânica, impermeabilidade e resistência ao ataque de agentes agressivos, são extremamente favorecidas e até mesmo somente conseguidas por meio de uma cura bem feita. Os métodos de cura mais usados nas obras são: • Irrigação periódica da superfície: é o método mais simples e consiste em proteger o concreto fresco, irrigando a superfície expostaem intervalos frequentes. 102 UNIUBE • Recobrimento simples da superfície: é o método mais utili- zado nas obras. Consiste em cobrir a superfície com areia, sacos de aniagem rompidos ou os próprios sacos de emba- lagem do cimento, que são mantidos sempre úmidos. Desta forma, evita-se a ação direta do sol e do vento e impede-se a evaporação da água do concreto. • Imersão: é o método ideal de cura tendo, entretanto, uma apli- cação restrita. É mais empregado em industrias de pré-mol- dagem, onde as peças fabricadas são imersas em tanques com água. Pode ser empregado, também, em lajes e pisos quando existe a possibilidade e a disponibilidades de cobri -las com uma pequena lâmina de água. • Envolvimento ou recobrimento total da superfície: é quando as peças são totalmente envoltas ou recobertas, sem que se deixe passagem de ar, com plásticos ou papéis impermeá- veis, que impedindo a evaporação, dispensam o uso de água na cura. • Manutenção da umidade da forma: é um método que só pode ser usado em peças nas quais a fôrma, de madeira ou outro material absorvente, proteja a maior parte da superfície, tais como pilares e vigas. O método consiste em molhar a fôrma em intervalos frequentes, mantendo assim a umidade. • Aplicação de cloreto de cálcio: é um método utilizado em cli- mas úmidos e consiste em aplicar, superficialmente, cloreto de cálcio, considerando que o produto absorve a água do am- biente e a retém. UNIUBE 103 7.1.7 Desforma A desforma do concreto deve ser planejada de modo a evitar o aparecimento de tensões nas peças concretadas diferentes das que foram projetadas para suportarem, por exemplo, em vigas em balanço ou marquises. DICA Existem no mercado diversos produtos utilizados para facilitar o processo de desforma do concreto: . 7.1.8 Considerações finais Neste capítulo estudamos sobre a concretagem. O procedimento de concretagem é a fase final da elaboração de uma estrutura, no entanto existem alguns procedimentos a serem seguidos na hora da liberação da mesma. Tais procedimentos visam somente garan- tir a qualidade de execução do procedimento. O transporte do concreto é um destes procedimentos, se não o mais importante deles pois, pode interferir diretamente nas carac- terísticas apresentadas pelo concreto. Estudamos neste capitulo os cuidados necessários para realizar o adensamento do concreto, visto que esta é uma operação que tem por finalidade a eliminação do ar e dos vazios contidos na massa. Devendo ser executado durante e imediatamente após o lançamento. Podemos citar também, o procedimento de cura do concreto, que denomina-se o conjunto de medidas que têm por finalidade evitar a 104 UNIUBE evaporação prematura da água necessária à hidratação do cimen- to. Existem diversas possibilidades de execução para a cura, fican- do à critério do responsável técnico da obra a escolha do método mais conveniente para cada caso. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução VidrosCapítulo 8 No último capítulo deste livro de Materiais de Construção Civil II, trataremos de um dos materiais bastante utilizados nas obras, os vidros. Todos nós, já vimos e já ouvimos falar muito sobre os vidros, seja por suas cores, seus modelos e aplicações. Mas a maioria das pessoas não imagina que por trás deste material, tem tanta informação técnica. Por isso, este capítulo abordará desde defi nições sobre vidros e seus componentes, como uma ampla lista de tipos de vidros, suas características e aplicações. Em um momento deste capítulo, depois de já aprendermos a defi nição técnica de vidro, estudaremos também seus componentes, a partir de quais substâncias ele se originou. Existem vários tipos de vidros e cada um destes tipos apresentam composições químicas diferenciadas. • Compreender a importância dos vidros de construção. • Definir vidros. • Estudar as propriedades presentes nos vidros. • Saber classificar os vidros. • Conhecer os tipos de vidros mais utilizados. • Saber identificar os tipos de vidros. • Conhecer o processo de fabricação dos vidros. • Saber a aplicabilidade dos vidros. • O que é vidro. • Tipos de vidros. • Substâncias presentes nos vidros. • Características dos vidros. • Aplicabilidade dos vidros. Objetivos Esquema Definição8.1 Produto inorgânico de fusão que foi resfriado até atingir condição de rigidez, sem sofrer cristalização. Material que não apresenta ordem de longo alcance e está abaixo da temperatura na qual rearranjos atômicos ou moleculares podem ocorrer em uma escala de tempo similar àquela do experimento (SCHAFFER, 1999, tradução nossa). Sob a ampla denominação genérica de vidros ou de corpos vítre- os, esta compreendida uma grande variedade de substâncias que, embora à temperatura ambiente tenham a aparência de corpos sólidos proporcionada por sua rigidez mecânica, não podem se UNIUBE 107 considerar como tais, já que carecem da estrutura cristalina que caracteriza e define o estado sólido. Se pela estabilidade de sua forma os vidros podem assimilar-se a sólidos, do ponto de vista estrutural suas semelhanças são muito menos evidentes. Este fato que constitui uma limitação para incluir os vidros entre os sólidos, por outro lado resulta insuficiente para autorizar a aceitá-los como líquidos, ainda que possa justificar a designação de líquidos de vis- cosidade infinita, que em muitas vezes é aplicado. A dificuldade para se enquadrar adequadamente os corpos vítreos dentro de um dos três estados de agregação da matéria, deu lugar a se pensar em integrá-los em um quarto estado de agregação: o estado vítreo. Esta sugestão, entretanto, nunca chegou a ter uma aceitação generalizada. 8.1.1 Propriedades A primeira peça de vidro terá sido fabricada há 4000 anos. Algumas das propriedades dos vidros mais importantes são: • Transparência. • Dureza e fragilidade elevada. • Resistência mecânica. • Resistência à corrosão. • Propriedades isolantes. 108 UNIUBE AMPLIANDO O CONHECIMENTO O vidro é uma das descobertas mais surpreendentes da humanida- de, veja um pouco mais sobre a história do vidro, acessando o link: . 8.1.2 Tipos de vidros O componente básico do vidro de soda-cal é a sílica. Entretanto, os problemas de manufatura têm historicamente levado à introdução de outros materiais para facilitar a produção e melhorar a qualida- de. Infelizmente, esses materiais trouxeram com eles um declina- dor das propriedades que agora procuramos. Considerando o número de materiais disponíveis e necessários para fabricar o vidro, pode-se constatar que o número de tipos de vidro que podem ser feitos é infinito, com composições e desem- penhos muito variáveis. No entanto, os vidros mais usados em edi- fícios entram em cinco grupos, quimicamente classificados e que veremos mais adiante neste capítulo. SAIBA MAIS O vidro é um dos itens mais importantes na construção civil. Confira quais são os tipos de vidros e suas utilidades: . UNIUBE 109 8.1.3 Composição Existem vários tipos de vidros e cada um destes tipos apresentam composições químicas diferenciadas. A seguir, veremos alguns elementos ou compostos químicos muito presentes nos variados tipos de vidro. Sílica, sob a forma de areia, que tem funções vitrificantes e preen- che cerca de 70 a 72% da composição do vidro. Óxido de sódio, sob a forma de carbonato e sulfato, que tem fun- ções de fundente e preenche em 14% a composição do vidro. Óxidos de cálcio e magnésio, sob a forma de calcário e dolomite, que têm funções de estabilizantes e preenchem cerca de 6 a 8% a composição do vidro. A restante composição é feita por diversos óxidos (de alumínio e de magnésio) que melhoram as propriedades físicas do vidro, principalmente o aumento de resistência à ação dos agentes atmosféricos. 8.1.4 Vidros de soda-cal Estes são os vidros maiscomuns, usados no vidro plano, lâmpa- das, recipientes etc. Significantemente, a família de soda-cal é a usada no desenvolvimento do processo “float”. 8.1.5 Vidros de Sílica fundida ou Quartzo Esses incluem o único componente do vidro realmente importan- te, e é caracterizado por altas temperaturas de fusão e trabalho, um coeficiente de expansão térmica baixo (e assim resistência ao choque térmico), e alta resistência química. O seu alto ponto de fusão o torna caro e difícil de produzir como um vidro derretido 110 UNIUBE primário. Os vidros dessa família são aplicados em laboratórios de alta tecnologia. 8.1.6 Vidros de Borossilicato Esses vidros são muito resistentes à corrosão química, e têm um coeficiente de expansão térmica baixo, um terço do coeficiente do vidro de soda-cal (ainda que seis vezes o da sílica fundida). Esta família de vidros tem uma enorme gama de usos: utensílios do- mésticos (Pyrex) e de laboratórios, lâmpadas e ainda é usado em vidros resistentes ao fogo aumentando a resistência ao impacto e baixando o coeficiente de expansão. 8.1.7 Vidros de Chumbo É um vidro com baixas temperaturas de fusão e trabalho, possui um alto índice de refratividade e densidade. A quantidade de óxido de chumbo pode variar muito (até três vezes), e vidros com alto teor de chumbo (onde o óxido de chumbo compreende até 80% do total) são usados como protetores de radiação. 8.1.8 Vidros de silicato de alumínio Enquanto ainda compreende mais de 50% de sílica, o alumínio, contudo, nesses vidros é dez vezes maior do que nos de soda-cal. O óxido de boro também está presente, e o vidro resultante tem uma grande durabilidade química. 8.1.9 Vidros com Lâminas (Impressos) Os vidros com lâmina distinguem-se dos vidros planos em razão do seu método de manufatura, antes dos materiais que o con- têm. Apesar disso, esta é uma importante família a se considerar, UNIUBE 111 envolvendo a modificação de uma ou ambas superfícies durante o processo de laminação, eles compreendem um grupo de vidros no qual a natureza da transparência é alterada: distorções na superfície alteram o padrão de transmissão da radiação por refracção, e resulta em obscurações visuais. O desenvolvimento recente no desenho e manufatura de padrões abriram uma nova gama de produtos. 8.1.10 Vidros com Lâminas Convencionais Vidro Natural: esse é um produto laminado com ou sem uma for- ma padrão, produzido pelo processo de laminação simples porque é opticamente plano, superfícies paralelas não são exigidas. O pa- drão, se existe um, aparece em uma superfície somente. Vidro Ornamental: essa categoria cobre o grupo de vidros dese- nhados para obscurecer tanto para efeito decorativo como para alta dispersão e redução do brilho ofuscante. Vidro “Greenhouse”: essa é uma forma mais precisa, com uma superfície especialmente desenhada para dispersar eventualmente a radiação solar. Vidro Aramado: esse usa métodos de laminação para implantar uma malha de arame no vidro para sustentá-lo junto no caso de quebra, por dano mecânico ou fogo. Pode ser natural ou polido. Tradicionalmente, vidros aramados têm tido um lugar importante no projeto de edifícios, sendo um produto que foi cedo considerado conveniente para certos locais de risco. 8.1.11 Vidro Antirrefletivo A reflexão da luz golpeando perpendicularmente a superfície do vidro é de cerca de quatro por cento, e essa aumenta na medida 112 UNIUBE em que o ângulo torna-se oblíquo. A necessidade de boa visão por meio de um vidro ininterrupta pela reflexão na superfície é usual- mente requerida por vidros de gravuras. Existe, entretanto, muitas aplicações onde tal vista é uma vantagem, ou essencial como em lentes e óptica. 8.1.12 Vidros Temperados Endurecido, ou temperado, é uma das duas maneiras geralmente usadas para melhorar a resistência do vidro, ao mesmo tempo al- terando as suas características de quebra. Os termos diferem nas diferentes partes do mundo, mas uma distinção é geralmente feita entre o temperado (totalmente temperado) e o semitemperado. O temperado é necessário para dar uma força genuína ao produto; o semitemperado é usado para aumentar a resistência ao esforço térmico. O processo de temperamento envolve o aquecimento e rápido apagamento do vidro. A temperatura atingida é em torno de 150ºC acima da temperatura de transformação, e o vidro é assim plástico. O arrefecimento da superfície a solidifica, enquanto o in- terior do vidro ainda está esfriando-se e contraindo-se. Na medida em que o interior continua a contrair, ele coloca a zona superficial em compressão, e é estendido em tensão. Em um material típico 60% da parte interior está em tensão, e a parte superficial, corres- pondendo a 20% em cada lado está em compressão. Um vidro produzido nesse estado exibe a característica de quando quebrado fragmenta-se em pequenos pedaços, comparativamente seguro, sem bordas pontiagudas. Vidros temperados podem ser produzidos com uma resistência à flambagem quatro à cinco vezes maior do que um vidro não tem- perado. A decisão de especificar esse tipo de vidro deve balance- ar a necessidade de um produto forte com o desejo de criar um UNIUBE 113 produto seguro. O termo vidro seguro deve ser usado com caução. A propriedade do vidro temperado que o faz parecer seguro é que quando quebrado as bordas dos pedaços são arredondadas e as dimensões deles são pequenas. Entretanto, 5m² de um vidro pla- no com 10 mm de espessura pesa 125 kg, e essa quantidade de material fragmentado caindo de um andar ou mais de altura pode causar grandes estragos, mesmo se as partículas sejam pequenas e arredondadas. Todos os vidros planos incluindo os vidros de borossilicato, podem ser temperados. O processo, sem dúvida, transforma o vidro em um produto superior em termos de resistência que tem, entretanto, a desvantagem significante de não poder ser trabalhado (ser corta- do, polir as bordas, ser perfurado) depois do processo de tempera- mento e deve ser cuidadosamente trabalhado antes do processo. 8.1.13 Vidros Quimicamente Reforçados Esses vidros são produzidos substituindo íons pequenos da zona superficial do vidro por íons grandes, assim colocando a superfície sob compressão como nos vidros temperados. O processo é muito lento e mais indicado para vidros muito finos que não podem ou são muito difíceis de serem temperados. O uso corrente é de lentes ópticas reforçadas e lâmpadas elétricas. 8.1.14 Vidros Laminados Esses produtos estendem-se desde simples vidros de segurança até complexos sistemas multicamadas e na combinação de vidros e plásticos, constituem um grupo de vidros extremamente importante. O princípio básico por trás do uso do vidro laminado é a combina- ção do vidro rígido e durável, mas quebradiço, com as propriedades 114 UNIUBE elásticas do plástico. A chave para o sucesso é a adesão, e a téc- nica de manufatura convencional envolve o uso de uma folha de polivinil butiral (PVB). Ele é colocado entre duas camadas de vidro, comprimido e então autoclavando por em torno de quatro horas a 140ºC sob uma pressão de 120 lb/sq. O tratamento transforma o PVB em uma camada adesiva clara e rija. Uma grande gama de produtos está disponível e a técnica proporciona campo de ação para a criação, mas o produto mais simples é a folha padrão de 6,4mm, compreendendo duas folhas de vidro de 3 mm e uma inter- camada de 0,4mm de PVB. Tais vidros apresentam quatro principais vantagens sobre o uso do vidro plano sozinho: • Segurança: o vidro em uma vidraça quebrada permanecerá aderido à camada de PVB, minimizando o risco de danos e ferimentos; • Garantia: vidros laminados, particularmente produtos multila- minados, podem proporcionar resistência a severos ataques armados ou explosão. Multicamadas de até 100 mm ou mais podem ser produzidos; • Redução Sonora: a camada elástica de PVB (é o plástico na Figura a seguir) proporciona um efeito de amortecimento na pressão das ondas sonoras. UNIUBE115 Fonte: . Acesso em: 22 abr. 2016 8.1.15 Vidro Espelhado Constituído por uma base de vidro comum, à qual são adicionadas camadas de prata refletiva, cobre protetor, pintura anticorrosiva e pintura cinzenta de acabamento. O vidro apresenta elevadas refle- xões luminosa e visual. 8.1.16 Vidro Estrutural Um dos sistemas de envidraçamento é conhecido como “Spiderglass”, devido às “aranhas” de aço inoxidável ou alumínio que fazem a sustentação, conforme Figura a seguir. 116 UNIUBE Fonte: . Acesso em: 22 abr. 2016 8.1.17 Considerações Finais Chegamos ao fim não só deste capítulo VIII, mas ao final também deste livro de Materiais de Construção Civil II. Em relação ao capítulo VIII, pudemos estudar os vidros. Materiais muito utilizados em edificações em todo o mundo há muitos anos. Depois de saber suas definições técnicas, pudemos estudar suas características e propriedades. Os componentes dos vidros também foram alvo de estudo neste capítulo. Descobrimos sua origem, e ainda pudemos saber mais das suas funções. Depois de conseguirmos estudar todas estas informações sobre os vidros, seus componentes e formulações, obtivemos uma ampla lista de tipos de vidros e suas respectivas aplicações. Já em relação ao término do livro, podemos considerar que esta- mos aptos(as) a seguir para a próxima fase. UNIUBE 117 CONCLUSÃO Chegamos ao fim não só deste capítulo VIII, mas ao final também deste livro de Materiais de Construção Civil II. Neste livro pudemos estudar materiais como a argamassa, que como visto, é a mistura de outros materiais já estudados na disci- plina de Materiais de Construção Civil I, que são os agregados e aglomerantes. Se analisarmos friamente é a partir daí que come- çamos realmente a entender os motivos pelos quais estudamos as britas, as areias, cal, gesso e cimento. Quando os estudamos isoladamente, pode parecer estranho, porém importantíssimo. No capítulo II, o estudo dos aditivos nos mostrou suas várias fun- ções e que nos dias atuais, são mais usados do que imaginamos. Suas aplicações acabam sendo quase que indispensáveis. Um material, simples e aparentemente inofensivo, a água tem suas particularidades e com isso nos preocupamos com sua qualidade para resultar em argamassas e concretos sadios, conforme abor- dado no capítulo III deste livro. Não poderíamos deixar de falar do concreto novamente. No livro de Materiais de Construção Civil I, estudamos mesmo que rapidamen- te o concreto, mas por ser um dos materiais mais utilizados pelos engenheiros nas obras do mundo todo, separamos mais alguns capítulos neste livro II para entendermos melhor ainda seus con- ceitos, aplicações e tipos. Ainda assim, outros dois capítulos foram dedicados a uma etapa fundamental na construção, que é a concretagem. E finalizando este livro II, abordamos os vidros, com sua definição, fabricação e seus tipos, muitos aplicados na construção civil. Espero que tenha aproveitado muito esta disciplina, pois estes co- nhecimentos você levará para carreira profissional. Sucesso! 118 UNIUBE Referências ARAÚJO, R. C. L.; RODRIGUES, L. H. V.; FREITAS, E. G. A. Materiais de cons- trução. Rio de Janeiro, 2000. Cap. 5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM. Manual do Concreto dosado em central. São Paulo: ABESC, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11768: Aditivos químicos para concreto de cimento Portland - Requisitos. Rio de Janeiro, 2011. ______. NBR 12655: Concreto de cimento Portland - Preparo, controle, recebi- mento e aceitação – Procedimento. Rio de Janeiro, 2015. ______. NBR 12655: Preparo, controle e recebimento de concreto – procedi- mento. Rio de Janeiro, 2006. ______. NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ______. NBR 13529: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgâni- cas — Terminologia. Rio de Janeiro, 2013. BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. Vol. 1. ______. ______. ______. Rio de Janeiro: LTC, 2011. Vol. 2. CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos: avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao es- tudo do mecanismo da ligação. 1996. 285f. Tese (Doutorado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. CIMENTO.ORG - o Mundo do cimento. Tipos de Cimento. (2012). Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2016. ENFOQUE. Vidro Arquitetura. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2016. ENGENHARIA CIVIL, CONSTRUÇÕES E ARQUITETURA. Tabela de Composições de Preços para Orçamentos. 13. ed. São Paulo: Pini, 2010. HELENE, P. R. L. Sustentabilidade das estruturas de concreto. Jornal Informativo. UNIUBE 119 6. ed. Concrete Show South América. Concrete Show New, 2012. ISAIA, G. C. Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenha- ria de materiais. 2. ed. São Paulo: Ibracon, 2010. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, Propriedades e Materiais. Trad. coord. Paulo R. L. Helene. 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Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução ArgamassasCapítulo 1 Neste capítulo, iremos trabalhar e entender o porquê de estudar as argamassas e suas aplicações. Muitos alunos de engenharia, e é comum isso, se dedicam na maior parte de seu tempo ao estudo das disciplinas de cálculo. Porém, é fundamental o embasamento teórico dos conceitos para entendimento até mesmo dos cálculos. A disciplina de Materiais de Construção Civil II é a base das disciplinas específi cas para os futuros engenheiros civis. É nesta disciplina que os alunos aprenderão e começarão a falar em engenharia civil. Terão contato com assuntos que terão que levar consigo para toda a vida profi ssional. O início dos estudos em materiais de construção é com um dos materiais mais utilizados na construção civil, a argamassa, a qual pode-se dizer que serve como base para a produção de um dos materiais mais utilizados no planeta, que é o concreto. Mas afi nal, o que é a argamassa? Qual sua fi nalidade? Estudaremos tudo isso neste capítulo e ainda teremos a oportunidade de conhecermos as várias maneiras as quais ela pode ser aplicada na construção civil. A leitura está bastante simples e de fácil entendimento. Você verá que existem muitos termos técnicos ao longo deste capítulo, mas 10 UNIUBE • Compreender a importância da argamassa. • Definir argamassa. • Conhecer as propriedades desejáveis na argamassa. • Saber a capacidade de retenção de água apresentada pela argamassa. • Compreender o desenvolvimento da resistência na argamassa. • Classificar argamassa de revestimento. • Saber a aplicabilidade da argamassa. • Saber o porquê estudar materiais de construção civil. • O que são as argamassas na construção civil. • Diferenciar as características das argamassas. • Quais são as características apresentadas pela argamassa. • Classificar as argamassas de acordo com sua consistência e plasticidade. • Qual é a capacidade de retenção de água das argamassas. • Aplicar as argamassas na construção civil. Objetivos Esquema como disse anteriormente, são assuntos, termos, que conviverão por toda a sua jornada de engenheiro civil. Querido(a) acadêmico(a), esperamos que você consiga se aproveitar bastante durante os estudos desta unidade. Sigamos em frente! UNIUBE 11 Definição1.1 O conceito argamassa é definido como um material de construção composto por uma combinação homogênea de um ou mais aglo- merantes inorgânicos (cimento ou cal), agregado miúdo (areia) e água. A essa mistura pode-se também ser acrescentada alguns produtos especiais (aditivos ou adições) com a intenção de apri- morar ou conferir estabelecidas propriedades ao conjunto que po- dem ser dosadas na obra ou em instalações próprias (ABNT NBR 13281; ISAIA, 2010). Alguns pesquisadores citam que a argamassa surgiu na Pérsia Antiga e seus habitantes utilizavam a alvenaria de tijolos secos ao sol com assentamento de argamassas de cal. Seu desenvolvimento como sistema construtivo ocorreu em Roma. Durante o império romano os homens tiveram a ideia de misturar um material aglomerante, a pozolana (cinzas vulcânicas), com ma- teriais inertes, dando origem às primeiras argamassas. As argamassas possuem características desejáveis para assenta- mento e outras características para argamassas que são consti- tuintes do concreto de cimento Portland. Para esta última é exigida, basicamente, a resistência a esforços mecânicos, enquanto que para a argamassa de assentamento são fundamentais as carac- terísticas de trabalhabilidade, aderência e deformabilidade (quan- do endurecida) tendo a resistência uma relevância secundária (SABBATINI, 1989). De uma maneira geral, as argamassas são materiais de construção sem forma ou função definida. Em particular, as argamassas de 12 UNIUBE assentamento apesar de não terem forma definida, possuem uma função específica: destinam-se ao assentamento de componentes de alvenaria. A junta de argamassa é um componente com forma e funções bem estipuladas. 1.1.1 Propriedades desejáveis das Argamassas As funções primárias das juntas de argamassa em uma parede de alvenaria descritas por Isaia (2010) são: 1. Aderir solidamente os elementos de alvenaria e ajudá-las a resistir aos esforços laterais; 2. Distribuir igualmente as cargas atuantes na parede por toda a área resistente dos componentes de alvenaria; 3. Absorver as deformações naturais a que a alvenaria estiver sujeita; 4. Selar as juntas contra a penetração de água de chuva. Segundo Plummer (1962 apud SABBATINI, 1989), uma compara- ção com o concreto pode ser usada para definir enfaticamente a função da argamassa de assentamento: Os ingredientes principais das argamassas de assentamento e do concreto são equivalentes e, por esta razão, a teoria que tem prevalecido nas últimas décadas é a de que os materiais e méto- dos que produzem concretos resistentes e durá- veis são aplicáveis as argamassas de alvenaria. Ensaios de laboratório, bem como o comporta- mento de estruturas de alvenaria indicam que, em muitos casos, isso não é verdade. Tal concepção errônea é evidente se se considerar que o con- creto por si próprio é um material estrutural, en- quanto que a argamassa é empregada para unir UNIUBE 13 componentes estruturais entre si, e portanto, age como adesivo e selante. Por esta razão, a fun- ção primária de uma argamassa de alvenaria é desenvolver uma completa, resistente e durável aderência entre as unidades de alvenaria (p.8). Uma das principais funções das argamassas é unificar elementos de vedação e/ou revestimentos, tornando peças monolíticas, ou seja, uma única peça. Para que a argamassa tenha capacidade de prover as funções cita- das ela deve apresentar as seguintes características (ISAIA, 2010): a. ter trabalhabilidade (consistência, plasticidade e coesão) su- ficiente para que o pedreiro forneça com rendimento aperfei- çoado uma produção satisfatória, rápida e econômica; b. ter capacidade de retenção de água suficiente para que uma elevada sucção do elemento não prejudique as suas funções primárias; c. alcançar com rapidez a resistência após assentada a fim de resistir a esforços que possam atuar durante a construção; d. desenvolver resistência adequada para não comprometer a alvenaria da qual faz parte. Não deve, no entanto, ser mais resistente que os componentes que ela une; e. ter adequada aderência aos componentes a fim de que a in- terface possa resistir a esforços cisalhantes e de tração e pro- ver a alvenaria de juntas estanques à água de chuva; f. manter durável e a fim de não acometer a durabilidade de outros materiais ou da construção como um todo; 14 UNIUBE g. acondicionar as deformações intrínsecas (retração na se- cagem e de origem térmica) e as decorrentes de movimentos estruturais (de pequena amplitude) da parede de alvenaria, sem fissurar. 1.1.2 Trabalhabilidade Existem autores que consideram a trabalhabilidade a propriedade mais importante das argamassas, no estado fresco. A importância da trabalhabilidade é que pelas suas características reológicas e por influenciar diretamente na qualidade e produtividade do serviço do pedreiro, todas as outas propriedades desejáveis dependem dela. Ela é uma propriedade de avaliação de difícil definição, pois é ar- bitrária e pessoal, sendo na realidade uma combinação de várias características reológicas da argamassa: plasticidade, coesão, consistência, viscosidade, adesão e massa específica. Considera-se uma boa trabalhabilidade da argamassa quando ela distribui-se facilmente ao ser assentada preenchendo todas as re- entrâncias. Ela agarra à colher de pedreiro quando transportada, mas não agarra quando distribuída no componente de alvenaria. A argamassa não se afasta ao ser transportada, não enrijece em co- nexão com o componente de sucção elevada(blocos, por exemplo) e permanece plástica por tempo suficiente para que os componen- tes sejam ajustados facilmente no nível e no prumo. Apenas as argamassas de cimento possuem pouca trabalhabilida- de. A inclusão de água, até determinado limite, aperfeiçoa esta pro- priedade, todavia piora todas as outras, e deve ser sempre evitada. A adição de cal aumenta a trabalhabilidade, pois diminui a tensão leve da pasta e contribui para molhar perfeitamente os agregados. UNIUBE 15 PARADA OBRIGATÓRIA É de extrema importância lembrar o conteúdo visto no livro Materiais de Construção Civil I, onde abordamos a defini- ção do fator água/cimento e sua relação com a qualidade e resistência apresentada pelo concreto. Sendo necessário, portan- to, uma dosagem específica para obter a trabalhabilidade necessá- ria para suprir as necessidades apresentadas por cada obra. 1.1.3 Características reológicas das argamassas Definição das características reológicas das argamassas, confor- me Bauer (2011). RELEMBRANDO! No livro de Materiais de Construção Civil I, tivemos a definição de reologia, ou o termo características reológicas. Assim, para que en- tendam melhor alguns termos técnicos aqui apresentados, é impor- tante relembrarmos da definição de reologia, que significa a ciência que estuda a deformação e o escoamento de corpos sólidos ou fluídos (gases ou líquidos). Uma vez relembrado o termo reologia, podemos agora prosseguir (SILVA, 2015): • Plasticidade: É a propriedade pela qual a argamassa ten- de a conservar-se deformada após a retirada das tensões de deformação. • Coesão: Refere-se às forças físicas de atração existentes en- tre as partículas sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante. 16 UNIUBE • Consistência: É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob ação de cargas. • Viscosidade: é a propriedade física que caracteriza a resis- tência de um fluído ao escoamento. Em outras palavras, é a propriedade associada à resistência que um fluído oferece à deformação por cisalhamento, tipo de tensão gerado por forças aplicadas em sentidos opostos, porém, em direções semelhantes no material analisado. • Adesão inicial: União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato. • Massa específica: também podemos chamar de densida- de da massa, que é a relação entre a massa e o volume de material. • Exsudação: É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que a água sobe e os agregados des- cem pelo efeito da gravidade. Argamassas de consistência fluida apresentam maior tendência à exsudação. SAIBA MAIS Segue um link para maior conhecimento das propriedades apre- sentadas pela argamassa, como trabalhabilidade e plasticidade. . As argamassas podem ser classificadas em relação à sua consis- tência e plasticidade, conforme descreve Isaia (2010) em: UNIUBE 17 • Argamassa seca: também denominada pelo tipo “farofa” tem a característica de uma pasta aglomerante que apenas pre- enche os vazios entre os agregados, permitindo-se ainda em contato. O atrito entre as partículas existe e resulta em uma massa áspera. • Argamassa plástica: uma fina camada de pasta aglomeran- te “molha” a superfície dos agregados, dando uma boa ade- são entre eles com uma estrutura pseudo-sólida (líquida de alta viscosidade). • Argamassa fluída: as partículas de agregado estão imersas no interior da pasta aglomerante, sem coesão interna e com tendência de depositar-se por gravidade (segregação). Os grãos de areia não oferecem nenhuma resistência ao desliza- mento, mas a argamassa é tão líquida que se espalha sobre a base, sem permitir a execução adequada do trabalho. Consistência das argamassas Fonte: Rosello (1976 apud CARASEK, 1996) 1.1.4 Capacidade de retenção de água A retenção de água é entendida como a capacidade que a arga- massa possui de reter a água que contém quando colocada em 18 UNIUBE contato com as superfícies absortivas, que têm alto poder de ab- sorver água. A capacidade de retenção de água da argamassa pode ser satis- fatória quando aumentada a superfície específica dos constituintes ou utilizando-se aditivos que por suas características absorvam a água (por exemplo, derivados da celulose). A cal apresenta boas características de retenção de água não só em razão de sua eleva- da superfície específica, mas também, devido à grande capacidade adsortiva (quando as moléculas de água ficam na superfície dos grãos) de seus cristais (até 100% do seu montante). IMPORTANTE! Aditivos são produtos que quando adicionados ao concreto e ar- gamassas alteram algumas de suas propriedades. No mercado existem diversos tipos de aditivos os quais variam sua aplicação de acordo com a necessidade apresentada pela obra. No próximo capítulo, iremos nos aprofundar mais sobre este tema. 1.1.5 Aderência A aderência pode ser definida como a capacidade que a interface superfície-argamassa possui de absorver tensões tangenciais (ci- salhamento) e normais (tração) a ela, sem fragmentar-se. Desta aderência depende a monolicidade da parede e a resistência da alvenaria frente a solicitações provocadas por: deformações volu- métricas (citamos: dilatação térmica e retração hidráulica); upload perpendiculares excêntricos; esforços ortogonais à parede (cargas de vento) etc. É de extrema importância a aderência tanto na argamassa fresca como na argamassa enrijecida. UNIUBE 19 1.1.6 Resistência A constância à compressão das argamassas inicializa com o enri- jecimento e aumento incessantemente com o tempo. As argamas- sas exclusivamente de cal e areia desenvolvem uma resistência pequena e de modo lento e cujo montante irá variar muito da umi- dade conveniente e da adequada absorção do dióxido de carbono do ar para ser atingida. Ao contrário, as argamassas de cimento dependem menos das condições ambientais, para aperfeiçoar a resistência à compressão desejada. A resistência requerida para uma argamassa a ser empregada na alvenaria estrutural irá variar com a resistência à compressão dos elementos. 1.1.7 Argamassas de Revestimento Conforme classificada na ABNT NBR 13529:2013 as funções das proporções constantes na camada de revestimento recebem deno- minados nomes, os mais citados possuem o emprego: • Chapisco: camada de preparo da base, aplicada de for- ma contínua ou descontínua, com finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento. • Emboço: camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a base, propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de reboco ou de revestimento decora- tivo (por exemplo, cerâmica). • Reboco: camada de revestimento utilizada para cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou que se constitua no acabamento final. 20 UNIUBE • Camada única: revestimento de um único tipo de argamassa aplicado à base, sobre o qual é aplicada uma camada decora- tiva, por exemplo, a pintura; também chamado popularmente de “massa única” ou “reboco paulista” é atualmente a alterna- tiva mais empregada no Brasil. Camadas dos revestimentos de argamassa Fonte: Cimento Org (2012) Para um embasamento, pode-se adotar traços específicos de ar- gamassas para cada uma das camadas de aplicação. Segundo a TCPO (TABELA DE COMPOSIÇÕES DE PREÇOS PARA ORÇAMENTOS, 2013) sugere: • Chapisco: 1:3 (cimento e areia grossa lavada); • Emboço: 1:1:6 (cimento, cal aditivada, areia média lavada); • Reboco externo: 1:2:8 (cimento, cal, areia fina lavada); • Reboco interno: 1:2:10 (cimento, cal, areia fina lavada). UNIUBE 21 PARADA OBRIGATÓRIA Mas o que é um traço para a argamassa? Traço é proporção relativa entre os constituintes da argamassa (com exceção da água). Sendo sempre respeitada a ordem dos componentes presentes, por exemplo: 1 :m : x Onde o 1 será sempre o cimento, o m será o outro aglomerante (cal ou gesso) e o x será o agregado miúdo (areia). 1.1.8 Considerações Finais Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final deste capítulo, que tratou sobre as argamassas, com o intuito de entendermos um dos princi- pais e mais utilizados materiais dentro da construção civil. Neste primeiro momento pode parecer estranho e surgir algumas dúvidas, mas tenho observado exatamente isso ao longo dos anos com muitos alunos, porém, você irá entender melhor conforme for- mos avançando no livro. Neste capítulo pôde definir as argamassas, entendendo quais são as propriedades desejáveis que as mesmas devam apresentar, bem como suas classificações e aplicações na construção civil. Pôde também entender o desenvolvimento pelo qual a argamassa passa para ganhar resistência à importância da trabalhabilidade do concreto, visto que ela influencia diretamente a qualidade e desem- penho de todas as outras propriedades. 22 UNIUBE Quanto à aplicabilidade, ou seja, o uso das argamassas, pudemos discutir sobre a classificação que elas apresentam de acordo com sua resistência tendo, portanto: argamassas secas, plásticas e fluidas. Viu que existe uma série de aplicações para cada uma delas no campo da engenharia civil. Por último, definimos as argamassas de revestimento: chapisco, emboço, reboco e camada única, o chapisco diz respeito à camada base, o emboço a camada mais espessa, utilizada para regularizar possíveis imperfeições e, por último, a camada única sendo esta o revestimento de acabamento. Este capítulo nos prepara para seguir adiante, dando fundamenta- ções técnicas e recursos para futuros entendimentos. Esperamos que você consiga sair deste estudo, fazendo um víncu- lo com seus conhecimentos prévios, aumentando todas as ligações de conteúdo, reformulando seus raciocínios e posturas. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução AditivosCapítulo 2 Neste capítulo, vamos falar sobre os aditivos, mais um elemento importante dentro dos materiais de construção civil. A defi nição dos aditivos se faz presente neste capítulo. Assim como o estudo de suas aplicações e fi nalidades. No estudo dos aditivos iremos entender que estes produtos são responsáveis por alterar as propriedades de argamassas e concretos em estado fresco ou endurecido, tendo como fi nalidade ampliar suas qualidades. Os aditivos apresentam diversas fi nalidades conforme sua classifi cação, podendo ser: plastifi cante, acelerador, retardador, plastifi cante e retardador, incorporador de ar, superplastifi cante, superplastifi cante acelerador e, por fi m, superplastifi cante retardador. Depois, abordaremos onde se fazem necessárias as aplicações de cada tipo de aditivo, e como eles se comportam quando adicionados a argamassas ou concretos. Veremos ainda, como as moléculas de aditivo reagem ao entrarem em contato com os grãos de cimento em cada tipo de aditivo. Querido(a) acadêmico(a), torcemos para que você seja capaz de usufruir satisfatoriamente dos estudos expostos neste exemplar. Convido-o(a) a percorrer os próximos capítulos! • Compreender a importância dos aditivos na construção civil. • Definir aditivos. • Classificar os aditivos. • Conhecer os tipos de aditivos presentes no mercado. • Conhecer o processo químico gerado no concreto, quando há o emprego de aditivos. • Saber a aplicabilidade dos aditivos. O que é aditivo. Qual a finalidade do aditivo. Classificação dos aditivos. Quais os efeitos ocasionados pelos aditivos. Estudo da aplicabilidade dos aditivos. Objetivos Esquema Definição2.1 É considerado aditivo todo produto que adicionado em pequena proporção em argamassas ou concretos, no momento da mistura, com a finalidade de modificar, no sentido favorável, as proprieda- des desse conglomerado, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido. O aditivo só se faz necessário se for para melhorar alguma característica das argamassas e concretos, caso contrário, não é utilizado (BAUER, 2011). UNIUBE 25 2.1.1 Ampliando o Conhecimento Em alguns casos, diz-se que os aditivos são o quarto elemento do concreto sendo, portanto, de fundamental importância em sua composição. Acesse o link para maiores informações sobre o as- sunto abordado. . 2.1.2 Finalidades Existe uma gama de finalidades em relação ao uso dos aditivos que dependem da sua aplicação. Entre essas finalidades, pode- mos citar: • Aumentar a trabalhabilidade ou plasticidade do concreto; • Diminuir o consumo de cimento (custo); • Acelerar ou retardar o tempo de pega; • Diminuir a retração; • Elevar a durabilidade: • Inibindo a corrosão das armaduras; • Neutralizando as reações álcali-agregado; • Moderar a consequência do ataque por sulfatos; • Reduzir a permeabilidade. 26 UNIUBE 2.1.3 Classificação Baseada na ação ou nos efeitos, os aditivos podem ser classifica- dos. O critério baseado na ação é mais científico e se difere por ações apenas química e física. Uma ação química pode ser interpretada como sendo aquela que irá modificar a solubilidade dos compostos do cimento. Já por ação física, podemos entender as ações atuantes por forças de absorção de Van der Walls com natureza tensoativa, modifican- do a tensão superficial da fase líquida e ainda, a tensão na interfa- ce entre as fases líquida, sólida e gasosa. O termo tensoativo significa dizer que as moléculas de água nas interfaces “água - ar” e “água - sólido”, tenham menor coesão, au- mentando com isso a capacidade de molhabilidade da água, bem como seu poder de penetração. De uma forma mais simplista, quando aplicamos os aditivos tensoativo, deixamos a pasta de ar- gamassa ou de concreto mais “líquida”, facilitando o escoamento. RELEMBRANDO! Como já estudamos no capítulo I deste livro, o termo coesão refe- re-se às forças físicas de atração existentes entre as partículas só- lidas da argamassa e/ou concreto e as ligações químicas da pasta aglomerante. Para classificar os aditivos, podemos propor seus agrupamentos e o estudo de suas respectivas características principais ou que predominam. Assim, segue uma tabela resumindo tal classificação com os diversos tipos de aditivos e suas funções. UNIUBE 27 A norma ABNT NBR-11768:1992 classifica alguns dos tipos de aditivos: Fonte: (ABNT NBR-11768:1992) 2.1.4 Aditivos Plastificantes – do tipo P Os aditivos do tipo plastificantes ou redutores água (P) são mui- to utilizados quando são necessários seu uso para as seguintes situações: • Obter uma resistência mais elevada pela redução da relação água/cimento para a mesma trabalhabilidade de uma mistura sem aditivo; • Obter a mesma trabalhabilidade pela redução do teor de ci- mento, bem como para reduzir o calor de hidratação em concretos-massa; 28 UNIUBE • Aumentar a trabalhabilidade de modo a facilitar o lança- mento de argamassas e concretos em locais distantes ou inacessíveis. Os agentes tensoativos presentes neste tipo de aditivos são molécu- las com extremidades laterais com cargas negativas. Um dos lados adere aos grãos de cimento (superfície positiva), e outra face com carga negativa evidenciada. A repulsão elétrica em ambas as cargas negativas afasta os grãos de cimento cobertos pelo aditivo assegu- rando a trabalhabilidade, como se pode ver nas figuras a seguir. Cimento Cimento UNIUBE 29 Cimento Período de eficiência dos aditivos plastificantes depende da quan- tidade aplicada (0,2 a 0,6% do peso de cimento), da temperatura ambiente (maior temperatura diminui o tempo), da finura do cimen- to (mais fino, menor período) e normalmente aditivos do tipo P têm uma eficiência entre 2 a 4 horas. 2.1.5 Aditivos Superplastificantes (SP) Assim como os plastificantes (P), os aditivos do tipo superplastifi- cantes (SP) também são redutores de água. A diferença entre eles é que os superplastificantes têm um poder de ação maior que os plastificantes ecom isso podem reduzir mais a quantidade de água de amassamento nas argamassas e concretos. 30 UNIUBE DICAS Segue um link para maior conhecimento das possíveis aplicações dos aditivos superplastificantes. . Os superplastificantes são utilizados para produzir concretos de alta resistência e concretos autoadensáveis, utilizando como “flui- dificantes”. Tais concretos autoadensáveis são considerados con- cretos especiais e com aplicações específicas, sendo conhecidos comumente como concretos fluídos, de baixa viscosidade. Estes superplastificantes são à base de formaldeído-sulfonado ou de naf- taleno com inclusão de um copolímero. Com o contato a estes pro- dutos químicos, as partículas do cimento se dispersam mais facil- mente, tornando-as carregadas negativamente, acontecendo uma repulsão eletrostática, o que faz com que o concreto diminua sua tensão superficial e melhora sua trabalhabilidade, de forma a ficar mais fluído (NEVILLE, 2013). Quando o objetivo é obter altas resistências mecânicas e com certa trabalhabilidade, a aplicação de aditivos do tipo superplastificantes pode-se chegar a mais de 20% de redução de água, utilizando-se com isso baixas relações no fator água/cimento. Uma das únicas desvantagens do uso deste tipo de aditivos é o custo relativamente alto, devido ao elevado custo de sua produção. UNIUBE 31 2.1.6 Incorporadores de ar (LAR) Os aditivos do tipo incorporadores de ar também têm funções ten- soativas, como já estudamos neste capítulo II. Outra função deste tipo de aditivo e como seu próprio nome diz, é incorporar pequenas bolhas de ar dentro do concreto. Você deve estar se perguntando, se o fato de adicionarmos bolhas de ar não acarretaria uma diminuição na resistência do concreto? A resposta é simples, sim. Porém, podemos explicar da seguinte ma- neira. O concreto é fabricado pela mistura de cimento e agregados e com uma certa quantidade de água. Acontece que se colocarmos uma quantidade de água maior, ocorre uma evaporação maior dela pelo aumento da temperatura na reação de hidratação do cimento. Isso provoca bolhas de ar maiores fazendo com que o concreto tenha uma absorção de água superior e uma menor resistência depois de endurecido (BAUER, 2011). Assim podemos concluir que os aditivos do tipo IAR, reduzem a tensão superficial da água e absorvem ou agregam ar ao concreto, prendendo-o em bolhas de 0,1 a 0,8mm, que são bem menores e não interferem muito no aumento significativo da absorção de água no concreto. O grau de eficiência deste aditivo depende da presen- ça de finos, quanto mais finos (em virtude do alto consumo de ci- mento), menos ar é incorporado. E é claro, como falamos, o exces- so de ar incorporado diminui a resistência mecânica do concreto. Outra função dos aditivos do tipo IAR, é a inclusão de ar de forma preventiva, pois aumenta a resistência do concreto à deterioração em razão aos ciclos de gelo/degelo. Geram bolhas de ar sólidas, fortes, pequenas e próximas umas das outras. Tais bolhas de ar neste caso atuam como se fossem pequeninas formas que arma- zenam a água que é absorvida. Quando a temperatura ambiente 32 UNIUBE baixa de 0ºC, a água que está no interior do concreto congela e na transformação de água líquida para água sólida pode aumentar de volume até 9%, causando trincas internas irreversíveis compro- metendo a qualidade do concreto. Assim, as pequeninas bolhas criadas pelo IAR armazenam esta água e quando as temperaturas caem e ocorre a transformação em gelo, esta expansão do volume é minimizada, pois a água passa a ter espaço para expandir-se como gelo. Este mecanismo inibe trincas internas preservando a qualidade do concreto. Fonte: Metha e Monteiro (2006) UNIUBE 33 2.1.7 Aditivos modificadores do tempo de pega Estes aditivos afetam o tempo de pega e desenvolvimento do en- durecimento de argamassas e concretos. Prejudicando diretamen- te na facilidade de dissolução na água do cimento, sendo os ace- leradores que facilitam a dissolução do cimento, e os retardadores dificultam. Sua composição química e a finura do cimento afetam a velocidade de aceleração (BAUER, 2011). IMPORTANTE! No capítulo III do livro Materiais de Construção Civil I, abordamos a definição de tempo de pega do concreto, lembrando que a pega, em outras palavras, é o processo de endurecimento pelo qual o concreto passa. 2.1.8 Aceleradores do tempo de pega (A) São aditivos que aceleram o endurecimento ou o desenvolvimento da resistência inicial do concreto ou até mesmo de argamassas. Este aditivo não interfere sobre o tempo de início de pega. Porém, na prática o tempo de pega é reduzido. Podemos considerar como aplicações deste tipo de aditivo: • Concretagens em clima frio; • Redução do tempo de aplicação de procedimentos de cura; • Aumenta a resistência inicial, acelerando a desforma – peças pré-moldadas; • Reduz a exsudação; 34 UNIUBE • Aceleram o início de serviços de acabamento (ex.: pisos); • Possibilita lançar o concreto em temperaturas de até 7°C ne- gativos sem o congelamento da água; • Provocam uma pega mais rápida e desenvolvimento mais rá- pido de resistência; • Permitem a moldagem do concreto em temperaturas mais baixas, reduzindo o tempo de acabamento dos projetos; • Possibilitam a liberação de pavimentos mais cedo para o tráfego. 2.1.9 Retardadores do tempo de pega (R) Os aditivos do tipo R, trazem flexibilidade no tempo de pega do concreto, aumentando o tempo de trabalhabilidade e acabamento do concreto, sendo adequados para aplicações mais complexas em condições de climas quentes. Possibilitam ainda algumas aplicações, como: • Concretagens longas. • Melhor distribuição do calor de hidratação. • Menor retração do concreto. • Acima da concentração limite o comportamento fica instável no início de pega. • Retardamento pode variar entre seis e oito horas. UNIUBE 35 • Afetam as resistências iniciais (primeiras horas e dias). • Não prejudicam a resistência final. PARADA PARA REFLEXÃO Conforme os tipos de aditivos apresentados e suas prin- cipais características, verifique qual aditivo recomendado para a concretagem de laje localizada no 20º pavimento de uma edificação? Qual a principal característica que o concreto utilizado para tal situação deverá apresentar? 2.1.10 Considerações Finais Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final deste capítulo, que falou sobre os aditivos, com o intuito de entendermos mais um dos ele- mentos fundamentais, presentes na construção civil. Abordamos as definições dos aditivos, e conhecemos os tipos de aditivos presentes no mercado, como o superplastificantes, que são aditivos redutores de água, utilizados para produzir concretos de alta resistência e concretos autoadensáveis. Com o fechamento deste capítulo, você pôde entender como os adi- tivos agem, transformando as propriedades do concreto, melhorando seu desempenho e agindo diretamente em seu fator água/cimento. Quanto à aplicabilidade, ou seja, o uso dos aditivos, pudemos dis- cutir sobre as aplicações de cada um deles, a qual varia de acordo com a necessidade de cada obra. Este capítulo II nos prepara para seguir adiante, nos aprofundando mais um pouco na importância da água na construção civil. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução Qualidade da ÁguaCapítulo 3 Neste capítulo estudaremos um dos mais importantes materiais utilizados na construção civil, o qual é utilizado em praticamente todos os serviços dentro da engenharia. Por isso reservamos um capítulo para falarmos sobre a água, o elemento mais consumido do planeta. Estudamos no capítulo anterior os aditivos, onde também a água se enquadra, porém deixamos um capítulo específi co para ela, por ser de fundamental importância para o seu aprendizado e para sua carreira como engenheiro(a). Começaremos estudando sua fi nalidade no que diz respeito ao amassamento do concreto e um pouco sobresua infl uência na qualidade do mesmo, visto que a água representa um item indispensável na composição do concreto. Na sequência, estudaremos a infl uência do pH da água. Começaremos a partir daí, ver que a química está mais presente do nunca em sua composição e que é necessário entender um pouco sobre o assunto. Ao contrário do se imagina, o pH da água e as impurezas presentes nela podem ser nocivas na produção do concreto, colocando em risco o desempenho esperado que o mesmo apresente. Contudo, espero que aproveite para conhecer mais sobre este indispensável material. • Compreender a importância da água na construção civil. • Definir o papel da água. • Saber qual a influência das impurezas presentes na água geram no concreto. • Conhecer os tipos de impurezas presentas na água. • Compreender a influência do ph nas características do concreto. • Saber as consequências da utilização da água do mar no amassamento. • Importância da água no amassamento. • O que são as impurezas. • Influência das impurezas no concreto. • Influência do pH nas características do concreto. • Influência da água do mar no amassamento. • Estudo da agressividade da água, solo e gases no concreto. Objetivos Esquema Definição3.1 Tendo relevante desempenho na aquisição de um concreto aplicá- vel às suas finalidades, a água de amassamento busca especial cautela no que diz respeito a qualidade, uma vez que o raciocínio geral parte da diretriz de que “se a água é boa para beber também será boa para a fabricação do concreto”, o que nem sempre repre- senta a veracidade. Para a água de amassamento, pequenas quan- tidades de açúcar e citratos tornam a água precária prejudicando a UNIUBE 39 qualidade do concreto, por outro lado para o consumo a água não é imprópria. Este capítulo pretende discorrer as interpretações relacionadas às impurezas causadas pela água na qualidade do concreto, apresen- tando dados práticos que foram oriundos de experiências na lite- ratura por meio de propriedades básicas da qualidade da água de amassamento, que conduziram soluções desejáveis especialmen- te para os casos de pavimentos: qualidade alta do concreto quanto à resistência ao desgaste, mecânica e a tração a flexão. 3.1.1 Impurezas e suas Influências Em referência a adequação da água à fabricação do concreto al- gumas especificações demandam apenas que ela seja limpa e independente de substâncias deletérias. Outras especificações requerem que, se a água não deriva de fonte de qualidade legiti- mada devem passar por ensaios comparativos de resistência que irá verificar a compressão em corpos de argamassa ou de concre- to. Durante isto, a possibilidade de uma água estar ou não utilizada com a água de amassamento está acondicionada a duas questões fundamentais. PARADA PARA REFLEXÃO Como e quais as impurezas que, carregadas pela água, afetam negativamente o concreto? Qual o teor máximo permissível de impurezas presentes no concreto? 3.1.2 Substância de Suspensão Geralmente quando se fala em substância de suspensão, citamos a silte e a argila que se evidenciam mediante a turbidez da água. 40 UNIUBE Exemplificando, primeiramente pela argila observa-se que uma mí- nima quantidade dessa partícula até mesmo bem esparramada em dimensões extremamente finas com diâmetros inferiores a 2 micro- metros. Essas micropartículas por serem muito finas apresentam alto grau de reatividade eletrostática, sendo atraídas ao redor da superfície dos agregados fechando com isso os poros existentes na pasta do cimento. 3.1.3 Substância em solução A substância em solução localizada nas águas naturais é formada predominantemente por sais do qual se manifesta pela ação dos íons. Os mais comuns são: Itens A (cátions) Itens B (ânions) Cálcio (Ca++) Carbonato (CO3 --) Magnésio (Mg++) Bicarbonato (HCO3 -) Sódio (Na+) Sulfato (SO4 --) Potássio (K+) Cloreto (Cl-) Amônio NH4 +) Nitrato (NO3 -) Em relação à tabela acima podemos classificar em 2 tipos as ações dos íons: • Os itens da coluna A são os íons que podem levar a expansão em longo prazo, cita-se aqui os componentes prejudiciais, sendo o Sódio, Potássio e o Sulfato os que mais atuam dire- tamente no cimento ou sobre o agregado. O cimento por ser um componente altamente alcalino irá favorecer reações ex- pansivas com isso resultando a necessidade de estabelecer a concentração desses Íons; UNIUBE 41 • Os itens da coluna B são os Íons que alteram a hidratação do cimento causando a pega e o endurecimento pela mistura com o cálcio que elimina e reduz o teor de hidróxido de cálcio livre alterando a hidratação principalmente dos aluminatos. Outra ação que os Íons proporcionam é a Corrosão das armadu- ras. Pode-se afirmar com danos sendo a mais prejudicial, a mistura dos cloretos, os sulfetos e os nitratos. Fundamentalmente quan- do se utiliza em concreto protendido com armaduras submetidas a tensões altamente elevadas a energia interna liberada favorece as reações químicas. 3.1.4 INFLUÊNCIA DO pH Em relação ao pH, apesar de as águas naturais de fato não possuir influência nas características dos concretos, algumas considera- ções merecem destaque: • Dificilmente valores de pH inferiores a 4 são apresentados nas águas; • O agrupamento de dióxido de carbono atribuído à acidez das águas naturais, em companhia com o ácido clorídrico e o áci- do sulfúrico são retardadores da pega do cimento; • O carbonato e o bicarbonato alcalinos são os responsáveis pela alcalinidade da água, como conferidos acima, também desaceleram inteiramente a pega. Em dimensões superiores a 2% (formação química do cimento), agiliza-se, encurtando, ainda assim as resistências em idades elevadas. 42 UNIUBE SAIBA MAIS Segue um link, para maiores conhecimentos dos critérios estabele- cidos para o uso de água em concreto. . 3.1.5 Substâncias Inorgânicas Em relação às substancias inorgânicas conduzidas pelas águas naturais, afirma-se que na água de amassamento se a concen- tração estiver mal distribuída poderá causar sérias falhas na pega como na resistência do concreto. Destaca-se: Fosfato; Arseniato; Boratos de Sódio; Cloreto e Sulfato de Zinco, Cobre, Óxidos de Zinco; Sulfetos de Sódio e Potássio. 3.1.6 Gases Dissolvidos Em relação aos Gases dissolvidos na água de amassamento pode- se concluir que há pouca influência, ou seja, apresenta quase nula a ação no concreto fresco ou endurecido. Abaixo, listaremos os gases mais prováveis e suas concentrações: • Amônio: seu teor poderá chegar até 4 p.p.m.; • Oxigênio: seu teor poderá variar entre 2 p.p.m a 8 p.p.m.; • Dióxido de Carbono livre (CO2): ocasionalmente deverá exce- der 10 p.p.m.; • Ácido sulfídrico (H2S): teor até 15 p.p.m. UNIUBE 43 3.1.7 Água Do Mar Uma tese a ser destacada é quanto à utilização da água do mar na água de amassamento. Muitos autores citam que ela pode acarre- tar uma resistência inicial maior em função da salinidade, com isso diminuindo a resistência em longo prazo. Corrosões da armadura, umidade permanente e eflorescências na superfície do concreto são situações que apareceram com a utilização da água do mar. AMPLIANDO O CONHECIMENTO Sabemos que o mar é reconhecidamente agressivo e prejudicial às estruturas de concreto, veja como funciona a caracterização da agressividade do ambiente marinho para as estruturas de concreto, acessando o link: . 3.1.8 Agressividade das águas, dos solos e dos gases ao concreto As propriedades do cimento Portland endurecido, especialmente quanto às combinações hidratadas da cal com a sílica, alumina e óxido de ferro, podem reagir quimicamente com diferentes substân- cias. A resistência do cimento endurecido pode apresentar-se dimi- nuída, e no caso mais extremo, sua coesão pode desaparecer. As reações químicas podem-se distinguir dois tipos de ação:a lixiviação do cimento endurecido; a expansão geralmente provocada pela for- mação de novas combinações sólidas no cimento endurecido. Em regra, a lixiviação é comprovada: pela água doce; pelos ácidos; pelos sais; pelas graxas e óleos. A expansão se deve especialmente aos sulfatos. Esses dois modos de ataque podem produzir-se simultane- amente com águas que dispõe de diferente substâncias agressivas. 44 UNIUBE PARADA OBRIGATÓRIA O termo lixiviação na construção civil diz respeito a um pro- cesso patológico no qual o cimento é dissolvido pela água e transportado para fora da estrutura, nestes casos as estruturas que sofrem com tal patologia, apresentam a superfície arenosa ou com agregados expostos. 1 - Lixiviação do cimento endurecido a. A água doce - a água doce ataca superficialmente o con- creto ordinário. O poder de dissolução de água é tanto maior quanto mais pura é a água, isto é, quanto menos carbonato de cálcio e de magnésio ela contém, mais fraca é sua dureza. Frequentemente, o produto da lixiviação interage com o CO2, presente no ar, e resulta na precipitação de crostas brancas de carbonato de cálcio na superfície, fenômeno conhecido como eflorescência (MEHTA; MONTEIRO, 1994). b. Os ácidos - a maioria dos ácidos ataca o cimento do concreto, porque no andamento da reação com os ácidos se produzem sais de cálcio facilmente solúveis. Os ácidos que dão origem a sais de cálcio muito pouco solúveis atacam o concreto de uma forma muito mais lenta, ou mesmo totalmente inofensivos, porque os sais de cálcio dificilmente solúveis depositados nos poros aumentam a impermeabilidade à água do concreto. A nocividade dos ácidos varia com sua força. Os ácidos minerais fortes, tais como ácidos clorídricos, ácido nítrico, ácido sulfúrico, põem em solução todos os constituintes do cimento com formação de sais de cálcio, de alumínio e de ferro. UNIUBE 45 Os ácidos fracos, por exemplo, o ácido carbônico, não podem for- mar sais senão com a cal, mas não com a alumina e o óxido de ferro, de sorte que os hidróxidos de ferro e alumínio subsistem. O ácido carbônico dissolvendo a cal pode ser encontrado nas águas de fonte e tem um papel de destaque no desgaste do concreto. O ácido sulfídrico é um ácido fraco que pode ser encontrado nas águas residuais. Sua ação sobre o concreto não é marcante, esse ácido pode, entretanto, libertar-se das residuais sob a forma de gás e se fixar, acima do nível da água, nas canalizações de concreto mal arejado, pela água de umidade do concreto ou pelas águas de condensação e pode ainda, ser oxidado em ácido sulfúrico. A bactéria tem um papel importante na oxidação do ácido sulfídrico. Desta maneira, fracas quantidades de ácido sulfídrico nas águas usadas podem conduzir a concentrações relativamente elevadas em ácido sulfúrico sobre a superfície úmida do concreto e ocasio- nar deteriorações notáveis. Entre os ácidos orgânicos, são o ácido fórmico, o acético e o lático que atacam mais fortemente o concreto. Enquanto o ácido fórmico e os acéticos não se apresentam senão muito raramente, o ácido láti- co é muito frequente (presente nas águas residuais das leiterias, de- composição de numerosos orgânicos e nos silos de forragem verde). Os ácidos Tânicos são ácidos mais fracos que aparecem em águas residuais dos curtumes. Os fenóis são igualmente, ácidos mais fracos, sua forma mais simples é o ácido carbólico, que é encontrado nas águas residuais da indústria química, principalmente nas águas das coquerias, das usinas de gás, e das usinas de produtos sintéticos. As soluções de açúcar e glicerinas exercem, igualmente uma lixi- viação. Os ácidos úmidos que são encontrados nas águas panta- nosas, atacam pouco o concreto. Em geral, as águas básicas não 46 UNIUBE atacam o concreto. Isso, no entanto, não é válido senão para as soluções fracas. c. Os sais - sais de magnésio, sulfato de magnésio e cloreto de magnésio, dissolvem o hidróxido de cálcio do cimento, sendo que, entre outros, o hidróxido de magnésio se forma como uma massa mole gelatinosa. Sais de amônio, exceto o car- bonato de amônio, oxalato amoniacal e fluoreto de amônio, dissolvem principalmente o hidróxido de cálcio do cimento, onde o gás amoníaco será livre, dissolvendo-se na água. O gás amoníaco não ataca o concreto. d. Graxas e óleos - os óleos fabricados de petróleo e alcatrão podem simplesmente introduzir no concreto seco. Como no caso de uma impregnação pela água, eles abaixam a resis- tência ao amolecimento mecânico. Secando, a resistência aumenta de novo. Um ataque químico não é temível, senão com os óleos e graxas que contêm ácidos livres ou que, por saponificação, podem formar sais de cálcio com hidróxido de cálcio do cimento. O petróleo é geralmente isento de ácidos. Os óleos de alcatrão são adquiridos por destilação fraciona- da, os óleos leves assim obtidos contêm, sobretudo, benzina e seus derivados. Os óleos médios e pesados contêm, além de naftalinas e da benzina, os fenóis que atacam o concreto. Os óleos graxos e as graxas possuem origem animal e vege- tal. São ésteres de diferentes ácidos graxos, principalmente do ácido palmítico, do ácido esteárico e do ácido oleico. UNIUBE 47 2 - Expansão Contrariamente aos fenômenos descritos até aqui, em que o cimento é mais ou menos rapidamente dissolvido pelas substâncias agres- sivas, formam-se, no curso da reação com as soluções sulfatadas, novas composições sólidas que provocam a expansão do concreto. A natureza dos produtos da reação e sua velocidade de formação dependem da natureza dos íons corrosiva, de sua concentração, da temperatura, da pressão e do pH da solução. As soluções de sulfato de cálcio ou de sulfatos alcalinos formam, em conexão com os cons- tituintes aluminosos dos cimentos endurecidos, o trisulfo – aluminato de cálcio hidratado, que existe na natureza no estado natural sob o nome de etringita, e que provoca expansão. O ataque do sulfato de magnésio provoca igualmente expansão. As águas subterrâne- as não encerram, geralmente, sulfato de ferro. Este, porém, pode formar-se pela oxidação, ao ar, de minerais sulfurosos de ferro, por exemplo, a marcassita, a magnetita e a pirita em alguns décimos por cento no solo, podendo levar a concentrações elevadas em sulfatos nas águas subterrâneas e nas águas de infiltração. 3.1.8 Exame dos solos Os solos agressivos são reconhecíveis, na maior parte das vezes, pela coloração que difere do castanho ao castanho-amarelado dos solos normais. Suspeitos são considerados os solos de coloração negra até cinza, especialmente quando apresentam manchas de ferrugem vermelho-castanhos. As camadas de cor cinza-claro até branca, sob os solos vegetais castanho-escuros até negros, indicam um caráter ácido do solo de fundação. Fora disso, deve ser tomada precaução onde, por exemplo, na base dos mapas de tipos de solos ou mapas geológicos, é de imaginar que o concreto penetre nas ca- madas de solo que contenham gesso, anídrica ou sulfatos. 48 UNIUBE a. Solos com sulfatos; b. Solos pantanosos – solos pantanosos (turfa) e lodaçais abran- ge gás carbônico, ácidos, mineral livre e ácido orgânico ou ainda podem conter sulfetos de ferro; c. Aterros residuais - aterros de resíduos e produtos industriais, detritos de lixo e entulho. 3.1.9 Gases Com atuação permanente de gases de escapamento, os compo- nentes agressivos podem concentrar-se no concreto, com o correr do tempo. Em função de uma concentração mais ou menos eleva- da, é necessário executar-se análise do gás, e essa avaliação deve ser feita por um perito, considerando-se as condições locais. Gases combustíveis e gases de escapamento das indústrias po- dem conter ácidos minerais livres, como ácidos sulfúricos, por exemplo, ácidos orgânicos, como ácido acético, ácido sulfuroso e ácido sulfídrico. O gás carbônico concentrado nos gases combustí- veis não age atacando diretamente o concreto, pode, porém fazer com que o concreto venha a ser mais carbonatadoprejudicando, eventualmente, a proteção contra a corrosão da armadura. 3.1.10 Escolha dos cimentos A escolha depende, em particular, da quantidade de sulfato com- preendida nas águas. Quando o teor de sulfato não pode ser mais considerado negligenciável, a utilização do cimento de fraca per- centagem de C3A (aluminato tri cálcico) torna-se imprescindível. UNIUBE 49 3.1.11 Considerações Finais Assim encerra-se o capítulo sobre o cimento. Pôde aprender e en- tender o significado técnico do cimento, por duas definições com embasamento em normas específicas. Foi interessante saber que o cimento é fabricado, a partir de maté- rias-primas minerais, mas que ao passo que parecem ser simples, tem uma complexidade química muito grande e é exatamente isso que faz com que o cimento seja até os dias de hoje um material quase que insubstituível. Porém, o processo de fabricação também é algo que nos leva a pensar grande. Um processo complexo, com alto consumo de ener- gia, com forno chegando a 1450ºC, e que antes as matérias-primas sofrem um processo duro de extração devido às gigantescas quan- tidades de material necessário para sua fabricação. Graças aos avanços tecnológicos e principalmente às pesquisas realizadas nesta área, podemos contar hoje com vários tipos de cimento, sendo um tipo para cada aplicação, fazendo com que o concreto tenha maior qualidade. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução Resistência do ConcretoCapítulo 4 O concreto de cimento Portland é simplesmente um dos materiais mais utilizados no planeta. Apenas a água é consumida em maior quantidade. Isso nos mostra facilmente a importância deste material não só para a construção civil, mas para a economia mundial. Isso mostra a importância da Engenharia Civil para a sociedade. Neste sentido, este capítulo irá abordar a resistência do concreto, apenas começar o assunto sobre o concreto, pois para este assunto devemos abordar muito mais conhecimento e informações. Na disciplina de Materiais de Construção Civil II, teremos um direcionamento em boa parte da disciplina sobre concreto. Abordaremos agora, a característica mais importante quando se diz respeito aos estados físicos do concreto, ou seja, a resistência. Veremos quais dos fatores de fundamental importância para a resistência do concreto, quais as possíveis causas que ocasionam a perda dessa resistência e quais os tipos de resistência. No início dos estudos sobre concreto, teremos muitos novos termos técnicos e que irão parecer confusos, mas que logo começarão a entender seus signifi cados. • Compreender a importância da resistência do concreto. • Definir resistência do concreto. • Saber as propriedades do concreto. • Estudar o fator água/cimento do concreto. • Estudar a influência da porosidade na resistência do concreto. • Saber calcular a resistência do concreto à compressão. • Estudar os ensaios realizados para determinação da resistência à tração. O que é o concreto. O que é resistência. Propriedades do concreto. Estudo do fator água cimento. Estudo da influência da porosidade. Cálculo de resistência à compressão. Ensaios para determinação da resistência à tração. Objetivos Esquema Definição4.1 A partir da pega, o concreto pode ser considerado como um sólido. É um material em evolução contínua, sendo sensível, às modifica- ções das condições ambientes, físicas, químicas e mecânicas, com reações em geral muito lentas, registradas nas suas características e dependem de sua história. A história e a idade do concreto pro- porcionam importantemente as suas características e parâmetros (BAUER, 2011). UNIUBE 53 SAIBA MAIS Com o passar dos anos, o concreto continua a surpreender com sua capacidade e aplicabilidade. Acesse o link para saber mais so- bre as grandes obras da engenharia realizadas a partir do concreto. . A qualidade do concreto tem a ver com essas características e pro- priedades, mas devem ser consideradas relativamente, segundo a qualidade exigida para uma determinada aplicação na construção. O conhecimento das propriedades e características, das suas pos- sibilidades e limitações somados os fatores que se condicionam é o elemento que permite ao engenheiro escolher o material adequado para trabalhar em suas obras. 4.1.1 Resistência Em geral, a propriedade mais importante considerada é a resistên- cia do concreto, todavia, em várias situações práticas, algumas ou- tras características como durabilidade e impermeabilidade podem ser de fato mais importantes. Mas por estar ligada diretamente à estrutura da pasta de cimento, a resistência normalmente dá uma ideia geral da qualidade do concreto. Um dos fatores de fundamental importância para a resistência do concreto é a porosidade, que tem a ver com o volume relativo de poros na pasta de cimento. Uma das causas da queda na re- sistência podem ser os poros ou também conhecidos por vazios. Os agregados presentes nos concretos podem ser outra fonte de enfraquecimento, pois podem conter, por exemplo, impurezas ou 54 UNIUBE ainda provocar microfissurações na interface com a pasta de ci- mento. Um ponto fundamental para a resistência do concreto é o fator água/cimento, e as demais proporções da mistura com meno- res preocupações (NEVILLE, 2013). No que diz à resistência mecânica do concreto enrijecido, isto é, a sua competência de persistir às inúmeras circunstâncias de carre- gamento uma vez que estar sujeito ao serviço, exibe-se a resistên- cia à compressão, à tração, à flexão e ao cisalhamento. O processo de endurecimento dos concretos à base de cimento Portland é muito longo, podendo levar mais de dois anos para com- pletar-se. Com a idade, o concreto endurecido vai aumentando a resistência a esforços mecânicos. O período de maturação do con- creto se dá aos 28 dias de idade e neste período já adquiriu cerca de 75 a 90% de sua resistência total. É na resistência mecânica apre- sentada pelo concreto endurecido 28 dias após a sua execução que se baseia o cálculo dos elementos de concreto (BAUER, 2011). Chamamos de: • fc = compreende a resistência à compressão do concreto. • ft = compreende a resistência à tração simples no concreto. • ft’ = compreende a resistência à tração na flexão do concreto. Um fator relevante na determinação e controle da resistência à compressão do concreto é a permanência de certa correspondên- cia entre a resistência e a resistência à tração do concreto. A tração que resiste à flexão equivale-se aproximadamente, à quinta parte da resistência à compressão do concreto; a resistência à tração simples é igual à décima parte da resistência à compressão do concreto, assim expressas: UNIUBE 55 Chamamos de fck a resistência da particularidade do concreto à compressão, que é a resistência adotada para fins de cálculo, em que se tolera a viabilidade da ocorrência de apenas 5% de resistên- cia à compressão menor do que ela. Inúmeros são os elementos que inspiram na resistência mecânica do concreto, no meio dos quais destacamos: • Fator água/cimento. • Idade. • Forma e granulometria dos agregados. • Tipo de cimento. • Condições de cura. O fator água/cimento (x) é a relação entre o peso de água (Pag) e o peso de cimento (Pc) empregado no traço de um cimento, sendo expresso matematicamente por: 56 UNIUBE IMPORTANTE! A resistência de um concreto depende fundamentalmente do fator água/cimento, isto é, quanto menor for este fator, maior será a re- sistência do concreto. Mas evidentemente, deve-se ter um mínimo de água necessária para reagir com todo o cimento e dar trabalha- bilidade ao concreto. Conforme se observou anteriormente, pode-se considerar a resis- tência do concreto como sendo função principalmente da resistên- cia da pasta de cimento endurecida, do agregado e da ligação pas- ta/agregado (NEVILLE; BROOKS, 2013). Quandose trata de resistência à compressão, a resistência da pas- ta é o principal fator. Por outro lado, é conhecida a influência da po- rosidade da pasta sobre a resistência do concreto. Como porosida- de depende do fator água/cimento, assim como do tipo de cimento, pode-se dizer que para um mesmo tipo de cimento a resistência da pasta depende unicamente do fator água/cimento, este também um dos principais fatores determinantes da resistência da ligação pasta/agregado (NEVILLE; BROOKS, 2013). Em 1919, Abrams (NEVILLE; BROOKS, 2013, p.116) baseando- se em pesquisas de laboratório, “demonstrou que a resistência do concreto dependia das propriedades da pasta endurecida”, a qual, por sua vez, era função do fator água/cimento, conforme a Figura que mostra a curva da Lei de Abrams, a seguir. UNIUBE 57 A Lei de Abrams pode ser utilizada para avaliar a resistência à compressão do concreto em função do fator água/cimento, ou, o que é mais comum no Brasil, para escolher o fator água/cimen- to apropriado à obtenção da desejada resistência à compressão (NEVILLE; BROOKS, 2013). A atuação da idade na resistência mecânica do concreto de modo direto agregada à resistência da pasta que, por sua vez, é deter- minada pelo tipo de cimento, sendo avaliada neste caso a classe a que pertence o cimento principalmente. RELEMBRANDO No capítulo III do livro Materiais de Construção Civil I, abordamos todos os tipos de cimento Portland, destacando suas principais ca- racterísticas e aplicações. A resistência média prevista para a dosagem não é diretamente o Fck e sim o Fcj. Para determinar o Fcj utiliza-se a equação reco- mendada na ABNT NBR 12655:2006: Fcj = Fck + 1,65 x Sd 58 UNIUBE Onde: Fcj = resistência média do concreto à compressão a j dias de idade, em MPa; Fck = resistência característica do concreto à compressão, em MPa; Sd = desvio-padrão da dosagem, em MPa. Para efeito da dosagem inicial, o modo como pretende conduzir a dosagem, de acordo com o qual será fixado o desvio-padrão Sd pelo critério a seguir nas seguintes condições definidas na apostila de Araújo, Rodrigues e Freitas (2000, p.57): A) Quando houver assistência de profissional le- galmente habilitado, especializado em tecnologia do concreto, todos os materiais forem medidos em peso e houver medidor de água, corrigindo-se as quantidades de agregados miúdos e de água em função de determinações frequentes e preci- sas do teor de umidade dos agregados, e houver garantia de manutenção, no decorrer da obra, da homogeneidade dos materiais a serem emprega- dos: Sd = 4,0 MPa. B) Quando houver assistência de profissional le- galmente habilitado, especializado em tecnologia do concreto, o cimento for medido em peso e os agregados em volume, e houver medidor de água, com correção do volume do agregado miúdo e da quantidade de água em função de determinações frequentes e precisas do teor de umidade dos agregados: Sd = 5,5 MPa. C) Quando o cimento for medido em peso e os agregados em volume e houver medidor de água, corrigindo-se a quantidade de água em função da umidade dos agregados simplesmente estimada: Sd = 7,0 MPa. UNIUBE 59 4.1.2 Considerações sobre Resistência à Tração A resistência à tração do concreto pode ser determinada por três ensaios diferentes, sendo: a) o ensaio de compressão diametral; b) ensaio de tração axial; c) ensaio de flexão de vigas. Normalmente, o termo resistência à tração que aparece nas normas de projeto refere-se a resistência à tração axial (tração direta), fct. (a) (b) (c) 60 UNIUBE Quando falamos em engenharia dos materiais, dois tipos de mate- riais podem ser citados: a. Material frágil: são materiais que quando submetido ao en- saio de tração possuem pouco, ou nenhum escoamento. Exemplo: Concreto. b. Material dúctil: são materiais que quando submetidos ao en- saio de tração, podem ser sujeitados a grandes deformações antes da ruptura. Os profissionais da área definem os itens dúcteis para o projeto visto que são capazes de absorver cho- que ou energia e, quando sobrecarregados, demonstram, na maioria, alta deformação antes de falhar. Exemplo: materiais metálicos, aço. Com essas definições entendemos que o concreto por ser um ma- terial frágil, e quando ele é submetido a tensões de tração, por não haver um escoamento de suas partículas, ele torna-se com baixa resistência e se rompe mais facilmente, ou seja, o concreto tem baixa resistência à tração. Por outro lado, justamente por não haver este escoamento de suas partículas, quando submetido aos esforços de compressão, são materiais extremamente rígidos e acabem tendo com isso eleva- das resistências. Por isso, foi criado o concreto armado, pois o concreto tem elevada resistência à compressão e baixa resistência à tração e quando uma peça de concreto tende a sofrer forças de tração, com as armadu- ras metálicas, que têm boa resistência à tração por serem materiais dúcteis, ajudam esta peça de concreto nos esforços de tração, sen- do uma peça mais resistente aos dois tipos de solicitações. UNIUBE 61 AMPLIANDO O CONHECIMENTO Saiba mais sobre os ensaios realizados para análise de resistência do concreto, acessando o link: . 4.1.3 Considerações Finais Neste capítulo, foi dado o primeiro passo para o estudo da resistên- cia do concreto. Este é um material que necessita ser mais estuda- do, não só pela sua importância, mas também pela quantidade de informações que serão necessárias para a vida profissional. Foi interessante notar que a resistência do concreto pode ser es- tudada separadamente conforme suas propriedades apresentadas e fatores influentes, isto se aplica no caso da porosidade, que tem a ver com o volume relativo de poros na pasta de cimento, sendo este fator umas das causas da queda na resistência do concreto. Levando em consideração que a porosidade depende do fator água/ cimento, pudemos confirmar, portanto, que o fator água/cimento é o maior responsável pela resistência apresentada pelo concreto. Algumas considerações também foram realizadas a respeito da re- sistência à tração do concreto, sendo que esta, pode ser realizada por meio de três ensaios os quais apresentam diferentes formas de cálculo. Dentre os ensaios que podem ser realizados, o mais utilizado é o ensaio de traço axial. Alguns termos técnicos foram introduzidos neste capítulo, mas que serão revistos em quase todos os outros fundamentos do concreto. São termos que fazem parte da linguagem do engenheiro civil. Judson Ricardo Ribeiro da Silva Introdução Tipos de concretoCapítulo 5 Devido à necessidade apresentada de obras com qualidade, economia e rapidez ou pelas exigências impostas pelo mercado, as tecnologias presentes nos concretos não param de evoluir. Para cada tipo de obra existente, temos um tipo de concreto específi co para suprir as necessidades apresentadas por ela, sendo alguns tipos de concreto mais tradicionais e outros mais inovadores. Neste capítulo falaremos um pouco sobre os tipos de concretos que são utilizados na construção civil. A disciplina de Materiais de Construção Civil I e II é a base das disciplinas específi cas para os futuros(as) engenheiros(as) civis. É nestas disciplinas que os(as) alunos(as) aprenderão e começarão a falar em engenharia civil. Terão contato com assuntos que terão que levar consigo para toda a vivência profi ssional. Querido(a) acadêmico(a), torcemos para que você seja capaz de usufruir satisfatoriamente dos estudos expostos neste exemplar. • Compreender a importância dos tipos de concreto. • Definir os tipos de concreto. • Saber classificar os tipos de concreto. • Conhecer os tipos de concretos realizados na obra ou dosados em central. • Saber identificar os tipos de concreto. • Conhecer o processo de fabricação de cada tipo de concreto. • Saber a aplicabilidade dos variados tipos de concreto. Classificação dos concretos. Características