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<p>2015</p><p>RecReação,</p><p>LazeR e cuLtuRa</p><p>Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa</p><p>Prof.ª Kathia Regina Bublitz</p><p>Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2015</p><p>Elaboração:</p><p>Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa</p><p>Prof.ª Kathia Regina Bublitz</p><p>Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>371.337</p><p>B238j Barbosa, Ana Clarisse Alencar</p><p>Recreação, Lazer e Cultura / Ana Clarisse Alencar Barbosa, Kathia</p><p>Regina Bublitz, Vilisa Rudenco Gomes. Indaial : UNIASSELVI, 2015.</p><p>188 p. : il.</p><p>1. Jogos educacionais e brinquedos.</p><p>I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.</p><p>Impresso por:</p><p>III</p><p>apResentação</p><p>Caro(a) acadêmico(a)!</p><p>Qual seu jogo, brinquedo ou brincadeira favorita?</p><p>Para alguns, uma pergunta fácil de responder, para outros nem tanto!</p><p>Os jogos, brinquedos e brincadeiras fizeram parte do nosso universo</p><p>infantil e se estendem por toda a nossa vida, para alguns, com mais ênfase,</p><p>para outros muitas vezes só nas recordações.</p><p>Não importa qual seja a sua resposta. Queremos convidá-lo(a) a</p><p>mergulhar nessa temática e aprofundar seus conhecimentos.</p><p>Inicialmente resgataremos a antropologia dos jogos, brinquedos e</p><p>brincadeiras, e as influências sociais e culturais que contribuíram para o seu</p><p>desenvolvimento e/ou aprimoramento.</p><p>Conheceremos algumas particularidades e semelhanças entre o jogar</p><p>e brincar e da relevância do brinquedo para o desenvolvimento intelectual e</p><p>social.</p><p>Jogar bola, peteca, pular corda, amarelinha... São alguns exemplos</p><p>de jogos e brincadeiras que divertem e, sobretudo, contribuem no</p><p>desenvolvimento integral do ser, não importando a idade.</p><p>Na Unidade 2, você encontrará dicas de como selecionar e confeccionar</p><p>brinquedos adequados a cada faixa etária, sobre a importância da ludicidade</p><p>no processo de ensino-aprendizagem e a formação pedagógica do profissional</p><p>de educação física.</p><p>Jogar, por jogar e brincar por brincar, certamente é muito bom, mas</p><p>na Unidade 3 você estudará a classificação e a finalidade de muitos jogos e</p><p>brincadeiras que vão muito além do se divertir. Abordaremos a importância</p><p>da interdisciplinaridade nas práticas educativas de educação física e</p><p>apresentaremos ideias de construção de projetos de trabalho, que podem ser</p><p>realizados em qualquer ambiente.</p><p>Encare o jogo, entre na brincadeira! Para aprender e se divertir, é só</p><p>começar!</p><p>Seja bem-vindo(a) à disciplina de Recreação, Lazer e Cultura!</p><p>IV</p><p>Um grande abraço e bons estudos!</p><p>Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa</p><p>Prof.ª Kathia Regina Bublitz</p><p>Prof.ª Vilisa Rudenco Gomes</p><p>UNI</p><p>Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para</p><p>você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades</p><p>em nosso material.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o</p><p>material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato</p><p>mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.</p><p>O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação</p><p>no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir</p><p>a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,</p><p>apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade</p><p>de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para</p><p>apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto</p><p>em questão.</p><p>Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas</p><p>institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa</p><p>continuar seus estudos com um material de qualidade.</p><p>Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de</p><p>Desempenho de Estudantes – ENADE.</p><p>Bons estudos!</p><p>V</p><p>Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos</p><p>materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais</p><p>os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais</p><p>que possuem o código QR Code, que é um código</p><p>que permite que você acesse um conteúdo interativo</p><p>relacionado ao tema que você está estudando. Para</p><p>utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos</p><p>e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar</p><p>mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!</p><p>UNI</p><p>VI</p><p>VII</p><p>UNIDADE 1 – O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO,</p><p>IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA ...................................................... 1</p><p>TÓPICO 1 – A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS E SUAS</p><p>CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO ................................................. 3</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3</p><p>2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ... 3</p><p>2.1 A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS .............................................................................................. 3</p><p>3 CONCEITUANDO O JOGO ............................................................................................................. 9</p><p>4 ANTROPOLOGIA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ................................................... 11</p><p>4.1 O BRINCAR NO PASSADO E NO PRESENTE ......................................................................... 13</p><p>5 CONCEITUANDO O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA ......................................................... 14</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 16</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 20</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 21</p><p>TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE</p><p>CULTURAL ....................................................................................................................... 23</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23</p><p>2 OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DA CULTURA BRASILEIRA .................... 23</p><p>3 VAMOS CONHECER ALGUNS JOGOS E BRINCADEIRAS TÍPICOS DO</p><p>BRASIL ................................................................................................................................................ 25</p><p>3.1 BRINCADEIRAS DE ORIGEM INDÍGENA .............................................................................. 26</p><p>3.2 BRINCADEIRAS DE ORIGEM EUROPEIA .............................................................................. 29</p><p>3.3 BRINCADEIRAS DE ORIGEM AFRICANA ............................................................................. 30</p><p>3.4 BRINCADEIRAS DE ORIGEM ASIÁTICA ................................................................................ 32</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 37</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................</p><p>com bambu. Para Arraia, muito comum na Bahia, a armação tem forma de</p><p>"X", para a Pipa tem forma de "±", o Papagaio tem forma de "+"), que é colado</p><p>no papel de seda já cortado com o formato e cores desejadas, o único que não</p><p>leva uma armação é o Periquito que é feito com qualquer tipo de papel. Depois</p><p>de confeccionada a pipa, são feitos os preparativos para poder colocá-la em</p><p>voo (empinar), deve-se fazer uma "chave" que consiste numa armação feita de</p><p>linhas presas nas armações de madeira, que dará a mobilidade à pipa. Deve-</p><p>se também colocar uma cauda (rabada, que é feita a partir de barbante, a qual</p><p>se amarra pedaços de plásticos, ou papel. Ou é feita com linha, amarrando</p><p>pequenos pedaços de algodão, e também pode ser utilizado um barbante de</p><p>coloração marrom que é retirado a partir de sacos de batata) que serve para</p><p>estabilizar a pipa no ar.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/25988>.</p><p>Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Jankenpon, ou melhor, Pedra, papel ou tesoura! Essa brincadeira tão comum</p><p>na escola nos dias atuais, também é de origem asiática. Vamos conhecer um pouco</p><p>mais sobre essa brincadeira.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>33</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.aprendendojapones.</p><p>com/2008/06/07/jankenpon/>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>O Jankenpon é originário do Japão e por lá é uma brincadeira, mas aqui</p><p>no Brasil usamos com frequência para tirar a sorte. Jan-Ken- Pon significa, nesta</p><p>ordem, pedra - papel - tesoura, usado muitas vezes para tirar a sorte, assim, ela</p><p>é tirada por meio da ascendência entre os objetos: o papel embrulha a pedra, a</p><p>tesoura corta o papel e a pedra quebra a tesoura. Como brincadeira foi adaptada</p><p>pelos coreanos: o vencedor deve gritar "olhe para este lado". Se o oponente virar</p><p>o rosto para o mesmo lugar apontado, ele perde definitivamente o jogo. Senão,</p><p>é determinado empate.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.smartkids.com.br/especiais/brincadeiras-tipicas.html>.</p><p>Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>FIGURA 12 - JANKENPON</p><p>DICAS</p><p>Quer saber do que as crianças do Brasil brincam? Acesse o site <http://</p><p>revistaescola.abril.com.br/brincadeiras-regionais/> e descubra!</p><p>FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/brincadeiras-</p><p>regionais/#Nortehtml>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>34</p><p>Como vimos, os brinquedos e brincadeiras estão presentes nas mais diversas</p><p>culturas, alguns deles são mais relevantes em algumas do que em outras, mas</p><p>estão lá, tornando-se um importante objeto na construção do repertório cultural e</p><p>formação da criança. De acordo com Santos (1997, p. 61):</p><p>Muitos outros brinquedos tradicionais estão vigentes no repertório</p><p>lúdico da criança do século XX, como o bilboquê, o jogo de taco, corda</p><p>de pular, peteca etc. Quando a criança moderna cansa de navegar em</p><p>seu computador, distrai-se com as mesmas brincadeiras que as crianças</p><p>das gerações anteriores.</p><p>As brincadeiras com música são uma ótima oportunidade para desenvolver</p><p>no educando as qualidades do movimento expressivo como leve/pesado, forte/</p><p>fraco, rápido/lento, fluido/interrompido, intensidade, duração, direção, sendo</p><p>capaz de analisá-los a partir destes referenciais; conhecer algumas técnicas de</p><p>execução de movimentos e utilizar-se delas; ser capaz de improvisar, de construir</p><p>coreografias, e, por fim, de adotar atitudes de valorização e apreciação dessas</p><p>manifestações expressivas. (PCN 1997, p. 39 e 40).</p><p>A lista a seguir, retirada dos PCN (1997), é uma sugestão de danças e</p><p>outras atividades rítmicas e/ou expressivas que podem ser abordadas e deverão</p><p>ser adaptadas a cada contexto:</p><p>• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira, bumba-meu-boi,</p><p>maracatu, xaxado etc.;</p><p>• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;</p><p>• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;</p><p>• danças e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de afoxé,</p><p>olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de samba;</p><p>• lenga-lengas;</p><p>• brincadeiras de roda, cirandas;</p><p>• escravos-de-jó.</p><p>Vale ressaltar que é importante fazer um resgate cultural diversificado através</p><p>de pesquisa com pessoas mais velhas, que conheçam algumas particularidades da</p><p>região e assim tornar o trabalho mais significativo.</p><p>A pesquisa sobre danças e brincadeiras cantadas de regiões distantes, com</p><p>características diferentes das danças e brincadeiras locais, pode tornar o trabalho</p><p>mais completo.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>35</p><p>FIGURA 13 - BRINCADEIRAS COM MÚSICA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://conexaoleiturarj.blogspot.com.</p><p>br/2014/04/em-rio-das-pedras-ainda-se-brinca-de.html>. Acesso em:</p><p>12 abr. 2015.</p><p>É através do brincar que a criança se coloca no lugar do outro, um</p><p>personagem real, imaginário ou até mesmo um super-herói. A mídia em geral</p><p>influencia nesse processo, no passado a criança se espelhava em seus familiares,</p><p>reproduzia ações, imitava e com isso se desenvolvia. Atualmente se espelham</p><p>em personagens da mídia. De acordo com Brougère (1995, p. 50), “a televisão</p><p>transformou a vida e a cultura da criança, as referências de que ela dispõe. Ela</p><p>influenciou, particularmente, sua cultura lúdica.” Essa influência pode ser negativa</p><p>ou positiva, tudo dependerá do rumo que esta tomar no mundo cultural da criança.</p><p>Nosso país possui uma cultura muito rica, mas é preciso tomar cuidado</p><p>para que essa riqueza não se perca pela influência e pela “praticidade” que a</p><p>mídia, a indústria e a tecnologia oferecem. Os super-heróis da TV se transformam</p><p>em brinquedos e estes se inserem rapidamente nas brincadeiras infantis, onde a</p><p>criança tem a possibilidade de entrar no personagem, ser mocinho ou bandido,</p><p>bruxa ou princesa, uma superstar ou ainda um famoso jogador de futebol.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>36</p><p>FIGURA 14 – HERÓIS INFANTIS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Revista/</p><p>Crescer/0,,EMI69414-15151,00-A+INFLUENCIA+DOS+HEROIS+NA+VIDA+DAS+C</p><p>RIANCAS.html>. Acesso em: 12 abr. 2015.</p><p>Estas brincadeiras são positivas para o desenvolvimento da criança. “O</p><p>grande valor da televisão para a infância é oferecer às crianças, que pertencem</p><p>a ambientes diferentes, uma linguagem comum, referências únicas”. (BROGÈRE,</p><p>2001, p. 54). Basta lembrar de um herói de desenho animado para que as crianças</p><p>entrem na brincadeira em pé de igualdade, ajustando seu comportamento ao dos</p><p>outros a partir daquilo que conhecem do seriado lembrado.</p><p>DICAS</p><p>Para complementar seus estudos, acesse: <http://revistaescola.abril.com.br/jogos-</p><p>brincadeiras/Jogos e brincadeiras>. Nesta página, você confere tudo sobre o brincar e como</p><p>utilizar as brincadeiras na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Reportagens, vídeos,</p><p>entrevistas com os melhores especialistas, jogos on-line e planos de aula fazem parte deste guia.</p><p>Boa diversão!</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>37</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>DIÁRIO DE BORDO - HISTÓRIAS DE JOGOS</p><p>Raciocínio. Estratégia. Paciência. Abaixo, você conhece um pouco sobre</p><p>a história de alguns dos mais tradicionais jogos de tabuleiro, que há milênios</p><p>encantam gerações.</p><p>Jogo da Onça</p><p>Os indígenas criaram o primeiro jogo de tabuleiro praticado no Brasil, o</p><p>Jogo da Onça, que ainda pode ser encontrado entre eles, tanto no Brasil quanto em</p><p>outras partes da América do Sul, e data do tempo dos incas. Sua origem provável</p><p>está ligada ao jogo Taptana, ou Jogo do Puma, que era praticado por esse povo,</p><p>habitante dos Andes, desde 1200 d.C. até a chegada dos europeus à América. Este</p><p>jogo foi retratado numa gravura da época em que os espanhóis dominaram os</p><p>incas, na qual Atahualpa, o último de seus imperadores, joga com seus carcereiros,</p><p>pouco antes de ser morto, em 1553.</p><p>Até hoje, existem vestígios do tabuleiro de Taptana em ruínas incas, no</p><p>Peru. Entre os índios Mapuche, do Chile, um jogo similar era conhecido pelo nome</p><p>de Komikan e, entre os Aymara da Bolívia, como Kumisina. No Brasil, o Jogo da</p><p>Onça é conhecido por índios tão diversos quanto os Bororos, do Mato Grosso,</p><p>os Manchineris, do Acre, e os Guaranis, de São Paulo. Já houve testemunhas de</p><p>sua prática também entre a população de estados como Acre, Amazonas, Paraíba,</p><p>Minas Gerais, Bahia e Paraná.</p><p>O Jogo da Onça é jogado num tabuleiro de 5 x 5 quadrados, com um</p><p>apêndice triangular em uma das extremidades. Esta é a grande diferença</p><p>entre este jogo e o Alquerque, que alguns estudiosos teimam em dizer que</p><p>foi o seu precursor. Mas o conhecimento do jogo é tão disseminado hoje em</p><p>dia na América do Sul que a possibilidade de ele ter sido criado antes de os</p><p>europeus chegarem ao nosso continente é bem maior do que o contrário.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>38</p><p>Além disso, existem jogos em outras partes do mundo que têm tabuleiros</p><p>muito semelhantes ao do Jogo da Onça, e eles, com certeza, não foram adaptados a</p><p>partir do Alquerque. Também existem vários outros jogos, com regras semelhantes,</p><p>ao redor do mundo, apesar de usarem outro tipo de tabuleiro. Mas as regras</p><p>envolvem estratégia e suas peças quase sempre representam animais da fauna</p><p>local. Na Europa, existe um jogo muito parecido chamado Raposa e Gansos. O</p><p>jogo europeu, no entanto, é jogado num tabuleiro em forma de cruz. Na Ásia,</p><p>alguns jogos similares têm tabuleiros mais parecidos ao usado pelos indígenas</p><p>brasileiros. Existem, inclusive, jogos que utilizam o mesmo tabuleiro do Jogo da</p><p>Onça. As peças também variam, geralmente, em torno da fauna local. No jogo</p><p>brasileiro, uma onça disputa com 14 cachorros. No Bagha Chal, jogo nacional do</p><p>Nepal, são tigres e cabras; na Índia, leopardos e vacas. Outra variável, praticada na</p><p>China e conhecida pelo nome de Camponeses e Senhores Feudais, usa personagens</p><p>humanos, como o nome indica. As características do Jogo da Onça continuam</p><p>únicas e ele é um dos poucos jogos de tabuleiro claramente originado nas Américas.</p><p>Em 2003, uma expedição realizada pelo Projeto Jogos Indígenas do Brasil</p><p>– promovido pelo Instituto Sabino – a aldeias indígenas comprovou que os índios</p><p>brasileiros ainda se lembram de como se joga o Jogo da Onça. Eles conhecem</p><p>diversos brinquedos e brincadeiras, mas o único jogo de tabuleiro encontrado foi o</p><p>Jogo da Onça, observado entre os índios Bororos, no Mato Grosso, os Manchineris,</p><p>no Acre, e os Guaranis da ilha do Cardoso, no litoral sul de São Paulo.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.origem.com.br/diario-de-bordo/historia-de-jogos.php>.</p><p>Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>39</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você viu que:</p><p>• Muitos jogos e brincadeiras que conhecemos atualmente são considerados</p><p>folclóricos, pois são brincadeiras antigas que foram passadas de geração para</p><p>geração, e mantiveram suas regras básicas de origem.</p><p>• Os jogos e brincadeiras podem apresentar variações e até mesmo sofrem</p><p>modificações de acordo com cada região ou cultura. Mas cultivar esses jogos e</p><p>brincadeiras é essencial para manter viva a história de um povo e o folclore do</p><p>nosso país.</p><p>• A cultura brasileira é marcada pelas cantigas de roda, brincadeiras com corda,</p><p>versos, parlendas, bolinha de gude, esconde-esconde e pega-pega. Há uma</p><p>grande riqueza neste sentido, as crianças são incentivadas desde a tenra idade e</p><p>geralmente aprendem com os mais velhos.</p><p>• Os indígenas não compravam seus brinquedos, eles eram construídos com</p><p>materiais retirados da natureza. A hora de construir o brinquedo para eles</p><p>também é uma brincadeira, procurar os materiais necessários é uma grande</p><p>aventura.</p><p>40</p><p>1 Faça uma pesquisa na localidade onde você mora, a fim de descobrir quais</p><p>são as brincadeiras folclóricas mais tradicionais entre as crianças.</p><p>2 Chegou a hora de colocar a mão na massa! Escolha uma das brincadeiras que</p><p>você aprendeu neste tópico ou alguma outra coletada através de pesquisa</p><p>complementar e ensine-a a um grupo de crianças. Depois faça um registro</p><p>sobre suas impressões referente à atividade realizada.</p><p>3 De acordo com os estudos, dê sua opinião referente à importância do resgate</p><p>cultural dos jogos, brinquedos e brincadeiras de diferentes etnias nos dias</p><p>atuais.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>41</p><p>TÓPICO 3</p><p>O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE</p><p>AMBIENTES</p><p>UNIDADE 1</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Hora de brincar é em casa! Escola é lugar para estudar!</p><p>Quem já não ouviu ou não disse essa tão famosa frase.</p><p>Pois é, mas atualmente ela já não faz mais sentido ou pelo menos não</p><p>deveria fazer. Escola é um espaço para brincar sim, seja no pátio ou na sala de</p><p>aula.</p><p>Nesse tópico vamos conhecer a importância da ludicidade no ambiente</p><p>escolar e os diferentes tipos de ambientes que pode ser realizada.</p><p>2 A LUDICIDADE NOS DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>Pesquisas na área da psicologia defendem a importância dos brinquedos</p><p>no desenvolvimento da criança, pois estes auxiliam no desenvolvimento cognitivo</p><p>e motor.</p><p>Ao jogar e/ou brincar a criança desenvolve infinitas capacidades e</p><p>habilidades. Ela manifesta sentimentos e emoções, desenvolvendo assim as</p><p>capacidades e habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, construindo</p><p>assim a sua identidade. De acordo com os PCN de Educação Física (1997, p. 27):</p><p>O processo de ensino e aprendizagem em Educação Física, portanto,</p><p>não se restringe ao simples exercício de certas habilidades e destrezas,</p><p>mas sim de capacitar o indivíduo a refletir sobre suas possibilidades</p><p>corporais e, com autonomia, exercê-las de maneira social e culturalmente</p><p>significativa e adequada.</p><p>O aluno precisa ser considerado num todo, o professor precisa desenvolver</p><p>diferentes situações para inter-relacionar os aspectos cognitivos, afetivos e</p><p>corporais, pois as situações lúdicas, competitivas ou não, são contextos favoráveis</p><p>de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos</p><p>que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória</p><p>e adequada (PCN, 1997).</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>42</p><p>Sobre a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil,</p><p>Kishimoto (2002, p. 150) enfatiza que:</p><p>Crianças que brincam aprendem a decodificar o pensamento dos</p><p>parceiros por meio da metacognição, o processo de substituição de</p><p>significados, típico de processos simbólicos. É essa perspectiva que</p><p>permite o desenvolvimento cognitivo. Uma educação que expõe o</p><p>pré-escolar aos contos e brincadeiras carregadas de imagens sociais</p><p>e culturais contribui para o desenvolvimento de representações</p><p>de natureza icônica, necessários ao aparecimento do simbolismo.</p><p>Possibilitar que o ser humano desenvolva-se pelo movimento (enativo),</p><p>pelo grafismo e imagens mentais (icônico) e atinja o lógico-científico</p><p>(simbólico) significa respeitar suas formas de representação do mundo.</p><p>A escola já reconhece a importância desse tipo de atividade, porém ainda</p><p>resiste, pois se preocupa demasiadamente em transmitir conteúdos de forma</p><p>tradicional, teoria + avaliação = ao resultado de aprendizagem. E o lúdico passa a</p><p>ficar em segundo plano. (ANTUNES, 2005, p. 22) expõe que:</p><p>Por ser um sujeito histórico, construído a partir de fragmentos e retalhos</p><p>da sociedade, o professor acaba reproduzindo a ordem instituída. Assim,</p><p>age de acordo com o legado poderoso da racionalidade científica, que</p><p>considera o indivíduo um ser puramente racional, menosprezando as</p><p>dimensões lúdica, imaginária, simbólica e estética que fazem parte da</p><p>formação complexa que é o ser humano.</p><p>Os tempos mudaram e a escola também precisa acompanhar essa</p><p>mudança, o professor precisa compreender que a ludicidade também auxilia</p><p>no desenvolvimento do educando, mas não é o brincar</p><p>por brincar ou o jogar</p><p>por jogar. O professor precisa acompanhar cada atividade, observar, realizar</p><p>anotações, se necessário intervir e porque não, participar de algumas atividades a</p><p>fim de interagir com o educando e assim contribuir na sua formação como sujeito.</p><p>Para Moyles (2002, p.137):</p><p>O brincar dirigido tem abordagem formativa, no sentido que a</p><p>intervenção se destina, seguindo-se a observação do brincar livre,</p><p>a ampliar o desempenho e a aprendizagem da criança e oferecer-lhe</p><p>alguma coisa a partir da qual ela possa começar a pensar sozinha.</p><p>O profissional da área de Educação Física precisa estar preparado para</p><p>atuar nos mais diferentes espaços educativos atuais. Vamos conhecer de forma</p><p>breve alguns deles.</p><p>TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>43</p><p>3 ORGANIZAÇÃO DE BRINQUEDOTECAS E ESPAÇOS</p><p>PARA BRINCAR</p><p>Percebendo a importância que a ludicidade tem na vida da criança,</p><p>surgiram por volta dos anos 80 as Brinquedotecas. Conforme Santos (2000, p. 31),</p><p>“as brinquedotecas são um local onde a criança tem a oportunidade de brincar</p><p>livremente”, mas as pessoas que trabalham na brinquedoteca, os brinquedistas,</p><p>precisam ter formação profissional, são educadores preocupados com a felicidade e</p><p>com o desenvolvimento integral da criança, ou seja, emocional, social e intelectual.</p><p>De acordo com Santos (2000, p. 14):</p><p>Na elaboração dos objetivos de uma brinquedoteca, são enumeradas</p><p>como principais finalidades do trabalho nela desenvolvido:</p><p>• proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem</p><p>cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;</p><p>• estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade</p><p>de concentrar a atenção;</p><p>• estimular a operatividade das crianças;</p><p>• favorecer o equilíbrio emocional;</p><p>• dar oportunidade à expansão de potencialidades;</p><p>• desenvolver a inteligência, criatividade e sociabilidade;</p><p>• proporcionar acesso a um número maior de brinquedos, de</p><p>experiências e de descobertas;</p><p>• dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar;</p><p>• incentivar a valorização do brinquedo como atividade geradora de</p><p>desenvolvimento intelectual, emocional e social;</p><p>• enriquecer o relacionamento entre as crianças e suas famílias;</p><p>• valorizar os sentimentos afetivos e cultivar a sensibilidade.</p><p>Porém, o espaço da brinquedoteca precisa ser organizado de forma que</p><p>a criança tenha acesso aos brinquedos e possa desenvolver as brincadeiras com</p><p>autonomia. Através do brincar a criança reproduz situações do cotidiano (realidade)</p><p>e ainda situações imaginárias como as dos desenhos animados, geralmente os de</p><p>sua preferência. Os PCN de Educação Física (1997, p. 25), expõem que:</p><p>O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e</p><p>esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do cidadão.</p><p>Os alunos podem compreender que os esportes e as demais atividades</p><p>corporais não devem ser privilégio apenas dos esportistas ou das</p><p>pessoas em condições de pagar por academias e clubes. Dar valor a essas</p><p>atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento</p><p>que pode ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas</p><p>de Educação Física.</p><p>Os PCN (2007, p. 26), em relação ao ensino de Educação Física recomendam</p><p>que a escola oportunize diferentes práticas corporais, de diferentes culturas,</p><p>garantindo que:</p><p>Independentemente de qual seja o conteúdo escolhido, os processos de</p><p>ensino e aprendizagem devem considerar as características dos alunos</p><p>44</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>em todas as suas dimensões (cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética,</p><p>de relação interpessoal e inserção social). Sobre o jogo da amarelinha, o</p><p>voleibol ou uma dança, o aluno deve aprender, para além das técnicas</p><p>de execução, a discutir regras e estratégias, apreciá-los criticamente,</p><p>analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, ressignificá-los e recriá-</p><p>los.</p><p>Em muitos jogos e brincadeiras a criança tem a oportunidade de interagir</p><p>com o outro, que muitas vezes, durante o jogo ou brincadeira, é considerado</p><p>seu adversário. O professor precisa aproveitar esses momentos para incutir/</p><p>desenvolver no educando o respeito pelo próximo, a importância de se participar</p><p>de forma leal e não violenta, a capacidade de julgamento, a solidariedade, a</p><p>importância de não humilhar, saber ganhar e perder. Para isso é importante que</p><p>a criança, em determinados momentos, seja praticando ou como expectador,</p><p>possa ter/desenvolver diferentes pontos de vista frente a uma mesma situação ou</p><p>atividade.</p><p>4 RECREAÇÃO E JOGOS</p><p>O lúdico também precisa ser inserido no ambiente hospitalar, pois como já</p><p>vimos o jogar, o brincar traz infinitas possibilidades para o desenvolvimento do</p><p>educando nos aspectos cognitivos, físicos e culturais. Porém, temos ciência que</p><p>esta não é a realidade de muitas regiões do Brasil, porém, vale ressaltar aqui que é</p><p>através do brincar que a criança tem a oportunidade de transformar a realidade e</p><p>entrar no mundo da fantasia, o brincar, portanto é considerado uma terapia para a</p><p>criança, que pode sim auxiliar no processo de recuperação da criança.</p><p>Nos grupos da Terceira Idade, a ludicidade se torna imprescindível, pois</p><p>o movimentar-se nessa fase da vida vai muito além da diversão, o corpo necessita</p><p>de estímulos para manter-se ativo e saudável. Os profissionais de educação</p><p>física precisam desenvolver atividades recreativas, com propostas adequadas a</p><p>cada idade, respeitando os limites de cada um. Estas atividades se forem feitas</p><p>regularmente auxiliam na prevenção de doença crônica, como diabetes, hipertensão</p><p>ou problemas cardiovasculares.</p><p>As prefeituras de muitas cidades, sabendo dessa importância, estão</p><p>construindo parques com equipamentos para poder oferecer à população um local</p><p>adequado que em horários específicos conta com profissional da área para orientá-</p><p>los nas atividades realizadas.</p><p>Os jogos de carta, dominó e xadrez promovem, além da interação e</p><p>entretimento, o estímulo ao cérebro auxiliando o desenvolvimento cognitivo.</p><p>Atualmente, a maioria das empresas de médio e grande porte, coloca a</p><p>dispor dos funcionários as chamadas Associações. Um local de lazer, onde podem</p><p>ser realizadas festas e encontros de outros tipos. Algumas associações são bem</p><p>TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>45</p><p>equipadas, com quadras de esporte, piscina, salas de jogos e parque infantil. Nesse</p><p>local, as atividades não são orientadas por um profissional da área, mas nem por</p><p>isso é considerado menos importante. O que não pode, é ter uma vida sedentária!</p><p>O professor encontra no ambiente educativo diferentes realidades e este</p><p>precisa estar preparado para lidar com elas. Os PCN de Educação física expõem</p><p>essa preocupação conforme podemos observar na citação a seguir:</p><p>Em determinadas realidades, o consumo de álcool, fumo ou outras</p><p>drogas já ocorre em idade muito precoce. A aquisição de hábitos</p><p>saudáveis, a conscientização de sua importância, bem como a efetiva</p><p>possibilidade de estar integrado socialmente (o que pode ocorrer</p><p>mediante a participação em atividades lúdicas e esportivas), são</p><p>fatores que podem ir contra o consumo de drogas. Quando o indivíduo</p><p>preza sua saúde e está integrado a um grupo de referência com o qual</p><p>compartilha atividades socioculturais e cujos valores não estimulam o</p><p>consumo de drogas, terá mais recursos para evitar esse risco. (BRASIL,</p><p>1996, p. 25-26).</p><p>Neste sentido, a escola, e qualquer outra instituição, precisa apresentar um</p><p>ambiente acolhedor, onde o educando tenha a oportunidade de viver e conviver</p><p>com o outro, no qual as diferenças que sejam respeitadas, que ofereça amparo e</p><p>demonstre preocupação individual com cada um.</p><p>Os clubes, hotéis e fazenda têm ao dispor do hóspede uma série de atrações,</p><p>pensadas e desenvolvidas com o intuito de entretê-los durante a estadia.</p><p>Nesses locais podem ser desenvolvidas</p><p>as mais variadas atividades,</p><p>geralmente a programação (diferenciada para adultos e crianças) fica ao dispor do</p><p>hóspede para que ele se organize. Atividades ao ar livre são característicos destes</p><p>locais, caminhadas, passeios a cavalo, jogos de futebol, arborizo, esconde-esconde,</p><p>pega-pega, entre tantos outros, fazem a alegria de adultos e crianças.</p><p>5 ADAPTAÇÃO DOS ESPAÇOS</p><p>Muitas escolas e instituições não têm uma quadra convencional. Neste</p><p>sentido, o professor precisa estar preparado e saber adaptar os espaços para as</p><p>aulas de Educação Física. Coisa que as crianças sabem fazer muito bem por sinal,</p><p>pois é comum vê-las jogando gol-a-gol na porta de aço de uma garagem, ou usando</p><p>um portão como rede para um jogo de voleibol adaptado. (PCN, 1997, p. 61). De</p><p>acordo com Moraes (1998), o professor pode utilizar um pátio, um jardim, um</p><p>campinho, dentro ou próximo à escola, para realizar as atividades de Educação</p><p>Física. Estender cordas entre árvores, para que as crianças se pendurem e se</p><p>equilibrem, ou organizem voleibol em pequenos grupos, pendurar pneus e aros</p><p>nas árvores para funcionarem como alvos em jogos de arremesso e basquete em</p><p>pequenos grupos, utilização de desníveis de terreno como parte dos circuitos com</p><p>46</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>materiais diversos e obstáculos são sugestões de formas de utilização do espaço</p><p>físico.</p><p>Adaptar materiais também se torna relevante, pois nem sempre o professor</p><p>irá ter à disposição tudo o que procura, usar a criatividade e o bom senso nessas</p><p>horas é muito importante. Porém é necessário verificar com antecedência se os</p><p>materiais a serem usados e o espaço em si é seguro e não apresenta nenhum risco</p><p>para quem está utilizando.</p><p>FIGURA 15 - DIFERENTES ESPAÇOS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.educacaofisicaa.com.br/>. Acesso em: 8 mar. 2015.</p><p>TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>47</p><p>ENTREVISTA COM GILLES BROUGÈRE SOBRE O</p><p>APRENDIZADO DO BRINCAR</p><p>Filósofo francês explica que o jogo é uma construção social que deve ser</p><p>estruturada desde cedo. E o professor pode enriquecer essa experiência.</p><p>GILLES BROUGÈRE</p><p>FOTO: Marina Piedade</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>"O brincar tem de se desenvolver em aberto, com possibilidades variadas.</p><p>Quando todos sabem quem vai ganhar, deixa de ser um jogo."</p><p>Sob o olhar de um educador atencioso, as brincadeiras infantis revelam</p><p>um conteúdo riquíssimo, que pode ser usado para estimular o aprendizado. Gilles</p><p>Brougère, um dos maiores especialistas em brinquedos e jogos na atualidade,</p><p>entrou nesse universo totalmente por acaso. Desde o fim da década de 1970, o</p><p>tema tornou-se objeto de estudo no grupo de pesquisadores em que ele atuava.</p><p>Como na época não existiam investigações sobre a temática, Brougère vislumbrou</p><p>o muito que havia para ser feito.</p><p>Desde então, ele pesquisa a cultura lúdica da perspectiva da sociedade na</p><p>qual cada criança está inserida. É o contexto social, diz ele, que determina quais</p><p>serão as brincadeiras escolhidas e o modo como elas serão realizadas.</p><p>Seus estudos indicam que os pequenos se baseiam na realidade imediata</p><p>para criar um universo alternativo, que ele batizou de segundo grau e no qual o</p><p>faz de conta reina absoluto. Graças a um acordo entre os participantes, mesmo</p><p>os muito pequenos, todos sabem que aquilo é "de brincadeira". Por isso, fica fácil</p><p>decidir quando parar. Pelo mesmo motivo, um jogo não pode ser nem muito</p><p>entediante nem muito desafiante ao ponto de provocar ansiedade.</p><p>48</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>No final de 2009, Brougère esteve no Brasil e conversou com NOVA</p><p>ESCOLA, inclusive sobre a relação do brincar com a violência.</p><p>Quais são as características básicas da brincadeira?</p><p>GILLES BROUGÈRE - A primeira característica é a que se refere ao faz</p><p>de conta. É o que eu chamo de segundo grau. Toda brincadeira começa com uma</p><p>referência a algo que existe de verdade. Depois, essa realidade é transformada para</p><p>ganhar outro significado. A criança assume um papel num mundo alternativo,</p><p>onde as coisas não são de verdade, pois existe um acordo que diz "não estamos</p><p>brigando, mas fazendo de conta que estamos lutando". A segunda característica</p><p>é a decisão. Como tudo se dá num universo que não existe ou com o qual só</p><p>os jogadores estão de acordo que exista, no momento em que eles param de</p><p>decidir, tudo para. É a combinação entre o segundo grau e a decisão que forma</p><p>o núcleo essencial da brincadeira. A esses dois elementos, podemos acrescentar</p><p>outros três. Para começar, é preciso conhecer as regras e outras formas de</p><p>organização do jogo. Além disso, o brincar tem um caráter frívolo, ou seja, é</p><p>uma ação sem consequências ou com consequências minimizadas, justamente</p><p>porque é "de brincadeira". Por fim, há o aspecto da incerteza, pois o brincar tem</p><p>de se desenvolver em aberto, com possibilidades variadas. Quando todos sabem</p><p>quem vai ganhar, deixa de ser um jogo (e, nesse ponto, é o contrário de uma</p><p>peça de teatro, que também é "de brincadeira", mas que sabemos como acaba).</p><p>O tema de sua pesquisa é a relação da brincadeira com a cultura lúdica.</p><p>Como definir esse conceito?</p><p>BROUGÈRE - A cultura lúdica são todos os elementos da vida e todos</p><p>os recursos à disposição das crianças que permitem construir esse segundo grau.</p><p>Ela não existe isoladamente. Quando a criança atua no segundo grau, mantém</p><p>a relação com a realidade (o primeiro grau), pois usa aspectos da vida cotidiana</p><p>para estabelecer uma relação entre a brincadeira e a cultura local num sentido bem</p><p>amplo. Depois, os pequenos desenvolvem essa cultura lúdica, que inclui os jeitos</p><p>de fazer, as regras e os hábitos para construir a brincadeira. Um bom exemplo</p><p>são as músicas cantadas antes de começar uma brincadeira no pátio da escola.</p><p>Essa cultura, portanto, é individual ou compartilhada?</p><p>BROUGÈRE - Ambos. Como toda cultura, ela se refere ao que é</p><p>compartilhado e é isso que permite que uma criança brinque com outras. Cultura,</p><p>numa definição muito rápida, é "tudo aquilo que compartilhamos". Então, para</p><p>compartilhar uma brincadeira, é preciso ter uma cultura compartilhada. Ao</p><p>mesmo tempo, porém, é preciso entender que cada criança, em função de sua</p><p>história de vida, tem um jeito particular de lidar com as brincadeiras. Às vezes, ela</p><p>conhece alguns jogos, mas não outros. Por isso, posso afirmar que existe também</p><p>uma individualização dessa cultura, já que nem todos compartilham todos os</p><p>TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>49</p><p>elementos da cultura lúdica de uma geração. Alguns jogam video games que outros</p><p>nem conhecem. Da mesma forma, há diferenças entre as brincadeiras de meninas</p><p>e de meninos. A cultura lúdica é a soma de tudo isso, considerando o resultado da</p><p>vida de cada um. O fato é que a experiência lúdica não é a mesma para todas as</p><p>crianças.</p><p>Um jogo pode mudar conforme a sociedade ou a região. Como abordar</p><p>essas diferenças?</p><p>BROUGÈRE - É verdade que existe uma dimensão local da</p><p>cultura. Muitas crianças jogam bola de gude - e em lugares diferentes</p><p>as regras podem ser totalmente diversas. Em alguns locais, desenvolve-</p><p>se um jeito específico de pular corda. Não há dúvida de que os jogos se</p><p>adaptam ao contexto, aos hábitos, aos interesses e ao material disponível.</p><p>É por isso que se diz que a criança aprende a brincar?</p><p>BROUGÈRE - Sim. A brincadeira não é inata. Mesmo que tenha</p><p>elementos naturais, ela sempre é o resultado de uma construção social. É algo</p><p>que se aprende e se estrutura desde muito cedo, muitas vezes entre mãe e</p><p>filho. É provável que a criança aprenda o "de brincadeira", o segundo grau, nas</p><p>próprias brincadeiras. Toda criança descobre rapidamente que no esconde-</p><p>esconde o desaparecimento não é real. Afinal, reaparecemos depois. Quando</p><p>ela</p><p>é capaz de fazer o mesmo, ainda que seja de maneira desajeitada, aprendeu a</p><p>brincar. Mas é preciso entender que algumas crianças não aprendem isso, o que</p><p>faz com que tenham dificuldade para estar no segundo grau. Se não aprendem</p><p>a dizer "é de brincadeira, é só faz de conta", não conseguem entrar em nenhum</p><p>jogo. Tanto é assim que falamos que "essa criança não sabe brincar" justamente</p><p>porque não entra no universo do faz de conta. Depois dessa aprendizagem</p><p>básica do brincar, os pequenos aprendem os mecanismos, os ritos e as tradições</p><p>de um pátio, de um espaço para jogar. E em seguida vêm as aprendizagens</p><p>secundárias: aprender a jogar futebol, aprender a jogar determinado video game.</p><p>Então, primeiro a criança tem de entender o que é brincar?</p><p>BROUGÈRE - Não diria que ela tem de entender, pois não tenho certeza</p><p>de que a criança precise de clareza sobre esse processo. Usar o verbo entender</p><p>significa pensar que um jogo só pode ser jogado quando há um nível de reflexão</p><p>elaborado. E, obviamente, não é possível ter certeza de que a criança faz essa</p><p>reflexão, pois não há como questioná-la sobre isso, uma vez que é nova demais.</p><p>O que realmente importa é ela entrar nesse universo de faz de conta e sentir o</p><p>prazer que ele proporciona. Há teorias sobre a excitação ou a emoção que o</p><p>lazer (e, mais especificamente, o jogo) produz. Quando as crianças são bem</p><p>estimuladas, mostram isso claramente. Se elas entendem? Não sei, mas acho</p><p>provável que o domínio do segundo grau venha antes dessa compreensão. As</p><p>crianças brincam antes mesmo de entender o que estão fazendo. Elas percebem e</p><p>atuam antes de entender o significado de suas ações e de poder refletir sobre elas.</p><p>50</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>O jogo muda naturalmente à medida que a criança se desenvolve?</p><p>BROUGÈRE - Sim. No começo, tudo se dá no nível da experiência. Mas,</p><p>como em toda atividade humana, ocorre o enriquecimento por experiência. Quanto</p><p>mais a criança adquire vivências, mais é capaz de fazer novas atividades (e perde</p><p>o interesse por outras). É possível analisar isso com base na teoria do fluxo ou da</p><p>experiência ótima. No jogo, os pequenos procuram estar em equilíbrio, evitando</p><p>o tédio - se acham chato, não jogam mais - e a ansiedade - tarefas difíceis demais</p><p>também são abandonadas. Se o desafio é demasiado, gera ansiedade. A criança</p><p>desiste dizendo que aquele jogo é ruim e, com isso, evita ficar em dificuldade. O</p><p>jogo envolve essa busca de equilíbrio. É uma atividade em que há desafio, mas</p><p>um desafio acessível. Em função da experiência e também das competências, cada</p><p>criança é capaz de dominar certas situações e, assim, administrar essa distância</p><p>entre o tédio e a ansiedade. A isso se soma a dimensão social. São os momentos</p><p>de encontro com outras crianças ou, às vezes, adultos. É comum adaptar as regras</p><p>de um jogo para adultos só para permitir que os pequenos participem também.</p><p>Finalmente, outro elemento se revela por meio do jogo: a criança mostra quem é. O</p><p>jogo é um indicador, uma maneira de mostrar a si mesmo e aos outros que aquele</p><p>pequeno já cresceu.</p><p>O que a escola pode fazer para enriquecer o brincar?</p><p>BROUGÈRE - Acredito que a primeira atitude a tomar é observar. Sem</p><p>a observação, o enriquecimento não é possível porque não há conhecimento</p><p>suficiente para tanto. Depois disso, é interessante refletir sobre a qualidade dos</p><p>espaços destinados às brincadeiras, sejam eles externos ou internos. Outra reflexão</p><p>importante é sobre como o professor pode favorecer esse enriquecimento. O professor</p><p>deve ficar de fora da brincadeira? Em que casos pode intervir ou participar do</p><p>jogo? Não há uma verdade única para essas questões. Tudo depende da percepção</p><p>do educador, da idade das crianças, das circunstâncias e das condições da escola.</p><p>Se em algum momento o professor sente que deve propor uma ideia ou indicar o</p><p>uso de um material capaz de deixar a brincadeira mais interessante, ele não deve</p><p>se privar disso - desde que tenha em mente que não se trata de obrigar as crianças.</p><p>Que intervenção positiva de um professor é um bom exemplo?</p><p>BROUGÈRE - Uma colega relatou em um livro uma atividade em que</p><p>crianças faziam um percurso de bolas de gude com pedaços de madeira. Durante</p><p>o jogo, o professor percebeu que seria uma pena perder todo aquele esquema</p><p>montado. Então, ele sugeriu que as crianças registrassem o percurso para poder</p><p>reconstituí-lo no futuro. E todos aceitaram a proposta com entusiasmo. Ao propor</p><p>um novo desafio que não fazia parte do jogo, o educador auxiliou a garotada a</p><p>progredir. E, como as crianças estavam felizes pelo que haviam feito, guardar</p><p>o registro foi uma forma de valorizar ainda mais o que tinham construído. O</p><p>papel do professor é propor novas atividades que se baseiam num jogo ou</p><p>que podem alimentá-lo. Outro bom caminho é propor uma roda de conversa</p><p>depois de um jogo para que as crianças falem sobre o que aconteceu, sobre o</p><p>que observaram. Isso não faz parte do jogo em si, mas valoriza o ato de jogar.</p><p>TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>51</p><p>Qual sua opinião sobre a escola oferecer brinquedos de alguma forma</p><p>ligados à violência, como soldados?</p><p>BROUGÈRE - Como regra geral, sou contra. E acho que essa é a realidade</p><p>em quase todos os países. Meus estudos mostram que geralmente predomina a</p><p>cautela em relação ao que se associa à guerra. Mas há exceções. Lembro que, na</p><p>Polônia, ninguém evitava os brinquedos de guerra. Lá, eles eram considerados</p><p>bons porque foi a guerra que permitiu libertar o país da opressão do nazismo.</p><p>Da mesma forma, acho razoável o movimento contra os brinquedos da moda,</p><p>ligados à globalização dos mercados ou a determinadas marcas, em detrimento de</p><p>brinquedos tradicionais, presentes na sociedade há várias gerações. Sou favorável</p><p>a esse movimento de valorizar os jogos em que as crianças são personagens, atores,</p><p>e deixar em segundo plano os brinquedos em que elas têm de atuar como diretores.</p><p>Não quero dizer que esses jogos não têm nada de interessante, mas acho que os</p><p>primeiros são melhores para o desenvolvimento cognitivo infantil. Os professores</p><p>precisam estar à vontade com o material à disposição em sala de aula e usá-los</p><p>para enriquecer a experiência lúdica das crianças.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/</p><p>desenvolvimento-e-aprendizagem/entrevista-gilles-brougere-sobre-aprendizado-brincar-jogo-</p><p>educacao-infantil-ludico-brincadeira-crianca-539230.shtml>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>52</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você viu que:</p><p>• Ao jogar e/ou brincar a criança desenvolve infinitas capacidades e habilidades.</p><p>Ela manifesta sentimentos e emoções, desenvolvendo assim as capacidades</p><p>e habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, construindo assim a sua</p><p>identidade.</p><p>• A escola já reconhece a importância desse tipo de atividade, porém ainda</p><p>resiste, pois se preocupa demasiadamente em transmitir conteúdos de forma</p><p>tradicional, teoria + avaliação = ao resultado de aprendizagem.</p><p>• O profissional da área de Educação física precisa estar preparado para atuar nos</p><p>mais diferentes espaços educativos atuais.</p><p>• O espaço da brinquedoteca precisa ser organizado de forma que a criança tenha</p><p>acesso aos brinquedos e possa desenvolver as brincadeiras com autonomia.</p><p>53</p><p>1 Faça uma análise e escreva um texto informando sobre os diferentes espaços</p><p>de atuação do profissional de Educação Física na região em que você mora.</p><p>2 Quais vantagens o profissional de Educação Física pode oferecer à</p><p>comunidade?</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>54</p><p>55</p><p>UNIDADE 2</p><p>OFICINAS DE JOGOS E</p><p>BRINQUEDOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir desta unidade, você será capaz de:</p><p>• aprender a selecionar e confeccionar brinquedos adequados às crianças;</p><p>• compreender a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras na apren-</p><p>dizagem para a Educação Infantil</p><p>e Anos Iniciais do Ensino Fundamental;</p><p>• reconhecer a importância da ludicidade no professor de educação física.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você</p><p>encontrará atividades que possibilitarão o aprofundamento de cada conteú-</p><p>do proporcionando uma reflexão sobre jogos e brincadeiras como também</p><p>aprender a criar, selecionar, adequar, adaptar e também brincar.</p><p>TÓPICO1 - SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>TÓPICO2 - JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO</p><p>BÁSICA</p><p>TÓPICO 3 - A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE</p><p>EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>56</p><p>57</p><p>TÓPICO 1</p><p>SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE</p><p>BRINQUEDOS</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Percebemos que hoje as crianças e os jovens estão inseridos em realidades</p><p>tecnológicas que encantam e fascinam pelo alcance e funções que estas permitem.</p><p>Assim, o desencanto escolar, o desinteresse pelo espaço físico, sala de aula e os</p><p>seus recursos, acabam gerando indisciplina, pouco envolvimento e o educador se</p><p>sente frustrado, não alcançando os seus objetivos com relação à aprendizagem.</p><p>Acreditamos que a sala de aula, a quadra, o espaço escolar tem que ser</p><p>prazeroso, agradável, de forma que as brincadeiras e os jogos permitam ao</p><p>educando um excelente instrumento de disciplina, concentração e entusiasmo.</p><p>Portanto, ao propor atividades que envolvam a construção de brinquedos</p><p>ou jogos, precisamos ter bem claro, qual a nossa intenção pedagógica e que</p><p>experiências gostaríamos que a garotada vivenciasse, não se esquecendo de</p><p>considerar a qualidade, a variedade, a organização, a segurança, a resistência e o</p><p>aspecto destes materiais didáticos de acordo com a idade.</p><p>E então, ficou curioso(a) para desvendar este universo? Vamos lá!</p><p>2 APRENDER A SELECIONAR E CONFECCIONAR</p><p>BRINQUEDOS ADEQUADOS ÀS CRIANÇAS</p><p>Atualmente os brinquedos mais requeridos são os mostrados na televisão,</p><p>porém, jogos tradicionais como amarelinha, paciência, peões, foram capazes de</p><p>atravessar o tempo e ainda chamam muito a atenção das crianças, no entanto</p><p>muitas vezes não conseguem atravessar os muros da escola.</p><p>Para brincar não precisamos que o brinquedo seja sofisticado ou caro,</p><p>basta que ele nos dê alegria e prazer. Segundo Nilse Cunha (apud ALMEIDA,</p><p>2010) da associação Brasileira de Brinquedotecas, a ABBRI, não brincamos porque</p><p>temos brinquedos, mas simplesmente porque temos vontade de brincar, ou seja,</p><p>para brincarmos não necessitamos exatamente de brinquedos ou jogos, basta a</p><p>nossa capacidade criativa e simbólica para transformar qualquer coisa em material</p><p>lúdico.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>58</p><p>Nesse sentido, é fundamental que o educador descubra as formas mais</p><p>adequadas com o grupo, diagnosticando o nível de desenvolvimento da criança</p><p>em Zona de Desenvolvimento Real, o que a criança é capaz de fazer sozinha, e,</p><p>Zona de Desenvolvimento Proximal, o que a criança faz, porém, com ajuda de um</p><p>parceiro, este parceiro pode ser um adulto, ou outra criança.</p><p>“A Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) no qual a criança faz suas</p><p>atividades com independência, retrata o amadurecimento consolidado, enquanto</p><p>as tarefas realizadas com a ajuda dos outros apontam para o desenvolvimento</p><p>mental que pode ser adquirido”. (VYGOTSKY, 1991, p. 109).</p><p>Por isso é importante que o educador renove e inove sua prática, descobrindo</p><p>as mais adequadas situações lúdicas para favorecer a mediação da criança em sua</p><p>relação com o meio.</p><p>FIGURA 16 - NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO REAL</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-</p><p>free/42-65138713/russia-sarsi-village-boy-23-playing-with?popup=1>. Acesso</p><p>em: 22 mar. 2015.</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>59</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-</p><p>free/42-61748152/grandpa-playing-with-grandsons-45-years-23?popup=1>.</p><p>Acesso em: 22 mar. 2015.</p><p>FIGURA 17 - NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL</p><p>É preciso perceber quais as funções psíquicas que se encontram em</p><p>desenvolvimento e compreender qual é a atividade principal para aquele grupo em</p><p>sua fase de desenvolvimento, quando o professor respeita a atividade principal da</p><p>criança, com condições adequadas de vida e de educação, as crianças desenvolvem</p><p>intensamente diferentes atividades práticas, intelectuais e artísticas e iniciam a</p><p>formação de ideias, sentimentos e hábitos morais e traços de personalidade.</p><p>O brinquedo é capaz de estimular diferentes habilidades de acordo com</p><p>determinada faixa etária. De acordo com Vygotsky (1991), a função primordial</p><p>do brinquedo é satisfazer algumas necessidades das crianças. E continua “[...] Para</p><p>resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório</p><p>e imaginário, onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o</p><p>que chamamos de brinquedo”. (VYGOTSKY, 1991, p.106).</p><p>Para Vygotsky (1991, p.117) no “brinquedo a criança sempre se comporta</p><p>além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário:</p><p>no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade”.</p><p>Dessa forma trazemos como sugestão:</p><p> 0 a 5 meses:</p><p>Nesta fase a criança já apresenta reações aos sons e consegue perceber os</p><p>objetos com os olhos, assim sugerimos:</p><p>• chocalhos;</p><p>• guizos;</p><p>•	 caixinhas de música e outros brinquedos sonoros;</p><p>• móbiles;</p><p>• brinquedos de variadas texturas (estimulam os sentidos da visão, da audição e do</p><p>tato).</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>60</p><p> 6 meses a 1 ano:</p><p>Nesta fase a criança começa a reconhecer as cores, a sentar e a engatinhar,</p><p>assim sugerimos:</p><p>•	 brinquedos que boiam na água;</p><p>• brinquedos empilháveis e que se encaixam;</p><p>• brinquedos de empilhar e desmontar;</p><p>•	 espelhos.</p><p>	1 a 3 anos</p><p>Nesta fase a criança passa a ter noção de tamanho e necessita exercitar seu</p><p>equilíbrio, gostam de realizar atividades de coordenação motora como abrir e fechar,</p><p>empilhar, encaixar, puxar, empurrar, assim sugerimos:</p><p>• brinquedos de encaixar e desmontar;</p><p>•	 carrinhos, bonecas;</p><p>•	 blocos de brinquedos para empilhá-los e colocá-los dentro de caixas;</p><p>• brinquedos de variadas texturas (estimulam os sentidos da visão, da audição e do</p><p>tato) com cores vivas e vibrantes;</p><p>•	 bichos de pelúcia feitos de materiais atóxicos;</p><p>• álbuns de fotografia de familiares e objetos conhecidos;</p><p>• chaveiros.</p><p>	4 a 6 anos:</p><p>Nesta fase a criança já começa a aceitar regras e compreendê-las, há um aumento</p><p>em sua capacidade de concentração, o que proporciona ao professor a possibilidade</p><p>para trabalhar com atividades mais complexas, assim sugerimos:</p><p>•	 caixas de areia com pás e cubos;</p><p>•	 cabaninhas;</p><p>• casas de bonecas;</p><p>• ferramentas de brinquedos;</p><p>•	 massinha de modelar;</p><p>• objetos domésticos;</p><p>• fantoches, máscaras;</p><p>• brinquedos de mágica;</p><p>• argila para modelar;</p><p>•	 caixa de lego.</p><p> Mais de 6 anos</p><p>Nesta fase surge a lateralidade, manual, auditiva, visual e pedal. A lateralidade</p><p>é o predomínio motor de um lado do corpo que coincide com a predominância</p><p>sensorial do mesmo lado e com as possibilidades simbólicas do hemisfério cerebral</p><p>oposto.</p><p>Há agora uma ampliação da linguagem e da coordenação motora ampla</p><p>e fina, como também a criança já começa a apresentar uma melhor organização</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>61</p><p>temporal. Já aceitam regras com mais facilidade e convivem bem em grupos, levando</p><p>o individualismo ao declínio, assim sugerimos:</p><p>• jogos de tabuleiro;</p><p>• pipas;</p><p>• brinquedos colecionáveis, futebol de botão;</p><p>• jogos de cartas;</p><p>• quebra-cabeças.</p><p>O quadro a seguir apresenta jogos e brincadeiras que estão classificados em</p><p>cinco grandes áreas pelo ICCP (Sistema ICCP – International Council for Children’s Play).</p><p>QUADRO 1 – AS CINCO GRANDES ÁREAS DO DESENVOLVIMENTO</p><p>DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE</p><p>1. Motricidade</p><p>Global</p><p>01. Andar</p><p>02. Equilíbrio</p><p>03. Coordenação</p><p>geral</p><p>04. Balanceamento</p><p>2. Motricidade Fina</p><p>01. Preensão</p><p>02. Coordenação</p><p>03. Consciência</p><p>04. Controle</p><p>05. Lateralidade</p><p>05. Precisão</p><p>06. Rapidez</p><p>07. Habilidade</p><p>08. Aptidão</p><p>3. Experiência</p><p>Sensorial</p><p>01. Tátil</p><p>02. Visual</p><p>03. Sonora</p><p>04. Olfativa</p><p>05. Gustativa</p><p>06. Sensações</p><p>4. Organização espaço</p><p>temporal</p><p>01. Esquema Corporal</p><p>02. Lateralidade</p><p>03. Orientação</p><p>04. Transposição</p><p>05. Escala</p><p>06. Registro Temporal</p><p>07. Cronologia</p><p>05. Movimento</p><p>01. Equilíbrio</p><p>02. Rapidez</p><p>03. Força</p><p>04. Resistência</p><p>05. Agilidade</p><p>06. Controle</p><p>DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL</p><p>1. Despertar</p><p>01. Descoberta</p><p>02. Atenção</p><p>03. Observação-</p><p>Escuta</p><p>04. Registro</p><p>05. Manipulação</p><p>2. Aquisição</p><p>01. Aprendizado</p><p>Prático</p><p>02. Aprendizado</p><p>Didático</p><p>03. Cópia</p><p>04. Repetição</p><p>05. Imitação</p><p>06. Concentração</p><p>3. Raciocínio</p><p>01. Reconhecimento 02.</p><p>Combinação</p><p>03. Experiências</p><p>04. Dedução</p><p>05. Comparação</p><p>06. Atividades</p><p>Operatórias</p><p>07. Atividades Lógicas</p><p>08. Estratégia</p><p>4. Simbolização</p><p>01. Associações</p><p>02. Linguagem</p><p>03. Representações</p><p>Complexas</p><p>5. Memorização</p><p>01. Reconhecimento</p><p>02. Memória Visual</p><p>03. Memória Verbal</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>62</p><p>DESENVOLVIMENTO DA AFETIVIDADE</p><p>1. Identificação</p><p>01. Imitação</p><p>02. Repetição</p><p>03. Simulação</p><p>04. Dramatização</p><p>2. Autoafirmação</p><p>01. Personalidade</p><p>02. Caráter</p><p>03. Consciência</p><p>04. Competência</p><p>05. Competição</p><p>3. Sentimentos</p><p>01. Afeto</p><p>02. Ternura</p><p>03. Proteção</p><p>04. Generosidade</p><p>05. Agressividade</p><p>06. Senso Social</p><p>DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE</p><p>1. Iniciação</p><p>01. Transformação da Matéria</p><p>02. Atividades Artesanais</p><p>03. Trabalhos Manuais</p><p>04. Atividades Técnicas</p><p>05. Atividades Artísticas</p><p>2. Imaginação</p><p>01. Sonho</p><p>02. Fabulação</p><p>03. Ficção</p><p>04. Invenção</p><p>05. Criação</p><p>3. Expressão</p><p>01. Gráfica</p><p>02. Pictórica</p><p>03. Musical</p><p>04. Dramática</p><p>05. Linguística</p><p>DESENVOLVIMENTO SOCIABILIDADE</p><p>1. Competição</p><p>01. Ultrapassa-gem</p><p>02. Desafio</p><p>03.Agressividade</p><p>04. Emulação</p><p>05. Tática</p><p>2. Comunicação</p><p>01. Trocas</p><p>02. Expressão</p><p>03. Colaboração</p><p>3. Regras</p><p>01. Elaboração</p><p>02. Aplicação</p><p>03. Paciência</p><p>04. Espírito de</p><p>equipe</p><p>4 .</p><p>Solidariedade</p><p>01. Apoio</p><p>02. Associação</p><p>03. Espírito de</p><p>equipe</p><p>5. Valores</p><p>01. Amizade</p><p>02. Verdade</p><p>0 3 .</p><p>Honestidade</p><p>0 4 .</p><p>Humildade</p><p>05. Fé</p><p>06. Esperança</p><p>FONTE: GUIA DE CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS, BRINQUEDOS E MATERIAIS LÚDICOS. Laboratório</p><p>de Brinquedos e Jogos. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará Instituto de Educação Física e</p><p>Esportes – IEFES, 2010.</p><p>Assim, acadêmico(a), esperamos que ao final deste tópico você seja capaz</p><p>de refletir sobre as possibilidades dos brinquedos selecionando-os adequadamente</p><p>frente às inúmeras possibilidades de uso que permite o brinquedo.</p><p>Sabemos que não basta dispor de materiais adequados, é preciso também</p><p>dispor de conhecimentos sobre os brinquedos sendo necessário, ainda, criar</p><p>oportunidades para a utilização dos brinquedos, assim como também prever o</p><p>tempo e o espaço que eles ocuparão no contexto de cada aula e dentro da instituição.</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>63</p><p>É, portanto, muito importante que você venha a oferecer às crianças</p><p>momentos ricos e diversificados, permitindo que elas possam fazer uso da</p><p>liberdade, da criatividade e da espontaneidade, propondo-lhes atividades</p><p>onde o brinquedo seja objeto de desenvolvimento para a criança, estimulando</p><p>aprendizagens, superando desafios e somando conquistas.</p><p>Apresentamos a você algumas possibilidades de vivenciar o lúdico a partir</p><p>da construção de brinquedos com materiais alternativos.</p><p>0 A 2 ANOS</p><p>FIGURA 18 - MATERIAIS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.a-par.pt/downloads/folheto_cesto_</p><p>dos_tesouros.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>A criança, em seu primeiro ano de vida, desenvolve gradativamente as</p><p>sensações do paladar, olfato, audição, visão e tato. Aos dois meses ela já inicia seu</p><p>desenvolvimento sensório-motor movimentando pernas e braços. Com 3 meses</p><p>ela já é capaz de erguer a cabeça e procurar objetos e sons. Aos quatro meses já</p><p>consegue produzir sons e acompanhar os ritmos. Com seis meses já fica sentada,</p><p>pega objetos e atende pelo nome, gosta de apreciar objetos que caem e brinca com</p><p>o corpo como objeto estranho.</p><p>Suas principais características são as descobertas pelo tato, dos movimentos,</p><p>das formas, das pessoas, das texturas e necessitam de atividades de coordenação</p><p>motora, como abrir, fechar, empilhar, encaixar, puxar, empurrar e atividades de</p><p>comunicação.</p><p>Assim, sugerimos a seguir a produção de uma Cesta de Tesouros para o</p><p>trabalho com bebês, composta de cerca de 50 objetos que não são usualmente os</p><p>brinquedos comprados. É uma cesta forte, rasa e resistente, com 12 cm de altura,</p><p>que contém objetos naturais os quais não podem ser de plástico. A maioria dos</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>64</p><p>objetos é de uso adulto ou também podem ser encontrados em ambientes naturais.</p><p>A cesta dos tesouros deve conter objetos de diferentes tamanhos, pesos, texturas,</p><p>temperaturas, cores, sabores e som. Os objetos escolhidos devem estimular um ou</p><p>mais dos cinco sentidos dos bebês de 0 a 18 meses.</p><p>São objetos da cesta: pedras, castanhas, cortiça, pedaços de espuma,</p><p>escudos, pentes, caixas, botões grandes, pincéis, escovas, prendedores de roupa,</p><p>carretéis de linha, gelatinas, saquinhos de pano perfumados, garrafinhas com água</p><p>colorida e miçangas, chocalhos, enfim, materiais onde se explorem texturas, cheiros,</p><p>gostos, escutas e o visual.</p><p>Estimulando o tato: objetos com diferentes texturas, formas e pesos.</p><p>Estimulando o olfato: objetos com vários cheiros e odores.</p><p>Estimulando a audição: objetos com campainha; tilintar, estalar/bater; som</p><p>de amachucar papel.</p><p>Estimulando a visão: objetos de diferentes cores, formas, comprimentos e</p><p>brilhos.</p><p>Estimulando o gosto: frutas, bombons, balinhas.</p><p>SUGESTÃO DE MATERIAIS</p><p>Naturais: conchas grandes, nozes grandes, frutas.</p><p>Metais: colheres, tampas de frascos, pulseiras, formas para bolos.</p><p>Madeira: rocas, copos de ovos, tigelas, argolas de guardanapos, argolas de</p><p>cortinado, colheres medidoras, medidores de esparguete.</p><p>Bugiganga: carteiras e caixas de cartão pequenas, rolos de cartão.</p><p>Feitos com material natural: bolas de lã, pequenos cestos, escovas.</p><p>Têxteis: tecidos com texturas, cores, padrões e formas diferentes, com</p><p>brilho, com elasticidade, bolas de trapos.</p><p>Outros: caixas ou garrafas de plástico e cartão com: pedras/contas pequenas</p><p>e coloridas. Bolsas com aromas, almofadas aromáticas, esponjas com diferentes</p><p>texturas, guizeiras, maracas.</p><p>DICAS</p><p>Acadêmico(a), acesse: <http://www.labrimp.fe.usp.br/Arquivos/Galeria/</p><p>Arquivos/4/7.pdf> da Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação. Departamento</p><p>de Metodologia do Ensino e Educação Comparada. Laboratório de Brinquedos e Materiais</p><p>Pedagógicos e veja mais sugestões para construção de outros brinquedos.</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>65</p><p>Agora, você vai conhecer outros brinquedos que podem ser</p><p>confeccionados pelo professor.</p><p>O professor pode confeccionar ou</p><p>customizar dois macacões feitos de tecido</p><p>pluma, leve e macio, em duas cores diferentes,</p><p>bem vivas, com algumas aplicações de cor</p><p>branca.</p><p>Acompanham duas bolas pretas,</p><p>revestidas de velcro para facilitar a aderência ao</p><p>macacão.</p><p>FIGURA 19 - PARABÓLICOS</p><p>Sortear duas crianças para dar início à brincadeira ou então deixar que o</p><p>grupo as escolha.</p><p>Dar a cada criança um macacão e pedir que, antes de vesti-lo, o examine,</p><p>manuseie, sinta as texturas, examine as cores, encontre as aplicações. Depois de</p><p>vesti-lo, sinta-o, passando as mãos por todo o corpo.</p><p>Entregar a cada criança uma bola e mostrar que ela se prende facilmente</p><p>ao macacão. Explicar a maneira de jogar, quais os alvos a serem atingidos e o</p><p>número de pontos necessários para vencer.</p><p>Combinar quanto vai valer o acerto em cada uma das aplicações brancas</p><p>e em cada parte do corpo.</p><p>Cada criança deve correr pelo espaço, procurando evitar que o adversário</p><p>a acerte com a bola. Durante a brincadeira, ajudar os jogadores a fazer a contagem</p><p>dos pontos. Pode-se optar pela presença do juiz, que será uma terceira criança.</p><p>2 a 4 ANOS</p><p>Nesta idade as crianças gostam de brincadeiras com poucas</p><p>regras, pois</p><p>o interesse é motor e sensorial porque já apresenta percepção de seu esquema</p><p>corporal, se relaciona com objetos e possui conhecimento de suas partes do</p><p>corpo.</p><p>Brancher (2003) sugere que brinquedos para essa faixa etária devem</p><p>envolver bolas de várias cores e tamanhos, cavalinho de pau, blocos de</p><p>construção, baldes, quebra-cabeça simples, bonecas, panelinhas, copos, fogões,</p><p>carrinho, apito, bandinhas, encaixe, pá, forminhas, balde etc.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>66</p><p>O professor deve confeccionar um</p><p>painel circular com 197 cm de diâmetro,</p><p>forrado com tecido de nylon de cor preta,</p><p>fechado com zíper, removível.</p><p>Numa das faces estão coladas figuras</p><p>de cinco animais, uma no meio e as outras</p><p>na posição dos quatro pontos cardeais. As</p><p>figuras, nas cores vermelho, azul, amarelo e</p><p>verde, representam um cachorro, um gato,</p><p>um elefante, um peixe e uma ave. Essas</p><p>figuras têm partes feitas de velcro.</p><p>Na outra face, o círculo é dividido em quatro partes iguais, cada uma</p><p>de uma cor: vermelho, azul, amarelo e verde. Em cada uma estão colados cinco</p><p>retângulos de velcro. O nome das quatro cores poderá ser escrito em inglês ou</p><p>em português no lugar correspondente. O painel possui uma alça para que</p><p>possa ser pendurado.</p><p>Acompanham duas bolas pretas, revestidas de tecido pluma, que facilita</p><p>a aderência ao velcro do painel.</p><p>Reunir um grupo de crianças e dar a elas o painel para manusear,</p><p>brincar, sentir a forma, o peso, a consistência, a textura, o material de que é feito;</p><p>observar as duas faces, os detalhes, as cores etc. Pendurar o painel na parede em</p><p>altura adequada, com a face negra voltada para a frente.</p><p>Incentivar as crianças a examinar as figuras, identificar cada animal pelo</p><p>nome, contar quantos são e dizer a cor de cada um. Pedir que digam em que</p><p>posição está cada animal: em cima, embaixo, no lado esquerdo, no direito e no</p><p>meio.</p><p>Conversar sobre os animais, suas características, habitat, voz, utilidade.</p><p>Perguntar se as crianças têm em casa algum desses animais, procurar réplicas</p><p>ou o animal verdadeiro para mostrar.</p><p>Pedir às crianças que observem no painel a figura de cada animal,</p><p>identifiquem seu nome, comentem sobre ele, sintam com o dedo o velcro onde</p><p>irá se prender a bolinha de pluma.</p><p>Dar as bolinhas para que as crianças as prendam nos bichinhos. Em</p><p>seguida, virar o painel para explorar a outra face, identificar as cores e indicar as</p><p>cores nas várias posições: em cima, embaixo, lado direito e lado esquerdo. Pedir</p><p>que contornem com o dedo os retângulos de velcro, contem e digam quantos</p><p>são. Propor uma brincadeira de fazer continhas usando os retângulos.</p><p>BUG-BALL</p><p>FIGURA 20 - BUG-BALL</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>67</p><p>Pedir às crianças que prendam as bolas nos retângulos de velcro.</p><p>Ajude-as a encontrar em cada uma das partes coloridas o nome da cor em</p><p>inglês. Ler várias vezes. Cantar usando os nomes das cores: falar bem alto, bem</p><p>baixo, cantar usando diferentes melodias etc.</p><p>Iniciar o jogo: atirar as bolinhas, escolhendo a melhor distância. Cada</p><p>criança deve escolher uma determinada cor e acertar com a bolinha.</p><p>Virar o painel para usar a outra face, acertando na figura de determinado</p><p>animal. Organizar um torneio, criando com as crianças as regras do jogo, valor</p><p>dos acertos nas figuras ou nas faixas coloridas.</p><p>COLEBALL</p><p>FIGURA 21 - COLEBALL</p><p>O professor deverá confeccionar</p><p>dois coletes, um preto e outro azul, feitos</p><p>em tecido de nylon. Na parte das costas</p><p>encontram-se faixas de velcro coloridas.</p><p>Na frente existem aplicações de figuras</p><p>de cinco frutas diferentes, recobertas</p><p>de velcro. Acompanham duas bolas</p><p>brancas, recobertas de tecido pluma.</p><p>Sortear ou escolher duas crianças para</p><p>dar início à brincadeira.</p><p>Dar os coletes para conhecerem, manusearem, sentirem as texturas etc.</p><p>Pedir que examinem as aplicações de frutas, que as identifiquem pelo nome,</p><p>digam a cor de cada uma, contem quantas são e que vejam a posição em que</p><p>se encontram, em cima, embaixo, à esquerda e à direita. Fazer o mesmo com as</p><p>faixas de velcro coloridas.</p><p>Pedir que vistam os coletes. Entregar a cada criança uma bola e deixar que</p><p>descubram e experimentem como a bola pode prender-se ao colete. Explicar a</p><p>maneira de jogar, quais os alvos a serem atingidos, as faixas de velcro, as frutas e</p><p>o número de pontos para vencer.</p><p>Combinar quanto vai valer o acerto em cada fruta e nas faixas coloridas.</p><p>Cada criança deve correr pelo espaço, procurando evitar que o adversário a acerte</p><p>com a bola. Durante a brincadeira, ajudar os jogadores na contagem dos pontos.</p><p>Pode-se optar pela presença do juiz, que será uma terceira criança.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>68</p><p>O professor deverá construir uma caixa</p><p>de plástico de 35 cm de comprimento, 19 cm de</p><p>largura e 11 cm de altura, contendo:</p><p>• Um pedaço de doce (gelatina) colorido, de 9</p><p>cm x 9 cm, com 4 cm de altura.</p><p>• Vários alimentos em forma de bastão, com 15</p><p>cm de comprimento aproximadamente:</p><p>o biscoito palito, biscoito recheado em forma de tubo ou bala, para serem</p><p>colocados no centro do doce, em diferentes ocasiões;</p><p>o	24 balas redondas, embrulhadas, em várias cores, com um furo central;</p><p>o 1 tubo de pastilhas de menta de cor branca, redondas, com um furo central</p><p>o 1 metro de fio de nylon;</p><p>o 1 cofrinho</p><p>o	moedas de chocolate</p><p>o doces em forma circular com furo central</p><p>o 1 pacote de bolacha redonda com furo central;</p><p>o 1 tubo plástico de bala, que, ao ser balançado, produz som</p><p>o				2 caixas de gelatina em pó de sabores diferentes;</p><p>o 3 envelopes de pó para suco, coloridos, de sabores diferentes</p><p>o 1 pacote de farinha de trigo</p><p>o				1 receita de tinta de gelatina</p><p>o 1 receita de massinha colorida.</p><p>O professor deverá reunir algumas crianças para brincar com a caixa de</p><p>plástico. Pedir que examinem a caixa tampada: tocar, sentir a forma, o peso, a</p><p>textura, a consistência, balançar a caixa e pedir a cada criança que imagine o que</p><p>há dentro, dar algumas dicas.</p><p>Descobrindo e experimentando…</p><p>O professor deverá fazer a apresentação: abrir a caixa, retirar os objetos nela</p><p>colocados e identificá-los. Deixar que todas as crianças brinquem com os objetos,</p><p>abram as embalagens, cheirem, experimentem o gosto. Promover uma conversa</p><p>sobre os objetos, ajudar as crianças a encontrar os alimentos já conhecidos e pedir</p><p>que os identifiquem pelos nomes.</p><p>Falar das cores, dos aromas e dos sabores: incentivar as crianças a separar</p><p>as balas, contar, agrupar de acordo com a cor, desembrulhar, cheirar, experimentar</p><p>o sabor, sentir a forma e localizar o furo central. Pedir que coloquem todas as balas</p><p>em um pote.</p><p>Vamos fazer um colar de balas?</p><p>DOCE SABOR</p><p>FIGURA 22 - DOCE SABOR</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>69</p><p>• Cortar pedaços do fio de nylon de tamanho suficiente.</p><p>As crianças podem optar por fazer um colar de cada cor ou intercalar as</p><p>balas de várias cores.</p><p>Vamos fazer uma pulseira?</p><p>• Procurar o tubo de pastilhas de menta para fazer uma pulseira. Abrir e sentir o</p><p>cheiro, experimentar o sabor, reconhecer a forma, contar as pastilhas e enfiá-las</p><p>em fios do tamanho adequado para uma pulseira.</p><p>Construindo um brinquedo...</p><p>• Pedir que localizem a placa de doce, reconheçam a forma, as cores, sintam o</p><p>aroma, encontrem o centro para nele colocar um bastão, escolhendo entre os</p><p>vários que estão na caixa.</p><p>• Localizar o pacote de bolachas e abrir; examinar as bolachas, cheirar,</p><p>experimentar, sentir a forma, achar o furo central. Encaixar as bolachas no</p><p>bastão, contando até completar 5 ou 10. Fazer o mesmo usando o doce com furo</p><p>central.</p><p>PINTURA A DEDO</p><p>• Pedir às crianças que escolham uma das caixas de gelatina para fazer a tinta.</p><p>• Ajudá-las a abrir a embalagem e despejar o conteúdo em um recipiente, de</p><p>tamanho grande o suficiente para caber as duas mãos juntas.</p><p>• Encher um copo com água e pedir que coloquem o dedo dentro para sentir se</p><p>está cheio, ou então verificar a quantidade de água pelo peso do copo. Misturar a</p><p>água com</p><p>a gelatina usando as mãos e também experimentar o gosto da gelatina</p><p>(tinta).</p><p>Cada criança molha as mãos na sua vez. Todas as crianças podem fazer</p><p>uma pintura</p><p>em papel ou outra superfície, usando as mãos.</p><p>Vamos modelar?</p><p>• Ajudar as crianças a fazer a massa, usando as mãos para misturar os ingredientes:</p><p>água, farinha, pó colorido. Propor que modelem figuras com a massinha: bolinhos,</p><p>bonecas e cestas. Podem experimentar o gosto, cheirar e comer os objetos feitos.</p><p>• As peças feitas pelas crianças podem ser usadas para contar, representar</p><p>histórias,</p><p>fazer de conta, vender, comprar etc.</p><p>Outras brincadeiras...</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>70</p><p>• Pedir às crianças que peguem o cofre e as moedas. Deixar que examinem e</p><p>reconheçam a forma dos objetos. Explicar como colocar as moedas no cofre.</p><p>Conversar sobre dinheiro e como utilizá-lo. Ajudar a colocar as moedas no</p><p>cofre, contando-as. Depois podem comê-las. Dar às crianças o tubo plástico de</p><p>bala, pedir que cantem uma música e que acompanhem com o som produzido</p><p>pelo tubo ao ser balançado. Todos os objetos podem ser saboreados pelas</p><p>crianças no final da brincadeira.</p><p>FIGURA 23 - DOCE SABOR PRONTO</p><p>FONTE: Adaptado de SIAULYS, Mara O. de Campos. Brincar para</p><p>todos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação</p><p>Especial, 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/</p><p>arquivos/pdf/brincartodos.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>CAVALO DE BRINQUEDO</p><p>FIGURA 24 - CAVALO DE BRINQUEDO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.inventare.com.br/cavalo-de-</p><p>garrafa-pet/>. Acesso em: 22 mar. 2015.</p><p>MATERIAL</p><p>Saco de papel;</p><p>tubo de papel de presente;</p><p>giz de cera ou canetinhas;</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>71</p><p>MATERIAL</p><p>Lápis e papel;</p><p>isopor;</p><p>graveto;</p><p>fita adesiva;</p><p>balde ou piscina plástica;</p><p>tesoura;</p><p>peneira.</p><p>As crianças devem desenhar os peixes (os desenhos não podem ser</p><p>maiores que os diâmetros do coador) os desenhos deverão ser recortados e</p><p>colocados sobre o isopor para se fazer o contorno.</p><p>Para se fazer a vara de pesca cole a peneirinha (coador) em um graveto</p><p>usando a fita adesiva. Encha o balde ou a piscina com água e coloque os peixes</p><p>dentro, e pode começar a pesca.</p><p>FONTE: Adaptado de Steve e Ruth Bennett (2004)</p><p>MAIS DE 4 ANOS</p><p>Neste período a criança já apresenta evolução na capacidade de</p><p>concentração e percepção proprioceptiva e exteroceptiva, já é capaz de aceitar</p><p>regras e compreendê-las, possibilitando ao educador o trabalho com atividades</p><p>mais complexas. Neste período surge o interesse por atividades com números e</p><p>letras.</p><p>jornais;</p><p>fio ou fita adesiva.</p><p>O tubo de papel de presentes é para o corpo do cavalo, o saco de papel é</p><p>para a cabeça, desenhe os olhos, as orelhas, a boca e o nariz com giz de cera ou</p><p>canetinhas. Se preferir, pode-se fazer essas partes no papel cartão, recortá-las e</p><p>colá-las no saco de papel. Prenda os fios ou barbantes na parte de trás da cabeça</p><p>para fazer a crina. Quando o desenho estiver terminado encha o pacote de papel</p><p>com jornais.</p><p>Ao terminar de fazer a cabeça do cavalo insira o tubo de papelão no saco</p><p>de papel e amarre-o com um fio ou cole-o com fita adesiva. Amarre um barbante</p><p>colorido ao redor do tubo para fazer as rédeas.</p><p>Para saber mais acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=35fB0TsfZJc>.</p><p>PESCARIA</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>72</p><p>BATALHA NAVAL</p><p>FIGURA 25 - BATALHA NAVAL</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/</p><p>brincartodos.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>Dois tabuleiros de EVA, medindo 32 cm x 32 cm com corte em ângulo</p><p>no lado superior direito. Cada tabuleiro contém cinco colunas divididas em</p><p>retângulos.</p><p>Na primeira coluna à esquerda estão colocadas as letras de A a G,</p><p>iniciando no segundo retângulo.</p><p>Na parte superior estão marcados os números de 1 a 4, iniciando no</p><p>segundo retângulo. Acompanham oito barcos em miniatura.</p><p>São dois jogadores por partida, ficando cada um com um tabuleiro</p><p>e quatro barcos. Cada barco está posicionado em um retângulo, que</p><p>corresponde ao encontro de um número com uma letra.</p><p>A posição dos barcos de cada um não deve ser conhecida pelo seu</p><p>adversário.</p><p>Os jogadores devem decidir quem fará a primeira jogada e o escolhido</p><p>deverá dizer uma letra e um número na tentativa de acertar a posição de um</p><p>dos barcos de seu adversário (Ex.: A1). Se ele acertar, o barco será afundado</p><p>e retirado do tabuleiro.</p><p>A próxima jogada será do adversário.</p><p>O jogo termina quando um dos jogadores elimina (afunda) primeiro</p><p>todos os barcos de seu adversário, declarando-se vencedor.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/brincartodos.txt>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>73</p><p>JOGO DA VELHA</p><p>FIGURA 26 - JOGO DA VELHA</p><p>Tabuleiro feito de EVA nas cores</p><p>preto e vermelho, medindo 32 cm x 32</p><p>cm, com corte no lado superior direito.</p><p>Possui três colunas com três quadrados</p><p>em cada uma, medindo 10 cm. Contém</p><p>cinco círculos de EVA de 8 cm de</p><p>diâmetro e cinco peças no formato de X,</p><p>medindo 7 cm x 7 cm.</p><p>Os jogadores (dois por partida)</p><p>devem escolher suas peças (um fica com as peças em X e o outro com os</p><p>círculos). Em seguida, decidem entre si quem iniciará o jogo.</p><p>O tabuleiro começa vazio e os jogadores se alternam, colocando uma</p><p>peça de cada vez.</p><p>Vence a partida quem conseguir fazer primeiro uma linha reta com</p><p>suas três peças (na vertical, horizontal ou diagonal).</p><p>Se nenhum dos jogadores conseguir fazer a linha reta em uma partida,</p><p>reinicia-se o jogo.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>DAMA</p><p>FIGURA 27 - DAMA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/</p><p>brincartodos.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>74</p><p>Os jogadores (dois por jogada) devem escolher suas peças (cada um</p><p>deverá ficar com 12 peças e seis damas). As 12 peças deverão ser colocadas nas</p><p>casas de velcro das primeiras três linhas do tabuleiro.</p><p>Em seguida, decidem entre si quem iniciará o jogo.</p><p>As jogadas são alternadas e deve-se mover uma peça por jogada, em</p><p>diagonal e para frente; não é permitido recuar peças. Só as casas de velcro são</p><p>usadas, e uma casa só pode ser ocupada por uma peça de cada vez. A captura</p><p>é feita quando uma peça pula sobre uma peça adversária da casa vizinha a ela,</p><p>e para na casa seguinte. Pode-se, na sequência, continuar pulando outras peças</p><p>para capturar.</p><p>O primeiro movimento de captura deve ser sempre para frente, mas,</p><p>a partir daí, é permitido, na mesma sequência, capturar também para trás. As</p><p>peças capturadas são retiradas do tabuleiro. A captura é obrigatória, ou seja,</p><p>sempre que uma peça tem condições de fazer uma captura, deve-se fazê-la.</p><p>Se um jogador alcança a última linha adversária, sua peça deve ser</p><p>substituída por uma peça dupla (dama), o que não poderá ocorrer caso nenhuma</p><p>de suas peças ainda tenha sido capturada pelo seu oponente.</p><p>A peça deverá então permanecer na última linha até que o adversário</p><p>consiga capturar alguma de suas peças, para só então formar a dama.</p><p>A partida termina quando um dos jogadores eliminar todas as peças de</p><p>seu adversário do tabuleiro ou não puder mover nenhuma de suas peças. O outro</p><p>jogador é, então, declarado vencedor. Pode terminar também quando um dos</p><p>jogadores, acreditando não ter mais condições de vitória, abandona a partida.</p><p>Os dois jogadores, de comum acordo, podem também considerar o resultado</p><p>como empate.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/brincartodos.txt>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>O professor deve confeccionar um tabuleiro de dama em madeira (modelo</p><p>padrão), com velcro (macho) colado nos quadrados pretos. Contém 24 peças em</p><p>EVA com texturas (12 com lixa e 12 lisas) e 12 damas (peças duplas coladas, sendo</p><p>seis com</p><p>lixa e seis lisas). Todas as peças possuem velcro (fêmea) colado na parte</p><p>de baixo para que sejam fixadas no tabuleiro.</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>75</p><p>TRILHA</p><p>FIGURA 28 - TRILHA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/</p><p>brincartodos.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>O professor deverá confeccionar um tabuleiro de trilha em madeira (modelo</p><p>padrão), com 24 pontos nos quais são colados círculos de velcro. Entre os pontos</p><p>estão coladas tiras de lixa.</p><p>Acompanham 18 círculos (nove com feltro e nove lisos), revestidos com</p><p>velcro na outra face.</p><p>São dois jogadores por partida, sendo que um deles fica com nove peças</p><p>lisas e o outro com nove peças de feltro. Cada um deles vai colocar as peças em</p><p>uma metade do tabuleiro, preenchendo todos os pontos. Os seis pontos centrais</p><p>ficarão vazios.</p><p>É escolhido um jogador para iniciar o jogo. Ele vai mover uma de suas</p><p>peças ao longo da linha com lixa deslocando de um ponto até outro que esteja</p><p>vazio. Não é permitido pular peças, portanto, só pode ser feito um movimento,</p><p>se houver um ponto vazio, vizinho à sua peça.</p><p>Quando um jogador conseguir realizar uma trilha, ou seja, alinhar</p><p>três peças (não vale em curva), ele pode retirar do tabuleiro uma peça de seu</p><p>adversário.</p><p>Esta peça não volta mais para o jogo, mas aquelas que estiverem formando</p><p>uma trilha não podem ser retiradas.</p><p>O jogo será vencido por aquele que conseguir reduzir as peças do</p><p>adversário a somente duas ou bloquear todas as suas peças, para que ele não</p><p>possa mais movimentá-las.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/brincartodos.txt>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>76</p><p>BIBOLQUÊ</p><p>FIGURA 29 - BILBOLQUÊ</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.comofazerartesanatos.com.br/</p><p>brinquedos-reciclados-como-fazer-passo-a-passo/>. Acesso em: 23</p><p>mar. 2015.</p><p>MATERIAL:</p><p>Caixa de leite;</p><p>tesoura;</p><p>elásticos de borracha;</p><p>bola de pingue-pongue.</p><p>Corte 7,5 cm do fundo da caixa de leite e faça um furo perto da borda</p><p>cortada. Amarre uma certa quantidade de elásticos de borracha para criar um</p><p>cordão elástico com aproximadamente 60 cm de comprimento. Dê um nó em uma</p><p>ponta e faça um furo em uma bola de pingue-pongue. Force o nó para dentro e</p><p>amarre a outra extremidade do cordão no furo do recipiente</p><p>A criança joga a bola e tenta pegá-la com o recipiente. Também pode</p><p>ser feito com um espeto de madeira revestido de jornal e fita e um copo plástico</p><p>amarrado por um cordão fino.</p><p>VAI E VEM RECICLÁVEL</p><p>TÓPICO 1 | SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS</p><p>77</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.mundodastribos.com/brinquedos-</p><p>reciclaveis-como-fazer.html>. Acesso em: 23 mar. 2015.</p><p>O vai e vem reciclável é um brinquedo divertido que faz a alegria dos</p><p>pequenos no movimento de vai e vem. As garrafas se unem na forma de cilindro e</p><p>deslizam de um lado para o outro.</p><p>Materiais: 2 garrafas pet; tampinhas coloridas; 2 pedaços de fio de varal com</p><p>3 m; fita crepe.</p><p>Como fazer: Primeiro corte as garrafas no meio e separe apenas a parte de</p><p>cima para utilizar na confecção do brinquedo. Depois, passe os dois pedaços de</p><p>varal pelo gargalo de uma das partes e coloque também as tampinhas coloridas</p><p>para proporcionar um visual diferente. Una as duas partes das garrafas na forma</p><p>de cilindro e passe uma fita crepe no meio. Dê um nó reforçado nas pontas dos fios.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.mundodastribos.com/brinquedos-reciclaveis-como-fazer.</p><p>html>. Acesso em: 23 mar. 2015.</p><p>FIGURA 30 - VAI E VEM</p><p>DICAS</p><p>Acadêmico(a), sugerimos que você faça a leitura, na íntegra, do texto indicado. Este</p><p>foi disponibilizado pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial</p><p>(SEESP), destinado a educadores(as) e pais com orientações para a utilização de brinquedos</p><p>e atividades lúdicas, para todos os alunos alertando para a importância de cada brinquedo na</p><p>promoção do desenvolvimento infantil. Acesse: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/</p><p>brincartodos.pdf>.</p><p>REFERÊNCIA: SIAULYS, Mara O. de Campos. Brincar para todos. Brasília: Ministério da Educação,</p><p>Secretaria de Educação Especial, 2005. 152 p.</p><p>78</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico você viu que:</p><p>• Atualmente os brinquedos mais requeridos são os mostrados na televisão,</p><p>porém, jogos tradicionais como amarelinha, paciência, peões, foram capazes de</p><p>atravessar o tempo e ainda chamam muito a atenção das crianças.</p><p>• É fundamental que o educador descubra as formas mais adequadas com o</p><p>grupo, diagnosticando o nível de desenvolvimento da criança em Zona de</p><p>Desenvolvimento Real, o que a criança é capaz de fazer sozinha, e, Zona de</p><p>Desenvolvimento Proximal, o que a criança faz, porém, com ajuda de um</p><p>parceiro, este parceiro pode ser um adulto, ou outra criança.</p><p>• O brinquedo é capaz de estimular diferentes habilidades de acordo com</p><p>determinada faixa etária.</p><p>• Jogos e brincadeiras são classificados em cinco grandes áreas pelo ICCP (Sistema</p><p>ICCP – International Council for Children’s Play). São elas: desenvolvimento da</p><p>motricidade, intelectual, afetividade, criatividade e sociabilidade.</p><p>• Não basta dispor de materiais adequados, é preciso também dispor de</p><p>conhecimentos sobre os brinquedos e é necessário ainda criar oportunidades</p><p>para a utilização dos brinquedos, assim como prever o tempo e o espaço que</p><p>eles ocuparão no contexto de cada aula e dentro da instituição.</p><p>• É preciso oferecer às crianças momentos ricos e diversificados, permitindo</p><p>que elas possam fazer uso da liberdade, da criatividade e da espontaneidade,</p><p>propondo-lhes atividades onde o brinquedo seja objeto de desenvolvimento</p><p>para a criança estimulando aprendizagens, superando desafios e somando</p><p>conquistas.</p><p>79</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Pesquise e reflita sobre um brinquedo que você pode construir junto com</p><p>o aluno de 0 a 3 anos e a partir da tabela apresentada no início da unidade</p><p>aponte as competências que podem ser desenvolvidas.</p><p>Traga para a sala um balde com areia, pazinha e funil, 10 garrafinhas</p><p>pet pequenas, papel para decoração externa das garrafas. Coloque o funil</p><p>nas garrafinhas e peça para os pequenos trazerem areia com a pazinha para</p><p>colocarem nas garrafinhas. Tampe e decore. Depois providencie uma bola para</p><p>as crianças jogarem o boliche.</p><p>Desenvolvimento da motricidade: Andar, equilíbrio, coordenação e</p><p>habilidade. Experiência Sensorial tátil e visual.</p><p>Desenvolvimento intelectual: Descoberta, atenção, observação e</p><p>escuta.</p><p>2 Pesquise e reflita sobre um brinquedo possível de ser construído junto com</p><p>alunos de 3 a 6 anos e a partir da tabela apresentada no início da unidade</p><p>aponte as competências que podem ser desenvolvidas.</p><p>80</p><p>Pedir para as crianças trazerem 2 garras pet, 10 bolinhas de gude, 1</p><p>tesoura e fitas adesivas coloridas e fita larga transparente. O professor deverá</p><p>cortar as garrafas.</p><p>Será usada a parte de cima e as duas partes de baixo. Pegue uma</p><p>parte de baixo para servir de base, coloque a parte de cima da garrafa, que foi</p><p>cortada sobre a base da garrafa com o gargalo, virado para baixo e cole com fita</p><p>adesiva larga. Após passar a fita, coloque as bolinhas. Feche encaixando com</p><p>outra base da segunda garrafa, que pode ser baixinha, estilo tampa mesmo.</p><p>Passe a fita adesiva para colar. Decore com fitas adesivas coloridas.</p><p>Desenvolvimento da motricidade: Precisão, rapidez, habilidade,</p><p>lateralidade, coordenação, consciência e controle.</p><p>Desenvolvimento intelectual: atenção, descoberta, aquisição,</p><p>aprendizado prático e aprendizado didático.</p><p>3 Pesquise e reflita sobre um brinquedo que você pode construir junto com</p><p>alunos do Ensino Fundamental e a partir da tabela apresentada no início da</p><p>unidade aponte as competências que podem ser desenvolvidas.</p><p>81</p><p>Peça para seus alunos trazerem um prato de papel ou o fundo de uma</p><p>caixa de pizza e 15 tampinhas de garrafa pet. Coloque as tampinhas organizadas</p><p>em 5 fileiras horizontais, começando a fileira de</p><p>40</p><p>TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE EM</p><p>DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES ............................................................................................. 41</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 41</p><p>2 A LUDICIDADE NOS DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES ................................ 41</p><p>3 ORGANIZAÇÃO DE BRINQUEDOTECAS E ESPAÇOS PARA BRINCAR ......... 43</p><p>4 RECREAÇÃO E JOGOS ................................................................................................................ 44</p><p>5 ADAPTAÇÃO DOS ESPAÇOS ......................................................................................................... 45</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 47</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 52</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 53</p><p>UNIDADE 2 – OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS .............................................................. 55</p><p>TÓPICO 1 – SELEÇÃO E CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS ....................................................... 57</p><p>sumáRio</p><p>VIII</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 57</p><p>2 APRENDER A SELECIONAR E CONFECCIONAR BRINQUEDOS ADEQUADOS ÀS</p><p>CRIANÇAS ........................................................................................................................................... 57</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 78</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 79</p><p>TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA ........... 83</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83</p><p>2 COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>NA APRENDIZAGEM PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO</p><p>FUNDAMENTAL ................................................................................................................................. 83</p><p>3 APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO</p><p>FUNDAMENTAL ................................................................................................................................. 90</p><p>4 O JOGO .................................................................................................................................................. 115</p><p>4.1 PIAGET E O JOGO ......................................................................................................................... 119</p><p>4.2 VYGOTSKY E O JOGO .................................................................................................................. 120</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 124</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 126</p><p>TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO</p><p>FÍSICA ....................................................................................................................................................... 127</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 127</p><p>2 A LUDICIDADE E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................. 127</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 138</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 139</p><p>UNIDADE 3 – A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................................... 141</p><p>TÓPICO 1 – JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA</p><p>ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR ....................................................................................................... 143</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 143</p><p>2 JOGOS E BRINCADEIRAS: CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADE ............................................ 143</p><p>3 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE ........................................................ 146</p><p>4 A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA POR PROJETO DE TRABALHO ................. 157</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 161</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 162</p><p>TÓPICO 2 – PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO</p><p>MOVIMENTO ......................................................................................................................................... 163</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 163</p><p>2 A PRÁTICA PROFISSIONAL EM ATIVIDADES RECREATIVAS ........................................... 163</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 176</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 178</p><p>AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 179</p><p>REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 181</p><p>1</p><p>UNIDADE 1</p><p>O JOGO, O BRINQUEDO E</p><p>A BRINCADEIRA: CONCEITO,</p><p>EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E</p><p>PEDAGÓGICA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade você será capaz de:</p><p>• compreender a origem dos jogos, brinquedos e brincadeiras e sua influên-</p><p>cia na cultura de um povo;</p><p>• conhecer alguns dos principais conceitos relacionados ao jogo, brinquedo</p><p>e brincadeira;</p><p>• perceber as variações dos jogos, brinquedos e brincadeiras e a influência</p><p>de cada região e/ou cultura;</p><p>• perceber a influência do contexto sócio-histórico-ecônomico e cultural em</p><p>relação ao jogo, brinquedo e brincadeira;</p><p>• identificar alguns dos jogos e brincadeiras tradicionais das crianças brasi-</p><p>leiras;</p><p>• conhecer a importância da ludicidade no ambiente escolar e os diferentes</p><p>tipos de ambientes que pode ser realizada;</p><p>• conhecer e compreender a finalidade da brinquedoteca como ampliador;</p><p>• conhecer algumas características essenciais do profissional de Educação</p><p>Física para trabalhar com diferentes brincadeiras;</p><p>• perceber a importância de adaptar recursos materiais e espaços para reali-</p><p>zação de atividades recreativas nos mais diversos segmentos.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você</p><p>encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos estudados.</p><p>TÓPICO 1 – A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E</p><p>BRINCADEIRAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO</p><p>PROCESSO EDUCATIVO</p><p>TÓPICO 2 – JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS –</p><p>baixo com 5 tampinhas e a de</p><p>cima com 4, a próxima com três, a penúltima com dois e a última no topo</p><p>apenas com uma tampinha (vai parecer um pinheirinho de natal). A distância</p><p>de uma tampinha para outra deve ser, mais ou menos, a de um palito de</p><p>sorvete.</p><p>Peça para as crianças circularem as tampinhas demarcado o local de</p><p>cada peça. Coloque novamente as peças sobre a marcação, retire a peça central</p><p>e inicie o jogo. Pode também ser feito com uma esteira de ovos.</p><p>Desenvolvimento da motricidade: Precisão, rapidez, habilidade,</p><p>agilidade, controle.</p><p>Desenvolvimento intelectual: memória visual, descoberta, atenção,</p><p>observação, manipulação.</p><p>82</p><p>83</p><p>TÓPICO 2</p><p>JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA</p><p>EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>O lúdico se constitui enquanto prática cultural fundamental pertencente</p><p>ao desenvolvimento humano. Construído historicamente pelos sujeitos, podemos</p><p>dizer que o lúdico é uma fonte de compreensão do mundo.</p><p>Por isso é imprescindível que o lúdico esteja presente no processo de</p><p>formação humana, colocando em evidência o papel da educação. Do ponto de vista</p><p>da teoria histórico-cultural, o homem depende do que aprende, do que conhece e</p><p>utiliza da cultura acumulada para ser aquilo que é, então, ele precisa aprender</p><p>habilidades para se desenvolver.</p><p>A apropriação do conhecimento é algo que se dá nas interações sociais das</p><p>crianças desde seu nascimento, onde ela constrói seu aprendizado e também sua</p><p>capacidade de elaboração subjetiva.</p><p>O jogo simbólico da criança, portanto, oferece elementos para que possamos</p><p>ampliar suas possibilidades de representação, assim como o desenvolvimento de</p><p>sua autonomia e socialização.</p><p>Nosso objetivo é levar você a compreender a importância dos jogos,</p><p>brinquedos e brincadeiras na aprendizagem para a Educação Infantil e Anos Iniciais</p><p>do Ensino Fundamental a fim de fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens</p><p>de crianças nesta etapa tão importante de suas vidas.</p><p>Nesta unidade discutiremos o conceito de jogos, brinquedos e brincadeiras</p><p>e sua relação com a aprendizagem, estabelecendo diálogo entre a área educacional</p><p>e as demais áreas do conhecimento.</p><p>2 COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS</p><p>E BRINCADEIRAS NA APRENDIZAGEM PARA A EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>Como vimos na unidade anterior, o lúdico acompanhou a construção</p><p>histórica e social da humanidade, vimos também que as práticas corporais</p><p>sempre fizeram parte da história do homem e se relacionam com a história da</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>84</p><p>sociedade, portanto, compreendemos que tanto o lúdico como as práticas</p><p>corporais se constituem em processos fundamentais do desenvolvimento humano</p><p>e caracterizam-se como processos socioculturais que foram sendo construídos</p><p>historicamente pelos sujeitos.</p><p>Para a teoria marxista, a Educação está inserida na categoria trabalho não</p><p>material e envolve ideias, valores, conceitos, símbolos (como o brinquedo) hábitos</p><p>(como o de brincar), costumes (como as brincadeiras) habilidades (como o ato</p><p>de movimentar-se) e atitudes ligadas a produções de saberes que deverão ser</p><p>assimilados para a assunção do homem à sua segunda natureza, que é natureza</p><p>humana e que é produzida no mundo da cultura.</p><p>Para Saviani (1997), a produção não material não é outra coisa senão a</p><p>forma pela qual o homem apreende o mundo, para o autor, o conhecimento é</p><p>multifacetado, produto das circunstâncias históricas e sociais, é algo inerente ao</p><p>próprio desenvolvimento da humanidade.</p><p>O homem não nasce sabendo pensar, agir ou sentir, então, para que</p><p>sua segunda natureza se construa é necessário o trabalho educativo, vejamos a</p><p>definição: “O trabalho educativo é o ato de produzir direta e intencionalmente em</p><p>cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente</p><p>pelo conjunto dos homens”. (SAVIANI, 1995, p.11).</p><p>Também vimos na unidade anterior que o brincar faz parte da natureza</p><p>humana do homem, ele é um ser que brinca - homo ludens, nesse sentido, o brincar</p><p>não é algo exclusivo da criança e sim do homem, que um dia se experimentou no</p><p>mundo enquanto criança. (ZOBOLI; SILVA, 2013).</p><p>Quando a criança brinca, joga, imita, ela se apropria do repertório da</p><p>cultura corporal na qual está inserida e se humaniza. Quando observamos a</p><p>maneira das crianças andarem, correrem, saltarem etc., podemos perceber suas</p><p>interações sociais e sua relação com o meio, pois foram construídos de acordo com</p><p>seus interesses, necessidades e possibilidades.</p><p>Dessa forma, entendemos que mente e corpo são componentes indissociáveis</p><p>e precisam ser compreendidos a partir do contexto no qual o sujeito está inserido.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>85</p><p>FIGURA 31 - CONTEXTO SOCIAL</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/rights-</p><p>managed/42-53813148/tribal-girls-67-89-from-amazonian-rainforest>. Acesso em: 24</p><p>mar. 2015.</p><p>Para que haja compreensão desta realidade é preciso entendê-la em sua</p><p>totalidade e com suas múltiplas determinações, ou seja, nenhum fenômeno pode</p><p>ser explicado isoladamente sem compreendermos a realidade em sua totalidade.</p><p>Este enfoque teórico tem suas raízes na teoria histórico-cultural. Para esta</p><p>teoria, a criança é entendida como sujeito do conhecimento onde a cultura faz parte</p><p>de sua natureza, que é, sobretudo, um lugar de movimento, capaz de provocar no</p><p>psiquismo as modificações necessárias ao desenvolvimento infantil.</p><p>Assim, os processos elementares são transformados em processos</p><p>complexos por meio de situações culturais fundamentalmente mediadas.</p><p>Para a Teoria Marxista, berço teórico da Teoria Histórico Cultural, os</p><p>homens produzem conhecimento em suas atividades, dessa forma, eles aprendem</p><p>e transformam a natureza e são também transformados por ela.</p><p>Os processos de apropriação e de interiorização da cultura são compreendidos</p><p>por Vygotsky (2010) como desenvolvimento das funções psíquicas superiores. Os</p><p>processos psicológicos superiores (a inteligência, a memória, a personalidade, a</p><p>consciência, as emoções etc.) são funções especificamente humanas que ocorrem a</p><p>partir dos processos de vida social e se desenvolvem especialmente na atividade</p><p>principal da criança, que é o brincar.</p><p>Tais processos exercem e sofrem transformações de acordo com o</p><p>aprendizado e com o desenvolvimento, por isso é importante compreender sua</p><p>origem e traçar sua história.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>86</p><p>Para Vygotsky (2010) as funções psíquicas não são inerentes ao homem,</p><p>mas sim algo que se forma no seu biológico como consequência das relações sociais</p><p>e culturais vivenciadas.</p><p>Do ponto de vista da teoria histórico-cultural, a criança não nasce com</p><p>capacidades e habilidades para serem desenvolvidas quando adultas de acordo</p><p>com o meio em que vive. Para esta teoria o homem nasce com uma única aptidão,</p><p>a aptidão para aprender, ou seja, a capacidade ilimitada para aprender. Então, o</p><p>homem depende do que aprende, do que conhece e utiliza da cultura acumulada</p><p>para ser aquilo que é. Ele precisa aprender habilidades para se desenvolver.</p><p>Podemos dizer que o homem tem três fontes essenciais de pensamento:</p><p>a herança biológica, a qual lhe permite desenvolver a linguagem, a memória, a</p><p>atenção, a experiência individual e a experiência humana que está inserida, a</p><p>herança social através da qual as gerações passadas transmitem suas experiências.</p><p>Dessa forma, a criança possui em sua essência a fragilidade biológica e a</p><p>estrutura psicológica em formação (ZOBOLI, SILVA 2013), onde corpo e mente são</p><p>categorias indissociáveis, assim, o ser que pensa também sente. Trata-se de um</p><p>processo simultâneo e indivisível, onde o todo não se constitui na soma das partes,</p><p>mas sim como uma totalidade integrada.</p><p>Para Goeliner, (2003, p. 29):</p><p>Um corpo não é apenas um corpo. É também o seu entorno. Mais que</p><p>um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos e sensações, o corpo</p><p>é também a roupa e os acessórios que o adornam,</p><p>as intervenções que</p><p>nele se operam, a imagem que dele se produz, as máquinas que nele se</p><p>acoplam, os sentidos que nele se incorporam, os silêncios que por ele</p><p>falam, os vestígios que nele se exibem, a educação de gestos.</p><p>Desta forma, entendemos que a Educação Física tem um importante</p><p>trabalho na direção de questões relativas à motricidade infantil inserida a partir de</p><p>brinquedos, jogos e brincadeiras, pois ela organiza a prática do movimento infantil</p><p>e reúne uma série de benefícios para os educandos.</p><p>A Educação Física é, portanto, uma disciplina que reconhece o valor</p><p>educacional das atividades lúdicas e que busca superar antigos paradigmas</p><p>calcados na aptidão física e na biologia, para compreendê-la como uma disciplina</p><p>que não dissocia corpo e mente e que reúne um conjunto de práticas corporais</p><p>dos sujeitos constituídas por movimentos que se dão em forma de jogos, danças,</p><p>brinquedos cantados, atividades rítmicas, brincadeiras reais ou imaginárias que</p><p>revelam a cultura corporal de cada grupo social e que podem ser aprendidas e</p><p>também ressignificadas pela criança.</p><p>Hermida (2007, p. 123) explica:</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>87</p><p>Inicialmente, ao nascer, a criança dispõe apenas de sua atividade</p><p>motora para agir sobre o mundo, sem ter consciência de suas ações</p><p>e tampouco dos processos envolvidos. Através de sua interação com</p><p>outros indivíduos, a criança vai desenvolver sua capacidade simbólica.</p><p>Esta capacidade, associada à atividade prática, vai permitir que a</p><p>criança desenvolva formas puramente humanas, de inteligência prática</p><p>e abstrata. Assim, desde o começo, a construção do real parte do social</p><p>para o individual.</p><p>Para a Educação Física, as atividades motoras fazem parte da vida cotidiana</p><p>dos sujeitos, sobretudo das crianças, que começam a movimentar-se desde que</p><p>nascem adquirindo pouco a pouco um controle cada vez maior sobre seu corpo e</p><p>criando possibilidades de interação com o mundo.</p><p>Dessa forma, faz-se mister a valorização e o reconhecimento das</p><p>possibilidades da criança desde seu nascimento, uma vez que o processo de</p><p>conhecimento emana do plano social, das relações interpessoais dos sujeitos e</p><p>segue para o plano interno das relações pessoais.</p><p>Para Hermida (2007), o movimento também é um aspecto tipicamente</p><p>humano, inerente à sua própria existência, cuja relação se dá dialeticamente. Para</p><p>este autor o movimento é uma das mais importantes linguagens da criança, e é</p><p>por meio desta linguagem que as crianças expressam as variadas dimensões de</p><p>sua existência: a lúdica, a emocional, a social, a cultural, a histórica, a afetiva, a</p><p>corporal, a racional e a cognitiva.</p><p>O movimento associado ao lúdico contribui para realização de diferentes</p><p>aprendizagens tornando este processo mais dinâmico, criativo e significativo para</p><p>a criança. As atividades motoras, portanto, fazem parte do cotidiano das crianças e</p><p>por isso devem ser prestigiadas e privilegiadas nas instituições escolares.</p><p>Para Le Boulch (1988), o movimento humano abre permissão para que as</p><p>crianças expressem sentimentos e emoções que se ampliam no uso significativo de</p><p>gestos e posturas corporais, adquirindo uma linguagem que permite às crianças</p><p>agirem sobre o meio físico.</p><p>O trabalho com o movimento é então capaz de contemplar uma</p><p>multiplicidade de funções e manifestações do ato motor propiciando um amplo</p><p>desenvolvimento dos aspectos específicos da maturidade da criança, oferecendo</p><p>oportunidades de reflexão sobre as posturas corporais implicadas nas atividades</p><p>cotidianas.</p><p>O movimento é um meio facilitador das diversas aprendizagens infantis,</p><p>que por meio das brincadeiras é capaz de propiciar um trabalho cooperativo,</p><p>interativo e positivo para as possibilidades dos sujeitos.</p><p>Gradativamente o movimento começa a submeter-se ao controle voluntário,</p><p>o que se reflete na capacidade de antecipar ações, ou seja, de pensar antes de agir.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>88</p><p>A motricidade como forma de expressão, ação e comunicação funciona</p><p>como evidência de equilíbrio afetivo e inteligência, o desenvolvimento</p><p>dessa forma de manifestação humana se explica pela interação do</p><p>ser com o mundo. A evolução das faculdades perceptivo-motoras,</p><p>trazendo consigo a possibilidade de agir sobre o mundo, é o motor do</p><p>desenvolvimento infantil (MATTOS, NEIRA, 2003, p. 183).</p><p>Desta forma concluímos que a apropriação do conhecimento é algo que se</p><p>dá nas interações sociais das crianças desde seu nascimento, onde ela constrói seu</p><p>aprendizado e também sua capacidade de elaboração subjetiva. A infância deve</p><p>ser então compreendida como uma categoria histórica e social e deve ser tomada</p><p>em toda sua singularidade.</p><p>A dimensão subjetiva na perspectiva da motricidade ocorre no início do</p><p>desenvolvimento da criança e encontra sua eficácia e sentido em sua interação com</p><p>o meio social e aos poucos é que a dimensão objetiva vai se desenvolvendo, isso</p><p>ocorre à medida que a criança vai adquirindo competências instrumentais para</p><p>agir sobre o espaço e o meio físico.</p><p>Isso significa dizer que a formação do sujeito é construída ao longo de</p><p>suas experiências, do contato com as pessoas, com a cultura e com os objetos</p><p>dessa cultura. Os jogos, as atividades rítmicas e as brincadeiras revelam a cultura</p><p>corporal de cada grupo social, constituindo-se em atividades privilegiadas nas</p><p>quais o movimento é aprendido e significado.</p><p>Conquistas no plano da coordenação e da precisão dos movimentos</p><p>podem ser alcançadas por meio da prática constante de diversas brincadeiras e</p><p>atividades motoras. Assim, os profissionais de Educação Física possuem um papel</p><p>fundamental na vida dos meninos e meninas, pois é por meio das atividades</p><p>realizadas nas instituições escolares que eles vão se relacionar com o mundo da</p><p>cultura elaborada e vir a adquirir formas mais complexas em seu psiquismo.</p><p>Para Vygotsky (2010), a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e</p><p>afetivas, é por meio desta atividade que a criança reproduz e representa o mundo</p><p>por situações que são criadas em suas brincadeiras. Esse é um processo ativo de</p><p>representação e reinterpretação do mundo que se abre para novas interpretações,</p><p>saberes e novas práticas.</p><p>Na visão de Brougére (2001, p. 14-15)</p><p>A brincadeira não pertence à ordem do não funcional. Por detrás da</p><p>brincadeira, é muito difícil descobrir uma função que poderíamos</p><p>descrever com precisão: a brincadeira escapa a qualquer função precisa</p><p>e é, sem dúvida, esse fato que a definiu, tradicionalmente, em torno das</p><p>ideias de gratuidade e até de futilidade. E, na verdade, o que caracteriza</p><p>a brincadeira é que ela pode fabricar seus objetos, em especial desviando</p><p>de seu uso habitual os objetos que cercam a criança; além do mais, é</p><p>uma atividade livre, que não pode ser delimitada.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>89</p><p>O autor nos mostra que a brincadeira é livremente consentida, não está</p><p>comprometida em obrigações, nem busca resultados, ela está a serviço do prazer.</p><p>As crianças necessitam brincar com as coisas do mundo adulto, elas precisam</p><p>fantasiar, criar, mexer etc., para que mais tarde elas se tornem adultos seguros,</p><p>capazes de tomar decisões e fazer escolhas que lhe permitam viver em harmonia</p><p>consigo mesmo e com a sociedade.</p><p>Kishimoto (2011) nos diz que desde muito pequena a criança já é capaz de</p><p>tomar decisões, interagir com pessoas, expressar o que sabe fazer, assim como é</p><p>capaz de compreender o mundo. Na opinião da autora, o que a criança mais gosta</p><p>é de brincar, é uma ação livre iniciada e conduzida pela criança.</p><p>FIGURA 32 - AÇÃO LIVRE</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-</p><p>free/42-62211657/three-boys-in-schoolyard-playing-hand-games>. Acesso</p><p>em: 22 mar. 2015.</p><p>Para Borba (2006), o brincar envolve complexos processos de articulação</p><p>entre o já dado e o novo, entre a experiência, a memória e a imaginação, entre a</p><p>realidade</p><p>e a fantasia, para a autora, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento</p><p>proximal, permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já</p><p>alcançado, impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão</p><p>e de ação sobre o mundo. “O plano informal das brincadeiras possibilita a</p><p>construção e ampliação de competências e conhecimentos nos planos da cognição</p><p>e das interações sociais, o que certamente tem consequências na aquisição no plano</p><p>das aprendizagens formais”. (BORBA, 2006, p. 38).</p><p>Entendemos assim, que a criança tem o direito de viver experiências</p><p>prazerosas, e é por meio da brincadeira que a criança desenvolve seus processos</p><p>psíquicos, por isso é necessário que as instituições de Educação se utilizem</p><p>de práticas que estimulem o desenvolvimento cognitivo integrando-o ao</p><p>desenvolvimento físico, afetivo, emocional e relacional num processo dialético de</p><p>interação.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>90</p><p>NOTA</p><p>A lógica dialética se contrapõe à lógica formal aristotélica, estando, portanto, em</p><p>oposição ao formalismo metafísico. Para a dialética o homem é um ser pensante, produtor de</p><p>significados que o agir com a realidade conhece-a e a explica, constituindo-se como produtor</p><p>e ao mesmo tempo como produto desse mundo, necessitando ser compreendido em todos</p><p>seus aspectos e relações estabelecidas.</p><p>FONTE: ALMEIDA, José Luís Vieira de; OLIVEIRA, Edilson Moreira de; ARNONI, Maria Eliza</p><p>Brefere. Mediação dialética na educação escolar: teoria e prática. São Paulo: Loyola, 2007. 175</p><p>p. (Sociedade educativa. Consciência e compromisso).</p><p>De acordo com a teoria histórico-cultural, o lugar da criança é um lugar</p><p>social e ela tem um papel político a exercer na vida, na escola, na creche, um lugar</p><p>que a legitime enquanto sujeito em construção. A partir desta teoria, entendemos</p><p>que a criança aprende por meio das atividades que realiza, orientada por parceiros</p><p>mais experientes.</p><p>Assim, verificamos que o papel do professor de Educação Física é</p><p>fundamental para o desenvolvimento dos processos psíquicos da criança, pois ao</p><p>propor uma atividade, ele está possibilitando e ampliando o processo de apropriação</p><p>de novas capacidades humanas. Refletir sobre a infância é fundamental para se</p><p>compor uma proposta pedagógica inclusiva e de qualidade. Para tanto, a criança</p><p>deve ser percebida como um sujeito de direitos singulares, sobretudo, competente.</p><p>3 APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS</p><p>DO ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>O que é aprender? Como uma criança aprende? O que é conhecimento? Como</p><p>uma criança conhece? Qual a relação entre lúdico, movimento e aprendizagem?</p><p>Você já parou para refletir sobre tais questões? Tais perguntas são fundamentais</p><p>para o educador interessado em uma práxis de transformação e emancipação e a</p><p>teoria histórico-cultural pode oferecer subsídios para a reflexão de tais respostas.</p><p>Vimos que o desenvolvimento humano é o resultado do processo sócio-</p><p>histórico, onde a aquisição do conhecimento se dá pela interação do sujeito com</p><p>o meio que transformam seus processos psicológicos elementares (biológicos) em</p><p>processos complexos, que se desenvolvem por meio da interação da criança com o</p><p>meio a partir dos parceiros mais experientes.</p><p>A mediação, portanto, ocupa lugar central na construção do conhecimento,</p><p>onde o desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da</p><p>interação social com conhecimentos fornecidos pela cultura.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>91</p><p>Para Leontiev (1988), a atividade tem papel fundamental no desenvolvimento</p><p>da conduta e da consciência humana, para ele atividade é tudo que faz sentido</p><p>para a criança, assim, toda a atividade, para gerar aprendizado, deve ter um fim</p><p>ou um resultado e, fundamentalmente, uma motivação pessoal, onde motivo e</p><p>resultado devem estar finamente ajustados.</p><p>A atividade deve integrar objetivo e motivo, ou seja, na atividade, o porquê</p><p>e o para que devem estar carregados de sentido para o mundo da criança, dessa</p><p>forma, podemos garantir que a realização de algo significativo para a criança é</p><p>quando ela lança mão de tudo que sabe para realizar intensamente algo que seja</p><p>prazeroso e expressivo para ela.</p><p>Dessa forma, podemos dizer que quanto mais a criança conhece, descobre</p><p>e experimenta, mais o contato com o mundo externo vai se interiorizando e</p><p>contribuindo para o desenvolvimento de seus processos psíquicos. Para Marx</p><p>(apud PRADO C. JR, 2015), o conhecimento é a transposição da realidade para</p><p>o pensamento, é a representação mental do concreto a partir da intuição e da</p><p>percepção.</p><p>Toda a atividade é social, a criança, portanto, não nasce sabendo realizá-la,</p><p>por isso é necessário um parceiro para mediar o contato com a cultura acumulada,</p><p>por exemplo: Para uma criança brincar de bombeiro, é preciso que ela conheça</p><p>as atribuições e as tarefas de um bombeiro, nesse sentido, o professor deve levar</p><p>as crianças para visitar uma corporação de bombeiros, podemos narrar histórias,</p><p>podemos mostrar-lhes imagens etc., quanto mais rica for sua experiência, mais</p><p>elaborada será sua brincadeira, pois o processo do brincar referencia-se naquilo</p><p>que os sujeitos conhecem e vivenciam.</p><p>Concordamos com Borba (2006) quando diz que é imprescindível que as</p><p>crianças tenham acesso a espaços coletivos de brincadeiras e a experiências de</p><p>cultura. As crianças precisam ler o mundo, suas atividades precisam estar cheias</p><p>de significados, risos, alegrias e descobertas.</p><p>Leontiev (1988) aponta que a criança não aprende com qualquer atividade,</p><p>essas ocasiões são denominadas pelo autor apenas de “ação”. Segundo ele, a</p><p>criança também não aprende por aquilo que ela mais faz, mas sim por aquilo que é</p><p>significativo para ela, por exemplo, não adianta querer ensinar a grafia correta de</p><p>uma palavra colocando a criança para encher uma folha de caderno com a escrita</p><p>da palavra que a criança errou ao falar ou a escrever um texto, o autor afirma que</p><p>tal ação não terá nenhum sentido para a criança, mas, se o educador inventar uma</p><p>brincadeira com corda, bola, ou mesmo um simples jogo de soletrar palavras, a</p><p>ação passa a se constituir em atividade significativa, cujo motivo pode estar cheio</p><p>de surpresas, afetos, disputas e alegrias.</p><p>É fundamental que as atividades sejam propostas às crianças envolvendo-</p><p>as inteiramente em sua realização e que o objetivo da atividade se torne o motivo</p><p>que move o fazer da criança.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>92</p><p>É comum encontrarmos na escola a visão disciplinadora e docilizadora de</p><p>corpos, que suprimem o movimento em prol da ordem e da harmonia, impondo</p><p>às crianças rígidas restrições posturais que muitas vezes se traduzem em longos</p><p>momentos de espera em filas ou sentadas, quietas, sem poder se mover.</p><p>Os recursos de contenção motora, por sua vez, traduzem-se no aumento</p><p>do tempo que a criança consegue manter-se numa mesma posição. Vale</p><p>destacar o enorme esforço que tal aprendizado exige da criança, já que,</p><p>quando o corpo está parado, ocorre intensa atividade muscular para</p><p>mantê-lo na mesma postura. Embora a impressão que se tenha seja a</p><p>de que essa imobilidade “cansa menos”, poderíamos dizer que dá mais</p><p>trabalho à criança permanecer parada do que em movimento. (MATTOS</p><p>E NEIRA, 2003, p.180).</p><p>Para os autores, ao estabelecer objetivos disciplinares, a escola e sua posição</p><p>quase permanente de exigência de contenção motora entre as crianças atrapalham</p><p>a aprendizagem, eles alertam ainda que a impossibilidade de mover-se ou</p><p>gesticular dificulta o pensamento e a manutenção da atenção, e as consequências</p><p>dessa rigidez levam a atitudes de passividade ou para a instalação de um clima de</p><p>hostilidade frente às tentativas de contenção do professor.</p><p>É importante deixar claro que trabalhamos com crianças! Seja na Educação</p><p>Infantil ou no Ensino Fundamental. Para Kramer (2006), essa dicotomia que surge</p><p>no mundo dos adultos não ocorre no universo infantil, do ponto de vista da criança</p><p>não existe fragmentação.</p><p>Educação Infantil e Ensino Fundamental são indissociáveis: ambos</p><p>envolvem conhecimentos e afetos; saberes e valores; cuidados e atenção;</p><p>seriedade e riso. O cuidado, a atenção, o acolhimento estão presentes</p><p>na educação infantil; a alegria e a brincadeira também. E, nas práticas</p><p>realizadas as crianças aprendem. Elas gostam de aprender. Na Educação</p><p>Infantil e no Ensino Fundamental o objetivo é atuar com liberdade para</p><p>assegurar a apropriação e a construção do conhecimento por todos.</p><p>(KRAMER, 2006, p. 20).</p><p>Educação Infantil e Ensino Fundamental necessitam de práticas que</p><p>dialoguem entre si, práticas de solidariedade, respeito às diferenças e repúdio a</p><p>qualquer forma de discriminação, este deve ser o caminho para o trabalho com</p><p>crianças.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>93</p><p>FIGURA 33 - INCLUSÃO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/palavra-de-especialista-</p><p>educacao-fisica-743690.shtml?page=2>. Acesso em: 25 mar. 2015.</p><p>A infância é caracterizada fundamentalmente por ser a idade dos jogos e das</p><p>brincadeiras, que são a expressão máxima da infância, por meio dessas atividades</p><p>a criança satisfaz suas necessidades, interesses e vontades. Para Barreto e Zoboli</p><p>(2009), é por meio de brincadeiras e jogos que a criança libera energia e expande</p><p>sua criatividade, colocando em jogo nessas ações toda gama de sentimentos e</p><p>emoções.</p><p>Muitas vezes, o cuidado, o afeto, o brincar são vistos como práticas</p><p>exclusivas da Educação Infantil, por isso insistimos que tais práticas devem</p><p>adentrar o Ensino Fundamental, pois lá não temos meros alunos, mas crianças,</p><p>que devem ser atendidas em suas necessidades básicas, levando em conta suas</p><p>diferenças culturais, étnicas, religiosas, suas origens e tradições.</p><p>É importante olharmos para as crianças sem estereótipos ou ideias</p><p>preconcebidas, é fundamental tentarmos desconstruir padrões burgueses relativos</p><p>à infância e não tentarmos moldar as crianças para atender a determinados padrões</p><p>ideológicos por meio de regras rígidas que ao final excluem e separam sujeitos.</p><p>Sabemos que o saber escolar é dominado pela burguesia, por isso faz-</p><p>se essencial que estejamos atentos para que o brincar, o lúdico, os jogos sejam</p><p>acessíveis a todas as crianças, portanto é tarefa prima do professor oferecer à classe</p><p>trabalhadora o saber “burguês” (HERMIDA, 2009) e dotá-los de novos significados,</p><p>desarticulando os interesses burgueses e colocando-o a serviço de sua classe.</p><p>O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, publicado</p><p>em 1998, atendendo às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação</p><p>Nacional, foi elaborado em 3 volumes e se integram à série dos PCNs, elaborados</p><p>pelo MEC na Década de 90, é um documento orientador, cuja base teórica se apoia</p><p>na Teoria Histórico-Cultural e também na Epistemologia Genética de Jean Piaget,</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>94</p><p>seu objetivo é a inclusão de práticas pedagógicas de qualidade a fim de promover</p><p>o exercício da cidadania.</p><p>O documento concebe a criança como um ser bio-psico-sócio-moral e</p><p>revela a necessidade de integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos,</p><p>cognitivos e sociais do aprendizado infantil e traz os seguintes princípios:</p><p>• Respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas</p><p>diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.</p><p>• Direito a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação</p><p>e comunicação infantil.</p><p>• Acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o</p><p>desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à</p><p>interação social, ao pensamento, à ética e à estética.</p><p>• A socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais</p><p>diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma.</p><p>• Atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao</p><p>desenvolvimento de sua identidade.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.rs.gov.br/pse/html/educ_infantil.</p><p>jsp?ACAO=acao3>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>Para o documento, criança é um sujeito singular, que compreende o</p><p>mundo de um jeito muito próprio e tem na brincadeira uma forma de expressão</p><p>que permite aos adultos reconhecer suas vivências, suas angústias, seus desejos e</p><p>suas preocupações, entendendo como sendo próprio da infância a imaginação, a</p><p>fantasia, a criação e a brincadeira.</p><p>Para Kramer (2006), numa sociedade desigual, crianças desempenham,</p><p>nos diversos contextos, papéis diferentes. No Ensino Fundamental, assim como</p><p>na Educação Infantil é possível integrar educação, proteção, cuidado, brincadeira,</p><p>felicidade e cidadania.</p><p>Kishimoto (2011) compreende o brincar como a atividade principal da</p><p>criança e o aponta enquanto atividade que garante a cidadania da criança e ações</p><p>pedagógicas de maior qualidade. O brincar permite que as crianças se utilizem de</p><p>diferentes linguagens, é por meio do brincar que a criança se torna capaz de:</p><p>tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos</p><p>outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar</p><p>sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens,</p><p>de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas</p><p>e criar. Ao brincar, a criança experimenta o poder de explorar o mundo</p><p>dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-</p><p>lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas é no plano da</p><p>imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados.</p><p>Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>95</p><p>a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e</p><p>se desenvolver. (KISHIMOTO, 2011, p.1).</p><p>Para Kishimoto (2011), a criança não nasce sabendo brincar, portanto, essa</p><p>atividade precisa ser aprendida, seja pela mediação do adulto ou por intermédio de</p><p>outras crianças, ou mesmo observando. Seja por qualquer dessas formas, a criança</p><p>aprende e pode ainda não só reproduzir como também reinventar as brincadeiras</p><p>ou outras formas de brincar.</p><p>O papel fundamental do educador é o de partícipe das brincadeiras, além</p><p>de organizá-las, observá-las e avaliá-las. Deve se construir nesses momentos como</p><p>um facilitador, problematizador, interventor, que junto com a criança é capaz de</p><p>transformar e descobrir diferentes modos de interação no brincar.</p><p>Ao compartilhar com as crianças suas brincadeiras, o educador as fortalece,</p><p>sendo capaz de ajudá-la a trabalhar seus insucessos e frustrações, assim como</p><p>ajudá-la a trabalhar seu raciocínio, estimular sua criatividade e autonomia, sem</p><p>abrir mão da afetividade e da alegria que envolve todo o ato de brincar.</p><p>É importante que o educador observe a criança, sua maneira de agir</p><p>e de brincar, para que possa estimular as construções que ele observa serem</p><p>negligenciadas no universo familiar da criança, como por exemplo, a aquisição</p><p>da autonomia, a construção, a fantasia, a socialização, a comunicação, a ousadia, o</p><p>movimento e a aventura.</p><p>Outro documento importante de conhecermos são as Diretrizes Curriculares</p><p>Nacionais para a Educação Infantil, o documento orienta os educadores em</p><p>propostas pedagógicas que também podem e devem ser desenvolvidas nas aulas</p><p>de educação Física, tanto na Educação Infantil, como no Ensino Fundamental, pois</p><p>têm como eixos as interações e brincadeiras que garantam experiências que:</p><p>Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de</p><p>experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação</p><p>ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da</p><p>criança.</p><p>A infância é uma categoria social composta de atores sociais ativos com</p><p>vozes e perspectivas próprias que constroem suas relações com adultos e também</p><p>com seus pares, vistos não mais como sujeitos passivos, meros receptores e</p><p>consumidores de cultura. A expressão corporal é</p><p>uma das formas de ouvir a criança,</p><p>ou seja, é uma comunicação do corpo. É uma epistemologia própria, constituída</p><p>inicialmente por gestos espontâneos deflagrados por estímulos diversos como os</p><p>imagéticos, sonoros, táteis, verbais etc.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>96</p><p>O trabalho com Expressão Corporal é feito com estimulação das</p><p>potencialidades criativas e expressivas da criança por meio da linguagem do</p><p>corpo. Não se limita a codificação de movimentos, mas sim, permite a expressão</p><p>de individualidades.</p><p>Consciência corporal, noções rítmicas, relações espaciais, relação com o</p><p>outro e em grupo (coletividade) são aplicados de maneira lúdica. O professor pode</p><p>ainda utilizar recursos que estimulem os sentidos e a percepção como instrumentos</p><p>musicais, histórias infantis, imagens e objetos. A criação por parte dos alunos é um</p><p>dos aspectos fundamentais, estimulado nos desenhos, pinturas e trabalhos com</p><p>argila e materiais diversos.</p><p>Favorecem a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o</p><p>progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão:</p><p>gestual, verbal, plástica, dramática e musical.</p><p>Kramer (2006) define a educação como uma prática social, onde estão</p><p>incluídos o conhecimento científico, a arte e a vida cotidiana. Para a autora, o</p><p>trabalho com crianças deve favorecer essa tríade, lembrando que a cultura também</p><p>tem seus componentes na música, na literatura, na dança, no teatro, no cinema, na</p><p>produção artística e também na produção histórica e cultural que se encontra nos</p><p>museus.</p><p>Este olhar precisa ser desenvolvido também pelo professor de Educação</p><p>Física, pois permite a compreensão da educação em suas dimensões políticas,</p><p>éticas e estéticas.</p><p>DICAS</p><p>FIGURA 34 - REPORTAGEM</p><p>Reportagem: Professor de educação física monta</p><p>projeto utilizando a música e a capoeira para as suas</p><p>aulas, desenvolvendo a criatividade, motricidade e</p><p>concentração das crianças da educação infantil.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://ricmais.com.br/sc/educacao/videos/professor-desenvolve-</p><p>projeto-de-educacao-fisica-para-alunos-de-creches-em-itajai/>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>97</p><p>A vivência musical na Educação Física é fundamental, pois contém</p><p>estímulos muito eficazes para o desenvolvimento mental, físico e afetivo, segundo</p><p>Ávila e Silva (2003), o som age diretamente no sistema nervoso do homem, por</p><p>isso necessita de um bom repertório musical, pois a qualidade deste influirá na sua</p><p>formação. As brincadeiras musicais infantis são uma atividade musical muito rica,</p><p>com ritmo presente, proporciona à criança exercício físico, mental e emocional</p><p>simultaneamente.</p><p>FIGURA 35 - ATIVIDADES MUSICAIS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.uepb.edu.br/2o-festival-de-ginastica-</p><p>promove-atividades-de-danca-musica-e-circo-no-departamento-de-educacao-</p><p>fisica-da-uepb/>. Acesso em: 25 mar. 2015.</p><p>A linguagem dos gestos é, para Mattos e Neira (2003), também uma forma</p><p>de expressão carregada de sentidos, significados e intenções e assume papel</p><p>fundamental no processo educativo, devendo articular-se a propostas de ações</p><p>cognitivas, afetivas e motoras, devem enfatizar os movimentos inseridos em</p><p>situações às quais as crianças se vejam obrigadas a pensar e planejar sua ação,</p><p>vivendo os movimentos não só com os músculos, mas com o coração e a cabeça.</p><p>Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e</p><p>interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes</p><p>e gêneros textuais orais e escritos.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>98</p><p>O professor de Educação Física não só pode como deve contar histórias que</p><p>possibilitem a expressão lúdica para que a criança possa aproveitar a cultura de</p><p>que já dispõe e adquirir novas experiências com diferentes linguagens. As crianças</p><p>gostam de ouvir histórias e também de fazer comentários, gostam de participar e</p><p>não de ficarem simplesmente ouvindo caladas.</p><p>Para narrar na ‘roda de histórias’ é preciso preparar-se, tanto física</p><p>quanto psiquicamente, uma vez que ‘contar histórias’ é um ato de</p><p>entrega intensa, mental, emocional, intelectual e espiritual. Cada</p><p>pessoa tem um estilo diferente, um tom de voz, uma personalidade,</p><p>um ‘jeito de ser’. Alguns se expressam melhor por meio de gestos ou</p><p>movimentos corpóreos, outros por meio das palavras, ou pelo olhar,</p><p>pelas pausas etc. Não é preciso ter uma técnica especializada. Um</p><p>fator muito importante é a escolha da história, e o fundamental é que o</p><p>narrador goste dela e a transmita de tal forma que todos se envolvam,</p><p>se encantem ou até mesmo acreditem na história narrada. Para tanto,</p><p>o narrador precisa conhecer bem o conto, organizar em sua mente a</p><p>sequência das cenas, visualizar os personagens, suas vozes, seu modo de</p><p>agir, seus gestos, seus sons etc. Assim preparado, o narrador-mediador</p><p>pode criar algumas atividades e narrar uma belíssima história, sem</p><p>precisar pedir silêncio. (A LINGUAGEM DO MOVIMENTO</p><p>NO REFERENIAL CURRICULAR NACIONAL PARA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL. In: JORGE, 2007, p.102).</p><p>Para Kishimoto (2011), a linguagem da criança se amplia quando ela tem</p><p>oportunidade de viver em meio a diferentes gêneros textuais: histórias, livros,</p><p>desenhos, pinturas, TV, rádio, computador, música, dança, situações que podem</p><p>ser promovidas pela Educação Física em forma de gincana, por exemplo.</p><p>Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações</p><p>quantitativas, medidas, formas e orientações espaço-temporais.</p><p>Para Kramer (2006) a criança é colecionadora, dá sentido ao mundo e é</p><p>produtora de história, e complementa: “Como um colecionador, a criança caça,</p><p>busca, perde, encontra, separa os objetos de seus contextos, vai juntando figurinhas,</p><p>chapinhas, ponteiras, pedaços de lápis, borrachas antigas, pedaços de brinquedos,</p><p>lembranças, presentes, fotografias” (Kramer, 2006, p.16).</p><p>O professor de Educação Física pode, e deve trabalhar com jogos que</p><p>explore quantidades, formas e medidas, pode pedir ainda para cada criança uma</p><p>caixa de camisa ou de sapato, para que guardem “seus tesouros”, os jogos que</p><p>são capazes de confeccionar, suas figurinhas, suas tampinhas, suas cartinhas, seus</p><p>desenhos, suas miniaturas etc.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>99</p><p>Kishimoto (2011) aponta a dança das cadeiras como uma brincadeira que</p><p>privilegia relações quantitativas, como também o boliche, as argolas no poste,</p><p>brincadeiras de médico para medir as crianças, apostar corridas para ver quem</p><p>chega primeiro, cantar, recitar parlendas e trava-línguas, marcando as rimas com</p><p>batidas de palmas e outras com pés, tais brincadeiras permitem que as crianças</p><p>se introduzam no mundo da matemática, permitindo que ela comece a traçar</p><p>hipóteses como medir e quantificar, estão dentro da mesma proposta os jogos com</p><p>dominó, memória, quebra-cabeça e blocos lógicos.</p><p>FIGURA 36 - BRINCADEIRA DA CADEIRA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-</p><p>pedagogica/jogos-melhorar-atencao-424338.shtml>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>DICAS</p><p>Professores de Londrina usam a Educação Física como complemento das aulas.</p><p>Para saber mais acesse: <http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/</p><p>jogos-melhorar-atencao-424338.shtml>.</p><p>Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades</p><p>individuais e coletivas.</p><p>O profissional de Educação Física também deve refletir sobre os espaços</p><p>oferecidos às crianças, pois esta incorpora a experiência social e cultural do brincar</p><p>por meio das relações que estabelece com os outros e com o meio.</p><p>Nesse sentido o espaço deve ser transmissor de valores e significados, deve</p><p>proporcionar atividades e artefatos constituídos e partilhados pelos sujeitos a fim</p><p>de que a criança possa com seu poder de imaginação criar, recriar, produzir e</p><p>reproduzir cultura. À escola cabe a função precípua e humanizadora do brincar.</p><p>http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/jogos-melhorar-atencao-424338.shtml</p><p>http://revistaescola.abril.com.br/educacao-fisica/pratica-pedagogica/jogos-melhorar-atencao-424338.shtml</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>100</p><p>Assim, podemos proporcionar às nossas crianças espaços organizados</p><p>para brincadeiras, compostos de mobiliários vinculados à vida doméstica, que</p><p>suscitam brincadeiras de papéis familiares, assim como rios, lamas e areia geram</p><p>brincadeiras de nadar, pular, fazer castelos etc. Borba (2006) compreende esses</p><p>espaços reinterpretados pelas crianças e articulados às suas experiências lúdicas,</p><p>gerando novos modos de brincar. Sobre a questão, Corsino (2006, p. 67) afirma:</p><p>Um trabalho de qualidade para as crianças nas diferentes áreas do</p><p>currículo exige ambientes aconchegantes, seguros, encorajadores,</p><p>desafiadores, criativos, alegres e divertidos, nos quais as atividades</p><p>elevem sua autoestima, valorizem e ampliam as suas leituras de mundo</p><p>e seu universo cultural, agucem a curiosidade, a capacidade de pensar,</p><p>de decidir, de atuar, de criar, de imaginar, de expressar; nos quais jogos,</p><p>brincadeiras, elementos da natureza, artes, expressão corporal, histórias</p><p>contadas, imaginadas, dramatizadas, lidas etc. estejam presentes.</p><p>A compreensão de que a brincadeira é uma atividade oposta ao trabalho e</p><p>que não gera resultados leva a diminuição dos espaços do brincar, à medida que as</p><p>crianças avançam nas séries/anos do Ensino Fundamental essa compreensão deve</p><p>ser desconstruída. Borba (2006) nos alerta que o brincar deve ser visto de forma</p><p>mais positiva, como uma atividade que articula processos de aprender, desenvolver</p><p>e conhecer, a autora afirma que a brincadeira é uma experiência importante não</p><p>apenas nos primeiros anos da infância, mas durante todo o percurso da vida do ser</p><p>humano e deve ser garantida em todos os anos do Ensino Fundamental.</p><p>É muito importante criar espaços para que as crianças brinquem sozinhas</p><p>ou em grupos, pois a singularidade de cada criança precisa ser respeitada. Já nas</p><p>atividades coletivas é preciso prestar atenção à diversidade de materiais como</p><p>também à quantidade, pois todas as crianças devem participar.</p><p>Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração</p><p>da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização,</p><p>saúde e bem-estar.</p><p>Segundo Kishimoto (2011), é desde o ingresso do bebê na creche que se</p><p>dá a construção da imagem positiva de si por meio do carinho e da atenção do</p><p>professor, pois assim é capaz de construir vínculos.</p><p>A percepção do bebê com sua imagem refletida no espelho favorece o</p><p>conhecimento de si e do mundo, pois ao ver sua imagem refletida identifica-se</p><p>e difere-se dos outros bebês, levar objetos à boca permite que a criança se utilize</p><p>de seus órgãos sensoriais para verificar a sensação de duro, mole, fato que amplia</p><p>suas experiências sensoriais.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>101</p><p>FIGURA 37 - DESCOBERTA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://blog.cancaonova.com/</p><p>revolucaojesus/2008/03/28/qual-imagem-tenho-de-mim-mesmo/>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>A autonomia se constrói por meio de ações intencionais e a brincadeira</p><p>e a mediação do adulto são fundamentais para essa construção. Kishimoto</p><p>(2011) explica que os materiais devem estar dispostos de forma acessível para</p><p>a criança, com estantes baixas e ambiente organizado com caixas etiquetadas</p><p>para que a criança possa exercitar seu poder de escolha de materiais e também</p><p>saiba guardá-los, pois a autonomia é um princípio ético que deve ser exercitado</p><p>quando o professor deixa a criança escolher seus próprios brinquedos e objetos e</p><p>também quando ensina-lhes a guardá-los e também a respeitar o espaço do outro,</p><p>a emprestar e também a saber esperar.</p><p>Cabe ao professor de Educação Física a preocupação e a responsabilidade</p><p>com a construção da autoestima, da identidade, do cuidado com o corpo, a</p><p>valorização dos vínculos afetivos como também conduzir a dinâmica de diálogo</p><p>valorizando a negociação de atitudes e o respeito pelo outro.</p><p>Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos</p><p>culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo</p><p>e conhecimento da diversidade.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>102</p><p>A produção de grupos populares também deve fazer parte do universo</p><p>escolar, pois tais produções se constituem em ricas aprendizagens e também</p><p>compõe o acervo cultural da humanidade. Dessa forma, a escola deve promover o</p><p>encontro com diferentes formas de expressão e de compreensão da vida.</p><p>O uso de imagens, relatos, dramatizações oferecem outras versões</p><p>que permitem desenvolver um método ativo e um discurso polissêmico entre</p><p>educadores e educandos. As diferentes linguagens provocam na criança uma gama</p><p>infinita de emoções que penetram em seu interior possibilitando a atribuição de</p><p>significado, onde seu olhar ultrapassa o cotidiano, colocando-se em outro plano,</p><p>construindo diferentes leituras e formas de compreensão da vida.</p><p>Conhecer diferentes brincadeiras de outras culturas favorece a ampliação</p><p>do mundo social, pular amarelinha, brincar com pião, peteca, cabanas são</p><p>brincadeiras que alargam seus padrões de referência e possibilitam o conhecimento</p><p>da diversidade.</p><p>DICAS</p><p>Educação Física: Brincadeiras do fundo do baú</p><p>Reportagem: Já brincou de passa-anel com os colegas? Essa e outras brincadeiras de</p><p>antigamente são patrimônio cultural e tema relevante.</p><p>Para saber mais sobre esta prática acesse: <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/ja-</p><p>brincou-passa-anel-colegas-brincadeira-jogo-806145.shtml#ad-image-0>.</p><p>Kishimoto (2011) recomenda criar um ambiente onde meninos e meninas</p><p>tenham acesso a todos os brinquedos sem distinção de sexo, classe social ou etnia,</p><p>ou seja, não cabe ao profissional de Educação Física a passividade diante de</p><p>preconceitos, pois esta é uma forma de reproduzi-los.</p><p>Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o</p><p>questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao</p><p>mundo físico e social, ao tempo e à natureza.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>103</p><p>Para Kramer (2006), a criança é produtora de cultura, ela brinca e nisso</p><p>reside sua singularidade, e complementa:</p><p>A criança cria cultura, brinca e nisso reside sua singularidade.</p><p>Interessadas em brinquedos, bonecas as crianças se sentem atraídas</p><p>por contos de fadas, mitos, querendo aprender e criar, as crianças estão</p><p>mais próximas dos artistas, do colecionador e do mágico, do que de</p><p>pedagogos bem-intencionados (KRAMER, 2006, p.16).</p><p>Sabemos que a criança não utiliza somente a linguagem verbal para se</p><p>comunicar, como diz Malaguzzi (apud EDWARDS; GANDINI; FORMAN, 1999) a</p><p>criança tem cem linguagens, dentre elas estão o gesto, a fala, o desenho, a pintura,</p><p>as construções tridimensionais, a imitação e a música, todas essas, de acordo com</p><p>Kishimoto (2011), são linguagens que oferecem oportunidades para a expressão</p><p>lúdica.</p><p>DICAS</p><p>Quer conhecer mais sobre Loris Malaguzzi, leia o livro “As Cem Linguagens da</p><p>Criança”, através desta leitura você conhecerá as diferentes linguagens para a formação humana.</p><p>Malaguzzi queria uma escola contra o tédio e a acomodação, uma escola que oferecesse o</p><p>melhor para as crianças.</p><p>FIGURA 38 - AS CEM LINGUAGENS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://csicb.blogspot.com.br/2013/04/as-</p><p>cem-linguagens-da-crianca.html>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>104</p><p>À medida que a criança se encaminha para o Ensino Fundamental, ela</p><p>vai ampliando sua capacidade de utilizar diversas linguagens por meio de vários</p><p>gêneros e formas de expressão como a gráfica, a gestual, a verbal, a dramática e a</p><p>musical.</p><p>Kishimoto (2011) fala também da linguagem plástica, como fabricar tintas</p><p>com plantas para misturar e transformar, para a autora, crianças gostam de fazer</p><p>marcas para expressar sua individualidade e as tintas são ótimas ferramentas para</p><p>esta finalidade, assim como massinha, argila, gesso e materiais para desenhar</p><p>pintar e colar, fazer cabanas com folhas e galhos, brincar nos troncos de árvores,</p><p>produzir um balanço, estes recursos também podem ser explorados nas aulas de</p><p>Educação Física e podem contribuir junto ao projeto que se desenvolve na escola.</p><p>Promovam o relacionamento e a interação das crianças com</p><p>diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema,</p><p>fotografia, dança, teatro, poesia e literatura.</p><p>Muitas vezes a escola se constitui no único espaço para a socialização e para</p><p>o desenvolvimento da autonomia e liberdade da criança, por isso, a instituição tem</p><p>como função precípua a ampliação do universo cultural da criança, levando-a a</p><p>participar de exposições, espetáculos de dança, músicas, mesmo sendo o acesso</p><p>feito por CDs, DVDs, blu-ray, e outros recursos que propiciem o acesso às diferentes</p><p>linguagens.</p><p>Para Borba e Goulart (2006), o olhar indaga, rompe, quebra a linearidade,</p><p>ousa, inverte a ordem, admira e surpreende estabelecendo novas formas de ver</p><p>o mundo, assim, o profissional de Educação Física deve oportunizar o acesso às</p><p>diferentes formas de linguagem, pois ainda segundo as autoras, não há como</p><p>construir sujeitos críticos e criativos sem o acesso à pluralidade de linguagens,</p><p>pois é por meio delas que a criança constrói sentidos e conhecimentos que são</p><p>fundamentais para seu processo criativo.</p><p>DICAS</p><p>Conheça o grupo Barbatuque e desenvolva projetos maravilhosos e diferentes</p><p>na sua escola ou durante o seu estágio. Para saber mais acesse: <https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=2uT2f4LBdCA>.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>105</p><p>Para Kishimoto (2011) brincar de bandinha rítmica possibilita a interação</p><p>com diferentes instrumentos, pois o brincar com os sons envolve também o</p><p>movimento com o corpo.</p><p>Um papel amassado ou bater palmas expressam a sonoridade que se</p><p>cria com as mãos. Soprar uma pena, ou bater na água mostra o poder</p><p>de fazer coisas: a pena que voa e água que espirra. O poder expressivo</p><p>da brincadeira faz a criança compreender como ela cria tais situações ao</p><p>agir sobre os objetos. Assim, ela vai conhecendo o mundo, pela sua ação</p><p>e pelos sentidos: o som de um jornal amassado, a textura macia de um</p><p>bichinho de pelúcia, o cheiro de uma fruta, uma bolinha de sabão que</p><p>voa longe ou se espatifa no chão. Cantar e dançar, construir estruturas</p><p>tridimensionais com madeiras, caixas de papelão, colchões, blocos são</p><p>formas de expressão muito apreciadas pelas crianças (KISHIMOTO,</p><p>2011, p. 6).</p><p>Aproveite e monte um projeto para ser desenvolvido em uma escola de educação</p><p>infantil de 4 horas. Podendo ser em duplas ou individual, apresente-se, mostre o seu projeto e</p><p>verifique o interesse da escola. Capriche! Essa será uma grande experiência e relate no próximo</p><p>encontro. Lembre-se! Tenha ética e respeito pelo local, pois este sempre abrirá as portas para</p><p>outras atividades.</p><p>ATENCAO</p><p>Veja a dica de como desenvolver este projeto:</p><p>O CORPO MUSICAL: SENSIBILIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE SONS</p><p>17/07/2009</p><p>Autor e Coautor(es)</p><p>Autor: UILIETE MARCIA SILVA DE MENDONÇA</p><p>NATAL - RN NÚCLEO EDUCACIONAL INFANTIL - NEI</p><p>Coautor(es): Nayde Solange Garcia Fonseca</p><p>TEMA</p><p>Coordenação</p><p>ESTRUTURA CURRICULAR</p><p>MODALIDADE/NÍVEL DE ENSINO COMPONENTE</p><p>CURRICULAR</p><p>Educação Infantil Movimento</p><p>http://portaldoprofessor.mec.gov.br/perfil.html?id=54784</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>106</p><p>DADOS DA AULA</p><p>O que o aluno poderá aprender com esta aula</p><p>Produzir movimentos musicalizados com o corpo.</p><p>DURAÇÃO DAS ATIVIDADES</p><p>Cada atividade será desenvolvida em diferentes momentos com duração</p><p>aproximada de 15 minutos.</p><p>Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno</p><p>As possibilidades dos movimentos do corpo.</p><p>ESTRATÉGIAS E RECURSOS DA AULA</p><p>Atividade – Explorar os sons do corpo (faixa etária 3 anos de idade)</p><p>1º Momento - Assistir ao vídeo do Grupo Barbatuques sobre sons e música</p><p>produzido com os movimentos do corpo.</p><p>OBS.: Os vídeos podem ser encontrados no site <www.youtube.com.br> pesquisar:</p><p>Barbatuques.</p><p>2º Momento - Instigar as crianças a refletirem sobre as partes do corpo que</p><p>podem utilizar para produzir sons. Em seguida construir um texto coletivo.</p><p>Exemplo: Texto Coletivo</p><p>VÍDEO – APRESENTAÇÃO BARBATUQUES</p><p>TINHA MUITA GENTE NO VÍDEO. TINHA MUITAS PESSOAS.</p><p>ELAS ESTAVAM DANÇANDO, FAZENDO MOVIMENTO COM O CORPO.</p><p>ESTAVA SAINDO UM BARULHO DO MOVIMENTO. PARA SAIR O</p><p>BARULHO ELES USAVAM TODO O CORPO: AS MÃOS, OS PÉS, A</p><p>BOCA, O BRAÇO, A LÍNGUA, AS PERNAS, A BOCHECHA, A CABEÇA.</p><p>SAÍA UMA MÚSICA QUANDO AS PESSOAS</p><p>MEXIAM O CORPO. DAVA PARA DANÇAR.</p><p>GOSTAMOS MUITO DE VER A APRESENTAÇÃO.</p><p>3º Momento - Pedir que cada criança explore seu corpo,</p><p>buscando nele sons que podem produzir a partir de</p><p>alguns movimentos. Como exemplo mostrado nas fotos abaixo.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>107</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=3585>.</p><p>Acesso em: 4 abr. 2015.</p><p>Vamos continuar!</p><p>Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento</p><p>da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não</p><p>desperdício dos recursos naturais.</p><p>Colocar a criança em contato com a natureza pode ser uma experiência</p><p>muito significativa quando estimulada a perceber a fonte infinita de materiais que</p><p>dispõem. O professor de Educação Física pode conduzir as crianças a descobrirem</p><p>as formas, sons, cheiros e outras milhares de possibilidades utilizando-se dos</p><p>recursos naturais, pois diante destes a criança exercita seu poder de escolha,</p><p>explora, conhece, vivencia situações em que estão presentes a vida e a terra.</p><p>Olhar para a terra, apalpá-la observando suas cores e seus tons de</p><p>vermelho, marrom-escuro e claro, acariciar com as pétalas de uma</p><p>petúnia as asinhas de um inseto recém-pousado na palma da mão,</p><p>ouvir os sons da natureza, o canto dos pássaros, a música da cachoeira;</p><p>olhar para o universo de cores especiais... são experiências profundas,</p><p>que marcaram momentos importantes na vida humana. Cores, formas e</p><p>cheiros da infância associam-se às nossas lembranças, fazendo surgirem</p><p>sensações e imagens, frutos maduros brotados de nossas árvores</p><p>internas. (LUNA e BISCA, 2005, p.127, apud NICOLAU L.M. e DIAS</p><p>M.C.M., 2003).</p><p>É também muito importante que a criança desenvolva uma afetividade com</p><p>os seres da natureza e com a própria natureza, mas é preciso que os educadores</p><p>ensinem as crianças a brincarem respeitando o meio ambiente, não jogando</p><p>papéis e brinquedos pelo chão, utilizando materiais sem desperdícios para que</p><p>se desenvolva desde a infância uma consciência ecológica, que envolve tanto os</p><p>fenômenos naturais quanto as atitudes.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>108</p><p>FIGURA 39 - PASSEIO CICLÍSTICO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://piripiri40graus.com/geral/colegio-irma-</p><p>angela-realiza-passeio-ciclistico-e-entrega-premios>. Acesso em: 30 mar.</p><p>2015.</p><p>Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações</p><p>e tradições culturais brasileiras.</p><p>A criança deve ser considerada em seu desenvolvimento integral,</p><p>considerando sua dimensão afetiva, em sua relação com os adultos e com as outras</p><p>crianças; na sua dimensão cognitiva construindo conhecimentos historicamente</p><p>acumulados; na dimensão social, em suas interações em clubes, praças, igrejas,</p><p>festas populares e outras instituições culturais; na sua dimensão psicológica,</p><p>respeitando os momentos de fala da criança, de forma respeitosa e carinhosa.</p><p>Para Kishimoto (2011, p.13):</p><p>A riqueza cultural do Brasil propicia a diversidade de manifestações de</p><p>tradições do folclore: festas do boi bumbá, maracatu, congada, festas</p><p>juninas, reisado, carnaval, entre outras, cada qual com seus objetos,</p><p>instrumentos musicais, adereços e suas fantasias. As crianças podem</p><p>construir um boi bumbá para brincar: é uma forma divertida de entrar</p><p>nas tradições</p><p>culturais. Uma caixa de papelão ornamentada, com um</p><p>buraco para que a criança entre dentro dela e a carregue em seu corpo,</p><p>dá a vida ao boi, construindo com sucata. Contar histórias, aprender</p><p>as músicas e danças que acompanham as tradições ajudam a criança a</p><p>penetrar no significado dessas culturas.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>109</p><p>FIGURA 40 - APRENDENDO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/carnaval-no-brasil-</p><p>educar-para-crescer-618963.shtml>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>O professor de Educação física além de promover visitas a exposições e</p><p>a museus, ele também pode trabalhar com dramatizações e figurinos, como por</p><p>exemplo, a confecção de um colar carnavalesco desenvolvendo a coordenação</p><p>motora fina da criança.</p><p>Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores,</p><p>máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos.</p><p>Kramer (2006) nos alerta para a condição do ser criança, que subverte a</p><p>ordem e estabelece uma relação crítica com a tradição. A autora sugere que olhar</p><p>o mundo do ponto de vista da criança nos permite outra maneira de olhar a</p><p>realidade, podemos aprender com elas, a crítica, a brincadeira, ou virar as coisas</p><p>do mundo pelo avesso e complementa:</p><p>Nesse processo, o papel do cinema, da fotografia, da imagem, é</p><p>importante para nos ajudar a constituir esse olhar infantil, sensível</p><p>e crítico. Desvelando o real, subvertendo a aparente ordem natural</p><p>das coisas, as crianças falam não só de seu mundo e da sua ótica de</p><p>criança, mas também do mundo adulto, da sociedade contemporânea.</p><p>(KRAMER, 2006, p.17).</p><p>O desenvolvimento dos meios de comunicação não deve ser negado pela</p><p>escola, pois as formas simbólicas criadas pela mídia acabam fazendo parte do</p><p>universo infantil, em suas brincadeiras a criança recria as experiências socioculturais</p><p>dos adultos.</p><p>A interação com brinquedos e materiais na Educação Infantil e no</p><p>Ensino Fundamental.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>110</p><p>Vimos então que as atividades lúdicas são responsáveis pela formação do</p><p>autoconceito positivo, sendo o brincar uma necessidade infantil tão básica quanto</p><p>a nutrição, a saúde e a educação.</p><p>Vamos agora entender o papel do brinquedo?</p><p>Para Brougére (2001), o brinquedo é produto de uma sociedade dotada de</p><p>cultura, inserido em um sistema social e que suporta funções que lhe conferem</p><p>razão de ser, possui significados que permitem compreender tanto a sociedade</p><p>como a cultura, e é marcado pela sua dimensão simbólica, porém, a priori, não</p><p>parece definido por uma função precisa: pode ser um simples objeto que a criança</p><p>manipula, sem estar condicionado por regras, como é o caso do jogo.</p><p>Para Vygotsky (2010), o brinquedo faz parte do mundo ilusório e imaginário,</p><p>onde todos os desejos tornam-se realizáveis, para o autor ele cria uma zona de</p><p>desenvolvimento proximal na criança, isso significa que o brinquedo faz com que</p><p>ela se desenvolva, se comportando além de seu comportamento habitual de sua</p><p>idade, o brinquedo faz com que ela seja maior do que é na realidade.</p><p>A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da</p><p>criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da</p><p>criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo</p><p>contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado</p><p>em uma situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue</p><p>o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque</p><p>o brinquedo está unido ao prazer – e, ao mesmo tempo, ela aprende</p><p>a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se às regras e, por</p><p>conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a</p><p>regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer</p><p>no brinquedo. (VYGOTSKY, 2010, p.113).</p><p>Com certeza podemos dizer que a função do brinquedo é a brincadeira.</p><p>“O brinquedo é um fornecedor de representações manipuláveis, de imagens com</p><p>volume: está aí, sem dúvida, a grande originalidade e especificidade do brinquedo</p><p>que é trazer a terceira dimensão para o mundo da representação”. (BROUGÈRE,</p><p>2001, p. 14).</p><p>Para Brougére (2001), o brinquedo é acima de tudo um dos meios para</p><p>desencadear a brincadeira, e no plano da brincadeira os brinquedos podem ser</p><p>manufaturados, uma sucata, um objeto adaptado, ou mesmo um objeto fabricado</p><p>por aquele que brinca, para o autor tudo pode se transformar em um brinquedo</p><p>e o sentido lúdico do objeto é dado por aquele que brinca enquanto a brincadeira</p><p>perdura.</p><p>Kishimoto (2011) aponta que existem muitas dúvidas dos educadores entre</p><p>o que seria considerado como jogo na função do brinquedo educativo e o que</p><p>poderia caracterizá-lo como material pedagógico, e a autora então define:</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>111</p><p>Se brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua utilização</p><p>deveria criar momentos lúdicos de livre exploração, nos quais prevalece</p><p>a incerteza do ato e não se buscam resultados. Porém, se os mesmos</p><p>objetos servem como auxiliar da ação docente, buscam-se resultados</p><p>em relação a aprendizagens de conceitos e noções ou, mesmo, ao</p><p>desenvolvimento de algumas habilidades. Nesse caso, o objeto</p><p>conhecido como brinquedo não realiza sua função lúdica, deixa de ser</p><p>brinquedo para se tornar material pedagógico. Um mesmo objeto pode</p><p>adquirir dois sentidos conforme o contexto em que se utiliza: brinquedo</p><p>ou material pedagógico. (KISHIMOTO, 2011, p.14).</p><p>Para a autora, o jogo com função lúdica, quando escolhido voluntariamente</p><p>proporciona diversão, prazer e até desprazer, segundo Vygotsky (2010), já o jogo</p><p>em função educativa ensina qualquer coisa que compete o indivíduo em seu saber,</p><p>seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. O equilíbrio se dá na conciliação</p><p>da liberdade com a orientação própria dos processos educativos.</p><p>O jogo, na qualidade de brinquedo, segundo Campagne (1989, p.113, apud</p><p>KISHIMOTO, 2011, p. 20) possui:</p><p>1- Valor experimental - permite a exploração e a manipulação.</p><p>2- Valor da estruturação - dar suporte à construção da personalidade infantil.</p><p>3- Valor de relação - colocar a criança em conato com seus pares e adultos, com</p><p>objetos e com o ambiente em geral para propiciar o estabelecimento de relações.</p><p>4- Valor lúdico - avaliar se os objetos possuem qualidades que estimulam o</p><p>aparecimento da ação lúdica.</p><p>Os jogos, brinquedos e materiais lúdicos podem ser aglutinados em</p><p>diversas categorias segundo as diferentes teorias sobre o brincar. Para André</p><p>Michelet, psicólogo francês e um dos responsáveis pela coordenação do Sistema</p><p>ICCP, os brinquedos podem ter:</p><p>SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE JOGOS, BRINQUEDOS E</p><p>MATERIAIS PEDAGÓGICOS. ICCP – INTERNATIONAL COUNCIL FOR</p><p>CHILDREN’S PLAY</p><p>Classificações etnológicas ou sociológicas: os brinquedos são analisados</p><p>em função do papel que lhes é atribuído (ou que a classificação lhes atribui) nas</p><p>diversas sociedades.</p><p>Classificações filogenéticas ou históricas: os brinquedos são analisados</p><p>em função da evolução da humanidade, evolução esta reproduzida pela criança</p><p>em seus jogos em diversos períodos.</p><p>Classificações psicológicas: fundamentam-se na explicação do</p><p>desenvolvimento da criança e em função das quais se estabelece uma hierarquia</p><p>dos jogos.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>112</p><p>Classificações pedagógicas: distribuem os brinquedos segundo</p><p>diferentes aspectos e opções dos métodos educativos.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.abrinquedoteca.com.br/pdf/47ain.pdf>. Acesso em: 23</p><p>abr. 2015.</p><p>Há ainda uma imensidão de classificações como: por idade, por sexo, por</p><p>tipo de material com que são fabricados, por conteúdo, por habilidade motriz, por</p><p>Sistema de Classificação ESAR; Sistema de Classificação ICCP etc.</p><p>O Sistema Cubano de Classificação de jogos, brinquedos e brincadeiras nas</p><p>brinquedotecas (DRAC da Associação Cubana de Ludotecas – ACL) classifica os</p><p>brinquedos como:</p><p>QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO</p><p>DOS BRINQUEDOS</p><p>Brinquedos inquestionavelmente didáticos: brinquedos com certa</p><p>aplicação em tarefas docentes.</p><p>Brinquedos absolutamente recreativos: brinquedos que propiciam</p><p>entretenimento, diversão e lazer, cujo desenvolvimento pode ser acessível e</p><p>interessante.</p><p>Brinquedos sumamente ativos: brinquedos que estimulam a competição</p><p>ativando a vontade e o aperfeiçoamento do jogador para obter os melhores</p><p>resultados ou atingir suas metas, eliminando a passividade que representa o</p><p>jogar sem a busca de um objetivo final.</p><p>Brinquedos profundamente criativos: brinquedos que possibilitam aos</p><p>participantes o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas (intelectuais)</p><p>e a busca de formas novas e variadas de realização, a obtenção de conclusões</p><p>aplicadas ao aperfeiçoamento da atividade, a utilização da imaginação e da</p><p>fantasia etc.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.labrinjo.ufc.br/index.php?option=com_phocadownload&vi</p><p>ew=category&download=48:guia-de-jogos-e-brinquedos&id=1:artigos&Itemid=94>. Acesso em:</p><p>23 abr. 2015.</p><p>Almada (2007) alerta para outro ponto bastante importante em relação aos</p><p>brinquedos: em todas as brincadeiras eles devem ser seguros, laváveis e estarem</p><p>em boas condições de uso. Os brinquedos do parque devem estar bem fixados,</p><p>com área gramada ou coberta e nunca sobre área cimentada.</p><p>Os suportes para armazenamento dos materiais devem estar acessíveis às</p><p>crianças e não em salas ou armários trancados. O cuidado com os materiais vai</p><p>depender da fala do professor que deve incidir sobre sua valorização e cuidado,</p><p>ensinando também as diferentes formas de exploração desses objetos, desta forma,</p><p>estará contribuindo para a ampliação do referencial infantil.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>113</p><p>Para Kishimoto (2011), os brinquedos devem ampliar as oportunidades</p><p>do brincar, devem ser duráveis, atraentes e as instituições de educação devem</p><p>incluir no rol de seus brinquedos também os tecnológicos, os industrializados, os</p><p>artesanais e ainda os produzidos pela própria criança, professores e pais.</p><p>Lembramos ainda que a criança é curiosa por natureza, gosta de saber</p><p>como o brinquedo foi construído e como ele é por dentro, por isso é importante</p><p>que a criança trabalhe com jogos desmontáveis para produção de seu próprio</p><p>brinquedo. Nestas atividades a criança tem a oportunidade de compor e observar</p><p>a sequência da montagem correta.</p><p>Kishimoto (2011, p. 2) também alerta que os brinquedos jamais poderão</p><p>induzir a preconceitos de gêneros, classe social e etnia, como também não poderão</p><p>incitar a violência, e que ainda é preciso considerar:</p><p>Tamanho: o brinquedo, em suas partes e no todo, precisa ser duas vezes</p><p>maior e mais largo do que a mão fechada da criança (punho).</p><p>Durabilidade: o brinquedo não pode se quebrar com facilidade ―</p><p>vidros e garrafas plásticas são os mais perigosos.</p><p>Cordas e cordões: esses dispositivos podem enroscar-se no pescoço da</p><p>criança.</p><p>Bordas cortantes ou pontas: brinquedos com essas características</p><p>devem ser eliminados.</p><p>Não tóxicos: brinquedos com tintas ou materiais tóxicos devem ser</p><p>eliminados, pois o bebê os coloca na boca.</p><p>Não inflamável: é preciso assegurar-se de que o brinquedo não pega</p><p>fogo.</p><p>Lavável, feito com materiais que podem ser limpos: essa recomendação</p><p>se aplica especialmente às bonecas e brinquedos estofados.</p><p>Divertido: é importante assegurar que o brinquedo seja atraente e</p><p>interessante.</p><p>Os recursos mais valiosos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental</p><p>são as crianças, por isso tanto os espaços como os objetos oferecidos devem oferecer</p><p>segurança, com materiais resistentes e de boa qualidade.</p><p>A interação com diferentes brinquedos e com a diversidade de materiais é</p><p>essencial para que a criança se aproprie do mundo dos objetos com suas diferentes</p><p>texturas, formas, cores e tamanhos que são fundamentais para a compreensão da</p><p>criança. Brougére (2001, p. 65) complementa: “As cores e as formas constroem em</p><p>torno da criança um universo no qual predomina o animismo, o antropoformismo,</p><p>a magia, a alegria, a imagem risonha e nostálgica da infância”.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>114</p><p>Para Kishimoto (2011), a criança utiliza seus órgãos sensoriais para</p><p>conhecer os brinquedos, assim, a diversidade de cores, texturas, odores, sabores,</p><p>sons são ricas experiências que podem ser exploradas com a Cesta de Tesouros,</p><p>como também com os móbiles coloridos, chocalhos, saquinhos de ervas aromáticas</p><p>e brinquedos com diferentes densidades e formas.</p><p>Cores fortes e as formas mais simples atraem mais as crianças pequenas,</p><p>já as maiores se identificam com cores naturais e formas mais sofisticadas. A</p><p>variedade no colorido, na forma e na textura são características que contribuem para</p><p>a estimulação sensorial da criança e para o enriquecimento de suas experiências.</p><p>É muito importante, porém, que não se perca de vista o valor lúdico</p><p>do brinquedo, que reforça sua especificidade cultural e que traz para a criança</p><p>um suporte de ação, manipulação, de conduta lúdica através de suas formas e</p><p>representações.</p><p>Nesse sentido é fundamental que o educador realize a apresentação dos</p><p>brinquedos para a criança, para que ela possa imaginar o que fazer com eles. Um</p><p>brinquedo pode se tornar irresistível quando transformado em objeto de afeto,</p><p>como uma boneca, por exemplo, ou por transmitir-lhe sensação de segurança ou</p><p>poder, como as roupas de soldados e super-heróis, por atender a uma fantasia ou</p><p>a uma determinada carência, por ser desafiador de habilidades, como o bilboquê,</p><p>o bambolê, o ioiô etc., ou simplesmente porque algum amigo tem.</p><p>Kishimoto (2011) nos lembra que também são importantes os objetos de uso</p><p>doméstico que podem ser usados como brinquedos pelas crianças, pois também</p><p>são itens importantes para ampliar as experiências sensoriais das crianças. Bebês a</p><p>partir dos seis meses já utilizam as mãos para manipular objetos e:</p><p>Gostam de entrar dentro de caixas, em buracos, túneis, passagens</p><p>estritas; apreciam empurrar, puxar, subir, encaixar, empilhar. Há</p><p>brinquedos e materiais que auxiliam o mundo físico, entre os quais</p><p>as bolas, que são ótimas para apertar, conhecer a textura, cor, deixar</p><p>cair para ver como rolam. Há bolas com diferentes funções: há as que</p><p>produzem som ao toque, as que tem uma face espelhada, permitindo</p><p>à criança conhecer a si mesma, ou buracos, que o bebê pode explorar</p><p>enfiando o braço ou a mão. O mundo social aparece nas brincadeiras,</p><p>que mostram não apenas como brincar de forma diferente, mas também</p><p>como conhecer o outro. (KISHIMOTO, 2011, p. 4).</p><p>Como podemos perceber, o brinquedo tem um apelo lúdico e um forte</p><p>conteúdo simbólico que desenvolve na criança a construção de novas relações como</p><p>a posse, o abandono, a perda, a desestruturação, construindo-se em esquemas que</p><p>ela reproduzirá com outros objetos na sua vida futura, pois estimula condutas,</p><p>estrutura comportamentos e, segundo Brougére (2001), permite a inscrição de</p><p>comportamentos socialmente significativos na própria ação da criança.</p><p>Vimos o quanto é importante a função do brinquedo no universo infantil.</p><p>É fundamental que o brinquedo estimule a criatividade, a interatividade e a</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>115</p><p>inventividade. Vimos que o brinquedo facilita o estabelecimento de relações com</p><p>outras crianças e com os adultos, propondo o aprendizado de regras.</p><p>DICAS</p><p>Assista a entrevista com Kishimoto. Acesse: <https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=0al1A_UBdWA>.</p><p>4 O JOGO</p><p>Vimos então que brincadeiras não estão relacionadas apenas à Educação</p><p>Infantil, que brincar se refere ao comportamento espontâneo que resulta de uma</p><p>atividade não estruturada, que brinquedos são objetos que contribuem na ação</p><p>do brincar e que o desenvolvimento global da criança acontece através do lúdico.</p><p>Vamos agora compreender o jogo?</p><p>Os jogos se constituem enquanto elementos de integração possibilitando</p><p>a troca de conhecimentos e a ampliação das possibilidades de convivência. É</p><p>também</p><p>instrumento educacional capaz de reduzir o comportamento antissocial</p><p>e por meio das suas regras é capaz de ajudar a construir o controle da conduta e</p><p>prevenir a violência, desenvolvendo o espírito esportivo.</p><p>Huizinga (2001) concebe o jogo como elemento da cultura, para ele são</p><p>características do jogo: o prazer, o caráter “não sério”, a liberdade, a separação</p><p>dos fenômenos do cotidiano, as regras, o caráter fictício ou representativo, como</p><p>também sua limitação no tempo e no espaço e a incerteza que predomina.</p><p>Kishimoto (2011) aponta para a natureza improdutiva do jogo, que por ser</p><p>uma ação involuntária da criança e por ter um fim em si mesmo, não visa a um</p><p>resultado final, pois o que importa é o processo de brincar que a criança se impõe.</p><p>A autora aponta que o jogo sempre inclui uma intenção lúdica do jogador, mas</p><p>nunca se sabe ao certo os rumos da ação de quem está jogando, que dependerá de</p><p>fatores internos, como também da conduta dos demais participantes.</p><p>Filósofos e psicólogos dão diferentes definições para o jogo, dentre elas</p><p>estão a possibilidade de se eliminar energia, preparação para a vida futura, um</p><p>instinto do passado e para Freud, Winicot, Clapared e Erickson o jogo é um</p><p>elemento fundamental para o equilíbrio emocional das crianças.</p><p>O jogo é então essencial não só à saúde física como mental das crianças, é uma</p><p>brincadeira que envolve regras e é preciso mais de uma pessoa para sua execução,</p><p>tendo um papel muito importante no desenvolvimento e na aprendizagem das</p><p>crianças, sendo sua principal característica o estabelecimento de regras.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>116</p><p>Para Barreto e Zoboli (2009, p. 205):</p><p>O jogo na educação motora, portanto, tem um papel fundamental para</p><p>a humanização do indivíduo através da aquisição de hábitos, valores e</p><p>atividades, afinal é na relação interpessoal que se aprende a colaborar,</p><p>repartir, ceder, compartilhar experiências, expor e organizar ideias. Por</p><p>essas características o jogo contribui significativamente no processo</p><p>ensino-aprendizagem.</p><p>Para Murcia (2005), o jogo é um meio de expressão e comunicação de</p><p>primeira ordem, fator facilitador do desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e</p><p>socializador por excelência, contribui para o desenvolvimento da personalidade,</p><p>podendo tanto ter um fim em si mesmo quanto ser um meio de aquisição de</p><p>aprendizagens que pode acontecer de forma organizada ou voluntária, respeitando-</p><p>se sempre o princípio da motivação.</p><p>A motivação no jogo é então responsável por deixar a criança mais ativa</p><p>mentalmente. É através do jogo que a criança se sente mais motivada a usar sua</p><p>inteligência, esforçando-se para superar obstáculos cognitivos e emocionais.</p><p>A criança precisa brincar e jogar para se desenvolver de forma sadia, o</p><p>jogo pode ser colaborador no desenvolvimento da segurança, da tolerância, no</p><p>desenvolvimento da sinceridade e do respeito por si e pelos colegas e quanto mais</p><p>a criança joga, mais ela se desenvolve!</p><p>Através do jogo a criança se comunica com o mundo, se expressa e supera</p><p>conflitos. Ele é fundamental para seu desenvolvimento global, pois desenvolve</p><p>a atenção, o raciocínio, a agilidade e o interesse, podendo ser realizado tanto no</p><p>pátio como na sala de aula.</p><p>O jogo cria um clima de liberdade que é muito propício à aprendizagem,</p><p>assim como também possui função lúdica de propiciar diversão e prazer. Quando</p><p>em função educativa, ensina completando o saber e pode ser um recurso favorável</p><p>ao professor para conhecer seu aluno, ou o grupo como um todo, percebendo suas</p><p>necessidades, conflitos, comportamentos, dificuldades e agressividade.</p><p>Vejamos o conceito segundo Macedo; Petty e Passos, (2005, p.14):</p><p>O jogar é um dos sucedâneos mais importantes do brincar. O jogar é o</p><p>brincar em um contexto de regras e com um objetivo predefinido. Jogar</p><p>certo, segundo certas regras e objetivos, diferencia-se de jogar bem, ou</p><p>seja, da qualidade e do efeito das decisões e dos riscos. O brincar é um</p><p>jogar com ideias, sentimentos, pessoas, situações e objetos em que as</p><p>regulações e os objetivos não estão necessariamente predeterminados.</p><p>No jogo, ganha-se ou perde-se [...] No jogo as delimitações (tabuleiros,</p><p>peças, objetivos, regras, alternância entre jogadores, tempo etc.) são</p><p>condições fundamentais para sua realização. Nas brincadeiras tais</p><p>condições não são necessárias. O jogar é uma brincadeira organizada,</p><p>convencional, com papéis e posições demarcadas. [...] A brincadeira</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>117</p><p>é uma necessidade da criança; o jogo, uma de suas possibilidades à</p><p>medida que nos tornamos mais velhos.</p><p>FIGURA 41- JOGOS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.rioeduca.net/blogViews.php?bid=18&id=3769>.</p><p>Acesso em: 1° abr. 2015.</p><p>Fromberg (1987, apud Kishimoto, 2011) aponta que são características</p><p>inerentes ao jogo o simbolismo, que representa a realidade e as atitudes; a</p><p>significação que permite relacionar e expressar experiências; a atividade, onde</p><p>a criança faz coisas; voluntário ou intrinsecamente motivado, que leva a criança</p><p>a incorporar motivos e interesses; regrado, que está sujeito a regras implícitas ou</p><p>explícitas; e episódico: metas desenvolvidas espontaneamente.</p><p>Colocamos abaixo as características de identificação da família dos jogos:</p><p>1- Liberdade de ação do jogador ou caráter voluntário de motivação interna e</p><p>episódica da ação lúdica; prazer (ou desprazer) futilidade, o “não sério” ou</p><p>efeito positivo.</p><p>2- Regras (implícitas ou explícitas).</p><p>3- Relevância do processo de brincar (o caráter improdutivo), incerteza de</p><p>resultados.</p><p>4- Não literalidade, reflexão de segundo grau, representação da realidade,</p><p>imaginação.</p><p>5- Contextualização no tempo e no espaço.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>118</p><p>Por meio do jogo o profissional de Educação Física pode aplicar atividades</p><p>de desafios cognitivos que desequilibram as estruturas mentais das crianças,</p><p>atitude essa que promove avanço em seu desenvolvimento.</p><p>Para Macedo; Petty e Passos (2005), o jogo requer técnicas do jogador,</p><p>como: organização, planejamento, respeito às regras, antecipação das ações. É</p><p>preciso pensar para melhorar as jogadas, trabalhar com hipóteses, considerar suas</p><p>possibilidades e também as do adversário. Vejamos o exemplo que os autores aqui</p><p>citados nos trazem:</p><p>Ao jogar Pega-Varas, por exemplo, uma criança precisa observar, a cada</p><p>captura, todas as varetas vizinhas àquela que pretende resgatar. Essa</p><p>simples ação é consequência de várias outras: considerar as regras,</p><p>prestar atenção a elas, observar a configuração do maço espalhado</p><p>na mesa e os diferentes pontos de contato entre as varetas e, só então,</p><p>tomar uma decisão, escolhendo a melhor. Indo além, significa analisar</p><p>todas as possibilidades, organizar as ações e resolver aquele problema.</p><p>(MACEDO; PETTY E PASSOS, 2005, p. 24).</p><p>Todas essas ações são importantes para o desempenho da criança também</p><p>em sala de aula e quando trabalhadas pelo professor de Educação Física podem</p><p>vir a melhorar seu desempenho em termos de notas, produção e compreensão</p><p>de conteúdos. Para os autores, o comportamento do jogador é muito semelhante</p><p>ao comportamento do aluno na medida em que as atitudes e competências</p><p>desenvolvidas ao jogar acabam se tornando propriedade da criança, e vão sendo</p><p>transferidas para outros meios, sejam de natureza lúdica ou de natureza escolar.</p><p>Para que a criança se torne um bom jogador ela precisa lançar mão de ações,</p><p>coordenar informações, mobilizar recursos, enfrentar problemas e vencê-los, sendo</p><p>assim, segundo Macedo; Petty e Passos (2005), é fundamental que o professor</p><p>de Educação Física tenha um trabalho de intervenção, acompanhando partidas,</p><p>propondo desafios, analisando possibilidades e instigando a reflexão a fim de que</p><p>os alunos percebam as semelhanças entre o jogo e a escola que frequentam.</p><p>Outro ponto abordado pelos autores acima citados são as regras do jogo,</p><p>que se constitui em um regulador de ações, a regra é algo previamente</p><p>RESGATE CULTURAL</p><p>TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A LUDICIDADE</p><p>EM DIFERENTES TIPOS DE AMBIENTES</p><p>2</p><p>3</p><p>TÓPICO 1</p><p>UNIDADE 1</p><p>A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS,</p><p>BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS E SUAS</p><p>CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO</p><p>EDUCATIVO</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Neste tópico, mergulharemos na história, e conheceremos a origem dos</p><p>jogos, brinquedos e brincadeiras e sua influência na cultura de um povo. Muitos</p><p>são os autores que expõem sobre a história dos jogos e dos brinquedos e sua</p><p>importância no contexto atual, entre eles destacamos: Huizinga, Philippe Ariès,</p><p>Kishimoto e Brougère, entre tantos outros.</p><p>Conhecer e compreender a trajetória dos jogos, brinquedos e brincadeiras é</p><p>resgatar nossas raízes culturais.</p><p>2 CONTEXTO HISTÓRICO DOS JOGOS, BRINQUEDOS</p><p>E BRINCADEIRAS</p><p>A maioria dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais entre</p><p>as crianças brasileiras chegou até aqui através da vida dos povos que deram origem à</p><p>nossa civilização, vindos da Europa e até mesmo do Oriente, outros já mantêm sua</p><p>origem aqui, como é o caso da cultura indígena.</p><p>Vamos conhecer agora, um pouco mais a história e a origem de cada um</p><p>deles. Embarque nessa aventura e vamos voltar um pouco no tempo!</p><p>2.1 A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS</p><p>Os jogos sempre fizeram parte do contexto histórico do homem e foram se</p><p>moldando de acordo com a necessidade de cada época. Inicialmente não eram</p><p>vistos de forma lúdica e sim como um recurso para sua sobrevivência, distração e</p><p>sofrendo adaptações ao longo dos séculos conforme a necessidade de cada povo.</p><p>Tudo começou, não se sabe exatamente quando, mas estudiosos vêm</p><p>realizando pesquisas não exatamente para procurar respostas, mas para trazer à</p><p>tona fatos históricos e compreender a sua evolução.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>4</p><p>Cada cultura define uma esfera do jogo a partir de uma rede de analogias, de</p><p>uma experiência dominante, de determinados traços que não são necessariamente</p><p>idênticos aos nossos. (BROUGÈRE, 1998). Apresentaremos uma série de fatos</p><p>cronológicos nos quais os jogos apresentavam uma significação singular.</p><p>Registros apontam que na civilização romana a prática do jogo estava</p><p>presente em vários momentos. De acordo com Brougère (1998), o jogo romano</p><p>era visto a partir do espectador e não do participante e estes divididos em dois</p><p>tipos de jogos, os jogos de cena (ludi scaenici) compostos por teatro, mímica, dança,</p><p>concursos de poesia e os jogos de circo (ludi circenses) compostos de corridas de</p><p>biga, combates, encenações de animais, caça e jogos atléticos.</p><p>Como podemos observar são dois extremos bastante diferentes, um nos</p><p>leva ao mundo imaginário da fantasia e o outro aos duelos fictícios, nos quais</p><p>muitas vezes “jogavam” até chegar à morte, escolha feita pelo público que assistia.</p><p>FIGURA 1 – COLISEU - DESTINO DE UM GLADIADOR DERROTADO DECIDIDO PELO</p><p>PÚBLICO</p><p>FONTE: Disponível em: <http://cafelivroearte.blogspot.com.br/2013/05/o-coliseu-de-</p><p>roma.html>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Estes também apresentavam a dimensão religiosa, eram realizados com o</p><p>intuito de pedir ou agradecer alguma bênção, era um presente a Deus. Conforme</p><p>Brougère (1998), o jogo é certamente um espetáculo, mas nem por isso se deve</p><p>esquecer que é, tanto em Roma como na Etrúria, um fato religioso, um ato oferecido</p><p>a deus como um presente.</p><p>Outras vezes os jogos também tinham sua dimensão política, através de</p><p>um acordo de interesses, eram oferecidos pelos nobres, depois pelo Imperador ao</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>5</p><p>povo. Vale lembrar que essas atividades eram realizadas apenas por adultos. Com</p><p>o passar do tempo tentou-se transformar o jogo romano para aproximá-lo ao jogo</p><p>grego.</p><p>Na Grécia, encontramos outra dimensão do jogo. De acordo com Brougère</p><p>(1998), deparamo-nos aqui com uma diversidade de termos: athos (luta, combate,</p><p>concurso, jogos tais como os píticos), agon (assembleia, em particular para jogos</p><p>públicos, concursos, lutas, jogos ginásticos), paidaia (derivado de criança, jogo</p><p>infantil, infantilidade, diversão, mas também jogos ou concurso de lutas, de flauta).</p><p>Os jogos na Grécia pautam-se no concurso, os quais representam grande</p><p>importância na civilização grega.</p><p>A Grécia também foi precursora dos Jogos Olímpicos, os primeiros jogos</p><p>datam do ano de 776 a.C. De acordo com Brougère (1998), o Concurso de Olímpia</p><p>foi inserido em um quadro religioso. A exemplo dos heróis fundadores, os</p><p>participantes dos concursos, lutando no estádio, impõem-se como atores do ciclo</p><p>dos renascimentos, entre outros, numa representação cósmica, biológica e social.</p><p>FIGURA 2 – RUÍNAS DE OLÍMPIA - ANTIGA SEDE DOS JOGOS OLÍMPICOS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/origem-dos-</p><p>jogos-olimpicos.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Esses jogos/concursos apresentavam uma simbologia muito forte, porém</p><p>a lógica social do jogo, enraizada naquele concurso, se também é ligada ao</p><p>fingimento, é bem diferente da lógica romana (BROUGÈRE, 1998).</p><p>http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/origem-dos-jogos-</p><p>http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/origem-dos-jogos-</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>6</p><p>Os jogos olímpicos aconteciam de quatro em quatro anos e perduraram mais</p><p>de mil anos, até 393 d.C. A partir daí o imperador romano Teodósio I extinguiu</p><p>o evento, declarando que se tratava de uma festa pagã e essa ideia do paganismo</p><p>dos jogos prevaleceu por muitos anos. Somente no ano de 1896, foram realizados</p><p>os primeiros jogos olímpicos modernos, em Atenas, na Grécia.</p><p>FIGURA 3 – ANÉIS OLÍMPICOS</p><p>Com a ideia de criar um símbolo que resumisse o espírito olímpico de</p><p>união e interação entre os povos, o organizador das Olimpíadas Modernas,</p><p>DICAS</p><p>Primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos toma Atenas de assalto, coroa esforços dos</p><p>organizadores, exibe extraordinárias proezas esportivas e renova a autoestima dos helênicos.</p><p>Para saber mais leia o artigo A conquista da Grécia Disponível em: <http://veja.abril.com.br/</p><p>historia/olimpiada-1896/especial-jogos-olimpicos-era-moderna-atenas.shtml>. Acesso em: 8</p><p>mar. 2015.</p><p>NOTA</p><p>Em 1896, os primeiros nove esportes foram: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica,</p><p>natação, tênis, luta, levantamento de peso e tiro. As provas de natação nas Olimpíadas de</p><p>Atenas foram realizadas nas águas da baía de Zea. A temperatura da água durante as provas</p><p>nunca ultrapassou os 13 graus.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.historiadigital.org/curiosidades/15-curiosidades-historicas-das-</p><p>olimpiadas/>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>7</p><p>Barão de Coubertin idealizou a figura dos anéis olímpicos.</p><p>Significado dos Anéis Olímpicos</p><p>Os cinco círculos representam os continentes:</p><p> azul, Europa</p><p> amarelo, Ásia</p><p> preto, África</p><p> verde, Oceania</p><p> vermelho, América</p><p>O entrelaçamento dos anéis representa a união</p><p>amistosa e pacífica das nações.</p><p>Com as cinco cores podem ser compostas todas</p><p>as bandeiras do mundo. Ao criar o símbolo dos jogos,</p><p>as cidades devem usar os anéis misturados a outros</p><p>elementos.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://personaltrainnerelisandria.blogspot.com.br/2011/09/qual-o-</p><p>significado-do-simbolo-olimpicos.html>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Tanto na cultura romana, quanto na da Grécia, podemos constatar o jogo e</p><p>sua relação com a religião.</p><p>Já na cultura asteca os jogos apresentam características próprias,</p><p>diferentes das dos romanos e da Grécia. É representado pelo Tlachtli, o termo</p><p>deriva do verbo Tlachia, que significa ver, olhar. O tlachtli é o fato de ver o</p><p>espetáculo, representado principalmente pelos jogos com pelotas, também</p><p>chamado de paume, que tinha como objetivo arremessar a bola de borracha</p><p>através de um</p><p>combinado,</p><p>conhecida por todos os jogadores e que deve ser compartilhável, porém, a</p><p>construção de regras é um processo lento e gradual e existem crianças que têm</p><p>dificuldades de considerá-las, porque ainda estão muito centradas em si mesmas,</p><p>jogam guiadas pelo desejo e pelo imediatismo. Essas características são próprias</p><p>das crianças pequenas e fazem parte da infância, cabe ao professor compreendê-</p><p>las e ajudá-las na superação desta fase.</p><p>Para a teoria histórico-cultural a criança aprende e desenvolve suas</p><p>estruturas cognitivas ao lidar com o jogo com regras. Isto ocorre porque o jogo está</p><p>impregnado de conteúdos culturais que geram aprendizagens.</p><p>Ao jogar as crianças passam a lidar com regras que vão lhes favorecendo a</p><p>compreensão do conjunto de conhecimentos veiculados socialmente, oferecendo-</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>119</p><p>lhes, inclusive, novos elementos para aprendizagens futuras.</p><p>Vimos então que o jogo exige uma maneira formal de proceder, pois estão</p><p>sujeitos a regras, que pode ser promotor de aprendizagens e ser considerado como</p><p>um material de ensino como também carregado de conteúdos socioculturais onde</p><p>seu uso requer planejamento que considere os elementos sociais em que se insere.</p><p>O jogo também pode ser entendido como ação livre, com um fim em si mesmo que</p><p>proporciona o simples prazer de jogar.</p><p>4.1 PIAGET E O JOGO</p><p>Segundo Kishimoto (2011), foi nos anos 70 que ressurgiram as pesquisas</p><p>relacionadas ao jogo e essas foram em grande parte estimuladas por Jean Piaget.</p><p>O ato de conhecer para a Epistemologia Genética deve ser construído de</p><p>acordo com a atuação do sujeito sobre os objetos do meio, esta atuação tanto pode</p><p>se dar no plano físico como no mental.</p><p>Para Piaget, no pensamento do sujeito existem duas ferramentas: a</p><p>assimilação e a acomodação, que são invariantes, ou seja, não variam durante toda</p><p>a vida humana. Para que o indivíduo se adapte ao meio, ele passa pelo processo</p><p>de assimilação, para que as informações desse processo sejam acomodadas. Nesse</p><p>processo está inscrito que o sujeito deve construir suas estruturas cognitivas. Para</p><p>Piaget (1973, p.14):</p><p>A importância da noção de assimilação é dupla. De um lado, implica,</p><p>como acabamos de ver, a noção de significação, o que é essencial,</p><p>pois todo conhecimento refere-se a significações (índices ou sinais</p><p>perceptivos, tão importante desde o nível dos instintos, até a função</p><p>simbólica dos antropoides e do homem, sem falar das abelhas e dos</p><p>golfinhos). Por outro lado, exprime o fato fundamental de que todo</p><p>conhecimento está ligado a uma ação e que conhecer um objeto ou</p><p>acontecimento é utilizá-los, assimilando-os a esquemas de ação.</p><p>Assim, o brincar, segundo Kishimoto (2011), tem primazia da assimilação</p><p>sobre a acomodação, portanto o sujeito assimila eventos e objetos para irem se</p><p>incorporando às suas estruturas mentais.</p><p>Para Piaget (1973) existem 4 tipos de jogos, os funcionais, os de ficção, os de</p><p>aquisição e os de construção e divide o período infantil em três sistemas sucessivos</p><p>de jogo:</p><p>• Jogos de exercícios: surgem durante os 18 meses de vida, envolve repetição</p><p>de sequências de ações, envolvendo também as manipulações, ocorrendo</p><p>pelo mero prazer proveniente das atividades motoras. Ao completar um ano</p><p>de idade esses exercícios começam a se transformarem, a criança começa a</p><p>fazer combinações e repetições de ações e posteriormente os exercícios são</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>120</p><p>transformados em construções, para mais tarde adquirirem regras explícitas e,</p><p>então transformarem-se em jogos de regras.</p><p>• Jogos simbólicos: surgem por volta dos 2 anos de idade com o aparecimento</p><p>da representação e da linguagem, quando a criança já ultrapassou a fase de</p><p>manipulação. Estes jogos buscam, com o faz de contas, encontrar satisfação</p><p>fantasiosa por meio da compensação, superação de conflitos e o preenchimento</p><p>de desejos. Para Piaget a brincadeira do faz de contas ocorre inicialmente no</p><p>plano individual para posteriormente variarem com o tempo.</p><p>• Jogos de regras: é no jogo de regras que ocorre a transição da atividade individual</p><p>para a socializada e se dá dos 4 aos 7 anos. Segundo Piaget, o jogo de regras</p><p>envolve regras que são construídas espontaneamente e as regras convencionais</p><p>própria dos jogos. O jogo então progride em processos puramente individuais</p><p>e com símbolos idiossincráticos privados que derivam da estrutura mental</p><p>podendo ser explicados somente por ela.</p><p>Lembre-se de que Piaget defendia uma educação ativa, por meio da</p><p>experimentação, levando em consideração o que a criança já sabe.</p><p>4.2 VYGOTSKY E O JOGO</p><p>Para Vygotsky a brincadeira é a atividade principal da criança, inclusive</p><p>nos seus primeiros anos de vida.</p><p>Segundo Kishimoto (2011), Vygotsky concebeu a existência do ato de</p><p>apontar como o nascimento da atividade simbólica e seus colaboradores colocaram</p><p>a existência do símbolo a partir do processo de interiorização. Já seus colaboradores</p><p>apontam o nascimento do símbolo a partir do processo de interiorização, não</p><p>existindo atividade simbólica antes da interiorização.</p><p>A diferença entre Piaget e Vygotsky é então conceitual: autores</p><p>Vygotskyanos chamam os jogos simbólicos piagetianos (que são as ações das</p><p>crianças sobre objetos) de jogos de imitação, que se constituem em ações imitativas</p><p>de situações reais vivenciadas pela criança.</p><p>Em Vygotsky o lúdico tem início aos 3 anos na vida da criança com jogos</p><p>de papéis (para Piaget, nesta fase a criança ainda se encontra no estágio sensório-</p><p>motor) o que fica em evidência para este autor é o fator social articulado à situação</p><p>imaginária criada pela criança, que incorpora elementos da cultura adquiridos por</p><p>meio de suas interações e da linguagem.</p><p>O brincar se desenvolve dentro da zona de desenvolvimento proximal como</p><p>elemento impulsionador do desenvolvimento, porque envolve a colaboração de</p><p>parceiros mais experientes, que podem ser o parceiro dos jogos e brincadeiras como</p><p>também o professor. “Ao prover uma situação imaginativa por meio da atividade</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>121</p><p>livre, a criança desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos e internaliza as regras</p><p>sociais” (KISHIMOTO, 2011, p. 43).</p><p>DICAS</p><p>Dicas de filmes:</p><p>Além da sala de aula</p><p>Acesse: <http://portaldafamilia-filmes.blogspot.com.br/2012/11/alem-da-sala-de-aula.html>.</p><p>Baseado em uma história real, "Além da sala de aula" (ou "Além do quadro-negro") conta a</p><p>história do primeiro emprego da jovem professora Stacey Bess (a atriz canadense Emily Van Campque)</p><p>que aceita a vaga de professora temporária de uma escola de abrigo, uma sala de aula improvisada para</p><p>crianças de famílias sem teto nos Estados Unidos, impedidas de se matricularem na escola regular.</p><p>A escola é um depósito improvisado. As famílias vivem em alojamentos, trailers</p><p>ou até mesmo em carros. Crianças com fome e com várias idades, faltam livros, e carteiras</p><p>em condições precárias são dificuldades enfrentadas pela professora. Bess, mãe de duas</p><p>crianças e novamente grávida, além de habilidade precisa se superar em amor e dedicação.</p><p>"Além da sala de aula" é um exemplo de dedicação, amor e desprendimento. Mas é</p><p>principalmente uma lição de esperança. É uma prova de que, superando obstáculos e dificuldades</p><p>o estudo possibilita a esperança de que sim, é possível mudar a vida de crianças carentes e suas</p><p>famílias.</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>122</p><p>Disponível em: <http://www.cineconhecimento.com/2012/08/a-educacao-proibida/></p><p>A escola tem mais de 200 anos de existência e é considerada a principal forma de</p><p>acesso à educação. Hoje em dia, a escola e a educação são conceitos amplamente discutidos</p><p>em foros acadêmicos, políticas públicas, instituições educativas, meios de comunicação e</p><p>espaços da sociedade civil. Desde sua origem, a instituição escolar tem estado caracterizada</p><p>por estruturas e práticas que hoje são consideradas obsoletas e anacrônicas. Dizemos que não</p><p>acompanham as necessidades do século XXI. Sua principal falência se encontra em um projeto</p><p>que não considera a natureza da aprendizagem, a liberdade de compreender a importância do</p><p>amor e dos vínculos humanos no desenvolvimento individual e coletivo.</p><p>A partir destas reflexões críticas surgem, ao largo dos anos, propostas e práticas que</p><p>pensaram e que pensam a educação de uma forma diferente. “La Educación Prohibida” é um</p><p>documentário que propõe recuperar muitas delas, explorar suas ideias e visibilizar experiências</p><p>que se atrevem a trocar as estruturas do modelo educacional da escola tradicional.</p><p>Mais de 90 entrevistas a educadores, acadêmicos, profissionais, autores, pais e</p><p>mães envolvendo 8 países de Ibero-américa, passando por 45 experiências educativas não</p><p>convencionais; mais de 25.000 seguidores nas redes sociais antes de sua estreia e um total</p><p>de 704 coprodutores que participaram em seu financiamento, convertendo a La Educación</p><p>Prohibida em um fenômeno único. Um projeto totalmente independente de uma magnitude</p><p>inédita que dá conta da necessidade latente do crescimento e surgimento de novas formas de</p><p>educação.</p><p>LIVRO: Educação proibida</p><p>(Argentina, 2012, 120 min – Direção: GermanDoin, Verónica Guzzo).</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>123</p><p>LIVRO: Anjos do sol</p><p><http://globofilmes.globo.com/AnjosdoSol/>.</p><p>Anjos do Sol conta a saga da menina Maria, de 12 anos, que no verão de 2002, é vendida</p><p>pela família, no interior do nordeste brasileiro, a um recrutador de prostitutas. Depois de ser</p><p>comprada em um leilão de meninas virgens, Maria é enviada para um prostíbulo localizado</p><p>numa pequena cidade, vizinha a um garimpo, na floresta amazônica. Após meses sofrendo</p><p>abusos com outras meninas, Maria consegue fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões.</p><p>Ao chegar ao seu novo destino, o Rio de Janeiro, a prostituição coloca-se novamente no seu</p><p>caminho e suas atitudes, frente aos novos desafios, tornam-se inesperadas e surpreendentes.</p><p>124</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• O brincar faz parte da natureza humana do homem, ele é um ser que brinca -</p><p>homo ludens. De acordo com a teoria histórico-cultural o homem aprende por</p><p>meio das atividades que realiza, orientada por parceiros mais experientes. Os</p><p>processos psicológicos superiores (a inteligência, a memória, a personalidade,</p><p>a consciência, as emoções etc.) são funções especificamente humanas que</p><p>ocorrem a partir dos processos de vida social e se desenvolvem especialmente</p><p>na atividade principal da criança, que é o brincar.</p><p>• Segundo Vygotsky, a brincadeira cria uma zona de desenvolvimento proximal,</p><p>permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado,</p><p>impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação</p><p>sobre o mundo.</p><p>• A atividade, para gerar aprendizado, deve ter um fim ou um resultado e,</p><p>fundamentalmente, uma motivação pessoal, onde motivo e resultado devem</p><p>estar finamente ajustados.</p><p>• A infância é caracterizada fundamentalmente por ser a idade dos jogos e das</p><p>brincadeiras, por meio dessas atividades a criança satisfaz suas necessidades,</p><p>interesses e vontades. Com as brincadeiras e jogos é que a criança libera energia</p><p>e expande sua criatividade, colocando em jogo nessas ações toda gama de</p><p>sentimentos e emoções.</p><p>• O movimento é uma das linguagens mais importantes da criança. Quando o</p><p>profissional de Educação Física trabalha com o movimento associado ao lúdico</p><p>torna as atividades mais significativas e as aulas dinâmicas ativas e criativas.</p><p>• O brinquedo é um dos meios para desencadear a brincadeira e contribui</p><p>sobremaneira no desenvolvimento da criança. No plano da brincadeira os</p><p>brinquedos podem ser manufaturados, uma sucata, um objeto adaptado, ou</p><p>mesmo um objeto fabricado por aquele que brinca, tudo pode se transformar</p><p>em um brinquedo e o sentido lúdico do objeto é dado por aquele que brinca</p><p>enquanto a brincadeira perdura.</p><p>• O jogo é um meio de expressão e comunicação de primeira ordem, fator</p><p>facilitador do desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e socializador por</p><p>excelência, contribui para o desenvolvimento da personalidade, podendo tanto</p><p>ter um fim em si mesmo quanto ser um meio de aquisição de aprendizagens</p><p>que pode acontecer de forma organizada ou voluntária, respeitando-se sempre</p><p>o princípio da motivação.</p><p>125</p><p>• A Educação Física é, portanto, uma disciplina que reconhece o valor educacional</p><p>das atividades lúdicas e que reúne o conjunto de práticas corporais dos sujeitos,</p><p>constituídas por movimentos que se dão em forma de jogos, danças, brinquedos</p><p>cantados, atividades rítmicas, brincadeiras reais ou imaginárias que revelam a</p><p>cultura corporal de cada grupo social e que podem ser aprendidas e também</p><p>ressignificadas pela criança.</p><p>• Quando o profissional de Educação Física trabalha de forma lúdica está</p><p>proporcionando o desenvolvimento mental, emocional, cognitivo e moral</p><p>da criança, pois, as brincadeiras lúdicas proporcionam alegria e prazer como</p><p>também o desenvolvimento de habilidades e competências no educando.</p><p>• É preciso perceber quais as funções psíquicas que se encontram em</p><p>desenvolvimento e compreender qual é a atividade principal para aquele grupo</p><p>em sua fase de desenvolvimento, quando o professor respeita a atividade</p><p>principal da criança, com condições adequadas de vida e de educação, as</p><p>crianças desenvolvem intensamente diferentes atividades práticas, intelectuais</p><p>e artísticas e iniciam a formação de ideias, sentimentos e hábitos morais e traços</p><p>de personalidade.</p><p>• É fundamental que o educador descubra as formas mais adequadas com o</p><p>grupo, diagnosticando o nível de desenvolvimento da criança em Zona de</p><p>Desenvolvimento Real: o que a criança é capaz de fazer sozinha e Zona de</p><p>Desenvolvimento Proximal - o que a criança faz, porém, com ajuda de um</p><p>parceiro.</p><p>• Para Macedo; Petty e Passos (2005), há cinco indicadores para o professor de</p><p>Educação Física trabalhar de forma lúdica: Gerar prazer funcional, proporcionar</p><p>desafios e surpresas, atividades dentro das possibilidades da criança, dimensão</p><p>simbólica e expressão construtiva.</p><p>• A formação lúdica que é capaz de proporcionar ao futuro educador conhecer-</p><p>se como pessoa, desbloquear suas resistências e ter uma visão clara sobre a</p><p>importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto.</p><p>• O trabalho do professor de Educação Física deve, sobretudo, convergir dentro</p><p>do paradigma da diversidade e da inclusão, seus esforços devem estar voltados</p><p>para que todas as crianças e os adolescentes tenham participação efetiva nas</p><p>atividades, assim, o professor deve evitar dinâmicas com possibilidades de</p><p>constrangimento ou humilhação. Seu papel é o de identificar e superar as causas</p><p>da não participação valorizando o esforço pessoal das crianças, elogiando seu</p><p>desempenho e suas conquistas.</p><p>126</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Reflita sobre a escola da sociedade do conhecimento, com suas salas</p><p>padronizadas, com suas carteiras enfileiradas, com suas crianças imobilizadas</p><p>e silenciadas e discuta sobre a Teoria Histórico-cultural e o lugar do brincar na</p><p>vida dos sujeitos.</p><p>Como material de apoio indicamos: OLIVIER, Giovanina Gomes de</p><p>Freitas; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Sobre dinossauros, carteiras e</p><p>pássaros-lira: do lúdico na vida ao lúdico na escola. Motrivivência, Revista de</p><p>Educação Física, Esporte e Lazer. Santa Catarina, n. 9, p.118-135, dez. 1996.</p><p>127</p><p>TÓPICO 3</p><p>A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO</p><p>PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>As políticas educacionais voltadas para a formação de professores</p><p>portadores de ideias, valores e atitudes certamente influenciam a prática docente e</p><p>por consequência também influenciam na formação dos alunos, determinando um</p><p>tipo de sujeito a ser educado.</p><p>A racionalidade, a produtividade, a obediência e a passividade colocam o</p><p>lúdico em oposição ao plano cartesiano traçado muitas vezes pela educação e que</p><p>coloca as crianças desde muito cedo</p><p>submetidas a rígidas rotinas e a exercícios e</p><p>treinos de alta performance.</p><p>O objetivo deste tópico, portanto, é de demonstrar a importância da</p><p>formação lúdica para o professor de Educação Física desconstruindo alguns</p><p>preconceitos há muito enraizados na prática docente.</p><p>A formação lúdica dos profissionais de educação deve estar assentada</p><p>na criatividade, na afetividade, na nutrição da alma que convergem para a</p><p>humanização dos sujeitos.</p><p>Esperamos que ao final de sua leitura você compreenda a formação lúdica</p><p>como um exercício criativo e consciente para romper com velhos paradigmas</p><p>compreendendo a ludicidade como uma necessidade humana que facilita a</p><p>aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural tornando-se um</p><p>exercício libertador das mazelas contidas em práticas automáticas e autoritárias</p><p>que ainda são espectros da educação.</p><p>2 A LUDICIDADE E O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>A sociedade atual, em busca do sujeito aprendiz e racional, se organiza</p><p>para formar um tipo de sujeito dócil, aprendente e produtivo, sendo preparado em</p><p>sua vida escolar para atender às necessidades de mercado, nesse entendimento, o</p><p>homem passa a ser visto como sujeito produtivo, transformado em mercadoria e</p><p>marcado pela escola por meio de técnicas de poder e docilização dos corpos.</p><p>128</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>Nessa sociedade, chamada de sociedade do conhecimento, os mecanismos</p><p>de controle dos corpos tornaram-se cada vez mais sofisticados, as técnicas de</p><p>disciplinamento buscam atingir o corpo do homem controlando todos os aspectos</p><p>de seu comportamento, entre eles estão os gestos, atitudes, discursos e hábitos, que</p><p>nem sempre são bem-vindos em sala de aula.</p><p>As estruturas de poder, em nome da razão e dos ideais de produtividade</p><p>optaram por técnicas de passividade, obediência e docilidade, em nome de um</p><p>sistema racional que defende a produtividade e a racionalidade, onde não há lugar</p><p>para o lúdico, que muitas vezes vem associado a momentos de prazer e emoção e,</p><p>sobretudo, às atividades não sérias.</p><p>Nesse sentido, a sociedade concebe o lúdico de forma pejorativa, não</p><p>racional, tais crenças vieram compor paradigmas vigentes e são determinantes em</p><p>ações e comportamentos que direcionaram fortemente a Educação Física escolar</p><p>para a prática de esporte e para competições desportivas.</p><p>A influência do esporte competitivo nas aulas de Educação Física submete</p><p>a disciplina a padrões de rendimentos, criando paradigmas de comparação,</p><p>competição e rígidas regulamentações por meio de técnicas de racionalização que</p><p>subordinam o esporte escolar a padrões dominantes da sociedade vigente, não</p><p>dando espaço para a ludicidade e a criatividade, pois depositam seus interesses</p><p>apenas nas reproduções de jogos e de movimentos.</p><p>Para Rosseto Jr. et al. (2010, p. 21):</p><p>As escolas de esportes e seus professores operam sob o paradigma</p><p>da especialização precoce onde, desde muito cedo, as crianças são</p><p>divididas por categorias e submetidas a rotinas rígidas e desmotivantes</p><p>de exercícios e treinos e alta performance, deixando de lado o fator mais</p><p>motivante do esporte, que é o jogo e o prazer que ele propicia.</p><p>A partir das palavras de Rosseto Jr. et al. (2010) e como vimos na unidade</p><p>anterior, podemos afirmar que brincar é parte da natureza humana, o homem é um</p><p>ser que brinca e isso pode tornar-se um obstáculo para a vida do sujeito produtivo</p><p>da sociedade moderna, porém, para que esta sociedade de que estamos falando</p><p>se humanize, o professor, mais do que saber técnicas e estratégias, precisará</p><p>saber brincar! Além disso, é preciso recuperar a dimensão lúdica das escolas</p><p>evidenciando o protagonismo das crianças.</p><p>Para Santos (1997), a grande maioria das instituições educacionais ainda</p><p>considera a ideia de conhecimento como uma prática de repetição tomada pela</p><p>ótica comportamentalista que torna o conhecimento cristalizado ou espontaneísta</p><p>e não como um saber historicamente produzido sob a ótica do conhecimento em</p><p>construção.</p><p>A valorização excessiva da razão e da racionalidade na Educação</p><p>Física colocou o lúdico como brincadeira de pouco prestígio, porém, são</p><p>TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>129</p><p>inúmeros pesquisadores que ressaltam a importância do lúdico no processo de</p><p>desenvolvimento da criança, por isso faz-se necessário ressaltar a importância da</p><p>ludicidade na formação profissional do professor de Educação Física. Vejamos as</p><p>palavras de Santos (1997, p.12):</p><p>Sabemos que os cursos de licenciaturas têm recebido inúmeras</p><p>críticas, especialmente no que se refere à sua insuficiência quanto aos</p><p>profissionais de educação. É, hoje, questão de consenso que os egressos</p><p>dos cursos de graduação não estão suficientemente preparados para</p><p>atender as necessidades das escolas, mas principalmente no que se</p><p>refere à compreensão da criança como ser histórico-social, capaz de</p><p>construir seu próprio conhecimento.</p><p>Para a autora, os cursos de graduação têm demasiada preocupação com</p><p>a formação teórica e pedagógica negligenciando a formação lúdica que é capaz</p><p>de proporcionar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, desbloquear suas</p><p>resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para</p><p>a vida da criança, jovem e do adulto.</p><p>Assim, podemos afirmar que a ludicidade deve acompanhar o trabalho do</p><p>professor de Educação Física desde a Educação Infantil ao Ensino Fundamental,</p><p>deve fazer parte do “ser professor” e é muito importante que o trabalho deste</p><p>profissional não fique tão restrito à quadra e a jogos com bolas, pois a proposta do</p><p>lúdico na Educação Física não está limitada a jogos e brincadeiras, mas a outras</p><p>atividades vinculadas ao prazer e à diversão.</p><p>O lúdico nas aulas de Educação Física tem fundamental importância</p><p>para o processo de aprendizagem, e toda aprendizagem deve ter um sentido</p><p>lúdico. Quando o profissional de Educação Física trabalha de forma lúdica está</p><p>proporcionando o desenvolvimento mental, emocional, cognitivo e moral da</p><p>criança, pois, as brincadeiras lúdicas proporcionam alegria e prazer como também</p><p>o desenvolvimento de habilidades e competências no educando.</p><p>A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a</p><p>criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a</p><p>nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores experiências</p><p>corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem tendo</p><p>no jogo sua fonte dinamizadora. (SANTOS, 1997, p.14).</p><p>A ludicidade é então uma cultura a ser desenvolvida na vida e na escola.</p><p>Nesse sentido, o lúdico também contribui para desenvolver a imaginação, a</p><p>socialização, a satisfação dos desejos do educando e do educador.</p><p>Lúdico vem do latim ludus, significa brincar e compreende toda</p><p>manifestação comprometida com a diversão e a alegria envolvendo as dimensões</p><p>artísticas educativas, a expressão corporal, os jogos livres e educativos, enfim,</p><p>podemos dizer que o lúdico é multidimensional.</p><p>130</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>A ludicidade pode também estar inserida como um recurso para</p><p>aprendizagens espontâneas e naturais, a qual estimula a crítica, a criatividade e a</p><p>socialização. As atividades lúdicas contribuem para o desenvolvimento global da</p><p>criança e fundamentalmente para a construção de vínculos afetivos. Vejamos as</p><p>colocações de Santos (2007, p. 166):</p><p>Certo professor de Educação Física fazia de suas aulas momentos de</p><p>vivências lúdicas constantes. Em suas aulas ele trabalhava inserindo</p><p>os contos de fadas e criando personagens mágicos para realizar as</p><p>atividades de expressão corporal. O tapete mágico era o preferido</p><p>por elas. Ao subir no tapete, cada criança transportava-se para outro</p><p>universo e a invenção dominava-lhe todos os sentidos! Já não admitiam</p><p>serem chamados de Gustavo, Pedro, Luísa ou Monique. Naquele</p><p>momento, enquanto voavam pelo pátio, passavam a assumir lugar</p><p>de heróis, de seres mágicos. Em algumas outras situações onde eles</p><p>tinham que disputar algum tipo de exercício,</p><p>o prêmio (tão requisitado)</p><p>era andar de macaquinho sobre suas costas. O riso, a descontração... a</p><p>magia era ali instalada.</p><p>Como vimos no texto acima, a ludicidade se constrói de forma prazerosa,</p><p>porém o profissional de Educação Física precisa ter intencionalidade, objetivos e</p><p>disposição para o lúdico, ele deve saber brincar, imitar, dançar, contar histórias,</p><p>dramatizar, propor oficinas de dança, teatro, jogos e cantos.</p><p>Quando o educador se propõe a realizar um trabalho criativo baseado na</p><p>interação e na ludicidade ele proporciona às crianças aprenderem melhor com seu</p><p>corpo em movimento em lugares que permitam o movimento espontâneo.</p><p>A ludicidade pode ser praticada com alunos de todas as idades, pois faz</p><p>parte do desenvolvimento humano, porém, em função dos video games e celulares</p><p>as crianças estão perdendo sua capacidade de brincar, assim, quando o profissional</p><p>de Educação Física trabalha por meio de atividades lúdicas, ele estimula certos</p><p>tipos de aprendizagens que, segundo Kishimoto (2011), desde que mantidas as</p><p>condições para a expressão do jogo enquanto ação intencional da criança para</p><p>brincar, o educador está potencializando situações de aprendizagem.</p><p>As atividades elaboradas de forma lúdica propiciam a construção da</p><p>autoestima, da identidade pessoal, de cuidado com o corpo se estendendo também</p><p>à valorização dos vínculos afetivos.</p><p>A educação quando voltada a práticas lúdicas desenvolve sobremaneira o</p><p>aspecto motor, social, afetivo e cognitivo. Dar aulas de forma lúdica significa criar</p><p>uma atmosfera descontraída, instigante, prazerosa, criativa e produtiva na busca</p><p>do conhecimento.</p><p>A afetividade que se inclui nas interações lúdicas ajuda a compreender</p><p>e a modificar as pessoas muito mais do que um raciocínio brilhante repassado</p><p>mecanicamente. Para Santos (1997), esta ideia ganha adeptos ao enfocar as atividades</p><p>lúdicas no processo de desenvolvimento humano. Para a autora a ludicidade</p><p>TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>131</p><p>é uma necessidade humana que facilita a aprendizagem, o desenvolvimento</p><p>pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um</p><p>estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão</p><p>e construção do conhecimento.</p><p>Com a ludicidade a criança elabora uma série de construções a respeito de</p><p>ganhar ou perder um jogo, aprimora seu relacionamento com o professor e com</p><p>o grupo, é capaz de expressar suas vontades, pedir, recusar e também aprender a</p><p>controlar sua conduta e a sensibilizar-se, ou seja, as crianças ultrapassam a barreira</p><p>da realidade agindo por meio da imaginação. Porém, a aprendizagem lúdica deve</p><p>ter um sentido intencional para o profissional que trabalha com crianças, precisa</p><p>estar ligada à aquisição do conhecimento, à participação social e ao envolvimento</p><p>no processo de aprendizagem, onde professor e aluno constroem aprendizagens,</p><p>testam limites, os ultrapassam e avançam para uma educação de qualidade.</p><p>Rosa e Di Nisio (1999, p. 18) complementam:</p><p>Com as atividades lúdicas espera-se que a criança desenvolva a</p><p>coordenação motora, a atenção, o movimento ritmado, conhecimento</p><p>quanto à posição do corpo, direção a seguir e outros; participando do</p><p>desenvolvimento em seus aspectos biopsicológicos e sociais, desenvolva</p><p>livremente a expressão corporal, que favorece a criatividade; adquira</p><p>hábitos de práticas recreativas para serem empregadas adequadamente</p><p>nas horas de lazer; adquira hábitos de boa atividade corporal; seja</p><p>estimulada em suas funções orgânicas, visando ao equilíbrio de saúde</p><p>dinâmica que renova o espírito de iniciativa tornando-se capaz de</p><p>resolver eficazmente situações imprevistas.</p><p>A ludicidade quando aplicada às aulas de Educação Física traz para a</p><p>criança o prazer de estar na escola, rompendo com a sensação de obrigação a ser</p><p>cumprida, pois torna as aulas mais divertidas e desafiadoras. O lúdico não é algo</p><p>mecânico nem predeterminado, ele surge da motivação na brincadeira.</p><p>Para Rosseto Jr. et al. (2010), é fundamental que o professor organize</p><p>suas ações com objetivos, intenções e estratégias bem definidas, mas que procure</p><p>preservar a imprevisibilidade, a criatividade, o símbolo, a subjetividade e a</p><p>oportunidade de convivência um com os outros. No entanto, é fundamental que o</p><p>profissional de Educação Física conheça as características motoras, sociais, afetivas</p><p>e cognitivas de cada faixa etária de seus alunos.</p><p>Mourão (2009) nos apresenta as principais características que as atividades</p><p>devem possuir:</p><p>• Valorização da ação da criança, onde a preocupação do professor se volte para</p><p>a exploração, descoberta e para combinação de movimentos, e não meramente</p><p>apenas ao erro e ao acerto.</p><p>• Incluam e não selecionem os alunos, favorecendo o desenvolvimento das</p><p>capacidades e habilidades de todos, considerando para tanto os diferentes graus</p><p>de interesse e conhecimento.</p><p>132</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>• Evitem situações de competição direta e excessiva entre as crianças.</p><p>• Estimulem situações de aprendizagens coletivas.</p><p>Rosseto Jr. et al. (2010) também fazem alguns apontamentos para que o</p><p>trabalho do professor de Educação física não se perca da dimensão lúdica:</p><p>• Possibilidade de todos participarem - o professor deve localizar e ajudar a</p><p>criança a superar a causa de sua não participação.</p><p>• Possibilitar o sucesso dos participantes - fundamentalmente o jogo deve ser</p><p>desafiador, portanto, nem muito fácil nem muito difícil, pois em ambas as</p><p>situações podem desmotivar os jogadores.</p><p>• Favorecer adaptações e novas aprendizagens - o professor deve criar tempos</p><p>e espaços para que a criança possa repetir suas habilidades motoras, para que</p><p>com o passar do tempo sintam-se seguras a arriscar e experimentar diversas</p><p>formas de fazer.</p><p>• Manter a imprevisibilidade - o professor deve estar sempre atento à formação</p><p>de equipes, para que haja equilíbrio. O bom jogo é aquele cujo rumo não pode</p><p>ser traçado com exatidão, menos ainda seus resultados.</p><p>Mourão (2009) relata em seu artigo intitulado “A Dimensão Lúdica na</p><p>Educação Escolar” uma proposta de Educação Física desenvolvida na Escola da</p><p>Vila – SP, onde as atividades de Educação Física oferecidas às crianças da Educação</p><p>Infantil foram distribuídas em três oficinas:</p><p>Oficinas de percurso lúdico motor: onde movimentos exploratórios</p><p>como correr, saltar e arremessar faça parte de circuitos de jogos e brincadeiras</p><p>exploratórias desenvolvidas pelas próprias crianças, que podem ocorrer tanto em</p><p>nível individual como em grupos. Esta proposta tem como foco a autonomia e a</p><p>escolha do sujeito para o desenvolvimento pleno de um percurso lúdico criador.</p><p>Oficinas de circuitos motores: nestas oficinas foram desenvolvidas</p><p>habilidades relacionadas ao deslocamento, o equilíbrio e a manipulação realizados</p><p>pelas crianças com diferentes materiais, na intenção de repetir um trajeto</p><p>previamente determinado.</p><p>Oficinas de jogos e brincadeiras: estas oficinas são compostas de propostas</p><p>lúdicas onde são exploradas as competências da locomoção, dos saltos, da</p><p>velocidade dos lançamentos, do equilíbrio, do ritmo, da coordenação, entre outras.</p><p>Vejamos como se deu o projeto (MOURÃO, 2009):</p><p>A primeira ideia na implementação das atividades de Educação Física</p><p>para o primeiro ano foi manter a proposta em torno dos 3 encaminhamentos</p><p>acima citados. No primeiro trimestre, nos jogos e brincadeiras realizamos vários</p><p>jogos de correr e pegar. Inicialmente com algumas brincadeiras de pegar que as</p><p>crianças já conheciam, em seguida com brincadeiras propostas pelo professor</p><p>(fugi-fugi, melecas e corrida pô). Estas brincadeiras solicitaram a resolução de</p><p>diversas situações-problema para orientar-se e organizar-se no espaço e no</p><p>TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>133</p><p>tempo em relação às corridas, aos desvios, às mudanças de direção, à sua própria</p><p>posição e a dos outros colegas. Nos circuitos, além das habilidades relacionadas</p><p>com</p><p>a locomoção e o equilíbrio, introduzimos o contexto do circo, com o uso de</p><p>trapézio, brincadeira de animais, equilibristas e malabaristas. Nas oficinas de</p><p>percurso lúdico-motor, com a intenção de estimular o domínio das tarefas na</p><p>qual a criança atua sobre os objetos, ofereceremos a bola e o bambolê.</p><p>No segundo trimestre o uso da bola foi acrescentado ao repertório de</p><p>jogos e brincadeiras já realizados no início do ano, bem como alguns novos</p><p>jogos (guerra das bolas e jogo dos cones).</p><p>No terceiro trimestre, por conta do projeto da Grécia, entramos um</p><p>pouco no mundo esportivo da Grécia Antiga com a realização das seguintes</p><p>modalidades: a corrida, o salto, o arremesso do disco e do dardo. Procuramos dar</p><p>vida ao mundo dos esportes e dos jogos atléticos, com auxílio de representações</p><p>pictóricas e de uma rica série de ilustrações e desenhos destas modalidades.</p><p>Afinal, a ginástica e o esporte na Grécia sempre estiveram interligados à</p><p>educação do jovem e ao seu pleno desenvolvimento psíquico e mental.</p><p>Macedo; Petty e Passos (2005) propõem cinco indicadores para o profissional</p><p>de Educação Física trabalhar com atividades lúdicas, por meio destes indicadores,</p><p>o professor pode observar as partes para que possa antecipar ou corrigir algo que</p><p>ainda não se realizou completamente.</p><p>Tais indicadores podem favorecer a observação da dimensão lúdica e</p><p>auxiliam na compreensão de resistências, desinteresses e algumas limitações das</p><p>crianças. Para o autor as atividades devem:</p><p>• Gerar prazer funcional - As atividades propostas às crianças devem ter um</p><p>prazer funcional, devem ser prazerosas em si mesmas, devem atrair as crianças</p><p>simplesmente por serem agradáveis a elas. O educador ao propor as atividades</p><p>deve despertar na criança o gosto e a vontade de praticar uma atividade que vai</p><p>provocar-lhes descontração e alegria.</p><p>A atividade proposta deve ser protagonista de todo o sentido da</p><p>criança ter ido à escola, são essas atividades que tornam a escola prazerosa e</p><p>enchem a vida escolar dos alunos de alegrias e significados, elas então devem</p><p>ser surpreendentemente lúdicas, devem ser propostas com certa magia, com</p><p>magnetismo. Sendo assim, o profissional deve estar atento ao tempo adequado</p><p>para o seu desenvolvimento, os materiais também devem ser pensados com</p><p>antecedência e devem estar apropriados às idades e à atividade que foi proposta,</p><p>lembrando que as atividades não podem ser nem fáceis nem difíceis demais, para</p><p>que não se tornem desmotivantes.</p><p>Para Macedo; Petty e Passos (2005), a qualidade das estratégias e dos</p><p>dispositivos lançados pelo professor de Educação Física facilita e enriquece a</p><p>experiência lúdica das crianças atingindo seus aspectos motor, cognitivo, afetivo e</p><p>134</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>social. O autor nos lembra que atividades de Educação Física quando malconduzidas</p><p>podem levar até mesmo propostas de jogos olímpicos, a se tornarem atividades</p><p>competitivas e agressivas.</p><p>• Desafios e surpresas - Uma atividade para ser lúdica deve ser interessante, e</p><p>para ser interessante depende de como ela foi proposta pelo professor, ou seja,</p><p>para proporcionar desafios uma estratégia bastante eficaz é oferecer às crianças</p><p>situações-problemas por meio de jogos, colocando obstáculos que a leve a buscar</p><p>a superação. O lúdico surpreende, é desafiador e incontrolável. As atividades</p><p>com bolas são as mais indicadas para proporcionar esses desafios.</p><p>• Possibilidades - Sob as lentes das possibilidades, as atividades para as crianças</p><p>devem ser necessárias e possíveis, devem ser desejadas e realizáveis, além</p><p>de serem compreensíveis para quem as realiza, assim, as crianças precisam</p><p>dispor de recursos internos ou externos suficientes para realização da tarefa</p><p>proposta ou pelo menos parte dela, se estas habilidades faltarem a atividade</p><p>ficará prejudicada. As tarefas impossíveis geram respostas evasivas, desculpas,</p><p>desinteresse e sonegação de informações.</p><p>• Dimensão simbólica - A dimensão simbólica envolve a projeção de desejos,</p><p>sentimentos e valores que expressam possibilidades cognitivas das crianças,</p><p>seus modos de assimilar e incorporar o mundo e a cultura em que vivem. O</p><p>simbolismo lúdico compõe as atividades que as crianças realizam e são por</p><p>elas interpretáveis à medida que estas estão relacionadas a algo que lhes fazem</p><p>sentido, algo dentro de suas experiências. O lúdico é altamente simbólico</p><p>e aumenta as possibilidades de ampliação do mundo para a criança, esta</p><p>dimensão é fundamental, uma vez que define uma nova lente para a criança</p><p>olhar o mundo, dentro da perspectiva da imaginação, do conceito, do sonho e</p><p>da representação que compõe o jogo simbólico.</p><p>• Expressão Construtiva - Faz parte do lúdico o olhar atento, aberto e disponível</p><p>para considerarmos diversos pontos de vista. A ludicidade não possui um roteiro</p><p>rígido e pré-definido. Esta dimensão estuda possibilidades, os indicadores da</p><p>construção da criança sob o olhar investigativo e atento do professor, que deve</p><p>estar pronto para estudar possibilidades, imaginar estratégias, rever posições</p><p>que auxiliam no desenvolvimento do processo construtivo da criança.</p><p>O jogo pode ser um excelente meio para o profissional de Educação Física</p><p>descobrir os motivos que geram baixo rendimento em sala de aula, pois ele pode</p><p>vir a avaliar competências observando as formas de jogar dos alunos percebendo</p><p>suas dificuldades e ajudando-os a identificarem a origem do problema.</p><p>Macedo; Petty e Passos (2005), usando o exemplo do jogo de varetas</p><p>recomendam que em situações de erro o professor deve retomar as regras</p><p>pontuando aquele erro da criança e indicando soluções para que este não ocorra</p><p>numa próxima vez. Há também os casos onde a criança errou por não prestar</p><p>a atenção, não observou a configuração espacial do jogo, executando jogadas</p><p>aleatórias, neste caso é importante retomar o momento convidando-a a rever suas</p><p>TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>135</p><p>ações, analisar o contexto, sempre questionando a criança antes de ela retomar</p><p>suas ações.</p><p>Em caso de a criança tentar jogar de sua melhor maneira, mas não conseguir</p><p>acertar é necessário que o professor explicite para a criança o reconhecimento de</p><p>seu esforço, compartilhando com ela a complexidade de situações e incentivando-a</p><p>na exploração de novos movimentos. O importante é que o professor compreenda</p><p>como a criança age e enfrenta seus desafios. Essas informações vão lhe servir para</p><p>elaborar intervenções pontuais e de efeito.</p><p>O professor pode estabelecer uma ponte entre a situação do jogo e o contexto</p><p>da sala de aula, para que as crianças sejam capazes de identificar as semelhanças</p><p>em suas atitudes nesses dois contextos para aplicá-las em situações de seu contexto</p><p>escolar.</p><p>Além de pensar antes de agir e planejar suas ações, o jogo sob a intervenção</p><p>do adulto faz com que a criança seja capaz de compreender as situações vivenciadas</p><p>em cada jogo e transportá-las para a escola. Discutir a respeito das relações</p><p>estabelecidas no contexto do jogo é capaz de transformar o olhar meramente</p><p>competitivo em situações de aprendizagem.</p><p>Macedo; Petty e Passos (2005) argumentam que crianças que apresentam</p><p>dificuldades em interpretação de texto e em resolução de problemas também</p><p>apresentam a mesma performance no contexto do jogo.</p><p>Nesse caso, um trabalho de intervenção proposto pelo professor de</p><p>Educação Física ensinando a criança a aguçar o seu olhar para encontrar seus erros,</p><p>perceber seus acertos e criar novas possibilidades de ação pode contribuir para</p><p>que a criança amplie seu conhecimento sobre si mesma, aprenda a buscar recursos</p><p>próprios, como também a discriminar o que sabe e no que precisa de ajuda.</p><p>Para Rosseto Jr. et al. (2010), o trabalho voltado para a proposição de desafios</p><p>e situações-problemas levam o aluno a compreender e refletir sobre sua prática. O</p><p>professor de Educação Física deve estimular os alunos a pensarem e falarem sobre</p><p>suas ações: como enfrentam e resolvem os conflitos, quais</p><p>as estratégias utilizadas,</p><p>quais foram as competências e as habilidades aprendidas e quais conhecimentos</p><p>ainda devem ser construídos.</p><p>O que está em jogo, portanto, é fazer com que os alunos assumam</p><p>procedimentos que os levem a compreender suas próprias ações, esse trabalho</p><p>realizado pelo professor de Educação Física deve ser intencional e para que se</p><p>efetive são necessários conhecimentos de métodos e técnicas pedagógicas para</p><p>promover compreensão e reflexão sobre as ações práticas que proporcionem ao</p><p>aluno uma análise crítica de uma prática consciente.</p><p>O professor deve também levar em conta os conhecimentos prévios que</p><p>as crianças trazem para a sala de aula, para que esses conhecimentos possam</p><p>ser tratados e aprofundados com a ajuda dos professores levando os alunos a</p><p>136</p><p>UNIDADE 2 | OFICINAS DE JOGOS E BRINQUEDOS</p><p>superarem seus níveis anteriores de conhecimentos. Ao agir assim, o professor</p><p>ao mesmo tempo em que respeita e valoriza a cultura corporal local proporciona</p><p>significado às aprendizagens esportivas.</p><p>O trabalho do Professor de Educação Física deve, sobretudo, convergir</p><p>dentro do paradigma da diversidade e da inclusão, seus esforços devem estar</p><p>voltados para que todas as crianças e os adolescentes tenham participação efetiva</p><p>nas atividades, assim, o professor deve evitar dinâmicas com possibilidades de</p><p>constrangimento ou humilhação. Seu papel é o de identificar e superar as causas</p><p>da não participação valorizando o esforço pessoal das crianças, elogiando seu</p><p>desempenho e suas conquistas e principalmente fazendo parte do processo.</p><p>FIGURA 42 - O PAPEL DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.jornaldosudoeste.com.br/noticia.</p><p>php?codigo=3118>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>Rosseto Jr. et al. (2010) nos alertam que com o passar do tempo os professores</p><p>devem interferir cada vez menos nos jogos dos alunos para que aprendam a gerenciar</p><p>o espaço do jogo, desde sua preparação até a ação de jogar. Para os autores, em cada</p><p>sessão os professores devem ajudar os alunos a resolver situações-problemas nas</p><p>variáveis: material, espaços, gestos e regras.</p><p>Os autores acima citados traçaram ações em sala de aula que integram os</p><p>aspectos intelectuais e motores, para que o conhecimento vivido corporalmente chegue</p><p>ao plano da consciência para ser imaginado, refletido, transformado e reconstruído a</p><p>partir dos interesses e motivações das crianças. Vejamos suas sugestões:</p><p>• Primeiro momento - Roda de conversa sobre o jogo do dia: a roda é feita no início</p><p>da aula para se conversar sobre o jogo ou a brincadeira que será realizada. Neste</p><p>momento a prática corporal fica no plano da representação mental e os alunos,</p><p>TÓPICO 3 | A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA</p><p>137</p><p>junto com o professor fazem uma avaliação diagnóstica refletindo sobre o que as</p><p>crianças já sabem sobre o jogo. Há também a apresentação das regras, a convenção</p><p>do espaço e do material a ser utilizado. Este momento também serve para os alunos</p><p>tirarem suas dúvidas e combinarem as possíveis variações do jogo.</p><p>FIGURA 43 - RODA DE CONVERSA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.sgagora.com.br/sg/professores-de-</p><p>educacao-fisica-poderao-lecionar-em-turmas-de-anos-iniciais-ensino-</p><p>fundamental-partir-de-2015/>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>• Segundo momento: vivências e práticas: este é o momento em que o jogo planejado</p><p>é realizado, onde o professor também poderá fazer alterações ou adaptações às</p><p>regras, sugerir novos desafios, troca de papéis e, sobretudo, entender que muitas</p><p>vezes as transgressões às regras podem ser vistas como um caminho para construção</p><p>de limites e da autonomia e voltar a formar a roda inicial sempre que necessário.</p><p>• Terceiro momento: a roda de conversa sobre o que foi feito na aula: as aulas de</p><p>Educação Física devem ser terminadas também com uma roda de conversas entre</p><p>o professor e as crianças. Neste momento final os alunos devem expressar o que</p><p>vivenciaram durante a aula, suas dificuldades e facilidades.</p><p>Tanto a roda inicial como a final não devem ser muito extensas e podem</p><p>também serem aproveitadas para: conversar sobre as atitudes dos alunos, avaliar as</p><p>aulas e programar os jogos das aulas futuras, observar e controlar o planejamento,</p><p>conversar sobre o que foi aprendido além do jogo.</p><p>Apresentamos a você, professor, o lúdico como possibilidade de reflexão</p><p>sobre afetos, sentimentos e sensações que podem interagir com aprendizagens e</p><p>que possibilitam ao professor experimentar novas situações, as quais permitem</p><p>desenvolver novas características em sua personalidade e em seu estilo profissional</p><p>a partir de sua percepção do prazer e do divertimento como característica inerente à</p><p>sua existência. Quando isso acontece, o trabalho do educador torna-se um exercício</p><p>criativo como também de sociabilidade, consciência, universalidade e liberdade.</p><p>138</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico você viu que:</p><p>• Algumas práticas de Educação Física estão ancoradas em técnicas voltadas</p><p>apenas ao esporte escolar não dando espaço para a ludicidade e para a</p><p>criatividade, muitas vezes as práticas lúdicas vêm associadas a momentos de</p><p>prazer e emoção e, sobretudo, às atividades não sérias.</p><p>• Há, na formação do educador, demasiada preocupação com questões teóricas e</p><p>pedagógicas, muitas vezes negligenciando a formação lúdica.</p><p>• O lúdico na formação do educador é fundamental para que este venha a ser</p><p>educador, se conhecer como pessoa, desbloquear suas resistências e ter uma</p><p>visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança,</p><p>jovem e do adulto.</p><p>• A formação lúdica envolve-se com a criatividade, com o cultivo da sensibilidade,</p><p>com a busca da afetividade e com a nutrição da alma, proporcionando aos futuros</p><p>educadores experiências corporais que se utilizam da ação, do pensamento e da</p><p>linguagem tendo no jogo sua fonte dinamizadora. (SANTOS, 1997).</p><p>• O lúdico não é algo mecânico nem predeterminado, ele surge da motivação na</p><p>brincadeira. Quando o professor traz a ludicidade para as aulas de Educação</p><p>Física traz também para a criança o prazer de estar na escola, rompendo com</p><p>a sensação de obrigação a ser cumprida, pois torna as aulas mais divertidas e</p><p>desafiadoras.</p><p>• Para que o lúdico seja aplicado de forma proveitosa, é fundamental que o</p><p>professor organize suas ações com objetivos, intenções e estratégias bem</p><p>definidas, mas que procure preservar a imprevisibilidade, a criatividade, o</p><p>símbolo, a subjetividade e a oportunidade de convivência uns com os outros.</p><p>• É ainda muito importante que o profissional de Educação Física conheça as</p><p>características motoras, sociais, afetivas e cognitivas de cada faixa etária de seus</p><p>alunos e que não perca de vista aspectos como: a valorização da ação da criança e</p><p>a inclusão, evitando situações de competição direta e excessiva entre as crianças</p><p>e estimulem situações de aprendizagens coletivas.</p><p>139</p><p>Defina o papel da ludicidade para a Educação Física.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>140</p><p>141</p><p>UNIDADE 3</p><p>A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO</p><p>FÍSICA ESCOLAR</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir desta unidade você será capaz de:</p><p>• compreender tipos de jogos e brincadeiras quanto à classificação e finali-</p><p>dades;</p><p>• identificar diferentes possibilidades de organização do conhecimento es-</p><p>colar;</p><p>• adequar e adaptar atividades à faixa etária de cada grupo;</p><p>• reconhecer os objetivos do Ensino Fundamental para a Educação.</p><p>A terceira unidade está dividida em dois tópicos. No final de cada um de-</p><p>les você encontrará atividades que possibilitarão o aprofundamento de cada</p><p>conteúdo proporcionando uma reflexão sobre as práticas de jogos e brinca-</p><p>deiras na Educação Infantil e Ensino Fundamental e como também aprender</p><p>a reconhecer os principais objetivos e competências a serem desenvolvidas.</p><p>TÓPICO 1 - JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO</p><p>CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>TÓPICO 2- PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA</p><p>EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>142</p><p>143</p><p>TÓPICO 1</p><p>JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO</p><p>DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO</p><p>DISCIPLINAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Nesta unidade você reconhecerá algumas possibilidades de trabalho</p><p>prático no âmbito da educação física, conhecendo suas classificações e finalidades.</p><p>Você conhecerá a definição do termo e da ação interdisciplinar percebendo</p><p>que a interdisciplinaridade acontece quando as metodologias e conhecimentos</p><p>de outras disciplinas podem ser utilizados por professores de diversas áreas do</p><p>conhecimento.</p><p>E para compreender como este processo interdisciplinar pode ser pensado</p><p>na prática escolar, evitando uma inércia didática e aproximando-se mais das</p><p>intenções e dos objetivos da ação pedagógica, o trabalho com projetos de trabalho,</p><p>comprova a necessidade de utilizarmos uma ação de aprendizagem pautada na</p><p>valorização e na participação dos alunos na busca de novos conhecimentos.</p><p>2 JOGOS E BRINCADEIRAS: CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADE</p><p>Na antiguidade os jogos eram partilhados por adultos, portavam crenças,</p><p>valores e discursos. Traziam em si a representação da forma tradicional de viver e</p><p>compreender a existência.</p><p>Com a modernidade, o trabalho ganhou uma representação social ainda</p><p>não existente, e o brincar ficou relacionado ao tempo vago e ao ócio, permitido</p><p>somente às crianças, e sob severa vigilância.</p><p>Os jogos tradicionais foram deixados de herança à criança moderna e neles</p><p>estão contidas muitas das culturas populares, que com o passar dos anos foram</p><p>recebendo da escola, um “tratamento pedagógico”, e muito de sua originalidade</p><p>foi se perdendo.</p><p>Para Vasconcellos (2008), a importância da classificação dos jogos consiste</p><p>em compreender sua temática e sua dinâmica. Compreender a temática e a</p><p>dinâmica de cada jogo, ou grupo de jogos, são fundamentais para que o professor</p><p>possa eleger aqueles com os quais vai trabalhar. Para a autora a dinâmica se refere</p><p>a como o jogo é jogado, e sobre a temática esclarece:</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>144</p><p>a temática do jogo se refere ao tipo especial de atitude psicológica que</p><p>um dado jogo exige. Todo jogo comporta uma dimensão que está além</p><p>das regras explicitadas. Ele comporta uma narrativa da qual o jogador</p><p>se vê obrigado a compartilhar ainda que inconscientemente. Todo jogo</p><p>de bonecas traz à luz as experiências familiares. Toda amarelinha reflete</p><p>sobre a trajetória da Terra ao Céu, ou seja, como a maioria dos jogos de</p><p>percurso, indaga sobre a vida e a morte, os caminhos do homem e da</p><p>alma. Todo jogo de xadrez comporta o confronto com o Rei e retoma,</p><p>desse modo, velhas triangulações edípicas. E assim, sucessivamente, do</p><p>mais simples ao mais complexo, em maior ou menor grau, todo jogo</p><p>tem uma dimensão dramática. (VASCONCELLOS, 2008, p. 52).</p><p>Assim, compreendemos que toda brincadeira possui regras ocultas</p><p>que compõe uma situação imaginária, esses momentos são concomitantes na</p><p>realização do brincar e favorecem o processo de aprendizagem infantil à medida</p><p>que proporciona autonomia para a criança dirigir seu próprio comportamento</p><p>não somente pela percepção imediata dos objetos, ou pela situação que a afeta de</p><p>imediato, mas também pelo significado dessa situação.</p><p>Jogos de regras são aqueles que combinam aspectos motores-exploratórios</p><p>(movimento corporal e sensações) e/ou aspectos intelectuais, com competição dos</p><p>jogadores e regras preestabelecidas. Segundo Vygotsky (2010), o desenvolvimento</p><p>do jogar com regras começa no fim da idade pré-escolar e desenvolve-se durante</p><p>a idade pré-escolar.</p><p>Retomamos então o conceito de atividade de Leontiev (1998) e lembramos</p><p>que toda atividade precisa ter um motivo, o motivo é a emoção que se guia por</p><p>sinais, vivências, marcas emocionais de acontecimentos e símbolos. Leontiev (1998,</p><p>p. 141)</p><p>[...] compreende tais atividades da seguinte forma: entre a idade pré-</p><p>escolar e a escolar perpassa por um processo de transição na qual a</p><p>situação imaginária e o papel são explícitos com regra oculta, e evoluem</p><p>para regras explícitas e situação imaginária e papel latentes. Logo, os</p><p>jogos de enredos necessariamente evoluem para os jogos com regras,</p><p>pois, embora o papel e a imaginação se tornem latentes, há uma</p><p>presença significativa deles nos jogos com regras. Tudo isso ocorre</p><p>devido à criança, no período pré-escolar, não conseguir se submeter a</p><p>regras. Assim, a imaginação e o papel auxiliam a criança a superar esse</p><p>nível de desenvolvimento e passar para uma nova etapa.</p><p>Para tanto, a ação intencional do professor deve voltar-se para os objetivos</p><p>do brincar, atentando para a criação de suas situações imaginárias que pode ser</p><p>considerada meio para desenvolver o pensamento abstrato. É preciso também</p><p>levar em conta cada faixa de idade, com suas especificidades.</p><p>Desta forma, Vasconcellos (2008, p. 53, grifo nosso) propõe:</p><p>• Na seleção dos jogos, leve em conta o conjunto de suas características:</p><p>o tipo de raciocínio envolvido, a habilidade e a atitude psicológica</p><p>necessária, o conhecimento específico que o jogador deve ter.</p><p>• Prefira as versões mais simples às luxuosas do jogo, para que o valor</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>145</p><p>esteja focado no processo de jogar.</p><p>• Ainda que planeje atividades com os jogos, deixe reservado também</p><p>tempo para jogo livre, pois a atividade dirigida, ainda que lúdica, é</p><p>essencialmente diferente do jogo livre no que tange à atitude frente à</p><p>atividade.</p><p>• Mantenha o desafio do jogo: crie situações-problema, jogos a serem</p><p>continuados a partir de determinado ponto, novas aberturas etc.</p><p>• Não esgote o interesse pelo jogo transformando-o em recurso para</p><p>todas as atividades, ou em unidade de trabalho exaustiva de todas as</p><p>disciplinas.</p><p>• Construa instrumentos de sistematização: anotações individuais ou</p><p>coletivas sobre diferentes jogadas. Processos narrativos que permitam</p><p>ao aluno “enxergar” seu processo de pensamento durante o jogo.</p><p>Compará-lo a outros, a si próprio etc.</p><p>• Propicie a invenção de novas formas de jogar jogos conhecidos,</p><p>modificando regras e materiais.</p><p>• Varie o acervo. Conheça outros jogos tradicionais. Além dos</p><p>conhecidos xadrez, damas, gamão, existem o go, o senet, a mancala e</p><p>um número enorme de outros jogos. Não tenha medo de conhecê-los</p><p>junto com seus alunos.</p><p>• Trabalhe também com jogos de resultado aleatório e discuta o que é</p><p>perder, ganhar.</p><p>• Jogos tradicionais emergiram da vida cotidiana, portanto, estão</p><p>atravessados por temas de real interesse humano. Não receie abordá-</p><p>los.</p><p>Lembramos que para reconhecermos os jogos nos voltamos para suas</p><p>principais características que são: a liberdade de ação do jogador, ou seja, o caráter</p><p>voluntário; o prazer ou desprazer que o jogo pode proporcionar, o caráter não</p><p>sério, ou o efeito positivo; as regras que podem ser implícitas ou explícitas, o</p><p>caráter improdutivo e a incerteza dos resultados.</p><p>DICAS</p><p>Para saber mais sobre Leontiev, leia o texto “Desenvolvimento, aprendizagem e</p><p>atividades lúdicas na concepção de Leontiev: contribuições para a educação física escolar”.</p><p>Acesse: <http://dx.doi.org/10.14572/nuances.v24i1.2160>.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>146</p><p>3 A EDUCAÇÃO FÍSICA E A INTERDISCIPLINARIDADE</p><p>A Educação Física tem como finalidade na Educação Básica o trabalho com a</p><p>cultura corporal do movimento, as quais englobam práticas sociais e representações</p><p>que estão estruturadas em diferentes contextos históricos e que também se vinculam</p><p>ao campo do lazer e da saúde.</p><p>Durante muito tempo acreditou-se que para haver aprendizagem era preciso a</p><p>utilização de estratégias de repetição do professor e do aluno, cabendo especialmente</p><p>ao professor executar o que determinavam os especialistas, cuja finalidade era a</p><p>repetição e a memorização. (HERNÁNDEZ, 1998).</p><p>Em busca da superação de antigos paradigmas, especialmente os de origem</p><p>militar e médica, a Educação Física, atualmente, volta-se não só para questões do corpo</p><p>e movimento, como também</p><p>para as dimensões cultural, social, política e afetiva.</p><p>Os conhecimentos em Educação Física que adentram as escolas provêm de</p><p>conhecimentos e saberes socialmente produzidos em Universidades, no mundo do</p><p>trabalho e da tecnologia, da cidadania e das práticas corporais que compõem um</p><p>conjunto de temas transversalizados que se incluem entre a ética, a saúde, a orientação</p><p>sexual e as questões de gênero que devem ser observadas pelo profissional de Educação</p><p>Física.</p><p>Essa perspectiva demonstra, segundo Hernández (1998), que a escola não possui</p><p>apenas a função simplista de “preparar o aluno para o futuro”, mas de considerá-lo</p><p>no presente, levando em conta as experiências e especificidades que possuem em cada</p><p>período. Para o autor, o que os alunos aprendem não pode ser organizado a partir de</p><p>decisões determinadas por grupos de especialistas, mas sim a partir de conceitos e de</p><p>ideias-chave que vão além das matérias escolares e que podem ser exploradas para</p><p>que aprendamos a estabelecer relações.</p><p>As diferentes experiências escolares devem ser elaboradas por meio de</p><p>intenções educativas e se relacionam com o conhecimento de si, das limitações e</p><p>possibilidades do sujeito, com seu conhecimento de mundo em meio às relações sociais</p><p>que vão contribuindo para a construção de suas identidades. Assim, cabe reconhecer</p><p>a importância da pluralidade cultural na organização nas aulas de Educação Física.</p><p>A Educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e</p><p>aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos</p><p>práticos e conceituais. Para isso é necessário mudar a ênfase na aptidão</p><p>física e no rendimento padronizado que caracterizava a Educação</p><p>Física, para uma concepção mais abrangente, que contemple todas</p><p>as dimensões envolvidas em cada prática corporal. É fundamental</p><p>também que se faça uma clara distinção entre os objetivos da Educação</p><p>Física escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da</p><p>luta profissional, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo</p><p>não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar</p><p>deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas</p><p>potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu</p><p>aprimoramento como seres humanos. (BRASIL, 1997, p. 24).</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>147</p><p>A pluralidade cultural se mostra como categoria que vem enriquecer e criar</p><p>possibilidades para a disciplina de Educação Física a partir do entendimento da</p><p>escola como espaço de diversidade e integração e de valorização de grupos que</p><p>podem ser incluídos em processos de afirmação de identidades, valores, vivências</p><p>e culturas.</p><p>Especialmente em relação às questões de gênero, as aulas de Educação</p><p>Física podem ampliar a convivência entre meninos e meninas dando espaço para</p><p>as descobertas das diferenças, desenvolvendo uma postura respeitosa diante do</p><p>outro de modo a não reproduzir estereótipos e relações sociais autoritárias.</p><p>Dessa forma, é importante entender a palavra cultura no plural, na medida</p><p>em que esta engloba diversos modos de vida, valores e significados compartilhados</p><p>por diferentes grupos, assim, entendemos cultura como a forma de vida de um</p><p>determinado grupo social, com as representações da realidade e suas visões de</p><p>mundo.</p><p>Para os PCN de Educação Física, cultura é:</p><p>O conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis pelo grupo: neles</p><p>o indivíduo é formado desde o momento da sua concepção; nesses</p><p>mesmos códigos, durante a sua infância, aprende os valores do grupo;</p><p>por eles é mais tarde introduzido nas obrigações da vida adulta, da</p><p>maneira como cada grupo social as concebe. (BRASIL, 1997, p. 23).</p><p>Entendemos então a escola como espaço democrático na construção de</p><p>seu projeto político, entretanto é fundamental o reconhecimento do aluno e das</p><p>situações de aprendizagem que vivem dentro e fora da escola.</p><p>Porém, grande parte da comunidade escolar não possui grandes expectativas</p><p>com relação às aprendizagens desenvolvidas por esta disciplina, devido a certo</p><p>desprestígio construído num processo histórico de desidentificação da Educação</p><p>Física com a função social da escola.</p><p>Dentre os fatores responsáveis por este processo estão as condições de</p><p>trabalho dos profissionais da disciplina, salários, infraestrutura, materiais e a</p><p>rápida transformação conceitual da área nos últimos anos.</p><p>González e Fraga (2012, p. 40) apontam ainda outros fatores:</p><p>• Dificuldades para Educação Física em consonância com a função</p><p>social da escola;</p><p>• Falta de organização e explicitação do conhecimento que cabe à</p><p>disciplina tratar (problemas de currículo);</p><p>• Problemas para ensinar velhos e novos conteúdos de acordo com</p><p>o que se espera de uma disciplina escolar, bem como lidar com a</p><p>complexidade do conhecimento pelo qual é responsável (problemas</p><p>didáticos).</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>148</p><p>Por todos esses fatores elencados acima e ainda outros, é fato quando da</p><p>ocorrência de projetos interdisciplinares nas escolas a Educação Física ser deixada</p><p>de fora ou ser relegada à mera função de andar com as crianças para ver algo</p><p>relacionado ao projeto (saídas de campo) ou ainda que o professor empreste suas</p><p>aulas para que seja passado algum filme sobre o tema em questão.</p><p>De fato, não se pode abordar um tema transversal elegido pela escola</p><p>usando a mesma lógica das demais disciplinas, por isso, é preciso encontrar</p><p>alternativas de envolvimento da Educação Física considerando a transversalidade</p><p>do tema e a especificidade da disciplina.</p><p>Um projeto interdisciplinar pode se iniciar a partir da compreensão da</p><p>complexidade dos problemas enfrentados na comunidade escolar. Tais problemas</p><p>devem ser compreendidos por meio de olhares multidimensionais e relacionais,</p><p>onde, mais importante que conhecer primeiramente o todo e posteriormente as</p><p>partes, são as relações que as partes estabelecem entre si.</p><p>Na construção da realidade, o ‘todo’ é muito mais que a soma das</p><p>partes; para interpretar uma esfera da realidade, se legitimam algumas</p><p>formas de saber, alguns conhecimentos, alguns indivíduos, enquanto se</p><p>excluem outros; e que, se pretendemos compreender um fenômeno não</p><p>podemos fazer isso a partir de uma só disciplina ou de um único ponto</p><p>de vista. (HERNÁNDEZ, 1998, p.16).</p><p>Dessa forma, compreendemos que projetos integrados necessitam de</p><p>planejamentos conjuntos, levando em conta os aspectos cotidianos da realidade e</p><p>fundamentalmente a participação ativa e compartilhada de professores e alunos,</p><p>pois,</p><p>fazer convergir conhecimentos de diversas disciplinas para a resolução</p><p>de um problema da vida prática ou de uma questão relevante para</p><p>o grupo de alunos, reunir informações com vistas a compreender</p><p>determinados conceitos, períodos históricos e espaços geográficos</p><p>podem ser algumas das maneiras de organizar um currículo integrado.</p><p>(GONZÁLEZ; FRAGA, 2012, p. 19).</p><p>Os projetos interdisciplinares trazem em seus resultados melhorias na</p><p>qualidade de vida na sociedade, assim como a plenitude da cidadania entre os</p><p>sujeitos, na medida em que colaboram para a formação de um cidadão capaz de</p><p>lidar com a complexidade dos problemas de seu tempo.</p><p>A interdisciplinaridade é uma alternativa para a superação da herança</p><p>positivista de compartimentação dos saberes e surge enquanto proposta para uma</p><p>nova forma de comunicação entre as disciplinas que se constituem em diferentes</p><p>possibilidades de linguagens que podem ser partilhadas a partir da pluralidade</p><p>de saberes e com as diversas trocas de experiências no estabelecimento da parceria</p><p>integrada.</p><p>Cordiolli (2002, p. 19) nos diz que “o professor que atua numa perspectiva</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>149</p><p>interdisciplinar é aquele que domina o conteúdo de sua área e recorre a outras</p><p>disciplinas para explorar plenamente os temas de que está tratando”.</p><p>E é claro que a Educação Física poderá encarar a empreitada de um</p><p>trabalho coletivo</p><p>com preocupações comuns entre as disciplinas, devido a seu</p><p>caráter multidimensional e pluridisciplinar ela própria poderá induzir temas</p><p>que demandem tratamento interdisciplinar. Isto quer dizer que os temas que se</p><p>inserem na Educação Física também podem mobilizar conhecimentos de outras</p><p>disciplinas para dar conta da complexidade de saberes conceituais e corporais com</p><p>os quais a Educação Física se encontra envolvida.</p><p>É fundamental, portanto, pontuarmos os princípios característicos da</p><p>disciplina:</p><p>• A Educação Física é componente curricular responsável pela</p><p>tematização da cultura corporal do movimento, que tem por finalidade</p><p>potencializar o aluno para intervir de forma autônoma, crítica e criativa</p><p>nessa dimensão social. Para isso, é necessária uma clara explicitação</p><p>das competências e dos conteúdos a ela atribuídos, assim como</p><p>esforço por estabelecer uma progressão coerente com as características</p><p>sociocognitiva dos alunos nas diferentes etapas escolares e o próprio</p><p>processo de complexificação do conhecimento.</p><p>• A disciplina se centra no estudo da pluralidade do rico patrimônio</p><p>de práticas corporais sistematizadas e das representações sociais a</p><p>elas atreladas. Tal proposição se baseia na ideia de que cada uma das</p><p>manifestações da cultura corporal de movimento proporciona ao sujeito</p><p>o acesso a uma dimensão do conhecimento e de experiências que ele</p><p>não teria de outro modo. A vivência das manifestações corporais não</p><p>é apenas um meio para aprender outras coisas, pois gera um tipo de</p><p>conhecimento muito particular, insubstituível. Nesta perspectiva, se</p><p>não for oferecida ao educando a oportunidade de experimentar o leque</p><p>de possibilidades de movimento sistematizado pelos seres humanos</p><p>ao longo dos tempos, ele estará perdendo parte do acervo cultural da</p><p>humanidade, uma possibilidade singular de perceber o mundo e de</p><p>perceber-se.</p><p>• A Educação Física deve possibilitar a releitura e a reapropriação crítica</p><p>dos conhecimentos da cultura corporal de movimento. Nessa linha, os</p><p>conhecimentos transmitidos na escola não estão subordinados àqueles</p><p>propiciados pelas instituições não escolares que lidam com práticas</p><p>corporais não sistematizadas, como ‘escolinhas’ de futsal, escolas de</p><p>ballet, rodas de capoeira, academias de ginástica, academias de artes</p><p>marciais etc. A Educação Física, logicamente, não precisa desconhecer</p><p>o que lá ocorre, porém deve ter bem claro que as finalidades naquela</p><p>esfera são muito diferentes das que acontecem no interior da escola.</p><p>(GONZÁLEZ E FRAGA, 2012, p. 46).</p><p>Para os PCN (1997) são objetivos gerais da disciplina no Ensino Fundamental:</p><p>• participar de atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas</p><p>e construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características</p><p>físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>150</p><p>características pessoais, físicas, sexuais ou sociais;</p><p>• adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em</p><p>situações lúdicas e esportivas, repudiando qualquer espécie de violência;</p><p>• conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de</p><p>manifestações de cultura corporal do Brasil e do mundo, percebendo-as</p><p>como recurso valioso para a integração entre pessoas e entre diferentes</p><p>grupos sociais;</p><p>• reconhecer-se como elemento integrante do ambiente, adotando</p><p>hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividades corporais,</p><p>relacionando-os com os efeitos sobre a própria saúde e de recuperação,</p><p>manutenção e melhoria da saúde coletiva;</p><p>• solucionar problemas de ordem corporal em diferentes contextos,</p><p>regulando e dosando o esforço em um nível compatível com as</p><p>possibilidades, considerando que o aperfeiçoamento e o desenvolvimento</p><p>das competências corporais decorrem de perseverança e regularidade e</p><p>devem ocorrer de modo saudável e equilibrado;</p><p>• reconhecer condições de trabalho que comprometam os processos de</p><p>crescimento e desenvolvimento, não as aceitando para si nem para os</p><p>outros, reivindicando condições de vida dignas;</p><p>• conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética corporal</p><p>que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua inserção</p><p>dentro da cultura em que são produzidos, analisando criticamente os</p><p>padrões divulgados pela mídia e evitando o consumismo e o preconceito;</p><p>• conhecer, organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem</p><p>como reivindicar locais adequados para promover atividades corporais</p><p>de lazer, reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano</p><p>e um direito do cidadão.</p><p>González e Fraga (2012) nos trazem uma proposta organizada em “mapas”</p><p>que detalham as competências e conteúdos da Educação Física entre o 6º e o 9º ano</p><p>do Ensino Fundamental que podem ser lidos no sentido transversal e longitudinal.</p><p>No sentido transversal são apresentados temas estruturadores que</p><p>compõem o campo de conhecimento da Educação Física nos anos finais do Ensino</p><p>Fundamental. Os conhecimentos que compõem esta dimensão reúnem saberes</p><p>produzidos pela experimentação da prática corporal como os conhecimentos</p><p>conceituais sobre sua estrutura e dinâmica, além dos significados a elas atribuídos.</p><p>1- Esporte</p><p>2- Ginástica: exercícios físicos</p><p>3- Lutas</p><p>González e Fraga (2012) organizam ainda um segundo conjunto de temas</p><p>estruturadores que se baseiam no estudo das representações sociais que constituem</p><p>a cultura do movimento. Esta dimensão permite refletir sobre práticas sociais que</p><p>se relacionam com as atividades de tempo livre, com o cuidado e a educação do</p><p>corpo, seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual e ainda com</p><p>os agentes sociais envolvidos em sua produção, como o Estado, mercado, mídia,</p><p>instituições esportivas, organizações sociais etc.</p><p>Esses conhecimentos também integram a Sociologia, a Antropologia, a</p><p>Política, a Saúde Coletiva, a Epidemiologia, a Fisiologia e a Anatomia e se constituem</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>151</p><p>em um campo fértil para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares na</p><p>escola e que propiciam conexões da Educação Física com as problemáticas comuns</p><p>às outras disciplinas, tais como: saúde, meio ambiente, questões de gênero etc.</p><p>1- Práticas corporais sistematizadas e saúde;</p><p>2- Práticas corporais e sociedade.</p><p>O mapa no sentido transversal apresenta colunas que organizam os eixos</p><p>dos “saberes corporais” e “saberes conceituais”, apresentando no mapa seus</p><p>subeixos: saber para praticar/ praticar para conhecer e conhecimento técnico/</p><p>conhecimento crítico. Em cada subeixo são apresentadas duas colunas. Na primeira,</p><p>são detalhadas as competências a serem desenvolvidas e, ao lado aparecem os</p><p>conteúdos relacionados com sua aprendizagem.</p><p>Lembramos que as danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas são</p><p>manifestações culturais que devem ser valorizadas pela disciplina, na medida em</p><p>que, além de permitirem que os sujeitos vivenciem experiências ricas de cultura,</p><p>há nesta proposta a adoção de uma postura não preconceituosa e discriminatória</p><p>diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às</p><p>pessoas que dele fazem parte.</p><p>Cabe ao professor de Educação Física a atitude de respeito e acolhimento</p><p>das manifestações culturais de cada grupo, procurando compreender os processos</p><p>culturais vividos por eles, abertos às distintas manifestações culturais e acima de</p><p>tudo, vir a superar o daltonismo cultural, ou seja, a visão monocultural que muitas</p><p>vezes se encontra arraigada nas escolas que são carregadas de estereótipos que</p><p>construíram as diferenças e as desigualdades.</p><p>Trazemos agora a você, caro(a) acadêmico(a), sugestões de atividades</p><p>rítmicas e expressivas para contemplar a diversidade e logo após sugestões de</p><p>atividades para o Ensino Fundamental segundo segmento para serem tratadas em</p><p>projetos integrados (GONZÁLEZ e FRAGA, 2012, p. 60 -64):</p><p>• danças brasileiras: samba, baião, valsa, quadrilha, afoxé, catira,</p><p>bumba-meu- boi, maracatu,</p><p>xaxado etc.;</p><p>• danças urbanas: rap, funk, break, pagode, danças de salão;</p><p>• danças eruditas: clássicas, modernas, contemporâneas, jazz;</p><p>• danças e coreografias associadas a manifestações musicais: blocos de</p><p>afoxé, olodum, timbalada, trios elétricos, escolas de samba;</p><p>• lenga-lengas;</p><p>• brincadeiras de roda, cirandas;</p><p>• escravos-de-jó.</p><p>Acadêmico(a)! Neste momento, vamos apresentar a proposta organizada,</p><p>por González e Fraga (2012), em “mapas” já alinhados durante a leitura que</p><p>detalham os saberes corporais e conceituais e as suas devidas competências e</p><p>conteúdos da Educação Física entre o 6º e o 9º ano.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>152</p><p>1 ESPORTE</p><p>SABERES CORPORAIS</p><p>ESPORTE PARA SABER PATRICAR ESPORTE PARA CONHECER</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Usar de forma</p><p>proficiente</p><p>elementos</p><p>técnico táticos</p><p>básicos dos(s)</p><p>esporte(s)</p><p>de invasão</p><p>escolhido(s).</p><p>Intenções táticas básicas individuais dos</p><p>esportes de invasão:</p><p>- Procurar jogar com os companheiros.</p><p>-Quando receber a bola, procurar ficar de</p><p>frente para a meta adversária.</p><p>-Observar antes de agir (ler a situação do</p><p>jogo antes de passar, driblar! conduzir ou</p><p>lançar/chutar).</p><p>- Deslocar-se para receber.</p><p>-Quando estiver no papel de defensor,</p><p>posicionar-se entre o atacante direto e a</p><p>meta a ser defendida.</p><p>-Quando estiver no subpapel de</p><p>defensor do atacante sem posse de bola,</p><p>responsabiliza-se pelo adversário direto</p><p>(não é para seguir a bola).</p><p>Elementos técnico-táticos básicos dos(s)</p><p>esporte(s) de invasão escolhido(s)</p><p>Conhecer</p><p>esportes de</p><p>marca, técnico-</p><p>combinatórios,</p><p>de campo</p><p>e taco, com</p><p>rede divisória</p><p>ou parede de</p><p>rebote, e de</p><p>invasão</p><p>Lógica de</p><p>funcionamento</p><p>dos diferentes</p><p>tipos de esporte.</p><p>Técnicas esportivas</p><p>elementares dos</p><p>esportes de marca e</p><p>técnico-combinatórios</p><p>escolhidos.</p><p>Intenções tátivas e</p><p>elementos técno-</p><p>táticos dos esportes</p><p>de campo e taco, com</p><p>rede divisória ou</p><p>parede de rebote, e de</p><p>invasão escolhidos.</p><p>8º e 9º Usar de forma</p><p>proficiente</p><p>alguns elementos</p><p>técnico-táticos</p><p>avançados,</p><p>combinações</p><p>táticas</p><p>elementares e</p><p>básicas no(s)</p><p>esporte(s)</p><p>de invasão</p><p>escolhidos.</p><p>Atuar de forma</p><p>ajustada em</p><p>pelo menos</p><p>um sistema de</p><p>jogo de ataques</p><p>e defesa no(s)</p><p>esporte(s)</p><p>de invasão</p><p>escolhido(s)</p><p>Intenções técnico-táticas avançadas</p><p>individuais do esporte de invasão.</p><p>-Criar jogo em igualdade 1x1 (drible).</p><p>-Movimentar-se com trajetórias ofensivas</p><p>(quando ataca sem posse de bola).</p><p>-Utiliza fintas para sair da marcação</p><p>-Regular a distância sobre o atacante</p><p>direto em função da meta.</p><p>-Realizar marcação individual sobre o</p><p>atacante sem posse de bola, mas de "olho"</p><p>no atacante com posse de bola.</p><p>Elementos técnico-táticos individuais</p><p>avançados do(s) esporte(s) de invasão</p><p>escolhido(s)</p><p>Combinações táticas (CT)</p><p>-CT elementares ofensivas 2x1 e 3x2</p><p>-CT básica(s) do esporte(s) de invasão</p><p>escolhido(s)</p><p>Sestemas de jogo básicos:</p><p>-Defensivo por zona.</p><p>-Ofensivo Posicional (sistema de ataque</p><p>mais simples em que jogadores atuam a</p><p>posrtir de posições fixas).</p><p>Conhcer</p><p>esportes de</p><p>precisão, de</p><p>combate, com</p><p>rede divisória</p><p>ou parede de</p><p>rebote, e de</p><p>invasão</p><p>Lógica de</p><p>funcionamento dos</p><p>diferentes tipos de</p><p>esporte. Técnicas</p><p>esportivas elementares</p><p>dos esportes de</p><p>precisão escolhidos.</p><p>Intenções táticas e</p><p>elementos técnico-</p><p>táticos dos esportes</p><p>de combate, com rede</p><p>divisória ou parede de</p><p>rebote, e de invasão</p><p>escolhidos.</p><p>SABERES CONCEITUAIS</p><p>CONHECIMENTOS TÉCNICOS CONHECIMENTOS CRÍTICOS</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Diferenciar esportes de</p><p>outras manifestações</p><p>da cultura corporal de</p><p>movimeno.</p><p>Discemir as</p><p>modalidades esportivas</p><p>com base nos critérios</p><p>da lógica interna.</p><p>Classificar diferentes</p><p>modalidades de acordo</p><p>com o tipo de esporte.</p><p>Identificar e nomear</p><p>os elementos técnicos</p><p>ou técnico-táticos</p><p>individuais das</p><p>modalidades estudadas.</p><p>Conceito de esporte e de jogo</p><p>motor.</p><p>Transformação de jogos em</p><p>esporte.</p><p>Lógica interna e externa,</p><p>categorias e tipos de esporte.</p><p>Tipos de esportes que reúnem</p><p>diferentes modalidades.</p><p>Nomenclatura e características</p><p>das técnicas dos esportes de</p><p>marca e técnico-táticos dos</p><p>esportes de campo e taco, com</p><p>rede divisória ou parede rebote,</p><p>e de invasão escolhidos, tanto</p><p>para sber praticar quanto para</p><p>conhecer.</p><p>Localizar</p><p>culturalmente</p><p>as modalidades</p><p>esportivas</p><p>estruturadas.</p><p>Identificar locais</p><p>disponíveis</p><p>no "bairro" e</p><p>materiais (oficiais</p><p>e alternativos)</p><p>necessários para a</p><p>prática.</p><p>Contextualização das</p><p>modalidades estudadas:</p><p>origem, grupos sociais</p><p>envolvidos (praticantes,</p><p>espectadores) com as</p><p>práticas esportivas</p><p>estudadas.</p><p>Organização, condições</p><p>socioeconômicas e</p><p>estrutura física para</p><p>a prática esportiva e</p><p>organização social.</p><p>Transformação do</p><p>equipamento esportivo</p><p>(segurança, desempenho,</p><p>mercantilização).</p><p>-Características do</p><p>equipamento oficial.</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>153</p><p>2 GINÁSTICA – EXERCÍCIOS FÍSICOS</p><p>SABERES CORPORAIS</p><p>EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA SABER PATRICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA CONHECER</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Realizar o</p><p>aquecimento</p><p>de forma</p><p>adequada</p><p>antes do início</p><p>das práticas</p><p>corporais</p><p>sistematizadas</p><p>Exercícios de modalidade</p><p>articular, alongamento</p><p>e estimulação</p><p>cardiorrespiratória.</p><p>Perceber as</p><p>sensações corporais</p><p>produzidas por</p><p>exercícios que</p><p>demandam</p><p>diferentes</p><p>capacidades físicas.</p><p>Exercícios físicos de:</p><p>-Resistência aeróbica.</p><p>-Resisteência anaeróbica.</p><p>-Velocidade.</p><p>-Força.</p><p>-Força muscular</p><p>localizada.</p><p>-Flexibilidade</p><p>8º e 9º Realizar de</p><p>forma adequada</p><p>diferentes tipos</p><p>de exercício</p><p>físico para o</p><p>desenvolvimento</p><p>das capacidades</p><p>físicas básicas.</p><p>Exercícios de alongamento,</p><p>força, resistência muscular</p><p>localizada e resistência aeróbica.</p><p>Conhecer, em</p><p>linhas gerais, os</p><p>programas de</p><p>exercícios físicos</p><p>mais populares da</p><p>região (musculação,</p><p>ginástica aeróbica,</p><p>ginastica localizada,</p><p>step).</p><p>Aquecimento específico,</p><p>exercícios básicos,</p><p>alongamentos específicos</p><p>utilizados no(s)</p><p>programa(s) de exercícios</p><p>físicos escolhidos para</p><p>estudar o tema.</p><p>SABERES CONCEITUAIS</p><p>CONHECIMENTOS TÉCNICOS CONHECIMENTOS CRÍTICOS</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Diferenciar o</p><p>conceito "exercício</p><p>físico" no conjunto</p><p>de conceitos</p><p>utilizados para</p><p>descrever as</p><p>manifestações da</p><p>cultura corporal do</p><p>movimento.</p><p>Compreender</p><p>os fundamentos</p><p>da realização</p><p>do aquecimento</p><p>antes de iniciar as</p><p>práticas corporais</p><p>intensas.</p><p>Diferenciar as</p><p>capacidades físicas</p><p>e estabelecer</p><p>vínculos com o tipo</p><p>de exercício físico</p><p>realizado</p><p>Conceito de exercício dísico</p><p>e atividade física</p><p>Aquecimento:</p><p>-Funções de prevenção</p><p>de lesões e melhora do</p><p>desempenho.</p><p>-Tipos geral e específico.</p><p>-Critérios para realização do</p><p>aquecimento geral.</p><p>Conceitos e características</p><p>das capacidades físicas,</p><p>resistência (aeróbica e</p><p>anaeróbica), força muscuar,</p><p>resistência musculas</p><p>localizada, velocidade,</p><p>flexibilidade, agilidade e</p><p>coordenação (geral).</p><p>8º e 9º Reconhecer e utilizar</p><p>indicadores básicos</p><p>de diagnósticos das</p><p>capacidades físicas.</p><p>Identificar as</p><p>caracteristicas</p><p>principais dos</p><p>programas de</p><p>exercícios físicos mais</p><p>populares da região.</p><p>Frequência cardíaca (máxima,</p><p>mínima, repouso)</p><p>Frequência respiratória.</p><p>Tipos de fadigas produzidas</p><p>pelo exercício.</p><p>Exercícios predominantes,</p><p>exercícios especiais, capacidades</p><p>físicas demandadas,</p><p>organização da sessão de</p><p>treinamento, intervalos da</p><p>recuperação recomendados.</p><p>Problematizar a</p><p>prática excessiva</p><p>de exercícios</p><p>físicos e o uso de</p><p>medicamentos</p><p>para a ampliação</p><p>do rendimento ou</p><p>potencialização do</p><p>desenvolvimento</p><p>corporal.</p><p>A prática excessiva de</p><p>exercícios:</p><p>- características e</p><p>consequências.</p><p>Medicamentos</p><p>(anabólicos)</p><p>exercícos físicos e</p><p>formas corporais:</p><p>-Anabólicos,</p><p>-Suplementos</p><p>alimentares.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>154</p><p>3 LUTAS</p><p>SABERES CORPORAIS</p><p>LUTAS PARA SABER PRATICAR LUTAS PARA CONHECER</p><p>Competências Conteúdo Competências Conteúdo</p><p>8º e 9º Jogar capoeira</p><p>estreito orifício de um anel, vestindo um cinto de couro, a bola</p><p>não podia encostar no corpo do atleta. O tlachtli é, primeiramente, um drama</p><p>sagrado antecedendo um sacrifício sangrento, uma representação cosmográfica,</p><p>em que a bola com saltos aéreos figura a caminhada do sol. O jogo realiza</p><p>essencialmente a encenação do movimento cósmico. Os astecas pensam todos</p><p>os movimentos sobre o modelo da bola que parece assim de essência lúdica. A</p><p>energia se esgota com o ir dessa bola que os jogadores lançam perpetuamente,</p><p>até a morte sacrifical de um deles.</p><p>FONTE: Disponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra13/teotlachtli.htm>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2015.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>8</p><p>FIGURA 4 - JOGO DE PELOTAS</p><p>Representação de como era jogado</p><p>o Tlachtli na maioria dos lugares. Hoje só é</p><p>possível ver o jogo original no parque temático</p><p>de XCaret.</p><p>FONTE: Disponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra13/teotlachtli.htm>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2015.</p><p>Os astecas acreditavam que este jogo representava uma regeneração</p><p>cósmica indispensável à sobrevivência da sociedade.</p><p>Segundo Brougère (1998, p. 43):</p><p>O jogo tem uma função social, um sentido social através de uma</p><p>especificidade caracterizada pelo “como se”, pelo fingimento. Antes de</p><p>ser a atividade principal das crianças, a simulação lúdica parece ser um</p><p>meio de expressão cultural, uma linguagem, até mesmo um ato eficaz</p><p>de relação da sociedade com o sobrenatural, mesmo que usos profanos</p><p>possam existir paralelamente.</p><p>Nesse sentido, vale ressaltar que, com o passar dos anos, os costumes</p><p>iniciais foram se difundindo a novas culturas e novos conceitos, entretanto, outros</p><p>ainda se mantêm até os dias atuais.</p><p>Nos tempos modernos o jogo passou a ser visto como o centro da</p><p>constituição de uma identidade, e nesse sentido ele é um espaço de aprendizagem,</p><p>apesar de sua aparência de desordem e mesmo de violência. Nessa fase, pode-se</p><p>observar a separação do jogo e da religião, é nessa fase que o jogo começa a ser</p><p>visto como lúdico. (BROUGÈRE, 1998).</p><p>O autor ainda coloca que, a não seriedade do jogo é talvez resultado de um</p><p>processo histórico. Cada povo, cada cultura tem uma forma de interpretar e ver o</p><p>jogo.</p><p>De acordo com Kishimoto (2004, p. 15), “é muito complexo definir jogo,</p><p>brinquedo e brincadeira. Uma mesma conduta pode ser jogo ou não jogo em</p><p>diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído. Isso porque o que</p><p>para uns é lúdico (uma diversão) para outros é visto como algo sério”.</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>9</p><p>3 CONCEITUANDO O JOGO</p><p>Mas o que é jogo, afinal?</p><p>A palavra jogo é originária do latim: iocus, iocare e significa brinquedo,</p><p>folguedo, divertimento, passatempo sujeito a regras, ou até mesmo uma série</p><p>de coisas que formam uma coleção.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioetimologico.com.br/jogo/>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2015.</p><p>Vamos conhecer a definição de jogo, segundo o dicionário Houaiss, (2003,</p><p>p. 400):</p><p>1 – agitação: movimento, oscilação; 2 – aposta: lance, mão, parada,</p><p>partida; 3 – ardil: astúcia, 4 – balanço: oscilação; 5 – brincadeira: folguedo,</p><p>folia, reinação; 6 – coleção: conjunto; 7 – combate: certame, luta, peleja,</p><p>pugna; 8 – diversão: divertimento; 9 – escárnio: gracejo, motejo, troça,</p><p>zombaria; 10 – funcionamento: movimento; 11 – inconstância: capricho,</p><p>instabilidade, irregularidade, variabilidade, volubilidade, constância,</p><p>e variabilidade, regularidade; 12 – joguete: ludibrio; 13 – manejo:</p><p>manobra, manuseio; 14 – movimento: destreza, habilidade, mobilidade;</p><p>15 – partida: certame, competição, espetáculo, peleja, jogo de cartas:</p><p>carteado.</p><p>Ao longo de décadas muitos teóricos vêm realizando pesquisas no sentido</p><p>de aprofundar e buscar respostas acerca deste tema.</p><p>Para Kishimoto (2004), tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se</p><p>pronuncia a palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-</p><p>se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais, amarelinha ou</p><p>xadrez etc. Por exemplo, no faz de conta, há forte presença da situação imaginária;</p><p>no jogo de xadrez, regras padronizadas permitem a movimentação das peças.</p><p>Para Huizinga (2007, p. 3) “o jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta,</p><p>mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe a sociedade humana; mas,</p><p>os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica”.</p><p>O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro</p><p>de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras</p><p>livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um</p><p>fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e</p><p>de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. (HUIZINGA,</p><p>2007, p. 33).</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>10</p><p>Ainda segundo Huizinga (2007, p. 14), “Todo o jogo tem regras”. E precisam</p><p>ser respeitadas por todos os participantes em qualquer situação.</p><p>Para Caillois (1990, p. 29-30), o jogo pode ser encarado essencialmente</p><p>como uma atividade:</p><p>1. Livre: uma vez que, se o jogador fosse a ela obrigado, o jogo perderia</p><p>de imediato a sua natureza de diversão atraente e alegre.</p><p>2. Delimitada: circunscrita a limites de espaço e de tempo, rigorosa e</p><p>previamente estabelecidos.</p><p>3. Incerta: já que o seu desenrolar não pode ser determinado nem o</p><p>resultado obtido previamente, e já que é obrigatoriamente deixada à</p><p>iniciativa do jogador uma certa liberdade na necessidade de inventar.</p><p>4. Improdutiva: porque não gera bens, nem riquezas nem elementos</p><p>novos de espécie alguma; e, salvo alteração de propriedade no interior</p><p>do círculo dos jogadores, conduz a uma situação idêntica à do início da</p><p>partida.</p><p>5. Regulamentada: sujeita a convenções que suspendem as leis normais</p><p>e que instauram momentaneamente uma legislação nova, a única que</p><p>conta.</p><p>6. Fictícia: acompanhada de uma consciência específica de uma realidade</p><p>outra, ou de franca irrealidade em relação à vida normal.</p><p>Pode-se pensar, a priori, que cada cultura define uma esfera do jogo a partir</p><p>de uma rede de analogias e de uma experiência dominante, de determinados traços</p><p>que não são necessariamente idênticos aos nossos. (BROUGÈRE, 1998).</p><p>Vamos observar o quadro “Jogos Infantis” pintado por Pieter Brueghel</p><p>em 1560, ele apresenta uma série de atividades recreativas. Olhando atentamente,</p><p>podemos perceber que geralmente eram realizadas em dupla ou grupos.</p><p>O belga Pieter Bruegel foi um importante artista do século XVI, e em 1560</p><p>ele pintou uma de suas grandes obras, chamada Jogos Infantis. A tela mostra 250</p><p>crianças brincando pelas ruas em 84 brincadeiras diferentes.</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>11</p><p>FIGURA 5 – JOGOS INFANTIS DO FLAMENGO PIETER BRUEGHEL (1525-1569)</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.rupert.id.au/TJ521/bruegel_la.jpg>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2015.</p><p>Todo jogo tem regras, elas podem ser alteradas ou não, os participantes</p><p>podem tomar essa decisão antes de iniciar o jogo. Vale ressaltar que, há jogos</p><p>“oficiais” que devem seguir à risca as regras e estas só podem ser alteradas com</p><p>antecedência e em comum acordo pelos responsáveis. Por exemplo: As regras</p><p>oficiais do futebol brasileiro só podem ser alteradas pela Confederação Brasileira</p><p>de Futebol.</p><p>4 ANTROPOLOGIA DOS BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>Filho(a), vamos ao shopping comprar aquele brinquedo que você tanto quer?</p><p>Nem sempre foi assim, não encontrávamos brinquedos expostos em</p><p>prateleiras, nas lojas, supermercados ou na feirinha da esquina. Antigamente eles</p><p>eram feitos manualmente pelos pais, avós e repassados de geração em geração.</p><p>Usavam objetos simples que encontravam no lugar onde viviam, nada de luxo e</p><p>sim muito amor e carinho em cada detalhe.</p><p>Segundo Ribeiro (2011, p. 60)</p><p>UNIDADE</p><p>de</p><p>forma elementar</p><p>Cantar e</p><p>acompanhar</p><p>o ritmo das</p><p>cantigas nas</p><p>rodas de</p><p>capoeira.</p><p>Roda de capoeira (rituais e códigos)</p><p>Principais táticos elementares:</p><p>-Movimentação contínua e</p><p>diferenciada em diferentes ritmos</p><p>-Circularidade da movimentação.</p><p>-Mudanças de direção</p><p>-Paradas momentâneas/breves,</p><p>mudanças de rítmo repentino.</p><p>-Aprecias as distâncias conforme o</p><p>contexto do jogo.</p><p>-Contragolpear</p><p>Elementos técnicos básicos:</p><p>A ginga</p><p>Ataque e defesa:</p><p>-Aú</p><p>-Benção</p><p>-Chapa de costas</p><p>-Meia-lua</p><p>-Martelo de chão</p><p>-Meia-lua de compasso</p><p>-Rato de arraia</p><p>-Negativas</p><p>-Esquivas</p><p>Acrobacias:</p><p>-Queda de rim</p><p>-Para de mão (brincadeira)</p><p>-Parada de cabeça</p><p>-Macaco</p><p>-Rolé</p><p>Ritmo, músicas, cantigas, uso dos</p><p>instrumentos</p><p>Conhecer</p><p>diversas formas</p><p>de interação entre</p><p>os adversários</p><p>nas lutas.</p><p>Conhecer</p><p>modalidades</p><p>vinculadas a</p><p>distintos tipos</p><p>de lutas, tanto</p><p>de caráter</p><p>esportivo (caratê,</p><p>judô, taekwondo)</p><p>quando não</p><p>esportivo (djaussi,</p><p>huka-huka, krav</p><p>maga).</p><p>Técnicas,</p><p>táticas e</p><p>estratégias</p><p>elementares de</p><p>desequilibrio,</p><p>imobilização,</p><p>exclusão</p><p>de espaços</p><p>delimitados.</p><p>Regras,</p><p>normas e</p><p>elementos das</p><p>modalidades</p><p>escolhidas para</p><p>estudar o tema.</p><p>SABERES CONCEITUAIS</p><p>CONHECIMENTOS TÉCNICOS CONHECIMENTOS CRÍTICOS</p><p>Competências Conteúdo Competências Conteúdo</p><p>8º e 9º Reconhecer distintas formas</p><p>de ação sobre o corpo do</p><p>adversário.</p><p>Identificaros conceitos</p><p>vinculadosao mundo das</p><p>lutas.</p><p>Reconhecer semelhanças</p><p>entre as lutas com base em</p><p>critérios das lógicas internas</p><p>e externas.</p><p>Identificar as características</p><p>das lutas escolhidas para</p><p>estudar o eixo.</p><p>Reconhecer as</p><p>particularidades da</p><p>indumentária, materiais,</p><p>instalações, instituições</p><p>relacionadas à capoeira e às</p><p>modalidades escolhidas para</p><p>estudar lutas.</p><p>Conceitos: desequilíbrio,</p><p>imobilização, exclusão, ataque,</p><p>defesa, contra-ataque.</p><p>Conceitos: artes marciais,</p><p>esportes de combate, técnicas</p><p>de defesa pessoal.</p><p>Lógica externa: artes marciais,</p><p>técnicas de defessa pessoal;</p><p>contexto de criação; lugar de</p><p>origem.</p><p>Lógica interna: tipo de</p><p>domínio corporal visado;</p><p>tipo de interação permitida/</p><p>privilegiada, distância de</p><p>combate, etc.</p><p>Regras, normas, elementos</p><p>ténico-táticos e estratégias</p><p>de enfrentamento das lutas</p><p>escolhidas para conhcer.</p><p>Diferenciar e</p><p>problematizar a</p><p>relação lutas, brigas e</p><p>violência.</p><p>Compreender as lutas</p><p>como manifestações</p><p>culturais produzidas</p><p>por grupos sociais</p><p>em determinados</p><p>períodos e</p><p>circunstâncias</p><p>históricas.</p><p>Entender o processo</p><p>de esportivização das</p><p>lutas.</p><p>Identificar e valorizar</p><p>a capoeira como uma</p><p>técnica de defesa e</p><p>uma manifestação</p><p>corporal conectada</p><p>a outras dimensões</p><p>culturais de um grupo</p><p>social específico.</p><p>Luta, briga,</p><p>violência. As lutas</p><p>como manifestação</p><p>cultural.</p><p>Contextualização</p><p>das modalidades de</p><p>lutas selecionadas</p><p>para estudar.</p><p>Origem social</p><p>das lutas.</p><p>Transformação do</p><p>sentido da prática.</p><p>Esportivização da</p><p>lutas.</p><p>História da</p><p>capoeira.</p><p>Escravidão no</p><p>Brasil.</p><p>Resistência à</p><p>escravidão.</p><p>Manutenção de</p><p>comunidades livres.</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>155</p><p>4 PRÁTICAS CORPORAIS SISTEMATIZADAS E SAÚDE</p><p>Implicações orgânicas da relação atividade</p><p>física/saúde</p><p>Implicações socioculturais da</p><p>relação atividade física/saúde</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Diferenciar o conceito de</p><p>atividade física no conjunto</p><p>de termos utilizados para</p><p>descrever as manifestações</p><p>da cultura corporal do</p><p>movimento</p><p>Entender e observar os</p><p>cuidados básicos vinculados</p><p>à alimentação e à hidratação</p><p>antes, durante e depois da</p><p>realização do esforço físico.</p><p>Reconhecer as</p><p>principais adaptações</p><p>do funcionamento do</p><p>organismo durante o esforço</p><p>físico.</p><p>Conceito de atividade física e</p><p>exercício físico.</p><p>Alimentação antes, durante e</p><p>depois de esforço físico.</p><p>Noções de hidratação relativas</p><p>ao exercício físico.</p><p>Principais adaptações do</p><p>funcionamento do organismo</p><p>durante a atividade física:</p><p>-Frequência cardíaca.</p><p>-Frequência respiratória.</p><p>-Sinais exteriores de fadiga</p><p>e suas relações com as</p><p>funções cardiorrespiratórias e</p><p>muscular.</p><p>Copreender a saúde</p><p>e doença como um</p><p>processo indissociável,</p><p>atravessado por</p><p>fatores orgânicos,</p><p>econômicos, culturais</p><p>e sociais.</p><p>Entender a atividade</p><p>física/prática corporal</p><p>como um fato, entre</p><p>muitos outros,</p><p>vinculado ao processo</p><p>saúde-doença.</p><p>Fatores que afetam</p><p>o processo saúde-</p><p>doença.</p><p>Políticas da</p><p>promoção da</p><p>atividade física/</p><p>práticas corporais</p><p>e diversas práticas</p><p>de cuidade</p><p>(individuais e</p><p>coletivas) em saúde.</p><p>Reconhecer a</p><p>combinação de</p><p>manifestações presentes</p><p>na capoeira, códigos,</p><p>rituais e elementos</p><p>técnicos-táticos comuns a</p><p>diferentes estilos (angola</p><p>e regional).</p><p>Refletir sobre as letras</p><p>e cantigas comumente</p><p>usadas em rodas de</p><p>capoeira.</p><p>Distinguir os</p><p>instrumentos utilizados</p><p>nas rodas de capoeiras e</p><p>os sons produzidos por</p><p>eles.</p><p>Indumentária, materiais</p><p>(convencionais e</p><p>alternativos), instalações</p><p>(oficiais e alternativas),</p><p>instituições (federações,</p><p>associações, etc.) das lutas</p><p>estudadas.</p><p>Capoeira como dança,</p><p>jogo, luta.</p><p>Roda de capoeira (rituais e</p><p>códigos).</p><p>Hierarquias entre os</p><p>praticantes.</p><p>Classificação dos</p><p>elementos técnicos.</p><p>Cantigas populares de</p><p>capoeira (ladainhas, chulas</p><p>ou quadras e corridos.)</p><p>Instrumentos: berimbau,</p><p>atabaque, pandeiro, reco-</p><p>reco, agogô.</p><p>Refletir sobre a</p><p>transformação</p><p>da inserção</p><p>social da</p><p>capoeira na</p><p>sociedade</p><p>brasileira.</p><p>Contextualizar</p><p>criticamente</p><p>as letras das</p><p>cantigas mais</p><p>populares no</p><p>mundo da</p><p>capoeira.</p><p>Dança e religição</p><p>dos povos africanos</p><p>escravizados</p><p>expressa na</p><p>capoeira.</p><p>Discriminação/</p><p>Criminalização.</p><p>Sistematização/</p><p>Popularização.</p><p>Institucionalização.</p><p>Funções básicas das</p><p>cantigas:</p><p>ritualísticas,</p><p>mantenedora das</p><p>tradições e ética.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>156</p><p>5 PRÁTICAS CORPORAIS E SOCIEDADE</p><p>FONTE: González e Fraga (2012)</p><p>8º e 9º Entender a participação</p><p>dos diferentes sistemas</p><p>e estruturas na</p><p>manutenção da postura e</p><p>produção do movimento.</p><p>Compreender as relações</p><p>entre atividade física,</p><p>recuperação, repouso,</p><p>alimentação e hidratação.</p><p>Compreender e</p><p>Identificar a relação entre</p><p>movimentos corporais</p><p>respectivos e danos ao</p><p>sistema osteomuscular.</p><p>Conhecer e interpretar</p><p>indicadores básicos da</p><p>composição corporal.</p><p>Sistema musculoarticular em</p><p>relação às práticas coporais.</p><p>Sistema cardiovascular e</p><p>respiratório em relação às</p><p>práticas corporais.</p><p>Sistema nervoso e regulação</p><p>do movimento humano.</p><p>Efeitos da atividade física</p><p>sobre o organismo:</p><p>-Adaptações dos aparelhos</p><p>e sistemas orgânicos da</p><p>atividade física.</p><p>-Atividade física, recuperação,</p><p>repouso, alimentação e</p><p>hidratação.</p><p>-Equilibração energético e</p><p>peso corporal.</p><p>Postura corporal.</p><p>Desvios posturais e patologias</p><p>da coluna.</p><p>Avaliação postural (orientação</p><p>e prevenção)</p><p>Lesões por Esforços</p><p>Repetitivos (LER) e Disturbios</p><p>Osteomusculares Relacionados</p><p>ao Trabalho (DORT) Indice de</p><p>massa corporal(MC) .</p><p>Relação Cintura Quadril</p><p>(RCQ).</p><p>Compreender</p><p>que a saúde é</p><p>produzida nas</p><p>relações com</p><p>o meio físico,</p><p>econômico e</p><p>sociocultural,</p><p>identificando</p><p>fatores de risco</p><p>à saúde pessoal</p><p>e coletiva</p><p>presentes no</p><p>meio em que se</p><p>vive. Entender a</p><p>prática regular</p><p>de exercícios</p><p>físicos em sua</p><p>relação com</p><p>a saúde na</p><p>compexidade</p><p>de fatores</p><p>individuais e</p><p>coletivos.</p><p>Problematizar</p><p>a relação causa/</p><p>efeito entre</p><p>prática regular</p><p>de atividades</p><p>físicas e saúde.</p><p>Relação entre saúde</p><p>pessoal e saúde</p><p>coletiva:</p><p>-Saúde e meio físico</p><p>-Saúde e</p><p>desenvolvimento</p><p>econômico.</p><p>Saúde e trabalho.</p><p>-Saúde e acesso à</p><p>serviços do saúde.</p><p>Multiplicidade dos</p><p>fatores que afetam</p><p>a saúde e a relação</p><p>com exercícios</p><p>físicos.</p><p>Relação causa/</p><p>efeito:</p><p>"atividade física</p><p>leva à saúde"?</p><p>Ou saúde leva à</p><p>atividade física?</p><p>Atividades físicas e</p><p>saúde: benefícios.</p><p>riscos, indicações e</p><p>contraindicações.</p><p>Práticas corporais como manifestação</p><p>cultural</p><p>Corpo e Sociedade</p><p>Competência Conteúdo Competência Conteúdo</p><p>6º e 7º Reconhecer</p><p>práticas corporais</p><p>sitematizadas</p><p>que compõem</p><p>a Cultura do</p><p>Movimento</p><p>e entender</p><p>a</p><p>Educação Física</p><p>como a disciplina</p><p>responsável pelo</p><p>estudo dessa</p><p>dimensão.</p><p>Descrição e formas das práticas</p><p>corporais sistematizadas:</p><p>-Esporte.</p><p>-Jogo motor.</p><p>-Lutas.</p><p>-Ginástica: acrobacias</p><p>-Ginástica: exercícios físicos;</p><p>-Ginástica: Práticas corporais</p><p>introspectivas.</p><p>Dança (expressão corporal).</p><p>-Práticas coporais junto à natureza;</p><p>-Programas de exercícios físicos.</p><p>Educação Física como disciplina</p><p>escolar.</p><p>Entender os</p><p>significados sociais</p><p>atribuídos às</p><p>modificações corporais</p><p>nas diferentes fases</p><p>da vida: infância,</p><p>adolescência,</p><p>maturidade e</p><p>velhice. Identificar</p><p>as práticas de vestir</p><p>e problematizar as</p><p>"marcas" que "fazem a</p><p>cabeça" da população</p><p>em cada fase da vida.</p><p>O tempo do corpo:</p><p>infância, adolescência,</p><p>maturidade e velhice.</p><p>Noções de corpo</p><p>em movimento e</p><p>padrões de beleza em</p><p>diferentes fases da</p><p>vida.</p><p>Práticas de vestir</p><p>(indumentária)</p><p>e "marcas" de</p><p>pretencimento.</p><p>8º e 9º Reconhecer</p><p>instituições sociais</p><p>contemporâneas</p><p>vinculadas à</p><p>organização/</p><p>oferta de</p><p>práticas coporais</p><p>sistematizadas.</p><p>Conhecer os</p><p>princípios básicos</p><p>do Sistema</p><p>nacional de</p><p>Esporte e Lazer.</p><p>Contextualizar os</p><p>grandes eventos</p><p>esportivos</p><p>Instituição do Estado (Mnistério</p><p>do Esporte, Fundação de Esporte</p><p>e Lazer; Conselho Municipal</p><p>de Esporte e Lazer; Instituições</p><p>comunitárias, associações privadas.</p><p>Sistema Nacional de Esporte e Lazer.</p><p>Grandes eventos esportivos: Copa</p><p>do mundo; jogos Olímpicos, Jogos</p><p>paraolímpicos,Pan-americano, etc.</p><p>Conhecer algumas</p><p>noções de corpo</p><p>em movimento e os</p><p>padrões de beleza que</p><p>marcaram a época.</p><p>Diferenciaras práticas</p><p>de vestir em diferentes</p><p>épocas e identificar</p><p>os tipos de exigências</p><p>em relação ao uso de</p><p>uniforme.</p><p>Corpos de</p><p>antigamente:</p><p>-Noções de copor</p><p>em movimento e</p><p>padrões de beleza em</p><p>diferentes movimentos</p><p>históricos.</p><p>Práticas de vestir e</p><p>uso de uniformes em</p><p>outros tempos.</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>157</p><p>Assim, acadêmico(a), o professor precisa ter um olhar atento e escolher</p><p>conteúdos que irão contribuir na formação crítica e reflexiva do educando.</p><p>Diante disto, percebemos que a interdisciplinaridade não é uma justaposição</p><p>ou articulação de disciplinas ou conteúdos, mas sim, que o professor utilize os</p><p>conceitos e os conteúdos de outras disciplinas para fundamentar a sua.</p><p>4 A ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA POR</p><p>PROJETO DE TRABALHO</p><p>O Projeto de trabalho não é um instrumento novo, pelo contrário, John</p><p>Dewey (1859-1952) iniciou este método na Pedagogia, em uma Escola Experimental</p><p>da Universidade de Chicago. Mas, quem nos auxiliará neste processo são os</p><p>autores Fernando Hernández e Montserrat Ventura, idealizadores deste projeto,</p><p>que descreveram as facetas da experiência educativa da Escola Pompeu Fabra, de</p><p>Barcelona.</p><p>Assim, o processo de introdução e desenvolvimento que inspira os</p><p>Projetos de Trabalho, está vinculado à perspectiva do conhecimento globalizador</p><p>e relacional. Conforme Hernández e Ventura (1998, p. 61, grifo nosso), “indicam a</p><p>função do projeto como: o tratamento da informação; a relação entre os diferentes</p><p>conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a</p><p>construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos</p><p>diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio”.</p><p>E com relação à sua organização o projeto segue um determinado eixo, ou</p><p>seja, um fio condutor que seria a definição de um conceito, um problema geral ou</p><p>particular; um conjunto de perguntas inter-relacionadas, uma temática.</p><p>Nesse sentido, a organização dos Projetos de trabalho está fundamentada</p><p>na globalização, entendida como um processo muito mais interno do que externo,</p><p>em que as relações entre conteúdos e áreas do conhecimento são fundamentais</p><p>para atender uma série de problemas que subjazem na aprendizagem.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Podemos perceber que o aluno é o protagonista do processo ensino-</p><p>aprendizagem. Assim, reflita e escreva sobre a relação professor e aluno neste</p><p>processo.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>158</p><p>A aprendizagem, nos projetos de trabalho, está pautada em sua</p><p>significatividade, dando forma e conteúdo ao processo de ensino em sala de aula.</p><p>Globalização e significatividade são, pois, dois aspectos essenciais que se</p><p>plasmam nos Projetos. É necessário destacar o fato de que as diferentes</p><p>fases e atividades que se devam desenvolver num Projeto ajudam os</p><p>alunos a serem conscientes de seu processo de aprendizagem e exige do</p><p>professorado responder aos desafios que estabelece uma estruturação</p><p>muito mais aberta e flexível dos conteúdos escolares. É importante</p><p>constatar que a informação necessária para construir os Projetos não</p><p>está determinada de antemão, nem depende do educador ou do livro-</p><p>texto, está sim em função do que cada aluno já sabe sobre um tema e</p><p>da informação com a qual se possa relacionar dentro e fora da escola</p><p>(HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p. 65).</p><p>Esses aspectos visualizados no projeto possuem características peculiares,</p><p>senão, vejamos a maneira como a organização do currículo por projetos de</p><p>trabalho ocorre na escola.</p><p>QUADRO 3 - CURRÍCULO POR PROJETOS DE TRABALHO</p><p>ELEMENTOS PROJETOS</p><p>Modelo de aprendizagem</p><p>Temas trabalhados</p><p>Decisão sobre que temas</p><p>Função do professorado</p><p>Sentido da globalização</p><p>Modelo curricular</p><p>Papel dos alunos</p><p>Tratamento da</p><p>Informação</p><p>Técnicas de trabalho</p><p>Procedimentos</p><p>Avaliação</p><p>Significativa</p><p>Qualquer tema</p><p>Por argumentação</p><p>Estudante, intérprete</p><p>Relacional</p><p>Temas</p><p>Copartícipe</p><p>Busca-se com o</p><p>professorado</p><p>Índice, síntese,</p><p>conferências</p><p>Relação entre fontes</p><p>Centrada nas relações e</p><p>nos procedimentos</p><p>FONTE: Adaptado de Hernández; Ventura (1998, p. 65)</p><p>TÓPICO 1 | JOGOS E BRINCADEIRAS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR</p><p>159</p><p>Assim, o desenvolvimento do projeto surge a partir de uma problemática</p><p>de interesse de um grupo de alunos, envolvendo-se em coautoria no processo</p><p>educacional. Hernández e Ventura (1998, p. 66, grifos nosso) destacam alguns</p><p>aspectos que podem ser abordados em cada turma ou série, vejamos:</p><p>Escola Infantil ‒ 5 anos: definir a funcionalidade de objetos e fatos.</p><p>1ª Série do Ensino Fundamental: explicar os processos de transformação</p><p>que agem nos objetos, fatos e problemas.</p><p>2ª Série do Ensino Fundamental: estabelecer relações causais ou</p><p>funcionais sobre os fatos ou as informações estudadas.</p><p>3ª, 4ª, 5ª, 6ª séries do Ensino Fundamental: abordar a informação</p><p>apresentada em sala de aula de maneira que os alunos cheguem a</p><p>ordená-la, valorizá-la e inferir dela novos sentidos, significados ou</p><p>referências.</p><p>7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental: realizar gradualmente um</p><p>processo de mudança que conduza os alunos da descrição da informação</p><p>à sua explicação relacional.</p><p>Desta forma, perceba que o professor que trabalha com projetos rompe</p><p>o esquema tradicional do ensino por disciplinas e possibilita reunir o que já foi</p><p>aprendido pelo aluno em vários campos do conhecimento. Assim, conforme</p><p>Hernández e Ventura (1998, p. 68) a função primordial do docente “é mostrar ao</p><p>grupo ou fazê-lo descobrir as possibilidades do projeto proposto (o que se pode</p><p>conhecer), para superar o sentido de querer conhecer o que já sabem”.</p><p>Então por que trabalhar com projetos de trabalho?</p><p>FIGURA 44 - POR QUE TRABALHAR COM PROJETOS?</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.ceinet.com.br/ensino-fundamental/construindo-</p><p>conhecimento>. Acesso em: 9 jun. 2015.</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>160</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Para refletir a partir das leituras feitas até aqui, podemos verificar que nas</p><p>escolas os professores muitas vezes, seguem modelos prontos (projetos prontos)</p><p>sem terem participado da sua construção. Qual a sua opinião a respeito disso?</p><p>Em síntese, podemos perceber que um projeto pode ser construído por</p><p>meio das seguintes etapas:</p><p> Escolha do tema.</p><p>	Problematização e levantamento de hipóteses.</p><p> Revisão dos conhecimentos prévios dos alunos acerca do tema.</p><p>	Definição dos objetivos de aprendizagem</p><p>e dos conteúdos a serem trabalhados.</p><p>	Planejamento das ações pedagógicas e encerramento.</p><p>Portanto, é necessário que o professor, sendo este de Educação Física, Arte,</p><p>Educação Infantil, Ensino Médio, entre outros, crie e perceba na ação pedagógica</p><p>as experiências complexas que impulsionarão a curiosidade epistemológica, como</p><p>já dizia Paulo Freire (1996), “é necessário pensar em um currículo que é elaborado</p><p>na ação, que seja significativo para as crianças e também para os professores”.</p><p>NOTA</p><p>Curiosidade epistemológica, como diz Paulo Freire (1996, p. 98) é o “exercício da</p><p>curiosidade que convoca a imaginação, a intuição, as emoções [...]”.</p><p>161</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Na antiguidade os jogos eram partilhados por adultos que traziam em si a</p><p>representação da forma tradicional de viver e compreender a existência.</p><p>• Com a modernidade o brincar ficou relacionado ao tempo vago e ao ócio,</p><p>permitido somente às crianças, e sob severa vigilância.</p><p>• Os jogos tradicionais foram deixados de herança à criança moderna e neles estão</p><p>contidas muito da cultura popular, que com o passar dos anos foi recebendo</p><p>da escola, um “tratamento pedagógico”, e muito de sua originalidade foi se</p><p>perdendo.</p><p>• A importância da classificação dos jogos consiste em compreender sua temática</p><p>e sua dinâmica.</p><p>• Compreendemos que toda brincadeira possui regras ocultas que compõe uma</p><p>situação imaginária, esses momentos são concomitantes na realização do brincar</p><p>e favorecem o processo de aprendizagem infantil à medida que proporciona</p><p>autonomia para a criança dirigir seu próprio comportamento não somente pela</p><p>percepção imediata dos objetos, ou pela situação que a afeta de imediato, mas</p><p>também pelo significado dessa situação.</p><p>• Jogos de regras são aqueles que combinam aspectos motores exploratórios</p><p>(movimento corporal e sensações) e/ou aspectos intelectuais, com competição</p><p>dos jogadores e regras preestabelecidas.</p><p>• Os jogos e suas principais características são: a liberdade de ação do jogador, ou</p><p>seja, o caráter voluntário; o prazer ou desprazer que o jogo pode proporcionar,</p><p>o caráter não sério, ou o efeito positivo; as regras que podem ser implícitas ou</p><p>explícitas, o caráter improdutivo e a incerteza dos resultados.</p><p>• A interdisciplinaridade acontece quando as metodologias e conhecimentos de</p><p>outras disciplinas podem ser utilizados por professores de diversas áreas do</p><p>conhecimento.</p><p>• A organização dos Projetos de trabalho está fundamentada na globalização,</p><p>entendida como um processo muito mais interno do que externo, no qual</p><p>as relações entre conteúdos e áreas do conhecimento são fundamentais para</p><p>atender uma série de problemas que subjazem na aprendizagem.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>162</p><p>1 Faça um projeto de trabalho (simulado), contendo as características</p><p>fundamentais para a sua construção.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>163</p><p>TÓPICO 2</p><p>PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS</p><p>MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Neste momento temos como intenção contribuir com o processo de formação</p><p>do professor de Educação Física ampliando seu conhecimento sobre os jogos e</p><p>as brincadeiras e suas possibilidades de ensino enquanto recursos metodológicos</p><p>para a Educação Infantil e Ensino Fundamental.</p><p>Nosso objetivo é levar você a promover relações de cooperação entre as</p><p>crianças, assim como seu desenvolvimento de forma prazerosa e proveitosa,</p><p>identificando no decurso das atividades sugeridas, supostos problemas</p><p>socioculturais e educacionais que possam estar presentes.</p><p>2 A PRÁTICA PROFISSIONAL EM ATIVIDADES RECREATIVAS</p><p>Vamos para as sugestões de jogos e brincadeiras como atividades</p><p>recreativas. Este conteúdo foi adaptado do livro: “Jogos educativos, estrutura</p><p>e organização da prática” de Adriano J. Rossetto Jr., Ambleto Ardigó Jr., Caio</p><p>Martins Costa, Fábio D’Angelo.</p><p>Vamos lá!</p><p>164</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>• BARRA MANTEIGA</p><p>FIGURA 45 - BARRA MANTEIGA</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: analisar, identificar e classificar os oponentes</p><p>mais rápidos.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: saltar em pé apenas, lateralidade (solicitar</p><p>saltar ora com o pé esquerdo, ora com o pé direito) para fugir do adversário,</p><p>galopar para apanhar o oponente, girar o corpo, esquivar-se para não se deixar</p><p>pegar.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: conhecimento de seus atributos e</p><p>limitações, autoconfiança ao desafiar o adversário e responsabilidade para não</p><p>prejudicar a equipe.</p><p>MATERIAL: bolas (variação)</p><p>DESCRIÇÃO: traçam-se duas linhas paralelas distantes 15 cm uma da</p><p>outra. As crianças ficam sobre as linhas, defrontando-se em duas fileiras com o</p><p>mesmo número de participantes.</p><p>Dado o sinal de início, as crianças (três de cada vez), por escolha aleatória</p><p>saem correndo, chegando ao campo adversário, batem na palma da mão de um</p><p>dos inimigos e fogem, saltando apenas com um pé.</p><p>O desafiado tenta prender o inimigo antes que ele transponha a linha</p><p>de sua equipe. Se o desafiado conseguir, o prisioneiro é incorporado à equipe</p><p>FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/</p><p>url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0C</p><p>AcQjRw&url=http%3A%2F%2Fcasa.hsw.uol.com.br%2Fbarra-manteiga.</p><p>htm&ei=H2UgVajpGsLfsAXltoHADQ&bvm=bv.8</p><p>9947451,d.cWc&psig=AFQjCNHXLJf5K2y2GJ_chrd3jkHYu8eN9g&ust=14</p><p>28272785055176>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>165</p><p>do desafiante, iniciando o mesmo processo (bater na palma da mão...)</p><p>É considerada vencedora a equipe que obtiver o número de prisioneiros</p><p>dentro de um tempo estipulado pelo educador.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldade ao nível dos participantes.</p><p>FACILITANDO: alterar a habilidade motora para correr e diminuir o</p><p>espaço para atravessar facilita a prática do jogo. Criar piques no meio do trajeto.</p><p>DIFICULTANDO: combinar a travessia (habilidade de locomoção) com</p><p>habilidade de manipulação (quicar, chutar, rebater etc.). Responder à pergunta</p><p>antes de começar a perseguição exige o raciocínio lógico do pegador.</p><p>• BOLA À TORRE</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: concentração na movimentação dos</p><p>passadores, conhecer as fintas e identificar as estratégias de enganar a defesa</p><p>adversária.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: arremessar e receber, com a movimentação</p><p>rápida da bola, estruturação espacial e temporal nos deslocamentos, correr e</p><p>saltar para realização do jogo.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: organização do grupo na elaboração</p><p>da estratégia de ataque, resultando em espírito de equipe, respeito às regras</p><p>estabelecidas para o jogo e a participação ativa para cumprir as tarefas em</p><p>benefício do grupo.</p><p>MATERIAL: caixa, cavalete e bola.</p><p>DESCRIÇÃO: No centro de um círculo, no solo ou sobre um cavalete/</p><p>caixa, está colocada uma bola (um pino, um pau ou algo parecido). Um jogador</p><p>“guarda” o “castelo”.</p><p>Os participantes, em círculo, jogam a bola entre si e tentam atingir o</p><p>castelo. O guardião, deslocando-se sobre a linha do círculo, pode desviar os</p><p>“projéteis” com as mãos e os pés. Quem atingir o castelo substitui o guardião</p><p>no limite do círculo.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível dos participantes.</p><p>FACILITANDO: aumentar o número de guardiões da torre do castelo,</p><p>diminuindo a área de deslocamento, o que acarreta maior dificuldade para</p><p>passar a bola com maior velocidade. Aumento do círculo (área de deslocamento)</p><p>do defensor, facilitando o alcance do alvo.</p><p>DIFICULTANDO: utilizar duas bolas exigirá maior concentração</p><p>166</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>tanto dos passadores como dos defensores. Pode-se também determinar uma</p><p>distância maior para os passadores se posicionarem e tentarem os arremessos.</p><p>• BOLA AO CAPITÃO</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: planejar e aplicar estratégias para realizar o</p><p>desafio do jogo, combinar como se organizar no espaço para conseguir fazer a</p><p>bola chegar ao capitão e descobrir “caminhos” diferentes para realizar a tarefa.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: combinar os gestos de conduzir, driblar</p><p>e passar a bola com habilidade e precisão e organizar-se no espaço com</p><p>competência para</p><p>se livrar da marcação e receber a bola em condições de fazê-la</p><p>chegar ao Capitão.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: trabalhar em grupo para alcançar o</p><p>objetivo do jogo, ajudar na construção das estratégias de ataque e defesa,</p><p>perseverar na tarefa de passar a bola uns aos outros para ter sucesso no jogo e</p><p>respeitar as limitações e os potenciais de cada jogador de sua equipe.</p><p>MATERIAL: bolas</p><p>DESCRIÇÃO: formam-se duas equipes, com o mesmo número de</p><p>jogadores, e cada equipe escolhe o seu Capitão, sem deixar a outra equipe</p><p>interceptá-la. Quando o jogador adversário pegar a bola, sua equipe passa a</p><p>ter a posse e a tarefa de chegar com a bola às mãos de seu Capitão. Para isso, as</p><p>equipes se utilizam das habilidades básicas do futebol, como o passe, a condução</p><p>e o drible.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: colocar duas bolas em jogo, colocar dois ou mais</p><p>Capitães na área de recebimento da bola; aumentar o tamanho da área delimitada</p><p>para o Capitão.</p><p>DIFICULTANDO: diminuir o tamanho da área delimitada para o</p><p>Capitão; limitar o número de passes que cada equipe pode realizar até que a</p><p>bola chegue ao Capitão; definir e limitar a forma de passar a bola: rasteira, só</p><p>com o pé direito, só com o pé esquerdo etc.</p><p>• CAÇADOR</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: identificar e conhecer os tipos de arremessos</p><p>possíveis e movimentos a serem executados e combinados, e classificar os</p><p>competidores e as zonas de maior acerto.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: arremessar à cesta e receber com o gesto</p><p>específico de rebote. Reconhecimento do espaço de ação (estruturação espacial)</p><p>para o arremesso e do tempo, com ajuste do movimento com a velocidade da</p><p>bola na realização do rebote.</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>167</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: autocontrole para realizar as tentativas</p><p>de converter a cesta, superação ao esforçar-se para encestar antes dos adversários</p><p>e disciplina ao esperar sua vez na coluna de alunos.</p><p>MATERIAL: cesta e bolas</p><p>DESCRIÇÃO: com os jogadores dispostos em uma coluna atrás</p><p>de uma linha, a uma distância de 1 a 5 cm da cesta, um jogador arremessa a</p><p>bola imediatamente para o “novo primeiro” da coluna. Se não, tenta apanhar</p><p>o rebote e arremessar do local, até conseguir converter a cesta. Se o segundo</p><p>jogador converter a cesta antes do primeiro, este estará fora da atividade. O</p><p>procedimento continua, até que reste apenas um jogador, que será o vencedor</p><p>do jogo.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: abaixar a altura da cesta e determinar um local</p><p>mais próximo para os arremessos são medidas que facilitam a execução dos</p><p>movimentos.</p><p>DIFICULTANDO: utilizar bolas de tamanho e pesos diferentes, o que</p><p>exige ajuste e controle do movimento a cada tentativa de arremesso, podendo</p><p>distanciar da cesta ou alterar o ângulo do arremesso. Exigir das crianças</p><p>arremessos específicos, como tocar a bola antes da cesta e arremesso em gancho.</p><p>• LIMPANDO A CASA</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: compreensão das regras para ser possível</p><p>jogar.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: estruturação espacial, relação força-</p><p>distância.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeito às regras estabelecidas, respeito</p><p>aos adversários e cooperação dentro de cada equipe, para alcançar o objetivo.</p><p>MATERIAL: bolas de rede de vôlei.</p><p>DESCRIÇÃO: o mesmo espaço que a quadra de vôlei ocupa, cada</p><p>equipe de um lado da rede. O objetivo é deixar o seu lado sem nenhuma bola.</p><p>Estipulado o tempo da partida, ao final a equipe com menos bolas em seu campo</p><p>é a vencedora.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: ajuste da altura da rede e permissão para segurar a</p><p>bola antes de jogá-la para o outro lado da quadra.</p><p>DIFICULTANDO: ajuste da altura da rede e, em vez de marcar o tempo,</p><p>utilizar os gols de cada lado da quadra. O objetivo do jogo passa a ser: fazer gol</p><p>na outra equipe, jogando a bola sobre a rede.</p><p>168</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>• VÔLEI-TÊNIS</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: atenção e concentração durante a prática do</p><p>jogo e compreensão das regras para ser possível jogar.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: rebater com precisão, estruturação espacial</p><p>e temporal.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: cooperar, dialogar sobre a melhor</p><p>estratégia, ouvir e respeitar as decisões do colega.</p><p>MATERIAL: bola de pano, cones e fita.</p><p>DESCRIÇÃO: o jogo, adaptado do tênis, com características de rebater</p><p>com uma das mãos, com as duas mãos por baixo, por cima, sendo os lançamentos</p><p>sobre a fita presa nos cones, pode ser jogado um em favor de um “cooperativo”</p><p>ou um contra um “competitivo”.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: colocar dois quiques, rebater com o membro dominante,</p><p>diminuir o campo de jogo.</p><p>DIFICULTANDO: jogar em duplas, aumentar a altura da fita.</p><p>• DARDO COM OS PÉS</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: identificar as zonas do campo e sua pontuação</p><p>correspondente, quantificar os pontos a cada rodada, descobrir formas diferentes</p><p>de chutar a bola, visando alcançar uma boa pontuação, e comparar os placares</p><p>dos diferentes jogadores ao final de cada rodada.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: chutar, lançar a bola com precisão nas</p><p>zonas de pontuação, experimentar diferentes formas de chutar a bola e repetir o</p><p>chute até acertar a zona dos cinco pontos.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeitar as regras do jogo, esperar pela</p><p>sua vez de chutar, cuidar da sua bola durante o jogo e perseverar na tarefa de</p><p>chutar e acertar a bola na zona de pontuação.</p><p>MATERIAL: bolas, corda e giz.</p><p>DESCRIÇÃO: desenham-se no chão 5 círculos, um dentro do outro,</p><p>formando 5 zonas de pontuação: A mais externa vale 1 ponto, a segunda 2 pontos</p><p>e assim sucessivamente, até a central, que vale 5 pontos. Os jogadores chutam</p><p>cada qual a sua bola em direção aos círculos. A pontuação correspondente à</p><p>zona onde a bola tocar ou parar e é atribuída ao aluno que a chutou. A cada</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>169</p><p>rodada de chutes, são somados os pontos. Ao final do jogo vence o jogador ou a</p><p>equipe que somar mais pontos.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: aumentar o diâmetro do círculo de pontuação; diminuir</p><p>a distância entre o local do chute a as zonas de pontuação; jogar com bolas mais</p><p>leves.</p><p>DIFICULTANDO: chutar com o membro não dominante, jogar com</p><p>as bolas diferentes (peso, volume etc.); chutar com os olhos fechados ou sobre</p><p>algum obstáculo.</p><p>• GATO E RATO</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: atenção para não deixar espaços durante o</p><p>deslocamento da roda e identificar falhas na movimentação da mesma, raciocínio</p><p>e decisão para tentar entrar no centro da roda e apanhar o rato, transferir</p><p>conhecimentos de atividades anteriores para este jogo.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: noção espaço temporal para furar o</p><p>bloqueio das portas, orientação espaço temporal para ajustar a velocidade e a</p><p>aceleração necessária para penetrar no centro do círculo, para o que tem que</p><p>correr, girar, balançar o tronco e esquivar-se. É necessário rápido deslocamento</p><p>lateral para não “abrir as portas”.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeito ao outro, não empurrar ou</p><p>agredir, espírito de equipe para proteger os ratos, organização e honestidade</p><p>para não utilizar a força ou burlar as regras.</p><p>MATERIAL: bolas (variação).</p><p>DESCRIÇÃO: as crianças formam uma roda de mãos dadas e o professor</p><p>escolhe três para fazerem o papel de gato e três de rato. As outras são as portas</p><p>abertas. Os gatos ficam do lado de fora da roda e procuram as portas abertas,</p><p>voltadas para o centro da roda e, girando, em deslocamento lateral, no diâmetro</p><p>formado pela roda. Quando encontram uma porta aberta, devem tentar entrar</p><p>para pegar os ratos. Caso os gatos entrem no interior da roda, as portas devem</p><p>abrir-se para os ratos saírem e protegê-los deixando os gatos presos no centro da</p><p>roda.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: as portas se abraçam, diminuindo a área</p><p>do círculo a</p><p>ser protegido. Assim o deslocamento lateral é menor. Diminuir o número de</p><p>ratos e gatos, exigindo atenção e deslocamentos menores.</p><p>DIFICULTANDO: acrescentar o quicar da bola nos deslocamentos,</p><p>podendo variar o grupo que realiza os dribles, ora as portas, ora os gatos ou os</p><p>ratos. Pode-se aumentar o diâmetro da roda, não possibilitando que as portas se</p><p>toquem. Assim, a movimentação terá de ser muito mais veloz.</p><p>170</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>• PISA NA BOLA</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: percepção, concentração no comando do</p><p>professor, cuidar para não deixar o colega estourar o balão.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: coordenação, agilidade, equilíbrio.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeito ao outro, não empurrar, agredir ou</p><p>deixar o colega cair.</p><p>MATERIAL: balões de festa de aniversário.</p><p>DESCRIÇÃO: os alunos formarão um grande círculo, e o professor</p><p>distribuirá um balão para cada aluno. Eles encherão as bolas e amarrarão um</p><p>barbante nela de meio metro de comprimento. O barbante com a bola deverá</p><p>ser amarrado no tornozelo. Quando todos os alunos estiverem preparados, o</p><p>professor dará o sinal para que os jogadores andem em círculos, no sentido</p><p>horário, tentando pisar na bola dos demais, tentando estourá-la, ao mesmo</p><p>tempo em que tentam salvar sua própria bola dos adversários. O vencedor será</p><p>aquele que conseguir manter sua bola intacta por mais tempo.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: os alunos poderão correr livremente sobre a quadra.</p><p>DIFICULTANDO: os balões poderão ser amarrados nos pulsos das</p><p>crianças com pedaços de barbantes pequenos.</p><p>• CARRINHO MUTANTE</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: atenção, observação, manipulação.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: velocidade, resistência.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: trocas, colaboração, desafio,</p><p>ultrapassagem, espírito de equipe.</p><p>MATERIAL: Nenhum.</p><p>DESCRIÇÃO: o professor dividirá a turma em duplas, formando equipes.</p><p>O jogador de pé, segura as pernas do companheiro à altura dos tornozelos e</p><p>este apoiará as mãos no chão, formando um carrinho. O professor estipulará</p><p>um percurso a ser feito pelas duplas onde, no trajeto de ida, um aluno segura o</p><p>tornozelo, conduzindo o carrinho, indo até o final da sala de aula e, no trajeto de</p><p>volta, invertem-se os papéis, voltando em posições trocadas.</p><p>Será declarada vencedora a dupla que retornar ao ponto de partida em</p><p>primeiro lugar.</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>171</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>O professor poderá dividir a turma em trios, onde uma dupla de alunos, lado a</p><p>lado, abraçando-se pelos ombros, segurarão com a mão direita de um aluno, o</p><p>tornozelo esquerdo do companheiro e com a mão esquerda do outro o tornozelo</p><p>direito, fazendo o mesmo percurso estipulado pelo professor anteriormente.</p><p>FACILITANDO: diminuir o percurso.</p><p>DIFICULTANDO: aumentar o percurso.</p><p>• O LENÇO E O COPO</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: coordenação.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: agilidade e equilíbrio.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeito ao outro, não empurrar ou</p><p>agredir.</p><p>MATERIAL: copo plástico, prato plástico, lenço e água.</p><p>DESCRIÇÃO: o professor dividirá a turma em grupos, considerando</p><p>cada grupo uma equipe. Os jogadores escolherão um componente que</p><p>representará sua equipe na brincadeira. Cada jogador terá que levar um prato</p><p>com um copo cheio de água, ambos de plástico, em uma das mãos, e um lenço</p><p>que seu adversário leva preso à cintura da calça. Aquele que deixar o copo cair,</p><p>derramando toda a água, será eliminado do jogo. Ganhará aquele que conseguir</p><p>tirar mais lenços e que chegue ao final com o copo cheio de água, marcando um</p><p>ponto para sua equipe. As equipes escolherão outro representante para continuar</p><p>a brincadeira, sendo declarada vencedora, a que fizer o maior número de pontos.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: pode-se suprimir o lenço da brincadeira ou brincar</p><p>apenas com o lenço, transformando a brincadeira em um pega rabinho.</p><p>DIFICULTANDO: poderão ser colocados dois copos com água.</p><p>• CALÇAR OS PÉS</p><p>DOMÍNIO COGNITIVO: coordenação.</p><p>DOMÍNIO PSICOMOTOR: agilidade e equilíbrio.</p><p>DOMÍNIO SOCIOAFETIVO: respeito ao outro.</p><p>MATERIAL: cadeira e venda para os olhos.</p><p>DESCRIÇÃO: o professor dividirá a turma em duas equipes, e escolherá</p><p>dois jogadores que serão representantes de cada uma delas. Colocam-se duas</p><p>cadeiras em ambos os lados da sala de aula ou em outra área de jogo, sendo uma</p><p>172</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>cadeira para cada jogador. Será colocada uma venda nos olhos de cada jogador e</p><p>todos os alunos, inclusive os representantes deverão tirar seus sapatos e colocá-</p><p>los no centro da área de jogo, formando um monte. Ao sinal do professor, os</p><p>representantes das equipes tentarão localizar seus sapatos, e calçá-los nos dois</p><p>pés da frente das respectivas cadeiras. Não poderão pegar mais de um sapato de</p><p>cada vez. Vencerá aquele que conseguir calçar os sapatos na cadeira e for mais</p><p>rápido que o outro.</p><p>VARIAÇÃO: ajustando o nível de dificuldades ao nível de participantes.</p><p>FACILITANDO: o jogo poderá ser realizado sem a venda.</p><p>DIFICULTANDO: o calçado deverá ser calçado no pé do colega que</p><p>estará substituindo a cadeira.</p><p>• AMARELINHA</p><p>A Amarelinha é uma brincadeira tradicional, sendo assim, é parte</p><p>integrante da cultura lúdica. Ela é transmitida de geração em geração expressando</p><p>valores e diferentes concepções.</p><p>Para brincar, basta um diagrama riscado no chão, algumas regras</p><p>e um marcador, que pode ser uma pedrinha. O jogo consiste em pular sobre</p><p>um desenho riscado no chão, que também pode ter inúmeras variações ou na</p><p>própria construção de regras criadas pelas crianças. Entre elas destacamos: o</p><p>caracol que é um ensaio da amarelinha onde o percurso é realizado com um pé</p><p>só. O céu e o inferno, tira-se na sorte quem vai começar. Cada jogador, então,</p><p>joga uma pedrinha, inicialmente na casa de número 1, devendo acertá-la em</p><p>seus limites. Em seguida pula, em um pé só nas casas isoladas e com os dois nas</p><p>casas duplas, evitando a que contém a pedrinha.</p><p>Chegando ao céu, pisa com os dois pés e retorna pulando da mesma</p><p>forma até as casas 2-3, de onde o jogador precisa apanhar a pedrinha do chão,</p><p>sem perder o equilíbrio, e pular de volta ao ponto de partida. Não cometendo</p><p>erros, joga a pedrinha na casa 2 e sucessivas, repetindo todo processo.</p><p>Se perder o equilíbrio, colocando a mão no chão ou pisando fora dos</p><p>limites das casas, o jogador passa a vez para o próximo, retornando a jogar</p><p>do ponto em que errou ao chegar a sua vez novamente. Ganha o jogo quem</p><p>primeiro alcançar o céu.</p><p>Em outra versão, mais complexa, o jogo não termina aí. Quem consegue</p><p>chegar ao céu vira de costas e atira a pedrinha de lá. A casa onde ela cair passa</p><p>a ser sua e lá é escrito o seu nome (caso não acerte nenhuma, passa a vez ao</p><p>próximo jogador). Nestas casas com "proprietário", nenhum outro jogador pode</p><p>pisar, apenas o dono, que pode pisar inclusive com os dois pés. Nesta versão,</p><p>ganha o jogo quem conseguir ser dono da maioria das casas.</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Sorte</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Complexidade</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Costas</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>173</p><p>De forma particular sugerimos mais duas formas: pular de forma ritmada,</p><p>onde os componentes do grupo que estão assistindo participem ativamente</p><p>cantando, ou batendo palmas acompanhando quem está pulando. Outra maneira</p><p>é proporcionar à criança o desafio de pular a amarelinha segurando uma colher</p><p>com um ovo cozido, tendo o cuidado para não deixar cair.</p><p>Ela desenvolve possibilidades práticas como: contagem, sequência</p><p>numérica, reconhecimento de algarismos, comparação de quantidades, avaliação</p><p>de distância, avaliação de força, localização espacial, percepção espacial,</p><p>discriminação visual, expressão corporal, interação,</p><p>socialização, hipóteses e</p><p>escrita são alguns conceitos e habilidades envolvidos nessa brincadeira.</p><p>Assim, no ASPECTO AFETIVO envolve a socialização, interação, o</p><p>respeitar as regras (perder e ganhar). COGNITIVO é a expressão corporal,</p><p>noção de quantidade, número, espaço, equilíbrio, estratégias. PSICOMOTOR</p><p>as habilidades motoras e no SOCIAL como a brincadeira é estimulada e que</p><p>objetivos tenho para aquela brincadeira.</p><p>DICAS</p><p>Quer saber um pouco mais sobre os jogos cooperativos, acesse:</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=I7gkeTHnaDI>.</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=Va6QATDq-n8>.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=evcluH6gfDg</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=hEw_iPTW5R4>.</p><p>Está gostando, então vamos continuar!</p><p>A música e a dança são ações inerentes ao ser humano. A música desenvolve</p><p>a linguagem oral, a expressão corporal, artística, gestual. De acordo com Huizinga,</p><p>(1986, p. 178) “a música nunca chega a sair da esfera lúdica”.</p><p>BRINQUEDOS CANTADOS - DOMÍNIO PÚBLICO</p><p>Nome: DO-RÉ-MI DA VIOLA</p><p>Formação: em círculo ou dispersos num terreno delimitado.</p><p>Desenvolvimento: em passo moderado, os alunos cantarão a letra da</p><p>música, produzindo o gesto correspondente ao refrão.</p><p>Letra: Eu perdi o DÓ da minha viola</p><p>Da minha viola eu perdi o DÓ.</p><p>DORMIR é muito bom, é muito bom (bis).</p><p>E bom camarada, é bom camarada, é bom, é bom, é bom (bis).</p><p>174</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>Sugestões: RE – remar</p><p>MI – mingau</p><p>FA – favo de mel</p><p>SOL – solar (tocar violão)</p><p>LA – lavar (partes do corpo)</p><p>SI – silêncio.</p><p>Nome: ESSA É A HISTÓRIA DE UMA SERPENTE</p><p>Formação: dispersos num local delimitado.</p><p>Desenvolvimento: um participante começará a cantar a música. Ao</p><p>terminá-la, um aluno fará parte do “rabão”.</p><p>Letra: Essa é a história de uma serpente.</p><p>Que desceu do morro para procurar o rabinho que perdeu.</p><p>Você também é um pedaço, um pedação do meu rabão!</p><p>Nome: EU TENHO UM MARRECO LÁ EM CASA</p><p>Formação: em círculo ou dispersos num terreno delimitado.</p><p>Desenvolvimento: os participantes cantarão a música “sacudindo o</p><p>corpo”. Quem disser seu nome como sendo o nome do marreco, este deverá</p><p>produzir um movimento que o caracterize, sendo este repetido pelos demais.</p><p>Letra: Eu tinha um marreco lá em casa</p><p>E ele se chamava (o nome de um dos participantes).</p><p>Ele pula pra cá, ele pula pra lá.</p><p>E saculeja o tchá-tchá-tchá.</p><p>Tchá-tchá, quem-quem (3 vezes bis).</p><p>Quem-quem-quem-quem.</p><p>O GATO E O RATO:</p><p>A equipe deve formar um círculo, um jogador (o rato) ficará no centro,</p><p>e outro (o gato) ficará de fora. Combina-se o horário. Então começam a rodar e</p><p>estabelece-se o diálogo entre o gato e a roda:</p><p>GATO: Seu ratinho está em casa?</p><p>CORO: Não</p><p>GATO: Que horas ele chega?</p><p>CORO: Nove horas.</p><p>GATO: Que horas são?</p><p>CORO: Duas horas.</p><p>GATO: Que horas são?</p><p>CORO: Duas horas.</p><p>A conversa prossegue até que se acerte a hora combinada. Aí o gato sai no</p><p>enlaço do rato, que é protegido pelas crianças da roda.</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>175</p><p>Nesta perspectiva, vários estudos comprovam que os jogos e as brincadeiras</p><p>são fonte de prazer e descoberta para as crianças e adultos. Ou seja, a brincadeira</p><p>infantil acontece a todo o momento e a todo instante.</p><p>De acordo com Macedo (2005, p. 14):</p><p>O brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva</p><p>da criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas</p><p>consequências sejam eventualmente positivas ou preparadoras de</p><p>alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-</p><p>se indissociáveis e enredam a criança em uma atividade gostosa por si</p><p>mesma, pelo que proporciona no momento de sua realização. Este é o</p><p>caráter autotélico do brincar.</p><p>Nossa intenção foi de resgatar a brincadeira e os jogos, tendo como</p><p>prioridade a função lúdica e séria que qualquer brincadeira proporciona, pois a</p><p>criança aprende brincando e aprende por prazer que deve ser utilizado por todo o</p><p>contexto escolar.</p><p>DICAS</p><p>Sugestão de vídeos de brincadeiras cantadas:</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=Dlcs9j0RTpQ>.</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=NmISLPjWsDc>.</p><p><https://www.youtube.com/watch?v=8bPgdLrH_L0>.</p><p>DICAS</p><p>Sugerimos dois livros como suporte para as suas atividades nas aulas de Educação</p><p>Física. 1 Pedagogia lúdica: Jogos e brincadeira de A a Z</p><p>Autores: Tania Dias Queiroz e João Luiz Martins - Editora Rideel. São Paulo. 2.ed.</p><p>2 Jogos e brincadeiras para a educação física</p><p>Autora: Adela de Castro - Editora Vozes.</p><p>176</p><p>UNIDADE 3 | A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Sugerimos a leitura do artigo “Adulto e lúdico: atuação do profissional de</p><p>Educação Física no lazer” de Cathia Alves e Nelson Carvalho Marcellino.</p><p>O artigo faz parte de um estudo que teve por objetivo detectar as relações</p><p>que se dão entre o adulto e o lúdico no lazer, verificando qual o papel do profissional</p><p>de Educação Física como mediador entre esses elementos. A pesquisa bibliográfica</p><p>ocorreu por intermédio das análises textual, temática e interpretativa. A pesquisa</p><p>de campo deu-se na cidade de Americana - SP, por meio de estudo comparativo,</p><p>envolvendo profissionais e adultos dentro de clubes e em um espaço público. A</p><p>técnica de coleta de dados utilizada foi a observação participante, com o uso de</p><p>diário de campo e formulários. O estudo detectou que os adultos encontram no</p><p>tempo de lazer um caminho para suprir a necessidade que sentem da manifestação</p><p>do lúdico. A atuação dos profissionais com os adultos ainda é deficiente. Constatou-</p><p>se a necessidade de uma política pública de lazer para uma participação expressiva</p><p>da população nessa fase da vida e que esteja fundamentada no componente lúdico</p><p>da cultura.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.</p><p>xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=551539&indexSearch=ID>.</p><p>Trazemos parte do artigo, o restante encontrarás em: <http://www.</p><p>periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/motriz/article/view/2878/2800>.</p><p>A intervenção da Educação Física é ampla e muito importante desde</p><p>que o profissional reconheça os diferentes tipos de corpos e atue a partir da</p><p>intencionalidade dos movimentos, contando, também, com o diálogo entre</p><p>diferentes profissionais, que dominam outros conteúdos culturais, ou áreas de</p><p>relação com o lazer (ALVES, 2007); desde que, também, o lúdico seja compreendido</p><p>como componente da cultura, historicamente situada, que não se manifesta</p><p>de forma isolada em um único tipo de atividade, mas tem no lazer um espaço</p><p>privilegiado (MARCELLINO, 2004).</p><p>Ainda entendendo o jogo como expressão do lúdico, Huizinga (1986)</p><p>aponta que ele é uma atividade livre, capaz de absorver o jogador como um</p><p>todo. O jogo como elemento da cultura, representado no lúdico, é algo facilmente</p><p>“descartável” na faixa etária adulta, pois o autor afirma que: Para o indivíduo adulto</p><p>e responsável, o jogo é uma função que facilmente poderia ser dispensada, é algo</p><p>supérfluo. Só se torna uma necessidade urgente na medida em que o prazer por</p><p>ele provocado o transforma numa necessidade. É possível, em qualquer momento,</p><p>adiar ou suspender o jogo. Jamais é imposto pela necessidade física ou pelo dever</p><p>moral, e nunca constitui uma tarefa, sendo sempre praticado nas “horas de ócio”.</p><p>Liga-se a noções de obrigação e dever apenas quando constitui uma função</p><p>cultural reconhecida, como no culto e no ritual (HUIZINGA, 1986, p.10-11). Como</p><p>pode o jogo ser “descartável” para o adulto sendo ele, segundo o próprio Huizinga,</p><p>TÓPICO 2 | PROPOSTAS PRÁTICAS COM JOGOS MOTORES NA EDUCAÇÃO PELO MOVIMENTO</p><p>177</p><p>a base da cultura?</p><p>A construção da cultura não é algo exclusivo das crianças; os adultos</p><p>também constroem cultura e necessitam de prazer, claro que não só os prazeres</p><p>dos jogos e brincadeiras, mas esses também são essenciais, assim como outras</p><p>necessidades. O jogo não é uma tarefa, podendo, sim, ser praticado no espaço do</p><p>lazer; não é obrigação nem dever, mas uma necessidade de se obter mais prazer.</p><p>Se Huizinga (1986) faz essa relação</p><p>no século passado, o que diria do componente</p><p>lúdico para a faixa etária adulta nos dias de hoje?</p><p>Para além de Huizinga (1986), Pinto (2004) apresenta a alegria e a liberdade</p><p>como alicerces para a construção da experiência lúdica. Ela afirma que esses</p><p>componentes traduzem todo um processo de humanização cidadã, ou seja, por</p><p>meio do lúdico as pessoas se humanizam e transcendem, podendo alcançar a</p><p>cidadania.</p><p>Valoriza-se a possibilidade de vivências lúdicas na vida adulta para além</p><p>do jogo, do brinquedo e da brincadeira: em todas as vivências culturais de lazer</p><p>que as pessoas possam desfrutar, como teatro, cinema, um encontro com amigos,</p><p>uma festa, andar de patins, cozinhar, dançar, ouvir boa música, praticar esportes,</p><p>enfim, ter a opção de escolher uma atividade em um momento especial que gere</p><p>prazer e alegria.</p><p>A expressão do lúdico não se manifesta somente no tempo de lazer, mas</p><p>pode ser desfrutada em qualquer momento e local. No espaço do lazer, porém, sua</p><p>manifestação se dá de forma privilegiada na sociedade atual.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.lazer.eefd.ufrj.br/licere/pdf/licereV11N02_a1.pdf>. Acesso</p><p>em: 30 mar. 2015.</p><p>178</p><p>Neste tópico você viu:</p><p>• Como promover relações de cooperação entre as crianças, assim como seu</p><p>desenvolvimento de forma prazerosa e proveitosa, identificando no decurso</p><p>das atividades sugeridas, supostos problemas socioculturais e educacionais que</p><p>possam estar presentes.</p><p>• Sugestões de jogos e brincadeiras como atividades recreativas.</p><p>• A maneira de realizar várias atividades lúdicas, como: barra manteiga, bola à</p><p>torre, caçador, limpando a casa, vôlei-tênis, gato e rato, amarelinha e outros.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>179</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Pense na brincadeira “Coelho sai da toca” e faça uma discussão sobre a</p><p>brincadeira e aponte qual domínio cognitivo está em jogo nessa atividade,</p><p>assim como o domínio psicomotor, e o domínio socioafetivo. Crie ainda</p><p>uma variação para a brincadeira e faça sua reflexão sobre as exigências da</p><p>atividade.</p><p>2 Pesquise sobre a contribuição da Biodanza para a criança.</p><p>3 Pesquise sobre o Mancala.</p><p>Acesse: <http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp>.</p><p>180</p><p>181</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMADA, Francisco de Assis Carvalho de. Educação infantil e cidadania:</p><p>desafios da pedagogia na pós-modernidade In: HERMIDA, J.F. (Orgs.). Educação</p><p>Infantil políticas e fundamentos. João Pessoa – PB: Editora Universitária UFPB,</p><p>2007.</p><p>ALMEIDA, José Luís Vieira de; OLIVEIRA, Edilson Moreira de; ARNONI, Maria</p><p>Eliza Brefere. Mediação dialética na educação escolar: teoria e prática. São</p><p>Paulo: Loyola, 2007. 175 p. (Sociedade educativa. Consciência e compromisso).</p><p>ALMEIDA, Marcos Teodorico Pinheiro de. Guia de classificação de jogos,</p><p>brinquedos e materiais lúdicos. 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Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva/</p><p>EDUSP, 1986.</p><p>____. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva,</p><p>2007. Tradução João Paulo Monteiro</p><p>____. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5. ed. São Paulo:</p><p>Perspectiva, 2001. Tradução João Paulo Monteiro</p><p>KISHIMOTO Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São</p><p>Paulo: Cortez, 2002 ou 2011.</p><p>____. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.</p><p>____. Bruner e a Brincadeira. In: O Brincar e suas Teorias, KISHIMOTO, Tizuko</p><p>M. (ORG.) São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.</p><p>____. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 12. ed. Petrópolis: Vozes,</p><p>2004.</p><p>KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil.</p><p>Anais do I Seminário Nacional: currículo em movimento - perspectivas</p><p>atuais. Belo Horizonte: FE-USP, 2010. 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FONTE:</p><p>Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso</p><p>em: 28 fev. 2015</p><p>PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as</p><p>regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. Tradução de Francisco M.</p><p>Guimarães. Petrópolis: Vozes, 1973.</p><p>PRADO Caio Jr. Teoria marxista do conhecimento e método dialético</p><p>materialista - Fonte digital: Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/</p><p>adobeebook/caio.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>RIBEIRO, Marcos. Menino brinca de boneca? São Paulo: Salamandra, 2011.</p><p>RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia Cazaux. Atividades lúdicas na educação</p><p>da criança: subsídios práticos para o trabalho na pré-escola e nas séries iniciais do</p><p>1º grau. São Paulo: Ática, 1998. 94 p.</p><p>http://www.escoladavila.com.br/refle_pedag/marcola.pdf</p><p>http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/caio.pdf</p><p>http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/caio.pdf</p><p>186</p><p>ROSA, Adriana P.; DI NISIO, Josiane. Atividades lúdicas: sua importância na</p><p>alfabetização. São Paulo: Juruá, 1999.</p><p>ROSSETTO A. Jr.; ARDIGÓ, A. Jr.; MARTINS, Caio; D’ANGELO, Fábio. Jogos</p><p>educativos, estrutura e organização da prática. São Paulo: Phorte Editora, 2010.</p><p>SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico crítica primeiras aproximações.</p><p>Campinas: Autores associados, 1997.</p><p>SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.) O lúdico na formação do educador.</p><p>Petrópolis: Vozes,1997.</p><p>____. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2000.</p><p>SANTOS, Francisca Ferreira dos. A ética na formação do educador. João Pessoa</p><p>(PB): Ed. Universitária UFPB, 2007.</p><p>SILVA, Linice Jorge da. Roda de histórias: A criança e o prazer de ler, ouvir e contar</p><p>histórias. In: Oficinas de sonho e realidade, 2005.</p><p>SIAULYS, Mara O. de Campos. Brincar para todos - Brasília: Ministério da</p><p>Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. Disponível em: <http://portal.</p><p>mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.</p><p>UJIIE , Najela Tavares. Brincar, brinquedo e brincadeira usos e significações.</p><p>Disponível em: <file:///C:/Users/Win7/Downloads/1743-8296-1-PB.pdf>. Acesso em:</p><p>5 abr. 2015.</p><p>VASCONCELLOS, Tânia. Jogos e brincadeiras: desafios e descobertas (2. ed.)</p><p>Salto para o futuro. Ano XVIII boletim 07 - Maio de 2008. Jogos e brincadeiras no</p><p>contexto escolar.</p><p>VYGOTSKY L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2010.</p><p>____. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.</p><p>ZOBOLI F.; SILVA Carlos Eduardo Raimundo da. A criança e o brinquedo: os</p><p>padrões de beleza como foco de análise- In: Educação infantil: Temas em debate-</p><p>Jorge Fernando Hermida, Sidirley de Jesus Barreto. João Pessoa – PB: Editora</p><p>universitário UFPB, 2013.</p><p>http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf</p><p>http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf</p><p>187</p><p>ANOTAÇÕES</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>188</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>____________________________________________________________</p><p>1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>12</p><p>A boneca é um dos mais antigos objetos de brincar que a humanidade</p><p>conheceu. Confeccionadas com os mais diversos materiais, eram usadas</p><p>em cultos religiosos, como peças decorativas e de entretenimento para</p><p>as crianças, com o intuito de prepará-las para as futuras funções da</p><p>maternidade, o cuidar.</p><p>Registros da primeira boneca</p><p>Pesquisas apontam registros de indícios de bonecas há mais de 40 mil anos, as</p><p>quais foram mudando e evoluindo com o passar dos anos.</p><p>Há 40 mil anos – provavelmente as primeiras representações da forma humana em miniatura</p><p>podem ter sido feitas pelo Homo Sapiens, de barro, na África e na Ásia, com propósitos</p><p>ritualísticos. Consideradas o primeiro brinquedo feito de argila.</p><p>25 mil-20 mil a.C. – No Museu de História Natural de Viena, na Áustria, encontra-se a Vênus</p><p>de Willendorf, uma estatueta de formas arredondadas similar a uma boneca, provavelmente</p><p>usada como símbolo de fertilidade e não como brinquedo.</p><p>Réplica da Vênus de Willendorf</p><p>FONTE: Disponível em: <https://museudosbrinquedos.wordpress.com/>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2015.</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>13</p><p>As bonecas chegaram ao Brasil por volta de 1806, com a vinda da família</p><p>real, e naquela época eram usadas apenas pela corte, somente no início do século</p><p>XX chegaram às casas das famílias de classe média. Hoje, encontramos no mercado</p><p>uma diversidade de modelos: bonecas bebê, adultas, pequenas, grandes e inclusive</p><p>bonecos masculinos, soldados, heróis etc., destinados ao público masculino,</p><p>desmistificando a ideia de boneca ser brinquedo apenas de meninas. (RIBEIRO,</p><p>2011).</p><p>Para conhecer mais a história e evolução das bonecas acesse: Museu dos</p><p>Brinquedos <https://museudosbrinquedos.wordpress.com>.</p><p>A brincadeira só passa a ter sentido se a criança se entregar, pois é a</p><p>imaginação da criança que dá vida ao brincar. “A essência do brincar não está no</p><p>fazer como se, mas um fazer sempre de novo, transferência da experiência mais</p><p>comovente em hábito”. (BENJAMIM, 1984, p. 75).</p><p>4.1 O BRINCAR NO PASSADO E NO PRESENTE</p><p>Antigamente a criança era vista como um adulto em miniatura. Elas</p><p>passavam grande parte do seu tempo com os pais, realizando os afazeres domésticos,</p><p>não eram estimuladas a brincar e a brincadeira era vista como futilidade.</p><p>Os tempos mudaram e o brincar nos dias atuais é considerado essencial para</p><p>o desenvolvimento integral da criança. De acordo com a Declaração Universal dos</p><p>Direitos da Criança, “Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação</p><p>e assistência médica.”</p><p>Portanto, cabe à família, escola e sociedade garantir e colocar em prática</p><p>este direito.</p><p>Hoje, o brinquedo e a brincadeira tomam conta do universo infantil,</p><p>encontramos no mercado brinquedos para todas as idades e gostos. Porém, nosso</p><p>cotidiano também é incutido pela ideia de que a criança precisa saber quando</p><p>é hora de brincar e ir assumindo algumas responsabilidades desde cedo. Nessa</p><p>perspectiva, Santos (2000, p. 57) destaca que:</p><p>Culturalmente somos programados para não sermos lúdicos. Basta</p><p>lembrarmos quantas vezes em nossas vidas já ouvimos frases como</p><p>estas: “Chega de brincar, agora é hora de estudar”; “Brincadeira tem</p><p>hora”; “Fale a verdade, não brinque”; “A vida não é uma brincadeira”.</p><p>E assim fomos construindo nossas ideias sobre o lúdico.</p><p>DICAS</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>14</p><p>Brincamos por instinto, desde bebês brincamos com nosso próprio corpo e</p><p>conforme vamos crescendo precisamos controlar essa nossa vontade, em prol de</p><p>regras impostas pela sociedade.</p><p>U jiie, no artigo Brincar, brinquedo e brincadeira usos e significações,</p><p>descreve que o papel do brincar emerge na sociedade contemporânea para</p><p>resgatar os valores mais essenciais dos seres humanos, todos fundamentais e</p><p>indissociáveis, tais como:</p><p>- ser potencial na cura psíquica e física, forma de comunicação entre iguais e</p><p>entre as várias gerações;</p><p>- instrumento de desenvolvimento e ponte para a aprendizagem;</p><p>- possibilidade de resgatar o patrimônio lúdico-cultural nos diferentes contextos</p><p>socioeconômicos;</p><p>- potencialidade criativa;</p><p>- inserção em uma sociedade regrada;</p><p>- oportunidade de convivência com os outros, de se colocar no lugar do outro</p><p>(empatia);</p><p>- de ganhar hoje e perder amanhã;</p><p>- de liderar e ser conduzido;</p><p>- de falar e de ouvir;</p><p>- incentivo ao trabalho solidário, em equipe, a uma postura mais cooperativa e</p><p>ecológica;</p><p>- caminho do conhecimento e descoberta de potenciais ocultos;</p><p>- estímulo à autonomia, à livre escolha, à transformação e à tomada de decisões.</p><p>FONTE: Disponível em: <file:///C:/Users/Win7/Downloads/1743-8296-1-PB.pdf>. Acesso em: 5</p><p>abr. 2015</p><p>5 CONCEITUANDO O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA</p><p>O brinquedo e a brincadeira estão diretamente ligados ao ato de brincar.</p><p>Brincar - Essa palavra tem origem latina. Vem de vinculum que quer</p><p>dizer laço, algema, e é derivada do verbo vincire, que significa prender, seduzir,</p><p>encantar. Vinculum virou brinco e originou o verbo brincar.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.dicionarioetimologico.com.br/brincar/>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2015.</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>15</p><p>Muitos dos brinquedos que conhecemos hoje foram passados de geração</p><p>para geração, fazem parte da cultura do nosso povo, são parte do folclore brasileiro</p><p>e apresentam características específicas de acordo com cada região ou cultura.</p><p>Segundo Brougère (2004, p. 13), “o brinquedo é um objeto distinto e</p><p>específico, com imagem projetada em três dimensões, cuja função parece vaga.</p><p>Com certeza podemos dizer que a função do brinquedo é a brincadeira”.</p><p>O brinquedo refere-se a um objeto que a criança manipula livremente,</p><p>sem estar condicionado a regras ou a princípios de utilização de outra natureza.</p><p>(BROUGÈRE, 2004).</p><p>Se considerarmos que a criança aprende de modo intuitivo, adquire</p><p>noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser</p><p>humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações</p><p>sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para</p><p>desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 2004, p. 36).</p><p>Cada brinquedo apresenta seu valor expressivo, a criança ao manipulá-</p><p>lo tem a liberdade e a autonomia de desenvolver uma grande variedade de</p><p>representações imaginárias.</p><p>Segundo Brougère (2004, p. 41),</p><p>Para analisar essa dimensão simbólica, devemos, mesmo que isso pareça</p><p>arbitrário, decompor o brinquedo segundo determinados aspectos.</p><p>1. Aspecto material do brinquedo, preliminar à própria significação, à</p><p>sua própria possibilidade, e que é seu suporte essencial. A originalidade</p><p>do brinquedo provém dessa capacidade de ser um meio de expressão</p><p>com volume. É um objeto dotado de significação, mas que continua</p><p>sendo um objeto.</p><p>2. A representação, o brinquedo pode representar a realidade ou</p><p>reproduzir um mundo imaginário. Até mesmo antes de ser manipulado</p><p>de forma lúdica, o brinquedo já representa uma significação incutida</p><p>pela cultura na qual a criança está inserida. De acordo com o autor,</p><p>manipular brinquedos remete, entre outras coisas, a manipular</p><p>significações culturais originadas numa determinada sociedade.</p><p>O brinquedo tem um significado independente para cada ser, tudo</p><p>depende de como ele é visto pela criança. O material do qual é fabricado, a cor,</p><p>tudo influencia na sua significação.</p><p>Segundo Brougère (2004, p. 44), “percebemos, assim, uma autonomia do</p><p>mundo do brinquedo que produz sua própria lógica. Cada brinquedo pode, desse</p><p>modo, ser analisado do ponto de vista de sua significação.”</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>16</p><p>Para leitura!</p><p>Este livro traz importantes reflexões referentes ao</p><p>significado de palavras como jogo, brinquedo e brincadeira,</p><p>passando pela discussão e importância do jogo na educação</p><p>infantil, até as teorias sobre este assunto. Através desta leitura</p><p>você terá a oportunidade de aprimorar seu conhecimento</p><p>em relação à importância do lúdico na Educação Infantil.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Primeira Olimpíada</p><p>Abril de 1896</p><p>Entrevista: Pierre de Coubertin</p><p>O barão dos esportes</p><p>O secretário-geral do Comitê Olímpico Internacional explica os motivos que</p><p>o levaram a reviver os antigos Jogos gregos e ataca a envolvimento do dinheiro com</p><p>a prática esportiva</p><p>Nascido em 1863 no seio de uma família da aristocracia parisiense, Pierre de</p><p>Frédy tinha desenhada para si uma carreira militar. Mas o jovem humanista acreditava</p><p>que o poder da educação era maior do que o das armas. Recusando o destino que lhe fora</p><p>traçado, tomou para si a missão de uma reforma pedagógica na França. Apaixonado</p><p>pelo esporte – então visto em seu país como um inimigo mortal da intelectualidade –, o</p><p>Barão de Coubertin, como se tornou conhecido, visitou a Inglaterra, os Estados Unidos</p><p>e o Canadá para conhecer sistemas educacionais que aliassem os exercícios físicos aos</p><p>intelectuais. Convencido de seu sucesso, dedicou-se, em seu retorno à França, a fundar</p><p>associações desportivas escolares e à sua organização em nível nacional. As fronteiras</p><p>gaulesas, porém, já eram pequenas para Coubertin, que sonhava em retomar os</p><p>antigos Jogos Olímpicos gregos. Uma competição multiesportiva internacional era</p><p>uma ideia impraticável e utópica para a maioria – mas não para o teimoso francês,</p><p>que, com a ajuda de alguns poucos abnegados, logrou organizar a competição em</p><p>plena era moderna. Nesta entrevista, o Barão, defensor ferrenho do amadorismo nos</p><p>esportes, comenta a resistência encontrada ao restabelecimento dos Jogos Olímpicos</p><p>e já projeta o legado do evento para a Grécia e para o mundo: "Os Jogos Olímpicos,</p><p>para os antigos, representavam a união do esporte e promoviam a paz. Não é nada</p><p>visionário recorrer a eles para obter benefícios similares no futuro".</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>17</p><p>VEJA - Qual foi a intenção dos membros dos fundadores do Comitê Olímpico</p><p>Internacional ao reviver uma instituição que esteve esquecida por tantos séculos?</p><p>Coubertin - O esporte está assumindo uma importância cada vez maior a cada ano, e</p><p>o papel que desempenha parece ser tão importante e duradouro no mundo moderno</p><p>quanto era na Antiguidade. Mais que isso, ele reaparece com novas características, é</p><p>internacional e democrático, adequado, portanto, às ideias e necessidades dos dias</p><p>de hoje. Mas hoje, como antes, seu efeito será benéfico ou maléfico de acordo com o</p><p>uso que dele é feito, e da direção a que é encaminhado. O esporte pode trazer à baila</p><p>tanto as paixões mais nobres quanto as mais rasas; pode desenvolver as qualidades</p><p>de honra e altruísmo da mesma forma que a ganância; pode ser cavalheiresco ou</p><p>corrupto, viril ou bestial; por último, pode ser usado para fortalecer a paz ou preparar</p><p>para a guerra. Ora, nobreza de sentimentos, admiração pelas virtudes de altruísmo</p><p>e honra, espírito cavalheiresco, energia viril e paz são as necessidades primárias de</p><p>qualquer democracia moderna, seja ela republicana ou monárquica...</p><p>VEJA - O senhor acredita que, após esta primeira edição, os Jogos Olímpicos</p><p>realmente se solidificarão como uma competição esportiva internacional periódica?</p><p>Coubertin - Com certeza. Não se trata de uma criação local e passageira, mas sim de</p><p>algo universal e duradouro. Até porque o renascimento dos Jogos não é só fruto de um</p><p>sonho espontâneo: é a consequência lógica das grandes tendências cosmopolitas de</p><p>nosso tempo. O século XIX viu o despertar de um gosto pelos esportes em toda a parte.</p><p>Ao mesmo tempo, as grandes invenções desta era, as estradas de ferro e telégrafos,</p><p>permitiram a comunicação de pessoas de todas as nacionalidades. Uma relação mais</p><p>fácil entre homens de todas as línguas abriu naturalmente uma esfera maior para</p><p>interesses em comum. A humanidade tem começado a viver uma existência menos</p><p>isolada, diferentes raças aprenderam a se conhecer e a se compreender melhor, e ao</p><p>comparar seus poderes e realizações nos campos da arte, indústria e ciência, uma</p><p>rivalidade nobre nasceu entre elas, impulsionando-as a conquistas ainda maiores. As</p><p>Exposições Universais têm reunido em um ponto do globo os produtos de seus cantos</p><p>mais remotos. Nos domínios da ciência e da literatura, assembleias e conferências</p><p>vêm unindo os mais ilustres intelectuais de todas as nações. Não poderia ser de outra</p><p>forma que também esportistas das mais diversas nacionalidades deveriam começar</p><p>a se encontrar em território neutro. A Suíça tomou a frente ao convidar atiradores</p><p>estrangeiros para participar das competições de tiro de sua federação; corridas de</p><p>bicicleta vêm sendo disputadas em todas as pistas da Europa; Inglaterra e Estados</p><p>Unidos têm se desafiado por mar e por terra; os mais hábeis esgrimistas de Roma</p><p>e Paris têm cruzado seus floretes. Gradativamente, o esporte está se tornando mais</p><p>internacional, estimulando os interesses e ampliando a esfera de ação. O renascimento</p><p>dos Jogos Olímpicos se tornou possível e, posso dizer, até mesmo necessário.</p><p>VEJA - Ainda assim, a competição esteve longe de ser uma unanimidade. Como foi a</p><p>organização?</p><p>Coubertin - Quando tive a ideia de convocar em Paris um Congresso Internacional</p><p>do Esporte, em 1892, logo descobri que isso não seria possível sem alguma labuta</p><p>preliminar, e me lancei com afinco nessa tarefa. Unificar os grandes clubes esportivos</p><p>franceses e me comunicar com as sociedades similares de outros países era primordial,</p><p>de um lado, para não oferecer a estranhos o edificante espetáculo da discórdia nacional</p><p>e, de outro, para obter do exterior diversos adeptos a essa causa. Na primavera de</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>18</p><p>1893, a situação tinha melhorado tanto que já era possível convocar um congresso.</p><p>Tínhamos ótima relação com Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos, e convites foram</p><p>enviados a todas as sociedades esportivas no mundo solicitando-lhes que mandassem</p><p>representantes para Paris, no mês de junho de 1894. A programação do Congresso</p><p>foi elaborada de modo a disfarçar seu principal objetivo: o renascimento dos Jogos</p><p>Olímpicos. Ela trazia apenas questões sobre o esporte em geral. Cuidadosamente,</p><p>deixei de mencionar tão ambicioso projeto, receando que pudesse levantar tamanha</p><p>manifestação de desdém e escárnio que acabasse por desencorajar, de antemão, aqueles</p><p>favoráveis à ideia. Isso porque sempre que eu aludira ao meu plano em encontros em</p><p>Oxford ou Nova York, ficara tristemente consciente de que minha plateia o considerara</p><p>utópico e impraticável.</p><p>VEJA - As coisas não mudaram nem mesmo depois do anúncio da realização do evento</p><p>em Atenas, com o apoio do governo local?</p><p>Coubertin - Pouco. Os comitês nacionais e internacionais estavam ocupados</p><p>recrutando competidores, mas a tarefa não era tão fácil quanto se possa imaginar.</p><p>Não só era preciso superar a indiferença e a desconfiança. O renascimento dos Jogos</p><p>Olímpicos incitara certa hostilidade. Embora o Congresso de Paris tenha sido cuidadoso</p><p>em decretar que toda forma de exercício físico praticada no mundo deveria encontrar seu</p><p>lugar na programação, os ginastas sentiram-se ofendidos, acreditando não ter recebido</p><p>proeminência suficiente. A maior parte das associações de ginástica da Alemanha,</p><p>França e Bélgica está animada por um rigoroso espírito exclusivo. Essas associações</p><p>não ficaram satisfeitas em declinar do convite para dirigirem-se a Atenas. A federação</p><p>belga escreveu para as outras federações, sugerindo uma resistência orquestrada contra</p><p>o trabalho do Congresso de Paris. Eles não se mostraram inclinados a tolerar a presença</p><p>das modalidades atléticas que</p><p>eles próprios não praticam; aquilo que desdenhosamente</p><p>chamam de "esportes ingleses" se tornou, por conta de sua popularidade, especialmente</p><p>odioso para eles. Felizmente, porém, outras mentes prevaleceram.</p><p>VEJA - O profissionalismo parece ser cada vez mais uma realidade no esporte. Os</p><p>Jogos Olímpicos, com seu caráter completamente amadorístico, são uma resposta a esse espírito?</p><p>Coubertin - Sim, é fato que mais e mais um espírito mercantilista ameaça invadir</p><p>os círculos esportivos. Os homens não correm ou lutam abertamente por dinheiro,</p><p>mas ainda assim a tendência a um acordo lamentável se alastrou. O desejo de vencer</p><p>muitas vezes não tem que ver com a simples ambição por uma distinção honrosa. E, se</p><p>não desejássemos ver o esporte degenerar e acabar pela segunda vez, ele precisava ser</p><p>purificado e unido. De todas as medidas que levariam a esse desejado objetivo, só uma</p><p>me parecia totalmente praticável: a criação de uma competição periódica, para a qual</p><p>as sociedades esportivas de todas as nacionalidades seriam convidadas a enviar seus</p><p>representantes, colocando esses encontros sob a única patronagem que poderia lançar</p><p>sobre eles uma aura de grandeza e glória – a patronagem da Antiguidade Clássica!</p><p>Nos Jogos Olímpicos, as competições serão sempre disputadas com regulamentos</p><p>amadores. Abrimos exceção para a esgrima, já que em muitos países professores</p><p>de esgrima militar são soldados ranqueados. Para eles, providenciou-se um torneio</p><p>à parte. Para todas as outras modalidades, somente amadores são admitidos. É</p><p>impossível conceber os Jogos Olímpicos com prêmios em dinheiro. Mas essas regras,</p><p>que parecem até simples, são bastante complicadas em sua aplicação prática pelo fato</p><p>de que a definição do que constitui um amador difere de um país para outro – às</p><p>TÓPICO 1 | A ANTROPOLOGIA DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO EDUCATIVO</p><p>19</p><p>vezes, de um clube para outro.</p><p>VEJA - Os Jogos foram um sucesso na Grécia. A população tomou parte nas celebrações,</p><p>e um sentimento de orgulho pelo passado glorioso esportivo se alastrou pelo país. Qual o legado</p><p>do evento ao país?</p><p>Coubertin - É fato amplamente conhecido que os gregos, durante seus séculos de</p><p>opressão, haviam perdido completamente o gosto pelos esportes. O povo grego,</p><p>contudo, não é acometido da indolência natural dos orientais, e estava claro que o</p><p>hábito atlético, dada a oportunidade, voltaria a se enraizar facilmente entre seu povo.</p><p>De fato, diversas associações de ginástica haviam se formado nos últimos anos em</p><p>Atenas e Patras, e o público mostrava cada vez mais interesse em seus feitos. Era,</p><p>então, um momento favorável para dizer as palavras: Jogos Olímpicos. Assim que</p><p>ficou claro que Atenas auxiliaria no renascimento das Olimpíadas, uma perfeita febre</p><p>de atividade muscular tomou conta de todo o reino. E isso não foi nada perto do que se</p><p>seguiu depois dos Jogos. Eu vi, em pequenas vilas longe da capital, pequenos garotos</p><p>praticamente sem roupas atirando pedrinhas, pulando sobre barreiras improvisadas,</p><p>e dois moleques nunca se encontravam nas ruas de Atenas sem disputar uma</p><p>corrida. Nada superava o entusiasmo com que os vitoriosos eram recebidos por seus</p><p>conterrâneos no retorno às suas cidades natais. Eram recebidos pelo prefeito e pelas</p><p>autoridades municipais, e aclamados por uma multidão carregando ramos de oliveira</p><p>e de louro. Nos tempos antigos, o vencedor adentrava a cidade por uma abertura feita</p><p>especialmente em seus muros. As cidades gregas já não são mais muradas, mas pode-</p><p>se dizer que o esporte fez uma abertura no coração da nação. Quando se percebe a</p><p>influência que a prática de exercícios físicos pode ter no futuro de um país e na força</p><p>de todo um povo, fica-se tentado a imaginar se a Grécia não dará início a uma nova</p><p>era a partir de 1896.</p><p>VEJA - E em relação ao resto do mundo? Os Jogos cumpriram o papel que o senhor</p><p>imaginava?</p><p>Coubertin - É claro que, no mundo como um todo, os Jogos Olímpicos ainda não</p><p>exerceram nenhuma influência, mas estou profundamente convencido que eles o</p><p>farão. Esta foi a razão para seu resgate. Como já disse, o esporte moderno precisa</p><p>ser unificado e purificado. Acredito que nenhuma educação, especialmente em uma</p><p>época democrática, pode ser boa e completa sem a ajuda do esporte; mas o esporte,</p><p>para desempenhar seu papel educacional, precisa ser baseado em um desinteresse</p><p>puro e no sentimento de honra. Foi com esse pensamento em mente que eu busquei</p><p>reviver os Jogos Olímpicos. Tive sucesso depois de muito esforço. Se a instituição</p><p>prosperar – e confio que, com o auxílio de todas as nações civilizadas, ela irá prosperar</p><p>–, acredito que ela pode ser um fator potente, ainda que indireto, na busca da paz</p><p>universal. Guerras acontecem porque as nações compreendem erradamente as outras.</p><p>Não teremos paz enquanto o preconceito, que hoje separa as diferentes raças, não for</p><p>erradicado. Para obter este objetivo, que melhor meio do que reunir periodicamente a</p><p>juventude de todos os países para disputas amistosas de força muscular e agilidade?</p><p>Os Jogos Olímpicos, para os antigos, representavam a união do esporte e promoviam</p><p>a paz. Não é nada visionário recorrer a eles para obter benefícios similares no futuro.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/olimpiada-1896/entrevista-barao-pierre-de-</p><p>coubertin-impressao.shtml>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>20</p><p>Neste tópico, você viu que:</p><p>• A grande maioria dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais entre</p><p>as crianças brasileiras chegaram até aqui através da vida dos povos que deram origem</p><p>à nossa civilização, vindos da Europa e até mesmo do Oriente.</p><p>• Os jogos sempre fizeram parte do contexto histórico do homem e foram se</p><p>moldando de acordo com a necessidade de cada época.</p><p>• Os jogos na antiguidade apresentavam uma dimensão religiosa e em alguns</p><p>casos os jogos também tinham sua dimensão política, através de um acordo de</p><p>interesses, eram oferecidos pelos nobres, depois pelo Imperador ao povo.</p><p>• A Grécia também foi precursora dos Jogos Olímpicos, os primeiros jogos datam</p><p>dos anos de 776 a.C.</p><p>• Os astecas acreditavam que este jogo representava uma regeneração cósmica</p><p>indispensável à sobrevivência da sociedade.</p><p>• Todo jogo tem regras, elas podem ser alteradas ou não, os participantes</p><p>podem tomar essa decisão antes de iniciar o jogo. Vale ressaltar que, há jogos</p><p>“oficiais” que devem seguir à risca as regras e estas só podem ser alteradas com</p><p>antecedência e em comum acordo pelos responsáveis.</p><p>• Antigamente, a criança era vista como um adulto em miniatura. Elas passavam</p><p>grande parte do seu tempo com os pais, realizando os afazeres domésticos, não</p><p>eram estimuladas a brincar e a brincadeira era vista como futilidade.</p><p>• Muitos dos brinquedos que conhecemos hoje foram passados de geração para</p><p>geração, fazem parte da cultura do nosso povo, são parte do folclore brasileiro e</p><p>apresentam características específicas de acordo com cada região ou cultura.</p><p>• O brinquedo tem um significado independente para cada ser, tudo depende</p><p>de como ele é visto pela criança. O material do qual é fabricado, a cor, tudo</p><p>influencia na sua significação.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>21</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Observe a imagem a seguir e teça um comentário partindo das discussões</p><p>realizadas neste tópico.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/</p><p>origem-dos-jogos-olimpicos.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>2 A partir das discussões iniciadas neste tópico, reflita sobre a evolução</p><p>antropológica do jogo, brinquedo e brincadeira. Registre suas reflexões para</p><p>serem discutidas com seus colegas.</p><p>3 Observe a obra: Jogos e Brinquedos Infantis, 1560, de Pieter Brueghel e</p><p>escolha uma brincadeira para descrever.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.rupert.id.au/TJ521/bruegel_la.jpg>. Acesso</p><p>em: 28 fev. 2015.</p><p>22</p><p>23</p><p>TÓPICO 2</p><p>JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>UNIDADE 1</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Como é bom recordar momentos de nossa infância, lembrar das</p><p>brincadeiras</p><p>que nos marcaram, das risadas, frustrações, dos amigos, do faz de conta, onde</p><p>tudo podia acontecer. Momentos estes que não voltam, mas certamente ficarão</p><p>gravados em nossa memória por muito tempo.</p><p>Neste tópico apresentaremos alguns jogos e brincadeiras tradicionais das</p><p>crianças brasileiras, brincadeiras estas que foram se moldando com o passar do</p><p>tempo, mas mantiveram suas raízes.</p><p>Quem sabe, iremos trazer à tona lembranças que marcaram sua infância!</p><p>2 OS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS</p><p>DA CULTURA BRASILEIRA</p><p>Muitos jogos e brincadeiras que conhecemos atualmente são considerados</p><p>folclóricos, pois são brincadeiras antigas que foram passadas de geração para</p><p>geração, e mantiveram suas regras básicas de origem.</p><p>Os jogos e brincadeiras tradicionais são aqueles que por suas</p><p>características de fácil assimilação, desenvolvimento de forma prazerosa,</p><p>aspectos lúdicos e função em seu contexto, foram aceitos coletivamente</p><p>e preservados através dos tempos, transmitidos oralmente de uma</p><p>geração para outra. Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/</p><p>edicoes_anteriores/anais16/sem13pdf/sm13ss14_04.pdf>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2015.</p><p>Esses jogos e brincadeiras podem apresentar variações e até mesmo sofrem</p><p>modificações de acordo com cada região ou cultura. Mas cultivar esses jogos e</p><p>brincadeiras é essencial para manter viva a história de um povo e o folclore do</p><p>nosso país. Em relação à origem exata dos jogos, brinquedos e brincadeiras,</p><p>Kishimoto (2004, p. 15) afirma que:</p><p>Não se conhece a origem desses jogos, sabe-se, apenas, que são</p><p>provenientes de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos</p><p>de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. A tradicionalidade e</p><p>universalidade dos jogos assentam-se no fato de que povos distintos e</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>24</p><p>antigos, como os da Grécia e do Oriente brincavam de amarelinha, de</p><p>empinar papagaios, jogar pedrinhas, e até hoje as crianças o fazem da</p><p>mesma forma.</p><p>Geralmente o brinquedo tradicional (artesanal) é confeccionado pela</p><p>criança, dentro de um ponto de vista infantil, a criança sabe o que quer com esse</p><p>brinquedo. Já o brinquedo industrializado é pensado e projetado pelo adulto de</p><p>acordo com os seus interesses e objetivos, em muitos deles a criança não acrescenta</p><p>e não cria nada. “Quando o brinquedo é oferecido como prova de status, para</p><p>satisfazer a vaidade, as recomendações quanto ao uso são tantas, que restringem a</p><p>atividade lúdica”. (RIBEIRO, 2011, p. 55). Ainda de acordo com o autor, no mundo</p><p>lúdico a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida</p><p>interior, descobre o mundo e torna-se operativa.</p><p>Não se sabe exatamente a data de quando cada um dos jogos ou brincadeiras</p><p>surgiu, mas pesquisas expõem que algumas fazem parte da história da humanidade</p><p>há muito, mas muito tempo.</p><p>Kishimoto (2004, p. 15) apresenta uma importante reflexão acerca do jogo</p><p>para a cultura indígena.</p><p>A dificuldade aumenta quando se percebe que um mesmo</p><p>comportamento pode ser visto como jogo ou não jogo. Se para um</p><p>observador externo a ação da criança indígena que se diverte atirando</p><p>com arco e flecha em pequenos animais é uma brincadeira, para a</p><p>comunidade indígena nada mais é que uma forma de preparo para a</p><p>arte da caça necessária à subsistência da tribo.</p><p>Para a criança o ato de atirar com arco e flecha pode ser uma simples</p><p>brincadeira, mas na verdade os indígenas passam seus costumes e tradições através</p><p>das brincadeiras com o objetivo de aprender as estratégias de sobrevivência, entre</p><p>elas a caça.</p><p>Muitos jogos e brincadeiras tradicionais do Brasil foram trazidos pelos</p><p>imigrantes. Segundo Kishimoto, (2004, p. 22), “grande parte dos jogos tradicionais</p><p>popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos (ossinhos), amarelinha,</p><p>bolinha de gude, jogo de botão, pião e outros, chegou ao Brasil, sem dúvida, por</p><p>intermédio dos primeiros portugueses”.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>25</p><p>3 VAMOS CONHECER ALGUNS JOGOS E BRINCADEIRAS</p><p>TÍPICOS DO BRASIL</p><p>A cultura brasileira é marcada pelas cantigas de roda, brincadeiras com</p><p>corda, versos, parlendas, bolinha de gude, esconde-esconde e pega-pega. Há uma</p><p>grande riqueza neste sentido, as crianças são incentivadas desde a tenra idade e</p><p>geralmente aprendem com os mais velhos. De acordo com os PCN de Educação</p><p>Física:</p><p>A gama de esportes, jogos, lutas e ginásticas existentes no Brasil é imensa.</p><p>Cada região, cada cidade, cada escola tem uma realidade e uma conjuntura que</p><p>possibilitam a prática de uma parcela dessa gama. A lista a seguir contempla</p><p>uma parcela de possibilidades e pode ser ampliada ou reduzida:</p><p>• jogos pré-desportivos: queimada, pique-bandeira, guerra das bolas, jogos</p><p>pré-desportivos do futebol (gol a gol, controle, chute em gol rebatida drible,</p><p>bobinho, dois toques);</p><p>• jogos populares: bocha, malha, taco, boliche;</p><p>• brincadeiras: amarelinha, pular corda, elástico, bambolê, bolinha de gude,</p><p>pião, pipas, lenço-atrás, corre-cutia, esconde-esconde, pega-pega, coelho sai</p><p>da toca, duro ou mole, agacha-agacha, mãe da rua, carrinhos de rolimã, cabo</p><p>de guerra etc.;</p><p>• atletismo: corridas de velocidade, de resistência, com obstáculos, de</p><p>revezamento; saltos em distância, em altura, triplo, com vara; arremessos de</p><p>peso, de martelo, de dardo e de disco;</p><p>• esportes coletivos: futebol de campo, futsal, basquete, vôlei, vôlei de praia,</p><p>handebol, futvôlei etc.;</p><p>• esportes com bastões e raquetes: beisebol, tênis de mesa, tênis de campo;</p><p>• esportes sobre rodas: hóquei, hóquei in-line, ciclismo;</p><p>• lutas: judô, capoeira, caratê;</p><p>• ginásticas: de manutenção de saúde (aeróbica e musculação); de preparação</p><p>e aperfeiçoamento para a dança; de preparação e aperfeiçoamento para os</p><p>esportes, jogos e lutas; olímpica e rítmica desportiva.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 28</p><p>fev. 2015.</p><p>Para as crianças a brincadeira não tem hora, nem lugar, sempre que surge</p><p>uma oportunidade, lá estão elas. As brincadeiras, seu nome e o modo de brincar</p><p>podem variar de região para região, por se tratar de culturas diferentes. Cada uma</p><p>vai adaptando conforme seus interesses e disponibilidade de materiais.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>26</p><p>FIGURA 6 – BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS</p><p>FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ivanisja/brincadeiras-</p><p>folclricas-33910815>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>3.1 BRINCADEIRAS DE ORIGEM INDÍGENA</p><p>Não se pode dizer bem ao certo de onde cada jogo, brinquedo e brincadeira</p><p>se originaram, o que sabemos é que estes têm suas raízes mais fortes em uma</p><p>cultura específica e se difundiram entre as mais diversas culturas e regiões, onde</p><p>suas características e nomes podem variar. Isso ocorreu e ainda ocorre porque as</p><p>pessoas se mudam, mas mantêm seus hábitos e sua cultura que assim é transmitida</p><p>a outros.</p><p>Apresentaremos a seguir alguns jogos, brincadeiras e brinquedos</p><p>característicos da cultura indígena, europeia, africana e asiática, os quais</p><p>encantaram e ainda encantam crianças e adultos de todo o Brasil.</p><p>Quem nunca brincou de peteca?</p><p>Pois é, essa brincadeira tão familiar e que aos poucos vem sendo esquecida</p><p>tem origem indígena. Os indígenas não compravam seus brinquedos, eles eram</p><p>construídos e alguns passaram de geração para geração. A hora de construir o</p><p>brinquedo para eles também é uma brincadeira, procurar os materiais necessários,</p><p>é uma grande aventura.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>27</p><p>Eles usavam uma trouxa de folha cheia de pedras que eram amarradas</p><p>numa espiga de milho. Brincavam de jogar esta trouxa de um lado para outro,</p><p>chamavam-na de Pe’teka, que em tupi significa bater.</p><p>FIGURA 7 – PETECA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://pibmirim.socioambiental.org/</p><p>como-vivem/brincadeiras>. Acesso em: 29 fev. 2015.</p><p>NOTA</p><p>O nome “peteca” – de origem Tupi e que significa “tapear”, “golpear com as mãos”</p><p>– é hoje o mais popular entre todos os nomes desse brinquedo tão conhecido no Brasil. Ainda</p><p>hoje muitas pessoas aguardam o tempo das colheitas para elaborar seus brinquedos. Com as</p><p>palhas do milho trançam diferentes amarras e laços e criam petecas de vários formatos.</p><p>As tão conhecidas pernas-de-pau, que fazem a festa da criançada e de</p><p>muitos adultos, também são de origem indígena.</p><p>FIGURA 8 – PERNAS-DE-PAU</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>28</p><p>Perna-de-pau dos Xavantes</p><p>Crianças, de uma maneira geral, adoram mostrar o quanto são grandes</p><p>e fortes. Vivem fazendo gestos que aumentam seus tamanhos e forças. Talvez</p><p>tenha sido através desse desejo que a perna-de-pau foi parar nas pernas de tantas</p><p>crianças pelo mundo.</p><p>Em uma aldeia xavante, no Mato Grosso, quando as crianças têm vontade</p><p>de andar nas pernas-de-pau, saem em grupos para o mato levando consigo seus</p><p>facões. Precisam encontrar o brinquedo que está pronto e escondido em alguma</p><p>árvore da mata, só aguardando a vinda de alguém. Procuram por horas um</p><p>tronco longo e reto, e que tenha na ponta uma forquilha (uma divisão no formato</p><p>da letra Y, onde se apoia o pé) nem muito curva, nem muito aberta. Essa busca</p><p>seria mais simples se a aldeia não estivesse situada bem no meio do cerrado</p><p>brasileiro, uma região de árvores baixas com troncos bastante tortos. Encontrado</p><p>o tronco com essas características, logo surge o segundo desafio: achar o par para</p><p>ele. Dessa forma, uma “caçada” às pernas escondidas na mata pode durar uma</p><p>manhã inteira. As forquilhas não permitem que os pés fiquem paralelos ao chão,</p><p>eles ficam retorcidos para dentro, causando um certo desconforto para quem</p><p>anda sobre elas. Mesmo assim, as crianças xavantes gostam de provar que são</p><p>fortes e resistentes, e o desafio é conferir quem consegue andar a maior distância</p><p>possível sem cair. Um dia inteiro se passa sem que as crianças busquem uma</p><p>nova atividade. Para elas, uma brincadeira por dia é suficiente.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://pibmirim.socioambiental.org/como-vivem/</p><p>brincadeiras>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Como já mencionamos, os indígenas aproveitavam estes momentos de</p><p>brincadeira para ensinar a sua cultura aos mais jovens. É através dos jogos e</p><p>brincadeiras que eles aprendem a fazer comida, caçar, cultivar a plantação, pintar</p><p>seus corpos, a fazer rituais, construir armas, entre tantas outras coisas.</p><p>DICAS</p><p>Para conhecer mais sobre essa rica cultura acesse o site: <http://pib.</p><p>socioambiental.org/pt>.</p><p>http://pibmirim.socioambiental.org/como-vivem/void(0)</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>29</p><p>3.2 BRINCADEIRAS DE ORIGEM EUROPEIA</p><p>Pular amarelinha, pular macaca, caracol, não importa qual nome tenha!</p><p>Essa brincadeira tem origem portuguesa e faz a alegria da criançada, faça chuva</p><p>ou faça sol.</p><p>De origem francesa, a amarelinha chegou ao Brasil e rapidamente se</p><p>tornou popular. A brincadeira consiste em um desenho formado por blocos</p><p>numerados de 1 a 9, com semicírculos nas extremidades que são jogados com</p><p>uma pedrinha que deve obedecer às paredes de cada bloco.</p><p>FIGURA 9 – AMARELINHA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/brincadeiras-brinquedos-</p><p>culturais.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>Tem também as canções de ninar, as histórias de bruxas e as tão famosas</p><p>cantigas de roda.</p><p>Segundo Kishimoto (2004, p. 22):</p><p>As lendas das cucas, bichos-papões, e bruxas, divulgadas pelas</p><p>avós portuguesas aos netinhos e pelas negras amas de sinhozinhos,</p><p>acompanham a infância brasileira e penetram em seus jogos. [...] Desde</p><p>primórdios da colonização, a criança brasileira vem sendo ninada com</p><p>cantigas de origem portuguesa.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>30</p><p>A ciranda, que é a dança mais famosa do Brasil, foi trazida de Portugal</p><p>como dança adulta, mas logo sofreu transformações e passou a alegrar as</p><p>brincadeiras infantis. É bastante utilizada ainda hoje em escolas, parques e</p><p>espaços que prezam as brincadeiras antigas, passando-as às novas gerações,</p><p>mostrando sua importância folclórica e cultural.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/cultura/brincadeiras-brinquedos-</p><p>culturais.htm>. Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>FIGURA 10 - CIRANDA</p><p>3.3 BRINCADEIRAS DE ORIGEM AFRICANA</p><p>Essa cultura tão rica chegou ao Brasil não de uma forma muito favorável,</p><p>pois seus portadores eram trazidos para serem escravos, seus costumes e tradições</p><p>tiveram que ser cultivados dentro da senzala, longe dos olhos dos “senhores”.</p><p>Por isso, não se tem muitas fontes de pesquisa, por serem escravos não</p><p>podiam expressar seus interesses e sua cultura, tinham que acatar ordens, caso</p><p>contrário eram castigados.</p><p>Acredita-se que as brincadeiras como pega-pega, pular corda, queimada,</p><p>brincadeira do elástico tenham origem africana. Mas outras, como a Mancala,</p><p>têm sua origem comprovada, esse jogo tem o objetivo de desenvolver o raciocínio</p><p>lógico de quem joga, é preciso ficar atento para não perder.</p><p>Originário da África, a Mancala teria surgido por volta do ano 2.000 a.C.</p><p>É jogado atualmente em inúmeros países africanos, mas já extrapolou</p><p>as fronteiras deste continente. Trata-se de um jogo com profundas</p><p>raízes filosóficas que é jogado habitualmente com pequenas pedras ou</p><p>sementes. Disponível em: <http://www.richmond.com.br/lumis/portal/</p><p>file/fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A833C66A449013C690C17EF6594>.</p><p>Acesso em: 28 fev. 2015.</p><p>TÓPICO 2 | JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS FOLCLÓRICAS – RESGATE CULTURAL</p><p>31</p><p>FIGURA 11 – MANCALA</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp>. Acesso em: 28 fev.</p><p>2015.</p><p>O objetivo do jogo é capturar o maior número de pedras.</p><p>O jogo começa em geral com quatro pedras em cada buraco. Sua jogada consiste</p><p>em escolher um buraco, retirar suas fichas e distribuí-las pelos outros buracos,</p><p>uma por buraco, no sentido anti-horário (em algumas versões do jogo, no</p><p>sentido horário). Quando você passa por sua mancala, você deixa uma pedra</p><p>nela como se fosse um buraco normal. Mas a mancala do adversário você pula.</p><p>Se a última pedra distribuída cair na sua própria mancala, você joga de novo.</p><p>E se ela cair em um dos seus buracos e ele estiver vazio, você leva para sua</p><p>mancala não apenas essa pedra, mas todas as pedras que estiverem no buraco</p><p>adversário exatamente oposto.</p><p>Quando os 6 buracos de um jogador estão vazios, o adversário coloca todas as</p><p>pedras que estiverem na sua metade do tabuleiro em sua mancala. Somam-se</p><p>então as pedras e quem tiver mais vence.</p><p>FONTE: Disponível em: <http://www.ludomania.com.br/Tradicionais/mancala.htm>. Acesso em:</p><p>28 fev. 2015.</p><p>UNIDADE 1 | O JOGO, O BRINQUEDO E A BRINCADEIRA: CONCEITO, EVOLUÇÃO, IDENTIDADE CULTURAL E PEDAGÓGICA</p><p>32</p><p>3.4 BRINCADEIRAS DE ORIGEM ASIÁTICA</p><p>O tão famoso aviãozinho que voava pela sala de aula, mas a professora</p><p>nunca sabia quem tinha jogado. Pois é, este e tantos outros fazem parte dos</p><p>brinquedos trazidos pelos chineses, os brinquedos de papel.</p><p>Pipa</p><p>Pipa, papagaio, arraia, raia, quadrado, pandorga... As pipas apareceram</p><p>na China, mil anos antes de Cristo, como forma de sinalização. Sua cor,</p><p>desenho ou movimento poderia enviar mensagens entre os campos. Os</p><p>chineses eram peritos em construir pipas enormes e leves. Da China</p><p>elas foram para o Japão, para a Índia e depois para a Europa, chegando</p><p>ao Brasil através dos portugueses. Os tipos de pipa mais conhecidos</p><p>são: de três varas, de cruzeta e o de caixa. Para confeccioná-las bastam</p><p>algumas folhas de papel, varinhas e linha. As pipas são muito comuns</p><p>em todo País, em alguns estados recebem nomes diferentes, dependendo</p><p>da sua forma, é conhecida como papagaio, arraia, dentre outros nomes.</p><p>A pipa artesanal consiste basicamente em: uma armação de madeira</p><p>(é muito utilizado para fazer a armação taliscas de coqueiro, gravetos feitos</p>

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