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1'10 '''IIIHdepressana França,tendoexercidosuamaiorinfluêncianasdécadasde 1830I! 1'10, Poder-se-iadizerqueo socialismoseoriginouigualmentede idéiasinglesase france. '11'lIIuito emborasuasdoutrinaseconômicassetenhamoriginadoquas('todasna lngla- 1'111.A ala esquerdado movimentorevolucionáriofrancêsdo séculoXVIII prodllz.ill IIIIIIIIISidéiassocialistas,Um de seuslíderesfoi GracchusBabeuf(1760-1797).Após a '11I1.dadeRobespierre,eleencabeçouumaconspiraçãoparaderrubaro Governofrancês ~ ,lIbstituí-lopor umGovernoqueimplantassea igualdadeea fraternidade.O complô i Iillltaído e Babeuffoi executado. . I:m seusescritos,Babeufargumentouquea naturezafizeratodasaspessoasiguais, ~ltIdireitose necessidades.Portanto,asdesigualdadesde riquezae de poderquetinham M'~ldodeveriamser reparadaspelasociedade.Infelizmente,a maioriadassociedadesfa. flll II oposto:estabeleciaummecanismocoercitivoparaprotegerosinteressesdosproprie. I' nllmc dos ricos.ParaBabeuf,a presençadadesigualdadesignificava"apresençadainjus.,h 11 Diziaelequeo comérciocapitalistaexistia"paraaproveitar-sedosuore dosangue II11'Iuusetodos,a fimdeformarlagosdeouroembenefíciodepoucos".'Osoperários, Itl'l' (:riavama riquezada sociedade,ficavamcoma menorparcela,e,enquantoaproprie. :~~IIIprivadanãofosseabolida,asdesigualdadessociaisnuncapoderiamsercorrigidas. , IIt:nride Saint-Simon(1760-1825)tambémfoi influente.Era origináriodeuma fa. i~"'htcmpobrecidada nobrezae tinha um desdémaristocráticopeloegoísmoanti-social I_~'III~upitalistasricosdesuaépoca.Condenavaosefeitosmoraisperniciososdaconcor ~.III'IIIilldividualistae ressaltavao valorsocialda produçãocooperativaplanejada.Tam- ~I" cl)l\denavao grandenúmerode ricosociososqueviviamdo trabalhodegentetraba. .1111111111,Erafavorávelàpropriedadeprivada,quandousadaparapromovero bem-estar _*_ lIIossas,masinsistiaem que só umaintervençãoamplado Governona produção.IIU "jttllhlllÇãoe no comérciopoderiagarantirisso. Mllltos dos seguidoresde Saint-Simoneram, porém, radicais.EscreveraminÚmc, 'I' 1'IIIII1etose livros,expondoos abusosdo capitalismo,atacandoapropriedadeprivada "hl'rança,denunciandoa exploraçãoe advogandoa propriedadee o controle,pelo 1~1'llIlI.daproduçãoeconômica,nointeressedobem-estargeral. J\. cooperativassociaisforampopularizadasnaFrançaporCharlesFourier,nadécn' 111I!DO.Eleachavaque,emumaeconomiacapitalista,sócercadeumterçodopovo 11III1111tcrealizavatrabalhosocialmenteútil.Osoutrosdoisterçosoueramdirigidos ~III'" IIpaçõesinÚteis,pelacorrupçãoe peladistorçãocausadaspelosistemademercado 11"111111parasitas inúteise ricos.Incitavaoscidadãosprodutivosaescapardessaopressilo \h' 111Ilnlllia, formando,voluntariamente,cooperativas(oufalanges,comoeleaschama. ,~,*I I :lIlIhém foi umdosprimeirossocialistasaperceberqueaconcorrênciaentreoscap! li_li'In I('varia,inevitavelmente,aomonopólio: '11'1111('as il1lluêl1ciasque tendem a restringir os direitos industriais do homem, mencionarei a 1'01 111,1\110(I\' empresas privilegiadas que, monopolizando dt:terminado ramo de indÚstria, redWII1, .1111111111'1:1111('11te, as portas do trabalho para quem quiser... Os extremos se tocam c, qIHlntlJ 8 UTILITARISMO PURO VERSUS UTILIT ARISMO ECLÉTICO: OS ESCRITOS DE BASTIA T E MILL Vimoscomoa combinaçãodasperspectivasdateoriadautilidadee dateoriadot(' balho, nos trabalhosde Smith e Ricardo,parecialevara conclusõesquesugeriamser capitalismocaracterizadotantopelaharmoniasocialquantopeloconflitodeclasses.S~, e Senior "sanearam"aEconomiaPolíticaclássica,rejeitandoaperspectivadateoria valore argumentandoqueo conhecimento dosverdadeirosprincípiosdeEconomiaPo ticamostrariaqueosinteressesde todasasclassesestavamemharmonia.ExplicaramL dos os conflitos existentescomo resultadoda ignorânciae de mal-entendidos.As d() trinasde Saye Senior(e tambémdeMalthus)tentarammostrarcomoosinteressesúl' mos ou ocultosdospobres,quandoentendidosà luz da EconomiaPolítica "científiclI eramidênticosaosinteressesimediatose óbviosdosproprietários,dos ricose dospc> rosos. Thompsone Hodgskinadotarama perspectivadateoriado trabalho.Acreditav., que,enquantoos produtoresimediatosderiqueza- osoperários- nãotivessemCOl\t( lealgumsobreosmeiosdeprodução,o conflitodeclassesseriainerenteaocapitalisn1 Ambosidentificaram-secomacausadosoperáriose ambosadvogarammudançassoei destinadasa transformaraestruturadeclassesdocapitalismo.Ambos,porém,portCI' baseadomuitasdesuasidéiasnafilosofiautilitarista,envolveram-seemcontradiçõesq! nãodiferiamdasdeSmitheRicardo. ' A influênciaradicalousocialistadaperspectivadateoriadotrabalhodaEconot Política clássicadifundiu-serapidamentede 1820a 1850.Os socialistascomeçara exercerconsiderávelinfluênciasobreos movimentoscrescentesda classeoperáriali!!! período. Dessemodo,os conservadorescomeçaramaencararcadavezcommaisurgên asnovasversõesdaEconomiaPolítica baseadasnoutilitarismopuro.Osdoislivros1\1 importantesdeteoriaeconômicaqueapareceramemmeadosdo séculoXIX foramI' ciplesof Political Ecol1omy,de Jolm StuartMill (publicadoem 1848),eEcollomicI mOllies,deFredericBastiat(publicadoem1850).O livrodeMill foi o últimograndill forçoparamanterasperspectivasdautilidadee dotr.abalhonomesmocorpodasdou naseconômicas.O livro deBastiatrepresentavao produtofinal, emquasetodososa~p! tosessenciais,doutilitarismoeconômicopurolevadoàssuasconclusõeslógicas. A DISSEMINAÇÃO DAS IDÉIAS SOCIALlST AS As idéias econômicas socialistas tiveram, inquestionavelmente, suas principais lil! intelectuaisnaEconomiaPolíticaclássicainglesa.PelosescritosdeThompsont' IIt>d~l,kl estasdoutrinaseconômicaspenetraramnomovimcntodeOwcn,naInglatl'na,O(~III'''\ considcrávclinfluênciana décadade 1830,Todavia,as iMias socialistasdifllndlllllll ,'I\.ltllI plll (,ltAV, Al\'x:lnd('r, H,., Soc/alist 7'racJ/t/O/l,l.ondres,l.OI1KlII:ll1S,1963, p. 105, ~J IlllIln(o graudeconcorrênciaanárquica,maissechegapertodomonopóliouniversal,quef:O ,'xtrcmooposto...Osmonopólios... operandoemconjuntocomosgrandesinteressesdaterrl~ diminuirãoa classemédiae a classeoperária,reduzindo-asa umestadodevassalagemcomer. clal... Ospequenoscomerciantesserãoreduzidosà posiçãodemerosagentes,trabalhandoparlj, suacoalizãomercantil.Veremos,então,o reaparecimcntodofeudalismoinvertido;baseadoel1\ ligasmercantisecorrespondendoàsLigasdosBarões,daIdadeMédia? Na décadade1840eduranteváriasdécadasdepois,o socialistafrancêsmaisinfluent foi PierreJ osephProudhon(1809-1865).Em seuconhecidolivro O QueÉ a Propried, de?,ele respondeuà perguntafeitano título como sloganqueo tornoufamoso:"A pr priedadeé um roubo." Achavaelequeapropriedadeera"a mãedatirania".Comoosdi reitosdepropriedadeeram,simplesmente,conjuntosdeprivilégiosespeciaisparapoucos de restriçõese proibiçõesgeraisparaasmassas,envolviam,necessariamente,a coação, fim deseremestabelecidosecumpridos.Daí a funçãobásicado estadosera coação. Os direitosde propriedadeeramumafontenãosódetiraniae coaçãocomotambé de desigualdadeeconômica.Enquantoa quantidadede trabalhoempregadadetermina a quantidadeproduzida,emumasociedadecapitalista,a propriedadedeterminavaadi sãoda produção,demodo queos queproduziamrecebiamquasenadae os quetinha propriedadespodiamusaras leis da propriedadeprivadapara"roubarlegalmente"os tI' balhadores.A sociedadeideal de Proudhonrejeitavanãosó asrelaçõesde propried:1 capitalistascomo tambéma industrialização.Ele visualizavaumaépocaáureadaagricII tura empequenaescalae de produçãoartesanal,na qualcadaagricultore cadaoperád possuiriamseuprópriocapitaleninguémviveriaapenasdapropriedade. FUNDAMENTOSE ESCOPODA ECONOMIAUTILITARISTA, DEBASTIAT Na décadade1840,a influênciadosocialismofrancêsestavaexpandindo-serapld mente.Nestecontexto,FredericBastiat(1801-1850)procurouestabelecerasantidade propriedadeprivada,docapital,dolucroe dadistribuiçãodariquezaexistente- em ral, o capitalismoconcorrenciale l11issez-faire.Fez isso estendendocoerentemente princípiosdo utilitarismoà teoriaeconômica(embora,conformeveremos,a teorltl valor-utilidadesó tenharecebic;!osuaformulaçãofinalmaisdeduasdécadasdepois,O .respostaàinfluênciacrescentedasidéiassocialistas). il O títulodolivromaisimportantedeBastiat,EconomicHarmonies,mostrouail1lptânciaqueeleatribuíaà rejeiçãodanoçãodequeo conflitodeclasseserainerentil capitalismo.Emdefesadesuasdoutrinas,ele(comoSenior)apelouparaaautoridadiJ Ciência.DiscutindoadistinçãoentreEconomiaPolítica"científica"(emqueseusl'ílvlU toseram,claramente,SayeSenior)eosocialismo(emqueseuoponentemaisdesprc:tAi era,obviamente,Proudhon),escreveu: O queestabeleceagrandedivisãoentreasduasescolasé a diferençademétodo.O sociah~mu, mo a Astrologiaou a Alquimia,adotaa imaginação;a EconomiaPolítica,comoa Astrunumlll~ Quím'ica,adotao métododeobservação.1I1 2 Citadopor COONTZ, SidneyH. ProductiveLaborandJ::ffectiveDemalld.Novalorquc.Au~lltlll. M. Kelley, 1966,p. 54. Dois astrônomos,observandoo mesmofenômeno,podemnãochegarà mesmaconclusão.Apesar destadiscordânciatemporária,estãoligadospor um métodocomumque,maiscedoou maistar- de, os aproximará...mas entreo astrônomoqueobservae o astrólogoque imaginaexisteum abismointransponível... O mesmoocorrecom aEconomiaPolíticae o socialismo.Oseconomistasobservamo homem,as leisdesuanaturezae asrelaçõessociaisqueseoriginamdestasleis.Os socialistaspensamnuma sociedadeusandoa imaginaçãoe, depois,concebemum coraçãohumanoqueseenquadrenesta sociedade.3 Tambémapelou(comoMalthus)paraaautoridadedareligião,emdefesadesuasdou- trinas: Proclamandoemnomeda fé, formulandoemnomedaCiência,asleisdivinas...denossaordem moraldinâmica,rejeitamos,decididamente,as... instituiçõesquealgunshomens,emsuaceguei- ra, introduziriamdescuidadamentenestemecanismoadmirável.Seriaumabsurdo\jmateudizer: Lai~'sez-faire!Deixcm por conta do acaso!Mas nós, crentes,julgamoster o direito de gritar: LaÚ'sez-passer!Deixema ordeme ajustiçadeDeusimperar.Eu acreditoemDeus.' Na verdade,seestetrabalhodiferir... dostrabalhosdossocialistas,seráporqueelesdizem:"Não pretendemos,defato,acreditaremDeus;emrealidade,sóacreditamosemnósmesmos,poisnada queremoscom o iaissez-fairee cadaumdenósofereceseuplanosocialcomoinfinitamentesupe- rioraodaProvidência.' Tendo,então,estabelecidoasuperioridadecientíficaereligiosadesuasidéias,eleco- :mcçoua desenvolvercoerentementeaeconomiautilitarista.Vimos,noúltimocapítulo, IIIJl:o utilitarismonãoservedebaseparaavaliarduassituações,seautilidadedeumindi- Ilduodiminuirnasegundasituação,mesmoqueautilidadedetodasasoutraspessoasau- mente.Tambémvimosque,seaceitarmosa distribuiçãodariquezaexistentecomoideal ~Justa(ouseignorarmoscompletamenteadistribuição),astrocasvoluntáriasnomercado ."r/ioo paradigmadeumcasoemqueautilidadetotalaumenta,semsombradedúvida, It(llreumasituaçãoe outra.A utilidadedeambososindivíduosaumentadepoisdatroca; . unanimidadeprevalece.BastiatcitouCondillac,comaprovação:"Oprópriofatodeser :I'~ltaumatrocaé provadequetemquehaverlucroparaambasaspartescontratantes; ~11.l)contrário,a trocanãoseriafeita.Por isso,todatrocarepresentadoisganhosparaa IlIlInanidade. ,,6 O utilitarismorequerunanimidade.Umavezaceitaadistribuiçãoinicialde"coisas 1~I)c!Íveis",a trocavoluntáriaé um dospoucosaspectosdavidasocialno qualexiste 1111unanimidadeentrepessoasqueinteragemsocialmente.Tantoaexigênciadeunanimi- il'llkquantoseucumprimentonoatodatrocasãodegrandeimportânciaparaamoderna 1IIInumianeoclássica.NaeconomianeocIássicautilitarista,todasasinteraçõeseconômi- ~~,1'01íticase sociaisdossereshumanossereduzemaatosdetroca.Umavezfeitaesta Illhl~'ÜU,o resultadoéóbvio.A teoriaeconômicautilitaristareduz-seaestesilogismo: :lASTIAr, Frederic.EconomicHarmonies.Princeton,N. l., D. Van Nostrand,1964,p. xxv. 111111, p. 569. I!lid ,p 4H7. I!lid ,p h6 UTILIDADE E TROCA I'ollasastrocassãomutuamentebenéficasparatodasaspartes. I'ollasasinteraçõeshumanaspodemserreduzidasa trocas. I.ogo,todasasinteraçõeshumanassãobenéficasparatodasaspartes. FoinosescritosdeBastiatqueaorientaçãodautilidadefoi formuladacoerentemente pelaprimeiravez,demodoareduzirtodaateoriaeconômicaaumameraanálisedatroca nomercado."A trocaéEconomiaPolítica"- declarouBastiat- "éaprópriasociedadc, poiséimpossívelconceberasociedadesemtrocaouatrocasemasociedade.,,7 QuandoBastiatproclamouque"atrocaéEconomiaPolítica",certamenteafastou-se muitodeAdamSmith,quetinhadedicadoapenasalgumasdezenasdepáginaspatafalar' sobretroca,nasquasemilpáginasdeA RiquezadasNações,oudeDavidRicardo,quede-o finiraEconomiaPolíticacomoo estudodasleisqueregulama distribuiçãodaproduçãd daeconomiaentreastrêsgrandesclassesdasociedade. As poucaspáginasqueSmithdedicouàdescriçãoda"mãoinvisível"setinham,com Bastiat,transformadoemtodaa EconomiaPolítica.O trabalhosobresaneamentoesta., vacompleto.Tendoditoque"a trocaéaEconomiaPolítica",que"aEconomiaPolítica serestringeàáreaquechamamosdenegóciosequeosnegóciosestãosobainfluênciadd interessepróprio".~Bastiattentouprovarque "os impulsosdetodososhomens,quand~ motivadospelointeressepróprioe legítimo,seenquadramnumpadrãosocialharmonia' SO".9Destinouseulivroa todasasclassese prometeuprovarqueo capitalismolaisse: faireeraomelhorsistemaeconômicopossívelparatodoomundo: Proprietários,pormaisvastasquepossamsersuasposses,seeupuderprovarqueseusdireitos,lã veementementecontestadospelaspessoasdehoje,estãolimitados- comoosdo m.lissimplestr balhadorbraçal- a receberserviçosemtrocadeserviçosreaisexecutadosporvocêsou porse antepassados,estesdireitosestarão,daquipordiante,sendodesat1ados... Capitalistase trabalhadores,achoquepossoestabelecerestalei: "À medidaqueo capitalsea"~ mula,a participaçãoabsolUtado capital,nosretornostotaisdaprodução,aumentaesuaparll~' paçãorelativadiminui;o trabalhotambémdescobrequesuaparticipaçãorelatil'aaumentaeqtj suaparticipaçãoabsolUtaaumentamaislIepressaainda.O efeitoopostoé observadoquanllu capitalé malbaratado."Seestalei puderserestabelecida,estáclaroquepoderemosconcluir111' os interessesdostrabalhadorese dosempregadoressãoharmoniosos.'o A demonstraçãofeitapor Bastiatsobreaharmoniauniversaldo capitalismodepen de muitas"leis científicas",que,segundoele, seriamprontamenteconfirmadaspela1:1 servaçãocasual."Nãopodemosterdúvida"- diziaele- "dequeointeressepróprio'1 molamestrada açãohumana".l1Os motivosimediatosdaaçãoeramasnccessidadesli' ~ Ibid.,p.59. Ibid.,p.81. Ihid.,p.xxi. Ihid.,p.xxxiii-xxxiv. Ihill.,p.27. 'J 11 manas.Osdesejosounecessidadeshumanaseraminsaciáveis,masosmeiosparasuasatis- luçãoeramlimitado~:"O desejovemà frente,aopassoqueosmeiosficamparatrás."12 " satisfaçãodasnecessidadesdáprazer:"Sedermoso nomedeutilidadea tudooquesa- Ilsfaçaasnecessidades,existirãodoistiposdeutilidade.Um delesnosé oferecidopela providência,semqualquercustoparanós;o outrotipoinsiste,porassimdizer,emser I.!umpradocomesforço."13Assim,o princípiouniversaldaaçãohumanaeraeste:"Nosso IlIteressepróprioé tal que,constantemente,procuramosaumentartodaanossasatisfa- \00emrelaçãoaonossoesforço.,,14Istoera,simplesmente,umarepetiçãodo princípio deBentham,demaximizaçãodautilidade,e atéhoje fazpartedocernedateoriaeco- fll)Juicaconservadora,deBastiat. A separaçãodautilidadeemdoistipos,feitaporBastiat,representavaumatentativa d(~tornaros preçosdependentesdautilidadee deafastaro paradoxodaáguaedo dia- IllUllte,deSmith.Setivesselido Benthamcommaiscuidado,poderiaterformuladoo ullceitode utilidademarginaldoseconomistasneoclássicosposteriores.Contudo,argu- IIII'ntouqueanaturezanosdavaalgumautilidade,comoaqueeraoferecidagratuitamen- 1ftpelaágua,ao passoquequasetodaa utilidade,comoporexemploaoferecidapelos IlIumantes,exigia.esforçooudor.Estaúltimautilidadeeraporelechamadadeutilidade ,I/c'/'Osa.Os objetosqueofereciamutilidadeonerosaeramos queexigiamesforçohu- 11111110paraseremproduzidos.Esteesforçohumanoprodutivoeraporelechamadode \"/'I'/{'O.Na orientaçãodadapor Bastiat,era básicaa insistênciade queo trabalhoera o IlllIeotipo de serviçoquenão eraqualitativamentediferentede outrosserviçosproduti- ~II.l'xecutadospor proprietáriosdeterrase capitalistas. Um homemisoladoexecutariatodosos serviçosprodutivosparasi próprio,massua .,I,lencia seriaprecáriae seubem-estarmaterialseriareduzido.Os homensviviamem _'II:I~dadesporquepodiam com isso,dividir o trabalho,especializar-se,aumentarapro- 111I~'110e trocaros frutosdamaiorprodução.Assim,emsociedade,oshomensexecutavam I Mlllvlços(querdizer, esforçoprodutivo) paraos outros.A trocaera,em realidade,uma IlIm,1Ideserviçosqueaumentava,inevitavelmente,a utilidadedoshomensemrelaçãoao 111"'Hlcspodiamconseguir,seprestassemserviçosprodutivosapenasasi próprios.Assim, 111I111tIsociedadedetroca,o serviçoeradefinidoporBastiatcomoum"esforçodeumho- 1111'111,110passoqueanecessidadee asatisfaçãoeramdeoutro".15 i'stadefiniçãodeserviçoéimportanteparaseentenderaorientaçãodeclassesocial 1111\IlIIhalhosdeBastiat.Eleinsistiaemqueo esforçoprodutivoerapenoso.Aspessoas I11'1poderiamsatisfa:lcrnecessidadescomumesforçoquepoderíamoschamardedor".16 1.11l'sl'orçoprodutivo,já tendosidodefinidocomopenoso,foi igualadoaoserviço.Por- '"11111,scrviçosignificavadoressuportadaspelaspessoasparaquehouvesseprodução. I I: " ,..1 IlIld , p. 4b. 111111,p. 27. 1111.1 IItld, P 1.\ IIlhl, p,'7 I" I 11 Uma das principaisincoerênciasdosescritosdeBastiat,váriasvezesrepetida,eraque, Icndodcfinidoserviçocomoumadorhumanasuportadaparaaprodução,referiu-sere. pl'lHlasvezesaserviçoscomoo usodasqualidadesdosobjetosmateriaisquetornamde. sejáveisestesobjetos. Umaidéiaquetemosrepetidodiversasvezesnestelivroé queasincoerênciasdeum pensadorsão,quasesempre,a indicaçãomaisfrutíferado preconceitodeclassedesse mesmopensador.Istoocorreporqueestepreconceitodeclasseé,muitasvezes,maiscoe. rentedoquea lógicadopensador.EsteéocasodeBastiat.Seuprincipalobjetivoerade. fenderapropriedadeprivadadocapital.Ao fazerisso,comoSayeSenior,desejavafazer a contribuiçãodo capitalistae doproprietáriodeterrasparaa produçãoparecercoma contribuiçãodo trabalhador.Insistiuque tantoo capitalistaquantoo proprietáriode terrasprestavamserviçose que,porisso,ambossuportavama dor;mas,conformevere. mos,osserviçospelosquaisoscapitalistaseproprietáriosdeterrasrecebiamremuneração, quasesempre,acabavamporselimitaraosimplesusodasferramentasedaterra,queeram! necessário~paraa produção.NestepontodasdiscussõesdeBastiat,fica-sesemsaberco- moo capitalistaeoproprietáriodeterrassuportamqualquerdor. Porexemplo,apósterdefinidoo serviçocomodorhumanaprodutivae,depois,te~ exaltadoaimportânciadadivisãodotrabalhoedatroca,Bastiatescreveuoseguinte: I Uma vez admitindo-sequea trocaé tantoa causaquantoo efeitoda divisãodo trabalho,UIII vez admitindo-seque a divisãodo trabalhomultiplicasatisfaçõesem relaçãoao esforço... leitor logoentenderáos serviçosqueo dinheirotemprestadoà humanidade,pelosimplesfato11 facilitaro atodatroca." Vemos,então,queodinheiroprestavaumimportanteserviço.Eclaroqueo donod dinheirorecebiafuros.Mascomoé queterdinheiroereceberjurospodeserdoloroso,11 modoapromoveraprodutividadedasociedade? Tendoestabelecidoqueosindivíduosegoístasachavamaespecializaçãoeatrocadi' serviçosprodutivosemercadoriasamaneiramaiseficazdemaximizarautilidade,BastiiJ prosseguiudiscutindoovalordetroca.Insistianofatodequeascontribuiçõesdanatur zaparaautilidadenuncatinhamtidopreço.Ascontribuiçõeshumanas,sobaformad' serviçosprodutivos,tinhampreçoproporcionalàsuautilidadeparaocomprador: a axiomadeSayerao seguinte:a basedo valoréa utilidade. Se se tratasse,aqui, de utilidadeemrelaçãoa serviçoshumanos,etl nãodiscutiria... A pallly(i serviçoestátão incluídana áreada utilidade,queé simplesmentea tradução...dapa'lavraIlIlI~ uti, quequerdizerservir.'. . Como os produtose serviçossãointercambiáveis,têmqueteralgoemcomum,algocomque1) samsercomparadose avaliados,ouscja,valor.I. a valornãoé transmitidodo objetomaterialparao serviço,masdestcparao valormaterial'" 18 Ibid., p. 75. Ibid., p. 134. Ibid., p. 148. Ibid., p. 150. 19 20 Vendoautilidadedosserviçoscomoaorigemdautilidadee,portanto,comoovalor ,1mprodutos,Bastiatinverteualinhadecausalidade,quedeveriatornar-sepadrãonateo- d. dautilidadeneoclássica.A esterespeito,Sayseaproximoumuitomaisdaescolaneo- dllMsicaposteriordoqueBastiat,masateoriadeBastiatlevavadiretamenteàconsecução "" seuprincipalobjetivo- mostrarqueosproprietáriosdeterraseoscapitalistascriavam \111meriqueza,damesmaformaqueo trabalho.Tendoditoqueautilidadeéafontedo \111metendoigualadoo valordosprodutosaovalordosserviçosnecessáriosparasuapro- ,11I~',lo,Bastiatnuncaelaborouumateoriaquemostrasseexatamentecomoautilidadede- '''Iminavao valordosserviços,determinando,dessemodo,o valordosprodutos.Esta '.l.Illasóseriaelaboradano iníciodadécadade1870,depoisdeaversãoradicaldateoria ,luvalor-trabalho,deMarx,tercomeçadoaexercerumainfluênciageneralizada. BASTIAT E A DEFESADE PROPRIEDADEPRIVADA, CAPITAL, LUCROSE RENDA Bastiatsedispôsadefenderapropriedadeprivadadaterraedocapital,aexplicara hlllllrczadosserviçosprestadospelosproprietáriosdeterrasepeloscapitalistas,amostrar 11'11'lodoo mundosebeneficiavacomocumprimentorígidodasleisdapropriedadeeda .1i~1'.trocae ademonstrarqueaacumulaçãoirrestritadecapitalbeneficiavaostrabalha- ..IUlI'Atantoquantooscapitalistasoumaisainda.Combasenestassuposições,conven- :~I'"'l'dequeo capitalismolaissez-faireeraumsistemaharmonioso,quebeneficiariauni. i~"~lIlrnentetodasaspessoas. 1:lc,primeiro,defendeua inviolabilidadedasleisdapropriedadeprivada.Suadefesa t~1lmples:apropriedadeprivadaeraumaleinatural,criadaporDeus,eanterioraqual- ~h"lei feitapelohomem.Portanto,asleishumanasquereconheciamistoestavamde 1IIIIIImidadecoma leinaturalecomavontadedeDeus;asleishumanasqueinfringiam dlll'llosdepropriedadeeramantinaturaisecontráriasàvontadedeDeus."A proprie- I,'Mo existeporqueexistemleis" - insistiaele - "masasleisexistemporqueexiste 1llllprledade.,,21 IllImBastiat,apropriedadeeraumaconseqüêncianecessáriadanaturezado homem: No pleno sentidoda palavra,o homemnasceproprietário,porquenascecomnecessidadescuja .illlsfa~'ãoé necessáriaparaa vida e com órgãose faculdadescujoexercícioé indispensávelpara 11Mlllisfaçãodestasnecessidades.As faculdadessãoapenasumaextensãodapessoa,e a proprieda- ,,,"I1l1damaiséqueumaextensãodessasfaculdadcs... I por issoqueacreditamosquc a propriedadetenhasidoinstituídapor Deus equeo objetoda 11'I 11\1111a\laé aproteçãoouasegurançadapropriedade.21 '~n()bastava,porém,insistiremqueapropriedadeerasagrada.Hodgskinteriaconcor- .tllI lOIl1 esta afirmação,masteriainsistidoemqueeraantinaturaleinjustoqueaterrae .~-1IIIIIIIIIICIIlos,queeramextensõesdasfaculdadesprodutivasdaspessoas,fossem,quase II ''''IIAT, Fredcric.Se/ectedE~'sayson PoliticalEconomy.Princeton,N. l., VanNostrand, I"" I' 11'/ t liohl.1'. \)\), 23 UASTIAT. Economic l/arlllollies, p. 200. Ibid., p. 196. o únicosacrifícioqueoscapitalistasteriamquefazer,aúnicadorqueteriamquesu- portartinhadoisaspectos:primeiramente,tinhamqueusarseucapitalparaconseguir IlIolslucro,emvez,porexemplo,desimplesmentedeixarsuafábricaociosa;emsegundo lugar,nãosepoderiamtornartãoextravaganteseperduláriosapontodemataragalinha dosovosde ouro - isto é, tinhamqueviverdeseuslucros,juroserendase não dissipar ~.fortunaherdadaquelhesderapoder.Eramestesossofrimentoseprivaçõesque,segun- doBastiat,davamaoscapitalistaso direitomoraldereceberseuslucros,jurose rendas. Não foi por acasoque Bastiatdeixou de consideraras origenshistóricasreaisdas ~l'Ondesfortunasfamiliaresdesuaépoca,poisistoteriadestruídoseuargumentoemfavor 11.Inviolabilidadeabsolutadasleisdaherança.Após ressaltara naturalidade,a inviolabili- ,lIdeeo aspectosagradodosdireitosdepropriedade,escreveu: O mesmoé válidoparaa herança.Nenhumateoria,nenhumarroubodeoratóriapodeconseguir fazercomqueospaisdeixemdeamarseusfilhos.Aspessoasquesedeleitamemcriarsociedades Imagináriaspodemlamentar,masistoé umfato.Umpaifarámuitomaisesforçoparasatisfazer seusfilhosdoqueparasatisfazer-seasipróprio.Sendoassim,seumanovaleicontráriaànatureza proibiraherançadapropriedadeprivada,elanãosóseria,porsimesma,umaviolênciacontraos direitosdepropriedadeprivada,comotambémimpediriaa criaçãodenovapropriedadeprivada, paralisandoametadedoesforçohumano.25 Assim,a eliminaçãodasleisdaherançaparalisariaavirtudemoralqueexplicaador . I) esforçonecessárioparaqueumcapitalistacontinueusandosuafábricacomofontede IU\1Ios,emvezdedeixá-Iaociosaoudegastartodoo capitalnelaempregado.Então,era I)Imor,enãoo interessepróprio,o motivodefendidoporBastiateatacadopelossacia- h.'"I'DevomosnoslembrardequeumdosargumentosdeThompsonemfavordeuma ,"'Icdadedecooperaçãomútuaeraqueapenasnestetipodesociedadetodasascrianças ~~nllosóasquetivessemtidoasortedenascerdepaisricos),bemcomotodososou- 'M que,pordiversasrazõeslegítimas,nãopudessemcontribuirparaa produçãopode- ~I.IIIserpoupadosdainsegurlWçadocapitalismoconcorrencial. A defesadeBastiatdapropriedadeprivadadaterraeraigualmentesimples:ospro- 1.I.rlosdeterrasnãorecebiamrendaalguma,simplesmenteemvirtudedasqualidades IIIIIIIS,nãoaproveitadasevirginaisdaterra.Todarendaeradevidaàsmelhoriasfeitas luhomemnosolo.Portanto,a terraera,simplesmente,capitalquenãopodiasermo- 1""lIndodamesmamaneiraqueosinstrumentoseasmáquinas: li torra,comomeiodeprodução,namedidaemqueéobradeDeus,produzutilidadeeessautili- Iladeé gratuita;o dononão tempoderparacobrá-Ia.A terra,comomeiodeprodução,namedi- 11.emqueseudono a tenhapreparado,trabalhadonelae acrescentadoa elaoutrosimplementos fllC<luárlos,geravalor,querepresentaserviçoshumanosqueforamoferecidos;estaé a únicacai- _. .queé cobrada(peloproprietário).26 C'untrariamentea Smithe Ricardo,Bastiatnãopropôsteoriaalgumaquedemons- , d 'IUOnl(osepagavarendaalgumapelousodasqualidadesoriginaisdaterra;simples- _.11111unnnou isso. 1 II1 J todos,depropriedadedosquenãoausavamcomotal,querdizer,dosquenãoproduzia comela.Portanto,Hodgskit\'teriaconcordadoqueapropriedadeeranatural,masteri afirmadoqueapropriedadecapitalistaeraantinatural,porqueerao meiopeloqual ociosoroubavao trabalhador. Reconhecendoisto, Bastiatfoi maisadiante.Começouassegurandoaosricos seguinte: " Homensproprietáriose do lazer ...vocês ainda são estranhamenteperturbados. Por quê? Porqu o perfumedoce,porémmortal,da utopiaameaçaseuestilodevida.Existemhomensquedizeni' que apregoamque ... sua fortunafoi adquiridaà custade seusirmãos.Dizemquevocês.J cobram um tributo... em nome da propriedade, dos juros da renda e da contratação ... Maseu digoquenão... tudoo quelhesé passadoé umacompensaçãopeloesforçofísicoe me~i tal, pelosuore pelo trabalhoárduo,pelosperigosenfrentados,pelashabilidadesusadas,peloss. crifícios feitos,pelasdoressuportadas,pelosserviçosprestadoserecebidos.Talvezvocêssópc semem si mesmos,mas atéosseusprópriosinteressessetransformaram,nasmãosdeumapro dênciainfinitamentesábiae onipresente,numinstrumentodeaumentodaabundãnciaparatoll oshomens.23 Em defesadoslucrosdocapital,Bastiat,primeiro,mostrouanecessidadeóbviade trabalhadoresusaremmeiosdeproduçãopreviamenteexistentes.Depois,indagoucon, estesmeiosdeproduçãotinhampassadoaexistir.Umateoriadovalor-trabalhoterialev doàconclusãodeque,comotodasasoutrasmercadorias,eleseramo resultadodotrab lhohumanoempregadonatransformaçãodosrecursosnaturais.Aceitando,porém,ast laçõescapitalistasdepropriedadecomoeternase sagradas,BastiatinsistiuemqueeI eramo resultadodadorsofridapeloscapitalistas: O capitaltemsuasraízesemtrêsatributosdohomem:capacidadedeprevisão,inteligênciac11 nomia.Paraqueresolvadeixardeusaro capitalemoutracoisa... o capitalistatemquesacril1 o presenteparater o capitaleexercercontrolesobresi mesmoe sobreseusapetites...Acul1l\\ capitalé fazerumaprovisãoparaa subsistência,a proteção,o abrigo,o lazer,aeducação,a 11\ pendência e a dignidade das geraçõesseguintes.Nada disso pode ser feito semse colocar em ~ tica todasasnossasvirtudesmaissociaise - o queé maisdif1"cilainda- semfazerdelas111.1 hábito diário.24 Bastiatnuncachegoualevaremcontaacrençadossocialistasdequeumhomemt balhadorcomumganhavaapenasosuficiente(eàsvezesmenos)paraasubsistênciade famI1ia;quenãohavia,demodoalgum,qualquerpossibilidadedeeleeconomizaro~ lhõesnecessáriosparasetransformarnumcapitalistacomseumagrosalário;que,cmrjl dade,aorigemdequasetodasasfortunasdoscapitalistaserao logro,atraição,afralld coaçãoe o subornoeque,umavezestabelecidoo capitalismo,dentrodeumaOllJ geraçõesaorigemdafortunadequasetodososcapitalistasseriaaherança.DosIUCI(;II' seucapital,oscapitalistaspoderiam,querfossemvirtuososoumaus,inteligentesou111, rantes,econômicosouperdulários,destinarumaparteàacumulaçãodemaiscapi!<l1 ramaisriqueza,rendaepoder,nofuturo- edestinaraoutraparteaoluxoeao\:011\11. extravagante. ']A IIlh\..1'.29. 1111\1.1,.253. 11)1) 27 Ibid., p. 459. Ibid., p.455. Ibid., p.457. 1 Alémdomais,aalegaçãodeBastiatdequeeleolhavaosfatos,enquantoossocialis. tasl:ollstruíamsuasteoriascombasenafantasiaenaimaginação,eraquasequeinsustent:1 vcl,emsuaargumentação.SeráqueBastiat,aoolharparaosricosepoderososproprietd riosde.terrasqueviviamempalacetes,emPariseemoutrascidadesfrancesas,osviuvesti doscomroupasdetrabalhoe caminhandolongasdistânciasatéchegaraescampospar prepará-Ios,cercá-Ios,drená-Iosenelestrabalharefazermelhorias?SetivesseidoaosCafl1' pos,teriaobservadocamponesesfazendoestetrabalhoepagandorendaaproprietário~. ausentes,ou trabalhadoresassalariadostrabalhandoparafazendeiroscapitalistas,quepa1 gavamrendaaproprietáriosausentes. I. A doreo esforçodosproprietáriosdeterrasacabavamsendoparecidoscomadortil o esforçodoscapitalistas:elessofriamporteremqueentregarsuasterrasparaseremtrll~1 balhadasporoutros,parareceberrenda,emvezdedeixá-Iasociosas. : IlvHvampelointeressepróprio,eramaisvantajoso,paraosfuncionáriosdoGoverno,acei- 1111ossubornosouangariarcontribuiçõesdosricosdoqueseguirospreceitosdeBas- 11111.Oscapitalistase osfuncionáriosdoGovernolimitavam-se.a umatrocasimples: wubornoparagarantirleisqueprotegessemopoderdemonopólio.Comoaprópriateoria Ih'Bastiatteria-previsto,ambasaspartessebeneficiavamcomestatroca.Osindivíduos '11It'trabalhavamno Governoconseguiamo financiamentonecessárioparacontinuarno I'udereparalevarumavida"cômoda",enquantooscapitalistasconseguiamasrestrições I"~IIISnecessáriasparateremmaislucrodoqueteriapermitidoosimplesrespeitoaosseus ,lIll'ltOSdepropriedade.Ambasasparteslucravamcomatroca,masopovosofria.Nãoé ,I, lIumirarque,emseusistemadeharmonia,Bastiattivesseignoradoestetipodetroca. II~estavamuitomaispreocupadocomossocialistasdoquecomoscapitalistasquesu- "llIlIavamfuncionáriosdoGoverno. Bastiatficouimpressionadocoma belezaestéticadocapitalismoecomsuaEcono- ~tlllIPolítica:"A EconomiaPolíticatem ...realmentesuaprópriapoesiaespecial.Sem- I""queexisteordemeharmoniaexistepoesia.,,3oEle,porém,nãodesconheciao fatode .Iu~ostrabalhadores,àsvezes,sofriamdificuldadesouprivações:"O sofrimento"- escre- V"\Iale- "temumpapeladesempenharnavidadoindivíduoe,conseqüentemente,tam. 111\11\na vidadasociedade".31Tambémnestecasoaharmoniadocapitalismolaissez.faire dllVII suaajuda.Paradarsegurançaaostrabalhadores,Bastiatescreveu: BASTIAT E A TROCA,A HARMONIASOCIALE O PAPELDOGOVERNO Tendoestabelecidoquea propriedadeprivadaerasagradaemostrado"asdorespn dutivas"sofridaspelosproprietáriosdeterrasepeloscapitalistas,seguir-se-iaabenevolêll ciauniversaldatroca.O trabalhonãopodiaproduzirsemosrecursosnaturaisesemoc pital.As pessoasricastinhamquesofrerparadeixarseusrecursoseseucapitalseremUSI dosriaprodução.Todaa sociedadeficavaemmelhorsituaçãocomaproduçãodoq~1 semela.Portanto,quando,pelatroca,ostrabalhadoresvendiamsuaforçadetrabalho oscapitalistaseproprietáriosdeterrasrecebiamseuslucrosesuasrendas,todossebene ciavamehaviaharmoniasocial.Bastiatgostavadesalientara liberdadequeexistianC~11 sistema.Ostrabalhadorespoderiamescolherentremorrerdefomeou usarsuaforçaQi trabalhoemtrocadeumsaláriodesubsistência.Faziamlivrementeestatrocae,poriss' atrocaosbeneficiava,bemcomooscapitalistaseproprietáriosdeterras. ' É certoqueBastiatenfatizouanoçãodeque,paraatrocaseruniversalmentevanlaj sa,teriaquehaverconcorrência.Ele,porém,viao Governocomoa principalcausad barreirasaestaconcorrência.Apelou,então,parao Governo,paraqueeleserestringll "à manutençãodaliberdade,dapropriedadee dosdireitosindividuais".27Assim,o G vernodeverialimitar-seaprotegertodososprivilégiosdapropriedadeprivadaedalih. dade,bemcomoo direitoindividualdetroca.Elereconheciaque"a açãodoGover envolviaa coação,por suapróprianatureza",28mastantoanaturezaquantoDeuM juntamparadaràspessoasumdireitoabsolutode"defender,mesmounindosuasfvr,,(t, aliberdadeeapropriedadeindividual".29 I Bastiatnuncaseindagouporqueosgovernoscriavamcondiçõesdemonopólioc()~.trosimpedimentosà livreconcorrência.Setivessefeitoisso,teriadescobertoqueera1'0 queum monopóliodámaislucrodo que'umaempresaconcorrencial.Comotodosse 111I I I'ortanto,tendoestabelecidoque todo aumentode capitalé, necessariamente,acompanhadode 11111aumentodo bem-estargeral,ousoapresentarcomoinquestionávelo seguinteaxioma,relativo 11distribuiçãodestaprosperidade:à medidaqueo capitalaumenta,a participaçãoabsolutados I'apitalistasna produçaõtotal aumenta,massuaparticipaçãorelativadiminui.Por outro lado,a l,articipaçãodos trabalhadoresaumenta tanto em termosabsolutos quantoemtermosrelati- l'IIS.u A "prova"destaproposiçãoerasimples,segundoBastiat:"quantomaisabundanteo 1/(11/,menorsuataxadejuros:Ora,istoéinquestionávele,realmente,nuncafoiques- \Hlllldo".33 ble eraum erro de lógica.A crençadequeexisteumatendênciaà quedadataxade \'10com'a acumulaçãodecapitaltemsidoumadasopiniõesmaisconstantesdosecono- 1IIIIateóricos,desdeSmithe RicardoatéMarx e no séculoXX John MaynardKeynes. 41I'ntanto,umaquedada taxade lucro por causadeumaumentodo volumedecapital .. IIIIIOSdos capitalistasnão indica,necessariamente,umaquedadaparcelarelativada 1llilu~jjodestinadaaoscapitalistas.Se o aumentopercentualdo capitalultrapassarsufi- 11I1!111l'11te a quedapercentualda taxade lucro, a participaçãorelativadoscapitalistas ~III'lOdução aumentaráea dostrabalhadoresdiminuirá.Maisumavez,umerrodelógica ,1.IIllnlclaramenteo preconceitodeclassedesseteórico. i 29 110101"p.26. 110111,p. 016. IIo"I,p, 11/2. 110111,JI. 19\. )[)O '{11 1-111suma,arespostadeBastiatàafirmativadossocialistasdequehavia"antagoni 111mfUlldamentais...entreproprietárioe trabalhador,entrecapitaletrabalho,entregen 1\ l'OIl1Ume a burguesia"34erasimples."Osinteressesdoshomensestãoemharmonia pmlulllo,a respostaestáinteiramentenestapalavra:liberdade."35Liberdadedetrocae proteçãoda propriedade- eraestaa últimarespostade Bastiatparatodosos malesso duls,t claroqueestaliberdadeeraaliberdadedeimpedir,coercitivamente,queosopern nosproduzissem,a menosqueos ricosdonosdaspropriedadestivessemo direitod receberlucros,rendaejurosresultantesdapossedosmeiosdeproduÇão. o UTILITARISMO,DEMILL A últimagrandetentativadeintegrara teoriadovalor-trabalhoeaperspectivautill taristafoi feitaporJohn StuartMill,emsuaobraPrindpiosdeEconomiaPoli'tica,publ, cadapelaprimeiravezem1848.Mill declarou-sediscípulodeBenthame Ricardo,ml suasobrastinham,quasesempre,umacaracterísticadistintiva:eletentousercorreto justonaapresentaçãodequalquerdoutrinae, porisso,apresentoumodificações,extel sõese muitasexplicaçõesemquasetodosos princípiospor elepropostos.Freqüent menteasmodificaçõesforamtãosignificativas- comonocasodesuaformulaçãodoUI litarismo,deBentham,e dateoriadovalor-trabalho,deRicardo- queadoutrinaq~ eleacabouapresentandoeracompletamentediferentedadoutrinainicial.Argumentar mosqueeleacabounãosendoumutilitaristanemumproponentedateoriadovaIo .trabalho.Muitasvezes,também,suasexplicaçõesdequalquerprincípioeramtãoextens esuaargumentaçãotãopersuasiva,queseuefeitofinaleradaraoleitoraidéiadavalida4: deprincípiosbastantecontraditóriosaosesposadosporele- e, muitasvezes,com unI defesalúcidae convincentedestesprincípios.Por isso,tantoa filosofiasocialdeMi quantosuateoriaeconômicaeramecléticase,muitasvezes,incoerentes. . O contrasteentreMill e Bastiatnãopoderiasermaisimpressionante.Elesforamd cutidosnomesmocapítuloporqueforamosdoisprimeirosrepresentantesdeumabifi.l caçãopolardaeconomiautilitarista.Bastiatfoioprecursordaescolaaustríacaedaesco deChicagocontemporâneas- proponentesdeumconservadorismoextremoedefenso' rígidose intransigentesdocapitalismolaissez-faire.Mill foi o precursordaescolaecolI micaneoclássicamarshalliana- muitomaismoderada- e que,quasesempre,defender formasliberaiseaintervençãogovernamental.Mill foisuperioraBastiat,tantocomolI! rico quantocomoestudioso.OsPrindpios,deMill,tinhamumacademicismovastoeu estiloelegante,equivalentesàobraRiquezadasNações,deSmith.Seuestiloelegant(l judiciosocontrastavanitidamentecomo estilodoutrin.ário,santarrãoe arrogante Bastiat.No entanto,Mill eraeclético,suasdoutrinascontêmgrandesincoerências,II passoqueBastiatchegoucoerentementeàsconclusõesimplícitasnapsicologiac-naI!II~ utilitarista. Mill começouseusPrindpioscomumaafirmaçãoquecontradiziaamaioriados~CI},' IS Ibid., p. xxiv. Ibid., p.xxxvii. 10 ) 1IIIIIIIstasteóricosanterioresaele e quecontradizaeCuilomianeoclássicacontemporânea. 1" produçãodariqueza"- escreveuele- "nãoé,evidentemente,umacoisaarbitrária. 1.1111condiçõesnecessárias".36Comisto,elequeriadizerqueasleisdamatériaeasconse- 1II101llciasmateriaisde determinadastécnicasfísicasde produçãoeramasmesmas,emto- ,I,,!ussociedades."Diversamentedasleisdaprodução"- continuavaele- "asleisdadis- IlIlIuiçãosão,em parte,umainstituiçãohumana,isto porquea formadedistribuiçãoda "'I"tIZa,em qualquersociedade,dependedosregulamentosou dosusosvigentesnestaso- "'''ilude''.37Com isto, elequeriadizerqueasleisdaprop'riedadee outrasinstituiçõesque HII'luvama distribuiçãoda riquezaeraminstituiçõeshumanasque tinhamsido mudadas 1111pussadoe que,segundoele,mudariamno futuro. Diversamentede Bastiat,ele não achavaquea naturezaou Deustinha instituídoa 1~lIlpncdadeprivada.Era umaconvençãohumanae, por isso,"inteiramenteumaquestão ,'I. ludlitar as coisasde modo geral. Quandoa propriedadeprivada... não facilitava HI '1lIsas... era injusta".38Com esta rejeiçãoda noção de que a propriedadeprivada "liI .ugradae1I1aisarejeiçãodosdoisaxiomasbásicosdoutilitarismo(quediscutiremosa .~Vllil), nãoé de admirarqueMil! se tenharecusadoa encarara trocacomoo centroda 111,lllIcaeconômica:"A troca nãoé a lei básicada distribuição... da produçãomaisdo \11'asestradaseascarruagenssãoasleisessenciaisdomovimento.t, simplesmente,parte . 1IIIIquinadedistribuição.Confundirestasidéiasparece-menãosóumerrológico,como .lIlh~'111umerroprático.,,39 Puratodosos utilitaristascoerentes,desdeBastiatatéos contemporâneos,a troca IlIjido o ponto centraldetodaa teoriaeconômica.A rejeiçãodeMill aestaabordagem ~III\I.seà suarejeiçãode doisprincípioscentraisdo utilitarismo.Ele sempreprofessou I illadpulode Bentham,e umadasobrasmaisconhecidasdeMill chamava-seUtilitaris- fi () Capo2 desselivrodefiniuutilitarismo,mas,obviamente,contradisseadefiniçãode IIllIall1.Sea filosofiadeBenthameseusfrutosintelectuaisnahistóriadasidéiaseconô- Itll.puderemserchamadosdeutilitarismo,a filosofiadeMillnãopoderásê-Io;elassão IlIlulmentediferentes.Osdoisaxiomasbásicosdoutilitarismo,deBentham,são:(1)to- I_1)5motivospodemserreduzidosà buscadoprazer,baseadano interessepróprioe I ~lIdapessoaé o únicojuiz deseusprópriosprazerese,por isso,é impossívelfazer IIpamçõesdeprazerentreaspessoas(conformeargumentoscitadosnocapítuloante- !lII () segundoaxiomafoiexpressonaafirmaçãodeBenthamdeque,seaquantidadede 1111"1fosseamesma,apertarparafusosseriatãobomquantofazerpoesia.O utilitarismo Ikll(ham nãopennitecomparaçõesnegativasde tiposdeprazerqualitativamente U"I~'lIles. MIII, comoveremosmaisadiante,emnossadiscussão,nãoacreditavaquetodosos ~h'.IIISSl'mmotivadospelo interessepróprio. Só acreditavaquea maioriadaspessoas, ~IIII , John Stuart.Principiesof Political Economy. Nova lorque,AugustusM. Kelley, 1965, 1 '" Ihlol Ihlol ,11 2)3. Ihld, p, ''-'5 436. "I cujaspersonalidadesfossemmoldadasporumaculturacapitalistaconcorrencial,équ agiriacombasenointeressepróprio,emseucomportamentoeconômico.Antevia,porén o futuro,quando,emumasociedadesocialistaouemumasociedadecomunista,aspe soasagiriamcombaseemmotivos"maiselevados"ou "maisnobres".Estacomparaça negativaé totalmenteestranhaaoutilitarismo,quereduztodososmotivosaointeres próprioevêestesjulgamentoscomomeroreflexodepreconceitospessoaisesubjetivos.! Mill tambéminsistiuemquealgunsprazerespoderiamserconsideradosmoralment' superioresa outros.Seistoforverdade- eéclaroqueconcordamoscomMill nestepol'! to - teráquehaveralgumprincípiosuperioraoprincípiodoprazerdoutilitarismopel qualsetornempossíveisjulgamentosmoraisdediferentesprazeres.eóbvio'queestepri cípiomaiselevado,e não o princípiodoprazerutilitarista,équeseriaafontedejulgUImentoséticos.Mill afirmou,repetidasvezes,que"algunstiposdeprazersãomaisdesej veisemaisvaliososdoqueoutros".40Emoutraspalavras,independentementedaquant dadedeprazerenvolvido,apoesiapodeserconsideradamaisdesejávelemaisvaliosa(\ queapertarparafusos.Eóbvioqueisto(contrárioaoutilitarismo.O prazer,segundoest enfoque,nãoé o critérionormativofinal.Mill nãotinhadúvidaalgumadeque"era111 IhorserumSócratesinsatisfeitodoqueumtolosatisfeito".41IstodestróiporcompIe a basesobrea qualos economistasutilitaristas,a partirdeBastiat,construíramteori:' econômicasnormativaseprocurarammostraravantagemuniversaldatroca.Temos,11 sim,queconcluirque,apesardo fatodeMillafirmaresposarumpontodevistautilitari ta e apesardo fatodequeo utilitarismoinfluenciousignificativamentesuasidéias,eli nãoera,comtodacerteza,umutilitaristaconvicto. A TEORIA DOVALOR, DEMILL Mill começouo CapoI doUvro I deseusPrincípioscomumaapresentaçãodapc pectivadateoriadotrabalho,querdizer,aproduçãoconsistia,simplesmente,notrabal! transformandoosrecursosnaturais:"Osrequisitosdaproduçãosãodois:o trabalhoe() jetosnaturaisapropriados...Emquasetodososcasos... anãoseremalgunscasosso importância,osobjetosoferecidospelanaturezasãoapenasinstrumentaisparaasneccS dadeshumanas,apósteremsido,decertamaneira,transformadospeloesforçohumano."" De acordocomsuaafirmaçãodequeeradiscípulodeRicardo,Mil!começoucomu! idéiamuitopróximadeumateoriadovalor-trabalho: o quea produçãodeumacoisacustaaseuprodutorouà sériedeprodutoresé o trabalhoemp gadoemsuaprodução... Na verdade,à primeiravista,istopareceapenasumapartedasde,pc~ (de um capitalista),poisele nãosópagousaláriosaostrabalhadorescomotamWmforneceu,II1 instrumentos,materiaise, talvez,prédios.Estesinstrumentos,materiaise prédiosforam,pOli" produzidospelo trabalhoe pelocapital,e seuvalor... dependedo custode produçãoquc,UII\, vezmais,podeserreduzidoa trabalho... 40 MILL, Jolm Stuart."Utilitarianism".ln: Utilitarian,iSl/l Liberty,andReprr:selltativC!(;01'(''''''11''' Novalorque,Dutlon, 1951,p. 10. 41 l 1bid.,p.12. MlLL.Principles,p.22. 42 ... Portanto, o valordasmercadoriasdepende,principalmente(embreve,verilicaremossedepclI deapenas),daquantidadedetrabalhonecessáriaparasuaprodução.43 Assim,deacordocomaafirmaçãodequeeradiscípulodeRicardo,Mill pareciatec plllpoStoumateoriadovalor-trabalho,masaúltimafrasedacitaçãoanterioréimportan- 11 Eleafirmou,ainda,que,emborao trabalhofosseo maisimportantedeterminantedo 1IIIoc,nãoerao único. Assimcomosuasexplicaçõesdo princípio do prazer,de Bentham, ","haramconstituindo-senuma crítica contráriaao utilitarismo,suasqualificaçõesda "'lidadovalor-trabalhoculminaramcomumarejeiçãoa estateoria. A teoriado valor-trabalhosó eraválida- argumentavaMill - quandoasrazõescapi- Itll/trabalhofossemasmesmas,em todasasindústrias;nessecaso,oscustosdeprodução I' IllIm proporcionaisao trabalho incorporadoàs váriasmercadorias.Isto, porém,nã'o '"'lIlriacom a maioriadasmercadorias.Por exemplo,o vinhoe o tecidoproduzidospelas tll,tMlnaSquantidadesde trabalhotêmvaloresdiferentes,porqueo vinho"demoravamais ~,lu/,lucro do que o tecido".44Além disso,"todasasmercadoriasfeitaspor máquinas "111111semelhantes,pelomenosaproximadamente,aovinho,noexemploanterior".45 I! claroqueRicardotinhaperfeitaconsciênciadascausasdessasdiferençasproporcio- '"IIMentreos preços.eos valoresdo trabalho,masconsideravaestasdiferençasdeimpor- tllj"Iasecundáriae acreditavaqueelasseriamsistematicamenteexplicadase que,aomes- 4ItllIl'mpo,manteriama teoriado valor-trabalho.Mill discordava.Voltou à teoriado cus. 1111111produção"pela soma",que - conformenos lembramos- Ricardocombatiacom \1111"IIrgumentos. () ecletismodeMi11,porém,levou-oa incoerênciaspersistentes.Àsvezes,suaviS(lo til11lucroseraidênticaàdeRicardo;oslucroseram,simplesmente,oprodutoexcedente 11111111balhoquefossealémdonecessárioparaamanutençãodostrabalhadores.Estainter- tIH1..~~aofoi claramentedefinidanaseguintecitação: ,\ causado lucroé queo trabalhoproduzmaisdo queé necessárioparasuamanutenção...Mu. "lindo a formado teorema,podemosdizerquearazãopelaqualo capitalgeraumlucroéqlll' m 1Ilill1l'ntos,asroupas,os materiaise os instrumentosdurammaisdoqueo tempoquefoi nCl~l'S~U 110p..r..suaprodução;sendoassim,seumcapitalistafornecerestascoisasaumgrupodetrab..lhu ,loll's, com a condiçãode recebertudo o queelesproduzirem,eles,alémde reprodul.irclIISUII' IHopriasnecessid..dese instrumentos,ficarãocom partedeseutemposobrandopar..truhulhu/' 11111,10capitalista.Vemos,então,queo lucrosurgenãodo fenômenodatroca,masd..ca(1"l'ldnd,' li' (1l'Odu(iãodo trabalho.'6 Por esta teoria simplesdocustodeproduçãobaseadanasoma,o preçodemcrcado ~IIIIIl'tcnninadopelaofertae pelaprocura.Comotempo,opreçodemercadoseaproxi. 1IIIIIIudo preçonatural(comono casodateoriadeSmith),queeraigualaosomat6f1o 1111\'lI') componentesdocusto:o preçodaterra,o preçodotrabalhoeo preçodocapital 1.111IlItl'lpretaçãoeraa antítesedateoriadotrabalho,porquesupunhaque o lucro f(),\'.v~ ~I Ihlll ,11 11'111,(1 111101 111101,11 .j I h -117 457-458. 463. 'I)'. Ibid.,p.404. Ibid..p.406-407. Ihld.,p.S64S6H. (I 11I'I'\'IIIIUllIral docapitale ,nãownexcedenteouumresíduo.Alémdomais,o lucroera 111111'/1'('11pagonwna trocapor algumserviçode umcapitalista.Então,contrariamentea I.'.tuLiIIlÇ:iOdeMill, a teoriado custodaproduçãobaseadanasomaviao lucrocomogera. 110p(~11Itrocae não pelaprodução. OuandoMill passoua adotarestateoriado custodeproduçãobaseadona troca,o l,ld (o sobresuainterpretaçãodelucroficouóbvio: Comoosaláriodotrabalhadoréaremuneraçãodotrabalho,oslucrosdocapitalistasão,apropria- damente,segundoaexpressãobemescolhidadoSr.Senior,aremuneraçãodaabstin~ncia.Sãoo queeleganhapordeixardeconsumirseucapitalparaseusprópriosusose porpermitirquee1~ sejaconsumidoportrabalhadoresprodutivos,paraseuuso.Emtroca,eleexigeumarecompen- sa.47 Esteenfoque,enãoodeRicardo,équedominavaosPrincipiasdeMill.Eleafirmou, Inequivocamente,queo lucroeraa remuneraçãodosserviçosequehaviaumataxamí~ nimaounaturaldelucro: Os lucrosbrutosdo capital... têm... quepermitirumacompensaçãoequivalentepelaabstin~n cia, indenizarpelo riscoe remunerarpelo trabalhoe pelahabilidadenecessáriaparasupervisio. nar... A taxamínimade lucroquepodeexistirsempreé aquebastaapenas...pararemunerar~ abstinência,o riscoe o esforçoimplícitosnoempregodecapita!.'. 11I1I:rmediáriaentreasduasrazõesdecustos,nosdoispaíses;ele,porém,nãofez qualquer 1"IIIativadeexplicarcomoospreçosinternacionaiseramrealmentedeterminados. Dentrodo mesmopaís, MilJ argumentavaque os preçoseramiguaisaoscustosde IIIIJuução,porquea concorrênciatendiaa igualarestescustos(inclusiveumaequalização 1,1taxa de lucro)e a forçaros preçosa igualaroscustos,masos fatoresdeprodução 11110podiammovimentar-selivrementeentreospaíses.Portanto,aconcorrêncianãoigua. I~liaossaláriosou os lucrosempaísesdiferentes,asrazõesentreospreçosnãoseriam I~ullise os preçosinternacionaisdependeriamexclusivamentedaofertae daprocura-. lI:io doscustosdeprodução. MiIIpropôsquea ofertae aprocurainternacionaispoderiamseranalisadascombase 1111premissadequecadapaíssempreseriaforçadoaequilibrarseubalançointernacional 01,pagamentos- istoé,a receitadasexportaçõesteriaqueserigualàsdespesascomas IlIlportações.Portanto,acadapreçopossível(entreoslimitesdasrazõesdecustovigentes 111'\uoispaíses),cadapaís ofereceriaumacertaquantidadedesuasexportaçõesemtroca ,I. IIJllacertaquantidadedasexportaçÕesdo outropaís.Coma variaçãodopreço,as '1lIlIlIlldadesoferecidase procuradasvariariam.Numgráfico,poder-se-iatraçarumacurva ,"mlrandoasváriasquantidadesque um determinadopaís exportariae importaria,sem- 1"1mantendoos pagamentosinternacionaisiguaisà receita,com qualquerpreçosituado ,'lIlll'asrazõesdoscustosdeproduçãoemambosospaíses.Estacurvapassoua serconhe. 111111comocurvadeoferecimento.Cadapaísteriawnadessascurvasdeoferecimento.Se hlll_curvasseinterceptassememumdeterminadopreço,estepreçoigualariao valordas 1111plll Iaçõesqueo primeiropaís procurariaaovalordasexportaçõesqueosegundopaís IMljac vice-versa.Assim, os preçosque satisfizessema estacondiçãoseriampreçosde ~qlllla'brio,ao passoque"a produçãodeumpaísseriatrocadapeladeoutrospaísespelos ~llloll'Snecessáriospara todas as suasexportaçõespoderempagarexatamentetodasas .\111,IIlIportações". so MILL E OS SALÁRIOS No Capo6 vimosqueSeniorusoua doutrinadofundodossaláriosparaargumentar 1'111ussaláriosdo trabalhoeramdeterminadospelovolumedo fundo queoscapitalistas ~h.~.I'IIIreservadopara pagarsaláriose pelo númerode trabalhadorespelosquaiseste fUlldo tivesseque ser dividido. Quasetodos os economistasclássicosaceitaramalguma ~~"110lia uoutrinado fundo dossaláriose,emseusPrincipias,MilJ tambémaaceitou."A j'lllI 11111detrabalho"- afirmouele- "constitui-seapenasdosfundosseparadosparase- 411111dtll'lamenteusadospelostrabalhadores."slIstoqueriadizerqueossaláriosdepende- 41,1111dll oferta de trabalhoou do númerode trabalhadoresquedividisS'emestefundo. Mil' \11I110Malthuse amaioriadoseconomistasclássicos,acreditavaqueamaneiramais ~1"1 til'aumentarossaláriosdo trabalhoeraatravésdaeducação,quediminuiriao tama. 111,'1dll.lam1liasuostrabalhadores. 11.111, p. ~I)2. 11'111,p tiO, 52 Malthustinhachegadoà conclusãodequeostrabalhadoresnãotinhamo "carátc 1II0ral"parapraticaraabstinênciasexuale queestavam,portanto,condenadosàmiséri c ao vícioou, emúltimaanálise,a morrerdefome.Entretanto,MilI nãoconsiderava COIltroledanatalidadeumvício.Achavaque,pelaeducação,osoperáriosfariam,cadave mais,usodeváriosmétodosdecontroledanatalidade,oquelimitariao tamanhodesua [aml1iaseelevariaseupadrãodevida. Seniorusouadoutrinado fundodossaláriosparaargumentaremfavordasassocia çõestrabalhistas.MiII chegou,porém,aumaconclusãomuitodiferente."A experiênci dasgreves"possibilitadaspelasassociações- afirmouele- "foi o melhorprofessordu classesoperárias,quantoàrelaçãoentresalárioeofertadetrabalho".52 Em 1869,aofazerumarevisãodeumlivrodeThornton,MiII repudiouadoutrin dofundodossalários.Nesteexame,argumentouqueossaláriosnãoeramlimitadospel( quantiapreviamentepostadeladopeloscapitalistasparao pagamentodotrabalho.OU mite era determinadopeloslucros totaisdos capitalistasmenoso que elesprecisava' "paramanterasi próprioseasuasfamIlias".53Portanto,ossaláriosnãoseriamdetennl' nadospelofundodesalários,masporu~alutadeconcorrênciaentretrabalhadoresec pitalistas.MiIItinhainvertidoadoutrinaaofundodesalários:destavez,o volumedofUr\i do desalárioseradeterminadopelossaláriosque,porsuavez,eramdeterminadospel lutadeclasses.Seumcapitalista"tiverquepagarmaispelotrabalho,o pagamentoadiei nalsairádesuaprópriarenda".54 : Assim,MiIIpassouaveras"combinações"easgrevestrabalhistasnãosócomoeu' cacionais,mastambémcomopotencialmenteimportantesnaredistribuit~odarendad lucrosparaossalários.DiversamentedeMalthus,Say,Seniore Bastiat,{MilIsimpatiza\! comostrabalhadore_s:J - Tendo-seemcontao númeromuito maiordemembrosdaclasseoperáriae a inevitabilidadcli baixaremuneraçãoproporcionadaatémesmopelossaláriosmaisaltosque,noatualestágiod! desenvolvimentoda produção,talvezpudessemgeneralizar-se,quemnãoquiserqueos trab:tlh doressej:tmbemsucedidose queo limitemáximo,qualquerquesejaele,sejaatingidotemq ter um padrãode morale umaconcepçãodo estadomaisdesejáveldasociedadebastantedi!" rentesdosqueo Sr.Thorntoneeutemos.55 I A negação,porMiII, dadoutrinadofundodesaláriosfoi importanteparainf1uencl suaopiniãosobreasP?ssíveis_~t~ria~daclasseoperária,seelasereunisseemsindiclIl' e selutassecoletivamentecontraos capitalistas,masnãomudousuaposiçãoanteri~) definidanosPrincipias,dequeo preçodotrabalho- o salário- nãoeradetermirHI~ peloscustosdeproduçao.De fato,o repúdioàdoutrinado-fundodossaláriosfortak~~. suaidéiadequeossalárioseramdeterminadosmaisporfatoressociaisepolíticosdoli porfatoreseconômicosestritamentedefinidos. 53 Ibid., p. 936. MILL, Jolm Stuart.DissertationsandDiscussions,Novalorque,lIenry 110I!, 1894,5:49,5 v, Ibid., 5 :50. Il>ld.,5 :75. 54 55 '0M TENDÊNCIADECRESCENTEDA TAXA DE LUCRO UmadasáreasemqueMillseconsideravadiscípulodeRicardoerasuateoriadaque- .!II,a longoprazo,dataxadelucro.Eleconcordoucoma idéiadeRicardonumafrase: t) efeitodaacumulação,quandoseguidodesuadecorrênciahabitual- o aumentoda I'upulação- é aumentaro valoreo preçodosalimentos,aumentara rendae baixaros 1I/lII'OS.,,56Aqui,comoemtantasoutraspartesdeseustrabalhos,asexplicaçõeserammais IllIportantesdo queo princípiooriginal.Elediscutiuváriascircunstânciasquecontraria- 1111111a tendênciaàquedadataxadelucro.Duasdestasforçascontráriaseramparticular- IIIII/lteimportantes:aexportaçãodecapitaleascrisescomerciaisperiódicas. Suadiscussãosobrea exportaçãodecapitalé importante,porqueé muitoparecida '1111IadeMarxeadeLenin,sendoestaúltimaapresentadadepoisdeo imperialismoeuro- li, 11ter-setransformadonumagrandeforçamundial.ParaMilI,aexportaçãodecapitalera 1111I11dasmaisimportantes forçascontráriasquedetêma tendênciadebaixadoslucros,numpaíscujosaumentosdecapital _Iiomaisrápidosdo queosdeseusvizinhos,e cujoslucros,portanto,chegammaispertodo míni- mo. Este é o fluxo perpétuode capitalparaascolôniasou paraos outrospaísesembuscade maioreslucrosdo queos quepodemserconseguidosno própriopaís... O fluxo funcionadupla- mente.Em primeirolugar,faz o queum incêndio,umainundaçãoou umacrisecomercialteria h-ito:levapartedo aumentode capitalque teriadadoorigemà reduçãodoslucros.Em segundo lugar,o capitallevadonãoé perdido,masé empregado,principalmente... nafundaçãodecolô- nias,que se tornamgrandesexportadorasde produtosagrícolasbaratos... I~graças,principal- nh'nte,à emigraçãodecapitalinglêsquetemosumaofertadealimentose roupasbaratas,propor- l'lonalao aumentode nossapopulação,permitindo,assim,quecadavezmaiscapitalencontre ,'mpregoem nossopaís, sem uma reduçãodos lucros... Assim, a exportaçãode capitalé um IIjtl'nle muito eficaz na extensão do campo de emprego, e podemos dizer, com certeza, que ... lIuantomaiscapitalmandarmosparaforado país,maisteremosepoderemosmanterno país." 1\segundaforça contráriaera"tão simplese tãoclara,quealgunseconomistaspolíti- ~m ,nda seconcentraram,quaseexcluindotodasasoutras.E o desperdíciodecapital IlIkI.'pocasdeexpansãodosnegóciosedeexageradaespeculaçãoenasépocasdereviravol- . ' IIInl::rcialquesempreasacompanham".58Assim,MilI argumentavaquecriseseconômi- I~~hIH'tlodicasdestruíamo capitale alimentavama tendênciadebaixada taxade lucro. il;~I,ji,~ poderiadizerqueMillpoderiaserclassificado,juntamentecomMalthuseMarx, i~1I11I1IteóricosdoséculoXIX querejeitaramaLeideSay,dequeocapitalismodemerca- :~4I11/1\"',automaticamente,a geraro plenoemprego.Ele afirmouquehaviaperíodosCÍ- Mlho' de "expansãodos negócios"e de "especulaçãoexagerada",duranteos quaisse l,illIlJlm 1111I1aS,seconstruíamestradasde ferro ou pontese eraminiciadasmuitasoutras fll"11'ti" lucro incerto". O maisimportanteera que"se construíamfábricase semonta- _11111 IIIIqu1I1asalémdasnecessidadesdo mercadoou alémdonÚmerodepessoasqueelepo- ~jlllllIlHlnterempregado".S9 Inevitavelmente,após"algunsanossemcrise,ter-se-iaacu- II I ~III I ,/'rillciples, p. 842. lI.hl ,(I 7H! 739. 1101.1,11 733.734, 110101,(I '1\.1 o SOCIALISMO,SEGUNDOMILL 'iI MiIl, diversamentedeSay,SenioreBastiat,nãodefendeuapropriedadeprivada~ IlIrlos deproduçãocomoumacoisasagrada.DiversamentedeSeniore deBastiat,eleti- 11111I lidomÚitosobreHistóriaconcretaenãoinventouuma"história"dapropriedadepri- 'lidaedariquezanaqualaspessoasvirtuosasecominiciativaacumulavamcapitaleospc- lidoresperdÚláriosesbanjavamtudo,apontodeelesesuasfamniasnadaterem.Escreveu , ,rguinte: l11uladutantocapitaladicional,quenãomaisseriapossívelinvesti-loparaobteroslucr(I.1 huhituals".60Quandoistoacontecia, osI)stabelecimentoseramfl)chadosouficavamfuncionandoSl)mlucro,opl)rárioseramdemitid I)muitaspessoasdI)todososescalões,privadasdesuarenda.../icavam.dl)poisdacrise,l)mCOI, diçãodemaiorpobreza.Esteseramosdeitosdeumareviravoltacomerdal;o falOdeestas.rev ravoltasseremquasequeperiódicaseraumadecorrênciadaprópriatendênciadoslucrosqueest\. mosanalisando..' Mas, apesardestaanáliseesclarecedoradasdepressõese doscicloseconômicos,Mil defendiaaLei deSay. Quandoexaminoua doutrinade Malthus"de quepodehaver...wna ofertademcr cadoriasagregadasqueexcedaaprocura",concluiuque"adoutrinapareceenvolvertan\ incoerênciaemsuaprópriaconcepção,quesinto grandedificuldadeparaapresentá-Iali modo tal que ela seja,ao mesmotempo,clarae satisfatóriaparaaquelesquea defel dem".62 A objeçãodeMill à doutrinade Malthuse suadefesadaLei deSayestavamassent dasem dois pontos- um de definiçãoeoutro teórico.Primeiramente,Mill, simpleslllcl te, insistiaem rotularo queoutroschamavamde "umasuperproduçãode mercadorias ou "uma superproduçãogeral" de "subofertamonetária"."Nestasocasiões,existe,11 verdade,qualquerexcessode todasasmercadoriasem relaçãoà procurade moeda;c. outraspalavras,existeumasubofertamonetária."63No entanto,nemMalthusnemqu~ quer outro teóricotinhadito quc haviaUI11excessode ofertadc bcnscm rclaçãoàs1\ cessidadesou aos desejoshumanos.Tinhamdito apenasexatamenteo queMill disser que existia,freqüentemente,'um excessodeofertade bensemrelaçãoà procuraden,,) da. O jogo de palavrasde MiJl, em suadefinição,provavelmentenão eludiuumainC\2 rêncianítida, quetornariadifícil definircomclarezao princípio. Em segundolugar,a objeçãoteóricadeMill à doutrinadeMalthusesuaconseqÜcl1' defesadaLei deSayera,simplesmente,umaafinnaçãodeque,a lungopra:o,o capitull: mo de mercadoautomaticamcntesairia das depressõese acabariaatingindoo pll'l' emprego.Ele concordavaque "estesdesarranjosdosmercados"eramwn "mal" socl mas insistiaem que eram "temporários".ó4O mais famosoelaboradorda doutrina Malthusno séculoXX, John MaynardKeynes,diria, emrespostaà defesadaLei dI'S feitapor Mill e por economistasneoclássicosposteriores:"A longoprazo,todosnóscl remosmortos." Enquantoisso,comodisseo próprioMill, cadacrisedeixavamuitaspCS~l "emcondiçãodemaiorpobreza". ,II Os ordenamentossociaisda Europamodl)rnacomeçaramcom umadistribuiçãoda propriedade, resultantenão só de umadivisãojusta ou da aquisiçãopda iniciativaprópria,mastambémda conquistaI) da violência;não obstanteo qUI)a capacidadepessoaltemfeito... paramoditicara iI\'ãopelaforça,o sistemaaindaretémmuitostraçossignificativosde suaorigem.As leisdapro- priedadeaindanãoestãodeacordocomosprincípiosemqueseassentaajustificativadaproprie- dadeprivada..' Alémdisso,Mill condenavamoralmenteosefeitosdaconcentraçãodapropriedadede 'tilli!il'todosos meiosde produçãonasmãosde wna pequenaclassecapitalista.Percebeu '111.isto criavauma classeparasitadiminuta,quevivialuxuosamente,e cuja rendanão ,"11111 qualquerligaçãonecessáriacomaatividadeprodutiva.Achavaelequeaestruturade IIIIIM'Sexistente"nãoera,demodoalgum,umestadonecessáriooupermanentedasrela- ,ociais": 'llliureconlwçocomojusto ou saudávelum estadoda sociedadeemqueexistauma"classe"que nojotraballw,formadapor sereshumanosisentosdefazersuaparteno trabalhonecessárioparaa vhlahumana- excetoos incapazesparao trabalhoou que tenhamadquiridoo direitojusto ao 1II',,~anso,depoisde teremtrabalhadomuito.Como,porém,existeo grandemalsocialde uma tI."sequenãotrabalha,os trabalhadorestambémconstituemumaclasse... I ~Iillnãosó rejeitavamoralmenteaestruturacapitalista'declassesdesuaépoca,po~~ ~.II'11deseusextremosderiquezaepobreza,comotambémacreditavaqueelaacabariallll ~III,III"bolida."Não é de seesperar"- escreveuele- "queadivisãodaraçahumanaemP I'~',dasseshereditárias- empregadorese empregados- possamanter-separasem- I' '.,I A principal,questãoque preocupavaMill eraa direçãoea velocidadedamudança "'1111,atravésda qual o capitalismoevoluiriaparaalgumaformade sociedadesocialista '\11llll1Unista.Para ele, não haviadúvidade queumasociedadecomunistaseriamoral-~ I~III" \upcrioràsociedadecapitalistadesuaépoca: I, ,,,. p\)rtanto,se tivesseque escolherentreo comunismo,com todasassuaspossibilidades,e o ,,1111,1 ,.,tadoda sodedade,com todosos seussofrimentose injustiças;sea instituiçãodaproprie- ,1,1,1,Pllvadaacarretassenecessariamentl)estadistrihui\'ãoqueoratemosdo produtodo trabalho, '1"'"''quena razãuinwrsado trabalho- coma maiorparteindoparaosquenuncatrabalharam, I 1',lIle\eguintep..raos que têm umtrabalhoquasequenominale assimpordiante,numaI)sc..la 10,'~I"kllle. coma remuneraçãobaixandoà medidaqueo tmb..lhovaificandomaisduroe mais 10"V'"davcl.atéo trabalhohraçalmaisfatigantenãopoderserasseguradonemmesmocomum ,11,11111dc \ub\isti:ncia;sea opçãofosseentreestasituaçãoeo comunismo,todasasditiculd..des. ,11,lIld," IIUpcqucnas,docomunismoseriam,nofinald..scontas.insignificantes... I ,11 ~II 60 Ibid. 61 Ibid. 11111.P )Ol! 62 Ibid., p. 556-557. 11' 1I'"I,p 1)7S3 (u Ibid., p. 561. 1101.1P '/h I M Ibid. Illd '01<I' ,1() 'li 'I I IOllllvia,apesardascre!1çasde Mil! de queo socialismoou o comunismoeramoral, 1111'1111'prcferívelao capitalismode suaépoca e que umasociedadedividida"em dua~ llll~M'~hcreditárias"não "poderiamanter-separasempre",é questionávelseelepoderia" IrI adl'quadamenteconsideradoum socialista.Sobreesteponto, seusjulgamentosanti.: IItllltarístasde diferentestiposde caráter- ou dediferentestiposdedesejosou deprazc1 II'~ tornaram-seimportantestO socialismoseriapossível quandoe apenasquandoO caráterdaspessoastivessemelhorado.Mil! insistiaem que uma sociedadesocialistas6 '\'ra possível,no momento,comumaelitedahumanidade".6:\ Enquantoisso,a "luta por riquezas"que fosseconcorrencialeraa únicacoisapossi1 vel paraa maioriadasociedade: I Deixarasenergiasdahumanidadecontinuaremsendoempregadasnalutaporriquezas... at~a melhorescabeçasconseguiremeducarasoutrasparafazeremcoisasm<:lhores,é,semdúvidaalgll,' ma,melhordoquedeixarasenergiasdahumanidadeenferrujaremeestagnarem.Enquanto,' mentessãorudes,precisamdeestímulosrudeseé bomqueostenham.Enquantoisso,osq\1 nãoaceitamo atualestágiobastanteinicialdoprogressohumanocornosuaformafinalpodei. serdesculpadosporficaremrelativamenteindiferentesdiantedo tipodeprogressoeconôn1Í~' quemereceoselogiosdospolíticoscomuns,omeroaumentodaprodu~'ãoeaacumula~'ão.7. Mill advogavao estímulo a pequenascooperativas,comoaspropostaspor Owen Fourier. "Quaisquerquepossamseros méritosou os defeitosdestesváriosesquemas" argumentavaele - "elesnão podemserconsiderados,verdadeiramente,impratidwis".1 Com o correrdo tempo,seestascooperativasprovaremquesãoeconômicae socialmenl bemsucedidas,"nãopoderáhaverdúvida... dequea relaçãodospatrõescomostrabalh doresserágradativamentesubstituídapor umasociedadeque teráumadasduasform' seguintes:em algunscasos,uma associaçãodos trabalhadorescomo capitalista;emu tros,e talvez,afinal,emtodosos casos,a associaçãodosprópriostrabalhadores".72Es processo,porém,deveriaserespontâneoe voluntárioe,semdúvida,levariamuitotemp Milladvogavaque I enquantoisso,poderiamos,semtentarlimitara capaeidadeúltimada naturezahumana..d marqueo economistapolítico aindateráquesepreocupardurantemuito tempocomasl'OI\' çõesdeexistênciae de progn:ssor<:lativasa urnasociedadebaseadana propriedadeprivadac concorrênciaindividual;e queo objetoquesedeveterprincipalmenteemmentenoatualeShi do progressohumanonãoé a subversãodo sistemadepropriedadeindividual,masseuaperkl~ l1lentoe a plenaparticipaçãodetodososmembrosdacomunidadeemseubenefício.73 o REFORMISMO INTERVENCIONIST A, DE MILL Apesarde suasimpatiapelasidéiassocialistas,o verdadeiroobjetivodeMill erap 109 MILL, Jolm Stuart. "Soeialism". In: Socialisl/J allú Utilitariallisl/J. Chkago, lIelfords, ('I;lrk.' 11 ('u.. I H79, p. 123-124. . '~I MILL, PrilZciples, p. 749. 11 Ihid.,p.204. '/1 . I hld., p. 763.764. '/I . l"id.,p.1I7. !IIovera reformadocapitalismo.Contraaquelesque,comoBastiat,acreditavamnainvio- lubilidadedosdireitosdepropriedadeexistentes,Mill argumentouque"a sociedadetem tudoo direitoderetiraroudemodificarqualquerdireitodepropriedadeque,apósasde- ,llllusconsiderações,elareputeprejudicialaobemcomum".74Deacordocomestavisão .Ii-propriedade,Mil!disseque nãoé admissívelquea proteçãodaspessoase desuapropriedadesejaa únicafinalidadedo Gover- no. Os fins do Governosãotão amplosquantoos da uniãosocial.Consistemem todo o beme todaa imunidadedo mal,quepodemserconseguidos,diretaou indiretamente,coma existência doGov.:rno." Millachavaqueo Governodeveriaintervirparamodificarosefeitossocialmentead- \'I',IoSdomercadolivreemtrêsáreasprincipais.Primeiro,emdecorrênciadocapitalismo.h'livremercado,"a imensamaioriaestácondenada,desdeo nascimento,a umavidade IlIlhulhoduroininterruptoe interminável,emtrocadeumasimplese,emgeral,precária 'lIhKistência".76Em segundolugar,o complementonaturaldestaextremapobrezaera 'IUl'umapequenaminoriadahumanidade...nasciaparagazardetodasasvantagens n IlImasqueavidapodeoferecer,semtertidodireitoaelasporqualquerméritoousem ." tl'fadquiridoporqualqueresforçopróprio".77Emterceirolugar,existiammuitosem- !'IIIdndimentosque . ~opodcriamscr levadosa cabovantajosamentecommuitocapital,e isto,emquasetodosospaí- Il'S,limitavatantoos tiposdepessoasquepoderiamentrarnoemprego,queoscapitalistaspodiam mantersua taxad.: lucro acimado nívelgeral.Um ramode negóciotambémpoderia,pelasua próprianatureza,estarrestritoa tãopoucosqueos lucrospoderiamsermantidosemnívelelcva- dll porumacombinaçãodoseapitalistas...7. () monopolistapodefixar o valor tão altoquantoqueira,abaixodo queo consumidorou não possaou ~ãoqueirapagar,massó podefazerissolimitandoa oferta.'. Assim,apesardainsistênciadeMillemque"o laissez-faire... deveriaserapráticage- '"I' I' que"tododesviodele,anãoserquefosseemfunçãodeumbemmaior,éumcerto ill,d'10,eledefendiaaintervençãoativadoGovernoemcadaumadestastrêsáreas. Nusmedidassugeridasparaaerradicaçãodapobreza,podemosvercomoMillestava 1011111dl'concordarcomo lemautilitaristadeque"aquantidadedeprazersendoequiva- '~IIIII upcrtarparafusosé tão bom quantofazerpoesia".Vimos queo princípioenvolvi- ~IIIH'~tl'lema- eesteprincípioestánoprópriocernedoutilitarismo- équetodoindi- ,~lIhhll' scmpreo melhorjuizdeseuprópriobem-estar.Quandonoslembramos,nacita- I Mil 1..Socialism, p. 136, Mil I , Principies, p. 804-805. 1,1111f)issertatiollsalZú DiscuSsions. 3 :59. 1111.1 1,111I J'rillclpb', p. 410. Ihl.l . p .1.1'1. 1111.1. (' 'I~() "li I 'lI çãoIIIlterior,deMiII tercomparadoum"Sócratesinsatisfeito"comum"tolosatisfeito".~ niioétleadmirarqueeletenhaescrito: II o indivíduoquesepresumeo melhorjuiz deseusprópriosinteressespodeserincapazdejulgar... por si mesmo... Nestecaso,o fundamentodo princípiodo laÜsez.faireperdeintdramentesuu!I validade.A pessoamaisinteressadanemsempre~o melhorjuiz do assunto,nemmesmoumjUI~:' cumpetente." ., Mill argumentavaqueospobresquasenuncaestavamemposiçãodejulgaradequadn.: menteo quemelhorpromoveriaseusinteresses.Paramodificaro caráter,oshábitose08i: julgamentosdospobres,MiII achavaque"havianecessidadedeumaduplaação,dirigh.l3,' aomesmotempoparasuainteligênciae parasuapobreza.fUmaedl,lcaçãonacionaleflcaJ. dascriançasdaclassetrabalhadoraeraaprimeiracoisanecessária!concomitantementci eraprecisoumsistemademedidasqueacabassecomapobrezaextiémadurantetodaumu geração".8~O principalmeiosugeridoporMillparaacabarcomapobrezaextremaduran~ te todaumageraçãoera,emprimeirolugar,"umadotaçãoorçament:íriasuficientepar~ removerimediatamenteeestabeleceremcolôniasumaparcelaconsideráveldapopulaç:ld agráriajovem"e, emsegundolugar,o usode"todasasterrascomunscultivadasdaqll~1 pordiante...embenefíciodospobres".S3 Contraos queafirmavamqueo financiamentodestesesquemasreduziriadrasticlI menteaacumulaçãodecapital,Mill afirmavaque"os fundos...nãoseriamretiradosli capitalempregadonamanutençãodo trabalho,masdo excedentequenãopudesseSI! empregado...e queseria,portanto,mandadoparao exterior,paraserinvestidoouti.: perdiçadonopaís,emespeculaçõesdespreocupadas.".84 i PodemosobservaraquiumaincoerênciainteressantenasidéiasdeMil!:seestecapit excedentefossedisponíveldemodomaisoumenoscontínuodurantetodaumageraç:1 comoéqueMiII poderiaasseverarqueeraapenasporcausadataxadelucroqueasp". soaspoupavamepraticavamabstinência?Maisumavez,estaincoerênciaéumaindicaça importantedaorientaçãoacercadeclassesocialdosescritosdeMill.EleeraumhunHlI\ taristaeclético,cujaaversãoàinjustiçaeaosextremosderiquezaepobreza,pormais1'0 tequefosse,nãoerasuficienteparafazê-Ioabandonarinteiramenteo ratiotla/eideológi~ doslucrosdoscapitalistas. I { Alémdoquefoi dito,Mill defendialeisqueprotegessemosdireitosdeosoper:lrlI I formaremsindicatos,leisqueimpedissemo abusoouo excessodetrabalhodecrian9' \ emqualquerempregocontratad08Seleisquelimitassemo númerodehorasqueum11 \ pregadopoderiatrabalhar.86Leisquelimitassemaduraçãododiadetrabalhoeramnel: sárias devidoà faltadepoderde um trabalhadorisolado em suasnegociaçõescon\ \1 I 81 Ibid., p. 957. Ibid., p. 380. Ibid., p. 381.382. Ibid., p. 382. Ibid., p. 958. Ibill" p. 963.964. 82 83 84 8S 'li lupltalista.Enquantoos capitalistastivessemfacilidadedesubstituirqualqueremprega 1111,nenhumempregado,isoladamenteouempequenosgrupos,teriaopoderdediminuir II lornadadetrabalho,independentedeatéquepontoestareduçãopudesseocorrerem I+ldaa sociedade.Nãosepoderiaapresentarumargumentosemelhanteparaasleisque '1l)llgassemà obediênciade padrõesmínimosde segurançaem todasas fábricas.Final. 11I~lIte,Mill achavaqueo Governodeveriaoferecerummínimodesubsistênciaa todosos I"~~razesde trabalharou quenão tivessemdisposiçãoparatal. A esterespeito,defendeu II tilosofiadeSenior,queestavaportrásdaLeidaPobreza,de1834.Millargumentava '1"1'a assistênciaaosindigentessó seriaboa"se,emboraacessívela todos,conservasse 1'111todosumfortemotivoparapassarsemela,sepudessem...Esteprincípio,aplicadoa '1111'Istemadecaridadepública,é o da Lei daPobreza,de 1834".87 A principalreformapelaqual Mill procuravadiminuirosextremosderiquezafoi um Il1Ipostosobreasherijnças: () poderdelegar~umdosprivil~giosdapropriedadequeseprestamperfeitamenteàregulamell' la~'ão,combaseemfinspráticos;e... comoumpossívelmeioderestringiraacumulaçãodegrau ,ksfortunasliasmãosdosqUenãoaadquiriramporesforçopróprio(deveriahaver)umalimita. ~liado valorquecadapessoapudessereceberpordoação,legadoou herança.li () últimocasoimportanteemqueMilldefendiaaintervençãodoGovernonomerca. ,ti..,'raquandoummonopólionaturalou umcontrolemonopolistaporpartedealguns i~~l1dlHloresemconluioprejudicavao bem-estardasociedade."Existemmuitoscasos" "II,Vl'U ele - "emqueummonopólioprático,comtodosospoderesqueeleconferepa ,lIllIhutaraComunidade,nãopodeserimpedidodeexistir".89Emcasoscomoeste, 11I:olllunidadeprecisad~outrasegurança...quenão o interessedosadministrador~s;e cabeuu (,overnosujeitara ~mpresaa condiçõesrazoáveisparao b~mcomumou mantersobr~elaumpo. I"'r demodotalque,pelomenos,os lucrosdo monopóliopossamserauferidospelopovo.90 UMA CRfTICA AO REFORMISMODE MILL UIlI dos temascentraisdestelivro é queo utilitarismo- principalmentea tcoriado 1,1111(,da troca baseadana utilidade -, quandoformuladocoerentemente,geralmcntesei dI' justificativa intelectual poderosa do statlls qllO do capitalismode mercado.MIII, 1'1'1'11,era um reformador que se dizia utilitarista, mas, como vimos1l.suasidéias contradi' I~IIIdois princípiosbásicosdo utilitarismo:a noçãode quetodososÍnotivospodcmSl" '111I.'ldosao intcresse próprio e a noção de que os desejosou prazeresde todo indivíduo II ,IIIOIlIl110Sde seu bem.estar, quer dizer, cada indivíduo é sempre o melhor juiz.de II !'loIHlO bem.estarJ ',,,Mil!tivessesidoumutilitaristacoerente,suasidéiasreformistasteriamsidofácl'is lilliI ,p, 96H. Iilhl ,p KO') Iilhl, P '16) 11,,01 '11 deserabandonadas.O utilitarismonãosóimpedeapossibilidadedecomparaçõesnegat!' vasdosdesejosdediferentesinçlivíduos(oqueé,comodiscutimosnocapítuloanterior, basedesuaaplicabilidadeseriamenterestritaapenasàssituaçõesemquehajaunanimidl11 de),comotambémé tãoextremamenteindividualista,quesepodeprovarquesuaétic! socialé incompatívelcomsuaéticaindividual.A,provadestaafirmativaésimples:sealg; é bomapenasporqueédesejadopordeterminadoindivíduoouporquelhedáprazer, utilidadesocialtotalmáximasóéboasefordesejadaporumindivíduo.Setodososind víduosdesejarema utilidadesocialmáxima,o requisitodeunanimidadeutilitaristaSer! satisfeitoe nãohaveráproblemas;mas,sehouverpelomenosummisantroponasocied de,apareceráacontradição.O misantroposenteprazercomadordosoutros.A situaç ótimaparaeleseriaummáximodesofrimentohumano,ummáximodefaltadeutilidad socialou,ainda,ummínimodeutilidadesocial;masapertarparafusosétãobomquanl fazerpoesia.Nãotemosbasealguma,noutilitarismo,paraconsiderarosdesejosdeumlantropo(se,defato,puderhaverquemsehajaexclusivamentebaseadonointeressepr prio)acimadosdesejosdeummisantropo.Comoé quefica,então,aéticasocial,nes contexto?Elarequerunanimidadeou,então,nãoexiste. ; Suponhamos,porém,queaceitemosdo utilitarismotantosuaéticaindividuah8 quantosuaéticasocial,combasenofatodequeosfundamentosouprimeÍrosprincípl, dequalquersistemafilosóficonãodevamserusadoscomobasederejeiçãodaprópr filosofiadestesistema.Mesmoassim,o utilitarismonãonospenniteesperarqueumO vernoinstituareformasdestinadasamaximizarautilidade.Existemduasrazõesparais emprimeirolugar,oGovernoteriaqueserestringiràquelasreformasquefossemapoiaÜ porunanimidade.Seumaminoriafossecontraareforma,o Governoficarianumaposíç decompararo aumentodoprazerdealgumaspessoascomadiminuiçãodoprazer' outras.No capítulosobrea economianeoclássicadobem-estardoséculoXX, verel\l que,atéhoje,osutilitaristasnuncaencontraramumasaídaparasuaexigênciadeunanlt dade.Seo bemdependerexclusivamentedeestadossubjetivosdaconsciênciadecada divíduo,aunanimidadeseránecessária,poisestesestadosnuncapodemsercompara~ diretamente. A segundarazãopelaqualo utilitarismonãopodeserabaseintelectualdadefesu, reformasfoimencionadaanteriormenteemnossasdiscussõessobreBastiateBentham;,i governossãoformadosporpessoas.Setodasaspessoasagiremexclusivamentecomb emseuprópriointeresse,teremosqueno~esforçarparadescobriro queseriadointele dospolíticosemumsistemacapitalista.E tãofácilformularestaquestãoquantorcsp dê-Ia.O dinheiroéesemprefoio sanguevitaldapolíticaemumsistemacapitalistaC' garaopoderpolíticoexigedinheiroeesteperpetuaestepoder.AsleisdapropriedadeI vadaeoscontratos,bemcomoosinúmerosprivilégioslegaisdemonopólio,subsidln isençõestributárias,juntos,apóiameperpetuamosextremosderiquezaepobreza.I~\11 cil imaginarumatrocamaisbenéficaparaaspartesenvolvidasdoqueafeitaentreoSp~1 ticosemumsistemacapitalistaeosqueadquiremquasetodaasuariquezac aufcr~'mIllj setodaasuarendaemfunçãodasbaseslegaisdo capitalismo. ' Emboraestasegundacríticasejadecisivacontrao refonnismoutilitarista,elanUlr menteapresentaumoutroobstáculoextraordinariamentedifícilparaoutros[l,rulm",1 resquenãoaceitama filosofiautilitarista.A este respeito, a rcjeilr,!odl' Milll'oJII I\IIII~ .11utilitarismosimplesmentesignificavaquea possibilidadede suasreformasnãoeraim- I'~llldapor suavisãodanaturezahumana.Seeletivessesidoumutilitaristacoerente,teria '1111'acreditarquetodopolíticosóestáinteressadoemseuprópriobem-estar.Umpolíti- .11queajadeacordocomavisãoutilitaristadanaturezahumanaapoiariareformaspolíti- 11'-voltadasparaa promoçãodo bem-estardospobresà custados ricos,apenasse esta IIIlIdançafossemaisvantajosaparaele,mas,tendorejeitadodois dosprincípiosbásicos llil utilitarismQ\LMillpôdeter esperançasdequeumpolítico bemintencionadoe deespí- 1111)público,interessadobasicamentenobem-estardo povoemgeral,chegasseaopo- .1"1 Assim,o problemade Mill nãoerao deimpossibilidade(poiselerejeitavao utilitaris- 11111deBentham),maso de improbabilidadejO problemade Mill eraqueelefaziaparte ,I. umsistemacapitalistano qualo dinheirosignificavapodere o podergeravamaisdi- IIh,~íl'O.SegundoasprópriaspalavrasdeMill, nocapitalismo,"asenergiasdahumanidade" ~IMI1I"aproveitadaspelalutaporriquezas"e,"enquantoasmentessãorudes,exigemestí- 1I11110srudes".91 MiIl nãoestavainteiramenteinconscientedestadificuldade.Percebeuque,enquanto ", rapitalistaseosoperáriossevissemcomoclassesantagônicas,apolíticaseriaumaarena 11,"IlIla declasses,naqual,emcircunstânciasnormais,poder-se-iaesperarqueoscapitalis- I I.~dominassem.Ele,porém,esperavaquea "lutapelasriquezas"pudesseacabar,sendo 1"'.111de ladoentreos ricos.Elespoderiamficarsatisfeitoscomo quejá tinham.Seisto ., ill\lccesse,asperspectivasde reformamelhorariam,realmente,bastante.Nestascircuns- 1~IIIIIIS,Mill escreveuque, "quandoos ricossecontentarememserricose nãoreivindica- il'lII por isso,privilégiospolíticos,seuinteressee o dospobresserão,em geral,os mes- !.1111~","2 i Infelizmenteparaos pobres,nos I30 anosquesepassaramdesdea publicaçãodos ,I'/III"III;OS de EconomiaPolz'tica,deMill, os ricosrara'mente"secontentaramemserI IIIl'II'"e nuncarenunciaramà reivindicaçãode"privilégiospolíticos".Relendo-sea cita- r'.IIII('Millàpág.212,fica-sepensandoondeestariaMillhoje. 111101,I', 149, '1111 III,~,\''''IIIIIIJ/'.\'(JI/'' f);.H'II,\'.fIOI/\' ~'114. \ I I
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