Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
22 ANÁLISE POR INJEÇÃO EM FLUXO OBSERVAÇÃO: Trazer comprimido de paracetamol (Tylenol ou genérico) e tablete efervescente de vitamina C. Bibliografia Rocha F.R.P., Martelli,P.B., Reis, B.F., Química Nova, 23(1) p.119, 2000 e referências citadas. http://quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/ 2000/vol23n1/v23_n1_%20%2821%29.pdf Introdução Os sistemas de análises em fluxo são empregados para automatizar procedimentos analíticos, minimizando o gerenciamento da amostra pelo analista, melhorando a precisão das medidas e aumentando o número de amostras processadas por unidade de tempo. Em muitos casos, o consumo de reagentes e a geração de resíduos são minimizados em comparação aos procedimentos realizados em batelada. Dentre as diversas modalidades, destacam-se os sistemas de análise por injeção em fluxo (FIA), devido à simplicidade e versatilidade. Nestes sistemas, alíquotas de amostra (e eventualmente de reagentes) são inseridas em uma solução transportadora a uma vazão constante, fluindo continuamente por um percurso analítico até um detector. A zona de amostra apresenta gradientes de concentração devido à dispersão da amostra na solução transportadora. O grau da dispersão depende das características físico-químicas das soluções (eg. viscosidade) e de fatores hidrodinâmicos (vazão, volume de amostra, comprimento e diâmetro dos tubos que constituem o percurso analítico). Durante o transporte, a zona de amostra pode receber reagentes, ser diluída, participar de etapas de separação/concentração etc. Como a medida é realizada com a zona de amostra a uma vazão constante, um sinal transiente é obtido e a altura do pico é proporcional à concentração da espécie de interesse. Um sistema FIA é composto por um dispositivo para propulsão dos fluidos, como uma bomba peristáltica. Alternativamente, a gravidade pode ser explorada para manter a solução transportadora à vazão constante. Uma unidade para a injeção é necessária para selecionar e inserir alíquotas de amostras, sendo o injetor proporcional um dos dispositivos empregados para este fim. Diversos detectores (eg. espectrofotométricos, fluorimétricos, potenciométricos, ampero- métricos) podem ser empregados para obter os sinais utilizando equipamentos convencionais com adaptações simples. O percurso analítico usualmente é constituído de tubos de material polimérico com diâmetro interno de 0,5-0,8 mm, onde ocorre a dispersão da amostra e as reações químicas, que não precisam alcançar o equilíbrio químico previamente à detecção. I. Determinação de ácido ascórbico A determinação espectrofotométrica de ácido ascórbico (vitamina C) pode ser feita através do método iodométrico. Na presença de amido, forma-se com o iodo (ou melhor, triiodeto) um complexo azul, que pode ser monitorado por espectrofotometria em 580 nm. O reagente triiodeto pode ser produzido em linha pela reação entre iodeto (em excesso) e um oxidante (KIO3, K2Cr2O7 ou KMnO4, por exemplo). A reação do ácido ascórbico (redutor) com o iodo (complexado com o amido) produz iodeto e ácido dehidroascórbico. O decréscimo da absorbância do complexo amido-triiodeto é diretamente proporcional à concentração do analito presente na amostra. Esse método pode ser implementado com o sistema FIA esquematizado na Figura 1. As soluções R1 (KMnO4 2x10-5 mol L-1 em meio de H2SO4 0,018 mol L-1), R2 (KI 0,08 mol L-1 contendo 1,20 g L-1 de amido) e o transportador C (H2O) são bombeadas continuamente. As soluções R1 e R2 são misturadas no reator B1 (50 cm, 0,8 mm d.i.) a partir do ponto de confluência y. Esta mistura encontra-se com o transportador no ponto de confluência x. A linha base é estabelecida com passagem contínua dessa solução pela cubeta de fluxo. Após preencher a alça de amostragem (L, 150 µL) com a amostra ou a solução do analito, comuta-se o injetor, inserindo a alíquota no fluxo transportador. A amostra é transportada para o ponto de confluência x, onde entra em contato com a solução de contendo triiodeto-amido. A reação entre triiodeto e ácido ascórbico se completa durante a passagem no reator B2 (250 cm, 0,8 mm d.i.), com descoloração parcial do complexo com amido, medida na cela instalada no espectrofotômetro, pela qual passa o fluxo. L amostra B 2 bomba peristáltica injetor R 1 R 2 C L B 1 x � L amostra 580 B 2 bomba peristáltica injetor R 1 R 2 C L B 1 x � y L amostra B 2 bomba peristáltica injetor R 1 R 2 C L B 1 x � L amostra 580 B 2 bomba peristáltica injetor R 1 R 2 C L B 1 x � y Figura 1. Configuração do sistema FIA espectrofotométrico Procedimento Pese cerca de 0,06 g de ácido ascórbico com exatidão, em balança analítica e dissolva em ca. 30 mL de HCl 0,1 mol L-1 (obs.: O ácido ascórbico não é um padrão primário, mas será tratado como tal neste experimento). Transfira com cuidado para um balão de 50 mL e complete o volume com a solução de HCl. Pipete cuidadosamente 150, 300, 450, 600 e 750 µL desta solução estoque para balões de 50 mL e complete os mesmos com HCl 0,1 mol L-1. Dissolva o tablete em água e transfira para um balão volumétrico de 100 mL. Antes de completar o volume do balão, submeta a solução a um banho de ultrassom por 5 minutos. Calcule a diluição a ser feita desta solução da amostra para que a concentração de ácido ascórbico fique ao redor de 10 mg L-1 (considerando correta a dosagem indicada pelo fabricante). Meça exatamente e transfira o volume calculado para um balão de 100 mL. Complete-o à marca com HCl 0,1 mol L-1. Ajuste o espectrofotômetro do sistema FIA da fig. 1 para 580 nm, taxa de amostragem de medidas de 1 s e período de aquisição de dados de 5 a 15 min. Grave os dados ao fim de cada período e inicie nova aquisição até terminar o experimento. Obs.: por limitações do programa, os dados só podem ser gravados ao término do período; períodos longos, p.ex., 30 min, estão mais sujeitos a travamento, com perda dos dados. Bombeie, inicialmente, água pelos três canais (R1, R2 e C). Remova bolhas de ar da cela (cubeta) em fluxo, se houver. Ajuste o zero de absorbância do espectrofotômetro. Retorne os tubos das entradas R1 e R2 para os frascos com os reagentes. Bombeie até estabilização da absorbância e confirme a inexistência de bolhas. Se estiver fora do intervalo de 0,5 a 0,9, ajuste a concentração de KMnO4. Efetue três injeções das soluções de cada padrão e 5 da amostra. Se a linha base se deslocar ou os sinais forem instáveis, corrija a causa (em geral, bolhas na cela) e repita. Espere o final do período para gravar os dados. Grave-os numa pasta identificada por QFL0238, dando aos arquivos um nome iniciado pelo número do seu grupo, p.ex, G5N-FIA-fotom-1, para que tanto alunos como professores reconheçam os dados ao copiá-los. Determinação do coeficiente de dispersão do sistema Coloque todas as entradas (R1, R2 e C) em água destilada, ligue a bomba e ajuste o zero em 525 nm. Coloque a entrada de 33 carregador em solução de KMnO4 2x10-4 mol L-1 e registre a subida do sinal até que estabilize. Em seguida, retorne o tubo da entrada C para água e passa a injetar a solução de KMnO4 no sistema através da alça de amostragem. Calcule o coeficiente de dispersão pela razão entre as alturas dos picos. Substitua a alça de amostragem por 75µL e recalcule a dispersão. Roteiro para o relatório - parte I a) Imprima os registros, extraia as alturas dos picos e prepare tabela de dados com médias e desvios padrão, expressando os valores com número de algarismos significativos correto. b) Faça um gráfico do valor médio das alturas de pico em função da concentração de ácido ascórbico, representando cada ponto com sua respectiva barra de erro (=desvio padrão da média da triplicata). Com base na curva, determine a concentração da amostra e a expresse como massa de ácido ascórbico/tablete. c) c) Empregue o teste t (Student) para comparar oresultado experimental e respectivo desvio padrão com o valor rotulado, ao nível de confiança de 95%. d) Balanceie as equações químicas que ocorrem nos reatores B1 e B2, apresentando as semi-reações envolvidas. Considerando as concentrações dos reagentes e a configuração do sistema FIA empregada, quais deles (KI, amido e KMnO4) estão em excesso e porque? e) O ácido ascórbico serve como padrão primário, como considerado neste experimento? c) No preparo da amostra de vitamina C, a solução foi submetida a um banho ultrassônico. Explique o que poderia ocorrer caso esta etapa não fosse executada. f) O coeficiente de dispersão calculado para o sistema está apropriado para as características do experimento? Qual seria uma alternativa para promover maior dispersão da zona de amostra e em quais casos isso seria interessante? Justifique. g) Há proporcionalidade entre os volumes injetados (150 e 75 µL) e as alturas dos picos? Justifique. h) Como a vazão pode ser alterada no sistema empregado para a determinação de ácido ascórbico. i) Estime a freqüência de amostragem (número de medidas por hora) e as massas consumidas de KMnO4 e KI por determinação. II. Determinação de Paracetamol A determinação de paracetamol em medicamentos pode ser feita por oxidação eletroquímica do analito, de acordo com a reação: NH C O CH3 OH NH + C O CH3 O H + NH O - 2 e- + H2O - H3CCOOH - - H+ Para uma descrição mais detalhada, consulte Anal. Chem., 1981, 53, 2258. Procedimento Coloque um comprimido de Tylenol um balão de 100 mL, adicione ~1/3 da água destilada e agite por alguns minutos para dissolução do princípio ativo, Complete à marca com água destilada. Após a decantação dos excipientes insolúveis, pipete rigorosamente 100 µL da solução de Tylenol para um balão de 50 mL e complete-o com solução tampão Ac-/HAc, pH 4,0. Pese com exatidão cerca de 0,10 g de p-acetaminofenol em uma balança analítica, dissolva em água e dilua em um balão de 25 mL. Pipete cuidadosamente 100, 200, 300, 400 e 500 µL desta solução estoque para balões de 50 mL e complete-os com solução tampão Ac-/HAc, pH 4,0 (soluções de calibração). O sistema FIA a ser utilizado está esquematizado na figura 2. A solução transportadora (tampão Ac-/HAc, pH 4,0) é impulsionada por gravidade, passa pelo injetor e chega à célula eletroquímica, onde ocorre o processo de oxidação em eletrodo de trabalho de disco de platina. Uma agulha de injeção serve como eletrodo auxiliar e saída do fluxo. Descarte Trabalho Auxiliar Ag/AgCl Injetor Amostra Seringa Eletrólito h Eletró- lito Referência Figura 2, Sistema FIA amperométrico Fixe o potencial em +0,90 V (vs. Ag/AgClKClsat), escala de corrente de 100 µA, escala de tempo de 30 min. Inicie o fluxo de eletrólito e certifique-se de que não há bolhas na célula. Conecte os eletrodos ao potenciostato. Clique em Iniciar, aguarde o decaimento da corrente residual (<±0,1 µA) e clique em Registrar. Com a solução de calibração mais concentrada, faça injeções sob diferentes vazões, alterando e anotando a altura do reservatório de eletrólito carregador (h, na fig.2). Escolha um h que proporcione picos bem definidos sem comprometer a frequência analítica. Faça as injeções em triplicata das 5 soluções padrão, para construir a curva de calibração, e 5 injeções da solução da amostra diluída. Grave os dados numa pasta identificada por QFL0238, dando aos arquivos um nome iniciado pelo número do seu grupo, p.ex, G5N-FIA-ampero. Observações: Se o sinal da amostra ficar fora da região da curva de calibração, altere a diluição da amostra, ao passar do balão 1 para o balão 2. Se o eletrodo de trabalho estiver com resposta baixa, experimente alternar o potencial aplicado entre +1,5 e -1 V algumas vezes e remova bolhas, caso de formem; também se pode abrir a célula e polir a superfície da platina com alumina de 0,1 µm. Roteiro para o relatório - parte II a) Proceda como nos itens a), b) e c) do roteiro da parte I, agora para a determinação amperométrica em fluxo de paracetamol. b) Quais as reações que ocorrem em cada um dos eletrodos? c) De que forma experimental se pode selecionar o potencial mais apropriado para a oxidação do paracetamol por amperometria? d) Por que não foi empregada água destilada como solução transportadora? e) Qual a dificuldade de se empregar propulsão dos fluidos por bomba peristáltica na análise me fluxo por amperometria? g) Como se explica a variação da altura (corrente) dos picos e da sua área (carga) com a vazão (altura h da coluna)? O sinal do detector espectrofotométrico também é dependente da vazão?
Compartilhar