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FARMACOLOGIA BÁSICA Farm acologia Básica Marcella Gabrielle Mendes MachadoMarcella Gabrielle Mendes Machado GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Área em constante atualização, a farmacologia é uma disciplina de grande importân- cia na formação de diversos pro� ssionais da área de saúde. Suas raízes encontram-se na terapia medicamentosa, que apresenta como objetivo principal o alívio dos efeitos causados pelas doenças. Nesta obra, serão abordados todos os aspectos relacionados aos fármacos, sem focar exclusivamente em seus efeitos, mas enfatizando os mecanismos pelos quais agem no organismo. Os agentes terapêuticos serão apresentados de acordo com a classe de fármacos à qual pertencem, a � m de facilitar o entendimento do aluno e permitir que o assunto seja aprofundado. Novos fármacos são introduzidos na terapêutica anualmente, ao passo que muitos se tornam obsoletos. Com isso, o entendimento do mecanismo de ação dos fármacos em cada classe terapêutica torna-se primordial, a � m de expandir esses conhecimentos aos novos compostos. A ação de um fármaco somente pode ser compreendida de modo adequado quando o organismo é estudado como um todo. Por isso, em muitos momentos desta obra serão discutidos os processos � siológicos relevantes para o entendimento da ação dos fármacos abordados. Por � m, as estruturas químicas dos fármacos somente serão apresentadas àqueles que necessitam dessa informação para uma melhor compreensão de certas caracte- rísticas farmacológicas. FARMACOLOGIA BÁSICA Capa_formatoA5.indd 1,3 28/08/2020 10:49:26 © Ser Educacional 2020 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Marcella Gabrielle Mendes Machado DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 2 28/08/2020 09:15:39 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 3 28/08/2020 09:15:40 Unidade 1 - Princípios gerais e farmacocinética Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Introdução à farmacologia ................................................................................................. 13 Conceitos importantes em farmacologia .................................................................... 15 Formas farmacêuticas .................................................................................................... 15 Vias de administração .................................................................................................... 17 Ensaios clínicos.................................................................................................................... 19 Desenvolvimento clínico ................................................................................................ 21 Grupos-controle ............................................................................................................... 22 Tamanho da amostra....................................................................................................... 24 Mensuração dos resultados clínicos ........................................................................... 25 Farmacocinética I: absorção de fármacos ...................................................................... 25 Absorção de fármacos ................................................................................................... 27 Biodisponibilidade e bioequivalência .......................................................................... 28 Farmacocinética II: distribuição de fármacos e ligaçãoàs proteínas plasmáticas .......... 29 Barreira hematoencefálica ............................................................................................ 31 Ligação às proteínas plasmáticas ................................................................................ 32 Farmacocinética III: metabolismo e eliminação de fármacos ............................................ 34 Eliminação de fármacos ................................................................................................. 36 Sintetizando ........................................................................................................................... 40 Referências bibliográficas ................................................................................................. 42 Sumário SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 4 28/08/2020 09:15:40 Sumário Unidade 2 - Farmacodinâmica e fármacos autonômicos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 44 Interações farmacológicas ................................................................................................ 45 Interações farmacocinéticas ........................................................................................ 45 Interações farmacodinâmicas ...................................................................................... 47 Farmacodinâmica I - Modo de ação dos fármacos ....................................................... 49 Receptores fisiológicos .................................................................................................. 49 Especificidade das respostas aos fármacos .............................................................. 53 Farmacodinâmica II - Teoria dos receptores/papel dos segundos mensageiros ....... 55 Teoria dos receptores ..................................................................................................... 56 Segundos mensageiros .................................................................................................. 58 Farmacologia do sistema nervoso autônomo ................................................................. 60 Divisões do sistema nervoso autônomo ...................................................................... 61 Funções gerais do sistema nervoso autônomo .......................................................... 62 Considerações farmacológicas .................................................................................... 63 Adrenérgicos/antiadrenérgicos ........................................................................................ 64 Adrenoceptores ............................................................................................................... 65 Agonistas e antagonistas dos receptoresÉ a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ouÉ a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêuticalíquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper-É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper-É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper-É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- FARMACOLOGIA BÁSICA 16 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 16 28/08/2020 09:16:13 Vias de administração Via de administração é o local do organismo no qual o medicamento é administrado, resultando na liberação do fármaco na quantidade adequada para que ocorra o efeito farmacológico desejado. No entanto, essa resposta biológica é dependente de fatores, como a concentração do princípio ativo, resistência à degradação metabólica, transporte através das membranas biológicas, entre outros. Muitas vezes, há a possibilidade de escolha da via de administração de um agente terapêutico. Dessa maneira, o conhecimento das diferentes vias de administração tem importância fundamental, uma vez que a via infl uen- cia na biodisponibilidade de um medicamento e na adesão do paciente ao tratamento. As principais vias de administração são: oral, sublingual, retal, aplicação em outras superfícies epiteliais (por exemplo: pele, córnea, vagina e mucosa nasal), inalação e injeção (subcutânea, intramuscular, intravenosa, intrate- cal e intravítrea). Via oral A via de administração oral é a mais utilizada, por ser mais conveniente, econômica e geralmente mais segura. Cerca de 80% dos tratamentos farmaco- lógicos fora do âmbito hospitalar são administrados por essa via. Quando há a necessidade de proteção da mucosa digestiva, bem como no tratamento de doenças parasitárias e infecção intestinal, é a única via possível para adminis- tração de medicamentos. Diversas formas farmacêuticas sólidas e líquidas podem ser administradas pela via oral. No entanto, o efeito de primeira passagem é considerado um fa- tor limitante e uma desvantagem, uma vez que há diminuição da biodisponibili- dade do fármaco, ou seja, uma menor fração da dose administrada do fármaco alcança seu local de ação. Via retal A via retal consiste na administração de medicamentos na mucosa retal por meio do orifício anal e é utilizada para fármacos que produzem efeitos locais ou sistêmicos. As principais formas farmacêuticas para administração retal são supositórios, cápsulas retais de gelatina e enemas. FARMACOLOGIA BÁSICA 17 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 17 28/08/2020 09:16:14 Entre as vantagens da via retal, tem-se que muitos dos produtos adminis- trados por essa via não irritam o trato gastrointestinal, como alguns medica- mentos orais, e não são destruídos pelas enzimas digestivas ou pelo pH baixo do estômago. Via intramuscular A via intramuscular deposita o medicamento no tecido muscular, que é rica- mente irrigado pelo sangue, resultando em um rápido trajeto até a circulação sistêmica. Por essa via, é possível administrar medicamentos em solução aquo- sa e medicamentos suspensos em óleos, sendo que estes últimos apresentam velocidade de absorção mais lenta e uniforme. A injeção do fármaco deve ser profunda no tecido muscular. Medicamentos que são levemente irritantes e não podem ser administrados pela via subcutâ- nea podem ser administrados por essa via. Via subcutânea A via subcutânea consiste na administração de uma pequena quanti- dade de medicamento líquido no tecido subcutâneo. O medicamento é absorvido por dentro dos capilares próximos, e a velocidade de absorção é uniforme e lenta, podendo variar de acordo com a camada adiposa do paciente. Essa via deve ser escolhida apenas para a administração de fármacos que não causem irritação tecidual. A absorção dos fármacos implantados sob a pele na forma de grânulos só- lidos ocorre lentamente, por semanas. Alguns anticoncepcionais são adminis- trados dessa forma. Via endovenosa A via endovenosa consiste na administração de medicamentos diretamente na corrente sanguínea, em uma veia, permitindo um efeito farmacológico ime- diato. Por essa via, os medicamentos podem ser administrados por infusões do tipo in bolus ou contínua. No caso da infusão contínua, é possível manter concentrações constantes do medicamento. Essa via permite a administração de soluções irritantes, bem como de me- dicamentos possíveis de causar efeitos adversos, uma vez que uma administra- ção lenta ou em baixa concentração resulta em uma ampla diluição do fármaco no sangue, reduzindo os efeitos prejudiciais. FARMACOLOGIA BÁSICA 18 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 18 28/08/2020 09:16:14 Via tópica A via de administração tópica é utilizada quando é desejado um efeito local na pele. A maioria dos fármacos é muito pouco absor- vida pela pele intacta; no entanto, pode haver absorção apreciável, causando efeitos sistêmicos. As principais formas farmacêuticas para ad- ministração tópica são pomadas, pastas, loções, linimentos, tinturas e soluções tópicas. As apre- sentações transdérmicas, nas quais o fármaco é incorporado em um adesivo para ser aplicado na pele, produzem uma taxa estável de liberação do fármaco, evitando o metabolismo pré-sistêmico; diversos fármacos estão disponíveis nessa apresentação. Ensaios clínicos Os estudos da ação de fármacos envolvendo populações humanas são de grande importância e variam, desde investigações experimentais na área de far- macocinética e farmacodinâmica, até os ensaios clínicos. Os ensaios clínicos têm como objetivo avaliar a efi cácia terapêutica e identifi - car e/ou confi rmar as reações adversas relacionadas ao medicamento investiga- do, bem como estudar a farmacocinética dos compostos ativos do medicamento. Até algumas décadas atrás, os medicamentos lançados no mercado não eram submetidos a ensaios clínicos controlados,e a escolha do seu uso era fundamentada mais na experiência pessoal e impressão clínica do que em en- saios objetivos. A busca por comprovação da segurança dos medicamentos ganhou força após o episódio conhecido como “tragédia da talidomida”. A talidomida é um fármaco que foi muito utilizado nas décadas de 1950 e 1960 para o alívio dos enjoos mati- nais em gestantes; porém, foi retirada do mercado devido aos graves efeitos tera- togênicos. Estima-se que um pouco mais de 10 mil crianças em todo o mundo nas- ceram com malformações decorrentes do uso de talidomida durante a gravidez. Os estudos clínicos realizados naquela época não indicaram a toxicidade da talidomida e nenhuma taxa de letalidade signifi cativa para evitar a sua comercia- FARMACOLOGIA BÁSICA 19 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 19 28/08/2020 09:16:14 lização. Propôs-se, então, que o fármaco era seguro e que seria a melhor escolha frente à classe dos barbitúricos para o uso por gestantes. Atualmente, qualquer novo fármaco necessita ser testado antes de ser licen- ciado para comercialização, a fim de obter evidências quanto à sua eficácia e segurança. Com isso, devem ser adotados padrões nacionais e internacionais para a pesquisa clínica com medicamentos, garantindo a seriedade científica do estudo. É necessário salientar que um ensaio clínico deve seguir rigorosamente prin- cípios científicos e éticos. Esses princípios são universais, acima de quaisquer diferenças entre os indivíduos envolvidos, com o objetivo de assegurar sua inte- gridade física e psíquica. As Diretrizes para Boas Práticas Clínicas surgiram com o intuito de facilitar a aceitação de dados de ensaios clínicos em diversos países, harmonizando os padrões para as boas práticas na pesquisa clínica. Essas diretrizes, com o obje- tivo de assegurar sua confiabilidade, estabelecem uma série de critérios para planejamento, implementação, auditoria, conclusão, análise e relato de ensaios clínicos. De acordo com a Anvisa, são princípios básicos das Boas Práticas Clínicas: • Os resultados do ensaio clínico são importantes para a ciência e a sociedade e devem ser considerados; • Os direitos, a segurança e bem-estar dos participantes da pesquisa devem ser assegurados; • Um ensaio clínico para fins de registro de medicamento deve ser conduzido em consonância com o protocolo que recebeu aprovação da autoridade regula- tória e partir de comitê independente de ética; • A aprovação de ensaios clínicos depende de informações não clínicas ade- quadas e, quando aplicáveis, de informações clínicas dos produtos em investi- gação; • Os ensaios clínicos devem ser cientificamente sólidos e descritos protocolos claros e detalhados; • As pesquisas devem ser realizadas por médicos qualificados (ou, se apro- priado, dentistas qualificados), que devem ser responsáveis pelo atendimento médico dos sujeitos da pesquisa, bem como para qualquer decisão médica to- mada em seu nome; FARMACOLOGIA BÁSICA 20 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 20 28/08/2020 09:16:14 • O registro, o manuseio e o armazenamento de todas as informações do ensaio clínico devem ser apropriados para permitir o relato, a interpretação e a verifi cação precisos do ensaio; • Os registros que poderiam identifi car os sujeitos devem ser protegidos, res- peitando a privacidade e as regras quanto ao tema, em consonância com as exi- gências regulatórias aplicáveis. • Os produtos em investigação devem ser manufaturados, manejados e ar- mazenados de acordo com as boas práticas de fabricação (BPF) aplicáveis e de- vem ser usados em consonância com o protocolo aprovado; • Devem ser implementados sistemas com procedimentos que assegurem a qualidade de cada aspecto do ensaio clínico. No Brasil, o regulamento para a realização de ensaios clínicos com medica- mentos é disposto na Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 09/2015. Essa norma busca harmonizar a legislação interna às diretrizes internacionais, incen- tivando o desenvolvimento de pesquisas em território nacional e uma maior in- clusão do Brasil nas pesquisas que são realizadas concomitantemente em dife- rentes países. Desenvolvimento clínico O desenvolvimento clínico de um novo fármaco ocorre por meio de quatro fases distintas e sobrepostas de ensaios clínicos, a saber: • Estudos de fase I: são realizados em um pequeno grupo de voluntários sadios normais (em geral, cerca de 20 a 80 voluntários). Nessa fase, são reali- zados estudos farmacocinéticos e a determinação de segurança da dose com busca de potenciais efeitos perigosos; • Estudos de fase II: são realizados em um grupo de pacientes com número re- duzido, de 24 a 300 indivíduos. Nessa fase, são determinados os efeitos farmacodi- nâmicos nos pacientes, com o objetivo de determinar o regime de dose do fármaco; • Estudos de fase III: são realizados em um grupo maior de pacientes, cerca de 250 a 1.000 indivíduos. Essa fase é a defi nitiva da pesquisa clínica, com es- tudos aleatórios e duplos-cegos, visando à comparação do novo fármaco com os comumente usados na terapia. Nessa fase, é avaliada a segurança e efi cácia do fármaco. Após essa fase, o medicamento é aprovado para comercialização; FARMACOLOGIA BÁSICA 21 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 21 28/08/2020 09:16:14 • Estudos de fase IV: compreendem o acompanhamento pós-comercializa- ção do medicamento e são obrigatórios, visando a detectar quaisquer efeitos adversos raros e em longo prazo que resultem do uso do fármaco na popula- ção em geral. O Gráfi co 1 retrata todas as fases que envolvem a descoberta de um novo fármaco e que envolvem desde a síntese do fármaco, passando pelos testes pré-clínicos em animais até chegar às fases clínicas citadas, para posterior co- mercialização. O caminho até a comercialização de um novo medicamento é longo, dispendioso e envolve grande número de substâncias. GRÁFICO 1. NÚMERO DE SUBSTÂNCIAS, LINHAS DE TEMPO E FASES QUE CARACTERIZAM A DESCOBERTA DE NOVOS FÁRMACOS Número de substâncias químicas Registro de Introdução Vigilância pós- comercialização Testes clínicos (humanos) Testes pré-clínicos (animais) Síntese testes e escrutínio Fase IV Fase III Fase II Fase I Desenvolvimento Pesquisa básica An os 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2 2-5 5-10 10-20 10.000-25.000 Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 26. Grupos-controle Nos ensaios clínicos, são comparadas as respostas de um grupo-controle sujeito a um tratamento padrão existente e as de um grupo de indivíduos que recebe um novo tratamento. Esse novo tratamento pode ser um fármaco novo, uma nova associação de fármacos já utilizados clinicamente ou qualquer outro tipo de intervenção terapêutica, como cirurgia, dieta, fi sioterapia, entre outros. FARMACOLOGIA BÁSICA 22 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 22 28/08/2020 09:16:14 O grupo-controle pode receber o fármaco de escolha atualmente usado, um placebo para os casos em que não há tratamento eficaz disponível ou até mesmo não receber nenhum tipo de tratamento. O uso de grupos-controle é crucial nos ensaios clínicos, uma vez que afir- mações de eficácia de um determinado medicamento novo em um grupo de pacientes não têm valor algum se não houver dados dos pacientes que recebe- ram um tratamento diferente ou não receberam tratamento. Os grupos-controle podem ser compostos por um grupo separado de in- divíduos, ou pode ser feito um estudo cruzado, no qual os mesmos indivíduos mudam do grupo de teste com medicação para o grupo-controle, ou vice-ver- sa, com posterior comparação dos resultados obtidos. Neste último caso, a randomização, ou seja, a distribuição aleatória de pacientes, é fundamental, a fim de evitar uma eventual predisposição a determinado resultado. Dessa forma, o ensaio clínico controlado randomizado é considerado uma ferramenta indispensável para avaliar a eficácia terapêutica de no- vos fármacos. Outra técnica muito utilizada para darconfia- bilidade a um estudo é a técnica do duplo-cego, utilizada para minimizar a tendenciosidade no ensaio clínico: nem o paciente nem o pesquisa- dor sabem o tipo de tratamento que está sendo administrado. Embora esse método seja uma pro- teção importante para a confiabilidade dos resulta- dos, nem sempre é possível utilizá-lo, uma vez que, por exemplo, uma dieta dificilmente pode ser disfarçada, assim como o gosto, cheiro e aparência de certos fármacos; porém, sempre que possível, a técnica do duplo-cego deve ser utilizada. EXPLICANDO Um placebo é um medicamento “simulado” que não contém nenhum prin- cípio ativo capaz de exercer atividade farmacológica. Em alguns casos, um placebo pode ser uma simulação de procedimento cirúrgico, dieta ou outro tipo de intervenção terapêutica, desde que o paciente avaliado acredite que poderia ser verdadeiro. O placebo apresenta considerável efeito terapêutico, produzindo efeito benéfico significativo em cerca de um terço dos pacientes que o utilizam. FARMACOLOGIA BÁSICA 23 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 23 28/08/2020 09:16:14 Tamanho da amostra Uma das frequentes preocupações em um ensaio clínico é o tamanho da amostra, já que há a possibilidade de escolher uma amostra que não seja típica e não represente a população na qual teve origem. Devido ao uso de amostras, os resultados obtidos em um ensaio podem não ser totalmente conclusivos, uma vez que os ensaios devem envolver o menor número necessário de indiví- duos, com base em aspectos éticos e fi nanceiros. Em um ensaio clínico, dois tipos de conclusões incorretas são possíveis: • Erro tipo I: erro do tipo falso-positivo, no qual os resultados indicam uma diferença entre A e B, quando esta não existe; • Erro tipo II: erro do tipo falso-negativo, no qual os resultados não indicam qualquer diferença entre A e B; porém, ela existe. Um dos fatores que determinam o tamanho da amostra é o quanto o pesquisador deseja evitar a ocorrência de um desses tipos de erro. A signi- fi cância do resultado do estudo é a expressão da probabilidade de cometer um erro tipo I. Geralmente, um nível de signifi cância de 0,05 é considerado como aceitável e indica que a probabilidade de se obter um resultado do tipo falso-positivo é menor do que um em vinte. Já a probabilidade de evitar um erro tipo II é denominada potência do estudo e geralmente é conside- rada como aceitável em valores entre 0,8 e 0,9. Para aumentar a signifi cân- cia e a potência de um estudo, deve-se aumentar o tamanho da amostra. Outro fator que determina o tamanho da amostra é a amplitude da dife- rença entre A e B, que é considerada pelo pesquisador como clinicamente signifi cativa. Para um estudo com nível de signifi cância de 0,05 e uma po- tência de 0,9, em que o resultado indica uma redução de algum indicador, como a mortalidade, em dez pontos percentuais, deve ser necessária uma amostra com, pelo menos, 850 indivíduos. Com um número maior de indivíduos, poderia ser detectada, por exemplo, uma redução percentual maior; porém, existe toda a questão ética e fi nanceira envolvida, devendo-se avaliar os benefícios clínicos versus as considerações esta- tísticas no planejamento dos ensaios clínicos. FARMACOLOGIA BÁSICA 24 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 24 28/08/2020 09:16:14 Mensuração dos resultados clínicos Durante o planejamento de um ensaio clínico, deve-se defi nir, de manei- ra apropriada, a forma que os resultados serão mensurados. Geralmente, são escolhidos efeitos clínicos objetivos e mais rápidos de serem observa- dos, como diminuição da pressão arterial, alteração da contagem de leucó- citos e melhoria da condutância das vias aéreas. A mensuração dos resultados clínicos pode ser: • Medidas fi siológicas (pressão sanguínea, testes de função hepática, função respiratória); • Resultado em longo prazo (sobrevida ou livre de recorrência); • Avaliações subjetivas (alívio da dor, humor); • Medidas de qualidade de vida global; • Anos de vida ajustados à qualidade (QALYs, do inglês quality-adjusted life years), que combinam sobrevida com qualidade de vida. Farmacocinética I: absorção de fármacos Os processos de absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e eliminação dos fármacos (ADME) constituem a farmacocinética. Um adequado entendimento dos princípios da farmacocinética pode infl uenciar, de forma be- néfi ca, a terapia, reduzindo a ocorrência de reações adversas a medicamentos. As etapas da farmacocinética de um fármaco no organismo são dependentes do seu transporte através das membranas celulares. As propriedades físico-quí- micas, tanto das moléculas do fármaco quanto das membranas, infl uenciam a transferência e distribuição dos fármacos no organismo. Em relação ao fármaco, podemos citar como características que infl uenciam seu transporte e sua presença no local de ação: peso molecular, conformação estrutural, grau de ionização, lipossolubilidade relativa dos compostos ionizados e não ionizados e ligação às proteínas séricas e teciduais. A membrana plasmática corresponde à barreira mais comum frente à distri- buição do fármaco e consiste em uma dupla camada de lipídeos, com suas ca- deias de ácidos graxos não polares voltadas para o interior, e os grupos polares e hidrofílicos voltados para o exterior da membrana. As moléculas do fármaco FARMACOLOGIA BÁSICA 25 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 25 28/08/2020 09:16:14 podem atravessar a membrana por transporte passivo e por transporte ativo, como se vê na Figura 2. O transporte celular consiste na transferência de substâncias através de um epitélio, utilizando os espaços intercelulares. Essa transferência é bastante am- pla; no entanto, é limitada pelo fluxo sanguíneo quando ocorre a passagem pelo endotélio capilar. Os capilares de diversos tecidos epiteliais, a exemplo dos ca- pilares do sistema nervoso central (SNC), apresentam junções estreitas que im- pedem a transferência de solutos com massa molecular acima de 100 a 200 Da. Com isso, grande parte dos fármacos lipofílicos e com grande massa precisam permear a membrana sem a ajuda de água. No transporte passivo, a molécula do fármaco geralmente permeia a mem- brana por difusão simples ou facilitada, seguindo um gradiente de concentração, possibilitada pela sua solubilidade na dupla camada de lipídeos. A velocidade de difusão de uma molécula depende principalmente do seu tamanho molecular, sendo inversamente proporcional ao peso molecular. A difusão também é de- pendente da amplitude do gradiente de concentração através da membrana, do coeficiente de partição hidrolipídica do fármaco e da área da membrana exposta ao fármaco, sendo diretamente proporcional a todos esses parâmetros. TRANSPORTE PASSIVO Transporte paracelular Difusão facilitada Transporte ativo Transportadores ABCDifusão Figura 2. Mecanismos utilizados pelos fármacos para atravessar as barreiras celulares. Fonte: HILAL-DANDAN; BRUN- TON, 2015, p. 39. FARMACOLOGIA BÁSICA 26 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 26 28/08/2020 09:16:14 DICA Dois fatores que devem ser levados em consideração e infl uenciam consideravelmente a permeação do fármaco pela membrana são o pH e a ionização, pois muitos fármacos são ácidos ou bases fracas e podem ser encontrados tanto na forma ionizada quanto na forma não ionizada. Em ambos os casos, a espécie ionizada apresenta baixa solubilidade nos lipídeos da membrana e é incapaz de permeá-la, exceto em situações que apresentem um mecanismo específi co de transporte. Muitos fármacos na forma não ionizada, porém, também não conseguem permear a membrana devido à baixa lipossolubilidade. A difusão facilitada e o transporte ativo são processos mediados por carreado- res, que podem ser divididos em transportadores carreadores solúveis e transpor- tadores de cassetes de ligação de ATP. Os transportadores carreadores solúveis facilitam a permeação passiva de solutos a favorde seu gradiente, e os transpor- tadores de cassetes de ligação de ATP são bombas ativas movidas por ATP. Absorção de fármacos Na maioria das situações, o fármaco necessita ser primeiramente aab- sorvido, para chegar ao seu local de ação e realizar seu efeito biológico. Esse processo não é necessário, por exemplo, para fármacos administrados pela via intravenosa, quando já são administrados diretamente na corrente sanguínea, assim como para fármacos administrados por via tópica, para os quais se deseja um efeito local e não sistêmico. As preparações sólidas, como comprimidos e cápsulas, precisam inicial- mente passar pela dissolução para liberar o fármaco e este ser absorvido. A absorção de um fármaco administrado por via oral, por exemplo, precisa ocorrer primeiramente no trato gastrintestinal (TGI) e é regulada por fatores como: • Conteúdo intestinal; • Fluxo sanguíneo esplâncnico; • Motilidade gastrointestinal; • Tamanho da partícula e formulação; • Concentração no local da absorção; • Fatores físico-químicos. FARMACOLOGIA BÁSICA 27 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 27 28/08/2020 09:16:14 A alimentação altera o conteúdo intestinal e o fl uxo esplâncnico, e a sua infl uência benéfi ca ou não na absorção no TGI é avaliada desde os en- saios clínicos. A circulação esplâncnica fornece suprimento sanguíneo no TGI, baço e pâncreas. Muitos fármacos (como o propranolol, por exemplo), quando ingeridos após a refeição, são mais absorvidos pelo TGI devido ao aumento do fl uxo sanguíneo esplâncnico pelo alimento. Por outro lado, em pacientes com insufi ciência cardíaca, o fl uxo sanguíneo esplâncnico encon- tra-se reduzido, o que resulta na redução da absorção de fármacos no trato gastrintestinal. A motilidade gastrointestinal também causa grande efeito na absorção no TGI, e alguns fármacos podem afetar essa motilidade, como a metoclo- pramida. O tamanho da partícula e a formulação também exercem impor- tantes efeitos sobre a absorção, especialmente de fármacos que são pou- co absorvidos, como a digoxina. Em relação à concentração do fármaco no TGI, quanto maior a concentração, maior será sua absorção, principalmente para fármacos, que são absorvidos por difusão passiva. O fármaco que foi absorvido no TGI passa, em seguida, pelo fígado, onde pode haver metabolismo e/ou excreção biliar antes que ele alcance a circu- lação sistêmica. Consequentemente, parte da dose administrada e absorvi- da será inativada ou desviada, no intestino e no fígado, antes de alcançar a circulação geral e ser distribuída para seus locais de ação. Se a capacidade metabólica ou excretora do fígado para o fármaco em questão for grande, a quantidade do fármaco que chegará à circulação (bio- disponibilidade) será consideravelmente reduzida, o chamado efeito de pri- meira passagem. Biodisponibilidade e bioequivalência A biodisponibilidade de uma dose de fármaco administrada por via intra- venosa é 100%, por defi nição. Na administração de fármacos pela via oral, a biodisponibilidade é menor que 100% e pode apresentar valores muito bai- xos para certos fármacos, chegando a 5%, em decorrência de uma absorção incompleta na parede intestinal e, principalmente, pelo efeito de primeira passagem no fígado. O metabolismo hepático de primeira passagem é o que FARMACOLOGIA BÁSICA 28 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 28 28/08/2020 09:16:14 mais afeta a biodisponibilidade de um fármaco, pois, quando o fármaco é metabolizado rapidamente pelo fígado, a fração do medicamento inaltera- do que chega à circulação sistêmica é diminuída. O efeito de primeira passagem no metabolismo hepático pode ser evita- do pelo uso de formas farmacêuticas como comprimidos sublinguais, adesi- vos transdérmicos e supositórios retais; porém, em menor extensão. Cerca de 50% da drenagem retal não passa pela circulação portal, ou seja, quando o fármaco é administrado por essa via, ele desvia-se do sistema porta e vai direto para os vasos, que desembocam na veia cava inferior. Com isso, o me- tabolismo hepático de fármacos administrados por essa via é minimizado. Já os fármacos administrados por inalação não apresentam o efeito de pri- meira passagem no metabolismo hepático. O pulmão, no entanto, pode tam- bém atuar como um local de perda por excreção e diminuir a biodisponibilidade – e o mesmo pode ocorrer com os fármacos administrados por vias parenterais. Quando dois medicamentos contendo o mesmo princípio ativo, na mes- ma quantidade e forma farmacêutica, apresentam a mesma biodisponibi- lidade no organismo, sua efi cácia clínica é considerada comparável, e eles são considerados bioequivalentes. A realização de estudos de biodisponi- bilidade e bioequivalência ganhou força no Brasil após o estabelecimento do medicamento genérico pela Lei nº 9.787/99, pois o medicamento genéri- co e o de referência são bioequivalentes. Quando dois medicamentos são considerados bioequi- valentes, podem ser aproveitados os estudos clínicos completos de um medicamento para outro. Dessa for- ma, diminui-se a complexidade de provas de segurança e efi cácia que o fabricante precisa apresentar no momen- to do registro do medicamento. Farmacocinética II: distribuição de fármacos e ligação às proteínas plasmáticas Após a absorção do fármaco na corrente sanguínea, ou após sua administra- ção sistêmica (no caso de injetáveis intravenosos), o fármaco passa pelo proces- so de distribuição para os líquidos intersticiais e intracelulares. A distribuição FARMACOLOGIA BÁSICA 29 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 29 28/08/2020 09:16:14 é dependente das propriedades físico-químicas de cada fármaco, sendo que a taxa de liberação e a quantidade potencial do fármaco distribuída aos tecidos são determinadas pelo débito cardíaco, fluxo sanguíneo regional, permeabilida- de capilar e volume tecidual. As maiores frações do fármaco são distribuídas, inicialmente, para o fígado, os rins e o cérebro, que são os órgãos que recebem maior fluxo sanguíneo, como se observa na Tabela 1. Uma segunda fase de distribuição libera o fármaco aos músculos, às vísceras, à pele e aos tecidos adiposos. No entanto, essa fase é mais lenta e pode levar de minutos a horas, até que a concentração do fármaco nesses tecidos esteja em equilíbrio com a concentração sanguínea. Essa segunda fase é responsável pela maior fração do fármaco distribuído ao espaço extravascular, decorrente do envolvimento de tecidos que apresentam uma massa corporal muito maior. ÓRGÃO PERFUNDIDO FLUXO SANGUÍNEO (mL/min) MASSA DO ÓRGÃO (kg) FLUXO SANGUÍ- NEO NORMAL- IZADO (mL/min/kg) Fígado 1.700 2,5 680 Rins 1.000 0,3 3.333 Cérebro 800 1,3 615 Coração 250 0,3 833 Gordura 250 10,0 25 Outros (músculos etc.) 1.400 55,6 25 Total 5.400 70,0 - TABELA 1. FLUXO SANGUÍNEO TECIDUAL TOTAL E NORMALIZADO PARA PESO NO ADULTO Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 34. Em geral, a distribuição do fármaco para o líquido intersticial ocorre de modo rápido, com exceção do cérebro e alguns outros órgãos, devido ao fato de a mem- brana endotelial dos capilares apresentar alta permeabilidade. Além da permea- bilidade através das barreiras teciduais, outros fatores influenciam o padrão do equilíbrio de distribuição, como a partição pelo pH e a partição óleo/água. FARMACOLOGIA BÁSICA 30 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 30 28/08/2020 09:16:14 Barreira hematoencefálica Como dito anteriormente, para a distribuição do fármaco para o líquido intersticial, o fármaco precisa atravessar a barreira celular – e, entre elas, a barreira hematoencefálica (BHE) tem características importantes. A BHE impede a acessibilidade da maioria dos fármacos ao cérebro, uma vez que não apresentam lipossolubilidade sufi ciente (p. ex.: amino- glicosídeos). No entanto, a infl amação pode romper a integridade da BHE, permitindo a entrada de substâncias no cérebro, como antibióticos para o tratamento da meningite bacteriana. Ademais, a barreiraé permeável em algumas partes do SNC, como na zona quimiorreceptora do gatilho, o que permite o acesso de certos fármacos ao cérebro, como a apomorfi na, um fármaco utilizado para o tratamento da doença de Parkinson. Podemos defi nir o volume de distribuição aparente Vd pela fórmula: Vd = Q / Cp (1) A proporção do fármaco aproveitada pelo organismo como um todo é maior quando o fármaco é distribuído de forma ampla pelos tecidos corporais. Com isso, o Vd é baixo para fármacos, que fi cam retidos, principalmente, no compartimento vascular; e alto, para fármacos que são amplamente distribuí- dos no músculo, tecido adiposo e outros compartimentos não vasculares. Diversos fármacos apresentam Vd muito grandes, como: cloroquina (Vd = 9.240 L), amiodarona (Vd = 4.620 litros L), fl uoxetina (Vd = 2.450 L), azitro- micina (Vd = 2.170 L), amitriptilina (Vd = 1.050 L), clorpromazina (1.470 L) e digoxina (Vd = 645 L). Um fármaco que é captado com elevadas concentrações por tecidos corporais, como os músculos e o tecido adiposo será, em grande parte, removido da circulação no estado de equilíbrio dinâmico. Na maioria dos casos, para haver efeito biológico no sítio-alvo do fármaco, o tecido precisa estar saturado para que os níveis plasmáti- cos desses fármacos aumentem de forma sufi ciente. Com isso, para dois fármacos com igual potência, aquele que apresentar maior distribuição entre os tecidos corporais geralmente precisará de uma dose inicial maior para alcan- çar uma concentração plasmática que seja terapêutica. FARMACOLOGIA BÁSICA 31 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 31 28/08/2020 09:16:14 CURIOSIDADE Alguns fármacos, como a heparina, não conseguem atravessar a parede dos capilares com facilidade, pois a molécula é muito grande, fi cando confi nados no compartimento plasmático. No entanto, é mais frequente ter fármacos confi nados no compartimento plasmático devido à ligação com as proteínas plasmáticas, o que é prejudicial do ponto de vista terapêutico, pois é a fração livre do fármaco no líquido intersticial que produz os efei- tos farmacológicos. Ligação às proteínas plasmáticas Alguns fármacos em concentrações terapêuticas circulam na corrente sanguínea ligados às proteínas plasmáticas. A fração da forma livre do fár- maco em solução aquosa, que constitui a forma farmacologicamente ativa, pode ser inferior a 1%, estando os 99% restantes associados a proteínas plasmáticas. Pequenas diferenças na fração ligada às proteínas (exemplo: 99,0 versus 98,5%) podem resultar em diferenças consideráveis na concen- tração de fármaco livre, e, consequentemente, na sua efi cácia. A albumina é a proteína plasmática mais abundante do organismo e é o principal carreador dos fármacos ácidos; para os fármacos básicos, o prin- cipal carreador é a glicoproteína ácida α1. No entanto, mesmo sendo em número muito menor, a albumina também pode se ligar a fármacos básicos, como a clorpromazina e os antidepressivos tricíclicos. Ligações inespecífi cas de fármacos a outras proteínas plasmáticas podem ocorrer, mas em uma quantidade muito menor, sendo que estas geralmente são reversíveis. Ade- mais, alguns fármacos podem ligar-se às proteínas que atuam como carrea- doras de hormônios específi cos. A quantidade da fração do fármaco ligada às proteínas plasmáticas é de- pendente de três fatores: (a) concentração do fármaco livre; (b) afi nidade pelos locais de ligação; e (c) concentração de proteínas. A variação das con- centrações plasmáticas dentro da faixa terapêutica, para grande parte dos fármacos, é limitada. Com isso, tanto a amplitude de ligação quanto a fração do fármaco livre geralmente são constantes. A concentração normal de albumina no plasma é de aproximadamente 0,6 mmol/l (4 g/100 ml); porém, devido a patologias, os níveis de albumina podem estar alterados (exemplo: níveis baixos de albumina podem ser in- FARMACOLOGIA BÁSICA 32 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 32 28/08/2020 09:16:14 dicativos de falha hepática). Com isso, a amplitude da ligação do fármaco às proteínas plasmáticas pode ser afetada. Outro exemplo de alteração da ligação às proteínas plasmáticas ocorre em doenças que causam uma rea- ção inflamatória aguda, como a doença de Crohn, aumentando os níveis da glicoproteína ácida α1 e ampliando sua ligação aos fármacos básicos. A B Espaço vascular Espaço vascular Albumina Fármaco A Fármaco A ligado à albumina Fármaco B ligado à albumina Fármaco B Local de ação farmacológica Local de ação farmacológica Órgão de depuração Órgão de depuração Figura 3. Ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas. (A) Os fármacos que não se ligam às proteínas plasmáticas (Fármaco A) sofrem uma rápida difusão nos tecidos, resultando em alto nível de ligação ao local de ação farmacológica (receptores) e numa alta taxa de eliminação (fluxo por meio de um órgão de depuração). (B) Os fármacos que exibem altos níveis de ligação às proteínas plasmáticas (Fármaco B) apresentam somente uma pequena fração do fármaco que pode sofrer difusão no espaço extravascular, com a ocupação de uma pequena porcentagem dos receptores. Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 35. FARMACOLOGIA BÁSICA 33 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 33 28/08/2020 09:16:14 A ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas reduz a sua disponibi- lidade em ser distribuído para o tecido-alvo, uma vez que apenas a fração livre é capaz de difundir-se através das membranas (Figura 4). Uma fração maior de fármaco ligado também pode reduzir a difusão dos fármacos para compartimentos não vasculares, como o músculo e o tecido adiposo. Um fármaco altamente ligado às proteínas plasmáticas tende a permanecer na circulação sanguínea. Com isso, esse fármaco apresenta um volume de dis- tribuição baixo, cerca de 7–8 L para um indivíduo de 70 kg. A fi ltração glomerular, o transporte e o metabolismo também são afe- tados pela ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas, exceto quando eles são altamente efi cazes e quando a depuração do fármaco é superior ao fl uxo plasmático do órgão. Farmacocinética III: metabolismo e eliminação de fármacos A exclusão irreversível do fármaco do corpo ocorre por meio de dois proces- sos: metabolismo e eliminação. O metabolismo ou biotransformação consis- te na construção e degradação dos fármacos pela conversão enzimática de um grupamento químico, enquanto a eliminação ou excreção consiste na saída dos metabólitos do fármaco do organismo. O fígado é o principal órgão de metabolismo dos fármacos, embora as enzi- mas metabolizadoras estejam presentes na maioria dos tecidos do corpo, sen- do a pele, os pulmões, TGI e os rins considerados locais particularmente ativos. Deve-se destacar o TGI, uma vez que as enzimas metabolizadoras presentes nas células epiteliais do TGI são responsáveis pelo metabolismo inicial de muitos fár- macos administrados por via oral. No fígado, pode ser encontrada uma maior diversidade de enzimas meta- bólicas. A capacidade das enzimas em modifi car os fármacos é dependente da quantidade de fármaco que adentra os hepatócitos. O fígado metaboliza princi- palmente os fármacos lipossolúveis, que penetram mais facilmente nos hepató- citos. No entanto, por meio de transportadores presentes nesse órgão, fármacos hidrossolúveis também conseguem adentrar as células hepáticas. FARMACOLOGIA BÁSICA 34 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 34 28/08/2020 09:16:14 Os fármacos são metabolizados para facilitar sua excreção pelo corpo. Esse processo, porém, também desempenha um papel importante na redução da ati- vidade biológica dos fármacos. As reações de biotransformação podem ser divididas em duas classes: as reações de oxidação/redução (fase I) e de conjugação (fase II). Ambas as fa- ses atuam diminuindo a lipossolubilidade e, consequentemente, aumentando a eliminação renal. Essas fases ocorrem frequentemente de modo sequencial e são independentes, sendo que as enzimasenvolvidas nas reações de ambas as fases competem, com frequência, pelos substratos. Reações de oxidação/redução (fase I) As reações de fase I (exemplo: oxidação, redução e hidrólise) modificam a estrutura química do fármaco por meio de enzimas presentes no fígado, que facilitam cada um desses tipos de reações, sendo a via mais comum o sistema do citocromo P450 microssomal, responsável pelo metabolismo de grande parte das reações oxidativas. As enzimas P450 estão envolvidas na biotransformação de cerca de 75% de todos os fármacos atualmente utilizados, e as reações mediadas por essas enzi- mas correspondem a 95% das biotransformações oxidativas. Uma reação de oxidação comum envolve a introdução de um grupo reativo na molécula, o grupo hidroxila. No metabolismo do ácido acetilsalicílico, a hidro- xila serve de ponto de ataque para que, na fase de conjugação, ocorra a ligação de um substituinte, como o glicuronídeo (Figura 4). Reações de conjugação (fase II) As reações de conjugação são sintéticas e conjugam o fármaco com uma molécula grande e polar, resultando, na maioria das vezes, em produtos mais solúveis para serem excretados na urina ou na bile – e muitos deles se tornam inativos. Muitas das reações de fase II ocorrem no fígado; porém, ou- tros tecidos, como pulmões e rins, estão envolvidos. Para uma molécula ser suscetível à conjugação, o fármaco ou metabó- lito resultante da fase I deve ter um grupamento adequado para sofrer ataque (p. ex.: hidroxil, tiol ou amino). Os grupos mais comumente adicionados nas reações de conjugação in- cluem glicuronato, sulfato, glutationa e acetato. FARMACOLOGIA BÁSICA 35 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 35 28/08/2020 09:16:14 Figura 4. As duas fases do metabolismo do ácido acetilsalicílico. Fonte: RANG et al., 2016, p. 116.. Fase 1 Fase 2 Fármaco Derivado Conjugado Conjugação Glicuronídeo Exemplo COOH COOH COOH COOHOH O OH OH HO O OCOCH3 Ácido acetilsalicílico Ácido salicílico Oxidação Hidroxilação Desalquilação Desaminação Hidrólise Eliminação de fármacos Os fármacos e seus metabólitos são predominantemente eliminados do organismo por meio da excreção renal e biliar. A excreção renal é o meca- nismo mais comum, pois um número muito pequeno de fármacos é excreta- do de maneira primária pela bile. Ademais, alguns fármacos, em sua forma residual, podem ser eliminados por excreção fecal, em decorrência de uma absorção incompleta no TGI superior, e pelas vias respiratória e dérmica; porém, em quantidades mínimas. Alguns fármacos não são inativados pelo processo de metabolismo e, com isso, são eliminados praticamente inalterados na urina (Quadro 2). A ve- locidade de eliminação renal desses fármacos é o que determina a duração da sua ação no organismo, devendo esses medicamentos ser empregados com cautela em pacientes idosos ou naqueles com função renal diminuída. FARMACOLOGIA BÁSICA 36 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 36 28/08/2020 09:16:14 Fármaco Porcentagem Furosemida, gentamicina, metotrexato, atenolol, digoxina 100-75 Benzilpenicilina, cimetidina, oxitetraciclina, neostigmina 75-50 Propantelina, tubocurarina ∼50 QUADRO 2. FÁRMACOS ELIMINADOS PRATICAMENTE INALTERADOS NA URINA Fonte: RANG et al., 2016, p. 123. (Adaptado). Excreção renal A excreção renal dos fármacos e de seus metabólitos envolve três proces- sos independentes entre si, que são: filtração glomerular, secreção tubular ati- va e reabsorção tubular passiva. Quando um paciente, por exemplo, apresenta alterações da função renal global, significa que os três processos são alterados na mesma extensão, e os fármacos que são dependentes do rim para a sua eliminação devem ter sua dose e frequência de administração alterados. O fluxo sanguíneo renal representa 1/4 do fluxo sanguíneo total do corpo. Isso assegura que o fármaco presente na corrente sanguínea seja exposto continuamente aos rins. Como veremos na Figura 5, a arteríola aferente é a responsável por introduzir no glomérulo o fármaco presente na corrente san- guínea, e, embora possam ser introduzidas as formas ligada e não ligada do fár- maco às proteínas plasmáticas, apenas a forma livre é filtrada no túbulo renal. A taxa de eliminação dos fármacos pelos rins é determinada pelo equilí- brio das taxas de filtração, secreção e reabsorção. O fluxo sanguíneo renal, assim como a taxa de filtração glomerular e a ligação do fármaco às proteí- nas plasmáticas, influencia diretamente a quantidade de fármaco que aden- tra os túbulos, no nível do glomérulo. Dessa forma, um aumento no fluxo sanguíneo, na taxa de filtração glomerular e na concentração de fármaco livre aumentam a taxa de eliminação do fármaco. Quanto à concentração urinária do fármaco no túbulo proximal, pode ser aumentada em decorrência do transporte por difusão passiva das mo- léculas não ionizadas do fármaco, bem como por difusão facilitada de mo- léculas ionizadas e não ionizadas. Por outro lado, a concentração urinária do fármaco pode diminuir se houver reabsorção nos túbulos proximais e distais, sendo limitada pelo pH. Um ajuste no pH urinário pode favorecer FARMACOLOGIA BÁSICA 37 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 37 28/08/2020 09:16:15 ou não a reabsorção de fármacos no túbulo e pode ser necessário do pon- to de vista terapêutico. A reabsorção de fármacos também pode ser alterada como resposta à variação do débito urinário. Um aumento no débito urinário diminui a reab- sorção, uma vez que ocorre a diluição da concentração do fármaco no túbu- lo e a diminuição da possibilidade de haver difusão facilitada. Túbulo proximal Secreção tubular Filtração glomerular Reabsorção tubular Urina Arteríola aferente Arteríola eferente Fármaco no sangue Capilar peritubular 2 3 4 1 Figura 5. Excreção de fármacos no rim. Os fármacos podem ser (1) filtrados no glomérulo renal, (2) secretados no túbulo proximal, (3) reabsorvidos a partir da luz tubular e transportados de volta ao sangue e (4) excretados na urina. Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 38. Depuração (clearance) renal A eliminação renal de fármacos pode ser quantificada pela depuração renal ou clearance (CLren). O CLren pode ser calculado a partir da concentração plas- mática (Cp), da concentração urinária (Cu) e da velocidade do fluxo urinário (Vu), conforme a seguinte equação: FARMACOLOGIA BÁSICA 38 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 38 28/08/2020 09:16:28 CLren = (Cu x Vu) / Cp (2) Os valores de CLren variam muito para os vários fármacos disponíveis na te- rapêutica, podendo chegar de menos de 1 ml/min até aproximadamente 700 ml/min, que é considerado o máximo teórico. Alguns fármacos são depurados de forma muito rápida, como a penicilina, que é retirada do sangue pratica- mente em uma única passagem pelos rins, ou podem ser depurados de forma muito lenta, como a amiodarona e o risedronato; porém, a grande maioria dos fármacos apresenta CLren entre esses dois extremos. Excreção biliar Alguns transportadores presentes na membrana canalicular do hepatócito secretam fármacos e seus metabólitos na bile. Estes fármacos e seus metabóli- tos presentes na bile são liberados no TGI durante a digestão e podem ser reab- sorvidos pelo intestino de volta ao organismo, resultando em um prolonga- mento da permanência do fármaco no organismo, e, consequentemente, dos seus efeitos, antes de ser eliminado por outras vias, o que pode ser benéfico ou não para o paciente. Alguns fármacos são excretados em grande parte pela bile, a exemplo dos esteroides, digoxina e alguns agentes antineoplásicos. FARMACOLOGIA BÁSICA 39 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 39 28/08/2020 09:16:28 Sintetizando No âmbito da farmacologia, os conceitos de droga, fármaco e medicamento são importantes de serem distinguidos. A droga é o conceito mais amplo e cor- responde a qualquer substância que, ao interagir com o organismo vivo, é capaz de exercer efeito clínico ou farmacológico,com ou sem intenção benéfica. Todo fármaco é uma droga e este apresenta finalidade medicamentosa em benefício da pessoa na qual se administra. Já o medicamento é o produto farmacêutico que pode conter um ou mais fármacos, além de outras substâncias. As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do medica- mento após a adição ou não de excipientes apropriados – e apresentam carac- terísticas apropriadas a uma determinada via de administração, ou seja, ao local do organismo por meio do qual o medicamento é administrado. As formas far- macêuticas podem ser classificadas em sólidas, semissólidas, líquidas, gasosas e especiais. Já as principais vias de administração são: oral, sublingual, retal, inala- ção, parenteral e aplicação em outras superfícies epiteliais. A via de administração oral é a mais utilizada por ser mais conveniente, eco- nômica e, geralmente, mais segura. Embora apresente diversas vantagens, o efeito de primeira passagem é considerado um fator limitante, uma vez que di- minui a biodisponibilidade do fármaco administrado. Os ensaios clínicos, que consistem em estudos de medicamentos em volun- tários humanos, apresentam como objetivos principais a avaliação da eficácia terapêutica e identificação e/ou confirmação das reações adversas relacionadas aos medicamentos. O desenvolvimento clínico de um novo medicamento é lon- go e dispendioso e envolve quatro diferentes fases, sendo que a fase IV com- preende o acompanhamento pós-comercialização do medicamento. A farmacocinética é constituída pelos processos de absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e eliminação dos fármacos. O processo de absorção é a passagem de um fármaco de seu local de administração para o plasma. A absorção no TGI é regulada pelo conteúdo intestinal, fluxo sanguíneo esplâncnico, motilidade gastrointestinal, tamanho da partícula e formulação, concentração no local da absorção e fatores físico-químicos. O processo de dis- tribuição é a passagem do fármaco para os líquidos intersticiais e intracelulares, o que é determinado pelo fracionamento do fármaco entre o sangue e os tecidos FARMACOLOGIA BÁSICA 40 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 40 28/08/2020 09:16:28 específicos, e é dependente das propriedades físico-químicas de cada fármaco. Após ser distribuído, o fármaco passa pelo processo de metabolização, a fim de facilitar sua excreção pelo corpo. Geralmente, também ocorre redução da sua atividade biológica. As reações do metabolismo são divididas em reações de oxidação/redução (fase I) e de conjugação (fase II). Os fármacos e seus metabólitos são predominantemente eliminados do or- ganismo por meio da excreção renal, que envolve três processos: filtração glo- merular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva, sendo que a taxa de eliminação dos fármacos pelos rins é determinada pelo equilíbrio desses três processos. FARMACOLOGIA BÁSICA 41 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 41 28/08/2020 09:16:29 Referências bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA [ANVISA]. Farmacopeia bra- sileira. Disponível em: . Acesso em: 07 jul. 2020. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA [ANVISA]. Ensaios clínicos. Dis- ponível em: . Acesso em: 07 jul. 2020. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA [ANVISA]. Resolução da direto- ria colegiada - RDC nº 9, de 20 de fevereiro de 2015. Disponível em: . Acesso em: 07 jul. 2020. DOS SANTOS, L.; TORRIANI, M. S.; BARROS, E. Medicamentos na prática da far- mácia clínica. Porto Alegre: Artmed, 2013. GOLAN, D. E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farma- coterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman & Gilman. Porto Alegre: AMGH, 2015. KATZUNG, B. G; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Ale- gre: AMGH, 2017. LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto Ale- gre: Artmed, 2016. MACHADO, M. G. M. Síntese e avaliação biológica de novos derivados anti- -inflamatórios esteroides. 2017. 117 f. Tese apresentada ao Programa de Pós- -graduação em Ciências Farmacêuticas – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, 2017. Dispo- nível em: . Acesso em: 07 jul. 2020. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Disponí- vel em: . Acesso em: 07 jul. 2020. RANG, H. P. et al. Rang & Dale farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. FARMACOLOGIA BÁSICA 42 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 42 28/08/2020 09:16:29 FARMACODINÂMICA E FÁRMACOS AUTONÔMICOS 2 UNIDADE SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 43 28/08/2020 09:19:47 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Descrever as principais interações farmacológicas e seus mecanismos de ação; Compreender o modo de ação dos fármacos, bem como a interação com os seus receptores; Conhecer a farmacologia do sistema nervoso autônomo e periférico. Interações farmacológicas Interações farmacocinéticas Interações farmacodinâmicas Farmacodinâmica I - Modo de ação dos fármacos Receptores fisiológicos Especificidade das respostas aos fármacos Farmacodinâmica II - Teoria dos receptores/papel dos segundos mensageiros Teoria dos receptores Segundos mensageiros Farmacologia do sistema nervo- so autônomo Divisões do sistema nervoso autônomo Funções gerais do sistema nervoso autônomo Considerações farmacológicas Adrenérgicos/antiadrenérgicos Adrenoceptores Agonistas e antagonistas dos receptores adrenérgicos Colinérgicos/anticolinérgicos Agonistas e antagonistas muscarínicos Agonistas e antagonistas nicotínicos Bloqueadores neuromusculares FARMACOLOGIA BÁSICA 44 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 44 28/08/2020 09:19:47 Interações farmacológicas As interações farmacológicas podem ocorrer por diferentes mecanismos, classifi cados em: farmacocinéticos, farmacodinâmicos e interações combi- nadas. No entanto, pode-se afi rmar que algumas interações farmacológicas são resultado de dois ou mais mecanismos. Todavia, tais interações não estão restritas à associação de fármacos: elas podem ainda ocorrer entre fármacos convencionais e medicamentos fi toterá- picos, popularmente conhecidos como “ervas medicinais”, drogas de abuso (in- cluindo álcool e fumo), alimentos e solventes. Algumas interações com fi toterápicos já estão bem descritas, como aquela entre a carbamazepina e a erva-de-são-joão, que promove o aumento do me- tabolismo da carbamazepina. No entanto, quando comparados aos medica- mentos convencionais, os fi toterápicos são menos estudados e, dessa forma, sabe-se menos sobre suas possíveis interações. Embora a possibilidade da ocorrência de uma interação farmacológica pos- sa ser prevista, nem sempre ela resultará em um efeito adverso, posto que am- bas dependem de fatores específi cos relacionados tanto ao paciente quanto ao fármaco. Assim, em relação ao paciente, tem-se fatores genéticos, sexo, idade, dieta e doenças. Já dentre os fatores específi cos do fármaco, tem-se dose, for- mulação, via e regime de administração. Dessa forma, a resposta esperada a determinado tratamento farmacológi- co pode ser alterada por diversos fatores. Dentre eles, tem-se a administração simultânea de outros fármacos, o que pode ser muito comum, principalmente para a população idosa, que geralmente necessita de tratamento para mais de uma comorbidade. Interações farmacocinéticas Dentre as interações farmacológicas, as interações farmacocinéticas são as mais frequentes, podendoocorrer desde o processo de absorção até a excre- ção do fármaco. Assim, a absorção de fármacos no trato gastrointestinal (TGI) pode ser afetada pelo uso simultâneo de outros fármacos que possuem as se- guintes características: FARMACOLOGIA BÁSICA 45 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 45 28/08/2020 09:19:47 • grande área de absorção no organismo; • capacidade de sofrer ligação ou quelação; • alteração do pH do estômago; • alteração da motilidade intestinal; • capacidade de afetar proteínas de transporte (como glicoproteína P e transportadores de ânions orgânicos). A redução na extensão da absorção de um fármaco tem efeitos clínicos mais significativos do que a redução na taxa de absorção apenas, e pode resultar em concentrações subterapêuticas do fármaco na corrente sanguínea. Alguns exemplos de fármacos que retardam a absorção no TGI de outros incluem a atropina e os opioides, posto que os mesmos inibem o esvaziamento gástrico. Por outro lado, a metoclopramida promove o esvaziamento gástrico, acelerando a absorção gastrointestinal de outros fármacos administrados si- multaneamente. Outro exemplo é a adição de epinefrina a injeções de anes- tésicos locais, o que resulta em uma vasoconstrição que retarda a absorção, prolongando o efeito anestésico local. EXEMPLIFICANDO Um fármaco A pode interagir de modo físico ou químico com o fármaco B no intestino e inibir sua absorção intestinal. Por exemplo: complexos insolúveis podem ser formados pelos íons Ca2+ ou Fe2+ com o antibiótico tetraciclina, resultando em uma redução de sua absorção e na eficácia do cálcio/ferro. A colestiramina, um fármaco que atua se ligando ao ácido biliar, pode se ligar a outros diversos fármacos (como varfarina e digoxina) inibindo a sua absorção, se administrada concomitantemente. A distribuição de fármacos pode ser afetada por interações farmacológicas que promovem competição pelo sítio de ligação às proteínas plasmáticas, des- locamento desses sítios nos tecidos e alterações nas barreiras celulares, como a inibição da glicoproteína P na barreira hematencefálica. De acordo com Katzung e Trevor (2017), a importância clínica do desloca- mento da ligação às proteínas foi por muito tempo supervalorizada, sendo que as evidências atuais sugerem que essas interações provavelmente não resul- tam em efeitos adversos, visto que o aumento da concentração sanguínea do fármaco deslocado é transitório. FARMACOLOGIA BÁSICA 46 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 46 28/08/2020 09:19:47 Assim, alguns exemplos de fármacos ligados a proteínas, administrados em doses sufi cientes para atuar como agente de deslocamento, incluem muitas sul- fonamidas e o hidrato de cloral. O metabolismo dos fármacos pode ser induzido ou inibido por farmacotera- pia concomitante, podendo resultar em efeitos signifi cativos para o tratamento. Assim, alguns fármacos, como barbitúricos, carbamazepina, efavirenz, fenitoína e rifampicina, podem agir induzindo as enzimas do citocromo P450, enquanto outros, como omeprazol, verapamil, fl uconazol e fl uoxetina, atuam como inibi- dores enzimáticos. Os efeitos máximos decorrentes de uma indução enzimática geralmente surgem com 7 a 10 dias de tratamento, sendo necessário o mesmo tempo, no mínimo, para retornar à normalidade após a interrupção do fármaco. Uma exce- ção é a rifampicina, visto que são necessárias poucas doses desse fármaco para produzir indução enzimática. Quanto à inibição do metabolismo, os efeitos são observados mais rapidamente, podendo ser notados tão logo o inibidor atinja uma concentração tecidual sufi ciente. A excreção renal de fármacos pode ser afetada por interações farmacológicas que promovem a inibição de transportadores envolvidos na secreção ativa de al- guns fármacos nos túbulos renais, considerados uma importante via de elimina- ção. Assim, alguns fármacos inibem a glicoproteína P, transportadores de ânions orgânicos e transportadores de cátions orgânicos, aumentando a concentração sérica do outro fármaco. Alguns exemplos de inibidores da glicoproteína P são: amiodarona, claritromicina, eritromicina, cetoconazol, ritonavir e quinidina. Outra forma de interação farmacológica no processo de excreção ocorre para fármacos que são ácidos fracos ou bases fracas, podendo a sua excreção ser infl uenciada por aqueles que afetem o pH da urina. Interações farmacodinâmicas De acordo com Golan et al. (2009, n.p.) “[...] surgem interações farmacodinâ- micas quando um fármaco modifi ca a resposta dos tecidos-alvo ou não-alvo a outro fármaco”. As interações farmacodinâmicas são comuns na prática clínica, e, embora possam ocorrer por diferentes tipos de mecanismos, os efeitos cola- terais podem ser diminuídos caso sejam tomadas medidas antecipadas. FARMACOLOGIA BÁSICA 47 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 47 28/08/2020 09:19:47 Para isso é de extrema importância o conhecimento do modo que os fár- macos envolvidos agem no organismo. Dois destes com efeitos farmacológicos semelhantes, que atuem ou não no mesmo receptor, ao serem administrados simultaneamente geralmente promovem uma resposta aditiva ou sinérgica. Um exemplo são os benzodiazepínicos e barbitúricos, os quais atuam no mes- mo receptor e produzem efeito aditivo. Já nitratos e sildenafila, assim como sulfonamidas e trimetoprima, atuam em receptores ou processos sequenciais diferentes, produzindo efeitos sinérgicos. Em contrapartida, fármacos que promovem efeitos farmacológicos contrá- rios podem diminuir a resposta do outro ou de ambos. Como exemplo, tem- -se os antagonistas de receptores β-adrenérgicos que diminuem a eficácia dos agonistas de receptores β-adrenérgicos, como o salbutamol. Outros exemplos de interações farmacodinâmicas, conforme discorrem Rang et al. (2016), são: • Muitos diuréticos, por diminuírem a concentração plasmática de K+, predis- põem toxicidade com digoxina e fármacos antiarrítmicos do tipo III; • Os inibidores da monoamino oxidase (IMAO) interagem de forma perigosa com alguns fármacos, como a efedrina ou a tiramina, promovendo a liberação de norepinefrina armazenada. Isso pode ocorrer também quando há a inges- tão de alimentos ricos em tiramina, como os queijos fermentados; • A varfarina compete com a vitamina K, impedindo a síntese de vários fatores de coagulação no fígado. Caso a produção de vitamina K no intestino seja inibida (como por antibióticos), a ação anticoagulante da varfarina é au- mentada; • O risco de sangramento, principalmente do estômago, causado pela varfa- rina é aumentado pelo ácido acetilsalicílico, o qual inibe a biossíntese do trom- boxano A2 plaquetário e pode danificar o estômago; • Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como ibuprofeno e indo- metacina, inibem a biossíntese de prostaglandinas e, quando administrados a pacientes que utilizam anti-hipertensivos, aumentam a pressão sanguínea. Os AINEs também causam descompensação cardíaca em pacientes tratados com diuréticos para insuficiência cardíaca crônica; • A sonolência causada pelo uso de antagonistas do receptor H1 de histami- na, como a prometazina, é potencializada quando esses fármacos são ingeri- dos concomitantemente com álcool. FARMACOLOGIA BÁSICA 48 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 48 28/08/2020 09:19:47 Interações combinadas Quando há o uso combinado de dois ou mais fármacos, apresentando efei- tos tóxicos individuais sobre o mesmo órgão, tem-se uma toxicidade combina- da que pode levar a uma lesão orgânica. Como exemplo, tem-se a administra- ção simultânea de dois fármacos que causam nefrotoxicidade e que leva a uma alta probabilidade de desenvolver uma lesão renal, ainda que a dose individual administrada não seja sufi ciente para promover esse efeito tóxico. Ademais, alguns fármacos aumentam a toxicidade de outros, mesmo que esses não apresentem efeito tóxico intrínseco sobre o órgão/tecido. Farmacodinâmica I - Modo de ação dos fármacos A farmacodinâmicaadrenérgicos ......................................... 65 Colinérgicos/anticolinérgicos ........................................................................................... 67 Agonistas e antagonistas muscarínicos ..................................................................... 69 Agonistas e antagonistas nicotínicos .......................................................................... 70 Bloqueadores neuromusculares ....................................................................................... 71 Sintetizando ........................................................................................................................... 73 Referências bibliográficas ................................................................................................. 74 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 5 28/08/2020 09:15:40 Sumário Unidade 3 - Fármacos que atuam no Sistema Nervoso Central Objetivos da unidade ........................................................................................................... 76 Introdução à farmacologia do SNC ................................................................................. 77 Sinalização química no SNC .......................................................................................... 77 Locais de ação dos fármacos no SNC ......................................................................... 79 Ação dos fármacos no SNC ........................................................................................... 81 Farmacologia dos sedativos-hipnóticos .......................................................................... 82 Benzodiazepínicos .......................................................................................................... 83 Novos agonistas do receptor benzodiazepínico ........................................................ 85 Barbitúricos ...................................................................................................................... 86 Outros fármacos sedativos-hipnóticos ........................................................................ 88 Farmacologia dos antidepressivos ................................................................................... 88 Inibidores da captura das monoaminas ...................................................................... 90 Antagonistas do receptor de monoamina ................................................................... 92 Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) ................................................................... 93 Farmacologia dos antipsicóticos ...................................................................................... 93 Antipsicóticos de primeira geração ............................................................................. 95 Antipsicóticos de segunda geração ............................................................................ 96 Farmacologia dos anticonvulsivantes ............................................................................. 97 Anticonvulsivantes clássicos ........................................................................................ 99 Anticonvulsivantes desenvolvidos recentemente ................................................... 100 Farmacologia dos antiparkisonianos ............................................................................. 103 Precursores da dopamina e agonistas dos receptores de dopamina ................. 104 Inibidores da MAO e fármacos não dopaminérgicos ............................................. 106 Sintetizando ......................................................................................................................... 107 Referências bibliográficas ............................................................................................... 109 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 6 28/08/2020 09:15:40 Sumário Unidade 4 - Outros fármacos que atuam no sistema nervoso central e fármacos anti-inflamatórios Objetivos da unidade ......................................................................................................... 111 Anestésicos gerais............................................................................................................. 112 Anestésicos inalatórios ................................................................................................ 114 Anestésicos intravenosos ............................................................................................ 115 Anestésicos locais ............................................................................................................. 116 Estrutura química e propriedades farmacológicas ................................................. 117 Usos terapêuticos e efeitos adversos ....................................................................... 119 Gases terapêuticos ............................................................................................................. 120 Oxigênio .......................................................................................................................... 121 Dióxido de carbono ....................................................................................................... 122 Hélio e óxido nítrico ...................................................................................................... 123 Analgésicos opioides e não opioides ............................................................................ 124 Agonistas e antagonistas dos receptores opioides ................................................ 126 Analgésicos não opioides ............................................................................................ 127 Anti-inflamatórios não esteroidais ................................................................................. 129 Inibidores da cicloxigenase ......................................................................................... 129 Inibidores seletivos da COX-2 ..................................................................................... 132 Anti-inflamatórios esteroidais ......................................................................................... 133 Corticosteroides sintéticos .......................................................................................... 136 Indicações terapêuticas em distúrbios não suprarrenais ..................................... 137 Anti-histamínicos ............................................................................................................... 138 Antagonistas do receptor H1 ....................................................................................... 140 Antagonistas dos receptores H2, H3 e H4 .................................................................... 140 Sintetizando ......................................................................................................................... 142 Referências bibliográficas ............................................................................................... 144 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 7 28/08/2020 09:15:40 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 8 28/08/2020 09:15:40 Área em constante atualização, a farmacologia é uma disciplina de gran- de importância na formação de diversos profi ssionais da área de saúde. Suas raízes encontram-se na terapia medicamentosa, que apresenta como objetivo principal o alívio dos efeitos causados pelas doenças. Nesta obra, serão abordados todos os aspectos relacionados aos fármacos, sem focar exclusivamente em seus efeitos, mas enfatizando os mecanismos pelos quais agem no organismo. Os agentes terapêuticos serão apresentados de acordo com a classe de fármacos à qual pertencem, a fi m de facilitar o en- tendimento do aluno e permitir que o assunto seja aprofundado. Novos fármacos são introduzidos na terapêutica anualmente, ao passo que muitos se tornam obsoletos. Com isso, o entendimento do mecanismo de ação dos fármacos em cada classe terapêutica torna-sedescreve os efeitos bioquímicos e fi siológicos dos fár- macos, bem como dos seus mecanismos de ação. Dessa forma, as ações de grande parte dos fármacos se devem à sua interação com as macromoléculas do organismo, especialmente os receptores. Vale ressaltar que o receptor é o alvo farmacológico no qual o fármaco interage a fi m de produzir uma resposta celular. Eles geralmente encontram-se nas superfícies das células, mas também podem ser encontrados em compar- timentos intracelulares, como o núcleo. De modo geral, os fármacos agem alterando a velocidade ou amplitude de uma resposta celular do próprio organismo, em vez de desencadear reações que outrora não ocorriam. Muitos fármacos podem também interagir com aceptores, que são componentes do organismo (como proteínas plasmáticas), sem produzir uma resposta bioquímica ou fi siológica, mas resultando em uma alteração da farmacocinética do fármaco (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Receptores fisiológicos Os receptores fi siológicos são proteínas que normalmente agem como receptores para substâncias reguladoras endógenas. No entanto, os fárma- cos podem se ligar a esses receptores e produzir uma resposta semelhante às substâncias endógenas. Para esses fármacos, dá-se a denominação de agonistas. FARMACOLOGIA BÁSICA 49 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 49 28/08/2020 09:19:47 Um agonista é considerado primário quando ligado ao mesmo sítio de re- conhecimento que o agonista endógeno. Porém, quando essa ligação é em um sítio diferente do receptor, alostérico ou alotópico, ele é considerado um ago- nista alostérico ou alotópico. Alguns fármacos podem mostrar apenas uma eficácia parcial quando liga- dos ao sítio ativo do receptor, independentemente da concentração utilizada, sendo conhecidos como agonistas parciais. No entanto, certos receptores podem exibir uma atividade típica mesmo com a ausência de uma substância reguladora, sendo que essa conformação inativa do receptor pode ser estabili- zada por fármacos, considerados agonistas inversos. A Figura 1 mostra algumas curvas de dose-resposta para diferentes agonis- tas do receptor muscarínico de acetilcolina (ACh) e é possível observar que as curvas de dose-resposta dos agonistas parciais (heptila e octila) formam um platô em valores abaixo dos agonistas integrais (butila e hexila). O derivado butila do trimetilamônio produz uma resposta máxima e é o mais eficaz dentre eles, sendo considerado um agonista integral ou pleno, as- sim como o derivado hexila, apesar de apresentarem potências diferentes. Já os derivados heptila e octila produzem uma resposta parcial, configurando-se como agonistas parciais desse receptor. Figura 1. Curvas de dose-resposta de agonistas integrais e parciais. Fonte: GOLAN, D. E. et al., 2009, p. 24. 100 50 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 Butila % d e co nt ra çã o [D] (molar) Hexila Heptila Octila 0 FARMACOLOGIA BÁSICA 50 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 50 28/08/2020 09:19:47 Por outro lado, o fármaco pode ligar-se aos receptores fisiológicos e blo- quear ou reduzir a ação de um agonista, sendo denominado de antagonista. O antagonismo é decorrente, na maioria dos casos, da competição com um agonista pelo mesmo sítio de ligação do receptor; em outras vezes, decorre da combinação com o agonista, resultando em um antagonismo químico; ou ainda pela inibição indireta dos efeitos celulares ou fisiológicos do agonista (antago- nismo funcional). Dessa forma, os agonistas parciais e inversos, na presença de um agonista pleno, comportam-se como antagonistas competitivos. No Quadro 1, é possível ver um resumo da ação dos agonistas e antagonistas. AGONISTAS CLASSE DE AGONISTAS AÇÃO Agonista integral Ativa o receptor com eficácia máxima. Agonista parcial Ativa o receptor, mas não com eficácia máxima. Agonista inverso Inativa o receptor constitutivamente ativo. ANTAGONISTAS CLASSE DE ANTAGONISTAS EFEITOS SOBRE A POTÊNCIA DO AGONISTA EFEITOS SOBRE A EFICÁCIA DO AGONISTA AÇÃO Antagonista competitivo Sim Não Liga-se reversivelmente ao sítio ativo do receptor; compete com a ligação do agonista a esse sítio. Antagonista não- competitivo no sítio ativo Não Sim Liga-se irreversivelmente ao sítio ativo do receptor; impede a ligação do agonista a esse sítio. Antagonista alostérico não- competitivo Não Sim Liga-se de modo reversível ou irreversível a um sítio diferente do sítio ativo do receptor; altera a Kd* para a ligação do agonista ou impede a mudança de conformação necessária para a ativação do receptor pelo agonista. QUADRO 1. COMPETÊNCIAS PARA O PROFISSIONAL *Kd: constante de dissociação de equilíbrio para a interação fármaco-receptor. Fonte: GOLAN, D. E. et al., 2009, p. 27. (Adaptado). FARMACOLOGIA BÁSICA 51 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 51 28/08/2020 09:19:47 Um antagonista competitivo liga-se de forma reversível ao sítio do receptor, porém, ao contrário do agonista, não estabiliza a conformação necessária para a ativação do receptor e ainda bloqueia a ligação do agonista ao seu receptor. Um antagonista não-competitivo pode-se ligar tanto ao sítio ativo quanto a um sítio alostérico de um receptor. No entanto, quando ligado ao sítio ativo, sua ligação geralmente é irreversível, impedindo que o agonista se ligue mesmo em altas concentrações. Como essa ligação não pode ser modificada, esse tipo de antagonismo é não-competitivo. Já o antagonista alostérico atua impedindo a ativação do receptor, mesmo quando o agonista está ligado ao sítio ativo. Dessa maneira, a ligação do anta- gonista alostérico no receptor pode ser reversível ou não, mas, quando ligado de forma irreversível, seu o efeito não diminui, mesmo após a eliminação do fármaco livre (não-ligado) do organismo, resultando em uma resposta máxima reduzida do agonista. Na Figura 2 é possível observar a diferença entre antagonistas competitivos e não-competitivos, sendo que os primeiros reduzem a potência (concentração do agonista que produz metade da resposta máxima), ao passo que os segundos diminuem a eficácia (resposta máxima a um agonista). EXEMPLIFICANDO Como exemplo de antagonista não-competitivo, temos a aspirina. Esse fármaco age acetilando de forma irreversível a ciclo-oxigenase (COX), uma enzima responsável pela síntese de tromboxano A2 nas plaquetas. Como o tromboxano A2 não é formado, ocorre a inibição da agregação plaquetária, que é uma das principais ações farmacológicas da aspi- rina. Como essa inibição é irreversível, as plaquetas não conseguem gerar novas moléculas de COX, fazendo com que os efeitos de uma única dose de aspirina persistam por dias, até a produção de novas plaquetas pela medula óssea. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de um antagonista competitivo competir constantemente por sua ligação, diminuindo de modo efetivo a afini- dade do receptor pelo seu agonista sem diminuir o número de receptores dis- poníveis. Por outro lado, um antagonista não-competitivo diminui o número de receptores disponíveis para ligação do agonista. FARMACOLOGIA BÁSICA 52 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 52 28/08/2020 09:19:47 Figura 2. Efeitos dos antagonistas competitivos e não-competitivos sobre a relação de dose agonista-resposta. A) Um antagonista competitivo diminui a potência de um agonista, sem afetar a sua efi cácia. B) Um antagonista não-competi- tivo reduz a efi cácia de um agonista. Fonte: GOLAN et al., 2009, p. 23. 100 100 50 50 0 0 Agonista isolado Agonista isolado Agonista + antagonista Agonista + antagonista Antagonista isolado Antagonista isolado % d e re sp os ta % d e re sp os ta Antagonista competitivoA Antagonista não-competitivo Concentração de agonista ou de antagonista B Especificidade das respostas aos fármacos A afi nidade de um fármaco por seu receptor pode ser medida pela força da interação reversível entre eles. Essa afi nidade e sua atividade intrínseca podem ser determinadaspela estrutura química da molécula do fármaco, a qual tam- bém contribui para a sua especifi cidade farmacológica. Então, se um determina- do fármaco interagir especifi camente com um único tipo de receptor expresso FARMACOLOGIA BÁSICA 53 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 53 28/08/2020 09:19:47 em um número reduzido de células diferenciadas, ele será altamente específico. Do contrário, se interagir com um tipo de receptor expresso em todo o organis- mo, produzirá efeitos generalizados (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Muitos dos fármacos utilizados clinicamente apresentam ampla especificida- de por interagirem com diversos receptores espalhados em diferentes tecidos. Embora essa ampla especificidade possa aparentar ser altamente benéfica, por aumentar as indicações clínicas do fármaco, ela pode contribuir para o surgimento de vários efeitos adversos. Como exemplo, tem-se a amiodarona, um fármaco utilizado para o tratamento de arritmias cardíacas, que interage com diversos receptores, mas apresenta efei- tos tóxicos graves, alguns deles devido à sua capacidade de ligar-se aos receptores nucleares dos hormônios tireoidianos. A esteroquímica também pode influenciar a especificidade de um fármaco. Embora muitos fármacos sejam administrados como misturas racêmicas de este- reoisômeros, eles podem apresentar diferentes propriedades farmacodinâmicas e também farmacocinéticas. O sotalol, fármaco antiarrítmico, é disponível comer- cialmente na forma de mistura racêmica, embora o enantiômero L seja um anta- gonista β-adrenérgico muito mais potente. A administração contínua de um determinado fármaco pode resultar em des- sensibilização dos receptores, levando à necessidade de ajustes da dose para manter a eficácia do tratamento medicamentoso. Assim, a administração contí- nua de nitrovasodilatadores no tratamento da angina pode levar a um desenvol- vimento rápido de tolerância completa, conhecido como taquifilaxia (do grego, proteção rápida). Além disso, a resistência farmacológica pode ocorrer também devido a mecanismos farmacocinéticos, que impedem a ligação fármaco-recep- tor, ou por expansão clonal de células neoplásicas, que possuem mutações dos receptores. No entanto, nem todas as ações farmacológicas são mediadas pela interação dos fármacos com receptores macromoleculares. Os hidróxidos de alumínio e magnésio, por exemplo, exercem sua ação pela neutralização do H+ e do OH–, ele- vando o pH gástrico, sem a interação com um receptor. Já os fármacos anti-infec- ciosos (como antibióticos, antivirais e antiparasitários) têm como alvos receptores ou processos celulares presentes no agente infeccioso, os quais não existem no organismo humano ou não são essenciais. FARMACOLOGIA BÁSICA 54 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 54 28/08/2020 09:19:48 Farmacodinâmica II - Teoria dos receptores/papel dos segundos mensageiros A ideia que de que a interação entre uma enzima e o seu substrato seria complementar surgiu em 1894 com Emil Fischer, responsável por elabo- rar o modelo “chave-fechadura”. A partir da ideia de complementarida- de foi possível aplicá-la em reações antígeno-anticorpo e também para a interação entre o fármaco e seu re- ceptor. Dessa forma, a nível molecular, a energia livre do complexo fárma- co-receptor é estabilizada através de interações intermoleculares, como in- terações hidrofóbicas, interações de van der Waals, ligações de hidrogênio e interações eletrostáticas (BARREIRO, E. J.; FRAGA, C. A. M., 2015). Na Figura 3, é possível observar o modelo chave-fechadura aplicado à in- teração entre o fármaco e seu receptor. Assim, a biomacromolécula, ou seja, o receptor, pode ser considerado como a fechadura; o sítio desse receptor, onde o fármaco irá interagir, é a “fenda” da fechadura; e as chaves são os ligantes do sítio receptor. Sabe-se que as ações de abrir a porta ou não são consideradas como as possíveis respostas biológicas dessa interação chave-fechadura. Neste modelo apresentado na fi gura, três diferentes tipos de chaves podem interagir com a fechadura: a) a chave original, que se encaixa de forma adequa- da com a fechadura, resultando na abertura da porta; b) a chave modifi cada, que apresenta características estruturais semelhantes à chave original e que permitem a abertura da porta; c) a chave falsa, que apresenta características estruturais mínimas comparadas à chave original, sendo incapaz de conseguir abrir a porta e impedindo ainda que outra chave apropriada faça a abertura. Para este modelo, a chave original é o agonista natural (endógeno), a chave mo- difi cada é um agonista, que pode ser de origem sintética ou natural (fármaco) e a chave falsa é o antagonista, que também pode ser de origem sintética ou natural. FARMACOLOGIA BÁSICA 55 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 55 28/08/2020 09:19:52 Figura 3. Modelo chave-fechadura aplicado à interação ligante-receptor. Fonte: BARREIRO; FRAGA, 2015, p. 3. Chave Fechadura Agonista natural Afi nidade Atividade intrínseca Resposta biológica Resposta biológica Bloqueio da resposta biológica Agonista modifi cado Antagonista Chave modifi cada Chave falsa Com o modelo apresentado, é possível perceber dois fatores importantes para a interação do ligante ao receptor com o objetivo de desencadear a res- posta biológica: • Afi nidade: traduz a capacidade do ligante em se complexar com o sítio ativo complementar do receptor; • Atividade intrínseca: traduz a capacidade do complexo ligante-receptor de desencadear uma certa resposta biológica. Teoria dos receptores Com o objetivo de ajudar a compreender como se dá a interação fármaco-recep- tor, algumas teorias foram formuladas. Teoria da ocupação A teoria da ocupação, formulada por Clark e Gaddum, é baseada na afi rmação de que o efeito farmacológico de um fármaco é diretamente proporcional ao núme- ro de receptores ocupados por ele. De acordo com esta teoria, o número de recep- tores ocupados é dependente do número total de receptores por unidade de área ou volume e pela concentração do fármaco na região do receptor. Com isso, eles acreditavam que a potência da atividade seria maior conforme fosse o número de receptores e, dessa forma, a ação máxima do fármaco seria obtida quando todos os receptores estivessem ocupados. Sítio receptor FARMACOLOGIA BÁSICA 56 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 56 28/08/2020 09:19:57 No entanto, essa teoria apresenta várias limitações, como, por exemplo: certos agonistas nunca apresentam resposta máxima, mesmo que aumentem a sua con- centração, e, por outro lado, outros podem apresentar resposta máxima com me- nos de 100% de ocupação. Assim, em um sistema que possui receptores de reser- va, qualquer ligação de um agonista ao seu receptor pode levar à ativação de vários elementos da resposta celular. Dessa forma, somente uma pequena fração do total de receptores necessita ser ativada a fim de se obter a resposta celular máxima. Teoria da charneira A teoria da charneira foi proposta por Rocha e Silva com o intuito de explicar por que o agonista pode competir com o antagonista pelo sítio do receptor, embora não consiga deslocá-lo. Essa teoria baseia-se na hipótese que há dois centros no receptor farmacológico: um específico, que interage com os grupos farmacofóricos do agonista, e um inespecífico, que interage principalmente com os grupos apolares do antagonista. Segundo essa teoria, agonista e antagonista se ligam ao sítio específico, porém as forças envolvidas na ligação do receptor com o antagonista são maiores e, mes- mo com um excesso de agonista, graças ao fato de o antagonista estar ligado forte- mente, não é possível deslocá-lo. Teoria do encaixe induzido A teoria do encaixe induzido, baseada em sistemas enzimáticos, foi proposta inicialmente por Koshland e colaboradores. Essa teoria baseia-se na hipótese que, ao se complexar, o substrato induz uma mudança na conformação do sítio ativoda enzima com a qual interage, sendo responsável pelo processo catalítico e podendo ser propagada às subunidades vizinhas. Esse processo pode ser extrapolado à inte- ração de ligantes aos seus receptores. No entanto, para agonistas, a mudança con- formacional no receptor pode, por exemplo, modificar a condutância de um canal iônico, como os benzodiazepínicos frente ao receptor GABAA. Essa teoria, então, considera que o ligante possui a capacidade de induzir a mo- dificação do sítio tridimensional de seu receptor biológico a fim de possi- bilitar seu reconhecimento e, simultaneamente, poder reconhecer uma ou várias conformações do ligante e selecionar a bioativa (Figura 4). No entanto, o receptor não irá permanecer o tempo inteiro na conformação apropriada para o encaixe do fármaco: ele retorna à sua forma original após dissociação. FARMACOLOGIA BÁSICA 57 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 57 28/08/2020 09:19:57 Figura 4. Esquema do processo de indução e seleção da conformação bioativa de ligantes e receptores. Fonte: BARREIRO; FRAGA, 2015, p. 18. (Adaptado). Seleção da conformação bioativa do ligante (reconhecimento) Modifi cação do ambiente de reconhecimento molecular (sítio receptor) Ligante Biorreceptor Ligante Encaixe induzido Complexo ligante-receptor Biorreceptor Segundos mensageiros Os receptores fi siológicos exibem duas funções principais: ligação às subs- tâncias reguladoras endógenas e propagação da mensagem (como sinalização), o que evidencia a existência de, pelo menos, dois domínios dentro do receptor: o domínio de ligação e o domínio efetor. As ações reguladoras de um receptor podem ser executadas diretamente no seu alvo celular, nas proteínas efetoras ou ainda podem ser difundidas por transdutores, ou seja, moléculas de sinalização celular intermediária. Dessa forma, a via de transdução de sinais ou sistema receptor-efetor é formado pelo receptor, seu alvo celular e as moléculas intermediárias envolvidas. Em diversos casos, o alvo fi siológico fi nal não é a proteína efetora celu- lar proximal, mas pode ser uma enzima, um canal iônico ou uma proteína de transporte que sintetiza, transfere ou decompõe um segundo mensageiro. Os segundos mensageiros, quando propagados nas proximidades do local onde FARMACOLOGIA BÁSICA 58 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 58 28/08/2020 09:19:57 são sintetizados ou liberados, podem transmitir a informação para diferentes alvos. Alguns exemplos de sistemas de segundos mensageiros são: AMP cíclico, PKA, PKG, PDEs e via da Gq-PLC-DAG/IP3/IP3-CA2+. O AMP cíclico (AMPc), ou 3´5 -́adenosina-monofosfato-cíclico, é sintetiza- do pela adenilato ciclase e possui três alvos principais em grande parte das células: a) proteinocinase dependente do AMP cíclico (PKA); b) EPACs (fatores de permuta ativados diretamente pelo AMPc); e c) CREB (proteína de ligação do elemento de resposta do AMPc). Então, é importante ressaltar que o AMPc pode ter outros alvos em células com funções especializadas, como os canais iônicos controlados por nucleotídeo cíclico. A PKA é uma holoenzima formada por duas subunidades catalíticas ligadas, de forma reversível, a um dímero da subunidade reguladora (R). A enzima PKA possui diferentes isoformas: das subunidades reguladoras (RI e RII), tem-se as isoformas α e β, e da subunidade C, as isoformas Cα, Cβ e Cγ. Além disso, vale considerar que as subunidades R apresentam localização subcelular e afinida- des de ligação diferenciadas para o AMPc. A PKG (proteinocinase dependente do GMP cíclico) é uma holoenzima res- ponsável pela fosforilação de substratos específicos e também de alguns subs- tratos que são os mesmos da PKA. Porém, ela é constituída pela dimerização de um único polipeptídeo e existe em duas formas: PKG-I e PKG-II. Essa holoen- zima é ativada em decorrência da estimulação dos receptores que promovem o aumento das concentrações intracelulares do GMP cíclico (GMPc). Os níveis elevados de GMPc resultam em efeitos farmacológicos importantes, como a indução da ativação plaquetária e o relaxamento do músculo liso. As PDEs (fosfodiesterases) dos nucleotídeos cíclicos são proteínas sinaliza- doras importantes, as quais cessam a ação do AMPc e do GMPc pela hidróli- se da ligação 3’,5’-fosfodiéster cíclica. São encontradas mais de 50 proteínas PDEs diferentes, sendo que as formas de PDE3 são enzimas utilizadas como alvos para o tratamento de doenças como asma, insuficiên- cia cardíaca, aterosclerose coronariana, doença arterial periférica e distúrbios neurológicos. Já a PDE5 é o alvo farmacológico da sildenafila, fármaco utilizado no tra- tamento da disfunção erétil e da doença pulmonar obstrutiva crônica. FARMACOLOGIA BÁSICA 59 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 59 28/08/2020 09:19:57 O cálcio é um importante mensageiro que atua na regulação de várias res- postas celulares, a exemplo da contração, secreção, metabolismo e atividade elétrica. O Ca2+ pode adentrar a célula por meio de canais de cálcio presentes na membrana plasmática ou ser liberado por hormônios ou fatores de cresci- mento a partir das reservas intracelulares. O Ca2+ é liberado destas reservas intracelulares através de uma via de sinalização que se inicia com a ativação da fosfolipase C (PLC) da membrana plasmática. Assim, as PLCs ativadas hidrolisam o fosfatidilinositol-4,5-bifosfato presen- te na membrana a fi m de gerar dois sinais intracelulares: o inositol-1,4,5-tri- fosfato (IP3) e o lipídeo diacilglicerol (DAG). O IP3, ao se ligar em seu receptor na membrana do retículo endoplasmático, libera o Ca2+ armazenado que, por sua vez, ativa as enzimas sensíveis à calmodulina, como a PDE e a AMPc, e uma família de proteinocinases sensíveis ao Ca2+/calmodulina. As cinases sensíveis ao Ca2+/calmodulina podem modular grande parte dos eventos posteriores que ocorrem nas células ativadas. Farmacologia do sistema nervoso autônomo O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC), formado pelo cérebro e medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), formado pelos tecidos neuronais que se encontram fora do SNC. Além disso, a porção motora (eferente) do sistema nervoso pode ser subdividida em autônoma e somática. O sistema nervoso autônomo (SNA), também conhecido como sistema nervoso visceral, vegetativo ou involuntário, é responsável pela regulação de funções autônomas que não são controladas pelo consciente. Ele baseia-se em nervos, gânglios e plexos que inervam diversos tecidos periféricos, estando ligado a funções altamente necessárias para a vida, como débito cardíaco, dis- tribuição do fl uxo sanguíneo e digestão. Já o sistema nervoso somático (SNS) é responsável pelas funções con- troladas pelo consciente, como respiração, movimentos e postura. O SNA e o SNS apresentam infl uxos sensoriais (aferentes) que fornecem informações do ambiente, tanto interno quanto externo, capazes de modifi car o efl uxo motor através de arcos refl exos. FARMACOLOGIA BÁSICA 60 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 60 28/08/2020 09:19:57 Divisões do sistema nervoso autônomo O SNA pode ser dividido, anatomicamente, em duas grandes porções: sim- pática (toracolombar) e parassimpática (craniossacral) (Figura 5). Os neurô- nios, em cada uma das porções, são originados dentro do SNC e formam as fi bras eferentes pré-ganglionares, as quais terminam em gânglios motores. As fi bras pré-ganglionares simpáticas partem do SNC por meio dos nervos espi- nais torácicos e lombares, ao passo que as fi bras pré-ganglionares parassimpá- ticas partem do SNC pelos nervos cranianos e pelas raízes nervosas espinais. Grande parte das fi bras pré-ganglionares simpáticas são curtas e, com isso, terminam em gânglios localizados nas cadeias paravertebrais. Figura 5. Esquema comparativo de alguns aspectos anatômicos e de neurotransmissores de nervos autônomos e motores somáticos. Os nervos colinérgicos são mostrados em azul, osnoradrenérgicos em vermelho. Aqui, ACh: acetilcolina; D: dopamina; Epi: epinefrina; M: receptores muscarínicos; N: receptores nicotínicos; e NE: norepinefrina. Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 88. Bulbo ACh ACh ACh ACh ACh ACh ACh ACh M M N N N N N N NE NE, D Epi, NE α, β α, D1 Medula espinhal Medula suprarrenal Nervo motor voluntário Parassimpático Músculos cardíaco e liso, células de glândulas, terminais nervosos Simpático Músculos cardíaco e liso, células de glândulas, terminais nervosos Simpático Musculatura lisa vascular renal Somático Musculo esquelético Simpático Glândulas sudoríparas FARMACOLOGIA BÁSICA 61 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 61 28/08/2020 09:20:03 A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor de todas as fi bras autônomas pré-ganglionares, da maior parte das fi bras pós-ganglionares parassimpáticas e de poucas fi bras pós-ganglionares simpáticas. Os neurônios que liberam ACh são denominados de colinérgicos. Alguns nervos pós-ganglionares parassim- páticos utilizam o óxido nítrico (NO), sendo conhecidos como nitrérgicos. Já as fi bras pós-ganglionares simpáticas utilizam, majoritariamente, a norepinefri- na (NE) como neurotransmissor, sendo denominadas adrenérgicas. No entan- to, algumas dessas fi bras podem liberar ACh em vez de NE. Funções gerais do sistema nervoso autônomo O SNA simpático e a medula suprarrenal a ele associada não são essenciais para a vida em um ambiente controlado. Porém, em circunstâncias de estresse ele é totalmente necessário, posto que o grau de atividade desse sistema varia de acordo com a circunstância, ajustando-se a determinado ambiente ou situação. Então, frente à uma situação de perigo/estresse, o organismo é preparado para uma “luta ou fuga” e, com isso, a frequência cardíaca acelera, a pressão arterial e a glicemia se elevam, o fl uxo sanguíneo é desviado de regiões como a pele e a região esplâncnica para os músculos esqueléticos e os bronquíolos e pupilas se dilatam. Por outro lado, na ausência do sistema simpático algumas funções passam a ser limitadas, não sendo possível regular a temperatura corporal quando a tem- peratura ambiente sofre variação, a concentração de glicose no sangue não sobe em uma urgência e não há reações instintivas ao ambiente externo, entre outros. O SNA parassimpático não atua de forma contínua, sendo organizado para realizar descargas limitadas e localizadas, com o intuito de conservar energia e manter a função dos órgãos durante períodos de pouca atividade. No entanto, o sistema paras- simpático é essencial para a vida. Entre suas funções, vale ressaltar a redução da frequên- cia cardíaca, diminuição da pressão arterial, es- timulação dos movimentos e secreções gastroin- testinais e esvaziamento da bexiga e do reto, além de ajudar na absorção de nutrientes e proteção da retina contra a luz excessiva. FARMACOLOGIA BÁSICA 62 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 62 28/08/2020 09:20:03 Considerações farmacológicas Os fármacos podem alterar muitas funções autônomas através da mime- tização ou bloqueio das ações dos transmissores químicos, sendo úteis em diversas condições clínicas. Cada etapa envolvida no processo de neurotrans- missão representa um local possível de intervenção terapêutica. No entanto, diversos fármacos utilizados para outros alvos apresentam efeitos indesejá- veis sobre a função autonômica. No Quadro 2, é possível ver alguns exemplos de fármacos que atuam nas terminações colinérgicas e adrenérgicas periféricas. MECANISMO DE AÇÃO SISTEMA FÁRMACOS Interferência com a síntese do transmissor. Colinérgico Inibidores da colina acetiltransferase Adrenérgico α-metiltirosina (inibição da tirosina hidroxilase) Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do transmissor. Adrenérgico Metildopa Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Colinérgico Hemicolínio Adrenérgico Cocaína, imipramina Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Colinérgico Vesamicol Adrenérgico Reserpina Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação axonal. Colinérgico Latrotoxinas Adrenérgico Anfetamina, tiramina Impedimento à liberação do transmissor. Colinérgico Toxina botulínica Adrenérgico Bretílio, guanadrel Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Adrenérgico Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Interferência com a síntese Interferência com a síntese Interferência com a síntese do transmissor. Interferência com a síntese do transmissor. Transformação metabólica Interferência com a síntese do transmissor. Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do Interferência com a síntese do transmissor. Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do Interferência com a síntese do transmissor. Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do Interferência com a síntese Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do transmissor. Bloqueio do sistema de transporte na membrana Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do transmissor. Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Colinérgico Transformação metabólica pelas mesmas vias usadas pelo precursor do transmissor. Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Colinérgico Transformação metabólica usadas pelo precursor do transmissor. Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de Colinérgico Adrenérgico usadas pelo precursor do Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de Colinérgico Adrenérgico Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Adrenérgico Adrenérgico Bloqueio do sistema de transporte na membrana da terminação nervosa. Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Adrenérgico Adrenérgico transporte na membrana da terminação nervosa. Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Inibidores da colina acetiltransferase Adrenérgico Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Inibidores da colina acetiltransferase Adrenérgico Colinérgico Bloqueio do sistema de transporte nas vesículas de armazenamento. Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico transporte nas vesículas de Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina Colinérgico Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina Colinérgico Adrenérgico Colinérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina hidroxilase) Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina hidroxilase) Colinérgico Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina hidroxilase) Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina hidroxilase) Metildopa Adrenérgico Inibidores da colina acetiltransferase α-metiltirosina (inibição da tirosina Metildopa α-metiltirosina (inibição da tirosina Metildopa Hemicolínio Cocaína, imipramina α-metiltirosina (inibição da tirosina Hemicolínio Cocaína, imipramina Hemicolínio Cocaína, imipramina Hemicolínio Cocaína, imipraminaVesamicol Cocaína, imipramina Vesamicol Cocaína, imipramina Vesamicol Reserpina Cocaína, imipramina ReserpinaReserpina Promoção da exocitose transmissor da terminação Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação Impedimento à liberação Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação axonal. Impedimento à liberação Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação axonal. Impedimento à liberação do transmissor. Promoção da exocitose ou deslocamento do transmissor da terminação axonal. Impedimento à liberação do transmissor. transmissor da terminação Impedimento à liberação do transmissor. Mimetismo do transmissor transmissor da terminação Impedimento à liberação do transmissor. Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Impedimento à liberação do transmissor. Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Impedimento à liberação Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Adrenérgico Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Adrenérgico Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Adrenérgico Colinérgico Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico Mimetismo do transmissor em locais pós-juncionais. Colinérgico Adrenérgico em locais pós-juncionais. Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico ColinérgicoColinérgico Adrenérgico Latrotoxinas Anfetamina, tiramina Colinérgico Adrenérgico Latrotoxinas Anfetamina, tiramina Adrenérgico Latrotoxinas Anfetamina, tiramina Adrenérgico Latrotoxinas Anfetamina, tiramina Toxina botulínica Metacolina, betanecol, nicotina, Anfetamina, tiramina Toxina botulínica Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, Anfetamina, tiramina Toxina botulínica Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, Anfetamina, tiramina Toxina botulínica Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, Toxina botulínica Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Bretílio, guanadrel Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Metacolina, betanecol, nicotina, epibatidina, citisina Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Metacolina, betanecol, nicotina, Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol Fenilefrina, clonidina, oximetazolina, dobutamina, terbutalina, salbutamol, metaproterenol, isoproterenol dobutamina, terbutalina, salbutamol, QUADRO 2. EXEMPLOS DE FÁRMACOS COM AÇÃO NAS JUNÇÕES NEUROEFETORAS COLINÉRGICAS E ADRENÉRGICAS PERIFÉRICAS FARMACOLOGIA BÁSICA 63 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 63 28/08/2020 09:20:08 Bloqueio do receptor pós- sináptico. Colinérgico Atropina, d-tubocurarina, atracúrio, trimetafano Adrenérgico Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Inibição da degradação enzimática do transmissor. Colinérgico Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Adrenérgico Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Bloqueio do receptor pós-Bloqueio do receptor pós-Bloqueio do receptor pós-Bloqueio do receptor pós- sináptico. Bloqueio do receptor pós- sináptico. Inibição da degradação enzimática do transmissor. Bloqueio do receptor pós- sináptico. Inibição da degradação enzimática do transmissor. Bloqueio do receptor pós- Inibição da degradação enzimática do transmissor. Bloqueio do receptor pós- Inibição da degradação enzimática do transmissor. Colinérgico Inibição da degradação enzimática do transmissor. Colinérgico Inibição da degradação enzimática do transmissor. Colinérgico Inibição da degradação enzimática do transmissor. Colinérgico Adrenérgico enzimática do transmissor. AdrenérgicoAdrenérgico Colinérgico Atropina, Adrenérgico Colinérgico Adrenérgico Atropina, Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, Colinérgico Adrenérgico Atropina, Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, Colinérgico Adrenérgico Atropina, d Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, Adrenérgico -tubocurarina, atracúrio, trimetafano Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Adrenérgico -tubocurarina, atracúrio, trimetafano Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina -tubocurarina, atracúrio, trimetafano Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina -tubocurarina, atracúrio, trimetafano Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, -tubocurarina, atracúrio, Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, -tubocurarina, atracúrio, Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona -tubocurarina, atracúrio, Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Fenoxibenzamina, fentolamina, prazosina, terazosina, doxazosina, ioimbina, propranolol, metoprolol, atenolol Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, entacapona, tolcapona Edrofônio, neostigmina, piridostigmina Pargilina, nialamida, selegilina, Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 260. (Adaptado). Adrenérgicos/antiadrenérgicos Na fase fi nal da neurotransmissão simpática ocorre a liberação de norepi- nefrina (NE), um neurotransmissor, em sítios pós-sinápticos com ativaçãodos adrenoceptores. Ademais, frente a diferentes estímulos, como o estresse, a medula suprarrenal libera um hormônio, a epinefrina, que é transportado até os tecidos-alvo. Os fármacos com ações semelhantes à epinefrina e à NE são denominados fármacos simpatomiméticos. Alguns desses são agonistas diretos, atuando diretamente nos adrenoceptores, e outros são agonistas indiretos, e depen- dem do aumento das ações de catecolaminas endógenas. Porém, certos fár- macos possuem ambas as ações, diretas e indiretas. Os agonistas indiretos apresentam dois mecanismos de ação diferentes: o primeiro consiste no deslocamento de catecolaminas armazenadas na termi- nação nervosa adrenérgica ou na diminuição da depuração de NE liberada; o segundo baseia-se na inibição da recaptação de catecolaminas que já foram liberadas ou na inibição do metabolismo enzimático da NE. Sendo assim, a tira- mina, por sua vez, atua pelo primeiro mecanismo, enquanto que a cocaína e os antidepressivos tricíclicos atuam pelo segundo. Os fármacos simpatomiméticos diretos e indiretos causam muitos ou todos os efeitos típicos das catecolaminas endógenas. No entan- to, os efeitos dos fármacos diretos dependem de sua afi nidade com os subtipos dos adrenoceptores, bem como da expressão desses receptores em seus tecidos-alvo. FARMACOLOGIA BÁSICA 64 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 64 28/08/2020 09:20:10 Adrenoceptores Os adrenoceptores são receptores acoplados à proteína G. Cada proteína G é composta pelas subunidades α, β e γ, sendo que sua classifi cação é baseada nas subunidades α distintivas. Para a função adrenoceptora, as proteínas G de maior importância são a Gs (estimuladora da adenilil ciclase), Gi e Go (inibido- ras da adenilil ciclase) e Gq e G11 (acoplamento de receptores α à fosfolipase C). A dopamina, uma catecolamina endógena, também produz diversos efeitos biológicos ao interagir com seus receptores específi cos, os quais são importan- tes na região cerebral e diferem dos receptores α e β. Vale considerar que os subtipos de adrenoceptores foram revelados por clonagem molecular, e hoje tem-se o conhecimento de subtipos de receptores α, β e de dopamina. Os subtipos de receptores α são: α1 (α1A, α1B, α1D) e α2 (α2A, α2B, α2C). Já os receptores β apresentam três subtipos (β1, β2 e β3), enquanto que os receptores do tipo dopamina apresentam cinco (D1-D5). Agonistas e antagonistas dos receptores adrenérgicos Os fármacos agonistas e antagonistas dos receptores adrenérgicos são a base para o tratamento da hipertensão, da asma e do infarto do miocárdio. Os fármacos α1-agonistas aumentam a resistência vascular periférica e, com isso, aumentam ou mantém a pressão arterial. Já os fármacos β1-agonistas aumentam a frequência cardíaca e a força de contração do miocárdio, levando ao aumento do débito cardíaco. DICA O subtipo de receptor α1 é encontrado na maioria dos músculos lisos vasculares, no músculo dilatador pupilar, no músculo liso pilomotor, na próstata e no coração. Já o subtipo α2 é encontrado nos neurônios pós-sinápticos do SNC, plaquetas, terminais nervosos adrenérgicos e colinérgicos, alguns músculos lisos vasculares e adipócitos. Quanto aos receptores β, o subtipo β1 encontra-se distribuído no coração e nas células justaglomerulares; β2 nos músculos lisos respiratórios, uterinos e vasculares, músculo esquelético e fígado; e β3 na bexiga e nos adipócitos. FARMACOLOGIA BÁSICA 65 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 65 28/08/2020 09:20:11 Os β2-agonistas, por sua vez, provocam relaxamento do músculo liso vas- cular, brônquico e gastrointestinal. Dessa forma, exemplos de fármacos ago- nistas dos receptores adrenérgicos, bem como seus mecanismos, efeitos e aplicações clínicas podem ser vistos no Quadro 3. QUADRO 3. EXEMPLOS DE FÁRMACOS AGONISTAS DOS RECEPTORES ADRENÉRGICOS Subclasse, fármaco Mecanismo de ação Efeitos Aplicações clínicas α1-agonistas • Midodrina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. Contração dos músculos lisos vasculares, aumentando a pressão arterial (PA). Hipotensão ortostática α2-agonistas • Clonidina Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. Hipertensão β1-agonistas • Dobutamina Ativa a adenilil ciclase, aumentando a contratilidade do miocárdio. Efeito inotrópico positivo. Choque cardiogênico, insufi ciência cardíaca aguda β2-agonistas • Salbutamol Ativa a adenilil ciclase. Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Asma β3-agonistas • Mirabegron Ativa a adenilil ciclase. Reduz o tônus da bexiga. Urgência urinária D1-agonistas • Fenoldopam Ativa a adenilil ciclase. Relaxamento dos músculos lisos vasculares. Hipertensão D2-agonistas • Bromocriptina Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Mimetiza ações da dopamina no SNC. Doença de Parkinson, prolactinemia α -agonistas • Midodrina -agonistas • Midodrina -agonistas • Midodrina• Midodrina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento 2-agonistas • Clonidina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e -agonistas • Clonidina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e -agonistas • Clonidina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. -agonistas • Clonidina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. Inibe a adenilil ciclase e β -agonistas • Dobutamina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias -agonistas • Dobutamina Ativa a fosfolipase C, resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias -agonistas • Dobutamina resultando em aumento do cálcio intracelular e vasoconstrição. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. -agonistas • Dobutamina Contração dos Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. • Dobutamina Contração dos músculos lisos aumentando a pressão Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Contração dos músculos lisos vasculares, aumentando a pressão Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Ativa a adenilil ciclase, aumentando Contração dos músculos lisos vasculares, aumentando a pressão Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Ativa a adenilil ciclase, aumentando a contratilidade do Contração dos músculos lisos vasculares, aumentando a pressão arterial (PA). interage com outras vias Ativa a adenilil ciclase, aumentando a contratilidade do miocárdio. músculos lisos vasculares, aumentando a pressão arterial (PA). A vasoconstrição é mascarada por efeito Ativa a adenilil ciclase, aumentando a contratilidade do miocárdio. aumentando a pressão arterial (PA). A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, ciclase, aumentando a contratilidade do miocárdio. aumentando a pressão arterial (PA). A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. ciclase, aumentando a contratilidade do miocárdio. aumentando a pressão A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. Hipotensão A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. Hipotensão ortostática A vasoconstrição é mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. Efeito inotrópico Hipotensão ortostática mascarada por efeito simpatolítico central, que abaixa a PA. Efeito inotrópico Hipotensão ortostática Efeito inotrópico positivo. Efeito inotrópico positivo. HipertensãoEfeito inotrópico positivo. HipertensãoHipertensãoHipertensão Choque cardiogênico, Choque cardiogênico, insufi ciência cardíaca aguda Choque cardiogênico, insufi ciência cardíaca aguda cardiogênico, insufi ciência cardíaca aguda insufi ciência cardíaca agudacardíaca aguda β -agonistas • Salbutamol -agonistas • Salbutamol -agonistas • Salbutamol• Salbutamol β3-agonistas • Mirabegron Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Mirabegron Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Mirabegron Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Mirabegron Ativa a adenilil ciclase. • Mirabegron D Ativa a adenilil ciclase. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Fenoldopam Ativa a adenilil ciclase. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Fenoldopam Ativa a adenilil ciclase. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Fenoldopam Dilatação dos músculos Ativa a adenilil ciclase. • Fenoldopam D Dilatação dos músculos Ativa a adenilil ciclase. 2-agonistas • Bromocriptina Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Ativa a adenilil ciclase. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Bromocriptina Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Ativa a adenilil ciclase. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Bromocriptina Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Ativa a adenilil ciclase. -agonistas • Bromocriptina Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Ativa a adenilil ciclase. • Bromocriptina Inibe a adenilil ciclase e Dilatação dos músculos lisos brônquicos. Reduz o tônus da Ativa a adenilil ciclase. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias Dilatação dos músculos Reduz o tônus da Ativa a adenilil ciclase. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias Reduz o tônus da bexiga. Ativa a adenilil ciclase. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Reduz o tônus da bexiga. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Reduz o tônus da bexiga. Relaxamento dos Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Asma Relaxamento dos músculos lisos Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Asma Relaxamento dos músculos lisos vasculares. Inibe a adenilil ciclase e interage com outras vias intracelulares. Urgência urinária Relaxamento dos músculos lisos vasculares. interage com outras vias Urgência urinária Relaxamento dos músculos lisos vasculares. Mimetiza ações da Urgência urinária músculos lisos vasculares. Mimetiza ações da dopamina no SNC. Urgência urinária Mimetiza ações da dopamina no SNC. Urgência urinária Mimetiza ações da dopamina no SNC. Urgência urinária Hipertensão Mimetiza ações da dopamina no SNC. Hipertensão Mimetiza ações da dopamina no SNC. Hipertensão dopamina no SNC. HipertensãoHipertensão Doença de Doença de Parkinson, prolactinemia Doença de Parkinson, prolactinemia Doença de Parkinson, prolactinemia Parkinson, prolactinemiaprolactinemia Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 150. (Adaptado). FARMACOLOGIA BÁSICA 66 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 66 28/08/2020 09:20:16 •Fenoxibenzamina •Fentolamina •Prazosina •Terazosina •Doxazosina •Alfuzosina •Tamsulosina •Indoramina •Urapidila •Bunazosina •Nadolol •Penbutolol •Pindolol •Propranolol •Timolol •Sotalol •Levobunolol •Metipranolol •Acebutolol •Atenolol •Bisoprolol •Esmolol •Metoprolol •Betaxolol •Celiprolol •Nebivolol •Carteolol •Carvedilol* •Bucindolol •Labetalol* •Ioimbina Antagonistas do receptor adrenérgico Antagonistas dos receptores α Não seletivo Seletivo α1 Seletivo α2 Não seletivo (primeira geração) Seletivo β1 (segunda geração) Não seletivo (terceira geração) Seletivo β1 (terceira geração) Antagonistas dos receptores β Figura 6. Classifi cação dos antagonistas dos receptores adrenérgicos. Os fármacos marcados com (*) asterisco tam- bém bloqueiam receptores α1. Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 366. (Adaptado). Os antagonistas dos receptores adrenérgicos inibem a interação da NE, da epinefrina e de outros simpatomiméticos com os receptores α e β. Os an- tagonistas dos receptores α apresentam efeitos clínicos importantes no sis- tema cardiovascular, causando vasodilatação, redução da pressão arterial e diminuição da resistência periférica. Já os antagonistas dos receptores β agem diminuindo a frequência cardíaca e a contratilidade do miocárdio, sendo que muitos deles apresentam efeito anestésico local ou estabilizador de membra- na, como o propranolol, acebutolol e carvedilol. Na Figura 6 é possível ver exemplos de fármacos antagonistas dos recepto- res adrenérgicos α e β. Colinérgicos/anticolinérgicos A farmacologia colinérgica aborda as propriedades da acetilcolina (ACh), um neurotransmissor com diversas ações fi siológicas importantes que envolvem a junção neuromuscular ( JNM), o SNA e o SNC. Os fármacos com atividades colinomiméticas e anticolinérgi- cas são amplamente utilizados devido aos seus efeitos na cognição e no comportamento, bem como na JNM, coração, olhos, pulmões e os tratos genitourinário e gastrointestinal. FARMACOLOGIA BÁSICA 67 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 67 28/08/2020 09:20:17 As ações específicas da ACh em uma dada sinapse colinérgica são resultan- tes do tipo de receptor de ACh envolvido. Assim, sabe-se que a acetilcolines- terase (AChE) é a enzima responsável pela degradação da acetilcolina, além de também representar um importante alvo terapêutico. Receptores colinérgicos Os receptores colinérgicos são divi- didos em duas grandes classes: mus- carínicos e nicotínicos. Os receptores muscarínicos são expressos nos gân- glios autônomos, em todas as fibras pós-ganglionares parassimpáticas, em algumas pós-ganglionares simpáticas e no SNC. Eles são ligados à proteína G e apresentam 5 subtipos, M1–M5, os quais podem ser reunidos em dois grupos distintos: aqueles que estimu- lam a fosfolipase C (M1, M3 e M5) e os que inibem a adenilil ciclase e ativam os canais de K+ (M2 e M4). Desses subtipos, pode-se destacar: • M1 (neuronais): produzem a excitação lenta dos gânglios. São bloqueados de modo seletivo pelo fármaco pirenzepina; • M2 (cardíacos): medeiam a inibição pré-sináptica e provocam a diminuição da frequência cardíaca e da força de contração. São bloqueados de modo sele- tivo pelo fármaco galamina; • M3 (glandulares): responsáveis pela secreção, contração dos músculos li- sos das vísceras e relaxamento vascular. O fármaco cevimelina é um agonista seletivo deste receptor. Os receptores nicotínicos da ACh são assim denominados porque podem também ser estimulados pelo alcaloide “nicotina”. Esses receptores são ca- nais iônicos controlados por ligantes que se interpõem pós-sinapticamente na JNM e nos gânglios autônomos periféricos. No SNC, os receptores nicotínicos controlam a liberação de outros neurotransmissores, como o glutamato e a dopamina, pelas estruturas pré-sinápticas. De acordo com Rang et. al. (2016), tem-se, até o momento, 17 tipos diferentes de receptores nicotínicos, os quais foram designados como α (10 tipos), β (4 tipos), γ, δ e ε (1 tipo de cada). FARMACOLOGIA BÁSICA 68 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 68 28/08/2020 09:20:22 Agonistas e antagonistas muscarínicos Os agonistas muscarínicos são também conhecidos como parassimpa- tomiméticos, pois seus principais efeitos no organismo se assemelham aos decorrentes da estimulação parassimpática. Atualmente, apenas os fármacos betanecol, pilocarpina e cevimelina são utilizados na terapêutica. Dentre os efeitos cardiovasculares dos agonistas muscarínicos, tem-se a di- minuição da frequência e débito cardíaco, vasodilatação generalizada e queda acentuada da pressão arterial. Sobre a musculatura lisa, ocorre contração do músculo liso do intestino, dos brônquios e da bexiga e aumento da atividade peristáltica. Quanto às secreções, ocorre estimulação de glândulas exócrinas. Os agonistas muscarínicostambém possuem efeitos oculares, que levam à constrição da pupila e contração do músculo ciliar, provocando diminuição da pressão intraocular de modo a permitir que o seu principal uso seja no trata- mento do glaucoma (especialmente a pilocarpina). A pilocarpina e cevimelina são utilizadas clinicamente para aumentar a produção da saliva e lágrimas em pacientes com boca ou olhos secos, princi- palmente em pacientes com síndrome de Sjögren e também após irritação ou lesão nas glândulas salivares ou lacrimais. Já o betanecol possui uso raro como estimulante laxativo ou para estimular o esvaziamento da bexiga. Os antagonistas muscarínicos, também conhecidos como parassimpatolí- ticos, são antagonistas competitivos e têm como principais fármacos represen- tantes atropina, escopolamina, ipratrópio e pirenzepina, os quais apresentam efeitos periféricos semelhantes, porém podem variar quanto ao grau de seleti- vidade para tecidos, como o coração e a bexiga. Os principais efeitos dos antagonistas muscarínicos são: inibição de secre- ções, o que deixa a pele e boca muito secas; taquicardia; dilatação da pupila (midríase) e paralisia de acomodação, devido ao relaxamento do músculo ciliar; relaxamento da musculatura lisa (intestino, brônquios, trato biliar e bexiga); inibição da motilidade gastrointestinal (em doses superiores de atropina) e da secreção ácida do estômago (especialmente a pirenzepina); e efeitos sobre o SNC, que incluem principalmente os excitatórios (como atropina) e também sedativos (como hioscina), além dos efeitos antiemético e antiparkinsoniano. Quanto aos usos clínicos dos antagonistas muscarínicos, pode-se citar: FARMACOLOGIA BÁSICA 69 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 69 28/08/2020 09:20:23 • Atropina: tratamento da bradicardia sinusal (como, por exemplo, após in- farto agudo do miocárdio); • Colírio de tropicamida ou ciclopentolato: dilatação da pupila; • Hioscina (via oral ou transdérmica): prevenção da cinetose; • Benzexol e benztropina: neutralização dos distúrbios de movimento cau- sados por fármacos antipsicóticos; • Ipratrópio ou tiotrópio: tratamento da asma e da doença pulmonar obs- trutiva crônica; • Atropina e hioscina: redução de excreções (atualmente, esse uso é pouco importante); • Hioscina: relaxante da musculatura lisa gastrointestinal; • Dicicloverina (diciclomina): antiespasmódico na síndrome do cólon irritá- vel ou na doença diverticular do cólon. Agonistas e antagonistas nicotínicos Os agonistas nicotínicos atuam nos receptores neuronais (ganglionares e do SNC) ou nos receptores musculares estriados (placa motora). A maioria desses fármacos não são utilizados na prática clínica, exceto a nicotina e a vareniclina, usadas como tratamento auxiliar para cessação do tabagismo. Os efeitos dos agonistas nicotínicos incluem: taquicardia, aumento da pressão arterial, efeitos variáveis sobre a motilidade e as secreções gastrointestinais, au- mento das secreções brônquica, salivar e sudorípara. Além disso, a nicotina tam- bém provoca efeitos importantes no SNC, uma vez que ela age por estimulação dos gânglios seguida de bloqueio por despolarização. Os antagonistas nicotínicos, que atuam como bloqueadores ganglionares, são clinicamente obsoletos, sendo utilizados atualmente apenas para o estudo ex- perimental da função autônoma. Como representantes dessa classe, temos o he- xametônio e a tubocurarina. Eles atuam bloqueando todos os gânglios autônomos e entéricos. Seus efeitos incluem: hipotensão, perda dos refl exos cardiovasculares, inibição de secreções, paralisia gastrointestinal e comprometimento da micção. Vale ressaltar que os antagonistas dos receptores nicotínicos utilizados atual- mente na prática clínica são os bloqueadores neuromusculares não despolari- zantes, muito empregados durante procedimentos cirúrgicos. FARMACOLOGIA BÁSICA 70 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 70 28/08/2020 09:20:23 Bloqueadores neuromusculares Os fármacos bloqueadores neuromusculares atuam na região pré-si- náptica, inibindo a produção ou liberação de ACh, ou na região pós-sinápti- ca, bloqueando ou ativando os receptores de ACh, sendo que essa ativação causa uma despolarização contínua na placa motora terminal. Esses agentes bloqueadores neuromusculares podem, então, ser classifi cados em despola- rizantes e não despolarizantes. Dentre os fármacos usados na prática clínica, apenas o suxametônio é um agente despolarizante. Bloqueadores neuromusculares não despolarizantes A tubocurarina é um alcaloide vegetal que foi muito utilizado por índios da América do Sul em suas fl echas para causar paralisia. No entanto, atualmente é muito pouco empregado, posto que foram descobertos fármacos sintéticos com propriedades melhoradas, dentre elas a redução da ocorrência de efeitos colaterais. No entanto, os representantes mais importantes dessa classe hoje em dia são: pancurônio, vecurônio, cisatracúrio e mivacúrio, os quais diferem- -se, principalmente, quanto à duração da sua ação, sendo o pancurônio de lon- ga duração (1h a 2h), o vecurônio e cisatracúrio com efeito intermediário (~30 min) e o mivacúrio de curta duração (~15 min). Dessa forma, o principal efeito colateral da tubocurarina é a queda da pres- são arterial e também o broncoespasmo em indivíduos predispostos. Os de- mais fármacos causam menos hipotensão. No entanto, o pancurônio também tem como efeito colateral uma taquicardia modesta devido ao bloqueio dos receptores muscarínicos no coração. Essas substâncias possuem baixa absorção oral e, com isso, são adminis- tradas por via intravenosa, tendo eliminação adequada pelos rins. Além disso, elas possuem a vantagem de não atravessar a placenta, o que permite a sua utilização na anestesia obstétrica. Quanto ao mecanismo de ação dos agentes não despolarizantes, eles atuam como antagonistas competitivos dos receptores nicotínicos presentes na placa terminal. Tais agentes também causam uma manifestação conhecida como “fadiga tetânica”, a qual se dá pela inibição da liberação da ACh durante a estimulação repetitiva do nervo motor, decorrente do bloqueio de autorrecep- tores pré-sinápticos facilitadores. FARMACOLOGIA BÁSICA 71 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 71 28/08/2020 09:20:23 Embora alguns bloqueadores neuromusculares não despolarizantes pos- sam causar efeitos autônomos, os principais são decorrentes da paralisia mo- tora. Os primeiros efeitos desses fármacos ocorrem nos músculos extrínsecos do olho, levando a uma visão dupla; nos músculos da face e da faringe, o que causa dificuldade para deglutir; e dos membros. Quanto aos músculos envolvi- dos na respiração, esses são os últimos a serem comprometidos e os primeiros a se recuperarem. Bloqueadores neuromusculares despolarizantes O suxametônio, único fármaco despolarizante em uso clínico, atua seme- lhantemente a ACh, posto que sua estrutura consiste em duas moléculas de ACh ligadas por seus grupos acetil, apresentando um metabolismo rápido por ser hidrolisado pela colinesterase do plasma, o que diminui o seu tempo de ação. No entanto, seu tempo de ação, após administração por via intravenosa, é suficiente para tornar a região de placa motora de fibras musculares inexcitável. Dessa maneira, a recuperação do paciente após a retirada do suxametônio é mais rápida quando comparada aos fármacos não despolarizantes, o que faz com que esse agente ainda seja utilizado apesar dos seus efeitos colaterais, como: bradicardia (efeito agonista muscarínico), arritmias cardíacas (devido ao aumento da concentração de K+ do plasma, principalmente em pacientes com queimaduras ou traumatismos graves), aumento da pressão intraocular (efeito agonista nicotínico sobre os músculos extraoculares), dor muscular no pós-operatório e hipertermia maligna (rara). Com relação ao tempo de ação do suxametônio, que geralmente é muito rápido (a ativi- dade da colinesterase, como: a) variantes genéticas, nas quais a colinesterase plasmática é anômala; b) recém-nascidos com baixa atividade da colinesterase plasmática; e c) uso de fármacos anticolinesterásicos, como os organofosfora- dos para o tratamento do glaucoma, podendo prolongar a ação do suxametô- nio pela inibição da colinesterase plasmática. FARMACOLOGIA BÁSICA 72 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 72 28/08/2020 09:20:23 Sintetizando Na administração simultânea de dois ou mais fármacos, podem ocorrer inte- rações farmacológicas, sendo mais frequentes as farmacocinéticas. Porém, as in- terações também podem ocorrer entre fármacos convencionais e medicamentos fitoterápicos, a exemplo da interação entre a carbamazepina e a erva-de-são-joão, que resulta no aumento do metabolismo da carbamazepina. As ações da maioria dos fármacos ocorrem pela sua interação com macromo- léculas no organismo, especialmente os receptores. Desse modo, a ligação dos fár- macos agonistas nos receptores fisiológicos produzem uma resposta semelhante às substâncias endógenas, enquanto que os fármacos antagonistas se ligam aos receptores fisiológicos e reduzem ou bloqueiam a ação de um agonista. Entretanto, para o fármaco desencadear uma resposta biológica ao se ligar ao seu receptor, é necessário que ele tenha afinidade, ou seja, tenha a capacidade de se complexar com o sítio ativo complementar do receptor, além de sua atividade intrínseca, que é a capacidade do complexo ligante-receptor de desencadear essa resposta biológica. Dentre as teorias dos receptores, destaca-se a teoria do encaixe induzido em que se considera que o fármaco possui a capacidade de induzir a modificação do sítio tridimensional de seu receptor biológico a fim de possibilitar o seu reconhe- cimento, assim como o receptor tem a capacidade de selecionar a conformação bioativa do fármaco. Assim, o sistema nervoso autônomo (SNA) é responsável pela regulação de funções autônomas que não são controladas pelo consciente, sendo dividido em simpático e parassimpático. Vale considerar que os fármacos podem alterar muitas funções autônomas através da mimetização ou bloqueio das ações dos transmissores químicos, como a acetilcolina e norepinefrina. No entanto, os fár- macos relacionados à acetilcolina são os colinérgicos, enquanto os relacionados à norepinefrina são os adrenérgicos. Entre os fármacos anticolinérgicos tem-se os bloqueadores neuromusculares, muito utilizados como anestésicos cirúrgicos. FARMACOLOGIA BÁSICA 73 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 73 28/08/2020 09:20:23 Referências bibliográficas BARREIRO, E. J.; FRAGA, C. A. M. Química medicinal: as bases moleculares da ação dos fármacos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. CHUNG, M. C. et al. Interações Alimentos X Medicamentos. In: MARTINIS, E. C. P.; TEIXEIRA, G. H. A. (Org.) Atualidades em ciências de alimentos e nutrição para profissionais da saúde. 1. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2015. GOLAN, D. E.; TASHJIAN, A. H.; ARMEN, H.; et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 2. ed. [s.l.]: Guanabara, 2009. HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman & Gilman. Porto Alegre: AMGH, 2015. KATZUNG, B. G; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Ale- gre: AMGH, 2017. KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H. Química farmacêutica. 1. ed. Rio de Ja- neiro: Guanabara, 1988. RANG, H. P.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J.; et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. VERLI, H.; BARREIRO, E. J. Um paradigma da química medicinal: a flexibilidade dos ligantes e receptores. Química Nova, v. 28, n. 1, pp. 95-102, 2005. FARMACOLOGIA BÁSICA 74 SER_FARMA_FARMABA_UNID2.indd 74 28/08/2020 09:20:23 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 3 UNIDADE SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 75 28/08/2020 09:22:51 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer os mediadores químicos envolvidos na sinalização no Sistema Nervoso Central (SNC); Compreender o modo de ação dos fármacos no SNC; Conhecer as diferentes classes de fármacos que agem no SNC. Introdução à farmacologia do SNC Sinalização química no SNC Locais de ação dos fármacos no SNC Ação dos fármacos no SNC Farmacologia dos sedativos- -hipnóticos Benzodiazepínicos Novos agonistas do receptor benzodiazepínico Barbitúricos Outros fármacos sedativos-hip- nóticos Farmacologia dos antidepressivos Inibidores da captura das mono- aminas Antagonistas do receptor de monoamina Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) Farmacologia dos antipsicóticos Antipsicóticos de primeira geração Antipsicóticos de segunda geração Farmacologia dos anticonvulsi- vantes Anticonvulsivantes clássicos Anticonvulsivantes desenvolvidos recentemente Farmacologia dos antiparkiso- nianos Precursores da dopamina e agonistas dos receptores de dopamina Inibidores da MAO e fárma- cos não dopaminérgicos FARMACOLOGIA BÁSICA 76 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 76 28/08/2020 09:22:52 Introdução à Farmacologia do SNC Os fármacos que agem no sistema nervoso central (SNC) são amplamente utilizados na prática clínica para o tratamento de diversas condições neuro- lógicas, transtornos psiquiátricos, alívio da dor e redução da febre. Ademais, muitos desses fármacos produzem um efeito de sensação de bem-estar, fator esse que leva à automedicação por parte da população (p. ex. opioides e anfe- taminas) (KATZUNG; TREVOR, 2017). O estudo do efeito dos fármacos no SNC é desafi ador, visto que esse siste- ma é o mais complexo do corpo. É, portanto, no cérebro que o comportamento individual das células apresenta uma maior diferença quando comparado com o órgão como um todo, diferentemente de outros órgãos (RANG et al., 2016). Embora Rang et al., (2016) declarem que “[...] atualmente, o vínculo entre a ação de um fármaco, em níveis bioquímico e celular, e seus efeitos na função cerebral permanece, em sua maior parte, misterioso”, sabe-se que a ação da grande maioria dos fármacos no SNC envolve a interação com receptores espe- cífi cos, os quais regulam a transmissão sináptica. Algumas substâncias, como os anestésicos gerais e o álcool, provocam ações inespecífi cas nas membranas sem necessidade da interação com o seu receptor, no entanto, também resul- tam em alterações na transmissão sináptica (KATZUNG; TREVOR, 2017). Com o intuito de avançar na descoberta do mecanismo de ação dos fár- macos no SNC, nos dias de hoje, é possível estudar essa ação em neurônios de forma individual, assim como em receptores isolados dentro das sinapses (KATZUNG; TREVOR, 2017). Com isso, antes de abordar especifi camente a far- macologia do SNC, deve-se ter o conhecimento dos sistemas transmissores predominantes do SNC e as maneiras pelas quais os fármacos os afetam. Sinalização química no SNC A sinalização química no SNC envolve mediadores químicos que podem atuar de formas distintas, produzindo efeitos de curta ou de longa duração, podendo agir de maneira muito difusa e também com uma distância signifi cati- va do local de liberação. Esses mediadores podem afetar a condução iônica da membrana celular pós-sináptica, além de interferir na síntese do transmissor, FARMACOLOGIA BÁSICA 77 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 77 28/08/2020 09:22:52 na expressão dos receptores do neurotransmissor e na morfologia neuronal (RANG et al., 2016). No Quadro 1 é possível verifi car os tipos de mediadores químicos envolvidos na sinalização no SNC. É importante destacar que a maior parte dos fármacos utilizados clinicamente com ação central é centralizada nos mediadores de pequenas moléculas. QUADRO 1. TIPOS DE MEDIADORES QUÍMICOS NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tipo de mediador Exemplos Alvos Função principal Mediadores conven- cionais de pequenas moléculas Glutamato, GABA, acetilcolina, dopamina, 5-hidroxitriptamina, etc.Canais iônicos controlados por vol- tagem Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Neuropeptídeos Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. Receptores acopla- dos à proteína G. Neuromodulação. Mediadores lipídicos Prostaglandinas, endocanabinoides. Receptores acopla- dos à proteína G. Neuromodulação. Mediadores “gasosos” Óxido nítrico, monóxi- do de carbono. Guanilato ciclase. Neuromodulação. Neurotrofi nas, citocinas Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Receptores ligados à quinase. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. Esteroides Andrógenos, estrógenos. Receptores nuclea- res e receptores de membrana. Plasticidade funcional. Mediadores conven- cionais de pequenas Mediadores conven- cionais de pequenas Mediadores conven- cionais de pequenas Mediadores conven- cionais de pequenas moléculas Mediadores conven- cionais de pequenas moléculas Mediadores conven- cionais de pequenas moléculas Neuropeptídeos cionais de pequenas Glutamato, GABA, Neuropeptídeos Glutamato, GABA, Neuropeptídeos Glutamato, GABA, acetilcolina, 5-hidroxitriptamina, Neuropeptídeos Mediadores Glutamato, GABA, acetilcolina, dopamina, 5-hidroxitriptamina, Neuropeptídeos Mediadores lipídicos Glutamato, GABA, acetilcolina, dopamina, 5-hidroxitriptamina, Substância P, neuro- Mediadores lipídicos Glutamato, GABA, acetilcolina, dopamina, 5-hidroxitriptamina, etc. Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, Mediadores lipídicos 5-hidroxitriptamina, etc. Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de 5-hidroxitriptamina, Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. 5-hidroxitriptamina, Canais iônicos controlados por vol- Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. Canais iônicos controlados por vol- Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. Prostaglandinas, endocanabinoides. Canais iônicos controlados por vol- Receptores acopla- Substância P, neuro- peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. Prostaglandinas, endocanabinoides. Canais iônicos controlados por vol- tagem Receptores acopla- dos à proteína G. peptídeo Y, endorfi nas, fator de liberação de corticotrofi na, etc. Prostaglandinas, endocanabinoides. Canais iônicos controlados por vol- tagem Receptores acopla- dos à proteína G. corticotrofi na, etc. Receptores acopla- Prostaglandinas, endocanabinoides. controlados por vol- Receptores acopla- dos à proteína G. Receptores acopla- dos à proteína G. Prostaglandinas, endocanabinoides. Receptores acopla- dos à proteína G. Receptores acopla- dos à proteína G. endocanabinoides. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Receptores acopla- dos à proteína G. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Receptores acopla- dos à proteína G. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Receptores acopla- dos à proteína G. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Neuromodulação. Receptores acopla- dos à proteína G. Neurotransmissão si- náptica rápida e lenta Neuromodulação. Neuromodulação. Receptores acopla- dos à proteína G. Neuromodulação. Neuromodulação.Neuromodulação. Neuromodulação. Neuromodulação. Neuromodulação. Neuromodulação. Neuromodulação.Neuromodulação.Neuromodulação.Neuromodulação. MediadoresMediadores “gasosos” Mediadores “gasosos” Mediadores “gasosos” Neurotrofi nas, “gasosos” Neurotrofi nas, citocinas Neurotrofi nas, citocinas Óxido nítrico, monóxi- Neurotrofi nas, citocinas Óxido nítrico, monóxi- Esteroides Óxido nítrico, monóxi- do de carbono. Fator de crescimento Esteroides Óxido nítrico, monóxi- do de carbono. Fator de crescimento neuronal, fator neuro- Esteroides Óxido nítrico, monóxi- do de carbono. Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Óxido nítrico, monóxi- do de carbono. Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Óxido nítrico, monóxi- Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Andrógenos, Guanilato ciclase. Fator de crescimento neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Andrógenos, estrógenos. Guanilato ciclase. neuronal, fator neuro- trópico derivado do cérebro, interleucina-1. Andrógenos, estrógenos. Guanilato ciclase. cérebro, interleucina-1. Receptores ligados à Andrógenos, estrógenos. Guanilato ciclase. Receptores ligados à estrógenos. Guanilato ciclase. Receptores ligados à quinase. Guanilato ciclase. Receptores ligados à quinase. Receptores nuclea- Receptores ligados à quinase. Receptores nuclea- res e receptores Neuromodulação. Receptores ligados à Receptores nuclea- res e receptores de membrana. res e receptores de membrana. res e receptores Neuromodulação. Receptores ligados à Receptores nuclea- res e receptores de membrana. res e receptores de membrana. res e receptores Neuromodulação. Crescimento neuronal, Receptores nuclea- res e receptores de membrana. res e receptores de membrana. res e receptores Neuromodulação. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. Receptores nuclea- res e receptores de membrana. res e receptores de membrana. res e receptores Neuromodulação. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. de membrana. Neuromodulação. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. Plasticidade funcional. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. Plasticidade funcional. Crescimento neuronal, sobrevivência e plasticidade funcional. Plasticidade funcional. Crescimento neuronal, plasticidade funcional. Plasticidade funcional. plasticidade funcional. Plasticidade funcional.Plasticidade funcional.Plasticidade funcional. Fonte: RANG et al., 2016. (Adaptado). De forma geral, os processos envolvidos na transmissão sináptica no SNC são semelhantes aos que ocorrem na periferia. A comunicação entre os neurô- nios, assim como entre os neurônios e outros tipos de células, ocorre pela libe- ração de neurotransmissores, pequenas moléculas ou peptídeos que podem atuar em células-alvo por uma curta distância através de sinapses ou podem ainda ser liberados na circulação a fi m de atuar em órgãos distantes (RANG et al., 2016; GOLAN et al., 2009). Os neurotransmissores são liberados pelos terminais pré-sinápticos, pro- duzindo efeitos excitatórios ou inibitórios nos neurônios pós-sinápticos. Eles FARMACOLOGIA BÁSICA 78 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 78 28/08/2020 09:22:57 podem ser rápidos (p. ex. glutamato, GABA) tendo como alvo os canais iônicos controlados por voltagem ou podem ser lentos, atuando em receptores acopla- dos à proteína G (RANG et al., 2016). Muitos mediadores químicos, a exemplo do óxido nítrico e de neuropeptí- deos, são denominados neuromoduladores, pois, suas ações não se enqua- dram no conceito original de neurotransmissor. De forma geral, os mediadores que possuem como função principal a neuromodulação estão envolvidos em ações fi siológicas de curto prazo, como na regulação da liberação do transmis- sor pré-sináptico ou na excitabilidade pós-sináptica (RANG et al., 2016). Osprimordial, a fi m de expan- dir esses conhecimentos aos novos compostos. A ação de um fármaco somente pode ser compreendida de modo adequado quando o organismo é estudado como um todo. Por isso, em muitos momen- tos desta obra serão discutidos os processos fi siológicos relevantes para o en- tendimento da ação dos fármacos abordados. Por fi m, as estruturas químicas dos fármacos somente serão apresentadas àqueles que necessitam dessa informação para uma melhor compreensão de certas características farmacológicas. FARMACOLOGIA BÁSICA 9 Apresentação SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 9 28/08/2020 09:15:40 Dedico esta obra ao meu marido, Everton, que, com sua alegria, deixa os meus dias mais leves. A professora Marcella Gabrielle Men- des Machado é doutora em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Es- tadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP (2017), onde também realizou mestrado em Ciências Farmacêuticas (2013), e é graduada em Farmácia pela Universidade Federal dos Vales do Je- quitinhonha e Mucuri – UFVJM (2010). Ministrou, na graduação, as disciplinas de Desenvolvimento de Fármacos, In- trodução ao Planejamento de Fárma- cos e Atenção Farmacêutica (2015). É professora conteudista de disciplinas na área da Farmácia desde 2019. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3571566668809781 FARMACOLOGIA BÁSICA 10 A autora SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 10 28/08/2020 09:15:45 PRINCÍPIOS GERAIS E FARMACOCINÉTICA 1 UNIDADE SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 11 28/08/2020 09:16:05 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer as diferentes formas farmacêuticas e suas vias de administração; Compreender as principais características de um ensaio clínico e de cada uma das fases do desenvolvimento clínico de um novo fármaco; Entender os quatro processos que constituem a farmacocinética. Introdução à farmacologia Conceitos importantes em farmacologia Formas farmacêuticas Vias de administração Ensaios clínicos Desenvolvimento clínico Grupos-controle Tamanho da amostra Mensuração dos resultados clínicos Farmacocinética I: absorção de fármacos Absorção de fármacos Biodisponibilidade e bioequiva- lência Farmacocinética II: distribuição de fármacos e ligação às proteí- nas plasmáticas Barreira hematoencefálica Ligação às proteínas plasmáticas Farmacocinética III: metabolis- mo e eliminação de fármacos Eliminação de fármacos FARMACOLOGIA BÁSICA 12 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 12 28/08/2020 09:16:05 Introdução à farmacologia A farmacologia surgiu como ciência em meados do século XIX, fundamenta- da nos princípios da experimentação; porém, desde os primórdios da civi- lização, são utilizados remédios à base de ervas, com a fi gura do boticário, responsável por manipular e produzir o medicamento, como um papel de grande importância. Até o fi m do século XIX, não havia a compreensão dos efeitos dos fárma- cos no organismo; em grande parte, devido ao conhecimento rudimentar de fi siologia, patologia e química. Por isso, embora os profi ssionais médicos buscassem intervenções farmacológicas para o tratamento das condições clínicas, os resultados eram, em geral, inefi cazes. Mesmo com todos esses desafi os, em 1847, Rudolf Buchheim criou o primeiro instituto de farma- cologia, na Estônia. Os primeiros farmacologistas, antes do surgimento da química orgâni- ca sintética, concentraram-se em estudar os fármacos de origem vegetal, como quinina, atropina, efedrina e estricnina – muitos deles utilizados até os dias de hoje. Os primeiros fármacos sintéticos surgiram no início do século XX e re- volucionaram a indústria farmacêutica. A quimioterapia antimicrobiana foi impulsionada pela descoberta de compostos arsenicais para o tratamento da sífi lis por Paul Ehrlich, em 1909. Em 1935, houve a descoberta das sulfo- namidas por Gerhard Domagk, e as penicilinas foram desen- volvidas durante a Segunda Guerra Mundial, com base nos estudos de Fleming. Nos anos 1980, novos agentes terapêu- ticos, na forma de anticorpos, enzimas e diversas proteínas reguladoras – os quais podem ser denominados bio- fármacos – foram desenvolvidos em decorrência do surgimento da biotec- nologia, uma ciência que aplica os con- ceitos da moderna engenharia genética na obtenção de produtos. Embora esses FARMACOLOGIA BÁSICA 13 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 13 28/08/2020 09:16:05 Figura 1. A farmacologia atual e suas várias subdivisões. Os assuntos principais são encontrados no compartimento cinza central. As disciplinas de interface (retângulos marrons) ligam a farmacologia a outras disciplinas biomédicas principais (retângulos verdes). Fonte: RANG et al., 2016, p. 8. Farmacologia Farmacologia de sistemas Neurofarmacologia Farmacologia cardiovascular Imunofarmacologia Farmacologia gastrointestinal Farmacologia respiratória Farmacocinética/ metabolismo dos fármacos Farmacologia molecular Farmacologia bioquímica Quimioterapia Psicologia Clínica médica terapêutica Medicina veterinária Farmácia Biotecnologia Patologia Química Psicofarmacologia Farmacologia clínica Farmacologia veterinária Ciências farmacêuticas Biofármacos Farmacogenética Farmacogenômica Farmacoepidemiologia Farmacoeconomia Genética Genômica Epidemiologia clínica Economia de saúde Toxicologia Química médica biofármacos não sejam sintetizados quimicamente, os mesmos princípios far- macológicos dos fármacos convencionais podem ser aplicados a eles. Com base nesse relato histórico, percebe-se a influência das técnicas de outras disciplinas na farmacologia, e, dessa forma, o que se tem hoje é uma far- macologia sem fronteiras definidas e inconstantes, com o único intuito de enten- der a ação dos fármacos nos organismos vivos e, de forma mais específica, como seus efeitos podem ser aplicados à terapêutica. Na Figura 1, é possível observar como é a estrutura da farmacologia atual, com suas várias subdivisões. FARMACOLOGIA BÁSICA 14 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 14 28/08/2020 09:16:05 Formas farmacêuticas As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do medi- camento após a adição, ou não, de excipientes apropriados e são úteis para atender às necessidades individuais dos usuários em direção a uma farmaco- terapia com maior efi cácia, segurança e comodidade. Elas também apresentam características apropriadas a uma determinada via de administração. As formas farmacêuticas podem ser classifi cadas em sólidas, semissólidas, líquidas, gasosas e especiais. • As formas farmacêuticas sólidas podem ser pós, granulados, comprimi- dos, cápsulas, drágeas, óvulos e supositórios; • As formas farmacêuticas semissólidas são os géis, loções, unguentos, lini- mentos, ceratos, pastas, cremes e pomadas; • As formas farmacêuticas líquidas são as soluções, emulsões, suspensões, xaropes, elixires, injetáveis, tinturas e extratos; • As formas farmacêuticas gasosas geralmente são preparações de solu- ções associadas a gases, utilizadas com fi ns medicinais (exemplo: inalantes). • As formas farmacêuticas especiais, como os sprays e aerossóis, são aque- las que podem ser encontradas em mais do que uma forma física. Conceitos importantes em farmacologia Algumas defi nições são importantes para distinguir as diversas terminolo- gias utilizadas na farmacologia, a saber: • Droga: substância ou matéria-prima que, ao interagir com o organismo vivo, é capaz de exercer efeito clínico ou farmacológico, com ou sem intenção benéfi ca; • Fármaco: substância química ativa que produz um efeito biológico com fi nalidade medicamentosa, utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada para modifi car ou explorar sistemas fi siológicos ou estados patoló- gicos, em benefício da pessoa na qual se administra; • Medicamento: é o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elabo- rado, que contém um ou mais fármacos e outras substâncias,astrócitos, que são as principais células não neuronais presentes no SNC, também apresentam um relevante papel na sinalização e funcionam como “neurônios inexcitáveis”. Essas células, embora apresentem escala de tempo mais lenta que a comunicação neuronal, expressam receptores e transporta- dores variados, assim como liberam diversos tipos de mediadores químicos, como o glutamato, D-serina, ATP, mediadores lipídicos e fatores de crescimento (RANG et al., 2016). Deve-se ressaltar que o mesmo mediador pode funcionar tanto como neu- rotransmissor quanto como neuromodulador. Além disso, esse pode ter como alvo os canais controlados por voltagem e também os receptores acoplados à proteína G (p. ex., glutamato, 5-hidroxitriptamina, acetilcolina). Locais de ação dos fármacos no SNC De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015) “[...] um conceito fundamen- tal da Neurofarmacologia é o de que os fármacos que infl uenciam o comporta- mento e melhoram o estado funcional dos pacientes com doenças neurológicas ou psiquiátricas atuam aumentando ou atenuando a efi cácia de transmissores e canais específi cos”. Em sua grande maioria, os fármacos produzem seus efei- tos no SNC ao modifi car alguma etapa da transmissão sináptica química. Na Figura 1 é possível observar algumas das etapas que podem ser alteradas por esses fármacos. As etapas da transmissão sináptica são dependentes do transmissor e po- dem ser divididas em ações pré-sinápticas e pós-sinápticas. Os fármacos que possuem ações pré-sinápticas são aqueles que atuam na síntese (2), no arma- FARMACOLOGIA BÁSICA 79 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 79 28/08/2020 09:22:57 zenamento (3), no metabolismo (4) e na liberação (5) de neurotransmissores. A reserpina é um exemplo de fármaco que deprime a transmissão sináptica por interferir no armazenamento intracelular. Alguns exemplos de substâncias que alteram a etapa de liberação incluem, a anfetamina que induz a liberação de catecolaminas nas sinapses adrenérgicas, a capsaicina que induz a liberação da substância P dos neurônios sensoriais e a toxina tetânica que bloqueia a liberação dos transmissores (KATZUNG; TREVOR, 2017). Condutância iônica Neurônio pós-sináptico Neurônio pós-sináptico Glia Propagação de potencial de ação Degradação Captação Armazenamento MetabolismoSíntese Receptor Liberação Sinalização retrógrada 9 8 10 7 6 6 5 3 2 1 4 Figura 1. Etapas nas quais os fármacos podem alterar a transmissão sináptica. Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017. Os fármacos com ações pós-sinápticas atuam principalmente no receptor (8) do transmissor, podendo se comportar como agonistas do neurotransmissor ou como antagonistas. Como exemplo de uma classe de fármacos agonistas de neu- rotransmissores tem-se os opioides, os quais possuem ação semelhante a ence- falina. Os fármacos antagonistas bloqueiam o receptor e impedem ou reduzem a ação de um agonista e, consequentemente, o seu efeito biológico. Fármacos antagonistas de receptores no SNC são mais comuns clinicamente, tendo como FARMACOLOGIA BÁSICA 80 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 80 28/08/2020 09:22:57 alguns exemplos: a) a estricnina, que apresenta ação convulsivante, bloqueia o receptor de glicina, um transmissor inibitório, resultando em excitação; b) a ce- tamina, um anestésico, bloqueia o canal iônico de receptores ionotrópicos de glutamato; c) as metilxantinas, bloqueiam o metabolismo do AMPc, um segundo mensageiro, prolongando a sua ação (KATZUNG; TREVOR, 2017). Ação dos fármacos no SNC Os fármacos podem apresentar ações específi cas ou inespecífi cas no SNC. O efeito do fármaco é considerado específi co quando esse interage com os receptores das células alvo, afetando um mecanismo molecular único e reco- nhecível. Em regra, quanto maior a potência do fármaco, menor a probabili- dade dele exercer efeitos indesejáveis, no entanto, mesmo fármacos com alta especifi cidade podem apresentar ações inespecífi cas em doses elevadas. De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015), os fármacos que atuam no SNC podem ser classifi cados em: depressores gerais (inespecífi cos) do SNC, estimu- lantes gerais (inespecífi cos) do SNC e fármacos que modifi cam seletivamente a função do SNC. Os depressores gerais (inespecífi cos) do SNC incluem os agentes anes- tésicos nas formas de gases e vapores, os alcoóis alifáticos e alguns fármacos sedativos-hipnóticos. Essas substâncias deprimem os tecidos excitáveis em todos os níveis do SNC, reduzindo a quantidade de neurotransmissores libera- dos, deprimindo o transporte iônico e a reatividade pós-sináptica. O álcool, em concentrações subanestésicas, pode apresentar efeito levemente específi co em alguns neurônios, o que pode causar dependência. Os estimulantes gerais (inespecífi cos) do SNC incluem o fármacos pen- tilenotetrazol e compostos semelhantes, capazes de induzir intensa excitação do SNC, e as metilxantinas, as quais apresentam ação estimulante mais fraca. Essas substâncias estimulam o SNC pelo bloqueio da inibição ou pela excitação neuronal direta, resultando no aumento da liberação de neurotransmissores ou no prolongamento da ação deles. Os fármacos que modifi cam seletivamente a função do SNC podem cau- sar depressão ou excitação, sendo que, em alguns casos, os dois efeitos po- dem ser observados simultaneamente em diferentes sistemas. Embora esses FARMACOLOGIA BÁSICA 81 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 81 28/08/2020 09:22:57 fármacos apresentem ação seletiva no SNC, esses normalmente afetam várias funções neurológicas centrais, porém com intensidades variáveis. As principais classes de fármacos com ações no SNC incluem os an- ticonvulsivantes, antidepressivos, antipsicóticos, seda- tivos-hipnóticos, antiparkisonianos, tranquilizantes, analgésicos opioides e não opioides, supressores do apetite, antieméticos, analgésicos-antipiréticos, alguns estimulantes e fármacos usados no tratamen- to da doença de Alzheimer. Farmacologia dos sedativos-hipnóticos Os fármacos pertencentes à classe dos sedativos-hipnóticos são depressores do SNC e possuem a capacidade de produzir sedação (ao mesmo tempo que ali- viam a ansiedade) ou de induzir o sono. Essa classe de fármacos é amplamente prescrita em todo o mundo, e incluem os benzodiazepínicos, novos agonistas do receptor benzodiazepínico (os “compostos Z”), os barbitúricos e outros fármacos sedativos-hipnóticos (KATZUNG; TREVOR, 2017; HILAL-DANDAN, 2015). Um fármaco sedativo atua diminuindo a ansiedade, moderando a excitação e exercendo um efeito calmante. É importante ressaltar que muitos fármacos que não são depressores do SNC apresentam a sedação como efeito colateral, como é o caso dos fármacos anti-histamínicos (KATZUNG; TREVOR, 2017; HI- LAL-DANDAN, 2015). Um fármaco hipnótico atua produzindo sonolência e estimulando o início e a manutenção de um estado de sono. Quando comparados com a sedação, os efeitos hipnóticos envolvem uma depressão mais pronunciada do SNC, geral- CURIOSIDADE O efeito de determinado agente terapêutico no SNC pode ser aditivo com os efeitos de outros agentes depressores ou estimulantes. Como exemplo, tem-se a combinação de barbitúricos ou benzodiazepínicos com etanol, a qual pode ser fatal por ambos apresentarem efeitos depressores. Um caso muito relatado na mídia em 2012 foi a morte da cantora Whitney Houston, que faleceu após a ingestão de álcool e de um coquetel de medi- camentos que incluia o alprazolam (benzodiazepínico). FARMACOLOGIA BÁSICA 82 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 82 28/08/2020 09:22:57 mente obtida pelo aumento da dose destes fármacos. Os fármacos sedativos- -hipnóticos mais antigos, como os barbitúricos e os álcoois, apresentam uma relação dose-resposta linear, onde progressivamente com o aumento da dose pode-se alcançar respostas desde uma sedação branda, passando por estado de hipnose e podendo levar a uma situação de anestesia geral. Em doses aindamaiores, podem levar ao coma e à morte, por depressão dos centros respira- tórios e vasomotor no bulbo (KATZUNG; TREVOR, 2017; HILAL-DANDAN, 2015). Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos são fárma- cos sedativos-hipnóticos amplamente utilizados na prática clínica no trata- mento da ansiedade aguda e da insô- nia. Esses fármacos atuam promoven- do a ligação do ácido γ-aminobutírico (GABA), um importante neurotrans- missor inibitório, aos receptores de GABAA. O receptor GABAA é um canal iônico dependente da voltagem que contém diferentes subunidades, den- tre elas destacam-se as subunidades α, β e γ. Os benzodiazepínicos se ligam ao receptor GABAA através da interface entre as subunidades α e β, em um local distinto do ponto de ligação do GABA, e de maneira alostérica, modulam os efeitos do GABA (RANG et al., 2016). Grande parte dos efeitos dos benzodiazepínicos se dá pelas suas ações sobre o SNC, como a sedação, hipnose, redução da ansiedade, relaxamento muscular, amnésia anterógrada e ação anticonvulsivante. Esses fármacos pos- suem dois efeitos de origem periférica, a vasodilatação coronária e o bloqueio neuromuscular, sendo essa última ação observada apenas em doses muitos elevadas (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Os graus de depressão neuronal produzidos pelos benzodiazepínicos são di- ferentes dos barbitúricos e anestésicos voláteis, sendo que entre os benzodia- zepínicos todos apresentam perfi s farmacológicos similares embora possam FARMACOLOGIA BÁSICA 83 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 83 28/08/2020 09:23:36 diferir quanto à seletividade e, consequentemente, quanto ao uso terapêutico. No Quadro 2 é possível ver os usos terapêuticos dos principais benzodiazepíni- cos disponíveis comercialmente. QUADRO 2. USOS TERAPÊUTICOS E MEIA-VIDA DOS PRINCIPAIS BENZODIAZEPÍNICOS Fármaco Usos terapêuticos Meia-vida (horas) Comentários Alprazolam Transtornos de ansiedade, agorafobia. 12 ± 2 Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Clonazepam Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. 23 ± 5 Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- vantes. Diazepam Transtornos de an- siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, pré-medicação anestésica. 43 ± 13 Benzodiazepínico prototípico. Flurazepam Insônia. 74 ± 24 Metabólitos ativos acumulam-se com o uso crônico. Lorazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. 14 ± 5 Metabolizado somente por conjugação. Midazolam Medicação pré-anestésica e intraoperatória. 1,9 ± 0,6 Rapidamente inativado. Oxazepam Transtornos de ansiedade. 8,0 ± 2,4 Metabolizado somente por conjugação. Temazepam Insônia. 11 ± 6 Metabolizado princi- palmente por conjugação. AlprazolamAlprazolamAlprazolamAlprazolam Clonazepam ansiedade, agorafobia. Clonazepam Transtornos de ansiedade, agorafobia. Clonazepam Transtornos de ansiedade, agorafobia. Clonazepam Transtornos de ansiedade, agorafobia. Distúrbios convulsivos, Diazepam Transtornos de ansiedade, agorafobia. Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em Diazepam ansiedade, agorafobia. Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- Diazepam ansiedade, agorafobia. Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. Diazepam Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. Transtornos de an- Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. Transtornos de an- siedade, estado epi- Distúrbios convulsivos, tratamento adjuvante na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. Transtornos de an- siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, 12 ± 2 na mania aguda e em determinados distúr- bios do movimento. Transtornos de an- siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, 12 ± 2 determinados distúr- bios do movimento. Transtornos de an- siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, pré-medicação Transtornos de an- siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, pré-medicação anestésica. siedade, estado epi- léptico, relaxamento muscular esquelético, pré-medicação anestésica. Sintomas de abstinên- 23 ± 5 léptico, relaxamento muscular esquelético, pré-medicação anestésica. Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- 23 ± 5 muscular esquelético, pré-medicação anestésica. Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Surge tolerância aos 43 ± 13 Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- 43 ± 13 Sintomas de abstinên- cia podem ser espe- cialmente graves. Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- 43 ± 13 Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- vantes. Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- vantes. Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- vantes. Benzodiazepínico Surge tolerância aos efeitos anticonvulsi- BenzodiazepínicoBenzodiazepínico prototípico. Benzodiazepínico prototípico. Benzodiazepínico prototípico. Benzodiazepínico prototípico. FlurazepamFlurazepamFlurazepamFlurazepam LorazepamLorazepamLorazepamLorazepam Midazolam Insônia. Midazolam Insônia. Transtornos de ansie- Midazolam Insônia. Transtornos de ansie- dade, medicação Midazolam Oxazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. Oxazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. Oxazepam Temazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. Oxazepam Temazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. Medicação pré-anestésica e intraoperatória. Temazepam Transtornos de ansie- dade, medicação pré-anestésica. Medicação pré-anestésica e intraoperatória. Temazepam 74 ± 24 Medicação pré-anestésica e intraoperatória. Transtornos de 74 ± 24 pré-anestésica e intraoperatória. Transtornos de ansiedade. pré-anestésica e intraoperatória. Transtornos de ansiedade. 14 ± 5 Transtornos de ansiedade. 14 ± 5 Transtornos de ansiedade. Insônia. Metabólitos ativos acumulam-se com o Insônia. Metabólitos ativos acumulam-se com o 1,9 ± 0,6 Insônia. Metabólitos ativos acumulam-se com o uso crônico. Metabolizado somente 1,9 ± 0,6 Metabólitos ativos acumulam-se com o uso crônico. Metabolizado somente 1,9 ± 0,6 Metabólitos ativos acumulam-se com o uso crônico. Metabolizado somente por conjugação. 8,0 ± 2,4 acumulam-se com o uso crônico. Metabolizado somente por conjugação. 8,0 ± 2,4 Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado somente por conjugação. Rapidamente 11 ± 6 Metabolizado somente por conjugação. Rapidamente inativado. Rapidamente inativado. Rapidamente Metabolizado somente 11 ± 6 Rapidamente inativado. Rapidamente inativado. Rapidamente Metabolizado somente Rapidamente inativado. Rapidamente inativado. Rapidamente Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado princi- Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado princi- Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado princi- palmente por Metabolizado somente por conjugação. Metabolizado princi- palmente por conjugação. Metabolizado princi- palmente por conjugação. Metabolizado princi- palmente por conjugação.conjugação. Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015. (Adaptado). Quanto aos aspectos farmacocinéticos, os benzodiazepínicos apresentam boa absorção após administração oral, atingindo a concentração plasmáti- ca máxima em cerca de uma hora, embora alguns deles, como o lorazepam, apresentem absorção mais lenta. Os benzodiazepínicos, assim como os seus FARMACOLOGIABÁSICA 84 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 84 28/08/2020 09:23:48 metabólitos ativos, ligam-se às proteínas plasmáticas, e por apresentarem uma solubilidade lipídica alta, muitos desses fármacos se acumulam de forma gradual no tecido adiposo. Como visto no Quadro 2, esses fármacos variam quanto à sua meia-vida de eliminação, podendo ser de ação curta (meias-vi- das de menos de 6h), intermediária (meias-vidas de 6-24h) e longa (meias-vi- das de mais de 24h). Os benzodiazepínicos são metabolizados pelas enzimas do citocromo P450 (CYP) hepáticas, principalmente as CYPs 3A4 e 2C19, e em certos casos podem ser excretados como conjugados glicuronídeos na urina (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Dentre os efeitos adversos relacionados ao uso de benzodiazepínicos tem- -se tontura, aumento dos tempos de reação, falta de coordenação motora, comprometimento das funções mentais e motoras, confusão e amnésia ante- rógrada, fraqueza, cefaleia, visão borrada, vertigem, náuseas e vômitos, des- conforto epigástrico e diarreia. Com isso, o uso de benzodiazepínicos pode comprometer a capacidade do indivíduo em conduzir veículos assim como ou- tras habilidades psicomotoras (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). DICA O fl umazenil é um antagonista do receptor de benzodiazepínicos e é utili- zado como antídoto no tratamento da superdosagem de benzodiazepínicos e do zolpidem e também na reversão dos efeitos sedativos dos benzodia- zepínicos administrados para anestesia geral ou procedimentos diagnós- ticos e terapêuticos. Esse fármaco é administrado por via intravenosa, sendo que os efeitos decorrentes de doses terapêuticas de fl umazenil são revertidos após uma dose total de 1 mg de fl umazenil administrada durante 1-3 minutos. Novos agonistas do receptor benzodiazepínico Os hipnóticos dessa classe incluem o zolpidem, zaleplona, zopiclona e es- zopiclona (enantiômero S(+) da zopiclona), e são conhecidos como “compos- tos Z”. Esses fármacos são muito utilizados no tratamento da insônia, tendo substituído os benzodiazepínicos nos últimos anos para este fi m. Quando comparados aos benzodiazepínicos, os compostos Z possuem menor ativida- de como anticonvulsivantes e relaxantes musculares. Embora os compostos FARMACOLOGIA BÁSICA 85 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 85 28/08/2020 09:23:48 Z tenham sido aprovados com a informação que a dependência gerada pelo uso desses era inferior ao dos benzodiazepínicos, após a comercialização destes fármacos foi verifi cado que os mesmos causam tolerância e depen- dência física após o uso prolongado, principalmente quando utilizadas doses altas (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). O mecanismo de ação dos compostos Z se dá pela ligação seletiva aos receptores GABAA que contêm a subunidade α1, atuando como agonistas no mesmo local de ligação do benzodiazepínico ao receptor e aumentando a hiperpolarização da membrana (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). O zolpidem e a zaleplona aliviam a insônia resultante da incapacidade de conciliar o sono, apresentando ação hipnótica prolongada e sem o surgimento de insônia de rebote na interrupção súbita. A zaleplona tem uma meia-vida curta, cerca de uma hora, enquanto a meia-vida do zolpidem é de duas horas. A partir disso, a zaleplona pode ser administrada em um horário mais avançado, até quatro horas antes da hora prevista para levantar-se. Já a recomendação para o zolpidem é que seja administrado somente ao deitar-se. O zolpidem e a zaleplona apresentam biodisponibilidade após administração oral de 70% e 30%, respectivamente, sendo a zaleplona metabolizada, principalmente, pela enzima aldeído oxidase (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). A eszopiclona, utilizada para o tratamento prolongado da insô- nia e na manutenção do sono, apresenta uma biodispo- nibilidade de cerca de 80% após ser administrada oral- mente, com meia-vida de aproximadamente 6 horas e é metabolizada pela CYP 3A4 e 2E1. Barbitúricos Os barbitúricos são fármacos que já foram amplamente utilizados como sedativos-hipnóticos, no entanto foram substituídos pelos benzodiazepí- nicos por serem mais seguros. De acordo com Katzung e Trevor (2017), sua ação se dá pela ligação “[...] a subunidades específicas do receptor GABAA em sinapses neuronais do SNC, facilitando a duração de abertura dos ca- nais iônicos de cloreto mediados pelo GABA”. No Quadro 3, é possível ver os principais usos terapêuticos desses fármacos. FARMACOLOGIA BÁSICA 86 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 86 28/08/2020 09:23:48 Dentre os efeitos adversos relacionados ao uso de barbitúricos tem-se alterações de humor, comprometimento do julgamento e das habilidades motoras fi nas, vertigens, náuseas, vômitos, diarreia, inquietação, excitação, reações de hipersensibilidade e, em alguns pacientes, os barbitúricos causam excitação ao invés de depressão do SNC, dando a impressão de estar embria- gado (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). QUADRO 3. USOS TERAPÊUTICOS DOS PRINCIPAIS BARBITÚRICOS. Fármaco Via de administração Usos terapêuticos Comentários Amobarbital IM, IV Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Butabarbital Oral Insônia, sedação pré-ope- ratória. A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única dose. Mefobarbital Oral Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Anticonvulsivante de segunda linha. Metoexital IV Indução e manutenção de anestesia. Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta em 5-7 min de anestesia. Pentobarbital Oral, IM, IV, retal Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Fenobarbital Oral, IM, IV Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- ção diurna. Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Secobarbital Oral Insônia, sedação pré-operatória. Apenas o sal sódico está disponível. Tiopental IV Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam em períodos curtos de anestesia. IM: intramuscular; IV: intravenosa. AmobarbitalAmobarbitalAmobarbitalAmobarbital ButabarbitalButabarbitalButabarbitalButabarbital Mefobarbital IM, IV Mefobarbital IM, IV MefobarbitalMefobarbital Metoexital Insônia, sedação pré-ope- Metoexital Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Oral Metoexital Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Oral Metoexital Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Oral Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Insônia, sedação pré-ope- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Insônia, sedação pré-ope- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Insônia, sedação pré-ope- IV ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Insônia, sedação pré-ope- ratória. Distúrbios convulsivos, Apenas o sal sódico é Insônia, sedação pré-ope- ratória. Distúrbios convulsivos, Apenas o sal sódico é administrado por via Insônia, sedação pré-ope- ratória. Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Apenas o sal sódico é administrado por via Insônia, sedação pré-ope- Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Indução e manutenção de Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Insônia, sedação pré-ope- A redistribuição encur- Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Indução e manutenção de Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. A redistribuição encur- ta para 8 h a duração Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Indução e manutenção de anestesia. Apenas o sal sódico é administradopor via parenteral. A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única Distúrbios convulsivos, sedação diurna. Indução e manutenção de anestesia. Insônia, sedação pré-ope- Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única Indução e manutenção de anestesia. Insônia, sedação pré-ope- A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única Anticonvulsivante de Indução e manutenção de anestesia. Insônia, sedação pré-ope- A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única dose. Anticonvulsivante de Indução e manutenção de Insônia, sedação pré-ope- A redistribuição encur- ta para 8 h a duração da ação de uma única dose. Anticonvulsivante de segunda linha. Indução e manutenção de Apenas o sal sódico Insônia, sedação pré-ope- ta para 8 h a duração da ação de uma única Anticonvulsivante de segunda linha. Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta Insônia, sedação pré-ope- da ação de uma única Anticonvulsivante de segunda linha. Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta Insônia, sedação pré-ope- Anticonvulsivante de segunda linha. Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta Anticonvulsivante de Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta em 5-7 min de anestesia. Apenas o sal sódico é Apenas o sal sódico está disponível; uma única injeção resulta em 5-7 min de anestesia. Apenas o sal sódico é está disponível; uma única injeção resulta em 5-7 min de anestesia. Apenas o sal sódico é única injeção resulta de anestesia. Apenas o sal sódico é Apenas o sal sódico é Apenas o sal sódico é PentobarbitalPentobarbitalPentobarbitalPentobarbitalPentobarbital FenobarbitalFenobarbital Oral, IM, IV, retal Fenobarbital Oral, IM, IV, retal Fenobarbital Secobarbital Oral, IM, IV, retal Secobarbital Oral, IM, IV, retal Secobarbital Oral, IM, IV, retal Oral, IM, IV Secobarbital Oral, IM, IV Tiopental Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- Oral, IM, IV Tiopental IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. Oral, IM, IV Tiopental IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. Distúrbios convulsivos, Oral IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- IM: intramuscular; IV: intravenosa. Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- ratória, conduta de emer- Insônia, sedação pré-ope- gência nas convulsões. Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- IV IM: intramuscular; IV: intravenosa. ratória, conduta de emer- gência nas convulsões. Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- IM: intramuscular; IV: intravenosa. Apenas o sal sódico é Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- ção diurna. estado epiléptico, seda- Insônia, sedação IM: intramuscular; IV: intravenosa. Apenas o sal sódico é administrado por via Distúrbios convulsivos, estado epiléptico, seda- ção diurna. Insônia, sedação pré-operatória. IM: intramuscular; IV: intravenosa. Apenas o sal sódico é administrado por via estado epiléptico, seda- Insônia, sedação pré-operatória. Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, IM: intramuscular; IV: intravenosa. Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Anticonvulsivante Insônia, sedação pré-operatória. Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é Insônia, sedação pré-operatória. Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência Apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é administrado por via pré-operatória. Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Apenas o sal sódico é administrado por via Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é administrado por via Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Apenas o sal sódico Indução e/ou ma- nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Anticonvulsivante de primeira linha; apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Apenas o sal sódico está disponível. nutenção de anestesia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Apenas o sal sódico está disponível. sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Apenas o sal sódico apenas o sal sódico é administrado por via parenteral. Apenas o sal sódico está disponível. conduta de emergência Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam Apenas o sal sódico está disponível. Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam Apenas o sal sódico está disponível. Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam em períodos curtos Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam em períodos curtos de anestesia. Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam em períodos curtos de anestesia. Apenas o sal sódico está disponível; in- jeções únicas resultam em períodos curtos de anestesia. jeções únicas resultam em períodos curtos de anestesia. jeções únicas resultam em períodos curtos Fonte: HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015. (Adaptado). FARMACOLOGIA BÁSICA 87 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 87 28/08/2020 09:23:53 Quanto à farmacocinética, os barbitúricos apresentam meias-vidas varia- das, de 4-60h, sendo que o fenobarbital apresenta a meia-vida mais longa. O metabolismo destes fármacos é hepático, e o fenobarbital apresenta 20% de eliminação renal (KATZUNG; TREVOR, 2017). Outros fármacos sedativos-hipnóticos A ramelteona é um análogo tricíclico sintético da melatonina utilizado para o tratamento de insônia, principalmente para pacientes com difi culdades para adormecer. A ramelteona se liga com alta afi nidade aos dois receptores para melatonina (MT1 e MT2) nos núcleos supraquiasmáticos do SNC, ativando-os. Esse fármaco é administrado oralmente, porém sua biodisponibilidade é infe- rior à 2%, e é extensamente metabolizado pelas enzimas CYP 1A2, 2C E 3A4, sendo que durante a metabolização pela CYP 1A2 é formado um metabólito ativo que contribui para os efeitos indutores do sono da ramelteona. A buspironaé um agonista parcial do receptor 5-HT1A, utilizado no trata- mento dos estados de ansiedade generalizada, porém apresenta pouco efeito sedativo. Os efeitos ansiolíticos deste fármaco começam a aparecer dentro de uma a duas semanas após o início do uso, sendo que a buspirona apresen- ta pouco comprometimento psicomotor e sem efeito aditivo na depressão do SNC ao ser utilizado com outros fármacos sedativos-hipnóticos concomitante- mente (KATZUNG; TREVOR, 2017). Farmacologia dos antidepressivos A depressão é uma das doenças mentais mais prevalentes em todo o mundo e pode ser classifi cada como depressão maior (depressão unipolar) ou doença manía- co-depressiva (depressão bipolar). Os sintomas do transtorno depressivo maior (TDM) incluem: humor deprimido, pessimismo, diminuição do interesse pelas ati- vidades normais, distúrbios do sono, perda ou ganho signifi cativo de peso, agita- ção ou atraso psicomotor, sentimento de culpa e inutilidade, perda da libido e ideias suicidas. A depressão bipolar é menos comum e quando ocorre, é mais frequente no início da vida adulta, resultando em depressão e mania, os quais oscilam pelo período de algumas semanas (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). FARMACOLOGIA BÁSICA 88 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 88 28/08/2020 09:23:53 As causas e fisiopatologia do TDM ainda não foram totalmente esclarecidas, com isso há diferentes teorias para a depressão, como a teoria das monoaminas e a teoria neurotrófica. De acordo com Rang et al. (2016) a teoria das monoaminas, proposta por Schildkraut em 1965, “[...] afirma que a depressão pode ser causada por déficit funcional de transmissores de monoaminas, norepinefrina (NE) e 5-hidroxitrip- tamina (5-HT), em certos locais do cérebro, enquanto a mania resulta de excesso funcional”. Essa teoria foi baseada na capacidade de alguns antidepressivos co- nhecidos induzirem a transmissão monoaminérgica, enquanto outros fármacos possuem a capacidade de causar depressão (p. ex. reserpina que inibe o arma- zenamento de NE e 5-HT). Embora muitos fármacos antidepressivos possuam como mecanismo de ação a transmissão de monoaminas, essa teoria é insufi- ciente como explicação da depressão. Na teoria neurotrófica acredita-se que a depressão está associada à redu- ção dos níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, de brain-derived neurotrophic factor) ou o mau funcionamento do seu receptor, denominado TrkB. De acordo com Katzung e Trevor (2017), “[...] acredita-se que o BDNF exerça a sua influência sobre a sobrevida neuronal e efeitos de crescimento ao ativar a tirosi- na-cinase do receptor B tanto nos neurônios como na glia”. Os antidepressivos atuam aumentando os níveis de BDNF, aumentando a neurogênese e também a conexão sináptica no hipocampo. Alterações na transmissão glutamatérgica também podem estar envolvidas na depressão, assim como fatores neuroendócrinos, como as anormalidades do eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal, em pacientes com TDM, que incluem níveis elevados de cortisol e elevação crônica dos níveis do hormônio liberador de corticotrofina (CRH, de corticotrophin-releasing hormone). Os antidepressivos agem, de forma geral, aumentando a transmissão seroto- nérgica e noradrenérgica. Os antidepressivos disponíveis clinicamente são diferentes estruturalmente e também em relação aos alvos mo- leculares, podendo ser classificados em diferentes sub- classes, a saber: inibidores da captura das monoaminas, antagonistas do receptor de monoamina, inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e agonista do receptor da me- latonina. A subclasse de agonista do receptor da melatonina FARMACOLOGIA BÁSICA 89 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 89 28/08/2020 09:23:53 tem a agomelatina como único fármaco representante, sendo este um agonista dos receptores MT1 e MT2 da melatonina e um antagonista fraco do 5-HT2C. As demais subclasses serão discutidas. Inibidores da captura das monoaminas Dentre os fármacos inibidores da captura das monoaminas tem-se os: a) ini- bidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs); b) antidepressivos tricí- clicos (ADTs); c) inibidores seletivos da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSNs); d) inibidores da recaptação de norepinefrina. Os ISRSs (p. ex. fl uoxetina, fl uvoxamina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram) atuam inibindo o transportador de serotonina (SERT), o qual medeia a recaptação da serotonina no terminal pré-sináptico. Os ISRSs são os antidepressivos de maior uso clínico na atualidade devido à facilidade de uso, tolerabilidade relativa, custo, segurança em casos de superdosagem e diver- sidade de usos, sendo também utilizados no tratamento de outras doenças como transtorno de pânico, bulimia, transtorno obsessivo-compulsivo e trans- torno de ansiedade generalizada (KATZUNG; TREVOR, 2017). Os ADTs (p. ex., imipramina, desipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomi- pramina) eram os principais antidepressivos antes da introdução dos ISRSs. Atualmente eles são indicados para o tratamento da depressão não responsiva aos ISRSs ou os IRSNs. Esses fármacos variam quanto a sua atividade e seleti- vidade em relação à inibição da recaptação de serotonina e norepinefrina. A imipramina, por exemplo, é muito anticolinérgica e apresenta forte inibição da recaptação de ambos transmissores, enquanto a desipramina é muito menos anticolinérgica e apresenta maior potência e ligeira seletividade para a recap- tação de NE quando comparado com a imipramina (KATZUNG; TREVOR, 2017). Os IRSNs (p. ex. venlafaxina, desvenlafaxina, duloxetina e levomilnacipra- na) são efetivos no tratamento do TDM e também possuem outros usos te- rapêuticos como no tratamento da fi bromialgia e neuropatias, na ansiedade generalizada, incontinência urinária por estresse e sintomas vasomotores da menopausa. Os IRSNs, assim como os ADTs, ligam-se aos transportadores de serotonina (SERT) e de norepinefrina (NET), inibindo a recaptação desses trans- missores, no entanto, os IRSNs não apresentam afi nidade com outros recepto- FARMACOLOGIA BÁSICA 90 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 90 28/08/2020 09:23:53 res como os ADTs, o que leva à diminuição de efeitos colaterais relacionados ao uso destes fármacos. A venlafaxina, por exemplo, apresenta atividade seme- lhante à imipramina porém com menos efeitos colaterais. Os inibidores da recaptação de norepinefrina incluem a bupropiona, reboxetina e atomoxetina. A bupropiona é um fármaco utilizado no trata- mento da depressão associada à ansiedade e atua inibindo seletivamente a recaptação de NE sobre a serotonina, no entanto, também inibe a re- captação da dopamina. A reboxetina inibe seletivamente a recaptação de NE e é considerada mais segura e com menos efeitos adversos quando comparada aos ADTs. No Quadro 4 é possível ver as várias características farmacocinéticas dos ini- bidores da captura das monoaminas e das demais classes de antidepressivos. Classe Biodisponibilidade (%) t1/2 plasmática (horas) Volume de distribuição (L/ kg) Ligação às proteínas (%) ISRSs Citalopram 80 33-38 15 80 Escitalopram 80 27-32 12-15 80 Fluoxetina 70 48-72 12-97 95 Fluvoxamina 90 14-18 25 80 Paroxetina 50 20-23 28-31 94 Sertralina 45 22-27 20 98 IRSNs Duloxetina 50 12-15 10-14 97 Milnaciprana 85-90 6-8 5-6 13 Venlafaxina 45 8-11 4-10 2 DuloxetinaDuloxetina Milnaciprana Duloxetina MilnacipranaMilnaciprana Venlafaxina Milnaciprana VenlafaxinaVenlafaxinaVenlafaxina 50 85-9085-90 45 12-1512-15 6-8 8-118-11 10-1410-14 5-6 4-104-10 97 13 2 CitalopramCitalopramCitalopram Escitalopram Citalopram EscitalopramEscitalopram Fluoxetina Escitalopram Fluoxetina Fluvoxamina Fluoxetina Fluvoxamina 80 Fluvoxamina Paroxetina Fluvoxamina Paroxetina 80 Paroxetina Sertralina Paroxetina Sertralina 70 Sertralina 33-38 90 33-38 50 27-3227-32 45 48-7248-72 14-18 15 14-18 20-23 12-15 20-23 12-15 22-2712-97 22-27 80 25 28-31 80 28-31 95 20 80 94 98 QUADRO 4. USOS TERAPÊUTICOS DOS PRINCIPAIS BARBITÚRICOS FARMACOLOGIA BÁSICA 91 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 91 28/08/2020 09:23:58 Fonte: KATZUNG; TREVOR; 2017. (Adaptado). ADTs Amitriptilina 45 31-46 5-10 90 Clomipramina 50 19-37 7-20 97 Imipramina 40 9-24 15-30 84 Antagonistas do receptor de monoamina Nefazodona 20 2-4 0,5-1 99 Trazodona 95 3-6 1-3 96 IMAOs Fenelzina ND 11 ND ND Selegilina 4 8-10 8-10 99 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. AmitriptilinaAmitriptilinaAmitriptilina Clomipramina Amitriptilina Clomipramina Amitriptilina Clomipramina Imipramina Clomipramina Imipramina Clomipramina ImipraminaImipramina 45 50 40 31-4631-46 19-3719-37 9-249-24 5-10 7-207-20 15-3015-30 90 97 84 NefazodonaNefazodonaNefazodona TrazodonaTrazodonaTrazodona 20 95 2-4 3-6 0,5-1 0,5-1 1-3 99 99 96 FenelzinaFenelzinaFenelzina SelegilinaSelegilina IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Selegilina IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. ND IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 11 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 8-10 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 8-10 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. ND IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 8-10 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 8-10 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. ND IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. 99 IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. IMAOs: inibidores da monoaminoxidase; ND: nenhum dado encontrado; IRSNs: inibidores da re- captação de serotonina-norepinefrina; ISRSs: inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Antagonistas do receptor de monoamina Os antagonistas do receptor de monoamina incluem a trazodona, nefazodo- na, mirtazapina e mianserina. Esses fármacos não são seletivos e, com isso, ini- bem outros receptores. A trazodona, por exemplo, inibe os receptores 5-HT2 e os receptores α1-adrenérgicos, além de também inibir o transportador de serotonina embora com me- nor potência. Já a mirtazapina e a mianserina inibem os receptores da histamina H1 e também apresentam afi nidade com os receptores α2-adrenérgicos. Quanto aos usos clínicos a trazodona apresenta efi cácia mais limitada quan- do comparada aos ISRSs, enquanto a mirtazapina e a mianserina promovem bastante sedação, sendo os tratamento de escolha para pacientes depressivos que sofrem de insônia. FARMACOLOGIA BÁSICA 92 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 92 28/08/2020 09:24:06 Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) Os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) foram introduzidos na década de 1950, porém, atualmente, possuem pouco uso clínico, em decorrência da sua toxicidade e de sua baixa segurança, já que certas interações medicamen- tosas e alimentares podem ser fatais. Seus usos terapêuticos incluem o trata- mento da depressão não responsiva a outros antidepressivos, da doença de Parkinson e da ansiedade social e transtorno de pânico. Os IMAOs disponíveis comercialmente incluem a fenelzina, a isocarboxazi- da, a tranilcipromina, a selegilina e a moclobemida. A fenelzina, isocarboxazida e tranilcipromina são inibidores irreversíveis e não seletivos aos subtipos MAO-A e MAO-B, enquanto os outros IMAOs apresentam propriedades reversíveis e seletivaspara de- terminado subtipo (p. ex. a moclobemida é reversível e seletiva para MAO-A. EXEMPLIFICANDO A “reação ao queijo”é um exemplo de uma interação grave entre IMAOs e alimentos. O queijo maturado contém tiramina, um neurotransmissor derivado da tirosina. Quando o queijo maturado é consumido em grandes quantidades por um paciente que faz uso IMAO, ocorre uma interação fármaco-nutriente que causa crise hipertensiva ou aumento súbito da pressão sanguínea que pode ser perigoso. Essa interação ocorre devido à tiramina ser degradada pela monoaminoxidase, inibida pelos IMAOs. Com isso, os níveis de tiramina aumentam no organismo causando efeitos simpaticomiméticos. Farmacologia dos antipsicóticos A psicose é um dos sintomas de doenças mentais que se caracteriza por uma realidade distorcida ou inexistente. Dentre os transtornos psicóticos mais comuns que acometem a população tem-se a depressão maníaco-de- pressiva, psicose induzida por substâncias, transtorno psicó- tico breve, transtorno delirante, transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, demência e delirium com aspectos psicóticos (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). FARMACOLOGIA BÁSICA 93 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 93 28/08/2020 09:24:06 Os sintomas dos transtornos psicóticos incluem as alucinações, ilusões, de- sorganização do pensamento, fala incoerente e agitação. Além desses sintomas, pacientes esquizofrênicos também apresentam os denominados sintomas ne- gativos, que incluem a apatia, avolição (incapacidade de iniciar ou persistir na busca de um objetivo), alogia (marcante pobreza de fala e fala vazia de conteúdo) e déficits cognitivos (p. ex. atenção, memória e cognição social) (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). A esquizofrenia possui um componente hereditário significativo e atinge cer- ca de 1% da população (RANG et al., 2016). Os primeiros fármacos que apresen- taram atividade na redução dos sintomas das esquizofrenia foram a reserpina e a clorpromazina, descobertos a partir dos estudos baseados na hipótese da do- pamina. No entanto, atualmente a reserpina não é mais utilizada como fárma- co antipsicótico e a clorpromazina é classificada como fármaco neuroléptico. De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015) “[...] o termo “neuroléptico” refere-se aos fármacos antipsicóticos típicos, que atuam através do bloqueio do receptor D2, mas são associados a efeitos colaterais extrapiramidais”. Segundo a hipótese da dopami- na a redução dos sintomas da esqui- zofrenia é obtida pela diminuição da neurotransmissão dopaminérgi- ca. No entanto, esta hipótese apre- senta limitações pois a dopamina não é responsável pelos déficits cognitivos associados à essa doen- ça, e nem explica os efeitos alucinógenos da fenciclidina e cetamina que são fármacos antagonistas do receptor do glutamato N-metil-D-aspar- tato (NMDA) (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Porém, essa hipótese continua sendo relevante, pois, a partir dela é possível compreender os principais aspectos da esquizofrenia assim como os mecanismos de ação da maioria dos fármacos antipsicóticos (KATZUNG; TREVOR, 2017). Os fármacos mais recentes foram obtidos a partir da experiência com a clo- zapina, um agente antipsicótico atípico que provoca menos efeitos colaterais extrapiramidais (EEP), e de mecanismos não dopaminérgicos, como o antago- nismo do receptor 5-HT2. De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015) “[...] FARMACOLOGIA BÁSICA 94 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 94 28/08/2020 09:24:29 são promissores os medicamentos que almejam o glutamato e os subtipos do receptor 5-HT7, os receptores para o ácido γ-aminobutírico (GABA) e acetilco- lina (ambos muscarínicos e nicotínicos) e até mesmo os receptores de hormô- nios peptídicos (p. ex., a ocitocina)”. No entanto, até o momento, todos os an- tipsicóticos disponíveis comercialmente são antagonistas dos receptores D2 de dopamina, podendo ser divididos em duas principais classes: antipsicóticos de primeira e segunda geração. EXPLICANDO Os sintomas negativos da esquizofrenia são caracterizados pela ausência de manifestações psíquicas que deveriam estar presentes no indivíduo. Já os sintomas positivos referem-se aos comportamentos psicóticos que normalmente não são observados em pessoas saudáveis, como as aluci- nações, delírios, distúrbios de movimento e pensamentos desordenados. Antipsicóticos de primeira geração A classifi cação em antipsicóticos de primeira e segunda geração é basea- da no perfi l dos receptores, incidência de EEP, efi cácia em pacientes não res- ponsíveis ao tratamento e efi cácia no tratamento dos sintomas negativos. Os antipsicóticos de primeira geração (também conhecidos como “an- tipsicóticos típicos” ou “convencionais”) são aqueles que foram desenvol- vidos inicialmente, como a clorpromazina, haloperidol e outros compos- tos análogos (p. ex. f lufenazina, flupentixol e clopentixol). Os antipsicóticos de primeira geração atuam bloqueando os recepto- res D2 de modo estereosseletivo (em grande parte) sendo que a afinida- de de ligação ao receptor relaciona-se a potência antipsicótica e incidên- cia de EEP. A clorpromazina é um derivado da fenotiazina com baixa potência, incidência média de EEP e que provoca alta ação sedativa e hipotensora, além de ganho de peso. Outro derivado da fenotiazina é a flu- fenazina, e ele difere da clorpromazina por apresentar alta potência clínica e baixa ação sedativa e hipoten- sora. No entanto, a flufenazina apresenta uma inci- dência alta de EEP (KATZUNG; TREVOR, 2017). FARMACOLOGIA BÁSICA 95 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 95 28/08/2020 09:24:29 O haloperidol, um derivado de butirofenona, é o antipsicótico de primeira geração mais utilizado, possuindo alta potência e baixa ação sedativa e hipo- tensora. No entanto, esse fármaco apresenta um nível elevado de EEP quando comparado aos demais fármacos dessa classe (KATZUNG; TREVOR, 2017). Antipsicóticos de segunda geração Os antipsicóticos de segunda geração (também conhecidos como “an- tipsicóticos atípicos” ) foram desenvolvidos mais recentemente e incluem a clozapina, risperidona, olanzapina, sertindol, quetiapina, amissulprida, aripi- prazol, zotepina, ziprasidona. Esses fármacos causam menos efeitos adver- sos e apresentam uma farmacologia complexa, diferente dos compostos de primeira geração. Os fármacos atípicos possuem maior capacidade de atuar sobre recep- tores 5-HT2A (antagonismo) do que nos receptores D2, e a maior parte deles também atuam como agonistas parciais do receptor 5-HT1A, o que resulta em efeitos sinérgicos. A maioria desses fármacos também são antagonistas dos receptores 5-HT6 ou 5-HT7. A escolha do antipsicótico baseia-se nas diferenças da efi cácia e do sur- gimento de efeitos colaterais, além do custo e da disponibilidade no setor público. No Quadro 5 é possível ver algumas vantagens e desvantagens dos antipsicóticos de segunda geração, enquanto no Quadro 6 é possível ver os principais efeitos colaterais dos fármacos antipsicóticos. QUADRO 5. ALGUNS FÁRMACOS ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO Fármaco Vantagens Desvantagens Clozapina Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade extrapiramidal. Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com a dose. Risperidona Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses baixas. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. ClozapinaClozapinaClozapinaClozapina RisperidonaRisperidona Possibilidade de benefi ciar Risperidona Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- Risperidona Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidadeextrapiramidal. Ampla efi cácia; pouca ou ne- Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade extrapiramidal. Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade extrapiramidal. Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses Possibilidade de benefi ciar pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade extrapiramidal. Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses pacientes resistentes ao tra- tamento; pouca toxicidade extrapiramidal. Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses tamento; pouca toxicidade Possibilidade de causar agra- Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses baixas. Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses baixas. Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses baixas. Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com Ampla efi cácia; pouca ou ne- nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com nhuma disfunção do sistema extrapiramidal com doses Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com Disfunção do sistema extra- Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com a dose. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com a dose. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com Possibilidade de causar agra- nulocitose em até 2% dos pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com a dose. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. pacientes; redução do limiar convulsivo relacionada com Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. convulsivo relacionada com Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com doses mais altas. Disfunção do sistema extra- piramidal e hipotensão com FARMACOLOGIA BÁSICA 96 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 96 28/08/2020 09:24:32 Olanzapina Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Quetiapina Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho de peso. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da dose 2x/dia. Ziprasidona Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- cardiograma. Aripiprazol Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Incertas, possíveis novas toxicidades. OlanzapinaOlanzapinaOlanzapinaOlanzapina QuetiapinaQuetiapina Efetiva contra sintomas neg- Quetiapina Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; Quetiapina Ziprasidona Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção Ziprasidona Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Ziprasidona Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- Ziprasidona Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- Aripiprazol Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho Aripiprazol Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho Aripiprazol Efetiva contra sintomas neg- ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma Aripiprazol ativos, bem como positivos; pouca ou nenhuma disfunção do sistema piramidal. Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho de peso. Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma pouca ou nenhuma disfunção Ganho de peso; redução rela- Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho de peso. Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Ganho de peso; redução rela- Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do Semelhante à olanzepina, tal- vez com menos ganho Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da Talvez menos ganho de peso do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da do que com a clozapina, forma parenteral disponível. Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da Prolongamento do QTc (inter- Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Ganho de peso; redução rela- cionada com a dose do limiar convulsivo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da dose 2x/dia. Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da dose 2x/dia. Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- Menor tendência ao ganho de peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da dose 2x/dia. Prolongamento do QTc (inter-valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- peso, meia-vida longa, poten- cial de mecanismo novo. Pode exigir doses altas se houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da dose 2x/dia. Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- houver hipotensão associada; t1/2 curta e administração da Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- Incertas, possíveis novas t1/2 curta e administração da Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- cardiograma. valo QT corrigido) do eletro- Incertas, possíveis novas Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- cardiograma. Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- valo QT corrigido) do eletro- Prolongamento do QTc (inter- Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas valo QT corrigido) do eletro- Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novasIncertas, possíveis novas toxicidades. Incertas, possíveis novas Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017. (Adaptado). Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017. (Adaptado). QUADRO 6. EFEITOS COLATERAIS DOS FÁRMACOS ANTIPSICÓTICOS Tipo Manifestações Mecanismos Sistema nervoso autônomo Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Sistema nervoso central Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Bloqueio dos receptores de dopamina. Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Sistema endócrino Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Outros Ganho de peso. Possivelmente bloqueio H1 e 5-HT2 combinado. Sistema nervoso autônomoSistema nervoso autônomoSistema nervoso autônomoSistema nervoso autônomoSistema nervoso autônomoSistema nervoso autônomo Sistema nervoso central Sistema nervoso autônomo Sistema nervoso central Sistema nervoso autônomo Perda da acomodação, boca Sistema nervoso central Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, Sistema nervoso central Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, Sistema nervoso central Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- Sistema nervoso central Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Sistema nervoso central Sistema endócrino Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Sistema nervoso central Sistema endócrino Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Síndrome de Parkinson, Sistema endócrino Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Síndrome de Parkinson, Sistema endócrino Perda da acomodação, boca seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Sistema endócrino Outros seca, difi culdade de urinar, constipação intestinal. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Outros Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Bloqueio muscarínico dos re- Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Hipotensão ortostática, im- potência, falha na ejaculação. Bloqueio muscarínico dos re- Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Amenorreia, galactorreia, in- potência, falha na ejaculação. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Síndrome de Parkinson, acatisia, distonias. Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Amenorreia, galactorreia, in- Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores Síndrome de Parkinson, Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores Discinesia tardia. Estado tóxico-confusional. Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Estado tóxico-confusional. Bloqueio dos receptores de Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Estado tóxico-confusional. Bloqueio dos receptores de Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Ganho de peso. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Bloqueio dos receptores de Supersensibilidade dos recep- Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Ganho de peso. Bloqueio muscarínico dos re- ceptores colinérgicos. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Bloqueio dos receptores de dopamina. Supersensibilidade dos recep- Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Ganho de peso. Bloqueio dos receptores α-adrenérgicos. Bloqueio dos receptores de dopamina. Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Amenorreia, galactorreia, in- fertilidade, impotência. Ganho de peso. Bloqueio dos receptores Bloqueio dos receptores de dopamina. Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Ganho de peso. Bloqueio dos receptores de dopamina. Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de Bloqueio dos receptores de Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H Supersensibilidade dos recep- tores de dopamina. Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H Supersensibilidade dos recep- Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H Bloqueio muscarínico. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H 5-HT Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H 2 combinado. Bloqueio dos receptores de dopamina, resultando em hiperprolactinemia. Possivelmente bloqueio H combinado. dopamina, resultando em Possivelmente bloqueio H combinado. Possivelmente bloqueio H combinado.1 e Farmacologia dos anticonvulsivantes A epilepsia é um distúrbio neurológico muito comum, caracterizada por con- vulsões, que atinge aproximadamente 1% da população mundial. De acordo com Rang et al (2016) “nem todas as crises envolvem convulsões. Essas estão associa- FARMACOLOGIA BÁSICA 97 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 97 28/08/2020 09:24:43 das à despolarização episódica de alta frequência de impulsos por um grupo de neurônios (algumas vezes referido como foco) no cérebro. O que se inicia como despolarização local anômala pode propagar-se para outras áreas do cérebro”. O tratamento da epilepsia é sintomático, visto que até o momento não há cura para essa condição. No entanto, 20% dos pacientes não apresen- tam controle das convulsões após o uso da farmacoterapia padrão. As cri- ses convulsivas podem levar à depressão transitória da consciência, o que prejudica as atividades cotidianas do indivíduo (KATZUNG; TREVOR, 2017; HILAL-DANDAN, 2015). As causas da epilepsia são diversas, podendo desenvolver-se após lesão cere- bral, doenças traumáticas, neoplásicas e degenerativas, infecção ou crescimento tumoral, assim como defeitos genéticos e de desenvolvimento. Com base nas par- ticularidades da crise convulsiva, essas podem ser classificadas em: crises parciais e crises generalizadas. O conhecimento do tipo de convulsão é importante para definir a melhor terapia farmacológica. As crises parciais acometem apenas uma parte do cérebro e podem ser subdi- vidas em: • Crises parciais simples: manifestações determinadas pela região do córtex ati- vada pela crise, com duração de cerca de 20-60s, com preservação da consciência; • Crises parciais complexas: presença de movimentos involuntários como estalar dos lábios ou contorção das mãos, com comprometimento da consciência por cerca de 30s a 2 min; • Crises parciais secundariamente generalizadas: ocorre quando a crise do tipo parcial simples ou complexa evolui para uma crise tônico-clônica. Já as crises generalizadas envolvem todo o cérebro e podem ser subdividas em: • Crises de ausência: comprometimento abrupto da consciência associado a olhar fixo, de curta duração (inferior a 30s) levando à interrupção das atividades realizadas pelo indivíduo no momento; • Crises mioclônicas: contrações musculares muito rápidas (aproximadamente 1s) semelhantes a choques, podendo ser locais, atingindo apenas uma parte do membro, ou generalizadas; • Crises tônico-clônicas: contrações persistentes (tônicas) dos músculos de todo o corpo e perda da consciência, seguidas por períodos de contrações musculares al- ternados com períodos de relaxamento (clônicos), com duração de cerca de 1-2 min. FARMACOLOGIA BÁSICA 98 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 98 28/08/2020 09:24:43 Anticonvulsivantes clássicos Os fármacos anticonvulsivantes, também conhecidos como antiepi- lépticos, atuam inibindo a despo- larização neuronal através de três diferentes mecanismos de ação: a) potencialização da ação do GABA; b) inibição da função dos canais de só- dio; c) inibição da função dos canais de cálcio. Os anticonvulsivantes de- senvolvidos recentemente apresentam novos mecanismos de ação, sendo alguns ainda não elucidados (RANG et al., 2016). Dentre os fármacos anticonvulsivantes clássicos, tem-se a carbamazepi- na, fenitoína, valproato, etossuximida, fenobarbital e os benzodiazepínicos. O fenobarbital e os benzodiazepínicos atuam potencializando a ativação dos receptores de GABAA através do favorecimento da abertura dos canais de cloreto, enquanto a carbamazepina e fenitoína inibem a excitabilidade da membrana através da ação destes fármacos sobre os canais de sódio depen- dentes de voltagem. Os agentes que são utilizados no tratamento de crises de ausência, como o valproato e a etossuximida, atuam inibindo os canais de cálcio que são ativados por baixa voltagem do canal do tipo T, sendo esses relevantes na determinação do ritmo de despolarização dos neurônios do tálamo (RANG et al., 2016). A carbamazepina é o anticonvulsivante mais utilizado clinicamente, sendo especialmente efi caz no tratamento das crises convulsivas do tipo parciais complexas. Ela também é utilizada no tratamento de outras condições, como dor neuropática e doença maníaco-depressiva. A fenitoína também é um fár- maco muito utilizado, sendo efi caz nas crises convulsivas dos tipos parciais e generalizadas, porém sem efeitos nas crises de ausência. O fenobarbital, um dos primeiros barbitúricos desenvolvidos, apresenta usos clínicos seme- lhantes à fenitoína, porém é muito pouco utilizado por causar sedação. As propriedades farmacológicas dos anticonvulsivantes clássicos podem ser me- lhores vistas no Quadro 7. FARMACOLOGIA BÁSICA 99 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 99 28/08/2020 09:25:38 QUADRO 7. PROPRIEDADES DOS FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES CLÁSSICOS Fármaco Usos principais Principal(ais) efeito(s) adverso(s) Farmacocinética Carbamazepina Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico mais amplamente usado. Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- mente) Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- rações medicamentosas. Fenitoína Todos os tipos, exceto crises de ausência. Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- ções de hipersensibilidade. Meia-vida de ∼24h Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração plasmática. Valproato Maioria dos tipos, inclusive crises de ausência. Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. Meia-vida de 12-15h. Etossuximida Crises de ausência Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Náuseas, anorexia, alterações do humor, cefaleia. Meia-vida plasmática longa (∼60h). Fenobarbital Todos os tipos, exceto crises de ausência. Sedação, depressão. Meia-vida plasmática longa (> 60h) Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- pam, clobazam, lorazepam, diazepam) Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. Sedação Síndrome de abstinência. Lorazepam tem meia-vida de 8-12h. CarbamazepinaCarbamazepinaCarbamazepinaCarbamazepina Todos os tipos, exceto Carbamazepina Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico Fenitoína Todos os tipos, exceto crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico mais amplamente Fenitoína crises de ausência. Es- pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico mais amplamente Fenitoína pecialmente epilepsia do lobo temporal. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico mais amplamente usado. Também usada em neuralgia do trigê- meo. Antiepiléptico mais amplamente usado. Sedação, ataxia, visão Todos os tipos, exceto meo. Antiepiléptico mais amplamente usado. Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- Todos os tipos, exceto Valproato mais amplamente Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- Todos oscom fi nalidade profi lática, curativa, paliativa ou para fi ns de diagnóstico. FARMACOLOGIA BÁSICA 15 SER_FARMA_FARMABA_UNID1.indd 15 28/08/2020 09:16:05 No Quadro 1 é possível ver as defi nições de algumas dessas formas farma- cêuticas: QUADRO 1. COMPETÊNCIAS PARA O PROFISSIONAL Cápsula É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. Comprimido É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. Creme É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. Emulsão É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. Gel É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. Pó É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. Pomada É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. Solução É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. Suspensão É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi-É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consistetipos, exceto crises de ausência. Valproato Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência Todos os tipos, exceto crises de ausência. Valproato Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Todos os tipos, exceto crises de ausência. Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Todos os tipos, exceto crises de ausência. Maioria dos tipos, Sedação, ataxia, visão embaçada, retenção hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Todos os tipos, exceto crises de ausência. Maioria dos tipos, inclusive crises de hídrica, reações de hi- persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Meia-vida de 12-18h Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, Maioria dos tipos, inclusive crises de persensibilidade, leu- copenia, insufi ciência hepática (raras). Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- Maioria dos tipos, inclusive crises de ausência. copenia, insufi ciência Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- Forte indução de en- zimas microssômicas, Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- Maioria dos tipos, inclusive crises de ausência. Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- mente) Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- Maioria dos tipos, inclusive crises de ausência. Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- mente) Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- Ataxia, vertigem, hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- hipersensibilidade. inclusive crises de Meia-vida de 12-18h (mais longa inicial- mente) Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- medicamentosas. hipertrofi a gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- ções de hipersensibilidade. Em geral, menos que com outros fármacos (mais longa inicial- Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- rações medicamentosas. hirsutismo, anemia megaloblástica, mal- formação fetal, rea- ções de hipersensibilidade. Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- Forte indução de en- zimas microssômicas, portanto risco de inte- rações medicamentosas. megaloblástica, mal- formação fetal, rea- hipersensibilidade. Meia-vida de Cinética de saturação, Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. zimas microssômicas, portanto risco de inte- rações medicamentosas. hipersensibilidade. Meia-vida de Cinética de saturação, portanto, níveis plas- Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. portanto risco de inte- medicamentosas. hipersensibilidade. Meia-vida de Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. medicamentosas. Meia-vida de Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração Em geral, menos que com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. 24h Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração com outros fármacos Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. 24h Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração plasmática. Náuseas, perda de ca- belos, ganho de peso, malformações fetais. Cinética de saturação, portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração plasmática. belos, ganho de peso, malformações fetais. portanto, níveis plas- máticos imprevisíveis Costuma ser neces- sária a monitoração plasmática. Meia-vida de 12-15h. Costuma ser neces- sária a monitoração plasmática. Meia-vida de 12-15h. sária a monitoração Meia-vida de 12-15h.Meia-vida de 12-15h.Meia-vida de 12-15h.Meia-vida de 12-15h. EtossuximidaEtossuximidaEtossuximidaEtossuximidaEtossuximida Fenobarbital Crises de ausência Pode exacerbar crises Fenobarbital Crises de ausência Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Fenobarbital Benzodiazepínicos Crises de ausência Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Fenobarbital Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- Crises de ausência Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- pam, clobazam, Crises de ausência Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Todos os tipos, exceto Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- pam, clobazam, lorazepam, Pode exacerbar crises tônico-clônicas. Todos os tipos, exceto crises de ausência. Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- pam, clobazam, lorazepam, diazepam) malformações fetais. Pode exacerbar crises Todos os tipos, exceto crises de ausência. Benzodiazepínicos (p. ex., clonaze- pam, clobazam, lorazepam, diazepam) malformações fetais. Náuseas, anorexia, alterações do humor, Todos os tipos, exceto crises de ausência. pam, clobazam, lorazepam, diazepam) malformações fetais. Náuseas, anorexia, alterações do humor, Todos os tipos, exceto crises de ausência. diazepam) malformações fetais. Náuseas, anorexia, alterações do humor, Todos os tipos, exceto crises de ausência. malformações fetais. Náuseas, anorexia, alterações do humor, cefaleia. alterações do humor, cefaleia. alterações do humor, crises de ausência. Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. malformações fetais. Náuseas, anorexia, alterações do humor, cefaleia. alterações do humor, cefaleia. alterações do humor, Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. Náuseas, anorexia, alterações do humor, cefaleia. Sedação, depressão. Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. alterações do humor, Sedação, depressão. Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. Meia-vida plasmática Sedação, depressão. Lorazepam tem meia-vida de 8-12 h. Meia-vida plasmática Sedação, depressão. meia-vida de 8-12 h. Meia-vida plasmática longa ( Sedação, depressão. Meia-vida plasmática longa ( Sedação, depressão. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática longa (∼ Meia-vida plasmática Forte indução de en- Sedação Síndrome Sedação Síndrome Sedação de abstinência. Meia-vida plasmática 60h). Meia-vida plasmática longa (> 60h) Forte indução de en- zimas hepáticas, por- Sedação Síndrome Sedação Síndrome Sedação de abstinência. Meia-vida plasmática 60h). Meia-vida plasmática longa (> 60h) Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas Sedação Síndrome Sedação Síndrome Sedação de abstinência. Meia-vida plasmática longa (> 60h) Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). de abstinência. Meia-vida plasmática longa (> 60h) Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). de abstinência. Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). Forte indução de en- zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). Lorazepam tem meia-vida de 8-12h. zimas hepáticas, por- tanto, risco de inter- ações medicamentosas (p. ex., com fenitoína). Lorazepam tem meia-vida de 8-12h. ações medicamentosas (p. ex.,com fenitoína). Lorazepam tem meia-vida de 8-12h. (p. ex., com fenitoína). Lorazepam tem meia-vida de 8-12h. Lorazepam tem meia-vida de 8-12h.meia-vida de 8-12h. Fonte: RANG et al., 2016. (adaptado). Anticonvulsivantes desenvolvidos recentemente Dentre os fármacos anticonvulsivantes desenvolvidos recentemente, tem-se: vi- gabatrina, lamotrigina, gabapentina, pregabalina, felbamato, tiagabina, topiramato, levetiracetam, zonisamida, rufi namida, lacosamida, retigabina e perampanel. FARMACOLOGIA BÁSICA 100 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 100 28/08/2020 09:25:43 A vigabatrina e a tiagabina atuam potencializando a ação do GABA, o primeiro inibindo de forma irreversível a enzima GABA transaminase que inativa o GABA, e o segundo inibindo os transportadores (p. ex. GAT1, neuronais e gliais) que removem o GABA das sinapses. A lamotrigina e a lacosamida inibem a função dos canais de só- dio, sendo que a lamotrigina atua de forma semelhante aos anticonvulsivantes clássi- cos carbamazepina e fenitoína, enquanto a lacosamida, difere por afetar os processos de inativação lentos ao invés dos rápidos, como os demais. A gabapentina e a pregabalina atuam sobre os canais de cálcio, inibindo a entrada de cálcio nos terminais nervosos o que reduz a liberação de neurotransmissores e mo- duladores (RANG et al., 2016). Os demais fármacos anticonvulsivantes foram desenvolvidos com base na sua resposta nos modelos animais sem uma elucidação do mecanismo de ação em nível celular. Acredita-se que o levetiracetam liga-se à proteína SV2A (de synaptic vesicle protein 2A), o perampanel atue como antagonista AMPA não competitivo e a retiga- bina atue na ativação dos canais de potássio contendo a subunidade Kv7.2. As proprie- dades farmacológicas dos novos fármacos anticonvulsivantes podem ser melhores vistas no Quadro 8. Fármaco Usos principais Principal(ais) efeito(s) adverso(s) Farmacocinética Vigabatrina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- te psicose) Falhas no campo visual. Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Lamotrigina Todos os tipos Tontura, sedação, erupções cutâneas. Meia-vida plasmática de 24-36h. Gabapentina, pregabalina Crises parciais Poucos efeitos adver- sos, principalmente sedação. Meia-vida plasmática de 6-9h. VigabatrinaVigabatrinaVigabatrina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes Lamotrigina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Lamotrigina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Lamotrigina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Lamotrigina Todos os tipos Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Gabapentina, Parece ser efi caz em pacientes resistentes a outros fármacos. Gabapentina, pregabalina pacientes resistentes a outros fármacos. Sedação, alterações comportamentais e do Gabapentina, pregabalina Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- Todos os tipos Gabapentina, pregabalina Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- Todos os tipos pregabalina Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- te psicose) Falhas no campo Todos os tipos Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- te psicose) Falhas no campo Todos os tipos Sedação, alterações comportamentais e do humor (ocasionalmen- te psicose) Falhas no campo visual. Crises parciais comportamentais e do humor (ocasionalmen- te psicose) Falhas no campo visual. Crises parciais humor (ocasionalmen- Falhas no campo Tontura, sedação, Crises parciais Meia-vida plasmática Tontura, sedação, erupções cutâneas. Crises parciais Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Tontura, sedação, erupções cutâneas. Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Tontura, sedação, erupções cutâneas. Poucos efeitos adver- Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Tontura, sedação, erupções cutâneas. Poucos efeitos adver- sos, principalmente Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Tontura, sedação, erupções cutâneas. Poucos efeitos adver- sos, principalmente Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. erupções cutâneas. Poucos efeitos adver- sos, principalmente Meia-vida plasmática curta, mas inibição enzimática prolongada. Meia-vida plasmática Poucos efeitos adver- sos, principalmente sedação. enzimática prolongada. Meia-vida plasmática Poucos efeitos adver- sos, principalmente sedação. Meia-vida plasmática de 24-36h. Poucos efeitos adver- sos, principalmente sedação. Meia-vida plasmática de 24-36h. sos, principalmente Meia-vida plasmática de 24-36h. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática de 24-36h. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática de 6-9h. Meia-vida plasmática de 6-9h. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática QUADRO 8. PROPRIEDADES DOS NOVOS FÁRMACOS ANTICONVULSIONANTES FARMACOLOGIA BÁSICA 101 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 101 28/08/2020 09:25:46 Felbamato Usado geralmente para casos graves (síndrome de Len- nox-Gastaut) em razão do risco de reação adversa. Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- tica e lesão hepática (rara, mas grave). Meia-vida plasmática ∼20h e eliminado em forma inalterada. Tiagabina Crises parciais. Sedação Tontura Sensação de leveza. Meia-vida plasmática ∼7h Metabolismo hepático. Topiramato Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. Sedação Menos interações farmacocinéticas que a fenitoína Malformação fetal. Meia-vida plasmática ∼20h Eliminado em forma inalterada. Levetiracetam Crises parciais e tônico-clônica generalizadas. Sedação (discreta). Meia-vida plasmática ∼7h Eliminado em forma inalterada. Zonisamida Crises parciais. Sedação (discreta) Supressão do apetite, e perda de peso. Meia-vida plasmática ∼7h. Rufi namida Crises parciais. Cefaleia, tontura, fadiga. Meia-vida plasmática 6-10h. Lacosamida Crises parciais. Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação comprometida, mu- danças do humor. Meia-vida plasmática 13h. Retigabina Crises parciais. Crises parciais Prolongamento do intervalo QT, ganho de peso. Meia-vida plasmática 6-1h. Perampanel Crises parciais. Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- nação comprometida, alterações do humor e do comportamento. Meia-vida plasmática 70-100h. Fonte: RANG et al., 2016. (Adaptado). FelbamatoFelbamatoFelbamato Usado geralmente Usado geralmente para casos graves (síndrome de Len- Tiagabina Usado geralmente para casos graves (síndrome de Len- nox-Gastaut) em Tiagabina Usado geralmente para casos graves (síndrome de Len- nox-Gastaut) em razão do risco de Tiagabina Usado geralmente para casos graves (síndrome de Len- nox-Gastaut) em razão do risco de reação adversa. para casos graves (síndrome de Len- nox-Gastaut) em razão do risco de reação adversa. Topiramato (síndrome de Len- nox-Gastaut) em razão do risco de reação adversa. Topiramato razão do risco de reação adversa. Poucos efeitos adver- Crises parciais. Topiramato reação adversa. Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode Crises parciais. Topiramato Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- Crises parciais. Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemiaaplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- (rara, mas grave). Crises parciais. Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- (rara, mas grave). Crises parciais. Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- (rara, mas grave). Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. Poucos efeitos adver- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode causar anemia aplás- sos agudos, mas pode tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- (rara, mas grave). Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. sos agudos, mas pode causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- tica e lesão hepática causar anemia aplás- (rara, mas grave). Sedação Sensação de leveza. Crises parciais e generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. (rara, mas grave). Meia-vida plasmática Sedação Tontura Sensação de leveza. generalizadas tôni- co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. Meia-vida plasmática 20h e eliminado em Sedação Tontura Sensação de leveza. co-clônicas Síndrome Lennox-Gastaut. Meia-vida plasmática 20h e eliminado em forma inalterada. Tontura Sensação de leveza. Menos interações farmacocinéticas que Meia-vida plasmática 20h e eliminado em forma inalterada. Sensação de leveza. Sedação Menos interações farmacocinéticas que Menos interações farmacocinéticas que Menos interações Meia-vida plasmática 20h e eliminado em forma inalterada. Sensação de leveza. Sedação Menos interações farmacocinéticas que Menos interações farmacocinéticas que Menos interações a fenitoína farmacocinéticas que a fenitoína farmacocinéticas que Malformação fetal. Meia-vida plasmática 20h e eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática Sedação Menos interações farmacocinéticas que Menos interações farmacocinéticas que Menos interações a fenitoína farmacocinéticas que a fenitoína farmacocinéticas que Malformação fetal. Meia-vida plasmática 20h e eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática Metabolismo hepático. Menos interações farmacocinéticas que Menos interações farmacocinéticas que Menos interações a fenitoína farmacocinéticas que a fenitoína farmacocinéticas que Malformação fetal. Meia-vida plasmática Metabolismo hepático. Menos interações farmacocinéticas que Menos interações farmacocinéticas que Menos interações a fenitoína farmacocinéticas que a fenitoína farmacocinéticas que Malformação fetal. Meia-vida plasmática ∼ Metabolismo hepático. farmacocinéticas que Malformação fetal. Meia-vida plasmática 7h Metabolismo hepático. Malformação fetal. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Metabolismo hepático. Meia-vida plasmática Eliminado em forma Meia-vida plasmática Metabolismo hepático. Meia-vida plasmática Eliminado em forma Metabolismo hepático. Meia-vida plasmática 20h Eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática 20h Eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática Eliminado em forma inalterada. Eliminado em forma inalterada. Eliminado em forma LevetiracetamLevetiracetamLevetiracetamLevetiracetam Zonisamida Crises parciais e Zonisamida Crises parciais e tônico-clônica generalizadas. Zonisamida Crises parciais e tônico-clônica generalizadas. Crises parciais e tônico-clônica generalizadas. Rufi namida Crises parciais e tônico-clônica generalizadas. Rufi namida generalizadas. Crises parciais. Rufi namida Crises parciais. Rufi namida Sedação (discreta). Crises parciais. Sedação (discreta). Crises parciais. Sedação (discreta). Crises parciais. Crises parciais. Sedação (discreta). Crises parciais. Sedação (discreta). Sedação (discreta) Supressão do apetite, Crises parciais. Sedação (discreta). Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Crises parciais. Meia-vida plasmática Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) e perda de peso. Supressão do apetite, e perda de peso. Supressão do apetite, Crises parciais. Meia-vida plasmática Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) e perda de peso. Supressão do apetite, e perda de peso. Supressão do apetite, Meia-vida plasmática Eliminado em forma Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) e perda de peso. Supressão do apetite, e perda de peso. Supressão do apetite, Meia-vida plasmática Eliminado em forma Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) Supressão do apetite, Sedação (discreta) e perda de peso. Supressão do apetite, e perda de peso. Supressão do apetite, Cefaleia, tontura, Meia-vida plasmática 7h Eliminado em forma inalterada. Supressão do apetite, e perda de peso. Cefaleia, tontura, Meia-vida plasmática Eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática Cefaleia, tontura, fadiga. Meia-vida plasmática Eliminado em forma inalterada. Meia-vida plasmática Cefaleia, tontura, fadiga. Eliminado em forma Meia-vida plasmática Cefaleia, tontura, fadiga. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática 7h. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática 6-10h. Meia-vida plasmática 6-10h. Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática LacosamidaLacosamidaLacosamidaLacosamida RetigabinaRetigabina Crises parciais. Retigabina Crises parciais. Retigabina Crises parciais.Crises parciais. Perampanel Crises parciais. Crises parciais. Perampanel Náuseas, vômitos, Crises parciais. Perampanel Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios Crises parciais. Perampanel Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação Crises parciais. Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação danças do humor. comprometida, mu- danças do humor. comprometida, mu- Crises parciais. Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação danças do humor. comprometida, mu- danças do humor. comprometida, mu- Crises parciais. Náuseas, vômitos, vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação danças do humor. comprometida, mu- danças do humor. comprometida, mu- Crises parciais. vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios visuais, coordenação vertigens, distúrbios comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação danças do humor. comprometida, mu- danças do humor. comprometida, mu- Crises parciaisProlongamento do Crises parciais Prolongamento do Crises parciais intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do Crises parciais. visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação comprometida, mu- visuais, coordenação danças do humor. comprometida, mu- danças do humor. comprometida, mu- Crises parciais Prolongamento do Crises parciais Prolongamento do Crises parciais intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do Crises parciais. danças do humor. Meia-vida plasmática Crises parciais Prolongamento do Crises parciais Prolongamento do Crises parciais intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do de peso. intervalo QT, ganho de peso. intervalo QT, ganho Crises parciais. Meia-vida plasmática Crises parciais Prolongamento do Crises parciais Prolongamento do Crises parciais intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do de peso. intervalo QT, ganho de peso. intervalo QT, ganho Meia-vida plasmática Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do de peso. intervalo QT, ganho de peso. intervalo QT, ganho Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- Meia-vida plasmática 13h. Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do intervalo QT, ganho Prolongamento do Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, Meia-vida plasmática 13h. Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de peso, sedação, coorde- Vertigens, ganho de nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática 6-1h. peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- nação comprometida, peso, sedação, coorde- alterações do humor e nação comprometida, alterações do humor e nação comprometida, do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e do comportamento. alterações do humor e Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática Meia-vida plasmática 70-100h. Meia-vida plasmática 70-100h. Meia-vida plasmática 70-100h. Meia-vida plasmática FARMACOLOGIA BÁSICA 102 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 102 28/08/2020 09:26:03 Farmacologia dos antiparkinsonianos A doença de Parkinson (DP) é uma síndrome clínica que altera progressiva- mente os movimentos, caracterizando-se por uma combinação de quatro mani- festações principais: rigidez muscular, bradicinesia (lentidão e pobreza de movi- mentos), tremor em repouso e instabilidade postural (KATZUNG; TREVOR, 2017; HILAL-DANDAN, 2015). Pacientes com DP apresentam um grau variável de comprometimento cog- nitivo devido o processo degenerativo afetar diferentes partes do cérebro, podendo a DP estar associada à demência, depressão e disfunção autônoma (RANG et al., 2016). De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015) “[...] o achado patológico característico da DP é a perda dos neurônios dopaminérgicos pigmentados da parte compacta da substância negra, com aparecimento de inclusões in- tracelulares conhecidas como corpúsculos de Lewy. A DP sintomática está associada à perda de 70 a 80% desses neurônios que contêm dopamina”. Ade- mais, os neurônios que contêm noradrenalina e 5-hidroxitriptamina também são afetados (RANG et al., 2016). Sem um tratamento efetivo, essa síndrome é progressiva, causando incapacidade crescente e podendo levar à morte, no entanto, os trata- mentos atuais permitem a manutenção, por muitos anos, de uma mobili- dade funcional satisfatória, além do aumento da expectativa de vida. No entanto, nenhum dos fármacos atuais impedem a progressão da doença (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). A DP é mais comum em idosos, e geralmente não possui uma causa óbvia (idiopática), porém pode ser resultante de algumas condições cerebrais como isquemia cerebral, encefalite viral ou outros tipos de lesão patológica. Embora existam poucos casos de DP na mesma família, foram identifi cadas várias muta- ções gênicas, dentre elas as que codifi cam a sinucleína e a parquina e as muta- ções do gene LRRK2 (quinase de repetição rica em leucina). É importante relatar que alguns sintomas da DP também podem ser induzidos pelo uso de fármacos que diminuem a quantidade de dopamina no cérebro, como a reserpina, ou que bloqueiam os receptores deste neurotransmissor, como a clorpromazina, um an- tipsicótico (RANG et al., 2016). FARMACOLOGIA BÁSICA 103 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 103 28/08/2020 09:26:03 Na década de 1980 foi descoberto que uma neurotoxina denominada de 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetra-hidropiridina (MPTP) que afeta neurônios dopami- nérgicos foi responsável por causar uma forma grave de DP em usuários de um substituto de heroína que continha este composto na formulação. Com isso, um dos mecanismos de ação dos fármacos usados no tratamento da DP é o impedi- mento da neurotoxicidade induzida pela MPTP. Precursores da dopamina e agonistas dos receptores de dopamina De acordo com Rang et al (2016) os principais fármacos antiparkisonianos utilizados na atualidade são: • Levodopa (geralmente em combinação com carbidopa e entacapona); • Agonistas da dopamina (p. ex., pramipexol, ropinirol, bromocriptina); • Inibidores da monoaminoxidase B (MAO-B) (p. ex., selegilina, rasagilina); • Antagonistas dos receptores muscarínicos da acetilcolina (p. ex., triexife- nidil e benzatropina). A levodopa é o fármaco de escolha para o tratamento da DP, geralmen- te combinada com a carbidopa e entacapona. Essa combinação é altamen- te benéfica, pois reduz em aproximadamente 10 vezes a dose necessária de levodopa, além de diminuir os efeitos adversos periféricos. A levodopa (lggol-DOPA) é o precursor imediato da dopamina capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. Após adentrar o SNC, a levodopa é convertida em dopamina pela enzima aminoácido aromático descarboxilase (AADC). Quando administrada oralmente, a levodopa é convertida rapidamente em dopamina pela AADC no trato gastrintestinal,porém ape- nas 1 a 3% da dose administrada atinge o SNC em sua forma inalterada. A carbidopa, um inibidor da AADC, e a entacapona, um inibidor da catecol-O-metil- transferase (COMT), aumentam a fração de levodopa periférica disponível para o cére- bro (Figura 2), diminuindo a dose necessária de levodopa para obter uma eficácia clínica (GOLAN et al., 2009). FARMACOLOGIA BÁSICA 104 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 104 28/08/2020 09:26:03 Periferia Entacapona tolcapona Tolcapona Selegilina rasagilinaCarbidopa Barreira hematoencefálica DA DAL-DOPA MAOB L-DOPA 3MT3-O-MD Cérebro AADC DOPAC AADC COMT COMT LNAA Figura 2. Efeitos da carbidopa, dos inibidores da COMT e dos inibidores da MAO-B sobre o metabolismo periférico e central da levodopa. Fonte: GOLAN et al., 2009. Embora aproximadamente 80% dos pacientes que utilizam levodopa apresentem uma melhora inicial, especialmente da rigidez e da bradi- cinesia, ao passar do tempo, a efetividade deste fármaco declina gra- dualmente, sendo que o uso contínuo geralmente resulta em tolerância à medicação. A fim de aumentar a neurotransmissão dopaminérgica, no tratamento da DP também são utilizados os agonis- tas dos receptores de dopamina que incluem a bromocriptina (agonista D2), a pergolida (agonis- ta D1 e D2), o pramipexol (agonista D2/3) e o ro- pinirol (agonista D2/3). Esses fármacos possuem a vantagem de possuir meias-vidas mais longas que a levodopa, o que permite doses menos frequentes além de uma resposta mais uniforme aos fármacos. Além disso, esses fármacos permanecem sendo efetivos durante a fase avançada da DP. Por outro lado, a ten- dência em induzir efeitos adversos, como náuseas, vômitos, sonolência e risco de reações fibróticas nos pulmões, limita o uso dos agonistas dos receptores de dopamina (GOLAN et al., 2009). FARMACOLOGIA BÁSICA 105 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 105 28/08/2020 09:26:03 Inibidores da MAO e fármacos não dopaminérgicos Os inibidores da MAO (p. ex. seleginina) são utilizados como adjuvantes da levodopa na prática clínica, por proteger a dopamina da degradação in- traneuronal. A seleginina é um inibidor seletivo para a MAO-B (isoforma da MAO que predomina no estriado). A selegrina pode causar excitação, ansie- dade e insônia, uma vez que ela é metabolizada em anfetamina. A rasagilina é um análogo de selegrina e não possui estes efeitos adversos, podendo ser utilizada de forma mais segura no tratamento da DP (RANG et al., 2016). A safi namida, aprovada em 2017 nos Estados Unidos, é um fármaco que inibe tanto a MAO-B quanto a recaptação de dopamina e a liberação de glutamato (CABRITA, 2017). Dentre os fármacos não dopaminérgicos tem-se a amantadina, um fárma- co desenvolvido inicialmente como agente antiviral, no qual apresentou ativida- de benéfi ca na DP. A amantadina é menos efi caz que a levodopa no tratamento da DP, porém é utilizada na fase tardia da doença para a redução da discinesia induzida pelo tratamento prolongado com levodopa. Acredita-se que a amanta- dina atua bloqueando os receptores NMDA excitatórios através da estabilização do estado fechado do canal (RANG et al., 2016; GOLAN et al., 2009). O triexifenidil e a benzatropina são fármacos que atuam como antagonis- tas dos receptores muscarínicos, sendo utilizados no tratamento de pacien- tes que possuem como principal manifestação da DP o tremor. Esses fármacos modifi cam as ações dos neurônios colinérgicos estriatais, os quais regulam as interações dos neurônios das vias direta e indireta (GOLAN et al., 2009). De acordo com Rang et al (2016) como novas abordagens farmacológicas tem-se os “[...] antagonistas dos receptores A2A de adenosina (p. ex., istrade- fi lina e preladenant), antagonistas dos receptores 5-HT1A (p. ex., sarizotan) e antagonistas do receptor do glutamato ou moduladores alostéricos negati- vos (que atuam nos receptores mGluR5, AMPA ou NMDA), bem como os novos inibidores de COMT. FARMACOLOGIA BÁSICA 106 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 106 28/08/2020 09:26:03 Sintetizando Os fármacos que agem no SNC são amplamente utilizados na prática clíni- ca para o tratamento da insônia, ansiedade, depressão, ansiedade, esquizo- frenia, epilepsia, doenças neurodegenerativas, dentre outros. A ação de grande parte desses fármacos que atuam no SNC envolve a interação deles com receptores específicos, os quais regulam a transmissão sináptica. Diversos tipos de mediadores químicos estão envolvidos na sinali- zação no SNC, no entanto a maioria dos fármacos utilizados clinicamente tem ação sobre os mediadores de pequenas moléculas, como o glutamato, GABA e dopamina. Os fármacos sedativos-hipnóticos são depressores do SNC e produzem sedação com alívio da ansiedade ou induzem o sono. Pertencem a essa classe os barbitúricos, benzodiazepínicos e os novos agonistas do receptor benzo- diazepínico, como o zolpidem. Os fármacos antidepressivos são utilizados no tratamento do transtorno depressivo maior (TDM) e atuam aumentando a transmissão serotonérgica e noradrenérgica. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como a fluoxetina, paroxetina e sertralina, são os antidepressivos de maior uso clínico na atualidade. Outras subclasses de antidepressivos incluem os antidepressivos tricíclicos, os inibidores seletivos da recaptação de serotoni- na-norepinefrina, os inibidores da recaptação de norepinefrina, os antago- nistas do receptor de monoamina e os inibidores da monoaminoxidase. Os fármacos antipsicóticos são utilizados no tratamento dos transtornos psicóticos, como a esquizofrenia e a depressão maníaco-depressiva. Dentre os antipsicóticos de primeira geração, o haloperidol é o mais utilizado, e pos- sui alta potência e baixa ação sedativa, porém apresenta um nível elevado de efeitos colaterais extrapiramidais. Já os antipsicóticos de segunda geração apresentam menores efeitos adversos e incluem a clozapina, risperidona, olanzapina, quetiapina, dentre outros. Os fármacos anticonvulsivantes são utilizados no tratamento das crises convulsivas, que podem ser parciais ou generalizadas. A carbamazepina é um dos anticonvulsivantes mais utilizados clinicamente, sendo extensamente uti- lizada no tratamento das crises convulsivas do tipo parciais complexas. FARMACOLOGIA BÁSICA 107 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 107 28/08/2020 09:26:03 Os fármacos utilizados na doença de Parkinson incluem a levodopa, os ago- nistas do receptor da dopamina, os inibidores da monoaminoxidase B e a aman- tadina. Porém nenhum desses fármacos impedem a progressão da doença. A combinação de levodopa com a carbidopa e a entacapona geralmente é a te- rapia medicamentosa de escolha para o tratamento da doença de Parkinson, no entanto a efetividade da levodopa declina gradualmente com o aumento da tolerância à medicação. FARMACOLOGIA BÁSICA 108 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 108 28/08/2020 09:26:03 Referências bibliográficas CABRITA, M. F. V. F. O papel dos inibidores da Monoamino Oxidase nas Doen- ças Neurodegenerativas. 2017. 51 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Mestra- do). Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Portugal, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2020. GOLAN, D. E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farma- coterapia. 2. ed. [s.l.]: Guanabara Koogan, 2009. HILAL-DANDAN, R.; BRUNTON, L. Manual de farmacologia e terapêutica de Goodman & Gilman. Porto Alegre: AMGH, 2015. KATZUNG, B. G; TREVOR, A. J. Farmacologia Básica e Clínica. 13. ed. Porto Ale- gre: AMGH, 2017. RANG, H.P. et al. Rang & Dale Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. FARMACOLOGIA BÁSICA 109 SER_FARMA_FARMABA_UNID3.indd 109 28/08/2020 09:26:03 OUTROS FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS 4 UNIDADE SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd110 28/08/2020 09:24:59 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer a ação dos anestésicos e analgésicos no sistema nervoso central; Conhecer os fármacos utilizados na farmacoterapia da inflamação; Compreender as ações fisiológicas da histamina bem como os fármacos anti- histamínicos. Anestésicos gerais Anestésicos inalatórios Anestésicos intravenosos Anestésicos locais Estrutura química e propriedades farmacológicas Usos terapêuticos e efeitos adversos Gases terapêuticos Oxigênio Dióxido de carbono Hélio e óxido nítrico Analgésicos opioides e não opioides Agonistas e antagonistas dos receptores opioides Analgésicos não opioides Anti-inflamatórios não esteroidais Inibidores da cicloxigenase Inibidores seletivos da COX-2 Anti-inflamatórios esteroidais Corticosteroides sintéticos Indicações terapêuticas em distúrbios não suprarrenais Anti-histamínicos Antagonistas do receptor H1 Antagonistas dos receptores H2, H3 e H4 FARMACOLOGIA BÁSICA 111 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 111 28/08/2020 09:24:59 Anestésicos gerais Os anestésicos gerais são fármacos depressores do sistema nervoso cen- tral (SNC), cujo objetivo é possibilitar a realização de cirurgias ou procedimentos médicos desagradáveis. Esses fármacos procuram promover uma anestesia equilibrada que atenda aos requisitos de relaxamento, analgesia e amnésia, de acordo com a necessidade do procedimento a ser realizado (KATZUNG; TRE- VOR, 2017; RANG et al., 2016). Segundo Katzung e Trevor (2017), o estado neurofi siológico produzido pelos anestésicos gerais se caracteriza por cinco efeitos principais: perda da consciên- cia, amnésia, analgesia, inibição dos refl exos autônomos e relaxamento da musculatura esquelética. No entanto, nenhum anestésico utilizado na prática clínica é capaz de apresentar esses cinco efeitos quando administrado isolada- mente. Com isso, esses fármacos são normalmente administrados em conjunto. Os fármacos pertencentes a essa classe farmacológica possuem classes químicas diversas, dentre as quais têm-se: gases simples (óxido nitroso e xe- nônio), hidrocarbonetos halogenados (isofl urano), barbitúricos (tiopental) e esteroides (alfaxalona) (RANG et al., 2016). Na prática clínica, esses fármacos têm sido utilizados há mais de 170 anos, entretanto, o seu mecanismo de ação permanece desconhecido. Sabe-se que, embora os anestésicos atuem sobre os neurônios em diversos locais celula- res, o principal alvo tem sido a sinapse, podendo atuar na fase pré-sináptica, interferindo na liberação de neurotransmissores, ou na fase pós-sináptica, po- dendo alterar a frequência bem como a amplitude dos impulsos que saem da sinapse (KATZUNG; TREVOR, 2017). Organicamente, os anestésicos podem aumentar a atividade sináptica ini- bitória ou diminuir a atividade excitatória do sistema nervoso central. Segun- do Katzung e Trevor (2017), estudos realizados com tecido isolado da medula espinal demonstraram que a transmissão excitatória é muito mais afetada pelos anestésicos, em comparação à potencialização dos efeitos inibitórios. Os anestésicos alteram diferentes tipos de canais iônicos, entre os quais os canais de cloreto (recepto- res de ácido γ-aminobutírico A [GABAA] e glicina) e os FARMACOLOGIA BÁSICA 112 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 112 28/08/2020 09:24:59 canais de potássio (canais de K2P, possivelmente, KV e KATP) são considerados os principais candidatos de ação anestésica com efeitos inibitórios. Quando se tem como alvos canais iônicos com efeitos excitatórios, os principais canais iônicos são os ativados por: • Acetilcolina (receptores nicotínicos e muscarínicos); • Glutamato (receptores de ácido amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazol-pro- piônico (AMPA), de cainato e N-metil-d-aspartato (NMDA)); • Serotonina (receptores de 5-HT2 e 5-HT3). Outro fator que não sugere um mecanismo em particular, mas deve ser con- siderado, é a correlação da potência anestésica com a solubilidade lipídica prova- da por Overton e Meyer, na virada do século XX. O Gráfico 1 mostra a correlação entre a concentração alveolar mínima (CAM), que indica a potência anestésica nos seres humanos, e a solubilidade lipídica, expressa como coeficiente de par- tição óleo: água, de diversos agentes anestésicos inalatórios. O valor de CAM é inversamente proporcional à potência, visto que a CAM indica a quantidade ne- cessária para abolir a resposta à incisão cirúrgica em 50% dos indivíduos. Desse modo, o metoxiflurano, que apresenta uma alta solubilidade lipídica, é o que apresenta menor CAM, e, consequentemente, maior potência anestésica. GRÁFICO 1. CORRELAÇÃO DA POTÊNCIA ANESTÉSICA COM O COEFICIENTE DE PARTIÇÃO ÓLEO: GÁS DE DIVERSOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS 5.000 1.000 100 10 1 0,1 0,001 0,01 0,1 CA M (a tm ) Coeficiente de partição de óleo: gás (37 °C) Tetrafluoreto de carbono Hexafluorento de enxofre Óxido nitroso Xenônio Ciclopropano Fluroxeno Éter Halotano Clorofórmio Metoxiflurano 1 10 50 Fonte: RANG et al., 2016, p. 498. (Adaptado). FARMACOLOGIA BÁSICA 113 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 113 28/08/2020 09:24:59 Anestésicos inalatórios Muitos anestésicos inalatórios utilizados na prática clínica no passado, como o éter, clorofórmio, ciclopropano, metoxifl urano, foram substituídos pelo isofl urano, sevofl urano e desfl urano, que apresentam propriedades farma- cocinéticas melhoradas, menos efeitos adversos e, além disso, não são infl a- máveis. Atualmente, o isofl urano é o anestésico inalatório mais utilizado, pois não é consideravelmente metabolizado e possui poucos efeitos adversos. Dos fármacos mais antigos, o óxido nitroso ainda é amplamente utilizado, princi- palmente na obstetrícia, e em certas situações, o halotano também é utilizado (RANG et al., 2016). No Quadro 1, é possível ver as principais características dos anestésicos inalatórios. Fármaco Indução/ recuperação Principais efeitos adversos e desvantagens Observações Óxido nitroso Rápida Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. Isofl urano Média Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Desfl urano Rápida Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao óxido nitroso). Sevofl urano Rápida Poucos relatos; Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Similar ao desfl urano. Halotano Média Hipotensão; Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Enfl urano Média Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Pode induzir convulsões. Éter Lenta Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Risco de explosão. Obsoleto, exceto quando não houver instalações modernas. QUADRO 1. CARACTERÍSTICAS DOS ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Fonte: RANG et al., 2016, p. 504. (Adaptado). Óxido nitrosoÓxido nitrosoÓxido nitrosoÓxido nitrosoÓxido nitroso Isofl uranoIsofl uranoIsofl urano Rápida Isofl urano Rápida Desfl uranoDesfl urano Poucos efeitos adversos; Média Desfl urano Poucos efeitos adversos; Média Desfl urano Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia Rápida Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemiacoronariana nos pacientes Rápida Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes Poucos efeitos adversos; Risco de anemia (uso prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes Irritação do trato respiratório; prolongado ou repetido); Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. Irritação do trato respiratório; Acúmulo em cavidades gasosas. Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Acúmulo em cavidades gasosas. Bom efeito analgésico; Poucos efeitos adversos; Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. coronariana nos pacientes Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Poucos relatos; Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Poucos relatos; Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Irritação do trato respiratório; tosse; broncoespasmo. Poucos relatos; Bom efeito analgésico; A baixa potência impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Irritação do trato respiratório; Usado para cirurgias mais Poucos relatos; impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Usado para cirurgias mais simples por causa da impossibilita o uso como agente anestésico único. Amplamente usado como alternativa ao halotano. Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao Amplamente usado como alternativa ao halotano. Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao Amplamente usado como alternativa ao halotano. Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao alternativa ao halotano. Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao óxido nitroso). Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao óxido nitroso). Usado para cirurgias mais simples por causa da indução e recuperação rápidas (comparáveis ao óxido nitroso). indução e recuperação rápidas (comparáveis ao óxido nitroso). rápidas (comparáveis ao Sevofl uranoSevofl uranoSevofl uranoSevofl urano HalotanoHalotano Rápida Halotano Enfl urano Rápida Enfl urano Rápida Enfl urano Média Éter Média Éter Risco teórico de toxicidade Poucos relatos; Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Média Poucos relatos; Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Hepatotoxicidade (uso repetido); Média Poucos relatos; Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Lenta Poucos relatos; Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Hipotensão; Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Lenta Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Hipotensão; Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Hipotensão; Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Risco teórico de toxicidade renal pelo fl uoreto. Hipotensão; Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Arritmias cardíacas; Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Similar ao desfl urano. Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Hepatotoxicidade (uso repetido); Hipertermia maligna (rara). Pouco utilizado atualmente; Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa Risco de convulsões (leve); Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa Hipertermia maligna (rara). Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Náuseas e vômitos; Irritação respiratória; Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Risco de explosão. Similar ao desfl urano. Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Pode induzir convulsões. Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando Pouco utilizado atualmente; Metabolização signifi cativa a trifl uoracetato. Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando Metabolização signifi cativa Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando modernas. não houver instalações modernas. não houver instalações Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando modernas. não houver instalações modernas. não houver instalações Pode induzir convulsões. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando modernas. não houver instalações modernas. não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando modernas. Obsoleto, exceto quando não houver instalações Obsoleto, exceto quando nãohouver instalações Obsoleto, exceto quando FARMACOLOGIA BÁSICA 114 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 114 28/08/2020 09:25:07 CONTEXTUALIZANDO A maioria das operações cirúrgicas só ocorreram após a descoberta dos anestésicos inalatórios. O óxido nitroso e o éter já estavam sendo utilizados desde o início do século XIX, como entretenimento popular e na extração de dentes. Em 1846, o cirurgião John Collins Warren, do Massachusetts General Hospital, utilizou o éter como agente anestésico em uma das suas cirurgias e obteve sucesso. No mesmo ano, o clorofórmio foi utilizado como agente anestésico para aliviar a dor do parto pelo professor James Simpson, na Universidade de Edimburgo. Anestésicos intravenosos Os anestésicos intravenosos (propofol, tiopental e etomidato) atuam de modo mais rápido que os inalatórios, produzindo um estado de inconsciência em aproximadamente 20 segundos. Desse modo, esses fármacos, geralmente, são utilizados para indução da anestesia. Muitos anestésicos intravenosos não são adequados na manutenção da anestesia por apresentarem velocidade de eliminação lenta, quando comparados aos inalatórios. Para resolver esse pro- blema, um opioide de curta duração, como o alfentanilo ou remifentanilo, pode ser administrado para induzir a analgesia (RANG et al., 2016). O propofol é um agente anestésico potente, rapidamente metabolizado, de curta ação e útil para cirurgias simples. Esse fármaco substituiu largamente o tiopental como agente indutor. As outras características do propofol e dos demais anestésicos intravenosos podem ser vistas no Quadro 2. Fármaco Velocidade de indução e de recuperação Principais efeitos adversos Observações Propofol Início rápido, recuperação muito rápida. Depressão cardiovascular e respiratória. Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Tiopental Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação lenta), “ressaca”. Depressão cardiovascular e respiratória. Amplamente substituído pelo propofol; Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. QUADRO 2. CARACTERÍSTICAS DOS ANESTÉSICOS INTRAVENOSOS PropofolPropofolPropofol Tiopental Início rápido, recuperação muito Tiopental Início rápido, recuperação muito Tiopental Início rápido, recuperação muito rápida. Tiopental Início rápido, recuperação muito rápida. Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação muito rápida. Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação lenta), recuperação muito Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação lenta), Depressão cardiovascular Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação lenta), “ressaca”. Depressão cardiovascular Rápida (ocorre acúmulo, levando à recuperação lenta), “ressaca”. Depressão cardiovascular e respiratória. acúmulo, levando à recuperação lenta), “ressaca”. Depressão cardiovascular e respiratória. recuperação lenta), Depressão cardiovascular e respiratória. Depressão cardiovascular Depressão cardiovascular e respiratória. Depressão cardiovascular Depressão cardiovascular e respiratória. Depressão cardiovascular e respiratória. Depressão cardiovascular Depressão cardiovascular e respiratória. Rapidamente metabolizado; Depressão cardiovascular e respiratória. Rapidamente metabolizado; Depressão cardiovascular e respiratória. Rapidamente metabolizado; Uso possível como Causa dor no local da injeção. Depressão cardiovascular e respiratória. Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Depressão cardiovascular Amplamente substituído Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído Causa dor no local da injeção; Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído pelo propofol; Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Rapidamente metabolizado; Uso possível como infusão contínua; Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído pelo propofol; Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído pelo propofol; Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído pelo propofol; Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Causa dor no local da injeção. Amplamente substituído Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Causa dor no local da injeção; Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. Risco de precipitar a porfi ria em pacientes suscetíveis. FARMACOLOGIA BÁSICA 115 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 115 28/08/2020 09:25:10 Etomidato Início rápido, recuperação relativamente rápida. Efeitos excitatórios durante a indução e recuperação; Supressão das suprarrenais. Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. Cetamina Início lento, pós- efeitos comuns durante a recuperação. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão intracraniana. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. Midazolam Mais lento que os outros agentes. - Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. Fonte: RANG et al., 2016, p. 501. (Adaptado). Anestésicos locais Os anestésicos locais são fármacos que produzem uma perda completa de todas as modalidades sensoriais em uma determinada região do corpo sem causar perda da consciência. No entanto, muitas vezes, esses fármacos são uti- lizados como analgésicos. Quanto ao local de administração, a anestesia local se diferencia da anestesia geral por ser administrada diretamente no órgão-al- vo, e a circulação sistêmica é utilizada somente para diminuir ou interromper o seu efeito (KATZUNG; TREVOR, 2017). Na prática clínica, os agentes anestésicos locais mais utilizados incluem a procaína, a lidocaína, a bupivacaína e a tetracaína. Segundo Rang et al. (2016), o mecanismo de ação desses fármacos consiste: [...] no bloqueio do início e a propagação dos potenciais de ação por impedirem o aumento de condutância de Na+ voltagem-de- pendente. Eles bloqueiam os canais de sódio, fechando fi sica- mente o poro transmembrana, interagindo com resíduos de vá- rios aminoácidos do domínio helicoidal transmembrana S6 da proteína do canal (RANG et al., 2016, n.p.). Quando são utilizadas concentrações pequenas desses fármacos, ocorre a redução da taxa de aumento do potencial de ação estendendo a sua dura- ção, além do aumento do período refratário. Por outro lado, em concentrações mais altas, ocorre impedimento do disparo do potencial de ação. EtomidatoEtomidatoEtomidato Início rápido, Início rápido, recuperação relativamente Cetamina Início rápido, recuperação relativamente Cetamina Início rápido, recuperação relativamente rápida. Cetamina recuperação relativamente rápida. Início lento, pós- relativamente Início lento, pós- efeitos comuns Midazolam Efeitos excitatórios Início lento, pós- efeitos comuns durante a Midazolam Efeitos excitatórios durante a indução e Início lento, pós- efeitos comuns durante a recuperação. Midazolam Efeitos excitatórios durante a indução e recuperação; Início lento, pós- efeitos comuns durante a recuperação. Efeitos excitatórios durante a induçãoe recuperação; Supressão das efeitos comuns durante a recuperação. Efeitos psicotomiméticos Mais lento que os Efeitos excitatórios durante a indução e recuperação; Supressão das suprarrenais. recuperação. Efeitos psicotomiméticos Mais lento que os outros agentes. Efeitos excitatórios durante a indução e recuperação; Supressão das suprarrenais. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; salivação pós-operatórios; Mais lento que os outros agentes. durante a indução e recuperação; Supressão das suprarrenais. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Mais lento que os outros agentes. Supressão das suprarrenais. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão Mais lento que os outros agentes. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão Mais lento que os outros agentes. Menos depressão cardiovascular e respiratória Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão intracraniana. Menos depressão cardiovascular e respiratória Causa dor no local da injeção. Efeitos psicotomiméticos após a recuperação; Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão intracraniana. Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. Náuseas, vômitos e salivação pós-operatórios; Aumento da pressão intracraniana. Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. salivação pós-operatórios; Aumento da pressão intracraniana. Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. salivação pós-operatórios; Aumento da pressão - Menos depressão cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. Produz boa analgesia cardiovascular e respiratória que o tiopental; Causa dor no local da injeção. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. cardiovascular e respiratória Causa dor no local da injeção. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. Causa dor no local da injeção. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. Causa dor no local da injeção. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. respiratória ou cardiovascular. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. Produz boa analgesia e amnésia com baixa depressão respiratória. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. depressão respiratória. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular. Pequena depressão respiratória ou cardiovascular.respiratória ou cardiovascular.respiratória ou cardiovascular. FARMACOLOGIA BÁSICA 116 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 116 28/08/2020 09:25:13 Estrutura química e propriedades farmacológicas Grande parte dos anestésicos locais possuem em sua estrutura química um grupo lipofílico (por exemplo, anel aromático), um grupo éster ou amida e um grupo ionizável (por exemplo, amina terciária), conforme o Quadro 3. Os anestésicos com ligações éster apresentam uma duração de ação mais curta quando comparados àqueles com ligações amida, por sofrerem hidrólise mais facilmente (KATZUNG; TREVOR, 2017). Fármaco Estrutura Potência (procaína = 1) Duração da ação Ésteres Cocaína C C CH3 CH3O O O N O 2 Média Procaína H2N C CH2 - CH2 - N C2H5 C2H5 O O 1 Curta Tetracaína HN O OC CH2 - CH2 - N CH3 CH3C4H9 16 Longa Benzocaína H2N C CH2 - CH3 O O Uso apenas na superfície. - QUADRO 3. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE ALGUNS ANESTÉSICOS LOCAIS DO GRUPO ÉSTER E AMIDA FARMACOLOGIA BÁSICA 117 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 117 28/08/2020 09:25:13 Amidas Lidocaína C CH3 CH2 C2H5 C2H5 CH3 O NH N 4 Média Mepivacaína CH3 CH3 CH3 NH N C O 2 Média Bupivacaína, levobupivacaína CH3 NH C4H9 O CH3 C N 16 Longa Ropivacaína CH3 C O CH3 NH N C3H7 16 Longa Articaína C C CH CH3 CH3 C3H7 S O O NH OCH3 NH Não encontrado. Média Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 442. (Adaptado). Os anestésicos locais são bases fracas que, geralmente, estão disponíveis comercialmente na forma de sais, cujo objetivo é aumentar a sua solubilidade e estabilidade. Esses apresentam valores de pKa entre oito e nove, ou seja, se encontram principalmente na forma ionizada em pH fisiológico, sendo a ben- zocaína uma exceção, pois apresenta pKa igual a 3,5, existindo somente na forma não ionizada em condições fisiológicas normais. O sítio do receptor dos anestésicos locais se situa no vestíbulo interno do canal de sódio e, com isso, a ionização é um fator importante para a penetração desses fármacos na bainha nervosa e na membrana do axônio. FARMACOLOGIA BÁSICA 118 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 118 28/08/2020 09:25:13 No entanto, quando o anestésico se encontra dentro do axônio, é a forma ionizada que se liga ao canal e o bloqueia. Essa infl uência do pH é importante e deve ser considerada clinicamente, sendo que tecidos infl amados não respon- dem aos anestésicos locais, pois possuem um líquido extracelular relativamen- te ácido (RANG et al., 2016). Quanto às propriedades estereoquímicas, certas confi gurações especí- fi cas podem apresentar diferenças na potência dos estereoisômeros, como por exemplo, levobupivacaína (enantiômero S da bupivacaína) e ropivacaína (enantiômero puro contendo mais de 99% de sua forma levógira) (KATZUNG; TREVOR, 2017). Usos terapêuticos e efeitos adversos Os anestésicos locais apresentam como principais efeitos adversos aqueles que envolvem o sistema nervoso central e o cardiovascular. A procaína foi o pri- meiro agente anestésico sintético desenvolvido, entretanto, atualmente é pouco utilizada. Seus efeitos adversos no sis- tema nervoso central incluem agitação, tremores, ansiedade e, eventualmente, convulsões seguidas por depressão respiratória. No sistema cardiovascu- lar, pode causar bradicardia, diminui- ção do débito cardíaco e vasodilatação (RANG et al., 2016). A lidocaína é o protótipo dos anes- tésicos locais amídicos e é utilizada como o fármaco de referência para a comparação da maioria dos anestésicos, sendo utilizada em procedimentos de curta duração. Além das preparações injetáveis de lidocaína, são encontradas formulações para uso tópico, oftálmico, nas mucosas e via transdérmica. Para pacientes sensíveis aos anestésicos locais do tipo éster, a lidocaína é considerada uma opção benéfi ca. Com relação aos efeitos adversos, são semelhantes aos da procaína, no entanto, com menos ocorrência de efeitos no sistema nervoso cen- tral (KATZUNG; TREVOR, 2017; HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). FARMACOLOGIA BÁSICA 119 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 119 28/08/2020 09:25:41 A buvicaína é utilizada em procedimentos de maior duração, no entanto, seu uso está relacionado a um maior risco de cardiotoxicidade, o que faz com que seja evitada em procedimentos que necessitem de grandes volumes de anestési- co concentrado, como bloqueios epidural ou de nervos periféricos. A levobupiva- caína, enantiômero S da bupivacaína, causa menor cardiotoxicidade e menor de- pressão sobre o sistema nervoso central do que a mistura racêmica, no entanto, é menos potente e apresenta duração de ação mais longa. A articaína é utilizada na odontologia, enquanto a tetracaína é utilizada, especialmente, na anestesia espinhal e da córnea (RANG et al., 2016). Gases terapêuticos De acordo com a Anvisa (2016), os gases terapêuticos ou gases medicinais, [...] são medicamentos na forma de gás, gás liquefeito ou líquido criogênico isolados ou associadosentre si e administrados em hu- manos para fi ns de diagnóstico médico, tratamento ou prevenção de doenças e para restauração, correção ou modifi cação de fun- ções fi siológicas (ANVISA, 2016). Os gases terapêuticos, como o oxigênio e o dióxido de carbono, são utiliza- dos em hospitais e demais estabelecimentos de saúde, além de serem utiliza- dos em tratamentos domiciliares de pacientes. Esses produtos são classifi ca- dos como medicamentos e são regulados pela Anvisa por meio das resoluções RDC n. 69 e n. 70, de 2008. A RDC n. 69/2008 dispõe sobre as boas práticas de fabricação de gases medicinais, enquanto a RDC n. 70/2008 estabelece a lista de gases medicinais de uso con- sagrado e de baixo risco sujeitos à no- tifi cação e aos procedimentos para a notifi cação (ANVISA, 2016). Nos hospitais, também são utiliza- dos outros gases que não condizem com a defi nição de gás terapêutico, a exemplo do óxido de etileno frequen- temente utilizado em processos de esterilização. FARMACOLOGIA BÁSICA 120 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 120 28/08/2020 09:25:45 Oxigênio O oxigênio (O2) é indispensável à vida, e a hipóxia, que é a baixa concen- tração de oxigênio no sangue, sendo insufi ciente para atender às demandas metabólicas dos tecidos, pode ser uma condição fatal. A hipóxia pode ser cau- sada por diferentes fatores como alterações da perfusão tecidual, redução da pressão do oxigênio no sangue, alterações no transporte de oxigênio e redução da utilização de oxigênio no interior das células. Uma condição de hipóxia pode produzir uma interrupção do metabolismo aeróbio e da fosforilação oxidativa, a diminuição de compostos ricos em energia, a disfunção celular e, por fi m, como já mencionado, a morte (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). O oxigênio é fornecido com alta pureza sob a forma de gás comprimido em cilindros de aço. Esse gás medicinal pode ser administrado por inalação ou dissolvido diretamente no sangue circulante durante a circulação extracorpó- rea. A oxigenoterapia deve ser monitorada a fi m de alcançar o objetivo dessa terapia e evitar complicações e efeitos colaterais. A inalação de oxigênio é utilizada especialmente para reverter ou evitar a progressão de um quadro de hipóxia. Em geral, a hipóxia ocorre em decorrên- cia de uma doença subjacente (por exemplo, doenças pulmonares) e, com isso, a administração de oxigênio frequentemente é utilizada como medida tempo- rária até que o tratamento defi nitivo reverta a condição primária (HILAL-DAN- DAN; BRUNTON, 2015). De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015) outras condições que utili- zam o oxigênio como gás terapêutico são: • Redução da pressão parcial de um gás inerte: o nitrogênio ocupa a maio- ria dos espaços do organismo preenchidos por ar, desse modo, em algumas si- tuações, como no pneumotórax, é necessário reduzir o volume preenchido por ar, e isso é possível por meio de inalação de altas concentrações de oxigênio, que reduz a pressão parcial corporal total do nitrogênio, removendo-o rapida- mente dos espaços aéreos; • Oxigenoterapia hiperbárica: nessa terapia, o gás oxigênio pode ser ad- ministrado em pressão mais alta que a atmosférica, sendo útil no tratamento de queimaduras, traumatismo, lesão por radiação, infecções, úlceras não cica- trizadas, enxertos de pele, espasticidade e algumas condições neurológicas. FARMACOLOGIA BÁSICA 121 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 121 28/08/2020 09:25:45 Dióxido de carbono O dióxido de carbono (CO2) é naturalmente produzido pelo metabolismo em uma taxa semelhante ao consumo de oxigênio. A elevação da pressão parcial de gás carbônico (PCO2) provoca acidose respiratória, e sua diminuição causa alcalo- se respiratória. A acidose respiratória pode ser causada pela redução da inalação ou da ventilação de dióxido de carbono, enquanto a alcalose respiratória pode ser causada pelo aumento da ventilação. As alterações da PCO2 e do pH sanguíneo re- sultam em efeitos em todo o corpo, principalmente na respiração, na circulação e no sistema nervoso central (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). O dióxido de carbono medicinal é utilizado em sua forma pura ou misturado com oxigênio. A sua administração, geralmente, é realizada utilizando máscara facial em concentrações entre 5 e 10% em combinação com o oxigênio. Quando o oxigênio é inspirado em grandes quantidades ou por períodos lon- gos, podem ocorrer alterações fi siológicas secundárias e efeitos tóxicos. Após uma exposição contínua a pressões mais altas de oxigênio no corpo, alterações leves da função pulmonar podem ser observadas entre 8 e 12 horas, aproxima- damente. Após 18 horas de exposição, podem ser observados aumentos da per- meabilidade capilar e depressão da função respiratória. Lesões graves, como a morte, são causadas após uma exposição muito mais prolongada. Podem ocorrer efeitos tóxicos no sistema nervoso central, no entanto, são raros e limitados às condições hiperbáricas, quando a exposição é superior à 200 kPa (2 atm). Os sintomas incluem convulsões e alterações visuais, que desa- parecem quando a pressão do oxigênio é ajustada ao normal (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). ASSISTA No vídeo Oxigenoterapia hiperbárica, o Dr. Fabrício Valandro Rech, da Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH), explica como o oxigênio atua no tratamento complementar de diversas doenças. Nessa reportagem, é possível conhecer também uma câmara hiperbárica e entender um pouco sobre sua funcionalidade. FARMACOLOGIA BÁSICA 122 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 122 28/08/2020 09:25:45 Quanto aos usos clínicos do dióxido de carbono, pode-se citar: • Insufl ação para a realização dos procedimentos endoscópicos, por exemplo, cirurgia laparoscópica; • Em cirurgia cardíaca para inundação do campo cirúrgico; • Ajuste do pH durante a circulação extracorpórea. A hipocapnia, ou seja, a diminuição de dióxido de carbono no sangue, em situa- ções específi cas, pode ser utilizada na anestesia a fi m de facilitar o desempenho de neurocirurgias. A hipocapnia resulta em contração dos vasos cerebrais, com ligeira redução do tamanho do cérebro (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). Hélio e óxido nítrico O hélio (He) é um gás inerte que possui baixas densidade e solubilidade, além de apresentar alta condutividade térmica. Medicinalmente, pode ser uti- lizado misturado ao oxigênio e administrado por uma máscara ou tubo endo- traqueal. Segundo Hilal-Dandan e Brunton (2015), as principais indicações do hélio incluem a avaliação da função pulmonar, no tratamento da obstrução respiratória, durante a cirurgia a laser das vias respiratórias, como marcador em exames de imagens e para mergulhos em profundidade. A desobstrução das vias respiratórias pelo gás hélio é possível devido à sua densidade ser inferior e à sua viscosidade ser superior à do ar. Já a sua aplicabilidade em cirurgias das vias respiratórias a laser está relacionada à sua grande condutividade térmica. Quanto ao seu uso como marcador em exames de imagens, o hélio é polarizado pelo laser, podendo, assim, ser utili- zado como contraste inalatório para a técnica de ressonância magnética dos pulmões (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). O óxido nítrico (NO) é um radical livre, gasoso, incolor, utilizado na sinali- zação celular endógena, apresentando diversas aplicações terapêuticas. Se- gundo Hilal-Dandan e Brunton (2015), o óxido nítrico inalado dilata de modo seletivo os vasos sanguíneos pulmonares e tem potencial terapêutico para inúmeras doenças associadas ao aumento da resistência vascular pulmonar. O óxido nítrico inalado é aprovado e indicado pela FDA (Food and Drug Ad- ministration) apenas no tratamento de hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido. FARMACOLOGIA BÁSICA 123 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 123 28/08/2020 09:25:45 A inalação de óxido nítrico apresenta outros usos diagnósticos, tais como: • Na avaliação da capacidade de vasodilatação pulmonar,em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipi- entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que entes estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de for- matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode É a forma farmacêutica sólida contendopor exemplo, em pacientes com insufi ciência cardíaca e lactentes com cardiopatia congênita; • Na determinação da capacidade de difusão (DL), por meio da unidade al- veolocapilar; • Na determinação do nível de óxido nítrico exalado fracionado (FeNO), por exemplo, na avaliação das doenças respiratórias. O óxido nítrico apresenta efeitos tóxicos pulmonares quando administrado em doses mais elevadas, acima de 50 e 100 ppm. Para Hilal-Dandan e Brunton (2015), parte da toxicidade do NO pode estar relacionada com a sua oxidação adicional em dióxido de nitrogênio (NO2) em presença de concentrações altas de oxigênio. A metemoglobinemia, ou seja, o aumento da concentração de metemo- globina no sangue, é uma complicação resultante da inalação de óxido nítrico medicinal em concentrações elevadas. Com isso, deve-se realizar uma monito- ração intermitente das concentrações de metemoglobina durante a inalação de óxido nítrico. Outros efeitos tóxicos que podem ocorrer após a inalação de óxido nítrico são a inibição da função plaquetária e o aumento do tempo de sangramento, além da potencialização da piora do desempenho do ventrículo esquerdo em pacientes com disfunção ventricular esquerda. Esses efeitos do óxido nítrico sobre o ventrículo esquerdo são resultantes da dilação da circulação pulmonar e do aumento do fl uxo sanguíneo, ocorrendo elevação da pressão no átrio es- querdo, o que contribui para a formação de edema pulmonar. Analgésicos opioides e não opioides A dor se encontra presente na maioria das patologias clínicas, tornando o seu tratamento farmacológico essencial. Os fármacos opioides com- põem a base do tratamento da dor, mas dependendo da condição dolorosa, podem ser necessários outros fármacos, inclusive de diferentes classes farmacológicas, como anti-infl ama- tórios não esteroides e antidepressivos (HILAL-DANDAN; BRUNTON, 2015). FARMACOLOGIA BÁSICA 124 SER_FARMA_FARMABA_UNID4.indd 124 28/08/2020 09:25:45 Segundo Katzung e Trevor (2017), o termo opioide se refere a todas as subs- tâncias que têm como alvo os receptores de opioides, enquanto o termo opiáceo se refere, de modo específi co, aos alcaloides de origem natural como a morfi na, codeína, papaverina e tebaína. Os opioides podem ser agonistas integrais, agonistas parciais ou antagonistas, sendo a morfi na um exemplo de agonista do receptor de opioides do tipo μ (mu), o principal subtipo de receptor de opioides. A morfi na, um alcaloide obtido a partir da papoula, foi primeiramente isolada em 1803, e desde então, é conhecida pela sua capacidade em aliviar dores intensas. A morfi na é o protótipo dos agonistas opioides e, até hoje, é utilizada como o fármaco padrão para a comparação da atividade analgésica dos novos fármacos semissintéticos e sintéticos (KATZUNG; TREVOR, 2017). Outros subtipos de receptores de opioides descobertos inicialmente incluem os receptores δ (delta) e κ (capa). Existem várias famílias de opioides endógenos, das quais se podem destacar as encefalinas, endorfi nas e dinorfi nas. Cada subtipo de receptor apresenta uma afi nidade diferente com esses peptídeos opioides en- dógenos e diferentes funções quando ativados, como pode ser visto no Quadro 4. Subtipo de receptor Funções Afi nidade com peptídeos opioides endógenos μ (mu) Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Endorfi nas, encefalinas, dinorfi nas. δ (delta) Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Encefalinas, endorfi nas e dinorfi nas. κ (capa) Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Dinorfi nas, endorfi nas e encefalinas. QUADRO 4. SUBTIPOS DE RECEPTORES DE OPIOIDES, SUAS FUNÇÕES E AFINIDADES COM PEPTÍDEOS ENDÓGENOS Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 532. (Adaptado). Outro receptor opioide foi identifi cado por apresentar um elevado grau de ho- mologia na sequência com os receptores opioides μ, δ e κ, denominado subtipo 1 da orfanina semelhante ao receptor opioide (ORL1), cuja ativação resulta em analgesia supraespinal e espinal, imobilidade e difi culdade de aprendizado (RANG et al., 2016). μ (mumu) Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição δ ( Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, delta Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, delta) κ ( Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e capa Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e Analgesia supraespinal e espinal, modulação da capa) Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesia supraespinal e espinal, sedação, inibição da respiração, redução do trânsito gastrintestinal, modulação da liberação de hormônios e Analgesia supraespinal e espinal, modulação da liberação de hormônios e neurotransmissores. Analgesia supraespinal e espinal, efeitos psicotomiméticos, redução do trânsito gastrintestinal. Analgesiauma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que matos e tamanhos variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente, é formada de gelatina, mas pode É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compres- são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que são de volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla va- riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que riedade de tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica semissólida que consiste em uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apro- priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que priada e é utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que Fonte: ANVISA, 2019. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, éestabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsifi cantes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa)em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. consiste em um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. dois líquidos imiscíveis, e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. pequenas gotas (fase interna ou dispersa) em outro líquido (fase ex- terna ou contínua). Normalmente, é estabilizada por meio de um ou É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. que contém um agente gelifi cante para fornecer fi rmeza a uma solu- ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. ção, ou dispersão coloidal (um sistema no qual partículas de dimen- são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. são coloidal –, tipicamente, entre 1 nm e 1 mm – são distribuídas uni- formemente através do líquido) e pode conter partículas suspensas. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes.secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicaçãona pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, usualmente não aquosa. mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada, É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida, límpida e homogênea, que contém ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis. um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- sas em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis. É a forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas disper- É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em membranas mucosas, que consiste na solução ou dispersão de um ou