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ARQUITETURA RURAL Os engenhos do Brasil Colonial Em meados do século XVI o açúcar era considerado uma especiaria e tornou-se a razão econômica para a colonização. Os portugueses defendiam os portos por onde era escoada a produção. As unidades produtoras eram os engenhos, que foram assentados nas áreas rurais. O açúcar foi o produto de exportação mais importante em todo período colonial, não sendo superado nem pelo ouro de Minas Gerais. Os primeiros engenhos de açúcar se localizavam nas proximidades dos rios, pois era necessário energia hidráulica. A produção de açúcar em engenhos durou até o século XX. Os senhores de engenho residiam nas cidades e só deslocavam-se para o campo no período da produção do açúcar. Os engenhos de açúcar eram compostos por quatro edifícios: A moita, a senzala, a casa grande e a capela. Cada um abrigava um programa de atividades. De maneira geral esses edifícios eram independentes, mas também ocorriam casos de justaposição. Antigo engenho de açúcar poço comprido Vicência, Pernambuco. Antigo engenho de açúcar Freguesia Candeias, Bahia. Antigo engenho de açúcar poço comprido Vicência, Pernambuco. Nos engenhos foram utilizados todos os sistemas construtivos conhecidos no período colonial: Taipa de pau-a-pique Alvenaria de pedras, tijolos ou adobe. Coberturas: estruturas de madeira recobertas com palha ou telhas cerâmicas. Pisos: tijolos e lajotas de barro (térreo), assoalho de madeira (superior). Uso de tijolos em formas circulares ou semicirculares compunham as fustes das colunas. A opção desses sistemas dependia das posses dos senhores do engenho e dos materiais disponíveis na região. Moitas Primeiro edifício a ser construído = prioridade às atividades produtivas. As rodas d’água e a lógica de produção definiam o partido arquitetônico das moitas. Não existia preocupação com a composição estética. Planta retangular, refletindo o desenvolvimento linear das atividades. Alvenaria de tijolos com cobertura em madeira e tenhas cerâmicas. Ou simples telheiro apoiada em colunas. Plantas em “L”, em “U” e chaminés surgem somente no século XIX, com o aparecimento das máquinas à vapor. As moitas também foram construídas com caráter exclusivamente utilitário. Senzala “Casa” da família negra escrava. Telheiro comprido, de chão batido, sem conforto e sem mobiliário adequado. Térreas. Parede de taipa ou pau-a- pique, cobertas com palha ou telhas cerâmicas. As senzalas também foram construídas sem intenção plástica. Senzala do engenho Matas Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco O tipo mais frequente de senzala caracteriza-se por um conjunto de pequenos compartimentos conjugados, dispostos em linha reta, nem sempre com janelas, mas com portas voltadas para a varanda. Casa grande Casa de habitação da família branca senhorial. Centro social, familiar, de decisões políticas e econômicas. Vasta e custosa, com varanda, com enorme cozinha e sala de jantar e numerosos quartos. Intenção plástica. Implantadas geralmente em uma posição estratégica: alto de uma colina, de frente para a fábrica. As casas grandes dos primeiros séculos lembravam as casas rurais de Portugal. Antigo engenho de açúcar Freguesia Candeias, Bahia. Tinham dois pavimentos, um alpendre ao longo da fachada principal que protegia a escada externa de acesso ao pavimento superior. 1- Capela; 2-Quartos de hóspedes; 3- Sala de jantar; 4- Sala de estar; 5- Tribuna das mulheres. Paredes: Taipa de pau-a-pique. Pavimento térreo geralmente destinava-se aos depósitos. Telhado: estrutura de madeira coberto com telhas cerâmicas. Quatro águas. No século XVII e no século seguinte, somente na Bahia, surgiu um tipo diferente de casa-grande, com pátio interno. Com a abertura dos portos em 1808 e a vinda da Missão Francesa para o Rio de Janeiro em 1816, o neoclassicismo se manifesta nas construções urbanas oficiais e particulares, e isso repercute também nas zonas rurais. Constroem-se casas-grandes com características bem diferentes das anteriores. Essas novas casas não possuem alpendres, que era o elemento que caracterizava essas construções. Edifício de grande porte. Possui dois pavimentos. Telhado quatro águas. Janelas com arcos plenos. Casa-grande do Engenho Gaipió Ipojuca, Pernambuco VARANDA E ALPENDRE. No século XIX surgem também dois tipos de casa-grande de engenho: O bangalô e o chalé. Bangalô: Edifício de porte médio e térreo. Podia ter porão semi- enterrado. Telhado de quatro águas. As varandas acompanhavam as três fachadas da casa, e eram suportados por colunas de alvenarias. Planta em formato de “U”. Casa-grande do Engenho Sapucaji Pernambuco Chalé: final do século XIX. Porte médio. Planta semelhante ao bangalô. Telhado em duas águas. Cumeeira perpendicular à fachada principal. Alpendre nas três fachadas principais, em forma de “U”, coberto por um telhado mais baixo e independentes. Janelas com bandeiras em arcos ogivais. Casa-grande do Engenho São João Recife, Pernambuco. Componentes arquitetônicos pré- fabricados na Bélgica. Não se pode classificar as casas-grandes dos engenhos de açúcar segundo seus estilos, pois as suas qualidades formais não resultaram da aplicação de código algum que vise à fruição estética. Capela As capelas, ao contrário dos outros edifícios do mesmo engenho, são aquelas em que é possível reconhecer estilos. Esmero estético. As capelas podem ser caracterizadas como barrocas, rococó, neoclássicas e ecléticas. Planta simples. Nave, capela-mor e sacristia (térreo). Coro (superior). Forro e imagens de madeira. Os elementos decorativos desses edifícios se encontram tanto no exterior quanto no interior. Interior da capela do engenho São Braz Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. As capelas eram construídas com materiais mais resistentes que os demais edifícios. Uso de alvenaria de pedra: caráter simbólico. O tipo mais encontrado de capela é aquela que possui alpendre na fachada principal. Capela do engenho São Braz Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.
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