Prévia do material em texto
ANHANGUERA S ISTEMA DE E NSINO A DISTÂNCIA PEDAGOGIA Cidade 2020 Cidade 2020 Cidade Betim 2024 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 4 1 TEMA 5 2 JUSTIFICATIVA 7 3 PARTICIPANTES 8 4 OBJETIVOS 9 5 PROBLEMATIZAÇÃO 10 6 REFERENCIAL TEÓRICO 11 7 METODOLOGIA 18 8 CRONOGRAMA 19 9 RECURSOS 20 10 AVALIAÇÃO 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS 23 REFERÊNCIAS 26 INTRODUÇÃO O folclore brasileiro, rico em histórias, mitos e personagens, é uma das mais valiosas expressões da cultura nacional. Suas narrativas refletem a diversidade étnica e cultural do Brasil, reunindo influências indígenas, africanas e europeias. Essa herança cultural não apenas enriquece a identidade do povo brasileiro, mas também oferece um vasto repertório de conteúdos que podem ser explorados no ambiente escolar, especialmente no contexto das rodas de leitura. As rodas de leitura se configuram como um espaço democrático e interativo, onde a leitura se torna uma experiência coletiva, estimulando o interesse dos alunos pela literatura e promovendo o desenvolvimento da competência leitora. Ao utilizar o folclore brasileiro como tema central, é possível não apenas cativar a atenção dos estudantes, mas também fomentar discussões sobre valores culturais, moralidades e a construção de identidades. Este projeto tem como objetivo implementar rodas de leitura que integrem contos, lendas e poesias do folclore brasileiro, proporcionando aos alunos a oportunidade de vivenciar e compartilhar essas histórias. A prática da leitura em grupo promove a escuta ativa, a empatia e o respeito à diversidade, além de estimular a criatividade e o pensamento crítico. Através dessa abordagem, espera-se que os alunos não apenas se familiarizem com a rica tradição folclórica do Brasil, mas também desenvolvam uma apreciação pela literatura como um todo, compreendendo sua importância para a formação cultural e social. Além disso, a utilização do folclore nas rodas de leitura possibilita a construção de um ambiente de aprendizagem mais engajador e significativo. Ao explorarem as narrativas folclóricas, os alunos são convidados a refletir sobre suas próprias experiências e identidades, criando conexões entre as histórias e suas vidas. Essa interação não apenas fortalece o vínculo entre os alunos e a literatura, mas também promove um espaço de troca cultural, onde todos se sentem valorizados e representados. Assim, o projeto visa não apenas desenvolver habilidades de leitura, mas também cultivar um senso de pertencimento e respeito à diversidade cultural que caracteriza o Brasil. 1 TEMA Conhecer a nossa cultura é fundamental para o desenvolvimento das crianças e para a compreensão de nossa sociedade. “Transmitida oralmente, abrangeria, portanto, os valores residuais da civilização e das manifestações culturais” (GICO, 2016). Histórias do imaginário português, lendas de origem africana e tradições das populações indígenas compõem, em grande parte, a cultura popular brasileira. Além disso, é essencial considerar as influências das diversas populações que migraram para o Brasil ao longo dos séculos, que enriqueceram ainda mais esse mosaico cultural. Dessa mistura de influências surgem contos e lendas como A Cuca, o Boitatá, o Boto Cor-de-Rosa, a Iara, o Saci e o Curupira, que passam de geração em geração em cada canto do país, adquirindo características próprias em cada uma delas. “Surgem também festas típicas, danças, celebrações e trejeitos,” patrimônio de observações que se tornaram norma. “Normas fixadas no costume, interpretando a mentalidade popular” (CASCUDO, apud GICO, 2016, p. 58). Essa diversidade de narrativas e expressões culturais não só preserva a história do Brasil, mas também serve como um veículo para a formação da identidade das crianças, que podem se ver refletidas nas histórias e personagens que ouvem. Título: Folclore Brasileiro Tema: Lendas do Brasil As crianças têm uma forma única de aprendizado e, instintivamente, desconhecem o tom arbitrário dos julgamentos ou a pressa dos acontecimentos. Elas permitem absorver o conteúdo histórico com a ingenuidade e a curiosidade típicas da tenra idade. Esse é o momento ideal para introduzir, nas práticas pedagógicas, as brincadeiras coletivas que tão bem retratam o universo lúdico do folclore. Ao integrar essas atividades ao cotidiano escolar, não apenas fortalecemos o conhecimento cultural, mas também criamos um espaço onde as crianças podem vivenciar a oralidade e a criatividade, essenciais para a construção de sua própria narrativa e identidade. Além disso, ao explorar as lendas brasileiras em um ambiente de aprendizado ativo, as crianças desenvolvem habilidades sociais e emocionais, como a empatia e a colaboração. As atividades lúdicas, ligadas ao folclore, incentivam o trabalho em equipe e a troca de experiências, permitindo que os alunos construam um entendimento mais profundo sobre a diversidade cultural do Brasil. Assim, ao interagir com essas histórias, as crianças não só se divertem, mas também se tornam agentes de preservação da cultura, contribuindo para a continuidade dessas tradições. 2 JUSTIFICATIVA Todos os povos do mundo possuem sua ciência, sua arte, sua literatura e sua religião. Assim, os homens, mesmo inconscientemente, possuem uma alma coletiva, na qual, misturam-se superstições, crendices, formas elementares de arte e ciência. Nesse conjunto de tradições que constituem a alma popular, tudo recolhido pela tradição oral, é que constitui o folclore. Foi o conjunto das diferentes contribuições culturais de cada grupo, com suas características, costumes e necessidades de alimentação e trabalho em contato com o meio físico-geográfico que fez com que cada região fosse adquirindo sua diversidade. É muito importante colocar nossas crianças em contato com nossas tradições. Os mitos, lendas e contos fazem parte do inconsciente coletivo e continuam nos dias de hoje, a estimular o imaginário de adultos e crianças. A sala de aula é um espaço privilegiado para se desenvolver o gosto pela literatura infantil. A mesma tem a função específica de proporcionar este encontro entre o livro e a criança, de maneira que esta possa utilizar-se da literatura para a compreensão de si, das coisas que a cercam e das relações entre ambas. Este projeto surgiu da necessidade de buscar avanços na prática educativa, pois contamos que a maioria de nossos alunos chega à 4ª série sem hábito de leitura, dificuldade de concentração e interpretação. Sabemos que é na infância que se forma a essência da personalidade. O folclore inserido à literatura infantil tem influência direta no cotidiano infantil, uma vez que os personagens incentivam a criação de modelos que os auxiliam na relação que estabelecem com o meio social. 3 PARTICIPANTES O presente projeto de ensino destina-se aos alunos do 5º ano da Educação Infantil de uma escola pública municipal. Este grupo etário, que abrange criançasgeralmente entre 5 e 6 anos, é caracterizado por um período de intensa curiosidade e desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Nesta fase, as crianças estão em processo de formação de sua identidade, explorando ativamente o mundo ao seu redor por meio de brincadeiras, interações sociais e experiências sensoriais. A escolha desse público-alvo se justifica pela importância do folclore brasileiro como ferramenta pedagógica, que não apenas enriquece o conhecimento cultural das crianças, mas também promove habilidades essenciais, como a empatia, a criatividade e o trabalho em equipe. Ao utilizar histórias e lendas do folclore nacional, buscamos proporcionar uma abordagem lúdica e envolvente que favoreça a aprendizagem significativa e a valorização da cultura brasileira. Além disso, a proposta está alinhada às diretrizes curriculares da Educação Infantil, que enfatizam a importância de promover o conhecimento cultural e a formação de cidadãos críticos e conscientes. 4 OBJETIVOS O presente projeto de ensino tem como objetivo principal promover o conhecimento e a valorização do folclore brasileiro entre os alunos do 5º ano da Educação Infantil, utilizando rodas de leitura como estratégia pedagógica. Através dessa abordagem, busca-se alcançar os seguintes objetivos específicos: 1. Desenvolver a Competência Leitora: Estimular o interesse pela leitura e a compreensão textual, proporcionando experiências significativas que facilitem a interpretação e a reflexão sobre as histórias folclóricas. 2. Fomentar a Identidade Cultural: Proporcionar um entendimento profundo sobre a diversidade cultural brasileira, permitindo que as crianças se identifiquem com as narrativas e personagens que compõem o folclore nacional. 3. Estimular Habilidades Sociais: Promover a interação entre os alunos, incentivando a escuta ativa, o respeito às opiniões dos colegas e o trabalho em equipe durante as atividades em grupo. 4. Desenvolver a Criatividade: Utilizar o folclore como fonte de inspiração para atividades artísticas e lúdicas, permitindo que as crianças expressem suas próprias interpretações e criações a partir das histórias lidas. 5. Promover a Reflexão Crítica: Incentivar discussões sobre valores, moralidades e questões sociais presentes nas narrativas folclóricas, ajudando os alunos a desenvolver um olhar crítico sobre o mundo que os cerca. 5 PROBLEMATIZAÇÃO A Educação Infantil é um período crucial no desenvolvimento das crianças, pois é nessa fase que se formam as bases para a construção da identidade, da socialização e do conhecimento cultural. No entanto, observa-se que, nas escolas públicas municipais, muitas vezes há uma carência de atividades que promovam a valorização do folclore brasileiro e a reflexão crítica sobre a cultura local. A falta de conexão com as tradições culturais pode resultar em uma educação descontextualizada, onde os alunos não reconhecem a importância de sua herança cultural nem se sentem representados nas narrativas que estudam. Além disso, a crescente influência de conteúdos digitais e de entretenimento globalizado tem contribuído para uma diminuição do interesse das crianças pelas histórias tradicionais. Essa realidade é preocupante, pois o folclore brasileiro não é apenas um conjunto de histórias, mas também um repositório de valores, ensinamentos e sabedoria popular que podem enriquecer a formação das crianças. Assim, a ausência de um ensino que integre essas narrativas à prática pedagógica pode levar a uma desconexão com a própria cultura e, consequentemente, à perda de identidades. Nesse contexto, a proposta deste projeto é sanar essa lacuna, implementando rodas de leitura que explorem o folclore brasileiro de forma lúdica e envolvente. A problemática central é: como promover a valorização do folclore brasileiro e estimular o interesse dos alunos pela cultura local através de práticas pedagógicas que integrem a leitura e a interatividade? Para responder a essa questão, é fundamental criar um ambiente de aprendizado que favoreça a escuta, a troca de ideias e a criatividade. 6 REFERENCIAL TEÓRICO O folclore como expressão do povo faz parte da riqueza cultural e portanto está inserido no patrimônio cultural. Constituição Federal: *art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direito culturais e às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais; *art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Portanto, as crenças, as lendas, as tradições, costumes e tradições, são bens imateriais, que compõem o patrimônio cultural, estão protegidos juridicamente pelo texto constitucional citado. Tratam-se assim de bens imateriais difusos de uso comum do povo e que podem ser protegidos pela a ação civil pública (Lei 4.3 / 85). O folclore é indispensável ao desenho e às artes manuais e caseiras e vemos com tristeza, nas cadeiras de Artes Plásticas de nossas escolas, professoras perdendo tempo fazendo objetos vulgares e incaracterísticos, quando podiam aproveitar elementos folclóricos que tanto interessam aos alunos. O Folclore e o ensino de trabalhos manuais, mostra como nessa disciplina a utilização do folclore pode contribuir fortemente para melhorar o artesanato e o julgamento das artes populares, utilizando técnicas artesanais folclóricas em madeira, metal, matéria plástica, e etc. O folclore é uma força de interação, suave e sugestiva, pitoresca e divertida a ser utilizada na escola. Acredito, autorizada pelo meu duplo amor ao ensino e ao folclore, que as autoridades de educação deviam reunir especialistas nas duas atividades para formulação de instruções metodológicas. No teatro, a criança é a mais viva expressão desta assertiva. A encenação na criança é uma atividade, enriquecida pela sua imaginação. Se o teatro é fator educativo, evidentemente é uma poderosa arma para a escola. Há séculos isso já é sabido, como diz Carvalho (1989, p. 267). A criança tem muito mais qualidades teatrais do que o adulto: imaginação, espontaneidade, liberdade, tudo, enfim, que exige a teatralização [...] as estórias de fadas e bruxas, as fábulas, as lendas folclóricas de bichinhos. Depois dos seis anos, então, já as peças podem ser escritas e mais longas. De início, Fábulas e Folclore, ampliando-se como peças em que entre fatos e personagem, em relação com omundo real, explorando os sentimentos morais e sociais. As crianças são espertas, atentas e questionadoras por natureza, e podem encontrar no contato com o folclore muitas respostas para suas inquietudes e ansiedades. Enquanto recitam, cantam, dançam, brincam e ouvem histórias entre os colegas da escola, promovem-se da melhor maneira possível a dimensão lúdica, afetiva e o encantamento por meio de personagens, narrativas e paisagens muito diversos de nosso país. O folclore brasileiro é sinônimo de união, de popularidade, de afetividade e tradição. Será importante repassar esses valores ainda na educação infantil para não comprometer o surgimento de um adulto descrente, pouco empático e de poucos amigos. O folclore, como um conjunto de tradições, crenças e narrativas, desempenha um papel fundamental na formação da identidade cultural das crianças. Este tema é amplamente abordado por Gomes (2015), que afirma que o folclore não apenas enriquece o repertório cultural, mas também contribui para o desenvolvimento da consciência crítica e da cidadania. Em uma sociedade multicultural como a brasileira, compreender o folclore é essencial para que os alunos se reconheçam e valorizem suas raízes. O folclore brasileiro é uma rica mescla de influências indígenas, africanas e europeias, refletindo a pluralidade cultural do país. Essa diversidade permite que as narrativas folclóricas se tornem um recurso pedagógico poderoso, proporcionando às crianças a oportunidade de se identificarem com suas histórias e personagens. Assim, ao integrar o folclore nas práticas pedagógicas, os educadores promovem não apenas a aprendizagem, mas também um forte vínculo emocional com a cultura nacional. As rodas de leitura surgem como uma estratégia pedagógica eficaz para a https://escoladainteligencia.com.br/temos-de-ensinar-nossas-criancas-a-ter-empatia-pelos-outros-e-pelo-mundo/ promoção da leitura e da interatividade. De acordo com Soares (2018), essas práticas favorecem o desenvolvimento da competência leitora e criam um ambiente colaborativo onde os alunos podem compartilhar suas interpretações e reflexões. As rodas de leitura não apenas incentivam o gosto pela leitura, mas também fortalecem o sentido de comunidade entre os alunos, permitindo que eles se sintam valorizados e ouvidos. Oliveira e Ferreira (2020) ressaltam que a leitura em grupo possibilita a construção de um espaço seguro para que as crianças expressem suas opiniões e desenvolvam a escuta ativa. Através dessa interação, as crianças aprendem a respeitar diferentes perspectivas, fomentando habilidades sociais e emocionais que são essenciais para a convivência em sociedade. Essa abordagem lúdica e colaborativa também se alinha com os objetivos da Educação Infantil, que visa desenvolver a integralidade do aluno. Durante a infância, as crianças passam por diversas etapas de desenvolvimento cognitivo e social. Segundo Piaget (1976), o aprendizado ocorre de forma lúdica e é mediado pela interação com o ambiente. Nessa fase, as narrativas folclóricas oferecem um meio para que as crianças explorem e compreendam o mundo ao seu redor. O contato com histórias que abordam temas como amizade, coragem e justiça possibilita que as crianças façam conexões entre a ficção e a realidade, desenvolvendo assim o pensamento crítico e a criatividade. Vygotsky (1998) complementa essa visão ao afirmar que a mediação cultural é essencial para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. O folclore, ao ser utilizado como uma ferramenta pedagógica, proporciona experiências que vão além do conteúdo acadêmico, ajudando as crianças a construírem significados a partir de suas vivências e interações sociais. Dessa forma, o folclore não apenas entretém, mas também educa, proporcionando um contexto rico para a aprendizagem. A valorização da cultura local é um aspecto crucial na educação contemporânea. As narrativas folclóricas são fundamentais para a construção da identidade cultural e para o reconhecimento da diversidade presente no Brasil. Freire (2005) destaca que a educação deve ser um ato de conhecimento e transformação, e ao trazer o folclore para o ambiente escolar, os educadores ajudam os alunos a se conectarem com suas raízes culturais e a compreenderem a importância de sua herança. Além disso, as histórias folclóricas podem ser utilizadas para discutir valores, moralidades e questões sociais, permitindo que as crianças reflitam sobre seu papel na comunidade. O folclore, portanto, não é apenas um recurso didático, mas um meio de fomentar o diálogo e a reflexão crítica sobre a sociedade em que vivem. Essa abordagem é essencial para a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com sua cultura e seu entorno. A inclusão do folclore nas práticas pedagógicas favorece a interdisciplinaridade, possibilitando a articulação de diferentes áreas do conhecimento. A literatura, a história, a arte e a música podem se interligar através das narrativas folclóricas, promovendo uma aprendizagem mais rica e significativa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997) enfatizam a importância da integração entre as diversas áreas do saber, contribuindo para a formação de um aluno mais integral. O folclore, com suas múltiplas facetas, permite explorar essa interdisciplinaridade de forma natural e envolvente. Por exemplo, ao trabalhar com uma lenda, é possível abordar aspectos históricos, sociais e culturais que permeiam a narrativa, além de incentivar atividades artísticas que estimulem a criatividade dos alunos. Essa abordagem amplia as possibilidades de ensino e aprendizagem, tornando o processo mais dinâmico e significativo. Para que o aluno seja inserido dentro das atividades, essas precisam ser destinadas e produzidas com toda observação necessária para alcançá-lo na sua mais intensa totalidade. Falar e contar história é trazer o aluno para o mundo da imaginação, aproveitando que sua faixa etária é intensamente criativa e aberta a aprendizagens com muita facilidade, facilitando assim a sua própria construção de conhecimento. O que se pretende investigar, realmente, não são os homens, como se fossem peças anatômicas, mas o seu pensamento-linguagem, referido à realidade, os níveis de percepção desta realidade, a sua visão de mundo (FREIRE, 1987, p.50). Analisando o contexto do renomado autor Paulo Freire, supracitado no trecho acima retirado de seu livro, todos os profissionais da educação precisam desenvolver a capacidade de olhar para cada aluno como sendo este um ser único. Possibilitando assim uma interpretação mais justa das possibilidades de aprendizagens e dificuldades de cada um. Quando o autor menciona que o que se pretende investigar é a percepção do aluno e a sua visão de mundo, a reflexão dentro desse contexto é que através das histórias que serão apresentadas aos alunos de forma lúdica, precisam contribuir para que esse alunose sinta parte do processo educacional, que ele consiga compreender que toda a dinâmica está favorecendo o seu eu enquanto aluno e parte também da sociedade. As histórias trazem consigo valores morais, sendo possível absorver e verbalizar com os alunos o ensinamento que cada uma oferece. É parte integrante também da educação ensinar., dar possibilidades a esses alunos de exprimirem o seu pensamento, a sua visão do acontecido, e assim conseguir desenvolver habilidades de expressão de ideias e opiniões. No currículo de Minas Gerais, na parte destinada a orientações a Educação Infantil e Ensino Fundamental II, há explanações onde se deve trabalhar a fim de desenvolver as habilidades orais, dando aos alunos a capacidade de falarem e expressarem seus pensamentos após aprendizado, contribuindo assim para sua formação enquanto cidadão Vygotsky, de acordo com Bonin (1996), empenhou-se em criar uma nova teoria que abarcasse uma concepção de desenvolvimento cultural do ser humano por meio do uso de instrumentos 2, em especial a linguagem, tida como instrumento do pensamento (LUCCI, 2006). Quando o assunto é sobre educação e as possíveis ferramentas para desenvolvimento do aluno, o professor ou outro profissional ligado à educação vai de encontro com variados estudos. No trecho acima podemos perceber que através da contação de histórias para os alunos da Educação Infantil e Fundamental II, estamos seguindo o conceito de Vygotsky sobre desenvolvimento cultural do ser humano, indo assim de encontro com estudos comprovados da eficácia de tal técnica pedagógica. Como diz Paulo Freire (1989) a criança aprende a ler o mundo antes mesmo de aprender a ler as letras convencionalmente, por isso a leitura de textos sem palavras continua sendo importante, pois estimula e instiga a imaginação e criatividade, ou como diz Abramovich (1997, p.33). Citado por MENEZES, 2020). Para levar de encontro a teoria com a execução da atividade um ambiente precisa ser desenvolvido, mas quando se fala em desenvolvimento, não fala-se de gastos dentro do ambiente escolar, fala-se de criatividade para composição de cenário ou mesmo aproveitamento de parte da escola como fundo para o palco para as atividades. Portanto, deve-se aproveitar essa predisposição da criança e no ambiente da escola inserir a contação de histórias, pois ouvir histórias pode ser um momento de prazer, divertimento e distração (MENEZES, 2020). O processo educacional na etapa da Educação Infantil é um marco na vida da criança, pois é na base que se concretizam várias habilidades programadas dentro da legislação normativa educacional que é a Base Nacional Comum Curricular BNCC. Introduzir a leitura desde a primeira infância é estimular a educação para além dos ensinamentos dos hábitos culturais elementares, é realizar também a mediação do repertório artístico-cultural da criança – algo que muitas vezes acaba negligenciado aos pequenos, ou deixado a cargo unicamente das mídias, devido à rotina de trabalho, afazeres da casa e falta de tempo livre (CUNHA, 2022). Fazer com que a criança seja estimulada pela leitura requer prática do profissional da educação, e também deve haver um comprometimento de toda a gestão escolar e das famílias, pois ensinar uma criança a ter hábitos literários não é uma atividade de curto prazo, mas sim é um processo por toda sua passagem pela Educação Infantil. Criar um hábito precisa se treino, e enquanto esse está sendo construído a sala de aula precisa ser utilizada como palco para esses acontecimentos, onde as aulas podem ser voltadas para questões literárias, é preciso que o professor tenha e desenvolva habilidades para chamar de forma lúdica esses alunos para esse mundo da imaginação que a literatura permite e faz acontecer, e também a família deve e precisa participar, sendo todos juntos nesse processo pessoas com corresponsabilidade. Para a criança que está recebendo este estímulo, há a capacidade e possibilidade de desenvolvimento de várias outras habilidades, pois a criatividade a partir da leitura é aguçada, levando este aluno a um entendimento de artes, ou seja, desenvolvimento de processos de criação própria. O trabalho com a literatura na Educação Infantil é uma possibilidade de construções significativas, aproximando as crianças às diferentes linguagens, pois elas enquanto seres sociais ativos e participativos, constroem ativamente seu conhecimento, através do contato do objeto de conhecimento e da comunicação ativa com esse objeto, desenvolvendo-se tanto no plano verbal quanto no plano não verbal conduzindo-as a caminhos nunca trilhados. Esse é um espaço abrangente que inter-relaciona realidade, imaginação, criatividade, espontaneidade e sentimento (MEDEIROS, 2016). A linguagem infantil é construída dia após dia na sala de aula, e o momento da leitura/literatura é a oportunidade de lapidar essa habilidade nas crianças, tanto a criatividade como o desenvolvimento fonológico, aumento de seu campo verbal e capacidade interpretativa. 7 METODOLOGIA Neste item, apresentamos o percurso metodológico que orientará o desenvolvimento do Projeto de Ensino, focando na utilização do folclore brasileiro como ferramenta pedagógica. Este percurso será realizado em etapas, cada uma com objetivos específicos, buscando promover a interação, a criatividade e o aprendizado significativo dos alunos. 1º Passo: Contação de Histórias A primeira etapa consistirá na apresentação de lendas e contos brasileiros aos alunos ao longo de quatro semanas. A professora iniciará o processo narrando uma lenda por semana, utilizando diferentes recursos, como livros ilustrados e audiovisuais, para tornar a experiência mais envolvente. Após a contação, será solicitado que os alunos compartilhem a história em casa com seus pais, incentivando a participação da família no processo educativo. Ao final de cada semana, os alunos terão a oportunidade de contar a mesma lenda para a turma, desenvolvendo habilidades de oratória e autoconfiança. Essa troca de experiências favorecerá a construção coletiva do conhecimento e a valorização das narrativas folclóricas. 2º Passo: Atividades Lúdicas e Criativas Simultaneamente, serão realizadas atividades lúdicas que envolverão a identificação de imagens relacionadas à lenda ou conto da semana. Os alunos serão convidados a associar imagens a personagens e a letras iniciais dos contos, reforçando o reconhecimento de palavras e a construção do vocabulário. Além disso, atividades artísticas como desenhos e colagens permitirão que os estudantes ilustram suas interpretações das lendas trabalhadas, estimulando a criatividade e a expressão pessoal. Essas atividades práticas não apenas reforçarão o aprendizado, mas também criarão um ambiente dinâmico e colaborativo na sala de aula. 3º Passo: Apresentação Teatral No último mês do projeto, será realizada uma atividade culminante: a elaboração e ensaio de umapeça teatral baseada em uma das lendas trabalhadas. Este ensaio será um espaço para os alunos aplicarem o que aprenderam, desenvolvendo habilidades de trabalho em equipe, expressão corporal e interpretação. A apresentação do teatro está agendada para o dia 22 de agosto de 2025, em celebração ao Dia do Folclore, e será aberta aos pais e responsáveis. Essa atividade não só proporcionará um momento de celebração e reconhecimento do esforço dos alunos, mas também fortalecerá os laços entre a escola e a comunidade, promovendo a valorização da cultura local. 8 CRONOGRAMA Cronograma do Projeto de Ensino: Utilização do Folclore Brasileiro para Rodas de Leitura . Período Semana 1 Semana 1 Semana 2 Semana 2 Semana 3 Semana 3 Semana 4 Semana 4 Semana 5 Semana 6 Semana 7 Atividade Apresentação da Lenda 1 Atividades Lúdicas – Lenda 1 Apresentação da Lenda 2 Atividades Lúdicas – Lenda 2 Apresentação da Lenda 3 Atividades Lúdicas – Lenda 3 Apresentação da Lenda 4 Atividades Lúdicas – Lenda 4 Escolha da Lenda para Teatro Início dos Ensaios Teatrais Apresentação Teatral Descrição Contação da primeira lenda pela professora; pais contam a mesma história em casa; alunos compartilham na sala. Identificação de imagens, letras iniciais e criação de desenhos relacionados à lenda. Contação da segunda lenda pela professora; pais contam a mesma história em casa; alunos compartilham na sala. Identificação de imagens, letras iniciais e criação de desenhos relacionados à lenda. Contação da terceira lenda pela professora; pais contam a mesma história em casa; alunos compartilham na sala. Identificação de imagens, letras iniciais e criação de desenhos relacionados à lenda. Contação da quarta lenda pela professora; pais contam a mesma história em casa; alunos compartilham na sala. Identificação de imagens, letras iniciais e criação de desenhos relacionados à lenda. Preparação do roteiro e distribuição de papéis; ensaios com os alunos. Ensaios gerais e ajustes finais nas apresentações. Apresentação da peça teatral no Dia do Folclore, aberta a pais e responsáveis. 9 RECURSOS Recursos Humanos: 1. Professores da Sala de Aula Regular: Responsáveis pela condução das atividades de leitura e contação de histórias, bem como pela mediação do aprendizado dos alunos. 2. Professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE): Colabora na adaptação das atividades para alunos com necessidades educacionais especiais, garantindo a inclusão de todos. 3. Equipe Pedagógica: Envolvimento da coordenação e supervisão escolar para orientações e apoio nas atividades do projeto. 4. Alunos: O recurso mais importante, cuja participação ativa e engajamento são fundamentais para o sucesso do projeto. Recursos Materiais: 5. Materiais de Escritório: Papel, lápis de cor, canetinhas, tesouras, colas e outros materiais de artesanato para as atividades criativas. 6. Impressões: Desenhos ilustrativos, letras iniciais dos contos, e capas para encadernação das produções dos alunos. 7. Livros de Contos e Lendas Brasileiras: Diversidade de obras que representarão o folclore nacional, proporcionando um rico repertório cultural. 8. Espaço para Leitura e Contação de Histórias: Um ambiente confortável e acolhedor, onde as atividades de leitura e dramatização poderão ocorrer. 9. Pastas para Arquivar Produções: Para organizar e armazenar as produções artísticas e escritas dos alunos ao longo do projeto. Todos esses recursos serão mobilizados para criar um ambiente de aprendizado estimulante e inclusivo, permitindo que os alunos explorem o folclore brasileiro de forma lúdica e significativa 10 AVALIAÇÃO A avaliação no Projeto de Ensino "Utilização do Folclore Brasileiro para Rodas de Leitura" será contínua e formativa, buscando acompanhar o progresso dos alunos ao longo de todas as etapas do projeto. A culminância das atividades ocorrerá no Dia do Folclore, 22 de agosto, com a realização de um sarau, onde será apresentada a encenação da lenda escolhida pelos alunos. Este evento será um momento significativo de celebração do aprendizado e da cultura brasileira. Critérios de Avaliação: Participação e Envolvimento: A participação dos alunos nas atividades propostas será um dos principais critérios de avaliação. Serão observados o engajamento nas contações de histórias, a interação nas discussões em sala e a colaboração durante as atividades lúdicas. Produções Artísticas: A entrega das produções para a confecção do livro ilustrado será avaliada quanto à originalidade, criatividade e à relação com as lendas trabalhadas. Cada aluno terá a oportunidade de contribuir com desenhos, pinturas e textos que demonstrem sua compreensão e interpretação das histórias. Recontagem das Lendas: Os alunos serão avaliados em sua capacidade de recordar e recontar os contos e lendas abordados ao longo do projeto. Esta atividade não só desenvolverá habilidades de comunicação, como também permitirá que os alunos demonstrem sua compreensão das narrativas folclóricas. Apresentação Teatral: A encenação da lenda escolhida será um momento de culminância, onde os alunos poderão aplicar suas habilidades de atuação, criatividade e trabalho em equipe. A avaliação considerará a participação de cada aluno, a clareza da apresentação e o envolvimento do grupo. Documentação e Feedback: Além da avaliação qualitativa, será elaborado um livro com as produções dos alunos, que será distribuído aos pais e responsáveis durante o sarau. Este livro servirá como um registro tangível do aprendizado e das experiências vivenciadas. Os feedbacks serão fornecidos de forma contínua, com discussões em grupo e reuniões com os pais, promovendo uma parceria entre a escola e as famílias. Através dessa abordagem avaliativa, buscamos não apenas mensurar o aprendizado, mas também incentivar a expressão criativa e a valorização das tradições culturais brasileiras, promovendo uma experiência educacional enriquecedora. CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração do Projeto de Ensino "Utilização do Folclore Brasileiro para Rodas de Leitura" proporcionou uma rica oportunidade de reflexão sobre a importância da cultura folclórica na formação das crianças. Ao desenvolver este projeto, percebi a relevância de integrar o conhecimento cultural ao currículo escolar, permitindo que os alunos não apenas conheçam suas raízes, mas também se conectem de forma mais significativa com sua identidade. Durante a elaboração, enfrentei algumas dificuldades, principalmente na adaptação das atividades para atender a diversidade do público-alvo. Garantir que todas as crianças, independentemente de suas habilidades ou experiências prévias, se sentissem incluídas e motivadas a participar foi um desafio constante. Além disso, a necessidade de engajar os pais e a comunidade nas atividades propostas também exigiu um planejamento cuidadoso e comunicação efetiva. As possíveis contribuições deste projeto para o ensino na educação infantil são significativas. Ao utilizar o folclore brasileiro como ferramenta pedagógica, buscamos não apenas transmitir conteúdos, mas também promover habilidadessocioemocionais, como empatia, respeito às diferenças e valorização da cultura. O projeto incentiva a criatividade, a expressão artística e a capacidade de trabalhar em grupo, competências fundamentais para a formação integral dos alunos. Além disso, a realização de atividades lúdicas, como a contação de histórias e o teatro, pode contribuir para uma aprendizagem mais dinâmica e prazerosa, resgatando o prazer de aprender por meio da brincadeira. Espero que este projeto possa servir como um modelo para futuras iniciativas, reforçando a importância de uma educação que valoriza a cultura local e promove um ambiente de aprendizado inclusivo e enriquecedor. Ao final, acredito que a implementação deste projeto poderá não apenas enriquecer o currículo escolar, mas também fomentar um maior apreço pela diversidade cultural, preparando os alunos para se tornarem cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Renato. Folclore . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976. ANDRADE, R. A. M. Literatura Infantil: os benefícios da leitura na infância. Disponível em: leiturinha.com.br/blog/literatura-infantil. Acesso em 20 de Out. 2024 BRASIL. Constituição da República Federativa. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 35. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2005. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infanti l. Brasília: MEC, SEB, 2010. CASCUDO, Luis da Câmara. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Editora Global, 2016. CARVALHO, B. V. de. A literatura infantil: visão histórica e crítica . 6. ed. São Paulo: Global, 1989. CUNHA, C. G. C. A importância da literatura na Educação Infantil. Disponível em: https://sae.digital/literatura-na-educacao-infantil/. Acesso em 20 de Out. 2024 FAGUNDES, T. B. Os conceitos de professor pesquisador e professor reflexivo: perspectivas do trabalho docente. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/RmXYydFLRBqmvYtK5vNGVCq/. Acesso em 20 de Out. 2024 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa . São Paulo: Paz e Terra, 2005. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987. GICO, José. O folclore e sua importância na formação do educador . Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2016. LUCCI, M. A. A proposta de Vygotsky: a psicologia sócio-histórica. Disponível em: https://ugr.es/~recfpro/rev102COL2port.pdf. Acesso em 20 de Out. 2024 MEDEIROS, F.K. S . A leitura de literatura na educação infantil: caminhos para a formação do leitor. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br. Acesso em 20 de Out. 2024 MENEZES, I. O. A contação de histórias como estratégia para motivar a leitura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 09, pp. 43-54. Junho de 2020. ISSN: 2448-0959. Acesso em 20 de Out. 2024 OLIVEIRA, Ana; FERREIRA, Carlos. A roda de leitura: uma prática pedagógica para o desenvolvimento da leitura . São Paulo: Editora Cortez, 2020. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação Infantil. Brasília: MEC, 1997. PIAGET, Jean. A construção do real na criança. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1976. SOARES, Magda. Literacia e educação: uma perspectiva sociocultural . São Paulo: Editora Contexto, 2018. VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores . São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.