Prévia do material em texto
Introdução ao direito do trabalho Profa. Julia de Souza Rodrigues, Prof. Bruno Moreno Carneiro Freitas Descrição Apresentação dos princípios do direito do trabalho e dos conceitos de relação de emprego e de contrato de trabalho. Identificação das principais modalidades do contrato de trabalho e de suas classificações quanto ao prazo de duração e aos seus sujeitos ativos. Identificação dos danos moral e material na relação de trabalho, bem como acidente de trabalho, doenças equiparadas, assédio moral e sexual. Propósito Compreender os elementos fundamentais do direito do trabalho, do vínculo empregatício e dos contratos de trabalho, bem como estabelecer a ligação entre responsabilidade civil e as relações laborais. Preparação Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Objetivos 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 1/67 Módulo 1 Princípios jurídicos Analisar os princípios jurídicos que orientam o direito do trabalho. Módulo 2 Contrato de trabalho Identificar o conceito de contrato de trabalho e suas principais espécies. Módulo 3 Dano moral e material na relação de emprego Definir dano moral e material na relação de emprego. Introdução Compreenderemos aqui que o direito do trabalho é um ramo do direito que trata da relação formal de trabalho – a que denominamos relação de emprego – e que possui princípios próprios e de fundamental importância para a compreensão de como se constitui a relação de emprego. Essa relação pode se estabelecer de diferentes formas, desde que presentes quatro características fundamentais do contrato de trabalho, que veremos ao longo deste conteúdo. Vamos examinar, assim, as diferentes formas e modalidades de contrato de trabalho e, finalmente, analisaremos os conceitos de dano moral e dano material, além de verificar como se dá sua aplicação segundo o direito do trabalho. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 2/67 1 - Princípios jurídicos Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os princípios jurídicos que orientam o direito do trabalho. Ligando os pontos José da Silva trabalhou como professor na rede de ensino Super Cursos Jurídicos, com o devido registro em CTPS, no período de outubro de 2006 a junho de 2009. Apenas cinco dias após a extinção do vínculo de emprego em junho de 2009, José da Silva foi recontratado pela rede de ensino para prestar serviços como professor na condição de pessoa jurídica, assim permanecendo até outubro de 2022. Após a recontratação, em dezembro de 2009, o quadro societário da Super Cursos Jurídicos foi alterado. Após o encerramento do contrato, José da Silva buscou por meio do Judiciário o reconhecimento da relação de emprego com a instituição de ensino para a qual prestou serviços como pessoa jurídica. A juíza realizou o exame das provas, principalmente da testemunhal, e concluiu que ficou evidente a subordinação na prestação de serviços do professor, condição que permaneceu mesmo depois da alteração contratual. Em depoimento, o representante da empresa reconheceu que o reclamante atuava como professor, ministrava aulas e palestras em cursos regulares, semestrais e anuais. Foi confirmado que José da Silva sempre desempenhou as mesmas atividades, que não foram alteradas depois da mudança da sua contratação para pessoa jurídica. A juíza 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 3/67 entendeu que o contrato formal de prestação de serviços pactuado entre as partes não tem o efeito de encobrir o contrato realidade de emprego, que deve prevalecer. Na sentença, foi reconhecido o vínculo de emprego entre o professor e a instituição de ensino, pelo período trabalhado como pessoa jurídica, com a condenação da Super Cursos Jurídicos a pagar a José da Silva os direitos trabalhistas decorrentes. Desse modo, as circunstâncias verificadas no caso não deixaram dúvidas de que o professor continuou prestando serviços com a presença dos pressupostos caracterizadores da relação de emprego, principalmente a pessoalidade e a subordinação. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Após o encerramento do contrato de prestação de serviços como pessoa jurídica, José da Silva consultou o seu advogado sobre a possibilidade do reconhecimento da relação de emprego com a empresa Super Cursos Jurídicos por meio do judiciário. A alteração no quadro societário da instituição de ensino, que ocorreu em dezembro de 2009, foi uma das preocupações apresentadas ao advogado, que explicou que a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afeta os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Essa explicação está baseada no princípio da Parabéns! A alternativa C está correta. A inalterabilidade contratual lesiva. B condição mais benéfica. C continuidade da relação de emprego. D proteção. E boa-fé objetiva. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 4/67 A explicação do advogado está baseada no princípio da continuidade da relação de emprego, expresso no art. 448 da CLT, o qual define que a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afeta os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Desse modo, a relação de emprego continua vigente mesmo que haja alteração na propriedade da empresa. Questão 2 O princípio específico do direito do trabalho que tem como propósito corrigir as desigualdades (econômicas e jurídicas) entre José da Silva e a instituição de ensino na relação jurídica é o da Parabéns! A alternativa D está correta. O princípio da proteção assegura que o trabalhador deverá gozar de maior proteção tanto por parte do Poder Legislativo quanto do Poder Judiciário. O trabalhador é a parte mais frágil da relação de emprego, pois é o empregador que detém mais poder econômico e jurídico. Para corrigir essa desigualdade na relação jurídica, o princípio da proteção estabelece uma superioridade jurídica em favor do empregado. Questão 3 No caso apresentado, a juíza reconheceu, por meio de sentença, o vínculo de emprego entre o professor e a instituição de ensino, pois constatou que estavam presentes os requisitos do art. 3º da CLT. As circunstâncias confirmavam que o professor continuou prestando serviços com a presença dos pressupostos A dignidade da pessoa humana. B condição mais benéfica. C primazia da realidade. D proteção. E boa-fé. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 5/67 caracterizadores da relação de emprego após a sua contratação como pessoa jurídica. Desse modo, a juíza entendeu que o contrato realidade de emprego deve prevalecer sobre o contrato formal de prestação de serviços. Comente sobre o princípio específico do direito do trabalho que serviu de parâmetro para a juíza fundamentar o reconhecimento do vínculo de emprego entre o professor e a instituição de ensino. Digite sua resposta aqui Chave de resposta O reconhecimento do vínculo de emprego entre o professor e a instituição de ensino foi fundamentado no princípio da primazia da realidade. Segundo esse princípio, no direito do trabalho, o que realmente importa são os fatos que ocorrem, mesmo algum documento formalmente indicando o contrário. Por isso, por meio de análise de circunstâncias e provas que estavam presentes, a juíza constatou as características de uma relação de emprego, ainda que, o contrato de trabalho tenha sido firmado como pessoa jurídica, o que foi desconsiderado em prol da realidade. É mais relevante para o direito do trabalhoser de natureza: Patrimonial Refere-se ao prejuízo material, econômico. Extrapatrimonial Refere-se a danos de ordem moral, imagem, honra, estético. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 47/67 Tal matéria, por sua vez, tem a sua raiz no direito civil, sendo tais direitos aplicados também à relação de emprego. Dano ao trabalhador é aquele sofrido pelo trabalhador na sua relação de emprego. Fora da relação de emprego, o dano sofrido por uma pessoa que seja um trabalhador será tratado como dano moral ou material aos seus direitos como pessoa natural, ser humano, e não como empregado. Vejamos essa diferença a partir de dois exemplos. Vamos lá? Primeiro caso Se durante o trabalho o patrão agride verbalmente o empregado, utilizando palavras de baixo calão para humilhá-lo publicamente, estamos falando de um dano sofrido em razão da relação de emprego. É um dano sofrido pelo fato de se tratar de um empregado, de um trabalhador em seu ambiente de trabalho. Portanto, um dano ao trabalhador. Segundo caso Se o mesmo trabalhador, em sua hora de lazer, encontra um funcionário da mesma empresa em um ambiente externo, em uma situação que não tem relação com o seu labor, por exemplo, uma ida ao cinema, e essa pessoa o ofende publicamente, não estaremos falando de um dano ao trabalhador, de direito do trabalhador ou direito do trabalho. Trata-se de direitos civis, de responsabilidade civil e de direito civil. Apesar de a diferenciação entre essas duas esferas ser fundamental, inclusive para saber em que órgão do Poder Judiciário poderá ser obtida a indenização por danos sofridos, é certo que o fundamento jurídico advém, em sua maioria, das mesmas normas. O art. 1º da Constituição Federal de 1988 colocou a dignidade da pessoa humana, a dignidade com a qual todo ser humano deve ser tratado, como um dos fundamentos da República no Brasil. Veja! 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 48/67 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,1988) O princípio da dignidade da pessoa humana coloca-se como valor maior na ordem constitucional, atraindo a ideia de que todos os demais dispositivos constitucionais e legais devem ser interpretados sob essa lógica. Dignidade da pessoa humana “[...] a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.” (SARLET; MARINONI; MITIDIERO, 2012, p. 37) Conceito de dano Art. 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, reforça o princípio da dignidade da pessoa humana, pois tais dispositivos constitucionais elevam ao patamar de garantias constitucionais fundamentais a indenização ao dano sofrido, além do proporcional direito de resposta, bem como colocam como invioláveis: os direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem, bem como os qualifica como direitos fundamentais inalienáveis. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 49/67 Quando levado ao âmbito infraconstitucional, os arts. 186 e 927 do Código Civil (CC), de 2002, são os principais dispositivos que conceituam o dano moral e material, e garantem reparação aos danos sofridos. Vamos conferir o que esses artigos estabelecem! Artigo 5º, incisos V e X V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (BRASIL, 1988) Dispõe sobre o conceito de dano como uma ação ou omissão em que o autor é negligente ou imprudente (veremos mais à frente que pode também agir com imperícia), viola o direito de outra pessoa e que, ao fazê-lo, também causa prejuízos a ela, seja de natureza moral, ou material, sendo essa conduta que gerou prejuízo a terceiro classificada como ato ilícito. Ou seja, estamos tratando de um ato ilícito (que viole algum direito) causado por alguma conduta comissiva ou omissiva que resulte em prejuízo moral ou material a outrem. Sendo ainda considerado ato ilícito o abuso de direito (art. 187, CC). Dispõe que aquele que causar dano a alguém tem o dever de repará-lo, ou seja, indenizá-lo. Tanto o art. 5º, X e V, da CF/88 quanto as normas do Código Civil mencionadas estabelecem que, havendo prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial, resultado de um ato ilícito que viole a lei e efetivamente algum direito, quem praticou tal ato deve indenizar pelos prejuízos causados. Apesar de tais artigos legais e constitucionais não fazerem referência expressa à relação de trabalho ou emprego e ainda não se localizarem na CLT ou em qualquer outra lei que aborde diretamente as relações de trabalho, eles servirão de fundamento para a caracterização do dano nos contratos de trabalho. Art. 186 do CC Art. 927 do CC 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 50/67 O direito não é uma caixa hermética, isolada; seus diversos ramos possuem comunicação, muitas vezes direta. A proteção ao trabalhador Há outros dispositivos ao longo de todo o ordenamento jurídico que podem ser utilizados para coibir ou reparar o dano ao trabalhador, indo desde normas de proteção à saúde e ao trabalho (art. 6º, da CF/88). Isso inclui a saúde do trabalhador e o direito a um ambiente de trabalho saudável, o rol de direitos trabalhistas estabelecidos no art. 7º da CF/88 (especialmente os incisos XXII e XXVIII, que serão abordados à frente), bem como o fato de que já no art. 1º, IV, da CF/88 também são colocados como fundamento da República e do Estado Democrático de Direito os valores sociais do trabalho. Trabalhadora fazendo supervisão de trabalho. Há em nosso ordenamento jurídico uma proteção específica ao trabalhador, em relação ao seu patrimônio, à sua saúde e ao seu ambiente de trabalho (art. 225, da CF/88). Vamos, então, ao tipo de responsabilidade inerente à relação de emprego, ou seja, à natureza da responsabilidade do empregador pelos danos que seu empregado venha a sofrer em decorrência do seu trabalho. Responsabilidade subjetiva x Responsabilidade objetiva 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 51/67 A responsabilidade diz respeito a uma relação estabelecida entre uma ação e seu resultado (que cause prejuízo a alguém). Assim, a noção de responsabilidade normalmente está intrinsecamente ligada à noção de culpa, que, por sua vez, está diretamente ligada a uma conduta humana, seja positiva ou negativa. Ou seja, uma ação ou uma omissão quando o sujeito em questão era obrigado a agir. Falamos em culpa quando um agente adota conduta comissiva ou omissiva com negligência, imperícia ou imprudência. De acordo com Cavalieri Filho (2000), temos o seguinte: Negligência É evidenciada por uma ação ou omissão que não tenha sido acurada o suficiente, não tenha sido suficientementecuidadosa, mas desleixada. Ou seja, uma conduta omissiva. Imprudência É a precipitação levada a cabo por um agente em uma conduta comissiva (ação). Imperícia É a falta de uma habilidade específica que se espera de um agente no seu dever. Assim, temos ainda, para a caracterização da culpa, a necessidade de: Conduta voluntária com resultado involuntário Previsão ou previsibilidade do resultado Falta de cuidado, cautela ou atenção em negligência, imprudência ou imperícia Responsabilidade subjetiva Quando falamos da necessidade de haver culpa do sujeito, tratamos de responsabilidade subjetiva, a qual necessita de três pressupostos para a sua configuração: Conduta culposa do agente Nexo de causalidade entre a conduta e o dano Ocorrência de dano O conceito de culpa e o de dano você já viu anteriormente. Agora, é preciso esclarecer o que é nexo causal ou nexo de causalidade. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 52/67 Nexo causal é a conexão existente entre o ato ilícito em razão de ação ou omissão do agente e o prejuízo, o dano. Sem nexo causal, não se poderá falar de responsabilização. Vamos diferenciá-los a partir de um exemplo. Com nexo causal Se um motorista atropela alguém e a pessoa vem a falecer, é nexo de causalidade entre a conduta e o prejuízo (perda da vida). Sem nexo causal Se o atropelamento resulta, não na morte da pessoa atropelada, mas na hospitalização da vítima por ter quebrado uma perna e no adoecimento por covid- 19 contraído no hospital e a vítima falece, não estará estabelecido o nexo causal. Há ainda a possibilidade de existência de uma concausa, que significa que a uma causa principal veio a se somar outra que contribuiu para o resultado danoso. No entanto, a concausa deve ser uma causa coadjuvante. Exemplo O trabalhador que já tinha problemas de coluna e passa a trabalhar sem os equipamentos de proteção individual e a levantar peso inadequadamente em sua atividade laboral. É certo que a concausa não afasta o nexo de causalidade, mas, muitas vezes, será levada em consideração para a estipulação do valor da indenização fixada. As concausas podem ser preexistentes, quando antecedentes ao fato danoso, supervenientes, quando posteriores e concomitantes, quando simultâneas. O nexo causal será fundamental para responsabilização dos empregadores ante doenças adquiridas em razão do trabalho. Uma vez estabelecidas as premissas da responsabilidade subjetiva, é importante conceituar o que é responsabilidade objetiva. Responsabilidade objetiva 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 53/67 Dispensará o elemento culpa para que o agente seja responsabilizado pelo prejuízo causado. Ou seja, independentemente de comprovação de negligência, imperícia ou imprudência, o agente será responsabilizado, desde que haja o ato ilícito que tenha resultado em dano e o nexo causal entre o dano e a atividade desenvolvida. Trata-se da aplicação da Teoria do Risco, segundo a qual quem decide desenvolver certas atividades assume os riscos inerentes a ela. Ou seja, é algo inerente à atividade e, portanto, a responsabilização daquele que resolveu desenvolver tal atividade independe de culpa. O parágrafo único do art. 927 do Código Civil estabelece a responsabilidade objetiva, que é a exceção, e a responsabilidade subjetiva (art. 186 do CC), a regra. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (CÓDIGO CIVIL, 2002) Veremos que a responsabilidade aplicada no contrato de trabalho é a responsabilidade objetiva. Responsabilidade objetiva nas relações de emprego O próprio princípio da alteridade, inscrito no art. 2º da CLT, já deixa claro que os riscos da atividade econômica desenvolvida pelo empregador são assumidos por este e não podem ser repassados ao empregado. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 54/67 Isso inclui os riscos de dano que o trabalhador venha a sofrer desenvolvendo tais atividades. A Teoria do Risco, no entanto, não se aplicará em regra aos danos patrimoniais em sua maioria, salvo quando se tratar de acidente de trabalho e doenças laborais. Tal entendimento é majoritário tanto na doutrina quanto na jurisprudência, inclusive no Tribunal Superior do Trabalho, sendo que, recentemente, o STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 828040, fixou tese com repercussão geral em que reconhece a responsabilidade objetiva do empregador em acidentes de trabalho ou doenças equiparadas em atividades de risco. Saiba mais No referido julgamento, voto divergente apresentado pelo Ministro Marco Aurélio Mello argumentou que o art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal, possui a seguinte redação: “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. Ou seja, a indenização estaria prevista tão somente nos casos de culpa ou dolo do empregador, mesmo em casos de acidente de trabalho. Ocorre que o art. 927 do CC implica norma mais favorável ao trabalhador e deve ser aplicada principalmente nas atividades que tenham o risco a elas inerentes. As responsabilidades do contrato de trabalho Neste vídeo, vamos explorar as responsabilidades envolvidas no contrato de trabalho, tanto para o empregado quanto para o empregador. Dano material ao trabalhador 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 55/67 Neste vídeo, vamos explorar o dano material ao trabalhador, uma das formas de reparação de danos em casos de acidentes de trabalho ou em outras situações que causem prejuízo financeiro ao empregado. O dano material ao trabalhador se dará quando este sofrer qualquer tipo de prejuízo econômico, como horas extras não pagas, corte de salário, entre outras. No entanto, é comum, nos processos judiciais, os pedidos de reparação por esses danos materiais sofridos não serem colocados como pedidos de indenização. Comentário Muitas vezes, o pedido de indenização por danos materiais é apresentado dessa forma quando se trata de descontos indevidos feitos pelo empregador ou restituição de algum gasto que o trabalhador tenha suportado de forma indevida. Por outro lado, há o prejuízo patrimonial do trabalhador decorrente de acidente de trabalho ou doença laboral, que é equiparada juridicamente a acidente de trabalho. Acidente de trabalho e doenças equiparadas Há de se lembrar que o trabalhador é efetivamente um vendedor de sua própria força de trabalho, sendo essa a mercadoria que tem a oferecer em contrapartida a um salário. Sua força de trabalho, portanto, constitui seu patrimônio econômico, material. Logo, o prejuízo patrimonial do trabalhador decorrente de acidente de trabalho ou doença laboral se dá em razão do afastamento do reclamante de sua atividade laboral, pois tais eventos implicam, muitas vezes, perdas econômicas, tendo em vista que o benefício previdenciário em regra possui valor inferior ao salário do empregado. Por outro lado, se o afastamento daquela atividade é permanente e há perda parcial ou total da capacidade laboral, a necessidade de reparação pelo dano material sofrido se coloca de forma ainda mais forte. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 56/67 Trabalhador sofrendo acidente de trabalho. Estamos falando aqui tambémde lucros cessantes e perdas de chances concretas, sendo que os lucros cessantes serão aquilo que, razoavelmente, alguém deixará de ganhar em decorrência do dano sofrido. Em função disso, os arts. 949 e 950 do CC estabelecem justamente uma indenização por lucros cessantes e danos materiais permanentes decorrentes da redução ou perda da capacidade laborativa. É importante mencionar que tais indenizações poderão ser acumuladas com benefícios previdenciários, uma vez que a natureza das verbas é distinta. Artigos 949 e 950 do CC Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. (BRASIL, 2002) 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 57/67 Dano moral ao trabalhador Neste vídeo, vamos explorar o dano moral ao trabalhador, uma das formas de reparação de danos em casos de situações que causem prejuízo à honra, dignidade ou imagem do empregado. A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 223-A e seguintes, trata do dano extrapatrimonial, mais comumente denominado dano moral. Importante destacar que o referido artigo indica que apenas o previsto no Título II - A da Consolidação será aplicado aos danos ao patrimônio imaterial decorrentes das relações de trabalho. É necessária a crítica a essa disposição, já que a própria Constituição Federal trata do tema dos danos morais e sua reparação, não podendo o legislador comum afastar disposição prevista na Lei Maior. Portanto, evidente que o regramento da CLT deve ser interpretado conforme a Constituição Federal, jamais sobrepondo-a. O art. 223-B da CLT ficou responsável por definir o que seria o dano moral nas relações de trabalho, merecendo elogios a preocupação do legislador em indicar que também o empregador possa sofrer danos de ordem extrapatrimonial, o que era muito difícil de ser reconhecido em tempos mais remotos. Melhor interpretação é a de que os arts. 223-C e 223-D da CLT, que tratam de bens tuteláveis que podem vir a sofrer danos de ordem extrapatrimonial, em pessoas físicas e jurídicas, respectivamente, apresentam rol meramente exemplificativo. Atenção! A principal diferença prática entre o regramento geral dos danos morais e dos decorrentes das relações de trabalho é a tarifação prevista pela CLT nesse último caso. Ao tentar definir parâmetros para fixação de indenização por danos morais, o legislador vai em sentido distinto do disposto no art. 944 do Código Civil, pilar da responsabilidade civil, o 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 58/67 qual define que o dano e a sua correspondente reparação devem ser definidos por sua extensão. Ao estabelecer o “último salário contratual” como parâmetro indenizatório em danos extrapatrimoniais decorrentes de relações de trabalho, o art. 223-G, parágrafo 1º da CLT fez com que um mesmo bem jurídico ofendido viesse a merecer indenizações em dimensões extremamente diferentes, como se a honra de um empregado valesse menos do que a honra de outro que tenha salário contratual maior. Além disso, o artigo se preocupou em trazer parâmetros pensando em reparações apenas dos empregados, não fazendo sentido o regramento do “último salário contratual” como parâmetro reparatório dos empregadores. A tarifação fechada do dano moral, qualquer que seja a sua base de cálculo, é questionada à luz das disposições constitucionais, pois o art. 5º, X, da Constituição prevê que seriam invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando-lhes o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Se a indenização decorre da violação e se esta é a medida daquela, não haveria que se falar em tabelas fechadas ou em parâmetros circunscritos, apesar de, na prática, desde a Reforma Trabalhista, ter sido assim aplicado pelos tribunais do trabalho do país. Saiba mais Nas ADIs 6.050, 6.069 e 6.082, o Plenário do Supremo Tribunal Federal começou a julgar a questão. As ações referidas questionam dispositivos da reforma trabalhista que limitaram as indenizações por danos extrapatrimoniais. Características Se o dano material é o que atinge a esfera patrimonial do trabalhador, o dano moral será aquele dano psicológico, causado por um prejuízo à imagem, honra, autoestima, intimidade, vida privada ou a outros aspectos que lidem com a subjetividade do trabalhador. Assim, mesmo o acidente de trabalho e a doença laborativa serão na maioria das vezes não só um dano material, mas também um dano moral aos trabalhadores, especialmente se a doença desenvolvida for de caráter psiquiátrico Atos de discriminação, de ridicularização ou até mesmo de excessivo poder disciplinar no ambiente ou nas relações de trabalho podem configurar dano moral e em razão disso serem passíveis de indenização. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 59/67 Não se pode desconsiderar que nas relações de emprego há um fator hierárquico no qual os hierarquicamente superiores detêm certos poderes de mando. No entanto, o exercício de tais poderes não pode implicar abuso de direito, que se equipara ao ato ilícito. Quando essas práticas danosas forem recorrentes, poderemos classificá-las como assediadoras. Ou seja, trata-se de assédio moral! Assédio moral Não é produzido a partir de normas específicas que o definem expressamente como um ilícito civil, penal, administrativo ou trabalhista, mas é, antes de tudo, fruto no âmbito da ciência jurídica de construções doutrinárias e jurisprudenciais que têm como fontes outras ciências humanas. É, portanto, um conceito que existe para além do direito. Ainda assim, a prática de assédio moral conta com uma série de dispositivos legais e constitucionais que permitem ao Estado, especialmente ao Estado-Juiz, reconhecê-la como ilícita e sancioná-la. Segundo Bobroff e Martins (2013), o assédio moral pode ser caracterizado pela submissão do trabalhador a constantes humilhações e constrangimentos, isolamento, retirada de poderes ou autonomia. Ele se expressa majoritariamente em atitudes violentas e sem ética, que provocam repercussões negativas na identidade da pessoa assediada, maculando sua noção de dignidade e violando alguns de seus direitos, que podem ser caracterizados como fundamentais. Quanto a essa submissão, podemos entender que se trata não apenas de uma lógica de hierarquia, mas sim de um conjunto de práticas que impõe danos imateriais, de natureza psicológica, na maioria dos casos, à pessoa assediada. O assédio moral pode acontecer de três formas. Vejamos! É o assédio feito do chefe sobre o funcionário imediatamente inferior. É o assédio que acontece entre funcionários de mesmo nível Vertical descendente Horizontal 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 60/67 hierárquico do assediado. É o assédio que acontece quando os assediadores possuem nível hierárquico inferior contra quem possua nível hierárquico superior. Para além dessas três formas mais comuns, há ainda o assédio organizacional. O ponto fundamental para a prática do assédio é a capacidade de exercer coerção. Segundo Faria (2015), a coerção reside na aplicação de sanções físicas, psicológicas,sociais e culturais, tendo como objetivo impor restrições das mais diversas possíveis, desde físicas até mesmo cercear manifestações espontâneas de pensamento. Capacidade de coerção implica capacidade de exercício de poder, portanto, estar submetido a uma relação de poder, como a existente no trabalho, é o que possibilita a prática assediante. Saiba mais O assédio moral é fenômeno antigo e presente em muitos lugares de trabalho, causado pela deterioração das relações interpessoais e pelas disfunções organizacionais. Trata-se de fenômeno relacionado com a cultura, podendo variar as formas de suas manifestações de país para país. E há outro elemento que permite definir o assédio moral: sua relação com o tempo. Não se trata de uma ação eventual, mas uma prática reiterada. Assédio organizacional As formas mais facilmente reconhecidas do assédio moral normalmente possuem um assediador como pessoa física, na maioria das vezes vinculadas às práticas de um superior hierárquico. O que seria uma espécie de “chefe carrasco”. Mas os modelos produtivos e sua organização possibilitam outras formas de assédio, de maior dificuldade de percepção, como o assédio organizacional. Bauman (2001) afirma que os trabalhadores obedecem a diretrizes laborais cuja origem desconhecem, ao passo que se dispõem a cumprir metas de produção e normas de conduta que podem levá-los a desistir do trabalho. Tal prática é definida como assédio estratégico, sendo descrito como aquele desempenhado pelas empresas a fim de que o empregado peça demissão, e, assim, não se arque com os custos de uma dispensa sem justa causa. Segundo Hirigoyen (2010), tal assédio Vertical ascendente 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 61/67 estratégico é também instrumento da gestão empresarial para intensificar a produção. O assédio moral organizacional está fundado em práticas gerenciais voltadas ao aumento da produtividade e da lucratividade das empresas que por suas características e por sua reiteração potencialmente causam danos à saúde física ou mental dos empregados, como esclarece Ramos Filho (2012). Portanto, quando tal prática está diretamente ligada à organização produtiva, podemos falar de assédio organizacional. Sua proibição seria uma forma de impor limites à flexibilidade da produção e do poder diretivo do empregador. Por isso mesmo, e especialmente no Brasil, carece de uma regulação específica e é de difícil combate. De acordo com Hirigoyen (2010), não deixa de ser desafiador distinguir as atitudes abusivas das prerrogativas da hierarquia. A própria noção de subordinação remete a uma relação de desigualdade, de que alguns administradores pouco seguros de si ou embevecidos pelo poder são capazes de se aproveitar, abusando e sentindo certo prazer em submeter o outro. Empregador exaltado em reunião de equipe. Um sistema jurídico numa sociedade seria expressão dos termos e das instituições daquela mesma sociedade. Assim, como tais termos e instituições teriam nascido de necessidades reais de vida existentes em cada uma das sociedades, não teriam qualquer tipo de pretensão científica. Por outro lado, o direito, que não é determinado diretamente pela natureza, possui particularidades e complexidades. Tal definição ajuda a entender por que a vedação à prática do assédio moral nas suas formas classicamente definidas é mais comum e contribui ainda para entender as dificuldades de se proibir as formas mais camufladas no processo produtivo, como o assédio organizacional. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 62/67 Re�exão Se a flexibilidade e a intensificação laborais são uma realidade e, muitas vezes, almejadas por governos e empresas, como identificá-las como uma prática assediante tão somente com base nas normas em vigor, que não vedam expressamente tais processos? Assédio sexual Quando a conduta assediante for de caráter sexual, utilizando-se ou do poder hierárquico ou do poder de coação que o ambiente de trabalho pode permitir, estamos falando de assédio sexual. O indivíduo que cometer assédio sexual, por se tratar de uma prática social ainda mais danosa, já que atinge o direito à liberdade sexual, deverá ser mais severamente punido. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A partir da definição de assédio moral e conforme a moderna doutrina justrabalhista, assinale a alternativa que consta a informação correta. A A exposição de funcionários a situações de humilhação, repetitivas e prolongadas, durante a jornada de trabalho, caracteriza o assédio moral, somente quando praticadas pelo superior hierárquico do empregado. B Para caracterização do assédio moral, é necessário que haja o adoecimento do empregado assediado. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 63/67 Parabéns! A alternativa D está correta. O assédio moral pode ser caracterizado pela submissão do trabalhador a constantes humilhações e constrangimentos, isolamento, retirada de poderes ou autonomia. Questão 2 Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta, considerando a definição e a diferenciação de dano moral e dano material na relação de trabalho. C O assédio moral somente pode ocorrer se o autor da humilhação ou do constrangimento for ao menos do mesmo nível hierárquico do empregado. D A prática de retirar a autonomia concedida ao empregado, a retirada de seus poderes, o isolamento do trabalhador no ambiente de trabalho, colocando em ostracismo com relação aos demais empregados, são formas de assédio moral. E O assédio moral não é reconhecido na doutrina e jurisprudência trabalhista. A O dano material se dá somente quando o empregado não tem alguma verba não paga corretamente. B O acidente de trabalho em atividade de risco, quando a empresa tomar todos os cuidados com a segurança do trabalhador, ou seja, não agir com culpa, não será passível de indenização. C O desenvolvimento de doença laboral será somente caracterizado como dano material, especialmente se ocorre a redução da capacidade laborativa do empregado acometido pela doença. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 64/67 Parabéns! A alternativa A está correta. O dano moral será aquele dano psicológico causado por um prejuízo à imagem, honra, autoestima, intimidade, vida privada ou a outros aspectos que lidem com a subjetividade do trabalhador. Considerações �nais Você experimentou uma imersão inicial nos principais aspectos do direito do trabalho, estudando os princípios jurídicos que o norteiam; distinguindo os conceitos de relação de emprego e de contrato de trabalho, bem como as diversas modalidades do contrato de trabalho; definindo o que é dano material e dano moral na relação de trabalho; além de acompanhar questões importantes sobre acidente de trabalho, doenças equiparadas e os diferentes tipos de assédio no contexto do trabalho. Tudo isso permitirá a você desenvolver a competência de estruturar os vários elementos da relação de emprego e as principais instituições do direito do trabalho, compreendendo como opera a lógica desse ramo do direito e em que tipo de relações sociais e de que forma ele será aplicado. Podcast Ouça agora um apanhado dos aspectos mais relevantes sobre o direito do trabalho. D O dano moral pode ser caracterizado por uma acusação injusta contra o trabalhador. E O dano material só ocorrerá quando houver um acidente de trabalho. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 65/67 Explore + Confira as indicações que separamospara você! Leia o artigo Os Princípios do direito do trabalho diante da flexibilidade laboral, dos professores da Unicamp, Sérgio Torres Teixeira e Fábio Túlio Barroso, para ver uma análise mais aprofundada da aplicação dos princípios do direito do trabalho com as mudanças da legislação. Leia o artigo Assédio moral e assédio sexual, do desembargador, de Carlos Francisco Berardo, disponível na Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Sobre trabalho intermitente, consulte o artigo Trabalho intermitente (entre idas e vindas), do professor da UFAM e desembargador do Trabalho, Georgenor de Sousa Franco Filho. Referências BAUMAN, Z. A modernidade líquida. São Paulo: Zahar, 2001. BOBROFF, M. C. C; MARTINS, J. T. Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho. Revista Bioética, p. 251-8, 2019. BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. BRASIL. Casa Civil. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1943. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. CAVALIERI FILHO, S. Programa de responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 66/67 DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019. FARIA, J. H. Mecanismos de controle e práticas de assédio moral. In: GEDIEL, J. A. P. et al. Estado, poder e assédio: relações de trabalho na administração pública. Curitiba: Kairós, 2015. HIRIGOYEN, M. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. São Paulo: Bertrand, 2010. MIAILLE, M. Introdução crítica ao Direito. 3. ed. Lisboa: Estampa, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. Sensibilizando sobre el acoso psicológico en el trabajo. Serie Protección de la Salud de los Trabajadores, Organización Mundial de la Salud, n. 4. Genebra, 2004. PLÁ RODRIGUEZ, A. Princípios de direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2015. RAMOS FILHO, W. Direito capitalista do trabalho: história, mitos e perspectivas no Brasil. São Paulo: LTr, 2012. SARLET, I. W.; MARINONI, L. G.; MITIDIERO, D. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 67/67 javascript:CriaPDF()a realidade da relação de emprego estabelecida do que o formalizado em contrato. Assim, o contrato realidade de emprego prevalece sobre o contrato formal de prestação de serviços. Princípios e direito do trabalho Neste vídeo, vamos explorar os princípios que norteiam o direito do trabalho e que são fundamentais para garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 6/67 O primeiro elemento que devemos ter em mente quando falamos de direito do trabalho é que se trata de um ramo do direito que vai regular as relações entre um vendedor e um comprador de força de trabalho. Ou seja, um trabalhador vende a sua força de trabalho quando se dispõe a trabalhar para quem lhe pague em retribuição. Desenho Cobrança de Salário (tradução nossa). Quando essa relação for estabelecida sob subordinação, não eventualidade, pessoalidade, além da percepção de um salário (onerosidade), certas obrigações e direitos terão de ser observados pelos contratantes, em regra, empregador e empregado. Esse conjunto de direitos e obrigações é o que denominamos de direito do trabalho. O direito do trabalho será regido por determinados princípios gerais do direito e por princípios jurídicos próprios. Os princípios jurídicos são uma espécie de norma jurídica que define finalidades a serem atingidas. Diferentemente das regras, que impõem comportamentos específicos a serem adotados, os princípios preveem finalidades e servem para interpretar as regras e relações jurídicas. Levando em consideração a desigualdade material existente entre empregado (parte mais frágil da relação) e empregador (parte mais forte da relação), há princípios que buscam equilibrar tal desigualdade nos casos concretos em que a lei for omissa, ajudando a dar sentido a uma norma que trate de uma situação específica expressamente. Existem dois tipos de princípios. Vamos conferi-los? 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 7/67 Gerais Aplicam-se a todos os ramos do direito, como princípio da boa-fé, princípio da legalidade etc. Especí�cos Aplicam-se a cada ramo do direito. No caso do nosso estudo, específico do direito do trabalho. Princípios jurídicos aplicados ao direito do trabalho Princípio da primazia da realidade Ao falarmos do princípio da primazia da realidade, precisamos pensar no conceito princípio da primazia da realidade sobre as formas jurídicas. Significa dizer que, nas relações regidas pelo direito do trabalho, nas relações de emprego, o que importa é a realidade, e não a forma! Os direitos dos quais um trabalhador gozará devem ser estabelecidos justamente em razão do que acontece na prática e não com base no que eventualmente está escrito em seu contrato de trabalho ou foi combinado entre os contratantes. Vejamos alguns exemplos! Carga horária Se um empregado é contratado para laborar 8 horas por dia e 44 horas por semana, mas na realidade trabalha mais do que isso, ele deverá receber o pagamento de horas extras, ainda que o registro de jornada do empregador mostre algo diferente. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 8/67 Turno de trabalho Se no contrato de trabalho consta que um empregado trabalha de dia, mas, na prática, ele trabalha de noite, ele deverá receber adicional noturno. O princípio da primazia da realidade também é muito importante para o reconhecimento de uma relação de emprego, ou seja, uma relação regida pelo direito do trabalho. Isso porque, caso a relação tenha todas as características de uma relação de emprego, ainda que, no contrato, diga-se que a relação estabelecida entre os contratantes não gera vínculo empregatício, o contrato será desconsiderado em prol da realidade, o que normalmente acontece mediante ajuizamento de uma ação judicial na Justiça do Trabalho. Atenção! Não há um artigo da CLT, da Constituição Federal (CF) ou de outra lei em que esteja previsto o princípio da primazia da realidade, mas uma importante fonte são os arts. 442 e 443 da CLT, que preveem que o contrato individual de trabalho pode ser estabelecido de forma tácita ou expressa. Ou seja, ainda que não tenha sido combinado entre um trabalhador e um empregador um contrato de trabalho, se as rotinas, as práticas, os fatos demonstrarem estar presentes todas as características de uma relação de emprego, deverá ser reconhecido o contrato de trabalho. Esse é um princípio-chave no direito do trabalho, responsável inclusive pelo reconhecimento de uma série de direitos negados a trabalhadores sem a formalização de seu contrato de trabalho. CLT Consolidação das Leis do Trabalho. Tem origem no Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Seus artigos já passaram por muitas modificações ao longo do tempo. Em 11 de novembro de 2017, a CLT sofreu alterações em decorrência da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467 de 2017). Princípio da proteção (ao trabalhador) 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 9/67 A lógica deste princípio é estabelecida na ideia de que o trabalhador é a parte mais frágil da relação de emprego. Ou seja, entre o empregador e o empregado, o primeiro detém mais poder econômico e jurídico. Logo, o trabalhador deve gozar de maior proteção tanto por parte do Poder Legislativo quanto do Poder Judiciário. O Estado deve estabelecer e garantir uma proteção mínima aos trabalhadores de forma a possibilitar uma subsistência digna, com saúde física e mental, dentre outros aspectos da vida. Obviamente, trata-se de uma evolução histórica do direito do trabalho e que se afasta em grande medida da visão liberal da aplicação do princípio da autonomia da vontade e se aproxima mais de uma visão de welfare, por meio da intervenção do Estado. Podemos creditar esse princípio a Plá Rodriguez (2015), que o divide em três subprincípios: Princípio da prevalência da norma mais favorável ao trabalhador. Princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador. Princípio da interpretação in dubio pro misero — expressão latina que pode ser traduzida como “na dúvida, em favor do miserável” — ou pro operario. Princípio da aplicação mais favorável ao trabalhador Neste vídeo, vamos explorar o princípio da aplicação mais favorável ao trabalhador, um dos pilares fundamentais do direito do trabalho. O princípio da aplicação mais favorável ao trabalhador submete-se à lógica do princípio da proteção e é dirigido à interpretação das normas trabalhistas, especialmente daquelas cuja aplicação se coloque aparentemente em conflito. Quando duas ou mais normas possam se afigurar aplicáveis em determinado caso, o empregador, o Poder Judiciário e todos os demais que venham a lidar com tal situação devem aplicar a norma mais benéfica ao trabalhador. Comentário 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 10/67 O conflito de normas pode se dar entre duas normas legais, mas especialmente ocorre entre uma norma legal (heterônoma) e uma norma pactuada (autônoma) ou entre duas normas pactuadas. No direito do trabalho, há normas que são originadas do Estado, como a CLT, e outras leis criadas unilateralmente pelo empregador, estabelecidas no contrato de trabalho e pactuadas coletivamente. Dentre as pactuadas coletivamente, temos: Acordo coletivo de trabalho Trata-se de um conjunto de normas pactuadas entre a empresa e o sindicato que representa os trabalhadores dessa empresa. Convenção coletiva de trabalho Trata-se de uma pactuação de normas entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato dos empregadores. Como se pode concluir logicamente, o acordo coletivode trabalho aplica-se somente no âmbito da empresa, enquanto a convenção coletiva de trabalho se aplica a toda a categoria. O conflito de normas aplicáveis pode ser grande, já que a CLT pode dizer uma coisa, o acordo coletivo de trabalho dizer outra e a convenção coletiva de trabalho dizer ainda uma terceira coisa diferente. O princípio da aplicação da norma mais benéfica indica que, quando houver conflito, a norma a ser aplicada é a que beneficia o trabalhador. Após a edição da Lei nº 13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, o princípio da aplicação sofreu uma vulneração e mitigação, passando a contar com algumas exceções. Vejamos: Trata-se da nova redação do art. 620 da CLT, que passou a prever que as normas estipuladas em acordo coletivo de trabalho deverão prevalecer sobre as estabelecidas em convenção coletiva de trabalho, quando antes da reforma as regras do acordo coletivo só seriam aplicadas se fossem mais favoráveis. Nova redação do art. 620 Criação do art. 611-A 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 11/67 Trata-se da exceção que se deu com a criação do art. 611-A da CLT, estabelecendo que o acordo coletivo e a convenção coletiva de trabalho serão aplicados em desfavor da lei, mesmo quando for menos favorável ao trabalhador, quando tratarem dos temas estabelecidos nos incisos I a XV do referido artigo. Atualmente, deve ser aplicada a norma mais favorável ao trabalhador, salvo quando a própria lei ou a Constituição Federal estabelecerem expressamente como resolver o conflito de normas. Princípio da prevalência da condição mais bené�ca ao trabalhador A distinção entre este princípio e o da aplicação da norma mais favorável é sensível, já que muitas vezes uma condição mais benéfica ao trabalhador pode se originar de uma norma, seja ela legal, regulamentar ou fruto de pactuação. No entanto, a prevalência da condição mais favorável ao trabalhador se dá também por uma condição adquirida de fato. Vejamos no detalhe: Condição mais favorável Caso o trabalhador labore em condição mais favorável do que anteriormente estava submetido, esta deve prevalecer sobre a antiga condição que era menos favorável, ainda que não haja uma norma. Condição menos favorável Caso o trabalhador, anteriormente, laborasse em determinada condição e esta é alterada (especialmente de forma unilateral) para pior, tal alteração não deve prevalecer, justamente por ser menos favorável. Para que uma condição de trabalho seja considerada mais benéfica, é importante que ela não seja eventual, isto é, o trabalhador efetivamente deve ter laborado com habitualidade sob essa condição. O referido princípio encontra fundamentação no conceito de direito adquirido, estabelecido no art. 5º, XXXVI, da CF/88 e no art. 468 da CLT, que impede alterações no contrato de trabalho feitas de forma unilateral e que sejam prejudiciais ao trabalhador. Exemplo 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 12/67 Se o empregador sempre concedeu intervalo diário intrajornada para alimentação de 2 horas a seus trabalhadores, não pode súbita e unilateralmente alterar essa condição mais favorável e passar a obrigar seus trabalhadores a só gozarem de 1 hora de intervalo. Princípio da interpretação: in dubio pro misero ou pro operario Neste caso, estamos tratando de um princípio interpretativo. Ou seja, toda vez que uma norma for interpretada, caso haja dúvida razoável sobre a sua melhor interpretação, deve-se considerar como a mais adequada a que mais favorece o trabalhador, e não a interpretação que seja mais restritiva em termos de direitos trabalhistas. Dúvida razoável Aquela que efetivamente gera mais de uma interpretação possível dentro de uma lógica interpretativa largamente utilizada na jurisprudência ou doutrina. Comentário A interpretação de normas jurídicas não cabe somente ao Poder Judiciário, mas também ao conjunto de agentes de uma relação juslaboral — relativo ao direito do trabalho — inclusive empregador, sindicato, empregado, entre outros. Princípio da intangibilidade e irredutibilidade salarial Este princípio prevê que qualquer alteração do contrato de trabalho feita de forma unilateral por parte do empregador que seja pior para o trabalhador é considerada nula. Quanto ao contrato de trabalho, ele pode ser estabelecido de forma escrita ou verbal, expressa ou tácita. Atenção! É fundamental que a alteração do contrato de trabalho seja efetivamente prejudicial e feita de forma unilateral pelo empregador. Tal alteração pode se dar, inclusive, com edição de regulamento interno pela empresa ou até mesmo tacitamente. O referido princípio assemelha-se ao princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador, mas refere-se expressamente à impossibilidade de o empregador promover alterações no curso do contrato de trabalho após a sua celebração. Também nesse caso, o art. 468 da CLT será o fundamento principal desse princípio. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 13/67 Outra base é o art. 444 da CLT, ao prever que as partes podem estipular livremente as cláusulas do contrato de trabalho desde que não contravenham as disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Trata-se, portanto, de mitigação feita pela regulação estatal da autonomia da vontade. Princípio da irrenunciabilidade Visa proteger o trabalhador de sua própria vulnerabilidade frente ao maior poder econômico do empregador. Implica a vedação do empregado renunciar a seus direitos trabalhistas, ainda que devidamente orientado e consciente do que está abrindo mão, mesmo que o faça expressamente e por escrito. O mínimo que o Estado estabelece para a proteção do trabalhador ou as normas coletivas aplicáveis a ele – seja com relação a valor do salário, com o objetivo de garantir a sua subsistência com o mínimo de dignidade, ou para garantir a sua saúde ou compensar um risco maior a que a sua saúde possa ser exposta – não podem ser objeto de renúncia por parte do empregado. As normas trabalhistas possuem força cogente, ou seja, são de ordem pública, imperativas, irrenunciáveis e inegociáveis (para a pior) individualmente. Tal princípio se baseia principalmente nos arts. 9º, 444 e 468 da CLT. Saiba mais O princípio da irrenunciabilidade sofreu certa mitigação com a edição da Lei nº 13.467/17, que criou algumas exceções. Uma delas para trabalhadores que tenham nível superior de educação e recebam salário igual ou superior a duas vezes o teto de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (popularmente conhecido pelo órgão que o administra, o INSS, Instituto Nacional de Seguro Social). Tal exceção, no entanto, pode ter sua constitucionalidade questionada. Princípio da alteridade Previsto no art. 2º da CLT, impõe que o empregador não pode repassar os riscos da atividade econômica que resolveu explorar ao trabalhador. O trabalhador deve continuar recebendo corretamente o seu salário, além de ter todos os seus direitos respeitados, independentemente do sucesso ou insucesso do seu empregador no negócio dele. Por outro 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 14/67 lado, estabelece também a assunção dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas. Exemplo Se uma atividade econômica exige que os trabalhadores desempenhem atividade intensa de digitação, podendo desenvolver doenças laborativas, o empregador deve providenciar toda a ergonomia necessária para garantir o máximo possível a manutenção da saúde do trabalhador. O empregador ainda pode ser responsabilizado caso essetrabalhador desenvolva alguma doença em razão das atividades desempenhadas no trabalho. Tais riscos jamais podem ser transferidos ao próprio trabalhador. Princípio da continuidade da relação de emprego Neste vídeo, vamos explorar o princípio da continuidade da relação de emprego, um dos princípios fundamentais que regem as relações trabalhistas. Pressupõe que o trabalho ou a venda de força de trabalho é fundamental à sobrevivência dos trabalhadores, que constituem a maioria dos seres humanos inseridos na população economicamente ativa. Esse princípio estabelece a presunção de que os trabalhadores desejam permanecer trabalhando até que eles próprios optem por deixar o seu posto de trabalho. É uma presunção de perda involuntária do emprego como algo ruim para o trabalhador. As relações de emprego estabelecidas tácita ou expressamente, de forma verbal ou escrita, são contratos de trabalho por tempo indeterminado, conforme tratado na Súmula nº 212 do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Com essa presunção, caso o empregador interrompa o contrato de trabalho, deverá arcar com os custos de tal decisão por meio do pagamento de multa rescisória e demais verbas devidas pela rescisão contratual. A referida presunção só será afastada quando as partes 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 15/67 celebrarem contrato escrito que estabeleça expressamente um prazo para o término do contrato, desde que autorizado pela lei, o que pode ser chamado de contrato a termo. Outro reflexo de tal princípio é a continuidade da relação de emprego e do contrato de trabalho, mesmo com a sucessão de empregadores. No mundo corporativo, empresas se fundem, são incorporadas ou sofrem cisão. Exemplo Um trabalhador que seja empregado de uma empresa “A” terá seu contrato de trabalho mantido caso ela seja adquirida por uma empresa “B” ou forme com a empresa “B” uma nova empresa “C”. É garantido, ainda, que ele continue gozando dos mesmos direitos de quando era empregado da empresa “A”. A base desse princípio encontra-se no art. 7º, I, da CF/88; e nos arts. 10, 29, 443, §1º e 448 da CLT. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa que descreve de forma correta um princípio de direito do trabalho e o seu conceito. A Tendo em vista o princípio da intangibilidade e irredutibilidade salarial, o empregador não poderá reduzir o salário do empregado, ainda que se esteja em tempo de pandemia. B Com relação ao princípio da prevalência da condição mais benéfica ao trabalhador, não é requisito que o trabalhador tenha efetivamente laborado com habitualidade sob essa condição. C O princípio da proteção ao trabalhador é considerado inconstitucional pela maioria da doutrina, eis que viola o princípio da igualdade entre empregador e empregado. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 16/67 Parabéns! A alternativa D está correta. De fato não há previsão expressa do princípio da primazia da realidade, entretanto, os arts. 442 e 443 da CLT são considerados amplamente pela doutrina como fonte desse princípio na CLT. Questão 2 Assinale a alternativa que melhor descreve o conceito de princípio da primazia da realidade. D Conquanto não haja previsão expressa na CLT do princípio da primazia da realidade, os arts. 442 e 443 do referido diploma são importantes fontes para tal princípio, por preverem que o contrato individual de trabalho pode ser estabelecido de forma tácita ou expressa. E O princípio da interpretação traduz-se em uma interpretação mais favorável ao trabalhador, ainda que não haja mais de uma interpretação possível dentro de uma lógica interpretativa para determinada norma. A Trata-se do princípio que busca proteger o contrato de trabalho de burlas que venham a ser tentadas por parte do empregado, garantindo que as cláusulas do contrato celebrado sempre prevaleçam. B É o princípio que permite que empregado e empregador possam afastar a aplicação de leis que engessem a atividade econômica desenvolvida em razão de uma realidade nova que impõe a necessidade de mudanças do contrato. C Trata-se do princípio que determina que a realidade, os fatos, devem prevalecer sobre os aspectos jurídicos formais em uma relação de emprego. É o princípio do direito do trabalho que determina que a realidade econômica deve ser levada em 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 17/67 Parabéns! A alternativa C está correta. Quando falamos do princípio da primazia da realidade, devemos sempre pensar no conceito princípio da primazia da realidade sobre as formas jurídicas. Significa dizer que, nas relações regidas pelo direito do trabalho, nas relações de emprego, o que importa é a realidade e não a forma; é o que acontece de fato e não o que está no papel que deve prevalecer. A realidade tem primazia, prevalece, impõe-se. Trata-se efetivamente da busca por uma “verdade real” e não meramente formal. 2 - Contrato de trabalho Ao �nal deste conteúdo, você será capaz de identi�car o conceito de contrato de trabalho e suas principais espécies. Ligando os pontos O juiz titular da Vara do Trabalho afastou o direito à estabilidade no emprego pretendida por uma gestante de Minas Gerais que havia sido admitida por meio de contrato de trabalho temporário. D consideração ao assinar um contrato de trabalho, permitindo a flexibilização de normas caso ambas as partes concordem. E Trata-se de um princípio que protege apenas o empregador nos casos de rescisão sem justa causa. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 18/67 Não havia dúvida sobre a veracidade da gravidez, a empregada estava grávida de quatro meses quando ocorreu a dispensa. Dessa forma, a questão analisada pelo juiz foi concentrada em averiguar se a empregada teria ou não direito à estabilidade para gestante. A reclamante invocou a Súmula 244, III, do TST, que reconhece a estabilidade da gestante às empregadas admitidas por contrato por prazo determinado. A aplicação da súmula foi afastada pelo juiz, por se tratar de contrato temporário, que é regido por legislação específica – a Lei nº 6.019/1974, alterada pela Lei nº 13.429/2017. A Lei nº 6.019/1974, com as alterações promovidas pela Lei nº 13.429/2017, estabeleceu o prazo máximo legal e o tempo necessário entre um contrato e outro com o mesmo tomador de serviços no contrato temporário. Essa disposição, segundo o juiz, torna explícita a incompatibilidade do sistema de trabalho temporário com qualquer hipótese de prorrogação do contrato que extrapolam os prazos fixados em lei. De acordo com o juiz, diante da ausência de previsão legal, o instituto da estabilidade provisória da empregada gestante não se aplica ao contrato regido pela Lei nº 6.019/1974. Isso porque o contrato de trabalho temporário visa atender a situações excepcionais de necessidade transitória. Com efeito, não existe expectativa de sua prorrogação e transformação do contrato por prazo determinado em contrato por prazo indeterminado, com exceção do contrato de experiência. Os julgadores da Segunda Turma do TRT-MG, de forma unânime, mantiveram a sentença após recurso interposto pela trabalhadora. Desse modo, não cabe mais nenhum recurso e o processo foi arquivado. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 A gestante foi admitida por meio de contrato de trabalho temporário regido por legislação própria, que tem por finalidade atender a situações excepcionais de necessidade transitória. Sobre essa modalidade de contrato de trabalho por prazo determinado é correto afirmarque A a empresa de trabalho temporário poderá descontar do trabalhador contratado, a título de mediação para a prestação de serviços na empresa tomadora, o valor de até 30% de seu salário. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 19/67 Parabéns! A alternativa B está correta. O contrato de trabalho temporário é regido pela Lei nº 6.019/1974, alterada pela Lei nº 13.429/2017, e no artigo 2º , § 1, proíbe a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei. Questão 2 Supondo que a gestante estivesse em um contrato de trabalho de experiência, qual seria a vigência máxima? B é proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo previsão legal. C o contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder ao prazo de 30 dias, consecutivos ou não. D no caso de falência ou recuperação judicial da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias. E a empresa tomadora ou cliente poderá contratar o empregado da empresa de trabalho temporário, ao fim do prazo em que este tenha sido colocado à sua disposição, salvo se houver cláusula expressa que proíba a contratação. A Prazo máximo de 30 dias. B Prazo máximo de 45 dias. C Prazo máximo de 90 dias. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 20/67 Parabéns! A alternativa C está correta. De acordo com o art. 445, parágrafo único, da CLT, o contrato de experiência não poderá exceder 90 dias. Questão 3 Diante do caso apresentado, o trabalhador temporário que prestar serviços pelo prazo máximo legal, contadas as prorrogações permitidas na própria lei, poderá ser colocado à disposição do mesmo tomador de serviços? É necessário observar algum prazo? Digite sua resposta aqui Chave de resposta O trabalhador temporário poderá prestar serviços novamente para o mesmo tomador de serviços. Contudo, a Lei nº 6.019/1974, com as alterações promovidas pela Lei nº 13.429/2017, em seu artigo 10, parágrafo 5º, estabelece que o trabalhador temporário que prestar serviços pelo prazo máximo legal, contadas as prorrogações permitidas na própria lei, somente pode ser colocado à disposição do mesmo tomador dos serviços depois de 90 dias do encerramento do contrato anterior. Relação de trabalho e de emprego D Prazo máximo de 60 dias. E Prazo máximo de 365 dias. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 21/67 Vamos compreender o que é um contrato de trabalho e conhecer as formas como tal contrato pode ser estabelecido, qual é o seu objeto, ou seja, sobre o que ele trata, e quais as principais modalidades de contrato de trabalho existentes no direito do trabalho brasileiro. Antes de entendermos o que é um contrato de trabalho, devemos compreender que, juridicamente falando, há uma diferença técnica entre os conceitos de relação de emprego e de relação de trabalho. Toda relação de emprego é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego. Você já deve ter percebido que, quando falamos de relação de emprego, estamos tratando de um conceito jurídico mais restrito do que o de relação de trabalho. E é exatamente isso! Vamos conhecer os dois conceitos no detalhe: Refere-se a qualquer relação estabelecida entre um fornecedor de força de trabalho (trabalhador) e um comprador ou tomador da força de trabalho (contratante). Isso não significa que eles tenham necessariamente estabelecido essa relação com base nas regras previstas no direito do trabalho. Refere-se a uma relação formal estabelecida entre um empregador e um empregado, que por ter certas características específicas vai gozar de maior proteção: a proteção do direito do trabalho. É uma relação que deve ser formalizada na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do trabalhador e dá uma série de direitos previstos na CF, CLT, outras leis, acordos e convenções coletivas de trabalho e outros instrumentos normativos. Vamos a alguns exemplos: Relação de trabalho Relação de emprego 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 22/67 Profissional liberal contratado por um cliente. Profissional autônomo prestador de serviços. Marceneiro que faz um móvel sob encomenda. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 23/67 Trabalhadora doméstica que trabalha uma vez por semana em uma casa de família. Todas essas pessoas estabelecem uma relação de trabalho, mas não necessariamente (e quase nunca) uma relação de emprego. Quando falamos de contrato de trabalho, estamos falando de uma relação de emprego. Talvez melhor seria denominar como contrato de emprego, mas a maioria da doutrina brasileira quando se refere a um contrato que estabelece uma relação de emprego utiliza a nomenclatura contrato de trabalho. Essa relação está prevista no caput dos arts. 2º e 3º da CLT. Veja! Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, 1943) Os termos a seguir remetem a quatro requisitos para que se configure a relação de emprego. Observe: Pessoalidade 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 24/67 Não eventualidade Onerosidade Subordinação Requisitos para a relação de emprego Neste vídeo, vamos explorar os requisitos para a relação de emprego, um conjunto de elementos que deve estar presente para que se configure uma relação de trabalho formal e legal. Quatro requisitos são essenciais para que seja configurada uma relação de emprego. Eles também podem ser denominados requisitos caracterizadores do contrato de trabalho. Ausente ao menos um desses requisitos, não será possível caracterizar a relação estabelecida entre duas pessoas como uma relação de emprego. Ou seja, não é possível falar em contrato de trabalho. Vamos a eles! Pessoalidade Consiste no fato de que o empregado, sempre pessoa física, deve prestar o serviço de forma pessoal, ou seja, não pode se fazer substituir por outra pessoa (intuitu personae – personalíssimo). O contrato de trabalho que estabelece a relação de emprego é firmado com uma pessoa física certa e determinada. Exemplo O empregador não contratará um empregado, ele contratará Caio, por exemplo, uma pessoa certa e determinada, e exigirá que o próprio Caio, pessoalmente, execute as tarefas para as quais fora contratado. Por outro lado, Caio não pode se esquivar de cumprir pessoalmente tais tarefas. Se, por acaso, o empregado puder se fazer substituir por outra pessoa, não estará caracterizada a relação de emprego, e não será o caso de um contrato de trabalho. Não eventualidade 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 25/67 Está ligada ao conceito de habitualidade do trabalho, à rotina. Para caracterizar o vínculo empregatício, a prestação do serviço pelo trabalhador tem de ser permanente, com certa continuidade no tempo, e não meramente acidental, esporádica, eventual, sem regularidade. Isso não significa que, para que reste caracterizada a relação de emprego, a existênciade contrato de trabalho, seja necessário que o trabalhador labore todos os dias úteis da semana ou que esteja submetido a uma jornada de trabalho de 44 horas semanais. Não eventualidade não se confunde com continuidade! O vínculo de emprego para empregados urbanos pode ser caracterizado mesmo com trabalho exercido um ou dois dias na semana, desde que de forma regular, não eventual. E, mais recentemente, até de forma intermitente. Dica Uma maneira de verificar a não eventualidade do trabalho é observando se a necessidade daquele tipo de trabalho era permanente pelo empregador. Onerosidade O serviço prestado tem em contrapartida a expectativa de receber uma contraprestação, que pode ser pecuniária (valor econômico) ou in natura (que não seja em dinheiro). Caso não haja essa expectativa, trata- se de trabalho voluntário e, portanto, não estará caracterizado o vínculo empregatício. Contraprestação É o que denominamos como salário, por isso no art. 3º da CLT consta como referência à onerosidade o termo “mediante salário”. Por que falamos em expectativa de receber pelo serviço prestado? 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 26/67 A onerosidade possui duas esferas. Vamos conhecê-las! Objetiva É facilmente verificável, pois se dá com a demonstração de que o empregado recebia uma contraprestação para realizar os seus trabalhos, fosse ela diária, semanal, mensal ou por hora, fixa ou variável. Subjetiva É justamente a expectativa, intenção contraprestativa. Ou seja, o trabalhador exerce o seu labor com a intenção de ser remunerado. Presente o elemento objetivo ou subjetivo, estará caracterizada a onerosidade. Subordinação Trata-se de um requisito mais complexo, de uma subordinação jurídica. E isso significa que, juridicamente, o empregador dirige a prestação de serviço exercida pelo empregado. Ou seja, detém poder de mando, sendo que sobre o empregado recai a obrigação de cumprir as determinações (desde que lícitas) do seu empregador. A subordinação, no entanto, pode caracterizar-se por diversos aspectos, seja pelo controle dos horários do trabalhador, do uniforme, do modo como deve exercer o seu trabalho, de como ele reporta as suas tarefas, seja pelo modo como o poder disciplinar do empregador é exercido, entre tantos outros aspectos. Atenção! É fundamental que o trabalhador efetivamente esteja subordinado ao empregador, o qual não se refere apenas aos sócios ou dirigentes Resposta Porque não é simplesmente o fato de o contratante não pagar pelo serviço que afasta a onerosidade, já que simplesmente, nesse caso, só estará o contratante em mora, ou seja, devendo o pagamento ao empregado. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 27/67 máximos da empresa, nesse caso, uma subordinação direta. Tal subordinação obviamente poderá e será exercida por outros empregados da empresa que agirão representando a vontade do empregador, ou seja, ela poderá se caracterizar por meio de uma subordinação indireta. A subordinação pode ser exercida presencialmente ou por meios telemáticos, eletrônicos, informáticos, tais como celulares, computadores, softwares e outras ferramentas, bem como ser exercida de forma estrutural, e será denominada de subordinação estrutural ou integrativa quando se dá pela inserção do trabalhador na dinâmica de produção da empresa, ainda que não haja um superior hierárquico diretamente ditando ordens, exercendo o controle do trabalho do empregado. De forma objetiva também se dá a subordinação, ou seja, sobre o trabalho desempenhado pelo trabalhador, o objeto do contrato de trabalho. Ultrapassados os requisitos para a caracterização do contrato de trabalho e da relação de emprego, vamos ao conceito de contrato de trabalho e seus elementos. Contrato de trabalho Conceito O conceito de contrato de trabalho está inserido tanto no art. 442 quanto no art. 443 da CLT, os quais basicamente mencionam que o contrato individual de trabalho pode ser acordado tácita ou expressamente, corresponderá à relação de emprego, pode ser estabelecido por escrito ou verbalmente, sendo de prazo indeterminado ou por prazo determinado (após a edição da Lei nº 13.467/2017) e para a prestação de trabalho intermitente. Como visto em alguns exemplos, o contrato de trabalho não precisa ser escrito, nem mesmo é necessário ser expressamente acordado, ainda que verbalmente. Basta que as partes mantenham uma relação com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação que restará caracterizado o contrato de trabalho. Isso é o que denominamos de contrato de trabalho tácito! 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 28/67 Mulher segurando caneta e lendo contrato. O contrato por prazo indeterminado significa dizer que, quando se inicia o contrato de trabalho, não há um prazo fixado para o seu término, ao contrário do que ocorre nas modalidades de contrato por prazo determinado. A anotação do vínculo empregatício em CTPS não é requisito de validade do negócio jurídico, mas apenas meio de provar a sua existência perante os órgãos públicos. Como estamos falando de um contrato, um negócio jurídico, há algumas características que estão obrigatoriamente presentes. Vamos conferi-las! Bilateralidade As partes, empregado (contratado) e empregador (contratante), possuem direitos e obrigações recíprocas. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 29/67 Elementos O contrato de trabalho contará com três tipos de elementos: essenciais, naturais e acidentais. Vejamos! Essenciais Os elementos essenciais para a validade do contrato são aqueles sem os quais o contrato é nulo. Eles se subdividem em elementos essenciais extrínsecos e intrínsecos. Elementos essenciais extrínsecos Consensualidade As partes celebrantes do contrato não podem ser obrigadas a trabalhar ou a contratar contra a sua vontade. Onerosidade O trabalho gera expectativa de contraprestação. Pessoalidade O empregado presta serviço de forma pessoal. Comutativo e de trato sucessivo As partes sabem previamente seus direitos e suas obrigações e que obrigações e direitos das partes se estabelecem sucessivamente, não findando com a prática de um único ato, mas sendo renovados permanentemente. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 30/67 São um conjunto composto por agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa, proibida, em lei. Com relação à capacidade do agente, a legislação brasileira estabelece o seguinte: Plena capacidade Se dá com 18 anos de idade. Capacidade (ou incapacidade) relativa Se dá entre os 16 e 18 anos (salvo se emancipado). Incapacidade absoluta Se dá abaixo dos 16 anos. No direito do trabalho, os que possuem entre 16 e 18 anos de idade não podem exercer trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Aos menores de 16 anos, a partir dos 14 anos só será possível trabalhar na condição de menor aprendiz (art. 7º, XXXIII, da CF e art. 403, caput, da CLT). Algumas atividades específicas terão idade fixada em lei para que possam ser exercidas, tais como cargos políticos, vigilante, peão de rodeio etc. O objeto do contrato de trabalho, por sua vez, deve ser lícito. A atividade na qual está inserido o trabalho não pode constituir atividade ilícita. Exemplo Trata-se de trabalho ilícito: alguém que trabalhe na cadeia produtiva do tráfico de drogas, bem como o apontador de jogo de bicho. Ambos não podem ter o contrato de trabalho reconhecido. Não se deve confundir, porém, o trabalho ilícito com o trabalhoproibido. Vejamos a diferença! Trabalho ilícito Não produz efeitos em razão da ilicitude de seu objeto, da atividade desenvolvida. Trabalho proibido Não impede a produção de alguns efeitos, apesar de nulo, já que se trata de trabalho exercido contra as normas de proteção trabalhista. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 31/67 São exemplos de trabalho proibido: Trabalho de extrema exploração (ex.: trabalho infantil), em condições prejudiciais à saúde Contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público Reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada Essenciais intrínsecos São o consentimento sem vício de vontade e a causa. Isso significa que o consentimento do trabalhador tem que ser pleno e feito em retribuição à boa-fé do empregador, não podendo ser obtido mediante coação. Também não pode ser fruto de estado de necessidade ou de erro por não se saber ao certo como se dará o contrato, assim como não pode ser fruto de ludibrio causado por ato de má-fé do empregador (fraude, simulação ou dolo). Já a causa é o motivo do contrato, que, no caso do contrato de trabalho, é a própria atividade laborativa a ser exercida em troca de contraprestação por parte do empregador. Naturais São aqueles inerentes à própria natureza do contrato, mesmo não sendo mencionados expressamente. Dentre eles, podemos citar: Jornada de trabalho diária de, no máximo, 8 horas e 44 semanais Intervalo para refeição Percepção de salário mínimo Acidentais São cláusulas ou direitos acessórios dispensáveis inseridos no contrato de trabalho, podendo ser um termo (evento futuro e certo), uma condição (evento futuro e incerto). Vejamos alguns exemplos! Prêmio por produtividade, que pode ocorrer ou não. Condição 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 32/67 Encerramento do contrato em determinado prazo ou a obtenção de um benefício como um auxílio para compra de cesta de Natal, já que o Natal é um evento futuro e certo. Espécies de contrato de trabalho Com relação às espécies de contratos de trabalho, apresentamos duas classificações, sendo a primeira quanto ao prazo de duração e a segunda quanto aos sujeitos ativos. Com relação ao prazo ou tempo de duração, distinguiremos as características do contrato por prazo indeterminado e os contratos por prazo determinado. Referente à classificação quanto aos sujeitos ativos, analisaremos as diferentes formas de contrato por número de empregados. Contrato por prazo indeterminado O contrato de trabalho quanto ao tempo tem como regra o contrato por prazo ou tempo indeterminado. Assim, quando o contrato silenciar em relação ao tempo de duração ou quando o contrato for tácito, será presumido que o contrato fora estabelecido por tempo indeterminado. Tal regra tem apoio no princípio da continuidade da relação de emprego. Contrato por prazo determinado Para que o contrato seja por prazo determinado, terá que cumprir alguns requisitos. E por que isso? Porque a presunção é de que o contrato por prazo determinado seja mais prejudicial ao trabalhador, pois poderá ser extinto sem que o empregado seja indenizado, isto é, sem ônus para o empregador, além de impedir a maior estabilização econômica do empregado e sua melhor inserção na atividade econômica desenvolvida. Portanto, caso não haja prova ou cláusula expressa em contrato que estipule a modalidade por prazo determinado, será presumido que o contrato efetivado se dá por prazo indeterminado. Termo 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 33/67 O contrato por prazo determinado deve ser sempre expresso e nunca tácito. Algumas formas só serão consideradas válidas caso expressas e escritas. A CLT, em seu art. 443, § 1º, estabeleceu três hipóteses de contrato por prazo determinado. Vejamos! Art. 443, § 1º Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada (BRASIL, 1943). Com data exata Existência de evento certo, futuro, com data exata de encerramento sabida previamente (contrato a termo certo). Com data incerta Existência de evento certo e futuro, mas com data incerta quanto ao acontecimento, por exemplo, a morte (contrato a termo incerto). Com prazo determinado Existência de contrato por prazo determinado quando um evento futuro e incerto finalizar o contrato (condição resolutiva). Há também os requisitos estabelecidos no § 2º do art. 443 da CLT. Confira! § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 34/67 caráter transitório; c) de contrato de experiência. (CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, 1943) Aqui, fala-se em serviço de natureza transitória, atividades empresariais de caráter transitório ou contrato de experiência. O prazo de duração do contrato por prazo determinado será de no máximo dois anos (art. 445 da CLT). Algumas modalidades, como o contrato de experiência (máximo de 90 dias), terão prazo máximo inferior. Dentro do prazo máximo do contrato, será permitida apenas uma renovação (art. 451 da CLT). Reunião de renovação de contrato entre empregador e empregada. Uma vez ultrapassado o prazo máximo do contrato, ou renovado mais de uma vez, deverá se presumir que o empregador optou por contratar o empregado por prazo indeterminado. Assim, se após o prazo máximo legal, ou após a segunda renovação, o empregador rescindir o contrato de trabalho unilateralmente, terá que pagar as verbas rescisórias ao trabalhador. Outros pontos que devem ser abordados são a forma e o momento da prorrogação do contrato por prazo determinado. Majoritariamente, entende-se que o prazo limite para a prorrogação é justamente o último dia de validade do primeiro prazo estabelecido no contrato. Ou seja, até o dia de vencimento do termo inicialmente fixado. Por outro lado, tal renovação deve se dar de forma expressa e nunca tácita (presumida). Atenção! 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 35/67 Uma vez que o empregado permaneça trabalhando após o primeiro prazo estipulado no contrato sem uma renovação expressa de seu contrato, será presumido que o seu contrato por prazo determinado foi convolado (modificado) em contrato por prazo indeterminado. Ainda que não tenha se esgotado o prazo máximo estabelecido em lei (dentro do qual poderia haver uma prorrogação). Por isso, em nome da segurança jurídica, tanto do empregador quanto do empregado, aconselha-se que se faça a prorrogação de forma escrita. O termo inicial do contrato não precisa ser idêntico ao da prorrogação. Ou seja, pode-se adotar termo inicial de seis meses e na prorrogação se contratar por mais um ano e seis meses. É possível, por exemplo, no contrato de experiência, contratar inicialmente por 30 dias e se prorrogar o contrato de experiência por mais 60 dias, atingindo 90 dias no total. Espécies de contratos por prazo determinado Neste vídeo, vamos explorar os contratos de trabalho por prazo determinado, uma modalidade de contrato que possui características e regras específicas.Contrato de experiência Previsto no § 2º, c, do art. 443 da CLT, o contrato de experiência tem como objetivo testar o empregado antes de contratá-lo. Logo, não necessitará que as atividades desenvolvidas sejam por sua natureza de caráter transitório ou que a atividade empresarial tenha também essa característica. Seu prazo máximo será de 90 dias e só pode contar com uma renovação dentro desse prazo. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 36/67 Mulher sendo contratada. Contrato temporário Não se deve confundir a terminologia “contrato temporário” com “contrato por prazo determinado”. Quando nos referimos a contrato temporário, estamos falando sobre uma modalidade de contrato por prazo determinado com características específicas, inclusive seu prazo, que não será de dois anos, mas inferior. O contrato temporário foi estabelecido pela Lei nº 6.019/74 e tem como objetivo substituir pessoal permanente de empresa tomadora de serviços ou para demanda complementar temporária. Falamos em empresa tomadora, pois a contratação não será feita diretamente entre essa empresa e o empregado. O empregado em contrato temporário será empregado de uma empresa prestadora de mão de obra que celebrará com a empresa tomadora um contrato de prestação de serviços temporários. Trata-se de uma relação de trabalho temporário para a tomadora via terceirização. Logo, o empregado não terá vínculo empregatício com a empresa tomadora. Vendedora temporária de loja de perfumes atendendo cliente. O prazo máximo de vigência desse tipo de trabalho será de 270 dias e devem ser observados alguns requisitos. Os principais são: Contrato escrito entre empregado e empregador (empresa prestadora de mão de obra). 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 37/67 Contrato escrito entre a empresa prestadora de mão de obra e a empresa tomadora de mão de obra, contendo o motivo da contratação, se substituição ou demanda complementar. Obra certa Contrato por prazo determinado regido pela Lei nº 2.959/56. Trata-se de modalidade de contrato a termo incerto, ou seja, evento futuro, certo quanto ao seu acontecimento, mas incerto quanto à data de acontecimento. Esse contrato, como o nome demonstra, é destinado ao setor econômico da construção civil. Tem como prazo máximo dois anos (art. 445, da CLT). Trabalhadores da construção civil. Safra Destinado àqueles trabalhadores rurais denominados safristas, ou seja, que trabalham durante as safras de determinados produtos agrícolas. Como não se sabe ao certo quando a safra termina, trata-se também de contrato a termo incerto. O conceito de safra é estabelecido no art. 19, parágrafo único, do Decreto nº 73.626/74, sendo considerado o período compreendido entre a preparação do solo até a colheita. A ele também se aplica a regra geral de contrato com duração de no máximo dois anos e sua previsão legal se dá na Lei nº 5.889/73, em especial em seu art. 14. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 38/67 Trabalhadores realizando colheita manual de café. Artista A previsão desse contrato se dá na Lei nº 6.533/78, especificamente no art. 10, que autoriza que o artista ou técnico em espetáculo seja contratado por prazo certo. O contrato deve ser escrito e deve seguir a forma prescrita em lei, devendo conter nome das partes, qualificação, prazo de validade, natureza, título do evento, local de trabalho, nome do personagem, jornada prevista, remuneração e forma de pagamento, dias de folga, número da CTPS e ajuste sobre viagem e deslocamento. Seu prazo máximo também segue a lógica geral de dois anos. Cantor em show. Outros contratos interessantes 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 39/67 São os principais tipos ou espécies de contratos por prazo determinado, mas podemos mencionar os contratos baseados nas seguintes disposições: Decreto-Lei nº 691/69 Direciona-se técnicos estrangeiros. Lei nº 9.615/98 Direciona-se a atletas profissionais. Lei nº 7.064/82 Direciona-se a empregados contratados ou transferidos para trabalho no exterior. Extinção do contrato por prazo determinado Pode se dar quando ocorrer o termo final, ou seja, quando efetivamente ele se completar, chegar ao seu prazo máximo, ou pode ocorrer de forma antecipada. Quando ele for extinto por ter decorrido o seu prazo, não serão devidas verbas indenizatórias compensatórias ou aviso prévio. No entanto, ocorrerá o contrário caso haja a antecipação do término do contrato, ou seja, quando o empregador optar por rescindir unilateralmente e sem justa causa o contrato antes do prazo estipulado entre as partes. Nesse caso, o empregado terá direito à metade da remuneração a que teria direito se cumprido o contrato até o prazo ajustado (art. 479, da CLT), com exceção dos casos previstos no art. 433, §2º, da CLT, Lei nº 9.601/98 e Decreto-Lei nº 691/69. Além da indenização, o empregador deverá pagar: Saldo de salário Aviso-prévio 13º salário proporcional Férias proporcionais acrescidas do terço de férias proporcionais O empregado terá o direito de levantar os depósitos em sua conta vinculada de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e, se preencher os requisitos, poderá acessar o seguro-desemprego. Todavia, há a hipótese de constar no contrato por prazo determinado cláusula assecuratória de rescisão antecipada recíproca. Tal hipótese é trazida pelo art. 481 da CLT e, nesse caso, ocorrendo a antecipação da rescisão contratual sem justa causa, serão devidas as verbas rescisórias previstas na hipótese dos contratos por prazo 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 40/67 indeterminado, inclusive a multa rescisória de 40% do valor do FGTS depositado durante o contrato de trabalho. Saiba mais Tal cláusula pode ser inserida até mesmo no contrato de experiência, uma vez que o entendimento foi consolidado pelo Tribunal Superior do Trabalho na Súmula nº 163. A referida cláusula é extremamente favorável ao empregador, pois faz com que pague, na maioria dos casos, uma indenização menor do que a que deverá pagar caso não haja a referida cláusula contratual. Sujeitos ativos Com relação aos sujeitos ativos, há dois subtipos de contrato. Vejamos! Aqui o empregador ajusta um modelo de contrato de trabalho a um grupo ou a uma equipe para executarem atividades conexas. Ainda que sejam celebrados vários contratos individuais independentes entre si, os empregados se organizam antes da celebração dos contratos para negociar a contratação com o empregador. A contratação de membros de um conjunto musical, em que inclusive é possível se despedir um dos membros caso os demais não queiram romper o vínculo, e essa mesma equipe indicar uma nova pessoa para ser contratada. Aqui há uma inovação, implementada apenas em 2017 por meio da Reforma Trabalhista do governo Michel Temer, com a aprovação da Lei nº 13.467/17. É previsto no art. 443, § 3º, da CLT. O referido contrato importará vínculo empregatício como um contrato de trabalho por prazo indeterminado, mas no qual somente quando se trabalha é que se efetiva a subordinação. Isso porque o trabalho intermitente será exercido quando o empregador convocar o empregado para trabalhar, não havendo necessariamente uma rotina certa. Em contrapartida, o empregado recebe apenas pelos dias trabalhados. Um dos exemplos é o caso do garçom chamado para trabalhar apenas em dias de maior movimento em bares e restaurantes, como alguns finais de semana ou feriados. O garçom, apesar de Contrato de equipe Contrato intermitente 10/11/2024, 01:09 Introduçãoao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 41/67 ser empregado do bar ou restaurante em questão, por ter celebrado um contrato de trabalho intermitente, só receberá salários relativos aos dias em que efetivamente trabalhar, sendo considerado que a subordinação jurídica só é exercida pela empresa nos dias de efetivo labor, apesar do contrato permanecer vigente mesmo nos dias de não trabalho. Os requisitos para a sua celebração estão dispostos no art. 452- A e seguintes, da CLT, que prevê que o contrato de trabalho intermitente deve ser necessariamente escrito. Os sujeitos do contrato de trabalho Neste vídeo, vamos explorar os sujeitos do contrato de trabalho, um dos elementos fundamentais que compõe as relações trabalhistas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa em que é possível identificar corretamente os requisitos da relação de emprego. A Pessoalidade, onerosidade, subordinação econômica e habitualidade. B Pessoalidade jurídica, subordinação jurídica, onerosidade e não eventualidade. C 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 42/67 Parabéns! A alternativa D está correta. Os art. 2º e 3º da CLT estabelecem a pessoalidade, subordinação (jurídica), onerosidade e não eventualidade como requisitos para se estabelecer uma relação de emprego. As demais alternativas estão incorretas porque não apresentam os requisitos do modo como estabelecidos na CLT. Questão 2 O conceito de contrato de trabalho temporário, previsto na Lei nº 6.019/74, deve ser corretamente identificado com Parabéns! A alternativa C está correta. Pessoalidade, subordinação jurídica, voluntariedade e não eventualidade. D Pessoalidade, subordinação jurídica, onerosidade e não eventualidade. E Pessoalidade, subordinação, voluntariedade e eventualidade. A o contrato por prazo determinado. B o contrato para se trabalhar em temporada de safra. C o contrato que envolve uma empresa tomadora, uma empresa prestadora de mão de obra e o empregado, vinculado diretamente a esta última. D o contrato com prazo máximo de dois anos, podendo ser renovado somente uma vez dentro desse mesmo prazo. E os trabalhadores entre 16 e 18 anos. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 43/67 O contrato temporário tem como objetivo substituir pessoal permanente de empresa tomadora de serviços ou para demanda complementar temporária. Falamos em empresa tomadora, pois a contratação não será feita diretamente entre essa empresa e o empregado. O empregado em contrato temporário será empregado de uma empresa prestadora de mão de obra que celebrará com a empresa tomadora um contrato de prestação de serviços temporários. 3 - Dano moral e material na relação de emprego Ao �nal deste módulo, você será capaz de de�nir dano moral e material na relação de emprego. Ligando os pontos Maria da Conceição Pedreira trabalhava há 33 anos em uma instituição bancária, e foi demitida no ano de 2020 ao longo de um processo disciplinar que apurava o desaparecimento de cerca de R$ 10 mil reais. Durante a investigação, a comissão responsável concluiu que Maria da Conceição havia agido com dolo e má-fé, ficando sujeita à pena de demissão por justa causa. A empregada permaneceu dois meses com o contrato rescindido. Após recurso administrativo, o banco reverteu a decisão, a pena foi reformada e a empregada reintegrada a seu quadro. Em seu retorno ao banco, a bancária sofreu insinuações e retaliações no ambiente de trabalho por outros funcionários que estavam no seu mesmo nível hierárquico. O banco não informou à Polícia Federal que a decisão havia sido reformada. Por isso, Maria da Conceição ainda foi intimada a depor, já 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 44/67 que havia inquérito tramitando no órgão para a apuração das irregularidades. O fato se tornou público na pequena cidade em que a trabalhadora reside no interior de Santa Catarina. Segundo relatado pela bancária, a situação foi muito humilhante e causou um dano moral de muita gravidade. Diante disso, Maria ajuizou ação indenizatória, tendo sido julgado procedente o pedido da empregada para receber indenização. O juiz entendeu que a atitude do banco foi precipitada, pois devido à gravidade da acusação, a instituição deveria, por cautela, ter aguardado a conclusão do processo administrativo antes de aplicar a justa causa. O banco poderia ter evitado o constrangimento e a humilhação injustamente impostos à bancária. Desse modo, levando-se em conta o dano, sua extensão, a culpabilidade da ré e a condição econômica das partes, o magistrado condenou o banco a pagar indenização à empregada. Após a leitura do caso, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? Questão 1 Sobre os pedidos formulados pelo advogado da bancária, é correto afirmar que A foi requerida a fixação de indenização por ofensa de natureza leve equivalente a 10 vezes o último salário contratual da bancária. B foi requerida a reparação por danos estéticos não cumulativa com a indenização por danos materiais. C foi requerida a fixação de indenização de ofensa de natureza gravíssima em 30 vezes o último salário contratual da bancária. D foi requerida a reparação por danos extrapatrimoniais e a reintegração do emprego. E foi requerida a reparação por danos extrapatrimoniais decorrentes do constrangimento e da humilhação sofridos pela bancária. 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 45/67 Parabéns! A alternativa E está correta. O pedido do advogado se refere a reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho, devido ao constrangimento e à humilhação sofridos pela bancária, de acordo com o artigo 223-A, da CLT. Questão 2 Maria da Conceição relatou ter sofrido insinuações e retaliações no ambiente de trabalho por outros funcionários do banco. Considerando que o assédio moral no trabalho ocorre também quando feito por parte dos colegas de mesmo nível ou classe de um mesmo campo laboral, identifique o assédio relatado pela bancária. Parabéns! A alternativa B está correta. Horizontal é o assédio que pode acontecer entre funcionários de mesmo nível hierárquico do assediado. Questão 3 De acordo com o caso concreto apresentado, explique o parâmetro indenizatório em danos extrapatrimoniais decorrentes de relações de trabalho e como a indenização a ser paga será fixada pelo juízo quando o ofendido for pessoa física. A Assédio moral vertical B Assédio moral horizontal C Assédio moral típico ou puro D Assédio moral angular E Assédio moral irregular 10/11/2024, 01:09 Introdução ao direito do trabalho https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07744/index.html?brand=estacio# 46/67 Digite sua resposta aqui Chave de resposta O parâmetro indenizatório em danos extrapatrimoniais decorrentes de relações de trabalho será o “último salário contratual” (art. 223-G, § 1º, CLT). O juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, vedada a acumulação, conforme os parâmetros do artigo 223-G, parágrafo 1º da CLT: parágrafo 1º da CLT: I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido. II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido. III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido. IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. Dano ao trabalhador Trata-se de um dano sofrido por trabalhador, podendo