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1 PESQUISA CLÍNICA E REGULATORY AFFAIRS 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO PESQUISA CLÍNICA E REGULATORY AFFAIRS ........................................................................................... 1 1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 4 2.FLUXO REGULATÓRIO DA PESQUISA CLÍNICA NO BRASIL .................................................................... 7 2.1 Pesquisa Clínica e Estudo/Ensaio Clínico ........................................................................ 8 3.O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE UM MEDICAMENTO ......................................................... 10 3.1 Estudos Clínicos Fase I ..................................................................................................... 11 3.2 Estudos Clínicos Fase II .................................................................................................... 12 3.3 Estudos Clínicos Fase III ................................................................................................... 12 3.4 Estudos Clínicos Fase IV .................................................................................................. 13 4.PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA HISTÓRIA DA PESQUISA CLÍNICA ............................................... 14 5.AVALIAÇÃO ÉTICA E REGULAMENTAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................ 17 6.CÓDIGO DE NUREMBERG ................................................................................................................... 18 7.DECLARAÇÃO DE HELSINQUE ............................................................................................................. 19 8.DIRETRIZES ÉTICAS INTERNACIONAIS PARA PESQUISAS BIOMÉDICA EM SERES HUMANOS ............ 20 8.1 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos .......................................... 20 9.BOAS PRÁTICAS CLÍNICA-CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE HARMONIZAÇÃO .............................. 21 9.1 Boas Práticas Clínicas: Documento das Américas ....................................................... 22 10.COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA .................................................................................................... 22 11.ANÁLISE REGULATÓRIA EM PESQUISA CLÍNICA ............................................................................... 23 12.CENÁRIO DOS ENSAIOS CLÍNICOS PATROCINADOS PELA INDÚSTRIA NO MUNDO ......................... 24 12.1 Países Desenvolvidos na condução de Estudos Clínicos patrocinados pela Indústria ........................................................................................................................................................... 25 12.2 Importância da América Latina e BRICS na condução de ensaios clínicos ............. 26 13.IMPORTÂNCIA DOS TEMPOS REGULATÓRIOS PARA A CONDUÇÃO DE UM ENSAIO CLÍNICO MULTICÊNTRICO INTERNACIONAL ........................................................................................................ 29 14.MUDANÇAS RECENTES E PERSPECTIVAS.......................................................................................... 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 34 file://192.168.0.2/E$/Pedagogico/Controle%20-%20Cursos/POSTAGEM/MBA/MBA%20EM%20MARKETING%20FARMACEUTICO/PESQUISA%20CLÍNICA%20E%20REGULATORY%20AFFAIRS/PESQUISA%20CLÍNICA%20E%20REGULATORY%20AFFAIRS.docx%23_Toc66171864 4 1.INTRODUÇÃO A realização de ensaios em seres humanos contribui para o entendimento e a capacidade do tratamento de doenças, sendo parte essencial para o progresso da prática clínica. A pesquisa clínica procura responder questões e gerar conhecimento, podendo beneficiar futuros pacientes e, a partir da medicina baseada em evidências e sua hierarquia de níveis de evidência, auxiliar a melhoria dos cuidados médicos. A prática médica tem como objetivo oferecer a melhor assistência para um paciente ou grupo. Os testes clínicos dependem da infraestrutura dos centros de pesquisa participantes, da qualificação profissional, da oferta de voluntários e das exigências regulatórias. Indústrias farmacêuticas têm adotado estratégias de internacionalização, em que ensaios clínicos são realizados, em geral, de forma simultânea em diversos centros de pesquisa de vários países. Muitas questões éticas que envolvem a internacionalização dos ensaios clínicos devem ser levadas em consideração, principalmente devido à vulnerabilidade da população nos países em desenvolvimento. A tendência pela participação de diversos países em um mesmo estudo é influenciada pela necessidade de redução de custos, seja pela possibilidade de utilizar infraestrutura e mão de obra qualificada de custo relativamente mais baixo (principalmente quando comparado aos valores praticados em países europeus e norte-americanos) ou pela maior rapidez e facilidade em incluir voluntários nos estudos. Essa questão pode ser influenciada pela vulnerabilidade das populações e epidemiologia das condições a serem tratadas. Também têm sido adotadas estratégias de terceirização por meio das chamadas organizações representativas de pesquisa clínica (ORPC), contratadas para desenvolver ou administrar partes de projetos de pesquisa ou sua totalidade . Como consequência, um mercado internacional e bastante competitivo se formou, particularmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, caracterizando assim a globalização de ensaios clínicos. 5 Os protocolos de ensaios clínicos devem ser aprovados por instâncias de avaliação ética e regulatórias, quando aplicáveis, antes de seu início. A conduta ética é o guia principal para administrar todos os projetos de pesquisa e é garantida mediante avaliação e aprovação prévia dos protocolos e acompanhamento contínuo de sua realização pelas autoridades éticas, em consonância com as ações dos pesquisadores em seguir o protocolo de pesquisa e todos os preceitos das regulamentações e normas nacionais e internacionais aplicáveis. As autoridades éticas são as responsáveis pelo exame dos aspectos éticos das pesquisas que envolvem seres humanos e devem salvaguardar direitos, segurança e bem-estar dos participantes da pesquisa. O caráter técnico dos projetos de pesquisa é avaliado pelas autoridades regulatórias, o que inclui a avaliação das características físicas e de segurança dos medicamentos em estudo e da autorização para a importação de medicamentos. Apesar de a avaliação das questões éticas ser atribuição daComissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), as questões técnicas e científicas não podem ser dissociadas dos aspectos éticos de uma investigação científica. Vale lembrar que, muito embora seja prerrogativa das instâncias ético- regulatórias avaliar e acompanhar a execução desses projetos, o pesquisador e a instituição onde a pesquisa será realizada (personificada por seu representante legal), por força das normativas, são responsáveis por garantir que tais pesquisas sigam os princípios éticos e níveis técnicos de excelência. Ainda que esses entes não sejam os proponentes primários do projeto, o estudo só ocorrerá no centro de pesquisa em questão mediante concordância com seu delineamento por parte do pesquisador e da instituição. Sendo assim, tornam-se corresponsáveis pela gênese do projeto. O ambiente ético e regulatório brasileiro está em consonância com as mudanças no panorama mundial e com as necessidades locais, mantendo-se atualizado aos padrões éticos e às tecnologias. Nesse contexto destaca-se o recente debate sobre a regulamentação da pesquisa clínica no país, a cargo do Projeto de Lei do Senado 200 (PLS 200) e da recente inclusão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no rol de 6 integrantes do Conselho Internacional para Harmonização de Requisitos Técnicos para Medicamentos de Uso Humano (ICH). Esta inclusão denota o reconhecimento internacional da capacidade técnica da agência e do país. Além disso, o Brasil tem pesquisadores com elevado nível de competência em pesquisa clínica, muitos considerados formadores de opinião . O processo regulatório da pesquisa clínica desempenha etapa importante para a realização de ensaios clínicos. O entendimento do processo para realizar ensaios clínicos no país, incluindo seus aspectos regulatórios, auxilia a capacitação de pesquisadores e o desenvolvimento nacional de novos medicamentos, sendo uma das formas de quebrar possíveis barreiras entre pesquisa básica e pesquisa clínica . Ainda assim, é interessante que os patrocinadores entendam o processo de aprovação de ensaios clínicos no Brasil, uma vez que o país se encontra inserido no contexto de globalização desses ensaios e que o processo regulatório é etapa que pode interferir na seleção de países e de centros de pesquisa. 7 2.FLUXO REGULATÓRIO DA PESQUISA CLÍNICA NO BRASIL O processo para analisar ensaios clínicos inclui a avaliação ética, que no Brasil é realizada pelos CEP e pela Conep, e a avaliação regulatória pela Anvisa. No país, todo o trâmite de comunicação e envio de documentos para apreciação ética é feito pela plataforma online, denominada “Plataforma Brasil”. Trata-se de base nacional e unificada de registros de pesquisa com seres humanos. O objetivo é assegurar agilidade e transparência ao permitir o envio de documentação por meio digital e o acompanhamento dos processos pela internet. Em cada instituição em que será conduzido o ensaio clínico, a documentação exigida para a apreciação ética, denominada “dossiê ético”, deve ser encaminhada pelo pesquisador responsável ou por pessoa por ele delegada ao CEP institucional. Caso a instituição não tenha CEP, poderá solicitar à Conep a avaliação pelo CEP de outra instituição. Nos casos de estudos multicêntricos, a pesquisa deve inicialmente ser aprovada pelo CEP coordenador e, se aplicável, pela Conep, e posteriormente ser replicada aos demais centros participantes e seus respectivos CEP. Cada CEP deverá aprovar o protocolo para avaliar tanto aspectos éticos quanto a viabilidade do projeto na instituição (aspectos de infraestrutura e recursos disponíveis). Após a emissão do parecer de aprovação do estudo pelo CEP, em alguns casos, o projeto precisa ainda ser apreciado pela Conep, dependendo da área temática em que se enquadra. Qualquer patrocinador que tenha interesse em fazer ensaios clínicos no território nacional com medicamentos para fins de registro deve encaminhar à Anvisa o DDCM, acompanhado de ao menos um dossiê específico de ensaio clínico com o medicamento em estudo. O DDCM é o conjunto de documentos com informações sobre as etapas de desenvolvimento da medicação sendo pesquisada, incluindo o plano de desenvolvimento e a brochura do investigador, e deve ser avaliado pela Anvisa em 90 dias corridos ou 180 dias, para casos de desenvolvimento nacional, de produtos biológicos e de estudos Fase I ou II. 8 Caso não haja manifestação da agência neste período, o desenvolvimento clínico poderá ser iniciado, desde que aprovações éticas aplicáveis tenham sido obtidas . O dossiê específico de ensaio clínico é único para cada caso e contém detalhes específicos do estudo, como protocolo de pesquisa, comprovante de registro em base de dados e, parecer de aprovação do estudo pelo CEP e, no caso de estudos multicêntricos, pelo CEP coordenador. A manifestação da Anvisa quanto à autorização desses ensaios se dá com a emissão de um CE, mencionando aqueles que poderão ser conduzidos no país para cada DDCM. Caso a manifestação não ocorra, um documento que permite a importação ou exportação do(s) produto(s) em investigação, o Documento para Importação do(s) produtos(s) sob investigação do DDCM, pode ser emitido . Estudos que não se enquadram nessas áreas não necessitam de apreciação da Conep. O início da pesquisa está condicionado à aprovação do CEP institucional e, quando aplicável, da Conep e à aprovação ou não manifestação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A submissão do dossiê específico de ensaios clínico para Anvisa ocorre após a aprovação do CEP do centro coordenador. O patrocinador deve encaminhar à Anvisa relatórios de acompanhamento de ensaios clínicos, contendo informações sobre a condução da pesquisa no Brasil, incluindo dados de análise estatística, desvios de protocolo, eventos adversos e resultados obtidos, entre outros. A documentação deve ser protocolada na agência, anualmente, no prazo de até 60 dias após completar cada ano a contar da data de início do estudo no Brasil, que corresponde à data da inclusão do primeiro participante de pesquisa no país. Todo o processo dessa tramitação para a Anvisa deve ser feito pelo patrocinador do estudo ou por uma ORPC contratada. 2.1 Pesquisa Clínica e Estudo/Ensaio Clínico Há, muitas vezes, confusão entre os termos “pesquisa clínica” e “estudo/ ensaio clínico”. Pesquisa clínica é a investigação que envolve diretamente uma determinada 9 pessoa ou um grupo de pessoas, utiliza materiais humanos, tais como comportamento ou amostras de tecidos biológicos (NIH, 2012). A Resolução 466/2012 utiliza o termo “pesquisa envolvendo seres humanos”, que tem como definição: “pesquisa que, individual ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em sua totalidade ou parte dele, e o envolva de forma direta ou indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou materiais biológicos”. Já o ensaio clínico, de acordo com “Boas Práticas Clínicas: Documento das Américas”, é um estudo sistemático de medicamentos e/ou especialidades medicinais em voluntários humanos, que seguem estritamente as diretrizes do método científico. Seu objetivo é descobrir ou confirmar os efeitos e/ou identificar as reações adversas ao produto investigado e/ou estudar a farmacocinética dos ingredientes ativos, de forma a determinar sua eficácia e segurança. Portanto, todo ensaio clínico é categorizado como pesquisa clínica e nem toda pesquisa clínica enquadra-se na definição de ensaio clínico. Um estudo transversal ou um estudo de coorte, em que não há intervenção do pesquisador, são exemplos de pesquisa clínica que não podem ser definidos como ensaios clínicos, pois não envolvem uma experiência(LIMA, J. L. et al, 2003). O ensaio clínico é a abordagem epidemiológica capaz de fornecer as melhores evidências de segurança e efetividade de um medicamento. Dentre esta e outras razões, a autorização das Agências Regulatórias para o fabricante (indústria) poder comercializar seus medicamentos é condicionada à apresentação dos resultados destes ensaios, atestando que o produto cumpre as exigências estabelecidas em normas nacionais e internacionais, e pode ser usado para beneficiar a saúde humana (Rozenfeld, S., 2013). A indústria investe mais de 40% de seus gastos em pesquisa e desenvolvimento na condução de ensaios clínicos (dados de 2008). Patrocinadores de experimentação farmacêutica dependem de redes de parceiros terceirizados para realizar sua pesquisa. A "indústria de ensaios clínicos" inclui uma multiplicidade de atores: de empresas para recrutar pacientes a locais de pesquisa; de organizações que administram locais de pesquisa a organizações para a pesquisa acadêmica; de companhias para explorar dados sobre pacientes a comitês de ética de instituições comerciais. 10 É um negócio muito lucrativo e que movimenta a economia de um país - representa aproximadamente um terço de todas as despesas para o desenvolvimento de novos medicamentos, e cujo crescimento está ultrapassando o crescimento da própria indústria farmacêutica. Cerca de 60% de todas as despesas para o desenvolvimento de medicamentos são gastos com experiências nas fases dois e três (Petryna, A., 2011). A função primordial da pesquisa clínica é a de contribuir para o conhecimento geral e, se apropriadamente desenhada e executada, é a maneira eticamente mais apropriada para se obter conhecimento, testar e renovar conceitos ou contestar teorias e tratamentos em uso. Os benefícios resultantes da pesquisa clínica são extensivos a todas as pessoas (LIMA, J. L. et al, 2003). 3.O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE UM MEDICAMENTO O processo de P&D de um medicamento é um dos processos mais exigentes, custosos e longos entre todos os setores da economia. Para o lançamento de um único novo produto, pode-se levar mais de dez anos, com investimentos superiores a 1 bilhão de dólares [PhRMA (2012) apud Gomes, R.P. et al, ANO]. O processo de desenvolvimento farmacêutico pode ser dividido em pesquisa básica (onde são descobertas novas moléculas), testes não-clínicos, testes clínicos (fase I, fase II, fase III) e farmacovigilância (fase IV), conforme Figura 1. 11 3.1 Estudos Clínicos Fase I Estudo Clínico de fase I é o primeiro estudo em seres humanos em pequenos grupos de pessoas voluntárias, em geral sadias de um novo princípio ativo, ou nova formulação. Estas pesquisas se propõem estabelecer uma evolução preliminar da segurança e do perfil farmacocinético e quando possível, um perfil farmacodinâmico (Res. CNS 251/97). É uma avaliação inicial em aproximadamente 20 a 100 pessoas, cuja avaliação em voluntários saudáveis é: maior dose tolerável, menor dose efetiva, relação dose/efeito, duração do efeito, efeitos colaterais, farmacocinética no ser humano (metabolismo e biodisponibilidade) (site ANVISA). Cerca de 20% de todos os estudos fase I são realizados em pacientes ao invés de voluntários saudáveis, devido, entre outros fatores, à toxicidade de alguns medicamentos, como por exemplo os anticancerígenos (Karlberg J. P.E; Speers, M. A., 2010), entre outros. Os estudos fase I devem ser realizados em centros dedicados, com instalações apropriadas para tratamento de emergências e cuidado intensivo. O primeiro participante do estudo deve receber a dose em uma ala do hospital próxima à unidade de terapia intensiva, com a presença de um médico do estudo (Karlberg J. P.E; Speers, M. A., 2010). 12 3.2 Estudos Clínicos Fase II Também denominado Estudo Terapêutico Piloto. Os objetivos deste estudo visam demonstrar a atividade e estabelecer a segurança a curto prazo do princípio ativo, em pacientes afetados por uma determinada enfermidade ou condição patológica. As pesquisas realizam-se em um número limitado (pequeno) de pessoas e frequentemente são seguidas por um estudo de administração. Deve ser possível, também, estabelecer-se as relações dose-resposta, com o objetivo de obter sólidos antecedentes para a descrição de estudos terapêuticos ampliados (Fase III). (Res. CNS 251/97). Visam demonstrar efetividade potencial de um medicamento em 100 a 200 voluntários, para indicação da eficácia, confirmação da segurança e biodisponibilidade e bioequivalência de diferentes formulações. (Anvisa) Os estudos Fase II são também importantes para avaliar potenciais desfechos do estudo, regimes terapêuticos, medicamentos concomitantes e populações- alvo- por exemplo: idade, sexo, estágio/grau da doença. 3.3 Estudos Clínicos Fase III Também denominados Estudos Terapêuticos Ampliados, são estudos realizados em grandes e variados grupos de pacientes, com o objetivo de determinar: • O resultado do risco/ benefício a curto e longo prazos das formulações do princípio ativo; • De maneira global (geral), o valor terapêutico relativo. Exploram-se nesta fase o tipo e perfil das reações adversas mais frequentes, assim como características especiais do medicamento e/ou especialidade medicinal, por exemplo: interações clinicamente relevantes, principais fatores modificadores do efeito tais como idade etc. (Res. CNS 251/97). Geralmente são estudos internacionais, de larga escala, multicêntricos, com diferentes populações de pacientes, para demonstrar eficácia e segurança (população mínima de aproximadamente 800 voluntários) para: • Conhecimento do produto em doenças de expansão; 13 • Estabelecimento do perfil terapêutico: indicações, dose e via de administração, contra-indicações, efeitos colaterais, medidas de precaução, demonstração de vantagem terapêutica, farmacoeconomia e qualidade de vida, estratégia de publicação e comunicação (Anvisa). 3.4 Estudos Clínicos Fase IV São pesquisas realizadas depois de comercializado o produto e/ou especialidade medicinal. Estas pesquisas são executadas com base nas características com que foi autorizado o medicamento e/ou especialidade medicinal. Geralmente são estudos de vigilância pós-comercialização, para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação da frequência de surgimento das já conhecidas, e as estratégias de tratamento. Nas pesquisas de fase IV devem-se seguir as mesmas normas éticas e científicas aplicadas às pesquisas de fases anteriores. Depois que um medicamento e/ou especialidade medicinal tenha sido comercializado, as pesquisas clínicas desenvolvidas para explorar novas indicações, novos métodos de administração ou novas combinações (associações) etc. são consideradas como pesquisa de novo medicamento e/ou especialidade medicinal (fase III). (Res. CNS 251/97). 14 4.PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA HISTÓRIA DA PESQUISA CLÍNICA Nos dias de hoje há um grande controle das agências sanitárias e éticas de todo o mundo, com leis e regulamentações internacionais e específicas de cada país, para garantir a segurança e o bem-estar do participante da pesquisa e a qualidade dos dados gerados. Entretanto, a história nos mostra que isto nem sempre foi prioridade. O primeiro ensaio clínico registrado está documentado na Bíblia, no Antigo Testamento (livro de Daniel), e descreve como o grupo controle se formou quando Daniel seguiu uma dieta de legumes e água, em vez da dieta de carne e vinho recomendada pelo Rei Nabucodonosor II. Enquanto seus companheiros ficaram doentes, Daniel permaneceu saudável, convencendo o Rei a mudar de ideia (Twyman R, 2014). Em 1537, o cirurgião da Renascença Ambroise Pàre realizouinvoluntariamente um ensaio clínico com uma nova terapia: utilizou uma mistura de terebintina, óleo de rosa e gema de ovo para prevenir a infecção de feridas no campo de batalha, observando que o novo tratamento foi muito mais eficaz do que a fórmula tradicional (Twyman R, 2014). Por volta do século 10, o médico persa Avicenna registrou em seu livro “Cânone da Medicina” que era necessário realizar testes de um novo medicamento em animais e em seres humanos, antes do uso deste produto pela população (Bull JP, 1951). James Lind é considerado o primeiro médico a ter realizado um ensaio clínico controlado da era moderna. De 1716 a 1794, enquanto trabalhava como cirurgião em um navio, deparou- se com a alta mortalidade de escorbuto entre os marinheiros. Ele planejou um estudo comparativo da cura mais promissora para escorbuto: selecionou doze pacientes com escorbuto, com sintomas e alimentação em comum. Lind forneceu para cada dois pacientes, uma intervenção diferente: dois utilizaram um litro de cidra por dia, outros dois, vinte e cinco gotas de elixir de vitríolo três vezes ao dia, outros dois, duas colheres de vinagre três vezes ao dia, outros dois 15 comeram duas laranjas e um limão por dia, outros dois, açúcar com água e mel, outros dois foram colocados em um curso de água do mar. O resultado encontrado foi uma melhora significativa no grupo que utilizou laranjas e limões (Bhatt, A., 2014). A primeira comparação direta entre um tratamento ativo com o placebo foi realizada por Austin Flint em 1863, que administrou placebo em 13 internos de um hospital que apresentavam febre reumática e comparou os resultados com os efeitos do tratamento utilizado anteriormente, não observando diferenças significativas entre os grupos. O primeiro uso da randomização em um ensaio clínico foi em 1926 (publicado em 1931), quando J. Burns Amberson testou um medicamento para a tuberculose em pacientes do Sanatório Municipal de Detroit. Neste estudo, 24 pacientes foram divididos em dois grupos de aproximadamente 12 pessoas em cada, com base em resultados da clínica, raio - X e exames laboratoriais. Cada face de uma moeda decidiu se o grupo iria receber o tratamento ativo ou se faria parte do grupo controle. O primeiro estudo que utilizou a randomização “adequadamente” foi realizado pelo Conselho Britânico de Pesquisa Médica, em 1948, para avaliar os efeitos da estreptomicina na tuberculose. Neste estudo, os pacientes foram divididos em grupos (estreptomicina e descanso ou somente descanso), utilizando números de amostragem aleatória em envelopes lacrados. Além disso, a avaliação cega foi empregada, e nem os pesquisadores nem os pacientes sabiam em que grupo de tratamento os pacientes se enquadravam no estudo. (Conselho de Psoríase, EUA, 2014) O quadro ético para a proteção do ser humano tem suas origens no antigo juramento de Hipócrates, que especificou o dever primordial do médico – nunca prejudicar o paciente. No entanto, este juramento não era respeitado na experimentação humana e a maioria dos avanços na proteção de seres humanos têm sido uma resposta aos abusos humanos (Bhatt, A., 2014). No ano de 1914, o Governo Alemão possuía um detalhado regulamento sobre procedimentos terapêuticos diferenciados de experimentação humana, sendo este 16 estabelecido pelo Ministério do Interior Germânico, visando a coibir o abuso e o desrespeito à dignidade humana nas pesquisas. Este regulamento foi totalmente esquecido durante a Segunda Guerra Mundial, quando na Alemanha nazista foram cometidos os maiores crimes contra a humanidade e que ultrapassaram todos os limites de crueldade e irresponsabilidade com seres humanos. Com a divulgação das atrocidades envolvendo médicos e pesquisadores alemães, a comunidade organizou-se para julgá-los como criminosos de guerra, no Tribunal de Nuremberg em 1947, julgamento promovido pelos Estados Unidos da América (KIPPER, D.J., 2010), que deu origem ao Código de Nuremberg. Apesar a existência do Código de Nuremberg e Declaração de Helsinque (1964), Henry Beecher publicou em 1966 um artigo denominado “Ética e Pesquisa Clínica”, apresentando casos de pesquisas abusivas que haviam sido divulgadas por periódicos de grande prestígio internacional. Um exemplo perturbador foi a divulgação do Estudo Tuskegee, experimento financiado e conduzido pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos, que durou cerca de quarenta anos (desde a década de 1930 até o início da década de 1970). Neste estudo, cerca de 400 negros portadores de sífilis foram deixados sem tratamento com o objetivo de estudar a evolução natural da doença. A eles foi oferecido apenas placebo, mesmo após o advento da penicilina, e os indivíduos nem mesmo sabiam que faziam parte de um experimento. A partir destas denúncias, o governo dos Estados Unidos criou a Comissão Nacional para Proteção de Sujeitos Humanos em Pesquisas Biomédicas e Comportamentais, que publicou o Relatório de Belmont. (KIPPER, D.J., 2010). A partir deste histórico e da necessidade de proteção do indivíduo participante de ensaios clínicos, foram criadas regulamentações internacionais, que serão descritas nos próximos capítulos. 17 5.AVALIAÇÃO ÉTICA E REGULAMENTAÇÕES INTERNACIONAIS A avaliação ética deve ser realizada em todo e qualquer projeto de pesquisa envolvendo seres humanos, que requer uma aprovação de um Comitê de Ética Independente antes de seu início (ICH-GCP). O modelo bioético que possui grande influência na reflexão e análise bioética no campo das pesquisas em seres humanos é o principialismo. Esta orientação bioética foi proposta em 1979 por Tom Beauchamp e James Childress, no clássico Princípios de ética biomédica. Os autores (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002) propõem que a análise ética de cada caso, na clínica e na pesquisa, deva ser realizada mediante a avaliação de quatro princípios éticos: • Princípio à autonomia: reconhecer que cabe a cada indivíduo possuir certos pontos de vista e ter a liberdade de deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano de vida e ação, embasado em crenças, aspirações e valores próprios, mesmo quando divirjam daqueles dominantes da sociedade; • não maleficência: não se deve causar danos intencionalmente; • Beneficência: significa que a ação ética deve ser orientada pela promoção do bem das pessoas; • Justiça: a eticidade da pesquisa requer relevância social, com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio humanitária. (REGO, S. PALACIOS, M, pág. 94, 2012) 18 6.CÓDIGO DE NUREMBERG O documento é formado por dez princípios éticos que devem ser considerados na execução de pesquisa com seres humanos, sendo que um avanço importante do documento foi registrar a importância do consentimento ser dado de forma voluntária, tornando-se elemento absolutamente essencial para inclusão do indivíduo na pesquisa (KIPPER, D.J., 2010). Os princípios estabelecem que a pesquisa deve: • Obter o consentimento voluntário do participante; • Produzir resultados vantajosos; • Ser baseada em resultados de experimentação em animais e estudos anteriores; • Evitar sofrimento e danos; • Ser conduzida por pessoas cientificamente qualificadas; • Ter sua continuação suspensa se constatado que poderá causar dano, invalidez ou morte; • Não deve ser feita se existir risco de ocorrer morte ou invalidez permanente; • Ter o grau de risco aceitável e limitado pela importância do problema que se propõe a resolver; • Protege o paciente de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou morte; • Dar liberdade ao paciente de se retirar em qualquermomento da pesquisa; (REGO, S. PALACIOS, M, pág. 76, 2012) 19 7.DECLARAÇÃO DE HELSINQUE Elaborada e aprovada pela Associação Médica Mundial, surgiu em face da pouca influência do Código de Nuremberg. A primeira versão da Declaração de Helsinque data de 1964 (Associação Médica Mundial, 1964), sendo que o documento já sofreu várias atualizações: 1975 (quando surgiu pela primeira vez o princípio de que o projeto de pesquisa deve ser apreciado e aprovado por um comitê de ética independente), 1983, 1989, 1996, 2000, 2008, 2013. Todas as versões possuem uma base em comum: • Obter o consentimento do participante, após ser totalmente esclarecido; • Ser baseada em experiências laboratoriais, in vitro, em animais e em conhecimento da literatura científica; • Ter o protocolo de pesquisa aprovado por um comitê independente; • Ser conduzida apenas por pessoas cientificamente qualificadas; • Ser o risco para o participante proporcional à importância do objetivo; • ter avaliação dos riscos comparada com os benefícios previstos, respeitada e assegurada a integridade do participante. (REGO, S. PALACIOS, M, pág. 76, 2012) . RELATÓRIO DE BELMONTE Após os escândalos publicados no livro “Ética e Pesquisa Clínica” mencionado acima, a Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos Humanos em Pesquisas Biomédicas e Comportamentais, dos Estados Unidos, editou o Relatório de Belmonte (em 1978), que apresentava os três princípios éticos basilares das pesquisas com seres humanos: • Princípio do respeito às pessoas; • Princípio da beneficência; • Princípio da justiça. 20 8.DIRETRIZES ÉTICAS INTERNACIONAIS PARA PESQUISAS BIOMÉDICA EM SERES HUMANOS O Conselho para Organizações Internacionais de Ciências Médicas (CIOMS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), objetivando nortear, do ponto de vista ético, a condução de pesquisas envolvendo seres humanos, de acordo com os princípios enunciados pela Declaração de Helsinque, publicou no ano de 1993 as Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos, abordando temas como a necessidade de consentimento pós-esclarecimento individual, com informações essenciais para os sujeitos; a não indução à participação; regras para pesquisa envolvendo: crianças, portadores de distúrbios mentais, prisioneiros, comunidades subdesenvolvidas, gestantes nutrizes. Abordou, também, a necessidade de consentimento da comunidade em estudos epidemiológicos, avaliação risco/benefício em todo tipo de pesquisa envolvendo seres humanos, sigilo dos dados obtidos, compensação por danos, revisão ética e cientifica e as obrigações dos países no desenvolvimento da pesquisa. (MELO, A. C; LIMA, V. M.; 2004). 8.1 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos A Declaração foi elaborada pela UNESCO em 2005 e trata das questões éticas relacionadas à medicina, às ciências da vida e às tecnologias associadas quando aplicadas aos seres humanos, levando em conta suas dimensões sociais, legais e ambientais. É dirigida aos Estados e dita seus papéis, mas quando apropriado e pertinente, ela também oferece orientação para decisões ou práticas de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e empresas públicas e privadas. (Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, 2005) Aplica-se a qualquer tipo de abordagem ou intervenção médica (incluindo a pesquisa com seres humanos) e tem como principais princípios: benefício, autonomia, consentimento, privacidade e confidencialidade, respeito pela vulnerabilidade humana e integridade individual, igualdade, justiça e equidade, não-discriminação e não- estigmatização, respeito pela diversidade cultural e pluralismo, solidariedade e 21 cooperação, responsabilidade social e saúde, partilha dos benefícios, proteção das gerações futuras, proteção do meio ambiente, da biosfera e da biodiversidade (UNESCO, 2005). 9.BOAS PRÁTICAS CLÍNICA-CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE HARMONIZAÇÃO Boas Práticas Clínicas (GCP) é um padrão de qualidade científica e ética internacional para a concepção, execução, no registro e na notificação de ensaios que envolvam a participação de seres humanos. O cumprimento desta norma constitui uma garantia pública de que os direitos, a segurança e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa são protegidos, de acordo com os princípios que têm sua origem na Declaração de Helsinque, e que os dados dos ensaios clínicos são credíveis. O objetivo desta Diretriz de Boas Práticas Clínicas (GCP- Good Clinical Practice, em inglês) da Conferência Internacional de Harmonização (sigla ICH, em inglês) é fornecer um padrão unificado para a União Europeia (UE), Japão e os Estados Unidos a fim de facilitar a aceitação mútua de dados clínicos pelas autoridades regulatórias nestas jurisdições. A diretriz foi desenvolvida com a consideração das boas práticas clínicas atuais da União Europeia, Japão e Estados Unidos, bem como os da Austrália, o Canadá, os países nórdicos e da OMS. Esta orientação deve ser seguida ao gerar dados de ensaios clínicos que se destinam à submissão das autoridades reguladoras (para o registro de novos produtos). Os princípios estabelecidos nesta diretriz também podem ser aplicados a outras investigações clínicas que possam ter um impacto sobre a segurança e o bem-estar dos seres humanos. (ICH-GCP) 22 9.1 Boas Práticas Clínicas: Documento das Américas Somente os Estados Unidos, a Comunidade Europeia e o Japão (bem como o Canadá e a Organização Mundial da Saúde, entre outros, como observadores) elaboraram as diretrizes de Boas Práticas Clínicas da Conferência Internacional de Harmonização, excluindo o restante dos países do globo desta Conferência. O Documento das Américas surgiu da necessidade de se estabelecer diretrizes para as boas práticas clínicas para fundamento das agências regulatórias investigadores, comitês de ética, universidades e empresas da América Latina, que na época da criação e ainda nos dias de hoje só vem crescendo no número de ensaios clínicos e no número de pacientes envolvidos nos estudos, juntamente com investigadores, centros de pesquisa, comitês de ética em pesquisa, pessoal em empresas farmacêuticas dedicado a esse assunto em particular e estabelecimentos de monitoramento. (Boas Práticas Clínicas: Documento das Américas, 2005). 10.COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) é um colegiado interdisciplinar e independente, com “munus público”, que deve existir nas instituições que realizam pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, criado para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos (Normas e Diretrizes Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos - Res. CNS n.º 196/96, II.4). O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A missão do CEP é salvaguardar os direitos e a dignidade dos sujeitos da pesquisa. Além disso, o CEP contribui para a qualidade das pesquisas e para a discussão do papel da pesquisa no desenvolvimento institucional e no desenvolvimento social da comunidade. 23 Contribui ainda para a valorização do pesquisador que recebe o reconhecimento de que sua proposta é eticamente adequada, papel educativo e consultivo. Desta maneira e de acordo com a Res. CNS n.º 196/96, “toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa” e cabe à instituição onde se realizam pesquisas a constituição do CEP (Ministério da Saúde do Brasil, 2008) . Dentre os principais documentos que compõem o protocolo e devem ser submetidos ao Comitê de Ética estão(Ministério da Saúde do Brasil, 2008): ! Folha de Rosto; ! Projeto de Pesquisa; ! Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (pode ser dispensado em condições especiais, como quando há impossibilidade de obtenção); ! Orçamento detalhado do projeto; ! Curriculum Vitae do pesquisador principal e demais pesquisadores; ! Lista de centros e pesquisadores envolvidos (se o projeto for multicêntrico). 11.ANÁLISE REGULATÓRIA EM PESQUISA CLÍNICA As ações realizadas por órgãos regulatórios têm o propósito de prover à população agentes terapêuticos seguros e efetivos, disponibilizando, de forma rápida e livre, o acesso às novas terapias em diferentes regiões. Além de fornecer informações à população, em geral, sobre a utilização destes medicamentos, otimizando a pesquisa farmacêutica (BARBOSA, F., 2009). Assim como no Brasil (com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária), outros países possuem Autoridades Regulatórias e normatizações pertinentes responsáveis em garantir a segurança e acurácia das informações obtidas em estudos clínicos (BARBOSA, F., 2009). O papel da ANVISA na aprovação de estudos clínicos conduzidos no Brasil é de proporcionar regulamentação adequada a estes estudos, garantir segurança e direitos dos participantes da pesquisa, garantir que os ensaios sejam conduzidos por investigadores qualificados, solicitar revisão e aprovação dos protocolos por 24 comissões científicas e éticas, exigir (quando necessário) modificações no protocolo e/ou interrupção dos ensaios, realizar inspeções para garantir a qualidade e a confiabilidade dos dados obtidos (Barbano, D., 2014). Dentre os principais documentos que compõem o protocolo e devem ser submetidos às Agências Regulatórias estão (ANVISA, RDC 39, 2008): ! Formulários com informações qualitativas sobre os produtos em investigação e comparadores; ! Informações sobre os centros e investigadores; ! Número de participantes de pesquisa total e de cada centro; ! Pode ou não (depende do país) solicitar a aprovação de um Comitê de Ética; ! Declaração de Responsabilidades de compromisso do patrocinador e do investigador; ! Projeto de Pesquisa. 12.CENÁRIO DOS ENSAIOS CLÍNICOS PATROCINADOS PELA INDÚSTRIA NO MUNDO O processo de globalização dos estudos clínicos patrocinados pela indústria é contínuo (KARLBERG, J. P.E.; SPEERS, M.A; 2010). A internacionalização e a terceirização no desenvolvimento de um novo produto têm sido muito utilizadas pelo fato da etapa clínica ser a mais longa, dispendiosa e intensiva em mão de obra. Estima-se que entre 40% a 50% dos dossiês de registro submetidos às agências reguladoras norte-americana e europeia contenham dados gerados em países em desenvolvimento (BNDES/ Huijstee, M.; Shipper, 2011). Atualmente, estão sendo conduzidos 9.012 estudos clínicos patrocinados pela indústria (ClinicalTrials.gov, acesso em 15/11/2014, estudos “em aberto”). Dentre os dez primeiros, estão: Tabela 1: Ranking dos países com maior número de estudos clínicos conduzidos, patrocinados pela indústria. 25 12.1 Países Desenvolvidos na condução de Estudos Clínicos patrocinados pela Indústria Os ensaios clínicos patrocinados pela indústria têm sido realizados tradicionalmente em países desenvolvidos da América do Norte, Oceania e Oeste Europeu (Thiers A. apud Retting, R. A., 2007). Historicamente, os países desenvolvidos concentravam as atividades de P&D, por serem as mais intensivas em conhecimento e tecnologia. A recente tendência à internacionalização de P&D farmacêutica altera uma estrutura consolidada na indústria, representando uma oportunidade de inserção para os países em desenvolvimento em uma cadeia de elevada densidade tecnológica e alto valor agregado (Gomes, R. et al, BNDES) Dos países tradicionais, foram escolhidos os países com o maior número de estudos clínicos patrocinados “em recrutamento”. Dentre eles estão (acesso ao clinicaltrials.gov em 30/10/2014): Estados Unidos da América (4.433 estudos), Canadá (950 estudos), Alemanha (1179); Reino Unido (1038); França (978) e Espanha (898), Japão (421). 26 12.2 Importância da América Latina e BRICS na condução de ensaios clínicos A realização de ensaios clínicos em regiões tradicionais como a América do Norte e Austrália está se tornando cada vez mais desafiadora e dispendiosa, principalmente devido às dificuldades de recrutamento de voluntários, dentro de prazos razoáveis (Jornal for Clinical Studies, 2010). Dentre estes e outros motivos, os estudos clínicos patrocinados pela indústria vêm migrando para as regiões emergentes, especialmente América Latina, Leste Europeu e países asiáticos. Estes países oferecem capacidade de redução dos custos operacionais, alto recrutamento de voluntários em curto período de tempo, possuem CROs focadas em estudos clínicos globais, crescimento do mercado em ritmo acelerado, capacidade de pesquisa e autoridades regulatórias (THIERS, F. A.; SINSKEY, A.; BERNDT, E.R.; 2007). Na América Latina, os países que mais se destacam são Brasil, Argentina e México, e as vantagens são muitas e podem ser enumeradas (MEDPACE): • População diversificada: a América Latina é uma das mais diversificadas regiões no mundo, pode-se encontrar um padrão epidemiológico diversificado e também muito parecido com o da Europa e dos Estados Unidos (ESTERN CRO, 2014) • Língua em comum: é uma vantagem, pois apresenta maior facilidade para a tradução dos documentos, sendo que somente o Brasil possui como língua nativa o português, os demais países são de língua espanhola; • Concentração da população em grandes cidades e boa dinâmica para recrutamento e retenção: Mais de 560 milhões de pessoas vivem na América Latina, sendo que 70% vivem nas grandes metrópoles, o que torna o gerenciamento e logísticas de pesquisa clínica mais fáceis (MEDPACE). • Dinâmica Sazonal do Hemisfério Sul: estas diferenças podem ajudar no desenvolvimento de medicamentos que tratam doenças sazonais, acelerando estes ensaios (HURLEY D. et al, 2009); • Número de Investigadores Qualificados está crescendo: Estatísticas demonstraram que os centros da América Latina seguem corretamente as Boas 27 Práticas Clínicas e que sua qualidade é tão boa quanto a dos países tradicionais (HURLEY D. et al, 2009); • Relação forte entre médicos e pacientes: facilita o recrutamento e retenção de pacientes no estudo. Há uma baixa incidência de pessoas com convênio médico, o que também facilita sua entrada em ensaios clínicos, buscando uma atenção e tratamentos melhores (MEDPACE); • Custos menores: os custos da América Latina são de 20% a 25% menores do que os custos dos EUA. (HURLEY D. et al, 2009); • Acesso ao mercado crescente: o mercado de medicamentos da América Latina é um dos mais crescentes do mundo (ESTERN). O BRICS é um agrupamento econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A ideia dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´Neil, em estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Fixou-se como categoria da análise dos meios econômico-financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem ao agrupamento, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS (Itamaraty). O BRICS representa um grande mercado mundial, inclusive para a indústria farmacêutica. Até 2017, é esperado que a China se torne o segundo mercado farmacêutico mundial, atrás somente dos EUA. Os outros países do BRICS não estão atrás. Pesquisa do IMS-Instituto de Informática para Saúde mostra que estes países terão para os próximos quatro anos grandes orçamentos para a saúdee mercados maduros para o desenvolvimento de novos medicamentos. (NUSKEY, B., 2014) As vantagens de se realizar um estudo clínico nos países do BRICS são muito parecidas com as vantagens da América Latina: número muito alto de pacientes está concentrado em grandes centros (um pool de quase 3 bilhões), facilidade no recrutamento, custos mais baixos, aumento em investimentos na saúde, qualificação 28 de profissionais, assim como fabricação de produtos investigacionais e laboratórios centrais (NUSKEY, B., 2014). De acordo com a pesquisa realizada por Alvarenga e Martins, 2010, a Coréia do Sul apresentou um crescimento significativo devido a esforços do Governo, Academia e Indústria. Com relação ao cenário atual do BRICS no desenvolvimento de ensaios clínicos, além do Brasil com 271 estudos, aparecem a Federação Russa (com 409), Índia (com 133), China (com 356) e África do Sul (com 217). Foi adicionada a República da Coréia por se tratar de uma grande potência em estudos clínicos no mundo, com atualmente 634 estudos em recrutamento. 29 13.IMPORTÂNCIA DOS TEMPOS REGULATÓRIOS PARA A CONDUÇÃO DE UM ENSAIO CLÍNICO MULTICÊNTRICO INTERNACIONAL A escolha de um país, dentre tantos outros, para participar de um ensaio multicêntrico passa por alguns critérios, como: adequado nível de conhecimento científico e administrativo, incluindo boas práticas clínicas (GCP – Good Clinical Practice), volume de pacientes, tempo para o assim chamado FPI (First Patient In), isto é, o tempo gasto entre o recebimento do protocolo e a inclusão do primeiro paciente no estudo, custos locais competitivos, dados de morbimortalidade (para alguns protocolos) e potencial comercial para o produto no país. Um dos principais gargalos é o FPI, devido a atrasos nas análises éticas e regulatórias (DAINESI, S.M., 2005). A fase de “start up” de um estudo clínico patrocinado pela indústria é crucial, pois cada dia de atraso no início de um estudo pode impactar também no início das vendas de um novo produto, e com isso a indústria pode perder cerca de 600 mil a 8 milhões de dólares por dia (SCHIMANSKI, C.; KIERONSKI, M., 2013). A lentidão para aprovação ética e regulatória de um estudo clínico faz com que o país perca a oportunidade de participar de grandes ensaios multinacionais que proporcionam investimentos em saúde pública, tratamentos avançados, parcerias científicas, geração de empregos, desenvolvimento de novas tecnologias e atualização profissional. Os maiores prejudicados com este atraso são os milhares de pacientes que perdem a oportunidade de experimentar novos tratamentos, para diversas doenças, disponibilizados por estes protocolos (LANG, D., 2014). 30 14.MUDANÇAS RECENTES E PERSPECTIVAS Tanto a Conep quanto a Anvisa têm procurado elaborar meios e ferramentas para melhorar o processo de análise dos projetos no que diz respeito ao tempo de análise e orientação a pesquisadores, patrocinadores e ORPC. A comunicação com os grupos de pesquisa é essencial, uma vez que protocolos apresentados com falta de dados e questões técnicas deficientes demandam mais tempo de análise . Em 2015, a Conep publicou manual de pendências frequentes em protocolos de pesquisa, fornecendo orientações claras para o preenchimento e a elaboração dos documentos de estudo, bem como para as relacionadas às respostas a exigências, correlacionando-as com normativas que justificam essas obrigações. Por parte da agência regulatória, os guias técnicos e manuais passaram a ser nova ferramenta de trabalho. A partir da publicação da RDC 9/2015, a Anvisa lançou publicações com orientações técnicas específicas para a submissão e análise dos ensaios clínicos, como o “Manual para submissão de dossiê de desenvolvimento clínico de medicamento e dossiê específico de ensaios clínico” e o guia “Perguntas & respostas: principais questionamentos sobre a RDC 9/2015”. Além disso, de acordo com Jarbas Barbosa, atual diretor da agência, reuniões prévias com grupos de pesquisa têm sido realizadas. Barbosa já ressaltou em ocasiões que a centralização de análise pelo Sistema CEP/Conep precisa ser revista e considera como referência a determinação do prazo para manifestação de análise, semelhante ao determinado pela agência regulatória pela RDC 9/2015 . Uma das propostas da Conep para reforçar a descentralização e diminuir o tempo de tramitação dos estudos seria a acreditação de alguns comitês de ética que passariam a desempenhar a função da Conep. Nesse modelo, os estudos seriam analisados pelo CEP autorizado e apenas aspectos locais seriam analisados por cada comitê participante do estudo. 31 Esses aspectos incluem análise de documentos locais, adaptação ao termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), conforme necessidade da região, análise da capacidade da instituição de conduzir o estudo e da competência do pesquisador responsável, ou mesmo se o CEP acreditar serem necessários mais esclarecimentos, desde que não requeira alterações no projeto ou TCLE detalhado, havendo possibilidade de não aprovação, conforme regulamentado pela Resolução 506/2016 . Em 2015 foi apresentado o Projeto de Lei 200 da senadora Ana Amélia e dos senadores Waldemir Moka e Walter Pinheiro. Anteriormente, em 2003 e 2006, outros projetos de lei também já tinham sido criados, porém foram arquivados. Se, por um lado, o projeto de lei atual ganhou força por parte de alguns pesquisadores – muitos deles associados à indústria farmacêutica e patrocinadores, que afirmam que a burocracia afasta a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e do conhecimento da saúde –, por outro, parte significativa da comunidade acadêmica acusa a proposta de atender precipuamente a interesses comerciais, favorecendo a indústria farmacêutica em detrimento da segurança dos participantes de pesquisas. A Conep também considerou a proposta como retrocesso que extingue o sistema de análise ética e não leva em consideração as dimensões éticas essenciais, colocando em risco os participantes de pesquisa. Desde que foi protocolado no Senado, o projeto sofreu diversas emendas, com posicionamentos contra e a favor ao texto por parte de órgãos, instituições e associações importantes diretamente relacionados à pesquisa clínica. Entre as alterações na proposta inicial pode-se destacar o fato de que o PL passou a abranger todas as pesquisas clínicas e não apenas os ensaios clínicos . Além disso, o texto sobre comitês de ética independentes (CEI) foi retirado, como também foi excluída a proposta de vinculação à Anvisa da instância denominada Sistema Nacional de Revisão Ética das Pesquisas Clínicas, mantendo a instância diretamente ligada ao Ministério da Saúde. A extinção do Sistema CEP/Conep enfraquece ou suprime conquistas alcançadas com o sistema, devido à transferência de responsabilidades para outros setores do Ministério da Saúde . O projeto de lei foi aprovado pelo Senado Federal em 2017. Apesar das críticas que recebeu, o texto foi encaminhado para a Câmara dos Deputados para análise, 32 uma vez que passou por alterações, onde segue tramitando com a denominação de PL 7.082/2017. Conforme dados da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro), em relatório de 2016, o cenário regulatório da pesquisa clínica no Brasil apresentou melhora significativa tanto em relação ao tempo de análise pela Conep quanto pela Anvisa. Em setembro de 2016, por exemplo, o tempo médio de aprovação pela Conep, incluindo o tempo de resposta de pendências, foi em média de quatro meses e meio. Em 2013, o tempo sob análise pela Conep chegava, em alguns casos, a 322 dias, comparado ao tempo médio de 81 dias no segundo trimestre de 2016. Quanto à Anvisa, em 2013 o tempo de análise gasto em médiapela agência foi de 342 dias e, após a RDC 9/2015, passou a 177 dias. A significativa redução de tempo de análise se deve muito a esforços realizados pela Conep, e espera-se que seja ainda mais relevante com o processo de acreditação dos CEP . O Brasil tem ambiente ético e regulatório bem estabelecido, alinhado com normas universais. E encontra-se aberto a revisões, orientações e esclarecimentos quanto às próprias normas. As instâncias éticas e regulatórias brasileiras estão em contínuo aperfeiçoamento, com revisões recentes de normas, como no caso da Resolução CNS 466/2012 e RDC 9/2015. No entanto, sofrem pressão tanto por parte de pesquisadores quanto por parte de patrocinadores para que o processo do trâmite para avaliação de ensaios clínicos seja mais “eficiente”, no que diz respeito ao tempo de análise. Cabe considerar, pelo exposto, que já houve redução significativa nesse tempo entre 2013 e 2016, em torno de 25%. Segundo a Conep, atualmente esse período de avaliação é de menos de um trimestre. A busca por maior agilidade no processo de revisão ético-regulatório é salutar e benéfica para aprimorar a pesquisa clínica no país, visando maior competitividade do Brasil em relação a outros países. 33 No entanto, não se pode perder de vista a necessidade de manter a proteção aos voluntários de estudos, melhorando o processo sem abrir mão de preceitos éticos essenciais. O conjunto de mecanismos de proteção aos participantes, instituído ao longo dos anos, foi fruto de muitos debates da comunidade científica – construção plural e balanceada que contou com pesquisadores, especialistas, representantes de “usuários”, entre outros atores do processo. Todo esse esforço não deve ser ignorado ou atropelado pela ânsia por “velocidade”, que pode em alguns casos apenas ser conveniente para a indústria. A ponderação do binômio “agilidade” versus “proteção aos voluntários” deve ser valorizada nesse momento atual de revisão das normas, para trazer à tona a discussão acerca do custo-benefício de cada proposição. No entanto, deve-se ter em mente que certas questões precisam ser tratadas com condições pétreas, de modo que a integridade dos direitos dos voluntários não seja deturpada por outros interesses. Os órgãos envolvidos podem continuar abertos a mudanças e demandas dos pesquisadores e da sociedade, como foi demonstrado neste artigo, que sintetiza os processos de alteração das RDC e resoluções do CNS. Esse movimento contínuo de discussão e aprimoramento visa garantir a proteção dos participantes de pesquisa e a celeridade dos processos de análise. No entanto, convém ressaltar que, apesar do mérito apregoado de que a criação de uma lei será novo marco para pesquisas clínicas no Brasil, na forma como é apresentada vai fragilizar os mecanismos regulatórios vigentes e retirar das mãos dos órgãos ética e tecnicamente competentes – CNS e Anvisa – as atribuições de atualizar normas e resguardar boas práticas em todos os estudos realizados no país. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abdrachitov R., New Regulatory Landscape for Clinical Trials in Russia. Disponível em: http://pharma.flemingeurope.com/webdata/2069/Regulatory%20environment %20in%20Russia%20.pdf. Acesso em 23/11/2014 ABRACO, 2014- Prazos médios Brasil. Disponível em: http://abracro.org.br/informacoes-utilidades/relatorios-do-setor. Acesso em : 08/03/15 ANSM, Disponível em: http://ansm.sante.fr/Activites/Medicaments-etproduits- biologiques/Reglementation-francaise/(offset)/3). Acesso em: 17/01/201 ATRIBUCIONES, FUNCIONES Y CARACTERÍSTICAS DE LA COFEPRIS. 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